32
5/13/2018 ClausRoxin-AProteodeBensJurdicoscomoFunodoDireitoPenal,2ªed.(2009)-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 1/32 R887p CLAUS R O X IN . , . i Roxin, Claus A p ro teca o de ben s j ur idl cos co mo f unca o do Di rei - to penal/Claus Roxin: org. e trad. Andre Luis Calle- gar i, Ne reu J os e G iaco mol li - 2. ed , Por to A legr e: L lvr a- r ia do A dvoga do E di tor a, 2009 . 65 p.; 21 ern, ISBN 978-85-7348-648-3 A protecao de bens jurfdicos como funcao do .Direito Penal 1. DireltoPenal. 2.Bem juridico: P ro te ca o. 3. Tlpo penal. 1. Callegari, Andre Luis, trad. II. Giacomolli, Ne- r eu J os e, t ra d. I II . T it ul o. CDU - 343.2 Organlza~ao e Tradu~§o A nd re Luis Callegari N ereu Jose Giacomolli n di ce s p ar a 0 catalogo Sistematico: Direito Penal Tipo penal Bern[urldtco: Protecao 2~ EDI<;AO (Btbltotecarta responsavel: Marta Roberto, CRB-IO/652) livrar~ia DOAD OGADO editora Por to Al egr e 2009

Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 1/32

R887p

C LA US R OX IN. ,. i

Roxin, ClausA protecao de bens juridlcos como funcao do Direi-

to penal/Claus Roxin: org. e trad. Andre Luis Calle-gari, Nereu Jose Giacomolli - 2. ed , Porto Alegre: Llvra-r ia do Advogado Editora, 2009.

65 p.; 21 ern,

ISBN 978-85-7348-648-3

A protecao de bens jurfdicos

como funcao do .Direito Penal

1. DireltoPenal. 2 . B e m juridico: P ro te ca o. 3 . Tlpopenal. 1. Callegari, Andre Luis, trad. II.Giacomolli, Ne-reu Jose, trad. III. Titulo.

CDU - 343.2 O r g a n l z a ~ a o e T r a d u ~ § o

Andre Luis Callegari

Nereu J o s e Giacomollindices para 0 catalogo Sistematico:

Direito PenalTipo penalBe r n [ u rl dt co : P r ot ec a o

2~ EDI<;AO

(Btbltotecarta responsavel: Marta Roberto, CRB-IO/652)

l ivrar~iaDOAD OGADO

edi tora

Porto Alegre 2009

Page 2: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 2/32

e C ln ux R oxln , 2 009

,,

Org ani za r ;a o e T r sd u c ioAndre Luis CallegariNereu Jose, Giacomolli

Apresentacac

Revi sso

Ros en e M a rq ue s B or ba

A presente obra e resultado de duas conferencias

proferidas pelo Professor Claus Roxin, na UniversldadeExternado da Colombia, ern Serninario Internacianalde

Diretto Penal e Filosofia do Dit~ito, em final de 2004, Asduas palestras foram intituladas: "A protecao de bens

jurfdicos como missao do Diretto Penal?" e "Protecao 'de

bens juridicos e liberdade indivIdual na encruzilhadadadogmatica jurfdico-penal". Net mesrna ocasiao, 0 Profes-

sor Claus Roxin a uto riz ou a tra duc ao e a p ub llc aca o do

conteudo das palestras no Brasil. No original, as confe-

r en cia s n ao estavam subdivldidas em itens, 0 que se fez

necessario para fins didaticos e para melhor visualiza-

cao do conteudo do que foi exposto, Assim, 0 titulo de

cada capitulo re pre se nta u rn a c on fe re ncla e foi divididoem varies itens. ,

No primeiro capitulo (primelra conferencia). 0 au-

tor trata do comportamento como objeto de protecao,

conceituando bern juridico e suas implicacoes como

limites ao legislador. na restr lcao da punibilidadc, na

proporcionalidade e na legitimacao dos tipos penais.

culminando com as cnticas a Hirsch, Stratenwerth e

[akobs. Conclul. ressaltando a i.mportancia do bem jQri-

~ que(a))e absolutamente compativel que a interven-

<;ao estat~penal dependa da necessidade de protecao

subsidiaria de bens jurtdicos e da salva-guarda das

C e ps , p ro je to g ra fi co e d ia g ram a r; il 0Livrarla do Advogado Editora

D l re it o s d e st s e d /~ a o reservedos po rLivraria do Advogado Editora Ltda.

Rua R ia ch ue lo , 1 33 890010-273 Porto A le gr e R SPor ia/ f ax : 0800-51-7522

[email protected]

www.doadvogado.com.br

Irnpresso no Brasil / Printed i n Brazil

" 1

Page 3: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 3/32

regras culturais de comportamento publico, tudo dentrode marcos constituclonals e de controles democraticos:

@ urn sistema social nao deve ser mantido por ser urn

valor em si mesmo, mas atendendo aos hornens quevivem na sociedade atual;G:) sua concepcao de bernjuridico no Direito penal relaciona-se com 0 Estado deDiretto. ,

No segundo capitulo .(segunda conferencia}, Roxinproblematiza a protecao de bens juridicos e a liberdadeindividual, no marco do. i~sto penal e do risco naopermitido, conclulndo que~ 0 injusto penal pressupoeuma lesao au colocacao em perigo do bern juridico e quea teoria da Imputacao objetiva estabelece, com detalhes,a partir de dito furtdamento, 0 ambito do juridico penal-mente proibldo, mediante a~onderac;ao dos lnteressespela protecao da liberdade;® 0 finalismo penal enrai-zou-se numa estrutura onto16gica da finalidade sempesenvolver-s~ completamente@'uma teorta do injustolque rechaca ~ lesao ao bern juridico nao pode seraplicavel seriamente. .

Finalmente, curnpre agradecer ao Professor ClausRoxin por ter autorizadc e permitido a organlzacaodesta obra, bem como ao apoio da Livraria do Advoga-do Editora, por ter aceitado rnais este empreendimento,colaborando, decislvamente. na divulgacao dos questio-namentos atuais da ciencia jiirtdica.

Porto. Alegre, outono de 2006,

sumar lo

Capitulo I ,A proteeao de bensjuddicos come missao do Direito Penal?Tmduz id o po r Andr e LuIs Ca llcgarJ . .. , '.' , , ..... , , . " 9

1 - 0 comportamento como objeti:i de punlcso . , . , , , " II

2 - A sttuacao na Alemanha no pas-guerra , " 12

3 - Comportamento etico: delitossexuals , , , .:, " 13

4 - Ambito de atuacao do Direlto Penal: Hirsch, Stratenwerth .

e [akobs ... , , , ... , , , .~, . , , , ... , , , . , .. , 14

5 - Conceito de bern juridico ..•..... , . , , , , , . , .. , 16

6 - Limltes impostos ao legislador .. " .. , , , , , , , " 20

7 - A restrtcao da punibilidade , . .... ".,.,.,... 26

8 - A proporcionalidade " . , ' ; , , , , . , . , . , , , , , " . 26

9 - Legrtlrnacao dos tip os penais ', . . , , 27

10 - Criticas , .. , . , , .. , ... , . , , , , .. , , .. , 29

Capitulo II

Protecao de bens juridicos e Iiberdade individual naencruzilhada da dogmatica jdridico-penalTraduzido pOl' Nereu Jose G iacom o llJ .. , , , , . , . , , " 37

I - 0 injusto penal e 0 risco nao permitido , .. , , .. 39

2 - 0 ocaso do Ilnallsmo ,.,." .. ,.,.,""",. 45

3 - A concepcao monlsta-subjettva do injusto , . , , , , , ,. 514 - 0 injusto segundo [akobs , , ... , , , , . , , . , , , . ,. 55

5 - Conclusao , , . , . , , , , .. , , , . . , , .... , .. , '. 61

Blbliogralla .. '.' , . , , , ... , , .... , , , . , , .. , . .. " 62n dr e L uis C a lle ga ri

N e re u j os e G i ec o m ol li

Page 4: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 4/32

Capitulo I

A protecao d e b en s ju rfd ico s co m o

mlssao d o D ire ito P en al?

Tr educso d e A nd re Luis Cal legari

Page 5: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 5/32

--..----------~:

1 - 0 com po rtam en to co mo o bje to

. de p un lc a o

,.

sera sempre urn problema cen 0

legisla or, mas, am em, para a Ciencia DireitoPenal . Ha muitos argumentos a favor para que olegtsla-dor moderno, mesmo que esteja legitimado democrati-

camente, nao penalize algo simplesmente porque nao

gosta. A crftica veemente a urn governo, a pratica .deconviccoes religiosas Ioraneas ou urn comportamento

privado que se afaste da norma civil serao ci an-etas incoriio as para uma autoridade que poe especial

interesse em cidadaos obedientes. conformistas e facil-

mente dirigfveis . A hist6ria - tarnbern, inclusive, a atual

- ccnhece muitos exemplos de uma justica penal que

busca a repressao de urn cornportamento sernelhante.Entretanto, de acordo com b estandar alcancado pornossa clvilizacao ocidental ., e minhas apreciacoes se

moverao .somente neste marco -, a l2enaliza<;ao de urncomportamento necessita, em todo caso, de u iti-

m_a<;30diterente 'a srrnpTes discricionariedade doJegi§-lq ,do r _

A protecao d b b en s ju rld ic os c om o fu nc ao d o D lr eito P en ali

11

Page 6: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 6/32

A ciencia do Dire-ito Penal alernao do p6s-guerra

tentou limitar 0 poder de intervencao juridico-penal na

teoria do ~1 jurfdico, A ideia principal foi que 0

Direito Penal deve proteger somente bens juridicosconcretos, e nao conviccoes politicas ou morals, doutri-nas religiosas, concepcoes ideol6gicas do mundo ousimples senttmentos.' 0 projeto alternativo alernao doocidente de 1906, do qual fui co-autor, e que pretendia

opor-se ao projeto do governo de entao com uma pollti-ca criminal alternativa moderna rezava, programatica-

mente, no artigo 2°, § 1°: "As penas e as medidas de, / ' r seguranca servern para protecao dos bens jurfdicos e aII relnsercao do autor na comunidade jurfdica".

Aindaqud 0 legislador alernao nao tenha assumidoesta ideia programatlca. ao rnenos reformou integral-mente, nos anos seguintes, 0 Direito Penal alemao noambito sexual, sob a influencia da teoria da protecao debens juridicos ..Desde entao, 0 capitulo correspondentede nosso Codlgo Penal [a nao se intitula "Delitos econtravencoes 'contra a rnoralldade". mas, "Fates punt-

veis contra a atltodetermina9a6·sexu~". Isto e, a "mora-

l.Es te art lgo roi traduzldo para a espanhol por j or ge F e rn an d o P e rd o m o T o rr es .Centro de Investigaciones en Deroche y Ftlosofla, Universidad Externado deColombia. . ,. i .

Os llvros mats lrnportantes sobrc a tcorla do bern [urldlcc o que difcrcmamplamente quanta ao conteudoe a tendencla sao: Jager , Strafgesctzgcbungund Rechtsguterschutz bei den Slttllchkeltsdelikten. 1957; stn« Die Dogmen-geschlchte des Begrtffs "Rechtsgut", 1962;·AmelU/ lg . Rechtsguterschutz undSchutz der Gesellschaft, 1972; Marx , Zur Deflntttort des Bcgrlffs "Rechtsgut",1 9 72 ; H e ss e m er , Theorlc und Sozto logte des Verbrcchens - Ansatz zu elncrpraxlsorlerttlerten Rechtsgutlebre, 19731H e fe n d eb l' / V o n H i rs ch i W o h le r s (edl-teres), Ole Rechtsgutstheorle, 2003. !: ;o §, sinal lhdicattvo do arttgo, no Codlgo Pena l Alernao, foi traduzido comoartlgo.

2 - A sl tuacao n a A le m an ha

n o p 6s -g u e rr a

lidade" ja nao e protegida jurfdico-penalmente porquenao e urn bern jundico. de maneira que, par exemplo, ahomossexualidade entre adult.os (entao tida como imo-ral) , a troca de casais, os atos- sexuais com animals eoutros atentados contra a moral foram, de forma conse-

quente, dispensados de pena. : . .~

3 • C om porta me nto e tico :

de llt os s e xua ls

!.

A reforma do Diretto Penal no ambito sexual. con-c1ufda no ana de 1973, levou ~\:doutrina do bern [uridtco

ao ponto culminante de seu reconhectmento na Alerna-nha, ainda que isto seja negado por alguns dos adversa-rlos da teoria do bem jurfdiCQ2'com a afirmac;aode que apunlbilldade da homossexualidade entre adultos se $U-

primiu. nao porque urn comportamento sernelhante naolesione os bens juridicos de 'alguem. mas porque. asconviccoes mudaram, e este comportamento ja nab seconsiderou como lmoral. Corri efeito, a homossexualida-de e considerada hoje mi. Alemanha como uma formaespecial. eticamente neutra, de orientacao sexuaL Entre-tanto, isso fot, em grande parte, a consequencia da

despenalizacao, e nao sua causa; poucos anos antes dasupressao da punibilidade, 0 projeto governamentalpara 0 novo Codigo Penal no ana de 1962 qualificou ahomossexualidade como urn "comportamento etico es-pecialmente reprovavel e ignorninioso segundo a con-

vic<;aogeral"."

2 S t r s t enwer th . Zum Be' 'S "Rcchtsgutcs", llvro em homcnagern a Lenckner.1998. p. 377~eS5. (389 ; l . : ! . ! . ! J . ! ; . ! v D i e aktuelle Diskusslon uber den Rechtsguts-begr lf f, llvro em homenagem a Splnellis. 2001, p . 425 e 5S. (432).

3 Bcgrundung des Regterungscntwurfs, [962, p. 376.

12 Claus R(1.Y /n1\ protccao de bensjuridlcos como luncao do Direito Penal 1 3

Page 7: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 7/32

Ao se negar a grande influencia do conceito de bernjurfdico de ent~o. desconhece-se, ademais, que 0 projetoalternativo "delitos sexuals'', que toma como base ateoria do bern 'juridico, foi 0 modele ao legislador. E,

final mente, quando se nega a vitorta desta teoria nesteambito, desatende-se que formas de comportamentotarnbem hoje em dia consideradas como imorais, comoos casos menclonados de troca de casais ou as praticassexuais com animals. nao sao punfveis pela falta dalesao de urn bern jurfdico,

bem juridico" equivaleria a "deixar 0 circulo quadrado ",

isto e, seria impossive!. Ademais. ele sustenta que 0

motivo para a elaboracao de -um tipo penal nao e aprotecao de bens juridicos, mas,~ inconveniencia de u r ncomportamento. Deve-se "reccnhecer que a orientacaobasica social e legislativa reccrfhecida e decisiva pita,

por urn lado, querer a manutencao de uma normadeterminada au para, por outrolado, simp ente naoquerer urn cornportarnentc"." Fmalrnente' l a kobs bser-

va, desde urn prlncipto. que a funcao do Direito Penal ea confir.m~,c;:~o.da_vig~ncia da.nbtm...a,e nao a protecao de I 1 .1 ., . ,

bensjuridicos. 0 fato punivel e a negacao da norma pelo 1 0 P ' "autor, e a pena tern como significado que "a aftrmacao Jdo autor nao e deterrninante, e que a norma .seguevigendo inalteradamente"." Partindo desta perspectiva,

nao e necessario ocupar-se maissobre a conceito de bern[uridico. ' ':

Entretanto, a ideia da prctecao de bens juridicoscomo urn instrumento para ~estringir a intervencao

~enal tambern encontf. ou defensores decididos.r Hsssemeit, ha mais de 30 anos; e protagonista de urncOiic'erro'de bern juridico denorriinado par ele "entice ao~"9 e hoje, vice-presidente do Tribunal Constitu-

cional alemao, afirrnou recentemente: 10 "A proibicao de J t \um comportamento sob arneaca punitiva que nao pede

G Stmtenwer th , na: Hd e n d e hl l V o n / ii rs c l1 lW o hl cr s (editores), Die Rechtsguts-thcorle . 2003. p, 299 e s. '

7 Llmltar-me-el ao ultimo tratarnento deralhado ,d o terna: Was schutzt .das

Strafr echt: R echtsgutor oder Normgcltung? livro homenagcm a S<7 i IO.2003 .

p. 17 o s s, Es t e t r aba lho ja havia sido p ub ll ca do n a t ra du ca o em e sp an h ol em :R e v is t s P e r ue n » d e D o u t ri n s e l u ri sp r ud e n c is , n. 1 (2000). p. 154.

8 A u ltlrn a c'lta(ao e retlrada do tr aba lho "Bu rge rs rr af rech t und Feinds tr a-

fr ec hr ", e m: I lv ro e m m em or ia d e Hung , 2003. p . 42 .

!) Hessemer . e rn se u e scrtro de habllltacao m cn clon ado n a nota 1.t "

10 Hsssemer, ~110 trabalho: Darf as St ra ft at en geben , di e ein s tr af recht ll ch es

Recht sgut n ic ht i n Mi tl ei den schaf t zi ehen?, em : Heiendeh l / vo n Htrscn / Woh l e r s( edt tor es ). D le Rcch tsgu ts theor te . 2003 . p, 57 (64 ).

ena l :

S tra te n we rth e Jakobs

Depots das reformas mencionadas, 0 conceito debern jurfdico nao experlmentou na Alemanha urn trata-mento a fundo pol" urn longo tempo. A discussao seacendeu de ndvo vivamente 56 ate os ultimos anos, Acrenca de que a ameaca punitlva deve ser a evltacao dasIesces ao bem [urfdico, foi, nesta discussao, cada vezmais objeto de critlca. Llrnito-me aqui as posicoes de tres

\

aUAto.e~ que cdnsidJram irn_po,ss,ivelou errado restrrngrro ambito de atuacao do Direito Penal a les6es de bensjuridicos. .:

~firma que "nao e"i~te" um conceito de bernjUridlCO predeterminado para d : Iegislador. "0 conceito

de bern jurfdico nao e urn prlnciplo idoneo para limitar

o Diretto Penal". S t r e t enwer t l r remete as multiplas e

variadas definicces do bern jttridicd na literatura para

logo afirmar que "uma deflnicao material universal de

4 Hirsch . como na nota 2. p . 436, 445. .

5 Stratenwerth, como na nota 2, p . 378 e '388.

14 15l s us Rox in A protecao de bens j l1 ri di co s c om o f un ca o d o D ir et to Penal

- c ~ •• " _

Page 8: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 8/32

rapoiar-se num bern jurfdico seria terror estataI [... J Aintervencao na liberdade de atuacao nao teria alga que a

legitime. < !~ desde 0 qual pudesse surgir seu sentido" .~man~ interpreta a remincia a capacidade crftica

do princfpfo ,de protecao de bens juridicos como urnretrocesso do Direito Penal a urn nivel anterior a ilustra-r;ao. "Nao sornente se deve preservar a posicao centraldo conceito de bern juridico na dogmatica penal. masque tambem b verdadeiro desenvolvimento da teoria dobern juridlcoe inclusive irninente ".

5 - .c on ce ito d e b ern ju rfd ic o

Encontrarno-nos de novo frente a uma discussao

':,:.V basica e apaixonan. te em cujo marco eu me induo nos

!: ~ defensores dt) conceito de bem juridico. Antes de ocu-~ 'par~me ~e sellS detratores, desejo expor minha propria

concepcao na forma concisa como aqui convern. ]a quesao tantas as oplntoes sabre o que e urn bern juridico.sobre 0 tema somente se podera discutir corretamentequando se deixe clare o que se entende por bern juridicoe de onde se deduz uma restrtcao do Direito Penal a.protecao de ditos bens.

Eu parto de. que as frot{teiras da autorlzacao deIntervencao juridico-penal devem resultar de uma fun-

cao social do Diretto Penal , 0 que esta alern desta funcaonao deve ser logicarriente objeto do Direito Penal. Afuncao do Diretto Penal consiste em garantir a seuscidadaos uma existencia pacifica, ' jlivre e socialmentesegura, sempre e quando estas mdtas nao possam ser

II Scht lnemsnn . D a s R c ch ts gU te rs ch ui zp rl nz ip ~ ls Fluchtpunkt de r verfas-

s un gs re cl ft ll ch en ' Cr en ze n d e r S tr af ta to es ta nd e u nd l hr er I nte rp re ta tio n. e m

He f e nd e h l/ v o n H I r sc h /W oh l e rs (edltoresl, Di e Rechtsgutstheorfe, 2003. p. 133( 14 5. 1 54 ).

;

· 116 C l s u s Rox i n

II

J

alcancadas com outras medid~s politico-socials que afe-\ ·r6z{'tern em menor medida a Iiberdade dos cidadaos. Estadescricao de funcces corresponde. segundo minha opi-niao, com 0 entendimento mesmo de todas as democra-

cias parlamentares atuais, por lsso nao necessita. entao,de uma fundamentacao teorica mats ampla.

Nao obstante, ela se Iegitirna historicamente desde

o pensamento jurfdiCo-racion~t da ilustracao que servede base a forma de Estadc. !'democraticO.12 Desde a-oncepcao ideol6gica do cori trato social, os cidadaos,como possuidores do poder e?tatal. t ransferem ao legis-lador somente as atribuicoes de intervencao jurfdico-pe-nais que sejam necessarias para 0 logro de uma Vida emcomunidade livre e pacffica, ~..eles fazem isto sornentena medida em que este objetivo nao se possa alcancan

por outros meios mais leves. A.:ideia que se subentendea esta concepcao e que se deveencontrar urn equilfbrlo

entre 0 poder de intervencao estatal e a liberdade civil,que entao garanta a cad a urn.tanto a protecao estatalnecessaria como tarnbern a liberdade individual possf-

. vel. Estes ideais de nossa tradlcao liberal ilustrada naosairam de mcda em absoluto, eles devem de preferenclaseguir sendo defendidos frente as novas tendencies de

origem diferente, restritivas da liberdade .

De tudo isto resulta: em urn Estado dernocratico deDireito, modele te6rico de Estada que eu tamo par base.

as normas juridico-penais devern perseguir somente 0 & . . ~objetivo ,de assegurar aos cidadaos uma coexistenciapacifica e livre, sob a garantia de todos os direitoshumanos, Por isso, 0 Estado deve garantir, com os

instrumehtos juridico-penals. nao somente as condlcoes

12 C fr, 0 bre ve resu me em SCI!{}ncfnann. com o na nota 11. p. 1 41 o 1 43 : t am b cr n

Hsssemer, com o na nota 10, p. 58 .cE le fa la d e "urn a fu nd am cn ta ca o do D ire tto

Penal e da pena orientada aos D lreltos H urnanos, rca lizada sobretudo pela

f il os of ia p ol ft ic a d a i lu st ra ea o" .

A p ro te ca o d e b cn s ju rid ic os c om o fu nc ao d o D ir eito P en al 17

- - - - - - - - - - . - . . . . . . .. . . .- . . . .= " - - . . . . . . . . . . . .- - - - ------_~'''''lIi I J to ~ "" __ __ rr_ ' ----- ---- ._....._........~~k»_ i" ., '*E'I_ ' ' 'W_~_,

Page 9: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 9/32

Individuals nscessarias para uma coexistencia seme-

lhante (isto e, a protecao da vida e do corpo, da lib erda-

de de atuacao voluntarla, da propriedade etc.), mas

. tambern as Instituicoes estatais ade uadas para este fim

(uma administracao de justica eficient , um sistema

monetario e de impostos saudavels, uma administracao

livre de corrupcao etc.), sempre e quando is to nao se

possa alcancar de outra forma melhor.

Todos estes objetos legftimos de protecao das nor-

mas que subjazem a estas condicoes eu os denomino

bens jurfdicos. Eles nao sao elementos portadores de

sentido como frequenternente se supoe - se eles 0 fossem,

nao poderiam .ser lesionados de nenhum modo -, mas

ctrcunstancias .reals dadas: a ida, a inte rid ide cor o-

ral ou 0 oder d dis osi ao sobre os bens materiais

( opriedade). Entao, nao e necessario que os bens

juridicos poss am realidade material; a possibilidade de

disposlcao sobre coisas que a propriedade garante ou a

If5erdade de atuacao voluntarTa que se protege com a

proiblcao da coacao nao sao objetos corporals: entre tan-

to. saO parte ihtegranteda realldade empfrica. Tambem

os direitos fundamentais e humanos, como 0 livre de-. ~

senvolvimento da personalidade. a liberdade de o.pjniao

'~i.I religiosa, tgmbf:m saa..henS-jhtidicos. Seu desconheci-

mento prejudica verdadeiramente a Vida na sociedade.

De forma correspondente com 0 anterior, ernbora as

instituicoes estatafs como a administracao da justica ouo sistema monetario OU outros bens juridicos de todos

tampouco sao objetos corporals. mas sao realidades

vita is cuja diminuicao prejudlca, de forma duradoura, a

capacidade de reridimento t l a ' sociedade e a vida descidadaos. .;. i, ' ,

Sobre a 'base das reflexoes anteriores, podem-se

definir os bensjurfdicos comb Ci~~~;f;: ia~jS darlas.ou finalidades necessari~s para u a segura e livre,

@ ~CI,,,,Rosin

que garanta todos os direitos humanos e civis de cada Irn na sociedade ou para 0 funcionarnento de u r nsistema estatal que se baseia nestes objetivos. A diferen-

ciacao entre realidades e ftnallclades indica aqui que. 9S

bens juridicos nao necessarlamente sao fixados ao legis-lador com anterioridade, como :e:,ocaso, por exemplo, pa

vida humana, 'mas que eles tambern possarn ser criadbs

por ele, como e 0 caso das pretens6es no ambito do

Diretto Tributarto. . ,

A deflnicao que aqui se propos distingue urn con-

ceito "pessoal" de bern juridic.q como 0 que, de forma

similar, foi desenvolvido primelrarnente por RudoJphi,

Mar x e Hes s em e r ha rnais de trirta anos e de acordo corn

a projeto alternativo alernao do.ocldente." Um COhceitOlde bern [uridico semelhante n , 1 i b pode _gt. limitado" de

nenhum modo, a bensjurfdicos:indivldUais; ~ahr~tarnbem bens jur~~alidade. Entretanto, es-

tes somr;. .D.te sao legftimos qUqndo servem_deHniuva-

mente ao cidadao do Estad . r ' . Isto e assim Iquan 0 se trata dos bens juridicos universais transmtti-:

dos e reconhecidos em geral. Pbde-se observar facllmen-

te que uma administracao da' [ustica organizada e u r nsistema rnonetario estavel sao necessarios para 0 livre

desenvolvimento de cada um na sociedade. 0 mesrno

dever de pagar impostos, detestado com frequencia

pelos cidadaos. nao busca 0 enriqueclmento do Estado,

mas 0 beneflclo do particular que esta sujeito as contri-bulcoes do Estado que estao financiadas precisamente

atraves dos gravames. Urn conceito de bern jurtdlco

pessoal de tais caracteristicas e a forma correta de

expressao de um Estado de Diretto liberal, desde 0 qual

parte a minha argumentacao,

13 Rudo l ph t , Die verschicdenen Aspekte des Rechtsgutsbegrlffs. l lvro em ho-menagem a Hon i g . 1970. p . IS! e 55.; Ma rx e H a ss e me r no s trabalhos menclo-nados na no ta 1 .

· 1I

I

A protccao c l6 bnns jurld icos como rlll1~iiodo Diretto Penal 19

Page 10: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 10/32

o conceito de bern juridico que aqui se defende etam bern urn conceito de bern. juridico crftico corn J l . . . . -

le_gislayao, na medida em "'qLfe-·pyetende mostrar ao

fegisiador as fronteiras de uma ~a.14 Ele se

diferencia do asslm denominado conceito rDer6dico de

bern jundtco." segundo 0 qual como bernjuridico unica-

mente se deve entender 0 fim das normas, a r a ti o l e gi s.

rEste conceito de bern juridico deve ser rechacado, pois

nao aporta nada que va mais alern do reconhecido

princfpio de lnterpretacao teleoI6gica.

6 - L im ite s im p os to s a o le gis la do r-- __...-

Qual e a contribulcao de urn conceito de bern

jurfdico liberal, pessoal e critico com a legislacao? Quaissao os limltes que este conceito traca ao legislador? Este

e urn tema extenso que somente po de ser tratado em urn

.Ilvro, pols haveriaque provar, numa analise profunda, a

compatlbtlldade das exlgenclas do princfpio do bern

jurfdico aqui 'apresentado, com os numerosos tipos pe-

nais alernaes e estrangetros. J a que isto nao e possivel no

marco desta 'contnbutcao. limitar-me-ei ao esboco dos

pontos de vista mais importantes.

f

Ern primeiro lugar, e claro que s~nadmissfveis as

normas jurfdlco-penais unlcarnente motivadas ideclogi-

camente ou que atentam contra Direitos fundamentais ehumanos. A' punibilidade d~, por exemplo, express6es

H Hsssemer fa la d e u m c cin ce ito 'd e bc ni [ urld ic o " cr ttlc o-slstc mlc o" n a m on o-

grafia menclonada na nota 1 e ainda e m s ua u lt im a confcrencia sabre 0 tema

(Nota la, p. 57 . Nota I).A caractertzacao " cr ft ic o- le gt sla rlv a" m e p ar ec c m a is

aproprlada, F l qu e a crlitca sc m ove no [lm bito do S iS tC!1HI coustltuclonal

vlgente. . '[5 Fundam en tado por Honig, D ie E ln wll li gu ng .d os V cr le tz to n. 1919. p. 30:

Grimhut. M etho dische C ru nd la gc n d cr heu tlgen S tra frcc htsw lsscn schafr, Ii·

vro horneuagom a Fr .wk. 1930 , tomo I. p. I (8).

20 Cll1 l1sRox i l l

criticas a urn regime, de uni6es matrimoniais de pessoas

pertencentes a distintas racas rltentaria contra 0 prindi-

pio da liberdade de expressao b~ contra 0 principio ~a

tgualdade, respectivamente. Estes dois principios es-

tao contidos na Constituicao' alerna e sao tambern

reconhecidos internaclonalmente. isto e, obrigam ,o

Iegislador. . '; r

Em segundo lugar. a simples transcricao do objeto'~'d

da lei nao fundamenta um bern jurtdico. Escolherei dos .

exemplos do Diretto alemao sem entrar em detalhes. 0

Direito alernao tam bern sancidna a aqulsicao de uma

quantidade minima de haxixe 'para 0 consumo pessoal"

e todo cornercio de orgaos humanos para efeitos de

transplants. 17 Se, como entre nos ocorre frequenternente.

consldera-se, no primeiro evento, a «Iiberdade da socie- ';lfia11dade para ter trato com drogas», e no segundo' i<ayliberdade de doacoes de orgaps para fins cornerciais»como bens juridicos protegidos. isto nao e suficiente

para a legttimacao da regulacao, pois £2.~ 1StO some~te ~

se expressa 0 que fez 0 legislaQ.ru:. Entretanto, do que. se(I

trata e se desta forma se dimlnui a coexistencia Jjvr~_g \11r'pacffica dos hom ens. Quando atraves do controle estatal j

se impedem a6usos se deve rbsponder a isto negative-

mente. .

Em terceiro lugar, os simples atentados contra a}!moral nao sao suficientes para a justlficacao de urna ,

norma penal. Sempre que eles nao diminuam a liberda- \

de e a seguranca de alguern, nao lesionam urn bern )jurfdico. j21no corneco mencionei alguns exemplos.

Como quarto aspecto, 0 atentado contra a propria (

d_lgnidarle human,.g nao e. todavia, lesao de urn bern

juridlco. 0 legislador alernao invoca ultimamente este

motivo de penalizacao. Assim, por exemplo, toda modi-

16 Ar t igo 29 d a le i d e to xic os,

1 7 A rti go s 1 7, 1 8 c i a l ei d e t ra ns plu nt os .

A p ro tc ca o d e b cn s ju rtd ic os c om o r un ~a o d o D lre lto P en al 21

Page 11: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 11/32

flcacao artificial de tnfcrrnacao hercditarla de uma celu-la germinal humana e punfvel, 18 j a que uma intervencaosemelhante ao garneta atenta supostamcnte, contra a

dignidade humana. Neste caso, somente existiria umalesao de urn bem juridico quando, desta forma, 0 mate-rial genetico do recern-nascido se manipula, e isto porcausa da diminuicao das possibilidades de desenvolvi-menta. nao previstas. Nao obstante. se a intervencao seda com 0 objetivo de impedir doencas hereditariasmaiores, a crlanca nao e lesionada; por exemplo, semelhoram as possibilidades de vida e desenvolvimento.Isto nao e uma lesao de bens juridicos.

Em quinto lugar, a protecao de sentimentos somen-te pode ter-se como protecao de bens juridicos tratan-

do-se de s~imentos de ameaca. Por tsso, quando0

~ legislador alemao sanciona com pena a discriminacao de

,,: 1\ n W 1 setores ?a populacao (a__ncitacao ao 6dio ou a utilizacaoJ ~ \ } J - de medidas vtolentas, ou ao desprezo) III isto e fundado,

pois e tarefa do Estado assegurar aos cidadaos uma vida.,~em sociedade, livre de .medo. A punibilidade das acoes

I ) l t Y ' 1 [exibtctontstass? vigente na Alemanha tambem se pode~L j~stificar sempre quando estas oeorram sob circunstan-

ems que despertern temor de abuses sexuais nas mulhe-res afetadas.

Uma protecao do sentimento que va mais alern do_exposto nao pode ser funcao do Direito Penal, pois 0

homem moderno vive numa socicdade multicultural naqual tambem a tolerancia frente a concepcoes do mundocontraries a propria e uma .das condicoes de sua exls-tencla, Por lsso, passa-se do limite quando 0 Diretto

Penal alernao sanciona 0 fate de q~e alguern provoque

1 8 A rtlg o 5 d a le i d e p ro te ca o d e c mb rlc cs .

I II A r tlg o 13 0 § 1°, n um era ls 1 c 2 do C6digo Penal.

20 Artigo 183 d o Ccdlgo Penai. .

22 C l eu s Ro x in

. ,~. '--."-<~---"'.'."'~-"""'-'--"--""""-'--.""~'Y<-"-"__"'__-"""--- _

escandalo publico realizando ~um~Fl au 0

envio a alguern de uma publicacao pornografica semque este a tenha solicttado." Muitas outras coisas po-dem ser desagradaveis para alguern, e precisamente 0

problema nos casos expostos se pode solucionar por simesmo fazendo-se vista grossa ou retirando 0 documen-to, Em todo caso, a liberdade e a seguranca da vida em

Jcomunidade nao se afeta desta forma. Aqui a puJ)i¢ao eUn!.~.__!:eac;:ao~s~urada. Os assedios perifertcos serao,adem31S,06jetocfoL)ireito depoltcia, .

A consciente autolesao, c l i h sexto lugar, como tam-~bern _sua p~s~ibilita~ao e fome,-oto,nao le~iti;nam uin~l y J L f t ( Asancao purutrva, pois a protecao de bens juridicos tern)por objeto a protecao frente a 'outra pessoa, e nao frentea si mesmo. Urn paternalisnlo estatal, enquanto este

deva ser praticado atraves do Direito Penal. e por istojustificavel somente tratando-se de deficits de autono-r;niado afetado (menores de idade, perturbados mentais

que ~ao compreendem corretarnente 0 risco para si) .Isso ,e assim, ~.~.nQ s!JiciQio nao deve serpumvel, como ocorre na Alemanha, ao contrario. de

muitos outros paises, quandc'aquele que consentiu com

a morte tomou sua deCisapiem urn estado de totalresponsabilldade: isto e uma 'questao de grande lmpor-

tancia na moderna discussao sobre a eutanasia. Quand~na pratica de esportes de risco ocorrem acidentes, os

organizadores e promotores devem ncar isentos dasconsequencias juridico-penais sempre que as desportis-tas sejarn conscientes dos. riscos ~nereO!es a pratica

~iya. Tambern, a ja mencionada aqulsicao de pe-~quenas quantidades de drogas suaves para a consumo t i l . .pessoal pertence a este ambito. 0 mesmo se aplica ao '.consume) de alcool e tabaco,

21 A rtlgo 183 a do Cod lgo P ena l.

22Artlgo 184, § I·, n. 6, do Codigo Penal .

A p ro te ca o d e b en s [ ur id ic os c om o fu n,a o d o D tr cito P en al

I

\)~A~~

2 3

,---~. . . . . . .--.--.-- ... -----_ ----,..._.,-,-- . . . . . . - . . . . .-.,.. . . . .~_-. ----- . . . . . . . . . .

Page 12: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 12/32

II.

I'I)

.1

Em setlmo lugar, as leis pg,nais simboltcas" naobuscam a protecao de bens [uridicos. Enten'do comotipos penais simbolicos as leis que nao sao necessariaspara 0 asseguramento de uma vida em comunidade eque, ao contrarto, perseguem fins que estao fora doDireito Penal como 0 apaziguamento do eleitor ou umaapresentacao favorecedora do Estado.

Somente cito como exemplo uma regulacao doCodigo Penal alema024 que pune com pena a negacao oua dtrninulcao de importancia dos delitos de genocidiacometidos sob, 0 regime do nacional-socialismo. Naoobstante, a negacao total au parcial de fatas historicos,que inclusive nao compreende a aceitacao de delitos.nao menospreia a vida ern comunidade dos homens quevivem hoje ern dia, tanto mais que estes fatos foram

provados, e sua verdade hlstorica, reconhecida ern ge-.ral. a verdadeiro sentido da norma e apresentar aAlemanha de hoje como.urn Estado depurado que nao

oculta nem esquece os crimes da epoca de Hit ler . Isto e, uma mtencao louvavel: entretanto, sua persecucao nao

serve a protecao de berisjuridicos. 0 emprego do Direi-

,to Penal para urn fim semelhante nao e entao legitimo.

Em oitavo lugar, as r~t;;6eS de tabus tampoucosao bens juridlcos. e per isso nao devem ser protegidasatraves do Diretto Penal. Trago a colacao somente 0

exemplo provocador do lnfestor que esta sancionadocom pena no Dlreito alemao2

,5 e com frequencia em nivelinternacional apesar de nao' ser tao elaro quais' sao osdanos que surgem quando.por exernplo, irrnao e irma,

23 Monografla: v o n , Symbollsche Cesetzgcbung, 1989. Contributcoes: 'Has se -mer. D as Sym bollsche am sym boltschen S trafreclit, Livre em hom enagem aRoxln , 2001. p. 1001: Naflke, Die Leg i timat ion des s ta a tl lc h cn S t ra f re cht s zwis-chen Effitlenz, Prelhe ltsverburgung und Sym bollk , livre em hom enagem aRoxin, 200[, p. 965. '. •

24Art lgo 130,§3~,do C6digo Penal.

25Art lgo 173 do Codlgo Penal .

24 C l i/ US R { I .\ · r' rl

0., _ __ _ . _ . _ < ,.~. ,..p.. I ~__ . _ ,"' ._ _ .. c

como adultos e de comum acordo, tern relacoes sexuaisentre si. A fundamentacao que habitualmente se ante-poe, de que se deve evitar mal-forrnacoes da prole. nfio 6fundada. Pois. em primeira lugar, de urna relacao seme-

lhante nao resultam filhos em regra geral: em segundolugar e dado 0 caso, estes filhos sofrerarn mal-forrnacoes

em casas extraordmarios: e, em terceiro lugar, a partedisso 0 Estado nao tenta evitar danos heredltarlos,lancando mao de normas juridico-penais como causa do

respeito a esfera prlvada humaha. Esta regulacao prbte~ge, entao, urn tabu, transmittclo desde as tempos prfmjtivos da socializacao humana que. independentementedo Direito Penal, hoje tambern: e respeitado quase sern

excecao: sem embargo, para sua protecao juridicc-crimi-nal, nao existe urn motivo suflciente como ja se reconhe-

ceu na epocada ilustracao." . , :'Par ultimo e em nono lugar, os objetos de protecao

de uma abstracao incompreensivel nao devem reccrihe-cer-se como bens juridicos.: /0 Direito Penal alemaosanciona. por exemplo, numerosas formas de cornporta-mento sob a condicao de que sejam "idoneas" para')erturbar a paz pIJhJica";27Desta forma, nao se descre-ve suficientemente urn bern j)Jrfdico concreto, pols a"ig 'dade" redamadapressup6e urn 'uizo de valor

\

223.0 funda _9 empiricamente; 0 ucoes racionais argu 'mentadas convincentemente sornente sao possiveis

I quando se renuncia a urn conceito geral vago desta

\

classe e .se pergunta se uma regulacao tal previne umaverdadeira arneaca a seguranca ou se ela somente tempar objeto a protecao de sentimentos ou conviccoessabre tabus. .

2 6 H omme l . D es H er rn Marquis vo n Beccaria unsterbl lches Werk v o n V e rb re -chen un d Strafen. in tr od uc ao d e Homme l 17 78; rc tm pro ssa o B er lim . 1 96 6. p .15: "Contra ir nupcias com sua irma e um pecado para os crtstao s, m as niio

u m in ju sto civil. P o ls d e ll to OU i nj us to s om e nt e significa a qu il o a tr av e s doqual e u o fe n do a algu cm . S lm plcsm en te Isto C 0 objeto das leis p c na ls c tv is ".

27 Assim, p o r o xcm pl o, nos menctonados artigos 13 0 e 16 6 do Codlgo Penal .

/I, protc,flCl cll' b cn s j ur id lc o s c omo fun,flo c lo D lr el to P e na l

~

25

Page 13: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 13/32

7 M A restrlcao d a p u n ib il id a d e

Poderta alargar a rninha lista e aumentar os exem-

plos: sem embargo, parece-me que a concisa exposicaoanterior mostra que 0 conceito de bern [uridlco quedefendo aporta perfeitamente regras aptas para a restri-<;30 da puntbtlidade. Com toda seguranca, pcde-se di-vergir sobre uma ou outra de minhas postcoes." mas eindiscutivel q~le a punibilidade, em todos os tipos pe-nais anteriormente mencionados, e problematica hamuito tempo, e todas as argurnentacces relevantes paraa decisao estao Influencladas, explicita ou Impllcitamen-te, pelo princf .io de prote - 9~icos.

Este prinCipio, como esbocei aqui, serve-me, antes

de tudo, como linha diretriz politico-criminal para 0

legislador, como arsenal de indlcacoes para a configura-<;aode um Diretto Penal1iberal e de Estado de Direito. Aquestao que sucede se urna regulacao penal pode serinclusive nula.quando nao corresponde com os crtteriosaqui desenvolvidos. desejo trata-Ia, com uma remissaobreve a situacao naAlernanha, Isso porque se trata deuma questao de Direit~ Constitucional que pode serrespondida de diferentes formas em cada Estado.

8 .. A proporctonalldade

No que concerrie ao Direito alemao, 0Tribunal Cons-titucional nao utiliiou at~ agora a .idonetdade de umanorma penal para a pr()te~.ao de *ns 'juridico'? como

28tes ta abertura- ;ra di; tussods raclonais cfr, Mir Puig.Wertungcn, Nor-men und Strafrechtswidrigkeit. Coltdarnmers Archiv fur Strafrecht, 2003. P.863 e s s, (866). que. com mui ta razao, nbserva uma van tagem do concel to debern [urldlco.

Clnus [?OX[IJ

\1./condis;ao de sua va1idad~ e com isso encontrou, .noze-

. trabalh ifl 29omento, ampla aceitacao no's.traba as monogra lCOS,

apesar de, como se expos ao. principio, a restricao d.oDireito Penal

aprotecao de bens juridicos se pode deduzir

perfeitamente dos fundamen±os te6rico-estatais de uma< ocracia parlamentar.· ste desprezo da capacidade

critica do principio de protecao de bens jurtdicos"contribulu, em grande medida, a que ele nao seja levadoem conta pela literatura e tambe,m pelo legislador alemao.

Nao obstante, existern pontes de partida para uma.!

recepcao constituciorial da ideia de protecao de b,ens[uridicos. 0 tribunal decide sobre a admissibilidade deuma intervencao juridico-penal lancando mao do princi-pio da proporcionalidade ao qual pertence a charnada~r:dibi.{ao de exce2_s(3como urna de suas manifestacoes,

Poder-se-ia dizer que uma norma penal que nao protegeum bem juridico e Ineficaz, "pois e uma intervencaoexcessiva na liberdade dos cidadaos." Desde logo, have-ra que deixar ao legislador uma margem de decisao nomomento de responder is e ,ama norma penal e uminstrumento util para a protecao de bens jurfdicos. tyIasquando para isso nao sepossa encontrar uma funda-rnentacao seria justificavel, a consequencia deve ser aineftcacia de uma norma penal "~al".

9 !~ Leqitlmacao dos t ip o s p e n ais

o prrncfplo da protecao de bens jurfdicos nao sedeve ver, sem embargo, como 0 unico criterio para a

29 Ltlgodny. brafrecht vor den Schranken dor Crundrcchtc. [996; Appel, Verfas-sung und Strafe. 1998: Sti ichel ln, Stralgesotzgebung im Vcrfassungsstaat, 199ft

30 Schitnetnenn, como na nota 1 l, p, 145.

31 Asslrn tamb6m Stschel in . como na nota 29. p, 163-[65: Hassemer. como nanota [0. p. 64,

1\ [)I'ow\[,() dc' bcns Jllridicos como r~Ir\~,iodo Diretto Penal 2 7

Page 14: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 14/32

legltlmacao de tipos penais, Na ciencia alema de DirettoPenal, discute-se intensamente se a tendencia de nossolegislador de permitir a punibilidade ja no estagio ante-rior a uma lesao de bens juridicos e justificavel desde 0

ponto de vista do Estado de Diretto. Por exernplo, a

conducao de urn autornovel em estado de embriaguez epunfvel tarnbem quando inclusive nao ocorreu absoluta-mente nada." Ademais, ja exlste urn delito consumadode estelionato de seguros-" 'quando alguem faz desapa-recer sua propria colsa para logo avisar ao segura comose a coisa fora roubada,

Nesses cases, muito numerosos na legislacao maismoderna, 0 principle de protecao de bens juridicos esomente util numa forma modificada, pots as duas

regulacoes que. introduzi como exemplos servem, sem

qualquer duvlda, para a protecao de bens jurldicos: 0

primeiro exernplo serve para a protecao do corpo, davida e dos bens reais no trafego: 0 segundo protege a

propriedade" das com~panRras de seguros.· 0 problema.inerente a estas normas e que 0 cornportamento eulpado

festa ainda bastante distants daverdadeira lesao de bensjuridicos. Do conee i to de protecao de bens jurfdicos seinfere, entao, sornenteque.tratando-se de uma antecipa-<;ao conslderavel da punibilidade, necessita-se funda-mentar, especialmente par-que isto e necessario para aprotecao efetiva do bern jurfdlco.

A fundarnentacao pede contribuir no primeiro caso, (porque urn condutor embriagado ja nao domina seucomportamento suficientemente, de modo que em cadamomenta pode ocorrer algo): sem .embargo, nao , nosegundo (pais quem Jaz desaparecer sua propricdadcpo de decidir sernpre se logo se dirige ou nao ao seguro,com animo de enganar). A s multiples dlferenciacoes

32Artigo 316 do C6dlgo Penal,

33 Arrigo 235 do C6d!g:0 penal.

28 C/,7(1SRoxin

necessarias. tratando-se do extenso ambito da punibili-dade da preparacao e a colocacao em perlgo, necessitamde um exame separado que nao pode ser feito aqui."

10 - Crft icas

e,

Para flnalizar, quero dedicar algumas palavras aos

detratores do conceito de bern jurfdico, lirnitandq-rne

aos novos trabalhos dos autores mencionados no come-C ;O ( Hir sc h, S tr st en we rth , J ak ob ~).

HirscJi35 nao nega a posslbilldade de um concetto de

bem juridico pessoal derlvadc do contrato social; sern

embargo, nao observa nisso-juma vlnculacao para 0

leglslador. Segundo este autor; "nao se pode anotar queexista interesse geral, que dcacordo com seu genero,

deva reivindicar ou nao prote~ao penal". Tratando-se de

bens jurtdicos individuals. "tampouco" se poderia "in-

dicar uma protecao penal total, como se aprecia no usa

temporal da propriedade alheia". A diminulcao de um

bern juridico, como ocorre no usus furtum, sornentesignifica, sem embargo, que uma penalizacao e possivelem caso de necessidade, e nao que esta seja necessaria.

Ao lade do principle de protecao de bens juridicos Japarece, com urn mesmo grau, 0 de subsidiariedade. -rr:....segundo 0 qual somente se deve arneacar com pena' \ (j'\quando regulacoes civis ou jurtdico-administrativasmais leves ou outras medidas politico-socials nao sejam

3 ,1 As m on og ra f'la s n ov as m als lrn po rt an te s S lI O:Herzog . Ccscllschaftllche U n -slcherhclt und srrafrcchtl lchc Daselnsvorsorge, Studlen zur Vorverlcgungdes Strafrcc\ltsschutzes in den Cefahrdungsboretch. 1991; Ziescbsng. Die Ce-fahrdungsdeltkte. 1998; WolrJers. Dcllktstypcn des Pravcuttonsstrafrechts.2 0 0 2 ; H c l en d e bl . K ol lc kt lv e R cc hts gu te r im S tr af rc ch t. 2 00 2.

35 Hirsch, como na nola 2. p, 430 o S .

29p r () (( )~ i\ o d e b on s j ur u lt co s c omo luncao d o D ir cito P c

---,------.--_ ..------- " }J '~

Page 15: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 15/32

i). J suflcientes. 0 D.ireito Penal e, como sempre dtsse." sub-~rz; sidiarlo da protecao de bens jurfdicos. Mas is to nao re-

tira 0 significado do concerto de bern [uridico. comoespero que tenha demonstrado na minha exposlcao,

Hirsch oplna, adernais. que do conceito de bensjuridicos se deduziria "somente a exclusao do absoluta-mente irrelevante para 0 Direito e isto nao e urn proble-ma juridico-penal especifico". Se devemos suprimir ounao introduzir uma punibilidade quando falta a lesao deurn bem juridido e, sem duvida alguma, um problemajurfdico-penal. o fato de que disso surja a duvida sobreda admissibil idade de regulacoes jurfdicas para outrosarnbttos do Diretto, nao modifica isto em nada. Tampou-co me parece absolutamente proibido manter, em algunsparses. padroes culturals constituidos em geral pela mao

de ferramentas jurfdico-administrativas, ainda quandosua lesao nao diminua bens juridicos. Quando os euro-peus do norte passelarn totalrnente despidos pelaspraias do sul ou em trajes .de banho por lugares habita-dos, isto nao e objeto do Direito Penal. Sem embargo, oshabitantes do pais nao tern que suportar quando is toatenta contra suas concepcoes de decencia. Uma regula-c;aojurtdico-admintstrativa (por exemplo, a demarcacaode zonas para, banho sem roupa e a proibicao de usartraje de banho em lug a res habitados de uma cidade ou

em estabelecimentos) deve.por conseguinte, admitir-se

e tambern conseguir-se atraves de sancoes diferentes dasjurfdico-penais.

E absolutamente cornpanvel com 0 modele social-

I I·contratualista fazer depender a punicao - em verdade a

'-11/[ intervencao estatal mais dura- d.a necessidade cJ.e_p.r..ete-II V C;- 0 subsidiaria de bens 'midi os: tarnbem 0 assegurar a

salva-guar a as regras culturais de comportamentopublico. mas de outra forma knquanto isto se mantenha

. .

no marco de Constituicao e esteja sujeita a controlesdemocraticos. I

De qualquer maneira, Hitsclr ' tambern recorre aoprincipio constitucional da prdporcionalidade para co-locar barreiras ao legislador. Porem, ele 0 associa prefe-rentemente com 0principio desubstdiariedade; agrega,nao obstante, "quando urn artl.!Ditode cornportamentonao oferece urn motive para sua nao realizacao ". Seseinterpreta esta Singular formulacao de tal maneira quenao existe urn "motive" para a;"nao realtzacao" de urncomportamento quando uma prbibir;:ao nao serve a pro-tecao de bens juridicos, a conc~PC;aode Hirsch pode serabsolutamente compativel coma aqui defendida."

S t r e t enwer t i i " nao afasta porcompleto 0 cOhceito

da protecao de bens jurtdicos .. apesar de considerarcomo "Irresohivel" a tarefa d¢ ' aportar uma definicjioaceitavel de bem jurldlco.P Frente a isso, parece-me que

a descricao que nesta conferencia se tentou aporta fun-damentos de trabalhos utets, ainda que eles tenham qUeser aperfeicoados.

Ademais, S t r a t enwer t h tarnbem deseja proteger,

atraves de arneaca punitiva, "tabus cunhados cultural-mente'"? e "deterrninadas norrnas elementares de com-portamento" ,41 ainda quando sua transgressao nao

represente uma lesao de urn bern jundico. De outra

forma. nao se poderia explicar, er n suma, por exemplo, apunibilidade de atos sexuais em publico ou urn tipo

penal tao discutido como 0 do incesto entre adultos."

Neles e correto que tais normas, como ja se aftrmou,

37 Hirsch . como na nota 2, p. ,434,

38 S t rn t enwer tb . como na nota 2. p. 377 C 5S,

39 Stmtenwer th , como n a n ota 2, p, 388.

40 Stl'iltellWI~l't}r. como nil nota 2, p. 389,I .

41 St rs t enwer th , como na nota 2, p. 390 ,

42 Strtuenwerth, como nn nota 2, p. 3B9/390.6 Rox t n , Strafrecht, Allgemetner Tell. tome 1.3. cdtcao, 1997, §2. n. 1 c ss.

30 31l au s R o x in A prot ec ao de bens jur id ico s como fune ao do Di ret to Penal

Page 16: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 16/32

colidem efetivamente com 0 concerto de protecao de

bens juridicos. Sem embargo, nao fica claro como se

pode deduzir a legitlmacao de ditas normas de sua

simples existencta, e mesmo S t r a t enwer t h considera du-vidosa esta legltimacao,

Em seu ultimo trabalho, S t r an t enwer t h radicaliza

seu ponto de vtsta." ao ponto de considerar suficiente

para a elaboracao de tipos penais uma "atitude funda-

mental" social reconhecida, urn "nao querer " alga. Des-

ta forma, abandona-se por completo a capacidade crftica

do prlncipio de protecao de bens jurfdicos. Podem

existtr, inclusive. bans motivos que expliquem 0 motivo

pelo qual grupos sociais, com influencia parlamentar.

"nao querem" algo: por exemplo, fumar e beber. tao

prejudicials a saude, esportes de risco, a leitura de livrospornograftcos au a libertinagern sexual. Em urn Estado

liberal nao :>e deduz disso urn motivo punitive sufi-

ciente.

Nao obstante, concordo, afinal de contas, em urn

ponte essendal com S t r a t enwer t h . Ele deseja incorporar,

no ambito de atuacao do Direito Penal, a protecao de

animals" e a protecao da sobrevivencia das f!.!_turas_

, geras:6es.45 Eu tarnbem considero que 0 mau-trato de

animaiSou 0, exterrninto de especies animais devem ser

penalizados da mesma forma que, por exemplo, a des-

trulcao que prejudice eflcazrnente a vida das futurasgeracoes, Poder-se-ia pensar que estes dois eventos

contradizem a ideias de protecao de bens jurfdicos, pols

o atentado contra as animals e as futuras geracoes nao

afeta necessariamente a coexistericia pacifica dos ho-

43 S t ra t enwer th . ~om o n a nota G . p . 29 9 e s.44 Stmtenwerth, com o na nota 2 .p . 3 a G .

45 S t r s te nwe r t h , na conferencla: "Z ~klJn ftssichcrun g m it de n M itte ln de s Stra-fre ch ts ?", Z cit sc hri ft fU r d ie g es am te S tr af re ch ts wtss en sch af t. to me 1 05 . 1 99 3,p, G 7 9 c SS. .

32 Claus R O . Y i n

mens que vivem atualmente. Sem embargo, por isso nao rse necessita renunciar ao principio de protecao de bens! .juridicos como 0 quer Stretenwetth. Somente ha que:

amplia-lo. fazendo extensive 1 p contrato social, rnaisalem do ctrculo dos homens que vlvern atualmente. a

outras criaturas e as geracoes futuras." Na Alemanha,

1SS0 se expressa atraves de nossa Constituicao, que em

uma nova regulacao intrcduzida ha alguns anos," afir-

rna: «0 Estado protege as fundamentos naturais :da

sobrevivencia e os anlmais, em responsabilidade pelas

futuras geracces». Penso que tambem 0 desenvolvimen-

to a nfvel internacional vai nessa direcao. : ;

Finalmente, par~, a 'funcao do Direito P~r1al

nao e a protecao de bens [urtdlcos, mas a de evitar uma '

diminuicao da vJgencia da no_:rrna.48"Desde este porttode vista. com a execucao da peha sempre se alcancou 0

seu fim. Fica confirmada a configu racao da socieda-de" .49 Isto e uma construcao 'teortco-social cuja serne-

lhanca com a teo ria da pena ';:de Hege l (a pena como

"negacao da negacao do Diretto") salta aos olhos. Sern

embargo, nao compartilho cofn este pensamento. Urnsistema social, segundo meuentendtmento, nao deveser.

manti do par ser um valor em .si rnesrno," mas atenden- .

do aos homens que vivem na.sociedade do momenta.

Mesmo que isso fosse de outra forma, este sistema social

nao se manteria atraves de atribuicoes sem sentido, masI

II

4l; T arnbem neste scn tldo - polo menos para 0 asscgurarncn to do futuro -

S cb{i n cmn rw . :c r n : S ch ime r nnnn / M i i ll e d Ph l /l i pp s (cd Itores). Da s Men s ch c nbi l cltm weltwoltdn Wandel der Crundrechte. 2002. p. 3 e ss.

HArt . 20a. ¢OIlS litU i.,:iiO . ' .

·18 lakobs. COI~O na nota 7 e os tcxros das ctracees ja in c!u fd as ac im a (IV ).

,I!) j nkobs . com o na nota 7. p, 34,

50 S lm llar a tritica de Mil' Putg, com o n a n ota 28. p. 886: "D e lim ln strum cn to

que deve serleglttrnado atraves de seu rim . a norma so converte em urn fimleglt tmado em si mcsmo ".

A p ro rc cao d e b un s ju rld lc os c om o runc~od o D ir el to P en al

~

> 33

Page 17: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 17/32

sornente pela efetividade real de suas medidas de con-trole, as quais pertencem a ameaca e a execucao das penas,

. Alern destas objecoes, a norma nao pode pretender

somente a obedtencia dos cidadaos. Esta sempre se devedirigir a uma acao ou ornlssao, isto e, ao estabelecimentode urn estado tleterminado. Mas, em urn Estado Demo-cratico de Diretto. do qual parto como ideia diretriz, esteestado s6 pode consistir em urn viver em comunidadede forma pacifica .e livre, onde se respeitem os direitoshumanos dos mernbros da sociedade. jakobs evita cons-

[

Ci:ntemente, ~o'.c?~tr~rio, toda declaracao sobre a legiti-- midade ou Ilegittmtdade de conteudos da norma,

assinalando tats declaracces como nao cientfficas. Tra-tando-se da protecao da norma, pode-se "optar politlca-mente por norrnas para a regulacao da vida livre depessoas opina Jakbbs,5! "tendo entao 0 mesmo ponto de

partida critic~ do qual se vangloria a teoria da protecaode bens jurfdiccs, mas se trata de urn ponto de partidapolitico, nao cientiflco'. Naoha nada mais que dizer arespeito" .

I Aq~i ~e da a impressao de que urn conceito estrel-I to de ciencta conduz a entrega do jurista a discriciona-\ riedade e a_ar~itrariedade l~g.islativa. A 120liticac..rl!ni~como tal nao e certamente uma ciencia: sem embargo, 0

. desenvclvimento das fronteiras do processo Iegislattvo,quanto ao conteudo, desde as diretrizes polftico-crimi-nais de urn ordenarrieritO constitucional liberal e deEstado de Direito, pertence perfeitamente as tarefascientfficas da jurlsprudencia, independentemente daquestao de se este desenvolvimento se da no marco dadoutrina ou da judicatura constitucional,

Em seguida, I ekobs nega, sobretudo, que nos deli-

tos de lnfracao de urn dever, desenvolvidos primeiro

51 f e kabs . como na hota 7. p. 31 .

34 C ls us R o xi n

por mim52 e aos quais pertencem preferentemente osfatos punivels cometidos por funcionarios no exerciciode suas Juncoes, possa-se atribuir uma lesao de bensjuridicos. A prevaricacao judit,jaI, 53 por exemplo, e con-cebida, entao, somente c omb · .lesao de dever. e riaojustamente como lesao de urn ;bem juridico." Isto, sernembargo, eu discuto. A aQ1:n.i1iJstracaode jus!ic;a, cujo'carater de bem juridico e megavel." dirninui gravemen-te quando um juiz profere conscienternente uma sentenca falsa. A lesao de urn dever especiflcamente tlplficadoe , ao contrario. somente um elernento da autoria: indu-tor e cumplice serao punidos, ainda que mais levemente,de acordo com a mesma norma, apesar de nao- seremjulzes, Isto nao seria possivel ql.!ando a punibtlldadejanao levasse consigo a lesao d(i:j~emjuridico. : .

Alern disso, lskobs pensa: que 0 conceito de barnjuridico "nao tern urn conteudo genuinamente liberal" .56

Assim, por exemplo, a punibilidade da homossexualida-

de "em uma sociedade configurada pela hierarqula dehomens ", como 0 exercito prusslano, buscava protegerbens jurfdicos, ja que as relacoes sexuais "que em pririci-pio tern carater de quebrar as hierarquias" haviamsurtido efeitos socials danosos." Igualmente, 0 incestolesionou, em epocas passadas.: 0 bern da "clara estrutu-racao da familia". 58 .

E indiferente se, partindo destas t e a e s alldazes,pode-se fundarnentar que no passado distante as regula-

52 Roxin . T nt er sc ha ft u nd Tatherrschaft, 1 96 3 (7 . e dtc no . 2 000 . p. 3 52 e ss.):

e d i( ,: ii o em espanhol, 1998. p. 383 e S5. D eta lh ad o a r esp elto S an ch ez V cr .?P tl lch td el tkrund [ lcw ili g\ lf1g. 1999 .

53 Ar t igo 339 d o C 6d igo p en al.

5~ jakobs. como na nota 7. p. 21 .

55 cr-. supra 'v .

5 G jnkabs, com o n a n o l a 7 . p. 2 7 .

57 j ako b s . como na nota 7. p. 26 .

5 8 l ek o b s, COUlD na nota 7. p. 27.

A p ro re ca o (I b bens j ur ic li co s c omo f un (, :i Io d o D lr ei to P en a l 35

Page 18: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 18/32

coes mencionadas protegeram sequer urn bern juridico.. I 0 bens juridicos nao tern uma validade natural Inflnita:< t 1 _~ preferentemente, estao su r metidos as mudancas dos' f ' - " fundamentos jurfdico-constitucionais e das relacoes so-

ciais. Em todo caso, .hoje em dia, nao se trata mais debens jurfdicos como jakobs 0 admite quando diz queestes "bens se enfraqueceram ou perderam 0 vigor" .590fundo da minha concepcao de bern juridico e unicarnen-te 0Dlreito Penal atual em uma democracia parlamentarde Estado de Direito. Entao, ao final, jakobs aproxima-seperfeitamente da concepcao aqui defendtda quandorecornenda a renuncia a normas "sem vigor". Ademais,deve-se reccnhecer, como tentei expllcar. que algumasdas disposlcoes penals de entrada nao possuern umafuncao Iegftlrna.

59 [skobs, como n~ nota 7. p. 27 .

36 Claus Roxi ll

.-..-----'"'------------,-------~---- . • . . -

Cap it u 1,0 II1-

Protecao d e b en s ju d d ic o s e liberd·~dein d iv id ua l n a encruz l lhada d a

doqmat ica j udd i co -pena l

T re du cio d e Nereu jo se Giacomol l i

._--'----------_._--_ .,-, -- , - - -_."-". . ._- . . . . . _ .. -~.

Page 19: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 19/32

y ' Do

~Jr

~~ 1 " 0 in ju sto pe na l e 0 r isco

x : nao pe r rn lt ld o

Em minha primeira conferencia, defendi uma...Q.Q.1l-

trina cd . bern luridico frente a Ieglslacac,a qual

eve oferecer ao legislador a diretriz do que pede e nao

pode penalizar, de forma legitima. Como ideia subjacen-te a esta coricepcao, parti de um princfpio basico que

informa a teoria do Estado, a sa.ber: que «0 poder estatal~de intervencao e a liberdade civil devem ser levados a

urn equilibria, de modo que garanta ao individuo tanta

protecao estatal quanta seja;necessaria, assim como ..

tarnbem tanta liberdade individual quanto seja possf-vel». .

Esta segunda conferencla tern como objetivo levar a

cabo esse programa desde a polftica legislativa. na

direcao da dogmatica juridico-penal. Consistindo a mis-

sao do Direito penal na protecao de bens jurfdicos; entaoo lnjustopenal deve manifestar-se como 0menoscabo de

urn bernjuridico. isto e, como lesao ou colocacao em

perigo de urn bern juridico. Ainda que isso possa pare-

cer trivial e evidente, nao a e, entretanto, quando se

reconhece que outras concepcoes de grande influencia.as quais logo me referirei mats detidamente, coI).C.OOem0

inj_usto como urn co~ceit_o unic~. ~aS~Cl.9~esvalor l ' t \ \d\acao ou fla desautonza<;ao da vigencia da norma. renu - .~

• oc __ '· •• • - •

A protccao'de bensjuridlcos c om o fu n~ ao d o Dircito Pena l 39

Page 20: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 20/32

)

ciando, desta maneira, "de contemplar no injusto 0 des-valor do resultado expressado como Iesao de bens juri-

. dicos.

A teorla da imputacao objetiva, em cuja renovacao

e desenvolvimento moderno tenho tide uma participa-~ao destacada," decorre inexcusavelmente do princfpiode protecao de bens juridicos e. nesta :dlrecao, ternchegado a alcancar uma ampla difusao internacional.Querendo 0Direito penal proteger bens juridicos contra•os ataques hurnanos, is to so sera possivel na medida em

Ique 0 Diretto penal proiba a crlacao de riscos naopermitidos e,lldemais, valore a infracao na forma deuma Iesao do bern jurfdlco, como injusto penal. Portan-to. acoes tfpicas sao sempre lesoes de bens jurfdicos naforma de reallzacao de riscos nao permitidos, criados

pelos hornens.A ponderacao entre os direitos estatais de lngeren-

cia e os dlreitos civis da liberdade, que na fase daIeglslacao se logra com 0 auxflio do principio do bem[urtdico, se tdrna vallda urha vez mais, agora numasegunda fase, na da dogrnatica, mediante a exigencia dorisco nao perrnitido. Quando urn transeunte se arrojainesperadamente na frente de urn veiculo conduzidocorretamente, sem ter 0 condutor a possibilidade de

evitar 0 acidente, as consequencias do fato representam,certamente, uma lesao do bern juridico, mas elas nao

fundamentam nenhuma ac;:?cJipica de lesao corporal oude homicfdio. Por ter 0 condutor agido de acordo comuma das regras permtssivas do trafego viario, no aconte-

GOCfr, mlnhas p rlm e lr as c on tr lb ul cc es : . .G~danken zur Problematlk d er Z u-rechnung lm Strafrechr», em: Fe st s ch r lf t' /f ir H o n ig , ~910. p. 133 = Strafrechtli-che Grundlagenprobleme, 191~. p. 123;(este l ivro: tarnbern fOi traduzido aoespanhol, com 0 t !lulo «Reflextones sobre la problernatlca de la trnputacionen el Derecho Penal» , em Problemas M s i C f J S d e l D e re ch o p en a l. trad. e notas deLuzon Pena, 1916. :p. 123ss.}; tarnben] «Zurn Schutzzweck der Norm belfahrlasslgen Dellkt~n». em: Fes tschrif t f {Jr .Gal l as. 1973. p. 241.

cimento se produziu um risco permitido. Se, ao contrario,o condutor nao tivesse respeitado as regras de ultrapas-sagem, e por causa disso tivesse produzido 0 acidente,entao, aquela conduta anti-regulamentar ja comportariurn risco nao perrnitido, cuja ·rhaterializac;:aofundamentaria uma acao tlpica de lesao corporal ou de homicfdio.

o crlterio do risco nao permitido -aporta assim,pois, para 0 ambito do injusto, a escala de ponderacaoentre a intervencao estatal e a liberdade civil. De urnlado, 0 condutor produz, em sE um risco para a vida, asaude e os bens materials. Mas, por outra parte, caso.seproibisse sua liberdade de deslocamento. restringir-se-iademasiadamente a qualidade de vida do homem mcder-no. Apes uma reflexao destasconsideracoes. conelut-se,ate certo ponto. que mediant~,a observancia da medldaassinalada legalmente pelos regularnentos do trafegoviario, predomina 0 Interesse.pela liberdade individual

de ,atua~.a~: que 0 risco criad2::_mais al~m .d.e~se limite (esta fOlbldo: e que os resultados re udlclals ara 0

em 'urfdico sao ta os czorrespondent:aoc<!,1:J.Santeomo aqfi.G-.a.pica. . , '

'o s planos egis a lYO e ogma lCO racam, portanto,urn processo de ponderacao em dois niveis. 0 legiSlador../l"'~so deve proteger bens jurfdicos e, em consequencia, . \ V\

deixar intacta a liberdade de: atuacao do cidadao. Porsua parte, 0 aplicador do Direito tampouco deve prote-ger os bens jurfdicos de uma maneira absoluta, senaounicamente frente as les6es produzidas mediante riscos -'nao permitidos.

(~--.."

categoria centra 0 injusto penal nfio e, pois, a

lausacao do resultado au a finalidade da acao humana,como se vmha acreditando por muito tempo, senao a

re2lizac;a? de urn risco na p permWciQ. A causalidade e 1

so uma condlcao necessaria, mas nao suficiente, doinjusto penal. Inclusive. admite-se esta declaracao 56

C/ '111S Rox in A protecao de bensjuridicos como funcao do Direito Penal

C:~~\~L

Page 21: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 21/32

quando se reconhece uma causalidade ria ornissao: aocontrarlo. esta categoria flcara restrita aos delitos decomissao. A flnalidade, ao ccntrarlo, e s6 urn elementodo injusto doloso, e nao, assim, pura e simplesmente, do

injusto. E isto vige unicamente ao equipar-se dolo efinalidade, 0 que pode resultar duvidoso em algunscasos de dolo eventual.

Na medida em que se concebe 0 injusto como ummenoscabo do bern [urfdlco, mediante a realizacao deurn risco nao pcrmitido, se produz, par sua vez, urn girodo anti co ao normativo. Causalidade e finalidade saocategorias do. ser, e as teorias que nelas se baseiamsomente pod Elm explicar 0 que e urn hornictdio, urndana ou uma .lesao. desde esses postulados. Ao contra-rio, a partir da concepcao aqui desenvolvida. cada homi-

ctdio - s6 para: flcarmos com este exemplo - pressupoe,certamente, urn substrate empirico. Mas a questao de seuma causacao da morte representa uma acao homicidae urn assunto que devera detidir-se normativamente,segundo a observancia ou a superacao do risco permi-tide.

Uma normatizacao nao s e demonstra unicamentena fixacao dos valores de ponderacao do risco perrniti-do. mas tambern em que a realizacao do risco naopermitido nao represents O m acontecimento meramentefatico, mas que depends d b fim de protecao da n~e

cuidad, delitnitador'a do risco ,permit' o. Quando, porexemplo, alguem con uz seu autom6vel com excesso develocidade, mas logo a dirntnut ate 0 nivel do permitidoe, quando neste memento .. so de urna forma objetiva-mente mevitavel. atropela uma crianca que inesperada-mente sai detras de urn autornovel e salta na frente, estefato constitui uma desgraca, .mas de nenhuma maneira

uma a~ao lesiva da integrtdade corporal, apesar docondutor ter excedido, anteriormente, 0 risco permitido.

42 !

1~~C{ .71IS Roxin

Da mesma forma, sem a superacao do risco permitido, a Icrianca n50 teria sofrido 0 acidente. Com a observancia I I~rm~nent~ da velocidade perrmtida, 0 condutor, t o ~ a - IVIa, nao teria chegado ao luger' quando a crianca saltou

na pista.A finalidade de protecao que deHmita a velocidade

exclui uma irnputacao do resultado. 0 limite de veIoci-dade nao impede que as autom6veis possam rodar nomomenta e lugar do acidente com uma velocidadecorreta. 0que, preferentemente. deveria preventr-se saoas possibilidades minimas de ekJ.itacaode urn acidente ea maior violencia do impacto 'frente a uma eventualcollsao, do que 0 excesso de .velocidade que suportanestes casos. Mas. como ditos p:erigos nao concorrerarnem meu exernplo. tern-se que.rechacar a existencia de

uma lesao corporal objetivamente tipica. .Mas aqui nao posso entrar e m mais detalhes." Nrto

obstante, minhas breves indicacoes ja podem rnostrarque a teoria da lmputacao obje'tiva se encontra enlacada

diretamente com 0 principia daprotecao de bens juridi-cos, e que dita teoria fixa a medida da protecao medianteurn sutil conjunto de regras, racionalmente convlncdn-tes, circunscritas ao social e. p6liticamente necessarias.

P~r~anto, a.t~oria da i~.ao:.obje. tiva resulta a consti-]tuicao do lOJUStOpenal mUitp.,mar.s produtiva que ·.ascategorias ontoI6gicas valorativamente cegas, como,

efetivamente, sao a causalidade e a finalidade. .Alguma vez tambern poderia transladar-se direta-

mente a dogmatlca juridico-penal os resultados obtidoscom a doutrlna do bern jurfdico. Assim 0 expus emminha primeira conferencia, no exemplo de que nao e

iiI UIll.a exposlcao resum lda da teoria da lm pu tacao objc tiva pode ver-se em '

m elt ll vr o Strafrecflt. Allgemcinrr TeiI, Torno l, § 11 B (cm cd tcces alom a C ~

e sp an ho la ). ( Vi de c d. c sp an ho la : D e re ch o p e n al : P s r te g cn e m) . T o nt o I . F u nd " .m e m os . L a e st ru ct ur e d e Ii i t eo ri: d e l d e ll to , trad. L uzon Pe fia, D iltz y CarclaC on lle do c D e V ice nte R ern esal. 1 997 .

1\ prow,iio (!t, hens juridlco» como f un cn o d o Dirclto Penal 43

L

.......~.~..~---~-,~-~,-.,~",~-----~--,-,~-._<_.......W • . . . _ ~

Page 22: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 22/32

missao do Direlto penal proteger os sujeitos response-veis frente as autolesoes conscientes de terceiros, provo-cadas par eIes mesmos. Um paternalism a estataI comIntervencao do Diretto penal deveria ser admissiveI s6

no caso de falta de autonomia na pessoa do afetado. U 2 E'iss a deveria vigorar tambern para a dogrnatica juridico-penal.

o Supremo Tribunal.Federal alernao resolveu acasoG3 em que um policlal, que sabia da Inclinacaosuicida de sua nolva, deixou seu revolver carregado,sern precaver-se de que a arma flcava ao alcance deste:por causa disso, a mulher se deu um tiro com a arma. 0tribunal absolvou, corretamente, 0 policial da acusacaode homicfdio culposo. Isso se explica porque a tipo dehomicidio nao compreende 0 impedimenta de autole-

sees conscientes e responsavets. Neste sentido, nao epossivel uma Irriputacao objetiva ao primeiro atuante.

Em uma decisao64 posterior de grande repercussao,o mesmo Tribuhal, afastando-se de sua antiga jurispru-dencla, negou tambern um homiddio culposo por entre-ga de herotna, num caso em que a receptor faleceu porcausa da droga. 0 Tribunal disse, na ementa, que: «asauto-colocacoes em perigo queridas e realizadas auto-responsavelmerite nao faiem parte do tipo de lesoes,nem do homicfdio, sempre que 0 risco conscientementeassumido colncida com 0 perlgo realizado. Quem soproduz, facilita au favorece urna auto-colocacao em

perigo, nao se responsabiliza por urn delito de lesces aude homicidto». Com isso, recorre-se diretamente a teoriada imputacao objetiva. Esta teoria determina que aimputa9ao sempre ha de depender, da realizacao' do

62 err. mlnha c on fc re n cl a " lo L a p ro te cc lo n de biene; juridicos como taroa delDcrecho pcnal?», n , IV.

6 3 B GHS r 24 . p. 342.

64 BGHS ( 32, p. 262. Sobre esta declsao, vide rneu cornen tarlo em : NeueZeitsclJrlft fiJr S tmt rec lu , 1\)84 . p. 4 1 1 .

44

, ..

risco. de modo que 0 resultado sempre se situa dentrodes contornos au limltes do tipo. I~~o caso~ autolesao responsavel porg_ue eia ~ suscitalesao alguma de bem juridico.

. Minha conclusao, portant?; e que a injusto penalpressupce uma lesao ou colocacao em perigo do bern

juridico, e que a teoria da Imputacao objetiva estabelececom detalhes. a partir de dito flindamento, 0 ambito dojuridico penalmente prolbido; 'mediante a ponderacaodos interesses peia protecao e pela liberdade. Mas estasquestces as csclarecerei a seguir na confrontacao com as

~ do injusto. :~

2 - 0 oeaso do: f inal ismo

Inicio com a t~oria da a<;~~~l. na verte~~ismoderada, defendida par seu. criador H an s ~ e

lo~desenvolvida, a:e . .n?sso~. -dias, par seu discipu,Iof : : l J J : $ : b . 6 G Falo de urn flD~..t~o» porqueam-bos as autores, apesar de que.ao desvalor da acao lhe.conferern uma especial Importancia para 0 injusto penal,baseado no objetivo final do autor, admitem urn ccncei-

to de bern juridlco'" - embora · n a e crttico com a legisla-c;:ao- e, na mesma rnedida,: consideram ao desvalor da

acao e ao desvalor do resultado (= lesao do bern jurfdt-~

G5 Em sua ultima versao, sua teoria se resum e e m; Das deutsche Strstrecht. 11 'o d. , 1 9G 9.

G GA qu l, I ac o re mls sa o. p rtn clp alrn en to , a tr es d e s eu s tr ab alh os m ais r ec cn te s:

« Zu r l.e hro vo n der objektivcn Zurechn ung», em : Festschrift r a r Lenckner.1998 . p, [19 !:IS.: "D ie aktue lle D iskusslo n tibe r d ell Re clu sgu tsbogrtff», e m:

Festschrilt {(jr:5pinellis. 2001 , p. 425 55.: «Zum Unrccht de s Iahrlasstg en D e-l ik ts ». e m : Festschrift far Lampe , 2 00 3, p , 5 15 ss ,

117Cfr, W etzel, com o na nota 6, p. 1 55.: Hirsch, Festschrift fill' Sptnellls. comona nota 7. p. ~3 G ss.

/I. protc~~o de hens juridicos como [unr;ilodo Dlrclto Penal 45

Page 23: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 23/32

co) como pressuposto do injusto. Sustenta Welz e l :G8

«missao do Diretto penal e a protecao de bens jurfdicosmediante a protecao dos valores etlco-sociais da a<;50».Certamente ele pensa que «mediante a seguranca dos

valores etico-sociais elementares da acao» «3 protecaodo bern jurfdlco [e] garantida de maneira mals intensa e

forte que atraves da mera doutrina da protecao debens»." Entretanto, a grande importancia que pareceatribuir ao desvalor da acao e so aparente. Para Welz e l ,a prolbtcao de determinadas acoes finais e sempre, aofinal e ao cabo, 36 urn meio para a finalidade de protecaode bens juridicas. Por sua vez, Hirsch '? se inclina por urncanceito de bern juridico de direito positive «executavele necessaria» (portanto, alheio a uma crftica da legisla-c;ao)., .

Mas a escoia de Welz e l nao logra combinar 0 desva-lor da acao e, 9 desvalor do resultado de urn modoadequado, c omb tampouco consegue explicar de modoentendivel a dirnensao social do injusto mediante arestricao da protecao de. bens juridicos a evitacao deriscos nao permitidos. Nao obstante, Welz e l ja haviapercebido esteproblerna rio inicio; por isso tentou resol-ve-lo com ajud~ do concerto da adequacao social. [a emseus «E st ud o s s ab r e 0 ~is ter i ia do D i re tt o p e na h71 sublinhouque «todos os conceltos [urldlco-penals que constituemo tlpo, inclusive os conhecldos [elementos} descritivoscomo "rnatar", "Iesionar", "danlficar", entre outros, nao

sao em absoluto lesoes causais do bern juridlco, senao ...conceitos cujos ccnteudos de sentido resultam de suafunc;ao no cornplexo soclal., Portanto," constitui uma

68 W clzel, Co mo na rI O 13 G .p. 5.69 Welzel, como n a n ota 6. p. 4.. ..

70 Hirsch. FJstscbrlft filr Spll1~lIis.com o na nota 7 . p, 444.

71 Welzel, Zeitschrlft fur die gesamte S t re l rec tnswt ssenschs t t , tomo 58, 1939. p.528. .

72Welzel, como na nota 12. p . 516.

46 C l e us R o x in

I

11

exposlcao equivocada do principio da doutrina tradlcio-

nal «e ter reduzido a acao tipiqa a casos de producaocausal e deixado que 0 mund~do significado jurIdi-

co-social recern comece com a pergunta pela antijurici-

dade».Segundo esta exposicao, 0:5'casos que nao reunern

nenhuma relevancia juridlca. nem tampouco urn riSCOnao permitido, teriam que ser exclufdos do tipo por serconsiderados social mente adequados e, efetivamente,We]ze l assim resolveu tais casos inlcialmente.P Entao $6

faltaria situar 0 conceito demastado Imprecise da ade-quacao social dentro dos crtterios estritos da lmputacaoobjetiva para poder harmonizaridentro de uma teor-i~moderna do injusto a relacao te s interesseJpela protecao e pela liberdade ... ' n c io Me l ia /{ desmente, \

com razao, a tese de que «os concertos da teoria final daacao nao sao compativeis corna imputacao objetiva».«No conceito da adequacao social [se estabeleceJ a basepara 0 desenvolvimento posterior da teoria da imp uta:'C;aoobjetiva». Eu mesmo tambern. ha tempo," tinhaqualificado a maior parte das .forrnas de aparicao dascondutas social mente adequadas como hipoteses deausencia de imputabilidade objetiva.

Welz e i abandonou esse caminho do finalismo «so-

cial» na epoca do pes-guerra, dando uma guinada nadtrecao de. uma «finalidade conforms as leis do ser»

( s e ingese t z li che F ina l it i it ) . que s6 abarcaria a sobredeter-minacao de uma valoracao livre dos cursos causais.Agora ele afirmaria que a finalidade e «urn conceito

73 C fr. Cancio Melia, «Filmic Handlungslehre und objcktive Zur echnung».

em: Coltdsmmer's Archly fOr Strsfrecht, 19%. p. 179: Roxln, «Vorzuge undDcflzlte des F ln all sm us , E in e B lla nz », em: Festschrift fU r A nd ro ula kls, 2 003 .

p.633.

74 Cancio Melia. como na nota 14. p. 180.

75 Roxln, «B em erku ngen zur sozlalen Ad aquanz im Strafrecht». em: Fes-

tscbritt Iiir Klug, 1983. tomo Il, p. 303.

A protecao d e b en s ju rtd ic os c om o fu nc ao d o D ire ito P en al 47

.-----~-.-:.""( ~ ~ +, i ~ • • " " _ ' Ii 'I I s & . ~ .

Page 24: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 24/32

ontoI6gico identico ao da causaltdade»." e explicaria

que, ja no momenta «em que a primeiro homem utili-

zou uma pedra como ferramenta», foi possivel, a

partir desse fenomeno. «desenvolver a completa dou-trina final da ~r;ao». Apenas se pode expressar de uma

forma mais 'c~ara 0 esvaziamento de todo 0 mundo

social do tipo objetivo: dar que tampouco e estranho

que a adequacao social tenha sido conslderada." ao

longo de dez anos. so como urn fundamento da justifica-< ; 8 . 0 e, que, de pais de sua posterior recolocacao dentro

do tipo, no sistema de Welzel, nao tenha voltado a ter urn

papel importante.

o caso nao usual. mas teoricamente expressivo. no

qual alguern «envla a outrem a urn bosque em plena

torrnenta, com a esperanca de que este morra fulminado.por urn' raio», e resolvido agora por Welzel do seguinte

modo:" a tipo objetivo - reduzido a pura causalidade -

se realizou, nao obstante ao autor the falta a dolo porque

ele aportou so uma esperance ou urn desejo, mas nenhu-

rna vontade de realizacao. .Mas, na realidade, 0 tipo

objetivo nao se reallzou, como 0 mesmo Welzel a havia

reconhecido Ha fase do finalismo social. quando recha-

cava urn homicfdio em virtude da adequacao social da

conduta." hquilo era metos errado. que sua sol~o

posterior. Com uma fundamentacao correta, ha de subll-

~ue 0 causante naO C'riou nenhum risco juridica-mente relevante e, par esta razao, 0 resultado nao the elmputavel como acao homlcida.

7GWclzel, Um d/~finale dll l l l lungslciJre: 1959. p. 7 ,77 Welze l: Das delr tsc l le S r i ' 1 f J ' c c i l t . 4" ed , 1954 . at~ a 8' cd .• 1963,

78 W etze l. c om o I , H I nota 6. p, 66 .

7 9 We t ze l. como na nota iz . p. 517. A respetto, Cancio Melia. como na nota

14 . p. 1 7 ! . l s.

48 C l , 7 U f ; Roxtn

I

Certamente, Wel ze l considerou a problema do risco

permitido, mas sem vol tar a trata-lo dogrnaticamente

depots que ele havia reduzido (~tipo objetivo a causali-dade. Deste modo, tomando como exemplo a trafego

viario - ao que tambern me referiino infcio para delinear

as fundamentos da imputacao .objetlva - manifestou

que: «0Direito penal brinda a protecao de bens jurfdicos

frente a possfveis lesoes, mas nao de urn modo absolute

posto que cada bem jurfdico deYe lntegrar-se ativamen-te na vida social. ainda que pOI' esta via se exponha a tim

perigo determinado (basta s6 recorder a colocacao em

perigo consideravel para a vida,' nem sempre proibldzt,

no moderno trafego viario!)>>.sdEsta e uma apreciacabcorreta. Mas sua traducao em conceitos jurtdicos/ terla

sido possivel so com ajuda da teoria da irnputacao

objetiva. ainda desconhecida por Wel ze l .Esses defeitos da tradicao, de Wel ze l subsistern ain-

da no finalismo. Hirsch , 0 representante mais destacadodesta corrente na atualidade, 'depois de tel' rechar;ado

cornpletamente a teo ria da _implltar;ao objetiva desde ~

prtncipio." reconhece agora." em seus ultimos traba-lhos, que a dimensao de prote~~o dos bens jurfdicos nos

delitos culposos se determina com acerto mediante dita

,concepr;ao. «No que se referearelacao condicional entre

a<;30 e resultado no deli to culposo, a teoria da imputa-

~ao 0bjetiva tern um ambito fund ado de aplicacao»,

manifesta em seu mais recente estudo."

80 W elzel, como na nota 6 . p. 5,

H I ja KO \)S o sc re ve e m su a c or urtbu tc no « Bc me rk un ge n z ur o bje ktlv en Z ure ch -

nung». em ; Festscbrtlt, fUr Hirsch 1999. p. 45. que. para Hirsch. esta teor la e« em p ar te in co rr eta o p or d em als su pe rflc la l» ,

8 2 Hi rs ch. Fe s ts c hr t tt { { jrLe n c k ne r , como na nota 7: Fe s ts c hr i ft f r JrL smp e , comon a n ota 7.

83 Hirsch. Festschritt f iir Lampe, como na nota 7. p. 523,

A protecao d e b en s jundlcos c om o Iu nc ao d o D lr eito P en al 49

Page 25: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 25/32

Entretanto, Hirsch agora, como antes, nao aceita aimputacao objetiva nos delitos dolosos." 0 mencionado«case da torrnenta», introduzido por We!zel, nao 0 resol-ve, agora, negando 0 dolo, senao mediante a negacao deuma acao de tbntativa.85 «0 fundamento a favor», assi-nala, «consiste em que uma acao requer 0 dominio do

fato causal por ela abarcada. Se a casualidade concorren-

te deixa 0 initio concreto da producao do resultado forada dtrecao controlada pelo autor, entao nao existe desdeo principio nenhuma acao dirigida a reallzacao doresultado». Mas esse deficit de conductio nao e , comoexpoe Hirsch , ' uma consequencia de uma flnaltdade

deficiente, seriao uma ccnsequencia da periculosidade

objetiva minima da acao do autor, a que ja exc1ui uma

Imputacao do resultado no tipo objetivo."

De tudo isso resulta que urn finalismo fundado naprotecao de bens [urtdicos, por isso moderado, poderiadesenvolver urna teoria frutifera so se no que constitui abase de toda prciblcaorecolhesse a compensacao socialde interesses, prosseguindo logo seu desenvolvimentocom apoio na teoria da irnputacao objetiva. A respeito,

no marco do ftnalismo. existe uma serie de aportacoesdesde sua origem ate a atualidade. Entretanto, eles tern

ficado absorv.idosper .um enraizamento numa estrutura

onto16gica da finalidade, sern ter podido atingir jamais

urn completo desenvolvlrriento. Nisso radica a razao

decisiva para 0 oeaso do finalismo na moderna dogmati-ca jurfdico-penal.

"I'·

t::

3 - A concepcao mcnlsta-sub le t lvado in lusto

Uma orientacao momsta-subjetlva'" da doutrina ciaacao final contempla 0 injusto' doloso e culposo so riodesvalor da acao e nao concede ;tmportancia a producao

~~~urfdico p~ra d lnjusto. Ela.se inic~a cO.mAr I JI 8 e, postertorrnsnte, tern sldo desenvol-

vida or seus discipulos, em p~.rticular por~eancinett 90 No easo do delito .doloso, ela da por consu-

a 0 0 fato com a tentativa acabada ou, mais exatamen-

teo«quando 0 autor se conforrna eom a possibil idade de

uma perda de centrole sabre as causas que diflcultarnuma consumacao»." Portanto. ' «na consurnacao da ten-tativa tarnbem se da a consumacao de fato punivel» ..szNo caso dos delitos culposos, a ccnsumacao dependeunicamente da conduta defeituosa do autor (do desva-lor da acao). enquanto 0 resultado fica fora do injusto.«0 injusto do deli to culposo. . .disse Armin J(aufmann,93

-. I

84 Cfr. Sobre este tema, clesde a : p er sp ec tlv a d os fin alista s: A rm in K au fm an n.« "O bjek tlve Z uree hn un g" beim Vorsarzdellkt?». em : Festschrift fiir l cs check ,

H)89 , t omo J, p. 2 51: c rltlc o a rcspettoRcxtn, « Fln ali ta t u nd o bj ck tiv e Z ur ec h-

n un g» , em : C c diic !J tn ls sc h rl {t f U r A rt nl n K au {m an n\ 1989. p . 2 37. ,

85 Hirsch. F es ts c hr if t { ur L en c k er , com o na nota 7, fl . 135 . Nes te pun to t ambcm

a segulnte cl ta~ao, I'

86A «tnsusteruablttdadeda c r Ih c a n r i~ l! st a » e exposta em detalhe par Frisch.«Fasclnlerendes, Berechtlges und Problernatisches de r Lehre vo n dcr objektl-ven Z urec hn un g de s E rfo lges», e m: F es ts ch rif t f O r R a xl n, 2 00 1. p . 2 13 ( 21 6 S 5. ):

vld. ta rnbem Schunemann , "Ober die objek tive Zurechnung», em : Gol td sm-

me r 's A r cb t v { a r S tr e lr e ch t , 199B, p. 201 (227 ss.),

B7 Assumo a expressao de Hirsch. em : F ~ st 5c b ri {t f U r L am p e. como na nota 7.

p, 52l, nota 23. "

88 B asta confron tar SCu estudo «Zum .S rande der Lehrc von pcrsonalen Un-

r cc ht» , e m: Festschri f t I iir Wetzel. 1974; p. 393.

H9 Zlcl lnskt , H un dl un gs - u nd Brtotgsunwcr: i n i U n r e ch ts b e g ri t t. 1973.

90 Sanclnetti. Subjek t i ve Unrcc lusbegrvndung un d R O ck tr if t v om versucb. 1995 .

P ara lim a in t~ od Ul;[ 1O n a d ou tr ln a d e Sancinet t t c m ulto a pro pria do S Cu I Iv ropubl tc ado na cd j~fto bilinHflc (alurnao c ospanhol): J)0MlI1l1tik t l er S t rn t tn ! untl

Strn tg ese t z . 2 00 3. ( Vi de cd. espanhola: Dognu i t t c» de l I nt o p u ni b! « y Icy pCIM/.

2p03. I

91 Sanclnet t i. S ub je k ti v e Un r e c ht s b egr undung , como na nota 31. p. 281 .

92 Sanclnct tl , S u bj ek tt v e U n r ec h ts b eg r im d u ng , como na nota 3 I, p. 282.

9 3 A rmi n Kaufmann, como na nota 29. p. 410 s.

50 CI ,7usR ostn A prot e cao d e b en s j ur id ic os c om o f un ,a D d o D ir ei to P en al 5 1

Page 26: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 26/32

«se fundamenta s6 mediante a existencia de uma infra-

c;ao do dever de cuidado e a ausencia de causas de

justlflcacao ... A producao do resultado nao e uma condi-

c;ao elernentar ... da tlpicidade, ou da antijuricidade.

senao uma condicao da punlbilldade».Esta doutrina representa uma radicalizacao dos

postulados Ilnalistas. enquanto 1SS0 faz do desvalor da

acao 0 unico suporte do injusto. Assim. formula-se uma

ccntraposicao a concepcao aqui defendida: 0 dellto eentendido como infracao da norma, nao como lesao do

bern juridico. Desta maneira, uma teoria da Irnputacao

objetiva esta de sobra, toda vez que nao existe nenhum

resultado a Irnputar.

Tal orieritacao monista-subjetiva nao tem logrado

impor-se na Alemanha." Inclusive um flnalista como

Hir s ch re co nh ece , atra s desta tendencia, um Direttopenal do animo atentatotlo do Estado de Direlto." Mas

esta ITitica e exagerada, Embora no desvalor da acao se

manlfesta, de todas a s forrnas, uma lesao da norma. esta,

entretanto, e multo mats que uma mera manifestacao de

animo. Mas em relacao II nosso tema e sua slgniftcan-

cia cientffica, tambern triantenho uma posicao dis-

crepante.

A concepcao montsta-subjetiva do injusto se ap6ia

sobretudo nos argumentos: em primeiro lugar, oDireito

nao proibe resultados, mas 56 acoes: e. em segundo

lugar, a importancla dada ao resultado suscita umainadmissivel responsabilldade pelo azar, toda vez que

nao depende do autor C l u e uma tentativa acabada, ou

!J4A crltlca mals escrupulosa i cntrcga Mylonopoulus. Ube r d a s V e rht i lr n is vall

Hsndlungs- und Erfolgsunwert im strafrecht. 1981. Maiores rcfcrenclas sobro aspostures crftlcas, .entre elas tarnbctn [ukobs, vide em: Roxtn, A ll ge m ei ne r T e il ,

tomo I. como na .nota 2, § 10.VlI (cdi~ao em alemao c cspanhol},

!lS Hirsch; «Tatstrafrecht - cit ; hinrelchend b cach te t cs C r undp r tn z lp? » , em:Festschritt f i jI ' Ltidorssen. 2002, p . 253 5S, (257): Htrsch. Festschrttt fur Lampl',

como na nora 7. p. 521.

52 Ctnus Roxtn

uma conduta culposa, desembocarao numa lesao do

bcmjuridico. Mas ambos as argumentos nao sao concJu-

dentes. E evidente que na o se podem proibir resultados

na forma de acontecimentos causais puros, mas sim

como realizacao de riscos nao permltidos, De modo queconcorda com a usa comum o n linguagem que, por

exernplo. se proibam hornicidids, e nao somente accesid6neas tendentes a comissao de-urn homicidio ou a sua

realizacao culposa. 0 resultadonao e uma casualidadE~,

senao a obra do autor, sempre .que sua realizacao con-

corde com as regras da imputac;:,:a.bobjetiva. Nao obstan-

te, pode suceder que no caso de uma tentatlva frustrada,

assim como no caso de uma imgr:udencia sem resultado,

falta 0 resultado com uma ma't%u menor causaliclad~.'

Mas este fato nao obriga 0 legislador a punir tais

hip ote ses da m csrn a m an elra com o se castigam o,s cases

em que existe uma producao dcresultado.

Mas a objecao decisiva contra a doutrina monista-

subjetiva radica em que esta fuhda 0 injusto [uridlco-pe-

nal so, 0 que, embora seja possivel, na representacao do .

autor, deixando de lado cornpletamente a dlmensao

social do injusto e a harmonia dos interesses pela prote-

cao e pela liberdade, e tambem.equlvocado, Se alern do

ambito dos delitos de perigo.cada irnprudencia sem

resultado se tivesse que tratar. da mesma forma como

um homicidio cometido culposamente, ou como urna

lesao corporal. entao se submeteria a culpa a uma

sobrecrirninalizacao que restringlria a liberdade do ci-

dadao mais alern do socialmente necessaria.

Mesmo assim, teria que se punir a tentatlva acaba-

da - contrariamente desta concepcao radical subjetiva

do injusto :...nao necessariarnente como fato consumado,

mas 0 legislador deveria conceder, como efetivamente 0

tem regulado 0 C6digo penal alemao," 0 direito a uma

96 Arugo 37, § 2.

A protecao de bcnsjurtdtcos como fun,ao do Diretto Penal , 53

Page 27: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 27/32

atenuacao facultat iva da pena (desde que a tentativa se]apunida expressamente). Que uma tentativa acabada sefrustre, em cornparacao com uma execucao exltosa. sedeve geralmente a uma dimlnutcao da energia criminal.

Alern disso. em sua repercussao social, e algo substan-cialmente dist into - no exemplo do deli to de homicidlo -,que a morte de urn homem seja 0 resultado de uma acaodo autor, ou que, ao contrario. sobrevenha sem sequerexistir urn corneco de tal lesao,

': Referindo-se a doutrina aqui criticada, Mylonopou-lus9 7 assinala, com razao, que «uma acao e suscetivel deuma valoracao juridico-penal apenas quando deIa, noambito do social, pode ser verificado seu scntido social»; .e jakobs98 acehtua no mesmo contexto: «nao importa a

slgniflcacao Indlvidual das condutas, mas seu significa-

do social, eoeste (significado) social nao se dedu~damente do autor»,

o quarlto sao certas essas cbjecoes, 0 reconhecerecentemente Sencinetti, que na atualidade e 0 maisfervente defensor de urna concepcao subjetivista doinjusto. Sendo coerente com sua doutrina.P? propoeconverter «todas as formas possivels de culpa nos deli-tos dolosos de perigo.abstrato», Entretanto, apelando aoprinciplo de, proporciortalidade e de minima interven-c;ao,assinalaque a punicao da culpa estaria condiciona-da pela. producao do resultado, posto que «senao 0

Estado teria enorm,es posslbilidades de lngerencla,quando - sem. a producao do resultado - pudesseindagar acerca de cada conduta culposa do cidadao ...»,Mediante a restricao da punibilidade a producao doresultado, «se obtern 0 beneficio de que 0 Estado nao

97 Mylonopou los. como na no ta 35. p. 129.

ss [akobs, S t r n t re c h t . A l I g eme l ne r ·T~ j J .2' ed. , 19 9 I, G173.

99 Sanclncttt. Dagma lJ k d r /' ~S t /~1 rw i ///1(/ Slm lgcSN? . como na now :n, p,134/130., :'

54 C l uu s R o s in

. . . . . . . . _ . _ _ ~ _ • . " _ _ . • _ , _ . _ _ . . . _ . _ _ ._ . . . L _ . _ . . .

I'

intervenha sabre uma enorme quantidade de condutasda vida cotidiana, asflxiando assirn 0 cidadao».

Neste ponto se evidencia, com claridade, a relacao I ',1ensa entre a protecao de bens juridicos e a liberdade

individual -:_,sobrea qual minlia concepcao do inju$tO seedifica, constituindo inclusive m fundamento da decisao- contrariamente ao que a pr6pha doutrina de Sanc ihe t t ireconhece, desde seu ponto c1E!:partida.Este autor acre-dita ser possiveI sustentar a' doutrina subjetivista doinjusto desde que na culpa nao ~e atribua a producao doresultado uma funcao «constitutiva», mas s6 «seletiva».Nao obstante, na realidade SE ! ' constata que uma teoriado inju~t? que rechaca a lesaodo bern juridico nao podeser aphcavel seriamente. Eta tampouco esta ern.condi-coes de ver 0 resultado no delito culposo ou na tentativa

acabada como uma condicao ::objetiva de punibilidade.Urn resultado pode ser imputado ao autor como homicf-

dio, como lesces consumadas, :ou como qualquer outra

acao tiplca, mas is to e passive! s6 no marco de umacategoria sistematica do injusto.

4 - 0 injusto s sq un dc Ja ko bs

Para terminar, algumas palavras sobre a doutrinado inju~to de [ekobs. Esta se aproxirna da concepcao aquldefendida, porque, para l ok ob s, - ao contrario das duascorrentes flnalistas -, nao s6 conta 0 resultado paraIundamentar 0 injusto. mas tambern enlace acao e resul-tado, conforme as regras da imputacao objetiva:"? e.como ja se mencionou, atribui ao si~l daconduta urna importancla decisiva, de modo que ela nao

100 Iakobs, como na nota 39, 7/35 55.• scm entrar e rn doralhes sabre as c li fc -

rcncas ncsto l'I1II1Cl'.

A protecao de bens juridicos como run~iiodo Diretto Penal 55

Page 28: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 28/32

se deduz somente da flnalidade. Em sua OplnI30. naconflguracao correta do tlpo, a «consumacao esta conec-tada a . . . lesao do bern». '? '

Ate aqui estou de acordo. Entretanto, como secompatlbtllzarla esta doutrina do injusto com a concep-

c;ao da pena de [skobs, a qual me referl em minhaprimelra conferencia? Como corresponde a sua exposi-< ; 8. 0, 0 Direito penal nao protege bens juridicos. mas avlgencla da norma.l" Mas. se 0 fato punivel constituiunicamente em que 0 autor desautortza a norma, emsuas ccnsequenclas esta proximo a esgotar 0 injusto nodesvalor da acao, 0 que, de acordo com uma consequen-, te apllcacao de sua teoria do tim da pena, compromete-, ria Iskobs com a doutrina monista-subjetiva do injusto',da escola de Armin Kaufmann. Nisso consiste precisa-..mente a tese de Sancinetti ,103 que fala de urn «absurdo

;',que se apresehtaquando, por urn lado, se rechaca a~doutrina da lesao do bemjuridico - a qual e substituida;(pela desautorlzacao da norma - e, ao mesmo tempo. seestabelece uma lesao efetiva de um objeto de bemjuridico como pressuposto para 0 injusto consumado».

~

A tese de Iskobs apresenta uma contradicao em seusfundamentos - ao menos i550 e 0 que aparece, se projeta,Algumas citacoes 0 conflrmam. jakobs lO 4 diz: 0 «nao

reconhecimento da v~g§ncia da norma» e aquilo «contra

o qual 0 Diretto pen~l.. .. reage, Por isso, constitui 0

resultado especificarnente [urfdico-penal.» «0 nao reco-

nhecimento da vigencia da norma pode dar-se perfeita-

101[akobs, tome na nota'39. Gl13.

102 Para cs te t ema rcporto-rne ao rbcenre trabalho de [akobs : "Was ~chflt7.1

das Strafrecht: Recbtsguter oder Normgeltung? c(h: Festschrift fur Saito, 2003,p.17. ,.:'::

103 Sanctnettt. S u bJ c kt lv e U n l' e cl it sb e gr J nd u ng u n d R t sc kt r tt t v o m s /e r su ch . comona nota 31 , p. 19. "

104VIde as tres referenclas em: Iakobs, Der strotrechtiiche Handlungsbegrifr.

1992 , p, 34 s. . ,

56 C ln us R O J (i n

mente sern que se produza urn resultado exterior delitl-

vo». 0 «enunciado do desvalor da acao e do desvalor doresultado» e «inadequado para expllcar aquilo de que setrata; este eonsiste de preferencia no nao reconhecimen-to da vigencia da norma medi~~te a expressao de senti-

do de uma pessoa». Caso, segundo esta a firr na ca o.: ~«:e5ultado» de uma acao punfv:el radica no nao reconhectrnento da norma, entao 0 mesmo poderia ser subsetitpeIos part idarios da doutrina rnonista-subjetlva do in-justo, Por isso, a chegada a esta conclusao e para Senc i -neW,105 em relacao a doutrina subjetivista do injusto.«uma simples troea de nome sem a minima variacao deconteudo», .-

Mas Iskobs tern percebido, com clareza, a diflculda-

de que se levanta neste ponto para a consistenciade suaconcepcao. Ele tenta evitar esta dificuldade afirrnando

que a desautorizacao da vi'~€mcia da norma, a queconforma 0 fate punivel, ex~ge uma «objettvacaovnosentido de uma «significancia». suficiente. 0 «nao reco-nhecimento da vigencia da norma» requer «como aeon-tecimento comunicativo, sempre uma objetlvacao ...»;106

Por isso e necessario «urn fato de stgntflcancia para ainfracao da norma», 107 dai que em relacao ao aconteci-mento tentado «0 fato consurnado tem forcosarnentemais signiftcacao», devido ~l~sao do bern. «Par que essa

clrcunstancia sera precisamente irrelevance para 0 injus-

to, considerando-se que 0 injusto apresenta urn aspecto

externo, nao tern sido fundamentado ate agora». 'Caso esta concepcao possa ser harmonizada com 0

ponto de partida de Iskobs. segundo 0 qual a protecao debens juridicos cleve ser substitufda mediante a protecao

105Sanc lnc t t l . S u bj ek tl ve U n re c ht sb e gr u nd u ng u nd R { ]c kl ri tt v o m V c rs lI cl I. comon a n ota 3 1 , p. 22 ,

106Iakobs, com o na no ta 45. p. 35 .

107jakobs, cbmo na nora 39. p, G/73.

A protccao de bcns jurldlcos como funcao do Direito Penal 57

. ..:;~

Page 29: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 29/32

da vigencla da norma, ,Qarece~mt;__9uvid!:>l>o.Natural-mente, e correto que uma desautorizacao da normacomo alga puramente interno deve ser irrelevante: todoo mats seria urn Direito penal 'do animo. Urn desvalor da

acaopode ser em si uma objetivacao que valha como urn

injusto completo, caso seja concebido s6 como infracaoda norma. Mas como num caso normal de fatos consu-mad os s6 uma «lesao [lrnputavel] do bern» adquire acondicao de urn «acontecimento significante para ainfracao da norma», 0 injusto se funda realmente numalesao do bem juridico. Por esta razao, a tese de [ekobs. emvirtude da qual 0Direito penal protegeria a «vigencia danorma», e nao «bens jurtdicos», encerra mals urn proble-ma terminologlco,

o desaparecimento da lesao do bern juridico, que

nos delitos cohsumados seria possivel s6 numa formamuito artificial, mediante uma alteracao de sentido dalesao por uma condicao de signiflcancia da infracao danorma, retorna em jekobs vigencia de uma forma expres-siva na explicacao da tentativa. Para ele, 0 «fundamentoda punlcao da tentatlva» radica na «evldencla de umalnfracao da norma» .108 «Como 0 delito ... nao c basica-mente umacausacao delesoes de bens, senao uma lesaoda vlgencia da norma, mesrno assirn a tentativa de delitonao se deve compreender prlmariamente sabre a base deuma colocacao em perigo 'de bens, senao atraves da

lesao da vigencia da riorrna». tal como 0 entende Is -k o b s , 1 0 9 para quem, ademals. «0 fundamento de punicaoda tentativa ... [e] 0 mesmo que a da consumacao».Entao , tentativa e c on su ma ca o s lg nlflc ar n igualmente

«urn ataque perfeito contra a vigen cia da norma-.!'?

lOSjakobs, como na nota 39. 25/21.

109[akobs , como na nota 39 , 25/15.

110[akobs , como na nota 39 , p. 25/17.

58 Claus RO,"(jn

,,,_,, ----------_._~-.,......---------

. . . .

J1(~Esta concepcao parece subjetivista quando e olhada

desde minha posicao baseadF , na lesao do bern [uridicocomo nucleo do injusto. Par~ mim, a fundarnento dppunicao da tentativa se encontra na colocacao em pengo

do bernjuridico.!' \

Desta forma. aclassiflcacao

Tegaentre 0 castigo de uma consumacao plena, 0 castlgo

atenuado da tentativa e a Impunldade dos atos prepara-

t6rios. compreendem-se nurna so escala, de acordo

com a medida do injust~,: enquanto isto nao seria

explicavel corretamente segundo a colocacao de urn

injusto unico,

Quando Iekobs concebea tentativa como ;tm? "«in-fracao manlfesta da normae proxima ao tipO»',1:12a

exigencia adicional de urna proxirnidade ao npoesta

baseada nos fates. A proxirnldade ao tipo nao indica

outra coisa que urn perigo'8,rave para 0 bern juridicoprotegido que transcende a; mera expressividade da

infracao da norma. Desta maneira. percebe neste lugar

uma oscilacao entre uma fllndamentac;ao subjetiva eobjetiva que ja se fez visivelno delito consumado. ,

Com 0 princtpio. aqui defendido de uma colocacaoem perlgo para 0 bern jurldico - em uma forma de lesaomenor do mesmo -, pode-seexplicar tambem a tentativa

inid6nea. Geralmente, esta forma de tentativa e tambemperigosa - com base nurna valoracao obrigatoriamentee x an t e.1 I3 Mas. caso urn ordenamento castigue, desde 0

principia. uma tentativa nao perigosa, como efetiva-mente ocorre. ainda que numa forma restrita. com 0

C6cligo penal alcmao, II~ isto jE t c u rn a a no rn al ia que na o

1[ 1 err. a respci to dc tal hadamc~tc Rax in . S t rs it e c ht . A l lg em e in e r T e t l. toma n.2003, § 29i n. 9 $S.

112akobs, como na nota 39. 25/21.113rox imo ne st e sentido Hirsch. «Untaugllcher Vcrsuch und Tatstrafrecht»,

em: Festschrift f iir Roxtn, 2001. p. 71 J.

114Artlgos 22. 23. parte 3 do C6digo penal a lornao.

A protecao de bcnsjuridlcos como rtln~i\odo Dlrel to Penal 59

- . _ M _. . . . . . . . . . . . II.~, _.__ ; • -- •..-~ ..

..-----.--- ..--~--~

Page 30: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 30/32

se harmoniza com 0 prtnctplo de protecao de bensjuridicos; por isto se exige sua abolicao.

De outra parte, a questao. de 0 injusto jurfdico-pe-nal ser uma Iesao de urn bemjuridico ou nao, repercute

no problema do denorninado conhecimento especial.!"jakobs l 16 traz 0 caso de «urn estudante de biologia, que,

trabalhando como gar<:om, descobre uma fruta veneno-sa, gracas a seus conhecimentos adquiridos em seusestudos, mas apesar disso serve a salada», 0 estudantecometeu urn homlcfdlo doloso quando 0 c1iente morreapes comer a salada? Caso se fixe a missao do Direita

penal na protecao de bens jurfdicos, entao nao havera

duvlda alguma 1 1 respeito.!" 0 estudante. ao servir asalada envenenada, criou urn risco mortal para a vida do

cIiente que tambern se realizou no resultado.

Frente a isso, jakobs admite urn ataque a vigencla danorma que, para ele, e decisivo s6 quando alguerninfringe as exigencias da funcao social no qual atua.Considerando que 0 estudante de biologia atua comogar<;om. nao necessita incIuit seu conhecimento de estu-

dante nessa ativldade, de marieira que para esta concep-~ao nao se produz urn hornlcidlo. Mas esta solucao naome parece convlncente.l'sO Dtreito penal considera a

protecao da vida humana como uma de suas tarefas

principais, e 0 cornprovam as' correspondentes tipos

penais. Esta protecao se restringe certamente mediante a

justifica<;ao e as regras de imputacao. mas concretizan-

115A respelro c rundamentalJ~kobs.~Tater';orstc1!ung und objcktlve Zurech-nung», em: C l ! dl ic l 1t n ls 's c h rl (t ( u r Amlin K,lIIfllmnll. 1989. p. 270; Greco ... 1)<lSSubjckt lve an der objokt lvcn Zurechnung - eber das . .P roblem" des Sender-wlssens». em: Z e lt s cb r lf t ( D r d i e g e s sm t e S t rs i re c h tsw t ss e n sc h e it , a publlcar-seem 2005. -

116 [ akobs. co, !!o na nota 56. p. 273. ; ,

117Asslm tam bern 0 vI! Iakobs , como na no t a 56, p . 273.1[8 Urn debate pormenorlzado com os argUh-len tos de Jakobs nao e possfvelaqul . Ent retanto , d lsso se encarrega det ldamente Greco . como na nota 56.

do-se de uma forma social mente razoavel. Nao fica claroque interesse poderia existir para que urn homicfdiodoloso ocorrido de urn modo absurdo, mas facilmenteevitavel, nao possa alcancar semelhante qualiflcacao.

5 . . c c n clu sa o

Com lsto, finalizo rninha.segunda conferencia. Mi-nha conclusao e que a protecao' de bens juridicos nao'sogoverna a tarefa polttico-crimtnal do Diretto penal, mastambern a sistematica da teorla do injusto. o ,Dire itopenal protege, no marco do alcance de seus tipos penais,os bens juridicos frente aos tiscos nao permitidos. Porisso, a protecao de bens jurfdicds e a teoria da imputacaoobjetiva sao componentes irrehunciaveis num processo'social de ponderacao da materia correspondente a prbi-blcao. Outras teorias do injJsto, as que concebem airnputacao objetiva como urna teoria erronea, ou quelimitam 0 injusto ao desvalor da acao, ou que renunciamcategoricamente a protecao de bens juridicos. deveriamestar dispostas a fazer concess6es como as que realizoem minha concepcao aqul exposta: ao contrario. serao,

em muitos aspr..0s, insuficientes.

A protecao d e hens jurid!cos como funcao do Direlto Penal . 6160 C l au s R o x ln

Page 31: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 31/32

__ . «Untauglicher Versuch und Tatstrafrecht», em: P es ts ch ril t fu r

Rox i n , 2001. I

HOMMEL. Des Herrn Marquis von Bcccarla unsterbliches Werk von

Verbrechen und Strafen, lntroducao de Homm e / 1778, Berlim, 1966.

HONIG. D ie E in wil li gu ng d es V e rJ et zt en , ~919.

JAGER. Strafgesetzgebung und Rechtsguterschutz bei den Stttltclt-

keitsdelikten, 1957. . .:.: .JAKOBS. S t ra f re c h t. A l lg em e in e r te: 2" ed., 1991,6/73. .

__ . «Bemerkungen zur objektiven Zurechnung», em: F e st sc hr if t f Dr

Hirsch , 1999. . \

__ . "Was schutzt das Strafrecht: RechtsgCtter oder Normgeltung?

em: F e st sc h ri ft f il r S ai to , 2003. ~ ,

_ _ . D er s tr et rc ch tl lc he H a nd fu ng sb eg rir r.· 1: ~9 2, p. 34 s.

__ , "Tatervorstel lung und objekt ive Zuuechnung», em: Gedi ic !J t n i s ·

schritt Iur A rm in K au fm a nn , 1989, , 1 : ;LAGODNY, Strafrecht vor den Schrankeri der Grundrechte, 1996,

MARX. Z ur D e fi ni ti on d e s B e gr if fs ''R e ch t, ~li ut '', 1972 .

MYLONOPOULUS, Uber d a s V e r h8 l tn i s v o n Hendtungs- un d Ertolgsun-

w er t i m S tr afr ec ht , 1981. Hirsch. ({Ta~st l'af recht - ein hinreichend

beachtetes Grundprinzip?», em: Fes t schr i f t Iiu: Ludetssen. 2002, p.

253 ss,MiR PUlG. Wertungen, N o rm e n u n a S tr af re c ht sw id r ig ke it , Coltdam-

mer's A rchlv fu r Strafrecht, 2003.

ROXIN. Strafrecht, Al lgemeiner rat. iorno 1,3 . edlcao. 1997.

__ , Taterschaft und Tatherrschaft, 1963 (7. edlcao, 2000, p, 352 e

ss.): edh;:ao em espanhol, 1998, :

__ . «Bemerkungen zur sozialen Adaquanz lm Str afrecht», em: Fes-

tschrift Iiir Klug. 1983, tomo II. .

__ , «Vorzuge und Defizite des FinaliSmus. Eine Bilanz». em: Fos-

tscbriit far Androulnkis, 2003 .

__ . «Fmalltat und objektive Zurechnuhg», em: Gedscbtn t ssc lu t l t Iiu:

A rm in K au fm a nn , 1989. .'

RUDOLPHI, Die ve r sch t ed e n en A s p e kt e d e s R e c /J t sg u t sb c g ri ff s, livro em

homenagem a Honig, 1970. . .

SANCHEZ VERA. Ptlichtdelikt und Bet e!J igung , 1999.

SANCINETTI. Sub je kt ive U nre ch tsbe grt in du ng un d R ticktr it t vo m V er·

such . 1995 .

SCHONEMANN. Das RechtsgCtterschutZprinzip als Fluchtpunkt der

verfassungstochtl tchen Crenzen der Straftatbestande und lhrer In·

terpretatlon, em Hetendehl/von Hirsch/ Wol!/er s (edltores), Die

Rechtsgutstheorie, 2003. .

Bibl iograf ia.,,

·AMELUNG. Rechtsgiiterschutz u nd S ch ut z der Ccsellschoit, 1972.

APPELL V e rfa ss im g u n'd S tr af e, 1 9 9 8 .

ARMIN KAUFMANN, <,"Objektive Zurechnung" beim Vorsatzde-l lk t?», em: F e st sc hr ll t f ur Ie s ch e ck , 1989, tome I.

CANCIO MELIA. «Finale Handlungslehre und objektive Zurech-

nung», em: Coltdamlner's Archiv fur Strafrecht, 1995.

FRISCH. «FascInle rendes, Be rechtiges und Problematisches der Leh-

re von der objektlveri Zurechnung des Erfclges», em: F es ts ch ri ft fu rRoxln, 2001. p. 213 (216 ss.).

GRECO, «Das SubJektive an der objektlven Zurcchnung - uber das"Problem" des Sonderwlssens», em: Zei t schr i f t Iiu: d ie g ess mt e S tr n-trechtswtssenschett , a publicar-se em 2005.

GRONHUT. Mot hod t s c h e Grund/agen d er heutigcn Strstrechtswtssens-cha f t , Iivro em homenagem a Frank, 1930, tome 1.

. HAFFKE, D ie Legitimation desstsstllchen Strsttechts zwischen Effizienz,Prethet t sverbtugung un d Symbol ik , I Ivro em homenagem a Roxin,

2001.

HASSEMER. D arf e s St ra ft a t e n g ebe n, 'd le e l~ stretrechtliches Rechtsgu:n lc h t i n M i tl ei d en sc ha rt zlehen]; em : Hefendehl / von Hirsch/Woh-

lers (editores), Die Rechtsgutstheorte, 2003.

--. Das Symbollsche 'am symbollschen Strafrecht, llvro em horne-nagem a Rox i n , 2001. . W

--. Theorie und Soziologle dcsVerbrechens - Ansatz zu olncr

praxtsorientterten Rechtsgut!chre, 1913.

HEFENDEHL. Ko l le k ti v e R e c b ts g ti te r tm S tr a fr e ch t, 2 0 02 ,

HERZOG. Ge s e l ls c h si tl lc h e Un s ic h e r he i t u n d s tr e tr e c h tl ic n e Ds s e in s v o r-s o r g » : Studien zur Vorverlegung des .Strafrechtsschutzes in den

Oefahrdungsberelch, 199. :

HIRSCH, DIe aktue lle Dlskusslon ubor den Rechtsgutsbegriff, livro

em homenagem a S pi ne l/ is , 2 0 01 .

6 362 C la u s Rox i n A protecao de bens jurid'cos como funcao do Dlrelto Penal

n._ • .,_ ._ .~ .... ," • •• • _ •• ,_ , - ' -0 - - , , - ~ -" . ' - . .. - . . . ' . '' '' ~ • ._ n _ . . .. -.. .1 • • ' - - ~ • • _'"',. ,. •• •• _ • • - • •• •• -- ---. . .._ • • -- •• • ~-~ -.. .. ;., - ._ .'

Page 32: Claus Roxin - A Proteção de Bens Jurídicos como Função do Direito Penal, 2ª ed. (2009)

5/13/2018 Claus Roxin - A Prote o de Bens Jur dicos como Fun o do Direito Penal, 2ª ed. (2009) - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/claus-roxin-a-protecao-de-bens-juridicos-como-funcao-do-direito-penal-2a-ed-2009 32/32

- -, S c htin em sn n/ M U lIe r! P hif lip ps (ed ttores). D as M enschenbild imweltwclten W andel der Grundrechte, 2002,

--, .«Dber die ab Je ktiv e Z ure chn un g» , e m: Gol t d smmer ' s Arcbtv ru rSt rs lrech t , 1998. .

S INA . D ie D o gm e ng es ch lc ht e des Begriffs "Rechtsgut". 1962.

STACHEIN. St ra fgesetzgebung im Ver r. 1 ssungss taa t. 1 998 .

STRATENWERTH. Z um B eg rjff des "R e ch t sgu t e s " , l iv ra h om e na ge ma L en c kn er . 1 9 9 8 .

- -. H efen dehII V on H irsc hi W of1 lers (edltores). D ie Rechtsgutstheo-rle, 2003.

--, "Zukunftsslcherung mit den Mitteln des Strafrechts?", Ze t t s-ehr if t f u r d iegesa i t7 teS t ra frech tswissenscha ft . tomo 105, 1993.

WELZEL, Um d ie t lnaJe H s nd lu n gs le br e, 1 95 9 .

WOHLERS . Del lkt s t ypen des P r ii ve n tt an s st rn t rc c bt s, 2 0 02 .

ZIESCHANG. Die Ge f t Ih rdungsdel ik t e , 1 998 .

ZIELINSKI . Hend lungs - u nd E rf ol gs un wer t im Unrech t s bogr i t t . 1 9 7 3 .

64 Cl au sR o x l n

- , n

A u t or iz ac d o

C . I , ! l n . o I J.I<ll!a

,A.ndI1! C<lUOQat l

~r<ls.50n

E o o f " I ' \ . B U Ct~ lt1.:VI~tIA Ot~rt •• com.bf

tMnk you rot y«J' ~ W o lI TO ~tJ) woU and I Om ()mbo i . . ., 1 1 1g r oa t pIo4~_OUt 'tAylOW. you InB O Q O l I : and c",rIJIQDI>lI. 1 0 M WClIhatr bo ~ \0~llh~ phok>jyllphJ.

Of <0Ul$0 IIIIICW you \0 poMsl1 t ' I ' I f loc;!uto~ In1 l. Dl U. 0 0 Y OI Iwlll'l ie I,UMI~I~ t T r f

loc lIJ .os (r om I ho G Or mM o( fr om tOO S p< In ll h I B tI Q U. DO ? O f C OU1 ~ 1 1M )< J1 d be boa.,to Nl'o'O a 1r8t\Alallon I.om Gorml!ln. I c o n s.ond you lJWl ~h lox! (WlUI MI~&l, butyou CZI I1 G O [ 1 1 1 0 G<>mmn too. .

No, [ " "" " you ~" w"l<Iln~ illS!>lInI.,.h; I can ""'" o J . " " UI\O()l~~ I~

I Wish \ I O U a N J . . " P ' I CMa[mA$ end a < J O ( ) d n&Nyli8r

'l'Q<.Jts i i l l ' o C t > r e . ' i .CI4u:s R.ooln j U ' o < j r.;s "';1.

f.,tl"", O'~/~lIO-PI& ro< O~9rHIO·HG.4

Stlr:'t'Url*t.It.fJJI~n(r'tJI~."n.I ...t t : IJo. t " l( . .h t . . . .df