CIG-030 Ismar Borges de Lima

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    EIXO TEMTICO: Ciencia de la Informacin Geogrfica

    A Informao e o Mapeamento Tursticos com base emInventrio Georreferenciado: O Caso do

    Municpio de Colinas do Sul.

    Ismar Borges de Lima, Dr. 1

    Email: [email protected]

    Rangel Gomes Godinho 2

    Email: [email protected]

    Helsio Amiro Motany de Alburquerque Azevedo, MsC.3

    Email: [email protected]

    Masa Frana Teixeira 4Email:[email protected]

    RESUMO

    Por meio de coleta de dados primrios e secundrios foi feito um inventrio dos

    atrativos tursticos e o mapeamento georreferenciado do territrio do municpio

    de Colinas do Sul, localizado na regio nordeste do estado de Gois, Brasil. Omapeamento consistiu na identificao dos principais atrativos tursticos

    naturais, rotas, roteiros e circuitos tursticos por meio de GPS/GIS, oferecendo

    informaes, e uma base cartogrfica pioneira para a criao de um banco de

    dados norteadores da ocupao e transformao dos espaos para o

    planejamento e desenvolvimento de um turismo respaldado por preocupaes

    sociais e ecolgicas. Colinas do Sul um dos municpios brasileiros com mais

    de 80% de seu territrio situado em uma rea de Proteo Ambiental (APA),uma Unidade de Conservao (UC) brasileira de uso sustentvel, e que possui

    no seu entorno duas reas de extrema relevncia ambiental: o Parque da

    1 Ismar Borges de Lima, doutor em Geografia Humana e Turismo pela University of Waikato,Nova Zelndia, em 2008, e atualmente pesquisador e coordenador de projetos no Instituto deEstudos Socioambientais IESA, da Universidade Federal de Gois - UFG.2 Rangel Gomes Godinho mestrando em Geografia e Cartografia pelo Instituto de EstudosSocioambientais IESA, da Universidade Federal de Gois - UFG.3 Helsio Amiro Motany de Albuquerque Azevedo doutorando em Geografia pelo Institutode Estudos Socioambientais IESA, da Universidade Federal de Gois - UFG, e est vinculado

    UEM-ESHTI/Moambique.4Masa Frana Teixeira mestranda em Geografia Humana e Turismo pelo Instituto deEstudos Socioambientais (IESA), da Universidade Federal de Gois (UFG).

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    Chapada dos Veadeiros e a o Lago da Serra da Mesa. A metodologia consistiu

    na coleta de dados para se disponibilizar um sistema de informao turstica

    georreferenciada de base cartogrfica interpretada e documental de interesse

    coletivo.

    Palavras-chave: Georreferenciamento, Ordenamento Territorial, PlanejamentoTurstico.

    1. INTRODUO

    A proposta de se elaborar um inventrio, na forma de banco de dados

    descritivo, pictogrfico e georreferenciado para Colinas do Sul, foi feita tendo-

    se como objetivo reunir um conjunto de informaes essenciais para queviesse a servir de subsdio para o planejamento do turismo naquele municpio.

    O inventrio foi resultado de uma parceria feita em meados de outubro de

    2010, entre o secretrio municipal de turismo e do meio ambiente de Colinas

    do Sul, a Prefeitura local, e a coordenao do Laboratrio de Pesquisas

    Territoriais (LABOTER), pertencente ao Instituto de Estudos Socioambientais

    (IESA), da Universidade Federal de Gois (UFG). As discusses para as linhas

    gerais da parceria aconteceram, em reunies com os moradores e autoridadeslocais, durante o trabalho de campo de uma equipe de pesquisadores do

    LABOTER, no nordeste goiano.

    O consenso nas reunies era de que Colinas do Sul tinha o potencial para se

    tornar uma referncia em nvel regional como destino turstico, principalmente

    para o turismo aventura e o ecoturismo, alm de servir como uma das rotas de

    acesso s Terras dos Av-Canoeiro, favorecendo o turismo etno-cultural, etambm um dos portes de entrada para o Parque Nacional Chapada dos

    Veadeiros. O municpio apresenta potencial turstico devido ao patrimnio

    natural; entre eles destacam-se cachoeiras, rios com corredeiras, formaes

    rochosas de interesse cnico e essenciais para rapel, guas termais e o lago

    da Usina Hidreltrica de Serra da Mesa, alm da fauna e flora do Cerrado, os

    quais podem ser usufrudos pelos visitantes com uma infraestrutura composta

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    de estabelecimentos comerciais, de acomodao e de aluguel de barcos que

    serve de apoio para a prtica turstica5.

    No entanto, nos encontros entre os pesquisadores e os moradores locais,

    debateu-se a necessidade da identificao e da formatao de roteiros e de

    produtos tursticos que viessem a diversificar o turismo do municpio, atraindo

    tambm visitantes de perfis variados, alm daqueles que j vo regio para

    praticar a pesca amadora e esportiva. Tambm foi consenso o fato de que o

    turismo de Colinas do Sul era incipiente, estava acontecendo de forma

    desorganizada, e sem a devida interveno do poder pblico responsvel por

    limitaes de recursos humanos e financeiros, e pela falta de conhecimento

    tcnico e capacitao. Sentiu-se tambm a necessidade de envolver e

    esclarecer mais a comunidade, tornando o processo de planejamento turstico

    mais democrtico e participatrio.

    Na opinio de moradores e autoridades locais, o maior empecilho para a

    consolidao do turismo em Colinas do Sul como destino e para o aumento do

    fluxo de visitao est sendo a falta de malha asfltica em um trecho de cerca

    de 40 km, na GO-132, que liga aquele municpio ao de Niquelndia, alm da

    falta de asfalto entre Colinas e So Jorge, um trecho de aproximadamente 32

    km da GO-239 (Fig. 1). Assim, tudo indica que a pavimentao situa-se como

    fator crtico de entrave para o aumento do fluxo de visitao.

    A realidade atual mostra um cenrio de contraste na regio ao se comparar

    Colinas do Sul com outros municpios vizinhos de potencial turstico. So Jorge

    um destino j consolidado, com considervel divulgao e com um fluxo devisitao representativo. As dezenas de cachoeiras e as paisagens cnicas de

    So Jorge, e sua proximidade com Alto Paraso, outro destino popular

    nacionalmente, distante apenas 34 km (Fig.1), tornam o municpio uma

    referncia em Gois para o turismo, e, podem eles, por induo

    considerando-se os conceitos dos arranjos tursticos regionais em cluster e seu

    5 Informaes obtidas no relatrio: Pontecialidades Tursticas dos municpios do Entorno do Lago daUsina Hidreltrica de Serra da Mesa, elaborado pela equipe da Universidade Federal de Gois em

    parceria com da Agncia Rural, Faculdade Faclions e Universidade Estadual de Gois. 2005.

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    desenvolvimento e promoo em networks (Michael, 2007), e tambm pelo

    fator proximidade, colocar Colinas em destaque como rota e roteiro.

    Fig. 1. Municpios e Atrativos Tursticos do Nordeste Goiano.

    Assim, as visitas tcnicas e reunies com alguns vereadores, secretrios

    municipais e lderes de associaes da cidade, permitiram que os

    pesquisadores pudessem entender a realidade local, sendo informados sobre

    os principais anseios, planos e dilemas enfrentados pelos moradores do

    municpio. Com base no relato dos intervenientes locais, foi proposta umaparceira para se fazer um trabalho pioneiro de registro das atividades de

    turismo, da estrutura existente, dos aspectos fsicos, e de roteiros, rotas e

    circuitos de Colinas do Sul. Notou-se tambm a necessidade de confeco de

    mapas de referncia cartogrfica e de mapas tursticos segmentados de valor

    instrumental (guias) cobrindo os principais pontos de visitao, os

    equipamentos tursticos e a estrutura de suporte.

    Fonte: Ismar Lima, 2011.

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    Os mapas atenderiam s demandas logsticas e de orientao e localizao

    espacial por parte dos turistas, do comrcio local, dos guias, das agncias e

    operadoras de turismo, do trade turstico, e das organizaes e instituies que

    direta ou indiretamente ligadas ao setor turstico.

    2. Procedimentos Metodolgicos: Parcerias para o Trabalho de Campo

    O desenvolvimento do trabalho envolveu etapas metodolgicas que foram

    fundamentais para a concluso bem-sucedida do inventrio turstico de Colinas

    do Sul (GO). No primeiro momento foi estabelecida uma parceria entre o

    Laboratrio de Estudos e Pesquisas das Dinmicas Territoriais LABOTER, do

    Instituto de Estudos Socioambientais IESA, da Universidade Federal de

    Gois, e a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente de Colinas do Sul

    (GO), em meados de agosto de 2010. Assim, com as linhas gerais do projeto j

    definidas, a coordenao do LABOTER designou uma equipe tcnico-cientfica

    formada por pesquisadores e acadmicos do IESA para elaborar um projeto

    para o Inventrio Turstico de Colinas do Sul (GO). Para a efetivao do

    Inventrio Turstico, as seguintes etapas metodolgicas foram realizadas.

    A primeira etapa consistiu no encontro do grupo para se definir o cronograma

    inicial de trabalho, identificar equipamentos e materiais necessrios para a

    coleta de dados, fazer a reviso da literatura, realizar o levantamento de fontes

    de informao na internet, ou seja, os web-stios estratgicos especializados

    em turismo e meio ambiente, tais como: o do Ministrio do Turismo (MTur), do

    Ministrio do Meio Ambiente (MMA), do Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatsticas (IBGE), e da Secretaria do Planejamento (SEPLAN).

    A segunda ao desenvolvida foi a realizao de um encontro/reunio com os

    intervenientes locais do turismo de Colinas do Sul para a apresentao do

    projeto de inventrio turstico do municpio e para se fazer consultas sobre o

    potencial turstico existente na rea e sobre as dificuldades que eles, os atores

    locais, tm enfrentado no desenvolvimento de sua atividade turstica. Houve,

    portanto, uma preocupao de se implementar um projeto cuja metodologia

    incluiu uma consulta de base participativa junto comunidade local.

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    A terceira etapa consistiu de viagens tcnicas na rea do municpio, com o

    suporte e acompanhamento do secretrio de turismo de Colinas do Sul e de

    outros funcionrios da Prefeitura, para a identificao e o georreferenciamento

    dos atrativos tursticos e infraestrutura turstica.

    2.1. Mtodos e Ferramentas: GIS, GPS, Spring, e ArcMap.

    Para o georreferenciamento, usou-se equipamentos GPS tendo como ponto de

    referncia (o marco zero) o Centro de Atendimento ao Turista (CAT), localizado

    na parte urbana central de Colinas. O uso de GPS na coleta de dados auxiliou

    sobremaneira na caracterizao de feies locais, como os atrativos tursticos

    (existentes ou potenciais), os equipamentos tursticos e a estrutura hoteleira e

    de alimentao, alm de se identificar os acessos por trilhas em propriedades

    rurais e reas de preservao ambiental, etc. Foram feitos tambm o

    reconhecimento e a anlise da infraestrutura de suporte ao turista, tais como

    hospitais, bancos, etc.

    O trabalho de campo possibilitou o mapeamento dos equipamentos que

    compem a infraestrutura turstica urbana, haja vista que onde se

    concentram os equipamentos tursticos relacionados hospedagem,

    alimentao, e o receptivo de modo geral. O procedimento seguinte ao

    georreferenciamento foi a tabulao e anlise dos dados obtidos nas visitas

    tcnicas, no intuito de estabelecer parmetros para classificao da oferta

    turstica, bem como as tipologias de infraestrutura tursticas (Crouch, 2004; Van

    and Wessels, 1994).

    O uso de imagens orbitais, como os produtos Landsat, CBERS, Ikonos,QuickBird e ASTER, bem como imagem de radar, no caso os produtos SRTM,

    tem permitido a atualizao das bases cartogrficas existentes e a realizao

    de detalhamentos, com a ampliao das escalas cartogrficas das cartas

    temticas (Van and Wessels, 1994). Para a presente pesquisa esto previstos

    o uso de sistemas de informao geogrfica Spring 5.0.5 e ArcGIS

    9.2/ArcMap, para a construo e processamento de bases de dados, em meio

    digital, observando-se que as ferramentas, aplicativos (Google Earth e GoogleEarth Pro) (Pan et. al., 2007) e as bases de dados cartogrficos (com destaque

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    como contemplaro a distribuio espacial da infraestrutura turstica do

    municpio.

    As atividades foram realizadas com suporte logstico oferecido pela

    Universidade Federal de Gois (UFG), a destacar, o transporte de Goinia paraColinas do Sul e de Colinas do Sul para Goinia; o Equipamento de GPS; o

    Programa de Geoprocessamento e Computadores com acesso a internet. J o

    transporte local urbano e rural no limite do municpio, o guia para orientar o

    deslocamento da equipe, a hospedagem e refeies durante o perodo das

    atividades de campo ficaram na responsabilidade da Secretaria de Turismo de

    Colinas do Sul.

    3. Inventrio Turstico: Plataforma para Aes Estratgicas ePlanejamento em Turismo

    Este relatrio tornou-se a plataforma principal para a anlise do potencial

    turstico de Colinas dos Sul. De certo modo, um manual para aes

    estratgicas em turismo. Por ser um documento (um inventrio) interpretado,

    composto por cruzamento de informaes, em que o contexto regional de

    Colinas debatido e algumas recomendaes esboadas no sentido decooperar para o trabalho futuro dos planejadores em turismo e para o trade

    turstico.

    Tais caractersticas denotam a predominncia de uma abordagem

    metodolgica qualitativa com a produo de material descritivo para anlise

    (Crouch, 2004; Ritchie et. al., 2005), mas com respaldos de estatsticas e de

    elementos quantitativos e grficos. Em termos de metodologia de pesquisa, um

    inventrio turstico pode incluir tanto a anlise de recursos como a anlise de

    mercado (Beni, 2002; Gunn, 1994), propiciando uma coleta de dados e de um

    trabalho de campo direcionados para a identificao em escala dos macros e

    micro elementos da cadeia turstica como atividade produtiva.

    O princpio norteador do inventrio que a informao sobre a regio deve ser

    coletada e processada atendendo a um interesse coletivo, e que a informao

    se traduza em conhecimento tcnico-especializado, e que seja escrita em

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    linguagem acessvel aos intervenientes de diversas reas e das mais variadas

    formaes.

    Busca-se, portanto, se fazer a socializao do conhecimento e da informao

    de maneira a ser til e instrumental visando a maximizar os beneficiar para a

    economia, o patrimnio natural, a comunidade local, e promover a cultura e as

    prticas sustentveis em turismo para que essas sejam o mnimo impactante

    ao meio ambiente. Alm disso, a informao coletada, quando interpretada e

    contextualizada, ganha um valor agregado.

    4. Colinas do Sul: Um Municpio Constitudo Ecologicamente por Decreto

    O planejamento e o desenvolvimento do turismo em Colinas do Sul e na regio

    nordeste de Gois no podem ocorrer isolados do estudo e da compreenso

    da distribuio e posse das terras, das questes latifundirias, dos territrios

    indgenas e dos quilombolas (considerados reas de Proteo Permanente

    APPs) e das reas de conservao ambiental. Por exemplo, o territrio

    indgena dos Av-Canoeiros, limtrofe com Colinas do Sul, tem uma rea de

    38.000 hectares, sendo que 10% deste territrio foram inundados pelas guas

    da barragem do lago da Serra da Mesa.

    Em sntese, Colinas do Sul tem cerca de 80% do seu municpio localizado

    dentro de uma rea de Proteo Ambiental - a APA Pouso Alto - instituda pelo

    decreto estadual nmero 5.419, em 7 de maio de 2001. A APA tem 872.000

    hectares, o equivalente a 2,04% da rea total do Estado de Gois (fonte:

    Agncia Ambiental SEMARH) (Fig. 2), e se estende por outros cinco

    municpios: Alto Paraso (100% faz parte da APA), Teresina de Gois (50%),Nova Roma (30%), So Joo dAliana (20%), e Cavalcante (65%) (Fig. 2).

    Uma vez que muitos desses municpios encontram-se em situao de uso

    restritivo da terra, uma das alternativas de receita para as prefeituras locais e

    que poderia se converter em benefcio para a comunidade local, comerciantes

    e empresrios, e para proprietrios de terra, seria a implantao do Imposto

    sobre Comercializao de Mercadorias e Servios Ecolgico (ICMS ecolgico)em Gois. De acordo com o secretrio estadual do meio ambiente de Gois,

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    Av-Canoeiro, e tambm situado nas imediaes da Reserva Biosfera Goyaz

    Fase II (ver mapa 1e 2).

    O PARNA uma unidade de proteo integral. A APA Pouso Alto tambm foi

    criada visando a reduzir os conflitos e disputas nas questes latifundirias, da

    posse e uso de terras na regio, inclusive nas Terras Indgenas e nos

    Remanescentes Quilombolas que so reas de Preservao Permanente

    (APP) de acordo com o Cdigo Florestal Brasileiro e a Lei Florestal do Estado

    de Gois. As APPs possuem maiores restries de uso de seu solo e dos

    recursos naturais em relao s APAs, e visam tambm preservao cultural

    dos grupos tnicos que habitam aqueles locais.

    A APA permite seu uso sustentvel com base em um plano de manejo

    aprovado por um Conselho Consultivo que tambm tem responsabilidades de

    gesto e de tomada de decises sobre a unidade. Contudo, at o incio de

    2011 o plano de manejo ainda no tinha sido concludo e ido a votao pelo

    Conselho, fato que cria obstculos para fazendeiros, empresrios e

    comerciantes que queiram desenvolver alguma atividade econmica nos seis

    municpios que fazem parte da APA. Atualmente cada propriedade rural

    (fazenda) situada dentro da APA pode desmatar at 30 hectares de mata

    nativa, salvaguardando-se os cumprimentos legais e ambientais.

    Essas atividades tm de seguir as determinaes, critrios e parmetros do

    plano de manejo, e eles dependem ainda de licenas e licenciamentos, e tudo

    est sujeito fiscalizao. Enquanto o plano no aprovado, um ambiente de

    dvidas, tenso e de impacincia com acaloradas discusses ganha dimensoe gera conflitos de interesse, principalmente entre aqueles de orientao

    ambientalista e aqueles com interesses econmicos; algo que reflete uma

    disputa ideolgica antagnica entre preservacionistas (os ecocntricos, com

    um foco na preservao do meio ambiente) e desenvolvimentistas (os

    antropocntricos, com uma viso de que natureza existe apenas para servir os

    indivduos e a sociedade).

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    No caso do Cerrado, existem grupos em defesa da expanso da fronteira

    agrcola e outros grupos que advogam em favor do turismo. Uns com os olhos

    voltados para a natureza, e outros com os olhos voltados para o lucro. Essa

    situao foi presenciada pela equipe de pesquisadores nas reunies com

    moradores, fazendeiros e polticos de Colinas do Sul.

    Todos esses fatores geopolticos so fundamentais para a compreenso dos

    dados obtidos no trabalho de campo, no georreferenciamento e no

    mapeamento visando a um planejamento holstico do turismo; um

    planejamento que se mostra integralmente enviesado pelas questes sociais,

    culturais e ambientais, e pelas preocupaes com uma sustentabilidade real.

    5. O Turismo e a Informao Turstica.

    O inventrio sobre Colinas do Sul ficaria incompleto caso todas essas variveis

    no fossem consideradas como fatores que influenciam e determinam as

    atividades do setor turstico em suas respectivas fases, a da implementao,

    do desenvolvimento, da gesto, e da consolidao do destino.

    Parte-se do pressuposto de que o fluxo de visitao de um destino e os

    investimentos pblicos e privados em escala podem potencialmente aumentar

    a partir do momento em que se disponibiliza e se faz circular a informao

    turstica essencial tal como os atrativos, a rede hoteleira e de alimentao,

    roteiros e circuitos, opes de tour e de atividades diversas de lazer, as

    estruturas adjacentes e de suporte ao turismo, despertando o interesse e a

    motivao de visita no indivduo (Sigala et. al., 2007; Beni, 2002), alm de

    promover o desenvolvimento socioeconmico regional e da infraestrutura emgeral (Beni, 2002).

    Alm de difundir um conhecimento especfico, a informao turstica deve ter

    um carter instrumental, prtico e utilitrio, de acesso a dados de interesse

    coletivo, dinamizando as rotinas, aspectos logsticos e as tomadas de decises

    pelos stakeholders (partes interessadas) engajados na indstria do turismo

    (Sigala et. al., 2007).

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    Assim, para que um determinado municpio se torne referncia como destino

    turstico, os recursos humanos e naturais, a economia, bens e servios, e a

    estrutura urbana e no-urbana de uma jurisdio/rea devem ser identificados,

    inventariados, classificados, analisados e interpretados para a criao de um

    banco de dados com informao turstica que possa ser estrategicamente

    usada no planejamento, na gesto e no trabalho de marketing do turismo local

    e regional (Sigala et. al., 2007). Essa informao segmentada deve ser de livre

    acesso pelo trade turstico, organizaes e instituies diversas, e pelo

    visitante.

    A informao turstica pode ser produzida e disponibilizada de vrias formas e

    em diferentes formatos, entre eles: impresso (folders, boletins, newsletters,

    revistas especializadas, mapas, guias, relatrios acadmicos, dissertaes,

    inventrios, etc.), mdia digital (arquivos digitais, Cd, Dvd, etc), meios

    cibernticos, a internet, ou difundida pelos canais de rdio e televiso.

    6. Inventrio Turstico do Municpio de Colinas do Sul (GO).

    6.1. Atrativos Tursticos

    Os atrativos tursticos identificados no municpio de Colinas do Sul (GO) sero

    apresentados a partir de roteiros tursticos estabelecidos segundo fatores como

    proximidade e similaridade de sua oferta. Aps o trabalho de campo, quatro

    roteiros principais foram identificados e analisados, considerando-se os

    atrativos tursticos comuns existentes reunidos em uma rea subdistrital dentro

    dos limites do municpio. Assim, os quatro roteiros so: i) Roteiro Urbano; ii)

    Roteiro do Lago Serra da Mesa, e iii) Roteiro das guas Termais, e iv) Roteiro

    Vila Borba (Fig.4).

    As informaes sobre os atrativos sero apresentadas em quadros

    esquemticos no intuito de favorecer a visualizao dos dados inerentes aos

    atrativos. A apresentao de cada atrativo ser seguida de fotografias

    correspondentes aos mesmos. Aps a exposio dos roteiros segue um mapa

    turstico do municpio de Colinas do Sul (GO). Por limitao textual e de

    nmero de pginas, apenas o atrativo Cachoeira Vu da Noiva, no roteiro VilaBorba, ser citado conforme originalmente descrito no formulrio de

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    levantamento de dados. Os formulrios so padronizados e incluem

    informaes essenciais sobre o destino, tais como: nome do atrativo,

    descrio, localizao e acesso, coordenadas pelo GPS, problemas relatados

    ou observados, recomendaes e sugestes, nome(s) do(s) proprietrio(s).

    6.1.1. Roteiro Urbano

    Os atrativos que compem o roteiro urbano so:Balnerio Cachoeirinha, Praa

    do Coreto/ Praa Central, Praa da Matriz - Parquia Sagrado Corao de

    Jesus (onde ocorre a Caada da Rainha), Praa da Biosfera e Centro Cultural

    Casa Verde (Fig. 3).

    Fig. 3. Roteiro Urbano de Colinas do Sul.

    6.1.2. Roteiro Serra do Lago Serra da Mesa

    Os atrativos que compem o roteiro urbano so: Chiqueiro de Pedra,

    Cachoeira das Pedras Roladas, Praia do Ronaldinho, Ilha do Amaral, Parada

    Fonte: Rangel Godinho,

    2011.

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    da Cascatinha, Baia das Palmeiras, Cachoeira da barra de quati, Ponto do

    Pica-Pau, Pedra Casinha Branca, RPPN Cachoeira das Pedras Bonitas,

    Cachoeira Igrejinha 1, Cachoeira Igrejinha 2 e Santurio Ecolgico Beija-Flor.

    6.1.3. Roteiro das guas Termais

    Os atrativos que compem o roteiro urbano so: guas termais Jardim do

    den, Encontro das guas dos rios So Miguel e Tocantinzinho, guas

    Termais (Fazenda Morro Vermelho), Praia das Pedras (Fazenda Mutaca),

    Fazenda Bela Vista, Sitio Arqueolgico - Pinturas Rupestres, Morada dos Anjos

    e Fazenda So Joaquim dos Guimares.

    6.1.4. Roteiro Vila Borba

    Os atrativos que compem o roteiro urbano so: Cachoeira Vu de Noiva,

    Cachoeira Roda de gua, Cachoeira 3 Quedas So Bento e Cachoeira da

    Biquinha (Tabela 1).

    Tabela 1. Levantamento de Dados de Atrativo Turstico: Formulrio Padro

    Atrativo/Local: Cachoeira Vu de NoivaDescrio: Cachoeira com rea para banho e local para observao de fauna e flora.

    Localizao e acesso: Localizado prximo a GO 132, estrada no pavimentada queliga Colinas ao municpio de Cavalcanti.

    Coordenadas pelo GPS:Altitude: 463 m.-48,053826 (Long.) / -13,849361 (Lat.) (graus decimais)

    Contato: Somente por meio do Centro de Atendimento ao Turista CAT, Secretriodo Turismo e duas funcionarias, encontram-se pelo telefone da Prefeitura (62-

    34861117) ou do telefone publico (Orelho) existente no CAT (62-34861015).Problemas:

    Inexistncia de sinalizao para orientar o deslocamento ou identificao dolocal;

    No h rea para recepo de turistas; Difcil acesso as Cachoeiras; As margens das Cachoeiras esto abertas, porm com mato em torno,

    dificultando o acesso a rea de banho. Apresentam lixo orgnico que altera a cor da gua, tornando-a mais escura.

    Recomendaes e Sugestes:

    Instalao de sinalizao que ajude na identificao do local; Construo de local especfico para recepo de turistas;

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    Abertura e limpeza das trilhas e acessos as Cachoeiras, bem como, instalaode infraestrutura nas reas crticas;

    Limpeza das margens das reas de banho prxima as Cachoeiras.Proprietrio: Proprietrio no citado.

    Fig. 4. Os Quatro Roteiros Tursticos de Colinas do Sul: Lago daSerra da Mesa, guas Termais, Vila Borba, e o Roteiro Urbano.

    Fonte: Rangel Godinho,

    2011.

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    7. CONCLUSO

    Deduz-se que um trabalho de marketing agressivo divulgando Colinas e as

    melhorias da infraestrutura turstica teriam, sem dvidas, um impacto positivo

    para Colinas, mas muito provavelmente no seriam o suficiente para provocar

    um boom exponencial no nmero de visitantes, pois existe uma dificuldade de

    acesso. Se os trechos fossem asfaltados, isso iria facilitar o acesso do visitante

    a Colinas do Sul, com a reduo do tempo de viagem, tornando-a menos

    exaustiva, e com menor desgaste para os veculos.

    No entanto, apesar dessas barreiras fsicas, o inventrio turstico subsidiadopela cartografia se faz necessrio para auxiliar no desenvolvimento do

    municpio, pois a partir dele que se podem traar estratgias para uma

    atividade turstica com diferencial com elevado nvel de conscientizao por

    parte dos atores locais de modo que o turismo gere ganhos sociais, ambientais,

    e econmicos. O inventrio visa identificao dos elementos de maior apelo

    turstico, visa ao ordenamento e gesto territoriais, dando visibilidade a

    Colinas do Sul, colocando-o como destino turstico de Gois que gere renda ereceitas para a economia local.

    Ressalta-se que a elaborao de um inventrio turstico resultado de um

    amplo levantamento de dados, estatsticas e cruzamento de informaes

    acerca da localidade ou regio objeto do estudo. Assim, certos elementos e

    variveis regionais secundrios no poderiam ser descartados, pois so

    contguos, formando uma parte integrante no processo de anlise einterpretao, tais como: a geopoltica local, a questo fundiria, as unidades

    de conservao, a existncia de terras indgenas, e informaes secundrias e

    estatsticas sobre o desenvolvimento e o perfil socioeconmico do municpio,

    dados que esto disponveis no censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia

    e Estatstica (IBGE).

    REFERNCIASBeni, M.C. (2002). Anlise Estrutural do Turismo. Editora Senac, So Paulo.

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    Michael, E. (2007). Micro-Clusters and Networks: The Growth of Tourism(Advances in Tourism Research). London: Elsevier Science.

    Pan, B., Crotts, J. C. and Muller, B. (2007). Developing Web-Based TouristInformation Tools Using Google Map. Proceedings of the InternationalConference in Ljubljana, Slovenia. Springer. 503-512.

    Sigala, M., Mich, L., and Murphy, J. (Eds.) (2007). Information and

    Communication Technologies in Tourism, ENTER 2007, Proceedings of theInternational Conference in Ljubljana, Slovenia. Springer.

    Van Arragon J.and C.Wessels (1994). Travelling by the computer. Applicationsof GIS in Tourism and Recreation. - In: EGIS/MARI `94 (= Fifth EuropeanConference and Exhibition on Geographical Information Systems) ArticleCitations, Volume I. Online available on:http://www.odyssey.ursus.maine.edu/gisweb/spatdb/egis/eg94202.html(acessado em 10 janeiro 2011)..