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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES CURSO DE NUTRIÇÃO PREVENÇÃO DE CARÊNCIAS NUTRICIONAIS ENTRE CRIANÇAS E GESTANTES RAPHAELA PEIXOTO AZEVEDO RIO DE JANEIRO 2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE

INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE NUTRIÇÃO

PREVENÇÃO DE CARÊNCIAS NUTRICIONAIS ENTRE CRIANÇAS E

GESTANTES

RAPHAELA PEIXOTO AZEVEDO

RIO DE JANEIRO

2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE

INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE NUTRIÇÃO

PREVENÇÃO DE CARÊNCIAS NUTRICIONAIS ENTRE CRIANÇAS E

GESTANTES

RAPHAELA PEIXOTO AZEVEDO

RIO DE JANEIRO

2017

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Nutrição do

Centro Universitário IBMR/Laureate

International Universities, como parte

dos requisitos para obtenção do Título

de Bacharel em Nutrição.

Orientadora: Prof.ª Omara Machado

Araújo de Oliveira

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RAPHAELA PEIXOTO AZEVEDO

PREVENÇÃO DE CARÊNCIAS NUTRICIONAIS ENTRE CRIANÇAS E

GESTANTES

Banca examinadora composta para defesa de Trabalho de

Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em

Nutrição

Aprovada em: ____________ de ____________ de____________

Presidente e Orientador: _________________________________________

Membro Avaliador: ______________________________________________

RIO DE JANEIRO

2017

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me permitido chegar até aqui. Por ter guiado

meus passos e iluminado meus caminhos.

Aos meus pais e minha família por terem acompanhado cada evolução minha e não

terem permitido que eu desistisse.

Aos amigos que acreditaram no meu potencial, por todo apoio e incentivo.

Aos meus mestres, professores, e em especial à minha orientadora Omara. Acredito

que, nessa estrada sua ajuda foi fundamental! Obrigada.

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“Qual pai, dentre vós, se o filho lhe pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma

cobra? Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?

Ora, se vós, apesar de serdes maus, sabeis dar o que é bom aos vossos filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo àqueles que lho

pedirem!”

Lucas 11:11-13

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AZEVEDO, Raphaela Peixoto. Prevenção de carências nutricionais entre crianças e gestantes. Rio de Janeiro, 2017. 31p. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Nutrição, Centro Universitário IBMR/Laureate International Universities.

RESUMO

Crianças e mulheres em idade reprodutiva são os grupos mais vulneráveis a carência de micronutrientes como ferro, ácido fólico e vitamina A, de considerável importância na manutenção das funções vitais, como crescimento e reprodução. Sendo assim, é fundamental que ações de prevenção sejam adotadas pelo Governo, com vistas a eliminar ou minimizar os déficits. Este trabalho teve como objetivo mostrar a importância das ações de prevenção das carências nutricionais para melhora do perfil nutricional da população sob risco. O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura, embasada em artigos científicos encontrados nas bases de dados Scielo e Pubmed, acerca das consequências das carências nutricionais e dos programas do governo para prevenção destas. Os dados foram de publicações entre 1994 a 2017. As ações do governo para a prevenção das carências de ferro, vitamina A e ácido fólico têm o intuito de reduzir os prejuízos ocasionados à saúde tais como: anemia, cegueira, retardo no crescimento, diarréia, infecções, sistema imune deficiente, defeitos no fechamento no tubo neural, e através dessas ações proporcionar melhora no estado nutricional. O estímulo ao aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, a fortificação dos alimentos (principalmente das farinhas de trigo e milho) com ferro e ácido fólico, a distribuição das megadoses de vitamina A e sulfato ferroso, a diversidade alimentar com ênfase nos alimentos de maior biodisponibilidade de minerais e a educação nutricional com enfoque no público alvo que incentive a alimentação saudável, são ações que irão trazer significativa mudança no perfil da população mais suscetível a essas carências. Neste âmbito, é essencial o desenvolvimento das ações preventivas citadas anteriormente para diminuição das deficiências nutricionais em grupos de risco como crianças e gestantes.

Palavras-chave: ferro, ácido fólico, vitamina A, anemia.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estratégias atuais para prevenção da anemia e hipovitaminose A no país. ........ 15

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Fornecimento de suplementos de vitamina A para crianças de 6 a 59

meses de idade e puérperas no pós-parto imediato, antes da alta hospitalar. ......... 17

Quadro 2. Tipos de fortificação das farinhas ........................................................... 22

Quadro 3. Principais determinantes de intervenção em saúde da anemia .............. 24

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LISTA DE SIGLA

AB - Atenção Básica

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APS - Atenção Primária a Saúde

DEP - Desnutrição Energético Proteica

DFTN - Defeitos do Fechamento do Tubo Neural

DNA – Ácido Desoxirribonucleico

ESF - Estratégia de Saúde da Família

HIV- Human Immunodeficiency Virus

IDR - Ingestão recomendada diária

INAN - Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição

MS - Ministério da Saúde

OMS - Organização Mundial da Saúde

PANB - Política Nacional da Atenção Básica

PNI - Programa Nacional de Imunização

PNSF - Programa Nacional de Suplementação com Ferro

PSF – Programa de Saúde da Família

RNA - Ácido Ribonucleico

SUS – Sistema Único de Saúde

UBS-Unidade Básica de Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 12

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 12

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 12

3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 13

4 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 14

4.1 Caracterização da Atenção Básica .................................................................. 14

4.2 Principais ações de prevenção das carências nutricionais .............................. 15

4.2.1 Vitamina A ................................................................................................. 15

4.2.2 Ferro .......................................................................................................... 18

4.2.3 Ácido fólico ................................................................................................ 20

4.2.4 Fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico ............ 21

4.3 Consequências das Carências Nutricionais ..................................................... 22

4.3.1 Hipovitaminose A ....................................................................................... 22

4.3.2 Anemia Ferropriva ..................................................................................... 23

4.3.3 Malformações congênitas e suas causalidades ......................................... 24

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 26

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 27

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10

1 INTRODUÇÃO

As carências de vitamina A e ferro são apontadas como um importante

problema de saúde pública em países em desenvolvimento e desencadeiam

prejuízos ao bem-estar dos indivíduos. Esses micronutrientes possuem considerável

influência na manutenção das funções vitais, como crescimento, reprodução, função

antioxidante e imune (SILVA et al., 2007).

A escassez de vitamina A é uma deficiência nutricional que afeta as

condições de saúde de grupos biologicamente desprotegidos, como gestantes e

crianças (PAIVA et al., 2011).

Segundo Silva et al. (2007) ao longo do período gestacional, a falta de

nutrientes pode ocasionar sequelas para a saúde da gestante e do feto, se

estendendo durante a lactação, onde a deficiência de micronutrientes contribui para

a manutenção de baixas reservas nutricionais nos lactentes, aumentando assim as

possibilidades para o desenvolvimento de deficiências nutricionais nos primeiros

anos de vida, momento em que há maior predominância de complicações à saúde

infantil.

Um em cada três indivíduos no mundo é atingido pela carência de retinol e

ferro. Os efeitos dessas deficiências como a resposta imune reduzida, cegueira,

retardamento mental e anemia, atingem mais de meio bilhão da população mundial

(BRASIL, 2007).

As condutas do Ministério da Saúde - MS (2007) que visam reduzir os déficits

de micronutrientes na população brasileira estão apoiadas na suplementação com

megadoses de Vitamina A e sulfato ferroso, através do reforço de alimentos

principalmente (as farinhas de trigo e milho) com ferro e ácido fólico para ingestão

dos indivíduos.

Além das medidas de suplementação de micronutrientes, uma outra ação que

faz parte da agenda programática da atenção básica (AB), é o incentivo ao

aleitamento que terá influência benéfica tanto na prevenção da desnutrição

energético proteica (DEP), da anemia e da carência a vitamina A, nos primeiros

momentos de vida quanto no controle da ocorrência, durabilidade e seriedade das

diarreias e das contaminações respiratórias agudas (BRASIL, 2015).

O presente estudo tem como objetivo mostrar a importância das ações de

prevenção das carências nutricionais para melhora do perfil nutricional da população

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sob risco. Outrossim, caracterizar a vitamina A, o ferro e o ácido fólico; descrever as

principais consequências de suas deficiências e relacionar os programas do SUS

criados para minimizar os principais distúrbios provocados pela carência dos

micronutrientes (ferro e ácido fólico).

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Mostrar a importância das ações de prevenção das carências nutricionais para

melhora do perfil nutricional da população sob risco.

2.2 Objetivos Específicos

• Apresentar a vitamina A, o ferro e o ácido fólico;

• Descrever as principais consequências da carência de vitamina A, ferro e

ácido fólico;

• Relacionar os programas do Sistema Único de Saúde, criados para minimizar

os principais distúrbios provocados pela carência dos micronutrientes (ferro e

ácido fólico).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura, embasada em artigos

científicos encontrados nas bases de dados Scielo e Pubmed, acerca das

consequências das carências nutricionais e dos programas do governo para

prevenção destas. Os dados coletados foram de publicações entre 1994 a 2017.

Os trabalhos compreenderam publicações com os seguintes Descritores em

Ciências da Saúde (DeCS): ferro, ácido fólico, vitamina A, atenção básica à saúde,

estratégia de saúde da família, anemia.

Foram selecionados os artigos que obedeceram aos critérios de inclusão:

disponibilidade na íntegra e que respondessem a temática da pesquisa, nos idiomas

português e espanhol.

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4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 Caracterização da Atenção Básica

Segundo Ribeiro et al. (2017), a Atenção Básica (AB) foi pensada para

vincular ações coletivas e individuais revertidas para a promoção, proteção e

reabilitação da saúde. Dessa forma, seus profissionais estabelecem uma

convivência direta com as famílias e compreendem a realidade de cada uma delas,

combinando dados epidemiológicos e clínicos para nortear os programas e atingir as

necessidades preferenciais de saúde de uma determinada população (PAULA et al.,

2017).

De acordo com o Ministério da Saúde (2007), a alimentação e nutrição são

essenciais para o progresso humano e devem estar associadas a ações de

prevenção para melhoria da saúde e forma de vida saudável. Sendo assim, a

Estratégia de Saúde da Família (ESF) é uma das bases para que se previna o

adoecimento e efetive o bem-estar das famílias. É uma opção importante para a

política de saúde, cujo objetivo é fazer cumprir o que está regulamentado na

Constituição Brasileira de 1988, e aos fundamentos do Sistema Único de Saúde

(SUS) (LORENZETTI et al., 2015).

A ESF nos últimos tempos se evidenciou no conjunto de transformações que

vem acontecendo no progresso das políticas públicas de saúde (NEPOMUCENO;

PONTES, 2017). É a garantia de operacionalizar os princípios de universalidade,

integralidade, equidade, territorialização e descentralização, recomendadas pelo

SUS (GOLDSTEIN et al., 2013). É uma reorganização do modelo assistencial,

realizada através da inserção de equipes multiprofissionais em Unidades Básicas de

Saúde (UBS), situadas em uma área geográfica definida (LEONELLI et al., 2017).

É nesse contexto que a ESF vem sendo executada desde 1994, com o intuito

de reestruturar a conduta assistencial e intensificar as características essenciais da

AB (RIBEIRO et al., 2017).

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4.2 Principais ações de prevenção das carências nutricionais

O Ministério da Saúde (2015) preconiza ações destinadas para a prevenção e

controle da anemia, tais como: incentivo ao aleitamento materno exclusivo até o

sexto mês de vida e a promoção da alimentação saudável e em tempo oportuno,

através da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil; a suplementação preventiva com

ferro para crianças de 6 a 24 meses de idade, gestantes e mulheres no pós-parto,

mediante ao PNSF e a fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido

fólico, ação definida pela RDC 344/02 (figura 1).

Figura 1. Estratégias atuais para prevenção da anemia e hipovitaminose A no país.

Fonte:file:///C:/Users/alu2014100578/Downloads/O%20Programa%20Nacional%20de%20Suplementa

cao%20de%20Vitamina%20A_.pdf

4.2.1 Vitamina A

A vitamina A é um micronutriente primordial nos procedimentos de

preservação da integridade do epitélio (MARTINS et al., 2004). Os grupos mais

atingidos por essa carência são os habitantes que residem em áreas de difícil

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produção ou acesso às fontes alimentares da vitamina, crianças de 0 a 5 anos,

gestantes e lactantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007). Destaca-se por sua função

na proteção de estruturas e funções oculares, sistema imune e redução da

morbimortalidade por doenças infecciosas (SILVA et al., 2015).

O aporte de vitamina por meio do leite materno, garantirá provimento do

micronutriente entre as crianças menores de 6 meses que estão sendo

amamentadas, sendo a melhor fonte para o lactente; outras fontes primordiais são

as folhas de cor verde-escura, os frutos amarelos e as raízes de cor alaranjada. O

incentivo ao consumo de alimentos fonte é uma maneira relevante para prevenir e

tratar a deficiência de vitamina A (BRASIL, 2007).

Frutas e vegetais são ricos em betacaroteno, mais acessíveis às populações

de baixa renda, embora o consumo de alguns produtos, principalmente os vegetais,

sofra limitações devido a hábitos alimentares típicos de cada região (DINIZ;

SANTOS, 2000).

Constatou-se que, o aumento na ingestão da vitamina em crianças diminui o

risco de morte, sobretudo quando comparado à diarreia (DINIZ, 2001).

Segundo Ministério da Saúde (2007) existe alguns métodos para evitar o

déficit da vitamina A e cada um com seus benefícios e suas limitações, mas

permanentemente eficazes quando administradas de maneira complementar. Tais

métodos englobam:

• Educação nutricional com foco na modificação da dieta e melhoria do

consumo de alimentos abundantes em vitamina A.

• Incentivo a ingestão de alimentos enriquecidos, baseado na verificação

deste nutriente nos rótulos.

• Orientação da população para consumo de alimentos fonte, que podem ser

assegurados com o estímulo à produção e cultivo desses, levando em

consideração, entre outras possibilidades, as hortas caseiras, da comunidade

e das escolas.

As ações de suplementação de megadoses de Vitamina A se iniciaram no

Brasil a partir de 1983, ainda que de maneira inexperiente, a técnica aderida foi a de

suplementação com megadoses para crianças pré-escolares em regiões específicas

e com elevado risco de expansão do déficit desse micronutriente, por seus atributos

geográficos, ambientais e econômicos. O Brasil foi o primeiro na tática de

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distribuição da vitamina incorporada ao Programa Nacional de Imunização (PNI)

(MARTINS et al., 2007).

Em 1994 o MS criou o Programa Nacional de Controle das Deficiências de

Vitamina A, na área do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN),

mediante a portaria nº 2.160, de 29 de dezembro de 1994. A partir da data de

publicação, as megadoses de vitamina continuaram a serem ofertadas, porém, com

maior regularidade e cooperação de um maior número de estados. Desde então, o

número de beneficiados situou-se acima do patamar de 1,5 milhões (BRASIL, 1994).

Esses atos foram estabelecidos em 1994 com a criação do Programa

Nacional de Controle das Deficiências de Vitamina A, que sugere a doação de

cápsulas de megadoses para crianças de 6 a 59 meses e mulheres no puerpério

(quadro 1). Ademais a provimento de medidas pedagógicas em alimentação e

nutrição que incentivem a adesão de práticas alimentares saudáveis. Essas ações

são exercidas em áreas de risco e necessitam ser realizadas no cotidiano dos

serviços de atenção primária à saúde, da mesma maneira que nas campanhas de

multivacinação pela ESF (BRASIL, 1994).

Quadro 1. Fornecimento de suplementos de vitamina A para crianças de 6 a 59

meses de idade e puérperas no pós-parto imediato, antes da alta hospitalar.

Período Dose Frequência

Crianças: 6 - 11 meses 100.000 UI Uma dose

Crianças: 12 - 59 meses 200.000 UI Uma dose a cada seis

meses

Puérpera no pós parto

imediato antes da alta

hospitalar

2000.000 UI Uma dose

Fonte: Ministério da Saúde, 2007

Em 2005, o MS publicou a portaria nº 729, de 13 de maio de 2005, honrando

o compromisso assumido junto às Nações Unidas, para controlar a deficiência da

vitamina A e suas consequências. Sendo de responsabilidade do MS a aquisição e o

envio do suplemento de vitamina A; o acompanhamento da implantação e o

monitoramento da cobertura populacional; a avaliação do desempenho e o impacto

do Programa no plano nacional, e o apoio das ações nos estados e municípios; o

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fomento de atividades complementares de promoção da alimentação saudável e

prevenção de deficiência da vitamina A e a elaboração de materiais de divulgação

das normas operacionais do Programa aos estados (BRASIL, 2005).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2011) como consequência da

suplementação com megadoses de Vitamina A, houve redução do risco de morte em

crianças (24%), decréscimo da mortalidade por disenteria (28%) e atenuação da

mortandade por todas as causas em 45% em crianças Human Immunodeficiency

Virus (HIV) positivo.

A medida em que os estoques de vitamina A decrescem, aumentam os

impactos de sua carência. A suplementação pode reverter a condição subclínica e

impossibilitar o progresso da deficiência para a forma clínica (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2013) (a).

4.2.2 Ferro

O ferro é um mineral importante para manutenção do sistema imunológico,

os grupos mais vulneráveis a falta desse nutriente são crianças e mulheres em idade

reprodutiva (ASSUNÇÃO; SANTOS, 2007).

Fujimori et al. (2000) mostra que é alto o índice de mulheres com reserva de

ferro baixa ou inexistente. Observa-se que, os estoques de ferro em crianças são

baixos, pois existe um rápido crescimento e uma dieta menos favorecida, sendo

pobre em alimentos fonte (ZANIN, 2015). Crianças menores de 2 anos requerem

especial cuidado, devido a elevada exigência do mineral, dificilmente alcançada pela

alimentação. Grande parte delas, nessa fase, não ingere a quantidade recomendada

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Segundo Olivares (2004) as principais causas do déficit de ferro são depleção

de seus estoques ao nascer, baixa ingestão do mineral devido à inadequação da

dieta, aumento das perdas de ferro orgânico, redução na absorção e aumento do

seu requerimento.

No alimento o ferro se apresenta sob a forma heme ou não-heme. O ferro

heme está presente em alimentos de origem animal e tem sua absorção viabilizada

por sua constituição química, sendo prejudicada pela ação do cálcio. Já a absorção

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19

do ferro não-heme pode ser alterada com a presença de substâncias estimuladoras

ou inibidoras (GLEASON; SCRIMSHAW, 2007).

Fatores estimuladores são aqueles que se unem firmemente ao ferro para

manter a estabilidade da ligação e a solubilidade do complexo ao longo do trato

gastrointestinal. Como exemplo a vitamina C, presente basicamente em frutas, o

ácido cítrico, málico e o tartárico. As substâncias inibidoras são ligantes que quelam

o ferro, gerando complexos insolúveis de alta afinidade, de maneira que o mineral

não é liberado para ser absorvido. Os exemplos seriam o cálcio, ácido fítico e o

ácido oxálico (ALLEN, 2000).

O ferro é responsável por preservar em harmonia as funções do organismo e

auxiliar o progresso da habilidade física e mental. O desequilíbrio entre absorção e

as necessidades orgânicas desse mineral em função do decréscimo na ingestão de

alimentos fonte ou de alimentos com elementos facilitadores da absorção do

nutriente, podem desencadear anemia, assim como o alto consumo de fatores

inibidores do ferro dietético, isto é, que atrapalham sua biodisponibilidade

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

A educação alimentar e nutricional deve incentivar o consumo de alimentos

fonte de ferro para aumento da ingestão desse micronutriente. É necessário

também, obter um aumento do potencial de biodisponibilidade do ferro, diminuindo

os aspectos que afetam a dieta. Modificações nos hábitos alimentares ocorrem ao

longo do tempo e devem ser incorporadas em um contexto mais amplo, onde outras

táticas de domínio e prevenção das deficiências nutricionais estejam em andamento

(SOUZA et al., 2004).

Segundo Vellozo e Fisberg (2010), existem estratégias que podem ser usadas

na prevenção e no tratamento da anemia, como:

Diversificação alimentar com foco nos alimentos de maior

biodisponibilidade.

Suplementação medicamentosa.

Fortificação de alimentos.

O Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF) propõe à adição

preventiva para todas as crianças de 6 a 18 meses com ferro; grávidas a partir da

20ª semana de gestação com ferro e ácido fólico e mulheres até o terceiro mês após

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20

o parto e pós aborto com ferro; como regra, crianças devem ser suplementadas

continuamente de 6 a 18 meses, porém, se a criança não estiver em aleitamento

materno exclusivo, a suplementação poderá ocorrer dos 4 aos 18 meses de vida.

Nos casos em que a suplementação seja introduzida tardiamente, especificamente a

partir dos 12 meses, é aconselhado que a criança perdure no programa por um

semestre (BRASIL, 2007).

4.2.3 Ácido fólico

O ácido fólico é importante para a produção de ácido desoxirribonucleico

(DNA) e ácido ribonucleico (RNA). Esse composto orgânico pertence ao complexo B

e é primordial para uma gestação sadia. É vital no processo de evolução e no

desenvolvimento normal do ser humano, desempenha papel relevante na

construção e manutenção de novas células, e constituição de glóbulos vermelhos e

brancos na medula óssea (VANNUCCHI; MONTEIRO, 2010).

Segundo Tâmega e Costa (2007), em comparação às fontes do ácido fólico,

esse micronutriente está presente na maior parte dos alimentos, mas quantidades

consideráveis são encontradas no fígado, rins, vegetais de folhas verde-escura,

aspargos, cereais integrais e feijões.

A falta desse micronutriente interfere diretamente no estado nutricional de

gestantes. Estudos reforçam que a suplementação adequada com folato evita o

nascimento de bebes com defeitos no tubo neural e anemia megaloblástica na mãe

(LIMA et al., 2009).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil

(MS) preconizam o uso diário de 400µg (0,4mg), no mínimo, por 1 mês antecedente

a concepção até o primeiro trimestre da gestação, para evitar os déficits e defeitos

no tubo neural, e ao longo de toda a gravidez para prevenção da anemia

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013) (b).

A dose indicada para mulheres com histórias prévias de deformidades

congênitas é de 5mg/dia, com o intuito de reduzir a ameaça de repetição de

malformação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

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21

4.2.4 Fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico

A fortificação é uma medida que tem o intuito de sanar e/ou amenizar

problemas ligados ao perfil nutricional que é deficiente (LIBERATO; PINHEIRO-

SANTANA, 2006). Essa medida vem sendo utilizada como um recurso de baixo

custo em países desenvolvidos e em desenvolvimento e deve ocorrer em alimentos

que efetivamente participem da rotina da alimentação regional (VELLOZO;

FISBERG, 2010).

O método de fortificação de alimentos tem adquirido êxito na atenuação do

predomínio da anemia em estudos guiados no exterior e no Brasil tornando-se uma

maneira simples, resguardada, econômica e permanente em um prazo breve e

intermediário, salvo de aprimorar as propriedades dos alimentos acessíveis aos

cidadãos (HEIJBLOM; SANTOS, 2007).

De acordo com a legislação vigente, considera-se alimento fortificado todo

aquele que é livre o enriquecimento ou fortificação desde que uma quantia de

100ml/100 gramas forneça (pronto para consumo) mínimo de 15% da ingestão

recomendada diária (IDR) de referência (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA

SANITÁRIA, 1998).

Segundo Marques et al. (2012) com o intuito de atingir respostas positivas, o

micronutriente deve abranger boa disponibilidade de captação pelo organismo,

particularidades que não transformem o pigmento e o paladar do alimento fortificado,

sendo acessível, fazendo parte da rotina alimentar do público, e de boa aprovação.

É considerável que tenha uma programação, e simultaneamente, a elaboração de

sistemas de vigilância e controle dos produtos reforçados, além do estímulo ás

pesquisas de avaliação de efetividade da ação.

Com o intuito de reduzir a quantidade de recém-nascidos que demonstram

problemas no fechamento do tubo neural, o MS, publicou através da Portaria de nº

710/1999 a Resolução 344/2002 com estratégias para melhorar a ingestão de ácido

fólico pela população, sobretudo por mulheres em idade reprodutiva,

regulamentando a adição de no mínimo 4,2 miligramas de ferro e 150 µg de ácido

fólico para cada 100 gramas de farinha de trigo e milho (PACHECO et al., 2009).

Para acompanhar a implementação e o controle das ações de fortificação das

farinhas de trigo e de milho com ferro, ácido fólico e seus subprodutos, foi fundada

uma Comissão Interinstitucional constituída por representantes do governo, setor

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produtivo e sociedade civil organizada. À Comissão diz respeito sugerir medidas

destinadas a realizar as ações para fortificação das farinhas; acompanhar e vistoriar

a fortificação das farinhas e de seus subprodutos, assim como discutir a efetividade

das ações empregadas e estabelecer táticas de informação, de diálogo, de

educação e de mobilização social com vistas à redução do predomínio da anemia e

os defeitos do fechamento do tubo neural (DFTN) (RAMOS, 2013).

Quadro 2. Tipos de fortificação das farinhas

Universal ou em massa: geralmente ocorre de forma obrigatória e consiste na

adição de micronutrientes a alimentos consumidos pela maioria da população.

É indicada em países onde vários grupos populacionais apresentam risco

elevado para deficiência de ferro.

Em mercado aberto: iniciativas das indústrias de alimentos, com o objetivo de

agregar maior valor nutricional aos seus produtos.

Focalizada ou direcionada: visa o consumo dos alimentos enriquecidos por

grupos populacionais de elevado risco de deficiência. Pode ocorrer de forma

obrigatória ou voluntária, de acordo com a significância em termos de saúde

pública.

Domiciliar comunitária: tem sido considerada e explorada em países em

desenvolvimento. Pode ter sua composição programada e é de fácil aceitação

pelo público-alvo. Porém, apresenta ainda custo elevado, diferentemente das

outras formas, e requer que a população seja orientada. Neste tipo de

fortificação geralmente são adicionados suplementos às refeições.

Fonte: Vellozo; Fisberg (2010).

4.3 Consequências das Carências Nutricionais

4.3.1Hipovitaminose A

É conhecida, especialmente, por ocasionar sequelas com relação à visão

(MARTINS et al., 2004). A falta desse micronutriente é considerada uma

adversidade para a saúde pública, sobretudo nos países subdesenvolvidos, gerando

resultados à saúde infantil, tendo como exemplo: redução do crescimento,

alterações óticas, déficit imunológico e ampliação da morbimortalidade ligada a

contaminações respiratórias, disenteria e sarampo (PAIVA et al., 2011).

Alterações como lesões cutâneas e sistema imunológico deficiente que irá

desencadear freqüentes infecções, modelação óssea imperfeita, malformações

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congênitas, aborto e atraso no desenvolvimento da criança também são apontados

como principais conseqüências da carência de vitamina A (SOMMER; DAVIDSON,

2002).

A deficiência por um período de tempo prolongado é motivo de modificações

na visão, conduzindo a cegueira decisiva (xeroftalmia e ceratomalácia). A privação

crônica de vitamina A é uma das mais resistentes adversidades nutricionais nas

regiões em desenvolvimento, a despeito dos sinais não serem de árduo

reconhecimento, da causa ser bem familiar, da terapia disponível e, na maior parte

das circunstâncias, de haver fontes alimentares disponíveis e acessíveis (MARTINS

et al., 2004).

4.3.2 Anemia Ferropriva

Entende-se anemia como o estado onde o acúmulo de hemoglobina no

sangue encontra-se abaixo dos valores normais para cada indivíduo

(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2001). Segundo Olivares (2004) entre os

motivos que a ocasionam, a dieta inapropriada e, principalmente, sua baixa

biodisponibilidade em ferro, é relatado como dos mais significativos problemas.

É resultado da falta de nutrientes indispensáveis, que pode desencadear

agravos na evolução motora e mental, esgotamento, exaustão, redução no apetite e

na capacidade de concentração (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). É definida por

fatores biológicos, hábitos alimentares, condições socioeconômicas e culturais

(LEAL, 2010).

Segundo Zanin (2015), o propósito da suplementação com sais de ferro para

evitar a anemia é um recurso bastante usado, sendo a forma oral de administração

principal. Pode ser utilizada como ato curativo em indivíduos deficientes ou como

prevenção em grupos com risco de adquirir anemia.

Pesquisas recentes têm comprovado que a ingestão semanal proporciona

significativas reduções de efeitos colaterais (vômitos, disenteria, constipação

intestinal e cólicas) sucessivamente relacionados ao desleixo da suplementação,

transformando-se dessa maneira numa ótima maneira de alcançar resultados mais

concretos (VITIERI,1997; BATISTA FILHO; FERREIRA, 1996). Vale lembrar, que a

Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que doses diárias maiores de 30mg

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já levam consequências positivas na prevenção da anemia por falta de ferro em

mulheres grávidas (BRASIL, 2007).

Quadro 3. Principais determinantes de intervenção em saúde da anemia por deficiência de ferro

Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_suplementacao_ferro_condutas_gerais.pdf

4.3.3 Malformações congênitas e suas causalidades

Segundo Santos e Pereira (2007) os DFTN são deformidades consequentes

do desfecho imperfeito ou inacabado do tubo neural entre a terceira e quarta

semana do crescimento do embrião e compreende:

• Anencefalia: conhecida como uma anomalia caracterizada pela ausência dos

dois hemisférios cerebrais do crânio e do desfecho do tubo neural entre a 23ª

e a 25ª semana gestacional. Seu reconhecimento pode ser realizado a partir

do primeiro trimestre de gravidez (PARDO VARGAS et al., 2016).

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• Encefalocele: Muitos consideram como um deslocamento do tecido cerebral;

déficit no tubo neural configurada por uma hérnia em parte do cérebro e das

meninges (MOSCOTE-SALAZAR et al., 2014).

• Espinha bífida: definida por uma estruturação incompleta das bases que

preservam a medula espinhal por meio do término inadequado da espinha

dorsal, que pode expor-se de maneiras abertas e ocultas, com ou sem

envoltura neurológica. Transcorre a partir de condições genéticas e

ambientais. Algumas explicações foram propostas como a carência de folato,

excesso de glicose materna, falta de zinco, ingestão de álcool ao longo dos 3

meses de gestação e exposição da mãe a determinadas drogas; pode ser

precavida pela suplementação de ácido fólico no período que se inicia 3

meses antecedentes a concepção e vai até o terceiro mês de gravidez

(REQUEIJO, 2016).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As ações do governo para a prevenção das carências de micronutrientes

como ferro, vitamina A e ácido fólico têm o intuito de reduzir os prejuízos

ocasionados á saúde tais como: anemia, cegueira, retardo no crescimento, diarréia,

infecções, sistema imune deficiente, defeitos no fechamento do tudo neural e

através dessas ações, proporcionar melhora no estado nutricional.

O incentivo ao aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, a

fortificação dos alimentos (principalmente das farinhas de trigo e milho) com ferro e

ácido fólico, a distribuição das megadoses de vitamina A e sulfato ferroso, a

variedade alimentar com foco nos alimentos de maior biodisponibilidade de minerais

e a educação nutricional com enfoque no público alvo, que estimule a alimentação

saudável, são ações que irão trazer significativa mudança no perfil da população

mais suscetível a essas carências.

Neste contexto, é importante o desenvolvimento das ações preventivas

citadas anteriormente para minimização dos déficits nutricionais em grupos de risco

como crianças e gestantes.

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