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São Paulo, dezembro 2009
Cenário macroeconômico 2009-2016
20092010
2011 2012
2013 2014
20152016
ABRAMATRua General Furtado do Nascimento, 684 • Conj 63
Alto de Pinheiros • 05465 070 • São Paulo • SPwww.abramat.org.br
Cenário macroeconômico2009 - 2016
Equipe
DIRETOR DO PROJETO: Cesar Cunha Campos
SUPERVISOR: Ricardo Simonsen
COORDENADOR: Fernando Garcia
CORPO TÉCNICO: Ana Maria Castelo Edney Cielici Dias
Este relatório traz uma breve discussão sobre
o cenário macroeconômico brasileiro no pe-
ríodo 2009-2016, com destaque a aspectos de
interesse da cadeia da construção, como os
investimentos em infra-estrutura, em especial
os referentes à Copa do Mundo de 2014 e as
Olimpíadas de 2016, e os de habitação. O ce-
nário apresentado neste trabalho estende as
análises empreendidas na recente publicação
Perfil da Cadeia Produtiva da Construção e da
Indústria de Materiais e nos boletins de con-
juntura produzidos pela FGV para a ABRAMAT.
A referida publicação revelou a participação
crescente dessa cadeia na economia nacional
e sua contribuição para o crescimento econô-
mico. É importante, nesse contexto de discus-
são, visualizar qual a trajetória que se desenha
para o Brasil levando-se em consideração o seu
desempenho passado, as tendências atuais e os
fatores condicionantes para os próximos anos.
O cenário traçado neste relatório traz im-
plicitamente a programação de investimen-
tos de infra-estrutura para os próximos anos,
conforme os planos oficiais de infra-estrutura
e energia. A modelagem estatística considera
adicionalmente fatores críticos que interferem
nessas projeções e, portanto, traz uma ponde-
ração de riscos e potencialidades. Para compor
o cenário, considerou-se um painel econômico
mundial, fator determinante para o desempe-
nho brasileiro, que contempla indicadores de
cem países ao longo de quase 60 anos.
Levando-se em consideração a caracterização
institucional da economia brasileira, procurou-
se traçar previsões realistas, de tal maneira a
não superestimar e tampouco subestimar as
potencialidades para os próximos oito anos.
04
Apresentação
Apresentação O cenário traçado neste relatório tem como pressuposto que o Brasil aproveitará as oportunidades de investimento
que se descortinam para o futuro próximo e que o próprio padrão de desenvolvimento terá características distin-
tas das verificadas no século passado. Parte-se do pressuposto de que o país explorará as suas possibilidades numa
trajetória sustentável de expansão de mercados e de negócios. Esse crescimento implica progressos significativos
no desenvolvimento humano e na questão energética e ambiental. A intensidade em que esses avanços se darão
envolve uma ampla gama de determinantes e, por esse motivo, devem ser ponderados os fatores que podem favo-
recer ou retardar o processo.
Os pressupostos adotados neste trabalho partem de uma perspectiva conservadora, pois não supõem avanços ins-
titucionais que potencializam as condições de desenvolvimento. Esse cenário assume que a condução da política
econômica brasileira atingiu consensualmente a maturidade, com o compromisso de equilíbrio, e que o país seguirá
numa rota ponderada por suas limitações. Assume que o ambiente externo do país é favorecido não só pelos even-
tos esportivos dos próximos oito anos, mas também pela rápida superação do processo recessivo de 2008/2009.
O cenário para economia brasileira depende obviamente do que se espera para a economia mundial no período
analisado. Para estabelecer o panorama mundial nos próximos oito anos, foram considerados os dados estatísticos
de um grupo de cem países ao longo de seis décadas. Essas informações, confrontadas com as tendências recentes
na economia mundial, permitem estabelecer uma trajetória confiável do desempenho para o futuro próximo. Um
pressuposto importante do modelo é que os fatores gerais que condicionam o crescimento, consagrados pela teoria
econômica, serão respeitados por um número cada vez maior de atores. Esses fatores são:
• Respeitoàpropriedadeeumambientedeconfiançapararealizarnegócios;
• Competiçãonosmercadoseintegraçãoeconômicamundial;
• Qualidadedasinstituiçõesligadasaofuncionamentodaeconomia;
• Aplicaçãodepolíticaseconômicaseficienteseestabilizadoras.
1. Cenário mais provávelCaracterísticas do modelo
06
Nesse contexto de respeito às precondições do crescimento econômico, haverá pres-
sões crescentes por políticas ambientais, o que limitará o ritmo de economias que hoje
utilizam um padrão predatório de recursos, como a China.
Passados os efeitos da crise econômica mundial, é factível supor que grande parte dos
países retome a rota histórica de crescimento a partir de 2010 – e isso significa um
crescimento mundial no período 2009-2016 será de 2,7% ao ano. As economias emer-
gentes, como a China e a da Índia, apresentarão um crescimento vigoroso no período
(7,8% e 4,7% ao ano, respectivamente), embora em um ritmo menor do que o verificado
na média 1990-2008 (10,6% e 6,4%, respectivamente).
Os Estados Unidos, superada a crise, sustentará um crescimento de 2,5% ao ano, em
razão da maturidade e do dinamismo de sua economia. Os países europeus, por sua vez,
apresentarão taxas de crescimento bem mais modestas, o que implica uma média de
1,6% ao ano no período. O Brasil terá um crescimento de 5% ao ano período, superior às
projeções de países como o México (4,2%) e o Chile (3,9%).
Tabela 1.1Projeções de crescimento mundial
Fonte FGV
Crescimento do PIB (% ao ano)1990-2008 2008-2016
Europa 2,00% 1,60% Grã-Bretanha 2,40% 1,60% França 1,90% 1,40% Portugal 1,90% 1,30% Espanha 3,00% 1,80% Alemanha 1,60% 1,10% Rússia 0,30% 2,90%
NAFTA 2,90% 2,50% EUA 2,90% 2,40% México 3,10% 4,20%
América Central e Caribe 3,40% 3,00%
América do Sul 3,40% 4,20% Argentina 4,00% 2,70% Brasil 3,00% 5,00% Chile 5,40% 3,90% Venezuela 3,10% 3,10%
Ásia e Oceania 3,80% 3,90% Japão 1,30% 0,60% China 10,30% 7,80% Coréia 5,40% 3,70% Índia 6,10% 4,70% Austrália 3,40% 3,10%
África Subsaariana 3,00% 3,40%
Oriente Médio e Norte da África 4,30% 2,50%
Mundo 2,80% 2,70%
Os gastos estimados para os dois eventos mostram a
necessidade de investimentos adicionais no país de R$
59,5 bilhões nos próximos oito anos. Para a realização
da Copa de 2014, os investimentos em infra-estrutura e
serviços previstos somarão R$ 30 bilhões. Esses recur-
sos deverão ser direcionados para a construção e refor-
ma dos estádios, reformas e ampliação dos aeroportos,
desenvolvimento de sistema de transporte de acesso
aos eventos, ampliação da rede hoteleira do país e ou-
tros serviços como treinamento e segurança do evento.
Para a realização das Olimpíadas de 2016, o orçamento
oficial previu a necessidade de R$ 29,5 bilhões em infra-
estrutura urbana, construção e reforma de instalações
esportivas e gastos do comitê organizador.
Neste estudo, foi considerado o fluxo anual de inves-
timentos adicionais conforme o projetado pelos res-
pectivos comitês organizadores. Ainda que imprecisas
no atual estágio de planejamento desses eventos, essas
projeções dão uma idéia aproximada da distribuição
dos gastos ao longo do tempo. O Gráfico 1 traz a evolu-
ção desses investimentos entre 2011 e 2016.
O incremento de inversões na economia brasileira
resultante desses eventos é considerável. São quase
R$ 10 bilhões por ano, que representam diretamente
0,34% do PIB e 1,81% da formação bruta de capital fixo
em 2008. Vale mencionar que esses investimentos têm
efeitos por toda a economia. Considerando os efeitos
multiplicadores, estima-se um acréscimo total anual de
quase 1% do PIB brasileiro de 2008.
08
Copa e Olimpíadas2. Mercado de materiais de construção
Gráfico1•Incrementodeinvestimentosnoseventosesportivos(R$Bilhões)
02468101214161820
4,57,5
17,9
11,813,2
4,42011 2012 2013 2014 2015 2016
Os efeitos dos investimentos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas, embora significativos, não serão o
fator preponderante da indústria de materiais na trajetória rumo a 2016. É importante estar atento ao papel
estratégico dos investimentos habitacionais e da ampliação da infraestrutura, como as usinas do rio Madeira.
No cenário projetado neste estudo, cresce substancialmente a proporção do investimento habitacional
em relação ao PIB. No desenho das perspectivas do mercado habitacional brasileiro, o passo mais impor-
tante é a análise simultânea dos fatores demográficos e da dinâmica socioeconômica que condicionam
a formação de famílias e, por conseqüência, as necessidades de investimentos habitacionais para os pró-
ximos anos. Trata-se, portanto, de integrar as projeções das necessidades habitacionais do Brasil com o
panorama traçado para a economia brasileira.
Horizonte do mercado habitacional
10
2008 2016 (%) ao ano
População (milhões) 190 209,3 1,20%
Famílias (milhões) 61 74,1 2,50%
Pessoas por família 3,11 2,82 -1,20%
Moradias (milhões) 57,7 71,4 2,70%
Pessoas por moradia 3,29 2,93 -1,40%
Na elaboração das projeções de crescimento do número de famílias, são considerados o fator demográ-
fico e o crescimento da renda. Este último fator é um elemento que influencia diretamente as decisões
sobre o momento de formação da família, o número de filhos e a necessidade de coabitação familiar. O
número de famílias pode também ser maior ou menor em razão das condições econômicas. Existe certa
proporcionalidade entre o número de adultos de determinada população e o de famílias constituídas,
mas tal relação se altera quando a situação econômica favorece a formação precoce de famílias e a ante-
cipação da decisão de ter filhos.
A relação entre o aumento do número de habitantes e a necessidade de construção de novas moradias
é direta. O crescimento populacional, por sua vez, é determinado pela fecundidade da população, por
sua mortalidade e por movimentos migratórios. Mas o processo de urbanização e a evolução da estrutura
etária são aspectos igualmente importantes. O amadurecimento da população, por sua vez, altera a con-
figuração das necessidades habitacionais.
Tabela2.1•Tendênciasdemográficas
Entre 2008 e 2016, a população brasileira passará de 190 milhões para 209 milhões, o que representa um
crescimento médio de 1,2% ao ano. A redução da taxa de natalidade terá reflexos no tamanho das famí-
lias, que será menor em 2016. No entanto, nesse período, a dinâmica socioeconômica do país contribuirá
para um crescimento expressivo do número de famílias, que terão um incremento anual de 2,5% ao ano, a
despeito do crescimento demográfico mais discreto.
Dentro da perspectiva conservadora que norteia o cenário, projeta-se um crescimento anual de 2,7% ao
ano no número de moradias, o que significa a construção de 13,7 milhões de residências no período. É
importante frisar que essas projeções não pressupõem uma política habitacional mais agressiva por parte
dos governos.
Tabela2.2•Investimentohabitacional2009-2016(R$bilhões)
Média anual % do PIB
Investimentos 227,1 6,30%
Novas moradias 147,8 4,10%
Reposição de estoque 79,4 2,20%
12
A Tabela 2.2 mostra a importância do investimento habitacional
para o período analisado. Entre 2009-2016, crescerá significativa-
mente a participação do investimento habitacional com relação às
duas últimas décadas, o que trará conseqüências positivas para a
qualidade de vida da população, com o recuo do déficit habitacio-
nal relativo. O investimento habitacional saltará de uma média de
3,2% do PIB no período 1988-2008 para 6,3% na média do período
de 2009 a 2016. Isso significa um investimento habitacional anual
médio de R$ 227 bilhões, sendo R$ 147,8 bilhões em novas moradias
e R$ 79,4 bilhões em reposição de estoque.
Na trajetória de crescimento, 2010 será marcado pelo rápido reaquecimento do mercado, como de-
monstra a tabela 2.3. Entre 2005 e 2008, o país cresceu 5% ao ano, taxa que deve ser superada em 2010.
Espera-se para o próximo ano que a economia brasileira cresça 5,8%. Esse crescimento será comandado
pela ampliação recuperação dos investimentos públicos e privados, que devem atingir 16,2% do PIB em
2009, quase 3 pontos percentuais abaixo dos 19% registrados em 2008 em razão da crise. Para o próximo
ano, espera-se um taxa em torno de 20%, o que fará as inversões crescerem de R$ 476 bilhões para R$
625 bilhões, em que pesarão os investimentos em infraestrutura, como os das usinas do rio Madeira.
Com isso, espera-se um crescimento do PIB da construção de 8,8% em 2010, o que irá sustentar o cres-
cimento da demanda por materiais de construção de 15,7% nesse ano.`
O mercado de materiais de construção
Tabela2.4•Vendamédiaanualdemateriaisdeconstrução(R$bilhões)
2009-2016 % do PIB
Vendas de materiais 143,23 4,00%
Básicos 60,7 1,70%
Demais 82,5 2,30%
Os investimentos habitacionais e em infraestrutura terão refle-
xos bastante positivos para a indústria de materiais de constru-
ção também nos anos seguintes. No período de 2009 - 2016, a
taxa média anual de crescimento das vendas, de 7,2%, será su-
perior a do PIB brasileiro, aumentando, portanto, a participa-
ção na economia. Nesse período as vendas da indústria salta-
rão de 3,5% do PIB para 4,0%, o que representa um faturamento
médio anual de R$ 143,23 bilhões.
Como mostra a Tabela 2.4, as vendas médias de materiais de
acabamento, que representam a maior parcela do mercado,
somarão R$ 82,5 bilhões ao ano, ou seja, 2,3% do PIB.
Tabela2.3•Indicadorespara2010
2008 2009* 2010**
PIB (% ao ano) 5,10% 1% - 2% 5,80%
IPCA (% ao ano) 5,90% 4,00% 4,50%
Selic (% ao ano)*** 6,20% 5,70% 5,30%
PIB da construção (% ao ano) 12,50% 1,00% 8,80%
Emprego na construção 17,40% 7,30% 8,00%
* projeção ** estimativa *** taxa real
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O Gráfico 2 mostra a evolução das vendas no período. A retração verificada em 2009 será rapidamente superada em
2010. Projeta-se um crescimento elevado dos investimentos em construção em 2010, o qual resultará num aumento
de 8,8% no PIB da construção civil e de 15,7% nas vendas de materiais. Até 2016, espera-se um crescimento real de
77,7% nas vendas de materiais de construção.
Os materiais básicos, como cimento e aço, registrarão vendas médias anuais de R$ 60,7 bilhões, ou 1,7% do PIB.
Gráfico2•Vendasanuaisdemateriaisdeconstrução(R$bilhões)
Gráfico3•Vendasanuaisdemateriaisdeconstrução(%doPIB)
50668298114130146162178194210
101,8 96,8112
126,7
149,33158,12
173,5182,12 188,7
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
3,53,3
3,63,8
4,3 4,34,5 4,5 4,4
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016