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1 CURSO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS (2014/2015) CLC- Cultura, Língua e Comunicação Formando(a)-Olga Ilyina Nº 21 Data 13/02/2015 Formadora: Lígia M. S. F. B. Cerqueira Área de Competência: Cultura, Língua e Comunicação UFCD 4 Gestão e Economia RA 3: Contexto institucional. Tema: Sistemas Monetários e Financeiros. Competências: Agir de acordo com a compreensão do funcionamento nos sistemas monetário e financeiro. Texto O que é a moeda? A Moeda é todo o meio que serve para facilitar as trocas (…) que é a base da economia. À primeira vista, a troca direta é o sistema mais simples para realizar transacções: se uma pessoa tem algo que não quer, deve trocá-lo por aquilo que quer. Na prática, porém, levantam-se grandes dificuldades, pois para que uma troca se realize é preciso que quem tem algo para trocar encontre alguém que quer aquilo que este tem e também tenha aquilo que este quer. Esta «dupla coincidência de vontades» é difícil: um barbeiro que goste de couves tem (todos os dias) de encontrar um hortelão de cabelo comprido. Há formas de aliviar este problema: uma delas é não fazer uma, mas muitas trocas. O barbeiro pode cortar o cabelo ao carpinteiro; trocar a cadeira que recebeu com o sapateiro, para conseguir as botas que o hortelão quer em troca das couves. Mas será que o preço que pagou pelas couves é justo? E o tempo perdido (uma vez que tempo é dinheiro…)? É claro que este sistema se pode complicar até ao infinito. O que sociedades faziam, antes de existir moeda, era criar locais onde todos aqueles que tinham coisas para trocar se encontravam, transaccionavam e definiam preços. Há formas de aliviar este problema: uma delas é não fazer uma, mas muitas trocas. O barbeiro pode cortar o cabelo ao carpinteiro; trocar a cadeira que recebeu com o sapateiro, para conseguir as botas que o hortelão quer em troca das couves. Mas será que o preço que pagou pelas couves é justo? E o tempo perdido (uma vez que tempo é dinheiro…)? É claro que este sistema se pode complicar até ao infinito. O que sociedades faziam, antes de existir moeda, era criar locais onde todos aqueles que tinham coisas para trocar se encontravam, transaccionavam e definiam preços. intermediário na troca: a moeda. Vamos supor que esse bem é o pão, uma coisa que toda a gente quer e precisa. Assim, o barbeiro receberia dos clientes pão, em vez dos produtos que eles faziam, e depois, com esse pão, ia ter com as pessoas que produziam o que ele queria, por exemplo, o hortelão, e trocava o pão pelas couves. Claro que há alguns inconvenientes: as pessoas agora, além dos bens que produzem e consomem, têm de ter pão guardado para fazer trocas e, além disso, é preciso sempre fazer duas trocas em vez de uma, direta. Algumas AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR. JORGE AUGUSTO CORREIA Direcção de Serviços da Região do Algarve ES/3EB Dr. Jorge Augusto Correia; EB 2,3 D. Paio Peres Correia; EB1 nº2 Tavira; EB1/JI Conceição; EB1 Cabanas

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CURSO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS (2014/2015)

CLC- Cultura, Língua e Comunicação

Formando(a)-Olga Ilyina Nº 21 Data 13/02/2015

Formadora: Lígia M. S. F. B. Cerqueira

Área de Competência: Cultura, Língua e Comunicação UFCD 4 – Gestão e Economia RA 3: Contexto institucional. Tema: Sistemas Monetários e Financeiros. Competências: Agir de acordo com a compreensão do funcionamento nos sistemas monetário e financeiro. Texto O que é a moeda? A Moeda é todo o meio que serve para facilitar as trocas (…) que é a base da economia. À primeira vista, a troca direta é o sistema mais simples para realizar transacções: se uma pessoa tem algo que não quer, deve trocá-lo por aquilo que quer. Na prática, porém, levantam-se grandes dificuldades, pois para que uma troca se realize é preciso que quem tem algo para trocar encontre alguém que quer aquilo que este tem e também tenha aquilo que este quer. Esta «dupla coincidência de vontades» é difícil: um barbeiro que goste de couves tem (todos os dias) de encontrar um hortelão de cabelo comprido. Há formas de aliviar este problema: uma delas é não fazer uma, mas muitas trocas. O barbeiro pode cortar o cabelo ao carpinteiro; trocar a cadeira que recebeu com o sapateiro, para conseguir as botas que o hortelão quer em troca das couves. Mas será que o preço que pagou pelas couves é justo? E o tempo perdido (uma vez que tempo é dinheiro…)? É claro que este sistema se pode complicar até ao infinito. O que sociedades faziam, antes de existir moeda, era criar locais onde todos aqueles que tinham coisas para trocar se encontravam, transaccionavam e definiam preços. Há formas de aliviar este problema: uma delas é não fazer uma, mas muitas trocas. O barbeiro pode cortar o cabelo ao carpinteiro; trocar a cadeira que recebeu com o sapateiro, para conseguir as botas que o hortelão quer em troca das couves. Mas será que o preço que pagou pelas couves é justo? E o tempo perdido (uma vez que tempo é dinheiro…)? É claro que este sistema se pode complicar até ao infinito. O que sociedades faziam, antes de existir moeda, era criar locais onde todos aqueles que tinham coisas para trocar se encontravam, transaccionavam e definiam preços. intermediário na troca: a moeda. Vamos supor que esse bem é o pão, uma coisa que toda a gente quer e precisa. Assim, o barbeiro receberia dos clientes pão, em vez dos produtos que eles faziam, e depois, com esse pão, ia ter com as pessoas que produziam o que ele queria, por exemplo, o hortelão, e trocava o pão pelas couves. Claro que há alguns inconvenientes: as pessoas agora, além dos bens que produzem e consomem, têm de ter pão guardado para fazer trocas e, além disso, é preciso sempre fazer duas trocas em vez de uma, direta. Algumas

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR. JORGE AUGUSTO CORREIA

Direcção de Serviços da Região do Algarve ES/3EB Dr. Jorge Augusto Correia; EB 2,3 D. Paio Peres Correia; EB1 nº2 Tavira; EB1/JI Conceição; EB1

Cabanas

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sociedades usavam bens que cumpriam alguma função social ou religiosa: grandes pedras esculpidas, adornos de penas, etc. Mas o principal problema era a aceitabilidade, pois a ideia era usar um bem que fosse considerado útil por todos, como garantia de que era sempre aceite. Assim, utilizou-se como moeda: vacas, vinho, cerveja, cigarros. O problema de usar um bem muito útil como moeda estava em que, exatamente porque esse bem era útil, tinha outros usos para além das trocas. Por isso, às vezes, havia falta de moeda para as trocas porque ele tinha sido usado. Por exemplo, o vinho ia-se gastando ao longo do ano; por esse motivo, antes das vindimas, o pouco vinho que havia não chegava para beber, quanto mais para trocar. Aqui aparecia o primeiro grande problema da moeda: para garantir que o bem fosse aceite por todos, era preciso que o bem fosse útil e até muito útil. Se fosse possível encontrar um bem que as pessoas desejassem, mas que quase não servisse para mais nada a não ser para fazer trocas, o problema ficava resolvido. (…) Ficou resolvido com a existência de um tipo especial de bens, a que podemos chamar «bens decorativos ou de luxo», que pouco consumo tinham, mas que eram aceites por todos. As conchas, pérolas e, sobretudo, os chamados «metais preciosos» podiam ser usados como moeda, por serem aceites por todos, sem medo de que o seu montante total fosse alterado frequentemente de forma significativa pelo consumo não monetário. Mas nem todo o bem pode preencher correctamente as funções de moeda. Vejamos quais as características mais importantes que um bem deve ter para ser uma boa moeda: 1) Divisibilidade - importante por causa dos trocos; 2) Durabilidade - a degradação do bem altera-lhe o valor e dificulta o seu uso como padrão das trocas; 3) Aceitabilidade geral - se não for reconhecida por todos, não cumpre a função de meio de troca; 4) Ter reduzida procura não monetária - para evitar flutuações no montante disponível de moeda; 5) Manter o valor - se o valor da moeda varia (o vinho antigo vale mais, mas a cerveja antiga vale menos que a nova), torna-se difícil o seu uso; 6) Ser prática de movimentar - um bem muito pesado ou volumoso torna-se difícil de usar nas trocas; 7) Dificilmente falsificável. Como se disse, a maioria das sociedades a certa altura perceberam que os metais preciosos eram boa moeda: divisíveis, duradouros, a procura não monetária era pequena (quase só para jóias), mantêm o valor e, apesar de pesadas, valiam muito por grama, pelo que podia levar-se muito valor em pouco peso, e era fácil distinguir o ouro verdadeiro do falso. Por essa razão, durante muitos séculos usou-se a moeda pesada para transacções: em cada troca, em cada loja, havia uma balança para pesar o ouro e a prata da transação. Mas o método era pouco prático, devido ao esforço de pesagem, e aos erros que gerava. Por isso, a seguir passou-se para a moeda contada: discos de ouro, com peso predeterminado (uma libra, uma onça, um talento), eram mais fáceis de usar, pois bastava contar os discos para ter o peso desejado. Para evitar que se estivesse, dia a dia, a confirmar o peso de cada peça, passava a ser necessário que uma autoridade se responsabilizasse pelo peso do disco ou que emitisse a moeda: o rei, o nobre ou a autoridade local punham o seu selo no disco para garantir a sua validade. Desta forma, rapidamente se passou para a moeda cunhada, que tinha já a forma atual, normalmente com a cara e o escudo do imperador, rei, etc. As moedas tinham o nome do peso correspondente (libra, peso), o nome do senhor que as emitia (imperador romano, o «luís de ouro») ou do desenho que ostentavam (escudo). Nos períodos em que a paz permitia a realização dos contactos internacionais, sobretudo no fim da Idade Média, as transacções entre regiões alargavam-se. Comerciantes de muitos sítios encontravam-se nas grandes feiras que, em algumas cidades, permitiam a troca de produtos

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de muitas regiões. Para resolver esta questão apareceu a profissão de cambista. Os cambistas eram pessoas que tinham como função comparar e trocar as moedas de uma zona por outra. Esta profissão obrigava, naturalmente, a transportar grandes quantidades de metais preciosos. Normalmente esses cambistas, que tinham também o ofício de ourives, faziam outro negócio: alugavam os seus cofres para guardar em depósito a moeda dos clientes. Cada depositante tinha, como prova e contrapartida do seu depósito, um recibo. Esse recibo representava o ouro depositado. Quando queria usar o ouro para uma transacção, em vez de ir levantar o ouro para o pagamento, podia entregar diretamente o recibo, endossando-o. O papel não era ouro, mas valia ouro, porque representava o depósito. Esse recibo representava o ouro depositado. E valia só porque tinha a assinatura do cambista, que assegurava o levantamento. Quando estes recibos começaram a circular, apareceu a moeda de papel. Nasciam assim os bancos. O cambista lançava-se no negócio do crédito, mas no crédito com dinheiro que não era seu... Este negócio era muito rentável e permitia, em vez de cobrar uma comissão aos depositantes pelo trabalho de guardar o dinheiro, pagar-lhes um juro. Este negócio era o negócio do crédito, e, ao fazer isto, os ourives transformaram-se em bancos. A maneira de emprestar era emitir mais recibos do que ouro havia. Era uma forma milagrosa de fazer dinheiro: o banqueiro podia comprar o que quisesse, bastando para tal assinar um recibo sobre o ouro dos seus depositantes. Mas em breve se descobriu que havia um risco: é que se as pessoas vissem muitos recibos em circulação, podiam desconfiar e ir levantar o seu ouro. E quando o Estado entrou no negócio, uma nova característica foi adquirida: era possível lançar uma lei que obrigasse as pessoas a aceitar e a transaccionar em moeda de papel, sem a poderem trocar por ouro: tornar o papel inconvertível em ouro. Primeiro esta medida era tomada só em altura de crise, mas em breve se generalizou: não era preciso usar o ouro ou a prata se o papel servia igualmente. A moeda passou a ser moeda fiduciária: passava-se da moeda de papel para o papel-moeda. Agora, o Estado podia escrever num papel que ele valia €1000 e obrigar-nos a aceitá-lo, mesmo que não houvesse nenhum ouro representado por esse papel que «suportasse a emissão». Isto tornou a moeda independente do ouro. A partir de então, efetivamente, o papel passou a ser moeda, enquanto antes ele apenas representava moeda. Assim se passou da «moeda-mercadoria» para o «papel-moeda». (…) Mas continuemos a nossa história. A intervenção do Estado, monopolizando a emissão de moeda de papel, impediu os bancos de participarem nesse negócio tão rentável. Mas os bancos não se renderam e, resolveram o seu problema mantendo as suas operações(…) Os bancos com esta operação convidaram-nos a depositar agora, não o nosso ouro, mas as nossas notas e moedas estatais no banco. Eles guardam-nos os nossos valores, enquanto nós fazemos transações, ordenando ao banco que movimente a nossa conta, assinando nós num cheque. O negócio é o mesmo, mas agora a moeda que o banco emite é o cheque, chamado moeda escritural. Continua a ser possível ao banco emprestar o dinheiro (notas e moedas) que fica depositado nos seus cofres, concedendo crédito. A forma de operar esse crédito quase que se manteve: o banco abre uma conta bancária em nome de quem lhe pede crédito, ou seja, em nome de quem não depositou lá dinheiro, e permite-lhe emitir cheques sobre essa conta; quando chega ao fim do prazo do empréstimo, o devedor devolve o dinheiro com juros. Assim, os bancos continuam a poder ganhar dinheiro e ainda a pagar juros aos depositantes. (…)Entretanto, apareceram outros tipos de dinheiro: a moeda de plástico. Os cartões de crédito, gerais ou particulares, com os quais se compra agora e paga depois, ou paga agora e compra depois (como no caso do passe da Carris ou as senhas de gasolina). Finalmente, há novo tipo de moeda que está em grande desenvolvimento: a moeda electrónica. Cada vez mais transacções são feitas através de terminais de computador, no qual a conta bancária é movimentada diretamente. Quando se usa um cartão para pagar a conta do supermercado, do hotel, da livraria ou da agência de viagens, não há qualquer movimentação de dinheiro, mas

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apenas uma movimentação na conta bancária. Trata-se de uma situação em que a transferência financeira é feita no ponto de venda (eft-pos). Deste modo, o registo electrónico substitui qualquer moeda. (…) NEVES, João César das, Introdução à Economia, Lisboa, Verbo, 1996, pp. 249 a 255 - adaptado)

1. Descreva os problemas inerentes à troca directa. 2. Explique sumariamente o percurso da “troca direta” até à “moeda electrónica”. 3. Por que razão, o Estado interveio a partir de certa altura, em todo este

processo monetário? Concorda? Justifique Cultura, Língua e Comunicação Área de Competência: Cultura, Língua e Comunicação UFCD 4 – Gestão e Economia RA 4: Contexto macro-estrutural. Tema: Usos e Gestão do Tempo. Competências: Identificar os impactos de evoluções técnicas na gestão do tempo, reconhecendo ainda os seus efeitos nos modos de processar e transmitir informação.

A ) A febre da pressa: uma epidemia que alastra. Conforme Larry Dossey, M.D., documentou pela primeira vez no seu livro Space, Time, and Medicine, a febre da pressa é um fenómeno generalizado nos Estados Unidos. A febre da pressa resulta do juízo falso de que conseguimos fazer tudo, se o fizermos mais depressa. Este fenómeno não pára de crescer. Uma olhadela ao relógio ou à nossa agenda superlotada é o suficiente para desencadear um ataque de pânico. Tal pode estar na origem de doenças relacionadas com o stresse, como a tensão nervosa, as doenças cardíacas e úlceras. E torna-se particularmente trágico quando não nos conseguimos libertar do stresse, mesmo depois de sair do escritório, ou quando os serões e os fins-de-semana nos parecem insuficientes para relaxarmos e gozarmos a vida em pleno. «Quando mais corro, mais fico para trás!». Ao fim do dia está exausto, sem ter conseguido pegar numa única tarefa da lista de coisas a fazer - pelo contrário ela ainda está maior! O seu caso não é único. Há muitas pessoas que padecem desta tentativa de funcionar a uma velocidade ainda maior. A pressão exercida para a obtenção de mais e melhores resultados, com equipas reduzidas e orçamentos diminutos, aumenta de dia para dia. Contudo, a febre da pressa não é apenas a sensação perturbadora e alucinante de andar sempre a correr, a par da incapacidade de enfrentar as tarefas diárias. Abrange, ainda, a perda de contacto com o seu ritmo pessoal próprio – um biorritmo definido pelo seu estado físico, mental e emocional – e que é de extrema importância para o seu bem-estar e para uma vida saudável. Qual é a desvantagem de andar a alta velocidade - tanto a nível profissional, como pessoal? Não é fantástico ser o primeiro da fila? Nas Olimpíadas, por exemplo, o único atleta a receber uma medalha de ouro é o que chega em primeiro lugar. O problema não está na velocidade em si, mas quando a velocidade se transforma no único factor decisivo. Quando somos afetados pela febre da pressa, corremos em todos os sentidos, sem qualquer ideia concreta da direção certa a seguir. Conduzimos as reuniões de afogadilho, para as concluir em tempo útil, acabando por descobrir que omitimos o ponto mais importante da agenda – se ao menos lhe tivéssemos dedicado mais tempo! Ou telefonamos ao ente querido, fazendo outras

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três coisas ao mesmo tempo, e não lhe damos a devida atenção – fazendo-a sentir-se que menos importante para nós. Há pessoas que correm durante a vida inteira - pressionadas pela necessidade de serem a esposa e a mãe perfeita, o executivo mais jovem a chegar ao topo ou a ganhar um milhão mais depressa que qualquer outra pessoa - apenas para descobrir que nunca tiveram realmente tempo para a família e amigos, ou que nunca conseguiram tirar partido dos momentos magníficos que tornam a vida algo que merece ser vivido. A maior parte das vezes, só se apercebem disso quando já é tarde demais ... Aproveite a oportunidade para mudar a sua vida enquanto é tempo! Mas como é que vamos mudar, depois de nos pressionarem a vida inteira a andar mais depressa? Primeiro, tenha a coragem de reconhecer os sintomas de febre da pressa. E, a seguir, comece a trabalhar na sua cura. Adquira um novo equilíbrio na sua vida, adoptando um conjunto de velocidades diferentes, dando atenção à sua saúde e dedicando tempo a melhorar o seu desempenho e o seu bem-estar a longo prazo. Faça um esforço permanente para incutir uma harmonia inovadora no seio dos seus hábitos diários. Lembre-se: o prazer e a descontracção não são algo de extravagante, a que apenas se deve dedicar quando terminar o seu trabalho! Quem aprender a viver e a trabalhar com prazer, está em posição privilegiada para tirar o melhor partido de todas as coisas. Os estudos sobre a saúde e a longevidade demonstram que as pessoas que mantêm diariamente o equilíbrio entre o trabalho e o prazer, não só vivem mais tempo, como têm também uma vida mais feliz e produtiva em todos os aspectos. É importante compensar a necessidade de velocidade e eficiência com atividades gratificantes e agradáveis do ponto de vista emocional. Por vezes, isso é tão simples como manter objetivos a longo prazo, por exemplo, proporcionando uma licenciatura aos nossos filhos, contribuindo para uma empresa amiga do ambiente, ou colaborando num clube que beneficia a sociedade com os seus serviços. Estabelecer uma meta/objetivos precisos para a nossa vida, abrandar para construir uma base de confiança, apreciar as diferenças ou estabelecer sinergias com pessoas de capacidades complementares às nossas, aprender a respeitar e a apreciar as nossas necessidades interiores e específicas, irão trazer-nos grandes benefícios a nível do bem-estar e satisfação pessoais. E dar-nos-ão ainda mais energia para concluir as tarefas diárias. B) Da gestão do tempo à gestão da vida Não podes dar mais dias à tua vida, mas podes dar mais vida aos teus dias.» Anónimo Na verdade, a gestão do tempo é um paradoxo. Não temos capacidade para gerir o tempo, mas apenas para nos gerirmos a nós próprios. Por outras palavras, a gestão do tempo não é mais do que uma auto-gestão. O tempo corre de forma imparável, inevitável e imutável. Para compreender isto, sente-se em silêncio durante uns momentos. O que aconteceu? O seu 'relógio de vida' aproximou-se mais uns escassos segundos da altura em que vai parar - para sempre! Seja qual for o seu pensamento ou sentimentos em relação à questão, a verdade é que é impossível atrasar este relógio. É essencial organizar o seu tempo de forma proactiva para satisfazer os anseios - ou, pelo menos, é possível tentar! Os produtores de vinho alemães adotaram o seguinte slogan publicitário: «A vida é demasiado curta para a passar a beber vinho de má qualidade.» Por isso, lembre-se: Hoje é o primeiro dia do resto da sua nova vida - aquela que começa com uma nova tomada de consciência do tempo. Há cada vez mais pessoas a tentar dar um sentido à sua existência, centrando-se nas capacidades de gestão do tempo e da vida. Nesse sentido, a gestão do tempo corresponde hoje a muito mais do que hierarquizar as mensagens que recebem na caixa de correio electrónico. A gestão do tempo é a autogestão, e isso significa moldar a sua vida de forma dinâmica. Por outras palavras, a verdadeira gestão do tempo é a liderança da vida - Life Leadership®. Quer sejamos nós a determinar a utilização do nosso tempo, quer deleguemos esta tarefa em alguém, o facto é que cabe a cada indivíduo a responsabilidade por tal decisão. É evidente que nem sempre conseguimos influir no meio envolvente conforme gostaríamos, mas dispomos de

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algum grau de influência a cada momento. Controlar o tempo significa utilizar o tempo de que dispõe e moldar a sua vida conforme o deseja - e, claro está, de acordo com as circunstâncias da altura. Mas lembre-se: dispõe da possibilidade de alterar essas circunstâncias! Num mundo acelerado, colocar em prática a gestão do tempo significa concentrar-se mais no ritmo que na velocidade, enquanto se foca em si próprio e no que é realmente importante - tanto no seu trabalho, como na sua casa. Significa equilibrar a sua vida profissional com a sua vida pessoal. Em consequência, a gestão do tempo transforma-se de modo automático em liderança da vida. Do 'tempo é dinheiro' para o 'tempo é vida' «Tempo é dinheiro»: este ditado é um dos mais utilizados. Façamos agora contrastar a atitude materialista e centrada na quantidade, expressa anteriormente, com uma outra atitude centrada na qualidade: o tempo é vida. Esta perspectiva defende que, sendo insubstituível, o tempo é mais valioso que o dinheiro - é a própria vida. Podemos sempre voltar a ter o dinheiro que perdermos não o tempo. Se alguém lhe quiser roubar € 200, vai fazer tudo o que puder e recorrer a todas as suas energias para a dissuadir No entanto, se alguém lhe tirar duas horas ao seu dia, é prova que lhe dê licença para isso. Tal como Napoleão disse um dia: «Os únicos ladrões a quem a sociedade perdoa são os que nos roubam o tempo». Um problema central na gestão do tempo é dispersarmo-nos com frequência em urgências do trabalho diário, esquecendo as verdadeiras prioridades e as metas de vida. Sofremos pressões constantes de todos os lados para resolver os problemas pendentes, mas o que é de facto importante vai sendo protelado para outras datas, na altura em que finalmente «tivermos tempo» - mas tempo disponível é algo que nunca teremos em abundância. A gestão do tempo do dia-a-dia tenta combater os sintomas, mas não vai à raiz do problema. Os planificadores semanais, as agendas e algumas aplicações informáticas ajudam-nos a orientar os nossos dias de trabalho. Sem dúvida que as listas de coisas a fazer, os mapas de planificação elaborados com mestria e as ferramentas de trabalho para os projetos são de toda a utilidade - pois graças a eles programamos várias fases de cada tarefa diária, estabelecemos as prioridades com precisão e adotamos a melhor atitude para evitar distrações que nos tirem tempo. Aplicada desta forma, a gestão do tempo dá-nos a conquistar progressos sustentáveis na nossa eficiência, já que tudo o que fizermos será feito com correção. Contudo, se nos dedicarmos às ações erradas, continuamos a ser pressionados pelo tempo - embora, à medida que isso acontece, tenhamos a ideia de que somos muito mais profissionais! Por outras palavras, «continuamos baralhados, mas a um nível mais elevado». Na presente semana, trabalhou 70 horas, percorreu cerca de 2.000 quilómetros de carro e visitou 37 clientes? Acha que isso corresponde a um desempenho notável? Na verdade, os objetivos atingidos com este tipo de esforço são questionáveis. Mais do que eficiência, aquilo que importa na verdade é a eficácia. Na década de 1960, Peter Drucker, o fundador da ciência de gestão, referia já que o importante não é fazer um pouco de tudo, mas fazer as primeiras coisas em primeiro lugar. Refere-o em The Effective Executive: a eficácia não resulta de andar às voltas, como um robô frenético, mas em concretizar as tarefas certas. Imagine que vê na rua, à sua frente, algumas notas de banco levadas pelo vento - uma nota de € 100 euros e outra de € 5. Qual é que tenta agarrar a correr, caso os outros transeuntes se preparem para fazer o mesmo? A nota maior, claro! Isso é ser 'eficaz' e corresponde ao que todos iriam fazer. Agora, pense no que fez ao seu tempo durante a semana passada, no seu emprego. Concentrou-se nas tarefas de maior importância ou afundou-se num pântano de pormenores de ínfima importância? Quem pense que vai dispor de mais tempo depois de comprar uma agenda ou de participar num seminário de gestão do tempo, deve pensar duas vezes. Estas ferramentas podem ajudá-lo a tornar-se mais eficiente, mas não vão forçosamente aumentar a sua eficácia. A resposta está no tipo de tarefas às

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quais dedica o seu tempo - e a sua vida. Só quando atribuir um significado mais global às suas ações é que irá transformar a gestão do tempo em gestão da vida. Existem muitos passos entre o ponto de partida - recorrer a uma agenda para a organização do dia - e o nível mais elevado - usar o tempo numa perspectiva holística, metas e autogestão, para concretizar os seus objetivos profissionais e particulares. (…)

C) O tempo holístico e a gestão da vida: equilíbrio entre vida e trabalho. «A diferença entre um veneno e um remédio está simplesmente na dosagem.» Hipócrates «Peço desculpa, mas agora não tenho tempo!» Quantas vezes já ouviu esta desculpa ou até a utilizou? Hoje em dia, há muitas pessoas com vidas profissionais ou privadas totalmente instáveis. Uma vez, um amigo chegado contou-me um incidente que o levou a repensar a sua própria situação: Um amigo da escola telefonou-me há pouco tempo. Já não falava com ele há anos. Estava no hospital, pois tinha sofrido um ataque cardíaco aos 43 anos. A mulher estava à beira de o deixar, porque ele nunca tinha tempo para ela ou para os filhos. O trabalho vinha sempre em primeiro lugar. O meu amigo confessou-me que estava finalmente a ponderar no que podia fazer para reorganizar a sua vida. Uma ênfase exagerada e crónica sobre uma componente da vida conduz a problemas nas outras áreas. O tempo holístico e a gestão da vida não foram concebidos apenas para rentabilizar o tempo em todas as áreas essenciais da vida - trabalho, família, saúde e objetivos de realização pessoal -, mas também para a harmonização duradoura destas quatro áreas, ou seja, para criar o equilíbrio entre o trabalho e a vida. Esta ideia baseia-se, em larga medida, no trabalho de Nossrat Peseschkian (www.wiap.de). No âmbito da sua pesquisa intercultural, Seschkian identificou quatro fatores influentes do equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada do indivíduo. Cada área da vida funciona em correlação com as outras. Dedicar demasiado tempo a atividades relacionadas com o trabalho implica, automaticamente, a negligência de outras áreas. Se vive obcecado com o trabalho, não só dedica tempo insuficiente à família e amigos, como está a afetar a sua saúde de forma negativa. Além disso, não dispõe da oportunidade necessária para observar, de forma correta, os sentidos mais profundos da vida ou para se concentrar nos seus valores individuais. Mais tarde ou mais cedo, a sua atitude e motivação acabam por se tornar deficientes. Ao fim e ao cabo, o 'mais' irá dar lugar ao 'menos'. Que avaliação faz do seu balanço de vida? Frequentemente, as pessoas afirmam que dedicam 50, 60 ou 70 por cento do seu tempo - por vezes até mais - ao trabalho. Pelo contrário, o propósito de vida é pontuado com 5 ou 15 por cento - se chegar a ser referido. O mundo em que vivemos coloca uma ênfase maior sobre a produtividade e o desempenho, em detrimento das questões mais significativas da vida. A percentagem colocada na área do trabalho é um reflexo natural do fato de a maioria de nós ter uma profissão que ocupa uma parte significativa do nosso tempo. A primeira vista, este desequilíbrio puramente quantitativo parecerá normal e será impossível obter um resultado numérico equilibrado, do tipo: «ao dividir os 100 por cento do meu tempo por quatro áreas com a mesma dimensão, obtenho o resultado exacto de 25 por cento em cada». No entanto, também é inevitável que a existência de um desequilíbrio mais acentuado em uma ou duas áreas afete as outras. Deste modo, constamos o seguinte:

Demasiado tempo dedicado ao trabalho pode desencadear doenças psicossomáticas, conflitos com a família e amigos e, inclusive, dúvidas básicas sobre se vale a pena viver.

Os efeitos da sobrevalorização do trabalho e das condições físicas verificam-se, por vezes, em atletas de alta competição, que sofrem lesão após lesão, esquecem a vida pessoal e acabam por encarar essa vida desequilibrada, com uma sensação de impotência e frustração.

Do mesmo modo, é provável que quem dedique o seu tempo a procurar o sentido da vida e a fazer experiências sobre a expansão da consciência, acabe por não ser capaz de funcionar numa base regular ou por aderir a qualquer seita de aspecto duvidoso.

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O balanço ideal entre as quatro áreas varia de pessoa para pessoa, de modo considerável, e resulta da nossa análise subjectiva sobre a qualidade do tempo que despendemos. Uma hora passada a ouvir uma orquestra voa numa hora de puro encanto, enquanto o preenchimento da declaração de impostos - uma ocupação raramente classificada como «muito desejada» - parece levar uma eternidade. A chave do sucesso reside na obtenção de um equilíbrio saudável entre as quatro áreas da vida - o que se designa por equilíbrio entre o trabalho e a vida. Na pesquisa que fez ao fenómeno psicossomático, isto é, às consequências no plano da saúde resultantes da interacção entre a mente, o corpo e o meio social, Peseschkian sublinha a necessidade de se dedicar o tempo e a atenção suficientes a cada uma das quatro áreas. Na sua perspectiva, essa é a única forma de evitar doenças físicas ou mentais. Para Peseschkian: 1º lugar: Trabalho A maior parte das pessoas dedica-se à execução do seu trabalho, sente-se responsável pelas tarefas que lhe foram atribuídas e deseja evoluir na sua profissão - o que conduz, logicamente, a uma ênfase maior na área do trabalho e da carreira. Há uma série de fatores que podem provocar a incapacidade de descomprimir depois de sairmos do escritório: um planeamento irrealista, a indefinição de prioridades, métodos de trabalho ineficazes, a pressão dos prazos e os sentimentos de culpa resultantes dos trabalhos por acabar. O resultado de tudo isto é a pressão de tempo. As pessoas que a sentem levam, para casa, os projetos por concluir e os problemas relativos ao trabalho, o que torna quase impossível apreciar o tempo passado fora do escritório. Em resultado disto, não é de admirar que as outras três áreas sejam afetadas. 2º lugar: Saúde Muitos de nós esquecemos, por completo, as questões do bem-estar físico. Só quando estamos doentes é que damos o devido valor à saúde. Nesse sentido, há cada vez mais pessoas a dedicar uma quantidade apreciável de tempo - muitas vezes contra a sua vontade - à manutenção da forma física ou à recuperação da saúde. Mas, muitas vezes, fazem-no apenas para melhorar o seu desempenho no trabalho. 3º lugar: Família e amigos A atenção especial que a sociedade coloca na carreira profissional e no trabalho, leva-nos a dedicar um tempo demasiado curto aos nossos entes queridos ou aos contactos com os amigos mais chegados. Reuniões ao fim do dia, o computador no escritório de nossa casa e outras tentações do trabalho, roubam-nos um tempo que, de outra forma, poderíamos dedicar às relações sociais. Assim, o risco do isolamento social está cada vez mais em foco nos meios de comunicação social e muitas pessoas começaram já a empenhar-se, de forma consciente, em desenvolver laços no seio familiar ou fora dele. 4º lugar: Objetivos de vida Muitas pessoas sentem que a sociedade a que pertencem criou muito pouco espaço para analisar os valores que conferem um sentido à vida, bem como a refletir sobre as metas que passam tanto tempo a tentar atingir. Em consequência, há já quem esteja a alargar o período de tempo dedicado a lidar com as questões do propósito de vida e do futuro. Apesar disso, assiste-se a uma mudança de valores. Hoje em dia, para muita gente, é mais importante ter uma vida com significado e dispor de tempo suficiente para si e para a sua família. Em lugar de colocarem em destaque uma única área da vida, procuram atingir um equilíbrio harmónico entre as quatro. Neste sentido, a gestão do tempo numa perspectiva holística ajuda-o a utilizar melhor o seu tempo, para conservar o equilíbrio na sua vida.

(Adaptação da obra de SEIWERT, Lothar J., Como Chegar Depressa, Indo Devagar, V.N.Famalicão, Centro Atlântico, 2008, pp. 26 a 99)

1. Identifique algumas das doenças provenientes da tão conhecida:“febre da

pressa”. 2. Explique a importância do descanso e do prazer na vida. 3. Segundo Peseschkian, em que deve consistir a gestão do tempo? Justifique.

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https://sites.google.com/site/sabercomalma/4-gestao-economia

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Cultura, Língua e Comunicação Formadora: Marina Santos pp.1/10 Área de Competência: Cultura, Língua e Comunicação UFCD 4 – Gestão e Economia RA 4: Contexto macro-estrutural. Tema: Usos e Gestão do Tempo. Competências: Identificar os impactos de evoluções técnicas na gestão do tempo, reconhecendo ainda os seus efeitos nos modos de processar e transmitir informação.

A ) A febre da pressa: uma epidemia que alastra. Conforme Larry Dossey, M.D., documentou pela primeira vez no seu livro Space, Time, and Medicine, a febre da pressa é um fenómeno generalizado nos Estados Unidos. A febre da pressa resulta do juízo falso de que conseguimos fazer tudo, se o fizermos mais depressa. Este fenómeno não pára de crescer. Uma olhadela ao relógio ou à nossa agenda superlotada é o suficiente para desencadear um ataque de pânico. Tal pode estar na origem de doenças relacionadas com o stresse, como a tensão nervosa, as doenças cardíacas e úlceras. E torna-se particularmente trágico quando não nos conseguimos libertar do stresse, mesmo depois de sair do escritório, ou quando os serões e os fins-de-semana nos parecem insuficientes para relaxarmos e gozarmos a vida em pleno. «Quando mais corro, mais fico para trás!». Ao fim do dia está exausto, sem ter conseguido pegar numa única tarefa da lista de coisas a fazer - pelo contrário ela ainda está maior! O seu caso não é único. Há muitas pessoas que padecem desta tentativa de funcionar a uma velocidade ainda maior. A pressão exercida para a obtenção de mais e melhores resultados, com equipas reduzidas e orçamentos diminutos, aumenta de dia para dia. Contudo, a febre da pressa não é apenas a sensação perturbadora e alucinante de andar sempre a correr, a par da incapacidade de enfrentar as tarefas diárias. Abrange, ainda, a perda de contacto com o seu ritmo pessoal próprio – um biorritmo definido pelo seu estado físico, mental e emocional – e que é de extrema importância para o seu bem-estar e para uma vida saudável. Qual é a desvantagem de andar a alta velocidade - tanto a nível profissional, como pessoal? Não é fantástico ser o primeiro da fila? Nas Olimpíadas, por exemplo, o único atleta a receber uma medalha de ouro é o que chega em primeiro lugar. O problema não está na velocidade em si, mas quando a velocidade se transforma no único factor decisivo. Quando somos afetados pela febre da pressa, corremos em todos os sentidos, sem qualquer ideia concreta da direção certa a seguir. Conduzimos as reuniões de afogadilho, para as concluir em tempo útil, acabando por descobrir que omitimos o ponto mais importante da agenda – se ao menos lhe tivéssemos dedicado mais tempo! Ou telefonamos ao ente querido, fazendo outras três coisas ao mesmo tempo, e não lhe damos a devida atenção – fazendo-a sentir-se que menos importante para nós. Há pessoas que correm durante a vida inteira - pressionadas pela necessidade de serem a esposa e a mãe perfeita, o executivo mais jovem a chegar ao topo ou a ganhar um milhão mais depressa que qualquer outra pessoa - apenas para descobrir que nunca tiveram realmente tempo para a família e amigos, ou que nunca conseguiram tirar partido dos momentos magníficos que tornam a vida algo que merece ser vivido. A maior parte das vezes, só se apercebem disso quando já é tarde demais ... Aproveite a oportunidade para mudar a sua vida enquanto é tempo!

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Mas como é que vamos mudar, depois de nos pressionarem a vida inteira a andar mais depressa? Primeiro, tenha a coragem de reconhecer os sintomas de febre da pressa. E, a seguir, comece a trabalhar na sua cura. Adquira um novo equilíbrio na sua vida, adoptando um conjunto de velocidades diferentes, dando atenção à sua saúde e dedicando tempo a melhorar o seu desempenho e o seu bem-estar a longo prazo. Faça um esforço permanente para incutir uma harmonia inovadora no seio dos seus hábitos diários. Lembre-se: o prazer e a descontracção não são algo de extravagante, a que apenas se deve dedicar quando terminar o seu trabalho! Quem aprender a viver e a trabalhar com prazer, está em posição privilegiada para tirar o melhor partido de todas as coisas. Os estudos sobre a saúde e a longevidade demonstram que as pessoas que mantêm diariamente o equilíbrio entre o trabalho e o prazer, não só vivem mais tempo, como têm também uma vida mais feliz e produtiva em todos os aspectos. É importante compensar a necessidade de velocidade e eficiência com actividades gratificantes e agradáveis do ponto de vista emocional. Por vezes, isso é tão simples como manter objectivos a longo prazo, por exemplo, proporcionando uma licenciatura aos nossos filhos, contribuindo para uma empresa amiga do ambiente, ou colaborando num clube que beneficia a sociedade com os seus serviços. Estabelecer uma meta/objectivos precisos para a nossa vida, abrandar para construir uma base de confiança, apreciar as diferenças ou estabelecer sinergias com pessoas de capacidades complementares às nossas, aprender a respeitar e a apreciar as nossas necessidades interiores e específicas, irão trazer-nos grandes benefícios a nível do bem-estar e satisfação pessoais. E dar-nos-ão ainda mais energia para concluir as tarefas diárias. B) Da gestão do tempo à gestão da vida Não podes dar mais dias à tua vida, mas podes dar mais vida aos teus dias.» Anónimo Na verdade, a gestão do tempo é um paradoxo. Não temos capacidade para gerir o tempo, mas apenas para nos gerirmos a nós próprios. Por outras palavras, a gestão do tempo não é mais do que uma auto-gestão. O tempo corre de forma imparável, inevitável e imutável. Para compreender isto, sente-se em silêncio durante uns momentos. O que aconteceu? O seu 'relógio de vida' aproximou-se mais uns escassos segundos da altura em que vai parar - para sempre! Seja qual for o seu pensamento ou sentimentos em relação à questão, a verdade é que é impossível atrasar este relógio. É essencial organizar o seu tempo de forma proactiva para satisfazer os anseios - ou, pelo menos, é possível tentar! Os produtores de vinho alemães adoptaram o seguinte slogan publicitário: «A vida é demasiado curta para a passar a beber vinho de má qualidade.» Por isso, lembre-se: Hoje é o primeiro dia do resto da sua nova vida - aquela que começa com uma nova tomada de consciência do tempo. Há cada vez mais pessoas a tentar dar um sentido à sua existência, centrando-se nas capacidades de gestão do tempo e da vida. Nesse sentido, a gestão do tempo corresponde hoje a muito mais do que hierarquizar as mensagens que recebe na caixa de correio electrónico. A gestão do tempo é a autogestão, e isso significa moldar a sua vida de forma dinâmica. Por outras palavras, a verdadeira gestão do tempo é a liderança da vida - Life Leadership®. Quer sejamos nós a determinar a utilização do nosso tempo, quer deleguemos esta tarefa em alguém, o facto é que cabe a cada indivíduo a responsabilidade por tal decisão. É evidente que nem sempre conseguimos influir no meio envolvente conforme gostaríamos, mas dispomos de algum grau de influência a cada momento. Controlar o tempo significa utilizar o tempo de que dispõe e moldar a sua vida conforme o deseja - e, claro está, de acordo com as circunstâncias da altura. Mas lembre-se: dispõe da possibilidade de alterar essas circunstâncias! Num mundo acelerado, colocar em prática a gestão do tempo significa concentrar-se mais no ritmo que na velocidade, enquanto se foca em si próprio e no que é realmente importante - tanto no seu trabalho, como na sua casa. Significa equilibrar a sua vida profissional com a sua vida pessoal. Em consequência, a gestão do tempo transforma-se de modo automático em liderança da vida. Do 'tempo é dinheiro' para o 'tempo é vida'

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«Tempo é dinheiro»: este ditado é um dos mais utilizados. Façamos agora contrastar a atitude materialista e centrada na quantidade, expressa anteriormente, com uma outra atitude centrada na qualidade: o tempo é vida. Esta perspectiva defende que, sendo insubstituível, o tempo é mais valioso que o dinheiro - é a própria vida. Podemos sempre voltar a ter o dinheiro que perdermos não o tempo. Se alguém lhe quiser roubar € 200, vai fazer tudo o que puder e recorrer a todas as suas energias para a dissuadir No entanto, se alguém lhe tirar duas horas ao seu dia, é prova que lhe dê licença para isso. Tal como Napoleão disse um dia: «Os únicos ladrões a quem a sociedade perdoa são os que nos roubam o tempo». Um problema central na gestão do tempo é dispersarmo-nos com frequência em urgências do trabalho diário, esquecendo as verdadeiras prioridades e as metas de vida. Sofremos pressões constantes de todos os lados para resolver os problemas pendentes, mas o que é de facto importante vai sendo protelado para outras datas, na altura em que finalmente «tivermos tempo» - mas tempo disponível é algo que nunca teremos em abundância. Um problema central na gestão do tempo é dispersarmo-nos com frequência em urgências do trabalho diário, esquecendo as verdadeiras prioridades e as metas de vida. Sofremos pressões constantes de todos os lados para resolver os problemas pendentes, mas o que é de facto importante vai sendo protelado para outras datas, na altura em que finalmente «tivermos tempo» - mas tempo disponível é algo que nunca teremos em abundância. A gestão do tempo do dia-a-dia tenta combater os sintomas, mas não vai à raiz do problema. Os planificadores semanais, as agendas e algumas aplicações informáticas ajudam-nos a orientar os nossos dias de trabalho. Sem dúvida que as listas de coisas a fazer, os mapas de planificação elaborados com mestria e as ferramentas de trabalho para os projectos são de toda a utilidade - pois graças a eles programamos várias fases de cada tarefa diária, estabelecemos as prioridades com precisão e adoptamos a melhor atitude para evitar distracções que nos tirem tempo. Aplicada desta forma, a gestão do tempo dá-nos a conquistar progressos sustentáveis na nossa eficiência, já que tudo o que fizermos será feito com correcção. Contudo, se nos dedicarmos às acções erradas, continuamos a ser pressionados pelo tempo - embora, à medida que isso acontece, tenhamos a ideia de que somos muito mais profissionais! Por outras palavras, «continuamos baralhados, mas a um nível mais elevado».Na presente semana, trabalhou 70 horas, percorreu cerca de 2.000 quilómetros de carro e visitou 37 clientes? Acha que isso corresponde a um desempenho notável? Na verdade, os objectivos atingidos com este tipo de esforço são questionáveis. Mais do que eficiência, aquilo que importa na verdade é a eficácia. Na década de 1960, Peter Drucker, o fundador da ciência de gestão, referia já que o importante não é fazer um pouco de tudo, mas fazer as primeiras coisas em primeiro lugar. Refere-o em The Effective Executive: a eficácia não resulta de andar às voltas, como um robô frenético, mas em concretizar as tarefas certas. Imagine que vê na rua, à sua frente, algumas notas de banco levadas pelo vento - uma nota de € 100 euros e outra de € 5. Qual é que tenta agarrar a correr, caso os outros transeuntes se preparem para fazer o mesmo? A nota maior, claro! Isso é ser 'eficaz' e corresponde ao que todos iriam fazer. Agora, pense no que fez ao seu tempo durante a semana passada, no seu emprego. Concentrou-se nas tarefas de maior importância ou afundou-se num pântano de pormenores de ínfima importância? Quem pense que vai dispor de mais tempo depois de comprar uma agenda ou de participar num seminário de gestão do tempo, deve pensar duas vezes. Estas ferramentas podem ajudá-lo a tornar-se mais eficiente, mas não vão forçosamente aumentar a sua eficácia. A resposta está no tipo de tarefas às quais dedica o seu tempo - e a sua vida. Só quando atribuir um significado mais global às suas acções é que irá transformar a gestão do tempo em gestão da vida. Existem muitos passos entre o ponto de partida - recorrer

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a uma agenda para a organização do dia - e o nível mais elevado - usar o tempo numa perspectiva holística, metas e autogestão, para concretizar os seus objectivos profissionais e particulares. Na figura seguinte, os patamares de 0 a 3 remetem para o nível em que as pessoas se posicionam, no tocante às competências de gestão do tempo: anotam os seus compromissos e fazem listas de tarefas com uma frequência regular, para os executar em seguida, passo-a-passo. Por outro lado, os verdadeiros executivos recorrem a uma agenda (patamar 4). Alguns, não muitos, chegam a traçar metas anuais (patamar 5) ou conseguem até referir uma meta de vida (patamar 6). Mas são raros os indivíduos que têm a capacidade interligar a sua actividade diária com objectivos a longo prazo (patamar 7). Os capítulos que se seguem explicam-lhe os passos a dar até alcançar o patamar 7.

Figura1: A evolução entre um calendário e o tempo, numa perspectiva holística, com metas e autogestão.

C) O tempo holístico e a gestão da vida: equilíbrio entre vida e trabalho. «A diferença entre um veneno e um remédio está simplesmente na dosagem.» Hipócrates «Peço desculpa, mas agora não tenho tempo!» Quantas vezes já ouviu esta desculpa ou até a utilizou? Hoje em dia, há muitas pessoas com vidas profissionais ou privadas totalmente instáveis. Uma vez, um amigo chegado contou-me um incidente que o levou a repensar a sua própria situação: Um amigo da escola telefonou-me há pouco tempo. Já não falava com ele há anos. Estava no hospital, pois tinha sofrido um ataque cardíaco aos 43 anos. A mulher estava à beira de o deixar, porque ele nunca tinha tempo para ela ou para os filhos. O trabalho vinha sempre em

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primeiro lugar. O meu amigo confessou-me que estava finalmente a ponderar no que podia fazer para reorganizar a sua vida. Uma ênfase exagerada e crónica sobre uma componente da vida conduz a problemas nas outras áreas. O tempo holístico e a gestão da vida não foram concebidos apenas para rentabilizar o tempo em todas as áreas essenciais da vida - trabalho, família, saúde e objectivos de realização pessoal -, mas também para a harmonização duradoura destas quatro áreas, ou seja, para criar o equilíbrio entre o trabalho e a vida. Esta ideia baseia-se, em larga medida, no trabalho de Nossrat Peseschkian (www.wiap.de). No âmbito da sua pesquisa intercultural, Seschkian identificou quatro factores influentes do equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada do indivíduo. Cada área da vida funciona em correlação com as outras. Dedicar demasiado tempo a actividades relacionadas com o trabalho implica, automaticamente, a negligência de outras áreas. Se vive obcecado com o trabalho, não só dedica tempo insuficiente à família e amigos, como está a afectar a sua saúde de forma negativa. Além disso, não dispõe da oportunidade necessária para observar, de forma correcta, os sentidos mais profundos da vida ou para se concentrar nos seus valores individuais. Mais tarde ou mais cedo, a sua atitude e motivação acabam por se tornar deficientes. Ao fim e ao cabo, o 'mais' irá dar lugar ao 'menos'. Que avaliação faz do seu balanço de vida? Frequentemente, as pessoas afirmam que dedicam 50, 60 ou 70 por cento do seu tempo - por vezes até mais - ao trabalho. Pelo contrário, o propósito de vida é pontuado com 5 ou 15 por cento - se chegar a ser referido. O mundo em que vivemos coloca uma ênfase maior sobre a produtividade e o desempenho, em detrimento das questões mais significativas da vida. A percentagem colocada na área do trabalho é um reflexo natural do facto de a maioria de nós ter uma profissão que ocupa uma parte significativa do nosso tempo. A primeira vista, este desequilíbrio puramente quantitativo parecerá normal e será impossível obter um resultado numérico equilibrado, do tipo: «ao dividir os 100 por cento do meu tempo por quatro áreas com a mesma dimensão, obtenho o resultado exacto de 25 por cento em cada». No entanto, também é inevitável que a existência de um desequilíbrio mais acentuado em uma ou duas áreas afecte as outras. Deste modo, constamos o seguinte:

Demasiado tempo dedicado ao trabalho pode desencadear doenças psicossomáticas, conflitos com a família e amigos e, inclusive, dúvidas básicas sobre se vale a pena viver.

Os efeitos da sobrevalorização do trabalho e das condições físicas verificam-se, por vezes, em atletas de alta competição, que sofrem lesão após lesão, esquecem a vida pessoal e acabam por encarar essa vida desequilibrada, com uma sensação de impotência e frustração.

Do mesmo modo, é provável que quem dedique o seu tempo a procurar o sentido da vida e a fazer experiências sobre a expansão da consciência, acabe por não ser capaz de funcionar numa base regular ou por aderir a qualquer seita de aspecto duvidoso. O balanço ideal entre as quatro áreas varia de pessoa para pessoa, de modo considerável, e resulta da nossa análise subjectiva sobre a qualidade do tempo que despendemos. Uma hora passada a ouvir uma orquestra voa numa hora de puro encanto, enquanto o preenchimento da declaração de impostos - uma ocupação raramente classificada como «muito desejada» - parece levar uma eternidade. A chave do sucesso reside na obtenção de um equilíbrio saudável entre as quatro áreas da vida - o que se designa por equilíbrio entre o trabalho e a vida.

Na pesquisa que fez ao fenómeno psicossomático, isto é, às consequências no plano da saúde resultantes da interacção entre a mente, o corpo e o meio social, Peseschkian sublinha a necessidade de se dedicar o tempo e a atenção suficientes a cada uma das quatro áreas. Na sua perspectiva, essa é a única forma de evitar doenças físicas ou mentais. Para Peseschkian, estas quatroimportância, de forma objectiva, pelo menos no mundo ocidental: 1º lugar: Trabalho A maior parte das pessoas dedica-se à execução do seu trabalho, sente-se responsável pelas tarefas que lhe foram atribuídas e deseja evoluir na sua profissão - o que conduz, logicamente, a uma ênfase maior na

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área do trabalho e da carreira. Há uma série de factores que podem provocar a incapacidade de descomprimir depois de sairmos do escritório: um planeamento irrealista, a indefinição de prioridades, métodos de trabalho ineficazes, a pressão dos prazos e os sentimentos de culpa resultantes dos trabalhos por acabar. O resultado de tudo isto é a pressão de tempo. As pessoas que a sentem levam, para casa, os projectos por concluir e os problemas relativos ao trabalho, o que torna quase impossível apreciar o tempo passado fora do escritório. Em resultado disto, não é de admirar que as outras três áreas sejam afectadas. 2º lugar: Saúde Muitos de nós esquecemos, por completo, as questões do bem-estar físico. Só quando estamos doentes é que damos o devido valor à saúde. Nesse sentido, há cada vez mais pessoas a dedicar uma quantidade apreciável de tempo - muitas vezes contra a sua vontade - à manutenção da forma física ou à recuperação da saúde. Mas, muitas vezes, fazem-no apenas para melhorar o seu desempenho no trabalho. 3º lugar: Família e amigos A atenção especial que a sociedade coloca na carreira profissional e no trabalho, leva-nos a dedicar um tempo demasiado curto aos nossos entes queridos ou aos contactos com os amigos mais chegados. Reuniões ao fim do dia, o computador no escritório de nossa casa e outras tentações do trabalho, roubam-nos um tempo que, de outra forma, poderíamos dedicar às relações sociais. Assim, o risco do isolamento social está cada vez mais em foco nos meios de comunicação social e muitas pessoas começaram já a empenhar-se, de forma consciente, em desenvolver laços no seio familiar ou fora dele. 4º lugar: Objectivos de vida Muitas pessoas sentem que a sociedade a que pertencem criou muito pouco espaço para analisar os valores que conferem um sentido à vida, bem como a reflectir sobre as metas que passam tanto tempo a tentar atingir. Em consequência, há já quem esteja a alargar o período de tempo dedicado a lidar com as questões do propósito de vida e do futuro. Apesar disso, assiste-se a uma mudança de valores. Hoje em dia, para muita gente, é mais importante ter uma vida com significado e dispor de tempo suficiente para si e para a sua família. Em lugar de colocarem em destaque uma única área da vida, procuram atingir um equilíbrio harmónico entre as quatro. Neste sentido, a gestão do tempo numa perspectiva holística ajuda-o a utilizar melhor o seu tempo, para conservar o equilíbrio na sua vida. (Adaptação da obra de SEIWERT, Lothar J., Como Chegar Depressa, Indo Devagar, V.N.Famalicão, Centro Atlântico, 2008, pp. 26 a 99)

Descreva o que pode ser realizado para curar alguém da “febre da pressa”. d) Explique a importância do descanso e do prazer na vida.

Actualmente, «a ideia de que tempo é dinheiro» deverá ser valorizada? Justifique.

Segundo Peseschkian, em que deve consistir a gestão do tempo? Justifique.