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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ____ a VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ALAGOAS Autos n.º 1.11.000.000774/2005-14 Denúncia nº 70/2008 - GAB/PROS O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio deste Procurador da República ao final assinado, com supedâneo no art. 129, inciso I da Constituição Federal, bem como no art. 24 do Código de Processo Penal, vem ofertar a presente DENÚNCIA em desfavor de: MÁRIO CÉSAR JUCÁ, brasileiro, casado, advogado, portador do CPF n.º 312.425.024-91, RG nº 98001331648-SSP/AL, domiciliado na Rua João Soriano Bonfim, nº 85, Murilópolis, Maceió/AL, telefone nº 3358-2124; MARIA ELIANE GOMES, brasileira, professora, portadora do CPF nº 228.418.144-91 e RG nº 343.504/SSP/AL, domiciliada na Av. Governador Afrânio Lages, nº 103, Farol, Maceió/AL, telefones nº 3326-9037 e nº 3326-2911;

Cefet Concussao Quadrilha Peculato

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    EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ____a VARA DA SEO JUDICIRIA DO ESTADO DO ALAGOAS

    Autos n. 1.11.000.000774/2005-14Denncia n 70/2008 - GAB/PROS

    O MINISTRIO PBLICO FEDERAL, por intermdio deste Procurador da Repblica ao final assinado, com supedneo no art. 129, inciso I da Constituio Federal,

    bem como no art. 24 do Cdigo de Processo Penal, vem ofertar a presente DENNCIA em desfavor de:

    MRIO CSAR JUC, brasileiro, casado, advogado, portador do CPF n. 312.425.024-91, RG n 98001331648-SSP/AL, domiciliado

    na Rua Joo Soriano Bonfim, n 85, Murilpolis, Macei/AL, telefone

    n 3358-2124;

    MARIA ELIANE GOMES, brasileira, professora, portadora do CPF n 228.418.144-91 e RG n 343.504/SSP/AL, domiciliada na Av.

    Governador Afrnio Lages, n 103, Farol, Macei/AL, telefones n

    3326-9037 e n 3326-2911;

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    MARIA DE FTIMA DA COSTA LIPPO ACIOLI, brasileira, casada, funcionria pblica, nascida em 10/05/1958, portadora do

    CPF n 494.408.027-15, RG n 98001331397-SSP/AL,

    domiciliada na Rua Jos Calheiros, n 210, Jardim Petrpolis I,

    Macei/AL, telefones n 3338-9690 e n 3342-5049, e-mail:

    [email protected];

    JOSLIO MONTEIRO DE MELO, brasileiro, professor, portador do CPF n 087.819.234-49 e RG n 217130-SSP/AL, residente na

    Rua Nadir Maia Gomes Rego, n 240, apt 103, Jatica,

    Macei/AL, telefone n 3325-6131;

    LUIZ CARLOS GARCIA JNIOR, brasileiro, portador do CPF n 786.196.104-49, domiciliado no Condomnio Vivenda do Bosque

    II, 545, apt 02, Barro Duro, Macei/AL, telefone n 3328-8800, e-

    mail: [email protected].

    pelos fatos delituosos a seguir delineados:

    O procedimento administrativo em epgrafe foi instaurado em decorrncia

    de ofcio enviado a esta Procuradoria da Repblica pelo Centro Federal de Educao

    Tecnolgica de Alagoas - CEFET, autarquia federal, encaminhando cpia do Processo

    Administrativo n 23041.003268/2005-35, que trata do Relatrio n 160748 da

    Controladoria-Geral da Unio CGU, identificando diversas irregularidades na gesto

    do CEFET no ano de 2004.

    O mencionado relatrio igualmente foi encaminhado ao Tribunal de

    Contas da Unio, o que deu origem ao Processo TC n 013.737/2005-7 (Anexos VII a

    XII), que, aps a apresentao de justificativas pela maioria dos envolvidos, culminou

    no Acrdo n 3.037/2007 TCU 1 Cmara, julgando as contas apresentadas por

    Mrio Csar Juc, Maria de Ftima da Costa Lippo Acioli, Maria Lcia Coutinho

    Cavalcante e Maria Eliana Gomes irregulares (fls. 324), seguindo orientao da

    Secretaria de Controle Externo (fls. 296).

    Os fatos apontados pela CGU tambm deram origem a sindicncias e

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    processos administrativos disciplinares oriundos do Ministrio da Educao, que

    ocasionaram, inclusive, o afastamento provisrio do ento Diretor Geral do CEFET Sr.

    Mrio Csar Juc, ora denunciado.

    Importante destacar que parte dos fatos narrados nestes autos j objeto

    da Ao Civil Pblica por Atos de Improbidade Administrativa n 2006.80.00.007029-0,

    em trmite perante a 2 Vara Federal de Alagoas, ajuizada pelo prprio CEFET/AL.

    Antes de adentrarmos especificamente nas condutas delituosas

    praticadas pelos denunciados, fundamental tecermos algumas consideraes acerca

    da Fundao Alagoana de Amparo Pesquisa e Cultura FAPEC, bem como sua

    relao com o CEFET.

    A FAPEC foi construda em 15/01/1996 (fls. 332, item 5.1.1.6, Anexo II), a

    partir de reunio realizada nas dependncias do CEFET/AL ( poca ETFAL), sendo

    seus fundadores as seguintes pessoas:

    - Alberto Jos de Mendona Cavalcante, Presidente;

    - Mrio Csar Juc, Vice-Presidente;- Srgio Teixeira Costa, membro efetivo do Conselho;

    - Manoel Pinto Moreira, membro efetivo do Conselho;

    - Marlia de Ges Netto, membro efetivo do Conselho;

    - Maria Eliana Gomes, membro efetivo do Conselho;- Maria Luiza Maia Dias, membro efetivo do Conselho;

    - Maria Lcia Coutinho Cavalcante, suplente do Conselho;

    - Maria de Ftima da Costa Lippo Acioli, suplente do Conselho; e- Francisco de Jesus F. Filho, Diretor-Executivo.

    Segundo a ata de reunio respectiva:

    1. Todos os 10 integrantes da FAPEC eram funcionrios do CEFET;

    2. Todos os integrantes da FAPEC eram da confiana dos Senhores Alberto Jos

    Mendona Cavalcante e Mrio Csar Juc;

    3. Mrio Csar Juc e Alberto Jos Mendona Cavalcante custeariam a criao da

    entidade;

    4. O Conselho Superior seria sempre presidido pelo Diretor-Geral da ETFAL e a

    Vice-Presidncia caberia ao respectivo Vice-Diretor; e

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    5. Durante os impedimentos do Diretor-Executivo, o cargo seria desempenhado

    pelo Vice-Presidente.

    Aps a criao da FAPEC, foram firmados alguns convnios entre a

    mencionada fundao e o CEFET.

    Da anlise dos documentos constantes dos autos, verifica-se que,

    diferentemente da formao que consta na ata de fundao da FAPEC (15/01/96), j

    em 05/02/96 (fls. 326, item 5.1.1.6, do Anexo II) Alberto Jos Mendona Cavalcante

    assina convnio como Diretor-Geral da ETFAL (CEFET) e Mrio Csar Juc como

    Presidente da FAPEC.

    Em 01/12/98, Mrio Csar Juc assina como Diretor-Geral da ETFAL e

    Maria Lcia Coutinho Cavalcante como Presidente da FAPEC.

    Nos demais convnios e aditivos, Mrio Csar Juc permanece

    assinando como Diretor-Geral da ETFAL (CEFET), enquanto que a FAPEC passa a ser

    representada pelo seu Superintendente, Luiz Carlos Garcia Jnior.

    A confuso de identidade entre as duas instituies, portanto,

    inequvoca.

    Assim, uma vez esclarecida a estreita relao entre o CEFET, autarquia

    federal, e a FAPEC, fundao privada, passamos identificao das condutas

    delituosas praticadas pelos rus, todos envolvidos em um complexo esquema

    criminoso, organizado com o intuito de, valendo-se da condio de funcionrios

    pblicos, obter vantagens indevidas por meio de desvio de recursos pblicos e

    exigncia ilegal do pagamento de taxas de matrcula e mensalidades.

    1) EXIGNCIA ILCITA DO PAGAMENTO DE MENSALIDADE EM CURSOS FORNECIDOS SUPOSTAMENTE PELA FAPEC, DECORRENTES DO CONVNIO N 01/98, ASSINADO COM O CEFET:

    O item 5.1.1.5 do relatrio da CGU relata que, em dezembro de 1998, foi

    celebrado, entre a FAPEC, representada por sua Presidenta Maria Lcia Coutinho

    Cavalcante, e o CEFET (antiga ETFAL), representado por seu Diretor Geral Mrio

    Csar Juc, o Convnio n 01/98, visando a cooperao tcnico-cientfica pedaggica

    e cultural entre as entidades, pelo prazo de cinco anos.

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    Figuraram como testemunhas deste Convnio a denunciada Maria Eliane

    Gomes e o denunciado Luiz Carlos Garcia Jnior. Note-se que, na composio original,

    Maria Eliane Gomes consta como membro efetivo do Conselho Superior da FAPEC.

    Transcrevemos, a seguir, as principais clusulas do mencionado

    Instrumento:

    CLUSULA PRIMEIRA DO OBJETO

    O objetivo do presente convnio o estabelecimento de um

    Programa Institucional de Parcerias entre a ETFAL e a FAPEC para

    operacionalizao de aes de formao educacional, atravs da

    Cooperao Tcnica-Cientfica, Pedaggica e Acadmica, na

    realizao de atividades multipropsitos no campo da capacitao do

    corpo Docente, Tcnico-Administrativo e Discente das instituies

    convenentes, sob a forma de colaborao e assistncia.

    SUBCLUSULA NICA

    A parceria tcnica, cientfica, pedaggica e acadmica, sem prejuzos

    de outras aes tomadas com idntico objetivo ser concretizada

    atravs de:

    a) intercmbio de conhecimentos, experincias, didtico-pedaggica,

    tcnica e cientfica na rea da Educao;

    b) planejamento, implantao e implementao de cursos,

    seminrios e demais eventos cientficos e projetos de pesquisa;

    c) atualizao e estratgia curricular;

    d) intercmbio de docentes e pesquisadores;

    e) acesso mtuo acervo bibliogrfico, produo tcnica, cientfica,

    recursos auxiliares e instalaes.

    CLUSULA SEGUNDA (...)

    SUBCLUSULA NICA

    Para melhor execuo dos projetos a serem desenvolvidos

    provenientes do presente convnio, a ETFAL autoriza a FAPEC a

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    ocupar provisoriamente parte do prdio situada na Av. da paz, n

    1914, Centro, Macei, Alagoas.

    CLUSULA TERCEIRA DAS DESPESAS

    As despesas decorrentes da formalizao e execuo deste

    Convnio, bem como dos projetos dele oriundos, correro por conta

    das partes convenentes, mediante elaborao de uma planilha

    financeira, onde constaro todas as despesas relativas s atividades

    desenvolvidas e respectivas fontes de recursos. (grifado)

    Note-se que a ilegalidade do Convnio comea a ganhar feio j no

    instrumento original, quando prev a implementao de cursos por parte da FAPEC, j

    que tal fundao somente poderia prestar atividades educacionais de mero apoio ou

    colaborao cientfica, cultural etc., mediante a celebrao de convnio com o ente

    pblico, no possuindo autorizao do MEC para ministrar cursos.

    Em janeiro de 2001, foi elaborado o Termo Aditivo n 01/2001 ao

    Convnio em apreo, pactuado pelo prazo de cinco anos, entre o CEFET e a FAPEC,

    representada por Luiz Carlos Garcia Jnior, agora na condio de Superintendente

    daquela fundao.

    O objeto do Convnio a partir do Termo Aditivo n 01/2001, est previsto

    na clusula segunda do instrumento respectivo, verbis:

    O presente TERMO ADITIVO tem como objeto oferecer a

    comunidade em geral cursos profissionalizantes de Tecnlogos, com

    vistas a capacitar profissionais para o mercado de trabalho

    A clusula quarta do mencionado Termo Aditivo, por sua vez, dispe que:

    Os recursos destinados execuo do objeto deste instrumento

    devero ser alocados e administrados pela FAPEC, de acordo com os

    projetos.

    Em seguida, foram editados os Termos Aditivos n 02/2001 a 04/2001,

    que complementam o Convnio citado.

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    Muitos aspectos j haviam sido identificados e narrados nos relatrios de

    avaliao da gesto de 2000 (070269), 2001 (n. 107739), 2002 (n. 116474) e de 2003

    (n. 140204) da CGU/AL, com relao ao Convnio n 01/98. Todos eles confirmam

    inequivocamente a ilegalidade do mencionado Convnio, cujas irregularidades

    apontadas foram:

    - A afronta ao princpio constitucional da gratuidade do ensino pblico em

    estabelecimentos oficiais, inscrito no art. 206, IV, da CF;

    - O objeto genrico e impreciso do convnio que utilizado pelos

    convenentes para justificar as mais diversas operaes em comum;

    - A justificativa do CEFET-AL em utilizar o Decreto Federal n 3.462/2000

    para a certificao de cursos ofertados por terceiros;

    - A utilizao pela FAPEC, sem nus, de imvel pertencente ao

    CEFET/AL, situado na Avenida da Paz, 1914, no Centro de Macei, sem possuir base

    legal permissiva, utilizando-se apenas o Convnio 01/98 como fundamentao;

    - A utilizao sem nus, pela FAPEC, da infra-estrutura (gua, energia,

    manuteno, equipamentos, biblioteca, recursos logsticos), recursos materiais e

    humanos do CEFET-AL;

    - A contratao de pessoal administrativo e de docentes para prestarem

    servios ou atender necessidades de carter permanente, sem concurso pblico;

    - A ausncia de prestao de contas adequada (inclusive j nos anos de

    1998 e 1999), conforme preceitua a Instruo Normativa STN 01/97.

    Por sua vez, os trabalhos da CGU relatados nos presentes autos

    identificaram novos aspectos referentes ao Convnio em anlise, quais sejam:

    - Impedimento legal para que tais cursos fossem lanados isoladamente

    pela FAPEC (Fundao Alagoana de Amparo Pesquisa e Cultura), posto que seria

    necessria a devida autorizao do MEC para que a FAPEC ofertasse legitimamente o

    curso, autorizao que a Entidade no possua. O CEFET que, enquanto instituio

    federal de ensino, gozava (e goza) da prerrogativa de instalar cursos tecnolgicos

    independentemente de autorizao do MEC;

    - No restou evidenciada a publicidade dos convnios e aditivos entre

    CEFET e FAPEC, a despeito do forte impacto pedaggico, administrativo e financeiro

    que tal associao gerou;

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    - O CEFET/AL criou o cargo intitulado "gerente jurdico", o qual foi

    ocupado, durante os oito anos da gesto do Sr. Mrio Csar Juc, por Joslio Monteiro

    de Melo, ora denunciado, a quem foi submetida a avaliao e aprovao jurdica dos

    convnios e contratos entre CEFET e FAPEC;

    - O Termo Aditivo n 01/2001 inova, estabelecendo que

    "correspondncias" resolvero casos omissos (ressalte-se que casos omissos

    representam praticamente tudo no convnio assinado, uma vez que o mesmo

    genrico e impreciso). Tal instrumento assim pretende afastar a lgica dos princpios

    administrativos da publicidade e da transparncia, tentando transformar estas

    "correspondncias" em documentos com validade de pacto administrativo pblico.

    Com base nesse Convnio, foram implantados e ofertados ao mercado os

    seguintes cursos tecnlogos, todos com funcionamento nas dependncias fsicas do

    CEFET:

    1. Comrcio Exterior;2. Design de Interiores;3. Desporto e Lazer;4. Formao de Professores em Eletromecnica;5. Gesto Empresarial;6. Gesto Fazendria;7. Gesto Financeira;8. Gesto Pblica;9. Publicidade;10.Sistemas de Informao; e11.Turismo.

    Aludidos cursos, apesar de terem sido oferecidos sem o devido reconhecimento do MEC, foram procurados por significativa parcela da populao de estudantes.

    O mesmo se deu no tocante ao curso de formao de professores em

    eletromecnica, lanado atravs do concurso vestibular em 2003, destinado a atender

    o Termo Aditivo n 09 ao Convnio 01/98 entre CEFET e FAPEC (item 5.1.1.2 do

    relatrio de fiscalizao da CGU).

    O mencionado Termo Aditivo ao convnio tem como objeto atender

    convnio firmado com a FAPEC e o SENAI, onde o CEFET se responsabiliza pela

    certificao e o acompanhamento do curso.

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    Diante da falta de acesso ao convnio entre o SENAI e a FAPEC, a CGU

    no conseguiu analisar sua legalidade, tampouco a eventual participao e

    responsabilidade do CEFET sobre a execuo do mesmo.

    A despeito de toda previso legal, o CEFET no apresentou a devida

    prestao de contas acerca de tal curso, no havendo informaes nem sobre a receita

    realizada, nem sobre os custos envolvidos. A nica informao disponvel foi colhida

    atravs do SENAI, o qual apresentou CGU documentos que contabilizam o

    pagamento FAPEC na quantia de R$ 188.440,00 (cento e oitenta e oito mil,

    quatrocentos e quarenta reais), ocorrido nos exerccios de 2003 e 2004.

    A exemplo da cobrana realizada aos alunos nos demais cursos

    tecnolgos abertos em associao com a FAPEC, entende-se que tambm esta

    padece de ilegalidade, ainda que sob a forma de convnio CEFET/FAPEC/CET, pelos

    motivos j expostos.

    Neste sentido, fica claro que o CEFET foi utilizado como interveniente

    para dar suporte legal realizao de um curso, realizado a partir de convnio firmado

    entre uma fundao privada (FAPEC), composta de funcionrios pblicos do CEFET, e

    ente para-estatal (SENAI), com exigncia indevida de mensalidades.

    A este respeito, vale frisar que a FAPEC no possua, isoladamente,

    condio legal para ofertar o curso, haja vista no detinha autorizao do MEC,

    conditio sine qua non para que ente privado promova abertura de curso superior.

    Assim, lanou-se o edital n. 01 do concurso vestibular unificado,

    publicado em 19/01/2003 (cpia constante do Anexo II, Item 5.1.1.2), o qual prev a

    exigncia de matrcula e pagamento de mensalidades para o curso de eletromecnica,

    ofertado atravs do convnio FAPEC/CEFET.

    Todavia, o edital no se manifesta quanto a quem cabe a arrecadao

    produzida, nem em que dependncias se realizar o curso.

    O que se constata, na prtica, que alm da responsabilizao pelo

    acompanhamento do curso e por sua certificao, o CEFET onerado pelo

    funcionamento do curso em suas dependncias, ocorrido regularmente a partir de

    2003.

    As aulas se davam pela manh e noite, no laboratrio de informtica e

    nas salas 215 e 223 do bloco principal da entidade, entre outras dependncias do

    CEFET. 9

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    Alm do uso da estrutura fsica, parcela de seu corpo docente tambm

    vinha sendo, poca, utilizado no ministrio das disciplinas. So exemplos:

    Professor DisciplinaUelmo Simes de Oliveira Matemtica aplicadaMaria de Ftima Costa L. Acioli Metodologia de PesquisaRomulo Pires Coelho Ferreira Princpios da eletrnicaEdnaldo Tenrio Barros Fsicangela Baraldi Pacheco PortugusLuiz Henrique Gouvea Lemos Gesto Estrat. QualidadeLcio Flvio da Costa Cruz Clculo Vetorial / Matem. aplic.Leonidas Leo Borges Informtica aplicada

    Quanto aos aspectos financeiros, restou evidenciado que a situao

    revela-se amplamente desfavorvel ao CEFET, beneficiando apenas a FAPEC. Isto

    porque, ainda que a Fundao tenha tido alguma participao nas despesas e na

    administrao do curso, grande parte dos custos envolvidos coube ao CEFET (tais

    como: instalaes, recursos materiais e humanos, prestgio institucional,

    acompanhamento pedaggico e certificao).

    Desta maneira, verifica-se que a relao no gozou de proporcionalidade

    e que os atos foram praticados em conflito de interesses, ferindo os princpios da

    finalidade pblica, da impessoalidade e da moralidade administrativa, havendo

    incremento financeiro/patrimonial da FAPEC (Fundao privada) em detrimento dos

    danos causados ao Errio, por conta de novo convnio assinado pelo Sr. Mrio Csar

    Juc, na condio de Diretor-geral do CEFET, enquanto o mesmo exercia

    paralelamente a Presidncia do Conselho Superior da FAPEC, conforme j dito

    anteriormente.

    So variadas as fontes de prejuzos apurados, a saber:

    - As instalaes do CEFET, que deveriam estar disponveis a cursos do

    CEFET e que estiveram disposio do curso (e sem nus);

    - A depreciao da estrutura disponibilizada, incluindo mobilirio,

    equipamentos de laboratrios, informtica, etc.;

    - Os custos administrativos e de manuteno envolvidos, tais como:

    limpeza, conservao, energia, gua, telefonia, transporte, suprimentos, pessoal a

    servio, etc.;

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    - Os recursos humanos disponibilizados: as horas-aula dos professores

    que deveriam estar disponveis a cursos do CEFET e que estiveram disposio da

    FAPEC;

    - O produto da arrecadao financeira do curso (R$ 188.440,00, acrescido

    dos pagamentos pendentes);

    - O potencial nus conseqente do ingresso judicial contra o CEFET/AL

    dos que pagaram pelo curso, requerendo reembolso dos valores pagos, face

    ilegalidade da cobrana.

    Como se tais fatos no bastassem, o curso ainda padece de

    reconhecimento por parte do MEC.

    Imperioso destacar que a Justia Federal tem sido instada a avaliar a

    legalidade dos cursos conveniados entre CEFET e FAPEC, face reao de alunos,

    que tm ingressado com aes contra a cobrana de mensalidades em curso superior

    pblico, aes estas que j tm almejado vitrias em primeira instncia, todas elas

    apontando a ilegalidade das cobranas, condenando as instituies a devolverem os

    valores indevidamente exigidos, com juros e correo monetria, alm de honorrios.

    Segundo a CGU, de 67 processos tratando desses casos, 16 j possuem sentena

    condenatria, a exemplo dos seguintes autos: 2004.80.00.000099-0,

    2004.80.00.005807-4, 2004.80.00.005831-1. 2004.80.00.005925-0,

    2004.80.00.006098-6, entre outros. Em alguns casos, tambm foram julgados

    procedentes os pedidos de condenao por danos morais.

    Por outro lado, verifica-se que outras prticas tm sido avaliadas como

    irregulares pelo Judicirio. A ttulo de exemplo cita-se trechos da sentena proferida

    pelo MM. Srgio Jos Wanderley de Mendona, Juiz Federal da 2 Vara JF/AL, contido

    no processo n 2004.80.00.005831-1:

    - Sobre a infrao constitucional (cobrana por ensino pblico):

    ( ) Nesse ponto, registro que a prpria argumentao da Fapec, em sua contestao,

    favorece a compreenso de que pblico o ensino prestado aos autores (por ambas

    as rs), visto que a Fapec invocou o mencionado inc. I do art. 208, da CF/88, que se

    destina justamente ao Estado; como a dizer que, mesmo sendo ele (o Estado) o

    verdadeiro prestador do servio, inexistiria a gratuidade, j que o ensino prestado

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    aos autores no o de nvel fundamental, e sim superior.

    Tenho que no foi outra a exegese encampada pela Fapec, ao evocar o preceito

    constitucional supratranscrito, na medida em que tal dispositivo (art. 208, I, da

    CF/88), repise-se, dirige-se ao Estado. Assim, na tentativa de justificar que o

    Estado poderia cobrar pelo ensino mdio ou superior, acabou por admitir, de forma

    oblqua, que o Estado quem, de fato e de direito, presta referido servio aos

    demandantes, e no ela prpria (Fapec), como passaria a advogar,

    contraditoriamente, em outra passagem da contestao.

    Observe-se que os cursos oferecidos pela Fapec, em convnio com o CEFET, so em

    tudo idnticos queles j oferecidos pelo prprio CEFET. E isso se pode perceber

    desde o Edital do Vestibular, do Manual do Candidato, do lugar onde se desenvolvem

    as atividades [sede do CEFET], das disciplinas, dos Histricos Escolares, do rgo

    emissor do diploma que certifica o grau. A nica diferena, destarte, refere-se

    necessidade de remunerao por parte dos estudantes que optaram pelos cursos

    previstos no aludido convnio. Na promoo dessa empreitada, portanto, Cefet e

    Fapec terminam por se confundir, apresentando-se ao pblico com a aparncia de

    uma s instituio.

    Com efeito, a Constituio estabelece, no caput do art. 205, que a educao

    "direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a

    colaborao da sociedade ", sendo certo que pelo dispositivo invocado pelos rus a

    Constituio mais no fez que expressar em que consiste o dito 'dever do Estado',

    nos misteres da educao, como sendo o de garantir a obrigatoriedade e a

    gratuidade do ensino fundamental. Ou seja, o Estado tem de ter uma conduta

    positiva, afirmativa, no sentido de promover e ofertar essa modalidade de ensino,

    tanto que constitui o acesso a ela em 'direito pblico subjetivo' (art. 208, 1.). Em

    momento algum a Constituio disse que o ensino mdio ou superior poderia ser

    prestado pelo Estado de modo oneroso, divisvel e especificamente. Muito ao

    contrrio. A Constituio da Repblica afirma ser seu princpio "a gratuidade do

    ensino pblico em estabelecimentos oficiais" (art. 206, caput e inc. IV), justamente

    a hiptese contida na presente demanda. Assim, se o Estado o prestador, e porque 12

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    administrar "executar a lei de ofcio", faltar-lhe-ia a autorizao constitucional ou

    legal para empreender qualquer cobrana pelo ensino prestado, uma vez que a

    Administrao Pblica s age quando expressamente prevista tal ou qual conduta na

    lei, sendo vedado o seu agir quando a lei assim no determinar.

    Nesse diapaso, se so incompatveis com a Constituio da Repblica os contratos

    de prestao de ensino superior, mediante remunerao, elaborados pela Fapec em

    convnio com o Cefet, melhores sortes no tm esses atos quando examinados luz

    da legalidade.

    - Sobre o Convnio CEFET-FAPEC para realizao dos mencionados cursos:

    A Fapec, pelo que se observa nos autos, uniu-se deliberadamente autarquia

    federal (Cefet) para prestar um servio que, verdadeiramente, apresenta natureza

    de ensino pblico superior. O Cefet, nesse contexto, apresenta-se como instituidor

    desse servio, tendo com ele anudo inclusive por meio de seu rgo jurdico interno,

    que at lhe emitiu parecer favorvel (fl. 286).

    Basta ver, nesse sentido, que a Fapec no se constitui em pessoa juridicamente

    habilitada e competente para desenvolver a atividade de 'educao escolar'

    propriamente dita, em qualquer dos seus nveis, seja educao bsica (infantil,

    fundamental e mdio) ou superior (lei n. 9394/96, art. 21). O que se d, em

    verdade, que tal instituio somente pode prestar atividades educacionais de mero

    apoio ou colaborao cientfica, cultural etc., mediante a celebrao de convnio com

    o ente pblico.

    O Cefet, por outro lado, que est legalmente habilitado a exercer dita atividade

    (de ensino superior), promovendo-a vlida e oficialmente. Tanto assim que todos os

    documentos que guardam pertinncia oficial com o ensino prestado aos autores so

    por ele (Cefet) gerados, como por exemplo: a ficha de inscrio dos candidatos (fls.

    225/226, 229, 232), o edital do vestibular (fls. 210/224, verso), os Histricos

    Escolares (fls. 227/228, 230/232 e 233/234), entre outros. E, por fim, o principal

    dos documentos: o diploma que confere o grau e certifica a habilitao do graduando

    perante os demais organismos oficiais, bem como diante do mercado de trabalho e 13

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    da sociedade como um todo. (...)

    Como j sedimentado, o ordenamento jurdico no s permite como at fomenta o

    relacionamento dos entes pblicos entre si ou com entidades privadas, desde que

    atendido o interesse pblico e preenchidos os requisitos legais. Nesse contexto, no

    deve haver mesmo questionamentos de ordem ideolgica, poltica ou religiosa na

    compreenso desse fenmeno institucional dos nossos dias, que somente deve ser

    pautado pelo arcabouo normativo que lhe d os contornos e as feies jurdicas. E

    justamente nessa perspectiva jurdico-objetiva que o modus de celebrao do

    multireferido convnio preocupa, na medida em que h indcios intra-autos que

    denotam a possibilidade de ter havido infrao lei.

    Tenha-se sempre presente que o convnio deu-se com uma instituio pblica de

    ensino, no que pertine ao nvel superior da educao escolar. Assim, de se supor

    que a entidade conveniada detivesse inquestionvel reputao tico-profissional

    quanto s virtudes ticas relacionadas direta e necessariamente com o perfeito

    cumprimento do contrato. Ou seja, quanto ao prprio ensino superior. Entretanto,

    no veio aos autos qualquer documentao capaz de atestar a necessria capacitao

    da Fapec, em monta suficiente a autorizar a dispensa da licitao. E seria improvvel

    que j a ostentasse poca em que firmado o convnio, dezembro de 1998 (fl. 204),

    tendo em vista que a Fapec havia sido constituda h menos de trs anos desta data,

    consoante consta do seu estatuto (fl. 191). Alm do qu, a contrapartida da

    Instituio de Ensino Superior, no caso o Cefet, capitulada no "Projeto para

    implantao de cursos tecnolgicos em parceria", no campo intitulado

    "justificativas" (fl. 311), consiste na "aquisio da prtica necessria ao ingresso da

    FAPEC no meio acadmico, correlato a este nvel de educao ". Se assim,

    bastante estranho que se estabelea convnio com uma "fundao de apoio" que se

    prope estatutria e legalmente a elaborar e executar projetos de ensino, pesquisa

    e extenso e de desenvolvimento institucional, cientfico e tecnolgico " (art. 6. da

    lei n. 8.958/94), correspondente ao nvel superior da educao escolar, sem que

    esta mesma fundao detenha qualquer "prtica no meio acadmico, correlato a este

    14

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    nvel de ensino". Tanto que justamente esse know-how que ela busca adquirir, a

    partir do convnio realizado.

    Ora, o que fica claro, uma vez identificadas todas essas ilicitudes, que,

    na prtica, o que ocorreu foi a realizao de cursos idnticos, com mesma grade

    curricular, sendo ofertados por meio do mesmo concurso vestibular, pedagogicamente

    gerenciados pela mesma Coordenao de Ensino e usufruindo das mesmas

    instalaes, tendo compartilhado do mesmo sistema acadmico e de praticamente

    todos os professores, assim como sendo diplomados e reconhecidos pelo CEFET,

    onde a nica diferena era o fato de que uns eram gratuitos e outros pagos (e

    exatamente neste ponto que fica evidenciado o dolo dos signatrios do Convnio).

    Ademais, a FAPEC utilizou-se de toda a estrutura do CEFET, seja fsica

    ou pessoal, sem que tivesse sido revertido qualquer aporte de recursos para cobrir os

    gastos com os custos patrocinados pela FAPEC.

    No tocante aos benefcios financeiros resultantes do convnio, a CGU

    aponta a grande dificuldade em se chegar a nmeros completamente precisos, face

    complexidade da anlise e obscuridade dos dados, posto que o CEFET (rgo

    auditado) no apresentou quaisquer informaes oficiais concretas sobre a receita

    operacional orada e realizada (somente disponveis a quem administra a FAPEC),

    assim como no foi disponibilizado demonstrativo concreto de despesas oradas e

    realizadas, posto que o CEFET somente recebia processos isolados que identificavam

    parcela incerta e inespecfica das despesas envolvidas nas atividades.

    Visando, ao menos, estimar os aspectos financeiros envolvidos nos

    cursos conveniados, a Coordenao dos Cursos Superiores obteve acesso, j em abril

    de 2005, ao mdulo financeiro do Sistema de Controle Acadmico, tendo fornecido

    quadro estimado da receita operacional dos cursos, passvel de alteraes/correes,

    posto que a arrecadao e seus controles estavam sob controle exclusivo da FAPEC.

    Eis os nmeros identificados pela CGU:

    Ano-base

    N. alunos (*) Receita bruta realizvel (1) **

    Receita realizada *** (estimativa) (2)

    2001 855 R$ 2.500.875,00 R$ 1.649.784,002002 1.105 R$ 3.232.125,00 R$ 1.803.433,002003 1.105 R$ 3.232.125,00 R$ 1.611.903,002004 550 R$ 1.608.750,00 R$ 404.821,00

    15

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    2005 330 R$ 965.250,00 ---Total --- R$ 11.539.125,00 R$ 5.469.939,00

    * Levantamento efetuado conforme editais;

    ** Considerando-se receita anual por aluno no valor de R$ 2.925,00, calculada a partir do valor mensal

    de R$ 243,75. Os valores desconsideram: descontos/bolsas eventualmente oferecidos, no

    preenchimento de vagas ou desistncias, pagamentos em aberto. Tambm desconsideram taxas de

    matrcula, multas e juros, outras taxas administrativas.

    Ano-base

    Contrapartida informada ****

    Contrapartidas Factveis CEFET

    (porm no comprovadas

    legalmente) (4)*****

    Diferena entre a receita da FAPEC e a

    contrapartida oferecida ao

    CEFET/AL(1 4)

    Diferena entre a receita da FAPEC e

    a contrapartida oferecida ao CEFET/AL

    (2 4)2001 R$ 656.247,86 R$ 121.779,03 R$ 2.379.095,97 R$ 1.528.0042002 R$ 860.430,54 R$ 134.821,11 R$ 3.097.303,89 R$ 1.668.611 2003 R$ 680.378,32 R$ 47.764,61 R$ 3.184.360,39 R$ 1.564.138 2004 R$ 332.919,74 R$ 2.294,24 R$ 1.606.455,76 R$ 402.526 2005 --- --- R$ 965.250,00 ---

    Total R$ 2.529.976,46 R$ 306.658,99 R$ 11.232.466,01 R$ 5.163.280

    *** Receita fornecida pela Coordenao de Cursos Superiores, com base em relatrios extrados do

    mdulo financeiro do Sistema de Controle Acadmico, o qual era alimentado e controlado por prepostos

    da Fundao (FAPEC). Todavia, no se tratam de dados contbeis e no foram fornecidos diretamente

    pela FAPEC, razo porque eles podem conter imprecises. Ademais, os nmeros se referem receita

    efetivamente arrecadada, no incluindo, portanto, receitas a receber (oriundo de alunos com

    pagamentos em atraso).

    **** Dados obtidos junto Coordenao de Contabilidade, que somente refletem um valor acumulado de

    documentos apresentados em processos a ttulo de suposta doao efetivada pela FAPEC ao CEFET, a

    qual inclui gastos com servios diversos que representam cerca de 86% de tais valores. A este respeito,

    vale ressaltar que o normativo federal no reconhece vlido este tipo de doao. Afinal, bens so

    doveis, custos no.

    ***** Neste item so consideradas despesas que no so servios (materiais de consumo etc.)

    Tais nmeros, se confirmados, indicam que os benefcios gerados ao

    CEFET (cerca de R$ 306.658,99 - ao longo de 2001 a 2004), so bastante

    desproporcionais aos R$ 5.469.939,00 (estimativa 1) ou R$ 11.539.125,00 (estimativa

    2) auferidos pela FAPEC.

    Ademais, no se pode afirmar que estes R$ 306.658,99 sejam um

    benefcio, pois evidente que h que se considerar que no houve a devida prestao

    de contas, assim como se deve considerar os custos envolvidos, tais como:

    16

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    depreciao de bens mveis, manuteno predial, de instalaes e de equipamentos,

    pessoal de apoio e encargos trabalhistas e previdencirios, parte do corpo docente e

    outros custos administrativos. Ainda que no tenha sido possvel dimensionar estes

    nmeros, uma vez que no h relatrios gerenciais a este respeito, a magnitude dos

    custos envolvidos ser maior, anulando ou, na melhor das hipteses, reduzindo

    sensivelmente o benefcio aludido.

    A Procuradoria Federal, analisando a legalidade do Convnio n 01/98 e

    seus aditivos no Processo Administrativo Disciplinar n 23000.021679/2005-99,

    ressaltou:

    Na hiptese em exame, conforme o relato circunstanciado da

    Controladoria-Geral da Unio, percebe-se que os agentes pblicos

    responsveis pela celebrao do Convnio CEFET-AL n 01/98 e seus

    termos aditivos perpetraram atos classificados sob as duas formas

    de desvio de poder supracitadas. Primeiro, violentaram fora

    aberta o preceito inserto no art.; 206, IV, da Lei Maior (Constituio

    da Repblica), que eleva condio de princpio constitucional a

    gratuidade do ensino pblico em estabelecimento oficial; segundo,

    utilizaram-se do referido Convnio a pretexto de atender o interesse

    pblico, de modo a possibilitar a cobrana de ensino pblico

    ministrado em estabelecimento oficial e a destinao dos recursos

    financeiros arrecadados (em sua grande parte) a ente de direito

    pblico privado (a FAPEC), em detrimento do cumprimento do

    referido preceito constitucional e do errio que suportou a grande

    parte das despesas necessrias execuo do malfadado Convnio,

    conforme deixou evidenciado a Controladoria-Geral da Unio. (fls.

    284 PAD)

    Por fim, fundamental observar que em 23 de janeiro de 2002 a FAPEC

    obteve o credenciamento para a implantao do Centro de Educao Tecnolgica de

    Alagoas CET/AL, posteriormente transformado em FAT/AL (Faculdade de Tecnologia

    de Alagoas) pelo Decreto n 5.225/04 do MEC.

    17

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    Conforme relao constante do Anexo II, item 5.1.1.6, a FAT tem como

    Presidente Mrio Csar Juc e como Diretora-Executiva Maria de Ftima da Costa

    Lippo Acioli, sendo a FAPEC mantenedora de tal instituio.

    Portanto, como se no bastassem a utilizao irregular da estrutura fsica

    e pessoal do CEFET pela FAPEC e a exigncia indevida de mensalidade em diversos

    cursos tecnlogos que deveriam ser, conforme garantia constitucional, gratuitos, Mrio

    Csar Juc e Maria de Ftima da Costa Lippo Acioli ainda tiveram a ousadia de criar

    nova entidade, mantida pela FAPEC, com os lucros obtidos de forma ilcita pela

    mencionada fundao, a qual, alis, constitui entidade privada sem fins lucrativos.

    Tais fatos demonstram o evidente dolo na assinatura do mencionado

    Convnio n 01/98 e seus aditivos entre o CEFET/AL e a FAPEC, utilizados como

    instrumento pelos denunciados Mrio Csar Juc, Maria Eliane Gomes, Joslio

    Monteiro de Melo e Maria de Ftima da Costa Lippo Acioli, funcionrios pblicos, com a

    participao de Luiz Carlos Garcia Jnior, os quais, valendo-se dos cargos pblicos

    que possuam no CEFET/AL, exigiram vantagem indevida por meio da FAPEC,

    entidade privada cuja identidade confunde-se com a prpria autarquia federal.

    Note-se que o pagamento de matrcula e mensalidade era exigncia

    imposta somente aos candidatos interessados nos cursos oferecidos pela FAPEC, a

    exemplo dos cursos de Turismo e Lazer, Publicidade, Design e Desporto e Lazer,

    listados no Edital n 01 de dezembro de 2001 (Anexo II, item 5.1.1.5), cuja nica

    diferena em relao aos cursos do CEFET/AL, estes gratuitos, era exclusivamente o

    turno no qual eram ministrados.

    Dessa forma, a conduta dos denunciados enquadra-se no tipo penal

    previsto no art. 316 do Cdigo Penal, in verbis:

    Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,

    ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela,

    vantagem indevida:

    Pena recluso, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa

    Importante destacar que, por tratar-se de crime formal, sua consumao

    se deu no momento da exigncia da matrcula e mensalidade indevidas, sendo os

    pagamentos respectivos mero exaurimento do delito.

    18

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    Assim, da anlise de fatos supra expostos, o que fica evidente os

    denunciados fazem parte de um verdadeiro esquema criminoso, onde os cinco

    integrantes associaram-se com o fim de cometer crimes, quais sejam, a prtica

    reiterada de concusso, em circunstncias evidenciadoras de um elevado teor de

    ousadia, afronta ordem jurdica vigente e deslealdade para com a Administrao

    Pblica.

    Mrio Csar Juc, Maria de Ftima da Costa Lippo Acioli e Maria Eliane

    Gomes, tinham a funo de, representando por vezes o CEFET/AL, e por vezes a

    FAPEC, firmarem os Convnios e aditivos os quais permitiam a exigncia e

    arrecadao indevida de recursos.

    J Joslio Monteiro de Melo, na condio de assessor jurdico do

    CEFET/AL, tinha a funo de referendar todas as propostas de Convnios ilcitos,

    conferindo aparente legalidade a tais instrumentos.

    Por fim, Luiz Carlos Garcia Jnior, Superintendente da FAPEC, embora

    no fosse funcionrio pblico, tinha conhecimento dessa condio dos outros

    denunciados, tendo participado do complexo esquema criminoso assinando o

    Convnio n 01/98 como testemunha e, posteriormente, os Termos Aditivos n 01/2001

    e 09/2003 j como representante da FAPEC, todos eles claramente ilegais pela

    infinidade de motivos j expostos.

    Frise-se que o Convnio n 01 foi subscrito em 1998 e os Termos Aditivos

    n 01 e 09 em 2001 e 2003, respectivamente, fato que configura a necessria

    estabilidade e permanncia caractersticas da associao criminosa.

    Dessa forma, os denunciados tambm devem responder pelo crime

    previsto no artigo 288 do Cdigo Penal, in verbis:

    Art. 288 Associarem-se mais de trs pessoas, em quadrilha ou

    bando, para o fim de cometer crimes.

    Pena recluso, de um a trs anos.

    Materialidade: Item 5.1.1.5 do relatrio de fiscalizao da CGU, fls. 55/64, Item 5.1.1.6 do relatrio de fiscalizao da CGU, fls. 64/65, e Item 5.1.1.2 do relatrio de

    fiscalizao da CGU, fls. 47/50, e documentos constantes do Anexo II;

    Autoria: - Mrio Csar Juc, signatrio do Convnio n 01/98 e dos Termos Aditivos n 01/2001 e 09/2003 na condio de Diretor Geral do CEFET (antiga ETFAL), e

    19

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    Presidente do Conselho Superior da FAPEC, conforme documento de fls. 15 do Anexo

    I, encaminhado a esta Procuradoria da Repblica pelo 4 Ofcio de Notas de

    Macei/AL;

    - Maria de Ftima da Costa Lippo Acioli, ex-Diretora de Ensino do CEFET/AL, suplente do Conselho Superior da FAPEC, Diretora-Executiva da FAT e

    testemunha no Termo Aditivo n 09/2003 ao Convnio n 01/98;

    - Maria Eliane Gomes, Diretora de Administrao e Planejamento do CEFET/AL, membro efetivo do Conselho Superior da FAPEC e testemunha no

    Convnio n 01/98;

    - Joslio Monteiro de Melo, gerente jurdico do CEFET/AL, responsvel pela avaliao e aprovao jurdica dos convnios firmados entre CEFET/AL e FAPEC;

    - Luiz Carlos Garcia Jnior, testemunha na assinatura do Convnio n 01/98, e signatrio dos Termos Aditivos n 01/2001 e 09/2003, j na condio de

    Superintendente da FAPEC, conforme documento constante do Anexo II, itens 5.1.1.2

    e 5.1.1.5;

    2) DESEMPENHO DE ATIVIDADES PARALELAS NA FAPEC POR PROFESSORES QUE POSSUAM VNCULO DE EXCLUSIVIDADE COM O CEFET/AL:

    A partir dos trabalhos de Auditoria realizados pela CGU relativos aos

    cursos ofertados pelo CEFET em convnio com a FAPEC (fundao privada),

    observou-se que professores contratados com vnculo de exclusividade com o CEFET desempenharam atividades letivas paralelas, ministrando REGULARMENTE aulas a alunos da FAPEC, e ainda sendo pagos por esses servios paralelos, entrando em flagrante contrariedade ao que estipula o Decreto 94.664/87, em seu art. 14, transcrito in verbis:

    Art. 14. O Professor da carreira do Magistrio Superior ser

    submetido a um dos seguintes regimes de trabalho:

    I - dedicao exclusiva, com obrigao de prestar quarenta horas

    semanais de trabalho em dois turnos dirios completos e

    impedimento do exerccio de outra atividade remunerada, pblica

    ou privada;

    20

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    II - tempo parcial de vinte horas semanais de trabalho.

    1 No regime de dedicao exclusiva admitir-se-:

    1- participao em rgos de deliberao coletiva relacionada com as

    funes de Magistrio;

    2- participao em comisses julgadoras ou verificadoras,

    relacionadas com o ensino ou a pesquisa;

    3- percepo de direitos autorais ou correlatos;

    4- colaborao espordica, remunerada ou no, em assuntos de

    sua especialidade e devidamente autorizada pela instituio, de

    acordo com as normas aprovadas pelo conselho superior

    competente.(grifos nossos)

    Consoante poder se verificar na relao abaixo, parcela significativa do

    corpo docente do CEFET prestava servios a uma entidade (FAPEC) de forma NO

    ESPORDICA e REMUNERADA, embora sendo remunerados pelo CEFET para

    trabalharem para a Instituio com exclusividade. Alm disto, no foram identificadas as respectivas autorizaes do CEFET para a realizao de tais aulas.

    Tais servios eram prestados de forma notria. Prova disto o fato de que

    os processos de realizao das aulas na FAPEC eram encaminhados pela Direo-

    Geral Coordenao-Geral dos cursos (a cargo da Sra. Leonides Gomes de Mello

    Farias), para que a mesma atestasse que tais professores efetivamente ministraram

    estes cursos, conforme inmeros processos de "doao de servios" apresentados

    pela mencionada fundao. Apesar disso, nunca foi tomada qualquer providencia a respeito.

    Objetivando apresentar os professores do CEFET que se envolveram em

    tal situao, a CGU efetuou levantamento a partir de relaes dos professores titulares

    das respectivas disciplinas dos cursos tecnolgicos no perodo de 2001 a 2004, dados

    fornecidos pela Coordenao de Cursos Superiores. A seguir, a relao dos

    professores que possuam regime de dedicao exclusiva e que, ainda assim, prestaram servios letivos FAPEC:

    21

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    PROFESSORES COM DEDICAAO EXCLUSIVA QUE MINISTRARAM AULAS FAPEC

    RELAAO ORDENADA POR PROFESSOR

    NOME DO PROFESSOR DISCIPLINA MINISTRADA CURSO DE Semestre

    ANGELA BARALDI PACHECO

    PORTUGUS INST. ORATRIA E COM. TURISMO 2001.1

    PORTUGUS ELETROMECANICA 2003.1

    TCNICA DE REDAAODESPORTO E LAZER 2004.1

    PORTUGUES ELETROMECANICA 2004.1

    ANTONIO FREIRE C. SOBRINHO INFORMTICA TURISMO 2002.1

    CARLSON LAMENHA APOLINRIO

    CINESIOLOGIA APLICADA ATIV. FSICA

    DESPORTO E LAZER 2002.1

    MET. ENS. FUTEBOL DE CAMPO

    DESPORTO E LAZER 2003.1

    MET. ENS. FUTEBOL DE CAMPO

    DESPORTO E LAZER 2003.2

    TCNICA DESP. EM FUTEBOL

    DESPORTO E LAZER 2003.2

    TCNICA DESP. EM FUTSAL

    DESPORTO E LAZER 2003.2

    TCNICA DESP. DE FUTSAL

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    CLEUMAR DA SILVA MOREIRA

    ORGANIZAAO DE COMPUTADORES

    SISTEMA DE INFORMAAO 2002.1

    EDEL ALEXANDRE PONTES ESTATSTICA

    GESTAO FINANCEIRA 2003.2

    EDNALDO TENORIO BARROS FSICA ELETROMECANICA 2003.1

    FSICA ELETROMECANICA 2004.1

    22

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    ELTON BARROS DO NASCIMENTO

    METODOLOGIA DO ENS. BASQUETEBOL

    DESPORTO E LAZER 2002.2

    MET. ENS. BASQUETEBOLDESPORTO E LAZER 2003.1

    INFORMTICA APLICADA AO ESPORTE

    DESPORTO E LAZER 2003.1

    TCNICA DESP. EM BASQUETEBOL

    DESPORTO E LAZER 2003.2

    ERISVALDO RAMALHO LAZER E RECREACAO

    DESPORTO E LAZER 2001.2

    TCNICA EM LAZER E RECREAAO

    DESPORTO E LAZER 2003.2

    TCNICA EM LAZER E RECREAAO

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    FABRZIA FERREIRA DE ARAUJO

    INTROD. TECNOL. DA INFORMAAO

    SISTEMA DE INFORMAAO 2001.1

    INFORMTICA BSICAGESTAO FAZENDRIA 2003.1

    GILMAR SOARES FURTADO HISTRIA DO BRASIL TURISMO 2001.2

    HERMINIA BELMIRA A. SANTOS HISTRIA DO BRASIL TURISMO 2001.1HUMBERTO JORGE B. CAVALCANTI GERENCIAMENTO DE OBRA DESIGN 2003.2

    JAILTON CARDOSO DA CRUZ ESTRUTURA DE DADOS

    SISTEMA DE INFORMAAO 2001.1

    ESTRUTURA DE DADOSSISTEMA DE INFORMAAO 2002.1

    BANCOS DE DADOS ISISTEMA DE INFORMAAO 2002.1

    BANCOS DE DADOS ISISTEMA DE INFORMAAO 2002.2

    BANCOS DE DADOS IISISTEMA DE INFORMAAO 2002.2

    TEORIA GERAL DOS SISTEMAS

    SISTEMA DE INFORMAAO 2002.2

    23

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    ANLISE E PROJETO DE SISTEMAS

    SISTEMA DE INFORMAAO 2003.1

    BANCOS DE DADOS IISISTEMA DE INFORMAAO 2003.1

    TEORIA GERAL DOS SISTEMAS

    SISTEMA DE INFORMAAO 2003.1

    JAPSON MACEDO ALMEIDA FILHO LAZER E RECREACAO

    DESPORTO E LAZER 2002.1

    JOAO LUIS DO NASCIMENTO MAIA

    MATERIAIS DE REVESTIMENTOS DESIGN 2002.2

    DETALHE DO MOBILIRIO DESIGN 2003.1

    JOS ACIOLY DE CARVALHO

    ORGANIZAAO DE EVENTOS DESPORT.

    DESPORTO E LAZER 2001.2

    ORGANIZAAO DE EVENTOS DESPORT.

    DESPORTO E LAZER 2002.1

    METODOLOGIA DO ENS. DO FUTSAL

    DESPORTO E LAZER 2002.2

    ESTGIO SUPERVISIONADO

    DESPORTO E LAZER 2003.2

    TCCDESPORTO E LAZER 2004.1

    ESTGIO SUPERVISIONADO

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    METODOLOGIA DE ENS. HANDEBOL T2

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    METODOLOGIA DE ENS. HANDEBOL T1

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    JOS ROBERTO ALVES ARAJO

    TCNICA DESP. EM HANDEBOL T1

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    TCNICA DESP. EM HANDEBOL T2

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    LUCIO FLVIO DA COSTA CRUZ MATEMTICA BSICA

    GESTAO EMPRESARIAL 2002.1

    MATEMTICA BSICAGESTAO FINANCEIRA 2002.1

    24

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    LUIS ANTONIO COSTA SILVA HISTRIA DA ARTE I

    DESPORTO E LAZER 2002.1

    INGLES I TURISMO 2002.2

    TPICOS ESP. EM GESTAO PBLICA II GESTAO PBLICA 2004.1

    LUIZ HENRIQUE GOUVEIA

    GESTAO ESTRAT. DE QUALIDADE ELETROMECANICA 2003.1

    GESTAO ESTRATGICA DE QUALIDADE ELETROMECANICA 2004.1

    MANOEL PINTO MOREIRA ESTATSTICA APLICADA

    COMRCIO EXTERIOR 2001.2

    ESTATSTICAGESTAO FINANCEIRA 2001.2

    ESTATSTICA GESTAO PBLICA 2001.2

    ESTATSTICA DESCRITIVA PUBLICIDADE 2001.2

    ESTATSTICA APLICADACOMRCIO EXTERIOR 2002.1

    ESTATSTICAGESTAO EMPRESARIAL 2002.1

    ESTATSTICAGESTAO FINANCEIRA 2002.1

    MARCELO QUEIROZ A. OLIVEIRA

    REDES DE COMPUTADORES

    SISTEMA DE INFORMAAO 2002.2

    SISTEMA OPERACIONAL ISISTEMA DE INFORMAAO 2002.2

    SISTEMA OPERACIONAL IISISTEMA DE INFORMAAO 2002.2

    MARCOS ANTONIO MATEUS

    METODOLOGIA DO ENS. DO ATLETISMO

    DESPORTO E LAZER 2001.2

    TECNICA DESPORTIVA EM ATLETISMO

    DESPORTO E LAZER 2003.2

    25

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    MARIA APARECIDA SILVA

    MTODOS E TCNICAS DE PESQUISA

    COMRCIO EXTERIOR 2001.2

    METODOLOGIA APLICADAGESTAO FINANCEIRA 2001.2

    MARIA DE FTIMA DA COSTA LIPPO ACIOLI

    METODOLOGIA APLICADAGESTAO FINANCEIRA 2002.1

    SEMINRIOS I - TURMA VESP

    GESTAO FAZENDRIA 2002.2

    SEMINRIOS I - TURMA NOT A

    GESTAO FAZENDRIA 2002.2

    SEMINRIOS I - TURMA NOT B

    GESTAO FAZENDRIA 2002.2

    METODOLOGIA DE PESQUISA ELETROMECANICA 2003.1

    SEMINRIO IIGESTAO FAZENDRIA 2003.1

    SEMINRIOS IIIGESTAO FAZENDRIA 2003.2

    METODOLOGIA DE PESQUISA ELETROMECANICA 2004.1

    SEMINRIOSGESTAO ECON./ORAM. 2004.1

    SEMINRIO IV 5 AGESTAO FAZENDRIA 2004.1

    SEMINRIO IV 5 BGESTAO FAZENDRIA 2004.1

    SEMINRIO IV 5 VGESTAO FAZENDRIA 2004.1

    MARIA DO CARMO MILITO GAMA

    INGLES INSTRUMENTAL - 1 P

    SISTEMA DE INFORMAAO 2001.1

    INGLES INSTRUMENTAL - 2 P

    SISTEMA DE INFORMAAO 2001.1

    MAURCIO DOS SANTOS CORREA

    GEOGRAFIA DO BRASIL APLIC. TURISMO TURISMO 2001.1

    26

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    MONICA XIMENES C. CUNHA

    ESTGIO SUPERVISIONADO

    SISTEMA DE INFORMAAO 2003.2

    ESTGIO SUPERVISIONADO

    SISTEMA DE INFORMAAO 2004.1

    TCCSISTEMA DE INFORMAAO 2004.1

    NEWTON CESAR DE LIMA MENDES

    METODOLOGIA DO ENS. DA NATAAO

    DESPORTO E LAZER 2002.1

    METODOLOGIA DO ENS. DA NATAAO

    DESPORTO E LAZER 2002.2

    TCNICA DESP. EM NATAAO

    DESPORTO E LAZER 2003.2

    METODOLOGIA DE ENS. DA NATAAO

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    TCNICA DESPORTIVA EM NATAAO

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    ROGRIO FERNANDES DE SOUZA

    ORGANIZAAO DE COMPUTADORES

    SISTEMA DE INFORMAAO 2001.1

    ROSSANA VIANA GAIA TEORIA DA COMUNICAAO PUBLICIDADE 2001.2

    SANDRA MARIA PATRIOTA FERRAZ BIOLOGIA

    DESPORTO E LAZER 2001.1

    BIOLOGIADESPORTO E LAZER 2001.2

    SILVIO LEONARDO N. OLIVEIRA

    CINESIOLOGIA APLICADA ATIV. FSICA

    DESPORTO E LAZER 2001.2

    METODOLOGIA DO ENS. DO VOLEIBOL

    DESPORTO E LAZER 2002.1

    METODOLOGIA DO ENS. DO VOLEIBOL

    DESPORTO E LAZER 2002.2

    TECNICA DESPORTIVA DE VOLEIBOL

    DESPORTO E LAZER 2003.2

    METODOLOGIA DE ENS. DO VOLEIBOL

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    27

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    TCNICA DESPORTIVA EM VOLEIBOL

    DESPORTO E LAZER 2004.1

    TRCIO RODRIGUES BEZERRA ALGORITMOS

    SISTEMA DE INFORMAAO 2001.1

    INTRODUAO TECNOL. DA INFORM.

    SISTEMA DE INFORMAAO 2001.1

    ESTGIO SUPERVISIONADO - TCC TURISMO 2003.2

    UELMO SIMOES DE OLIVEIRA MATEMTICA APLICADA ELETROMECANICA 2003.1

    MATEMTICA APLICADA ELETROMECANICA 2004.1

    Conforme relao em anexo (Anexo II), encontra-se na contabilidade do

    CEFET, inseridos num conjunto de processos de "doao" da FAPEC, recibos

    assinados por professores e/ou comprovantes de depsitos em conta-corrente, os

    quais evidenciam que a FAPEC efetuava pagamentos regulares a professores que lhe

    prestavam os servios letivos.

    Portanto, os pagamentos efetuados pelo CEFET aos professores que

    ministravam aulas regularmente na FAPEC na verdade configuram desvio de dinheiro

    pblico j que tais numerrios destinavam-se a servios que deveriam ser prestados

    com exclusividade ao CEFET, o que no ocorria de fato, como visto.

    Assim, tal conduta enquadra-se no art. 312, caput, do Cdigo Penal,

    transcrito in verbis:

    Art. 312. Apropriar-se o funcionrio pblico de dinheiro, valor ou

    qualquer outro bem mvel, pblico ou particular, de que tem a posse

    em razo do cargo, ou desvi-lo, em proveito prprio ou alheio:

    Pena recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

    Materialidade: Item 8.4.1.1, fls. 097/102, e documentos constantes do Anexo II;Autoria: - Mrio Csar Juc, ex-Diretor Geral do CEFET/AL, por desviar, em proveito alheio, recursos pblicos transferidos ao CEFET pelo Ministrio da Educao para

    remunerao de professores que deveriam trabalhar sob regime de exclusividade, o

    que no ocorria;

    28

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    3) AQUISIO DE BENS/SERVIOS COM DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE LICITAO:

    Para elaborao do relatrio n 160748, a CGU analisou diversos

    documentos fornecidos pelo CEFET, dentre os quais havia processos administrativos

    identificando a realizao de contrataes de bens e servios por meio de irregular dispensa de licitao.

    No quadro abaixo, destacam-se as despesas realizadas nesses moldes,

    totalizando uma quantia de R$ 32.064,70:

    Processo de aquisio

    Fornecedor vencedor Valor pago(R$)

    Objeto

    23041.003330/2004-16

    THAIS SOARES ELIAS DA SILVA

    4.080,00 Confeco de convites de formatura

    23041.001809/2004-18

    EDINEIDE TENORIO DE FRANCA LINS - ME

    2.095,00 Gastos com solenidade de formatura - turma de gesto pblica

    23041.000936/2004-91

    FABIO ALEXANDRE BATALHA NASCIMENTO

    417,00 Criao de convites de formatura

    23041.001817/2004-56

    GRAFICA E EDITORA SANTA TEREZA LTDA

    2.700,00 Gastos com solenidade de formatura da turma de gesto financeira

    23041.003087/2004-28

    MARCOS ANTNIO BATISTA DA SILVA

    4.227,00 Confeco de fardamento para Coral.

    23041.003086/2004-83

    ALDO BARBOSA DA SILVA 4.227,00 Confeco de fardamento para Coral.

    23041.000479/2004-35

    INFINITY EDITORA E SERVIOS LTDA.

    7.647,00 Impresso de cartes-diploma, convites e afins

    23041.004282/2004-75

    JOS ENALDO DA SILVA GRAFMARQUES

    6.671,70 Impresso de certificados e convites de formatura

    TOTAL de despesas: (R$) 32.064,70

    Note-se, apenas para reforar o descomprometimento com o interesse 29

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    pblico por parte dos denunciados, que grande parte dos servios e produtos

    adquiridos, como a criao, confeco e impresso de convites de formatura, so

    incompatveis com a finalidade do CEFET, j que se trata de servios relacionados a

    evento privado.

    Da mesma forma, as despesas mencionadas nos itens 9.1.3.1 e 9.1.3.2

    do relatrio de fiscalizao da CGU (fls. 105/111) foram adquiridas pelo CEFET/AL

    sem a realizao do necessrio procedimento licitatrio, mediante irregulares

    processos de dispensa e inexigibilidade de licitao.

    Conforme constatou a fiscalizao realizada (item 9.1.3.1), o CEFET/AL desembolsou R$ 4.218.902,38 (quatro milhes, duzentos e dezoito mil, novecentos e dois reais, trinta e oito centavos) com suprimentos de bens e servios em 2004. Deste montante, R$ 2.361.628,21 (dois milhes, trezentos e sessenta e um mil, seiscentos e vinte e oito reais, vinte e um centavos) foram

    desembolsados a partir de processos de dispensas de licitaes, o que corresponde a 56,0% dos valores pagos no ano, processos de inexigibilidade (correspondentes a 8,1% dos valores) enquanto que se somando suprimentos de fundos, convites, tomadas de preos, concorrncias e preges, todos eles atingem to somente 35,8%.

    Vale registrar que o argumento apresentado pelo rgo para quase a totalidade das dispensas de licitao foi que a despesa estaria abaixo do limite de R$ 8.000,00 (oito mil reais). Todavia, restou evidenciado que esta prtica foi atingida graas a uma proposital srie de fracionamentos de despesas, comportamento que vem sendo habitualmente repetido pelo CEFET, apesar das

    sucessivas e reiteradas recomendaes em contrrio oriundas dos rgos de controle.

    A exemplo de anos anteriores, inmeros so os bens adquiridos mediante processos de dispensa de licitao, sem que houvesse sequer parecer da assessoria jurdica a respeito e que, somados os desembolsos ao longo do ano superam em muito o limite para dispensa de licitao (R$ 8.000,00), contrariando a Lei

    de Licitaes, n. 8.666/93, em seu art. 24.

    Registre-se que tais fatos vm sendo reiteradamente abordados nos

    relatrios de auditoria da CGU referente aos anos anteriores. Abaixo, quadro ilustrativo

    referente ao exerccio de 2004:

    30

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    Fornecedor CNPJ Objeto Processos Efetua as aquisies desde

    ValorEmpenhosem 2004 (R$)

    BALBINO & CIA LTDA

    08623068000139

    combustveis -23041.004734/2003-38-23041.002372/2004-21-23041.003251/2004-05

    1998 27.220,00

    L JARDIM & CIA LTDA

    12270435000135

    material de pintura

    -23041.000668/2004-16-23041.000761/2004-12-23041.002130/2004-38-23041.002732/2004-95

    2002 23.680,00

    Elizete Mota Palladino

    69988038000110

    cloro para piscina

    -23041.003184/2004-11-23041.000658/2004-72

    2003 12.660,00

    ABM COML.LTDA

    03588038000115

    Suprimentos de escritrio e informtica

    -23041.004435/2003-01-23041.002012/2004-20-23041.001407/2004-13-23041.003463/2004-84

    2000 26.180,00

    Vdeo Show Center Ltda.

    05666816000172

    Mveis e equip. informtica

    -23041.002009/2004-14-23041.003140/2004-91-23041.002739/2004-15-23041.003461/2004-95-23041.003462/2004-30

    2003 26.130,00

    CEZARIOSMVEIS

    03016072000115

    mveis e equip. informtica

    -23041.004697/2003-68-23041.001757/2004-71-23041.000114/2004-19

    2003 13.530,00

    31

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    -23041.001827/2004-91

    HAROLDO COM & SERV. LTDA.

    41187998000162

    Aquisio e reforma de mveis

    -23041.004496/2003-61-23041.000755/2004-65-23041.002461/2004-78-23041.003621/2004-04-23041.002494/2004-18

    2001 21.510,00

    ELETRO SILVA LTDA.

    02636828000166

    lmpadas fluorescentes

    -23041.002792/2004-16-23041.003848/2004-41

    --- 15.650,00

    Solange Maria Monteiro da Silva

    40922197000130

    Material esportivo

    -23041.003106/2004-16-23041.002564/2004-38

    2000 33.340,00

    Fernando Estima Seabra Com. Ltda.

    69920098000100

    Fardamento esportivo

    -23041.003948/2003-97-23041.004028/2003-96-23041.000811/2004-61-23041.004027/2003-41-23041.003105/2004-71-23041.001358/2004-19

    2000 32.320,00

    UNY-TEXTIL Ind. Com. Malhas Ltda.

    04641887000158

    Fardamento esportivo

    -23041.003972/2003-26-23041.003994/2003-96-23041.003039/2004-30

    --- 22.210,00

    Destacam-se, a seguir, outras despesas efetuadas com fracionamento e

    duplicao de processos para aquisio de servio sem realizao do devido processo

    licitatrio (item 9.1.3.2):

    32

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    Processo Contratado Autorizao do empenho

    Valor contratado

    Objeto contratado

    23041.003556/2004-17

    Estrela de Alagoas

    23.11.2004 7.800,00 nibus para transportar alunos e professores a Belm/Pa Jogos de 19 a 24/11/2004

    23041.003557/2004-53

    Estrela de Alagoas

    10.11.2004 7.900,00 nibus para transportar alunos e professores a Belm/Pa Jogos de 19 a 24/11/2004

    23041.003603/2004-14

    Carnaba Locadora Ltda.

    10.11.2004 7.850,00 nibus para transportar alunos e professores a Belm/Pa Jogos de 19 a 24/11/2004

    23041.003604/2004-69

    Carnaba Locadora Ltda.

    10.11.2004 7.850,00 nibus para transportar alunos e professores a Belm/Pa Jogos de 19 a 24/11/2004

    O relatrio da CGU apontou todas as irregularidades constantes de tais

    processos, as quais apontam para a existncia de fraude por parte da instituio, para

    adquirir produtos sem a necessria realizao da licitao. Vejamos:

    a) Ao invs de ser produzido to somente um processo (para o qual deveria se realizar tomada de preos - face ao valor das contrataes), foram abertos quatro processos - todos de dispensa de licitao. A este respeito, registre-se ainda que, a entidade reiteradamente pratica parcelamento do objeto para

    dispensa de licitao na contratao de locao de nibus, inclusive no ano anterior.

    Somente em 2004 foram realizados 12 processos e empenhados R$ 86.640,00 (oitenta e seis mil, seiscentos e quarenta centavos) para locar nibus para viagens, o que recomendaria a adoo de tomada de preos; b) No foram contratados QUATRO nibus. Em verdade, s foram locados DOIS nibus. Para que o valor das locaes estivesse abaixo do limite para dispensa de licitao (R$ 8.000,00), a contratao foi dividida em duas empresas e cada empresa com dois processos com as seguintes propostas: R$ 7.800,00 (Estrela de Alagoas) e R$ 7.900,00 (Carnaba Locadora Ltda.). Operou-se

    um desembolso de R$ 31.400,00 (trinta e um mil e quatrocentos reais), atravs de 33

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    quatro processos, estratgia reconhecida pela coordenadora de licitaes do CEFET,

    Sra. Nilza Torres Melo, quando afirma que "foram realizados 02 processos para cada

    empresa", vide anexo. Esta constatao tambm corroborada atravs do relatrio

    final dos jogos (EDCENNE - Belm/PA), onde se informa que a delegao era

    composta de 93 atletas e 10 professores, totalizando 103 pessoas, as quais viajaram

    to somente em dois nibus, de acordo com a confirmao obtida junto ao Sr. Elton

    Barros do Nascimento - Coord. Esportes do CEFET;

    c) As propostas inseridas nos processos so cpias de si mesmas.

    observa-se que a montagem dos processos apresenta propostas idnticas e que so

    repetidas nos quatro processos;

    d) Os quatro processos foram conduzidos em paralelo, as datas de

    tramitao so, em vrias situaes, idnticas;

    e) Uma das notas fiscais (ref. processo 3783/04) foi ATESTADA e PAGA

    antes mesmo do fornecimento do servio. A viagem foi programada para 19 a

    24/11/2004 e o atesto foi dado em 16/11/2004, sendo o pagamento efetuado em

    17/11/2004, descumprindo o contido no art. 62 da Lei 4.320/64, in verbis:

    Art. 62. O pagamento da despesa s ser efetuado quando ordenado

    aps sua regular liquidao.

    f) As duas notas fiscais da Carnaba Locadora Ltda. (n 280 e 311) se

    referem ao mesmo servio, executado pelo mesmo veculo (placa MUQ4006). As duas

    notas da Estrela de Alagoas (n 040 e 041) se referem ao mesmo servios e ao mesmo

    processo de dispensa (271/2004); e

    g) Confirmou-se que as quatro notas foram pagas, atravs das ordens

    bancrias 901944 e 902007 (para Estrela de Alagoas) e 902065 e 902095 (para

    Carnaba Locadora).

    O item 9.1.3.3 do relatrio de fiscalizao da CGU traz mais quatro casos

    de dispensas indevidas de licitao. So eles:

    CASO I: Processo n. 23041.005383/2003-82

    Objeto: manuteno em gabinetes odontolgicos

    Fornecedor: Joo Batista do Nascimento (CNPJ 035.251.669/0001-30) 34

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    Ocorrncia: desde 2001.

    A Entidade vem, desde 2001, realizando contratos para manuteno de

    gabinetes odontolgicos, com a firma Joo Batista do Nascimento (CNPJ

    035.251.669/0001-30), mediante dispensa de licitao. Para tanto, firma contratos com

    vigncia de um ano ou prazo inferior, realizando, na seqncia, nova cotao de

    preos, sempre vencida pela empresa supracitada. Observa-se que, na prtica, havia

    repactuaes.

    Como tal servio vem sendo regularmente prestado ao longo dos ltimos

    anos e o fornecedor o mesmo durante todo esse perodo, evidencia-se a no

    realizao do devido processo licitatrio.

    Valor original

    (R$ 400,00)

    Valor

    contratado

    ndice do

    reajuste

    Diferena

    (mensal)

    Prejuzo

    (no ano)2001 R$ 400,00 --- --- ---2002 R$ 480,00 20,0% R$ 42,24 R$ 506,882003 R$ 600,00 25,0% R$ 97,72 R$ 1.172,642004 R$ 705,00 17,5% R$ 150,07 R$ 1.800,84

    R$ 3.480,36

    Os contratos eram sempre de 12 meses. Todavia, em 2004 realizou-se

    contrato em NOVE parcelas, totalizando R$ 6.345,00 (caso o contrato fosse de 12

    meses, o total seria de R$ 8.460,00, superando o limite para dispensa de licitao);

    CASO II: Processos n. 23041.000052/2003-56, 23041.005548/2003-90 e

    23041.003350/2004-89

    Objeto: fornecimento de garrafes de gua mineral

    Fornecedor: Raffas Coml. Ltda. (CNPJ 04893995/0001-18)

    A unidade realizou compra com entrega gradual de garrafes de gua

    mineral atravs do processo 23041.000052/2003-56, mediante dispensa de licitao

    em 2003, justificando, poca, estar abaixo do limite de R $ 8.000,00. Emitiu empenho

    n. 900032, no valor de R$ 7.890,00, em 19/02/03, em favor de Raffas Coml. Ltda.

    (CNPJ 04893995/0001-18). J em 14/05/03, emitiu novo empenho (n. 900206) para o

    35

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    mesmo fornecedor, no valor de R$ 2.475,00. Em ambos os casos, houve emisso de

    ordens bancrias que utilizaram integralmente os empenhos realizados.

    Apesar disto, em 29/03/04, emitiu novo empenho (n. 900237), desta feita

    para pagamento de despesas de exerccios anteriores, no valor de R$ 992,00,

    referente a nota fiscal emitida em 01/11/03, cujo objeto o mesmo, ou seja, gua

    mineral. Verifica-se, assim, que a Entidade realizou as despesas sem prvio empenho

    e se utilizou do expediente de quit-las atravs de pagamento de despesas de

    exerccios anteriores, contrariando o disposto na Lei 4.320/64, arts. 36 e 37. O que

    ocorreu, em verdade, foi uma previso injustificada de consumo a menor que o real em

    2003, fato que se repetiu em 2004.

    J em 2004, realizou novo processo de compra (23041.005548/2003-90),

    apresentando cotao unicamente com a mesma empresa. Mais uma vez evitou o

    processo licitatrio, emitindo empenho para o mesmo fornecedor em 19/02/04, no valor

    de R$ 7.992,00. Assim como em 2003, o consumo efetivou a totalidade do empenho

    antes do trmino do exerccio - ltima ordem bancria 901664, referente nota fiscal

    emitida em 27/09/04.

    A unidade, ento, ao invs de realizar licitao, optou por novamente (em

    23/12/2004), proceder a nova dispensa, emitindo novo empenho ao mesmo favorecido,

    no valor de R$ 4.200,00, para aquisio do mesmo objeto, referente aos meses de

    outubro, novembro e dezembro/2004.

    Neste sentido, observa-se o fracionamento de compra com estimativa

    a menor (cujos resultados implicaram na reiterada no utilizao de processo

    licitatrio), direcionamento de fornecedor (uma vez que somente foi apresentada

    cotao/proposta do prprio favorecido) e realizao de despesas sem prvio empenho

    (que conseqncia direta do subdimensionamento do processo de compra);

    CASO III: Processos n. 23041.000649/2004-81 e 23041.003751/2004-39.

    Objeto: Fornecimento de gs de cozinha (GLP)

    Fornecedor: HMF COM. REP. & CONS. (CNPJ 69991420/0001-83).

    A Entidade realizou compra com entrega gradual de botijes de gs GLP

    (processo 23041.000649/2004-81), atravs de dispensa de licitao em 2004,

    justificando consumo anual abaixo do limite de R$ 8.000,00 (oito mil reais). Emitiu 36

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    empenho (n. 900065), no valor de R$ 7.910,00, em 09/03/04, em favor de HMF

    COMERCIO REPRESENTAO E CONSULTORIA (CNPJ 69991420/0001-83).

    A exemplo do ocorrido no caso anterior, o consumo do objeto efetivou a

    totalidade do empenho antes do trmino do exerccio, em funo de previso de

    consumo a menor que o real. Desta maneira, a Entidade emitiu outro empenho (n.

    900601) para o mesmo fornecedor, em 23/12/2004, no valor de R$ 1.402,80,

    novamente sobre mesmo fundamento de dispensa, com vistas a suprir a lacuna de

    consumo nos ltimos meses do exerccio sem prvio empenho.

    Neste sentido, observa-se as prticas de: fracionamento de compra,

    estimativa a menor (cujos resultados implicaram na reiterada no utilizao de

    processo licitatrio) e realizao de despesas sem prvio empenho, contrariando o

    disposto na Lei 8.666/93, bem como Acrdo TCU 073/2003;

    Caso IV: Processo n. 23041005380/2003-49

    Objeto: locao de impressora a laser

    Fornecedor: TECNOCOOP Informtica Ltda. (CNPJ 28194652001952)

    Constatou-se que para a locao de impressora a laser vem sendo

    contratada a empresa TECNOCOOP Informtica Ltda., atravs de dispensa de

    licitao, desde o ano de 2003 com prestao mensal de R$ 844,00 (oitocentos e

    quarenta e quatro reais). A CGU verificou as seguintes impropriedades/irregularidades

    abaixo descritas:

    - Os oramentos apresentados esto com data posterior ao da assinatura

    do contrato (oramento - 01.03.2004 / contrato - 02.01.2004) bem como no se pode

    identificar a regularidade das outras duas empresas pois no possuem nem telefone

    comercial nem registro de CNPJ (SAID Tecnologia & Servios e a OASIS Informtica);

    - Realizao de despesa sem prvio empenho - o empenho que legaliza o

    contrato s foi emitido em 05.08.2004 enquanto o contrato j era vigente desde

    02.01.2004. Este fato corroborado pelo pagamento das sete primeiras parcelas que

    ocorreram simultaneamente em 24.09.2004;

    - Este tipo de contrato, j existia no exerccio de 2003 com a mesma

    empresa onde a Entidade anulou parcialmente o empenho, mesmo tendo atestado a

    sua execuo em 15.12.2003 da NF 181/2003 de 9.12.2003. O pagamento ento foi 37

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    realizado a custa de despesa de exerccios anteriores no ano de 2004, conforme o

    montante do valor anulado;

    - No perodo de 1 ano, houve 13 pagamentos para esta empresa no valor

    de R$ 844,00 (oitocentos e quarenta e quatro reais) o que pode caracterizar que o

    servio prestado contnuo. Com isto a despesa anual seria de R$ 10.128,00 (dez mil

    e cento e vinte e oito reais) o que estaria acima do limite para dispensa de licitao,

    concluindo ento que houve fracionamento como meio de evitar a licitao.

    Alm destes casos, o item 9.1.4.1 identifica outras situaes de

    fracionamento irregular de despesas nos processos de dispensa n

    23041.0002792/2004-16 e 23041.003848/2004-41 (fls. 755/762 do Volume 05 do

    Processo TCU n 013.737/2005-7). Nesse caso, o CEFET utilizou o fracionamento de

    despesas na aquisio de lmpadas fluorescentes, mais uma vez no intuito de no se

    atingir o limite para a dispensa do procedimento licitatrio, qual seja, R$ 8.000,00.

    Igualmente, conforme o item 9.1.4.2, a Entidade realizou diversas compras de fardamento esportivo, fracionando-as em nove processos (23041.003948/2003-97, 23041.003972/2003-26, 23041.003994/2003-96,

    23041.004027/2003-41, 23041.004028/2003-96, 23041.003105/2004-71, 23041.0003039/2004-30, 23041000811/2004-61 e 23041001358/2004-19), todos inferiores ao limite de R$ 8.000,00 (oito mil reais), a fim de utilizar a dispensa de licitao. Ocorre que o valor acumulado no exerccio alcana R$ 54.525,48, o que justificaria, no mnimo, a modalidade convite.

    Cinco dos processos (23041003948/2003-97, 23041003972/2003-26, 23041003994/2003-96, 23041004027/2003-41, 23041004028/2003-96), foram abertos em datas distintas (com protocolos variando de 30/07/03 a 05/09/03), todavia as solicitaes de pesquisa se concentraram no perodo (de 08/09/03 a 17/09/03). Todas so destinados compra de objetos do mesmo gnero (fardamentos

    esportivos), compostos por uniformes, agasalhos esportivos, camisas em malha,

    shorts, calas em tactel e assemelhados.

    Alm da dispensa indevida de licitao, por meio do malicioso fracionamento de processos de aquisio, o dolo dos denunciados fica ainda mais evidente quando se constata que houve claro direcionamento da aquisio dos produtos mencionados, uma vez que todas as cotaes foram feitas com as mesmas trs empresas: "Unyforty - Ind. Com. de Fardamentos Escolares e

    38

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    Profissionais" - CNPJ 69.920.098/0001-00, "Uny-textil Indstria e comrcio malhas Ltda." - CNPJ 04.461.887/0001-58 e "Adriana Modas" - CNPJ no informado. As propostas apresentadas ao CEFET/AL datam todas dos dias 09 e 10/09/03, conforme

    abaixo:

    Processo Objeto Data das propostas

    ADRIANA MODAS

    FERNANDO ESTIMA (Unyforty)

    UNY-TEXTIL

    23041003948/2003-97

    Fardamento esportivo

    09.9.03 R$ 8.568,50 R$ 7.566,00 R$ 7.862,50

    23041003972/2003-26

    Fardamento esportivo

    09.9.03 R$ 8.185,00 R$ 8.185,00 R$ 7.988,00

    23041003994/2003-96

    Fardamento esportivo

    10.9.03 R$ 6.244,50 R$ 6.257,00 R$ 6.232,00

    23041004027/2003-41

    Fardamento esportivo

    10.9.03 R$ 7.560,00 R$ 7.500,00 R$ 7.560,00

    23041004028/2003-96

    Fardamento esportivo

    10.9.03 R$ 6.160,00 R$ 5.808,00 R$ 6.020,00

    A avaliao das cotaes dos cinco processos, realizada pela

    Coordenadora de Licitaes, ocorreu em 23/09/03, o que evidencia que quem conduziu

    os processos de compra, os fez de forma plenamente simultnea.

    Como prova ainda mais contundente do dolo dos denunciados, as

    cotaes ainda foram realizadas com empresas de mesmo proprietrio - Sr. Fernando

    Estima Seabra (CPF 047.561.004-06). Duas pertencem a ele (Unyforty e Uny-Textil) e

    a outra no demonstra existir oficialmente, isto porque as propostas de preos

    fornecidas por "Adriana Modas" so apresentadas em papel sem identificao do

    CNPJ, inscrio estadual, endereo ou sequer telefone.

    Ademais, em 13.04.04 e 31.08.04 a suposta empresa "Adriana Modas"

    enviou proposta atravs do mesmo fax e no mesmo horrio que as outras duas

    empresas (Unyforty e Uny-textil), evidenciando que uma mesma pessoa est a

    fornecer as propostas das trs empresas que, em verdade, so apenas uma. Ressalte-se que a prova de que as 3 propostas foram enviadas pela mesma pessoa, alm

    39

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    do horrio e do telefone que constam no fax, a referncia expressa do nome de Fernando Estima Seabra como remetente dos mesmos.

    Esta prtica se repetiu em 31 de agosto de 2004. Desta feita, nos

    processos 23041.003105/2004-71 (fls. 764/771 do Anexo III) e 23041.0003039/2004-30

    (fls. 772/776 do Anexo III), que tratam da compra de itens de mesmo gnero e espcie,

    inclusive especificaes, observa-se que os dois processos correram em paralelo para

    adquirir os mesmos itens em quantidades bem prximas, tendo cada processo um

    vencedor diferente (Unyforty e Uny-textil, respectivamente).

    Item a adquirir Processo 23041.003039/2004-30

    Processo23041.003105/2004-71

    Camisa branca em jaquard transferizado, com gola polo, com mangas e sem punho.

    130 151

    Short azul em helanca transf. sem bolso

    175 160

    Cala em tactel azul, sem bolso 162 171

    Processo Data da proposta

    Adriana Modas

    Fernando Estima (Unyforty)

    Uny-Textil Paulistex

    23041.003039/2004/30 31.8.04 R$

    8.354,00

    --- R$

    7.987,00R$ 9.037,00

    23041.003105/2004-71 31.8.04 R$

    8.720,00R$ 7.997,00

    R$ 8.345,50

    ---

    *Em negrito: total da proposta vencedora

    Outro aspecto, digno de registro e que se constitui em grave afronta

    legislao vigente, demonstrando o dolo dos denunciados, que as seis propostas

    (trs de cada processo) foram todas enviadas do mesmo fax (81-3431-0206), com a

    mesma data (31 de agosto de 2004), no mesmo horrio e em seqncia (pginas 1, 2,

    3, 4, 5, 6).

    Tambm no item 9.1.4.3, a CGU ressalta outros casos de fracionamento

    de despesas.

    40

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    Trata-se dos processos n 23041.004697/2003-68, 23041.000114/2004-

    19 e 23041.001827/2004-91, onde a Entidade realizou compras com o fornecedor

    Cezrios Mveis e Com. Ltda. (CNPJ 03.016.072/0001-15), por dispensa de licitao,

    alegando serem inferiores ao limite de R$ 8.000,00 (oito mil reais).

    Tais processos dizem respeito aquisio de mveis e equipamentos

    para escritrio, nos quais foram dispendidos R$ 2.642,50, R$ 2.208,00 e R$ 7.992,00,

    respectivamente, totalizando uma quantia de R$ 12.842,50.

    No processo n 23041.004697/2003-68, para aquisio equipamentos de

    som e afins (desembolso de R$ 2.642,50), apresentou cotaes com as empresas

    Cezrios Mveis e Com. Ltda. (CNPJ 03.016.072/0001-15) - vencedora, alm de Anaju

    Com. de Mveis e Cozinhas Ltda. (CNPJ 02.567.173/0001-11) e com Eletroradio

    Gomes (CNPJ 12.380.416/0002-42). O aspecto a se registrar que uma das propostas incua, j que as firmas de CNPJ n 03.016.072/0001-15 e n 02.567.173/0001-11 possuem o mesmo quadro societrio e a mesma scia-gerente - Ana Paula Cezario Fortes (CPF 956.467.014-49), o que, mais uma vez, deixa clara a m-f dos agentes.

    No processo de n 23041.000114/2004-19, objetivando a aquisio de

    pentes de memria para microcomputadores (no valor de R$ 2.208,00), apresentou

    pesquisa de preos com as mesmas empresas. Mais uma vez, observou-se pesquisa

    incua, que no cumpre seu papel de avaliar os preos praticados pelo mercado. Isto

    porque duas das empresas proponentes (Cezrios Mveis e Com. Ltda. - CNPJ 03.016.072/0001-15 e Anaju Com. de Mveis e Cozinhas Ltda. - CNPJ 02.567.173/0001-11), possuem o mesmo quadro societrio e o mesmo scio-gerente: Ana Paula Cezario Fortes (CPF 956.467.014-49). Por outro lado, a terceira proponente, Eletroradio Gomes (CNPJ 12.380.416/0002-42), no comercializa pentes de memria para computadores (comercializa, em verdade, instrumentos musicais e acessrios), isto segundo o SINTEGRA (http://www.sintegra.gov.br) e corroborada por ligao feita pela CGU.

    Por fim, no processo 23041.001827/2004-91, efetuou compra por

    dispensa de licitao no valor de R$ 7.992,00 para adquirir mveis de escritrio,

    fundamentando ser inferior ao limite de R$ 8.000,00 (oito mil reais). Realizou, para

    tanto, pesquisa com trs fornecedores: Cezrios Mveis (CNPJ 03.016.072/0001-15),

    41

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    Anaju Com. de Mveis e cozinhas Ltda. (CNPJ 02.567.173/0001-11) e Hlio Mveis e

    Decoraes Ltda. (CNPJ 35.270.172/0001-60).

    Alm do fracionamento de despesas j apontado, observou-se novo direcionamento malicioso na pesquisa de preos, uma vez que as trs empresas consultadas tinham como scia-gerente a mesma pessoa - Ana Paula Cezario Fortes (CPF 956.467.014-49), sendo que duas delas tm exatamente o mesmo quadro societrio (Cezrios Mveis e Anaju Com. de Mveis e cozinhas Ltda.).

    Por fim, observou-se a mesma conduta nos processos n

    23041.003461/2004-95, n 23041.003462/2004-30, n 23041.003140/2004-91, n

    23041.002739/2004-15 e n 23041.002009/2004-14, mencionados no item 9.1.4.4 do

    relatrio da CGU.

    Trata-se de cinco processos referentes a materiais de informtica, em que

    o fornecedor Vdeo Show Center (CNPJ 05.666.816/0001-72) foi contratado mediante

    indevidas dispensas de licitao, representando um desembolso da quantia total de R$

    26.135,00.

    A exemplo do que aconteceu nos casos expostos nos itens 9.1.4.2 e

    9.1.4.3 do relatrio da CGU, nos processos a seguir descritos o direcionamento doloso

    na pesquisa de preos e posterior aquisio de produtos patente. Vejamos:

    1) No processo n 23041.003461/2004-95 - para aquisio de

    impressoras, no valor de R$ 5.450,00 e no processo n 23041.003462/2004-30 - para

    compra de aparelhos de fax, no valor de R$ 2.670,00, realizou pesquisa com trs

    fornecedores: Vdeo Show Center (CNPJ 05.666.816/0001-72) - vencedora de ambos,

    alm de "Maco - Locao e Comrcio" (CNPJ 02.812.627/0001-72) e "Multimdia -

    Comrcio e Locao" (CNPJ 03.420.386/0001-58). Na fiscalizao da CGU (item 9.1.4.4), observou-se novo direcionamento na pesquisa de preos, isto porque s houve cotao vlida com uma empresa (a prpria vencedora).

    Em consulta empresa "Maco", verificou-se que ela no comercializa os

    objetos referidos nos processos (aparelhos de fax/impressoras). Inclusive a atividade

    econmica da empresa, conforme consulta ao Sintegra (http://www.sintegra.gov.br)

    bem clara: "COMERCIO VAREJISTA DE MAQUINAS, APARELHOS E

    EQUIPAMENTOS ELETRICO, ELETRONICOS DE USO DOMESTICO E PESSOAL -

    EXCETO EQUIPAMENTOS DE INFORMATICA".

    42

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    Enquanto isto, no se pde constatar a existncia da empresa

    "Multimdia", uma vez que o CNPJ apresentado no vlido e o telefone no pertence

    suposta empresa;

    2) No processo de n. 23041.003140/2004-91, para compra de discos

    rgidos e pentes de memria, no valor de R$ 4.195,00, a Entidade fez cotao com a

    Vdeo Show (vencedora), alm de WB - Com. e Representaes (CNPJ

    02.415.285/0001-57) e Maco (CNPJ 02.812.627/0001-72). Quanto empresa Maco -

    Locao e Comrcio (CNPJ 02.812.627/0001-72), valem as mesmas constataes

    citadas no tpico acima;

    3) No processo n 23041.002739/2004-15 - para atualizao de mquinas (upgrade em dez microcomputadores), a entidade fez cotao com a Vdeo Show, alm

    de Master - Com. e Representaes (CNPJ 00.503.964/0001-52) e Maco (CNPJ

    02.812.627/0001-72). Quanto empresa Maco - Locao e Comrcio (CNPJ

    02.812.627/0001-72), valem as mesmas constataes citadas no tpico acima. Quanto

    empresa Master - Com. e Representaes, igualmente no comercializa

    equipamentos de informtica, sendo seu ramo de atividade informado pelo Sintegra:

    "COMERCIO VAREJISTA DE ARTIGOS DE PAPELARIA"; e

    4) J no processo de n 23041.002009/2004-14, para compra de projetor de multimdia, no valor de R$ 7.800,00, o CEFET fez cotao com a Vdeo Show

    (vencedora), alm de WB - Com. e Representaes (CNPJ 02.415.285/0001-57) e

    "Multimdia - Comrcio e Locao" (CNPJ 03.420.386/0001-58). A empresa

    "Multimdia", apresentou nmeros de CNPJ e de inscrio estadual invlidos.

    Por todo o exposto, resta claro o dolo dos rus no fracionamento das despesas mencionadas, com o fim de burlar a legislao pertinente, bem como o direcionamento proposital das pesquisas de preos e conseqente aquisio de produtos, sendo tais condutas configuradoras do crime previsto no art. 89 da Lei n 8.666/93, in verbis:

    Art. 89. Dispensar ou inexigir licitao fora das hipteses previstas em

    lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes dispensa ou

    inexigibilidade:

    Pena - deteno, de 3 (trs) a 5 (cinco) anos, e multa.

    43

  • MINISTRIO PBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPBLICA NO ESTADO DO ALAGOAS

    Materialidade: Item 9.1.2.1, fls. 104/105, e documentos constantes do Anexo III, fls. 05/162, itens 9.1.3.1 e 9.1.3.2, fls. 105/111, e documentos constantes do Anexo IV item

    9.1.3.3, fls. 11/114, item 9.1.4.1, fls. 114/115, item 9.1.4.2, fls. 116/118, e documentos

    constantes do Anexo IV, item 9.1.4.3, fls 118/119, e documentos constantes do Anexo

    IV, item 9.1.4.4, fls. 119/121, e documentos constantes do Anexo IV;

    Autoria: - Maria Eliana Gomes:1) pelas despesas constantes do Processo n 23041.000936/2004-91 (item

    9.1.2.1), no valor de R$ 417,00 (fls. 05/21 do Anexo III), j que foi a ordenadora

    de tais despesas (fls. 15 do Anexo III);

    2) por todos os processos administrativos mencionados no Quadro 2 (item 9.1.3.1),

    uma vez que tinha o poder de deciso nos processos de dispensa de licitao

    enquanto Diretora de Administrao e