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B _ i ACIDI revIstA Nº81 JUNHO 2010 CIGANOS Ministra da integração da suécia vISItA O CNAI LISbOA revista Migrações NúmerO temátICO SObre ASSOCIAtIvISmO Para quando uma verdadeira integração?

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B_iACIDIrevIstA Nº81

JUNHO 2010

CIGANOS

Ministra da integração da suéciavISItA O CNAI LISbOA

revista MigraçõesNúmerO temátICO SObre ASSOCIAtIvISmO

Para quando uma verdadeira integração?

B_i 2ACIDI REVISTA Nº 81 JUNHO 2010

A sabedoria de um povo também se revela nos seus adágios.

Este é um símbolo de resistência perante as adversidades, é o incentivo a preservar o que é mais caro a um povo: a sua cultura e identidade.

Os ciganos, na sua diversidade, têm como denominador comum este desejo, que não os impede de aderir à mudança e caminhar para uma integração plena.

É preciso conhecê-los, pois esse conhecimento será o motor da aproximação a maneiras de estar e de ser dife-rentes, é preciso implicá-los para que os seus interesses e perspectivas espelhem as suas aspirações, é preciso manter o diálogo para construir as pontes que ainda não unem as margens.

O ACIDI fez uma forte aposta na mudança, lançando o Projecto-Piloto Mediadores Municipais: promoveu a capacitação de um grupo de ciganas e ciganos em áreas fundamentais e o desenvolvimento dos seus talentos naturais, ancorado nas suas experiências de vida e, em parceria com o Instituto de Segurança Social, autarquias e instituições da sociedade civil, colocou-os, enquanto mediadores, a trabalhar junto de 15 Câmaras Municipais que, felizmente, também corresponderam ao desafio. Na verdade, um desafio para todos os intervenientes.

Do terreno, os ecos revelam que a aposta está em vias de ser ganha. As dificuldades têm vindo a ser vencidas, as resistências abrandaram, há portas que se têm aberto espontaneamente.

A mediação, pedra de toque não só do Projecto, mas também das linhas mestras de intervenção do ACIDI tem funcionado como mecanismo de aproximação entre ciganos e não ciganos, tem facilitado os acessos, tem gerido conflitos e prova que, através da negociação, traço forte dos ciganos, é possível encontrar soluções e chegar a consensos. E o exercício da cidadania activa abre os horizontes e muda os comportamentos.

As nossas propostas de trabalho com as comunidades ciganas nas mais diversas áreas e os resultados obtidos até agora são a força motriz deste desafio.

São, para além do mais, a confirmação de que os ciganos, ainda que de forma lenta, se vão abrindo à mudança e que, em tempos de viragem, eles também são capazes de caminhar por novos trilhos.

Apesar do longo caminho que ainda importa percorrer, este boletim vem dar conta destes pequenos passos de esperança, numa temática das políticas públicas que devem ocupar um lugar central no quadro do diálogo intercultural e da coesão social.

rosário Farmhouse

Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural

Ventos de mudança

e D I t O r I A l

“A erva curva-se ao vento e levanta-se de novo quando o vento passa” Provérbio cigano

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gaciGAbINete de ApOIO àS COmuNIdAdeS CIGANAS

Feito um diagnóstico, desenvolveu um conjunto de actividades orientadas para a promoção e inserção social dos ciganos, em articulação com entidades com res-ponsabilidade nesta área, nos domínios da educação, habitação, emprego, forma-ção e saúde.No domínio da informação, foi criado o site “ciga-nos!” (www.ciga-nos.pt), para partilha de conhecimentos e experiências com todos os interessados nesta proble-mática e deu-se continuidade à colecção “Olhares”, com estudos científicos que retratam as diversas realidades dos ciga-nos portugueses. O Gaci era inicialmente constituído por uma equipa técnica multidiscipli-nar de não ciganos. À medida que foi desenvolvendo as suas actividades, foi tomando consciência de que, para o impacte e resultados de qualquer acção, era fundamental garantir a participação de ciganos, tanto no desenvolvimento de algumas actividades, como no plane-amento de outras e veio a incluir na sua equipa seis elementos da cultura cigana. Surgiu assim o G9.

Os princípios que orientaram a forma-ção deste grupo prenderam-se com a possibilidade de exercitar a igualdade relacional entre ciganos e não ciganos, a fim de gerar a confiança necessária à mudança. O G9, por ser um grupo com nove elementos – três não ciganos e seis ciganos – com um modelo multicultural e multidisciplinar, diversificado ao nível do género, pertença e idade, fez diver-sas intervenções em situações proble-máticas, mediou questões entre ciganos e autoridades competentes, constatou necessidades in loco e, em conjunto com outras entidades, procurou e deu respos-tas adequadas.

criado eM 2007, este gabinete

estruturou a sua Missão eM torno

de três grandes linhas

– o reforço do diálogo

intercultural, a Promoção

da educação, da cultura

e da cidadania e aPoio

à caPacitação.

CIGANOSPara quando uma verdadeira integração?

dO G9 AOS medIAdOreS

muNICIpAIS O trabalho desenvolvido pela equipa do G9 foi inspirador, tanto a nível das abor-dagens nas intervenções, como na relação que se estabeleceu no grupo, mas era preciso dar seguimento a este trabalho de forma mais sistemática e localizada, com uma articulação institucional mais impli-cada, para permitir uma intervenção de continuidade, oferecendo, ao mesmo tempo, garantias de suporte económico e formativo aos interventores.assim, em abril de 2009 foi lançado o Projecto–piloto Mediadores Municipais. Surgiu na sequência da análise positiva

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da actuação dos mediadores em con-textos multiculturais, com o objectivo de melhorar o acesso das comunidades ciganas a serviços e equipamentos locais e promover a comunicação entre estas comunidades e a comunidade envolven-te, com vista à prevenção de conflitos. Dirigido a todas as câmaras Municipais de Portugal continental, o projecto visou colocar mediadores ciganos nos seus ser-viços e iniciativas, no âmbito de um programa de formação em contexto de trabalho. No âmbito deste projecto, o aciDi concebeu e coordenou um conjun-to de acções de formação dirigidas aos mediadores em três grandes áreas – Leis e Normas institucionais, Mediação e comunicação, com a transversalidade da Língua Portuguesa oral e escrita. Os municípios seleccionados, elevados a quinze, graças ao financiamento do instituto da Segurança Social, foram: Lamego, Paredes, Peso da Régua, idanha-

a-Nova, aveiro, coimbra, Marinha Grande, Sintra, amadora, Seixal, Setúbal, Sines, Beja, Moura e Vidigueira. O projecto teve início no dia 1 de Outubro de 2009, terminando o seu pri-meiro ano de execução a 30 de Setembro de 2010. Os mediadores colocados nos municípios são um grupo diversificado em termos de género, idade e habilita-ções académicas, que ao longo do pro-jecto mostraram uma evolução positiva a vários níveis, destacando-se a capacidade de encontrar estratégias próprias para ultrapassar dificuldades e resolver proble-mas no terreno.Oito meses passados sobre o início do projecto, constata-se que o mediador cigano tem sido uma peça fundamental, não só no desenvolvimento das activida-des mas, sobretudo, na criação de siner-gias e na construção de pontes que levam à aproximação das pessoas.

n.º atend. n.º r.inter n.º activid. n.º ent n.º interv. área int n.º dest.

Amadora 18 13 14 11 27 5 138

Aveiro 14 11 11 19 72 6 231

Beja 54 6 15 10 19 7 432

Coimbra 4 4 8 16 24 8 47

Idanha 73 4 16 10 36 5 277

Lamego 5 4 7 2 7 3 30

M.Grande 3 14 21 10 39 6 463

Moura 59 1 12 5 38 3 68

Paredes 4 43 24 33 112 5 1066

P. Régua 75 24 27 9 83 3 375

Seixal 13 2 15 17 75 6 38

Setúbal 32 3 8 6 51 6 67

Sines 5 13 18 11 83 8 195

Sintra 17 25 29 30 23 2 79

Vidigueira 12 ---- 9 5 15 4 103

Total 388 167 234 194 704 77 3609

pOrtA CIGANACom o objectivo de sensibilizar a opinião

pública, o ACIDI promoveu a realização da

peça de teatro “Porta Cigana”, que fala dos

percursos dos ciganos e da sua cultura.

Encenada por José Carlos Garcia, é levada à

cena por Natasha Marjanovic, António Dias e

Carolina Fonseca nos municípios onde decorre

o Projecto –Piloto Mediadores Municipais.

A estreia está prevista para dia 24 de Junho,

Dia Nacional do Cigano, no auditório da

Biblioteca Dr. Orlando Ribeiro, em Telheiras,

Lisboa.

INdICAdOreS dO prOjeCtO NOS meSeS de jANeIrO, FevereIrO e mArçO

N.º atend – n.º atendimentos do mediadorN.º r.inter – n.º reuniões inter-institucionaisN.º activid. - n.º actividades em que o mediador está envolvidoN.º ent – n.º de entidades envolvidasN.º inter. – n.º de intervenientes Área int. – nº de áreas de intervençãoN.º dest. – nº de destinatários

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LINkS úteIS ciGa-NOS!

www.ciga-nos.pt

Rede Europeia para a inclusão Social

do Povo cigano

www.euromanet.eu

conselho da Europa

www.coe.int

agência para os Direitos Fundamentais

(FRa)

fra.europa.eu

Obra Nacional da Pastoral dos ciganos

www.ecclesia.pt/pnciganos

Fundação Secretariado Gitano

www.gitanos.org

Década para a inclusão do Povo cigano

2005-2015

www.romadecade.org

dAtAS ImpOrtANteS

24 de Junho

Dia Nacional dos Ciganos

8 de abril

Dia Internacional dos Ciganos

www.CIGA-NOS.ptAo promover na Internet a difusão e a partilha de informação, criam-se redes de trabalho,

fomenta-se uma imagem positiva das comunidades ciganas, bem como da sua história e cultura e

divulgam-se projectos a decorrer no terreno.

N.º total de visitas ao site entre Janeiro e Maio de 2010: 2998

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e N t r e v I s t A

Quem são os ciganos em Portugal? Os ciganos portugueses são entre 50 e 60 mil. São pessoas que vieram, como os outros ciganos da Europa, presumi-velmente do norte da Índia, no princípio do milénio. Há cerca de quinhentos anos chegaram à Península ibérica. assim, os ciganos estão em Portugal há cerca de cinco séculos. São pessoas que vieram com as suas tradições próprias e com a sua língua, que foram perdendo à medi-da que foram avançando pela Europa. Em termos culturais isso não acontece tanto, mas em termos de língua e de religião os ciganos vão-se adaptando aos países por onde passam, com excepção do Leste da Europa em que preservam a língua Romani. Há dias, uma jornalista comentava um encontro onde se afirmou que os ciganos foram os primeiros euro-peus na Europa. E é verdade. Os ciganos têm as nacionalidades todas da Europa e têm uma cultura muito própria que não querem perder.

”se os ciganos foreM ouvidos, isso será meio caminho andado”

Em Portugal, a distinção entre ciganos e não ciganos é uma distinção rígida? absolutamente. Ela só se perde quando há casamentos mistos, o que não é a re-gra. a maior parte dos casamentos são entre ciganos. É um pouco como o povo judeu e outras culturas muito caracteriza-das que se têm mantido ao longo dos sé-culos. O casamento endogâmico é muito importante para estas culturas se perpetu-arem. E olham com alguma desconfiança os casamentos em que um é cigano e o outro não é, porque isso é uma ameaça para a sua cultura. Os ciganos mantêm a sua cultura de uma maneira muito em-penhada e há uma fronteira clara, em termos culturais, entre o cigano e o não cigano.

Os ciganos vivem todos da mesma maneira? Há os que estão bem e há os que infe-

lizmente não estão bem. Há os que têm mais capacidades, ou mais oportu-nidades, para enfrentar a sociedade, há ciganos que têm lojas, por exemplo, e são bem sucedidos. Há um cigano que é presidente da câmara de Torres Vedras. Portanto, há diferenças entre os ciganos em termos sociais e económicos. Em Espanha, há uma quantidade grande de ciganos licenciados, mas nós cá, infeliz-mente, temos muito poucos. Há ciganos que vivem bem, através do comércio, ou que têm empregos, e há outros que vivem na pior das misérias. Mas a cultura é a mesma. a não ser aqueles que eventu-almente se casaram com não ciganos e se distanciaram um pouco mais da sua cultura, há uma grande semelhança entre um cigano em Bragança, em Lisboa ou no algarve. No Fórum ibérico, o presi-dente da associação cigana de Leiria e membro da FEcaLP [Federação calhim Portuguesa], Diniz abreu, disse: “Os

F r A N C I S C O m O N t e I r O

o director executivo da obra nacional da Pastoral dos ciganos,

francisco Monteiro, defende uM diálogo continuado coM os

ciganos, eM tudo o que lhes diz resPeito, coMo a única forMa de vir

a conseguir a sua Plena inclusão na sociedade Portuguesa.

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de toda a Europa em termos de apoio aos ciganos. Tem um elo de ligação per-manente com a comissão Europeia para desenvolver as suas actividades e neste momento está a ser chamada pela União Europeia para projectos em países do Leste da Europa. É de facto uma organi-zação com uma projecção diferente das nossas.

A forma como a população maioritária vê os ciganos tem evoluído? Eu diria que sim, embora não tanto quan-to gostaríamos. Desde há uns anos, a Pas-toral dos ciganos tem tido uma política de abertura à comunicação social para que os ciganos apareçam na televisão, na rádio e na imprensa escrita. Por uma ra-zão muito simples: a comunicação social

é muito influente na opinião pública. E o problema dos ciganos é a discrimina-ção, que vem da ignorância, do facto de as pessoas não saberem quem eles são e de não conhecerem a cultura cigana. Todos temos medo do desconhecido. a comu-nicação social tem capacidade para des-mistificar isso e para focalizar os valores, as verdades e as mentiras. Neste momen-to, há uma preocupação muito maior por parte dos órgãos de comunicação social em não ofender os ciganos. Mas continua a haver muita discriminação e muita ex-clusão. Recentemente, no Fórum ibérico, tivemos que reservar quartos de hotel e para a Pastoral dos ciganos estava tudo esgotado. Tivemos de recorrer a uma agência de viagens, porque a Pastoral dos ciganos não conseguia reservar quartos directamente. isso acontece também em termos de habitação, por exemplo. Os estereótipos continuam a existir, mas na minha percepção as coisas estão muito melhores.

As actividades económicas tradicionais dos ciganos estão a transformar-se. Quais têm sido as consequências? Não tem havido transformações, tem havido regressões. Os ciganos neste momento estão num beco sem saída. Os mercados estão muito mal e são de certa maneira perseguidos pelas câmaras muni-cipais, que os põem cada vez mais longe, por causa das pressões urbanísticas com base em PDM em que os ciganos não são ouvidos. Recentemente, houve uma notável excepção. a Direcção-Geral das actividades Económicas esteve presente no Fórum ibérico e logo a seguir mar-cou uma reunião sobre um projecto-lei relativo à venda ambulante, onde estive-ram presentes ciganos, juntamente com a Pastoral dos ciganos. Foi um passo muito grande ouvir os ciganos sobre uma coisa que lhes diz respeito, mas infeliz-mente isso é muito raro.

ciganos são como as palmeiras: com o vento vergam até ao chão, mas depois passa o vento e levantam-se novamente”. isto define exactamente a cultura dos ciganos.

As conquistas dos ciganos espanhóis são um modelo a atingir para os ciganos portugueses? Sem dúvida que sim. Os ciganos espa-nhóis estão a pensar numa confederação, a nível internacional, e querem o apoio da Federação Portuguesa, a FEcaLP, na formação dessa confederação. Existe um grande interesse mútuo, mas os ciga-nos espanhóis estão muito à frente dos portugueses no âmbito da organização. Basta dizer que em Espanha a Fundación Secretariado Gitano, que nasceu no seio da igreja católica, é a maior organização

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Que avaliação faz da iniciativa dos mediadores municipais ciganos? Julgo que é uma iniciativa a todos os títu-los notável. O conceito dos mediadores ciganos nasceu em França há alguns anos e na altura eram sobretudo os mediadores escolares. agora temos os mediadores com as autarquias, o que é fantástico. as câmaras municipais que aderiram têm a possibilidade de dialogar com os ciganos nas suas autarquias através de um ciga-no ou de uma cigana escolhidos para o efeito. É o tipo de medidas que deveriam sempre ser tomadas, porque as minorias devem ser acarinhadas, não devem ser ignoradas. a coesão social é um princípio da União Europeia e é um princípio que é também económico. a economia não pode funcionar bem havendo grandes faixas das populações que vivem na mar-gem da sociedade. É fundamental para todos que os ciganos progridam.

Em que consistiu o Fórum Ibérico? O Fórum ibérico foi uma ideia de Dinis abreu, presidente da associação cigana de Leiria e membro da Direcção da FEcaLP, que pretendia realizar uma grande acção para pôr os ciganos na comunicação social. Essa grande acção seria uma conferência e um evento musi-cal. a Pastoral dos ciganos imediatamen-te aderiu e apoiou a ideia. Entretanto, veio a crise e não foi possível por enquan-to realizar a parte musical, mas com

vários apoios, entre os quais o do aciDi, foi possível realizar o Fórum na Fundação calouste Gulbenkian nos dias 8 e 9 de abril deste ano. Pretendemos organizar uma conferência que abordasse três das grandes questões dos ciganos: a educa-ção, a formação profissional e o comércio ambulante. Quisemos chamar todas as entidades de Portugal e de Espanha que estivessem de alguma forma relacionadas com estes temas e debatê-los, procurando ao mesmo tempo agitar a opinião pública e pôr as instituições a conversar umas com as outras.

Por vezes, há a impressão de que não são os ciganos a falar por si próprios... O Fórum ibérico teve um aspecto muito importante: foram os ciganos que fala-ram. a FEcaLP tem assumido muito protagonismo, e têm sido os ciganos a falar à Lusa e a ir à televisão. Os dois discursos iniciais do Fórum ibérico, quer de Dinis abreu quer de antónio Pinto Nunes, o presidente da FEcaLP, têm sido citados, porque abordaram aspectos que a comunicação social achou impor-tantes, em relação à aspiração que os ciganos têm de colaborar com a socie-dade, mas também de que a sociedade respeite a sua cultura própria. Eu cos-tumo dizer que a nossa missão pastoral é para desaparecer. É um serviço aos ciganos e vamos apoiar tudo o que eles promoverem, mas cada vez com menos protagonismo para nós. Enquanto não forem os ciganos a falar por si próprios, nada se faz.

Que medidas poderiam ser transformadoras da realidade social dos ciganos? Uma série delas. Só que não é fácil, porque existe uma grande apatia por parte de alguns ministérios, em suces-sivos governos. É preciso uma vontade política para resolver os problemas. E se houver essa vontade, então há um diá-

logo fecundo. Se os ciganos começarem a ser ouvidos para certos projectos, sis-tematicamente, isso seria meio caminho andado. Nos âmbitos da educação e da formação profissional, por exemplo, seria muito importante que as pessoas fossem ouvidas: muita coisa se poderia fazer de útil. Não basta dizer que há uma audição pública, é preciso uma outra estratégia de aproximação. Da forma como as coisas estão, as minorias não conseguem ultra-passar o fosso que as separa da população maioritária.

Há uma certa modernidade que agravou esse fosso? Sem dúvida. Os ciganos têm aptidões para as novas tecnologias, mas é quando entram nelas. Quando há uma preocu-pação inicial, uma formação, os proble-mas ultrapassam-se e as coisas evoluem. Quando não há...

O que pretendem os ciganos conservar, e o que desejam transformar? Houve um factor muito importante para a alteração de certos aspectos negativos da cultura cigana, que foi a igreja de Filadélfia. Esta igreja evangélica fun-ciona com base em pastores ciganos e teve muito êxito. Tem preceitos muito rígidos, como a proibição da bebida, das drogas, de comportamentos desonestos, etc. isto teve uma grande influência positiva, embora infelizmente algumas igrejas evangélicas não aprovem a música profana, que faz parte da cultura cigana. a cultura cigana vai-se manter. as feiras podem estar em extinção, mas os ciganos vão inventar novas coisas, vão-se adaptar. Portanto, a cultura não vai acabar e a eco-nomia vai-se transformar. como, não sei. claro que isso demora tempo. Mas quem diz que o cigano não faz nada, então que vá ver o que é acordar às quatro da manhã todos os dias para ir para a feira. isso é trabalhar!

e N t r e v I s t A

A eCONOmIA NãO

pOde FuNCIONAr bem

hAveNdO GrANdeS

FAIxAS dAS pOpuLAçõeS

que vIvem NA mArGem

dA SOCIedAde. É

FuNdAmeNtAL pArA

que tOdOS OS CIGANOS

prOGrIdAm.

9

córdova II CImeIrA dA ue SObre OS CIGANOS na sequência da i ciMeira, que se realizou eM bruxelas eM seteMbro de

2008, a união euroPeia levou a cabo a ii ciMeira sobre os roMa (ciganos)

eM córdova, sede da Presidência esPanhola da ue, eM 8 e 9 de abril.

Participaram 400 representantes de go-vernos, instituições e autoridades eu-ropeias e de organizações ciganas. Dois documentos prévios foram distribuídos: o Relatório de Progresso da comissão sobre a implementação dos instrumentos e políticas de inclusão para os ciganos 2008-2010 e o comunicado da co-missão para o conselho, o Parlamento Europeu, o comité Económico e Social Europeu e o comité das Regiões, sobre a integração social e económica dos ciga-nos na Europa.O Relatório refere que, embora haja ainda muito para fazer, sobretudo ao nível local, verificou-se um progresso significativo desde 2008. No capítu-lo do Envolvimento das comunidades ciganas, é referido que virtualmente em todos os Estados-membros as comu-nidades ciganas estão envolvidas na coordenação da política interna e no planeamento estratégico da inclusão dos ciganos.O comunicado da comissão começa por afirmar que a UE e os seus Estados-membros têm uma responsabilidade especial para com os ciganos que vivem na Europa. Sobre o progresso realiza-do, em 2009 passou-se da análise dos problemas para a investigação de como é que a eficácia dos instrumentos exis-tentes poderia melhorar. a actuação da Plataforma Europeia para a inclusão dos

textO ADAptADO De “A CArAvANA”,

pUblICAçãO DA ObrA NACIONAl

DA pAstOrAl DOs CIgANOs

ciganos, lançada em abril de 2009, e do EURoma (Rede Europeia para a inclusão Social dos ciganos através dos Fundos Estruturais) foi analisada. Neste âmbito, o aumento da cooperação com os repre-sentantes das comunidades ciganas foi considerado prioritário.No final da cimeira, as Presidências Espanhola (actual), Belga e Húngara (próximas) adoptaram uma declaração em que afirmaram a prioridade de incre-mentar significativamente as medidas conducentes à integração social e eco-nómica dos ciganos na Europa, interio-rizando as soluções dos seus principais problemas nas políticas nacionais. O Trio manifestou ainda a sua determina-ção na concepção de um roteiro para a Plataforma integrada para a inclusão dos ciganos, com vista à implementação dos

10 PrINCíPIOS BáSICOS PArA A INCluSãO DOS CIgANOS: 1. Políticas construtivas, pragmáticas e não-

discriminatórias.

2. Metas explícitas mas não exclusivas.

3. Perspectiva inter-cultural.

4. Ter as estruturas gerais como objectivo.

5. Estar consciente da dimensão de género.

6. Transferência das políticas baseadas na evidência.

7. utilização dos instrumentos Comunitários.

8. Envolvimento das autoridades regionais e locais.

9. Envolvimento da sociedade civil.

10. Participação activa dos Ciganos.

CIGANOSPara quando uma verdadeira integração?

O Trio quer garantir que os instrumentos financeiros existentes na UE, particu-larmente os Fundos Estruturais, estão disponíveis para os ciganos, se destinam a resolver as suas necessidades e têm um impacto efectivo na melhoria das suas condições de vida. a melhoria da habita-ção é especialmente focada e sublinha-se que os ciganos deveriam ter acesso igual aos recursos provenientes dos fundos da UE. a Presidência do Trio irá organizar con-ferências sobre a pobreza das crianças e a falta de habitação, com ênfase especial nos ciganos e sobre os problemas dos ciganos no mercado de trabalho.

B_i 10ACIDI REVISTA Nº 81 JUNHO 2010

e N t r e v I s t A

Publicou em 2008 o livro “Deriva Cigana”. Os ciganos estão à deriva? a ideia de deriva avançada nesse estudo tem a ver com o facto de ser impossível pensar nas diversas comunidades ciganas independentemente da sociedade envol-vente, não cigana, que interfere com a sociedade cigana de várias maneiras. Essa intervenção foi, durante muito tempo, muito mais repressiva e persecutória, e al-guns dos ciganos mais velhos que conhe-ci contavam histórias de perseguições por parte da polícia, que os obrigavam a sair de determinadas povoações. Portanto, havia aqui uma espécie de itinerância, ou de deriva, provocada pelas autoridades, durante o Estado Novo e provavelmente também depois. Os anos mais recentes

“eM alguns doMínios, a integração dos ciganos não é problemática”

têm sido marcados por uma crescente intervenção social ao nível da habitação, das políticas de integração e de auxílio económico. É sobretudo a esse nível que os efeitos provocados nas comunidades ciganas podem suscitar algum desnorte, alguma desorientação. É isso que eu refi-ro no capítulo final do livro, que é uma reflexão sobre uma boa parte das políticas de intervenção que abrangiam a comuni-dade onde fiz o trabalho de campo. a venda ambulante também era objecto de repressão. É verdade que muitos ciga-nos faziam venda considerada clandesti-na de acordo com a lei da sociedade não cigana, mas também é verdade que mui-tos deles o faziam sem uma noção muito clara sobre o que era legal ou não legal.

E tinham cada vez mais dificuldades por-que eram perseguidos, em alguns casos nas zonas onde era proibido fazer venda e noutros casos mesmo nos próprios mer-cados. Outro aspecto problemático é a habita-ção. Em Lisboa temos alguns exemplos de ciganos que estão a ser transplantados de uns sítios para os outros, ou realojados em massa, e notei que havia, na comu-nidade onde estive, pessoas interessadas em ir para outros sítios, que tomavam as suas diligências junto das entidades res-ponsáveis, mas era complicado conseguir que esses pedidos fossem deferidos. Ha-via uma grande insatisfação por estarem a viver nos sítios onde estavam, e muitas vezes por estarem a viver com outros ciga-

o investigador daniel seabra loPes Publicou eM 2008 o livro “deriva

cigana”, baseado nuM extenso trabalho de caMPo nuM bairro cigano de

lisboa. nesta entrevista, Partilha alguMas conclusões dessa investigação

e avança sugestões Para uM Melhor convívio entre os ciganos e a

PoPulação Maioritária.

d A N I e L S e A b r A L O p e S

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nos, em blocos um pouco isolados. Havia a ideia de que não estavam onde queriam estar, mas onde lhes diziam para estar. Finalmente, temos a questão do ren-dimento mínimo. É uma das medidas de política social mais importantes do pós-25 de abril e, no entanto, não deixa de ser uma medida permanentemente objecto de crítica e de suspeita. O rendi-mento mínimo teve um papel importan-te, mas o seu cumprimento implicava, em muitos casos, frequência de escola. E as condições dadas às pessoas para pode-rem aceder à escola eram particularmente restritivas. as condições da própria escola não eram as melhores. Os ciganos viam aquilo como uma obrigação que fazia parte do programa, uma mera obrigação

para receber o rendimento mínimo. Todas estas questões mostram que a vida das comunidades ciganas é condicionada por normas criadas por não-ciganos, pen-sadas por vezes para resolver problemas, mas que trazem problemas atrás de si. E é sobretudo nesse sentido que eu falo de uma deriva, de um desnorte, de uma cer-ta desorientação.

Como foi a sua vivência junto de uma comunidade cigana? a minha pesquisa teve como base um trabalho de campo com cerca de quinze meses de permanência regular no terreno: um bairro em Lisboa que no livro identi-fico com o pseudónimo de Bairro da as-sunção, um pouco para proteger as pesso-as com quem estive a trabalhar e sobretu-do para dar a ideia de que, num trabalho de investigação, não se pretende que haja outras implicações que não aquelas rela-cionadas com o conhecimento. Foi um trabalho de visita regular, diária, incluin-do fins-de-semana e dias de semana por vezes a horas nocturnas. incluiu também o acompanhamento de um conjunto de pessoas, com quem se criou uma ligação mais próxima, em ocasiões especiais, no-meadamente festas de casamento e outro tipo de celebrações, que não aconteceram todas no bairro.

Não foi fácil. Nas investigações do género com as quais contactei há investigadores que aludem à dificuldade de integração. Também há exemplos de investigadores que dizem exactamente o contrário, que são bem recebidos. Não é possível traçar um quadro geral, mas é possível falar a partir da própria experiência. E a experi-ência que eu tive exigiu grande perseve-rança. Durante uma parte do tempo esti-ve acompanhado pela minha mulher, que também estava a fazer investigação, e essa circunstância foi útil por várias razões. como estamos a falar de uma comunida-de onde o convívio é muito segmentado em função do género, ter estado na pre-sença de mulheres ciganas acompanha-do pela minha mulher foi muito menos polémico do que ter estado na presença dessas mulheres sozinho. aliás, em mui-tas circunstâncias, teria sido impossível conversar com certas pessoas se não tives-se a companhia da minha mulher, a ana Margarida Magalhães. E embora nós não fôssemos ciganos, a circunstância de sermos um casal era para eles mais natural do que se fôssemos dois colegas sem nenhuma ligação para além do trabalho. Os ciganos são uma comuni-dade onde o casamento tem uma grande importância, é uma etapa fundamental do ciclo de vida, e onde há uma grande

A vIdA dAS

COmuNIdAdeS CIGANAS

É CONdICIONAdA pOr

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CIGANOSPara quando uma verdadeira integração?

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e N t r e v I s t A preocupação em assegurar que as mulhe-res, sobretudo as raparigas em idade casa-doira, não têm grande interacção com o sexo oposto até ao casamento. Em todo o caso, durante os primeiros três ou quatro meses foi preciso muita perseverança até as pessoas se habituarem a ver-nos lá.

A integração dos ciganos tem sido frequentemente problemática. Vê actualmente sinais positivos?a integração dos ciganos é problemática em certos domínios, não o é noutros que por vezes tendem a ficar um pouco esquecidos. Um dos aspectos muito posi-tivos da implementação do rendimento mínimo nesta comunidade teve a ver com a adesão dos ciganos aos serviços de saúde. Sob este ponto de vista, a medi-calização não representa uma ameaça à identidade cigana. as pessoas aderem bem, mesmo à medicalização da gravidez e do parto, há muitas mulheres grávidas a deslocarem-se aos centros de saúde e aos hospitais sem grandes problemas. aqui, a integração resultou sem qualquer problema. a questão da escola é complicada por várias razões, mas a escolarização da pri-meira infância também não é de todo problemática. Depois, é preciso ver que, desde que há registo de comunidades ci-ganas, estamos perante uma comunidade que procura sempre uma certa forma de inserção, até como meio de subsistência.

É importante perceber que a actividade da venda ambulante implica um esforço de interacção com a vizinhança maiorita-riamente não cigana e o estabelecimento de relações de confiança com essa cliente-la. aqui, também, contrariamente a uma certa imagem que pode haver, os ciganos cultivam uma relação de confiança que é uma forma de integração. Mas é evidente que os ciganos, enquanto colectivo que cultiva uma certa distância em relação à sociedade não cigana, pre-cisam de gerir essa integração de uma forma que não prejudique a sua própria identidade. E há domínios onde a inte-gração dos ciganos se revela mais proble-mática. Um deles é o da escolarização a partir dos doze, treze anos, a altura da puberdade. as raparigas ciganas são con-sideradas adultas muito cedo, quando a restante sociedade (não-cigana) considera que o normal é estar na escola e que ain-da não se é adulto para casar. aqui temos um ponto de alguma fricção, exacerbado pelo facto de a escola ser, desde há algu-mas décadas, um espaço misto onde pode haver contactos entre os dois géneros. E isso coloca alguns problemas, quando se tem tanto cuidado na gestão do compor-tamento feminino. Um outro ponto mais sensível tem a ver com o mercado de trabalho, no sentido de um emprego onde a pessoa desaparece por trás de um edifício onde trabalham outros homens e mulheres, com os quais pode haver interacção. assim, as comuni-dades ciganas gostam muito ou de formas de auto-emprego, ou trabalho por conta própria, ou então trabalhos por conta de outrém onde possam participar colecti-vamente, como, por exemplo, a recolha de produtos agrícolas, vindimas, etc. aí, a participação conjunta de homens e mu-lheres não é problemática. No fundo, o que temos é uma comunidade que gosta de gerir as relações que tem com aqueles que identifica como não sendo ciganos.

Com o declínio das feiras, têm surgido novas estratégias económicas? Sou um pouco crítico em relação à no-ção de que há um declínio das feiras. O que noto, sobretudo, é que existiu nos últimos anos um aumento de alguma repressão policial. Houve uma altura em que apareceram muitas notícias de rusgas feitas nos mercados, com vendedores que podiam ser identificados como ciganos. Quanto ao declínio das feiras, há um dis-curso nesse sentido que acho um pouco discutível. É verdade que nos últimos anos surgiram uma série de bens que che-gam cá com um custo de produção muito mais barato e surgiram as grandes super-fícies de comércio. Mas isso não significa que os frequentadores das grandes super-fícies não possam frequentar também os mercados e as feiras, ou que todos os fre-quentadores de mercados e feiras tenham acesso às grandes superfícies. E há um aspecto importante: dada esta situação de crise persistente, há uma camada de população pobre ou no limiar da pobreza a quem dá algum jeito ter acesso a bens mais acessíveis. Por isso, tenho algumas dúvidas quanto ao suposto declínio das feiras. No caso dos ciganos, o que notei é que continuavam a ter uma grande predilec-ção pela venda ambulante e não eram equacionadas muitas alternativas, para além de pequenos trabalhos por conta própria. Não vi propriamente muita re-ceptividade para trabalharem por conta de outrém.

Que medidas poderiam aproximar os ciganos do sistema educativo? É uma questão complexa. Uma boa par-te da resposta tem que passar por saber qual é exactamente a disponibilidade do sistema de ensino para se tornar um pouco mais maleável e responder ao que podem ser as exigências desta população. Sou contra a ideia de criar escolas para ciganos, mas obviamente também cons-

um dOS ASpeCtOS

muItO pOSItIvOS dA

ImpLemeNtAçãO dO

reNdImeNtO míNImO

NeStA COmuNIdAde

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AdeSãO dOS CIGANOS

AOS ServIçOS de

SAúde.

13

tato que a permanência e a convivência dentro do recinto escolar é problemática, não pelas matérias que estão a aprender, mas pelas outras implicações. É impor-tante nunca esquecer isto. Têm sido de-senvolvidas algumas medidas, como por exemplo levar mediadores ciganos para as escolas, e mais uma vez seria importan-te perceber qual tem sido a intervenção destes mediadores. Pode ser que em al-guns casos tenha ajudado, pode ser que noutros não. Seria importante perceber, quase escola a escola, o que tem funcio-nado, apurar a eficácia do que tem sido feito e perceber a maleabilidade do Mi-nistério da Educação. Outra hipótese que deveria ser pensada com seriedade seria a de formar professores que fossem ter com os ciganos perto das suas comuni-dades para darem aulas num local onde a restante comunidade pudesse ter a noção do que se passa. interrogo-me, talvez com alguma ingenuidade, se não poderiam ser ensaiadas experiências.

a Mirna Montenegro, que esteve durante muito tempo ligada ao instituto das co-munidades Educativas e agora está liga-da ao Ministério da Educação, fez várias experiências desse tipo. Penso que é uma coisa a ver com atenção.

E o que se poderia melhorar na questão da habitação? Em muitos casos, ainda há discriminação no acesso à habitação. isso verificava-se no bairro onde fiz trabalho de campo, em que os ciganos viviam em blocos só com outras famílias ciganas. Muitas vezes, há reacções dos moradores à volta, que fa-zem abaixo-assinados para expulsar os ciganos. Vi isso em vários sítios. É ver-dade que tem havido algumas políticas de realojamento que não correram tão mal como isso. Mas existe ainda muita discriminação e há a questão de saber se estes bairros, em si mesmos, não serão também formas de discriminação. Dan-tes, em Lisboa e noutras cidades, tínha-

mos pequenas parcelas de realojamento inseridas em zonas mais de classe média. actualmente, é como se toda uma par-cela da população estivesse a ser enxota-da para zonas limítrofes. Estamos a criar processos de segregação que acabam por dificultar uma convivência normal. Por outro lado, os programas de realojamento devem ser pensados com a preocupação de formar as pessoas convenientemente. Para pessoas que durante muito tempo viveram em barracas, em condições bas-tante precárias, abastecendo-se em fontes públicas, tem de haver uma formação paciente, não se pode esperar que, com uma sessão apenas, se inteirem de todos os problemas. Esta é uma das razões pelas quais é tão fácil haver uma degradação de infra-estruturas em prédios de realo-jamento, em habitações sociais com uma qualidade já de si discutível. É um aspec-to que muitas vezes falha.

CIGANOSPara quando uma verdadeira integração?

B_i 14ACIDI REVISTA Nº 81 JUNHO 2010

O p I N I ã O

CIGANOS e hAbItAçãO as situações de pobreza e exclusão social são particularmente evidentes entre a po-pulação cigana portuguesa. Os dados re-lativos ao seu peso entre os beneficiários do Rendimento Social de inserção, bem como a proporção de famílias a residirem em alojamentos precários traduzem esta realidade. Esta situação de precariedade habitacional, presente em cerca de 80 concelhos e em muitos há mais de 20 anos, tem contribuído para enfatizar os processos intergeracionais de reprodução da pobreza.Vários estudos têm comprovado a rela-ção directa entre a segregação residencial e a vulnerabilidade socioeconómica das famílias ciganas, nomeadamente pelas dificuldades acrescidas de conseguirem verem garantido o acesso, com qualidade, aos equipamentos de educação, de saúde e aos serviços sociais. Os obstáculos que tendem a condicionar as intervenções para melhorar as suas condições habita-cionais são de diversa ordem, mas indis-sociáveis da forma como os estereótipos se formaram e difundiram ao longo da história da presença dos ciganos em Por-tugal. a reactivação destes estereótipos e o efeito de contágio em vários territórios condicionam a eficácia e a qualidade dos processos que se poderiam implementar para a satisfação de necessidades objecti-vas.a intervenção ao nível da habitação é um domínio complexo, pois exige o combate à multidimensionalidade que assume a pobreza e a exclusão social entre a popu-lação cigana. Uma abordagem sistémica e integrada capaz de a nível local satisfazer as diversas especificidades e necessidades sentidas exige, por um lado, uma estrei-ta articulação entre direitos fundamen-

tais, desenvolvimento socioeconómico e diversidade cultural e, por outro lado, a garantia de que as medidas de política traduzem aquelas necessidades e são efec-tivamente implementadas.Experiências a nível nacional e interna-cional neste domínio têm demonstrado algumas das chaves do êxito:Fundamentar tecnicamente os motivos da intervenção e desenvolver estratégias de comunicação direccionadas a toda a comunidade local;Reunir o consenso de todas as forças polí-ticas no sentido de se assegurar o impacto e a sustentabilidade dos projectos, ao lon-go do tempo e para além dos mandatos políticos;compreender os desafios de uma oferta diversificada em termos de inserção de longo prazo, identificando-se os entraves à inserção por parte da população cigana, mas também as dificuldades sentidas por parte dos interventores sociais;Recorrer à mediação para promover a participação e envolvimento da popula-ção em todas as fases do processo; Garantir que todos os actores relevantes desenvolvem um trabalho de cooperação genuína e têm as competências profissio-nais adequadas para a implementação das acções; Promover uma monitorização e avaliação adequada e comunicar regularmente os resultados alcançados.Os desafios são grandes. a luta contra a pobreza não está só ao nível da inovação das políticas públicas, mas sobretudo no combate à resistência generalizada de se entender por que razão os pobres são po-bres e por que razão a maioria dos ciganos é pobre há tanto tempo.

A INterveNçãO AO Nível

DA HAbItAçãO é Um

DOmíNIO COmplexO,

pOIs exIge O COmbAte à

mUltIDImeNsIONAlIDADe

qUe AssUme A pObrezA

e A exClUsãO sOCIAl

eNtre A pOpUlAçãO

CIgANA.

investigadora

dinaMia - cet – iscte – iul

A L e x A N d r A C A S t r O

15

Durante todo o evento os jovens dos projectos Escolhas e suas famílias tiveram acesso grátis às sessões do indie Júnior e do indie Famílias. Possidónio cachapa, da coordenação do Festival,

afirma que esta iniciativa veio dar resposta a uma preocupação da organização que, desde os primeiros tempos, constatou “ser evidente existir um papel a desempenhar nesta área”. O Escolhas teve uma sessão especialmente dedicada aos jovens dos projectos, no dia 27 de abril, no cinema S. Jorge, na qual foi exibido o filme “a Desconfiança” de Ricardo almeida, rodado na sequência de um workshop de cinema promovido pelo Programa, no qual participaram jovens de vários projec-tos do norte. a seguir ao filme, que foi apresentado com mais quatro curtas-metragens, houve um debate no qual os jovens “cineastas” partilharam com a assistência a sua aprendizagem, o trabalho e a persistência que investiram neste processo e ainda a gratificação que sentiram ao ver o resultado final. a importância de descobrir talentos, a forma como o cinema trata a realidade e os filmes como pistas de soluções para a vida de cada um, foram outras das questões discutidas nesta tarde, em que o cinema S. Jorge em Lisboa se encheu com uma assistência Escolhas. O Escolhas foi ainda representado no Júri

o PrograMa escolhas voltou este ano a estabelecer

uMa Parceria coM a Produção do festival

indePendente de cineMa, que Mais uMa vez aPostou

no PaPel da arte e da cultura coMo veículos de

inclusão social.

15

escolhas

O eSCOLhAS teve umA SeSSãO

eSpeCIALmeNte dedICAdA AOS

jOveNS dOS prOjeCtOS, NA

quAL FOI exIbIdO O FILme “A

deSCONFIANçA”, de rICArdO

ALmeIdA.

Escolhas no indie lisboa 2010 O CINemA COmO JANelA De INClUsãO sOCIAl

do indie Júnior por Vilma Sanhá, uma jovem destinatária do projecto “À Bolina” que mora no bairro da Quinta da Serra, no Prior Velho. Fazer novos amigos e escolher filmes interessantes, é o que mais a atrai no seu papel de membro do júri do festival. Pedro calado, Director Executivo do Programa, sublinha o balanço muito positivo desta parceria e salienta que “para além da valorização destes jovens, que lhes é dada pelo acesso a filmes que de outra forma nunca poderiam ver, é também muito importante o seu contacto com outras maneiras de ver a realidade, que os ajudam depois a contornar dificuldades no seu dia-a-dia”.

B_i 16ACIDI REVISTA Nº 81 JUNHO 2010

a experiência profissional quotidiana e referenciais teóricos. acima de tudo, esta formação obrigou a uma reflexão e a uma reorientação da prática, descentralizando o olhar, geralmente mais focalizado em apenas uma das partes intervenientes no sistema de actores que constitui a relação dos imigrantes com a sociedade portuguesa.a frequência deste curso e a necessidade de produzir um portfolio sublinhou a importância da reflexividade como requisito fundamental do trabalho de um técnico social. É importante olharmo-nos como olhamos os outros. Essa exigência decorre do facto de trabalhamos com a vida das pessoas e a nossa intervenção poder contribuir de forma decisiva para as suas biografias. Do meu ponto de vista, o formato de aprendizagem proposto foi ideal, pela possibilidade de conciliar formação, vida pro-

fissional e familiar, pela necessidade de uma maior autodisciplina, pela exigência de aprofundarmos os nos-sos conhecimentos de uma forma mais autónoma, pela experiência de pertença a uma comunidade de prá-tica. Essa experiência foi ainda mais sentida numa das etapas mais desa-fiantes do percurso, a realização de trabalhos de grupo. O balanço final foi francamente positivo, ficando a vontade de continuar o caminho.

B_i ACIDI REVISTA Nº 81 JUNHO 2010 16

claii

curso de esPecialização meDIAçãO e plANeAmeNtO em CONtextOs mUltICUltUrAIs

Mediação e planeamento em contextos multicultu-rais foram objecto de um curso de especialização promovido pelo aciDi ao longo do ano de 2009. Especificamente orientado para os téc-

nicos de intervenção social que trabalham com públicos de diferentes origens culturais, este curso teve por objectivo a sua qualificação e certificação de competências. a realização ficou a cargo da Universidade católica Portuguesa – Faculdade de ciências Humanas, tendo tido por formandos várias dezenas de profissionais responsáveis pelo acolhimento e integração dos imigrantes dos cLaii e dos cNai. Num modelo formativo em sistema de b-learning, com uma duração total de 188 horas, repartidas entre formação on-line (160 horas) e quatro encontros presenciais (28 horas), o curso permitiu “aproximar” os diferentes formandos espalhados pelo país e também por cabo Verde (Projecto campo – cidade da Praia). iniciado a Janeiro de 2009, o percurso formativo desen-volveu-se ao longo de aproximadamente um ano, dividindo-se em quatro módulos: globalização, diversidade e interculturali-dade; gestão e planeamento estratégico; mediação intercultural e participação e trabalho em rede. Para além da realização de diversos trabalhos individuais e de grupo, a obtenção da espe-cialização implicou a realização de um portfolio e de uma monografia, sendo esta última facultativa.Enquanto técnica responsável por um centro Local de apoio à integração de imigrantes, esta for-mação veio dar resposta a uma neces-sidade, frequentemente sentida, de uma aprendizagem estruturada e supervisionada e de uma reflexão partilhada em torno de algumas das questões mais centrais na temática da imigração, fazendo a ponte entre

rita moura rodrigues

claii de óbidos

medIAçãO e pLANeAmeNtO em

CONtextOS muLtICuLturAIS

FOrAm ObjeCtO de um CurSO de

eSpeCIALIzAçãO prOmOvIdO peLO

ACIdI AO LONGO dO ANO de 2009

17

A Ministra da integração e da igualdade da Suécia, Nyamko Sabuni, visitou Lisboa nos dias 17 e 18 de Maio. Durante a visita, participou no 20º aniversário do centro Norte Sul do conselho de

Europa, que tem por objectivo promover a cooperação e a solidariedade, e ainda a formação e informação sobre a depen-dência mútua entre Norte e Sul. a Ministra, acompanhada pelo Embaixador da Suécia, visitou ainda o centro Nacional de apoio ao imigrante (cNai) em Lisboa, onde conheceu os diversos gabinetes e se reuniu com a alta comissária para debater o trabalho desenvolvido pelo aciDi no acolhimento e integração de imigrantes. Nyamko Sabuni nasceu no Burundi, onde o seu pai, um polí-tico do Zaire, vivia no exílio, sendo filha de pai cristão e mãe muçulmana. a política portuguesa de integração obteve o segundo lugar no Índice de Políticas de integração MiPEX, que compa-rou as políticas de integração dos imigrantes em 28 países (25 Estados-membros da União Europeia, Noruega, Suíça e canadá). Este estudo, no qual a Suécia ficou em primeiro lugar, foi divulgado em Outubro de 2007 e classificou os Estados segundo as práticas mais favoráveis em relação aos imigrantes. Portugal surge como o segundo país da lista, espe-cialmente no que respeita ao acesso ao mercado de trabalho, reagrupamento familiar e políticas contra a discriminação.

17

CNAI LIsboA mINIstrA DA INtegrAçãO DA sUéCIA vIsItA INstAlAções

cnai

Que avaliação faz do modelo dos CNAI?

É um modelo muito bom. Facilita muito a vida aos imigrantes ter

num único local todos os serviços do Estado relacionados com

a sua integração. Gostei muito também do ênfase no diálogo

intercultural para o acolhimento dos recém-chegados e para os

fazer sentir-se bem.

Julga que este modelo poderia ser aplicado no seu país?

Na realidade, já começámos a fazê-lo. Embora não haja uma

estrutura com a dimensão do CNAI, temos alguns gabinetes locais

com funções semelhantes. A Suécia tem realidades diferentes e

talvez estes modelos não possam ser aplicados integralmente,

mas é bom aprender como os outros fazem e integrar as boas

ideias de uma forma apropriada ao nosso sistema.

B_i 18ACIDI REVISTA Nº 81 JUNHO 2010

dia Mundial da diversidade cultural ACIDI promove ACtIvIDADes O ACIDI, enquanto organismo público com responsabilidades na sensibilização

da sociedade para o acolhimento e integração dos imigrantes, nomeadamente

para o Diálogo Intercultural celebrou o dia 21 de Maio – Dia da Diversidade

Cultural para o Diálogo e Desenvolvimento.

Destacou-se, neste âmbito, a antestreia da peça de teatro “Porta Cigana”,

Encenada por José Carlos Garcia, e interpretada por Natasha Marjanovic,

António Dias e Carolina Fonseca.

Esta data foi também marcada pela assinatura de protocolos do Projecto

Promoção Empreendedorismo Imigrante – Edição 2010 e pela exibição da peça

de Teatro “Bi e Dão”, pela Casear Criação de Documentos Teatrais. Esta peça

para os mais jovens, que convida a viajar pelo mundo sem sair do nosso bairro,

com texto de Rita Rodrigues e interpretada por Rita Rodrigues e Sofia Cabrita,

foi exibida no Auditório do CNAI. Ainda neste dia, a Viagem LSD – Lembra-te:

Sente a Diversidade, da Associação PAR, convidou no CNAI a uma viagem para

conhecer o Mundo através dos sentidos, do Japão à América, passando por

Portugal, pela Índia e África, descobrindo ou reconhecendo sons e cheiros que

nos motivam para novos encontros interculturais.

coMissão da liberdade religiosa

prémIo LIberDADe reLIgIosA A Comissão da Liberdade Religiosa decidiu instituir um prémio anual a trabalhos

de investigação científica na área da liberdade religiosa. O “Prémio Liberdade

Religiosa” conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e é anualmente

atribuído a trabalhos na área da aplicação da liberdade religiosa, com particular

incidência na sua aplicação em Portugal e nos países da União Europeia, com realce

para as vertentes teológica, filosófica, jurídica e sociológica.

Os trabalhos candidatos ao “Prémio Liberdade Religiosa” deverão ser recebidos,

em versão electrónica e em papel, até ao dia 31 de Julho de 2010. O prémio terá

uma componente monetária, no valor de cinco mil euros, e uma componente de

divulgação, assegurada pela publicação do trabalho vencedor em editora à escolha

da Comissão da Liberdade Religiosa.

Mais informações: www.clr.mj.pt

Peça de Teatro “Bi e Dão”

19

breves

revista Migrações

Número temátICo sobre AssoCIAtIvIsmo ImIgrANteAo longo dos últimos anos, o ACIDI tem dedicado uma particular atenção à

concepção, implementação e avaliação das políticas públicas de imigração,

recorrendo a uma colaboração estratégica essencial com a academia e

centros de investigação, através do seu Observatório da Imigração. Seguindo

a filosofia “conhecer mais para agir melhor”, o Observatório da Imigração

criou a Revista Migrações, com natureza temática, formato científico e

suporte digital, que proporciona um espaço inter e transdisciplinar.

Atendendo à importância e papel do movimento associativo imigrante na

construção de uma sociedade intercultural com vista à preservação da

identidade cultural de origem das comunidades imigrantes e à sua integração

na sociedade de acolhimento, o Observatório da Imigração promoveu um

número da Revista Migrações inteiramente dedicado ao Associativismo

Imigrante, procurando estimular o diálogo e a reflexão de académicos e

líderes associativos.

A coordenação científica deste número ficou a cargo da Prof. Ana Paula Beja

Horta, que conseguiu reunir os contributos de inúmeros investigadores e

representantes do mundo associativo para cada uma das três vertentes

constitutivas da Revista Migrações – investigação, boas práticas e

testemunhos.

Este número da Revista Migrações foi lançado e debatido no auditório do

CNAI de Lisboa no dia 26 de Abril.

ANA PAULA BEJA HORTA

Coordenadora do número temático sobre

Associativismo Imigrante

Em que consiste este número da Revista Migrações?

Este número da Revista é, por um lado, um desafio, um acto também de

reconhecimento e uma vitória. Um desafio porque, com todos os contributos

que foram dados, constitui uma interpelação, no sentido de nos chamar a

pensar sobre nós próprios, sobre o Outro, sobre o movimento associativo

imigrante em Portugal, como um caminho que tem sido feito ao longo

dos anos, mas ainda com muito caminho para ser feito. Portanto, nesse

sentido, este número é um espaço de debate e de diálogo. Por outro lado,

é um reconhecimento, porque o ACIDI e a Revista Migrações, ao trazerem

este número para o espaço público, trazem também o reconhecimento da

afirmação do movimento associativo imigrante.

Quais são as ideias-chave transversais aos diversos artigos?

Uma das ideias-chave é que o movimento associativo é um espaço de

pertença identitária e também de integração. É um instrumento, um motor,

no processo de integração das comunidades imigrantes nas sociedades de

acolhimento. Uma outra ideia transversal aos diferentes contributos é o

papel que o Estado e as políticas de imigração e de integração desempenham

na configuração do próprio movimento associativo. Finalmente, uma outra

ideia é a noção do movimento associativo enquanto espaço que promove o

exercício da cidadania.

B_i 20ACIDI REVISTA Nº 81 JUNHO 2010

Ministro da adMinistração interna

CrIse exIge mAIor esforço De INtegrAção O ministro da Administração Interna disse no dia

31 de Maio que em situações de crise aumentam

as dificuldades relacionadas com a imigração,

mas deve haver um maior esforço no sentido da

integração, tendo em vista a coesão social. Rui

Pereira falou aos jornalistas à margem do seminário

“Direitos humanos e migrações: uma abordagem à

protecção dos migrantes, refugiados e requerentes

de asilo baseada nos direitos humanos”, organizado

pela Assembleia da República e pelo Ministério da

Administração Interna, com a participação do Alto Comissariado das Nações

Unidas para os Direitos Humanos.

Rui Pereira salientou que Portugal vai continuar o esforço nesta área, até porque

tem uma tradição e uma história que o colocam numa posição privilegiada

para compreender as migrações, o fenómeno dos imigrantes e dos refugiados

políticos. Para além disso, referiu o ministro, Portugal apresenta uma ordem

jurídica que está na vanguarda das legislações mais humanistas da Europa e

do mundo. Combater sem tréguas a imigração ilegal e tráfico de pessoas, que

classificou como fenómenos criminais gravíssimos, promover a integração dos

imigrantes e procurar fazer uma gestão eficiente das fronteiras, em articulação

com entidades nacionais e europeias, foram outros pontos salientados pelo

governante.

É impossível hoje construir espaços fortaleza e a ideia de uma Europa fortaleza é

uma ideia errada, disse ainda Rui Pereira.

Mundial 2010

seLeCção portuguesA A mAIs muLtINACIoNAL Do muNDIAL 2010 A selecção nacional portuguesa é a equipa mais multinacional das que vão participar no Mundial. A lista de 24 pré-convocados inclui jogadores nascidos em cinco

países: Portugal, Brasil, Cabo Verde, Canadá e Venezuela. Só a Alemanha tem atletas de tantos países diferentes, mas perde na variedade dos continentes, refere

o Jornal de Notícias de 16 de Maio. Segundo a mesma notícia, além dos 17 europeus, nascidos do Minho ao Funchal, há portugueses de África e da América do Norte

e do Sul na comitiva que vai seguir para a África do Sul. Entre os produtos da imigração estão Pepe, Deco e Liedson, Rolando e Nani e os resultados da diáspora

portuguesa, Daniel Fernandes e Danny, sendo sete os exemplos da selecção mais multinacional do Mundial.

De entre as 32 selecções que vão participar no Mundial, só a Alemanha tem uma riqueza geográfica parecida com a de Portugal. De resto, há outras equipas

bastante multinacionais, com representantes nascidos em quatro países, como a França, a Grécia, a Suíça e o Gana. Mas neste campeonato, finaliza o Jornal de

Notícias, “ninguém ganha a Portugal”.

cabo verde

CAmpo promove empreeNDeDorIsmo Decorreu nos dias 31 Maio e 1 Junho, em Lisboa, o “Fórum para a Promoção

do Empreendedorismo Migrante em Cabo Verde”. Este encontro, realizado no

Auditório da AICEP, contou com a presença de líderes associativos, emigrantes

cabo-verdianos com experiências de empreendedorismo em Cabo Verde,

instituições cabo-verdianas ligadas ao investimento e investigadores.

Ao longo de dois dias, o debate centrou-se em questões como migração e

desenvolvimento, constrangimentos e incentivos ao envio de remessas,

oportunidades de investimento em Cabo Verde e casos de empreendedorismo

migrante em Cabo Verde, directamente pela voz de quem procurou investir no

país.

O Fórum foi promovido no âmbito do projecto CAMPO - Centro de Apoio ao

Migrante no País de Origem, que conta com o apoio da Comissão Europeia,

Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e

Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, que foi o seu promotor.

São parceiros do projecto o Instituto de Emprego e Formação Profissional

de Cabo Verde, o Instituto das Comunidades em Cabo Verde, o ACIDI, a

Organização Internacional para a Migrações em Lisboa e a Agência Espanhola

de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento.

21

breves

JornalisMo

prémIo peLA DIversIDADe CuLturAL Estão abertas até 16 de Julho as inscrições para a edição 2010 do Prémio de

Jornalismo Pela Diversidade Cultural, promovido pelo ACIDI, que distingue

trabalhos publicados por profissionais de comunicação que retratem e/ou

promovam a diversidade cultural para uma sociedade mais justa e mais plural.

Este ano, a iniciativa centra-se na “diversidade nos media” e destina-se a

artigos de Imprensa, Televisão, Rádio e Multimédia publicados em 2009, em

suporte tradicional ou electrónico, nos órgãos de comunicação social sediados

em Portugal.

O Prémio integra as seguintes modalidades: um Prémio do Diálogo

Intercultural; um Prémio por cada categoria (Imprensa Escrita, Televisão,

Rádio e Multimédia); um Prémio destinado aos Órgãos de Comunicação Social

Regionais e Locais e um Prémio destinado aos Media Étnicos.

Os Prémios têm os seguintes valores: Prémio do Diálogo Intercultural: 5.000

euros; Prémio Imprensa: 2.500 euros; Prémio Rádio: 2.500 euros; Prémio

Meios Audiovisuais: 2.500 euros; Prémio Multimédia: 2.500 euros; Prémio

Órgãos de Informação Regionais e Locais: 2.500 euros. Prémio Media Étnicos:

€ 2.500 euros.

Mais informações: www.acidi.gov.pt

loulé – alMancil e guiMarães

INAugurAção De Novos CLAII No ano em que comemora o seu sétimo aniversário, a rede de Centros Locais

de Apoio à Integração de Imigrantes (CLAII), lançada em 2003, alarga-se com a

abertura de mais um pólo, o CLAII de Loulé – Almancil, perfazendo 86 Centros

distribuídos por todo o país e região autónoma dos Açores.

Neste sentido, o ACIDI e a Câmara Municipal de Loulé assinaram no dia 25 de

Maio um Protocolo de Cooperação. A Cerimónia, que contou com a presença

da Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, teve lugar no

Salão Nobre da Câmara Municipal, em Loulé. Do mesmo modo, já no dia 10 de

Maio, Rosário Farmhouse esteve presente em Guimarães na assinatura de

um protocolo para a criação de um CLAII. A entidade parceira foi a Câmara

Municipal de Guimarães e a cerimónia decorreu nas instalações do Complexo

Multifuncional de Couros, Edifício Cybercentro.

Em estreito contacto com os Centros Nacionais e integrado na rede de Centros

Locais de Apoio à Integração de Imigrantes, estes novos centros serão pólos

de informação ao imigrante, com um tratamento especializado e adequado

às diferentes necessidades deste público-alvo. Pondo em prática o conceito

de integração de proximidade, terá ainda o papel pró-activo de animar e

desenvolver iniciativas locais de aprofundamento do acolhimento e integração

das comunidades imigrantes na sociedade portuguesa, envolvendo diferentes

actores locais e sensibilizando toda a comunidade para este desafio.

CLAII de GuimarãesParceiro local: Câmara Municipal de

Guimarães

Morada: Complexo Multifuncional

de Couros, Edifício Cybercentro, Rua

Camilo Castelo Branco n.º 334,

4810-435 Guimarães

Horário: 2.ª a 5.ª: 9h00-12h30 e 14h00-17h30. 6.ª: 9h00-12h30

CLAII de Loulé – AlmancilParceiro local: Câmara Municipal de Loulé

Morada: Rua Manuel dos Santos Vaquinhas, lote 53-loja B 8135 – 173 Almancil

Horário: 2.ª, 3.ª e 4.ª: 9h00-12h30

e 14h00-17h30. 5.ª: 9h00-12h30 e

14h00-15h30

B_i 22ACIDI REVISTA Nº 81 JUNHO 2010

universidade do Minho

LíNguA ChINesA Com futuro

coreia do sul

ACIDI preseNte em semINárIo sobre ImIgrAção e INtegrAção O ACIDI esteve presente no “International Seminar on Multicultural Society and Migrant Policy”, realizado a 26 de Maio na Coreia do Sul, que reuniu especialistas,

investigadores e decisores da Coreia do Sul na área da integração de imigrantes e promoção de sociedades multiculturais, sendo Portugal o único país convidado

para, através do ACIDI, partilhar as políticas portuguesas nesta área que têm sido alvo de reconhecimento internacional.

Este seminário pretendeu reflectir sobre ideias e pontos de vista tanto governamentais como não-governamentais, possibilitando a partilha e comparação de

boas práticas na Coreia e em outros países.

O encontro integrou-se numa série de eventos em torno da celebração do “Togetherness Day” na Coreia do Sul, que destaca os esforços deste país para se tornar

uma sociedade cada vez mais intercultural. Neste contexto, o Chefe de Gabinete do ACIDI, Duarte Miranda Mendes, teve a oportunidade de apresentar o modelo

português para a integração de imigrantes e

o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos

anos.

O Seminário foi uma iniciativa conjunta do

Korean Immigration Service (KIS) e do IOM

Migration Research and Training Centre,

tendo decorrido nas instalações desta

organização em Goyang City.

Quase vinte anos depois de terem iniciado o ensino da língua e cultura

chinesas na Universidade do Minho, em Braga, Sun Lam e Luís Cabral estão

certos de que o chinês é uma língua de futuro. Conforme refere a agência

Lusa, os docentes afirmam haver uma grande procura do ensino do chinês,

tendo recebido convites de várias escolas para dar aulas de chinês ou

organizar semanas de cultura chinesa. A experiência começou em 1991, sob

a forma de cursos livres, e evoluiu depois para uma Licenciatura em Línguas

e Culturas Orientais centrada no chinês, que desde 2004 já formou trinta

especialistas e tem hoje quase o dobro dos alunos.

Sun Lam e Luís Cabral são também os fundadores do Instituto Confúcio

da Universidade do Minho, um dos primeiros do mundo, criado no final de

2005, em colaboração com a Universidade Nankai, em Tianjin, no Norte da

China. Em 2008, a Universidade de Lisboa abriu outro Instituto Confúcio,

com professores do Instituto de Línguas Estrangeiras de Tianjin, onde há

igualmente uma Licenciatura de Português. O Instituto Confúcio do Minho,

que já formou centenas de pessoas, assegura ainda as aulas de chinês numa

escola secundária do Porto e em dois colégios de Braga. Com o apoio do

Hanban, o organismo do governo chinês que tutela os institutos Confúcio

espalhados pelo mundo, Sun Lam e Luís Cabral propõem-se também formar

professores locais de chinês para os países lusófonos.

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EVENTO DESCRIÇÃO DATA LOCAL HORA

Encontro Internacional Reunião do Conselho Transatlântico das Migrações Dias 5, 6 e 7 Maio Bellagio, Itália

Inauguração CLAII Inauguração do CLAII de Guimarães Dia 10 Maio Guimarães 12h00

Visita ao CNAIVisita ao CNAI da Ministra Sueca para a Integração e Igualdade, Dr.a Nyamko Sabuni

Dia 17 Maio CNAI Lisboa 10h00

Oficina de Educação InterculturalOficina de Educação Intercultural, no âmbito da Bolsa de Formadores, para professores das escolas envolvidas na Prova da Nacionalidade e nos cursos de Língua Portuguesa para Estrangeiros

Dia 19 Maio Évora 10h00 às 18h00

Teatro Antestreia da Peça de Teatro “Porta Cigana” Dia 19 MaioBiblioteca Dr. Orlando Ribeiro, Lisboa

19h00

PEIAssinatura dos Protocolos do Projecto Promoção Empreendedorismo Imigrante

Dia 20 Maio CNAI Lisboa 14h30

Inauguração CLAII Inauguração CLAII de Loulé Dia 25 Maio Loulé 11h00

Semana “Encontro de Culturas”

Exposição “Diversidade Cultural”, Torneio Desportivo e Conferência sobre os temas “Integração dos Imigrantes e dos seus Descendentes”, “Educação e Mercado de Trabalho” e “Perspectivas e formas de acção para o desenvolvimento dos PALOP”.

Dias 24 a 29 Maio Universidade de Aveiro

Projecto de Mediação Intercultural no Atendimento em Serviços Públicos

Apresentação dos resultados da avaliação do Projecto, Lançamento do Caderno n.º 4 de Apoio à Formação: Mediação Intercultural, Assinatura de protocolos para a continuação do Projecto.

Dia 25 (a confirmar) Maio CNAI Lisboa a confirmar

PrograMa de eMPreendedorisMo iMigrante

ACIDI LANçA 2ª fAseO ACIDI assinou no dia 20 de Maio protocolos de cooperação com as instituições parceiras locais que dinamizarão as actividades inerentes à edição 2010 do PEI

- Projecto Promoção Empreendedorismo Imigrante. O PEI tem como objectivo geral fomentar atitudes empreendedoras junto das comunidades imigrantes, com

especial enfoque naquelas que residem em bairros de maior vulnerabilidade. Desta forma, alarga-se o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelos

GIP (Gabinetes de Inserção Profissional), integrados na Rede Imigrante e coordenados pelo ACIDI e pelo Núcleo de Empreendedorismo do Centro Nacional de Apoio

ao Imigrante (CNAI).

Estas entidades são: Seiva – Porto; Os Caças - Tapada das Mercês (Sintra); Moinho da

Juventude - Cova da Moura (Amadora); Associação Jardins-Escola João de Deus - B.º 6 de

Maio (Amadora); Associação de Intervenção Comunitária, Desenvolvimento Social e de

Saúde – Amadora; Associação Cultura e Juvenil Batoto Yetu - Caxias (Oeiras); Santa Casa

da Misericórdia de Almada - Monte da Caparica; Rumo – Barreiro; Khapaz - Arrentela

(Seixal); Centro de Apoio aos Desempregados de Setúbal – Setúbal; CAPELA – Portimão.

O ACIDI celebrou também protocolos de cooperação com duas entidades formadoras

responsáveis pela identificação de formadores que ministrem o curso “Apoio à Criação de

Negócios”, bem como com a ANDC - Associação Nacional de Direito ao Crédito, que será

responsável pelo acompanhamento posterior aos formandos/empreendedores, numa

lógica de apoio direccionado às necessidades especificas de cada empreendedor imigrante

participante do PEI.

agenda

breves

agenda

“ g e N t e C o m o N ó s ”

A o s D o m I N g o s N A t s f, D e p o I s D A s 1 3 h 0 0

O “Gente Como Nós” vai continuar a abrir janelas para o mundo e a experimen-tar sabores vindos do Brasil, do Leste Europeu e da Ásia… Vamos ter repor-tagens em lojas e restaurantes típicos. Negócios conduzidos pelos próprios imi-grantes, que servem para unir culturas e mostrar o que cada comunidade tem de melhor. Estes espaços, para além de servirem os hábitos de consumo, a cultura e as tradições das comunidades imigrantes, alimentam também o encanto e a curiosidade dos próprios portugueses…

B_i ACIDI REVISTA Nº 81 JUNHO 2010

etNogrAfIA e proDução De CoNheCImeNto

Autor: Maria José Casanova Edição: Observatório da Imigração

Este livro, editado pelo Observatório da Imigração do ACIDI, debruça-se na primeira parte sobre a aplicação do méto-do etnográfico na investigação de elementos pertencentes a um grupo sociocultural específico – os ciganos – e da construção de conhecimento que daqui deriva, descrevendo e problematizando o trabalho de terreno e as formas de construção desse conhecimen-to. A segunda parte, procurando

constituir-se numa exemplificação da construção de conhe-cimento a partir do método etnográfico, aborda algumas dimensões da cultura cigana e da produção dessa cultura, reflectindo sobre o significado da manutenção dessas dimen-sões para o próprio grupo e para a relação social e cultural maioria-minoria.

Les gItANs

Autor: Marc Bordigoni Edição: Le Cavalier Bleu (2010)

Nascidas de tradições vindas dos confins dos tempos, misturando verdades e falsidades, as ideias feitas estão em toda a parte. O autor começa pelo início e procura esclarecer e aprofun-dar, distinguindo aquilo que sabemos sobre os ciganos e aquilo que apenas acreditamos saber. Perseguidos ao longo da História, rejeitados ainda actualmente, os ciganos inquietam. Elogia-se a sua cultura, o seu sentido de família... mas não os queremos como vizinhos. Este livro é um convite a abrirmos as nossas portas... e os nossos espíritos. Marc Bordigoni é investigador em torno do projecto “La Présence Tsigane”, interessando-se desde há muito por revelar o verda-deiro rosto dos ciganos.

romANCero gItANo

Autor: Federico García Lorca Edição: Espasa Calpe (2006)

O “Romancero Gitano” é uma das criações líricas mais significati-vas do século XX. O autor, Fede-rico García Lorca, explica-o como um poema da Andaluzia, justi-ficando o título com o facto de o cigano ser, na sua opinião, “a re-presentação mais elevada, mais profunda e mais aristocrática” do seu país. Este livro, publicado em 1928, contém 18 “romances”, todos com um elemento comum, a cultura cigana, sendo os ciga-

nos tratados de uma maneira metafórica e mítica. A obra, com muitas descrições do mundo dos ciganos, reflecte o sofrimento de um povo perseguido, que vive à margem da sociedade, e a sua luta contra a autoridade repressiva.

mAppINg the INvIsIbLe: eu-romA gypsIes

Coordenação: Lucy Orta Edição: Black Dog Publishing (2010)

Uma investigação que leva o leitor numa digressão visual através da Europa, com um foco na sua maior minoria: os Roma. O livro abre com um resumo da sua herança cultural, centrando-se em seguida nas questões em torno da habitação. Esta publica-ção é o resultado de uma parceria designada EU-ROMA, formada por um grupo de arquitectos,

designers e artistas que pretendem divulgar a diversidade e a riqueza do povo Roma. A parceria surgiu como resultado de um financiamento da Comunidade Europeia, em quatro países, centrada num diálogo aberto sobre habitação e espaços públicos. O livro mostra os projectos EU-ROMA realizados em colaboração com comunidades da Roménia, Grécia, Itália e Reino Unido.

“Nós”

progrAmA Nós Com NovA vIDA NA rtp

DomINgo, 6 De JuNho, peLAs 9:50, NA rtp2

No dia 6 de Junho, o programa Nós iniciou uma nova etapa na RTP. Trata-se de um programa multicultural que chega todos os fins-de-semana a diferentes espec-tadores, tem 50 minutos de duração e conta com a apresentação de Kadidja Pinto Monteiro e Pedro Cativelos. Um programa que espelha a diversidade cultural oriunda dos quatro cantos do mundo e retrata as comunidades imigrantes e comunidades ciganas pre-sentes entre nós.Pretende-se destacar o caminho traçado por muitos daqueles que tiveram a coragem de se aventurar em busca de melhores condições numa nova terra. Através do Nós ficamos a conhecer histórias de vida, manifes-tações sociais e culturais dos imigrantes, bem como o seu contributo para um Portugal mais rico e mais plural.

cultura

O ACIDI, I.P. prossegue atribuições da Presidência do Conselho de Ministros, regulado pelo D.L.

nº. 167/2007, de 3 Maio

ACIDI, I.P.

LISBOARua Álvaro Coutinho, nº 14-16 1150-025 Lisboa

Tel.: 218 106 100 Fax: 218 106 117LINHA SOS IMIGRANTE: 808 257 257 / 21 810 61 91

[email protected]

www.acidi.gov.pt

B_iDirecção

Rosário FarmhouseAlta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural

Coordenação da ediçãoElisa Luis

RedacçãoJogo de Letras - João van Zeller

[email protected]

DesignBuilding Factory

Jorge Vicente_Fernando [email protected]

Colaboraram nesta edição Ana Correia, Catarina Reis Oliveira, Inês Rodrigues, Gabriela Semedo, Luís Pascoal

Kattia Hernandez, Margarida Caseiro, Paula Moura, Susana Antunes, Tatiana Gomes

Fotografia de capaACIDI

ImpressãoOffsetmais, Artes Gráficas, S.A.

Tiragem6.000 exemplares

Depósito Legal11111111111111111111111111111111111111

ETNOGRAFIA E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO. Reflexões críticas a partir de uma investigação com ciganos portugueses. (1)

ETNOGRAFIA E PRODUÇÃODE CONHECIMENTO

Reflexões críticas a partir de uma investigação com ciganos portugueses

MARIA JOSÉ CASA-NOVA(2009)

COM O APOIO:

Maria José Casa-Nova

ACIDI, I.P.

EtnografiaE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO Reflexões críticas a partir de uma investigação com ciganos portugueses