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MARCELO AUGUSTO PAIVA DOS SANTOS PEREIRA Ciclos de prototipagem e Design Thinking: uma aplicação prática em acessibilidade no transporte aéreo São Paulo 2016

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MARCELO AUGUSTO PAIVA DOS SANTOS PEREIRA

Ciclos de prototipagem e Design Thinking: uma aplicação prática em

acessibilidade no transporte aéreo

São Paulo

2016

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MARCELO AUGUSTO PAIVA DOS SANTOS PEREIRA

Ciclos de prototipagem e Design Thinking: uma aplicação prática em

acessibilidade no transporte aéreo

Trabalho de Formatura apresentado à Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo para

obtenção do diploma de Engenheiro de

Produção

São Paulo

2016

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MARCELO AUGUSTO PAIVA DOS SANTOS PEREIRA

Ciclos de prototipagem e Design Thinking: uma aplicação prática em

acessibilidade no transporte aéreo

Trabalho de Formatura apresentado à Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo para

obtenção do diploma de Engenheiro de

Produção

Orientador: Prof. Doutor Eduardo de Senzi

Zancul

São Paulo

2016

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Dedico esse trabalho à minha avó,

Olímpia

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AGRADECIMENTOS

Eis aqui o trabalho que simboliza a conclusão de uma das mais importantes etapas de minha

vida, que durante seis longos anos foi transformada pelo conhecimento. Apesar de levar

apenas meu nome em sua capa, bem como tudo o que conquistei até hoje, este estudo não

seria possível sem o apoio de terceiros, que merecem todos os meus agradecimentos.

Agradeço primeiramente aos meus pais, irmãos, tias e avó por sempre me motivarem e

apoiarem. Mas agradeço principalmente por não esperarem nada de mim, a não ser minha

felicidade.

Agradeço aos meus amigos, principalmente os Politécnicos do grupo L..., Afinal, foi junto

deles que mais aprendi ao longo desta jornada. Mas não posso esquecer de meus amigos do

Objetivo, que estiveram sempre ao meu lado.

Agradeço especialmente ao professor Dr. Eduardo Zancul por não deixar me faltar orientação

e também a todos os outros professores que de uma maneira ou outra participaram de minha

formação.

Agradeço a Alê, Marim, Durão e a todos monitores da Oficina InovaLab@POLI, em especial

ao Lucas e ao Daniel, por dividirem comigo seus conhecimentos durante esse processo de

aprendizado e confecção.

Agradeço a todos alunos e orientadores que participaram junto a mim do projeto do CNPq por

criarem a base que me permitiu desenvolver o trabalho.

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Que nada nos limite, que nada nos defina, que

nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa

própria substância, já que viver é ser livre

(Simone de Beauvoir)

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RESUMO

Vivemos em um mundo de possiblidades. A globalização e os avanços tecnológicos

nos permitiram desbravar novas fronteiras, exercendo plenamente o direito de ir e vir.

Contudo, a mobilidade ainda é um desafio para um imenso grupo de pessoas com deficiência

física e mobilidade reduzida. O mundo projetado para a maioria acaba por excluir essa parcela

significante da população que acaba enfrentando uma série de desafios para exercer o direito

de ir e vir. Um exemplo claro desta exclusão é o transporte aéreo. Com projetos pautados pela

redução de custos e aumento do lucro, a engenharia cria cabines cada vez mais compactas

sem considerar a experiência de voo de pessoas com limitações, que é cada vez mais

prejudicada pela falta de acessibilidade. Na tentativa de atuar sobre este cenário de exclusão, a

Escola Politécnica da USP deu início a um projeto em conjunto com a Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo e o Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas (CITI) com o

apoio do CNPq na busca por soluções de mobilidade dentro da experiência de voo de pessoas

com mobilidade reduzida. Este projeto, que foi elaborado ao longo de dois anos, teve como

um de seus objetivos a criação de uma nova tecnologia para o uso de cadeiras de rodas dentro

da aeronave. O desenvolvimento aconteceu através da iteração por diversos ciclos de

prototipagem com a intenção de conhecer o problema, conectar-se com os potenciais usuários

e desenvolver uma proposta inovadora de solução. O trabalho aqui apresentado tem por seu

objetivo principal a apresentação e descrição do processo de desenvolvimento de tal proposta

de solução através da aplicação dos diferentes ciclos previstos na metodologia de Design

Thinking até a obtenção de um protótipo final para o produto. Contudo, além de se focar

apenas no processo de desenvolvimento em sí, aparece como objetivo secundário a proposta

de aplicação de uma estratégia e plano de prototipagem para a condução de um ciclo de

prototipagem. Através dos resultados obtidos, percebe-se que dentro do escopo do projeto, a

aplicação de um plano estruturado durante um ciclo de prototipagem foi de grande valia e

assegurou não só a construção de um protótipo final que atendesse as expectativas do projeto

como também potencializou a experiência de aprendizado do autor, mesmo que ainda sejam

necessários mais testes para comprovar sua total aplicabilidade. Como resultado final do

projeto, temos uma cadeira de rodas que apresenta uma nova solução para amenizar os

problemas de transferência entre assentos dentro da cabine de um avião, sendo necessário se

continuar o processo de validação da ideia com a realização de mais testes junto a usuários no

próprio ambiente de uma cabine de avião.

Palavras-chave: Design Thinking, Desenvolvimento de produto, Prototipagem,

Acessibilidade.

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ABSTRACT

We live in a world of possibilities. Globalization and the technological advancements

made us able to open new frontiers, fully exercising the right to come and go. However,

mobility is still a challenge for a huge group of people with disabilities and reduced mobility.

The world is designed for the majority and it ends up excluding this significant portion of the

population that has to face a number of challenges for simply exercising the right to come and

go. A clear example of this exclusion is air transport. With projects guided by cost reduction

and profit increase, engineering creates increasingly compact cabins without no regard to

people with limited flight experience, which is increasingly hampered by the lack of

accessibility. In an attempt to act on this exclusion scenario, the USP Polytechnic School

started a joint project with the Faculty of Architecture and Urbanism and the Interdisciplinary

Center for Interactive Technologies (CITI) with the support of CNPq, in the search for

mobility solutions within the flight experience of disabled. This project, which was developed

over two years, had as one of its objectives the development of a new technology for the use

of wheelchairs inside the aircraft. The development took place through iteration by several

prototyping cycles with the intention of knowing the problem, connecting with potential users

and developing an innovative proposal solution. This work has as its main objective the

presentation and description of the process of developing such a solution proposed by the

application of different prototyping cycles in the methodology of Design Thinking, in order to

get a final prototype for the product. However, more than just present the final solution, this

work has as secondary objective the application and analysis of a strategy and prototyping

plan for driving the prototyping cycle. With the results, it is clear that within the scope of the

project, the application of a structured plan during a prototyping cycle was of great value. It

ensured not only the construction of a final prototype that met the project expectations but

also enhanced the author’s learning experience, even if more tests are still needed to prove its

full applicability. As the final result of the project, we have a wheelchair that presents a new

solution to ease the difficulties in transferring between seats inside an airplane. However, the

solution is not considered fully complete, and it is necessary to continue the solution

validation process with more tests in a plane cabin environment.

Keywords: Design Thinking, Prototyping strategy, Product development, Accessibility.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: PDP segundo Rozenfeld............................................................................................ 24

Figura 2: Evolução dos custos no PDP ..................................................................................... 27

Figura 3: Etapas em um cilco de Design Thinking ................................................................... 29

Figura 4: Ciclos de prototipagem em Design Thinking ............................................................ 32

Figura 5: Dimensões da prototipagem segundo Chua et al. (2010).......................................... 34

Figura 6: Software CAD - SolidWorks .................................................................................... 38

Figura 7: Metodologia - Fases.................................................................................................. 47

Figura 8: Primeira fase de desenvolvimento ............................................................................ 48

Figura 9: Metodologia de prototipagem) .................................................................................. 50

Figura 10: Cadeira Embracess .................................................................................................. 52

Figura 11: Modelos encontrados no mercado .......................................................................... 54

Figura 12: Beenchmark – Referências conceituais................................................................... 55

Figura 13: Sketches - Função crítica ......................................................................................... 58

Figura 14: Protótipos - Função crítica ...................................................................................... 59

Figura 15: Modelo de poltrona ................................................................................................. 60

Figura 16: Modelo Virtual - Protótipo Funcional ..................................................................... 62

Figura 17: Modelo Físico - Protótipo Funcional ...................................................................... 63

Figura 18: Sketch – Trava mola de torção ................................................................................ 69

Figura 19: Sketch - Trava sobe e desce .................................................................................... 69

Figura 20: Sketch Trava giratória ............................................................................................. 70

Figura 21: Desenvolvimento do plano de prototipagem .......................................................... 77

Figura 22: Detalhe – Rodas ...................................................................................................... 84

Figura 23: Detalhe - Apoio de pé ............................................................................................. 85

Figura 24: Detalhe – Assento ................................................................................................... 85

Figura 25: Detalhe – Rolamentos ............................................................................................. 85

Figura 26: Detalhe – Travas ..................................................................................................... 86

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Figura 27: Detalhe – Traseira................................................................................................... 86

Figura 28: Detalhe - Vista traseira da cadeira .......................................................................... 87

Figura 29: Detalhe - Vista frontal da cadeira ........................................................................... 87

Figura 30: Sketch - Nova solução de trava .............................................................................. 92

Figura 31: Cadeira Impressa em 3d ......................................................................................... 93

Figura 32: Desenhos 2d para corte ........................................................................................... 94

Figura 33: Preparação para o corte a laser ............................................................................... 94

Figura 34: Corte de peça a laser ............................................................................................... 94

Figura 35: Base da cadeira em construção ............................................................................... 95

Figura 36: Confecção da base de rolagem ............................................................................... 95

Figura 37: Confecção base de travas ........................................................................................ 96

Figura 38: Confecção trilhos de rolagem ................................................................................. 96

Figura 39: Materiais utilizados no acabamento ....................................................................... 97

Figura 40: Montagem com aplicação de cola .......................................................................... 98

Figura 41: Processo de montagem ........................................................................................... 98

Figura 42: Cadeira - vista lateral .............................................................................................. 99

Figura 43: Conjunto de rodas ................................................................................................... 99

Figura 44: Braço de apoio ...................................................................................................... 100

Figura 45: Apoio para os pés ................................................................................................. 100

Figura 46: Base de deslizamento ........................................................................................... 101

Figura 47: Deslizamento de assento....................................................................................... 101

Figura 48: Sistema de travas .................................................................................................. 102

Figura 49: Assento móvel ...................................................................................................... 102

Figura 50: Comparação Vritual x Real .................................................................................. 104

Figura 51: Evolução através de ciclos de prototipagem ........................................................ 107

Figura 52: Desenho técnico - Base de fixação ....................................................................... 112

Figura 53: Desenho técnicno - Apoio de rolamento .............................................................. 112

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Comparação entre prótipos físicos e virtuais ............................................................ 39

Tabela 2: Critérios de seleção ................................................................................................... 71

Tabela 3: BOM ......................................................................................................................... 88

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Tecnologias de manufatura...................................................................................... 36

Quadro 2: Estratégias de prototipagem por Wheelwright e Clark (1992) ................................ 43

Quadro 3: Personas - Horácio ................................................................................................... 56

Quadro 4: Personas - Aline ....................................................................................................... 57

Quadro 5: Requisitos - Protótipo Funcional ............................................................................. 61

Quadro 6: Soluções e requisitos ............................................................................................... 61

Quadro 7: Resultados - Primeira fase ....................................................................................... 64

Quadro 8: Benchmark - Travas ................................................................................................ 68

Quadro 9: Questionamentos estratégicos ................................................................................. 76

Quadro 10: Requisitos do plano de prototipagem .................................................................... 80

Quadro 11: Gronograma de execução ...................................................................................... 83

Quadro 12: Lista de materiais ................................................................................................... 89

Quadro 13: Comprar x Fazer .................................................................................................... 90

Quadro 14: Fornecedores potenciais ........................................................................................ 91

Quadro 15: Vantagens e desvantagens da aplicação do plano de prototipagem .................... 106

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BOM Bill of Materials – Estrutura do Produto

CAE Computer Aided Engineering

CAD Computer Aided Design

CNC Computer Numerical Control

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DT Design Thinking

d.school Instituto Hasso Plattner de Design da Universidade de Stanford

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PDP Processo de Desenvolvimento de Produtos

SSCs Sistemas, Subsistemas e Componentes

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SUMÁRIO

1 Introdução ......................................................................................................................... 17

1.1 Contextualização ........................................................................................................ 17

1.2 Motivação .................................................................................................................. 19

1.3 Objetivo ..................................................................................................................... 19

1.4 Participação do autor ................................................................................................. 20

1.5 Estrutura do trabalho .................................................................................................. 20

2 Revisão da Literatura ........................................................................................................ 23

2.1 PDP tradicional .......................................................................................................... 23

2.1.1 Pré-desenvolviemnto – planejamento do projeto ............................................... 24

2.1.2 Desenvolvimento ................................................................................................ 25

2.2 Design Thinking ........................................................................................................ 27

2.2.1 O Design Thinking como é concebido atualmente ............................................. 28

2.2.2 Porque aplicar o Design Thinking ...................................................................... 28

2.2.3 A abordagem de Design Thinking ...................................................................... 29

2.2.4 Ciclos de prototipagem em Design Thinking ..................................................... 31

2.3 Diferentes PDPs ......................................................................................................... 32

2.4 Processo de prototipagem .......................................................................................... 33

2.4.1 Protótipos físicos ................................................................................................ 35

2.4.2 Protótipos virtuais ............................................................................................... 36

2.4.3 Protótipos físicos x virtuais ................................................................................ 38

2.4.4 Planejamento para prototipagem ........................................................................ 39

2.4.5 Estratégias de prototipagem................................................................................ 40

3 Metodologia ...................................................................................................................... 45

3.1 Fase 1: Início do processo de desenvolvimento – Primeiros ciclos de prototipagem 48

3.2 Fase 2: Ciclo final de prototipagem do Design Thinking .......................................... 48

3.2.1 Fase 2 – Etapa 1: Início do ciclo de prototipagem ............................................. 49

3.2.2 Fase 2 – Etapa 2: Desenvolvimento de uma metodologia para a otimização do

ciclo final de prototipagem ............................................................................................... 49

3.2.3 Fase 2 – Etapa 3: Construção do protótipo ......................................................... 50

3.2.4 Fase2 – Etapa 4: Testes e análise dos resultados ................................................ 50

4 Desenvolvimento .............................................................................................................. 51

4.1 Primeira fase do Projeto CNPq – Início do processo de desenvolvimento ............... 51

4.1.1 O Projeto ............................................................................................................. 51

4.1.2 Entendimento do problema – Benchmark .......................................................... 52

4.1.3 Primeiro ciclo de prototipagem: Protótipo de Função crítica ............................. 55

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4.1.4 Segundo ciclo de prototipagem: Protótipo Funcional ........................................ 59

4.1.5 Resultados finais ................................................................................................ 63

4.2 Segunda fase do projeto CNPq- Novo ciclo de prototipagem................................... 65

4.2.1 Aplicação de uma metodologia de prototipagem ............................................... 65

4.2.2 Empatia .............................................................................................................. 66

4.2.3 (Re) Definir ........................................................................................................ 67

4.2.4 Ideação ............................................................................................................... 67

4.3 Proposta de um plano de prototipagem ..................................................................... 71

4.3.1 Peculiaridades da prototipagem em Design Thinking ....................................... 71

4.3.2 Planejamento e estratégias no processo de prototipagem do PDP ..................... 73

4.3.3 O porquê de aplicar um modelo de planejamento de prototipagem em DT ...... 74

4.3.4 Modelo de planejamento de prototipagem em DT ............................................. 75

4.3.5 Plano de prototipagem ....................................................................................... 77

4.4 Aplicação da estratégia de prototipagem – Construção do protótipo ........................ 83

4.4.1 Criação do modelo virtual .................................................................................. 83

4.4.2 Seleção de materiais ........................................................................................... 87

4.4.3 Modelo físico de aparência – Impressão 3d ....................................................... 92

4.4.4 Confecção do modelo físico ............................................................................... 93

4.5 Testes e análise dos resultados ................................................................................ 102

4.5.1 Testes ............................................................................................................... 103

4.5.2 Análise do protótipo final ................................................................................ 103

5 Análise da aplicação do plano de prototipagem ............................................................. 105

6 Conclusões e considerações finais ................................................................................. 107

7 Referências Bibliográficas ............................................................................................. 109

8 Apêndice ........................................................................................................................ 111

8.1 A – Estudo das peças a serem construídas .............................................................. 111

8.2 B – Desenhos apresentados no levantamento de orçamento ................................... 112

8.3 C – Plano de montagem........................................................................................... 113

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1 INTRODUÇÃO

A Engenharia tem como sua função primária, independentemente da vertente de

especialização, modificar o ambiente por meio da aplicação de seus conceitos e ferramentas,

fazendo cumprir seus objetivos essenciais não só para indústria e mercado, mas também para

a sociedade. Apesar desse aspecto parecer óbvio, não é fácil mensurar o impacto que as

soluções de engenharia têm para cada indivíduo que é afetado direta ou indiretamente pelos

seus resultados.

Dentro do campo de atuação da Engenharia de Produção, o desenvolvimento de

produtos é uma área de suma importância. Cabendo ao engenheiro a missão de integrar

aspectos técnicos e de negócio a fim de desenvolver itens e trazer soluções que as pessoas

desejam ou necessitam consumir, com o máximo de eficiência possível.

Considerando o Engenheiro de Produção como um vetor de mudança dentro do campo

de desenvolvimento de produtos, foi que se encontrou a motivação para o desenvolvimento

deste trabalho. Neste capítulo, são apresentados o contexto, a motivação e o objetivo deste

trabalho.

1.1 Contextualização

O trabalho aqui apresentado aparece como um desdobramento de um projeto

desenvolvido em conjunto pelo Departamento de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica da USP (EP-PRO), a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU) e o

Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas da USP (CITI), com apoio do CNPq, no

âmbito dos projetos de formação de núcleos de pesquisa em tecnologia assistiva. O projeto,

iniciado em agosto de 2014, teve como objetivo o: “desenvolvimento de soluções e processos

para aprimorar o acesso e a utilização do transporte aéreo por pessoas com deficiência ou

mobilidade reduzida”.

O projeto teve como objetivos específicos:

• Desenvolvimento de uma cadeira de rodas para uso no interior de aeronaves

(cadeira de bordo);

• Desenvolvimento de conceitos inovadores para a adaptação de banheiros de

aeronaves;

• Desenvolvimento de controles acessíveis para assentos aeronáuticos

otimizados para o uso por pessoas com deficiência.

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• Desenvolvimento de processos de embarque e desembarque que façam uso das

soluções desenvolvidas no decorrer do projeto;

A equipe de projeto foi composta por professores, pesquisadores e por alunos de pós-

graduação e de graduação de vários cursos de Engenharia e do curso de Design da USP. A

equipe diretamente envolvida nos trabalhos contou com a participação de sete alunos de

graduação e de um aluno de mestrado, conforme listado a seguir:

• Carlos Florio Mendes – aluno de graduação em Engenharia Elétrica da

EPUSP;

• João Pedro Matos Pereira – aluno de graduação em Engenharia de Produção da

EPUSP;

• Lucas FujiWara Osako – aluno de graduação em Engenharia Naval da EPUSP;

• Maira Kondo – aluna de graduação em Design da FAU-USP;

• Marina Magrini Luiz Alonso – aluna de graduação em Design da FAU-USP;

• Matheus Ramos Morgado – aluno de graduação em Engenharia Elétrica da

EPUSP;

• Alexandre Machado Rocha – aluno de mestrado em Engenharia de Produção

da EPUSP;

• Marcelo Augusto Paiva dos Santos Pereira – aluno de graduação em

Engenharia de Produção da EPUSP e autor deste trabalho.

O projeto se desdobrou em nove trabalhos acadêmicos, sendo gerados seis artigos

científicos, dois trabalhos de conclusão de curso, como esse aqui apresentado, e uma

dissertação de mestrado em andamento.

Como resultado, foram desenvolvidos três novos produtos de tecnologia assistiva,

sendo eles:

• Uma cadeira de rodas para uso interno em aeronaves, cadeira de bordo;

• Um lavatório acessível;

• Uma solução de controles acessíveis de assento aeronáutico para pessoas com

deficiência.

Mais especificamente, o trabalho aqui apresentado discorre sobre o processo de

desenvolvimento da primeira das soluções, a cadeira de rodas para uso interno em aeronaves.

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1.2 Motivação

Pode-se separar em duas frentes distintas a justificativa para o desenvolvimento deste

trabalho.

A primeira delas, diretamente ligada ao projeto que o gerou, é o benefício social

relacionado com a criação de um produto de tecnologia assistiva para o transporte aéreo para

pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

De acordo com o Censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), 23,9% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência. Sendo

que 7% possuem deficiência de mobilidade. Essa grande parcela da população tem sua

experiência não só durante voos, mas na própria vida social prejudicadas por não terem suas

necessidades avaliadas durante os projetos de engenharia.

Dessa forma, este projeto aparece como uma possibilidade de desenvolvimento do

papel de engenheiro como vetor de mudança social ao considerar as necessidades desse

público tão excluído no desenvolvimento de uma solução universal.

A segunda vertente de motivação para este trabalho inicia-se na própria experiência do

autor com o processo de desenvolvimento de produto. Percebendo-se que no processo de

desenvolvimento de produto tradicional e mais utilizado em engenharia não existe um foco

específico sobre as etapas de prototipação, algo que é repetitivamente trazido nos processos

de desenvolvimento de Design.

Dentro de um espectro de aprendizagem de engenharia, a aplicação de metodologias e

estratégias de prototipação poderiam funcionar como aliadas no desenvolvimento de produtos.

Contudo, não há um consenso global dos autores sobres este aspecto, na verdade se identifica

até uma ausência de discussões relativas ao estabelecimento de estratégias de prototipagem do

processo de desenvolvimento de produtos em engenharia (Christie et al, 2012).

Assim, encontra-se uma oportunidade prática de aplicar uma estratégia de

planejamento sobre um ciclo de prototipagem dentro de um ambiente de aprendizado em

engenharia e no próprio processo de desenvolvimento de produtos.

1.3 Objetivo

O trabalho aqui apresentado apresenta dois objetivos.

O primeiro e principal objetivo é o desenvolvimento de uma solução de mobilidade

para a inclusão e melhoria da experiência de voo de cidadãos com deficiência física ou

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mobilidade reduzida que resulte na apresentação de um modelo físico (protótipo) que

represente o conceito da solução proposta.

Como objetivo secundário deste trabalho, tem-se a aplicação de uma estratégia de

prototipagem em um ciclo de prototipagem do processo de desenvolvimento de produtos por

meio da adoção da abordagem de Design Thinking (DT). E um posterior estudo dos impactos

trazidos por tal aplicação.

1.4 Participação do autor

A participação do autor no projeto de pesquisa apoiado pelo CNPq é focada no

desenvolvimento da solução para mobilidade de cadeirantes dentro de aviões através do

desenvolvimento de uma cadeira de rodas que melhore a experiência de voo. De modo que a

participação do autor não pode ser expandida para os demais desdobramentos e resultado

obtidos durante o desenvolvimento do projeto do CNPq.

Vale também salientar, que a participação do autor ocorre de maneira ativa durante o

segundo ano de vigência do projeto e de desenvolvimento da cadeira, quando este se torna o

responsável único pelo refinamento da solução e pela prototipagem da solução final. As

atividades do autor envolveram a finalização dos modelos virtuais que representam o conceito

criado no projeto, a integração final de soluções, a definição da estratégia de prototipagem e a

fabricação e montagem do protótipo final.

1.5 Estrutura do trabalho

Com o intuído de guiar a leitura e entendimento deste trabalho, é apresentada sua

estruturação juntamente de uma breve descrição do conteúdo encontrado em cada uma das

seções.

Este trabalho está dividido em seis capítulos, sendo o primeiro deles uma breve

introdução do trabalho. O conteúdo dos demais capítulos é apresentado a seguir:

• Capítulo 2: Neste capítulo é apresentada a revisão bibliográfica. Nela serão

discutidos o embasamento teórico que fundamentou a metodologia aplicada no

desenvolvimento do trabalho;

• Capítulo 3: Ao longo desta seção é apresentada a metodologia empregada para

o desenvolvimento do trabalho;

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• Capítulo 4: Este capítulo tem seu foco sobre o desenvolvimento do trabalho em

si, tratando os resultados obtidos durante a aplicação da metodologia

selecionada;

• Quinto Capítulo 5: Nesta seção sé apresentado o resultado final do processo de

aplicação de uma metodologia de prototipagem e são discutidas as

experiências do autor durante o processo;

• Sexto Capítulo 6: É apresentada uma conclusão sobre o estudo desenvolvido e

o resultado do projeto.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

O presente tópico tem como seu intuito a discussão dos temas relevantes para

construção da base teórica utilizada para o desenvolvimento do projeto aqui apresentado. Tais

tópicos partem do entendimento inicial do Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP),

a abordagem de Design Thinking (DT) utilizada como diretriz do projeto de desenvolvimento

da cadeira de bordo, bem como um entendimento de diferentes tipos de processos de

desenvolvimento do produto e um entendimento mais completo do processo de prototipagem

dentro do contexto de desenvolvimento de produtos.

2.1 PDP tradicional

Todo e qualquer novo produto se inicia como uma ideia que evolui de um projeto para

atender as necessidades dos consumidores e de outros stakeholders dentro de um determinado

mercado (ROZENFELD et al., 2006). De sua concepção inicial até sua disponibilização para

o consumo, o produto passa por um longo processo de desenvolvimento, conhecido como

Processo de Desenvolvimento de Produto. Este processo terá um escopo e seguirá por

diferentes etapas de acordo com o grupo que o desenvolve (BAXTER, 2006). Mas de maneira

geral o PDP é tido com uma sequência de etapas, ou atividades, desenvolvidas durante a

criação de um novo produto (EPPINGER; ULRICH, 2012).

Existem diversas abordagens sobre o PDP. Mas de forma genérica, o PDP tradicional

parte da geração de ideias, e recebimento de estímulos do mercado e dos consumidores e no

seguinte refinamento destas ideias e informações de maneira racional de modo a desenvolver

um projeto e um produto, que de acordo com o cenário tecnológico vigente poder ser

reproduzido sistematicamente e posto em produção (BAXTER, 2006).

Ainda segundo Eppinger e Ulrich (2012) a utilização de um processo formalizado para

o PDP traz uma gama de vantagens:

• Qualidade: A passagem por fases, e processos com avaliações

especificadas contribui para construção de um produto com elevada

qualidade.

• Coordenação: Um processo de desenvolvimento claro e bem controlado

permite que todos os integrantes da equipe tenham conhecimento dos

cronogramas, atividades e resultados de seus pares. Possibilitando que o

trabalho em equipe e as trocas de informação sejam mais efetivas.

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• Planejamento: Um PDP estruturado conta com a definição de marcos para

sinalizar o termino de cada fase. Permitindo a criação de cronogramas

detalhados e facilitando seu acompanhamento.

• Gerenciamento: Ao utilizar um PDP estruturado é mais visível a atuação de

cada membro e o desenvolvimento do projeto como um todo, facilitando o

gerenciamento do mesmo.

• Melhorias: Com as documentações trazidas pelo PDP estruturado e

revisões periódicas dos resultados as oportunidades de melhorias são

detectadas e trabalhadas mais facilmente.

Como dito anteriormente, o PDP pode variar dependendo do time que o executa.

Contudo, as metodologias do PDP tradicional aparecem estruturadas em fases macro e então

subdivididas em fases ou atividades mais capilares (ROZENFELD et al., 2006). Em geral as

fases ocorrem de maneira sequencial, mas podem se sobrepor durante a execução de algumas

atividades. Para o entendimento deste trabalho escolheu-se estudar o modelo apresentado por

Rozenfeld et al. (2006) (Figura 1):

Figura 1: PDP segundo Rozenfeld

Fonte: Rozenfeld et al., 2006

2.1.1 Pré-desenvolviemnto – planejamento do projeto

Esta é a macro fase inicial e precede a própria aprovação e início do projeto em si.

Lança um foco nas considerações iniciais para validação da própria existência do projeto,

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lançando um foco sobre os objetivos do mercado, a estratégia dos desenvolvedores e a

tecnologia disponível. Inclui também um certo envolvimento com o consumidor final, uma

vez que é nessa fase que o deve ser mapeado quem são os potenciais clientes, o que eles

consomem, e onde eles se localizam, trazendo um primeiro entendimento do mercado

(ROZENFELD et al., 2006).

2.1.2 Desenvolvimento

Nesta macro fase do PDP é que de fato o projeto se desenrola e o produto é

desenvolvido. Ela é composta pelas seguintes etapas:

2.1.2.1 Projeto Informacional

Durante esta fase são gerados uma série de diferentes conceitos, que são então

avaliados. Os conceitos devem ser uma descrição simplificada do que será o produto e

características como forma e funcionalidades podem já ser avaliadas. O foco durante as

atividades deve ser mantido sobre os princípios e não nos detalhes, uma vez que solução

eficaz e duradoura provem de uma escolha acertada de princípios de funcionamento e não de

uma concentração exacerbada de detalhes. No fim desta fase, um ou mais conceitos gerados

devem ser escolhidos para dar continuidade ao processo de desenvolvimento (ROZENFELD

et al., 2006).

De maneira geral, dois caminhos podem ser seguidos durante a geração dos conceitos:

um projeto incremental ou um projeto completamente novo. O projeto completamente novo

requer o desenvolvimento de um produto completamente diferente daqueles já trabalhados

pela equipe ou companhia, enquanto um projeto incremental se baseia em projetos já

existentes e segue para a implementação de melhorias e novas funcionalidades

(ROZENFELD et al., 2006).

2.1.2.2 Projeto conceitual

Esta é a etapa na qual serão definidas a arquitetura do produto, sua decomposição em

subsistemas e componentes e o projeto inicial de alguns componentes fundamentais para o

projeto. Também devem ser iniciados os planos iniciais para a montagem e o processo de

produção do produto final. Como resultado desta fase se apresentam a descrição funcional dos

subsistemas presentes do produto e também os primeiros esboços, considerando

principalmente o volume e as formas daquilo que será o produto final (ROZENFELD et al.,

2006).

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É importante atentar que durante esta faze, ao avaliar diferentes ideias de sistemas e

combinar diferentes solução para os subsistemas pode revelar pontos fracos que podem ser

trabalhados e eliminados para a obtenção do melhor conjunto (ROZENFELD et al., 2006).

2.1.2.3 Projeto detalhado

Durante esta fase do processo de desenvolvimento deverão ser finalizadas e detalhadas

todos as especificações para os sistemas. O que inclui a definição de tolerâncias, materiais e

as formas de todas as partes do sistema. O resultado desta etapa será a documentação do

produto a ser produzido, com todos os desenhos técnicos necessários para as partes a serem

construídas e as especificações dos componentes que serão comprados. Nesta fase é

importante atentar aos detalhes associados aos sistemas criados, afim de evitar falhas técnicas

e retrabalho nas próximas etapas (ROZENFELD et al., 2006).

É apenas durante esta fase do PDP tradicional que se é indicada a construção de

protótipos físicos, sempre tendo em vista que toda a BOM já está formulada (ROZENFELD et

al., 2006). Mesmo assim, no PDP tradicional não existem recomendações explicitas para a

confecção de protótipos físicos, ela se baseia principalmente na conceituação teórica e no uso

de prototipagem virtual para obtenção de desenhos técnicos.

2.1.2.4 Preparação para produção

Para esta etapa, devem ser construídas e avaliadas versões de pré-produção do

produto. O objetivo destas atividades é entender como cada uma das funcionalidades

propostas para os sistemas podem ser produzidas pelas tecnologias acessíveis. Os protótipos

devem identificar a necessidade de mudanças para o modelo final do produto (ROZENFELD

et al., 2006).

São então definidos os processos, especificações e recursos de fabricação. É também

produzido um lote piloto e são definidos os processos de manutenção. Enfim, são tratadas

todas as atividades dentro da cadeia de suprimentos.

2.1.2.5 Lançamento do produto

Este é um processo gradual que em geral tem suas atividades iniciadas anteriormente

mas apenas implementadas durante esta etapa. São desenvolvidos os processos de apoio à

produção e comercialização do produto, como venda, distribuição assistência técnica e

atendimento ao cliente. Durante esta etapa outros times, que não o de desenvolvimento de

produtos são envolvidos e é feita uma transição para o final do projeto de maneira gradual

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para garantir que a linha de produção tem total acesso ao time de desenvolvedores e que assim

quais quer problemas possam ser abordados e sanados (ROZENFELD et al., 2006).

Tanto para Eppinger e Ulrich (2012) quanto para Rozenfeld et al. (2006) e Baxter

(2006), as primeiras etapas do PDP tradicional são cruciais para o desenvolvimento de novos

produtos. Pois são nelas que se concentra definição do projeto de fato, onde são trabalhadas o

maior número de incertezas e por consequência são comprometidos a principal parte dos

custos do novo produto. Assim, a boa execução das primeiras etapas é crucial para o

desenvolvimento seja eficiente e o produto tenha sucesso (Figura 2).

Figura 2: Evolução dos custos no PDP

Fonte: Acervo Pessoal Baseado em Baxter (2006)

2.2 Design Thinking

Design Thinking é considerado por muitos como um processo inovador para a

abordagem de problemas das mais diferentes complexidades. O DT é comumente descrito

como uma maneira de pensar, metodologia, processo e atitude que são característicos dos

designers e derivada das práticas de design (MARTIN, 2009).

O conceito do DT aparece inicialmente associado à ideia que o processo de design

exige a aplicação de certas competências, como a habilidade de lidar com ambiguidade,

geração de empatia com o usuário e exploração de problemas através da criação de soluções

conjecturais ao invés de análises do problema e uma conseguinte geração de alternativas de

solução. Tais habilidades podem ajudar na abordagem de problemas e oportunidades de uma

maneira única, que permite um maior fluxo criativo e agilidade, sendo propícia ao surgimento

de inovações. (MARTIN, 2009)

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Esses fundamentos primordiais são tidos como a base para diversas metodologias que

vêm sido utilizados ao redor do globo para a aplicação do DT em diferentes projetos e de

diferentes formas. Fazendo que atualmente, o DT seja mais associado à aplicação de uma

metodologia específica e no processo de desenvolvimento do que na concepção inicial do

design como uma maneira de pensar e se articular. (MARTIN, 2009)

2.2.1 O Design Thinking como é concebido atualmente

Mesmo que as primeiras utilizações do termo Design Thinking tenham se dado no

início dos anos 1990, e a ideia do design como um modo de pensamento e articulação seja

ainda mais antiga, o conceito de Design Thinking, como é aplicado atualmente, ganha

popularidade na escola de design de Stanford (d.school) nos anos 2000 e também é

impulsionado pela sua vasta aplicação pela empresa IDEO. Estas instituições inspiraram a

adoção do DT por muitas empresas como um método de abordar problemas capciosos (wicked

problems) e desenvolver soluções inovadoras (BROWN, 2010).

As abordagens de DT são representações tangíveis do modo de pensar no ramo de

design. Métodos de investigação holísticos e centrados no ser humano são fundamentais para

o DT. A metodologia de DT advoga pela criação de um racional criativo, não linear e

centrado no ser como guia para o desenvolvimento de projetos. Brown (2010) ainda acredita

que as ideias inovadoras que surgem da aplicação do DT provam o potencial do método, que

se centra nas necessidades dos consumidores como força diretora para geração de ideias ao

invés de tecer concepções artificiais, como ferramenta para geração de inovação.

2.2.2 Porque aplicar o Design Thinking

O DT é aplicado principalmente na abordagem de problemas capciosos (wicked

problems), uma vez que os métodos e ferramentas analíticos tradicionais não conseguem ser

aplicados de maneira efetiva. Para a resolução deste tipo de problema não se busca o

levantamento de todas as possíveis alternativas de solução, mas o conjunto daquelas que

satisfazem a conjuntura temporal e escopo do projeto (ROWE, 1991).

Ainda que na literatura se enfoque no DT como metodologia de solução para

problemas capciosos (wicked problems), o DT pode ser aplicado para qual problema ou

projeto de design (ROWE, 1991). Brown (2010) ainda defendem a aplicação do DT em

cenários diferentes: resolução de problemas (capciosos ou não) e desenvolvimento de novos

produtos.

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2.2.3 A abordagem de Design Thinking

O DT como uma metodologia tem suas bases na Universidade de Stanford nos Estados

Unidos da América, onde foi inicialmente as possibilidades de integrar processos criativos

dentro da engenharia mecânica. A ideia é então difundida dentro da instituição, onde o

professor David M. Kelley, fundador da IDEO, começa a utilizar tais métodos dentro de sua

companhia e os utiliza como base para a criação do Instituto Hasso Plattner de Design em

Stanford, a d.school. Desde então muitas outras universidades e empresas começaram a

também adotar e desenvolver tal metodologia, gerando uma série de diferentes abordagens

para a aplicação do DT (BROWN, 2010).

Devido ao grande número de abordagens concebidas para o desenvolvimento do

processo de DT, se torna muito complexa a definição de uma metodologia única e certeira.

Para os fins de entendimento necessários para o trabalho aqui apresentado se fará uma análise

sobre a metodologia concebida originalmente pela d.school de Stanford e que depois foi

difundida e adaptada para diferentes realidade.

A metodologia apresentada pela d.school (2010) é dividida em cinco fases (Figura 3).

O processo não é linear, mas interativo e tal interatividade é essencial para o bom

desenvolvimento da metodologia. Existe um movimento entre as diferentes fases do processo;

se no final do ciclo de prototipagem não é obtida uma solução satisfatória para o problema

deve-se voltar uma ou duas fases para se repensar nas ideias criadas, agregando desta fez os

aprendizados da fase de prototipagem e testes.

Figura 3: Etapas em um cilco de Design Thinking

Fonte: Acervo Pessoal

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As fases apresentadas pela d.school (2010) são:

Empatia

A fase inicial de desenvolvimento do projeto é dedicada ao entendimento do problema

de fato e das áreas a ele ligadas. Assim, é fundamental realizar pesquisas profundas e

abrangentes, o que pode consumir uma grande parte do tempo do projeto. Durante este

processo de conhecimento do problema também está inserido o entendimento dos usuários ou

pessoas afetadas pelos projetos.

O objetivo esta fase é coletar estímulos de diferentes formas a fim de construir um

entendimento do problema e de como a solução impactará a sociedade. Para a obtenção deste

entendimento junto aos usuários é recomendado o uso de entrevistas, grupos focais, criação de

personas e brainstormings.

É importante também que seja feita uma síntese das informações coletadas, de modo a

torna-las mais objetivas e gerenciáveis. Para tanto se faz uso de diagramas e fluxogramas e

blueprint.

(Re)Definir

A partir das informações coletadas durante a fase de empatia é realizada uma profunda

análise para que todos os achados sejam transformados em necessidades e/ou descobertas

relevantes. Os principais objetivos desta fase são o entendimento profundo os usuários e

principalmente a criação do “ponto de vista” do projeto. Ou seja, uma declaração de problema

que guiará o desenvolvimento do projeto.

Para que o ponto de vista criado seja efetivo, ele deve ser capas de delinear o

problema, inspirar os membros da equipe, fornecer modelos de referência, alimentar e guiar

as sessões de brainstorming e orientar o time envolvido em como cada parte pode se

desenvolver individualmente no projeto.

Ideação

Com o ponto de vista e personas definidas, é começado um processo de geração de

ideias que possam ser soluções potenciais para os problemas identificados. Geralmente o

desafio como um todo é dividido em subproblemas, os quais são abordados em sessões de

brainstorming. Durante estas sessões deve-se aplicar diferentes técnicas de geração de ideias,

incentivando-se o processo criativo.

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Uma vez que um número considerável de ideias é gerado, elas são então discutidas e

então selecionadas de acordo como a equipe as julga segundo viabilidade, aplicabilidade e

grau de inovação.

Prototipagem

Depois de escolhidas as ideias que serão continuadas é iniciado o processo de

prototipagem. Os objetivos dos protótipos são permitir que as ideias sejam demonstradas e

comunicadas, para que se haja um melhor entendimento, e permitir que elas sejam

materializadas, a fim de avaliar sua viabilidade de construção e funcionamento.

O processo de prototipagem ocorre em ciclos, cada qual com a construção de protótipos com

finalidades diferentes, conforme se avança no desenvolvimento do projeto e na convergência

das ideias.

Testar

A fase derradeira do ciclo de DT tem como objetivo o teste dos protótipos gerados

junto ao grupo de potenciais usuários encontrados a fim de se obter um entendimento se as

soluções propostas de fato atendem às necessidades dos usuários. A partir dos retornos

obtidos nos testes pode-se realizar ajustes e melhorias no projeto.

2.2.4 Ciclos de prototipagem em Design Thinking

No modelo proposto pela d.School, propõe-se que o desenvolvimento do projeto se dê

em diferentes interações, onde em cada qual é repetido o mesmo ciclo de cinco fases

apresentado anteriormente. Estas etapas se diferenciam por possuírem objetivos, abrangência

e grau de detalhamento e compromisso muito distintos. A caracterização destas etapas

acontece pela criação de um protótipo único, reconhecidos como marcos do projeto. Cada um

deste protótipos tem um objetivo específico (SCHINDLHOLZER et al., 2011), Figura 4. São

eles:

1. Protótipo da Função Crítica: Entendimento do escopo global do problema a ser

tratado com o desenho das soluções funções críticas identificadas para a solução a

ser obtida.

2. Protótipo Azarão (Darkhorse): Parte das funções críticas identificadas para uma

visão mais abrangente e divergente, permitindo o surgimento de uma variedade de

soluções potenciais. Permite a experimentação de soluções de alto risco ou

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complexidade que podem não ser consideradas apropriadas para o

desenvolvimento do projeto em um primeiro momento

3. Protótipo Integrado (FunKtional): Objetiva integrar os achados das interações

anteriores para a criação de um conceito mais coerente e holístico para o

prosseguimento do projeto.

4. Protótipo Funcional: É marcado pela definição da solução final a ser adotada para

o desenvolvimento do projeto. O protótipo deve trazer as funções básicas do

conjunto de solução escolhida para interação com os futuros usuários.

5. Protótipo X-está-Finalizado: Finalização das funções necessárias para a aplicação

da solução do problema. O foco é na execução das funcionalidades por completo,

mais do que na aparência final em si.

6. Protótipo Final: Integração e aprimoramento de todos componentes do conjunto de

solução, resultando na criação de um conceito consistente e próximo ao real em

aparência, formas e funcionalidades.

Figura 4: Ciclos de prototipagem em Design Thinking

Fonte: Acervo Pessoal

2.3 Diferentes PDPs

O projeto do PDP depende de qual tipo de produto se produzirá e de como se pretende

projetará o portfólio de produto. Produtos podem ser classificados em diferentes categorias

dependendo de suas características. Wheelwright e Clark (1992) explicam que definir uma

classificação apropriada para o produto resulta uma simplificação da estratégia de

gerenciamento e comunicação da equipe durante o desenvolvimento do projeto. Isto também

ajuda a agrupar projetos de diferentes produtos e funcionalidades.

Em geral processo de desenvolvimento é motivado pelo próprio mercado, através da

exposição das necessidades dos consumidores. Engatilhando assim o processo de

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desenvolvimento de produto dentro dos padrões já consolidados do time de desenvolvimento

de produtos. Contudo, Eppinger e Ulrich (2012) identificam outros tipos de desenvolvimento

de produto:

• Produtos provenientes de novas tecnologias: Utilização de novas tecnologias

emergentes e disponíveis para geral produtos com novas propostas de valor

para os consumidores.

• Produtos de plataforma: Produtos concebidos sobre a mesma plataforma e que

compartilham sistemas e subsistemas.

• Produtos de produção intensiva: Devido ao volume de produção o processo

produtivo assume tanta importância quanto o produto em si e traz uma séria de

limitações o projeto deste.

• Produtos customizados: O produto parte de uma base genérica que é

customizada de acordo com a demanda.

• Produtos de alto risco: Produtos que se inserem em algum contexto de alto

risco. Seja pela volatilidade do mercado em que se inserem, fala de

regulamentação ou incertezas técnicas. Para estes produtos é necessária a

criação de uma detalhada análise de riscos que deve ser acompanhada durante

todo o processo de PDP.

• Produtos de manufatura ágil: Produtos que por estarem relacionados a

componentes eletrônicos e/ou softwares possuem um processo mais rápido de

desenvolvimento. São mais flexíveis e responsivos e têm de dar respostas

rápidas aos feedbacks necessidades dos usuários, possuindo um processo de

desenvolvimento mais dinâmico.

• Sistemas complexos: Produtos que contém muitos subsistemas e componentes.

Requerem um tempo muito maior tanto para o projeto quanto para testes e

validações.

2.4 Processo de prototipagem

A prototipagem física é uma atividade essencial no processo de desenvolvimento de

produtos e permite o desenvolvimento de conhecimento na prática (BERGLUND; LEIFER

2013). Existem na literatura diferentes definições do que é um protótipo, dependendo do

conceito em que o termo é aplicado. De forma mais geral, segundo o dicionário: “Elaboração

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de protótipo, a versão parcial e preliminar de um novo sistema ..., destinada a testes e

aperfeiçoamento” (FERREIRA, 2006). Já em termos de engenharia, Eppinger e Ulrich (2012)

define como protótipo uma aproximação a um produto de acordo com um ou mais aspectos de

interesse e a prototipagem com o processo de construir, testar e analisar protótipos. Tais

definições ilustram a prototipagem como uma ferramenta para o aprendizado sobre múltiplos

aspectos de um dado produto durante seu processo de projeto e desenvolvimento, sendo a

prototipação física ou não.

Segundo Chua et al. (2010), existem três aspectos principais em um protótipo:

1. Grau de aproximação: variante de representação grosseira a réplica exata;

2. Forma: virtual ou física;

3. Implementação: produto ou sistema por completo ou subcomponentes.

Alinhando cada uma destas dimensões em um eixo, Chua et al. (2010) apresenta um

diagrama de ilustrativo apresentado na Figura 5 que ilustra diferentes tipos de protótipos.

Figura 5: Dimensões da prototipagem segundo Chua et al. (2010)

Fonte: Chua et al., 2010

Segundo Wheelwright e Calrk (1992), prototipagem é uma atividade chave nas

atividades de design e engenharia, mesmo que ainda seja uma atividade tradicionalmente

subaproveitada. Desenvolver o hábito de construir protótipos em estágios iniciais, mais

frequentemente e de maneira contínua durante o processo de projeto de engenharia é uma

lógica cada vez mais comum nos campos de engenharia mecânica e design.

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2.4.1 Protótipos físicos

A prototipagem física tem um papel importante tanto no processo de desenvolvimento

do produto quanto no aprendizado. Protótipos são capazes de estimular uma associação

cognitiva do funcionamento de mecanismos relacionando-os com a visualização, experiências

anteriores e comunicação interpessoal, de modo a favorecer o aprendizado interativo entre os

membros de um grupo e no processo de desenvolvimento de um produto (CAMBURN et al,

2013).

Na engenharia, o processo criativo (brainstorming) pode ser associado a ciclos de

prototipagem através de dinâmicas práticas (BERGLUND; LEIFER 2013). É esperado que a

criação de protótipos físicos seja um catalizador durante o PDP. E mesmo que a prototipagem

em si requere tempo para seu desenvolvimento, se aplicada de maneira integrada ela pode

reduzir o tempo total para o desenvolvimento por sua capacidade de estimular o aprendizado e

comunicação. O que é ainda mais aplicável para prototipagem rápida, que reduz

substancialmente o tempo de construção dos protótipos (CHUA et al. 2010).

O processo de desenvolvimento de um protótipo físico por meio de técnicas de

manufatura, incluindo a prototipagem rápida, envolve uma série de aspectos, como a seleção

de material e dos métodos de manufatura a serem utilizados, dimensionamento e modelagem

de interfaces. A construção de um protótipo e a comunicação trazida pelo protótipo têm um

aspecto fundamenta e central durante todas as fases do desenvolvimento do produto, como em

testes de viabilidade, funcionalidades de subsistemas e prova de conceitos (EPPINGER e

ULRICH 2014).

Ainda de acordo com Eppinger e Ulrich (2014), os principais papéis da prototipagem

são:

• Aprendizado: responder questões sobre performance e viabilidade;

• Comunicação: comunicar ideias dentro e fora da equipe de

desenvolvimento do projeto;

• Integração: combinar sistemas e subsistemas;

• Criação de marcos: desenvolvimento de ciclos e agendas dentro do projeto.

A criação de modelos físicos ainda é capaz de reduzir a design fixation (fixação de que

as primeiras ideias tidas são as melhores e suficientes, bloqueando o processo criativo,

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36

principalmente em fases de geração de ideias), permitindo uma atuação mais criativa e a

consideração de mais alternativas de solução (YOUMANS, 2007).

Protótipos físicos são construídos pela utilização de diferentes técnicas de manufatura.

Não existe um método universalmente correto para o desenvolvimento de um modelo, mas

aquele apropriado ao projeto, dependendo do propósito do protótipo, materiais utilizados e

objeto a ser manufaturado. Enquanto alguns protótipos mais básicos podem ser construídos

com ferramentas e materiais básicos como papel, tesoura e cola, outros requerem a aplicação

de técnicas mais avançadas de conformação (GEBHARDT, 2014).

Ainda de acordo com Gebhardt (2014) a tecnologia de manufatura se constrói em cima

de três pilares (Quadro 1):

• Extração de material: processos feitos sobre uma grande quantidade de

matéria prima, onde os excessos são retirados, como em fresas e tornos;

• Conformação de material: processo de transformação da forma do

material utilizando um molde e transformação de estado físico da

matéria prima, como injeção e extrusão;

• Manufatura aditiva (adição de material): técnicas mais modernas para a

produção de protótipos pela adição de material através da adição de

material como na impressão 3d.

Quadro 1: Tecnologias de manufatura

Tecnologia de

Manufatura

Extração Conformação Adição

Característica Processos de

usinagem baseados

na retirada de

material para

confecção de peças.

Processo de

transformação do

material através da

alteração de formas

através da

deformação da

matéria-prima

Produção de peças

através da

sobreposição de

camadas de

material

adicionado

Exemplos Fresa, Torno Injeção, Extrusão Impressão 3d

2.4.2 Protótipos virtuais

Os protótipos virtuais surgem com uma alternativa para redução de custos e tempo de

desenvolvimento nos estágios iniciais do PDP. Os métodos utilizados variam de rascunhos e

“renders” a modelos computacionais 3D detalhados. Na indústria, ainda, o processo de

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37

prototipagem virtual pode ser complementado por modelos físicos que se utilizam de técnicas

de prototipagem rápida, como impressoras 3D (DESIGN COUNCIL 2007).

Para Chua et al. (1999) a prototipagem virtual refere-se à análise e simulação

realizadas totalmente em modelos computacionais, tal qual é feito em modelos físicos. Assim,

um modelo virtual tem a total capacidade de substituir um protótipo físico no

desenvolvimento de testes e análise. Já para Gowda et al (1999), os modelos virtuais são um

tipo de tecnologia que utiliza da realidade virtual e de outras facilidades computacionais para

o desenvolvimento de um protótipo digital. Dessa forma, a prototipagem virtual é definida

como uma ferramenta para criação de um protótipo, apenas, e modelos virtuais não poderiam

substituis os físicos para análises e testes.

A prototipação virtual se desenvolve basicamente pela utilização de ferramentas de

CAE, um termo generalista que indica as ferramentas e métodos computacionais utilizados no

processo de desenvolvimento de um projeto ou produto em relação a aspectos técnicos, e de

CAM, softwares destinados à modelagem. Contudo, nos dias atuais as ferramentas de CAD

são capazes de integras tanto mecânicas de simulação quanto modelagem (GOWDA, 1999).

Fazendo que não haja mais uma distinção tão grande entre CAE e CAD, sendo os dois termos

utilizados para descrever basicamente o mesmo grupo de softwares. Algumas vezes, ainda, o

temo CAx é utilizado ao invés de CAE, com o “x” indicando qualquer que seja o a área,

técnica ou design, que o software é aplicado.

Com relação à utilização de modelos virtuais, Zorriassatine (2002) identifica cinco

classes principais de métodos para a prototipagem virtual:

• Visualização;

• Encaixe e interferência de montagens mecânicas;

• Testes e verificação de funcionalidades e performance;

• Avaliação de manufatura e operações de montagem;

• Análises de fatores humanos.

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Figura 6: Software CAD - SolidWorks

Fonte: Acervo Pessoal

2.4.3 Protótipos físicos x virtuais

A aplicação de um ou outro método depende do projeto e dos objetivos traçados para o

protótipo dentro dele. Protótipos físicos permitem uma avaliação sensorial do produto, como

forma e sensação ao toque. Eles ainda permitem uma análise da ergonomia do produto. Já os

Protótipos virtuais se aplicam perfeitamente onde a criação de um protótipo físico é inviável,

custosa ou ineficiente (GRIMM, 2005). Ambos os tipos de tecnologia não são

necessariamente competitivos, pois cada um apresenta benefícios e desvantagens quando

comparada ao outro. As tecnologias de prototipagem física e virtual podem ainda ser

combinas na criação de poderosas ferramentas para o desenvolvimento mais acelerado de

produtos complexos (CAMPBELL et al. 2004).

Cada vez mais, na indústria, os engenheiros de produtos são capazes de se utilizar de

ambas formas de modelagem e então selecionar a que melhor se adequa ao seu projeto ou

então combiná-las (GRIMM, 2005).

A Tabela 1: Comparação entre prótipos físicos e virtuais mostra uma breve

comparação entre a aplicabilidade dos dois tipos de prototipagem:

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Tabela 1: Comparação entre prótipos físicos e virtuais

Prototipagem

Característica Virtual Física

Custo X

Tempo X

Capacidade de mudar X

Avaliação de ergonomia X

Estética X

Aspectos táteis X

Análise dinâmica X

Produtos complexos X

Estrutura de produtos

simples

X

Teste de funcionalidade X

Comunicação com o usuário X

2.4.4 Planejamento para prototipagem

Em sua concepção genérica, a prototipagem é guiada por aspectos técnicos e

dependente das funcionalidades aplicadas durante as fases do PDP. Sendo que em um projeto

de engenharia o foco sobre os protótipos é geralmente a criação de um modelo para a

validação e avaliação do sistema, subsistemas e componentes, segundo Wheelwright e Clark

(1992). Em seu trabalho, os autores ainda listam quatro boas práticas que devem ser aplicadas

ao planejamento da prototipagem, independentemente do tipo de PDP na qual ela se aplica:

Protótipos de baixo custo: O processo de prototipagem deve ser iniciado com a

criação de modelos mais simples e de baixo custo e então evolui-se para a

confecção de modelos mais realistas e custosos.

Qualidade do processo: Muitas vezes se cometem erros durante o processo de

prototipagem, pela má interpretação dos desenhos, escolha inapropriada dos

materiais ou falhas no emprego das técnicas de manufatura. Assim para que o

processo seja mais fluido e se evite o retrabalho é necessário um planejamento

e entendimento das etapas componentes do processo de prototipagem para se

ter um processo de qualidade.

Tempo e sequenciamento: Não se deve sobrepor ciclos de prototipagens, de

modo que não se perca a rastreabilidade do estado atual do projeto.

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Geração de conhecimento: Documentar e entender os casos de fracasso e

sucesso em cada um dos ciclos de prototipagem ajuda construir um corpo de

conhecimento útil para os ciclos seguintes.

Em seu estudo, Christie et al. (2012) também aponta para a necessidade da utilização

de boas práticas para que o processo de prototipagem seja bem sucedido. Sendo elas:

Iniciar o processo de prototipagem cedo e frequentemente, utilizando-se de

técnicas mais simplistas para explorar uma diversidade de conceitos de

maneira rápida e econômica.

Realizar a prototipagem de ao menos três conceitos.

Manter os protótipos simples, focando apenas nas funcionalidades a serem

analisadas.

Alocar o tempo adequado para a engenharia, construção e teste do protótipo.

Alinhar o processo de prototipagem com as análises de engenharia para a

obtenção de um desenvolvimento mais efetivo.

Para assegurar que o processo de prototipagem contribua para o objetivo do PDP e

siga todas as boas práticas, é crucial a definição de um plano de como o processo de

prototipagem será conduzido. Eppinger e Ulrich (2012) apresentam uma sugestão com passos

para a organização do processo de prototipagem:

1. Definir o propósito para construção do protótipo;

2. Estabelecer o nível de aproximação do protótipo ao projeto real;

3. Desenhar um plano de testes para ser realizado com o protótipo;

4. Criar um cronograma para compras, construção e testes do protótipo.

2.4.5 Estratégias de prototipagem

A estratégia de prototipagem é constituída de um conjunto de decisões que determina

quais atividades e técnicas serão tomadas para o desenvolvimento de um protótipo. Entre

estas estratégias estão uma diversidade de alternativas, físicas ou virtuais. Modelos virtuais

podem incluir ou não análises matemáticas e de engenharia, enquanto protótipos físicos

podem representar o sistema como um todo ou apenas parcelas dele. Também faz parte da

estratégia a decisão de se criar uma sequência de protótipos para provar conceitos

individualmente ou realiza-los em paralelo. Em suma, muitas são as variáveis dentro da

estratégia adotada para a confecção dos protótipos em PDP. Contudo, poucas pesquisas foram

feitas sobre o assunto para entender como estes aspectos interagem e qual a melhor maneira

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de combiná-las para o desenvolvimento de um projeto em específico (CHRISTIE et al.,

2012).

Quanto à utilização de protótipos na engenharia, Christie et al. (2012) ainda aponta os

seguintes pontos de atenção:

Geralmente, no processo de desenvolvimento de protótipos para a engenharia

não são formuladas estratégias de prototipagem com foco gerencial.

Existem poucas estratégias de prototipagem voltadas para a engenharia e

nenhuma das existentes tratam completamente o escopo de decisões associados

à estratégia de prototipagem como um todo.

Prototipagem é um processo muito benéfico no desenvolvimento de produtos

de engenharia e veria receber maior relevância no PDP.

Ainda com o foco em estratégias de prototipagem em projetos de engenharia, Dunlap

et al. (2014) consideram que não se deve existir uma estratégia modelo cristalizada, mas sim

que uma estratégia de prototipagem para engenharia deve ser adaptada ao projeto em

desenvolvimento e erguida sobre as seguintes verticais:

Número de conceitos a se desenvolver simultaneamente: Nesta vertical são

contrapostos a lógica de desenvolvimento de múltiplos protótipos de maneira

paralela e o modelo sequencial, onde um protótipo só é iniciado quando o

construído anteriormente já foi devidamente finalizado e analisado.

Número de iterações sobre cada conceito: Entende-se como iteração sobre o

conceito o processo de construir, testar, avaliar, refinar o projeto e reconstruir

um novo protótipo sobre o mesmo conceito.

Escala: Definição de qual a escala a ser adotada para o protótipo, pode ser

tanto igual, inferior ou superior ao tamanho natural do produto.

Isolamento de subsistemas: Refere-se ao entendimento de quais subsistemas

dever se tornar protótipos, seja de forma isolada ou conjunta a outros

subsistemas.

Simplificação dos requisitos do projeto: Muitas vezes é inviável a construção

de um protótipo que respeite todos os requisitos iniciais do produto, assim é

necessária uma reavaliação daqueles que deverão realmente ser aplicados.

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Prototipagem física ou virtual: Refere-se ao entendimento do melhor modelo a

ser empregado, considerando que a combinação de ambos também é uma

opção.

Christie et al. (2012) concorda com Dunlap et al. (2014) sobre a criação de uma

estratégia única por projeto e pautada na definição de aspectos-chave. Contudo, o autor

ressalta a importância de outros fatores para a definição de uma estratégia consistente para a

prototipagem. Os fatores adicionais são:

Entendimento das tecnologias de manufatura disponíveis e da capacidade

técnica da equipe envolvida;

Escolha da escala das funcionalidades, quais contemplar no protótipo;

Escolha de materiais;

Escolha de técnicas de manufatura e montagem.

Já Wheelwright e Clark (1992), partindo de uma visão ainda mais centrada em

engenharia, definem estratégias consolidadas de prototipagem que variam de acordo o tipo do

projeto no qual o protótipo será o utilizado. Cada um destes modelos é pautado nas seguintes

dimensões:

Diretrizes: Entendimento da aplicação do protótipo para definição de

funcionalidades e performance do sistema.

Foco: Escopo do projeto de prototipagem.

Controle de Ciclos: Definição dos ciclos de prototipagem dentro da

organização

Responsabilidade pela construção: Definição de quem será o responsável pela

confecção do projeto.

Envolvimento do usuário: Define se, quando e como o usuário participará do

processo de prototipagem.

Critérios de teste: Definição daquilo que deverá ser verificado em cada um dos

ciclos de prototipagem.

Ligação com o projeto: Indica como a construção dos protótipos está ligada

com o cronograma e gerenciamento do projeto.

Utilizando-se destas dimensões, Wheelwright e Clark (1992) criam três estratégias

básicas de prototipação: o modelo “Tradicional - Padrão”, focado no projeto do produto e

conduzido principalmente pelos engenheiros de projeto; o modelo “Tradicional Revisado”,

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que parte do modelo tradicional mas adiciona um maior foco na interação com o usuário

durante a fim de ter uma utilização tanto técnica como para entendimento comercial; e o

modelo “Periódico”, está estratégia foca na construção de um protótipo com um sistema de

alta performance e para tanto depende de um trabalho intensivo de engenharia durante seu

desenvolvimento.

O Quadro 2 traz em maiores detalhes os modelos propostos por Wheelwright e Clark

(1992).

Quadro 2: Estratégias de prototipagem por Wheelwright e Clark (1992)

Dimensões Modelos

Tradicional - Padrão Tradicional -

Revisado

Periódico

Diretrizes Performance Técnica Performance técnica

e comercial

Performance do

sistema / Integração

multifuncional

Foco Intuito de avaliação do

projeto

Intuido de projto e

teste de satisfação do

usuário

Sistema de solução

Controle de Ciclos

Inicial Engenharia Engenharia Time multifuncional

Central Engenharia Engenharia Time multifuncional

Final Manufaura Manufatura Time multifuncional

Responsabilidade pela

Construção

Inicial Subcontratado Oficina de

engenharia

Oficina de engenharia

Central Oficina de engenharia Oficina de

manufatura

Linha de produção

Final Chão de fábrica Chão de fábrica Linha comercial

Envolvimento do

usuário

Limitado ao teste nas

últimas fases

Inicial: Avaliação de

mock-ups

Final: Avaliação do

sistema

Inicial: Teste de

usuários sobre os

protótipos

Final: Testes de campo

intensos

Critérios de Teste Inicial: Funcionalidades

dos componentes

Final: Funcionalidade do

sistema

Inicial:

Funcionalidade,

fidelidade

Final:

Funcionalidade e

fidelidade do sistema

Produto:

Funcionalidade do

sistema

Processo:

Funcionalidade do

sistema

Ligação com o projeto Limitado, marcos revistos

de acordo com o

cronograma

Marcos do projeto

ligados aos marcos

das fases de

prototipagem

Os ciclos de

prototipagem são os

próprios marcos do

projeto

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3 METODOLOGIA

O projeto no qual se baseia o trabalho apresentado tem como objetivo o

desenvolvimento de uma nova cadeira de bordo que apresente soluções de mobilidade a

melhoria da experiência de voo de pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida.

Tendo em vista os desafios do desenvolvimento de produtos em um cenário com

limitações temporais, de equipe, orçamento e tecnologias, escolheu-se desenvolver o projeto

com base na metodologia proposta pela d.school (2010) da Universidade de Stanford nos

Estados Unidos, o Design Thinking. Essa metodologia se apoia em ciclos de prototipagem

para o aprimoramento do conceito criados na definição de um conjunto de soluções para um

produto final.

O modelo originalmente proposto pela universidade americana envolve o

desenvolvimento de seis ciclos de prototipagem que visam um processo de divergência e

depois convergência de conceitos (BROWN, 2010), para a obtenção da melhor solução para o

cenário definido.

Contudo, dadas as limitações temporais, de equipe e orçamento do projeto, a

metodologia desenvolvida passa por uma limitação de ciclos a serem aplicados no presente

trabalho. Dessa forma, no total três ciclos de prototipagem completos foram considerados,

passando pelas cinco etapas descritas na metodologia da d.school (2010).

Identificou-se que os principais ciclos de prototipagem para o desenvolvimento deste

projeto são:

• Protótipo de função crítica: deve conter o processo de imersão inicial

dentro do cenário, o delineamento do problema, seu entendimento e

definição das funções críticas com o desenvolvimento dos primeiros

conceitos que são explorados durante os demais ciclos.

• Protótipo funcional: deve apresentar um conjunto final de conceitos para se

apresentar como solução dos problemas encontrados bem como um

protótipo que mostre a aplicabilidade dessas funções.

• Protótipo final: deve apresentar um refinamento das ideias de solução

escolhidas ao longo do projeto com a definição do que seria o produto

final.

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Dentro do cenário de ciclos de prototipagem desenhado e considerando as condições e

escopo do projeto, o seu desenvolvimento foi dividido em duas fases:

• Primeira fase: a fase inicial é conduzida principalmente por uma equipe de

alunos de graduação. São realizados dois ciclos de prototipagem dentro da

metodologia do DT. O objetivo dessa fase é ter como resultado o

delineamento das soluções a serem aplicadas no projeto da cadeira.

• Segunda fase: essa fase é desenvolvida apenas pelo autor deste Trabalho de

Formatura e consta da interação por mais um ciclo de prototipagem dentro

da metodologia do DT. Dessa vez, com o objetivo de refinar as propostas

de solução e ter como resultado prático um protótipo final da cadeira de

rodas de bordo para aeronaves.

Apesar de ambas as etapas comporem o resultado final do projeto desenvolvido, o

foco do Trabalho de Formatura aqui apresentado recai sobre a segunda fase do projeto. Isso

porque é durante essa etapa que ocorre a participação mais efetiva do autor.

Uma vez que a segunda metade do projeto consta com uma limitação de equipe,

apenas o autor do trabalho, e todas as consequentes limitações de capacitações técnicas e de

tempo que isso implica, notou-se a necessidade de uma adaptação do ciclo de prototipagem

para que o projeto pudesse ser concluído de maneira satisfatória.

Buscando-se na literatura diferentes abordagens para a condução de ciclos de

prototipagem, percebeu-se que existe uma lacuna no que se refere a qualquer estratégia de

prototipagem adotada durante o desenvolvimento de produtos pela metodologia de Design

Thinking. Isso decorre das próprias características propostas pela metodologia, que visa uma

maior liberdade criativa durante o processo criativo.

Dado esse cenário, buscou-se alternativas dentro do modelo tradicional de PDP. Os

resultados encontrados na literatura também apontavam para a uma falta de aplicação de

estratégias durante os ciclos de prototipagem, principalmente em projetos de engenharia.

Mesmo assim, diversos autores citam a importância do estabelecimento de estratégias e

metodologias de prototipagem para a otimização do processo (EPPINGER; ULRICH, 2012;

WHEELWRIGHT; CLARK, 1992). Também foram encontrados trabalhos que não só

defendiam a aplicação de metodologias como apontavam diretrizes para seu desenvolvimento

(CHRISTIE, 2012; DUNLAP, 2014; WHEELWRIGHT; CLARK, 1992).

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Assim, percebeu-se uma oportunidade de se unir os universos do DT e do PDP

tradicional com a aplicação de um plano de prototipagem durante o ciclo final de

prototipagem do DT para a otimização desse processo frente à restrição de recursos.

Desta forma, a metodologia desenvolvida para a execução deste trabalho parte das

duas macro fases apresentadas e subdivide-se em cinco diferentes etapas (Figura 7). A

primeira fase foca-se na etapa inicial de desenvolvimento do produto aqui estudado, nos

ciclos executados e nos resultados gerados, como resultado obtido pela equipe de alunos da

iniciação científica.

Após esse primeiro entendimento, parte-se para execução da segunda metade projeto.

Dentro dessa segunda fase, têm-se um detalhamento do ciclo de prototipagem, partindo do

início de um novo ciclo no processo de DT. Dando continuidade ao desenvolvimento, a etapa

de prototipagem é dividida em duas, sendo a primeira o desenvolvimento de um planejamento

e estratégia estruturada para a execução e otimização do ciclo de prototipagem e a segunda a

própria execução de tal plano.

Na etapa de execução do plano de prototipagem é feita a construção de fato do

protótipo, com o registro dos insights e aprendizados do autor durante o processo. Uma vez

que o protótipo é finalizado, é feita uma análise sobre a execução desse ciclo final de

prototipagem, e são apresentados os resultados obtidos durante o processo.

Figura 7: Metodologia - Fases

Fonte: Acervo Pessoal

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3.1 Fase 1: Início do processo de desenvolvimento – Primeiros ciclos de prototipagem

Durante a primeira fase do desenvolvimento, são desenvolvidos os dois primeiros ciclos

de prototipagem propostos: função crítica e funcional. Assim, a estrutura seguida para o

desenvolvimento da primeira fase é feita em três etapas. Primeiramente é realizado um

benchmark para um melhor entendimento do mercado e então é executado o ciclo de

prototipação da função crítica seguido pelo funcional (Figura 8). É importante considerar que

esta fase foi conduzida pelo grupo de alunos de iniciação científica. Sendo a participação do

autor se restringe à compilação e análise dos resultados obtidos.

Figura 8: Primeira fase de desenvolvimento

Fonte: Acervo Pessoal

Cada um dos ciclos de prototipagem desenvolvido segue os cinco passos da proposta

da d.shool (2010):

0. Empatia: entendimento do usuário e suas necessidades por meio da realização

de entrevistas e visitas técnicas;

1. (Re)Definir: definição do problema, escopo e limites do projeto;

2. Ideação: geração de conceitos de solução;

3. Prototipagem: criação dos protótipos;

4. Teste: realização de testes sobre o protótipo para a obtenção de feedback.

O resultado esperado dessa etapa é o conjunto de soluções a serem adotados na cadeira

de rodas para uso aeronáutico.

3.2 Fase 2: Ciclo final de prototipagem do Design Thinking

A segunda fase do projeto é aquela onde acontece a participação do autor de maneira

ativa. Desta forma é dado um maior detalhamento de seu desenvolvimento, sendo ela

subdividida em quatro etapas:

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3.2.1 Fase 2 – Etapa 1: Início do ciclo de prototipagem

O ciclo a ser desenvolvido é o do protótipo final. Assim, espera-se que o protótipo

tenha um refinamento da solução bem como semelhança de forma e aparência com a solução

final projetada.

Durante o ciclo final de prototipagem do DT, é dado um maior enfoque na definição e

construção do protótipo em si, uma vez que as decisões de solução já foram exaustivamente

iteradas nos ciclos anteriores.

Contudo, como nem todos os ciclos são abordados no desenvolvimento do projeto, é

feita uma nova iteração sobre as primeiras etapas do ciclo ainda considerando possíveis

mudanças no conjunto de solução propostas, mas se mantendo o foco na execução das etapas

de teste e principalmente de prototipagem.

Dessa forma, em um primeiro momento são desenvolvidas as três primeiras etapas de

geração de solução e do ciclo de prototipagem:

• Empatia: entendimento da experiência e necessidade dos usuários;

o Análise crítica dos resultados da fase 1;

o Realização de visita à cabine de voo existente na USP.

• (Re)Definir: analisar soluções propostas na fase funcional e validar sua

aplicação frente às necessidades dos usuários representados pelas personas.

• Ideação: geração de ideias de solução caso o conjunto inicialmente proposto

pela fase funcional seja alterado.

3.2.2 Fase 2 – Etapa 2: Desenvolvimento de uma metodologia para a otimização do ciclo

final de prototipagem

O projeto aqui apresentado propõe a implementação de uma metodologia mais

estruturada durante a fase de Prototipagem dos ciclos de DT, aos mesmos moldes que é

concebido pelos autores dentro da metodologia do PDP tradicional. Essa proposta tem como

objetivo avaliar a possibilidade de otimização do ciclo de prototipagem frente a uma grande

limitação de recursos.

Dentro dessa proposta, a etapa de prototipagem é dividida em duas etapas.

Primeiramente é traçado um plano para o desenvolvimento do protótipo. A criação de uma

estratégia de prototipação dentro do modelo de DT a partir do cruzamento dos conceitos de

planejamento e estratégia defendidos por Eppinger e Ulrich (2012), Christie et al. (2012),

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Dunlap (2012) e Whellwright e Clark (1992) para o modelo tradicional de PDP associado

com as particularidades da metodologia do DT para o desenvolvimento de produtos (Figura

9).

Figura 9: Metodologia de prototipagem)

Fonte: Acervo Pessoal

3.2.3 Fase 2 – Etapa 3: Construção do protótipo

Durante essa etapa de desenvolvimento do trabalho é concluída a prototipagem dentro

do ciclo final de DT. É apresentada a construção de fato do protótipo. Durante o

desenvolvimento dessa etapa, o plano de prototipagem traçado durante a fase anterior é

seguido e avaliado.

3.2.4 Fase2 – Etapa 4: Testes e análise dos resultados

Após a finalização dos protótipos, o plano de testes sugerido no plano de prototipagem

desenvolvido previamente é aplicado. Após a realização dos testes, é feita uma análise do

resultado obtido com a apresentação do resultado e uma avaliação sobre o impacto da

metodologia desenvolvida para o processo de prototipagem e seu impacto real no resultado.

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51

4 DESENVOLVIMENTO

Nesta seção é apresentada a evolução do projeto conforme a aplicação da metodologia

apresentada anteriormente.

4.1 Primeira fase do Projeto CNPq – Início do processo de desenvolvimento

Nesta subseção, é apresentada a visão geral do escopo do projeto seguida pela

metodologia escolhida para o desenvolvimento da primeira fase do projeto e os resultados

obtidos.

Os resultados e decisões tomadas durante a primeira fase de execução afetam

diretamente o desenvolvimento da segunda fase do projeto, criando as diretrizes a serem

seguidas ao decorrer desse trabalho de formatura.

É importante salientar que a participação do auto durante a fase 1 de desenvolvimento

se restringe ao agrupamento e análise das informações e resultados obtidos. Os resultados

apresentados fazem parte de um esforço maior de pesquisa desenvolvido pelo centro de

pesquisa em tecnologias assistivas no transporte aeronáutico.

4.1.1 O Projeto

Como já inicialmente descrito no capítulo introdutório, o projeto no qual se baseia

esse trabalho de formatura foi desenvolvido em uma parceria entre o Departamento de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica (EP-PRO), o Centro Interdisciplinar em

Tecnologias Interativas (NAP-CITI) e o Departamento de Projeto da Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo (FAU-AUP) e financiado pelo CNPq, no âmbito dos projetos de

formação de núcleos de pesquisa em tecnologia assistiva.

A vertente sobre a qual esse trabalho de formatura está baseado é o:

• desenvolver uma cadeira de rodas para uso no interior de aeronaves que permita o

acesso facilitado ao assento do avião e a mobilidade no interior de aeronaves

quando necessário.

Além disso, outro ponto crucial para o entendimento do trabalho aqui apresentado é o

processo de desenvolvimento da cadeira foi dividido em duas etapas:

• Geração dos conceitos de solução;

• Aprimoramento e finalização da solução apresentada.

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4.1.2 Entendimento do problema – Benchmark

O primeiro passo para o desenvolvimento do projeto foi um estudo inicial sobre o

mercado de cadeiras de bordo. Dessa maneira, foi conduzido um benchmark para a coleta de

informações dos projetos já desenvolvidos e em desenvolvimento. O primeiro passo foi olhar

para dentro da universidade e entender os projetos internos que já abordaram o tema de

cadeiras de bordo. Então, partiu-se para um estudo do mercado atual de cadeiras de borda e

outro sobre os projetos e conceitos ainda não disponibilizados ao mercado.

4.1.2.1 Cadeira Embracess

A cadeira Embracess foi o resultado de um projeto desenvolvido em uma parceria

entre a Embraer, a Universidade de São Paulo e a Universidade de Stanford no contexto de

uma disciplina que visava a aplicação de conceitos de DT no desenvolvimento de uma

solução de mobilidade dentro do ambiente de uma aeronave (Figura 10).

O resultado deste estudo foi uma cadeira de bordo que facilita o embarque e

desembarque, além de prover maior controle e independência e segurança ao usuário, através

do conceito de troca de assentos entre a cadeira de bordo e a poltrona do avião.

Figura 10: Cadeira Embracess

Fonte: Acervo Projeto Embracess

4.1.2.2 Produtos disponíveis no mercado

A segunda etapa do processo de benchmark foi desenvolvida com a pesquisa de

produtos já disponíveis no mercado atual. Foram levantadas cadeiras de rodas e cadeiras de

bordo que apresentassem alguma proposta única de valor para a solução problemas de

mobilidade. Durante a pesquisa foram levantados dez tipos de cadeiras como benchmark para

o produto a ser desenvolvido.

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• RoTrike - A RoTrike destaca-se pela independência que gera ao cadeirante

com o manuseio realizado através de uma alavanca central;

• Mountain Trike – Possui controle por duas alavancas em suas laterais e se

caracteriza por possibilitar a mobilidade em terrenos irregulares;

• Melrose Wheelchair - A Melrose Wheelchair transforma uma cadeira normal

em cadeira de bordo;

• Spinergy ZX-1 - É uma adaptação de uma cadeira de rodas comum

motorizada, que facilita a independência de movimentos do cadeirante;

• Wijit - Parecida com a Mountain Trike, a Wijit também utiliza alavancas

laterais para gerar movimento pelo próprio usuário;

• AisleMaster Foldable Aisle - É uma cadeira de bordo convencional porém

com adaptação para subir escadas;

• Leg Wrap Positioning Aid – São fitas que aumentam o controle do usuário

durante a transferência;

• Smartdrve – Possibilidade de acoplamento de um motor externo que

transforma a cadeira em uma cadeira elétrica;

• Kenguru Wheelchair – Cadeira de rodas elétrica com estrutura robusta;

• Mobbil HV Greiner – Cadeira de transferência com assento confortável e

design moderno.

Tais cadeiras são mostradas na Figura 11.

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Figura 11: Modelos encontrados no mercado

Fonte: Acervo Projeto CNPq

4.1.2.3 Referências conceituais

Para completar o processo de benchmark foi feita uma pesquisa das soluções

conceituais já elaboradas dentro do mesmo campo de mobilidade. Foi utilizada a internet para

levantar projetos já publicados. O resultado foram outros nove objetos de comparação:

• Posta – É uma cadeira de rodas de bordo que destaca o deslizamento lateral

apenas do assento, além da cadeira ser leve e compacta;

• Skycare Chair – É uma cadeira de bordo de avião que permite autonomia para

o cadeirante já que é ele quem controla a cadeira;

• Mobi Folding Eletric Wheelchair – É uma cadeira de rodas conceitual de

fácil armazenamento, já que colapsa verticalmente;

• Charity – É uma cadeira robusta destaca-se porque encaixa no assento do

avião;

• Sliding Wheelchair – É uma cadeira conceitual para ser utilizada

principalmente em hospitais já que o deslizamento lateral do assento facilita a

transição do paciente para a cama;

• Cadeira para Transição de Banheiro – É uma cadeira projetada com alças

próprias para facilitar a transição para o assento sanitário;

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• Freemode – É uma cadeira dobrável, fornecendo uma grande economia de

espaço;

• O2Gen – É uma cadeira com design futurista e com uma proposta diferente

para o suporte anatómico das costas do usuário.

• Free4 – É uma cadeira conceitual com possibilidade de alteração de forma

com a adaptação das posições da roda.

Os conceitos são ilustrados na Figura 12.

Figura 12: Beenchmark – Referências conceituais

Fonte: Acervo Projeto CNPq

Após este mergulho inicial no problema e nas variáveis que o cercam, deu-se início

aos ciclos de prototipagem que caracterizam a metodologia de DT defendida pela d.school

(2010).

4.1.3 Primeiro ciclo de prototipagem: Protótipo de Função crítica

O ciclo de criação para os protótipos de função crítica é a primeira etapa dentro do

processo de DT. É, principalmente, nesse primeiro ciclo que se estabelece uma pesquisa mais

intensa de identificação e conhecimento de usuários. Para tanto, existe um foco bastante

intenso na etapa de criação de empatia com o usuário, desenvolvendo um estudo mais

complexo de Needfinding a fim de entender melhor as reais necessidades do usuário.

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4.1.3.1 Empatia – Função crítica

Foram realizadas entrevistas com pessoal com limitações de mobilidade e também

com integrantes do mercado de aviação para entender as necessidades das pessoas com

mobilidade reduzida e a experiência desta durante um voo. Os entrevistados foram:

• Honório Rocha – presidente do Clube Paradesportivo Superação;

• Fernando Aranha – para-atleta das seleções brasileiras de ciclismo, triatlo e

esqui cross country;

• Amanda Barbosa – Comissária de bordo da TAM.

Foram, também, realizadas visitas técnicas à Embraer e outra à TAM, para a obtenção

um maior entendimento do ambiente de uma aeronave e o processo de desenvolvimento de

produtos para este setor.

4.1.3.2 (Re)Definir – Função crítica

Após adquirir um maior conhecimento sobre as condições de um cadeirante e sua

experiência de voo, durante esta etapa da metodologia do DT foram definidas duas personas

para representar os potenciais usuários da solução desenvolvida. Tais personas são definidas

nos quadros resumo 3 e 4.

Quadro 3: Personas - Horácio

Nome:

Sexo: Masculino Idade: 46

Altura: 1,76m Peso: 81kgEstado Civíl: Casado Profissão: Conssultor, Professor

Deficiência:

Grau de independência:

Cadeira de Rodas:

Experiência com cadeira:

Habitos de Viagem:

Classe de viagem:

Duas cadeiras, uma para o dia-a-dia e uma dobrável,

para viagens

25 anos

Uma viagem a trabalho por mês e uma viagem a lazer

por semestre

Econômica

Horácio

Paraplégico com mobilidade total dos membros

superiores

Pussui independência para sair e entrar na cadeira

sozinho

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Quadro 4: Personas - Aline

Nome:

Sexo: Feminino Idade: 32

Altura: 1,63m Peso: 50kg

Estado Civíl: Solteira Profissão: Desempregada

Deficiência:

Grau de independência:

Cadeira de Rodas:

Experiência com cadeira:

Habitos de Viagem:

Classe de viagem:

Duas viagens por mês para tratamento em um grande

centro

Econômica

Paraplégico com mobilidade total dos membros

superiores

Pussui independência para sair e entrar na cadeira

sozinho

Possui uma cadeira convencional

1 ano

Aline

Com as personas criadas e os resultados das entrevistas e visitas em mente, foi

definido como o principal obstáculo para a experiência de voo de um cadeirante:

asdificuldades com as múltiplas transferências de assentos.

Assim, definiu-se como objetivo do trabalho o desenvolvimento de um mecanismo

para auxílio nas transferência de usuários que fazem uso de cadeiras de bordo durante o voo.

4.1.3.3 Ideação – Função crítica

Para o processo de geração de ideias, a equipe de alunos de IC, com participação do

mestrando e dos professores, se reuniu para a proposição de soluções para solucionar o

problema de transferência entre poltrona e cadeira de bordo.

Durante a etapa de criação de ideias foram utilizadas metodologias de:

• Brainstorming: atuação criativa livre, não se prendendo por dificuldades

técnicas ou restrições.

• Sketching: as ideias levantadas durante o brainstorming foram aprimoradas

através do desenho de esboços e de iterações sobre estes esboços. (Figura 13)

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Figura 13: Sketches - Função crítica

Fonte: Acervo Projeto CNPq

4.1.3.4 Prototipagem – Função crítica

O intuito da prototipagem durante a etapa de função crítica é validação da principal

função a ser desenvolvida pela equipe de projeto, assim não é esperado uma grande fidelidade

entre modelo e realidade, uma vez que são modelos de processo criativo que visam a

Apresentar e validar ideias com os usuários.

A proposta durante este ciclo de prototipagem, é a criação de uma variedade de

conceitos que possam vir a solucionar o problema foco do projeto. Desse modo, durante esta

etapa o grupo, em conjunto, criou protótipos simples e rápidos (Figura 14) utilizando:

• Massa de modelar;

• Palitos de sorvete;

• Cartolina e papeis sulfite e cartão;

• Arame.

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Figura 14: Protótipos - Função crítica

Fonte: Acervo Projeto CNPq

4.1.3.5 Testes – Função crítica

Durante a etapa de concepção da Função Crítica, pela limitação dos protótipos, os

testes de conceito são mais importantes do que testes da própria funcionalidade do protótipo

em si, uma vez que muitos desses são de construção muito simplificada.

Nesse projeto, após passarem por uma avaliação pelo grupo, o resultado mais

significativo dessa etapa é o entendimento que a falta de conhecimento das necessidades reais

dos usuários foi um entrave para a geração de ideias. Resultando em buscas pelo

aprofundamento do entendimento das necessidades do usuário.

4.1.4 Segundo ciclo de prototipagem: Protótipo Funcional

Como visto no capítulo três, o modelo de desenvolvimento adotado pelo grupo, seja

pelas limitações de tempo hábil para o projeto, ou pelas necessidades encontradas no próprio

escopo inicial do projeto, não abordou o desenvolvimento dos ciclos de prototipagem Azarão

(Darkhorse) e Integrado (Funktional). Dessa maneira, o segundo ciclo de prototipagem

realizado foi o ciclo do protótipo funcional.

É importante notar que o desenvolvimento desse ciclo marca a finalização da primeira

etapa de desenvolvimento do projeto da cadeira de bordo. Durante essa etapa, na metodologia

do DT tem-se por objetivo o desenvolvimento de um protótipo que seja capaz de ilustrar as

soluções selecionadas para os problemas encontrados durante as etapas de empatia e definição

do problema.

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4.1.4.1 Empatia – Protótipo Funcional

Durante a fase de Empatia desse ciclo, revisitou-se as informações obtidas durante a

fase análoga do ciclo de protótipo de função crítica e todos os requisitos do usuário foram

organizados em um quadro resumo (Quadro 5), para que se tivesse clareza dos reais

problemas a serem solucionados.

Também foi feita uma visita ao modelo de cabine aérea localizado no Departamento de

Engenharia Mecânica da Universidade de São Paulo. Durante a visita, a equipe teve um

melhor entendimento da experiência de voo do usuário cadeirante e também se realizou as

medidas das dimensões da poltrona (Figura 15) e da cabine, como a largura de corredor. A

observação e estudo deste ambiente permitiu um melhor entendimento das barreiras a serem

transpostas por cadeirantes durante uma viagem aérea.

Figura 15: Modelo de poltrona

Fonte: Acervo Projeto CNPq

4.1.4.2 (Re) Definir – Protótipo Funcional

Durante esta etapa, os requisitos do usuário, reavaliados durante a fase de Empatia,

foram cruzados por perfis diferentes de pessoas, extrapolando-se as figuras das personas

criadas durante o ciclo anterior de DT. Dessa maneira, criou-se uma tabela com a

identificação dos requisitos mais recorrentes entre diferentes tipos de usuários (Quadro 5).

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Quadro 5: Requisitos - Protótipo Funcional

Requisitos

Adaptável

Apoio para transferência

Sustentação na transferência

Facilidade de transferência

Auxílio para os comissários

Apoio de costas

Apoio para os pés

Segurança lateral

Superar obstáculos

Estabilidade

Sustentação do tronco

Armazenamento

4.1.4.3 Ideação – Protótipo Funcional

Foram realizadas novas sessões de brainstorm, dessa vez focando-se nos requisitos

dos usuários definidos durante as etapas anteriores. Tanto as novas ideias geradas, quanto as

antigas foram aproveitadas e associadas à tabela de requisitos do usuário (Quadro 5) na busca

de um conjunto de soluções que atenda de maneira mais completa os usuários e que esteja

contida no escopo do projeto (Quadro 6).

Quadro 6: Soluções e requisitos

Requisitos Soluções

Adaptável Regulagem de largura e altura do encosto; ajuste para pernas

Apoio para transferência Aproveitar pontos de apoio da poltrona do avião ou base da

cadeira

Sustentação na

transferência

Apoio lateral; apoio frontal

Facilidade de

transferência

Automatização; tábua de transferência; assento deslizável

Auxílio para os

comissários

Puxador ergonômico; travamento de rodas

Apoio de costas Almofada ergonômica; gomos ajustáveis

Apoio para os pés Cintos; barra para segurar pernas; retrátil; ajustável

Segurança lateral Sem cantos vivos; apoio retrátil; tábuas laterais

Superar Obstáculos Roda grande; roda 360 graus

Estabilidade Roda traseira > roda dianteira; 3 rodas; mais pontos de base

Sustentação do tronco Apoio de cabeça; trava de montanha russa; encosto até a cabeça

Armazenamento Compactável; desmontável; modular; minimalista

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O foco nesta etapa foi a integração de todas as ideias geradas ao longo do projeto a fim

de se obter um sistema de solução para o problema apresentado. Foram então desenvolvidos

desenhos (rascunhos) inicias para a representação do agrupamento dessas ideias.

Durante a fase de ideação também foi criado, um guia de utilização para a cadeira de

bordo.

4.1.4.4 Prototipagem – Protótipo Funcional

Diferindo das etapas anteriores, que tiveram seu foco na fase de protótipo de conceito,

pela definição do escopo do projeto, o resultado desta etapa deveria ser um protótipo

equivalente ao da fase Funcional.

Sendo assim a prototipagem foi dividida em duas etapas: protótipo virtual e protótipo

físico com escala 1:1. Para o desenvolvimento do modelo virtual foram utilizados os

softwares Autodesk Inventor e Rhinoceros (Figura 16).

Figura 16: Modelo Virtual - Protótipo Funcional

Fonte: Acervo Projeto CNPq

Depois de finalizado o modelo virtual deu-se início à confecção do modelo físico com

escala 1:1. Para o modelo físico foi utilizado:

• MDF;

• Tubos de PVC;

• Puxador de mala com rodinhas;

• Rodas de borracha;

• Fixadores (preços, parafusos e colas).

O resultado final do protótipo construído é apresentado a seguir na Figura 17.

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Figura 17: Modelo Físico - Protótipo Funcional

Fonte: Acervo Projeto CNPq

4.1.5 Resultados finais

Durante esta etapa do projeto se iniciou de fato a participação do autor na geração de

conteúdo e no processo de desenvolvimento da cadeira, com a compilação e análise de todos

os resultados obtidos durante a primeira fase.

De maneira geral, os principais resultados da primeira fase de desenvolvimento da

cadeira foram:

• Usuários – Identificados na figura das personas;

• Requisitos – Levantados por meio de entrevistas e pesquisas de campo;

• Solução proposta – Transferência lateral através da movimentação

unidirecional do assento no eixo horizontal;

• Modelo virtual.

O quadro resumo 7 traz os principais resultados obtidos pela primeira fase de

desenvolvimento e que serão utilizados na segunda fase do projeto.

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Quadro 7: Resultados - Primeira fase

Objetivo Facilitar as transições entre cadeira de bordo e poltrona durante

a experiência de voo

Usuário alvo Deficientes físicos paraplégicos com frequência de voo

Funcionalidades Deslizamento de assento

Travamento de assento na cadeira e poltrona

Alinhamento da cadeira com a poltrona

Travamento das rodas

Apoio para os pés

Apoio para as costas ergonômico

Com o ciclo de prototipagem funcional concluído, o projeto segue para mais um ciclo

de desenvolvimento.

4.1.5.1 Análise crítica do modelo criado

Para que fosse obtido um entendimento total do modelo proposto, e assim utilizá-lo para

o prosseguimento do projeto, foi feito um estudo crítico do modelo gerado pelo grupo na fase

funcional.

A análise se deu sobre o modelo virtual criado, que se mostrava como o mais completo

agrupamento das soluções propostas.

A análise do modelo se deu em duas fases:

• Avaliação de cada uma das peças criadas;

• Avaliação da montagem.

Os resultados encontrados após a análise do modelo foram:

• Funcionalidades não retratadas: Apesar de anunciar os sistemas de

travamento e alinhamento como partes do conjunto de solução, estas

funcionalidades não foram de fato abordadas no modelo.

• Peças fora de padrão: Entende-se que algumas partes do protótipo/produto

não seriam de competência de fabricação da equipe, tal como as rodas e

rolamentos. Contudo, foi feita uma vasta pesquisa nos catálogos dos principais

fornecedores de rodas e rodízios do Brasil e percebeu-se que as dimensões

utilizadas no modelo estavam fora dos padrões oferecidos no mercado.

• Mal dimensionamento: Percebeu-se que as dimensões utilizadas não

traduziam exatamente as condições encontradas no modelo de cabine visitada.

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• Montagem falha: Percebeu-se erros na montagem do produto, havendo peças

flutuantes bem como mal dimensionamento de encaixes, fazendo com que o

apoio de pés tocasse o chão.

Desta maneira, para a continuação do projeto será seria necessária a criação de um novo

modelo virtual que contemple todas as funcionalidades propostas e que esteja dentro das

especificações da cabine.

4.2 Segunda fase do projeto CNPq- Novo ciclo de prototipagem

Uma vez compreendidos os resultados dos ciclos, dá-se início à próxima etapa no

processo de desenvolvimento do produto, o ciclo de prototipagem final.

O desenvolvimento do ciclo do protótipo final, como defendido pela d.school,

apresenta um foco na própria construção de um modelo refinado a partir dos resultados das

etapas anteriores. Entretanto, uma vez que nem todos os ciclos anteriores foram de fato

completados, este ciclo final de prototipagem ganha um caráter diferente, assumindo

características complementares ao ciclo anterior.

Isso acontece pela possibilidade de ocorrerem mudanças no conjunto de solução

proposta no termino do ciclo de protótipo funcional. Dessa forma, há um ciclo de refinamento

sobre as soluções propostas.

4.2.1 Aplicação de uma metodologia de prototipagem

Dada a caracterização do ciclo a ser desenvolvido, percebe-se a necessidade da

existência de uma ponte entre as etapas de Ideação e Prototipagem, de modo a otimizar o ciclo

de prototipagem e garantir que o protótipo criado atenda às expectativas de um do protótipo

final.

Neste cenário, enxerga-se a oportunidade da aplicação de um plano de prototipagem

estruturando um plano para a produção de um protótipo mais refinado e de maneira mais

assertiva. Para tanto, o trabalho aqui apresentado propõe uma adaptação à fase de

Prototipagem dentro do processo de desenvolvimento do DT.

Nesta proposta, que será estudada na prática pelo trabalho aqui apresentado, a fase de

prototipagem é organizada em duas etapas distintas:

• Criação de um plano/estratégia de prototipagem;

• Desenvolvimento do protótipo.

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Assim, em um primeiro momento, serão apresentadas as etapas inicias do ciclo de DT

e a etapa de prototipagem terá suas duas fases discorridas mais a fundo no decorrer do

trabalho.

4.2.2 Empatia

Durante o ciclo de prototipagem, sobre o qual a etapa de empatia está associada, a

base de conhecimento do usuário e definição dos problemas, Needfinding, já está fortemente

consolidada. Desta maneira, a fase de Empatia deste novo ciclo foi elaborada em duas

vertentes: análise de falhas no modelo do protótipo funcional; retomada dos resultados de

needfinding.

• Falhas no modelo criado no ciclo de protótipo funcional: durante a análise do

modelo criado durante o último ciclo da fase anterior percebeu-se uma

defasagem no modelo, que não aborda de maneira esclarecedora o

funcionamento do sistema de travas e de outras funcionalidades propostas.

• Retomada dos resultados de needfinding obtidos durante as interações sobre os

primeiros ciclos do projeto: Retomada dos relatórios de Empatia gerados pela

equipe de alunos para a obtenção de um maior entendimento das condições dos

usuários e da experiência de voo para um cadeirante.

Além disso, foi realizada uma nova visita ao modelo de cabine de um avião,

localizado no departamento de Engenharia Mecânica da EPUSP. Durante esta visita foram

registradas as especificações da cabine.

Como principais resultados desta etapa tem-se:

• Aproximação com a realidade dos usuários do produto sobre o qual o projeto

de desenvolvimento de baseia;

• Melhor entendimento da experiência de voo de uma pessoa que utiliza cadeira

de bordo para se locomover dentro da cabine do avião, bem como um

entendimento das condições espaciais dentro da cabine de um avião.

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4.2.3 (Re) Definir

Após revisar toda a documentação gerada no processo de empatia dos ciclos

anteriores, percebeu-se que a definição do ponto de vista e dos usuários do projeto foram

feitas de maneira sólida e condizente com o escopo do projeto. Desta forma, não houve

qualquer iteração sobre as definições prévias feitas na primeira fase do projeto.

Como ponto importante a ser notado, diferentemente do que aconteceu durante os

ciclos de prototipagem anteriores, durante a elaboração dessa fase do projeto se trará uma

atenção maior para as personas (Quadro 3 e Quadro 4), de modo que as soluções propostas

visem principalmente atendê-las.

4.2.4 Ideação

Uma vez que após o estudo dos resultados obtidos na primeira fase do projeto foi

observado uma falha na definição e indicação de uma solução concreta para o travamento da

base do assento na estrutura tanto da cadeira de bordo quanto na poltrona do avião, decidiu-se

por focar o processo de ideação na solução deste problema em específico.

Como, durante esta etapa, a equipe de execução do projeto se limitou a apenas o autor

deste trabalho, a utilização de técnicas de brainstorming ficam prejudicadas. Contudo, para

tentar tornar o processo de geração e seleção de ideias menos enviesado utilizou-se a seguinte

estrutura:

• Benchmark online: Pesquisa por modelos de trava já desenvolvidos e aplicados

no mercado via internet;

• Ideias de solução: Levantamento de potenciais soluções para o problema de

travamento do assento, seja esse modelo já aplicado ou original;

• Escolha da melhor proposta.

4.2.4.1 Benchmark

Foi feita uma busca por mecanismos de travas, por meio da internet bem como

consultas a especialistas na área de engenharia mecânica, para a obtenção de um melhor

entendimento das alternativas de solução. Considerando as dimensões e questões de

complexidade, procurou-se por modelos que poderiam ser adaptados de maneira eficaz para o

conjunto da cadeira. Os modelos de trava encontrados estão expostos no Quadro 8.

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Quadro 8: Benchmark - Travas

4.2.4.2 Ideias de solução

Para a composição das ideias de solução, após a inspiração das soluções já existentes,

foi feita uma sessão individual de brainstorming e sketching. Foram obtidos três conceitos

para a solução do problema de travamento do assento:

• Modelo 1: Trava estilo guarda-chuva com mola de torção

A ideia concebida parte do conceito da trava de guarda-chuva que ativada por

uma mola mas desativa-se sob pressão unidirecional. Contudo, neste conceito

estaria presente um par de travas ligados a um eixo e este preso a uma mola de

torção. Assim quando girado o eixo, as molas seriam retraídas e quando solto o

eixo a mola o levaria ao posicionamento inicial com as travas ativadas (Figura

18).

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Figura 18: Sketch – Trava mola de torção

Fonte: Acervo pessoal

• Modelo 2: Trava estilo guarda-chuva estilo sobe e desce

Esta ideia também parte do conceito da trava de guarda-chuva, porem com as

travas associadas a um conjunto de barras e molas que desativam as travas

quando pressionado (Figura 19).

Figura 19: Sketch - Trava sobe e desce

Fonte: Acervo pessoal

• Modelo 3: Trava giratória

Este terceiro modelo é baseado nas barras de contador. Possuem um processo

manual tanto de ativação quanto desativação da trava. A ideia e acioná-los ao

longo da estrutura para mais estabilidade (Figura 20).

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70

Fonte: Acervo pessoal

4.2.4.3 Proposta selecionada

O processo de seleção de ideias dentro da metodologia do design thinking é bastante

holístico e baseasse nas discussões internas e no senso comum do grupo. Como no caso

apresentado o grupo de desenvolvimento é composto por apenas um integrante, para evitar

um total pré-direcionamento do resulto, e ainda não se distanciar da proposta do DT com a

aplicação de uma metodologia completamente detalhada e estruturada. Optou-se por criar

uma tabela comparativa pautada em indicadores de desempenho.

Para o desenvolvimento desta tabela baseou-se no processo de aplicação de uma

matriz de seleção. A releitura simplificada da matriz de decisão, apoiou-se em critérios chaves

e no enquadramento de cada uma das ideias de solução dentro destes critérios. Os critérios

são:

• Facilidade de ativação da trava: Avalia quão fácil seria o processo de ativação

da trava uma vez que o assento deslizasse sobre a cadeira.

• Facilidade de desativação da trava: Avalia quão fácil seria o processo de

desativação da trava para que o assento deslizasse para fora da cadeira.

• Estabilidade: Avalia o quão estável a ativação da trava tornaria o assento sobre

a cadeira.

• Complexidade de implementação: Avalia o quão complexa seria a

implementação da trava dentro do projeto da cadeira.

Figura 20: Sketch Trava giratória

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Dentro de cada um destes critérios foi estabelecido o melhor e o pior colocado, onde o

índice um indica o melhor colocado e o três o pior colocado. O resultado é exibido na Tabela

2.

Tabela 2: Critérios de seleção

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3

Facilidade de ativação 2 1 3

Facilidade de desativação 2 1 3

Estabilidade 2 2 1

Complexidade 3 2 1

Desta forma, a ideia campeã e que será inserida no conjunto de solução para a cadeira

de bordo foi o modelo 2, a Trava Guarda-chuva sobe e desce.

4.3 Proposta de um plano de prototipagem

Para que seja elaborada uma proposta consistente se faz necessário o entendimento da

etapa de prototipagem dentro da metodologia do DT e também das práticas de definição de

estratégia dentro do PDP tradicional. A partir destas duas bases será feito um cruzamento para

a elaboração de um plano único e que possa traduzir de maneira satisfatória as necessidades

do projeto.

4.3.1 Peculiaridades da prototipagem em Design Thinking

Diferentemente daquilo que se observa no PDP tradicional, na metodologia proposta

pelo DT a prototipagem ganha um papel de destaque e se torna fundamental no processo de

criação e desenvolvimento do produto. Enquanto no PDP tradicional, autores como

Wheelright e Clark (1992) e Christie (2012) declaram que a importância da prototipagem é

subestimada, dentro da metodologia de DT ela assume um papel crucial e é tanto uma

ferramenta para materialização e comunicação de ideias de solução como uma própria

ferramenta para a criação de novas ideias.

A importância da prototipagem é tanta que uma das etapas mais cruciais do ciclo de

desenvolvimento de DT é destinada apenas para essa atividade. Não obstante, os próprios

ciclo da metodologia proposta pela d.school são baseados nos diferentes resultados esperados

na fase de prototipagem. Desta forma é estimulada a produção de diversos protótipos físicos e

virtuais, em diferentes fases e com diferentes funcionalidades.

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72

No DT é dada uma grande ênfase para a utilização de protótipos de rápida confecção,

a fim de se manter o passo acelerado e contínuo do processo de desenvolvimento. De modo

geral, o processo de prototipagem é de suma importância dentro dos ciclos de DT para:

• Geração de ideias;

• Comunicar;

• Interagir;

• Aprender com as falhas de modo barato e rápido;

• Testar possibilidades de solução;

• Gerenciar o processo de confecção de soluções.

Durante o decorrer do processo de DT os protótipos passam a ganhar complexidade e

proximidade com o produto final, passando por seis fases de interações com a equipe

construtora e os usuários potenciais:

• Protótipo de Função Crítica: Os primeiros protótipos gerados têm por objetivo

materializar as soluções propostas para os problemas de maneira focada. Os

protótipos gerados são simples e feitos de maneira rápida e pouco custosa.

• Protótipo Azarão: Durante o segundo ciclo de prototipagem se sugere a

abrangência do escopo com a geração de ideias mais generalistas e não

necessariamente factíveis no curto prazo.

• Protótipo Integrado: No terceiro ciclo de prototipagem o projeto passa a

caminhar para uma solução unificada e este protótipo tem por objetivo reunir

as soluções propostas e discutidas nos ciclos anteriores.

• Protótipo Funcional: Durante este ciclo o foco recai sobre a construção de um

protótipo capaz de emular todas as funcionalidades propostas no projeto atual.

A ideia é comunicar de maneira efetiva as características funcionais do

produto, ainda que se distancie do produto final em relação a formas e

aparência.

• Protótipo “x-está Finalizado”: Tendo todas as funcionalidades definidas, o

penúltimo ciclo de prototipagem trata do aprimoramento da aplicação dessas

funcionalidades da maneira mais próxima daquilo que será observado no

proposta final do produto.

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• Protótipo Final: Como resultado do último ciclo de prototipagem é entregue

um protótipo muito mais refinado e preciso do que os apresentados nos ciclos

anteriores, havendo-se um a preocupação com formas e aparência, além das

funcionalidades.

Contudo, do mesmo modo que no PDP tradicional não é necessariamente estipulada a

adoção de uma estratégia de prototipagem como uma parte integrante e crucial do projeto, na

metodologia do DT também não é defendida a adoção de metodologias de prototipagem. Na

realidade, a adoção de qualquer planejamento é desencorajada, principalmente nas etapas

iniciais do processo, por considerar-se que o fato de se pensar demais sobre o processo possa

trazer uma limitação criativa.

De maneira geral, pode-se considerar quatro linhas guias para o processo de

prototipagem em DT:

• Comece construindo: Mesmo que não se esteja seguro do que se está fazendo,

o ato de confeccionar e estar em contato com diferentes materiais e

ferramentas são essenciais para se estimular o processo criativo;

• Não tome muito tempo em um mesmo protótipo: Ao trabalhar muito tempo em

um mesmo protótipo por muito tempo é provável o desenvolvimento de uma

relação emocional com esse, o que pode prejudicar o processo criativo e o

senso crítico da equipe;

• Crie um objetivo para o protótipo: Cada protótipo dever responder a uma

pergunta em particular quando testado. Dessa forma é crucial a identificação

do que será avaliado em cada protótipo para que se possa obter um

entendimento do projeto.

• Construa o protótipo com o usuário em mente: Uma vez que a própria razão de

existir do protótipo e do próprio desenvolvimento recai sobre a satisfação de

necessidades específicas dos usuários, é fundamental que ele seja considerado

durante o processo de criação do protótipo.

4.3.2 Planejamento e estratégias no processo de prototipagem do PDP

O estabelecimento de um modelo formal para a execução de um protótipo não é uma

etapa consagrada dentro do PDP tradicional e nem uma unanimidade entre os autores.

Contudo, Christie et al (2012), Dunlap et al (2014) e Wheelwright e Clark (1992) concordam

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que este planejamento, principalmente dentro de um contexto de engenharia é fundamental

para a obtenção de um protótipo efetivo.

Para Eppinger e Ulrich (2012) a etapa inicial do processo de prototipagem deve partir

de um planejamento prévio. Dessa forma é criado uma mentalidade voltada à obtenção do

protótipo e se cria um ambiente propício à prototipagem. Os quatro aspectos base no

planejamento de um processo de prototipagem são:

• Definição do propósito para a construção do protótipo;

• Estabelecimento do nível de aproximação que o protótipo terá do produto real;

• Detalhar plano de testes, com a indicação do objetivo de cada teste e critérios

de avaliação/mensuração;

• Criação de um cronograma para compras, construção e testes do protótipo.

Dunlap et al (2014) e Wheelwright e Clark (1992) vão ainda mais a fundo em suas

metodologias para o desenvolvimento de protótipos e propõe modelos estratégicos para a

prototipagem. Enquanto o primeiro autor traz uma abordagem mais contemporânea e

genérica, propondo um “framework” de construção da metodologia baseado em seis pilares e

que tem um resultado único para cada projeto. Wheelwright e Clark (1992) apresentam uma

visão mais pautada em processos industriais e definem três modelos estratégicos específicos

para a prototipagem em engenharia.

De uma forma ou outra, segundo os autores, a aplicação de uma estratégia bem

definida durante o processo de prototipagem é essencial para a identificação da função do

protótipo e evitar retrabalho sobre o mesmo. Mas para a aplicação em um processo de

desenvolvimento com metodologia de DT a estruturação defendida por Wheelwright e Clarck

(1992), por ser muito fechada e com foco industrial, não se mostra completamente aplicável

no cenário de estudo.

4.3.3 O porquê de aplicar um modelo de planejamento de prototipagem em DT

Uma vez que a metodologia de DT traz uma ideia intrínseca de liberdade criativa e

agilidade no fazer, a implementação de um plano estruturado durante a etapa de prototipagem

pode aparecer como um entrave ao próprio desenvolvimento do projeto e sua fluidez.

Contudo, as concepções mais disseminadas sobre o processo de design thinking

recaem sobre os ciclos iniciais de prototipagem, onde se deve ter uma agilidade muito maior

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no processo de criação e seleção de ideias. O projeto aqui apresentado trata do

desenvolvimento do protótipo no ciclo final da metodologia de DT.

Dessa forma, o protótipo aqui apresentado deve ser desenvolvido de maneira muito

mais assertiva, tanto para atingir as expectativas de funcionalidade e semelhança com o

produto final, quanto para ser factível dentro do escopo do trabalho e suas limitações de

tempo, orçamento e equipe. Sendo assim, a aplicação de uma metodologia de prototipagem

aparenta ser um passo importante para a otimização do ciclo de prototipagem final do projeto.

Assim, o sucesso ou não da aplicação de uma metodologia estruturada dentro de um

processo de Design Thinking deve ser entendido e discutido ao decorrer do processo de

prototipagem de fato.

4.3.4 Modelo de planejamento de prototipagem em DT

Sendo entendida a validade da aplicação de uma estratégia estruturada dentro do

processo de Design Thinking partiu-se para o desenvolvimento de um plano de ação para a

confecção do protótipo aqui estudado.

Para tanto levou-se em consideração a metodologia de DT proposta pela d.school

(2010), as propostas de Eppinger e Ulrich (2012), Christie et al. (2012) e Dunlap et al (2009)

além do escopo do próprio projeto e suas limitações.

Após realizar o cruzamento dessas informações traçou-se o plano para o processo de

prototipagem baseado nos verticais entendidas como cruciais para o desenvolvimento do

projeto:

• Objetivo do protótipo;

• Número e tipos de protótipos a serem criados;

• Número de iterações sobre o protótipo;

• Funcionalidades e Subsistemas;

• Escala e requisitos do projeto;

• Escolha de materiais;

• Escolha de técnicas de manufatura e montagem.

Cada um destes aspectos foi então subdividido em pontos subjacentes. O resultado

dessa quebra pode ser visto no Quadro 9.

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Quadro 9: Questionamentos estratégicos

Aspectos Principais Questionamentos

Objetivo do protótipo Qual o resultado esperado para o ciclo de DT?

O que se quer comunicar?

O que se deve testar?

Número e tipos de protótipos a

serem criados

São necessários protótipos físicos?

São necessários protótipos virtuais?

Os protótipos serão realizados simultaneamente?

Número de iterações sobre o

protótipo

Os sistemas e subsistemas de solução estão bem definidos?

Existe limitação de orçamento?

Existe limitação de tempo?

Funcionalidades e Subsistemas Todos os subsistemas serão testados:

A construção de um subsistema depende da construção do todo?

Escala e requisitos do projeto Quão próxima deve ser a aparência do protótipo à do produto final?

O protótipo será testado em condições idênticas ao do produto

final?

Escolha de técnicas de

manufatura e montagem

Quais os processos de manufatura à disposição?

Qual o nível de conhecimento técnico da equipe envolvida?

Escolha de materiais A resistência do protótipo deverá ser a mesma do produto final?

Quais componentes serão fabricados e quais terceirizados?

Quais materiais podem ser tratados pelos processos de manufatura

disponíveis?

Dessa forma, a estratégia de desenvolvimento da prototipagem deve ser baseada nas

respostas de cada uma destas pergunta, de maneira que se crie uma consciência das reais

condições que o projeto acontecerá. A resposta de cada um destes questionamentos será então

desdobrada em requisitos do processo de prototipagem, que é então traduzido em etapas reais

a serem desenvolvidas a fim de se obter o protótipo.

Seguindo ainda o modelo proposto por Epplinger e Ulrich (2012), cada uma destas

atividades será colocada sobre um cronograma, a fim de se obter um entendimento do

temporal do ciclo de prototipagem.

Sendo assim o fluxo para a criação do plano de prototipagem é representado na Figura

21.

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Figura 21: Desenvolvimento do plano de prototipagem

Fonte: Acervo pessoal

4.3.5 Plano de prototipagem

Dando continuidade ao processo de criação de um plano de prototipagem os

questionamentos estratégicos foram respondidos:

Objetivo do protótipo

• Qual o resultado esperado para o ciclo de Design Thinking? – Uma vez que o

protótipo a ser criado está inserido no ciclo Final do DT é esperado que ele

apresente tanto as funcionalidades para solução dos problemas identificados

quanto uma aproximação de forma e aparência ao projeto do produto final.

• O que se quer comunicar? – O objetivo de comunicação principal são as novas

funcionalidades que o produto desenvolvido traz em relação às cadeiras de

bordo já existentes no mercado e a aparência final do produto.

• O que se deve testar? – Devem ser testadas as funcionalidades principais da

cadeira: Rolagem lateral para troca de assentos e travamento do assento.

Número e tipos de protótipos a serem criados

• São necessários protótipos físicos? Uma vez que a entrega de um protótipo

físico final do produto desenvolvido está dentro do escopo do projeto, é

necessária a construção de protótipos físicos. Considerando os objetivos de

comunicação visual do protótipo também se almeja criar um protótipo de

aproximação visual.

• São necessários protótipos virtuais? – Dado o fato que o modelo criado nos

ciclos anteriores pela equipe de alunos de iniciação científica apresenta

algumas inconsistências, se faz necessária a confecção de um novo modelo

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virtual, que funcionará também como base para o desenvolvimento do modelo

físico;

• Os protótipos serão realizados simultaneamente? – Como o protótipo virtual

servirá como base para a construção do protótipo físico ele deverá ser

finalizado antes do início do processo de confecção dos protótipos físicos. Já

os protótipos físicos podem ser executados simultaneamente.

Número de iterações sobre o protótipo

• Os sistemas e subsistemas de solução estão bem definidos? – Uma vez que o

projeto já se apresenta no último dos ciclos de desenvolvimento em DT, tantos

os problemas quanto as soluções apresentadas já estão consolidadas e não

necessitam iterações.

• Existe limitação de orçamento? – O orçamento é limitado.

• Existe limitação de tempo? – Os protótipos devem ser finalizados até a última

semana de outubro.

Funcionalidades e Subsistemas

• Todos os subsistemas serão testados? – Serão testados principalmente os

mecanismos de rolagem e trava do assento.

• A construção de um subsistema depende da construção do todo? – De maneira

geral as soluções, apesar de complementares, não são dependentes, podendo

ser confeccionadas em ciclos diferentes.

Escala e requisitos do projeto

• Quão próxima deve ser a aparência do protótipo à do produto final? – O

protótipo deve apresentar uma grande aproximação de aparência e forma.

• O protótipo será testado em condições idênticas às do produto final? – Não, o

teste do protótipo será mais restrito ao funcionamento do sistema de rolagem e

travas.

Escolha de técnicas de manufatura e montagem

• Qual o nível de conhecimento técnico da equipe envolvida? – A equipe é

composta apenas pelo autor do trabalho, que não possui vasta experiência e

conhecimento em práticas de manufatura.

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• Quais os processos de manufatura à disposição? – O processo de prototipagem

será realizado nas dependências da Oficina InovaLab@POLI, nas

dependências do prédio de Engenharia de Produção da EPUSP. Assim, os

processos à disposição da equipe são aqueles cujo ferramental é encontrado na

oficina, como Fresa de topo, cortadora a laser, impressora 3d, “lixadeira”,

serras, furadeira de topo e máquinas de controle numérico.

Escolha de materiais

• A resistência do protótipo deverá ser a mesma do produto final? - Não, assim o

protótipo pode ser confeccionado com materiais que não os originais

projetados para o produto final.

• Quais componentes serão fabricados e quais serão terceirizados? – A estrutura

como um todo será fabricada dentro da própria Oficina InovaLab@POLI.

Contudo, algumas peças que não tem possibilidade de confecção em tal

ambiente ou pela falta de técnicas de manufatura, custo de desenvolvimento ou

conhecimento, serão compradas.

• Quais materiais podem ser tratados pelos processos de manufatura disponíveis?

Tratando de maneira mais genérica, materiais usináveis podem ser trabalhados

pelas ferramentas da Oficina. Contudo, a cortadora a laser só processa madeira,

acrílico e papel; as máquinas de controle numérico só conseguem usinar

materiais próprios para usinagem, como metais como alumínio e polímeros

como nylon e poliacetal.

Após serem devidamente respondidos, os questionamentos estratégicos deram origem

aos requisitos do processo de prototipagem, como observado no Quadro 10.

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Quadro 10: Requisitos do plano de prototipagem

Aspectos Principais Requisitos

Objetivo do protótipo Apresentar soluções de deslizamento e trava de assentos além de

aproximação de aparência

Modelo próximo ao produto final

Número e tipos de protótipos a

serem criados

Criação de um protótipo físico de forma e outro de função e um

protótipo virtual

Número de iterações sobre o

protótipo

Os modelos não sofrerão iterações

Funcionalidades e Subsistemas O protótipo será construído em partes para assegurar o

funcionamento dos subsistemas e então montado em uma estrutura

única

Escala e requisitos do projeto O projeto será construído em escala 1:1

O protótipo não seguira a mesma rigorosidade de construção que o

produto final

Escolha de técnicas de

manufatura e montagem

Serão utilizados os processos de manufatura cujo desenvolvimento

pode ser realizado dentro das instalações da Oficina do

InovaLab@POLI Exemplos de prática são: corte a lazer, usinagem por fresa ou cnc,

serragem, lixamento e pintura

Escolha de materiais A base do projeto será feita em madeira mdf, pelo menor custo e

possibilidade de ser processada na cortadora a laser

Serão terceirizados as rodas e rodízios, rolamentos, sistema de

travas e materiais de fixação

Para a fixação serão utilizados pregos, parafusos e cola. Para o

acabamento: tintas, seladora e lixas. Para peças usinadas: poliacetal.

E ainda serão utilizados materiais para o estofado da cadeira

Com a definição dos requisitos do projeto, foi feita a quebra do processo prático de

prototipagem em grupos de atividades:

• Confecção do modelo virtual - uma vez que o modelo virtual aprimorado

servirá como base para a execução do protótipo físico, o início do processo de

prototipação deverá ser iniciado pela sua confecção. Esta etapa será

subdividida nas seguintes tarefas:

o Criação do modelo: Esta é a etapa de confecção do modelo em si. O

modelo será criado com o auxílio de um software de CAD próprio para

modelagem em 3d.

o Renderização: Dentro do universo da modelagem 3d a renderização é a

atividade responsável por gerar imagens tratadas sobre os modelos gerados

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via CAD. Durante esta etapa, com a ajuda de um software de renderização

o modelo criado será tratado para obtenção de um visual mais refinado.

• Seleção de materiais – uma vez que o modelo virtual esteja concluído, antes do

início da confecção do protótipo em si é necessário fazer um estudo do que

deverá ser modelado de fato. Para tanto, são necessárias as seguintes etapas:

o Listagem de peças: A criação de um BOM preliminar será de suma

importância no entendimento daquilo que realmente será construído para a

composição do protótipo.

o Análise comprar X fazer: Com a lista de peças em mão é necessária fazer

uma análise de viabilidade para a construção destas. Assim se selecionará

aquelas que serão construídas pela própria equipe e as outras que serão

adquiridas de terceiros.

o Escolha e listagem dos materiais necessários: Tendo-se definidas todas as

peças a serem feitas ou compradas, a próxima etapa é a listagem do

material necessário para a confecção do protótipo.

o Listagem de potenciais fornecedores: Outra etapa importante para a

organização do projeto é o entendimento dos potenciais fornecedores. Esta

tarefa deverá ocorrer de maneira simultânea à listagem de peças e

materiais.

o Orçamentos: Com a lista de materiais necessários e de potenciais

fornecedores inicia-se o levantamento de orçamentos para entender se as

escolhas estão dentro do budget definido para o projeto.

o Compra: Escolhidos os melhores orçamentos é então realizada a compra

dos materiais.

• Confecção do modelo físico – uma vez que tanto o projeto quanto a matéria

necessária para sua confecção estão disponíveis, é dado o início do processo de

construção do modelo físico. Dentro daquilo que será o projeto definiu-se o

enfoque na construção das funcionalidades de rolagem e travamento. Como os

sistemas não são dependentes, resolveu-se por dividir a protótipo em três

partes principais a estrutura da cadeira de maneira genérica, o assento de

rolagem e a base para travamento. Uma vez entendido os objetivos do

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protótipo e as condições no qual ele será desenvolvido, definiu-se a seguinte

estratégia para realização do projeto:

o Criação do modelo de forma: Este protótipo será criado a fim de obter um

modelo visual do projeto em escala reduzida. Para tanto, se usará de

processos de prototipagem rápida.

o Preparação de arquivos para corte na cortadora a laser: Identificou-se que

dentro dos ferramentais à disposição na oficina InovaLab@POLI, o corte a

laser, técnica de prototipagem rápida, possuía um grande potencial em sua

utilização. Contudo, para que fosse seja de fato utilizado é necessário que

as peças a serem cortadas estejam devidamente projetadas em um formato

aceito pela máquina. Assim é preciso realizar o preparo dos arquivos para o

corte das peças na cortadora.

o Confecção das peças da estrutura: Desenvolvimento da estrutura genérica

da cadeira de bordo.

o Confecção do assento de rolagem: Desenvolvimento da estrutura para

rolagem do assento da cadeira de bordo.

o Confecção da base para travamento: Desenvolvimento do mecanismo de

travas da cadeira de bordo.

o Acabamento: As atividades de acabamento são responsáveis pela

finalização de cada uma das peças, e acontece ao longo do processo de

desenvolvimento de cada uma das etapas da construção do modelo físico.

o Montagem: A fase de montagem é a parte final na confecção do modelo

físico, onde todas as peças são unidas e fixadas.

• Testes: Uma vez pronto o modelo físico, serão realizados testes para validar as

funcionalidades de deslizamento e trava da cadeira.

Tendo definidas as etapas presente no processo, elas foram associadas a um

cronograma a fim de se obter o plano de prototipagem, como observado no Quadro 11.

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Quadro 11: Gronograma de execução

Etapa Atividade Cronograma

Criação do modelo

virtual

Criação do modelo 01/07 a 09/07

Renderização 09/07 a 10/07

Seleção de

materiais

Listagem de peças 11/07 a 16/07

Análise comprar x fazer 11/07 a 16/07

Escolha e Listagem do material necessário 11/07 a 16/07

Listagem de potenciais fornecedores 11/07 a 16/07

Orçamentos 17/07 a 23/07

Compra de material 25/07 a 28/07

Confecção do

modelo físico

Preparação do modelo de forma 28/07 a 12/09

Preparação de arquivos para corte na cortadora a laser 08/08 a 26/08

Confecção das peças da estrutura 29/08 a 02/09

Confecção do assento de rolagem 05/09 a 06/09

Confecção da base para travamento 06/09 a 08/09

Acabamento 09/09 a 09/09

Montagem 12/09 a 23/09

Testes Testes 26/09 a 07/10

4.4 Aplicação da estratégia de prototipagem – Construção do protótipo

Durante esta etapa do desenvolvimento será aplicada o plano de prototipagem

desenvolvido a fim de verificar se sua aplicação é capaz de otimizar o processo de

prototipagem.

Sendo assim o processo de prototipagem deve ser iniciado pela criação do modelo

virtual, seguindo para seleção e compra dos materiais e a então confecção dos modelos

físicos.

4.4.1 Criação do modelo virtual

Durante o ciclo do protótipo final, a proposta é que se tenha um aperfeiçoamento dos

modelos criados nas etapas anteriores. Dessa forma, o modelo virtual a ser desenvolvido parte

do modelo apresentado na fase anterior.

Como visto anteriormente, o modelo criado no ciclo anterior apresenta inconsistências

quanto à montagem de peças, tamanhos e funcionalidades. Dessa forma o modelo a ser

desenvolvido, apesar de utilizar o antigo como base, deve passar por todos os requisitos e

funções selecionadas a fim de obter um modelo condizente com o produto final.

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4.4.1.1 Softwares utilizados

A primeira etapa no processo de desenvolvimento é o processo de escolha dos

softwares a serem utilizados na confecção do modelo. Partindo deste ponto escolheu-se o

software Solid Works para o desenvolvimento do modelo. Esta escolha foi embasada nas

experiências prévias do autor com o software.

Já para as funções de renderização foi escolhido o uso do software Key Shot, uma vez

que ele permite uma seleção mais acurada de materiais e gera imagens com melhor definição

e contraste, além de possuir uma interface mais intuitiva. Sua escolha também foi baseada na

experiência prévia do autor.

4.4.1.2 Modelo Virtual

Como já dito anteriormente, o processo de confecção do modelo virtual iniciou-se por

uma análise detalhada de cada uma das peças e posteriormente da montagem criadas durante

o ciclo de protótipo funcional. Para o desenvolvimento do novo modelo procurou manter-se

as mesmas linhas visuais propostas no modelo anterior, fazendo-se apenas uma revisão

completa das dimensões e funcionalidades aplicadas.

Durante o desenvolvimento optou-se pela criação de peças e subsistemas que

atendessem a todas as especificações definidas. Assim o resultado é mostrado a seguir nas

figuras 28 e 29, com a exemplificação visual dos principais aspectos do modelo criado.

Estrutura e Rodas

A estrutura da cadeira é baseada em quatro rodas, sendo as duas rodas traseiras de

diâmetro maior que as duas dianteiras. As rodas dianteiras são rodízios, permitindo que a

cadeira gire e mude de direção. O sistema de frenagem está colocado junto às rodas traseiras,

permitindo um acesso mais fácil para o comissário (Figura 22).

Figura 22: Detalhe – Rodas

Fonte: Acervo pessoal

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Apoio de pés

A cadeira apresenta apoio para os pés e duas alças para a colocação de uma cinta, caso

seja necessária, para a locomoção do usuário da cadeira (Figura 23).

Figura 23: Detalhe - Apoio de pé

Fonte: Acervo pessoal

Sistema de rolagem

O sistema de rolamento é feito dentro de uma base que contém fileiras de rolamentos,

totalizando 8 peças de rolagem. Esta base é acoplada a um assento especial com almofada

contra escaras. Este assento móvel tem a capacidade de deslizar tanto sobre a poltrona quanto

a base da cadeira (Figura 24 e Figura 25).

Figura 24: Detalhe – Assento

Fonte: Acervo pessoal

Figura 25: Detalhe – Rolamentos

Fonte: Acervo pessoal

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Base com travas

Uma vez selecionadas o método de trava baseada em um guarda-chuva, se

desenvolveu uma base onde as travas são acionadas automaticamente com o deslizamento no

sentido de entrada da cadeira na base. Para desativar as travas e liberar o assento deve-se

apertar um botão na parte traseira da base de engate. Na base de engate também está presente

uma guia de alinhamento com a poltrona, antes de se desativar as travas deve-se alinhar a guia

com a poltrona (Figura 26 e Figura 27).

Figura 26: Detalhe – Travas

Fonte: Acervo pessoal

Figura 27: Detalhe – Traseira

Fonte: Acervo pessoal

O modelo ainda apresenta um apoio ergonômico para as costas do usuário e um apoio

lateral e frontal (rebatível) para melhor acomodar o cadeirante durante o uso da cadeira.

O Projeto final da cadeira pode ser visto na Figura 28 e na Figura 29:

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Figura 28: Detalhe - Vista traseira da cadeira

Figura 29: Detalhe - Vista frontal da cadeira

Fonte: Acervo pessoal

4.4.2 Seleção de materiais

Uma vez criado o modelo virtual, deu-se início a segunda etapa do plano de

prototipagem, a seleção de materiais. Esse processo se inicia com o entendimento daquilo que

se deve construir. Inicia-se portanto da decomposição do projeto em suas peças, a seleção do

que será fabricado e o que será terceirizado e então decisão de compra.

4.4.2.1 Bill of Materials (BOM)

O início do processo de seleção de materiais se dá com a construção da lista de

materiais necessários para a confecção do protótipo. Para esta etapa não se considerou o que

seria a BOM para o protótipo completo, e sim o que seria fabricado ou comprado. Os

elementos de fixação, por exemplo, foram desconsiderados uma vez que serão utilizados

elementos da própria oficina para a confecção dos modelos.

O resultado desta análise pode ser conferido na Tabela 3, a seguir.

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Tabela 3: BOM

Subsistema Peça Quantidade

Estrutura Base Lateral (Pernas) 2

Estrutura Roda traseira 2

Estrutura Rodízio dianteiro 2

Estrutura Eixo para roda traseira 2

Estrutura Descanso de pés 2

Estrutura Base de descanso (traseira) 1

Estrutura Barra de ligação 3

Estrutura Estofado de encosto 1

Estrutura Apoio de braço 1

Assento de rolagem Rolamentos 20 mm 8

Assento de rolagem Estrutura rolamento 8

Assento de rolagem Pino rolamento 8

Assento de rolagem "Caixa" de rolamentos 1

Assento de rolagem Tampa de rolamentos 1

Assento de rolagem Estofado de assento 1

Base de rolagem Base de rolamento 1

Base de rolagem Tampa da base 1

Base de rolagem Trava 2

Base de rolagem Haste de ligação 1

Base de rolagem Haste de acionamento 1

Base de rolagem Mola de acionamento 4

Base de rolagem Guia de alinhamento 1

Como se pode perceber, a listagem de peças excluiu o modelo de forma. Isso acontece

porque ele será feito através de técnicas de manufatura aditiva, por impressão 3d.

4.4.2.2 Escolha e listagem do material

A seleção dos materiais a serem utilizados baseou-se em 3 fatores:

• Custo: Uma vez que o orçamento do projeto é bastante limitado, as escolhas de

materiais devem levar em consideração este fato.

• Resistência: Os materiais devem suportar os testes que serão realizados e a

estrutura deve ter a resistência mínima projetada.

• Facilidade de usinagem: Deve-se considerar também as características de cada

um dos materiais frente aos processos de manufatura que eles serão expostos.

Após a análise dos fatores para cada uma das partes listadas do protótipo foi definida a

seguinte lista de materiais, Quadro 12: Lista de materiais:

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Quadro 12: Lista de materiais

Peça Material

Base Lateral (Pernas) mdf

Roda traseira borracha

Rodízio dianteiro nylon/borracha

Eixo para roda traseira poliacetal

Descanso de pés mdf

Base de descanso

(traseira) mdf

Barra de ligação mdf

Estofado de encosto espuma e tecido

Apoio de braço mdf

Rolamentos 20 mm aço

Estrutura rolamento aço

Pino rolamento aço

"Caixa" de rolamentos mdf

Tampa de rolamentos mdf

Estofado de assento espuma e tecido

Base de rolamento mdf

Tampa da base mdf

Trava aço

Haste de ligação aço

Haste de acionamento aço

Mola de acionamento aço

Guia de alinhamento mdf

4.4.2.3 Análise comprar x fazer

Durante a confecção do protótipo é importante saber o que realmente se tem

capacidade de fazer e o que deve ser adquirido ou confeccionado por terceiros. Para tanto se

realizou uma análise dentro do conjunto de peças propostas na seção anterior. Neste estudo

foram levados em consideração três principais fatores:

• Existência no mercado para compra: A peça já está pronta e disponível no

mercado para sua compra.

• Processos necessários para confecção: Avaliação dos processos envolvidos na

confecção da peça, caso se opte por fazê-la em oficina.

• Domínio técnico: Consideração do entendimento e domínio das técnicas

necessárias para a confecção do produto pela equipe.

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Associando-se estes fatores a cada uma das partes do protótipo foi então realizada a

opção de compra ou execução, a tabela de análise completa pode ser encontrada no Apêndice

A, e de maneira geral o resultado final das escolhas é encontrado na Quadro 13.

Quadro 13: Comprar x Fazer

Peça Comprar x Fazer

Base Lateral (Pernas) Fazer

Roda traseira Comprar

Rodízio dianteiro Comprar

Eixo para roda traseira Fazer (ajuda monitores)

Descanso de pés Fazer

Base de descanso (traseira) Fazer

Barra de ligação Fazer

Estofado de encosto Fazer

Apoio de braço Fazer

Rolamentos 20 mm Comprar

Estrutura rolamento Comprar

Pino rolamento Comprar

"Caixa" de rolamentos Fazer

Tampa de rolamentos Fazer

Estofado de assento Fazer

Base de rolamento Fazer

Tampa da base Fazer

Trava Comprar

Haste de ligação Comprar

Haste de acionamento Comprar

Mola de acionamento Comprar

Guia de alinhamento Fazer

Percebe-se que foi feita a opção por confeccionar a grande maioria das peças de

geometria e caráter próprios do projeto. Sendo divididas em dois grupos as partes a serem

compradas:

Peças já existentes no mercado e com complexidade de confecção: rodas,

rodízios, molas e rolamentos;

Peças de aço e complexidade de conformação: sistema de apoio dos rolamentos e

sistema de trava.

4.4.2.4 Listagem de fornecedores e orçamentos

Uma vez estabelecido o entendimento do que será executado e do que será

terceirizado, iniciou-se um processo de prospecção de potenciais fornecedores. Esse processo

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91

foi realizado através de consultas à internet e a pessoas com experiência na confecção de

modelos físicos e móveis.

Foram identificados quatro polos para a aquisição de materiais, como representado no

quadro a seguir:

Quadro 14: Fornecedores potenciais

Polo - Material Fornecedor

Madeira Leroy Merlin

Peças (rodas, molas, etc) Rua Florêncio de Abreu (diversas lojas);

Rua do Gasômetro (diversas lojas)

Metais e polímeros Osasco (arredores da Av. dos Autonomistas)

Espumas e tecidos Brás

Serralherias Bela Vista e região Central

Tendo identificado os potenciais fornecedores, foram feitas consultas via internet em

seus websites, telefonemas e visitas físicas aos estabelecimentos para o levantamento de

orçamentos para a compra.

Durante esta etapa deu-se uma maior atenção para a obtenção de orçamentos para as

peças a serem terceirizadas por serralherias. Esse processo se deu nas seguintes etapas:

• Elaboração de desenhos técnicos para apresentação do projeto aos serralheiros

(Apêndice B);

• Visitas para discussão do projeto e obtenção de orçamentos.

Durante a etapa de obtenção de orçamentos foram visitadas oito serralherias, seis delas

na região central da cidade de São Paulo e duas no interior de Minas Gerais. Durante estas

consultas notou-se dois principais pontos:

• Indisponibilidade da maioria das serralherias em trabalhar com um escopo tão

limitado;

• Orçamentos muito elevados e fora da realidade do projeto.

Dessa forma, durante as visitas a serralherias foi identificada a impossibilidade de

seguir com a terceirização dos suportes aos rolamentos bem como o sistema de travas.

Modificando-se o plano definido na seção 4.4.2.2..

Contudo, durante as conversas tidas com os profissionais da área, obteve-se

importantes insights para a simplificação das formas sem o comprometimento das funções

para que o autor pudesse confeccionar as partes na própria oficina do InovaLab@POLI.

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As simplificações das peças, resultadas do processo de procura por fornecedores, são

mostradas na Figura 30

Figura 30: Sketch - Nova solução de trava

Fonte: Acervo pessoal

4.4.2.5 Compra de material

A etapa derradeira no processo de seleção dos materiais se dá com a compra de fato

destes, possibilitando o início do processo de construção do protótipo físico. Considerando as

limitações temporais, foi elaborado um plano de compra não pontual, mas diluído ao decorrer

do projeto, até pela característica de construção de subsistemas na qual o projeto se baseou.

Assim foi possível dar início ao processo de construção do modelo físico sem que

todos os ciclos de compra fossem concluídos.

4.4.3 Modelo físico de aparência – Impressão 3d

Para obter uma versão visual mais refinada do modelo optou-se pela criação de um

modelo de prototipagem rápida, construído através de impressão 3d. Para a confecção de um

modelo com a aparência mais aproximada do modelo final foi escolhida a impressão em

gesso.

Uma vez que a impressão aconteceu em escala 1:12, não seria possível a impressão de

pequenos detalhes. Assim, foi necessário se fazer uma adaptação do modelo para conjuntos

completos. Para isso o modelo final foi dividido em partes que combinavam um maior

número de peças, denominadas de conjuntos. Estes conjuntos foram então impressos e em

seguida montados, para a obtenção do modelo final, como pode ser observado na Figura 31.

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Figura 31: Cadeira Impressa em 3d

Fonte: Acervo pessoal

4.4.4 Confecção do modelo físico

A confecção dos modelos físicos se baseia principalmente na aplicação de técnicas de

prototipagem rápida, uma vez que esta é uma característica latente da metodologia defendida

pela d.school (2010). Além de técnicas de prototipagem rápida, durante a execução do projeto

foram utilizadas técnicas de manufatura diversas para a confecção das peças.

4.4.4.1 Preparação de arquivos para uso da cortadora a laser

Para que seja utilizado o processo de corte a laser é necessário que todo o projeto seja

transportado para arquivos bidimensionais que possam ser lidos pela cortadora. Dessa forma,

na fase inicial do processo de confecção do protótipo foi dividida nas seguintes etapas:

• Desmembramento do projeto em peças passíveis de serem cortadas no

maquinário disponível;

• Criação dos arquivos em 2d das peças a serem cortadas (Figura 32);

• Criação dos arquivos para corte na máquina seguindo os padrões da máquina e

do material a ser cortado (Figura 33);

• Preparação da máquina para o corte da peça e corte da peça em si (Figura 34).

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Figura 32: Desenhos 2d para corte

Fonte: Acervo pessoal

Figura 33: Preparação para o corte a laser

Fonte: Acervo pessoal

Figura 34: Corte de peça a laser

Fonte: Acervo pessoal

Uma vez confeccionados todos os arquivos de manufatura das partes componentes do

projeto, se realizou o corte de cada uma delas. E assim que as peças foram concluídas deu-se

prosseguimento ao processo de prototipagem.

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4.4.4.2 Confecção das peças da estrutura / assento de rolagem/ base para travamento

As peças cortadas são então combinadas para a formação dos subsistemas que

comporão a cadeira. Como especificado no plano de prototipagem, esta etapa foi dividida em

ciclos para a composição de três subsistemas:

• Estrutura da cadeira (Figura 35): Composta pela pelas bases da cadeira,

encosto, apoio de pés e braço;

Figura 35: Base da cadeira em construção

Fonte: Acervo pessoal

• Assento de rolagem (Figura 36): Composto pela base de rolamentos e o

assento ergonômico.

Figura 36: Confecção da base de rolagem

Fonte: Acervo pessoal

• Base de rolagem (Figura 37 e Figura 38): Composto pelos trilhos de rolagem, e

o sistema de travas.

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Figura 37: Confecção base de travas

Fonte: Acervo pessoal

Figura 38: Confecção trilhos de rolagem

Fonte: Acervo pessoal

4.4.4.3 Acabamento

Para que o protótipo construído possuísse uma aparência mais próxima do produto

final, se faz necessária a aplicação de técnicas de acabamento. Assim as peças passam a ter

uma aparência mais refinada. Durante o processo de acabamento foram realizadas atividades

de:

• Acabamento de cantos com fresa de topo;

• Acabamento fino com lixas;

• Selagem da madeira;

• Pintura;

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• Costura de tecidos.

Figura 39: Materiais utilizados no acabamento

Fonte: Acervo pessoal

4.4.4.4 Montagem

A etapa de montagem finaliza o processo de construção do protótipo físico. Nela os

subsistemas criados são integrados através da aplicação de elementos de fixação. Para a

montagem do protótipo foram utilizados os seguintes elementos de fixação:

• Cola (de madeira, adesiva, contato e de metais);

• Parafusos;

• Pregos;

• Canaletas.

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Figura 40: Montagem com aplicação de cola

Fonte: Acervo pessoal

Figura 41: Processo de montagem

Fonte: Acervo pessoal

A execução da montagem ocorreu através de um plano de montagem (Apêndice C),

cujo o objetivo é estudar qual a melhor ordem para união das peças para nenhuma montagem

servisse de empecilho para o término do protótipo.

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4.4.4.5 Resultado final

Após a conclusão da etapa de prototipagem, têm-se construído o protótipo final. Nesta

seção serão apresentados os resultados obtidos pelo protótipo:

Estrutura:

A estrutura da cadeira é composta pelas pernas, conectadas a dois pares de rodas,

assento, apoios de braço e pés e encosto traseiro (Figura 42).

Figura 42: Cadeira - vista lateral

Fonte: Acervo pessoal

Para a colocação do sistema de rodas e rodízios foi necessário a confecção de peças de

apoio mais resistentes em poliacetal. Vale também apontar que sistema de freios foi

transferido das rodas traseiras para as rodas dianteiras, para se adaptar às soluções

encontradas no mercado (Figura 43).

Figura 43: Conjunto de rodas

Fonte: Acervo pessoal

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Para o braço de apoio com abertura regulável, foi feita uma adaptação com a adoção

de uma abertura por rotação do eixo horizontal, e não vertical como em projeto (Figura 44).

Figura 44: Braço de apoio

Fonte: Acervo pessoal

No apoio para os pés foi inserida uma barra de conexão para assegurar uma maior

estabilidade para a cadeira, uma vez que o material utilizado em sua confecção é deverás mais

frágil do que o metal que seria utilizado no produto real ().

Figura 45: Apoio para os pés

Fonte: Acervo pessoal

Sistema de deslizamento e trava:

A base para deslizamento possui três canaletas para guiar os rolamentos do assento,

permitindo o deslizamento unidimensional com entrada pelo lado esquerdo da cadeira.

Também é encontrada na base uma guia que limita o avanço do assento (Figura 46 e Figura

47).

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Figura 46: Base de deslizamento

Fonte: Acervo pessoal

Figura 47: Deslizamento de assento

Fonte: Acervo pessoal

O sistema de travas é constituído por duas travas que são desativadas com a entrada do

assento na base e então ativadas quando esse encontra o apoio de braço, limitador de

movimento. As travas são desativadas ao se pressionar uma alavanca lateral, permitindo a

saída do assento da cadeira (Figura 48: Sistema de travas).

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Figura 48: Sistema de travas

Fonte: Acervo pessoal

Assento móvel:

O assento móvel é composto por uma base deslizante e uma almofada ergonômica

para melhor acomodar o usuário. Ele pode ser movimentado entre diferentes superfícies,

como a cadeira e a poltrona e então ser engatado (Figura 49).

Figura 49: Assento móvel

Fonte: Acervo pessoal

4.5 Testes e análise dos resultados

Uma vez finalizado o processo de prototipagem em si, se dá início à finalização do

ciclo de prototipagem do DT. Sendo a etapa derradeira os testes.

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4.5.1 Testes

Tal como definido no plano de prototipagem, o protótipo deve ser submetido ao teste

de deslizamento sobre as superfícies e de trava do assento sobre a cadeira de bordo.

4.5.1.1 Teste de deslizamento

Durante este teste foram realizadas provas de rolagem do assento sobre uma superfície

lisa e contínua e também na transferência de uma superfície para a cadeira de bordo.

Resultados:

• Deslizamento em superfície contínua: Bem sucedido;

• Deslizamento na transferência para a cadeira de bordo: Transição feita com

sucesso mas apresentando algumas pontos de dificuldade.

Concluiu-se que os rolamentos utilizados na base de rolagem devem possuir um

diâmetro superior em 10mm em relação aos rolamentos utilizados.

4.5.1.2 Teste de Travamento

Durante esta sessão de testes foi avaliada a capacidade de travamento do banco sobre a

cadeira.

Resultados:

• O travamento foi bem sucedido e a cadeira se manteve fixa na estrutura

enquanto a trava permaneceu ativada

4.5.2 Análise do protótipo final

Após a realização do teste cabe uma ‘breve análise final do protótipo desenvolvido.

Ele atendeu às necessidades de execução das funcionalidades propostas e também apresentou

uma grande proximidade com o modelo virtual projetado.

Desta forma, pode-se dizer que o processo foi bem executado e que os objetivos

definidos antes de sua construção foram cumpridos, vide a semelhança com o modelo virtual

criado (Figura 50) e a aprovação nos testes aos quais o protótipo foi submetido.

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Figura 50: Comparação Vritual x Real

Fonte: Acervo pessoal

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5 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO PLANO DE PROTOTIPAGEM

Durante o estudo aqui apresentado, marcou-se a aplicação de um plano bem definido

de prototipagem para a condução de um ciclo da metodologia de Design Thinking. Desta

forma, propõe-se, primeiramente, uma análise mais específica sobre a validade da

metodologia adotada neste trabalho frente aos resultados obtidos.

A metodologia aplicada partiu da dificuldade de se encontrar modelos já consolidados

para guiar os ciclos de prototipagem dentro da abordagem de Design Thinking promovida

pela d.school (2010). Dessa forma, tentou-se construir uma ponte de ligação entre práticas do

DT e do PDP tradicional.

Durante o desenvolvimento do projeto, foi possível perceber que ao aplicar a

metodologia, o ciclo de prototipagem ganha uma série de etapas extras e também uma maior

rigidez no acompanhamento destas. Mesmo assim, o desenvolvimento do ciclo de

prototipagem em si ocorreu de modo fluido e inclusive ocorreram mudanças no plano de

execução ao longo do processo, indicando que o modelo aplicado não era tão rígido quanto se

esperava antes de sua aplicação.

A criação de ciclos claros auxiliou na organização do processo e no desenvolvimento

do protótipo que foi feito por apenas uma pessoa. Levando ainda mais adiante a experiência

do autor no processo de desenvolvimento e aplicação da metodologia, foi possível notar a

evolução do protótipo, mesmo sendo realizado por uma pessoa com falta de conhecimentos

avançados, ou mesmo básicos, em processos de prototipagem.

Em suma, a aplicação de um modelo definido como suporte ao ciclo de prototipagem

foi efetivo para o projeto em questão, fazendo com que o autor tivesse um melhor controle e

planejamento de seu tempo e que pudesse focar seu aprendizado e desenvolvimento ao longo

do processo. O resultado final do processo também foi muito satisfatório e o protótipo gerado

representa com muita similaridade o modelo que o inspirou.

Conclui-se que a aplicação de um modelo de ciclo de prototipagem foi bem sucedida

no caso estudado, mas faltam dados para a obtenção de qualquer outro resultado mais

conclusivo sobre a efetividade de sua aplicação. Para que se tenha uma resposta mais assertiva

sobre a aplicação de tal metodologia de ciclo de prototipagem, seria necessário repetir-se a

experiência de aplicação junto a outros grupos e projetos com caracterizações e escopos

diversos.

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Mesmo que ainda não se possa chegar a uma resposta conclusiva sobre a validade da

aplicação desta metodologia de ciclo de prototipagem em outros casos, na defesa dos

resultados obtidos pelo estudo conduzido e aqui apresentado, elaborou-se um quadro resumo

com os principais resultados obtidos com a aplicação da metodologia.

Quadro 15: Vantagens e desvantagens da aplicação do plano de prototipagem

Vantagens Limitações

Melhor entendimento do processo de

prototipagem

Maior tempo de execução do ciclo de

prototipagem

Melhor gerenciamento de tempo

Menor liberdade criativa durante a

confecção do protótipo

Processo de aprendizagem

acentuado ao longo do processo

Foco no resultado final

Além do aspecto de aplicação dentro da abordagem de DT, a aplicação do plano de

prototipagem foi bem sucedida no desenvolvimento do autor deste trabalho. Durante o

desenvolvimento deste projeto, e através da aplicação da metodologia foram superadas a falta

de experiência e conhecimento técnico em prototipagem além de uma grande limitação

temporal. Assim, percebe-se que a aplicação da metodologia funcionou como guia e

catalizador no processo de aprendizagem ao longo do desenvolvimento deste projeto.

O registro desta experiência pode então ser expandido para a realidade de outros

alunos e por tanto sugere-se o estudo da adoção de metodologias análogas durante o

desenvolvimento de disciplinas como PRO2715, no intuito de promover as habilidades e

competências dos alunos durante o processo de prototipagem.

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6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao fim do processo de desenvolvimento, observa-se que a interação dos diferentes

ciclos de prototipagem permitiu não somente o entendimento dos problemas enfrentados pelos

usuários potenciais como também o desenvolvimento dos conceitos iniciais para a obtenção

de uma solução de acessibilidade no transporte aéreo de pessoas com mobilidade reduzida.

Evidenciando, dessa forma, que a aplicação da abordagem de Design Thinking foi satisfatória

como ferramenta no processo de criação (Figura 51).

Figura 51: Evolução através de ciclos de prototipagem

Fonte: Acervo pessoal

Apesar de possuir grande potencial de se tornar uma solução factível ao problema das

pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida em voos, o protótipo da cadeira não pode ser

considerado como pronto para entrar em processo de produção e ser comercializado nesse

momento. Isso porque considerando se tratar de um projeto de tecnologia assistiva no

contexto aeronáutico, se faz necessário considerar a extensão dos ciclos de produto que ocorre

no transporte aéreo. Tais ciclos exigem um grande refinamento das soluções e

aperfeiçoamento do modelo frente a experiência real de voo.

Aliado a esse processo de validação de produto, também se faz necessário testes de

utilização junto aos usuários dentro das cabines aéreas de modo a estabelecer uma simulação

do impacto real da utilização da cadeira de bordo tanto para os próprios usuários como

também para o manejo desses usuários pela tripulação. O que, nesse momento, seria inviável

de se realizar.

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Assim, conclui-se que existe uma necessidade de aprimoramento da proposta

objetivada nesse projeto, de modo que o protótipo criado passe por novos processos de

validação. Muitas empresas que trabalham com esse tipo de tecnologia para transporte aéreo

se mostraram interessadas em desenvolver o produto não só como uma forma de inovação no

ramo, mas também como preocupação maior com o bem estar dos passageiros que se

beneficiaram do uso da cadeira de bordo. Dessa forma, pode-se notar que a cadeira de bordo,

como produto, ainda mostra-se em processo de viabilização e finalização para sua real

aplicação no transporte aéreo.

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111

8 APÊNDICE

8.1 A – Estudo das peças a serem construídas

Sistema

Peça

Qu

antid

ade

Material

Existe no

mercad

oTécn

icas de m

anu

fatura

Do

mín

io d

a técnica

Co

mp

rar x Fazer

EstruturraB

ase Lateral (Pernas)2

mdf

NC

orte a laser, serragem

,

fresa, Impressão

3dParcial

Fazer

EstruturraR

oda traseira

2bo

rrachaN

N/A

-C

om

prar

EstruturraR

odízio

dianteiro2

nylon/bo

rrachaS

N/A

-C

om

prar

EstruturraEixo

para roda traseira

2po

liacetalS

CN

C, To

rno, Im

pressão

3dParcial - C

NC

:Nulo

Fazer (ajuda mo

nitores)

EstruturraD

escanço de pés

2m

dfN

Co

rte a laser, Impressão

3dParcial

Fazer

EstruturraB

ase de descanço (traseira)

1m

dfN

Co

rte a laser, serragem,

fresa, Impressão

3dParcial

Fazer

EstruturraB

arra de ligação3

mdf

NC

orte a laser, serragem

,

fresa, Impressão

3dParcial

Fazer

EstruturraEsto

fado de enco

nsto1

espuma e tecido

NC

orte e co

sturaB

aixoFazer

EstruturraA

poio

de braço1

mdf

NC

orte a laser, serragem

,

fresa, Impressão

3dParcial

Fazer

Assento

de rolagem

Ro

lamento

s 20 mm

8aço

SN

/A-

Co

mprar

Assento

de rolagem

Estrutura rolam

ento8

açoN

Serra, CN

C, fresa,

Impressão

3dParcial - C

NC

:Nulo

Co

mprar

Assento

de rolagem

Pino ro

lamento

8aço

NSerra, C

NC

, torno

,

Impressão

3dParcial - C

NC

:Nulo

Co

mprar

Assento

de rolagem

"Caixa" de ro

lamento

s1

mdf

NC

orte a laser, serragem

,

Impressão

3dParcial

Fazer

Assento

de rolagem

Tampa de ro

lamento

s1

mdf

NC

orte a laser, serragem

,

Impressão

3dParcial

Fazer

Assento

de rolagem

Estofado

de assento1

espuma e tecido

NC

orte e co

sturaB

aixoFazer

Base de ro

lagemB

ase de rolam

ento1

mdf

NC

orte a laser, serragem

,

Impressão

3dParcial

Fazer

Base de ro

lagemTam

pa da base1

mdf

NC

orte a laser, serragem

,

Impressão

3dParcial

Fazer

Base de ro

lagemTrava

2aço

NFresa, serragem

, esmeril

Baixo

Co

mprar

Base de ro

lagemH

aste de ligação1

açoN

Fresa, serragem, esm

erilB

aixoC

om

prar

Base de ro

lagemH

aste de acionam

ento1

açoN

Fresa, serragem, esm

erilB

aixoC

om

prar

Base de ro

lagemM

ola de acio

namento

4aço

DC

NC

Nulo

Co

mprar

Base de ro

lagemG

uia de alinhamento

1m

dfN

Co

rte a laser, serragem,

Impressão

3dParcial

Fazer

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112

8.2 B – Desenhos apresentados no levantamento de orçamento

Figura 52: Desenho técnico - Base de fixação

Fonte: Acervo pessoal

Figura 53: Desenho técnicno - Apoio de rolamento

Fonte: Acervo pessoal

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113

8.3 C – Plano de montagem

Quadro 16: Plano de montagem

Ordem da Etapa Etapa Peça Ordem de montagem

Estrutura Lateral 1

Apoio para rodízio 2

Eixo para roda traseira 3

Rodízio 4

Roda Traseira 5

Apoio lateral 1

Apoio frontal 2

Estrutura traseira 1

Estofado de costas 2

Base de travas 1

Apoio lateral 2

Pernas 1

Barras de fixação 2

Base de deslizamento 3

Apoio de costas 4

Apoio de pés 5

Base de rolamentos 1

Estofado de assento 26 Assento deslizante

Base de

deslizamento4

3Estrutura - Apoio

de costas

Estrutura -

Cadeira5

Estrutura - Pernas

Estrutura - Apoio

de braço

1

2