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Chesterton e a democracia 31 MARÇO, 2014 POR DAVID (HTTPS://SUMATEOLOGICA.WORDPRESS.COM/AUTHOR/SUMATEOLOGICA/) 2 COMENTÁRIOS (HTTPS://SUMATEOLOGICA.WORDPRESS.COM/2014/03/31/CHESTERTON-E-A- DEMOCRACIA/#COMMENTS) (https://sumateologica.files.wordpress.com/2011/03/chesterton.jpg) Traduzido do inglês por Pedro G. Menezes Do ensaio “Sobre o industrialismo” da obra “All I Survey”; o ensaio original foi publicado como coluna no Illustrated London News em 16 de julho de 1932. Está cada dia mais evidente que aqueles dentre nós, que se agarram a credos e dogmas esfarelados e defendem as tradições moribundas da Idade das Trevas, logo defenderão sozinhos o mais obviamente decadente dentre todos esses antigos dogmas: a ideia chamada Democracia. Não levou nem uma geração, nem mesmo minha própria geração, para derrubá-la do topo do sucesso, ou suposto sucesso, rumo a um profundo fracasso, ou renomado fracasso. Ao final do século dezenove, milhões de pessoas aceitavam a

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  • Chestertoneademocracia

    31 MARO, 2014 POR DAVID(HTTPS://SUMATEOLOGICA.WORDPRESS.COM/AUTHOR/SUMATEOLOGICA/) 2COMENTRIOS(HTTPS://SUMATEOLOGICA.WORDPRESS.COM/2014/03/31/CHESTERTON-E-A-DEMOCRACIA/#COMMENTS)

    (https://sumateologica.files.wordpress.com/2011/03/chesterton.jpg)

    Traduzido do ingls por Pedro G. Menezes

    Do ensaio Sobre o industrialismo da obra All I Survey;

    o ensaio original foi publicado como coluna no Illustrated London News em 16 de julho de 1932.

    Est cada dia mais evidente que aqueles dentre ns, que se agarram a credos e dogmas esfarelados edefendem as tradies moribundas da Idade das Trevas, logo defendero sozinhos o mais obviamentedecadente dentre todos esses antigos dogmas: a ideia chamada Democracia. No levou nem uma gerao,nem mesmo minha prpria gerao, para derrub-la do topo do sucesso, ou suposto sucesso, rumo a umprofundo fracasso, ou renomado fracasso. Ao final do sculo dezenove, milhes de pessoas aceitavam a

  • democracia sem saberem por qu. Ao final do sculo vinte, milhes de pessoas provavelmente rejeitaro a

    democracia, tambm sem saberem por qu. Nesta linha reta, estritamente lgica e inabalvel, a mente dohomem avana pelo grande caminho do progresso.

    De qualquer modo, neste momento a democracia est sendo no apenas abusada, mas abusada muitoinjustamente. Os homens acusam o sufrgio universal simplesmente porque no so esclarecidos osuficiente para acusar o pecado original. H um teste simples para determinar se os males polticoscomuns tem origem no pecado original, um teste que nenhum ou pouqussimos desses descontentesmodernos fazem: definir qualquer tipo de afirmao moral para algum tipo de sistema poltico. Aessncia da democracia muito simples e, como disse Jefferson, auto-evidente. Se dez homensnaufragaram juntos numa ilha deserta, a comunidade consiste nesses dez homens, o bem-estar deles oobjeto social, e normalmente a vontade deles a lei social. Se eles no tem uma reivindicao naturalpara governarem a si mesmos, qual deles ter a reivindicao natural para governar os outros? Dizer queo mais inteligente ou o mais corajoso deve governar invocar uma questo moral. Se seus talentos sousados para a comunidade, ao planejar viagens ou destilar gua, ento ele servo da comunidade, e ela ,

    neste sentido, seu soberano. Se seus talentos so usados contra a comunidade, roubando rum ouenvenenando a gua, por que a comunidade deveria se submeter a ele? E h chance de que ela o far? Emum caso simples como este, todos podem ver o fundamento popular da coisa e a vantagem do governo porconsenso. O problema com a democracia que ela, nos tempos modernos, nunca tem a ver com um casoto simples. Em outras palavras, o problema da democracia que no democracia. So certas coisasartificiais e antidemocrticas que de fato tem adentrado no mundo moderno para frustrar e destruir ademocracia.

    Modernidade no democracia; maquinaria no democracia; a submisso de tudo troca e ao comrciono democracia. Capitalismo no democracia , por tendncia e sabor, e admitidamente, bemcontrrio democracia. Plutocracia, por definio, no democracia. Mas todas essas coisas modernasentraram foradas no mundo mais ou menos no momento, ou logo aps ele, em que grandes idealistascomo Rousseau e Jefferson pensavam sobre o ideal democrtico da democracia. Pode-se dizer que o idealera muito idealista para vingar. Mas no se pode dizer que o ideal que fracassou fosse o mesmo dasrealidades que vingaram. Uma coisa dizer que um tolo entrou na selva e foi devorado por ferasselvagens; outra dizer que o tolo sobreviveu como a nica fera selvagem. Na prtica, a democracia tinhatudo contra ela, e isso, em teoria, talvez seja algo contra a democracia. Pode-se argumentar que a vidahumana est contra ela. Mas certo que a vida moderna, em qualquer dimenso, est contra ela. Omundo industrial e cientfico dos ltimos cem anos um lugar muito mais inadequado para aexperincia do autogoverno do que aquele encontrado nas antigas condies da vida agrria ou nmade.A vida senhorial do feudo no era uma democracia, mas poderia se transformar em uma democraciamuito mais facilmente. A vida camponesa posterior na Frana e na Sua foi, de fato, transformada emdemocracia com facilidade. Porm, terrivelmente difcil transformar aquilo que chamamos dedemocracia industrial moderna em uma democracia.

    por isso que hoje muitos homens passaram a dizer que o ideal democrtico afastou-se do espritomoderno. Concordo plenamente, e obviamente prefiro o ideal democrtico, que ao menos um ideal e,portanto, uma ideia, ao esprito moderno, o qual simplesmente moderno e, portanto, j est ficandovelho. Percebo que os excntricos, que podem ser chamados educadamente de idealistas, j se apressam adescartar este ideal. Um conhecido pacifista, com quem debati em jornais radicais na minha poca radicale que depois tornou-se um modelo de republicano da nova repblica, apareceu outro dia para dizer: a vozdo povo geralmente a voz de Satans. A verdade que esses liberais nunca acreditaram de verdade nogoverno popular, no mais do que qualquer coisa popular, como os pubs ou a loteria de Dublin. Eles no

  • acreditaram na democracia que invocaram contra reis e padres. Mas eu acreditei nela, e ainda acreditonela, embora prefira invoc-la contra arrogantes e modistas. Eu ainda acredito que ela seria o tipo degoverno mais humano, se pudesse ser experimentada numa poca mais humana.

    Infelizmente, o humanitarismo tem sido a marca de uma poca desumana. E por desumanidade no merefiro mera crueldade, mas situao em que at mesmo a crueldade deixa de ser humana. Refiro-me situao na qual o homem rico, ao invs de enforcar seis ou sete inimigos que ele odeia, simplesmentepermite que mendiguem e morram de fome seis ou sete mil pessoas que ele no odeia e nunca viu, porqueelas vivem no outro lado do mundo. Refiro-me situao na qual o empregado do homem rico, ao invsde preparar com animao um veneno raro e original para os Borgias ou esculpir um punhal ricamenteornamentado para os propsitos polticos dos Mdici, trabalha com monotonia em uma fbrica apertandoum pequeno parafuso, que vai se encaixar numa placa que ele nunca ver, a qual ser uma pea de umaarma que ele nunca ver, que ser usada numa batalha que ele nunca ver, uma luta que ele conhecemuito menos do que o vassalo da Renascena conhecia sobre os propsitos do veneno e do punhal. Emresumo, o problema do industrialismo a falta de direo; o fato de que nada direto, que todos oscaminhos so tortuosos mesmo quando deviam ser retos. No mais indireto dos sistemas, tentamosencaixar a mais direta das ideias. A democracia, um ideal excessivamente simples, foi levianamenteaplicada a uma sociedade complexa ao ponto da loucura. No surpresa que esta viso tenha-sedesvanecido nesse ambiente. Pessoalmente gosto da viso, mas o mundo contm os mais variados tipos; eh seres humanos, perambulando calmamente luz do dia, que parecem realmente gostar desse ambiente.

    Fonte: Sociedade Chesterton Brasil (http://sociedadechestertonbrasil.org/category/politica/)

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    2ResponsestoChesterton e a democracia

    xepa2182 disse:19 abril, 2014 s 11:07 pmMayana. On Seg 31/03/14 19:07 , Suma Teolgica Summae Theologiae

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  • Nema Godinho disse:1 abril, 2014 s 3:38 pmBoa Tarde,no posso deixar de estar de acordo com o autor deste artigo, embora no comungue dos seusideais. A Democracia no seu significado primeiro uma essncia que tem como objectivo dar aum povo, a uma sociedade os valores indispensveis para todos viverem em harmonia, emcomunho de acordo com as leis naturais humanas. Mas esta democracia que o homemmoderno inventou, tudo o que lhe quiserem chamar, mas no democracia! Basta olharmospara a direita e para a esquerda e s vemos desunio, guerras politiqueiras, o quero, posso emando dos detentores do dinheiro, dos fazedores dos poderes que esmagam os que no tm voz,dos que, inocentemente, morrem e vivem uma no vida. Quando o ARQUITETO formou oUniverso e criou os seres, f-los harmoniosamente, para no haver desigualdades. Mas o bichohomem moderno entendeu que ele se bastava a si prprio, anulou as leis do ARQUITETO, e aconsequncia est a: desarmonia na Natureza, desarmonia na construo orbital e o FIM que seaproxima, ser dramtico!!! Continue David, sempre gostei dos temas que trs para o site!

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