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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ARTES CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO. ANALISE COMPARATIVA DE QUATRO EDH;OES E SUA APLICA(,;AO A INTERPRETA(:AO ALEXANDRE ALVES CASADO NATAL 2003 I UN!CAI'vlP ' ln ru::;r, 11 l\ITr I

CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Page 1: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ARTES

CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO. ANALISE COMPARATIVA DE QUATRO EDH;OES E SUA

APLICA(,;AO A INTERPRETA(:AO

ALEXANDRE ALVES CASADO

NATAL 2003

I UN!CAI'vlP

I~:UOTECA ' ~t=r ln ru::;r, 11 ~~. l\ITr I

Page 2: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ARTES

Mestrado em Artes

CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO. ANALISE COMPARATIVA DE QUATRO EDI(:OES E SUA

APLICA(:AO A INTERPRETA(:AO

ALEXANDRE ALVES CASADO

Disserta~iio apresentada ao Corso de Mestrado em Artes do Instituto de Artes da UNICAMP, como requisito parcial para a obten~iio do grau de Mestre em Artes sob a orienta~o da Profa. Dra. Helena Janke co-orienta~o do Prof. Esdras Rodri ues Silva.

'I Este exemplar e a reda<;iio final da I disserta9iio defend ida pelo Sr. Alexandre / Alves Ca~do e aprovada c~r~la Comissao

I .~Jfflg~~a;m 1} 0

/2003/)

1----if~--Y-- iliA--------, I I

NATAL 2003

3

Page 3: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

C261c

FICHA CATALOGRAFICA ELABORADA PELA

BIBUOTECA CENTRAL DA UNICAMP

Casado, Alexandre Alves Cesar Franck: sonata para piano e violino: analise

comparativa de quatro edi¢es e sua aplicac,:Bo a interpretac,:Bo I Alexandre Alves Casado. -- Campinas, SP: (s.n.], 2003.

Orientador: Helena Jank. Dissertac;Bo (mestrado)- Universidade Estadual de

Campinas, lnstituto de Artes.

1. Franck, Cesar, 1822-1890. 2. Musica de camara. 3. Romantismo. 4. Musica para violino - lnterpretac,:Bo (Fraseado, dinamica, etc.) I. Jank, Helena. II. Universidade Estadual de Campinas. lnstituto de Artes. II. Titulo.

Page 4: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Agl"ade;o a todos os colegas do Minter, solidanos e unidos. Aos professores

orientadores Helena Jank e Esdras Rodrigues, pela expenencia adquirida. Ao professor

Jose Roberto Zan, pela frase certa no momento certo. A CAPES. A Larissa, por estar

sempre presente..

Natal, abril de 2003

5

Page 5: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Resumo

Este trabalho focaliza a sonata para piano e violino de cesar Francke as propostas de arcadas e dedilhados contidas em quatro edi¢es distintas. Divide-se em quatro capitulos. No capitulo I, ·o compositor", apresentamos uma sucinta biografia de c. Franck, dividida em tres partes: "A epoca•, ·o homem" e "A obra". A epoca contem a d~ do ambiente musical frances no inicio do seculo XIX, que constituiu o pano de fundo para a obra do compositor. Em ·o homem", observamos sua vida pessoal e ~- "A obra" focaliza seu estilo de com~o e influencias rec:ebidas. No capitulo II -"A Sonata", apresentamos uma analise desta obra, do ponto de vista estrutural, descrevendo suas caracteristicas harmOnicas e formais. No capitulo Ill - "Os revisores", descrevemos e apresentamos informa¢es a respeito de cada um dos revisores. 0 capitulo IV, "An:adas e dedilhados" contem uma analise tecnica das an::adas e dedilhados propostos pelos quatro revisores, comparando-os entre si, comentando as possiveis motiva¢es que os levaram a fazer estas escolhas, e suas consequencias musicais. Esta aniilise pode dar ao leitor uma consciencia mais profunda da import8ncia da reflexao sobre dedilhados e arcadas que imprimem a ~ o toque pessoal do artista, contribuindo para que possa chegar a uma interp~o melhor e bern fundamentada, do ponto de vista estetico e estilistico.

6

Page 6: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Resume:

Ce travaille se developpe sur Ia Sonate pour Piano et Violon de cesar Franck et les propositions de coups d'archet e doigtes que l'on trouve dans quatre editions diferentes de cette oeuvre. II est divise en quatre chapitres. Le chapitre I, "Le compositeur" est une biographie de C. Franck, divisee en trois sections: "L'epoque", "L'homrne" et "L'oeuvre". "L'epoque" fait une description de !'ambiance musicale en France au debut do dixneuvierne siecle, periode ou le compositeur fit ses etudes et crea son art "L'homrne" est une observation de sa vie personelle et sa formation. "L'oeuvre" a pour but son style de composition et influences souffertes. Dans le chapitre II -"La Sonate" une analyse formelle et harmonique de l'oeuvre est presentee. Le chapitre Ill - "Les reviseurs" nous presente des informations sur chaqu'un des reviseurs et leurs eooles. Le chapitre IV - "Coups d'archet et doigtes" fait une analyse technique des coups d'archet et des digitations proposee par les reviseurs , les mettant vis-a-vis rune de rautre et en faisant des comrnentaires sur les possible motivations quo ont mennes les reviseurs a choisir ces elements et ses consequences musicales. Cette analyse peut donner aux lecteurs une conscience plus profonde de !'importance de Ia reflexion sur les doigtes et les coups d'archet. Ces elements peuvent donner a fexecutions musicale le touche personal de !'artiste et une interpretation basee sur de bases solides du poinr de vue esthetique e du style.

7

Page 7: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Sumario

lntrod~ 11

Gapltulo 1

0 COMPOSITOR

1.1 Ambiente Musical na F~ 17

1.20Homem 20

1.3AObra 24

Gapitulo2

A SONATA

2.0 Pequeno hist6rico e estrutura geral 29

2.1 Estrutura do Primeiro Movimento 33

2.2 Estrutura do Segundo Movimento 36

2.3 Estrutura do Terceiro Movimento 40

2.4 Estrutura do Quarto Movimento 44

Gapitulo3

OS REVISORES 47

Gapltulo4

ARCADAS E DEDILHADOS

4.0Arcadas e dedilhados:.__ _____________ .61

4.1 Primeiro Movimento 63

4.2 Segundo Movimento 75

4.3 Terceiro Movimento 87

8

Page 8: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

4.4 Quarto Movimento. ______________ .95

Conclus6es. __________________ 101

Bibliografia!....------------------109

Anexos

Anotac;Oes de C. Romano e parte completa de piano e violino 113

9

UN I CAMP BIBLIOTECA CENTRAL I

I c:r::ri\n rmrll! ni\IT!=

Page 9: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Page 10: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

INTRODUCAO

II

Page 11: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Page 12: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

A escolha de elementos tecnicos como dedilhados e arcadas e de suma

importancia para a interp~ de uma obra musical concebida para instrumentos de

cordas. sao meios de expressao, ferramentas que 0 instrumentista usa para realizar a

mUsica que esta representada no papal. Estas escolhas podem revelar elementos como

timbre, fraseado e o pr6prio gosto musical do interprete.

0 presente trabalho pretende expor a 16gica na escolha de elementos

tecnicos de quatro revisores da "Sonata para piano e violino", de cesar Franck. S8o

eles: Corrado Romano\ Yehudi Menuhirf, Leopold Uchtenberg3 e Emile Sauret4•

Para podermos analisar uma obra devemos primeiramente

contempla-la em seu contexto hist6rico e situa-la na totalidade da obra do compositor.

Tendo consciencia desta necessidade, o capitulo intitulado ·o compositor" busca

oferecer ao leitor uma vis8o abrangente a respeito de cesar Franck, sua epoca e sua

obra, expondo aspectos de relevancia hist6rica e musical.

0 capitulo "A sonata• apresenta uma analise da "Sonata para

piano e violino" de cesar Franck, propondo uma vis8o panoramica da mesma. Aqui se

destacam aspectos musicais desta obra, tais como a sua forma geral, seus principaiS

materiais tematicos e sua estrutura harmOnica. Neste capitulo encontra-se o

embasamento necess8rio para os comentarios que seguirao no capitulo intitulado

"Arcadas e dedilhados".

1 Vrolinista ilaliano (1920), a1uno de Carl Flesch e GeOige Enesco. Foi professor do conservatorio de Genebra de 1953 aotinal dadc!cadade 1990. 2 Vrolinistaameriamo (1916-1999), aluno de Pasiuger e Enesco. Umdos mais timtosos violinistas do secuio XX. 3 Vrolinista ametiamo (1861-1935), aluno de WJaliavsky. Camerista e compositor, atuou ~DOS Eslados Uoidos. 4 Vrolinista fiances (1852-1920), aJuno de Charles de Beriot. Famoso virtuose, um dos violinistas mais u:pteseutativos da escola fumco..belga.

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0 capitulo intitulado "Os revisores" traz informa¢es sobre a hist6ria da

tecnica do violino, fazendo uma relac;So entre o desenvolvimento pelo qual passou o

instrumento e a maneira de tocar nos seculos XIX e XX. Aborda tambem o ambiente

violinistico do meio do seculo XIX e uma pequena biografia de cada revisor, com o

intuito de ~ uma linha entre as escolas e epocas dos revisores e suas escolhas

tecnicas.

0 capitulo "Arcadas e dedilhados dos revisores" e 0 objeto central deste

trabalho. A escolha de quatro revisores da sonata, de epocas e escolas diferentes,

procura demonstrar a 16gica utifJZada por cada urn deles na escolha dos elementos

tecnicos. Este capitulo contem textos explicativos e anota¢es referentes as escolhas

dos revisores. T ais anota¢es sao apresentadas em dois grupos: dois revisores acima

do pentagrams e dois na parte inferior do mesmo, sendo atribuida uma cor diferente a

cada revisor, com a finalidade de se obter maior clareza na transmissao das

infortna¢es.

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Page 14: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

CAPiTULO 1

0 COMPOSITOR

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Page 15: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Page 16: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

1.1 0 ambiente musical na Franca

No inlcio do seculo XIX, e interessante notar que a musica francesa

sofria de uma evidente imobilidade em relat;;ao ao resto da Europa, principalmente aos

paises germanicos. Beethoven e Schubert revolucionavam a mlisica, levando-a ao

romantismo, enquanto na Fra~ a tradit;;So seguida era ainda a dos mestres do

passado, como Gluck e Mozart.

A musica instrumental nao conseguia ~ e havia o domlnio quase

absoluto da musica de teatro, isto e, da 6pera e posteriormente da opereta e do bale.

Havia urn estado let.argico na produt;;So musical da epoca, talvez aiado

pelos traumas da revolut;;So e das guerras napole6nicas. lmigrantes eram aplaudidos

como virtuoses - Paganini e Uszt, entre outros.

Hector Bertioz (1803-1869) encontrou grande dificuldade na F~

nesta epoca. Os melodramas de Meyerbeer1 e Haievf dominavam praticamente sem

concorrencia a academia real de mlisica, deixando assim pouco espa~ para a mUsica

de concerto. ltalianos como Bellini e Donizetti estavam na moda. A sociedade de

concertos do conservat6rio mostrava-se extremamente conservadora.

Berlioz e, ap6s a morte de Beethoven, o maior expoente da sinfonia no

primeiro ~do seculo XIX. Em 1830, apresenta a sua "Symphonie Fantastique", que

traz uma nova maneira de compor para orquestra, de dimens6es gigantescas, e uma

1 Jacob Liebmann Beer, dilo Giaoomo Meyedleer(1791-1864). Compositor alemio, comc:arreiraeotreParise Bedim. Autor de Operas romiolic:as em furma de melodramas bist6ricos: "Robert le diable" (1831 ), "Les Hugueoo1S" ~1836). Dictionaire H....t.eue encyclopedique 1994. Hacbette livre., Paris., 1993.

Elias Levy, ditto Jacques Fmmeutal Haie\<y (1799-1862). Compositor Frauds. Autor da 6pera "La juive" (1835). Ibidem

17

Page 17: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

nova concep;So sobre a forma, utilizando a tecnica batizada por ele de "idee fixe",

procedimento que desenvolve urn motivo atraves de todos os movimentos de urna

~. como urn personagem. Tecnicas semelhantes foram tambem exploradas por

outros grandes compositores, com outras denomina¢es e pequenas d~ .

Berlioz toma-se o representante maximo da mUsica sinfOnica francesa e urn maJco na

mUsica sinfOnica mundial. A influencia de Berlioz foi sentida primeiro fora da Fra~

com liszt e Wagner na Alemanha e com o grupo dos cinco3 na Russia.

0 segundo imperio (1852-70) apresenta urn forte declfnio do italianismo

na F~. A sociedade da epoca, avida de prazeres e preocupada em esquecer as

suas contradi¢es econ6micas e sociais, foge da "grande musica". refugiando-se na

leveza das operetas de Jacques Offenbach ("Orphee aux enters". 1858, "La belle

Helene". 1864).

A mUsica instrumental corrtef!t8. seu ressurgimento sob a lid~ de

mUsicos de teclado como cesar Franck, George Bizet, Jules Massenet, camille Saint­

Saens, a ~ de Edouard L.alo - que era cordista. Este movimento, que

tradicionalmente datamos entre a morte de Berlioz e a guerra de 1870, havia COI1lef!t8.do

uma ~antes. A maioria destes artistas j8 era conhecida antes de 1870, seja pela

6pera ou peJa mUsica de concerto.

A muHi~ de~ musicais (Concerts Pasdeloup, 1861;

Societe Nationale de Musique, 1871; Concerts Collone, 1873, entre outros) contribui

muito na divu~Qa9lio da obra destes compositores. Urn "sinfonismo" em todos os

3 A Borodin, Rimsky-Korsakov, CA Cui, M. Mussorgski, M.A . BalakirevJbidem

18

Page 18: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

sentidos do termo caracteriza este periodo do p6s-guerra e deve ser considerado nao

como o ponto inicial de um processo e sim a aceleral;ao deste.

Entre as liltimas obras de Berlioz e as primeiras grandes obras de

Debussy se passam trinta anos - periodo que coincide com a derrota da Franc;a pela

PrUssia (1870). Esta foi uma era de transi{:8o de uma infertilidade relativa, assim como

foi a precedente, entre Rameau e Berlioz.

Foi lenta e dificil a introd~ de Wagner na Franga, muito mais por

oposigOes politicas que esteticas. A apoteose tardia do gigante Wagner veio confirmar

na 6pera o que Brahms e Bruckner fizeram na mlisica de concerto: a velha supremacia

0 destino tambem influiu. Os quatro franceses mais talentosos deste

periodo foram impedidos de se desenvolver plenamente: cesar Franck, genio tardio;

Georges Bizet, morto aos trinta e seis anos; Henri Duparc, silenciado tambem aos trinta

e seis anos pela doenga, e Emmanuel Chabrier, que debutou tardiamente e cessou de

produzir quinze anos depois.

Sern dlivida, compositores como Franck, Bizet e outros impulsionaram

a mlisica francesa. As duas decadas dos governos de Mac-Mahon4 e Jules Gre.r/, sao

caracterizadas porum sentimento ilustrado por Paul Morand6, que denominava esta

epoca de "Le monde oii l'on s'ennuie" (0 mundo tedioso), apesar da repressao feroz de

Versailles, a burguesia recem recuperada dos pavores da comuna faz barragem a

• EdmePalriceMaurice deMiii>-Mahon, duque deMageota(1808-1893). Militar e bomem politico fiances. Oaefe do ~ ex:ecutivo de 1873 a 1879. Ibidem.

Jules Grevy (1807-1891). Politico fumo::&, presidente da rqNblica em 1879, reeleito em 1885. Demitiu-se em 1887, em conseqikiocia deum esciindalo. Ibidem.

• Paul Morand (1888-1976). Diplomatae escritorfrances. "'uvert Ia mrit" (1922), "Ferme Ia mrit" (1923). Academia ftanl:esa de lemts (1968). Ibidem.

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Page 19: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

qualquer oposiQao, nao somente ideol6gica, mas tambem estetica, chamando de

·comunarda" a mtisica de Bizet, assim como a pintura de Manet. E urn periodo

militarista, em que se amargam as perdas da guerra e se repudiam, na sua grande

maioria, seus criadores.

1.20homem

cesar Auguste Jean Guillaume Hubert Franck nasceu em 10 de

Dezembro de 1822, na cidade belga de Liege. Filho de urn bancario desempregado, foi

vitima de sua precocidade e da am~ irresponsavel de seu pai em transfonna-lo a

qualquer ~ em urn grande virtuose, fator determinante para a demorada matu~

de Franck como compositor.

No conservat6rio de Liege obtem o "premier prix" de solfejo, em 1832, e

ode piano, em 1834. Estuda harmonia como diretor da instituiyao, M. Daussoigne, urn

ex-aluno de Mehul no conservat6rio de Paris. Animado com seus sucessos

academicos, seu pai organiza uma sene de concertos pela Belgica. onde o jovem

Franck apresenta suas primeiras composi¢es: fantasias baseadas em 6peras da

moda, escritas para estas exi~.

Aos doze anos, ap6s completar seus estudos na escola de mtisica de

Liege, muda-se com toda a famirla para Paris, com o objetivo de continuar seus estudos

no conservat6rio da cidade. Estuda de piano com Zimmermann, alem de harmonia e

contraponto com o renomado Anton Reicha. professor de Gounod, Uszt e Berlioz.

Franck s6 foi admitido no conservat6rio urn ano ap6s a sua chegada, em 1837,

continuando seus estudos com Zimmermann e com~ com Lebome.

20

Page 20: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Ganha o "Premier Prix" de piano em 1838 e o de contraponto em 1840,

e o "Second Prix" em 6rgao na classe de Benoist, a quem ele substituira no

conservat6rio alguns anos depois.

Em 1842 abandona o conservat6rio no meio do ano academico, por

ordem de seu pai, para seguir uma carreira de virtuose. E deste periodo a maior parte

de suas COI1lJ)OSi¢es para piano solo: transcri¢es, fantasias, ~s para piano a

quatro maos, obras da moda, enfim, tudo 0 que e necessaria para um "pianists

compositor".

A am~ de seu pai o obriga a compor ~s para agradar o p(iblico,

retardando a man~ de seu genio, que s6 floresce tardiamente.

Sua primeira obra de grande envergadura, o oratOrio "Ruth",

apresentado em janeiro de 1846, e recebido com criticas, sendo acusado de imitar "le

desert" de Feticien David, ~ que fez grande sucesso dois anos antes.

Vendo a retayao com seu pai deteriorada, Franck abandona a casa dos

pais em 1846 e, para sobreviver, conta com alunos particulares, trabalhos em varias

escolas p(iblicas e religiosas, e o posto de organists da igreja de Notre Dame de

Lorette, em 1847.

Em 1848, casa-se com Felicite Saillot Desmousseaux , em meio a revol~ de junho. Nos primeiros anos de casamento comp6e o poema sinfOnico ·ee

qu'on entend sur Ia montagne• (0 que ouvimos na montanha) e uma 6pera nao

publicada "Le valet de ferme". Estas ~s sao as mais substancias no periodo dos dez

primeiros anos de seu casamento.

21

Page 21: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

E provavel que, durante esta epoca, Franck tenha escolhido se

desenvolver tecnicarnente como organista, principalmente quanto ao uso da pedaleira e

quanto a sua capacidade de improvisar. Vincent D'lndy, aluno e bi6grafo do compositor

classifica sua prod~ em tres periodos. 0 primeiro, de 1841 a 1858, se caracteriza

por uma certa timidez na c:onstrugao das l)e!taS, com influencias de Beethoven, para os

trios, Lizst , para as l)e!taS pianisticas e de Mehul, para as ~s vocais.

0 segundo periodo (1858 a 1872) guarda ainda algumas das

llesita¢es de seu primeiro periodo e antecipa muitas das caracteristicas de seu

terceiro e ultimo periodo. E inaugurado com as "Six pieces" (Seis grandes l)e!taS para

6rgao) e coincide com seu posto como organista na igreja de Santa Clotilda. Liszt diz,

com sincera e~o. que estas ·six pieces· poderiam ser comparadas as grandes

~s de J. S. Bach.

Com ~ode algumas can¢es. este eo perfodo em que se destaca

sua~ de mUsica para igreja.

Estranhamente, sua mUsica sacra e menos significativa que suas

outras com~. como mUsica orquestral, mUsica de camara. ou musica pianistica

Segundo D'lndy, existem duas raz6es para isto: sua educayao musical foi baseada

principalmente na mUsica de seu tempo e do seculo anterior, tendo pouqufssimo acesso

as admirilveis e magistrais esco1as poflfOnicas da F~ e Jtalia do seculo XVI, pois

edi¢es destas mUsicas eram raras e de dificil acesso na epoca de Franck.

A outra razao e puramente fortuita. Quando ele foi nomeado para a

igreja de Santa Clotilda, esta era ainda uma igreja de poucos recursos financeiros. Os

fundos nao eram suficientes para comprar musica para as solenidades. Seguia-se 0

22

Page 22: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

velho h8bito de suprir a necessidade de musica com composi9)es do organista e chefe

de coro. cesar Franck, como Bach e Palestrina, compc)s toda musica para as

celebral;6es dos dias de festa, mas pelas necessidades da vida cotidiana, nao dedicou

tempo suficiente a conceber obras de grande porte. Pode-se dizer que era urn trabalho

apenas funcional.

Entre as "Six Pieces" eo final de seu segundo periodo, como oratOrio

"Redemption", Franck escreveu pouca coisa, como algumas ~s curtas para 6rgao, o

"Cantique de Moise", a "Piainte des tsraelites" eo oratOrio "Les sept paroles du Christ",

que nao foi publicado.

Foi durante este periodo que se formou urn dos mais extraordinarios

fenOmenos da cultura francesa do seculo XIX: o grupo de alunos conhecidos como "La

bande a Franck" (a turma de Franck}, que incluia compositores como Henri Duparc.

Vincent D'lndy e Ernest Chausson, que inftuenciariam a mllsica francesa dos prOximos

anos.

0 terceiro periodo da vida de Franck vai de 1872 ate a sua morte. em

1890. Eo periodo de grande prod~ e amadurecimento artistico.

Em novembro de 1874 ele ouve o prellidio do primeiro ato de "Tristiio e

lsolda", de Wagner, que exerceu inftuencia direta sobre suas obras posteriores,

principalmente a abertura da quinta "Beatitude7" (1875) e do "Les Eolides" (1876).

De 1875 ate 1879, Franck trabalha quase exdusivamente em seu

oratOrio "Les Beatitudes"(~ em 1865). Ap6s este oratOrio se seguiram obras

como o quinteto com piano; o oratOrio "Rebecca"; dois poemas sinffinicos intitulados "Le

23

Page 23: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

chasseur Maudit" e "Les Djins"; "Prelude, choral et fugue" e "Variations Symphoniques·.

para piano.

Franck e agraciado com a "Legion d'honneur" em 1885. No ano

seguinte e eleito presidente da "Societe Nationale", quando comp(ie sua "Sonata para

piano e violino" e o poema sinfOnico "Psyche".

As ultimas obras do compositor foram OS complexos "Trois chorals" e

uma ~ de 91 ~ para harmOilio, das quais somente 59 foram concluldas. Be

trabalhava nestas ~quando rnorreu em 8 de novembro de 1890, em Paris.

1.3 Aobra

Muito do estilo de cesar Franck foi estabelecido no inicio de sua

carreira, quando atuou como organista em Santa Clotilde8.

Grande parte dos temas usados por Franck na sua "Grande piece

symphonique" (1863) reaparece em obras posteriores, como em seu quarteto (1889) e

em sua sinfonia (1886-8).

Franck desenvolve uma complexa estrutura de frase, compondo urn

mosaico a partir das variantes de urn ou dois motivos geradores - uma tecnica que

marca sua admi~ por Uszt

Seguindo D'lndy, que d"IZ existir urn real abismo estilistico entJe

"Redemption" (1871-2) e "Les Eolides" (1875-6), temos que admitir que as uHimas obras

do compositor sao marcadas pela preocu~o com uma tecnica de harmonia derivada

de "Tristao e lsolda", de Wagner: o rico aornatismo e a coerencia formal aparecem

• Fnmck assume o C3JllO de organista da basilica de Santa Ootilde em I 851.

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Page 24: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

como um complexo fundo para melodias diatooicas. 0 principio destes procedimentos

crornaticos e a justaposigao de acordes em tonalidades distintas, por meio do

movimento 16gico das vozes. Uma das caracteristicas do estilo de harmonia de Franck

e a util~ do "acorde par", um grupo de dois acordes onde o segundo traz consigo a

impressao de um sforzando, o que esta frequentemente associado a uma figura ritmica

de nota curta seguida de uma mais longa na melodia. A tecnica pode ser aplicada para

frases inteiras, com mais de um elemento sujeito a vafia\:So (ver trecho abaixo).

Exemplo musical xerox Sonata para piano e violino, terceiro movimento,

c. 17-18)

Franck gostava particularmente de incorporar estes motivos em uma

estrutura de frase AAB, sendo B uma fOrmula cadencial derivada dos dois A

A forma cidica desenvolvida por Franck, e originaria de duas fontes: a

clrarn8tica forma de relembrar ternas j8 ouvidos, em Beethoven, e o procedimento

rnonotematico, pelo qual, movimentos usam variantes ou transformay6es do mesmo

material, como o quarteto em Mi maior de Schubert Franck utiliza esta forma j8 em seu

trio em Ffisll. menor e em sua "Grande piece symphonique·, nas quais ele mostra

claramente a influencia exercida por Lizst {que utilizava procedimento semelhante)

sobre sua obra inicial.

25

Page 25: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Na mUsica instrumental, Franck utilizava como forma geral a ideia de

tres movimentos, mesmo em ~s de urn s6 movimento, como em "Prelude, choral e

fugue·. Somente a Sonata para piano e violino e 0 quarteto nao seguem esta regra

26

Page 26: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

CAPiTUL02

A SONATA

27

Page 27: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

28

Page 28: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

2.0 Pequeno hist6rico e estrutura gerat:

A sonata para piano e violino em La maior foi escrita em 1886 e

dedicada, como presente de casamento, ao violinists belga Eugene Ysaye1. A primeira

ed~ e do mesmo ano, por J. Hamelle, em Paris.

A obra faz parte do terceiro periodo da vida do compositor, no qual,

segundo seu aluno e bi6grafo Vincent D'lndy, Franck atinge sua maturidade e plena

~ criativa. A estreia foi dada em Bruxelas, em novembro do mesmo ano e em Paris,

em maio de 1887, por Ysaye ao violino e Leontine Marie Bordes-Pene ao piano. A

sonata conquistou sucesso imediato, conquistando Iugar privilegiado no repert6rio de

concerto para piano e violino.

Abram Lott2 ve a sonata como "colorida, vigorosa, fantasiosa, capaz de

prender a alenl;io do ouvinte ( ... ). Repeti¢es de elementos ritmicos e tematicos entre

os movimentos tomam nao s6 a obra extremamente coesa, mas tambem perigosa. Nas

l'll8os de urn interprete pouco avisado, ela poc:tera soar banal, entediante".

1 Eugene Ysaye (ISSS-1931): VJOiioisla virtuose e compositnr helga, aluoo de Lambert Massart em Paris e de Hemi WJelliawski em Bruxelas. oude tambem fui professor e fimdou a Sociedade de concertos Y saye. Personalidade ; ss rial na histOria do violino, ele fui para a escola ftaoco-belga o que J. Joachim fui para a escola alemi. Coasiderado como o Wluoso mais .. ninente da ;!poca POs PaganiDi e anterior a Heifetz, simboliza mais que qualquer oulro a ponte eDtre os violinistas do Sl!culo XIX e do Sl!culo XX Seo toque, mistura sutiJ de fimtasia, jnl!~ 6berdade, ~ iuspirouo O)iik\ida•io do gnmclepedagogo c. Flesch: "Ysaye ea personaJidade e a indiW!naJidade mais extnwntiualia que OU\Ii em toda mioha W!a~. Ele exen:eu papel de destaque no desenvotvimenlo da llllisif:a do seu tempo, seodo sem dti-.ida o iDtbprete que iuspirou a produ~ do maio.- Dlimero de obras nos ouposiloies de seu tempo. PASQUAU, Giulio e PR1NCIPE,R.emy. El violin, pag. 87 e JAEGER, LAlJRENT e MOLKHON.Le rioloa, de lao net des -nn. 2 WFT, Almun. VJOiia ad keyboanl., tlae d• ~ \'01. 2, New Yod<, Grossman 1973

29

Page 29: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

A sonata e urn dos melhores exemplos da utilizayao da fonna ddica3,

isto e, com motivos que se repetem e se transformam durante o decorrer da ~.

prindpio semelhante ao leitmotif em Wagner ou a idee fixe5 em Berlioz.

Segundo D. Moore, tres motivos cidicos6 dominam os quatro

movimentos da sonata. 0 motivo 1, anundado em fragmentos na introduyao de quatro

compassos pelo piano (Ex.1) e reapresentado pelo violino no compasso 5, e formado

por urn grupo de tres notas em ~ ascendentes e descendentes (Ex. 2). Este motivo

e o que mais se transfonna durante a ~. criando outros motivos baseados ou

inspirados por ele.

Ex.1 II " II ~ ' I

~ . . r-=--·

:

Ex2

0 motivo 2, apresentado ainda no primeiro movimento (compasso 19),

e formado por urn grupo de quatro notas (segunda maior ou menor, tef\:8 menor

ascendente e segunda menor descendente) que, juntamente com o motivo 1, compi)e a

3 Teanea de~ de 1110\'imeotos iDdividuais de uma obm maior, completos por si mesmos, pelo retorno de um tam Oil motivo musical Dicionirio de m6sica Zabar. 4 Do alemio: motivo condutor. Tema nwsical usado sobretudo por Wagner, pan1 identificar um personagem, ol!jeto ou idclia de uma Opem. Dicionirio de m6sica Zabar. 5 Do ftances: ldeia fixa. Termo utilizado por Bedioz para a deoomin•\'ikl do tam principal de sua Sinfunia Fantisrica Dicioniuio de musica Zabar. 6 MOORE, Douglas. A 8IJide to musical styles, pag. 230

30

Page 30: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

base do tema principal no segundo movimento (Ex 3). Este motivo e usado pelo

compositor como base para varios temas, quase sempre em tonalidades em modo

menor.

Ex.3

ft Bj F 0 motivo 3, que aparece somente no terceiro movimento, e uma

melodia baseada em saltos de quarta e de quinta (Ex. 4). Este motivo nunca e

modificado, apenas apresenta transposi¢es.

Ex.4

4Y.rqa 1(--- --- J

Para ilustrar o modo como os motivos sao apresentados durante a

~. podemos citar os seguintes exemplos:

Para o primeiro motivo:

Mov. 4. Compasso 99

Mov. 2, Compasso 29-30

I UNICAMP

31 I BIBLIOTECA CENHlAl Cl U

Page 31: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Mov. 4, Compasso 2-3

--~ 1 ; 1F r r r 1r-

Para o segundo motivo:

Mov.l, Compasso 5

Mov. 3, Compasso 71

4Y.,r J I J.

Mov.l, Compasso 19

411 H •U' 4@J £® I

Os tres primeiros movimentos iniciarn-se com uma introdu~o ao piano

antes da ~do tema principal.

No segundo movimento, o compositor antecipa a exposi~o do tema no

piano, ap6s uma breve introd~. lmediatamente o tema e reexposto em unissono

com o violino. No quarto movimento, a ideia e apresentada pelo piano e o violino, urn

rond6 com o refriio em estrutura de cclnone.

32

Page 32: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

A estrutura geral e de movimento Iento, rapido, Iento, rapido, tendo OS

movirnentos 1entos o mesmo numero de compassos entre si e os rapidos

aproximadamente o dobro dos lentos (117 -229-117 -240).

2.1 Estrutura do primeiro movirnento

0 movimento esta construido em dois grandes blocos, o primeiro vai do

compasso 1 ao 59J e o segundo, do 59.2 ao 117. 0 segundo bloco e a ~do

primeiro com algumas modificag(ies, principalmente quanto a regia<> harmOnica, pois no

primeiro bloco, o segundo tema esta na regiao da dominante e, no segundo bloco, na

regia<> da tOnica. Estes blocos estao divididos em tres se¢es, sempre em frases de

quatro compassos. A estrutura ritmica e basicamente formada por grupos de colcheia e

semfnima, em pulso temarto, onde a colcheia e o elemento motor da melodia.

No primeiro bloco, a primeira ~ vai do compasso 1 ao compasso

312. Nesta~. enquanto o piano realiza urn acompanhamento essencialmente em

acordes, o violino apresenta o motivo principal e suas transformay<ies, como por

exemplo, invers6es de~ (compasso 9-10 e 12-13) e transposiy<ies (compasso 5-6 e

25-26). A ultima frase desta ~ e estendida de dois compassos para preparar a

cadencia sobre a dominante que levara a segunda ~-

A segunda ~ (313-46)7 tern o segundo tema confiado ao piano, na

regia<> de Mi maior. 0 acompanhamento contrasta com a primeira ~. sendo

7 A~ dos numerais em funte menor n:f ... c sc ao tempo denlro do compasso, neste caso compasso 31,. terceiro tempo.

33

Page 33: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

essencialmente em arpejos de colcheias. A partir da terceira frase, em semicolcheias,

ocorre uma modu~ de Mi maior para 06# menor, iniciando a terceira ~-

A terceira ~ (47-59), que e o desenvolvimento, reapresenta o tema

inicial, um pouco modificado (sem o movimento ascendente), em um diillogo entre o

piano e o violino, com o acompanhamento ainda em arpejos de semicolcheias. Depois

da primeira frase o acompanhamento volta a ser em acordes, com o piano

apresentando os fragmentos do tema como no inicio do movimento. Harmonicamente, a

~ C01TJe!t3 em 06# menor, migrando para a regiao de Mi maior.

0 segundo bloco do movimento, a re-exposi~o, comec;:a no compasso

592, com quatro compassos de introd~. aqui servindo de ponte entre os dois blocos,

seguidos da intervem;ao do violino. 0 acompanhamento e em acordes de seminima,

guardando a mesma harmonia, porem mais movido ritmicamente em rela~ ao inicio.

No compasso 71, a harmonia se movimenta na regiao de Re maior,

chegando ao 1.8 maior na ~ do segundo tema no compasso 89. A dinamica

indicada neste segundo bloco, expressa claramente a i~ de maior intensidade em

~ ao primeiro bloco nos compassos que precedem o segundo tema, j8 na

tonalidade principal do movimento (La maior). A textura do piano, em acordes mais

abertos, facilita este aumento de intensidade sonora.

Esta ~ e interrompida por uma interven~o de quatro compassos

(97-100), com material do primeiro tema A terceira ~ (coda) conclui o movimento,

na tonalidade de 1.8 maior.

34

Page 34: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

PRIMEIRO BLOCO

Mata:ia1 SECAO l (1-3 L2) SECA02(3U-46) SECAO 3 (47-59.1)

laDilico Temal Tema2 llesamllvimenlD

Regiiles La maier, iDiciado oa Regiio de Mi maier, mignmdo Regiio de DOll mcnor, com

halmOnicas chwni•w•~~t para DOll meoor ~ oa regiilo de Mi

maier

Tljgimjca Piano com crescendo em Forte com di1lrimletulo ..,; a Fssewialmente em dolcissimo.,

direP>a~2 ~3 bn:we crescendJJ e diminuemlo

110fioal

Textura e A<ooles 110 piano e /egat1o A• a ... oanham nto em m:pejos. A•ampanlpmento em arpejos e

artin•l¥ ooviolino Piaaosolo aaxdes. lMlogo com material

laDilico eolre 0 violino e 0

piano

SEGUNDO BLOCO

M.aleriaJ Sqio I (59-39 2) Sqio 2 (89.3-107) Sqio3 (108-117)

laDilico Temal Tema2.~da~3, Coda

""""2

Regiiles Mi maier eRe maier Regiiode La maier Regiio de La maior

ldlinw"'ll'llicas

Tljgimjca Do1cissimo com crescendo aiC a Forte com tlimimtJmdo aiC o fim MohD dolce essencialmeule

~2 da~ com um crescendo e

di1lrimletulo 110 final

Textura e A••*'iJ*"wJM•W• em at'ORk:s Atc:wnpmlw•M':tlh• em arpejos de Acooles no piaDO e /ega/11J oo

artiad¥ em 9 "'"'UIWS Jl""""'das e a ailcho:ia e em at'ORk:s dunmle a violioo

padirdo 0"40SS0•67, COIIIOIIO ~ do violioo

bloco 1. No violiDo, como DO cc ... , ... so 97-99)

bloco I

35

Page 35: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

2.2 Estrutura do segundo movimento:

Como afinna Abram Loft. este movimento inspira ffiria e

determi~. contrastando com o primeiro movimento, de inspi~o calma e feliz. A

forma deste movimento e a de sonata em moldes classicos8, com exposi98<> (tema 1 e

2), desenvolvimento, reexposiy8o e coda.

Uma introd~o no piano inicia o movimento na regiao de La maier,

seguida da ~ do material principal, tambem pelo piano, na regiao de Re menor.

A interven98<> do violino segue logo em seguida, repetindo o material em unfssono com

o piano, em uma dupla ~o. 0 motive 2 domina amplamente o movimento, sendo

apresentado no tema principal (ex. 1}

Ex.1

Ex.2

Compasso24

4 ~ , trll , ~ta ', d'iJt:l F?r Ap6s a ~ do material principal, fragmentos do primeiro

movimento sao apresentados pelo piano (ex. 2), semelhante ao compasso 15 do

movimento anterior. No compasso 30, o violino apresenta uma das variantes do rnotivo

1, em movimento descendente. Ap6s urn grande crescendo, o tema principal do

8 MOORE,. Douglas. A guide to mnsical styles, vol2, pig 231

36

Page 36: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

movimento e reapresentado no compasso 34, desta vez uma oitava acima em rela!fiio

ao inicio, e com uma pequena mod~ ritmica no final.

No compasso 44, uma ponte baseada no motivo 1 {Ex.3) e

apresentada na regiao de Fa maior, levando ao segundo tema do movimento no

compasso 48 {Ex. 4), apresentado pelo violino, na regiao de 06 maior, sendo repetido

na regiao de Mi maior.

Ex.3

Ex.4

Ap6s a apresenta!tiiO deste tema, os rnesmos fragmentos do primeiro

movimento sao reapresentados {compasso 56) na regiao de Re menor, conduzindo a

um tema de tra~ no compasso 67, onde se inicia a ponte para o desenvolvimento.

Este tema de transi!ti<> e apresentado com saltos descendentes de oitava nos dois

primeiros compasses. Na sua repeti!fiio, os saltos sao suprimidos, com o ritmo

modificado, mantendo o movimento ascendente da melodia.

No compasso 67 ~ uma ponte, apresentando um tema de

~. baseado provavelmente no motivo 1 como apresentado no compasso 47 do

movimento anterior, ~ndo em Re bemo1 maior, seguido de varias modulagOes,

ate o quasi Iento.

37

Page 37: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Ap6s o rallentando do compasso 78, tern inicio o desenvolvimento no

quasi Iento, onde o motivo 2 e exposto na sua forma original , na regiao de Fa menor,

no piano, seguido pelo violino. Desta vez, este tema e apresentado no violino, com o

acompanhamento menos denso do piano, na regiao de Re menor, apesar do

cromatismo extremamente r8pido que deixa flutuante a tonalidade.

No compasso 80, quasi Iento, apresentando o segundo motivo gerador

da sonata, inicia-se 0 desenvolvimento. Ap6s esta passagem de carater misterioso e

hesitante, quase como uma introdUQ§o, o desenvolvimento se afirma definitivamente no

tempo ptimo, onde os temas j8 apresentados se combinam, o motivo 2 no piano, e uma

~ do motivo 1 no violino. 0 ritmo harrn6nico e extremamente rapido. As no1as

dobradas no violino no compasso 112 (varia~ do motivo 1) refo~m a ideia de fo~ e

movimento nesta passagem em fortissimo, elemento retomado na coda do movimento.

Durante todo 0 desenvolvimento, 0 jogo entre OS temas e suas variay()es e bastante

intenso ate a ~ no compasso 138. Quando o segundo tema e apresentado

nesta se;§o, ele esta uma sexta acima em ~o a exposi~. No compasso 202,

inicia-se a coda, utilizando as notas dobradas em semicolcheias no violino, baseando­

se no tema inicial e no motivo 1. A ind~ de animato poco a poco leva a conclusiio

do movimento em Re rnaior.

38

Page 38: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Segundo movimento

Exposi9lo do tema I ~ dotema2 Desenvolvimento 1-43 (ponte 43-47) (ponte 67-79)

43-66 79-138

Material Temal Tema2 Temas I e2e~nopiaooe tem8tioo Piano e violino Violino violino

(dupla~)

RegiOes Remenor Remeoor Ponte na regiio de Fa maior e tempo harmOnicas ' primo na regiio de D6# menor

Dininica Forte e fortissimo Forte no illicio, molkJ Pianissimo are o tempo primo. ess~ • i~'lt-nPnte diminuendo e Tempo primo em fortissimo are a

pianissimo~ com um apresenta{:io do tema 2 em mezzo forte e ~ crescendo diminuendo. Crescendo para a diminuendo . -

lfextura e Legatto em notas Ponte em acordes no Textura muito variada Notas dobradas

articula9"> J3pidas no violino e piano e segundo tema em semicolcbeias no violino em arpejos no em arpejos no aconapaolwnetdc> do acompanbament.o e

i piano le!!.atO no violino

. - ' (138-201) Coda Material !an8lico Tema I e 2 no .rolino Temas I e 2 no piano e no violino RegiOes bannOnicas Re menor no tema 1, Si menor no Remenor

tema 2, mignmdo paraRe menor DiDimica Comona . - Piano e crescendo ate o final Te<~ura e articula9"> Comona~ Notas dobradas no violino e acordes e

~~· nolliano

39

Page 39: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

2.3 Estrutura do terceiro movimento

0 titulo "Recitativo-fantasia" descreve o carater deste rnovirnento. Aqui

esta o ponto central da sonata, urn momento de reflexao, quando todos os rnotivos sao

revisitados e apresenta o motivo 3. E o ponto de liga!t&o entre os dois primeiros

movimentos e o final. No inicio, e utilizado urn material que se baseia no tema principal

do segundo movimento:

r r

Ap6s esta introdu!t&o. o violino intervem com urn material baseado no

motivo 1, em Sol menor.

0 nome recitalivo se refere a estas interven~ do violino, con

fantasia, sem acompanhamento do piano. Ap6s esta linha recitada, o piano apreseula

outra varia!t8o do motivo 1, sendo complementado pelo violino, na regiao de Sol menor,

modulando para Mi menor.

40

Page 40: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

A mesma interv~ do piano e repetida em Mi menor, modulando

para D6# menor. Segue uma ponte, o motto Iento. oomec.;:ando em DO# menor

chegando a Re menor. 0 material do infcio e reapresentado uma quinta acima,

concluindo a primeira ~ oom o recitativo do violino.

A segunda ~ (compasso 32) comec.;:a oom urn material baseado no

motivo 1 em Re menor, em uma espE!cie de divertimento no violino, passando pelas

regiOes de Mi bemol menor e Sol# menor. A apresen~ do tema inicial (oompasso41)

~ urn crescendo ate o La maior do oompasso 45, quando e apresentado o motivo 1

no violino. Este motivo e repetido em modula¢es cromaticas ascendentes ate 0 triplo

forte em Si maior do oompasso 51.

No oompasso 53, infcio da terceira ~. o motivo 2 e apresentado em

urn pianissimo sUbito no violino, na regiao de Fatf. menor. Ap6s este evento, acontece a

primeira int~ do motivo 3 na sonata (oompasso 59), na regiao de Si menor, oom

acompanhamento do piano em arpejos de colcheias. 0 tema gerado por este motivo e

interrompido por dois oompassos no piano, sendo oompletado nos oompassos

seguintes.

No compasso 71, o motivo 2 e apresentado oom uma inversiio de~

oom uma grande ~ dramatica (uma inversiio de ~ foi utilizada pelo oompositor

para o motivo 1, no primeiro movimento, compasso 13}. De novo o motivo 3, em molto

dolce na regiao de Fatf. menor, sem a interrup;iio do piano. 0 acompanhamento segue

em arpejos, oom uma alusao aos oompassos 47-49 do primeiro movimento (oompasso

93}, sendo seguido de urn grande crescendo ate a interv~ em triplo forte do motivo

2 (oompasso 105), mais uma vez em tel\:85 invertidas.

41

Page 41: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

No compasso 111, urna reapresentac;:ao do molto Iento do inicio do

movimento conclui o movimento, de urna maneira interrogativa, preparando assim o

ultimo movimento (Fa# menor, retativo de La maior, tonalidade seguinte).

42

Page 42: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

T erceiro movimento

Ptimeira so;io Seglmda so;3o Terceira so;io

Compassos 1-31 0 mqoassos 32-52 Compassos 53-117

RegiOes .Re meoor (Sol meoor, Mi .Remeoor Fa# menor

harmOnic:as meoor, D6fl meoor, La M~ ascendeotes ate

meoor) Slmaior

Material Motivo 2, no piano Motivo 1com Sucessao dos motivos 2 e 3 com

1ml!jriro Rlocitativo baseado no C8niCterisril:a de uma ~do motivo 1 no

motivo 1, no violino dive:lindlto, depois violino. Piano sempre com

n:citalivo no violino. acompaobamento baseado no

Acoorpanbamento divertimento.

cromitico e motivo 2 no

piano

Textm:ae Acompanhamr.uto em LegaiJo e recitativo no LegaiJo no violino, exceto no motivo

~ aoordes. Melodia recitada violino e acompauhameuto 2, com notas separadas.

no violino e em legatto no em aconles pouro deusos Piano sempre em arpejos ate o

piano. no piano 8IIIJlallaudo a Compasso 111 em aconles

m-.idade com o crescendo

DiDimica Forte nos n:citalivos e no Pianissimo com crescendo Pianissimo, exceto no motivo dois

motivo 2. piano no motivo ate 0 lriplo forte inwrtido em forte e jortissimo

1

43

Page 43: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

2.4 Estrutura do quarto movimento

Este movimento apresenta uma forma de rondo, onde o refriio e

baseado no motivo 1, mesmo que bastante mocflficado. Este tema e tratado em canone

entre o piano e o violino. As regiOes harmOnicas sao bern mais definidas em rei~

aos movimentos anteriores.

0 primeiro tema e apresentado nos compassos 1-21 e repetido do 22-

36. No compasso 36, o motivo 3 da sonata e exposto no piano acompanhado pelo

violino com uma melodia em estilo de divertimento. Volta o retrao, em 06# maior, no

compasso 51, sem dupla ~- No compasso 64, o mesmo evento anterior e

reapresentado, desta vez com o tema no violino e o acompanhamento no piano, em

Ffs/1. menor.

No compasso 77, volta o retrao em Mi maior, urn pouco modificado no

final, chegando ao fortissimo antes do prOximo evento.

No compasso 99, o piano subito introduz urn evento baseado no rnotivo

1, similar a versao apresentada no segundo movimento no compasso 44. A tonalidade

de Mi maior e rnantida. Ap6s este evento, uma ponte se apresenta, baseada sobre o

divertimento do terceiro movimento, modulando de Mi maior para Si bemol menor.

No compasso 117, na tonalidade de Si bemol menor, urn fragmento do

tema principal e apresentado, e repetido varias vezes em tonalidades diversas (Si

bernol maior, Mi bernol menor, Mi bemol maior). No compasso 133, COI1'IE!!t8 o

desenvolvimento do movimento na tonalidade de La bernol menor, com urn fragmento

do tema no baixo do piano. Uma sene de modula¢es traz de volta o motivo 2, em Rtf!#

44

Page 44: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

menor (compasso 143). Estes dois eventos se sucedem em intensidade sonora

crescenta, passando por vanas tonalidades, ate que o motivo 3 intervem no compasso

169, na tonalidade de D6 maior. Neste ponto ha uma modu~o para La maior e a volta

do retrao. levanc:Jo a conclusao da sonata.

Quarto movimento:

Rdiio Eveoto1(37.2- Refiio(SQ.. Eveoto2(64- Rdiio(n- Eveoto 3 (99-108)

(l-37.1) 50) 64) 76) 98) Motivo I no Yiolino.

u u maior-DOll DOIImaior- Comoevento Mimaior Acompanhamento no piano em

maior. maior. Fif#menor I mas em colcheias e acordes em contra

Cioone Motivo3e Fif#meoor- tempo. Regiiio de Mi maior- Si

pianoe divertimento Mimenor menor

violino

Ponte (I09-132)

Piano solo

Regiiio de Si meoor (cromalismo inlenso)

Motivo 1, em ciinooe, ua regiiio de Si bemol maior, indo para Mi bemol maior.

De.senvolvimeot

Motivo I, pianosolo,Ubemolmenor(I33-I42).

Motivo2, violino. Rel#menor. (I43-151)

Motivo 1, piano solo, Si bemolmenor(I51-I60)

Motivo 2, violino, Fa menor- DO maior (I6I-I69)

Motivo 3, violino, DO maior- Umaior (170-184)

Reliio (185-221) Coda (222-242)

Umaior Umaior

45

Page 45: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

46

Page 46: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

CAPiTUL03

OS REVISORES

47

Page 47: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

48

Page 48: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Para melhor compreendermos o capitulo que seguira, parece-nos

essencial o conhecimento de alguns aspectos da hist6ria da ex~o violinistica, para

tentarmos assim ~ urn paralelo entre os revisores, suas escolas e as possfveis

influEincias destes elementos nas escolhas tecnicas, visando uma boa interpreta9i<> das

obras.

A maneira de tocar urn instrumento e o resultado de paradigmas

esteticos adotados pela sociedade durante uma epoca, que surgem a partir de

modismos ou pela influencia de grandes artistas e mesmo de institui¢es, como foi o

Conservat6rio de Paris, cuja influencia se estendeu por todo o seculo XIX, e ainda e

sentida ate hoje. No caso do violino, modifica¢es no proprio instrumento 1 co~m a

ser notadas a partir do final do seculo XVIII, quando o maior tamanho das saJas de

concerto exigiu urn maior volume sonoro dos instrumentos. A utilizagao de posic;Oes

mais altas resultou em urn espelho mais Iongo. Modificou-se tambem a angu~o do

~ em ~ ao corpo do instrumento, aumentando assim a tensao das cordas

sobre o ~- Devemos considerar tambem a gradativa entrada em uso das

cordas revestidas de metal, primeiramente as mais graves, e progressivamente as

cordas La e Mi. Cordas de metal ou revestidas j8 eram conhecidas no inicio do sect do

XVII, mas a preferencia da maioria dos violinistas ainda era por cordas de tripa3. Todas

estas modifica¢es exigiam novas maneiras de tocar. Urn exemplo e o cuidado

1 Em realidade, niio exislia um padrio totalmmte de6nido para os instrumentos barrocos em re~ aos bral;os. bamls banoilnicas. c:av.lldes e conlas. Estes elementos wriavam coosidelavdmeot sendo por vezes bastanle diftlrenles eutre c:onstruiOreS e mesmo eutre vioJjojstas Stowell. p3ginas 23-31. 2 0s inDios Maodegaua ji no fioal do seculo XVlli trocavam OS bra\:os dos violinos antigos confonne o 110110

~ <q!.Jmdo 0 gosto de Paris. (Grove's, verbete violin) Leopold Mozart descre\'e um violino como wn iDslrumeoto que usa cordas de tripa, e niio menciona cordas de

metal. Mozart, p8g. 10. e Stowell p8g. 28. 49

Page 49: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

necessario para se obter urn timbre rnais homogeneo, pois com cordas de metal, a

d~ de timbre entre as cordas tomou-se muito rnais evidente. A queixeira,

introcluzida por louis Spohr no inicio do sect .. tlo XIX, facilitou a mobilidade da mao esquerda no ~ do violino, visto que o violino poc:f.a ser sustentado pelo queixo,

tomando mais viavel rnanter-se na mesrna corda por meio de mudan~s de posic;iio, o

que proporciona rnaior unidade timbristica. No seculo XVIII ja existia uma preocupa98o

a este respeito. L Mozart fala de dedilhados expressivos, utilizando a mesrna corda

para a mesrna frase, entretanto, a prioridade absoluta neste final de seculo XVIII e inicio

de seculo XIX era com a segura~ eo conforto da ex~o4• Ja em tratados mais

modemos, como "A arte do violino" de Carl Flesh, ou "lnterpreta{:8o e ensino do violino"

de Ivan Galamian, prioridade absoluta e dada aos dedilhados ditos "musicais"',

enfatizando a coerencia da frase, ainda que isso represente urn aumento da dificuldade

tecnica.

0 inicio do seculo XIX foi rnarcado pela idolatria aos virtuoses. Em

algumas vezes, o ego super desenvolvido de alguns artistas levava a interpreta¢es

irrespons8veis e pouco comprometidas com o compositor. Urn exemplo disto foi a

estreia do concerto de Beethoven op. 61 (1806), quando o violinista Franz Clement.

ap6s a exectJ9io do primeiro movimento, apresentou urna sonata de sua autoria.

tocando o violino ao contrario e em uma s6 corda, em uma demonstra900 de

virtuosismo barato5.

4 Stowell. p8g. 90-91. s Site da web http11www .. gsrities comi...,.,..W...~Ibeelhoven.html acessado em 22 de outubro de 2002, as li:OO.

50

Page 50: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Joseph Joachim (1831-1907, contemporaneo de Franck e de Ysaye)

em seu "Traite du violon" (Berlim 1902-5}, escrito em parceria com Andreas Moser, fala

dos violinistas da famosa orquestra do conservat6rio de Paris, dirigida por H~.

dando uma visao gem! da prirtica violinistica neste meio de seculo XIX:

•EJes eram alunos efetivos dos famosos professores VIOtti, Kreutzer,

Rode e oulros, pelo menos, de Baillot e Habeneck expoentes de uma

esco1a quase tolalmente des aparecida na F~ que sucedeu a escola

piemontesa e tinha Sido levada a Fl<ll¥1 por dois de ~ mais ilustres

expoentes: J.M. Leclaire, aluoo de Somis, e J.B. VIOtti, aluoo de Pugnani.

Esta escola ensinava antes de tudo a cantar com o violino de uma

maneila alheia a todo charlalanismo, sem artificios, obtendo assim uma

tecnica de mao esquerda adeqt lada a estes principios e dando muita

imporliu tcia a fiberdade do ~ direito, o que pennitia realizar com a

maior perfeil;i!io o carater dos go1pes de arco.

Esta escola tinha por finalidade converter o violino em algo mais

que urn simples inslrumento de virtuoso. Demonslra-se assim que os

corr.,asitores, de Haydn a Medelssohn, se va1eram de ~ principios e

conquislas tecnicas em sua maneira de tra1ar o violino. Chegou (a escola)

em Paris com Leclaire e VJOlti, a V.ena diretamenle com Ferrari, aluno de

Tarlini e ptofessa de Karl D. voo Diltersdorf, e indirelamente com BOhm,

a1uoo de Rode, que por sua vez o foi de VJOlti.

Se levarrnos em conta que Haydn compOs a maioria de seus

qumtelos de cordas e concertos de violino para seu amigo Tomasini,

arlista ilaliano; que Mozart linha estudado violino com seu pai em um

6 f'nm9ois Antoine Haheneck,. violinisla e =, ttro frances, SIK:eSSOr de R. Kreutzer na Opera de Paris e dir:ero£ da "Sociere des Concerts du Coaservaloire". Foi o primeiro a exec~dar a integral das sinfonias de Beelhoven. Sire da web: http://Jr.encyclopediayaboo.comtarlicleslblhOOOJ6 _pO.blml

51

Page 51: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

ambiente "tartiniano"; e que Beethoven se relacionou com Kreutzer, Rode

e BOhm. podemos deduzir facilmente que os estudos e as obras desta

escola de violino, devem ser considerados como modelo de toda literatura

de rmlsica de camara e de orquestra originada em solo austriaco.

Somente o violinisla que tenha assimilado seus ensinamentos telia a

temica que estas obras necessitam, e saberia portanto revelar seu

....... .7• espluou .•

Joachim comenta o fenOrneno Paganini, como responsavel pela

decadencia do bel canto na arte violinistica franco.belga e o avan~ do virtuosismo:

·o mais surpreendente e que foi urn italiano, Nicolo Paganini, que, sem

saber, o incentivou. Os triunfos sem precedentes que obtinha este ilustre

rep e santante do virtuosismo, incilalam os franceses a imitar e mesmo

tentar superar este mago. Nao compreenderam que Paganini,

considerando o conjunto de sua personalidade, era urn genio inimitavel, a

quem se podiam tomar emprestados alguns procedimentos, mas sem

possuir nem uma minima parte de sua alma ( ... } descuidando a

modalidade cantante do violino, provocou a completa decadencia na arte

dassica de se tratar o arco"".

Pelo texto e bastante clara a grande ~ da moda do virtuosismo no

violino, mas tambem a ~ de grandes artistas a este procedimento.

7 J. Joacllim in PASQUALE, Giu1io e PRINCIPE, Remy-, El violin-T~ do autor. • Jbidem- TJ'~Jdu(:ao do autor.

52

Page 52: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Quando foi composta a sonata de Franck (1886), as escolas nacionais

de violino j8 haviam perdido ~ visto a grande mobilidade dos concertistas e dos

professores. Outros p6los de aprendizagem do violino estavam surgindo, como a escola

russa, com L Auer, e a berfinense, com Joachim. As grava¢es que puderam ser

feitas no final do seculo XIX e inicio do seculo XX revelam uma grande riqueza de

portamentos e vibratos. Tambem e grande a utiliza~ de notas em harm6nico (Resch

faz referencia a este h8bito que ele considers como arcaico em sua epoca,

representante da "veeha escola").

Emile Sauret (1852-1920)

Violinists e compositor frances. Considerado urn dos melhores alunos

de Char1es de Beriot, possivelmente foi tambem aluno de Vreuxtemps e Wieniawisky.

Como ~ prodigio, realizou seu primeiro concerto aos oito anos em Vrena, depois

em Londres e Paris. Ap6s servir ao exercito durante a guerra de 1870, retoma sua

carreira dois anos mais tarde, com uma toumee pelos Estados Unidos.

Divide seu tempo entre a carreira de virtuoso e a de professor. Leciona

na Suecia, lnglaterra, Estados Unidos, Suiya e Alemanha.

Sauret foi urn dos rnais importantes representantes da escola Franco­

belga. Tinha uma tecnica excepcional, uma sonoridade caracteristica e urn vibrato muilo

expressivo. E autor do metodo ·Gradus ad Pamassum·. no qual as dificuldades

53

Page 53: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

apresentadas sao enormes. A cadencia escrita por ele para o concerto numero 1 de

Paganini e uma prova de sua grande virtuosidade.

Como aluno de Charles de Beriot, e provavel que tenha adquirido

alguns dos principios deste mestre. Beriot pregava a clareza de articula~.

comparando o violino com a voz humana Partindo da premissa que, falando ou

cantando, a clareza do discurso depende da for{:a empregada na consoante no inicio

de cada silaba. aplicava o mesmo principia a tecnica do arco. Para uma pronuncia

dace, urn ataque dace. Atacar com maior fof\:8 a melodia che parta. Beriot da conselhos

de golpes de arco para melhor inte~ das frases: 1) deve-se pensar a melodia

como urn texto poetico, 2) expressar as silabas longas com o arco para baixo e as

curtas, para cima, 3) mudar a arcada juntamente com as silabas. Se estas sao muito

pnlximas, indica-las em urn mesmo arco mediante uma separa(:So quase imperceptive!.

Beriot tambem tala do porlamento. descrevendo suas caracteristicas e

seus tipos e como utiriZ8-Io de maneira coerente. Ele sempre aconselha a fazer

compa~ com o canto. De maneira geral, Beriot aconselhava a seus alunos a tocar

com muitas varia¢es de dinarnica, de timbre e com acentos expressivos.

Como compositor, foi influenciado pelo te6rico alemao Jadassohn, que

conheceu em leipzig. ReariZOU tambem transcrigOes para o violino de obras de

wagner, Medelssohn e Rubinstein.

54

Page 54: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Yehudi Menuhin {1916-1999)

Violinista e compositor americano, urn dos mais admirados violinistas

do seculo XX, pela profundidade de suas interpreta¢es e a pureza de seu estilo.

~ seus estudos aos cinco anos com Sigmund Anker e dois anos depois j8

toc:ava o concerto para violino de Mendelsohn. Passou a estudar com Louis Persinger,

fazendo progressos rapidamente, de maneira a j8 tocar em publico o primeiro recital

completo aos oito anos de idade. Gravou seu primeiro disco em 1928, quando j8 tinha

uma carreira de sucessos.

Em 1927, Menuhin mudou-se para Paris com a familia, a fim de estudar

com George Enescu . Com sua irma, Hephzibah, formou urn duo que percorreu o

mundo inteiro.

A principal caracteristica de Menuhin na sua juventude foi uma incrivel

habilidade tecnica, aliada a uma grande maluridade artistica. Demonstrava tambem

uma grande capacidade de compreensao musical juntamente com espontaneidade e

frescor.

Durante a segunda grande guerra, tocou mais de 500 concertos para

as tropas aliadas. Foi tambem o primeiro artista a se apresentar na 6pera de Paris ap6s

ali~ de cidade.

No periodo do p6s-guerra notou-se uma queda em sua habilidade e

naturalidade tecnica, mesmo conservando a nobreza e espiritualidade de sua arte.

55

Page 55: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Menuhin revelou que neste periodo passou por um questionamento sabre as bases de

sua tecnica e suas pesquisas o levaram a fundar uma escola intemacional de violino.

Publicou v8rios livros sabre a tecnica do violino, nos quais defende o relaxamento e a

a~ da ioga, descoberto por ele em 1951.

Conhecido humanists, filantropo e defensor das minorias etnicas e

culturais, ele foi presidente do conselho intemacional de musica, ligado a Unesco.

Vanos compositores lhe dedicaram obras, entre eles Bartok, Martin, Bloch e Walton.

Em seu rM'O •Seis rl¢es com Yehudi Menuhin", apresenta uma sene

de exerclcios com o deslocamento de um unico dedo sucessivamente em uma unica

corda, o que talvez explique algumas de suas escolhas apresentadas nesta pesquisa

Corrado Romano (1920)

Nascido em Milao, Halia, iniciou seus estudos de violino com Gino

Nastrucci, •spalla" da orquestra do Teatro La Scalia de Milao. Aos 11 anos ~ a

apresentar-se em p(JbriCO. Aos 13, mudou-se para Paris, para estudar com George

Enesco e depois mudou-se para Bertim, onde estudou com Carl Flesch. Aos 23 anos

ganhou o primeiro premio no concurso intemacional de Genebra. Por motivos de saUde,

limitou sua atuac;ao como concertista, dedicando-se prioritariamente ao ensino. Em

1951 foi irnfrcado por H. Szering para o cargo de professor no Conservat6rio superior

de mUsica de Genebra, nas classes superiores e de virtuosidade. Muitos de seus

56

Page 56: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

alunos tiveram carreiras brilhantes, entre eles Uto Ughi, Elisa Fukuda, Cussy de

Almeida, Cecilia Guida.

Professor de grande conhecimento e cultura, admirado especialista da

tecnica de mao esquerda, foi muito aiticado por omitir-se em rela~o a tecnica de arco.

Romano utilizava procedimentos extremamente complexos, com muitos dedilhados em

extensOes. que permitem a realizaQ!io de passagens com o minimo de portamento. De

fato, se analisados do ponto de vista puramente escoJastico, podem ser considerados

geniais. Entretanto. muitas vezes uma sequencia de extensCies toma a passagem

perigosa para a ~ em ptjblico. Por serem pouco praticos, seus dedilhados

tambem eram alvo freqUente de criticas, mesmo entre seus alunos. Seu afastamento

das sa1as de concerto pode ter sido consequencia desta tendencia a encontrar solu¢es

pouco praticas para problemas tecnicos, privilegiando apenas o ponto de vista te6rico,

Leopold Lichtenberg (1861-1935)

Violinists e compositor americano. Aluno de Wteniawsky, realizou

v8rias revis6es para a G. Schirmer Music Publishers nos EUA. Em nossa pesquisa s6

conseguimos encontrar poucas ~. apenas algumas citat;Oes sobre sua

~ em recitais em Springfield (EUA), nas temporadas de 1884-85-86", e a

inctusao de seu nome como fundador do Trio Margulies. Com esse trio, juntamente

9 Site da Web: www.rootsweb.com/::!!!i!h;m!p<Wqmrens .O!Jlbhist htm , acessado em 16 de setembro de 2002, as 11:00.

57

Page 57: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

com Adele Margulies (piano), e Victor Herbert, Leo Schulz e Alwin Schroder,

respectivamente, no violoncelo, realizou numerosas toumees pela Europa e EUA, com

grande sucesso. Tomou-se membro da "Boston Symphony Orchestra" e professor do

"New York National Conservatory of Music". Outra alusao ao seu nome encontramos na

biografia William Uncer, na qual ele e mencionado como professor do "lnstitut of

Musical Art"10 • Tendo sido aluno de W1eniawsky muito provavelmente foi influenciado

por sua escola e gosto musical. Lichtenberg fez carreira como mUsico de orquestra e

camerista, o que ta1vez explique algumas das suas escolhas. Musicos de orquestra

geralmente optam por dedilhados que lhes facilitem a resolw;§o mecanica das

passagens, normalmente em ~ mais baixas e seguras. A julgar pelos dados

que conseguimos recolher, ele nao seguiu uma carreira de concertista, o que nos leva

a deduzir que este pode ser o fato que mais influenciou as suas escolhas.

10 Sileda Web: wwwlinq:r.otg/bio.hlm ac: t em 16 desetembrode2002, as 11:00. Nlio estaindicadonas funtes 0 loc:al desla esoola

58

Page 58: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

CAPiTUL04

ARCADAS E DEDILHADOS

59

UNi

BlB OTE cr:r;\!"1 ..,)I.-yr.,~,;

----~----

Page 59: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

60

Page 60: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

4.0 Arcadas e dedilhados

Neste capitulo trataremos das escolhas de arcadas e dedilhados

apresentadas em tres edi!;X)es e no caso de Collado Romano, uma versao manuscrifa.

o criteno de escolha foi definido tomando como base a diferenga de epoca entre os

revisores e a diferenga de suas escolas, para assim obtermos um universe de

com~ mais abrangente. Desta forma poderemos analisar o modo de como cada

um deles resolve os problemas tecnicos e a sua ~ entre os elementos tecnicos e

a ~ musical. Poderemos refletir assim sobre os efeitos destas escolhas na

pegs, em varies aspectos, como timbre, frase e articu~o. Os quatro revisores

escolhidos foram: Collado Romano, italiano, aluno de C. Aesch e G. Enesco. Professor

do conservat6rio de MUsics de Genebra, Suiga. Sua versao manuscrita (em anexo no

final) foi reariZada em sala de aula, na mesma institu~. em 1996. Yehudi Menuhin

(1916-1999), americano, aluno de Persinger e Enesco. Crianga prodigio, considerado

como um dos maiores violinistas de todos os tempos. Realizou sua revisao para a

editora Henle, em 1975. Leopold Lictenberg (1861-1935), americano, aluno de

W1eniawiski. Csmerista (Margulies Trio) e mUsico de orquestra. Realizou sua revis8o

para a Schirmer em 1915. Emile Sauret (1852-1920), f'rances, considerado o melhor

aluno de Charles de Beriot, um dos mais importantes representantes da escola franco­

belga. Professor em Berlim, Londres, Estocolmo e Chicago. Realizou sua revisao para a

ecfdora Schott, sem data indicada.

61

Page 61: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

A partitura esta disposta intercalada oom o texto, de maneira que se

possa seguir, de maneira mais c6moda possivel os oomentarios sobre os elementos

estudados. Os simbolos correspondentes as arcadas e aos dedilhados estao dispostos

da seguinte maneira: Romano (vermelho) e Menuhin (verde) na parte superior do

pentagrama, e Sauret (azul) e Uchtenberg (rosa) na parte inferior deste. Os elementos

concordantes entre as vers6es acima ou abaixo serao indicados apenas por uma das

cores, evitando assim a sobrecarga de informa!tOes e destacado apenas as difere~

entre elas. Muitas vezes, apenas a i~ sobre o e1emento comentado e anotada

62

Page 62: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

4.1 primeiro movimento:

4 4

No compasso 5, Menuhin e Romano optam por nao mudar de posi98.o,

alcan~<Sndo o Sol e o Fa 3 por meio de uma extensao entre o tercairo e segundo dedos.

Esta opyao oferece muita seguran~<S, pois o segundo dedo em extensao esta apolado

pelo primeiro, no Re. Duas extens5es seguidas, entre o primeiro e terceiro, e terceiro e

quarto dedos, evitam portamentos e mantem a melodia na mesma corda, isto e, sem

mudan~<S de timbre. Sauret e Lichtenberg optam por varias mudan~<Ss com o mesmo

dedo, deixando clara a intenyao de reaiizar portamentos entre as notas envolvidas (Si-

Sol para Sauret e Fa-Re para Lichtenberg}. Alem disto, Sauret opta por realizar o ultimo

Re em harmooico. Tais portamentos eo harmooico sao caracterlsticos da interpreta900

de violinistas do final do sec. XIX e inlcio do sec. XX1. Sauret ainda prop(ie outro

' Carl Flescll e claiameme comra o uso de l!armi'>nicos em oo1as mais longas: "Quando se est:a na mesma posi¢.io, os l!armOnicos devem ser ev-ilados, niio s6 pe!as suas desvamagens em relaif.ID a soooridade, mas tambem porque o pomo oode devem ser tocados e rel.a!ivamente mais alto que aque!es dos sons reais tocados na mesma posi~, o que r<preSffilll. uma ~ oo semido muscular{ ... ) E absolu!ameme COO<lenilve! o abuso, especialmerae ieilo pela escola antiga, do emprego iiOgico dos llarmi'inicos, visto que, sendo de timlJre esseocialtnente diferente dos sons reais, se deve an!eS de 1ndo pe<gmttar-se rom que direito, do porao de "isla estetieo, possa ser exposto ~oo~desonoridedeumcorpo estraabo detalgi!nero". LaArteDel Violino, Voll, pag lJil,Bi

63

Page 63: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

portamento no compasso 8, entre o La eo 062. No compasso 7, Romano e Lichtenberg

optam pela arcada para baixo. Esta ol)(;8o oferece a vantagem dispensar a reposic;OO

do arco na ponta. Repor o arco na ponta pode ser inc6modo, pelo pequeno espayo de

tempo de uma pause de seminima. A arcada proposta por Menuhin e Sauret, para

cima, sugere uma preocupa~o destes revisores com a simetria das duas frases, quase

perfeitamente iguais. Esta diferenga de escolha pode sugerir duas concep¢es

diferentes para a mesma frase. A primeira oi)\:8o, arco para baixo, permite urn apoio no

compasso 9, com muito arco e pouca pressao, isto e, uma sonoridade menos dense e

urn relaxamento do som no final do compasso, visto que este se realize com o arco

para baixo. Na segunda oi)\:8o, arco para cima, sugere urn maier crescendo entre os

compassos 8 e 9, com o inicio do 9 de controle de sonoridade mais dificil mas

permitindo urn crescendo para o prOximo compasso (esta arcade torna mais dificil a

reaiiza~o da mudanga de corda entre os compasses 12 e 13, pois se realize na parte

mais pesada do arco).

No compasso 9, Sauret prop()e urn dedi!hado bastante curioso: a

mudanga descendente de posi~o entre o d6# eo do natural com 2-4. Este dedilhado

parece bastante curioso nos dias atuais, visto a distancia percorrida pela mao

(distancia menor 2-3-1). Talvez sua inten~o com este dedilhado fosse realizer urn

2 FI11.!lcisro Satrl em comentario sabre a sonala escreve: ~Eu acho que seria interessante o!llar alguns dedilhados de Y sa:ye. sao cbeios de j)Oiiamemos (. .. ) acllo que nos mas de hoje mllitos 1iiolinistas tocam sern portamentos, oomo se o 1iiollno fusse um clarinere. Hoje todos tomam cuidado com a inleq>r~ do autentico estilo barroco ... eo auremiro estiio romamiro'l" Site da web: hl!p:Jiw>llw.brightnelf~lfranck.hlmi, Acessado em 04 de dezembro de 2002 as 1s:oo 11oras

Page 64: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

portamento com o segundo dedo na mudant;a, oo evitar a quarta posi~,

procedimento, segundo Flesch, caracterfstico da escola antiga3.

Dos compassos 8 ao 11, Lichtenberg prop5e dedilhados totaimente

diferentes dos demais revisores, realizando a passagem na corda La, que apresenta

uma sonoridade mais aberta e direta. Esta o~o e mais simples, tecnicamente falando,

por estar na primeira posi<;iio. Os dedilhados propostos por Menuhin e Romeno sao

parecidos entre si. Diferem apenas nos compassos 10 e 11, onde Menuhin opta por urn

portamento entre o Mi e o D6 (3-3), variando assim a rapeti<;iio da passagem, enquanto

Romano deixa para o compasso seguinte a o~o pelo dedo 3, permitindo urn vibrato

mais intenso no terceiro Mi, sugerindo aqui o apice expressive da frase4.

No compasso 14, Menuhin e Romano prop6em o segundo dedo em

extensao no D6# e o terceiro no Sol, diminuindo a distancia percorrida pela mao na

mudant;a que se segue, e diminuindo assim o efeito de portamento entre as duas notas.

No compasso 17, os revisores mudam a articula<;iio indicada palo

compositor, dMdindo o compasso em duas arcadas. A divisao da frase em dues

3 FLESCH, C.VoU, pag 124 4

"'() uso do terceiro dedo, preferido pclas. SWIS ~ 'llll1llao<>ens de soooridade sobre os sons de grande expressio oo teooiL ~ Flescll, C. Pag 133, vol l

65

Page 65: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

arcades facilita a realizat;So do poco crescendo indicado, visto a maior quantidade de

arco disponivel. Reaiizar a segunda metade do compasso com o arco para cima refo~

esta intent;ao. No mesmo compasso, Menuhin e Romano escolhem o dado 3 para o

Sol#, o primeiro realizando urn portamento logo em seguida e Romano, seguindo na

quarta posit;Bo, aproveita a mudan!fa de arco no compasso 18 para ocu!tar o

portamento decorrente da mudan!fa de posit;Bo. Sauret e Lichtenberg mantem o padrao

de dedilhado como no infcio, com portamentos. No compasso 18, Menuhin e Romano

optam por separar mais uma vez o compasso em duas arcadas, satisfazando a

necessidade de maior quantidade de arco para o poco crescendo5. Chama a atent;ao o

dedilhado 1-1-1 de Menuhin no compasso 18-19, que evita a mudan!fa de posit;So para

o La por meio de extensao, mas apresenta a inconveniencia do deslocamento da mao

varias vezes seguidas. Romano prop5e o dedilhado 1-2-3, mudando para o La com o

segundo dedo. 0 portamento decorrente da mudan!fa e atenuado pela troca do arco.

Romano tamoom prop5e separar as duas ultimas notas do compasso, no mesmo arco,

para que a articulat;So esteja mais de acordo com a apresentada pelo piano em

unissono como viollno {a articulat;ao apresentada pelo compositor e bastante confuse,

pais na parte do violino esta indiceda a ligadura, e na parte do piano nao. Na segunda

parte do movimento, esta ligadura nao esta mais indicada). Na repetit;Bo desta frase

(21-24), Romano, Lichtenberg e Sauret usem dedilhados que sugerem o aumento de

intensidade lirica, o primeiro usendo o terceiro dedo no La# e os outros dois urn

portamento na mesma passagem. Menuhln guarda o pedrao da frase anterior.

5 "NNs somos ~ vezes OOrigados a mudar de 11.100 oo meio de uma ligadura escrila. Nilo devemos oos preocupar muitn. Eslas -~ devem ser in!eli,oemes e de born gosto. Onde voces tiverem uma oota al<mgOOa oo um ~' se nio l!oover arco suficimte,. mudem! Nilo sejam escravos do arco" Casals, P. in BLUM D. c-Is et I' art de I' inlerpretalioo, pag 146

66

Page 66: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

No compasso 23 Romano prop06 as dues uitimas notas separadas,

dasta vez em dois areas, visto que o diminuendo e indicado apenas no compasso

r pp

~ 2 ~ 2

'

~· ::~=; :_ @C P 1!J1!i pf'" ir

seguinte e pela necessidade de astar com o arco para cima no compasso 25 (tema

inicial). Neste compasso, Menuhin, Sauret e Romano mudam a conce~o de

dedilhados em rela<;So ao infcio: Sauret suprime o portamento da frase; Menuhin, ao

contrario, prop06 realiza-!os entre o D6 e o La (3-3} e entre o Sol e 06 (2-2), tocando

toda a passagem na corda Re. Romano aceta o primeiro portamento de Menuhin, mas

segue na segunda posi~o. esco!hendo a corda La. As diferencas em rela~o ao in!cio

indicam daramente a inten~o dos revisores de mudar o carater da frase, agora com

uma ideia de preparar o final da ~-

wwllo cresc.

67

Page 67: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Do compasso 28 ao 31, o compositor nao indica mais as articula¢es6•

Todos os revisores preferem manter a articulac_;:ao em legafto. Sauret e Lichtenberg ate

o fim da passagem e Menuhin e Romano separando todas as notas do compasso 30,

re~ndo assim o fortissimo indicado. A mudanc;a de area em cada nota permite sua

aoentuac;:ao, dando urn carater mais "explosive· a este final de sec;:ao. Quante aos

dedilhados, Sauret escolhe uma sene de portamentos e fina!iza na corda La na quinta

posic_;:ao, sugerindo uma sonoridade menos estridente em relac_;:ao as outras vers5es,

que escolhem a oorda Mi, mais estridente, para o final. 0 La em corda solta, proposto

por Romano e Lichtenberg, tern como prop6sito abrir a sonoridade, tomando-a mais

estridente ja a partir deste ponte, uma sonoridade diferente de todas as apresentades

ate agora. Menuhin prop5e o dedo 2 no La do compasso 30, inexplicavel do ponto de

vista teonico. Talvez ele esteja propondo um portamento com o mesmo dedo para o Sol

final, mas esta ideia nao esta indioada com o devido numeral.

No compasso 477, todos revisores, exoetuando Sauret, optam por

realizar a passagem em teroeira posic_;:ao, sem mudanc;as de posic;:ao. Sauret mantem o

padrao de portamentos, propondo um entre o 06 e o La. Seguindo este pensamento,

ele tambem indica urn dedilhado diverso dos outros, para realizar mais urn portamento

(ou evitar uma posic;:ao par). Ele mantem o mesmo dedo (2) para os dois Mi do

compasso 51, seguido da mudanc;a, com portamento, para o 06. Este dedilhado e

6 aru foores {maooscrito, a primeira edi~, e um maooscrito de trabalho do compositor) apresentam clarameme um siS!ema de fulseado imbitual: com efeito, <:eiUS passagem siio providas de areadas someme quando piano, e as mesmas passagem ~em forte oofortissimo niio o siio". 1\ffiNUHIN, Y elrudi CESAR FRANCK SONATA,. Miinchen: Henle Verlag, 1993

68

Page 68: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

bastante curioso, pois dificulta oonsiderave!mente a articula~o entre os dois Mi. Nas

passagens seguintes, o proprio Sauret prop(ie a muda~ de posi9ao entre notes

iguais, facilitando a sua articula~o. Lichtenberg, mantendo o padrao de evitar posic;:Oes

altas apresentado ate agora, opta por realizar a pessagem evitando estas posi9i)es,

usando para isto o La oorda solta, de dura~o bastante !onga no oompasso 54, e

sugerindo a mesma solu<;ao de articula<;§o as notas repetidas que Sauret, isto e, sem

mudan93 de posi~o entre elas. Nestas esoolhas de dedilhado em posic;:Oes me!s

baixas, procurando talvez a facilidade ou a seguran93, o revisor as vezes sacrilica um

pouoo a l6gica musical, como, por exemplo, a diferen93 de timbre entre notas da

mesma frase, onde o Mi do oompesso 58 e realizado iso!adamente na oorda La, com

not6ria diferen93 de timbre. As propostas de Menuhin e Romano sao identicas na

pessagem, utilizando sempre mudan93s de posi<;§o para a articula9i3o de notas iguais e

mantendo o timbre de uma unica oorda para cada passagem espacifica.

57 sempre ilolc:iss

&1r,JG) l (VJl '•JfSlJl f?¥?1 1,a

No oompesso 71, Sauret evita mais uma vez a quarta posi9i3o,

propondo o segundo dedo no La 3 e o teroe!ro dedo no la 4, o que permite um

69

Page 69: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

portamento, seguido de uma mudarn;a para a terceira posi9Bo no Fa. Menuhin e

Romano prop(iem a quarta posi9Bc, a!carn;ando a oitava por extensao do terceiro dedo

e o Si com o quarto dedo, sem portamento. Menuhin prop5e para a sequencia urn

portamento entre o So! e o Fa e o Re em harmonico. Romano escolhe urn dedilhado

que evita qualquer portamento, utilizando uma extensao do primeiro dedo no La do

compasso 72. Lichtenberg escolhe urn dedilhado tecnicamente mais simples, utilizando

a corda solta no La seguido da terceira posi9Bc nestes dois compasses. Um dedilhado

bastante interessante e proposto por Meouhin no compasso 72. Ap6s a mudan<fa com o

quarto dedo, ele uti!iza um dedi!hado enarmonico, isto e, o Sol # com o quarto dedo e o

Fa com o segundo (enarmonico de Mi#) tomando assim a distancia de ter<fa menor

mais comodamente que com o dedilhado 4-3. Romano utiiiza urn dedilhado que evita ao

maximo um portamento, com uma mudan<fa por grau conjunto, seguido do La no

compasso 73 em harmonico, o que evita o ruido da mudan<;a com a nota seguinte.

v 2

If cresc.

A partir do compasso 73, Sauret propi:'ie urn padrao de dedilhados

diferente do utilizado no primeiro bloco (posi¢es mais altas sugerindo uma sonoridade

mais lfrica e intimista), escolhendo agora posi¢es mais baixas nas cordas La e Mi,

sugerindo uma sonoridade mais aberta e direta, provavelmante relacionada com a

70

Page 70: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

indicac,;:Bo de piu forle e con caiore. Lichtenberg faz quase as mesmas escolhas,

diferindo apenas oo dedilhado do compasso 77, que e realizado ainda na primeira

posic,;:Bo, com uma mudan!t8 do 06 para o Mi com o segundo dedo, provavelmente com

a intenc,;:Bo de marcar com o portamento expressive a repetic,;:Bo transposta da frase

anterior (Sauret vai a terceira posic,;:Bo oo Si). Menuhin e Romano optam por continuar

em posi\iies mais altas, evitando a sonoridade mais estridente da corda Mi.

Nos compessos 74 e 75, Menuhin prop6e o dedilhado curioso 1-1-1 ,

onde talvez a intenc,;:Bo fossa urn portamento entre o 06 e o Re ou diminuir a distanda

da mudan!t8 entre o Re e o Mi#.

No compesso 76, Romano, preferindo o timbre da corda Re ja a partir

do Re#, propoSe o dedilhado 3-3, com uma ressalva anotada na margem de evitar o

maximo possivel o portamento8.

75 ' 2 ..

·-pii't forte e con calore

' IF

3

' -

sempre cresc.

-r--r 1F r 11t .1 ,,

• C. Romano linba par habito aooiM solJre uma passagem a lelra grega alfa., in<liainOO que llaveria alguma ~ adiciooai para mesma "" nmgem da J"l_!!ina (illformru;iio colllida em aulas oo Cooservat6rio Superior de Mitsica de ~ 1990-1996)

71

Page 71: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

No compasso 77, todos os revisores separam as duas ultimas notas do

compasso, SaUl-at com duas an::adas para cima e os outros com arcadas separadas.

Provavelmente esta decisao foi motivada pela dinamica bern mais forte em compa~

com a passagem equivalents do primeiro b!oco (onde somente Romano des!iga as

notas}. No compasso 80, Romano indica uma arcada diferente de todas as outras

versaes, separando o Sol do Fa com a inte~o chegar no compasso 83 com o aroo

para cima, separando em seguida em dols aroos este compasso, com a int~o de

obter maior quantidade de aroo para a realiza<;<}o do crescendo. A ideia tambem foi

adotada por Menuhin, mas s6 no compasso 85.

• 2

,L:i re ZE If moltoriL

v

Na sequencia, Menuhin separa todas as notas obtendo assim uma

grande quantidade de aroo na passagem con tutta forza, diferindo do primeiro bloco,

onde ele s6 separa as notas no ultimo compasso da ~o. As outras vers5es mantem

e:xatamente o mesmo padrao de an::adas do primeiro bloco. Refof9ando o forlfssfmo,

Menuhin e Lichtenberg esco!hem realizar o compasso 88 totalmente na corda Mi. indo

para indo para a primeira pos~ no Fa#. As outras versaes optam por uma soooridade

mais lirica, chegendo na corda Mi somente no Re.

72

Page 72: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

No compasso 99, todos os revisores (com ex~o de Romano} optam

por articular os dois Re, por meio de uma mudan<;a de posic;So. Esta escoiha e bastanle

curiosa, vista que no manuscrito a indicac;So de ligadura e bastante clara e oo

compasso 46 o piano faz uma figuravao semelhante, !igando as duas notas, sem repeti-

las.

lll fl. II !t '

poco a poco rall.

No compasso 108, a escolha de arcadas difere consideravelmenle

entre os revisores. Romano escolhe o mesmo padrao do primeiro bloco (compassos 55-

59}, visto que a passagem esta apenas trensposta um tom acima, mas com a mesma

indicac;So de dinamica e o mesmo acompanhamento no piano. Curiosamente, FraliCk

indica, neste compasso em relac;Bo ao primeiro bioco (Compasso 55), duas articulac;:Oes

diferentes para a passagem. Menuhin, nas duas passagens, separa como indicado oo

original, mas no compasso 109, ele opta por separar tamoom a arcada sobre o segundo

Re. Sauret tamoom separa a arcada no compasso 108, mas come<;ando para cima se

encontra com o arco na ponta no compasso seguinle, podendo assim realiza-!o todo no

mesmo arco (como Lichtenberg). Mesmo com todas estas diferen<;as de arcadas. os

dedilhados sugerem praticamente a mesma articulac;Bo entre as vers6es, com exce<;OO

73

Page 73: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

do compasso 109, onde Romano separa o primeiro tempo do segundo (como oo

primeiro bloco). Menuhin opta por realizar o final na corda La, obtendo assim uma

soooridade mais intimista no pianissimo.

74

Page 74: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

4.2 Segundo movimento

..

No inicio deste movimento, todos os revisores optam por dedilhados

diferentes: Sauret utiliza o harmooico para o Sol do C. 15, obtendo assim, uma

sonoridade menos intense. Lichtenberg nao indica um dadilhado para esta nota,

sugerindo a mudanca de corda, oom a respective mudanca de timbre. Menuhin e

Romano, mais modemos, realizam a passagem na mesma corda, com nota presa, sem

harmonico. Romano utiliza uma extensao, evitando uma mudanca e chegando ao Soi

com o terceiro dedo. Menuhin muda de posil(§o para alcancar esta nota com o mesmo

terceiro dado. Ambos utilizam urn dedo forte para a nota, sugerindo grande forca no

apice da frase. As arcadas sao idenficas para todos os revisores. A concepl(§o de

sonoridade dos revisores e clara: Menuhin e Romano imaginam para este infcio urn

crescendo dentro de cada frase de dois compassos, sendo a ultima nota o momenta

cuiminante. Sauret, ufi!izando o harm6nico e o quarto dado, obtem uma sonoridade

menos intense. A partir da terceira frase, ele passa para a terceira corda, um pouco

meoos calorosa em relel(§o a quarta. A adil(§o de Lichtenberg, talvez por falta de

informa¢es mais completas, e discutivel do ponto de vista musical, pois muda de corda

{timbre) em uma frase que poderia ser realizada em uma s6 corda. E interessante o

dedilhado apresentado por Sauret, pois suas mudancas de posic;:ao facilltam a

75

Page 75: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

articula~o das semicolcheias. Menuhin apresenta mais uma vez um dedilhado com

uma sequencia de mudanc;as seguidas no C. 20, de difici! realiza~o.

IS 1 I

4~' J J116:@;£1fi~J j

Jb:D J

ff

. s

pv,t

No C. 36, Menuhin apresenta uma o~o bastante curiosa, sendo o

l.inico a separar todas as notas, exatamente como esta no manuscrito. Como vimos ja

no primeiro movimento, a falta de anota¢es sobre a artlcula~o peio compositor sugere

urn aumento de intensidade, deixando ao interprete a livre escolha da melhor

articu~ para a passagem. A escolha de Menuhin sugere um aumento da

intensidade de articu~o para a passagem. Tambem facillta a realiza~o de seu

dedilhado, com 1-1-1 em notas seguidas. As outras edii;Oes apresentam os mesmos

76

Page 76: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

padroes anteriores para a passagem (C. 34-43}, ressattando taivez, o dedilhado

proposto por Sauret {C.38-39) onde o plimeiro Mi e rea!iz.ado na corda La e o segundo

na corda Mi, permil:indo urn aumento de intensidade por meio de mudanc;:a de timbre.

Dedilhado curiosa sugerido por Sauret no C. 44, onde a mudanc;:a para

a terceira posi~o no segundo Fa sugere a o~o de evitar a sonoridade da corda Mi

sotta.

16 CF r r r 1 G F r F r Etr 1

Esta escolha nao traz uma grande varia~o de timbre entre os dois

compasses, pois o La do C. 45, apioe da passagem, continua a ser realizado na corda

Mi. Talvez sua inten~o fosse realizar o compasso 46 em duas cordas, explorando a

sonoridade de duas cordas. No compasso 49, Sauret opta mais uma vez pelo

harmonico no La, caracteristico de sua interpreta~o, sugerindo uma sonoridade menos

intensa em rei~ aos outros revisores. A fatta de informa\X)es no manuscrito permite

a diferenc;:a apresentada nos compasses 53-54, entre as duas notas La.

r r~/rrrrpl

77

UN I CAMP BIBLIOTE

Page 77: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

A versao de Sauret separa as duas notas, enquanto os outros a

realizam como uma minima (solut;ao mais uma vez curiosa, pois na passagem anterior,

C. 49-50, ele liga os dois Fa). Romano e Menuhin separam as duas primeiras colcheias,

em ambas as passagens. Lichtenberg e Sauret as !igam com a nota anterior. 0

dedilhado apresentado por Sauret nos C. 63-64, onde o segundo compasso e rea!izado

na corda Re, pode ser urn indicio sobre a intent;ao apresentada nos dedilhados

aprasentados nos compasses 44-45, pois segue a ideia de nao repetir o mesmo

elemento como mesmo timbre. Taivez no primeiro exemplo, a permanencia na coffla

La seja impllcil:a. Menuhin tamoom opta pela terceira corda na passagem, sugerindo

uma sonoridade mais doce no diminuendo, mas mudando de timbre (corda La) no C.66,

por motivos tecnicos, permitindo reaiizar a passagem seguinte na quarta posit;ao, o que

facilita a realizat;ao da oitava. Romano sugere manter toda a passagem na corda La.

i iqJ- r 78

Page 78: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

No compasso 67, a ausencia de dedilhados anotados na revisao de

Sauret parece quase oomica, pois, ate agora evitou a segunda e quarta posu;oes, e

para a boa realiza~o da oitava em legatto nesta passagem, a quarta posi~o e

obrigat6ria.

rail

Do compasso 72 ao 79, temos arcadas diferentes para cada revisor:

Menuhin guarda praticamente todas as arcadas do manuscrito, diferindo no compasso

77, separado em dois arcos. Lichtenberg faz quase as mesmas escolhas, mas mantem

uma arcada por compasso em 76 e 77. Estas duas o~ sugerem a manut~o de

uma dinamica sem crescendo, mantendo o dolce indicado. Romano separa cada

compasso em duas arcadas, sugerindo um desenvolvimento da intensidade na

passagem pelo aumento de quantid-ade de arco. Sauret segue a mesma ideia, mas liga

em uma (mica arcada tres tempos entre os compassos 76 e 77, sugerindo assim um

diminuendo para o final da passagem. No compasso 95, Menuhin e Sauret optam por

~r a passagem com a arcada para cima, Menuhin chegando ao compasso 97

79

Page 79: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

com o arco para cima e Sauret, com duas colcheias para baixo, chega ao compasso 97

como

Allegro

v ,., I~Jf:Jro'YJ

~ mfmolto crese. v M

arco para baixo. A primeira versao sugere o apice da frase no Si do compasso 96, pois

a nota e atacada com o arco para baixo, parmitindo grande explosao de som, mas

limitando a possibi!idade de manter a mesma intensidade ate o final da frase. Tambem

parmite grande crescendo no compasso 97, podendo rea!izar o Sol# em uma

sonoridade ·arrancada". A segundo o~o sugere uma intensidade menor no Si e urn

maior apoio no La do compasso 97, visto que a nota e atacada com arco para baixo.

Esta o~o parmite urn crescendo ate o compasso 97, sem grande esfon;o para manter

a sonoridade. Os outros optam por com~r a passagem com o arco para baixo,

chegando ao mesmo resuitado que Sauret.

---· ···~··

Page 80: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Do compasso 107 ao 108, Menuhin separa todas as notas, facilitando a

realizacao do molto rinforzando. Romano liga a passegem por compasso. Sauret e

Lichtenberg ligam todo o compasso 108 em um unico arco para cima, na o~o menos

favoravel a ind~o da partitura. No molto fuocoso do compasso 112, Menuhin separa

mais uma vez todas as notas nos compassos 113 e 114. Os outros revisores ligam a

mesma passegem em dois aroos por compasso. Romano ainda separa as duas ultimas

noias do C. 114. No compasso 113, Romano e o unico que realiza a mudan~ de

posi<;§o com o mesmo dado (3) chegando ao Fa com um pequeno portamento .

..

No compasso 115, os dedilhados apresentados sao bastante

caracterfsticos de cada revisor. Romano utiliza uma sene de extensoes e enarmonias

para evitar qualquer mudan~ de posiQ§o e qualquer portamento. E um dedilhado de

grande dfficu!dade tecnica, pois as extensi5es em sene deixam a mao sem um

referenda! espacial no instrumento. Menuhin propi5e duas versoes para a passagem,

81

Page 81: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

ambas aproveitando a corda Mi so!ta para a mudan~ de posi~o. Esta proposta

apresenta a dificuldade de exigir varias mudan~s de corda seguidas. A edi\:8o de

Sauret provavelmente apresenta um erro grafico, sendo mais !6gico o terceiro dedo oo

Do# no compasso 115. Segue mais uma mudan~. levando a primelra posi~-

Lichtenberg faz a mesma escolha que Sauret, mas mantem a terceira posi\:8o. A

proxima passagem, similar a anterior guarda as mesmas caracterfsticas de antes.

127 '

4 r& JJJJJJ~J0JSJJJJJI JJJJJJJJJJSJJJ)jl pp - ~- -----~

129 " " ~ 4i't JaO s H fJ err; J JJJIJJJH, 1 ~--~

Na passagem qua vai do compasso 123 ao 130, as edi{:Oes de

Lichtenberg e de Sauret nao apresentam aoota«;;es de ordem tecnica. Na varsao de

Menuhin, os dedilhados apresentados obrigam a realiza~o da passagem em tres

cordas, em muda~s relativamente rapidas. Romano opta por dedilhados que

permitam menos muda~s de corda, os dois primeiros compassos apenas nas cordas

Soi e Re. A escolha de cade um e clara. Romaoo opta pela dificuldade de mao 82

Page 82: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

esquerda, com extensCies, e Menuhin pela dificuldade de arco, com mudan<;as de coma

em sequencia. Eis um exemplo em que o vio1inista tern que esco!her qual do "males· e

o manor para si, respeitando suas caracteristicas e iimita<;Oes, para obter o melhor

resultado. E uma passagem na qual a reflexao e baseada quase que puramente na

tecnica, visto o carater de acompanhamento da passagem e da sua dificuldade de

Menuhin apresenta, no compasso 142, um dedilhado curioso: a

rea!iza98o da passagem na tercaira corda, pois a mesma passagem no inlcio do

movimento e realizada na quarta corda. Vale a pena notar o dedilhado de Menuhin no

compasso 145, na qual as semicolcheias sao realizadas com o mesmo dedo,

dificultando considemvelmente sua articula<;§o.

83

Page 83: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

sempre ;ff l

Sauret tamoom apresenta urn dedilhado diferente do in!cio no

compasso 162, desta vez. o Mi com a corda solta. No compasso 168, a diferen<;a entre

os revisores antigos e modemos e flagrante: Sauret e Lichtenberg prop5em urn

portamento entre o Fa e o Re, enquanto Menuhin e Romano o evitam.

E f f E E f

No compasso 174, Lichtenberg propae urn dedilhado que, pels

dfficuidade, pode ser considerado inadequado para a passegem: a mudan~ de posi~

no Si toma inviavel a realiza~ da passagem com pureza, pois nada atenua o ruido

desta mudan<;a. Com a mesma inten~o musical, Sauret apresenta uma boa solu~,

mudando de posi~o na mudan<;a de arco. Talvez a inte~o de Lichtenberg fosse

realizar urn portamento entre as duas notas, com o primeiro dado.

Page 84: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Menuhin prop3e uma arcada interessante no compasso 177-178,

separando os dois Fa, enquanto poucos compassos antes, na passagem similar, ele

prop3e os dois Re ligados em uma arcada.

lnteressantes os dedilhados e arcadas propostos por Romano no con

fantasia, compassos 195-201: usendo dedilhados enarmooicos e extensiies, evita

qua!quer portamento (exceto C. 199). Quanta as arcadas, eie separa duas colcheias

{C.100), com a inten~o de dar um carater mais declamatooo a passagem. Menuhm

separa os compassos geralmente em duas arcadas, facilitando o delineamanto das

frases. Os ootros revisoras mantem, de maneira geral, iigaduras por compasso,

sugerindo urn fraseado mais dace, talvez apatico, em rela<;So aos dois primeiros.

85

Page 85: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

No compasso 203, Romano e Menuhin evitam o intervalo de segunda

aumentada com os dedos 2 e 3, bastante inc6modo, com dedilhados enarmonicos. 0

dedi!hado de Romano possibili!:a a permanencia na mesma corda, impossivel em

Menuhin.

v

No compasso 222, Menuhin sugere um dedilhado de extrema

dificu!dade, com urn grande salto entre o Mi do compasso anterior, na primeira posigao,

e o DO seguinte, na quarta corda, na oitava posigao. Este dedilhado e bastante

perigoso, pois a distancia a ser percorrida e muito grande. A mudan98 de corda na

passagem dmcuita sua realiza~o. A an::ada e unica entra os revisores, com o primeiro

tempo pare cima, sugerindo o malor apoio para o segundo tempo. Romano tambem

opta pela corda Sol, mas para facilitar a passagem, realiza o 06 do Compasso 222 na

corda Re, quinta pos~o. As arcedas de Romano, inversas as de Menuhin, sugeram

uma acentu~o maior no primairo tempo. Os outros revisores propaem dediihados

menos sofisticados para a passagem, em posi¢es mais baixas. Sauret propoe ligar por

compasso a passagem. lichtenbarg desliga toda a passagem.

Page 86: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

4.3 Terceiro movimento.

Mesmo sem estar indicado no manuscrito, todos os revisores optam

por realizar a terminagao do trinado, na anacruse do oompasso 5. Sauret e lichtenbeig

nao apresentam opc;Oes de dedilhado para o trinado, o que sugere a primeira posigao,

isto e, 0 trinado com 0 quarto dedo. Quando a (mica boa 0~0 para uma passagem e

reaiizada em uma posi~o par, Sauret se abstem de anota-la, pois nesta passagem, a

0~0 pelo quarto dedo e quase absurda, pela debiiidede netural deste dedo, 0 que nao

permite urn trinado eficaz. Dos dedilhados apresentedos, e interessante salientar a

diferenl(a de escolha entre Menuhin e Romano no compesso 5. Menuhin opta por um

grande salto entre a primeira e a quarta posi~o e Romano, para evitar o risco de um

tao grande deslocamento da mao, opta pela extensao do terceiro dedo no Mi, levando a

mao para a segunda posi~o e logo em seguida realizando a mudanl(a para a terceira

posi~o. desejada por ambos.

4

~ ~ i ; ( ~ F _..----~

~ c.-- !No' :oi lnJ ~

f 1 1"' con. fantasia ' ') -v ; ;

vi£!)~ J a a t@_} J J a a~_1

9

r UN1Ct\tv1P I I BIB OTECf"'. (' .. I 87

,.,

j ., ... _

I SEC!:.O .. u

Page 87: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

No compasso 7, Menuhin separa o trinado em dois arcos, permitindo

realizar o inicio da passagem seguinte com o arco para cima, o!)98o idemtica as de

Lichtenberg e Sauret. Esta arcada permite com maior facilidade o seguinte fraseado:

v 1 ~ ,~ r '! = .:::=- -=::::::::: ::::::::=- _:::=:=:= :=::>- ~

4;:C;J(1ijWJ]J~#JJ1BQlW1 moltodim.

Romano e o unico dos revisores que esoolhe a arcada contraria para a

passagem. Sua arcada sugere o seguinte fraseado (ver exemplo anterior, na cor

vermelha superior}. Estes fraseados sao puramente especu!ativos, pois as arcadas

esoolhidas apenas os favorecem, nao os toma obrigat6rios.

Molto Iento v

No compasso 17, o molto Iento, as arcadas propostas pelos revisores

diferem: Menuhin e o unico que respeita a articu~o indicada no manusorito,

separando a primeira nota (para cima) de cada grupo de tres. Os outros prop5em ligar

as tres notas, exceto Lichtenberg, que separa as duas primeiras notas do compasso 19.

A oP98o de Lichtenberg facilita a realiza~ da passagem com maior intensidade, ideia

indicada pe!o crescendo mais Iongo, levando ao apice no compasso 20.

88

Page 88: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

miL

No compasso 31, a articula!j:lo indicada pelo compositor e a unica que

contem cinco notas, ao contriirio dos grupos anteriores, que contem tres notes.

Observando esta diferen<;a, Menuhin e Romano optam por manter a articu!a!j:lo em tres

notas por arco, e duas para o final, em outro arco. Os outros revisores respeitam a

articula!j:lo em cinco notas. E interessante obsarvar que Sauret tambem fez a mesma

op!j:lo de articu!a!j:lo no compasso 10.

89

Page 89: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

No compasso 32, Romano e o unico a separar o compasso em tres

arcadas, sugerindo um fraseado diferente dos outros. A arcada de Romano sugere urn

ganho de tensao em di~o ao proximo compasso (terceiro e quarto tempos). A arcada

de Menuhin sugere urn diminuendo ate o proximo compasso, visto que se reaftza em

um arco Iongo e para baixo. Sauret e Lichtenberg, por comegarem a passagem com o

arco para baixo, podem realiza-la sem muito esfo~ o aumento de tensao ao proximo

compasso, mas de uma maneira menos confortavel em compara<;ao a Romano. Para

refon;:ar sua ideia, Romano opta por reaiizar o terceiro e quarto tempos do compasso

seguinte com o arco para cima.

Page 90: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Nos compassos 34 em diante, e va!ido notar OS dedilhados anotados

por Romano: sempre utilizando extens5es, evitando mudan9(3s de posiqao, em

dedilhados quase •pianisticos". Tais dadilhados permitem a realiza98.o da passagem em

!egatfssimo. A diferen9(3 entre os dedilhados nesta passagem revela concep<;Oes

diferentes de timbre para a passagem. Por exemplo, as tres ultimas notas do compasso

35: Menuhin escolhe a terceira corda pera elas, enquanto Sauret e Romano optam pela

quarta corda. A observa98.o seria banal se nao observarmos o final do compasso 37,

quando aparece a mesma figu~. Ora, a escolha do timbre nesta passagem e

essencial para a defini98.o do seu sentido musical desta frase. Menuhin, escolhendo a

ten::eira corda, obtem uma sonoridade menos calorosa, refor9(3ndo assim, por contreste,

o final do proximo compasso. Por outro lado, existe tambem a preocupa98.o pela

simetria das passagens, expressada pelo dedilhado dos outros revisores. Esta o~

divide mais daramente a passagem em duas partes. As arcadas na passagem tambem

diferem bastante entre os revisores: Franck indica os compassos 35 e 36 ligados e em

seguida, nao indica mais articula¢es, anotando apenes sempre legattissimo. Romano

e Menuhin separem cada compasso em duas arcadas, oP98.o bastante confortavet

Sauret e Lichtenberg realizam a passagem com uma arcada por compasso. A primeira

oP98.o permitiria um aumento do volume de som, mas se respeitada a indica98.o de

sempre dolcissimo, as duas vers5es nao apresentam difere09<3s nos seus resultados

musicais e sonoros, apenas tecnioos.

91

Page 91: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

~~~·~···~-..---...~-··~ ~ .---·.· .. ~·

pooo a pooo aesc. . ··"----...

~ i"'!V'"! ~VI"'lV l"'lil V 43 ___.:;;;, ~. . 1"! ,.~. ~~ ....... '~~--~ ii n '' ~J JBp jD(r r1f& f j c1f I t!!<r E ~j :ZSI ~···~···~ ~

No oompasso 41, o tema do inlcio do movimento (motive 2) e reapresentado

pelo piano, mudando o carater da passagem. E indicado um poco a poco crescendo.

Franck nao indica articulat;ao alguma, sugerindo um aumento de tensao. As arcadas

sugeridas pelos revisores sao interessantes aqui: Menuhin e o revisor que mais separa

as arcadas, sugerindo maior acentuat;ao e fof98 na passagem. Sauret e Lichtenberg

mantem duas arcadas por compasso ate o final da passagem, limitando a possibilidade

de urn crescendo mais intense. Romano mantem as arcadas mais longas no inicio da

passagem, aumentando o numero de arcades progressivamente, de acordo com o

crescendo. Na realidade, o numero de possibilidades de articula98o nesta passagem e

quase infinito, principalmente no final. Cada revisor tern seu gosto pessoai, nao

cabendo, nestes cases, uma crftica sobre suas escolhas. Pode-se apenas comentar as

posslveis consequencias que elas trazem .

. .._____..

92

Page 92: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

E bastante interessante o dedilhado e a arcada proposta por Menuhin

nos compassos 47 e 48. Ele realiza a passagem dos compassos 46-47 na quarta corda,

esco!hendo uma mudanca de posi!;So no minima incOmoda para a primeira posi~o no

compasso seguinte. Romano adota tambem a quarta corda na passagem, mas se

mantem na posil;So no compasso 48. Musicalmente nao existe uma diferenca

considernvel entre as duas op;:Oes, sendo a o~o de Romano mais facilmente

realizavel, pois evita uma mudanca de posi~o brusca. A o~o de Menuhin apresente

a unica vantagem de confer menos mudancas de cordas, facilitando a passagem . A

arcada de Menuhin e de Romano facilita a articuia~o da passagem, dando maier fo~

a passagem. Sauret e Lichtenberg ligam todas as notas do primeiro tempo do

compasso 48.

Vale a pana comantar a diferenca de timbre entre as propostas de

Romano e Menuhin e as de Sauret e Lichtenberg nos compasses acima. A o~o de

Romano e Menuhin, de evitar a corda Mi, da a passagem uma sonoridade bern mais

•eterea· que a proposta dos outros revisores que nao a evitam.

, ..

93

Page 93: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Nos compassos 59-62, Menuhin e Romano apresentam propostas de

arcadas distintas, revelando uma ideia de frase diferente. Romano desliga o D6 do

compasso 60, e liga o resto da frase, sugerindo assim urn apoio neste D6, sem articular

o resto da frase. Menuhin prefere desligar o compasso 61, rearticulando assim a frase.

Os outros revisores ligam toda a frase.

.. molto raiL dim. p

No compasso 71, mezzo forte e dramatico, Menuhin e Romano

separam todas as notas da passagem, permitindo uma acentua98o em cada uma deias.

Sauret e Lichtenberg ligam as notas de duas em duas, sugerindo uma interpreta98o

mais doce e sem acentos em compara98o as anteriores. Menuhin sugere rea!izar a

passagem sem robato.

0 final do movimento nao apresenta diferen~s de elementos

tecnicos que ja nao tenham sido comentadas, ou dife~s que aprasentem um grande

interasse do ponto de vista tecnico ou musical.

94

Page 94: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

3.4 Quarto movimento:

0 inicio deste movimento e urn oomo exemp!o de como as revis<ies de

uma mesma pe{:a, por vio!inistas diferentes, podem dar interpretayaes diferentes de

fraseado, timbre e mesmo de andamento. Aqui, todos os revisores tern ideias distintas

sobre o mesmo trecho musical. Menuhin eo (mico que respeita a articula<;§o indicada

palo compositor. Os outros prop5em outras articulay5es. Romano e Sauret prop5em

ligaduras por compasso, ate o compasso 5. Lichtenberg desliga apenas o compasso 4.

Estas articuiay5es sugerem maneiras diferentes de executar o trecho, com frases mais

fluidas ou mais marcadas. Os dedilhados sao reve!adores. Menuhin propiSem urn

dedilhado curioso neste inicio: a quarta posi<;§o seguida de uma rapida passagem pela

segunda {evitando a mudan~ de corda) nao pareca trazer grandes vantagens de

timbre sobre opy5es mais simples. Principalmente se considerarmos a estrutura deste

tema, baseado nas tres primeiras notas (motivo 1 ). A escolha de Menuhin deixa de ser

16gica do ponto de vista musical, pois deixa a terceira nota em outro grupo timbrlstico

(corda La), levando a ideia de fmse da seguinte forma:

!"P : " '

£~ * 1

. 11 r r t 1 J l

doiceet:mtdbik '.J

'

.. II

Todos os outros revisores respeitam a mesma ideia de frase, nao de

uma maneira iOOntica, mas as tres notas estao na mesma corda.

95

Page 95: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Outre dedilhado curiosa apresentado por Menuhin esta nos compassos

11 e 12: a quarta posi<;ao e inexplicavel do ponto de vista tecnico, pois o Mi em

harmooico parmite uma mudaru_;:a para a terceira posi~o com seguran<;a. 0 La em

harmooico seguido da mudan<;a para a quinta posi~ e de grande dificuldade. Este

dedilhado evita o portamento de mudan<;a de posi~o. A mesma ideia sugerida por este

dediihado, isto e, a articul~ das tres notas seguintes e o La, pode ser realizada de

uma maneira mais segura se seguida a proposta dos outros revisores.

---f r F

E interessante observar o dedilhado proposto por Romano no

compasso 36, oode eie utiliza apenas o final do Mi em harmonico, aproveitando-se da

sua ressonancia natural para realizar a mudan<;a de ~o sem ruido algum.

Nos compassos 51-52, a conce~ de frase de Menuhin sugerida peio

seu dedilhado no co~ do movimento e totalmente coofirmada pala sua ~o de

96

Page 96: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

arcada. As duas primeiras notas do tema estao separadas do resto, em duas arcades

distintas (no com~. tratava-se de diferen!JS de timbre). As arcadas apresentadas por

l\llenuhin seguem as anota<;Oes de Franck, isto e, uma articula98o diferente do tema do

com~- Todos os outros revisores optam por manter as articula9i)es identicas ·as do

tema inicial. Neste caso, a escolha de arcadas tern grande influ€mcia sobre o resultado

musical. A ~ de llllenuhin sugere uma frase mais entrecortada. E a unica vez que

esta articulai;:So e apresentada desta ma.'1eira.

No compasso 65 o motivo 3 e reapresentado. Romano repete a

articuia98o proposta no teroeiro movimento (C. 59) para este motivo, sendo o unico a

ideaiiza-!o assim.

No compasso 99, Sauret e Lichtenberg prop(jem arcadas identicas, de

mcil realiza98o. llllenuhin tern outra visao sobre a passegem, sugerindo com sua arcada

uma acentua98o sobre a semfnima do compasso_ A articula98o de l\llenuhin esiA

anotada nos manuscritos a partir do compasso 103. Romano prop(je para a passegem

uma arcada de maior dfficuldade. Sua oP98o nao permite a realiza98o das oolchei~

finais de cada compasso com articuia9i)es identicas entre si, visto que estas sao

reaiizadas altemadamente no ta!ao e na ponta. 0 spicatto rea!izado no talao e

imposslvel na ponte. Par esta razao, as colcheias na ponta sao tocadas em detache. E

imeressente o dedilhado de Romano nos compassos 100 e 107, nos quais eie altema a

91

Page 97: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

soooridade do harmonica do Soi na quarta corda com o mesmo Sol na oorda Ret

. . . .

~ ~ '-.

4 4 - $ .-.,_ - --!' ··-

143 sw-----------------------------------------------4 If%# r J u. r 1 r §J 1 w. r 1 r ~4u ff -- .________..

Sauret iiga as seminimas oom as notas anteriores, diminuindo assim

sensivelmente a possibilidade de grandes aoentos em cada nota, oomo sugerem todos

os ootros revisores, e a indi~o de fortissimo. Mesmo oom a indicat;ao de oitava ad

libitum, nenhum dos revisores pareoe oonsiderar a possibilidede de realizar a passagem

ne oitava mais baixa (Sauret suplime esta inforrnet;ao).

Deve-se questioner se no compasso 170 a opt;ao de ligar por

compasso (Lichtenberg), seria suficiente do ponto de vista sonora, para que a

98

Page 98: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

passagem seja rea!izada com equi!ibrio com o piano. A textura aprasentada no piano e

bastante dense. Talvez a proposl:a apresentada palos outros revisores seja ma.is

coerente com o acompanhamento.

I~ ( If Lr semprif{

99

Page 99: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

100

Page 100: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

CONCLUSOES

101

Page 101: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

102

Page 102: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

A Sonata para piano e violino de cesar Franck e sem dwida uma das

obras mais importantes ja escritas para esta form~. 0 estudo desta obra me

pareceu re1evante no aspecto em que foi abordado como uma analise morfol6gica da

~ e sim como uma analise das possibifldades de interpreta900 reveladas atraves

das quatro edi¢es aqui tratadas.

0 capitulo que trata da aprese~ da sonata ("A Sonata") revela

aspectos composicionais bern caracteristicos de Franck, como a utiliza98o da forma

cidica Seria interessante, em trabalho posterior, a comparayao profunda com outras

obras do compositor, pois a disposiyao dos motivos no decorrer da ~ e bastante

sugestiva se comparada a certos poemas sinfOnicos do compositor, estes de carater

programiltico. Nestas outras obras, os motivos representam personagens ou situa¢es.

0 capitulo ·o compositor" teve o objetivo de informar o leitor e confirmar

alguns aspectos sobre as influencias sofridas por Franck na sua maneira de compor.

0 capitulo "Os revisores" deu ao trabalho uma rtga98o coerente entre os

revisores e as escolhas tecnicas tratando da hist6ria da execu98o musical no violino

durante o seculo XIX e o inicio do seculo XX. Pode-se observar a grande influenaa da

epoca sobre as escolhas tecnicas, e menos de "escolas· (mais distintas em periodos

anteriores ao Conservat6rio de Paris), pois estas ja estavam bastante enfraquecidas

pela mobilidade dos concertistas e professores, indicando uma maior uniformidade das

escolas . As d~ daras entre os revisores situados principalmente no seculo XIX

e OS do seculo XX confirmam esta tendencia.

No capitulo • Arcadas e dedilhados" foram encontrados elementos muito

intefessantes do ponto de vista hist6rico, tecnico e musical. Cada revisor deixou bern

103

Page 103: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

clara sua maneira de conceber estes elementos, segundo sua epoca, escola e gosto

pessoal. Comentaremos primeiramente cada revisor individualmente.

0 primeiro que trataremos e Emile Sauret. Sistematicamente sao

evitadas ~ pares, isto e. segunda, quarta, sexta. Esta escolha provoca, pela

quase ~ de nao tocar estas posi¢es, deslocamentos maiores da mao,

ocasionando por conseqoencia portamentos mais freqOentes. Tais portamentos estavam

na moda na epoca de Sauret, nao s6 no violino, mas em todos os instrumentos de

cordas e no canto. como podemos constatar nas poucas gravayi)es de artistas do inicio

do seculo XX. 0 habito de evitar-se posiyi)es pares era tao forte, que o sentimos ate

hoje, sendo consideradas por muitos violinistas, posiyi)es dificeis. Tradicionalmente, as

posiyOes preferidas pela maioria dos violinistas sao a primeira e a terceira, talvez pela

proximidade da voluta e do corpo do instrumento, respectivamente 1, o que pode dar

mais segu~ a mao. Quanto as outras posi¢es impares, elas sao derivadas destas,

facilitando assim seu aprendizado. Voltando a Sauret, a sua utilizayao de harrnOnicos

naturais tambem e caracteristica de sua epoca. Como j{l criticado por Flesctf, que

considerava conderuivel esta pratica pelas razCies j{l expostas no trabalho.

A edic;So de Menuhin contem elementos muitas vezes surpreendentes.

De todos os revisores, ele e o que usa a maior quantidade de arco nas passagens, por

meio de maior quantidade de arcadas, sugerindo uma interpre~o rnuito intensa e

articulada Seus dedilhados sao algumas vezes pouco ortodoxos, como a repetic;8o de

urn mesmo dedo em vSrias notas seguidas. Podemos observar que Menuhin j{l sugere

1 Cormdo Romano aamselbava a""~ de~ fisic:as como o axpo do violino e a voluta nas nu~s de

r;::SJ 104

Page 104: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

este tipo de dedilhado em seu livro Seis lecciones con Yehudi Menuhin (ver bibliografia,

pag. 133, 134). Observando videos de Menuhin, notamos um admiravel vibrato

continuo, que pode justificar este tipo de dedilhados (o vibrato um auxiliar nas muda~

de posiQ§o). Ele tambem utiliza posi¢es muito altas em passagens lfricas. Algumas de

suas escolhas podem parecer nao ortodoxas, como os j8 citados dedilhados realizados

com o mesmo declo, ou a ten::eira frase do segundo movimento e sua equivalente na

reexposic;;io. Na primeira vez, ele sugere a quarta corda para a passagem, e na

segunda vez, a passagem sendo exatamente igual, ele anota a terceira corda.

A versao de Corrado Romano foi realizada durante o ano de 1996 no

Conservat6rio Superior de MUsica de Genebra, durante aulas assistidas pelo autor

desta pesquisa. Suas escolhas sao caracteristicas de sua visao violinistica, que prima

pela ~ intelectual da tecnica combinada a inten~o musical. Romano,

interrompeu sua carreira por volta da idade de vinte e quatro anos, por problemas

fisicos. A falta de experiencia de palco se faz sentir em seus dedilhados e arcadas, que

sao extremamente inteligentes e 16gicos para a sala de aula, mas muitas vezes pouco

prilticos e perigosos para a cena de concerto. A constante utiliza~o de extens5es pode

causar alguns problemas de seguranc;a de afi~, pois a mao nunca esta em uma

posiQ§o estavel. Ele tambem utir!Za freqiientemente as posi¢es altas, dificultando

consideravelmente a execuc;ao da ~- Obviamente, a utiliza~o destas posi¢es e

necess8ria, mas devemos refletir se o beneficia trazido compensa o risco de erro.

Devemos observar em Romano a pouca util~ do quarto declo (o seu era muilo

fraco) em notas intensas. Claro que a sonoridade do ten::eiro declo e melhor que a do

UN! p

105 B!BLJC)T T

Page 105: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

quarto, mas muitas vezes o dedilhado mais natural tern que ser modificado para evitar

estededo.

Devemos entender as an~ tecnicas em uma partitura editada

apenas como sugest6es. Certamente, muitas delas sao coincidentes com a concepc;iio

do artista que comprou uma ou outra edi!tOO. Professores indicam a seus alunos uma

~ especffica para uma ~ pois esta seguramente se aproximara mais da sua

visao, o que nao impede que este ainda ~ modifica¢es nos elementos tecnicos ja

impresses. Assim ocorreu com Romano e a ed~ de Menuhin. Esta era a ed~ que

mais se aproximava de sua visao. Dai a proximidade das duas vers6es. Tambern a

procura por ecJi95es Uttext, isto e, sem a interferencia de urn revisor, tern crescido

consideravelmente, o que demonstra tanto o desejo de liberdade nas escolhas tecnicas,

quanto, principalmente, uma maior preocu~ com fidefldade a partitura original.

As ed~ tern duas finalidades: fomecer ao rnercado partituras e

facilitar o trabalho de pesquisa a violinistas amadores ou rnenos experientes. 0 estudo

de v8rias ed~ de uma mesma obra pode dar ao artista tambem, uma visiio mais

completa das possibilidades interpretativas desta, pois fomece a visao de outros

artistas, muitas vezes consagrados.

Talvez algumas ecfl¢es tenham tido como p(iblico alvo os artistas

amadores. Esta seria a expr~ para as ~ da ed~ de Lichtenberg, na qual

algumas escolhas tecnicas comprometem seriamente a coerencia musical, mas sao de

realiza¢io mais simples. Lichtenberg e o tinico dos revisores estudados que teve uma

carreira de mtisico de orquestra (SinfOnica de Boston, EUA). Geralmente os mtisicos de

orquestra optam por dedilhados mais simples, funcionais, explicando assim a

106

Page 106: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

simplicidade de algumas de suas esoolhas. Esta edi~ tambem peca pela faJta de

illforma¢es, deixando muitas vezes uma passagem sem uma indica~ que seria

preciosa.

A independencia de esoolhas de elementos tecnicos, com a

responsabilidade musical de um profissional, e um grande desafio para o jovem

violinista, que esta ainda sob tutela de seu orientador, ou saindo dela.

Este trabalho demonstrou que existe uma padron~o destes

elementos (talvez chamemos essa padron~ de escolas e gosto de epoca) e que ela

pode apresentar-se de vanas maneiras. Cada artista verdadeiro cria caminhos pr6prios

para se expressar, mesmo sendo influenciado por seus antigos professores e sua

epoca. T odo artista deve respeitar a obra a ser executada e tambem sua

inaiVidualidade. A o~ de uma tecnica s61ida da ao mUsico a liberdade para se

expressar sem os constrangimentos das dificuldades tecnicas. Uma boa tecnica esta

baseada em padr6es, pois eles d8o a organ~ necessaria para uma boa ~-

Como conceber entao a e~ de mUsica de epocas passadas? A

corrente de int~ de epoca nao anula a individualidade. Todo musico

profissional tem como ~ respeitar elementos de interpreta~ que

correspondam ao estilo da epoca em que a ~ foi concebida. Esta individualidade era

bern mais marcada em epocas anteriores em que mesmo a regulagem dos instrumentos

(calibre de cordas e modelo de cavalete) era decidida pelo violinista. Padr6es tecnicos

sempre existiram. Regras de i~ tambem. 0 que muda ao Iongo da hist6ria

sio os referenciais para essas regras.

107

Page 107: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Metodos que sistematizam dedilhados e arcadas, como o sistema de

escalas de Flesch, sao uma maneira de organizar ideias para depois aplica-las as

~s. Em epocas anteriores j3 existiam padroniza¢es, muitas vezes passadas

oralmente do mestre para 0 aluno, fiQ<ldas as necessidades da m!Jsica da epoca e por

isso diferentes das de hoje. Atualmente, os violinistas profissionais precisam ter uma

cultura musical e tecnica extremamente vastas, pois estao confrontados com quase

quatro seculos de musica.

Finalmente, alguns elementos na padron~o tecnica podem sera

marca registrada do violinista, o estilo pelo qual ele e reconhecido em meio aos outros.

0 famoso portamento descendente de Fritz Kreisler, a utilizayao muito freqOente do

terceiro dedo em substituiyao ao quarto dedo (Romano), sao exemplos desta marca

registrada

Acredito que este trabalho podera ser Util nas mais variadas situa¢es.

principalmente aos alunos de mUsica, para os quais pretende-se mostrar que as arcadas

e dedilhados nao sao obras do acaso ou apenas urn capricho do revisor e sim, o fruto

da experiencia musical e da tea1ica de urn mUsico que, analisando a partitura, anotou o

que acreditava ser melhor para a interpretayao desta, de acordo com a sua escola,

epoca e gosto pessoal. lsto pode dar ao aluno confia~ para escolher por si s6 suas

arcadas e seus dedilhados, com responsabiftdade e coerencia, e nao apenas seguir as

anota¢es do professor ou de uma ediy§o.

108

Page 108: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

BIBLIOGRAFIA

109

Page 109: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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112

Page 112: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

AN EX OS

Parte de violino com anotl~ de Corrado Romano

Parte de piano e violino

113

Page 113: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

114

Page 114: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Franck

Sonata in A Major Violin

115

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ff?tbq

Page 115: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Franck~Sonata in A 11.ajor--Violin

. ·~ ... poco a poco mtl. - f Lj dtm. z :PP

116

Page 116: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

~ranck Sonata in A Major Violin

-- - ---

Page 117: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

118

Page 118: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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119

Page 119: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

v 120

Page 120: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Franck So:1.1.ta in A Major Violin

121

Page 121: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

motto rit.

accelerando a tempo

122

2. :s . , a tempy moderato

I! iL_L_ "'

1 motto rall.·4 .2 3 >>

Page 122: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO
Page 123: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO
Page 124: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

125

Page 125: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Violin

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Piano

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Page 126: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Page 127: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Page 128: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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129

Page 129: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Franck SonatainAMajor

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Page 133: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Franck-Sonala in A Major

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Page 134: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Franck Sonata in A Major

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Franck-Sonata in A Major

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Page 139: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Page 141: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Page 150: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Franck-Sonata in A Major

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Page 151: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Franck-Sonala in A Major

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Page 152: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Page 153: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Franck Sonata in A :\.fajor

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Page 154: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Page 156: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

Franck-Sonala in A .Major

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Page 157: CESAR FRANCK: SONATA PARA PIANO E VIOL/NO

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Franck Sonata in A Major

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