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 Ano 5 Nº 9 DEZEMBRO 2 1 Ano 5 9 DEZEMBRO 2010 E S PE C I A L

Cavalo Louco nº 09 - Revista de Teatro

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Nona edição da revista semestral editada pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz que traz reflexões sobre o fazer teatral e os espaços de criação.

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  • Ano 5 N 9 DEZEMBRO 2010Ano 5 N 9 DEZEMBRO 2010

    ESPECIAL

  • INVENT

    RIO

  • ~TEATRO LABORATRIO PARA IMAGINAO SOCIAL E) Tribo de Atuadores l N6is Aqui Traveiz

    9?J ESCOLA DE TEATRO i:i= Raquel Zepka

    mHISTRICO ~Ncleo Editorial da Cavalo L

    e:Fi UMA HISTRIA DE ~NCO @!RELATO DE EXPERIENCIA

    Magda/ena Sophia Ribeiro de Te

    f!:>QA IMPORTNCIA DO PEQUEN ~E A PRTICA ARTSTICo-PED

    Maria Amlia Gilmmer Netto

    ~ENTREVISTA COM TNIA FAR ~Ncleo Editorial da Cavalo Louco

    Aline Ferraz, Caro/ine Vfori e '

    i=;::i HISTORICIZAR S>EMIPlll! ~Clarice Falco

    @i RESISTINCIA Ps-M1nJgm~ ~ENTREVISTA COM PAULO FLO

    Julia Guimares

    ~PENSAMENTOS ~Paulo Freire

    AHISTRIA

    -2004

    Glaudinei Veber oficinando do Bairro Humalt em preparao para apresentao do exerciclo

    A Saga de Galata na Vila Pinto

  • Equipe EdilDllal Narciso Telles, Paulo Flores, Rosyane Trotta e Ncleo de Pesquisas Editoriais da Tribo.

    Proleto Griflco A Tribo

    "-Ido A Tribo

    ~r...tam19io Rosyane Trotta, Magdalena Sophia Ribeiro de Toledo, Clari-ce Falco, Maria Amlia Gimmler Netto, Jlia Guimares e as oficinandas/atuadoras Raquel Zepka, Aline Ferraz, Caro-llne Vetorl e Letcia Virtuoso.

    Fedo CAPA Pedro Lucas

    Fotos As fotos das pglnas 3, 4, 8, 9, 10, 13, 14, 16, 19, 21, 22, 26, 27, 28, 30, 31, 39 e 42 so de Claudio Etges e as fotos das pginas 32, 35, 40 e 43 so de Cisco Vasques. Fazem parte do Arquivo da Tribo as fotos das pginas 1, 7, 11, 29 e 41 a foto da pgina 6 de Laura Safi e a da pgina 36 de Joo Freitas. No Histrico da pgina 20 as fotos dos exerccios cnico A Casa de Bemarda Alba, A Alma Boa de Setsuan, Lorcabodas e Vivas so de Caudio Etges, as de Woyzec/c e Yetma de Pedro Lucas e a de Estado de Stio de Laura Safi.

    ISSN 1982-7180

    A revista Cavalo Louco @ uma publicao independente.

    Tenelra da Tribo de Atuadores I Nls Aqui Travelz

    Dezembro de 201 O.

    Rua Santos Dumont, 1186-So Geraldo CEP: 90230-240 - Porto Alegre Rio Grande do Sul - Brasil Fones: 513286.5720-3028.1358 Fones: 51 9999A570 www.oinoisaquitraveiz.com.br [email protected]

    A CAVALO LOUCO N 9 uma adio especial da Revista de Teatro da Tribo de Atuadores I N61s Aqui Tra-veiz em comemorao aos dez anos da Escola de Teatro Popular da Terreira da Tribo. Desde sua origem, o i Nls compartilha seus recm descobertos saberes de fonna aberta e gratuita. Possibilitar que o maior nmero pos-svel de pessoas tenha acesso arte e ao fazer teatral, libertando o seu potencial criador, sempre foi um desejo dos atuadores, por isso partilhamos com Antnio Janu-zelli a ideia de que preciso passar o basto:

    (. .. ) Um grupo que produz escola percorre um caminho comunitrio de aes e descobertas ... produz cultura; e ter no futuro, naturalmente e como conseqncia quase obrigatria, que montar uma escola, passar o basto de suas aprendizagens e descobertas antes de partir. O i N61s Aqui Travelz, em seus diversos clclos de existncia, est cumprindo cada etapa necessria consecuo do destino dos empreendimentos que buscam owas dimen-ses da realizao humana!

    Muitas coisas aconteceram nestes dez anos da Escola de Teatro Popular da Terreira da Tribo e pensamos que necessrio registrar um pouco do que foram as inmeras experincias e descobertas. Nesse processo de aprendizagem solidria, a partir de uma vivncia em grupo, acreditamos que contribumos um pouquinho para seme-ar a construo de novas utopias. Por isso, nesta edio especial dedicada Escola, a CAVALO LOUCO conta com textos da Tribo, ar-tigos de Rosyane Trotta, Magdalena Sophia Ribeiro de Toledo, Maria Amlia Gimmler Netto e Clarice Falco, alm de entrevistas com os atuadores Paulo Flores, Tnia Farias (coordenadores da Escola de Teatro Popular da Terreira da Tribo) e Marta Haas (que participou da primeira tunna da Oficina Para Fonnao de Atores).

    Para finalizar, deixamos para os leitores da CAVALO LOUCO al-gumas reflexes sobre a formao do atuador na Terreira da Tribo:

    Geralmente, quando se petgunta o que o atuador, responde-mos que ~ a ruso do ator com o atMsta polltlco. O atuador deve ser lcido e ambicionar mudar a sociedade, percebendo como pri-meira e u111ente a nnsfonnao de si mesmo. o artista que sai do espao restrito do palco e entta em contato com a comunidade da qual faz parte. Se envolve e compartilha de fonna coletiva todas as etapas da cnao e produo do espetculo. A nfase dada no processo continuo de investigao, numa rotina rdua de ttabalho, na busca de fazer da cena um ato de enttega total, de teatralizao total, de d~io absoluto. A subven>o da ao e da palavra se d num processo em que o COfPO inteiro que prope livremente, por Impulsos, vibraes, tenses, ritmos variados, pennttlndo a emer-gncia de uma verdade que no se pode mais mascarar. H o rom-pimento radical do raciocnio lgico, produzindo a dissonncia, ou sefa, a presena da contradio que ativa e expande a sensibilidade. Assim, o trabalho no mais uma simulao realista ou estlllzada de uma ao, mas um ato de absoluta sinceridade, no qual o mais Importante a relao entre os seres humanos e, para o atuador, uma grande, uma nica oportunidade de enf18(l8. total

    A busca deste ator renovado deve ser alcanada em funio de um teatro comprometido eticamente com o pblfco. A peaqul-sa temtica to profunda quanto a pesquisa esltlca. A Tribo de Atuadores i Nls Aqui ttall8lz acredita que o teal10 precisa ser tan momento de encontro entre as pessoas, um momento de multa In-tensidade na vida de cada r.m. do qual se sala potenciallzado. E para Isso, necessrio atuar como se fosse a i>ntna vez que se ""8sse algo a comunicar aos demais.

  • A Comdia do Trabalho em cena Alex Pantera e Joo Machado, oficinandos do Bairro Bom Jesus

    A histria da Tribo de Atuadores I Nls Aqui Travelz, criada em 1978, sempre se pautou pela afirmao da diferena, da Independncia em relao ao mercado e s estruturas de poder, com encenaes caracterizadas pela ousadia e liberdade criativa As suas trs principais vertentes so: o Teatro de Rua, nascido das manifestaes polftlcas -

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    de linguagem popular e Interveno direta no cotidiano da cidade - o Teatro de Vivncia, no sentido de experincia partilhada, em que o espectador torna-se participante da cena - e o trabalho Artistlco Pedaggico, desenvolvido na sua sede, a Terrelra da Tribo, e outros bairros populares junto a comunidade local. Desde a constituio da Terrelra

  • Oficino da Mostra i Nis Aqui Traveiz Jogos de Aprendizagem/dez 2009 com a presena de

    Ingrid Koudela, Antnio Januzelli, Lindolfo Amaral e Trupe Artemanha

    Com o desenvolvimento do Projeto Teatro Como Instrumenta de Discusao Social o objetivo da Tribo de Atuadores OI Nls Aqui Travelz passa a aer fomentar a organizao de grupos culturais nos bairros. As Oficinas de Teatro do Projeto propiciam s peBllOBS, em geral, o contato com o fazer teatral, acreditando na necessidade e no potencial artstico de todo o ser humano. Para alcanar o estado prprio liberao da expresso teatral, a oficina desenvolve exerccios de relaxamento a concentrao, aquecimento e Jogos de envolvimento, pusando, ento, a improvisa988 e posterior discusso das atividades. As oficinas tm como pretenso o oomprometmanto com a desmlsltflcao e aoclallz:ao dos processos artlaticos, acreditando no potencial libertador do tee.1ro e em sua necassria. influncia como fator gerador da autoconheclmento e maior conscincia e atuao sociais .

    ..

  • Festejando na Contramo Oficina de Teatro de Rua Arte e Poltica

  • Jogos na Hora da Sesta com a Oficina Popular de Teatro

    do Bairro Humait

    Na construo de uma tica que visa a formao de artistas-cidados com a necessria qualificao para estar a servio da construo de uma sociedade justa e solidria, podemos apontar algumas questes que a Escola de Teatro Popular coloca durante o processo de aprendizagem:

    - a conscincia poltica - a compreenso dos mecanismos de opresso de uma sociedade dividida em classes, e a escolha em assumir uma postura crtica perante tal realidade;

    - a liberdade como valor - o reconhecimento de que a manifestao de cada integrante contribui ao andamento autogestionrio, e que essa premissa libertria precisa ser difundida em cada instncia social;

    - a valorizao da diferena - o respeito pela posio individual e a percepo de que na discusso, muitas vezes de ideias divergentes, que a ao coletiva cresce;

    - a disseminao do conhecimento e o estmulo ao aprendizado - a preocupao em coletivizar os saberes dentro da organizao, de modo que os indivduos adquiram capacidades diversas;

    - o sentido do trabalho - estar ciente de que cada tarefa, das simples as mais arrojadas, necessria, faz parte da construo de uma proposta comum, independentemente de seu grau de complexidade;

    - a ideia de lideranas situadas, que indicam alternncia nas posies de "comando" (que no significam exercicio deliberado de poder) sendo respeitadas a aptido e a experincia de cada integrante.

    Este compromisso ideolgico assumido pelos atuadores do grupo est diretamente relacionado postura pedaggica adotada, orientada por um preceito igualitrio que visa o confrontamente das hierarquias preestabelecidas, o que aparece tambm nos espetculos do grupo. Os oficinandos so constantemente incentivados a construir coletivamente cenas e personagens, o que aponta para uma concepo que difere da adotada pelo senso comum em relao arte, que se concentra na crena na figura de um "gnio individual" indissociado de seu contexto histrico e social de formao. Ao contrrio, atravs da troca permanente de ideias e do \ ~ t

    trabalho realizado em conjunto, processos que poderiam ser individuais, como os de construo de personagens, transformam-se numa vivncia coletiva de experincias partilhadas e construo conjunta de sentidos.

    Tribo de Atuadores i Nis Aqui Traveiz

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  • Exerccio Cnico Fragmento Zumbi da Oficina Popular de Teatro do Bairro Parque dos MaiasD p ..... - - H -PJ E --.... --

    letivo O projeto do i Nis Aqui Traveiz

    no se localiza apenas na cena, mas na construo de uma sociedade ideal que, no sculo XXI, parece ainda mais utpica do que h trinta anos atrs, o que faz com que o i Nis coloque a formao do indivduo lado a lado com a formao do ator. A casa que serve corno sede representa um teto livre tanto dos Imites das salas de espetculos, sua arquitetura, seus critrios de pauta, sua base de relao com o pblico, quanto dos limites de outros tetos sociais que abafam o indivduo. A sede, deste ponto de vista, funciona corno um imenso tubo de ensaio, onde qualquer indivduo pode entrar e se defrontar consigo mesmo, escolher seu espao, cultivar suas relaes de trabalho e afeto, optar sobre sua dedicao, aprender o que deseja.

    Antes mesmo da fundao da Escola de Teatro Popular, a vertente pedaggica do grupo vinha se consolidando em diversas linhas, que se distinguem entre si pelo material que oferecem manipulao e ao conhecimento do aluno, ao mesmo tempo em que se caracterizam pelos mesmos principias ticos e metodolgicos.

    Se existe uma linha de interpretao do grupo, ela nasce deste processo de criao que prope a vivncia integral e visceral do papel. Ela nasce tambm da disposio do ator em ultrapassar limites flsicos, sociais, morais, em desnudar-se, cobrir-se de tinta, arrastar-se na lama, montar o cenrio, costurar o figurino, conectar fios de luz. Neste processo, a transmisso de conhecinento no se d de forma unidirecional, mas corno experincia compartilhada no objetivo de construir junto.

    A Escola de Teatro Popular da Terreira da Tribo funciona na sede do grupo e oferece oficinas de Iniciao teatral, pesquisa de linguagem, formao e treinamento de atores.

  • Oficina de Teatro Livre em apresentao de exerccio

    durante a Mostra de 2009 no Territrio Cultural

    1. Promover condies favorveis ao desenvolvimento da criatividade espontnea e expressiva, crtica e ressignificante do corpo, a partir da organizao de uma vivncia teatral de grupo.

    2. Investir nos elementos e recursos plsticos e musicais que auxiliam a criao potica da cena, utilizando os princpios bsicos do teatro popular e de rua a partir de jogos dramticos, expresso corporal e improvisao.

    3. Investigar o movimento, o gesto, a atividade mimtica do ato fsico no jogo dramtico, proporcionando experimentao de linguagens para o desenvolvimento de personagens, situaes, fbulas.

    4. Intensificar a dinmica teatral do corpo, atravs de exerccios de desinibio, sensibilizao, musicalidade, expressividade e coordenao rtmica, aliados a jogos de inter-relacionamento dramtico

    5. Ativar padres no cotidianos de comunicao a partir de signos teatrais especficos, com nfase na pesquisa de sons e movimentos expressivos, prprios para a estilizao de aes, gestos, cantos e danas.

    6. Reforar a viso crtica das questes pertinentes contracenao dramtica, desde a valorizao consequente do material cnico, da disposio do espao e do tempo, da disponibilidade do corpo, da intencionalidade do gesto, etc.

  • Cena de A Invaso de Dias Gomes com a Oficina do Bairro Humait

    A Oftclna de Teatro Uvre, com wn encontro '81Tlanal, utlllz9-ee de JOU08 dnimMICOI, axpi easo corporal a i'rlll'OWIUQ6aa para estlmullr o lnte1'88118 pelo testro e buaca da de.:olonlzallo corporal do artlsWcldadl\o No 6 nac a 11lrio tazar nterilio basta comparecer For 1'11.o - eeqOenclal, loltl'llte-a entrada do tTtenlssado qua q1.1er mcm11111tu, o qllEI proparciona i.m fluxo conatanta da pas10aa min 111111 e asr1 ner1hum pr6requllllto de fomiao. Suas atMdadea portanto nlo .ao cunulativu. A aula comea: com um c*culo, de onde partllm oe llX8l'Clcloe de aquectnei ito que vart.n do llid lc:o ao flllc:o, do tcnico ao axaustivo, do 1ndrvidual ao intaratrvo. Anulando a comunicao Vl!lt>al, o aquecimento convida os partk:lpantes a eerem corpos que agem .,, um "ananimato-Cl'.rnplice", como defina a peaqulaadora e ex-aluna da Eacola de lilatro Popular, Magdalena Sophla Ribeiro de Toledo:

    08 exerclcloe de aquecmento propostos, em muitos mcmentoa. acabam garando 8111Jlll6aa da lntanaa cumplicidade entra 08 partlclpantea das oficinas. Nio 'nrta apenas de lntan!Q6ae coaporell dl191aa, mu da buaca e lrrterao de olhaAll (-), de respiraes (-), 8'c. O. movlmentoa de cada ~ta devem manter i.ma Interao protunda com 08 movmentoa dos outros ( .). Um exemplo 6 um ell8I ciclo am que cam nha-118 axauatiYllmanta pala aal!I, cada qual na dlreAo que dele,la. mas tomando cuidado pa1- nlo esbarrar arn n ng Lll'lm OLJ 111111. percebendo o outro (..) Ap6e mulo 1llmpa de aam11.-.. que dlill9 OC01 num ri.no conun. o por w 90licitB que Olda cloD 001J101 ~ illlln alealllrllrnenr no i-oo. ... ~ rnulM YNllJ'de pella.I que nem co~. ,..liar wn aerclclo de rart.i Tii1llnlo ooq>on1I e, "'" tnballlri Juntm 1111 montlDlm do aquata

  • Exerccio da disciplina de Expresso Corporal da Oficina para Formao de Atores 2009/2010

    Depois de duas horas de exerccio, a turma se divide em pequenos grupos para as improvisaes. A aula termina com novo circulo, onde se discutem e avaliam as experincias do dia. Ali se discute a tica no exerccio do trabalho do ator e sua funo junto sociedade. E, na prtica do oficineiro, evidencia-se tambm uma tica pedaggica baseada, entre outros aspectos, na eliminao de toda atitude autoritria e de toda avaliao baseada na adjetivao depreciativa do desempenho do aluno. O que se discute a partir das cenas antes a sua concepo, sua faculdade de aguar o olhar crtico ou de reforar preconceitos.

    Toledo sublinha que a formao do atuador nega a ideia do artista como atributo pessoal inato e afirma a construo diria e perene do aprendizado. Ela associa a pedagogia da escola direo coletiva, que rejeita a fragmentao do trabalho e a hierarquia de tarefas.

    Pressupe-se que o trabalho coletivo dissolva a noo de artista enquanto gnio, uma vez que ningum est, a princpio, apto a impor uma concepo de cena, por exemplo, a outra pessoa. Ela dever ser construda em conjunto, visto que todos os integrantes do grupo devem se apropriar da mesma e so considerados igualmente aptos a julg-la, tendo o dever de ajudar a constru-la. Assim, o

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    letivo carter coletivo, em detrimento do individual, sempre ressaltado.

    Na Oficina para Formao de Atores, as aulas se constituem como processos criativos cujo principal objetivo desenvolver o esprito de trabalho coletivo em um ambiente de contnuas descobertas, renovar as percepes e valorizar o espao, o outro, a linguagem, o gestual e suas depuraes. Na linha pedaggica adotada pelo grupo, o ato de representar deve ser o resultado de um processo e no uma imposio de formas. No projeto da Escola de Teatro Popular, a Tribo declara:

    Pensamos que a tarefa de subsidiar essa formao deve ser empreendida em seu sentido mais amplo, no s da perspectiva de um embasamento tcnico-prtico-terico, mas tambm das possibilidades de desenvolvimento global artstico e humano dos alunos/oficinandos ( ... ) para estar a servio da construo de uma sociedade justa e solidria ( ... ). Num mundo onde as imagens prevalecem sobre as palavras, onde cada vez mais difcil a formao crtica e consciente das pessoas, j que a educao pblica formal vem se deteriorando de forma assustadora, necessrio garantir a existncia da palavra e do pensamento.

    [

  • Histria do Teatro Brasileiro

    Teoria e Histria do Teatro Ocidental

    Histria do Pensamento Poltico

    2 horas

    2 horas

    3 horas

    2 horas

    Descoberta do potencial vocal e sua utilizao consciente. Respirao, dico e colocao vocal. Pontos de ressonncia corporal. Canto e fala.

    Texto, estilo de criao e interpretao. Estudo das relaes teatro-sociedade ao longo da histria e da realidade brasileiras. Discusso sobre o Teatro Brasileiro contemporneo.

    Subsdios para a compreenso e interpretao do fenmeno cnico. O teatro no contexto das condies scio-polticas e na inter-relao com outras reas do conhecimento humano.

  • Cena de A Mais Valia Vai Acabar Seu Edgar de Oduvaldo Viana Filho em Exerccio Cnico da Oficina Popular de Teatro do Bairro Humait

    Desde seu nascimento, o i Nis Aqui Traveiz carrega o lmpeto de chacoalhar as estruturas sociais, questionar e combater a sociedade individualista e hierrquica em que vivemos. Em 1978, ano em que o grupo foi criado, o pais era governado por uma ditadura militar. Pode-se dizer que a Tribo de Atuadores i Nis Aqui Traveiz atravessou dcadas de efervescncia e transformao poltica e social. Sempre foi caracterlstica do teatro desenvolvido pela Tribo, sua funo social e crtica, um teatro que olha para o meio em que vive e ambiciona transform-lo.

    Raquel Zepka*

    Partindo dos princpios "Utopia, Paixo e Resistncia", a Tribo busca uma viso generosa e visceral do teatro que no est simplesmente observando a vida, mas participando dela. Por isso, desde a criao da Terreira da Tribo - espao onde o grupo cria seus espetculos e realiza oficinas - o i Nis buscou compartilhar com a sociedade suas experincias e ampliar seus conhecimentos, em uma intensa troca entre oficineiros e oficinandos, formando artistas e cidados.

  • Cena de A Pea Didtica de Baden Baden sobre o Acordo de Bertolt Brecht

    com a Oficina para Formao de Atores desenvolvido na Disciplina de Interpretao

  • Ao longo de -... procaaao. a 1urma 2004l2006 apraaanlDu publlcament8 dlval"I08 axarclcloa clnlcaa. c:laatacanckHle a laltura mcanada de HoJe Sou Un, Amanhl. 80U OUDo. da obra da Qorpo Santo. aab orlentalo da Tinia Farias; 1ilmJI' e Mllfa do IH Relch. axarcfclo com a llnguagem naturallala; e Q8nlo Qllfa o Feno?, axarclclo com paraonagane tlpaa, ambal de Bertolt Bracht. Eaaaa dlm CIDnas ancanaea foram apraaanladas dentro da prograrnalodo Semlnrlo "'Cena Pollllca-UmaAbordagem &rachllana. O an~ contou com a praaana da Relnaldo Mala, dlratDr 8 dramaturgo da Cla. Follaa d'Arte de SP: Jorge Arlal. ~ulaador e crftlco teatral do jornal La Repbllca da Montavld6u: ln Cmnargo Cosia. prafaaaara da USP e autora do lvro A Hora do Teatro ~lco no Braalr: Srgio ela C&rvalho, dlrator. dramaturgo da Cla do Lallo deSP.

    Em 2004 1ambm 6 aberta a Oflclrw. de Teatro de Rua - Arte e Polftlca. proporclorwldo - lnteraaaadoa malar vlvlncla com Teatro de Rua do OI N6la. que buaca

    um contato mala efetivo com o p(lblfco. pois Ir para a rua significa chegar maior parte da papulalo que nlD frequentadora dai aalaa de .....-.1o e que carece de uma arta candlzenla com - raalldade. No ftnal do ano lanado o projeto OI N6la na Mamrla - lo edltorlal que raglalra a tr&il&lrla da nlJo e -... procaaaaa de crlalD - com o livro Aos Que Wrlo Depois de Ndl Kaa..m ti Aocaaa - O Deaasaarnbm dll Ulapll. da VUnlr Santas.

    Em ,Janam de ZXJ6. anlacadalldD o V F6run Social t.bdal, OI aknJB da E'8cala de Teabo FoplB' da Temh da 1tlJo ~de uma Otill cem o gn..,o de 1llbo flICla CllnMna 1hllltr9, que tlllbalB cem Tealro F6run e Clawn-AD 9Dcla1 Em aaQIAda, 6 a wz da 11 Malba Maatra I Nla A1P lhMllz-Jagaa de Apra...,_..: de 22 de abri a 1 de nlllD 6 apraaantado o aadclD eira hl da Fonnalo;

    ~da abra 8Ddu d9 ~de Fedar1aD Garcia Lorm. Mlda em )l1ho della ana. a Otill Pn Fonnalo de AtDraa apr1u mia l"ICMl1lm1l8 OI SBckJa blllldallDB e a oncn. ela BUn> l-U1'l8Hll apraaanlaA baalo de Dias Bana.

  • Painel que fez parte das celebrao de 30 Anos da Tribo de Atuadores i Nis Aqui Traveiz que contou com a participao de Jorge Arias, Narciso

    Telles, Valmir Santos, Caco Coelho, Antnio Januzelli e Paulina Nlibus. Artistas, Pesquisadores e Amigos que acompanham a trajetria da Tribo

  • Buenaventura (encenador do Teatro Experimental de Cali da Colmbia) e um panorama do teatro contemporneo argentino e uruguaio.

    Em abril de 2008, os alunos da Formao apresentaram ao pblico fragmentos do texto Medea Material de Heiner Mller, dentro da programao de trinta anos da Tribo de Atuadores i Nis Aqui Traveiz. Na abertura da semana de celebrao foi assinado pelo prefeito de Porto Alegre um termo de cedncia do terreno situado na Rua Joo Alfredo, no Bairro Cidade Baixa, para a construo da sede definitiva da Terreira da Tribo. Alm de encenaes, performances e shows musicais, foi realizado com a presena de diversos pesquisadores um painel sobre a trajetria da Tribo: sua base libertria e auto-gestionria de produzir, seus espetculos, seu trabalho pedaggico, sua esttica e o impacto na cena teatral do pas.

    os exerccios cnicos apresentados durante a programao atravs de um pequeno jornal que teve publicao diria. O Festival aconteceu em diversos lugares da cidade: Teatro de Cmara Tlio Piva, Teatro Renascena, Usina do Gasmetro, Terreira da Tribo, Centro Cultural Esportivo Ferrovirio/ Ferrinho no Bairro Humait, Associao de Moradores Ncleo Esperana 1 no Bairro Restinga e Largo Glnio Peres. Estiveram tambm presentes nesse festival o grupo peruano Yuyachkani, apresentando Rosa Cuchillo e Adis Ayacucho e o LUME, grupo de Campinas que apresentou o espetculo Shi-Zen - 7 Cuias. O Painel "Teatro Como Jogo de Aprendizagem" ainda reuniu os diversos diretores, atores e pesquisadores participantes do Festival.

    Atualmente, oito dos alunos da Oficina Para Formao de Atores fazem parte do espetculo O Amargo Santo da Purificao, que realizou circuito de

  • Z Celso Martinez Correia no Seminrio A Presena do Ator em julho de 2002

  • As montagens teatrais dos exerccios cnicos de concluso da Oficina Para Formao de Atores foram coordenadas por Tnia Farias, Paulo Flores e Cllio Cardoso.

    Exerccio Cnico: A Casa de Bernarda Alba (Dezembro de 2001)

    Adaptao da pea de Federico Garca Lorca Elenco: caria Silveira (Bernarda Alba), Nara Brum (Pncia), Marta Haas (Adela), Luana Fernandes (Martrio), Roberta Darkiewicz (Angstia) e Desire Veiga (Maria Josefa).

    Exerccio Cnico: A Alma Boa de Setsuan (Man;o de 2003) Adaptao da pea de Bertolt Brecht Elenco: Adriana Alves Stedile (Tapeceira e Prostituta), Ana Campo (Sra. Mi Tsu - Prostituta e Operria), carolina Falero (Cunhada Grvida), Daniel Gustavo (Yang Sun e Velha), Daniela

    Soares (Sra. Chin), Jeferson Vargas (Wang), Josiane Acosta (Shen Te/Shui Ta), Luara Favero(Segundo Deus e Sra. Yang), Luciana Matos (Sobrinha e Prostituta), Lus Alberto de L. Chalmers (Velho e Guarda), Marcos caldeira (carpinteiro), Pedro Kinast De camillis (Chu Fu e Irmo da Velha), Rita Barboza (Terceiro Deus, Sacerdote e Menino) e Simone Kelbert (Primeiro Deus, Garon e Operria). Msica: Johann Alex de Souza Preparaqo Vocal: Leonor Melo.

    Exerccio Cnico: LORCABODAS (Abril de 2005)

    Adaptao da pea Bodas de Sangue, de Federico Garca Lorca Elenco: Drica Lopes (Vizinha), Eduardo Eipeldauer (Leonardo), Elidson Lucas (Pai), Fernanda Petit (Noiva), Gabriela Kralik (Lua e Moira), Lucas Reinisch (Noivo), Magdalena Toledo (Morte e Moa), Martina Frohlich (Sogra e Cavalo), Paula Carvalho (Criada e Moira), Pauliana Becker (Me), Marcelo Milito (Moo e Lenhador), Maurcio Bittencourt (Moo e Lenhador), Ravena Outra (Menina e Moira) e Sandra Barbosa (Mulher).

    YERMA Um exerccio cnico a partir de livre adaptao da obra de Federico Garcia Lorca (Novembro de 201 O)

    Exerccio Cnico: Estado de Stio (Setembro de 2006)

    Adaptao da pea de Albert camus Elenco: Cristina Salib (Vitria e Mulher do Povo), Daisy Reis (Mulher do Povo e Cigana), Damiana Bregalda (Mulher do Povo, Pescadora e Doente), Drian Hertzog (Comediante, Guarda e Mulher), Douglas Fortunato (Homem do Povo, Mendigo e Barqueiro), Edgar Alves (Peste e Comediante), Eugnio Barboza (Diego, Homem do Povo e carregador dos Mortos), lurqui Pinheiro (Nada), Judit Herrera (Secretria e Mulher do Povo), Leandro Vargas (Homem do Povo, Padre, Governador e Homem), Mrcio Leandro (Oficial e Homem do Povo). Msicas: Douglas Fortunato, lurqui Pinheiro e Rafael Salib com Orientaqo Musical de Johann Alex de Souza.

    Y-IVaS: Um Exerccio Cnico Sobre A Ausncia (Agosto de 2008) Adaptao da pea de Ariel Dorfman

    Elenco: Alexandre Dill (Capito), Ana Pansera (catalina), cario Bregolini (Tenente), Danielle Rosa (Teresa Salas), Fabrcio Miranda (Padre Gabriel, Doutor, Felipe Kastoria e Soldado), Jeferson cabral (Alexis), Jorge Gil (Emmanuel), Karina Sieben (Yanina), Luciana Tendo (Alejandra), Lcio Hallal (Narrador e o Irmo de Felipe Kastoria), Mrcia Mello (Sofia Fuentes), Mayura Antunes (Rosa), Pachamama (Luca e Beatriz Kastoria), Paula Lages (Cecilia Sanjines), Roberta Fernandes (Fidelia) e Tiaraj Incio (Alonso, Torturado e Soldado).

    Exerccio Cnico: WOYZECK (Agosto de 2010) Adaptao da pea de Georg Bchner

    Elenco: Pascal Berten (Woyzeck), Paola Mallmann (Marie), Andr de Jesus (Capito, Soldado, Estudante e Taberneiro), Geison Burgedurf (Mdico, Suboficial e Segundo Operrio), Gustavo Machado de Araujo (lambareiro-Mor e Policial), Jones Fabiano SanfAnna (Andres e Velho da Gaita), Sonia Guasque (MargrethNizinha, Macaco, Mulher na Taberna e Criana), camila Afonso de Almeida (Vizinha, cavalo, Ka.the/Mulher na Taberna e Criana/Av) e Clber Vincius dos Santos (Charlato da Feira, Primeiro Operrio, Judeu/Comerciante e Juiz).

    Elenco: Analise Vargas (Yerma), Eduardo cardoso (Joo), Aline Ferraz (Maria), Roberto Corbo (Vitor e Macho), Raquel Zepka (Velha Pag, Lavadeira e Cunhada), Carolina Vetori (Jovem, Lavadeira, Cunhada e Fmea), Letcia Virtuoso (Filha de Dolores, Lavadeira e Velha) e Sandra Steil (Dolores e Lavadeira).

  • Exerccio Cnico LORCABODAS com Ofici-na Para Formao de Atores 2005 em cena Eduardo Eipeldauer e Fernanda Petit

  • Quanto Custa o Ferro? de Bertolt Brecht em exerccio da Disciplina de Interpretao da Oficina para Formao de Atores 2005

  • Magdalena Toledo e Elidson Lucas em cena de Terror e Misria

    do Terceiro Reich de Bertolt Brecht

  • Em cena Andr de Jesus na OficinaPopular da Restinga no Exerccio Cnico Aquele que diz sim e Aquele que diz no

  • A Questo da Terra com a Oficina do Bairro Bom Jesus

    durante apresentao No I Festival de Teatro Popular

    Jogos de Aprendizagem em julho de 2010

    organizado pela Tribo

  • Exerccio Cnico O Auto dos 99% da Oficina Popular do Bairro Belm Velho

    ~ CARDOSO, Clllo. Entrevista cedida Maria Amlla Glmmler Netto - reallzada no Territrio CUiturai da Cidade Baixa, Porto Alegre: fevereiro cle2009.

    FARIAS, Tnia. Entrevista cedida Maria Amlla Gimmler Netto - reallzada no Territrio CUiturai da Cidade Baixa, Porto Alegre: fevereiro ele 2009.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessrios prtica educativa. PAZ E TERRA. So Paulo: 1996.

    MASSA, Clvis. Histrias Incompletas - As Oficinas Populares de Teatro do Projeto ele Descentralizao da CUitura. Unidade Editorial da Secretaria Municipal da CUitura, Porto Alegre: 2004.

    NETTO, Maria Amlia Gimmler. tica, Boniteza e Convivlo Teatral entre grupos e comunidades. Dissertao de Mestrado pelo PPGAC/UFRGS. Orientao: Clvis Massa. Porto Alegre: 2010.

  • Hamlet Mquina espetculo de 1999

  • Tnia Farias e Paulo Flores em A Morte e a Donzela de 1997

  • Interpretao B (ligada ideia de desenvolver um trabalho de ator mais fsico) e Interpretao A (que passa por escolas como a de Brecht e Artaud). A gente imaginava que era extremamente importante uma disciplina de Histria, ento juntamente com Clarice Falco - que est desde o princpio da criao da Escola e que acompanha o trabalho do i Nis a longo tempo - construmos essa disciplina. Podemos dizer que essa a nica escola de teatro do Brasil que tem essa disciplina: Histria do Pensamento Polftico. Isso vai ao encontro da ideia de plantar inquietaes nas pessoas que passam pela Escola, de compreender onde chegamos enquanto organizao social e poltica, e como chegamos desigualdades to discrepantes. Para no pensarmos que tudo sempre foi assim, seguindo o conselho do Brecht de desnaturalizar tudo. Existiram decises que nos levaram a caminhos especficos; as tragdias da histria, por exemplo, no aconteceram por acaso, e preciso conhec-las, compreend-las, discuti-las, para podermos analisar criticamente esse momento e no continuar a repetir os mesmos equvocos. As outras disciplinas foram as que imaginamos que so necessrias para iniciar a formao do ator, como a Improvisao, a Expresso Vocal - por que h necessidade de desenvolvermos o aparelho fonador, o corpo invisvel do ator - e a Expresso Corporal. Nas tericas temos, alm de Histria do Pensamento Polftico, a Histria do Teatro Brasileiro - pois no a conhecemos e precisamos compreender o movimento teatral que se deu no Brasil at os dias de hoje - e Teoria e Histria do Teatro Ocidental.

    O que houve de diferente, alm das modificaes que acontecem todo ano, porque a ltima turma faz com que a gente chegue no outro ano percebendo mais coisas, foi a troca entre eu (que iniciei ministrando a Interpretao B e Improvisao) e o Cllio (que ministrava Expresso Corporal). Aps duas turmas, passo a ministrar Expresso Corporal e o Cllio Improvisao, pois ele trabalhava com muita improvisao na disciplina. Posso dizer que aprendemos muito e continuamos todos os dias fazendo, constituindo a escola, que no um projeto acabado, ela se constri todos os dias. Existem algumas balizas em cada disciplina, pelas quais queremos passar, mas existe uma liberdade muito grande para perceber o momento e as pessoas que esto fazendo, para ir transformando essas disciplinas luz do que est vivo, em permanente transformao.

    CL - Todos os oficineiros so atuadores do i Nis? Como foi a escolha dos oficineiros?

    Na verdade, nem todos os oficineiros da Oficina Para Formao de Atores - que a que rene um nmero maior de professores - so atuadores do i Nis, no sentido de constituir um trabalho tanto teatral quanto organizacional dentro de grupo. De atuadores do i Nis, temos eu, Paulo e Cllio, mas todas as pessoas que foram chamadas estavam muito prximas. A Clarice Falco foi presidente da Associao dos Amigos da Terreira da Tribo e cumpriu um papel extremamente importante na luta pela preservao desse espao de formao. Ela deu assessoria para diversos trabalhos da gente. A Paulina Nlibos tem um

    envolvimento conosco h muito tempo, uma pesquisadora que j esteve dentro do nosso trabalho, diretamente. J participou como assessora terica na criao de diferentes encenaes, na rea da filosofia e, agora, tambm do teatro. Pela nossa proximidade com um grupo chamado Usina do Trabalho do Ator, de Porto Alegre - que tem um trabalho voltado para a pesquisa do ator - convidamos uma atriz do grupo, Celina Alcntara, mas ela estava naquele momento sendo contratada pela Universidade. Como ela no podia, convidamos outra atriz do mesmo grupo, Leonor Melo, que tambm cantora e faz um trabalho vocal, ela est com a gente desde a segunda turma. Na primeira turma, trabalhamos apenas com o material que a gente tinha em casa. At porque a Escola comeou sem nenhum recurso. Todo o trabalho de criao da Escola foi um trabalho militante. Todas as pessoas que participaram da primeira turma da Escola trabalharam ao longo do tempo de forma voluntria. Ento, quando a gente consegue algum recurso, podemos chamar uma profissional como a Leonor, por exemplo, para trabalhar essa disciplina de Expresso Vocal. E a, claro, remunerar os professores.

    CL - A Oficina Para Fonnao de Atores preocupa-se em fonnar no somente atores, mas cidados ativos e responsveis pela sociedade. Deste modo, as disciplinas tericas so to importantes quanto as prticas. De que maneira se complementam as aulas prticas e tericas?

    ---

    Todo o tempo a gente tem isso no horizonte. Existe uma escolha de quais textos sero trabalhados do ponto de vista terico e do ponto de vista prtico. Trabalhamos o texto teatral tambm nas aulas de Interpretao, ento provavelmente no vamos conhecer a dramaturgia do teatro brasileiro apenas numa aula de Teatro Brasileiro ou talvez conheamos um texto dramtico atravs do estudo de uma das escolas de interpretao. Procuramos fazer pontes entre as disciplinas: escolhemos um texto que trate de um tema cuja pesquisa poder estar presente numa disciplina terica, como a de Histria do Pensamento Polftico. Assim, descobrimos o unverso que o autor queria tratar no espetculo e compomos as personagens luz de uma realidade que j no mais a nossa de hoje. Ou seja, existe uma preocupao de estudo dos temas abordados todo o tempo, tanto na teoria quanto na prtica.

    CL- Os oficineiros da Oficina Para Fonnao de Atores tm identificao com a ideologia do i Nis, afinal so transmissores dela. Quais seriam as bases da fonnao destes orientadores?

    - ----

    Acho que bacana dizer que, dentro do corpo de professores da Escola, h uma diversidade enorme de formaes. O Paulo formado em Direo pela UFRGS, a minha se d toda dentro do grupo. Ento o que eu tenho para transmitir foi aprendido dentro do i Nis ou a partir das curiosidades despertadas no trabalho, que me fizeram pesquisar coisas especficas. Alguns processos te abrem

  • Sasportas A Misso Lembrana de Uma Revoluo de Heiner Mller 2006

    portas e a, por desejo pessoal, tu acabas indo mais adiante naquilo, porque aquele trabalho te cutucou. Um exemplo de coisas que me interessam so alguns aspectos do trabalho fsico, do corpo, da relao do corpo com o espetculo, do ator como presena numa cena. Essa sensibilidade foi despertada nos processos de criao do i Nis. Quem eram os tericos, os diretores e os grupos que privilegiavam a questo do corpo como condutor da dramaturgia da cena? Fui procurar conhecer mais coisas sobre a dramaturgia entendida como um tecido de aes, como diz o Eugnio Barba. Fui atrs dessas coisas a partir da curiosidade despertada no trabalho do i Nis.

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  • CL - A Oficina Para Formac;o de Atores no pretende formar atores e atrizes para um teatro comercial. Sendo assim, que tipo de ator/atriz ela pretende formar? Quais so as premissas e de que maneira elas so colocadas em prtica?

    CL - Sempre que as inscries para a Oficina Para Formac;o de Atores so abertas, h uma grande procura por vagas. Quais as caractersticas das pessoas que se inscrevem? Qual o critrio de avaliao?

  • \

    nota-se que a pessoa no tem a possibilidade de cursar a oficina naquele momento. Outras tm todos os recursos, mas tu percebes que a vontade no to grande. Ns tentamos, atravs de questionrios. de textos escritos por essas pessoas, da cena que elas vo preparar para apresentar, da entrevista, enfim, perceber quem vai realmente enfrentar o que quer que acontea nesses 18 meses. Na Oficina, as pessoas tm uma vivncia coletiva. Diferente dos outros cursos de teatro, elas vo vivenciar um processo de aprendizagem em conjunto - o que fundamental para o fazer teatral, mas ao mesmo tempo, muito difcil. As pessoas vo conviver durante esse tempo todo, vo fazer inmeros trabalhos em grupo, em dupla, em trio, vo entender que teatro uma arte coletiva por excelncia, e estar com o outro difcil. s vezes o outro no o que a gente gostaria, assim como, com certeza, ns no somos tudo o que o outro espera. E tem um momento em que essas coisas comeam a vir tona, ento aprendemos a trabalhar com as diferenas, que acontecem em nveis ideolgicos, no jeito de ser ... O aprendizado da tolerncia fundamental para o trabalho coletivo teatral.

    Q. Como (O orientador lida) tu lidas (Vi 8 trabalha) CCllll o proc 11111' da aprendizagem da cada alk*mlda? Sa axlsl8 ava""9iin. camo ela d?

    sempre complicado falar sobre a gente ... Mas eu sou muito detalhista, presto muita ateno e aprendo muito ministrando as oficinas e as disciplinas da escola. Ento, observando os oficinandos, vou percebendo coisas, anoto muito, falo muito pessoalmente: "olha, isso seria legal, percebe aquilo, percebe aquilo outro". Dar o meu ponto de vista como orientadora fundamental pra mim. Observo "olha, de fora, estou vendo isso, v se eu estou equivocada", dou essa ateno individual, mas ao mesmo tempo no me furto das nossas grandes rodas de avaliao coletiva, o exerccio cotidiano de observar o outro e de fazer as observaes. A observao do professor no a nica que interessa numa sala de trabalho, a observao do colega interessa tanto quanto. Por isso que os processos de avaliao dos trabalhos e de troca de informao sobre aquilo que foi apresentado sempre feito coletivamente, a turma toda fala. Fazemos o exercicio de criticar o outro, de ouvir a crtica, de entender que a crtica no pessoal, no deve ser, ou at de aprender a no fazer a crtica com esse fantasma do "acusar o outro".

    Algumas disciplinas so dividas em mdulos, como Expresso Corporal, que tem o mdulo do cdigo de acesso, o mdulo da capoeira, o mdulo do objeto imaginrio, o mdulo da dana-teatro... Fazemos avaliao de cada momento do processo, quando so apresentados exerccios ao final de cada mdulo. Ento se discute entre os colegas e os professores luz do que o oficinando traz de volta. Mas acredito que todo o tempo estamos dando o feed back e os colegas tambm. Exlsle um esquema de troca, onde se percebe no que ae cresceu ou no, ou onde se deve investir mais, por exemplo. Eu sou muito chatinha, sei que sou, mas penso que isso acaba sendo importante, porque o oficinando se sente observado e tem o retomo daquilo que est experimentando, daquilo que est fazendo. Existe,

    ..

    sobretudo, a ideia de que se trabalha numa horizontalidade. Estamos no mesmo plano, o que ns vamos fazer um processo de construo dessa aprendizagem. Ns, enquanto orientadores, facilitadores, instrutores, professores, como quiserem chamar; aprendemos fazendo, porque estamos construindo coletivamente, nada est posto. Mas claro que existe aquela figura, que orienta, que conduz, que traz propostas todo o tempo. O nosso papo multo franco, fazemos parte desse grupo que est se constituindo. Eu acho que isso o grande barato da aprendizagem na Ofi~ina, pois permanecemos vivenciando a aprend;z em. PaSlinos a constituir communitas, acho que a tunpa ao como esse grupo em que os orientacb stituern junto com os oficinandos. E isso faz neamos constantemente estimulados. muito privil pra mim ser professora da Formao

    isso e tambm aquilo s origens do grupo, porque d as descobertas so coleti existe, s vezes, uma tentativa guardar os livros, esconder os v esconder os trabalhos escritos, pobreza tremenda, somos muito c essa questo. Desde o princpio da na dividir o conhecimento, pois a ideia do grupo foi aempra de, generosamente, dividir aquilo que fora descoberto. Por menor que fosse, importou para a gente e pode importar para outra pessoa tambm. Acho que nesse sentido que o grupo usa o termo "aprendizagem solidria".

    CL - A tua forma~ no teatro ocorreu dentro do OI N61s. Como foi o tau processo de 11pa:ssag11111 da oflclnanda atuadora?

    o processo continua, preciso continuar querendo se transformar nesse atuador. um lugar onde se quer chegar e eu espero estar no caminho. Comeei fazendo as oficinas no i Nis e fui me envolvendo em tarefas, querendo execut-las. O grupo estava desenvolvendo o projeto Csminho Para um Teatro Popular, com as apresentaes nos bairros, e me envolvi na organizao dessas apresentaes, na divulgao, na solicitao de autorizaes. no contato com as associaes de moradores, fui me envolvendo nesse aspecto. Lembro de um momento em que o i Nia tinha quatro peas no repertrio de Teatro de Rua e foi por coincidncia apresentar as quatro - uma depois a outra - no bairro onde eu nasci, na Vila Elisabete, no bairro Sarandi, e eu fui organizar essas apresentaes l. Na primeira apresentao havia um nmero pequeno de pessap, na segunda um nWT1ero um pouco maior e na quarta tl't1hamos a sel188io de que a comunidade estava toda ~ assistindo aquele espetculo. Como eram quatro espettlulos difarantas, o pblico ia quatro vezes no mesmo lugar. Foi muito bacana acompanhar esae movimento. Tomei

  • conscincia do trabalho do i Nis, desse contato com as comunidades, de como levar um espetculo, uma oficina. preciso um grande trabalho e tambm um tempo para que a comunidade se aproprie dessa linguagem que chega na porta de casa. Foi um momento bem bacana.

    Ento fui chamada para uma substituio, foi uma reorganizao do espetculo de Teatro de Rua Os Trs Caminhos Percorridos por Honrio dos Anjos e dos Diabos, a partir de um texto do Joo Siqueira. O i N6is chamou pessoas das oficinas para, junto com atuadores, remontarem o trabalho. Foi um momento bem bacana, pois reformamos as mscaras, ento aprendi outras coisas, como construir as mscaras e tal. Paralelamente a isso, me chamaram pra substituir algum no Fausto. Era um grande sonho fazer aquela pea que eu tinha visto. Eu estava fazendo essas duas substituies, alm de criar trabalhos nas outras oficinas.

    tambm estava criando o trabalho de rua A Herolna da "nc:Iaba, na Oficina de Teatro de Rua, e depois fui chamada ra fazer Album de Famflia, com a Oficina de Experimentao Pesquisa Cnica Estava tudo acontecendo, foi o momento

    de mergulho total, ainda mais para o tamanho que era a minha vidinha. Eu ficava todo o tempo na Terreira, todo o tempo envolvida com aquele fazer. Tomei conscincia de diversas coisas, de como aquele espao funcionava, como se dava a diviso do trabalho, como as pessoas se colocavam, como se estabeleciam as relaes. Foi tudo muito rpido. Dali a pouco, assumi a divulgao dos espetculos, uma responsabilidade grande. Ficava pensando: "Bah! Eu estou divulgando a ida do i Nis pra Alemanha!". Era grande e importantssimo. Esse envolvlmento se d primeiro com o teatro do i N6is, com aquela vontade de estar em cena dizendo aquelas coisas, e depois com a estrutura que precisa ser organizada, mantida. E fui me apropriando das coisas, pessoalmente, acho que me apropriei bem rpido. Onde precisasse, eu Iria, pois estava muito disponvel para tudo e, at o dia de hoje, no tenho nenhuma dvida de que era isso que eu queria fazer na minha vida.

    CL - Quais perspectivas para a Escola de Teatro Popular Oficina Para Fo~o da Atares nos prxhos anos?

    o grande sonho que a gente construa a sede definitiva da Terreira da Tribo na Cidade Baixa. Acho que vai serummarconaEscola,porquevaiterumespaofsicomuito bacana para que ela acontea em termos ideais, com salas mais apropriadas para as disciplinas prticas e tericas. Vai ser muito bacana se conseguirmos fazer um nmero maior de oficinas, agregando outros profissionais para dialogar com o i Nis e ministrar oficinas neste espao. Imagino que ser uma ampliao do trabalho da Escola, essa volta para a Cidade Baixa. O caminho natural da Oficina Para Formao de Atores chegar aos vinte e quatro meses de aula, sentimos a necessidade de aprofundar alguns aspectos, quem sabe ter outras disciplinas, ou um perodo maior para construir o exercfcio cnico final. Queremos levar a Escola pra sede definitiva, espero que ela comece a ser construda at o finalzinho desse ano. Assim ter um

    espao para a Biblioteca, que vai ajudar o i Nis a ter mais legitimidade e ir atrs de doaes de livros, recursos para um acervo e uma videoteca tambm. Acredito que aliando o espao trajetria do trabalho extremamente srio que desenvolvemos, conseguiremos ter um espao que ser referncia no Brasil.

    CL - E quais transtormaias esse processo gerou na tua vida pessoal?

    difcil, mas se eu parar para pensar naquilo que eu fazia antes de fazer teatro no i Nis, no meu cotidiano, por onde eu provavelmente caminharia, esse tropeo que dou, dando de cara com a Terreira da Tribo, muda completamente o caminho que eu tomaria. Eu estaria fazendo algo diferente. talvez eu tivesse muitos filhos e estaria em casa cuidando deles, o que no seria pouca coisa, mas estaria contribuindo menos com o meio em que hoje eu estou. Eu fao com paixo o que fao e, com certeza, algum que tem o privilgio de fazer o que ama, vai contribuir mais com esse algo. De alguma maneira eu devo estar contribuindo para o teatro e para essa ideia de teatro, pois o que eu tenho feito na Terreira da Tribo, trabalhando com as oficinas, eu fao por inteiro. Imagino que, se existe uma contribuio que eu possa dar ao mundo, eu s posso dar com esse tipo de envolvimento, com esse tipo de visceralidade. Minha vida pessoal e a vida no teatro no so distintas, a minha vida e o meu teatro so exatamente a mesma coisa. Imagino que era um pouco isso que o Artaud dizia quando falava do teatro como um duplo da vida, no como coisas apartadas. Vem sendo assim ao longo desses quase dezesseis anos no i Nis. Tudo que eu fao, penso, minhas aes, esto ligadas a isso, as minhas paixes tambm, os meus desejos tambm, tudo.

    Acho que foi muito importante o momento em que eu transito para esse outro "lugar'', depois de acompanhar as oficinas nos bairros, acompanhar um processo de construo de um exercfcio cnico numa oficina de periferia,... como era a do Paulo na Restinga quando eles construiram Que se passa Che? No momento em que eu vou ministrar uma oficina num bairro, tenho que devolver aquilo tudo que recebi, como um processo cfclico. Quando tu te tomas Lm oficineiro, artista, educador - sei l, existem tantos termos - certamente existe um redimensionar da tua existncia, tu pensas agora tudo diferente, tenho que aprender e no subir em nenhum pratlcvel mala llllD do qlMt essas pessoas, para construir com 8111 d9 forme tio 911111rosa quanto a que foi construida camlgo". Tema tnazar aquelas descobertas e reconstruir mullaa Clldrml com ll9flS pessoas em uma relao horizonllll t: pnldlo......, que aquele que entra na Oficina Para farrn191D dli AIDnll l'llo o mesmo que sai. Ou numa oficina de blO. ande tma pessoa tmida, que quase nlo ae .uau. .-.dlllir Q nome e o lugar de onde vem, dali a pouco 8116 tenda uma ao importante no bairro. Talvez la8o Jade ffo - mesmo eu amando astar em cena, acreditando que o momento em que eu estou mais viva - o que eu fiz de mais Importante na vida, o trabalho como oficineira do i Nis.

  • Parada de Rua no Aniversrio de 28 anos da Tribo de Atuadores i Nis Aqui Traveiz

  • Posso dizer que comear a fazer essa oficina foi ccmp te transformador. Eu j fazia teatro, mas fazer oficina na Terrelra era completamente diferente: o trabalho com o corpo, a busca pelo autoconhecmento, o posicionamento critico, 9888 posk:lonamento reflexivo com relao 1'98lidade social, o compromisso tico e tantas outras coisas que fui d "ndo depois. Eu tenho a inpresso que as pessoas quando entram em contato com o I Nls, tm uma atitude de espanto diante do quo diferente que o grupo. E se esse modo de ver o mundo te toca profundamente, como para mm, tu acabas querendo fazer parte d880.

    CL-Que le Ollala ...,_ Fo de Atar. dm Tibl de

    l 1161s Aqui Tnlnlz? Quando o i Nis foi despejado da sede na rua Jos

    do Patrocnio, fiquei um tempo sem saber para onde tinham ido e o que estavam fazendo. Mas em 2000 voltei a fazer a Oficina ele Teatro Livre, agora no bairro Navegantes, e fiquei sabendo que Iniciaria no segundo semestre a primeira tunna

    CL A OflcN Pl1l'a Fonmio deAtons, do l 1161s, 6 llllert.,. todu .. pe110U lnt1111111d a..,... .. 18anos. Mu ._.. 1ng...._r6 n..: 6r1o ...-r por um PrDC 0 lllvo no quel paalNla .iuw recebem um .._..enlD ,. .. m ....... .,.rmn .. am -. lwr ..... nta. podem cdllr, l1M9lls, ,.._,, ...,..., cowbulr .... mmelrll de ....... lltat, ....., - ....... Cont9 p ............. upwtlncla.

    escolher o ~ento, voltamos para a Terreira pera ........... r a entrevista. O prxino passo ler a pea que ~lhemos e preparar a cena para apresentar.

    Eu escolhi o ~ento do Coro ele Estado de Stio, ele Albert Camus. Acho que era o texto mais denso e dlflcll dos trs que podiamas escolher, mas era o texto que mais havia me tocado. E depois de ler a pea. tinha certeza de que era 8888 fragmento que eu deveria apresentar. Eu decorei o texto e preparei a cena de uma forma bem simples. Ponm, tenho de confessar que no dia no ui dar o texto at o final, mesmo depois de ar vrias vezes. Estavam assistindo o Paulo, a Tnia e o Clllo e eu estava multo

    ' multo mesmo. Na entrevista, acho que conseaul ficar mais calma e me expr8888r um pouco melhor. Desde o princpio, o que mais me motivava, era a possibilidade de aprofundar o trabalho do ator e, ao mesmo tempo, procurar refletir sobre nossa realidade soclal atravs do teatro.

    Depois de um tempo foi divulgado o reaultado e, para minha alegria, havia sido selecionada. As aulas comear1am depois do Seminrio "Teatro Aqui e Agora.

    CL 1'MID crt99l0 dos....._..._ como orpnlDflo u 'nm. Mtlo calcMI no 1rww-. _....... DenlrD da OflcN ..,_ Forn 1ilo da A--,do 611161s, ........ -1 ... ana......_ _.lmulmloa CGMb1lllr 11:Gi.llwa11enta o "'fuer .... ......, E hofe, depois de 10 .,.., como 111 .. rcMeslno't

  • O Primeiro Amor personagem de A Misso Lembrana de Uma Revoluo de Heiner Mller

    inabalvel. ~ praciso estar o tempo todo se questionando, se perguntando como po880 contribuir para o todo, como posso me tomar uma pessoa melhor ...

    Lembro que na Oflcna Para Formao da Atores sempre havia a questlo do comprometi 1 ierrto. Se estamos fazendo um traballo, uma cena em grupo, e fulano nlo vem, todo o grupo prejudicado. Ou o fulano vem, mas no est nem ai para a cena, no traz propostas e no contribui na proposta doe outros. tambm todo o grupo prejudicado. l8ao noe faz perceber que num trat>alho coletivo preciso no apenas estar pre1ente, Isto , presente ftslcamente, mas preciso - acima de tudo - estar comprometido no pensar e agir com o objetivo que se tam em comum.

    CL - A OftclM Para Foftlm9io de IDl'M1 do I N6... prw ... M em fonnar, nio ......- .aor.s, mu cldmdlos 81:1vas agentes 1'88PGnnls pela wleclllcle em CI vivem. Sendo ...... , - fu............., temb6m, ..... te6rtc. - CDlllD por eumplo: Hlld6rte do .............. Palftlao. N llm psc9p9iD, camo u ..... prttla. te6rtca complementam? E qul foi impoltlncie ...._ milD tum vida?

    Para o I Nl8, o teatro cunpre ll118 funlo social Essa preocupao em formar no apenas atores, mas cidados f88PC)n86vei8 e comprometidos eticamente, fica muito clara no termo atuador", uma fusio da ator com ativista poltico, algum que busca atravs da arte a manuteno de valores como liberdade, solidariedade, Justia. Para mudar noeaa realidade, preciso compreend-la, preciso saber como as coisas chegaram at aqui. Por isso tambm do fundamentais na formao do atuador, um ator-cidado, disciplinas como Histria do Pensamento Poltico.

    Para mim, tomar conscincia de nosso processo histrico tornou claro porque no devemos separar o fazer teatral do mundo em que vivemos. A arte pode reftetlr e analllar nOBSa realidade, mas ela pode eer multo mais que isso, ela pode - luz da Histria - estimular nosso imaginrio e catalizar novos sonhos. Nunca demais lembrar Heiner Mller, quando fala da necessidade do dilogo com os

    mortos.~ preciso saber o quanto de futuro est enterrado com eles, preciao conhecer e compreender noeao passado, para que nlo 88 cometa aempra os mesmos erros.

    CL - Pni ti, de CI mDdD M rodu de d.._n'o que ocorrem H 116nnlno das aulas conl......_.. .-. ertura dD dWDgo. pera a conmuc;lo colMlva para u ,...,.._ llarp111Dllls? Como .... acontecem? Qaml o pmpel dos aftclmlras duranla dl8Cuniiu?

    Em 1Ddas as ofdlas do i Nia, sempre h no fim das aulas um tempo para conversar. Acredito que esae momento de lmportlncla fundamental, poli 86 no dl61ogo com o outro que conseguimos perceber algumas coisas, seja do prprio fazer teatral, seja em noeaas relaes com os outroe. Nessas dllcuaaee, todos tm o mesmo direito palavra e o oficineiro, aquele que conduz a oficina, no se encontra no papel daquele que detm o conhecimento que ser transmitido. O oflclneiro 111mbm eet descobrindo e aprendendo; eeu papel dar as ferramentas para o aprandizado e provocar a refl8xlo sobra aqulo que 88 faz. ~ &ma aprandizagam solidria em que a formao de coi IBCit ICie. e o " penamnento crtico, ae d atraY6s do dilogo com o outro (OlMldo. retleido. questionando).

  • CL - Podes nos contar um pouco sobre a montagem do exerccio final da Of1eina Para Fonno de Atores? A ideologia do i N6is ficou presente nos oftclnandos?

    Na primeira turma, seis mulheres fizeram a oficina at o fim. Como ramos apenas mulheres, nos foi proposto fazer como exerccio de concluso da oficina uma pea que discute, alm de tantas outras questes, o papel da mulher numa sociedade conservadora como a Espanha dos anos 30.

    Em 2001, encenamos A Casa de Bemarda Alba, texto de Federico Garcia Lorca Este texto nos fala de violncia, opresso, medo, humilhao, mas tambm de revolta e poesia. Bemarda Alba, a personagem central do texto, uma matriarca dominadora que mantm as mm ... Angstia, Madalena, Martrio, Amlia e Adela sob vigilncla lmplacwel. 'lnUlsfonnando a casa onde vivem, em 1.1n pequeno pcMJmio na Blpanha, em um caldafrlo da tenses prestes a explodlraqialqlamomento. Com a marta da seu segundo marido, Bernuda decr8lara um luto de olD .... 8lbnete suas filhas na181o dentro das frias~ da-casa e das janelas cenadaa.

    Em l10l80 axercfcio, havia a Bemarda AIJe, - me (j complatamenta aanlO, a empregada P6ncla e aa cinco filhas foram tranal'onnadal em trla. Eu fazia a fllha mais nova, Adela. Das pea1D88 que reallzaram eeae axarclclo. quatro permaneceram traball8ndo com o gqx>, pelo menos por um tempo. Eu, luana, Nara e Roberla acabemos famndo contrarregragem ou atuando no eapeticulo da Teatro da Rua A Saga de Canudos e fomoa convidadas a participar do processo de criao do espetculo de Teatro de Vlvlncla Kassandra ln Process. Como o grupo penmnece amnpre aberto a novos participantes, a cada novo eapeta\culo tem sempre algum novo que ainda no participou de nenlun processo de criao com o grupo, nwa que 8116 pr6no e afinado com a proposta

    Eu acredito que para cada pessoa, a pmpaala do .,upo bate, inicialmente, de i.ma forma diferente. 19n p111aaa que se aproximam por cam do Teatro de Vivlncla. porque ftcarlm fascinados can a experimentao do ponto da vl8'll 8llllDo, pela linguagem proposta em cena; outrua por cmm do Tealm de Rua, pala acndtam que a arte deva w ac n1Mll a tDdoa e, mais, que o seu aprendizado deve ser democritlco e aberto. Ento as pessoas fazem oficinas e vlo parcaba11do que o traballo do i Nis tem diversas facela8 e que - ~ "faces" se complementam e se retroalfmantam.

    Otrabalhodirionumgrupocomtanlmbraoa.pcrim. no fcil. preciso, antes de tudo, haver .... 1c1e11tlflcelo do ponto de vista ideolgico. preciaoacradHarqueotaatro pode ser um veiculo no apenas da lnformalo e refiado. mas tambm de transformao. Ento exllt8m paaaaaa qw conhecem de perto a proposta do gn.apo e rwament8 Identificam com ela, mas, na prtica, no trabalho cotidiano. no esto dispostos a dar tudo que em propoala exige. pois preciso muito teso, muita paixlo, multo querer para concretizar essa utopia no dia-a-dia. Existem paaaau que se Identificam mais com um determinado aapec1D do trabalho do I Nls e acabam aprofundando 8188 aapec1D em seu fazer artfstlco. Vrios atores e atrizes de Porto Alegre tiveram sua formao artistice no i Nis; algu111 gn.apoa J6. se formaram a partir de oficinas.

    Tambm existem pessoas que acabam levando para a sua prpria vida a ideia do atuador, daquele que comprometido com a sua comunidade, com a sociedade na qual vive. Isso muito bonito de ver. Talvez essa pessoa nunca mais faa teatro, mas permanece nela a necessidade de um agir tico, de lidar com o outro, o teu prximo, de forma honesta e verdadeira, de contribuir na busca por um mundo mais justo e solidrio.

    CL - Hoje tu s uma atuadora, oficineira e participa da organlza9o da Tribo, colaborando em sua sobrevivncia, manutenqo. O que lno significa na tua vida? De olicinancla a atuadora. Como foi percorrer este caminho?

    Tudo que eu sou e fao hoje, tem a ver com o i Nis. Todos sabemos que o acesso cultura um privilgio de poucos e a mim foi dada, de LmB fonna muito generosa, a oportunidade de fazer teatro e fazer teatro num grupo como esse.

    Em 2001, quando estava fazendo a Oficina Para Formao de Atores, comecei a fazer a contrarregragem de A Saga de Canudos e, ento, fui convidada a participar do processo de criao de Kassandra n Process. Desde ento, fui me aproximando cada vez mais. Podemos dizer que as pessoas acabam entrando no i Nis muito mais por sua prpria vontade. Se tlm wxrtade de fazer parte dessa proposta, se disposto a trabatlar a colaborar na sua construo. Ento, na medida em que tu vais te apropriando mais, tu vais tendo mais responsabilidades. No i Nis, sempre somos estimulados a ter mais responsabilidades, a aprender coisas novas que possam contribuir para o trabalho no coletivo.

    No exista uma frmula estagnada para o trabalho em grupo no i Nls, mas existe uma busca constante para q .. as atividades, tanto na produo teatral em si, como na manuteno de nossa sede, sejam todas compartilhadas. Ao perceber que os processos criativos e os modos de produo propiciam a reflexo social e poltica tanto quanto ou mala que o produto esttico, percebemos que o teatro (pelo rnenoa o teatro de grupo) realmente um modo de vicia e wlculo da Ideias.

    Eu acredito no potencial transformador do teatro e percebo laao em minha vida, em minha pequenina tra,letrla. ema novo procaaao de crlalo deu origem a navas deacobertaa. aflorou novaa Nbllldadel. Cada novo encontro da oficina trouxe novoe ~possibilitou ver as colaaB de outra forma.

    A gania amnpre fala: o teatro nlo vai fazer revoluo, qumn vai fBzllr a nM>lulo alo aa p111aaa Mas eu acho alm, q .. o teatro - eeae teatro comprometido eticamente, q .. busca contribuir para o conhecmanta doe homens e ao aprtnoramento da - condllo - cria tlasuras; que - 1...- como o I N6ls Aqui Travelz lnBdlmn novas pmal>lldadea e mobllmm noaaa maglnalo para a conatruc;lo de novaa utopias.

    .._ ...... CU ' 1 Wel.tillllllVlrtuoso llltaft:twiClllltt..._daOllcN ... Fa11 ..... deAtores

  • Jorge Arias durante o Seminrio Ilhas de Desordem - o Teatro de Heiner Mller 2006

    Clarice Falco*

    Srgio Carvalho e Valmir Santos no Seminrio Dilogos sobre o Teatro Contemporneo quecelebrou os 29 anos da Tribo 2007

  • Pramo personagem de Aos Que Viro Depois de Ns Kassandra In Process 2002

    Julla Gulmaries9

    Considerado um dos grupos de maior atuao poltica no teatro do pas, o i Nis Aqui Trave/z volta a Belo Horizonte, aps um hiato de duas dcadas, para apresentar o espetculo O Amargo Santo da Purfflcaao. Criada em 1977, a trupe tem como um de seus fundadores o ator Paulo Flores, que conra sobre as principais questes que inquietam o grupo atualmente.

    Goelaria da voltar mn pouco m hid6ria a entender em que conlextD ... .,,. o 01 N61s Aqui Travelz.

    O grupo surge no final de 19n, naquele fervor e ebulio poltico-social que o pas vivia na luta contra a ditadura. E nesse contexto, o grupo nasce detenninado a fazer um teatro

    que tivesse ligao com os movimentos sociais daquele momento, o que a gente chamava de um teatro de combate. Desde o incio a ideia do teatro de grupo estava presente, de pessoas reunidas a partir de afinidades ideolgicas e filoeficas, em contraponto a ideia predominante na poca - e acho que continua sendo no teatro brasllelro - que a 1J1ade

    produtor; diretor; elenco.

    E quais foram as principais trandonna9i&S que voc6s paaaram ao longo d ..... 32anos?

    Na essncia, esse projeto teatral no muda ao longo dos anos, mas vai se aprofundando e ampliando. Hoje, temos uma Escola de Teatro Popular em Porto Alegre e existe um projeto

    que reallza diversas oficinas em bairros da cidade. Mas nossas Inquietaes, tanto temticas quanto estticas permanecem as mesmas.

    Voeis nlo definem camo moras. Poda me aplicar a dllerwfa mire wna fumrio avira?

    A gente diz que o atuador uma fuso entre o artista e o ativista poltico, porque a gente acredita o teatro como um elemento de transformao. E tambm o atuador aquele que conhece e entende todo o desenvolvimento do trabalho teatral. Ele no apenas o ator que no sebe como lidar com a questo de iluminao, da cenografia e do figurino, ele vai se comprometer com todos os

    passos de uma criao artstica, alm da prpria administrao e produo do grupo.

    Outra vart9nta do 01 N61s 6 o tealro d9 vlvlncla, que coloca o espectador como partlcllpanta da cena. Que tipo de diltlo voeis d111jam efetivar C0111 o

    ptlbllca 9lrav6s d .... pesquisa? Isso est na origem do grupo e vem do desejo de subverter

    as relaes que o teatro convencional prope entre palco e plateia.

  • Nessa prtica, o espectador compartilha a cena; e uma cena em que a gente procura o mximo de intensidade passivei, de envolver o espectador por todos os sentidos e criar uma relao muito prxima e direta com o ator. a ideia do teatro ritual, em que no existe o espectador no sentido tradicional da palavra, porque o espectador est compartilhando aquele acontecimento. E podemos dizer tambm que so sensaes reflexivas o que a gente quer provocar e no somente a sensao pela sensao.

    A pemquiu tlDbnt o teatro de rua talvez -.la .... das prtnclpal8caractarfstlcasdo1n1po. Porque prtvllaglam oc~a deste espeo?

    ---- teatro de rua do i Nis nasce das manifestaQ9S pollticas do inicio da dcada de 1980. Nasce junto aos movimentos populares, procurando que essas manifestaQes tenham um carter mais teatral, mais ldico, com mais alegorias, um novo tipo de manifestao que comea a surgir a partir da. E se nos primeiros anos ainda existe muita represso, logo em seguida a gente J consegue que essas encenaes possam se repetir e a partir dai circuitos e apresentaes, primeiro no centro e depois nos bairros.

    O teatro de rua tem essa caracterstica muito importante para o grupo que a de democratizar o espao da arte. um teatro que chega at a maior parte da populao, que normalmente est excluda das salas de espetculo, por uma srie de motivos econmicos e culturais.

    E, nas espet:6culas, voeis procuram misturar a pesquisa do te.Iro de vlvlncla com a te.Iro de na?

    claro que uma alimenta a outra, mas so pesquisas espaciais diferenciadas. Porque no Teatro de Vivncia a gente trabalha sempre com um pequeno nmero de pessoas, 20, 30, no mximo 50. J o teatro de rua tenta explorar essa llnguagem que amplla o gesto do ator e toda a cena para chegar a centenas de pessoas em cada apresentao.

    Como 6 conatn1rdo o espaqo do Tutro d Vivncia?

    A gente cria o que chamamos de amb~ nte cnico. bem o contrrio da cenografia tradicional. Nel o espectador fica dentro desses ambientes, em cada esp culo ele vai percorrer diferentes espaos e vivenciar os acontecimentos cnicos, no vai estar ali apenas para assistir.

    Volt8ndo .-ra o Teatro d Rua, qrta entender como voei percebe a cem...._., burlo no Brasil quanto fora?

    Na falta de itica pblica, quem mais vai sofrer o teatro de rua, ue no tem a bilheteria. Ento ele necessita de ~ pblicos para se desenvolver e qualiftcar. Mas ue no pais tenha creacido o nmero de grupos que atuam rua e, junto com esse crel!tcimento numrico, tambm 81111tem grupos que qualificaram muito

    A profeaora da USP lngrtd IKDudala daftnlu o I N61s Aq11I Travelz como 1m '188tro p69-madenl0 da rMislincia.

    N8i ... aplnllo, o que voeis tm de uma e oulra caracterlstlca?

    De resistncia desse tipo de organi~ do teatro ai, o desde sua origem o i Nis mant princpios ticos e estticos de estar na contramo das is de mercado. E a questo ps-modema principalmente em termos da pesquisa esttica, da linguagem que o grupo se utiliza e que faz a ligao com esses conceitos de ps-modernidade e do ps-dramtico.

    .....

    E qIS so prtnclpalS retertnelas para .... pesquisa estitlca?

    Em relao aos tericos, no trabalho sintetizado principalmente a partir do pensamento de Artaud e Brecht. Mas, na prtica das ei naes. nossa pesquisa valoriza muito a plasticidade da . No teatro de rua. por exemplo, acreditamos que emente importan lorizar imagens impactantes, mui mais do que o t~falado. Por isso exploramos a mscara que amplia a expresso do ator, e a dana, que valoriza sua corporalidada. J n6' Teatro de Vivncia, os ambientes cnicos, so quase como instalaes, ou seja, tambm trazem muitas referncias de um trabalho mais plstico.

    N6s mineiros conhacelW multo pouco da cena teatral de Porto Alegre. Quais alo .... prtnclpals caracterisl:lcas e quest6es?

    Tem crescido nos (Jltlmos anos a questo dos grupos terem sua independncia e seu prprio espao. Ento isso leva tanto a um trabalho mais de investigao teatral, quanto de formao de grupo mesmo, de solidificar esta ideia do grupo e da pesquisa continuada. So aspectos que esto mudando completamente a cara do te Porto Alegre, especialmente nesta (Jltima dcada

    Enll"9Vlsa Jornal O (Belo Horizonte, 11 de abril de 2010)

    \

  • O i Nis Aqui Traveiz vem desenvolvendo sistematicamente,

    projetos nas reas de Criao, Compartilhamento, Formao e Memria.

    Confira!

    TRIBO DE ATUADORES I NIS AQUI TRAVEIZ

    CONSTRUINDO A TERREIRA DA TRIBOCRIAcaO

    FORMAcaO

    MEMoRIA

    COMPARTILHAMENTO

    i Nis Na Memria

    Coleo de livros que registra a trajetria esttica e

    poltica da Tribo e o processo de criao dos seus

    principais espetculos.

    J foram publicados "Aos Que Viro Depois de Ns

    Kassandra In Process - O Desassombro da Utopia"

    de Valmir Santos, "A Utopia em Ao" de Rafael

    Vecchio e "Uma Tribo Nmade" de Beatriz Britto.

    Cavalo Louco Revista de Teatro

    Revista semestral que traz reflexes sobre o

    fazer teatral e os espaos de criao.

    DVD "Aos Que Viro Depois de Ns

    Kassandra In Process - A Criao do Horror"

    Em Fase de Organizao

    Centro de Referncia de Teatro Popular

    Criao de um centro de documentao sobre teatro,

    formado por biblioteca e videoteca, aberto ao pblico

    em geral.

    Acervo da Terreira da Tribo

    Criao de um acervo de figurinos, mscaras e adereos

    utilizados nos ltimos espetculos elaborados pela

    Terreira da Tribo.

    DVD 'A Trajetria da Tribo'

    Pesquisa e criao para registrar em DVDs a histria da

    Tribo de Atuadores i Nis Aqui Traveiz (1978-2010)

    Em maro de 2008, ao completar trinta anos de existncia, em pleno desenvolvimento do seu trabalho,

    a Tribo conquista junto ao poder pblico municipal o terreno na Rua Joo Alfredo n 709, cedido por

    comodato. Agora segue a luta para a construo da Terreira da Tribo - Centro de Experimentao e

    Pesquisa Cnica e Escola de Teatro Popular. Para isso fundamental a solidariedade de todos que de

    alguma forma possam colaborar. O projeto prev, alm do espao para pesquisa teatral que prpria

    da Tribo, salas de aula, biblioteca e Centro de Referncia do Teatro Popular, sala de exposio, sala de

    projeo e local para o Acervo da Terreira da Tribo. Participe!

    O ano de 2011 ser fundamental para a consolidao deste espao que j referncia do teatro gacho.

    Escola de Teatro Popular

    Oficina para Formao de Atores

    A oficina para formao de atores, composta por

    aulas dirias, tericas e prticas, com durao de

    18 meses, busca atravs da construo do

    conhecimento favorecer a emergncia do artista

    competente no apenas no desempenho de seu

    ofcio, mas tambm preocupado no seu

    desenvolvimento como cidado.

    Oficina de Teatro de Rua - Arte e Poltica

    A oficina de teatro de rua desenvolve e pesquisa as

    diversas formas de se abordar o espao pblico a

    fim de viabilizar a sua transformao em espao

    de troca e informao.

    Oficina de Teatro Livre

    A oficina de teatro livre tem a proposta de

    iniciao teatral a partir de jogos dramticos,

    expresso corporal e improvisaes, e se

    desenvolve durante todo o ano sem interrupes,

    visando estimular o interesse pelo teatro e a

    busca da descolonizao corporal do

    artista/cidado.

    Todas as oficinas so oferecidas de forma gratuita a

    todos os interessados.A Tribo realizou dentro desta

    vertente de criao os espetculos

    Aos que viro depois de ns

    Kassandra in Process e A Misso

    - Lembrana de uma revoluo.

    Kassandra a partir da novela de

    Christha Wolf faz uma reflexo

    sobre a nossa cultura beligerante

    que gera guerras imperialistas

    numa perspectiva que aponta para

    o feminino e A Misso inspirada

    no texto de Heiner Mller que

    questiona o papel do

    intelectual/artista nas

    transformaes sociais de seu

    tempo. Apresentam ao pblico o

    teatro investigativo da Tribo,

    fundado na pesquisa dramatrgica,

    plstica, no estudo da histria e da

    cultura, na experimentao dos

    recursos teatrais a partir do

    trabalho autoral do ator.

  • ISSN 1982-7180

    Rua Santos Dumont, 1186 - So Geraldo

    CEP: 90230-240 - Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

    Fones: 51 3286.5720 - 3221.7741 - 3028.1358 - 51 9999.4570

    www.oinoisaquitraveiz.com.br - [email protected]

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