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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE Faculdade de Ciências e Tecnologia PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA Área de Concentração: Produção do Espaço Geográfico Circulação e logística territorial: a instância do espaço e a circulação corporativa ROBERTO FRANÇA DA SILVA JUNIOR Orientador PROF. DR. ELISEU SAVÉRIO SPOSITO Presidente Prudente-SP 2009

Circulação e logística territorial: a instância do espaço e a ...livros01.livrosgratis.com.br/cp111067.pdfNo período de “pré‐doutoramento”, agradeço Mónica Arroyo que

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Jlio de Mesquita Filho

    CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE Faculdade de Cincias e Tecnologia

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA rea de Concentrao: Produo do Espao Geogrfico

    Circulao e logstica territorial: a instncia do espao e a circulao corporativa

    ROBERTO FRANA DA SILVA JUNIOR

    Orientador PROF. DR. ELISEU SAVRIO SPOSITO

    Presidente Prudente-SP 2009

  • Livros Grtis

    http://www.livrosgratis.com.br

    Milhares de livros grtis para download.

  • UNIVERSIDADEESTADUALPAULISTAJliodeMesquitaFilho

    FACULDADEDECINCIASETECNOLOGIACAMPUSDEPRESIDENTEPRUDENTE

    PROGRAMADEPSGRADUAOEMGEOGRAFIA

    Circulaoelogsticaterritorial:ainstncia

    doespaoeacirculaocorporativa

    RobertoFranadaSilvaJunior

    Orientador:EliseuSavrioSposito

    TeseapresentadaaoProgramadePsGraduaoem Geografia da Unesp, campus de PresidentePrudente,nareadeconcentrao:Produodoespaogeogrfico,paraaobtenodo ttulodedoutoremGeografia.

    PresidentePrudenteSP

    Agostode2009

  • Silva Junior, Roberto Frana da.

    S578c Circulao e logstica territorial: a instncia do espao e a circulao corporativa / Roberto Frana da Silva Junior. - Presidente Prudente : [s.n], 2009

    374 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de

    Cincias e Tecnologia Orientador: Eliseu Savrio Sposito Banca: Ricardo Abid Castillo, Mara Mnica Arroyo, Mrcio

    Rogrio Silveira, Athur Magon Whitacker Inclui bibliografia 1. Circulao. 2. Logstica. 3. Produo do espao. I. Autor. II.

    Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Cincias e Tecnologia. III. Ttulo.

    CDD (18.ed.) 910

    Ficha catalogrfica elaborada pela Seo Tcnica de Aquisio e Tratamento da Informao Servio Tcnico de Biblioteca e Documentao - UNESP, Cmpus de

    Presidente Prudente.

  • Dedico esta tese aos meus pais e ao meu irmo que

    renasceram,cadaumaseumodo;

    Nani,peloamor,dedicaoecompanheirismo;

    Nayla que nasceu junto com esta tese, apesar dos

    diferentestemposdegestao.

  • AGRADECIMENTOS

    Afora

    Estateseoresultadodeumabatalhapessoal,noapenasnaacademia,mas

    tambmna vida, emque tiveque suplantar vriosobstculos edificuldades.

    Nessepercurso,vriaspessoasforamresponsveisdiretaouindiretamentepela

    elaboraodestetrabalho.

    Primeiramente,destacoEliseuSavrioSposito,pessoa fundamentalnaminha

    formao,quesemprefoi,aolongodeseteanosdeorientao(entremestrado

    e doutorado), respeitoso, exigente com a conformidade dos processos,

    espirituosoeeducadonotratamentoprofissional.Agradeomuitoaconfiana

    depositadaemmimparaescreverestatese.

    Oestmulo

    Quero ressaltar tambm, a importncia de outros professores que tiveram

    participaofundamentalnoprocessodeconstruodestatese,prepso

    meuingressonodoutoradonaUnesp.

    No perodo de prdoutoramento, agradeo Mnica Arroyo que foi, sem

    sombra de dvida, uma fonte de inspirao.A sua participao na banca da

    minha dissertao demestrado e, principalmente a disciplinaministrada na

  • Universidade de So Paulo (Territrio e circulao), fomentou em mim a

    vontadedeanalisaranoodecirculao.

    Nesseperodo,tambmagradeoMaraLauraSilveira,pessoaespecialegentil,

    que abriu as portas do Laboplan para que eu pudesse desempenhar

    atividadesjuntoaogrupo.Noentanto,arotinanaEscolaEstadualJosAlvim,

    deAtibaiaSP,aospoucos foi inviabilizando talprojeto.Adisciplinaministrada

    porela(QuestesdemtodoemGeografia)foicrucialnaconstruodatese.

    Tambm destaco em sua pessoa um estmulo bastante importante, em um

    momentobastantedifcilquevivi.

    Quero agradecer tambm a Ricardo Castillo, sem dvida nenhuma uma das

    pessoas mais importantes na minha trajetria profissional. Nunca mais

    esquecereiodiaqueoconheci,antesmesmodomeu ingressonodoutorado,

    umapessoabastanteatenciosaereceptiva.Osconvitesparaqueeufizesseuma

    fala junto aos seus orientandos e para a avaliao de monografia foram

    estmulosparaqueeuacreditassequemeutrabalhoeravivel.

    Oincio(eduranteoscrditos)

    Agradeo minha exdiretora da Escola Estadual Jos Alvim, Dona Ana

    Regina,quefoicompreensivanabuscademeusonhoprofissional,permitindo

    algumassadasparaqueeupudesseprestarconcursoseoexamedoPrograma

    dePsGraduao.Tambmqueroaproveitarparaagradecervriosprofessores

    que sempreme incentivaram: Lris, Ariadne, Oduvaldo,Mara, Ana Cristina,

    Valmara, Ivan,Valria, Imaculada,Mnica, Luiz, Juarez,Karen, Lita,Valria,

  • Valmara entre outros professores. Existia um climamuito bom e favorvel.

    Achoqueistofacilitoualgumascoisasparamim.

    Desde a prova de seleo at o ingresso no doutorado, outras pessoasme

    acolheram e me auxiliaram com informaes, entrega e busca de

    documentaes etc. So eles: Rones Borges Silva, Antonio Sobreira, Luiso

    (Luis Paulo Valente) e Gelson Yoshio Guibu. No est representada aqui a

    amizade de Rones e de Gelson neste perodo, alm do Cidinho (Aparecido

    Coitino)que,emboranotenhacontribudodiretamente,eugostariadeprestar

    umahomenagemaohomemqueelerepresenta.

    Nocumprimentodecrditosemdisciplinas,tambmdestacoaimportnciade

    quatroprofessores:OsvaldoCoggiola,WilsondoNascimentoBarbosa,Heinz

    Dieter Heidemann (os trs da Universidade de So Paulo) e ArthurMagon

    Whitacker (Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente),

    que possibilitaram a feitura de artigos e que contriburam muito para a

    organizaodatese.

    Os dois primeiros possibilitaram uma nova forma de enxergar a Histria do

    ponto de vista terico emetodolgico.Dieter possibilitou que eu reforasse

    teoricamenteadiferenaentremobilidadepopulacionalecirculao.

    JArthur,consideroumdosmelhoresprofessoresque tive,semprededicado,

    colegademuitasconversasesemprepaciente,atentoaouvirtodasasopinies

    paradepoisseposicionardecisivamentedemodobastantetranquilo.

  • Aqualificaoeoreinciodatese

    Quero agradecer aosmembros da banca do exame de qualificao, pois foi

    quando se definiu a tese. Everaldo dos Santos Melazzo e Mrcio Rogrio

    Silveiraforampessoasfundamentaisquiloqueconsideroareconstruoda

    tese.

    Guardo pelo primeiro, uma grande admirao desde o tempo do oramento

    participativo, que juntamente com Srgio BrsMagaldi foi um dos grandes

    responsveispela formulaodaminhaatualconscinciapoltica.Emborano

    tenha tido aula com Everaldo, tive o privilgio de participar de colquios no

    Gasperr e do antigo Laboratrio de Geografia Humana (Laghu), alm de ter

    assistidosuaspalestrasedemaisparticipaesnaFCT/Unesp.Agradeoassuas

    sincerasconsideraes,assimcomoaspalavrasdeincentivonorecmextinto

    cafdaFundacte.

    Agradeo ao Mrcio a elevao da minha autoestima em importantes

    momentosdaminhavidaprofissional.Agradeooconviteparaaparticipao

    do Ciclo de Debates e Ideias do Gedri, quando tive quemobilizar recursos

    intelectuaisparapoder terumaparticipaoaomenos razovelnoevento (e

    que foram agregadas aqui). Tambm agradeo as suas crticas no exame de

    qualificaoquemefizeramreconstruirvriosargumentos.Ocaptulodo livro

    organizadoporeletambmfoiincorporadoaqui.

    Nesseespao,devoagradecernovamenteaoprofessorRicardoCastilloporter

    me auxiliado na qualificao,mesmo enquantomembro suplente. Cheguei

    Unicamps10horasesas15horas.Esseperododizmuitoarespeitodesua

    participaonatese,sendofundamentalemalgumasdecisestomadasaqui.

  • Ateseeotrabalho

    IngresseinaUnicentro(UniversidadeEstadualdoCentroOeste,campusdeIrati

    PR),em2006,econhecigrandesfiguras(eoutrasnemtanto).Entreasgrandes

    personalidades,querodestacarAparecidoRibeirodeAndrade,amigodelongas

    conversas edebatesdos rumosdaGeografia iratiense e importante colega

    quefoi,certamente,meuprincipalreferencialnaUnicentro.Inmerasforamas

    situaes de agradecimento que no caberiam neste espao. Aparecido se

    sacrificoumuitasvezesparaqueeupudesseconcluirestatese.

    Agradeo tambmProfessoraKarlaRosrioBrumespor sempre se lembrar

    demim, enviando artigos e outrosmateriais; por ter sido compreensiva no

    primeiro semestre de 2009 quanto ao meu afastamento de algumas

    discussesdodepartamento,eportersesacrificadoemnomedoDegeo/I.

    Outras pessoas importantes foram os professores Wilson Flvio Feltrim

    RoseghinieMarisaEmmer,semprecompanheiros.TambmagradeoaMarisa

    pela elaborao com muita ateno do abstract, do resumn e do

    rsum.

    Agradeoaosalunosdasturmasde2006e2007queforam,semdvidaalguma,

    importantes refernciase tambmaprincipal respostadequeo trabalhoque

    vnhamosdesenvolvendoeraoanseiodacomunidade.

  • Aoperaotese

    Do ponto vista operacional, muitas pessoas foram importantes, mas

    destacareialgumasquetiveramumpapelmaisdireto:

    Agradeoaminhaprima Lilianpor ter intermediadoo trabalhode campona

    jointventuredelogsticadaSKF/Goodyear;

    AoAlmirNaboznypelasideias,materiaiseleituradepartedoscaptulos2e3.

    AlmirmeapresentouaoMrcioOrnat,responsvelporpartedolevantamento

    dos dados e informaes junto aos OTMs, e pelo desenho dos cartogramas

    destatesejuntamentecomAlidesChiminJunior;

    Quero tambm fazer um agradecimento Katya Elise Cicorum, responsvel

    pelolevantamentoinicialjuntoaossitesdasgestorasdefluxosdemercadorias.

    Queromanifestar um agradecimento especial Priscilla Bagli,minhamelhor

    amiga, competente colega de graduao e de repblica, que fez uma leitura

    atentadatese,fazendoarevisoortogrfica.

    Asrefernciasfamiliares

    Nopossodeixarderegistraraquiasminhasrefernciasfamiliares:

    Agradeo aosmeus pais, Laureni de Lira Frana e Roberto Frana da Silva,

    semprefortalezas.Apermanentepreocupaodelesumnorteparamim.

  • Agradeoaomeu irmoRenatopelas informaespreciosaseprecisas sobre

    engenharia dos transportes. Tambm agradeo as cpias de vriosmateriais

    obtidosnaUSPeenviadosparamimemIrati.

    Agradeo muito minha sogra, Dona Jeanete, para mim uma importante

    referncia,meauxiliandoemvriassituaes.

    AgradeodemaisminhacompanheiraNjela,semprecompreensivaemvrias

    situaes.ApesardeterfeitomestradoemEducaonomesmoperodo,ede

    serprofessoradaUnicentro, semprequepossvel,parou suasatividadespara

    meauxiliar.

    Bastidores

    AgradeoaMarcia,IvoneteeErinat,atenciosasecompetentesfuncionriasda

    seodepsgraduaodaFCT/Unesp,quesempremeauxiliaramnaquiloque

    puderam, inclusive guardandominhasmalas quando eu chegava demanh,

    num primeiro momento, de Atibaia e, posteriormente de Irati, quando eu

    cumpriacrditos.

    Agradeo tambm Silvana,MrciaeClaudia,atenciosas funcionriasda

    biblioteca.

    Osrecursos

    Para finalizar,agradeoFundaodeAmparoPesquisadoEstadodeSo

    Paulo(Fapesp)porterfomentandooinciodapesquisa.

  • Opassadoeofuturosoabstraes:construesmentaisque povoam a memria e a expectativa humanas. Opresentea fronteiramvelentreeleso intervaloquesepara o que foi e o que ser no fluxo de nossaexperincia. Do presente podemos dizer, portanto, queeleonomedamoradade tudooque.Nemoantesnemodepois,masodurante incessantementerenovado.Assimcomooprximoeodistantessedefinemapartirdeumpontonoespao,opassadoeo futurospodemserconcebidosapartirdeumpontonotempo.Essepontoopresente:oeternoaquieagoraemque transitamospela vida e a partir do qual tosomente nos dadomanter contato com o mundo (GIANNETTI, 2005: 139,grifosnooriginal)

  • RESUMO

    Ahistriaproduziu formashegemnicasehegemonizadasde circulao, com

    baseemtcnicasquesesucederameseagregaramemperodosmarcadospelo

    desenvolvimentodopartransportetelecomunicao.Duranteaglobalizao

    ocorreu a emergncia de formas hbridas e fusionadas de circulao

    (corporativas), que se traduzem no paradigma logstico e telemtico. Este

    paradigma da circulao tambm depende dos tradicionais sistemas de

    movimentoedastecnologiasdainformaoedascomunicaes,noentanto,a

    suamaiorespecificidadeacoordenao racionaldos fluxosdemercadorias.

    Com o aprofundamento da diviso internacional do trabalho o comrcio se

    complexificou, demandando logsticas territoriais das firmas como

    componentesestratgicasdacirculaocorporativa.

    Palavraschaves: logsticaterritorial,circulao,tcnicas,normas,produodo

    espao

  • ABSTRACT

    Thehistoryproducedhegemonic forms andhegemonizedof circulation,with

    base in techniques that happened and they joined in periodsmarked by the

    development pair transports telecommunication. During the globalization

    occurredtheemergencyinhybridandfusedwaysofcirculation(corporate)that

    are translated in the logistic paradigm and telematic. This paradigm of the

    circulation also depends on the traditional movement systems and of the

    technologiesof the informationandof the communications,however, largest

    specificity is the rational coordination of the flows of goods. With the

    profoundlyoftheinternationaldivisionoflabourthetradeifbecamecomplex,

    demanding territorial logistics of the firms as components strategic of the

    corporatecirculation.

    Keywords:territoriallogistics,circulation,techniques,norms,productionofthe

    space

  • RSUM

    L'histoire aproduit formeshgmoniquesethgmonisde circulation, avec

    base dans techniques qui se sont passes et ils ont joint dans priodes

    marques pour le dveloppement de paire transports tlcommunication.

    Pendant laglobalisations'estpas lurgencedesformeshybrideetfondudans

    circulation (d'entreprise) cela est traduit dans le paradigme logistique et

    tlmatique. Ce paradigme de la circulation dpend aussi des systmes du

    mouvement traditionnels et des technologies de l'information et des

    communications, cependant, la plus grand spcificit est la coordination

    rationnelledescourantsdemarchandises.Avecleprofondmentde ladivision

    international du travail le commerce si est devenu complexe et demande

    logistique territoriale des entreprises comme composants stratgique de la

    circulationd'entreprise.

    Motscls:logistiqueterritoriale,circulation,techniques,normes,productionde

    l'espace

  • RESUMEN

    Lahistoriahaproducido la formahegemnicayhegemonizadadecirculacin,

    con base en tcnicas que pasaron y unieron em perodosmarcados por el

    desarrollo del par transportes telecomunicacin. Durante la globalizacin

    ocurri la emergencia de maneras hbridas y fundidas de circulacin (la

    corporacin)eso se traduceenelparadigmade la logisticay telemtica.Este

    paradigmade la circulacin tambindependede los sistemasdemovimiento

    tradicionalesydelastecnologasdelainformacinydelascomunicaciones,sin

    embargo,laespecificidadmsgrandeeslacoordinacinracionaldelosflujosde

    gnero. Con la profundizacin de la divisin internacional del trabajo, el

    comercio increment su complejidadmientrasexiga logsticas territorialesde

    lasempresascomoloscomponentesestratgicodelacirculacincorporativa.

    Palabrasclave:lalogsticasterritoriales,lacirculacin,lastcnicas,lasnormas,

    laproduccindelespacio

  • LISTADEILUSTRAES

    Figura1.OcomrcioeuropeudiantedaHansaTeutnica...................... 175

    Figura2.Acadeiadevalores................................................................... 237

    Figura 3. Charge ironizando o crescimento da conteinerizao sem

    planejamento(07/08/1985)....................................................................

    243

    Figura 4. Nmero de matrizes de Operadores de Transporte

    MultimodalporEstadodaFederao......................................................

    266

    Figura5.ExemplodeempresacadastradanositedaANTT.Consulta

    deOperadoresdeTransporteMultimodalcadastrados..........................

    273

    Figura 6. Brasil: distribuio geogrfica dasmatrizes de OTMs por

    Estadodefederaoepormunicpio......................................................

    277

    Figura 7. Brasil: distribuio geogrfica das filiais de OTMs por

    municpio.................................................................................................

    278

    Figura 8. Distribuio geogrfica de representantes de OTMs por

    municpio.................................................................................................

    281

    Figura 9. Brasil: distribuio geogrfica de terminais de OTMs por

    municpio.................................................................................................

    283

    Figura 10. Esquema de representao da etapa logstica de

    transbordamentodemercadoriasnoterritrio......................................

    285

    Figura11.Esquemasintticodos fluxosdeoperadores logsticosem

    duaspontas(excetopetrleocruegranisslidosminerais)................

    302

    Figura12.Portiner................................................................................. 307

    Figura13.Brasil:portosmaisutilizadospelosOTMs.............................. 309

    Figura 14. Terminal de automveis daMultirio no porto do Rio de

    Janeiro(umadasempresasdogrupoMultiterminais)............................

    310

    Figura15.EntradadoPortoSecoBarueri................................................ 313

    Figura16.PortossecosdoBrasil............................................................. 317

  • Figura17.Brasil:portossecoscadastradoscomoOTM.......................... 318

    Grfico 1. Evoluo do nmero de habilitaes de Operadores de

    TransporteMultimodal............................................................................

    267

    Grfico2.Interaesmodais................................................................... 286

    Grfico3.ModalidadesmaisutilizadaspelosOTMs............................... 287

    Quadro1.AsquatrorevolueslogsticassegundoAkeAnderson........ 51

    Quadro2.Sistematizaoaproximadaacercadanoodecirculao... 155

    Quadro3.Resumodecomoseatingiuaamostradapesquisa............... 275

    Quadro4.Esquemasintticoeaproximadodossistemasdeaesdos

    operadores logsticos e suas densidades tcniconormativas

    (operadoreslogsticosindustriais)...........................................................

    298

    Tabela1.FiliaisdeOTMsnoexterior....................................................... 279

    Tabela 2. Interaesmodais por Estado da federao e o Distrito

    Federal.....................................................................................................

    288

  • LISTADEABREVIATURASESIGLAS

    AgnciaNacionaldeTransportesAreos(Anac)

    AgnciaNacionaldeTransportesAquavirios(Antaq)

    ANTT(AgnciaNacionaldosTransportesTerrestres)

    AssociaoBrasileiradeConcessionriasChevroletABRAC

    AssociaoBrasileiradeLogstica(Aslog)

    AssociaoBrasileiradeLogstica(Aslog)

    AssociaoBrasileiradeMovimentaoeLogstica(ABML)

    AssociaoNacionaldoTransportedeCargaseLogstica(NTC&Logstica)

    AssociaoNacionaldosUsuriosdeTransportedeCargas(Anut)

    CertificadodeOperadordeTransporteMultimodal(COTM)

    ConfederaoNacionaldoTransporte(CNT)

    Conveno das Naes Unidas sobre Comrcio e Desenvolvimento

    (UNCTAD)

    DirioOficialdaUnio(DOU).

    FCC(FederalCommunicationsCommission)

    FederaodasIndstriasdoEstadodeSoPaulo(Fiesp)

    FundaodeAmparoPesquisadoEstadodeSoPaulo(Fapesp)

    GPS(GlobalPositioningSystemsistemadeposicionamentoglobal)

    GRIS(GerenciamentodeRiscoeSegurana)

    InstitutodePesquisasTecnolgicas(IPT)

    Mercosul(MercadoComumdoSul)

    MinistriodaDefesa(MD)

    MinistriodosTransportes(MT)

    NTSC(NationalTelevisionSystemsCommittee)

    OfficeofScientificResearchandDevelopmentOSRD

    OperadordeTransporteMultimodal(OTM)

  • PlanoNacionaldeLogsticadeTransportes(PNLT)

    ProgramadeAceleraodoCrescimento(PAC)

    RMA(RadioManufacturersAssociation)

    TecnologiasdaInformaoedasComunicaes(TIC)

    TerminaldeContineresdoPortodeSantosdaMargemEsquerda(Tecon)

  • Sumrio

    INTRODUO 23

    PARTE1

    CIRCULAO:INSTNCIADOESPAOGEOGRFICO 64

    1. CirculaoeGeografia........................................................................ 65

    2. FormaoeconstituiodaGeografiadaCirculao:proposituras

    dosclssicos....................................................................................... 75

    3. GeografiadaCirculao,dasComunicaesoudosTransportes?.... 96

    4. O alargamento dos contextos espaciais como resultado da

    contraodoespaoprticoedaintensificaodacirculao......... 109

    5. Circulaoevalorizaodoespao.................................................... 124

    6. Circulaoeacumulaocapitalista................................................... 139

    7. Enfim,oquecirculao?.................................................................. 156

    PARTE2

    LOGSTICA:FORMAHISTRICADECIRCULAO 163

    8. Umapropostadeperiodizaodasformasdecirculao................. 164

    9. Paradigma emprico (das sociedades coletoras Primeira

    RevoluoIndustrial)......................................................................... 167

    10. Paradigmanewcomenianoeeletromagntico(PrimeiraRevoluo

    IndustrialatofinaldosculoXIX).................................................... 183

  • 11. Paradigma automotivo e eletrnico (Incio do sculo XX at a

    dcadade1950)................................................................................. 195

    12. Oparadigmalogsticoetelemtico.................................................. 207

    PARTE3

    TCNICAS,NORMAS,AGLOBALIZAOEOSOPERADORESDE

    TRANSPORTEMULTIMODALNOTERRITRIOBRASILEIRO

    226

    13. Aglobalizaoquedemandalogsticaecadeiadevalores............... 227

    14. OBrasileosparadigmasdacirculao............................................. 240

    15. O incipientedesenvolvimentodamultimodalidadenoBrasil:um

    exemploclarodaconflunciaentretcnicasenormas..................... 250

    16. Alogsticaterritorial.......................................................................... 257

    17. Operadoresdetransportemultimodal:algumasquestes.............. 265

    18. Operadores de transporte multimodal: espacialidades e

    topologias.......................................................................................... 276

    CONSIDERAESFINAIS:FIMECOMEO 321

    BIBLIOGRAFIA 327

    ANEXOS 358

  • Introduo

    23

    INTRODUO

    Primeiramente,indodiretoaoassunto

    Otextooriginal,apresentadobancadenossadefesa,iniciavaapartirdaatual

    Problematizaoecontextualizao:dandoformaquestoposta.Aideiaera

    envolverosleitoresnumencadeamentoderaciocniosecontextosdeumtema

    aindapoucoexploradopelaGeografiabrasileira,quea logstica.Noentanto,

    essaorganizaosemostrou ineficaz, inviabilizandouma leituramais rpidae

    fcil sobre a questo deste trabalho. Apesar desta considerao, a

    problematizao foi importante,enquantoelementodefinidorda linhaterica

    queseriaapresentadanatese,sendobalizadoraeunificadoradotrabalho,epor

    istomesmo,amantemosaqui,equeserapresentadaaseguir.

    Estaapresentaonofoiumasugestodabanca,masumadecisocombase

    nascrticasena leiturapsdefesa,sendo tambmuma formademantera

    originalidade do trabalho defendido em 6 de outubro de 2009, dando, ao

    mesmotempo,maisorganicidadeelimpezaaotrabalho,evidenciandoum

    poucomaisaquestocentral:atese.

    Esta uma tese sobre a logstica, entendida aqui como uma estratgia

    corporativa. Sendo assim, analisaremos a logstica como um instrumento do

    grande capital para solucionar os problemas de circulao, e no como

    elementoinerenteaosmodosdecirculaonodecorrerdahistria.

  • Introduo

    24

    Osurgimentoda logsticacoincidetosomentecomoperododaglobalizao

    (etapa culminantedoprocessode internacionalizaodo capital), sendouma

    demanda corporativa inventada em universidades dos Estados Unidos. A

    logstica , portanto, uma forma histrica de circulao,mas uma circulao

    corporativa.

    Entre os diversos elementos constituintes da globalizao, destacamos nove

    ingredientesfundamentaisparaainvenodalogstica:

    1. Disseminaodaideologiadacompetitividade;

    2. Expressivo aumento do comrcio internacional (mais normas e novos

    contedostcnicos);

    3. Gargalosinfraestruturaisenormativos;

    4. Crescimentoaceleradodascidades(congestionamentosedeseconomias

    deaglomerao);

    5. O pouco aumento da velocidade nos meios de transporte (sem

    alteraesrevolucionriascomooutrora);

    6. Progressivoaumentodaaplicaodacinciatcnicacapitalista;

    7. Consolidao de todas as condies bsicas para o fomento s

    TecnologiasdaInformaoedasComunicaes(satlites,computadores,

    telefoniaentreoutros);

    8. Brusco aumento da velocidade dos fluxos informacionais e de

    comunicaes, predominando uma situao de definimos como

    hipermobilidade, e consequente disseminao da velocidade como

    ideologia e como prtica corporativa, no mesmo contexto da

    competitividade(Alis,avelocidadeumaspectodacompetitividade.);

    9. Ebuliodosetordeservios(internacionalizao)edaterceirizao.

  • Introduo

    25

    O foco aqui so as empresas surgidas depois da inveno da logstica, que

    estamos chamando aqui de gestoras de fluxos de mercadorias (empresas

    especficas de logstica nas suas diversas topologias). No abordaremos os

    setoresoudepartamentosdelogsticadascorporaes.

    Defendemosatesecombaseemduaspropostaspressupostasebasilares.So

    elas:

    1. Propor uma noo de circulao vlida para afirmar a logstica como

    formahistricadecirculao.Sea logsticauma formadecirculao,

    queremos analisar o que circulao, entendendo esta, como uma

    instnciadoespao;

    2. Propor uma periodizao (paradigmas) a respeito da circulao na

    histria.

    Estaoposeexpressanaorganizaodestatese,divididaemtrspartes.

    Aanlisedanoodecirculaomereceuumaparteporsetratardeumanoo

    muito aventada, porm negligenciada quando se trata do seu significado.

    Incomodavanosapossibilidadedeafirmara logsticacomoformahistricade

    circulao, sem a clareza da noo de circulao. Diante disso, vimos a

    necessidadedeanalisaracirculaoeproporumanoovlidaparadiscutira

    logstica.

    Periodizar importantepara teorizara respeitodeprocessoshistricos.Para

    falar em forma histrica, constitumos concretamente os elementos que

    fundamentemtalafirmao.Poristodedicamosumaparteparaosparadigmas

    dacirculao(ouacirculaonahistria).

    Emsuma,proporemosaquiaseguintetese:

  • Introduo

    26

    Ahistriaproduziu formashegemnicasehegemonizadasdecirculao,

    com base em tcnicas que se sucederam e se agregaram em perodos

    marcados pelo desenvolvimento do par transporte telecomunicao.

    Durante a globalizao ocorreu a emergncia de formas hbridas e

    fusionadas de circulao (corporativas), que se traduzem no paradigma

    logsticoetelemtico.Esteparadigmadacirculaotambmdependedos

    tradicionaissistemasdemovimentoedastecnologiasdainformaoedas

    comunicaes, no entanto, a suamaior especificidade a coordenao

    racional dos fluxos demercadorias. Com o aprofundamento da diviso

    internacional do trabalho, o comrcio se complexificou, demandando

    logsticas territoriais das firmas como componentes estratgicas da

    circulaocorporativa.

    Emrelaoaottulo,ficaaindaumainterrogao:

    O que a logstica territorial que sobressalta no ttulo, mas que no foi

    comentadaainda?

    Depoisde teorizadasasduasprimeiraspartes,pudemosapresentaraanlise

    sobrealogsticaterritorial,teorizandoaeconceituandoa.

    Oterritriousadoumrecursoparaosagentescorporativos1,cujaatuaose

    demconsonnciacomoEstado.Alogsticaterritorialamaterializaodessa

    relaoedoconhecimentodasempresasarespeitodoterritrio,comtodasas

    suasnormas,seuslimites,seustrunfosetc.

    Todaaestratgia logsticasedno territrio,masnem todaaelaboraode

    estratgia logstica parte do territrio. Nesse sentido, analisamos aqui,

    1CorporaoestsendoutilizadaaquinosentidodadoporCorra (1995,213233),comooagente mais importante na reorganizao espacial capitalista. Falar em agentescorporativossignificar falarem todososagentesempresariaisenvolvidoscomalgicadeatuaodascorporaes.

  • Introduo

    27

    especialmente a materializao da ao das empresas. Para tal intento,

    tomamos como exemplo (e no como objeto de estudo), osOperadores de

    TransporteMultimodal(OTM)noterritriobrasileiro.

    Esses elementos apresentados de modo sinttico e preliminar sero

    problematizadosaseguir,ondeprocuraremosqualificaranossatese.

    Problematizaoecontextualizao:dandoformatese

    Aomesmotempoemqueseestreitaanoodevizinhana,aomesmo tempo em que se impe a criao de instituies decoordenaoe,sobmuitosaspectos,deunificao,aumentamas diferenas de riqueza, de equipamento, de meios deproduo, de nveis de vida. Jamais os povos estiveram,materialmente, to perto uns dos outros e jamais foram todesiguais. E no existe a menor razo para procurar, comonecessidade inadivel, as solues para o problema destacrescentedesigualdade(GEORGE,1974:73)

    Omundodehojepareceexistir sobo signoda velocidade.Otriunfo da tcnica, a onipresena da competitividade, odeslumbramentodainstantaneidadenatransmissoerecepode palavras, sons e imagens e a prpria esperana de atingiroutros mundos contribuem, juntos, para que a ideia develocidade esteja presente em todos os espritos e a suautilizaoconstituaumaespciede tentaopermanente.Seratual ou eficaz, dentro dos parmetros reinantes, conduz aconsiderar a velocidade como uma necessidade e a pressacomoumavirtude.Quantoaosdemaisnoincludos,comoseapenas fossem arrastados a participar incompletamente daproduodahistria(SANTOS,2001b).

    Em11dejulhode2008foilanadoem22pasesoiPhone,umtelefonecelular

    daApple.Olanamentodoprodutofoiaguardadocomgrandeexpectativapor

  • Introduo

    28

    milharesdepessoasqueacamparamemfrenteslojasdaAppleparacomprar

    oaparelho.Masoqueprovocaesse frenesi?Dopontodevistatecnolgico,o

    aparelho celular tem a tecnologia 3G (Terceira gerao aumenta a

    velocidade de navegao na internet). Essa tecnologia contm: GPS (Global

    Positioning System sistema de posicionamento global), amplamemria de

    armazenamentode informaeseatributos relacionados funcionalidade,ao

    confortoefacilidadedemanuseio.Atofinalde2008,oaparelhofoilanado

    emcercade70pases,inclusivenoBrasil.Masessefrenesitambmrevelaoutra

    situao:aprepondernciadacirculaonoperodoatual.Quandofalamosem

    preponderncia,noestamosafirmandoaprevalnciada circulao frentes

    demais instncias do espao geogrfico (produo, distribuio, troca e

    consumo),masreafirmandoograndevultoqueacirculaovemadquirindoe

    queseacentuacomopassardotempo.

    Segundo Lipietz (1987: 33), a espacialidade pura do modo capitalista de

    produo,independentementedoperodo,sugereumaorganizaotendente

    especializao,comumadivisodo trabalhobaseadaem ramosautnomose

    separao do produtor de seus meios de produo. Para Lipietz existe um

    papel dominante da circulao na reproduo das relaes sociais, um

    zoning funcionalista, cimentado por um sistema de transporte e de

    comunicaes.

    Com a evoluo e o progresso das Tecnologias da Informao e das

    Comunicaes (TIC) e sua consequente penetrao espacial, a circulao se

    evidencia como instncia responsvelpor importantesmudanasde valorno

    espaonoque tangeasdistncias (distnciastempoedistnciascustos),que

    soexpressesdasrelaesespaciais,dasestratgiasespaciais,daorganizao

    daproduoedocontroledosterritrios.

  • Introduo

    29

    Harvey(1969,citadoporSNCHEZ),aoexaminaralocalizaodeumaatividade

    econmica,consideraquadistnciapode sermedidaem termosdecusto;ao

    examinaradifusodainformao,adistnciasemedeemtermosdeinterao

    social; ao estudar as migraes, pode ser medida em termos de custo de

    oportunidades,eassimsucessivamente.

    Sobreanoodedistncia,MiltonSantosalerta:

    Reduzir a problemtica do espao s categorias de preo e dedistnciaequivaleacondenloaserbidimensional.Ora,emtodoespaopodese identificaraomenosos seguinteselementos:oshomens, as instituies, as empresas, as infraestruturas e osuporte ecolgico.As qualidades e as idades destes elementosnosoasmesmas.Tratasedeelementosmas,segundoo nveldeescolhaadotado,tratasetambmdeestruturasedesistemas.Fora de uma viso total do sistema espacial, certas categoriasutilizadashmuito tempopelacincia regionalepelaeconomiaespacialno constituem valores verdadeirosmas, sim, simpleselementosisolados,reunidosdesajeitadamente.Damesmaforma,semessaviso,omiteseopapeldotempo,emfunodoqualoselementossetornamvariveis,assimcomseomiteaimportnciadas relaes que os elementos mantm em cada poro doespao. A distnciatempo, como a distnciapreo e como oprprio preo, varia em funo destas relaes (SANTOS, 2003:1123,grifosnooriginal).

    Dequalquermodo, asmudanasde valorno espaoocorremdemodomais

    intenso atualmente do que em tempos pretritos em funo da velocidade

    atingidapelosagenteshegemnicosque,embuscadaacumulao,assumemo

    controledotempohistrico.ConformeArroyo(2001:58combaseemSilva),a

    circulaorepercutesobreaproduo,obrigandoaamodernizarse,demodo

    queos fluxossereproduzememumagrandediversificao,sendoaindamais

    importanteshoje,paraarealizaodaproduo.

    Acirculaoumaaomobilizadaportcnicasenormas,servindoaobjetivos

    econmicosepolticos.Dopontodevistaeconmico,acirculaocriavalor;do

  • Introduo

    30

    ponto de vista poltico, atravs da circulao que se exerce o controle

    territorial. Portanto, a circulao um importante elemento articulador e

    transformador do espao, pois mais movimento conduz a mais mudanas

    espaciais (porextenso,sociais,econmicasepolticas).HenriPirenne (1966),

    por exemplo, atesta que a circulao foi um dos fatos capitais para a

    decomposiodaordem feudaleparaaemergnciadeumaclassecapitalista

    nofimdoperododeexpansomedieval,entreossculosXIVeXV.Ocomrcio

    de longa distncia pelomar e por grandes rotas terrestres, a expanso das

    feiras,a importnciadas ligasdecomrcioeoaumentodocrditonoperodo

    medievalproporcionaramoalicerceparaodesenvolvimentodenovasprticas

    espaciais(econmicas,polticasesociais)queculminariacomaindustrializao

    eaurbanizao(doisdosprincipaissedimentosdocapitalismo).

    Atualmente, a circulao ganha ainda mais vulto com as TIC, podendo

    enquadrla no sistema de comunicaes em tempo real. SegundoMattelart

    (2002:11),estesistemadeterminaaestruturadeorganizaodoplaneta.Da

    aldeia global (MarshallMcLuhan, 1969 [1967]) ao fim da geografia (Paul

    Virilio), vriasmetforas foram elaboradas para expressar esta situao de

    encurtamentoabruptodasdistnciastempo,desdeadcadade1960.Desde

    McLuhan, as metforas se sucedem para esta explicao. Segundo Octvio

    Ianni:

    AdescobertadequeaTerrasetornoumundo,dequeoglobonomaisapenasumafiguraastronmica,esimoterritrionoqual todos encontramse relacionados e atrelados,diferenciados e antagnicos essa descoberta surpreende,encanta e atemoriza. Tratase de uma ruptura drstica nosmodos de ser, sentir, agir, pensar e fabular. Um eventoheurstico de amplas propores, abalando no s asconvices,mastambmasvisesdomundo(IANNI,2002:13).

  • Introduo

    31

    Oautortratadoprocessodeglobalizao,quetraz,areboque,outrasalegorias

    sob a noo de distncias reduzidas, tais como shopping center global,

    Disneylndia global, fbrica global, nave espacial global, nova babel,

    entreoutras.DoreenMassey(2008:118)chamariatudoistodeimaginaode

    instantaneidade2.Ainstantaneidadeeaubiquidadefazempartedasnarrativas

    contemporneassobreacontraodasdistncias,que levamemconsiderao

    eminentementeopapeldascomunicaes,comoelementostransfronteirios

    e desterritorializados, aventando intensos debates sobre o fim ou no dos

    Estadosnacionaisedasfronteiras3.

    Paraanalisaropapeldacirculaonomundocontemporneo,consideramosas

    comunicaes e os transportes como elementos indissociveis. O

    desenvolvimentodascomunicaesadistnciaparipassuaodesenvolvimento

    dos transportes possibilitou aos agentes hegemnicos maior capacidade de

    articulaosobreosdiversosterritrios.SegundoLvy (2001:22),oprogresso

    dos transportes e das comunicaes , ao mesmo tempo, motor e

    manifestaodoprocessodediminuiodoespaoprtico.

    Insistosobreoparalelismodostransportesedascomunicaes,pois o efeito de atrao mtua constante, fundamental,verificado em toda parte, ao passo que a substituio dotransporte fsico pelas transmisses de mensagens apenaslocal e temporria.A navegaode longo curso e a imprensa

    2 Huma imaginaoda globalizaoque retrata comoummundo totalmente integrado(MASSEY,2008:118).3Paraumaleituramaisaprofundadasobreestedebatev.Haesbaert(2007).Oautor(p.1920)questiona: O mundo estaria se desterritorializando? Sob o impacto dos processos deglobalizao que comprimiram o espao e o tempo, erradicando as distncias pelacomunicaoinstantneaepromovendoainflunciadelugaresosmaisdistantesunssobreosoutros,a fragilizaode todo tipode fronteiraeacriseda territorialidadedominante,adoEstadonao,nossasaessendoregidasmaispelas imagenserepresentaesquefazemosdo que pela realidade material que nos envolve, nossa vida imersa numa mobilidadeconstante,concretaesimblica,oquerestariadenossosterritrios,denossageografia?.SugerimostambmaleituradeCataia(2007).

  • Introduo

    32

    nascem juntas. O desenvolvimento dos correios estimula eutiliza tanto a eficcia quanto a segurana das malhasrodovirias.O telgrafo se expande aomesmo tempo que asestradasdeferro.Oautomveleotelefonetomamosmesmosrumos. O rdio e a televiso so contemporneos dodesenvolvimento da aviao e da explorao espacial. Ossatlites lanados pelos foguetes esto a servio dascomunicaes.Aaventuradoscomputadoresedociberespaoacompanha a banalizao das viagens e do turismo, odesenvolvimentodotransporteareo,aextensodasrodoviasedaslinhasdetrensdegrandevelocidade.Otelefonecelular,ocomputador porttil, a conexo sem fio com a Internet, embrevegeneralizados,mostramqueocrescimentodamobilidadefsica indissocivel do aperfeioamento das comunicaes(LVY,2001:23,grifosnooriginal).

    Portanto, apesar de toda a sensao de fluidez, instantaneidade e

    simultaneidade do capital, trazida pelo advento das telecomunicaes,

    entendemosquenecessrioumaanlisedotransporteedasimensasmassas

    de mercadorias, posto que produo material no circula por meio de

    teletransporte4. Assim questionamos: Como transpormais rapidamente os

    gargalos5dospasesfaceaampliaodoconsumoe,consequentemente,dos

    comrcios nacionais e internacionais? Como reduzir custos de circulao

    materialdecorrentedovolumeresultantedessescomrcios?

    Essasquestesemsi,demonstramqueamobilidadetodecantadaesbarraem

    problemas como: dificuldades emergentes de transportes, manuseio e

    armazenamento demercadorias, decorrentes da ampliao dos intercmbios

    nacionaise internacionaisdemercadoriasedoaumentodoconsumodebens

    industrializados; inchao das grandes cidades; problemas porturios e

    4Naficocientfica,transportealongadistncia,queconsistenadesmaterializaodocorpono lugardeorigem, seguidoda rematerializaono lugardedestino.Algumas experinciascientficas vm sendo realizadas, mas com resultados longe de atingir a finalidade detransportarmercadorias.5Metforamuitoutilizadanaeconomia,administraoeoutrasdisciplinasquedesignaaideiadeestreitamentofsicoe/oufuncionalquedificultamosfluxosdemercadoriasnoterritrio.

  • Introduo

    33

    alfandegrios; depreciao das infraestruturas de transportes e a

    regulamentaodacirculaonospases.Esses fatorescriaramanecessidade

    dereestruturaodacirculaoporpartedasempresas,comparecendo,desde

    meadosdosculoXX,sobortulodelogstica,trazendoconsigoatributos(que

    se tornaramideolgicos),como:eficincia,confiabilidade,qualidade totale,

    principalmente,velocidade.

    Se os fatores expostos foram as condies para a emergncia da logstica

    corporativa6,acompetitividadeomotordestaao.SegundoPetrella(1996:

    11), competitividade ummeio convertido em fim edotadodedevastador

    sentido de confrontao e aniquilao dos rivais.A competitividade constitui

    mais que um instrumento, uma ideologia que se instala. As rpidas

    transformaes econmicas, polticas e sociais faziam do espao um desafio

    paraascorporaes,culminandonoperododaglobalizao,comoaumento

    maisintensodocomrciointernacionaledaproduomultilocalizada.

    importante reconhecer que a logstica foi fomentada como disciplina

    acadmica,considerandoaaplicaodacincianoprocessodeacumulaodo

    capital.RonaldBallou,umdoseminentespesquisadoreseconsultoresdarea

    6Osignificadooriginaldelogsticaprovenientedofrancslogistique(oriundodotimologis,queem francssignifica alojamentoede logerquesignifica alojar,aquartelar,abarracar).Conceitualmente, a logsticamoderna deriva da definio do Baro Antoine Henri Jomini,principaltericomilitardaprimeirametadedosculoXIX.NaobraintituladaPrcisdelartdela guerre (1836), o autor considerava a logstica como uma das cinco etapas da arte daguerraque so:estratgia,grande ttica, logstica,engenhariaepequena ttica.ConformeSilvaJunior(2004:112),paraoreferidobaro, logsticaeraaarteprticademovimentarosexrcitos:[...]abrangendonosomenteasquestesdetransporte,mastambmotrabalhode Estadomaior,medidas administrativas e atividadesde reconhecimento ede informaonecessriosparaodeslocamentoeamanutenodeforasmilitaresorganizadas.Ovocbulologsticaeraderivadodopostodemarchaldelogis,existentenoexrcitofrancsnossculosXVII e XVIII e ao qual correspondia, no exrcito prussiano, ttulo de Quartermeister,competindoaambos,asatividadesadministrativasrelativasaosdeslocamentosdastropasemcampanha(SILVAJUNIOR,2004:112).Ovocbulologistics,bemcomtodaaideiasubjacenteparafinsmilitares,foiintroduzidonosEstadosUnidospeloalmiranteAlfredMahannadcadade1880,consolidandootermo.

  • Introduo

    34

    de logstica, afirma que a prtica da logstica configura uma disciplina (1993:

    28)7.Oquenosignificadizerquenohaviaplanejamentomnimoacercadas

    atividadesessenciaisde transporte,controledeestoqueseprocessamentode

    pedidos,masapenasentreasdcadasde1960e1970houveuma integrao

    dessesprocessos8.OsprimeiroscursosdegraduaoemLogsticasurgiramnas

    Universidades deMichigan e Ohio na dcada de 1960, sendo devidamente

    reconhecidos pelo governo dos EUA, provavelmente influenciados pelos

    seguintesacontecimentos9:

    1901Adistribuiofsicademercadoriasexaminadapelaprimeiravez

    soboprismaacadmicono inciodosculoXXatravsdeumartigode

    John Crowell. No artigo Report of the Industrial Commission on the

    DistributionofFarmProducts,oautor tratoudoscustose fatoresque

    afetavamadistribuiodosprodutosagrcolas;

    1912 Arch Shaw,em seuartigo AnApproach toBusinessProblems,

    abordaosaspectosestratgicosdadistribuiofsicademercadorias.No

    mesmo ano, L.D.H. Weld introduziu os conceitos de utilidade de

    marketing(momento,lugar,posse)edecanaisdedistribuio10.

    7BalloupodeserconsideradoumdosfundadoresdadisciplinaLogsticaIndustrial.8Nesse sentido,entendese,assim comoKobayashi (2000:17),a logstica como sendoumatcnicaeaomesmotempoumacincia.9 Apresentados em Macohin (2001) e resumidos aqui conforme a relevncia para odesenvolvimentoposteriordalogsticanadcadade1960.10 As relaesentre as atividadesde criaodedemandaeo suprimento fsico ilustram aexistncia dos princpios de interdependncia e equilbrio. Uma falta de coordenao dequalquerdestesprincpiosounfasedecoordenaoqualquerumdestesprincpiosounfaseoudispndioindevidocomqualquerumdelesvaicertamenteperturbaroequilbriodeforasque representa uma distribuio eficiente. A distribuio fsica das mercadorias umproblema distinto da criao de demanda. No so poucas as falhas nas operaes dedistribuio devido falta de coordenao entre a criao da demanda e o fornecimentofsico. Ao invs de ser um problema subseqente, essa questo do fornecimento deve ser

  • Introduo

    35

    1927 Ralph Borsodi, em sua obra The distribution age aproxima a

    distribuiofsicadoseucontedoempresarialconhecidohoje.

    1956artigopublicadopelaHarvardBusinessSchoolintroduzoconceito

    deanlisedecustototalnascadeiasprodutivas.

    Acriaodoscursosdelogsticaserelacionademodoindireto,comainfluncia

    daSegundaGuerraMundial.Amovimentaodastropas,oarmazenamentode

    alimentos eo fornecimentode armas emuniesnesta guerra influenciouo

    surgimentodadisciplinadeLogstica.Nadisseminaodoconceitode logstica

    do sentido blico/militar para o sentido empresarial, a ideia central do

    conceitocorporativopassouaserodeadministrarosfluxosdetransportes,as

    informaeseaarmazenagemdeprodutos,desdeaobtenodematriaprima

    at o consumidor com qualidade e com diminuio de custos para o cliente

    (BALLOU,1993:24;KOBAYASHI2000:18).Destemodo,oclientetratadopelos

    acadmicoseempresasdareade logstica,especialmente,acorporao,e

    isto ser abordado e fundamentado nesta tese, ou seja, a emergncia da

    logsticaperanteumademandacorporativaparadiminuircustoseaumentara

    velocidade dos fluxos de mercadorias para o enfrentamento da crescente

    competitividade. Segundo Trevisan (2001:1),na transposiodo conceitodo

    campomilitarparaocorporativo(...)

    [...] esta transferncia de conhecimento e adaptao ao novomeio ocorreu de maneira gradual, vindo se tornar elementoconstitutivo do circuito produtivo das grandes empresas noinciodadcadade1970quandoestas,cadavezmais,passama

    enfrentada e respondida antes de comear o trabalho de distribuio (SHAW citado porCHRISTOPHER,1997).

  • Introduo

    36

    atuar segundo ummodelo de acumulaomais flexvel e emescalaplanetria(TREVISAN,2007:1)11

    Do ponto de vista produtivo, no perodo em questo, houve a transio da

    rigidez do fordismo para um sistema de acumulao flexvel, com uma

    produoenxutabaseadonojustintime,justinplace.Harvey(2001:148),

    queteorizousobreaacumulaoflexvel,expeosfatoresdediferenciao.Os

    sistemas de produo flexvel possibilitaram a acelerao das inovaes. O

    tempo de rotao foi reduzido com o novo paradigma tcnicoprodutivo

    baseado na automao e na robtica, e por novas formas organizacionais,

    comoogerenciamentodeestoques.Todavia,Harveyalertaqueaacelerao

    dotempodegironaproduoseriaintilsemareduodotempodegirono

    consumo. Isto nos leva a destacar o papel do aumento do consumo no

    capitalismo, o que demanda uma circulao fsica de mercadorias mais

    eficiente.Noentanto,MichelVakaloulisalerta:

    Narealidade,aproduocapitalistasemprecombinourigideze flexibilidade. Tal oposio conceitual , portanto,estritamente formal e atinge rapidamente seus limites,enquanto princpio explicativo da reestruturao capitalista.Aflexibilidade no parece estar substituindo a produo emmassa [...] O que parece nesse caso plausvel umapermutao inditadeflexibilidadeerigidezqueprolongaas tendncias essenciais do capitalismo. O capital tornasemvel, hipermvel, tendendo na direo de uma existncianmade crescente. Ele representa uma relao social global,efeito combinadoda transnacionalizaode conjuntode seuscircuitos (capitalprodutivo, capitalmoeda, capitalcomercial).Oespaosocialqueelerecobreambguo,polarizanteequaseirrepresentvel. Ele refora o grau de suaconcentrao/centralizaoeaprofundaosefeitos ligadosaosmecanismos do desenvolvimento desigual. Desse ponto devista,seriainexatoconsideraropsfordismocomoumperodo

    11Nonossoobjetivoexplorarmaisprofundamentesobrea logsticanestemomento,bemcomooutros conceitose temas.Analisaremosa logstica,maisdetalhadamente,naparte2.Porora,apenasestamosproblematizandoatese.

  • Introduo

    37

    de localismo, de disseminao e de desintegrao: afragmentao funcional do sistema produtivo no deve serconfundida com a fragmentao do capital ede seu controlesobrearelaosocial(VAKALOULIS,2000:52).

    A emergncia da logstica se deve a fatores eminentemente econmicos

    assegurados pelas inovaes das tcnicas de circulao (transportes,

    telecomunicaes, TIC etc.), mas sua existncia e atuao tambm so

    normativas. A logstica representa uma forma histrica de circulao

    (corporativa, portanto, parcial, pois no abrange a totalidade da circulao),

    mas que implica em novas polticas territoriais das empresas diante dos

    obstculos tcnicosounormativos, formandonovasespacialidadesapartirdo

    controle e uso do territrio. Esse uso corporativo, seletivo e racional. A

    intencionalidadedousodoterritriorefleteopoderdasempresasematuarde

    modoorganizado,graasinclusiveaosinvestimentosemtecnologiascapazesda

    realizaodemovimentosantecipados,antesmesmodamovimentaofsica.

    A logstica consiste tambm na separao entre a gesto da circulao e a

    gesto da produo. Nesse sentido, em meio ao novo movimento de

    terceirizao demeados do sculo XX, surgiram empresas especializadas na

    gestodosfluxos,criandoumaespacialidadedacirculaobaseadanadifuso

    decapitalfixovoltadoparaagesto,organizao,armazenamento,estocagem,

    transbordamentodemercadoriasepontosdedistribuiofsica,visandoreduzir

    os tempos de entrega com diminuio de custos. A localizao das

    infraestruturasocorrehierarquicamente,partindodascidadesgrandesparaas

    intermdias.Aessaorganizaonoterritriochamamosdelogsticaterritorial.

    Aformaoocorreemrede,porm,pelograudecomplexidade,tomaremos

    emprestadoo termoarquiteturas logsticasdePierreVeltz (2004:235),que

    exprimeumnvelde interaoespacialemqueh a imbricaodos servios

    informacionaisemconsonnciaaosfluxosmateriais,controlandoos.Essenvel

  • Introduo

    38

    derelaesespaciaisdemarcaumacondioemqueadistnciamtricanoa

    maisimportante,masaarticulaodoslugarespormeiodessasarquiteturas,

    que demarcam espacialidades especficas para a reproduo do capital.

    UtilizaremosoargumentodeMassey:

    Oespaomaisdoquedistncia.aesferadeconfiguraesde resultados imprevisveis, dentro de multiplicidades. Istoconsiderado, a questo realmente sria que levantada pelaacelerao, pela revoluo nas comunicaes e pelociberespaonoseoespaoseraniquiladoouno,masquetiposdemultiplicidades (padresdeunicidade [uniqueness])erelaes sero coconstrudas com esses novos tipos deconfiguraesespaciais(MASSEY,2008:139).

    Para conseguir analisar estas questes, abordaremos o desenvolvimento

    histrico da logstica at chegarmos ao entendimento da logstica territorial,

    utilizandocomoexemplo,aatuaodosOperadoresdeTransporteMultimodal

    (OTM) no Brasil. Como pano de fundo, analisaremos a circulao como

    instnciaprodutivadoespao.

    OOTMuma firmaque realizao transportemultimodaldecargasdaorigem

    at o destino das mercadorias, por meios prprios ou por intermdio de

    terceiros, fazendo a gesto da informao e do conhecimento tcnico e

    normativo dos sistemas de movimento. Portanto, o OTM pode ser

    transportadorouno,poisnonecessrioqueaempresatenhafrotaprpria,

    podendosertodaterceirizada,cabendoaooperadorapenasaadministraoe

    controle dos fluxos de transportes e informaes. Para ser um OTM

    necessrio que a empresa tenha um registro junto Agncia Nacional de

    TransportesTerrestres(ANTT),assumindoaresponsabilidadepelaexecuodos

    contratos firmados e pelos prejuzos resultantes da perda ou avaria das

    mercadoriassobsuacustdia.EstacoordenaoentreEstadoecapitalviabiliza

  • Introduo

    39

    aexistnciadeumterritrionormadoetecnificado,comvistasaocontroleda

    circulao.

    Acirculaopelo territrio,noatualperodohistrico,norealizadaapenas

    por meio de tcnicas que viabilizam a movimentao de mercadorias e

    informaes, mas por normas e instituies que regulam, organizam e

    potencializamessesfluxos.NoBrasil,ossistemasdeengenhariavoltadosparaa

    circulao (fixos como rodovias, ferrovias, hidrovias, aeroportos, portos etc.)

    nososuficientesparaproduzirafluideznecessriaparaatenderosdesgnios

    corporativos, demandando a atuao do Estado para o estabelecimento de

    normas (almdas infraestruturas),quepossibilitemaosagenteshegemnicos

    obtermaismobilidadeevelocidadenoprocessode circulaodistribuiode

    mercadoriaseservios.

    Com base nessas prerrogativas, foram criadas normas institucionais que

    disciplinamotransportemultimodalnoBrasil,paradotaropasdeumamaior

    capacidadede competirnocomrcio internacional.Aprimeiradessasnormas

    datade1995 (Decreto1.563de19/07/1995)edispem sobreaexecuodo

    acordo de alcance parcial para a facilitao do transporte multimodal de

    mercadorias, entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Posteriormente,

    outras leis foramcriadasno sentidode regularo transportemultimodal,uma

    atividade essencial na tentativa de superao dos gargalos existentes na

    movimentao demercadorias, principalmente para exportao.No segundo

    mandatodoGovernodeFernandoHenriqueCardosofoiinauguradaumanova

    eradaregulaoestatalnoBrasil12,comaformaodasagnciasreguladoras

    de setores essenciais na gesto do territrio (energia, transportes,

    12Antas Jr. (2005)entendeesteperodo, comoumperodode transiodeuma regulao centradaespecificamente no Estado e no direito romanogermnico para uma regulao hbrida do territrioformalizadaporumregimedeconcesseseprivatizaesreguladosporagnciasreguladoras.

  • Introduo

    40

    comunicaes, sade, segurana nacional, inteligncia etc.). Uma delas,

    consideradaentreasmais importantes,aprpriaANTT,criadaem2001.Em

    2004, sob sua tutela, houve a habilitao do Operador de Transporte

    Multimodal (OTM).Mas a criao da figura doOTM veio antes, esteira da

    expansodousoda logsticanopasnaprimeirametadedadcadade1990,

    quando uma srie de operadores logsticos internacionais e algumas

    transportadoras e armazns gerais nacionais passaram a atuar no territrio

    brasileiro, decorrentes de um conjunto de variveis especficas da poca. A

    atuao (surgimento dos operadores logsticos no Brasil) se deve s

    transformaesnocomrciointernacional,aberturaeconmicadoBrasilno

    inciodadcadade1990(GovernodeFernandoCollordeMelo)eestabilidade

    damoedabrasileiraobtidaapartirdoGovernodeItamarFranco(comoento

    ministroFernandoHenriqueCardoso).Concomitantemente,houveumaumento

    muitograndedosfluxosdemercadoriasnasltimasdcadas,forjandodeforma

    definitiva a necessidade de organizao desses fluxos. Os avanos da

    terciarizao e da terceirizao possibilitaram essa organizao. Com isso, o

    Brasilsaiudelogsticaoperacional,voltadaparaaadministraodearmaznse

    transportes, para uma logstica integrada com o desenvolvimento de

    estratgiasdeatuaonomercado.Hoje,partedosoperadores logsticosno

    Brasil est na fase do gerenciamento da cadeia de suprimentos (COMEXNET,

    2008).

    ***

    Aglobalizao,perodoqueabrangeaconsolidaodalogstica,oapogeudo

    processodeinternacionalizaodocapitalcombasenasunicidadesdatcnicae

    dotempo,almdacognoscibilidadedoplaneta(SANTOS,1994;SANTOS,2001;

    SANTOS,2005).Aciberntica,a informticaeaeletrnicasorepresentativas

    das tcnicas no perodo atual, permitindo a circulao da informao e a

  • Introduo

    41

    existncia de outras tcnicas. Estas tcnicasmodificaram substancialmente o

    usodo tempoepossibilitarama convergnciadosmomentos,oque significa

    dizerquetodososlugaressoafetadosdiretaouindiretamentepelastcnicas.

    Nas palavras de Santos (2001: 24) cada lugar tem acesso ao acontecer dos

    outros.Consequentemente,apartirdasduassituaes,possvelconhecero

    planeta como um todo. Isso ainda mais verdadeiro para os agentes

    hegemnicos, demodo que as firmas, na busca pela acumulao, passam a

    elaborar estratgias territoriais valorizando as localizaes ao seumodo, no

    sendo todos os lugares interessantes para os seus objetivos. Assim sendo,

    segundo Santos (2001:33), a cognoscibilidadedoplaneta constituiumdado

    essencial operaodas empresas e produodo sistemahistrico atual.

    Portanto, velocidade, distncia emobilidade passam a ter papis centrais na

    circulaodepessoasemercadorias.mister,noperodoatual,sobretudopara

    ascorporaes industriais,programaros fluxosdemercadoriasapartirdestas

    variveis.

    Com as possibilidades disponibilizadas pela evoluo tecnolgica, a logstica

    deixoudeser focadaapenasnareduodecustosparase tornarestratgia

    competitiva atravs do aumento constante da velocidade das operaes

    voltadas para reproduzir o capital e realizar o valor, alm de satisfazer os

    consumidores (em quase todos os nveis sociais), cada vezmais vidos por

    entregasrpidas.Essesfatoresagregadosideiaderacionalidadeeideologia

    da competitividade (na qual a velocidade e a pontualidade so fatores

    definitivosnaproduo)elevamostatusdamovimentaodemercadoriasno

    circuitoprodutivo.Vejamosaseguintemanchete:Falhasde logsticafrustram

    plano de vendas da Sony para PS3 no Japo. A notcia referente a esta

    chamadainiciadizendo:

  • Introduo

    42

    Atrasos decorrentes da falta de BluRay (um drive para oreferidovdeogame) fazcomqueempresa leveduassemanasalmdoplanejadoparaatingir1milhodeconsolesvendidos.Vendas dos console PlayStation 3, da Sony Computers,atingiram ummilho de unidades no Japo nesta terafeira(16/01), afirmou a companhia.O prazo duas semanasmaistarde que o plano original da Sony, que pretendia atingir amarcaatofinalde2006(WILLIAMS,2007).

    Situaes como esta, causam interrupes e rupturas na produo e na

    demanda. Como a velocidade se transformou em fator primordial para os

    agentes hegemnicocorporativos e a logstica uma ao corporativa,

    elaboramosumaperiodizaodacirculaocombasenoprogressivoaumento

    da velocidade no decorrer da histria, por se tratar de um elemento que

    demonstraoavanodatcnicaeporseconstituircomoelementopoltico.Para

    interpretaroaumentodevelocidadeao longodahistriaataemergnciada

    logstica,levamosemconsideraoqueosperodosnosocompostosapenas

    porumavarivel,masporumconjuntodevariveis(SANTOSeSILVEIRA,2006).

    Nesse sentido, consideramos as tcnicas, normas e uso do territrio para

    considerarosseguintesperodosdahistriadacirculao:Paradigmaemprico

    (dassociedadescoletorasaPrimeiraRevoluo Industrial),compredomnioda

    busca pela capacidade de transportarmaiores quantidades demercadorias;

    Paradigmanewcomenianoeeletromagntico(PrimeiraRevoluoIndustrialat

    o finaldosculoXIX);Paradigmaautomotivoeeletrnico (InciodosculoXX

    at a dcada de 1960), quando predomina a velocidade como desgnio;

    Paradigma logstico e telemtico (globalizao), quando predomina a

    hipermobilidadecomoestratgiacompetitiva.Considerandoadivisoterritorial

    dotrabalho,oBrasilsempreparticipoudessesprocessosemdefasagemtcnica

    frenteaospasescentrais.

    SegundoMiltonSantos(2001:121),avelocidadeseconstituicomoideologia,a

    partir da ideia de que a velocidade um dado irreversvel na produo da

  • Introduo

    43

    histria,apesardeapenasuma minoria (algumas firmase instituies) ser

    rpida(usodemquinasvoltadasparaestefim).Portanto,graasimpostura

    ideolgica,ofatodaminoriaacabasendorepresentativodatotalidade,graas

    exatamente fora do imaginrio. Para Santos (2001: 122), a utilizao da

    velocidade tornase duplamenteumdadodapolticaenoda tcnica,pois

    mostradoisladosdasituao,umaescolhaintencionalqueserelacionacomo

    poderdosagenteseumalegitimaodessaescolha,pormeioda justificao

    deummodelodecivilizao.

    Diante da problemtica e pressupostos apresentados, os objetivos centrais

    destatesesotrs:

    1. Analisar o uso do territrio pelos agentes corporativos a partir da

    logsticaterritorial;

    2. Compreenderalogsticacomoumaformahistricadecirculao;

    3. Sendo a logstica, uma forma histrica de circulao, objetivamos

    responderduasquestes:

    Oquecirculao?

    Qualasuafunocomoinstnciadoespaogeogrfico?

    Ousodoterritriopelosagentescorporativosapartirdalogsticaterritorial

    O uso do territrio explicado pelas infraestruturas implantadas e pela

    dinmicadasociedadeedaeconomia.SegundoSantoseSilveira(2006:21)so

    osmovimentosdapopulao,adistribuiodaagricultura,da indstriaedos

    servios,oarcabouonormativo, includasa legislaocivil, fiscale financeira,

  • Introduo

    44

    que juntamente com o alcance e a extenso da cidadania, configuram as

    funesdonovoespaogeogrfico.

    Na perspectiva do grupo de Estudos Territoriais Brasileiros (2004), territrio

    usado sinnimo de espao geogrfico. Os componentes entendem que a

    perspectiva de territrio usado conduz a ideia de espao banal, o espao da

    interrelaoentreosfenmenos,atotalidadesocialque levaemconsiderao

    osobjetos(materialidade)easaes(dinmicasocial).

    Paraos atoreshegemnicos,o territriousado um recurso,garantia da realizao de seus interesses particulares. Dessemodo, o rebatimento de suas aes conduz a uma constanteadaptao de seu uso, com adio de uma materialidadefuncional ao exerccio das atividades exgenas ao lugar,aprofundando a diviso social e territorial do trabalho,medianteaseletividadedosinvestimentoseconmicosquegeraumuso corporativodo territrio.Poroutro lado, as situaesresultantesnospossibilitam,acadamomento,entenderquesefazmister considerar o comportamento de todos os homens,instituies, capitais e firmas (ESTUDOS TERRITORIAISBRASILEIROS,2004:261).

    OOTMfoiinstitucionalizadoparadarmaiseficinciaefluidezaotransportede

    mercadoriasnoterritriobrasileirocomvistasprincipalmentesimportaese

    exportaes.O reconhecimento da amplido do territrio brasileiro com sua

    precria infraestrutura para o escoamento produtivo, e dos entraves

    burocrticos nos fluxos de mercadorias resultaram na normatizao da

    circulaodasempresasresponsveispelo transportemultimodalatuantesno

    pas.uma tentativadeviabilizaro territrioaos interessescorporativossem

    investirapenasem infraestrutura,poisosOTMssoempresasprestadorasde

    servios contratadas por outras empresas. Por isso, analisaremos o uso do

    territriopelosagentes corporativos,poisa contrataodeumOTM significa

    maisumaetapanoprocessomais amplodeutilizaodo territrio. Entreos

  • Introduo

    45

    OTMs existem grandes corporaes, como caso da mineradora Vale (ex

    Companhia Vale do Rio Doce), que, ao mesmo tempo, a maior empresa

    privadabrasileiraeumadasmaioresempresasde logstica.Outroexemploa

    empresateutoamericanaDHL,umacorporaomultinacional.Essescasosnos

    remetem utilizao do territrio como recurso tambm por empresas de

    logstica. Os OTMs e os embarcadores (aqueles que contratam o frete)

    estabelecemuma relaodesolidariedadeespaciale,portanto,nopodemos

    desvincular a anlise dos operadores de uma abordagem que leve em

    considerao a existncia das corporaes que contratam o frete. Dessa

    relaoemergeumaespacialidadeespecficaque sevolta contraditoriamente

    para superar os obstculos e para utilizar os recursos oferecidos pelo

    territrio. Essa situao do territrio possibilita aos agentes de circulao, o

    desenvolvimento de uma inteligncia prpria sobre as melhores condies

    paraomovimentodemercadoriasapartirdaschamadassolueslogsticas.

    Logsticacomoformahistricadecirculao

    A logstica corporativa13 uma forma histrica de circulao com maior

    densidade tcnicocientfica, normativa e racional, sendo, portanto, uma

    convergncia do processo de racionalizao e da cientificizao da tcnica.

    Para compreender a racionalidade da logstica, buscamos em Habermas

    (2006: 45 et seq) a ideia de ao racional teleolgica (ao instrumental, a

    escolharacionalouafusodessasduasaes).Naperspectivahabermasiana,a

    ao racional se organiza a partir da instrumentalizao tcnica de carter

    emprico (oua tcnicaem sua condiomais teleolgica,masprincipalmente

    ontolgica)eapartirdeestratgias(deumsaberanaltico).

    13Otermologsticacorporativafoiutilizadoaquipelaltimavez,comocunhodereforarocarteroqualestamosanalisando.Tambmserviuparadistinguilodalogsticamilitar.Daquiemdiantenoutilizaremosmaisopleonasmologsticacorporativaesimplesmentefalaremosemlogstica.

  • Introduo

    46

    A racionalizao, por sua vez, um processo concebido porMaxWeber e

    decorrededoisprincpiosfundamentaisdasuperioridadedomodocapitalista

    sobreosanteriores,quaissejam:acapacidadedeampliaodossubsistemas

    daaoracionalteleolgicaeafundamentaoeconmicaapartirdosistema

    de dominao que se adapta s exigncias por racionalidade (HABERMAS,

    2006:65).

    Outra importante contribuio de Habermas para a nossa tese a ideia de

    cientificizaodatcnica,queparaoautorumatendnciaapontadadesdeo

    fim do sculo XIX. Segundo Habermas (2006: 72), o capitalismo sempre

    demandoucertapressopelaelaboraodenovastcnicas(Eporqueno,de

    normas?)paraenergizaraprodutividadedotrabalho14.Comefeito,acincia

    veio a se constituir um importante instrumento para impulsionar as aes

    racionais neste modo de produo. Entendemos, portanto, como sendo

    fundamentalaconsideraodeHabermasarespeitodafusoentrecinciaea

    tcnica. Segundo o autor, estes dois elementos, combinadamente, so a

    primeira fora produtiva. Desse modo, apesar de sempre ter havido

    planificao (capacidade de prideao do homem) no ato de circular, a

    movimentaodebenssomentepassouaserracionalapartirdomomentoem

    14Osentidodetrabalho,emHabermas,nosecircunscreveapenasao trabalhoenquantoativo de capitalistas, mas tem um sentido mais amplo, o de ao racional teleolgica.Habermas (2006: 52 apud GEHLEN) fala da tcnica (ou a sua histria) sob o aspecto daobjetivao gradual da ao racional teleolgica. [...] a evoluo da tcnica ajustase aomodelointerpretativo,segundooqualognerohumanoteriaprojetado,umaauma,aonveldos meios tcnicos, as componentes elementares do crculo funcional da ao racionalteleolgica,que inicialmente radicanoorganismohumano,eassimeleseriadispensadodasfunes correspondentes.Primeiro, reforaramsee substituramseas funesdoaparelholocomotor(mosepernas);emseguida,aproduodossentidos(olhos,ouvidos,pele)e,porfim,asfunesdocentrodecontrole(docrebro).Se,pois,setempresentequeaevoluotcnica obedece a uma lgica que corresponde estrutura da ao racional teleolgica econtrolada pelo xito e isto significa: estrutura de trabalho, ento, no se v comopoderamos renunciar tcnica, isto , nossa tcnica, substituindose por umaqualitativamente distinta, enquanto no semodificar a organizao da natureza humana eenquantohouvermosdemanteranossavidapormeiodotrabalhosocialecomaajudadosmeiosquesubstituemotrabalho.

  • Introduo

    47

    que houve aplicao da cincia nesse processo. Antes disso, havia somente

    planificaoenoracionalidade,conformeaperspectivadeHabermas,eque

    adotamos aqui. A logstica se insere nesse contexto de racionalidade da

    circulaonoespao.

    No incio do sculo XX, em nome da demanda corporativa, o engenheiro

    estadunidenseFrederickWinslowTaylor(18561915)elaborouosfundamentos

    deumaadministraocientficadotrabalhoedaproduo,bemcomotcnicas

    de racionalizao do trabalho do operrio, atravs do estudo de tempos e

    movimentos, ou seja, a sincronizao do trabalho e da produo.A ideia de

    organizar o trabalho era tambm a de separar a administrao (pesquisa e

    desenvolvimento(P&D),desenho,projetoetc.)eaproduopropriamentedita,

    fazendoqueaorganizaodo trabalho tornassemaisntidaa clivagementre

    trabalho manual e intelectual. Na mesma perspectiva organizacional, a

    logstica, no perodo da globalizao, foi gestada institucionalmente nas

    universidadesparaorganizarosfluxosglobaisdagrandeempresa.

    Interessanostambmaconcepodo filsofoJoseOrtegayGasset (1991:12

    et. seq.) sobre a tcnica, que, segundo o autor, a reforma que o homem

    impe natureza em vista da satisfao de suas necessidades. Essas

    necessidades, bsicas ou suprfluas, so satisfeitas pormeio de aes (atos

    tcnicos) que vo da inveno ao processo de execuo de atividades que

    permitamaohomem,almdesatisfazersuasnecessidadesbsicas,podergozar

    essa mitigao com mnimo esforo possvel e criar possibilidades

    completamente novas, produzindo objetos que no existem na natureza do

    homem. Assim como o navegar, o voar, o falar com o habitante do outro

    extremodomundomedianteotelgrafoouaradiocomunicao.Estanoo,

    embora elementar, fundamental para compreender a logstica como uma

    aoracionalquenose justificapelavisomaisbanalde tcnica,naqualse

  • Introduo

    48

    confundecomanoodetecnologia(BENKO,1996:163),quedariaacondio

    demobilidadedessaao.

    Pensandonamobilidadedohomem(tematangenteaestatese),emprincpio,

    os meios para o homem circular foram produzidos diante de demandas

    especficasde cada lugar, comoo transportede alimentos edemateriaisde

    habitaes. Segundo La Blache (1954: 2924), os artefatos para transpor

    obstculos produzidos pelo homem, demonstram umamltipla ecloso de

    invenes locais fortementemarcadaspelo cunhodomeio.Paraoautor, a

    verdadeira ptria de uma inveno o meio no qual se torna fecunda e

    diversificaassuasaplicaes.

    Foi,ora a flora,ora a fauna,que se imps contribuio;paratransporasribeiras,as lianasflexveiserobustasdavegetaotropicalderamazoaexpedientesdiversosdaquelesquetinhasimaginadoospastoresdasestepes.Em suma,noh regiesdo globo onde o homem no tenha encontrado algumamatriaprima para utilizar; e, certos casos, mais do que amatria faltou o esforo de esprito, a iniciativa. E podemosdizer aindaqueosmateriais locaisqueohomem conseguiuadaptar ao transporte eram com freqncia recursos toimperfeitosquenoseteriaobstinadoautilizlossefossempossveisas importaes.Tal,sobretudo,a lioqueresultadestesprodutosprimitivosda indstriahumana. (LABLACHE,1954:2923,grifosnossos).

    Para lvaro Vieira Pinto (2005: 54 et seq.), a tcnica representa uma

    manifestaodoprocessodecriaodohomemporsimesmo,considerando

    que a tcnica est presente como base em todos os atos do homem, sejam

    materiaisou ideais.Noentanto,o autordeixa claroque ahistrianoum

    produtodatcnica,queporsuavezsedesenvolveesecomplexificaapartirdo

    maiorconhecimentodohomemsobreomundo.

  • Introduo

    49

    A logstica uma tcnica, cuja atuao ocorre a partir de um conjunto de

    tcnicas.ParaRicardoCastillo(2007:37),alogsticaumarranjocomplexoque

    envolve infraestruturas, instituies e conhecimento. Nas palavras do autor,

    logsticaum:

    Conjunto de competncias infraestruturais (transportes,armazns, terminais intermodais, portos secos, centros dedistribuio etc.), institucionais (normas, contratos deconcesso, parcerias pblicoprivadas, agncias reguladorassetoriais, tributao etc.) e estratgicas (conhecimentoespecializadodetidoporprestadoresdeserviosouoperadoreslogsticos)que,reunidasnumsubespao,podemconferirfluideze competitividade aos agentes econmicos e aos circuitosespaciais produtivos. Tratase da verso atual da circulaocorporativa(CASTILLO,2007:37,grifosnooriginal).

    Portanto,logsticanoseresumeinfraestrutura,noentanto,agestologstica

    passapelanecessidadedeelaboraoe fomentodos sistemasdeengenharia

    (infraestruturas para o movimento de mercadorias), bem como pela

    organizao dos sistemas de movimento. Esses esto entre os fatores que

    diferencia a logstica como forma histrica de circulao. Estratgia,

    planejamentoe gestode transportes,de armazenagemedas comunicaes

    no so suficientesparaexplicara logstica,pois taiselementosexistiram,de

    mododiferente,emoutrosperodoshistricos.

    No decorrer da histria, ocorreram muitas aes em torno da ideia de

    aperfeioaracirculaodemercadorias,atravsdoplanejamentoegestodas

    rotas, busca pela melhoria no armazenamento da produo, controle de

    estoques,desenvolvimentodetcnicasdetransportescomvistasobtenode

    maiorvelocidadeecapacidadedemovimentargrandesquantidadesdecargas

    etc. Podese, portanto, trabalhar com a hiptese de que ocorreram, formas

    embrionrias de circulao racional que fomentaram o desenvolvimento

    histricodalogsticanasegundametadedosculoXX,masquesediferenciam

  • Introduo

    50

    em um aspecto fundamental: a espessura tcnicocientficanormativa. Alm

    disso, hoje existe o pleno exerccio da logstica entre as corporaes, seja

    atravs da terceirizao (contratao de operadores logsticos, consultoria

    logsticaetc.)ouatravsdedepartamentosprpriosde logstica.Emperodos

    pretritos,aespontuaisdeformasembrionriasdelogstica.

    AkeAndersonfoioresponsvelpelatentativadepensaralogsticanahistria.

    O autor publicou em 1986, um artigo intitulado Les quatre rvolutions

    logistiques15,noqualapresentadaumapropostadeperiodizao inspirada

    na discusso deAlistairMees (1975), que por sua vez, tomou a hiptese de

    Henri Pirenne (1936) como ponto inicial. Segundo Anderson (2003), o

    historiador Henri Pirenne, em essncia, afirma que a razo principal do

    renascimento das cidades europias, no fim da Idade Mdia, foi o

    aperfeioamentodo sistemade transporte.Apartirdessapremissa,o autor

    discorre:

    A seqncia de mudanas revolucionrias no mundoeconmicoduranteoltimomilniopodeserexplicadapelasmudanasnaestruturadesistemaslogsticosdemaneirageral.Em outras palavras: As grandes mudanas estruturais deproduo, locao, comrcio, cultura e instituies sodesencadeadas pelas lentas,mas constantesmudanas nasredesdelogstica(ANDERSON,2003,grifosnooriginal).

    O autordefine redesde logstica como sendoos sistemasquepodem ser

    usados para o movimento demercadorias, informao, dinheiro e pessoas,

    associados comaproduoou consumodemercadorias.Deve serdestacado

    quemercadorias incluem bens e servios (ANDERSON, 2003).A partirdessa

    15Aversoqueutilizamosaquiequeconstanabibliografiafoitraduzidaem2003enoestmais disponvel na Internet. A verso original : ANDERSON, Ake. Les quatre rvolutionslogistiques.UHT2001.Paris:MinistredelquipamentDuLogement,dsTransportsetdelaMer,n.15,p.114,mai.1990.

  • Introduo

    51

    perspectiva,oautordiscorre sobreessasrevoluescombasenanoode

    desenvolvimentode relaeseconmicasentre regiesnomundodesdeos

    anos1000d.C.atofinaldosculoXXI.Andersondivideessastransformaes

    emquatrorevolueslogsticas.

    Quadro1.Asquatrorevolueslogsticas,segundoAkeAnderson

    Revoluo

    Logstica

    Pasondese

    iniciou

    pocaque

    iniciou

    pocaque

    terminouou

    terminar

    Primeira Itlia SculoXI SculoXVI

    Segunda Itlia SculoXVI SculoXIX

    Terceira Inglaterra SculoXVIIIProvavelmente

    nosculoXXI

    Quarta

    Japo,EUA,

    Sua,Suciae

    Alemanha

    Fimdosculo

    XX

    No

    especificado

    peloautor

    Fonte:AkeAnderson,2003.Organizao:RobertoFranadaSilvaJunior.

    Eliseu Sposito fezmais consideraes a respeito do artigo de Ake Anderson,

    contribuindo para a apresentao e organizao do pensamento do autor,

    avanandonoquetangesuaaplicaoacercadadiscussosobreoprocesso

    demundializaosustentadopornovasformasdecomunicaesetransportes.

    Segundo Sposito as revolues logsticas so originrias das seguintes

    situaes:

    [...] incorporaodastecnologiasaostransportes;necessidadede se aumentar a velocidade nos fluxos de capitais e nacirculaodas informaes,principalmenteaquelas ligadassnovasideias,quepodemgerarmaioreslucros;criaodenovas

  • Introduo

    52

    necessidadesassociadasaoconsumodebensnoproduzidosnocircuitoprodutivo[...](SPOSITO,1999:105).

    A partir do mtodo braudeliano16 apresentamos, em dissertao de

    mestrado, a necessidade de se compreender o processo trabalhado por

    Andersone reiteradoporSposito,comosendoalogsticana longadurao,

    caracterizada pelo seu desenvolvimento e evoluo, a ponto de ocorrerem

    rupturasetransformaesnoprocessodeconstituiodoaparatologstico.

    Na longadurao,asmudanasdecorrentesde incorporaestcnicas e tecnolgicas aos processos produtivos e decirculao, bem como as decises de ordem polticoeconmicas nacionais e internacionais (diminuio dos custosdetransao)proporcionamintegraesterritoriaiseregionais,trazendo na sua esteira, diferentes e contraditrios arranjosespaciais. So as revolues logsticas (SILVA JUNIOR, 2004:123).

    Mrcio Rogrio Silveira (2003), desenvolvendo uma anlise acerca da

    importnciageoeconmicadasferroviasparaBrasil,elaborouuma importante

    contribuioparapensara logsticaeas infraestruturasnoBrasil.Emsuatese,

    Silveira,emcontraposiopropostadeAnderson,preferiurestringiralogstica

    comosendoumaestratgiadetransporteearmazenamento.Nessesentido,a

    logsticanopoderiaserumelemento transformadorde todaumasociedade,

    comopropeAnderson.NaspalavrasdeSilveira:

    Alogsticaimportante,masnomaisdoqueaproduoedoqueocomrcio,poisalogsticaosassessora.Otermotambmno explica, certamente, a evoluo da humanidade(revoluologsticaapartirdarevoluodostransporteseda circulao). [...]. Pensar em fazer eficientemente essastarefas e utilizar as tecnologias possveis desenvolverestratgiaslogsticas.

    16 Para uma discussomais detalhada sobre a longa durao ver Braudel (1978: 4177)HistriaeCinciasSociais.Alongadurao.

  • Introduo

    53

    Na verdade, a logstica no to complexa e ilimitada,apresentandosenaatualidade,comocontribuioaumnovomodelo econmico, espacialmente mais amplo, ou seja, aglobalizao[...](SILVEIRA,2003:319).

    Algunsanosmaistarde,Silveira(2008)requalificousuacrticaeapresentouum

    artigo propondo a existncia de cinco revolues e evolues logsticas,

    analisandooimpactodessasnoterritriobrasileiro.

    OutrosdoisautoresquemencionaramoartigodeAnderson foram LeilaDias

    (1997)eMiltonSantos(2004:173),queescreveuquartarevoluo industrial

    no lugar de quarta revoluo logstica. Entretanto, apesar da seminal

    discusso, trabalharemos entendemos que a logstica foi constituda no

    perododaglobalizao, sendoqueodesenvolvimentodos transportesedas

    comunicaescontribuiuparamudanasnosprocessosdecirculaoqueuma

    aomaisampladoquealogstica.Contudo,oquemaisimportanaanlisea

    compreenso da logstica como piv das cadeias de valor das empresas.

    Portanto,apartirdaideiadequealogsticaumaformahistricadecirculao,

    abordaremos a insero da logstica no processo de realizao do valor das

    mercadorias produzidas. Esta realizao se d pelo valor do espao, nas

    distnciascustosenasdistnciastempo.

    Aexistnciadosoperadoreslogsticos,comoindependentesjuridicamentedas

    indstrias, dos varejistas e empresas prestadoras de servios demarca a

    logstica como ramo de atividade econmica. Existem atualmente vrias

    multinacionais especializadas em logstica, com estruturas jurdicas

    independentes.Nomundo,oscustoslogsticosatingiramem2004,cercade3,2

    trilhes de dlares, ou seja, 11 por cento do PIBmundial17. Entre os custos

    17EmprimeirolugarestaAmricadoNortecomUS$1,137trilho,seguidapelaEuropacomUS$870bilhes,siacomUS$824bilhes,AmricadoSulcomUS$220bilhes,fricacom

  • Introduo

    54

    logsticos est a infraestrutura, tais como construo e manuteno de

    armazns,centrosdedistribuioeTIC.Emmuitoscasos,infraestruturascomo

    pontes, terminais alfandegados, ferrovias, portos secos, rodovias etc. so

    construdasouadministradasporempresasdelogstica.

    Menosdecincoporcentodoscustos logsticossodelegadosaosoperadores

    logsticos,masaindaassimrepresentaummercadonadadesprezvel.Amaior

    empresa de logstica domundo a UPS (United Parcel Service) sediada em

    Atlanta(EstadodaGergiaEstadosUnidos)efundadaem1907.Em2003,seu

    faturamentofoide33,5bilhesdedlareselucrandode2,9bilhesdedlares.

    Seu valor demercado de 72 bilhes de dlares. A empresa tem 355mil

    funcionrios no mundo e uma frota de aproximadamente 150 mil veculos

    terrestres e 600 avies entre prprios e contratados. Em 2003, a empresa

    entregoumaisdetrsbilhesdepacotesedocumentosemmaisde200pases

    (TIGERLOG,2009).

    As empresas norteamericanas destinavam em 2003, 43 por cento de seu

    oramentocontrataodeprovedoresdeservioslogsticos.73porcentodas

    100maioresempresasrelacionadaspelaFortuneestoutilizandoprovedoresde

    servios logsticos; entre as 500 maiores esse ndice de 44 por cento

    (TIGERLOG,2009).Entreasgrandesempresasnorteamericanasdosetoresto

    UPS,Fedex,Ryder,Penske,EGL,Expeditors,McLaneentreoutras.Almdestas,

    duas empresas europias se destacam, a Exel e a Danzas, recentemente

    adquiridaspelaDHL,umagrandeempresadelogsticateutoamericana.

    NaEuropaOcidental25por centodasoperaes logsticas so realizadaspor

    empresasespecficasdoramodelogstica,quefaturaram,em2003,cercade40

    US$77bilhes,OceaniacomUS$63bilheseAmricaCentralcomUS$15bilhes(TIGERLOG,2009).

  • Introduo

    55

    bilhesdedlares.Asempresaseuropiasgastamemmdia51porcentoem

    logstica, essencialmente com provedores de servios logsticos (TIGERLOG,

    2009).Osmaioresoperadores logsticoseuropeusso:DHL,Danzas,Schenker,

    Geodis,TNTeKuehneNagel.

    NaChina,apartirdachegadadegrandesempresas internacionaisde logstica,

    as empresasde transporte locaispassaram autilizar apalavra logstica em

    suas atividades, sendo uma palavra da moda entre as empresas chinesas

    (TIGERLOG, 2009), assim comoocorreunoBrasilno finaldadcadade 1990

    (SILVA JUNIOR,2004).grandeomercadodeoperadores logsticosnaChina.

    Em2003,oscustoslogsticosquegiravamemtornode16e20porcentodeseu

    PIB(US$4trilhes),estandomenosde10porcentoterceirizados.

    Situaes como as citadas demarcam a logstica como uma atividade

    econmica.Assim comoa indstriaumaatividadeeconmicaeuma forma

    histrica de produo, possibilitando a emergncia de agentes especficos, a

    logstica uma forma de circulao que permite a atuao de agentes

    econmicos especficos, voltados para amovimentao demercadorias, que,

    porsuavez,normatizada.

    Sealogsticaexisteapartirdeumconjuntodetcnicas,elatambmcomparece

    como uma ao normada. O fato de a logstica possuir grande densidade

    normativa se deve sua complexidade como atividade responsvel pelo

    transportedemercadorias em suadiversidadedeprodutos ede lugaresque

    dependemdacirculao.Asnormasseestabelecempararegularomovimento

    demercadoriasnoterritrio.Numperodoemqueasrelaesinternacionaisse

    tornammais complexas, asnormas se tornammais fundamentaispara a sua

    organizao. Isto faz da ordem mundial cada vez mais normativa e mais

    normada (SANTOS, 2004: 228). Sob o ngulo da tcnica, o espao, por seu

  • Introduo

    56

    contedo tcnico, regulador,masum regulador regulado, jqueasnormas

    administrativas (alm das normas internas s empresas) que, em ltima

    anlise,determinamoscomportamentos(SANTOS,2004:230).

    A circulaonoumaao livrepor ser reguladapor instituiesenormas

    diversas. O Programa de Acelerao do Crescimento (PAC), por exemplo,

    destinoumuitosrecursosparaainfraestrutura logstica(termoutilizadopelo

    governo federal).Os investimentos,entreosanos2007e2010,sodaordem

    de 58,3 bilhes de reais18.Muitos destes investimentos foram previstos no

    PlanoNacionaldeLogsticadeTransportes(PNLT)doMinistriodosTransportes

    (MT)eMinistriodaDefesa (MD), lanadoemabrilde2007.Consideradoum

    plano de Estado, o PNLT aponta recomendaes de carter institucional. O

    plano prev investimentos em infraestrutura e reorganizao da matriz de

    transporte no pas. Isso significa que, embora o plano seja voltado

    prioritariamente aos transportes, existe por parte do Estado brasileiro, o

    entendimentodequeodesenvolvimentologsticopassapelareestruturaoda

    infraestrutrura, considerando os custos na cadeia logstica. Da falar em

    infraestruturalogstica.

    Segundo Castillo (2007), a logstica a expresso atual da circulao

    corporativa.Nocasodoagronegcio,podesedizerqueoEstadobrasileirovem

    agindomaisna circulaodoquenaproduopropriamentedita,atravsde

    investimentoseminfraestruturaslogsticasenaorganizaodenormas,visando

    aumentarafluidezeacompetitividadeterritoriaisparaosetor,formandoredes

    extravertidas voltadas necessidade de exportao dos grandes grupos

    agroindustriais.Este fatoqueocorredesde1995demarcaumusocorporativo

    18DadosdoGovernoFederal.Almdesseeixodeinfraestrutura logstica,outrosdoiseixosso prioritrios para o PAC, quais sejam a infraestrutura energtica (R$ 274,8 bilhes) einfraestruturasocialeurbana(R$170,8bilhes).

  • Introduo

    57

    doterritriobrasileiro,apartirdeumademandapor logstica.Castillo(2007

    a) considera a logstica como um subsetor estratgico, que cria agentes

    especificamenteparaa realizaodesse tipodecirculao.Acirculao surge

    ento como a principal varivel ascendente na formulao de polticas

    pblicas,naspolticasprivadasenaquelestiposdepolticasquesepoderamos

    chamar de hbridas e que regulam hoje a organizao e uso do territrio

    (CASTILLO, 2007 a).No agronegcio, por exemplo, os crculosde cooperao

    entreasgrandesempresasdoagronegcio (porexemplo,aCargill,aBunge,a

    ADM,aMaggi,aCoinbra,aCaramuru),asempresasdelogstica(comoaALL,a

    Vale,aHermasa)eoEstado sobemevidentes.SegundoCastillo (2007a)as

    grandes firmasdoagronegciodominam,cadavezmais,obeneficiamento,a

    assistnciatcnica,oprocessamentoagroindustrial,omercadodefertilizantes,

    omercado de sementes, o armazenamento, o financiamento da produo, a

    comercializaoeaexportao.

    Oquecirculaoequalasuafunocomoinstnciadoespaogeogrfico?

    Bem nos lembra BresserPereira (2005: 3) sobre a possibilidade de pensar a

    sociedade como sendo constituda por instncias, assim como fezMarx, que

    vislumbrouasociedadeapartirde trs instncias:aestrutural,acultural,ea

    institucional.

    Com base nesta interpretao metodolgica, Milton Santos, em Por uma

    GeografiaNova(2002:177190),propsacompreensodoespaocomouma

    instnciasocial.EmEspaoeMtodo,omesmoautor(2008a:816),propso

    entendimentodoespaoapartirdeinstnciasprodutivas.Comisso,oespao

  • Introduo

    58

    uma instncia social que contm outras instncias. Cindir a sociedade e o

    espaoeminstnciassignificaanalisarseuscompartimentosfundamentais19.

    ParaMnica Arroyo (2001), cada uma dessas instncias produtivas tem um

    desenvolvimento desagregado,mas no desarticulado.Nessa direo, para a

    autora:

    A dissociao geogrfica da produo e do consumo, aespecializao produtiva dos lugares, a diviso territorial dotrabalho so noes que expressam essa divisibilidade. Estaltima, porm, no absoluta, dado que as instnciasprodutivas no esto articuladas atravs da circulao(ARROYO,2001:56).

    Como instnciaprodutivadoespao,a circulaodesignaodeslocamentode

    mercadorias, pessoas, ideias e informaes, mas tambm a reproduo do

    capital.Os dois atos se coincidem nas trocas e na realizao do consumo.

    Entretanto, podese argumentar, assim como CamilleVallaux (1914)20, que a

    circulaoum fenmenopoltico.O autorprocurou elaboraruma teoria

    geraldacirculao,apresentandoumadiferenciaoentreacirculaocomo

    fenmenopolticoeacirculaoconsideradasobopontodevistapuramente

    econmico. Segundo Vallaux, infelizmente, a noo de movimento est

    subordinada,entreosgegrafos,detroca.

    No se acha interpretada mais que um deslocamento deprodutos necessitados devido desigualdade produtiva das

    19 relevantedenotarqueo termo instnciano estdito comoum termo jurdico,quetambmo,masprincipalmentecomoconjuntodefatores,funesouvaloresqueperfazemum determinado domnio, campo, esfera; categoria, mbito (DICIONRIO HOUAISS). Adefiniododicionrionosauxilianacompreensodanoo,m