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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS ENGENHEIRO COELHO NICOLE GALDINO BERTELLI INTERPRETAÇÃO 101: UMA INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO ENGENHEIRO COELHO 2012

CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO … · 2012).Este trabalho consiste de um relato de experiências de uma aluna de um curso de Tradutor e Intérprete, durante seus estudos,

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO

CAMPUS ENGENHEIRO COELHO

NICOLE GALDINO BERTELLI

INTERPRETAÇÃO 101:

UMA INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO

ENGENHEIRO COELHO

2012

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NICOLE GALDINO BERTELLI

INTERPRETAÇÃO 101: INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo do curso de Tradutor e Intérprete, sob orientação do prof.Ms./Dr. Ana Maria de Moura Schäffer.

Engenheiro Coelho

2012

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo, do curso de Tradutor e Intérprete apresentado e aprovado em 22 de

novembro de 2012.

_________________________________________________

Orientadora: Ana Maria de Moura Schäffer

_________________________________________________

Segundo Leitor: Milton Torres

AGRADECIMENTOS

• Agradeço a Deus, por ter me dado saúde e condições de cuidar

uma faculdade e chegar até o fim de seu processo dentro do período

determinado.

• Aos meus pais que por todos esses anos me incentivaram a

chegar neste momento, me dando apoio, carinho e amor, sempre me

mostrando o melhor caminho a seguir e me dando a liberdade para tomar as

minhas decisões.

• Ao professor Milton Torres por ter acreditado em mim como

intérprete e ter me dado oportunidades para me desenvolver na área.

• À professora Ana Schäffer por me orientar e me ajudar a

desenvolver este projeto.

• A todos os professores do UNASP.

• Ao meu namorado, pela compreensão e incentivo durante o

período do desenvolvimento deste trabalho.

“Interpretar é uma arte de comunicação que deve ser cumprida com consciência, ética e responsabilidade. Se o intérprete fizer menos que isso, certamente estará traindo aqueles que dele dependem para terem acesso a um intercâmbio do pensamento humano, sem obstáculos linguísticos ou culturais.”

Neumar de Lima

RESUMO

A pesquisa analisou a historiografia da interpretação para identificar as

competências necessárias a um intérprete e discutiu experiências de estágio

vivenciadas durante a nossa graduação, com o propósito de ajudar futuros

estudantes em situação de estágio e interessados na área a compreenderem um

pouco mais sobre o que é interpretação na prática. Foram enfatizados no estudo os

fatores que envolvem o processo, trazendo dicas de como se preparar melhor para

enfrentar as experiências iniciais de estágio. Os autores Delisle e Woodsworth

(1998) e Schäffer; Torres (2012) serviram de fundamento teórico, na parte

historiográfica, enquanto Seleskovitch (1990) e Frishberg (2010) embasaram a parte

prática e teórica do que é necessário para se desenvolver uma boa interpretação. A

problemática diz respeito às dificuldades da interpretação, visto ser uma atividade

complexa para a qual nem todos têm o perfil necessário; diante disso, a pergunta

que tentamos responder foi se existe um melhor momento para que o estágio

comece ou se depende das habilidades dos aprendizes. A partir disso, defendemos

a hipótese de que o estagiário deve começar a sua prática o mais cedo possível

desde que se sinta preparado, para sair do curso com o maior número de

experiências possíveis, e assim ter uma maior facilidade de inserção no mercado da

interpretação. Como resultado, a nossa própria experiência enquanto estagiária do

curso de Tradutor e Intérprete corroborou a nossa hipótese.

Palavras-chave: Tradução; Interpretação; Historiografia; Estágio Supervisionado.

ABSTRACT

The research analyzed interpretation’s historiography to identify the essential

competences for an interpreter and discussed our internship experiences through

graduation, in order to help those who will go through their internship and people that

have some interest in this area to learn more about what really matters in

interpretation. Some factors involved in the interpretation process were emphasized,

andsuggestionswere given on how to better be prepared to face the initial internship

experiences. The authors Delisle e Woodsworth (1998) and Schäffer; Torres (2012)

provided the theoretical foundation for the historiography of interpretation, while

Seleskovitch (1990) andFrishberg (2010) provided a theoretical and practical base on

what it takes to perform a good interpretation. The problematic was related to the

difficulties surroundingthe interpretation, considering its complexityto which not

everybody has the necessary ability. On face of it, the question we tried to answer

was whether there is a better moment for the students to begin their internship, or it

depends on the students’ abilities.So we defended the hypothesis the students

should start their practice as soon as possible, since they are prepared for it, so they

can graduate with as many experiences as possible to join the interpretation market.

Our own experiences as a trainee during the Translator and Interpreter course

confirmed our hypothesis.

Keywords: Translation; Interpretation; Historiography; Supervised Internship.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 08

2HISTORIOGRAFIA DA INTERPRETAÇÃO ........................................................... 11

2.1 Um passeio pela história da tradução oral ..................................................... 11

2.2 A aparição dos intérpretes na história ............................................................ 12

2.3 A interferência da interpretação nas guerras e negociações de paz ........... 14

2.4 O Brasil e a interpretação ................................................................................. 15

3 COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS EM UM INTÉRPRETE ................................... 18

3.1 Habilidades linguísticas.................................................................................... 18

3.2 Habilidades interpessoais ................................................................................ 18

3.3 Oralidade ............................................................................................................ 19

3.4 Comunicação intercultural ............................................................................... 20

3.5 A teoria por trás da prática ............................................................................... 21

4 RELATÓRIO .......................................................................................................... 22

4.1 A interpretação e seu processo ....................................................................... 22

4.1.1 Primeira ou terceira pessoa .......................................................................... 23

4.2 Conferência internacional de filosofia científica das origens ....................... 24

4.3 Mestrado de liderança da Andrews ................................................................. 26

4.4 Concílio de mordomia ....................................................................................... 28

CONSIDERASÕES FINAIS ...................................................................................... 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 32

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1 INTRODUÇÃO

Com um processo cada vez mais intenso de globalização, países de línguas

diferentes têm trabalhado juntos em situações mais frequentes; com isso, aumenta a

necessidade da mediação de tradutores e intérpretes. O intérprete é o responsável

por estabelecer, em qualquer uma de suas modalidades, uma comunicação

satisfatória entre falantes de línguas diferentes. Desse modo, este processo que

exige bom vocabulário, calma, concentração e raciocínio rápido, pode ser dividido

em três categorias básicas: tradução simultânea, a qual é feita quase ao mesmo

tempo que a fala na língua original; consecutiva, quando o falante original enuncia

por um longo período e, enquanto isso, o intérprete faz anotações para,

posteriormente, relatar o conteúdo original abreviado; e a intermitente, na qual o

falante e o intérprete revezam a fala em curtos períodos (SCHÄFFER; TORRES,

2012).Este trabalho consiste de um relato de experiências de uma aluna de um

curso de Tradutor e Intérprete, durante seus estudos, e das dificuldades que um

intérprete iniciante pode ter aolidar com as primeiras oportunidades de atuar em uma

situação real de interpretação.

Nossa pesquisa assume o formato de um relatório, principalmente voltado

para as situações vivenciadas por uma estagiária durante sua preparação para a

inserção no mercado de trabalho. A prática da interpretação não é assunto

amplamente discutido na literatura técnica. Apesar disso, alguns teóricos têm se

destacado internacional e nacionalmente. Dentre eles,

mencionamosSeleskovitch&Lederer (1989), que afirmam que “todo discurso,

independente da língua, sempre é entendido como uma função não só do valor

inerente a cada palavra dita, mas, também, do conhecimento associado a cada

palavra, que denominamos complementos cognitivos”.

A interpretação é considerada atividade altamente estressante (SCHÄFFER;

TORRES, 2012). Pessoas sob intenso estresse às vezes demonstram sinais físicos

e psicológicos de sua condição. O temor quanto à inaptidão por parte de intérpretes

noviços pode gerar neles o mesmo tipo de efeito durante suas primeiras tentativas

reais de interpretação. Portanto, pergunta-se: qual seria a forma mais natural e

menos danosa de integrar a simulação de interpretação e a experiência real de

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interpretação no estágio? Que fatores predisporiam o intérprete ao sucesso em suas

primeiras experiências?

As interpretações feitas em sala de aula são muito úteis para dar ao aluno

uma ideia do que é fazer uma interpretação real. Entretanto, apenas com isso não

há como estar preparado para os fatores adversos que podem aparecer durante

uma interpretação. Por isso, sugere-se que é necessário inserir o aluno em algumas

situações reais de interpretação durante seu treinamento e que, quanto mais cedo

essa experiência inicial ocorrer, mais possibilidade de sucesso terá o treinamento e

mais preparado para atuar na área estará o estagiário.

Diante dessas considerações preliminares, enfatizamos que o objetivo

dotrabalho é, antes de mais nada, relatar as experiências tidas durante o processo

de estágio com as situações de interpretação real e o que é preciso para que uma

interpretação seja tida como satisfatória por seus ouvintes e mais especificamente,

para aqueles que dependem dela para compreender a mensagem que está sendo

passada. A partir das situações práticas, busca-se introduzir algumas sugestões

para aqueles que tem interesse naárea e cujo conhecimento do processo de

interpretação ainda é limitado.

De modo específico, os objetivos que perseguimos são: identificar as

principaisdificuldades da tarefa de interpretar e discutir as experiências vividas pela

pesquisadora durante o curso de tradutor e intérprete.

Hoje no Brasil o conhecimento que se tem sobre interpretação é limitado,

visto que a atividade está sob a sombra da tradução. Portanto esperamos que este

trabalho sirva de ponto de partida para outras pesquisas e para que

futurosintérpretes conheçam mais sobre a interpretação do ponto de vista de alguém

que está começando atransitarna área, de modo mais prático.

O trabalho está dividido em quatro partes, além desta primeira que é a

introdução. No segundo capítulo, consideramos que era pertinente trazer um pouco

da história da interpretação de modo geral e, especificamente, no Brasil, a fim de

que a pesquisa seja um referencial histórico dos primórdios da área; na terceira

seção, esboçamos algumas competências que apreendemos como necessárias para

o sucesso de um intérprete seja de tradução consecutiva, intermitente ou

simultânea; no quarto capítulo, relatamos as experiências vivenciadas ao longo do

processo de estágio de interpretação, com o objetivo de familiarizar os próximos

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estagiários com o percurso a ser percorrido por quem se embrenha nesta área; por

fim, tecemos algumas considerações finais sobre o que temos apreendido destas

experiências práticas.

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2HISTORIOGRAFIA DA INTERPRETAÇÃO

Nesta parte do relatório esboçamos um breve histórico da interpretação,

partindo de uma visão mais geral, para uma mais específica no contexto brasileiro,

pois segundo Schäffer e Torres (2012), o entrosamento com a história da

interpretação pode ajudar profissionais a enfrentar as mudanças naturais

vivenciadas na área, devido à evolução tecnológica, além de propiciar a futuros

profissionais uma visão antecipada de como as novas tendências poderão

influenciar no desenvolvimento da área.

2.1 Um passeio pela história da tradução oral

Aspesquisas realizadas por Delisle e Woodsworth (1998) apontam para o fato

de que, apesar da prática da interpretação apenas recentemente ter sido definida

como profissão no consenso geral, ela ocorre desde tempos remotos, no decorrer da

história, cujo propósito era o comércio e intercâmbio comerciais, certificando a

possibilidade da ocorrência de tais interações em âmbito internacional.

Outro aspecto que a história nos trás é que a interpretação não era uma

atividade realizada por nobres ou pessoas importantes socialmente, ninguém se

preocupava em formalizar registros; ao contrário, conforme os intérpretes eram

descritos como mestiços étnicos e culturais e pertencentes à classe das mulheres,

escravos e membros de subcastas.

Segundo Delisle e Woodsworth (1998), os registros iniciais de interpretação

vieram dos próprios intérpretes, em forma de anotações gerais, cartas e diários. Os

documentos ou registros oficiais que, no geral, abordavam o assunto,o faziam com

olhar crítico, o que levava à marginalização da atividade, portanto não havia a

preocupação social de se registrar essa atividade. Conforme Theodor (1976, p. 16),

Historicamente a interpretação é mais antiga do que a tradução, que depende da palavra escrita, mas ela se subtrai à quantificação documentada, uma vez que reside exclusivamente no âmbito da palavra falada. Apenas desde a invenção dos meios de gravação tornou-se possível documentar a ação dos intérpretes.

12

2.2 A aparição dos intérpretes na história

As classificações aplicadas aos intérpretes ocorriam conforme os diversos

papéis que eles desempenhavam em suas sociedades, sendo a serviço do Estado

ou de uma região, em expedições exploradoras ou de conquistas, a serviço de

exércitos, para propósitos de paz ou guerras, apesar dessas categorias por vezes se

misturarem. Sabe-se que os intérpretes não passaram pela história como meras

testemunhas, de fato tiveram papel ativo em seu desdobramento, apesar da falta de

registros escritos (DELISLE; WOODSWORTH, 1998).

A história da interpretação tem sido construída como num mosaico de fatos,

pela falta de informações pontuadas cronologicamente. Isto talvez explique a razão

de ela ter despertado interesse entre os pesquisadores somente no século XX. O

Egiptologista Alfred Herman, em 1956, lançou um ensaio intitulado “Interpreting in

Antiquity” que se tornou um marco da pesquisa historiográfica da área; suas

referências ao Egito antigo, Grécia e Roma que têm sido levadas adiante por outros

pesquisadores, o tornaram um dos textos mais importantes para as pesquisas na

área.No Egito antigo, no final da Era das Pirâmides (2686-2345 a.C),se encontram

aparições cada vez mais frequentes de intérpretes nas inscrições de Elefantina

(atual Aswan), cujo governante, costumava ter o título de [chefe dos intérpretes].

(HERMANN, apud PÖCHJACKER; SHLESINGER, 2002, p. 16).

Conforme Schäffer e Torres (2012), os intérpretes egípcios não tinham

apenas um papel de mediação, também participavam como negociadores

comerciais na região de minas de cobre da Península do Sinai, local onde a língua

semítica era falada. Conforme Hermann (2002), no trono real da cidade de Mênfis,

os intérpretes também aparecem atuando de outras maneiras. Ser considerado

como “overseerofdragomans” indica que a interpretação era importante não somente

nas relações externas do Egito com países estrangeiros, mas também em sua

administração geral. Notamos pela própria expressão usada para designarmos a

interpretação, que o seu objetivo sempre foi suplantar a falta de entendimento

linguístico entre falantes que apresentavam grande disparidade cultural e linguística.

Herman (2002) nos indica que os egípcios tinham métodos sofisticados para a

sua época para o desenvolvimento da comunicação intercultural. Heródoto sugere

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que os primeiros recrutas a se tornarem intérpretes vieram do Egito, já que o faraó

Psammenthichis (663 – 610 a.C) cedia jovens egípcios aos colonizadores helênicos

para que aprendessem grego.

Na Grécia e Egito, o aprendizado de outras línguas era desprezado, a única

língua estrangeira que era aprendida era o grego, segundo Delisle e Woodsworth

(1998). Por questões econômicas e comerciais, havia pouco interesse em relacionar-

se com outras nações, já que essas eram consideradas bárbaras. Nessa época, os

intérpretes eram chamados de “Hermes”, ou seja, pessoa que age como

mensageiro.

Enquanto no Egito a definição deintérprete voltava-se para o lado intelectual

da ação, na Grécia e Roma o título tinha que ver com a ação em si; a palavra latina

interpresrefere-se àquele que entende o que o outro não consegue entender,

conforme definição dePöchjacker(2004); ou aquele que se posiciona entre duas

partes a fim de trazer sentido ao diálogo (HERMANN, 2002, p. 18).

Os romanos, ao contrário dos gregos e egípcios, davam muito valor às

línguas, visto que em suas escolas se ensinava o latim e o grego com a mesma

assiduidade; os romanos não tinham dificuldade em se comunicar com os gregos,

mas estes por sua vez precisavam com frequência de intérpretes, e aprendiam latim

apenas para poderem trabalhar na administração e justiça do governo,

conformeHermann (2002, p. 18).

Já os romanos devido a seu imenso território e frequentes conquistas, tinham

intérpretes espalhados por todo seu país e principalmente nas fronteiras territoriais,

agindo em diversas áreas como exercito, administração, comércio e até nas

atividades religiosas segundo Delisle e Woodsworth (1998, p. 258).

Na idade média, a procura pela interpretação se torna cada vez mais comum

devido principalmente a ações religiosas, como às cruzadas, relatadas nas crônicas

francesas e a conversão da Europa ao catolicismo. Percebe-se aí a importância dos

intérpretes na luta a favor da religião. Também nessa época desenvolveu-se o

comercio entre nações e as expedições mercantilistas que também levam a

popularização da interpretação.

Durante o período renascentista não foi diferente, o humanismo aumenta o

interesse europeu pelas línguas estrangeiras, o que leva a muitas expedições de

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exploração, conquista e formação de colônias (DELISLE; WOODSWORTH,1998, p.

259). Com o nascimento das nações europeias aumentam as línguas nacionalistas e

a interpretação se torna cada vez mais comum, fazendo parte dos discursos diários,

evidente em memórias, correspondência de políticos e diplomatas, assim como em

outras fontes históricas.

2.3 A interferência da interpretação nas guerras e negociações de paz

A literatura grega, graças à campanha napoleônica para invadir o Egito e a

Palestina (1785) nos rendeu as primeiras referências de intérpretes em situações de

guerra, segundo Delisle e Woodsworth (1998); tradutores e intérpretes

conhecedores do francês e do árabe também participaram como secretários e

intérpretes do exército acompanhantes de Napoleão.

Relatam Delise eWoodsworth (1998) que, em 1753, o presidente George

Washington fez uso de intérpretes para negociar com os franceses e pedir ajuda

para os índios. Na revolução americana, foi chamado um especialista militar

prussiano que falava francês para reorganizar os exércitos americanos, que

negociou seu contrato com Benjamin Franklin que, na época, era um representante

norte-Americano na França que não falava francês e, por isso, levou da America um

intérprete e secretário militar.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o inglês, o francês e o alemão usados

para todas as negociações, sendo o francês considerado a língua da diplomacia, o

que gerou a necessidade de intérpretes por toda a guerra. Ao final da guerra e

períodos de negociação e paz, o inglês se tornou a língua de negociação.

Apesar dos milênios de atuação e importância para a história, apenas no

século XX, segundoPöchhacker (2004), a interpretação foi reconhecida como

profissão. E para Delisle e Woodsworth (1998), o evento responsável por essa

mudança foi a Conferência de Paz de Paris, de 1919, que sedimentou a

interpretação como profissão, marcando um momento de transição nas relações

internacionais, já que a partir desse momento há uma abertura para o bilinguismo e

o multilinguismo.

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2.4 O Brasil e a interpretação

Desde a chegada dos portugueses no Brasil já vemos a operação de

intérpretes, já que segundo levantamento de Wyler (2003), corroborado por Pagura

(2010) eNejm (2011), a interpretação ocorre no Brasil já em 1500; inicialmente os

que a praticavam eram chamados “línguas”, cujos nomes Afonso Ribeiro, Caramuru

e João Ramalho constam na história como os primeiros intérpretes brasileiros.

Conforme Wyler (p. 36), era comum termos piratas, corsários e colonizadores

de diversas nacionalidades europeias passando pelo Brasil legal e ilegalmente, por

longos períodos de permanência, o que contribuiu para fortalecer o plurilinguismo e

com isso aumentar o número de intérpretes, por períodos que foram além do

colonialismo.

Segundo Delisle e Woodsworth (apud WYLER), na expedição dos

Hunguenotes ao Brasil realizada por franceses protestantes, os aventureiros

contavam com ajuda de intérpretes não nativos, que já haviam se integrado à cultura

nacional. De acordo com os autores, os franceses fizeram relatos de tais intérpretes

normandos integrados na cultura dos nativos e fluentes de sua língua;, portanto

participavam dos comércios ambulantes que os franceses e portugueses realizavam

na costa.

A interpretação era uma profissão muito valorizada; quando bem feita podia

garantir além de um bom sustento, a própria vida. Conforme relatos de Wyler (2003

p. 37), em certa ocasião um francês foi poupado da forca pelo governador Tomé de

Souza, porque ele era um “grande língua”.

A institucionalização do intérprete brasileiro passou por diversas áreas de

atuação, que foram de auxiliar de confessor a sertanistas. Conforme a autora (p. 38-

39), é dessa forma que o intérprete participará da história: “ele participará na

construção de estradas e postos de telegrafia a cargo do Exército, nos serviços

públicos de colonização e no contato com os índios ‘bravios’ até os séculos XIX e

XX”.Porém, os jesuítas, com sua chegada em 1549 começaram a substituir os

línguaspelos missionários e alunos que se dedicaram ao estudo da língua franca

falada pelos nativos da costa brasileira, transformando os mamelucos em intérpretes

da sociedade colonial.

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Com a abertura dos portos para o comercio exterior em 1808, muitos decretos

são criados, incluindo um decreto histórico que “cria um Intérprete para as visitas

dos navios estrangeiros que entram no Porto do Rio de Janeiro” (WYLER,2003, p.

42). Tais decretos levam à necessidade da criação de normas para a atuação dos

intérpretes, incluindo o pagamento de impostos anuais e a proibição de mulheres

atuando como intérpretes. Assim, a partir da proclamação da república em 1889, as

juntas comerciais tiveram autoridade para escolher seus intérpretes; somente na

década de 1940 surgiu um decreto dizendo que poderiam se abrir concursos para a

escolha de intérpretes, o que assegurou a atuação de mulheres na interpretação.

Edith Van de Beuque revoluciona o mercado de interpretação na década de

1950, ao treinar um grupo de intérpretes de consecutiva para trabalharem com

simultânea. Na época, usaram o equipamento móvel da IBM, o único no país até

então. Segundo Nejm (2010, p. 33), o equipamento ajudou o grupo no novo mercado

de palestras, seminários e conferências internacionais.

Na década de 1960, surgiram as primeiras associações de intérpretes em

defesa da profissão; no fim da década, de acordo com Wyler (2003, p. 46), foram

criados cursos de habilitação de intérpretes (PUC/RJ); em 1971 foi criada a APIC

(Associação Paulista de Intérpretes de Conferência) que tinha por objetivo regular o

mercado de interpretação pelos modelos da AIIC (Associação Internacional de

Intérpretes de Conferência),de Genebra, Suíça.Esses acontecimentos foram de

grande importância para a história da interpretação principalmente porque acabaram

com o monopólio de interpretação simultânea dominado pelo grupo de Beuque.

Em 1974, Paulo Rónai e Raimundo Magalhães Junior lideraram um grupo de

intelectuais na criação da Associação Brasileira de Tradutores (ABRATES), o que

Segundo Wyler (2003, p. 48) teve influência na criação do decreto nº 82.990, de 5 de

janeiro de 1979, que insere o intérprete no grupo de ‘outras atividades do ensino

superior’.

Para finalizar esta seção, citamos Delisle e Woodsworth (2008, p. 259),

quando defendem que:

Por menos substanciais que tenham sido os anais da história no que respeita à interpretação, por mais fragmentados os registros existentes, há agora um testemunho amplo do papel desempenhado pelos intérpretes que devotaram sua vida a essa profissão, assim como daqueles que a exerceram circunstancialmente. No entanto,

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tenham escolhido sua profissão ou tenham sido escolhidos por ela, o certo é que os intérpretes ajudaram a fazer a história.

Consideramos ser de grande importância o entendimento de como chegamos

onde estamos hoje, para entendermos e valorizarmos nossa profissão.Poucos se

dão conta da importância que a interpretação teve por toda a história e mais ainda

hoje, em um mundo que não funciona sem relacionamentos internacionais, por isso

nosso primeiro capítulo foi dedicado à historiografia da interpretação; nos capítulos

que se seguem falaremos mais sobre o que é a interpretação e as experiências que

tivemos na prática de interpretação.

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3COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO INTÉRPRETE

A interpretação não é tarefa que pode ser realizada por qualquer um, pois ela

exige que quem a pratica tenha as competências necessárias que se dividem em

quatro categorias básicas, segundo Frishberg (1990 p. 25): habilidades linguísticas,

habilidades interpessoais, oralidade e comunicação intercultural. Além das

competências mencionadas, um bom intérprete também precisa de uma sólida base

de teoria. Portanto, dedicamos essa seção para o entendimento dessas

competências.

3.1Habilidades linguísticas

Conforme Frishberg, a fala do intérprete deve ser exemplar e com poucas

marcas de sotaque e ele deve ter a habilidade de compreender diversos sotaques;

sua fala não pode ser monótona, deve sempre atrair atenção para si e procurar

transmitir o “ânimo” do palestrante. Além disso, deve ter sempre em mente um

glossário amplo de diversas áreas terminológicas. SegundoHerbert (1968),o

intérprete deve se adaptar e estar atento às nuanças do discurso, aperfeiçoando os

termos técnicos principalmente em círculos acadêmicos. Outro ponto importante é

adequar o nível da fala à audiência, como explicado na subseção 3.3, a seguir.

3.2 Habilidades interpessoais

Em novas situações, o intérprete deve rapidamente avaliar sua audiência para

descobrir a melhor forma de interação para ganhar sua atenção para, então segundo

se certificar de que todos que assistem à interpretação estejam familiarizados com o

funcionamento do intérprete (FRISHBERG, p. 27)

Conforme a autora supracitada, o intérprete deve funcionar como um guarda

de transito, dando ritmo à interpretação, dizendo quando ela deve ser pausada e

quando deve continuar, assim cuidando para que a interpretação flua da forma mais

19

natural possível; para isso, ele precisa fazer uma leitura cuidadosa e julgamento do

palestrante e de seu discurso.

Ao contrário das teorias de interpretação modernas como a de Frishberg (p.

29), que diz que o intérprete deve fazer pausas para cuidar de necessidades

pessoais, como beber água, mesmo que o palestrante não faça o mesmo, as teorias

passadas diziam que os tradutores e intérpretes deveriam se anular completamente,

o que não é possível; prova disso está no fato de que se o mesmo discurso fosse

interpretado por duas pessoas diferentes, ele nunca seria interpretado da mesma

forma, pois seguindo o pensamento de Schäffere Torres (2012), nós não falamos a

língua, mas é a língua quem nos fala. Pessoas diferentes têm perspectivas e

percepções diferentes de uma mesma sentença ou palavra.

Suponhamos que estejamosinterpretando em uma grande conferência, na

qual o palestrante admite nunca ter sido interpretado; durante a palestra, ele se vira

para o intérprete e pergunta se está falando muito rápido. Tal pergunta pode, de

fato, ser direcionada tanto para o intérprete como para aaudiência, mas pelo olhar

do palestrante e sua repentina mudança no tom de voz, percebe-se que a pergunta

foi direcionada ao intérprete, ao que os intérpretes, no geral, evitariam erroneamente

responder a pergunta. Seus esforços para se manter profissionais, podem confundir

o palestrante e suponhamos que ele estivesse de fato falando rápido demais para

ser interpretado, o intérprete perderia a chance de amenizar seus esforços de

compreensão.

3.3 Oralidade

O bom intérprete deve ter total controle de sua oralidade para poder

expressar as nuanças que cada nível da oralidade possui. ParaJoos (1967), existem

cinco níveis de formalidade na oratória, e os exemplos das extremidades desses

níveis seriam, no sentido mais íntimo, uma conversa entre cônjuges; no mais formal,

uma leitura doutrinária para o Papa. O intérprete deve adequar a formalidade de seu

discurso de acordo com o nível de formalidade apresentado pelo palestrante.

As habilidades oratórias incluem: controle respiratório, variedades de

entonação, volume e qualidade vocal. Da mesma forma que uma pessoa desafinada

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não serve para se profissionalizar na carreira de cantora, pessoas gagas, fanhas e

com vozes estridentes não seriam bem sucedidas na interpretação.

3.4 Comunicaçãointercultural

Os intérpretes se depararão com falantes de um leque cultural amplo. Por

exemplo, nós já interpretamos chineses, colombianos, uruguaios, austríacos,

canadenses e americanos. É importante reconhecer que cada nação tem uma

cultura diferente e isso inclui a forma de se relacionar com as pessoas. Outra

questão a se considerar é a idade do falante: pessoas de mais idade, por mais que

venham de um país de cultura similar têm, por vezes, outra perspectiva de

formalidade em relacionamentos.

Segundo Frishberg (1990, p. 31), o intérprete deve estar mais que

familiarizado com as diferenças culturais; ele deve ser capaz de fazer a mensagem

transpor a barreira cultural. Já Cokely (1984) aponta para a importância de não se

fazerem traduções literais ao se interpretar para a linguagem de sinais, mas esse

princípio também se aplica à interpretação para ouvintes, principalmente com a

tradução de expressões que muito normalmente, se traduzidas ao pé da letra, não

serão compreendidas ou não terão o mesmo impacto que uma expressão

equivalente na LA (língua alvo). Podemos usar como exemplo a expressão

“It’snoneofyour business”; esta literalmente seria traduzida como: “Isso não é de

nenhum de seus negócios” —tal tradução não surtiria nenhum efeito, além de

confusão entre os ouvintes,diferentemente se traduzido como: “Não é da sua conta”

a mensagem seria transmitida. Isto demonstra a importância da desconstrução e

reconstrução que o intérprete deve fazer mentalmente em questão de segundos.

Herbert (1968) ao falar da tradução de provérbios e metáforas diz que a tradução

literal não é aceitável e encoraja o intérprete a encontrar uma expressão equivalente

na LA

Um ponto notável na interpretação de falantes de diversas culturas é o

comportamento do falante com relação à fala. Conforme Frishberg (1990 p. 31), um

exemplo é o overlap:definido como os instantes em que o palestrante está

terminando uma sentença e o intérprete começa sua fala, fazendo uma

21

sopreposição, ou vice versa, no geral, como observado pela nossa prática. As

culturas orientais mostram menos aceitação quanto à tendência ao overlap que as

ocidentais;muitos palestrantes veem isso como uma forma de recuperar seu tempo

de fala reduzido pela presença de interpretação, enquanto que em uma cultura

oriental, poderia ser considerado falta de respeito interromper a fala de outra

pessoa.

3.5 Ateoria por trás da prática

Até o século passado não havia cursos de interpretação, os intérpretes

dispunham apenas de seu conhecimento da língua para desenvolverem o trabalho.

Hoje com a facilidade para encontrar cursos de tradução, o mercado se torna cada

vez mais exigente quanto à formação do intérprete. Segundo Seleskovitch (2010 p.

105-106), é essencial que o intérprete seja qualificado e tenha recebido treinamento

para desenvolver suas habilidades de análise, compreensão e concentração para o

sucesso de uma interpretação; não é necessário, por outro lado, ter conhecimento

aprofundado de nenhuma área específica além das línguas.

Popularmente se tem uma noção equivocada de que para realizar uma boa

interpretação só se precisa ter conhecimento da LA, o que leva pessoas sem o

preparo necessário a se aventurarem na interpretação, resultando em desempenhos

pobres, principalmente na interpretação consecutiva. Porém um intérprete não

qualificado não consegue ficar impune por muito tempo, já que sempre haverá

alguém assistindo à interpretação com conhecimento suficiente da LO (língua de

origem) para julgar a interpretação. Frishberg (p. 34) diz “...a interpretação requer um

período de estudos devotados...”

Para Nejm,

Com o desenvolvimento tecnológico de equipamentos de interpretação, cresce a necessidade de treinamentos especializados, e com o surgimento de escolas, cursos e treinamentos voltados aos intérpretes, cresce a visibilidade e a importância da profissão.

22

4 RELATO DE EXPERIÊNCIA

A ideia inicial de apresentar este relato de experiência surgiu dos obstáculos e

dificuldades encontrados nas experiências iniciais de intérpretes trabalhando com

interpretação de forma geral. Este relatoenfatiza a partir da seção 4.2, as

experiências tidas pela autora deste trabalho que, como aluna do curso de Tradutor

e Intérprete, em processo de estágio,esboça e discute as dificuldades enfrentadas

durante o processo, apresentando a partir da prática, dicas de como transpor tais

problemas.

4 1 A interpretação e seu processo

Para tentar entender o processo da interpretação, podemos dividi-lo em três

partes, conforme Herbert (1968): a compreensão,a conversão e a entrega. Na parte

de compreensãoo autor inclui a habilidade de perceber a mensagem original, para a

qual ele precisa de conhecimento íntimo da língua e da cultura do falante, além da

educação do intérprete tanto em assuntos gerais quanto em questões específicas. A

conversão não significa interpretar palavra por palavra literalmente, envolve fazer

uma transferência de valores da LO para a LA, e a habilidade de transpor problemas

que possam aparecer.Herbert (1968, p 24-29) cita seis categorias de problemas que

podem surgir: provérbios e metáforas; alusão a obras literárias; piadas ou histórias;

erros do palestrante; material ambíguo e obscuro; e leitura de documentos que o

intérprete não tem.

As habilidades respectivas à entrega incluem o controle dos órgãos

responsáveis pela articulação da fala e da respiração, uso de gestos e acentuações,

acompanhamento do ritmo do palestrante e boa instrução como orador, de forma

geral. Goldman-Eisler (1968) define a tarefa do intérprete da seguinte forma:

A tarefa do tradutor é transformar as expressões verbais e manter o conteúdo, i.e., transformar o discurso na versão mais fiel imaginável... e ele deve transpor o conteúdo da passagem original. Se a tarefa é traduzir de forma fiel, ele está livre de decisões de conteúdo e suas decisões sintáticas e léxicas estão livres apenas dentro dos limites do texto e de seu conteúdo.

Conforme Seleskovitch (1978, p 53–54), é bom para o intérprete formar uma

opinião sobre o discurso, apenas para poder compreender o ponto de vista do

23

palestrante e, assim, traduzi-lo de forma mais fiel.Quanto à compreensão da

mensagem, suponhamos que estamos interpretando um alpinista e ele mencione em

uma metáfora, algo como: “thenightscreening”; “screening” pode significar “triagem”

ou “proteção”, ambas as opções fazem sentido, mas dão conotações diferentes à

mensagem; devido ao conhecimento que você tem do palestrante, pode

decidirinterpretar como“proteção”, o que mais à frente se mostra a opção que melhor

se encaixa no discurso do orador. Conforme Seleskovitch (2010, p. 25), é importante

sempre saber alguma coisa sobre o palestrante previamente, pois isso pode ajudar a

dar dicas sobre o significado de sua mensagem.

Quando o intérprete tem certeza de que o palestrante cometeu um erro,

Herbert (1968) sugere que o intérprete corrija o erro ao interpretá-lo, mas caso haja

dúvidas, ele aconselha que o intérprete continue seguindo o palestrante, mas dá

dicas de como indicar ao palestrante se ele cometeu ou não algum erro: diminuir o

tom de voz e falar de forma mais devagar pode funcionar, ou o intérprete pode pedir

para que ele repita a sentença, como se não a tivesse compreendido da primeira

vez.

Ainda que o intérprete tenha domínio sobre o processo da interpretação, isso

não é o suficiente para garantir que a interpretação será a melhor que ele tem

condições de desenvolver, já que fatores externos também podem ter fortes

influências na qualidade do trabalho desenvolvido. ParaSeleskovitch (2010, p. 108),

dentre elas podem estar a qualidade do sistema de som, a sobrecarga do intérprete

quanto à carga horária, ou mesmo se o palestrante está passando sua mensagem

de forma incompreensível. Essas são questões das quais não temos controle dentro

de uma interpretação.

4.1.1Primeira ou terceira pessoa

Ao interpretarmos, tanto em simultânea como em intermitente sempre nos

referimos ao palestrante, na primeira pessoa, já que somos adeptos à teoria de

Frishberg (1990, p.71), que aconselha o seguinte:

Tem sido debatido, de tempos em tempos, se é melhor interpretar tomando o papel de cada palestrante, usando a primeira pessoa ou representar cada pessoa na terceira pessoa. A prática aceita

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atualmente... é a de usar a primeira pessoa. Existem duas razões para a adoção desse hábito. Primeira, ele evita muitos possíveis mal-entendidos. O intérprete tem menos chances de se confundir entre o cliente como “ele” e a pessoa que o cliente se refere como “ele”. Apenas as ambiguidades trazidas pelo cliente permanecerão, quando alguém for “eu” para a outra pessoa. Segunda, como mencionado acima, a prática de se referir na primeira pessoa permite a ilusão que as partes que não compartilham a mesma língua podem se comunicar diretamente. Isso ajuda a acostuma-los a falar um com o outro e não se direcionarem ao interprete.

Segundo pensamentos de Pagura no II Encontro: E por falar em tradução...

em: 18/10/2012: O intérprete não é contador de histórias, é a voz do orador, portanto

toda interpretação deve ser feita em primeira pessoa, indiferente de sua modalidade.

4.2 Conferência internacional de filosofia científica das origens

Iniciamos esta seção descrevendo sobre anossa primeira interpretação feita

como requisito de prática profissional, fora da sala de aula. Foi em novembro de

2010,em um congresso científico na Bahia,com cerca de 300 pessoas,

cujasáreasdas palestras eramGeologia e Química; o palestrante era um especialista

em geologia, PhD pela Universidade de Loma Linda, Califórnia. Entre os pontos

discutidos, ele abordou a questão das origens, placas tectônicas, tipos de rochas,

carbono 14, entre outros.

A nossa principal preocupação no começo da interpretação foi de nos

perdermos no meio de tantos termos científicos. Masalgo que ajudou muito a

mantermos a calma foi a existência de uma equipe de apoio em todos os momentos

dos três dias em que as palestras ocorreram: tínhamos um professor conosco,

justamente o responsável pela disciplina de prática de interpretação, além de duas

colegas de curso, na primeira fileira do auditório para nos ajudar com qualquer

palavra que não nos fosse familiar.Além disso, embora a terminologia sempre seja

uma preocupação, neste caso acabou não sendo; talvez isto se explique pelo fato de

as áreas científicas trazerem na sua terminologia termos de raiz latina;isto facilita a

compreensão e a assimilação. Na área de geologia, por exemplo, os termos em

inglês têm traduções muito literais, como platetecthonics,continents etc. No entanto,

a precisão em pequenos detalhes como a tradução de rocks como “rochas” e não

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“pedras” enriqueceu e fez diferença na palestra. Esta situação remete aFrishberg

(1990, p. 65), para quem a “precisão significa que o intérprete vai fazer uma

avaliação da audiência, vai compartilhar o entendimento da intenção do palestrante

quanto à mensagem, e será capaz de entregar a mensagem da LO para a LA”.

Outro ponto de extrema importância foi a possibilidade ter acesso ao material

das palestras (em forma de power points), um dia antes delas ocorrerem o que, de

certa forma, nos deixou intérprete mais confiantes.

A experiência deste primeiro contato fora de nossa base foi uma novidade,

mas o que mais a diferenciou das interpretações seguintes foi o nível de

cientificidade das palestras trabalhadas e a necessidade sentida de comentários

afirmativos quanto ao sucesso no cumprimento da nossa tarefa, após cada etapa da

conferência, devido à insegurança sempre normal causada pelo impacto inicial em

uma situação de trabalho fora da segurança da cabine da sala de aula.

Cinco minutos antes de assumir pela primeira vez a posição de intérprete, o

nervosismo tomou conta, as mãos suaram e calafrios percorreram a espinha, a

ponto de quase desistir já que o professor estava lá e poderia interpretar a palestra,

em caso de desistência;naquele momento,a maior motivação era saber que uma vez

que um medo é enfrentado, sua superação se torna mais fácil, enquanto que, se

você cede uma vez, se torna muito mais difícil enfrentá-lo posteriormente. Sobre

isso, enfatizamos o que Kent (2012):

Quando escolho um caminho de crescimento pessoal, tenho de enfrentar situações assustadoras. No dia em que não acontece nada que nos assuste um pouquinho, é bom tomar cuidado. Talvez tenhamos parado de respirar. Novas oportunidades e novos desafios trazem consigo inúmeras situações assustadoras com as quais temos de lutar.

Isto posto, percebe-se que qualquer experiência inicial traz temores, mas é

importante enfrentá-la para poder crescer com as experiências novas e

principalmente com os erros que cometemos pela inexperiência.

26

4.3 Mestrado de liderança da Andrews

Poucos meses depois do congresso na Bahia em janeiro de 2011, ocorreu o

primeiro módulo do curso de mestrado em liderança na instituição (UNASP),

oferecido pela universidade Andrews,de Mishigan, USA. O mestrado é oferecido nos

meses de janeiro e julho para profissionais que não podem parar suas atividades

durante o semestre. Esse foi um projeto em que os alunos estagiários de

interpretação participaram continuamente nas férias de janeiro de 2011, julho de

2011 e janeiro de 2012. Diversos alunos do curso de tradutor e intérprete

trabalharam nessas férias. O principal intérprete responsável pela interpretação das

aulas era o coordenador da disciplina de Prática de interpretação, que convidou

todos os alunos que se sentissem aptos à tarefa para participarem e ganharem

horas de estágio. Os alunos que aceitaram o desafio tiveram nestes meses sua

primeira lição de ética na interpretação, já que conforme Frishberg (1990, p. 61):

Quando é tomada a decisão de envolver um intérprete, os clientes entram com um ato de confiança; eles confiam que o intérprete será preciso e que ele reconhecerá ou admitirá quando a situação exigir habilidades, experiência ou preparação que ele ou ela não possui.

O diferencial dessa experiência foi que quando não estávamos interpretando

os professores de língua inglesa para os participantes do mestrado, de forma

intermitente, estávamos interpretando as palestras dos professores brasileiros

através da técnica de tradução sussurrada; mais adiante, quando os alunos tiveram

que defender seus portfólios, também tínhamos que intercalar as apresentações

com as aulas.

Em diversos dias tivemos uma jornada árdua: interpretamos das 8h30 da

manhã às 19h, com pausas para as refeições. Era notável que nas manhãs

seguintes, após dias de intensa atividade interpretativa, nossa mente não funcionava

no mesmo ritmo, e percebia-se isso ao não conseguir pensar em palavras comuns

ao uso, em interpretações ordinárias; isto acontecia principalmente depois de dias

praticando muita interpretação sussurrada, na qual a interpretação sempre era feita

do português para o inglês e de forma simultânea. Muitas vezes o palestrante se

esquecia de que alguém estava fazendo interpretação simultânea enquanto ele

falava e mantinha um ritmo de discurso acelerado, para poder falar tudo o que era

possível sem extrapolar o tempo, o que se tornava bastante difícil de acompanhar.

27

Foi de vital importância cuidar das horas de sono nesses dias de intensa

interpretação, para a mente poder ter o maior repouso possível; além disso, também

foi importante manter a garganta hidratada para não perder a voz após tanto tempo

falando sem parare não abusar das refeições para manter a mente clara e limpa.

O nutricionista Chuck Homuth(2012) afirma quanto à alimentação saudável

que “uma dieta saudável que atende as necessidades especificas do cérebro pode

ajudar neurônios alcançar um equilíbrio químico satisfatório”.Outra especialista da

área, Regina Célia Pereira (2012), afirma que “uma mistura de minerais, vitaminas e

gorduras é a receita certeira para o bom funcionamento do cérebro”; Quanto à

importância do sono, ela afirma, “o sono é essencial para manter uma mente

equilibrada e um corpo saudável. Ele dá ao corpo a possibilidade de se regenerar e

ajuda a curar”.

Por muitos dias, depois das aulas, os professores se reuniam para discutir

sobre os alunos e sobre alterações no plano de curso que deveriam ser feitas. Como

nem todos os professores participantes do programa falavam inglês e, para que o

diretor do programa não precisasse interpretar intermitentemente e prolongar as

reuniões, optou-se por pedir que os alunos estagiários interpretassem nessas

reuniões de professores também. Nessa situação, tivemos que aplicar uma segunda

lição de ética que Frishberg (1990), nos apresenta:

Eles confiam que o intérprete não se envolverá emocionalmente com as questões apresentadas na interpretação. Eles confiam que o interprete será discreto quanto ao conhecimento adquirido durante a interpretação ou resultante da situação de interpretação.

No ultimo módulo, a universidade Andrews enviou uma professora uruguaia;

ela estava dando suas palestras em inglês e ter um falante de língua latina fazendo

palestras em Inglês normalmente traz problema, pois os ouvintes acham que as

traduções tomam muito tempo e querem que a palestra seja feita em espanhol, o

que não costuma funcionar, porque além do espanhol e o português não serem tão

similares quanto aparentam, essas línguas apresentam falsos cognatos. Depois que

a professora percebeu que não funcionaria dar aulas em espanhol, pois não havia

compreensão satisfatória, começamos a fazer as interpretações desta professora;

logo nos deparamos com uma possível complicação: interpretar alguém que

entendia o que você estavatraduzindo equivalia também a entender qualquer erro

que você viesse a cometer. Enquanto estávamos interpretando, a palestrante

28

apresentou a frase: “He hadbeenwounded”, que interpretamos como: “ele havia sido

machucado”;a professora imediatamente nos olhou e corrigiu dizendo: “herido”.

Diante disso, tivemos que refazer a frase como: “ele havia sido ferido”. Isso

demonstrou a importância da exatidão cognitiva na interpretação. Quanto à exatidão

cognitiva, Herbert (1968) defende que a tradução deve se igualar em estilo e

gramática à LO e, em uso, a um bom palestrante na LA.

4.4 Concílio de mordomia

Em março de 2012 fomos convidados para interpretar em um concílio de

mordomia, para tesoureiros da IASD. Esta ocasião foi a nossa primeira experiência

de interpretação sem a presença de colegas de estágio ou de professores para nos

auxiliar. O concílio durou de sexta-feira a domingo, mas o convidado internacional

falou apenas no sábado. Tivemos a oportunidade de conversar com o palestrante

que interpretaríamos algumas horas antes da interpretação começar, mas esse

pequeno contato já foi importante, visto ser ele um senhor colombiano que tinha um

sotaque acentuado; também tivemos acesso aos seus power points, o que foi de

grande ajuda, já que pudemos pesquisar termos que não conhecíamos e que seriam

usados na palestra. Além de sua palestra sobre mordomia no período da manhã, o

palestrante também fez um breve culto no período da tarde.

Por se tratar de um palestrante de fala espanhola, tivemos o mesmo problema

relatado sobre a experiência com a professora uruguaia, mas ele não aceitou falar

em espanhol, pois estava acostumado a ser interpretado, o que é sempre uma

vantagem para o intérprete já que ele era cuidadoso para não fazer sentenças muito

longas, nem falar muito rápido ou usar palavras estranhas ao cotidiano, exceto as

terminologias. Ao conhecer a pessoa para a qual interpretamos, é sempre válido

perguntar se ela tem experiência em ser interpretada; caso não tenha, sugerimos

que o intérprete sempre dê as três sugestões acima para o palestrante.

No decorrer da interpretação, nos deparamos com um problema quando ele

começou a falar sobre “theendofthe world”; por causa de seu sotaque, não

conseguimos identificar se ele havia dito “world” ou “war”, por isso, na primeira vez

que ele usou a sentença, nós a traduzimos como”theendofthe ‘war’”; pelo contexto,

29

conseguimos em seguida entender que de fato ele queria dizer “world”; por mais que

fosse desconfortável, tivemos que interromper o andamento da interpretação para

corrigir o nosso erro, e dali prosseguir interpretando como “world”. É importante que

o intérprete se corrija e volte atrás quando comete erros que comprometem o

entendimento da comunidade alvo e, com isso, não deixe os que lhe assistem

confusos ou mesmo achando que o intérprete não sabe o que está dizendo.

Essa experiência foi importante, pois nos mostrou que podíamos superar os

obstáculos naturais de uma interpretação e realizar um bom trabalho por conta

própria, nos fazendo sentir mais confiantes para ingressar no mercado, após a

conclusão do curso.

Todavia, esta não foi a única ocasião em que tivemos que interpretar alguém

com sotaque que apresentavam dificuldades para a execução de nosso trabalho;

certa ocasião, interpretamos um chinês cujo sotaque consideramos um dos mais

difíceis de entender que já enfrentamos.Quando perguntamos se ele usaria Power

points, sua resposta foi literalmente “no ‘powel’ pointi”;foi uma tarefa desafiadora,

pois em média, a cada cinco sentenças do palestrante, tínhamos que interrompê-lo

para perguntar alguma palavra ou mesmo a sentença toda que não havíamos

entendido.Esta experiência mexeu bastante com a nossa confiança, assim como

deve afetar a de qualquer intérprete iniciante, mas por outro lado, nos ensinou a

mantermos a calma em situações onde não sentíamos que tínhamos o controle do

que estávamos fazendo, e foi essa calma que nos permitiu realizar a interpretação

até o fim.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante uma boa parte da história da humanidade, a interpretação foi

menosprezada, o que levou à falta de conhecimento que temos sobre o seu

passado, mas isso não impediu o seu desenvolvimento, já que a interpretação

ajudou em todo o desenvolvimento de relações entre países. Hoje, felizmente, a

situação mudou, a interpretação agora tem um espaço bem definido no mercado e

se tornou um campo merecedor de estudos.

Neste trabalho tentamos explicar de forma simples o que é ser um intérprete,

o que é necessário para que uma boa interpretação ocorra, além de trazer algumas

dicas para intérpretes inexperientes, porque sentimos que ainda não temos literatura

suficiente disponível, limitando as possibilidades daqueles que se interessam pela

área, pela falta de informações. A interpretação tem evoluído,desafiando os

intérpretes a se manterem atualizados com suas mudanças e apresentarem um bom

nível de trabalho para a valorização da profissão e do próprio serviço.Intérpretes

noviços têm a seu favor a possibilidade dos estudos e de um treinamento artificial

que não se tinha, portanto, não têm desculpas para não desenvolverem um

excelente trabalho, que não sejam os fatores externos. O mercado de interpretação

é muito exigente, a inserção nele funciona quase que como uma máfia, onde não é

possível se inserir sem ter contatos, principalmente no eixo Rio de Janeiro – São

Paulo; por isso é importante que durante seu período de estudos, o estagiário tenha

o máximo de experiências bem sucedidas, a ponto de lhe darcredibilidade e servir

como referencial para outros contatos na profissão,

Comparado com outros países, o Brasil oferece hoje uma das melhores

situações para intérpretes do mundo, pois o mercado está aquecido, e essa situação

só tende a melhorar, abrindo espaço para a atuação de intérpretes nas mais

diversas áreas, desde o setor público a intérpretes acompanhantes. Não podemos

perder de vista que é muito importante para o intérprete se relacionar bem com seus

colegas de profissão, já que são estes que o indicam para novas oportunidades

muitas vezes.Outro ponto crucial para o sucesso de um intérprete é sua sede por

conhecimento; sabemos que a interpretação é a profissão do improviso, portanto é

muito importante saber de todos os acontecimentos da atualidade para estar

31

melhorpreparado a enfrentar desafios que possam surgir na interpretação, além do

que já se espera .

Por meio de nossa experiência, afirmamos que desde que o estagiário já

esteja preparado, ele deve ser introduzido a experiências reais de interpretação o

quanto antes ponto, considerando-se que isto o tornará mais apto a ingressar no

mercado, pois já terá uma noção mais ampla dos fatores envolvidos em uma

interpretação e de tudo que a envolve;dentre esses fatores, enfatizamos o

psicológico,pois uma vez familiarizado com as pressões da profissão logo no início

dos seus estudos, mais tranquilidade e controle emocional terá.

Apesar de termos trabalhado por vários dias horas além das permitidas pelas

leis dos estagiários, fizemos isso de forma voluntária para o nosso aprendizado e

não sugerimos que outros estagiários façam o mesmo.

Através das pesquisas realizadas para o desenvolvimento deste trabalho

aprendemos mais sobre o processo da interpretação e as etapas mentais que

ocorrem, como a compreensão, a conversão, que na tradução dividimos em

desverbalização e reverbalização, pois já que não traduzimos literalmente,

precisamos desverbalizar o conceito criado na LO e reconstruí-lo na LA e, por fim, a

entrega da mensagem, na qual desenvolvemos nossas habilidades de

oralidade.Tudo isso se passa de forma muito rápida e de difícil sistematização e

compreensão lógica, parecendo não ser possível; é por isso que Campos (1986)

compara a tradução a um besouro, pois suasasas curtas e seu corpo rombudo tem

tudo para não voar, e mesmo assim ele voa.Assim é a interpretação, têm diversas

barreiras linguísticas que tem tudo para impedir o seu funcionamento, mas mesmo

assim ela acontecee graças a ela a comunicação interlingual tem sido possível.

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