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Boletim Empresarial Classe 2 Contas 21 e 22 1 NOTA: Nos exemplos e exercícios que efectuamos utilizamos as taxas de IVA de 5%, 12% e 20%, no entanto as taxas de IVA, actualmente são de 6% (Lista I), 13% (Lista II) e 23% (Taxa normal). O mesmo se passa com as taxas de retenção na fonte. Ver ficheiro “Taxas de retenção na fonte”, para taxas actualizadas CLASSE 2 CONTAS A RECEBER E A PAGAR: «Esta classe destina-se a registar as operações relacionadas com clientes, fornecedores, pessoal, Estado e outros entes públicos, financiadores, accionistas, bem como outras operações com terceiros que não tenham cabimento nas contas anteriores ou noutras classes específicas. Incluem-se, ainda, nesta classe, os diferimentos (para permitir o registo dos gastos e dos rendimentos nos períodos a que respeitam) e as provisões.» (SNC Notas de enquadramento) Normas Relevantes Do conjunto das NCRF existentes destacam-se as que a seguir se apresentam por se entender que são as que têm uma maior influência na movimentação das contas desta classe. Tabela 2 NCRF’s relevantes Classe 2 NCRF Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro 5 Divulgação de Partes Relacionadas a) 9 Locações b) 13 Interesses em Empreendimentos Conjuntos e Investimentos em Associadas c) 14 Concentrações de Actividades Empresariais d) 21 Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes e) 23 Os Efeitos de Alterações em Taxas de Câmbio f) 25 Impostos Sobre o Rendimento g) 26 Matérias Ambientais h) 27 Instrumentos Financeiros i) 28 Benefícios dos Empregados j) a) É com base e em função desta norma que algumas contas desta classe têm de ter subcontas, nomeadamente as contas 21 e 22 (ver maior desenvolvimento nas contas 21 e 22). b) É com base e em função desta norma que tem significado a conta 2513. Esta norma regula o seu reconhecimento e mensuração. c) Norma relevante para a definição de “Subsidiária”, “Associada” e de “Empreendimento conjunto”. d) Norma relevante para a definição de “empresa-mãe”. e) É com base e em função desta norma que se reconhecem e mensuram as quantias na conta 29 Provisões, bem como se divulga informação sobre os activos e passivos contingentes. f) É com base e em função desta norma que se ajustam os valores das contas a receber e a pagar, entre outras nas contas 21, 22 e 25 quando se verificam alterações na taxa de câmbio. g) É com base e em função desta norma que se reconhecem e mensuram as contas 241, e 274.

CLASSE 2 CONTAS A RECEBER E A · PDF file13 Interesses em Empreendimentos ... 22 e 25 quando se verificam alterações na taxa de câmbio. g) É com base e em função desta norma

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Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 1

NOTA: Nos exemplos e exercícios que efectuamos utilizamos as taxas de IVA de 5%, 12% e 20%, no

entanto as taxas de IVA, actualmente são de 6% (Lista I), 13% (Lista II) e 23% (Taxa normal). O mesmo se

passa com as taxas de retenção na fonte. Ver ficheiro “Taxas de retenção na fonte”, para taxas actualizadas

CLASSE 2 – CONTAS A RECEBER E A PAGAR:

«Esta classe destina-se a registar as operações relacionadas com clientes, fornecedores, pessoal,

Estado e outros entes públicos, financiadores, accionistas, bem como outras operações com terceiros que

não tenham cabimento nas contas anteriores ou noutras classes específicas. Incluem-se, ainda, nesta

classe, os diferimentos (para permitir o registo dos gastos e dos rendimentos nos períodos a que respeitam)

e as provisões.» (SNC – Notas de enquadramento)

Normas Relevantes

Do conjunto das NCRF existentes destacam-se as que a seguir se apresentam por se entender que são as

que têm uma maior influência na movimentação das contas desta classe.

Tabela 2 – NCRF’s relevantes – Classe 2

NCRF – Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro

5 Divulgação de Partes Relacionadas a)

9 Locações b)

13 Interesses em Empreendimentos Conjuntos e Investimentos em Associadas c)

14 Concentrações de Actividades Empresariais d)

21 Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes e)

23 Os Efeitos de Alterações em Taxas de Câmbio f)

25 Impostos Sobre o Rendimento g)

26 Matérias Ambientais h)

27 Instrumentos Financeiros i)

28 Benefícios dos Empregados j)

a) É com base e em função desta norma que algumas contas desta classe têm de ter subcontas,

nomeadamente as contas 21 e 22 (ver maior desenvolvimento nas contas 21 e 22).

b) É com base e em função desta norma que tem significado a conta 2513. Esta norma regula o seu

reconhecimento e mensuração.

c) Norma relevante para a definição de “Subsidiária”, “Associada” e de “Empreendimento conjunto”.

d) Norma relevante para a definição de “empresa-mãe”.

e) É com base e em função desta norma que se reconhecem e mensuram as quantias na conta 29

Provisões, bem como se divulga informação sobre os activos e passivos contingentes.

f) É com base e em função desta norma que se ajustam os valores das contas a receber e a pagar,

entre outras nas contas 21, 22 e 25 quando se verificam alterações na taxa de câmbio.

g) É com base e em função desta norma que se reconhecem e mensuram as contas 241, e 274.

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Classe 2 – Contas 21 e 22 2

h) É com base e em função desta norma que se reconhecem e mensuram as quantias na conta 29

Provisões, nomeadamente na conta “295 Matérias Ambientais”.

i) É com base e em função desta norma que se reconhecem e mensuram imparidades nas contas a

receber que são considerados activos financeiros e tratados nesta norma.

j) É com base e em função desta norma que se reconhecem e mensuram algumas quantias da conta

23 principalmente da conta 231.

Reconhecimento

As contas da classe 2, Contas a Receber e a Pagar, incorporam contas de natureza activa e passiva,

e neste sentido surgem no balanço tanto no activo como no passivo e dentro destes no corrente ou no não

corrente, havendo algumas contas desta classe, contas 261 e 262, que são evidenciadas no capital próprio.

As contas da classe 2 a incluir no capital próprio são apenas as contas 261 e 262 e surgem a deduzir

à conta “51 Capital” para em conjunto (51-261-262) formar o capital realizado.

A classe 2 – Contas a receber e a pagar, apresenta um maior desenvolvimento, em especial nas

contas “21 – Clientes” e na conta “22 – Fornecedores”.

21x1 Clientes gerais 21x2 Clientes – empresa-mãe 21x3 Clientes – empresas subsidiárias 21x4 Clientes – empresas associadas 21x5 Clientes – empreendimentos conjuntos 21x6 Clientes – outras partes relacionadas

22x1 Fornecedores gerais 22x2 Fornecedores – empresa-mãe 22x3 Fornecedores – empresas subsidiárias 22x4 Fornecedores – empresas associadas 22x5 Fornecedores – empreendimentos conjuntos 22x6 Fornecedores – outras partes relacionadas

Esta decomposição das contas 21 e 22 surge por exigência da NCRF 5 – Divulgações de Partes

Relacionadas, cujo objectivo é prescrever que, nas demonstrações financeiras de uma entidade, se incluam

as divulgações necessárias para chamar a atenção para a possibilidade de que a sua posição financeira e

resultados possam ter sido afectados pela existência de partes relacionadas e por transacções e saldos

pendentes com tais partes.

A divulgação exigida pela norma, deve ser feita separadamente para cada uma das seguintes

categorias: (§14, da NCRF 5)

(a) A empresa-mãe; (b) Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade; (c) Subsidiárias;

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(d) Associadas; (e) Empreendimentos conjuntos nos quais a entidade seja um empreendedor; (f) Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe; e (g) Outras partes relacionadas.

Verifica-se, contudo, que a decomposição do quadro de contas não contempla exactamente as

exigências da norma. Para dar cabal cumprimento, isto é, para termos a informação devidamente preparada

para a divulgação exigida, as diversas contas «2xx6 – outras partes relacionadas» teriam de ser

decompostas como se sugere para clientes c/c:

2116 – Clientes – Outras partes relacionadas

21161 – Clientes – Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade

21162 – Clientes – Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe

21163 – Clientes - ….(outras situações particulares da entidade)

Sempre que se justifique e com a necessária adaptação, a sugestão apresentada para a conta 211 é

válida para as restantes contas desta classe onde hajam saldos pendentes.

Empresa-mãe é uma entidade que detém uma ou mais subsidiárias (§13 da NCRF 14).

Deve ser identificada uma adquirente para todas as concentrações de actividades empresariais. A

adquirente é a entidade concentrada que obtém o controlo sobre as outras entidades ou actividades

empresariais concentradas.

Subsidiária: é uma entidade (aqui se incluindo entidades não constituídas em formas de sociedade,

como, p. ex: as parcerias) que é controlada por uma outra entidade (designada por empresa-mãe) (§4 da

NCRF13).

Associada: é uma entidade (aqui se incluindo as entidades que não sejam constituídas em forma de

sociedade, como, p. ex: as parcerias) sobre a qual o investidor tenha influência significativa e que não seja

nem uma subsidiária nem um interesse num empreendimento conjunto. (§4 da NCRF 13).

Empreendimento conjunto: é uma actividade económica empreendida por dois ou mais parceiros,

sujeita a controlo conjunto destes mediante um acordo contratual. (§4 da NCRF 13).

A caracterização de uma entidade como: Empresa-mãe; Subsidiária; Associada; ou Empreendimento

conjunto tem a ver fundamentalmente com a capacidade da entidade afectar as políticas financeiras e

operacionais da investida e decorre da presença de controlo, controlo conjunto ou influência significativa”.

(extracto do § 4 da NCRF 5).

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Classe 2 – Contas 21 e 22 4

Assim apresentamos de seguida as definições mais importantes para a caracterização das categorias

enumeradas na norma e constantes no código de contas.

Controlo: é o poder de gerir as políticas financeiras e operacionais de uma entidade ou de uma

actividade económica a fim de obter benefícios da mesma”. (§8 da NCRF5)

Controlo conjunto: é a partilha de controlo, acordada contratualmente, de uma actividade económica

e existe apenas quando as decisões estratégicas financeiras e operacionais relacionadas com a actividade

exigem o consentimento unânime das partes que partilham o controlo (os empreendedores).” (§8 da NCRF

5)

Influência significativa: é o poder de participar nas decisões das políticas financeira e operacional da

investida ou de uma actividade económica mas que não é controlo nem controlo conjunto sobre essas

políticas. A influência significativa pode ser obtida por posse de acções, estatuto ou acordo.” (§8 da NCRF

5)

Dívidas a curto, médio e longo prazo:

Consideram-se dívidas a curto prazo, quando o seu vencimento se verifica num prazo inferior a um

ano;

Consideram-se dívidas a médio e longo prazo, quando o seu vencimento é superior a um ano.

NOTAS DE DÉBITO:

A nota de débito, serve para uma entidade debitar um certo valor a outrém. Esta operação origina ou

um aumento da dívida deste último (sendo devedor) ou uma diminuição do seu crédito (sendo credor).

A nota de débito é utilizada frequentemente para debitar encargos de compra, despesas com serviços

bancários, juros, descontos, etc., aos devedores, quando são de sua conta.

O estudo e preenchimento das notas de débito encontra-se no final deste fascículo.

NOTAS DE CRÉDITO:

A nota de crédito, tem função inversa da nota de débito. Creditando uma certa importância ao

devedor, este vê o seu débito reduzido e, sendo credor, o inverso.

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Classe 2 – Contas 21 e 22 5

A nota de crédito é utilizada normalmente na devolução de vendas ou descontos feitos fora da

factura.

O estudo e preenchimento das notas de crédito encontra-se no final deste fascículo.

ESTUDO DA LETRA:

A factura, as notas de débito e as notas de crédito constituem a justificação das transacções

efectuadas, mas não podem ser considerados como garantia especial de pagamento dessas transacções.

Para tal, existe um segundo grupo de documentos denominados títulos de crédito, dos quais destacamos a

letra.

A letra, é um título de crédito através do qual uma determinada pessoa ou entidade (o sacador)

ordena a outrém (sacado) o pagamento de uma certa importância (valor nominal da letra), a si ou a outra

pessoa ou entidade (tomador), numa determinada data (vencimento).

O sacador corresponde normalmente ao credor (é ele que passa a letra), enquanto que o sacado

corresponde ao devedor. Quando qualquer dos obrigados for comerciante, sobre o valor nominal da letra

incide o imposto de selo (varia consoante o valor nominal da letra).

Para uma maior garantia de pagamento da letra é normalmente prestado o aval. Este corresponde a

uma garantia de pagamento dada por um terceiro, ou mesmo um signatário da letra a favor de um dos seus

intervenientes. Quando não é mencionado o interveniente a favor do qual se dá o aval, considera-se como

sendo dado pelo sacador. O dador de aval, designa-se avalista e é responsável da mesma maneira que a

pessoa por ele afiançada.

OPERAÇÕES DA LETRA:

A letra, à semelhança de outros títulos de crédito, está sujeita a um conjunto de operações, que são:

o saque, o endosso, o aceite, o desconto, a reforma, o recâmbio e o protesto.

a) o saque é a ordem de pagamento, isto é, corresponde à emissão da própria letra. Sacar uma

letra consiste em emiti-la, ou seja, em ordenar a alguém (sacado) o pagamento de uma certa

quantia na data de vencimento. Sendo assim, ele é efectuado pelo sacador.

Exemplo de uma letra:

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b) O endosso consiste na transmissão da letra a outrém pelo tomador ou portador da letra. Apenas

podem ser transmitidas, por endosso, as letras que contenham a cláusula à ordem, isto é, quando

forem títulos à ordem. A entidade que transmite a letra por endosso designa-se endossante;

aquela que a recebe por endosso, endossado.

Para se efectivar o endosso basta inscrever no verso da letra a expressão “pague-se a F ou à sua

ordem”, seguida da assinatura do endossante.

c) O aceite é dado pelo sacado e consiste na declaração da responsabilidade deste pelo pagamento

da letra na data do vencimento. Tal declaração de responsabilidade consiste apenas na

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Classe 2 – Contas 21 e 22 7

assinatura do sacado na face da letra. Após ter aceite a letra o sacado passa a designar-se

aceitante, sendo responsável pelo pagamento daquela no vencimento.

d) O desconto de letras realiza-se nos bancos e consiste numa realização antecipada do seu valor,

ou seja, possibilita ao portador realizar o valor da letra antes da data do seu vencimento, pagando

para tal os juros e encargos relativos ao período compreendido entre a data da apresentação a

desconto e a de vencimento.

O desconto, operação comercial de grande relevância, apresenta uma grande vantagem para o

credor (portador da letra) visto possibilitar-lhe realizar meios líquidos que doutra forma não conseguiria.

Debitando ao aceitante os encargos do desconto, o portador, vê realizado antecipadamente o seu crédito

sem que tal lhe origine custos financeiros.

Também para o devedor apresenta vantagens visto conseguir assim crédito que doutra forma não

alcançaria. De facto o desconto resulta, na prática, num empréstimo a curto prazo concedido pela instituição

de crédito ao aceitante ou devedor, limitando-se este ao pagamento dos encargos ao portador ou sacador e

ao reembolso do valor nominal na data do vencimento.

Os encargos normalmente suportados pelo desconto de letras são os seguintes:

- Juros: incidem sobre o valor nominal da letra e são calculados com base no período

compreendido entre a data de desconto e a data de vencimento da letra, mais dois dias (prazo

para apresentação à cobrança). A taxa de juro do desconto é variável. Depende do período que

falta para o vencimento, variando na razão directa deste (quanto maior for o período de tempo em

dívida maior será a taxa de juro).

- Comissão de cobrança: efectuada pelo banco.

- Imposto: incide sobre o juro e a comissão de cobrança e corresponde à arrecadação por parte

do banco, para posterior entrega ao Estado (imposto de selo).

- Outras despesas: engloba despesas diversas tais como: portes, telefonemas, telegramas, e

outros.

O portador apresenta a letra a desconto no banco, que poderá ser ou não aceite pela instituição de

crédito (banco). Sendo-o, é-lhe depositado na conta de depósitos à ordem, o valor nominal da letra

deduzido de todos os encargos referidos.

Não havendo nada estipulado em contrário, o portador deverá debitar e cobrar ao aceitante as

despesas que lhe foram deduzidas pelo banco, devendo o aceitante exigir o documento comprovativo (nota

de desconto do banco) de tais encargos.

e) A reforma consiste na substituição de uma letra antes do seu vencimento, por outra ou outras

com vencimento posterior. Esta operação, muito frequente, deve-se ao facto de o aceitante não

poder liquidar, no todo ou em parte, o valor nominal da letra na data de vencimento.

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Classe 2 – Contas 21 e 22 8

Duas situações podem ocorrer numa reforma de letras:

1 – o aceitante paga uma parte do valor nominal da letra antiga, aceitando uma nova letra pelo

restante: reforma parcial;

2 – o aceitante substitui a letra antiga, na sua totalidade, por uma nova, não pagando qualquer valor:

reforma total.

Quando da reforma, ao aceitante são debitadas não só as despesas verificadas com a operação

(portes de devolução, selos, impressos, outros custos) como também todos os encargos bancários a

suportar pelo desconto da nova letra.

f) O recâmbio consiste no seguinte: a letra é apresentada, no vencimento, ao aceitante para que

este proceda ao seu pagamento, isto é, efectua-se a sua cobrança. No entanto, duas situações

podem ocorrer:

1 – o aceitante paga a letra terminando, assim, a sua dívida;

2 – o aceitante recusa-se ao pagamento da letra, sendo esta devolvida ao sacador, por

incobrabilidade. Tal devolução por falta de pagamento constitui o recâmbio.

O recâmbio de letras não cobradas comporta sempre despesas tais como: portes, telefonemas, e

outras despesas, que devem ser debitadas ao aceitante, na sua totalidade, se a responsabilidade de tal

facto lhe for imputada.

g) O protesto consiste numa acção levada a efeito pelo portador da letra, motivada pela falta de

aceite ou falta de pagamento. O protesto por falta de aceite deverá efectuar-se durante os prazos

fixados para a apresentação ao aceite; o protesto por falta de pagamento deverá efectuar-se num

dos dois dias úteis seguintes àqueles em que a letra é pagável. Sendo a letra pagável até ao limite

máximo de dois dias úteis seguintes à data de vencimento, o protesto deverá efectuar-se nos 3º

ou 4º dias úteis seguintes àquela.

A letra deve ser protestada na repartição notarial da área do domicílio nela indicado para o aceite ou

pagamento; na falta de indicação a letra será protestada na repartição do domicílio da pessoa que a deva

aceitar ou pagar.

Pelos encargos do protesto deverá responsabilizar-se o aceitante ou devedor, devendo os seus

débitos serem considerados de cobrança duvidosa.

É nossa sugestão a propósito do desconto de letras e outros títulos, nomeadamente em relação ao

endosso de letras e outros títulos a receber, propor a criação e utilização da seguinte conta:

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Classe 2 – Contas 21 e 22 9

2129 Clientes – Títulos a receber endossados.

Recordamos que esta conta regista a crédito, o endosso de letras e outros títulos a receber (desconto

bancário ou outra forma), por débito de Depósitos à ordem ou outro tipo de activo. Posteriormente esta

conta será debitada por crédito da conta 212x pela extinção do título (pagamento / liquidação ou anulação).

A utilização desta conta permite à entidade ter conhecimento das suas responsabilidades por títulos a

receber endossados (títulos descontados antes do seu vencimento) e assim ter toda a informação

necessária para a divulgação no anexo.

Os quadros que se seguem apresentam de forma desenvolvida o registo das diversas operações

relacionadas com as letras e outros títulos, segundo o SNC.

Contabilização das letras

Saque: Consiste na emissão de uma letra ou outro título, em que o sacador (credor) ordena ao

sacado (devedor), o pagamento de uma certa quantia numa data determinada.

Débito: Crédito:

212 – Clientes – títulos a receber 211 – Clientes c/c

Desconto de letras ou endosso (Títulos a receber endossados): Caso exista a transmissão da

letra ou outro título pelo sacador a outrem, através do envio da letra ou outro título ao banco para antecipar

o seu recebimento (processo de endosso).

Débito: Crédito:

12 – Depósitos à ordem 2129 – Clientes – títulos a receber end.

Classe 6 (*)

(*) Debita conta da classe 6 – Gastos – encargos bancários, caso não sejam debitados

posteriormente.

Recebimento da letra (Sem endosso): Momento em que o sacado paga a letra ou outro título, sem

que o sacador tenha efectuado o endosso.

Débito: Crédito:

12 – Depósitos à ordem 212 – Clientes – títulos a receber

Recebimento da letra (Com endosso): Momento em que o sacado paga a letra ou outro título ao

sacador da letra ou outro título que este havia endossado para antecipar o seu recebimento.

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Classe 2 – Contas 21 e 22 10

Uma vez que já foi efectuado o desconto da letra ou o endosso (crédito da conta 2129 – Clientes –

títulos a receber endossados), só falta efectuar o seguinte registo:

Débito: Crédito:

2129 – Clientes – títulos a receber end. 212 – Clientes – títulos a receber

Recâmbio da letra (Sem endosso): Devolução por falta de pagamento na data do vencimento da

letra ou outro título em carteira.

Débito: Crédito:

211 – Clientes – c/c 212 – Clientes – títulos a receber

Classe 6 (*) 12 – Dep. à ordem (Despesas de recâmbio)

(*) debita conta da classe 6 – Gastos – Encargos bancários (despesas de recâmbio).

Recâmbio da letra (Com endosso): Devolução por falta de pagamento na data do vencimento da

letra ou outro título descontado (endossado).

Débito: Crédito:

211 – Clientes c/c

Classe 6

12 – Depósitos à ordem

2129 – Clientes – Títulos a receber end. 212 – Clientes – títulos a receber

Débito dos encargos da letra: Recebimento do valor das despesas bancárias referentes ao

desconto da letra ou outro título (processo de endosso).

A suportar pela entidade:

Débito: Crédito:

Classe 6 (Encargos bancários) 12 – Depósitos à ordem

A suportar pelo cliente:

Débito: Crédito:

211 – Clientes c/c Classe 6 (encargos bancários)

Reforma da letra (Sem endosso): Substituição de uma letra ou outro título por outra nova letra ou

outro novo título em carteira.

Anulação da letra a reformar:

Débito: Crédito:

211 – Clientes c/c 212 – Clientes – títulos a receber

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Classe 2 – Contas 21 e 22 11

Recebimento de parte da dívida:

Débito: Crédito:

12 – Depósitos à ordem 211 – Clientes c/c

Saque de nova letra:

Débito: Crédito:

212 – Clientes – títulos a receber 211 – Clientes c/c

Reforma da letra (Com endosso): Substituição de uma letra ou outro título por outra nova letra ou

outro novo título descontado (endossado).

Anulação da letra a reformar:

Débito: Crédito:

211 – Clientes c/c 12 – Depósitos à ordem

2129 – Clientes – Títulos a receber end. 212 – Clientes – títulos a receber

Recebimento de parte da dívida:

Débito: Crédito:

12 – Depósitos à ordem 211 – Clientes c/c

Saque de nova letra:

Débito: Crédito:

212 – Clientes – títulos a receber 211 – Clientes c/c

Protesto da letra: Acção executiva por recusa de aceite ou de pagamento na altura do seu

vencimento.

Anulação da letra:

Débito: Crédito:

211 – Clientes c/c 212 – Clientes – títulos a receber

Classe 6 (Encargos bancários) 12 – Depósitos à ordem

Reconhecimento das perdas por imparidade em clientes:

Débito: Crédito:

6511 – perdas por imparidade - clientes 219 – Perdas por imparidade acumuladas

Conta 21 – Clientes

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Classe 2 – Contas 21 e 22 12

Regista os movimentos com os compradores de mercadorias, de produtos e de serviços. (SNC –

Notas de enquadramento)

Esta conta destina-se a registar os movimentos com os compradores de mercadorias, de produtos e

de serviços, ainda que sejam entidades como: sócios; pessoal; Estado e outros entes públicos; etc.

A conta 21 Clientes é composta pelas contas:

211 Clientes c/c

212 Clientes – títulos a receber

218 Adiantamentos de clientes

219 Perdas por imparidade acumuladas

A título de sugestão a entidade poderá criar a seguinte conta:

213 Clientes – Cheques pré datados

Para as situações de existência de cheques pré datados.

Se os cheques forem “guardados” no banco, como é alguma prática, ou mesmo dado como garantia,

sugerimos a subdivisão da conta 213 da seguinte forma:

213 – Clientes com cheques pré datados

213.1 – Em clientes c/ cheques em nosso poder

213.1.1 – Clientes gerais

213.1.2 – Clientes – empresa mãe

213.1.3 – Clientes – empresas subsidiárias

213.1.4 – Clientes – empresas associadas

213.1.5 – Clientes – empreendimentos conjuntos

213.1.6 – Clientes – outras partes relacionadas

213.1.6.1 – Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade

213.1.6.2 – Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe

213.1.6.3 – (outras situações particulares da entidade)

213.2 – Em clientes c/ cheques em poder do banco

213.2.1 – Clientes gerais

213.2.2 – Clientes – empresa mãe

213.2.3 – Clientes – empresas subsidiárias

213.2.4 – Clientes – empresas associadas

213.2.5 – Clientes – empreendimentos conjuntos

213.2.6 – Clientes – outras partes relacionadas

213.2.6.1 – Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade

213.2.6.2 – Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe

213.2.6.3 – (outras situações particulares da entidade)

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Classe 2 – Contas 21 e 22 13

213.9 – Perdas por imparidade acumuladas

213.9.1 – Clientes gerais

213.9.2 – Clientes – empresa mãe

213.9.3 – Clientes – empresas subsidiárias

213.9.4 – Clientes – empresas associadas

213.9.5 – Clientes – empreendimentos conjuntos

213.9.6 – Clientes – outras partes relacionadas

213.9.6.1 – Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade

213.9.6.2 - Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe

213.9.6.3 – (outras situações particulares da entidade)

Na decomposição apresentada juntamos a conta 2139 – Perdas por imparidade acumuladas, pois o

facto de termos em nosso poder o cheque de um cliente em nada garante o pagamento e,

consequentemente, os testes de imparidade a realizar em cada momento de relato devem incluir esta conta

213 agora sugerida.

Reconhecimento

Esta conta “21 Clientes” apresenta as suas subcontas no balanço em rubrica do activo e do passivo.

No activo as subcontas “211 Clientes c/c”, “212 Clientes – Títulos a receber” e “219 Perdas por imparidade

acumuladas” aparecem incorporadas na rubrica «Clientes». No passivo corrente a subconta “218

Adiantamentos de clientes” aparece incorporada na rubrica «Adiantamentos de clientes».

Mensuração

A quantia a reconhecer é geralmente a que consta no documento da transição (factura ou documento

equivalente ou um contrato), ajustada por quaisquer descontos comerciais ou de quantidade. Quando, no

entanto, o recebimento ou pagamento for diferido no tempo por períodos superiores ao que seja prática

corrente então presume-se que estamos perante uma operação mista que é simultaneamente uma venda

(compra) e um financiamento pelo que, nestes casos, o valor a considerar deverá ser o justo valor ou seja a

quantia que seria considerada se o pagamento fosse dentro das condições normais (se não houvesse

diferimento).

Imparidade

De acordo com o §23 da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros, à data de cada período de relato

financeiro, uma entidade deve avaliar a imparidade (*) de todos os activos financeiros que não sejam

mensurados ao justo valor através de resultados, ou seja, que estejam mensurados ao custo ou ao custo

amortizado menos qualquer perda por imparidade. Se existir uma evidência objectiva de imparidade, a

entidade deve reconhecer uma perda por imparidade na demonstração de resultados (6511).

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Classe 2 – Contas 21 e 22 14

Por outras palavras em cada momento de relato dever-se-á verificar se há evidências de as contas a

receber estarem em imparidade, isto é, se os valores que julgamos vir a receber diferem da quantia

escriturada, e se assim for proceder ao reconhecimento de uma perda por imparidade ou eventual reversão

de uma perda anteriormente considerada.

(*) - §24 da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros Evidência objectiva de que um activo financeiro ou um grupo de activos está em imparidade inclui dados observáveis que chamem a atenção ao detentor do activo sobre os seguintes eventos de perda: (a) Significativa dificuldade financeira do emitente ou devedor; (b) Quebra contratual, tal como não pagamento ou incumprimento no pagamento do juro ou amortização da dívida; (c) O credor, por razões económicas ou legais relacionados com a dificuldade financeira do devedor, oferece ao devedor concessões que o credor de outro modo não consideraria; (d) Torne-se provável que o devedor irá entrar em falência ou qualquer outra reorganização financeira; (e) O desaparecimento de um mercado activo para o activo financeiro devido a dificuldades financeiras do devedor; (f) Informação observável indicando que existe uma diminuição na mensuração da estimativa dos fluxos de caixa futuros de um grupo de activos financeiros desde o seu reconhecimento inicial, embora a diminuição não possa ser ainda identificada para um dado activo financeiros individual do grupo, tal como sejam condições económicas nacionais, locais ou sectoriais adversas.

Em relação à conta de Clientes, é necessário, em primeiro lugar, separar os clientes cuja dívida se

encontra representada por factura – clientes conta/corrente (c/c) – daqueles cuja dívida se encontra

representada por letras a receber – clientes títulos a receber.

A subconta de clientes c/c deve ser dividida em tantas subcontas, quantos os clientes da empresa.

Cada cliente será representado na contabilidade por uma conta onde se registam as operações com

ele realizadas.

Se num dado momento quisermos saber, por exemplo, “quanto deve o cliente A?”, ou “qual foi o

último pagamento do cliente B?” obteremos facilmente a resposta por uma simples consulta das respectivas

fichas ou extractos de conta dos clientes.

Conta 211 – Clientes c/c

Nesta conta registam-se todos os movimentos ocorridos com clientes desde que sejam da actividade

corrente da entidade, não sejam titulados, não se refiram a adiantamentos de clientes, nem a perdas por

imparidade acumuladas.

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 15

O desenvolvimento desta conta deve respeitar os critérios da “NCRF 5 – Divulgações de Partes

Relacionadas”, assim como a “ NCRF 13 – Interesses em Empreendimentos Conjuntos e Investimentos em

Associadas” e da “NCRF 14 – Concentrações de Actividades Empresariais”. Já referidos, nos aspectos

gerais e no caso particular para as outras partes relacionadas.

Conta 2111 - Clientes gerais

Registam-se nesta conta as operações com todas as entidades que não sejam partes relacionadas;

Conta 2112 - Clientes – empresa-mãe

Registam-se nesta conta as operações com a empresa-mãe (*);

(*) – Empresa-mãe é uma entidade que detém uma ou mais subsidiárias.

Conta 2113 - Clientes – empresas subsidiárias

Registam-se nesta conta as operações com empresas subsidiárias (*);

(*) – Subsidiária é uma entidade (aqui se incluindo entidades não constituídas em forma de

sociedade, como p.ex: as parcerias) que é controlada por uma outra entidade (designada por

empresa-mãe)

Conta 2114 - Clientes – empresas associadas

Registam-se nesta conta as operações com as empresas associadas (*);

(*) – Associada é uma entidade (aqui se incluindo as entidades que não sejam constituídas em forma

de sociedade, como, p.ex: as parcerias) sobre a qual o investidor tenha influência significativa e que

não seja nem uma subsidiária nem um interesse num empreendimento conjunto.

Conta 2115 - Clientes – empreendimentos conjuntos

Registam-se nesta conta as operações com empreendimentos conjuntos (*);

(*) – Empreendimento conjunto é uma actividade económica empreendida por dois ou mais parceiros,

sujeita a controlo conjunto destes mediante um acordo contratual.

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 16

Conta 2116 - Clientes – outras partes relacionadas

Registam-se nesta conta as operações com outras partes relacionadas, conforme referido no §14 da

NCRF 5, nomeadamente as alíneas:

(b) Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade; (f) Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe; e (g) Outras partes relacionadas.

…pelo que se sugere a seguinte decomposição:

2116 – Outras partes relacionadas

21161 – Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade

21162 – Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe

21163 – (outras situações particulares da entidade)

Exemplo:

Admita que vendemos às seguintes entidades:

Entidade Tipo de relação Conta

A Uma entidade com a qual não temos qualquer relação, ou tendo, não temos nenhuma relação especial de poder

2111

B Entidade que decide a composição do nosso conselho de administração 2112

C Possuímos 90% do capital da entidade e controlamos (poder de nomear) a administração no seu todo ou maioria

2113

D Possuímos 25% do capital da entidade e temos um representante na administração

2114

E Possuímos uma participação numa entidade onde as decisões são tomadas em conjunto

2115

F Entidade que tem um representante na nossa administração 2116 (21161)

G Administrador da nossa empresa 2116 (21162)

H Director financeiro da nossa empresa-mãe 2116 (21163)

- Na entidade A, utilizamos a conta 2111 pois não tendo qualquer relação especial de poder

configura o que podemos chamar de clientes gerais.

- Na entidade B, utilizamos a conta 2112 pois, ao estarmos perante uma entidade que decide a

composição do nosso conselho de administração, admitimos que estamos perante a nossa empresa-mãe

pois só ela, em princípio, tem esse poder.

- Na entidade C, utilizamos a conta 2113 pois, ao termos o poder de nomear a administração no seu

todo ou maioria, estamos perante uma situação em que podemos presumir que temos o poder de gerir as

políticas financeiras e operacionais de uma entidade ou de uma actividade económica a fim de obter

benefícios da mesma, ou seja, temos o controlo da entidade e neste caso, considerando que temos 90% do

capital da entidade investida, estamos perante uma subsidiária.

- Na entidade D, utilizamos a conta 2114 pois, ao termos um representante na administração,

presumimos que temos o poder de participar nas decisões das políticas financeira e operacional, ou seja,

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 17

que temos influência significativa. Neste caso, e considerando que temos 25% do capital da entidade

investida, estamos perante uma associada.

- Na entidade E, utilizamos a conta 2115 pois, ao possuirmos uma participação numa entidade onde

as decisões são tomadas em conjunto, presumimos que existe a partilha de controlo, ou seja, a entidade

tem o controlo conjunto e portanto estamos perante um empreendimento conjunto.

- Na entidade F, utilizamos a conta 2116 pois existe uma entidade que tem um representante na

nossa administração, ou seja, tem influência significativa na nossa entidade.

- Na entidade G, utilizamos a conta 2116 pois é de admitir que o administrador da nossa empresa

tenha condições objectivas para influenciar o valor da venda.

- Na entidade H, utilizamos a conta 2116 por razões semelhantes às mencionadas em G.

Regista, esta conta, todo o movimento corrente efectuado pela empresa com os seus clientes

(vendas a crédito a estes). Debita-se pelos aumentos das dívidas correntes dos clientes, credita-se pelas

diminuições das mesmas (pelo pagamento por parte dos clientes).

Consideram-se dívidas correntes todas aquelas que não sejam tituladas (que estejam comprovadas

apenas por facturas, notas de débito, mas não por títulos de crédito – letras) assim como as que não sejam

de cobrança duvidosa.

Lançamentos contabilísticos:

Vendas a pronto pagamento (o cliente paga no acto da compra):

Débito: Crédito: Valor:

71-Vendas Valor da venda sem IVA

IVA das vendas IVA cobrado

11 ou 12 Valor da venda + IVA cobrado.

Quando se faz uma venda a pronto pagamento, na contabilidade não é preciso registarmos o valor da

venda em clientes (convém é a empresa ter um registo extra contabilístico onde registe aí o nome do cliente

que lhe fez a aquisição).

Vendas a crédito (o cliente fica a dever, paga daqui a x dias):

Débito: Crédito: Valor:

71-Vendas Valor da venda sem IVA

IVA das vendas IVA cobrado

211-Clientes c/c Valor da venda + IVA cobrado.

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 18

O Pagamento (o cliente paga o que deve):

Débito: Crédito: Valor:

11/12 211 Valor da venda + IVA cobrado

Devolução de mercadorias (pelo cliente “C”):

Débito: Crédito: Valor:

211

717112 valor da mercadoria

24341 IVA – taxa normal

Nota de crédito (para o cliente “B”): (ex: desconto sobre a factura)

Débito: Crédito: Valor:

211

718111 Desconto sobre a factura nº 123

24341 IVA – taxa normal

Transferência para “Clientes de cobrança duvidosa” do saldo devedor do cliente “O”, por atravessar

dificuldades na concretização dos seus compromissos:

Débito: Crédito: Valor:

218015 211 valor da transferência

Desconto concedido na factura 321 (por reclamação do cliente “D”):

Débito: Crédito: Valor:

211

72812 valor líquido (serviços prestados)

24341 IVA – taxa normal

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 19

Movimentação

Em esquema, podemos afirmar que a conta 211 – clientes c/c será debitada e creditada por:

211 – Clientes c/c

Sugere-se o desdobramento da conta clientes da seguinte forma:

21 Clientes

211 Clientes c/c

2111 Clientes gerais

21111 Clientes do território nacional

21111 001 cliente A

21111 002 cliente B

21111 003 cliente C

........

21112 Clientes de países comunitários

21112 001 cliente D

21112 002 cliente E

21112 003 cliente F

.........

21113 Clientes de países terceiros

21113 001 cliente G

21113 002 cliente H

21113 003 cliente I

...........

Os lançamentos em clientes c/c são sempre efectuados em moeda nacional. Se a facturação for

emitida em moeda estrangeira, esta terá que ser convertida em escudos, com base no respectivo câmbio

em vigor.

- Facturas emitidas (vendas e prestações de serviços);

- Notas de débito (encargos com clientes, tais como fretes, seguros, encargos bancários,etc);

- Anulação de letras (reforma, devolução, recâmbio).

- Pagamentos (de clientes); - Saques de letras; - Notas de crédito; - Devolução de vendas; - Dívidas de cobrança duvidosa; - Anulação de adiantamentos. - Quantias incobráveis de clientes - Regularizações de

adiantamentos de clientes (por débito da conta 218 Adiantamentos de clientes ou 276 Adiantamentos por conta de vendas)

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 20

Para controlo dos saldos de contas em moeda estrangeira poder-se-á utilizar uma ficha com a

seguinte configuração:

Apontamento Fiscal

Conta 211 Clientes c/c

No sentido de preparar a contabilidade das empresas para o cumprimento das obrigações fiscais, no que concerne aos requisitos exigidos pelo CIVA, nomeadamente os constantes do n.º 1 do art.º 29.º, é recomendável que as contas de clientes sejam individualizadas atendendo à sua natureza, mais concretamente em: - Clientes nacionais - Clientes comunitários - Clientes fora da comunidade Com o mesmo objectivo se recomenda a criação de contas de clientes para as vendas a dinheiro. Outro aspecto relevante a considerar prende-se com a antiguidade dos saldos no final do exercício, tendo em vista a verificação ou não dos requisitos exigidos para aceitação das perdas por imparidade referidas no art.º 35.º do CIRC.

Conta 212 – Clientes – Títulos a receber

Esta conta inclui as dívidas de clientes que estejam representadas por títulos ainda não vencidos.

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 21

Conta 2121 - Clientes gerais

Registam-se nesta conta as operações com todas as entidades que não sejam partes relacionadas e

em que as dívidas sejam representadas por títulos a receber.

Conta 2122 - Clientes – empresa-mãe

Registam-se nesta conta as operações com a empresa-mãe e em que a dividas sejam representadas

por títulos a receber.

Conta 2123 - Clientes – empresas subsidiárias

Registam-se nesta conta as operações com empresas subsidiárias e em que as dívidas sejam

representadas por títulos a receber.

Conta 2124 - Clientes – empresas associadas

Registam-se nesta conta as operações com as empresas associadas e em que a dívidas sejam

representadas por títulos a receber.

Conta 2125 - Clientes – empreendimentos conjuntos

Registam-se nesta conta as operações com empreendimentos conjuntos e em que as dívidas sejam

representadas por títulos a receber;

Conta 2126 - Clientes – outras partes relacionadas

Registam-se nesta conta as operações com outras partes relacionadas, em que as dívidas sejam

representadas por títulos a receber e conforme referido no §14 da NCRF 5, nomeadamente as alíneas:

(b) Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade; (f) Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe; e (g) Outras partes relacionadas.

…pelo que se sugere a seguinte decomposição:

2126 – Outras partes relacionadas

21261 – Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade

21262 – Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe

21263 – (outras situações particulares da entidade)

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 22

Em função da sugestão que apresentamos relativamente a Clientes – títulos a receber e em particular

ao endosso de títulos a receber, propomos a criação e utilização da seguinte conta:

2129 Clientes – Títulos a receber endossados

Registam-se nesta conta, a crédito, o endosso de letras e outros títulos a receber (envio para

desconto bancário ou outra forma, com o objectivo da antecipação do pagamento), por débito de Depósitos

à ordem ou outro tipo de activo. Posteriormente esta conta será debitada por crédito da conta 212x pela

extinção do título (pagamento/liquidação ou anulação).

Movimentação

(alguns exemplos)

212.x. Clientes – títulos a receber

Débito Crédito

Saque de letras (por crédito da conta 211x) Outras titularizações de dívida de clientes (por crédito da conta 211x)

Cobrança da letra e outros títulos a receber (por débito de meios financeiros ou outra forma de quitação) Anulação do título a receber (por débito da conta 211x)

O saldo da conta 212 clientes – títulos a receber, sempre devedor, indica-nos o montante das letras

em carteira.

Para melhor controlo da conta 212 – Clientes – Títulos a receber, sugerimos o seguinte

desdobramento:

21 Clientes

212 Clientes – Títulos a receber

21211 Clientes Gerais

2121 Clientes com responsabilidade por letras a vencer

21211 01 cliente A

21211 02 cliente B

21211 03 ........

21212 letras retiradas da carteira

212121 Descontadas

2121211 Banco A

2121212 Banco B

212122 À cobrança

2121221 Banco A

2121222 Banco B

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 23

212123 Endossados a fornecedores

2121231 Fornecedores A

2121232 Fornecedores B

Reconhecimento

Esta conta (212 Clientes – Títulos a receber) é apresentada no balanço na rubrica «Clientes»

Apontamento Fiscal

Conta 212 Clientes títulos a receber

O critério preconizado para a conta de clientes c/c, deverá ter também aplicação para esta conta, ou seja, o seu, o seu desenvolvimento em:

- Clientes nacionais - Clientes comunitários - Clientes fora da comunidade

Exemplos de movimentos contabilísticos, com estas subcontas:

1 – Pelo aceite:

Débito: Crédito:

212110 211010

2 – Se a letra se mantiver em carteira:

2.1 Se for paga no vencimento:

Débito: Crédito:

a) pelo recebimento 111 212110

2.2 Se for reformada:

Débito: Crédito:

a) Pela anulação do lançamento referido em 1 211010 212110

b) Pela entrega por conta da letra reformada 111 211010

c) Pelo novo aceite 212110 211010

2.3 Se a letra foi protestada:

Débito: Crédito:

a) Pela anulação do lançamento referido em 1 211010 212110

b) Pela transferência do saldo devedor para 219010 211010

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 24

perdas por imparidades acumuladas

3 – Se a letra foi descontada:

3.1 Pelo desconto no Banco “B”

Débito: Crédito:

121 2121212

3.2 Pelo pagamento da letra pelo cliente ao banco:

3.2.1 Pela regularização do movimento referido em 3.1 e 1)

Débito: Crédito:

2121212 212110

Se não se optar por qualquer daquelas duas alternativas, efectuar-se-ão os lançamentos

habituais:

Débito: Crédito:

1 – Pelo aceite 2121010 211010

2 – Pelo recebimento através de caixa 111 2121010

3 – Pela reforma:

3.1 Débito da letra reformada 211010 2121010

3.2 Entrega por conta 111 211010

3.3 Aceite de nova letra 2121010 211010

Conta 218 – Adiantamentos de clientes

« Esta conta regista as entregas feitas à entidade relativas a fornecimentos, sem preço fixado, a

efectuar a terceiros. Pela emissão da factura, estas verbas serão transferidas para as respectivas

subcontas da rubrica 211 — Clientes c/c.» (SNC)

Movimentação

218 Adiantamentos de clientes

Débito Crédito

Regularização / Anulação do adiantamento (por crédito do cliente 211x)

Valor do adiantamento sem preço fixado (por débito de meios financeiros)

Nota: Lembramos que se o adiantamento de clientes for com preço fixado a conta a creditar deverá

ser a “276 Adiantamento por conta de vendas”.

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 25

Reconhecimento

Esta conta (218 Adiantamentos de clientes) é apresentada no balanço no passivo corrente na rubrica

«Adiantamento de clientes».

Exemplo:

No dia 13/1/N a entidade Beta recebeu um adiantamento (sem preço fixado) do cliente Alfa na

quantia de 1200€, para aquisição da mercadoria X. A emissão da factura com a mercadoria X ocorreu no

dia 17/2/N, a qual registava o montante de 3000€ sujeito à taxa de IVA a 20%.

Data Descrição Contas

Valor (€) Débito Crédito

13/1/N Adiantamento do cliente B (1)

12- Depósitos à ordem

1200,00

218 – Adiantamentos de clientes

1000,00

2433 – IVA Liquidado 200,00

17/2/N Pela emissão da factura (2)

211.x- Clientes c/c 3600,00

711 - Vendas 3000,00

2433 – IVA Liquidado 600,00

17/2/N Regularização do adiantamento (3)

218 – Adiantamentos de clientes

1.000

2434 – IVA regularizações (a favor da entidade)

200

211.x – Clientes C/c 1200

Os adiantamentos estão sujeitos a IVA (art.º 8º do IRC) pelo que se sugere o desdobramento da conta 219, por taxas, para facilitar o futuro preenchimento da declaração periódica de IVA.

Exemplo:

218 Adiantamentos de clientes

2181 Território Nacional

21811 relativos a operações tributáveis

218111 Taxa reduzida

218111001 Cliente A

218111002 Cliente B

218112 Taxa intermédia

218112001 Cliente C

218112002 Cliente D

218113 Taxa normal

218113001 Cliente E

218113002 Cliente F

21812 Relativos a operações não tributáveis ou isentas

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 26

21812001 Cliente G

21812002 Cliente H

2182 Países comunitários

2182001 Cliente I

2182002 Cliente J

2183 Países Terceiros

2183001 Cliente K

2183002 Cliente L

Contabilísticamente:

- Pela entrega adiantada do cliente, para futuro fornecimento do produto A, sem preço fixado.

Débito: Crédito: Valor:

218-Adiant. Clientes valor adiantado pelo cliente

243313 IVA cobrado

11/12 valor adiantado + IVA cobrado

- Pelo fornecimento do produto A ao cliente e emissão da factura nº x :

Venda

Débito: Crédito: Valor:

711 valor do produto

2433 IVA cobrado

211 valor do produto + IVA cobrado

Transferência para clientes c/c do valor do adiantamento

Débito: Crédito: Valor:

218 valor adiantado pelo cliente

24341 IVA regularizações

211 valor adiantado pelo cliente e IVA regularizado

O saldo da conta 211 – clientes c/c (neste caso e depois do lançamento de venda a crédito) dá-nos

a situação do cliente para com a empresa. Sendo devedor significa que o adiantamento cobriu apenas uma

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 27

parte da venda; sendo nulo, aqueles dois valores coincidiram; sendo credor o adiantamento foi superior ao

valor da venda.

Exercícios sobre clientes:

Faça o registo contabilístico das seguintes operações:

A empresa ABC, Lda vendeu ao cliente José, 100 produtos X, a € 5 cada produto, a pronto

pagamento, mais IVA a 20%, através da factura nº 11.202.

Estes produtos que foram vendidos pela Empresa ABC, Lda, tinham sido adquiridos por esta a € 3,50

cada produto.

Valor da venda: 100 produtos x € 5 = € 500

Valor do IVA cobrado na venda: € 500 x 20% = € 100

Valor da aquisição dos produtos que estão agora a ser vendidos: 100 produtos x € 3,50 = € 350

Venda:

Débito: Crédito: Valor:

71-Vendas € 500

IVA das vendas € 105

11 ou 12 € 605

Custo da Venda:

Débito: Crédito: Valor:

61-CMVMC 32-Mercadorias € 350

A empresa ABC, Lda vendeu ao cliente Manuel, 100 produtos X, a € 5 cada produto, a crédito

(pagamento daqui a 30 dias), mais IVA a 20%, através da factura nº 21.200.

Estes produtos que foram vendidos pela Empresa ABC, Lda, tinham sido adquiridos por esta a € 3,50

cada produto.

Valor da venda: 100 produtos x € 5 = € 500

Valor do IVA cobrado na venda: € 500 x 20% = € 100

Valor da aquisição dos produtos que estão agora a ser vendidos: 100 produtos x € 3,50 = € 350

* - Verificar a taxa de IVA em vigor

Venda:

Débito: Crédito: Valor:

71-Vendas € 500

IVA das vendas € 100

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 28

211-Clientes c/c € 600

Custo da Venda:

Débito: Crédito: Valor:

61-CMVMC 32-Mercadorias € 350

O estudo das devoluções e descontos em vendas estão incluídos na classe 3 (contas 717, 718).

Conta 219 – Perdas por Imparidade acumuladas:

Esta conta regista a diferença acumulada entre as quantias registadas nas contas “211 Clientes c/c” e

“212 Clientes – títulos a receber” e as que resultem da aplicação dos critérios de mensuração dos

correspondentes activos, podendo ser subdivididas a fim de facilitar o controlo e possibilitar a apresentação

em balanço das quantias líquidas. As perdas por imparidade anuais serão registadas nas contas 6511 —

Perdas por imparidade — Em dívidas a receber - clientes, e as suas reversões (quando deixarem de existir

as situações que originaram as perdas) são registadas nas contas 76211 — Reversões de perdas por

imparidade — Em dívidas a receber - clientes. Quando se verificar o desreconhecimento dos activos a que

respeitem as imparidades. Esta conta será debitada por contrapartida das correspondentes contas, “211

clientes c/c” e “212 Clientes – títulos a receber” – SNC – Notas de Enquadramento.

Tal como se encontram desenvolvidas as contas “211 clientes c/c” e “212 clientes – títulos a receber”

para respeitar os critérios da “NCRF 5 – Divulgações de partes relacionadas”. Também nesta conta

julgamos conveniente a sua decomposição no sentido de preparar a informação para a necessária

divulgação no anexo.

A subdivisão referida pode ter a seguinte estrutura:

219 – Perdas por imparidade acumuladas

219.1 – Em clientes c/c

219.1.1 – Clientes gerais

219.1.2 – Clientes – empresa mãe

219.1.3 – Clientes – empresas subsidiárias

219.1.4 – Clientes – empresas associadas

219.1.5 – Clientes – empreendimentos conjuntos

219.1.6 – Clientes – outras partes relacionadas

219.1.6.1 – Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade

219.1.6.2 – Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe

219.1.6.3 – (outras situações particulares da entidade)

Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 29

219.2 – Em títulos a receber

219.2.1 – Clientes gerais

219.2.2 – Clientes – empresa mãe

219.2.3 – Clientes – empresas subsidiárias

219.2.4 – Clientes – empresas associadas

219.2.5 – Clientes – empreendimentos conjuntos

219.2.6 – Clientes – outras partes relacionadas

219.2.6.1 – Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade

219.2.6.2 – Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe

219.2.6.3 – (outras situações particulares da entidade)

Movimentação

219 – Perdas por imparidade acumuladas

Débito Crédito

Reversão no período da perda por imparidade (por crédito da conta 76211)

Registo da perda por imparidade do período (por débito da conta 6511)

Reconhecimento

Esta conta (219 Perdas por imparidade acumuladas) é apresentada no balanço na rubrica «Clientes»

como dedução às contas clientes c/c (conta 211) e clientes títulos a receber (conta 212).

Apontamento Fiscal

Conta 219 Perdas por imparidade

Apesar das dificuldades de controlo, quer da razoabilidade da decisão, quer da quantificação, são fiscalmente dedutíveis as perdas por imparidade, que tiverem por fim a cobertura de créditos resultantes da actividade normal que, no fim do exercício, possam ser considerados de cobrança duvidosa e sejam evidenciados como tal na contabilidade. Quando deixar de se verificar a sua necessidade, serão reflectidas no lucro tributável do período de tributação respectivo. São considerados créditos de cobrança duvidosa, quando estejam reunidos os requisitos constantes do art.º 36º do CIRC (*), de entre os quais, salientamos:

- A existência de processo especial de recuperação de empresas e protecção de credores ou processo de execução, falência ou insolvência;

- Os créditos tenham sido reclamados judicialmente; - Os créditos estejam em mora há mais de seis meses e existam provas de diligências para o seu

recebimento. É importante a entidade reunir documentação de suporte, pois a administração fiscal é bastante rigorosa quanto à justificação de cobrança duvidosa. Apesar do código de contas proposto pelo SNC não sugerir uma conta própria para clientes de cobrança duvidosa, enquanto se mantiver a redacção da alínea a) do n.º 1 do art.º 35.º sugere-se que as empresas tenham em atenção o cumprimento desta obrigação fiscal.

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Boletim Empresarial

Classe 2 – Contas 21 e 22 30

(*)Artigo 36.º - CIRC

Perdas por imparidade em créditos 1 — Para efeitos da determinação das perdas por imparidade previstas na alínea a) do n.º 1 do artigo anterior, consideram-se créditos de cobrança duvidosa aqueles em que o risco de incobrabilidade esteja devidamente justificado, o que se verifica nos seguintes casos: a) O devedor tenha pendente processo de insolvência e de recuperação de empresas ou processo de execução; b) Os créditos tenham sido reclamados judicialmente ou em tribunal arbitral; c) Os créditos estejam em mora há mais de seis meses desde a data do respectivo vencimento e existam provas objectivas de imparidade e de terem sido efectuadas diligências para o seu recebimento. 2 — O montante anual acumulado da perda por imparidade de créditos referidos na alínea c) do número anterior não pode ser superior às seguintes percentagens dos créditos em mora: a) 25 % para créditos em mora há mais de 6 meses e até 12 meses; b) 50 % para créditos em mora há mais de 12 meses e até 18 meses; c) 75 % para créditos em mora há mais de 18 meses e até 24 meses; d) 100 % para créditos em mora há mais de 24 meses. 3 — Não são considerados de cobrança duvidosa: a) Os créditos sobre o Estado, Regiões Autónomas e autarquias locais ou aqueles em que estas entidades tenham prestado aval; b) Os créditos cobertos por seguro, com excepção da importância correspondente à percentagem de descoberto obrigatório, ou por qualquer espécie de garantia real; c) Os créditos sobre pessoas singulares ou colectivas que detenham mais de 10 % do capital da empresa ou sobre membros dos seus órgãos sociais, salvo nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1; d) Os créditos sobre empresas participadas em mais de 10 % do capital, salvo nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1.

Exemplo – Imparidade e Reversão

Em 30 de Novembro do ano N a empresa X vendeu mercadorias ao cliente Alfa por 1.000€.

A 31 de Dezembro desse ano constatou-se que a empresa Alfa estava numa situação de significativa

dificuldade financeira. Por este motivo estima-se que não se consiga cobrar mais de 40% da dívida desse

nosso cliente.

Em 31 de Dezembro de N+1 o cliente Alfa ainda não pagou aquela dívida mas, depois de nova

estimativa da capacidade financeira do cliente, existe uma forte probabilidade que este venha a pagar no

curto prazo a totalidade da dívida.

Quantia da dívida do cliente Alfa = 1.000€

1.000* 60% = 600€

Conta: 2111x

Data Descrição Contas

Valor Débito Crédito

31/12/N Registo da imparidade

6511 – Perdas por imparidade – Em dívidas a receber - Clientes

600

219x – Perdas por imparidade acumulada

600

31/12/N+1 Desreconhecimento da perda por imparidade

219x - Perdas por imparidade acumulada

600

76211 – Reversão/ De perdas por imparidade / Em dívidas a receber / Clientes

600

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Classe 2 – Contas 21 e 22 31

Conta 22 – Fornecedores

«Regista os movimentos com os vendedores de bens e de serviços, com excepção dos destinados

aos investimentos da entidade». SNC – Notas de Enquadramento. Esta conta destina-se a registar os movimentos com os vendedores de mercadorias, de matérias-

primas, subsidiárias e de consumo, de activos biológicos e de fornecimento e serviços externos, ainda que

sejam entidades como: sócios; pessoal; Estado e outros entes públicos; etc.

Reconhecimento

Esta conta (22 Fornecedores) apresenta as suas subcontas no balanço em rubricas do activo e do

passivo. No activo as subcontas (228 Adiantamentos a fornecedores) e (229 Perdas por imparidade

acumuladas) aparecem incorporadas na rubrica «Adiantamentos a fornecedores». No passivo corrente as

subcontas (221 Fornecedores c/c), (222 Fornecedores – títulos a pagar) e (225 Facturas em recepção e

conferência) aparecem incorporadas na rubrica «Fornecedores».

Mensuração inicial

A conta “22 Fornecedores” enquadra-se no conceito de passivo financeiro. Assim sendo, a sua

mensuração deve ser feita de acordo com a alínea a) do §11 da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros, pelo

custo ou custo amortizado menos qualquer perda por imparidade.

Mensuração subsequente

A imparidade para a conta “22 Fornecedores” só se verifica na existência de um adiantamento a

fornecedores (que se enquadra na definição de activo financeiro). Assim sendo, §23 da NCRF 27 –

Instrumentos Financeiros, à data de cada período de relato financeiro, uma entidade deve avaliar a

imparidade (*) de todos os activos financeiros que não sejam mensurados ao justo valor através de

resultados, ou seja, que estejam mensurados ao custo ou ao custo amortizado menos qualquer perda por

imparidade. Se existir uma evidência objectiva de imparidade, a entidade deve reconhecer uma perda por

imparidade na demonstração de resultados (conta 6511).

(*) 24 da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros Evidência objectiva de que um activo financeiro ou um grupo de activos está em imparidade inclui dados observáveis que chamem a atenção ao detentor do activo sobre os seguintes eventos de perda: (a) Significativa dificuldade financeira do emitente ou devedor; (b) Quebra contratual, tal como não pagamento ou incumprimento no pagamento do juro ou amortização da dívida; (c) O credor, por razões económicas ou legais relacionados com a dificuldade financeira do devedor, oferece ao devedor concessões que o credor de outro modo não consideraria;

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Classe 2 – Contas 21 e 22 32

(d) Torne-se provável que o devedor irá entrar em falência ou qualquer outra reorganização financeira; (e) O desaparecimento de um mercado activo para o activo financeiro devido a dificuldades financeiras do devedor; (f) Informação observável indicando que existe uma diminuição na mensuração da estimativa dos fluxos de caixa futuros de um grupo de activos financeiros desde o seu reconhecimento inicial, embora a diminuição não possa ser ainda identificada para um dado activo financeiros individual do grupo, tal como sejam condições económicas nacionais, locais ou sectoriais adversas.

A conta de fornecedores engloba todas as dívidas a pagar, resultantes da compra de bens e serviços

utilizados ou consumidos pela empresa no exercício da sua actividade corrente, ou seja, dívidas resultantes

de transacções correntes.

NOTA: As aquisições de Propriedades de Investimento da empresa, serão registadas na conta 2711

e não na conta 22.

Contabilísticamente, a conta 22 – Fornecedores é creditada pela extensão inicial e pelos aumentos

das dívidas a pagar e debitada pelas diminuições destas últimas (pagamentos aos fornecedores por parte

da empresa).

Em esquema, o seu movimento é o seguinte:

22 - Fornecedores

Conta 221 – Fornecedores c/c

Nesta conta registam-se todos os movimentos ocorridos com fornecedores, com excepção dos

destinados aos investimentos da entidade, que não sejam titulados, não estejam em recepção e

conferência, não sejam adiantamentos a fornecedores sem preço fixado nem perdas por imparidade

acumuladas.

Tal como já aconteceu para o desenvolvimento da conta “211 Clientes c/c” também o

desenvolvimento desta conta deve respeitar os critérios da NCRF 5 – Divulgações de Partes Relacionadas,

assim como a NCRF 13 – Interesses em Empreendimentos Conjuntos e Investimentos em Associadas e da

NCRF 14 – Concentrações de Actividades Empresariais, já referidos nos aspectos gerais e no caso

particular para as outras partes relacionadas.

- Pagamentos; - Notas de crédito de fornecedores; - Devoluções de compras.

- Saldo inicial; - Facturas de fornecedores; - Notas de débito de

fornecedores.

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Classe 2 – Contas 21 e 22 33

O desenvolvimento desta conta é o seguinte:

Conta 2211 - Fornecedores gerais

Registam-se nesta conta as operações com todas as entidades que não sejam partes relacionadas.

Conta 2212 - Fornecedores – empresa-mãe

Registam-se nesta conta as operações com a empresa-mãe

Conta 2213 - Fornecedores – empresas subsidiárias

Registam-se nesta conta as operações com empresas subsidiárias

Conta 2214 - Fornecedores – empresas associadas

Registam-se nesta conta as operações com as empresas associadas

Conta 2215 - Fornecedores – empreendimentos conjuntos

Registam-se nesta conta as operações com empreendimentos conjuntos

Conta 2216 - Fornecedores – outras partes relacionadas

Registam-se nesta conta as operações com outras partes relacionadas, conforme referido no § 14 da

NCRF 5 - Divulgações de Partes Relacionadas, nomeadamente as alíneas:

(b) entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade;

(f) pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade – mãe; e

(g) Outras partes relacionadas.

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Classe 2 – Contas 21 e 22 34

… pelo que se sugere a seguinte decomposição

2216 – Outras partes relacionadas

22161 – Entidades com controlo conjunto ou influência significativa sobre a entidade

22162 – Pessoal chave da gestão da entidade ou da respectiva entidade-mãe

22163 – (outras situações particulares da entidade)

Para informações detalhadas sobre o conteúdo destas contas, ver desenvolvimentos da conta 211

Clientes.

O seu movimento contabilístico é o seguinte:

Movimentação

(alguns exemplos)

221.x. Fornecedores c/c

Débito Crédito

Pagamento aos fornecedores Aceite de títulos a pagar (por crédito da 222x) Devoluções de compras (Notas de crédito do Fornecedor) Descontos comerciais e abatimentos em compras (Notas de crédito do fornecedor) Regularizações de adiantamentos ao fornecedor (por crédito da conta 228 Adiantamento a fornecedores ou 39 Adiantamentos por conta de compras)

Quantia das compras de bens e serviços Notas de débito do fornecedor (despesas, etc.)

Apontamento Fiscal

Conta 221 Fornecedores c/c

No sentido de preparar a contabilidade das empresas para o cumprimento das obrigações fiscais, no que concerne aos requisitos exigidos pelo CIVA, nomeadamente os constantes do n.º 1 alíneas c) f) e h) do art.º 29.º, é recomendável que as contas de fornecedores sejam individualizadas atendendo à sua natureza, mais concretamente em:

- Fornecedores nacionais - Fornecedores comunitários - Fornecedores fora da comunidade

Com o mesmo objectivo se recomenda a criação de contas de fornecedores para as compras a dinheiro.

Aquisições a pronto pagamento (a empresa paga no acto da compra):

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Classe 2 – Contas 21 e 22 35

Débito: Crédito: Valor:

31-Compras Valor da compra sem IVA

IVA das compras IVA pago

11 ou 12 Valor da compra + IVA pago.

Quando se faz uma compra a pronto pagamento, na contabilidade não é preciso registarmos o valor

da compra em fornecedores (convém é a empresa ter um registo extra contabilístico onde registe aí o nome

dos fornecedores a quem fez a aquisição).

Só se regista na conta 22 – fornecedores, o valor da dívida que a empresa tem para com os seus

fornecedores.

Compra de matérias-primas ao fornecedor “E”:

Débito: Crédito: Valor:

221005

312 valor líquido

243213 IVA – taxa normal

Desconto, fora da factura, concedido pelo fornecedor “E” na matéria –prima “A” (15%):

Débito: Crédito: Valor:

221005 pelo valor líquido

31861 desconto

24342 IVA – taxa normal

Compras a crédito (a empresa fica a dever, paga daqui a x dias):

Débito: Crédito: Valor:

31-Compras Valor da compra sem IVA

IVA das compras IVA pago

221-Fornecedores c/c Valor da compra + IVA pago.

Aquando do pagamento ao fornecedor:

Débito: Crédito: Valor:

221 12 valor da compra + IVA

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Classe 2 – Contas 21 e 22 36

Sugere-se um exemplo do possível desdobramento da conta Fornecedores da

seguinte forma:

22 Fornecedores

221 Fornecedores c/c

2211 Fornecedores gerais

22111 Fornecedores do Território nacional

22111 001 Fornecedor A

22111 002 Fornecedor B

22111 003 Fornecedor C

22112 Fornecedores de países comunitários

22112 001 Fornecedor D

22112 002 Fornecedor E

22112 003 Fornecedor F

22113 Fornecedores de países terceiros

22113 001 Fornecedor G

22113 002 Fornecedor H

22113 003 Fornecedor I

Conta 222 – Fornecedores – títulos a pagar

Esta conta inclui as dívidas a fornecedores que estejam representadas por títulos ainda não vencidos.

(ex: letras).

O desenvolvimento desta conta é o mesmo que foi preconizado para a conta 221 Fornecedores c/c.

2221 Fornecedores gerais

2222 Fornecedores – empresa-mãe

2223 Fornecedores – empresas subsidiárias

2224 Fornecedores – empresas associadas

2225 Fornecedores – empreendimentos conjuntos

2226 Fornecedores – outras partes relacionadas

Genericamente, podem resumir-se a três, as fases de movimento das letras.

1 – Aceite:

Débito: Crédito: Valor:

221-Fornec. C/c 222-Fornec. T/p Vn

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Classe 2 – Contas 21 e 22 37

Vn = Valor nominal da letra aceite.

2– Pagamento:

Débito: Crédito: Valor:

222-Fornec. T/p 11 ou 12 Vn

Vn = Valor nominal da letra aceite.

3 – Reforma:

A reforma ocorre sempre que não haja disponibilidade financeira para liquidação total (ou parcial) da

letra aceite, no seu vencimento.

- Anulação da letra a reformar:

Débito: Crédito: Valor:

222-Fornec. T/p 221-Fornec. C/c Vn

- Valor entregue para a amortização do aceite antigo:

Débito: Crédito: Valor:

221-Fornec c/c 11 ou 12 Valor pago

- Aceite de uma nova letra com vencimento posterior:

Débito: Crédito: Valor:

221-Fornec. C/c 222-Fornec. T/p X

X = Valor da letra ainda em dívida.

- Encargos adicionais pelo aceite da nova letra:

Débito: Crédito: Valor:

6912 – Desc. títulos 221-fornec. C/c Encargos suportados.

NOTA: Há que ter o cuidado de se verificar se estes encargos se referem ao mesmo exercício, pois,

se por exemplo, correspondessem a 60 dias, 30 dias de Dezembro e 30 dias de Janeiro, o lançamento

seria: a débito de 6912 (50%) e a débito da 281 (50%), por crédito a 100% da 221.

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Classe 2 – Contas 21 e 22 38

Quando se proceder à aquisição da letra, far-se-á o lançamento seguinte:

Débito: Crédito: Valor:

244-Imposto do selo 11 ou 12 C

C = Custo da letra.

Em síntese, a conta 222 – Fornecedores – Títulos a pagar, será movimentada por:

Movimentação

(alguns exemplos)

222.x – Fornecedores – títulos a pagar

Débito Crédito

Pagamento da letra e outros títulos a pagar (por crédito de meios financeiros ou outra forma de quitação) Anulação do título a pagar (por crédito da conta 221x)

Aceite de letras (por débito da conta 221x) Outras titularizações de dívida a fornecedores (por débito da conta 221x)

O seu saldo será sempre credor e representa o total das responsabilidades por títulos a pagar aos

fornecedores.

Apontamento Fiscal

Conta 222 Fornecedores títulos a pagar

O critério preconizado para a conta de fornecedores c/c, deverá ter também aplicação para esta conta, ou seja, o seu desenvolvimento atendendo à sua natureza, mais concretamente em:

- Fornecedores nacionais - Fornecedores comunitários - Fornecedores fora da Comunidade

Aconselha-se o seguinte desdobramento para esta conta:

222 Fornecedores – Títulos a pagar

2221 Fornecedores gerais

2221 001 Fornecedor A

2221 002 Fornecedor B

2221 003 Fornecedor C

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Classe 2 – Contas 21 e 22 39

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