CIG-003 Raniere Garcia Paiva (Francisco de Assis Goncalves

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    ANLISE MULTITEMPORAL DO MUNICPIO DE SO MIGUEL DO IGUAU-PR BRASIL: ANLISE DOS ASPECTOS GERAIS DA PAISAGEM RURAL

    Raniere Garcia PaivaProfessor Mestre em Geografia

    [email protected] de Assis Gonalves JuniorProfessor Doutorando em Geografia Programa de ps graduao emGeografia Fsica FFLCH/[email protected]

    Rafael Marques dos SantosMestrando em Geografia UNESP Rio Claro bolsista [email protected]

    RESUMOO presente artigo teve por objetivo, a anlise multitemporal (1985 a 2010) douso e ocupao do solo no municpio de So Miguel do Iguau-PR Brasil, pormeio de tcnicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento elevantamento de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE. A metodologia deste trabalho foi realizada com o apoio de mapastemticos de uso e ocupao do solo nos anos de 1985, 1999 e 2010.Constatou-se que o municpio de So Miguel do Iguau, tem a agricultura comoprincipal uso desde a dcada 1980 e at mesmo nas dcadas anteriores.

    Palavras-chave: Sensoriamento Remoto; So Miguel do Iguau-PR; Impactos

    Geoecolgicos.RESUMENEste artculo tiene como objetivo, el levantamento (1985-2010) del uso yocupacin del suelo en el municipio de Sao Miguel do Iguau-PR - Brasil,atravs de la teledeteccin y los SIG y datos del Instituto Brasileo deGeografa y Estadstica - IBGE. La metodologa de este estudio se realiz conel apoyo de mapas temticos para el uso y ocupacin de tierras en los aos1985, 1999 y 2010. Se encontr que el municipio de So Miguel do Iguau, laagricultura tiene como principal uso desde 1980, e incluso en dcada antes.

    Palabras-clave: Teledeteccin; So Miguel do Iguau; Impactos del paisaje.

    INTRODUO

    O municpio estudado pertence Mesorregio Oeste do Paranaense e

    se situa no extremo Oeste do estado do Paran. Esta mesorregio se destaca

    por conta de sua grande ocupao agrcola, sobretudo no mbito de

    mecanizao da agricultura.

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    No incio de sua ocupao, a regio passou por um grande perodo de

    abandono territorial. J na dcada de 1920, colonos vindos do Rio Grande Sul

    fixaram-se s margens do Rio Paran. Entretanto, Colodel (1988), ressalta que

    nesta regio: nada mais havia do que um arremedo de povoamento.

    De fato, a corrente que iria povoar esta regio teria sua chegada a partir

    da dcada de 1940, com grande maioria destes colonos vindos do Rio Grande

    do Sul e Santa Catarina, onde residiam em colnias talo-germnicas (MORO,

    1998).

    No processo de ocupao desta regio o autor (op. cit.) destaca dois

    momentos distintos. No primeiro momento (1820 a 1945) a situao era de

    uma economia extrativista, depredatria, espoliadora. Esta base era liderada

    por companhias exploradoras de madeira e mate, que eram exportados,sobretudo, para Argentina.

    Durante a revoluo de 1930, o Governo anulou diversas concesses de

    terras, e posteriormente, no perodo da Segunda Guerra mundial, nacionalizou

    tais concesses e empresas nas zonas de fronteiras (WESTPHALEN,

    MACHADO e BALHANA apudMORO, 1998).

    Nesta dcada os colonos sulistas se limitavam a ficar no territrio da

    atual mesorregio Sudoeste Paranaense (MORO, 1998).No segundo momento, a partir da dcada de 1950 a regio passou por

    um desenvolvimento mais acelerado, sendo em apenas 20 anos construdas

    quase 40 cidades (PADIS, 1981). Nesta fase os sulistas migraram da

    Mesorregio Sudoeste durante as dcadas de 1940 e 1950 para a Mesorregio

    Oeste (MORO,1998).

    O mesmo autor (op. cit.) afirma que as companhias de Terras tiveram

    papel fundamental na ocupao da regio, onde estas compravam terras

    desocupadas e planificavam e dirigiam a ocupao em lotes pequenos e

    mdios, logo foram destacando centros urbanos tais como Cascavel, Foz do

    Iguau, Toledo, e outros que posteriormente formaram os ncleos regionais

    mais urbanizados que os demais municpios.

    Na ocupao inicial, os colonos a terra era ocupada por colonos que

    mantinham a agricultura familiar, sobretudo criao de sunos e plantao de

    cereais, fatores preponderantes para a expanso destas atividades durante a

    modernizao agrcola na dcada de 1970, pois a experincia aliada ao

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    sentimento cooperativista fizeram a regio se alavancar nestes setores

    (MORO, 1998).

    Dentro deste contexto, o presente artigo teve por objetivo, a anlise

    multitemporal (1985 a 2010) do uso e ocupao do solo no municpio de So

    Miguel do Iguau-PR Brasil, por meio de tcnicas de Sensoriamento Remoto

    e Geoprocessamento e levantamento de dados do Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica IBGE.

    Mtodos e tcnicas

    A metodologia deste trabalho foi realizada com o apoio de mapas

    temticos de uso e ocupao do solo nos anos de 1985, 1999 e 2010. Osmapeamentos foram elaborados por base em imagens dos sistemas de

    satlites Landsat 5 e 7; e, IRS-P6 (RESOURCESAT).

    Foram elaborados, ainda, mapas de relevo utilizando como base dados

    SRTM (Shuttle Radar Topography Mission, 2000), atravs dos softwares

    Globais Mapper e Spring. O mapa de tipos de solos foi elaborado a partir do

    mapeamento de solos do Estado do Paran (IAP e EMBRAPA, 2008).

    Foram analisados mapas, dados e bibliografias regionais com intuito deapontar impactos geoecolgicos relacionados ocupao do espao rural

    regional, tendo em vista anlises relativas vulnerabilidade ambiental deste

    espao.

    Resultados e discusses

    O municpio de So Miguel do Iguau localiza-se no Estado do Paran,

    Regio Sul do Brasil, na Mesorregio Oeste Paranaense (Figura 1).

    So Miguel do Iguau representa cerca de 70% do territrio da

    Mesorregio Oeste Paranaense, onde h o predomnio de ocupao agrcola

    do territrio pelo cultivo de soja e milho, em alguns casos trigo; e na pecuria,

    criao de sunos e galinceos.

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    Figura 1 Localizao do municpio de So Miguel do Iguau-Paran-Brasil.

    Em relao pecuria, segundo dos dados do IBGE, o municpio desde

    1974, tem uma produo de bovinos relativamente estvel com uma mdia de

    40 mil cabeas de gado por ano, produo de suno tambm estvel com

    mdia de 50 mil cabeas por ano. No caso dos galinceos houve

    superprodues nos anos de 1978, 1979 e 1980, chegando a 640 mil cabeas

    neste ltimo ano. Depois de trs anos a produo se manteve entre 1981 a1995 com mdia de 90 mil cabeas por ano, e a partir de 1996 at 2010, mdia

    de 60 mil cabeas por ano (Figura 2).

    Figura 2 Efetivo dos principais tipos de rebanhos no municpio de So Miguel do Iguau.

    No mapeamento realizado por meio de imagens do satlite LANDSAT-5,

    a agricultura em 1985 representava 63,74% do total do territrio do municpio,

    enquanto que apenas 6,42% eram de pastagem (Figura 3).

    Figura 3 Uso do solo do municpio de So Miguel do Iguau-PR, em 1985.

    No ano de 1999, segundo mapeamento, tambm por meio do satlite

    LANDSAT-5, a agricultura passa a representar 67,12% da rea do territrio do

    municpio, enquanto que a pastagem passa a ser de 1,71%, nota-se tambm

    que a rea urbana cresceu mais de 35% (Figura 4).

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    Figura 4 Uso do solo do municpio de So Miguel do Iguau-PR, em 1999.

    J no mapeamento realizado por meio de imagens do satlite

    ResourceSat, a agricultura passou a ter 66,64%, decrscimo que deu lugar

    novamente pastagem que neste ano possui rea de 2,06% do total do

    territrio (Figura 5).

    Figura 5 Uso do solo do municpio de So Miguel do Iguau-PR, em 1999.

    Confrontando os dados dos mapeamentos realizados por meio das

    imagens de satlite com os dados do IBGE (Figura 6), possvel verificar que

    na agricultura, as lavouras que predominam no municpio so a soja e o milho

    desde a dcada de 1990 at 2009, entretanto, na dcada de 1980 o trigo

    atingia considerveis reas de ocupao no municpio.

    Figura 6 Principais lavouras temporrias do municpio de So Miguel do Iguau.

    Os mapeamentos realizados auxiliam na espacializao da distribuio

    das classes de uso do solo no decorrer do tempo. Analisando a Figura 7, nota-

    se que a pastagem ocupava parte da rea do Parque Nacional do Iguau, uma

    reserva da Mata Atlntica protegida por leis federais e estaduais. Neste caso

    possvel que a rea pudesse no ter utilizao para a criao de gado, e sim

    estava a ser recuperada naturalmente.

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    Figura 8 Correlao entre o Uso do Solo de 2010, e os tipos de solos do municpio de SoMiguel do Iguau.

    possvel que na rea de contato entre os NITOSSOLOS ou

    LATOSSOLOS com NEOSSOLOS, haja a existncia de solos do tipo

    CAMBISSOLO.

    Os agricultores ocupavam no incio da dcada de 1970 at onde era

    possvel para a agricultura mecanizada. Sendo que o limite eram os solos

    rasos. Reflexos destes fatos podem ser comprovados pelo limite atual, em que

    a lavoura temporria chega at o contato entre o NITOSSOLO e NEOSSOLO,

    o primeiro mais espesso, e o ltimo raso (Figura 9 e 10).

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    Figura 9 rea ocupada com lavouras temporrias sobre NITOSSOLOS VERMELHOS, e rea

    de contato com solos rasos, ocupados por matas.

    Figura 10 rea de contato entre LATOSSOLOS e NEOSSOLOS REGOLTICOS.

    Consideraes finais

    O presente artigo levanta que desde a dcada de 1960 o municpio de

    So Miguel do Iguau possui influncia da ocupao por lavouras temporrias.Isso se d por motivo das condies geoecolgicas favorveis dos tipos de

    solos predominantes (LATOSSOLOS e NITOSSOLOS) e em concordncia com

    os solos o relevo.

    A agricultura para exportao de gros se desenvolve bem nestas

    condies levantadas. Cabe-se ressaltar que seria de importante relevncia um

    estudo mais aprofundado sobre os manejos de solos, e as caractersticas

    geoecolgicas por meio de compartimentao da paisagem. Contudo, este

    estudo registra parte da histria rural de ocupao deste municpio.

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    Referncias

    COLODEL, J.A. Obrages & companhias colonizadora: Santa Helena na histriado Oeste paranaense at 1960. Cascavel : Assoeste, 1988.

    GLOBAL LAND COVER FACILITY. Shuttle Radar Topography Mission(SRTM). Disponvel em:. Acesso em: 15 dez. 2010.

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    INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Departamento deProcessamento de Imagens (INPE/DPI). Sistema de processamento deinformaes georreferenciadas(SPRING). Verso 5.1 [S.I.]: INPE, 2009. Disponvel em: .Acesso em: 15 ago. 2010.

    MORO, D.A. Desenvolvimento econmico e dinmica espacial da populao noParan Contemporneo. Boletim de Geografia. Maring, n.1, v.1, 1998.

    PADIS, P.C. Formao de uma economia perifrica: o caso do Paran. SoPaulo: HUCITEC, 1981.