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Chácara Paraíso

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Mostra de Arte Polícia

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Fundação Federal de Cultura da alemanha

mostra de arte polícia

de 02 a 11 de fevereiro de 2007SESC Avenida Paulista - São Paulo

As encenações do Rimini-Protokoll são normalmente instrumentos de pesquisa de conflitos e contradições da sociedade globalizada, criados a partir da perspectiva dos verdadeiros

atores sociais. São sempre um estímulo à reflexão e à mudança. Esta encenação de Stefan Kaegi e Lola Arias confronta o público com a noção da ordem, da repressão e da

transgressão das normas, e aprofunda ainda mais o intercâmbio e a troca de experiências entre brasileiros e alemães, objetivo maior da Copa da Cultura.

Gilberto GilMinistro da Cultura

“Muito além de mero elemento figurativo, a vida de cada ser humano é um mundo todo. Vistas assim de fora, o preconceito elege com palavras-rótulo as vidas que se formam. Mais ricas e profundas do que o raso de onde nossos olhos retiram a falsa película de verdades.

Conhecer o outro é, acima de tudo, conhecer a si mesmo.”

Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do SESC SP

Todos conhecemos a Polícia, mas quem conhece o ser humano por trás do uniforme? Todos conhecemos o discurso sobre a Polícia, mas quem conhece o discurso deles mesmos,

o que pensam, imaginam, sentem...? Há aqui uma tentativa teatral de proporcionar uma comunicação direta e equilibrada.

Wolfgang BaderDiretor Regional, Goethe-Institut São Paulo

Chácara Paraíso é o local onde se encontra o maior centro de formação de soldados da Polícia Militar da América Latina, no bairro de Pirituba, São Paulo. Nesse local, todos os dias mais de 2000 soldados aprendem marchas, abordagens e ataques. Existe até uma favela cenográfica para que os policiais ensaiem simulações de ocorrências, segundo eles, “as mais próximas possíveis da realidade”.Será que a polícia pode simular o crime? Será que artistas podem representar a polícia?Os diretores teatrais Lola Arias (Argentina) e Stefan Kaegi (Alemanha), que trabalham juntos pela primeira vez, visitaram centros de formação e treinamento, cerimônias de formatura, centros de atendimento psicológico, cavalarias, o Corpo Musical e até a capela da Polícia Militar de São Paulo. Durante este percurso, surgiu uma imagem heterogênea e surpreendente da instituição policial, uma sociedade dentro da sociedade. Chácara Paraíso foi o nome escolhido para uma forma de instalação que mescla o documental e o ficcional, mostrando biografias de pessoas que em algum momento de sua vida atravessaram o universo policial. A peça oferece um treinamento da percepção do público, pois questiona a distinção rápida entre “bom” e “mau”. Os espaços vazios do 14º andar do SESC Avenida Paulista, agora em reforma, serão ocupados com a arte de pessoas (que não são atores) selecionadas por meio de anúncios em jornais. Elas reconstroem cenas da própria biografia que, às vezes, pode parecer ficção. O público percorrerá as salas em pequenos grupos. Assim a mostra viva quer possibilitar uma aproximação íntima e subjetiva com policiais, ex-policiais e familiares, que aqui se manifestam de uma maneira que lhes é vedada enquanto guardiões da lei e da ordem: eles podem falar em primeira pessoa.

Paulo Roberto

Pedro

Flávia

Marcel

Amorín

Agatha

Gerson

Marcelo

Luis Carlos

Eliane

Cleber

Beatriz

Sebastião

Oliveira

Thiago

“Quando Criança sempre Quis ter um Carrinho de bombeiro. olhei para o Céu e esperei até ter só uma estrela e pedi um. não deu. mas hoje sou bombeiro. trabalho na imprensa dos bombeiros e sempre apoio a pm. Quando tem um inCêndio e os poliCiais militares estão trabalhando lá dentro, eu FiCo na Frente segurando os jornalistas. não vou deixar eles tirarem Foto se alguma Coisa dá errado. protejo a boa imagem da políCia.“

paulo roberto (São Paulo, 1968)1988 Formou-se bombeiro industrial. 1993-97 Corpo dos bombeiros da PM. Hoje repórter fotográfico da revista “Bombeiros em Revista“. Usa farda com faca (arma branca) e máquina fotográfica. Já viu mais de 200 mortos na sua vida (alguns totalmente queimados).

“eu vejo todos Como suspeitos, porQue o bandido não tem uma CaraespeCíFiCa hoje em dia. voCê pega a pessoa, prinCipalmente, é no olhar. na hora em Que o bandido vê Que a políCia está perto, o olhar Cagüeta tudo. aQuele olhar de medo, de espanto...”

pedro(São Paulo, 1972)Investigador da Polícia civil. Filho de policial militar. Trabalhou na divisão de homicídios e investigou documentos falsos. Hoje trabalha no DECAP.

“tem muitas pessoas diFerentes Que Chamam: uma voz masCulina Chama só para saber Que horas são. uma Criança Chama e Fala Que um assassino Quer matá-la, mas é trote. outra Criança Chama e diz: por Favor não desliga, é sério, meu pai está Com uma FaCa ameaçando minha mãe. um senhor Chama e diz Que Quer se suiCidar. uma mulher Chama só para xingar. uma pessoa Chama, só porQue está triste...eu Queria ter uma ’sala de grito’ para desCarregar e voltar ao trabalho.”

Flávia(...)Flávia e um nome falso mas a pessoa existe.Esta está trabalhando na central telefônica da PM, atendendo chamadas no 190.Marcas do trabalho: dor de estômago, dor de cabeça, depressão.

“napoleão já Falou: ’me dê uma banda de músiCa na Frente do meu exérCito, e eu ganho a guerra.’ soldados marCham Com mais gosto Quando esCutam músiCa.mas Quando marChamos não posso levar o Contrabaixo (já sugeri utilizar rodinhas mas não deixaram). tenho Que toCar pratos.”

marcel (São Paulo, 1966)Desde 1987 policial do Corpo Musical. Músico erudito que toca contrabaixo. Pai policial, tio herói da polícia. Música preferida: Guilherme Tell. Não sai para trabalhar nas ruas, porque prefere ensaiar música. Sua mão não treme, está treinado para tocar e para atirar.

“eu trabalhei nove anos disFarçado. eu era Cabeludo e investigava os Crimes me inFiltrando em grupos de assaltantes ou traFiCantes. a gente tem Que ter sensibilidade teatral porQue tem Que Fingir Que está drogado, tem Que saber interpretar a linguagem de Cada grupo. voCê tem Que ser bom ator porQue se o bando te desCobre, ele te mata. depois me dediQuei a treinar Cães. voCê também preCisa estudar a linguagem dos Cães pra se ComuniCar bem Com eles.”

amorim(São Paulo, 1964)1978. Policia Militar. Serviço de inteligência da polícia. Adestramento de cães no canil. Objetos preferidos: colete com pins, capacete de moto, moto, brinco de brilhante, álbum de fotos do adestramento. Agora aposentado, tem empresa para treinamento de cães com seu filho Fábio.

“...auau…auau“

agatha von dog park(Dog Park São Paulo, 2000)Entrou na PM em 2001 como Cão K-9. Fez policiamento de rua a pé e na viatura. Participação em vários programas de televisão. Prendeu mais de 50 criminosos. Aposentou-se em 2005. Já viu muitos mortos, mas, segundo o treinador Amorim – por ser cão – não faz diferença.

“eu entrei na políCia por aCaso. durante sete anos, trabalhei Como motorista de viatura. eu gosto de dirigir automóveis e sei andar pelas ruas em alta veloCidade.”

gerson(São Paulo, 1964)1988-1995 Polícia militar. Motorista de viatura. Conheceu sua mulher quando PM durante Operação Verão. Saiu porque a polícia não lhe satisfazia. Atualmente, é pedreiro e não quer falar da policia. Tem dois filhos que gostam muito de jogar banco imobiliário.

“já vi a Cadeia na delegaCia tão lotada Que não Cabia mais ninguém. eles oCupavam até o espaço aéreo. Com redes. e tinha gente dormindo em pé. óbvio Que todos Queriam Fugir. À noite, voCê botava a orelha na parede e esCutava eles Cavando. Felizmente, esta superlotação já não existe mais.”

marcelo (São Paulo, 1973)Entrou na Polícia civil aos 23 anos porque queria aventura. Escrivão. Hoje, investigador civil na rua. Casou dentro da polícia (Beatriz). Vê seu futuro na divisão de crimes contra o meio-ambiente.

“dos meus amigos de Formação, um Foi morto em um aCidente entre viaturas; outro era segurança de supermer-Cado, seQüestrou o Filho do dono, matou a Criança e Foi preso; outro trabalhava na rota e Foi Fuzilado; outro Foi tomado Como reFém e abandonado pelado na rua; outro prendeu um traFiCante e levou um tiro no braço; outro Foi expulso porQue FalsiFiCou seu boletim.”

luis Carlos(São Paulo, 1968)1981-1988 Polícia militar. Policiamento de viatura, Guarda Palácio Bandeirantes, Segurança do Governador. Quando saiu da polícia, escreveu uma carta de despedida para os amigos policiais. Como marca de seu trabalho no Palácio, leva varizes nas pernas. Atualmente, é taxista com vidros fumê.

“eu entrei na políCia, porQue busCava o perigo. primeiro, me ColoCaram no 190. não gostei, eu Queria ir pra rua mesmo. e deu Certo. um dia, um marginal nos ataCou e minha Colega FiCou toda Ferida na Cara. dias mais tarde passamos de novo e vimos o rapaz. aí, nosso aCompanhante ajudou a imobilizá-lo, deu voz de prisão e disse: ’agora ele é todo seu’.”

eliana(São Caetano do Sul, 1966)1985-1992 na PM: Telefonista, Policiamento Ostensivo, Trânsito e Cozinha da Policia Militar. Objeto Preferido: Capote Azul Marinho. Deteve aprox. 14 criminosos e viu aprox. 100 mortos. Hoje, trabalha como administradora de um condomínio, mas está competindo por uma vaga na Polícia Civil.

“para mim, ser poliCial não era um trabalho, era um sonho de inFânCia. eu partiCipei em muitas oCorrênCias até Que Fui expulso da políCia por um Caso de homiCídio. em março deste ano, eu tenho Que enFrentar um julgamento. no pior dos Casos, eu serei Condenado a Cumprir entre 12 a 30 anos. e no melhor dos Casos, serei absolvido e poderei voltar para a políCia militar.”

Cleber (São Paulo, 1976)1996–2003 Policiamento de trânsito, ronda escolar. Patrulhamento com motos e Força Tática. Hoje trabalha como motoboy. Objeto preferido: boina. Número de mortos vistos: 15.

“eu vi mais de 30 mortos em dez anos de trabalho... Às vezes, eu imagino Que vou morrer de um derrame Cerebral mas se pudesse esColher, eu Queria morrer Como o Casal de velhinhos do titaniC, Que se abraçaram enQuanto a água subia.”

beatriz(São Paulo, 1979)1987. Policia civil. Investigadora. Estudos de direito e psicologia. Marcas: tatuagens de escorpião e de serpente feitas depois de entrar na polícia.

“o meu primeiro serviço Foi na usp, de 64 a 68. nós éramos muito amigos dos estudantes, mas um dia entrou o batalhão do ChoQue e a Cavalaria. Queriam invadir o Crusp. os estudantes em Frente ao Crusp, o ChoQue de um lado e eu no meio. aí, os estudantes puseram uma bandeira no Chão e Começaram a Cantar o hino naCional. aí, os poliCiais tiveram Que se retirar.“

sebastião(Ataléia, 1939)1964-1988 Polícia militar. Patrulhamento na USP, nas ruas, etc. Objetos preferidos: álbum de fotos com uniforme, armas, medalhas, caderno com lista de bandidos que prendeu. Atualmente, é aposentado e sempre leva a esposa, sua “costela de Adão”, aonde quer que vá.

“depois de um assalto no supermerCado entramos na Favela proCurando dois elementos. uma moradora indiCou o barraCo onde um deles estava. meu Camarada Chutou a porta e eu entrei. o elemento estava Com a arma ali – na minha Frente. ele atirou duas vezes, mas não saiu bala nenhuma. aí, eu não esperei o terCeiro tiro. aCertei.“

oliveira(Contendas, 1958)1981 Entrou na PM durante uma grande onda de desemprego. Tático móvel e motorista. Cicatriz no braço de um tiro que poderia tê-lo matado. Auxiliou dois partos. 1986 Pediu baixa. Hoje trabalha na área de transportes.

“eu entrei na políCia em 1988, por aCaso. durante sete anos, trabalhei Como motorista de viatura. eu gosto de dirigir automóveis e sei andar pelas ruas em alta veloCidade... Às vezes, À noite, Quando não tinha nada pra

“sempre atirei bem, porQue ComeCei a atirar Com seis anos de idade. gostava de ver Filmes de ação. e também um tira da pesada Com eddy murphy. eu Queria adrenalina. gostei dos treinamentos na políCia. só sai porQue me oFereCeram um emprego na segurança privada, onde hoje ganho três vezes o salário de um poliCial.“

thiago (São Paulo, 1983)2003 Treinamento de Soldado na Chácara Paraíso/Pirituba. PM até 2006. Almoxarifado, guarda de quartel. Cresceu no mesmo bairro onde trabalhou mais tarde. Número de mortos vistos: 3.

CháCara paraíso. notas do proCesso.por lola arias e stefan Kaegi.Durante o processo conhecemos muitas pessoas e lugares; assistimos a formaturas e treinamentos que, mesmo que não estejam ao vivo na instalação, são parte do álbum de fotos, idéias e experiências que deram forma à obra.

PERSONAGENS:

o policial filósofoCapitão K., estudante de filosofia da USP, expert em Renascimento. Alto, magro e de sorriso cheio de dentes perfeitos, passa os dias na diretoria de ensino ocupando-se da formação dos jovens policiais. K. é nosso contato e nosso guia pelo universo policial. Ele nos ajuda muito a contatar pessoas e lugares e convence outros policiais da importância do projeto, mas seus chefes crêem que é “um sonhador”.

a vídeo-artistaT. é sargento e faz os vídeos de treinamento e propaganda para difusão dentro da polícia. Ela e outros três policiais funcionam como uma mini-produtora de filmes para policiais. Nos vídeos, pode-se ver os policiais interpretando papéis de bandidos e de policiais com igual seriedade. T. explica que ela, como artista, deve seguir um protocolo sobre a imagem policial. Nós lhe perguntamos que coisas proíbe esse protocolo e ela diz que, por exemplo, não pode mostrar um policial com barba. Quais são os conteúdos simbólicos da barba? Sabedoria e experiência (Deus, Sócrates, Papai Noel), esquerda revolucionária (Fidel, Che Guevara, John Lennon), etc.Ela nos mostra seus vídeos:- We are the champions: Com fundo musical de Freddy Mercury, milhares de policiais treinando. Em certo momento, a letra diz “no time for loosers” e um policial esmaga a cabeça de outro contra o chão.

o detector de bombasCapitão D. foi chefe do departamento que se ocupa de desativar bombas e está acostumado com as câmeras porque já deu entrevistas à televisão. Ele nos conta que o comando anti-bombas atua a partir de uma ameaça telefônica ou a partir do encontro de um artefato estranho. Diante de uma ameaça telefônica, o primeiro passo é saber se é verdadeira ou falsa, “Há muitos casos de crianças que dizem que há uma bomba na escola porque têm um exame” diz. Uma vez que se sabe que a ameaça é verdadeira, verifica-se se é uma bomba pessoal ou uma bomba que promete fazer voar em pedaços um edifício inteiro. Quando perguntamos quais foram as bombas mais estranhas que teve que desativar, ele nos conta de uma bomba que estava num ramalhete de rosas, de uma carta-bomba e de uma bomba escondida entre as frutas de um mercado.

a chefe dos psicólogosMuitos policiais nos contaram de casos de suicídio entre os policiais, de casos de depressão aguda, de traumas que se produzem depois de matar alguém, de policiais aposentados que se

deprimem ou enlouquecem quando já não estão mais na função. Mas Capitão U. não dá nenhum dado concreto, nem estabelece estatísticas. Ela diz que os policiais sofrem os mesmos transtornos psicológicos que as demais pessoas, nós dizemos que os policiais estão expostos a maiores tensões para sua psicologia e que, portanto, devem ter problemas diferentes. Ela somente sugere que, talvez o fato de ter uma arma junto ao corpo o tempo todo, mude a percepção das coisas e diz que cada policial tem uma relação muito particular com seu próprio revólver.

a chefe da comunicaçãoCoronel N. é responsável pela imagem pública da Policia Militar. Nós, através do Goethe-Institut, apresentamos a ela um pedido de autorização para realizar o projeto com policiais ativos no final de novembro. Ela parece muito interessada no projeto, mas deve reunir-se com seus superiores para tomar uma decisão. Na tarde ensolarada de 7 de dezembro, vamos até seu escritório e conversamos com ela. Explicamos que se trata de um projeto sobre biografias de policiais, que eles não têm que estar fardados, que seria fora de seu horário de trabalho. Ela diz que certamente os policiais ficariam felizes em participar, que todas as pessoas necessitam de outras atividades além de seus trabalhos e que ela, quando está sozinha em sua casa, descarrega suas tensões fazendo bordados. Tomamos café e olhamos pela janela em direção ao portão do quartel general onde vemos um pequeno jardim japonês. O lago do jardim japonês, conta N., tem a forma do Brasil e as pedras a seu redor representam os policiais. A pedra grande representa o comandante geral e as pedras pequenas são os cargos inferiores.

Depois dessa tarde, nunca recebemos notícias dela. Telefonamos, mandamos e-mails, os policiais da ativa que queriam participar se comunicaram com ela. Nada. Nem sim, nem não. Silêncio.

Filho de policial infiltrado durante a ditaduraX. é sociólogo, usa óculos e ri com o corpo todo.Seu pai era PM durante os governos militares e nesse período passou a atuar sem farda. A família não sabia muito bem que tipo de trabalho ele exercia. X. acredita saber, mas hoje prefere se recordar do seu pai pelo o que ele

tinha de melhor: figura dedicada, afetiva, um pai e tanto... Ele propõe escrever um texto sobre a sua história:“Meu pai era PM. E eu passei no vestibular pra Ciências Sociais. No fim das contas meu pai ficou bem orgulhoso: ele não era do tipo de querer ver filho infeliz. Muito pelo contrário. No mais, era na USP. No meu primeiro dia de aula um amigo dele, PM, passou lá em casa. Eles iam sair e eu pedi carona. No carro, o amigo vira e me diz: -Sociologia!! Presta atenção, não conta pros teus amigos de lá que o teu pai é PM, a coisa pode se complicar pra você. Inventa qualquer coisa: diz que teu pai é comerciante, padeiro, qualquer coisa, mas PM não! Meu pai ficava cada vez mais constrangido enquanto o amigo seguia ironizando: - esse pessoal da Sociologia já deu muito trabalho pra gente, mas hoje em dia já não fazem mais barulho. Mesmo assim, por via das dúvidas... evite assinar abaixo-assinado. A gente já pegou muita gente por aquelas listas. Ah, e cuidado com as passeatas. Era 1983, ainda estávamos sob o regime militar, e eu fui pra minha primeira aula de Ciências Sociais achando que um dia podia encontrar meu pai

numa passeata ou manifestação pública, ele de um lado e eu do outro.” Temos um ensaio impressionante – no qual X conta toda esta história e chega a emocionar uma primeira visitante.Mas antes do segundo ensaio, X. envia um e-mail onde diz:“São mais de 4 horas da manhã e não consigo dormir. Eu percebo que não estou pronto pra contar essa história para desconhecidos.”

sobrinho de policialQuem quiser ingressar na polícia militar de São Paulo precisa ter pelo menos 20 dentes. Entrevistamos o protético B. O tio dele foi policial, ele próprio produz dentaduras. Com o sotaque cheio de vogais abertas do linguajar baiano ele nos conta que o tio, depois de umas cervejinhas, descarregava sua arma de serviço a altas horas da noite contra o sofá. Oferecemos um papel a B. e montamos para ele uma mesa especial para a preparação de dentes artificiais. Mas ele, um dia, falta ao ensaio, e no outro dia, desaparece sem avisar.

VOCABULáRIO POLICIAL

elemento = Pessoa Suspeita meliante = Criminoso viatura = Carro policialviatura descaracterizada = Carro policial sem identificação visívelFazer um deslocamento = Ir até um local de ocorrênciasolicitante = Pessoa que chama 190ocorrência = Ação que demanda intervenção policialpista Quente = Zona onde há tiros reaispista Fria = Zona livre de tirosa casa caiu = Aviso ao criminoso de que está cercadoestrangular a arma = Apertar a arma demais, prejudicando o tiro municiado = Armadoalvejado = Atingido por tiro ladrão bom = Ladrão experiente, tranqüiloCompanheiro de Farda = Outro policialpaisano = Cidadão civilreformado = Policial militar aposentadointerno = Policial que realiza trabalho burocrático ir pra rua = Fazer patrulhamento bico = Trabalho remunerado nas horas de folga, proibido por lei

As rádios se comunicam com código Q.Qap: estou escutando.Qrb: estou a disposiçãoQtrb: que horas são?.Qtag: endereço.Qrb: obrigada.

CENOGRAFIAS:

bonecos de papelãoNa Chácara Paraíso, assistimos a um jovem de 18 anos, que avança com uma arma na mão em direção a um conjunto de muros. Junto às paredes se levantam aleatoriamente bonecos de papelão:-homem de barba e com pistola (atirar!)-fotógrafo com câmera (não atirar!)-mulher de boa aparência com revólver (atirar!)-homem de barba com refém (não atirar!)

As figuras são pintadas em estilo primitivo, em papelão furado a tiros, mas com remendos colados.Traje, máscara, requisitos, efeitos pirotécnicos. –É um teatro que apresenta um mundo com o qual o soldado de 18 anos será confrontado em breve na realidade. O teste não pretende desenvolver um juízo diferenciado e, sim, rápido. Policiais devem agir e não observar.O método para o treinamento de tiro utiliza a sigla V.I.D.A. (Ver Identificar Decidir Agir). O tempo da vida são 4 segundos.

Campo de exercíciosTarde de terça-feira. Na Chácara Paraíso, estão ensaiando coros de gritos, 50 vozes ao mesmo tempo. “Damos paz, damos força pra manter a harmonia, defendemos nosso povo, somos a Terceira Cia.” ressoa o grito pelo vale da Chácara Paraíso. “Policia militar, compromissada com defesa da vida e a dignidade humana.” Depois, começa a marcha.Os estudantes marcham de jeans porque ainda não estão autorizados a usarem uniformes de polícia, mas os jeans são todos idênticos, como um “uniforme de jovem civil”. Um instrutor nos faz sinal para chegarmos mais perto. Ele

CabeleireiroEntramos no cabeleireiro de policiais. Ali, um soldado se faz cortar o cabelo, enquanto uma mulher grávida que trabalha no 190 faz as unhas das mãos e dos pés.O soldado nos conta que o corte de cabelo de um policial é sempre igual, bem curto nos lados da cabeça e um pouco mais comprido na parte de cima. Segundo ele, quanto mais alto for a graduação do policial (coronel, tenente, capitão), mais comprido pode ser o cabelo sobre a testa (na frente).A mulher grávida do COPOM diz que as mulheres policiais não podem tingir os cabelos, salvo

está contente em ver que a disciplina de sua tropa desperta o interesse de estrangeiros. Ele sugere que contornemos lentamente o batalhão para filmar. Câmera na mão, sem apoio. O rosto dos jovens de 18 anos em posição de sentido. O foco automático desliza sobre suas frontes para uma tomada de perfil lateral. De repente, a voz de comando: “Direita volver!”, e no mesmo instante as 50 cabeças se dirigem novamente de frente para a câmera.Ao se aproximar dos rostos, pode-se perceber que alguns estão rindo por dentro ou estão a ponto de rir, outros fazem cara de herói e juntam as sobrancelhas, outros têm o olhar distante como sonâmbulos.Os soldados gritam, ficam de sentido e fazem exercícios. Os pequenos procurando dar passos grandes, os grandes diminuindo o passo. O esforço de todos para manter o ritmo dentro do conjunto. Quem representa para quem?O comandante mostra a eficiência de seu treinamento.Os rapazes e as moças mostram como são fotogênicos. Nós mostramos a nossa admiração.

quando grisalhos, e que, nesse caso, devem tingir da cor original. Também diz que as unhas devem ser bem curtas e que a maquiagem deve ser discreta. No Chile, as mulheres policiais fazem cursos de maquiagem como parte de sua formação.

diretoria de ensinoVamos à diretoria de ensino buscar K.. A diretoria fica num edifício circular com um pátio interno que dá para um mini-jardim de cactos, arquitetura do tipo pan-óptico.Enquanto esperamos por K., uma policial ruiva sobe sobre sua escrivaninha para pendurar uma figura de Papai Noel, enquanto outros policiais escrevem em seus computado-res. Todo o escritório reluz como qualquer escritório público onde os empregados tomam café, escrevem um pouco, penduram bonecos natalinos. Chama nossa atenção uma moça policial muito jovem. Quando perguntamos ao K. sobre ela, ele diz que é um dos policiais temporários que têm treinamento básico e que trabalham por dois anos dentro do escritório. Como será isso de ser policial por uma temporada, como ser presidente por um dia?

o canilSegundo o diretor do canil, os cães policiais clássicos são o pastor alemão, o doberman e o labrador porque são os que demonstram mais resistência e inteligência. Os cães civis estudam um ano e meio antes de converterem-se em cães policiais. Aos quatro meses de idade começa o treinamento e aos oito meses já estão preparados para se especializarem em achar drogas ou bombas ou para localizar uma pessoa perdida. Os cães policiais têm um regime de trabalho muito estrito para não se estressarem, todos os dias treinam 45 minutos e trabalham seis horas por dia. Depois de oito anos, os cães têm direito a se aposentar . Após uma conversa introdutória, o diretor do canil nos leva para um passeio pelas instalações, mas não nos permite filmar. Todo o lugar está um pouco estropiado, tem um cheiro muito forte e uma trilha sonora de latidos constantes. Os cães policiais dormem em pavilhões de cimento dentro de uns quartos em miniatura com portas azuis. Quando nos aproximamos, podemos ver alguns deles abandonados ao solo, isolados ou adormecidos, outros latindo com dentes afiados.

Corpo musicalO Corpo Musical fica perto da Estação Tiradentes, ao lado do Batalhão de Choque. Num dia, os policiais músicos ensaiam num teatro abandonado e no outro dia, saem às ruas em uma viatura que diz “Corpo Musical” e tem desenho de uma lira. Às vezes, quando a orquestra da polícia toca passagens mais suaves de “Guilherme Tell”, sobrepõem-se à música os sons de gritos e batidas: o Batalhão de Choque está treinando. Quando os vizinhos ensaiam ações contra rebeliões em presídios, os músicos sentem nos olhos os efeitos do gás lacrimogêneo. Em uniforme, o Sargento Z. toca trompete:-para a Orquestra Sinfônica da Polícia Militar (músicas de Wagner, mas também composições novas do compositor da companhia)-toques de parada militar (Sentido! Direita volver! Descansar!) Dia sim dia não, Sargento Z. tem que fazer ronda: ele anda pelos bairros com luz de alerta ligada e vasculha favelas à procura de armas escondidas debaixo do colchão.

Sentido! Frente,ordinário marcha!Feijó conclama,Tobias mandaE na distância,desfila a marchaNova cruzada,nova demandaUm só por todos,todos por umDos cento e trinta de trinta e um!Legião de idealistasFeijó e TobiasLegaram-na aos seusTornando-os vigiasDa Lei e Paulistas“Por mercê de Deus”Ei-los que partem! Na paz, na guerraBrasil Império,Brasil RepúblicaSeus passos deixam, fundo na terraRastro e raízes: é a Força PúblicaMultiplicando por mil e umOs cento e trinta de trinta e umLegião de idealistas...Missão cumprida em Campo das PalmasLaguna, heroísmo na “Retirada”Glória em Canudos; e de armas e almas,Ao nosso Julho da ClarinadaSob as arcadas vêm um a um,Os cento e trinta de trinta e umLegião de idealistas...

MúSICA Canção Da Polícia MilitarLetra: Guilherme de AlmeidaMúsica: Maj. PM Músico Alcides Jacomo Degobbi

COREOGRAFIAS

marchas militares de oficiais uniformizadosAo chegarmos à formatura, todos os policiais estão quietos com as pernas abertas e o braço direito segurando o esquerdo atrás das costas. Ante uma ordem, a dança começa. O movimento sincronizado de centenas de corpos uniformi-zados arma e desarma linhas em diversas direções, formando retângulos de diferentes tamanhos. As instruções do coreógrafo são transparentes: ritmo, cabeças erguidas, olhar no horizonte, pernas que se dobram 90 graus, braços esticados e mãos abertas. Estamos em pé frente ao vértice do retângulo com uma câmera fotográfica, e podemos observar o lugar onde a marcha já não se faz reta e é preciso girar. Nesse momento, há um instante de dúvida, de hesitação, de torpor, aparece um gesto que não se pode coreografar.De repente, um menino vestido de policial atravessa diante da coreografia, à vista de todos. Será um filho de policial ou um policial em miniatura, um policial que se tornou menino de tanto marchar?

Nota de rodapé: A marcha exibe a beleza da disciplina e a união que faz a força? Para que exista o corpo único, não pode haver bailarino solista nem improvisação. Há algo emocionante e aterrador na repetição infinita de um padrão de movimentos.

marcha de carros do corpo musicalNa hora do almoço, ao meio-dia em ponto, assistimos a uma mini-coreografía de carros do Corpo Musical. Os carros do Corpo Musical formam uma grande fila na porta do departa-mento. Quando um policial toca a corneta, os policiais músicos fecham as portas de seus carros em uníssono, fazem soar os motores com duas voltas de chave, ligam as sirenes e arrancam. Todos soando ao mesmo tempo, saem em grande velocidade para se perder na rua.

OBJETOS DE CENA

o revólverComeçam os primeiros ensaios. Um policial civil se apresenta de barba por fazer, calça jeans. Parece aquele companheiro de bar. Mas quando se levanta para abrir a janela, vemos seu revólver na cintura. Anda com ele 24 horas. Mesmo quando sai para festejar e beber, está sempre armado. Por uma questão de princípio, ele tem a obrigação de intervir sempre que perto dele aconteça alguma coisa suspeita.Depois do ensaio, uma assistente da nossa equipe pergunta espantada: Será que ele vai ficar com a arma até mesmo durante a apresentação? Por que não, se ele anda com ela pra cima e pra baixo? Ela tem medo de armas. - Num país em que até mesmo o cidadão particular anda armado, com ou sem porte de armas, haveria de ser um tabu andar armado justamente num teatro? Se um espectador vir isso, vai ser um escândalo, explica. Nós não queremos um escândalo em torno de armas. Queremos apenas retratar a vida cotidiana de um policial.O que fazer então?

pode ser um ready-made teatral. (entre outras possibilidades.)

Marcel Duchamp, no início do século passado, colocou um urinol dentro de uma galeria, denominou tal objeto como “Fonte” e, com este gesto, ele criou uma das maiores rupturas no sistema da arte, ação que continua repercutindo e influenciando até hoje grande parte dos procedimentos da arte contemporânea. Ao retirar este objeto pronto (ready-made) da circulação comum, de seu contexto original e colocá-lo em outro espaço e tempo, ele transformou a relação do espectador com o objeto artístico. Um ready-made, além de ser um objeto pleno de ironia e provocação, é na sua essência um signo, dentro de um sistema sintático maior: todo o real que o cerca e suas representações. O espectador passa de mero observador e se transforma a co-autor da obra. Chácara Paraíso - Mostra de Arte Polícia pode ser considerado um “ready-made teatral”. Minúsculas histórias narradas por pessoas comuns deslocadas de seu contexto. Nenhuma regra de interpretação. Em cena nem atores nem dramaturgos, mas cada um “interpretando” sua própria vida. As certezas e os conhecimentos estabelecidos dos espectadores sobre o “sistema polícia” e o “sistema teatro” caem por terra. Espaço/tempo e areia movediça onde a história surpreende não pela sua concisão e importância, mas pelos seus hiatos, silêncios e desvios. Os sistemas deslocados e infectados pela imaginação e poesia.

Tudo circula no limite, estamos no território pleno do cotidiano, dos gestos comuns e banais, dos “urinóis” feitos em série e despercebidos pelo olhar apressado e voltado a encontrar o sublime, a arte em outros lugares e assuntos mais nobres. Nesta forma híbrida entre o teatro e o real, o espectador e o narrador correm os mesmos riscos. Observadores e observados, emissores e receptores têm ampliada visão e conhecimento das tantas artimanhas utilizadas pelo sistema para a manutenção da ordem e maneiras sensatas e corretas de pensar e sentir. Aqui neste labirinto de salas e situações concretas, a máquina Chácara Paraíso – Mostra de Arte Polícia só funciona se as subjetividades estiverem circulando e entrechocando-se a todo o vapor. Todos sujeitos únicos em transformação. Máquina de construção e também do desmonte. Espaço possível do contraditório.Chácara Paraíso – Mostra de Arte Policia é o lugar idealizado da derrubada de alguns de nossos conhecimentos e certezas sobre instituições – seja ela o teatro tradicional e seu palco, a polícia e seus departamentos, a arte e suas regras. Os pilares tradicionais do fazer teatral, dramaturgia, interpretação e encenação se transformam. Não circulam por aqui as tragédias clássicas de Eurípides ou suburbanas de Nelson Rodrigues, nem as interpretações catárticas ou brechtianamente distanciadas, e nem mesmo um palco. Estamos frente a histórias banais, seres humanos comuns num andar de escritórios no alto da Av. Paulista. A “Polícia” junto ao “sistema teatro” é também um sistema fechado baseado em regras e disciplinas. Aqui nesta chácara, como um paraíso, circulam membros da instituição Polícia presente em todas as sociedades. Os “policiais“ falam e desmontam, nesta fala e

exposição, o avesso da rígida disciplina estabelecida pelas estruturas de poder. Não são tratados sociológicos ou históricos sobre a instituição policial, mas discursos menores constitutivos do real e pertencentes e potentes, colunas mestras e ocultas de sustentação de todo o sistema. Estas pequenas “fontes” escancaradas aos espectadores incitam cada um descobrir os frágeis limites e a relatividade da verdade e da ficção. Cada narrativa, minúscula, é também a exposição da fusão entre a plenitude da história e a banalidade das fantasias.Não estamos no teatro e suas estruturas, mas no último andar da Unidade Provisória SESC Avenida Paulista. Topos de edifícios são quase sempre centros de decisão e espaços reservados aos ocupantes de altos cargos. Aqui a topografia deste espaço de poder é também desmontada. Um lugar em obras, ainda preservado em sua nobreza, se torna salas de demonstração e exercícios, espaços de exposição de disciplinas menores sempre excluídas destes topos e topografias. Telefonistas, motoristas, instrutores de cães, detetives, meros funcionários ocupam estes altos, deslocando e revelando mais uma brecha na estrutura destes tantos “organismos sistêmicos” em jogo nesta mostra de arte polícia.Duchamp, com suas ações/obras, deu início ao extermínio da idéia romântica da arte. Críticas precisas ao gosto e aquilo que é reconhecido como objeto artístico. Chácara Paraíso – Mostra de Arte Polícia insiste neste caminho, do desmonte da regra e disciplina, construindo uma ação que se coloca além/aquém do aceito e sabido e opta pelo desregramento da poesia e a balburdia das subjetividades.

Ricardo Muniz Fernandes

stefan Kaegi (1972, suíça) desenvolve o seu trabalho a partir de biografias reais e em espaços não-teatrais. na argentina, em são paulo e no rio dirigiu três porteiros desem-pregados, em salvador um motorista e um cobrador de ônibus e na europa trabalhou com formigas, hamsters e 200 pessoas que copiaram políticos. junto com helgard haug e daniel Wetzel, Kaegi integra o coletivo de diretores teatrais rimini protokoll, que ganhou fama com suas ações e intervenções teatrais no espaço público, com as encenações de atores “ready made” em espaços teatrais e por seus trabalhos teatrais em que pessoas comuns atuam em seus próprios contextos. recentemente o rimini protokoll (www.rimini-protokoll.de) montou o teatro transatlântico de celular “Call Cutta”, em berlim e Calcutá, e “mnemopark” (Kaegi), um mundo de modelo de trens, em basiléia. o projeto “deadline”, com funcionários de cemitérios, foi convidado pelo renomado festival alemão “theatertreffen”.Kaegi estudou artes visuais em zurique e realizou estudos de performances na univer-sidade de giessen, alemanha. suas radionovelas “Kugler der Fall”, “jodie Foster”, “play dagobert” e “glühkäferkomplott” foram transmitidas por emissoras alemãs e suíças. além da alemanha e da argentina, o diretor realizou trabalhos na áustria e na polônia.no brasil, o diretor realizou os projetos “torero portero”, teatro documental onde três porteiros desempregados falam de sua vida, e “matraca Catraca”, uma viagem rem do percurso de um ônibus que desvia de seu percurso. o protagonista foi o povo de salvador (bahia), o cenário, os pontos desconhecidos da cidade e a dramaturgia consistiu no avançar e atrasar da matraca.

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lola arias (buenos aires, 1976) é autora (poesia, teatro e narrativa) e diretora. muitos de seus textos exploram a fronteira do biográfico e da ficção, combinando fatos fictícios e reais numa linguagem que não se pretende documental, mas sim poética. nos seus espetáculos, trabalha com atores, bailarines ,crianças, bebes e animais.em 2000 publicou seu primeiro livro de poesia, “las impúdicas en el paraíso”. um ano depois, estreou com o espetáculo “la escuálida familia”, de sua autoria e direção, premiado como “melhor obra dramática de 2001” pelo teatro xxi, e qual voltaria a encenar em 2005, em marselha, França. outras peças (autoria e direção) foram estudios sobre la memoria amorosa e “poses para dormir”, além de dirigir “temporariamente agotado” (de hubert Colás) e “una fiebre de tres días” (de daniel mursa). em 2005 escreveu “manifiesto de niños”, em colaboração com outros autores, para o grupo el periférico de objetos. no mesmo ano participou como atriz do filme “la prisionera”, de alejo moguillansky.em 2006 participou em nova york do projeto bait (buenos aires in translation), no qual quatro dramaturgos argentinos foram traduzidos para o inglês e montados por diretores americanos. posteriormente foi convidada a participar do mundial de dramaturgia no stucke Festival, na alemanha, e recebeu uma bolsa para participar do mobile academy, um encontro de artistas em varsóvia. em novembro do mesmo ano estreou, em buenos aires, “el amor es un francotirador”.arias fez uma residência como dramaturgista em londres, com bolsa do royal Court theatre, e em 2004 participou de um curso para dramaturgos e diretores realizado na Casa de américa de madri.

lola arias (buenos aires, 1976) é autora (poesia, teatro e narrativa) e diretora. muitos de seus textos exploram a fronteira do biográfico e da ficção, combinando fatos fictícios e reais numa linguagem que não se pretende documental, mas sim poética. nos seus espetáculos, trabalha com atores, bailarines ,crianças, bebês e animais.em 2000 publicou seu primeiro livro de poesia, “las impúdicas en el paraíso”. um ano depois, estreou com o espetáculo “la escuálida familia”, de sua autoria e direção, o qual voltaria a encenar em 2005, em marselha, França. outras peças (autoria e direção) foram “estudios sobre la memoria amorosa” e “poses para dormir”, além de dirigir “temporariamente agotado” (de hubert Colás) e “una fiebre de tres días” (de daniel mursa). em 2005 escreveu “manifiesto de niños”, em colaboração com outros autores, para o grupo el periférico de objetos. no mesmo ano participou como atriz do filme “la prisionera”, de alejo moguillansky.em 2006 participou em nova york do projeto bait (buenos aires in translation), no qual quatro dramaturgos argentinos foram traduzidos para o inglês e montados por diretores americanos. posteriormente foi convidada a participar do mundial de dramaturgia no stucke Festival, na alemanha, e recebeu uma bolsa para participar do mobile academy, um encontro de artistas em varsóvia. em novembro do mesmo ano estreou, em buenos aires, “el amor es un francotirador” com a Cia postnuclear.arias estudou literatura na universidade de buenos aires, teatro e dramaturgia na ead em buenos aires. depois fez uma residência como dramaturgista em londres, com bolsa do royal Court theatre, participou de um curso para dramaturgos e diretores realizado na Casa de américa de madri.

CHÁCARA PARAÍSO mostra de arte polícia

com:beatriz

Cleber rodrigues Campos marcelo

luis Carlos tokunagasebastião teixeira dos santosthiago de paula santos alves

oliveira paulo roberto do nascimento

pedro amorim “Flávia”

eliana gomes viana piresmarcel lima

Fábio amorimterezinha maria de jesus santos

e as crianças jefferson Queiroz da silva e

jessica aparecida da silva

direção: Stefan Kaegi / Lola Arias Segundo a idéia do Rimini Protokoll (Haug / Kaegi / Wetzel)Colaboração artística e assistência de direção: Cristiane Zuan Esteves segundo assistente de direção: Manuela AfonsoConstrução do espaço: Julio CesariniCenotécnicos e contra-regras: Ednomar Mendonça / Wiliam Torres / Nelson Fracola Filho / Juliano Fabricio de Freitasedição de vídeo: Marilia Hallaprojeto gráfico: Érico Peretta (várzea)Web-designer: Ricardo Campos

produção: interior Produções Artísticas Internacionais / Matthias Pees e Ricardo Muniz Fernandes (Direção) / Veridiana Gomes Fernandes (Administração) / Cristina Floria (produção executiva) / Ricardo Frayha (assistente de produção) assessoria jurídica: Martha Macruz de Sá

realização: Goethe-Institut São Paulo em parceria com o Serviço Social do Comércio de São Paulo (SESC SP), com o apoio da Fundação Federal de Cultura da Alemanha (Kulturstiftung des Bundes). O projeto integra a Copa da Cultura Brasil+Deutschland 2006, uma iniciativa do Ministério de Cultura (MinC).apoio: Residência Artística FAAPagradecimentos: Frederico Pereira Leite, Eliseu de Souza, Iracema, Soraia, Wagner Santana, Coronel Reginaldo, Capitão Lúcio, Coronel Maria Aparecida, Capitão Lucca, Gabriel, Márcio, João Carlos Conte, Noêmia, Tenente Pontual, Sandra Santana, Versolatto, Alailson, Tenente Cleodeci, Kathrin Henße e toda equipe do SESC Avenida Paulista.

goethe-institut são paulo

DIRETOR REGIONALWolfgang Bader

DIRETOR REGIONAL DE CULTURAJoachim BernauerCOORDENAçãO REGIONAL DE CULTURACarminha Fávero Góngora, Mariane Hemesath, Raquel Imanishi Rodrigues, Simone Molitor, Ursula Paul

DIRETOR REGIONAL ADMINISTRATIVORainer LehmanskiGERENTE ADMINISTRATIVOPaulo Mazieri

ministério da Cultura

MINSTRO DA CULTURAGilberto Passos Gil Moreira

SECRETáRIO EXECUTIVOJoão Luiz Silva Ferreira

SECRETáRIO DE POLITICAS CULTURAISRanulfo Alfredo M. P. Mendes

GERENTE DA COPA DA CULTURAErlon José Paschoal

serviço soCial do ComérCioadministração regional do estado de são paulo

DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONALDanilo Santos de Miranda

SUPERINTENDENTE TÉCNICO SOCIALJoel Naimayer Padula

SUPERINTENDENTE DE COMUNICAçãO SOCIALIvan Giannini

GERENTE DE AçãO CULTURALRosana Paulo da CunhaGERENTE ADJUNTOPaulo CasaleASSISTENTES Flávia Carvalho, Sérgio Luis de Oliveira

GERENTE DE ARTES GRáFICASEron SilvaGERENTE ADJUNTOHélcio Magalhães

GERENTE DO SESC AVENIDA PAULISTAElisa Maria Americano SaintiveGERENTE ADJUNTOClaudia Darakjian Tavares Prado

Fundação Federal de Cultura da alemanha

SESC Avenida Paulistaav. paulista, 119 Cep 01311-903 - tel [email protected] - 0800 11 8220