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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE PEDAGOGIA SUZANA MARIA DO AMARAL OLIVEIRA SUPERANDO AS DIFICULDADES EM MATEMÁTICA COM INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE PEDAGOGIA

SUZANA MARIA DO AMARAL OLIVEIRA

SUPERANDO AS DIFICULDADES EM MATEMÁTICA COM INOVAÇÕES

PEDAGÓGICAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

FORTALEZA

2013

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SUZANA MARIA DO AMARAL OLIVEIRA

SUPERANDO AS DIFICULDADES EM MATEMÁTICA COM INOVAÇÕES

PEDAGÓGICAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Monografia submetida à aprovação

da Coordenação do Curso de

Pedagogia do Centro Superior do

Ceará, como requisito parcial para

obtenção do grau de Graduação.

FORTALEZA

2013

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SUZANA MARIA DO AMARAL OLIVEIRA

SUPERANDO AS DIFICULDADES EM

MATEMATICA COM INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS

NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Monografia como pré-requisito para

obtenção do título de Licenciatura

em Pedagogia, outorgado pela

Faculdade Cearense – FAC, tendo

sido aprovada pela banca

examinadora composta pelos

professores.

Data de aprovação: 09/12/2013

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

OrientadoraEsp. Nívea Maria Pinheiro Costa

_________________________________________________

Professora Ms. Luiza Lúlia Feitosa Simões

_________________________________________________

Professor Ms. Humberto de Oliveira Santos Junior

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Dedico esta monografia aos meus pais Francisco do Amaral Vieira e Elisete

Martins do Amaral (in memoriam), pois mesmo sem estarem presentes nesse

momento, acredito que, onde estejam também realizaram um sonho.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter me conduzido nesta caminhada, pois sem Ele

essa jornada não seria possível.

Ao meu esposo por ter facilitado o meu ir e vir durante toda a trajetória

acadêmica, assim como, pela compreensão da minha ausência quando muitas

vezes precisou de mim.

Aos meus filhos pelo apoio, incentivo e estímulo para enfrentar as barreiras da

vida que são muitas, mas com força e determinação conseguimos suportar.

A minha amiga Ana Caroline foi ela que me incentivou para que eu fizesse

esse curso.

A minha amiga Margalyêr pela cumplicidade e pela parceria que muito

contribuiu para a conclusão do meu curso.

A Cristiane Banhos pela contribuição do meu trabalho acadêmico.

A todos os colegas de turma com quem choramos, sorrimos, brincamos,

aprendemos, pelo companheirismo, pelo carinho e pela amizade sincera de

cada um.

A todos os professores da FAC, à Coordenadora Luísa Simões que foram

referência na minha formação acadêmica e em especial a Professora Nívea,

minha orientadora, pela paciência e pela compreensão das minhas limitações.

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“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer

coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram.

Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da

educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e

não aceitar tudo que a elas se propõe”.

(Jean Piaget)

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RESUMO

Este trabalho “Superando as dificuldades matemáticas com inovações pedagógicas no Ensino Fundamental I”, teve como objetivo geral “Identificar inovações nas metodologias adequadas aos alunos com dificuldades matemáticas” sendo como objetivos específicos conhecer as estratégias pedagógicas adotadas pelos professores de Matemática; e os fatores que afetam o entendimento da disciplina pesquisando inovações pedagógicas através do lúdico e das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Sobre o método utilizado, trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, onde foram incluídos na revisão, livros, artigos publicados, websites, dando ênfase ao estudo de vários educadores que defendem o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e do lúdico no ensino de Matemática, como um caminho para a construção de conhecimentos dos alunos abrindo portas para um ensino de matemática mais lúdico, em um ambiente de ensino mais descontraído, dando a eles a oportunidade de serem os próprios agentes construtores do seu conhecimento. Nos resultados e considerações finais constatou-se que a maioria dos alunos sentem dificuldades por não ser aplicada uma metodologia que facilite a aprendizagem, onde verificou-se a importância do professor como mediador que possa identificar as barreiras no processo ensino aprendizagem e assim traçar um plano eficaz de ajuda aos alunos que precisam enfrentar suas dificuldades. A fundamentação teórica deste trabalho se ancorou nos autores Piaget, Vygotsky, D‟Ambrósio, Carraher,Paulo Freire, Sanches, entre outros.

Palavras-chave: Metodologia; Matemática; Aprendizagem.

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ABSTRACT This work "Overcoming problems mathematical pedagogical with innovations in elementary school," had as general objective "Identify innovations in appropriate methodologies for students with mathematical difficulties" with specific objectives to meet the pedagogical strategies adopted by Maths teachers, and the factors that affect the understanding of the discipline researching pedagogical innovations through ludic and CIT.On the method used, it is a survey of bibliographic review, which were included in the review, books, published articles, websites, emphasizing the study of various educators who advocate the use of ICT and ludic in mathematics teach, as a path to build students' knowledge by opening doors to a more ludic teach math in a more relaxed learning environment, giving them the opportunity to be their own agents of his knowledge builders.The results and final considerations it was found that most students experience difficulties a methodology that facilitates learning, where we found the importance of the teacher as a mediator who can identify the barriers in the learning process and so develop a plan for not being applied effectively help students who need face their difficulties. The theoretical foundation of this work is anchored in the authors Piaget, Vygotsky,D‟Ambrósio, Carraher,Paulo Freire, Sanches, among others.

Keywords: Methodology, Mathematics; Learning

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 10

2 METODOLOGIA .................................................................................................... 12

3 O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA ......................................................... 13

3.1 História da Matemática ........................................................................................ 19

3.2 A Matemática Como um Fator Social .................................................................. 20

3.3 Contribuições Egípcias ........................................................................................ 21

3.4 Gregos e Romanos e a Matemática .................................................................... 22

3.5 Renascimento e os dias atuais ............................................................................ 22

3.6 A história da Matemática como facilitadora dos processos de aprendizagem .... 23

3.7 A Matemática e as Matrizes de Referencias ....................................................... 25

3.8 Temas e seus Descritores ................................................................................... 26

4 METODOLOGIAS DIRECIONADAS AO ENSINO DA MATEMÁTICA ................ 27

4.1 Modelagem .......................................................................................................... 28

4.2 Etnomatemática .................................................................................................. 29

4.3 A Tecnologia e o Ensino da Matemática ............................................................. 31

4. 4 Softwares e outros dispositivos tecnológicos para o ensino de matemática ...... 33

4.5 Problemas Matemáticos ...................................................................................... 35

4.5.1 Etapas para a resolução de um problema ........................................................ 37

4.6 Jogos Matemáticos ............................................................................................. 39

5 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ....................................................................... 43

5.1 Dificuldade ou erro na aprendizagem .................................................................. 43

5.2 As dificuldades na aprendizagem e o fracasso escolar ....................................... 46

5.3 As dificuldades dos alunos .................................................................................. 48

5.4 Dificuldades de Aprendizagem na Matemática ................................................... 52

5.5 Acalculia .............................................................................................................. 53

5.6 Discalculia ........................................................................................................... 54

5.7 Dificuldades matemáticas no ensino fundamental I ............................................ 55

5.8 Relação professor e aluno ................................................................................... 56

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 58

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59

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1 INTRODUÇÃO

As dificuldades relacionadas à aprendizagem na disciplina de

Matemática vêm de longa data, ocupando o lugar de mais difícil e mais odiada,

o que dificulta a sua assimilação pelos estudantes, bem como a capacidade de

resolver problemas matemáticos e, a certas habilidades com cálculos.

Diante do exposto o referido trabalho tem como tema “Superando as

dificuldades em Matemática com inovações pedagógicas no Ensino

Fundamental I”.

Certamente, a ojeriza a essa disciplina, deve-se ao método

tradicional, que muitas escolas utilizam, baseado na aprendizagem mecânica,

de mera transmissão de conhecimentos, no qual os alunos se condicionavam a

receber informações prontas, acabadas, gerando nos educandos sensação de

medo, de insatisfação e incapacidade de decodificar os sinais do dia a dia.

É extremamente importante que o aluno veja a Matemática não

como um monstro, ela deve ser vista como um conhecimento que pode

favorecer o desenvolvimento do raciocínio, da sua capacidade expressiva, de

sua imaginação.

O momento atual de ensino requer uma Matemática diferente que

possa provocar nos aprendizes e educadores o gosto e a confiança pra

enfrentar desafios. Portanto, faz-se necessário mudar a forma mecânica de

ensinar Matemática, transformando essa disciplina numa fonte inesgotável de

satisfação, motivação e interação social.

O desejo pelo tema se deu pelo fato da pesquisadora ter observado

durante o Curso de Pedagogia na disciplina de Didática de matemática, uma

indagação da professora sobre quem havia tido dificuldades em Matemática.

Como já se esperava, a grande maioria da sala respondeu que nunca tinha

conseguido entender Matemática, a partir daí, vi a necessidade de um

aprofundamento destas habilidades, a fim de pesquisar as estratégias

utilizadas para a melhoria e a qualidade do ensino de matemática no ensino

fundamental I.

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Desta forma, este trabalho visa identificar práticas pedagógicas que

auxiliem no desenvolvimento das ações de ensino e aprendizagem da

matemática, apontando outros métodos, para que, os alunos possam construir

e aprimorar-se dos conhecimentos matemáticos que serão ensinados.

O embasamento teórico desta pesquisa está ancorado

principalmente, nos seguintes autores Piaget, Vygotsky, Druck, Carraher,

Silveira, D‟Ambrósio, Sanches e Paulo Freire, dentre outros estudiosos deste

tema, que descrevem os desempenhos cognitivos diferenciados: relação entre

conhecimentos prévios e conhecimentos escolares, que auxiliam nas

estratégias de ensino eficazes para o ensino de matemática. .

Esta pesquisa “Superando as dificuldades em Matemática com

inovações pedagógicas no Ensino fundamental I”, tem como objetivo geral

identificar as metodologias mais adequadas aos alunos com dificuldades em

matemática nas series iniciais do Ensino Fundamental I.

Quanto aos objetivos específicos podemos elencar: conhecer as

estratégias pedagógicas adotadas pelos professores de Matemática; identificar

os fatores que afetam o entendimento da disciplina; Propor inovações

pedagógicas através do lúdico.

Essas são questões que norteiam este trabalho e que tem por

finalidade, para a adequação das estratégias pedagógicas, contribuir para uma

reflexão sobre a prática pedagógica no ensino de matemática do fundamental I,

pois, ensinar matemática não é tarefa fácil e aprendê-la muito menos, por isso

surge à necessidade de usar instrumentos que proporcionem ao educador

mediar o conhecimento ao aluno. Esses devem ser planejados e bem

aplicados, podendo ser um recurso pedagógico eficaz para a construção do

conhecimento matemático.

Esta pesquisa foi baseada em seis capítulos compostos,

principalmente, na coleta de informações, de natureza exploratória e

bibliográfica, realizada através de pesquisa em livros, artigos, revistas

eletrônicas e websites.

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2 METODOLOGIA

Esta pesquisa visou contribuir para o desenvolvimento de práticas

dinâmicas entre professores e alunos, tornando o ensino da matemáticamútuo,

interativo e real.

A pesquisa abordada nesta analise é de caráter bibliográfico e visa

discorrer sobre as dificuldades do ensino-aprendizagem de Matemática e

sobretudo, conhecer intervenções pedagógicas neste campo com o intuito de

rever as práticas pedagógicas dos professores em relação ao ensino de

matemática do fundamental I.

De acordo com Gil (2007), a pesquisa bibliográfica se caracteriza por

ser trabalho realizado através de uma coleta de informações contidas

principalmente em livros e artigos científicos.

Ao longo do processo de revisão bibliográfica o pesquisador analisa

uma problemática, faz uma definição de um tema, organiza e coleta suas

fontes de pesquisas, para só finalmente iniciar efetivamente a produção do

trabalho. (GIL, 2007).

A busca manual da bibliografia foi realizada nas bibliotecas da

Faculdade Cearense e na Universidade Federal do Ceará, além disso este

documento será de base de futuras pesquisas.

Como critério foram analisados artigos com base nas dificuldades de

aprendizagem em matemática tentando identificar os fatores que dificultam

essa aprendizagem e propor inovações pedagógicas através do lúdico e das

Tecnologias da Informação e comunicação (TIC).

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3 O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

De acordo com Lovell Kurt (1988), a criança inicia a construção de

seu conhecimento a partir da percepção, passando, pouco a pouco, durante a

infância, a discriminar, abstrair e generalizar os signos do ambiente. Na medida

em que adquire mais idade, há maior consciência e deliberação. Se ela

encontrar uma variedade de experiências matemáticas estimulantes, as

abstrações e generalizações têm a probabilidade de prosseguir mais

prontamente, desde que as experiências sejam igualadas com o seu

desenvolvimento. A sequência é: percepção – abstração – generalização.

A abstração e a generalização são, essencialmente, processos

mentais (LORENZATO, 2008) e são executados na mente. Os professores de

matemática podem arranjar um ambiente capaz de ajudar as crianças na

organização de seus esquemas mentais, mas ela é que define o momento de

passar da percepção para a construção dos conceitos. Os conceitos parecem

surgir das percepções, do conhecimento real dos objetos e situações, e através

da vivência de experiências e empenho em ações, que contribuem para

desenvolver o raciocínio.

Algumas vezes, na formação de um conceito, há certa quantidade

de ensaio e erro a fim de determinar se um novo espécime se ajusta à hipótese

existente. Vinacke (1952 apudBonjono, 1996), alega que nos adultos, tanto a

abstração como a generalização dependem muito da motivação, ocorrendo de

forma bem mais consciente e controlada do que na criança.

Parra et al(1996, p. 69) levanta questões muito importantes,

relacionadas à aplicação da matemática pelo aluno em sua realidade, em seu

futuro profissional e na seleção dos conteúdos a serem trabalhados pela

escola. Para os autores citados, existem conteúdos que são bastante

explorados e cobrados e que, muitas vezes, não apresentam tanta utilidade

prática. Isso não quer dizer que tais assuntos devam ser excluídos do

programa, mas que sejam ministrados de maneira mais significativa.

Com relação a essa posição Parra et al(1996, p. 16) orienta:

[...] por exemplo, é importante instruir o quanto antes acerca das

manipulações simples do cálculo literal e na interpretação e

manipulação de fórmulas, porém basta limitar-se a expressões

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simples de uso comum, sem necessidade de entediar os alunos com

cansativos cálculos.

Esse é, apenas, um dos aspectos que necessitam ser repensados,

em torno do ensino da matemática. Entretanto, é também preciso que a escola

procure alcançar a dinâmica do aluno, com relação ao contexto mundial, na

atualidade. Com essa preocupação, o educador/professor deve mudar sua

estratégia e conscientizar-se de que sua responsabilidade não consiste em

transmitir informações e conteúdos acabados, prontos ou apresentar

explicações sobre como se resolvem determinados cálculos ou problemas, ou

algo nessa linha de postura.

Partindo do pressuposto de que, quando o indivíduo interage com o

meio, ele está construindo conhecimento, a escola não é o único local para se

„aprender‟ e o professor também não é a única fonte de informação e saber.

Dentro de uma concepção de que o aluno é ativo, pensa, raciocina, reflete,

manipula, investiga e questiona sobre o que está ao seu redor, ele não deve

ser tratado como um ser passivo e depositário de informações.

Logo, numa proposta construtivista, que a construção do

conhecimento, a aprendizagem ocorre verdadeiramente, quando o educando

sabe utilizar um mesmo conhecimento em várias ocasiões e, nesse sentido, o

ensino deve ser voltado para o concreto, para a realidade. Kamii e Joseph

(1993, p. 125), ao falar das qualidades do professor construtivista para o ensino

da matemática, dizem que:

[...] Um professor de matemática construtivista está constantemente

procurando situações que possam ser usadas para desenvolver o

pensamento numérico das crianças. Algumas dessas situações

aparecem em rotinas diárias, semanais ou mensais.

Para que a aprendizagem ocorra, o aluno tem que ser visto como

sujeito do processo, que age sobre o objeto do conhecimento. A metodologia

tradicional com sua transmissão mecânica de informações e conteúdos, não

oferece um aprendizado significativo, pois o conhecimento não ocorre através

da simples absorção de conteúdos, ele é um processo contínuo de construção.

Para Piaget (1975), o conhecimento é „construído‟ desde o

nascimento e se prolonga por toda a vida, enquanto a mente permanecer

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lúcida. Essa construção se dá pela interação contínua entre sujeito e objeto

(InteracionismoPiagetiano), levando a criança, de um conhecimento mais pobre

a um conhecimento mais rico, num processo de equilíbrio majorante.

Para Piaget (1973), o ser não nasce inteligente, sua cognição é

estimulada através da interação com o meio físico e social.

Através da construção progressiva e permanente de estruturas

cognitivas, resultantes da interação entre o organismo e o meio,

estabelecem-se relações epistemológicas. As estruturas se formam

de maneira encadeada, pois conhecimentos anteriores dão origem a

outros conhecimentos que por sua vez servirão de base a novos

conhecimentos (PIAGET, 1973, p. 136).

Dessa forma, a matemática fornece instrumentos eficazes às

pessoas, para que possam compreender e atuar no mundo em que vivem,

sendo uma ferramenta essencial. Nela, são desenvolvidas estruturas abstratas

baseada em modelos concretos; além de método, a matemática é um meio de

comunicação – uma linguagem formal e precisa – que requer uma prática

constante de forma clara e universal.

Assim, a prática pedagógica, significando o processo de ensino e

aprendizagem é muito importante para ser, visto que é o ponto mais relevante

no processo educacional. A aprendizagem segundo Fonseca (1995) pode ser

definida como uma mudança de comportamento ou conduta do indivíduo,

resultante de uma experiência. Esta experiência pode ser reconhecida nos

vários ambientes em que se encontra o indivíduo e nas suas diversas relações.

Refletindo ainda nas palavras deste autor “é uma resposta modificada, estável

ou durável, interiorizada e consolidada no próprio cérebro do indivíduo”. No

entanto, é necessária a relação humana entre a pessoa que ensina e a pessoa

que aprende.

Mas, essa ideia de estimular as experiências, partindo da

necessidade natural que se tem de pensar a respeito dos objetos, cuja

contagem e avaliação são imprescindíveis, Piaget (1975) e Vygotsky (1998),

afirmam que a razão e a experiência são igualmente importantes como fonte do

conhecimento. Para Piaget (1975), o conhecimento não vem diretamente de

fora para dentro, para ele, cada criança constrói as suas estruturas básicas do

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conhecimento na interação com o meio. Portanto, se as crianças não estão

aprendendo, há algo errado nas suas vivências em sala, na família e na

sociedade.

Pensando assim, a aprendizagem acontece quando o indivíduo

reage, modifica e é modificado pelo o ambiente. Segundo Piaget (1975), as

estruturas começam a se construir a partir da formação dos esquemas motores

e o conhecimento se dá através da equilibração, acomodação e assimilação.

Aprende-se através dos esquemas mentais. E os tipos de conhecimento são:

físico, social e lógico-matemático. Para Piaget (1975) as regras são a prova

concreta do desenvolvimento da criança.

Vygotsky, por sua vez, admite que o brinquedo possa criar a zona de

desenvolvimento proximal, dando oportunidade de preenchimento do

irrealizável e exercício do domínio do simbólico, caracterizando o que se pode

chamar de preenchimento do irrealizável e o exercício do domínio simbólico,

através da imitação, imaginação e regras, como afirma Kohl:

A concepção de Vygotsky sobre as relações entre desenvolvimento e

aprendizado, e particularmente sob a zona de desenvolvimento

proximal, estabelecendo forte ligação entre o processo de

desenvolvimento e a relação do indivíduo com seu ambiente sócio-

cultural e com sua situação de organismo que não se desenvolve

plenamente sem o suporte de outros indivíduos de sua espécie. [...]

Para uma criança que já sabe amarrar sapatos, por exemplos, o

ensino dessa habilidade seria completamente sem efeitos; para um

bebê, por outro lado, a ação de um adulto que tenta ensiná-lo a

amarrar sapatos e também sem efeito, pelo fato que de essa

habilidade está muito distante do horizonte de desenvolvimento de

suas funções psicológicas. (KOHL,1993, p. 61).

O referido autor afirma que não se pode ter sucesso na

aprendizagem, quando muitas vezes não há interação, sendo o aluno um

expectador passivo, onde o ensino da Matemática está organizado de forma

descontextualizada, essencialmente inflexível e imutável. O aluno é

considerado um mero expectador e não um sujeito participante e autônomo,

sendo a maior preocupação dos professores o cumprimento do programa. Isso

caracteriza o modelo de educação bancária definido por Freire (1967), modelo

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tradicional, que se distancia da práxis libertadora e democrática e, em vez de

educar, simplesmente, „adestra‟. Dessa forma, o aluno era um simples

depositário dos conceitos que lhes eram apresentados pelo professor, longe de

se tornar autônomo e criativo. Confirmado por Carraher que relata:

O ensino da matemática se faz, tradicionalmente, sem referência ao

que os alunos já sabem. Apesar de todos reconhecerem que os

alunos podem aprender sem que o façam na sala de aula, tratamos

nossos alunos como se nada soubessem sobre tópicos ainda não

ensinados. (CARRAHER ET AL., 1999, p.21).

Estudos atuais mostram que o professor deverá partir das

aprendizagens prévias dos alunos, pois existem muitas situações em que a

criança aprende a matemática antes de chegar à sala de aula. O conhecimento

prévio, definido como o conjunto de saberes que o aluno já acumulou, no

contato com o mundo e com as pessoas de sua convivência, antes mesmo de

chegar à escola, os quais não devem ser tratados como uma massa amorfa de

informações, mas como um universo altamente estruturado de representações

baseadas em padrões de compreensão de mundo (KOCH e ELIAS, 2006).

Essa proposta trata da relação entre a aprendizagem e o

desenvolvimento das habilidades e competências na Matemática, no qual se

reúneas experiências matemática, as capacidades próprias de linguagem e de

desenvolvimento intelectual, tornando esse processo desafiador, ao invés de

simplesmente fazer com que os alunos decorem uma sequencia numérica,

baseada numa educação tradicional.

Assim, baseada em Smole (1996) a aprendizagem matemática na

escola deve estar inserida em uma proposta de trabalho que explore uma

grande variedade de ideias matemáticas e que utilize principalmente a

contextualização, para que a construção da aprendizagem seja organizada por

um aluno ativo, conduzindo-o à ampliar sua compreensão. Embasado neste

estudo de Smole:

Uma proposta assim incorpora contextos do mundo real, as

experiências e a linguagem natural da criança no desenvolvimento

das noções matemáticas, sem, no entanto, esquecer que a escola

deve fazer o aluno ir além do que parece saber, deve compreender

como ele pensa as interferências no sentido de levar cada aluno a

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ampliar progressivamente suas noções matemáticas (SMOLE,

1996, p.62).

Porém, ainda neste momento, século XXI, este processo de

desenvolver competências de forma contextualizada, ou como dizem os

Matemáticos modelados no cotidiano, torna-se difícil, Dowker (2005) chama

atenção para a pouca divulgação dos avanços obtidos na área da matemática,

o que se dá em função da falta de comunicação existente entre professores,

pesquisadores em educação matemática. A autora citada lembra que muitos

estudos importantes da educação matemática são pouco divulgados, ou

apenas atingem uma determinada categoria de profissionais.

Apesar das dificuldades, alguns autores como D'Ambrósio (1989)

questionam sobre a atual concepção de como se aprende matemática e a

forma tradicional do ensino que se perpetua, o processo de aplicação do

algoritmo na construção das respostas e a repetição pelos alunos, numa forma

de aprendizagem totalmente abstrata. Desta forma os alunos internalizam que

aprender matemática se dá somente através do acúmulo de fórmulas e da

repetição.

Assim, não se vê analisado o processo em que o método utilizado

não está propiciando uma aprendizagem significativa, estudiosos então

observaram que a aprendizagem poderia ser motivada pela curiosidade, no

qual D'Ambrósio (1989) cita várias propostas metodológicas, que numa

perspectiva construtivista, poderiam contribuir para quebrar um paradigma

negativo, sobre o ensino da Matemática, como a Modelagem, o uso da

Tecnologia, a etnomatemática, a História da Matemática e o uso de jogos que

abrigaria às várias habilidades, servindo de suporte ao currículo. Observando,

em seguida, a necessidade de uma adaptação curricular, pois alteração dos

meios sem mudança dos fins também não faria avançar as aprendizagens.

3.1 Habilidades Matemáticas

Conforme os PCNs (2000), as mudanças nas definições de objetivos

para o ensino fundamental, na maneira de conceber a aprendizagem, na

interpretação e na abordagem dos conteúdos matemáticos, implicam repensar

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sobre as finalidades da avaliação, sobre o que e como se avalia, em um

trabalho que inclui uma variedade de situações de aprendizagem, como a

resolução de problemas, o trabalho com jogos, o uso de recursos tecnológicos,

entre outros.

Assim sendo, são várias habilidades do ensino da matemática no

Ensino Fundamental que podem ser sintetizadas: resolver situações-problema

que envolva contagem e medida, significado das operações e seleção de

procedimentos de cálculo; ler e escrever números, utilizando conhecimentos

sobre a escrita posicional; comparar e ordenar quantidades que expressem

grandezas familiares aos alunos, interpretar e expressar os resultados da

comparação e da ordenação; medir, utilizando procedimentos pessoais,

unidades de medida não convencionais (dependendo da familiaridade) e

instrumentos disponíveis e conhecidos; localizar a posição de uma pessoa ou

objeto no espaço e identificar características nas formas dos objetos; realizar

cálculos, mentalmente e por escrito, envolvendo números naturais e racionais

(apenas na representação decimal) e comprovar os resultados, por meio de

estratégias de verificação; interpretar e construir representações especiais

(croquis, itinerários, maquetes), utilizando-se de elementos de referência e

estabelecendo relações entre eles; reconhecer e descrever formas geométricas

tridimensionais e bidimensionais; recolher dados sobre fatos e fenômenos

cotidianos, utilizando procedimentos de organização, e expressar o resultado

utilizando tabelas e gráficos.

3.1 História da Matemática

Entretanto, apesar da atual educação matemática ser orientada

pelos PCN'S, encontramos Estados que desenvolveram Matrizes de

Referência, como forma de destacar conteúdos que são mais relevantes, ou

seja, habilidades que podem promover um maior interesse do educando.

É bastante comum se escutar durantes as aulas os constantes

questionamentos dos alunos acerca da origem da Matemática. Um dos fatores

que contribuem diretamente para a qualidade do aprendizado de determinada

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disciplina é a importância de conhecer a gênese e o desenvolvimento do

conhecimento exposto em biografias.

Diante disto, este capítulo tem por objetivo enfatizar a historicidade

da Matemática partindo do fator social, explicitando a relação da necessidade

da produção humana desde a Pré Historia até a atualidade.

3.2 A Matemática Como um Fator Social

A Matemática foi criada e vem sendo adaptada pelo homem de

acordo com suas necessidades sociais. Durante o período Paleolítico Inferior, o

ser humano adquiriu sua sobrevivência apenas da caça e da colheita, sua

relação social era estabelecida através do ato do nomadismo, estabelecendo

dependência do que pudesse retirar da natureza. Neste modelo de convívio, o

ser possuía necessidade apenas de noções de mais ou menos e maior e

menor, e de utilizar algumas formas na produção dos materiais de caça.

(BOYER, 2001).

Segundo Boyer (2001), a Matemática utilizada nesta época pode ser

classificada como adjetiva, pois era praticada dando qualidade a objetos, por

exemplo, se uma pedra era bastante afiada, então os homens tentariam alterar

os tamanhos de outras na tentativa de imitar aquela, pois imaginavam que se

possuíssem a mesma forma adquiriam a mesma função, surgindo daí o

princípio da igualdade.

No período Paleolítico Superior, ocorre o surgimento de

instrumentos mais elaborados para a dinâmica da caça e colheita como: as

armadilhas, arcos, redes, flechas e canoas. O povo que integrava este regime

social, já necessitava de alguns números e figuras, na construção de um

trançado era preciso realizar uma contagem de até cinco noções intuitivas de

paralelismo e perpendicularismo.

Com o aumento populacional, o sistema antigo da colheita passou a

não mais eficaz, a natureza já não fornecia alimento suficiente para todos, a

partir de então o homem começou a exercer as atividades de cultivo de plantas

e domesticação de animais, modificando seu estado de nômade para produtor

sedentário.

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Mas só com o inicio do período Neolítico que o homem consolida

sua nova relação com a natureza. O trabalho no campo exigiu a ampliação e

elaboração de novas técnicas para utilização na caça e na colheita, fato que

surgiu novos conhecimentos a respeito: da terra e sua fertilidade, sementes,

técnicas de plantio e colheita, seleção de sementes mais produtivas. As novas

plantações exigiram a aplicação de medidas, que eram realizadas através de

passos ou palmos, o conhecimento matemático então foi se expandindo,

através da prática útil do dia-a-dia em busca da sobrevivência. (BOYER, 2001).

A Matemática Neolítica já é composta por numerações de maior

grandeza, que proporcionaram a elaboração de um calendário. A

representação numérica era feita através de ricos em paus, nós em cordas ou

pedras. O homem também já é capaz de realizar pequenas operações

utilizando uma espécie de “ábaco” dos dedos, é o inicio do surgimento dos

números naturais. (BOYER, 2001).

Há também o aumento da quantidade de formas criadas e sua

qualidade, cada vez mais se estabelece a simetria e a regularidade, as pedras

são polidas ao invés de lascadas, o ser agora é capaz de prever os

acontecimentos produtivos. (BOYER, 2001).

De acordo com Boyer (2001), com a chegada do Período Histórico,

houveram diversas revoluções, a sociedade fica mais complexa, a cultura se

acumula, surgem os senhores e os escravos, as classes sociais e a

propriedade e o Estado. A era da divisão de classes proporcionou o

surgimentos de novos problemas, as inundações do rio Nilo, delimitavam o final

de cada propriedade, ação que era realizada com o auxilio de medidas e

plantas, é o nascimento dos números fracionários.

3.3 Contribuições Egípcias

A era Antiga marcou de inúmeras inovações a matemática. Os

egípcios idealizaram um calendário com 365 dias, inventaram o relógio, a

balança, fundiram diversos metais, construíram cidades e diversos

monumentos. (STRUIK, 1997).

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Os egípcios devolveram também muito a Geometria, elaborando

fórmulas para o cálculo de áreas e volumes, mas sempre com receitas práticas

e uteis muitas vezes as soluções eram apenas aproximações.

Não se tem conhecimento a respeito de teoremas ou demonstrações

formais da matemática egípcia, apenas de comparações sobre perímetros,

áreas de círculos e quadrados são as primeiras demonstrações da história

relacionadas a figuras curvilíneas. (STRUIK, 1997).

3.4 Gregos e Romanos e a Matemática

Na região da Ásia Menor inicia-se o processo de utilização do ferro

para fabricação de ferramentas, isso ocasionou um aumento na produtividade,

que por consequência expande o comércio e gera a criação da moeda.

Aparece o alfabeto, que democratiza a cultura e facilita seu registro

e intercâmbio, todas as receitas práticas utilizadas por egípcios e babilônicos,

começam a ser sistematizadas. Em Roma, começou-se a utilizar sete letras: I,

V, L, C, D, M, com regras simples, para fomentar seu sistema numeral. Os

numerais eram escritos preenchendo todas as ordens, mil e quarenta e nove

devia ser apresentado em M – XL – LX, e não como MIL. (BOYER, 2001).

Devido ocorrênciada grande valorização do ócio na região Grega, os

pensadores da época optaram pelo estudo das abstrações, como a

Matemática, que foi a ciência que obteve mais avanço neste período,

Eratóstenes (284-192 a.C.), calculou o tamanho da Terra, Ptolomeu (100 – 168

a. C.), que escreveu o Almagesto, que foi uma obra que enfatizava a teoria

geocêntrica, entre outros. (BOYER, 2001).

3.5 Renascimento e os dias atuais

Com o surgimento do renascimento comercial, ao fim da Idade

Média, as cidades renovaram suas necessidades comerciais deslocando novos

problemas para a Matemática. (ARAGÃO, 2009).

Por volta dos séculos XV e XVI, na região da Itália, surgem os

números negativos para basear os cálculos de créditos e dívidas. A numeração

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negativa é utilizada para descrever o processo de retirar algo maior do menor,

integrando um conjunto chamado de números inteiros. (ARAGÃO, 2009).

No período das grandes navegações, a Astronomia sofreu um

enorme impulso, sendo utilizada na orientação dos barcos em alto-mar. O

mapa do mundo foi transformado numa versão quadriculada e as coordenadas

passaram ser usadas sistematicamente. (ARAGÃO, 2009).

No século XVII, através de Descartes e Fermat, surge a Geometria

Analítica e como consequência o desenvolvimento da trigonometria e o

surgimento dos logaritmos para a simplificação dos cálculos astronômicos.

(BOYER, 2001).

A álgebra começa a adquirir gráficos, a notação se formaliza, ficando

mais rigorosa e operável, gerando a rapidez dos cálculos. Com a ascensão da

burguesia, surge o sistema de pesos e medidas, em consequência do

aparecimento do Estado Moderno.

Em 1790, a Acadêmica de Ciências de Paris designa uma comissão

para criar um sistema simples de unidades para ser usado universalmente. Foi

então dividido em dez milhões de partes a distancia do Equador para a Terra,

no qual cada parte ficou sendo uma unidade, que ficou intitulada de metro.

(ARAGÃO, 2009).

Para medir a capacidade dos recipientes foi estipulado o litro, que é

a capacidade de uma caixa com 10 cm de lado, com relação as massas, foi

convencionado que um litro de água destilada a 4°C teria um quilograma, no

qual foi afirmado que todas as unidades com múltiplos e submúltiplos, formam

um sistema decimal. (BOYER, 2001).

Aos poucos esse sistema foi adotado em todo o mundo, visando

uma maior precisão de cálculos diversas adaptações foram realizadas ao longo

dos anos nessas medidas, e até a presente data a matemática se transforma

em função de obter resultados mais claros que possam beneficiar a sociedade.

3.6 A história da Matemática como facilitadora dos processos de

aprendizagem

A Matemática está presente cada vez mais nas coisas mais simples

do dia a dia, fazendo parte do cotidiano das pessoas. E para que o aluno possa

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entender melhor essa disciplina, é importante conhecer a sua história. É

possível perceber que, através da história da matemática, essa ciência

percorreu um longo caminho na historia da humanidade passando por várias

fases do seu processo evolutivo.

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais-PCNS (1999, p.42):

A história da matemática pode oferecer uma importante contribuição

ao processo ensino e aprendizagem dessa área do conhecimento ao

revelar a matemática como uma condição humana, ao mostrar as

necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes

momentos históricos, ao estabelecer comparações entre conceitos e

processos matemáticos do passado e do presente, o professor cria

condições para que o aluno desenvolva atitudes e valores mais

favoráveis diante desse conhecimento.

A História da Matemática proporciona ao aluno um melhor

entendimento dos conceitos a partir de sua origem e pode ser usada como uma

ferramenta pedagógica muito eficaz no processo ensino e aprendizagem da

matemática.

São inúmeras as contribuições que a História da Matemática pode

oferecer no processo ensino e aprendizagem, ela auxilia na construção do

conhecimento e para o aprimoramento e a valorização do aprendizado,

contribuindo como:

[...] fonte de motivação, de objetivos, de métodos, de seleção de

problemas práticos, curiosos, informativos, recreativos; é instrumento

de desmistificação e desalienação do ensino, de formalização de

conceitos, de promoção do pensamento independente e critico, como

unificador dos vários campos da matemática, de promotor de atitudes

e valores, de conscientização epistemológica, promotor de

aprendizagem significativa e de resgate da identidade cultural

(VIANA, S/D, p. 05).

É fundamental levar para dentro da sala de aula a historia da

matemática, pois ela cria elementos que podem dar suporte e resultados em

diversos conteúdos propostos e deve ser conduzida de modo motivador Ela

deve ser encarada sobretudo pelo seu valor de motivação para a matemática

(D‟AMBRÓSIO, 1996).

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De acordo com J.D.Struik (1989), a historia da matemática e

importante porque: satisfaz o desejo de saber como é que o conceitos

matemáticos apareceram e se desenvolveram; os estudos dos autores

clássicos pode oferecer grande satisfação em si, mas também pode servir de

guia no trabalho matemático; ajuda a compreender a nossa herança cultural,

não só através das aplicações que a matemática teve e ainda tem à

astronomia, física e outras ciências, mas também através da relação que teve e

ainda tem com campos tão variados como a arte, a religião, a filosofia e os

ofícios; oferece um campo de discussão comum com estudantes e professores

de outras áreas; fornece um pano de fundo para se compreenderem as

tendências no Ensino da Matemática no passado e no presente; pode-se

temperar o ensino com conversas e anedotas.

3.7 A Matemática e as Matrizes de Referencias

Baseado nos Parâmetros Curriculares Nacionais, as matrizes de

referencias foram elaboradas a partir da consulta dos currículos propostos pela

Secretaria de Educação e por algumas redes municipais. (PDE, 2011).

Na tentativa de sanar o questionamento a respeito do que se deve

avaliar na disciplina da matemática, os testes realizados para medir o nível de

aproveitamento da mesma (SAEB e Prova Brasil), são norteados através de

uma matriz de referencia, baseada na resolução objetiva dos problemas. Este

princípio é baseado na lógica de que o aluno se sentirá motivado ao

aprendizado, no momento em que se encontrar diante de um desafio a ser

solucionado. (PDE, 2011).

Diferente do que se imagina de um referencial curricular, a matriz

relacionada a matemática não propõem sugestões e orientações pedagógica

para o ensino, como também não estipula habilidades específicas que devem

ser adquiridas, pois devido sua grande importância, não é possível medir, muito

menos caracterizar, apenas em uma prova escrita.

Com esta afirmação, entende-se que o SAEB e a Prova Brasil,

expõe habilidades que um aluno desenvolveu, sobre determinado assunto,

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quando o mesmo é capaz de resolver um problema, através da utilização de

um conceito já existente em seu cognitivo, tornando desta maneira, o processo

de resolução de problemas significativo e dinâmico. (PDE, 2011).

3.8 Temas e seus Descritores

As matrizes de referencia matemáticas estão organizadas por anos

e séries a serem avaliadas, tem por finalidade abranger as seguintes áreas do

conhecimento: 1 –Espaço e Forma, 2 – Grandezas e Medidas, 3 - Números e

Operações/Álgebra e Funções, 4 - Tratamento da Informação. (PDE, 2011,

p.106).

Para cada tema existem descritores que informam uma determinada

habilidade que precisa ser desenvolvida neste módulo de ensino, a seguir

segue de maneira sucinta os descritores referentes a4ª série/5º ano do Ensino

Fundamental.

4ª série/5º ano do Ensino Fundamental

1 –Espaço e Forma:

Identificação e localização de objetos representados graficamente;

Diferenciação de tipos de formas tridimensionais, bem como

identificação de suas semelhanças;

Perceber a semelhança e a diferença de propriedades entre figuras

bidimensional através do número de lados e tipos de ângulos;

Identificar os tipos de quadriláteros, a partir da especificidade dos seus

lados;

Possuir a percepção da mudança ou conservação de uma área,

perímetro, de figuras poligonais, utilizando malhas quadriculadas. (PDE,

2011, p.107).

2 – Grandezas e Medidas:

Estabelecer a medida de grandezas utilizando unidades convencionais,

ou não;

Relacionar o horário de uma terminada atividade rotineira, como o inicio

e o fim do período da aula;

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Durante uma transação financeira, simulada em uma problemática, ser

capaz de realizar trocas de moedase cédulas, por seus valores

similares. (PDE, 2011, p.107).

3 - Números e Operações/Álgebra e Funções:

Identificar a localização de números naturais em uma reta;

Realizar operações de adição e subtração com números naturais;

Realizar operações de multiplicação e subtração com números naturais;

Realizar operações envolvendo números decimais;

Compreender a representação de números por porcentagem. (PDE,

2011, p.108).

4 - Tratamento da Informação:

Interpretar informações e dados apresentados em uma tabela;

Interpretar informações e dados expostos em gráficos. (PDE, 2011,

p.108).

Portanto, pode-se compreender que os descritores associam os

conteúdos abordados com as habilidades cognitivas do aluno, refletindo numa

exposição de critérios que devem ser adquiridos ao longo de cada nível

disciplinar.

4 METODOLOGIAS DIRECIONADAS AO ENSINO DA MATEMÁTICA

As propostas metodológicas da matemática conforme D'Ambrósio

(1997), envolvem uma tentativa de renovar as concepções de alunos e

professores, para que através do ato de fazer matemática, se estimule o

desafio e incentive a criatividade. Para isso, será abordado a seguir pesquisas

e propostas metodológicas, partindo do princípio que o aluno pode interpretar o

mundo e suas experiências, desempenhando na prática suas funções do dia a

dia. Observando que é a partir do erro dos alunos que se pode compreender

suas construções matemáticas, e seu desenvolvimento.

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4.1 Modelagem

A modelagem matemática é uma inclinação da educação

matemática onde se busca alternativas para facilitar o ensino e aprendizagem

da matemática e ao mesmo tempo possa despertar no aprendiz a motivação e

o desejo de aprender.

De acordo com D‟Ambrósio (1989, p. 3):

Os modelos matemáticos são formas de estudar e formalizar fenômenos do dia a dia. O aluno se torna mais consciente da utilidade da matemática para resolver e analisar problemas do seu cotidiano. Esse é um momento de utilização de conceitos já aprendidos. É uma fase de fundamental importância para que os conceitos trabalhados tenham um maior significado para os alunos, inclusive com o poder de torna-los mais críticos na análise e compreensão de fenômenos diários.

A modelagem matemática trabalha situações vivenciadas pelo aluno.

Ela pode ser expressa através de situações da simulação da realidade usando

a linguagem matemática, atribuindo a modelagem a situações vivenciadas pelo

educando.

Essa nova metodologia que aborda o ensino da Matemática, a

Modelagem Matemática, Bassanezi (2002, p.16) afirma que: “pode ser tomada

tanto como um método científico de pesquisa quanto como uma estratégia de

ensino-aprendizagem que tem se mostrado muito eficaz”, no ensino-

aprendizagem de matemática.

A modelagem matemática é uma metodologia alternativa da

educação matemática e tem como objetivo interpretar e compreender os

fenômenos do dia a dia do aluno. Ela deve auxiliar o ensino e é um importante

instrumento pedagógico porque envolve pesquisa, coleta e análise de dados e

atividades em equipe.

Blum (1995) explicita cinco aspectos argumentativos que tratam da

importância da inclusão da modelagem no currículo:

• Motivação: os alunos sentir-se-iam mais estimulados para o estudo

de matemática, já que vislumbrariam a aplicabilidade do que estudam

na escola;

• Facilitação da aprendizagem: os alunos teriam mais facilidade em

compreender as ideias matemáticas, já que poderiam conecta-las a

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outros assuntos;

• Preparação para utilizar a matemática em diferentes áreas: os

alunos teriam a oportunidade de desenvolver a capacidade de aplicar

matemática em diversas situações, o que é desejável para moverem-

se no dia-dia e no mundo do trabalho;

• Desenvolvimento de habilidades gerais de exploração: os alunos

desenvolveriam habilidades gerais de investigação;

• Compreensão do papel sociocultural da matemática: os alunos

analisariam como a matemática é usada nas práticas sociais. (BLUM,

2005 p.2)

Todos os aspectos citados acima apontam na direção da

modelagem matemática como uma metodologia que propicia a construção de

um conhecimento dinâmico e criativo, favorecendo a ampliação dos

significados da educação.

A Modelagem Matemática também é indicada como uma ferramenta

para tentar sanar as crises existente no ensino da matemática, com relação a

contextualização dos conteúdos superar a crise no ensino, no qual ela explicita

um processo de construção de conhecimento que ocorre de maneira natural e

espontânea, facilitando desta forma a compreensão dos conteúdos e suas

devidas relações com a realidade do aluno.

4.2 Etnomatemática

A aproximação etimológica a que nos referimos nos permite dizer

que etnomatemática é a arte ou técnica (techné=tica) de explicar, de entender,

de se desempenhar na realidade (matema), dentro de um contexto cultural

próprio (etno). (D‟AMBROSIO, 1993, p.9)

O ensino da matemática não pode ser realizado de maneira

estritamente técnica, para sua real significação, ele precisa abordar durante a

sua aplicação a realidade social e cultural do aluno, analisando o seu meio de

convívio, bem como seu conhecimento prévio. Esta afirmação é o que se

conhece por Etnomatemática, teoria defendida por Ubiratan D´Ambrosio

professor de matemática da Unicamp, para ele:

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Os professores precisam aproximar a disciplina do que é espontâneo,deixar a criança à vontade, propor jogos,distribuir balas, objetos, para que o aluno se sinta bem. A criança adquire habilidades para a matemática em casa, no meio em que vive. Cada um tem um modo próprio de aplicá-la.(D‟AMBROSIO, 2005, p.92).

Com a afirmação citada, D´Ambrosio disserta que o professor

precisa ser o principal defensor da aplicação desta teoria, estimulando um novo

aprendizado através do conhecimento que o aluno já traz consigo, motivando o

desejo de saber mais. (D‟AMBRÓSIO, 2005).

No entanto, para que se efetiva essa nova metodologia de ensino, é

de suma importância que o educador reavalie sua postura refletindo que

ensinar matemática não se resume em apenas aplicar provas imensas, o

professor precisa assumir uma posição mais liberal no ensino, que vise

explorar a criatividade e aa dedicação dos alunos. (D‟AMBRÓSIO, 2005).

A etnomatemática vem dando contribuições teóricas no sentido de

compreender os diferentes modos de raciocinar matematicamente de grupos

socioculturais, enquanto área de pesquisa voltada para as diversas formas

culturais de compreender/representar/utilizar relações quantitativas e espaciais.

De acordo com D´Ambrosio (2001), a etnomatemáticatambém

possui uma dimensão educacional. A maioria dos estudos nessa linha de

pesquisa têm sido etnografias de gruposespecíficos, sem uma preocupação em

estabelecer relações com o campo da educação e com a prática de sala de

aula do professor de Matemática da escola básica. Talvez por isso, poucas

indicações práticas têm sido feitas ao encaminhamento pedagógico do

programa etnomatemático (SANTOS, 2004). Maria do Domite (2005, p.81)

chega a afirmar que “ainda está engatinhando o movimento no sentido da

etnomatemática como prática pedagógica” uma das explicações estando na

indiferença de alguns educadores matemáticos quanto à influência da cultura

na compreensão das ideias matemáticas.

Para Fantinato (2013), alguns pesquisadores vêm tentando associar

esses dois campos. Um dos pioneiros é PaulusGerdes. Trabalhando em

Moçambique, após séculos de colonização portuguesa, Gerdes tem uma

perspectiva educacional libertária, onde atribui à etnomatemática o papel de

busca de melhoria do ensino de matemática, por meio de implantação de

aspectos do contexto cultural dos alunos no currículo. Ele diz:

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A dimensão política de Gerdes está também presente na abordagem

etnomatemática de Knijnik (1996), que inclui a “(...)a investigação das

tradições, práticas e concepções de um grupo social subordinado” (Knijinik,

1996, p.88) associada ao trabalho pedagógico que se desenvolve com o

objetivo de que o grupo analise as relações de poder envolvidas no uso dos

dois tipos de saberes - acadêmicos e populares - , estabelecendo comparações

entre os mesmos.

Já Monteiro (2004), ao falar de uma proposta educacional centrada

na etnomatemática, prioriza a transformação na organização escolar,

envolvendo as relações tempo/espaço, a inclusão de espaços para a

diversidade e a valorização do saber cotidiano, “para a compreensão do

currículo como um sistema de valores e identidade, o qual representa

conhecimentos socialmente válidos e, mais ainda, que permita que os alunos e

professores sejam agentes desse processo” (MONTEIRO, OREY& DOMITE,

2004, p.31).

De um modo geral, as relações entre a etnomatemática com o

campo educacional têm sido conflituosas, devido ao contraste entre a ideia de

aceitação de múltiplas formas de representar quantitativamente e

espacialmente o mundo e a ideia de uma matemática, única, universal,

presente nos currículos escolares homogeneizadores (FANTINATO, 2013).

Trabalhar em etnomatemática numa perspectiva educacional

significa, portanto, lidar com a contradição posta entre a matemática escolar

homogênea e diversidade de saberes matemáticos presentes nas salas de aula

(FANTINATO, 2013).

Portanto a aplicação da etnomatemática ensinará a atribuição de

valores ao contexto histórico e social no qual a matemática se aplica,

enfatizando as soluções de problemáticas de acordo com cada situação e

conhecimento apresentado.

4.3 A Tecnologia e o Ensino da Matemática

A utilização de recursos tecnológicos em sala de aula representa um

papel importante no processo educacional. Por um lado, permite desenvolver a

independência por parte dos alunos. Estes aprendem a exercer papéis

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diferenciados e controles recíprocos, a criar estratégias de pesquisa, a

desenvolver a autonomia.

O termo tecnologia vem sido mais usado após a revolução industrial,

associado ao estudo dos instrumentos, processos e métodos dirigidos às

técnicas aplicadas às engenharias voltadas para a produtividade nos diversos

ramos industriais, segundo relata Silva (2002, online):

O uso do termo “tecnologia”, oriundo da revolução industrial no final do Século XVIII, tem sido generalizado para outras áreas do conhecimento, além dos setores da indústria têxtil e mecânica. O Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, indica a palavra “tecnologia” como “um conjunto de conhecimentos, especialmente princípios científicos, que se aplicam a um determinado ramo de atividade: tecnologia mecânica”. Evidentemente, é dentro das áreas de engenharia que esse termo é mais aplicável, para produtos, processos e sistemas.

Numa visão mais alargada, global, considera-se a tecnologia como

sendo um instrumento estratégico utilizado para promover e facilitar o

desenvolvimento de habilidades humanas seja ela intelectual física ou

psicomotora, cultural, emocional.

Essas tecnologias aplicadas em atividades cotidianas, nas quais

muitas vezes não nos damos conta, tomando-se exemplos desde o uso mais

simples e básicos como o de um conjunto de talheres, da agulha e linha para

costurar, uma caneta que usamos para escrever, do material dourado para

assimilar o Quadro de Valores de Lugar (QVL), o qual possui peças com

formatos distintos, onde a cada uma é atribuída convencionalmente valores

para auxiliar a entender e efetuar as operações matemáticas, aparelhos como

rádio, a televisão, o telefone fixo e móvel (celular), os quais estão mais ao

alcance popular. Prosseguindo, até aos processos mais complexos como a

utilização de satélites artificiais, implantação de marca-passo, computadores,

radares, câmeras e micro câmeras. Assim, como está apresentado no material

disponibilizado no Módulo Introdutório do Programa de Formação Continuada

Mídias na Educação da SEED/MEC (2007, online).

Do grego tekhno- (de tékhné, 'arte',) e -logía (de lógos, ou 'linguagem, proposição'). Tecnologia é um termo usado para atividades de domínio humano, embasada no conhecimento, manuseio de um processo e ou ferramentas e que tem a possibilidade de acrescentar mudanças aos meios por resultados adicionais à competência natural, proporcionando desta forma, uma evolução na capacidade

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das atividades humanas, desde os primórdios do tempo, e historicamente relatadas como revolução tecnológica.

Desde o nascimento, o ser humano encontra-se em um espaço

construído com o objetivo de exercer influência direta sobre seus atos. O ato

de aprender ocorre a partir das relações sociais, que se configuram através da

interação do indivíduo com o ambiente e com os pares.

A utilização da tecnologia no cenário escolar em especifico no

ensino da matemática, conquistado cada vez mais espaço nas salas de aula,

devido à velocidade e o avanço por ela proporcionada ao acesso de

informações.

Valente (1995) afirma que a tecnologia foi inserida no ensino da

matemática visando ampliar a capacidade dinâmica e interativa da disciplina,

bem como despertar o interesse do aluno ao aprendizado.

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), iniciaram sua

influência no processo de ensino visando manter a atenção do aluno, como

também proporcionar o acesso a grande quantidade de informações em um

curto período de tempo, permitindo estabelecer novas relações com o saber,

que passa a ultrapassar as barreiras da materialidade.

A partir de então são criadas as possibilidades de reestruturação o

espaço escolar, transformando-o em aberto e flexível, promovendo coletividade

nos processos de ensino e aprendizagem, numa dinâmica interativa no qual

alunos e professores compartilham informações tanto com os agentes internos

como os externos à instituição.

4. 4 Softwares e outros dispositivos tecnológicos para o ensino de

matemática

Atualmente existem diversos softwares que abordam o ensino

matemático, essas ferramentas educacionais contribuem principalmente com o

estudo da álgebra e da geometria.

Com a utilização de slides de movimentação é possível perceber

com maior clareza a abstração existente em conteúdos da matemática, por

exemplo o software Wimplot demonstra através de animações parâmetros de

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uma função caracterizando diversas especificidades e propriedades que

apenas com a utilização da lousa branca tradicional e livros didáticos, não seria

possível atingir uma compreensão tão significativa por parte dos alunos.

(CURY, 2001).

Baldin (2002) disserta a respeito dos recursos tecnológicos na

matemática, afirmando que o mesmo podem ser selecionados de acordo com a

relação estabelecida pelo professor e o aluno durante o processo de interação

com a ferramenta:

I) Numa aula expositiva tradicional: o usuário ativo da tecnologia é o professor que pode apresentar melhores exemplos, melhores ilustrações, modelagens de problemas com dados mais realistas;II) Numa aula de laboratório: o usuário ativo é o aluno, e a tecnologia é auxiliar nos exercícios de fixação de conceitos, em atividades que enfatizam o raciocínio, que envolvem cálculos difíceis para lápis e papel, em atividades - experiências, modelagens e simulações, e também atividades de avaliação;III) Numa aula diferenciada: os usuários ativos são ambos professor e aluno, desenvolvendo projetos, aulas interdisciplinares, trabalhos em equipe, jogos educativos, modelagens e simulações, resolução de problemas, verificações e demonstrações, etc.

Cabe ao educador desenvolver didáticas e estratégias que

proporcionem um ensino matemático além do conteúdo existente, seja em um

livro didático ou em uma ferramenta interativa, a matemática precisa

estabelecer significado na vida do aluno, para que o aprendizado ocorra de

maneira dinâmica e com qualidade.

O professor precisa entender e manusear o computador de forma

que possa orientar o aluno no seu desenvolvimento mostrando principalmente

sua aplicabilidade na vida cotidiana. Por melhor que seja o computador, ele

precisa ser bem explorado para que o aluno obtenha o máximo de

conhecimentos e conteúdos (FERREIRA; LOPES, 2010).

Os avanços proporcionados na tecnologia da informação e da

comunicação estão transformando a vida do país e do mundo. É visível a

tendência do crescente treinamento e aperfeiçoamento dos profissionais

voltados para diversas áreas inclusive para as atividades do ensino e da

pesquisa, na construção de objetos de aprendizagem, tanto para aplicação

online como offline, seja na efetuação de tarefas simples às mais complexas,

usando estratégias para instigar e explorar as potencialidades de maneira

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criativa do educando, sua autonomia, sem que este se pense ser auto-

suficiente que possa dispensar a orientação, a tutoria, mediação de um

professor.

É indiscutível a necessidade de capacitar e formar educadores para

que possam desempenhar suas funções nessa área de desenvolvimento. A

tecnologia da informatização é um fato real nos dias de hoje e precisamos

correr para nos capacitar e acompanhar sua evolução.

É necessário também, formar uma massa crítica através de debates

sobre as implicações, em especial as de natureza social, os métodos e

ferramentas da informática aplicáveis à Educação visando evitar o surgimento

de uma visão puramente instrumental de seu uso nas escolas. É imprescindível

que se clarifique a razão da utilização da informática, definindo os objetivos a

serem alcançados, baseados numa filosofia ampla, e tornando o computador

parte integrante de um processo que conduz ao progresso educacional

(FERREIRA; LOPES, 2010).

Infelizmente, a disponibilidade do computador na educação ainda

não é totalmente possível em muitas escolas, embora que, saber usá-lo é

considerada quase uma obrigatoriedade para o professor, pois, não se deve

apegar ao fator da ausência de afinidade com as máquinas, mas à

necessidade de conhecê-la, manuseá-la e colocá-la a seu serviço. Algumas

escolas públicas ainda sentem falta de um incentivo para a parte docente, mas

cada professor independente disto deve tomar consciência e acompanhar a

evolução para uma educação mais motivadora, qualificada e moderna.

4.5 Problemas Matemáticos

Define-se por problema o meio pelo qual a Matemática se

estabelece, é toda situação que necessita de uma nova descoberta de

informação para o indivíduo que tenta solucionar um determinado

questionamento matemático.

Um problema surge quando há a existência de um objetivo a ser

atingido e não se obtém meios para alcança-lo, em relação ao conhecimento

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matemático, uma problemática passa a existir quando há a necessidade de

explicitar um determinado resultado utilizando estratégias matemáticas.

Os manuais existentes no final do século XIX dão um testemunho

das sérias tentativas de representar uma suposta realidade familiar às crianças.

Nessa fase, começaram a surgir os problemas didáticos como motivação de

conhecimento, cujos aspectos lúdicos e de desafio foram substituídos por

textos reveladores da sociedade do momento e passaram a transmitir a

oportunidade de propagar algumas boas regras de educação moral e, até

mesmo, questões econômicas, entre outras.

No início do Século XX, “o ensino de matemática foi caracterizado

por um trabalho apoiado na repetição, no qual o recurso à memorização dos

fatos básicos era considerado muito importante” (ONUCHIC; ALLEVATO, 2005,

p. 214). Nesse período, havia a concepção de que seria repetindo, decorando,

que o aluno aprenderia.

Após a Segunda Guerra Mundial cresceu o número de pesquisas

sobre a cognição humana; a psicologia cognitiva, desde então, procura-se

entender os mecanismos básicos do pensamento humano. Com isso, o estudo

de resolução de problemas ganhou novo impulso, gerando uma onda de

discussões e pesquisas que, ainda hoje, estão presentes na educação

matemática. Livros com problemas apareceram em todas as civilizações, ao

longo da história até nossos dias. “É interessante observar que problemas

iguais aparecem em civilizações diferentes e em períodos diferentes”

(LAGARTO, 2005).

A discussão sobre o papel da resolução de problemas na educação

matemática tem seu grande marco na década de 1940, a partir do livro Howto

solve it de Polya (1945), porém apenas nas décadas de 1970 1980 o tema veio

a se firmar como objeto de estudo de Moura (2005). Assim, percebe-se o

quanto é recente a importância dada ao assunto. Segundo Coelho:

Polya foi um dos matemáticos que mais se que mais se destacou

com seus trabalhos ao conceitualizar Matemática como Resolução

de Problemas, colocando-a como foco principal da instrução

matemática. Ele concebe a matemática não como uma disciplina

formal, mas enfatiza a sua dependência com a intuição, a imaginação

e a descoberta, defendendo que se deve imaginar a ideia da prova

de um teorema antes de prová-lo. Pode-se dessa maneira perceber

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que muitas vezes erramos e temos que descobrir outras saídas, o

que acaba contribuindo para melhorar nossa capacidade de imaginar

soluções. (COELHO, 2005, p.03).

Uma situação problema pode ser caracterizada por diversos

aspectos, dentre eles pode-se elencar:

1. Sem algoritmização: a construção da resolução da problemática não oferece caminhos específicos; 2. Complexos: necessita de varias análises de seus aspectos; 3. Exigentes: o objetivo só é alcançado após muitas tentativas em busca de um resultado conciso; 4. Necessitam de lucidez e paciência: uma situação problemática que apresenta desorganização em suas preposições necessitando adoção de medidas teóricas que construam um padrão para a resolutiva; 5. Nebulosos: ocorre quando o problema exposto não fornece de cara todas as informações necessárias para a sua resolução; 6. Não há resposta única: geralmente existem mais de um caminho que possibilitam a resolução de uma problemática. Portanto nem sempre encontrar uma resposta significa que o problema foi resolvido. (RESNIK, 1996, p.192).

Mesmo com as muitas dificuldades que se apresentam como uma

má formação falta de recursos, e até uma metodologia didática ultrapassada,

insuficiente, cabe ao professor promover os meios necessários para que o

aluno tenha uma aprendizagem de matemática bem sucedida uma vez que

depende do esforço, boa vontade, e comprometimento com o „ensinar‟, pois

todo conhecimento adquirido na infância representa a base, o alicerce para

uma vida de melhor aproveitamento educacional.

No entanto, é possível que uma mesma situação represente um

problema para uma pessoa, enquanto para outra ele não existe, por não se

interessar pela situação, ou porque apresenta mecanismos para resolvê-la com

um investimento mínimo de recursos cognitivos e pode reduzi-la a um simples

exercício (ECHEVERRÍA; POZO, 1998).

4.5.1 Etapas para a resolução de um problema

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Na tentativa de organizar e sistematizar a dinâmica da resolução de

problemas Polya (1978), definiu quatro etapas que visam direcionar as ações e

os objetivos para a conclusão das problemáticas, não funcionando como um

método universal e absoluto, mas apenas um norteamento eficaz na busca de

obter as resoluções.

As quatro etapas estipuladas pelo autor são:

1. Compreender a problemática: A primeira coisa que precisa ser

feita durante a resolução de um problema é interpretar e perceber

seus aspectos. Para isto é necessário levantar os dados

essenciais para a obtenção dos resultados como: o objetivo

principal do problema, seus dados, as condições oferecidas e se

os dados fornecidos possibilitam a resolução.

2. Elaborar uma estratégia para a resolução: é importante integrar

os dados fornecidos pela problemática com sua incógnita, se

questionar sobre a situação encontrada ajuda no processo de

conclusão: se já encontrou um problema semelhante, se conhece

alguma formula ou teorema já trabalho que possibilite encontrar

uma resolução, se consegue interpretar o problema através de

outro ângulo, entre outros.

3. Aplicando a estratégia: normalmente este é o passo que possui

menos dificuldade durante o processo de resolução de um

problema. No entanto, a maioria das pessoas tende a pular esta

etapa ou a elaborarem medidas conclusivas de maneira

inadequada, ocasionando numa complicação maior durante a

obtenção da resolução final.

4. Analisar a conclusão: o ultimo e mais importante passo

considerado pelo autor é a prática de analisar e examinar o

resultado final alcançado, na tentativa de compreender os dados

obtidos, bem como sua finalidade. (POLYA, 1978, p.23).

Compreende-se que através desses aspectos seguidos, é possível

se obter um aprendizado contextualizado e significativo, devendo este método

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ser adotado por todos os educadores para a viabilização de um conhecimento

matemático sistemático e de qualidade para o aluno.

4.6 Jogos Matemáticos

Os jogos nas aulas de matemática tem o propósito de apresentar o

conteúdo, abrindo uma nova perspectiva para que o aluno aprenda de forma

consciente e prazerosa dando margem ao professor conhecer as dúvidas,

dificuldades e assim realizar um trabalho mais eficaz junto às necessidades do

aluno.

Segundo Freud (1974), os jogos, além de estimularem as relações

cognitivas, afetivas e sociais são importantes na aprendizagem e na construção

do conhecimento. Funcionam como peças fundamentais para a participação

ativa do aluno na construção de sua própria aprendizagem; os jogos de

matemática disponíveis são bastante variados, diante de tantas opções o

professor precisa selecionar aqueles que contemplem o planejamento

estabelecido relacionando-os aos objetivos, conteúdos, metodologia e critérios

de avaliação.

Um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno que eles

provocam no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso, é

importante que os jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao

professor analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes

jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver. (BRASIL,

1997, p. 49).

É necessário um estudo aprofundado acerca da forma mais

adequada para apresentar o recurso aos alunos e observar se os jogos

correspondem aos objetivos desejados em relação ao desempenho dos alunos.

Quando o professor utiliza jogos no ambiente escolar, ele tem a

intenção de trabalhar mais eficazmente em salas heterogêneas, onde existem

aqueles alunos que o nível de conhecimento matemático é diferente, alguns

alunos que terminam suas atividades bem mais rápido que seus colegas. Neste

sentido, o jogo possibilita que cada aluno desenvolva suas habilidades e siga

seu ritmo sem precisar esperar que o seu colega termine para continuar

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avançando para as próximas atividades proporcionando uma aprendizagem

mais eficaz.

Uma das vantagens de se trabalhar com jogos é observar como os

alunos se comportam diante do jogo demonstrando interesse e agilidade.

Segundo Grando (2000, p. 118) é a partir do jogo que a Matemática acaba se

tornando parte de uma brincadeira, em que “o conteúdo matemático, que

subjaz à estrutura do jogo desafia, coletivamente, os alunos a dominarem o

conceito a fim de vencer o jogo”. Quando estão jogando, se divertem sem o

compromisso de aprender algo imposto pelos conteúdos apresentados

comumente pelos professores. Essa despreocupação e interesse dos alunos

podem ser amplamente aproveitados em favor do professor, trabalhando

assim, os conteúdos necessários, de maneira mais agradável e de forma que o

aluno se aproprie dele sem perceber e sem se martirizar porque não entende

Matemática. Esse pensamento é partilhado por diversos autores, como Borim

(1996) e Malba Tahan (1965).

Os jogos matemáticos com toda a sua funcionalidade tem a

finalidade de tornar as aulas de Matemática mais interessantes, despertando

nos estudantes, o interesse por situações que exijam: cálculo mental, raciocínio

lógicos, respeito às regras, e formulem hipóteses e autonomia. Porém a prática

requer do professor um conhecimento do jogo para saber relacionar com o

conteúdo e compreenda que o formato do jogo é fundamental para despertar

nos alunos o gosto pelo jogo apresentado. Para Mendes (2005), cada aluno

possui uma maneira diferente de matematizar ou de pensar matematicamente,

devido a sua subjetividade em suas singularidades vivenciadas no seu contexto

sociocultural. Neste sentido, o professor deve utilizar jogos de matemática que

seja significativa para os alunos e facilite a compreensão do conteúdo em

estudo e proporcione uma melhor aprendizagem.

É importante destacar que os jogos são importantes em qualquer

atividade Matemática. Mendes (2005) os aponta, mais especificamente, como

sendo recursos fundamentais para o trabalho com o cálculo mental,

valorizando a autonomia do aluno no seu raciocínio e na busca para as

situações advindas dos jogos.

Osjogos também permitem através da interação, um grande

envolvimento emocional dos pares envolvidos na atividade, pois a afetividade é

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um facilitador muito importante da aprendizagem. O indivíduo emocionalmente

estável se sentirá mais estimulado e seguro para assimilar os conteúdos

propostos, através da interação social. (ALMEIDA, 2009).

A cada dia a diversidade de se aplicar de maneira lúdica e

espontânea a disciplina da matemática se alarga. Em seguida serão

explanados alguns exemplos de atividades com jogos que poderão contribuir

para a formação matemática significativa do aluno:

1- Blocos lógicos:

Este jogo é definido por peças geométricas que podem ser

produzidas por diversos tipos de materiais, como plástico e papel. Os blocos

lógicos geralmente são utilizados para promover as habilidades lógicas e o

conhecimento dos conjuntos matemáticos. (DIENES, 1974 apud MARTINS,

2012).

Diversas atividades podem ser aplicadas em sala de aula com os

blocos lógicos, no qual Dienes(1974 apud MARTINS, 2013) expõe a seguir:

Manuseio espontâneo: é de suma importância que o aluno tenha

um contato inicial como seu material de estudo Possibilitar um

momento de manipulação livredo jogo fará com que a criança

compreenda as características e as funções do objeto de forma

concreta e significativa.

Momento de identificação: nesta atividadeserá desenvolvido no

alunoa capacidade de reconhecer determinados objetos e

explicitar suas respectivas características. Como exemplo, pedir

que o aluno identifique no meio de varias imagens onde se

encontra o triângulo amarelo grande.

Atividade de diferenciação: é importante que o aluno compreenda

a diferença dos materiais estudados, fato que é essencial para

sua utilização como fonte de aprendizado. O professor pode

trabalhar a percepção das diferenças entre duas figuras, como:

aponte a diferença entre um circulo vermelho e triângulo

vermelho.

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2 - Dominó:

Mais comumente conhecido como um jogo que propõem desafios, o

dominó também pode ser utilizado para desenvolver atividades que envolvam a

contagem, divisão, multiplicação e paridade de números.

“Os jogos estão em correlação direta com o pensamento matemático.

Pois nos jogos temos regras, instruções, operações, definições,

deduções, desenvolvimento, utilização de preceitos e

operacionalizações. As circunstâncias de jogo são ponderadas como

parte das atividades pedagógicas, exatamente por serem informações

que estimulam o desenvolvimento do raciocínio, por isso se deve

utilizá-los em sala de aula. O jogo de dominós permite trabalhar

contagem organizada, representação decimal, paridade ou

construção de material para laboratórios de ensino. São recursos

atraentes e eficientes, que auxiliam os nossos educandos na arte da

aprendizagem e na construção do conhecimento.” (BRASIL, 2004,

online).

O professor em sala de aula poderá estimula o desenvolvimento das

habilidades matemáticas através do jogo de dominó com atividades bem

simples, como por exemplo, propor a construção de um jogo de dominó

artesanal é uma atividade que possibilita aplicar a organização da contagem no

momento em que o aluno precisa definir quantas e quais peças serão

construídas. (BRASIL, 2004, online).

3 – Material Dourado

Composto por peças de madeiras de quatro tipos: um cubo de 1x1x1

cm, uma barra de 1x1x10 cm, uma placa de 1x10x10 cm e um cubo de

10x10x10 cm, o material dourado é utilizado no trabalho decimal, áreas e

volumes. (BERTON; ITACARAMBI, 2009, p. 36).

De forma dinâmica este jogo possibilita o desenvolvimento de

habilidades de contagem exemplo, no material dourado o aluno pode trocar dez

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cubinhos soltos por uma barra de dez cubinhos presos, realizando desta forma

um agrupamento numérico. (BERTON; ITACARAMBI, 2009).

De maneira simples, o professor pode utilizar este jogo em sua aula,

como exemplo solicitar que o aluno represente um determinado numeral

através do material dourado, contar quantos quadrados existem em cada peça

do jogo, entre outros.

5 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

As dificuldades de aprendizagem se iniciam com uma má leitura.

Sempre que o aluno não lê corretamente, suas dificuldades são manifestadas

de forma significativa na interpretação dos textos, no raciocínio e até mesmo na

forma de se expressar. Trata-se de transtornos intrínsecos e inerentes a cada

indivíduo, entretanto cabe ao professor tentar fazer a diferença e procurar

métodos que facilitem a aprendizagem. O aluno que não sabe fazer uma leitura

correta de qualquer texto, também não é capaz de ler em matemática, dessa

forma sua dificuldade não se dá propriamente na aprendizagem da

matemática.

Uma das fórmulas que pode ser aplicada para se corrigir essa

dificuldade é o envolvimento de grupos heterogêneos que possam por em

prática a leitura e ao mesmo tempo a sua interpretação. “O único consenso se

refere à característicade que é umadiscrepância severa entre o que é

esperadoacademicamentee o nível de desempenhoapresentado” (PACHECO,

2003), entretanto é uma forma de viabilizar e desenvolver os desníveis.

5.1 Dificuldade ou erro na aprendizagem

O erro ainda tem sido encarado de forma negativa por muitos

professores. A diferença está em que, atualmente, várias pesquisas vêm

oferecendo contribuições para a mudança desse tipo de concepção do erro.

Uma dessas contribuições diz foi dada pelo construtivismo piagetiano que

proporcionou mudanças na concepção do erro na aprendizagem. Em seu

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entendimento, a aprendizagem se dá através da invenção e da descoberta. As

estruturas, os esquemas, os conceitos, as ideias, são criados, construídos por

um processo de autorregulação, em que alguns aspectos são mantidos e

outros apenas corrigidos, de conformidade com o objetivo que se pretende

alcançar. Assim, os erros e acertos são inevitáveis e, portanto, não devem ser

negados, nem evitados com punições, mas problematizados e transformados

em situações de aprendizagem (PIAGET, 1998).

Acatando essa nova visão do erro, Pinheiro (1990, p. 46) aconselha

que:

Devemos nos familiarizar com o perfil de respostas não satisfatórias,

para nós, que são comuns a cada estágio e, principalmente, devemos

procurar entender o que as crianças realmente nos querem dizer,

pois muitas vezes elas nos dão respostas que não coincidem com a

nossa expectativa, mas o raciocínio que elaboraram para chegar até

elas está correto. Os adultos tendem a cobrar das crianças as

respostas, não do ponto de vista delas, mas do ponto de vista adulto.

Neste caso, o que comumente chamamos de erro, para a Teoria

Piagetiana, nada mais é que um estágio preparatório para o acerto.

Em relação às dificuldades de aprendizagem matemática, em alguns

casos elas se relacionam à problemática afetiva e emocional, que ultrapassa a

esfera de atuação do professor, cabendo a ele dialogar com os pais do aluno,

no sentido de encaminhá-lo a um profissional especializado, que venha a

oferecer condições adequadas para o tratamento e o acompanhamento do

caso.

De conformidade com a interpretação de DeMasi (2000), as

dificuldades de aprendizagem matemática, pode ser traduzida como um reflexo

dos problemas cognitivos, os quais são identificados pela leitura.

1. Dificuldades na memória em curto prazo e na memória de trabalho em

função do tipo de estímulo e em função do aspecto da memória que se

tenha avaliado.

2. Dificuldades de memória em tarefas não-verbais.

3. Ausência de diferenças com respeito aos grupos de idade normativo sem

tarefas de sensibilidade gramatical e fonológica, exceto na repetição de

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frases, originada por dificuldades na memória a curto prazo.

4. Dificuldades na seção de soletração de não palavras (tarefas de escrita).

5. Dificuldades na memória a curto prazo, em codificação fonológica (igual ao

tipo leitor).

6. Dificuldades nas tarefas de memória de trabalho que implicavam a

contagem e não naquelas que implicavam frases, o que diferia do grupo

leitor, que executava mal as duas tarefas.

7. Dificuldades nas tarefas visoespaciais e visoperceptivas.

8. Dificuldades de análises visoespaciais e visoperceptivas de ordem superior

ou conceitual.

9. Dificuldades em habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis. (DE MAIS,

2000, p.10).

As dificuldades que são demonstradas por grande parte dos alunos

podem ser atribuídas a diversos fatores entre os quais podem ser citados, a

falta de motivação e métodos de ensino do professor ou da escola, além de

muitos outros. Algumas dificuldades são de natureza cognitiva e têm sua

origem no próprio processo ensino e aprendizagem. Cita-se, como exemplo, o

caso de um aluno que domina perfeitamente a técnica operatória de cada uma

das quatro operações fundamentais da matemática: a adição, a subtração, a

multiplicação e a divisão, no entanto, o professor constata que ele não

consegue resolver corretamente a maioria dos problemas que lhe são

apresentados nessa área e que envolvem essas operações, e o motivo está

exatamente na falta de leitura e interpretação do problema.

As dificuldades de aprendizagem estão se tornando mais visíveis em

sala de aula. A aprendizagem não é uma tarefa fácil e simples de se cumprir,

no qual o educador precisa estar consciente de que sempre existe uma nova

maneira para melhorar o processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido,

torna-se necessário aproximar as atividades de ensino das formas de

aprendizagem e adequá-las à realidade em que os alunos estão inseridos,

juntamente com a condição em que os mesmos irão realizar estas atividades.

Aulas de apoio pedagógico são utilizadas como instrumento para o aluno

desenvolver a autonomia e o hábito de estudo independente. Os alunos têm

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maior dificuldade em resolver problemas, quando não obtêm o seu resultado de

forma direta (ERICONE, 2004).

5.2 As dificuldades na aprendizagem e o fracasso escolar

A partir da realidade escolar vivenciada pelos educadores,

considera-se muito importante falar sobre as dificuldades de aprendizagem,

pois é necessário que os educadores tenham um conhecimento mais amplo

sobre o assunto e estejam preparados para encontrar em suas salas de aula

alunos com diferentes dificuldades. Geralmente o professor sente dificuldade

para detectar o tipo de dificuldade, ou melhor, as razões que levam o aluno a

não fazer uma leitura correta de um texto, de uma questão matemática, pois,

para isso, se faz necessário entender e analisar as características individuais

de cada aluno. Sendo importante e a definição de que destaca o seguinte:

Dificuldades de aprendizagem (DA) é um termo geral que se refere a

um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades

significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da

fala, da leitura, da escrita e do raciocínio matemático. Tais desordens,

consideradas intrínsecas ao indivíduo, presumindo-se que sejam

devidas a uma disfunção do sistema nervoso central, podem ocorrer

durante toda a vida. (FONSECA, 1995, p. 71).

Essas dificuldades de aprendizagem podem se apresentar em

qualquer situação, ou seja, na idade escolar ou não. Trata-se de dificuldades

que podem levar o aluno a ter mudanças de comportamento e de interação

social. No campo da matemática, entretanto, Carraheret al. (1992, p. 67),

relaciona a dificuldade de aprendizagem da criança com os adultos quando

afirma que:

Quando nós adultos queremos exemplificar um coisa muito fácil e

muito clara dizemos: étão simples e tão claro como dois e dois

são quatro. No entanto, entender quantidades e entender operações

com números não é algo tão fácil como parece. A criança, a fim de

compreender a noção de quantidade, passa por certos estágios

durante seu desenvolvimento, durante os quais sua visão de

quantidade é outra e, de fato, não conseguimos convencê-la a mudar

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de opinião. É a própria criança que vem descobrir o significado adulto

de „quantidade‟ e, então, tornar-se apta a iniciar verdadeiramente a

aprendizagem escolar da matemática. (CARRAHER ET AL.,1992, p.

67).

Diante dessa realidade, ressalta-se que a maioria das pessoas já

apresentaram ou, ainda apresentam, dificuldades, não só em matemática, mas

também na construção de hábitos, ou no controle das emoções, da conduta e

de atitudes. Aprender significa estar apto a mudar e essas mudanças tornam

os alunos, inicialmente, mais resistentes, o que é normal. É necessário, então,

proporcionar ao aluno um tempo para que ele possa compreender essas

informações novas, e por isso a importância de dosar quantidade de conteúdos

novos em dada aula (FONSECA, 1995).

As dificuldades na aprendizagem da leitura e da matemática são

responsáveis pelos alarmantes índices de fracasso escolar, que atingem o

sistema educacional brasileiro. Tal situação sempre esteve em pauta e ainda

continua muito presente nas atuais discussões e pesquisas da área de

dificuldades de aprendizagem (CORSO, 2008).

Segundo Smole (1996, p. 73) “um bom problema deve ser

interessante, desafiador e significativo para o aluno, permitindo que ele formule

e teste hipóteses e conjecturas”. A partir do momento em que essa

metodologia for usada pelos professores no ambiente de ensino, os alunos

estarão desenvolvendo diferentes habilidades matemáticas, mais

especificamente, na resolução de problemas. Dentro desse novo contexto, o

aluno passa a ser capaz de formular problemas, a partir de situações

matemáticas, ou não, interpretando seus resultados e, por meio da sua

resolução, investiga e entende os diversos conteúdos matemáticos, tornando-

se confiante, ao fazer uso da matemática, superando, assim, a ansiedade que

havia se instalado quanto a essa disciplina.

Dado as dificuldades que os educadores têm para solucionar esses

problemas é necessário que eles se organizem, que façam um planejamento

de suas atividades escolares, que procurem detectar a forma como seus

alunos podem desenvolver melhor suas atividades afim de que possam ajuda-

los a superar suas dificuldades. E a principal maneira de solucioná-los é

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ensinar a ler corretamente e por via de consequência saber interpretar aquela

leitura.

O fracasso escolar é um tema que vem sendo discutido por

educadores, há algum tempo. É um assunto que preocupa a todos que

trabalham na área de educação, porém, desafiador e complexo, que ainda não

está superado. O fracasso escolar deve ser analisado e pensado, não só,

dentro da escola, mas por uma visão mais ampla nos níveis familiar, social e

cultural, visto que ele está diretamente relacionado aos índices de repetência

na escola (ERICONE, 2004).

5.3 As dificuldades dos alunos

Fonseca (2002) refere, com outras palavras, que os próprios alunos

assumem o discurso da dificuldade, da quase impossibilidade de aprender,

trazendo sobre si próprios a culpa do fracasso, tanto nas suas características

pessoais (aptidão, talento) quanto em relação à sua idade e tempo fora da

escola. Eles se sentem constrangidos diante das suas dificuldades

relacionadas à aprendizagem da matemática e, como os professores (ou a

maioria deles), não os encorajam a apresentar suas conjecturas e

argumentações, permanecem em silêncio com suas dúvidas. Nesse sentido,

Palácios (1995) aponta para a necessidade de um redimensionamento das

condições que definem as possibilidades de aprendizagem e de construção de

conhecimentos na idade adulta.

[...] apoiando-se na posição de psicólogos evolutivos, cada vez mais

convencidos de que o que determina o nível de competência

cognitiva das pessoas mais velhasnão é tanto a idade em si mesma

quanto uma série de fatores de natureza diversa. Entre esses fatores,

destaca-se o nível de saúde, o nível educativo e cultural, a

experiência profissional e o tônus vital da pessoa (sua motivação, seu

bem estar psicológico [...].(PALÁCIOS, 1995, p.312).

É incorreto, no entanto, procurar as causas que explicam as

dificuldades de aprendizagem de alunos fora da faixa etária. Isso, então, exige

uma reflexão mais cuidadosa sobre os fatores que determinam as condições

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de enfretamento das demandas de natureza cognitiva desses sujeitos.

Acredita-se que o modo diferenciado de inserção no mundo e das relações

interpessoais propiciados por oportunidades de vivências e relações define

modos também diferenciados de relação com o mundo escolar e de

perspectivas, critérios e estratégias de produção de conhecimento (FONSECA,

2002).

Assim, os estudantes apresentam traços muito próprios da relação

do aprendiz adulto. Sobre este assunto, Fonseca (2002), diz que:

Todo processo de construção de conhecimento, marcadamente o do

adulto, é permeado por suas vivências, cuja lembrança é mobilizada

em determinados momentos das interações de ensino-aprendizagem

escolar, não porque se refiram a fatos de interesse exclusivamente

pessoal, mas porque são justamente lembranças que se encaixam no

marco aportado por nossas instituições sociais aquelas em que temos

sido socializados – contrário, não se recordariam. (FONSECA, 2000,

p.26).

Entretanto, os professores, em sua quase totalidade, não estão

preparados ou desconhecem a importância de mudanças, de realizar um

trabalho voltado para aproveitamento das vivências e experiência dos alunos. É

preciso contextualizar o conhecimento a ser comunicado, repensar a

concepção de matemática como „Ciência de Quantidade‟, pois, como afirma

Ruiz (2002) “[...] em nossa cultura, a matemática é sempre pensada em sua

dimensão restrita: fazer contas e medir.” São poucos os que compreendem a

matemática como um „sistema vivo de ideias‟, impregnado de relações com a

linguagem materna. A maioria ainda acredita na transmissão de inertes

fragmentos, passo-a-passo e, muitas vezes, sem pensamento, sujeitos a serem

decorados e reproduzidos fielmente (RUIZ; BELLINI, 2001).

A matemática, que ainda se ensina nas escolas (pela maioria dos

professores), tem preservado laços com ideias de fracasso escolar, de

sacrifício, de punição, impondo aos alunos uma obediência cega às definições,

aos algoritmos, entre outros (RUIZ; BELLINI, 2001).

Sobre esse assunto, Gomes (1998, p. 69), desde a década de 1980,

já apontava que a “grande ênfase em algoritmos pode estar criando um grande

número de pessoas com desenvolvimento abaixo de seu próprio potencial”.

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Nesse sentido, com outras palavras, Piaget (apud Ruiz e Bellini, 2001, p. 15)

cita que: “[...] já considerava a ênfase na qualificação e no cálculo como

propiciadora de obstáculos para a aprendizagem de conhecimentos

matemáticos”.

De acordo com Piaget (1975), o insucesso escolar é decorrente de

passagens muito rápidas da estrutura qualitativa dos problemas para a

esquematização quantitativa ou matemática utilizadas, com frequência, pelos

físicos e matemáticos profissionais. A comunicação na aula de matemática, por

sua vez, assume uma importância fundamental porque essa disciplina utiliza

uma linguagem própria, para comunicar ideias com precisão, clareza e

economia (LESSA & FALCÃO, 2005). Menezes (2000), por sua vez, afirma

que:

A comunicação entre os alunos, tanto oral como escrita, constitui um

aspecto que o professor deve incrementar, porque permite o

desenvolvimento de capacidades, de atitudes e de conhecimentos. É

por este motivo que os programas portugueses de Matemática do 2º

Ciclo do Ensino Básico, nas orientações metodológicos gerais

(Ministério da Educação, 1991, p.16), enfatizam a importância da

comunicação: Considerando a estreita dependência entre os

processos de estruturação do pensamento e da linguagem, há que

promover atividades que estimulem e impliquem a comunicação oral

e escrita, levando o aluno a verbalizar os seus raciocínios,

explicando, discutindo, confrontando processos e

resultados.(MENEZES, 2000, p.11).

Portanto, é fundamental ressaltar a importância de se estabelecer

uma nova linguagem capaz de ser interpretada pelo o aluno e o professor.

Cabe a este o papel de esclarecer os termos técnicos utilizados em sala de

aula visando, principalmente, o rigor da matemática para a obtenção de um

melhor conhecimento. Dessa forma, a comunicação escrita, oral e simbólica

constitui-se numa forma de grande importância no processo de ensino e

aprendizagem.

Nesse contexto, cabe ao professor, como principal responsável pela

organização do que vai falar em sala de aula, definir um roteiro dos conteúdos

e das atividades a serem apresentadas, recorrendo a uma linguagem precisa e

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esclarecedora, ao apresentar questões que demonstrem situações capazes de

estabelecer um elo de ligação entre a matemática e a realidade, estimulando a

discussão e a partilha de ideias (MENEZES, 2000).

Em relação à metodologia, a matemática deve ser ensinada como

fonte de cultura e como atividade humana, isso é, como técnica pela

qual se organizam os eventos do mundo, contando-os, medindo-os, e

o mais. Na sala de aula deve haver interação entre a Matemática

formal, organizada pela comunidade matemática e a atividade

matemática usada na prática da vida. Além disso, [...] é necessário

que os programas de ensino, estejam ajustados ao nível de

desenvolvimento mental dos alunos, aos seus esquemas mentais, e

muito bem dosados, organizados do mais elementar ao mais

complexo, de acordo com a evolução do conhecimento que se

constrói encadeadamente, uma vez que, conhecimentos mais pobres

servem de base a conhecimentos posteriores, bem mais profundos,

como descreve a Epistemologia Genética (PINHEIRO, 1990, p. 91).

A linguagem utilizada em sala de aula constitui-se uma realidade

central e dominante pelos professores nas escolas. A importância do estudo do

discurso da aula de matemática advém da relevância que a linguagem assume

na interação comunicativa, aspecto que também é reconhecido nas normas

profissionais para o ensino da matemática. O interesse pelo estudo das

práticas discursivas do professor, nas aulas de matemática, dá um significado

especial para o saber matemática, tornando verdadeiro, ou no mínimo

razoável, o que implica exercitar a matemática e, portanto, dando importância

central ao que os alunos aprendem sobre a matemática e ao modo como

aprendem (MENEZES, 2000).

Na maioria das vezes, os conceitos e algoritmos não são

compreendidos pelos alunos porque o próprio professor não tem clareza e

segurança para o seu ensino. Os professores, habitualmente, utilizam livros

didáticos (e apenas eles) com uma linguagem complexa e imprecisa, o que

compromete o entendimento pelo aluno, que não aprende e permanece calado,

pois acredita que a dificuldade é devido à sua idade avançada e ao longo

tempo que permaneceu fora da escola (MENEZES, 2000).

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O livro didático é um material polêmico nos dias atuais, pois é

combatido por uns e valorizado por outros. Conforme Lopes (2005, p. 36):

[...] por si só o livro não se presta para obtenção de uma

aprendizagem que possa ser considerada eficaz: a ação do

professorperante esse instrumento é fundamental. Um bom livro, nas

mãos de um professor despreparado, pode produzir péssimos

resultados, assim como um livro de baixa de qualidade, conduzido

pelas mãos de um professor competente, mediante conjecturas sobre

o conteúdo apresentado e sobre o contexto focado, pode resultar

numa aprendizagem significativa, crítica, criativa, participativa [...].

Tem acontecido que, pela formação deficitária do professor, pelas

condições precárias de trabalho e ainda pela falta de uma boa política

de formação continuada, o livro didático torna-se a solução, decidindo

o conteúdo a ser trabalhado, formulando os exercícios e problemas a

serem resolvidos [...].

Jaramilo; Freitas e Nacarato (2005, p. 169), a respeito dos livros

didáticos, dizem que “os livros devem ativar a vida espiritual, mas não

conformá-la, devem dar a pensar, mas não transmitir o que já está pensando,

devem ser um ponto de partida e nunca uma meta”. Infelizmente, os livros de

matemática também não privilegiam o aspecto da transposição linguística da

matemática para matemática escolar.

Parece que os autores simplesmente pegam os conteúdos da

matemática e põe nos livros, o que é um grande equívoco, proporcionando à

comunidade escolar a certeza de que a escola deve formar matemáticos.

(GADOTTI, 2001).

5.4 Dificuldades de Aprendizagem na Matemática

Entende-se por dificuldades no desenvolvimento de habilidades

matemáticas os transtornos relacionados à deterioração dos rendimentos

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escolares da vida cotidiana. Tal problemática acarreta outras dificuldades

referentes a diversas disciplinas é o que Garcia (1998) cita:

Habilidades linguísticas (como a compreensão e o emprego da nomenclatura matemática, a compreensão ou denominação de operações matemáticas e a codificação de problemas representados com símbolos matemáticos), habilidades perceptivas (como reconhecimento ou a leitura de símbolos numéricos ou sinais aritméticos, e o agrupamento de objetos em conjuntos), habilidades de atenção (como copiar figuras corretamente nas operações matemáticas básicas) e as habilidades matemáticas (como o seguimento das sequencias de cada passo nas operações matemática, contar objetos e aprender as tabuadas de multiplicar). (GRACIA, 1998, p.211).

5.5 Acalculia

A acalculia se caracteriza pela incapacidade de resolução de

cálculos matemáticos simples, bem como a identificação dos números escritos,

No entanto de acordo com Garcia (1998) o diagnóstico da

dificuldade matemática não pode ser realizado de maneira aleatória, pelo

simples fato do aluno apresentar sucessivos casos de mau desempenho na

disciplina, é necessário uma analise concisa e investigativa de diversos fatores

que podem contribuir com a ocorrência do fato:

1. Observar e analisar se o rendimento das provas de matemática tem

apresentado um nível menor do que o esperado devido o nível escolar

frequentado pelo aluno;

2. Analisar se o baixo rendimento apresentado possui influencia no

progresso das demais disciplinas, bem como na vida pessoal do

educando;

3. Investigar se a alteração do coeficiente acadêmico não se deve a um

problema de saúde. (GARCIA, 1998, p.212).

Garcia (1998) define o termo acalculia como um transtorno referente

à aritmética, desenvolvido após uma lesão cerebral, que podem ser

apresentados em dois aspectos:

1. Acalculia primaria ou a verdadeira acalculia (caracterizado pela total

limitação das habilidades matemáticas);

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2. Acalculia secundaria que se subdivide em: acalculia afásica (agrafia

para números) e alterações viso-espaciais. (abrange limitações

específicas, como identificar números e figuras matemáticas). (GARCIA,

1998, p.213).

Mesmo com sintomas aparentemente visíveis, os transtornos que

afetam o desenvolvimento da aprendizagem matemática geralmente só são

detectados ao final da educação infantil, quando se inicia o trabalho com

resoluções mais complexas da matemática.

Outro fator que dificulta a percepção dos transtornos matemáticos, é

a evidencias de inúmeras pesquisas e estudos que abordam as dificuldades de

aprendizagem em geral, sem especificar os critérios que abrangem cada

disciplina, como a leitura e a matemática.

5.6 Discalculia

Segundo García(1998) a Discalculia pode ser caracterizada por um

transtorno neurológico que interfere na habilidade com os números, tal fato

proporciona no individuo um sentimento de confusão ao relacionar as

operações matemáticas, conceitos, números, com a rotina do dia.

Acredita-se que a discalculia é ocasionada por uma má formação

neurológica de origem possivelmente genética, que danifica o raciocínio

numérico, como realizar e aplicar conhecimentos matemáticos em sala de aula,

ou no cotidiano.

Os sintomas mais comuns deste distúrbio são dificuldades em

operar máquinas calculadoras simples, com operar números (somar, dividir,

multiplicar e dividir), dificuldades com tabuadas, memorizar, diferenciar e

interpretar problemáticas que envolvam a matemática. (MARCELLI, 1998).

Devido este transtorno ocasionar diversos com a habilidade

matemática, a discaulculia se apresenta em seis tipos:

1. Discalculia Verbal –transtorno referente à atribuição das quantidades

matemáticas, seus termos e números;

2. Discalculia Practognóstica– transtorno que compromete as habilidades

matemáticas de enumerar, comparar e manipular objetos geométricos;

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3. Discalculia Léxica – limitaçãodurante a leitura e interpretação de símbolos

matemáticos;

4. Discalculia Gráfica –dificuldade que atinge a transcrição de símbolos

matemáticos;

5. Discalculia Ideognóstica – problemática que dificulta a realizaçãodas

operações mentais e a compreensão de conceitos matemáticos;

6. Discalculia Operacional –causa dificuldades no processo da prática de

operações e cálculos numéricos. (GARCIA, 1998, 216).

Cabe ao educador o papel de compreender a limitação do aluno e

não forçar a resolução atividades que ele tenha dificuldade, deve agir

pedagogicamente explicando a situação e procurar aplicar problemas

matemáticos que estejam integradas ao contexto social do educando.

5.7 Dificuldades matemáticas no ensino fundamental I

Diversos fatores podem ocasionar a problemática das dificuldades

matemáticas no período escolar, sejam eles ligados a família ou ao próprio

corpo institucional, ocorrência que acaba gerando a repetência e a evasão

escolar.

Umas das principais causas dessa problemática se pode atribuir à

desvalorização dos saberes matemático para a vida cotidiana, de acordo

D´Ambrósio (2005):

A educação Matemática além de atribuir um lugar de destaque à escola enquanto lugar primordial a educação, enfatizando sua importância no mundo moderno. (...) o saber matemático complementa a preparação do indivíduo, sendo, portanto peça essencial nos sistemas escolares.(D`AMBROSIO, 2005, p.100).

Segundo Silveira (2002), os professores de matemática geralmente

atribuem a culpa do insucesso acadêmico dos alunos nos professores dos

níveis anteriores, alegando que os mesmos não possuíam qualificação

adequada para exercer o magistério em matemática, desta forma os

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educadores se isentam de suas responsabilidades e confirmam o fato de que

ensinar esta disciplina é uma tarefa difícil.

Outro fato bastante comum no ensino matemático é que os

educadores limitam suas práticas e repassam o conhecimento de maneira

técnica e mecânica, sem propiciar uma contextualização com a realidade dos

alunos.

A respeito desta problemática D`Ambrosio(2005) afirma que:

A preocupação maior no ensino da matemática está em levar ao aluno uma serie de conhecimentos algoritmos, fórmulas e símbolos, sem que fique explicito para o que servem, onde serão usados e como serão usados. Não há, pois a preocupação de integrar os conteúdos matemáticos com outras áreas do conhecimento. (D`AMBROSIO, 2005, p.102).

Entende-se que apesar das inúmeras discussões travadas no ensino

escolar a respeito da necessidade de proporcionar uma educação matemática

mais dinâmica, esta realidade ainda encontra-se bastante distante das

situações de aprendizagens, no qual professores ainda persistem com a

propagação de uma metodologia técnica e descontextualizada.

5.8 Relação professor e aluno

De acordo com Rogers (1999), a educação é um processo vital no

desenvolvimento humano e não pode ser confundida como um ato de mera

adequação do indivíduo ao meio social. É um processo que engloba todas as

habilidades e características do ser, iniciando desde muito cedo no espaço

familiar e se perpetua por toda a vida.

Com relação ao saber matemático Carvalho (1994, p. 103) afirma

que este não pode continuar sendo mérito de poucos alunos, que são

considerados diferenciados por serem os mais inteligentes, sem atrelar

significado à disciplina no processo de construção do conhecimento.

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Diante desta afirmação é importante ressaltar o relacionamento

entre professor-estudante, atrelando sua importância para o desenvolvimento

de uma educação crítica e consciente, que vise formar cidadãos ativos capazes

de mudar sua realidade social.

A importância do professor nas etapas de desenvolvimento do

educando principalmente no ensino fundamental que é o momento que o aluno

inicia seu contato com resoluções matemáticas mais complexas e estruturadas,

é de suma importância Drouet (1995, p.12) disserta que “na escola, o professor

deve estar sempre atento às etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-

se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu trabalho no

respeito mútuo, na confiança e no afeto”.

Portanto nesta lógica, compreende-se que um dos pontos mais

importantes no processo de ensino é o relacionamento estabelecido entre

professore e aluno, no qual é preciso deixar explicito o papel de importância de

cada um na aprendizagem. O aluno tendo como papel de desenvolver de

maneira significativa suas habilidades cognitivas e o professor como ponte

essencial para proporcionar uma formação qualitativa que estimule de maneira

adequada as capacidades do educando.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final desta pesquisa a partir das analises realizadas em sua

composição, pode-se compreender que o ensino da matemática possui um

papel fundamental no desenvolvimento integral do ser, e quando é utilizada

como ferramenta de aprendizagem de maneira contextualizada atrela

significados aos conteúdos, tornando o ensino didático e consciente.

A pesquisa procurou divulgar os aspectos de principal influência no

ensino da matemática que favorecem e dificultam a realização de sua prática,

enfatizando a suma importância do educador em promover situações de

aprendizagens favoráveis para um ensino de qualidade, que vise estimular o

interesse e a motivação dos alunos pelo aprendizado.

A análise exposta também proporcionou através de sua revisão

bibliográfica elementos para subsidiar a prática pedagógica dos profissionais

da educação que exercem o magistério da disciplina de matemática,

explicitando a necessidade da compreensão dos professores que o ensino não

é um simples processo de repassa de conteúdos, mais sim um ato que

possibilite o desenvolvimento das habilidades do aluno de maneira global,

interativa e significativa.

Portanto pode-se concluir que o estudo realizado respondeu todos

os questionamentos abordados, no entanto compreende-se que o ensino

dinâmico da matemática ainda é uma realidade distante em muitas instituições

escolares, necessitando que o sistema educacional promova a divulgação de

informações sobre a prática e a importância da realização de uma educação

matemática significativa, bem como promover a formação diária dos

educadores a fim de conscientizar estes profissionais da necessidade da

inovação das suas praticas para o desenvolvimento de um ensino de qualidade

capaz de transformar o ensino da referida disciplina.

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