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Cirurgia Clássica Luzitana.pdf

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  • ^ que conjagroo vojfo nome. O Jer^AuBor , e offerecer ao

  • juzo de todos os conceitos prprios encheufem^

    pre de fufto a outros homens ^ de quem eu nem

    Jou 5 nem mereo fer fomhra : mas como hufco

    a vojfa protecfao j ella far a humildade defie

    meu conhecimento. Sobre ejlas razoens todas

    poderozas me obrigou at a matria , e argu-mento defta obra : fojles ^ e fois aquelie pode-

    rozo Santo , de quem as enfermidades fempre

    fugiro j e em quem os doentes acharo [em-pre huma cura milagroza : ajftm canta ^ e ce--iebra a Igreja a vojj^a virtude ; e era jufio hufcajfe os influxos da virtude huma obra defti-nada toda aos beneficios da faude ^ e utilida-

    de dos enfermos. Recopilei , e illuflrei em par--te com importantes ampliapens a doutrina dosmelhores Efcriptores ^ mas como ainda os maisvaflos j e firmes conhecimentos da Arte ^ e daSciencia dependem da virtude 5 da graa , e dobeneficio do Ceo 5 efles fao os que imploro ; e

    jfs chamarei feliz ao meu trabalho j fe o effeiro^e feus remdios 5 e operapens fe attri-buirem aos vojfos milagres.

    O mais humilde devoto voiTo

    Antnio Gomes Lourenfo^

  • PROLOGO.LEITOR amigo (fejas, ou nao fejas

    da minha profira ) efta he a terceira

    vez 5 que exponho aos golpes da tua

    vara cenforia os laboriozos produ6los da mi-

    nha applicaao. No anno de 1741 dei hizpublica a Arte Phlebotomanica 5 Anatmica,

    Medica;,

    Cirrgica , eftabelecendo as fus

    doutrinas em fundamentos 5 que julguei osmais fhdos , e infringiveis 5 conforme a ver-

    dadeira Atlancia , Anatmica , Pratica , e Ef-

    peculativa. Nao quero lembrarte que todaaqueila compoziao foi uor do meu eftudo

    ,

    e que nao enxertei nella as plantas , ou pro-

    ducfoens de alheios dicurfos : mas fe fizeres

    exame dos que havia at aquelle tempo nef-fa matria , fars roubo verdade 5 fe nao

    confeTares o muito mais 5 que elabeleci. Ef-

    timei tanto alguma queixa , com que muda-mente reprezentale a fua extenfa

    , que fiz

    delia hum rezumo breve , e expozia decerto roubo , ainda que nao foi fufficiente

    efta cautela para me eximir de outros. Naome queixo : agradeo eftes latrocnios , por-que me querem perfuadir que aquelle meutrabalho tinha o valor, que eu lhe nao ima-

    ginava. A aceitao foi tanto maior, que aminha

  • minha eperanfa ., que de dois mil e quinhen-tos volumes me reftao muito poucos : e en-trei nos cuidados de fatisfazer efta publica

    eftimaao^ que te mereci i e compuz eftaterceira obra, que, por fer de mais impor-tncia 5 vai bufcar o teu maior agrado. Heeftahuma Cirurgia CJaica , Luzitana , Ana-tmica 5 Medica , Farmacutica , fegundomodernamente fe pratica nefte Reino v^^^outros : aqui achars recopilada a. doutrina

    mai^ felela dos melhores Efcriptores affim:

    antigos 5 como modernos ,. ainda Parizienfes.

    ,

    e Londrenes ; fazendo divizoens das. enfer-

    midades por extazes definidos, eelagna-:

    coens. e renutricoejis. feus mthodos curati-

    vos prprios, e paliativos , pondo em prati-ca muita parte do que alguns profeTores nao

    noticiao ena invoce^ e outros muitos igno-

    ra. Achars a Fiziologia Univerfal defta -

    iitiliTima Sclencia, e Arte; a Pathologia ge-

    ral 5 e particular dos apoftemas , eu mtho-

    do curativo , e melhores operaoens neote-

    ricas , com a lembrana preciza das partesde cada huiiia parte , que nao devemos of-

    fender com os inftrumentos; o que nos per-mitio o theorico , e pratico exerccio da

    Anatomia. Nao teias que eftranhar a fraze

    ,

    e efdlo ^ que he o que fe pratica j he dia-

    logff-

  • logilico por fer o mais claro , e mais dilin-

    lo 5 e mais methodico 5 na para inftruir

    o entendimento , mas para facilitar a memo-ria nas lioens , e exames. Ver-fe-ha humAntidotario breve de remdios para jnlruir

    os prmcipiantes em receitar, e figuras uzuaesFarmacuticas , e hum Additamento utilili-mo 5 como fe extrahiro as coizas cravadas

    ,

    e como fe remediaro algumas enfermida-des 5 que fe nao defcrevera no corpo delobra.

    Suppofto que para ela obra me eflimu-lou, como te dife , o gofto, com que rece-befte as primeiras ; nem por iflo efpero osteus louvores , pois reconheo que a obraos nao merece ; e ainda que os merecera

    ,

    quem pode deter ainda nas obras mais con-ummadas a precipitada corrente das cenu-rs ? Conheo vrios defeitos meus , e creioque fejao muitos mais ; mas quando ainten-fa he boa 5 diFimula ^ e perdoa , dando tal-vez o affelo a eftimaao , ou o defprezo aoque fe l. A inveja he monftro de olhos taoinfelizes

    , que nao os fumos , mas fim as lu-zes lhes fazem correr as lagrimas : a vfpaforma o veneno do fucco da mema for 5 deque a abelha gera o favo, Nao bufco cominteis 5 frivolas ^ e impertinentes fatisfaoens

    ^^anti-

  • snidto contra os teus venenos, nem efcudocontra os teus golpes. Porque as minhas ex-perincias me certificao da tua benevolncia

    ,

    quiz nela obra molrar-me agradecido : fe

    errei o modo em ella fahir luz com menorelrella , fatisfarei a minha deconfolaa comos bons dezejos 5 que tinha, de fervir ao in-

    ereTe publico , e dar algum lgnal de que

    na dezejo fazer intil o eftudo , a que mdeftiiou a profiTao, e o m.agifterio.

    Em quantos pargrafos fe d/JferNote^fe , ou fe dijfer Advertncia , J7ao fera pre-*

    cizo decorar-fe , nem darem-fe de liay como

    tambm algumas Jegundas receitas de alguns

    Captulos.

    Vale.

    IN^

  • ndiceDOS LIVROS, E captulos,

    que contm ele Livro.

    LIVRO I. Do Univerfa da Cirtrgia 5 p. t.LIVRO II. Do Geral dos Apojlemas

    ,

    p. II.

    Figuras Farmacuticas -^ P* ^:?'LIVRO II I. Dos Apojlojlemas em particu-

    lar ^ p. 25.^

    Cap. L Do Fleimaoj p. 25,Cap. IL Do Furnculo j P- 33*Cap. III. Do Carbnculo y p. 34.Cap. IV. Do Bubao y ^, 35^,Cap. V. Da Gangrena y p. 43.Cap. VI. Do EJliomeno ^ e Amputaro ^ p. 5^ r,Cap. VII. Das Frieiras ^ p. 5^,Cap. VIII. Do Panaricio ^ p. 60.Cap. IX. Do Aneurifma j p. 6^^^Cap. X. Da Erizipela , p. 72.Cap. XI. Do Herpes y p. 75.Cap. XII. Da Optalmia ^ p. y6.Cap. XIII. Do Apojlema do hacrimal

    y p. 84,Cap. XIV. Do Polypo-, p. 85.Cap.XV.DasPar0tidaSyp.c2.Cap. XVI. Da Efquinencia y p. 96,Cap. XVII. Da Ranula

    y p. i o i

    .

    Cap.

  • Cap. XV. Da Gomma^ ou Talfarta^ p. lo^.Cap. XX. Da Taiparia^ p. icp;Cap. XX^. Do Edema ^ p. cCap. XXI. Das Hydroftztas^ e Jpoftemas ^

    que fe reduzem ao Edema, p. 114.

    Cap. XX! . Das Hrnias verdadeiras ^y^. 1 \.Cap. XX. Das Hrnias efparias ^ p. 12 (5.Da Hrnia fcirrboza j p, 127.Z)j Hrnia carnoza j p. 127.jD/2 Vars ^ eu Hrnia varieozaj 132.)/7 Hrnia aquoza ^ ou Apcftema aquozo ^

    Da Hrnia cellular , p. i ^8. 1 3 5.Z)^ Hrnia ventoza , c?// Apojlema ventoza ^

    p. 139. ij.^

    Z)/7 injlammaao dos Tefiiculos , (?// Hrnia

    humoral^ p. 14T.

    Cap. XXIV. Do Apojlema do Interfemineoyp. 144.

    Cap. XXV. Do Scirrho ^ p. 145'.Como fe conhecer que o apojlema fe quer in-

    urecer ^ p. 146.

    Cap. XXVI. Do Cancro apoflema^ p, 150.Cap. XXVII. Dos Tumores bafardos ^ ou foU

    liculozos 5 p. 1 60.

    Cap. XXVIII. D^/ Efcrofulas^ p. 164.Ds Caufiicos y e como fe devem applicar ^

    p. 168.

    ADDI-

  • ADDITAMENTO pag. .173.A dor dos Qvtdos ^ e como fe cxtraln-r as cotzas ejiranhas ^ que lhe entra-

    rem dentro 5 p. 174.Das Gengivas ^ fus enfermidades ^ p. 178.Do Leite , como fe ba de feccar , [egtindo o

    efiado , em que fe achar ^ p. 182.

    Das Cezuras dos bicos dos peitos , p. 1 84.Das Almorreimas 5 e feus remdios , p 185'.Da Procidencia do Intefiino reFlo y p. 188.Da Procidencia do tero 5 e Tubrculos da

    vagina^ p. ipr.

    Dos Meios afogados ^ como fe bao de reme-diar y p. ip6.

    Das Coizas atravejfadas , e cravadas na gar^ganta j como fe bao de extrabir ^ p. 197.

    Das Unhas cravadas na carne ^ como fe baode extrabir ^ p. 199,

    Como fe fara as Juntas j p. 200.Como fe ba de prognofiicar das enfermidades

    Cirrgicas j p. 202.

    Antidotario de remdios 5 e como fe bao de ;v-

    ceitary p. 203. e feguintes.

    Das ms conformaoens , com que nafcem mui-tas crianfasj efuas operaoens , p. 217.

    LI.

  • LICENASDA REAL MEZA CENSRIA.

    POde correr. Meza 2, de Setembro de1771.

    Bfpo P.

    ArcehifpQ de Lacedemonia,. Bfpo de Bragmca.

    Gama.

    LI-

  • LIVRO I.DO UNIVERSAL

    DA CIRURGIA.Que coiza he Cirurgia}

    CIRURGIA heScienciaj que enfina o modo , e qiia^lidade de obrar todas as ope.raoens manuaes nocorpo humano, unindo , dividindo , extirpando, erepondo os oos em feu lugar, arando os homens

    como for poTivel, e a upprir algumas partes.Em quantas partes fe divide a Cirurgia ?Em duas: Theoricaj e Pratica,

    Qial he a Theorica }He a que fe aprende pelos livros , e ouvindoa expila

    car,em que com as maons fe exercite.

    Qual he a Fratia ?He a que com as maons fe exercita , e aprende , obran

    do, e vendo obrar as obras da Cirurgia, e a adminilraros Biais remdios , e as ligadura?.Que coiza he Therapeutica ?He a Medicina, ou coiza compola de trs partes , que

    lie o que a Medicina contm, e quer dizer curanQuaes fa as trs partes ?

    Sa: Dietedica, Farmacutica, e Cirrgica.Que coiza he Dieteica ?He a adminilraao das coizas na naturaes , como o

    icomer, o beber &c. ^i lu u

    Que coiza he Farmacutica ?He a adminilma, ou o uzo dos medicamentos para

    curar as enfermidades, e relituir a faude.Qual he a Cirrgica ?

    corpo^Lmno."'""'' P'''^'^''"' o ClrurgiaS faz no

    Que coiza he Cirurgio i^^^^- ^'

    '

    A He

  • 1 Livro LHe hum ArtiHce manual , que cura os damno-s exter-

    nos , e internos, que pertencem Cirurgia.Donde fe derivou o nome de (irurgia}De duas palavras Giegas , Chirus , que quer dizer mao;

    Ergia, que quer dizer obra; e juntas, Obra de maons.(Jual he o cbjeclo da Cirurgia ?He o corpo humano fao para poder enfermar, e en-

    fermo para poder arar pela Cirurgia.Qual he o fim da Cirtirgia ?He curar a enfermidade, e confervar a faude, e fuavi-

    zar , ou palliar as enfermidades incurveis , e prezervar delias.Quantas Ja as obras da Cirurgia ?

    Sa quatro : a i. apartar o que eft junto , fan-grando , farjando , e abrindo os apolemas : a 2. ajun-tar o apartado , unindo as fendas , as chagas , e os oos fra-dlos 5 e dislocados : a 3. extirpar , e exrahir o fuper-=fiuo , e afeclo como tumores y glndulas , carne fuperiua ,.e mortificada , equirulas dos ofos , e mais coizas extranhas

    :

    4. fupprir a falta das partes como olho de vidro 3 e per-na de pau: a elas quatro operaoens fe chama em GregoSintezis , Dierezis , e Xarezis, e Protezis.

    Com que je ha de exercitar as obras da Cirurgia ?Com grande conhecimento de fe poderem executar,

    breve , com a menos dor ^ que for poTivel ^ com caridade ,":^

    e amor.

    Far que o Cirurgio cure feguramente quantas coi-zas fao precisas}

    Trs : a primeira , que faia empre cem o que perten-de : egunda que 5 quando na puder alcanfar oque perten-de , na damne ao doente : terceira, que cure de forte , que

    na repita a enfermidade.De quantas fornias fao os infiruinentos^ com que obra

    o Cirurgio}

    De duas : comtiuns , e prprios ; os communs a asmaons, ou fa medicinaes, ou de ferro, e fogo.Quaes ja os medicinaes conununs ?

    B.egimento nas coizas na na turaes; e adminilraao de

    todos os remdios internos , e externos , como unguentos ^emplalros ; cozimentos ^ oies , fangrias ; xaropes, e purgas,

    Ouaes

  • Do TJnlverfal da Cirurgia, . 3*

    Quaes fao os conununs de ferro ?Tizouras , navalhas, facas, lancetas, pinas, tentas 3

    agulhas , cautrios , e outros muitos.

    Forque fe chaina communs ?Porque commutnmente uzamos delles quazi em todos os

    cazos de Cirurgia , e os deve trazer coolgo o Cirurgio.

    Qjaes Ja os prprios de ferro ?Trpano na cabea , Badal na garganta , fpecuJum ma-

    ireis na raadre , fpeculum peoris no peito , e outros muitos.Porque Je chama prprios ?

    Porque deiles nzamos nelas partes , por ferem maisprprios a ellas.

    Quaes fao os remedias mais ordnarios 3 que deue tra-zer conifigo o Cirurgio}

    Unguento Bazalica para madurar, Balfamo de Arc^ipara digerir : Unguento de Alter , ou de ior de Sabugopara abrandar , e mitigar a dor : Emplalro liptico deCroliio, ou de Tinia para cicatrizar; e algum cautico paradelruir a carne fuperfiiia , como a pedra infernaLQuantos princpios hapara bufcar a verdadeira Cirurgia ?

    Dois : raza , e experincia \ e para fe fazer ilo commelhor ordem , fe far por fus indicaoens.

    Que coiza he indicao curativa ?He hum difcurfo

    ,que fe faz da enfermidade , e dos

    remdios para a fua cura

    Que proveitos fe tira de curar por indicaoens}Dois : conhecer as enfermidades , e os remdios , cora

    que fe devem curar ; e os damnos 3 que fe podem feguir^fe os applicarmos fem ardem.

    De quantas coizas fe tomao as indicaoens curativas}De trs : das coizas contra a natureza , das coizas oa^

    uraes , das na naturaes , e das que a ellas e ajunta.

    s coizas contra a natureza 5 ou prMernaturaesquaes fao}

    Trs: Enfermidade, eauza de enfermidade ^ eaciden-te , ou fymptma de enfermidade.

    Porque je char/ia contra a natureza ?Porque corrompem a natureza , e a encontro nas uas

    operajoens,

    A li Que

  • 4 Livro LOye cozi he Enfermidade}H2 huai aFefto , ou dirpofiao contra a noTa nature-

    za 5 pela qual a^ obras delia fa impedidas.

    Que coiza ht Ciiza de eifermidade ?He aqurlla

    ,que por Ci pode produzir a enfermidade.

    Que coiza he Accidente , ou Symptma de enfermidade ?He aquelle, que iempre acompanha a enferoiidade 5 ou

    lhe fobrevm.

    Que coiza he faude} ,He iiuma natural conlituiao dos fluidos, e flidosdo

    corpo, fazendo as acoens perfeitaSe

    Quaes Ja as coizas naturaes

    }

    Sa todas as que compem o corpo humano , como faoos fluidos 5 ou humores, e as partes flidas , e oidiimas

    ,

    fus operaoens, temperamentos, ou compleioens , efpiri-

    tos , elementos, e membros ; ajuntando-e a eitas a idade ,o coftume, e a dierenfa de fer homem, ou mulher , 001-icio, e a cor do corpo.

    Porque fe chama naturaes ?Porque a parte da compoiao , e conlituiao do noo

    corpo,

    D O S H U MORE vS,Que coiza he humor ?

    HE hmna fubtancia liquida , em a qual o alimento heprimeiramente convertido: ou he todo o fluido, ou li-

    quido , que fe acha no corpo humano.Quantas dijferenfas ha de humor ?Duas: naturaes, e nao naturaes.

    Quaes Ja os humores 7mturaes ?Sa todos os que naturalmente conflituem a mala fan-

    guinaria , e os que naturalmente exercem a lua funcao.Forque fe chama naturaes ?

    Porque naturalmente e acha em noffo corpo , e fa v5r^dadeiras partes delle, e conflituem a mala anguinaria.Quantos Ja os humores naturaes ? .

    Principaes fa quatro : Sangue 5 Sueco anima] , Linfa 5Clera , e outros.

    Que coim he Sangue ?He

  • Dos Humores^. ^He hum humor quente, e hmido, alguma colza vif-

    cozo , e de mediana coiiilencia entre crailo , e tnue j de

    cr vermelha , em mau cheiro, e doce no abor.Qie coiza he Sueco enimal ?

    He hum humor fuidiTim.o, qiie 5 depois de filtrado pe-lo crebro, pelos nervos lecomm.unica s partes do corpo,para o fentimento , e movimento.Que coiza he Linfa ? '

    He hum humor aquozo em toda a fua apparencia , efubftancia, que, depois de filtrado pelas glndulas , pelosvazos linfticos fe communica ao fangucj para o diluir 5 epara outros uzos.

    Qte coiza ho. Clera ?

    He hum humor de cr amarello, de fublancia tnue,e agudo , de fabor amargozo , filtrado pelo fgado.Quaes fa os humores na fiaturaes ?

    Sa todos os que tiverem perdido a ua natural' textu-ra 5 e fazem as enfermiidades , milos , ou cada hum por i.Em que Je dijferenfa os humores naturaes dos nao

    vaturaes ?

    Peia dierenfa da cr, conilencia, e fabor : como eo fangue ha de er vermelho, fer quazi branco, ou negro :e a linfa, e ha de fer branca, fer quazi negra , ou amarei-Ia ; c a clera , fe ha de fer amarella , fer negra &c. Sequaequer dos humores ha de er lquidos, lerem efpeos 3ou mais diTolutos j e aFim nos fabores ferem diferentes 5.como o angue e ha de er doce , er azedo &c.Que coiza he Efpirito do corpo humano ^He a parte mais fubtil dos eus fluidos.

    Qj-iantas dijferenfas ha de efpiritos}Duas: nimaes no crebro , e nos nervos , por onde

    va a dar enfao , e movimentos s partes. Vitaes no co-rao , n^s artrias, e vas, por onde vao a nutrir as par-tes , e para outras funfoens.

    Operao , aca 3 ou movimento , que tudo he hum^que coiza he}

    Sa os movimentos dos fluidos , e flidos precizos aocorpo humano.Quantas dijferenfas ha de operaoens ^ mmovimentos}

    Trs

    ;

  • 6 Livro LTvcs: Natura], Voluiirario, Mlflo.

    .

    O/al he o movimento natural}He o que naturalmente, e fempre e move em quanto

    dura vida, tanro dormindo, como velando , independenteda noTa vontade ; como o movimento do corao , art-rias , crebro , e outras partes.

    Q^ul he o mGVme?ito voluntrio ?He aquelle

    5que por vontade prpria fe faz com a in-

    enfa da alma , coroo o andar, ou mover as maons.Qual he o nnjio ?He o comipofto de hum . e outro , como o refpirar.

    Que coi% he Elemento'^He a menor parte da cciza , de que he Elemento.

    QantQS , e quaes fa os Eieme7ttos ?Suppolas as opinioens , fs quatro : Fogo , Ar , Agua 5

    e Terra , e trs rezultados Sal , Enxofre ^ e Epirito.Que qualidades tem ?O Fogo he quente, e ecco : o Ar quente, e hirmido:

    a Agua fria , e hmida : a Terra fria , c ecca. Eftes qua-tro elementos correfpondem aos hum.ores do noTo corpo

    :

    o Sangue ao Ar, a Clera ao Fogo, a Linfa Agua, e aparte mais grofla , e fecca dos hum.ores Terra.

    Ccynpleia, ou temperamento que coi%a he ?

    He huma cngrua, e proporcionada mi la das quatrofmplices qualidades elemehtaes: quente, frio, hmido, efecco, fegundo aparte, e combinao, ou modificao &c.

    Qua7tos fa os temperamentos ?Sao nove: quatro imiplices , quatro compolos , e hum

    temperado, a que chamao temperamento ^^/?^///.Os Jimplices quaes fa}Sao quando huma f qualidade excede , como o tempe^

    ramento , quente, frio, hmido, e fecco.. Os compojlos quaes ja}

    Quente , e ecco: quente , e hmido ; frio , e hmido ;frio , e fecco , em que pode haver variedade egundo os fu-geitos &c.

    O temperamento qual he}He a boa igualdade , proporo , e unio das partes nas

    fcs qualidades; o que he mais conjediuravel , do que viivelcQue

  • Dos Hmfires' 7O^^ co^ he Membro ?He qualquer parte flida do corpo, que nao lie de to-

    do feparado , nem junto ao outro; e junto com a? parresliquidas fc compem , econferva com communicaca de Jiunscom outros.

    Qt.'antas ijferefifas ha de Meinbros}

    Duas : fimpiices , e compotos.

    Qtie coiza he Membro fimples , ou femilar ?He o que e na compeni de algum outro membro

    ^

    e entra na compoiao dos compotos.

    Forque fe chamao fimpices ^ ou fimilares}Porque entre i le compem , e fazem os compolos,

    Quaes ja}Oo, Cartilagem , Ligamento , Muculo , Membranas ^

    Vazos, Glndula 5 Nervo, e Tegumentos.Que coiza he Membro conipojio 3 injirmnental 3 ou or-

    ganiCO ?He o que fe compem dos fmiplices

    Quaes fao os membros (mmpojlos ^ ou ejjimilares no^Ires , ou frincipaes ?

    Sa o Corao, Fgado, e Crebro, e outras maisenranhas das trs cavidades Cabea, Peito, e Abdmen ; emraza da gerao, os tefticulos, ou membros, que ervema eles , como pera' artria , Izofago, Rins , e outros.Quantas , e quaes Ja as coizas fia naturaes ?

    Sa o ar, comer, e^eber; o movimento, quietao^omno, viglia, enchimeMto, e vazamento; o tempo, a re-gio , o uzo da luxuria 5 e banhos; os accidentes da alma

    5

    como fa ira , trileza , alegria.Porque Je chama nao naturaes ?^ Porque 5 e beiu' uzarmos delias , fera cauza de fau-

    de; e fe mal, ferao cauza de enfermidades.Ar que coiza he ?He hum dos elementos precizos para a rida humana 5

    que recebemos pela repiraa, para temperar, e refrige-rar as entranhas ( principalmente as do pdro ) e maTa ian-guinaria, ajudando ^a circulao ^ e para formar a voz, a-foprar, efcarrar &c. ;Que coiza he curar i .

    He

  • 8 Lhro 7.He huma conveniente methdica admlnilraa de re-

    mdios.

    Quantas ijferenfas ha de curas ?Trs: huma prpria , g outra palJiatlva , e prezervativa^

    Que colza he cura prpria ?He a que fe faz por ordem 3 e regra methdica , tiran-

    do de raiz a cauza da enfermidade com medicamentos , e car-, encarnar., cicatrizar ., paliando ao uzo dos em-plalros prprios.

    Sendo o Carbnculo de puflula negra-, ou cinzenta , commais podrido ., maligno^ como fe curar}20 Separando toda a pulua : depois fefarjar, e lava-

    r , como fica dito numer. l, e e curar com o remdioeguinte.

    21 Unguento Egypciaco' ^jj, efpirito de termentina ^halfamo peruviano ^ e fulfur an. 53-5 jumo de arruda , ede alhos an, 3j. precipitado rubro ^j, triaga magna ^^ij.mijiure,

    12 Applicar-e-ha ele remdio em lechinos , e pran^clietas, e por fma a cataplafma alFima dita. Sufpendida acorrupa , fe paTar a remdio mais brando , egundo oeftado da chaga , at le cicatrizar.

    Na fe fujpendendo a corrupfa , que fe far}Curar-fe-ha como Antraz, ^

    Que coiza he Antraz ?23 He o mefmo Carbnculo continuado nos us maus

    produlos., com maior podrido.Como fe cura o Antraz ?24 O interno fe tratar como aHm el dito numero

    14; na parte fe demarcar com a lanceta a profundidadeda pulula , e podrido , e e cortar fora toda ; depois e

    arjar todo o fundo , e circumferencias internas , que ti-

    verem alguma podrido, e as externas , que tiverem ten^a , ou dureza.C orno fe farja ?%$ Far-le-hao as farjas profundas , ou fuprficias 1 fegun-

    do

  • 38 Livro III.

    do a podrido, e tenfa, para defcarga daquelles maus fuc-cos , e para o remdio melhor penetrar as partes ; ao com-primento dos vazos ( fendo grandes ) , e dos mufculos , pa-ra na fazer maior damno ; de baixo para fma , para queo fangue na perturbe a continuao das farjas. Na fe ta-ra em direito humas das outras , para menos deformidadedas cicatrizes : e fera feitas com a brevidade poTiveL

    Depois de farjar , que Je ha de fazer ?26 Lavar muito bem com agua ardente ^ ou efpirito de

    'vinho , com triaga , e quente , de orte que e faa boadefcarga dos m.aus fluidos conjuntos : e e para ela foremprecizas ventozas eccas em lima da parte , fe applicaro( fendo peftilente ) depois e curar com os remdios fe-guintes , como melhor parecer , fegundo a podrido.27 Unguento Egypciaco ^tij^i ejpirito de termentina^

    e baljamo peruviana an, 53., precipitado rubro ^^ij. , ps

    de pedra hume queimada *^i,. ^ Juno de arruda ^ e de alhosan, B3' 5 triaga magna ^qIJ. rnijl,

    28 Unguento Egypciaco ^itj. , folima em p , e faUgema ^ an. 33- > jumo de arruda , de alhos , e e hervaJant^, an. *^j. triaga magna ^ij. mijl.

    29 Com qualquer delcs remdios fe curar em lechi-nos 3 e pranchetas , como melhor parecer j e por ima fepor a cataplafma alima dita, panno , e atadura.

    Como Je ha de conhecer que o remdio tem obrado ?50 Porque na egunda cura lever que tem feito buma

    efcara correfpondente ao remdio , e por ter parado a cor-

    lupfa.

    Tendo o remdio feito ejcara , que fe far ?

    31 Tirar- fe-ha logo com t^pinfa , ou fe fepa'rar comatizoura ^ podendo fer , ou fe lhe applicar em ima cebolaccem afiada, e bem pizada com unto fera fai -^ e triaga'-)ou com unguento bazilica amarello milhi rcio com tra-ga\ e principiada a feparar com eles remdios , fe acabarde cortar , e fe curar a chaga no elado em que ficar,ajuntando empre aos remdios a triaga,

    He a efcva em alguma parte na ejiiver boa , ou eJli->ver branda , que fe far ?32 Na parte, em que eftiver branda , e continuar a po-

    drido 3

  • Capitulo IIL o Carbnculo, 39dridao , fe alimpar: e fendo precizo eparar "> ou farjar,

    fe far , e fe repetir o mefmo remdio.Na baflando ^ e continuajido a fjodra}33 Separar-fe-ha tudo o que eliver podre; e fe farjar

    algum refto , fe ficar : depois fe lavar como efc dito , efe curar com os ps de Joannes dobrados , reenchendo to-da a cavidade , e por iima fios feccos , e a caraplama dir

    numer. 18, ou pannos molhados em efprito de vinho ai-canforado ; ou com triaga com leite , havendo infamma-ao mais doloroza.

    Na bafi^ando ?34 Separado algum podre , e farjado , fe curar com

    efpirito de nitro corrosivo mifturado com o mercrio \ porfima a cataplafma dita : e e continuar , e uzar do foli-ra , ou do fogo , pela forma que fe diz no Capitulo daGaiigrena.

    Sendo o Carbnculo pelilente , e curar como aFimafca dito no Antraz , com os mefmos remdios externos ^ einternos.

    C A P I T U L O IV,D o B U B A M.Que coiza he Buba} .. Nomes,

    1 T T E hum tumor feito nas partes glandulo%as doque^^oBfiTx corpo , principalmente nas virilhas. ^^okq na'

    Quantas dijferenfas ha de Bubao t mefma par-2 Trs : Benigno , ou Morbus ; Venreo , ou Galiico ; '^J,':;:^';:i

    e Pelilente. de 6 andar.

    Como fe conhecem , e dimza os Buhoens ?3 O benigno, onmorbus, tem ascauzas, ignaes, pro-

    gnofricos , e cura do Fleima ^ cuidando na fua rezolua jou fuppuraao &c.

    Signaes do Venreo}

    4 Sendo Venreo , ou Galiico , fe conhecer , porque oenfermo dar indicao de o ter recebido por accos im-puros , de que lhe rezultale gonorra , chagas , particu-larmente no genital y e outros produlos , que cotuma fa-zer o galiico.

    Signaes do Pejiilente}

    5 Sen-

  • 40 LVr TIL-')

    ^ Sendo pejlilente , fe conhecer, porque tempo ferade ple , a cr do tumor s vezes citrina.^ ou cor de r/-dra ^ negra y e com brevidade \Qm febre maligna, e del-rios &c.

    Cauzas do Venreo}6 Sao os accflos impuros com mulher infefta ^ e galli-

    cada , ou por outra qualquer forma , pela qual e pofla re-ceber a dita qualidade , como ama

    ,que cria crianfa , galli-

    cada,pelos bicos dos peitos , cama infecta ^ e vejiidos , e

    por qualquer forma impreTos os feminarios nas partes fli-das

    ,quaesquer que eja

    ,pelos feus poros e communicao

    aos fluidos 5 e os dipoem para fazerem o Buba , ou nef-ta 5 ou naquella parte ; ou quando por heranfa fe tem rece-bido os ditos feminarios , e melhor fe communicara do ge-nital pelos poros aborbentes , e glndulas ebaceas, ao to-do , e s virilhas.

    hi^t: Caudas do Pejlilente}

    7 Sao a m qualidade do Ar viciado^ epiemico ^ p^fii'.lente , efuccos internos, adquirindo imilhnte contextura. ,

    Frognojlicos dos Buboens ?

    8 O Bubao Venreo fera melhor terminar-fe por fuppi-raa ( fendo muito o gallico ) porque ficar o enfermomais depurado dos feminarios venreos , havendo boa di-

    gela : alguns cuta muito a madurar, e acurar depois as

    fus chagas , principalmente fe fe fazem callozas , e com-prehendem as glndulas , de forte , que para chegarem ahuma boa , e inlvdi cicatrizao j fe far precizo delruiros callos 5 e todo o corpo da glndula. Sendo peflilentes ,fa perigozlfimos , e mais, ou menos, brevemente mata^fegundo a parte que preoccupa.Como fe cura o Buba Venreo , ou Gallico ?9 Ordenando a vida ao doente , que confiar o feu ali-

    mento t frango-ifranga

    -igallinha : e a parte e tratar

    com duas intenfoens, fegundo a qualidade, eelado do Bu-ba : fe fe acharem principio, e na eiiver figiliado o gal^lico na mala fanguinaria , com outros produdtos , fe podecuidar em rezolver para evitar maiores incommodos , cu-randc-o da mefma forma que o Flemao , adminitrando al-guns remdios internos antivenreos ; como fao os xaropes ^

  • Captulo IV. do Bubao.^

    41

    furgas\ apo&imas^, e o mercrio ( fazendo-fe precizo ) ein

    panacea^ ou untura?.

    10 Se o Buba for em fujeito , que eleja muito galli-cado , e havendo outras razoens para fer mais uiil a fuppu-

    rajao , a conduziremos , difpondo a parte 3 fe o na eliver.

    Como fe ha de dijpr o Bubao ?I r Cora oko de amndoas doces , e commum , com man-

    teiga crudy enxndia frefea de gallinha ^ mifturado tudo,

    e quente , com o que e esfregar a parte muito bem atle Fazer vermelha, e por fima fe por laa fuja ^ panno ^ e

    atadura j repetindo ela diligencia trs, ou quatro vezes ca-

    da dia ; e fe recommendar a enfermo exerccio violento

    ,

    particularmente ode andar, na havendo grande dor 3 einiammaa.Se no Bubao houver grande dor , e inflammaao , ou re^

    petir com as difpozioens^que fe fard}

    11 Sangrar-fe-ha o enfermo no p contrario: e fe pare-cer perigoza a inflammaao, no brao da mefma parte, ad-minilrando os remdios internos ^ e externos ditos no Fiei"ma y como fao os uyes dijfolventes , temperanles , e ano-dinos y fem attender comnumicaao dos feminarios ven-reos , ou gallico ; porque ele tempeftivamente fe antidota-r depois de remediado o accidente. IComo fe conhece eftar difpofla a parte ?i^ Elar mais crefcido o tumor 3 com mais quentura ^

    e dor puloria.

    EJlando difpofta a parte^ que fe far}14 Nefte elado trataremos de madurar com' o unguento

    hazilica preto , aynarello , e emplaftro Zacharias partesiguaes mifturados ; ou com as cataplafmas maturativas ditasno Cap. do Fleima

    ^ que fe continuar at etar maduro,Eftando maduro

    , que fe far ?15' Abrir-fe-ha com lanceta , fazendo fufficiente abertu-

    ra, ee profeguirV/^^r/W?, mundificando ^ encarnando ^

    e cicatrizando : com advertncia porm, que no tempo dadigetao fe detruir toda a glndula por uppuiaa , ouextirpao, com remdios corrozivos , ou com inftrumen-tos; fazendo hum bom fundo chaga , para chegar a humaboa cicatrizaa, Applicar-erha internamente aoenfermo

    Pare. I. -"^"^

    F os

  • 4z Livro IILos reraedios antivenreos , proporfao.da qualidade, pfo-dudlos do galiico, como el dito numero 9.

    Sendo o Buba pejiilente , como fe ha de curar ?l Sendo petilene, toda atenfao er extrahir , e eva-

    cuar pelamefjna parte todo o conjunto nella, dipondo,at-trhindo parte o humor para huma boa , e breve luppu-raao 5 e os mais remdios internes , e evacuaoens, e ex-

    ecutaro como efi dito no Cap. do Carbnculo pelilente,

    ou no Antraz.Como fe ha de difpr , e attrahir o Buba pejiilente ?17 Primeiramente fe esfregar a parte com a mao , ou

    omliiim panno com violncia , at fe fazer vermelha , edoloroza j depois fe far a mefma diligencia com leo decebola ccem , de amndoas doces , leo comrmim , e por i-

    ma fe por a cataplafma feguinte.18 ^. Cebolas ccern^ e commuas ajfadas m cinzas

    COM pouco fogo -i e pzadas lib3. unto de porco 5{/- ? tria-

    ga Qtij' , fermento , e farinha de linhaa , de fenteio 5 ede alforjas an, /3. mif.^ e faa catap.

    19 Havendo menos inflammaa , e querendo artrahir

    mais, fe uzar da ctaplama fegumte.

    20 i. Fermento ib3.) cebola ccem aj]adia numer . ij 5n^jiarda pizada ^iij^ ^' triaga^^i,, ,mijl. , e faa catap. Se

    na bailar para fazer boa attraea , fe uzar as ventozas

    feccas, e tiradas, por fima as cataplafmas aiUma ditas.

    21 Continuar-e-ha a difpozia na forma aUma dita at

    haver humor baftante-na.parte.y o- qt^e fe conhecer , como

    el drto numgr.ii^.::^^- sb 3f>afi5!K:^ 'V- -*^ ,

    iiSe repetir infiarmnaao grande d parte , que f fr\

    ^

    2,2 Tratar-ie-ha o enfermo com as evacuaoens, e mais

    remdios, como fica dito numeV. 12. ajuntando-ihe a tri-

    ga\ e fe na parte houver tenfa, poder ter lugar as ar-

    jas , lavatrios , e digeilivos com triaga , e cataplafma , co-

    .mo el dito no Cap. do Carbnculo pefttlente*

    ::,3 Eflano humor bajiante na parte , quefe far>:. -2^ Tratar logo de o madurar com as cataplamas ma-

    ttirativas ditas no Cap. do Fleimayow com a feguinte.'

    . :24- ^. Cebolas cemajjadas7wmer,iij.j mercuriaelf\

    imarrom^ mahias^irm^ demaha^cv yfigospajfads ^tu-' d

  • Capitulo IK do Bubao. > 43io cozido^ e pizado , pajjado por cedao q, h\ pra lib.j.

    depois fe lhe ajunte fermento ^ij, gomma ammmaco , eja-gapeno , dijfolutas em gemma de ovo an. ^3. unto de por-co ^ii], , farinha ^iij. , aafro ^^j. , triaga 3^/- ? f^^'

    fe catap. que fe applicard quente.

    At quando fe ha de continuar covn as cataplafnas ? ,25- At a matria elar quazi feita*, e antfs de perfeita

    maturao c abra com a lanceta , ou com cautrio , fazen-do cizura correfpondente ao abfcio , que aia a matria

    livremente \ e depois de aberto, fe curar com o digetivofeguine.

    2 V^, flermentina fina\ e lavada ///. , gemma de ovonumer, ij. , leo de aparicio 5/. , halfamo de areei 53* >fumo de alhos ^ e de cebola ccem an. Pj. triaga *^//. , m?Ji.

    ij Curar-fe-ha com efte digetivo pondo por ima a mef-tna cataplafma , at elar feita a digefla ., dilatando-a o tem-

    po , que parecer; depois fe mundificara^ encarnar^ e ci-catrizar -^ ajuntando ao mefmo digetivo xarope^ ou melrozado.

    Se o Bubao forfobre rotura ^ como fe ha de curara28 Pela mema forma alima dita , com advertncia de

    na oender o proclo do peritoneo , os intefliiwsi^ e ozirbo no tempo das aperioens , ou aberturas; e deconfervar qualquer deitas entranhas recolhidas , pelo bom uzo dosappozitos 5 ligaduras :, e bom fitio : os lechinos podem feratados , as ataduras de rede , ou panno tranfparente , queentre no va da chaga, e dentro nete os lechinos

    yque le-

    va o remdio , fazendo huma pelota. Concluida a cura ^poder ficar o enfermo fem rotura por meio da cicatriz re^tringir as partes.

    ^:m. \

    CAPITULO V.ly Jl g jwg rena

    I T T E hum principio demortifcaaordsipartesj^^/-n das^ e falidas c dgnma, parte ^ que indica atotal mortificao delia. . . ;..;:

  • 44 Lhro IIL' -

    1 SBhutnas interajas , outvzs externas : as cauzasinter-nas d gangrena a os maus iuidos , ou humores corruptosacres, ecorbuticos , venenozos , deirudlivos , por meio dehuma turbao , e m fermentao , de que rezulta perdi-mento das pvtQS JiuIdas y Qflidas^ feu movimento ^e en-ibiiidade.

    3 Tambm pode fer cuza da gangrena a nimia debili-dade , falta de efpiritos , e da circulao do angue , e maisfluidos, particularmente na velhice por falta da elafticidadedas artrias j oTiicadas. Os grandes encalhes do fangueefpeTo 5 e em copia , perdidos os feus movimentos , fe fuffo-cao 5 dilacera as partes , e as gangrena ; o que fuccedeiiao f nas grandes inflammaoens /^//g-^z/^^^j , mas tambmlinfticas,

    4 As cauzas externas da gangrena fa as que podem, im-pedir a circulao do fangue , e nutrio de qualquer par-te, como fraura grande com dilacerao das partes j deartrias ^ evas'^ dislocaaOy fendo tarde a fua repozia

    ;

    ataduras muito apertadas , compreUoens grandes , ainda portumores , coizas extranhas cravadas, combujloens grandes,applicaa de remdios frios, adlringentes , eos oleozos,em ima de grandes inflammaoens com tenf , como tam-bm os remdios caujiicos , e erode-ntes. O grande frio con-tringindo os fhdos , coagukrd^os fiuidos , ou mafa fan-guinaria, na podendo tranzitar , perdidos os movimentosde hiimas , e outras partes , fe gangrena.

    Quaes Ja as ijferenfas da Gajtgrena ?5- -A primeira he apparente ao prognoiico fem mortifi-

    cao , a que chama in Jieri , porcauza de infammaao,ou por cauza fria: a fegunda gangrena ejfencial :, he quan-

    do ha pouca , ou muita mortificao, a que chama de faco:a terceira he fazer-fe nas partes internas ^ ou nzs externas

    ^

    onde he m.ais commua : 4. He fer fecca , e lenta por falta delquidos: 5. Ser hmida pr nimia quantidade de humores.

    Signaes da Gangrena apparente ao prognojlico ?5 Nas inflammaoens a: huma grande tenfao, ou du-

    Teza :C)GMn xezilencia ao- llo j ivermelhida efeura , s algu-

    mas vezes quazi branca , fe o extais-.he linftico ^ e nafe

    rezolver, nem madurar,.- -^--^ t--^ i^-u:^ \y. ^:h\ ^-v. ^r?

  • Capitulo V. da Gangrena. 45'Sgnaes da Gangrena ejfencial com podrido}

    7 Defapparece a vermelhido da parre inflammada , fas-fe de ,ot efcura ^ livida^ e negra ^ a pelle, ou tegumentosperdem a tenfa 3 c fca flcidos , e emphizematozos , combexigas cheias de huma ferozidade de difTerentes cores , e demau cheiro, diminue-e o calor , e fenfaa , ou falta to-talmente.

    Signaes da Gangrena de cauza fria , e fecca ?8 Conhecer- fe ha pela informao do enfermo , que di-

    r ter palado nimio frio \ aparte elar de cor muito ^r^;/-

    ca , outras vezes livida , pezada , e fria , com pouca , ounenhuma renfibiUdade ; e havendo j mortificao, havermais languids da parte , e do todo, e fe feparar a cuti-cula com alguma humidade fria : a fecca tem pouca tumids , e he elcura.

    Quaes fa os prognofticosda Gangrena}9 A Gangrena uccede mais commumraente nas grandes

    infiammaoens : e fendo apparente o prognolico , em ha-ver ainda mortificao , ou havendo pouca , e por cauza ex-terna, em ujeitos bem humorados , tratando-fe com cuidadovigilante, fe poder vencer fem muita difficuidade : fe forcom muita mortificao , fe deve ter por muito perigoza ,de forte que , e fe nao impedir o feu progreTo , com fa-cilidade pafar 2l EJliomeno ^ tirando a vida parte , queoccupa 5 ou de todo ao enfermo : a que principia do inter-720 para o externo^ e por cauza interna, he mais breve nos

    feus progrelos , na fua reincidncia , e inobediente aos oc-

    corros da Arte ; e tudo correfponder aos bons , ou maus hu-mores , que conlituir ofujeito , forfas , e grandeza da gan-grena , profundidade , e parte , que occupar.

    Corno fe cura a Gangrena ?^10 O principaliFimo cuidado na cura da Gangrena de-

    ve ier impedir o feu progreTo,para na paar a hum Ef-

    tiomeno: fe ela tiver por cauza alguma coiza externa , fedeve logo extrahir como pa^/. ^ pedra , ov ferro cravado ^Qno fractura i ou dislocaa , fe far logo a repozia,podendo fer, ecom {xxzsiiZQ'. fendo atadura muito aper^tada

    , fe ajfroxar : fendo por uzo de remdios muito frios ^re/frmgemesy oko^os } ou corrosivos ^ le fufpender : en-

    , . - do

  • ^6 Lhro III.do por tumor, fe curar. As evacuaofis , tnals remdiosinternos fe adminiftrar egundo a apparencia da Gangre-na j e enermo , como fe diz no numer, 29 , e fegg.Como fe cura a Gangrena apparente ao prognojlico por

    fujjocaa ?

    11 Se a parte fe achar com tenfao , ou dureza grande^vermelhido efcura , apparente a gangrenar-fe , fe faijar to-da a dureza, e partes vizinhas, com as condi oens. ditas noCarbu72Culo yc^iois de farjar, fe deixa correr o fangue , e

    fe lavar com cozimento aromtico , quente , ou com aguaquente , e com triaga , ou agua ardente quente j e dada boadecarga, fe curar com ameraa^^^^/? ardente ^ com tria-ga magna , ou londrinenfis , ou com efpirito de vinha quen-te, na havendo muitas dores, ou cndo linftica ^ ^viov^Zrdos os pannos , e atadura , dando bom fitio parte , e man-dando remolhar. Se houver dores grandes , e poder uzardos cozimentos das plantas aromticas feitos: rera leite , ou-das cataplafvas anodinas, .:;tc :, -

    At quando fe ha de continuar com efes remdios ?12 At fe omittir a inflammaao , dor, e fe desfazer a

    dureza. E e alguma? farjas fe fuppurarem , fe continuarjiellas huma digefta cc,- Como fe cura a Gangrena ejjencial cora pouca mortifi-cao ^

    i\ Sarjar-e-ha o mortificado, e fe lavar como fica di-to numer. 11., depois fe embaifamar a parte com os rem-dios feguintes.

    14 %.. Efpirito de termentina , balfanio peruviano ^ ecthoUco ^ tintura de myrrha^ e de a2ebre^ an. 3. tria-ga '^ij. rnift,

    15 Com ele remdio quente em pranchetas fe curar,pondo por fima pannos molhados em efpirito de vinho , ouas cataplajmas aromticas ditas no Cap. do Fleima, Tamrbem fe pode c^rar com ejpirito de termentina f^ mas bemquente. ^

    f Corno fe cura. a Gangrena e(jencial com muita mortifi^caa}

    16 Separando todo o podre, fazendo humas inclzoens

    ,

    que comprehenda toda a corrupfag pelo feu comprimen-p^^ to.

  • Captulo V. da Gangrena, aJj-to, e profundidade , para aTim fe cortar melhor em tiras;e ficando alguma porfa , fe arjar at o vivo : advertindoporm que , havendo no enfermo falta de jangue , e ejpi^:ritos ^ ou havendo predominncia linftica^ ou fendo por|cauza fria , ou fecca , fe far a feparaao , e arjas de forte,

    que fe na perca fangue , nem fe dilacerem as partes vivas.Depois de feparar , e farjar , que fe ha de fazer ?

    17 Lavar muito bem com agua ardente quente ^ e comefpirita de vinho , com a triaga^ e fe curar com os rem-dios feguints.

    18 J. Unguento Egypciaco , effencia de termentina ,halfayno cathoUco , peruviana , ejulfur , an. ^j, tintura de

    myrrha-i e de azebre an. ^3. , triaga magna ^ij, mijl.ip Se a corrupfa for maior , le curar com unguento

    Egypciaco %iij>y efpirito de vinho retificado J/3. effencicLde termentia ^ij. , balfamo peruviana ^j. , ps de niyr-rha ^ e de azebre an. g/. , triaga magna 3^3* quina empe*/- f^^ amoniaco ^j. mift,

    20 Com qualquer defres remdios fe curar em lechinos 3e pranchetas , proporfao da chaga , e por fima para pro-mover os fluidos encalhados , e efpeos : havendo inflamma--a ^ fe por6 os panios , cataduras molhadas em agua ar'--dente , ou ejpirito de vinho com triaga , e quente comoaTima; e nao havendo inflammaa ^ fera mais prprio o uzDdas cataplafms aromticas ^ ouos faccos ^nedicinaes ditosno Cap. do Fleima ;/ 40. ^ ^ 48. 5 e do Carbnculo a ca-taplafma n. 18.Como fe conhecer que o remdio tem obrado^21 Porque na egunda cura ( que fera paTadas vinte

    quatro horas ) fe ver alguma efcra, e que ei parsda 3corrupfa ; e eftando fupendida , fe curar com o mfmoremdio at a chaga paar aelado de outros remdios maisbrandos.

    Se a Gangrena for em enfermo languido ^ e linftico ^^ ea parte flcida falta de efpirttcs ^ ou por cauza fria ^ co^mo fe ha de curar}

    tZ2 Pela mema forma aUma dita 5 mas cobrindo todaa parte com zs cataplafms yO\i' com q% faceos medicinaesquentes 3 epara nau anefecerem^. fe lhes poropor fimde

    tudo

  • 4^ Livro' IILtudo huns acolchoados de pannos , baetas , ou palas de ej-tanho ^ ou de chumbo^ tudo configurado configurao daparte ; ou e alentar a dita parte em huma telha , fendobrao , ou perna , e qualquer delas coizas quentes o quebaile para confervar o calor precizoi e indo arrefecendo, feaquentaro , e repetir para fazer penetrar os remdios ,dar movimento aos fluidos, e animar aos flidos, dcixando-fe afilm. penetrar melhor do fangue , e mais uccos para fuavivificao.

    Na bafiando os remdios ditos , e continuando a Gan-grena

    j que fe far ?23 Separar todo o podre; e farjado o relo > fe ficar al-

    gum , e lavar como efc dito , e. fe uzar dos remdiostnals fortes , como fao ps de Joannes %ij , ps de pedrahume queimada j. rijl, A eftes ps chama Cdefles ^ oude Joannes dobrados ; com os quaes fe reencher a cavida-de da chaga , e por fima fios eccos , e as cataplafmas di-tas , applicadas peia mefma forma dita.Na bafando ?24 Curar-fe-ha com efpirito de 7itro corrozivo , milu-

    rado com mercrio , ou e uzar do folima , ou do fogo.Como fe uzard do folima}25- Separada a maior porfao do podre, fe polverizar o

    relo, que ficar, com o folima em p ^ por lma fios ec-cos, e as cataplafnas ditas ; e fazendo grandes dores, os

    anodinos.

    Como fe uzar do fogo ?26 Separado quazi rodo o podre , forradas as circumfe-

    rencias da parte com pannos molhados ^m leite y com caut-rios em braza fe queimar todo o que ficar.^C^omo Je conhecer que fe tem queimado ?27 Por ter feito huma efra dura ,0 doente ter enti-

    mento , fahir humidade fem ftido , oleoza , e os cautriosnao pegarem : depois de ter queimado , fe polverizar comps de caparroza , ou de cravo , de canela , e de quina ^por fima fios eccos, e as cataplafmas ditas.^i^

  • CaptUlo V, da Gangrena, 2(9algutia parte eliver branda , fe alimpar , e curar com omemo remdio. Feita boa efcara , fe confervar at e e-parar, ajudando a eparaa ( pelas circumferencias de ro-

    da ) onde faz huma linha branca com matria ) com di-gejlivo , e unguento amarello. Cabida a efcara , fe curar

    a chaga no etado em que ficar, uzando ferapre dos rem-dios balfamicos , fe a Gangrena for linftica.Quaes Ja os remdios internos , que fe hao de adminif-

    trar aos enfermos de Gangrena ?

    29 Se a gangrena for por inlammaao , e hmida , e hou-ver febre , lngua fecca , fe evacuar a cauza antecedente

    com as angrias precizas ; e iftternamente fe adminilraroos remdios attemperantes , para o que fera precizo confe-

    IJio de Medico.

    50 Se o enfermo for fraco 5 languido , linftico , e femfebre, ou com pouca, aparte gangrenada flcida, falta deefpiritos , e fecca , e tratar o enfermo pela forma feguinte.

    3t As evacuaoens natera lugar fem maior reflexo;o vicfus ratio y ou regimento confiar de alimentos de boafubfl:ancia , e balfamicos , como hod. gallinha , franga , fran-*go ^ capoe7ts ^ e boas geleias ; agua cozida com ejcorcio-neira^i razuras q ponta de viado : tambm fe lhe poderpermittir algum vin^o bom.

    32 Os mais remdios internos ferao os cardacos, que

    poTa avivar os efpiritos, e deftruir a cauza interna da gangrena

    , para evitar o feu progreTo, e repetioens ; e entreos muitos, que fe podem adminilrar nela cafta de gangre-nas, podem fer os feguintes,

    33 9^. Agua de efcorcioneira^ de borragens , de cardofanto ^ e de toda a cidra an, lib^. Confeio de Jacintos ^olhos de caranguejos , triaga magna an, ^ij. Xarope decattella ^ij.^t pedra cordial ^7^, mift, Nefla qualidade degangrena e tem por remdio epecial zquina^ a triaga ve-neziana^ ou outra , dada em caldo, ou em outro qualquerliquido congruente.

    Se a gangrena for por cauza fria , apparente ao prog-nojiico fem mortificao^ como fe curard}

    34 Toda a tenfa fera dar movimento aos fuidos^ efalidos ^ para fua vivificao ^ primeiramente com remdios

    Part. L G lua-

  • ^o Livro III.fiavemente quentes , e huaiidos para dilurem , defcoagula-

    rem o fangue , e dar flexibilidade s partes Jo/idas para me-lhor por eiias tranzitarem os fluios.

    35* As partes , ^ae mais commummente padecem gangre-nas por cauza fria , fao as extremas dos artus , como as maoiis ^fs ^ e feus dedos ^ as quaes partes, tendo apparencia de egangrenarem , e mettero dentro em agua morna por efpa-o de algum tempo , e nefte o enfermo hir movendo a par-te o que puder , e fe lhe hir fazendo no mefmo tempohumas continuas esfregaoens por toda aparte enferma; na-quella agua morna fe hir botando mais quente at che-gar a eftar mais quente, ajuntando-lhe enta alguma aguaardente \ fe houver flacids , continuando a mefma acfao dosmovimentos , e esfregaoens , at fe conhecer que circula o

    fangue por toda a parte. Os modernos querem fe uze dasesfregaoens da neve.

    36 Tambm e pode fazer a mefma diligencia com co-zimentos emollientes , e aromticos , feitos de plantas deas

    qualidades , confervando fempre o enfermo em cza quente." Na baftando ?37 Applicar-f-ha6 os ^/^/V^^/fj' abertos vivos ^ como a6

    o pombo , o gallo , a gallinha^ capd , e carneiro 5 o-a hu-

    ma abobara menina bem quente , meia alada 3 repetindKJ.qualquer delas coizas as vezes precizas.

    'Na baftando ?

    38 Appiicar-fe-hao as cataplafmas , faccos , ou colchoens

    medicinaes^ como aUma fica dito numer, 22. , e o interno^

    fe tratar como el dito : continuar-e-ha pela mefma for-

    ma com os ditos remdios , at que o fangue circule , feanime, e vivifique a parte.

    Como fe conhecer que ofangue circula ffeamma, evi^

    'vifica a parte}

    39 Sentir o enfermopela parte continuar liuns movi-?

    mentos, como formigueiros , mais facilidade nos movimen-

    tos , mais quente , a parte de cor mais rubras maisleve,

    e com mais fenfibilidde.

    Eflajdo a parte vivificada , que fe^ fard ?

    40 Conervalia quente , e coafortaila' banhando-a corn^

    efpirito de vinho quente ^ ou com agua ardente ^ com tri^^

  • Capitulo V. a Gangrena. ft-a magna 5 ou com osJaccos , e colcboens nietcinaes , ajun-

    ta ndo-he mais efprito de vinho , ou agua ardente alcan-

    foraday recommendando que a parte e conferve bem co-berta , e quente.

    NaJe podendo fufpender o progreffo de qualquer gan-grena , e mortificando-fe a parte de todo , ou quazi , que

    fe fard}41 Continuando a gangrena.^ em fe poder fufpender o

    feu progreo 5-mortificando-fe de todo a parte , e tratar

    como EJiiomeno,

    C A P I T U L O -VLDO ESTIOMENO, E JMPUTJC,JM.

    Que coiza he Efitomeno , ou Esfacelo ?

    1 TJ E huma total mortificao das partes fluidas , f-A X lidas 5 e folidilimas de alguma parte.

    Quaes fa as cauzas do Eftiomeno ?2 Sa6 as mefmas da gangrena ^ que 3 na6 fufpendida a

    corrupfa, paa a Eftiomeno

    Quaes fa os ftgnaes do Eftiomeno ?3 Sao os mefmos da gangrena ejfienciai , e f difFerem

    na maior mortificao , fazer-fe total da parte 3 at as par-

    tes folidilimas 5 ou oTos.

    Prognofticos.

    4 Sendo o Eftiomeno em alguma das ires cavidades

    ,

    cabea

  • p ^ Lhro IIIdias de vida; e quando for capaz de fe tiptar tSutikf^ou co-tar, fe far a operao.Q^aesfao as enfermidades ^ que obriga a fazer ampu-^

    tar huma parte , e lhe Jervem e cauza ?6 Huma total corrupao , grande dilacerao , rotura de

    artria, que f ferve paTagem do fangue, que vai a nu-

    trir a parte, como a artria crural^ que ferve tibia ^ e

    p 5 efpinha bfida , exoftofes grandes \ aneurifma na ditaartria , chaga cancroza , chaga com carias grandes em humf olo 5 ou em muitos , como na ma ^ ou p , e nos de-^dos\ ou parte uperfiua , como hum dedo de mais.Que condioe.ns ha de ter o enfermo para fe lhe fazer

    huma amputaro}7 Ha de ter forfas , boa idade, bons humores, que nao

    haja neles j feminarios internos para repetio da mefmaenfermidade : e alguns AA. querem que fe na faa a ope-rao em quanto na efteja avanfada a corrupfao da gaji-grena : deve concorrer a vontade do enfermo j para o quefe ha de perfuadir, ainda que na queira ( efperando-fe boaconfequencia da obra ) elar confelado , e facramentado je preceder huma junta de Cirurgioens.Como Je far a amputao de hum artu , como v. g o

    fmur ?8 Concorrendo todas as circumftancias para executar ela.

    terrivel, horroroza , e grave operao; dado o prognotico

    ,

    apparelhado todo o precizo , e promptos os companheiros

    para a ajudarem afazer, confortando o enfermo com caldo,vinho, doce, fe aentar em hum tamburete , ou deitadoem cama , ou banca da mefma altura , de forte que fiquea parte de fora com todo o defembarao, para livrementefe operar.

    9 Situado aHm o enfermo , hum dos companheiros lhefegurar pela parte pofierior os braos , inclinando-o para

    a mefma ^zriQ pofierior ) outro pegar na /^f^M , e a levan-tar 5 e ter firme cm boa altura j legue-le o operador de-marcar por onde fe ha de fazer a inciza , ou crtg , que

    fera quatro dedos aUrna da articula'a do joelho : outrocompanheiro aima donde fe ha de fazer a ligadura abraa-

    r com as m^oas o anu de lort; qq og d^edos poUex , e

    indes

  • Capitulo VI, do EJlontem] e Amputao. 5'

    5

    ndex fe encontrem hum com o outro , e puxar aTima ostegumentos o mais que puder fer , onde os egurar at fe

    fazer o corte : e logo *e enrolaro roda do membro duasataduras eftreitas, de largura de hum dedo, que dem duasvoltas 5 que fiquem pouco afaladas huma da outra , fican-do lugar entre ellas , por onde fe ha de fazer o corte , que

    ferviro etas para melhor guiar a faca , e menos cederemos tegumentos no tempo de os cortar.

    16' Afiima donde fe ha de fazer o corte 5 outros quatro

    dedos, ou mais, de dilancia , e far huma ligadura, parafazer parar o curfo do fangue , pondo primeiramente no^lu-gar da artria huma almofada de eiopa , ou hum chumaode panno ; e outro na parte anterior, onde ha de andar ogarrochinho, e por fima huma comprefla dobrada , de lar-gura de trs dedos , e que d duas voltas em roda : em i-ma defta , na parte anterior do membro, fe por hum pe-dao de fla , ou papelo com duas cavas nas partes lateraes , por onde ha de correr a ligadura : nela mefma partefe atar huma liga forte , de forte que fique larga para emetter , e voltar o garrochinho fobre o papelo : Julga-fe

    for mais fcil , e fratio o torniquete de parafuzo , quepoder ter uzo quem o tiver , e quizer uzar delle , aindaque algumas vezes Je nao pode praticar : pola aTim a li-gadura , fe apertar com o torniquete , ou garrochinho atfazer parar o curfo do fangue , e o fegurar hum compa-nheiro.

    II Parado aTim o fangue por meio da ligadura, o ope-rador palar a mao direita por baixo do membro , e rece-ber nella a faca curva; e a mao efquerda a ter afientadana parte anterior do membro

    ,para o ajudar a firmar , e

    acompanhar a faca pela fua ponta , e fervir tambm paradisfarar o tremor das niaons a quem o tiver ; e curvando obrao , e mao com a faca , a levar quanto mais puder parte anterior do membro , e alentada nos tegumentos ^ ahir puxando para fi pela parte interna , e polerior do mem-bro , cortando tudo at o olo , levando com ele fio em ro-da mais que puder , acabando de cortar o refio que fi-car , de forte que fe venha a encoatrar hum fio com outro ^e fique kuma q linha.

    1%

  • 5^4 Z/VrJ IIL12 Feita aiUm a incizao , e afalar o periojlio com a

    faca pequena curva ; e e metter logo enrice as carnes ato olo huma atadura de trs pernas largas , para com ellasas puxar aTima , e fe nao oendereni com o errote , e eferrar o oTo mais aUma : logo com o ferrete fe errar ojyo , principiando de vagar , e applicados os movimeatos

    ;

    no fim e acabar com mais vagar, confervando o membrofirme na mefma direitura at de todo e ferrar , para na5fazer alguma efquirola deforme.

    Depois de ferrado o ojfo ?13 Serrado oofo, cuidadozamente fe far parar ofan-

    gue das artrias ^^ laqueando-as com agulha curv , enfiadacom bom fio , ou linhas enceradas , mandando affroxar otorniquete : e vendo onde el a artria peia repetiro dofangue , e apertado logo fem demora o dito torniquete , fepaar a agulha pela carne dentro huma , ou duas vezes roda delia , tomando as menos carnes que puder fer , e deforte que fique incluida a artria dentro do fio , ou linha ;e dando hum n de duas voltas , e apertar de forte , quefique bem fufpendido o fangue: em fima dele primeiro nfe por huma comprea de panno pequena dobrada , e ef-treita ; e egura ela , e o primeiro n com o dedo de humcompanheiro , fe dar fegundo , e terceiro n bem aperta-dos : o mefmo e far a quantas artrias for precizaamef-ma diligencia 5 como poder fer na crural externa ^ fe del-ia repetir muito fangue : conhecer-e-ha que el bem e-queada artria^ e fupendido oangue, porque, aFroxa-

    do o torniquete , ou garrochinho , e ligadura , na repetir

    fangue. Qf^iando ucceda repetir , fe repetir alaqueaada

    mefma forma , mettendo a agulha mais profundamente nacarne, e depois fe cortar as linhas , que fiquem compri-

    das , e juntas a huma parte.Depois de feita a laqueaao das artrias ?

    14 Feita a laqueaa , e limpar o fangue fuavementecom huma efponja moibada em agua morna , e efpremida

    ,

    logo fe por em fima do ojfo , e ua medulla huma pran-cheta de fios eccos ; e puxados a baixo os tegumentos , e

    as mais partes carnozas , e cingiro na extremidade do cO"

    to com huma comprefla cpmpozitoria , pofta de forte , quefaja

  • Capitulo VI. do Efitomeno , e Amputao, 55*faa ajuntar, e inclinar os ditos tegumentos , e carne para

    ima do oTo : ela compreTa pode fer tambm hunia ata-dura, que principie a enrolar-e da parte fuperlor vindo pa-

    ra a extremidade do coto ^ e fazer a mefma aca da outra.Tambm pode fervir de compozitoria huma tira de em-plalro. Tirado fora o torniquete , e ligadura devagar, pof^-ta a comprefa compozitoria , fe por6 fobre as artrias ioseccos , ou qualquer remdio relringente em pranchetas ,em ima delas , e das que fe puzera em fima do oTo hu-ma comprea , ou panno redondo pequeno , que cubra as ditas pranchetas ; depois o relo das carnes do coto e cu-brir de fios feccos froxos , e muitos ; por ima deles hu-

    ma prancheta grande molhada em agua ardente, que tomeiodo o topo do coto para compoziao dos mais fios, e duascomprelas de emplalro , que pegue bem , polas na ctisabaixo dos fios encruzadas , e de forte que traga, e ccn-fervem os tegumentos , e carnes para fima do oTo do coto:logo fe por huma comprea dobrada em varias dobras pof-ta pelo comprimento da artria , e membro ; depois maltapequena, outra maior, ou da figura da letra ^ i '^ : fobre ef-ts e pora duas , ou trs comprelas emcru- X zadas porima ds maltas , e coto , outra roda delle , que abraceas mais; e por fima de tudo huma malta grande ir.olhada emagua ardente^ para legurar em feu lugar todos os mais ap-pozitos.

    Ligadura ultima,15' Segurar- fe-ha os ditos appozitcs com huma atadura

    de huma f cabea , de comprimeno de eis , ou fee va-ras 5 de largura de trs dedos , principiando a enrolar tq-^z cotQ as primeiras voltas junto "da extremidade delle

    ^outras mais abaixo , e nele lugar legura , e voltar porfima do dito coto , e tornando a enrolar de roda fe repeti-r pela mema forma encruzando as voltas por fima dos ap-pozitos ; depois fe hir voltando pela coxa affima , at fepoder voltar roda do corpo , tornando outra vez coxa

    ,

    coto\ e fendo precizo,e repetir pela mtfma forma afi-ma dita, acabando junto ao coto ^ ou mait< a filma , ondeielegurar com alfineces. Tambm e pode uzar de aradurade duas cabeas ^ ainda que fe na julga melhor. Feita s

    liga-

  • y Livro IILligadura , fe ha de amparar o coto por algum tempo com ania6 ; e repofto o enfermo na cam^ , fe lhe por por fimado coto hum barrete de la , e fe lhe dar itio airo , e efangrar , fendo precizo : por alimento fe llie daro f cal-dos , o tempo que permittirem as fus for fas , e recommen-dar-fe-ha muita quietao , mandando remolhar com aguaardente os ppozitos , quando melhor parecer.

    Progrejfo da cura como fe ha de continuar ?

    \6 A primeira cura depois da operao fera paTados al-guns dias quando cheirar a matria; no terceiro, ou quar-to dia , fe irar os ppozitos com toda a brandura , e fua-vidade \ e eftando os ltimos em fima das artrias pegados

    ,

    fe deixar ficar , e no relo do coto e proeguir humadigefta balfamica : fahindo todos os ppozitos , fe poro

    no olo 5 e fua medulla fios feccos , ou molhados em ejpi-rito de vinho y ou em balfamo Catholico , ou no efpirito deternientina \ e no refto do coto digelivo , repetindo o ap-

    parelho, e ligadura pela mefma ordem dita : continuar-fe-ha ela mefma cura at cahirem as linhas , esPolheaa dooTo , e fe cicatrizar o coto , paTando ao uzo de outros re-=

    mdios, fe os precizar o eftado da chaga.

    . Os pargrafos , que fe feguem , na he precizo darerm^

    Je de lia,Remdios para tomar o fangue,

    17 Conhecida a inaptido dos remdios reftringentes pa-

    ra tomar, e fazer fiftir os fiuxos de fangue , uzara os an-

    tigos de fogo em cautrios , e deites, conhecendo os preju-zos , que delle fe feguia , de dores , e inflammaoens , con-

    tracbens , e horrores do fogo &c. , uzarao de os applicar

    em fima de podrido , que deixava , particularmente nasimputao^ns : os modernos nao julga boa a eleio, por-

    que , ficando alguma corrupfao , fa feminarios , que ficao

    para lhe na impedir o progrelo na parte j e dos fluidos,

    que dela fe communica ao interno , outros maus produ-

    dios , e reincidncias da mefma podrido: razoens ,^ porque^

    nao f fe julga melhor fazer os cortes pela parte fa , e li--

    vre de qualquer corrupfao , mas tambm o atar , ou laquear

    os vazos fan^uineos , particularmente as artrias, como mais

    feguro, faci, e menos molelo. No czo porm de fe naopode-

  • Captulo FL do EJllomeno\ e Amputao. ^7poderem atar os vazos , e na e podendo ufpender o aii-gue por eta forma , pela incapacidade da parte , f netaneceTidade fe poder uzar do fogo em cautrios propor-fa da parte , at o fazer parar. Do fogo potencial , oucauticos , fe devem entender as mefmas , e outras razcenspara e rejeitar , ou fe na uzar , em quanto puder fcr

    i^ Em quanto os vazos forem pequenos , e fe puder to-mar o fangue com remdios uaves , retringentes , e humaprudente, e boa compreTa, e ligadura, ler melhor, doque por outra qualquer forma , fugindo primeiramente da

    applicaa dos cautrios, e caufricos, pelas razoens ditas,

    e porque no tempo das digeiloens cahindo as efcaras poderepetir o fangue.

    Remdios reftringentes para tomar fiuxos de fangus ?19 Termentina y ou o feu ejpirito bem quente'^ efpirito

    e vinho retijicada quente , confoUdante em forma falida ,agua njttriolada \ o licor eftitico de JVeber \ o magifleriode pio \ agua efttica de Lamer^im ; mafa eftitica de Galle-no \ botoens de fos cheios por dentro de ps de caparrozade Chipre , ou de vitrolo branco , de que cada hum fardeleio : Jendo-lhe precizo , o agarico he efpeeifico remdioarterial.

    20 As amputaoens das mais partes repetillas , feriarepetir quazi o mefmo ; advertindo porm , que quando fo-rem dois os oos 5 que fe ha de ferrar , fe ferraro aomefmo tempo ambos , como quando fe fizer a amputaoo antebrao ; e quando fe errar a tbia , q peroneu , feaTcntar melhor o ferrote nos dois oos , ficando o opera-dor entre as pernas do enfermo , acabando de ferrar pri-meiro o oTo mais delgado; e antes de fe ferrarem os doisoos , fera precizo com a faca pequena cortar as carnes,que fe acharem entre elles

    ,para o ferrote as na dislacerar.

    21 Na ma e pode praticar amputar-fe pela ua arti-culao 5 que faz com o aitebrao \ o que nao poder feri\o p ^ pela diverfidade da articulao com ztibia {Qrgin-glymGza, Nos dedos fe poder praticar

    ,pela articulao

    dos feus oos,puxando- fe pelo feu comprimento , no mef-

    mo tempo do corte.22 Dos artus uperiores fe deve conferyar delles ornais

    ,Part, L H qu

  • 5*^ Livro III.

    que puder er do feu comprimento ; e dos inferiores erela niza menos attendivel , porque , fendo o coto da ti-bia ^ fera mais commodo ficar mais curto.

    23 Em todas as amputa^oens , quanto mais fe puder fal-var dos tegumentos , e trazellos aTiiiia do coto , tanto maisbreve fe cicatrizar : raza , porque querem alguns moder-nos que eja melhor a amputao duplicada, ou a dois fios,particularmente quando a idade he mais adiantada. Qi^antomenos o ar tocar o oTo, tanto fera menos , e mais brevea fua esfolheaad. Quando a artria fe demonfrrar , e ficarpatente , fe nao far precizo aFroxar o torniquete para alaquear 5 nem o uzo dos peretes , ou pinfas,

    14c ^ amputao duplicada e faz quazi da mefma for-ma, f com a diparvdadc de fe cortarem por huma vezostegumentos t puxados abaixo o que puder fer , depois decortados, fe eleva alima o pofivel , e fe cortao os muj^culos ^ e mais partes at o olo ; quanto mais aTima m.ellior

    fera,para melhor fe cobrir b coto dos tegumentos , e da

    carne , e fe cicatrizar mais breve.25* Quando fe fizer qualquer amputao , fe deve antes

    apparelhar tudo muito curiozamente , e polo em huma ban-deja por ordem , que fe v feguindo i primeira coiza at ultima , e fora da vifta do enfermo : o que fe ha de ap-parelhar fe tem explicado na execuo da obra. Os appo-zitos fera de largura , e comprimento fegundo groiura

    do mem.bro.26 Quando fe adminilrar a atadura de afalar as car-

    nes 5 com ella fe elevaro elas quanto mais Pima puderfer, aonde fe cortar o perioflio, e fe aalar, para que,ficando mais carnes , e tegumentos , venhao acompanhar,

    e cobrir ooo ; no que haver grande cuidado ; de que fe fe-

    guir m.enos , e mais breve a esfolheaa do oo , e a ci-

    catrizao da chaga : e nelas circumlancias conile a va-

    riedade das opinioens tao quebioiadas dos AA. modernos.Quando fe quizer laquear a artria, fe fecontrahir, fe lhepegar com huma boa pinfa , ou perrete para que com maiseguranfa fe laquear, e na ficar a lirnha comprehendo f as

    carnes, e repetir o fangue, como tenho vilo perecer alguns.A ligadura primeira para fupender o iangue ; fera melhor

    em

  • Captulo VI. do "Efitomeno , e Amputao, ^0m fima de hum f oTo > porque mellior lhe chegar acomprea, e e na uniro os ofos luim com o outro de-pois de ferrados, que difficultarao a kqueaao das artrias,e facilitaro a repetio do angue. Lembra-fe a amputaolamboidal ; porm he mais doloroza, e vagaroza &c.

    Se o EJiiome7to fo7^ em enfermo , que peia fua fraqueza ,ou por outra qualquer cauza fe lhe na poffa fazer ampu^taa da parte

    ,que fe far ?

    27 Quando o EHomeno for em enfermo , que eteja emelado de fe nao poder praticar a operao , fe tratar co-

    ino gangrena eTencial , dando algumas farjas profundas , etranverfaes at o oo ; fe repetir algum fluxo de angue ,fe tomar como fica dito : o relo do membro delle e de-ve feparar o podre ^ defeccar , e embalfamar ; e fe chegar

    a termos de parar a corrupfao , fe ferrar o oo 5 e pro-

    feguir o refto da cura como fica dito.

    CAPITULO VILBAS FRIEIRAS.Oue coiza he Frieira ?

    1 T T E huma infamm.aao tumoroza nas extremidadesjfi do corpo j pr cauza do frio no tempo do Inverno

    Cauzas.

    2 A principal cauza he o frio vehemente,que relrin-

    ge, e comprime os poros, e vazos fanguineos mais delga-dos 5 e incraando nimiamente o fangue , o faz encalharnas partes extremas ^ como nos dedos , e outras partes.

    Signaes,

    5 Principia por huma infammaa pequena , e flava ^com pruido ; e augmentando-fe o extafls , paf'a6 a cor li-vida : outras com dor , e ardor : e havendo maior fermen-tao, fazem exulceraoens.

    Frog7toflicos>

    4 Se as frieiras fa incipientes ., e fe lhes evita o friafoccorrendo-as methodicamente , nao tem perigo ; fe fe up-

    pura 5 fa as uas chagas difliceis de digerir , e de as

    chegar a cicatrizao em quanto a parte fe nao conerveH ii quen-

  • 6o Livro IILquente. Quando o encalhe he maior, a parte e faz livl-da , e ha perzilencia do frio ^ pode paTar ahuma gangre-fia i e a hum ejiiomeno.

    Como fe cura as Frieiras ?5' Conille a lua cura em dilover o fangue , para que

    melhor circule , no todo , e na parte : no todo , reparandoo enfermo do frio

    ,particularmente a parte aeca , e talvez

    na cama , adminilrando internamente diaforticos , e an-grias, fendo precizas.

    Na parte , os remdios difcucientes ditos no Capituloda Gangrenapor cauzafria^ adminilrados pela mefma for-ma dita no memo Cap. Sendo j uppuradas , fe trataroas chagas com os digelivosbalfamicos, confervando apar-te empre quente,

    CAPITULO VIILBo panarcio.Que eoiza he Panaricio ?

    1 TT E hum apoftema inlammatorio , que ordinria-J. J. mente fe forma nos dedos junto das unhas.

    Quantas ijferenjas ha de Panarcios ?2 Trs: i. Su^zx^zi benigno. 2. Central maligno, ^q-

    to nos tendoens, e fus bainhas. 3. Mais central, tambmmaligno , feito no periolio , e oTo.Quaes Ja as caufas do Panaricio ?3 Sa as mefraas do Fleimao ^ q o nlmio frio, particu-

    larmente repentino , elando o dedo quente ^ e algumas ve-

    zes poder haver mais acritude no fangue.Quaesfao os Jignaes do Panaricio benigno ?4 Sa dor , innammaa rubra , e tamoroza nos dedos

    ,

    ordinariamente junto das unhs.

    Quaes fa os jignaes dos Panaricios malignos ?

    5 Sendo malignos , era mais centraes , pouca incha-

    o externa , dores muito violentas , que fe continua por

    todo o artu , tirando todo o decano ao enfermo , de dia ,e de noite 5 pelas partes , que occup?i , ferem muito enl-

    veis , mePOS flexveis , pela compi-eao , acritude , e fer-

    mentao dos fluidos ^ eguindo-e febre , e delrios ( algamas

  • Capitulo VIU. do Pajaricio, 6tmas vezes ) lendo nos tendoens , e fus bainhas , havermais perceptvel inchao , infiammano , ou fera menoscentral , do que fendo no periojlio , e o(fo.

    Frognojlico dos Panarcios,

    6 Szno beiiig72os , carecem de todo o perigo, ainda ques vezes fe perde a unha com algum 'jincommodo. Sendoifialignos 5 fuppurando-e , pcjdc a matria deftruir as bai-

    nhas dos tendoens , e os mefmos tendoens ; e diFundir-epor onde correm , e e movem , e perder-fe o movimentoda parte , com deformidade delia. Se a matria tocar ooo , lhe far corrupfa , ou caria na fua fuperlicie , ou pe-netrando- rodo af fua filulozidade , ou va. Pdefer o damno em hum f ojfo , ou em mais , nos da primei-ra ordem , ou em outra qualquer , e deftruir o dedo emparte, ou todo, e s vezes fe entumece a ma , e carpo.Para evitar os ditos damnos o melhor meihodo curativo hea vigilantiiTima rezolua. Tomando a egunda terminaode fazer matria , e deve extrahlr logo muito no princi-pio da fua fermentao

    ,para na haver os maus produdtos

    aUraa ditos.

    Como Je cura a Panarcio benigno ?7 Cura-e da mema forma que o Fleimao.Como fe cura os Panaricios malignos ?^ Com quatro tenfoens. Ordenando a vida ao doente \

    Evacuando a cauza antecedente : Atendendo aos eus acci-dentes , e cauza conjunta.

    5> Ordenando a vida , adminilrando o regimento ditono Fieima. Evacuando a cauza antecedente y fangrando oenfermo no brao contrario , ou no p da mefma parte jparticularmente havendo impedimento.Como je ha de attender aos accidentes , e cauza con-

    junta na parte ?IO Havendo alguma coiza cravada como efpinha , ef-

    quirola de pau (i^c, fe extrahir com fuavidade , e na par-te mitigar as dores com emborcaoens de leite com tria-ga y e quente^ depois fe porap pannos em forma de maltamolhados , e atadura , fitio alto , mandando remolhar amido com o mefmo bem quente ^ ou e uzar os rem-dios feguintes,

    II

  • i Lhro IIT.11 !. Cozimento de folhas de malvas] de violas ^ ma--

    cella , coroa de Rei , ma^ijerona , feito em leite quantobaile para iib.ij. , triaga gij. mifc.

    12 i. Cozimento deperos camoezes^ macella\ manje-tona, coroa de Rei ^ malvas, violas , parietaria , feito emcaldo de gallinha q. b. para lib.y. , triaga ^^ij. , c e ap-plicar quente como aiimae

    13 N bailando , fe applicaro as cataplafmas anodi-nas de mica panis , ou de peros camoezes ditas no Cap.do Fieimao.

    Internamente que remdios fe devem adrinijlrar ao en-fermo ?

    14 Na continuao das fangrias , e mais remdios naparte affima ditos , e fmiilhantes , e devem adminiilrar ao en-fermo amendoadas com laudano , e xarope de papoulashrancas , leite , e fimiihantes remdios , para conciliarem

    todo o poTivel ocego 5 e mitigar as dores.

    At quando Je ha de cont7uar com ejles remdios ?15' At ver fe fe omittem os accidentes das dores, e in-

    fammaaG : e fe aHm fe ufpenderem os ditos accidentes ,e tomando a terminao de fe rezolver opanarcio , fe admi-niftraro os rezoiutivos mais prprios dos cozimentos aro-

    mticos, e os mais , ditos no Cap. do Fieimao: de cuja re-zoluao ( havendo-a ) fe feguir ao enfermo hum grandebeneficio, evitando- fe os damnos ditos numer. 6.

    Continuando as dores ^ e na obedecendo aos remdios di^tos , que fe far ?

    16 Deve-fe entender que a matria , que forma o P/7-taricio 5 toma a terminao de fe uppurar , ou de fazermatria ; e logo fe deve abrir , e tirar a dita matria mui-to no principio da fua fermentao.

    Como fe ha de conhecer no aedo onde efid o Panariciomaligno para Je abrir ?

    17 Pela tumefacfao , que fe puder divizar , pelo lugar

    das dores , e por alguma obfcuridade da parte , podendo

    alcanfar-fe pela tranfparencia , que far huma luz pola daparte contraria do Panaricio,

    Como fe ha de abrir o Panaricio maligno'^18 Feita a demarcao onde fe ha de abrir, bem itua^

    do

  • Capitulo F^IIL do Fanartcio. 65do o dedo , e eguro ele , e o ar tu deile , e abrir comhuma boa lanceta ( que fera menos molelo ) pela parte Ja-terai do dedo , menos q.ue nao feja muito na ua extremi-

    dade , entre os tenoens , e juas bainhas ^ e fem offender

    etas partes, e a artria lateral do dedo. Far-le-ha cezu.-

    ra de fuiiciente grandeza, e profundidade , que penetre op?2aricio at onde eftiver a matria que o forma , mas deorre que , e cftiver nas bainhas , e tenoens , na devechegar a inciza ao oj]o \ e fe eliver no periojiio , at o

    oo e far a inciza. Havendo algumas finuozidades , fedevem dilatar, ou contrabrir prudentemente.Que mais fe deve fazer quando fe abre o Fanarido ?19 Examinareha darano , ou corrupfao no offo : conhe-

    cer-fe-ha o damno no ojfo , por ahir j matria cozida j efe for de mais tempo , ter mau cheiro , e fr farelenta ;e pela tenta , ou dedo fe perceber dureza , afpereza , eefigualdade no offo ; e na havendo damno nele , na ha--ver os ditos lignaes.

    Aberto o Fanarido , na havendo damno no offo , oufen-do f nos tenoens , e fus bainhas , covo fe ha de curar ?20 Se e abrir em verdade , e correr muito fangue , fe

    deixar correr algum, , e fe formar com efpirito de ter-rnevtinay pannos prprios , e atadura ; e fe as dores foremmuitas

    ,por fima da formao fe admioilrar cataplafm,

    a^wdina-. e dando o fangue lugar, ou correndo pouco, ouno egundo dia , curar-e-ha com efpiritv de termentina ostenoens y e fus bainhas ^ e o relo da chaga com o balformo de Arci , ou outro dlgelivo , ajuntando-ihe algumatriaga:, e por \m2 cataplafma ancdina

    ^panno, e atadura,

    bom itio : continuar-fe-ha aTim at fe omittirem as deres,e fe fazer a digeila : depois fe mundificara , encarnar ^e fe cicatrizar

    ,paando ao uzo dos empiaftros.

    Havendo damno no offo , corno fe ha de curar ?21 Todo o damno e deve por patente com hum cani-

    vete pequeno^ e curar- e-ha o olo com fios feccos , e ornaiscom qualquer relringente , fe o langue correr muito \ enaoendo o fangue muito , fe curar com balfamo de Arcd . ououtro digeitivo , por ima cataplafua anod7ia , cu emplai-tro digerente, como o Zacharias ^ ou Diaquilo &c.

    '

    1\Q

  • ^4 Livro IILNo feguno dia como Je ha de curar ^ e continuar opro'

    greJjTo dejia cura ?

    2Z Sendo o damno , ou corrupfao do o[fo pouca, po-

    dendo legrar-fe , e legrar , e curar o oJ]o com efpiritoemnhofulfurado^ e canforado ^ ou com tinlura de myr-rha \ 2l mais chaga fe curar coai o digelivo anma dito

    ,

    e com a mefma cataplafma , ouemplalro. Feita a digeta,

    fe mundificar ^ e depois da esfolheaa do offo fe encar-va y e e cicatriza.

    Sendo a corrupfao muita , e talvez antiga,que compre-

    henda todo hum ojfo , ou 7nais em hum dedo , como fe hade curar}

    23 Defcorcinar, e pr patente todo o Qjffo^ ou todos osque tiverem o memo damno \ mas de forte , que a dilace-ra

    fao das partes com os cortes ( ainda que devem fer os

    mais longitudinaes ) feja a m.enos que for poIi'/el , e f aque baile para extrahir o oJfo ou ojfos , deixando icar asmais partes: extrahido aTim o offo^ ou o(fos ^ e formar,

    e tomar o fangue com qualquer retringente , ou com ioseccos 3 pannos , e atadura. .

    24 No fegundo dia fe continua a digela , e depoisdela e mundifica : e e da extremidade do oo , que ica

    ,

    houver alguma pequena" esfolheao , e efpera haveila

    ,

    e depois fe encarnar , e cicatriza. Feita afim a extrac-

    fa dos oJfos , icar o dedo miis curto , mas m.ais bem i-gurada a ma , do que fem todo o dedo. Sendo o panri-do no oJfo .^ fe curar da mefma forma aima dita.

    Eftando todo o dedo , feus ojfos ^ tendoens , e mais par-

    tes , com chagas callozas , ou carctnomaticas , em ejlado

    de je nao poder confervar , que fe deve fazer ?

    25* Achando-^^neTe elado os ltimos offos -^ e mais par-

    tes do dedo 5 fe far a feparaa pela ua articulao, de

    forte que fique o reto do dedo livre , e fem tocar o ojfoque fica: comprehendendo o damno todo o dedo em todasfus partes , fe deve cortar todo fora pela articulao que

    faz com o metacarpo : faz-e efta operao , depois de tudoappareihado , bem fituada a parte , e feguro o artu , pu-^cando-e o dedo pela faa extremidade, e paando o inftru-

    mento incizorio i como huma faca pequena ) defde os te-^ gumen-

  • Capitulo VIU. do Panartco'. 6^gumeitos por entre a articulao , e cortar tudo fora ;

    .

    com advertncia porm , que quando e fizer o corte dodedo pela articulao , que faz com o metacarpo , e princi-

    piar os cortes pelas partes lateraes , mais aRma da ar-,

    ticulaao, donde fe ha de cortar, de forte que fiquem te-

    gumentos, e mais partes para cobrirem o coto, ou topo do

    oo, que fica , para melhor figura , e mais breve fe cica-

    trizar : feita aim a operao , fe fupender o fangue , e

    fe profeguir a cura como alima. Quando for precizo am-putar algum dos ofi;os das ultimas falanges , fe o damnonao chegar articulao, poder fer melhor ferrar o oo

    pelo feu meio.

    Que coiza he Feterigio}I He huma prolongaao de fibras carnozas , que fe con-

    tinua das chagas junto das unhas , a qual e abate , e cura

    com os remdios efcaroticos , fendo o melhor a pedra in^fernaU Vide pag, 199.

    CAPITULO IXDO ANEURISMA.Que coiza he Aneurifma}

    1 Y TE hum tumor 5 que cede aotadlo, pulfante, fel-Jl j. to de fangue arterial , por extenfa ^ ou ruptura

    das tnicas da artria.' Quantas tfferenfas ha de Aneurifma ?2 Duas : Verdadeiro , e Efpurio : o Verdadeiro fe faz

    por dilatao das tnicas ^s artrias ^ de todas , ou de par-^e delias , ficando o fangue clauzurado pelas mefmas tnicas.O Efpurio he quando fe faz por ruptura de todas as t-nicas , ajuntando-fe o fangue debaixo de ponevrofe , doswujculos , e de outras partes , ou dos tegumentosQuaes fa as cauzas do Aneurifma , e como fe faz ?3 Sa internas, e externas -.zs internas fa6 a fraqueza

    das tnicas da artria , que por cauza dela , e combatesdos movimentos , e pezo do angue , fe dilata gradualmen-te , e fe faz hum facco , hrnia , ou tumor preternaturde angue arterial : a corrupfa dos fluidos , por encalhedelles, e fermentao no corpo das mefmas tnicas inter%

    Part L J nas'^

  • 66 Lhro IILnasj rotas elas , fe dilarao as externas com os impulfos dofangue , fazendo-e aiTim o aneurifma verdadeiro ; e rom-pendo-fe todas as ditas tnicas ^ e ar efpuriOy como fe dizaiima numer, 2.

    4 Suppofto que em toda a peToa , e parte em que haja ar-teria

    ^ fe poa fazer aneurijma ^ he mais commum nas ar-^terias cartidas das mulheres com as violncias do parir

    ^^

    e nos homens nas curvas das pernas , por cauza de forfasviolentas; rompendo-fe a tnica interna, e faz o aneurif-ma como ica dito ; ainda que nas mulheres fao mais as va-rizes 5 e bcios , do que aneurijinas nas ditas artrias car-tidas.

    Cauzas externas}5" Pde fer todo o inlrumento incizorlo 5 ou perfuran-

    te , e contundente : O incizorlo , como a lanceta , quandoe fangra no brao a va bazilica , fe fe oFende a artria 5rompendo-fe em parte , ou de todo as fus tnicas : quando odamno he pouco , mediante os movimentos , e alguma mat-ria na cezura, fe acaba de romper a artria ^ e fahe o fan-gue: e fendo muito o damno, que penetre todas as tnicas,na unindo a interna ^ como nervoza , e mais fujeita aosmovimentos continuos, eonferva a. cezura nella ; e as ex-ternas por contrarias razoens fe podem unir , e diftender pe-lo langue, que fahe pela dita cezura da tnica nervoza: Oinlrumento contundente dilacerando , e adelgaando as t-

    nicas da artria , fahe o fangue de parte , ou de todas ; ouquando ocontuzo nella it fuppura, e a matria as rompe ^e fe faz o aneurijyna como fica dito.

    Signaes do Aneurifma ?6 Ser o lugar c artria^ o tumor cedente ao tadlo

    ;

    c comprimindo^fe 5 fe diminue conideravelmente , ou fe re-

    colhe de todo mefma artria , porm tirada a comprefa ,torna logo mefma grandeza : principia pequeno , e fe vaiaugmentando pouco ^ e pouco; na haver mudanfa na cordos tegumentos, em quanto na for muito grande; e o ig-nal mais veroimil fera a pulaa correfpondente do pul-

    fo, que ela f elar perdida , havendo aperiao , ou rupta-

    ra em todas as tnicas ( e enta fera efpurio ) ou fendo afangue muito ^ e. grumozo^ e eri.o aneurifma maior, e

    com

  • Captulo IX. do Aneurifma. ^7com alguma dureza: e de todo o leu principio e progref-o dar o enfermo a narrao j e cm alguns haver rugi-do , e dor ; e cuidar-e-ha em fe dilinguir das equivocas,

    Progjwjiicos.

    7 O aneurima he enfermidade muito perigoza , e irre-medivel : quando he pequena , em partes extremas , em ar-tria pequena , e poder curar havendo aiftencia de Ci-

    rurgio perito : em partes menos extremas , onde ha maisde huma artria , como no antebrao , na bailando os re-mdios , e prudentes ligaduras 5 fe poder laquear a art-

    ria , mas com trabalho , e muito perigo : na artria nica

    ,

    que ferve nutrio da parte , como a crural na coxa

    ,

    fendo precizo atar-e, fera tambm preciza a amputao damema parte: fendo no tronco , ou maior artria do corpo

    ,

    ou junto delie , como nas cartidas , axilares , e ilacas ,principio das cruraes junto s virilhas , chegando o aneu-rima neftas partes ao ultimo da extena das tnicas , e das

    mais partes, ou de arrebentar, fera tambm chegado o ul-timo termo da vida fem remdio. O acco aneurifmal pelafua parte interna fe lhe podem formar laminas de fangue e-peTo , e fazer acfoens polipolozas. Sendo o Aneurijma^grande , e interno , comprimindo os oos os pode cariaroComo Je cura o Aneurijma ?B Com remdios internos , e externos,9 Os internos contaro de angrar o enfermo revulfo-

    rlamente, e devem er copiozas , e repetidas : os alimen-tos , e remdios fera de qualidade que engroem o angue , eminorem os eus movimentos , recommendando huma grandequietao ao enfermo, e evitar-lhe toda a paixo da alma

    10 Os remdios externos fe praticar fegundo qua^lidde 5 eftado 5 e parte que preoccupar o aneurifma \ divi-dindo o feu methodo curativo em duas partes : o primeiroconftar de compreoens , com compreas, ligaduras, e re^mdios ; o egundo de operao manual.O primeiro quando fe deve praticar ?1

    1

    Quando o aneurijma he incipiente 5 e pequeno , femfangue grumozo, com efperanfa de fe poder unir a cezurda artria , ou confortarem as fus tnicas , mediantes as

    compreToens , e remdios.

    lii o

  • 8 Lhro IILO fegun quando fe deve executar ?12 Quando o aneurifma he grande , e o fangue "eft

    grutnozo 5 ou el para arrebentar , em parte, onde e pof-ia fazer ilir, ou tomar o fangue com compreloens , e li-gaduras , com lqueaa , ou com fogo; e em todo o aneu*rjfma , que fe na po0a curar pelo primeiro methodo, ee pola praticar a operao j ainda endo pequeno.O primeiro niethodo de curar o Afieurifma com ligadu--

    ras 5 e remdios , como fe faz ?13 Se o aneurifma for na iexura do brao, por cauza

    de lanceta no fazer da fngria , ou por oura cauza imi-lliante , e em outra qualquer parte , onde bem e poTa com-primir, e ligar, fe far pela forma feguinte.

    14 Apparelhado todo o precizo , ituado o enfermo, ea parte que eleja firme, e fegura , fe recolher todo o fan-gue dentro da artria , comprimindo o tumor at cezuradelia com o dedo pollex \ e em fima deita f hir pondochumaos pequenos redondos proporfa da cezura , moIhados em algum relringente confoidante , e os fubfequen-tes maiores , e de figura comprida , e elreitos , e polo ofeu comprimento pelo comprimento do brao ; eles fe hl-r com.primindo , e feguindo at fazer huma fuiiciente ele-vao de figura piramidal inverfa , fobre a qual fe por hu-

    ma lamina de chumbo groa ( que na ceda ligadura )de largura de toda a groTura do brao, e bem direita emfima dos chumaos ; e fe firmar tudo com huma ataduraelreita, que fe apertar quanto baile para fufpender a fa-

    hida do fangue pela cezura da artria , para fujeitar-lhe omovimento, e melhor fe unir," ou fe confortarem, e repo-rem as tnicas em feu prlino fer.- Que remdios Je hao de applicar nos chumaos fohre aruptura da artria}

    15' O ETenciaUTimo remdio confile na boa , e bem ad-minilrada comprela, e ligadura; conervada bem em feulugar por tempo de mezes , ou mais tempo , fegundo a pre-ciz , repetindo-a pela mema forma quando alguma ne-ceTidade o pedir , como dor , infiammaa , ou fe fe afroxar.

    16 Os remdios , que ha de levar particularmente osprimeiros chumaos ^ fera aglutinantes ^ como. o ejpirita

    ' dQ

  • Captulo IX. do Aneurijna, 6^ie termentina , haljamo catholico , efpirito de 'vinho reti"

    -ficado , o licor ejliptico de Weber , o confoUdante , e como de que le fizer eleio , fe mandar remolhar os ditoschumaos mais prximos cezura da artria , as vezes pre-cizas 5 como melhor parecer : outros uza dos fumos frios ,e de agua de neve,

    17 A mefma compreTao , pela mefma forma aTima di-ta , e pode praticar , pondo por primeira coiza , depois derecolhido o fangue, hum bot grande de papel m.aligadojou botado de molho em algum relringente liquido , e pi-zado o papel , feito o bot proporfao da parte , e cezu-

    ra 5 por fima os chumaos , e ligadura j diligencia , de quefe tem tirado boa confequencia. Far-fe-ha a comprelao , eligadura de forte , que fe na embarace o tranzito dos flui-dos para fe na gangrenar a parte.

    18 Muitos Ecritores 'Parijfienfis , e hondrinenfis teminventado inlrumentos comprimentes para comprimir o lu-gar da cezura da artria , fem comprimir os mais vazosfanguiieos 5 para por elles circular o fangue , e e na fe-guir huma gangrena^ ou efomeno da parte; de que fe po-de uzar 5 e ver elampados em Heifier , tom, 2. efian^llkli.fig, 8.^ ^.y ainda que a ligadura aTima dita tem ven-cido na aneunfmas , mas tambm fluxos de fangue comfelicidade.

    At quando fe ha de continuar com efle priyneiro metho^do curativo ?

    -

    19 At que o aneurifma eleja curado , que fera pre-cizo continuar- e a mefma cura 40 , ou 50 dias , ou maistempo; o que fe julgar pela grandeza , e antiguidade doaneurifma.

    Como fe conhecer que o aneurifma efd curado ?10 Porque , tirada a ligadura ^ e conferva a parte em ua

    rma natural, e fem tumor 3 ou com hum allo peque-no no lugar a cezura.

    Depois de curado o Aneurifma , que fe deve recommen^dar ao eifermo ?

    21 Confervar mais algum tempo alguma ligadura;que

    nao faa violncia alguma , particularmente com a parre af-feda ; e nao deve uzar de alimentos , que liquidem ; e pro-mova o fangue, 22

  • 70 Lvro III,22 Se o aneurijma for em parte, onde fe nao poFa fa-

    zer iiuma exafta comprefa , fe far como a parte o permittir , para a nao deixar dilatar n^ais em menos tempo;mas de forte , que a comprea nao faa attenuar , inflammar

    ,

    exulcerar, e gangrenar as partes &c,O fegundo methdo de curar o Aneurlfma par obra ma-*

    liuaU como fe faz}

    23 Dado o prognolico , feita huma conferencia , ou jun-^ta 5 dipoto o enfermo , bem tuado , e confortado , appa-relhado tudo pra a operao , fuppondo o aneurijma najlexura do brao ^^ fe lhe applicar na parte fuperior o tor-niquete ^ ou ligadura, como para a amputao, apertandoat parar o curo do fangue , por meio do dito torniquete ,cu garrochinho ; e eguro ele por hum dos miniftros , fe-gurar-e-ha tambm o artu pea parte fuperior, inferior, epofterior do aneurifma \ e aFim , elavel a parte , ficando ooperador livre , com a ma equerda comprimir o tumorentre os dedos, e logo com hum inftrumento incizorio/^-a-i ou canivete abrir o aneurifma pelo comprimento daartria , e do brao , fazendo aperia at chegar ao fan-gue delia , e de fuiiciente grandeza , para livremente feprofeguir a operao, e ficar patente a ruptura da artria

    24 Feita a inciza , tirado todo o fangue , que continha

    o tumor, e bem limpo com huma efponja, elando patentea artria , fe levantar com hum inftrumento ( podendofer) e e lhe palar por baixo huma agulha curva , comhum fio forte na ponta , e fe atar fobre i pela partefuperior da cezura , e do facco , dando o fegundo n fobrebuma compreazinha ; e pela mefma forma fe ligar pelaparte inferior, fendo precizo impedir o regrelo do fangue,deixando ficar a artria fem a cortar. Quando a artriaefteja efcondida , fe mandar afroxar a ligadura , para fedemonftrar .pelo angue , que por elia repetir ; e fendo pre-

    ciza mais alguma incizao nas carnes para fe poder laquear ^fe far pelo eu comprimento , e fem a oender , cuidando

    muito de na incluir com a agulha , e linha o nervo bra-*chiai \ e o tendo , ou ponevrofe do muculo bif/lpete : co-nhecer-fe-ha eftar bem laqueada , porque , afroxada a liga-dura, nao repetir o fangue.

  • Capitulo IX, do Aneurtfm ^fr25* Atada 2 artria, fe formar com ios feccos , fazen-

    do alguma maior compreTa em ima delia ^ e fe feguiroas comprelas, ou gualapos , ou pannos molhados em aguaardente; e tirada a ligadura :> fe por huma comprea pelocomprimento do brao em fioia da artria , e por Uma detudo atadura, que na fique demaziadamente apertada \ de-pois fedar bom fitio aparte: fangrar-e-ha o enfe