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CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006. Discurso da informação “atividade da linguagem que permite que se estabeleça nas sociedades o vínculo social sem o qual não haveria reconhecimento identitário.” (p. 12) “As mídias não transmitem o que ocorre na realidade social, elas impõem o que constroem do espaço público.” (p. 19) “A informação é essencialmente uma questão de linguagem, e a linguagem não é transparente ao mundo, ela apresenta sua própria opacidade através da qual se constrói uma visão, um sentido particular do mundo.” (p. 19) Se são um espelho, são um espelho deformante da realidade. “discurso está sempre voltado para outra coisa além das regras de uso da língua. Resulta da combinação das circunstanciais em que se fala ou escreve (a identidade daquele que fala e daquele a quem este se dirige, a relação de intencionalidade que os liga e as condições físicas da troca) com a maneira pela qual se fala. É, pois, a imbricação das condições extradiscursivas e das realizações intradiscursivas que produz sentido.” (p. 40) “O sentido nunca é dado antecipadamente. Ele é construído pela ação linguageira do homem em situação de troca social.” (p. 41) Quem informa? Discurso depende da posição social do informador de seu papel e sua representatividade Jornalista não é o único ator, apesar de ser a figura mais importante “no que concerne às mídias, nunca se sabe realmente quem pode responder por uma informação, mesmo quando é assinada por um determinado jornalista, de tanto que os efeitos da instancia midiática de produção transformam as intenções da

Charaudeau, Patrick. Discurso Das Mídias

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CHARAUDEAU, Patrick

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mdias. So Paulo: Contexto, 2006.Discurso da informao atividade da linguagem que permite que se estabelea nas sociedades o vnculo social sem o qual no haveria reconhecimento identitrio. (p. 12)

As mdias no transmitem o que ocorre na realidade social, elas impem o que constroem do espao pblico. (p. 19)

A informao essencialmente uma questo de linguagem, e a linguagem no transparente ao mundo, ela apresenta sua prpria opacidade atravs da qual se constri uma viso, um sentido particular do mundo. (p. 19)

Se so um espelho, so um espelho deformante da realidade.

discurso est sempre voltado para outra coisa alm das regras de uso da lngua. Resulta da combinao das circunstanciais em que se fala ou escreve (a identidade daquele que fala e daquele a quem este se dirige, a relao de intencionalidade que os liga e as condies fsicas da troca) com a maneira pela qual se fala. , pois, a imbricao das condies extradiscursivas e das realizaes intradiscursivas que produz sentido. (p. 40)

O sentido nunca dado antecipadamente. Ele construdo pela ao linguageira do homem em situao de troca social. (p. 41)

Quem informa? Discurso depende da posio social do informador de seu papel e sua representatividade

Jornalista no o nico ator, apesar de ser a figura mais importante

no que concerne s mdias, nunca se sabe realmente quem pode responder por uma informao, mesmo quando assinada por um determinado jornalista, de tanto que os efeitos da instancia miditica de produo transformam as intenes da instancia de enunciao discursiva tomada isoladamente. (p. 74)

Jornalista coleta os acontecimentos e no os cria.Por isso afirmar que a Folha autora dos acontecimentos e no um jornalista em si.Mdia faz:

descrio-narrao para reportar os fatos do mundo

explicao para esclarecer o destinatrio sobre as causas e as conseqncias do surgimento do fato. (p. 87)Acontecimento mal colocado no domnio das mdias. Definido ora como todo fenmeno que se produz no mundo, ora de maneira restritiva como todo fato,que est fora da ordem habitual. Ora o acontecimento confundido com a novidade, ora ele se diferencia dela, sem que se defina a diferena. (p. 95)

Acontecimento sempre construdo, se encontra num mundo a comentar.

(utiliza concepo da intriga nas trs mimeses de RICOEUR)

Acontecimento selecionado e produzido em seu potencial de atualidade , sociabilidade e imprevisibilidade

No h captura da realidade emprica que no passe pelo filtro e um ponto de vista particular, o qual constri um objeto particular que dado como um fragmento do real. Sempre que tentamos dar conta da realidade emprica, estamos s voltas com um real construdo, e no com a prpria realidade. (p. 131)

por trs do discurso miditico, no h um espao social mascarado, deformado ou parcelado por esse discurso. O espao social uma realidade emprica, compsita, no homognea, que depende, para sua significao, do olhar lanado sobre ele pelos diferentes atores sociais, atravs dos discursos que produzem para tentar torn-lo inteligvel. (p. 131)

Ou seja, para que o acontecimento exista necessrio nome-lo. O acontecimento no significa em si. O acontecimento s significa enquanto acontecimento em um discurso. (p. 131-132)

Notcia como atualidade

Com efeito, a notcia s tem licena para aparecer nos organismos de informao enquanto estiver inscrita numa atualidade que se renova pelo acrscimo de pelo menos um elemento novo. (p. 134)

Evita-se assim a saturao.

saindo sempre que a atualidade do inslito exige ou quando houver uma comemorao que a faa sair, no ato de celebrao de um acontecimento pertencente a um passado cujo valor simblico preciso reviver (ou mumificar), por ocasio de um aniversrio: o passado se torna presente. (p. 135)

Isto explica dificuldade das mdias de dar conta de um passado e imaginar um futuro.

O discurso das mdias se fundamenta no presente de atualidade, e a partir desse ponto de referencia absoluto que elas olham timidamente para ontem e para amanha. (p. 134)

O acontecimento no jamais transmitido em seu estado bruto, pois, antes de ser transmitido, ele se torna objeto de racionalizaes: pelos critrios de seleo dos fatos e dos atores, pela maneira de encerr-los em categorias de entendimento, pelos modos de visibilidade escolhidos. (p. 151)

Relatar o acontecimento tem como conseqncia constru-lo midiaticamente (p. 152)

Compreende fatos e ditos

FATO RELATADO

objeto de uma descrio. Narrativa de um narrador, ponto de vista.

ACONTECIMENTO RELATADO golpe de 64

ACONTECIMEBTO COMENTADO 74, 84, 94,...(comemoraes)

Narrativa reconstituda; introduz uma abertura, reconstitui, comenta e explica.

Comentrio impe uma viso de mundo.

Problematiza os acontecimentos, constri hipteses, desenvolve teses, traz provas, impe concluses. Aqui no se chamado a projetar-se no mundo contado, mas a a avaliar, medir, julgar o comentrio, para tomar a deciso de aderir ou rejeitar, seguindo a razo. (p. 176)

Comentrio pe o leitor em questo. Exige atividade intelectual; tomada de posio, contra ou a favor

Para argumentar, deve-se:

Problematizar, elucidar, avaliar

O comentrio miditico corre o risco constante de produzir efeitos perversos de dramatizao abusiva, de amlgama, de reao paranica. Assim, a instncia miditica procuram para compensar tais efeitos, multiplicar os pontos de vista e colocar num plano de igualdade os argumentos contrrios. (p. 187)

Discurso da ditabranda?