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20 D E S E T E MB R O D E 1 8 3 5 R E P U B L I C A R I O G R A N D E N S E ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA CÓDIGO CIVIL E CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2ª EDIÇÃO – CC – ATUALIZADO ATÉ 04-06-09 – CPC – ATUALIZADO ATÉ 07-07-09

CC – TÉ 04-06-09 CÓDIGO CIVIL E CÓDIGO DE PROCESSO … · Código Civil [2002] e Código de Processo Civil [1973] – 2. ed. atual. – Porto Alegre : Tribunal de Justiça do

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CÓDIGO CIVIL

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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

2ª EDIÇÃO

– CC –

ATUALIZADO

ATÉ 04-06-09

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ATUALIZADO

ATÉ 07-07-09

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CÓDIGO CIVIL

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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

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E1835

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA

– 2ª EDIÇÃO –Porto Alegre, julho de 2009.

ATUALIZADO ATÉ 07-07-09

ATUALIZADO ATÉ 04-06-09

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EXPEDIENTE

Publicação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul – Comissão de Bibliotecae de Jurisprudência.

Capa: Marcelo Oliveira Ames – Departamento de Artes Gráficas – TJRGS

Diagramação, Revisão e Impressão: Departamento de Artes Gráficas – TJRGS

Tiragem: 2.200 exemplares

Catalogação na fonte elaborada pelo Departamento de Biblioteca e de Jurisprudência do TJRGS

Brasil.Código Civil [2002] e Código de Processo Civil [1973] – 2. ed. atual.

– Porto Alegre : Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul,Departamento de Artes Gráficas, 2009.

416 p.

Publicação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul,Comissão de Biblioteca e de Jurisprudência.

Código Civil: o conteúdo deste impresso é cópia fiel do arquivoconstante no site http://planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm (acesso em 17 jul. 2008, às 11h 12 min; acrescidodas alterações ocorridas até 04 jun. 2009, às 14h)

Código de Processo Civil: o conteúdo deste impresso é cópia fiel doarquivo constante no site http://planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm (acesso em 17 jul. 2008, às 11h 19 min; acrescidodas alterações ocorridas até 07 jul. 2009, às 15h 25min)

1. Código Civil. Brasil. 2002. 2. Código de Processo Civil. Brasil. 1973.I. Título.

CDU 347(81)”2002”(094.4) 347.9(81)”1973”(094.4)

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ADMINISTRAÇÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇAGESTÃO 2008–2009

PRESIDENTEDESEMBARGADOR ARMINIO JOSÉ ABREU LIMA DA ROSA

1º VICE-PRESIDENTEDESEMBARGADOR ROQUE MIGUEL FANK

2º VICE-PRESIDENTEDESEMBARGADOR JORGE LUÍS DALL’AGNOL

3º VICE-PRESIDENTEDESEMBARGADOR LUIZ ARI AZAMBUJA RAMOS

CORREGEDOR-GERAL DA JUSTIÇADESEMBARGADOR LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS

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COMISSÃO DE BIBLIOTECA E DE JURISPRUDÊNCIA

Des. Luiz Ari Azambuja Ramos, Presidente

Desª Elaine Harzheim Macedo

Des. Bayard Ney de Freitas Barcellos

Des. Antônio Maria Rodrigues de Freitas Iserhard

Des. Paulo Roberto Lessa Franz

Des. Glênio José Wasserstein Hekman

CONSELHO EDITORIAL DA REVISTA DE JURISPRUDÊNCIA

Des. Luiz Ari Azambuja Ramos, Presidente

Des. Vicente Barrôco de Vasconcellos, Coordenador

Des. Sylvio Baptista Neto

Des. Claudir Fidelis Faccenda

Desª Liselena Schifino Robles Ribeiro

Des. Nereu José Giacomolli

Des. Odone Sanguiné, Coordenador Titular do Boletim Eletrônico de Ementas

Des. Tasso Caubi Soares Delabary, Coordenador Suplente do Boletim Eletrônico de Ementas

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SUMÁRIO

Apresentação ...................................................................................................... 23

Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 – Lei de Introdução ao CódigoCivil Brasileiro ................................................................................................ 27

Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Institui o Código Civil ............................. 31

Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Institui o Código de Processo Civil ............249

CÓDIGO CIVIL

Parte Geral

Livro I - Das pessoas ........................................................................................... 31

Título I - Das pessoas naturais .............................................................................. 31

Capítulo I - Da personalidade e da capacidade (arts. 1º a 10) .................................. 31

Capítulo II - Dos direitos da personalidade (arts. 11 a 21) ....................................... 32

Capítulo III - Da ausência .................................................................................... 33

Seção I - Da curadoria dos bens do ausente (arts. 22 a 25) ................................ 33

Seção II - Da sucessão provisória (arts. 26 a 36) .............................................. 34

Seção III - Da sucessão definitiva (arts. 37 a 39) .............................................. 35

Título II - Das pessoas jurídicas ............................................................................ 35

Capítulo I - Disposições gerais (arts. 40 a 52) ........................................................ 35

Capítulo II - Das associações (arts. 53 a 61) .......................................................... 37

Capítulo III - Das fundações (arts. 62 a 69) ........................................................... 38

Título III - Do domicílio (arts. 70 a 78) .................................................................. 39

Livro II - Dos bens .............................................................................................. 40

Título Único - Das diferentes classes de bens ......................................................... 40

Capítulo I - Dos bens considerados em si mesmos .................................................. 40

Seção I - Dos bens imóveis (arts. 79 a 81) ....................................................... 40

Seção II - Dos bens móveis (arts. 82 a 84) ....................................................... 41

Seção III - Dos bens fungíveis e consumíveis (arts. 85 a 86) .............................. 41

Seção IV - Dos bens divisíveis (arts. 87 a 88) ................................................... 41

Seção V - Dos bens singulares e coletivos (arts. 89 a 91) ................................... 41

Capítulo II - Dos bens reciprocamente considerados (arts. 92 a 97) ......................... 42

Capítulo III - Dos bens públicos (arts. 98 a 103) .................................................... 42

Livro III - Dos fatos jurídicos ................................................................................ 43

Título I - Do negócio jurídico................................................................................. 43

Capítulo I - Disposições gerais (arts. 104 a 114) .................................................... 43

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Capítulo II - Da representação (arts. 115 a 120) .................................................... 43

Capítulo III - Da condição, do termo e do encargo (arts. 121 a 137) ........................ 44

Capítulo IV - Dos defeitos do negócio jurídico ......................................................... 45

Seção I - Do erro ou ignorância (arts. 138 a 144) .............................................. 45

Seção II - Do dolo (arts. 145 a 150) ................................................................ 46

Seção III - Da coação (arts. 151 a 155) ........................................................... 46

Seção IV - Do estado de perigo (art. 156) ........................................................ 47

Seção V - Da lesão (art. 157) .......................................................................... 47

Seção VI - Da fraude contra credores (arts. 158 a 165) ..................................... 47

Capítulo V - Da invalidade do negócio jurídico (arts. 166 a 184) ............................... 48

Título II - Dos atos jurídicos lícitos (art. 185) ......................................................... 49

Título III - Dos atos ilícitos (arts. 186 a 188) .......................................................... 49

Título IV - Da prescrição e da decadência ............................................................... 50

Capítulo I - Da prescrição ..................................................................................... 50

Seção I - Disposições gerais (arts. 189 a 196) .................................................. 50

Seção II - Das causas que impedem ou suspendem a prescrição (arts. 197 a 201) ... 50

Seção III - Das causas que interrompem a prescrição (arts. 202 a 204) .............. 51

Seção IV - Dos prazos da prescrição (arts. 205 a 206) ....................................... 51

Capítulo II - Da decadência (arts. 207 a 211) ......................................................... 53

Título V - Da prova (arts. 212 a 232) ..................................................................... 53

Parte Especial

Livro I - Do direito das obrigações ........................................................................ 56

Título I - Das modalidades das obrigações ............................................................. 56

Capítulo I - Das obrigações de dar ........................................................................ 56

Seção I - Das obrigações de dar coisa certa (arts. 233 a 242) ............................ 56

Seção II - Das obrigações de dar coisa incerta (arts. 243 a 246) ......................... 57

Capítulo II - Das obrigações de fazer (arts. 247 a 249) ........................................... 57

Capítulo III - Das obrigações de não fazer (arts. 250 a 251) .................................... 57

Capítulo IV - Das obrigações alternativas (arts. 252 a 256) ..................................... 57

Capítulo V - Das obrigações divisíveis e indivisíveis (arts. 257 a 263) ....................... 58

Capítulo VI - Das obrigações solidárias .................................................................. 59

Seção I - Disposições gerais (arts. 264 a 266) .................................................. 59

Seção II - Da solidariedade ativa (arts. 267 a 274) ............................................ 59

Seção III - Da solidariedade passiva (arts. 275 a 285) ....................................... 59

Título II - Da transmissão das obrigações .............................................................. 60

Capítulo I - Da cessão de crédito (arts. 286 a 298) ................................................. 60

Capítulo II - Da assunção de dívida (arts. 299 a 303) ............................................. 61

Título III - Do adimplemento e extinção das obrigações .......................................... 62

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Capítulo I - Do pagamento ................................................................................... 62

Seção I - De quem deve pagar (arts. 304 a 307) ............................................... 62

Seção II - Daqueles a quem se deve pagar (arts. 308 a 312) ............................. 62

Seção III - Do objeto do pagamento e sua prova (arts. 313 a 326) ..................... 62

Seção IV - Do lugar do pagamento (arts. 327 a 330) ......................................... 63

Seção V - Do tempo do pagamento (arts. 331 a 333) ........................................ 64

Capítulo II - Do pagamento em consignação (arts. 334 a 345) ................................. 64

Capítulo III - Do pagamento com sub-rogação (arts. 346 a 351) .............................. 65

Capítulo IV - Da imputação do pagamento (arts. 352 a 355).................................... 66

Capítulo V - Da dação em pagamento (arts. 356 a 359) .......................................... 66

Capítulo VI - Da novação (arts. 360 a 367) ............................................................ 66

Capítulo VII - Da compensação (arts. 368 a 380) ................................................... 67

Capítulo VIII - Da confusão (arts. 381 a 384) ......................................................... 68

Capítulo IX - Da remissão das dívidas (arts. 385 a 388) .......................................... 68

Título IV - Do inadimplemento das obrigações ........................................................ 68

Capítulo I - Disposições gerais (arts. 389 a 393) .................................................... 68

Capítulo II - Da mora (arts. 394 a 401) ................................................................. 69

Capítulo III - Das perdas e danos (arts. 402 a 405) ................................................ 69

Capítulo IV - Dos juros legais (arts. 406 a 407) ...................................................... 70

Capítulo V - Da cláusula penal (arts. 408 a 416) ..................................................... 70

Capítulo VI - Das arras ou sinal (arts. 417 a 420) ................................................... 70

Título V - Dos contratos em geral .......................................................................... 71

Capítulo I - Disposições gerais .............................................................................. 71

Seção I - Preliminares (arts. 421 a 426) ........................................................... 71

Seção II - Da formação dos contratos (arts. 427 a 435) ..................................... 71

Seção III - Da estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438) ....................... 72

Seção IV - Da promessa de fato de terceiro (arts. 439 a 440) ............................. 72

Seção V - Dos vícios redibitórios (arts. 441 a 446) ............................................. 73

Seção VI - Da evicção (arts. 447 a 457) ........................................................... 73

Seção VII - Dos contratos aleatórios (arts. 458 a 461) ....................................... 74

Seção VIII - Do contrato preliminar (arts. 462 a 466) ........................................ 75

Seção IX - Do contrato com pessoa a declarar (arts. 467 a 471) ......................... 75

Capítulo II - Da extinção do contrato ..................................................................... 75

Seção I - Do distrato (arts. 472 a 473) ............................................................. 75

Seção II - Da cláusula resolutiva (arts. 474 a 475) ............................................ 76

Seção III - Da exceção de contrato não cumprido (arts. 476 a 477) .................... 76

Seção IV - Da resolução por onerosidade excessiva (arts. 478 a 480) .................. 76

Título VI - Das várias espécies de contrato ............................................................. 76

Capítulo I - Da compra e venda ............................................................................ 76

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Seção I - Disposições gerais (arts. 481 a 504) .................................................. 76

Seção II - Das cláusulas especiais à compra e venda ......................................... 79

Subseção I - Da retrovenda (arts. 505 a 508) .............................................. 79

Subseção II - Da venda a contento e da sujeita a prova (arts. 509 a 512) ...... 79

Subseção III - Da preempção ou preferência (arts. 513 a 520) ...................... 79

Subseção IV - Da venda com reserva de domínio (arts. 521 a 528) ................ 80

Subseção V - Da venda sobre documentos (arts. 529 a 532) ......................... 80

Capítulo II - Da troca ou permuta (art. 533) .......................................................... 81

Capítulo III - Do contrato estimatório (arts. 534 a 537) .......................................... 81

Capítulo IV - Da doação ....................................................................................... 81

Seção I - Disposições gerais (arts. 538 a 554) .................................................. 81

Seção II - Da revogação da doação (arts. 555 a 564) ........................................ 83

Capítulo V - Da locação de coisas (arts. 565 a 578) ................................................ 83

Capítulo VI - Do empréstimo ................................................................................ 85

Seção I - Do comodato (arts. 579 a 585) .......................................................... 85

Seção II - Do mútuo (arts. 586 a 592) ............................................................. 85

Capítulo VII - Da prestação de serviço (arts. 593 a 609) ......................................... 86

Capítulo VIII - Da empreitada (arts. 610 a 626) ..................................................... 87

Capítulo IX - Do depósito ..................................................................................... 89

Seção I - Do depósito voluntário (arts. 627 a 646) ............................................ 89

Seção II - Do depósito necessário (arts. 647 a 652) .......................................... 90

Capítulo X - Do mandato ...................................................................................... 91

Seção I - Disposições gerais (arts. 653 a 666) .................................................. 91

Seção II - Das obrigações do mandatário (arts. 667 a 674) ................................ 92

Seção III - Das obrigações do mandante (arts. 675 a 681) ................................. 93

Seção IV - Da extinção do mandato (arts. 682 a 691) ........................................ 94

Seção V - Do mandato judicial (art. 692) .......................................................... 94

Capítulo XI - Da comissão (arts. 693 a 709) ........................................................... 95

Capítulo XII - Da agência e distribuição (arts. 710 a 721) ........................................ 96

Capítulo XIII - Da corretagem (arts. 722 a 729) ..................................................... 97

Capítulo XIV - Do transporte ................................................................................. 97

Seção I - Disposições gerais (arts. 730 a 733) .................................................. 97

Seção II - Do transporte de pessoas (arts. 734 a 742) ....................................... 98

Seção III - Do transporte de coisas (arts. 743 a 756) ........................................ 99

Capítulo XV - Do seguro ......................................................................................100

Seção I - Disposições gerais (arts. 757 a 777) .................................................100

Seção II - Do seguro de dano (arts. 778 a 788) ...............................................102

Seção III - Do seguro de pessoa (arts. 789 a 802) ...........................................103

Capítulo XVI - Da constituição de renda (arts. 803 a 813) ......................................104

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Capítulo XVII - Do jogo e da aposta (arts. 814 a 817) ............................................105

Capítulo XVIII - Da fiança ...................................................................................105

Seção I - Disposições gerais (arts. 818 a 826) .................................................105

Seção II - Dos efeitos da fiança (arts. 827 a 836) .............................................106

Seção III - Da extinção da fiança (arts. 837 a 839) ..........................................107

Capítulo XIX - Da transação (arts. 840 a 850) .......................................................107

Capítulo XX - Do compromisso (arts. 851 a 853) ...................................................108

Título VII - Dos atos unilaterais ............................................................................108

Capítulo I - Da promessa de recompensa (arts. 854 a 860) ....................................108

Capítulo II - Da gestão de negócios (arts. 861 a 875) ............................................109

Capítulo III - Do pagamento indevido (arts. 876 a 883) .........................................110

Capítulo IV - Do enriquecimento sem causa (arts. 884 a 886) .................................111

Título VIII - Dos títulos de crédito ........................................................................111

Capítulo I - Disposições gerais (arts. 887 a 903) ...................................................111

Capítulo II - Do título ao portador (arts. 904 a 909) ..............................................113

Capítulo III - Do título à ordem (arts. 910 a 920) ..................................................113

Capítulo IV - Do título nominativo (arts. 921 a 926) ...............................................114

Título IX - Da responsabilidade civil ......................................................................115

Capítulo I - Da obrigação de indenizar (arts. 927 a 943) ........................................115

Capítulo II - Da indenização (arts. 944 a 954) .......................................................116

Título X - Das preferências e privilégios creditórios (arts. 955 a 965) .......................117

Livro II - Do direito de empresa ...........................................................................119

Título I - Do empresário ......................................................................................119

Capítulo I - Da caracterização e da inscrição (arts. 966 a 971) ................................119

Capítulo II - Da capacidade (arts. 972 a 980) ........................................................120

Título II - Da sociedade .......................................................................................121

Capítulo Único - Disposições gerais (arts. 981 a 985) .............................................121

Subtítulo I - Da sociedade não personificada .........................................................121

Capítulo I - Da sociedade em comum (arts. 986 a 990) ..........................................121

Capítulo II - Da sociedade em conta de participação (arts. 991 a 996) .....................122

Subtítulo II - Da sociedade personificada ..............................................................122

Capítulo I - Da sociedade simples ........................................................................122

Seção I - Do contrato social (arts. 997 a 1.000) ...............................................122

Seção II - Dos direitos e obrigações dos sócios (arts. 1.001 a 1.009) .................123

Seção III - Da administração (arts. 1.010 a 1.021) ...........................................124

Seção IV - Das relações com terceiros (arts. 1.022 a 1.027) ..............................126

Seção V - Da resolução da sociedade em relação a um sócio (arts. 1.028 a 1.032) ..126

Seção VI - Da dissolução (arts. 1.033 a 1.038) ................................................127

Capítulo II - Da sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044) .........................128

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Capítulo III - Da sociedade em comandita simples (arts. 1.045 a 1.051) ..................128

Capítulo IV - Da sociedade limitada ......................................................................129

Seção I - Disposições preliminares (arts. 1.052 a 1.054) ...................................129

Seção II - Das quotas (arts. 1.055 a 1.059) .....................................................129

Seção III - Da administração (arts. 1.060 a 1.065) ...........................................130

Seção IV - Do conselho fiscal (arts. 1.066 a 1.070) ..........................................131

Seção V - Das deliberações dos sócios (arts. 1.071 a 1.080) ..............................132

Seção VI - Do aumento e da redução do capital (arts. 1.081 a 1.084) ................134

Seção VII - Da resolução da sociedade em relação a sócios minoritários (arts.1.085 a 1.086) ..............................................................................................134

Seção VIII - Da dissolução (art. 1.087) ...........................................................135

Capítulo V - Da sociedade anônima ......................................................................135

Seção Única - Da caracterização (arts. 1.088 a 1.089) ......................................135

Capítulo VI - Da sociedade em comandita por ações (arts. 1.090 a 1.092) ...............135

Capítulo VII - Da sociedade cooperativa (arts. 1.093 a 1.096) ................................135

Capítulo VIII - Das sociedades coligadas (arts. 1.097 a 1.101) ...............................136

Capítulo IX - Da liquidação da sociedade (arts. 1.102 a 1.112) ...............................137

Capítulo X - Da transformação, da incorporação, da fusão e da cisão das sociedades(arts. 1.113 a 1.122) .....................................................................................138

Capítulo XI - Da sociedade dependente de autorização ...........................................139

Seção I - Disposições gerais (arts. 1.123 a 1.125) ............................................139

Seção II - Da sociedade nacional (arts. 1.126 a 1.133) .....................................139

Seção III - Da sociedade estrangeira (arts. 1.134 a 1.141) ................................140

Título III - Do estabelecimento ............................................................................142

Capítulo Único - Disposições gerais (arts. 1.142 a 1.149) .......................................142

Título IV - Dos institutos complementares .............................................................143

Capítulo I - Do registro (arts. 1.150 a 1.154) ........................................................143

Capítulo II - Do nome empresarial (arts. 1.155 a 1.168) ........................................143

Capítulo III - Dos prepostos ................................................................................145

Seção I - Disposições gerais (arts. 1.169 a 1.171) ............................................145

Seção II - Do gerente (arts. 1.172 a 1.176) .....................................................145

Seção III - Do contabilista e outros auxiliares (arts. 1.177 a 1.178) ...................145

Capítulo IV - Da escrituração (arts. 1.179 a 1.195) ................................................146

Livro III - Do direito das coisas ............................................................................148

Título I - Da posse ..............................................................................................148

Capítulo I - Da posse e sua classificação (arts. 1.196 a 1.203) ................................148

Capítulo II - Da aquisição da posse (arts. 1.204 a 1.209) .......................................149

Capítulo III - Dos efeitos da posse (arts. 1.210 a 1.222) ........................................149

Capítulo IV - Da perda da posse (arts. 1.223 a 1.224) ...........................................150

Título II - Dos direitos reais .................................................................................150

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Capítulo Único - Disposições gerais (arts. 1.225 a 1.227) .......................................150

Título III - Da propriedade ..................................................................................151

Capítulo I - Da propriedade em geral ....................................................................151

Seção I - Disposições preliminares (arts. 1.228 a 1.232) ...................................151

Seção II - Da descoberta (arts. 1.233 a 1.237) ................................................152

Capítulo II - Da aquisição da propriedade imóvel ...................................................152

Seção I - Da usucapião (arts. 1.238 a 1.244) ...................................................152

Seção II - Da aquisição pelo registro do título (arts. 1.245 a 1.247) ...................153

Seção III - Da aquisição por acessão (art. 1.248) .............................................154

Subseção I - Das ilhas (art. 1.249).............................................................154

Subseção II - Da aluvião (art. 1.250) .........................................................154

Subseção III - Da avulsão (art. 1.251) .......................................................154

Subseção IV - Do álveo abandonado (art. 1.252) .........................................155

Subseção V - Das construções e plantações (arts. 1.253 a 1.259) .................155

Capítulo III - Da aquisição da propriedade móvel ..................................................156

Seção I - Da usucapião (arts. 1.260 a 1.262) ...................................................156

Seção II - Da ocupação (art. 1.263) ................................................................156

Seção III - Do achado do tesouro (arts. 1.264 a 1.266) ....................................156

Seção IV - Da tradição (arts. 1.267 a 1.268) ....................................................156

Seção V - Da especificação (arts. 1.269 a 1.271) ..............................................157

Seção VI - Da confusão, da comissão e da adjunção (arts. 1.272 a 1.274) ..........157

Capítulo IV - Da perda da propriedade (arts. 1.275 a 1.276) ..................................157

Capítulo V - Dos direitos de vizinhança .................................................................158

Seção I - Do uso anormal da propriedade (arts. 1.277 a 1.281) .........................158

Seção II - Das árvores limítrofes (arts. 1.282 a 1.284) .....................................158

Seção III - Da passagem forçada (art. 1.285) ..................................................159

Seção IV - Da passagem de cabos e tubulações (arts. 1.286 a 1.287) ................159

Seção V - Das águas (arts. 1.288 a 1.296) ......................................................159

Seção VI - Dos limites entre prédios e do direito de tapagem (arts. 1.297 a 1.298) ..160

Seção VII - Do direito de construir (arts. 1.299 a 1.313) ...................................161

Capítulo VI - Do condomínio geral ........................................................................162

Seção I - Do condomínio voluntário .................................................................162

Subseção I - Dos direitos e deveres dos condôminos (arts. 1.314 a 1.322) ....162

Subseção II - Da administração do condomínio (arts. 1.323 a 1.326) ............163

Seção II - Do condomínio necessário (arts. 1.327 a 1.330) ................................164

Capítulo VII - Do condomínio edilício ....................................................................164

Seção I - Disposições gerais (arts. 1.331 a 1.346) ............................................164

Seção II - Da administração do condomínio (arts. 1.347 a 1.356) ......................167

Seção III - Da extinção do condomínio (arts. 1.357 a 1.358) .............................168

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Capítulo VIII - Da propriedade resolúvel (arts. 1.359 a 1.360) ................................168

Capítulo IX - Da propriedade fiduciária (arts. 1.361 a 1.368-A) ...............................169

Título IV - Da superfície (arts. 1.369 a 1.377) .......................................................170

Título V - Das servidões ......................................................................................170

Capítulo I - Da constituição das servidões (arts. 1.378 a 1.379) ..............................170

Capítulo II - Do exercício das servidões (arts. 1.380 a 1.386) .................................171

Capítulo III - Da extinção das servidões (arts. 1.387 a 1.389) ................................171

Título VI - Do usufruto ........................................................................................172

Capítulo I - Disposições gerais (arts. 1.390 a 1.393) ..............................................172

Capítulo II - Dos direitos do usufrutuário (arts. 1.394 a 1.399) ...............................172

Capítulo III - Dos deveres do usufrutuário (arts. 1.400 a 1.409) .............................173

Capítulo IV - Da extinção do usufruto (arts. 1.410 a 1.411) ....................................174

Título VII - Do uso (arts. 1.412 a 1.413) ..............................................................174

Título VIII - Da habitação (arts. 1.414 a 1.416) .....................................................174

Título IX - Do direito do promitente comprador (arts. 1.417 a 1.418) ......................175

Título X - Do penhor, da hipoteca e da anticrese ....................................................175

Capítulo I - Disposições gerais (arts. 1.419 a 1.430) ..............................................175

Capítulo II - Do penhor .......................................................................................176

Seção I - Da constituição do penhor (arts. 1.431 a 1.432) .................................176

Seção II - Dos direitos do credor pignoratício (arts. 1.433 a 1.434) ....................177

Seção III - Das obrigações do credor pignoratício (art. 1.435) ...........................177

Seção IV - Da extinção do penhor (arts. 1.436 a 1.437) ....................................177

Seção V - Do penhor rural ..............................................................................178

Subseção I - Disposições gerais (arts. 1.438 a 1.441) .................................178

Subseção II - Do penhor agrícola (arts. 1.442 a 1.443) ................................178

Subseção III - Do penhor pecuário (arts. 1.444 a 1.446) .............................179

Seção VI - Do penhor industrial e mercantil (arts. 1.447 a 1.450) ......................179

Seção VII - Do penhor de direitos e títulos de crédito (arts. 1.451 a 1.460) ........180

Seção VIII - Do penhor de veículos (arts. 1.461 a 1.466) ..................................181

Seção IX - Do penhor legal (arts. 1.467 a 1.472) .............................................181

Capítulo III - Da hipoteca ....................................................................................182

Seção I - Disposições gerais (arts. 1.473 a 1.488) ............................................182

Seção II - Da hipoteca legal (arts. 1.489 a 1.491) ............................................184

Seção III - Do registro da hipoteca (arts. 1.492 a 1.498) ..................................184

Seção IV - Da extinção da hipoteca (arts. 1.499 a 1.501) ..................................185

Seção V - Da hipoteca de vias férreas (arts. 1.502 a 1.505) ..............................186

Capítulo IV - Da anticrese (arts. 1.506 a 1.510) ....................................................186

Livro IV - Do direito de família .............................................................................187

Título I - Do direito pessoal .................................................................................187

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Subtítulo I - Do casamento ..................................................................................187

Capítulo I - Disposições gerais (arts. 1.511 a 1.516) ..............................................187

Capítulo II - Da capacidade para o casamento (arts. 1.517 a 1.520)........................188

Capítulo III - Dos impedimentos (arts. 1.521 a 1.522) ...........................................188

Capítulo IV - Das causas suspensivas (arts. 1.523 a 1.524) ....................................188

Capítulo V - Do processo de habilitação para o casamento (arts. 1.525 a 1.532) .......189

Capítulo VI - Da celebração do casamento (arts. 1.533 a 1.542) .............................190

Capítulo VII - Das provas do casamento (arts. 1.543 a 1.547) ................................192

Capítulo VIII - Da invalidade do casamento (arts. 1.548 a 1.564) ...........................192

Capítulo IX - Da eficácia do casamento (arts. 1.565 a 1.570) ..................................194

Capítulo X - Da dissolução da sociedade e do vínculo conjugal (arts. 1.571 a 1.582) .....195

Capítulo XI - Da proteção da pessoa dos filhos (arts. 1.583 a 1.590) .......................197

Subtítulo II - Das relações de parentesco ..............................................................198

Capítulo I - Disposições gerais (arts. 1.591 a 1.595) ..............................................198

Capítulo II - Da filiação (arts. 1.596 a 1.606) ........................................................198

Capítulo III - Do reconhecimento dos filhos (arts. 1.607 a 1.617) ...........................199

Capítulo IV - Da adoção (arts. 1.618 a 1.629) .......................................................200

Capítulo V - Do poder familiar ..............................................................................201

Seção I - Disposições gerais (arts. 1.630 a 1.633) ............................................201

Seção II - Do exercício do poder familiar (art. 1.634) .......................................202

Seção III - Da suspensão e extinção do poder familiar (arts. 1.635 a 1.638) .......202

Título II - Do direito patrimonial ...........................................................................203

Subtítulo I - Do regime de bens entre os cônjuges .................................................203

Capítulo I - Disposições gerais (arts. 1.639 a 1.652) ..............................................203

Capítulo II - Do pacto antenupcial (arts. 1.653 a 1.657) .........................................205

Capítulo III - Do regime de comunhão parcial (arts. 1.658 a 1.666) ........................205

Capítulo IV - Do regime de comunhão universal (arts. 1.667 a 1.671) .....................206

Capítulo V - Do regime de participação final nos aqüestos (arts. 1.672 a 1.686) .......206

Capítulo VI - Do regime de separação de bens (arts. 1.687 a 1.688) .......................208

Subtítulo II - Do usufruto e da administração dos bens de filhos menores(arts. 1.689 a 1.693) .....................................................................................208

Subtítulo III - Dos alimentos (arts. 1.694 a 1.710) ................................................208

Subtítulo IV - Do bem de família (arts. 1.711 a 1.722) ...........................................210

Título III - Da união estável (arts. 1.723 a 1.727) .................................................211

Título IV - Da tutela e da curatela ........................................................................211

Capítulo I - Da tutela ..........................................................................................211

Seção I - Dos tutores (arts. 1.728 a 1.734) .....................................................211

Seção II - Dos incapazes de exercer a tutela (art. 1.735) ..................................212

Seção III - Da escusa dos tutores (arts. 1.736 a 1.739) ....................................213

Seção IV - Do exercício da tutela (arts. 1.740 a 1.752) .....................................213

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Seção V - Dos bens do tutelado (arts. 1.753 a 1.754) .......................................215

Seção VI - Da prestação de contas (arts. 1.755 a 1.762) ...................................215

Seção VII - Da cessação da tutela (arts. 1.763 a 1.766) ....................................216

Capítulo II - Da curatela ......................................................................................216

Seção I - Dos interditos (arts. 1.767 a 1.778) ..................................................216

Seção II - Da curatela do nascituro e do enfermo ou portador de deficiênciafísica (arts. 1.779 a 1.780) .............................................................................217

Seção III - Do exercício da curatela (arts. 1.781 a 1.783) .................................217

Livro V - Do direito das sucessões ........................................................................218

Título I - Da sucessão em geral ............................................................................218

Capítulo I - Disposições gerais (arts. 1.784 a 1.790) ..............................................218

Capítulo II - Da herança e de sua administração (arts. 1.791 a 1.797).....................218

Capítulo III - Da vocação hereditária (arts. 1.798 a 1.803) .....................................219

Capítulo IV - Da aceitação e renúncia da herança (arts. 1.804 a 1.813) ...................220

Capítulo V - Dos excluídos da sucessão (arts. 1.814 a 1.818) .................................221

Capítulo VI - Da herança jacente (arts. 1.819 a 1.823) ..........................................222

Capítulo VII - Da petição de herança (arts. 1.824 a 1.828) .....................................222

Título II - Da sucessão legítima ............................................................................223

Capítulo I - Da ordem da vocação hereditária (arts. 1.829 a 1.844).........................223

Capítulo II - Dos herdeiros necessários (arts. 1.845 a 1.850) .................................224

Capítulo III - Do direito de representação (arts. 1.851 a 1.856) ..............................225

Título III - Da sucessão testamentária ..................................................................225

Capítulo I - Do testamento em geral (arts. 1.857 a 1.859) .....................................225

Capítulo II - Da capacidade de testar (arts. 1.860 a 1.861) ....................................225

Capítulo III - Das formas ordinárias do testamento ................................................225

Seção I - Disposições gerais (arts. 1.862 a 1.863) ............................................225

Seção II - Do testamento público (arts. 1.864 a 1.867) .....................................226

Seção III - Do testamento cerrado (arts. 1.868 a 1.875) ...................................226

Seção IV - Do testamento particular (arts. 1.876 a 1.880) .................................227

Capítulo IV - Dos codicilos (arts. 1.881 a 1.885) ....................................................227

Capítulo V - Dos testamentos especiais .................................................................228

Seção I - Disposições gerais (arts. 1.886 a 1.887) ...........................................228

Seção II - Do testamento marítimo e do testamento aeronáutico (arts. 1.888a 1.892) .......................................................................................................228

Seção III - Do testamento militar (arts. 1.893 a 1.896) ....................................229

Capítulo VI - Das disposições testamentárias (arts. 1.897 a 1.911) .........................229

Capítulo VII - Dos legados ...................................................................................230

Seção I - Disposições gerais (arts. 1.912 a 1.922) ............................................230

Seção II - Dos efeitos do legado e do seu pagamento (arts. 1.923 a 1.938) ........231

Seção III - Da caducidade dos legados (arts. 1.939 a 1.940) .............................232

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Capítulo VIII - Do direito de acrescer entre herdeiros e legatários(arts. 1.941 a 1.946) .....................................................................................233

Capítulo IX - Das substituições ............................................................................234

Seção I - Da substituição vulgar e da recíproca (arts. 1.947 a 1.950) .................234

Seção II - Da substituição fideicomissária (arts. 1.951 a 1.960) .........................234

Capítulo X - Da deserdação (arts. 1.961 a 1.965) .................................................235

Capítulo XI - Da redução das disposições testamentárias (arts. 1.966 a 1.968) ........235

Capítulo XII - Da revogação do testamento (arts. 1.969 a 1.972) ............................236

Capítulo XIII - Do rompimento do testamento (arts. 1.973 a 1.975) ........................236

Capítulo XIV - Do testamenteiro (arts. 1.976 a 1.990) ...........................................236

Título IV - Do inventário e da partilha ...................................................................238

Capítulo I - Do inventário (art. 1.991) ..................................................................238

Capítulo II - Dos sonegados (arts. 1.992 a 1.996) .................................................238

Capítulo III - Do pagamento das dívidas (arts. 1.997 a 2.001) ...............................238

Capítulo IV - Da colação (arts. 2.002 a 2.012) ......................................................239

Capítulo V - Da partilha (arts. 2.013 a 2.022) .......................................................240

Capítulo VI - Da garantia dos quinhões hereditários (arts. 2.023 a 2.026) ................241

Capítulo VII - Da anulação da partilha (art. 2.027) ................................................241

Livro Complementar - Das disposições finais e transitórias (arts. 2.028 a 2.046) ......241

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Livro I - Do processo de conhecimento .................................................................247

Título I - Da jurisdição e da ação ..........................................................................247

Capítulo I - Da jurisdição (arts. 1º a 2º) ...............................................................247

Capítulo II - Da ação (arts. 3º a 6º) .....................................................................247

Título II - Das partes e dos procuradores ..............................................................247

Capítulo I - Da capacidade processual (arts. 7º a 13) .............................................247

Capítulo II - Dos deveres das partes e dos seus procuradores.................................249

Seção I - Dos deveres (arts. 14 a 15) ..............................................................249

Seção II - Da responsabilidade das partes por dano processual (arts. 16 a 18) ......250

Seção III - Das despesas e das multas (arts. 19 a 35) ......................................250

Capítulo III - Dos procuradores (arts. 36 a 40)......................................................252

Capítulo IV - Da substituição das partes e dos procuradores (arts. 41 a 45) .............253

Capítulo V - Do litisconsórcio e da assistência ........................................................254

Seção I - Do litisconsórcio (arts. 46 a 49) ........................................................254

Seção II - Da assistência (arts. 50 a 55) ..........................................................254

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Capítulo VI - Da intervenção de terceiros ..............................................................255

Seção I - Da oposição (arts. 56 a 61) ..............................................................255

Seção II - Da nomeação à autoria (arts. 62 a 69) .............................................256

Seção III - Da denunciação da lide (arts. 70 a 76) ............................................256

Seção IV - Do chamamento ao processo (arts. 77 a 80) ....................................257

Título III - Do Ministério Público (arts. 81 a 85) .....................................................257

Título IV - Dos órgãos judiciários e dos auxiliares da Justiça ...................................258

Capítulo I - Da competência (arts. 86 a 87) ..........................................................258

Capítulo II - Da competência internacional (arts. 88 a 90) ......................................258

Capítulo III - Da competência interna ...................................................................259

Seção I - Da competência em razão do valor e da matéria (arts. 91 a 92) ...........259

Seção II - Da competência funcional (art. 93) ..................................................259

Seção III - Da competência territorial (arts. 94 a 101) ......................................259

Seção IV - Das modificações da competência (arts. 102 a 111) ..........................260

Seção V - Da declaração de incompetência (arts. 112 a 124) .............................261

Capítulo IV - Do juiz ...........................................................................................262

Seção I - Dos poderes, dos deveres e da responsabilidade do juiz (arts. 125 a 133) 262

Seção II - Dos impedimentos e da suspeição (arts. 134 a 138) ..........................263

Capítulo V - Dos auxiliares da Justiça (art. 139) ....................................................264

Seção I - Do serventuário e do oficial de justiça (arts. 140 a 144) ......................265

Seção II - Do perito (arts. 145 a 147) .............................................................265

Seção III - Do depositário e do administrador (arts. 148 a 150) .........................266

Seção IV - Do intérprete (arts. 151 a 153) .......................................................266

Título V - Dos atos processuais ............................................................................267

Capítulo I - Da forma dos atos processuais ...........................................................267

Seção I - Dos atos em geral (arts. 154 a 157) ..................................................267

Seção II - Dos atos da parte (arts. 158 a 161) .................................................267

Seção III - Dos atos do juiz (arts. 162 a 165) ..................................................268

Seção IV - Dos atos do escrivão ou do chefe de secretaria (arts. 166 a 171) .......268

Capítulo II - Do tempo e do lugar dos atos processuais ..........................................269

Seção I - Do tempo (arts. 172 a 175) ..............................................................269

Seção II - Do lugar (art. 176) .........................................................................270

Capítulo III - Dos prazos .....................................................................................270

Seção I - Das disposições gerais (arts. 177 a 192) ............................................270

Seção II - Da verificação dos prazos e das penalidades (arts. 193 a 199)............272

Capítulo IV - Das comunicações dos atos ..............................................................272

Seção I - Das disposições gerais (arts. 200 a 201) ............................................272

Seção II - Das cartas (arts. 202 a 212) ...........................................................272

Seção III - Das citações (arts. 213 a 233) .......................................................274

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Seção IV - Das intimações (arts. 234 a 242) ....................................................277

Capítulo V - Das nulidades (arts. 243 a 250) .........................................................278

Capítulo VI - De outros atos processuais ...............................................................279

Seção I - Da distribuição e do registro (arts. 251 a 257) ...................................279

Seção II - Do valor da causa (arts. 258 a 261) .................................................280

Título VI - Da formação, da suspensão e da extinção do processo ...........................280

Capítulo I - Da formação do processo (arts. 262 a 264) .........................................280

Capítulo II - Da suspensão do processo (arts. 265 a 266) ......................................281

Capítulo III - Da extinção do processo (arts. 267 a 269) ........................................282

Título VII - Do processo e do procedimento...........................................................283

Capítulo I - Das disposições gerais (arts. 270 a 273) .............................................283

Capítulo II - Do procedimento ordinário (art. 274) .................................................284

Capítulo III - Do procedimento sumário (arts. 275 a 281) ......................................284

Título VIII - Do procedimento ordinário ................................................................285

Capítulo I - Da petição inicial ...............................................................................285

Seção I - Dos requisitos da petição inicial (arts. 282 a 285-A) ............................285

Seção II - Do pedido (arts. 286 a 294) ............................................................286

Seção III - Do indeferimento da petição inicial (arts. 295 a 296) ........................287

Capítulo II - Da resposta do réu ...........................................................................288

Seção I - Das disposições gerais (arts. 297 a 299) ............................................288

Seção II - Da contestação (arts. 300 a 303) .....................................................288

Seção III - Das exceções (arts. 304 a 306) ......................................................289

Subseção I - Da incompetência (arts. 307 a 311) ........................................289

Subseção II - Do impedimento e da suspeição (arts. 312 a 314) ...................290

Seção IV - Da reconvenção (arts. 315 a 318) ...................................................290

Capítulo III - Da revelia (arts. 319 a 322) .............................................................290

Capítulo IV - Das providências preliminares (art. 323) ...........................................291

Seção I - Do efeito da revelia (art. 324) ..........................................................291

Seção II - Da declaração incidente (art. 325) ...................................................291

Seção III - Dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do pedido (art. 326) 291

Seção IV - Das alegações do réu (arts. 327 a 328) ...........................................291

Capítulo V - Do julgamento conforme o estado do processo ....................................292

Seção I - Da extinção do processo (art. 329) ...................................................292

Seção II - Do julgamento antecipado da lide (art. 330) .....................................292

Seção III - Da audiência preliminar (art. 331) ..................................................292

Capítulo VI - Das provas .....................................................................................292

Seção I - Das disposições gerais (arts. 332 a 341) ............................................292

Seção II - Do depoimento pessoal (arts. 342 a 347) .........................................294

Seção III - Da confissão (arts. 348 a 354) .......................................................294

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Seção IV - Da exibição de documento ou coisa (arts. 355 a 363) .......................295

Seção V - Da prova documental ......................................................................296

Subseção I - Da força probante dos documentos (arts. 364 a 389) ................296

Subseção II - Da argüição de falsidade (arts. 390 a 395) .............................299

Subseção III - Da produção da prova documental (arts. 396 a 399) ..............300

Seção VI - Da prova testemunhal ....................................................................300

Subseção I - Da admissibilidade e do valor da prova testemunhal (arts. 400a 406) .....................................................................................................300

Subseção II - Da produção da prova testemunhal (arts. 407 a 419) ..............301

Seção VII - Da prova pericial (arts. 420 a 439) ................................................304

Seção VIII - Da inspeção judicial (arts. 440 a 443) ...........................................306

Capítulo VII - Da audiência ..................................................................................306

Seção I - Das disposições gerais (arts. 444 a 446) ............................................306

Seção II - Da conciliação (arts. 447 a 449) ......................................................307

Seção III - Da instrução e julgamento (arts. 450 a 457) ....................................307

Capítulo VIII - Da sentença e da coisa julgada ......................................................308

Seção I - Dos requisitos e dos efeitos da sentença (arts. 458 a 466-C) ...............308

Seção II - Da coisa julgada (arts. 467 a 475) ...................................................310

Capítulo IX - Da liquidação de sentença (arts. 475-A a 475-H) ................................311

Capítulo X - Do cumprimento da sentença (arts. 475-I a 475-R) .............................312

Título IX - Do processo nos tribunais ....................................................................316

Capítulo I - Da uniformização da jurisprudência (arts. 476 a 479) ...........................316

Capítulo II - Da declaração de inconstitucionalidade (arts. 480 a 482) .....................316

Capítulo III - Da homologação de sentença estrangeira (arts. 483 a 484) ................317

Capítulo IV - Da ação rescisória (arts. 485 a 495) ..................................................317

Título X - Dos recursos ........................................................................................319

Capítulo I - Das disposições gerais (arts. 496 a 512) .............................................319

Capítulo II - Da apelação (arts. 513 a 521) ...........................................................321

Capítulo III - Do agravo (arts. 522 a 529)..............................................................322

Capítulo IV - Dos embargos infringentes (arts. 530 a 534) .....................................324

Capítulo V - Dos embargos de declaração (arts. 535 a 538) ....................................324

Capítulo VI - Dos recursos para o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunalde Justiça .....................................................................................................325

Seção I - Dos recursos ordinários (arts. 539 a 540) ..........................................325

Seção II - Do recurso extraordinário e do recurso especial (arts. 541 a 546) .......325

Capítulo VII - Da ordem dos processos no tribunal (arts. 547 a 565) .......................329

Livro II - Do processo de execução ......................................................................331

Título I - Da execução em geral ...........................................................................331

Capítulo I - Das partes (arts. 566 a 574) ..............................................................331

Capítulo II - Da competência (arts. 575 a 579) .....................................................332

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Capítulo III - Dos requisitos necessários para realizar qualquer execução .................333

Seção I - Do inadimplemento do devedor (arts. 580 a 582) ...............................333

Seção II - Do título executivo (arts. 583 a 590) ................................................333

Capítulo IV - Da responsabilidade patrimonial (arts. 591 a 597) ..............................334

Capítulo V - Das disposições gerais (arts. 598 a 602) .............................................335

Capítulo VI - Da liquidação da sentença (arts. 603 a 611) ......................................335

Título II - Das diversas espécies de execução ........................................................336

Capítulo I - Das disposições gerais (arts. 612 a 620) .............................................336

Capítulo II - Da execução para a entrega de coisa .................................................337

Seção I - Da entrega de coisa certa (arts. 621 a 628) .......................................337

Seção II - Da entrega de coisa incerta (arts. 629 a 631) ...................................338

Capítulo III - Da execução das obrigações de fazer e de não fazer ..........................338

Seção I - Da obrigação de fazer (arts. 632 a 641) ............................................338

Seção II - Da obrigação de não fazer (arts. 642 a 643) .....................................339

Seção III - Das disposições comuns às seções precedentes (arts. 644 a 645) ......339

Capítulo IV - Da execução por quantia certa contra devedor solvente ......................339

Seção I - Da penhora, da avaliação e da expropriação de bens ..........................339

Subseção I - Das disposições gerais (arts. 646 a 651) ..................................339

Subseção II - Da citação do devedor e da indicação de bens (arts. 652 a 658) ...341

Subseção III - Da penhora e do depósito (arts. 659 a 670) ..........................343

Subseção IV - Da penhora de créditos e de outros direitos patrimoniais(arts. 671 a 676) ......................................................................................345

Subseção V - Da penhora, do depósito e da administração de empresa ede outros estabelecimentos (arts. 677 a 679) ..............................................346

Subseção VI - Da avaliação (arts. 680 a 685) ..............................................346

Subseção VI-A - Da adjudicação (arts. 685-A a 685-B) .................................347

Subseção VI-B - Da alienação por iniciativa particular (art. 685-C) ................348

Subseção VII - Da alienação em hasta pública (arts. 686 a 707) ...................348

Seção II - Do pagamento ao credor .................................................................352

Subseção I - Das disposições gerais (art. 708) ............................................352

Subseção II - Da entrega do dinheiro (arts. 709 a 713)................................352

Subseção III - (arts. 714 a 715) ................................................................353

Subseção IV - Do usufruto de móvel ou imóvel (arts. 716 a 729) ..................353

Seção III - Da execução contra a fazenda pública (arts. 730 a 731) ...................354

Capítulo V - Da execução de prestação alimentícia (arts. 732 a 735) .......................354

Título III - Dos embargos do devedor ...................................................................355

Capítulo I - Das disposições gerais (arts. 736 a 740) .............................................355

Capítulo II - Dos embargos à execução contra a fazenda pública (arts. 741 a 743) ...357

Capítulo III - Dos embargos à execução (arts. 744 a 746) ......................................357

Capítulo IV - Dos embargos na execução por carta (art. 747) .................................358

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Título IV - Da execução por quantia certa contra devedor insolvente........................359

Capítulo I - Da insolvência (arts. 748 a 753) .........................................................359

Capítulo II - Da insolvência requerida pelo credor (arts. 754 a 758) ........................359

Capítulo III - Da insolvência requerida pelo devedor ou pelo seu espólio (arts. 759a 760) ..........................................................................................................360

Capítulo IV - Da declaração judicial de insolvência (arts. 761 a 762) ........................360

Capítulo V - Das atribuições do administrador (arts. 763 a 767) ..............................360

Capítulo VI - Da verificação e da classificação dos créditos (arts. 768 a 773) ............361

Capítulo VII - Do saldo devedor (arts. 774 a 776) .................................................361

Capítulo VIII - Da extinção das obrigações (arts. 777 a 782) ..................................362

Capítulo IX - Das disposições gerais (arts. 783 a 786-A) ........................................362

Título V - (arts. 787 a 790) .................................................................................362

Título VI - Da suspensão e da extinção do processo de execução ............................363

Capítulo I - Da suspensão (arts. 791 a 793) ..........................................................363

Capítulo II - Da extinção (arts. 794 a 795) ...........................................................363

Livro III - Do processo cautelar ...........................................................................363

Título Único - Das medidas cautelares ..................................................................363

Capítulo I - Das disposições gerais (arts. 796 a 812) .............................................363

Capítulo II - Dos procedimentos cautelares específicos ...........................................365

Seção I - Do arresto (arts. 813 a 821) ............................................................365

Seção II - Do seqüestro (arts. 822 a 825) .......................................................366

Seção III - Da caução (arts. 826 a 838) ..........................................................367

Seção IV - Da busca e apreensão (arts. 839 a 843) ..........................................368

Seção V - Da exibição (arts. 844 a 845) ..........................................................368

Seção VI - Da produção antecipada de provas (arts. 846 a 851) ........................369

Seção VII - Dos alimentos provisionais (arts. 852 a 854)...................................369

Seção VIII - Do arrolamento de bens (arts. 855 a 860) .....................................370

Seção IX - Da justificação (arts. 861 a 866) .....................................................370

Seção X - Dos protestos, notificações e interpelações (arts. 867 a 873) ..............371

Seção XI - Da homologação do penhor legal (arts. 874 a 876) ...........................371

Seção XII - Da posse em nome do nascituro (arts. 877 a 878) ..........................372

Seção XIII - Do atentado (arts. 879 a 881) ......................................................372

Seção XIV - Do protesto e da apreensão de títulos (arts. 882 a 887) ..................373

Seção XV - De outras medidas provisionais (arts. 888 a 889) ............................373

Livro IV - Dos procedimentos especiais .................................................................374

Título I - Dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa .............................374

Capítulo I - Da ação de consignação em pagamento (arts. 890 a 900) .....................374

Capítulo II - Da ação de depósito (arts. 901 a 906) ...............................................375

Capítulo III - Da ação de anulação e substituição de títulos ao portador (arts. 907

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a 913) ..........................................................................................................376

Capítulo IV - Da ação de prestação de contas (arts. 914 a 919) ..............................377

Capítulo V - Das ações possessórias .....................................................................378

Seção I - Das disposições gerais (arts. 920 a 925) ............................................378

Seção II - Da manutenção e da reintegração de posse (arts. 926 a 931) ............378

Seção III - Do interdito proibitório (arts. 932 a 933) .........................................379

Capítulo VI - Da ação de nunciação de obra nova (arts. 934 a 940) .........................379

Capítulo VII - Da ação de usucapião de terras particulares (arts. 941 a 945) ............380

Capítulo VIII - Da ação de divisão e da demarcação de terras particulares ...............380

Seção I - Das disposições gerais (arts. 946 a 949) ............................................380

Seção II - Da demarcação (arts. 950 a 966) ....................................................381

Seção III - Da divisão (arts. 967 a 981) ..........................................................383

Capítulo IX - Do inventário e da partilha ...............................................................385

Seção I - Das disposições gerais (arts. 982 a 986) ............................................385

Seção II - Da legitimidade para requerer o inventário (arts. 987 a 989) ..............386

Seção III - Do inventariante e das primeiras declarações (arts. 990 a 998) .........386

Seção IV - Das citações e das impugnações (arts. 999 a 1.002) .........................389

Seção V - Da avaliação e do cálculo do imposto (arts. 1.003 a 1.013) .................389

Seção VI - Das colações (arts. 1.014 a 1.016) ..................................................390

Seção VII - Do pagamento das dívidas (arts. 1.017 a 1.021) .............................391

Seção VIII - Da partilha (arts. 1.022 a 1.030) ..................................................392

Seção IX - Do arrolamento (arts. 1.031 a 1.038) ..............................................393

Seção X - Das disposições comuns às seções precedentes (arts. 1.039 a 1.045) .....395

Capítulo X - Dos embargos de terceiro (arts. 1.046 a 1.054) ..................................395

Capítulo XI - Da habilitação (arts. 1.055 a 1.062) ..................................................396

Capítulo XII - Da restauração de autos (arts. 1.063 a 1.069) ..................................397

Capítulo XIII - Das vendas a crédito com reserva de domínio (arts. 1.070 a 1.071) ......398

Capítulo XIV - Do juízo arbitral ............................................................................399

Seção I - Do compromisso (arts. 1.072 a 1.077) ..............................................399

Seção II - Dos árbitros (arts. 1.078 a 1.084) ...................................................399

Seção III - Do procedimento (arts. 1.085 a 1.097) ...........................................399

Seção IV - Da homologação do laudo (arts. 1.098 a 1.102) ...............................399

Capítulo XV - Da ação monitória (arts. 1.102-A a 1.102-C) .....................................399

Título II - Dos procedimentos especiais de jurisdição voluntária ..............................400

Capítulo I - Das disposições gerais (arts. 1.103 a 1.112) ........................................400

Capítulo II - Das alienações judiciais (arts. 1.113 a 1.119) .....................................401

Capítulo III - Da separação consensual (arts. 1.120 a 1.124-A) ..............................402

Capítulo IV - Dos testamentos e codicilo ...............................................................403

Seção I - Da abertura, do registro e do cumprimento (arts. 1.125 a 1.129) ........403

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Seção II - Da confirmação do testamento particular (arts. 1.130 a 1.133) ..........404

Seção III - Do testamento militar, marítimo, nuncupativo e do codicilo (art. 1.134) ..404

Seção IV - Da execução dos testamentos (arts. 1.135 a 1.141) .........................404

Capítulo V - Da herança jacente (arts. 1.142 a 1.158) ............................................405

Capítulo VI - Dos bens dos ausentes (arts. 1.159 a 1.169) .....................................407

Capítulo VII - Das coisas vagas (arts. 1.170 a 1.176) ............................................408

Capítulo VIII - Da curatela dos interditos (arts. 1.177 a 1.186) ...............................409

Capítulo IX - Das disposições comuns à tutela e à curatela .....................................410

Seção I - Da nomeação do tutor ou curador (arts. 1.187 a 1.193) ......................410

Seção II - Da remoção e dispensa de tutor ou curador (arts. 1.194 a 1.198) .......411

Capítulo X - Da organização e da fiscalização das fundações (arts. 1.199 a 1.204) ....411

Capítulo XI - Da especialização da hipoteca legal (arts. 1.205 a 1.210) ....................412

Livro V - Das disposições finais e transitórias (arts. 1.211 a 1.220) .........................412

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APRESENTAÇÃO

Para atender diversos pedidos de magistrados, solicitando o fornecimento de Códi-gos atualizados, a Comissão de Biblioteca e de Jurisprudência, em trabalho conjunto como Conselho Editorial da Revista de Jurisprudência do Tribunal de Justiça, contando com oapoio dos Departamentos de Artes Gráficas, de Biblioteca e de Jurisprudência e da Secre-taria das Comissões, elaborou o material que está sendo editado.

Trata-se da 2ª edição impressa dos Códigos Civil, Penal, Processuais Civil e Penal eConstituições Federal e Estadual, devidamente atualizada.

Como já foi dito quando da publicação da 1ª edição, em 2008, que encontrougrande aceitação, não se está adquirindo em editoras em razão do elevado custo, mesmonão se tratando de Códigos comentados, cujo investimento, nos tempos atuais, deve serbem avaliado. Quer pelo avanço no sistema de informática, uma vez permitida a baixaimediata em site, quer pelas constantes alterações que vêm sofrendo as legislações cons-titucional e infraconstitucional, a ponto de comprometer a distribuição atualizada a partirde demora no desenvolvimento de um processo de aquisição.

Assim, com publicações simples, elaboradas pelo próprio Tribunal, facilitando asnecessárias atualizações, a distribuição está sendo feita a todos os magistrados em ativi-dade, de primeiro e de segundo graus, bem como a todas as Secretarias de Câmaras,Departamentos e Cartórios das comarcas. Na expectativa de que esses “livrinhos”, sempreindispensáveis, sejam úteis e de proveito a todos.

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CÓDIGO CIVIL

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Código Civil

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICASUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS

DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942.

Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro.

Vide Decreto-Lei nº 4.707, de 1942

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 daConstituição, decreta:

Art. 1º - Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cincodias depois de oficialmente publicada.

§ 1º - Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, seinicia três meses depois de oficialmente publicada. (Vide Lei 2.145, de 1953)

§ 2º - A vigência das leis, que os Governos Estaduais elaborem por autorização do Gover-no Federal, depende da aprovação deste e começa no prazo que a legislação estadual fixar.

§ 3º - Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinadaa correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da novapublicação.

§ 4º - As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modi-fique ou revogue.

§ 1º - A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja comela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

§ 2º - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes,não revoga nem modifica a lei anterior.

§ 3º - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadoraperdido a vigência.

Art. 3º - Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, oscostumes e os princípios gerais de direito.

Art. 5º - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e àsexigências do bem comum.

Art. 6º - A lei em vigor terá efeito imediato e geral. Não atingirá, entretanto, salvo dispo-sição expressa em contrário, as situações jurídicas definitivamente constituídas e a execu-ção do ato jurídico perfeito.

Art. 6º - A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, odireito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

§ 1º - Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo emque se efetuou. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

LICC Arts. 1º a 6º

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Código Civil

§ 2º - Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle,possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condiçãopré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238, de1º.8.1957)

§ 3º - Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caibarecurso. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

Art. 7º - A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo eo fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

§ 1º - Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aosimpedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.

§ 2º - O casamento de estrangeiros pode celebrar-se perante as autoridades diplomáticasou consulares do país em que um dos nubentes seja domiciliado.

§ 2º - O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticasou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

§ 3º - Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio alei do primeiro domicílio conjugal.

§ 4º - O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem osnubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuênciade seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostileao mesmo a adoção do regime da comunhão universal de bens, respeitados os direitos deterceiro e dada esta adoção ao competente registro.

§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuênciade seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostileao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos deterceiros e dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de26.12.1977)

§ 6º - Não será reconhecido no Brasil o divórcio, se os cônjuges forem brasileiros. Se umdeles o for, será reconhecido o divórcio quanto ao outro, que não poderá, entretanto,casar-se no Brasil.

§ 6º - O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros,só será reconhecido no Brasil depois de três anos da data da sentença, salvo se houversido antecedida de separarão judicial por igual prazo, caso em que a homologação produ-zirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentençasestrangeiras no País. O Supremo Tribunal Federal, na forma de seu regimento interno,poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos dehomologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem aproduzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)

§ 7º - Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outrocônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob suaguarda.

§ 8º - Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de suaresidência ou naquele em que se encontre.

Art. 8º - Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á alei do país em que estiverem situados.

§ 1º - Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bensmoveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.

LICC Arts. 6º a 8º

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Código Civil LICC Arts. 8º a 15

§ 2º - O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse seencontre a coisa apenhada.

Art. 9º - Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que seconstituirem.

§ 1º - Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essen-cial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requi-sitos extrínsecos do ato.

§ 2º - A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir oproponente.

Art. 10 - A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliadoo defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

§ 1º - A vocação para suceder em bens de estrangeiro situados no Brasil. será reguladapela lei brasileira em benefício do cônjuge brasileiro e dos filhos do casal, sempre que nãolhes seja mais favorável a lei do domicílio.

§ 1º - A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasi-leira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempreque não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº9.047, de 18.5.1995)

§ 2º - A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.

Art. 11 - As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e asfundações, obedecem à lei do Estado em que se constituirem.

§ 1º - Não poderão, entretanto. ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes deserem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.

§ 2º - Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, queeles tenham constituido, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderãoadquirir no Brasil bens imóveis ou susceptiveis de desapropriação.

§ 3º - Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários àsede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.

Art. 12 - É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado noBrasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.

§ 1º - Só à .autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações, relativas a imó-veis situados no Brasil.

§ 2º - A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo aforma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeiracompetente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.

Art. 13 - A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar,quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provasque a lei brasileira desconheça.

Art. 14 - Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova dotexto e da vigência.

Art. 15 - Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reuna osseguintes requisitos:

a) haver sido proferida por juiz competente;

b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;

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Código Civil

c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execuçãono lugar em que ,foi proferida;

d) estar traduzida por intérprete autorizado;

e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único - Não dependem de homologação as sentenças meramente declaratóriasdo estado das pessoas.

Art. 16 - Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estran-geira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por elafeita a outra lei.

Art. 17 - As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações devontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordempública e os bons costumes.

Art. 18 - Tratando-se de brasileiros ausentes de seu domicílio no país, são competentes asautoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento, assim como para exer-cer as funções de tabelião e de oficial do registo civil em atos a eles relativos no estrangei-ro.

Art. 18 - Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasilei-ras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato,inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascidono país da sede do Consulado. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

Art. 19 - Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados peloscônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desdeque satisfaçam todos os requisitos legais. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

Parágrafo único - No caso em que a celebração dêsses atos tiver sido recusada pelasautoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interes-sado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data dapublicação desta lei. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1942, 121º da Independência e 54º da República.

GETULIO VARGAS

Alexandre Marcondes Filho

Oswaldo Aranha.

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 9.9.1942

LICC Arts. 15 a 19

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Código Civil

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICACASA CIVIL

SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS

LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002.

Institui o Código Civil.

Vide Lei nº 11.698, de 2008

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eusanciono a seguinte Lei:

P A R T E G E R A L

LIVRO IDAS PESSOAS

TÍTULO IDAS PESSOAS NATURAIS

CAPÍTULO IDA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

Art. 1º - Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2º - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põea salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Art. 3º - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimentopara a prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Art. 4º - São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham odiscernimento reduzido;

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV - os pródigos.

Parágrafo único - A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.

Art. 5º - A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitadaà prática de todos os atos da vida civil.

Arts. 1º a 5º

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Código Civil

Parágrafo único - Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumentopúblico, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido otutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desdeque, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

Art. 6º - A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quantoaos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

Art. 7º - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado atédois anos após o término da guerra.

Parágrafo único - A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá serrequerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a dataprovável do falecimento.

Art. 8º - Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguarse algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

Art. 9º - Serão registrados em registro público:

I - os nascimentos, casamentos e óbitos;

II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;

III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;

IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

Art. 10 - Far-se-á averbação em registro público:

I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, aseparação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;

II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;

III - dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção.

CAPÍTULO IIDOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Art. 11 - Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade sãointransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Art. 12 - Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, ereclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único - Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medidaprevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateralaté o quarto grau.

Arts. 5º a 12

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Código Civil

Art. 13 - Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons cos-tumes.

Parágrafo único - O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, naforma estabelecida em lei especial.

Art. 14 - É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do própriocorpo, no todo ou em parte, para depois da morte.

Parágrafo único - O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

Art. 15 - Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamentomédico ou a intervenção cirúrgica.

Art. 16 - Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobreno-me.

Art. 17 - O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ourepresentações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intençãodifamatória.

Art. 18 - Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.

Art. 19 - O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá aonome.

Art. 20 - Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manu-tenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publica-ção, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seurequerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boafama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

Parágrafo único - Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas pararequerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

Art. 21 - A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interes-sado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário aesta norma.

CAPÍTULO IIIDA AUSÊNCIA

SEÇÃO IDA CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE

Art. 22 - Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se nãohouver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz,a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, enomear-lhe-á curador.

Art. 23 - Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixarmandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seuspoderes forem insuficientes.

Art. 24 - O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme ascircunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores ecuradores.

Arts. 13 a 24

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Código Civil

Art. 25 - O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fatopor mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.

§ 1º - Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aosdescendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.

§ 2º - Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.

§ 3º - Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.

SEÇÃO IIDA SUCESSÃO PROVISÓRIA

Art. 26 - Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou repre-sentante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer quese declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.

Art. 27 - Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:

I - o cônjuge não separado judicialmente;

II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;

III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;

IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.

Art. 28 - A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeitocento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado,proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens,como se o ausente fosse falecido.

§ 1º - Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessãoprovisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.

§ 2º - Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trintadias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória,proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819a 1.823.

Art. 29 - Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dosbens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidospela União.

Art. 30 - Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias darestituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.

§ 1º - Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigidaneste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administra-ção do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.

§ 2º - Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade deherdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausen-te.

Art. 31 - Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ouhipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.

Art. 32 - Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa epassivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as quede futuro àquele forem movidas.

Arts. 25 a 32

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Código Civil

Art. 33 - O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente,fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros suces-sores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o dispos-to no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmentecontas ao juiz competente.

Parágrafo único - Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária einjustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.

Art. 34 - O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta demeios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.

Art. 35 - Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausen-te, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eramàquele tempo.

Art. 36 - Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida aposse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando,todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens aseu dono.

SEÇÃO IIIDA SUCESSÃO DEFINITIVA

Art. 37 - Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura dasucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levanta-mento das cauções prestadas.

Art. 38 - Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausenteconta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.

Art. 39 - Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva,ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bensexistentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que osherdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daqueletempo.

Parágrafo único - Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, enenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão aodomínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições,incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.

TÍTULO IIDAS PESSOAS JURÍDICAS

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 40 - As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direitoprivado.

Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

Arts. 33 a 41

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Código Civil

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de2005)

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, aque se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seufuncionamento, pelas normas deste Código.

Art. 42 - São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todasas pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

Art. 43 - As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis poratos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direitoregressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

Art. 44 - São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

§ 1º - São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento dasorganizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ouregistro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº10.825, de 22.12.2003)

§ 2º - As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às socie-dades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº10.825, de 22.12.2003)

§ 3º - Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em leiespecífica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

Art. 45 - Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscri-ção do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autoriza-ção ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações porque passar o ato constitutivo.

Parágrafo único - Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídi-cas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de suainscrição no registro.

Art. 46 - O registro declarará:

I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;

II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;

III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial eextrajudicialmente;

IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;

V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;

VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.

Arts. 41 a 46

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Art. 47 - Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites deseus poderes definidos no ato constitutivo.

Art. 48 - Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pelamaioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.

Parágrafo único - Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere esteartigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação oufraude.

Art. 49 - Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento dequalquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.

Art. 50 - Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finali-dade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou doMinistério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e deter-minadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administrado-res ou sócios da pessoa jurídica.

Art. 51 - Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seufuncionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.

§ 1º - Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de suadissolução.

§ 2º - As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, àsdemais pessoas jurídicas de direito privado.

§ 3º - Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoajurídica.

Art. 52 - Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da perso-nalidade.

CAPÍTULO IIDAS ASSOCIAÇÕES

Art. 53 - Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para finsnão econômicos.

Parágrafo único - Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

Art. 54 - Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:

I - a denominação, os fins e a sede da associação;

II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;

III - os direitos e deveres dos associados;

IV - as fontes de recursos para sua manutenção;

V - o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; (Redação dadapela Lei nº 11.127, de 2005)

VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.

VII - a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Incluídopela Lei nº 11.127, de 2005)

Art. 55 - Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir catego-rias com vantagens especiais.

Arts. 47 a 55

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Código Civil

Art. 56 - A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.

Parágrafo único - Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio daassociação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade deassociado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.

Art. 57 - A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecidaem procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos noestatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)

Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 11.127, de 2005)

Art. 58 - Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhetenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou noestatuto.

Art. 59 - Compete privativamente à assembléia geral: (Redação dada pela Lei nº 11.127,de 2005)

I - destituir os administradores; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)

II - alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)

Parágrafo único - Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo éexigido deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo quorumserá o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores.(Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)

Art. 60 - A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantidoa 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la. (Redação dada pela Lei nº11.127, de 2005)

Art. 61 - Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois dededuzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art.56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omissoeste, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de finsidênticos ou semelhantes.

§ 1º - Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podemestes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição,atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio daassociação.

§ 2º - Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em quea associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescerdo seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.

CAPÍTULO IIIDAS FUNDAÇÕES

Art. 62 - Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testa-mento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando,se quiser, a maneira de administrá-la.

Parágrafo único - A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais,culturais ou de assistência.

Art. 63 - Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão,se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que seproponha a fim igual ou semelhante.

Arts. 56 a 63

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Código Civil

Art. 64 - Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigadoa transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não ofizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.

Art. 65 - Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendociência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto dafundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente,com recurso ao juiz.

Parágrafo único - Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou,não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.

Art. 66 - Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.

§ 1º - Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao MinistérioPúblico Federal. (Vide ADIN nº 2.794-8)

§ 2º - Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada umdeles, ao respectivo Ministério Público.

Art. 67 - Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:

I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;

II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;

III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juizsupri-la, a requerimento do interessado.

Art. 68 - Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os adminis-tradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requere-rão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.

Art. 69 - Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ouvencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado,lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrá-rio no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que seproponha a fim igual ou semelhante.

TÍTULO IIIDO DOMICÍLIO

Art. 70 - O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência comânimo definitivo.

Art. 71 - Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente,viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.

Art. 72 - É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profis-são, o lugar onde esta é exercida.

Parágrafo único - Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um delesconstituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

Art. 73 - Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, olugar onde for encontrada.

Art. 74 - Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de omudar.

Parágrafo único - A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidadesdos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própriamudança, com as circunstâncias que a acompanharem.

Arts. 64 a 74

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Código Civil

Art. 75 - Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:

I - da União, o Distrito Federal;

II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;

III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;

IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias eadministrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.

§ 1º - Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada umdeles será considerado domicílio para os atos nele praticados.

§ 2º - Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domi-cílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agên-cias, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.

Art. 76 - Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e opreso.

Parágrafo único - O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o doservidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar,onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrarimediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o dopreso, o lugar em que cumprir a sentença.

Art. 77 - O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegarextraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser deman-dado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.

Art. 78 - Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde seexercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.

LIVRO IIDOS BENS

TÍTULO ÚNICODAS DIFERENTES CLASSES DE BENS

CAPÍTULO IDOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS

SEÇÃO IDOS BENS IMÓVEIS

Art. 79 - São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.

Art. 80 - Consideram-se imóveis para os efeitos legais:

I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;

II - o direito à sucessão aberta.

Art. 81 - Não perdem o caráter de imóveis:

I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removi-das para outro local;

Arts. 75 a 81

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Código Civil

II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

SEÇÃO IIDOS BENS MÓVEIS

Art. 82 - São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por forçaalheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.

Art. 83 - Consideram-se móveis para os efeitos legais:

I - as energias que tenham valor econômico;

II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;

III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.

Art. 84 - Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados,conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da de-molição de algum prédio.

SEÇÃO IIIDOS BENS FUNGÍVEIS E CONSUMÍVEIS

Art. 85 - São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie,qualidade e quantidade.

Art. 86 - São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própriasubstância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.

SEÇÃO IVDOS BENS DIVISÍVEIS

Art. 87 - Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância,diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.

Art. 88 - Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinaçãoda lei ou por vontade das partes.

SEÇÃO VDOS BENS SINGULARES E COLETIVOS

Art. 89 - São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, indepen-dentemente dos demais.

Art. 90 - Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinen-tes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.

Parágrafo único - Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relaçõesjurídicas próprias.

Art. 91 - Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de umapessoa, dotadas de valor econômico.

Arts. 81 a 91

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Código Civil

CAPÍTULO IIDOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

Art. 92 - Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório,aquele cuja existência supõe a do principal.

Art. 93 - São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, demodo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.

Art. 94 - Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem aspertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circuns-tâncias do caso.

Art. 95 - Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem serobjeto de negócio jurídico.

Art. 96 - As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.

§ 1º - São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual dobem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.

§ 2º - São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.

§ 3º - São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.

Art. 97 - Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos aobem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.

CAPÍTULO IIIDOS BENS PÚBLICOS

Art. 98 - São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas dedireito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a quepertencerem.

Art. 99 - São bens públicos:

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabeleci-mento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suasautarquias;

III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

Parágrafo único - Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os benspertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura dedireito privado.

Art. 100 - Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.

Art. 101 - Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.

Art. 102 - Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

Art. 103 - O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme forestabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

Arts. 92 a 103

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Código Civil

LIVRO IIIDOS FATOS JURÍDICOS

TÍTULO IDO NEGÓCIO JURÍDICO

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 104 - A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Art. 105 - A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra embenefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, forindivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

Art. 106 - A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa,ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.

Art. 107 - A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senãoquando a lei expressamente a exigir.

Art. 108 - Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dosnegócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia dedireitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigenteno País.

Art. 109 - No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumentopúblico, este é da substância do ato.

Art. 110 - A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reservamental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

Art. 111 - O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autoriza-rem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

Art. 112 - Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciadado que ao sentido literal da linguagem.

Art. 113 - Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos dolugar de sua celebração.

Art. 114 - Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.

CAPÍTULO IIDA REPRESENTAÇÃO

Art. 115 - Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.

Art. 116 - A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes,produz efeitos em relação ao representado.

Art. 117 - Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que orepresentante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.

Arts. 104 a 117

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Código Civil

Parágrafo único - Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negóciorealizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.

Art. 118 - O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome dorepresentado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo,responder pelos atos que a estes excederem.

Art. 119 - É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interessescom o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aqueletratou.

Parágrafo único - É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou dacessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação previstaneste artigo.

Art. 120 - Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nasnormas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial desteCódigo.

CAPÍTULO IIIDA CONDIÇÃO, DO TERMO E DO ENCARGO

Art. 121 - Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontadedas partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

Art. 122 - São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem públicaou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todoefeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.

Art. 123 - Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:

I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;

II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;

III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.

Art. 124 - Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as denão fazer coisa impossível.

Art. 125 - Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquan-to esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.

Art. 126 - Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta,fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se comela forem incompatíveis.

Art. 127 - Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negóciojurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.

Art. 128 - Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direitoa que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, asua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já pratica-dos, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditamesde boa-fé.

Art. 129 - Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implementofor maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrá-rio, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveitao seu implemento.

Arts. 117 a 129

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Código Civil

Art. 130 - Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva,é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.

Art. 131 - O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

Art. 132 - Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos,excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.

§ 1º - Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até oseguinte dia útil.

§ 2º - Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.

§ 3º - Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou noimediato, se faltar exata correspondência.

§ 4º - Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.

Art. 133 - Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos,em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circuns-tâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes.

Art. 134 - Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvose a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.

Art. 135 - Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas àcondição suspensiva e resolutiva.

Art. 136 - O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quandoexpressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.

Art. 137 - Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir omotivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

CAPÍTULO IVDOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

SEÇÃO IDO ERRO OU IGNORÂNCIA

Art. 138 - São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emana-rem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, emface das circunstâncias do negócio.

Art. 139 - O erro é substancial quando:

I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma dasqualidades a ele essenciais;

II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declara-ção de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;

III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ouprincipal do negócio jurídico.

Art. 140 - O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razãodeterminante.

Art. 141 - A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mes-mos casos em que o é a declaração direta.

Arts. 130 a 141

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Código Civil

Art. 142 - O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração devontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puderidentificar a coisa ou pessoa cogitada.

Art. 143 - O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.

Art. 144 - O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem amanifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vonta-de real do manifestante.

SEÇÃO IIDO DOLO

Art. 145 - São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.

Art. 146 - O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidentalquando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.

Art. 147 - Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes arespeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa,provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.

Art. 148 - Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte aquem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda quesubsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte aquem ludibriou.

Art. 149 - O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado aresponder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for dorepresentante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por per-das e danos.

Art. 150 - Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anularo negócio, ou reclamar indenização.

SEÇÃO IIIDA COAÇÃO

Art. 151 - A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta aopaciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ouaos seus bens.

Parágrafo único - Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz,com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.

Art. 152 - No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde,o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gra-vidade dela.

Art. 153 - Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem osimples temor reverencial.

Art. 154 - Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse oudevesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente comaquele por perdas e danos.

Art. 155 - Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a partea que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação respon-derá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

Arts. 142 a 155

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SEÇÃO IVDO ESTADO DE PERIGO

Art. 156 - Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade desalvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assumeobrigação excessivamente onerosa.

Parágrafo único - Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juizdecidirá segundo as circunstâncias.

SEÇÃO VDA LESÃO

Art. 157 - Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou porinexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da presta-ção oposta.

§ 1º - Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempoem que foi celebrado o negócio jurídico.

§ 2º - Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ouse a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

SEÇÃO VIDA FRAUDE CONTRA CREDORES

Art. 158 - Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se ospraticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore,poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

§ 1º - Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.

§ 2º - Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulaçãodeles.

Art. 159 - Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quandoa insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.

Art. 160 - Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço eeste for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com acitação de todos os interessados.

Parágrafo único - Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar opreço que lhes corresponda ao valor real.

Art. 161 - A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedorinsolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou ter-ceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.

Art. 162 - O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento dadívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que setenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.

Art. 163 - Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias dedívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.

Art. 164 - Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveisà manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência dodevedor e de sua família.

Arts. 156 a 164

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Art. 165 - Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em pro-veito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.

Parágrafo único - Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais,mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação dapreferência ajustada.

CAPÍTULO VDA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Art. 166 - É nulo o negócio jurídico quando:

I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

IV - não revestir a forma prescrita em lei;

V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;

VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

Art. 167 - É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válidofor na substância e na forma.

§ 1º - Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:

I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais real-mente se conferem, ou transmitem;

II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;

III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

§ 2º - Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negóciojurídico simulado.

Art. 168 - As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer inte-ressado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.

Parágrafo único - As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer donegócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitidosupri-las, ainda que a requerimento das partes.

Art. 169 - O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelodecurso do tempo.

Art. 170 - Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistiráeste quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se hou-vessem previsto a nulidade.

Art. 171 - Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:

I - por incapacidade relativa do agente;

II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contracredores.

Art. 172 - O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.

Arts. 165 a 172

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Código Civil

Art. 173 - O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e avontade expressa de mantê-lo.

Art. 174 - É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em partepelo devedor, ciente do vício que o inquinava.

Art. 175 - A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nostermos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de quecontra ele dispusesse o devedor.

Art. 176 - Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, serávalidado se este a der posteriormente.

Art. 177 - A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronun-cia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que aalegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.

Art. 178 - É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negóciojurídico, contado:

I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;

II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que serealizou o negócio jurídico;

III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

Art. 179 - Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazopara pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

Art. 180 - O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de umaobrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outraparte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.

Art. 181 - Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um inca-paz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.

Art. 182 - Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antesdele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.

Art. 183 - A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que estepuder provar-se por outro meio.

Art. 184 - Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídiconão o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principalimplica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.

TÍTULO IIDOS ATOS JURÍDICOS LÍCITOS

Art. 185 - Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no quecouber, as disposições do Título anterior.

TÍTULO IIIDOS ATOS ILÍCITOS

Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violardireito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Arts. 173 a 186

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Art. 187 - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excedemanifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelosbons costumes.

Art. 188 - Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de removerperigo iminente.

Parágrafo único - No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstân-cias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensávelpara a remoção do perigo.

TÍTULO IVDA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA

CAPÍTULO IDA PRESCRIÇÃO

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 189 - Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pelaprescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

Art. 190 - A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

Art. 191 - A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita,sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quandose presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.

Art. 192 - Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

Art. 193 - A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte aquem aproveita.

Art. 194 - (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006)

Art. 195 - Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seusassistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegaremoportunamente.

Art. 196 - A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.

SEÇÃO IIDAS CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A PRESCRIÇÃO

Art. 197 - Não corre a prescrição:

I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela oucuratela.

Art. 198 - Também não corre a prescrição:

Arts. 187 a 198

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I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;

II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;

III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Art. 199 - Não corre igualmente a prescrição:

I - pendendo condição suspensiva;

II - não estando vencido o prazo;

III - pendendo ação de evicção.

Art. 200 - Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, nãocorrerá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

Art. 201 - Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitamos outros se a obrigação for indivisível.

SEÇÃO IIIDAS CAUSAS QUE INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO

Art. 202 - A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:

I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado apromover no prazo e na forma da lei processual;

II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;

III - por protesto cambial;

IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso decredores;

V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento dodireito pelo devedor.

Parágrafo único - A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que ainterrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

Art. 203 - A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.

Art. 204 - A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros;semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não preju-dica aos demais coobrigados.

§ 1º - A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como ainterrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.

§ 2º - A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudicaos outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.

§ 3º - A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.

SEÇÃO IVDOS PRAZOS DA PRESCRIÇÃO

Art. 205 - A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

Arts. 198 a 205

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Art. 206 - Prescreve:

§ 1º - Em um ano:

I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo nopróprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;

II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado oprazo:

a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citadopara responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data quea este indeniza, com a anuência do segurador;

b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;

III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros eperitos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;

IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formaçãodo capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovaro laudo;

V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes,contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.

§ 2º - Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data emque se vencerem.

§ 3º - Em três anos:

I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;

II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;

III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagá-veis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;

IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;

V - a pretensão de reparação civil;

VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo oprazo da data em que foi deliberada a distribuição;

VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatu-to, contado o prazo:

a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;

b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referenteao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral quedela deva tomar conhecimento;

c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;

VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento,ressalvadas as disposições de lei especial;

IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso deseguro de responsabilidade civil obrigatório.

§ 4º - Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação dascontas.

§ 5º - Em cinco anos:

Art. 206

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I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ouparticular;

II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores eprofessores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessa-ção dos respectivos contratos ou mandato;

III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

CAPÍTULO IIDA DECADÊNCIA

Art. 207 - Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normasque impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

Art. 208 - Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.

Art. 209 - É nula a renúncia à decadência fixada em lei.

Art. 210 - Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.

Art. 211 - Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la emqualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

TÍTULO VDA PROVA

Art. 212 - Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provadomediante:

I - confissão;

II - documento;

III - testemunha;

IV - presunção;

V - perícia.

Art. 213 - Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor dodireito a que se referem os fatos confessados.

Parágrafo único - Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limitesem que este pode vincular o representado.

Art. 214 - A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato oude coação.

Art. 215 - A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fépública, fazendo prova plena.

§ 1º - Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:

I - data e local de sua realização;

II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam compare-cido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;

III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e de-mais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casa-mento, nome do outro cônjuge e filiação;

Arts. 206 a 215

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IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;

V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade doato;

VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de quetodos a leram;

VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seusubstituto legal, encerrando o ato.

§ 2º - Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capazassinará por ele, a seu rogo.

§ 3º - A escritura será redigida na língua nacional.

§ 4º - Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião nãoentender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir deintérprete, ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião,tenha idoneidade e conhecimento bastantes.

§ 5º - Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conhe-çam e atestem sua identidade.

Art. 216 - Farão a mesma prova que os originais as certidões textuais de qualquer peçajudicial, do protocolo das audiências, ou de outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendoextraídas por ele, ou sob a sua vigilância, e por ele subscritas, assim como os traslados deautos, quando por outro escrivão consertados.

Art. 217 - Terão a mesma força probante os traslados e as certidões, extraídos por tabe-lião ou oficial de registro, de instrumentos ou documentos lançados em suas notas.

Art. 218 - Os traslados e as certidões considerar-se-ão instrumentos públicos, se osoriginais se houverem produzido em juízo como prova de algum ato.

Art. 219 - As declarações constantes de documentos assinados presumem-se verdadeirasem relação aos signatários.

Parágrafo único - Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com alegitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em suaveracidade do ônus de prová-las.

Art. 220 - A anuência ou a autorização de outrem, necessária à validade de um ato,provar-se-á do mesmo modo que este, e constará, sempre que se possa, do próprioinstrumento.

Art. 221 - O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quemesteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencio-nais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, arespeito de terceiros, antes de registrado no registro público.

Parágrafo único - A prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de caráterlegal.

Art. 222 - O telegrama, quando lhe for contestada a autenticidade, faz prova medianteconferência com o original assinado.

Art. 223 - A cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião de notas, valerá comoprova de declaração da vontade, mas, impugnada sua autenticidade, deverá ser exibido ooriginal.

Arts. 215 a 223

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Parágrafo único - A prova não supre a ausência do título de crédito, ou do original, noscasos em que a lei ou as circunstâncias condicionarem o exercício do direito à sua exibição.

Art. 224 - Os documentos redigidos em língua estrangeira serão traduzidos para o portu-guês para ter efeitos legais no País.

Art. 225 - As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e,em geral, quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisasfazem prova plena destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar aexatidão.

Art. 226 - Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas aque pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco,forem confirmados por outros subsídios.

Parágrafo único - A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que alei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e podeser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.

Art. 227 - Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admitenos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigenteno País ao tempo em que foram celebrados.

Parágrafo único - Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal éadmissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.

Art. 228 - Não podem ser admitidos como testemunhas:

I - os menores de dezesseis anos;

II - aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimentopara a prática dos atos da vida civil;

III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidosque lhes faltam;

IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;

V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau dealguma das partes, por consangüinidade, ou afinidade.

Parágrafo único - Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir odepoimento das pessoas a que se refere este artigo.

Art. 229 - Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:

I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo;

II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grausucessível, ou amigo íntimo;

III - que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de vida, dedemanda, ou de dano patrimonial imediato.

Art. 230 - As presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em que a lei excluia prova testemunhal.

Art. 231 - Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderáaproveitar-se de sua recusa.

Art. 232 - A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que sepretendia obter com o exame.

Arts. 223 a 232

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P A R T E E S P E C I A L

LIVRO IDO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

TÍTULO IDAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

CAPÍTULO IDAS OBRIGAÇÕES DE DAR

SEÇÃO IDAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA

Art. 233 - A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não menci-onados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

Art. 234 - Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor,antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação paraambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalen-te e mais perdas e danos.

Art. 235 - Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver aobrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

Art. 236 - Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar acoisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indeni-zação das perdas e danos.

Art. 237 - Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos eacrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá odevedor resolver a obrigação.

Parágrafo único - Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

Art. 238 - Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, seperder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvadosos seus direitos até o dia da perda.

Art. 239 - Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente,mais perdas e danos.

Art. 240 - Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor,tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á odisposto no art. 239.

Art. 241 - Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, semdespesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.

Art. 242 - Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dis-pêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadaspelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.

Parágrafo único - Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o dispos-to neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.

Arts. 233 a 242

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SEÇÃO IIDAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA

Art. 243 - A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.

Art. 244 - Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence aodevedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisapior, nem será obrigado a prestar a melhor.

Art. 245 - Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.

Art. 246 - Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa,ainda que por força maior ou caso fortuito.

CAPÍTULO IIDAS OBRIGAÇÕES DE FAZER

Art. 247 - Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar aprestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.

Art. 248 - Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.

Art. 249 - Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-loexecutar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenizaçãocabível.

Parágrafo único - Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorizaçãojudicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.

CAPÍTULO IIIDAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER

Art. 250 - Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhetorne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.

Art. 251 - Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigirdele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas edanos.

Parágrafo único - Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer,independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

CAPÍTULO IVDAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

Art. 252 - Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não seestipulou.

§ 1º - Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte emoutra.

§ 2º - Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá serexercida em cada período.

Arts. 243 a 252

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Código Civil

§ 3º - No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles,decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.

§ 4º - Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la,caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.

Art. 253 - Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornadainexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.

Art. 254 - Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, nãocompetindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por últimose impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.

Art. 255 - Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossívelpor culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor daoutra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornareminexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenizaçãopor perdas e danos.

Art. 256 - Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extin-guir-se-á a obrigação.

CAPÍTULO VDAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS

Art. 257 - Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível,esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores oudevedores.

Art. 258 - A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou umfato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, oudada a razão determinante do negócio jurídico.

Art. 259 - Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada umserá obrigado pela dívida toda.

Parágrafo único - O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor emrelação aos outros coobrigados.

Art. 260 - Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira;mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:

I - a todos conjuntamente;

II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.

Art. 261 - Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outrosassistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.

Art. 262 - Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com osoutros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.

Parágrafo único - O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compen-sação ou confusão.

Art. 263 - Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.

§ 1º - Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores,responderão todos por partes iguais.

§ 2º - Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelasperdas e danos.

Arts. 252 a 263

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CAPÍTULO VIDAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 264 - Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, oumais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.

Art. 265 - A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

Art. 266 - A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.

SEÇÃO IIDA SOLIDARIEDADE ATIVA

Art. 267 - Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimentoda prestação por inteiro.

Art. 268 - Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum,a qualquer daqueles poderá este pagar.

Art. 269 - O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o mon-tante do que foi pago.

Art. 270 - Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes sóterá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão heredi-tário, salvo se a obrigação for indivisível.

Art. 271 - Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efei-tos, a solidariedade.

Art. 272 - O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aosoutros pela parte que lhes caiba.

Art. 273 - A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoaisoponíveis aos outros.

Art. 274 - O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; ojulgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credorque o obteve.

SEÇÃO IIIDA SOLIDARIEDADE PASSIVA

Art. 275 - O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demaisdevedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.

Parágrafo único - Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelocredor contra um ou alguns dos devedores.

Art. 276 - Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destesserá obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo

Arts. 264 a 276

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se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedorsolidário em relação aos demais devedores.

Art. 277 - O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtidanão aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou rele-vada.

Art. 278 - Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dosdevedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consenti-mento destes.

Art. 279 - Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários,subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos sóresponde o culpado.

Art. 280 - Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenhasido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigaçãoacrescida.

Art. 281 - O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoaise as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.

Art. 282 - O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todosos devedores.

Parágrafo único - Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistiráa dos demais.

Art. 283 - O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dosco-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver,presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.

Art. 284 - No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exone-rados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolven-te.

Art. 285 - Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responde-rá este por toda ela para com aquele que pagar.

TÍTULO IIDA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

CAPÍTULO IDA CESSÃO DE CRÉDITO

Art. 286 - O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza daobrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderáser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.

Art. 287 - Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos osseus acessórios.

Art. 288 - É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do §1º do art. 654.

Art. 289 - O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão noregistro do imóvel.

Arts. 276 a 289

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Art. 290 - A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando aeste notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular,se declarou ciente da cessão feita.

Art. 291 - Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar coma tradição do título do crédito cedido.

Art. 292 - Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga aocredor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionárioque lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constarde escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.

Art. 293 - Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionárioexercer os atos conservatórios do direito cedido.

Art. 294 - O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bemcomo as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra ocedente.

Art. 295 - Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, ficaresponsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; amesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido demá-fé.

Art. 296 - Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência dodevedor.

Art. 297 - O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não respondepor mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe asdespesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.

Art. 298 - O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor quetiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela,fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.

CAPÍTULO IIDA ASSUNÇÃO DE DÍVIDA

Art. 299 - É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimentoexpresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo daassunção, era insolvente e o credor o ignorava.

Parágrafo único - Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta naassunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

Art. 300 - Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, apartir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas aocredor.

Art. 301 - Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, comtodas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhe-cia o vício que inquinava a obrigação.

Art. 302 - O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiamao devedor primitivo.

Art. 303 - O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento docrédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência dodébito, entender-se-á dado o assentimento.

Arts. 290 a 303

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TÍTULO IIIDO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

CAPÍTULO IDO PAGAMENTO

SEÇÃO IDE QUEM DEVE PAGAR

Art. 304 - Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credorse opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.

Parágrafo único - Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e àconta do devedor, salvo oposição deste.

Art. 305 - O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direitoa reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.

Parágrafo único - Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso novencimento.

Art. 306 - O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor,não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.

Art. 307 - Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quan-do feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu.

Parágrafo único - Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar docredor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito dealiená-la.

SEÇÃO IIDAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR

Art. 308 - O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sobpena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.

Art. 309 - O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depoisque não era credor.

Art. 310 - Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se odevedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.

Art. 311 - Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvose as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.

Art. 312 - Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre ocrédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contraestes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado oregresso contra o credor.

SEÇÃO IIIDO OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA

Art. 313 - O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, aindaque mais valiosa.

Arts. 304 a 313

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Art. 314 - Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credorser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.

Art. 315 - As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda correntee pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.

Art. 316 - É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.

Art. 317 - Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre ovalor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, apedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.

Art. 318 - São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira,bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuadosos casos previstos na legislação especial.

Art. 319 - O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento,enquanto não lhe seja dada.

Art. 320 - A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designaráo valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, otempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.

Parágrafo único - Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, sede seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.

Art. 321 - Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderáo devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desapa-recido.

Art. 322 - Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabele-ce, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.

Art. 323 - Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.

Art. 324 - A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.

Parágrafo único - Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, emsessenta dias, a falta do pagamento.

Art. 325 - Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação;se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.

Art. 326 - Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, nosilêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução.

SEÇÃO IVDO LUGAR DO PAGAMENTO

Art. 327 - Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partesconvencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigaçãoou das circunstâncias.

Parágrafo único - Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.

Art. 328 - Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativasa imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.

Art. 329 - Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determi-nado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.

Arts. 314 a 329

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Art. 330 - O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia docredor relativamente ao previsto no contrato.

SEÇÃO VDO TEMPO DO PAGAMENTO

Art. 331 - Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para opagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.

Art. 332 - As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição,cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.

Art. 333 - Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipu-lado no contrato ou marcado neste Código:

I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;

II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outrocredor;

III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, oureais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

Parágrafo único - Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, nãose reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.

CAPÍTULO IIDO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO

Art. 334 - Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou emestabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

Art. 335 - A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou darquitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir emlugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Art. 336 - Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, emrelação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não éválido o pagamento.

Art. 337 - O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue,para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente.

Art. 338 - Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar,poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistin-do a obrigação para todas as conseqüências de direito.

Art. 339 - Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora ocredor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.

Arts. 330 a 339

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Art. 340 - O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer nolevantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisaconsignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores e fiadores que não tenhamanuído.

Art. 341 - Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmolugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob penade ser depositada.

Art. 342 - Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citadopara esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que odevedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antece-dente.

Art. 343 - As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta docredor, e, no caso contrário, à conta do devedor.

Art. 344 - O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, sepagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá orisco do pagamento.

Art. 345 - Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutu-amente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.

CAPÍTULO IIIDO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO

Art. 346 - A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:

I - do credor que paga a dívida do devedor comum;

II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como doterceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;

III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, notodo ou em parte.

Art. 347 - A sub-rogação é convencional:

I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todosos seus direitos;

II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida,sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

Art. 348 - Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto àcessão do crédito.

Art. 349 - A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégi-os e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e osfiadores.

Art. 350 - Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as açõesdo credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.

Art. 351 - O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado,na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteira-mente o que a um e outro dever.

Arts. 340 a 351

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CAPÍTULO IVDA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO

Art. 352 - A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um sócredor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos evencidos.

Art. 353 - Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas querimputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamarcontra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.

Art. 354 - Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros venci-dos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitaçãopor conta do capital.

Art. 355 - Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quantoà imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidasforem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.

CAPÍTULO VDA DAÇÃO EM PAGAMENTO

Art. 356 - O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.

Art. 357 - Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partesregular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.

Art. 358 - Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importaráem cessão.

Art. 359 - Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á aobrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

CAPÍTULO VIDA NOVAÇÃO

Art. 360 - Dá-se a novação:

I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a ante-rior;

II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;

III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficandoo devedor quite com este.

Art. 361 - Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segundaobrigação confirma simplesmente a primeira.

Art. 362 - A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentementede consentimento deste.

Art. 363 - Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, açãoregressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.

Art. 364 - A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houverestipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca

Arts. 352 a 364

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ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte nanovação.

Art. 365 - Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somentesobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias docrédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados.

Art. 366 - Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedorprincipal.

Art. 367 - Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novaçãoobrigações nulas ou extintas.

CAPÍTULO VIIDA COMPENSAÇÃO

Art. 368 - Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, asduas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.

Art. 369 - A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.

Art. 370 - Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas presta-ções, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificadano contrato.

Art. 371 - O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; maso fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.

Art. 372 - Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a compen-sação.

Art. 373 - A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:

I - se provier de esbulho, furto ou roubo;

II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;

III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.

Art. 374 - A matéria da compensação, no que concerne às dívidas fiscais e parafiscais, éregida pelo disposto neste capítulo. (Vide Medida Provisória nº 75, de 24.10.2002) (Revo-gado pela Lei nº 10.677, de 22.5.2003)

Art. 375 - Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ouno caso de renúncia prévia de uma delas.

Art. 376 - Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com aque o credor dele lhe dever.

Art. 377 - O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dosseus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teriapodido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor aocessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente.

Art. 378 - Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podemcompensar sem dedução das despesas necessárias à operação.

Art. 379 - Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão ob-servadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento.

Art. 380 - Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O devedorque se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste, não pode opor aoexeqüente a compensação, de que contra o próprio credor disporia.

Arts. 364 a 380

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CAPÍTULO VIIIDA CONFUSÃO

Art. 381 - Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as quali-dades de credor e devedor.

Art. 382 - A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.

Art. 383 - A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue aobrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindoquanto ao mais a solidariedade.

Art. 384 - Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios,a obrigação anterior.

CAPÍTULO IXDA REMISSÃO DAS DÍVIDAS

Art. 385 - A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas semprejuízo de terceiro.

Art. 386 - A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular,prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e odevedor capaz de adquirir.

Art. 387 - A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor àgarantia real, não a extinção da dívida.

Art. 388 - A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a elecorrespondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os ou-tros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.

TÍTULO IVDO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 389 - Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais jurose atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honoráriosde advogado.

Art. 390 - Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia emque executou o ato de que se devia abster.

Art. 391 - Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.

Art. 392 - Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem ocontrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, res-ponde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.

Art. 393 - O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou forçamaior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Parágrafo único - O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujosefeitos não era possível evitar ou impedir.

Arts. 381 a 393

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Código Civil

CAPÍTULO IIDA MORA

Art. 394 - Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor quenão quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.

Art. 395 - Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros,atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, ehonorários de advogado.

Parágrafo único - Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderáenjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.

Art. 396 - Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.

Art. 397 - O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui depleno direito em mora o devedor.

Parágrafo único - Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicialou extrajudicial.

Art. 398 - Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora,desde que o praticou.

Art. 399 - O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essaimpossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante oatraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obriga-ção fosse oportunamente desempenhada.

Art. 400 - A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pelaconservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilarentre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.

Art. 401 - Purga-se a mora:

I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízosdecorrentes do dia da oferta;

II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aosefeitos da mora até a mesma data.

CAPÍTULO IIIDAS PERDAS E DANOS

Art. 402 - Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidasao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixoude lucrar.

Art. 403 - Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos sóincluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, semprejuízo do disposto na lei processual.

Art. 404 - As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagascom atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abran-gendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.

Parágrafo único - Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendopena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.

Art. 405 - Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

Arts. 394 a 405

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Código Civil

CAPÍTULO IVDOS JUROS LEGAIS

Art. 406 - Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxaestipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxaque estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.

Art. 407 - Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora quese contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vezque lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordoentre as partes.

CAPÍTULO VDA CLÁUSULA PENAL

Art. 408 - Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente,deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.

Art. 409 - A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato poste-rior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ousimplesmente à mora.

Art. 410 - Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento daobrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.

Art. 411 - Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurançaespecial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação dapena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.

Art. 412 - O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obriga-ção principal.

Art. 413 - A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação prin-cipal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamenteexcessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.

Art. 414 - Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles,incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respon-dendo cada um dos outros somente pela sua quota.

Parágrafo único - Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que deucausa à aplicação da pena.

Art. 415 - Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro dodevedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação.

Art. 416 - Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.

Parágrafo único - Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode ocredor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, apena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.

CAPÍTULO VIDAS ARRAS OU SINAL

Art. 417 - Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título dearras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituí-das ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.

Arts. 406 a 417

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Art. 418 - Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo pordesfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deuhaver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualizaçãomonetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de ad-vogado.

Art. 419 - A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo,valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução docontrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.

Art. 420 - Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer daspartes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deuperdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equiva-lente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

TÍTULO VDOS CONTRATOS EM GERAL

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

SEÇÃO IPRELIMINARES

Art. 421 - A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função socialdo contrato.

Art. 422 - Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, comoem sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Art. 423 - Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias,dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.

Art. 424 - Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúnciaantecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.

Art. 425 - É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas geraisfixadas neste Código.

Art. 426 - Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

SEÇÃO IIDA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

Art. 427 - A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dostermos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.

Art. 428 - Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-setambém presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação seme-lhante;

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar aresposta ao conhecimento do proponente;

Arts. 418 a 428

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III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retra-tação do proponente.

Art. 429 - A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciaisao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.

Parágrafo único - Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde queressalvada esta faculdade na oferta realizada.

Art. 430 - Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento doproponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder porperdas e danos.

Art. 431 - A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importaránova proposta.

Art. 432 - Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ouo proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tem-po a recusa.

Art. 433 - Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar aoproponente a retratação do aceitante.

Art. 434 - Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação éexpedida, exceto:

I - no caso do artigo antecedente;

II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;

III - se ela não chegar no prazo convencionado.

Art. 435 - Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.

SEÇÃO IIIDA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO

Art. 436 - O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.

Parágrafo único - Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também épermitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a eleanuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.

Art. 437 - Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito dereclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.

Art. 438 - O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado nocontrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.

Parágrafo único - A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição deúltima vontade.

SEÇÃO IVDA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO

Art. 439 - Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos,quando este o não executar.

Arts. 428 a 439

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Parágrafo único - Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente,dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamen-to, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.

Art. 440 - Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este,depois de se ter obrigado, faltar à prestação.

SEÇÃO VDOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS

Art. 441 - A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada porvícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe dimi-nuam o valor.

Parágrafo único - É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

Art. 442 - Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirentereclamar abatimento no preço.

Art. 443 - Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu comperdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as des-pesas do contrato.

Art. 444 - A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder doalienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.

Art. 445 - O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço noprazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entregaefetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

§ 1º - Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazocontar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitentadias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.

§ 2º - Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão osestabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o dispostono parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.

Art. 446 - Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula degarantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintesao seu descobrimento, sob pena de decadência.

SEÇÃO VIDA EVICÇÃO

Art. 447 - Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta ga-rantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.

Art. 448 - Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a respon-sabilidade pela evicção.

Art. 449 - Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der,tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do riscoda evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

Art. 450 - Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integraldo preço ou das quantias que pagou:

Arts. 439 a 450

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I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resulta-rem da evicção;

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Parágrafo único - O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na épocaem que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

Art. 451 - Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada estejadeteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.

Art. 452 - Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sidocondenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houverde dar o alienante.

Art. 453 - As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção,serão pagas pelo alienante.

Art. 454 - Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas peloalienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.

Art. 455 - Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre arescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido.Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.

Art. 456 - Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificarádo litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determina-rem as leis do processo.

Parágrafo único - Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a proce-dência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.

Art. 457 - Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheiaou litigiosa.

SEÇÃO VIIDOS CONTRATOS ALEATÓRIOS

Art. 458 - Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujorisco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receberintegralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ouculpa, ainda que nada do avençado venha a existir.

Art. 459 - Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente asi o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante atodo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venhaa existir em quantidade inferior à esperada.

Parágrafo único - Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienanterestituirá o preço recebido.

Art. 460 - Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas arisco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, postoque a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.

Art. 461 - A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anuladacomo dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consuma-ção do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.

Arts. 450 a 461

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SEÇÃO VIIIDO CONTRATO PRELIMINAR

Art. 462 - O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitosessenciais ao contrato a ser celebrado.

Art. 463 - Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antece-dente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes teráo direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.

Parágrafo único - O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.

Art. 464 - Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade daparte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto seopuser a natureza da obrigação.

Art. 465 - Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parteconsiderá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.

Art. 466 - Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesmasem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhefor razoavelmente assinado pelo devedor.

SEÇÃO IXDO CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR

Art. 467 - No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se afaculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações deledecorrentes.

Art. 468 - Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias daconclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.

Parágrafo único - A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir damesma forma que as partes usaram para o contrato.

Art. 469 - A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire osdireitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em queeste foi celebrado.

Art. 470 - O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:

I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;

II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento daindicação.

Art. 471 - Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, ocontrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.

CAPÍTULO IIDA EXTINÇÃO DO CONTRATO

SEÇÃO IDO DISTRATO

Art. 472 - O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

Arts. 462 a 472

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Art. 473 - A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente opermita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.

Parágrafo único - Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feitoinvestimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeitodepois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

SEÇÃO IIDA CLÁUSULA RESOLUTIVA

Art. 474 - A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende deinterpelação judicial.

Art. 475 - A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se nãopreferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdase danos.

SEÇÃO IIIDA EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO

Art. 476 - Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a suaobrigação, pode exigir o implemento da do outro.

Art. 477 - Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantesdiminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pelaqual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquelasatisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.

SEÇÃO IVDA RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA

Art. 478 - Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma daspartes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtu-de de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resoluçãodo contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Art. 479 - A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamen-te as condições do contrato.

Art. 480 - Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá elapleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim deevitar a onerosidade excessiva.

TÍTULO VIDAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO

CAPÍTULO IDA COMPRA E VENDA

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 481 - Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir odomínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.

Arts. 473 a 481

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Art. 482 - A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desdeque as partes acordarem no objeto e no preço.

Art. 483 - A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficarásem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era deconcluir contrato aleatório.

Art. 484 - Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.

Parágrafo único - Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição oudiferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.

Art. 485 - A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratanteslogo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficarásem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.

Art. 486 - Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa,em certo e determinado dia e lugar.

Art. 487 - É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde quesuscetíveis de objetiva determinação.

Art. 488 - Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua deter-minação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram aopreço corrente nas vendas habituais do vendedor.

Parágrafo único - Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá otermo médio.

Art. 489 - Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo deuma das partes a fixação do preço.

Art. 490 - Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargodo comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.

Art. 491 - Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisaantes de receber o preço.

Art. 492 - Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor,e os do preço por conta do comprador.

§ 1º - Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas,que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tive-rem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste.

§ 2º - Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiverem mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modoajustados.

Art. 493 - A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugaronde ela se encontrava, ao tempo da venda.

Art. 494 - Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por suaconta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se dasinstruções dele se afastar o vendedor.

Art. 495 - Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição ocomprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até queo comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado.

Art. 496 - É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descen-dentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.

Arts. 482 a 496

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Código Civil

Parágrafo único - Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se oregime de bens for o da separação obrigatória.

Art. 497 - Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:

I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à suaguarda ou administração;

II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a queservirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;

III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ouauxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho,no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;

IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.

Parágrafo único - As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.

Art. 498 - A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, não compreende oscasos de compra e venda ou cessão entre co-herdeiros, ou em pagamento de dívida, oupara garantia de bens já pertencentes a pessoas designadas no referido inciso.

Art. 499 - É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos dacomunhão.

Art. 500 - Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou sedeterminar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimen-sões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo issopossível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.

§ 1º - Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando adiferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado aocomprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.

§ 2º - Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos paraignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar ovalor correspondente ao preço ou devolver o excesso.

§ 3º - Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel forvendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência àssuas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.

Art. 501 - Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedorou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.

Parágrafo único - Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante,a partir dela fluirá o prazo de decadência.

Art. 502 - O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos quegravem a coisa até o momento da tradição.

Art. 503 - Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza arejeição de todas.

Art. 504 - Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, seoutro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento davenda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se orequerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.

Parágrafo único - Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maiorvalor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão aparte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.

Arts. 496 a 504

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SEÇÃO IIDAS CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA

SUBSEÇÃO IDA RETROVENDA

Art. 505 - O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazomáximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando asdespesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram coma sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.

Art. 506 - Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor,para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.

Parágrafo único - Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor resti-tuído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.

Art. 507 - O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários,poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.

Art. 508 - Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel,e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevale-cendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.

SUBSEÇÃO IIDA VENDA A CONTENTO E DA SUJEITA A PROVA

Art. 509 - A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condiçãosuspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquan-to o adquirente não manifestar seu agrado.

Art. 510 - Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensivade que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim aque se destina.

Art. 511 - Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condiçãosuspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifesteaceitá-la.

Art. 512 - Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terádireito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.

SUBSEÇÃO IIIDA PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA

Art. 513 - A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer aovendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seudireito de prelação na compra, tanto por tanto.

Parágrafo único - O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a centoe oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.

Art. 514 - O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando ocomprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.

Art. 515 - Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar,em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.

Arts. 505 a 515

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Art. 516 - Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa formóvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessentadias subseqüentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.

Art. 517 - Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivídu-os em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma daspessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.

Art. 518 - Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado aovendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solida-riamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.

Art. 519 - Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou porinteresse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obrasou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.

Art. 520 - O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.

SUBSEÇÃO IVDA VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO

Art. 521 - Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, atéque o preço esteja integralmente pago.

Art. 522 - A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende deregistro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.

Art. 523 - Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível decaracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se afavor do terceiro adquirente de boa-fé.

Art. 524 - A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que opreço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, apartir de quando lhe foi entregue.

Art. 525 - O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio apósconstituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.

Art. 526 - Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a compe-tente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido;ou poderá recuperar a posse da coisa vendida.

Art. 527 - Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter asprestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas eo mais que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o quefaltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual.

Art. 528 - Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediantefinanciamento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos eações decorrentes do contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e arespectiva ciência do comprador constarão do registro do contrato.

SUBSEÇÃO VDA VENDA SOBRE DOCUMENTOS

Art. 529 - Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega doseu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silênciodeste, pelos usos.

Arts. 516 a 529

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Parágrafo único - Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusaro pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo seo defeito já houver sido comprovado.

Art. 530 - Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na datae no lugar da entrega dos documentos.

Art. 531 - Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro quecubra os riscos do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao ser conclu-ído o contrato, tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa.

Art. 532 - Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá aeste efetuá-lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendi-da, pela qual não responde.

Parágrafo único - Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a efe-tuar o pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador.

CAPÍTULO IIDA TROCA OU PERMUTA

Art. 533 - Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguin-tes modificações:

I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despe-sas com o instrumento da troca;

II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem con-sentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.

CAPÍTULO IIIDO CONTRATO ESTIMATÓRIO

Art. 534 - Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário,que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, noprazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.

Art. 535 - O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituiçãoda coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável.

Art. 536 - A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou seqüestro pelos credo-res do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço.

Art. 537 - O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe sercomunicada a restituição.

CAPÍTULO IVDA DOAÇÃO

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 538 - Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transferedo seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.

Arts. 529 a 538

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Art. 539 - O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não aliberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração,entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.

Art. 540 - A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde ocaráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, noexcedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.

Art. 541 - A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.

Parágrafo único - A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e depequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.

Art. 542 - A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.

Art. 543 - Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde quese trate de doação pura.

Art. 544 - A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importaadiantamento do que lhes cabe por herança.

Art. 545 - A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se mor-rendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida dodonatário.

Art. 546 - A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinadapessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhosque, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, esó ficará sem efeito se o casamento não se realizar.

Art. 547 - O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, sesobreviver ao donatário.

Parágrafo único - Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.

Art. 548 - É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficientepara a subsistência do doador.

Art. 549 - Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, nomomento da liberalidade, poderia dispor em testamento.

Art. 550 - A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outrocônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedadeconjugal.

Art. 551 - Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoaentende-se distribuída entre elas por igual.

Parágrafo único - Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá natotalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.

Art. 552 - O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqü-ências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e deter-minada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.

Art. 553 - O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a bene-fício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.

Parágrafo único - Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigirsua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito.

Art. 554 - A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver cons-tituída regularmente.

Arts. 539 a 554

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SEÇÃO IIDA REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO

Art. 555 - A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução doencargo.

Art. 556 - Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade poringratidão do donatário.

Art. 557 - Podem ser revogadas por ingratidão as doações:

I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio dolosocontra ele;

II - se cometeu contra ele ofensa física;

III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;

IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.

Art. 558 - Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigoanterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.

Art. 559 - A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de umano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de tersido o donatário o seu autor.

Art. 560 - O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nemprejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador,continuando-a contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide.

Art. 561 - No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros,exceto se aquele houver perdoado.

Art. 562 - A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatárioincorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificarjudicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigaçãoassumida.

Art. 563 - A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros,nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujei-ta-o a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, aindenizá-la pelo meio termo do seu valor.

Art. 564 - Não se revogam por ingratidão:

I - as doações puramente remuneratórias;

II - as oneradas com encargo já cumprido;

III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;

IV - as feitas para determinado casamento.

CAPÍTULO VDA LOCAÇÃO DE COISAS

Art. 565 - Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempodeterminado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.

Art. 566 - O locador é obrigado:

Arts. 555 a 566

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I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de servir ao usoa que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusulaexpressa em contrário;

II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa.

Art. 567 - Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do locatário, aeste caberá pedir redução proporcional do aluguel, ou resolver o contrato, caso já nãosirva a coisa para o fim a que se destinava.

Art. 568 - O locador resguardará o locatário dos embaraços e turbações de terceiros, quetenham ou pretendam ter direitos sobre a coisa alugada, e responderá pelos seus vícios,ou defeitos, anteriores à locação.

Art. 569 - O locatário é obrigado:

I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme anatureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como se suafosse;

II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundoo costume do lugar;

III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendamfundadas em direito;

IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriora-ções naturais ao uso regular.

Art. 570 - Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que sedestina, ou se ela se danificar por abuso do locatário, poderá o locador, além de rescindiro contrato, exigir perdas e danos.

Art. 571 - Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do vencimento nãopoderá o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danosresultantes, nem o locatário devolvê-la ao locador, senão pagando, proporcionalmente, amulta prevista no contrato.

Parágrafo único - O locatário gozará do direito de retenção, enquanto não for ressarcido.

Art. 572 - Se a obrigação de pagar o aluguel pelo tempo que faltar constituir indenizaçãoexcessiva, será facultado ao juiz fixá-la em bases razoáveis.

Art. 573 - A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipula-do, independentemente de notificação ou aviso.

Art. 574 - Se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa alugada, sem oposi-ção do locador, presumir-se-á prorrogada a locação pelo mesmo aluguel, mas sem prazodeterminado.

Art. 575 - Se, notificado o locatário, não restituir a coisa, pagará, enquanto a tiver em seupoder, o aluguel que o locador arbitrar, e responderá pelo dano que ela venha a sofrer,embora proveniente de caso fortuito.

Parágrafo único - Se o aluguel arbitrado for manifestamente excessivo, poderá o juizreduzi-lo, mas tendo sempre em conta o seu caráter de penalidade.

Art. 576 - Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará obrigado arespeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso dealienação, e não constar de registro.

§ 1º - O registro a que se refere este artigo será o de Títulos e Documentos do domicílio dolocador, quando a coisa for móvel; e será o Registro de Imóveis da respectiva circunscri-ção, quando imóvel.

Arts. 566 a 576

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§ 2º - Em se tratando de imóvel, e ainda no caso em que o locador não esteja obrigado arespeitar o contrato, não poderá ele despedir o locatário, senão observado o prazo denoventa dias após a notificação.

Art. 577 - Morrendo o locador ou o locatário, transfere-se aos seus herdeiros a locaçãopor tempo determinado.

Art. 578 - Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no casode benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas comexpresso consentimento do locador.

CAPÍTULO VIDO EMPRÉSTIMO

SEÇÃO IDO COMODATO

Art. 579 - O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com atradição do objeto.

Art. 580 - Os tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens alheios nãopoderão dar em comodato, sem autorização especial, os bens confiados à sua guarda.

Art. 581 - Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessáriopara o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente,reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazoconvencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.

Art. 582 - O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisaemprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sobpena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de porela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.

Art. 583 - Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário,antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo danoocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.

Art. 584 - O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitascom o uso e gozo da coisa emprestada.

Art. 585 - Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa,ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.

SEÇÃO IIDO MÚTUO

Art. 586 - O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituirao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.

Art. 587 - Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, porcuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.

Art. 588 - O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guardaestiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.

Art. 589 - Cessa a disposição do artigo antecedente:

Arts. 576 a 589

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Código Civil

I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, oratificar posteriormente;

II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimopara os seus alimentos habituais;

III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução docredor não lhes poderá ultrapassar as forças;

IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor;

V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.

Art. 590 - O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento omutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica.

Art. 591 - Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, osquais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406,permitida a capitalização anual.

Art. 592 - Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:

I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo,como para semeadura;

II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;

III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.

CAPÍTULO VIIDA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

Art. 593 - A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a leiespecial, reger-se-á pelas disposições deste Capítulo.

Art. 594 - Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode sercontratada mediante retribuição.

Art. 595 - No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souberler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemu-nhas.

Art. 596 - Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á porarbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualida-de.

Art. 597 - A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, oucostume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações.

Art. 598 - A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos,embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destineà execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á porfindo o contrato, ainda que não concluída a obra.

Art. 599 - Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato,ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, poderesolver o contrato.

Parágrafo único - Dar-se-á o aviso:

I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, oumais;

Arts. 589 a 599

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Código Civil

II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena;

III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.

Art. 600 - Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o prestador de serviço, porculpa sua, deixou de servir.

Art. 601 - Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e determinado traba-lho, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as suas forçase condições.

Art. 602 - O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra determinada,não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo, ouconcluída a obra.

Parágrafo único - Se se despedir sem justa causa, terá direito à retribuição vencida, masresponderá por perdas e danos. O mesmo dar-se-á, se despedido por justa causa.

Art. 603 - Se o prestador de serviço for despedido sem justa causa, a outra parte seráobrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida, e por metade a que lhe tocaria deentão ao termo legal do contrato.

Art. 604 - Findo o contrato, o prestador de serviço tem direito a exigir da outra parte adeclaração de que o contrato está findo. Igual direito lhe cabe, se for despedido sem justacausa, ou se tiver havido motivo justo para deixar o serviço.

Art. 605 - Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a outrem odireito aos serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem aprazimento da outraparte, dar substituto que os preste.

Art. 606 - Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou nãosatisfaça requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar aretribuição normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultarbenefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma compensação razoável,desde que tenha agido com boa-fé.

Parágrafo único - Não se aplica a segunda parte deste artigo, quando a proibição daprestação de serviço resultar de lei de ordem pública.

Art. 607 - O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes.Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do con-trato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossi-bilidade da continuação do contrato, motivada por força maior.

Art. 608 - Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço aoutrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito,houvesse de caber durante dois anos.

Art. 609 - A alienação do prédio agrícola, onde a prestação dos serviços se opera, nãoimporta a rescisão do contrato, salvo ao prestador opção entre continuá-lo com o adquirenteda propriedade ou com o primitivo contratante.

CAPÍTULO VIIIDA EMPREITADA

Art. 610 - O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou comele e os materiais.

§ 1º - A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da vontadedas partes.

Arts. 599 a 610

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§ 2º - O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-lo, oude fiscalizar-lhe a execução.

Art. 611 - Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos atéo momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se este não estiverem mora de receber. Mas se estiver, por sua conta correrão os riscos.

Art. 612 - Se o empreiteiro só forneceu mão-de-obra, todos os riscos em que não tiverculpa correrão por conta do dono.

Art. 613 - Sendo a empreitada unicamente de lavor (art. 610), se a coisa perecer antes deentregue, sem mora do dono nem culpa do empreiteiro, este perderá a retribuição, se nãoprovar que a perda resultou de defeito dos materiais e que em tempo reclamara contra asua quantidade ou qualidade.

Art. 614 - Se a obra constar de partes distintas, ou for de natureza das que se determi-nam por medida, o empreiteiro terá direito a que também se verifique por medida, ousegundo as partes em que se dividir, podendo exigir o pagamento na proporção da obraexecutada.

§ 1º - Tudo o que se pagou presume-se verificado.

§ 2º - O que se mediu presume-se verificado se, em trinta dias, a contar da medição, nãoforem denunciados os vícios ou defeitos pelo dono da obra ou por quem estiver incumbidoda sua fiscalização.

Art. 615 - Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono éobrigado a recebê-la. Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruçõesrecebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza.

Art. 616 - No caso da segunda parte do artigo antecedente, pode quem encomendou aobra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço.

Art. 617 - O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por imperícia ounegligência os inutilizar.

Art. 618 - Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis,o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cincoanos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.

Parágrafo único - Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que nãopropuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimentodo vício ou defeito.

Art. 619 - Salvo estipulação em contrário, o empreiteiro que se incumbir de executar umaobra, segundo plano aceito por quem a encomendou, não terá direito a exigir acréscimo nopreço, ainda que sejam introduzidas modificações no projeto, a não ser que estas resultemde instruções escritas do dono da obra.

Parágrafo único - Ainda que não tenha havido autorização escrita, o dono da obra é obri-gado a pagar ao empreiteiro os aumentos e acréscimos, segundo o que for arbitrado, se,sempre presente à obra, por continuadas visitas, não podia ignorar o que se estava pas-sando, e nunca protestou.

Art. 620 - Se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão-de-obra superior a umdécimo do preço global convencionado, poderá este ser revisto, a pedido do dono da obra,para que se lhe assegure a diferença apurada.

Art. 621 - Sem anuência de seu autor, não pode o proprietário da obra introduzir modifica-ções no projeto por ele aprovado, ainda que a execução seja confiada a terceiros, a não serque, por motivos supervenientes ou razões de ordem técnica, fique comprovada a inconve-niência ou a excessiva onerosidade de execução do projeto em sua forma originária.

Arts. 610 a 621

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Parágrafo único - A proibição deste artigo não abrange alterações de pouca monta, ressal-vada sempre a unidade estética da obra projetada.

Art. 622 - Se a execução da obra for confiada a terceiros, a responsabilidade do autor doprojeto respectivo, desde que não assuma a direção ou fiscalização daquela, ficará limita-da aos danos resultantes de defeitos previstos no art. 618 e seu parágrafo único.

Art. 623 - Mesmo após iniciada a construção, pode o dono da obra suspendê-la, desdeque pague ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais inde-nização razoável, calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a obra.

Art. 624 - Suspensa a execução da empreitada sem justa causa, responde o empreiteiropor perdas e danos.

Art. 625 - Poderá o empreiteiro suspender a obra:

I - por culpa do dono, ou por motivo de força maior;

II - quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis de exe-cução, resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de modo quetorne a empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser ao reajuste dopreço inerente ao projeto por ele elaborado, observados os preços;

III - se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza, foremdesproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o acrés-cimo de preço.

Art. 626 - Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes,salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais do empreiteiro.

CAPÍTULO IXDO DEPÓSITO

SEÇÃO IDO DEPÓSITO VOLUNTÁRIO

Art. 627 - Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar,até que o depositante o reclame.

Art. 628 - O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, seresultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão.

Parágrafo único - Se o depósito for oneroso e a retribuição do depositário não constar delei, nem resultar de ajuste, será determinada pelos usos do lugar, e, na falta destes, porarbitramento.

Art. 629 - O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa depositada ocuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como a restituí-la, comtodos os frutos e acrescidos, quando o exija o depositante.

Art. 630 - Se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse mesmoestado se manterá.

Art. 631 - Salvo disposição em contrário, a restituição da coisa deve dar-se no lugar emque tiver de ser guardada. As despesas de restituição correm por conta do depositante.

Art. 632 - Se a coisa houver sido depositada no interesse de terceiro, e o depositário tiversido cientificado deste fato pelo depositante, não poderá ele exonerar-se restituindo acoisa a este, sem consentimento daquele.

Arts. 621 a 632

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Art. 633 - Ainda que o contrato fixe prazo à restituição, o depositário entregará o depósitologo que se lhe exija, salvo se tiver o direito de retenção a que se refere o art. 644, se oobjeto for judicialmente embargado, se sobre ele pender execução, notificada ao depositá-rio, ou se houver motivo razoável de suspeitar que a coisa foi dolosamente obtida.

Art. 634 - No caso do artigo antecedente, última parte, o depositário, expondo o funda-mento da suspeita, requererá que se recolha o objeto ao Depósito Público.

Art. 635 - Ao depositário será facultado, outrossim, requerer depósito judicial da coisa,quando, por motivo plausível, não a possa guardar, e o depositante não queira recebê-la.

Art. 636 - O depositário, que por força maior houver perdido a coisa depositada e recebi-do outra em seu lugar, é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e ceder-lhe asações que no caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira.

Art. 637 - O herdeiro do depositário, que de boa-fé vendeu a coisa depositada, é obrigadoa assistir o depositante na reivindicação, e a restituir ao comprador o preço recebido.

Art. 638 - Salvo os casos previstos nos arts. 633 e 634, não poderá o depositário furtar-se à restituição do depósito, alegando não pertencer a coisa ao depositante, ou opondocompensação, exceto se noutro depósito se fundar.

Art. 639 - Sendo dois ou mais depositantes, e divisível a coisa, a cada um só entregará odepositário a respectiva parte, salvo se houver entre eles solidariedade.

Art. 640 - Sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário, sem licençaexpressa do depositante, servir-se da coisa depositada, nem a dar em depósito a outrem.

Parágrafo único - Se o depositário, devidamente autorizado, confiar a coisa em depósito aterceiro, será responsável se agiu com culpa na escolha deste.

Art. 641 - Se o depositário se tornar incapaz, a pessoa que lhe assumir a administraçãodos bens diligenciará imediatamente restituir a coisa depositada e, não querendo ou nãopodendo o depositante recebê-la, recolhê-la-á ao Depósito Público ou promoverá nomea-ção de outro depositário.

Art. 642 - O depositário não responde pelos casos de força maior; mas, para que lhe valhaa escusa, terá de prová-los.

Art. 643 - O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa,e os prejuízos que do depósito provierem.

Art. 644 - O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida,o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provandoimediatamente esses prejuízos ou essas despesas.

Parágrafo único - Se essas dívidas, despesas ou prejuízos não forem provados suficiente-mente, ou forem ilíquidos, o depositário poderá exigir caução idônea do depositante ou, nafalta desta, a remoção da coisa para o Depósito Público, até que se liquidem.

Art. 645 - O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituirobjetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo disposto acerca domútuo.

Art. 646 - O depósito voluntário provar-se-á por escrito.

SEÇÃO IIDO DEPÓSITO NECESSÁRIO

Art. 647 - É depósito necessário:

Arts. 633 a 647

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I - o que se faz em desempenho de obrigação legal;

II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, onaufrágio ou o saque.

Art. 648 - O depósito a que se refere o inciso I do artigo antecedente, reger-se-á peladisposição da respectiva lei, e, no silêncio ou deficiência dela, pelas concernentes ao depó-sito voluntário.

Parágrafo único - As disposições deste artigo aplicam-se aos depósitos previstos no incisoII do artigo antecedente, podendo estes certificarem-se por qualquer meio de prova.

Art. 649 - Aos depósitos previstos no artigo antecedente é equiparado o das bagagensdos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem.

Parágrafo único - Os hospedeiros responderão como depositários, assim como pelos furtose roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos seus estabelecimentos.

Art. 650 - Cessa, nos casos do artigo antecedente, a responsabilidade dos hospedeiros,se provarem que os fatos prejudiciais aos viajantes ou hóspedes não podiam ter sidoevitados.

Art. 651 - O depósito necessário não se presume gratuito. Na hipótese do art. 649, aremuneração pelo depósito está incluída no preço da hospedagem.

Art. 652 - Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituirquando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a um ano, eressarcir os prejuízos.

CAPÍTULO XDO MANDATO

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 653 - Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seunome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.

Art. 654 - Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumentoparticular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.

§ 1º - O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, aqualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designa-ção e a extensão dos poderes conferidos.

§ 2º - O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga afirma reconhecida.

Art. 655 - Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular.

Art. 656 - O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.

Art. 657 - A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a serpraticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.

Art. 658 - O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição,exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ouprofissão lucrativa.

Arts. 647 a 658

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Parágrafo único - Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição previstaem lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou,na falta destes, por arbitramento.

Art. 659 - A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução.

Art. 660 - O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ougeral a todos os do mandante.

Art. 661 - O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.

§ 1º - Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem daadministração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.

§ 2º - O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.

Art. 662 - Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderessuficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo seeste os ratificar.

Parágrafo único - A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagiráà data do ato.

Art. 663 - Sempre que o mandatário estipular negócios expressamente em nome domandante, será este o único responsável; ficará, porém, o mandatário pessoalmente obri-gado, se agir no seu próprio nome, ainda que o negócio seja de conta do mandante.

Art. 664 - O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometi-da, quanto baste para pagamento de tudo que lhe for devido em conseqüência do manda-to.

Art. 665 - O mandatário que exceder os poderes do mandato, ou proceder contra eles,será considerado mero gestor de negócios, enquanto o mandante lhe não ratificar os atos.

Art. 666 - O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode sermandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com asregras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores.

SEÇÃO IIDAS OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO

Art. 667 - O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução domandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quemsubstabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.

§ 1º - Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execu-ção do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerênciado substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso teriasobrevindo, ainda que não tivesse havido substabelecimento.

§ 2º - Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danoscausados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas instruçõesdadas a ele.

§ 3º - Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelosubstabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que retroagirá à datado ato.

§ 4º - Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será res-ponsável se o substabelecido proceder culposamente.

Arts. 658 a 667

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Art. 668 - O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferin-do-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja.

Art. 669 - O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com osproveitos que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte.

Art. 670 - Pelas somas que devia entregar ao mandante ou recebeu para despesa, masempregou em proveito seu, pagará o mandatário juros, desde o momento em que abusou.

Art. 671 - Se o mandatário, tendo fundos ou crédito do mandante, comprar, em nomepróprio, algo que devera comprar para o mandante, por ter sido expressamente designadono mandato, terá este ação para obrigá-lo à entrega da coisa comprada.

Art. 672 - Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento, qual-quer deles poderá exercer os poderes outorgados, se não forem expressamente declara-dos conjuntos, nem especificamente designados para atos diferentes, ou subordinados aatos sucessivos. Se os mandatários forem declarados conjuntos, não terá eficácia o atopraticado sem interferência de todos, salvo havendo ratificação, que retroagirá à data doato.

Art. 673 - O terceiro que, depois de conhecer os poderes do mandatário, com ele celebrarnegócio jurídico exorbitante do mandato, não tem ação contra o mandatário, salvo se estelhe prometeu ratificação do mandante ou se responsabilizou pessoalmente.

Art. 674 - Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deveo mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora.

SEÇÃO IIIDAS OBRIGAÇÕES DO MANDANTE

Art. 675 - O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo man-datário, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância das despesasnecessárias à execução dele, quando o mandatário lho pedir.

Art. 676 - É obrigado o mandante a pagar ao mandatário a remuneração ajustada e asdespesas da execução do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvotendo o mandatário culpa.

Art. 677 - As somas adiantadas pelo mandatário, para a execução do mandato, vencemjuros desde a data do desembolso.

Art. 678 - É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as perdas queeste sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de culpa sua ou deexcesso de poderes.

Art. 679 - Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não excederos limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles com quem o seuprocurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos resultantes dainobservância das instruções.

Art. 680 - Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio comum,cada uma ficará solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos eefeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outrosmandantes.

Art. 681 - O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do man-dato, direito de retenção, até se reembolsar do que no desempenho do encargodespendeu.

Arts. 668 a 681

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SEÇÃO IVDA EXTINÇÃO DO MANDATO

Art. 682 - Cessa o mandato:

I - pela revogação ou pela renúncia;

II - pela morte ou interdição de uma das partes;

III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o manda-tário para os exercer;

IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.

Art. 683 - Quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante orevogar, pagará perdas e danos.

Art. 684 - Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio bilateral, outiver sido estipulada no exclusivo interesse do mandatário, a revogação do mandato seráineficaz.

Art. 685 - Conferido o mandato com a cláusula “em causa própria”, a sua revogação nãoterá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatáriodispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveisobjeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.

Art. 686 - A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode oporaos terceiros que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam salvas ao constitu-inte as ações que no caso lhe possam caber contra o procurador.

Parágrafo único - É irrevogável o mandato que contenha poderes de cumprimento ouconfirmação de negócios encetados, aos quais se ache vinculado.

Art. 687 - Tanto que for comunicada ao mandatário a nomeação de outro, para o mesmonegócio, considerar-se-á revogado o mandato anterior.

Art. 688 - A renúncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for prejudicadopela sua inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à substituição do procu-rador, será indenizado pelo mandatário, salvo se este provar que não podia continuar nomandato sem prejuízo considerável, e que não lhe era dado substabelecer.

Art. 689 - São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os atos com estes ajustadosem nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou aextinção do mandato, por qualquer outra causa.

Art. 690 - Se falecer o mandatário, pendente o negócio a ele cometido, os herdeiros,tendo ciência do mandato, avisarão o mandante, e providenciarão a bem dele, como ascircunstâncias exigirem.

Art. 691 - Os herdeiros, no caso do artigo antecedente, devem limitar-se às medidasconservatórias, ou continuar os negócios pendentes que se não possam demorar semperigo, regulando-se os seus serviços dentro desse limite, pelas mesmas normas a que osdo mandatário estão sujeitos.

SEÇÃO VDO MANDATO JUDICIAL

Art. 692 - O mandato judicial fica subordinado às normas que lhe dizem respeito, cons-tantes da legislação processual, e, supletivamente, às estabelecidas neste Código.

Arts. 682 a 692

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CAPÍTULO XIDA COMISSÃO

Art. 693 - O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelocomissário, em seu próprio nome, à conta do comitente.

Art. 694 - O comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contra-tar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se ocomissário ceder seus direitos a qualquer das partes.

Art. 695 - O comissário é obrigado a agir de conformidade com as ordens e instruções docomitente, devendo, na falta destas, não podendo pedi-las a tempo, proceder segundo osusos em casos semelhantes.

Parágrafo único - Ter-se-ão por justificados os atos do comissário, se deles houver resulta-do vantagem para o comitente, e ainda no caso em que, não admitindo demora a realiza-ção do negócio, o comissário agiu de acordo com os usos.

Art. 696 - No desempenho das suas incumbências o comissário é obrigado a agir comcuidado e diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para lheproporcionar o lucro que razoavelmente se podia esperar do negócio.

Parágrafo único - Responderá o comissário, salvo motivo de força maior, por qualquerprejuízo que, por ação ou omissão, ocasionar ao comitente.

Art. 697 - O comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar,exceto em caso de culpa e no do artigo seguinte.

Art. 698 - Se do contrato de comissão constar a cláusula del credere, responderá ocomissário solidariamente com as pessoas com que houver tratado em nome do comitente,caso em que, salvo estipulação em contrário, o comissário tem direito a remuneração maiselevada, para compensar o ônus assumido.

Art. 699 - Presume-se o comissário autorizado a conceder dilação do prazo para paga-mento, na conformidade dos usos do lugar onde se realizar o negócio, se não houverinstruções diversas do comitente.

Art. 700 - Se houver instruções do comitente proibindo prorrogação de prazos para paga-mento, ou se esta não for conforme os usos locais, poderá o comitente exigir que ocomissário pague incontinenti ou responda pelas conseqüências da dilação concedida, pro-cedendo-se de igual modo se o comissário não der ciência ao comitente dos prazos conce-didos e de quem é seu beneficiário.

Art. 701 - Não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segun-do os usos correntes no lugar.

Art. 702 - No caso de morte do comissário, ou, quando, por motivo de força maior, nãopuder concluir o negócio, será devida pelo comitente uma remuneração proporcional aostrabalhos realizados.

Art. 703 - Ainda que tenha dado motivo à dispensa, terá o comissário direito a ser remu-nerado pelos serviços úteis prestados ao comitente, ressalvado a este o direito de exigirdaquele os prejuízos sofridos.

Art. 704 - Salvo disposição em contrário, pode o comitente, a qualquer tempo, alterar asinstruções dadas ao comissário, entendendo-se por elas regidos também os negócios pen-dentes.

Art. 705 - Se o comissário for despedido sem justa causa, terá direito a ser remuneradopelos trabalhos prestados, bem como a ser ressarcido pelas perdas e danos resultantes desua dispensa.

Arts. 693 a 705

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Art. 706 - O comitente e o comissário são obrigados a pagar juros um ao outro; o primeiropelo que o comissário houver adiantado para cumprimento de suas ordens; e o segundopela mora na entrega dos fundos que pertencerem ao comitente.

Art. 707 - O crédito do comissário, relativo a comissões e despesas feitas, goza de privi-légio geral, no caso de falência ou insolvência do comitente.

Art. 708 - Para reembolso das despesas feitas, bem como para recebimento das comis-sões devidas, tem o comissário direito de retenção sobre os bens e valores em seu poderem virtude da comissão.

Art. 709 - São aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre mandato.

CAPÍTULO XIIDA AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO

Art. 710 - Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e semvínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição,a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuiçãoquando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada.

Parágrafo único - O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represen-te na conclusão dos contratos.

Art. 711 - Salvo ajuste, o proponente não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de umagente, na mesma zona, com idêntica incumbência; nem pode o agente assumir o encargode nela tratar de negócios do mesmo gênero, à conta de outros proponentes.

Art. 712 - O agente, no desempenho que lhe foi cometido, deve agir com toda diligência,atendo-se às instruções recebidas do proponente.

Art. 713 - Salvo estipulação diversa, todas as despesas com a agência ou distribuiçãocorrem a cargo do agente ou distribuidor.

Art. 714 - Salvo ajuste, o agente ou distribuidor terá direito à remuneração correspon-dente aos negócios concluídos dentro de sua zona, ainda que sem a sua interferência.

Art. 715 - O agente ou distribuidor tem direito à indenização se o proponente, sem justacausa, cessar o atendimento das propostas ou reduzi-lo tanto que se torna antieconômicaa continuação do contrato.

Art. 716 - A remuneração será devida ao agente também quando o negócio deixar de serrealizado por fato imputável ao proponente.

Art. 717 - Ainda que dispensado por justa causa, terá o agente direito a ser remuneradopelos serviços úteis prestados ao proponente, sem embargo de haver este perdas e danospelos prejuízos sofridos.

Art. 718 - Se a dispensa se der sem culpa do agente, terá ele direito à remuneração atéentão devida, inclusive sobre os negócios pendentes, além das indenizações previstas emlei especial.

Art. 719 - Se o agente não puder continuar o trabalho por motivo de força maior, terádireito à remuneração correspondente aos serviços realizados, cabendo esse direito aosherdeiros no caso de morte.

Art. 720 - Se o contrato for por tempo indeterminado, qualquer das partes poderá resolvê-lo, mediante aviso prévio de noventa dias, desde que transcorrido prazo compatível com anatureza e o vulto do investimento exigido do agente.

Arts. 706 a 720

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Código Civil

Parágrafo único - No caso de divergência entre as partes, o juiz decidirá da razoabilidadedo prazo e do valor devido.

Art. 721 - Aplicam-se ao contrato de agência e distribuição, no que couber, as regrasconcernentes ao mandato e à comissão e as constantes de lei especial.

CAPÍTULO XIIIDA CORRETAGEM

Art. 722 - Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude demandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-se aobter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.

Art. 723 - O corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e prudência queo negócio requer, prestando ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre oandamento dos negócios; deve, ainda, sob pena de responder por perdas e danos, prestarao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance, acerca da segurança ourisco do negócio, das alterações de valores e do mais que possa influir nos resultados daincumbência.

Art. 724 - A remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei, nem ajustada entre aspartes, será arbitrada segundo a natureza do negócio e os usos locais.

Art. 725 - A remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha conseguido o resultadoprevisto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em virtude de arrepen-dimento das partes.

Art. 726 - Iniciado e concluído o negócio diretamente entre as partes, nenhuma remune-ração será devida ao corretor; mas se, por escrito, for ajustada a corretagem com exclu-sividade, terá o corretor direito à remuneração integral, ainda que realizado o negócio sema sua mediação, salvo se comprovada sua inércia ou ociosidade.

Art. 727 - Se, por não haver prazo determinado, o dono do negócio dispensar o corretor,e o negócio se realizar posteriormente, como fruto da sua mediação, a corretagem lhe serádevida; igual solução se adotará se o negócio se realizar após a decorrência do prazocontratual, mas por efeito dos trabalhos do corretor.

Art. 728 - Se o negócio se concluir com a intermediação de mais de um corretor, aremuneração será paga a todos em partes iguais, salvo ajuste em contrário.

Art. 729 - Os preceitos sobre corretagem constantes deste Código não excluem a aplica-ção de outras normas da legislação especial.

CAPÍTULO XIVDO TRANSPORTE

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 730 - Pelo contrato de transporte alguém se obriga, mediante retribuição, a transpor-tar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas.

Art. 731 - O transporte exercido em virtude de autorização, permissão ou concessão,rege-se pelas normas regulamentares e pelo que for estabelecido naqueles atos, semprejuízo do disposto neste Código.

Arts. 720 a 731

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Código Civil

Art. 732 - Aos contratos de transporte, em geral, são aplicáveis, quando couber, desdeque não contrariem as disposições deste Código, os preceitos constantes da legislaçãoespecial e de tratados e convenções internacionais.

Art. 733 - Nos contratos de transporte cumulativo, cada transportador se obriga a cumpriro contrato relativamente ao respectivo percurso, respondendo pelos danos nele causadosa pessoas e coisas.

§ 1º - O dano, resultante do atraso ou da interrupção da viagem, será determinado emrazão da totalidade do percurso.

§ 2º - Se houver substituição de algum dos transportadores no decorrer do percurso, aresponsabilidade solidária estender-se-á ao substituto.

SEÇÃO IIDO TRANSPORTE DE PESSOAS

Art. 734 - O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas esuas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente daresponsabilidade.

Parágrafo único - É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fimde fixar o limite da indenização.

Art. 735 - A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageironão é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.

Art. 736 - Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuitamente,por amizade ou cortesia.

Parágrafo único - Não se considera gratuito o transporte quando, embora feito sem remu-neração, o transportador auferir vantagens indiretas.

Art. 737 - O transportador está sujeito aos horários e itinerários previstos, sob pena deresponder por perdas e danos, salvo motivo de força maior.

Art. 738 - A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas estabelecidas pelo transpor-tador, constantes no bilhete ou afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de quaisqueratos que causem incômodo ou prejuízo aos passageiros, danifiquem o veículo, ou dificul-tem ou impeçam a execução normal do serviço.

Parágrafo único - Se o prejuízo sofrido pela pessoa transportada for atribuível à transgres-são de normas e instruções regulamentares, o juiz reduzirá eqüitativamente a indeniza-ção, na medida em que a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano.

Art. 739 - O transportador não pode recusar passageiros, salvo os casos previstos nosregulamentos, ou se as condições de higiene ou de saúde do interessado o justificarem.

Art. 740 - O passageiro tem direito a rescindir o contrato de transporte antes de iniciadaa viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor da passagem, desde que feita a comuni-cação ao transportador em tempo de ser renegociada.

§ 1º - Ao passageiro é facultado desistir do transporte, mesmo depois de iniciada a via-gem, sendo-lhe devida a restituição do valor correspondente ao trecho não utilizado, des-de que provado que outra pessoa haja sido transportada em seu lugar.

§ 2º - Não terá direito ao reembolso do valor da passagem o usuário que deixar deembarcar, salvo se provado que outra pessoa foi transportada em seu lugar, caso em quelhe será restituído o valor do bilhete não utilizado.

Arts. 732 a 740

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Código Civil

§ 3º - Nas hipóteses previstas neste artigo, o transportador terá direito de reter até cincopor cento da importância a ser restituída ao passageiro, a título de multa compensatória.

Art. 741 - Interrompendo-se a viagem por qualquer motivo alheio à vontade do transpor-tador, ainda que em conseqüência de evento imprevisível, fica ele obrigado a concluir otransporte contratado em outro veículo da mesma categoria, ou, com a anuência do pas-sageiro, por modalidade diferente, à sua custa, correndo também por sua conta as despe-sas de estada e alimentação do usuário, durante a espera de novo transporte.

Art. 742 - O transportador, uma vez executado o transporte, tem direito de retençãosobre a bagagem de passageiro e outros objetos pessoais deste, para garantir-se dopagamento do valor da passagem que não tiver sido feito no início ou durante o percurso.

SEÇÃO IIIDO TRANSPORTE DE COISAS

Art. 743 - A coisa, entregue ao transportador, deve estar caracterizada pela sua natureza,valor, peso e quantidade, e o mais que for necessário para que não se confunda comoutras, devendo o destinatário ser indicado ao menos pelo nome e endereço.

Art. 744 - Ao receber a coisa, o transportador emitirá conhecimento com a menção dosdados que a identifiquem, obedecido o disposto em lei especial.

Parágrafo único - O transportador poderá exigir que o remetente lhe entregue, devida-mente assinada, a relação discriminada das coisas a serem transportadas, em duas vias,uma das quais, por ele devidamente autenticada, ficará fazendo parte integrante do co-nhecimento.

Art. 745 - Em caso de informação inexata ou falsa descrição no documento a que serefere o artigo antecedente, será o transportador indenizado pelo prejuízo que sofrer,devendo a ação respectiva ser ajuizada no prazo de cento e vinte dias, a contar daqueleato, sob pena de decadência.

Art. 746 - Poderá o transportador recusar a coisa cuja embalagem seja inadequada, bemcomo a que possa pôr em risco a saúde das pessoas, ou danificar o veículo e outros bens.

Art. 747 - O transportador deverá obrigatoriamente recusar a coisa cujo transporte oucomercialização não sejam permitidos, ou que venha desacompanhada dos documentosexigidos por lei ou regulamento.

Art. 748 - Até a entrega da coisa, pode o remetente desistir do transporte e pedi-la devolta, ou ordenar seja entregue a outro destinatário, pagando, em ambos os casos, osacréscimos de despesa decorrentes da contra-ordem, mais as perdas e danos que houver.

Art. 749 - O transportador conduzirá a coisa ao seu destino, tomando todas as cautelasnecessárias para mantê-la em bom estado e entregá-la no prazo ajustado ou previsto.

Art. 750 - A responsabilidade do transportador, limitada ao valor constante do conheci-mento, começa no momento em que ele, ou seus prepostos, recebem a coisa; terminaquando é entregue ao destinatário, ou depositada em juízo, se aquele não for encontrado.

Art. 751 - A coisa, depositada ou guardada nos armazéns do transportador, em virtude decontrato de transporte, rege-se, no que couber, pelas disposições relativas a depósito.

Art. 752 - Desembarcadas as mercadorias, o transportador não é obrigado a dar aviso aodestinatário, se assim não foi convencionado, dependendo também de ajuste a entrega adomicílio, e devem constar do conhecimento de embarque as cláusulas de aviso ou deentrega a domicílio.

Arts. 740 a 752

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Código Civil

Art. 753 - Se o transporte não puder ser feito ou sofrer longa interrupção, o transportadorsolicitará, incontinenti, instruções ao remetente, e zelará pela coisa, por cujo perecimentoou deterioração responderá, salvo força maior.

§ 1º - Perdurando o impedimento, sem motivo imputável ao transportador e sem manifes-tação do remetente, poderá aquele depositar a coisa em juízo, ou vendê-la, obedecidos ospreceitos legais e regulamentares, ou os usos locais, depositando o valor.

§ 2º - Se o impedimento for responsabilidade do transportador, este poderá depositar acoisa, por sua conta e risco, mas só poderá vendê-la se perecível.

§ 3º - Em ambos os casos, o transportador deve informar o remetente da efetivação dodepósito ou da venda.

§ 4º - Se o transportador mantiver a coisa depositada em seus próprios armazéns, conti-nuará a responder pela sua guarda e conservação, sendo-lhe devida, porém, uma remu-neração pela custódia, a qual poderá ser contratualmente ajustada ou se conformará aosusos adotados em cada sistema de transporte.

Art. 754 - As mercadorias devem ser entregues ao destinatário, ou a quem apresentar oconhecimento endossado, devendo aquele que as receber conferi-las e apresentar as re-clamações que tiver, sob pena de decadência dos direitos.

Parágrafo único - No caso de perda parcial ou de avaria não perceptível à primeira vista, odestinatário conserva a sua ação contra o transportador, desde que denuncie o dano emdez dias a contar da entrega.

Art. 755 - Havendo dúvida acerca de quem seja o destinatário, o transportador devedepositar a mercadoria em juízo, se não lhe for possível obter instruções do remetente; sea demora puder ocasionar a deterioração da coisa, o transportador deverá vendê-la, depo-sitando o saldo em juízo.

Art. 756 - No caso de transporte cumulativo, todos os transportadores respondem solida-riamente pelo dano causado perante o remetente, ressalvada a apuração final da respon-sabilidade entre eles, de modo que o ressarcimento recaia, por inteiro, ou proporcional-mente, naquele ou naqueles em cujo percurso houver ocorrido o dano.

CAPÍTULO XVDO SEGURO

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 757 - Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento doprêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contrariscos predeterminados.

Parágrafo único - Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, entida-de para tal fim legalmente autorizada.

Art. 758 - O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro,e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio.

Art. 759 - A emissão da apólice deverá ser precedida de proposta escrita com a declara-ção dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco.

Art. 760 - A apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem ou ao portador, emencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e oprêmio devido, e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário.

Arts. 753 a 760

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Código Civil

Parágrafo único - No seguro de pessoas, a apólice ou o bilhete não podem ser ao portador.

Art. 761 - Quando o risco for assumido em co-seguro, a apólice indicará o segurador queadministrará o contrato e representará os demais, para todos os seus efeitos.

Art. 762 - Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso dosegurado, do beneficiário, ou de representante de um ou de outro.

Art. 763 - Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamentodo prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.

Art. 764 - Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o risco, em previsão doqual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio.

Art. 765 - O segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execuçãodo contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como dascircunstâncias e declarações a ele concernentes.

Art. 766 - Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ouomitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio,perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.

Parágrafo único - Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé dosegurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após osinistro, a diferença do prêmio.

Art. 767 - No seguro à conta de outrem, o segurador pode opor ao segurado quaisquerdefesas que tenha contra o estipulante, por descumprimento das normas de conclusão docontrato, ou de pagamento do prêmio.

Art. 768 - O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o riscoobjeto do contrato.

Art. 769 - O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo que saiba, todo inciden-te suscetível de agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de perder o direito àgarantia, se provar que silenciou de má-fé.

§ 1º - O segurador, desde que o faça nos quinze dias seguintes ao recebimento do aviso daagravação do risco sem culpa do segurado, poderá dar-lhe ciência, por escrito, de suadecisão de resolver o contrato.

§ 2º - A resolução só será eficaz trinta dias após a notificação, devendo ser restituída pelosegurador a diferença do prêmio.

Art. 770 - Salvo disposição em contrário, a diminuição do risco no curso do contrato nãoacarreta a redução do prêmio estipulado; mas, se a redução do risco for considerável, osegurado poderá exigir a revisão do prêmio, ou a resolução do contrato.

Art. 771 - Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o sinistro aosegurador, logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para minorar-lhe asconseqüências.

Parágrafo único - Correm à conta do segurador, até o limite fixado no contrato, as despe-sas de salvamento conseqüente ao sinistro.

Art. 772 - A mora do segurador em pagar o sinistro obriga à atualização monetária daindenização devida segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, sem prejuízo dosjuros moratórios.

Art. 773 - O segurador que, ao tempo do contrato, sabe estar passado o risco de que osegurado se pretende cobrir, e, não obstante, expede a apólice, pagará em dobro o prêmioestipulado.

Arts. 760 a 773

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Código Civil

Art. 774 - A recondução tácita do contrato pelo mesmo prazo, mediante expressa cláusulacontratual, não poderá operar mais de uma vez.

Art. 775 - Os agentes autorizados do segurador presumem-se seus representantes paratodos os atos relativos aos contratos que agenciarem.

Art. 776 - O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o prejuízo resultante do riscoassumido, salvo se convencionada a reposição da coisa.

Art. 777 - O disposto no presente Capítulo aplica-se, no que couber, aos seguros regidospor leis próprias.

SEÇÃO IIDO SEGURO DE DANO

Art. 778 - Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor dointeresse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena do disposto no art.766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber.

Art. 779 - O risco do seguro compreenderá todos os prejuízos resultantes ou conseqüen-tes, como sejam os estragos ocasionados para evitar o sinistro, minorar o dano, ou salvara coisa.

Art. 780 - A vigência da garantia, no seguro de coisas transportadas, começa no momen-to em que são pelo transportador recebidas, e cessa com a sua entrega ao destinatário.

Art. 781 - A indenização não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momentodo sinistro, e, em hipótese alguma, o limite máximo da garantia fixado na apólice, salvoem caso de mora do segurador.

Art. 782 - O segurado que, na vigência do contrato, pretender obter novo seguro sobre omesmo interesse, e contra o mesmo risco junto a outro segurador, deve previamentecomunicar sua intenção por escrito ao primeiro, indicando a soma por que pretende segu-rar-se, a fim de se comprovar a obediência ao disposto no art. 778.

Art. 783 - Salvo disposição em contrário, o seguro de um interesse por menos do quevalha acarreta a redução proporcional da indenização, no caso de sinistro parcial.

Art. 784 - Não se inclui na garantia o sinistro provocado por vício intrínseco da coisasegurada, não declarado pelo segurado.

Parágrafo único - Entende-se por vício intrínseco o defeito próprio da coisa, que se nãoencontra normalmente em outras da mesma espécie.

Art. 785 - Salvo disposição em contrário, admite-se a transferência do contrato a terceirocom a alienação ou cessão do interesse segurado.

§ 1º - Se o instrumento contratual é nominativo, a transferência só produz efeitos emrelação ao segurador mediante aviso escrito assinado pelo cedente e pelo cessionário.

§ 2º - A apólice ou o bilhete à ordem só se transfere por endosso em preto, datado eassinado pelo endossante e pelo endossatário.

Art. 786 - Paga a indenização, o segurador sub-roga-se, nos limites do valor respectivo,nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do dano.

§ 1º - Salvo dolo, a sub-rogação não tem lugar se o dano foi causado pelo cônjuge dosegurado, seus descendentes ou ascendentes, consangüíneos ou afins.

§ 2º - É ineficaz qualquer ato do segurado que diminua ou extinga, em prejuízo do segu-rador, os direitos a que se refere este artigo.

Arts. 774 a 786

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Código Civil

Art. 787 - No seguro de responsabilidade civil, o segurador garante o pagamento deperdas e danos devidos pelo segurado a terceiro.

§ 1º - Tão logo saiba o segurado das conseqüências de ato seu, suscetível de lhe acarretara responsabilidade incluída na garantia, comunicará o fato ao segurador.

§ 2º - É defeso ao segurado reconhecer sua responsabilidade ou confessar a ação, bemcomo transigir com o terceiro prejudicado, ou indenizá-lo diretamente, sem anuência ex-pressa do segurador.

§ 3º - Intentada a ação contra o segurado, dará este ciência da lide ao segurador.

§ 4º - Subsistirá a responsabilidade do segurado perante o terceiro, se o segurador forinsolvente.

Art. 788 - Nos seguros de responsabilidade legalmente obrigatórios, a indenização porsinistro será paga pelo segurador diretamente ao terceiro prejudicado.

Parágrafo único - Demandado em ação direta pela vítima do dano, o segurador não poderáopor a exceção de contrato não cumprido pelo segurado, sem promover a citação destepara integrar o contraditório.

SEÇÃO IIIDO SEGURO DE PESSOA

Art. 789 - Nos seguros de pessoas, o capital segurado é livremente estipulado pelo propo-nente, que pode contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com o mesmo oudiversos seguradores.

Art. 790 - No seguro sobre a vida de outros, o proponente é obrigado a declarar, sob penade falsidade, o seu interesse pela preservação da vida do segurado.

Parágrafo único - Até prova em contrário, presume-se o interesse, quando o segurado écônjuge, ascendente ou descendente do proponente.

Art. 791 - Se o segurado não renunciar à faculdade, ou se o seguro não tiver como causadeclarada a garantia de alguma obrigação, é lícita a substituição do beneficiário, por atoentre vivos ou de última vontade.

Parágrafo único - O segurador, que não for cientificado oportunamente da substituição,desobrigar-se-á pagando o capital segurado ao antigo beneficiário.

Art. 792 - Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo nãoprevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge não sepa-rado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da voca-ção hereditária.

Parágrafo único - Na falta das pessoas indicadas neste artigo, serão beneficiários os queprovarem que a morte do segurado os privou dos meios necessários à subsistência.

Art. 793 - É válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do contra-to o segurado era separado judicialmente, ou já se encontrava separado de fato.

Art. 794 - No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capitalestipulado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança para todosos efeitos de direito.

Art. 795 - É nula, no seguro de pessoa, qualquer transação para pagamento reduzido docapital segurado.

Arts. 787 a 795

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Código Civil

Art. 796 - O prêmio, no seguro de vida, será conveniado por prazo limitado, ou por todaa vida do segurado.

Parágrafo único - Em qualquer hipótese, no seguro individual, o segurador não terá açãopara cobrar o prêmio vencido, cuja falta de pagamento, nos prazos previstos, acarretará,conforme se estipular, a resolução do contrato, com a restituição da reserva já formada, oua redução do capital garantido proporcionalmente ao prêmio pago.

Art. 797 - No seguro de vida para o caso de morte, é lícito estipular-se um prazo decarência, durante o qual o segurador não responde pela ocorrência do sinistro.

Parágrafo único - No caso deste artigo o segurador é obrigado a devolver ao beneficiário omontante da reserva técnica já formada.

Art. 798 - O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado sesuicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato, ou da sua reconduçãodepois de suspenso, observado o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.

Parágrafo único - Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é nula a cláusula contratualque exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado.

Art. 799 - O segurador não pode eximir-se ao pagamento do seguro, ainda que da apóliceconste a restrição, se a morte ou a incapacidade do segurado provier da utilização de meiode transporte mais arriscado, da prestação de serviço militar, da prática de esporte, ou deatos de humanidade em auxílio de outrem.

Art. 800 - Nos seguros de pessoas, o segurador não pode sub-rogar-se nos direitos eações do segurado, ou do beneficiário, contra o causador do sinistro.

Art. 801 - O seguro de pessoas pode ser estipulado por pessoa natural ou jurídica emproveito de grupo que a ela, de qualquer modo, se vincule.

§ 1º - O estipulante não representa o segurador perante o grupo segurado, e é o únicoresponsável, para com o segurador, pelo cumprimento de todas as obrigações contratuais.

§ 2º - A modificação da apólice em vigor dependerá da anuência expressa de seguradosque representem três quartos do grupo.

Art. 802 - Não se compreende nas disposições desta Seção a garantia do reembolso dedespesas hospitalares ou de tratamento médico, nem o custeio das despesas de luto e defuneral do segurado.

CAPÍTULO XVIDA CONSTITUIÇÃO DE RENDA

Art. 803 - Pode uma pessoa, pelo contrato de constituição de renda, obrigar-se para comoutra a uma prestação periódica, a título gratuito.

Art. 804 - O contrato pode ser também a título oneroso, entregando-se bens móveis ouimóveis à pessoa que se obriga a satisfazer as prestações a favor do credor ou de terceiros.

Art. 805 - Sendo o contrato a título oneroso, pode o credor, ao contratar, exigir que orendeiro lhe preste garantia real, ou fidejussória.

Art. 806 - O contrato de constituição de renda será feito a prazo certo, ou por vida, podendoultrapassar a vida do devedor mas não a do credor, seja ele o contratante, seja terceiro.

Art. 807 - O contrato de constituição de renda requer escritura pública.

Art. 808 - É nula a constituição de renda em favor de pessoa já falecida, ou que, nos trintadias seguintes, vier a falecer de moléstia que já sofria, quando foi celebrado o contrato.

Arts. 796 a 808

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Art. 809 - Os bens dados em compensação da renda caem, desde a tradição, no domínioda pessoa que por aquela se obrigou.

Art. 810 - Se o rendeiro, ou censuário, deixar de cumprir a obrigação estipulada, poderáo credor da renda acioná-lo, tanto para que lhe pague as prestações atrasadas como paraque lhe dê garantias das futuras, sob pena de rescisão do contrato.

Art. 811 - O credor adquire o direito à renda dia a dia, se a prestação não houver de serpaga adiantada, no começo de cada um dos períodos prefixos.

Art. 812 - Quando a renda for constituída em benefício de duas ou mais pessoas, semdeterminação da parte de cada uma, entende-se que os seus direitos são iguais; e, salvoestipulação diversa, não adquirirão os sobrevivos direito à parte dos que morrerem.

Art. 813 - A renda constituída por título gratuito pode, por ato do instituidor, ficar isentade todas as execuções pendentes e futuras.

Parágrafo único - A isenção prevista neste artigo prevalece de pleno direito em favor dosmontepios e pensões alimentícias.

CAPÍTULO XVIIDO JOGO E DA APOSTA

Art. 814 - As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se poderecobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se operdente é menor ou interdito.

§ 1º - Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconheci-mento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode seroposta ao terceiro de boa-fé.

§ 2º - O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo nãoproibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos.

§ 3º - Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor emcompetição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados sesubmetam às prescrições legais e regulamentares.

Art. 815 - Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no atode apostar ou jogar.

Art. 816 - As disposições dos arts. 814 e 815 não se aplicam aos contratos sobre títulos debolsa, mercadorias ou valores, em que se estipulem a liquidação exclusivamente peladiferença entre o preço ajustado e a cotação que eles tiverem no vencimento do ajuste.

Art. 817 - O sorteio para dirimir questões ou dividir coisas comuns considera-se sistemade partilha ou processo de transação, conforme o caso.

CAPÍTULO XVIIIDA FIANÇA

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 818 - Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obriga-ção assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.

Arts. 809 a 818

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Art. 819 - A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.

Art. 819-A - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)

Art. 820 - Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contraa sua vontade.

Art. 821 - As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o fiador, neste caso, nãoserá demandado senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação do principal devedor.

Art. 822 - Não sendo limitada, a fiança compreenderá todos os acessórios da dívidaprincipal, inclusive as despesas judiciais, desde a citação do fiador.

Art. 823 - A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e contraída emcondições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa queela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada.

Art. 824 - As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a nulidade resultarapenas de incapacidade pessoal do devedor.

Parágrafo único - A exceção estabelecida neste artigo não abrange o caso de mútuo feitoa menor.

Art. 825 - Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não pode ser obrigado aaceitá-lo se não for pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha de prestar afiança, e não possua bens suficientes para cumprir a obrigação.

Art. 826 - Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que sejasubstituído.

SEÇÃO IIDOS EFEITOS DA FIANÇA

Art. 827 - O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até acontestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.

Parágrafo único - O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo,deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantosbastem para solver o débito.

Art. 828 - Não aproveita este benefício ao fiador:

I - se ele o renunciou expressamente;

II - se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário;

III - se o devedor for insolvente, ou falido.

Art. 829 - A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoaimporta o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservaremo benefício de divisão.

Parágrafo único - Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parteque, em proporção, lhe couber no pagamento.

Art. 830 - Cada fiador pode fixar no contrato a parte da dívida que toma sob sua respon-sabilidade, caso em que não será por mais obrigado.

Art. 831 - O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos docredor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota.

Parágrafo único - A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.

Arts. 819 a 831

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Código Civil

Art. 832 - O devedor responde também perante o fiador por todas as perdas e danos queeste pagar, e pelos que sofrer em razão da fiança.

Art. 833 - O fiador tem direito aos juros do desembolso pela taxa estipulada na obrigaçãoprincipal, e, não havendo taxa convencionada, aos juros legais da mora.

Art. 834 - Quando o credor, sem justa causa, demorar a execução iniciada contra odevedor, poderá o fiador promover-lhe o andamento.

Art. 835 - O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação detempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durantesessenta dias após a notificação do credor.

Art. 836 - A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança selimita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança.

SEÇÃO IIIDA EXTINÇÃO DA FIANÇA

Art. 837 - O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais, e as extintivasda obrigação que competem ao devedor principal, se não provierem simplesmente deincapacidade pessoal, salvo o caso do mútuo feito a pessoa menor.

Art. 838 - O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado:

I - se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao devedor;

II - se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus direitos e preferências;

III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor objetodiverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo por evicção.

Art. 839 - Se for invocado o benefício da excussão e o devedor, retardando-se a execução,cair em insolvência, ficará exonerado o fiador que o invocou, se provar que os bens por eleindicados eram, ao tempo da penhora, suficientes para a solução da dívida afiançada.

CAPÍTULO XIXDA TRANSAÇÃO

Art. 840 - É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante conces-sões mútuas.

Art. 841 - Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação.

Art. 842 - A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige,ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos contesta-dos em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado pelostransigentes e homologado pelo juiz.

Art. 843 - A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenasse declaram ou reconhecem direitos.

Art. 844 - A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem,ainda que diga respeito a coisa indivisível.

§ 1º - Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.

§ 2º - Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste paracom os outros credores.

Arts. 832 a 844

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§ 3º - Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação aosco-devedores.

Art. 845 - Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por ele transferidaà outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação; mas ao evicto cabe o direitode reclamar perdas e danos.

Parágrafo único - Se um dos transigentes adquirir, depois da transação, novo direito sobrea coisa renunciada ou transferida, a transação feita não o inibirá de exercê-lo.

Art. 846 - A transação concernente a obrigações resultantes de delito não extingue a açãopenal pública.

Art. 847 - É admissível, na transação, a pena convencional.

Art. 848 - Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta.

Parágrafo único - Quando a transação versar sobre diversos direitos contestados, indepen-dentes entre si, o fato de não prevalecer em relação a um não prejudicará os demais.

Art. 849 - A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa oucoisa controversa.

Parágrafo único - A transação não se anula por erro de direito a respeito das questões queforam objeto de controvérsia entre as partes.

Art. 850 - É nula a transação a respeito do litígio decidido por sentença passada em julgado,se dela não tinha ciência algum dos transatores, ou quando, por título ulteriormente desco-berto, se verificar que nenhum deles tinha direito sobre o objeto da transação.

CAPÍTULO XXDO COMPROMISSO

Art. 851 - É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entrepessoas que podem contratar.

Art. 852 - É vedado compromisso para solução de questões de estado, de direito pessoalde família e de outras que não tenham caráter estritamente patrimonial.

Art. 853 - Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver divergênciasmediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial.

TÍTULO VIIDOS ATOS UNILATERAIS

CAPÍTULO IDA PROMESSA DE RECOMPENSA

Art. 854 - Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratifi-car, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação decumprir o prometido.

Art. 855 - Quem quer que, nos termos do artigo antecedente, fizer o serviço, ou satisfizer acondição, ainda que não pelo interesse da promessa, poderá exigir a recompensa estipulada.

Art. 856 - Antes de prestado o serviço ou preenchida a condição, pode o promitenterevogar a promessa, contanto que o faça com a mesma publicidade; se houver assinado

Arts. 844 a 856

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prazo à execução da tarefa, entender-se-á que renuncia o arbítrio de retirar, durante ele,a oferta.

Parágrafo único - O candidato de boa-fé, que houver feito despesas, terá direito a reem-bolso.

Art. 857 - Se o ato contemplado na promessa for praticado por mais de um indivíduo, terádireito à recompensa o que primeiro o executou.

Art. 858 - Sendo simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na recompensa;se esta não for divisível, conferir-se-á por sorteio, e o que obtiver a coisa dará ao outro ovalor de seu quinhão.

Art. 859 - Nos concursos que se abrirem com promessa pública de recompensa, é condi-ção essencial, para valerem, a fixação de um prazo, observadas também as disposiçõesdos parágrafos seguintes.

§ 1º - A decisão da pessoa nomeada, nos anúncios, como juiz, obriga os interessados.

§ 2º - Em falta de pessoa designada para julgar o mérito dos trabalhos que se apresenta-rem, entender-se-á que o promitente se reservou essa função.

§ 3º - Se os trabalhos tiverem mérito igual, proceder-se-á de acordo com os arts. 857 e 858.

Art. 860 - As obras premiadas, nos concursos de que trata o artigo antecedente, sóficarão pertencendo ao promitente, se assim for estipulado na publicação da promessa.

CAPÍTULO IIDA GESTÃO DE NEGÓCIOS

Art. 861 - Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócioalheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando res-ponsável a este e às pessoas com que tratar.

Art. 862 - Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessa-do, responderá o gestor até pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo,ainda quando se houvesse abatido.

Art. 863 - No caso do artigo antecedente, se os prejuízos da gestão excederem o seuproveito, poderá o dono do negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao estado ante-rior, ou o indenize da diferença.

Art. 864 - Tanto que se possa, comunicará o gestor ao dono do negócio a gestão queassumiu, aguardando-lhe a resposta, se da espera não resultar perigo.

Art. 865 - Enquanto o dono não providenciar, velará o gestor pelo negócio, até o levar acabo, esperando, se aquele falecer durante a gestão, as instruções dos herdeiros, sem sedescuidar, entretanto, das medidas que o caso reclame.

Art. 866 - O gestor envidará toda sua diligência habitual na administração do negócio,ressarcindo ao dono o prejuízo resultante de qualquer culpa na gestão.

Art. 867 - Se o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas faltas do substituto,ainda que seja pessoa idônea, sem prejuízo da ação que a ele, ou ao dono do negócio,contra ela possa caber.

Parágrafo único - Havendo mais de um gestor, solidária será a sua responsabilidade.

Art. 868 - O gestor responde pelo caso fortuito quando fizer operações arriscadas, aindaque o dono costumasse fazê-las, ou quando preterir interesse deste em proveito de inte-resses seus.

Arts. 856 a 868

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Parágrafo único - Querendo o dono aproveitar-se da gestão, será obrigado a indenizar ogestor das despesas necessárias, que tiver feito, e dos prejuízos, que por motivo da ges-tão, houver sofrido.

Art. 869 - Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao dono as obrigaçõescontraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as despesas necessárias ou úteis quehouver feito, com os juros legais, desde o desembolso, respondendo ainda pelos prejuízosque este houver sofrido por causa da gestão.

§ 1º - A utilidade, ou necessidade, da despesa, apreciar-se-á não pelo resultado obtido,mas segundo as circunstâncias da ocasião em que se fizerem.

§ 2º - Vigora o disposto neste artigo, ainda quando o gestor, em erro quanto ao dono donegócio, der a outra pessoa as contas da gestão.

Art. 870 - Aplica-se a disposição do artigo antecedente, quando a gestão se proponha aacudir a prejuízos iminentes, ou redunde em proveito do dono do negócio ou da coisa; masa indenização ao gestor não excederá, em importância, as vantagens obtidas com a gestão.

Art. 871 - Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por ele osprestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância, ainda que estenão ratifique o ato.

Art. 872 - Nas despesas do enterro, proporcionadas aos usos locais e à condição dofalecido, feitas por terceiro, podem ser cobradas da pessoa que teria a obrigação de ali-mentar a que veio a falecer, ainda mesmo que esta não tenha deixado bens.

Parágrafo único - Cessa o disposto neste artigo e no antecedente, em se provando que ogestor fez essas despesas com o simples intento de bem-fazer.

Art. 873 - A ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do começo dagestão, e produz todos os efeitos do mandato.

Art. 874 - Se o dono do negócio, ou da coisa, desaprovar a gestão, considerando-acontrária aos seus interesses, vigorará o disposto nos arts. 862 e 863, salvo o estabelecidonos arts. 869 e 870.

Art. 875 - Se os negócios alheios forem conexos ao do gestor, de tal arte que se nãopossam gerir separadamente, haver-se-á o gestor por sócio daquele cujos interesses agen-ciar de envolta com os seus.

Parágrafo único - No caso deste artigo, aquele em cujo benefício interveio o gestor só éobrigado na razão das vantagens que lograr.

CAPÍTULO IIIDO PAGAMENTO INDEVIDO

Art. 876 - Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir;obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição.

Art. 877 - Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feitopor erro.

Art. 878 - Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa dada empagamento indevido, aplica-se o disposto neste Código sobre o possuidor de boa-fé ou demá-fé, conforme o caso.

Art. 879 - Se aquele que indevidamente recebeu um imóvel o tiver alienado em boa-fé,por título oneroso, responde somente pela quantia recebida; mas, se agiu de má-fé, alémdo valor do imóvel, responde por perdas e danos.

Arts. 868 a 879

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Parágrafo único - Se o imóvel foi alienado por título gratuito, ou se, alienado por títulooneroso, o terceiro adquirente agiu de má-fé, cabe ao que pagou por erro o direito dereivindicação.

Art. 880 - Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o comoparte de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mãodas garantias que asseguravam seu direito; mas aquele que pagou dispõe de ação regres-siva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.

Art. 881 - Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de fazerou para eximir-se da obrigação de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica naobrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido.

Art. 882 - Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprirobrigação judicialmente inexigível.

Art. 883 - Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito,imoral, ou proibido por lei.

Parágrafo único - No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimen-to local de beneficência, a critério do juiz.

CAPÍTULO IVDO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA

Art. 884 - Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado arestituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.

Parágrafo único - Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeué obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor dobem na época em que foi exigido.

Art. 885 - A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique oenriquecimento, mas também se esta deixou de existir.

Art. 886 - Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outrosmeios para se ressarcir do prejuízo sofrido.

TÍTULO VIIIDOS TÍTULOS DE CRÉDITO

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 887 - O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autô-nomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

Art. 888 - A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade comotítulo de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.

Art. 889 - Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dosdireitos que confere, e a assinatura do emitente.

§ 1º - É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento.

§ 2º - Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, odomicílio do emitente.

Arts. 879 a 889

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§ 3º - O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meiotécnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitosmínimos previstos neste artigo.

Art. 890 - Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endos-so, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense aobservância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei,exclua ou restrinja direitos e obrigações.

Art. 891 - O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido deconformidade com os ajustes realizados.

Parágrafo único - O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos que delesparticiparam, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, salvo se este, aoadquirir o título, tiver agido de má-fé.

Art. 892 - Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança a sua assinaturaem título de crédito, como mandatário ou representante de outrem, fica pessoalmenteobrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos direitos que teria o suposto mandante ourepresentado.

Art. 893 - A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe sãoinerentes.

Art. 894 - O portador de título representativo de mercadoria tem o direito de transferi-lo, deconformidade com as normas que regulam a sua circulação, ou de receber aquela indepen-dentemente de quaisquer formalidades, além da entrega do título devidamente quitado.

Art. 895 - Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser dado emgarantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, os direitos ou merca-dorias que representa.

Art. 896 - O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circulação.

Art. 897 - O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar somadeterminada, pode ser garantido por aval.

Parágrafo único - É vedado o aval parcial.

Art. 898 - O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título.

§ 1º - Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples assinaturado avalista.

§ 2º - Considera-se não escrito o aval cancelado.

Art. 899 - O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de indicação, aoemitente ou devedor final.

§ 1° - Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e demaiscoobrigados anteriores.

§ 2º - Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a obrigação daquele a quemse equipara, a menos que a nulidade decorra de vício de forma.

Art. 900 - O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormentedado.

Art. 901 - Fica validamente desonerado o devedor que paga título de crédito ao legítimoportador, no vencimento, sem oposição, salvo se agiu de má-fé.

Parágrafo único - Pagando, pode o devedor exigir do credor, além da entrega do título,quitação regular.

Arts. 889 a 901

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Art. 902 - Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do título,e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela validade do pagamento.

§ 1º - No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial.

§ 2º - No caso de pagamento parcial, em que se não opera a tradição do título, além daquitação em separado, outra deverá ser firmada no próprio título.

Art. 903 - Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelodisposto neste Código.

CAPÍTULO IIDO TÍTULO AO PORTADOR

Art. 904 - A transferência de título ao portador se faz por simples tradição.

Art. 905 - O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele indicada, medi-ante a sua simples apresentação ao devedor.

Parágrafo único - A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em circulaçãocontra a vontade do emitente.

Art. 906 - O devedor só poderá opor ao portador exceção fundada em direito pessoal, ouem nulidade de sua obrigação.

Art. 907 - É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei especial.

Art. 908 - O possuidor de título dilacerado, porém identificável, tem direito a obter doemitente a substituição do anterior, mediante a restituição do primeiro e o pagamento dasdespesas.

Art. 909 - O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente desapossadodele, poderá obter novo título em juízo, bem como impedir sejam pagos a outrem capitale rendimentos.

Parágrafo único - O pagamento, feito antes de ter ciência da ação referida neste artigo,exonera o devedor, salvo se se provar que ele tinha conhecimento do fato.

CAPÍTULO IIIDO TÍTULO À ORDEM

Art. 910 - O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do própriotítulo.

§ 1º - Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do endosso, dado noverso do título, é suficiente a simples assinatura do endossante.

§ 2º - A transferência por endosso completa-se com a tradição do título.

§ 3º - Considera-se não escrito o endosso cancelado, total ou parcialmente.

Art. 911 - Considera-se legítimo possuidor o portador do título à ordem com série regulare ininterrupta de endossos, ainda que o último seja em branco.

Parágrafo único - Aquele que paga o título está obrigado a verificar a regularidade da sériede endossos, mas não a autenticidade das assinaturas.

Art. 912 - Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o subordine oendossante.

Parágrafo único - É nulo o endosso parcial.

Arts. 902 a 912

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Código Civil

Art. 913 - O endossatário de endosso em branco pode mudá-lo para endosso em preto,completando-o com o seu nome ou de terceiro; pode endossar novamente o título, embranco ou em preto; ou pode transferi-lo sem novo endosso.

Art. 914 - Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não respon-de o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título.

§ 1º - Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna devedor solidário.

§ 2º - Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os coobrigados anteriores.

Art. 915 - O devedor, além das exceções fundadas nas relações pessoais que tiver com oportador, só poderá opor a este as exceções relativas à forma do título e ao seu conteúdoliteral, à falsidade da própria assinatura, a defeito de capacidade ou de representação nomomento da subscrição, e à falta de requisito necessário ao exercício da ação.

Art. 916 - As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadores precedentes,somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o título, tiver agidode má-fé.

Art. 917 - A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, confere ao endossatárioo exercício dos direitos inerentes ao título, salvo restrição expressamente estatuída.

§ 1º - O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o título na qua-lidade de procurador, com os mesmos poderes que recebeu.

§ 2º - Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde eficácia oendosso-mandato.

§ 3º - Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato somente as exceçõesque tiver contra o endossante.

Art. 918 - A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, confere ao endossatárioo exercício dos direitos inerentes ao título.

§ 1º - O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente o título na qualida-de de procurador.

§ 2º - Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor as exceções que tinhacontra o endossante, salvo se aquele tiver agido de má-fé.

Art. 919 - A aquisição de título à ordem, por meio diverso do endosso, tem efeito decessão civil.

Art. 920 - O endosso posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anterior.

CAPÍTULO IVDO TÍTULO NOMINATIVO

Art. 921 - É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registrodo emitente.

Art. 922 - Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro do emitente,assinado pelo proprietário e pelo adquirente.

Art. 923 - O título nominativo também pode ser transferido por endosso que contenha onome do endossatário.

§ 1º - A transferência mediante endosso só tem eficácia perante o emitente, uma vez feitaa competente averbação em seu registro, podendo o emitente exigir do endossatário quecomprove a autenticidade da assinatura do endossante.

Arts. 913 a 923

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Código Civil

§ 2º - O endossatário, legitimado por série regular e ininterrupta de endossos, tem odireito de obter a averbação no registro do emitente, comprovada a autenticidade dasassinaturas de todos os endossantes.

§ 3º - Caso o título original contenha o nome do primitivo proprietário, tem direito oadquirente a obter do emitente novo título, em seu nome, devendo a emissão do novotítulo constar no registro do emitente.

Art. 924 - Ressalvada proibição legal, pode o título nominativo ser transformado em àordem ou ao portador, a pedido do proprietário e à sua custa.

Art. 925 - Fica desonerado de responsabilidade o emitente que de boa-fé fizer a transfe-rência pelos modos indicados nos artigos antecedentes.

Art. 926 - Qualquer negócio ou medida judicial, que tenha por objeto o título, só produzefeito perante o emitente ou terceiros, uma vez feita a competente averbação no registrodo emitente.

TÍTULO IXDA RESPONSABILIDADE CIVIL

CAPÍTULO IDA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR

Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obriga-do a repará-lo.

Parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, noscasos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autordo dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Art. 928 - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele respon-sáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

Parágrafo único - A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terálugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

Art. 929 - Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, nãoforem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

Art. 930 - No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro,contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiverressarcido ao lesado.

Parágrafo único - A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou odano (art. 188, inciso I).

Art. 931 - Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuaise as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos pro-dutos postos em circulação.

Art. 932 - São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercíciodo trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

Arts. 923 a 932

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Código Civil

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue pordinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrentequantia.

Art. 933 - As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que nãohaja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

Art. 934 - Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houverpago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absolutaou relativamente incapaz.

Art. 935 - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionarmais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões seacharem decididas no juízo criminal.

Art. 936 - O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se nãoprovar culpa da vítima ou força maior.

Art. 937 - O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de suaruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

Art. 938 - Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente dascoisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

Art. 939 - O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos emque a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, adescontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.

Art. 940 - Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvaras quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor,no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que deleexigir, salvo se houver prescrição.

Art. 941 - As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistirda ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algumprejuízo que prove ter sofrido.

Art. 942 - Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficamsujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos respon-derão solidariamente pela reparação.

Parágrafo único - São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e aspessoas designadas no art. 932.

Art. 943 - O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com aherança.

CAPÍTULO IIDA INDENIZAÇÃO

Art. 944 - A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único - Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.

Art. 945 - Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indeni-zação será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a doautor do dano.

Arts. 932 a 945

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Código Civil

Art. 946 - Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposiçãofixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos naforma que a lei processual determinar.

Art. 947 - Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente.

Art. 948 - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:

I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em contaa duração provável da vida da vítima.

Art. 949 - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido dasdespesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além dealgum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

Art. 950 - Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofícioou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesasdo tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspon-dente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

Parágrafo único - O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitradae paga de uma só vez.

Art. 951 - O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenizaçãodevida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudênciaou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.

Art. 952 - Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, aindenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucroscessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado.

Parágrafo único - Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, esti-mar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantajeàquele.

Art. 953 - A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do danoque delas resulte ao ofendido.

Parágrafo único - Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar,eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.

Art. 954 - A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento dasperdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, temaplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.

Parágrafo único - Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:

I - o cárcere privado;

II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;

III - a prisão ilegal.

TÍTULO XDAS PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS

Art. 955 - Procede-se à declaração de insolvência toda vez que as dívidas excedam àimportância dos bens do devedor.

Arts. 946 a 955

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Art. 956 - A discussão entre os credores pode versar quer sobre a preferência entre elesdisputada, quer sobre a nulidade, simulação, fraude, ou falsidade das dívidas e contratos.

Art. 957 - Não havendo título legal à preferência, terão os credores igual direito sobre osbens do devedor comum.

Art. 958 - Os títulos legais de preferência são os privilégios e os direitos reais.

Art. 959 - Conservam seus respectivos direitos os credores, hipotecários ou privilegiados:

I - sobre o preço do seguro da coisa gravada com hipoteca ou privilégio, ou sobre aindenização devida, havendo responsável pela perda ou danificação da coisa;

II - sobre o valor da indenização, se a coisa obrigada a hipoteca ou privilégio for desapro-priada.

Art. 960 - Nos casos a que se refere o artigo antecedente, o devedor do seguro, ou daindenização, exonera-se pagando sem oposição dos credores hipotecários ou privilegiados.

Art. 961 - O crédito real prefere ao pessoal de qualquer espécie; o crédito pessoal privi-legiado, ao simples; e o privilégio especial, ao geral.

Art. 962 - Quando concorrerem aos mesmos bens, e por título igual, dois ou mais credo-res da mesma classe especialmente privilegiados, haverá entre eles rateio proporcional aovalor dos respectivos créditos, se o produto não bastar para o pagamento integral detodos.

Art. 963 - O privilégio especial só compreende os bens sujeitos, por expressa disposiçãode lei, ao pagamento do crédito que ele favorece; e o geral, todos os bens não sujeitos acrédito real nem a privilégio especial.

Art. 964 - Têm privilégio especial:

I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais feitas coma arrecadação e liquidação;

II - sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento;

III - sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou úteis;

IV - sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou quaisquer outras constru-ções, o credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a sua edificação, reconstrução, oumelhoramento;

V - sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à cultura, ouà colheita;

VI - sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos ou urbanos, ocredor de aluguéis, quanto às prestações do ano corrente e do anterior;

VII - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, ou seuslegítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato da edição;

VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu trabalho, eprecipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola, quan-to à dívida dos seus salários.

Art. 965 - Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens do devedor:

I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o costume dolugar;

II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e liquidação damassa;

Arts. 956 a 965

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III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do devedorfalecido, se foram moderadas;

IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre anteriorà sua morte;

V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua família, notrimestre anterior ao falecimento;

VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente e no anterior;

VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos seusderradeiros seis meses de vida;

VIII - os demais créditos de privilégio geral.

LIVRO IIDO DIREITO DE EMPRESA

TÍTULO IDO EMPRESÁRIO

CAPÍTULO IDA CARACTERIZAÇÃO E DA INSCRIÇÃO

Art. 966 - Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômicaorganizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único - Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natu-reza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores,salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

Art. 967 - É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mer-cantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Art. 968 - A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha:

I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;

II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa;

III - o capital;

IV - o objeto e a sede da empresa.

§ 1º - Com as indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será tomada por termo nolivro próprio do Registro Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a número de ordemcontínuo para todos os empresários inscritos.

§ 2º - À margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquermodificações nela ocorrentes.

§ 3º - Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao RegistroPúblico de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para regis-tro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115deste Código. (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008)

Art. 969 - O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdi-ção de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la,com a prova da inscrição originária.

Arts. 965 a 969

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Parágrafo único - Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deveráser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.

Art. 970 - A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empre-sário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes.

Art. 971 - O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode,observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscriçãono Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois deinscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.

CAPÍTULO IIDA CAPACIDADE

Art. 972 - Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo dacapacidade civil e não forem legalmente impedidos.

Art. 973 - A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, sea exercer, responderá pelas obrigações contraídas.

Art. 974 - Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuara empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.

§ 1º - Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstân-cias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo aautorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais domenor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.

§ 2º - Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, aotempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo taisfatos constar do alvará que conceder a autorização.

Art. 975 - Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição delei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um oumais gerentes.

§ 1º - Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entenderser conveniente.

§ 2º - A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou dointerdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados.

Art. 976 - A prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, ea de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Em-presas Mercantis.

Parágrafo único - O uso da nova firma caberá, conforme o caso, ao gerente; ou ao repre-sentante do incapaz; ou a este, quando puder ser autorizado.

Art. 977 - Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde quenão tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.

Art. 978 - O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquerque seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ougravá-los de ônus real.

Art. 979 - Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público deEmpresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doa-ção, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade.

Arts. 969 a 979

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Código Civil

Art. 980 - A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e oato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbadosno Registro Público de Empresas Mercantis.

TÍTULO IIDA SOCIEDADE

CAPÍTULO ÚNICODISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 981 - Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam acontribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha,entre si, dos resultados.

Parágrafo único - A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados.

Art. 982 - Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tempor objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e,simples, as demais.

Parágrafo único - Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedadepor ações; e, simples, a cooperativa.

Art. 983 - A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nosarts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com umdesses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.

Parágrafo único - Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de par-ticipação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício decertas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo.

Art. 984 - A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresá-rio rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedadeempresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Públicode Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada,para todos os efeitos, à sociedade empresária.

Parágrafo único - Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedidode inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação.

Art. 985 - A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprioe na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).

SUBTÍTULO IDA SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA

CAPÍTULO IDA SOCIEDADE EM COMUM

Art. 986 - Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, excetopor ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente eno que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.

Art. 987 - Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podemprovar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.

Arts. 980 a 987

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Código Civil

Art. 988 - Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios sãotitulares em comum.

Art. 989 - Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dossócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra oterceiro que o conheça ou deva conhecer.

Art. 990 - Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais,excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.

CAPÍTULO IIDA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO

Art. 991 - Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto socialé exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria eexclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes.

Parágrafo único - Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusiva-mente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social.

Art. 992 - A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquerformalidade e pode provar-se por todos os meios de direito.

Art. 993 - O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscriçãode seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.

Parágrafo único - Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, osócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sobpena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier.

Art. 994 - A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônioespecial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais.

§ 1º - A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios.

§ 2º - A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação darespectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário.

§ 3º - Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam osefeitos da falência nos contratos bilaterais do falido.

Art. 995 - Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sóciosem o consentimento expresso dos demais.

Art. 996 - Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que comela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelasnormas relativas à prestação de contas, na forma da lei processual.

Parágrafo único - Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão pres-tadas e julgadas no mesmo processo.

SUBTÍTULO IIDA SOCIEDADE PERSONIFICADA

CAPÍTULO IDA SOCIEDADE SIMPLES

SEÇÃO IDO CONTRATO SOCIAL

Art. 997 - A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que,além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

Arts. 988 a 997

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Código Civil

I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas natu-rais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;

II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;

III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquerespécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;

IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;

V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;

VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes eatribuições;

VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.

Parágrafo único - É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário aodisposto no instrumento do contrato.

Art. 998 - Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer ainscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.

§ 1º - O pedido de inscrição será acompanhado do instrumento autenticado do contrato, e,se algum sócio nele houver sido representado por procurador, o da respectiva procuração,bem como, se for o caso, da prova de autorização da autoridade competente.

§ 2º - Com todas as indicações enumeradas no artigo antecedente, será a inscrição toma-da por termo no livro de registro próprio, e obedecerá a número de ordem contínua paratodas as sociedades inscritas.

Art. 999 - As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada noart. 997, dependem do consentimento de todos os sócios; as demais podem ser decididaspor maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberaçãounânime.

Parágrafo único - Qualquer modificação do contrato social será averbada, cumprindo-se asformalidades previstas no artigo antecedente.

Art. 1.000 - A sociedade simples que instituir sucursal, filial ou agência na circunscriçãode outro Registro Civil das Pessoas Jurídicas, neste deverá também inscrevê-la, com aprova da inscrição originária.

Parágrafo único - Em qualquer caso, a constituição da sucursal, filial ou agência deverá seraverbada no Registro Civil da respectiva sede.

SEÇÃO IIDOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS SÓCIOS

Art. 1.001 - As obrigações dos sócios começam imediatamente com o contrato, se estenão fixar outra data, e terminam quando, liquidada a sociedade, se extinguirem as respon-sabilidades sociais.

Art. 1.002 - O sócio não pode ser substituído no exercício das suas funções, sem oconsentimento dos demais sócios, expresso em modificação do contrato social.

Art. 1.003 - A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação docontrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes eà sociedade.

Arts. 997 a 1.003

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Código Civil

Parágrafo único - Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde ocedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obriga-ções que tinha como sócio.

Art. 1.004 - Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuiçõesestabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguin-tes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente damora.

Parágrafo único - Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir, à indeni-zação, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado,aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no § 1º do art. 1.031.

Art. 1.005 - O sócio que, a título de quota social, transmitir domínio, posse ou uso,responde pela evicção; e pela solvência do devedor, aquele que transferir crédito.

Art. 1.006 - O sócio, cuja contribuição consista em serviços, não pode, salvo convençãoem contrário, empregar-se em atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado deseus lucros e dela excluído.

Art. 1.007 - Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, naproporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços,somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas.

Art. 1.008 - É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar doslucros e das perdas.

Art. 1.009 - A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios acarreta responsabilidade solidáriados administradores que a realizarem e dos sócios que os receberem, conhecendo oudevendo conhecer-lhes a ilegitimidade.

SEÇÃO IIIDA ADMINISTRAÇÃO

Art. 1.010 - Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre osnegócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contadossegundo o valor das quotas de cada um.

§ 1º - Para formação da maioria absoluta são necessários votos correspondentes a mais demetade do capital.

§ 2º - Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de empate, e, seeste persistir, decidirá o juiz.

§ 3º - Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interes-se contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças a seuvoto.

Art. 1.011 - O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, ocuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administraçãode seus próprios negócios.

§ 1º - Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, oscondenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; oupor crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra aeconomia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa daconcorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquantoperdurarem os efeitos da condenação.

Arts. 1.003 a 1.011

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Código Civil

§ 2º - Aplicam-se à atividade dos administradores, no que couber, as disposiçõesconcernentes ao mandato.

Art. 1.012 - O administrador, nomeado por instrumento em separado, deve averbá-lo àmargem da inscrição da sociedade, e, pelos atos que praticar, antes de requerer a averbação,responde pessoal e solidariamente com a sociedade.

Art. 1.013 - A administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, competeseparadamente a cada um dos sócios.

§ 1º - Se a administração competir separadamente a vários administradores, cada umpode impugnar operação pretendida por outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioriade votos.

§ 2º - Responde por perdas e danos perante a sociedade o administrador que realizaroperações, sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a maioria.

Art. 1.014 - Nos atos de competência conjunta de vários administradores, torna-se ne-cessário o concurso de todos, salvo nos casos urgentes, em que a omissão ou retardo dasprovidências possa ocasionar dano irreparável ou grave.

Art. 1.015 - No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atospertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a vendade bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir.

Parágrafo único - O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto aterceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:

I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade;

II - provando-se que era conhecida do terceiro;

III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade.

Art. 1.016 - Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e osterceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.

Art. 1.017 - O administrador que, sem consentimento escrito dos sócios, aplicar créditosou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros, terá de restituí-los à sociedade, oupagar o equivalente, com todos os lucros resultantes, e, se houver prejuízo, por ele tam-bém responderá.

Parágrafo único - Fica sujeito às sanções o administrador que, tendo em qualquer opera-ção interesse contrário ao da sociedade, tome parte na correspondente deliberação.

Art. 1.018 - Ao administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas funções,sendo-lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da sociedade,especificados no instrumento os atos e operações que poderão praticar.

Art. 1.019 - São irrevogáveis os poderes do sócio investido na administração por cláusulaexpressa do contrato social, salvo justa causa, reconhecida judicialmente, a pedido dequalquer dos sócios.

Parágrafo único - São revogáveis, a qualquer tempo, os poderes conferidos a sócio por atoseparado, ou a quem não seja sócio.

Art. 1.020 - Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas desua administração, e apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balançopatrimonial e o de resultado econômico.

Art. 1.021 - Salvo estipulação que determine época própria, o sócio pode, a qualquertempo, examinar os livros e documentos, e o estado da caixa e da carteira da sociedade.

Arts. 1.011 a 1.021

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SEÇÃO IVDAS RELAÇÕES COM TERCEIROS

Art. 1.022 - A sociedade adquire direitos, assume obrigações e procede judicialmente,por meio de administradores com poderes especiais, ou, não os havendo, por intermédiode qualquer administrador.

Art. 1.023 - Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sóciospelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de respon-sabilidade solidária.

Art. 1.024 - Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas dasociedade, senão depois de executados os bens sociais.

Art. 1.025 - O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidassociais anteriores à admissão.

Art. 1.026 - O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor,fazer recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte quelhe tocar em liquidação.

Parágrafo único - Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o credor requerer a liquida-ção da quota do devedor, cujo valor, apurado na forma do art. 1.031, será depositado emdinheiro, no juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação.

Art. 1.027 - Os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge do que se separou judicial-mente, não podem exigir desde logo a parte que lhes couber na quota social, mas concor-rer à divisão periódica dos lucros, até que se liquide a sociedade.

SEÇÃO VDA RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE EM RELAÇÃO A UM SÓCIO

Art. 1.028 - No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo:

I - se o contrato dispuser diferentemente;

II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade;

III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.

Art. 1.029 - Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, comantecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmentejusta causa.

Parágrafo único - Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sóciosoptar pela dissolução da sociedade.

Art. 1.030 - Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio serexcluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta graveno cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

Parágrafo único - Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ouaquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.

Art. 1.031 - Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor dasua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposi-ção contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data daresolução, verificada em balanço especialmente levantado.

Arts. 1.022 a 1.031

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§ 1º - O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios supri-rem o valor da quota.

§ 2º - A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir daliquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário.

Art. 1.032 - A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, daresponsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a reso-lução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo,enquanto não se requerer a averbação.

SEÇÃO VIDA DISSOLUÇÃO

Art. 1.033 - Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, nãoentrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;

II - o consenso unânime dos sócios;

III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Parágrafo único - Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusivena hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeirano Registro Público de Empresas Mercantis a transformação do registro da sociedade paraempresário individual, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 desteCódigo. (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008)

Art. 1.034 - A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquerdos sócios, quando:

I - anulada a sua constituição;

II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade.

Art. 1.035 - O contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem verificadasjudicialmente quando contestadas.

Art. 1.036 - Ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores providenciar imediata-mente a investidura do liquidante, e restringir a gestão própria aos negócios inadiáveis,vedadas novas operações, pelas quais responderão solidária e ilimitadamente.

Parágrafo único - Dissolvida de pleno direito a sociedade, pode o sócio requerer, desdelogo, a liquidação judicial.

Art. 1.037 - Ocorrendo a hipótese prevista no inciso V do art. 1.033, o Ministério Público, tãologo lhe comunique a autoridade competente, promoverá a liquidação judicial da sociedade, seos administradores não o tiverem feito nos trinta dias seguintes à perda da autorização, ou seo sócio não houver exercido a faculdade assegurada no parágrafo único do artigo antecedente.

Parágrafo único - Caso o Ministério Público não promova a liquidação judicial da sociedadenos quinze dias subseqüentes ao recebimento da comunicação, a autoridade competentepara conceder a autorização nomeará interventor com poderes para requerer a medida eadministrar a sociedade até que seja nomeado o liquidante.

Art. 1.038 - Se não estiver designado no contrato social, o liquidante será eleito pordeliberação dos sócios, podendo a escolha recair em pessoa estranha à sociedade.

Arts. 1.031 a 1.038

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§ 1º - O liquidante pode ser destituído, a todo tempo:

I - se eleito pela forma prevista neste artigo, mediante deliberação dos sócios;

II - em qualquer caso, por via judicial, a requerimento de um ou mais sócios, ocorrendojusta causa.

§ 2º - A liquidação da sociedade se processa de conformidade com o disposto no CapítuloIX, deste Subtítulo.

CAPÍTULO IIDA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO

Art. 1.039 - Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo,respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Parágrafo único - Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, noato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidadede cada um.

Art. 1.040 - A sociedade em nome coletivo se rege pelas normas deste Capítulo e, no queseja omisso, pelas do Capítulo antecedente.

Art. 1.041 - O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no art. 997, a firmasocial.

Art. 1.042 - A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o usoda firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes.

Art. 1.043 - O credor particular de sócio não pode, antes de dissolver-se a sociedade,pretender a liquidação da quota do devedor.

Parágrafo único - Poderá fazê-lo quando:

I - a sociedade houver sido prorrogada tacitamente;

II - tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida judicialmente oposição do credor,levantada no prazo de noventa dias, contado da publicação do ato dilatório.

Art. 1.044 - A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradasno art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência.

CAPÍTULO IIIDA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES

Art. 1.045 - Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias:os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obriga-ções sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota.

Parágrafo único - O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários.

Art. 1.046 - Aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da sociedade emnome coletivo, no que forem compatíveis com as deste Capítulo.

Parágrafo único - Aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios dasociedade em nome coletivo.

Art. 1.047 - Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de lhefiscalizar as operações, não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter onome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado.

Arts. 1.038 a 1.047

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Parágrafo único - Pode o comanditário ser constituído procurador da sociedade, para negó-cio determinado e com poderes especiais.

Art. 1.048 - Somente após averbada a modificação do contrato, produz efeito, quanto aterceiros, a diminuição da quota do comanditário, em conseqüência de ter sido reduzido ocapital social, sempre sem prejuízo dos credores preexistentes.

Art. 1.049 - O sócio comanditário não é obrigado à reposição de lucros recebidos de boa-fé e de acordo com o balanço.

Parágrafo único - Diminuído o capital social por perdas supervenientes, não pode ocomanditário receber quaisquer lucros, antes de reintegrado aquele.

Art. 1.050 - No caso de morte de sócio comanditário, a sociedade, salvo disposição docontrato, continuará com os seus sucessores, que designarão quem os represente.

Art. 1.051 - Dissolve-se de pleno direito a sociedade:

I - por qualquer das causas previstas no art. 1.044;

II - quando por mais de cento e oitenta dias perdurar a falta de uma das categorias de sócio.

Parágrafo único - Na falta de sócio comanditado, os comanditários nomearão administra-dor provisório para praticar, durante o período referido no inciso II e sem assumir a condi-ção de sócio, os atos de administração.

CAPÍTULO IVDA SOCIEDADE LIMITADA

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1.052 - Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor desuas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

Art. 1.053 - A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas dasociedade simples.

Parágrafo único - O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limita-da pelas normas da sociedade anônima.

Art. 1.054 - O contrato mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se for ocaso, a firma social.

SEÇÃO IIDAS QUOTAS

Art. 1.055 - O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma oudiversas a cada sócio.

§ 1º - Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamentetodos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.

§ 2º - É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.

Art. 1.056 - A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferên-cia, caso em que se observará o disposto no artigo seguinte.

Arts. 1.047 a 1.056

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§ 1º - No caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente podem serexercidos pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de sócio falecido.

§ 2º - Sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os condôminos de quota indivisa respondemsolidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização.

Art. 1.057 - Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente,a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se nãohouver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.

Parágrafo único - A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para osfins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento,subscrito pelos sócios anuentes.

Art. 1.058 - Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, semprejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la aterceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos osjuros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.

Art. 1.059 - Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, aqualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia sedistribuírem com prejuízo do capital.

SEÇÃO IIIDA ADMINISTRAÇÃO

Art. 1.060 - A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas nocontrato social ou em ato separado.

Parágrafo único - A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estendede pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade.

Art. 1.061 - Se o contrato permitir administradores não sócios, a designação deles depen-derá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado,e de dois terços, no mínimo, após a integralização.

Art. 1.062 - O administrador designado em ato separado investir-se-á no cargo mediantetermo de posse no livro de atas da administração.

§ 1º - Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes à designação, esta se tornarásem efeito.

§ 2º - Nos dez dias seguintes ao da investidura, deve o administrador requerer sejaaverbada sua nomeação no registro competente, mencionando o seu nome, nacionalida-de, estado civil, residência, com exibição de documento de identidade, o ato e a data danomeação e o prazo de gestão.

Art. 1.063 - O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, em qualquertempo, do titular, ou pelo término do prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, nãohouver recondução.

§ 1º - Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição somentese opera pela aprovação de titulares de quotas correspondentes, no mínimo, a dois terçosdo capital social, salvo disposição contratual diversa.

§ 2º - A cessação do exercício do cargo de administrador deve ser averbada no registrocompetente, mediante requerimento apresentado nos dez dias seguintes ao da ocorrência.

§ 3º - A renúncia de administrador torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde omomento em que esta toma conhecimento da comunicação escrita do renunciante; e, emrelação a terceiros, após a averbação e publicação.

Arts. 1.056 a 1.063

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Art. 1.064 - O uso da firma ou denominação social é privativo dos administradores quetenham os necessários poderes.

Art. 1.065 - Ao término de cada exercício social, proceder-se-á à elaboração do inventá-rio, do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico.

SEÇÃO IVDO CONSELHO FISCAL

Art. 1.066 - Sem prejuízo dos poderes da assembléia dos sócios, pode o contrato instituirconselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não,residentes no País, eleitos na assembléia anual prevista no art. 1.078.

§ 1º - Não podem fazer parte do conselho fiscal, além dos inelegíveis enumerados no § 1ºdo art. 1.011, os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra por ela controla-da, os empregados de quaisquer delas ou dos respectivos administradores, o cônjuge ouparente destes até o terceiro grau.

§ 2º - É assegurado aos sócios minoritários, que representarem pelo menos um quinto docapital social, o direito de eleger, separadamente, um dos membros do conselho fiscal e orespectivo suplente.

Art. 1.067 - O membro ou suplente eleito, assinando termo de posse lavrado no livro deatas e pareceres do conselho fiscal, em que se mencione o seu nome, nacionalidade,estado civil, residência e a data da escolha, ficará investido nas suas funções, que exerce-rá, salvo cessação anterior, até a subseqüente assembléia anual.

Parágrafo único - Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes ao da eleição, estase tornará sem efeito.

Art. 1.068 - A remuneração dos membros do conselho fiscal será fixada, anualmente,pela assembléia dos sócios que os eleger.

Art. 1.069 - Além de outras atribuições determinadas na lei ou no contrato social, aosmembros do conselho fiscal incumbem, individual ou conjuntamente, os deveres seguintes:

I - examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade e o estado dacaixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as informaçõessolicitadas;

II - lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos exames referidosno inciso I deste artigo;

III - exarar no mesmo livro e apresentar à assembléia anual dos sócios parecer sobre osnegócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando por base o balan-ço patrimonial e o de resultado econômico;

IV - denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo providências úteisà sociedade;

V - convocar a assembléia dos sócios se a diretoria retardar por mais de trinta dias a suaconvocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes;

VI - praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos a que se refere esteartigo, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação.

Art. 1.070 - As atribuições e poderes conferidos pela lei ao conselho fiscal não podem seroutorgados a outro órgão da sociedade, e a responsabilidade de seus membros obedece àregra que define a dos administradores (art. 1.016).

Arts. 1.064 a 1.070

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Parágrafo único - O conselho fiscal poderá escolher para assisti-lo no exame dos livros, dosbalanços e das contas, contabilista legalmente habilitado, mediante remuneração aprova-da pela assembléia dos sócios.

SEÇÃO VDAS DELIBERAÇÕES DOS SÓCIOS

Art. 1.071 - Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas nalei ou no contrato:

I - a aprovação das contas da administração;

II - a designação dos administradores, quando feita em ato separado;

III - a destituição dos administradores;

IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;

V - a modificação do contrato social;

VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado deliquidação;

VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas;

VIII - o pedido de concordata.

Art. 1.072 - As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão toma-das em reunião ou em assembléia, conforme previsto no contrato social, devendo serconvocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato.

§ 1º - A deliberação em assembléia será obrigatória se o número dos sócios for superior a dez.

§ 2º - Dispensam-se as formalidades de convocação previstas no § 3º do art. 1.152,quando todos os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local,data, hora e ordem do dia.

§ 3º - A reunião ou a assembléia tornam-se dispensáveis quando todos os sócios decidi-rem, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas.

§ 4º - No caso do inciso VIII do artigo antecedente, os administradores, se houver urgên-cia e com autorização de titulares de mais da metade do capital social, podem requererconcordata preventiva.

§ 5º - As deliberações tomadas de conformidade com a lei e o contrato vinculam todos ossócios, ainda que ausentes ou dissidentes.

§ 6º - Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no contrato, o disposto napresente Seção sobre a assembléia.

Art. 1.073 - A reunião ou a assembléia podem também ser convocadas:

I - por sócio, quando os administradores retardarem a convocação, por mais de sessentadias, nos casos previstos em lei ou no contrato, ou por titulares de mais de um quinto docapital, quando não atendido, no prazo de oito dias, pedido de convocação fundamentado,com indicação das matérias a serem tratadas;

II - pelo conselho fiscal, se houver, nos casos a que se refere o inciso V do art. 1.069.

Art. 1.074 - A assembléia dos sócios instala-se com a presença, em primeira convocação,de titulares de no mínimo três quartos do capital social, e, em segunda, com qualquernúmero.

Arts. 1.070 a 1.074

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§ 1º - O sócio pode ser representado na assembléia por outro sócio, ou por advogado,mediante outorga de mandato com especificação dos atos autorizados, devendo o instru-mento ser levado a registro, juntamente com a ata.

§ 2º - Nenhum sócio, por si ou na condição de mandatário, pode votar matéria que lhe digarespeito diretamente.

Art. 1.075 - A assembléia será presidida e secretariada por sócios escolhidos entre os presentes.

§ 1º - Dos trabalhos e deliberações será lavrada, no livro de atas da assembléia, ataassinada pelos membros da mesa e por sócios participantes da reunião, quantos bastem àvalidade das deliberações, mas sem prejuízo dos que queiram assiná-la.

§ 2º - Cópia da ata autenticada pelos administradores, ou pela mesa, será, nos vinte diassubseqüentes à reunião, apresentada ao Registro Público de Empresas Mercantis paraarquivamento e averbação.

§ 3º - Ao sócio, que a solicitar, será entregue cópia autenticada da ata.

Art. 1.076 - Ressalvado o disposto no art. 1.061 e no § 1º do art. 1.063, as deliberaçõesdos sócios serão tomadas:

I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social, nos casosprevistos nos incisos V e VI do art. 1.071;

II - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos casos previstosnos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071;

III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei ou no contrato,se este não exigir maioria mais elevada.

Art. 1.077 - Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporaçãode outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade,nos trinta dias subseqüentes à reunião, aplicando-se, no silêncio do contrato social antesvigente, o disposto no art. 1.031.

Art. 1.078 - A assembléia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nosquatro meses seguintes à ao término do exercício social, com o objetivo de:

I - tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o deresultado econômico;

II - designar administradores, quando for o caso;

III - tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do dia.

§ 1º - Até trinta dias antes da data marcada para a assembléia, os documentos referidosno inciso I deste artigo devem ser postos, por escrito, e com a prova do respectivo rece-bimento, à disposição dos sócios que não exerçam a administração.

§ 2º - Instalada a assembléia, proceder-se-á à leitura dos documentos referidos no parágra-fo antecedente, os quais serão submetidos, pelo presidente, a discussão e votação, nestanão podendo tomar parte os membros da administração e, se houver, os do conselho fiscal.

§ 3º - A aprovação, sem reserva, do balanço patrimonial e do de resultado econômico,salvo erro, dolo ou simulação, exonera de responsabilidade os membros da administraçãoe, se houver, os do conselho fiscal.

§ 4º - Extingue-se em dois anos o direito de anular a aprovação a que se refere o parágra-fo antecedente.

Art. 1.079 - Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no contrato, o estabele-cido nesta Seção sobre a assembléia, obedecido o disposto no § 1º do art. 1.072.

Arts. 1.074 a 1.079

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Código Civil

Art. 1.080 - As deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a respon-sabilidade dos que expressamente as aprovaram.

SEÇÃO VIDO AUMENTO E DA REDUÇÃO DO CAPITAL

Art. 1.081 - Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas, pode ser ocapital aumentado, com a correspondente modificação do contrato.

§ 1º - Até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar doaumento, na proporção das quotas de que sejam titulares.

§ 2º - À cessão do direito de preferência, aplica-se o disposto no caput do art. 1.057.

§ 3º - Decorrido o prazo da preferência, e assumida pelos sócios, ou por terceiros, atotalidade do aumento, haverá reunião ou assembléia dos sócios, para que seja aprovadaa modificação do contrato.

Art. 1.082 - Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificaçãodo contrato:

I - depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis;

II - se excessivo em relação ao objeto da sociedade.

Art. 1.083 - No caso do inciso I do artigo antecedente, a redução do capital será realizadacom a diminuição proporcional do valor nominal das quotas, tornando-se efetiva a partirda averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata da assembléia que atenha aprovado.

Art. 1.084 - No caso do inciso II do art. 1.082, a redução do capital será feita restituindo-se parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-se as prestações ainda devidas,com diminuição proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das quotas.

§ 1º - No prazo de noventa dias, contado da data da publicação da ata da assembléia queaprovar a redução, o credor quirografário, por título líquido anterior a essa data, poderáopor-se ao deliberado.

§ 2º - A redução somente se tornará eficaz se, no prazo estabelecido no parágrafo antece-dente, não for impugnada, ou se provado o pagamento da dívida ou o depósito judicial dorespectivo valor.

§ 3º - Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antecedente, proceder-se-á àaverbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata que tenha aprovado a redução.

SEÇÃO VIIDA RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE EM RELAÇÃO A SÓCIOS MINORITÁRIOS

Art. 1.085 - Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios, represen-tativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondoem risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderáexcluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste aexclusão por justa causa.

Parágrafo único - A exclusão somente poderá ser determinada em reunião ou assembléiaespecialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitirseu comparecimento e o exercício do direito de defesa.

Arts. 1.080 a 1.085

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Código Civil

Art. 1.086 - Efetuado o registro da alteração contratual, aplicar-se-á o disposto nos arts.1.031 e 1.032.

SEÇÃO VIIIDA DISSOLUÇÃO

Art. 1.087 - A sociedade dissolve-se, de pleno direito, por qualquer das causas previstasno art. 1.044.

CAPÍTULO VDA SOCIEDADE ANÔNIMA

SEÇÃO ÚNICADA CARACTERIZAÇÃO

Art. 1.088 - Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-secada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.

Art. 1.089 - A sociedade anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casosomissos, as disposições deste Código.

CAPÍTULO VIDA SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES

Art. 1.090 - A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regen-do-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações cons-tantes deste Capítulo, e opera sob firma ou denominação.

Art. 1.091 - Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, comodiretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade.

§ 1º - Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgo-tados os bens sociais.

§ 2º - Os diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem limitação detempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representemno mínimo dois terços do capital social.

§ 3º - O diretor destituído ou exonerado continua, durante dois anos, responsável pelasobrigações sociais contraídas sob sua administração.

Art. 1.092 - A assembléia geral não pode, sem o consentimento dos diretores, mudar oobjeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir ocapital social, criar debêntures, ou partes beneficiárias.

CAPÍTULO VIIDA SOCIEDADE COOPERATIVA

Art. 1.093 - A sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto no presente Capítulo, res-salvada a legislação especial.

Arts. 1.086 a 1.093

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Art. 1.094 - São características da sociedade cooperativa:

I - variabilidade, ou dispensa do capital social;

II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da soci-edade, sem limitação de número máximo;

III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar;

IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda quepor herança;

V - quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sóciospresentes à reunião, e não no capital social representado;

VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade,e qualquer que seja o valor de sua participação;

VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadaspelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado;

VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissoluçãoda sociedade.

Art. 1.095 - Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ouilimitada.

§ 1º - É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelovalor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a propor-ção de sua participação nas mesmas operações.

§ 2º - É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária eilimitadamente pelas obrigações sociais.

Art. 1.096 - No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições referentes à sociedadesimples, resguardadas as características estabelecidas no art. 1.094.

CAPÍTULO VIIIDAS SOCIEDADES COLIGADAS

Art. 1.097 - Consideram-se coligadas as sociedades que, em suas relações de capital, sãocontroladas, filiadas, ou de simples participação, na forma dos artigos seguintes.

Art. 1.098 - É controlada:

I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas deliberaçõesdos quotistas ou da assembléia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores;

II - a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, esteja em poder de outra,mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades por esta já controladas.

Art. 1.099 - Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade partici-pa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la.

Art. 1.100 - É de simples participação a sociedade de cujo capital outra sociedade possuamenos de dez por cento do capital com direito de voto.

Art. 1.101 - Salvo disposição especial de lei, a sociedade não pode participar de outra,que seja sua sócia, por montante superior, segundo o balanço, ao das próprias reservas,excluída a reserva legal.

Parágrafo único - Aprovado o balanço em que se verifique ter sido excedido esse limite,a sociedade não poderá exercer o direito de voto correspondente às ações ou quotas

Arts. 1.094 a 1.101

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em excesso, as quais devem ser alienadas nos cento e oitenta dias seguintes àquelaaprovação.

CAPÍTULO IXDA LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE

Art. 1.102 - Dissolvida a sociedade e nomeado o liquidante na forma do disposto nesteLivro, procede-se à sua liquidação, de conformidade com os preceitos deste Capítulo,ressalvado o disposto no ato constitutivo ou no instrumento da dissolução.

Parágrafo único - O liquidante, que não seja administrador da sociedade, investir-se-á nasfunções, averbada a sua nomeação no registro próprio.

Art. 1.103 - Constituem deveres do liquidante:

I - averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de dissolução da sociedade;

II - arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam;

III - proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistência, sempreque possível, dos administradores, à elaboração do inventário e do balanço geral do ativoe do passivo;

IV - ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar oremanescente entre os sócios ou acionistas;

V - exigir dos quotistas, quando insuficiente o ativo à solução do passivo, a integralizaçãode suas quotas e, se for o caso, as quantias necessárias, nos limites da responsabilidadede cada um e proporcionalmente à respectiva participação nas perdas, repartindo-se,entre os sócios solventes e na mesma proporção, o devido pelo insolvente;

VI - convocar assembléia dos quotistas, cada seis meses, para apresentar relatório ebalanço do estado da liquidação, prestando conta dos atos praticados durante o semestre,ou sempre que necessário;

VII - confessar a falência da sociedade e pedir concordata, de acordo com as formalidadesprescritas para o tipo de sociedade liquidanda;

VIII - finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas finais;

IX - averbar a ata da reunião ou da assembléia, ou o instrumento firmado pelos sócios, queconsiderar encerrada a liquidação.

Parágrafo único - Em todos os atos, documentos ou publicações, o liquidante empregará afirma ou denominação social sempre seguida da cláusula “em liquidação” e de sua assina-tura individual, com a declaração de sua qualidade.

Art. 1.104 - As obrigações e a responsabilidade do liquidante regem-se pelos preceitospeculiares às dos administradores da sociedade liquidanda.

Art. 1.105 - Compete ao liquidante representar a sociedade e praticar todos os atosnecessários à sua liquidação, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir, receber edar quitação.

Parágrafo único - Sem estar expressamente autorizado pelo contrato social, ou pelo votoda maioria dos sócios, não pode o liquidante gravar de ônus reais os móveis e imóveis,contrair empréstimos, salvo quando indispensáveis ao pagamento de obrigações inadiáveis,nem prosseguir, embora para facilitar a liquidação, na atividade social.

Art. 1.106 - Respeitados os direitos dos credores preferenciais, pagará o liquidante asdívidas sociais proporcionalmente, sem distinção entre vencidas e vincendas, mas, emrelação a estas, com desconto.

Arts. 1.101 a 1.106

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Parágrafo único - Se o ativo for superior ao passivo, pode o liquidante, sob sua responsa-bilidade pessoal, pagar integralmente as dívidas vencidas.

Art. 1.107 - Os sócios podem resolver, por maioria de votos, antes de ultimada a liquida-ção, mas depois de pagos os credores, que o liquidante faça rateios por antecipação dapartilha, à medida em que se apurem os haveres sociais.

Art. 1.108 - Pago o passivo e partilhado o remanescente, convocará o liquidante assem-bléia dos sócios para a prestação final de contas.

Art. 1.109 - Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação, e a sociedade se extingue, aoser averbada no registro próprio a ata da assembléia.

Parágrafo único - O dissidente tem o prazo de trinta dias, a contar da publicação da ata,devidamente averbada, para promover a ação que couber.

Art. 1.110 - Encerrada a liquidação, o credor não satisfeito só terá direito a exigir dossócios, individualmente, o pagamento do seu crédito, até o limite da soma por eles recebi-da em partilha, e a propor contra o liquidante ação de perdas e danos.

Art. 1.111 - No caso de liquidação judicial, será observado o disposto na lei processual.

Art. 1.112 - No curso de liquidação judicial, o juiz convocará, se necessário, reunião ouassembléia para deliberar sobre os interesses da liquidação, e as presidirá, resolvendosumariamente as questões suscitadas.

Parágrafo único - As atas das assembléias serão, em cópia autêntica, apensadas ao pro-cesso judicial.

CAPÍTULO XDA TRANSFORMAÇÃO, DA INCORPORAÇÃO, DA FUSÃO E DA CISÃO DAS SOCIEDADES

Art. 1.113 - O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade,e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em quevai converter-se.

Art. 1.114 - A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo seprevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade,aplicando-se, no silêncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031.

Art. 1.115 - A transformação não modificará nem prejudicará, em qualquer caso, osdireitos dos credores.

Parágrafo único - A falência da sociedade transformada somente produzirá efeitos emrelação aos sócios que, no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titularesde créditos anteriores à transformação, e somente a estes beneficiará.

Art. 1.116 - Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, quelhes sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na formaestabelecida para os respectivos tipos.

Art. 1.117 - A deliberação dos sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as basesda operação e o projeto de reforma do ato constitutivo.

§ 1º - A sociedade que houver de ser incorporada tomará conhecimento desse ato, e, se oaprovar, autorizará os administradores a praticar o necessário à incorporação, inclusive asubscrição em bens pelo valor da diferença que se verificar entre o ativo e o passivo.

§ 2º - A deliberação dos sócios da sociedade incorporadora compreenderá a nomeação dosperitos para a avaliação do patrimônio líquido da sociedade, que tenha de ser incorporada.

Arts. 1.106 a 1.117

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Art. 1.118 - Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta aincorporada, e promoverá a respectiva averbação no registro próprio.

Art. 1.119 - A fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para formarsociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações.

Art. 1.120 - A fusão será decidida, na forma estabelecida para os respectivos tipos, pelassociedades que pretendam unir-se.

§ 1º - Em reunião ou assembléia dos sócios de cada sociedade, deliberada a fusão e aprova-do o projeto do ato constitutivo da nova sociedade, bem como o plano de distribuição docapital social, serão nomeados os peritos para a avaliação do patrimônio da sociedade.

§ 2º - Apresentados os laudos, os administradores convocarão reunião ou assembléia dos sóciospara tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituição definitiva da nova sociedade.

§ 3º - É vedado aos sócios votar o laudo de avaliação do patrimônio da sociedade de quefaçam parte.

Art. 1.121 - Constituída a nova sociedade, aos administradores incumbe fazer inscrever,no registro próprio da sede, os atos relativos à fusão.

Art. 1.122 - Até noventa dias após publicados os atos relativos à incorporação, fusão oucisão, o credor anterior, por ela prejudicado, poderá promover judicialmente a anulação deles.

§ 1º - A consignação em pagamento prejudicará a anulação pleiteada.

§ 2º - Sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá garantir-lhe a execução, suspendendo-se o processo de anulação.

§ 3º - Ocorrendo, no prazo deste artigo, a falência da sociedade incorporadora, da socie-dade nova ou da cindida, qualquer credor anterior terá direito a pedir a separação dospatrimônios, para o fim de serem os créditos pagos pelos bens das respectivas massas.

CAPÍTULO XIDA SOCIEDADE DEPENDENTE DE AUTORIZAÇÃO

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.123 - A sociedade que dependa de autorização do Poder Executivo para funcionarreger-se-á por este título, sem prejuízo do disposto em lei especial.

Parágrafo único - A competência para a autorização será sempre do Poder Executivo federal.

Art. 1.124 - Na falta de prazo estipulado em lei ou em ato do poder público, será conside-rada caduca a autorização se a sociedade não entrar em funcionamento nos doze mesesseguintes à respectiva publicação.

Art. 1.125 - Ao Poder Executivo é facultado, a qualquer tempo, cassar a autorizaçãoconcedida a sociedade nacional ou estrangeira que infringir disposição de ordem públicaou praticar atos contrários aos fins declarados no seu estatuto.

SEÇÃO IIDA SOCIEDADE NACIONAL

Art. 1.126 - É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e quetenha no País a sede de sua administração.

Arts. 1.118 a 1.126

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Parágrafo único - Quando a lei exigir que todos ou alguns sócios sejam brasileiros, asações da sociedade anônima revestirão, no silêncio da lei, a forma nominativa. Qualquerque seja o tipo da sociedade, na sua sede ficará arquivada cópia autêntica do documentocomprobatório da nacionalidade dos sócios.

Art. 1.127 - Não haverá mudança de nacionalidade de sociedade brasileira sem o consen-timento unânime dos sócios ou acionistas.

Art. 1.128 - O requerimento de autorização de sociedade nacional deve ser acompanhadode cópia do contrato, assinada por todos os sócios, ou, tratando-se de sociedade anônima,de cópia, autenticada pelos fundadores, dos documentos exigidos pela lei especial.

Parágrafo único - Se a sociedade tiver sido constituída por escritura pública, bastará jun-tar-se ao requerimento a respectiva certidão.

Art. 1.129 - Ao Poder Executivo é facultado exigir que se procedam a alterações ouaditamento no contrato ou no estatuto, devendo os sócios, ou, tratando-se de sociedadeanônima, os fundadores, cumprir as formalidades legais para revisão dos atos constituti-vos, e juntar ao processo prova regular.

Art. 1.130 - Ao Poder Executivo é facultado recusar a autorização, se a sociedade nãoatender às condições econômicas, financeiras ou jurídicas especificadas em lei.

Art. 1.131 - Expedido o decreto de autorização, cumprirá à sociedade publicar os atosreferidos nos arts. 1.128 e 1.129, em trinta dias, no órgão oficial da União, cujo exemplarrepresentará prova para inscrição, no registro próprio, dos atos constitutivos da sociedade.

Parágrafo único - A sociedade promoverá, também no órgão oficial da União e no prazo detrinta dias, a publicação do termo de inscrição.

Art. 1.132 - As sociedades anônimas nacionais, que dependam de autorização do PoderExecutivo para funcionar, não se constituirão sem obtê-la, quando seus fundadores pre-tenderem recorrer a subscrição pública para a formação do capital.

§ 1º - Os fundadores deverão juntar ao requerimento cópias autênticas do projeto doestatuto e do prospecto.

§ 2º - Obtida a autorização e constituída a sociedade, proceder-se-á à inscrição dos seusatos constitutivos.

Art. 1.133 - Dependem de aprovação as modificações do contrato ou do estatuto desociedade sujeita a autorização do Poder Executivo, salvo se decorrerem de aumento docapital social, em virtude de utilização de reservas ou reavaliação do ativo.

SEÇÃO IIIDA SOCIEDADE ESTRANGEIRA

Art. 1.134 - A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, semautorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subor-dinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de socie-dade anônima brasileira.

§ 1º - Ao requerimento de autorização devem juntar-se:

I - prova de se achar a sociedade constituída conforme a lei de seu país;

II - inteiro teor do contrato ou do estatuto;

III - relação dos membros de todos os órgãos da administração da sociedade, com nome,nacionalidade, profissão, domicílio e, salvo quanto a ações ao portador, o valor da partici-pação de cada um no capital da sociedade;

Arts. 1.126 a 1.134

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IV - cópia do ato que autorizou o funcionamento no Brasil e fixou o capital destinado àsoperações no território nacional;

V - prova de nomeação do representante no Brasil, com poderes expressos para aceitar ascondições exigidas para a autorização;

VI - último balanço.

§ 2º - Os documentos serão autenticados, de conformidade com a lei nacional da socieda-de requerente, legalizados no consulado brasileiro da respectiva sede e acompanhados detradução em vernáculo.

Art. 1.135 - É facultado ao Poder Executivo, para conceder a autorização, estabelecercondições convenientes à defesa dos interesses nacionais.

Parágrafo único - Aceitas as condições, expedirá o Poder Executivo decreto de autorização,do qual constará o montante de capital destinado às operações no País, cabendo à socie-dade promover a publicação dos atos referidos no art. 1.131 e no § 1º do art. 1.134.

Art. 1.136 - A sociedade autorizada não pode iniciar sua atividade antes de inscrita noregistro próprio do lugar em que se deva estabelecer.

§ 1º - O requerimento de inscrição será instruído com exemplar da publicação exigida noparágrafo único do artigo antecedente, acompanhado de documento do depósito em di-nheiro, em estabelecimento bancário oficial, do capital ali mencionado.

§ 2º - Arquivados esses documentos, a inscrição será feita por termo em livro especialpara as sociedades estrangeiras, com número de ordem contínuo para todas as sociedadesinscritas; no termo constarão:

I - nome, objeto, duração e sede da sociedade no estrangeiro;

II - lugar da sucursal, filial ou agência, no País;

III - data e número do decreto de autorização;

IV - capital destinado às operações no País;

V - individuação do seu representante permanente.

§ 3º - Inscrita a sociedade, promover-se-á a publicação determinada no parágrafo únicodo art. 1.131.

Art. 1.137 - A sociedade estrangeira autorizada a funcionar ficará sujeita às leis e aostribunais brasileiros, quanto aos atos ou operações praticados no Brasil.

Parágrafo único - A sociedade estrangeira funcionará no território nacional com o nomeque tiver em seu país de origem, podendo acrescentar as palavras “do Brasil” ou “para oBrasil”.

Art. 1.138 - A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter, permanen-temente, representante no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e rece-ber citação judicial pela sociedade.

Parágrafo único - O representante somente pode agir perante terceiros depois de arquiva-do e averbado o instrumento de sua nomeação.

Art. 1.139 - Qualquer modificação no contrato ou no estatuto dependerá da aprovação doPoder Executivo, para produzir efeitos no território nacional.

Art. 1.140 - A sociedade estrangeira deve, sob pena de lhe ser cassada a autorização,reproduzir no órgão oficial da União, e do Estado, se for o caso, as publicações que,segundo a sua lei nacional, seja obrigada a fazer relativamente ao balanço patrimonial e aode resultado econômico, bem como aos atos de sua administração.

Arts. 1.134 a 1.140

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Parágrafo único - Sob pena, também, de lhe ser cassada a autorização, a sociedade es-trangeira deverá publicar o balanço patrimonial e o de resultado econômico das sucursais,filiais ou agências existentes no País.

Art. 1.141 - Mediante autorização do Poder Executivo, a sociedade estrangeira admitida afuncionar no País pode nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil.

§ 1º - Para o fim previsto neste artigo, deverá a sociedade, por seus representantes,oferecer, com o requerimento, os documentos exigidos no art. 1.134, e ainda a prova darealização do capital, pela forma declarada no contrato, ou no estatuto, e do ato em que foideliberada a nacionalização.

§ 2º - O Poder Executivo poderá impor as condições que julgar convenientes à defesa dosinteresses nacionais.

§ 3º - Aceitas as condições pelo representante, proceder-se-á, após a expedição do decre-to de autorização, à inscrição da sociedade e publicação do respectivo termo.

TÍTULO IIIDO ESTABELECIMENTO

CAPÍTULO ÚNICODISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.142 - Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exer-cício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

Art. 1.143 - Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos,translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.

Art. 1.144 - O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento doestabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem dainscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de EmpresasMercantis, e de publicado na imprensa oficial.

Art. 1.145 - Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, aeficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, oudo consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de suanotificação.

Art. 1.146 - O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitosanteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedorprimitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditosvencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

Art. 1.147 - Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não podefazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.

Parágrafo único - No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibiçãoprevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.

Art. 1.148 - Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação doadquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiveremcaráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar dapublicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabi-lidade do alienante.

Art. 1.149 - A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produziráefeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transfe-rência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.

Arts. 1.140 a 1.149

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TÍTULO IVDOS INSTITUTOS COMPLEMENTARES

CAPÍTULO IDO REGISTRO

Art. 1.150 - O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público deEmpresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civildas Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, sea sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.

Art. 1.151 - O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente serárequerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ouqualquer interessado.

§ 1º - Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trintadias, contado da lavratura dos atos respectivos.

§ 2º - Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeitoa partir da data de sua concessão.

§ 3º - As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, emcaso de omissão ou demora.

Art. 1.152 - Cabe ao órgão incumbido do registro verificar a regularidade das publicaçõesdeterminadas em lei, de acordo com o disposto nos parágrafos deste artigo.

§ 1º - Salvo exceção expressa, as publicações ordenadas neste Livro serão feitas no órgãooficial da União ou do Estado, conforme o local da sede do empresário ou da sociedade, eem jornal de grande circulação.

§ 2º - As publicações das sociedades estrangeiras serão feitas nos órgãos oficiais da Uniãoe do Estado onde tiverem sucursais, filiais ou agências.

§ 3º - O anúncio de convocação da assembléia de sócios será publicado por três vezes, aomenos, devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a da realização da assem-bléia, o prazo mínimo de oito dias, para a primeira convocação, e de cinco dias, para asposteriores.

Art. 1.153 - Cumpre à autoridade competente, antes de efetivar o registro, verificar aautenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento, bem como fiscalizar a obser-vância das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos apresentados.

Parágrafo único - Das irregularidades encontradas deve ser notificado o requerente, que,se for o caso, poderá saná-las, obedecendo às formalidades da lei.

Art. 1.154 - O ato sujeito a registro, ressalvadas disposições especiais da lei, não pode,antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova deque este o conhecia.

Parágrafo único - O terceiro não pode alegar ignorância, desde que cumpridas as referidasformalidades.

CAPÍTULO IIDO NOME EMPRESARIAL

Art. 1.155 - Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de con-formidade com este Capítulo, para o exercício de empresa.

Arts. 1.150 a 1.155

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Parágrafo único - Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, adenominação das sociedades simples, associações e fundações.

Art. 1.156 - O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abre-viado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero deatividade.

Art. 1.157 - A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sobfirma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditarao nome de um deles a expressão “e companhia” ou sua abreviatura.

Parágrafo único - Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraí-das sob a firma social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma da sociedade deque trata este artigo.

Art. 1.158 - Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pelapalavra final “limitada” ou a sua abreviatura.

§ 1º - A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoasfísicas, de modo indicativo da relação social.

§ 2º - A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar onome de um ou mais sócios.

§ 3º - A omissão da palavra “limitada” determina a responsabilidade solidária e ilimitadados administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade.

Art. 1.159 - A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo“cooperativa”.

Art. 1.160 - A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social,integrada pelas expressões “sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ouabreviadamente.

Parágrafo único - Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoaque haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa.

Art. 1.161 - A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar deno-minação designativa do objeto social, aditada da expressão “comandita por ações”.

Art. 1.162 - A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação.

Art. 1.163 - O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito nomesmo registro.

Parágrafo único - Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deveráacrescentar designação que o distinga.

Art. 1.164 - O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.

Parágrafo único - O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contra-to o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação desucessor.

Art. 1.165 - O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode serconservado na firma social.

Art. 1.166 - A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ouas respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome noslimites do respectivo Estado.

Parágrafo único - O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, seregistrado na forma da lei especial.

Arts. 1.155 a 1.166

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Art. 1.167 - Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição donome empresarial feita com violação da lei ou do contrato.

Art. 1.168 - A inscrição do nome empresarial será cancelada, a requerimento de qualquerinteressado, quando cessar o exercício da atividade para que foi adotado, ou quandoultimar-se a liquidação da sociedade que o inscreveu.

CAPÍTULO IIIDOS PREPOSTOS

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.169 - O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desem-penho da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto epelas obrigações por ele contraídas.

Art. 1.170 - O preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por conta própriaou de terceiro, nem participar, embora indiretamente, de operação do mesmo gênero daque lhe foi cometida, sob pena de responder por perdas e danos e de serem retidos pelopreponente os lucros da operação.

Art. 1.171 - Considera-se perfeita a entrega de papéis, bens ou valores ao preposto,encarregado pelo preponente, se os recebeu sem protesto, salvo nos casos em que hajaprazo para reclamação.

SEÇÃO IIDO GERENTE

Art. 1.172 - Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, nasede desta, ou em sucursal, filial ou agência.

Art. 1.173 - Quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o gerente autorizadoa praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados.

Parágrafo único - Na falta de estipulação diversa, consideram-se solidários os poderesconferidos a dois ou mais gerentes.

Art. 1.174 - As limitações contidas na outorga de poderes, para serem opostas a tercei-ros, dependem do arquivamento e averbação do instrumento no Registro Público de Em-presas Mercantis, salvo se provado serem conhecidas da pessoa que tratou com o gerente.

Parágrafo único - Para o mesmo efeito e com idêntica ressalva, deve a modificação ou revoga-ção do mandato ser arquivada e averbada no Registro Público de Empresas Mercantis.

Art. 1.175 - O preponente responde com o gerente pelos atos que este pratique em seupróprio nome, mas à conta daquele.

Art. 1.176 - O gerente pode estar em juízo em nome do preponente, pelas obrigaçõesresultantes do exercício da sua função.

SEÇÃO IIIDO CONTABILISTA E OUTROS AUXILIARES

Art. 1.177 - Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dosprepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele.

Arts. 1.167 a 1.177

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Parágrafo único - No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsá-veis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamentecom o preponente, pelos atos dolosos.

Art. 1.178 - Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, pratica-dos nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autoriza-dos por escrito.

Parágrafo único - Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somenteobrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumentopode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor.

CAPÍTULO IVDA ESCRITURAÇÃO

Art. 1.179 - O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistemade contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros,em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balançopatrimonial e o de resultado econômico.

§ 1º - Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dosinteressados.

§ 2º - É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere oart. 970.

Art. 1.180 - Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que podeser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.

Parágrafo único - A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lança-mento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.

Art. 1.181 - Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, asfichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de EmpresasMercantis.

Parágrafo único - A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou asociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios.

Art. 1.182 - Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsa-bilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade.

Art. 1.183 - A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em formacontábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entre-linhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens.

Parágrafo único - É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que cons-tem de livro próprio, regularmente autenticado.

Art. 1.184 - No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização dodocumento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operaçõesrelativas ao exercício da empresa.

§ 1º - Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o períodode trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas forada sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autentica-dos, para registro individualizado, e conservados os documentos que permitam a suaperfeita verificação.

§ 2º - Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendoambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo em-presário ou sociedade empresária.

Arts. 1.177 a 1.184

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Art. 1.185 - O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas delançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, ob-servadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele.

Art. 1.186 - O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado de modo que registre:

I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo, emforma de balancetes diários;

II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do exercício.

Art. 1.187 - Na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios deavaliação a seguir determinados:

I - os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de aquisição,devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempoou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, criando-se fundos de amortiza-ção para assegurar-lhes a substituição ou a conservação do valor;

II - os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituemprodutos ou artigos da indústria ou comércio da empresa, podem ser estimados pelo custode aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior aopreço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo deaquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entreeste e o preço de custo não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem paraas percentagens referentes a fundos de reserva;

III - o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base narespectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionáriasserão considerados pelo seu valor de aquisição;

IV - os créditos serão considerados de conformidade com o presumível valor de realização,não se levando em conta os prescritos ou de difícil liqüidação, salvo se houver, quanto aosúltimos, previsão equivalente.

Parágrafo único - Entre os valores do ativo podem figurar, desde que se preceda, anual-mente, à sua amortização:

I - as despesas de instalação da sociedade, até o limite correspondente a dez por cento docapital social;

II - os juros pagos aos acionistas da sociedade anônima, no período antecedente ao iníciodas operações sociais, à taxa não superior a doze por cento ao ano, fixada no estatuto;

III - a quantia efetivamente paga a título de aviamento de estabelecimento adquirido peloempresário ou sociedade.

Art. 1.188 - O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situaçãoreal da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leisespeciais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo.

Parágrafo único - Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balançopatrimonial, em caso de sociedades coligadas.

Art. 1.189 - O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros eperdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma dalei especial.

Art. 1.190 - Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal,sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresárioou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidadesprescritas em lei.

Arts. 1.185 a 1.190

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Art. 1.191 - O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escritura-ção quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou socieda-de, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.

§ 1º - O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimentoou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examina-dos na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou depessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão.

§ 2º - Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivojuiz.

Art. 1.192 - Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serãoapreendidos judicialmente e, no do seu § 1º, ter-se-á como verdadeiro o alegado pelaparte contrária para se provar pelos livros.

Parágrafo único - A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documentalem contrário.

Art. 1.193 - As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, emparte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscaliza-ção do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais.

Art. 1.194 - O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boaguarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade,enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.

Art. 1.195 - As disposições deste Capítulo aplicam-se às sucursais, filiais ou agências, noBrasil, do empresário ou sociedade com sede em país estrangeiro.

LIVRO IIIDO DIREITO DAS COISAS

TÍTULO IDA POSSE

CAPÍTULO IDA POSSE E SUA CLASSIFICAÇÃO

Art. 1.196 - Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ounão, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

Art. 1.197 - A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente,em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

Art. 1.198 - Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependênciapara com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instru-ções suas.

Parágrafo único - Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve esteartigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrá-rio.

Art. 1.199 - Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercersobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.

Art. 1.200 - É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

Arts. 1.191 a 1.200

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Art. 1.201 - É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impedea aquisição da coisa.

Parágrafo único - O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvoprova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.

Art. 1.202 - A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em queas circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.

Art. 1.203 - Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter comque foi adquirida.

CAPÍTULO IIDA AQUISIÇÃO DA POSSE

Art. 1.204 - Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício,em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.

Art. 1.205 - A posse pode ser adquirida:

I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;

II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

Art. 1.206 - A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mes-mos caracteres.

Art. 1.207 - O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e aosucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

Art. 1.208 - Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como nãoautorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar aviolência ou a clandestinidade.

Art. 1.209 - A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis quenele estiverem.

CAPÍTULO IIIDOS EFEITOS DA POSSE

Art. 1.210 - O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, resti-tuído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser moles-tado.

§ 1º - O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua pró-pria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir alémdo indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

§ 2º - Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou deoutro direito sobre a coisa.

Art. 1.211 - Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoria-mente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras pormodo vicioso.

Art. 1.212 - O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra oterceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.

Art. 1.213 - O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparen-tes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, oudaqueles de quem este o houve.

Arts. 1.201 a 1.213

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Art. 1.214 - O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.

Parágrafo único - Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser resti-tuídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também resti-tuídos os frutos colhidos com antecipação.

Art. 1.215 - Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo quesão separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.

Art. 1.216 - O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que seconstituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

Art. 1.217 - O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, aque não der causa.

Art. 1.218 - O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, aindaque acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse doreivindicante.

Art. 1.219 - O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessáriase úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quandoo puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor dasbenfeitorias necessárias e úteis.

Art. 1.220 - Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessári-as; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar asvoluptuárias.

Art. 1.221 - As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimentose ao tempo da evicção ainda existirem.

Art. 1.222 - O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé,tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-féindenizará pelo valor atual.

CAPÍTULO IVDA PERDA DA POSSE

Art. 1.223 - Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, opoder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.

Art. 1.224 - Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quan-do, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violen-tamente repelido.

TÍTULO IIDOS DIREITOS REAIS

CAPÍTULO ÚNICODISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.225 - São direitos reais:

I - a propriedade;

II - a superfície;

Arts. 1.214 a 1.225

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III - as servidões;

IV - o usufruto;

V - o uso;

VI - a habitação;

VII - o direito do promitente comprador do imóvel;

VIII - o penhor;

IX - a hipoteca;

X - a anticrese.

XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

Art. 1.226 - Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidospor atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.

Art. 1.227 - Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entrevivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidostítulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.

TÍTULO IIIDA PROPRIEDADE

CAPÍTULO IDA PROPRIEDADE EM GERAL

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1.228 - O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito dereavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

§ 1º - O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidadeseconômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabe-lecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e opatrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

§ 2º - São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ouutilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

§ 3º - O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por neces-sidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso deperigo público iminente.

§ 4º - O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistirem extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerá-vel número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.

§ 5º - No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida aoproprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel emnome dos possuidores.

Arts. 1.225 a 1.228

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Art. 1.229 - A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes,em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se aatividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que nãotenha ele interesse legítimo em impedi-las.

Art. 1.230 - A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursosminerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bensreferidos por leis especiais.

Parágrafo único - O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais deemprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação indus-trial, obedecido o disposto em lei especial.

Art. 1.231 - A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.

Art. 1.232 - Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, aoseu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.

SEÇÃO IIDA DESCOBERTA

Art. 1.233 - Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimopossuidor.

Parágrafo único - Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não oencontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.

Art. 1.234 - Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terádireito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelasdespesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferirabandoná-la.

Parágrafo único - Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforçodesenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibi-lidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.

Art. 1.235 - O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possui-dor legítimo, quando tiver procedido com dolo.

Art. 1.236 - A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da im-prensa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor os com-portar.

Art. 1.237 - Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital,não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida emhasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, per-tencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido.

Parágrafo único - Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em favorde quem a achou.

CAPÍTULO IIDA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL

SEÇÃO IDA USUCAPIÃO

Art. 1.238 - Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir comoseu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; poden-

Arts. 1.229 a 1.238

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do requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para oregistro no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único - O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidorhouver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviçosde caráter produtivo.

Art. 1.239 - Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua comosua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superiora cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nelasua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Art. 1.240 - Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüentametros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para suamoradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário deoutro imóvel urbano ou rural.

§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher,ou a ambos, independentemente do estado civil.

§ 2º - O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possui-dor mais de uma vez.

Art. 1.241 - Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, medianteusucapião, a propriedade imóvel.

Parágrafo único - A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil para oregistro no Cartório de Registro de Imóveis.

Art. 1.242 - Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua eincontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

Parágrafo único - Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sidoadquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancela-da posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ourealizado investimentos de interesse social e econômico.

Art. 1.243 - O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antece-dentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todassejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.

Art. 1.244 - Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas queobstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.

SEÇÃO IIDA AQUISIÇÃO PELO REGISTRO DO TÍTULO

Art. 1.245 - Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativono Registro de Imóveis.

§ 1º - Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido comodono do imóvel.

§ 2º - Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade doregistro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono doimóvel.

Art. 1.246 - O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficialdo registro, e este o prenotar no protocolo.

Arts. 1.238 a 1.246

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Art. 1.247 - Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamarque se retifique ou anule.

Parágrafo único - Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, inde-pendentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.

SEÇÃO IIIDA AQUISIÇÃO POR ACESSÃO

Art. 1.248 - A acessão pode dar-se:

I - por formação de ilhas;

II - por aluvião;

III - por avulsão;

IV - por abandono de álveo;

V - por plantações ou construções.

SUBSEÇÃO IDAS ILHAS

Art. 1.249 - As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencemaos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:

I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenosribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linhaque dividir o álveo em duas partes iguais;

II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acrésci-mos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;

III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam apertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.

SUBSEÇÃO IIDA ALUVIÃO

Art. 1.250 - Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos eaterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas,pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.

Parágrafo único - O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietáriosdiferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antigamargem.

SUBSEÇÃO IIIDA AVULSÃO

Art. 1.251 - Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de umprédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizaro dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.

Arts. 1.247 a 1.251

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Parágrafo único - Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que sejuntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.

SUBSEÇÃO IVDO ÁLVEO ABANDONADO

Art. 1.252 - O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos dasduas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águasabrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio doálveo.

SUBSEÇÃO VDAS CONSTRUÇÕES E PLANTAÇÕES

Art. 1.253 - Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita peloproprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.

Art. 1.254 - Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes,plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lheso valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.

Art. 1.255 - Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito doproprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito aindenização.

Parágrafo único - Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor doterreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, me-diante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.

Art. 1.256 - Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes,plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.

Parágrafo único - Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, oulavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.

Art. 1.257 - O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem assementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio.

Parágrafo único - O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar doproprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ouconstrutor.

Art. 1.258 - Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio emproporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a proprie-dade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e respon-de por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização daárea remanescente.

Parágrafo único - Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o constru-tor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção àvigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte enão se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.

Art. 1.259 - Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder avigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde porperdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área

Arts. 1.251 a 1.259

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perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir oque nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.

CAPÍTULO IIIDA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL

SEÇÃO IDA USUCAPIÃO

Art. 1.260 - Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamentedurante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.

Art. 1.261 - Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião,independentemente de título ou boa-fé.

Art. 1.262 - Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244.

SEÇÃO IIDA OCUPAÇÃO

Art. 1.263 - Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a proprieda-de, não sendo essa ocupação defesa por lei.

SEÇÃO IIIDO ACHADO DO TESOURO

Art. 1.264 - O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória,será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.

Art. 1.265 - O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado porele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado.

Art. 1.266 - Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre odescobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.

SEÇÃO IVDA TRADIÇÃO

Art. 1.267 - A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes datradição.

Parágrafo único - Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir peloconstituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que seencontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, porocasião do negócio jurídico.

Art. 1.268 - Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade,exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferidaem circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienantese afigurar dono.

§ 1º - Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade,considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição.

Arts. 1.259 a 1.268

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§ 2º - Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negóciojurídico nulo.

SEÇÃO VDA ESPECIFICAÇÃO

Art. 1.269 - Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécienova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.

Art. 1.270 - Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, serádo especificador de boa-fé a espécie nova.

§ 1º - Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve demá-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima.

§ 2º - Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura eoutro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será doespecificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima.

Art. 1.271 - Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o danoque sofrerem, menos ao especificador de má-fé, no caso do § 1º do artigo antecedente,quando irredutível a especificação.

SEÇÃO VIDA CONFUSÃO, DA COMISSÃO E DA ADJUNÇÃO

Art. 1.272 - As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadassem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las semdeterioração.

§ 1º - Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, subsis-te indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisacom que entrou para a mistura ou agregado.

§ 2º - Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indenizan-do os outros.

Art. 1.273 - Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra partecaberá escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatidaa indenização que lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que seráindenizado.

Art. 1.274 - Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, àconfusão, comissão ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273.

CAPÍTULO IVDA PERDA DA PROPRIEDADE

Art. 1.275 - Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:

I - por alienação;

II - pela renúncia;

III - por abandono;

Arts. 1.268 a 1.275

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IV - por perecimento da coisa;

V - por desapropriação.

Parágrafo único - Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serãosubordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.

Art. 1.276 - O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não maiso conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá serarrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou àdo Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.

§ 1º - O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá serarrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, ondequer que ele se localize.

§ 2º - Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando,cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.

CAPÍTULO VDOS DIREITOS DE VIZINHANÇA

SEÇÃO IDO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE

Art. 1.277 - O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar asinterferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadaspela utilização de propriedade vizinha.

Parágrafo único - Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, alocalização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e oslimites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.

Art. 1.278 - O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando asinterferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou opossuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal.

Art. 1.279 - Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderáo vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.

Art. 1.280 - O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinhoa demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste cau-ção pelo dano iminente.

Art. 1.281 - O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito defazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantiascontra o prejuízo eventual.

SEÇÃO IIDAS ÁRVORES LIMÍTROFES

Art. 1.282 - A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer emcomum aos donos dos prédios confinantes.

Art. 1.283 - As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio,poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.

Arts. 1.275 a 1.283

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Art. 1.284 - Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do soloonde caíram, se este for de propriedade particular.

SEÇÃO IIIDA PASSAGEM FORÇADA

Art. 1.285 - O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode,mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujorumo será judicialmente fixado, se necessário.

§ 1º - Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestarà passagem.

§ 2º - Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acessoa via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.

§ 3º - Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação,existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangi-do, depois, a dar uma outra.

SEÇÃO IVDA PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES

Art. 1.286 - Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorizaçãoda área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seuimóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidadepública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ouexcessivamente onerosa.

Parágrafo único - O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita demodo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa,para outro local do imóvel.

Art. 1.287 - Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário doprédio onerado exigir a realização de obras de segurança.

SEÇÃO VDAS ÁGUAS

Art. 1.288 - O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas quecorrem naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo;porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obrasfeitas pelo dono ou possuidor do prédio superior.

Art. 1.289 - Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas,correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lheindenize o prejuízo que sofrer.

Parágrafo único - Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.

Art. 1.290 - O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitasas necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águasremanescentes pelos prédios inferiores.

Arts. 1.284 a 1.290

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Art. 1.291 - O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis àsprimeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, quepoluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível arecuperação ou o desvio do curso artificial das águas.

Art. 1.292 - O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obraspara represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédioalheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefícioobtido.

Art. 1.293 - É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos propri-etários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as águas aque tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que nãocause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o escoamento deáguas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos.

§ 1º - Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a ressarcimentopelos danos que de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção das águas, bem comoda deterioração das obras destinadas a canalizá-las.

§ 2º - O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização queatravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais.

§ 3º - O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietá-rios dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também asdespesas de conservação.

Art. 1.294 - Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts. 1.286 e 1.287.

Art. 1.295 - O aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis e constru-am sobre ele, sem prejuízo para a sua segurança e conservação; os proprietários dosimóveis poderão usar das águas do aqueduto para as primeiras necessidades da vida.

Art. 1.296 - Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá-las, para osfins previstos no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários preju-dicados e ao dono do aqueduto, de importância equivalente às despesas que então seriamnecessárias para a condução das águas até o ponto de derivação.

Parágrafo único - Têm preferência os proprietários dos imóveis atravessados pelo aque-duto.

SEÇÃO VIDOS LIMITES ENTRE PRÉDIOS E DO DIREITO DE TAPAGEM

Art. 1.297 - O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modoo seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele àdemarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcosdestruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as res-pectivas despesas.

§ 1º - Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercasde arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário,pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidadecom os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de suaconstrução e conservação.

§ 2º - As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, sópodem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.

Arts. 1.291 a 1.297

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§ 3º - A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequenoporte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, peloproprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas.

Art. 1.298 - Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão deconformidade com a posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado sedividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, seadjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.

SEÇÃO VIIDO DIREITO DE CONSTRUIR

Art. 1.299 - O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver,salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.

Art. 1.300 - O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas,diretamente, sobre o prédio vizinho.

Art. 1.301 - É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metroe meio do terreno vizinho.

§ 1º - As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendicula-res, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.

§ 2º - As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, nãomaiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a maisde dois metros de altura de cada piso.

Art. 1.302 - O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigirque se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, nãopoderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir,ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.

Parágrafo único - Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantida-de, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, oucontramuro, ainda que lhes vede a claridade.

Art. 1.303 - Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de trêsmetros do terreno vizinho.

Art. 1.304 - Nas cidades, vilas e povoados cuja edificação estiver adstrita a alinhamento,o dono de um terreno pode nele edificar, madeirando na parede divisória do prédio contí-guo, se ela suportar a nova construção; mas terá de embolsar ao vizinho metade do valorda parede e do chão correspondentes.

Art. 1.305 - O confinante, que primeiro construir, pode assentar a parede divisória atémeia espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio valor delase o vizinho a travejar, caso em que o primeiro fixará a largura e a profundidade doalicerce.

Parágrafo único - Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver capacidadepara ser travejada pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao pé sem prestar cauçãoàquele, pelo risco a que expõe a construção anterior.

Art. 1.306 - O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura, nãopondo em risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando previamente ooutro condômino das obras que ali tenciona fazer; não pode sem consentimento do outro,fazer, na parede-meia, armários, ou obras semelhantes, correspondendo a outras, damesma natureza, já feitas do lado oposto.

Arts. 1.297 a 1.306

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Código Civil

Art. 1.307 - Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisória, se necessário re-construindo-a, para suportar o alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive deconservação, ou com metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumentada.

Art. 1.308 - Não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fogões, fornos ou quais-quer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências prejudi-ciais ao vizinho.

Parágrafo único - A disposição anterior não abrange as chaminés ordinárias e os fogões decozinha.

Art. 1.309 - São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar, para uso ordinário,a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes.

Art. 1.310 - Não é permitido fazer escavações ou quaisquer obras que tirem ao poço ou ànascente de outrem a água indispensável às suas necessidades normais.

Art. 1.311 - Não é permitida a execução de qualquer obra ou serviço suscetível de provo-car desmoronamento ou deslocação de terra, ou que comprometa a segurança do prédiovizinho, senão após haverem sido feitas as obras acautelatórias.

Parágrafo único - O proprietário do prédio vizinho tem direito a ressarcimento pelos preju-ízos que sofrer, não obstante haverem sido realizadas as obras acautelatórias.

Art. 1.312 - Todo aquele que violar as proibições estabelecidas nesta Seção é obrigado ademolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos.

Art. 1.313 - O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entreno prédio, mediante prévio aviso, para:

I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstru-ção ou limpeza de sua casa ou do muro divisório;

II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente.

§ 1º - O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de esgotos,goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca viva.

§ 2º - Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderáser impedida a sua entrada no imóvel.

§ 3º - Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o prejudicadodireito a ressarcimento.

CAPÍTULO VIDO CONDOMÍNIO GERAL

SEÇÃO IDO CONDOMÍNIO VOLUNTÁRIO

SUBSEÇÃO IDOS DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS

Art. 1.314 - Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre elaexercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender asua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la.

Arts. 1.307 a 1.314

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Código Civil

Parágrafo único - Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum,nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.

Art. 1.315 - O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para asdespesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita.

Parágrafo único - Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos.

Art. 1.316 - Pode o condômino eximir-se do pagamento das despesas e dívidas, renunci-ando à parte ideal.

§ 1º - Se os demais condôminos assumem as despesas e as dívidas, a renúncia lhesaproveita, adquirindo a parte ideal de quem renunciou, na proporção dos pagamentos quefizerem.

§ 2º - Se não há condômino que faça os pagamentos, a coisa comum será dividida.

Art. 1.317 - Quando a dívida houver sido contraída por todos os condôminos, sem sediscriminar a parte de cada um na obrigação, nem se estipular solidariedade, entende-seque cada qual se obrigou proporcionalmente ao seu quinhão na coisa comum.

Art. 1.318 - As dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, edurante ela, obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os demais.

Art. 1.319 - Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa epelo dano que lhe causou.

Art. 1.320 - A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum,respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.

§ 1º - Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo nãomaior de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior.

§ 2º - Não poderá exceder de cinco anos a indivisão estabelecida pelo doador ou pelotestador.

§ 3º - A requerimento de qualquer interessado e se graves razões o aconselharem, pode ojuiz determinar a divisão da coisa comum antes do prazo.

Art. 1.321 - Aplicam-se à divisão do condomínio, no que couber, as regras de partilha deherança (arts. 2.013 a 2.022).

Art. 1.322 - Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a umsó, indenizando os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda,em condições iguais de oferta, o condômino ao estranho, e entre os condôminos aqueleque tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior.

Parágrafo único - Se nenhum dos condôminos tem benfeitorias na coisa comum e partici-pam todos do condomínio em partes iguais, realizar-se-á licitação entre estranhos e, antesde adjudicada a coisa àquele que ofereceu maior lanço, proceder-se-á à licitação entre oscondôminos, a fim de que a coisa seja adjudicada a quem afinal oferecer melhor lanço,preferindo, em condições iguais, o condômino ao estranho.

SUBSEÇÃO IIDA ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO

Art. 1.323 - Deliberando a maioria sobre a administração da coisa comum, escolherá oadministrador, que poderá ser estranho ao condomínio; resolvendo alugá-la, preferir-se-á,em condições iguais, o condômino ao que não o é.

Arts. 1.314 a 1.323

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Código Civil

Art. 1.324 - O condômino que administrar sem oposição dos outros presume-se repre-sentante comum.

Art. 1.325 - A maioria será calculada pelo valor dos quinhões.

§ 1º - As deliberações serão obrigatórias, sendo tomadas por maioria absoluta.

§ 2º - Não sendo possível alcançar maioria absoluta, decidirá o juiz, a requerimento dequalquer condômino, ouvidos os outros.

§ 3º - Havendo dúvida quanto ao valor do quinhão, será este avaliado judicialmente.

Art. 1.326 - Os frutos da coisa comum, não havendo em contrário estipulação ou dispo-sição de última vontade, serão partilhados na proporção dos quinhões.

SEÇÃO IIDO CONDOMÍNIO NECESSÁRIO

Art. 1.327 - O condomínio por meação de paredes, cercas, muros e valas regula-se pelodisposto neste Código (arts. 1.297 e 1.298; 1.304 a 1.307).

Art. 1.328 - O proprietário que tiver direito a estremar um imóvel com paredes, cercas,muros, valas ou valados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na parede, muro, valado oucerca do vizinho, embolsando-lhe metade do que atualmente valer a obra e o terreno porela ocupado (art. 1.297).

Art. 1.329 - Não convindo os dois no preço da obra, será este arbitrado por peritos, aexpensas de ambos os confinantes.

Art. 1.330 - Qualquer que seja o valor da meação, enquanto aquele que pretender adivisão não o pagar ou depositar, nenhum uso poderá fazer na parede, muro, vala, cercaou qualquer outra obra divisória.

CAPÍTULO VIIDO CONDOMÍNIO EDILÍCIO

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.331 - Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partesque são propriedade comum dos condôminos.

§ 1º - As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritó-rios, salas, lojas, sobrelojas ou abrigos para veículos, com as respectivas frações ideais nosolo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser aliena-das e gravadas livremente por seus proprietários.

§ 2º - O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto,gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusi-ve o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não po-dendo ser alienados separadamente, ou divididos.

§ 3º - A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal no soloe nas outras partes comuns, que será identificada em forma decimal ou ordinária noinstrumento de instituição do condomínio. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)

§ 4º - Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouro público.

Arts. 1.324 a 1.331

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Código Civil

§ 5º - O terraço de cobertura é parte comum, salvo disposição contrária da escritura deconstituição do condomínio.

Art. 1.332 - Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registradono Cartório de Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em leiespecial:

I - a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadasuma das outras e das partes comuns;

II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno epartes comuns;

III - o fim a que as unidades se destinam.

Art. 1.333 - A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelostitulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatóriapara os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse oudetenção.

Parágrafo único - Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deveráser registrada no Cartório de Registro de Imóveis.

Art. 1.334 - Além das cláusulas referidas no art. 1.332 e das que os interessados houve-rem por bem estipular, a convenção determinará:

I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos paraatender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio;

II - sua forma de administração;

III - a competência das assembléias, forma de sua convocação e quorum exigido para asdeliberações;

IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores;

V - o regimento interno.

§ 1º - A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular.

§ 2º - São equiparados aos proprietários, para os fins deste artigo, salvo disposição emcontrário, os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos às unidadesautônomas.

Art. 1.335 - São direitos do condômino:

I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades;

II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua autilização dos demais compossuidores;

III - votar nas deliberações da assembléia e delas participar, estando quite.

Art. 1.336 - São deveres do condômino:

I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvodisposição em contrário na convenção; (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)

II - não realizar obras que comprometam a segurança da edificação;

III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas;

IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar demaneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bonscostumes.

Arts. 1.331 a 1.336

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Código Civil

§ 1º - O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratóriosconvencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até doispor cento sobre o débito.

§ 2º - O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nos incisos II aIV, pagará a multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela sersuperior a cinco vezes o valor de suas contribuições mensais, independentemente dasperdas e danos que se apurarem; não havendo disposição expressa, caberá à assembléiageral, por dois terços no mínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a cobrança damulta.

Art. 1.337 - O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seusdeveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminosrestantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atri-buído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e areiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem.

Parágrafo único - O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamentoanti-social, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou pos-suidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valoratribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação daassembléia.

Art. 1.338 - Resolvendo o condômino alugar área no abrigo para veículos, preferir-se-á, em condições iguais, qualquer dos condôminos a estranhos, e, entre todos, os pos-suidores.

Art. 1.339 - Os direitos de cada condômino às partes comuns são inseparáveis de suapropriedade exclusiva; são também inseparáveis das frações ideais correspondentes asunidades imobiliárias, com as suas partes acessórias.

§ 1º - Nos casos deste artigo é proibido alienar ou gravar os bens em separado.

§ 2º - É permitido ao condômino alienar parte acessória de sua unidade imobiliária a outrocondômino, só podendo fazê-lo a terceiro se essa faculdade constar do ato constitutivo docondomínio, e se a ela não se opuser a respectiva assembléia geral.

Art. 1.340 - As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo de um condômino, oude alguns deles, incumbem a quem delas se serve.

Art. 1.341 - A realização de obras no condomínio depende:

I - se voluptuárias, de voto de dois terços dos condôminos;

II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos.

§ 1º - As obras ou reparações necessárias podem ser realizadas, independentemente deautorização, pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquercondômino.

§ 2º - Se as obras ou reparos necessários forem urgentes e importarem em despesasexcessivas, determinada sua realização, o síndico ou o condômino que tomou a iniciativadelas dará ciência à assembléia, que deverá ser convocada imediatamente.

§ 3º - Não sendo urgentes, as obras ou reparos necessários, que importarem em despesasexcessivas, somente poderão ser efetuadas após autorização da assembléia, especialmen-te convocada pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquerdos condôminos.

§ 4º - O condômino que realizar obras ou reparos necessários será reembolsado dasdespesas que efetuar, não tendo direito à restituição das que fizer com obras ou reparos deoutra natureza, embora de interesse comum.

Arts. 1.336 a 1.341

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Código Civil

Art. 1.342 - A realização de obras, em partes comuns, em acréscimo às já existentes, afim de lhes facilitar ou aumentar a utilização, depende da aprovação de dois terços dosvotos dos condôminos, não sendo permitidas construções, nas partes comuns, suscetí-veis de prejudicar a utilização, por qualquer dos condôminos, das partes próprias, oucomuns.

Art. 1.343 - A construção de outro pavimento, ou, no solo comum, de outro edifício,destinado a conter novas unidades imobiliárias, depende da aprovação da unanimidadedos condôminos.

Art. 1.344 - Ao proprietário do terraço de cobertura incumbem as despesas da sua con-servação, de modo que não haja danos às unidades imobiliárias inferiores.

Art. 1.345 - O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação aocondomínio, inclusive multas e juros moratórios.

Art. 1.346 - É obrigatório o seguro de toda a edificação contra o risco de incêndio oudestruição, total ou parcial.

SEÇÃO IIDA ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO

Art. 1.347 - A assembléia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, paraadministrar o condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se.

Art. 1.348 - Compete ao síndico:

I - convocar a assembléia dos condôminos;

II - representar, ativa e passivamente, o condomínio, praticando, em juízo ou fora dele, osatos necessários à defesa dos interesses comuns;

III - dar imediato conhecimento à assembléia da existência de procedimento judicial ouadministrativo, de interesse do condomínio;

IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e as determinações daassembléia;

V - diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dosserviços que interessem aos possuidores;

VI - elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada ano;

VII - cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como impor e cobrar as multasdevidas;

VIII - prestar contas à assembléia, anualmente e quando exigidas;

IX - realizar o seguro da edificação.

§ 1º - Poderá a assembléia investir outra pessoa, em lugar do síndico, em poderes derepresentação.

§ 2º - O síndico pode transferir a outrem, total ou parcialmente, os poderes de represen-tação ou as funções administrativas, mediante aprovação da assembléia, salvo disposiçãoem contrário da convenção.

Art. 1.349 - A assembléia, especialmente convocada para o fim estabelecido no § 2º doartigo antecedente, poderá, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, destituir osíndico que praticar irregularidades, não prestar contas, ou não administrar conveniente-mente o condomínio.

Arts. 1.342 a 1.349

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Art. 1.350 - Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembléia dos condôminos, naforma prevista na convenção, a fim de aprovar o orçamento das despesas, as contribui-ções dos condôminos e a prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe o substituto ealterar o regimento interno.

§ 1º - Se o síndico não convocar a assembléia, um quarto dos condôminos poderá fazê-lo.

§ 2º - Se a assembléia não se reunir, o juiz decidirá, a requerimento de qualquer condômino.

Art. 1.351 - Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a altera-ção da convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, dependeda aprovação pela unanimidade dos condôminos. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)

Art. 1.352 - Salvo quando exigido quorum especial, as deliberações da assembléia serãotomadas, em primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos presentes querepresentem pelo menos metade das frações ideais.

Parágrafo único - Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outraspartes comuns pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da convenção deconstituição do condomínio.

Art. 1.353 - Em segunda convocação, a assembléia poderá deliberar por maioria dosvotos dos presentes, salvo quando exigido quorum especial.

Art. 1.354 - A assembléia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convo-cados para a reunião.

Art. 1.355 - Assembléias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico ou por umquarto dos condôminos.

Art. 1.356 - Poderá haver no condomínio um conselho fiscal, composto de três membros,eleitos pela assembléia, por prazo não superior a dois anos, ao qual compete dar parecersobre as contas do síndico.

SEÇÃO IIIDA EXTINÇÃO DO CONDOMÍNIO

Art. 1.357 - Se a edificação for total ou consideravelmente destruída, ou ameace ruína, oscondôminos deliberarão em assembléia sobre a reconstrução, ou venda, por votos querepresentem metade mais uma das frações ideais.

§ 1º - Deliberada a reconstrução, poderá o condômino eximir-se do pagamento das despe-sas respectivas, alienando os seus direitos a outros condôminos, mediante avaliação judi-cial.

§ 2º - Realizada a venda, em que se preferirá, em condições iguais de oferta, o condôminoao estranho, será repartido o apurado entre os condôminos, proporcionalmente ao valordas suas unidades imobiliárias.

Art. 1.358 - Se ocorrer desapropriação, a indenização será repartida na proporção a quese refere o § 2º do artigo antecedente.

CAPÍTULO VIIIDA PROPRIEDADE RESOLÚVEL

Art. 1.359 - Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento dotermo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o

Arts. 1.350 a 1.359

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Código Civil

proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder dequem a possua ou detenha.

Art. 1.360 - Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, quea tiver adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito,restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja proprie-dade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor.

CAPÍTULO IXDA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA

Art. 1.361 - Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível queo devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.

§ 1º - Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado porinstrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Docu-mentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competentepara o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro.

§ 2º - Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse,tornando-se o devedor possuidor direto da coisa.

§ 3º - A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o arquiva-mento, a transferência da propriedade fiduciária.

Art. 1.362 - O contrato, que serve de título à propriedade fiduciária, conterá:

I - o total da dívida, ou sua estimativa;

II - o prazo, ou a época do pagamento;

III - a taxa de juros, se houver;

IV - a descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indispensáveis à suaidentificação.

Art. 1.363 - Antes de vencida a dívida, o devedor, a suas expensas e risco, pode usar acoisa segundo sua destinação, sendo obrigado, como depositário:

I - a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua natureza;

II - a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimento.

Art. 1.364 - Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado a vender, judicial ouextrajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no pagamento de seu crédito edas despesas de cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor.

Art. 1.365 - É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisaalienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento.

Parágrafo único - O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual àcoisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta.

Art. 1.366 - Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívidae das despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante.

Art. 1.367 - Aplica-se à propriedade fiduciária, no que couber, o disposto nos arts. 1.421,1.425, 1.426, 1.427 e 1.436.

Art. 1.368 - O terceiro, interessado ou não, que pagar a dívida, se sub-rogará de plenodireito no crédito e na propriedade fiduciária.

Arts. 1.359 a 1.368

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Art. 1.368-A - As demais espécies de propriedade fiduciária ou de titularidade fiduciáriasubmetem-se à disciplina específica das respectivas leis especiais, somente se aplicandoas disposições deste Código naquilo que não for incompatível com a legislação especial.(Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)

TÍTULO IVDA SUPERFÍCIE

Art. 1.369 - O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantarem seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registra-da no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único - O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerenteao objeto da concessão.

Art. 1.370 - A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularãoas partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente.

Art. 1.371 - O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.

Art. 1.372 - O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte dosuperficiário, aos seus herdeiros.

Parágrafo único - Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquerpagamento pela transferência.

Art. 1.373 - Em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o superficiário ouo proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições.

Art. 1.374 - Antes do termo final, resolver-se-á a concessão se o superficiário der aoterreno destinação diversa daquela para que foi concedida.

Art. 1.375 - Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade plena sobre oterreno, construção ou plantação, independentemente de indenização, se as partes nãohouverem estipulado o contrário.

Art. 1.376 - No caso de extinção do direito de superfície em conseqüência de desapropri-ação, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor correspondente aodireito real de cada um.

Art. 1.377 - O direito de superfície, constituído por pessoa jurídica de direito públicointerno, rege-se por este Código, no que não for diversamente disciplinado em lei especial.

TÍTULO VDAS SERVIDÕES

CAPÍTULO IDA CONSTITUIÇÃO DAS SERVIDÕES

Art. 1.378 - A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédioserviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dosproprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Art. 1.379 - O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos,nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro deImóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião.

Parágrafo único - Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos.

Arts. 1.368-A a 1.379

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CAPÍTULO IIDO EXERCÍCIO DAS SERVIDÕES

Art. 1.380 - O dono de uma servidão pode fazer todas as obras necessárias à sua conser-vação e uso, e, se a servidão pertencer a mais de um prédio, serão as despesas rateadasentre os respectivos donos.

Art. 1.381 - As obras a que se refere o artigo antecedente devem ser feitas pelo dono doprédio dominante, se o contrário não dispuser expressamente o título.

Art. 1.382 - Quando a obrigação incumbir ao dono do prédio serviente, este poderáexonerar-se, abandonando, total ou parcialmente, a propriedade ao dono do dominante.

Parágrafo único - Se o proprietário do prédio dominante se recusar a receber a proprieda-de do serviente, ou parte dela, caber-lhe-á custear as obras.

Art. 1.383 - O dono do prédio serviente não poderá embaraçar de modo algum o exercíciolegítimo da servidão.

Art. 1.384 - A servidão pode ser removida, de um local para outro, pelo dono do prédioserviente e à sua custa, se em nada diminuir as vantagens do prédio dominante, ou pelodono deste e à sua custa, se houver considerável incremento da utilidade e não prejudicaro prédio serviente.

Art. 1.385 - Restringir-se-á o exercício da servidão às necessidades do prédio dominante,evitando-se, quanto possível, agravar o encargo ao prédio serviente.

§ 1º - Constituída para certo fim, a servidão não se pode ampliar a outro.

§ 2º - Nas servidões de trânsito, a de maior inclui a de menor ônus, e a menor exclui amais onerosa.

§ 3º - Se as necessidades da cultura, ou da indústria, do prédio dominante impuserem àservidão maior largueza, o dono do serviente é obrigado a sofrê-la; mas tem direito a serindenizado pelo excesso.

Art. 1.386 - As servidões prediais são indivisíveis, e subsistem, no caso de divisão dosimóveis, em benefício de cada uma das porções do prédio dominante, e continuam agravar cada uma das do prédio serviente, salvo se, por natureza, ou destino, só se aplica-rem a certa parte de um ou de outro.

CAPÍTULO IIIDA EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES

Art. 1.387 - Salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez registrada, só se extingue,com respeito a terceiros, quando cancelada.

Parágrafo único - Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar notítulo hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do credor.

Art. 1.388 - O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao cancelamen-to do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne:

I - quando o titular houver renunciado a sua servidão;

II - quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, quedeterminou a constituição da servidão;

III - quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão.

Arts. 1.380 a 1.388

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Art. 1.389 - Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente afaculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção:

I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa;

II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título expresso;

III - pelo não uso, durante dez anos contínuos.

TÍTULO VIDO USUFRUTO

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.390 - O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em umpatrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos eutilidades.

Art. 1.391 - O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-ámediante registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Art. 1.392 - Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisae seus acrescidos.

§ 1º - Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutu-ário o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalenteem gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado aotempo da restituição.

§ 2º - Se há no prédio em que recai o usufruto florestas ou os recursos minerais a que serefere o art. 1.230, devem o dono e o usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e amaneira de exploração.

§ 3º - Se o usufruto recai sobre universalidade ou quota-parte de bens, o usufrutuário temdireito à parte do tesouro achado por outrem, e ao preço pago pelo vizinho do prédiousufruído, para obter meação em parede, cerca, muro, vala ou valado.

Art. 1.393 - Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício podeceder-se por título gratuito ou oneroso.

CAPÍTULO IIDOS DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO

Art. 1.394 - O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dosfrutos.

Art. 1.395 - Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o usufrutuário tem direito aperceber os frutos e a cobrar as respectivas dívidas.

Parágrafo único - Cobradas as dívidas, o usufrutuário aplicará, de imediato, a importânciaem títulos da mesma natureza, ou em títulos da dívida pública federal, com cláusula deatualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos.

Art. 1.396 - Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário faz seus os frutos naturais,pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as despesas de produção.

Arts. 1.389 a 1.396

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Parágrafo único - Os frutos naturais, pendentes ao tempo em que cessa o usufruto, per-tencem ao dono, também sem compensação das despesas.

Art. 1.397 - As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas bastempara inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o usufruto.

Art. 1.398 - Os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto, pertencem ao proprietá-rio, e ao usufrutuário os vencidos na data em que cessa o usufruto.

Art. 1.399 - O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o prédio,mas não mudar-lhe a destinação econômica, sem expressa autorização do proprietário.

CAPÍTULO IIIDOS DEVERES DO USUFRUTUÁRIO

Art. 1.400 - O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, osbens que receber, determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória oureal, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto.

Parágrafo único - Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto da coisa doada.

Art. 1.401 - O usufrutuário que não quiser ou não puder dar caução suficiente perderá odireito de administrar o usufruto; e, neste caso, os bens serão administrados pelo propri-etário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar ao usufrutuário o rendimentodeles, deduzidas as despesas de administração, entre as quais se incluirá a quantia fixadapelo juiz como remuneração do administrador.

Art. 1.402 - O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exer-cício regular do usufruto.

Art. 1.403 - Incumbem ao usufrutuário:

I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu;

II - as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa usufruída.

Art. 1.404 - Incumbem ao dono as reparações extraordinárias e as que não forem decusto módico; mas o usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido com as queforem necessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da coisa usufruída.

§ 1º - Não se consideram módicas as despesas superiores a dois terços do líquido rendi-mento em um ano.

§ 2º - Se o dono não fizer as reparações a que está obrigado, e que são indispensáveis àconservação da coisa, o usufrutuário pode realizá-las, cobrando daquele a importânciadespendida.

Art. 1.405 - Se o usufruto recair num patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuárioobrigado aos juros da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele.

Art. 1.406 - O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer lesão produzidacontra a posse da coisa, ou os direitos deste.

Art. 1.407 - Se a coisa estiver segurada, incumbe ao usufrutuário pagar, durante o usu-fruto, as contribuições do seguro.

§ 1º - Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário caberá o direito dele resultantecontra o segurador.

§ 2º - Em qualquer hipótese, o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor da indeni-zação do seguro.

Arts. 1.396 a 1.407

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Art. 1.408 - Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, nãoserá este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá, se o proprietárioreconstruir à sua custa o prédio; mas se a indenização do seguro for aplicada à reconstru-ção do prédio, restabelecer-se-á o usufruto.

Art. 1.409 - Também fica sub-rogada no ônus do usufruto, em lugar do prédio, a indeni-zação paga, se ele for desapropriado, ou a importância do dano, ressarcido pelo terceiroresponsável no caso de danificação ou perda.

CAPÍTULO IVDA EXTINÇÃO DO USUFRUTO

Art. 1.410 - O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro deImóveis:

I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;

II - pelo termo de sua duração;

III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, seela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer;

IV - pela cessação do motivo de que se origina;

V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e1.409;

VI - pela consolidação;

VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, nãolhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédi-to, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395;

VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399).

Art. 1.411 - Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á aparte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, oquinhão desses couber ao sobrevivente.

TÍTULO VIIDO USO

Art. 1.412 - O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem asnecessidades suas e de sua família.

§ 1º - Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social eo lugar onde viver.

§ 2º - As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhossolteiros e das pessoas de seu serviço doméstico.

Art. 1.413 - São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposiçõesrelativas ao usufruto.

TÍTULO VIIIDA HABITAÇÃO

Art. 1.414 - Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, otitular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la comsua família.

Arts. 1.408 a 1.414

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Art. 1.415 - Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquerdelas que sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas nãoas pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la.

Art. 1.416 - São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, asdisposições relativas ao usufruto.

TÍTULO IXDO DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR

Art. 1.417 - Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependi-mento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Regis-tro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.

Art. 1.418 - O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitentevendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escrituradefinitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houverrecusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.

TÍTULO XDO PENHOR, DA HIPOTECA E DA ANTICRESE

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.419 - Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado emgarantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.

Art. 1.420 - Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese;só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.

§ 1º - A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reaisestabelecidas por quem não era dono.

§ 2º - A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, nasua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar emgarantia real a parte que tiver.

Art. 1.421 - O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneraçãocorrespondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposiçãoexpressa no título ou na quitação.

Art. 1.422 - O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipote-cada ou empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto àhipoteca, a prioridade no registro.

Parágrafo único - Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo as dívidas que, emvirtude de outras leis, devam ser pagas precipuamente a quaisquer outros créditos.

Art. 1.423 - O credor anticrético tem direito a reter em seu poder o bem, enquanto a dívidanão for paga; extingue-se esse direito decorridos quinze anos da data de sua constituição.

Art. 1.424 - Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declararão, sob pena de nãoterem eficácia:

I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo;

II - o prazo fixado para pagamento;

Arts. 1.415 a 1.424

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III - a taxa dos juros, se houver;

IV - o bem dado em garantia com as suas especificações.

Art. 1.425 - A dívida considera-se vencida:

I - se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a garan-tia, e o devedor, intimado, não a reforçar ou substituir;

II - se o devedor cair em insolvência ou falir;

III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo se acharestipulado o pagamento. Neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada im-porta renúncia do credor ao seu direito de execução imediata;

IV - se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;

V - se se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte dopreço que for necessária para o pagamento integral do credor.

§ 1º - Nos casos de perecimento da coisa dada em garantia, esta se sub-rogará na indeni-zação do seguro, ou no ressarcimento do dano, em benefício do credor, a quem assistirásobre ela preferência até seu completo reembolso.

§ 2º - Nos casos dos incisos IV e V, só se vencerá a hipoteca antes do prazo estipulado, seo perecimento, ou a desapropriação recair sobre o bem dado em garantia, e esta nãoabranger outras; subsistindo, no caso contrário, a dívida reduzida, com a respectiva ga-rantia sobre os demais bens, não desapropriados ou destruídos.

Art. 1.426 - Nas hipóteses do artigo anterior, de vencimento antecipado da dívida, não secompreendem os juros correspondentes ao tempo ainda não decorrido.

Art. 1.427 - Salvo cláusula expressa, o terceiro que presta garantia real por dívida alheianão fica obrigado a substituí-la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se perca, deteriore,ou desvalorize.

Art. 1.428 - É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecárioa ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento.

Parágrafo único - Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento dadívida.

Art. 1.429 - Os sucessores do devedor não podem remir parcialmente o penhor ou ahipoteca na proporção dos seus quinhões; qualquer deles, porém, pode fazê-lo no todo.

Parágrafo único - O herdeiro ou sucessor que fizer a remição fica sub-rogado nos direitosdo credor pelas quotas que houver satisfeito.

Art. 1.430 - Quando, excutido o penhor, ou executada a hipoteca, o produto não bastarpara pagamento da dívida e despesas judiciais, continuará o devedor obrigado pessoal-mente pelo restante.

CAPÍTULO IIDO PENHOR

SEÇÃO IDA CONSTITUIÇÃO DO PENHOR

Art. 1.431 - Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia dodébito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisamóvel, suscetível de alienação.

Arts. 1.424 a 1.431

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Parágrafo único - No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenha-das continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar.

Art. 1.432 - O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por qualquer doscontratantes; o do penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e Documentos.

SEÇÃO IIDOS DIREITOS DO CREDOR PIGNORATÍCIO

Art. 1.433 - O credor pignoratício tem direito:

I - à posse da coisa empenhada;

II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiverfeito, não sendo ocasionadas por culpa sua;

III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada;

IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir expressamenteo contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante procuração;

V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder;

VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre quehaja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço serdepositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, substituindo-a,ou oferecendo outra garantia real idônea.

Art. 1.434 - O credor não pode ser constrangido a devolver a coisa empenhada, ou umaparte dela, antes de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimento do proprietá-rio, determinar que seja vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa empenhada,suficiente para o pagamento do credor.

SEÇÃO IIIDAS OBRIGAÇÕES DO CREDOR PIGNORATÍCIO

Art. 1.435 - O credor pignoratício é obrigado:

I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração deque for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a impor-tância da responsabilidade;

II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstân-cias que tornarem necessário o exercício de ação possessória;

III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesasde guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente;

IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida;

V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433.

SEÇÃO IVDA EXTINÇÃO DO PENHOR

Art. 1.436 - Extingue-se o penhor:

Arts. 1.431 a 1.436

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I - extinguindo-se a obrigação;

II - perecendo a coisa;

III - renunciando o credor;

IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono da coisa;

V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita pelocredor ou por ele autorizada.

§ 1º - Presume-se a renúncia do credor quando consentir na venda particular do penhorsem reserva de preço, quando restituir a sua posse ao devedor, ou quando anuir à suasubstituição por outra garantia.

§ 2º - Operando-se a confusão tão-somente quanto a parte da dívida pignoratícia, subsis-tirá inteiro o penhor quanto ao resto.

Art. 1.437 - Produz efeitos a extinção do penhor depois de averbado o cancelamento doregistro, à vista da respectiva prova.

SEÇÃO VDO PENHOR RURAL

SUBSEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.438 - Constitui-se o penhor rural mediante instrumento público ou particular, regis-trado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição em que estiverem situadas ascoisas empenhadas.

Parágrafo único - Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que garante com penhor rural,o devedor poderá emitir, em favor do credor, cédula rural pignoratícia, na forma determi-nada em lei especial.

Art. 1.439 - O penhor agrícola e o penhor pecuário somente podem ser convencionados,respectivamente, pelos prazos máximos de três e quatro anos, prorrogáveis, uma só vez,até o limite de igual tempo.

§ 1º - Embora vencidos os prazos, permanece a garantia, enquanto subsistirem os bensque a constituem.

§ 2º - A prorrogação deve ser averbada à margem do registro respectivo, mediante reque-rimento do credor e do devedor.

Art. 1.440 - Se o prédio estiver hipotecado, o penhor rural poderá constituir-se indepen-dentemente da anuência do credor hipotecário, mas não lhe prejudica o direito de prefe-rência, nem restringe a extensão da hipoteca, ao ser executada.

Art. 1.441 - Tem o credor direito a verificar o estado das coisas empenhadas, inspecio-nando-as onde se acharem, por si ou por pessoa que credenciar.

SUBSEÇÃO IIDO PENHOR AGRÍCOLA

Art. 1.442 - Podem ser objeto de penhor:

I - máquinas e instrumentos de agricultura;

Arts. 1.436 a 1.442

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II - colheitas pendentes, ou em via de formação;

III - frutos acondicionados ou armazenados;

IV - lenha cortada e carvão vegetal;

V - animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.

Art. 1.443 - O penhor agrícola que recai sobre colheita pendente, ou em via de formação,abrange a imediatamente seguinte, no caso de frustrar-se ou ser insuficiente a que se deuem garantia.

Parágrafo único - Se o credor não financiar a nova safra, poderá o devedor constituir comoutrem novo penhor, em quantia máxima equivalente à do primeiro; o segundo penhorterá preferência sobre o primeiro, abrangendo este apenas o excesso apurado na colheitaseguinte.

SUBSEÇÃO IIIDO PENHOR PECUÁRIO

Art. 1.444 - Podem ser objeto de penhor os animais que integram a atividade pastoril,agrícola ou de lacticínios.

Art. 1.445 - O devedor não poderá alienar os animais empenhados sem prévio consenti-mento, por escrito, do credor.

Parágrafo único - Quando o devedor pretende alienar o gado empenhado ou, por negligên-cia, ameace prejudicar o credor, poderá este requerer se depositem os animais sob aguarda de terceiro, ou exigir que se lhe pague a dívida de imediato.

Art. 1.446 - Os animais da mesma espécie, comprados para substituir os mortos, ficamsub-rogados no penhor.

Parágrafo único - Presume-se a substituição prevista neste artigo, mas não terá eficáciacontra terceiros, se não constar de menção adicional ao respectivo contrato, a qual deveráser averbada.

SEÇÃO VIDO PENHOR INDUSTRIAL E MERCANTIL

Art. 1.447 - Podem ser objeto de penhor máquinas, aparelhos, materiais, instrumentos,instalados e em funcionamento, com os acessórios ou sem eles; animais, utilizados naindústria; sal e bens destinados à exploração das salinas; produtos de suinocultura, ani-mais destinados à industrialização de carnes e derivados; matérias-primas e produtosindustrializados.

Parágrafo único - Regula-se pelas disposições relativas aos armazéns gerais o penhor dasmercadorias neles depositadas.

Art. 1.448 - Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil, mediante instrumento públi-co ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição onde esti-verem situadas as coisas empenhadas.

Parágrafo único - Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que garante com penhor indus-trial ou mercantil, o devedor poderá emitir, em favor do credor, cédula do respectivocrédito, na forma e para os fins que a lei especial determinar.

Art. 1.449 - O devedor não pode, sem o consentimento por escrito do credor, alterar ascoisas empenhadas ou mudar-lhes a situação, nem delas dispor. O devedor que, anuindo

Arts. 1.442 a 1.449

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o credor, alienar as coisas empenhadas, deverá repor outros bens da mesma natureza,que ficarão sub-rogados no penhor.

Art. 1.450 - Tem o credor direito a verificar o estado das coisas empenhadas, inspecio-nando-as onde se acharem, por si ou por pessoa que credenciar.

SEÇÃO VIIDO PENHOR DE DIREITOS E TÍTULOS DE CRÉDITO

Art. 1.451 - Podem ser objeto de penhor direitos, suscetíveis de cessão, sobre coisasmóveis.

Art. 1.452 - Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento público ou particular,registrado no Registro de Títulos e Documentos.

Parágrafo único - O titular de direito empenhado deverá entregar ao credor pignoratício osdocumentos comprobatórios desse direito, salvo se tiver interesse legítimo em conservá-los.

Art. 1.453 - O penhor de crédito não tem eficácia senão quando notificado ao devedor;por notificado tem-se o devedor que, em instrumento público ou particular, declarar-seciente da existência do penhor.

Art. 1.454 - O credor pignoratício deve praticar os atos necessários à conservação edefesa do direito empenhado e cobrar os juros e mais prestações acessórias compreendi-das na garantia.

Art. 1.455 - Deverá o credor pignoratício cobrar o crédito empenhado, assim que se torneexigível. Se este consistir numa prestação pecuniária, depositará a importância recebida,de acordo com o devedor pignoratício, ou onde o juiz determinar; se consistir na entregada coisa, nesta se sub-rogará o penhor.

Parágrafo único - Estando vencido o crédito pignoratício, tem o credor direito a reter, daquantia recebida, o que lhe é devido, restituindo o restante ao devedor; ou a excutir acoisa a ele entregue.

Art. 1.456 - Se o mesmo crédito for objeto de vários penhores, só ao credor pignoratício,cujo direito prefira aos demais, o devedor deve pagar; responde por perdas e danos aosdemais credores o credor preferente que, notificado por qualquer um deles, não promoveroportunamente a cobrança.

Art. 1.457 - O titular do crédito empenhado só pode receber o pagamento com a anuência,por escrito, do credor pignoratício, caso em que o penhor se extinguirá.

Art. 1.458 - O penhor, que recai sobre título de crédito, constitui-se mediante instrumentopúblico ou particular ou endosso pignoratício, com a tradição do título ao credor, regendo-se pelas Disposições Gerais deste Título e, no que couber, pela presente Seção.

Art. 1.459 - Ao credor, em penhor de título de crédito, compete o direito de:

I - conservar a posse do título e recuperá-la de quem quer que o detenha;

II - usar dos meios judiciais convenientes para assegurar os seus direitos, e os do credordo título empenhado;

III - fazer intimar ao devedor do título que não pague ao seu credor, enquanto durar openhor;

IV - receber a importância consubstanciada no título e os respectivos juros, se exigíveis,restituindo o título ao devedor, quando este solver a obrigação.

Arts. 1.449 a 1.459

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Código Civil

Art. 1.460 - O devedor do título empenhado que receber a intimação prevista no incisoIII do artigo antecedente, ou se der por ciente do penhor, não poderá pagar ao seucredor. Se o fizer, responderá solidariamente por este, por perdas e danos, perante ocredor pignoratício.

Parágrafo único - Se o credor der quitação ao devedor do título empenhado, deverá saldarimediatamente a dívida, em cuja garantia se constituiu o penhor.

SEÇÃO VIIIDO PENHOR DE VEÍCULOS

Art. 1.461 - Podem ser objeto de penhor os veículos empregados em qualquer espécie detransporte ou condução.

Art. 1.462 - Constitui-se o penhor, a que se refere o artigo antecedente, mediante instru-mento público ou particular, registrado no Cartório de Títulos e Documentos do domicíliodo devedor, e anotado no certificado de propriedade.

Parágrafo único - Prometendo pagar em dinheiro a dívida garantida com o penhor, poderáo devedor emitir cédula de crédito, na forma e para os fins que a lei especial determinar.

Art. 1.463 - Não se fará o penhor de veículos sem que estejam previamente seguradoscontra furto, avaria, perecimento e danos causados a terceiros.

Art. 1.464 - Tem o credor direito a verificar o estado do veículo empenhado, inspecionan-do-o onde se achar, por si ou por pessoa que credenciar.

Art. 1.465 - A alienação, ou a mudança, do veículo empenhado sem prévia comunicaçãoao credor importa no vencimento antecipado do crédito pignoratício.

Art. 1.466 - O penhor de veículos só se pode convencionar pelo prazo máximo de doisanos, prorrogável até o limite de igual tempo, averbada a prorrogação à margem doregistro respectivo.

SEÇÃO IXDO PENHOR LEGAL

Art. 1.467 - São credores pignoratícios, independentemente de convenção:

I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis,jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivascasas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito;

II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilinotiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas.

Art. 1.468 - A conta das dívidas enumeradas no inciso I do artigo antecedente seráextraída conforme a tabela impressa, prévia e ostensivamente exposta na casa, dos pre-ços de hospedagem, da pensão ou dos gêneros fornecidos, sob pena de nulidade dopenhor.

Art. 1.469 - Em cada um dos casos do art. 1.467, o credor poderá tomar em garantia umou mais objetos até o valor da dívida.

Art. 1.470 - Os credores, compreendidos no art. 1.467, podem fazer efetivo o penhor,antes de recorrerem à autoridade judiciária, sempre que haja perigo na demora, dandoaos devedores comprovante dos bens de que se apossarem.

Arts. 1.460 a 1.470

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Código Civil

Art. 1.471 - Tomado o penhor, requererá o credor, ato contínuo, a sua homologaçãojudicial.

Art. 1.472 - Pode o locatário impedir a constituição do penhor mediante caução idônea.

CAPÍTULO IIIDA HIPOTECA

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.473 - Podem ser objeto de hipoteca:

I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;

II - o domínio direto;

III - o domínio útil;

IV - as estradas de ferro;

V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde seacham;

VI - os navios;

VII - as aeronaves.

VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

IX - o direito real de uso; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

X - a propriedade superficiária. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

§ 1º - A hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se-á pelo disposto em lei especial.(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.481, de 2007)

§ 2º - Os direitos de garantia instituídos nas hipóteses dos incisos IX e X do caput desteartigo ficam limitados à duração da concessão ou direito de superfície, caso tenham sidotransferidos por período determinado. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

Art. 1.474 - A hipoteca abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções doimóvel. Subsistem os ônus reais constituídos e registrados, anteriormente à hipoteca,sobre o mesmo imóvel.

Art. 1.475 - É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado.

Parágrafo único - Pode convencionar-se que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel foralienado.

Art. 1.476 - O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, medi-ante novo título, em favor do mesmo ou de outro credor.

Art. 1.477 - Salvo o caso de insolvência do devedor, o credor da segunda hipoteca,embora vencida, não poderá executar o imóvel antes de vencida a primeira.

Parágrafo único - Não se considera insolvente o devedor por faltar ao pagamento dasobrigações garantidas por hipotecas posteriores à primeira.

Art. 1.478 - Se o devedor da obrigação garantida pela primeira hipoteca não se oferecer,no vencimento, para pagá-la, o credor da segunda pode promover-lhe a extinção, consig-nando a importância e citando o primeiro credor para recebê-la e o devedor para pagá-la;

Arts. 1.471 a 1.478

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Código Civil

se este não pagar, o segundo credor, efetuando o pagamento, se sub-rogará nos direi-tos da hipoteca anterior, sem prejuízo dos que lhe competirem contra o devedor co-mum.

Parágrafo único - Se o primeiro credor estiver promovendo a execução da hipoteca, ocredor da segunda depositará a importância do débito e as despesas judiciais.

Art. 1.479 - O adquirente do imóvel hipotecado, desde que não se tenha obrigado pesso-almente a pagar as dívidas aos credores hipotecários, poderá exonerar-se da hipoteca,abandonando-lhes o imóvel.

Art. 1.480 - O adquirente notificará o vendedor e os credores hipotecários, deferindo-lhes, conjuntamente, a posse do imóvel, ou o depositará em juízo.

Parágrafo único - Poderá o adquirente exercer a faculdade de abandonar o imóvel hipote-cado, até as vinte e quatro horas subseqüentes à citação, com que se inicia o procedimen-to executivo.

Art. 1.481 - Dentro em trinta dias, contados do registro do título aquisitivo, tem o adquirentedo imóvel hipotecado o direito de remi-lo, citando os credores hipotecários e propondoimportância não inferior ao preço por que o adquiriu.

§ 1º - Se o credor impugnar o preço da aquisição ou a importância oferecida, realizar-se-á licitação, efetuando-se a venda judicial a quem oferecer maior preço, assegurada prefe-rência ao adquirente do imóvel.

§ 2º - Não impugnado pelo credor, o preço da aquisição ou o preço proposto pelo adquirente,haver-se-á por definitivamente fixado para a remissão do imóvel, que ficará livre de hipo-teca, uma vez pago ou depositado o preço.

§ 3º - Se o adquirente deixar de remir o imóvel, sujeitando-o a execução, ficará obrigadoa ressarcir os credores hipotecários da desvalorização que, por sua culpa, o mesmo vier asofrer, além das despesas judiciais da execução.

§ 4º - Disporá de ação regressiva contra o vendedor o adquirente que ficar privado doimóvel em conseqüência de licitação ou penhora, o que pagar a hipoteca, o que, por causade adjudicação ou licitação, desembolsar com o pagamento da hipoteca importância exce-dente à da compra e o que suportar custas e despesas judiciais.

Art. 1.482 - Realizada a praça, o executado poderá, até a assinatura do auto de arremataçãoou até que seja publicada a sentença de adjudicação, remir o imóvel hipotecado, oferecen-do preço igual ao da avaliação, se não tiver havido licitantes, ou ao do maior lance ofere-cido. Igual direito caberá ao cônjuge, aos descendentes ou ascendentes do executado.

Art. 1.483 - No caso de falência, ou insolvência, do devedor hipotecário, o direito deremição defere-se à massa, ou aos credores em concurso, não podendo o credor recusaro preço da avaliação do imóvel.

Parágrafo único - Pode o credor hipotecário, para pagamento de seu crédito, requerer aadjudicação do imóvel avaliado em quantia inferior àquele, desde que dê quitação pela suatotalidade.

Art. 1.484 - É lícito aos interessados fazer constar das escrituras o valor entre si ajustadodos imóveis hipotecados, o qual, devidamente atualizado, será a base para as arrematações,adjudicações e remições, dispensada a avaliação.

Art. 1.485 - Mediante simples averbação, requerida por ambas as partes, poderá prorro-gar-se a hipoteca, até 30 (trinta) anos da data do contrato. Desde que perfaça esse prazo,só poderá subsistir o contrato de hipoteca reconstituindo-se por novo título e novo regis-tro; e, nesse caso, lhe será mantida a precedência, que então lhe competir. (Redação dadapela Lei nº 10.931, de 2004)

Arts. 1.478 a 1.485

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Código Civil

Art. 1.486 - Podem o credor e o devedor, no ato constitutivo da hipoteca, autorizar a emissãoda correspondente cédula hipotecária, na forma e para os fins previstos em lei especial.

Art. 1.487 - A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condiciona-da, desde que determinado o valor máximo do crédito a ser garantido.

§ 1º - Nos casos deste artigo, a execução da hipoteca dependerá de prévia e expressaconcordância do devedor quanto à verificação da condição, ou ao montante da dívida.

§ 2º - Havendo divergência entre o credor e o devedor, caberá àquele fazer prova de seucrédito. Reconhecido este, o devedor responderá, inclusive, por perdas e danos, em razãoda superveniente desvalorização do imóvel.

Art. 1.488 - Se o imóvel, dado em garantia hipotecária, vier a ser loteado, ou se nele seconstituir condomínio edilício, poderá o ônus ser dividido, gravando cada lote ou unidadeautônoma, se o requererem ao juiz o credor, o devedor ou os donos, obedecida a propor-ção entre o valor de cada um deles e o crédito.

§ 1º - O credor só poderá se opor ao pedido de desmembramento do ônus, provando queo mesmo importa em diminuição de sua garantia.

§ 2º - Salvo convenção em contrário, todas as despesas judiciais ou extrajudiciais neces-sárias ao desmembramento do ônus correm por conta de quem o requerer.

§ 3º - O desmembramento do ônus não exonera o devedor originário da responsabilidadea que se refere o art. 1.430, salvo anuência do credor.

SEÇÃO IIDA HIPOTECA LEGAL

Art. 1.489 - A lei confere hipoteca:

I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imóveis pertencentes aosencarregados da cobrança, guarda ou administração dos respectivos fundos e rendas;

II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes defazer o inventário do casal anterior;

III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinqüente, para satisfaçãodo dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais;

IV - ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o imóveladjudicado ao herdeiro reponente;

V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante dopreço da arrematação.

Art. 1.490 - O credor da hipoteca legal, ou quem o represente, poderá, provando ainsuficiência dos imóveis especializados, exigir do devedor que seja reforçado com outros.

Art. 1.491 - A hipoteca legal pode ser substituída por caução de títulos da dívida públicafederal ou estadual, recebidos pelo valor de sua cotação mínima no ano corrente; ou poroutra garantia, a critério do juiz, a requerimento do devedor.

SEÇÃO IIIDO REGISTRO DA HIPOTECA

Art. 1.492 - As hipotecas serão registradas no cartório do lugar do imóvel, ou no de cadaum deles, se o título se referir a mais de um.

Arts. 1.486 a 1.492

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Código Civil

Parágrafo único - Compete aos interessados, exibido o título, requerer o registro dahipoteca.

Art. 1.493 - Os registros e averbações seguirão a ordem em que forem requeridas,verificando-se ela pela da sua numeração sucessiva no protocolo.

Parágrafo único - O número de ordem determina a prioridade, e esta a preferência entre ashipotecas.

Art. 1.494 - Não se registrarão no mesmo dia duas hipotecas, ou uma hipoteca e outrodireito real, sobre o mesmo imóvel, em favor de pessoas diversas, salvo se as escrituras,do mesmo dia, indicarem a hora em que foram lavradas.

Art. 1.495 - Quando se apresentar ao oficial do registro título de hipoteca que mencionea constituição de anterior, não registrada, sobrestará ele na inscrição da nova, depois de aprenotar, até trinta dias, aguardando que o interessado inscreva a precedente; esgotado oprazo, sem que se requeira a inscrição desta, a hipoteca ulterior será registrada e obterápreferência.

Art. 1.496 - Se tiver dúvida sobre a legalidade do registro requerido, o oficial fará, aindaassim, a prenotação do pedido. Se a dúvida, dentro em noventa dias, for julgada improce-dente, o registro efetuar-se-á com o mesmo número que teria na data da prenotação; nocaso contrário, cancelada esta, receberá o registro o número correspondente à data emque se tornar a requerer.

Art. 1.497 - As hipotecas legais, de qualquer natureza, deverão ser registradas eespecializadas.

§ 1º - O registro e a especialização das hipotecas legais incumbem a quem está obrigadoa prestar a garantia, mas os interessados podem promover a inscrição delas, ou solicitarao Ministério Público que o faça.

§ 2º - As pessoas, às quais incumbir o registro e a especialização das hipotecas legais,estão sujeitas a perdas e danos pela omissão.

Art. 1.498 - Vale o registro da hipoteca, enquanto a obrigação perdurar; mas a especia-lização, em completando vinte anos, deve ser renovada.

SEÇÃO IVDA EXTINÇÃO DA HIPOTECA

Art. 1.499 - A hipoteca extingue-se:

I - pela extinção da obrigação principal;

II - pelo perecimento da coisa;

III - pela resolução da propriedade;

IV - pela renúncia do credor;

V - pela remição;

VI - pela arrematação ou adjudicação.

Art. 1.500 - Extingue-se ainda a hipoteca com a averbação, no Registro de Imóveis, docancelamento do registro, à vista da respectiva prova.

Art. 1.501 - Não extinguirá a hipoteca, devidamente registrada, a arrematação ou adju-dicação, sem que tenham sido notificados judicialmente os respectivos credores hipotecá-rios, que não forem de qualquer modo partes na execução.

Arts. 1.492 a 1.501

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SEÇÃO VDA HIPOTECA DE VIAS FÉRREAS

Art. 1.502 - As hipotecas sobre as estradas de ferro serão registradas no Município daestação inicial da respectiva linha.

Art. 1.503 - Os credores hipotecários não podem embaraçar a exploração da linha, nemcontrariar as modificações, que a administração deliberar, no leito da estrada, em suasdependências, ou no seu material.

Art. 1.504 - A hipoteca será circunscrita à linha ou às linhas especificadas na escritura eao respectivo material de exploração, no estado em que ao tempo da execução estiverem;mas os credores hipotecários poderão opor-se à venda da estrada, à de suas linhas, deseus ramais ou de parte considerável do material de exploração; bem como à fusão comoutra empresa, sempre que com isso a garantia do débito enfraquecer.

Art. 1.505 - Na execução das hipotecas será intimado o representante da União ou doEstado, para, dentro em quinze dias, remir a estrada de ferro hipotecada, pagando o preçoda arrematação ou da adjudicação.

CAPÍTULO IVDA ANTICRESE

Art. 1.506 - Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do imóvel ao credor, ceder-lhe o direito de perceber, em compensação da dívida, os frutos e rendimentos.

§ 1º - É permitido estipular que os frutos e rendimentos do imóvel sejam percebidos pelocredor à conta de juros, mas se o seu valor ultrapassar a taxa máxima permitida em leipara as operações financeiras, o remanescente será imputado ao capital.

§ 2º - Quando a anticrese recair sobre bem imóvel, este poderá ser hipotecado pelodevedor ao credor anticrético, ou a terceiros, assim como o imóvel hipotecado poderá serdado em anticrese.

Art. 1.507 - O credor anticrético pode administrar os bens dados em anticrese e fruir seusfrutos e utilidades, mas deverá apresentar anualmente balanço, exato e fiel, de sua admi-nistração.

§ 1º - Se o devedor anticrético não concordar com o que se contém no balanço, por serinexato, ou ruinosa a administração, poderá impugná-lo, e, se o quiser, requerer a trans-formação em arrendamento, fixando o juiz o valor mensal do aluguel, o qual poderá sercorrigido anualmente.

§ 2º - O credor anticrético pode, salvo pacto em sentido contrário, arrendar os bens dadosem anticrese a terceiro, mantendo, até ser pago, direito de retenção do imóvel, embora oaluguel desse arrendamento não seja vinculativo para o devedor.

Art. 1.508 - O credor anticrético responde pelas deteriorações que, por culpa sua, oimóvel vier a sofrer, e pelos frutos e rendimentos que, por sua negligência, deixar deperceber.

Art. 1.509 - O credor anticrético pode vindicar os seus direitos contra o adquirente dosbens, os credores quirografários e os hipotecários posteriores ao registro da anticrese.

§ 1º - Se executar os bens por falta de pagamento da dívida, ou permitir que outro credoro execute, sem opor o seu direito de retenção ao exeqüente, não terá preferência sobre opreço.

Arts. 1.502 a 1.509

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Código Civil

§ 2º - O credor anticrético não terá preferência sobre a indenização do seguro, quandoo prédio seja destruído, nem, se forem desapropriados os bens, com relação à desa-propriação.

Art. 1.510 - O adquirente dos bens dados em anticrese poderá remi-los, antes do venci-mento da dívida, pagando a sua totalidade à data do pedido de remição e imitir-se-á, sefor o caso, na sua posse.

LIVRO IVDO DIREITO DE FAMÍLIA

TÍTULO IDO DIREITO PESSOAL

SUBTÍTULO IDO CASAMENTO

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.511 - O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade dedireitos e deveres dos cônjuges.

Art. 1.512 - O casamento é civil e gratuita a sua celebração.

Parágrafo único - A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serãoisentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sobas penas da lei.

Art. 1.513 - É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir nacomunhão de vida instituída pela família.

Art. 1.514 - O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifes-tam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declaracasados.

Art. 1.515 - O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade docasamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindoefeitos a partir da data de sua celebração.

Art. 1.516 - O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigi-dos para o casamento civil.

§ 1º - O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventadias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, oupor iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente ahabilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de novahabilitação.

§ 2º - O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, teráefeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registrocivil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo doart. 1.532.

§ 3º - Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dosconsorciados houver contraído com outrem casamento civil.

Arts. 1.509 a 1.516

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CAPÍTULO IIDA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO

Art. 1.517 - O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autoriza-ção de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maiori-dade civil.

Parágrafo único - Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafoúnico do art. 1.631.

Art. 1.518 - Até à celebração do casamento podem os pais, tutores ou curadores revogara autorização.

Art. 1.519 - A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.

Art. 1.520 - Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançoua idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou emcaso de gravidez.

CAPÍTULO IIIDOS IMPEDIMENTOS

Art. 1.521 - Não podem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II - os afins em linha reta;

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;

V - o adotado com o filho do adotante;

VI - as pessoas casadas;

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídiocontra o seu consorte.

Art. 1.522 - Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração docasamento, por qualquer pessoa capaz.

Parágrafo único - Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência dealgum impedimento, será obrigado a declará-lo.

CAPÍTULO IVDAS CAUSAS SUSPENSIVAS

Art. 1.523 - Não devem casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dosbens do casal e der partilha aos herdeiros;

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dezmeses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bensdo casal;

Arts. 1.517 a 1.523

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IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ousobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela,e não estiverem saldadas as respectivas contas.

Parágrafo único - É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadasas causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistênciade prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tuteladaou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ouinexistência de gravidez, na fluência do prazo.

Art. 1.524 - As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidaspelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e peloscolaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins.

CAPÍTULO VDO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO

Art. 1.525 - O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos osnubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com osseguintes documentos:

I - certidão de nascimento ou documento equivalente;

II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou atojudicial que a supra;

III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-lose afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;

IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seuspais, se forem conhecidos;

V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou deanulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.

Art. 1.526 - A habilitação será feita perante o oficial do Registro Civil e, após a audiênciado Ministério Público, será homologada pelo juiz.

Art. 1.527 - Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixarádurante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obriga-toriamente, se publicará na imprensa local, se houver.

Parágrafo único - A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publi-cação.

Art. 1.528 - É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos quepodem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes debens.

Art. 1.529 - Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos emdeclaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicaçãodo lugar onde possam ser obtidas.

Art. 1.530 - O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota daoposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.

Parágrafo único - Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contráriaaos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.

Art. 1.531 - Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistênciade fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.

Arts. 1.523 a 1.531

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Art. 1.532 - A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foiextraído o certificado.

CAPÍTULO VIDA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO

Art. 1.533 - Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designadospela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que semostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.

Art. 1.534 - A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, aportas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes,ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ouparticular.

§ 1º - Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas duranteo ato.

§ 2º - Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum doscontraentes não souber ou não puder escrever.

Art. 1.535 - Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamentecom as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes aafirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado ocasamento, nestes termos:”De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar pe-rante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declarocasados.”

Art. 1.536 - Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro deregistro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, eo oficial do registro, serão exarados:

I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atualdos cônjuges;

II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residênciaatual dos pais;

III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamentoanterior;

IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;

V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;

VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;

VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foilavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou oobrigatoriamente estabelecido.

Art. 1.537 - O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente naescritura antenupcial.

Art. 1.538 - A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum doscontraentes:

I - recusar a solene afirmação da sua vontade;

II - declarar que esta não é livre e espontânea;

Arts. 1.532 a 1.538

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III - manifestar-se arrependido.

Parágrafo único - O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causaà suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.

Art. 1.539 - No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irácelebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duastestemunhas que saibam ler e escrever.

§ 1º - A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro adhoc, nomeado pelo presidente do ato.

§ 2º - O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registrodentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.

Art. 1.540 - Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obten-do a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto,poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentesnão tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.

Art. 1.541 - Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a auto-ridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo adeclaração de:

I - que foram convocadas por parte do enfermo;

II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;

III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.

§ 1º - Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências neces-sárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvi-dos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias.

§ 2º - Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autorida-de competente, com recurso voluntário às partes.

§ 3º - Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dosrecursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.

§ 4º - O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado doscônjuges, à data da celebração.

§ 5º - Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermoconvalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e dooficial do registro.

Art. 1.542 - O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento públi-co, com poderes especiais.

§ 1º - A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário;mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciênciada revogação, responderá o mandante por perdas e danos.

§ 2º - O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar nocasamento nuncupativo.

§ 3º - A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.

§ 4º - Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.

Arts. 1.538 a 1.542

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CAPÍTULO VIIDAS PROVAS DO CASAMENTO

Art. 1.543 - O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro.

Parágrafo único - Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outraespécie de prova.

Art. 1.544 - O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respecti-vas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias,a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivodomicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.

Art. 1.545 - O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possammanifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole co-mum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas,quando contraiu o casamento impugnado.

Art. 1.546 - Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial,o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjugescomo no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento.

Art. 1.547 - Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamen-to, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse doestado de casados.

CAPÍTULO VIIIDA INVALIDADE DO CASAMENTO

Art. 1.548 - É nulo o casamento contraído:

I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;

II - por infringência de impedimento.

Art. 1.549 - A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigoantecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou peloMinistério Público.

Art. 1.550 - É anulável o casamento:

I - de quem não completou a idade mínima para casar;

II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;

III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;

IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogaçãodo mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;

VI - por incompetência da autoridade celebrante.

Parágrafo único - Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decreta-da.

Art. 1.551 - Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.

Art. 1.552 - A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida:

Arts. 1.543 a 1.552

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I - pelo próprio cônjuge menor;

II - por seus representantes legais;

III - por seus ascendentes.

Art. 1.553 - O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, confir-mar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, oucom suprimento judicial.

Art. 1.554 - Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competênciaexigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade,tiver registrado o ato no Registro Civil.

Art. 1.555 - O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seurepresentante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias,por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seusherdeiros necessários.

§ 1º - O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade,no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz.

§ 2º - Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os repre-sentantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação.

Art. 1.556 - O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte deum dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.

Art. 1.557 - Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:

I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seuconhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;

II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportá-vel a vida conjugal;

III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstiagrave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outrocônjuge ou de sua descendência;

IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza,torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.

Art. 1.558 - É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento deum ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal consi-derável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.

Art. 1.559 - Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar aanulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressal-vadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.

Art. 1.560 - O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar dadata da celebração, é de:

I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;

II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;

III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;

IV - quatro anos, se houver coação.

§ 1º - Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menoresde dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e dadata do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes.

Arts. 1.552 a 1.560

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§ 2º - Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é decento e oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da cele-bração.

Art. 1.561 - Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos oscônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até odia da sentença anulatória.

§ 1º - Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civissó a ele e aos filhos aproveitarão.

§ 2º - Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitoscivis só aos filhos aproveitarão.

Art. 1.562 - Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a deseparação judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá reque-rer a parte, comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedidapelo juiz com a possível brevidade.

Art. 1.563 - A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da suacelebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado.

Art. 1.564 - Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá:

I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente;

II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial.

CAPÍTULO IXDA EFICÁCIA DO CASAMENTO

Art. 1.565 - Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição deconsortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.

§ 1º - Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.

§ 2º - O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciarrecursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo decoerção por parte de instituições privadas ou públicas.

Art. 1.566 - São deveres de ambos os cônjuges:

I - fidelidade recíproca;

II - vida em comum, no domicílio conjugal;

III - mútua assistência;

IV - sustento, guarda e educação dos filhos;

V - respeito e consideração mútuos.

Art. 1.567 - A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo maridoe pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.

Parágrafo único - Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz,que decidirá tendo em consideração aqueles interesses.

Art. 1.568 - Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dosrendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer queseja o regime patrimonial.

Arts. 1.560 a 1.568

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Art. 1.569 - O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e outropodem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercíciode sua profissão, ou a interesses particulares relevantes.

Art. 1.570 - Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcera-do por mais de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente,de consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusi-vidade a direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens.

CAPÍTULO XDA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL

Art. 1.571 - A sociedade conjugal termina:

I - pela morte de um dos cônjuges;

II - pela nulidade ou anulação do casamento;

III - pela separação judicial;

IV - pelo divórcio.

§ 1º - O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio,aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.

§ 2º - Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderámanter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença deseparação judicial.

Art. 1.572 - Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputan-do ao outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torneinsuportável a vida em comum.

§ 1º - A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges provar ruptura davida em comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição.

§ 2º - O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver acometidode doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continu-ação da vida em comum, desde que, após uma duração de dois anos, a enfermidade tenhasido reconhecida de cura improvável.

§ 3º - No caso do parágrafo 2º, reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido aseparação judicial, os remanescentes dos bens que levou para o casamento, e se o regimedos bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos na constância da sociedade conjugal.

Art. 1.573 - Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência dealgum dos seguintes motivos:

I - adultério;

II - tentativa de morte;

III - sevícia ou injúria grave;

IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;

V - condenação por crime infamante;

VI - conduta desonrosa.

Parágrafo único - O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibi-lidade da vida em comum.

Arts. 1.569 a 1.573

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Art. 1.574 - Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges seforem casados por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devida-mente homologada a convenção.

Parágrafo único - O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial seapurar que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de umdos cônjuges.

Art. 1.575 - A sentença de separação judicial importa a separação de corpos e a partilhade bens.

Parágrafo único - A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges ehomologada pelo juiz ou por este decidida.

Art. 1.576 - A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recí-proca e ao regime de bens.

Parágrafo único - O procedimento judicial da separação caberá somente aos cônjuges, e,no caso de incapacidade, serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo ir-mão.

Art. 1.577 - Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícitoaos cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.

Parágrafo único - A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros, adquiridoantes e durante o estado de separado, seja qual for o regime de bens.

Art. 1.578 - O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito deusar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente ese a alteração não acarretar:

I - evidente prejuízo para a sua identificação;

II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da uniãodissolvida;

III - dano grave reconhecido na decisão judicial.

§ 1º - O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquermomento, ao direito de usar o sobrenome do outro.

§ 2º - Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.

Art. 1.579 - O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos.

Parágrafo único - Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá impor-tar restrições aos direitos e deveres previstos neste artigo.

Art. 1.580 - Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretadoa separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos,qualquer das partes poderá requerer sua conversão em divórcio.

§ 1º - A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges será decretada porsentença, da qual não constará referência à causa que a determinou.

§ 2º - O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso decomprovada separação de fato por mais de dois anos.

Art. 1.581 - O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.

Art. 1.582 - O pedido de divórcio somente competirá aos cônjuges.

Parágrafo único - Se o cônjuge for incapaz para propor a ação ou defender-se, poderáfazê-lo o curador, o ascendente ou o irmão.

Arts. 1.574 a 1.582

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CAPÍTULO XIDA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS

Art. 1.583 - A guarda será unilateral ou compartilhada. (Redação dada pela Lei nº 11.698,de 2008).

§ 1º - Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguémque o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjun-ta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto,concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

§ 2º - A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições paraexercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores:(Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

I - afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; (Incluído pela Lei nº 11.698,de 2008).

II - saúde e segurança; (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

III - educação. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

§ 3º - A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar osinteresses dos filhos. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

§ 4º - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

Art. 1.584 - A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: (Redação dada pela Lei nº11.698, de 2008).

I - requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autôno-ma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar;(Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

II - decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão dadistribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe. (Incluído pelaLei nº 11.698, de 2008).

§ 1º - Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guardacompartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitorese as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. (Incluído pela Lei nº 11.698, de2008).

§ 2º - Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, seráaplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada. (Incluído pela Lei nº 11.698, de2008).

§ 3º - Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sobguarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderábasear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar. (Incluído pelaLei nº 11.698, de 2008).

§ 4º - A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda,unilateral ou compartilhada, poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seudetentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência com o filho. (Incluído pelaLei nº 11.698, de 2008).

§ 5º - Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe,deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, consi-derados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade.(Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

Arts. 1.583 a 1.584

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Art. 1.585 - Em sede de medida cautelar de separação de corpos, aplica-se quanto àguarda dos filhos as disposições do artigo antecedente.

Art. 1.586 - Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos,regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação delespara com os pais.

Art. 1.587 - No caso de invalidade do casamento, havendo filhos comuns, observar-se-áo disposto nos arts. 1.584 e 1.586.

Art. 1.588 - O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde o direito de ter consigoos filhos, que só lhe poderão ser retirados por mandado judicial, provado que não sãotratados convenientemente.

Art. 1.589 - O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz,bem como fiscalizar sua manutenção e educação.

Art. 1.590 - As disposições relativas à guarda e prestação de alimentos aos filhos meno-res estendem-se aos maiores incapazes.

SUBTÍTULO IIDAS RELAÇÕES DE PARENTESCO

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.591 - São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras narelação de ascendentes e descendentes.

Art. 1.592 - São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoasprovenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.

Art. 1.593 - O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ououtra origem.

Art. 1.594 - Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações,e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascenden-te comum, e descendo até encontrar o outro parente.

Art. 1.595 - Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo daafinidade.

§ 1º - O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aosirmãos do cônjuge ou companheiro.

§ 2º - Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou daunião estável.

CAPÍTULO IIDA FILIAÇÃO

Art. 1.596 - Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão osmesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relati-vas à filiação.

Art. 1.597 - Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:

Arts. 1.585 a 1.597

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I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conju-gal;

II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, pormorte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;

III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;

IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentesde concepção artificial homóloga;

V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.

Art. 1.598 - Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto no inciso IIdo art. 1.523, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presumedo primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar da data do falecimentodeste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo aque se refere o inciso I do art. 1597.

Art. 1.599 - A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide apresunção da paternidade.

Art. 1.600 - Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presun-ção legal da paternidade.

Art. 1.601 - Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos desua mulher, sendo tal ação imprescritível.

Parágrafo único - Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosse-guir na ação.

Art. 1.602 - Não basta a confissão materna para excluir a paternidade.

Art. 1.603 - A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada noRegistro Civil.

Art. 1.604 - Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nasci-mento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.

Art. 1.605 - Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação porqualquer modo admissível em direito:

I - quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separa-damente;

II - quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.

Art. 1.606 - A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aosherdeiros, se ele morrer menor ou incapaz.

Parágrafo único - Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo sejulgado extinto o processo.

CAPÍTULO IIIDO RECONHECIMENTO DOS FILHOS

Art. 1.607 - O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjuntaou separadamente.

Art. 1.608 - Quando a maternidade constar do termo do nascimento do filho, a mãe sópoderá contestá-la, provando a falsidade do termo, ou das declarações nele contidas.

Arts. 1.597 a 1.608

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Código Civil

Art. 1.609 - O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e seráfeito:

I - no registro do nascimento;

II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;

III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;

IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento nãohaja sido o objeto único e principal do ato que o contém.

Parágrafo único - O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posteriorao seu falecimento, se ele deixar descendentes.

Art. 1.610 - O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito emtestamento.

Art. 1.611 - O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos cônjuges, nãopoderá residir no lar conjugal sem o consentimento do outro.

Art. 1.612 - O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob a guarda do genitor que oreconheceu, e, se ambos o reconheceram e não houver acordo, sob a de quem melhoratender aos interesses do menor.

Art. 1.613 - São ineficazes a condição e o termo apostos ao ato de reconhecimento do filho.

Art. 1.614 - O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menorpode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou àemancipação.

Art. 1.615 - Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a ação de inves-tigação de paternidade, ou maternidade.

Art. 1.616 - A sentença que julgar procedente a ação de investigação produzirá os mes-mos efeitos do reconhecimento; mas poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora dacompanhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade.

Art. 1.617 - A filiação materna ou paterna pode resultar de casamento declarado nulo,ainda mesmo sem as condições do putativo.

CAPÍTULO IVDA ADOÇÃO

Art. 1.618 - Só a pessoa maior de dezoito anos pode adotar.

Parágrafo único - A adoção por ambos os cônjuges ou companheiros poderá ser formaliza-da, desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade, comprovada a estabili-dade da família.

Art. 1.619 - O adotante há de ser pelo menos dezesseis anos mais velho que o adotado.

Art. 1.620 - Enquanto não der contas de sua administração e não saldar o débito, nãopoderá o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.

Art. 1.621 - A adoção depende de consentimento dos pais ou dos representantes legais,de quem se deseja adotar, e da concordância deste, se contar mais de doze anos.

§ 1º - O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos paissejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar.

§ 2º - O consentimento previsto no caput é revogável até a publicação da sentençaconstitutiva da adoção.

Arts. 1.609 a 1.621

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Código Civil

Art. 1.622 - Ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem marido emulher, ou se viverem em união estável.

Parágrafo único - Os divorciados e os judicialmente separados poderão adotar conjunta-mente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, e desde que o estágiode convivência tenha sido iniciado na constância da sociedade conjugal.

Art. 1.623 - A adoção obedecerá a processo judicial, observados os requisitos estabeleci-dos neste Código.

Parágrafo único - A adoção de maiores de dezoito anos dependerá, igualmente, da assis-tência efetiva do Poder Público e de sentença constitutiva.

Art. 1.624 - Não há necessidade do consentimento do representante legal do menor, seprovado que se trata de infante exposto, ou de menor cujos pais sejam desconhecidos,estejam desaparecidos, ou tenham sido destituídos do poder familiar, sem nomeação detutor; ou de órfão não reclamado por qualquer parente, por mais de um ano.

Art. 1.625 - Somente será admitida a adoção que constituir efetivo benefício para oadotando.

Art. 1.626 - A adoção atribui a situação de filho ao adotado, desligando-o de qualquer vínculocom os pais e parentes consangüíneos, salvo quanto aos impedimentos para o casamento.

Parágrafo único - Se um dos cônjuges ou companheiros adota o filho do outro, mantêm-seos vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou companheiro do adotante e osrespectivos parentes.

Art. 1.627 - A decisão confere ao adotado o sobrenome do adotante, podendo determinara modificação de seu prenome, se menor, a pedido do adotante ou do adotado.

Art. 1.628 - Os efeitos da adoção começam a partir do trânsito em julgado da sentença,exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento, caso em que terá forçaretroativa à data do óbito. As relações de parentesco se estabelecem não só entre oadotante e o adotado, como também entre aquele e os descendentes deste e entre oadotado e todos os parentes do adotante.

Art. 1.629 - A adoção por estrangeiro obedecerá aos casos e condições que forem esta-belecidos em lei.

CAPÍTULO VDO PODER FAMILIAR

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.630 - Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores.

Art. 1.631 - Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; nafalta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.

Parágrafo único - Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado aqualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.

Art. 1.632 - A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram asrelações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem emsua companhia os segundos.

Arts. 1.622 a 1.632

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Código Civil

Art. 1.633 - O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo da mãe; sea mãe não for conhecida ou capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor.

SEÇÃO IIDO EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR

Art. 1.634 - Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:

I - dirigir-lhes a criação e educação;

II - tê-los em sua companhia e guarda;

III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;

IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhesobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;

V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essaidade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;

VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;

VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade econdição.

SEÇÃO IIIDA SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR

Art. 1.635 - Extingue-se o poder familiar:

I - pela morte dos pais ou do filho;

II - pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único;

III - pela maioridade;

IV - pela adoção;

V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.

Art 1.636 - O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união estável, nãoperde, quanto aos filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exercen-do-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou companheiro.

Parágrafo único - Igual preceito ao estabelecido neste artigo aplica-se ao pai ou à mãesolteiros que casarem ou estabelecerem união estável.

Art. 1.637 - Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a elesinerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou oMinistério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor eseus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.

Parágrafo único - Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãecondenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anosde prisão.

Art. 1.638 - Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:

I - castigar imoderadamente o filho;

Arts. 1.633 a 1.638

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Código Civil

II - deixar o filho em abandono;

III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;

IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.

TÍTULO IIDO DIREITO PATRIMONIAL

SUBTÍTULO IDO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.639 - É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aosseus bens, o que lhes aprouver.

§ 1º - O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento.

§ 2º - É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedidomotivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalva-dos os direitos de terceiros.

Art. 1.640 - Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aosbens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.

Parágrafo único - Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquerdos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pelacomunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demaisescolhas.

Art. 1.641 - É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebraçãodo casamento;

II - da pessoa maior de sessenta anos;

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

Art. 1.642 - Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podemlivremente:

I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho desua profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;

II - administrar os bens próprios;

III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem oseu consentimento ou sem suprimento judicial;

IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval,realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art.1.647;

V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outrocônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforçocomum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos;

Arts. 1.638 a 1.642

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Código Civil

VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.

Art. 1.643 - Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro:

I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;

II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.

Art. 1.644 - As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidaria-mente ambos os cônjuges.

Art. 1.645 - As ações fundadas nos incisos III, IV e V do art. 1.642 competem ao cônjugeprejudicado e a seus herdeiros.

Art. 1.646 - No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o terceiro, prejudicado com asentença favorável ao autor, terá direito regressivo contra o cônjuge, que realizou o negó-cio jurídico, ou seus herdeiros.

Art. 1.647 - Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem auto-rização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrarfutura meação.

Parágrafo único - São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ouestabelecerem economia separada.

Art. 1.648 - Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando umdos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.

Art. 1.649 - A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647),tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até doisanos depois de terminada a sociedade conjugal.

Parágrafo único - A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público,ou particular, autenticado.

Art. 1.650 - A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consenti-mento, ou sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabiaconcedê-la, ou por seus herdeiros.

Art. 1.651 - Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos bens quelhe incumbe, segundo o regime de bens, caberá ao outro:

I - gerir os bens comuns e os do consorte;

II - alienar os bens móveis comuns;

III - alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do consorte, mediante autorizaçãojudicial.

Art. 1.652 - O cônjuge, que estiver na posse dos bens particulares do outro, será paracom este e seus herdeiros responsável:

I - como usufrutuário, se o rendimento for comum;

II - como procurador, se tiver mandato expresso ou tácito para os administrar;

III - como depositário, se não for usufrutuário, nem administrador.

Arts. 1.642 a 1.652

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Código Civil

CAPÍTULO IIDO PACTO ANTENUPCIAL

Art. 1.653 - É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz senão lhe seguir o casamento.

Art. 1.654 - A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada àaprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separa-ção de bens.

Art. 1.655 - É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.

Art. 1.656 - No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aqüestos,poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.

Art. 1.657 - As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois deregistradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.

CAPÍTULO IIIDO REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL

Art. 1.658 - No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem aocasal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.

Art. 1.659 - Excluem-se da comunhão:

I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância docasamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;

II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges emsub-rogação dos bens particulares;

III - as obrigações anteriores ao casamento;

IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;

VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

Art. 1.660 - Entram na comunhão:

I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só emnome de um dos cônjuges;

II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesaanterior;

III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;

IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;

V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na cons-tância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.

Art. 1.661 - São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anteriorao casamento.

Art. 1.662 - No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância docasamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior.

Arts. 1.653 a 1.662

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Código Civil

Art. 1.663 - A administração do patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges.

§ 1º - As dívidas contraídas no exercício da administração obrigam os bens comuns e particu-lares do cônjuge que os administra, e os do outro na razão do proveito que houver auferido.

§ 2º - A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os atos, a título gratuito, queimpliquem cessão do uso ou gozo dos bens comuns.

§ 3º - Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a administração a apenasum dos cônjuges.

Art. 1.664 - Os bens da comunhão respondem pelas obrigações contraídas pelo maridoou pela mulher para atender aos encargos da família, às despesas de administração e àsdecorrentes de imposição legal.

Art. 1.665 - A administração e a disposição dos bens constitutivos do patrimônio particu-lar competem ao cônjuge proprietário, salvo convenção diversa em pacto antenupcial.

Art. 1.666 - As dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na administração de seusbens particulares e em benefício destes, não obrigam os bens comuns.

CAPÍTULO IVDO REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL

Art. 1.667 - O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os benspresentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte.

Art. 1.668 - São excluídos da comunhão:

I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados emseu lugar;

II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes derealizada a condição suspensiva;

III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus apres-tos, ou reverterem em proveito comum;

IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula deincomunicabilidade;

V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

Art. 1.669 - A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não seestende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.

Art. 1.670 - Aplica-se ao regime da comunhão universal o disposto no Capítulo antece-dente, quanto à administração dos bens.

Art. 1.671 - Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do ativo e do passivo, cessará aresponsabilidade de cada um dos cônjuges para com os credores do outro.

CAPÍTULO VDO REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQÜESTOS

Art. 1.672 - No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui patrimôniopróprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução dasociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, naconstância do casamento.

Arts. 1.663 a 1.672

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Código Civil

Art. 1.673 - Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar eos por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento.

Parágrafo único - A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderálivremente alienar, se forem móveis.

Art. 1.674 - Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dosaqüestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios:

I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram;

II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade;

III - as dívidas relativas a esses bens.

Parágrafo único - Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamentoos bens móveis.

Art. 1.675 - Ao determinar-se o montante dos aqüestos, computar-se-á o valor das doa-ções feitas por um dos cônjuges, sem a necessária autorização do outro; nesse caso, obem poderá ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por seus herdeiros, ou declaradono monte partilhável, por valor equivalente ao da época da dissolução.

Art. 1.676 - Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em detrimento da meação,se não houver preferência do cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar.

Art. 1.677 - Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges,somente este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em be-nefício do outro.

Art. 1.678 - Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com bens do seu patrimônio,o valor do pagamento deve ser atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação dooutro cônjuge.

Art. 1.679 - No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, terá cada um dos cônju-ges uma quota igual no condomínio ou no crédito por aquele modo estabelecido.

Art. 1.680 - As coisas móveis, em face de terceiros, presumem-se do domínio do cônjugedevedor, salvo se o bem for de uso pessoal do outro.

Art. 1.681 - Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome constar no registro.

Parágrafo único - Impugnada a titularidade, caberá ao cônjuge proprietário provar a aqui-sição regular dos bens.

Art. 1.682 - O direito à meação não é renunciável, cessível ou penhorável na vigência doregime matrimonial.

Art. 1.683 - Na dissolução do regime de bens por separação judicial ou por divórcio,verificar-se-á o montante dos aqüestos à data em que cessou a convivência.

Art. 1.684 - Se não for possível nem conveniente a divisão de todos os bens em natureza,calcular-se-á o valor de alguns ou de todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não-proprietário.

Parágrafo único - Não se podendo realizar a reposição em dinheiro, serão avaliados e,mediante autorização judicial, alienados tantos bens quantos bastarem.

Art. 1.685 - Na dissolução da sociedade conjugal por morte, verificar-se-á a meação docônjuge sobrevivente de conformidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a he-rança aos herdeiros na forma estabelecida neste Código.

Art. 1.686 - As dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à sua meação, não obri-gam ao outro, ou a seus herdeiros.

Arts. 1.673 a 1.686

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Código Civil

CAPÍTULO VIDO REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS

Art. 1.687 - Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administraçãoexclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.

Art. 1.688 - Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal naproporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contráriono pacto antenupcial.

SUBTÍTULO IIDO USUFRUTO E DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DE FILHOS MENORES

Art. 1.689 - O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:

I - são usufrutuários dos bens dos filhos;

II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade.

Art. 1.690 - Compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com exclusividade,representar os filhos menores de dezesseis anos, bem como assisti-los até completarem amaioridade ou serem emancipados.

Parágrafo único - Os pais devem decidir em comum as questões relativas aos filhos e a seusbens; havendo divergência, poderá qualquer deles recorrer ao juiz para a solução necessária.

Art. 1.691 - Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nemcontrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração,salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz.

Parágrafo único - Podem pleitear a declaração de nulidade dos atos previstos neste artigo:

I - os filhos;

II - os herdeiros;

III - o representante legal.

Art. 1.692 - Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com odo filho, a requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial.

Art. 1.693 - Excluem-se do usufruto e da administração dos pais:

I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento;

II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividadeprofissional e os bens com tais recursos adquiridos;

III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ouadministrados, pelos pais;

IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem excluídos da sucessão.

SUBTÍTULO IIIDOS ALIMENTOS

Art. 1.694 - Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros osalimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social,inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Arts. 1.687 a 1.694

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Código Civil

§ 1º - Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dosrecursos da pessoa obrigada.

§ 2º - Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação denecessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.

Art. 1.695 - São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficien-tes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se recla-mam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.

Art. 1.696 - O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivoa todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta deoutros.

Art. 1.697 - Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada aordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.

Art. 1.698 - Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condi-ções de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato;sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na propor-ção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais serchamadas a integrar a lide.

Art. 1.699 - Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quemos supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme ascircunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.

Art. 1.700 - A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, naforma do art. 1.694.

Art. 1.701 - A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, oudar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à suaeducação, quando menor.

Parágrafo único - Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma documprimento da prestação.

Art. 1.702 - Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovidode recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos oscritérios estabelecidos no art. 1.694.

Art. 1.703 - Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribui-rão na proporção de seus recursos.

Art. 1.704 - Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos,será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenhasido declarado culpado na ação de separação judicial.

Parágrafo único - Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e nãotiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjugeserá obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.

Art. 1.705 - Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o genitor,sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se proces-se em segredo de justiça.

Art. 1.706 - Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual.

Art. 1.707 - Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimen-tos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.

Art. 1.708 - Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o deverde prestar alimentos.

Arts. 1.694 a 1.708

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Código Civil

Parágrafo único - Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiverprocedimento indigno em relação ao devedor.

Art. 1.709 - O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constanteda sentença de divórcio.

Art. 1.710 - As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundoíndice oficial regularmente estabelecido.

SUBTÍTULO IVDO BEM DE FAMÍLIA

Art. 1.711 - Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública outestamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que nãoultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas asregras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.

Parágrafo único - O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento oudoação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges bene-ficiados ou da entidade familiar beneficiada.

Art. 1.712 - O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas perten-ças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abrangervalores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.

Art. 1.713 - Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no artigo antecedente, nãopoderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família, à época de sua instituição.

§ 1º - Deverão os valores mobiliários ser devidamente individualizados no instrumento deinstituição do bem de família.

§ 2º - Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como bem de família deveráconstar dos respectivos livros de registro.

§ 3º - O instituidor poderá determinar que a administração dos valores mobiliários sejaconfiada a instituição financeira, bem como disciplinar a forma de pagamento da respecti-va renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos administradores obedece-rá às regras do contrato de depósito.

Art. 1.714 - O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-sepelo registro de seu título no Registro de Imóveis.

Art. 1.715 - O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição,salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.

Parágrafo único - No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existenteserá aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, parasustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz.

Art. 1.716 - A isenção de que trata o artigo antecedente durará enquanto viver um doscônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade.

Art. 1.717 - O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, nãopodem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consenti-mento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público.

Art. 1.718 - Qualquer forma de liquidação da entidade administradora, a que se refere o§ 3º do art. 1.713, não atingirá os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua transfe-rência para outra instituição semelhante, obedecendo-se, no caso de falência, ao dispostosobre pedido de restituição.

Arts. 1.708 a 1.718

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Art. 1.719 - Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas condi-ções em que foi instituído, poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ouautorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros, ouvidos o instituidor e oMinistério Público.

Art. 1.720 - Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a administração do bemde família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência.

Parágrafo único - Com o falecimento de ambos os cônjuges, a administração passará aofilho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu tutor.

Art. 1.721 - A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.

Parágrafo único - Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobre-vivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal.

Art. 1.722 - Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônju-ges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.

TÍTULO IIIDA UNIÃO ESTÁVEL

Art. 1.723 - É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e amulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com oobjetivo de constituição de família.

§ 1º - A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; nãose aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada defato ou judicialmente.

§ 2º - As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.

Art. 1.724 - As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres delealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.

Art. 1.725 - Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se àsrelações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

Art. 1.726 - A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido doscompanheiros ao juiz e assento no Registro Civil.

Art. 1.727 - As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar,constituem concubinato.

TÍTULO IVDA TUTELA E DA CURATELA

CAPÍTULO IDA TUTELA

SEÇÃO IDOS TUTORES

Art. 1.728 - Os filhos menores são postos em tutela:

I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;

Arts. 1.719 a 1.728

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II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.

Art. 1.729 - O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto.

Parágrafo único - A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro documen-to autêntico.

Art. 1.730 - É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de suamorte, não tinha o poder familiar.

Art. 1.731 - Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes consan-güíneos do menor, por esta ordem:

I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;

II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, nomesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz escolheráentre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.

Art. 1.732 - O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor:

I - na falta de tutor testamentário ou legítimo;

II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;

III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.

Art. 1.733 - Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.

§ 1º - No caso de ser nomeado mais de um tutor por disposição testamentária sem indica-ção de precedência, entende-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhesucederão pela ordem de nomeação, se ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qualqueroutro impedimento.

§ 2º - Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá nomear-lhe curadorespecial para os bens deixados, ainda que o beneficiário se encontre sob o poder familiar,ou tutela.

Art. 1.734 - Os menores abandonados terão tutores nomeados pelo juiz, ou serão recolhidosa estabelecimento público para este fim destinado, e, na falta desse estabelecimento, ficamsob a tutela das pessoas que, voluntária e gratuitamente, se encarregarem da sua criação.

SEÇÃO IIDOS INCAPAZES DE EXERCER A TUTELA

Art. 1.735 - Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:

I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;

II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos emobrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aquelescujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;

III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamenteexcluídos da tutela;

IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou oscostumes, tenham ou não cumprido pena;

V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso emtutorias anteriores;

VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.

Arts. 1.728 a 1.735

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SEÇÃO IIIDA ESCUSA DOS TUTORES

Art. 1.736 - Podem escusar-se da tutela:

I - mulheres casadas;

II - maiores de sessenta anos;

III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;

IV - os impossibilitados por enfermidade;

V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;

VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;

VII - militares em serviço.

Art. 1.737 - Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela,se houver no lugar parente idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la.

Art. 1.738 - A escusa apresentar-se-á nos dez dias subseqüentes à designação, sob penade entender-se renunciado o direito de alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer depois deaceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele sobrevier.

Art. 1.739 - Se o juiz não admitir a escusa, exercerá o nomeado a tutela, enquanto orecurso interposto não tiver provimento, e responderá desde logo pelas perdas e danosque o menor venha a sofrer.

SEÇÃO IVDO EXERCÍCIO DA TUTELA

Art. 1.740 - Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor:

I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus haveres econdição;

II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mistercorreção;

III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião domenor, se este já contar doze anos de idade.

Art. 1.741 - Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado, emproveito deste, cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé.

Art. 1.742 - Para fiscalização dos atos do tutor, pode o juiz nomear um protutor.

Art. 1.743 - Se os bens e interesses administrativos exigirem conhecimentos técnicos, foremcomplexos, ou realizados em lugares distantes do domicílio do tutor, poderá este, medianteaprovação judicial, delegar a outras pessoas físicas ou jurídicas o exercício parcial da tutela.

Art. 1.744 - A responsabilidade do juiz será:

I - direta e pessoal, quando não tiver nomeado o tutor, ou não o houver feito oportunamente;

II - subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do tutor, nem o removido, tantoque se tornou suspeito.

Art. 1.745 - Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo especificadodeles e seus valores, ainda que os pais o tenham dispensado.

Arts. 1.736 a 1.745

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Parágrafo único - Se o patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juizcondicionar o exercício da tutela à prestação de caução bastante, podendo dispensá-la seo tutor for de reconhecida idoneidade.

Art. 1.746 - Se o menor possuir bens, será sustentado e educado a expensas deles,arbitrando o juiz para tal fim as quantias que lhe pareçam necessárias, considerado orendimento da fortuna do pupilo quando o pai ou a mãe não as houver fixado.

Art. 1.747 - Compete mais ao tutor:

I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, apósessa idade, nos atos em que for parte;

II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas;

III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de administração,conservação e melhoramentos de seus bens;

IV - alienar os bens do menor destinados a venda;

V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens de raiz.

Art. 1.748 - Compete também ao tutor, com autorização do juiz:

I - pagar as dívidas do menor;

II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;

III - transigir;

IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis nos casos emque for permitido;

V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as diligências abem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.

Parágrafo único - No caso de falta de autorização, a eficácia de ato do tutor depende daaprovação ulterior do juiz.

Art. 1.749 - Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade:

I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ouimóveis pertencentes ao menor;

II - dispor dos bens do menor a título gratuito;

III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.

Art. 1.750 - Os imóveis pertencentes aos menores sob tutela somente podem ser vendi-dos quando houver manifesta vantagem, mediante prévia avaliação judicial e aprovaçãodo juiz.

Art. 1.751 - Antes de assumir a tutela, o tutor declarará tudo o que o menor lhe deva, sobpena de não lhe poder cobrar, enquanto exerça a tutoria, salvo provando que não conheciao débito quando a assumiu.

Art. 1.752 - O tutor responde pelos prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao tutelado;mas tem direito a ser pago pelo que realmente despender no exercício da tutela, salvo nocaso do art. 1.734, e a perceber remuneração proporcional à importância dos bens admi-nistrados.

§ 1º - Ao protutor será arbitrada uma gratificação módica pela fiscalização efetuada.

§ 2º - São solidariamente responsáveis pelos prejuízos as pessoas às quais competiafiscalizar a atividade do tutor, e as que concorreram para o dano.

Arts. 1.745 a 1.752

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SEÇÃO VDOS BENS DO TUTELADO

Art. 1.753 - Os tutores não podem conservar em seu poder dinheiro dos tutelados, alémdo necessário para as despesas ordinárias com o seu sustento, a sua educação e a admi-nistração de seus bens.

§ 1º - Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata, pedras preciosas e móveis serãoavaliados por pessoa idônea e, após autorização judicial, alienados, e o seu produto conver-tido em títulos, obrigações e letras de responsabilidade direta ou indireta da União ou dosEstados, atendendo-se preferentemente à rentabilidade, e recolhidos ao estabelecimentobancário oficial ou aplicado na aquisição de imóveis, conforme for determinado pelo juiz.

§ 2º - O mesmo destino previsto no parágrafo antecedente terá o dinheiro proveniente dequalquer outra procedência.

§ 3º - Os tutores respondem pela demora na aplicação dos valores acima referidos, pagan-do os juros legais desde o dia em que deveriam dar esse destino, o que não os exime daobrigação, que o juiz fará efetiva, da referida aplicação.

Art. 1.754 - Os valores que existirem em estabelecimento bancário oficial, na forma doartigo antecedente, não se poderão retirar, senão mediante ordem do juiz, e somente:

I - para as despesas com o sustento e educação do tutelado, ou a administração de seusbens;

II - para se comprarem bens imóveis e títulos, obrigações ou letras, nas condições previs-tas no § 1º do artigo antecedente;

III - para se empregarem em conformidade com o disposto por quem os houver doado, oudeixado;

IV - para se entregarem aos órfãos, quando emancipados, ou maiores, ou, mortos eles,aos seus herdeiros.

SEÇÃO VIDA PRESTAÇÃO DE CONTAS

Art. 1.755 - Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos tutelados, sãoobrigados a prestar contas da sua administração.

Art. 1.756 - No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão ao juiz obalanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos autos do inventário.

Art. 1.757 - Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando, porqualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente.

Parágrafo único - As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da audiência dosinteressados, recolhendo o tutor imediatamente a estabelecimento bancário oficial os sal-dos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou letras, na forma do § 1º do art.1.753.

Art. 1.758 - Finda a tutela pela emancipação ou maioridade, a quitação do menor nãoproduzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, até então, aresponsabilidade do tutor.

Art. 1.759 - Nos casos de morte, ausência, ou interdição do tutor, as contas serão pres-tadas por seus herdeiros ou representantes.

Arts. 1.753 a 1.759

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Art. 1.760 - Serão levadas a crédito do tutor todas as despesas justificadas e reconheci-damente proveitosas ao menor.

Art. 1.761 - As despesas com a prestação das contas serão pagas pelo tutelado.

Art. 1.762 - O alcance do tutor, bem como o saldo contra o tutelado, são dívidas de valore vencem juros desde o julgamento definitivo das contas.

SEÇÃO VIIDA CESSAÇÃO DA TUTELA

Art. 1.763 - Cessa a condição de tutelado:

I - com a maioridade ou a emancipação do menor;

II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou adoção.

Art. 1.764 - Cessam as funções do tutor:

I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;

II - ao sobrevir escusa legítima;

III - ao ser removido.

Art. 1.765 - O tutor é obrigado a servir por espaço de dois anos.

Parágrafo único - Pode o tutor continuar no exercício da tutela, além do prazo previstoneste artigo, se o quiser e o juiz julgar conveniente ao menor.

Art. 1.766 - Será destituído o tutor, quando negligente, prevaricador ou incurso em incapacidade.

CAPÍTULO IIDA CURATELA

SEÇÃO IDOS INTERDITOS

Art. 1.767 - Estão sujeitos a curatela:

I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessáriodiscernimento para os atos da vida civil;

II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;

III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;

IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental;

V - os pródigos.

Art. 1.768 - A interdição deve ser promovida:

I - pelos pais ou tutores;

II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;

III - pelo Ministério Público.

Art. 1.769 - O Ministério Público só promoverá interdição:

Arts. 1.760 a 1.769

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I - em caso de doença mental grave;

II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas nosincisos I e II do artigo antecedente;

III - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas no inciso antecedente.

Art. 1.770 - Nos casos em que a interdição for promovida pelo Ministério Público, o juiznomeará defensor ao suposto incapaz; nos demais casos o Ministério Público será o defensor.

Art. 1.771 - Antes de pronunciar-se acerca da interdição, o juiz, assistido por especialis-tas, examinará pessoalmente o argüido de incapacidade.

Art. 1.772 - Pronunciada a interdição das pessoas a que se referem os incisos III e IV doart. 1.767, o juiz assinará, segundo o estado ou o desenvolvimento mental do interdito, oslimites da curatela, que poderão circunscrever-se às restrições constantes do art. 1.782.

Art. 1.773 - A sentença que declara a interdição produz efeitos desde logo, emborasujeita a recurso.

Art. 1.774 - Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à tutela, com as modifica-ções dos artigos seguintes.

Art. 1.775 - O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, dedireito, curador do outro, quando interdito.

§ 1º - Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na faltadestes, o descendente que se demonstrar mais apto.

§ 2º - Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.

§ 3º - Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.

Art. 1.776 - Havendo meio de recuperar o interdito, o curador promover-lhe-á o trata-mento em estabelecimento apropriado.

Art. 1.777 - Os interditos referidos nos incisos I, III e IV do art. 1.767 serão recolhidosem estabelecimentos adequados, quando não se adaptarem ao convívio doméstico.

Art. 1.778 - A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos docuratelado, observado o art. 5º.

SEÇÃO IIDA CURATELA DO NASCITURO E DO ENFERMO OU PORTADOR DE DEFICIÊNCIA FÍSICA

Art. 1.779 - Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, enão tendo o poder familiar.

Parágrafo único - Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro.

Art. 1.780 - A requerimento do enfermo ou portador de deficiência física, ou, na impossi-bilidade de fazê-lo, de qualquer das pessoas a que se refere o art. 1.768, dar-se-lhe-ácurador para cuidar de todos ou alguns de seus negócios ou bens.

SEÇÃO IIIDO EXERCÍCIO DA CURATELA

Art. 1.781 - As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, com arestrição do art. 1.772 e as desta Seção.

Arts. 1.769 a 1.781

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Art. 1.782 - A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, darquitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos quenão sejam de mera administração.

Art. 1.783 - Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do casamento for decomunhão universal, não será obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial.

LIVRO VDO DIREITO DAS SUCESSÕES

TÍTULO IDA SUCESSÃO EM GERAL

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.784 - Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legíti-mos e testamentários.

Art. 1.785 - A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Art. 1.786 - A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.

Art. 1.787 - Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo daabertura daquela.

Art. 1.788 - Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiroslegítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamen-to; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.

Art. 1.789 - Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.

Art. 1.790 - A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quantoaos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:

I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei foratribuída ao filho;

II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do quecouber a cada um daqueles;

III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;

IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

CAPÍTULO IIDA HERANÇA E DE SUA ADMINISTRAÇÃO

Art. 1.791 - A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.

Parágrafo único - Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posseda herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.

Art. 1.792 - O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança;incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse,demostrando o valor dos bens herdados.

Arts. 1.782 a 1.792

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Código Civil

Art. 1.793 - O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.

§ 1º - Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito deacrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente.

§ 2º - É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bemda herança considerado singularmente.

§ 3º - Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquerherdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.

Art. 1.794 - O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha àsucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.

Art. 1.795 - O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, deposi-tado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitentadias após a transmissão.

Parágrafo único - Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles sedistribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.

Art. 1.796 - No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-áinventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão,para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança.

Art. 1.797 - Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá,sucessivamente:

I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão;

II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de umnessas condições, ao mais velho;

III - ao testamenteiro;

IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos anteceden-tes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.

CAPÍTULO IIIDA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA

Art. 1.798 - Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momentoda abertura da sucessão.

Art. 1.799 - Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:

I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivasestas ao abrir-se a sucessão;

II - as pessoas jurídicas;

III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma defundação.

Art. 1.800 - No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confia-dos, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz.

§ 1º - Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho otestador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775.

§ 2º - Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-sepelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.

Arts. 1.793 a 1.800

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Código Civil

§ 3º - Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com osfrutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador.

§ 4º - Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiroesperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aosherdeiros legítimos.

Art. 1.801 - Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:

I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ouos seus ascendentes e irmãos;

II - as testemunhas do testamento;

III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado defato do cônjuge há mais de cinco anos;

IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assimcomo o que fizer ou aprovar o testamento.

Art. 1.802 - São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitima-das a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas median-te interposta pessoa.

Parágrafo único - Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, osirmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder.

Art. 1.803 - É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador.

CAPÍTULO IVDA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA

Art. 1.804 - Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde aabertura da sucessão.

Parágrafo único - A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia àherança.

Art. 1.805 - A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita;quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.

§ 1º - Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, osmeramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.

§ 2º - Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aosdemais co-herdeiros.

Art. 1.806 - A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento públicoou termo judicial.

Art. 1.807 - O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança,poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior detrinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança poraceita.

Art. 1.808 - Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou atermo.

§ 1º - O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança;ou, aceitando-a, repudiá-los.

Arts. 1.800 a 1.808

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Código Civil

§ 2º - O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sobtítulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita eaos que renuncia.

Art. 1.809 - Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder deaceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condiçãosuspensiva, ainda não verificada.

Parágrafo único - Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desdeque concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira.

Art. 1.810 - Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeirosda mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente.

Art. 1.811 - Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, elefor o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem aherança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.

Art. 1.812 - São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.

Art. 1.813 - Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança,poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.

§ 1º - A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.

§ 2º - Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, queserá devolvido aos demais herdeiros.

CAPÍTULO VDOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO

Art. 1.814 - São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:

I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativadeste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendenteou descendente;

II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem emcrime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;

III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança dedispor livremente de seus bens por ato de última vontade.

Art. 1.815 - A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignida-de, será declarada por sentença.

Parágrafo único - O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-seem quatro anos, contados da abertura da sucessão.

Art. 1.816 - São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluídosucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.

Parágrafo único - O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dosbens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.

Art. 1.817 - São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, eos atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão;mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos.

Parágrafo único - O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos quedos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesascom a conservação deles.

Arts. 1.808 a 1.817

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Art. 1.818 - Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança seráadmitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou emoutro ato autêntico.

Parágrafo único - Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testa-mento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, podesuceder no limite da disposição testamentária.

CAPÍTULO VIDA HERANÇA JACENTE

Art. 1.819 - Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoria-mente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda eadministração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou àdeclaração de sua vacância.

Art. 1.820 - Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expe-didos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação,sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante.

Art. 1.821 - É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reco-nhecidas, nos limites das forças da herança.

Art. 1.822 - A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legal-mente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arre-cadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas res-pectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em territó-rio federal.

Parágrafo único - Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarãoexcluídos da sucessão.

Art. 1.823 - Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será estadesde logo declarada vacante.

CAPÍTULO VIIDA PETIÇÃO DE HERANÇA

Art. 1.824 - O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimen-to de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contraquem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.

Art. 1.825 - A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros,poderá compreender todos os bens hereditários.

Art. 1.826 - O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo,fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts.1.214 a 1.222.

Parágrafo único - A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelasregras concernentes à posse de má-fé e à mora.

Art. 1.827 - O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros,sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados.

Parágrafo único - São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparentea terceiro de boa-fé.

Arts. 1.818 a 1.827

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Art. 1.828 - O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obriga-do a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de procedercontra quem o recebeu.

TÍTULO IIDA SUCESSÃO LEGÍTIMA

CAPÍTULO IDA ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA

Art. 1.829 - A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado estecom o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens(art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herançanão houver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais.

Art. 1.830 - Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, aotempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fatohá mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impos-sível sem culpa do sobrevivente.

Art. 1.831 - Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegu-rado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitaçãorelativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquelanatureza a inventariar.

Art. 1.832 - Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônju-ge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferiorà quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.

Art. 1.833 - Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos,salvo o direito de representação.

Art. 1.834 - Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão deseus ascendentes.

Art. 1.835 - Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descenden-tes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

Art. 1.836 - Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, emconcorrência com o cônjuge sobrevivente.

§ 1º - Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinçãode linhas.

§ 2º - Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paternaherdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.

Art. 1.837 - Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terçoda herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior foraquele grau.

Arts. 1.828 a 1.837

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Art. 1.838 - Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiroao cônjuge sobrevivente.

Art. 1.839 - Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art.1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.

Art. 1.840 - Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo odireito de representação concedido aos filhos de irmãos.

Art. 1.841 - Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais,cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.

Art. 1.842 - Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, osunilaterais.

Art. 1.843 - Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.

§ 1º - Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão porcabeça.

§ 2º - Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada umdestes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.

§ 3º - Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarãopor igual.

Art. 1.844 - Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível,ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal,se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em territóriofederal.

CAPÍTULO IIDOS HERDEIROS NECESSÁRIOS

Art. 1.845 - São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

Art. 1.846 - Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens daherança, constituindo a legítima.

Art. 1.847 - Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da suces-são, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dosbens sujeitos a colação.

Art. 1.848 - Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testadorestabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, so-bre os bens da legítima.

§ 1º - Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em outrosde espécie diversa.

§ 2º - Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bensgravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônusdos primeiros.

Art. 1.849 - O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, oualgum legado, não perderá o direito à legítima.

Art. 1.850 - Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador dispo-nha de seu patrimônio sem os contemplar.

Arts. 1.838 a 1.850

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CAPÍTULO IIIDO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO

Art. 1.851 - Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes dofalecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.

Art. 1.852 - O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca naascendente.

Art. 1.853 - Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dosfilhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.

Art. 1.854 - Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representa-do, se vivo fosse.

Art. 1.855 - O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes.

Art. 1.856 - O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra.

TITULO IIIDA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

CAPITULO IDO TESTAMENTO EM GERAL

Art. 1.857 - Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens,ou de parte deles, para depois de sua morte.

§ 1º - A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.

§ 2º - São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que otestador somente a elas se tenha limitado.

Art. 1.858 - O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.

Art. 1.859 - Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento,contado o prazo da data do seu registro.

CAPÍTULO IIDA CAPACIDADE DE TESTAR

Art. 1.860 - Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverempleno discernimento.

Parágrafo único - Podem testar os maiores de dezesseis anos.

Art. 1.861 - A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem otestamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.

CAPÍTULO IIIDAS FORMAS ORDINÁRIAS DO TESTAMENTO

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.862 - São testamentos ordinários:

Arts. 1.851 a 1.862

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I - o público;

II - o cerrado;

III - o particular.

Art. 1.863 - É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo.

SEÇÃO IIDO TESTAMENTO PÚBLICO

Art. 1.864 - São requisitos essenciais do testamento público:

I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo comas declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos;

II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemu-nhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial;

III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas epelo tabelião.

Parágrafo único - O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente,bem como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livrode notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma.

Art. 1.865 - Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substitutolegal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma dastestemunhas instrumentárias.

Art. 1.866 - O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se nãoo souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.

Art. 1.867 - Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta,duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemu-nhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.

SEÇÃO IIIDO TESTAMENTO CERRADO

Art. 1.868 - O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e poraquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadasas seguintes formalidades:

I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas;

II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado;

III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemu-nhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas;

IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador.

Parágrafo único - O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seusubscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as paginas.

Art. 1.869 - O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da últimapalavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovadona presença das testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento aprovado.

Arts. 1.862 a 1.869

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Parágrafo único - Se não houver espaço na última folha do testamento, para início daaprovação, o tabelião aporá nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no auto.

Art. 1.870 - Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, nãoobstante, aprová-lo.

Art. 1.871 - O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo pró-prio testador, ou por outrem, a seu rogo.

Art. 1.872 - Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou nãopossa ler.

Art. 1.873 - Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e oassine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, naface externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede.

Art. 1.874 - Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e otabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foiaprovado e entregue.

Art. 1.875 - Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e ofará registrar, ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado denulidade ou suspeito de falsidade.

SEÇÃO IVDO TESTAMENTO PARTICULAR

Art. 1.876 - O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante proces-so mecânico.

§ 1º - Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinadopor quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever.

§ 2º - Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços embranco, devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelomenos três testemunhas, que o subscreverão.

Art. 1.877 - Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dosherdeiros legítimos.

Art. 1.878 - Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao me-nos, sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, assimcomo a do testador, o testamento será confirmado.

Parágrafo único - Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos umadelas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houverprova suficiente de sua veracidade.

Art. 1.879 - Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particularde próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, acritério do juiz.

Art. 1.880 - O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto queas testemunhas a compreendam.

CAPÍTULO IVDOS CODICILOS

Art. 1.881 - Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, data-do e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca

Arts. 1.869 a 1.881

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monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certolugar, assim como legar móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal.

Art. 1.882 - Os atos a que se refere o artigo antecedente, salvo direito de terceiro,valerão como codicilos, deixe ou não testamento o autor.

Art. 1.883 - Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão nomear ou substituirtestamenteiros.

Art. 1.884 - Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, econsideram-se revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, esteos não confirmar ou modificar.

Art. 1.885 - Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o testamentocerrado.

CAPÍTULO VDOS TESTAMENTOS ESPECIAIS

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.886 - São testamentos especiais:

I - o marítimo;

II - o aeronáutico;

III - o militar.

Art. 1.887 - Não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados nesteCódigo.

SEÇÃO IIDO TESTAMENTO MARÍTIMO E DO TESTAMENTO AERONÁUTICO

Art. 1.888 - Quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante,pode testar perante o comandante, em presença de duas testemunhas, por forma quecorresponda ao testamento público ou ao cerrado.

Parágrafo único - O registro do testamento será feito no diário de bordo.

Art. 1.889 - Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, podetestar perante pessoa designada pelo comandante, observado o disposto no artigo antece-dente.

Art. 1.890 - O testamento marítimo ou aeronáutico ficará sob a guarda do comandante,que o entregará às autoridades administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional,contra recibo averbado no diário de bordo.

Art. 1.891 - Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrerna viagem, nem nos noventa dias subseqüentes ao seu desembarque em terra, ondepossa fazer, na forma ordinária, outro testamento.

Art. 1.892 - Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no curso de uma viagem,se, ao tempo em que se fez, o navio estava em porto onde o testador pudesse desembar-car e testar na forma ordinária.

Arts. 1.881 a 1.892

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Código Civil

SEÇÃO IIIDO TESTAMENTO MILITAR

Art. 1.893 - O testamento dos militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadasem campanha, dentro do País ou fora dele, assim como em praça sitiada, ou que esteja decomunicações interrompidas, poderá fazer-se, não havendo tabelião ou seu substitutolegal, ante duas, ou três testemunhas, se o testador não puder, ou não souber assinar,caso em que assinará por ele uma delas.

§ 1º - Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento seráescrito pelo respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior.

§ 2º - Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito pelorespectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento.

§ 3º - Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele queo substituir.

Art. 1.894 - Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu punho,contanto que o date e assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado, na presença deduas testemunhas ao auditor, ou ao oficial de patente, que lhe faça as vezes neste mister.

Parágrafo único - O auditor, ou o oficial a quem o testamento se apresente notará, emqualquer parte dele, lugar, dia, mês e ano, em que lhe for apresentado, nota esta que seráassinada por ele e pelas testemunhas.

Art. 1.895 - Caduca o testamento militar, desde que, depois dele, o testador esteja, noven-ta dias seguidos, em lugar onde possa testar na forma ordinária, salvo se esse testamentoapresentar as solenidades prescritas no parágrafo único do artigo antecedente.

Art. 1.896 - As pessoas designadas no art. 1.893, estando empenhadas em combate, ouferidas, podem testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas testemunhas.

Parágrafo único - Não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ouconvalescer do ferimento.

CAPÍTULO VIDAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

Art. 1.897 - A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente,sob condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo.

Art. 1.898 - A designação do tempo em que deva começar ou cessar o direito do herdeiro,salvo nas disposições fideicomissárias, ter-se-á por não escrita.

Art. 1.899 - Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes,prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador.

Art. 1.900 - É nula a disposição:

I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha,também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro;

II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar;

III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro;

IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado;

V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802.

Arts. 1.893 a 1.900

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Código Civil

Art. 1.901 - Valerá a disposição:

I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre duas ou maispessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpo coleti-vo, ou a um estabelecimento por ele designado;

II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia de quefaleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor do legado.

Art. 1.902 - A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares decaridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar dodomicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos aí sitos, salvo semanifestamente constar que tinha em mente beneficiar os de outra localidade.

Parágrafo único - Nos casos deste artigo, as instituições particulares preferirão sempre às públicas.

Art. 1.903 - O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legadaanula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou porfatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se.

Art. 1.904 - Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte decada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador.

Art. 1.905 - Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente,a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados.

Art. 1.906 - Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem todaa herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da voca-ção hereditária.

Art. 1.907 - Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros,distribuir-se-á por igual a estes últimos o que restar, depois de completas as porçõeshereditárias dos primeiros.

Art. 1.908 - Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinadoobjeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos.

Art. 1.909 - São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação.

Parágrafo único - Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados dequando o interessado tiver conhecimento do vício.

Art. 1.910 - A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, semaquela, não teriam sido determinadas pelo testador.

Art. 1.911 - A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade,implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.

Parágrafo único - No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, porconveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, oproduto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restriçõesapostas aos primeiros.

CAPÍTULO VIIDOS LEGADOS

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.912 - É ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momentoda abertura da sucessão.

Arts. 1.901 a 1.912

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Código Civil

Art. 1.913 - Se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário entregue coisa de suapropriedade a outrem, não o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou à herança ou aolegado.

Art. 1.914 - Se tão-somente em parte a coisa legada pertencer ao testador, ou, no casodo artigo antecedente, ao herdeiro ou ao legatário, só quanto a essa parte valerá o legado.

Art. 1.915 - Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmocumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador.

Art. 1.916 - Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só terá eficácia o legado se,ao tempo do seu falecimento, ela se achava entre os bens da herança; se a coisa legadaexistir entre os bens do testador, mas em quantidade inferior à do legado, este será eficazapenas quanto à existente.

Art. 1.917 - O legado de coisa que deva encontrar-se em determinado lugar só teráeficácia se nele for achada, salvo se removida a título transitório.

Art. 1.918 - O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia somente até aimportância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador.

§ 1º - Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro ao legatário o título respectivo.

§ 2º - Este legado não compreende as dívidas posteriores à data do testamento.

Art. 1.919 - Não o declarando expressamente o testador, não se reputará compensaçãoda sua dívida o legado que ele faça ao credor.

Parágrafo único - Subsistirá integralmente o legado, se a dívida lhe foi posterior, e otestador a solveu antes de morrer.

Art. 1.920 - O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa,enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.

Art. 1.921 - O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao legatáriopor toda a sua vida.

Art. 1.922 - Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas,ainda que contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa declaração em con-trário do testador.

Parágrafo único - Não se aplica o disposto neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ouvoluptuárias feitas no prédio legado.

SEÇÃO IIDOS EFEITOS DO LEGADO E DO SEU PAGAMENTO

Art. 1.923 - Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existenteno acervo, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva.

§ 1º - Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar porautoridade própria.

§ 2º - O legado de coisa certa existente na herança transfere também ao legatário osfrutos que produzir, desde a morte do testador, exceto se dependente de condiçãosuspensiva, ou de termo inicial.

Art. 1.924 - O direito de pedir o legado não se exercerá, enquanto se litigue sobre avalidade do testamento, e, nos legados condicionais, ou a prazo, enquanto esteja penden-te a condição ou o prazo não se vença.

Arts. 1.913 a 1.924

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Código Civil

Art. 1.925 - O legado em dinheiro só vence juros desde o dia em que se constituir emmora a pessoa obrigada a prestá-lo.

Art. 1.926 - Se o legado consistir em renda vitalícia ou pensão periódica, esta ou aquelacorrerá da morte do testador.

Art. 1.927 - Se o legado for de quantidades certas, em prestações periódicas, datará damorte do testador o primeiro período, e o legatário terá direito a cada prestação, uma vezencetado cada um dos períodos sucessivos, ainda que venha a falecer antes do termodele.

Art. 1.928 - Sendo periódicas as prestações, só no termo de cada período se poderãoexigir.

Parágrafo único - Se as prestações forem deixadas a título de alimentos, pagar-se-ão nocomeço de cada período, sempre que outra coisa não tenha disposto o testador.

Art. 1.929 - Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero, ao herdeiro tocaráescolhê-la, guardando o meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade.

Art. 1.930 - O estabelecido no artigo antecedente será observado, quando a escolha fordeixada a arbítrio de terceiro; e, se este não a quiser ou não a puder exercer, ao juizcompetirá fazê-la, guardado o disposto na última parte do artigo antecedente.

Art. 1.931 - Se a opção foi deixada ao legatário, este poderá escolher, do gênero determi-nado, a melhor coisa que houver na herança; e, se nesta não existir coisa de tal gênero,dar-lhe-á de outra congênere o herdeiro, observada a disposição na última parte do art.1.929.

Art. 1.932 - No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a opção.

Art. 1.933 - Se o herdeiro ou legatário a quem couber a opção falecer antes de exercê-la,passará este poder aos seus herdeiros.

Art. 1.934 - No silêncio do testamento, o cumprimento dos legados incumbe aos herdei-ros e, não os havendo, aos legatários, na proporção do que herdaram.

Parágrafo único - O encargo estabelecido neste artigo, não havendo disposição testamen-tária em contrário, caberá ao herdeiro ou legatário incumbido pelo testador da execuçãodo legado; quando indicados mais de um, os onerados dividirão entre si o ônus, na propor-ção do que recebam da herança.

Art. 1.935 - Se algum legado consistir em coisa pertencente a herdeiro ou legatário (art.1.913), só a ele incumbirá cumpri-lo, com regresso contra os co-herdeiros, pela quota decada um, salvo se o contrário expressamente dispôs o testador.

Art. 1.936 - As despesas e os riscos da entrega do legado correm à conta do legatário, senão dispuser diversamente o testador.

Art. 1.937 - A coisa legada entregar-se-á, com seus acessórios, no lugar e estado em quese achava ao falecer o testador, passando ao legatário com todos os encargos que aonerarem.

Art. 1.938 - Nos legados com encargo, aplica-se ao legatário o disposto neste Códigoquanto às doações de igual natureza.

SEÇÃO IIIDA CADUCIDADE DOS LEGADOS

Art. 1.939 - Caducará o legado:

Arts. 1.925 a 1.939

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I - se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, ao ponto de já não ter aforma nem lhe caber a denominação que possuía;

II - se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa legada; nessecaso, caducará até onde ela deixou de pertencer ao testador;

III - se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro oulegatário incumbido do seu cumprimento;

IV - se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. 1.815;

V - se o legatário falecer antes do testador.

Art. 1.940 - Se o legado for de duas ou mais coisas alternativamente, e algumas delasperecerem, subsistirá quanto às restantes; perecendo parte de uma, valerá, quanto aoseu remanescente, o legado.

CAPÍTULO VIIIDO DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS E LEGATÁRIOS

Art. 1.941 - Quando vários herdeiros, pela mesma disposição testamentária, forem con-juntamente chamados à herança em quinhões não determinados, e qualquer deles nãopuder ou não quiser aceitá-la, a sua parte acrescerá à dos co-herdeiros, salvo o direito dosubstituto.

Art. 1.942 - O direito de acrescer competirá aos co-legatários, quando nomeados conjun-tamente a respeito de uma só coisa, determinada e certa, ou quando o objeto do legadonão puder ser dividido sem risco de desvalorização.

Art. 1.943 - Se um dos co-herdeiros ou co-legatários, nas condições do artigo antece-dente, morrer antes do testador; se renunciar a herança ou legado, ou destes forexcluído, e, se a condição sob a qual foi instituído não se verificar, acrescerá o seuquinhão, salvo o direito do substituto, à parte dos co-herdeiros ou co-legatários con-juntos.

Parágrafo único - Os co-herdeiros ou co-legatários, aos quais acresceu o quinhão daqueleque não quis ou não pôde suceder, ficam sujeitos às obrigações ou encargos que o onera-vam.

Art. 1.944 - Quando não se efetua o direito de acrescer, transmite-se aos herdeiroslegítimos a quota vaga do nomeado.

Parágrafo único - Não existindo o direito de acrescer entre os co-legatários, a quota doque faltar acresce ao herdeiro ou ao legatário incumbido de satisfazer esse legado, oua todos os herdeiros, na proporção dos seus quinhões, se o legado se deduziu daherança.

Art. 1.945 - Não pode o beneficiário do acréscimo repudiá-lo separadamente da herançaou legado que lhe caiba, salvo se o acréscimo comportar encargos especiais impostos pelotestador; nesse caso, uma vez repudiado, reverte o acréscimo para a pessoa a favor dequem os encargos foram instituídos.

Art. 1.946 - Legado um só usufruto conjuntamente a duas ou mais pessoas, a parte daque faltar acresce aos co-legatários.

Parágrafo único - Se não houver conjunção entre os co-legatários, ou se, apesar de con-juntos, só lhes foi legada certa parte do usufruto, consolidar-se-ão na propriedade asquotas dos que faltarem, à medida que eles forem faltando.

Arts. 1.939 a 1.946

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Código Civil

CAPÍTULO IXDAS SUBSTITUIÇÕES

SEÇÃO IDA SUBSTITUIÇÃO VULGAR E DA RECÍPROCA

Art. 1.947 - O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado,para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar a herança ou o legado,presumindo-se que a substituição foi determinada para as duas alternativas, ainda que otestador só a uma se refira.

Art. 1.948 - Também é lícito ao testador substituir muitas pessoas por uma só, ou vice-versa, e ainda substituir com reciprocidade ou sem ela.

Art. 1.949 - O substituto fica sujeito à condição ou encargo imposto ao substituído, quan-do não for diversa a intenção manifestada pelo testador, ou não resultar outra coisa danatureza da condição ou do encargo.

Art. 1.950 - Se, entre muitos co-herdeiros ou legatários de partes desiguais, forestabelecida substituição recíproca, a proporção dos quinhões fixada na primeira dispo-sição entender-se-á mantida na segunda; se, com as outras anteriormente nomeadas,for incluída mais alguma pessoa na substituição, o quinhão vago pertencerá em partesiguais aos substitutos.

SEÇÃO IIDA SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMISSÁRIA

Art. 1.951 - Pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, porocasião de sua morte, a herança ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se odireito deste, por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, em favor de outrem,que se qualifica de fideicomissário.

Art. 1.952 - A substituição fideicomissária somente se permite em favor dos não concebi-dos ao tempo da morte do testador.

Parágrafo único - Se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o fideicomissário,adquirirá este a propriedade dos bens fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direi-to do fiduciário.

Art. 1.953 - O fiduciário tem a propriedade da herança ou legado, mas restrita e reso-lúvel.

Parágrafo único - O fiduciário é obrigado a proceder ao inventário dos bens gravados, e aprestar caução de restituí-los se o exigir o fideicomissário.

Art. 1.954 - Salvo disposição em contrário do testador, se o fiduciário renunciar a herançaou o legado, defere-se ao fideicomissário o poder de aceitar.

Art. 1.955 - O fideicomissário pode renunciar a herança ou o legado, e, neste caso, ofideicomisso caduca, deixando de ser resolúvel a propriedade do fiduciário, se não houverdisposição contrária do testador.

Art. 1.956 - Se o fideicomissário aceitar a herança ou o legado, terá direito à parte que,ao fiduciário, em qualquer tempo acrescer.

Art. 1.957 - Ao sobrevir a sucessão, o fideicomissário responde pelos encargos da heran-ça que ainda restarem.

Arts. 1.947 a 1.957

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Código Civil

Art. 1.958 - Caduca o fideicomisso se o fideicomissário morrer antes do fiduciário, ouantes de realizar-se a condição resolutória do direito deste último; nesse caso, a proprie-dade consolida-se no fiduciário, nos termos do art. 1.955.

Art. 1.959 - São nulos os fideicomissos além do segundo grau.

Art. 1.960 - A nulidade da substituição ilegal não prejudica a instituição, que valerá semo encargo resolutório.

CAPÍTULO XDA DESERDAÇÃO

Art. 1.961 - Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados,em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão.

Art. 1.962 - Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dosdescendentes por seus ascendentes:

I - ofensa física;

II - injúria grave;

III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;

IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.

Art. 1.963 - Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dosascendentes pelos descendentes:

I - ofensa física;

II - injúria grave;

III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o maridoou companheiro da filha ou o da neta;

IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.

Art. 1.964 - Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenadaem testamento.

Art. 1.965 - Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, incumbeprovar a veracidade da causa alegada pelo testador.

Parágrafo único - O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no prazo dequatro anos, a contar da data da abertura do testamento.

CAPÍTULO XIDA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

Art. 1.966 - O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, quando o testador sóem parte dispuser da quota hereditária disponível.

Art. 1.967 - As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limitesdela, de conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes.

§ 1º - Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponível,serão proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, atéonde baste, e, não bastando, também os legados, na proporção do seu valor.

Arts. 1.958 a 1.967

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Código Civil

§ 2º - Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de preferência, certosherdeiros e legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, observando-sea seu respeito a ordem estabelecida no parágrafo antecedente.

Art. 1.968 - Quando consistir em prédio divisível o legado sujeito a redução, far-se-á estadividindo-o proporcionalmente.

§ 1º - Se não for possível a divisão, e o excesso do legado montar a mais de um quarto dovalor do prédio, o legatário deixará inteiro na herança o imóvel legado, ficando com o direitode pedir aos herdeiros o valor que couber na parte disponível; se o excesso não for de maisde um quarto, aos herdeiros fará tornar em dinheiro o legatário, que ficará com o prédio.

§ 2º - Se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário, poderá inteirar sua legítimano mesmo imóvel, de preferencia aos outros, sempre que ela e a parte subsistente dolegado lhe absorverem o valor.

CAPÍTULO XIIDA REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO

Art. 1.969 - O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma como pode serfeito.

Art. 1.970 - A revogação do testamento pode ser total ou parcial.

Parágrafo único - Se parcial, ou se o testamento posterior não contiver cláusula revogatóriaexpressa, o anterior subsiste em tudo que não for contrário ao posterior.

Art. 1.971 - A revogação produzirá seus efeitos, ainda quando o testamento, que a encer-ra, vier a caducar por exclusão, incapacidade ou renúncia do herdeiro nele nomeado; nãovalerá, se o testamento revogatório for anulado por omissão ou infração de solenidadesessenciais ou por vícios intrínsecos.

Art. 1.972 - O testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto oudilacerado com seu consentimento, haver-se-á como revogado.

CAPÍTULO XIIIDO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO

Art. 1.973 - Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não oconhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se essedescendente sobreviver ao testador.

Art. 1.974 - Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem outrosherdeiros necessários.

Art. 1.975 - Não se rompe o testamento, se o testador dispuser da sua metade, nãocontemplando os herdeiros necessários de cuja existência saiba, ou quando os excluadessa parte.

CAPÍTULO XIVDO TESTAMENTEIRO

Art. 1.976 - O testador pode nomear um ou mais testamenteiros, conjuntos ou separa-dos, para lhe darem cumprimento às disposições de última vontade.

Arts. 1.967 a 1.976

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Código Civil

Art. 1.977 - O testador pode conceder ao testamenteiro a posse e a administração daherança, ou de parte dela, não havendo cônjuge ou herdeiros necessários.

Parágrafo único - Qualquer herdeiro pode requerer partilha imediata, ou devolução daherança, habilitando o testamenteiro com os meios necessários para o cumprimento doslegados, ou dando caução de prestá-los.

Art. 1.978 - Tendo o testamenteiro a posse e a administração dos bens, incumbe-lherequerer inventário e cumprir o testamento.

Art. 1.979 - O testamenteiro nomeado, ou qualquer parte interessada, pode requerer,assim como o juiz pode ordenar, de ofício, ao detentor do testamento, que o leve aregistro.

Art. 1.980 - O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias, noprazo marcado pelo testador, e a dar contas do que recebeu e despendeu, subsistindo suaresponsabilidade enquanto durar a execução do testamento.

Art. 1.981 - Compete ao testamenteiro, com ou sem o concurso do inventariante e dosherdeiros instituídos, defender a validade do testamento.

Art. 1.982 - Além das atribuições exaradas nos artigos antecedentes, terá o testamenteiroas que lhe conferir o testador, nos limites da lei.

Art. 1.983 - Não concedendo o testador prazo maior, cumprirá o testamenteiro o tes-tamento e prestará contas em cento e oitenta dias, contados da aceitação da testa-mentaria.

Parágrafo único - Pode esse prazo ser prorrogado se houver motivo suficiente.

Art. 1.984 - Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução testamentáriacompete a um dos cônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz.

Art. 1.985 - O encargo da testamentaria não se transmite aos herdeiros do testamenteiro,nem é delegável; mas o testamenteiro pode fazer-se representar em juízo e fora dele,mediante mandatário com poderes especiais.

Art. 1.986 - Havendo simultaneamente mais de um testamenteiro, que tenha aceitado ocargo, poderá cada qual exercê-lo, em falta dos outros; mas todos ficam solidariamenteobrigados a dar conta dos bens que lhes forem confiados, salvo se cada um tiver, pelotestamento, funções distintas, e a elas se limitar.

Art. 1.987 - Salvo disposição testamentária em contrário, o testamenteiro, que nãoseja herdeiro ou legatário, terá direito a um prêmio, que, se o testador não o houverfixado, será de um a cinco por cento, arbitrado pelo juiz, sobre a herança líquida,conforme a importância dela e maior ou menor dificuldade na execução do testa-mento.

Parágrafo único - O prêmio arbitrado será pago à conta da parte disponível, quando houverherdeiro necessário.

Art. 1.988 - O herdeiro ou o legatário nomeado testamenteiro poderá preferir o prêmio àherança ou ao legado.

Art. 1.989 - Reverterá à herança o prêmio que o testamenteiro perder, por ser removidoou por não ter cumprido o testamento.

Art. 1.990 - Se o testador tiver distribuído toda a herança em legados, exercerá otestamenteiro as funções de inventariante.

Arts. 1.977 a 1.990

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Código Civil

TÍTULO IVDO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

CAPÍTULO IDO INVENTÁRIO

Art. 1.991 - Desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha, a admi-nistração da herança será exercida pelo inventariante.

CAPÍTULO IIDOS SONEGADOS

Art.1.992 - O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventárioquando estejam em seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que osomitir na colação, a que os deva levar, ou que deixar de restituí-los, perderá o direito quesobre eles lhe cabia.

Art. 1.993 - Além da pena cominada no artigo antecedente, se o sonegador for o próprioinventariante, remover-se-á, em se provando a sonegação, ou negando ele a existênciados bens, quando indicados.

Art.1.994 - A pena de sonegados só se pode requerer e impor em ação movida pelosherdeiros ou pelos credores da herança.

Parágrafo único - A sentença que se proferir na ação de sonegados, movida por qualquerdos herdeiros ou credores, aproveita aos demais interessados.

Art. 1.995 - Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador emseu poder, pagará ele a importância dos valores que ocultou, mais as perdas e danos.

Art. 1.996 - Só se pode argüir de sonegação o inventariante depois de encerrada a descri-ção dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar epartir, assim como argüir o herdeiro, depois de declarar-se no inventário que não os possui.

CAPÍTULO IIIDO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS

Art. 1.997 - A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita apartilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhecoube.

§ 1º - Quando, antes da partilha, for requerido no inventário o pagamento de dívidasconstantes de documentos, revestidos de formalidades legais, constituindo prova bastanteda obrigação, e houver impugnação, que não se funde na alegação de pagamento, acom-panhada de prova valiosa, o juiz mandará reservar, em poder do inventariante, bens sufi-cientes para solução do débito, sobre os quais venha a recair oportunamente a execução.

§ 2º - No caso previsto no parágrafo antecedente, o credor será obrigado a iniciar a açãode cobrança no prazo de trinta dias, sob pena de se tornar de nenhum efeito a providênciaindicada.

Art. 1.998 - As despesas funerárias, haja ou não herdeiros legítimos, sairão do monte daherança; mas as de sufrágios por alma do falecido só obrigarão a herança quando ordena-das em testamento ou codicilo.

Arts. 1.991 a 1.998

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Código Civil

Art. 1.999 - Sempre que houver ação regressiva de uns contra outros herdeiros, a partedo co-herdeiro insolvente dividir-se-á em proporção entre os demais.

Art. 2.000 - Os legatários e credores da herança podem exigir que do patrimônio dofalecido se discrimine o do herdeiro, e, em concurso com os credores deste, ser-lhes-ãopreferidos no pagamento.

Art. 2.001 - Se o herdeiro for devedor ao espólio, sua dívida será partilhada igualmenteentre todos, salvo se a maioria consentir que o débito seja imputado inteiramente noquinhão do devedor.

CAPÍTULO IVDA COLAÇÃO

Art. 2.002 - Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum sãoobrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vidareceberam, sob pena de sonegação.

Parágrafo único - Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado naparte indisponível, sem aumentar a disponível.

Art. 2.003 - A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste Código, aslegítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatáriosque, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os bens doados.

Parágrafo único - Se, computados os valores das doações feitas em adiantamento delegítima, não houver no acervo bens suficientes para igualar as legítimas dos descenden-tes e do cônjuge, os bens assim doados serão conferidos em espécie, ou, quando deles jánão disponha o donatário, pelo seu valor ao tempo da liberalidade.

Art. 2.004 - O valor de colação dos bens doados será aquele, certo ou estimativo, quelhes atribuir o ato de liberalidade.

§ 1º - Se do ato de doação não constar valor certo, nem houver estimação feita naquelaépoca, os bens serão conferidos na partilha pelo que então se calcular valessem ao tempoda liberalidade.

§ 2º - Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o das benfeitoriasacrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro donatário, correndo também à conta deste osrendimentos ou lucros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem.

Art. 2.005 - São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam daparte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação.

Parágrafo único - Presume-se imputada na parte disponível a liberalidade feita a descenden-te que, ao tempo do ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro necessário.

Art. 2.006 - A dispensa da colação pode ser outorgada pelo doador em testamento, ou nopróprio título de liberalidade.

Art. 2.007 - São sujeitas à redução as doações em que se apurar excesso quanto ao queo doador poderia dispor, no momento da liberalidade.

§ 1º - O excesso será apurado com base no valor que os bens doados tinham, no momentoda liberalidade.

§ 2º - A redução da liberalidade far-se-á pela restituição ao monte do excesso assimapurado; a restituição será em espécie, ou, se não mais existir o bem em poder do donatário,em dinheiro, segundo o seu valor ao tempo da abertura da sucessão, observadas, no queforem aplicáveis, as regras deste Código sobre a redução das disposições testamentárias.

Arts. 1.999 a 2.007

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Código Civil

§ 3º - Sujeita-se a redução, nos termos do parágrafo antecedente, a parte da doação feitaa herdeiros necessários que exceder a legítima e mais a quota disponível.

§ 4º - Sendo várias as doações a herdeiros necessários, feitas em diferentes datas, serãoelas reduzidas a partir da última, até a eliminação do excesso.

Art. 2.008 - Aquele que renunciou a herança ou dela foi excluído, deve, não obstante,conferir as doações recebidas, para o fim de repor o que exceder o disponível.

Art. 2.009 - Quando os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós, serãoobrigados a trazer à colação, ainda que não o hajam herdado, o que os pais teriam de conferir.

Art. 2.010 - Não virão à colação os gastos ordinários do ascendente com o descendente,enquanto menor, na sua educação, estudos, sustento, vestuário, tratamento nas enfermi-dades, enxoval, assim como as despesas de casamento, ou as feitas no interesse de suadefesa em processo-crime.

Art. 2.011 - As doações remuneratórias de serviços feitos ao ascendente também nãoestão sujeitas a colação.

Art. 2.012 - Sendo feita a doação por ambos os cônjuges, no inventário de cada um seconferirá por metade.

CAPÍTULO VDA PARTILHA

Art. 2.013 - O herdeiro pode sempre requerer a partilha, ainda que o testador o proíba,cabendo igual faculdade aos seus cessionários e credores.

Art. 2.014 - Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhõeshereditários, deliberando ele próprio a partilha, que prevalecerá, salvo se o valor dos bensnão corresponder às quotas estabelecidas.

Art. 2.015 - Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritu-ra pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.

Art. 2.016 - Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como sealgum deles for incapaz.

Art. 2.017 - No partilhar os bens, observar-se-á, quanto ao seu valor, natureza e qualida-de, a maior igualdade possível.

Art. 2.018 - É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de últimavontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.

Art. 2.019 - Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não couberem na meação docônjuge sobrevivente ou no quinhão de um só herdeiro, serão vendidos judicialmente, par-tilhando-se o valor apurado, a não ser que haja acordo para serem adjudicados a todos.

§ 1º - Não se fará a venda judicial se o cônjuge sobrevivente ou um ou mais herdeirosrequererem lhes seja adjudicado o bem, repondo aos outros, em dinheiro, a diferença,após avaliação atualizada.

§ 2º - Se a adjudicação for requerida por mais de um herdeiro, observar-se-á o processoda licitação.

Art. 2.020 - Os herdeiros em posse dos bens da herança, o cônjuge sobrevivente e oinventariante são obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam, desde a aberturada sucessão; têm direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fizeram, erespondem pelo dano a que, por dolo ou culpa, deram causa.

Arts. 2.007 a 2.020

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Código Civil

Art. 2.021 - Quando parte da herança consistir em bens remotos do lugar do inventário,litigiosos, ou de liquidação morosa ou difícil, poderá proceder-se, no prazo legal, à partilha dosoutros, reservando-se aqueles para uma ou mais sobrepartilhas, sob a guarda e a administra-ção do mesmo ou diverso inventariante, e consentimento da maioria dos herdeiros.

Art. 2.022 - Ficam sujeitos a sobrepartilha os bens sonegados e quaisquer outros bens daherança de que se tiver ciência após a partilha.

CAPÍTULO VIDA GARANTIA DOS QUINHÕES HEREDITÁRIOS

Art. 2.023 - Julgada a partilha, fica o direito de cada um dos herdeiros circunscrito aosbens do seu quinhão.

Art. 2.024 - Os co-herdeiros são reciprocamente obrigados a indenizar-se no caso deevicção dos bens aquinhoados.

Art. 2.025 - Cessa a obrigação mútua estabelecida no artigo antecedente, havendo con-venção em contrário, e bem assim dando-se a evicção por culpa do evicto, ou por fatoposterior à partilha.

Art. 2.026 - O evicto será indenizado pelos co-herdeiros na proporção de suas quotashereditárias, mas, se algum deles se achar insolvente, responderão os demais na mesmaproporção, pela parte desse, menos a quota que corresponderia ao indenizado.

CAPÍTULO VIIDA ANULAÇÃO DA PARTILHA

Art. 2.027 - A partilha, uma vez feita e julgada, só é anulável pelos vícios e defeitos queinvalidam, em geral, os negócios jurídicos.

Parágrafo único - Extingue-se em um ano o direito de anular a partilha.

LIVRO COMPLEMENTARDAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 2.028 - Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, nadata de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabele-cido na lei revogada.

Art. 2.029 - Até dois anos após a entrada em vigor deste Código, os prazos estabelecidosno parágrafo único do art. 1.238 e no parágrafo único do art. 1.242 serão acrescidos dedois anos, qualquer que seja o tempo transcorrido na vigência do anterior, Lei nº 3.071, de1º de janeiro de 1916.

Art. 2.030 - O acréscimo de que trata o artigo antecedente, será feito nos casos a que serefere o § 4º do art. 1.228.

Art. 2.031 - As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis ante-riores, bem como os empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11de janeiro de 2007. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)

Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aospartidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

Arts. 2.021 a 2.031

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Código Civil

Art. 2.032 - As fundações, instituídas segundo a legislação anterior, inclusive as de finsdiversos dos previstos no parágrafo único do art. 62, subordinam-se, quanto ao seu funci-onamento, ao disposto neste Código.

Art. 2.033 - Salvo o disposto em lei especial, as modificações dos atos constitutivos daspessoas jurídicas referidas no art. 44, bem como a sua transformação, incorporação, cisãoou fusão, regem-se desde logo por este Código.

Art. 2.034 - A dissolução e a liquidação das pessoas jurídicas referidas no artigo antece-dente, quando iniciadas antes da vigência deste Código, obedecerão ao disposto nas leisanteriores.

Art. 2.035 - A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entra-da em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045,mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subor-dinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.

Parágrafo único - Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem públi-ca, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da proprie-dade e dos contratos.

Art. 2.036 - A locação de prédio urbano, que esteja sujeita à lei especial, por esta conti-nua a ser regida.

Art. 2.037 - Salvo disposição em contrário, aplicam-se aos empresários e sociedadesempresárias as disposições de lei não revogadas por este Código, referentes a comercian-tes, ou a sociedades comerciais, bem como a atividades mercantis.

Art. 2.038 - Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-seas existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei nº 3.071, de 1ºde janeiro de 1916, e leis posteriores.

§ 1º - Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:

I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valordas construções ou plantações;

II - constituir subenfiteuse.

§ 2º - A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial.

Art. 2.039 - O regime de bens nos casamentos celebrados na vigência do Código Civilanterior, Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, é o por ele estabelecido.

Art. 2.040 - A hipoteca legal dos bens do tutor ou curador, inscrita em conformidade como inciso IV do art. 827 do Código Civil anterior, Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916,poderá ser cancelada, obedecido o disposto no parágrafo único do art. 1.745 deste Código.

Art. 2.041 - As disposições deste Código relativas à ordem da vocação hereditária (arts.1.829 a 1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua vigência, prevalecendo odisposto na lei anterior (Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916).

Art. 2.042 - Aplica-se o disposto no caput do art. 1.848, quando aberta a sucessão noprazo de um ano após a entrada em vigor deste Código, ainda que o testamento tenha sidofeito na vigência do anterior, Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916; se, no prazo, otestador não aditar o testamento para declarar a justa causa de cláusula aposta à legítima,não subsistirá a restrição.

Art. 2.043 - Até que por outra forma se disciplinem, continuam em vigor as disposiçõesde natureza processual, administrativa ou penal, constantes de leis cujos preceitos denatureza civil hajam sido incorporados a este Código.

Art. 2.044 - Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação.

Arts. 2.032 a 2.044

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Código Civil

Art. 2.045 - Revogam-se a Lei no 3.071, de 1º de janeiro de 1916 - Código Civil e a PartePrimeira do Código Comercial, Lei nº 556, de 25 de junho de 1850.

Art. 2.046 - Todas as remissões, em diplomas legislativos, aos Códigos referidos no artigoantecedente, consideram-se feitas às disposições correspondentes deste Código.

Brasília, 10 de janeiro de 2002; 181º da Independência e 114º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Aloysio Nunes Ferreira Filho

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 11.1.2002

Arts. 2.045 a 2.046

O conteúdo deste impresso é cópia fiel do arquivo constante no sitehttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm

(17-07-2008, às 11h12min), acrescido das alterações ocorridas até 04-06-2009, às 14h.

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CÓDIGO DE

PROCESSO CIVIL

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Código de Processo Civil

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICACASA CIVIL

SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS

LEI Nº 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973.

Institui o Código de Processo Civil.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eusanciono a seguinte Lei:

LIVRO IDO PROCESSO DE CONHECIMENTO

TÍTULO IDA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO

CAPÍTULO IDA JURISDIÇÃO

Art. 1º - A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo oterritório nacional, conforme as disposições que este Código estabelece.

Art. 2º - Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessa-do a requerer, nos casos e forma legais.

CAPÍTULO IIDA AÇÃO

Art. 3º - Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade.

Art. 4º - O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência ou da inexistência de relação jurídica;

II - da autenticidade ou falsidade de documento.

Parágrafo único - É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação dodireito.

Art. 5º - Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ouinexistência depender o julgamento da lide, qualquer das partes poderá requerer que ojuiz a declare por sentença. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 6º - Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autori-zado por lei.

TÍTULO IIDAS PARTES E DOS PROCURADORES

CAPÍTULO IDA CAPACIDADE PROCESSUAL

Art. 7º - Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade paraestar em juízo.

Arts. 1º a 7º

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Código de Processo Civil

Art. 8º - Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores,na forma da lei civil.

Art. 9º - O juiz dará curador especial:

I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com osdaquele;

II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.

Parágrafo único - Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou deausentes, a este competirá a função de curador especial.

Art. 10 - O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor açõesque versem sobre direitos reais imobiliários. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 1º - Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: (Renumerado doParágrafo único pela Lei nº 8.952, de 1994)

I - que versem sobre direitos reais imobiliários; (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados poreles; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execuçãotenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; (Reda-ção dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônussobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1973)

§ 2º - Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente éindispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados. (Incluído pela Lei nº8.952, de 1994)

Art. 11 - A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se judicial-mente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja impossí-vel dá-la.

Parágrafo único - A falta, não suprida pelo juiz, da autorização ou da outorga, quandonecessária, invalida o processo.

Art. 12 - Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;

II - o Município, por seu Prefeito ou procurador;

III - a massa falida, pelo síndico;

IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador;

V - o espólio, pelo inventariante;

VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não osdesignando, por seus diretores;

VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administra-ção dos seus bens;

VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de suafilial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único);

IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.

Arts. 8º a 12

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Código de Processo Civil

§ 1º - Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serãoautores ou réus nas ações em que o espólio for parte.

§ 2º - As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opora irregularidade de sua constituição.

§ 3º - O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangei-ra, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar eespecial.

Art. 13 - Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação daspartes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito.

Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:

I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;

II - ao réu, reputar-se-á revel;

III - ao terceiro, será excluído do processo.

CAPÍTULO IIDOS DEVERES DAS PARTES E DOS SEUS PROCURADORES

SEÇÃO IDOS DEVERES

Art. 14 - São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam doprocesso: (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001)

I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;

II - proceder com lealdade e boa-fé;

III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de funda-mento;

IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração oudefesa do direito.

V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivaçãode provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. (Incluído pela Lei nº 10.358,de 2001)

Parágrafo único - Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutosda OAB, a violação do disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao exercí-cio da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuaiscabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de acordo com a gravida-de da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo paga no prazoestabelecido, contado do trânsito em julgado da decisão final da causa, a multa seráinscrita sempre como dívida ativa da União ou do Estado. (Incluído pela Lei nº 10.358, de2001)

Art. 15 - É defeso às partes e seus advogados empregar expressões injuriosas nos escri-tos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido,mandar riscá-las.

Parágrafo único - Quando as expressões injuriosas forem proferidas em defesa oral, o juizadvertirá o advogado que não as use, sob pena de lhe ser cassada a palavra.

Arts. 12 a 15

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Código de Processo Civil

SEÇÃO IIDA RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL

Art. 16 - Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ouinterveniente.

Art. 17 - Reputa-se litigante de má-fé aquele que: (Redação dada pela Lei nº 6.771, de 1980)

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; (Reda-ção dada pela Lei nº 6.771, de 1980)

II - alterar a verdade dos fatos; (Redação dada pela Lei nº 6.771, de 1980)

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; (Redação dada pela Lei nº 6.771, de1980)

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; (Redação dada pela Lei nº6.771, de 1980)

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; (Redação dadapela Lei nº 6.771, de 1980)

VI - provocar incidentes manifestamente infundados. (Redação dada pela Lei nº 6.771, de 1980)

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. (Incluído pela Lei nº9.668, de 1998)

Art. 18 - O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé apagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a partecontrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despe-sas que efetuou. (Redação dada pela Lei nº 9.668, de 1998)

§ 1º - Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um naproporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coliga-ram para lesar a parte contrária.

§ 2º - O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento. (Redaçãodada pela Lei nº 8.952, de 1994)

SEÇÃO IIIDAS DESPESAS E DAS MULTAS

Art. 19 - Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover asdespesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamentodesde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação dodireito declarado pela sentença.

§ 1º - O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de cada ato processual.

§ 2º - Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o juizdeterminar de ofício ou a requerimento do Ministério Público.

Art. 20 - A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipoue os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos emque o advogado funcionar em causa própria. (Redação dada pela Lei nº 6.355, de 1976)

§ 1º - O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Arts. 16 a 20

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§ 2º - As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também aindenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico. (Reda-ção dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 3º - Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo devinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1973)

a) o grau de zelo do profissional; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

b) o lugar de prestação do serviço; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempoexigido para o seu serviço. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 4º - Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houvercondenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, oshonorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas dasalíneas a, b e c do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 5º - Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação seráa soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspon-dente às prestações vincendas (art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmen-te, na forma do § 2º do referido art. 602, inclusive em consignação na folha de pagamen-tos do devedor. (Incluído pela Lei nº 6.745, de 1979)

Art. 21 - Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e proporcio-nalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as despesas.

Parágrafo único - Se um litigante decair de parte mínima do pedido, o outro responderá,por inteiro, pelas despesas e honorários.

Art. 22 - O réu que, por não argüir na sua resposta fato impeditivo, modificativo ouextintivo do direito do autor, dilatar o julgamento da lide, será condenado nas custas apartir do saneamento do processo e perderá, ainda que vencedor na causa, o direito ahaver do vencido honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 23 - Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem pelasdespesas e honorários em proporção.

Art. 24 - Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas pelorequerente, mas rateadas entre os interessados.

Art. 25 - Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as despesasproporcionalmente aos seus quinhões.

Art. 26 - Se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido, as despe-sas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu.

§ 1º - Sendo parcial a desistência ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas despesase honorários será proporcional à parte de que se desistiu ou que se reconheceu.

§ 2º - Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serãodivididas igualmente.

Art. 27 - As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Públi-co ou da Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido.

Art. 28 - Quando, a requerimento do réu, o juiz declarar extinto o processo sem julgar omérito (art. 267, § 2º), o autor não poderá intentar de novo a ação, sem pagar ou depo-sitar em cartório as despesas e os honorários, em que foi condenado.

Arts. 20 a 28

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Código de Processo Civil

Art. 29 - As despesas dos atos, que forem adiados ou tiverem de repetir-se, ficarão acargo da parte, do serventuário, do órgão do Ministério Público ou do juiz que, sem justomotivo, houver dado causa ao adiamento ou à repetição.

Art. 30 - Quem receber custas indevidas ou excessivas é obrigado a restituí-las, incorren-do em multa equivalente ao dobro de seu valor.

Art. 31 - As despesas dos atos manifestamente protelatórios, impertinentes ou supérfluosserão pagas pela parte que os tiver promovido ou praticado, quando impugnados pelaoutra.

Art. 32 - Se o assistido ficar vencido, o assistente será condenado nas custas em propor-ção à atividade que houver exercido no processo.

Art. 33 - Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado; ado perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quandorequerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz.

Parágrafo único - O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento doshonorários do perito deposite em juízo o valor correspondente a essa remuneração. Onumerário, recolhido em depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária,será entregue ao perito após a apresentação do laudo, facultada a sua liberação parcial,quando necessária. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

Art. 34 - Aplicam-se à reconvenção, à oposição, à ação declaratória incidental e aosprocedimentos de jurisdição voluntária, no que couber, as disposições constantes destaseção. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 35 - As sanções impostas às partes em conseqüência de má-fé serão contadas comocustas e reverterão em benefício da parte contrária; as impostas aos serventuários per-tencerão ao Estado.

CAPÍTULO IIIDOS PROCURADORES

Art. 36 - A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não atendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver.

§§ 1º e 2º - (Revogados pela Lei nº 9.649, de 1998)

Art. 37 - Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar emjuízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ouprescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestescasos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento demandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despachodo juiz.

Parágrafo único - Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, res-pondendo o advogado por despesas e perdas e danos.

Art. 38 - A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particularassinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo parareceber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir,renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromis-so. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

Arts. 29 a 38

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - A procuração pode ser assinada digitalmente com base em certificadoemitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma da lei específica. (Incluído pelaLei nº 11.419, de 2006).

Art. 39 - Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria:

I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação;

II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço.

Parágrafo único - Se o advogado não cumprir o disposto no nº I deste artigo, o juiz, antesde determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no prazo de 48 (quarentae oito) horas, sob pena de indeferimento da petição; se infringir o previsto no nº II,reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o endereço cons-tante dos autos.

Art. 40 - O advogado tem direito de:

I - examinar, em cartório de justiça e secretaria de tribunal, autos de qualquer processo,salvo o disposto no art. 155;

II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de 5(cinco) dias;

III - retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que lhe competirfalar neles por determinação do juiz, nos casos previstos em lei.

§ 1º - Ao receber os autos, o advogado assinará carga no livro competente.

§ 2º - Sendo comum às partes o prazo, só em conjunto ou mediante prévio ajuste porpetição nos autos, poderão os seus procuradores retirar os autos, ressalvada a obtençãode cópias para a qual cada procurador poderá retirá-los pelo prazo de 1 (uma) hora inde-pendentemente de ajuste. (Redação dada pela Lei nº 11.969, de 2009)

CAPÍTULO IVDA SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES

Art. 41 - Só é permitida, no curso do processo, a substituição voluntária das partes noscasos expressos em lei.

Art. 42 - A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos,não altera a legitimidade das partes.

§ 1º - O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante,ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária.

§ 2º - O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo, assistindo oalienante ou o cedente.

§ 3º - A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adqui-rente ou ao cessionário.

Art. 43 - Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seuespólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 265.

Art. 44 - A parte, que revogar o mandato outorgado ao seu advogado, no mesmo atoconstituirá outro que assuma o patrocínio da causa.

Art. 45 - O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando quecientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto. Durante os 10 (dez) dias

Arts. 38 a 45

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seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário paralhe evitar prejuízo. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

CAPÍTULO VDO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA

SEÇÃO IDO LITISCONSÓRCIO

Art. 46 - Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa oupassivamente, quando:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;

II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito;

III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;

IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.

Parágrafo único - O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número delitigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. Opedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação dadecisão. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

Art. 47 - Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza darelação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; casoem que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo.

Parágrafo único - O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortesnecessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo.

Art. 48 - Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suasrelações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um nãoprejudicarão nem beneficiarão os outros.

Art. 49 - Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todosdevem ser intimados dos respectivos atos.

SEÇÃO IIDA ASSISTÊNCIA

Art. 50 - Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interessejurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo paraassisti-la.

Parágrafo único - A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todosos graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra.

Art. 51 - Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do assistente serádeferido. Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interessejurídico para intervir a bem do assistido, o juiz:

I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e daimpugnação, a fim de serem autuadas em apenso;

II - autorizará a produção de provas;

Arts. 45 a 51

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III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente.

Art. 52 - O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos pode-res e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.

Parágrafo único - Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor denegócios.

Art. 53 - A assistência não obsta a que a parte principal reconheça a procedência dopedido, desista da ação ou transija sobre direitos controvertidos; casos em que, terminan-do o processo, cessa a intervenção do assistente.

Art. 54 - Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a senten-ça houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.

Parágrafo único - Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de intervenção,sua impugnação e julgamento do incidente, o disposto no art. 51.

Art. 55 - Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este nãopoderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:

I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, foraimpedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;

II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ouculpa, não se valeu.

CAPÍTULO VIDA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

SEÇÃO IDA OPOSIÇÃO

Art. 56 - Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertemautor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.

Art. 57 - O opoente deduzirá o seu pedido, observando os requisitos exigidos para apropositura da ação (arts. 282 e 283). Distribuída a oposição por dependência, serão osopostos citados, na pessoa dos seus respectivos advogados, para contestar o pedido noprazo comum de 15 (quinze) dias.

Parágrafo único - Se o processo principal correr à revelia do réu, este será citado na formaestabelecida no Título V, Capítulo IV, Seção III, deste Livro.

Art. 58 - Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro prosse-guirá o opoente.

Art. 59 - A oposição, oferecida antes da audiência, será apensada aos autos principais ecorrerá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença.

Art. 60 - Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimentoordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestarno andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.

Art. 61 - Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta conheceráem primeiro lugar.

Arts. 51 a 61

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Código de Processo Civil

SEÇÃO IIDA NOMEAÇÃO À AUTORIA

Art. 62 - Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nomepróprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.

Art. 63 - Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização,intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que oresponsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento deinstruções de terceiro.

Art. 64 - Em ambos os casos, o réu requererá a nomeação no prazo para a defesa; o juiz,ao deferir o pedido, suspenderá o processo e mandará ouvir o autor no prazo de 5 (cinco)dias.

Art. 65 - Aceitando o nomeado, ao autor incumbirá promover-lhe a citação; recusando-o,ficará sem efeito a nomeação.

Art. 66 - Se o nomeado reconhecer a qualidade que lhe é atribuída, contra ele correrá oprocesso; se a negar, o processo continuará contra o nomeante.

Art. 67 - Quando o autor recusar o nomeado, ou quando este negar a qualidade que lhe éatribuída, assinar-se-á ao nomeante novo prazo para contestar.

Art. 68 - Presume-se aceita a nomeação se:

I - o autor nada requereu, no prazo em que, a seu respeito, lhe competia manifestar-se;

II - o nomeado não comparecer, ou, comparecendo, nada alegar.

Art. 69 - Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação:

I - deixando de nomear à autoria, quando lhe competir;

II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada.

SEÇÃO IIIDA DENUNCIAÇÃO DA LIDE

Art. 70 - A denunciação da lide é obrigatória:

I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido àparte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção lhe resulta;

II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, emcasos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nomepróprio, exerça a posse direta da coisa demandada;

III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressi-va, o prejuízo do que perder a demanda.

Art. 71 - A citação do denunciado será requerida, juntamente com a do réu, se o denun-ciante for o autor; e, no prazo para contestar, se o denunciante for o réu.

Art. 72 - Ordenada a citação, ficará suspenso o processo.

§ 1º - A citação do alienante, do proprietário, do possuidor indireto ou do responsável pelaindenização far-se-á:

a) quando residir na mesma comarca, dentro de 10 (dez) dias;

Arts. 62 a 72

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b) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, dentro de 30 (trinta) dias.

§ 2º - Não se procedendo à citação no prazo marcado, a ação prosseguirá unicamente emrelação ao denunciante.

Art. 73 - Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, por sua vez, intimará do litígio oalienante, o proprietário, o possuidor indireto ou o responsável pela indenização e, assim,sucessivamente, observando-se, quanto aos prazos, o disposto no artigo antecedente.

Art. 74 - Feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá a posiçãode litisconsorte do denunciante e poderá aditar a petição inicial, procedendo-se em segui-da à citação do réu.

Art. 75 - Feita a denunciação pelo réu:

I - se o denunciado a aceitar e contestar o pedido, o processo prosseguirá entre o autor, deum lado, e de outro, como litisconsortes, o denunciante e o denunciado;

II - se o denunciado for revel, ou comparecer apenas para negar a qualidade que lhe foiatribuída, cumprirá ao denunciante prosseguir na defesa até final;

III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor, poderá o denunciante prosse-guir na defesa.

Art. 76 - A sentença, que julgar procedente a ação, declarará, conforme o caso, o direitodo evicto, ou a responsabilidade por perdas e danos, valendo como título executivo.

SEÇÃO IVDO CHAMAMENTO AO PROCESSO

Art. 77 - É admissível o chamamento ao processo: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1973)

I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; (Redação dadapela Lei nº 5.925, de 1973)

III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles,parcial ou totalmente, a dívida comum. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 78 - Para que o juiz declare, na mesma sentença, as responsabilidades dos obrigados,a que se refere o artigo antecedente, o réu requererá, no prazo para contestar, a citaçãodo chamado.

Art. 79 - O juiz suspenderá o processo, mandando observar, quanto à citação e aosprazos, o disposto nos arts. 72 e 74.

Art. 80 - A sentença, que julgar procedente a ação, condenando os devedores, valerácomo título executivo, em favor do que satisfizer a dívida, para exigi-la, por inteiro, dodevedor principal, ou de cada um dos co-devedores a sua quota, na proporção que Ihestocar.

TÍTULO IIIDO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 81 - O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em lei,cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes.

Arts. 72 a 81

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Art. 82 - Compete ao Ministério Público intervir:

I - nas causas em que há interesses de incapazes;

II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdi-ção, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade;

III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demaiscausas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade daparte. (Redação dada pela Lei nº 9.415, de 1996)

Art. 83 - Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público:

I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo;

II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medi-das ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade.

Art. 84 - Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a partepromover-lhe-á a intimação sob pena de nulidade do processo.

Art. 85 - O órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no exercíciode suas funções, proceder com dolo ou fraude.

TÍTULO IVDOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA

CAPÍTULO IDA COMPETÊNCIA

Art. 86 - As causas cíveis serão processadas e decididas, ou simplesmente decididas,pelos órgãos jurisdicionais, nos limites de sua competência, ressalvada às partes a facul-dade de instituírem juízo arbitral.

Art. 87 - Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. Sãoirrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente,salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão damatéria ou da hierarquia.

CAPÍTULO IIDA COMPETÊNCIA INTERNACIONAL

Art. 88 - É competente a autoridade judiciária brasileira quando:

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;

III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.

Parágrafo único - Para o fim do disposto no nº I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoajurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.

Art. 89 - Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;

II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor daherança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.

Arts. 82 a 89

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Código de Processo Civil

Art. 90 - A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nemobsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe sãoconexas.

CAPÍTULO IIIDA COMPETÊNCIA INTERNA

SEÇÃO IDA COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR E DA MATÉRIA

Art. 91 - Regem a competência em razão do valor e da matéria as normas de organizaçãojudiciária, ressalvados os casos expressos neste Código.

Art. 92 - Compete, porém, exclusivamente ao juiz de direito processar e julgar:

I - o processo de insolvência;

II - as ações concernentes ao estado e à capacidade da pessoa.

SEÇÃO IIDA COMPETÊNCIA FUNCIONAL

Art. 93 - Regem a competência dos tribunais as normas da Constituição da República e deorganização judiciária. A competência funcional dos juízes de primeiro grau é disciplinadaneste Código.

SEÇÃO IIIDA COMPETÊNCIA TERRITORIAL

Art. 94 - A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bensmóveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.

§ 1º - Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.

§ 2º - Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde forencontrado ou no foro do domicílio do autor.

§ 3º - Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta noforo do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta emqualquer foro.

§ 4º - Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro dequalquer deles, à escolha do autor.

Art. 95 - Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro dasituação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, nãorecaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e de-marcação de terras e nunciação de obra nova.

Art. 96 - O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para oinventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade etodas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.

Parágrafo único - É, porém, competente o foro:

Arts. 90 a 96

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Código de Processo Civil

I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;

II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo epossuía bens em lugares diferentes.

Art. 97 - As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, queé também o competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento dedisposições testamentárias.

Art. 98 - A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seurepresentante.

Art. 99 - O foro da Capital do Estado ou do Território é competente:

I - para as causas em que a União for autora, ré ou interveniente;

II - para as causas em que o Território for autor, réu ou interveniente.

Parágrafo único - Correndo o processo perante outro juiz, serão os autos remetidos ao juizcompetente da Capital do Estado ou Território, tanto que neles intervenha uma das entida-des mencionadas neste artigo.

Excetuam-se:

I - o processo de insolvência;

II - os casos previstos em lei.

Art. 100 - É competente o foro:

I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão destaem divórcio, e para a anulação de casamento; (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977)

II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;

III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos;

IV - do lugar:

a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica;

b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu;

c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade, que carecede personalidade jurídica;

d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;

V - do lugar do ato ou fato:

a) para a ação de reparação do dano;

b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.

Parágrafo único - Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidentede veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato.

Art. 101 - (Revogado pela Lei nº 9.307, de 1996)

SEÇÃO IVDAS MODIFICAÇÕES DA COMPETÊNCIA

Art. 102 - A competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se pelaconexão ou continência, observado o disposto nos artigos seguintes.

Arts. 96 a 102

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Código de Processo Civil

Art. 103 - Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto oua causa de pedir.

Art. 104 - Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto àspartes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

Art. 105 - Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qual-quer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de quesejam decididas simultaneamente.

Art. 106 - Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma compe-tência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.

Art. 107 - Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel.

Art. 108 - A ação acessória será proposta perante o juiz competente para a ação principal.

Art. 109 - O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a açãodeclaratória incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao terceiro interveniente.

Art. 110 - Se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação da exis-tência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até quese pronuncie a justiça criminal.

Parágrafo único - Se a ação penal não for exercida dentro de 30 (trinta) dias, contados daintimação do despacho de sobrestamento, cessará o efeito deste, decidindo o juiz cível aquestão prejudicial.

Art. 111 - A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por conven-ção das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do territó-rio, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações.

§ 1º - O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludirexpressamente a determinado negócio jurídico.

§ 2º - O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.

SEÇÃO VDA DECLARAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA

Art. 112 - Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.

Parágrafo único - A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode serdeclarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu.

Art. 113 - A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, emqualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção.

§ 1º - Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira oportunidadeem que lhe couber falar nos autos, a parte responderá integralmente pelas custas.

§ 2º - Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, reme-tendo-se os autos ao juiz competente.

Art. 114 - Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafoúnico do art. 112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazoslegais. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)

Art. 115 - Há conflito de competência:

I - quando dois ou mais juízes se declaram competentes;

Arts. 103 a 115

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Código de Processo Civil

II - quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes;

III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separaçãode processos.

Art. 116 - O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público oupelo juiz.

Parágrafo único - O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de competência;mas terá qualidade de parte naqueles que suscitar.

Art. 117 - Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção deincompetência.

Parágrafo único - O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte, que o nãosuscitou, ofereça exceção declinatória do foro.

Art. 118 - O conflito será suscitado ao presidente do tribunal:

I - pelo juiz, por ofício;

II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição.

Parágrafo único - O ofício e a petição serão instruídos com os documentos necessários àprova do conflito.

Art. 119 - Após a distribuição, o relator mandará ouvir os juízes em conflito, ou apenas osuscitado, se um deles for suscitante; dentro do prazo assinado pelo relator, caberá ao juizou juízes prestar as informações.

Art. 120 - Poderá o relator, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, determi-nar, quando o conflito for positivo, seja sobrestado o processo, mas, neste caso, bem comono de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, asmedidas urgentes.

Parágrafo único - Havendo jurisprudência dominante do tribunal sobre a questão suscita-da, o relator poderá decidir de plano o conflito de competência, cabendo agravo, no prazode cinco dias, contado da intimação da decisão às partes, para o órgão recursal competen-te. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 1998)

Art. 121 - Decorrido o prazo, com informações ou sem elas, será ouvido, em 5 (cinco) dias,o Ministério Público; em seguida o relator apresentará o conflito em sessão de julgamento.

Art. 122 - Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juiz competente, pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juiz incompetente.

Parágrafo único - Os autos do processo, em que se manifestou o conflito, serão remetidosao juiz declarado competente.

Art. 123 - No conflito entre turmas, seções, câmaras, Conselho Superior da Magistratura,juízes de segundo grau e desembargadores, observar-se-á o que dispuser a respeito oregimento interno do tribunal.

Art. 124 - Os regimentos internos dos tribunais regularão o processo e julgamento doconflito de atribuições entre autoridade judiciária e autoridade administrativa.

CAPÍTULO IVDO JUIZ

SEÇÃO IDOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ

Art. 125 - O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe:

Arts. 115 a 125

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Código de Processo Civil

I - assegurar às partes igualdade de tratamento;

II - velar pela rápida solução do litígio;

III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça;

IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

Art. 126 - O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscurida-de da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo,recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. (Redação dada pelaLei nº 5.925, de 1973)

Art. 127 - O juiz só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei.

Art. 128 - O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhe-cer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.

Art. 129 - Convencendo-se, pelas circunstâncias da causa, de que autor e réu se serviramdo processo para praticar ato simulado ou conseguir fim proibido por lei, o juiz proferirásentença que obste aos objetivos das partes.

Art. 130 - Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provasnecessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramenteprotelatórias.

Art. 131 - O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias cons-tantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, osmotivos que lhe formaram o convencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 132 - O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo seestiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado,casos em que passará os autos ao seu sucessor. (Redação dada pela Lei nº 8.637, de1993)

Parágrafo único - Em qualquer hipótese, o juiz que proferir a sentença, se entender neces-sário, poderá mandar repetir as provas já produzidas. (Incluído pela Lei nº 8.637, de1993)

Art. 133 - Responderá por perdas e danos o juiz, quando:

I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;

II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício,ou a requerimento da parte.

Parágrafo único - Reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no nº II só depois quea parte, por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que determine a providência e estenão lhe atender o pedido dentro de 10 (dez) dias.

SEÇÃO IIDOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

Art. 134 - É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:

I - de que for parte;

II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou comoórgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;

III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;

Arts. 125 a 134

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Código de Processo Civil

IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquerparente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;

V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha retaou, na colateral, até o terceiro grau;

VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.

Parágrafo único - No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o advogado jáestava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no pro-cesso, a fim de criar o impedimento do juiz.

Art. 135 - Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:

I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;

II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentesdestes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;

III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;

IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partesacerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;

V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Parágrafo único - Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

Art. 136 - Quando dois ou mais juízes forem parentes, consangüíneos ou afins, em linhareta e no segundo grau na linha colateral, o primeiro, que conhecer da causa no tribunal,impede que o outro participe do julgamento; caso em que o segundo se escusará, reme-tendo o processo ao seu substituto legal.

Art. 137 - Aplicam-se os motivos de impedimento e suspeição aos juízes de todos ostribunais. O juiz que violar o dever de abstenção, ou não se declarar suspeito, poderá serrecusado por qualquer das partes (art. 304).

Art. 138 - Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspeição:

I - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte, nos casos previs-tos nos ns. I a IV do art. 135;

II - ao serventuário de justiça;

III - ao perito; (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 1992)

IV - ao intérprete.

§ 1º - A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, em petição funda-mentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nosautos; o juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão da causa,ouvindo o argüido no prazo de 5 (cinco) dias, facultando a prova quando necessária ejulgando o pedido.

§ 2º - Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o incidente.

CAPÍTULO VDOS AUXILIARES DA JUSTIÇA

Art. 139 - São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determinadaspelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o deposi-tário, o administrador e o intérprete.

Arts. 134 a 139

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Código de Processo Civil

SEÇÃO IDO SERVENTUÁRIO E DO OFICIAL DE JUSTIÇA

Art. 140 - Em cada juízo haverá um ou mais oficiais de justiça, cujas atribuições sãodeterminadas pelas normas de organização judiciária.

Art. 141 - Incumbe ao escrivão:

I - redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos quepertencem ao seu ofício;

II - executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações, bem como praticandotodos os demais atos, que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;

III - comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para substituí-lo escre-vente juramentado, de preferência datilógrafo ou taquígrafo;

IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam de cartó-rio, exceto:

a) quando tenham de subir à conclusão do juiz;

b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;

c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor;

d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo;

V - dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do processo,observado o disposto no art. 155.

Art. 142 - No impedimento do escrivão, o juiz convocar-lhe-á o substituto, e, não ohavendo, nomeará pessoa idônea para o ato.

Art. 143 - Incumbe ao oficial de justiça:

I - fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais diligências própriasdo seu ofício, certificando no mandado o ocorrido, com menção de lugar, dia e hora. Adiligência, sempre que possível, realizar-se-á na presença de duas testemunhas;

II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;

III - entregar, em cartório, o mandado, logo depois de cumprido;

IV - estar presente às audiências e coadjuvar o juiz na manutenção da ordem.

V - efetuar avaliações. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 144 - O escrivão e o oficial de justiça são civilmente responsáveis:

I - quando, sem justo motivo, se recusarem a cumprir, dentro do prazo, os atos que Ihesimpõe a lei, ou os que o juiz, a que estão subordinados, Ihes comete;

II - quando praticarem ato nulo com dolo ou culpa.

SEÇÃO IIDO PERITO

Art. 145 - Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juizserá assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.

Arts. 140 a 145

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Código de Processo Civil

§ 1º - Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamenteinscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll,deste Código. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 1984)

§ 2º - Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar,mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. (Incluído pela Lei nº7.270, de 1984)

§ 3º - Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requi-sitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz.(Incluído pela Lei nº 7.270, de 1984)

Art. 146 - O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei, empregan-do toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.

Parágrafo único - A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, contados da intima-ção ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito aalegá-la (art. 423). (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 1992)

Art. 147 - O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderápelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar emoutras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.

SEÇÃO IIIDO DEPOSITÁRIO E DO ADMINISTRADOR

Art. 148 - A guarda e conservação de bens penhorados, arrestados, seqüestrados ouarrecadados serão confiadas a depositário ou a administrador, não dispondo a lei de outromodo.

Art. 149 - O depositário ou administrador perceberá, por seu trabalho, remuneração queo juiz fixará, atendendo à situação dos bens, ao tempo do serviço e às dificuldades de suaexecução.

Parágrafo único - O juiz poderá nomear, por indicação do depositário ou do administrador,um ou mais prepostos.

Art. 150 - O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ouculpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada; mas tem o direito ahaver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo.

SEÇÃO IVDO INTÉRPRETE

Art. 151 - O juiz nomeará intérprete toda vez que o repute necessário para:

I - analisar documento de entendimento duvidoso, redigido em língua estrangeira;

II - verter em português as declarações das partes e das testemunhas que não conhece-rem o idioma nacional;

III - traduzir a linguagem mímica dos surdos-mudos, que não puderem transmitir a suavontade por escrito.

Art. 152 - Não pode ser intérprete quem:

I - não tiver a livre administração dos seus bens;

Arts. 145 a 152

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II - for arrolado como testemunha ou serve como perito no processo;

III - estiver inabilitado ao exercício da profissão por sentença penal condenatória, enquan-to durar o seu efeito.

Art. 153 - O intérprete, oficial ou não, é obrigado a prestar o seu ofício, aplicando-se-lheo disposto nos arts. 146 e 147.

TÍTULO VDOS ATOS PROCESSUAIS

CAPÍTULO IDA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS

SEÇÃO IDOS ATOS EM GERAL

Art. 154 - Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senãoquando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outromodo, lhe preencham a finalidade essencial.

Parágrafo único - Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, poderão disciplinar aprática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrônicos, atendidos osrequisitos de autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP - Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.280, de2006)

§ 2º - Todos os atos e termos do processo podem ser produzidos, transmitidos, armaze-nados e assinados por meio eletrônico, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de2006).

Art. 155 - Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça osprocessos:

I - em que o exigir o interesse público;

II - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão destaem divórcio, alimentos e guarda de menores. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977)

Parágrafo único - O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restritoàs partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode re-querer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilharesultante do desquite.

Art. 156 - Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo.

Art. 157 - Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua estrangeira,quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor juramentado.

SEÇÃO IIDOS ATOS DA PARTE

Art. 158 - Os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais devontade, produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a extinção de direitosprocessuais.

Arts. 152 a 158

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Parágrafo único - A desistência da ação só produzirá efeito depois de homologada porsentença.

Art. 159 - Salvo no Distrito Federal e nas Capitais dos Estados, todas as petições edocumentos que instruírem o processo, não constantes de registro público, serão sempreacompanhados de cópia, datada e assinada por quem os oferecer.

§ 1º - Depois de conferir a cópia, o escrivão ou chefe da secretaria irá formando autossuplementares, dos quais constará a reprodução de todos os atos e termos do processooriginal.

§ 2º - Os autos suplementares só sairão de cartório para conclusão ao juiz, na falta dosautos originais.

Art. 160 - Poderão as partes exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e documentosque entregarem em cartório.

Art. 161 - É defeso lançar, nos autos, cotas marginais ou interlineares; o juiz mandaráriscá-las, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário mínimovigente na sede do juízo.

SEÇÃO IIIDOS ATOS DO JUIZ

Art. 162 - Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1º - Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e269 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2º - Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questãoincidente.

§ 3º - São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou arequerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.

§ 4º - Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independemde despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quandonecessários. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

Art. 163 - Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais.

Art. 164 - Os despachos, decisões, sentenças e acórdãos serão redigidos, datados eassinados pelos juízes. Quando forem proferidos, verbalmente, o taquígrafo ou o datiló-grafo os registrará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.

Parágrafo único - A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feitaeletronicamente, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 165 - As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância do disposto no art.458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso.

SEÇÃO IVDOS ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DE SECRETARIA

Art. 166 - Ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão a autuará, mencio-nando o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro, os nomes das partes e a datado seu início; e procederá do mesmo modo quanto aos volumes que se forem formando.

Arts. 158 a 166

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Código de Processo Civil

Art. 167 - O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos autos, procedendo damesma forma quanto aos suplementares.

Parágrafo único - Às partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério Público, aos peritos eàs testemunhas é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que intervieram.

Art. 168 - Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão denotas datadas e rubricadas pelo escrivão.

Art. 169 - Os atos e termos do processo serão datilografados ou escritos com tinta escurae indelével, assinando-os as pessoas que neles intervieram. Quando estas não puderem ounão quiserem firmá-los, o escrivão certificará, nos autos, a ocorrência.

§ 1º - É vedado usar abreviaturas. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

§ 2º - Quando se tratar de processo total ou parcialmente eletrônico, os atos processuaispraticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo integral-mente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro emtermo que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bemcomo pelos advogados das partes. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

§ 3º - No caso do § 2º deste artigo, eventuais contradições na transcrição deverão sersuscitadas oralmente no momento da realização do ato, sob pena de preclusão, devendo ojuiz decidir de plano, registrando-se a alegação e a decisão no termo. (Incluído pela Lei nº11.419, de 2006).

Parágrafo único - É vedado usar abreviaturas.

Art. 170 - É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia, ou de outro método idôneo, emqualquer juízo ou tribunal. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

Art. 171 - Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem como entreli-nhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas expressamenteressalvadas.

CAPÍTULO IIDO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

SEÇÃO IDO TEMPO

Art. 172 - Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte)horas. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 1º - Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes,quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. (Redação dada pela Leinº 8.952, de 1994)

§ 2º - A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorizaçãoexpressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horárioestabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5º, inciso Xl, da Constituição Fede-ral. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 3º - Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de petição,esta deverá ser apresentada no protocolo, dentro do horário de expediente, nos termos dalei de organização judiciária local. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

Art. 173 - Durante as férias e nos feriados não se praticarão atos processuais. Excetuam-se:

Arts. 167 a 173

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Código de Processo Civil

I - a produção antecipada de provas (art. 846);

II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o seqüestro,a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação decorpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiro, a nunciação de obra nova eoutros atos análogos.

Parágrafo único - O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia útilseguinte ao feriado ou às férias.

Art. 174 - Processam-se durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas:

I - os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conservação de direitos,quando possam ser prejudicados pelo adiamento;

II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores, bemcomo as mencionadas no art. 275;

III - todas as causas que a lei federal determinar.

Art. 175 - São feriados, para efeito forense, os domingos e os dias declarados por lei.

SEÇÃO IIDO LUGAR

Art. 176 - Os atos processuais realizam-se de ordinário na sede do juízo. Podem, todavia,efetuar-se em outro lugar, em razão de deferência, de interesse da justiça, ou de obstáculoargüido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

CAPÍTULO IIIDOS PRAZOS

SEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 177 - Os atos processuais realizar-se-ão nos prazos prescritos em lei. Quando estafor omissa, o juiz determinará os prazos, tendo em conta a complexidade da causa.

Art. 178 - O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendonos feriados.

Art. 179 - A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; o que lhe sobejarrecomeçará a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias.

Art. 180 - Suspende-se também o curso do prazo por obstáculo criado pela parte ouocorrendo qualquer das hipóteses do art. 265, I e III; casos em que o prazo será restituídopor tempo igual ao que faltava para a sua complementação.

Art. 181 - Podem as partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o prazo dilatório; aconvenção, porém, só tem eficácia se, requerida antes do vencimento do prazo, se fundarem motivo legítimo.

§ 1º - O juiz fixará o dia do vencimento do prazo da prorrogação.

§ 2º - As custas acrescidas ficarão a cargo da parte em favor de quem foi concedida aprorrogação.

Arts. 173 a 181

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Código de Processo Civil

Art. 182 - É defeso às partes, ainda que todas estejam de acordo, reduzir ou prorrogar osprazos peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas onde for difícil o transporte, prorrogarquaisquer prazos, mas nunca por mais de 60 (sessenta) dias.

Parágrafo único - Em caso de calamidade pública, poderá ser excedido o limite previstoneste artigo para a prorrogação de prazos.

Art. 183 - Decorrido o prazo, extingue-se, independentemente de declaração judicial, odireito de praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o não realizou por justacausa.

§ 1º - Reputa-se justa causa o evento imprevisto, alheio à vontade da parte, e que aimpediu de praticar o ato por si ou por mandatário.

§ 2º - Verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lheassinar.

Art. 184 - Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia docomeço e incluindo o do vencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 1º - Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair emferiado ou em dia em que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - for determinado o fechamento do fórum;

II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.

§ 2o - Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240e parágrafo único). (Redação dada pela Lei nº 8.079, de 1990)

Art. 185 - Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco) dias oprazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

Art. 186 - A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor.

Art. 187 - Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exce-der, por igual tempo, os prazos que este Código lhe assina.

Art. 188 - Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrerquando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

Art. 189 - O juiz proferirá:

I - os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias;

II - as decisões, no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 190 - Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 24 (vinte equatro) horas e executar os atos processuais no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,contados:

I - da data em que houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto pela lei;

II - da data em que tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.

Parágrafo único - Ao receber os autos, certificará o serventuário o dia e a hora em queficou ciente da ordem, referida no nº II.

Art. 191 - Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contadosem dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

Art. 192 - Quando a lei não marcar outro prazo, as intimações somente obrigarão acomparecimento depois de decorridas 24 (vinte e quatro) horas.

Arts. 182 a 192

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Código de Processo Civil

SEÇÃO IIDA VERIFICAÇÃO DOS PRAZOS E DAS PENALIDADES

Art. 193 - Compete ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, osprazos que este Código estabelece.

Art. 194 - Apurada a falta, o juiz mandará instaurar procedimento administrativo, naforma da Lei de Organização Judiciária.

Art. 195 - O advogado deve restituir os autos no prazo legal. Não o fazendo, mandará ojuiz, de ofício, riscar o que neles houver escrito e desentranhar as alegações e documentosque apresentar.

Art. 196 - É lícito a qualquer interessado cobrar os autos ao advogado que exceder oprazo legal. Se, intimado, não os devolver dentro em 24 (vinte e quatro) horas, perderá odireito à vista fora de cartório e incorrerá em multa, correspondente à metade do saláriomínimo vigente na sede do juízo.

Parágrafo único - Apurada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da Ordem dosAdvogados do Brasil, para o procedimento disciplinar e imposição da multa.

Art. 197 - Aplicam-se ao órgão do Ministério Público e ao representante da FazendaPública as disposições constantes dos arts. 195 e 196.

Art. 198 - Qualquer das partes ou o órgão do Ministério Público poderá representar aopresidente do Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu os prazos previstos em lei.Distribuída a representação ao órgão competente, instaurar-se-á procedimento para apu-ração da responsabilidade. O relator, conforme as circunstâncias, poderá avocar os autosem que ocorreu excesso de prazo, designando outro juiz para decidir a causa.

Art. 199 - A disposição do artigo anterior aplicar-se-á aos tribunais superiores na formaque dispuser o seu regimento interno.

CAPÍTULO IVDAS COMUNICAÇÕES DOS ATOS

SEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 200 - Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou requisitados porcarta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora dos limites territoriais da comarca.

Art. 201 - Expedir-se-á carta de ordem se o juiz for subordinado ao tribunal de que elaemanar; carta rogatória, quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira; e cartaprecatória nos demais casos.

SEÇÃO IIDAS CARTAS

Art. 202 - São requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatória e da cartarogatória:

I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;

II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferidoao advogado;

Arts. 193 a 202

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Código de Processo Civil

III - a menção do ato processual, que lhe constitui o objeto;

IV - o encerramento com a assinatura do juiz.

§ 1º - O juiz mandará trasladar, na carta, quaisquer outras peças, bem como instruí-la commapa, desenho ou gráfico, sempre que estes documentos devam ser examinados, nadiligência, pelas partes, peritos ou testemunhas.

§ 2º - Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, este será remetidoem original, ficando nos autos reprodução fotográfica.

§ 3º - A carta de ordem, carta precatória ou carta rogatória pode ser expedida por meioeletrônico, situação em que a assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da lei.(Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 203 - Em todas as cartas declarará o juiz o prazo dentro do qual deverão ser cumpri-das, atendendo à facilidade das comunicações e à natureza da diligência.

Art. 204 - A carta tem caráter itinerante; antes ou depois de lhe ser ordenado o cumprimen-to, poderá ser apresentada a juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato.

Art. 205 - Havendo urgência, transmitir-se-ão a carta de ordem e a carta precatória portelegrama, radiograma ou telefone.

Art. 206 - A carta de ordem e a carta precatória, por telegrama ou radiograma, conterão,em resumo substancial, os requisitos mencionados no art. 202, bem como a declaração,pela agência expedidora, de estar reconhecida a assinatura do juiz.

Art. 207 - O secretário do tribunal ou o escrivão do juízo deprecante transmitirá, portelefone, a carta de ordem, ou a carta precatória ao juízo, em que houver de cumprir-se oato, por intermédio do escrivão do primeiro ofício da primeira vara, se houver na comarcamais de um ofício ou de uma vara, observando, quanto aos requisitos, o disposto no artigoantecedente.

§ 1º - O escrivão, no mesmo dia ou no dia útil imediato, telefonará ao secretário dotribunal ou ao escrivão do juízo deprecante, lendo-lhe os termos da carta e solicitando-lheque Iha confirme.

§ 2º - Sendo confirmada, o escrivão submeterá a carta a despacho.

Art. 208 - Executar-se-ão, de ofício, os atos requisitados por telegrama, radiograma outelefone. A parte depositará, contudo, na secretaria do tribunal ou no cartório do juízodeprecante, a importância correspondente às despesas que serão feitas no juízo em quehouver de praticar-se o ato.

Art. 209 - O juiz recusará cumprimento à carta precatória, devolvendo-a com despachomotivado:

I - quando não estiver revestida dos requisitos legais;

II - quando carecer de competência em razão da matéria ou da hierarquia;

III - quando tiver dúvida acerca de sua autenticidade.

Art. 210 - A carta rogatória obedecerá, quanto à sua admissibilidade e modo de seucumprimento, ao disposto na convenção internacional; à falta desta, será remetida à auto-ridade judiciária estrangeira, por via diplomática, depois de traduzida para a língua do paísem que há de praticar-se o ato.

Art. 211 - A concessão de exeqüibilidade às cartas rogatórias das justiças estrangeirasobedecerá ao disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

Art. 212 - Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem, no prazo de 10 (dez) dias,independentemente de traslado, pagas as custas pela parte.

Arts. 202 a 212

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Código de Processo Civil

SEÇÃO IIIDAS CITAÇÕES

Art. 213 - Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de sedefender. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 214 - Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu. (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 1º - O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de citação. (Reda-ção dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 2º - Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta decretada, consi-derar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 215 - Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou aoprocurador legalmente autorizado.

§ 1º - Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de seu mandatário, administra-dor, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados.

§ 2º - O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou nalocalidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação,será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis.

Art. 216 - A citação efetuar-se-á em qualquer lugar em que se encontre o réu.

Parágrafo único - O militar, em serviço ativo, será citado na unidade em que estiver servin-do se não for conhecida a sua residência ou nela não for encontrado.

Art. 217 - Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito:

I - (Revogado pela Lei nº 8.952, de 1994)

I - a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; (Renumerado do Inciso IIpela Lei nº 8.952, de 1994)

II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, em linha reta, ouna linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;(Renumerado do Inciso III pela Lei nº 8.952, de 1994

III - aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas; (Renumerado do Inciso IV pela Leinº 8.952, de 1994

IV - aos doentes, enquanto grave o seu estado. (Renumerado do Inciso V pela Lei nºº8.952, de 1994

Art. 218 - Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou estáimpossibilitado de recebê-la.

§ 1º - O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a ocorrência. Ojuiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será apresentado em 5(cinco) dias.

§ 2º - Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador, observando,quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é restrita à causa.

§ 3º - A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa do réu.

Art. 219 - A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa acoisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor einterrompe a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Arts. 213 a 219

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Código de Processo Civil

§ 1º - A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.(Redação dadapela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 2º - Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes aodespacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamenteao serviço judiciário. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 3º - Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa)dias.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 4º - Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes,haver-se-á por não interrompida a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 5º - O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de2006)

§ 6º - Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivãocomunicará ao réu o resultado do julgamento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 220 - O disposto no artigo anterior aplica-se a todos os prazos extintivos previstosna lei.

Art. 221 - A citação far-se-á:

I - pelo correio;

II - por oficial de justiça;

III - por edital.

IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria. (Incluído pela Lei nº 11.419,de 2006).

Art. 222 - A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto: (Reda-ção dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

a) nas ações de estado; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

b) quando for ré pessoa incapaz; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

c) quando for ré pessoa de direito público; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

d) nos processos de execução; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência;(Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

f) quando o autor a requerer de outra forma. (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

Art. 223 - Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da secretaria remeterá aocitando cópias da petição inicial e do despacho do juiz, expressamente consignada em seuinteiro teor a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, comunicando, ainda,o prazo para a resposta e o juízo e cartório, com o respectivo endereço. (Redação dadapela Lei nº 8.710, de 1993)

Parágrafo único - A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro,ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu pessoa jurídica, será válida a entregaa pessoa com poderes de gerência geral ou de administração. (Incluído pela Lei nº 8.710,de 1993)

Art. 224 - Far-se-á a citação por meio de oficial de justiça nos casos ressalvados no art.222, ou quando frustrada a citação pelo correio. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Art. 225 - O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá conter: (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Arts. 219 a 225

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Código de Processo Civil

I - os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou residências;(Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem comoa advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitosdisponíveis;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - a cominação, se houver; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

IV - o dia, hora e lugar do comparecimento; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

V - a cópia do despacho; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

VI - o prazo para defesa; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

VII - a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Parágrafo único - O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor entregar emcartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os réus; caso em que ascópias, depois de conferidas com o original, farão parte integrante do mandado. (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 226 - Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo:

I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;

II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;

III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado.

Art. 227 - Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seudomicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar aqualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato,voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar.

Art. 228 - No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novodespacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência.

§ 1º - Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se dasrazões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado emoutra comarca.

§ 2º - Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa da famíliaou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.

Art. 229 - Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ouradiograma, dando-lhe de tudo ciência.

Art. 230 - Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesmaregião metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar citações ou intimações em qual-quer delas.(Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Art. 231 - Far-se-á a citação por edital:

I - quando desconhecido ou incerto o réu;

II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;

III - nos casos expressos em lei.

§ 1º - Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar ocumprimento de carta rogatória.

§ 2º - No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citaçãoserá divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.

Arts. 225 a 231

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Código de Processo Civil

Art. 232 - São requisitos da citação por edital: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstâncias previstas nos ns.I e II do artigo antecedente; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão; (Redação dada pela Leinº 5.925, de 1973)

III - a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no órgão oficiale pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver; (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1973)

IV - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias,correndo da data da primeira publicação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

V - a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobredireitos disponíveis. (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 1º - Juntar-se-á aos autos um exemplar de cada publicação, bem como do anúncio, deque trata o no II deste artigo. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 7.359, de 1985)

§ 2º - A publicação do edital será feita apenas no órgão oficial quando a parte for beneficiáriada Assistência Judiciária. (Incluído pela Lei nº 7.359, de 1985)

Art. 233 - A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente os requisitosdo art. 231, I e II, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigente na sededo juízo.

Parágrafo único - A multa reverterá em benefício do citando.

SEÇÃO IVDAS INTIMAÇÕES

Art. 234 - Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos doprocesso, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.

Art. 235 - As intimações efetuam-se de ofício, em processos pendentes, salvo disposiçãoem contrário.

Art. 236 - No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territórios, consideram-sefeitas as intimações pela só publicação dos atos no órgão oficial.

§ 1º - É indispensável, sob pena de nulidade, que da publicação constem os nomes daspartes e de seus advogados, suficientes para sua identificação.

§ 2º - A intimação do Ministério Público, em qualquer caso será feita pessoalmente.

Art. 237 - Nas demais comarcas aplicar-se-á o disposto no artigo antecedente, se houverórgão de publicação dos atos oficiais; não o havendo, competirá ao escrivão intimar, detodos os atos do processo, os advogados das partes:

I - pessoalmente, tendo domicílio na sede do juízo;

II - por carta registrada, com aviso de recebimento quando domiciliado fora do juízo.

Parágrafo único - As intimações podem ser feitas de forma eletrônica, conforme reguladoem lei própria. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 238 - Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes, aos seusrepresentantes legais e aos advogados pelo correio ou, se presentes em cartório, direta-mente pelo escrivão ou chefe de secretaria. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Arts. 232 a 238

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - Presumem-se válidas as comunicações e intimações dirigidas ao endere-ço residencial ou profissional declinado na inicial, contestação ou embargos, cumprindo àspartes atualizar o respectivo endereço sempre que houver modificação temporária oudefinitiva. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 239 - Far-se-á a intimação por meio de oficial de justiça quando frustrada a realizaçãopelo correio. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Parágrafo único - A certidão de intimação deve conter: (Redação dada pela Lei nº 8.710,de 1993)

I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando possível,o número de sua carteira de identidade e o órgão que a expediu;

II - a declaração de entrega da contrafé;

III - a nota de ciente ou certidão de que o interessado não a apôs no mandado. (Redaçãodada pela Lei nº 8.952, de 1994)

Art. 240 - Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para a Fazenda Públicae para o Ministério Público contar-se-ão da intimação.

Parágrafo único - As intimações consideram-se realizadas no primeiro dia útil seguinte, setiverem ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense. (Incluído pela Lei nº8.079, de 1990)

Art. 241 - Começa a correr o prazo: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do avisode recebimento; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autosdo mandado cumprido; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebi-mento ou mandado citatório cumprido; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória,da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida; (Redação dada pela Lei nº8.710, de 1993)

V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz. (Redação dada pelaLei nº 8.710, de 1993)

Art. 242 - O prazo para a interposição de recurso conta-se da data, em que os advogadossão intimados da decisão, da sentença ou do acórdão.

§ 1º - Reputam-se intimados na audiência, quando nesta é publicada a decisão ou a sentença.

§ 2º - Havendo antecipação da audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte,mandará intimar pessoalmente os advogados para ciência da nova designação. (§ 3o

renumerado pela Lei nº 8.952, de 1994)

CAPÍTULO VDAS NULIDADES

Art. 243 - Quando a lei prescrever determinada forma, sob pena de nulidade, a decreta-ção desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.

Art. 244 - Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juizconsiderará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.

Arts. 238 a 244

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Código de Processo Civil

Art. 245 - A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couberà parte falar nos autos, sob pena de preclusão.

Parágrafo único - Não se aplica esta disposição às nulidades que o juiz deva decretar deofício, nem prevalece a preclusão, provando a parte legítimo impedimento.

Art. 246 - É nulo o processo, quando o Ministério Público não for intimado a acompanharo feito em que deva intervir.

Parágrafo único - Se o processo tiver corrido, sem conhecimento do Ministério Público, ojuiz o anulará a partir do momento em que o órgão devia ter sido intimado.

Art. 247 - As citações e as intimações serão nulas, quando feitas sem observância dasprescrições legais.

Art. 248 - Anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os subseqüentes, que deledependam; todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras, que delasejam independentes.

Art. 249 - O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos, ordenandoas providências necessárias, a fim de que sejam repetidos, ou retificados.

§ 1º - O ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte.

§ 2º - Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração danulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta.

Art. 250 - O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que nãopossam ser aproveitados, devendo praticar-se os que forem necessários, a fim de seobservarem, quanto possível, as prescrições legais.

Parágrafo único - Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados, desde que não resulteprejuízo à defesa.

CAPÍTULO VIDE OUTROS ATOS PROCESSUAIS

SEÇÃO IDA DISTRIBUIÇÃO E DO REGISTRO

Art. 251 - Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos ondehouver mais de um juiz ou mais de um escrivão.

Art. 252 - Será alternada a distribuição entre juízes e escrivães, obedecendo a rigorosaigualdade.

Art. 253 - Distribuir-se-ão por dependência as causas de qualquer natureza: (Redaçãodada pela Lei nº 10.358, de 2001)

I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada; (Redaçãodada pela Lei nº 10.358, de 2001)

II - quando, tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mérito, for reiterado opedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente altera-dos os réus da demanda; (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)

III - quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao juízo prevento. (Incluído pela Leinº 11.280, de 2006)

Parágrafo único - Havendo reconvenção ou intervenção de terceiro, o juiz, de ofício, man-dará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor.

Art. 254 - É defeso distribuir a petição não acompanhada do instrumento do mandato, salvo:

Arts. 245 a 254

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Código de Processo Civil

I - se o requerente postular em causa própria;

II - se a procuração estiver junta aos autos principais;

III - no caso previsto no art. 37.

Art. 255 - O juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, corrigirá o erro ou a falta dedistribuição, compensando-a.

Art. 256 - A distribuição poderá ser fiscalizada pela parte ou por seu procurador.

Art. 257 - Será cancelada a distribuição do feito que, em 30 (trinta) dias, não for prepa-rado no cartório em que deu entrada.

SEÇÃO IIDO VALOR DA CAUSA

Art. 258 - A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdoeconômico imediato.

Art. 259 - O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:

I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até apropositura da ação;

II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;

III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;

IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;

V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ourescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;

VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;

VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial paralançamento do imposto.

Art. 260 - Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em conside-ração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma pres-tação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um)ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações.

Art. 261 - O réu poderá impugnar, no prazo da contestação, o valor atribuído à causa peloautor. A impugnação será autuada em apenso, ouvindo-se o autor no prazo de 5 (cinco)dias. Em seguida o juiz, sem suspender o processo, servindo-se, quando necessário, doauxílio de perito, determinará, no prazo de 10 (dez) dias, o valor da causa.

Parágrafo único - Não havendo impugnação, presume-se aceito o valor atribuído à causana petição inicial.

TÍTULO VIDA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO

CAPÍTULO IDA FORMAÇÃO DO PROCESSO

Art. 262 - O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulsooficial.

Arts. 254 a 262

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Código de Processo Civil

Art. 263 - Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelojuiz, ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara. A propositura da ação,todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219 depois que forvalidamente citado.

Art. 264 - Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, semo consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permiti-das por lei. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Parágrafo único - A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese serápermitida após o saneamento do processo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

CAPÍTULO IIDA SUSPENSÃO DO PROCESSO

Art. 265 - Suspende-se o processo:

I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu repre-sentante legal ou de seu procurador;

II - pela convenção das partes; (Vide Lei nº 11.481, de 2007)

III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bemcomo de suspeição ou impedimento do juiz;

IV - quando a sentença de mérito:

a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistênciada relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente;

b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzidacerta prova, requisitada a outro juízo;

c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaraçãoincidente;

V - por motivo de força maior;

VI - nos demais casos, que este Código regula.

§ 1º - No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou deseu representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá oprocesso, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento; caso em que:

a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência;

b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão.

§ 2º - No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada aaudiência de instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novomandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o processo sem julgamentodo mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou mandará prosseguir no processo,à revelia do réu, tendo falecido o advogado deste.

§ 3º - A suspensão do processo por convenção das partes, de que trata o nº Il, nuncapoderá exceder 6 (seis) meses; findo o prazo, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz,que ordenará o prosseguimento do processo.

§ 4º - No caso do nº III, a exceção, em primeiro grau da jurisdição, será processada naforma do disposto neste Livro, Título VIII, Capítulo II, Seção III; e, no tribunal, consoantelhe estabelecer o regimento interno.

Arts. 263 a 265

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Código de Processo Civil

§ 5º - Nos casos enumerados nas letras a, b e c do nº IV, o período de suspensão nuncapoderá exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz mandará prosseguir no processo.

Art. 266 - Durante a suspensão é defeso praticar qualquer ato processual; poderá o juiz,todavia, determinar a realização de atos urgentes, a fim de evitar dano irreparável.

CAPÍTULO IIIDA EXTINÇÃO DO PROCESSO

Art. 267 - Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº11.232, de 2005)

I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

II - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonara causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimentoválido e regular do processo;

V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;

VI - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica,a legitimidade das partes e o interesse processual;

VII - pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 1996)

VIII - quando o autor desistir da ação;

IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;

X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;

XI - nos demais casos prescritos neste Código.

§ 1º - O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando aextinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (qua-renta e oito) horas.

§ 2º - No caso do parágrafo anterior, quanto ao nº II, as partes pagarão proporcionalmen-te as custas e, quanto ao nº III, o autor será condenado ao pagamento das despesas ehonorários de advogado (art. 28).

§ 3º - O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto nãoproferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu quea não alegar, na primeira oportunidade em que lhe caiba falar nos autos, responderá pelascustas de retardamento.

§ 4º - Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consenti-mento do réu, desistir da ação.

Art. 268 - Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autorintente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova dopagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.

Parágrafo único - Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo funda-mento previsto no nº III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réucom o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar emdefesa o seu direito.

Arts. 265 a 268

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Código de Processo Civil

Art. 269 - Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de1973)

II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1973)

III - quando as partes transigirem; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1973)

V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. (Redação dada pela Leinº 5.925, de 1973)

TÍTULO VIIDO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 270 - Este Código regula o processo de conhecimento (Livro I), de execução (LivroII), cautelar (Livro III) e os procedimentos especiais (Livro IV).

Art. 271 - Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em con-trário deste Código ou de lei especial.

Art. 272 - O procedimento comum é ordinário ou sumário. (Redação dada pela Lei nº8.952, de 1994)

Parágrafo único - O procedimento especial e o procedimento sumário regem-se pelasdisposições que Ihes são próprias, aplicando-se-lhes, subsidiariamente, as disposiçõesgerais do procedimento ordinário. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, osefeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, seconvença da verossimilhança da alegação e: (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou (Incluído pela Lei nº8.952, de 1994)

II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatóriodo réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 1º - Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razõesdo seu convencimento. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 2º - Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidadedo provimento antecipado. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 3º - A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua nature-za, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A. (Redação dada pela Lei nº10.444, de 2002)

§ 4º - A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, emdecisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 5º - Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julga-mento. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

Arts. 269 a 273

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Código de Processo Civil

§ 6º - A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidoscumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 2002)

§ 7º - Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de naturezacautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medidacautelar em caráter incidental do processo ajuizado. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 2002)

CAPÍTULO IIDO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

Art. 274 - O procedimento ordinário reger-se-á segundo as disposições dos Livros I e IIdeste Código.

CAPÍTULO IIIDO PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Art. 275 - Observar-se-á o procedimento sumário: (Redação dada pela Lei nº 9.245, de1995)

I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo;(Redação dada pela Lei nº 10.444, de 2002)

II - nas causas, qualquer que seja o valor (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de1995)

b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; (Redaçãodada pela Lei nº 9.245, de 1995)

c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; (Redação dada pela Lei nº9.245, de 1995)

d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; (Redaçãodada pela Lei nº 9.245, de 1995)

e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo,ressalvados os casos de processo de execução; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislaçãoespecial; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

g) nos demais casos previstos em lei. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

Parágrafo único - Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e àcapacidade das pessoas. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

Art. 276 - Na petição inicial, o autor apresentará o rol de testemunhas e, se requererperícia, formulará quesitos, podendo indicar assistente técnico. (Redação dada pela Lei nº9.245, de 1995)

Art. 277 - O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trintadias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência previstano § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a FazendaPública, os prazos contar-se-ão em dobro. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

§ 1º - A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o juiz serauxiliado por conciliador. (Incluído pela Lei nº 9.245, de 1995)

Arts. 273 a 277

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Código de Processo Civil

§ 2º - Deixando injustificadamente o réu de comparecer à audiência, reputar-se-ão verda-deiros os fatos alegados na petição inicial (art. 319), salvo se o contrário resultar da provados autos, proferindo o juiz, desde logo, a sentença. (Incluído pela Lei nº 9.245, de 1995)

§ 3º - As partes comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fazer-se representarpor preposto com poderes para transigir. (Incluído pela Lei nº 9.245, de 1995)

§ 4º - O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a contro-vérsia sobre a natureza da demanda, determinando, se for o caso, a conversão do proce-dimento sumário em ordinário. (Incluído pela Lei nº 9.245, de 1995)

§ 5º - A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de prova técnica demaior complexidade. (Incluído pela Lei nº 9.245, de 1995)

Art. 278 - Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiência, resposta escritaou oral, acompanhada de documentos e rol de testemunhas e, se requerer perícia, formu-lará seus quesitos desde logo, podendo indicar assistente técnico. (Redação dada pela Leinº 9.245, de 1995)

§ 1º - É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, desde que fundadonos mesmos fatos referidos na inicial. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

§ 2º - Havendo necessidade de produção de prova oral e não ocorrendo qualquer dashipóteses previstas nos arts. 329 e 330, I e II, será designada audiência de instrução ejulgamento para data próxima, não excedente de trinta dias, salvo se houver determina-ção de perícia. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

Art. 279 - Os atos probatórios realizados em audiência poderão ser documentados medi-ante taquigrafia, estenotipia ou outro método hábil de documentação, fazendo-se a res-pectiva transcrição se a determinar o juiz. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

Parágrafo único - Nas comarcas ou varas em que não for possível a taquigrafia, a estenotipiaou outro método de documentação, os depoimentos serão reduzidos a termo, do qualconstará apenas o essencial. (Incluído pela Lei nº 9.245, de 1995)

Art. 280 - No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental ea intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a inter-venção fundada em contrato de seguro. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 2002)

Art. 281 - Findos a instrução e os debates orais, o juiz proferirá sentença na própriaaudiência ou no prazo de dez dias. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

TÍTULO VIIIDO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

CAPÍTULO IDA PETIÇÃO INICIAL

SEÇÃO IDOS REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

Art. 282 - A petição inicial indicará:

I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;

II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

Arts. 277 a 282

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Código de Processo Civil

IV - o pedido, com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII - o requerimento para a citação do réu.

Art. 283 - A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositurada ação.

Art. 284 - Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nosarts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julga-mento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez)dias.

Parágrafo único - Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

Art. 285 - Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citaçãodo réu, para responder; do mandado constará que, não sendo contestada a ação, sepresumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor. (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 285-A - Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo jáhouver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderáser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormenteprolatada. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)

§ 1º - Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não mantera sentença e determinar o prosseguimento da ação. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)

§ 2º - Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder aorecurso. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)

SEÇÃO IIDO PEDIDO

Art. 286 - O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedidogenérico: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou dofato ilícito; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser prati-cado pelo réu. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 287 - Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato,tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação depena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatóriade tutela (arts. 461, § 4º, e 461-A). (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 2002)

Art. 288 - O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o devedorpuder cumprir a prestação de mais de um modo.

Parágrafo único - Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lheassegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autornão tenha formulado pedido alternativo.

Arts. 282 a 288

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Código de Processo Civil

Art. 289 - É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juizconheça do posterior, em não podendo acolher o anterior.

Art. 290 - Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elasincluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor,no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá nacondenação, enquanto durar a obrigação.

Art. 291 - Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não participoudo processo receberá a sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu crédito.

Art. 292 - É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de váriospedidos, ainda que entre eles não haja conexão.

§ 1º - São requisitos de admissibilidade da cumulação:

I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;

II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;

III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.

§ 2º - Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.

Art. 293 - Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto,no principal os juros legais.

Art. 294 - Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custasacrescidas em razão dessa iniciativa. (Redação dada pela Lei nº 8.718, de 1993)

SEÇÃO IIIDO INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL

Art. 295 - A petição inicial será indeferida: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - quando for inepta; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - quando a parte for manifestamente ilegítima; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - quando o autor carecer de interesse processual; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1973)

IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5º);(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza dacausa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se aotipo de procedimento legal; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

VI - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e284. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Parágrafo único - Considera-se inepta a petição inicial quando: (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1973)

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; (Redação dada pela Leinº 5.925, de 1973)

III - o pedido for juridicamente impossível; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Arts. 289 a 295

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Código de Processo Civil

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 296 - Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48(quarenta e oito) horas, reformar sua decisão. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

Parágrafo único - Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente encami-nhados ao tribunal competente. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

CAPÍTULO IIDA RESPOSTA DO RÉU

SEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 297 - O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigidaao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.

Art. 298 - Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para responder ser-lhes-á comum, salvo o disposto no art. 191.

Parágrafo único - Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não citado, o prazopara a resposta correrá da intimação do despacho que deferir a desistência.

Art. 299 - A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em peçasautônomas; a exceção será processada em apenso aos autos principais.

SEÇÃO IIDA CONTESTAÇÃO

Art. 300 - Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo asrazões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provasque pretende produzir.

Art. 301 - Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (Redação dada pela Leinº 5.925, de 1973)

I - inexistência ou nulidade da citação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - incompetência absoluta; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - inépcia da petição inicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

IV - perempção; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

V - litispendência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

VI - coisa julgada; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

VII - conexão; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1973)

IX - convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 1996)

X - carência de ação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

XI - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. (Incluído pelaLei nº 5.925, de 1973)

Arts. 295 a 301

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Código de Processo Civil

§ 1º - Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anterior-mente ajuizada. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 2º - Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedire o mesmo pedido. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 3º - Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada,quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso. (Reda-ção dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 4º - Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enume-rada neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 302 - Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados napetição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:

I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;

II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei conside-rar da substância do ato;

III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

Parágrafo único - Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não seaplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.

Art. 303 - Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:

I - relativas a direito superveniente;

II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;

III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.

SEÇÃO IIIDAS EXCEÇÕES

Art. 304 - É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a incompetência (art.112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).

Art. 305 - Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição,cabendo à parte oferecer exceção, no prazo de 15 (quinze) dias, contado do fato queocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição.

Parágrafo único - Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a petição pode serprotocolizada no juízo de domicílio do réu, com requerimento de sua imediata remessa aojuízo que determinou a citação. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)

Art. 306 - Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que sejadefinitivamente julgada.

SUBSEÇÃO IDA INCOMPETÊNCIA

Art. 307 - O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamentada e devidamenteinstruída, indicando o juízo para o qual declina.

Art. 308 - Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o exceptodentro em 10 (dez) dias e decidindo em igual prazo.

Arts. 301 a 308

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Código de Processo Civil

Art. 309 - Havendo necessidade de prova testemunhal, o juiz designará audiência deinstrução, decidindo dentro de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 310 - O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifestamente improce-dente. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 311 - Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz competente.

SUBSEÇÃO IIDO IMPEDIMENTO E DA SUSPEIÇÃO

Art. 312 - A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição, especificando omotivo da recusa (arts. 134 e 135). A petição, dirigida ao juiz da causa, poderá ser instru-ída com documentos em que o excipiente fundar a alegação e conterá o rol de testemu-nhas.

Art. 313 - Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a suspeição,ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em caso contrário, dentro de 10(dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas,se houver, ordenando a remessa dos autos ao tribunal.

Art. 314 - Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal determinará oseu arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas custas, mandando remeter osautos ao seu substituto legal.

SEÇÃO IVDA RECONVENÇÃO

Art. 315 - O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvençãoseja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.

Parágrafo único - Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando estedemandar em nome de outrem. (§ 1º renumerado pela Lei nº 9.245, de 1995)

§ 2º - (Revogado pela Lei nº 9.245, de 1995)

Art. 316 - Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seuprocurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 317 - A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, nãoobsta ao prosseguimento da reconvenção.

Art. 318 - Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.

CAPÍTULO IIIDA REVELIA

Art. 319 - Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmadospelo autor.

Art. 320 - A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:

I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei consi-dere indispensável à prova do ato.

Arts. 309 a 320

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Código de Processo Civil

Art. 321 - Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a causa depedir, nem demandar declaração incidente, salvo promovendo nova citação do réu, a quemserá assegurado o direito de responder no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 322 - Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos indepen-dentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato decisório. (Redação dada pelaLei nº 11.280, de 2006)

Parágrafo único - O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o noestado em que se encontrar. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)

CAPÍTULO IVDAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

Art. 323 - Findo o prazo para a resposta do réu, o escrivão fará a conclusão dos autos. Ojuiz, no prazo de 10 (dez) dias, determinará, conforme o caso, as providências prelimina-res, que constam das seções deste Capítulo.

SEÇÃO IDO EFEITO DA REVELIA

Art. 324 - Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando que não ocorreu o efeito darevelia, mandará que o autor especifique as provas que pretenda produzir na audiência.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

SEÇÃO IIDA DECLARAÇÃO INCIDENTE

Art. 325 - Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor poderárequerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença incidente, se dadeclaração da existência ou da inexistência do direito depender, no todo ou em parte, ojulgamento da lide (art. 5o).

SEÇÃO IIIDOS FATOS IMPEDITIVOS, MODIFICATIVOS OU EXTINTIVOS DO PEDIDO

Art. 326 - Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro lhe opuserimpeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 10(dez) dias, facultando-lhe o juiz a produção de prova documental.

SEÇÃO IVDAS ALEGAÇÕES DO RÉU

Art. 327 - Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 301, o juiz mandaráouvir o autor no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-lhe a produção de prova documental.Verificando a existência de irregularidades ou de nulidades sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à parte prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.

Art. 328 - Cumpridas as providências preliminares, ou não havendo necessidade delas, ojuiz proferirá julgamento conforme o estado do processo, observando o que dispõe ocapítulo seguinte.

Arts. 321 a 328

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Código de Processo Civil

CAPÍTULO VDO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO

SEÇÃO IDA EXTINÇÃO DO PROCESSO

Art. 329 - Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269, II a V, o juizdeclarará extinto o processo.

SEÇÃO IIDO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE

Art. 330 - O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença: (Redação dadapela Lei nº 5.925, de 1973)

I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato,não houver necessidade de produzir prova em audiência; (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1973)

II - quando ocorrer a revelia (art. 319). (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

SEÇÃO IIIDA AUDIÊNCIA PRELIMINAR

(Redação dada pela Lei nº 10.444, de 2002)

Art. 331 - Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, eversar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência prelimi-nar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas acomparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes paratransigir. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 2002)

§ 1º - Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. (Incluídopela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 2º - Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos contro-vertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a seremproduzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. (Incluído pelaLei nº 8.952, de 1994)

§ 3º - Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causaevidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo eordenar a produção da prova, nos termos do § 2º. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 2002)

CAPÍTULO VIDAS PROVAS

SEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 332 - Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que nãoespecificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se fundaa ação ou a defesa.

Arts. 329 a 332

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Código de Processo Civil

Art. 333 - O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito doautor.

Parágrafo único - É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da provaquando:

I - recair sobre direito indisponível da parte;

II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

Art. 334 - Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

III - admitidos, no processo, como incontroversos;

IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Art. 335 - Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de experiên-cia comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e ainda asregras da experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o exame pericial.

Art. 336 - Salvo disposição especial em contrário, as provas devem ser produzidas emaudiência.

Parágrafo único - Quando a parte, ou a testemunha, por enfermidade, ou por outromotivo relevante, estiver impossibilitada de comparecer à audiência, mas não de pres-tar depoimento, o juiz designará, conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar parainquiri-la.

Art. 337 - A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário,provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.

Art. 338 - A carta precatória e a carta rogatória suspenderão o processo, no caso previstona alínea b do inciso IV do art. 265 desta Lei, quando, tendo sido requeridas antes dadecisão de saneamento, a prova nelas solicitada apresentar-se imprescindível. (Redaçãodada pela Lei nº 11.280, de 2006)

Parágrafo único - A carta precatória e a carta rogatória, não devolvidas dentro do prazoou concedidas sem efeito suspensivo, poderão ser juntas aos autos até o julgamentofinal.

Art. 339 - Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o desco-brimento da verdade.

Art. 340 - Além dos deveres enumerados no art. 14, compete à parte:

I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado;

II - submeter-se à inspeção judicial, que for julgada necessária;

III - praticar o ato que lhe for determinado.

Art. 341 - Compete ao terceiro, em relação a qualquer pleito:

I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias, de que tenha conhecimento;

II - exibir coisa ou documento, que esteja em seu poder.

Arts. 333 a 341

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Código de Processo Civil

SEÇÃO IIDO DEPOIMENTO PESSOAL

Art. 342 - O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o compare-cimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa.

Art. 343 - Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte requerer odepoimento pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de instrução e julgamen-to.

§ 1º - A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se presumirãoconfessados os fatos contra ela alegados, caso não compareça ou, comparecendo, serecuse a depor.

§ 2º - Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor, o juizlhe aplicará a pena de confissão.

Art. 344 - A parte será interrogada na forma prescrita para a inquirição de testemunhas.

Parágrafo único - É defeso, a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da outraparte.

Art. 345 - Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe forperguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e elemen-tos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.

Art. 346 - A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendoservir-se de escritos adrede preparados; o juiz lhe permitirá, todavia, a consulta a notasbreves, desde que objetivem completar esclarecimentos.

Art. 347 - A parte não é obrigada a depor de fatos:

I - criminosos ou torpes, que lhe forem imputados;

II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.

Parágrafo único - Esta disposição não se aplica às ações de filiação, de desquite e deanulação de casamento.

SEÇÃO IIIDA CONFISSÃO

Art. 348 - Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seuinteresse e favorável ao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial.

Art. 349 - A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada. Da confissão espontâ-nea, tanto que requerida pela parte, se lavrará o respectivo termo nos autos; a confissãoprovocada constará do depoimento pessoal prestado pela parte.

Parágrafo único - A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte, ou por manda-tário com poderes especiais.

Art. 350 - A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, oslitisconsortes.

Parágrafo único - Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveisalheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro.

Art. 351 - Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitosindisponíveis.

Arts. 342 a 351

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Código de Processo Civil

Art. 352 - A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode ser revogada:

I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita;

II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual constituir oúnico fundamento.

Parágrafo único - Cabe ao confitente o direito de propor a ação, nos casos de que trata esteartigo; mas, uma vez iniciada, passa aos seus herdeiros.

Art. 353 - A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a represente, tema mesma eficácia probatória da judicial; feita a terceiro, ou contida em testamento, serálivremente apreciada pelo juiz.

Parágrafo único - Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos em que alei não exija prova literal.

Art. 354 - A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser invocarcomo prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável.Cindir-se-á, todavia, quando o confitente lhe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituirfundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.

SEÇÃO IVDA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA

Art. 355 - O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa, que se ache em seupoder.

Art. 356 - O pedido formulado pela parte conterá:

I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;

II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou a coisa;

III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou acoisa existe e se acha em poder da parte contrária.

Art. 357 - O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco) dias subseqüentes à sua intima-ção. Se afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerenteprove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.

Art. 358 - O juiz não admitirá a recusa:

I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;

II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituirprova;

III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.

Art. 359 - Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio dodocumento ou da coisa, a parte pretendia provar:

I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo do art. 357;

II - se a recusa for havida por ilegítima.

Art. 360 - Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz mandarácitá-lo para responder no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 361 - Se o terceiro negar a obrigação de exibir, ou a posse do documento ou da coisa,o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e,se necessário, de testemunhas; em seguida proferirá a sentença.

Arts. 352 a 361

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Código de Processo Civil

Art. 362 - Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lheordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar designado, noprazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o embolse das despesas que tiver; se oterceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se ne-cessário, força policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência.

Art. 363 - A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - se concernente a negócios da própria vida da família; (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1973)

II - se a sua apresentação puder violar dever de honra; (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1973)

III - se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bemcomo a seus parentes consangüíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes representarperigo de ação penal; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

IV - se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão,devam guardar segredo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

V - se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifi-quem a recusa da exibição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Parágrafo único - Se os motivos de que tratam os ns. I a V disserem respeito só a umaparte do conteúdo do documento, da outra se extrairá uma suma para ser apresentada emjuízo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

SEÇÃO VDA PROVA DOCUMENTAL

SUBSEÇÃO IDA FORÇA PROBANTE DOS DOCUMENTOS

Art. 364 - O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatosque o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença.

Art. 365 - Fazem a mesma prova que os originais:

I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências, ou de outrolivro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas;

II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de instrumentos ou documen-tos lançados em suas notas;

III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial públicoou conferidas em cartório, com os respectivos originais.

IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticaspelo próprio advogado sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada aautenticidade. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e privados, desde que atestado peloseu emitente, sob as penas da lei, que as informações conferem com o que consta naorigem; (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento, público ou particular, quandojuntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus

Arts. 362 a 365

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Código de Processo Civil

auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados públi-cos ou privados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes oudurante o processo de digitalização. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

§ 1º - Os originais dos documentos digitalizados, mencionados no inciso VI do caput desteartigo, deverão ser preservados pelo seu detentor até o final do prazo para interposição deação rescisória. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

§ 2º - Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou outro documentorelevante à instrução do processo, o juiz poderá determinar o seu depósito em cartório ousecretaria. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 366 - Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhu-ma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.

Art. 367 - O documento, feito por oficial público incompetente, ou sem a observância dasformalidades legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma eficácia probatória dodocumento particular.

Art. 368 - As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ousomente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.

Parágrafo único - Quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a determinadofato, o documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo aointeressado em sua veracidade o ônus de provar o fato.

Art. 369 - Reputa-se autêntico o documento, quando o tabelião reconhecer a firma dosignatário, declarando que foi aposta em sua presença.

Art. 370 - A data do documento particular, quando a seu respeito surgir dúvida ouimpugnação entre os litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito. Mas, em relaçãoa terceiros, considerar-se-á datado o documento particular:

I - no dia em que foi registrado;

II - desde a morte de algum dos signatários;

III - a partir da impossibilidade física, que sobreveio a qualquer dos signatários;

IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;

V - do ato ou fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do docu-mento.

Art. 371 - Reputa-se autor do documento particular:

I - aquele que o fez e o assinou;

II - aquele, por conta de quem foi feito, estando assinado;

III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou, porque, conforme a experiênciacomum, não se costuma assinar, como livros comerciais e assentos domésticos.

Art. 372 - Compete à parte, contra quem foi produzido documento particular, alegar noprazo estabelecido no art. 390, se lhe admite ou não a autenticidade da assinatura e averacidade do contexto; presumindo-se, com o silêncio, que o tem por verdadeiro.

Parágrafo único - Cessa, todavia, a eficácia da admissão expressa ou tácita, se o documen-to houver sido obtido por erro, dolo ou coação.

Art. 373 - Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo anterior, o documentoparticular, de cuja autenticidade se não duvida, prova que o seu autor fez a declaração,que lhe é atribuída.

Arts. 365 a 373

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - O documento particular, admitido expressa ou tacitamente, é indivisível,sendo defeso à parte, que pretende utilizar-se dele, aceitar os fatos que lhe são favoráveis erecusar os que são contrários ao seu interesse, salvo se provar que estes se não verificaram.

Art. 374 - O telegrama, o radiograma ou qualquer outro meio de transmissão tem amesma força probatória do documento particular, se o original constante da estaçãoexpedidora foi assinado pelo remetente.

Parágrafo único - A firma do remetente poderá ser reconhecida pelo tabelião, declarando-se essa circunstância no original depositado na estação expedidora.

Art. 375 - O telegrama ou o radiograma presume-se conforme com o original, provando adata de sua expedição e do recebimento pelo destinatário. (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1973)

Art. 376 - As cartas, bem como os registros domésticos, provam contra quem os escreveuquando:

I - enunciam o recebimento de um crédito;

II - contêm anotação, que visa a suprir a falta de título em favor de quem é apontado comocredor;

III - expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija determinada prova.

Art. 377 - A nota escrita pelo credor em qualquer parte de documento representativo deobrigação, ainda que não assinada, faz prova em benefício do devedor.

Parágrafo único - Aplica-se esta regra tanto para o documento, que o credor conservar emseu poder, como para aquele que se achar em poder do devedor.

Art. 378 - Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante, todavia,demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondemà verdade dos fatos.

Art. 379 - Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos por lei, provamtambém a favor do seu autor no litígio entre comerciantes.

Art. 380 - A escrituração contábil é indivisível: se dos fatos que resultam dos lançamen-tos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos serãoconsiderados em conjunto como unidade.

Art. 381 - O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livroscomerciais e dos documentos do arquivo:

I - na liquidação de sociedade;

II - na sucessão por morte de sócio;

III - quando e como determinar a lei.

Art. 382 - O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e documen-tos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio, bem como reproduções autentica-das.

Art. 383 - Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinematográfica, fonográficaou de outra espécie, faz prova dos fatos ou das coisas representadas, se aquele contraquem foi produzida lhe admitir a conformidade.

Parágrafo único - Impugnada a autenticidade da reprodução mecânica, o juiz ordenará arealização de exame pericial.

Art. 384 - As reproduções fotográficas ou obtidas por outros processos de repetição, dosdocumentos particulares, valem como certidões, sempre que o escrivão portar por fé a suaconformidade com o original.

Arts. 373 a 384

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Código de Processo Civil

Art. 385 - A cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o original,cabendo ao escrivão, intimadas as partes, proceder à conferência e certificar a conformi-dade entre a cópia e o original.

§ 1º - Quando se tratar de fotografia, esta terá de ser acompanhada do respectivo negativo.

§ 2º - Se a prova for uma fotografia publicada em jornal, exigir-se-ão o original e onegativo.

Art. 386 - O juiz apreciará livremente a fé que deva merecer o documento, quando emponto substancial e sem ressalva contiver entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento.

Art. 387 - Cessa a fé do documento, público ou particular, sendo-lhe declarada judicial-mente a falsidade.

Parágrafo único - A falsidade consiste:

I - em formar documento não verdadeiro;

II - em alterar documento verdadeiro.

Art. 388 - Cessa a fé do documento particular quando:

I - lhe for contestada a assinatura e enquanto não se lhe comprovar a veracidade;

II - assinado em branco, for abusivamente preenchido.

Parágrafo único - Dar-se-á abuso quando aquele, que recebeu documento assinado, comtexto não escrito no todo ou em parte, o formar ou o completar, por si ou por meio deoutrem, violando o pacto feito com o signatário.

Art. 389 - Incumbe o ônus da prova quando:

I - se tratar de falsidade de documento, à parte que a argüir;

II - se tratar de contestação de assinatura, à parte que produziu o documento.

SUBSEÇÃO IIDA ARGÜIÇÃO DE FALSIDADE

Art. 390 - O incidente de falsidade tem lugar em qualquer tempo e grau de jurisdição,incumbindo à parte, contra quem foi produzido o documento, suscitá-lo na contestação ouno prazo de 10 (dez) dias, contados da intimação da sua juntada aos autos.

Art. 391 - Quando o documento for oferecido antes de encerrada a instrução, a parte oargüirá de falso, em petição dirigida ao juiz da causa, expondo os motivos em que funda asua pretensão e os meios com que provará o alegado.

Art. 392 - Intimada a parte, que produziu o documento, a responder no prazo de 10 (dez)dias, o juiz ordenará o exame pericial.

Parágrafo único - Não se procederá ao exame pericial, se a parte, que produziu o docu-mento, concordar em retirá-lo e a parte contrária não se opuser ao desentranhamento.

Art. 393 - Depois de encerrada a instrução, o incidente de falsidade correrá em apensoaos autos principais; no tribunal processar-se-á perante o relator, observando-se o dispos-to no artigo antecedente.

Art. 394 - Logo que for suscitado o incidente de falsidade, o juiz suspenderá o processoprincipal.

Art. 395 - A sentença, que resolver o incidente, declarará a falsidade ou autenticidade dodocumento.

Arts. 385 a 395

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Código de Processo Civil

SUBSEÇÃO IIIDA PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL

Art. 396 - Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297),com os documentos destinados a provar-lhe as alegações.

Art. 397 - É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos,quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.

Art. 398 - Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juizouvirá, a seu respeito, a outra, no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 399 - O juiz requisitará às repartições públicas em qualquer tempo ou grau de jurisdição:

I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;

II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem interessados a União, oEstado, o Município, ou as respectivas entidades da administração indireta.

§ 1º - Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e improrrogável de 30(trinta) dias, certidões ou reproduções fotográficas das peças indicadas pelas partes ou deofício; findo o prazo, devolverá os autos à repartição de origem. (Renumerado pela Lei nº11.419, de 2006).

§ 2º - As repartições públicas poderão fornecer todos os documentos em meio eletrônicoconforme disposto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel doque consta em seu banco de dados ou do documento digitalizado. (Incluído pela Lei nº11.419, de 2006).

SEÇÃO VIDA PROVA TESTEMUNHAL

SUBSEÇÃO IDA ADMISSIBILIDADE E DO VALOR DA PROVA TESTEMUNHAL

Art. 400 - A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso.O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:

I - já provados por documento ou confissão da parte;

II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.

Art. 401 - A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor nãoexceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram cele-brados.

Art. 402 - Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova testemunhal,quando:

I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento emanado da partecontra quem se pretende utilizar o documento como prova;

II - o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita daobrigação, em casos como o de parentesco, depósito necessário ou hospedagem em hotel.

Art. 403 - As normas estabelecidas nos dois artigos antecedentes aplicam-se ao paga-mento e à remissão da dívida.

Arts. 396 a 403

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Código de Processo Civil

Art. 404 - É lícito à parte inocente provar com testemunhas:

I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real e a vontade declarada;

II - nos contratos em geral, os vícios do consentimento.

Art. 405 - Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impe-didas ou suspeitas. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 1º - São incapazes: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - o interdito por demência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que ocorreramos fatos, não podia discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado atransmitir as percepções; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - o menor de 16 (dezesseis) anos; (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1973)

IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que Ihes faltam.(Incluído pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 2º - São impedidos: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou colateral, atéo terceiro grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, salvo se o exigiro interesse público, ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puderobter de outro modo a prova, que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - o que é parte na causa; (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o represen-tante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam ou tenham assis-tido as partes. (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 3º - São suspeitos: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em julgado a senten-ça; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - o que, por seus costumes, não for digno de fé; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - o inimigo capital da parte, ou o seu amigo íntimo; (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1973)

IV - o que tiver interesse no litígio. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 4º - Sendo estritamente necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedidas ou suspeitas;mas os seus depoimentos serão prestados independentemente de compromisso (art. 415) eo juiz Ihes atribuirá o valor que possam merecer. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 406 - A testemunha não é obrigada a depor de fatos:

I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus parentes consan-güíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo grau;

II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.

SUBSEÇÃO IIDA PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL

Art. 407 - Incumbe às partes, no prazo que o juiz fixará ao designar a data da audiência,depositar em cartório o rol de testemunhas, precisando-lhes o nome, profissão, residência

Arts. 404 a 407

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Código de Processo Civil

e o local de trabalho; omitindo-se o juiz, o rol será apresentado até 10 (dez) dias antes daaudiência. (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001)

Parágrafo único - É lícito a cada parte oferecer, no máximo, dez testemunhas; quandoqualquer das partes oferecer mais de três testemunhas para a prova de cada fato, o juizpoderá dispensar as restantes.

Art. 408 - Depois de apresentado o rol, de que trata o artigo antecedente, a parte só podesubstituir a testemunha:

I - que falecer;

II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor;

III - que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de justiça.

Art. 409 - Quando for arrolado como testemunha o juiz da causa, este:

I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos, que possam influir na decisão;caso em que será defeso à parte, que o incluiu no rol, desistir de seu depoimento;

II - se nada souber, mandará excluir o seu nome.

Art. 410 - As testemunhas depõem, na audiência de instrução, perante o juiz da causa,exceto:

I - as que prestam depoimento antecipadamente;

II - as que são inquiridas por carta;

III - as que, por doença, ou outro motivo relevante, estão impossibilitadas de comparecerem juízo (art. 336, parágrafo único);

IV - as designadas no artigo seguinte.

Art. 411 - São inquiridos em sua residência, ou onde exercem a sua função:

I - o Presidente e o Vice-Presidente da República;

II - o presidente do Senado e o da Câmara dos Deputados;

III - os ministros de Estado;

IV - os ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do SuperiorTribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribu-nal de Contas da União; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - o procurador-geral da República;

VI - os senadores e deputados federais;

VII - os governadores dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal;

VIII - os deputados estaduais;

IX - os desembargadores dos Tribunais de Justiça, os juízes dos Tribunais de Alçada, osjuízes dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais Eleitorais e os conse-lheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal;

X - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica prerrogativa ao agentediplomático do Brasil.

Parágrafo único - O juiz solicitará à autoridade que designe dia, hora e local a fim de serinquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela parte, quearrolou como testemunha.

Arts. 407 a 411

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Código de Processo Civil

Art. 412 - A testemunha é intimada a comparecer à audiência, constando do mandadodia, hora e local, bem como os nomes das partes e a natureza da causa. Se a testemunhadeixar de comparecer, sem motivo justificado, será conduzida, respondendo pelas despe-sas do adiamento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 1º - A parte pode comprometer-se a levar à audiência a testemunha, independentemen-te de intimação; presumindo-se, caso não compareça, que desistiu de ouvi-la. (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 2º - Quando figurar no rol de testemunhas funcionário público ou militar, o juiz o requi-sitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir. (Redação dada pelaLei nº 5.925, de 1973)

§ 3º - A intimação poderá ser feita pelo correio, sob registro ou com entrega em mãoprópria, quando a testemunha tiver residência certa. (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

Art. 413 - O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente; primeiro as doautor e depois as do réu, providenciando de modo que uma não ouça o depoimento dasoutras.

Art. 414 - Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarando o nome por inteiro,a profissão, a residência e o estado civil, bem como se tem relações de parentesco com aparte, ou interesse no objeto do processo.

§ 1º - É lícito à parte contraditar a testemunha, argüindo-lhe a incapacidade, o impedi-mento ou a suspeição. Se a testemunha negar os fatos que lhe são imputados, a partepoderá provar a contradita com documentos ou com testemunhas, até três, apresentadano ato e inquiridas em separado. Sendo provados ou confessados os fatos, o juiz dispen-sará a testemunha, ou lhe tomará o depoimento, observando o disposto no art. 405, § 4º.

§ 2º - A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de depor, alegando os motivos deque trata o art. 406; ouvidas as partes, o juiz decidirá de plano.

Art. 415 - Ao início da inquirição, a testemunha prestará o compromisso de dizer a verda-de do que souber e lhe for perguntado.

Parágrafo único - O juiz advertirá à testemunha que incorre em sanção penal quem faz aafirmação falsa, cala ou oculta a verdade.

Art. 416 - O juiz interrogará a testemunha sobre os fatos articulados, cabendo, primeiroà parte, que a arrolou, e depois à parte contrária, formular perguntas tendentes a esclare-cer ou completar o depoimento.

§ 1º - As partes devem tratar as testemunhas com urbanidade, não Ihes fazendo pergun-tas ou considerações impertinentes, capciosas ou vexatórias.

§ 2º - As perguntas que o juiz indeferir serão obrigatoriamente transcritas no termo, se aparte o requerer. (Redação dada pela Lei nº 7.005, de 1982)

Art. 417 - O depoimento, datilografado ou registrado por taquigrafia, estenotipia ou outrométodo idôneo de documentação, será assinado pelo juiz, pelo depoente e pelos procura-dores, facultando-se às partes a sua gravação. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 1º - O depoimento será passado para a versão datilográfica quando houver recurso dasentença ou noutros casos, quando o juiz o determinar, de ofício ou a requerimento daparte. (Renumerado pela Lei nº 11.419, de 2006).

§ 2º - Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º do art.169 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006)

Art. 418 - O juiz pode ordenar, de ofício ou a requerimento da parte:

I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações da parte ou das testemunhas;

Arts. 412 a 418

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Código de Processo Civil

II - a acareação de duas ou mais testemunhas ou de alguma delas com a parte, quando,sobre fato determinado, que possa influir na decisão da causa, divergirem as suas decla-rações.

Art. 419 - A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento da despesa que efetuou paracomparecimento à audiência, devendo a parte pagá-la logo que arbitrada, ou depositá-laem cartório dentro de 3 (três) dias.

Parágrafo único - O depoimento prestado em juízo é considerado serviço público. A teste-munha, quando sujeita ao regime da legislação trabalhista, não sofre, por comparecer àaudiência, perda de salário nem desconto no tempo de serviço.

SEÇÃO VIIDA PROVA PERICIAL

Art. 420 - A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

Parágrafo único - O juiz indeferirá a perícia quando:

I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

III - a verificação for impraticável.

Art. 421 - O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.(Redação dada pela Lei nº 8.455, de 1992)

§ 1º - Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho denomeação do perito:

I - indicar o assistente técnico;

II - apresentar quesitos.

§ 2º - Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquiriçãopelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento arespeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado. (Redação dadapela Lei nº 8.455, de 1992)

Art. 422 - O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, indepen-dentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte,não sujeitos a impedimento ou suspeição. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 1992)

Art. 423 - O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento oususpeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiznomeará novo perito. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 1992)

Art. 424 - O perito pode ser substituído quando: (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 1992)

I - carecer de conhecimento técnico ou científico;

II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado.(Redação dada pela Lei nº 8.455, de 1992)

Parágrafo único - No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corpora-ção profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vistao valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo. (Redação dadapela Lei nº 8.455, de 1992)

Art. 425 - Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Dajuntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária.

Arts. 418 a 425

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Código de Processo Civil

Art. 426 - Compete ao juiz:

I - indeferir quesitos impertinentes;

II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.

Art. 427 - O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contes-tação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentoselucidativos que considerar suficientes. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 1992)

Art. 428 - Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeaçãode perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia.

Art. 429 - Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicosutilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bemcomo instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.

Art. 430 -

Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 8.455, de 1992)

Art. 431 - (Revogado pela Lei nº 8.455, de 1992)

Art. 431-A - As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados peloperito para ter início a produção da prova. (Incluído pela Lei nº 10.358, de 2001)

Art. 431-B - Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conheci-mento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de umassistente técnico. (Incluído pela Lei nº 10.358, de 2001)

Art. 432 - Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro doprazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio.

Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 8.455, de 1992)

Art. 433 - O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. (Redação dada pela Lei nº8.455, de 1992)

Parágrafo único - Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo. (Redação dada pela Leinº 10.358, de 2001)

Art. 434 - Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento,ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicosdos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bemcomo do material sujeito a exame, ao diretor do estabelecimento. (Redação dada pela Leinº 8.952, de 1994)

Parágrafo único - Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, operito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em reparti-ções públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir aautoria do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferen-tes, para fins de comparação.

Art. 435 - A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requere-rá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as per-guntas, sob forma de quesitos.

Parágrafo único - O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar osesclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes daaudiência.

Arts. 426 a 435

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Código de Processo Civil

Art. 436 - O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção comoutros elementos ou fatos provados nos autos.

Art. 437 - O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização denova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida.

Art. 438 - A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeirae destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.

Art. 439 - A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.

Parágrafo único - A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciarlivremente o valor de uma e outra.

SEÇÃO VIIIDA INSPEÇÃO JUDICIAL

Art. 440 - O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase doprocesso, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato, que interesse àdecisão da causa.

Art. 441 - Ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um ou mais peritos.

Art. 442 - O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando:

I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar;

II - a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou gravesdificuldades;

III - determinar a reconstituição dos fatos.

Parágrafo único - As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando esclareci-mentos e fazendo observações que reputem de interesse para a causa.

Art. 443 - Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionandonele tudo quanto for útil ao julgamento da causa. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Parágrafo único - O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia. (Reda-ção dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

CAPÍTULO VIIDA AUDIÊNCIA

SEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 444 - A audiência será pública; nos casos de que trata o art. 155, realizar-se-á aportas fechadas.

Art. 445 - O juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe:

I - manter a ordem e o decoro na audiência;

II - ordenar que se retirem da sala da audiência os que se comportarem inconveniente-mente;

III - requisitar, quando necessário, a força policial.

Arts. 436 a 445

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Código de Processo Civil

Art. 446 - Compete ao juiz em especial:

I - dirigir os trabalhos da audiência;

II - proceder direta e pessoalmente à colheita das provas;

III - exortar os advogados e o órgão do Ministério Público a que discutam a causa comelevação e urbanidade.

Parágrafo único - Enquanto depuserem as partes, o perito, os assistentes técnicos e astestemunhas, os advogados não podem intervir ou apartear, sem licença do juiz.

SEÇÃO IIDA CONCILIAÇÃO

Art. 447 - Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, deofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução ejulgamento.

Parágrafo único - Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, noscasos e para os fins em que a lei consente a transação.

Art. 448 - Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando aacordo, o juiz mandará tomá-lo por termo.

Art. 449 - O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terávalor de sentença.

SEÇÃO IIIDA INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Art. 450 - No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência, mandandoapregoar as partes e os seus respectivos advogados.

Art. 451 - Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fixará os pontos controvertidossobre que incidirá a prova.

Art. 452 - As provas serão produzidas na audiência nesta ordem:

I - o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos, reque-ridos no prazo e na forma do art. 435;

II - o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu;

III - finalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu.

Art. 453 - A audiência poderá ser adiada:

I - por convenção das partes, caso em que só será admissível uma vez;

II - se não puderem comparecer, por motivo justificado, o perito, as partes, as testemu-nhas ou os advogados.

§ 1º - Incumbe ao advogado provar o impedimento até a abertura da audiência; não ofazendo, o juiz procederá à instrução.

§ 2º - Pode ser dispensada pelo juiz a produção das provas requeridas pela parte cujoadvogado não compareceu à audiência.

§ 3º - Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas.

Arts. 446 a 453

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Código de Processo Civil

Art. 454 - Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e ao do réu, bemcomo ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutospara cada um, prorrogável por 10 (dez), a critério do juiz.

§ 1º - Havendo litisconsorte ou terceiro, o prazo, que formará com o da prorrogação um sótodo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.

§ 2º - No caso previsto no art. 56, o opoente sustentará as suas razões em primeiro lugar,seguindo-se-lhe os opostos, cada qual pelo prazo de 20 (vinte) minutos.

§ 3º - Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oralpoderá ser substituído por memoriais, caso em que o juiz designará dia e hora para o seuoferecimento.

Art. 455 - A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluir, num só dia, a instru-ção, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu prosseguimento para dia próximo.

Art. 456 - Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a sentençadesde logo ou no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 457 - O escrivão lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, oocorrido na audiência, bem como, por extenso, os despachos e a sentença, se esta forproferida no ato.

§ 1º - Quando o termo for datilografado, o juiz lhe rubricará as folhas, ordenando quesejam encadernadas em volume próprio.

§ 2º - Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o órgão do Ministério Público e oescrivão.

§ 3º - O escrivão trasladará para os autos cópia autêntica do termo de audiência.

§ 4º - Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º do art.169 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006)

CAPÍTULO VIIIDA SENTENÇA E DA COISA JULGADA

SEÇÃO IDOS REQUISITOS E DOS EFEITOS DA SENTENÇA

Art. 458 - São requisitos essenciais da sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu,bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe submeterem.

Art. 459 - O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, opedido formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do méri-to, o juiz decidirá em forma concisa.

Parágrafo único - Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferirsentença ilíquida.

Art. 460 - É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa dapedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do quelhe foi demandado.

Arts. 454 a 460

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condici-onal. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

Art. 461 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou nãofazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, deter-minará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 1º - A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou seimpossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. (Incluídopela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 2º - A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287).(Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 3º - Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficá-cia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justifi-cação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qual-quer tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 4º - O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diáriaao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com aobrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Leinº 8.952, de 1994)

§ 5º - Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalen-te, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, taiscomo a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoase coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário comrequisição de força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 2002)

§ 6º - O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifiqueque se tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 2002)

Art. 461-A - Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutelaespecífica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444,de 2002)

§ 1º - Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor aindividualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher,este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de2002)

§ 2º - Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credormandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvelou imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 2002)

§ 3º - Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1º a 6º do art. 461.(Incluído pela Lei nº 10.444, de 2002)

Art. 462 - Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ouextintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração,de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença. (Redação dadapela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 463 - Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: (Redação dada pela Lei nº11.232, de 2005)

I - para lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lheretificar erros de cálculo;

II - por meio de embargos de declaração.

Arts. 460 a 463

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Código de Processo Civil

Art. 464 -

I -

II - (Revogado pela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 465 -

Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 466 - A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistenteem dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscri-ção será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos.

Parágrafo único - A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária:

I - embora a condenação seja genérica;

II - pendente arresto de bens do devedor;

III - ainda quando o credor possa promover a execução provisória da sentença.

Art. 466-A - Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma veztransitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. (Incluído pelaLei nº 11.232, de 2005)

Art. 466-B - Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não cumprir a obrigação,a outra parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá obter uma sentença queproduza o mesmo efeito do contrato a ser firmado. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 466-C - Tratando-se de contrato que tenha por objeto a transferência da propriedadede coisa determinada, ou de outro direito, a ação não será acolhida se a parte que aintentou não cumprir a sua prestação, nem a oferecer, nos casos e formas legais, salvo seainda não exigível. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

SEÇÃO IIDA COISA JULGADA

Art. 467 - Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutívela sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.

Art. 468 - A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limitesda lide e das questões decididas.

Art. 469 - Não fazem coisa julgada:

I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva dasentença;

II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;

III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.

Art. 470 - Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte orequerer (arts. 5º e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressu-posto necessário para o julgamento da lide.

Art. 471 - Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesmalide, salvo:

I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado defato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído nasentença;

Arts. 464 a 471

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Código de Processo Civil

II - nos demais casos prescritos em lei.

Art. 472 - A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando,nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sidocitados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença pro-duz coisa julgada em relação a terceiros.

Art. 473 - É defeso à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a cujorespeito se operou a preclusão.

Art. 474 - Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidastodas as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como àrejeição do pedido.

Art. 475 - Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois deconfirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivasautarquias e fundações de direito público; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativada Fazenda Pública (art. 585, VI). (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

§ 1º - Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal,haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. (Incluídopela Lei nº 10.352, de 2001)

§ 2º - Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito contro-vertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como nocaso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmovalor. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

§ 3º - Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada emjurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou dotribunal superior competente. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

CAPÍTULO IXDA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-A - Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquida-ção. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1º - Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seuadvogado. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2º - A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se emautos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópiasdas peças processuais pertinentes. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3º - Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II,alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso,fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido. (Incluído pela Lei nº 11.232, de2005)

Art. 475-B - Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculoaritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J destaLei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. (Incluído pelaLei nº 11.232, de 2005)

Arts. 471 a 475-B

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Código de Processo Civil

§ 1º - Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes empoder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los,fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência. (Incluído pela Lei nº11.232, de 2005)

§ 2º - Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configu-rar-se-á a situação prevista no art. 362. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3º - Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelocredor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos deassistência judiciária. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 4º - Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3º deste artigo,far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base ovalor encontrado pelo contador. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-C - Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: (Incluído pela Lei nº 11.232,de 2005)

I - determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; (Incluído pela Lei nº 11.232,de 2005)

II - o exigir a natureza do objeto da liquidação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-D - Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará oprazo para a entrega do laudo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Parágrafo único - Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se noprazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência. (Incluídopela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-E - Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da conde-nação, houver necessidade de alegar e provar fato novo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de2005)

Art. 475-F - Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimentocomum (art. 272). (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-G - É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença quea julgou. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-H - Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº11.232, de 2005)

CAPÍTULO XDO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA

(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-I - O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Leiou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demaisartigos deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1º - É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando setratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensi-vo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2º - Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícitopromover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação des-ta. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Arts. 475-B a 475-I

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Código de Processo Civil

Art. 475-J - Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada emliquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acresci-do de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado odisposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1º - Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, napessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal,ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo,no prazo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2º - Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conheci-mentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazopara a entrega do laudo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3º - O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serempenhorados. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 4º - Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa dedez por cento incidirá sobre o restante. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 5º - Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar osautos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte. (Incluído pela Lei nº11.232, de 2005)

Art. 475-L - A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela Lei nº 11.232, de2005)

I - falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Incluído pela Lei nº11.232, de 2005)

II - inexigibilidade do título; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

III - penhora incorreta ou avaliação errônea; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV - ilegitimidade das partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

V - excesso de execução; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

VI - qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1º - Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se tambéminexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionaispelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou atonormativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a ConstituiçãoFederal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2º - Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso de execução, pleiteiaquantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor queentende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. (Incluído pela Lei nº11.232, de 2005)

Art. 475-M - A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe talefeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja ma-nifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1º - Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerero prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbi-trada pelo juiz e prestada nos próprios autos. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Arts. 475-J a 475-M

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Código de Processo Civil

§ 2º - Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos própriosautos e, caso contrário, em autos apartados. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3º - A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento,salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação. (Incluído pelaLei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-N - São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I - a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer,não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II - a sentença penal condenatória transitada em julgado; (Incluído pela Lei nº 11.232, de2005)

III - a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matérianão posta em juízo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV - a sentença arbitral; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

V - o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; (Incluído pelaLei nº 11.232, de 2005)

VI - a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pelaLei nº 11.232, de 2005)

VII - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aosherdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de2005)

Parágrafo único - Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluiráa ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme ocaso. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-O - A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modoque a definitiva, observadas as seguintes normas: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I - corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a senten-ça for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; (Incluído pela Lei nº11.232, de 2005)

II - fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto daexecução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nosmesmos autos, por arbitramento; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

III - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienaçãode propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de cauçãosuficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. (Incluídopela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1º - No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada ouanulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução. (Incluído pela Leinº 11.232, de 2005)

§ 2º - A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada:(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I - quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até olimite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação denecessidade; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II - nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto aoSupremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da

Arts. 475-M a 475-O

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Código de Processo Civil

dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta repara-ção. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3º - Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópiasautenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do dispostona parte final do art. 544, § 1º: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I - sentença ou acórdão exeqüendo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; (Incluído pela Leinº 11.232, de 2005)

III - procurações outorgadas pelas partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV - decisão de habilitação, se for o caso; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

V - facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias.(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-P - O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (Incluído pela Lei nº11.232, de 2005)

I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; (Incluído pela Lei nº 11.232, de2005)

II - o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição; (Incluído pela Lei nº11.232, de 2005)

III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sen-tença arbitral ou de sentença estrangeira. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Parágrafo único - No caso do inciso II do caput deste artigo, o exeqüente poderá optar pelojuízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio doexecutado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo deorigem. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-Q - Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz,quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja renda asse-gure o pagamento do valor mensal da pensão. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1º - Este capital, representado por imóveis, títulos da dívida pública ou aplicações finan-ceiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação dodevedor. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2º - O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do beneficiário daprestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de empresa de direitoprivado de notória capacidade econômica, ou, a requerimento do devedor, por fiança ban-cária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz. (Incluído pela Lei nº11.232, de 2005)

§ 3º - Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, con-forme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação. (Incluído pela Lei nº 11.232,de 2005)

§ 4º - Os alimentos podem ser fixados tomando por base o salário-mínimo. (Incluído pelaLei nº 11.232, de 2005)

§ 5º - Cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar odesconto em folha ou cancelar as garantias prestadas. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-R - Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, asnormas que regem o processo de execução de título extrajudicial. (Incluído pela Lei nº11.232, de 2005)

Arts. 475-O a 475-R

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TÍTULO IXDO PROCESSO NOS TRIBUNAIS

CAPÍTULO IDA UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA

Art. 476 - Compete a qualquer juiz, ao dar o voto na turma, câmara, ou grupo decâmaras, solicitar o pronunciamento prévio do tribunal acerca da interpretação do direitoquando:

I - verificar que, a seu respeito, ocorre divergência;

II - no julgamento recorrido a interpretação for diversa da que lhe haja dado outra turma,câmara, grupo de câmaras ou câmaras cíveis reunidas.

Parágrafo único - A parte poderá, ao arrazoar o recurso ou em petição avulsa, requerer,fundamentadamente, que o julgamento obedeça ao disposto neste artigo.

Art. 477 - Reconhecida a divergência, será lavrado o acórdão, indo os autos ao presidentedo tribunal para designar a sessão de julgamento. A secretaria distribuirá a todos os juízescópia do acórdão.

Art. 478 - O tribunal, reconhecendo a divergência, dará a interpretação a ser observada,cabendo a cada juiz emitir o seu voto em exposição fundamentada.

Parágrafo único - Em qualquer caso, será ouvido o chefe do Ministério Público que funcionaperante o tribunal.

Art. 479 - O julgamento, tomado pelo voto da maioria absoluta dos membros que inte-gram o tribunal, será objeto de súmula e constituirá precedente na uniformização dajurisprudência.

Parágrafo único - Os regimentos internos disporão sobre a publicação no órgão oficial dassúmulas de jurisprudência predominante.

CAPÍTULO IIDA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

Art. 480 - Argüida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, orelator, ouvido o Ministério Público, submeterá a questão à turma ou câmara, a que tocaro conhecimento do processo.

Art. 481 - Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se for acolhida, serálavrado o acórdão, a fim de ser submetida a questão ao tribunal pleno.

Parágrafo único - Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou aoórgão especial, a argüição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamentodestes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. (Incluído pela Lei nº9.756, de 1998)

Art. 482 - Remetida a cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do tribunal desig-nará a sessão de julgamento.

§ 1º - O Ministério Público e as pessoas jurídicas de direito público responsáveis pelaedição do ato questionado, se assim o requererem, poderão manifestar-se no incidente deinconstitucionalidade, observados os prazos e condições fixados no Regimento Interno doTribunal. (Incluído pela Lei nº 9.868, de 1999)

Arts. 476 a 482

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Código de Processo Civil

§ 2º - Os titulares do direito de propositura referidos no art. 103 da Constituição poderãomanifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de apreciação pelo órgãoespecial ou pelo Pleno do Tribunal, no prazo fixado em Regimento, sendo-lhes asseguradoo direito de apresentar memoriais ou de pedir a juntada de documentos. (Incluído pela Leinº 9.868, de 1999)

§ 3º - O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes,poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades.(Incluído pela Lei nº 9.868, de 1999)

CAPÍTULO IIIDA HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Art. 483 - A sentença proferida por tribunal estrangeiro não terá eficácia no Brasil senãodepois de homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único - A homologação obedecerá ao que dispuser o Regimento Interno doSupremo Tribunal Federal.

Art. 484 - A execução far-se-á por carta de sentença extraída dos autos da homologaçãoe obedecerá às regras estabelecidas para a execução da sentença nacional da mesmanatureza.

CAPÍTULO IVDA AÇÃO RESCISÓRIA

Art. 485 - A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;

II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusãoentre as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar literal disposição de lei;

VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou sejaprovada na própria ação rescisória;

VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou deque não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;

VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que sebaseou a sentença;

IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;

§ 1º - Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerarinexistente um fato efetivamente ocorrido.

§ 2º - É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nempronunciamento judicial sobre o fato.

Arts. 482 a 485

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Código de Processo Civil

Art. 486 - Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for mera-mente homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termosda lei civil.

Art. 487 - Tem legitimidade para propor a ação:

I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;

II - o terceiro juridicamente interessado;

III - o Ministério Público:

a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção;

b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei.

Art. 488 - A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais doart. 282, devendo o autor:

I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa;

II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título demulta, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improce-dente.

Parágrafo único - Não se aplica o disposto no nº II à União, ao Estado, ao Município e aoMinistério Público.

Art. 489 - O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ouacórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostosprevistos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. (Redaçãodada pela Lei nº 11.280, de 2006)

Art. 490 - Será indeferida a petição inicial:

I - nos casos previstos no art. 295;

II - quando não efetuado o depósito, exigido pelo art. 488, II.

Art. 491 - O relator mandará citar o réu, assinando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quin-ze) dias nem superior a 30 (trinta) para responder aos termos da ação. Findo o prazocom ou sem resposta, observar-se-á no que couber o disposto no Livro I, Título VIII,Capítulos IV e V.

Art. 492 - Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator delegará acompetência ao juiz de direito da comarca onde deva ser produzida, fixando prazo de 45(quarenta e cinco) a 90 (noventa) dias para a devolução dos autos.

Art. 493 - Concluída a instrução, será aberta vista, sucessivamente, ao autor e ao réu,pelo prazo de 10 (dez) dias, para razões finais. Em seguida, os autos subirão ao relator,procedendo-se ao julgamento:

I - no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, na forma dos seusregimentos internos; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - nos Estados, conforme dispuser a norma de Organização Judiciária.

Art. 494 - Julgando procedente a ação, o tribunal rescindirá a sentença, proferirá, se foro caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito; declarando inadmissívelou improcedente a ação, a importância do depósito reverterá a favor do réu, sem prejuízodo disposto no art. 20.

Art. 495 - O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) anos, contados dotrânsito em julgado da decisão.

Arts. 486 a 495

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Código de Processo Civil

TÍTULO XDOS RECURSOS

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 496 - São cabíveis os seguintes recursos: (Redação dada pela Lei nº 8.038, de 1990)

I - apelação;

II - agravo; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

III - embargos infringentes;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial; (Incluído pela Lei nº 8.038, de 1990)

VII - recurso extraordinário; (Incluído pela Lei nº 8.038, de 1990)

VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário. (Incluídopela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 497 - O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução dasentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta o andamento do proces-so, ressalvado o disposto no art. 558 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.038, de1990)

Art. 498 - Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votose julgamento unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recur-so extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficarásobrestado até a intimação da decisão nos embargos. (Redação dada pela Lei nº 10.352,de 2001)

Parágrafo único - Quando não forem interpostos embargos infringentes, o prazo relativo àparte unânime da decisão terá como dia de início aquele em que transitar em julgado adecisão por maioria de votos. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

Art. 499 - O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado epelo Ministério Público.

§ 1º - Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse deintervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial.

§ 2º - O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que éparte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei.

Art. 500 - Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas asexigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquerdeles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principale se rege pelas disposições seguintes: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, noprazo de que a parte dispõe para responder; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário eno recurso especial; (Redação dada pela Lei nº 8.038, de 1990)

III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declaradoinadmissível ou deserto. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Arts. 496 a 500

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso indepen-dente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 501 - O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou doslitisconsortes, desistir do recurso.

Art. 502 - A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.

Art. 503 - A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão, nãopoderá recorrer.

Parágrafo único - Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva alguma, de um atoincompatível com a vontade de recorrer.

Art. 504 - Dos despachos não cabe recurso. (Redação dada pela Lei nº 11.276, de 2006)

Art. 505 - A sentença pode ser impugnada no todo ou em parte.

Art. 506 - O prazo para a interposição do recurso, aplicável em todos os casos o dispostono art. 184 e seus parágrafos, contar-se-á da data:

I - da leitura da sentença em audiência;

II - da intimação às partes, quando a sentença não for proferida em audiência;

III - da publicação do dispositivo do acórdão no órgão oficial. (Redação dada pela Lei nº11.276, de 2006)

Parágrafo único - No prazo para a interposição do recurso, a petição será protocolada emcartório ou segundo a norma de organização judiciária, ressalvado o disposto no § 2º doart. 525 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.276, de 2006)

Art. 507 - Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento daparte ou de seu advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que suspenda o curso doprocesso, será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor,contra quem começará a correr novamente depois da intimação.

Art. 508 - Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no recursoespecial, no recurso extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpore para responder é de 15 (quinze) dias. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 6.314, de 1975)

Art. 509 - O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo sedistintos ou opostos os seus interesses.

Parágrafo único - Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedoraproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns.

Art. 510 - Transitado em julgado o acórdão, o escrivão, ou secretário, independentementede despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo de origem, no prazo de 5 (cinco)dias.

Art. 511 - No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigidopela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,sob pena de deserção. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 1998)

§ 1º - São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pelaUnião, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isençãolegal. (Parágra único renumerado pela Lei nº 9.756, de 1998)

§ 2º - A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado,não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 1998)

Arts. 500 a 511

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Código de Processo Civil

Art. 512 - O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recor-rida no que tiver sido objeto de recurso.

CAPÍTULO IIDA APELAÇÃO

Art. 513 - Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269).

Art. 514 - A apelação, interposta por petição dirigida ao juiz, conterá:

I - os nomes e a qualificação das partes;

II - os fundamentos de fato e de direito;

III - o pedido de nova decisão.

Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 515 - A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

§ 1º - Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questõessuscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.

§ 2º - Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenasum deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

§ 3º - Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunalpode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito eestiver em condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

§ 4º - Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realiza-ção ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre quepossível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)

Art. 516 - Ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores à sentença, aindanão decididas. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 517 - As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas naapelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.

Art. 518 - Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandarádar vista ao apelado para responder. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

§ 1º - O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformi-dade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal.(Renumerado pela Lei nº 11.276, de 2006)

§ 2º - Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressu-postos de admissibilidade do recurso. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)

Art. 519 - Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção,fixando-lhe prazo para efetuar o preparo. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

Parágrafo único - A decisão referida neste artigo será irrecorrível, cabendo ao tribunalapreciar-lhe a legitimidade. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 520 - A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, noentanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Arts. 512 a 520

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Código de Processo Civil

II - condenar à prestação de alimentos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redaçãodada pela Lei nº 8.950, de 1994)

VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307,de 1996)

VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

Art. 521 - Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no proces-so; recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde logo, a execuçãoprovisória da sentença, extraindo a respectiva carta.

CAPÍTULO IIIDO AGRAVO

(Redação dada pela Lei nº 9.139, de 1995)

Art. 522 - Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na formaretida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e dedifícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aosefeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instru-mento. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

Parágrafo único - O agravo retido independe de preparo. (Redação dada pela Lei nº 9.139,de 1995)

Art. 523 - Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal deleconheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação. (Redação dada pelaLei nº 9.139, de 1995)

§ 1º - Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas razões ou naresposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal. (Incluído pela Lei nº 9.139, de 1995)

§ 2º - Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderáreformar sua decisão. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

§ 3º - Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamentocaberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem comoconstar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do agravan-te. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

§ 4º - (Revogado pela Lei nº 11.187, de 2005)

Art. 524 - O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente,através de petição com os seguintes requisitos: (Redação dada pela Lei nº 9.139, de1995)

I - a exposição do fato e do direito; (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 1995)

II - as razões do pedido de reforma da decisão; (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 1995)

III - o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo. (Redaçãodada pela Lei nº 9.139, de 1995)

Art. 525 - A petição de agravo de instrumento será instruída: (Redação dada pela Lei nº9.139, de 1995)

Arts. 520 a 525

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Código de Processo Civil

I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimaçãoe das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; (Redação dadapela Lei nº 9.139, de 1995)

II - facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis. (Redação dadapela Lei nº 9.139, de 1995)

§ 1º - Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e doporte de retorno, quando devidos, conforme tabela que será publicada pelos tribunais.(Incluído pela Lei nº 9.139, de 1995)

§ 2º - No prazo do recurso, a petição será protocolada no tribunal, ou postada no correiosob registro com aviso de recebimento, ou, ainda, interposta por outra forma prevista nalei local. (Incluído pela Lei nº 9.139, de 1995)

Art. 526 - O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do proces-so de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição,assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso. (Redação dada pela Lei nº9.139, de 1995)

Parágrafo único - O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que argüido e provadopelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

Art. 527 - Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, orelator: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557; (Redação dada pela Leinº 10.352, de 2001)

II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar dedecisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como noscasos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida,mandando remeter os autos ao juiz da causa; (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação detutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;(Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

IV - poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez)dias; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

V - mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu advo-gado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10 (dez)dias (art. 525, § 2º), facultando-lhe juntar a documentação que entender conveniente,sendo que, nas comarcas sede de tribunal e naquelas em que o expediente forense fordivulgado no diário oficial, a intimação far-se-á mediante publicação no órgão oficial; (Re-dação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

VI - ultimadas as providências referidas nos incisos III a V do caput deste artigo, mandaráouvir o Ministério Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias.(Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

VI - ultimadas as providências referidas nos incisos III a V do caput deste artigo, mandaráouvir o Ministério Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias.(Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

Parágrafo único - A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput desteartigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se opróprio relator a reconsiderar. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

Art. 528 - Em prazo não superior a 30 (trinta) dias da intimação do agravado, o relatorpedirá dia para julgamento. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 1995)

Arts. 525 a 528

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Código de Processo Civil

Art. 529 - Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator consideraráprejudicado o agravo. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 1995)

CAPÍTULO IVDOS EMBARGOS INFRINGENTES

Art. 530 - Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reforma-do, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória.Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.(Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

Art. 531 - Interpostos os embargos, abrir-se-á vista ao recorrido para contra-razões;após, o relator do acórdão embargado apreciará a admissibilidade do recurso. (Redaçãodada pela Lei nº 10.352, de 2001)

Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 532 - Da decisão que não admitir os embargos caberá agravo, em 5 (cinco) dias, parao órgão competente para o julgamento do recurso. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de1994)

Art. 533 - Admitidos os embargos, serão processados e julgados conforme dispuser oregimento do tribunal. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

Art. 534 - Caso a norma regimental determine a escolha de novo relator, esta recairá, sepossível, em juiz que não haja participado do julgamento anterior. (Redação dada pela Leinº 10.352, de 2001)

CAPÍTULO VDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Art. 535 - Cabem embargos de declaração quando: (Redação dada pela Lei nº 8.950, de1994)

I - houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição; (Redação dada pelaLei nº 8.950, de 1994)

II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal. (Redação dadapela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 536 - Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida aojuiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não estandosujeitos a preparo. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 537 - O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias; nos tribunais, o relator apresen-tará os embargos em mesa na sessão subseqüente, proferindo voto. (Redação dada pelaLei nº 8.950, de 1994)

Art. 538 - Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outrosrecursos, por qualquer das partes. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

Parágrafo único - Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal,declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não exce-dente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios,a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição dequalquer outro recurso ao depósito do valor respectivo. (Redação dada pela Lei nº 8.950,de 1994)

Arts. 529 a 538

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Código de Processo Civil

CAPÍTULO VIDOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

E O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA(Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

SEÇÃO IDOS RECURSOS ORDINÁRIOS

Art. 539 - Serão julgados em recurso ordinário: (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os man-dados de injunção decididos em única instância pelos Tribunais superiores, quandodenegatória a decisão; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:(Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Fede-rais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatóriaa decisão; (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994)

b) as causas em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo interna-cional e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. (Incluído pela Leinº 8.950, de 1994)

Parágrafo único - Nas causas referidas no inciso II, alínea b, caberá agravo das decisõesinterlocutórias. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 540 - Aos recursos mencionados no artigo anterior aplica-se, quanto aos requisitosde admissibilidade e ao procedimento no juízo de origem, o disposto nos Capítulos II e IIIdeste Título, observando-se, no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justi-ça, o disposto nos seus regimentos internos. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

SEÇÃO IIDO RECURSO EXTRAORDINÁRIO E DO RECURSO ESPECIAL

(Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

Art. 541 - O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constitui-ção Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recor-rido, em petições distintas, que conterão: (Revigorado, com nova redação, pela Lei nº8.950, de 1994)

I - a exposição do fato e do direito; (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994)

II - a demonstração do cabimento do recurso interposto; (Incluído pela Lei nº 8.950, de1994)

III - as razões do pedido de reforma da decisão recorrida. (Incluído pela Lei nº 8.950, de1994)

Parágrafo único - Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrentefará a prova da divergência mediante certidão, cópia autenticada ou pela citação dorepositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em quetiver sido publicada a decisão divergente, ou ainda pela reprodução de julgado disponívelna Internet, com indicação da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as cir-cunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.(Redação dada pelaLei nº 11.341, de 2006).

Arts. 539 a 541

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Código de Processo Civil

Art. 542 - Recebida a petição pela secretaria do tribunal, será intimado o recorrido, abrin-do-se-lhe vista, para apresentar contra-razões. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

§ 1º - Findo esse prazo, serão os autos conclusos para admissão ou não do recurso, noprazo de 15 (quinze) dias, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 1994)

§ 2º - Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo. (Incluídopela Lei nº 8.950, de 1994)

§ 3º - O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra decisãointerlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução ficaráretido nos autos e somente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposiçãodo recurso contra a decisão final, ou para as contra-razões. (Incluído pela Lei nº 9.756, de1998)

Art. 543 - Admitidos ambos os recursos, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal deJustiça. (Revigorado e com redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

§ 1º - Concluído o julgamento do recurso especial, serão os autos remetidos ao SupremoTribunal Federal, para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudica-do. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

§ 2º - Na hipótese de o relator do recurso especial considerar que o recurso extraordinárioé prejudicial àquele, em decisão irrecorrível sobrestará o seu julgamento e remeterá osautos ao Supremo Tribunal Federal, para o julgamento do recurso extraordinário. (Revigo-rado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, se o relator do recurso extraordinário, em decisãoirrecorrível, não o considerar prejudicial, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justi-ça, para o julgamento do recurso especial. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de13.12.1994)

Art. 543-A - O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá dorecurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer reper-cussão geral, nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 1º - Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questõesrelevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem osinteresses subjetivos da causa. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 2º - O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclu-siva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral. (Incluído pela Lei nº11.418, de 2006).

§ 3º - Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária asúmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 4º - Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos,ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 5º - Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursossobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudonos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Lei nº11.418, de 2006).

§ 6º - O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de tercei-ros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do SupremoTribunal Federal. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 7º - A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicadano Diário Oficial e valerá como acórdão. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

Arts. 542 a 543-A

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Código de Processo Civil

Art. 543-B - Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idênticacontrovérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do RegimentoInterno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo. (Incluído pela Leinº 11.418, de 2006).

§ 1º - Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos dacontrovérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até opronunciamento definitivo da Corte. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 2º - Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-ãoautomaticamente não admitidos. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 3º - Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão aprecia-dos pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 4º - Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nostermos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão contrário àorientação firmada. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

§ 5º - O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dosMinistros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão geral. (Incluído pelaLei nº 11.418, de 2006).

Art. 543-C - Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idênticaquestão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. (Incluídopela Lei nº 11.672, de 2008).

§ 1º - Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos represen-tativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça,ficando suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo do Supe-rior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

§ 2º - Não adotada a providência descrita no § 1o deste artigo, o relator no SuperiorTribunal de Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência domi-nante ou que a matéria já está afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão, nostribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.(Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

§ 3º - O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze dias,aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672,de 2008).

§ 4º - O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça econsiderando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas, órgãos ouentidades com interesse na controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

§ 5º - Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4o desteartigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº11.672, de 2008).

§ 6º - Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aosdemais Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial, deven-do ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réupreso e os pedidos de habeas corpus. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

§ 7º - Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestadosna origem: (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orien-tação do Superior Tribunal de Justiça; ou (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

Arts. 543-B a 543-C

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Código de Processo Civil

II - serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recor-rido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672, de2008).

§ 8º - Na hipótese prevista no inciso II do § 7o deste artigo, mantida a decisão divergentepelo tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso especial. (Incluídopela Lei nº 11.672, de 2008).

§ 9º - O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda instância regulamentarão,no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao processamento e julga-mento do recurso especial nos casos previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.672,de 2008).

Art. 544 - Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo deinstrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o SuperiorTribunal de Justiça, conforme o caso. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

§ 1º - O agravo de instrumento será instruído com as peças apresentadas pelas partes,devendo constar obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, cópias do acórdãorecorrido, da certidão da respectiva intimação, da petição de interposição do recursodenegado, das contra-razões, da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação edas procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado. As cópias daspeças do processo poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob suaresponsabilidade pessoal. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 2º - A petição de agravo será dirigida à presidência do tribunal de origem, não depen-dendo do pagamento de custas e despesas postais. O agravado será intimado, de imedia-to, para no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta, podendo instruí-la com cópias daspeças que entender conveniente. Em seguida, subirá o agravo ao tribunal superior, ondeserá processado na forma regimental. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 3º - Poderá o relator, se o acórdão recorrido estiver em confronto com a súmula oujurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, conhecer do agravo para darprovimento ao próprio recurso especial; poderá ainda, se o instrumento contiver os ele-mentos necessários ao julgamento do mérito, determinar sua conversão, observando-se,daí em diante, o procedimento relativo ao recurso especial. (Redação dada pela Lei nº9.756, de 17.12.1998)

§ 4º - O disposto no parágrafo anterior aplica-se também ao agravo de instrumento contradenegação de recurso extraordinário, salvo quando, na mesma causa, houver recursoespecial admitido e que deva ser julgado em primeiro lugar. (Incluído pela Lei nº 8.950, de13.12.1994)

Art. 545 - Da decisão do relator que não admitir o agravo de instrumento, negar-lheprovimento ou reformar o acórdão recorrido, caberá agravo no prazo de cinco dias, aoórgão competente para o julgamento do recurso, observado o disposto nos §§ 1o e 2o doart. 557. (Revigorado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994 e alterado pela Lei nº 9.756, de17.12.1998)

Art. 546 - É embargável a decisão da turma que: (Revigorado e alterado pela Lei nº8.950, de 13.12.1994)

I - em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma, da seção ou do órgãoespecial; (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

II - em recurso extraordinário, divergir do julgamento da outra turma ou do plenário.(Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Parágrafo único - Observar-se-á, no recurso de embargos, o procedimento estabelecido noregimento interno. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Arts. 543-C a 546

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Código de Processo Civil

CAPÍTULO VIIDA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL

Art. 547 - Os autos remetidos ao tribunal serão registrados no protocolo no dia de sua entra-da, cabendo à secretaria verificar-lhes a numeração das folhas e ordená-los para distribuição.

Parágrafo único - Os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentrali-zados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau. (Incluído pela Lei nº10.352, de 26.12.2001)

Art. 548 - Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal, obser-vando-se os princípios da publicidade, da alternatividade e do sorteio.

Art. 549 - Distribuídos, os autos subirão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, àconclusão do relator, que, depois de estudá-los, os restituirá à secretaria com o seu “visto”.

Parágrafo único - O relator fará nos autos uma exposição dos pontos controvertidos sobreque versar o recurso.

Art. 550 - Os recursos interpostos nas causas de procedimento sumário deverão serjulgados no tribunal, dentro de 40 (quarenta) dias.

Art. 551 - Tratando-se de apelação, de embargos infringentes e de ação rescisória, osautos serão conclusos ao revisor.

§ 1º - Será revisor o juiz que se seguir ao relator na ordem descendente de antigüidade.

§ 2º - O revisor aporá nos autos o seu “visto”, cabendo-lhe pedir dia para julgamento.

§ 3º - Nos recursos interpostos nas causas de procedimentos sumários, de despejo e noscasos de indeferimento liminar da petição inicial, não haverá revisor. (Redação dada pelaLei nº 8.950, de 13.12.1994)

Art. 552 - Os autos serão, em seguida, apresentados ao presidente, que designará diapara julgamento, mandando publicar a pauta no órgão oficial.

§ 1º - Entre a data da publicação da pauta e a sessão de julgamento mediará, pelo menos,o espaço de 48 (quarenta e oito) horas.

§ 2º - Afixar-se-á a pauta na entrada da sala em que se realizar a sessão de julgamento.

§ 3º - Salvo caso de força maior, participará do julgamento do recurso o juiz que houverlançado o “visto” nos autos.

Art. 553 - Nos embargos infringentes e na ação rescisória, devolvidos os autos pelorelator, a secretaria do tribunal expedirá cópias autenticadas do relatório e as distribuiráentre os juízes que compuserem o tribunal competente para o julgamento.

Art. 554 - Na sessão de julgamento, depois de feita a exposição da causa pelo relator, opresidente, se o recurso não for de embargos declaratórios ou de agravo de instrumento,dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente e ao recorrido, pelo prazo improrrogável de15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem as razões do recurso.

Art. 555 - No julgamento de apelação ou de agravo, a decisão será tomada, na câmara outurma, pelo voto de 3 (três) juízes. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 1º - Ocorrendo relevante questão de direito, que faça conveniente prevenir ou compordivergência entre câmaras ou turmas do tribunal, poderá o relator propor seja o recursojulgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar; reconhecendo o interesse público naassunção de competência, esse órgão colegiado julgará o recurso. (Incluído pela Lei nº10.352, de 26.12.2001)

Arts. 547 a 555

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Código de Processo Civil

§ 2º - Não se considerando habilitado a proferir imediatamente seu voto, a qualquer juiz éfacultado pedir vista do processo, devendo devolvê-lo no prazo de 10 (dez) dias, contadosda data em que o recebeu; o julgamento prosseguirá na 1ª (primeira) sessão ordináriasubseqüente à devolução, dispensada nova publicação em pauta. (Redação dada pela Leinº 11.280, de 2006)

§ 3º - No caso do § 2º deste artigo, não devolvidos os autos no prazo, nem solicitadaexpressamente sua prorrogação pelo juiz, o presidente do órgão julgador requisitará oprocesso e reabrirá o julgamento na sessão ordinária subseqüente, com publicação empauta. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)

Art. 556 - Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento, desig-nando para redigir o acórdão o relator, ou, se este for vencido, o autor do primeiro votovencedor.

Parágrafo único - Os votos, acórdãos e demais atos processuais podem ser registrados emarquivo eletrônico inviolável e assinados eletronicamente, na forma da lei, devendo serimpressos para juntada aos autos do processo quando este não for eletrônico. (Incluídopela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 557 - O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improce-dente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante dorespectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. (Redação dadapela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1º-A - Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com juris-prudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator po-derá dar provimento ao recurso. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1º - Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para ojulgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo emmesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento. (Incluído pela Lei nº9.756, de 17.12.1998)

§ 2º - Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal condenaráo agravante a pagar ao agravado multa entre um e dez por cento do valor corrigido dacausa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do res-pectivo valor. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

Art. 558 - O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil,adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outroscasos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a funda-mentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da turmaou câmara. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

Parágrafo único - Aplicar-se-á o disposto neste artigo as hipóteses do art. 520. (Redaçãodada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

Art. 559 - A apelação não será incluída em pauta antes do agravo de instrumento inter-posto no mesmo processo.

Parágrafo único - Se ambos os recursos houverem de ser julgados na mesma sessão, teráprecedência o agravo.

Art. 560 - Qualquer questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes domérito, deste não se conhecendo se incompatível com a decisão daquela. (Redação dadapela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Parágrafo único - Versando a preliminar sobre nulidade suprível, o tribunal, havendo ne-cessidade, converterá o julgamento em diligência, ordenando a remessa dos autos ao juiz,a fim de ser sanado o vício. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Arts. 555 a 560

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Código de Processo Civil

Art. 561 - Rejeitada a preliminar, ou se com ela for compatível a apreciação do mérito,seguir-se-ão a discussão e julgamento da matéria principal, pronunciando-se sobre estaos juízes vencidos na preliminar.

Art. 562 - Preferirá aos demais o recurso cujo julgamento tenha sido iniciado.

Art. 563 - Todo acórdão conterá ementa. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Art. 564 - Lavrado o acórdão, serão as suas conclusões publicadas no órgão oficial dentrode 10 (dez) dias.

Art. 565 - Desejando proferir sustentação oral, poderão os advogados requerer que nasessão imediata seja o feito julgado em primeiro lugar, sem prejuízo das preferênciaslegais.

Parágrafo único - Se tiverem subscrito o requerimento os advogados de todos os interes-sados, a preferência será concedida para a própria sessão.

LIVRO IIDO PROCESSO DE EXECUÇÃO

TÍTULO IDA EXECUÇÃO EM GERAL

CAPÍTULO IDAS PARTES

Art. 566 - Podem promover a execução forçada:

I - o credor a quem a lei confere título executivo;

II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.

Art. 567 - Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:

I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihesfor transmitido o direito resultante do título executivo;

II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por atoentre vivos;

III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

Art. 568 - São sujeitos passivos na execução: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1º.10.1973)

II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1º.10.1973)

III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultantedo título executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV - o fiador judicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria. (Redação dada pela Leinº 5.925, de 1º.10.1973)

Arts. 561 a 568

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Código de Processo Civil

Art. 569 - O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumasmedidas executivas.

Parágrafo único - Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela Leinº 8.953, de 13.12.1994)

a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagandoo credor as custas e os honorários advocatícios; (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante. (Incluído pelaLei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 570 - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 571 - Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este serácitado para exercer a opção e realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias, se outro prazonão lhe foi determinado em lei, no contrato, ou na sentença.

§ 1º - Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no prazo marcado.

§ 2º - Se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial da execução.

Art. 572 - Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o credor nãopoderá executar a sentença sem provar que se realizou a condição ou que ocorreu o termo.

Art. 573 - É lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor, cumular várias execuções, aindaque fundadas em títulos diferentes, desde que para todas elas seja competente o juiz eidêntica a forma do processo.

Art. 574 - O credor ressarcirá ao devedor os danos que este sofreu, quando a sentença, passa-da em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação, que deu lugar à execução.

CAPÍTULO IIDA COMPETÊNCIA

Art. 575 - A execução, fundada em título judicial, processar-se-á perante:

I - os tribunais superiores, nas causas de sua competência originária;

II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;

III - (Revogado pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)

IV - o juízo cível competente, quando o título executivo for sentença penal condenatória ousentença arbitral. (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)

Art. 576 - A execução, fundada em título extrajudicial, será processada perante o juízocompetente, na conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos II e III.

Art. 577 - Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos e osoficiais de justiça os cumprirão.

Art. 578 - A execução fiscal (art. 585, Vl) será proposta no foro do domicílio do réu; senão o tiver, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.

Parágrafo único - Na execução fiscal, a Fazenda Pública poderá escolher o foro de qualquerum dos devedores, quando houver mais de um, ou o foro de qualquer dos domicílios doréu; a ação poderá ainda ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou ocorreuo fato que deu origem à dívida, embora nele não mais resida o réu, ou, ainda, no foro dasituação dos bens, quando a dívida deles se originar.

Art. 579 - Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego da forçapolicial, o juiz a requisitará.

Arts. 569 a 579

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Código de Processo Civil

CAPÍTULO IIIDOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER EXECUÇÃO

SEÇÃO IDO INADIMPLEMENTO DO DEVEDOR

Art. 580 - A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquidae exigível, consubstanciada em título executivo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 581 - O credor não poderá iniciar a execução, ou nela prosseguir, se o devedorcumprir a obrigação; mas poderá recusar o recebimento da prestação, estabelecida notítulo executivo, se ela não corresponder ao direito ou à obrigação; caso em que requereráao juiz a execução, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la.

Art. 582 - Em todos os casos em que é defeso a um contraente, antes de cumprida a suaobrigação, exigir o implemento da do outro, não se procederá à execução, se o devedor sepropõe satisfazer a prestação, com meios considerados idôneos pelo juiz, mediante aexecução da contraprestação pelo credor, e este, sem justo motivo, recusar a oferta.

Parágrafo único - O devedor poderá, entretanto, exonerar-se da obrigação, depositandoem juízo a prestação ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a execução, não permitin-do que o credor a receba, sem cumprir a contraprestação, que lhe tocar.

SEÇÃO IIDO TÍTULO EXECUTIVO

Art. 583 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 584 - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 585 - São títulos executivos extrajudiciais: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; (Redaçãodada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documentoparticular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transaçãoreferendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dostransatores;(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os deseguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem comode encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; (Redação dada pelaLei nº 11.382, de 2006).

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando ascustas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; (Redação dadapela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do DistritoFederal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na formada lei; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 580 a 585

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Código de Processo Civil

VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.(Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo nãoinibe o credor de promover-lhe a execução. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 2º - Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem execu-tados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para tereficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar desua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação. (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 586 - A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obriga-ção certa, líquida e exigível. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 2º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 587 - É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquantopendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quandorecebidos com efeito suspensivo (art. 739). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 588 a 590 - (Revogados pela Lei nº 11.232, de 2005)

CAPÍTULO IVDA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL

Art. 591 - O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos osseus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Art. 592 - Ficam sujeitos à execução os bens:

I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ouobrigação reipersecutória; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - do sócio, nos termos da lei;

III - do devedor, quando em poder de terceiros;

IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meaçãorespondem pela dívida;

V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.

Art. 593 - Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens:

I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;

II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capazde reduzi-lo à insolvência;

III - nos demais casos expressos em lei.

Art. 594 - O credor, que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente aodevedor, não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida acoisa que se achar em seu poder.

Art. 595 - O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens livres edesembargados do devedor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à execução, se osdo devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor.

Arts. 585 a 595

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - O fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos autos domesmo processo.

Art. 596 - Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedadesenão nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da dívida, temdireito a exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade.

§ 1º - Cumpre ao sócio, que alegar o benefício deste artigo, nomear bens da sociedade,sitos na mesma comarca, livres e desembargados, quantos bastem para pagar o débito.

§ 2º - Aplica-se aos casos deste artigo o disposto no parágrafo único do artigo anterior.

Art. 597 - O espólio responde pelas dívidas do falecido; mas, feita a partilha, cada herdei-ro responde por elas na proporção da parte que na herança lhe coube.

CAPÍTULO VDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 598 - Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem o processode conhecimento.

Art. 599 - O juiz pode, em qualquer momento do processo:(Redação dada pela Lei nº5.925, de 1º.10.1973)

I - ordenar o comparecimento das partes;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - advertir ao devedor que o seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade dajustiça. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 600 - Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: (Reda-ção dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - frauda a execução; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

III - resiste injustificadamente às ordens judiciais; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os benssujeitos à penhora e seus respectivos valores. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 601 - Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelojuiz, em montante não superior a 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito emexecução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material, multa essaque reverterá em proveito do credor, exigível na própria execução.(Redação dada pela Leinº 8.953, de 13.12.1994)

Parágrafo único - O juiz relevará a pena, se o devedor se comprometer a não mais praticarqualquer dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que responda aocredor pela dívida principal, juros, despesas e honorários advocatícios. (Redação dadapela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 602 - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)

CAPÍTULO VIDA LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA

(Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)

Arts. 603 a 611 - (Revogados pela Lei nº 11.232, de 2005)

Arts. 595 a 611

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Código de Processo Civil

TÍTULO IIDAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 612 - Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concursouniversal (art. 751, III), realiza-se a execução no interesse do credor, que adquire, pelapenhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.

Art. 613 - Recaindo mais de uma penhora sobre os mesmos bens, cada credor conservaráo seu título de preferência.

Art. 614 - Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruira petição inicial:

I - com o título executivo extrajudicial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quandose tratar de execução por quantia certa; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

III - com a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo (art. 572). (Incluídopela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 615 - Cumpre ainda ao credor:

I - indicar a espécie de execução que prefere, quando por mais de um modo pode ser efetuada;

II - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, ou anticrético, ou usufrutuário,quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou usufruto;

III - pleitear medidas acautelatórias urgentes;

IV - provar que adimpliu a contraprestação, que lhe corresponde, ou que lhe assegura ocumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão median-te a contraprestação do credor.

Art. 615-A - O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória doajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins deaverbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitosà penhora ou arresto. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - O exeqüente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas, no prazo de 10(dez) dias de sua concretização. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, serádeterminado o cancelamento das averbações de que trata este artigo relativas àqueles quenão tenham sido penhorados. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de bens efetuada apósa averbação (art. 593). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 4º - O exeqüente que promover averbação manifestamente indevida indenizará a partecontrária, nos termos do § 2º do art. 18 desta Lei, processando-se o incidente em autosapartados. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 5º - Os tribunais poderão expedir instruções sobre o cumprimento deste artigo. (Incluídopela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 616 - Verificando o juiz que a petição inicial está incompleta, ou não se acha acompa-nhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução, determinará que o cre-dor a corrija, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de ser indeferida.

Arts. 612 a 616

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Código de Processo Civil

Art. 617 - A propositura da execução, deferida pelo juiz, interrompe a prescrição, mas acitação do devedor deve ser feita com observância do disposto no art. 219.

Art. 618 - É nula a execução:

I - se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível(art. 586); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se o devedor não for regularmente citado;

III - se instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrido o termo, nos casos do art. 572.

Art. 619 - A alienação de bem aforado ou gravado por penhor, hipoteca, anticrese ouusufruto será ineficaz em relação ao senhorio direto, ou ao credor pignoratício, hipotecá-rio, anticrético, ou usufrutuário, que não houver sido intimado.

Art. 620 - Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandaráque se faça pelo modo menos gravoso para o devedor.

CAPÍTULO IIDA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA

SEÇÃO IDA ENTREGA DE COISA CERTA

Art. 621 - O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivoextrajudicial, será citado para, dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a obrigação ou, seguroo juízo (art. 737, II), apresentar embargos. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Parágrafo único - O juiz, ao despachar a inicial, poderá fixar multa por dia de atraso nocumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso se reveleinsuficiente ou excessivo. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 622 - O devedor poderá depositar a coisa, em vez de entregá-la, quando quiser oporembargos. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 623 - Depositada a coisa, o exeqüente não poderá levantá-la antes do julgamentodos embargos. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 624 - Se o executado entregar a coisa, lavrar-se-á o respectivo termo e dar-se-á porfinda a execução, salvo se esta tiver de prosseguir para o pagamento de frutos ou ressar-cimento de prejuízos. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 625 - Não sendo a coisa entregue ou depositada, nem admitidos embargos suspensivos daexecução, expedir-se-á, em favor do credor, mandado de imissão na posse ou de busca e apreen-são, conforme se tratar de imóvel ou de móvel. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 626 - Alienada a coisa quando já litigiosa, expedir-se-á mandado contra o terceiroadquirente, que somente será ouvido depois de depositá-la.

Art. 627 - O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa,quando esta não lhe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamadado poder de terceiro adquirente.

§ 1º - Não constando do título o valor da coisa, ou sendo impossível a sua avaliação, oexeqüente far-lhe-á a estimativa, sujeitando-se ao arbitramento judicial. (Redação dadapela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 2º - Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os prejuízos. (Redação dada pelaLei nº 10.444, de 7.5.2002)

Arts. 617 a 627

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Código de Processo Civil

Art. 628 - Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo devedor ou por terceiros,de cujo poder ela houver sido tirada, a liquidação prévia é obrigatória. Se houver saldo emfavor do devedor, o credor o depositará ao requerer a entrega da coisa; se houver saldoem favor do credor, este poderá cobrá-lo nos autos do mesmo processo.

SEÇÃO IIDA ENTREGA DE COISA INCERTA

Art. 629 - Quando a execução recair sobre coisas determinadas pelo gênero e quantida-de, o devedor será citado para entregá-las individualizadas, se lhe couber a escolha; masse essa couber ao credor, este a indicará na petição inicial.

Art. 630 - Qualquer das partes poderá, em 48 (quarenta e oito) horas, impugnar a escolhafeita pela outra, e o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação.

Art. 631 - Aplicar-se-á à execução para entrega de coisa incerta o estatuído na seção anterior.

CAPÍTULO IIIDA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER

SEÇÃO IDA OBRIGAÇÃO DE FAZER

Art. 632 - Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será citado parasatisfazê-la no prazo que o juiz lhe assinar, se outro não estiver determinado no títuloexecutivo. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 633 - Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nospróprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa do devedor, ou haverperdas e danos; caso em que ela se converte em indenização.

Parágrafo único - O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, seguindo-se aexecução para cobrança de quantia certa.

Art. 634 - Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a requerimento do exeqüente,decidir que aquele o realize à custa do executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - O exeqüente adiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas aspartes, o juiz houver aprovado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 2º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 3º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 4º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 5º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 6º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 7º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 635 - Prestado o fato, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias; não havendoimpugnação, dará por cumprida a obrigação; em caso contrário, decidirá a impugnação.

Art. 636 - Se o contratante não prestar o fato no prazo, ou se o praticar de modo incom-pleto ou defeituoso, poderá o credor requerer ao juiz, no prazo de 10 (dez) dias, que oautorize a concluí-lo, ou a repará-lo, por conta do contratante.

Arts. 628 a 636

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - Ouvido o contratante no prazo de 5 (cinco) dias, o juiz mandará avaliaro custo das despesas necessárias e condenará o contratante a pagá-lo.

Art. 637 - Se o credor quiser executar, ou mandar executar, sob sua direção e vigilância,as obras e trabalhos necessários à prestação do fato, terá preferência, em igualdade decondições de oferta, ao terceiro.

Parágrafo único - O direito de preferência será exercido no prazo de 5 (cinco) dias, conta-dos da apresentação da proposta pelo terceiro (art. 634, parágrafo único). (Redação dadapela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 638 - Nas obrigações de fazer, quando for convencionado que o devedor a façapessoalmente, o credor poderá requerer ao juiz que lhe assine prazo para cumpri-la.

Parágrafo único - Havendo recusa ou mora do devedor, a obrigação pessoal do devedorconverter-se-á em perdas e danos, aplicando-se outrossim o disposto no art. 633.

Arts. 639 a 641 - (Revogados pela Lei nº 11.232, de 2005)

SEÇÃO IIDA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER

Art. 642 - Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei ou pelocontrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para desfazê-lo.

Art. 643 - Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mandedesfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos.

Parágrafo único - Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos.

SEÇÃO IIIDAS DISPOSIÇÕES COMUNS ÀS SEÇÕES PRECEDENTES

Art. 644 - A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se de acordo como art. 461, observando-se, subsidiariamente, o disposto neste Capítulo. (Redação dadapela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 645 - Na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título extrajudicial,o juiz, ao despachar a inicial, fixará multa por dia de atraso no cumprimento da obrigaçãoe a data a partir da qual será devida. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Parágrafo único - Se o valor da multa estiver previsto no título, o juiz poderá reduzi-lo seexcessivo. (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

CAPÍTULO IVDA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE

SEÇÃO IDA PENHORA, DA AVALIAÇÃO E DA EXPROPRIAÇÃO DE BENS

(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006)

SUBSEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 646 - A execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor, a fimde satisfazer o direito do credor (art. 591).

Arts. 636 a 646

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Código de Processo Civil

Art. 647 - A expropriação consiste:

I - na adjudicação em favor do exeqüente ou das pessoas indicadas no § 2º do art. 685-Adesta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - na alienação por iniciativa particular; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - na alienação em hasta pública; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - no usufruto de bem móvel ou imóvel. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 648 - Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ouinalienáveis.

Art. 649 - São absolutamente impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executa-do, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns corresponden-tes a um médio padrão de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se deelevado valor; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentado-ria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro edestinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e oshonorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3º deste artigo; (Redaçãodada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveisnecessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - o seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhora-das; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pelafamília; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsóriaem educação, saúde ou assistência social; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta depoupança. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partidopolítico. (Incluído pela Lei nº 11.694, de 2008)

§ 1º - A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisi-ção do próprio bem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora parapagamento de prestação alimentícia. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 650 - Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dosbens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia. (Redaçãodada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 651 - Antes de adjudicados ou alienados os bens, pode o executado, a todo tempo,remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, mais juros,custas e honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 647 a 651

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Código de Processo Civil

SUBSEÇÃO IIDA CITAÇÃO DO DEVEDOR E DA INDICAÇÃO DE BENS

(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 652 - O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamentoda dívida. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - Não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiçaprocederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo autoe de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado. (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

§ 2º - O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados (art.655). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a qualquertempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora. (Incluído pela Leinº 11.382, de 2006).

§ 4º - A intimação do executado far-se-á na pessoa de seu advogado; não o tendo, seráintimado pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 5º - Se não localizar o executado para intimá-lo da penhora, o oficial certificarádetalhadamente as diligências realizadas, caso em que o juiz poderá dispensar a intimaçãoou determinará novas diligências. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 652-A - Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários de advogado aserem pagos pelo executado (art. 20, § 4º). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, a verba hono-rária será reduzida pela metade. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 653 - O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos bensquantos bastem para garantir a execução.

Parágrafo único - Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiçaprocurará o devedor três vezes em dias distintos; não o encontrando, certificará o ocorrido.

Art. 654 - Compete ao credor, dentro de 10 (dez) dias, contados da data em que foiintimado do arresto a que se refere o parágrafo único do artigo anterior, requerer a citaçãopor edital do devedor. Findo o prazo do edital, terá o devedor o prazo a que se refere o art.652, convertendo-se o arresto em penhora em caso de não-pagamento.

Art. 655 - A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: (Redação dadapela Lei nº 11.382, de 2006).

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; (Redaçãodada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - veículos de via terrestre; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - bens móveis em geral; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - bens imóveis; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - navios e aeronaves; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - ações e quotas de sociedades empresárias; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - percentual do faturamento de empresa devedora; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VIII - pedras e metais preciosos; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 652 a 655

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Código de Processo Civil

IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado;(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

XI - outros direitos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhorarecairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceirogarantidor, será também esse intimado da penhora. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executa-do. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 655-A - Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira,o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistemabancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativosem nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até ovalor indicado na execução. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - As informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até o valorindicado na execução. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta correntereferem-se à hipótese do inciso IV do caput do art. 649 desta Lei ou que estão revestidasde outra forma de impenhorabilidade. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - Na penhora de percentual do faturamento da empresa executada, será nomeado depo-sitário, com a atribuição de submeter à aprovação judicial a forma de efetivação da constrição,bem como de prestar contas mensalmente, entregando ao exeqüente as quantias recebidas,a fim de serem imputadas no pagamento da dívida. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 4º - Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento doexeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, nos termos do queestabelece o caput deste artigo, informações sobre a existência de ativos tão-somente emnome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado causaa violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelosatos praticados, de acordo com o disposto no art. 15-A da Lei nº 9.096, de 19 de setembrode 1995. (Incluído pela Lei nº 11.694, de 2008)

Art. 655-B - Tratando-se de penhora em bem indivisível, a meação do cônjuge alheio àexecução recairá sobre o produto da alienação do bem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 656 - A parte poderá requerer a substituição da penhora: (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

I - se não obedecer à ordem legal; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o paga-mento; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - se, havendo bens no foro da execução, outros houverem sido penhorados; (Redaçãodada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ouobjeto de gravame; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - se incidir sobre bens de baixa liquidez; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

Arts. 655 a 656

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Código de Processo Civil

VII - se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que sereferem os incisos I a IV do parágrafo único do art. 668 desta Lei. (Incluído pela Lei nº11.382, de 2006).

§ 1º - É dever do executado (art. 600), no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontramos bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidãonegativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace arealização da penhora (art. 14, parágrafo único). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou seguro garantia judicial, emvalor não inferior ao do débito constante da inicial, mais 30% (trinta por cento). (Incluídopela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - O executado somente poderá oferecer bem imóvel em substituição caso o requeiracom a expressa anuência do cônjuge. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 657 - Ouvida em 3 (três) dias a parte contrária, se os bens inicialmente penhorados(art. 652) forem substituídos por outros, lavrar-se-á o respectivo termo. (Redação dadapela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - O juiz decidirá de plano quaisquer questões suscitadas. (Redação dadapela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 658 - Se o devedor não tiver bens no foro da causa, far-se-á a execução por carta,penhorando-se, avaliando-se e alienando-se os bens no foro da situação (art. 747).

SUBSEÇÃO IIIDA PENHORA E DO DEPÓSITO

Art. 659 - A penhora deverá incidir em tantos bens quantos bastem para o pagamento do principalatualizado, juros, custas e honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - Efetuar-se-á a penhora onde quer que se encontrem os bens, ainda que sob a posse,detenção ou guarda de terceiros. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dosbens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior e bem assim quando não encontrar quaisquer benspenhoráveis, o oficial descreverá na certidão os que guarnecem a residência ou o estabe-lecimento do devedor.

§ 4º - A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de penhora,cabendo ao exeqüente, sem prejuízo da imediata intimação do executado (art. 652, § 4º),providenciar, para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, a respectiva averbaçãono ofício imobiliário, mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, indepen-dentemente de mandado judicial. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 5º - Nos casos do § 4º, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, a penhorade imóveis, independentemente de onde se localizem, será realizada por termo nos autos,do qual será intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, e poreste ato constituído depositário. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 6º - Obedecidas as normas de segurança que forem instituídas, sob critérios uniformes,pelos Tribunais, a penhora de numerário e as averbações de penhoras de bens imóveis emóveis podem ser realizadas por meios eletrônicos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 660 - Se o devedor fechar as portas da casa, a fim de obstar a penhora dos bens, ooficial de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento.

Arts. 656 a 660

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Código de Processo Civil

Art. 661 - Deferido o pedido mencionado no artigo antecedente, dois oficiais de justiçacumprirão o mandado, arrombando portas, móveis e gavetas, onde presumirem que seachem os bens, e lavrando de tudo auto circunstanciado, que será assinado por duastestemunhas, presentes à diligência.

Art. 662 - Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar osoficiais de justiça na penhora dos bens e na prisão de quem resistir à ordem.

Art. 663 - Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto de resistência, entregandouma via ao escrivão do processo para ser junta aos autos e a outra à autoridade policial, aquem entregarão o preso.

Parágrafo único - Do auto de resistência constará o rol de testemunhas, com a sua qualificação.

Art. 664 - Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens,lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia.

Parágrafo único - Havendo mais de uma penhora, lavrar-se-á para cada qual um auto.

Art. 665 - O auto de penhora conterá:

I - a indicação do dia, mês, ano e lugar em que foi feita;

II - os nomes do credor e do devedor;

III - a descrição dos bens penhorados, com os seus característicos;

IV - a nomeação do depositário dos bens.

Art. 666 - Os bens penhorados serão preferencialmente depositados: (Redação dada pelaLei nº 11.382, de 2006).

I - no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, ou em um banco, de que o Estado-Membro da União possua mais de metade do capital social integralizado; ou, em falta detais estabelecimentos de crédito, ou agências suas no lugar, em qualquer estabelecimentode crédito, designado pelo juiz, as quantias em dinheiro, as pedras e os metais preciosos,bem como os papéis de crédito;

II - em poder do depositário judicial, os móveis e os imóveis urbanos;

III - em mãos de depositário particular, os demais bens. (Redação dada pela Lei nº 11.382,de 2006).

§ 1º - Com a expressa anuência do exeqüente ou nos casos de difícil remoção, os benspoderão ser depositados em poder do executado. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - As jóias, pedras e objetos preciosos deverão ser depositados com registro do valorestimado de resgate. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - A prisão de depositário judicial infiel será decretada no próprio processo, indepen-dentemente de ação de depósito. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 667 - Não se procede à segunda penhora, salvo se:

I - a primeira for anulada;

II - executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento do credor;

III - o credor desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens, ou por estarempenhorados, arrestados ou onerados.

Art. 668 - O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias após intimado da penhora,requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove cabalmente que a subs-tituição não trará prejuízo algum ao exeqüente e será menos onerosa para ele devedor(art. 17, incisos IV e VI, e art. 620). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 661 a 668

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - Na hipótese prevista neste artigo, ao executado incumbe: (Incluído pelaLei nº 11.382, de 2006).

I - quanto aos bens imóveis, indicar as respectivas matrículas e registros, situá-los emencionar as divisas e confrontações; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - quanto aos móveis, particularizar o estado e o lugar em que se encontram; (Incluídopela Lei nº 11.382, de 2006).

III - quanto aos semoventes, especificá-los, indicando o número de cabeças e o imóvel emque se encontram; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - quanto aos créditos, identificar o devedor e qualificá-lo, descrevendo a origem da dívida,o título que a representa e a data do vencimento; e (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - atribuir valor aos bens indicados à penhora. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 669 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 670 - O juiz autorizará a alienação antecipada dos bens penhorados quando:

I - sujeitos a deterioração ou depreciação;

II - houver manifesta vantagem.

Parágrafo único - Quando uma das partes requerer a alienação antecipada dos bens pe-nhorados, o juiz ouvirá sempre a outra antes de decidir.

SUBSEÇÃO IVDA PENHORA DE CRÉDITOS E DE OUTROS DIREITOS PATRIMONIAIS

Art. 671 - Quando a penhora recair em crédito do devedor, o oficial de justiça o penhora-rá. Enquanto não ocorrer a hipótese prevista no artigo seguinte, considerar-se-á feita apenhora pela intimação: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - ao terceiro devedor para que não pague ao seu credor; (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1º.10.1973)

II - ao credor do terceiro para que não pratique ato de disposição do crédito. (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 672 - A penhora de crédito, representada por letra de câmbio, nota promissória,duplicata, cheque ou outros títulos, far-se-á pela apreensão do documento, esteja ou nãoem poder do devedor.

§ 1º - Se o título não for apreendido, mas o terceiro confessar a dívida, será havido comodepositário da importância.

§ 2º - O terceiro só se exonerará da obrigação, depositando em juízo a importância da dívida.

§ 3º - Se o terceiro negar o débito em conluio com o devedor, a quitação, que este lhe der,considerar-se-á em fraude de execução.

§ 4º - A requerimento do credor, o juiz determinará o comparecimento, em audiênciaespecialmente designada, do devedor e do terceiro, a fim de Ihes tomar os depoimentos.

Art. 673 - Feita a penhora em direito e ação do devedor, e não tendo este oferecidoembargos, ou sendo estes rejeitados, o credor fica sub-rogado nos direitos do devedor atéa concorrência do seu crédito.

§ 1º - O credor pode preferir, em vez da sub-rogação, a alienação judicial do direitopenhorado, caso em que declarará a sua vontade no prazo de 10 (dez) dias contados darealização da penhora.

Arts. 668 a 673

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Código de Processo Civil

§ 2º - A sub-rogação não impede ao sub-rogado, se não receber o crédito do devedor, deprosseguir na execução, nos mesmos autos, penhorando outros bens do devedor.

Art. 674 - Quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, averbar-se-á no rosto dosautos a penhora, que recair nele e na ação que lhe corresponder, a fim de se efetivar nosbens, que forem adjudicados ou vierem a caber ao devedor.

Art. 675 - Quando a penhora recair sobre dívidas de dinheiro a juros, de direito a rendas,ou de prestações periódicas, o credor poderá levantar os juros, os rendimentos ou asprestações à medida que forem sendo depositadas, abatendo-se do crédito as importânci-as recebidas, conforme as regras da imputação em pagamento.

Art. 676 - Recaindo a penhora sobre direito, que tenha por objeto prestação ou restituiçãode coisa determinada, o devedor será intimado para, no vencimento, depositá-la, correndosobre ela a execução.

SUBSEÇÃO VDA PENHORA, DO DEPÓSITO E DA ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESA E DE OUTROS

ESTABELECIMENTOS

Art. 677 - Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola,bem como em semoventes, plantações ou edifício em construção, o juiz nomeará umdepositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias a forma de administração.

§ 1º - Ouvidas as partes, o juiz decidirá.

§ 2º - É lícito, porém, às partes ajustarem a forma de administração, escolhendo o depo-sitário; caso em que o juiz homologará por despacho a indicação.

Art. 678 - A penhora de empresa, que funcione mediante concessão ou autorização, far-se-á, conforme o valor do crédito, sobre a renda, sobre determinados bens ou sobre todoo patrimônio, nomeando o juiz como depositário, de preferência, um dos seus diretores.

Parágrafo único - Quando a penhora recair sobre a renda, ou sobre determinados bens, odepositário apresentará a forma de administração e o esquema de pagamento observan-do-se, quanto ao mais, o disposto nos arts. 716 a 720; recaindo, porém, sobre todo opatrimônio, prosseguirá a execução os seus ulteriores termos, ouvindo-se, antes daarrematação ou da adjudicação, o poder público, que houver outorgado a concessão.

Art. 679 - A penhora sobre navio ou aeronave não obsta a que continue navegando ouoperando até a alienação; mas o juiz, ao conceder a autorização para navegar ou operar, nãopermitirá que saia do porto ou aeroporto antes que o devedor faça o seguro usual contra riscos.

SUBSEÇÃO VIDA AVALIAÇÃO

Art. 680 - A avaliação será feita pelo oficial de justiça (art. 652), ressalvada a aceitação dovalor estimado pelo executado (art. 668, parágrafo único, inciso V); caso sejam necessá-rios conhecimentos especializados, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não supe-rior a 10 (dez) dias para entrega do laudo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 681 - O laudo da avaliação integrará o auto de penhora ou, em caso de perícia (art.680), será apresentado no prazo fixado pelo juiz, devendo conter: (Redação dada pela Leinº 11.382, de 2006).

I - a descrição dos bens, com os seus característicos, e a indicação do estado em que se encontram;

Arts. 673 a 681

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Código de Processo Civil

II - o valor dos bens.

Parágrafo único - Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, o avaliador, tendo emconta o crédito reclamado, o avaliará em partes, sugerindo os possíveis desmembramentos.(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 682 - O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos títulos decrédito negociáveis em bolsa será o da cotação oficial do dia, provada por certidão oupublicação no órgão oficial.

Art. 683 - É admitida nova avaliação quando: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - qualquer das partes argüir, fundamentadamente, a ocorrência de erro na avaliação oudolo do avaliador; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valordo bem; ou (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (art. 668, parágrafo único,inciso V). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 684 - Não se procederá à avaliação se:

I - o exeqüente aceitar a estimativa feita pelo executado (art. 668, parágrafo único, incisoV); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se tratar de títulos ou de mercadorias, que tenham cotação em bolsa, comprovada porcertidão ou publicação oficial;

III - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 685 - Após a avaliação, poderá mandar o juiz, a requerimento do interessado eouvida a parte contrária:

I - reduzir a penhora aos bens suficientes, ou transferi-la para outros, que bastem à execução,se o valor dos penhorados for consideravelmente superior ao crédito do exeqüente e acessórios;

II - ampliar a penhora, ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor dospenhorados for inferior ao referido crédito.

Parágrafo único - Uma vez cumpridas essas providências, o juiz dará início aos atos deexpropriação de bens. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

SUBSEÇÃO VI-ADA ADJUDICAÇÃO

(Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 685-A - É lícito ao exeqüente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, reque-rer lhe sejam adjudicados os bens penhorados. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o adjudicante depositará de imediatoa diferença, ficando esta à disposição do executado; se superior, a execução prosseguirápelo saldo remanescente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - Idêntico direito pode ser exercido pelo credor com garantia real, pelos credoresconcorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelos descendentes ouascendentes do executado. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - Havendo mais de um pretendente, proceder-se-á entre eles à licitação; em igualda-de de oferta, terá preferência o cônjuge, descendente ou ascendente, nessa ordem. (In-cluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 681 a 685-A

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§ 4º - No caso de penhora de quota, procedida por exeqüente alheio à sociedade, esta seráintimada, assegurando preferência aos sócios. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 5º - Decididas eventuais questões, o juiz mandará lavrar o auto de adjudicação. (Inclu-ído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 685-B - A adjudicação considera-se perfeita e acabada com a lavratura e assinaturado auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e, se for presente, pelo executado,expedindo-se a respectiva carta, se bem imóvel, ou mandado de entrega ao adjudicante,se bem móvel. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - A carta de adjudicação conterá a descrição do imóvel, com remissão asua matrícula e registros, a cópia do auto de adjudicação e a prova de quitação do impostode transmissão. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

SUBSEÇÃO VI-BDA ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR

(Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 685-C - Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente poderárequerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretorcredenciado perante a autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - O juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade,o preço mínimo (art. 680), as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for ocaso, a comissão de corretagem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - A alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo juiz, pelo exeqüente,pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação doimóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega aoadquirente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - Os Tribunais poderão expedir provimentos detalhando o procedimento da alienaçãoprevista neste artigo, inclusive com o concurso de meios eletrônicos, e dispondo sobre ocredenciamento dos corretores, os quais deverão estar em exercício profissional por nãomenos de 5 (cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

SUBSEÇÃO VIIDA ALIENAÇÃO EM HASTA PÚBLICA

(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 686 - Não requerida a adjudicação e não realizada a alienação particular do bempenhorado, será expedido o edital de hasta pública, que conterá: (Redação dada pela Leinº 11.382, de 2006).

I - a descrição do bem penhorado, com suas características e, tratando-se de imóvel, asituação e divisas, com remissão à matrícula e aos registros; (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

II - o valor do bem; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

III - o lugar onde estiverem os móveis, veículos e semoventes; e, sendo direito e ação, osautos do processo, em que foram penhorados; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV - o dia e a hora de realização da praça, se bem imóvel, ou o local, dia e hora derealização do leilão, se bem móvel; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 685-A a 686

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Código de Processo Civil

V - menção da existência de ônus, recurso ou causa pendente sobre os bens a seremarrematados; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

VI - a comunicação de que, se o bem não alcançar lanço superior à importância da avali-ação, seguir-se-á, em dia e hora que forem desde logo designados entre os dez e os vintedias seguintes, a sua alienação pelo maior lanço (art. 692). (Redação dada pela Lei nº8.953, de 13.12.1994)

§ 1º - No caso do art. 684, II, constará do edital o valor da última cotação anterior àexpedição deste. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 2º - A praça realizar-se-á no átrio do edifício do Fórum; o leilão, onde estiverem os bens,ou no lugar designado pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 3º - Quando o valor dos bens penhorados não exceder 60 (sessenta) vezes o valor dosalário mínimo vigente na data da avaliação, será dispensada a publicação de editais;nesse caso, o preço da arrematação não será inferior ao da avaliação. (Redação dada pelaLei nº 11.382, de 2006).

Art. 687 - O edital será afixado no local do costume e publicado, em resumo, com antece-dência mínima de 5 (cinco) dias, pelo menos uma vez em jornal de ampla circulação local.(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 1º - A publicação do edital será feita no órgão oficial, quando o credor for beneficiário dajustiça gratuita. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 2º - Atendendo ao valor dos bens e às condições da comarca, o juiz poderá alterar aforma e a freqüência da publicidade na imprensa, mandar divulgar avisos em emissoralocal e adotar outras providências tendentes a mais ampla publicidade da alienação, inclu-sive recorrendo a meios eletrônicos de divulgação. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de2006).

§ 3º - Os editais de praça serão divulgados pela imprensa preferencialmente na seção oulocal reservado à publicidade de negócios imobiliários. (Redação dada pela Lei nº 8.953,de 13.12.1994)

§ 4º - O juiz poderá determinar a reunião de publicações em listas referentes a mais deuma execução. (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 5º - O executado terá ciência do dia, hora e local da alienação judicial por intermédio deseu advogado ou, se não tiver procurador constituído nos autos, por meio de mandado,carta registrada, edital ou outro meio idôneo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 688 - Não se realizando, por motivo justo, a praça ou o leilão, o juiz mandará publicarpela imprensa local e no órgão oficial a transferência.

Parágrafo único - O escrivão, o porteiro ou o leiloeiro, que culposamente der causa àtransferência, responde pelas despesas da nova publicação, podendo o juiz aplicar-lhe apena de suspensão por 5 (cinco) a 30 (trinta) dias.

Art. 689 - Sobrevindo a noite, prosseguirá a praça ou o leilão no dia útil imediato, àmesma hora em que teve início, independentemente de novo edital.

Art. 689-A - O procedimento previsto nos arts. 686 a 689 poderá ser substituído, arequerimento do exeqüente, por alienação realizada por meio da rede mundial de compu-tadores, com uso de páginas virtuais criadas pelos Tribunais ou por entidades públicas ouprivadas em convênio com eles firmado. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - O Conselho da Justiça Federal e os Tribunais de Justiça, no âmbito das suasrespectivas competências, regulamentarão esta modalidade de alienação, atendendo aosrequisitos de ampla publicidade, autenticidade e segurança, com observância das regrasestabelecidas na legislação sobre certificação digital. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 686 a 689-A

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Código de Processo Civil

Art. 690 - A arrematação far-se-á mediante o pagamento imediato do preço pelo arrematante ou,no prazo de até 15 (quinze) dias, mediante caução. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - Tratando-se de bem imóvel, quem estiver interessado em adquiri-lo em prestaçõespoderá apresentar por escrito sua proposta, nunca inferior à avaliação, com oferta de pelomenos 30% (trinta por cento) à vista, sendo o restante garantido por hipoteca sobre opróprio imóvel. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

II - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

III - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 2º - As propostas para aquisição em prestações, que serão juntadas aos autos, indicarãoo prazo, a modalidade e as condições de pagamento do saldo. (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

§ 3º - O juiz decidirá por ocasião da praça, dando o bem por arrematado pelo apresentantedo melhor lanço ou proposta mais conveniente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 4º - No caso de arrematação a prazo, os pagamentos feitos pelo arrematante pertence-rão ao exeqüente até o limite de seu crédito, e os subseqüentes ao executado. (Incluídopela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 690-A - É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre administração de seusbens, com exceção: (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - dos tutores, curadores, testamenteiros, administradores, síndicos ou liquidantes, quantoaos bens confiados a sua guarda e responsabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - dos mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam encar-regados; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - do juiz, membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, escrivão e demaisservidores e auxiliares da Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - O exeqüente, se vier a arrematar os bens, não estará obrigado a exibir opreço; mas, se o valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro de 3 (três) dias,a diferença, sob pena de ser tornada sem efeito a arrematação e, neste caso, os bens serãolevados a nova praça ou leilão à custa do exeqüente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 691 - Se a praça ou o leilão for de diversos bens e houver mais de um lançador, serápreferido aquele que se propuser a arrematá-los englobadamente, oferecendo para os quenão tiverem licitante preço igual ao da avaliação e para os demais o de maior lanço.

Art. 692 - Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço vil.(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Parágrafo único - Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação dos bensbastar para o pagamento do credor. (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 693 - A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato, nele mencionadasas condições pelas quais foi alienado o bem. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - A ordem de entrega do bem móvel ou a carta de arrematação do bemimóvel será expedida depois de efetuado o depósito ou prestadas as garantias peloarrematante. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 694 - Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ouleiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que ve-nham a ser julgados procedentes os embargos do executado. (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

Arts. 690 a 694

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Código de Processo Civil

§ 1º - A arrematação poderá, no entanto, ser tornada sem efeito: (Renumerado comalteração do paragrafo único, pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - por vício de nulidade; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se não for pago o preço ou se não for prestada a caução; (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

III - quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) dias seguintes, a existência de ônus realou de gravame (art. 686, inciso V) não mencionado no edital; (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

IV - a requerimento do arrematante, na hipótese de embargos à arrematação (art. 746, §§1º e 2º); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - quando realizada por preço vil (art. 692); (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - nos casos previstos neste Código (art. 698). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - No caso de procedência dos embargos, o executado terá direito a haver do exeqüenteo valor por este recebido como produto da arrematação; caso inferior ao valor do bem,haverá do exeqüente também a diferença. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 695 - Se o arrematante ou seu fiador não pagar o preço no prazo estabelecido, o juizimpor-lhe-á, em favor do exeqüente, a perda da caução, voltando os bens a nova praça ouleilão, dos quais não serão admitidos a participar o arrematante e o fiador remissos.(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 2º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 3º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 696 - O fiador do arrematante, que pagar o valor do lanço e a multa, poderá requererque a arrematação lhe seja transferida.

Art. 697 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 698 - Não se efetuará a adjudicação ou alienação de bem do executado sem que daexecução seja cientificado, por qualquer modo idôneo e com pelo menos 10 (dez) dias deantecedência, o senhorio direto, o credor com garantia real ou com penhora anteriormenteaverbada, que não seja de qualquer modo parte na execução. (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

Art. 699 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 700 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 701 - Quando o imóvel de incapaz não alcançar em praça pelo menos 80% (oitentapor cento) do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e administração de depositárioidôneo, adiando a alienação por prazo não superior a 1(um) ano.

§ 1º - Se, durante o adiamento, algum pretendente assegurar, mediante caução idônea, opreço da avaliação, o juiz ordenará a alienação em praça.

§ 2º - Se o pretendente à arrematação se arrepender, o juiz lhe imporá a multa de 20%(vinte por cento) sobre o valor da avaliação, em benefício do incapaz, valendo a decisãocomo título executivo.

§ 3º - Sem prejuízo do disposto nos dois parágrafos antecedentes, o juiz poderá autorizara locação do imóvel no prazo do adiamento.

§ 4º - Findo o prazo do adiamento, o imóvel será alienado, na forma prevista no art. 686, Vl.

Arts. 694 a 701

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Código de Processo Civil

Art. 702 - Quando o imóvel admitir cômoda divisão, o juiz, a requerimento do devedor,ordenará a alienação judicial de parte dele, desde que suficiente para pagar o credor.

Parágrafo único - Não havendo lançador, far-se-á a alienação do imóvel em sua integridade.

Art. 703 - A carta de arrematação conterá: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - a descrição do imóvel, com remissão à sua matrícula e registros; (Redação dada pelaLei nº 11.382, de 2006).

II - a cópia do auto de arrematação; e (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - a prova de quitação do imposto de transmissão. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 704 - Ressalvados os casos de alienação de bens imóveis e aqueles de atribuição decorretores da Bolsa de Valores, todos os demais bens serão alienados em leilão público.(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 705 - Cumpre ao leiloeiro:

I - publicar o edital, anunciando a alienação;

II - realizar o leilão onde se encontrem os bens, ou no lugar designado pelo juiz;

III - expor aos pretendentes os bens ou as amostras das mercadorias;

IV - receber do arrematante a comissão estabelecida em lei ou arbitrada pelo juiz;

V - receber e depositar, dentro em 24 (vinte e quatro) horas, à ordem do juiz, o produto daalienação;

VI - prestar contas nas 48 (quarenta e oito) horas subseqüentes ao depósito.

Art. 706 - O leiloeiro público será indicado pelo exeqüente. (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

Art. 707 - Efetuado o leilão, lavrar-se-á o auto, que poderá abranger bens penhorados emmais de uma execução, expedindo-se, se necessário, ordem judicial de entrega aoarrematante. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

SEÇÃO IIDO PAGAMENTO AO CREDOR

SUBSEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 708 - O pagamento ao credor far-se-á:

I - pela entrega do dinheiro;

II - pela adjudicação dos bens penhorados;

III - pelo usufruto de bem imóvel ou de empresa.

SUBSEÇÃO IIDA ENTREGA DO DINHEIRO

Art. 709 - O juiz autorizará que o credor levante, até a satisfação integral de seu crédito,o dinheiro depositado para segurar o juízo ou o produto dos bens alienados quando:

Arts. 702 a 709

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Código de Processo Civil

I - a execução for movida só a benefício do credor singular, a quem, por força da penhora,cabe o direito de preferência sobre os bens penhorados e alienados;

II - não houver sobre os bens alienados qualquer outro privilégio ou preferência, instituídoanteriormente à penhora.

Parágrafo único - Ao receber o mandado de levantamento, o credor dará ao devedor, portermo nos autos, quitação da quantia paga.

Art. 710 - Estando o credor pago do principal, juros, custas e honorários, a importânciaque sobejar será restituída ao devedor.

Art. 711 - Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e entregue con-soante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à preferência, recebe-rá em primeiro lugar o credor que promoveu a execução, cabendo aos demais concorren-tes direito sobre a importância restante, observada a anterioridade de cada penhora.

Art. 712 - Os credores formularão as suas pretensões, requerendo as provas que irãoproduzir em audiência; mas a disputa entre eles versará unicamente sobre o direito depreferência e a anterioridade da penhora.

Art. 713 - Findo o debate, o juiz decidirá. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

SUBSEÇÃO III(Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 714 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 715 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

SUBSEÇÃO IVDO USUFRUTO DE MÓVEL OU IMÓVEL

(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 716 - O juiz pode conceder ao exeqüente o usufruto de móvel ou imóvel, quando oreputar menos gravoso ao executado e eficiente para o recebimento do crédito. (Redaçãodada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 717 - Decretado o usufruto, perde o executado o gozo do móvel ou imóvel, até que oexeqüente seja pago do principal, juros, custas e honorários advocatícios. (Redação dadapela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 718 - O usufruto tem eficácia, assim em relação ao executado como a terceiros, apartir da publicação da decisão que o conceda. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de2006).

Art. 719 - Na sentença, o juiz nomeará administrador que será investido de todos ospoderes que concernem ao usufrutuário.

Parágrafo único - Pode ser administrador:

I - o credor, consentindo o devedor;

II - o devedor, consentindo o credor.

Art. 720 - Quando o usufruto recair sobre o quinhão do condômino na co-propriedade, oadministrador exercerá os direitos que cabiam ao executado. (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).

Arts. 709 a 720

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Código de Processo Civil

Art. 721 - E lícito ao credor, antes da realização da praça, requerer-lhe seja atribuído, empagamento do crédito, o usufruto do imóvel penhorado.

Art. 722 - Ouvido o executado, o juiz nomeará perito para avaliar os frutos e rendimentosdo bem e calcular o tempo necessário para o pagamento da dívida. (Redação dada pela Leinº 11.382, de 2006).

I - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

II - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 1º - Após a manifestação das partes sobre o laudo, proferirá o juiz decisão; caso deferidoo usufruto de imóvel, ordenará a expedição de carta para averbação no respectivo regis-tro. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - Constarão da carta a identificação do imóvel e cópias do laudo e da decisão. (Redaçãodada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 723 - Se o imóvel estiver arrendado, o inquilino pagará o aluguel diretamente aousufrutuário, salvo se houver administrador.

Art. 724 - O exeqüente usufrutuário poderá celebrar locação do móvel ou imóvel, ouvidoo executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - Havendo discordância, o juiz decidirá a melhor forma de exercício dousufruto. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 725 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 726 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 727 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 728 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 729 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

SEÇÃO IIIDA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Art. 730 - Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedorapara opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ãoas seguintes regras: (Vide Lei nº 9.494, de 10.9.1997)

I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente;

II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivocrédito.

Art. 731 - Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do tribunal,que expediu a ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério Público, ordenar oseqüestro da quantia necessária para satisfazer o débito.

CAPÍTULO VDA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA

Art. 732 - A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia,far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título.

Arts. 721 a 732

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos não obstaa que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação.

Art. 733 - Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, ojuiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fezou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

§ 1º - Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de1 (um) a 3 (três) meses.

§ 2º - O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidase vincendas. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)

§ 3º - Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.

Art. 734 - Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empre-sa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar emfolha de pagamento a importância da prestação alimentícia.

Parágrafo único - A comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao empregador porofício, de que constarão os nomes do credor, do devedor, a importância da prestação e otempo de sua duração.

Art. 735 - Se o devedor não pagar os alimentos provisionais a que foi condenado, pode ocredor promover a execução da sentença, observando-se o procedimento estabelecido noCapítulo IV deste Título.

TÍTULO IIIDOS EMBARGOS DO DEVEDOR

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 736 - O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderáopor-se-à execução por meio de embargos. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuadosem apartado, e instruídos com cópias (art. 544, § 1º, in fine) das peças processuaisrelevantes. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 737 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 738 - Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da datada juntada aos autos do mandado de citação. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

II - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

III - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

IV - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 1º - Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo mandado citatório, salvo tratando-se de cônjuges.(Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - Nas execuções por carta precatória, a citação do executado será imediatamentecomunicada pelo juiz deprecado ao juiz deprecante, inclusive por meios eletrônicos, contan-do-se o prazo para embargos a partir da juntada aos autos de tal comunicação. (Incluídopela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 732 a 738

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Código de Processo Civil

§ 3º - Aos embargos do executado não se aplica o disposto no art. 191 desta Lei. (Incluídopela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 739 - O juiz rejeitará liminarmente os embargos:

I - quando intempestivos; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - quando inepta a petição (art. 295); ou (Redação dada pela Lei nº 11.382, de2006).

III - quando manifestamente protelatórios. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de2006).

§ 1º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 2º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

§ 3º - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 739-A - Os embargos do executado não terão efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº11.382, de 2006).

§ 1º - O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embar-gos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifes-tamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desdeque a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. (Incluídopela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, sermodificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando as cir-cunstâncias que a motivaram. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a partedo objeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante. (Incluído pela Lei nº11.382, de 2006).

§ 4º - A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executadosnão suspenderá a execução contra os que não embargaram, quando o respectivo funda-mento disser respeito exclusivamente ao embargante. (Incluído pela Lei nº 11.382, de2006).

§ 5º - Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deve-rá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálcu-lo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento.(Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 6º - A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora ede avaliação dos bens. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 739-B - A cobrança de multa ou de indenizações decorrentes de litigância demá-fé (arts. 17 e 18) será promovida no próprio processo de execução, em autosapensos, operando-se por compensação ou por execução. (Incluído pela Lei nº 11.382,de 2006).

Art. 740 - Recebidos os embargos, será o exeqüente ouvido no prazo de 15 (quinze) dias;a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido (art. 330) ou designará audiência de con-ciliação, instrução e julgamento, proferindo sentença no prazo de 10 (dez) dias. (Redaçãodada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único - No caso de embargos manifestamente protelatórios, o juiz imporá, emfavor do exeqüente, multa ao embargante em valor não superior a 20% (vinte por cento)do valor em execução. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 738 a 740

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Código de Processo Civil

CAPÍTULO IIDOS EMBARGOS À EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

(Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 741 - Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre:(Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

I - falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Redação dada pela Lei nº11.232, de 2005)

II - inexigibilidade do título;

III - ilegitimidade das partes;

IV - cumulação indevida de execuções;

V - excesso de execução; (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

VI - qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença;(Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

Vll - incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento do juiz.

Parágrafo único - Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-setambém inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declaradosinconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpreta-ção da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis coma Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 742 - Será oferecida, juntamente com os embargos, a exceção de incompetência dojuízo, bem como a de suspeição ou de impedimento do juiz.

Art. 743 - Há excesso de execução:

I - quando o credor pleiteia quantia superior à do título;

II - quando recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;

III - quando se processa de modo diferente do que foi determinado na sentença;

IV - quando o credor, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplementoda do devedor (art. 582);

V - se o credor não provar que a condição se realizou.

CAPÍTULO IIIDOS EMBARGOS À EXECUÇÃO

(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 744 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 745 - Nos embargos, poderá o executado alegar: (Redação dada pela Lei nº 11.382,de 2006).

I - nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; (Incluído pela Lei nº11.382, de 2006).

II - penhora incorreta ou avaliação errônea; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Arts. 741 a 745

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Código de Processo Civil

III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; (Incluído pela Lei nº11.382, de 2006).

IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega decoisa certa (art. 621); (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimen-to. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - Nos embargos de retenção por benfeitorias, poderá o exeqüente requerer a com-pensação de seu valor com o dos frutos ou danos considerados devidos pelo executado,cumprindo ao juiz, para a apuração dos respectivos valores, nomear perito, fixando-lhebreve prazo para entrega do laudo. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - O exeqüente poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa, prestandocaução ou depositando o valor devido pelas benfeitorias ou resultante da compensação.(Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 745-A - No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e compro-vando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas ehonorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restanteem até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um porcento) ao mês. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada eserão suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos,mantido o depósito. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2º - O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o venci-mento das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atosexecutivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das pres-tações não pagas e vedada a oposição de embargos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de2006).

Art. 746 - É lícito ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da adjudicação,alienação ou arrematação, oferecer embargos fundados em nulidade da execução, ou emcausa extintiva da obrigação, desde que superveniente à penhora, aplicando-se, no quecouber, o disposto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1º - Oferecidos embargos, poderá o adquirente desistir da aquisição. (Incluído pela Leinº 11.382, de 2006).

§ 2º - No caso do § 1º deste artigo, o juiz deferirá de plano o requerimento, com aimediata liberação do depósito feito pelo adquirente (art. 694, § 1º, inciso IV). (Incluídopela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3º - Caso os embargos sejam declarados manifestamente protelatórios, o juiz imporámulta ao embargante, não superior a 20% (vinte por cento) do valor da execução, emfavor de quem desistiu da aquisição. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

CAPÍTULO IVDOS EMBARGOS NA EXECUÇÃO POR CARTA

(Renumerado do Capítulo V para o IV, pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 747 - Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ouno juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo seversarem unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação dos bens.(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Arts. 745 a 747

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Código de Processo Civil

TÍTULO IVDA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE

CAPÍTULO IDA INSOLVÊNCIA

Art. 748 - Dá-se a insolvência toda vez que as dívidas excederem à importância dos bensdo devedor.

Art. 749 - Se o devedor for casado e o outro cônjuge, assumindo a responsabilidade pordívidas, não possuir bens próprios que bastem ao pagamento de todos os credores, pode-rá ser declarada, nos autos do mesmo processo, a insolvência de ambos.

Art. 750 - Presume-se a insolvência quando:

I - o devedor não possuir outros bens livres e desembaraçados para nomear à penhora;

II - forem arrestados bens do devedor, com fundamento no art. 813, I, II e III.

Art. 751 - A declaração de insolvência do devedor produz:

I - o vencimento antecipado das suas dívidas;

II - a arrecadação de todos os seus bens suscetíveis de penhora, quer os atuais, quer osadquiridos no curso do processo;

III - a execução por concurso universal dos seus credores.

Art. 752 - Declarada a insolvência, o devedor perde o direito de administrar os seus bense de dispor deles, até a liquidação total da massa.

Art. 753 - A declaração de insolvência pode ser requerida:

I - por qualquer credor quirografário;

II - pelo devedor;

III - pelo inventariante do espólio do devedor.

CAPÍTULO IIDA INSOLVÊNCIA REQUERIDA PELO CREDOR

Art. 754 - O credor requererá a declaração de insolvência do devedor, instruindo o pedidocom título executivo judicial ou extrajudicial (art. 586).

Art. 755 - O devedor será citado para, no prazo de 10 (dez) dias, opor embargos; se osnão oferecer, o juiz proferirá, em 10 (dez) dias, a sentença.

Art. 756 - Nos embargos pode o devedor alegar:

I - que não paga por ocorrer alguma das causas enumeradas nos arts. 741, 742 e 745,conforme o pedido de insolvência se funde em título judicial ou extrajudicial;

II - que o seu ativo é superior ao passivo.

Art. 757 - O devedor ilidirá o pedido de insolvência se, no prazo para opor embargos,depositar a importância do crédito, para lhe discutir a legitimidade ou o valor.

Art. 758 - Não havendo provas a produzir, o juiz dará a sentença em 10 (dez) dias;havendo-as, designará audiência de instrução e julgamento.

Arts. 748 a 758

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Código de Processo Civil

CAPÍTULO IIIDA INSOLVÊNCIA REQUERIDA PELO DEVEDOR OU PELO SEU ESPÓLIO

Art. 759 - É lícito ao devedor ou ao seu espólio, a todo tempo, requerer a declaração deinsolvência.

Art. 760 - A petição, dirigida ao juiz da comarca em que o devedor tem o seu domicílio,conterá:

I - a relação nominal de todos os credores, com a indicação do domicílio de cada um, bemcomo da importância e da natureza dos respectivos créditos;

II - a individuação de todos os bens, com a estimativa do valor de cada um;

III - o relatório do estado patrimonial, com a exposição das causas que determinaram ainsolvência.

CAPÍTULO IVDA DECLARAÇÃO JUDICIAL DE INSOLVÊNCIA

Art. 761 - Na sentença, que declarar a insolvência, o juiz:

I - nomeará, dentre os maiores credores, um administrador da massa;

II - mandará expedir edital, convocando os credores para que apresentem, no prazo de 20(vinte) dias, a declaração do crédito, acompanhada do respectivo título.

Art. 762 - Ao juízo da insolvência concorrerão todos os credores do devedor comum.

§ 1º - As execuções movidas por credores individuais serão remetidas ao juízo da insol-vência.

§ 2º - Havendo, em alguma execução, dia designado para a praça ou o leilão, far-se-á aarrematação, entrando para a massa o produto dos bens.

CAPÍTULO VDAS ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR

Art. 763 - A massa dos bens do devedor insolvente ficará sob a custódia e responsabilida-de de um administrador, que exercerá as suas atribuições, sob a direção e superintendên-cia do juiz.

Art. 764 - Nomeado o administrador, o escrivão o intimará a assinar, dentro de 24 (vintee quatro) horas, termo de compromisso de desempenhar bem e fielmente o cargo.

Art. 765 - Ao assinar o termo, o administrador entregará a declaração de crédito, acom-panhada do título executivo. Não o tendo em seu poder, juntá-lo-á no prazo fixado peloart. 761, II.

Art. 766 - Cumpre ao administrador:

I - arrecadar todos os bens do devedor, onde quer que estejam, requerendo para esse fimas medidas judiciais necessárias;

II - representar a massa, ativa e passivamente, contratando advogado, cujos honoráriosserão previamente ajustados e submetidos à aprovação judicial;

Arts. 759 a 766

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Código de Processo Civil

III - praticar todos os atos conservatórios de direitos e de ações, bem como promover acobrança das dívidas ativas;

IV - alienar em praça ou em leilão, com autorização judicial, os bens da massa.

Art. 767 - O administrador terá direito a uma remuneração, que o juiz arbitrará, atendendoà sua diligência, ao trabalho, à responsabilidade da função e à importância da massa.

CAPÍTULO VIDA VERIFICAÇÃO E DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS

Art. 768 - Findo o prazo, a que se refere o nº II do art. 761, o escrivão, dentro de 5(cinco) dias, ordenará todas as declarações, autuando cada uma com o seu respectivotítulo. Em seguida intimará, por edital, todos os credores para, no prazo de 20 (vinte) dias,que Ihes é comum, alegarem as suas preferências, bem como a nulidade, simulação,fraude, ou falsidade de dívidas e contratos.

Parágrafo único - No prazo, a que se refere este artigo, o devedor poderá impugnar quais-quer créditos.

Art. 769 - Não havendo impugnações, o escrivão remeterá os autos ao contador, queorganizará o quadro geral dos credores, observando, quanto à classificação dos créditos edos títulos legais de preferência, o que dispõe a lei civil.

Parágrafo único - Se concorrerem aos bens apenas credores quirografários, o contadororganizará o quadro, relacionando-os em ordem alfabética.

Art. 770 - Se, quando for organizado o quadro geral dos credores, os bens da massa játiverem sido alienados, o contador indicará a percentagem, que caberá a cada credor norateio.

Art. 771 - Ouvidos todos os interessados, no prazo de 10 (dez) dias, sobre o quadro geraldos credores, o juiz proferirá sentença.

Art. 772 - Havendo impugnação pelo credor ou pelo devedor, o juiz deferirá, quandonecessário, a produção de provas e em seguida proferirá sentença.

§ 1º - Se for necessária prova oral, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.

§ 2º - Transitada em julgado a sentença, observar-se-á o que dispõem os três artigosantecedentes.

Art. 773 - Se os bens não foram alienados antes da organização do quadro geral, o juizdeterminará a alienação em praça ou em leilão, destinando-se o produto ao pagamentodos credores.

CAPÍTULO VIIDO SALDO DEVEDOR

Art. 774 - Liquidada a massa sem que tenha sido efetuado o pagamento integral a todosos credores, o devedor insolvente continua obrigado pelo saldo.

Art. 775 - Pelo pagamento dos saldos respondem os bens penhoráveis que o devedoradquirir, até que se lhe declare a extinção das obrigações.

Art. 776 - Os bens do devedor poderão ser arrecadados nos autos do mesmo processo, arequerimento de qualquer credor incluído no quadro geral, a que se refere o art. 769,procedendo-se à sua alienação e à distribuição do respectivo produto aos credores, naproporção dos seus saldos.

Arts. 766 a 776

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CAPÍTULO VIIIDA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Art. 777 - A prescrição das obrigações, interrompida com a instauração do concursouniversal de credores, recomeça a correr no dia em que passar em julgado a sentença queencerrar o processo de insolvência.

Art. 778 - Consideram-se extintas todas as obrigações do devedor, decorrido o prazo de5 (cinco) anos, contados da data do encerramento do processo de insolvência.

Art. 779 - É lícito ao devedor requerer ao juízo da insolvência a extinção das obrigações;o juiz mandará publicar edital, com o prazo de 30 (trinta) dias, no órgão oficial e em outrojornal de grande circulação.

Art. 780 - No prazo estabelecido no artigo antecedente, qualquer credor poderá opor-seao pedido, alegando que:

I - não transcorreram 5 (cinco) anos da data do encerramento da insolvência;

II - o devedor adquiriu bens, sujeitos à arrecadação (art. 776).

Art. 781 - Ouvido o devedor no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá sentença; havendoprovas a produzir, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.

Art. 782 - A sentença, que declarar extintas as obrigações, será publicada por edital,ficando o devedor habilitado a praticar todos os atos da vida civil.

CAPÍTULO IXDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 783 - O devedor insolvente poderá, depois da aprovação do quadro a que se refere oart. 769, acordar com os seus credores, propondo-lhes a forma de pagamento. Ouvidos oscredores, se não houver oposição, o juiz aprovará a proposta por sentença.

Art. 784 - Ao credor retardatário é assegurado o direito de disputar, por ação direta, antesdo rateio final, a prelação ou a cota proporcional ao seu crédito.

Art. 785 - O devedor, que caiu em estado de insolvência sem culpa sua, pode requerer aojuiz, se a massa o comportar, que lhe arbitre uma pensão, até a alienação dos bens.Ouvidos os credores, o juiz decidirá.

Art. 786 - As disposições deste Título aplicam-se às sociedades civis, qualquer que seja asua forma.

Art. 786-A - Os editais referidos neste Título também serão publicados, quando for ocaso, nos órgãos oficiais dos Estados em que o devedor tenha filiais ou representantes.(Incluído pela Lei nº 9.462, de 19.6.1997)

TÍTULO V(Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 787 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 788 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 789 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Art. 790 - (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)

Arts. 777 a 790

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Código de Processo Civil

TÍTULO VIDA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

CAPÍTULO IDA SUSPENSÃO

Art. 791 - Suspende-se a execução:

I - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução(art. 739-A); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - nas hipóteses previstas no art. 265, I a III;

III - quando o devedor não possuir bens penhoráveis.

Art. 792 - Convindo as partes, o juiz declarará suspensa a execução durante o prazoconcedido pelo credor, para que o devedor cumpra voluntariamente a obrigação.

Parágrafo único - Findo o prazo sem cumprimento da obrigação, o processo retomará oseu curso. (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 793 - Suspensa a execução, é defeso praticar quaisquer atos processuais. O juizpoderá, entretanto, ordenar providências cautelares urgentes. (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1º.10.1973)

CAPÍTULO IIDA EXTINÇÃO

Art. 794 - Extingue-se a execução quando:

I - o devedor satisfaz a obrigação;

II - o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dívida;

III - o credor renunciar ao crédito.

Art. 795 - A extinção só produz efeito quando declarada por sentença.

LIVRO IIIDO PROCESSO CAUTELAR

TÍTULO ÚNICODAS MEDIDAS CAUTELARES

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 796 - O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processoprincipal e deste é sempre dependente.

Art. 797 - Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará ojuiz medidas cautelares sem a audiência das partes.

Art. 798 - Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula noCapítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar

Arts. 791 a 798

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Código de Processo Civil

adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide,cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.

Art. 799 - No caso do artigo anterior, poderá o juiz, para evitar o dano, autorizar ou vedara prática de determinados atos, ordenar a guarda judicial de pessoas e depósito de bens eimpor a prestação de caução.

Art. 800 - As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e, quando preparató-rias, ao juiz competente para conhecer da ação principal.

Parágrafo único - Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida diretamente aotribunal. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 801 - O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará:

I - a autoridade judiciária, a que for dirigida;

II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido;

III - a lide e seu fundamento;

IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;

V - as provas que serão produzidas.

Parágrafo único - Não se exigirá o requisito do nº III senão quando a medida cautelar forrequerida em procedimento preparatório.

Art. 802 - O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento cautelar, para, noprazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido, indicando as provas que pretende produzir.

Parágrafo único - Conta-se o prazo, da juntada aos autos do mandado:

I - de citação devidamente cumprido;

II - da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após justificaçãoprévia.

Art. 803 - Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, comoverdadeiros, os fatos alegados pelo requerente (arts. 285 e 319); caso em que o juizdecidirá dentro em 5 (cinco) dias. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Parágrafo único - Se o requerido contestar no prazo legal, o juiz designará audiência deinstrução e julgamento, havendo prova a ser nela produzida. (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1º.10.1973)

Art. 804 - É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medidacautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la inefi-caz; caso em que poderá determinar que o requerente preste caução real ou fidejussóriade ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer. (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1º.10.1973)

Art. 805 - A medida cautelar poderá ser substituída, de ofício ou a requerimento dequalquer das partes, pela prestação de caução ou outra garantia menos gravosa para orequerido, sempre que adequada e suficiente para evitar a lesão ou repará-la integralmente.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 806 - Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data daefetivação da medida cautelar, quando esta for concedida em procedimento preparatório.

Art. 807 - As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do artigo antecedentee na pendência do processo principal; mas podem, a qualquer tempo, ser revogadas oumodificadas.

Arts. 798 a 807

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - Salvo decisão judicial em contrário, a medida cautelar conservará aeficácia durante o período de suspensão do processo.

Art. 808 - Cessa a eficácia da medida cautelar:

I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no art. 806;

II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias;

III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do mérito.

Parágrafo único - Se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte repetir opedido, salvo por novo fundamento.

Art. 809 - Os autos do procedimento cautelar serão apensados aos do processo principal.

Art. 810 - O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação, nem influino julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a alegação dedecadência ou de prescrição do direito do autor.

Art. 811 - Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do procedimento cautelarresponde ao requerido pelo prejuízo que lhe causar a execução da medida:

I - se a sentença no processo principal lhe for desfavorável;

II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não promover acitação do requerido dentro em 5 (cinco) dias;

III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos previstos no art.808, deste Código;

IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de prescriçãodo direito do autor (art. 810).

Parágrafo único - A indenização será liquidada nos autos do procedimento cautelar.

Art. 812 - Aos procedimentos cautelares específicos, regulados no Capítulo seguinte,aplicam-se as disposições gerais deste Capítulo.

CAPÍTULO IIDOS PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECÍFICOS

SEÇÃO IDO ARRESTO

Art. 813 - O arresto tem lugar:

I - quando o devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou alienar os bens quepossui, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado;

II - quando o devedor, que tem domicílio:

a) se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente;

b) caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que possui; contrai ou tenta contrairdívidas extraordinárias; põe ou tenta pôr os seus bens em nome de terceiros; ou cometeoutro qualquer artifício fraudulento, a fim de frustrar a execução ou lesar credores;

III - quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou dá-losem anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e desembargados, equivalentes àsdívidas;

Arts. 807 a 813

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Código de Processo Civil

IV - nos demais casos expressos em lei.

Art. 814 - Para a concessão do arresto é essencial: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

I - prova literal da dívida líquida e certa;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - prova documental ou justificação de algum dos casos mencionados no artigo antece-dente. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Parágrafo único - Equipara-se à prova literal da dívida líquida e certa, para efeito deconcessão de arresto, a sentença, líquida ou ilíquida, pendente de recurso, condenando odevedor ao pagamento de dinheiro ou de prestação que em dinheiro possa converter-se.(Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 815 - A justificação prévia, quando ao juiz parecer indispensável, far-se-á em segre-do e de plano, reduzindo-se a termo o depoimento das testemunhas.

Art. 816 - O juiz concederá o arresto independentemente de justificação prévia:

I - quando for requerido pela União, Estado ou Município, nos casos previstos em lei;

II - se o credor prestar caução (art. 804).

Art. 817 - Ressalvado o disposto no art. 810, a sentença proferida no arresto não faz coisajulgada na ação principal.

Art. 818 - Julgada procedente a ação principal, o arresto se resolve em penhora.

Art. 819 - Ficará suspensa a execução do arresto se o devedor:

I - tanto que intimado, pagar ou depositar em juízo a importância da dívida, mais oshonorários de advogado que o juiz arbitrar, e custas;

II - der fiador idôneo, ou prestar caução para garantir a dívida, honorários do advogado dorequerente e custas.

Art. 820 - Cessa o arresto:

I - pelo pagamento;

II - pela novação;

III - pela transação.

Art. 821 - Aplicam-se ao arresto as disposições referentes à penhora, não alteradas napresente Seção.

SEÇÃO IIDO SEQÜESTRO

Art. 822 - O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o seqüestro:

I - de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando Ihes for disputada a propriedade oua posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações;

II - dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de condenado porsentença ainda sujeita a recurso, os dissipar;

III - dos bens do casal, nas ações de separação judicial e de anulação de casamento, se ocônjuge os estiver dilapidando;

IV - nos demais casos expressos em lei.

Arts. 813 a 822

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Código de Processo Civil

Art. 823 - Aplica-se ao seqüestro, no que couber, o que este Código estatui acerca doarresto.

Art. 824 - Incumbe ao juiz nomear o depositário dos bens seqüestrados. A escolha pode-rá, todavia, recair:

I - em pessoa indicada, de comum acordo, pelas partes;

II - em uma das partes, desde que ofereça maiores garantias e preste caução idônea.

Art. 825 - A entrega dos bens ao depositário far-se-á logo depois que este assinar ocompromisso.

Parágrafo único - Se houver resistência, o depositário solicitará ao juiz a requisição deforça policial.

SEÇÃO IIIDA CAUÇÃO

Art. 826 - A caução pode ser real ou fidejussória.

Art. 827 - Quando a lei não determinar a espécie de caução, esta poderá ser prestadamediante depósito em dinheiro, papéis de crédito, títulos da União ou dos Estados, pedrase metais preciosos, hipoteca, penhor e fiança.

Art. 828 - A caução pode ser prestada pelo interessado ou por terceiro.

Art. 829 - Aquele que for obrigado a dar caução requererá a citação da pessoa a favor dequem tiver de ser prestada, indicando na petição inicial:

I - o valor a caucionar;

II - o modo pelo qual a caução vai ser prestada;

III - a estimativa dos bens;

IV - a prova da suficiência da caução ou da idoneidade do fiador.

Art. 830 - Aquele em cujo favor há de ser dada a caução requererá a citação do obrigadopara que a preste, sob pena de incorrer na sanção que a lei ou o contrato cominar para afalta.

Art. 831 - O requerido será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, aceitar a caução (art.829), prestá-la (art. 830), ou contestar o pedido.

Art. 832 - O juiz proferirá imediatamente a sentença:

I - se o requerido não contestar;

II - se a caução oferecida ou prestada for aceita;

III - se a matéria for somente de direito ou, sendo de direito e de fato, já não houvernecessidade de outra prova.

Art. 833 - Contestado o pedido, o juiz designará audiência de instrução e julgamento,salvo o disposto no nº III do artigo anterior.

Art. 834 - Julgando procedente o pedido, o juiz determinará a caução e assinará o prazoem que deve ser prestada, cumprindo-se as diligências que forem determinadas.

Parágrafo único - Se o requerido não cumprir a sentença no prazo estabelecido, o juizdeclarará:

Arts. 823 a 834

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Código de Processo Civil

I - no caso do art. 829, não prestada a caução;

II - no caso do art. 830, efetivada a sanção que cominou.

Art. 835 - O autor, nacional ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou dele se ausentarna pendência da demanda, prestará, nas ações que intentar, caução suficiente às custas ehonorários de advogado da parte contrária, se não tiver no Brasil bens imóveis que Ihesassegurem o pagamento.

Art. 836 - Não se exigirá, porém, a caução, de que trata o artigo antecedente:

I - na execução fundada em título extrajudicial;

II - na reconvenção.

Art. 837 - Verificando-se no curso do processo que se desfalcou a garantia, poderá ointeressado exigir reforço da caução. Na petição inicial, o requerente justificará o pedido,indicando a depreciação do bem dado em garantia e a importância do reforço que pretendeobter.

Art. 838 - Julgando procedente o pedido, o juiz assinará prazo para que o obrigadoreforce a caução. Não sendo cumprida a sentença, cessarão os efeitos da caução prestada,presumindo-se que o autor tenha desistido da ação ou o recorrente desistido do recurso.

SEÇÃO IVDA BUSCA E APREENSÃO

Art. 839 - O juiz pode decretar a busca e apreensão de pessoas ou de coisas.

Art. 840 - Na petição inicial exporá o requerente as razões justificativas da medida e daciência de estar a pessoa ou a coisa no lugar designado.

Art. 841 - A justificação prévia far-se-á em segredo de justiça, se for indispensável.Provado quanto baste o alegado, expedir-se-á o mandado que conterá:

I - a indicação da casa ou do lugar em que deve efetuar-se a diligência;

II - a descrição da pessoa ou da coisa procurada e o destino a lhe dar;

III - a assinatura do juiz, de quem emanar a ordem.

Art. 842 - O mandado será cumprido por dois oficiais de justiça, um dos quais o lerá aomorador, intimando-o a abrir as portas.

§ 1º - Não atendidos, os oficiais de justiça arrombarão as portas externas, bem como asinternas e quaisquer móveis onde presumam que esteja oculta a pessoa ou a coisa procurada.

§ 2º - Os oficiais de justiça far-se-ão acompanhar de duas testemunhas.

§ 3º - Tratando-se de direito autoral ou direito conexo do artista, intérprete ou executante,produtores de fonogramas e organismos de radiodifusão, o juiz designará, para acompa-nharem os oficiais de justiça, dois peritos aos quais incumbirá confirmar a ocorrência daviolação antes de ser efetivada a apreensão.

Art. 843 - Finda a diligência, lavrarão os oficiais de justiça auto circunstanciado, assinando-ocom as testemunhas.

SEÇÃO VDA EXIBIÇÃO

Art. 844 - Tem lugar, como procedimento preparatório, a exibição judicial:

Arts. 834 a 844

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Código de Processo Civil

I - de coisa móvel em poder de outrem e que o requerente repute sua ou tenha interesseem conhecer;

II - de documento próprio ou comum, em poder de co-interessado, sócio, condômino,credor ou devedor; ou em poder de terceiro que o tenha em sua guarda, como inventariante,testamenteiro, depositário ou administrador de bens alheios;

III - da escrituração comercial por inteiro, balanços e documentos de arquivo, nos casosexpressos em lei.

Art. 845 - Observar-se-á, quanto ao procedimento, no que couber, o disposto nos arts.355 a 363, e 381 e 382.

SEÇÃO VIDA PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS

Art. 846 - A produção antecipada da prova pode consistir em interrogatório da parte,inquirição de testemunhas e exame pericial.

Art. 847 - Far-se-á o interrogatório da parte ou a inquirição das testemunhas antes dapropositura da ação, ou na pendência desta, mas antes da audiência de instrução:

I - se tiver de ausentar-se;

II - se, por motivo de idade ou de moléstia grave, houver justo receio de que ao tempo daprova já não exista, ou esteja impossibilitada de depor.

Art. 848 - O requerente justificará sumariamente a necessidade da antecipação e menci-onará com precisão os fatos sobre que há de recair a prova.

Parágrafo único - Tratando-se de inquirição de testemunhas, serão intimados os interessa-dos a comparecer à audiência em que prestará o depoimento.

Art. 849 - Havendo fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil averificação de certos fatos na pendência da ação, é admissível o exame pericial.

Art. 850 - A prova pericial realizar-se-á conforme o disposto nos arts. 420 a 439.

Art. 851 - Tomado o depoimento ou feito exame pericial, os autos permanecerão emcartório, sendo lícito aos interessados solicitar as certidões que quiserem.

SEÇÃO VIIDOS ALIMENTOS PROVISIONAIS

Art. 852 - É lícito pedir alimentos provisionais:

I - nas ações de desquite e de anulação de casamento, desde que estejam separados oscônjuges;

II - nas ações de alimentos, desde o despacho da petição inicial;

III - nos demais casos expressos em lei.

Parágrafo único - No caso previsto no nº I deste artigo, a prestação alimentícia devida aorequerente abrange, além do que necessitar para sustento, habitação e vestuário, as des-pesas para custear a demanda.

Art. 853 - Ainda que a causa principal penda de julgamento no tribunal, processar-se-á noprimeiro grau de jurisdição o pedido de alimentos provisionais.

Arts. 844 a 853

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Código de Processo Civil

Art. 854 - Na petição inicial, exporá o requerente as suas necessidades e as possibilidadesdo alimentante.

Parágrafo único - O requerente poderá pedir que o juiz, ao despachar a petição inicial esem audiência do requerido, lhe arbitre desde logo uma mensalidade para mantença.

SEÇÃO VIIIDO ARROLAMENTO DE BENS

Art. 855 - Procede-se ao arrolamento sempre que há fundado receio de extravio ou dedissipação de bens.

Art. 856 - Pode requerer o arrolamento todo aquele que tem interesse na conservaçãodos bens.

§ 1º - O interesse do requerente pode resultar de direito já constituído ou que deva serdeclarado em ação própria.

§ 2º - Aos credores só é permitido requerer arrolamento nos casos em que tenha lugar aarrecadação de herança.

Art. 857 - Na petição inicial exporá o requerente:

I - o seu direito aos bens;

II - os fatos em que funda o receio de extravio ou de dissipação dos bens.

Art. 858 - Produzidas as provas em justificação prévia, o juiz, convencendo-se de que ointeresse do requerente corre sério risco, deferirá a medida, nomeando depositário dos bens.

Parágrafo único - O possuidor ou detentor dos bens será ouvido se a audiência não com-prometer a finalidade da medida.

Art. 859 - O depositário lavrará auto, descrevendo minuciosamente todos os bens e regis-trando quaisquer ocorrências que tenham interesse para sua conservação.

Art. 860 - Não sendo possível efetuar desde logo o arrolamento ou concluí-lo no dia emque foi iniciado, apor-se-ão selos nas portas da casa ou nos móveis em que estejam osbens, continuando-se a diligência no dia que for designado.

SEÇÃO IXDA JUSTIFICAÇÃO

Art. 861 - Quem pretender justificar a existência de algum fato ou relação jurídica, sejapara simples documento e sem caráter contencioso, seja para servir de prova em processoregular, exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.

Art. 862 - Salvo nos casos expressos em lei, é essencial a citação dos interessados.

Parágrafo único - Se o interessado não puder ser citado pessoalmente, intervirá no proces-so o Ministério Público.

Art. 863 - A justificação consistirá na inquirição de testemunhas sobre os fatos alegados,sendo facultado ao requerente juntar documentos.

Art. 864 - Ao interessado é lícito contraditar as testemunhas, reinquiri-las e manifestar-sesobre os documentos, dos quais terá vista em cartório por 24 (vinte e quatro) horas.

Art. 865 - No processo de justificação não se admite defesa nem recurso.

Arts. 854 a 865

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Código de Processo Civil

Art. 866 - A justificação será afinal julgada por sentença e os autos serão entregues aorequerente independentemente de traslado, decorridas 48 (quarenta e oito) horas da de-cisão.

Parágrafo único - O juiz não se pronunciará sobre o mérito da prova, limitando-se a veri-ficar se foram observadas as formalidades legais.

SEÇÃO XDOS PROTESTOS, NOTIFICAÇÕES E INTERPELAÇÕES

Art. 867 - Todo aquele que desejar prevenir responsabilidade, prover a conservação eressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal, poderá fazerpor escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e requerer que do mesmo se intimea quem de direito.

Art. 868 - Na petição o requerente exporá os fatos e os fundamentos do protesto.

Art. 869 - O juiz indeferirá o pedido, quando o requerente não houver demonstradolegítimo interesse e o protesto, dando causa a dúvidas e incertezas, possa impedir aformação de contrato ou a realização de negócio lícito.

Art. 870 - Far-se-á a intimação por editais:

I - se o protesto for para conhecimento do público em geral, nos casos previstos em lei, ouquando a publicidade seja essencial para que o protesto, notificação ou interpelação atinjaseus fins;

II - se o citando for desconhecido, incerto ou estiver em lugar ignorado ou de difícil acesso;

III - se a demora da intimação pessoal puder prejudicar os efeitos da interpelação ou doprotesto.

Parágrafo único - Quando se tratar de protesto contra a alienação de bens, pode o juizouvir, em 3 (três) dias, aquele contra quem foi dirigido, desde que lhe pareça haver nopedido ato emulativo, tentativa de extorsão, ou qualquer outro fim ilícito, decidindo emseguida sobre o pedido de publicação de editais.

Art. 871 - O protesto ou interpelação não admite defesa nem contraprotesto nos autos;mas o requerido pode contraprotestar em processo distinto.

Art. 872 - Feita a intimação, ordenará o juiz que, pagas as custas, e decorridas 48 (qua-renta e oito) horas, sejam os autos entregues à parte independentemente de traslado.

Art. 873 - Nos casos previstos em lei processar-se-á a notificação ou interpelação naconformidade dos artigos antecedentes.

SEÇÃO XIDA HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL

Art. 874 - Tomado o penhor legal nos casos previstos em lei, requererá o credor, atocontínuo, a homologação. Na petição inicial, instruída com a conta pormenorizada dasdespesas, a tabela dos preços e a relação dos objetos retidos, pedirá a citação do devedorpara, em 24 (vinte e quatro) horas, pagar ou alegar defesa.

Parágrafo único - Estando suficientemente provado o pedido nos termos deste artigo, ojuiz poderá homologar de plano o penhor legal.

Art. 875 - A defesa só pode consistir em:

Arts. 866 a 875

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Código de Processo Civil

I - nulidade do processo;

II - extinção da obrigação;

III - não estar a dívida compreendida entre as previstas em lei ou não estarem os benssujeitos a penhor legal.

Art. 876 - Em seguida, o juiz decidirá; homologando o penhor, serão os autos entre-gues ao requerente 48 (quarenta e oito) horas depois, independentemente de traslado,salvo se, dentro desse prazo, a parte houver pedido certidão; não sendo homologado,o objeto será entregue ao réu, ressalvado ao autor o direito de cobrar a conta por açãoordinária.

SEÇÃO XIIDA POSSE EM NOME DO NASCITURO

Art. 877 - A mulher que, para garantia dos direitos do filho nascituro, quiser provar seuestado de gravidez, requererá ao juiz que, ouvido o órgão do Ministério Público, mandeexaminá-la por um médico de sua nomeação.

§ 1º - O requerimento será instruído com a certidão de óbito da pessoa, de quem onascituro é sucessor.

§ 2º - Será dispensado o exame se os herdeiros do falecido aceitarem a declaração darequerente.

§ 3º - Em caso algum a falta do exame prejudicará os direitos do nascituro.

Art. 878 - Apresentado o laudo que reconheça a gravidez, o juiz, por sentença, declararáa requerente investida na posse dos direitos que assistam ao nascituro.

Parágrafo único - Se à requerente não couber o exercício do pátrio poder, o juiz nomearácurador ao nascituro.

SEÇÃO XIIIDO ATENTADO

Art. 879 - Comete atentado a parte que no curso do processo:

I - viola penhora, arresto, seqüestro ou imissão na posse;

II - prossegue em obra embargada;

III - pratica outra qualquer inovação ilegal no estado de fato.

Art. 880 - A petição inicial será autuada em separado, observando-se, quanto ao procedi-mento, o disposto nos arts. 802 e 803.

Parágrafo único - A ação de atentado será processada e julgada pelo juiz que conheceuoriginariamente da causa principal, ainda que esta se encontre no tribunal.

Art. 881 - A sentença, que julgar procedente a ação, ordenará o restabelecimento doestado anterior, a suspensão da causa principal e a proibição de o réu falar nos autos atéa purgação do atentado.

Parágrafo único - A sentença poderá condenar o réu a ressarcir à parte lesada as perdas edanos que sofreu em conseqüência do atentado.

Arts. 875 a 881

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Código de Processo Civil

SEÇÃO XIVDO PROTESTO E DA APREENSÃO DE TÍTULOS

Art. 882 - O protesto de títulos e contas judicialmente verificadas far-se-á nos casos ecom observância da lei especial.

Art. 883 - O oficial intimará do protesto o devedor, por carta registrada ou entregando-lheem mãos o aviso.

Parágrafo único - Far-se-á, todavia, por edital, a intimação:

I - se o devedor não for encontrado na comarca;

II - quando se tratar de pessoa desconhecida ou incerta.

Art. 884 - Se o oficial opuser dúvidas ou dificuldades à tomada do protesto ou à entregado respectivo instrumento, poderá a parte reclamar ao juiz. Ouvido o oficial, o juiz profe-rirá sentença, que será transcrita no instrumento.

Art. 885 - O juiz poderá ordenar a apreensão de título não restituído ou sonegado peloemitente, sacado ou aceitante; mas só decretará a prisão de quem o recebeu para firmaraceite ou efetuar pagamento, se o portador provar, com justificação ou por documento, aentrega do título e a recusa da devolução.

Parágrafo único - O juiz mandará processar de plano o pedido, ouvirá depoimentos se fornecessário e, estando provada a alegação, ordenará a prisão.

Art. 886 - Cessará a prisão:

I - se o devedor restituir o título, ou pagar o seu valor e as despesas feitas, ou o exibir paraser levado a depósito;

II - quando o requerente desistir;

III - não sendo iniciada a ação penal dentro do prazo da lei;

IV - não sendo proferido o julgado dentro de 90 (noventa) dias da data da execução domandado.

Art. 887 - Havendo contestação do crédito, o depósito das importâncias referido no artigoprecedente não será levantado antes de passada em julgado a sentença.

SEÇÃO XVDE OUTRAS MEDIDAS PROVISIONAIS

Art. 888 - O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência da ação principal ou antes desua propositura:

I - obras de conservação em coisa litigiosa ou judicialmente apreendida;

II - a entrega de bens de uso pessoal do cônjuge e dos filhos;

III - a posse provisória dos filhos, nos casos de separação judicial ou anulação de casa-mento;

IV - o afastamento do menor autorizado a contrair casamento contra a vontade dos pais;

V - o depósito de menores ou incapazes castigados imoderadamente por seus pais, tutoresou curadores, ou por eles induzidos à prática de atos contrários à lei ou à moral;

Vl - o afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do casal;

Arts. 882 a 888

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Código de Processo Civil

Vll - a guarda e a educação dos filhos, regulado o direito de visita;

Vlll - a interdição ou a demolição de prédio para resguardar a saúde, a segurança ou outrointeresse público.

Art. 889 - Na aplicação das medidas enumeradas no artigo antecedente observar-se-á oprocedimento estabelecido nos arts. 801 a 803.

Parágrafo único - Em caso de urgência, o juiz poderá autorizar ou ordenar as medidas, semaudiência do requerido.

LIVRO IVDOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

TÍTULO IDOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA

CAPÍTULO IDA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Art. 890 - Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeitode pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

§ 1º - Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar pelodepósito da quantia devida, em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado nolugar do pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor porcarta com aviso de recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação derecusa. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

§ 2º - Decorrido o prazo referido no parágrafo anterior, sem a manifestação de recusa,reputar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantiadepositada. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

§ 3º - Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, o deve-dor ou terceiro poderá propor, dentro de 30 (trinta) dias, a ação de consignação, instruindoa inicial com a prova do depósito e da recusa. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

§ 4º - Não proposta a ação no prazo do parágrafo anterior, ficará sem efeito o depósito,podendo levantá-lo o depositante. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

Art. 891 - Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor,tanto que se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente.

Parágrafo único - Quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em queestá, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra.

Art. 892 - Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode odevedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que seforem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 (cinco) dias, contados dadata do vencimento.

Art. 893 - O autor, na petição inicial, requererá: (Redação dada pela Lei nº 8.951, de13.12.1994)

I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) diascontados do deferimento, ressalvada a hipótese do § 3o do art. 890; (Incluído pela Lei nº8.951, de 13.12.1994)

Arts. 888 a 893

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Código de Processo Civil

II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta. (Incluído pela Lei nº8.951, de 13.12.1994)

Art. 894 - Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber aocredor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazonão constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz,ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob penade depósito.

Art. 895 - Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, oautor requererá o depósito e a citação dos que o disputam para provarem o seu direito.

Art. 896 - Na contestação, o réu poderá alegar que: (Redação dada pela Lei nº 8.951, de13.12.1994)

I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida;

II - foi justa a recusa;

III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;

IV - o depósito não é integral.

Parágrafo único - No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu indicar omontante que entende devido. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

Art. 897 - Não oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz julgaráprocedente o pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu nas custas e hono-rários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

Parágrafo único - Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação.

Art. 898 - Quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva legitimamentereceber, não comparecendo nenhum pretendente, converter-se-á o depósito em arrecadaçãode bens de ausentes; comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; comparecendomais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando oprocesso a correr unicamente entre os credores; caso em que se observará o procedi-mento ordinário.

Art. 899 - Quando na contestação o réu alegar que o depósito não é integral, é lícito aoautor completá-lo, dentro em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação, cujoinadimplemento acarrete a rescisão do contrato.

§ 1º - Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia oua coisa depositada, com a conseqüente liberação parcial do autor, prosseguindo o processoquanto à parcela controvertida. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

§ 2º - A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre quepossível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo, facultado aocredor promover-lhe a execução nos mesmos autos. (Incluído pela Lei nº 8.951, de13.12.1994)

Art. 900 - Aplica-se o procedimento estabelecido neste Capítulo, no que couber, ao resga-te do aforamento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

CAPÍTULO IIDA AÇÃO DE DEPÓSITO

Art. 901 - Esta ação tem por fim exigir a restituição da coisa depositada. (Redação dadapela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Arts. 893 a 901

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Código de Processo Civil

Art. 902 - Na petição inicial instruída com a prova literal do depósito e a estimativa dovalor da coisa, se não constar do contrato, o autor pedirá a citação do réu para, no prazode 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - entregar a coisa, depositá-la em juízo ou consignar-lhe o equivalente em dinheiro;(Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - contestar a ação.(Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 1º - No pedido poderá constar, ainda, a cominação da pena de prisão até 1 (um) ano, queo juiz decretará na forma do art. 904, parágrafo único. (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1º.10.1973)

§ 2º - O réu poderá alegar, além da nulidade ou falsidade do título e da extinção dasobrigações, as defesas previstas na lei civil. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 903 - Se o réu contestar a ação, observar-se-á o procedimento ordinário.

Art. 904 - Julgada procedente a ação, ordenará o juiz a expedição de mandado para aentrega, em 24 (vinte e quatro) horas, da coisa ou do equivalente em dinheiro.

Parágrafo único - Não sendo cumprido o mandado, o juiz decretará a prisão do depositárioinfiel.

Art. 905 - Sem prejuízo do depósito ou da prisão do réu, é lícito ao autor promover abusca e apreensão da coisa. Se esta for encontrada ou entregue voluntariamente pelo réu,cessará a prisão e será devolvido o equivalente em dinheiro.

Art. 906 - Quando não receber a coisa ou o equivalente em dinheiro, poderá o autorprosseguir nos próprios autos para haver o que lhe for reconhecido na sentença, obser-vando-se o procedimento da execução por quantia certa.

CAPÍTULO IIIDA AÇÃO DE ANULAÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DE TÍTULOS AO PORTADOR

Art. 907 - Aquele que tiver perdido título ao portador ou dele houver sido injustamentedesapossado poderá:

I - reivindicá-lo da pessoa que o detiver;

II - requerer-lhe a anulação e substituição por outro.

Art. 908 - No caso do nº II do artigo antecedente, exporá o autor, na petição inicial, aquantidade, espécie, valor nominal do título e atributos que o individualizem, a época e olugar em que o adquiriu, as circunstâncias em que o perdeu e quando recebeu os últimosjuros e dividendos, requerendo:

I - a citação do detentor e, por edital, de terceiros interessados para contestarem opedido;

II - a intimação do devedor, para que deposite em juízo o capital, bem como juros oudividendos vencidos ou vincendos;

III - a intimação da Bolsa de Valores, para conhecimento de seus membros, a fim de queestes não negociem os títulos.

Art. 909 - Justificado quanto baste o alegado, ordenará o juiz a citação do réu e o cumpri-mento das providências enumeradas nos ns. II e III do artigo anterior.

Parágrafo único - A citação abrangerá também terceiros interessados, para responderemà ação.

Arts. 902 a 909

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Código de Processo Civil

Art. 910 - Só se admitirá a contestação quando acompanhada do título reclamado.

Parágrafo único - Recebida a contestação do réu, observar-se-á o procedimento ordinário.

Art. 911 - Julgada procedente a ação, o juiz declarará caduco o título reclamado e orde-nará ao devedor que lavre outro em substituição, dentro do prazo que a sentença lheassinar.

Art. 912 - Ocorrendo destruição parcial, o portador, exibindo o que restar do título, pediráa citação do devedor para em 10 (dez) dias substituí-lo ou contestar a ação.

Parágrafo único - Não havendo contestação, o juiz proferirá desde logo a sentença; emcaso contrário, observar-se-á o procedimento ordinário.

Art. 913 - Comprado o título em bolsa ou leilão público, o dono que pretender a restituiçãoé obrigado a indenizar ao adquirente o preço que este pagou, ressalvado o direito dereavê-lo do vendedor.

CAPÍTULO IVDA AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS

Art. 914 - A ação de prestação de contas competirá a quem tiver:

I - o direito de exigi-las;

II - a obrigação de prestá-las.

Art. 915 - Aquele que pretender exigir a prestação de contas requererá a citação do réupara, no prazo de 5 (cinco) dias, as apresentar ou contestar a ação.

§ 1º - Prestadas as contas, terá o autor 5 (cinco) dias para dizer sobre elas; havendonecessidade de produzir provas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento; emcaso contrário, proferirá desde logo a sentença.

§ 2º - Se o réu não contestar a ação ou não negar a obrigação de prestar contas, observar-se-á o disposto no art. 330; a sentença, que julgar procedente a ação, condenará o réu aprestar as contas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de não lhe ser lícitoimpugnar as que o autor apresentar.

§ 3º - Se o réu apresentar as contas dentro do prazo estabelecido no parágrafo anterior,seguir-se-á o procedimento do § 1º deste artigo; em caso contrário, apresentá-las-á oautor dentro em 10 (dez) dias, sendo as contas julgadas segundo o prudente arbítrio dojuiz, que poderá determinar, se necessário, a realização do exame pericial contábil.

Art. 916 - Aquele que estiver obrigado a prestar contas requererá a citação do réu para,no prazo de 5 (cinco) dias, aceitá-las ou contestar a ação.

§ 1º - Se o réu não contestar a ação ou se declarar que aceita as contas oferecidas, serãoestas julgadas dentro de 10 (dez) dias.

§ 2º - Se o réu contestar a ação ou impugnar as contas e houver necessidade de produzirprovas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.

Art. 917 - As contas, assim do autor como do réu, serão apresentadas em forma mercan-til, especificando-se as receitas e a aplicação das despesas, bem como o respectivo saldo;e serão instruídas com os documentos justificativos.

Art. 918 - O saldo credor declarado na sentença poderá ser cobrado em execuçãoforçada.

Art. 919 - As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de outroqualquer administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver

Arts. 910 a 919

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Código de Processo Civil

sido nomeado. Sendo condenado a pagar o saldo e não o fazendo no prazo legal, o juizpoderá destituí-lo, seqüestrar os bens sob sua guarda e glosar o prêmio ou gratificação aque teria direito.

CAPÍTULO VDAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

SEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 920 - A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que ojuiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisi-tos estejam provados.

Art. 921 - É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:

I - condenação em perdas e danos;

II - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho;

III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.

Art. 922 - É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse,demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbaçãoou do esbulho cometido pelo autor.

Art. 923 - Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu,intentar a ação de reconhecimento do domínio. (Redação dada pela Lei nº 6.820, de16.9.1980)

Art. 924 - Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normasda seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho;passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.

Art. 925 - Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido oureintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de decair da ação,responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerercaução sob pena de ser depositada a coisa litigiosa.

SEÇÃO IIDA MANUTENÇÃO E DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE

Art. 926 - O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reinte-grado no de esbulho.

Art. 927 - Incumbe ao autor provar:

I - a sua posse;

II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;

III - a data da turbação ou do esbulho;

IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse,na ação de reintegração.

Art. 928 - Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu,a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário,

Arts. 919 a 928

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Código de Processo Civil

determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para compare-cer à audiência que for designada.

Parágrafo único - Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida amanutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos represen-tantes judiciais.

Art. 929 - Julgada procedente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manu-tenção ou de reintegração.

Art. 930 - Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, oautor promoverá, nos 5 (cinco) dias subseqüentes, a citação do réu para contestar aação.

Parágrafo único - Quando for ordenada a justificação prévia (art. 928), o prazo para con-testar contar-se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar.

Art. 931 - Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento ordinário.

SEÇÃO IIIDO INTERDITO PROIBITÓRIO

Art. 932 - O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado naposse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediantemandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso trans-grida o preceito.

Art. 933 - Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na seção anterior.

CAPÍTULO VIDA AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA

Art. 934 - Compete esta ação:

I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvelvizinho lhe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado;

II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com prejuízoou alteração da coisa comum;

III - ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, doregulamento ou de postura.

Art. 935 - Ao prejudicado também é lícito, se o caso for urgente, fazer o embargoextrajudicial, notificando verbalmente, perante duas testemunhas, o proprietário ou, emsua falta, o construtor, para não continuar a obra.

Parágrafo único - Dentro de 3 (três) dias requererá o nunciante a ratificação em juízo, sobpena de cessar o efeito do embargo.

Art. 936 - Na petição inicial, elaborada com observância dos requisitos do art. 282, reque-rerá o nunciante:

I - o embargo para que fique suspensa a obra e se mande afinal reconstituir, modificar oudemolir o que estiver feito em seu detrimento;

II - a cominação de pena para o caso de inobservância do preceito;

III - a condenação em perdas e danos.

Arts. 928 a 936

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - Tratando-se de demolição, colheita, corte de madeiras, extração deminérios e obras semelhantes, pode incluir-se o pedido de apreensão e depósito dos ma-teriais e produtos já retirados.

Art. 937 - É lícito ao juiz conceder o embargo liminarmente ou após justificação prévia.

Art. 938 - Deferido o embargo, o oficial de justiça, encarregado de seu cumprimento,lavrará auto circunstanciado, descrevendo o estado em que se encontra a obra; e, atocontínuo, intimará o construtor e os operários a que não continuem a obra sob pena dedesobediência e citará o proprietário a contestar em 5 (cinco) dias a ação.

Art. 939 - Aplica-se a esta ação o disposto no art. 803.

Art. 940 - O nunciado poderá, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, reque-rer o prosseguimento da obra, desde que preste caução e demonstre prejuízo resultanteda suspensão dela.

§ 1º - A caução será prestada no juízo de origem, embora a causa se encontre no tribunal.

§ 2º - Em nenhuma hipótese terá lugar o prosseguimento, tratando-se de obra novalevantada contra determinação de regulamentos administrativos.

CAPÍTULO VIIDA AÇÃO DE USUCAPIÃO DE TERRAS PARTICULARES

Art. 941 - Compete a ação de usucapião ao possuidor para que se lhe declare, nos termosda lei, o domínio do imóvel ou a servidão predial.

Art. 942 - O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando plantado imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvelusucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e doseventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no inciso IV do art. 232.(Redação dada pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

Art. 943 - Serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na causa, osrepresentantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territó-rios e dos Municípios. (Redação dada pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)

Art. 944 - Intervirá obrigatoriamente em todos os atos do processo o Ministério Público.

Art. 945 - A sentença, que julgar procedente a ação, será transcrita, mediante mandado,no registro de imóveis, satisfeitas as obrigações fiscais.

CAPÍTULO VIIIDA AÇÃO DE DIVISÃO E DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES

SEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 946 - Cabe:

I - a ação de demarcação ao proprietário para obrigar o seu confinante a estremar osrespectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se os já apagados;

II - a ação de divisão, ao condômino para obrigar os demais consortes, a partilhar a coisacomum.

Arts. 936 a 946

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Art. 947 - É lícita a cumulação destas ações; caso em que deverá processar-se primeira-mente a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os confinantes econdôminos.

Art. 948 - Fixados os marcos da linha de demarcação, os confinantes considerar-se-ãoterceiros quanto ao processo divisório; fica-lhes, porém, ressalvado o direito de vindica-rem os terrenos de que se julguem despojados por invasão das linhas limítrofes constitutivasdo perímetro ou a reclamarem uma indenização pecuniária correspondente ao seu valor.

Art. 949 - Serão citados para a ação todos os condôminos, se ainda não transitou emjulgado a sentença homologatória da divisão; e todos os quinhoeiros dos terrenos vindica-dos, se proposta posteriormente. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Parágrafo único - Neste último caso, a sentença que julga procedente a ação, condenandoa restituir os terrenos ou a pagar a indenização, valerá como título executivo em favor dosquinhoeiros para haverem dos outros condôminos, que forem parte na divisão, ou de seussucessores por título universal, na proporção que Ihes tocar, a composição pecuniária dodesfalque sofrido. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

SEÇÃO IIDA DEMARCAÇÃO

Art. 950 - Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade, designar-se-á oimóvel pela situação e denominação, descrever-se-ão os limites por constituir, aviventarou renovar e nomear-se-ão todos os confinantes da linha demarcanda.

Art. 951 - O autor pode requerer a demarcação com queixa de esbulho ou turbação,formulando também o pedido de restituição do terreno invadido com os rendimentos quedeu, ou a indenização dos danos pela usurpação verificada.

Art. 952 - Qualquer condômino é parte legítima para promover a demarcação do imóvelcomum, citando-se os demais como litisconsortes.

Art. 953 - Os réus que residirem na comarca serão citados pessoalmente; os demais, poredital.

Art. 954 - Feitas as citações, terão os réus o prazo comum de 20 (vinte) dias para contes-tar.

Art. 955 - Havendo contestação, observar-se-á o procedimento ordinário; não havendo,aplica-se o disposto no art. 330, II.

Art. 956 - Em qualquer dos casos do artigo anterior, o juiz, antes de proferir a sentençadefinitiva, nomeará dois arbitradores e um agrimensor para levantarem o traçado da linhademarcanda.

Art. 957 - Concluídos os estudos, apresentarão os arbitradores minucioso laudo sobre otraçado da linha demarcanda, tendo em conta os títulos, marcos, rumos, a fama da vizi-nhança, as informações de antigos moradores do lugar e outros elementos que coligirem.

Parágrafo único - Ao laudo, anexará o agrimensor a planta da região e o memorial dasoperações de campo, os quais serão juntos aos autos, podendo as partes, no prazo comumde 10 (dez) dias, alegar o que julgarem conveniente.

Art. 958 - A sentença, que julgar procedente a ação, determinará o traçado da linhademarcanda.

Art. 959 - Tanto que passe em julgado a sentença, o agrimensor efetuará a demarcação,colocando os marcos necessários. Todas as operações serão consignadas em planta e

Arts. 947 a 959

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memorial descritivo com as referências convenientes para a identificação, em qualquertempo, dos pontos assinalados.

Art. 960 - Nos trabalhos de campo observar-se-ão as seguintes regras:

I - a declinação magnética da agulha será determinada na estação inicial;

II - empregar-se-ão os instrumentos aconselhados pela técnica;

III - quando se utilizarem fitas metálicas ou correntes, as medidas serão tomadas horizon-talmente, em lances determinados pelo declive, de 20 (vinte) metros no máximo;

IV - as estações serão marcadas por pequenas estacas, fortemente cravadas, colocando-se ao lado estacas maiores, numeradas;

V - quando as estações não tiverem afastamento superior a 50 (cinqüenta) metros, asvisadas serão feitas sobre balizas com o diâmetro máximo de 12 (doze) milímetros;

VI - tomar-se-ão por aneróides ou por cotas obtidas mediante levantamento taqueométricoas altitudes dos pontos mais acidentados.

Art. 961 - A planta será orientada segundo o meridiano do marco primordial, determinadaa declinação magnética e conterá:

I - as altitudes relativas de cada estação do instrumento e a conformação altimétrica ouorográfica aproximativa dos terrenos;

II - as construções existentes, com indicação dos seus fins, bem como os marcos, valos,cercas, muros divisórios e outros quaisquer vestígios que possam servir ou tenham servi-do de base à demarcação;

III - as águas principais, determinando-se, quando possível, os volumes, de modo que seIhes possa calcular o valor mecânico;

IV - a indicação, por cores convencionais, das culturas existentes, pastos, campos, matas,capoeiras e divisas do imóvel.

Parágrafo único - As escalas das plantas podem variar entre os limites de 1 (um) para 500(quinhentos) a 1 (um) para 5.000 (cinco mil) conforme a extensão das propriedades ru-rais, sendo admissível a de 1 (um), para 10.000 (dez mil) nas propriedades de mais de 5(cinco) quilômetros quadrados.

Art. 962 - Acompanharão as plantas as cadernetas de operações de campo e o memorialdescritivo, que conterá:

I - o ponto de partida, os rumos seguidos e a aviventação dos antigos com os respectivoscálculos;

II - os acidentes encontrados, as cercas, valos, marcos antigos, córregos, rios, lagoas eoutros;

III - a indicação minuciosa dos novos marcos cravados, das culturas existentes e suaprodução anual;

IV - a composição geológica dos terrenos, bem como a qualidade e extensão dos campos,matas e capoeiras;

V - as vias de comunicação;

VI - as distâncias à estação da estrada de ferro, ao porto de embarque e ao mercado maispróximo;

VII - a indicação de tudo o mais que for útil para o levantamento da linha ou para aidentificação da linha já levantada.

Arts. 959 a 962

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Art. 963 - É obrigatória a colocação de marcos assim na estação inicial - marco primordial -,como nos vértices dos ângulos, salvo se algum destes últimos pontos for assinalado poracidentes naturais de difícil remoção ou destruição.

Art. 964 - A linha será percorrida pelos arbitradores, que examinarão os marcos e rumos,consignando em relatório escrito a exatidão do memorial e planta apresentados pelo agri-mensor ou as divergências porventura encontradas.

Art. 965 - Junto aos autos o relatório dos arbitradores, determinará o juiz que as partes semanifestem sobre ele no prazo comum de 10 (dez) dias. Em seguida, executadas as correçõese retificações que ao juiz pareçam necessárias, lavrar-se-á o auto de demarcação em que oslimites demarcandos serão minuciosamente descritos de acordo com o memorial e a planta.

Art. 966 - Assinado o auto pelo juiz, arbitradores e agrimensor, será proferida a sentençahomologatória da demarcação.

SEÇÃO IIIDA DIVISÃO

Art. 967 - A petição inicial, elaborada com observância dos requisitos do art. 282 e instru-ída com os títulos de domínio do promovente, conterá:

I - a indicação da origem da comunhão e a denominação, situação, limites e característicosdo imóvel;

II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência de todos os condôminos, especifican-do-se os estabelecidos no imóvel com benfeitorias e culturas;

III - as benfeitorias comuns.

Art. 968 - Feitas as citações como preceitua o art. 953, prosseguir-se-á na forma dos arts.954 e 955.

Art. 969 - Prestado o compromisso pelos arbitradores e agrimensor, terão início, pelamedição do imóvel, as operações de divisão.

Art. 970 - Todos os condôminos serão intimados a apresentar, dentro em 10 (dez) dias, osseus títulos, se ainda não o tiverem feito; e a formular os seus pedidos sobre a constituiçãodos quinhões.

Art. 971 - O juiz ouvirá as partes no prazo comum de 10 (dez) dias.

Parágrafo único - Não havendo impugnação, o juiz determinará a divisão geodésica doimóvel; se houver, proferirá, no prazo de 10 (dez) dias, decisão sobre os pedidos e ostítulos que devam ser atendidos na formação dos quinhões.

Art. 972 - A medição será efetuada na forma dos arts. 960 a 963.

Art. 973 - Se qualquer linha do perímetro atingir benfeitorias permanentes dos confinantes,feitas há mais de 1 (um) ano, serão elas respeitadas, bem como os terrenos onde estive-rem, os quais não se computarão na área dividenda.

Parágrafo único - Consideram-se benfeitorias, para os efeitos deste artigo, as edificações,muros, cercas, culturas e pastos fechados, não abandonados há mais de 2 (dois) anos.

Art. 974 - É lícito aos confinantes do imóvel dividendo demandar a restituição dos terre-nos que Ihes tenham sido usurpados. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 1º - Serão citados para a ação todos os condôminos, se ainda não transitou em julgadoa sentença homologatória da divisão; e todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados, seproposta posteriormente. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Arts. 963 a 974

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§ 2º - Neste último caso terão os quinhoeiros o direito, pela mesma sentença que osobrigar à restituição, a haver dos outros condôminos do processo divisório, ou de seussucessores a título universal, a composição pecuniária proporcional ao desfalque sofrido.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 975 - Concluídos os trabalhos de campo, levantará o agrimensor a planta do imóvele organizará o memorial descritivo das operações, observado o disposto nos arts. 961 a963.

§ 1º - A planta assinalará também:

I - as povoações e vias de comunicação existentes no imóvel;

II - as construções e benfeitorias, com a indicação dos seus fins, proprietários e ocupantes;

III - as águas principais que banham o imóvel;

IV - a composição geológica, qualidade e vestimenta dos terrenos, bem como o valordestes e das culturas.

§ 2º - O memorial descritivo indicará mais:

I - a composição geológica, a qualidade e o valor dos terrenos, bem como a cultura e odestino a que melhor possam adaptar-se;

II - as águas que banham o imóvel, determinando-lhes, tanto quanto possível, o volume,de modo que se Ihes possa calcular o valor mecânico;

III - a qualidade e a extensão aproximada de campos e matas;

IV - as indústrias exploradas e as suscetíveis de exploração;

V - as construções, benfeitorias e culturas existentes, mencionando-se os respectivosproprietários e ocupantes;

VI - as vias de comunicação estabelecidas e as que devam ser abertas;

VII - a distância aproximada à estação de transporte de mais fácil acesso;

VIII - quaisquer outras informações que possam concorrer para facilitar a partilha.

Art. 976 - Durante os trabalhos de campo procederão os arbitradores ao exame, classifi-cação e avaliação das terras, culturas, edifícios e outras benfeitorias, entregando o laudoao agrimensor.

Art. 977 - O agrimensor avaliará o imóvel no seu todo, se os arbitradores reconheceremque a homogeneidade das terras não determina variedade de preços; ou o classificará emáreas, se houver diversidade de valores.

Art. 978 - Em seguida os arbitradores e o agrimensor proporão, em laudo fundamentado,a forma da divisão, devendo consultar, quanto possível, a comodidade das partes, respei-tar, para adjudicação a cada condômino, a preferência dos terrenos contíguos às suasresidências e benfeitorias e evitar o retalhamento dos quinhões em glebas separadas.

§ 1º - O cálculo será precedido do histórico das diversas transmissões efetuadas a partirdo ato ou fato gerador da comunhão, atualizando-se os valores primitivos.

§ 2º - Seguir-se-ão, em títulos distintos, as contas de cada condômino, mencionadas todasas aquisições e alterações em ordem cronológica bem como as respectivas datas e asfolhas dos autos onde se encontrem os documentos correspondentes.

§ 3º - O plano de divisão será também consignado em um esquema gráfico.

Art. 979 - Ouvidas as partes, no prazo comum de 10 (dez) dias, sobre o cálculo e o planoda divisão, deliberará o juiz a partilha. Em cumprimento desta decisão, procederá o agri-

Arts. 974 a 979

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mensor, assistido pelos arbitradores, à demarcação dos quinhões, observando, além dodisposto nos arts. 963 e 964, as seguintes regras:

I - as benfeitorias comuns, que não comportarem divisão cômoda, serão adjudicadas a umdos condôminos mediante compensação;

II - instituir-se-ão as servidões, que forem indispensáveis, em favor de uns quinhões sobreos outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando de servi-dões naturais, seja compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente;

III - as benfeitorias particulares dos condôminos, que excederem a área a que têm direito,serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho mediante reposição;

IV - se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e reposições serão feitasem dinheiro.

Art. 980 - Terminados os trabalhos e desenhados na planta os quinhões e as servidõesaparentes, organizará o agrimensor o memorial descritivo. Em seguida, cumprido o dis-posto no art. 965, o escrivão lavrará o auto de divisão, seguido de uma folha de pagamen-to para cada condômino. Assinado o auto pelo juiz, agrimensor e arbitradores, será profe-rida sentença homologatória da divisão.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 1º - O auto conterá: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - a confinação e a extensão superficial do imóvel; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

II - a classificação das terras com o cálculo das áreas de cada consorte e a respectivaavaliação, ou a avaliação do imóvel na sua integridade, quando a homogeneidade dasterras não determinar diversidade de valores; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

III - o valor e a quantidade geométrica que couber a cada condômino, declarando-se asreduções e compensações resultantes da diversidade de valores das glebas componentesde cada quinhão. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 2º - Cada folha de pagamento conterá: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - a descrição das linhas divisórias do quinhão, mencionadas as confinantes; (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - a relação das benfeitorias e culturas do próprio quinhoeiro e das que lhe foramadjudicadas por serem comuns ou mediante compensação; (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1º.10.1973)

III - a declaração das servidões instituídas, especificados os lugares, a extensão e modode exercício. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 981 - Aplica-se às divisões o disposto nos arts. 952 a 955. (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1º.10.1973)

CAPÍTULO IXDO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

SEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 982 - Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judi-cial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por

Arts. 979 a 982

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Código de Processo Civil

escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. (Redação dadapela Lei nº 11.441, de 2007).

§ 1º - O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadasestiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas ou por defen-sor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. (Renumerado doparágrafo único com nova redação, pela Lei nº 11.965, de 2009).

§ 2º - A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararempobres sob as penas da lei. (Incluído pela Lei nº 11.965, de 2009).

Art. 983 - O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta)dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subseqüentes,podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte. (Redação dadapela Lei nº 11.441, de 2007).

Parágrafo único - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.441, de 2007).

Art. 984 - O juiz decidirá todas as questões de direito e também as questões de fato,quando este se achar provado por documento, só remetendo para os meios ordinários asque demandarem alta indagação ou dependerem de outras provas.

Art. 985 - Até que o inventariante preste o compromisso (art. 990, parágrafo único),continuará o espólio na posse do administrador provisório.

Art. 986 - O administrador provisório representa ativa e passivamente o espólio, é obriga-do a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu, tem direito aoreembolso das despesas necessárias e úteis que fez e responde pelo dano a que, por doloou culpa, der causa.

SEÇÃO IIDA LEGITIMIDADE PARA REQUERER O INVENTÁRIO

Art. 987 - A quem estiver na posse e administração do espólio incumbe, no prazo estabe-lecido no art. 983, requerer o inventário e a partilha.

Parágrafo único. O requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor da herança.

Art. 988 - Tem, contudo, legitimidade concorrente:

I - o cônjuge supérstite;

II - o herdeiro;

III - o legatário;

IV - o testamenteiro;

V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;

VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;

VII - o síndico da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjugesupérstite;

VIII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;

IX - a Fazenda Pública, quando tiver interesse.

Art. 989 - O juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma daspessoas mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal.

SEÇÃO IIIDO INVENTARIANTE E DAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES

Art. 990 - O juiz nomeará inventariante:

Arts. 982 a 990

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Código de Processo Civil

I - o cônjuge sobrevivente casado sob o regime de comunhão, desde que estivesse convi-vendo com o outro ao tempo da morte deste;

II - o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não houver cônjugesupérstite ou este não puder ser nomeado;

III - qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administração do espólio;

IV - o testamenteiro, se lhe foi confiada a administração do espólio ou toda a herançaestiver distribuída em legados;

V - o inventariante judicial, se houver;

VI - pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial.

Parágrafo único - O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco)dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo.

Art. 991 - Incumbe ao inventariante:

I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, observando-se,quanto ao dativo, o disposto no art. 12, § 1º;

II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência como se seusfossem;

III - prestar as primeiras e últimas declarações pessoalmente ou por procurador compoderes especiais;

IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativosao espólio;

V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver;

VI - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído;

VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar;

VIII - requerer a declaração de insolvência (art. 748).

Art. 992 - Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização dojuiz:

I - alienar bens de qualquer espécie;

II - transigir em juízo ou fora dele;

III - pagar dívidas do espólio;

IV - fazer as despesas necessárias com a conservação e o melhoramento dos bens doespólio.

Art. 993 - Dentro de 20 (vinte) dias, contados da data em que prestou o compromisso,fará o inventariante as primeiras declarações, das quais se lavrará termo circunstanciado.No termo, assinado pelo juiz, escrivão e inventariante, serão exarados: (Redação dadapela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - o nome, estado, idade e domicílio do autor da herança, dia e lugar em que faleceu ebem ainda se deixou testamento; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - o nome, estado, idade e residência dos herdeiros e, havendo cônjuge supérstite, oregime de bens do casamento; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

III - a qualidade dos herdeiros e o grau de seu parentesco com o inventariado; (Redaçãodada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Arts. 990 a 993

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Código de Processo Civil

IV - a relação completa e individuada de todos os bens do espólio e dos alheios que neleforem encontrados, descrevendo-se: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se encontram,extensão da área, limites, confrontações, benfeitorias, origem dos títulos, números dastranscrições aquisitivas e ônus que os gravam; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

b) os móveis, com os sinais característicos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

c) os semoventes, seu número, espécies, marcas e sinais distintivos; (Redação dada pelaLei nº 5.925, de 1º.10.1973)

d) o dinheiro, as jóias, os objetos de ouro e prata, e as pedras preciosas, declarando-se-lhes especificadamente a qualidade, o peso e a importância; (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1º.10.1973)

e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, cotas e títulos de sociedade, mencio-nando-se-lhes o número, o valor e a data; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, títulos, origem da obrigação,bem como os nomes dos credores e dos devedores; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

g) direitos e ações; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

Parágrafo único - O juiz determinará que se proceda: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era comerciante em nomeindividual; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - a apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não anônima.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 994 - Só se pode argüir de sonegação ao inventariante depois de encerrada a descri-ção dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar.

Art. 995 - O inventariante será removido:

I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras e as últimas declarações;

II - se não der ao inventário andamento regular, suscitando dúvidas infundadas ou prati-cando atos meramente protelatórios;

III - se, por culpa sua, se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem dano bens doespólio;

IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, deixar de cobrar dívidas ativasou não promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos;

V - se não prestar contas ou as que prestar não forem julgadas boas;

VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.

Art. 996 - Requerida a remoção com fundamento em qualquer dos números do artigoantecedente, será intimado o inventariante para, no prazo de 5 (cinco) dias, defender-se eproduzir provas.

Parágrafo único - O incidente da remoção correrá em apenso aos autos do inventário.

Art. 997 - Decorrido o prazo com a defesa do inventariante ou sem ela, o juiz decidirá. Seremover o inventariante, nomeará outro, observada a ordem estabelecida no art. 990.

Arts. 993 a 997

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Código de Processo Civil

Art. 998 - O inventariante removido entregará imediatamente ao substituto os bens doespólio; deixando de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca e apreensão, oude imissão na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel.

SEÇÃO IVDAS CITAÇÕES E DAS IMPUGNAÇÕES

Art. 999 - Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do inven-tário e partilha, o cônjuge, os herdeiros, os legatários, a Fazenda Pública, o MinistérioPúblico, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se o finado deixoutestamento.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 1º - Citar-se-ão, conforme o disposto nos arts. 224 a 230, somente as pessoas domiciliadasna comarca por onde corre o inventário ou que aí foram encontradas; e por edital, com oprazo de 20 (vinte) a 60 (sessenta) dias, todas as demais, residentes, assim no Brasilcomo no estrangeiro.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 2º - Das primeiras declarações extrair-se-ão tantas cópias quantas forem aspartes.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 3º - O oficial de justiça, ao proceder à citação, entregará um exemplar a cada parte.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 4º - Incumbe ao escrivão remeter cópias à Fazenda Pública, ao Ministério Público, aotestamenteiro, se houver, e ao advogado, se a parte já estiver representada nos autos.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 1.000 - Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em cartório e pelo prazocomum de 10 (dez) dias, para dizerem sobre as primeiras declarações. Cabe à parte:

I - argüir erros e omissões;

II - reclamar contra a nomeação do inventariante;

III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro.

Parágrafo único - Julgando procedente a impugnação referida no nº I, o juiz mandaráretificar as primeiras declarações. Se acolher o pedido, de que trata o nº II, nomeará outroinventariante, observada a preferência legal. Verificando que a disputa sobre a qualidadede herdeiro, a que alude o nº III, constitui matéria de alta indagação, remeterá a partepara os meios ordinários e sobrestará, até o julgamento da ação, na entrega do quinhãoque na partilha couber ao herdeiro admitido.

Art. 1.001 - Aquele que se julgar preterido poderá demandar a sua admissão no inventá-rio, requerendo-o antes da partilha. Ouvidas as partes no prazo de 10 (dez) dias, o juizdecidirá. Se não acolher o pedido, remeterá o requerente para os meios ordinários, man-dando reservar, em poder do inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até que sedecida o litígio.

Art. 1.002 - A Fazenda Pública, no prazo de 20 (vinte) dias, após a vista de que trata o art.1.000, informará ao juízo, de acordo com os dados que constam de seu cadastro imobili-ário, o valor dos bens de raiz descritos nas primeiras declarações. (Redação dada pela Leinº 5.925, de 1º.10.1973)

SEÇÃO VDA AVALIAÇÃO E DO CÁLCULO DO IMPOSTO

Art. 1.003 - Findo o prazo do art. 1.000, sem impugnação ou decidida a que houver sidooposta, o juiz nomeará um perito para avaliar os bens do espólio, se não houver nacomarca avaliador judicial.

Arts. 998 a 1.003

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Código de Processo Civil

Parágrafo único - No caso previsto no art. 993, parágrafo único, o juiz nomeará um conta-dor para levantar o balanço ou apurar os haveres.

Art. 1.004 - Ao avaliar os bens do espólio, observará o perito, no que for aplicável, odisposto nos arts. 681 a 683.

Art. 1.005 - O herdeiro que requerer, durante a avaliação, a presença do juiz e do escri-vão, pagará as despesas da diligência.

Art. 1.006 - Não se expedirá carta precatória para a avaliação de bens situados fora dacomarca por onde corre o inventário, se eles forem de pequeno valor ou perfeitamenteconhecidos do perito nomeado.

Art. 1.007 - Sendo capazes todas as partes, não se procederá à avaliação, se a FazendaPública, intimada na forma do art. 237, I, concordar expressamente com o valor atribuído,nas primeiras declarações, aos bens do espólio. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

Art. 1.008 - Se os herdeiros concordarem com o valor dos bens declarados pela FazendaPública, a avaliação cingir-se-á aos demais. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 1.009 - Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que sobre ele se manifestemas partes no prazo de 10 (dez) dias, que correrá em cartório.

§ 1º - Versando a impugnação sobre o valor dado pelo perito, o juiz a decidirá de plano, àvista do que constar dos autos.

§ 2º - Julgando procedente a impugnação, determinará o juiz que o perito retifique aavaliação, observando os fundamentos da decisão.

Art. 1.010 - O juiz mandará repetir a avaliação:

I - quando viciada por erro ou dolo do perito;

II - quando se verificar, posteriormente à avaliação, que os bens apresentam defeito queIhes diminui o valor.

Art. 1.011 - Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito lavrar-se-á em seguida o termo de últimas declarações, no qual o inventariante poderá emendar,aditar ou completar as primeiras.

Art. 1.012 - Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no prazo comum de 10 (dez)dias, proceder-se-á ao cálculo do imposto.

Art. 1.013 - Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo comum de5 (cinco) dias, que correrá em cartório e, em seguida, a Fazenda Pública.

§ 1º - Se houver impugnação julgada procedente, ordenará o juiz novamente a remessados autos ao contador, determinando as alterações que devam ser feitas no cálculo.

§ 2º - Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do imposto.

SEÇÃO VIDAS COLAÇÕES

Art. 1.014 - No prazo estabelecido no art. 1.000, o herdeiro obrigado à colação conferirápor termo nos autos os bens que recebeu ou, se já os não possuir, trar-lhes-á o valor.

Parágrafo único - Os bens que devem ser conferidos na partilha, assim como as acessõese benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo daabertura da sucessão.

Arts. 1.003 a 1.014

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Código de Processo Civil

Art. 1.015 - O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi excluído não se exime,pelo fato da renúncia ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a parte inoficiosa,as liberalidades que houve do doador.

§ 1º - E lícito ao donatário escolher, dos bens doados, tantos quantos bastem para perfazera legítima e a metade disponível, entrando na partilha o excedente para ser dividido entreos demais herdeiros.

§ 2º - Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel, que não comporte divisãocômoda, o juiz determinará que sobre ela se proceda entre os herdeiros à licitação; odonatário poderá concorrer na licitação e, em igualdade de condições, preferirá aos her-deiros.

Art. 1.016 - Se o herdeiro negar o recebimento dos bens ou a obrigação de os conferir, ojuiz, ouvidas as partes no prazo comum de 5 (cinco) dias, decidirá à vista das alegações eprovas produzidas.

§ 1º - Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, no prazo improrrogável de 5(cinco) dias, não proceder à conferência, o juiz mandará seqüestrar-lhe, para sereminventariados e partilhados, os bens sujeitos à colação, ou imputar ao seu quinhão heredi-tário o valor deles, se já os não possuir.

§ 2º - Se a matéria for de alta indagação, o juiz remeterá as partes para os meios ordiná-rios, não podendo o herdeiro receber o seu quinhão hereditário, enquanto pender a de-manda, sem prestar caução correspondente ao valor dos bens sobre que versar a confe-rência.

SEÇÃO VIIDO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS

Art. 1.017 - Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo doinventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.

§ 1º - A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por dependênciae autuada em apenso aos autos do processo de inventário.

§ 2º - Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, manda-rá que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o seupagamento.

§ 3º - Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento dos credo-res habilitados, o juiz mandará aliená-los em praça ou leilão, observadas, no que foremaplicáveis, as regras do Livro II, Título II, Capítulo IV, Seção I, Subseção Vll e Seção II,Subseções I e II.

§ 4º - Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para o seupagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando todas aspartes.

Art. 1.018 - Não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamentofeito pelo credor, será ele remetido para os meios ordinários.

Parágrafo único - O juiz mandará, porém, reservar em poder do inventariante bens sufici-entes para pagar o credor, quando a dívida constar de documento que comprove suficien-temente a obrigação e a impugnação não se fundar em quitação.

Art. 1.019 - O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer habilita-ção no inventário. Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao julgar habilitado ocrédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento.

Arts. 1.015 a 1.019

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Código de Processo Civil

Art. 1.020 - O legatário é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do espólio:

I - quando toda a herança for dividida em legados;

II - quando o reconhecimento das dívidas importar redução dos legados.

Art. 1.021 - Sem prejuízo do disposto no art. 674, é lícito aos herdeiros, ao separarembens para o pagamento de dívidas, autorizar que o inventariante os nomeie à penhora noprocesso em que o espólio for executado.

SEÇÃO VIIIDA PARTILHA

Art. 1.022 - Cumprido o disposto no art. 1.017, § 3º, o juiz facultará às partes que, noprazo comum de 10 (dez) dias, formulem o pedido de quinhão; em seguida proferirá, noprazo de 10 ( dez) dias, o despacho de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos daspartes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e legatário.

Art. 1.023 - O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão, obser-vando nos pagamentos a seguinte ordem:

I - dívidas atendidas;

II - meação do cônjuge;

III - meação disponível;

IV - quinhões hereditários, a começar pelo co-herdeiro mais velho.

Art. 1.024 - Feito o esboço, dirão sobre ele as partes no prazo comum de 5 (cinco) dias.Resolvidas as reclamações, será a partilha lançada nos autos.

Art. 1.025 - A partilha constará:

I - de um auto de orçamento, que mencionará:

a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge supérstite, dos herdeiros,dos legatários e dos credores admitidos;

b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias especificações;

c) o valor de cada quinhão;

II - de uma folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a razãodo pagamento, a relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as características que osindividualizam e os ônus que os gravam.

Parágrafo único - O auto e cada uma das folhas serão assinados pelo juiz e pelo escrivão.

Art. 1.026 - Pago o imposto de transmissão a título de morte, e junta aos autos certidãoou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentençaa partilha.

Art. 1.027 - Passada em julgado a sentença mencionada no artigo antecedente, receberáo herdeiro os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguin-tes peças:

I - termo de inventariante e título de herdeiros;

II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;

III - pagamento do quinhão hereditário;

IV - quitação dos impostos;

Arts. 1.020 a 1.027

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V - sentença.

Parágrafo único - O formal de partilha poderá ser substituído por certidão do pagamentodo quinhão hereditário, quando este não exceder 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigentena sede do juízo; caso em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada emjulgado.

Art. 1.028 - A partilha, ainda depois de passar em julgado a sentença (art. 1.026), podeser emendada nos mesmos autos do inventário, convindo todas as partes, quando tenhahavido erro de fato na descrição dos bens; o juiz, de ofício ou a requerimento da parte,poderá, a qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões materiais.

Art. 1.029 - A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo nosautos do inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode seranulada, por dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz. (Redação dada pelaLei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Parágrafo único - O direito de propor ação anulatória de partilha amigável prescreve em 1(um) ano, contado este prazo: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - no caso de coação, do dia em que ela cessou; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

II - no de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato; (Redação dada pela Lei nº 5.925,de 1º.10.1973)

III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. (Redação dada pela Lei nº5.925, de 1º.10.1973)

Art. 1.030 - É rescindível a partilha julgada por sentença:

I - nos casos mencionados no artigo antecedente;

II - se feita com preterição de formalidades legais;

III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja.

SEÇÃO IXDO ARROLAMENTO

Art. 1.031 - A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos do art.2.015 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, será homologada de planopelo juiz, mediante a prova da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suasrendas, com observância dos arts. 1.032 a 1.035 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº11.441, de 2007).

§ 1º - O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação, quandohouver herdeiro único. (Parágrafo único Renumerado pela Lei nº 9.280, de 30.5.1996)

§ 2º - Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou adjudicação, orespectivo formal, bem como os alvarás referentes aos bens por ele abrangidos, só serãoexpedidos e entregues às partes após a comprovação, verificada pela Fazenda Pública, dopagamento de todos os tributos. (Incluído pela Lei nº 9.280, de 30.5.1996)

Art. 1.032 - Na petição de inventário, que se processará na forma de arrolamento sumá-rio, independentemente da lavratura de termos de qualquer espécie, os herdeiros: (Reda-ção dada pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

I - requererão ao juiz a nomeação do inventariante que designarem; (Redação dada pelaLei nº 7.019, de 31.8.1982)

Arts. 1.027 a 1.032

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Código de Processo Civil

II - declararão os títulos dos herdeiros e os bens do espólio, observado o disposto no art.993 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

III - atribuirão o valor dos bens do espólio, para fins de partilha. (Incluído pela Lei nº7.019, de 31.8.1982)

Art. 1.033 - Ressalvada a hipótese prevista no parágrafo único do art. 1.035 desta Lei,não se procederá a avaliação dos bens do espólio para qualquer finalidade. (Redação dadapela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

Art. 1.034 - No arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões relativas aolançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciárias e de tributos incidentessobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio. (Redação dada pela Lei nº 7.019,de 31.8.1982)

§ 1º - A taxa judiciária, se devida, será calculada com base no valor atribuído pelosherdeiros, cabendo ao fisco, se apurar em processo administrativo valor diverso do esti-mado, exigir a eventual diferença pelos meios adequados ao lançamento de créditos tribu-tários em geral. (Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

§ 2º - O imposto de transmissão será objeto de lançamento administrativo, conformedispuser a legislação tributária, não ficando as autoridades fazendárias adstritas aos valo-res dos bens do espólio atribuídos pelos herdeiros. (Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

Art. 1.035 - A existência de credores do espólio não impedirá a homologação da partilhaou da adjudicação, se forem reservados bens suficientes para o pagamento da dívida.(Redação dada pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

Parágrafo único - A reserva de bens será realizada pelo valor estimado pelas partes, salvose o credor, regularmente notificado, impugnar a estimativa, caso em que se promoverá aavaliação dos bens a serem reservados. (Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

Art. 1.036 - Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 2.000 (duas mil)Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, o inventário processar-se-á na forma de arrola-mento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente da assinatura de termode compromisso, apresentar, com suas declarações, a atribuição do valor dos bens doespólio e o plano da partilha. (Redação dada pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

§ 1º - Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a estimativa, o juiz nome-ará um avaliador que oferecerá laudo em 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 7.019, de31.8.1982)

§ 2º - Apresentado o laudo, o juiz, em audiência que designar, deliberará sobre a partilha,decidindo de plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas nãoimpugnadas.(Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

§ 3º - Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz e pelas partes presentes.(Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

§ 4º - Aplicam-se a esta espécie de arrolamento, no que couberem, as disposições do art.1.034 e seus parágrafos, relativamente ao lançamento, ao pagamento e à quitação da taxajudiciária e do imposto sobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio. (Incluídopela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

§ 5º - Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, o juizjulgará a partilha. (Incluído pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

Art. 1.037 - Independerá de inventário ou arrolamento o pagamento dos valores previs-tos na Lei no 6.858, de 24 de novembro de 1980. (Redação dada pela Lei nº 7.019, de31.8.1982)

Art. 1.038 - Aplicam-se subsidiariamente a esta Seção as disposições das seções antece-dentes, bem como as da seção subseqüente. (Redação dada pela Lei nº 7.019, de 31.8.1982)

Arts. 1.032 a 1.038

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Código de Processo Civil

SEÇÃO XDAS DISPOSIÇÕES COMUNS ÀS SEÇÕES PRECEDENTES

Art. 1.039 - Cessa a eficácia das medidas cautelares previstas nas várias seções desteCapítulo:

I - se a ação não for proposta em 30 (trinta) dias, contados da data em que da decisão foiintimado o impugnante (art. 1.000, parágrafo único), o herdeiro excluído (art. 1.001) ou ocredor não admitido (art. 1.018);

II - se o juiz declarar extinto o processo de inventário com ou sem julgamento do mérito.

Art. 1.040 - Ficam sujeitos à sobrepartilha os bens:

I - sonegados;

II - da herança que se descobrirem depois da partilha;

III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa;

IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.

Parágrafo único - Os bens mencionados nos ns. III e IV deste artigo serão reservados àsobrepartilha sob a guarda e administração do mesmo ou de diverso inventariante, aaprazimento da maioria dos herdeiros.

Art. 1.041 - Observar-se-á na sobrepartilha dos bens o processo de inventário e partilha.

Parágrafo único - A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança.

Art. 1.042 - O juiz dará curador especial:

I - ao ausente, se o não tiver;

II - ao incapaz, se concorrer na partilha com o seu representante.

Art. 1.043 - Falecendo o cônjuge meeiro supérstite antes da partilha dos bens do pré-morto, as duas heranças serão cumulativamente inventariadas e partilhadas, se os herdei-ros de ambos forem os mesmos.

§ 1º - Haverá um só inventariante para os dois inventários.

§ 2º - O segundo inventário será distribuído por dependência, processando-se em apensoao primeiro.

Art. 1.044 - Ocorrendo a morte de algum herdeiro na pendência do inventário em que foiadmitido e não possuindo outros bens além do seu quinhão na herança, poderá este serpartilhado juntamente com os bens do monte.

Art. 1.045 - Nos casos previstos nos dois artigos antecedentes prevalecerão as primeirasdeclarações, assim como o laudo de avaliação, salvo se se alterou o valor dos bens.

Parágrafo único - No inventário a que se proceder por morte do cônjuge herdeiro supérstite,é lícito, independentemente de sobrepartilha, descrever e partilhar bens omitidos no in-ventário do cônjuge pré-morto.

CAPÍTULO XDOS EMBARGOS DE TERCEIRO

Art. 1.046 - Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse deseus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto,

Arts. 1.039 a 1.046

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Código de Processo Civil

seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá re-querer lhe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.

§ 1º - Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas possuidor.

§ 2º - Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelotítulo de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pelaapreensão judicial.

§ 3º - Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais,próprios, reservados ou de sua meação.

Art. 1.047 - Admitem-se ainda embargos de terceiro:

I - para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou de demarcação, for o imóvelsujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de rumos;

II - para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhorou anticrese.

Art. 1.048 - Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conheci-mento enquanto não transitada em julgado a sentença, e, no processo de execução, até 5(cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assina-tura da respectiva carta.

Art. 1.049 - Os embargos serão distribuídos por dependência e correrão em autos distin-tos perante o mesmo juiz que ordenou a apreensão.

Art. 1.050 - O embargante, em petição elaborada com observância do disposto no art.282, fará a prova sumária de sua posse e a qualidade de terceiro, oferecendo documentose rol de testemunhas.

§ 1º - É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.

§ 2º - O possuidor direto pode alegar, com a sua posse, domínio alheio.

Art. 1.051 - Julgando suficientemente provada a posse, o juiz deferirá liminarmente osembargos e ordenará a expedição de mandado de manutenção ou de restituição em favordo embargante, que só receberá os bens depois de prestar caução de os devolver comseus rendimentos, caso sejam afinal declarados improcedentes.

Art. 1.052 - Quando os embargos versarem sobre todos os bens, determinará o juiz asuspensão do curso do processo principal; versando sobre alguns deles, prosseguirá oprocesso principal somente quanto aos bens não embargados.

Art. 1.053 - Os embargos poderão ser contestados no prazo de 10 (dez) dias, findo o qualproceder-se-á de acordo com o disposto no art. 803.

Art. 1.054 - Contra os embargos do credor com garantia real, somente poderá o embar-gado alegar que:

I - o devedor comum é insolvente;

II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;

III - outra é a coisa dada em garantia.

CAPÍTULO XIDA HABILITAÇÃO

Art. 1.055 - A habilitação tem lugar quando, por falecimento de qualquer das partes, osinteressados houverem de suceder-lhe no processo.

Arts. 1.046 a 1.055

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Código de Processo Civil

Art. 1.056 - A habilitação pode ser requerida:

I - pela parte, em relação aos sucessores do falecido;

II - pelos sucessores do falecido, em relação à parte.

Art. 1.057 - Recebida a petição inicial, ordenará o juiz a citação dos requeridos paracontestar a ação no prazo de 5 (cinco) dias.

Parágrafo único - A citação será pessoal, se a parte não tiver procurador constituído nacausa.

Art. 1.058 - Findo o prazo da contestação, observar-se-á o disposto nos arts. 802 e 803.

Art. 1.059 - Achando-se a causa no tribunal, a habilitação processar-se-á perante o rela-tor e será julgada conforme o disposto no regimento interno.

Art. 1.060 - Proceder-se-á à habilitação nos autos da causa principal e independentemen-te de sentença quando:

I - promovida pelo cônjuge e herdeiros necessários, desde que provem por documento oóbito do falecido e a sua qualidade;

II - em outra causa, sentença passada em julgado houver atribuído ao habilitando a qua-lidade de herdeiro ou sucessor;

III - o herdeiro for incluído sem qualquer oposição no inventário;

IV - estiver declarada a ausência ou determinada a arrecadação da herança jacente;

V - oferecidos os artigos de habilitação, a parte reconhecer a procedência do pedido e nãohouver oposição de terceiros.

Art. 1.061 - Falecendo o alienante ou o cedente, poderá o adquirente ou o cessionárioprosseguir na causa, juntando aos autos o respectivo título e provando a sua identidade.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 1.062 - Passada em julgado a sentença de habilitação, ou admitida a habilitação noscasos em que independer de sentença, a causa principal retomará o seu curso.

CAPÍTULO XIIDA RESTAURAÇÃO DE AUTOS

Art. 1.063 - Verificado o desaparecimento dos autos, pode qualquer das partes promo-ver-lhes a restauração.

Parágrafo único - Havendo autos suplementares, nestes prosseguirá o processo.

Art. 1.064 - Na petição inicial declarará a parte o estado da causa ao tempo do desapare-cimento dos autos, oferecendo:

I - certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do cartório por onde hajacorrido o processo;

II - cópia dos requerimentos que dirigiu ao juiz;

III - quaisquer outros documentos que facilitem a restauração.

Art. 1.065 - A parte contrária será citada para contestar o pedido no prazo de 5 (cinco)dias, cabendo-lhe exibir as cópias, contrafés e mais reproduções dos atos e documentosque estiverem em seu poder.

§ 1º - Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o respectivo auto que, assinadopelas partes e homologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido.

Arts. 1.056 a 1.065

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Código de Processo Civil

§ 2º - Se a parte não contestar ou se a concordância for parcial, observar-se-á o dispostono art. 803.

Art. 1.066 - Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido depois da produção dasprovas em audiência, o juiz mandará repeti-las.

§ 1º - Serão reinquiridas as mesmas testemunhas; mas se estas tiverem falecido ou seacharem impossibilitadas de depor e não houver meio de comprovar de outra forma odepoimento, poderão ser substituídas.

§ 2º - Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perícia, sempre que forpossível e de preferência pelo mesmo perito.

§ 3º - Não havendo certidão de documentos, estes serão reconstituídos mediante cópias e,na falta, pelos meios ordinários de prova.

§ 4º - Os serventuários e auxiliares da justiça não podem eximir-se de depor como teste-munhas a respeito de atos que tenham praticado ou assistido.

§ 5º - Se o juiz houver proferido sentença da qual possua cópia, esta será junta aos autose terá a mesma autoridade da original.

Art. 1.067 - Julgada a restauração, seguirá o processo os seus termos.

§ 1º - Aparecendo os autos originais, nestes se prosseguirá sendo-lhes apensados osautos da restauração.

§ 2º - Os autos suplementares serão restituídos ao cartório, deles se extraindo certidõesde todos os atos e termos a fim de completar os autos originais.

Art. 1.068 - Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido no tribunal, a ação serádistribuída, sempre que possível, ao relator do processo.

§ 1º - A restauração far-se-á no juízo de origem quanto aos atos que neste se tenhamrealizado.

§ 2º - Remetidos os autos ao tribunal, aí se completará a restauração e se procederá aojulgamento.

Art. 1.069 - Quem houver dado causa ao desaparecimento dos autos responderá pelascustas da restauração e honorários de advogado, sem prejuízo da responsabilidade civil oupenal em que incorrer.

CAPÍTULO XIIIDAS VENDAS A CRÉDITO COM RESERVA DE DOMÍNIO

Art. 1.070 - Nas vendas a crédito com reserva de domínio, quando as prestações estive-rem representadas por título executivo, o credor poderá cobrá-las, observando-se o dis-posto no Livro II, Título II, Capítulo IV.

§ 1º - Efetuada a penhora da coisa vendida, é licito a qualquer das partes, no curso doprocesso, requerer-lhe a alienação judicial em leilão.

§ 2º - O produto do leilão será depositado, sub-rogando-se nele a penhora.

Art. 1.071 - Ocorrendo mora do comprador, provada com o protesto do título, o vendedorpoderá requerer, liminarmente e sem audiência do comprador, a apreensão e depósito dacoisa vendida.

§ 1º - Ao deferir o pedido, nomeará o juiz perito, que procederá à vistoria da coisa e arbitramentodo seu valor, descrevendo-lhe o estado e individuando-a com todos os característicos.

Arts. 1.065 a 1.071

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Código de Processo Civil

§ 2º - Feito o depósito, será citado o comprador para, dentro em 5 (cinco) dias, contestara ação. Neste prazo poderá o comprador, que houver pago mais de 40% (quarenta porcento) do preço, requerer ao juiz que lhe conceda 30 (trinta) dias para reaver a coisa,liquidando as prestações vencidas, juros, honorários e custas.

§ 3º - Se o réu não contestar, deixar de pedir a concessão do prazo ou não efetuar opagamento referido no parágrafo anterior, poderá o autor, mediante a apresentação dostítulos vencidos e vincendos, requerer a reintegração imediata na posse da coisa deposita-da; caso em que, descontada do valor arbitrado a importância da dívida acrescida dasdespesas judiciais e extrajudiciais, o autor restituirá ao réu o saldo, depositando-o empagamento.

§ 4º - Se a ação for contestada, observar-se-á o procedimento ordinário, sem prejuízo dareintegração liminar.

CAPÍTULO XIVDO JUÍZO ARBITRAL

SEÇÃO IDO COMPROMISSO

Arts. 1.072 a 1.077 - (Revogados pela Lei nº 9.307, de 1996)

SEÇÃO IIDOS ÁRBITROS

Arts. 1.078 a 1.084 - (Revogados pela Lei nº 9.307, de 1996)

SEÇÃO IIIDO PROCEDIMENTO

Arts. 1.085 a 1.097 - (Revogados pela Lei nº 9.307, de 1996)

SEÇÃO IVDA HOMOLOGAÇÃO DO LAUDO

Arts. 1.098 a 1.102 - (Revogados pela Lei nº 9.307, de 1996)

CAPÍTULO XVDA AÇÃO MONITÓRIA

(Incluído pela Lei nº 9.079, de 1995)

Art. 1.102.A - A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escritasem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungívelou de determinado bem móvel.(Incluído pela Lei nº 9.079, de 1995)

Art. 1.102.B - Estando a petição inicial devidamente instruída, o Juiz deferirá de plano aexpedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de quinze dias.(Incluído pela Lei nº 9.079, de 1995)

Arts. 1.071 a 1.102.B

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Código de Processo Civil

Art. 1.102-C - No prazo previsto no art. 1.102-B, poderá o réu oferecer embargos, quesuspenderão a eficácia do mandado inicial. Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial emmandado executivo e prosseguindo-se na forma do Livro I, Título VIII, Capítulo X, destaLei. (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1º - Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios.(Incluído pela Lei nº 9.079, de 14.7.1995)

§ 2º - Os embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nospróprios autos, pelo procedimento ordinário. (Incluído pela Lei nº 9.079, de 14.7.1995)

§ 3º - Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial,intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro I, Título VIII, Capí-tulo X, desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

TÍTULO IIDOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.103 - Quando este Código não estabelecer procedimento especial, regem a jurisdi-ção voluntária as disposições constantes deste Capítulo.

Art. 1.104 - O procedimento terá início por provocação do interessado ou do MinistérioPúblico, cabendo-lhes formular o pedido em requerimento dirigido ao juiz, devidamenteinstruído com os documentos necessários e com a indicação da providência judicial.

Art. 1.105 - Serão citados, sob pena de nulidade, todos os interessados, bem como oMinistério Público.

Art. 1.106 - O prazo para responder é de 10 (dez) dias.

Art. 1.107 - Os interessados podem produzir as provas destinadas a demonstrar as suasalegações; mas ao juiz é licito investigar livremente os fatos e ordenar de ofício a realiza-ção de quaisquer provas.

Art. 1.108 - A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver interesse.

Art. 1.109 - O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém, obrigado aobservar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que reputarmais conveniente ou oportuna.

Art. 1.110 - Da sentença caberá apelação.

Art. 1.111 - A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, seocorrerem circunstâncias supervenientes.

Art. 1.112 - Processar-se-á na forma estabelecida neste Capítulo o pedido de:

I - emancipação;

II - sub-rogação;

III - alienação, arrendamento ou oneração de bens dotais, de menores, de órfãos e deinterditos;

IV - alienação, locação e administração da coisa comum;

V - alienação de quinhão em coisa comum;

VI - extinção de usufruto e de fideicomisso.

Arts. 1.102-C a 1.112

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Código de Processo Civil

CAPÍTULO IIDAS ALIENAÇÕES JUDICIAIS

Art. 1.113 - Nos casos expressos em lei e sempre que os bens depositados judicialmenteforem de fácil deterioração, estiverem avariados ou exigirem grandes despesas para a suaguarda, o juiz, de ofício ou a requerimento do depositário ou de qualquer das partes,mandará aliená-los em leilão.

§ 1º - Poderá o juiz autorizar, da mesma forma, a alienação de semoventes e outros bensde guarda dispendiosa; mas não o fará se alguma das partes se obrigar a satisfazer ougarantir as despesas de conservação.

§ 2º - Quando uma das partes requerer a alienação judicial, o juiz ouvirá sempre a outraantes de decidir.

§ 3º - Far-se-á a alienação independentemente de leilão, se todos os interessados foremcapazes e nisso convierem expressamente.

Art. 1.114 - Os bens serão avaliados por um perito nomeado pelo juiz quando:

I - não o hajam sido anteriormente;

II - tenham sofrido alteração em seu valor.

Art. 1.115 - A alienação será feita pelo maior lanço oferecido, ainda que seja inferior aovalor da avaliação.

Art. 1.116 - Efetuada a alienação e deduzidas as despesas, depositar-se-á o preço, fican-do nele sub-rogados os ônus ou responsabilidades a que estiverem sujeitos os bens. (Re-dação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Parágrafo único - Não sendo caso de se levantar o depósito antes de 30 (trinta) dias,inclusive na ação ou na execução, o juiz determinará a aplicação do produto da alienaçãoou do depósito, em obrigações ou títulos da dívida pública da União ou dos Estados.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973

Art. 1.117 - Também serão alienados em leilão, procedendo-se como nos artigos antece-dentes:

I - o imóvel que, na partilha, não couber no quinhão de um só herdeiro ou não admitirdivisão cômoda, salvo se adjudicando a um ou mais herdeiros acordes;

II - a coisa comum indivisível ou que, pela divisão, se tornar imprópria ao seu destino,verificada previamente a existência de desacordo quanto à adjudicação a um doscondôminos;

III - os bens móveis e imóveis de órfãos nos casos em que a lei o permite e medianteautorização do juiz.

Art. 1.118 - Na alienação judicial de coisa comum, será preferido:

I - em condições iguais, o condômino ao estranho;

II - entre os condôminos, o que tiver benfeitorias de maior valor;

III - o condômino proprietário de quinhão maior, se não houver benfeitorias.

Art. 1.119 - Verificada a alienação de coisa comum sem observância das preferênciaslegais, o condômino prejudicado poderá requerer, antes da assinatura da carta, o depósitodo preço e adjudicação da coisa.

Parágrafo único - Serão citados o adquirente e os demais condôminos para dizerem de seudireito, observando-se, quanto ao procedimento, o disposto no art. 803.

Arts. 1.113 a 1.119

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CAPÍTULO IIIDA SEPARAÇÃO CONSENSUAL

Art. 1.120 - A separação consensual será requerida em petição assinada por ambos oscônjuges.

§ 1º - Se os cônjuges não puderem ou não souberem escrever, é lícito que outrem assinea petição a rogo deles.

§ 2º - As assinaturas, quando não lançadas na presença do juiz, serão reconhecidas portabelião.

Art. 1.121 - A petição, instruída com a certidão de casamento e o contrato antenupcial sehouver, conterá:

I - a descrição dos bens do casal e a respectiva partilha;

II - o acordo relativo à guarda dos filhos menores e ao regime de visitas; (Redação dadapela Lei nº 11.112, de 2005)

III - o valor da contribuição para criar e educar os filhos;

IV - a pensão alimentícia do marido à mulher, se esta não possuir bens suficientes para semanter.

§ 1º - Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta, depois dehomologada a separação consensual, na forma estabelecida neste Livro, Título I, CapítuloIX. (Renumerado do parágrafo único, pela Lei nº 11.112, de 2005)

§ 2º - Entende-se por regime de visitas a forma pela qual os cônjuges ajustarão a perma-nência dos filhos em companhia daquele que não ficar com sua guarda, compreendendoencontros periódicos regularmente estabelecidos, repartição das férias escolares e diasfestivos. (Incluído pela Lei nº 11.112, de 2005)

Art. 1.122 - Apresentada a petição ao juiz, este verificará se ela preenche os requisitosexigidos nos dois artigos antecedentes; em seguida, ouvirá os cônjuges sobre os motivosda separação consensual, esclarecendo-lhes as conseqüências da manifestação de vonta-de.

§ 1º - Convencendo-se o juiz de que ambos, livremente e sem hesitações, desejam aseparação consensual, mandará reduzir a termo as declarações e, depois de ouvir o Minis-tério Público no prazo de 5 (cinco) dias, o homologará; em caso contrário, marcar-lhes-ádia e hora, com 15 (quinze) a 30 (trinta) dias de intervalo, para que voltem a fim deratificar o pedido de separação consensual.

§ 2º - Se qualquer dos cônjuges não comparecer à audiência designada ou não ratificar opedido, o juiz mandará autuar a petição e documentos e arquivar o processo.

Art. 1.123 - É lícito às partes, a qualquer tempo, no curso da separação judicial, lherequererem a conversão em separação consensual; caso em que será observado o dispos-to no art. 1.121 e primeira parte do § 1º do artigo antecedente.

Art. 1.124 - Homologada a separação consensual, averbar-se-á a sentença no registrocivil e, havendo bens imóveis, na circunscrição onde se acham registrados.

Art. 1.124-A - A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos meno-res ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão serrealizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e àpartilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomadapelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu ocasamento. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007).

Arts. 1.120 a 1.124-A

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Código de Processo Civil

§ 1º - A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para oregistro civil e o registro de imóveis. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007).

§ 2º - O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos poradvogado comum ou advogados de cada um deles ou por defensor público, cuja qualifica-ção e assinatura constarão do ato notarial. (Redação dada pela Lei nº 11.965, de 2009)

§ 3º - A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararempobres sob as penas da lei. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007).

CAPÍTULO IVDOS TESTAMENTOS E CODICILO

SEÇÃO IDA ABERTURA, DO REGISTRO E DO CUMPRIMENTO

Art. 1.125 - Ao receber testamento cerrado, o juiz, após verificar se está intacto, o abriráe mandará que o escrivão o leia em presença de quem o entregou.

Parágrafo único - Lavrar-se-á em seguida o ato de abertura que, rubricado pelo juiz eassinado pelo apresentante, mencionará:

I - a data e o lugar em que o testamento foi aberto;

II - o nome do apresentante e como houve ele o testamento;

III - a data e o lugar do falecimento do testador;

IV - qualquer circunstância digna de nota, encontrada no invólucro ou no interior do testa-mento.

Art. 1.126 - Conclusos os autos, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público, mandaráregistrar, arquivar e cumprir o testamento, se lhe não achar vício externo, que o tornesuspeito de nulidade ou falsidade.

Parágrafo único - O testamento será registrado e arquivado no cartório a que tocar, deleremetendo o escrivão uma cópia, no prazo de 8 (oito) dias, à repartição fiscal.

Art. 1.127 - Feito o registro, o escrivão intimará o testamenteiro nomeado a assinar, noprazo de 5 (cinco) dias, o termo da testamentaria; se não houver testamenteiro nomeado,estiver ele ausente ou não aceitar o encargo, o escrivão certificará a ocorrência e fará osautos conclusos; caso em que o juiz nomeará testamenteiro dativo, observando-se a pre-ferência legal.

Parágrafo único - Assinado o termo de aceitação da testamentaria, o escrivão extrairácópia autêntica do testamento para ser juntada aos autos de inventário ou de arrecadaçãoda herança.

Art. 1.128 - Quando o testamento for público, qualquer interessado, exibindo-lhe o tras-lado ou certidão, poderá requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento.

Parágrafo único - O juiz mandará processá-lo conforme o disposto nos arts. 1.125 e 1.126.

Art. 1.129 - O juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, ordenará aodetentor de testamento que o exiba em juízo para os fins legais, se ele, após a morte dotestador, não se tiver antecipado em fazê-lo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973

Parágrafo único - Não sendo cumprida a ordem, proceder-se-á à busca e apreensão dotestamento, de conformidade com o disposto nos arts. 839 a 843. (Redação dada pela Leinº 5.925, de 1º.10.1973

Arts. 1.124-A a 1.129

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Código de Processo Civil

SEÇÃO IIDA CCONFIRMAÇÃO DO TESTAMENTO PARTICULAR

Art. 1.130 - O herdeiro, o legatário ou o testamenteiro poderá requerer, depois da mortedo testador, a publicação em juízo do testamento particular, inquirindo-se as testemunhasque lhe ouviram a leitura e, depois disso, o assinaram.

Parágrafo único - A petição será instruída com a cédula do testamento particular.

Art. 1.131 - Serão intimados para a inquirição:

I - aqueles a quem caberia a sucessão legítima;

II - o testamenteiro, os herdeiros e os legatários que não tiverem requerido a publicação;

III - o Ministério Público.

Parágrafo único - As pessoas, que não forem encontradas na comarca, serão intimadas poredital.

Art. 1.132 - Inquiridas as testemunhas, poderão os interessados, no prazo comum de 5(cinco) dias, manifestar-se sobre o testamento.

Art. 1.133 - Se pelo menos três testemunhas contestes reconhecerem que é autêntico otestamento, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público, o confirmará, observando-sequanto ao mais o disposto nos arts. 1.126 e 1.127.

SEÇÃO IIIDO TESTAMENTO MILITAR, MARÍTIMO, NUNCUPATIVO E DO CODICILO

Art. 1.134 - As disposições da seção precedente aplicam-se:

I - ao testamento marítimo;

II - ao testamento militar;

III - ao testamento nuncupativo;

IV - ao codicilo.

SEÇÃO IVDA EXECUÇÃO DOS TESTAMENTOS

Art. 1.135 - O testamenteiro deverá cumprir as disposições testamentárias no prazolegal, se outro não tiver sido assinado pelo testador e prestar contas, no juízo do inventá-rio, do que recebeu e despendeu.

Parágrafo único - Será ineficaz a disposição testamentária que eximir o testamenteiro daobrigação de prestar contas.

Art. 1.136 - Se dentro de 3 (três) meses, contados do registro do testamento, não estiverinscrita a hipoteca legal da mulher casada, do menor e do interdito instituídos herdeiros oulegatários, o testamenteiro requerer-lhe-á a inscrição, sem a qual não se haverão porcumpridas as disposições do testamento.

Art. 1.137 - lncumbe ao testamenteiro:

I - cumprir as obrigações do testamento;

Arts. 1.130 a 1.137

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II - propugnar a validade do testamento;

III - defender a posse dos bens da herança;

IV - requerer ao juiz que lhe conceda os meios necessários para cumprir as disposiçõestestamentárias.

Art. 1.138 - O testamenteiro tem direito a um prêmio que, se o testador não o houverfixado, o juiz arbitrará, levando em conta o valor da herança e o trabalho de execução dotestamento.

§ 1º - O prêmio, que não excederá 5% (cinco por cento), será calculado sobre a herançalíquida e deduzido somente da metade disponível quando houver herdeiros necessários, ede todo o acervo líquido nos demais casos.

§ 2º - Sendo o testamenteiro casado, sob o regime de comunhão de bens, com herdeiro oulegatário do testador, não terá direito ao prêmio; ser-lhe-á lícito, porém, preferir o prêmioà herança ou legado.

Art. 1.139 - Não se efetuará o pagamento do prêmio mediante adjudicação de bens doespólio, salvo se o testamenteiro for meeiro.

Art. 1.140 - O testamenteiro será removido e perderá o prêmio se:

I - lhe forem glosadas as despesas por ilegais ou em discordância com o testamento;

II - não cumprir as disposições testamentárias.

Art. 1.141 - O testamenteiro, que quiser demitir-se do encargo, poderá requerer ao juiza escusa, alegando causa legítima. Ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Públi-co, o juiz decidirá.

CAPÍTULO VDA HERANÇA JACENTE

Art. 1.142 - Nos casos em que a lei civil considere jacente a herança, o juiz, em cujacomarca tiver domicílio o falecido, procederá sem perda de tempo à arrecadação de todosos seus bens.

Art. 1.143 - A herança jacente ficará sob a guarda, conservação e administração de umcurador até a respectiva entrega ao sucessor legalmente habilitado, ou até a declaração devacância; caso em que será incorporada ao domínio da União, do Estado ou do DistritoFederal.

Art. 1.144 - Incumbe ao curador:

I - representar a herança em juízo ou fora dele, com assistência do órgão do MinistérioPúblico;

II - ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e promover a arrecadação deoutros porventura existentes;

III - executar as medidas conservatórias dos direitos da herança;

IV - apresentar mensalmente ao juiz um balancete da receita e da despesa;

V - prestar contas a final de sua gestão.

Parágrafo único - Aplica-se ao curador o disposto nos arts. 148 a 150.

Art. 1.145 - Comparecendo à residência do morto, acompanhado do escrivão do curador,o juiz mandará arrolar os bens e descrevê-los em auto circunstanciado.

Arts. 1.137 a 1.145

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§ 1º - Não estando ainda nomeado o curador, o juiz designará um depositário e lhe entre-gará os bens, mediante simples termo nos autos, depois de compromissado.

§ 2º - O órgão do Ministério Público e o representante da Fazenda Pública serão intimadosa assistir à arrecadação, que se realizará, porém, estejam presentes ou não.

Art. 1.146 - Quando a arrecadação não terminar no mesmo dia, o juiz procederá à aposiçãode selos, que serão levantados à medida que se efetuar o arrolamento, mencionando-se oestado em que foram encontrados os bens.

Art. 1.147 - O juiz examinará reservadamente os papéis, cartas missivas e os livrosdomésticos; verificando que não apresentam interesse, mandará empacotá-los e lacrá-lospara serem assim entregues aos sucessores do falecido, ou queimados quando os bensforem declarados vacantes.

Art. 1.148 - Não podendo comparecer imediatamente por motivo justo ou por estarem osbens em lugar muito distante, o juiz requisitará à autoridade policial que proceda à arreca-dação e ao arrolamento dos bens.

Parágrafo único - Duas testemunhas assistirão às diligências e, havendo necessidade deapor selos, estes só poderão ser abertos pelo juiz.

Art. 1.149 - Se constar ao juiz a existência de bens em outra comarca, mandará expedircarta precatória a fim de serem arrecadados.

Art. 1.150 - Durante a arrecadação o juiz inquirirá os moradores da casa e da vizinhançasobre a qualificação do falecido, o paradeiro de seus sucessores e a existência de outrosbens, lavrando-se de tudo um auto de inquirição e informação.

Art. 1.151 - Não se fará a arrecadação ou suspender-se-á esta quando iniciada, se seapresentar para reclamar os bens o cônjuge, herdeiro ou testamenteiro notoriamentereconhecido e não houver oposição motivada do curador, de qualquer interessado, doórgão do Ministério Público ou do representante da Fazenda Pública.

Art. 1.152 - Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será estampadotrês vezes, com intervalo de 30 (trinta) dias para cada um, no órgão oficial e na imprensada comarca, para que venham a habilitar-se os sucessores do finado no prazo de 6 (seis)meses contados da primeira publicação.

§ 1º - Verificada a existência de sucessor ou testamenteiro em lugar certo, far-se-á a suacitação, sem prejuízo do edital.

§ 2º - Quando o finado for estrangeiro, será também comunicado o fato à autoridadeconsular.

Art. 1.153 - Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiroou provada a identidade do cônjuge, a arrecadação converter-se-á em inventário.

Art. 1.154 - Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou propora ação de cobrança.

Art. 1.155 - O juiz poderá autorizar a alienação:

I - de bens móveis, se forem de conservação difícil ou dispendiosa;

II - de semoventes, quando não empregados na exploração de alguma indústria;

III - de títulos e papéis de crédito, havendo fundado receio de depreciação;

IV - de ações de sociedade quando, reclamada a integralização, não dispuser a herança dedinheiro para o pagamento;

V - de bens imóveis:

Arts. 1.145 a 1.155

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a) se ameaçarem ruína, não convindo a reparação;

b) se estiverem hipotecados e vencer-se a dívida, não havendo dinheiro para o pagamento.

Parágrafo único - Não se procederá, entretanto, à venda se a Fazenda Pública ou o habili-tando adiantar a importância para as despesas.

Art. 1.156 - Os bens com valor de afeição, como retratos, objetos de uso pessoal, livrose obras de arte, só serão alienados depois de declarada a vacância da herança.

Art. 1.157 - Passado 1 (um) ano da primeira publicação do edital (art. 1.152) e nãohavendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a herança declarada vacante.

Parágrafo único - Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma sentençaque a julgar improcedente. Sendo diversas as habilitações, aguardar-se-á o julgamento daúltima.

Art. 1.158 - Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge, osherdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta.

CAPÍTULO VIDOS BENS DOS AUSENTES

Art. 1.159 - Desaparecendo alguém do seu domicílio sem deixar representante a quemcaiba administrar-lhe os bens, ou deixando mandatário que não queira ou não possa con-tinuar a exercer o mandato, declarar-se-á a sua ausência.

Art. 1.160 - O juiz mandará arrecadar os bens do ausente e nomear-lhe-á curador naforma estabelecida no Capítulo antecedente.

Art. 1.161 - Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais durante 1 (um) ano,reproduzidos de dois em dois meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente aentrar na posse de seus bens.

Art. 1.162 - Cessa a curadoria:

I - pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o represente;

II - pela certeza da morte do ausente;

III - pela sucessão provisória.

Art. 1.163 - Passado 1 (um) ano da publicação do primeiro edital sem que se saiba doausente e não tendo comparecido seu procurador ou representante, poderão os interessa-dos requerer que se abra provisoriamente a sucessão.

§ 1º - Consideram-se para este efeito interessados:

I - o cônjuge não separado judicialmente;

II - os herdeiros presumidos legítimos e os testamentários;

III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito subordinado à condição de morte;

IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.

§ 2º - Findo o prazo deste artigo e não havendo absolutamente interessados na sucessãoprovisória, cumpre ao órgão do Ministério Público requerê-la.

Art. 1.164 - O interessado, ao requerer a abertura da sucessão provisória, pedirá a cita-ção pessoal dos herdeiros presentes e do curador e, por editais, a dos ausentes paraoferecerem artigos de habilitação.

Arts. 1.155 a 1.164

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Parágrafo único - A habilitação dos herdeiros obedecerá ao processo do art. 1.057.

Art. 1.165 - A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produziráefeito 6 (seis) meses depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado,se procederá à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens,como se o ausente fosse falecido.

Parágrafo único - Se dentro em 30 (trinta) dias não comparecer interessado ou herdeiro,que requeira o inventário, a herança será considerada jacente.

Art. 1.166 - Cumpre aos herdeiros, imitidos na posse dos bens do ausente, prestar cau-ção de os restituir.

Art. 1.167 - A sucessão provisória cessará pelo comparecimento do ausente e converter-se-á em definitiva:

I - quando houver certeza da morte do ausente;

II - dez anos depois de passada em julgado a sentença de abertura da sucessão provisória;

III - quando o ausente contar 80 (oitenta) anos de idade e houverem decorrido 5 (cinco)anos das últimas notícias suas.

Art. 1.168 - Regressando o ausente nos 10 (dez) anos seguintes à abertura da sucessãodefinitiva ou algum dos seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes só poderãorequerer ao juiz a entrega dos bens existentes no estado em que se acharem, ou sub-rogados em seu lugar ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem rece-bido pelos alienados depois daquele tempo.

Art. 1.169 - Serão citados para lhe contestarem o pedido os sucessores provisórios oudefinitivos, o órgão do Ministério Público e o representante da Fazenda Pública.

Parágrafo único - Havendo contestação, seguir-se-á o procedimento ordinário.

CAPÍTULO VIIDAS COISAS VAGAS

Art. 1.170 - Aquele que achar coisa alheia perdida, não lhe conhecendo o dono ou legíti-mo possuidor, a entregará à autoridade judiciária ou policial, que a arrecadará, mandandolavrar o respectivo auto, dele constando a sua descrição e as declarações do inventor.

Parágrafo único - A coisa, com o auto, será logo remetida ao juiz competente, quando aentrega tiver sido feita à autoridade policial ou a outro juiz.

Art. 1.171 - Depositada a coisa, o juiz mandará publicar edital, por duas vezes, no órgãooficial, com intervalo de 10 (dez) dias, para que o dono ou legítimo possuidor a reclame.

§ 1º - O edital conterá a descrição da coisa e as circunstâncias em que foi encontrada.

§ 2º - Tratando-se de coisa de pequeno valor, o edital será apenas afixado no átrio doedifício do forum.

Art. 1.172 - Comparecendo o dono ou o legítimo possuidor dentro do prazo do edital eprovando o seu direito, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público e o representante daFazenda Pública, mandará entregar-lhe a coisa.

Art. 1.173 - Se não for reclamada, será a coisa avaliada e alienada em hasta pública e,deduzidas do preço as despesas e a recompensa do inventor, o saldo pertencerá, na formada lei, à União, ao Estado ou ao Distrito Federal.

Art. 1.174 - Se o dono preferir abandonar a coisa, poderá o inventor requerer que lheseja adjudicada.

Arts. 1.164 a 1.174

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Código de Processo Civil

Art. 1.175 - O procedimento estabelecido neste Capítulo aplica-se aos objetos deixadosnos hotéis, oficinas e outros estabelecimentos, não sendo reclamados dentro de 1 (um)mês.

Art. 1.176 - Havendo fundada suspeita de que a coisa foi criminosamente subtraída, aautoridade policial converterá a arrecadação em inquérito; caso em que competirá ao juizcriminal mandar entregar a coisa a quem provar que é o dono ou legítimo possuidor.

CAPÍTULO VIIIDA CURATELA DOS INTERDITOS

Art. 1.177 - A interdição pode ser promovida:

I - pelo pai, mãe ou tutor;

II - pelo cônjuge ou algum parente próximo;

III - pelo órgão do Ministério Público.

Art. 1.178 - O órgão do Ministério Público só requererá a interdição:

I - no caso de anomalia psíquica;

II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas no artigoantecedente, ns. I e II;

III - se, existindo, forem menores ou incapazes.

Art. 1.179 - Quando a interdição for requerida pelo órgão do Ministério Público, o juiznomeará ao interditando curador à lide (art. 9º).

Art. 1.180 - Na petição inicial, o interessado provará a sua legitimidade, especificará osfatos que revelam a anomalia psíquica e assinalará a incapacidade do interditando parareger a sua pessoa e administrar os seus bens.

Art. 1.181 - O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante ojuiz, que o examinará, interrogando-o minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bense do mais que lhe parecer necessário para ajuizar do seu estado mental, reduzidas a autoas perguntas e respostas.

Art. 1.182 - Dentro do prazo de 5 (cinco) dias contados da audiência de interrogatório,poderá o interditando impugnar o pedido.

§ 1º - Representará o interditando nos autos do procedimento o órgão do Ministério Públi-co ou, quando for este o requerente, o curador à lide.

§ 2º - Poderá o interditando constituir advogado para defender-se.

§ 3º - Qualquer parente sucessível poderá constituir-lhe advogado com os poderes judici-ais que teria se nomeado pelo interditando, respondendo pelos honorários.

Art. 1.183 - Decorrido o prazo a que se refere o artigo antecedente, o juiz nomeará peritopara proceder ao exame do interditando. Apresentado o laudo, o juiz designará audiênciade instrução e julgamento.

Parágrafo único - Decretando a interdição, o juiz nomeará curador ao interdito.

Art. 1.184 - A sentença de interdição produz efeito desde logo, embora sujeita a apela-ção. Será inscrita no Registro de Pessoas Naturais e publicada pela imprensa local e peloórgão oficial por três vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomesdo interdito e do curador, a causa da interdição e os limites da curatela.

Arts. 1.175 a 1.184

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Art. 1.185 - Obedecerá às disposições dos artigos antecedentes, no que for aplicável, ainterdição do pródigo, a do surdo-mudo sem educação que o habilite a enunciar precisa-mente a sua vontade e a dos viciados pelo uso de substâncias entorpecentes quandoacometidos de perturbações mentais.

Art. 1.186 - Levantar-se-á a interdição, cessando a causa que a determinou.

§ 1º - O pedido de levantamento poderá ser feito pelo interditado e será apensado aosautos da interdição. O juiz nomeará perito para proceder ao exame de sanidade nointerditado e após a apresentação do laudo designará audiência de instrução e julga-mento.

§ 2º - Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e mandará publicara sentença, após o transito em julgado, pela imprensa local e órgão oficial por três vezes,com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no Registro de Pessoas Naturais.

CAPÍTULO IXDAS DISPOSIÇÕES COMUNS À TUTELA E À CURATELA

SEÇÃO IDA NOMEAÇÃO DO TUTOR OU CURADOR

Art. 1.187 - O tutor ou curador será intimado a prestar compromisso no prazo de 5(cinco) dias contados:

I - da nomeação feita na conformidade da lei civil;

II - da intimação do despacho que mandar cumprir o testamento ou o instrumento públicoque o houver instituído.

Art. 1.188 - Prestado o compromisso por termo em livro próprio rubricado pelo juiz, otutor ou curador, antes de entrar em exercício, requererá, dentro em 10 (dez) dias, aespecialização em hipoteca legal de imóveis necessários para acautelar os bens que serãoconfiados à sua administração.

Parágrafo único - Incumbe ao órgão do Ministério Público promover a especialização dehipoteca legal, se o tutor ou curador não a tiver requerido no prazo assinado neste artigo.

Art. 1.189 - Enquanto não for julgada a especialização, incumbirá ao órgão do MinistérioPúblico reger a pessoa do incapaz e administrar-lhe os bens.

Art. 1.190 - Se o tutor ou curador for de reconhecida idoneidade, poderá o juiz admitirque entre em exercício, prestando depois a garantia, ou dispensando-a desde logo.

Art. 1.191 - Ressalvado o disposto no artigo antecedente, a nomeação ficará sem efeitose o tutor ou curador não puder garantir a sua gestão.

Art. 1.192 - O tutor ou curador poderá eximir-se do encargo, apresentando escusa ao juizno prazo de 5 (cinco) dias. Contar-se-á o prazo:

I - antes de aceitar o encargo, da intimação para prestar compromisso;

II - depois de entrar em exercício, do dia em que sobrevier o motivo da escusa.

Parágrafo único - Não sendo requerida a escusa no prazo estabelecido neste artigo, repu-tar-se-á renunciado o direito de alegá-la.

Art. 1.193 - O juiz decidirá de plano o pedido de escusa. Se não a admitir, exercerá onomeado a tutela ou curatela enquanto não for dispensado por sentença transitada emjulgado.

Arts. 1.185 a 1.193

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Código de Processo Civil

SEÇÃO IIDA REMOÇÃO E DISPENSA DE TUTOR OU CURADOR

Art. 1.194 - Incumbe ao órgão do Ministério Público, ou a quem tenha legítimo interesse,requerer, nos casos previstos na lei civil, a remoção do tutor ou curador.

Art. 1.195 - O tutor ou curador será citado para contestar a argüição no prazo de 5 (cinco)dias.

Art. 1.196 - Findo o prazo, observar-se-á o disposto no art. 803.

Art. 1.197 - Em caso de extrema gravidade, poderá o juiz suspender do exercício de suasfunções o tutor ou curador, nomeando-lhe interinamente substituto.

Art. 1.198 - Cessando as funções do tutor ou curador pelo decurso do prazo em que eraobrigado a servir, ser-lhe-á lícito requerer a exoneração do encargo; não o fazendo dentrodos 10 (dez) dias seguintes à expiração do termo, entender-se-á reconduzido, salvo se ojuiz o dispensar.

CAPÍTULO XDA ORGANIZAÇÃO E DA FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES

Art. 1.199 - O instituidor, ao criar a fundação, elaborará o seu estatuto ou designará quemo faça.

Art. 1.200 - O interessado submeterá o estatuto ao órgão do Ministério Público, queverificará se foram observadas as bases da fundação e se os bens são suficientes ao fim aque ela se destina.

Art. 1.201 - Autuado o pedido, o órgão do Ministério Público, no prazo de 15 (quinze) dias,aprovará o estatuto, indicará as modificações que entender necessárias ou lhe denegará aaprovação.

§ 1º - Nos dois últimos casos, pode o interessado, em petição motivada, requerer ao juizo suprimento da aprovação.

§ 2º - O juiz, antes de suprir a aprovação, poderá mandar fazer no estatuto modificaçõesa fim de adaptá-lo ao objetivo do instituidor.

Art. 1.202 - Incumbirá ao órgão do Ministério Público elaborar o estatuto e submetê-lo àaprovação do juiz:

I - quando o instituidor não o fizer nem nomear quem o faça;

II - quando a pessoa encarregada não cumprir o encargo no prazo assinado pelo instituidorou, não havendo prazo, dentro em 6 (seis) meses.

Art. 1.203 - A alteração do estatuto ficará sujeita à aprovação do órgão do MinistérioPúblico. Sendo-lhe denegada, observar-se-á o disposto no art. 1.201, §§ 1º e 2º.

Parágrafo único - Quando a reforma não houver sido deliberada por votação unânime, osadministradores, ao submeterem ao órgão do Ministério Público o estatuto, pedirão que sedê ciência à minoria vencida para impugná-la no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 1.204 - Qualquer interessado ou o órgão do Ministério Público promoverá a extinçãoda fundação quando:

I - se tornar ilícito o seu objeto;

II - for impossível a sua manutenção;

III - se vencer o prazo de sua existência.

Arts. 1.194 a 1.204

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CAPÍTULO XIDA ESPECIALIZAÇÃO DA HIPOTECA LEGAL

Art. 1.205 - O pedido para especialização de hipoteca legal declarará a estimativa daresponsabilidade e será instruído com a prova do domínio dos bens, livres de ônus, dadosem garantia.

Art. 1.206 - O arbitramento do valor da responsabilidade e a avaliação dos bens far-se-ápor perito nomeado pelo juiz.

§ 1º - O valor da responsabilidade será calculado de acordo com a importância dos bens edos saldos prováveis dos rendimentos que devem ficar em poder dos tutores e curadoresdurante a administração, não se computando, porém, o preço do imóvel.

§ 2º - Será dispensado o arbitramento do valor da responsabilidade nas hipotecas legaisem favor:

I - da mulher casada, para garantia do dote, caso em que o valor será o da estimação,constante da escritura antenupcial;

II - da Fazenda Pública, nas cauções prestadas pelos responsáveis, caso em que será ovalor caucionado.

§ 3º - Dispensa-se a avaliação, quando estiverem mencionados na escritura os bens domarido, que devam garantir o dote.

Art. 1.207 - Sobre o laudo manifestar-se-ão os interessados no prazo comum de 5 (cinco)dias. Em seguida, o juiz homologará ou corrigirá o arbitramento e a avaliação; e, achandolivres e suficientes os bens designados, julgará por sentença a especialização, mandandoque se proceda à inscrição da hipoteca.

Parágrafo único - Da sentença constarão expressamente o valor da hipoteca e os bens doresponsável, com a especificação do nome, situação e característicos.

Art. 1.208 - Sendo insuficientes os bens oferecidos para a hipoteca legal em favor domenor, de interdito ou de mulher casada e não havendo reforço mediante caução real oufidejussória, ordenará o juiz a avaliação de outros bens; tendo-os, proceder-se-á comonos artigos antecedentes; não os tendo, será julgada improcedente a especialização.

Art. 1.209 - Nos demais casos de especialização, prevalece a hipoteca legal dos bensoferecidos, ainda que inferiores ao valor da responsabilidade, ficando salvo aos interessa-dos completar a garantia pelos meios regulares.

Art. 1.210 - Não dependerá de intervenção judicial a especialização de hipoteca legalsempre que o interessado, capaz de contratar, a convencionar, por escritura pública, como responsável.

LIVRO VDAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 1.211 - Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrarem vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes.

Art. 1.211-A - Os procedimentos judiciais em que figure como parte ou interveniente pes-soa com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos terão prioridade na tramitação detodos os atos e diligências em qualquer instância. (Incluído pela Lei nº 10.173, de 2001)

Art. 1.211-B - O interessado na obtenção desse benefício, juntando prova de sua idade,deverá requerê-lo à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará

Arts. 1.205 a 1.211-B

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Código de Processo Civil

ao cartório do juízo as providências a serem cumpridas. (Incluído pela Lei nº 10.173, de2001)

Art. 1.211-C - Concedida a prioridade, esta não cessará com a morte do beneficiado,estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com uniãoestável, maior de sessenta e cinco anos. (Incluído pela Lei nº 10.173, de 2001)

Art. 1.212 - A cobrança da dívida ativa da União incumbe aos seus procuradores e,quando a ação for proposta em foro diferente do Distrito Federal ou das Capitais dosEstados ou Territórios, também aos membros do Ministério Público Estadual e dos Territó-rios, dentro dos limites territoriais fixados pela organização judiciária local.

Parágrafo único - As petições, arrazoados ou atos processuais praticados pelos represen-tantes da União perante as justiças dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, nãoestão sujeitos a selos, emolumentos, taxas ou contribuições de qualquer natureza.

Art. 1.213 - As cartas precatórias, citatórias, probatórias, executórias e cautelares,expedidas pela Justiça Federal, poderão ser cumpridas nas comarcas do interior pela Jus-tiça Estadual.

Art. 1.214 - Adaptar-se-ão às disposições deste Código as resoluções sobre organizaçãojudiciária e os regimentos internos dos tribunais.

Art. 1.215 - Os autos poderão ser eliminados por incineração, destruição mecânica ou poroutro meio adequado, findo o prazo de 5 (cinco) anos, contado da data do arquivamento,publicando-se previamente no órgão oficial e em jornal local, onde houver, aviso aos inte-ressados, com o prazo de 30 (trinta) dias. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)(Vide Lei nº 6.246, de 1975)

§ 1º - É lícito, porém, às partes e interessados requerer, às suas expensas, odesentranhamento dos documentos que juntaram aos autos, ou a microfilmagem total ouparcial do feito. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 2º - Se, a juízo da autoridade competente, houver, nos autos, documentos de valorhistórico, serão eles recolhidos ao Arquivo Público. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de1º.10.1973)

Art. 1.216 - O órgão oficial da União e os dos Estados publicarão gratuitamente, no diaseguinte ao da entrega dos originais, os despachos, intimações, atas das sessões dostribunais e notas de expediente dos cartórios.

Art. 1.217 - Ficam mantidos os recursos dos processos regulados em leis especiais e asdisposições que Ihes regem o procedimento constantes do Decreto-lei nº 1.608, de 18 desetembro de 1939, até que seja publicada a lei que os adaptará ao sistema deste Código.

Art. 1.218 - Continuam em vigor até serem incorporados nas leis especiais os procedi-mentos regulados pelo Decreto-lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939, concernentes:

I - ao loteamento e venda de imóveis a prestações (arts. 345 a 349);

II - ao despejo (arts. 350 a 353);

III - à renovação de contrato de locação de imóveis destinados a fins comerciais (arts. 354a 365);

IV - ao Registro Torrens (arts. 457 a 464);

V - às averbações ou retificações do registro civil (arts. 595 a 599);

VI - ao bem de família (arts. 647 a 651);

VII - à dissolução e liquidação das sociedades (arts. 655 a 674);

VIII - aos protestos formados a bordo (arts. 725 a 729); (Incluído pela Lei nº 6.780, de12.5.1980)

Arts. 1.211-B a 1.218

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Código de Processo Civil

IX - à habilitação para casamento (arts. 742 a 745); (Inciso VIII renumerado pela Lei nº6.780, de 12.5.1980)

X - ao dinheiro a risco (arts. 754 e 755); (Inciso IX renumerado pela Lei nº 6.780, de12.5.1980)

XI - à vistoria de fazendas avariadas (art. 756); (Inciso X renumerado pela Lei nº 6.780,de 12.5.1980)

XII - à apreensão de embarcações (arts. 757 a 761); (Inciso XI renumerado pela Lei nº6.780, de 12.5.1980)

XIII - à avaria a cargo do segurador (arts. 762 a 764); (Inciso XII renumerado pela Lei nº6.780, de 12.5.1980)

XIV - às avarias (arts. 765 a 768);(Inciso XIII renumerado pela Lei nº 6.780, de 12.5.1980)

XV - (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.9.1986)

XVI - às arribadas forçadas (arts. 772 a 775). (Inciso XV renumerado pela Lei nº 6.780, de12.5.1980)

Art. 1.219 - Em todos os casos em que houver recolhimento de importância em dinheiro,esta será depositada em nome da parte ou do interessado, em conta especial movimenta-da por ordem do juiz. (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 1.220 - Este Código entrará em vigor no dia 1o de janeiro de 1974, revogadas asdisposições em contrário. (Artigo renumerado pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Brasília, 11 de janeiro de 1973; 152º da Independência e 85º da República.

EMÍLIO G. MÉDICI

Alfredo Buzaid

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 17.1.1973

Arts. 1.218 a 1.220

O conteúdo deste impresso é cópia fiel do arquivo constante no sitehttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869compilada.htm

(17-07-2008, às 11h19min), acrescido das alterações ocorridas até07-07-2009, às 15h25min.

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ATUALIZAÇÕES

CÓDIGO CIVILhttp://www.planalto.gov.br

CÓDIGO DE PROCESSO CIVILhttp://www.planalto.gov.br

Ú L T I M A A T U A L I Z A Ç Ã O

Código Civil– LC nº 128, de 19-12-08.– Lei nº 11.698, de 13-06-08.

Código de Processo Civil– Lei nº 11.672, de 08-05-08.– Lei nº 11.965, de 03-07-09.– Lei nº 11.969, de 06-07-09.