Cidadania e Identidade Social

7/23/2019 Cidadania e Identidade Social

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CIDADANIA E IDENTIDADE SOCIAL: uma aproximação teórica para o entendimento dasrepresentações e práticas po!ticas i

"icardo de A#uiar $ac%eco

Doutorando e Mestre em história pelo PPG-HISTÓRIA/UFRGS

Proessor da Uni!ersidade de "a#ias do Sul$

"ES&'O: % presente arti&o pretende a'ordar a (uest)o da *idadania atra!+s da no,)o deidentidade so*ial$ Desta orma pretendemos e!iden*iar os dierentes entendimentos (ue as

so*iedades distantes no tempo e no espa,o aem a*er*a do e#er*.*io da *idadaniademonstrando a histori*idade desta no,)o t)o *ara ao mundo moderno$

$ALA("AS C)A(ES: *idadania0 identidade so*ial0 representa,1es e pr2ti*as pol.ti*as

A tem2ti*a da *idadania tem tomado na so*iedade *ontempor3nea *ada !e mais desta(ue$De um lado a emer&4n*ia de no!os a&ente so*iais ta#ados de minorias - mulheres ne&roshomosse#uais - tem *olo*ado para a so*iedade e para o 5stado a ne*essidade de (ue seesta'ele,am no!os direitos para os *idad)os$ De outro setores e#*lu.dos do pro*esso pol.ti*oormal - *omo os sem terra e sem teto - t4m pressionado pela eeti!a,)o dos direitos 62le&itimados$

De dierentes maneiras esses &rupos t4m se or&aniado para postular (ue suas demandasparti*ulares se6am re*onhe*idas e eeti!adas pelo 5stado e pela so*iedade *omo direitosuni!ersais$ 7essa disputa tem sido arti*uladas no!as representa,1es do (ue se6a le&.timo aoindi!.duo postular en(uanto direitos dos mem'ros da *omunidade pol.ti*a ao mesmo tempo(ue s)o arti*uladas no!as pr2ti*as so*iais *omo ormas de maniesta,)o e press)o pol.ti*a$5ssas representa,1es e pr2ti*as so*ialmente arti*uladas nem sempre se en(uadram nale&itimidade institu*ional mas nem por isso podem ser des*onsideradas *omo maniesta,)o deinteresses pol.ti*os de setores da so*iedade$

5#emplos desse alar&amento das representa,1es e pr2ti*as so*ialmente le&.timas ao e#er*.*iodo pol.ti*o nas so*iedades *ontempor3neas + proliera,)o de entidades setoriais tais *omo aseministas e de ne&ros (ue tem deendido a i&ualdade salarial entre homens e mulheres eata*ado a dis*rimina,)o ra*ial atra!+s de a,1es pereitamente le&ais *omo as de den8n*iap8'li*a$ Mas tam'+m de!e ser *onsiderado o *aso do Mo!imento dos Sem Terra (ue temrei!indi*ado o a*esso a terra atra!+s de a,1es (ue e!entualmente rompem *om a le&alidadeinstitu*ional ou ainda os deensores da li!re orienta,)o se#ual (ue promo!endo *asamentossimulados de homosse#uais apontam menos a possi'ilidade le&al do ato e mais a e#ist4n*iadesta demanda na so*iedade$

Sem entrar no m+rito dessas demandas (ueremos a(ui + desta*ar (ue esses &rupos so*iais nomomento em (ue postulam suas prerro&ati!as parti*ulares *omo direitos uni!ersais est)o

arti*ulado uma no!a identidade so*ial para os mem'ros da *omunidade pol.ti*a$ Per*e'emos

http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/ed3/012.php?atual=012&edicao=3#sdendnote1sym%23sdendnote1sym




nesse pro*esso a o*orr4n*ia de altera,1es das representa,1es so're o (ue se6a a *idadania eso're (uais s)o os direitos inerentes 9 *ondi,)o de *idad)o$

Para (ue possamos entender essas altera,1es das representa,1es e pr2ti*as pol.ti*as essearti&o pro*ura apontar (ue a *idadania n)o + apenas uma *ondi,)o 6ur.di*a *om deini,1esa*a'adas para todo o sempre$ 7omear os indi!.duos *omo *idad)os impli*a na *onstru,)o de

uma identidade so*ial$ "omo tal a *idadania + *onstantemente redeinida no tempo e espa,opois *ada *omunidade *onstrói para si tanto uma representa,)o do (ue se6am os direitos ede!eres dos seus mem'ros (uanto as pr2ti*as le&.timas para seu e#er*.*io esta'ele*endoassim dierentes identidades so*iais para o *idad)o$

"om a *ate&oria de identidade so*ial podemos per*e'er *omo as *omunidades tem deinido no*ampo do ima&in2rio so*ial as possi'ilidades de a,)o pol.ti*a de seus mem'ros e (uais aspr2ti*as so*iais le&.timas para o e#er*.*io do pol.ti*o$ "omo *ampo de poder o ima&in2rioso*ial no momento em (ue aponta pr2ti*as e representa,1es *omo le&.timas tam'+m atua nasdisputas pol.ti*as$

In!esti&ando essa (uest)o a arti*ula,)o da identidade so*ial do *idad)o *omo *ampo depoder sim'óli*o (ue se arti*ula *om o *ampo do poder pol.ti*o di!ido esse arti&o em tr4spartes: primeiramente !eremos (ue a *idadania n)o pode ser entendida apenas *omo direitose de!eres 6uridi*amente ormaliados pois tam'+m aem parte da *idadania rela,1es5stado/so*iedade e#teriores aos me*anismos ormais$ A se&uir proponho uma *onronta,)oentre da no,)o de *idadania desen!ol!ida na polis &re&a *omo a arti*ulada na demo*ra*ia daera moderna !erii*ando (ue elas se dierem tam'+m em un,)o das representa,1es (ueessas so*iedades arti*ulam so're o *idad)o$ Por im !eremos *omo a *ate&oria de identidadeso*ial pode ser apli*ada para o entendimento das rela,1es de poder uma !e (ue elasintererem na a,)o pol.ti*a dos indi!.duos$

*+ Cidadania: mais ,ue uma ,uestão de direitos

% estudo da *idadania n)o + al&o in+dito e muitos *ientistas so*iais o tem a'ordado so'

dierentes perspe*ti!as$ De orma &eral podemos apontar *omo uma reer4n*ia *omum o te#tode T$H$ Marshall Cidadania, classe social e status$ 7esse estudo o so*iólo&o est2 interessadoem !erii*ar a possi'ilidade de todos os indi!.duos !irem a ser *onsiderados *omo *idad)os*omo detentores de direitos uni!ersalmente re*onhe*idos pelo 5stado e pelos outrosindi!.duos$ Assim ele parte sua an2lise da no,)o de *idadania *omo um status: “Cidadania éum status concedido àqueles que são membros integrais de uma comunidade.” ii

Mas o próprio Marshall alerta para o ato de n)o ha!er (ual(uer prin*.pio (ue deina (uaisde!am ser esses direitos uni!ersais$ Assim se prop1e a aer um históri*o para per*e'er (uaiss)o os direitos (ue aem parte do desen!ol!imento da *idadania na In&laterra$ % estudiosoper*e'e tr4s momentos distintos nessa *onstru,)o (uando se d)o a uni!ersalia,)o de tr4sordens de direitos: os direitos *i!is direitos pol.ti*os e direitos so*iais estando *ada umdesses !in*ulado a mo!imentos de *onsolida,)o da so*iedade 'ur&uesa na In&laterra$

% im do re&ime ser!il na In&laterra d2 in.*io 9 mi&ra,)o ur'ana e ao desen!ol!imento dasmanuaturas estando pautado pela uni!ersalia,)o dos direitos *i!is a &arantia da propriedadedo próprio *orpo e a possi'ilidade de re*orrer 9 6usti,a$ As re!olu,1es li'erais e a*onstitu*ionalia,)o da monar(uia por sua !e *olo*am a uni!ersalia,)o dos direitospol.ti*os o direito 9 or&ania,)o e parti*ipa,)o nas institui,1es da !ida pol.ti*a do 5stado$ Porim (uando instala-se o imperialismo a 'ur&uesia in&lesa *oopta o proletariado rente 9spropostas re!olu*ion2rias *om o 5stado de 'em estar uni!ersaliando direitos so*iais e&arantindo uma s+rie de 'enesses tais *omo sa8de edu*a,)o e le&isla,)o tra'alhista$

% estudo da *idadania pautado pelo mapeamento dos direitos tal *omo Marshall se prop1epro*ura in!esti&ar (uando e (uais direitos oram esta'ele*idos pelo 5stado e (uais os

indi!.duos aetados por esses direitos$ A *idadania + assim entendida *omo o *on6untos dedireitos esta'ele*idos pelo 5stado aos seus mem'ros inte&rais e seu e#er*.*io + identii*ado*om o uso desses direitos le&aliados$ 7os termos propostos *idadania n)o passa do





re*onhe*imento por parte do 5stado de um *on6unto de direitos atra!+s da le&isla,)o$ %u*omo ormula Dallari *idadania + “a situação jurídica de uma pessoa em relação adeterminado Estado.” iii

5; o 5stado (ue atri'uindo direitos a um determinado &rupo de indi!.duos lhes *on*ede lhesre*onhe*e o status de *idad)os$ Ao mesmo tempo (ue outros &rupos so*iais n)o sendo

re*onhe*idos pelo 5stado *omo mere*edores de direitos s)o simplesmente e#*lu.dos dapossi'ilidade de e#er*erem a *idadania$i! <2 nesse estudo !emos (ue os direitos atri'u.dos aos*idad)os e o &rupo de indi!.duos in*orporados a essa identidade tem sido *onstantementealterados$

Uma outra pes(uisa so're a *idadania partindo de elementos (ue !)o al+m do institu*ional +a desen!ol!ida por Hilda Sa'ato para in!esti&ar a *idadania e o modelo de parti*ipa,)o pol.ti*a!i!en*iado em =uenos Aires no s+*ulo >I>$ 7esse estudo a historiadora ultrapassa a (uest)ole&al e pro*ura per*e'er as m8ltiplas rela,1es esta'ele*idas entre 5stado e so*iedade (uet4m *omo inalidade o e#er*.*io do pol.ti*o$!

A historio&raia pol.ti*a tradi*ional da Ar&entina tendeu a i&ualar o direito de !oto 9 *idadania esendo o !oto uni!ersaliado ?para os homens@ ainda nas primeiras d+*adas após aindepend4n*ia tende-se a per*e'er o sistema pol.ti*o portenho *omo parti*ipati!o$Dis*ordando desta an2lise Sa'ato aponta (ue o sistema eleitoral montado em =uenos Airesn)o eeti!ou mais (ue uma *idadania restrin&ida$ 7esse modelo as 6ornadas eleitorais erammar*adas pela !iol4n*ia entre os &rupos ri!ais e ha!ia um *ontrole *lientelista do eleitorado por parte dos &rupos pol.ti*os$ "om essas pr2ti*as as elei,1es dei#am de ser representati!as daso*iedade e tornam-se apenas um instrumento de le&itima,)o da estrutura pol.ti*a *ontroladapela elite$

endo isso o e#er*.*io do !oto n)o pode ser tomado *omo representati!o de toda a ati!idadepol.ti*a na so*iedade portenha$ Ha!iam amplos e si&nii*ati!os setores da elite de =uenos Aires(ue n)o parti*ipa!am das 6ornadas eleitorais e outros (ue n)o tinham direito a !oto *omo osimi&rantes$ Seria simplista *onsiderar (ue esses &rupos so*iais n)o !otantes ormadores de

par*ela si&nii*ati!a da popula,)o ur'ana n)o atuassem politi*amente$

“En este contexto, es mi ipotesi que durante estas décadas la poblaci!n de "uenos #ires encontr! otras maneras de actuar en la escena política que eran m$s e%ecti&asque el ejercicio del dereco a &oto. 'e desarrollaron mecanismos de &inculacion entrela sociedad ci&il ( el sistema de poder, mecanismos que ser&ian a distintos setores dela sociedad para incindir en el terreno político sin la mediação del &oto. En estesentido, lo caracteristico de este período %ué la %ormaci!n de una es%era p)blica.” &i

"omo !emos para Hilda S2'ato a (uest)o da *idadania em =uenos Aires passa mais pela

*onstru,)o da es%era p)blica (ue pelo e#er*.*io do !oto$!ii

A emer&4n*ia dessa esera p8'li*aem =uenos Aires + identii*ada pela autora na an2lise de tr4s atores: pela or&ania,)o dein8meras asso*ia,1es de *lasses tendo *omo 'ase a posi,)o so*ial e*onBmi*a ou mesmo ana*ionalidade pelo apare*imento de uma imprensa mo'iliadora politi*amente independente epor maniesta,1es de massa em torno de (uest1es p8'li*as$

7esse espa,o arti*ulam-se os dis*ursos do (ue *onsidera-se *omo direito pertinente ao*idad)o impulsionando e le&itimando pr2ti*as so*iais$ 5C nele (ue os dierentes &rupos so*iaise pol.ti*os atuam na *oopta,)o do *on6unto da so*iedade para a deesa de seus interessespol.ti*os e e*onBmi*os$ Desta orma !emos (ue na esera p8'li*a se apresenta n)o somenteuma media,)o entre so*iedade e 5stado mas tam'+m se dimensiona uma disputa so*ial pelale&itima,)o de !alores e interesses a serem re*onhe*idos *omo uni!ersais$

7a an2lise de Sa'ato so're a *idadania portenha o !oto n)o + o instrumento pri!ile&iado daparti*ipa,)o pol.ti*a e n)o de!e ser o 8ni*o elemento analisado no estudo da *idadania$














%*orrem outras rela,1es de media,)o e de disputa pol.ti*a entre o 5stado e so*iedade (uetam'+m de!em ser per*e'idas e *onsideradas *omo pertinentes 9 *idadania$ Atenta 9din3mi*a das rela,1es so*iais a autora *olo*a-nos a ne*essidade de re*onhe*er um amploespe*tro de pr2ti*as so*iais e#teriores 9(uelas re&ulamentadas e nas (uais a so*iedade*ontrap1e-se ao 5stado e#i&indo e *o'rando responsa'ilidades *omo sendo elemento*onstituti!o da *idadania$

Um historiador (ue tem se o*upado da tem2ti*a da *idadania no =rasil + <os+ Murilo de"ar!alho$ 5m seus estudos ele per*e'e (ue dierentemente do (ue oi !erii*ado por T$H$Marshall na In&laterra o esta'ele*imento dos direitos *i!is pol.ti*os e so*iais no =rasil n)o sedeu de orma su*essi!a mas sim inter*alada$!iii % direito ao !oto 62 era e#er*ido pelos'rasileiros durante o per.odo *olonial e oi mantido no momento da independ4n*ia ou se6aantes do im da es*ra!id)o$ Assim um direito pol.ti*o oi 6uridi*amente le&itimado antes dauni!ersalia,)o dos direitos *i!is a li'erdade e i&ualdade dos umana$ uando a a'oli,)o daes*ra!id)o re*onhe*e o direito 9 li'erdade indi!idual o direito do !oto + restrin&ido aosala'etiados (ue ent)o *onstituem uma par*ela muito restrita da popula,)o *on*retiandoassim um re*uo nos direitos pol.ti*os$ 5n(uanto isso os direitos so*iais n)o oram de atore*onhe*idos pelo 5stado 'rasileiro antes do s+*ulo >> estando os *uidados *om a sa8de eedu*a,)o a *ar&o mais de entidades pri!adas de *unho reli&ioso ou asso*iati!o do (ue do

5stado$

Assim <os+ Murilo prop1e:

“*esde luego puede a%irmarse que el modelo inglés, como lo describe +arsall, no serepeti! ni en "rasil ni en ning)n país latino americano. or lo menos ubo dosdi%erencias sustanciales. -a primeira se re%ere a la ma(or importncia que se dio a unode los tipos, en detrimento de los dem$s. -a segunda se re%iere a la alteraci!n de lasecuencia en que se conquistaron los derecos/ por ejemplo, los derecos políticosantes que los derecos ci&iles.” ix

Propondo uma a'orda&em para al+m das (uest1es 6ur.di*as <os+ Murilo aponta (ue na

Am+ri*a Eatina a *idadania tem sido um importante *omponente de identidade na*ional$ Sendomais (ue um *on6unto de direitos *idadania + tam'+m um sentimento de perten*imento a umadada *omunidade a uma so*iedade pol.ti*a *om determinados !alores *omuns$ A id+ia de*idadania portanto tem *aminhado 6unto *om a *onorma,)o da id+ia de na,)o de p2tria epa.s$# Para esse autor + paralelo ao desen!ol!imento de um sentimento de na*ionalidade (ueos indi!.duos !)o *onsiderar-se *idad)os$#i

“En #mérica -atina, es de creerse que durante muco tiempo el sentimiento nacionalser$ un elemento importante en la %ormaci!n de la ciudadania 0e1 ser$ cada &e2 m$sindispensable para la super&i&encia nacional.” xii

emos ent)o (ue para <os+ Murilo a id+ia de *idadania est2 asso*iada a direitos le&itimadospelo 5stado mas tam'+m !in*ulada a uma identidade so*ial a um sentimento deperten*imento a uma determinada *omunidade de sentidos o (ue independe dore*onhe*imento por parte do 5stado e (ue est2 muito mais !in*ulado ao *ampo do sim'óli*o$

7a o'ra 3s bestiali2ados <os+ Murilo de "ar!alho per*e'e (ue o rela*ionamento (ue aRep8'li*a no momento de sua pro*lama,)o e durante sua *onsolida,)o esta'ele*eu *om a*idade do Rio de <aneiro e *om seus ha'itantes oi muito pe*uliar$ Tendo sido e#*lu.da tanto domomento da Pro*lama,)o *omo do pro*esso pol.ti*o mais amplo pela elite pol.ti*a apopula,)o *ario*a n)o demonstrou (ual(uer entusiasmo *om o re&ime repu'li*ano$ %pro*esso eleitoral repu'li*ano tal *omo ora o imperial se torna uma raude patro*inada pelaelite pol.ti*a$ 5ssa se utilia dos malandros dos *apoeiras dos *apan&as *ontratados e pa&os

pela elite pol.ti*a para promo!erem passeatas e atos pol.ti*os (ue mo'iliam o eleitorado e&arantem !otos aos *andidatos$













Assim sendo a elite *ario*a a*redita estar le&itimando seu poder pol.ti*o 6unto 9 so*iedademas <os+ Murilo *onstata (ue o po!o tem *larea de (ue isso n)o passa de uma arsa armadapara o*ultar as rela,1es de su'ordina,)o so*ial$

“4a&ia consci5ncia clara de que o real se escondia sob o %ormal. 6esse caso, os quese guia&am pelas apar5ncias do %ormal esta&am %ora da realidade, eram ing5nuos. '!

poderiam ser objeto de ironia e go2ação. erdia7se o umor apenas quando o go&ernobusca&a impor o %ormal, quando procura&a aplicar a lei literalmente. 6esses momentoso entendimento implícito era quebrado, o poder &iola&a o pacto, a constituição nãoescrita. Então tina de recorrer à repressão, ao arbítrio, o que gera&a a re&olta emresposta. +as como &imos, eram momentos de crise, não o cotidiano.” xiii

Podemos ent)o propor assim *omo <os+ Murilo (ue a *idadania n)o se d2 apenas nasrela,1es ormais entre 5stado e so*iedade$ Ao *ontr2rio + poss.!el a arti*ula,)o de !ariadaspr2ti*as so*iais *omo orma de e#er*.*io da *idadania$ S)o e#press1es da *idadania n)o só o!oto mas tam'+m os atos de re!olta as maniesta,1es p8'li*as os protestos populares *ontra

as determina,1es do poder$

"idad)o nessa !is)o n)o + tanto o eleitor$ 5C mais o su6eito históri*o (ue *o'ra do 5stado por meios ormais ou inormais o re*onhe*imento da(uilo (ue 6ul&a um direito seu independentede estar esse prin*.pio re&ulamentado 6uridi*amente pelo 5stado$ emos pela *ontri'ui,)o deHilda Sa'ato e <os+ Murilo (ue a *idadania n)o se limita 9s rela,1es oi*iais *omo ale&alia,)o de direitos e sua *o'ran,a atra!+s dos ór&)os oi*iais pela sua realia,)o *on*reta$

emos portanto (ue a *idadania tam'+m *omporta um ei#e de maniesta,1es e press1esso*iais e#er*idas pelos indi!.duos asso*ia,1es *oleti!idades ou &rupos so*iais na deesa deseus interesses$ 5ssas s)o anteriores ou mesmo e#teriores 9 le&itimidade 6ur.di*a e semaniestam em dierentes pr2ti*as so*iais des!in*uladas do aparelho de 5stado$ %u *omoprop1e <os+ Murilo e#iste uma 8cidadania in%ormal9 e#terior 9s ormalidades das rela,1es

5stado- so*iedade (ue se maniesta em representa,1es e pr2ti*as so*iais ormadoras de umaidentidade so*ial$

Assim entendo (ue o e#er*.*io da *idadania de!e ser in!esti&ado no *omple#o 6o&o derela,1es dial+ti*as esta'ele*idas no interior da so*iedade pela le&itima,)o de !alores *omosendo uni!ersais$ 5ssa rela,)o tem uma dimens)o institu*ional e!idente na le&isla,)o so're osdireitos e de!eres do *idad)o mas o (ue nos interessa desta*ar neste estudo + a suadimens)o só*io-*ultural sua ordem sim'óli*a$ ueremos apontar (uais as representa,1es epr2ti*as so*iais ormam a identidade de *idad)o$ uais s)o os elementos sim'óli*ospoten*ialiadores da a,)o pol.ti*a dos indi!.duos pelo re*onhe*imento de prin*.pios *omodireitos 6uridi*amente le&itimados$

-+ Cidadania: a su.missão anti#a e a i.erdade dos modernos

A *idadania *omo condição jurídica diante do Estado n)o possui uma deini,)o 8ni*a#i!$ %status (ue os indi!.duos possuem diante do 5stado n)o + uni!ersalmente o mesmo ao lon&oda história$ Ao *ontr2rio *ada so*iedade *onstrói a sua representa,)o do (ue se6am os direitosdo *idad)o$#! Para per*e'ermos isso 'asta *onrontarmos a no,)o de *idadania ormulada naso*iedade anti&a *om a da so*iedade moderna$ As identidades atri'u.das ao *idad)o em *adauma dessas so*iedades s)o radi*almente distintas$ 7essa *ompara,)o podemos !er (ue a*idadania lon&e de ser uma *ate&oria e*hada tem seu si&nii*ado su*essi!amentetransormado ao lon&o da história$

"ara*teriando a *idadania anti&a F2'io "omparato !ai salientar (ue na(uela so*iedade a*idadania tem um *ar2ter ati!o pois ali o *idad)o + o indi!.duo (ue tem o direito 9 pala!ra na

&ora (ue toma lu&ar no espa,o p8'li*o onde s)o deinidas as leis e as (uest1es de 5stado$#!i

5; *laro (ue de!e ser *onsiderado (ue nem todos os ha'itantes da *idade-estado &re&a












&anham esse status de *idad)o pois os homens da &ora *onsidera!am (ue nem as *rian,asnem as mulheres possu.am dis*ernimento ao passo (ue os es*ra!os presos 9s (uest1esmateriais do tra'alho n)o tinham a li'erdade do pensar t)o ne*ess2rias ao e#er*.*io da*idadania$

Mas a ri(uea da no,)o de *idadania *onstru.da na so*iedade anti&a de!e ser entendida n)o

atra!+s dessa dis*rimina,)o mas na amplitude dos direitos e de!eres atri'u.dos 9(ueles (ues)o *onsiderados *idad)os$ H2 no mundo anti&o uma prounda !in*ula,)o entre p8'li*o epri!ado$ 5ssa so*iedade + mar*ada pela su'miss)o do indi!.duo rente ao 5stado ao lado deuma a'soluta li'erdade do *idad)o na maniesta,)o de suas opini1es$ "omo resume"omparato:

“Em suma, a &ida pri&ada do mundo greco7romano, matri2 da ci&ili2ação ocidental, erao espaço da sujeição e do poder absoluto, em contraste com a liberdade ati&a que pre&alecia na es%era política” x&ii

% *idad)o anti&o era sem d8!ida propriedade da polis mas era tam'+m senhor do 5stado$ A*idade re&ia so're toda a !ida de seus mem'ros dos aspe*tos mais &erais de *on!i!4n*ia*oleti!a aos mais indi!iduais de posturas e atitudes pessoais$ "ontudo era a assem'l+ia de*idad)os (ue detinha o poder de deinir as normas a serem se&uidas$ % *idad)o era um&uerreiro podendo a *idade dispor de sua !ida e de sua morte mas era a assem'l+ia de*idad)os (ue de*idia so're a &uerra e a pa$

Su'ordinado ao 5stado no *on6unto da sua !ida esse *idad)o + ao mesmo tempoa'solutamente li!re para maniestar suas opini1es$ A identidade so*ial arti*ulada para o*idad)o nessa so*iedade + de um su6eito so'retudo !in*ulado 9 sua pol.s ou se6a ao 5stado$Um su6eito (ue su'misso ao 5stado + tam'+m o poder supremo no interior dessa estruturapol.ti*a$

"om a de*ad4n*ia da so*iedade *l2ssi*a essa no,)o de parti*ipa,)o do *on6unto dosindi!.duos de uma so*iedade nas deli'era,1es do 5stado + suprimida da so*iedade o*idental$7a era medie!al s)o a'andonadas as id+ias de direitos pol.ti*o dos ple'eus e as (uest1es de5stado passam a ser pri!il+&io de al&uns homens atri'u.dos de t.tulos de no'rea eparti*ularmente aos monar*as le&itimados por um poder espiritual$

uando no al!ore*er da era moderna no!os pensadores !4m iluminar o mundo o*idental *omas id+ias de li'erdade indi!idual re*olo*a-se 9 so*iedade a (uest)o da *idadania daparti*ipa,)o dos indi!.duos nas (uest1es do 5stado$ Para isso s)o renas*idos pensamentos eormula,1es teóri*as da era *l2ssi*a tais *omo a demo*ra*ia &re&a e a rep8'li*a romana$ Masainda assim os !alores pol.ti*os (ue 'aseiam a no,)o de *idadania os prin*.pios (ue norteiama id+ia de um status de i&ualdade 6ur.di*a dos indi!.duos diante do 5stado na era moderna

ser)o a'solutamente outros da(ueles e#istentes na anti&idade$#!iii

Mo!idos pelas transorma,1es só*io-e*onBmi*as pro!o*adas pelo *apitalismo os indi!.duos daera moderna passam a rei!indi*ar uma no!a ordem de direitos$ 5sses direitos por+m est)opautados pela id+ia de li'erdade n)o tanto pol.ti*a mas e*onBmi*a e so*ial$ Para a 'ur&uesia*omo *lasse so*ialmente emer&ente e para a so*iedade (ue ela est2 preo*upada em undarn)o interessa tanto a parti*ipa,)o na *oisa p8'li*a de orma t)o ampla *omo ora na so*iedadeanti&a$ % interesse undamental + antes o da a'soluta i&ualdade dos homens para (ue essespossam realiar as tro*as *omer*iais e a a*umula,)o de *apital sem os entra!es da ordemeudal$ Pro*ura-se mais a li'erdade indi!idual rente ao 5stado do (ue a &est)o dos ne&ó*iosp8'li*os$ "omo aponta "omparato:

“6o mundo moderno, ao contr$rio 0do antigo1, a liberdade consiste não em participar da

gestão da coisa p)blica, mas em não ser molestado abusi&amente pelo Estado na &ida pri&ada.” xix










emos ai (ue o *idad)o !isualiado na perspe*ti!a moderna possui uma identidade dierenteda(uela ormulada na anti&idade$ "idad)o n)o + mais o su6eito (ue parti*ipa dos de'ates da &ora$ Antes + o indi!.duo li!re (ue n)o pode ser abusi&amente molestado pelo 5stado$

"ou'e aos pensadores *l2ssi*os do 6usnaturalismo a ela'ora,)o das 6ustii*ati!as ilosói*as(ue le!am ao re*onhe*imento dessa li'erdade moderna 'aseada no prin*.pio da i&ualdade e

so'retudo da li'erdade humana$ Propondo a e#ist4n*ia de uma i&ualdade humana '2si*a emum tempo imemorial do Estado de nature2a esses pensadores airmam (ue as desi&ualdadesentre as ordens 9s (uais os indi!.duos da so*iedade medie!al perten*em s)o uma per!ers)oda naturea humana$ 5ssa situa,)o de desi&ualdade de!e ent)o ser *orri&ida peloesta'ele*imento de um *ódi&o de leis (ue resta'ele,a um contrato social $ 5sse de!e*ontemplar os !alores ori&inais da li'erdade humana diante do 5stado$ "omo o'ser!amuirino e Montes:

“#ssim, sendo um direito natural, a igualdade, s! se reali2a plenamente quandoreconecida como um direito positi&o, ou seja, garantido por um corpo de leis e pela%orça do Estado.” xx

Fruto das proundas transorma,1es só*io-e*onBmi*as e inluen*iado por essas id+ias 6usnaturalistas orma-se o 5stado moderno pautado n)o mais pelas leis di!inas da estruturaeudal mas pelas leis humanas$ Portanto na era moderna n)o + o 5stado *omo entidadeanterior ao homem (ue ir2 apresentar-se *omo inst3n*ia re&uladora da so*iedadedeterminando as *ondi,1es de e#ist4n*ia dos indi!.duos atra!+s de direitos di!inos$ Ao*ontr2rio + a própria so*iedade atra!+s da sua ima&ina,)o *riadora (ue *on*e'e a(uilo (ue*onsidera de!am ser as inst3n*ias de re&ulamenta,)o das suas rela,1es$ %s instrumentos 6ur.di*os s)o sim *ria,1es ima&in2rias (ue os homens esta'ele*em na !ida em *omunidade$##i

"ontudo essas representa,1es so*iais somente s)o *on*reti2!eis atra!+s de pr2ti*as so*iaisorientadas para esse im$ "on*retamente 'asta dier (ue n)o oi sui*iente a unda,)o das

id+ias de li'erdade e i&ualdade humana para (ue o 5stado a'andonasse suas leis e estruturasmedie!ais de dis*rimina,)o estamental diante do direitos$ a a,)o *on*reta dos indi!.duosmo!idos por essas representa,1es so*iais (ue institui essa estrutura 6ur.di*a pautada pelo'inBmio li'erdade-i&ualdade *omo re&ra uni!ersal$

Desta orma entendo (ue a *idadania n)o est2 limitada 9 (uest)o le&al “pois sua reali2açãonão se con%unde com a obedi5ncia não7crítica às decis:es estatais.” ##ii 7o momento em (ue seima&inam as estruturas 6ur.di*as e mais ainda (uando essas representa,1es d)o lu&ar 9pr2ti*as so*iais *on*retas orma-se no ima&in2rio so*ial uma no,)o de *idadania um*on6unto de prin*.pios (ue se dese6a !er *omo direitos uni!ersais$ So're a Re!olu,)oFran*esa *omo mar*o do pro*esso de orma,)o do 5stado moderno e *omo pro*esso de!alida,)o das prerro&ati!as modernas de *idadania Rosenield *olo*a:

“*o ponto de &ista político, a ;e&olução <rancesa deu %orma aos direitos da pessoa,ou seja, reali2ou, em um certo sentido, os direitos do omem. osteriormente, osdireitos da pessoa %oram ampliados para qualquer indi&íduo independente de sexo, decor, de religião, e, portanto, a pessoa se tornou o cidadão no sentido moderno dotermo.” xxiii

Dessa maneira podemos *on*luir *omo uirino:

“=udo isso signi%ica, em termos concretos, que, com relação à questão da cidadania,

por mais que certas idéias e &alores existam de modo logicamente coerente na cabeçados %il!so%os, ou por mais que existam numa sociedade interesses especí%icosobjeti&amente identi%ic$&eis, tais &alores e interesses precisam ainda tornar7se











aspiraç:es de grandes massas de omens, trans%ormando7se em rei&indicaç:es dedireitos, para que estes possam %inalmente cegar a concreti2ar7se enquanto tais,atra&és da garantia de reconecimento que le con%erem as instituiç:es políticas deuma determinada sociedade.” xxi&

"omo !emos a no,)o de *idadania da era moderna n)o + um renas*er de prin*.pios daanti&uidade$ Antes + a *onstru,)o de uma estrutura pol.ti*a *omprometida *om a ordem'ur&uesa$ Tendo um *ar2ter re!olu*ion2rio diante das institui,1es eudais o seuesta'ele*imento e sua *onsolida,)o *omo id+ia he&emBni*a *onsolidou um *on6unto parti*ularde direitos o (ue demonstra o *ar2ter de *onstru,)o históri*a da no,)o de *idadania$

emos *om isso (ue “a cidadania enquanto dimensão p)blica da participação dos omens na&ida social e política” xx& lon&e de ter uma deini,)o 6ur.di*a 8ni*a e a*a'ada + uma identidadeso*ialmente *onstru.da atra!+s de representa,1es e pr2ti*as so*iais$ 5ssa dimens)o sim'óli*atem se dieren*iado ao lon&o do pro*esso históri*o poten*ialiando a arti*ula,)o derepresenta,1es e pr2ti*as so*iais parti*ulares ao lon&o da história *onstruindo dierentes

identidades so*iais para o *idad)o$

/+ Cidadania: uma identidade socia

"omo temos !isto a *idadania mais (ue um *on6unto de direitos + uma identidade *onstru.daa partir de representa,1es e pr2ti*as (ue os su6eitos históri*os arti*ulam em suas rela,1es$ Al+m de uma dimens)o pol.ti*a a *idadania *omporta uma ordem sim'óli*a (ue de!e serin!esti&ada na dimens)o só*io-*ultural pois + a. (ue en*ontramos os elementos ormadores doima&in2rio so*ial so're a *idadania$

Portanto a *idadania insere-se no interior desta *apa*idade (ue toda as so*iedadesapresentam atra!+s da história de representar-se nesse uni!erso sim'óli*o (ue *hamamosima&in2rio so*ial$ A dimens)o sim'óli*a (ue *ada so*iedade *onstitui em torno da *idadania +num duplo sentido tanto ruto de pr2ti*as determinadas (uanto impulsionadoras demo!imentos so*iais pois nela s)o ormulados os !alores e *omportamentos tidos *omole&.timos ao *idad)o$

% atual de'ate a*ad4mi*o a*er*a da *i4n*ia históri*a possi'ilitou o rompimento da di*otomiaima&in2rio *omo also/*i4n*ia *omo !erdade$ % *ampo do ima&in2rio sem d8!ida n)o podeser tomado *omo o próprio real *ontudo ele + *onstru.do *om maior ou menor apro#ima,)o apartir das rela,1es so*iais !i!en*iadas no mundo material$ Se o ima&in2rio so*ial n)o nosinorma *omo + a ormalidade das rela,1es so*iais ele nos di *omo os indi!.duos per*e'em asua so*iedade$ Assim podemos propor (ue as representa,1es so*iais apresentam uma*on*reta sim'olo&ia; do mundo material$ %u se6a n)o sendo o próprio mundo material de!emser tomadas *omo as le&.timas representa,1es (ue as so*iedades *onstituem de si mesmas$

Para Sandra <atahJ Pesa!ento o ima&in2rio so*ial:

“Embora seja de nature2a distinta daquilo que por $bito camamos de real, é por seuturno um sistema de idéias7imagens que d$ signi%icado à realidade, participando,assim, da sua exist5ncia. -ogo, o real é, ao mesmo tempo, concretude erepresentação. 6essa medida, a sociedade é instituída imaginariamente, uma &e2 queela se expressa simbolicamente por um sistema de idéias7imagens que constituem arepresentação do real.” xx&i

% *ampo do ima&in2rio so*ial ao ser in!esti&ado pelo historiador n)o pode ser tomado *omo

iel reprodutor da realidade material mas *omo elemento sim'óli*o a ela arti*ulado mantendode a*ordo *om o *aso maior ou menor *orrespond4n*ia$ 5; pre*iso utiliando a met2ora dePesa!ento arti*ular o texto (ue s)o as ima&ens dis*ursos s.m'olos$$$ presentes no *ampo do











ima&in2rio *om o contexto ou se6a a materialidade das rela,1es só*io-e*onBmi*as !i!idas naso*iedade em (uest)o ormando uma totalidade históri*a$ Assim *omo Pesa!ento:

“artimos da premissa de que s! é possí&el deci%rar a representação atra&és daarticulação texto>contexto. KpoisL não se pode abandonar a idéia da totalidade paraestabelecer a compreensão de um texto.” ##!ii

Pensando dessa maneira + poss.!el res&atar o *ampo do sim'óli*o *omo espa,o da a,)ohumana e *omo tal pertinente ao estudo históri*o$ 5sse olhar historio&r2i*o por+m n)o tratao sim'óli*o *omo ima&em iel da realidade so*ial$ Sendo a orma *omo os su6eitos históri*osper*e'em-se o sim'óli*o + uma dimens)o da realidade *u6o si&nii*ado + en*ontrado n)o nadireta *orrespond4n*ia *om o real mas na orma *omo os su6eitos históri*os interpretam o real$

Para =ronisla =a*No a ima&ina,)o so*ial + um aspe*to si&nii*ati!o da so*iedade$ atra!+sdela (ue as so*iedades se per*e'em ela'oram uma ima&em de si próprias e atri'uemidentidades so*iais a seus mem'ros$

“E9 assim que, atra&és dos seus imagin$rios sociais, uma coleti&idade designa a suaidentidade? elabora uma certa representação de si? estabelece a distribuição de papéise das posiç:es sociais? exprime e imp:e crenças comuns? constr!i uma espécie dec!digo de 8bom comportamento9, designadamente atra&és da instalação de modelos%ormadores tais como o do 8ce%e9, o 8bom s)dito9, o 8guerreiro corajoso9, etc.” xx&iii

"omo !emos + no *ampo do ima&in2rio so*ial (ue a so*iedade inorma aos su6eitos históri*osde seus pap+is in*orporando ou e#*luindo os indi!.duos e &rupos$ Podemos assim *onsiderar(ue dentro desse *ampo sim'óli*o s)o tra!ados *om'ates pela le&itima,)o de representa,1es

(ue 6ustii*am uma dada ordem so*ial$

Ro&er "hartier tam'+m aponta as representa,1es so*iais *omo ormadoras de entendimentosdo mundo (ue adotados pelos indi!.duos e &rupos lhes *onerem uma dada identidade$ Atra!+s dessas representa,1es *oleti!as + poss.!el entender *omo dentro de uma so*iedadese *onstituem dierentes leituras do mundo0 *omo essas leituras representam e in*orporamso*ialmente os dierente &rupos0 e assim le&itimam e reproduem rela,1es so*iais$

% (ue i*a ai *olo*ado + a or,a das representa,1es so*iais na *onstru,)o de identidades epor isso na deini,)o dos pap+is dos indi!.duos na so*iedade$ 5m de*orr4n*ia + poss.!elairmar (ue os dierentes &rupos so*iais disputam pela *onstru,)o de representa,1es (ueaendo leituras parti*ulares do mundo *on*e'am para si e para os outros identidades (ueatendam a seus interesses$ "omo "hartier aponta a rela,)o entre representa,)o identidadeso*ial e mundo material:

“ensa a construção das identidades sociais como resultado sempre de uma relaçãode %orça entre as representaç:es impostas pelos que det5m o poder de classi%icar e denomear e a de%inição, de aceitação ou resist5ncia, que cada comunidade produ2 de simesma.” xxix

%u ainda *omo *olo*a =a*No:

“Com e%eito, o imagin$rio social informa acerca da realidade, ao mesmo tempo queconstitui um apelo à ação, um apelo a comportar7se de determinada maneira.Esquema de interpretação mas também de &alori2ação, o dispositi&o imagin$rio

suscita a adesão a um sistema de &alores e inter&ém e%ica2mente nos processos dasua interiori2ação pelos indi&íduos, modelando os comportamentos, capturando as










energias e, em casos de necessidade, arrastando os indi&íduos para uma açãocomum.” xxx

Podemos airmar ent)o (ue o poder no interior das so*iedades só se esta'ele*e nomomento em (ue + *oleti!amente re*onhe*ido0 esse re*onhe*imento sem d8!ida passa pelo*ampo do ima&in2rio so*ial ou ainda pela *onstru,)o de um *on6unto de representa,1esso*iais (ue esta'ele,am esse poder *omo le&.timo$ "omo airma =a*No:

“@ualquer sociedade precisa de imaginar e in&entar a legitimidade que atribui ao poder.A...B 3ra, na legitimação de um poder, as circunstncias e os acontecimentos que estãona sua origem contam tanto, ou menos, do que o imagin$rio a que dão nascimento ede que o poder estabelecido se apropria.” ###i

"omo momento de le&itima,)o as representa,1es so*iais se mostram um espa,o de disputaentre os dierente &rupos *om o intuito de tornar le&.tima a sua !is)o de mundo$ 5sta'ele*idaessa domin3n*ia o *ampo sim'óli*o atua *omo um *ampo de e#er*.*io do poder$ Um poder(ue n)o *oa&e isi*amente mas *onstrói no interior dos indi!.duos os !alores ne*ess2rios 9manuten,)o das estruturas so*iais 6ustii*ando determinadas pr2ti*as so*iais em detrimento deoutras$

S)o as representa,1es (ue *ada so*iedade ou &rupo so*ial *ria para identii*ar a si e aomundo material (ue d)o unidade 9 *oleti!idade ormando assim as li&a,1es sim'óli*as dos&rupos identit2rios$ Sendo espa,o sim'óli*o onde se *onstróem as identidades so*iais dosdierentes &rupos da so*iedade o ima&in2rio so*ial no momento (ue in%orma a !is)o (ue *adaindi!.duo tem de si e de seu &rupo + um poderoso dinamiador das pr2ti*as so*iais$

7)o estando totalmente des!in*uladas das rela,1es só*io-e*onBmi*as em !i&or na so*iedadeas representa,1es so*iais *omp1em uma das dimens1es do so*ial (ue intererem noposi*ionamento pol.ti*o dos indi!.duos$ A,1es tanto de su'miss)o so*ial *omo de *ontesta,)oest)o pautadas por representa,1es (ue os indi!.duos internaliam *omo le&.timas 9 suaidentidade so*ial$ no *ampo do sim'óli*o portanto (ue os su6eitos históri*os !)o identii*ar-se *omo *idad)os ou *omo n)o *idad)os$ A. eles ormulam 6ustii*ati!as para postulardeterminado !alor *omo direito uni!ersal le&itimado pelo 5stado$

Da mesma orma + no *ampo do sim'óli*o (ue se arti*ulam 6ustii*ati!as (ue retiramdeterminados &rupos so*iais da disputa pol.ti*a$ 7o *ampo sim'óli*o s)o deinidas (uais aspr2ti*as so*iais le&.timas para o e#er*.*io da ati!idade pol.ti*a e#i&indo (ue outros &ruposso*iais tam'+m o re*onhe,am$ Por *onse(4n*ia a *idadania *omo dimens)o so*ial tra emsi orte *ar&a de poder pois inormando a identidade do *idad)o *om tais ou (uais

prerro&ati!as est2 delimitando a própria 2rea de a,)o pol.ti*a dos indi!.duos$

emos *om isso (ue a no,)o do (ue se6a *idadania n)o *omporta uma 8ni*a deini,)o$ "adaso*iedade ormula no *ampo sim'óli*o a sua representa,)o para a identidade de *idad)o$Podemos at+ mesmo propor (ue os dierentes &rupos so*iais e pol.ti*os e#istentes no interiorde uma mesma so*iedade est)o interessados em deinir distintas identidades para o *idad)o$Pois deinir essa identidade si&nii*a esta'ele*er (uais as representa,1es e pr2ti*as so*iaisser)o le&.timas para o e#er*.*io da *idadania$

5ssa disputa sim'óli*a e#iste num *ampo e#terior as institui,1es pol.ti*as$ 5#iste no ima&in2rioso*ial de *ada so*iedade$ 7esse *ampo as pr2ti*as pol.ti*as est)o pautadas mais pelaidentidade so*ial do *idad)o (ue pelas prerro&ati!as le&ais s)o mais si&nii*ati!as as

representa,1es so*iais so're a *idadania do (ue as prerro&ati!as le&ais do e#er*.*io pol.ti*o$ Assim a *idadania antes de deini,1es 6ur.di*as dos direitos e de!eres + uma identidade so*ialormada a partir de representa,1es e pr2ti*as$ A 'us*a dessa dimens)o sim'óli*a da *idadania







no interior da so*iedade nos dir2 das poten*ialidades e limites da a,)o pol.ti*a dos seusmem'ros$ 7os dir2 das possi'ilidades de e#er*.*io da *idadania no interior desta *omunidadepol.ti*a$

0I0LIO1"A2IA:

A7D5RS%7 PerrJ$ Einha&ens do 5st do A'solutista+ S)o Paulo: =rasiliense OQ$

=A"%$ =ronisla$ maginação 'ocial $ I7: 57"I"E%PDIA 5inaldi ol$ A7TR%P%S OQ$

"HARTI5R Ro&er$ 3 mundo como representação$ 5studos A!an,ados$ S)o Paulo$!$ n$OO$ p$OVW-OO$

"ARAEH% <os+ Murilo de$ Desen3o3imiento de a ciudadania en 0rasi$ M+#i*o:Fondo de "ultura 5*onBmi*a O$

"ARAEH% <os+ Murilo de$ 2ormação das Amas$ S)o Paulo: "ompanhia dasEetras$ OX$

"ARAEH% <os+ Murilo de$ Os .estiai4ados$ S)o Paulo: "ompanhia das EetrasOQV$ p$OYX$

"AST%RIADIS "orn+lius$ Ima#inação criadora$ S)o Paulo: Pa e Terra OQ$

"%5EH% Martha "$ da "osta$ 'obre o conceito de cidadania/ uma crítica a +arsall,uma atitude antropo%$gica$ Re!ista Tempo =rasileiro n$OXX 6an-mar OX$

"%MPARAT% F2'io onder$ # no&a cidadania$ Eua no!a$ p$ Q-OY

DAEEARI Dalmo de A'reu$ O ,ue são direitos da pessoa$ S)o Paulo: =rasiliense$OQZ$

D5M% Pedro$ Cidadania tuteada e cidadania assistida$

F5RR5IRA 7ilda$ Cidadania: uma ,uestão para a educação$ Rio de <aneiro: 7o!aFronteira OW$

MARSHAEE T$H$ Cidadania5 casse socia e status$ Rio de <aneiro: ahar OYV$

PA"H5"% Ri*ardo de A&uiar$ 3 cidadão est$ nas ruas/ a cidadania republicana emorto #legre ADF7DFDB$ Disserta,)o de mestrado PPG-HIST[RIA/ UFRGS OQ$

P5SA57T% Sandra <atahJ$ Em busca de uma outra ist!ria/ imaginando oimagin$rio. In: Re!ista =rasileira de História$ S)o Paulo$ $O n$$ p$ -V O$

UIRI7% e M%7T5S$ Constituições .rasieiras e cidadania$ S)o Paulo OQV$

R%S57FI5ED$ Denis$ Lições de 6ioso6ia pol.ti*a$ Porto Ale&re: E\PM OY$

S=AT% Hilda$ Ciudadania en la istoriogra%ia política argentina$ In: Anos X: Porto

Ale&re$ !$O n$O maio OW$ p$Q-OX$



S=AT% Hilda$ articipaci!n política ( la %ormacion de una es%era p)blica en "uenos #ires, DGH7DH. In: 5ntrepassados$ O$ P$Q-$

SA=AT% HIDA$ La po!tica en as caes: entre e 3oto 7 a mo.ii4ación 0uenosAires5 *89-*88;$ =uenos Aires OQ$

SIEA 5duardo$ As ,ueixas do po3o$ Rio de <aneiro: Pa e Terra OQQ$

Notas .i.io#rá6icas

i 5ssa arti&o + uma adapta,)o do *apitulo I da disserta,)o de mestrado deendida em 6aneiro

de OQ no PPG-HISTÓRIA/UFRGS so' o t.tulo: 3 cidadão est$ nas ruas/ a cidadaniarepublicana em orto #legre ADF7DFDB

ii MARSHAEE T$H$ Cidadania5 casse socia e status$ Rio de <aneiro: ahar OYV$ p$VY$"on!+m lem'rar (ue esse te#to + ruto de *oner4n*ia realiada em OZ em "am'ri&e e tem*omo 'ase a re!alida,)o de asserti!a proposta por Alred Marshal - em OQQ - a*er*a dapossi'ilidade de uma i&ualdade pol.ti*a humana '2si*a entre os homens0 que todos &enam aser considerados ca&aleiros.9 S)o tra'alhos (ue partem desse autor entre outros <os+ Murilode "ar!alho Construcion de Ciudadania en el "rasil e Maria de Eourdes Manini-"o!re 3 queé cidadania.

iii DAEEARI Dalmo de A'reu$ O ,ue são direitos da pessoa$ S)o Paulo: =rasiliense$ OQZ$p$OZ$

i! Faem *r.ti*as 9 !is)o de *idadania apresentada por Marshall: Pedro Demo Cidadaniatuteada e cidadania assistida e E.&ia "oelho So.re o conceito de cidadania por entender(ue ela n)o per*e'e a desi&ualdade e*onBmi*a respons2!el por in!ia'iliar a i&ualdade so*ial$EeBn*io Martins Rodri&ues alerta para a alta da *idadania e*onBmi*a; nos anais do semin2rioA construção da cidadania e 7ilda Ferreira em Cidadania: uma ,uestão para educação, tam'+m alerta para uma !is)o harmoniadora (ue mas*ara a realidade$

! S=AT% Hilda$ Ciudadania en la istoriogra%ia política argentina$ In: Anos X: Porto Ale&re$!$O n$O maio OW$ p$Q-OX$ e La po!tica en as caes: entre e 3oto 7 a mo.ii4ación0uenos Aires5 *89-*88;$ =uenos Aires OQ$

!i S=AT% Hilda$ articipaci!n política ( la %ormacion de una es%era p)blica en "uenos #ires,DGH7DH. In: 5ntrepassados$ O$ p$Q-$

!ii S=AT% Hilda$ Ciudadania, participaci!n política ( la %ormaci!n de una es%era p)blica en"uenos #ires, DGH7DH. 5ntrepassados: =uenos Aires$ % *on*eito de es%era p)blica a(uiutiliado + tomado pela autora de Ha'ermas$

!iii "ARAEH% <os+ Murilo de$ Desen3o3imiento de a ciudadania en 0rasi$ M+#i*o:Fondo de "ultura 5*onBmi*a O$ Do mesmo autor: Os .estiai4ados$ S)o Paulo:"ompanhia das Eetras OQV$ 2ormação das Amas$ S)o Paulo: "ompanhia das Eetras$ OX$Tam'+m so're a *idadania 'rasileira na Rep8'li*a: SIEA 5duardo$ As ,ueixas do po3o$ Riode <aneiro: Pa e Terra OQQ$

i# "ARAEH% <os+ Murilo de$ Desen3o3imiento de a ciudadania en 0rasi$ M+#i*o: Fondode "ultura 5*onBmi*a O$ p$OO$

http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/ed3/012.php?atual=012&edicao=3#sdendnote1anc%23sdendnote1anc


























# A(ui esses termos s)o tomados *omo e(ui!alentes para reerirem-se 9 no,)o deperten*imento ao pa.s *omo uma *omunidade de sentidos$

#i "ar!alho aponta (ue n)o por a*aso ser)o os mo!imentos eman*ipatórios *oloniais -In*onid4n*ia Mineira "on6ura,)o =aiana e Insurrei,)o Pernam'u*ana - os primeiros a alarem *idad)o no =rasil opondo-o ao s8dito *olonial$ Da mesma orma as &uerras na*ionais - do

Prata - ao re*rutarem *om'atentes apelam para o mem'ro da so*iedade pol.ti*a o *idad)o$

#ii "ARAEH% <os+ Murilo de$ Desen3o3imiento de a ciudadania en 0rasi$ M+#i*o: Fondode "ultura 5*onBmi*a O$ p$O$

#iii "ARAEH% <os+ Murilo de$ Os .estiai4ados$ S)o Paulo: "ompanhia das Eetras OQV$p$OYX$

#i! DAEEARI Dalmo de A'reu$ O ,ue são direitos da pessoa$ S)o Paulo: =rasiliense$ OQZ$p$OZ$

#! MARSHAEE T$H$ Cidadania5 casse socia e status$ Rio de <aneiro: ahar OYV$ p$VY$

#!i "%MPARAT% F2'io onder$ # no&a cidadania$ Eua no!a$ p$ Q-OY

#!ii "%MPARAT% F2'io onder$ # no&a cidadania$ Eua no!a$ p$ Q-OY$p$ QV$

#!iii So're a *rise das rela,1es pol.ti*as eudais e a emer&4n*ia do 5stado moderno do pontode !ista mais &eral !er$ A7D5RS%7 PerrJ$ Lin%a#ens do Estado A.soutista+ S)o Paulo:=rasiliense OQ$ So're os pensadores iluministas e suas proposi,1es para a orma,)o da*idadania moderna F5RR5IRA 7ilda$ Cidadania$ Rio de <aneiro: 7o!a Fronteira OW$

#i# "%MPARAT% F2'io onder$ # no&a cidadania$ Eua no!a$ p$ Q-OY p$ Q$

## UIRI7% e M%7T5S$ Constituições .rasieiras e cidadania$ S)o Paulo OQV$ p$$

##i So're as institui,1es 6ur.di*o pol.ti*as *omo ruto do pensamento humano !er:"AST%RIADIS "orn+lius$ Ima#inação criadora$ S)o Paulo: Pa e Terra OQ$

##ii R%S57FI5ED$ Denis$ Lições de 6ioso6ia po!tica$ Porto Ale&re: E\PM OY$ p$V$

##iii R%S57FI5ED$ Denis$ Lições de 6ioso6ia pol.ti*a$ Porto Ale&re: E\PM OY$ p$VQ$

##i! UIRI7% e M%7T5S$ Constituições .rasieiras e cidadania+ S)o Paulo: ti*a OQV$p$V$

##! UIRI7% e M%7T5S$ Constituições .rasieiras e cidadania+ S)o Paulo: ti*a OQV$p$Y$

##!i P5SA57T% Sandra <atahJ$ Em busca de uma outra ist!ria/ imaginando o imagin$rio. In: Re!ista =rasileira de História$ S)o Paulo$ $O n$$ p$ -V O$ p$ OY$

##!ii P5SA57T%$ Em busca de uma outra ist!ria/ imaginando o imagin$rio. In: Re!ista=rasileira de História$ S)o Paulo$ $O n$ p$ -V O$ p$ OV-OQ$

##!iii =A"%$ =ronisla$ maginação 'ocial $ I7: 57"I"E%PDIA 5inaldi ol$ A7TR%P%SOQ$ p$ZX$

##i# "HARTI5R Ro&er$ 3 mundo como representação$ 5studos A!an,ados$ S)o Paulo$ !$n$OO$ p$OVW-OO$ p$ OQW$























































### =A"%$ Ima&ina,)o So*ial$ I7: 57"I"E%PDIA 5inaldi ol$ A7TR%P%S OQ$ p$ZOO$?&rio do autor@

###i =A"%$ Ima&ina,)o So*ial$ I7: 57"I"E%PDIA 5inaldi ol$ A7TR%P%S OQ$ p$ZOX$






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Cidadania e Identidade Social