Citações eucarísticas primitivas - 1ª parte

8/9/2019 Citaes eucarsticas primitivas - 1 parte

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Citaes eucarsticas primitivas (1 parte)

Segue-se uma compilao de citaes de escritores dos primeiros trs sculos docristianismo sobre a Ceia do Senhor ou Eucaristia.

Didaqu

A Didaqu ou "Doutrina dos Doze Apstolos" provavelmente o documento cristomais primitivo conhecido. annima, e foi composta provavelmente na Palestina ouSria na segunda metade do primeiro sculo.

Cito segundo a edio bilingue de Daniel Ruiz Bueno.

9. (1) Quanto aco de graas [euxaristias], dareis graas desta maneira:(2) Primeiramente, sobre o clice:Damos-te graas, Pai nosso, pela santa vinha de David, teu servo, que nos deste aconhecer por meio de Jesus, teu servo. A ti seja a glria pelos sculos.(3) Depois, sobre o fragmento:Damos-te graas, Pai nosso, pela vida e pelo conhecimento que nos manifestastepor meio de Jesus, teu servo. A ti seja a glria pelos sculos dos sculos.(4) Como este fragmento estava disperso sobre os montes e reunido se fez um,assim seja reunida a tua Igreja dos confins da terra no teu reino. Porque tua aglria e o poder por Jesus Cristo eternamente.(5) Que ningum, porm, coma nem beba da vossa Eucaristia, seno os baptizadosno nome do Senhor, pois sobre isso disse o Senhor: No deis o santo aos ces.

10. (1) Depois de vos saciardes, dareis graas assim:(2) Damos-te graas, Pai santo, por teu santo Nome, que fizeste habitar em nossoscoraes, e pelo conhecimento e pela f e pela imortalidade que nos deste aconhecer por meio de Jesus, teu servo. A ti seja a glria pelos sculos dos sculos.(3) Tu, Senhor omnipotente, criaste todas as coisas por causa do teu Nome e desteaos homens comida e bebida para seu desfrute. Mas a ns nos fizeste graa decomida e bebida espiritual e de vida eterna por teu servo.(4) Antes de tudo, damos-te graas porque s poderoso. A ti seja a glria pelossculos dos sculos.(5) Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, para livr-la de todo o mal e faz-la perfeitaem teu amor, e rene-a dos quatro ventos, santificada, no teu reino quepreparaste. Porque teu o poder e a glria pelos sculos.

14. (1) Reunidos cada dia do Senhor, parti o po e dai graas, depois de terconfessado os vossos pecados, para que o vosso sacrifcio seja puro.(2) Todo aquele, porm, que tenha contenda com o seu companheiro, no se junteconvosco at que no se tenha reconciliado, a fim de que no profane o vossosacrifcio.(3) Porque este o sacrifcio do qual disse o Senhor: Em todo o lugar e em todo otempo se me oferece um sacrifcio puro, porque eu sou rei grande, diz o Senhor, eo meu nome admirvel entre as naes. [Mal 1:11,14].

Clemente de Roma

Este bispo de Roma escreveu em finais do primeiro sculo uma carta Igreja de

Corinto. Nela no trata da Eucaristia, mas faz aluso ao sacrifcio de Cristo comoalgo singular e j cumprido.
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1 Corntios (ed. Ruiz Bueno)

7. (4) Fixemos o nosso olhar no sangue de Cristo, e conheamos quo precioso aos olhos do Deus e Pai seu, pois, derramado por nossos pecados, alcanou graade arrependimento para todo o mundo.

21. (6) Reverenciemos o Senhor, cujo sangue foi derramado por ns...

Incio de Antioquia

Este bispo, que faleceu antes de 117, escreveu sete cartas a caminho do seumartrio em Roma. afeioado a uma linguagem ricamente simblica, pelo que assuas declaraes respeitantes Eucaristia devem avaliar-se cautelosamente. Porexemplo, disse aos Romanos: "Permiti-me ser pasto das feras, pelas quais me dado alcanar Deus. Trigo sou de Deus, e pelos dentes das feras hei-de ser modo,a fim de ser apresentado como limpo po de Cristo" (Romanos 4:1).

Tambm apresenta um ponto de vista do episcopado que no se encontra no NovoTestamento mas que ao que parece se desenvolveu cedo.

Na carta aos tralianos, citada mais abaixo, chama f, a carne de Cristo, e aoamor, o seu sangue.

As citaes so da edio de Ruiz Bueno.

Efsios 13:1.

Portanto, empenhai-vos em reunir-vos com mais frequncia para celebrar aEucaristia de Deus e tributar-lhe glria. Porque, quando apertadamente voscongregais num, se derrubam as fortalezas de Satans e pela concrdia da vossa fse destri a runa que ele vos procura.

Efsios 20:2.

Se vos congregardes, repito, para mostrar a vossa obedincia ao bispo e ao colgiode ancios com indivisvel pensamento, partindo um s po, que remdio deimortalidade, antdoto contra a morte e alimento para viver para sempre em JesusCristo.

Tralianos 8:1.

... Assim, pois, revestidos de mansido, convertei-vos em novas criaturas pela f,que a carne do Senhor, e pela caridade, que o sangue de Jesus Cristo.

Romanos 7:3.

No sinto prazer pela comida corruptvel nem me atraem os deleites desta vida. Opo de Deus quero, que a carne de Jesus Cristo, da linhagem de David; o seusangue quero por bebida, que amor incorruptvel.

Filadelfos 4:1.

Ponde, pois, todo o afinco em usar de uma s Eucaristia, pois uma s a carne denosso Senhor Jesus Cristo e um s clice para unir-nos com o seu sangue; um s


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altar, assim como no h mais do que um s bispo, juntamente com o colgio deancios e com os diconos, conservos meus. Desta maneira, tudo quanto fizerdes,o fareis segundo Deus.

Esmirniotas 7.

(1) [os que professam doutrinas alheias graa de Jesus Cristo] Afastam-setambm da Eucaristia e da orao, porque no confessam que a Eucaristia acarne de nosso Senhor Jesus Cristo, a mesma que padeceu por nossos pecados, amesma que, por sua bondade, ressuscitou-a o Pai. Assim, pois, os que contradizemo dom de Deus, morrem e perecem entre as suas disquisies. Quanto melhor lhesfora celebrar a Eucaristia, a fim de que ressuscitassem!(2) Convm, portanto, afastar-se de tais gentes, e nem privada nem publicamentefalar deles, mas prestar toda a ateno aos profetas, e especialmente aoEvangelho, no qual a paixo se nos faz patente e vemos cumprida a ressurreio.Mas fugi de toda a ciso, como princpio de males.8. (1)... S aquela Eucaristia que se celebre pelo bispo ou por quem dele tenhaautorizao h-de ter-se por vlida.(2) ... Sem contar com o bispo, no lcito baptizar nem celebrar a Eucaristia ...

Justino Mrtir

De origem palestina, filho de pais pagos, Justino foi um dos grandes defensores daf crist do segundo sculo. Fundou uma escola em Roma, onde morreu mrtir em165.

Nos seus escritos encontram-se vrias referncias Eucaristia, como era praticadae qual era o seu significado. O po e o vinho, que so capazes de nutrir o corpo,nutrem tambm as almas ao ser consagrados pela aco de graas. precisamente

esta aco de graas o que constitui um sacrifcio agradvel a Deus (Dilogo comTrifo, 117).

Cito da edio de Padres Apologetas Gregos de Ruiz Bueno.

Apologia I

65. (2) Terminadas as oraes, damos mutuamente o sculo da paz.(3) Depois, ao que preside aos irmos, se lhe oferece po e um vaso de gua evinho, e tomando-os ele tributa louvores e glria ao Pai do universo pelo nome deseu Filho e pelo Esprito Santo, e pronuncia uma longa aco de graas, por ter-nosconcedido esses dons que d`Ele nos vm. E quando o presidente terminou as

oraes e a aco de graas, todo o povo presente aclama dizendo: Amn.(4) "Amn", em hebraico, quer dizer "assim seja".(5) E quando o presidente deu graas e todo o povo aclamou, os que entre ns sechamam "ministros" ou diconos, do a cada um dos assistentes parte do po e dovinho e da gua sobre que se disse a aco de graas e o levam aos ausentes.

66. (1) E este alimento se chama entre ns "Eucaristia", da qual a ningum lhe lcito participar, seno ao que cr verdadeiramente nos nossos ensinamentos e selavou no banho que d a remisso dos pecados e a regenerao, e vive conforme oque Cristo nos ensinou.(2) Porque no tomamos estas coisas como po comum nem bebida ordinria, mascomo Jesus Cristo, nosso Salvador, feito carne por virtude do Verbo de Deus, teve

carne e sangue para a nossa salvao; assim foi-nos ensinado que por virtude daorao ao Verbo que de Deus procede, o alimento sobre que foi dita a aco de


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graas alimento do qual, por transformao, se nutrem o nosso sangue e asnossas carnes - a carne e o sangue d`Aquele mesmo Jesus encarnado.(3) E assim que os Apstolos nas Memrias, por eles escritas, que se chamamEvangelhos, nos transmitiram que assim foi a eles mandado, quando Jesus,tomando o po e dando graas, disse: Fazei isto em minha memria, este o meucorpo. E igualmente, tomando o clice e dando graas, disse: Este o meu sangue,

e que s a eles deu parte.

67. (3) No dia que se chama do sol se celebra uma reunio de todos os que moramnas cidades ou nos campos, e a se lem, quando o tempo o permite, as Memriasdos Apstolos ou os escritos dos profetas.(4) Depois, quando o leitor termina, o presidente, de palavra, faz uma exortao eum convite a que imitemos estes belos exemplos.(5) Seguidamente, nos levantamos todos juntos e elevamos as nossas preces, eestas terminadas, como j dissemos, se oferece po e vinho e gua, e o presidente,segundo as suas foras, faz igualmente subir a Deus as suas preces e aces degraas e todo o povo exclama dizendo "amn". A seguir vem a distribuio eparticipao, que se faz a cada um, dos alimentos consagrados pela aco de

graas e o seu envio por meio dos diconos aos ausentes.

Dilogo com Trifo

41. (1) A oferta da flor de farinha, senhores prossegui - que se mandava fazerpelos que se purificavam da lepra, era figura do po da Eucaristia que nosso SenhorJesus Cristo mandou oferecer em memria da paixo que ele padeceu por todos oshomens que purificam as suas almas de toda a maldade, a fim de que juntamentedemos graas a Deus por ter criado o mundo e quanto nele h por amor dohomem, por ter-nos livrado da maldade em que nascemos e ter destrudo comdestruio completa os principados e potestades daquele que, segundo o seudesgnio, nasceu passvel.

(2) Da que sobre os sacrifcios que vs ento ofereceis, diz Deus, por boca deMalaquias, um dos doze profetas: No est a minha complacncia em vs diz oSenhor -, e os vossos sacrifcios no os quero receber das vossas mos. Porquedesde o nascimento do sol at ao seu ocaso, o meu nome glorificado entre asnaes, e em todo o lugar se oferece ao meu nome incenso e sacrifcio puro.Porque grande o meu nome nas naes diz o Senhor -, e vs o profanais[Malaquias 1:10-12].(3) J ento, antecipadamente, fala dos sacrifcios que ns, as naes, lheoferecemos em todo o lugar, ou seja, do po da Eucaristia e tambm do clice daEucaristia, ao mesmo tempo que diz que ns glorificamos seu nome e vs oprofanais.

117. (1) Assim, pois, Deus atesta de antemo que lhe so agradveis todos ossacrifcios que se lhe oferecem pelo nome de Jesus Cristo, os sacrifcios que estenos mandou oferecer, ou seja, os da Eucaristia do po e do vinho, que celebram oscristos em todo o lugar da terra. Em contrapartida, Deus rejeita os sacrifcios quevs lhe ofereceis por meio dos vossos sacerdotes, quando diz: E no receberei dasvossas mos os vossos sacrifcios, porque desde o nascimento do sol at ao seuocaso, o meu nome glorificado diz - nas naes e vs o profanais.(2) Vs continuais ainda a dizer persistentemente que Deus diz no receber ossacrifcios que se lhe ofereciam em Jerusalm pelos israelitas que naquele tempo ahabitavam; e sim as oraes que lhe faziam os homens daquele povo que seencontravam na disperso, e estas oraes so as que chama sacrifcios. Ora, queas oraes e aces de graas feitas por homens dignos so os nicos sacrifcios

perfeitos e agradveis a Deus, eu mesmo vo-lo concedo.


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(3) Justamente so s esses os que os cristos aprenderam a oferecer at naconsagrao do po e do vinho, em que se recorda a Paixo que por seu amorsofreu o Filho de Deus...(5) Em contrapartida, no h raa alguma de homens, chamem-se brbaros ougregos ou com outros nomes quaisquer, ora habitem em casas ou se chamemnmadas sem habitaes ou morem em tendas de pastores, entre os quais no se

ofeream pelo nome de Jesus crucificado oraes e aces de graas ao Pai efazedor de todas as coisas.

Ireneu de Lyon

De origem asitica, Ireneu (c. 140- c. 202) foi bispo de Lyon nas Glias. Escreveuuma "Refutao da falsa gnose" mais conhecida como "Contra as Heresias." Noslivros 4 e 5, ao tratar dos sacrifcios e da ressurreio corporal, refere-se Eucaristia. Usa o facto de que aco do Senhor em oferecer elementos materiais prova de que os nossos corpos ho-de ser redimidos, ressuscitando incorruptveis.

Adversus Haereses

4.17. (4) De todos estes evidente que Deus no buscava sacrifcios e holocaustosdeles [dos crentes do Antigo Pacto], mas f, e obedincia, e rectido, por causa dasua salvao. Como Deus, ao ensinar-lhes a sua vontade em Oseias o profeta,disse: "Desejo misericrdia e no sacrifcios, e o conhecimento de Deus em vez deholocaustos" [Oseias 6:6]. Alm disso, nosso Senhor tambm os exortou com omesmo fim quando disse: "Se vs soubsseis o que significa: Misericrdia quero, eno sacrifcios, no condenareis o inocente" [Mateus 12:7]. Assim Ele dtestemunho aos profetas, que eles pregaram a verdade; mas acusa estes homens(seus ouvintes) de ser nscios por causa das faltas deles.(5) De novo, dando instrues aos seus discpulos para oferecer a Deus as primciasdas suas prprias coisas criadas no como se ele tivesse necessidade delas, maspara que eles mesmos no fossem infrutuosos nem ingratos -, ele tomou aquelacoisa criada, po, e deu graas, e disse: "Este o meu corpo." E do mesmo modo oclice, que parte da criao a que pertencemos, ele confessou ser o seu sangue, eensinou a nova oblao do novo pacto; a qual a Igreja, tendo-a recebido dosApstolos, oferece a Deus em todo o mundo, quele que nos d como meios desubsistncia as primcias dos seus prprios dons no Novo Testamento, respeitanteao qual Malaquias, entre os doze profetas, assim falou de antemo: "No tenhoprazer em vs, disse o Senhor omnipotente, e no aceitarei sacrifcio das vossasmos. Pois desde o nascimento do sol at ao ocaso, o meu nome glorificado entreos gentios, e em cada lugar incenso oferecido ao meu nome, e um sacrifcio puro;pois grande o meu nome entre os gentios, disse o Senhor omnipotente";indicando do modo mais claro, por estas palavras, que o povo anterior [os judeus]

cessar certamente de fazer ofertas a Deus, mas que em todo o lugar se lheoferecer sacrifcio, e um puro; e que o seu nome glorificado entre os gentios.(6) Mas que outro nome h que seja glorificado entre os gentios seno aquele denosso Senhor, por quem o Pai glorificado, e o homem tambm? E porque [onome] de seu prprio Filho, que foi feito homem por Ele, ele o chama como seuprprio ... Uma vez que, portanto, o nome do Filho pertence ao Pai, e uma vez queno Deus omnipotente a Igreja faz ofertas atravs de Jesus Cristo, Ele diz bem sobreambos estes aspectos: "E em cada lugar se oferece incenso ao meu nome, e umsacrifcio puro." Ora Joo, no Apocalipse, declara que o "incenso" so "as oraesdos santos".

4.18. (1) A oblao da Igreja, portanto, a qual o Senhor deu instrues que fosse

oferecida em todo o mundo, conta como um sacrifcio puro para Deus, e lhe aceitvel; no que Ele necessite de um nosso sacrifcio, mas quem o oferece ele


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mesmo glorificado no que oferece, se o seu dom aceite. Pois pelo dom sedemonstra tanto honra como afecto para com o Rei; e o Senhor, desejando que ooferecssemos em toda a simplicidade e inocncia, se expressou assim: "Portanto,quando ofereceres o teu dom sobre o altar, e te lembrares que o teu irmo temalgo contra ti, deixa a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com oteu irmo, e depois volta para oferecer o teu dom." [Mateus 5: 23-24]. Estamos

obrigados, pois, a oferecer a Deus as primcias da sua criao, como tambm dizMoiss: "No comparecers na presena do Senhor teu Deus com as mos vazias"[Deuteronmio 16:16]; de modo que o homem, sendo contado como agradecido,possa receber a honra que flui d`Ele.(2) E o tipo das oblaes em geral no foi deixado de lado; pois h oblaes a[entre os judeus] e aqui [entre os cristos]. Sacrifcios houve entre o povo;sacrifcios h, tambm, na Igreja; mas s a espcie foi mudada, na medida em quea oferta agora no feita por escravos, mas por homens livres. Pois o Senhor ume sempre o mesmo; mas o carcter de uma oblao servil peculiar, como o tambm o da dos homens livres, para que, pelas prprias oblaes, possamanifestar-se a liberdade. Pois com Ele no h nada sem propsito, nem carentede significado, nem sem desgnio...

(3) ... Os sacrifcios, portanto, no santificam o homem, porque Deus no necessitade sacrifcio; mas a conscincia do ofertante que santifica o sacrifcio quando pura, e assim move Deus a aceit-lo como de um amigo. "Mas o pecador", diz Ele,"que mata um bezerro para mim, como se matasse um co." [Isaas 66:3].(4) Na medida, ento, em que a Igreja oferece unanimemente, o seu dom

justamente reconhecido como um sacrifcio puro para com Deus. Como tambm odiz Paulo aos filipenses: "Estou cheio, tendo recebido de Epafrodito as coisas queenviastes, o cheiro de uma doce fragrncia, um sacrifcio aceitvel, que compraz aDeus." [Filipenses 4:18]. Pois devemos fazer uma oblao a Deus, e em todas ascoisas ser achados agradecidos para com Deus nosso fazedor, em uma mente pura,e em f sem hipocrisia, em esperana bem fundada, em amor fervoroso,oferecendo as primcias das suas prprias coisas criadas. E s a Igreja oferece esta

pura oblao ao Criador, oferecendo-lhe a Ele, com aco de graas, da suacriao. Mas os judeus no oferecem assim ... Nem nenhuma das sinagogas doshereges ... Como podem ser coerentes consigo mesmos, [ao dizer] que o po sobreo qual se deu graas o corpo do Senhor, e o clice o seu sangue, se no oreconhecem a ele mesmo como o Filho do Criador do universo, isto , o seu Verbo,atravs de quem a floresta frutifica, e as fontes fluem, e a terra d "primeiro o talo,depois a espiga, e depois o gro cheio na espiga" [Marcos 4:28]?(5) De novo, como podem dizer que a carne, a qual nutrida com o corpo doSenhor e com o seu sangue, vai para a corrupo e no participa na vida? Que,portanto, modifiquem a sua opinio ou cessem de oferecer as coisas recm-mencionadas. Mas a nossa opinio concordante com a Eucaristia, e por sua vez aEucaristia estabelece a nossa opinio. Pois lhe oferecemos o que d`Ele,anunciando consistentemente a fraternidade e unio da carne e do esprito. Porquecomo o po, o qual se produz da terra, quando recebe a invocao de Deus, no mais po comum, mas a Eucaristia, que consiste em duas realidades, terrenal ecelestial, do mesmo modo os nossos corpos, quando recebem a Eucaristia, j noso corruptveis, tendo a esperana da ressurreio para a eternidade.

5.1. (3) Vos so tambm os ebionitas, que no recebem por f em suas almas aunio de Deus e homem, mas permanecem no velho fermento do nascimento[natural], e no querem entender que o Esprito Santo veio sobre Maria, e que opoder do Altssimo a cobriu; donde o que foi gerado santo, e o Filho do Altssimo,Pai de todos, que efectuou a encarnao deste ser, mostrou uma nova [espcie de]gerao; para que assim como pela gerao anterior recebemos a morte, assimtambm por esta nova gerao possamos herdar a vida. Portanto, estes homensrejeitam a mistura de vinho celestial, e desejam que apenas seja gua do mundo,no recebendo Deus de modo a ter unio com Ele, mas permanecem naquele Ado


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que tinha sido conquistado e foi expulso do Paraso. No considerando que, tendosido unido ao que tinha sido formado, animava o homem, e o manifestou como umser dotado de razo; de modo que no fim, o Verbo do Pai e o Esprito de Deus,tendo-se tornado unidos com a antiga substncia da formao de Ado, tornaram ohomem vivo e perfeito, receptivo ao perfeito Pai, para que assim como no naturaltodos estvamos mortos, no espiritual todos sejamos vivificados [cf. 1 Corntios

15:22]...

5.2. (2) Mas vos em todos os sentidos so os que rejeitam a inteira economia deDeus, e negam a salvao da carne, e tratam com desprezo a sua regenerao,sustentando que no capaz de incorrupo. Mas se esta verdadeiramente noalcana a salvao, ento nem o Senhor nos redimiu com o seu sangue, nem oclice da Eucaristia a comunho do seu sangue, nem o po que partimos acomunho do seu corpo. Pois o sangue somente pode provir das veias e da carne, ede tudo o mais que constitui a substncia do homem, como foi realmente feito oVerbo de Deus. Por seu prprio sangue nos redimiu, como tambm o seu apstolodeclara: "Em quem temos redeno por meio do seu sangue, a remisso dospecados." [Colossenses 1:14]. E assim como somos seus membros, tambm somos

nutridos por meio da criao (e Ele mesmo nos concede a criao, pois causa que osol nasa, e envia a chuva conforme a sua vontade). Ele reconheceu o clice, que uma parte da criao, como seu prprio sangue, do qual Ele humedece o nossosangue: e o po (tambm uma parte da criao) Ele o estabeleceu como seuprprio corpo, do qual Ele d crescimento aos nossos corpos.(3) Quando, portanto, o clice misturado e o po manufacturado recebe o Verbo deDeus, e se faz a Eucaristia do sangue e do corpo de Cristo, de cujas coisas asubstncia da nossa carne nutrida e fortalecida, como podem afirmar que a carne incapaz de receber o dom de Deus, que vida eterna, se nutrida do corpo esangue do Senhor, e um membro d`Ele? como tambm o declara o benditoPaulo na sua epstola aos efsios, que "somos membros do seu corpo, da sua carnee dos seus ossos" [Efsios 5:30]. Ele no fala estas palavras acerca de algum

homem espiritual e invisvel, pois um esprito no tem ossos nem carne; mas daeconomia [pela qual] um homem real, que consiste de carne, e nervos, e ossos aquela [carne] que nutrida pelo clice que o seu sangue, e recebe alimento dopo que o seu corpo. E do mesmo modo em que o ramo da vinha plantada naterra frutifica na sua estao, ou como um gro de trigo que cai em terra e sedecompe nasce com um mltiplo aumento pelo Esprito de Deus, que contmtodas as coisas, e ento, atravs da sabedoria de Deus, serve para o uso doshomens, e tendo recebido o Verbo de Deus, se torna a Eucaristia, a qual o corpoe o sangue de Cristo; de igual modo os nossos corpos, sendo nutridos por ela, edepositados na terra, e sofrendo a decomposio, surgiro a seu devido tempo,concedendo-lhes ressurreio o Verbo de Deus para a glria de Deus Pai, quelivremente d imortalidade a isto mortal, e a isto corruptvel, incorrupo, pois a

fora de Deus se faz perfeita na fraqueza, para que nunca nos envaideamos, comose tivssemos vida por ns mesmos, e nos exaltemos contra Deus, tornando-seingratas as nossas mentes; mas aprendendo por experincia que possumosdurao eterna do poder insupervel deste ser, no por nossa prpria natureza,nem subestimemos a glria que rodeia a Deus tal como Ele , nem sejamosignorantes da nossa prpria natureza, mas conheamos o que Deus pode fazer, eque benefcios recebe o homem, e assim nunca nos extraviemos da verdadeiracompreenso de como so as coisas, isto , tanto em relao a Deus como emrelao ao homem. E no poder ser, qui, como j observei, que com estepropsito Deus permitiu a nossa dissoluo no p comum da mortalidade, para que,sendo ns instrudos em todas as maneiras, possamos ser precisos em todas ascoisas para o futuro, no sendo ignorantes nem de Deus nem de ns?


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Observaes sobre as citaes eucarsticas primitivas

1) A DIDAQU

Considera que o "partir" do po e a aco de graas so um "sacrifcio".

Reitero o texto pertinente:

14. (1) Reunidos cada dia do Senhor, parti o po e dai graas, depois de terconfessado os vossos pecados, para que o vosso sacrifcio seja puro.(2) Todo aquele, porm, que tenha contenda com o seu companheiro, no se junteconvosco at que no se tenha reconciliado, a fim de que no profane o vossosacrifcio.(3) Porque este o sacrifcio do qual disse o Senhor: Em todo o lugar e em todo otempo se me oferece um sacrifcio puro, porque eu sou rei grande, diz o Senhor, eo meu nome admirvel entre as naes. [Mal 1:11,14].

A palavra que usa thysia, que aparece 28 vezes no Novo Testamento e na RVtraduz-se regularmente como "sacrifcio", excepto em Lucas 2:24 ("oferta").

Em Efsios 5:2 e Hebreus 9:26; 10:12 aplica-se morte expiatria de Jesus Cristocomo nico sacrifcio necessrio e suficiente pelo pecado.

No entanto, o mesmo vocbulo aplica-se aos crentes noutros textos:

Romanos 12:1 Portanto, irmo, rogo-vos pelas misericrdias de Deus queapresenteis os vossos corpos como sacrifcio vivo, santo, agradvel a Deus, que o

vosso verdadeiro culto. (RV 1995). A Verso Popular parafraseia com acerto: "...que se apresentem vocs mesmos como oferta viva, santa e agradvel a Deus.Este o verdadeiro culto que devem oferecer."

Filipenses 4:18 Mas tudo o recebi e tenho abundncia; estou cheio, tendo recebidode Epafrodito o que enviastes, cheiro fragrante, sacrifcio aceite, agradvel a Deus.

Hebreus 13:15-16 Assim que ofereamos sempre a Deus, por meio dele [JesusCristo], sacrifcio de louvor, ou seja, fruto de lbios que confessam o seu nome. Ede fazer bem e da ajuda mtua no vos esqueais; porque de tais sacrifcios Deusse agrada.

1 Pedro 2: 4-5 Aproximando-vos dele, pedra viva, rejeitada certamente peloshomens, mas para Deus escolhida e preciosa, vs tambm, como pedras vivas,sede edificados como casa espiritual e sacerdcio santo, para oferecer sacrifciosespirituais aceitveis a Deus por meio de Jesus Cristo.

Portanto, a noo de apresentar sacrifcios a Deus em sentido espiritual plenamente conforme ao ensino neo-testamentrio. A celebrao da eucaristia, naqual os elementos so abenoados e consagrados ao Senhor, juntamente com aatitude de santidade dos ofertantes, precisamente o que constitui o sacrifcio deque aqui se fala. No h nada neste documento que sugira uma reiterao dosacrifcio de Cristo.
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2) INCIO DE ANTIOQUIA

Destaco as citaes que se seguem:

a) "Afastam-se tambm da Eucaristia e da orao, porque no confessam que a

Eucaristia a carne de nosso Senhor Jesus Cristo, a mesma que padeceu pornossos pecados, a mesma que, por sua bondade, ressuscitou-a o Pai. Assim, pois,os que contradizem o dom de Deus, morrem e perecem entre as suas disquisies.Quanto melhor lhes fora celebrar a Eucaristia, a fim de que ressuscitassem!".

b) "S aquela Eucaristia que se celebre pelo bispo ou por quem dele tenhaautorizao h-de ter-se por vlida".

Comeando pelo final, como fiz antes notar Incio adopta um ponto de vista acercado episcopado que carece de base no NT, mas que sem dvida se desenvolveumuito rapidamente na Igreja primitiva. Para Incio, o bispo e os anciosrepresentam Jesus Cristo e os Apstolos, de modo que onde est o bispo a est a

Igreja. Isto evidentemente , na opinio de Incio, aplicvel a todos os bispos detodas as igrejas crists (congregaes locais).

Incio chama ao po eucarstico remdio de imortalidade, antdoto contra a morte ealimento para viver para sempre em Jesus Cristo. Que com toda a probabilidadeentende tanto isto como a sua afirmao de que a eucaristia a carne de Cristonum sentido espiritual o mostra a sua afirmao, tambm citada, segundo a qual af e o amor dos crentes so respectivamente a carne e o sangue de Jesus Cristo(Tralianos 8:1).

3) JUSTINO MRTIR

Destaco igualmente as seguintes:

a) "Porque no tomamos estas coisas como po comum nem bebida ordinria, mascomo Jesus Cristo, nosso Salvador, feito carne por virtude do Verbo de Deus, tevecarne e sangue para a nossa salvao; assim foi-nos ensinado que por virtude daorao ao Verbo que de Deus procede, o alimento sobre que foi dita a aco degraas alimento do qual, por transformao, se nutrem o nosso sangue e asnossas carnes - a carne e o sangue d`Aquele mesmo Jesus encarnado".

A ideia aqui que do mesmo modo em que, pelo metabolismo ("transformao"),ou seja, pelo processo fisiolgico de digesto, absoro e incorporao desubstncias, o po e o vinho so uma fonte de nutrio fsica, ao ser santificados

estes elementos pela orao e aco de graas possuem um efeito anlogo nombito espiritual. Justino diz que nutrem os nossos corpos, e portanto conservamas suas propriedades qumicas; mas afirma que em virtude da sua consagrao, opo e o vinho se tornam em mais que po e vinho ordinrios. Este ponto de vistada Eucaristia, chamado metablico, parece ter sido o mais comum ao princpio. Otradutor e editor da Apologia na srie Ante-Nicene Fathers cita o papa Gelsio I, definais do sculo V: "Pelos sacramentos somos feitos participantes da naturezadivina, e ainda assim a substncia e natureza do po e do vinho no cessam deestar neles..." No surpreendente que esta afirmao de Gelsio no tenha sidoincluda no Denzinger... Tambm no aparece o seu decreto (contra os maniqueus)ratificando a recepo da Eucaristia sob as duas espcies [mencionado em TheCatholic Encyclopedia, s.v. Gelasius I, pope]. Em contrapartida, sim, aparecem

outros documentos seus.


10/10

b) "Da que sobre os sacrifcios que vs ento ofereceis, diz Deus, por boca deMalaquias, um dos doze profetas: No est a minha complacncia em vs diz oSenhor -, e os vossos sacrifcios no os quero receber das vossas mos. Porquedesde o nascimento do sol at ao seu ocaso, o meu nome glorificado entre asnaes, e em todo o lugar se oferece ao meu nome incenso e sacrifcio puro.Porque grande o meu nome nas naes diz o Senhor -, e vs o profanais

[Malaquias 1:10-12]. J ento, antecipadamente, fala dos sacrifcios que ns, asnaes, lhe oferecemos em todo o lugar, ou seja, do po da Eucaristia e tambmdo clice da Eucaristia, ao mesmo tempo que diz que ns glorificamos seu nome evs o profanais".

c) "Assim, pois, Deus atesta de antemo que lhe so agradveis todos os sacrifciosque se lhe oferecem pelo nome de Jesus Cristo, os sacrifcios que este nos mandouoferecer, ou seja, os da Eucaristia do po e do vinho, que celebram os cristos emtodo o lugar da terra".

O que Justino diz aqui conforme interpretao metablica j mencionada, j queno Dilogo com Trifo (117) diz a propsito dos sacrifcios:

"Ora, que as oraes e aces de graas feitas por homens dignos so osnicos sacrifcios perfeitos e agradveis a Deus, eu mesmo vo-lo concedo.Justamente so s esses os que os cristos aprenderam a oferecer at naconsagrao do po e do vinho, em que se recorda a Paixo que por seuamor sofreu o Filho de Deus..."

Precisamente as oraes e as aces de graas (o que significa "eucaristia") so ossacrifcios vlidos; a eucaristia , alm disso, synaxis (reunio) e anamnesis(memria) da paixo de Cristo.

4) IRENEU DE LYON

"Ele reconheceu o clice, que uma parte da criao, como seu prprio sangue, doqual Ele humedece o nosso sangue: e o po (tambm uma parte da criao) Ele oestabeleceu como seu prprio corpo, do qual Ele d crescimento aos nossos corpos.Quando, portanto, o clice misturado e o po manufacturado recebe o Verbo deDeus, e se faz a Eucaristia do sangue e do corpo de Cristo, de cujas coisas asubstncia da nossa carne nutrida e fortalecida, como podem afirmar que a carne incapaz de receber o dom de Deus, que vida eterna, se nutrida do corpo esangue do Senhor, e um membro d`Ele?".

As palavras de Ireneu pressupem o ponto de vista metablico. O argumento de

Ireneu dirige-se aos que negam a ressurreio corporal, e precisamente cito-o porextenso para que possa entender-se. Eu o resumiria como se segue: (1) Jesus norejeitou tomar elementos materiais representando o seu prprio corpo e o seuprprio sangue, o que mostra que a matria no algo inferior e descartvel; e (2)mesmo depois de consagrados os elementos eucarsticos, eles continuam a sernutritivos para os nossos corpos; no se transformam em algo exclusivamenteespiritual. De igual modo, a matria passvel de receber de Deus o dom daincorruptibilidade.

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Citações eucarísticas primitivas - 1ª parte