68
Agosto de 2009 n° 114, ano IX www.portaldocomercio.org.br CNC NOTÍCIAS Revista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo DE OLHO NO FUTURO, ENTIDADES PROMOVEM MUDANÇAS NA GESTÃO PÁGINA 8 ainda... EM BUSCA DA EXCELÊNCIA COMÉRCIO JUSTO: NOVO CONCEITO CHEGA AO PAÍS INFRAESTRUTURA: O GARGALO QUE IMPEDE O CRESCIMENTO DA ECONOMIA DEMANDA INCENTIVA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA NO COMÉRCIO O PAÍS INTEIRO PERDE COM A REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO

CNC - · PDF file Parceria CNC/Serasa Com os produtos da parceria CNC/Serasa, os empresários do comércio têm mais segurança na análise de crédito e as federações

  • Upload
    ngodieu

  • View
    224

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Agosto de 2009n° 114, ano IX

www.por ta ldocomerc io.org.br

CNCN O T Í C I A S

Revista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

De olho no futuro, entiDaDes promovem muDanças na gestão

págINA 8

ainda...

EM BUSCA DA EXCELÊNCIA

ComéRCIo juSTo: Novo CoNCeITo ChegA Ao pAíS

INfRAeSTRuTuRA: o gARgAlo que Impede o CReSCImeNTo dA eCoNomIA

demANdA INCeNTIvA CoNTRATAção TempoRáRIA No ComéRCIo

o pAíS INTeIRo peRde Com A Redução dA joRNAdA de TRABAlho

www.sesc.com.br

P a r c e r i a

CNC/SerasaCom os produtos da parceria

CNC/Serasa, os empresários do comércio têm mais segurança na análise de crédito e as federações e sindicatos, mais um serviço para oferecer e gerar receita.

Acesso ao maior banco de dados da América latina sobre consumido-res, empresas e grupos econômi-cos, com cobertura nacional e internacional.

mais informações, na gerência de projetos da CNC: (21) 3804-9344 e (21) 3804-9200, ramal 468; ou pelo e-mail [email protected].

Tempos modernos

Já em pleno segundo semestre, e sem tantos sobressaltos com o cenário econômico - embora o sinal de alerta ainda esteja ligado -, começam a voltar para a agenda aqueles assuntos que estavam na ordem do dia, antes de setembro de 2008. A maioria relacio-nada aos desafios de modernização que o Brasil precisa enfrentar para confirmar os prognósticos que o apontam como um país de crescente importância no mundo.

A busca da excelência também é uma forma de estar em constante processo de mo-dernização e as entidades sindicais se ajustam aos novos tempos. “As empresas e a sociedade estão demandando mudanças por parte dos sindicatos, e há uma enorme ex-pectativa a respeito do que eles podem oferecer aos seus representados”, afirma Daniel Lopez, chefe do Departamento de Planejamento (Deplan) da CNC, na reportagem de capa desta edição, que mostra uma das mais bem sucedidas iniciativas nessa área: o SEGS - Sistema de Excelência em Gestão Sindical. Numa época em que o maior envolvi-mento entre sindicatos e sociedade é um sinal de modernidade, o SEGS está ajudando as entidades na implantação de novas formas de gestão, aumentando a representatividade, a profissionalização e a oferta de serviços aos representados.

A busca pela modernidade deveria também passar pela superação de certos mitos, como o de que a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais irá redu-zir o desemprego. A CNC está mobilizada para esclarecer a sociedade de que esta não é a solução adequada para fazer frente à necessidade de gerar empregos. Pelo contrário, o problema do desemprego poderá ser agravado, em razão do aumento de custos que será imposto aos empresários, já por demais onerados. A Proposta de Emenda Consti-tucional (PEC) 231/95 vai na contramão do que a própria Organização Internacional do Trabalho (OIT) discutiu em sua 98ª Conferência Internacional, realizada em junho, na Suiça.

Esta edição da CNC Notícias mostra ainda que uma importante ferramenta que o Brasil possui para avançar em seu desenvolvimento, os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, atravessa um momento de riscos. A saída das confe-derações patronais do Conselho Deliberativo do fundo - o Codefat -, no episódio envolvendo as articulações que culminaram na eleição de um presidente sem representatividade, acende uma luz amarela para toda a sociedade brasileira.

Turismo, logística e comércio eletrônico são outros assuntos abordados este mês na CNC Notícias. A revista traz também duas importantes entrevistas. A diretora-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira, fala, entre outros temas, sobre o novo marco regulatório do setor. Já o diretor superintendente do Sebrae-RJ, Sergio Malta, explica o conceito de uma modalidade econômica que pode ajudar princi-palmente os micro e pequenos empreendedores: o Comércio Justo.

Boa leitura!

1CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 1CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

EDITORIAL

Presidente: Antonio Oliveira Santos.

Vice-Presidentes: 1° - Abram Abe Szajman, 2° - Renato Rossi, 3° - Orlando Santos Diniz; Adelmir Araujo Santana, Carlos Fernando Amaral, José Arteiro da Silva, José Eva-risto dos Santos, José Marconi M. de Souza, José Roberto Tadros, Josias Silva de Alburquerque, Lelio Vieira Carneiro.

Vice-Presidente Administrativo: Flávio Roberto Sabbadini.

Vice-Presidente Financeiro: Luiz Gil Siuffo Pereira.

Diretores: Antonio Airton Oliveira Dias; Antônio Osório; Bruno Breithaup; Canuto Medeiros de Castro; Carlos Marx Tonini; Darci Piana; Euclides Carli; Francisco Teixeira Linhares; Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante; Jerfferson Simões; Joseli Angelo Agnolin; Ladislao Pedroso Monte; Laércio José de Oliveira; Leandro Domingos Teixeira Pinto; Luiz Gastão Bittencourt da Silva; Marcantoni Gadelha de Souza; Marco Au-rélio Sprovieri Rodrigues; Norton Luiz Lenhart; Pedro Coelho Neto; Pedro Jamil Nadaf e Walker Martins Carvalho.

Conselho Fiscal: Hiram dos Reis Corrêa, Arnaldo Soter Braga Cardoso; Antonio Vicente da Silva.

CNC NOTÍCIASRevista mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

Ano IX, nª 114, 2009

Gabinete da Presidência: Lenoura Schmidt

Assessoria de Comunicação (Ascom):[email protected]

EdiçãoCristina Calmon (editora),

Luciana Rivoli Dantas (subeditora - Mtb 21622),Andréa Blois, Celso Chagas, Geraldo Roque, Joanna Marini,

Sophia Gebrim e Fernanda Falcão (estagiária)

Design:Carolina Braga

Marcelo Almeida eMarcelo Vital

Impressão:Gráfica MCE

Colaboradores da CNC Notícias de Agosto 2009:Jaidesson Peres (Fecomércio-AC), Cristiane Pinheiro (Fecomércio-SP), Caroline Santos e Simone Barañano (Fe-comércio-RS), Larissa Meira (Fecomércio-DF), Dalton Costa (Fecomércio-GO), Walter Xavier (Fecomércio-PE), Jacqueline Gomes (Fecomercio-AP) e Viviane Freitas (Fecomercio-AM).

Colaboração Especial :Daniel Lopez e Rodrigo Wepster (Deplan)

Créditos fotográficos:Banco de Imagens – Shutterstock/Meder Lorant (capa e página 8), Carolina Braga (páginas 4, 11, 22, 27, 30, 31, 36, 39, 41, 48, 49, 50, 51 e 64), Marco L. M. (páginas 7, 10, 14, 15, 42, 43, 44, 45 e 46), Banco de Imagens - Stock.xchng (páginas 20, 23, 34, 35, 37, 56 e 59), Divulgação/MRS (pági-na 24), Divulgação/Porto de Itajaí (página 25), Divulgação/MegaMatte (páginas 28 e 29), Christina Bocayuva (páginas 12, 13, 33 e 64), Divulgação/Fecomercio-TO (página 47), Gil Ferreira/SCO/STF (página 52), Thiago Cristiano (páginas 55 e 60), Divulgação/Fecomercio-CE (página 58), Marco Aurélio (páginas 61), Divulgação/RP1 Comunicação (página 61), Rose Peres (página 62), Divulgação/Fecomercio-GO (página 63), AFP PHOTO / Neil A. Armstrong /NASA (3a capa), AFP PHOTO / NASA (3a capa). Ilustrações:Carolina Braga (páginas 18, 19 e 21) Marcelo Vital (páginas 26, 27 e 57)

Os sindicatos se renovamDe olho no futuro e em busca da excelência, entidades sindicais implementam novas formas de gestão para aumentar a sua representatividade.

Capa

22 Mais contrataçõesAs festas de final de ano e a esperada recuperação das vendas no segundo semestre deverão gerar 149 mil empregos no comércio entre os meses de setembro e novembro.

CNC - BrasíliaSBN Quadra 1 Bl. B - n° 14 CEP.: 70041-902PABX: (61) 3329-9500/3329-9501

08

CNC - Rio de JaneiroAv. General Justo, 307 CEP.: 20021-130PABX: (21) 3804-9200

Errata“Lei do Turismo aguarda

decreto do presidente da República”

Informamos que o decreto regulamentador da Lei Ge-ral do Turismo (Lei nº 11.771/08), a ser apresentado pelo presidente da República, diferentemente do publicado na última edição da CNC Notícias, não será encaminhado ao Congresso Nacional para apreciação e votação.

Decretos, conforme o artigo 84, inciso IV, da Constitui-ção Federal, são de competência privativa do presidente da República e visam apenas regulamentar leis já aprovadas, não cabendo a participação do Poder Legislativo na sua aprovação.

A Lei Geral do Turismo encontra-se na Presidência da República desde o dia 17 de setembro de 2008, aguardando a apresentação do decreto regulamentador.

CNC NotíciasAgosto 2009 n°1142 CNC NotíciasAgosto 2009 n°1142

42 Na contramão da OITA proposta de redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais vai na contramão das recomendações da OIT e pode aumentar o desemprego.

S U M Á R I O

24 Apagão logísticoCom a economia brasileira se preparando para retomar o caminho do crescimento, uma velha questão tende a voltar à ordem do dia: os gargalos da infraestrutura do País.

28Comércio Justo ganha espaçoCom a ajuda do Sebrae, a MegaMatte deu os primeiros passos para aprimorar todo o seu processo produtivo, envolvendo fornecedores

e franqueados, segundo os preceitos de um movimento que tem grande potencial de mercado: o Comércio Justo.

3CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 3CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

4 FIQUE POR DENTRO5 BOA DICA6 OPINIÃO8 CAPA - O novo papel dos sindicatos

17 SERVIÇOS - O comércio 2.0

20 BENS -Vendasdefimdeanovãoincentivar

contrataçãotemporária - Sugestões da Câmara sobre crise em

análise - Apagãologístico:ovelhofantasma

volta a assustar - Prazo de arrependimento do consumi-

dor pode mudar -Ocomérciodeolhoemumfuturo

sustentável - Ping-Pong:SergioMalta

32 ARTIGO - Atividades Econômicas

34 TURISMO - Turismo internacional mostra aqueci-

mento da atividade -Maisflexibilidadepararecebero

turista

38 ENTREVISTA -SolangeVieira:balançogeraldosetor

aéreo nacional

42 REUNIÃO DE DIRETORIA -CNCemaçãocontrareduçãonajorna-dadetrabalho

48 INSTITUCIONAL - ConfederaçõespatronaisdeixamoCodefat -Em20anosdeConstituição,muitasaçõesemdefesadocomércio -SistemaComércioeturismo:parceria

de sucesso -STFavaliaproibiçãodeexamesopto- métricos

-Substituiçãodesacolasplásticasno comércio - SEGS no Twitter-ParceriaCNC/SerasachegaaoCeará-Remédiosparaosetorfarmacêutico-ConsultorsindicaldaCNCéhomena-

geado

61 SISTEMA COMÉRCIO - Sistema Comércio apoia Feira do Empreendedor - SESC inaugura unidade no interior do

Acre - SESC-RS abre inscrições para Concurso

MinhaHistórianoComércio2009 - Os rumos do sindicalismo goiano - Sistema Fecomércio-Sesc-Senac PR

divulgarelatóriodeatividades

64 ACONTECEU AGENDA ESPAÇO DO LEITOR

Diante de um cenário de pânico, provocado pela pandemia de gripe suína, o setor de turismo foi um dos

mais prejudicados, com uma queda de 80% na ocupação de hotéis e resorts. Pensando em solucionar esta

questão, a Associação Mexicana de Hotéis lançou uma promoção aos seus hóspedes. Caso um deles com-

prove que contraiu o vírus da gripe H1N1 até 14 dias após a saída do México, a associação vai indenizá-lo

com uma semana de estadia gratuita por ano, durante três anos consecutivos. A promoção tem validade até

outubro deste ano e até agora não há notícia de alguém que já tenha recebido o tal “prêmio”.

Primeiro, a crise econômica. Agora, a crise da gripe

Um estudo realizado pelo neurocientista americano Gary Small – diretor do Centro de Pesquisa em Me-mória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia – comprova que a internet altera o funcionamento do cérebro. A pesquisa foi realizada com voluntários, de idade entre 55 e 76 anos, submetidos a testes com ressonância magnética funcional enquanto pesquisavam na web. Segundo Gary, foi comprovado que a ex-posição à rede fortalece alguns circuitos neuronais, fazendo mais com o cérebro e gastando menos energia. Para o neurocientista, a internet pode ser, ainda, uma fonte de exercícios para a mente, que atenua a degra-dação provocada pela idade, pelo uso, moderado, de seus benefícios.

Cérebros conectados

O Departamento Nacional do Senac acaba de publicar o Relatório Ge-ral do Senac 2008, com informações que ratificam o compromisso da ins-tituição com o oferecimento de educação profissional de qualidade. Com cerca de 2,2 milhões de atendimentos no ano passado, por meio de suas 485 unidades operativas, além de suas unidades móveis, o Senac contabili-zou cerca de 2,5 mil municípios atendidos em todo o País. O ano de 2008 vai ficar marcado como aquele em que a entidade ampliou ainda mais a oferta de vagas gratuitas em diversos cursos, da formação inicial ao nível técnico. Resultado de um protocolo firmado com o governo federal, o Pro-grama Senac de Gratuidade (PSG) oferecerá ações educacionais com custo zero à população de baixa renda. A publicação está disponível no site da entidade – www.senac.br.

Senac lança relatório 2008

CNC NotíciasAgosto 2009 n°1144 CNC NotíciasAgosto 2009 n°1144

FIQUE POR DENTRO

O que você deseja expressar com sua ima-gem? Essa e outras res-postas você encontra na obra Visagismo Integra-do - identidade, estilo e

beleza, do autor Philip Hallawell, publicada pela Editora Senac São Paulo. Visagismo, conceito novo e ainda pouco conhecido, é derivado da pa-lavra visage (rosto em francês), e trabalha com a personalização da imagem. O título mostra como elaborar um estilo, usando algumas ferramentas como a análise do temperamento da pessoa - ex-presso pelas suas características físicas –, análise do comportamento e características físicas.

Com exemplos práticos e imagens que reve-lam a construção de um estilo, o livro mostra que não existem fórmulas nesse processo, conta uni-camente com a criatividade do profissional ao tra-tar cada cliente como único. A obra conta, ainda, com um estudo dedicado à aplicação do visagis-mo nas diversas áreas do conhecimento.

A Face Oculta da Empresa, obra de Mar-co A. Oliveira que chega às livrarias pela Editora Senac Rio, examina, detalhadamen-te, conceitos fundamentais para se compre-ender a complexa dinâmica existente entre cultura corporativa e estratégica. Ao longo de nove capítulos, o autor trata de vários as-pectos da gestão empresarial e oferece uma visão abrangente, fundamentada em concei-tos antropológicos consagrados. Consultor de empresas há mais de 30 anos e mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, o autor enriquece a obra com um glossário com mais de 100 expressões que esclarecem nomenclaturas e termos próprios das organizações.

Ambiente corporativo em debate

Imagem e Identidade

Com estande único, o selo Senac Editoras (Editora Senac São Paulo, Senac Rio, Senac Nacional e Dis-trito Federal) participa da 14ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro, entre os dias 10 e 20 de setembro, no Rio de Janeiro. Serão oferecidos cerca de 30 lançamentos nas áreas de cinema, teatro, fotografia, gastronomia, moda, hotelaria, meio ambiente, ciências humanas e sociologia. Entre as publicações, destacam-se Marke-ting – Da teoria à prática, com organização de Jacinto Corrêa, lançado pelo Senac Nacional. Em 12 artigos escritos por diferentes autores, o livro aborda temas indispensáveis para quem quer conhecer as teorias básicas e as ferramentas do marketing que interagem no atual ambiente de negócios, assim como o papel da comunicação no contexto do mercado. Já o livro Lendo as imagens do cinema, de Michel Marie e Laurent Jullier, faz uma ampla análise sobre a crítica cinematográfica. Com apresentação de Fernão Pessoa Ramos, autor, entre outros, da Enciclopédia do cinema brasileiro. A edição brasileira é a única acrescida de duas análises de filmes brasileiros: Deus e o Diabo na Terra do Sol e Cidade de Deus.

Senac participa da Bienal do Livro do Rio de Janeiro

5CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 5CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

BOA DICA

Nas audiências públicas realizadas na Co-missão de Trabalho, de Administração e de Serviço Público – CTASP, da Câmara dos

Deputados, sobre o Projeto de Emenda à Consti-tuição nº 231/95, os representantes das classes tra-balhadoras defenderam, de um modo geral, que a redução da carga horária de trabalho, de 44 para 40 horas semanais, além de elevar de 50% para 75% o valor da hora extra, contribuirá, basicamente, para aumentar o nível de emprego, além de contribuir para melhorar a saúde do trabalhador e proporcionar maior tempo de lazer e de convívio com a família.

A premissa básica terá sido a de que a redução da carga horária irá contribuir para aumentar o em-prego da mão de obra nacional e, consequentemen-te, reduzir o nível de desemprego. No entanto, tal premissa não é verdadeira. Ao contrário, é falsa e poderá induzir o empresário a reduzir o quadro de trabalhadores de sua empresa, além de criar desestí-mulo para que outros empresários-empreendedores realizem novos investimentos e ampliem a contrata-ção de novas levas de trabalhadores.

Segundo Relatório da OIT – Organização Inter-nacional do Trabalho, citado pelo Relator da PEC nº 231-A/1995, “A maioria dos países industrializa-dos adota o limite de 40 (quarenta) horas semanais, incluindo metade dos países da União Européia, Canadá, Japão, Nova Zelândia, Noruega e Estados Unidos”. Os demais países dividem-se entre aqueles que adotam o limite de jornada de 42 (quarenta e duas) até 45 (quarenta e cinco) horas semanais e

A JORNADA DE TRABALHO

os que adotam a jornada de 48 (quarenta e oito) horas semanais.

Ora o Brasil, no estágio atual de seu desenvol-vimento econômico e social, não pode ser conside-rado (e não o é) como país industrializado. Na rea-lidade, o Brasil país emergente, caracterizado pela prevalência de sua produção primária de alimentos, matérias primas e produtos semimanufaturados. A participação do Brasil no comércio internacional é, tradicionalmente, pouco superior a 1%, basica-mente representada pelo agronegócio. No contexto atual da globalização, é fortemente limitada a ca-pacidade de a economia brasileira competir com os concorrentes mais industrializados, daí concentrar-se na exportação de alimentos, matérias primas e produtos semimanufaturados, nos quais desfruta de inegável vantagem comparativa.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, inciso XIII, fixou os limites máximos da carga horária de trabalho, diária (oito horas) e semanal (44 horas), como média para todas as atividades econô-micas no País. Fixado esse paradigma, acordos fir-mados entre empregadores e empregados, ao longo de vários anos, estabeleceram regimes e condições de trabalho, através de negociações livres, indivi-duais e coletivas, que sempre resultaram no aten-dimento dos melhores interesses dos trabalhadores e das empresas. Haja vista o fato notório das dife-rentes cargas de trabalho negociadas para diferentes categorias econômicas.

A proposta de alteração dos parâmetros da Cons-

CNC NotíciasAgosto 2009 n°1146 CNC NotíciasAgosto 2009 n°1146

OPINIÃO

Antonio Oliveira SantosPresidente da Confederação Nacional do

Comércio de Bens, Serviços e Turismo

tituição Federal, que não impede a flexibilidade das negociações, é um erro, principalmente na conjun-tura atual, em que, de um lado, o País procura adap-tar-se às novas práticas do processo de globalização comercial e financeira e, de outro lado, esforça-se para contornar os danos da crise mundial que se abateu sobre a economia brasileira, a partir do úl-timo trimestre de 2008. Evidentemente, este não é o momento adequado para discutir uma mudança nas relações entre o trabalho e o capital, que poderá resultar em graves danos para o País e para os pró-prios trabalhadores brasileiros.

Na conjuntura atual de crise e de dificuldades, o Brasil não pode correr o risco de reduzir sua ca-pacidade de competição, perder mercados e agravar a situação da informalidade e do desemprego da mão de obra nacional. As experiências realizadas na França, na Espanha, na Alemanha, no Canadá e em vários outros países industrializados evidenciam que não é através da redução da jornada do trabalho que se combate o desemprego.

A geração de empregos depende, fundamental-mente, da implantação de novos empreendimentos, através de investimentos na agricultura, na indústria e no comércio de bens, serviços e turismo, princi-palmente no setor das pequenas e médias empresas, que são os maiores empregadores da mão de obra nacional.

Reduzir a jornada de trabalho para 40 horas po-deria significar que muitas categorias de emprega-dos não mais trabalhariam aos sábados, principal-

mente nos pequenos estabelecimentos comerciais e industriais, tais como bares, lanchonetes, restauran-tes, lojas, farmácias, cabeleireiros, oficinas mecâni-cas e de reparos, confecções, agências de turismo, hotéis, etc. Essas empresas teriam que pagar horas extras a seus empregados ou contratar temporários, o que representaria um ônus que, para muitos, pode ser insuportável e até mesmo determinar sua invia-bilidade financeira.

Na audiência pública da Comissão de Trabalho da Câmara, que debateu o Projeto de Lei nº 7663/06, o Deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) afirmou, apropriadamente, que a discussão sobre a redução da jornada do trabalho está ultrapassada e o que deveria constar da pauta das discussões é a criação de mecanismos que contribuam para os avanços da produtividade. Representantes das Confederações Nacionais da Indústria, dos Transportes, do Comér-cio de Bens, Serviços e Turismo criticaram a pro-posta de redução da jornada de trabalho, destacando que as alterações nas relações trabalhistas devem ser feitas por meios de convenções e acordos coletivos. Não cabe, pois, “petrificar” as regras e fixar limi-tes rígidos e inflexíveis para categorias heterogêne-as, que criariam sérias dificuldades para as micro e pequenas empresas, que não têm condições para suportar os ônus daí resultante.

Em suma, a mencionada PEC nº 231/95, a par de inoportuna, é contrária aos interesses nacionais e à própria classe trabalhadora, pois teria como conse-quência a redução e não o aumento dos empregos.

7CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 7CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

ARTIGO

CNC NotíciasAgosto 2009 n°1148 CNC NotíciasAgosto 2009 n°1148

CAPA

9CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 9CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

CAPA

Rumo à excelência

Profissionalização, modernização, excelência em gestão. Concei-tos antes restritos ao mundo corporativo estão sendo incorporados ao universo sindical patronal do comércio, que, atento ao futuro, repensa seu papel na sociedade. Capitaneados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, líderes sindicais implementam novos métodos de gestão com o objetivo de ampliar a representatividade das instituições, defender mais efetiva e diretamente os interesses dos empresários e oferecer produtos e serviços que os auxiliem na adminis-tração dos negócios.

A mudança é resultado de um trabalho que teve início em 2002, quando representantes dos cerca de 5 milhões de empreendedores do comércio do País reuniram-se para pensar no futuro das entidades, à época ameaçadas pela desvalorização do movimento sindical patronal e pela possibilidade do fim da contribuição sindical. Descobriram a necessidade de uma atuação ainda mais focada em resultados e deram início à elaboração do Plano Estratégico do Sistema CNC, que, em sua segunda versão, atualizada em 2006, contempla objetivos e metas até o ano de 2020.

Um dos principais projetos estratégicos elencados no Plano Estratégi-co é o Sistema de Excelência em Gestão Sindical, o SEGS, que incenti-va o desenvolvimento da excelência na gestão de federações e sindicatos filiados à entidade, por meio dos critérios da Fundação Nacional da Qualidade. Em seu segundo ano de implementação, o programa já é um sucesso: aproximadamente 700 entidades aderiram ao SEGS e estão praticando os conceitos propostos para a excelência em gestão.

O novo papel dos sindicatos

De olho no futuro e em busca da excelência, entidades sindi-cais implementam novas formas de gestão para aumentar a sua representatividade. A estratégia para a profissionalização inclui a oferta de serviços aos seus representados

Vinte e um anos após a promulgação da Constituição, que instituiu no País a chamada liberdade sindical,

o sindicalismo brasileiro está repensando seu papel na sociedade. Se até 1988 estas entidades, embarreiradas pela lei, traba-lhavam apenas como agentes dos empre-sários em negociações coletivas, hoje, as entidades de representação das categorias profissionais e econômicas querem exer-cer atividades mais abrangentes junto aos seus associados. A ordem agora é pensar no relacionamento futuro, o que significa am-pliar a sua representatividade, defendendo mais efetivamente os interesses de seus re-presentados junto aos órgãos governamen-tais e, ainda, oferecer serviços para os seus afiliados. Em outras palavras, as entidades

sindicais entenderam que também são uma empresa, e estão em busca da profissionali-zação de seus negócios.

“A sociedade está demandando mudan-ças por parte dos sindicatos, e há uma enor-me expectativa a respeito do que eles podem oferecer”, afirma o chefe do Departamento de Planejamento (Deplan) da CNC, Daniel Lopez, para quem o maior envolvimento entre sindicatos e sociedade “é sinal de mo-dernidade”.

O movimento tem paralelo com o mun-do corporativo. Até alguns anos atrás, as empresas, sobretudo as de micro, pequeno e médio portes, em geral familiares, tratavam a sua administração de maneira empírica. Mas, diante das mudanças cada vez mais rápidas e pensando em sua sobrevivência no futuro, elas se viram obrigadas a desen-volver uma nova gestão empresarial, cal-cada em uma visão estratégica – isto lhes permitiria enfrentar desafios e aumentar a sua competitividade em um mundo cada vez mais globalizado. O caso mais recen-te envolve o estilista Carlos Miele, dono de um conglomerado que engloba, entre outras lojas, a M.Officer. Em entrevista à revista IstoÉ Dinheiro, Miele admitiu que o calca-nhar de Aquiles de suas empresas é a ad-ministração: “Os líderes se acomodaram; criaram-se ilhas de poder que nos deixaram

“ “O trabalho de ges-tão ampliará a legiti-midade dos sindica-tos, fazendo com que o Sicomercio viva por muitos anos

Gil Siuffo

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11410 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11410

CAPA CAPA

Daniel Lopez

muito atrasados em processos de gestão. Só agora estamos implementando um software de gestão que todo o setor de moda usava há anos”, afirmou o empresário.

Mas, afinal, o que significa uma ges-tão estratégica nos negócios? Toda gestão é uma “atitude” de administração voltada ao estudo do risco. Para Wagner Campos, coordenador e professor de Marketing da Faculdade Anhanguera Educacional, trata-se de uma forma de acrescentar elementos de reflexão e ação sistemática continuada a uma corporação, avaliando a sua situação atual, elaborando projetos de mudanças es-tratégicas e acompanhando e gerenciando os passos de implementação. “Como o pró-prio nome diz, é uma forma de gerir toda uma organização, com foco em ações estra-tégicas em todas as áreas”, afirma. Para isto é elaborado um plano estratégico – nada mais do que uma bússola para os membros de uma organização, um conjunto flexível de informações consolidadas que serve de referência e guia para as ações das empre-sas. É por meio dele que perguntas básicas são respondidas, como “por que a organi-zação existe?” e “onde ela quer chegar?”. O consultor do Sebrae-SP Renato Fonse-ca é categórico ao afirmar que estratégia e plano de ação são essenciais para a gestão de qualquer projeto ou empreendimento:

“Isto proporciona rumo, orientação e dire-ção, e tem uma influência muito grande na conquista de novos mercados e redução de custos, fatores que influenciam diretamente a competitividade e a perenidade das em-presas, inclusive as de pequeno porte”.

Para a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), principal disseminadora de práticas de gestão de excelência do País, a organi-zação é considerada um sistema orgânico e adaptável ao ambiente externo. Para melhor desenvolvê-la, foi definido um Modelo de Excelência em Gestão baseado em 11 fun-damentos, que são a base teórica de uma boa gestão, e oito critérios: liderança; estra-tégias e planos; clientes; sociedade; infor-mações e conhecimento; pessoas; processos e resultados. Entre os fundamentos estão o pensamento sistêmico; a cultura de inova-

Resultados da implementação de gestão nas empresas e sindicatos

Gestão empresarial Gestão sindicalLucro Auto-sustentação

Produção Representatividade

Vendas Prestação de serviços

Satisfação de clientes Satisfação de clientes

Imagem Imagem

Satisfação de colaboradores Satisfação de colaboradores

Responsabilidade social Responsabilidade social

11CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 11CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

CAPA

ção; a liderança e constância de propósitos; a orientação por processos e informações; a visão de futuro; a valorização de pessoas; o conhecimento sobre o cliente e o merca-do; o desenvolvimento de parcerias; e a res-ponsabilidade social. A gestão estratégica implica em ter uma visão generalista da or-ganização, o que significa que as metas são mutáveis e jamais devem ser transformadas nos objetivos do negócio. É preciso repen-sar a estrutura organizacional e os processos administrativos. Em outras palavras, não se pode ficar limitado ao cotidiano e deve-se sempre ampliar o horizonte temporal. É preciso ser comprometido e envolvido.

No mundo sindicalista, a palavra do mo-

mento é profissionalização. Por todo o País, sindicatos e federações patronais buscam novos métodos de gestão profissional que permitam a ampliação da sua representa-tividade. O movimento de modificação na estrutura representativa teve início com as confederações patronais. Para o chefe da Divisão Sindical da CNC, Dolimar Pi-mentel, a entidade foi a que melhor sou-be lidar com a liberdade conferida pela Constituição. “A criação do Sistema Confederativo da Representação Sindi-cal do Comércio, o Sicomércio, em 1990, foi o primeiro passo dado pela CNC para exercer a liberdade Constitucional que lhe foi dada”, afirma.

“ “A criação do Sicomercio foi o primeiro passo para a CNC exercer a liberda-de sindical instituída pela Constituição de 1988

Dolimar Pimentel

Metas e objetivos para os próximos

onze anos do Sistema Comércio

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11412 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11412

CAPA

Darci Pianna

Ladislao Pedroso

Monte

Em 2002, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo co-meçou a repensar seu papel na sociedade e seu próprio futuro, dando início a um processo de mudança que culminaria em uma verdadeira revolução em sua gestão. A 6ª edição do Congresso do Sicomercio, o encontro que reúne representantes de to-das as entidades afiliadas ao Sistema CNC, contou com a participação da consultoria Amana Key, que instigou os líderes sindi-cais a pensar a longo prazo, em termos de futuro, considerando eventuais ameaças às suas entidades, objetivos e metas. “Foi um salto em sua evolução”, como define Da-niel Lopez. À época, duas “ameaças” ron-davam a entidade e provocaram a necessi-dade de uma atuação ainda mais focada em resultados: a desvalorização do movimento sindical patronal e a possibilidade do fim da contribuição sindical. Além disto, sin-dicatos, federações e a própria CNC enten-diam que o setor terciário unido se tornaria mais forte para atuar na defesa de suas cau-sas, como a racionalização dos impostos, a flexibilização das relações entre capital e trabalho e o combate à informalidade, por exemplo. Dois anos mais tarde, em 2004, durante o 7º Congresso, a CNC, suas 34 fe-derações e seus quase mil sindicatos deram início à elaboração do primeiro Mapa Es-tratégico do Sistema CNC, com escopo até 2007. Ao final deste prazo, após revisões e novos diagnósticos de cenários e desafios, as entidades elaboraram, com base na me-todologia de Busca do Futuro, a segunda

2002: o ano da mudançaversão do Plano Estratégico, com horizon-te 2007-2020.

Um dos projetos estratégicos elen-cados no Plano Estratégico da CNC é o Sistema de Excelência em Gestão Sindi-cal, o SEGS, um programa que incenti-va o desenvolvimento da excelência na gestão de federações e sindicatos filiados à entidade, por meio de critérios basea-dos nos critérios da Fundação Nacional de Qualidade. Na CNC, ele é capitanea-do pelo Departamento de Planejamento. Entre outros, o SEGS tem como objetivo capacitar líderes e executivos em práticas gerenciais de excelência, possibilitan-do incrementar a atuação das entidades, além de proporcionar tanto o crescimen-to individual quanto das entidades e em-presas representadas. Dividido em dois níveis de avaliação, o SEGS ocorre em ciclos anuais, numa busca de evolução constante. Para Ladislao Pedroso Mon-te, presidente da Fecomercio-AP, “o SEGS surgiu com o novo momento que o sindicalismo patronal brasileiro vive, com a necessidade emergente de atuar com maior profissionalismo”. “O SEGS inaugura uma nova era na administração dos sindicatos empresariais do comércio de bens, serviços e turismo, e fará uma verdadeira revolução na gestão das enti-dades sindicais. O sistema sindical bra-sileiro se dividirá em antes e depois do SEGS”, afirma o presidente da Fecomer-cio-PR, Darci Pianna.

13CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 13CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

CAPA

que é preciso atingir a totalidade para que o sistema representativo do comércio au-mente a sua representatividade e alcance, de fato, a excelência. Para criar condições de que o sistema chegasse a todas as enti-dades filiadas, a CNC disponibiliza asses-sores e promove treinamentos, juntamente com as federações, dos quais já participa-ram mais de 600 executivos multiplicado-res do programa.

Para o vice-presidente financeiro da CNC, Luiz Gil Siuffo Pereira, “o trabalho de gestão, de levar os sindicatos a atuar na prestação de serviços, dará legitimidade a estas entidades, fazendo com que o Siste-ma representativo empresarial sobreviva por muitos anos”. Para ele, esta nova fase por que passa a CNC é fruto da ideia de criação do Sistema Confederativo da Re-presentação Sindical do Comércio, o Si-comércio. “Se continuar a ser conduzi-do desta maneira, não tenho dúvidas de que a semente do Sicomércio frutificará e produzirá muitos outros efeitos positi-vos em nosso País”, disse.

Meta do SEGS é atingir a totalidade das entidades do Sistema Comércio

O Sistema de Excelência em Gestão Sindical da CNC ganhou destaque na pau-ta da última reunião da Diretoria da CNC, realizada no dia 16 de julho, na sede da entidade, em Brasília. O vice-presidente administrativo, Flávio Sabbadini, fez um balanço da implantação do SEGS nas en-tidades filiadas ao Sistema CNC.

“Este processo de melhoria do sistema, de busca de uma gestão mais eficiente, já vai para o seu terceiro ano. Quando o SEGS foi implantado, precisávamos criar uma linguagem una no Sistema, e isso vem se desenvolvendo. As federações aderiram à utilização desta ferramenta, moderni-zando sua relação com o mercado. Inicial-mente, tivemos a adesão de 33 federações

e de aproximadamente 525 sindicados, dos quais 400 operavam o processo. Em 2009, os sindicatos que aderiram ao programa já totalizam 663”, afirma Sab-badini. Apesar dos bons resul-tados, o empresário enfatiza

ECOS DA DIRETORIA

Acima, Flávio Sabbadini. Ao lado, Gil Siuffo, Antonio Oliveira Santos, Cléa Beranger Maceió e Euclides Carli

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11414 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11414

CAPA

sindicatos a se atualizar, a se modernizar, a aderir ao SEGS: “o resultado é fantástico e atinge inclusive a sua estrutura financeira”, enfatizou.

Um sistema de gestão também fazia parte do planejamento estratégico da Fe-comércio-RJ quando o SEGS surgiu. “O sistema de gestão é importante, e estamos procurando dotar os sindicatos de instru-mentos e ferramentas para que eles possam modernizar a sua representação; por outro lado, tentamos encontrar formas de viabi-lizar esta repre-sentação pelo aspecto eco-nômico-finan-ceiro”, afirmou Orlando Diniz, presidente da entidade.

“A modernização dos sindicatos é fundamental”A ideia de mudança na gestão das enti-

dades do Sicomércio, de forma a aumentar sua representatividade, já era acalentada pelos diretores da CNC. À época da im-plantação do Sistema de Excelência em Gestão Sindical, algumas federações do comércio, como Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, já atuavam com pro-jetos semelhantes.

“Temos hoje 85% dos sindicatos adap-tados ao SEGS e outros 15% em fase final de implantação. Deste total, mais de 40 sin-dicatos já promoveram mudanças em suas administrações: melhoraram suas sedes ou passaram a prestar algum tipo de serviço. O resultado financeiro foi que algumas destas entidades aumentaram em até 170% sua arrecadação”, disse o presidente da Fe-comércio-PR, Darci Piana. Para ele é fun-damental que as federações incentivem os

ECOS DA DIRETORIA

Os empresários Orlando Diniz (RJ), José Roberto Tadros (AM), Renato Rossi (MG) e Adelmir Santana (DF) colhem os resultados da implantação do SEGS nas federações do comércio que presidem

Orlando Diniz

15CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 15CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

CAPA

SEGS: a excelência começa aqui

Relatório traça a evolução das entidades do Sistema CNC que participam do Sistema de Excelência em Gestão Sindical

O relatório divulgado em julho de 2009 pelo Departamento de Planejamento (Deplan) da CNC mostra que o Sistema de Exce-

lência em Gestão Sindical (SEGS) possui 696 ade-sões, sendo 33 federações e 663 sindicatos. No ciclo 2009, o segundo ano do projeto, o Deplan fez um retrato da evolução das entidades sindicais partici-pantes. Segundo o documento, a maioria despertou para uma melhor forma de gerir seu negócio. “O co-nhecimento de ferramentas que ajudam a melhorar a representatividade e a auto-sustentação está for-mando uma base sindical sólida que pode represen-tar e desenvolver de forma eficiente o setor terciário no Brasil”, afirma o texto.

Várias federações destacam-se por sua atuação no ciclo 2009 do SEGS. A Fecomercio-MG divi-diu sua área de atuação em pólos regionais e dis-tribuiu consultores especializados em gestão para atendimento individual aos sindicatos. Além disto, promoveu diversos workshops de Liderança, Estra-tégias e Planos, Clientes e Pessoas. No Acre, a Fe-comercio realizou um treinamento específico sobre 5S, um programa aliado aos programas de excelên-cia por conta do seu efeito sobre a motivação para a qualidade. A Fecomercio-DF realizou um workshop de Estratégias e Planos, motivando os sindicatos a construir e realizar seus planos de melhoria. A cria-ção de um grupo de avaliadores para a troca de prá-ticas de gestão foi a iniciativa da Fecomercio-CE para promover a integração efetiva dos 29 sindica-tos regionais que aderiram ao SEGS. A Fecomercio do Paraná está trabalhando na realização de fóruns regionais de sindicatos para o desenvolvimento das oficinas do SEGS, troca de práticas entre as enti-dades e acompanhamento dos Planos de Melhorias. Para quem não puder participar in loco, a entidade disponibiliza um software que permite que os sindi-catos registrem e acompanhem os resultados do seu Plano Estratégico e do Plano de Melhorias. Além

disto, outro software está em desenvolvimento para permitir a gestão integrada dos sindicatos do Paraná, com funções que vão desde a emissão de guias de co-brança até a gestão financeira e contábil da entidade. A Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Ba-res e Similares (FNHRBS) criou uma metodologia para a valorização dos avaliadores dos sindicatos, estabelecendo critérios de avaliação da participação dos avaliadores durante o processo, que acumulam pontos à medida em que cumpre etapas de prazos. Segundo o presidente da entidade, Norton Lenhart, o SEGS foi um dos principais trabalhos realizados pela CNC em prol do sindicalismo brasileiro: “a melhoria na gestão dos sindicatos é significativa”.

Para o presidente da Fecomercio de Minas Ge-rais, Renato Rossi, o SEGS é um valioso instrumen-to para fortalecer as relações dentro do Sicomercio: “as orientações dadas em treinamentos do SEGS permitiram a identificação precisa do que queremos para as nossas entidades e como podemos atingir os nossos objetivos. Todo este processo também nos mostrou a necessidade de preparação dos líderes, no sentido de buscar informação, gerar conhecimen-to, melhorar a prestação de serviços, fortalecer a imagem institucional, ampliar ainda mais a representação junto ao governo e, dessa forma, tornar nossas entidades ainda mais robustas”. José Roberto Tadros, presidente da Fecomercio-AM também defende a importância do Sistema de Excelência – um instrumento implementado pelas federações junto aos seus sindicatos que aumentará a representatividade do sistema sindi-cal patronal do comércio. O presidente da Feco-mercio-AP, Ladislao Pedroso Monte, classifica como “substancial” a contribuição do SEGS para as entidades: “Mais do que nunca, federações e sindicatos precisam representar suas categorias de forma efetiva, disponibilizando produtos e serviços de qualidade”, afirma.

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11416 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11416

CAPA

O comércio 2.0Reinvenção dos modelos de negócios e novos meios de pagamentos marcam uma nova era para o comércio

Os tempos são outros para o comér-cio. Nos últimos anos, o acesso cada vez maior da população à in-

ternet, a expansão das tecnologias e a po-pularização de novos gadgets – uma gíria utilizada para designar dispositivos eletrô-nicos portáteis, como celulares e smartpho-nes – modificaram a antiga e tradicional forma de se fazer negócios. É a era da web 2.0, termo que designa uma segunda gera-ção de comunidades e serviços, em que a interatividade, participação e importância dos usuários é maior.

Primeiro, veio o comércio eletrônico, ou e-commerce, que, com a chegada da internet aos lares brasileiros, a partir de 1996, revelou-se uma oportunidade para ampliar as vendas. A atividade, que no iní-cio ficou basicamente restrita à venda de livros e CDs e esbarrava na desconfiança dos consumidores, foi ganhando força e, hoje, as principais redes varejistas do País possuem páginas na internet para a venda dos mesmos produtos disponíveis nas lo-jas físicas. As micro e pequenas empresas (MPEs) de todos os segmentos do comér-cio também descobriram o filão e foram em busca dos consumidores e não só au-mentaram seus lucros como contribuíram para o crescimento de 25% que o comércio eletrônico brasileiro registrou no ano pas-sado, segundo dados da consultoria e-bit. No primeiro trimestre de 2009, segundo o levantamento, elas ganharam 1,62% de market share, em relação a igual período de 2008.

Em geral, nas chamadas vendas online, os preços são mais atraentes e as promo-ções, mais vantajosas. E não é para menos:

o comércio eletrônico brasileiro é o mais difundido da América Latina, e, mesmo em tempos de crise, as previsões apon-tam para crescimento do setor, que deve movimentar cerca de R$ 4,6 bilhões no primeiro semestre e fechar o ano com um patamar de vendas de cerca de R$ 10,2 bi-lhões (ante R$ 8,2 bilhões em 2008). Os números vão ao encontro de uma outra pesquisa, esta do Ibope, e referente a ju-nho, que revela que o Brasil possui, entre 10 países pesquisados, o maior tempo de navegação na internet por pessoa: 69,5 ho-ras, considerando aplicativos online, como messengers, tocadores de música, progra-mas para fazer download de arquivos, à frente de Japão, Estados Unidos, França e Reino Unido. Se considerarmos apenas a navegação por páginas, o tempo médio do usuário na rede diminui um pouco, mas, ainda assim, é alto: 44 horas e 59 minu-tos. Cerca de 44,5 milhões de pessoas têm acesso à internet em casa ou no trabalho no Brasil, segundo levantamento do Ibo-pe. Mas o número mais impressionante é o que considera os brasileiros a partir de 16 anos que possuem telefo- ne fixo ou móvel – para o Ibope, eles são 62,3 milhões de pessoas com acesso à internet em qualquer ambiente (residência, trabalho, escola, lan house, biblioteca e telecentro), sem dúvida, um mer-cado promissor para o comércio eletrônico.

17CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 17CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

SERVIÇOSSERVIÇOS

A aceitação dos negócios pela internet no Brasil influencia os números: o comér-cio eletrônico no País chegou ao fim do primeiro semestre aprovado por 86,11% das pessoas que usaram a internet para fa-zer compras. Esta foi a média do desempe-nho apurado mês a mês, de janeiro a junho, no Índice de Confiança do e-Consumidor, estudo desenvolvido pela consultoria e-bit, em parceria com o Movimento Internet Se-gura (MIS). O trabalho revela uma variação próxima a um ponto percentual entre o pe-ríodo com a maior e a menor marca de sa-tisfação. No mês de fevereiro, 85,59% dos consumidores se diziam satisfeitos com o serviço prestado pelas lojas eletrônicas. Já em junho, a proporção de compradores sa-tisfeitos saltou para 86,57%. Os consumi-dores estão mais informados e, a cada dia, melhor orientados a fazerem uma compra com segurança. São várias as empresas que oferecem serviços que registram a opinião dos consumidores sobre suas experiências de compras pela internet, um instrumento poderoso na decisão de compra. Assim, a procura passou a ser pela melhor oferta de preço entre os estabelecimentos com ava-liação semelhante em relação à segurança e a serviços de entrega, afirma o economis-ta Luiz Cláudio de Pinho de Almeida, da CNC.

Muitas empresas têm sido criativas em suas iniciativas e vêm aproveitando a in-ternet como plataforma como reinventar modelos de negócios, diz Luiz

Cláudio, citando como exemplos o Estante Virtual, um portal que reúne em uma pla-taforma comercial segura mais de 1,4 mil sebos espalhados por todo o Brasil, e o Clube dos Autores, para ele, a empreitada mais criativa da rede. “É o primeiro site de comércio eletrônico no mundo que permite que se publique um livro sem a necessida-de de vínculo a uma editora tradicional. O autor envia o livro, estabelece um preço de venda e define as capas. Quando a venda acontece, cada livro é impresso e distribuí-do individualmente, explica Luiz Cláudio.

Redes sociais viram ferramentas para os negócios

A última novidade para as empresas em termos de negócios eletrônicos são as

chamadas redes sociais, vistas como fer-ramentas para manter contato direto com os compradores, estreitando a relação, e

eliminar a distância entre empresa e clien-te, fator considerado um dos principais

entraves para as vendas online. Participar do universo das redes sociais pode ajudar a construir uma identidade mais humani-

zada de uma corporação.Neste contexto, o Twitter, um serviço

de microblogging criado em 2006, despon-tou como um dos principais meios de co-municação direta das empresas com seus consumidores na internet. Por meio dele, pessoas físicas ou jurídicas publicam men-sagens curtas, com até 140 caracteres. O novo fenômeno da internet, que somente no último ano teve aumento de 900% em seu tráfego, já conta com mais de 6

milhões de usuários. O Twitter Marketing

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11418 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11418

SERVIÇOS

Case Studies publicou um ranking da re-vista Fortune segundo o qual 36 das 100 maiores empresas nos Estados Unidos uti-lizam o Twitter. No Brasil, o uso do servi-ço ainda é tímido (no universo de usuários do Twitter, 97,51% são pessoas físicas e 2,49%, jurídicas), mas grandes empresas, como Ponto Frio, Submarino, Fiat, Bras-temp e Telefonica, entre outras, já utilizam a ferramenta. Pequenas empresas prestado-ras de serviços, como agências de viagens e seguradoras, hotéis, e lojas de ramos va-riados, como importadoras e eletrônicos, também. Na CNC, o Departamento de Pla-nejamento criou uma conta no Twitter para divulgar o Sistema de Excelência em Ges-tão Sindical, o SEGS (leia mais na página 58). Os números divulgados pelo Twitter mostram que, no Brasil, o serviço é mais utilizado nas grandes capitais: São Paulo (39,37%), Rio de Janeiro (16,18%), Belo Horizonte (9,01%) e Curitiba (7,93%). Na divisão por faixa etária, predominam os jo-vens entre 19 e 24 anos (43,81%), seguidos por adultos entre 25 e 30 anos (24,99%).

Na era das inovações, celular vira meio de pagamento

Mas as novidades para o comércio não se restringem às vendas. Bastante popular no Japão, o uso do telefone celular como meio de pagamento começa a ganhar for-ça no Brasil. A pioneira neste serviço no

País foi a Oi, que lançou o Oi Paggo em 2007 e já possui 200 mil usuários que rea-lizam uma média de duas a três transações mensais. Para atendê-los, a empresa conta com 72 mil estabelecimentos cadastrados, de pequenos restaurantes a grandes vare-jistas, como Lojas Americanas e Gol Li-nhas Aéreas. Recentemente, a Vivo fechou uma parceria com a Itaucard que permitirá aos titulares do cartão Vivo Itaucard pagar suas contas apresentando apenas o número do celular, no lugar do cartão de plástico, em todos os estabelecimentos que aceitem cartões. Há também empresas sem vín-culo com operadora ou banco oferecendo o serviço, como a M-Cash, que começou vinculada ao HSBC e hoje atua de forma independente, e a Novo e-pay, que, após uma fase de testes em Alphaville, em São Paulo, estreou na capital paulista e já ne-gocia a sua chegada nos Estados do Mato Grosso do Sul e do Rio de Janeiro. Em quatro meses de operação, a Novo e-pay conquistou 5 mil clientes e possui volume mensal de R$ 1 milhão de transações feitas via celular.

Apesar da estranheza que o novo servi-ço pode causar, a tecnologia utilizada é tida como bastante segura e descomplicada, e, se considerarmos os 150 milhões de celu-lares existentes no Brasil e o 1,5 milhão de pontos de venda que aceitam cartões de crédito, o negócio mostra-se promissor.

19CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 19CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

SERVIÇOS

A necessidade de atender à deman-da de final de ano, sobretudo em dezembro, faz com que os comer-

ciantes, em todo o País, contratem mais mão de obra nos meses que antecedem as festas do período. Este fenômeno, associa-do à esperada recuperação das vendas do comércio no segundo semestre do ano, de-verá gerar 149,6 mil empregos no comér-cio entre os próximos meses de setembro e novembro. A projeção é da Divisão Econô-mica da CNC.

De acordo com o economista Fábio Bentes, a maior parte do contingente, 114,9 mil pessoas, deverá ser contratada sob re-gime temporário e treinada para atender às vendas. “Confirmado este quadro, o em-prego sazonal pelo comércio apresentaria um acréscimo de 2,7% ante os 111,8 mil postos verificados em 2008”, explica.

Para ramos específicos do varejo, o fa-turamento real médio cresce de maneira ainda mais expressiva no mês do 13º salá-rio como, por exemplo, nos segmentos de lojas de tecidos, vestuário e calçados, com previsão de crescimento de 115,6%, artigos de uso pessoal e eletroeletrônicos, com alta prevista de 90,8%, artigos de informática e material de escritório e móveis e eletrodo-mésticos, com acréscimo de 70,2% e 62,5%, respectivamente. Para atender a de-manda, estes ramos de atividades tendem a liderar a busca por reforço de pessoal tem-porário. “Assim, do total da contratação para as vendas de final de ano, 45,3% dos

postos, ou 47,6 mil pessoas, deverão ocor-rer nas lojas de artigos de vestuário e calça-dos”, complementa o economista da CNC.

Estabelecimentos comerciais dos ramos de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrô-nicos deverão absorver 20,5% das vagas extraordinárias, ou 21,6 mil pessoas. Com alta concentração de estoque de emprega-dos, o ramo de hiper e supermercados, be-bidas e fumo também deverá se destacar na contratação temporária com a criação líqui-da de 22,5 mil vagas, ou 21,4% do total.

O primeiro semestre do ano, no Brasil, é historicamente fraco quando se fala em contratação no comércio. De acordo com os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, nos primeiros seis meses deste ano o emprego no comércio registrou retração de 0,5%, na comparação com o estoque de postos de trabalho de dezembro do ano passado. Nos 12 meses encerrados em junho, o emprego no comércio cresceu 4,6%, revelando a de-saceleração nas contratações ante os 5,9% verificados ao final de 2008. No comércio varejista, o faturamento do último mês do ano é, em média, 45% maior que a mé-dia dos demais meses, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE. “Desse modo, serão as expectativas de vendas no início do segundo semestre que determinarão a dinâmica de contrata-ções do comércio na soma geral do ano”, finaliza Bentes.

Vendas de fim de ano vão incentivar contratação

temporária

Expectativa da Divisão Econômica da CNC é boa para os meses de setembro e novembro, período em que comerciantes

têm maior demanda de vendas e, por isso, contratam mais

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11420 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11420

BENS

O volume de vendas do comércio va-rejista cresceu 0,8% em maio, o mesmo índice de crescimento da receita nomi-nal, na comparação com abril, na série com ajuste sazonal, de acordo com a PMC/IBGE. Na comparação com maio do ano passado, o volume de vendas e a receita nominal do varejo cresceram 4% e 8,9%. Nos cinco primeiros meses do ano, esses indicadores registraram ele-vação de 4,4% e 10,3%; enquanto nos últimos 12 meses, volume de vendas e receita acumularam 6,5% e 12,7%, res-pectivamente.

Para Fábio Bentes, da Divisão Eco-nômica da CNC, o quadro é de recupera-ção. “Para este ano elevamos a projeção para o volume de vendas de 3,9% para 4,1%. O consumo de bens não duráveis deverá sustentar a expansão do varejo”, afirma. Segundo ele, os números de maio não traduzem necessariamente uma reto-mada de crescimento que pode perdurar até o fim do ano. “Embora seja um dado favorável, o crescimento verificado em relação ao mês anterior não garante uma recuperação das vendas, especialmente considerando-se ritmo de crescimento pré-crise”, diz. De acordo com Bentes, o

IBGE registra crescimento do comércio varejista em maio

desempenho do comércio até o final de 2009 dependerá do crédito e do mercado de trabalho.

Na passagem de abril para maio, o comércio varejista ampliado – que in-clui veículos, motos, material de cons-trução - obteve crescimentos superio-res ao comércio varejista: 3,7% para o volume de vendas, e 4,4% para a recei-ta, em razão da expansão das vendas de veículos e de material de construção. Em relação a maio de 2008, em termos de volume de vendas, o setor registrou aumento de 3,3%, no volume de ven-das, e de 4,9% na receita nominal. Nos cinco primeiros meses do ano e nos úl-timos 12 meses, as taxas foram de 2,7% e 5,3%, para o volume de vendas, e de 5,1% e 9,5%, para a receita nominal.

O economista destaca que, anulados os efeitos sazonais, tanto a massa de rendimentos quanto o crédito ao con-sumidor apresentaram aumentos de 0,2% em relação a abril. “No mesmo período, os preços no varejo recuaram 0,2% nos bens duráveis e nos não du-ráveis. Em conjunto, a evolução destas variáveis influenciou positivamente as vendas”.

Tecidos, vestuário e calçados0,452562518

Fonte: Divisão Econômica CNC

Artigos de uso pessoal e doméstico

0,114319673

Móveis e eletrodomésticos0,091166683

Hipermercados e supermercados

0,213901303

Outros0,128049824

21CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 21CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

BENS

A Câmara dos Deputados criou uma comissão especial para analisar a repercussão da crise financeira

mundial sobre a indústria brasileira. O pa-recer do relator da matéria, deputado Pe-dro Eugênio (PT-PE), com 23 sugestões para a retomada do crescimento no setor, foi aprovado em 14 de julho. Entre outras medidas, o texto sugere estímulos às micro e pequenas empresas (MPEs), à produção industrial local, à oferta de crédito e ao co-mércio exterior.

A Divisão Econômica da CNC avaliou as sugestões propostas que estão vincu-ladas, mesmo que indiretamente, ao co-mércio. Em relação às micro e pequenas empresas, o parecer final sugere que as linhas de crédito e os benefícios disponí-veis às MPEs para atualização tecnológica, aquisição de bens de capital e produção de mercadorias destinadas à exportação de-vam permanecer disponíveis durante todo o ano de 2009, com a ressalva de que se deve evitar o contingenciamento de recur-sos para o segmento.

O economista Antonio Everton Chaves Junior avaliou as sugestões relativas às MPEs. Para ele, a proposta da Comissão reconhece as dificuldades de acesso destas empresas a recursos bancários. “Em face da importância do segmento no mercado produtivo nacional, a Comissão sugeriu que se faça um acompanhamento da ope-racionalização dos fundos garantidores de

empréstimos, ou fundos de aval, de modo a promover estudos a fim de remover os gargalos existentes e dar às MPEs maiores condições de obtenção de linhas de crédito para investimentos”, destaca.

Com as recomendações, enfatiza Anto-nio Everton, as micro e pequenas empresas podem se manter em funcionamento den-tro de um mercado que, atualmente, é res-trito e muito competitivo. “Elas são muito afetadas pela conjuntura recessiva, mas, por outro lado, poderão aumentar a sua ca-pacidade de crescimento, já que – caso me-didas com esse objetivo sejam colocadas em prática – as empresas de menor porte conseguirão recursos necessários para re-alizar investimentos de forma mais ágil e fácil, considerando que o acesso ao crédito é uma das maiores barreiras à sua sobrevi-vência”, explica.

A Comissão propõe ainda o apoio ao Projeto de Lei nº 7.709, que traz novas medidas para a racionalização de pro-cedimentos nas compras e contratações governamentais. Segundo o economis-ta, como as MPEs já são favorecidas nos processos licitatórios do governo de até R$ 80 mil, recebendo tratamen-to específico garantido pela Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, todas as organizações poderão usufruir das van-tagens oferecidas nas encomendas do governo.

Sugestões da Câmara sobre

crise em análise Especialistas da Divisão Econômica da CNC estudaram as propos-

tas criadas pela Câmara dos Deputados para combate à crise finan-ceira que, de alguma forma, guardam relação com o comércio

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11422 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11422

BENS

O economista Délio Urpia de Seixas analisou as propostas relativas ao comér-cio exterior. Segundo ele, as sugestões da Comissão têm sido feitas ao governo pelo próprio setor, por meio de iniciativas de órgãos de classe e debates como os que acontecem nos Encontros Nacionais de Comércio Exterior (ENAEX). São elas: desoneração tributária, desburocratização, mais financiamento às exportações, com-bate ao contrabando, defesa dos produtos nacionais e agilização dos procedimentos alfandegários. “A própria Associação de Comércio Exterior do Brasil tem solici-tado às nossas autoridades, inclusive, a criação de um ministério específico para se implantar uma política de comércio ex-terior moderna e atual”, avalia Seixas.

Já o economista Luiz Claudio de Pi-nho de Almeida destaca um ponto que a Comissão considera fundamental para a

Comércio exterior e reforma tributária

economia, com benefícios para todos os que dela participam e dependem: a refor-ma tributária. A proposta é no sentido de apreciar a Proposta de Emenda Constitu-cional nº 31, de 2007, e seus apensados, em especial a PEC nº 233, de 2008, que altera o Sistema Tributário Nacional. O texto oferecido ao Plenário atualiza nosso sistema tributário e atinge alguns aspectos ligados à indústria, flexibilizando a transfe-rência de créditos fiscais para quem adotar nota fiscal eletrônica e o sistema de conta-bilidade digital, entre outras medidas.

positivo para os serviços de proteção ao crédito.

Foram apresentadas também à Comis-são da Câmara medidas com o objetivo de fortalecer o mercado interno, princi-palmente quanto à produção industrial, para torná-la mais competitiva, além de aumentar a capacidade do Estado de rea-lizar ações que impactem no aumento da taxa de investimento governamental, tan-to na esfera dos investimentos em infraes-trutura quanto no custeio para melhorar a capacidade gerencial do governo e refor-çar a demanda interna. “Embora a expec-tativa quanto ao impacto das medidas seja indubitavelmente positiva não somente para a indústria, mas, também, para todo o setor produtivo, a implementação efeti-va da maioria das sugestões depende de reformas estruturais decorrentes de ações políticas que certamente não se realizarão a tempo de contornar os efeitos conjuntu-rais da crise no curto prazo”, opina o eco-nomista Fábio Bentes.

Crédito, canal de transmissão da crise do mundo para o Brasil

A maioria dos debatedores destacou o crédito como um dos canais de transmis-são da crise ao Brasil. “A eliminação de pequenos e médios bancos e a demanda de grandes empresas, que antes da crise buscavam financiamento no mercado in-ternacional, passando a buscar crédito no mercado interno, agravaram ainda mais a restrição de crédito para a micro, pequena e média empresa”, afirma Marianne Lore-na Hanson, da Divisão Econômica.

As principais sugestões ouvidas duran-te as reuniões e audiências para destravar o crédito foram a ampliação da redução do compulsório condicionada ao aumen-to das concessões; um maior esforço dos bancos públicos na concessão de crédito; a ampliação do financiamento a pequenas empresas via BNDES; o apoio à criação de fundos garantidores de crédito para pequenas e médias empresas; medidas vi-sando o aumento da competitividade do setor bancário para a redução do spread; e o apoio à regulamentação do cadastro

23CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 23CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

BENS

“A economia brasileira não cres-ce por ter custos logísticos altos e, se cresce, esbarra nos

gargalos operacionais devidos à falta de infraestrutura”, afirma o professor Orlando Fontes de Lima Junior, da Unicamp, no ar-tigo Tendências para a Logística no Século XXI. “Este círculo vicioso terá de ser que-brado ou no futuro próximo nos quebrará”, completa o especialista, observando que, no caso dos produtos industrializados, algo em torno de 20% de sua composição de custos é representado pela logística e ou-tros 20% pelo marketing. Na mesma dire-ção, um trabalho técnico da Divisão Eco-nômica da CNC analisa três setores-chave para o adequado escoamento da produção: ferrovias, armazéns e silos, e rodovias. O diagnóstico: apesar de alguns avanços, há ainda muito a fazer. E as ações devem ter um sentido de urgência para que, ao sair da crise econômica, o Brasil não atole numa crise logística.

Elaborado pelo economista Delio Ur-pia de Seixas, o estudo mostra alguns dos impasses históricos da logística brasilei-ra, como o caso do transporte ferroviário.

Considerada a opção terrestre mais econô-mica para escoamento da produção, a fer-rovia encolheu quase 10 mil quilômetros nos últimos 50 anos no Brasil, caindo de 38 mil para os atuais 29 mil quilômetros de malha. A privatização começou a rever-ter esse quadro, ampliando a participação ferroviária no total de carga transportada no País de 17% para 26%. Poderá chegar a 30%, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), se o Estado investir. “De acordo com a ANTF, é grande o número de trechos que precisariam ser interligados pelas ferro-vias ou integrar-se à malha já existente”, observa Seixas em sua análise, intitulada Infraestrutura: Base para o Desenvolvi-mento. “As prioridades seriam o trecho de Carajás, a Norte-Sul, Leste-Oeste e Sul da Bahia.”

Também fundamental à infraestrutura de um país com as características do Bra-sil, a disponibilidade de armazéns e silos é parte integrante do agronegócio. Mas, de acordo com levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), en-quanto a produção de grãos no Brasil mais

Apagão logístico: o velho fantasma volta a assustar

Com o comércio e a indústria reagindo, a economia brasileira se prepara para retomar o caminho do cres-

cimento. Uma questão tende a voltar à ordem do dia: os gargalos da infraestrutura do País

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11424

BENS

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11424

que dobrou entre 1994 e 2008, passando de 70 milhões para 145 milhões de toneladas, a capacidade armazenadora do País teria crescido no máximo 20%. Além disso, téc-nicos do agronegócio ressaltam que apenas 10% dos armazéns brasileiros estão locali-zados nas propriedades agrícolas e que o ideal é que ali estivessem pelo menos 60% das unidades de estocagem, como aconte-ce com outros países produtores de grãos, como Estados Unidos e Argentina, em que a maioria dos silos está localizada nos cen-tros produtores.

A realidade das rodovias brasileiras é conhecida. De acordo com o Departamen-to Nacional de Infraestrutura de Transpor-tes (DNIT), o Brasil possui pouco mais de 1,7 milhão de quilômetros de estradas, mas apenas cerca de 10% são pavimentados, num total de 172.897 quilômetros. Desses, 57.211 quilômetros são de estradas fede-rais (33%), 94.753 quilômetros de estra-das estaduais (55%) e 20.914 quilômetros de estradas municipais (12%). Cerca de

sumidor, inclusive no exterior, onerando a exportação”, completa.

O custo médio da movimentação de um contêiner nos portos brasileiros é de 220 dólares. Na Europa e nos Estados Unidos, cai para 110 dólares e na Ásia, para 70 dólares, menos de um terço. “O problema dos portos é vital para o comér-cio”, afirma Tavares. “É fundamental que os empresários acompanhem com interes-se essa questão”, ressalta.

A situação dos portosO assessor de Comércio Exterior da

CNC, Carlos Tavares de Oliveira, um es-pecialista na questão portuária, vê dois pontos fundamentais a serem resolvidos para que os portos brasileiros possam melhorar seus serviços e diminuir custos. Um deles é evitar que a administração e a fiscalização do setor caiam na barganha política. “Com cargos estratégicos ocupa-dos por representantes de diferentes par-tidos, muitas vezes com visões opostas, é impossível estabelecer um ambiente harmônico, que atraia investimentos privados para o sistema”, analisa Carlos Tavares. O outro ponto destacado por ele diz respeito às licitações dos terminais, que oneram ainda mais o concessionário. “Qualquer despesa no porto recai sobre a carga”, explica o assessor da CNC. “Quem paga é o usuário, que, por sua vez, terá de repassar o custo para o con-

80% das pavimentadas têm mais de 10 anos. O estado de conservação, pavimentação e si-nalização das rodovias, de um modo geral, é bastante deficiente. Segundo o DNIT, com a privatização de 5,5 mil quilômetros, sob o regime de concessão, alguns trechos melho-raram bastante, tanto no que diz respeito à pavimentação como no que se refere à segurança e sinalização. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, pouca coisa alterou nesse panorama, por enquanto, embora nele estejam incluídas obras importantes, como a duplicação de vários trechos de rodovias federais, a construção do Ro-doanel de São Paulo, do Rio e do Re-cife, entre outras. “Espera-se que, mesmo com a desaceleração da economia, os investimentos sejam mantidos, em face da importância de que se revestem para o País”, conclui o estudo da DE.

25CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 25CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

BENS

P Para que o consumidor possa refletir com calma sobre os produtos adqui-ridos a domicílio, o Código de De-

fesa do Consumidor (CDC) determina um prazo, chamado prazo de arrependimento, para avaliação do negócio. Pelo artigo 49 do Código, o consumidor pode desistir do contrato no prazo de sete dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contra-tação ocorrer fora do estabelecimento co-mercial, especialmente por telefone. Atu-almente, compras efetuadas e pela internet

têm idêntico tratamento.Mas o assunto não é tão simples

assim. Tramita no Senado Federal, o Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº

182/2008 (PL nº 371/1999, na Câ-mara) do deputado Enio Bacci

(PDT-RS), que pretende alte-rar o artigo 49 do CDC para aumentar de sete para 15 dias o prazo de arrependimento. A mudança possibilitaria can-celar compras feitas fora do

estabelecimento, permitin-do assim que se possa

adquirir um produto,

utilizá-lo por 15 dias, devolvê-lo e receber os valores pagos, de imediato, com juros e correção monetária.

“Nada justifica essa punição para as empresas e esse prêmio para consumidores que desejem obter proveito em prejuízo de terceiros. Nada justifica tal propositura, ex-ceto o raciocínio de que todo consumidor é incapaz de decidir”, afirma Janilton Fer-nandes Lima, da Divisão Jurídica da CNC, que produziu relatório sobre o assunto, a pedido da Fecomércio-RS. Conforme ele destaca em seu parecer, foi esquecido que o Código do Consumidor é de 1990, época em que não existia Internet como vemos hoje, ao passo que, atualmente, qualquer pessoa pode ter todas as informações sobre um produto na página do fabricante ou for-necedor. E mais: em qualquer local é possí-vel utilizar um computador, logo não cabe a alegação de que não é possível conhecer o produto fora do estabelecimento, afirmar isso é chamar os consumidores de incapa-zes intelectualmente. “Esquece o Projeto de Lei que uma pessoa nascida em 1990 não sabe o que eram as fichas para orelhão, que não existiam telefones celulares nem canais por assinatura, nem internet, mas

Prazo de arrependimento do

consumidor pode mudar

Projeto de lei altera Código de Defesa do Consumidor e gera prejuízos aos comerciantes de todo o País

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11426

BENS

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11426

hoje todos sabem disso. O que certamente muita gente não sabe é que a compra por ‘reembolso postal’ é um método utilizado antes da existência da internet”, explicou.

A Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), depois de analisar proje-to de lei do deputado Bacci, com auxílio do parecer de Janilton, constatou que poderá causar diversos contratempos e prejuízos aos empresários. Conforme a Federação explica, o objetivo da proposta é oferecer maior tempo aos consumidores para desis-tência do contrato efetuado, considerando-se que, não sendo possível analisar o pro-duto pessoalmente, por vezes o comprador acaba recebendo uma mercadoria ou servi-ço muito aquém de suas expectativas. Mas, segundo a Fecomércio-RS, o Projeto não esclarece quem se responsabilizaria pelos custos de transporte das mercadorias, refe-rentes ao deslocamento até a residência do consumidor e, posteriormente ao arrepen-dimento, até a loja novamente. “Da mesma forma, não esclarece o que significa ‘devo-lução de imediato’, se imediatamente após a reclamação ou após a efetivação da devo-lução e, tampouco explica sobre a deterio-

ração do produto pelo uso do consumidor, além de não prever punição para aquele que se utilizar ilegalmente desse direito de arrependimento”, observa Sabbadini.

Janilton Fernandes Lima enfatiza que a aprovação do Projeto de Lei do deputado Enio Bacci iria inviabilizar as compras fei-tas fora do estabelecimento, ou encarecê-las, punindo o consumidor honesto pelos atos do desonesto, pois permitiria que al-guém utilizasse, por exemplo, uma TV por 15 dias, cancelasse a compra e em segui-da adquirisse outra, teria por um mês uma TV de graça, com devolução dos valores pagos. “Se assim fosse, serviços seriam interrompidos, empresas seriam elimina-das, setores seriam prejudicados e viria o inevitável desemprego, exatamente para o consumidor que se pretende defender”, esclarece.

A partir da avaliação dos diver-sos impactos prejudiciais à relação consumidor-empresa, a Fecomér-cio-RS pretende sensibilizar os parla-mentares no sentido de que, se aprovado tal projeto, fica evidenciado o risco de se inviabilizarem as compras feitas fora do estabelecimento, ou encarecê-las.

“ “Aumentar o prazo de arrependimento para com-pras fora de estabeleci-mentos gera problemas para o comerciante e para a economia como um todo

Janilton Lima

27CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

BENS

27CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

O conceito não é novo, tem pelo me-nos 50 anos. E alinha-se, em mui-tos aspectos, ao que as empresas

com modernas formas de gestão já vêm fazendo, nestes tempos em que a preocu-pação com a sustentabilidade está presente em praticamente todas as atividades. En-tretanto, o nome Comércio Justo só agora começa a ficar mais conhecido no Brasil e pode significar um excelente caminho para que as micro e pequenas empresas se desenvolvam, com benefícios para toda a cadeia produtiva.

Foi assim que a MegaMatte, rede de alimentos carioca com 48 lojas, tornou-se a primeira franquia do Brasil escolhida pelo Sebrae para aderir aos preceitos desta

forma de comércio. Segundo a diretora executiva da empresa, Fátima Rocha, quan-do o projeto rumo à certificação foi inicia-do, em maio, muito do que a MegaMatte fazia já se enquadrava no padrão exigido. “O nosso mate é produ-zido por um pequeno produtor, que preci-sava de recursos e informações”, conta Fátima. “Nós colo-camos um centro de pesquisa à disposição

para ajudá-lo a certificar o mate produzido por ele como orgânico, com o ajuste nas etapas de plantio e produção”, completa. Daí para o enquadramento nos princípios do Comércio Justo foi um pulo. “Ele hoje já segue todos os princípios básicos, como não utilizar mão de obra infantil, ter res-peito ao meio ambiente e ao trabalho de-cente”, afirma Fátima Rocha.

Os pequenos produtores agrícolas estão na origem deste modelo econômico, assim como da agricultura orgânica. Mas, embora tenham pontos em comum, para o Comér-cio Justo não é necessário que o produto seja orgânico, já que um produto pode ser orgânico, mas não obedecer os padrões do Comércio Justo. O Sebrae, que atua junto aos grupos produtivos, apoia os produtores da cadeia de agronegócios, de artesanato, têxtil e de moda, grupos com vocação mais adequada para este tipo de trabalho. “Ao consumir um produto orgânico, você quer um alimento produzido de modo sustentá-vel, mas que faça bem para você, para o seu corpo”, compara Sérgio Malta, diretor superintendente do Sebrae-RJ. “O Comér-cio Justo, além de fazer bem para você, be-neficia toda a cadeia produtiva”.

O passo fundamental no processo é o convencimento de todos os envolvidos no negócio. No caso da MegaMatte, foi feita uma reunião no Sebrae com fornecedores e franqueados para uma apresentação das vantagens e compromissos inerentes ao projeto. Como resultado, além do fornece-

O comércio de olho em um futuro sustentável

A rede de alimentos carioca MegaMatte, com a ajuda do Sebrae, deu os primeiros passos para aprimorar todo o seu processo

produtivo, envolvendo fornecedores e franqueados, segundo os preceitos de um movimento que tem grande potencial de mercado

Fátima Rocha: meta é certificar 70% dos

produtos até maio de 2010.

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11428 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11428

BENS

dor de mate, já certificado, estão também a caminho de completar o processo os forne-cedores de frutas, de café e de salgados. “É um processo lento, mas estão todos muito envolvidos e empenhados”, confirma Fáti-ma Rocha. A motivação, além de participar de um processo que ajuda a diminuir a de-sigualdade social a médio e longo prazo, é a valorização do produto e um mercado a ser atendido.

Na outra ponta, ainda são poucos os clientes que já ouviram falar sobre essa modalidade de comércio. Rocha acredi-ta que, se fosse feita uma pesquisa neste

momento com os clientes da MegaMatte, talvez nem 5% mostrassem ter alguma in-formação sobre o assunto. “Primeiro nós queremos avançar com o projeto, desen-volvê-lo melhor, para depois, numa segun-da etapa, iniciar um trabalho de marketing e de conscientização”, afirma a diretora executiva, observando que não adiantaria fazer esse trabalho agora, pois a MegaMat-te ainda não é certificada. Para ser certi-ficada, a empresa precisa ter pelo menos 70% dos seus produtos enquadrados nos padrões: um diferencial que a MegaMatte espera alcançar até maio de 2010.

A modalidade econômica chamada Comércio Justo nasceu entre as décadas de 1950 e 1960 para proporcionar oportu-nidades de desenvolvimento econômico, social e político a produtores à margem do mercado convencional. O movimento se direciona às questões globais do siste-ma de comércio internacional, e estima-se que responda por transações no valor de US$ 1 bilhão no mundo. Segundo pes-quisa do Sebrae, o Comércio Justo inter-nacional vem crescendo a taxas anuais acima de 20% nos últimos cinco anos, com crescimento expressivo de 37% entre 2004 e 2005. O Brasil atua com 31 ope-radores certificados, sendo 19 produtores e 12 traders, com uma pauta ainda bas-tante limitada, mas com grande potencial. Existe uma enorme base de produção de

Preceitos básicos para entrar em um mercado que não para de crescer agricultura familiar, assim como do setor de artesanato. O mundo da moda também começa a se engajar.

Alguns dos preceitos básicos: erra-dicação do trabalho infantil e escra-vo; eliminação das discriminações de raça, gênero e religião; preservação da saúde e do meio ambiente; eliminação dos níveis de intermediação comercial especulativa; garantia de pagamento de preços justos aos pequenos produ-tores e relações de longo prazo; res-peito aos direitos trabalhistas; respei-to às identidades históricas e culturais, locais e regionais; estabelecimento de demandas de longo prazo e políticas de relações éticas transparentes e cor-responsáveis entre os diversos atores da cadeia produtiva.

Segundo a MegaMatte, ainda são poucos os clientes que conhecem os conceitos do Comércio Justo.

29CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 29CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

BENS

PING-PONG: SERGIO MALTA

Por que uma empresa se interessa-ria em investir no chamado Comércio Justo?

Sergio Malta – Este é um mercado crescente. Existem consumidores que se dispõem a pagar até um preço maior, se têm a certeza de que aquele produto foi produzido nessas bases. Assim como o orgânico. Se você vai a um supermerca-do, uma alface orgânica custa mais caro do que uma alface não orgânica. Mas o fato é que as pessoas estão dispostas a pagar mais, porque entendem que aque-le produto respeitou princípios adequa-dos de produção.

Mesmo em um cenário de crise?Sergio Malta – Em um cenário de

crise as pessoas tendem a voltar para mercadorias mais baratas. Não é um momento favorável ao crescimento do Comércio Justo, mas acho que a crise já está sendo superada e não afetou de maneira importante esses grupos de produtores e o crescimento do merca-do brasileiro.

Os consumidores de produtos or-gânicos já teriam uma predisposição

a participar deste mercado?Sergio Malta – É uma

clientela naturalmente vo-cacionada a participar desse mercado, mas as

pessoas, além de con-sumir alimentos que fazem bem à sua saú-

de, querem que sua pro-

dução tenha feito bem à saúde do plane-ta e das pessoas que compõem a cadeia produtiva.

Há aumento de custos para as em-presas?

Sergio Malta – É claro que produzir de maneira justa custa mais caro do que produzir de maneira injusta, com explo-ração do trabalho infantil, poluição de rios: isto tudo é muito mais barato. Ba-rato para o produtor, não para a socieda-de, que vai pagar caro no futuro. Mas o cliente recompensa esse aumento de cus-to, pagando mais caro por um produto melhor. As pessoas aceitam pagar mais caro porque é um produto que respeitou todos esses preceitos.

Que segmentos empresariais podem se encaixar melhor neste conceito?

Sergio Malta – O Sebrae apoia os pro-dutores da cadeia de agronegócios, de produtos do campo, de artesanato, têxtil, de moda. São estes os grupos produtores que o Sebrae entende que têm a vocação mais adequada para esse trabalho. Existe também a certificação de algumas com-modities, como café, laranja, mas não é o que o Sebrae trabalha, já que é voltado para os pequenos empreendimentos.

Como o Sebrae vem trabalhando para estimular este mercado?

Sergio Malta – Nós fazemos de dois modos: é preciso incentivar o mercado e, para isso, é necessário divulgar, para que as pessoas conheçam, se interessem e possam querer comprar os produtos produzidos por esses métodos; e tam-bém é preciso incentivar os produtores.

O Sebrae, aqui no Rio de Janeiro e em

O Comércio Justo, que envolve a produção sustentável de mercadorias, é mais uma frente de atuação do Sebrae, que trabalha com cerca de 100 grupos produtivos. Só no Rio já são 30 grupos, em setores como agronegócios, artesanato, têxtil e chás, envolvendo mais de 300 pessoas. O diretor superintendente do Sebrae-RJ, Sergio Malta, conversou com a CNC Notícias sobre esse trabalho e também a respeito de outras iniciativas que ajudarão na diminuição da informalidade.

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11430

BENS

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11430

PING-PONG: SERGIO MALTA

vários Estados, vem apoiando grupos que possam produzir por meio dessas práticas, para que os produtores possam também aproveitar esse nicho de mer-cado. Porque isto, hoje, é um nicho de mercado. Existem clientes que procuram ter acesso a esses produtos e têm de co-nhecer, acreditar. Por isso tem de ter a certificadora que dê o selo de qualidade, que garanta que aquilo foi produzido de acordo com aquelas práticas. Então, são dois movimentos: um de divulgação, para ampliar o mercado, e outro no sentido de incentivar, dar consultoria, organizar os grupos de produtores que vão aproveitar esse mercado crescente.

Qual o caminho para a empresa que quiser se certificar?

Sergio Malta – O grupo que quiser participar desse segmento pode procurar o Sebrae. Nós temos consultores à dis-posição. Tem de ser um grupo com uma produção já constituída e já caminhando no sentido de respeitar essas regras. É claro que alguns aspectos são corrigidos no decorrer da consultoria. Vamos parti-cipando de feiras, abrindo mercado para esses produtores. Vamos caminhando no sentido de certificar. Essa certificação já é em contato com as operadoras que são certificadoras.

Há uma preocupação forte com os níveis de informalidade no Brasil, que também atinge o comércio. A entrada em vigor das regras para a formaliza-ção dos empreendedores individuais pode solucionar o problema?

Sergio Malta – Acho que é um passo gigantesco. Essa lei do empreendedor indivi-dual é uma revolução no sentido da formali-dade. Porque, no pas-sado, era caro, difícil e muito burocrático você se formalizar. Hoje, em trinta minu-tos na internet, com pequenos passos, o empreendedor indivi-dual consegue se for-malizar rapidamente e com custo zero.

Como tem sido a adesão?Sergio Malta – Tem sido enorme. No

primeiro dia nós recebemos cerca de 800 consultas, só no Rio de Janeiro. O Sebrae tem uma meta de formalizar, até o final de 2010, cerca de 1,5 milhão de pequenos empreendedores, aqueles que faturam até R$ 3 mil por mês.

O pagamento por celular na praia, uma iniciativa desenvolvida com o apoio do Sebrae-RJ, pode também ajudar nes-se caminho?

Sergio Malta – Exatamente. O barra-queiro, quando adere a esse sistema de venda com cartão de crédito via celular, se formaliza, tem conta bancária, recebe capacitação do Sebrae e entra no mundo da formalidade, no mundo legal.

Como os grupos produtivos devem proceder para aderir

Os grupos produtivos, integrados por micro e pequenas empresas, interessados em adequar o seu negócio aos princípios do Comércio Justo podem entrar em con-tato com o Sebrae e se dirigir ao ponto de atendimento mais próximo. Se o grupo

atender aos requisitos básicos, o primeiro passo é o preenchimento de uma ficha para que seja feito um diagnóstico mais detalha-do e uma análise de perfil. Os grupos acei-tos passam por uma capacitação, e o Sebrae auxilia no acesso a novos mercados.

31CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 31CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

BENS

Indústria Foi surpreendente a recuperação alcan-

çada pela indústria de transformação, entre dezembro/08 e maio deste ano, quando a produção de bens de consumo duráveis registrou um crescimento de 92%, espe-cialmente nos segmentos de automóveis, geladeiras e máquinas de lavar. Em contra-partida, os bens intermediários (matérias-primas) cresceram 18%, os não duráveis (roupas, alimentos, etc), apenas 1,2%, e os bens de capital (máquinas e equipamentos) tiveram queda de 1,4%. O fato atual mais importante é a queda de 11,2% nas vendas de automóveis em julho.

Ao que tudo indica, essa recuperação se deve, basicamente, aos incentivos fiscais e à expansão de crédito dos bancos públicos, no contexto da política anticíclica. Segun-do a CNI, a atividade industrial recuou no 2º trimestre, mas em ritmo menor que no trimestre anterior. E a Serasa apurou que a

demanda de crédito pelo consumidor cres-ceu em junho pelo quarto mês consecutivo, embora no acumulado do 1º semestre tenha havido queda de 6,8%. Também a indús-tria paulista, segundo a FIESP, cresceu 2% em junho sobre maio, mas acumula queda de 14% no ano. Julho foi o melhor mês de produção da indústria automobilística, de-pois de junho. A produção de aço em junho superou em 2,5% a de maio, mas no 1º se-mestre ainda se registra queda de 39%.

As vendas de aço plano foram 8% su-periores às de junho, um sinal positivo de recuperação da indústria siderúrgica, a mais afetada pela crise. A Usiminas reati-vou seu altos fornos, e a Gerdau adiou a paralisação. Por outro lado, registra-se, no semestre, uma queda de 2,7% no consumo de energia, sendo de 11,4% na indústria e aumento de 6% no comércio. A indústria de papelão ondulado registrou alta de 1,2% em junho, mas também acumula resultado negativo de 6,4% no 1º semestre.

Atividades econômicas

Os números da atividade econômica são animadores. De-pois de um longo período de resultados ruins, a indús-

tria parece finalmente ter superado os efeitos nocivos da crise mundial. O agronegócio, puxado pelo complexo soja, registrou exportações de US$ 7,3 bilhões em junho. E o comércio, setor menos afetado pela turbulência econômica, manteve o bom de-sempenho com alta de 4% nas vendas de maio, ante igual pe-ríodo do ano passado. Abaixo, o consultor econômico da CNC, Ernane Galvêas, analisa o desempenho dos três setores.

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11432 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11432

ARTIGO

Ernane GalvêasConsultor Econômico da CNC

Comércio

As vendas do comércio varejista subi-ram 0,8% em maio na comparação com abril, segundo o IBGE. Na comparação com maio do ano passado, houve alta de 4%, no ano acumularam variação positi-va de 4,4% e, em 12 meses, alta de 6,5%. O resultado de maio foi influenciado pelo bom desempenho dos supermercados, que subiram 6,7%. Já as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 6,3% em maio ante igual mês do ano passado, apesar da redução do IPI para os produtos de linha branca. As vendas incluindo veículos e motos e materiais de construção subiram 3,7% em maio sobre abril e aumentaram 3,3% em relação a maio do ano passado.

Pelos levantamentos da CNC, abran-gendo 12 principais regiões metropolita-nas do País, as vendas reais do comércio caíram 0,7% de janeiro a maio, em rela-ção a igual período do ano anterior. Em junho, segundo a Abras, as vendas reais dos supermercados caíram 5,6% em rela-ção a maio, mas acumulam no 1º semestre alta de 5,3%. No Rio de Janeiro, em maio, segundo a Fecomércio-RJ, o faturamento do comércio aumentou 2,4% em relação a maio/08. O movimento de passageiros no 1º semestre aumentou 3,23% nos voos do-mésticos e sofreu queda de 5,64% nos voos internacionais das companhias brasileiras.

Agricultura

As exportações do agronegócio totali-zaram US$ 7,3 bilhões em junho, alta de 12% ante igual mês do ano passado, um superávit de US$ 6,6 bilhões. O resultado foi puxado pelo aumento de 48,9% das vendas do complexo soja, de 21,6% do setor sucroalcooleiro e de 54% de fumo. O volume embarcado do farelo de soja foi 11,1% superior ao de junho de 2008, e o preço médio do produto aumentou 8,4%. O valor exportado foi 20,4% maior, com uma receita de US$ 537 milhões. Já as vendas externas de óleo de soja caíram 39,7%, resultado do menor volume expor-tado (-1,5%) e da queda de 38,8% no preço médio. A crise internacional afetou o setor algodoeiro no País, que sofreu redução de 23% na área plantada este ano e vai perder cerca de 400 mil toneladas na produção em relação a 2008. O Plano Agrícola e Pe-cuário (PAP) da próxima safra contempla recursos no total de R$ 108 bilhões, dos quais R$ 15 bilhões para a agricultura fa-miliar (+60%). A taxa de juros foi reduzida para 6,25%. Se o MST e os “ambientalis-tas” não atrapalharem, vamos ter uma boa safra 2009/2010. Os contratos futuros de açúcar, nas Bolsas de Nova York e Lon-dres, estão em forte alta, com cotação 60% acima dos preços do álcool.

33CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 33CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

ARTIGO

A Organização Mundial do Turismo (OMT) divulgou, em julho, o Ba-rômetro do Turismo Mundial (em

inglês, World Tourism Baro-meter). De acordo com a publicação, que faz

um balanço dos números do turismo internacional,

em 2008, as chegadas internacionais de turistas foram 1,9% superiores ao

registrado em 2007 (922 milhões de pessoas, ante 904

milhões). A taxa de cresci-mento do fluxo internacional ficou bem próxima à das re-

ceitas provenientes deste fluxo, que no mesmo período atingiram US$ 944 bilhões, o que re-

presenta um incremento real de 1,8% em relação

ao ano anterior.O balanço revela ainda

que as receitas provenien-tes do transporte internacio-

nal de passageiros foram es-timadas em US$ 165 bilhões.

Juntas, as receitas de fluxo e

transporte internacionais de passageiros somaram US$ 1,1 trilhão – ou uma média impressionante de US$ 3 bilhões por dia.

O continente europeu concentrou 53% das chegadas internacionais de turistas em 2008, com 488 milhões, o que mantém es-tabilidade em relação ao ano de 2007. Ásia e Pacífico registraram 184 milhões de che-gadas, o que corresponde a 20% do total. As Américas do Norte, Central e do Sul concentraram 16% do fluxo internacional: 147 milhões, o que significa um aumento de 3% em relação ao ano anterior. De acor-do com o estudo da OMT, o Oriente Médio registrou o maior incremento no fluxo in-ternacional de turistas no ano passado, de 18%, passando de 47 milhões de chegadas para 56 milhões.

A França continua sendo o destino mais procurado por turistas de todo o mundo, liderando o ranking de chegadas, embora ocupe a terceira posição em ter-mos de receita. Os Estados Unidos vêm a seguir, ocupando a segunda posição em chegadas, mas liderando a geração de receitas. Já a Espanha, encontra-se em terceiro lugar no ranking de chegadas in-ternacionais de turistas e em segundo na arrecadação de receitas.

Turismo internacional mostra aquecimento da

atividade

Brasil também registra alta na movimentação de turistas, sobretudo no turismo nacional

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11434 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11434

TURISMO

No Brasil, dados divulgados pela Em-bratur com base em levantamento da In-fraero mostram que o desembarque total de passageiros em voos internacionais em 2008, considerando os regulares e os não regulares, atingiu a marca de 6,5 milhões, ante 6,4 milhões registrados em 2007. O desembarque de voos nacionais ficou em 48,7 milhões de pessoas em 2008, ante 50 milhões em 2007.

Para o primeiro trimestre de 2009, o Go-verno estima que o turismo brasileiro tenha crescido algo em torno de 20%. Nos dois primeiros meses deste ano, período que abrange as férias escolares, a taxa média de ocupação na rede hoteleira cresceu 23%, motivada por números como os do Rio de Janeiro, onde a ocupação chegou a 95%, com mais de 2,5 milhões de turistas visi-tando a cidade. Em Pernambuco, a ocupa-ção chegou a 100%, e, em Santa Catarina, a 85%, com aumento de 7% na quantidade de turistas estrangeiros. Até em São Paulo, onde os hotéis geralmente registram queda

neste período, houve acréscimo de 5% na hospedagem no primeiro bimestre do ano.

Para o ministro do Turismo, Luiz Bar-retto, os números são resultado da alta do dólar, que fez com que muitos brasilei-ros deixassem de viajar para o exterior e circulassem pelo Brasil.”Este resultado é muito importante em momentos de crise econômica, como a que o Brasil enfrenta. O dólar baixo torna o Brasil mais compe-titivo, já que ficou mais caro para o turista brasileiro viajar para fora”, disse.

Outros dados sustentam o bom de-sempenho do Brasil no setor. O Relatório de competitividade em viagens e turismo, divulgado pelo Fórum Econômico Mun-dial, mostra que o País está no 45º lugar, subindo quatro posições em relação a 2008, no ranking de atratividade turísti-ca, e ocupando o primeiro lugar na Amé-rica do Sul, o segundo na América Latina e o quinto nas três Américas, depois de Canadá, Estados Unidos, Barbados e Costa Rica.

Brasil registra crescimento no fluxo de turistas

35CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 35CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

TURISMO

O deputado Marcelo Teixeira (PR-CE) unificou em um texto subs-titutivo todas as proposições que

tramitam na Câmara dos Deputados sobre a flexibilização de vistos para entrada de turista estrangeiro no Brasil. O documen-to foi aprovado na Comissão de Turismo e Desporto no dia 12 de agosto. A matéria seguirá para a apreciação da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) e, posteriormente, da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Após aprovação nessas comis-sões, seguirá ao Senado Federal, exceto se houver pareceres diferentes. Nesse caso, irá ao Plenário da Câmara dos Deputados, antes de seguir ao Senado.

Segundo o presidente da Comissão, deputado Afonso Hamm (PP-RS), como existem impedimentos constitucionais para a liberação de visto de entrada no País, a comissão trabalha por uma emenda coletiva ao Projeto de Lei nº 3.059/2008, de autoria do deputado Carlos Eduardo Cadoca (PSC-CE), que prevê a emissão do visto via online, inclusive por meio de

leitura ótica. O assunto interessa a muita gente.

“Desde 2003, o tema flexibilização dos vistos é discutido na Câmara dos Deputa-dos e em fóruns de especialistas em turis-mo. Há muito tempo tornou-se consenso o fato de que algo deve ser feito para descom-plicar a vinda de visitantes estrangeiros”, escreveu o deputado Teixeira em seu voto, quando relatou o Projeto de Lei nº 178, de 2007, do deputado Otávio Leite, segundo o qual o visto de turista poderá ser concedido por meio das representações diplomáticas no exterior e por ocasião da entrada no País do visitante estrangeiro natural de Canadá, México, Japão, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos, podendo o Poder Executi-vo, por ato próprio, estender essa faculdade para naturais de outros países. Apensados ao projeto do deputado Leite, tramitam os Pro-jetos de Lei nº 3.059/2008 e nº 4.652/2009, de autoria do deputado Carlos Eduardo Ca-doca; bem como o 4.010/2008, do deputado Cândido Vacarezza. O relator analisou to-das as propostas.

“Embora todas as proposições tenham os seus méritos, foquei as minhas atenções nessa última proposta – o PL nº 3.059, de 2008 – uma vez que vários segmentos do trade turístico e técnicos consultados expressaram as suas preferências nesse sentido”, escreveu o deputado Teixeira. O PL nº 3.059/2008 sugere a criação de um procedimento alternativo e ele-trônico para a obtenção de visto de turista. Para isso, altera os artigos 9º e 11 da Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, e acrescenta os artigos 9º-A e 9º-B à mesma lei, para determinar

Mais flexibilidade para receber o turista

A importância que o Turismo ganha para o governo e a eco-nomia do Brasil faz com que se busquem formas de facilitar a

chegada de visitantes ao País

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11436

TURISMO

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11436

procedimentos e prazos para a solicitação e obtenção do visto eletrônico, procedimen-tos de controle nos embarques dos turistas, bem como as penalidades cabíveis.

De acordo com o parlamentar, a diferen-ça básica entre o texto substitutivo e o do deputado Carlos Eduardo Cadoca é a retira-da da necessidade de o visitante trazer para território brasileiro uma ampla gama de documentos comprobatórios. Agora, quem quiser usar o procedimento alternativo en-caminhará toda a documentação por meio da internet, que contará com sistemas de segurança. Caso as autoridades brasileiras tenham alguma dúvida ao cruzar as infor-mações, estas solicitarão ao interessado as comprovações e informações adicionais. “Como bem frisou o autor do projeto, o ob-jetivo é desburocratizar e, com isso, retirar uma das barreiras ao aumento do fluxo de turistas para o Brasil”, destacou Teixeira no seu parecer, decidindo, com base no acor-do firmado junto à Comissão de Turismo e Desporto, sugerir a rejeição dos Projetos de Lei nº 178, 4.010 e 4.652 e a aprovação do Projeto de lei nº 3.059, na forma do substi-tutivo proposto pelo relator.

“Por iniciativa do seu presidente, depu-tado Afonso Hamm, a Comissão de Turismo e Desporto realizou no final do mês de julho uma reunião para discutir, entre as propos-tas, a melhor para resolver a questão dos vistos. Com base nos diversos aspectos téc-nicos e políticos apresentados, o colegiado decidiu levar adiante a lógica proposta pelo deputado Carlos Eduardo Cadoca, adaptada com sugestões do próprio parlamentar e dos deputados Otávio Leite, Cândido Vacare-zza, Lídice da Mata e Edinho Bez”, expli-cou o deputado Marcelo Teixeira.

Hora de avançar

O ministro do Turismo, Luiz Barretto, e a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo se reuniram em 4 de agosto com o Fórum Nacional de Secretários e Diri-gentes Estaduais de Turismo (Fornatur), na Câmara. A flexibilização de vistos para o turista estrangeiro foi um dos temas tra-tados no encontro. Na ocasião, o deputado Marcelo Teixeira (PR-CE), relator do Pro-jeto de Lei, afirmou que é hora de avançar no processo. “Nesse momento em que o Brasil está conquistando uma melhor po-sição no mercado turístico mundial, urge que façamos mudanças que facilitem o flu-xo de turistas estrangeiros no País”, disse.

A importância de manter o diálogo en-tre o Ministério e o Legislativo para ob-tenção de uma pauta conjunta foi um dos pontos destacados pelo ministro Barretto. “Vamos levar ao presidente da Câmara te-mas que podem ter prioridade de votação já que tivemos entendimento político em todos os níveis”, afirmou. A preparação para a Copa do Mundo de 2014 também deve estar entre as prioridades para o se-gundo semestre. “O mundial nos dá muitas oportunidades para o desenvolvimento do turismo no País. Precisamos construir uma matriz de responsabilidade e temos certeza de que poderemos contar com o Congresso Nacional”, disse o ministro.

37CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 37CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

TURISMO

Como surgiu o estudo da Anac se-gundo o qual os assentos dos aviões não atendem às necessidades dos passagei-ros de voos domésticos?

Solange Vieira - Esse estudo reflete a posição do ministro da Defesa, Nelson Jo-bim, e a da população de um modo geral, que quer conforto no transporte aéreo. Na história recente da aviação mundial, assis-timos ao surgimento de empresas low cost, de baixo preço, gerando uma reorganização do sistema, com a identificação de servi-ços mais acessíveis que, ao mesmo tempo, também ofereçam conforto. Notamos cla-ramente que as pessoas optam por serviços com um preço mais baixo, então todas as empresas têm se direcionado no sentido de mudar a estrutura para conseguir o menor preço possível na passagem, para repassar isso ao consumidor.

E no Brasil?Solange Vieira - O Brasil sentiu um

pouco as consequências desse modelo in-troduzido pela chegada das empresas de baixo custo, o que acarretou na saída da Vasp e da Transbrasil do sistema. Hoje o mercado brasileiro já começa a apresen-tar um perfil que oferece diferentes tipos

de serviços. Começam a surgir empresas com estrutura de preços e serviços dife-renciados.

Por que a Anac não cria e estabelece normas específicas sobre acomodações para passageiros?

Solange Vieira - Dentro desse concei-to de diferentes tipos de serviços, tivemos muita preocupação em não regular a dis-tância entre poltronas, porque, na medida em que regulamos, estamos interferindo no preço, tabelando o preço nesse quesito, não dando flexibilidade para que uma em-presa tenha aeronaves com espaçamentos maiores e menores, e tiramos a opção do consumidor de escolher entre mais con-forto com maior preço e menos conforto com preço mais baixo. Daí surgiu a ideia de fazer o Selo Anac, que basicamente vai analisar o conforto das aeronaves, a partir de um padrão estudado de acordo com o corpo do brasileiro que voa de avião.

Essa questão tem mais ligação com conforto que com segurança?

Solange Vieira - Isso é importante. O espaçamento da aeronave já atende a re-quisitos de segurança. Temos um padrão

Balanço geral do setor aéreo nacional

Às vésperas de viajar para Cingapura, onde participou do 3º World Civil Aviation Chief Executives, encontro de presidentes

das agências reguladoras da aviação civil, a diretora-presi-dente da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Solange Paiva Vieira, falou à revista CNC Notícias sobre o estudo do

espaço entre as poltronas dos aviões no Brasil, a liberdade tari-fária e o novo marco regulatório do setor, entre outros temas.

Solange Vieira

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11438 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11438

ENTREVISTA

mínimo internacional de espaçamento que as aeronaves de transporte de passageiros devem ter para permitir a evacuação do avião por todos os ocupantes em 90 segun-dos.

Mas o passageiro brasileiro é um pou-co maior que o padrão internacional...

Solange Vieira - É mais largo nos om-bros e não mais alto. Mas volto ao ponto: defendemos o direito de escolha do consu-midor. Não podemos regular e exigir que todas as empresas passem a ter um assento com grau de conforto maior, já que com isso alguns consumidores que não têm po-der aquisitivo tão alto não vão poder viajar com preços de passagem impactados por essa mudança de configuração das aerona-ves.

A liberdade tarifária para voos inter-nacionais e mais slots (espaços de pou-sos e decolagens) para novas empresas aéreas faz parte de um novo cenário no setor?

Solange Vieira - É uma tendência mun-dial. O mercado de aviação tem ficado mais aberto e competitivo. O Brasil passou nos últimos 10 anos por liberação tarifária no

mercado doméstico e agora no mercado in-ternacional. Completamos, em 23 de julho, 50% de descontos permitidos. Até o início do ano que vem estaremos com o mercado completamente livre. E temos negociado aumento de frequências para todos os paí-ses, nossos acordos bilaterais têm permiti-do isso. Entre cinco e 10 anos o Brasil de-verá discutir a política de céus abertos, que é a liberdade de frequência entre países. Os países começaram a perceber que quanto mais fluxo de passageiros, maior desenvol-vimento econômico e regional.

A liberdade tarifária pode prejudi-car as empresas nacionais, que não têm tanta competitividade em relação às es-trangeiras?

Solange Vieira - Se uma empresa é ine-ficiente quando a concorrência aumenta, ela pode ter problemas, o que não acho que seja o caso de nossas companhias aéreas. Todo o processo de reestruturação foi feito paulatinamente, de forma que elas pudes-sem aumentar a eficiência. O processo de liberação de preços no mercado doméstico foi feito gradativamente, as empresas já passaram por toda a competição e moderni-zação que elas têm de passar e agora, com

Solange Vieira

39CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 39CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

ENTREVISTA

Solange Vieira

a liberação de preços no mercado interna-cional, estão preparadas. Temos exemplos disso: a liberdade tarifária na América do Sul fez com que nossas empresas ocupas-sem o primeiro lugar em transporte de pas-sageiros para todos os países da região.

A Anac está trabalhando no novo marco regulatório para novas conces-sões de aeroportos?

Solange Vieira - Já encaminhamos uma minuta de proposta para o novo marco aos Ministérios da Defesa, da Fazenda, do Planejamento, a Casa Civil e o BNDES. Aguardamos um retorno para consolidar o documento, e aí então encaminharemos ao Ministério da Defesa. Estamos traba-lhando em um modelo o mais flexível pos-sível, pelo qual será viável conceder um aeroporto individualmente ou em bloco. Provavelmente vamos restringir a partici-pação de companhias aéreas na gestão de um aeroporto, ainda sem percentual defi-nido, para evitar que ela seja proprietária de um terminal, porque temos um mercado de poucas companhias áreas, e isso pode gerar uma barreira para novas empresas. A abertura para a participação do capital estrangeiro na concessão também é ponto pacífico.

Em junho, o Conselho de Turismo da CNC recebeu o presidente da Líder Táxi Aéreo, Eduardo Vaz, para uma pa-lestra. Segundo ele, a aviação executiva complementa os serviços da aviação co-mercial, mas trabalhar com a atual in-fraestrutura aeroportuária é difícil, com aeroportos saturados e pouco espaço para a aviação executiva. De que manei-ra a Anac entende esta questão?

Solange Vieira - Ele está certo. Esse é um problema da estrutura dos nossos sí-tios aeroportuários, que no Brasil sofrem invasões, perda de áreas, vão sendo com-primidos pelas cidades, e o controle que as administrações públicas fazem é precário. Vários aeroportos perderam áreas em regi-ões centrais, como Congonhas, Guarulhos e Santos Dumont. Isso dificulta o estabele-cimento de hangares, e dada essa restrição, nossa prioridade é o transporte em massa de passageiros. Acredito que, com o novo marco regulatório, a possibilidade de in-vestimentos privados em aeroportos exis-tentes e novos pode facilitar a construção de áreas adequadas à aviação geral.

As novas concessões vão acontecer porque os atuais aeroportos do país es-tão saturados, tanto em infraestrutura quanto em oferta de serviços?

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11440 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11440

ENTREVISTA

Solange Vieira

Solange Vieira - As decisões surgem da necessidade de repensar modelos exis-tentes. Na medida em que o Brasil tem pela frente a Copa do Mundo de 2014 e a possibilidade de sediar as Olimpíadas, surge o questionamento acerca da capaci-dade do Estado de fazer investimentos, e em tempo adequado. Isso é um fato impor-tante da discussão em torno da concessão de novos aeroportos. Hoje o Brasil precisa de grandes investimentos para se adequar à Copa e não só para ela. A infraestrutura aeroportuária de São Paulo, nos próximos dois anos, vai precisar de investimentos significativos.

Recebemos na CNC reclamações de empresários de Estados como Roraima, quanto ao número excessivo de conexões que têm de fazer, quando, por exemplo, vêm ao Rio de Janeiro, o que acaba en-carecendo a viagem. O que a Anac pensa sobre o assunto?

Solange Vieira - Isso é resultado de um modelo pelo qual o Brasil optou, em que não há interferência nem financiamen-to do Estado nas linhas aéreas. Então, as companhias tentam otimizar ao máximo o transporte de passageiros. Se você sair em um voo de Roraima direto para o Rio de Janeiro, não vai ter passageiros suficientes

para tornar a linha viável. Isso é um pro-cesso de otimização da malha aérea, para conseguir viabilidade para os voos. Outra opção que o País pode vir a fazer é a de que o contribuinte financie essas linhas para ter voos diretos.

O fluxo de passageiros nos aeroportos também é acompanhando pela Anac?

Solange Vieira - A regulamentação é de responsabilidade da Anac, e a opera-cionalização de checagem de embarque e desembarque é da Infraero. Criamos um grupo de trabalho para avaliar a possibili-dade de flexibilização das normas de iden-tificação dos passageiros, para melhorar o fluxo nos aeroportos, que deve apresentar um relatório conclusivo em outubro.

Como a ANAC vê a regulamentação da aviação comercial no Brasil, na compara-ção com a regulamentação internacional?

Solange Vieira - Fomos recentemente auditados pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), agência de aviação civil das Nações Unidas, e fica-mos em nono lugar no mundo e quinto en-tre os países do G20, que compreende os mais importantes em termos econômicos. A aviação civil brasileira está muito bem para os níveis internacionais.

“ “41CNC Notícias

Agosto 2009 n°114 41CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

ENTREVISTA

Já encaminhamos uma mi-nuta de proposta para o novo marco regulatório do setor aos Ministérios da Defesa, da Fazenda, do Planejamento, a Casa Civil e o BNDES.

Reunião de Diretoria

O presidente da CNC, Antonio Oliveira San-tos, enviou carta aos presidentes das federações estimulando a mobilização contra a PEC nº 231/95, que trata da redução da jornada de tra-balho de 44 para 40 horas semanais e aumenta o valor das horas extras. A CNC entende que a redução da jornada, se aprovada pelo Congresso, irá onerar o contrato trabalhista, impedindo a ge-ração de novos empregos. A carga horária de 40

horas semanais é incompatível com a realidade de algumas atividades econômicas, como os setores hoteleiro, de turismo e de prestadoras de servi-ços. Para os empresários, a lei deve apenas fixar condições mínimas de trabalho e deixar o restante das discussões trabalhistas para as negociações coletivas, definidas entre colaboradores e empre-gadores, levando em conta o cenário econômico e as particularidades de cada setor.

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11442 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11442

Reunião de Diretoria

A redução da jornada de trabalho, se aprovada pelo Congresso, irá onerar o se-tor produtivo, gerando encarecimento da mão de obra e, como consequência, demis-sões. A análise foi feita na última reunião de Diretoria da CNC, realizada no dia 16 de julho, em Brasília, pelo vice-presidente administrativo Flávio Sabbadini, que se mostrou muito preocupado com os riscos à estrutura empreendedora brasileira.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 231, de 11 de outubro de 1995, altera os incisos XIII e XVI do artigo 7º da Consti-tuição Federal, reduzindo a jornada máxi-ma de trabalho para 40 horas semanais e aumentando, para 75%, a remuneração de serviço extraordinário.

O presidente da CNC, Antonio Olivei-ra Santos, concordou com a análise feita por Flávio Sabbadini, e recomendou a ela-boração de correspondência dirigida aos

deputados e senadores manifestando pre-ocupação quanto ao tema. “A redução da jornada de trabalho, sem a correspondente redução de remuneração, e o aumento no valor do percentual para o pagamento de horas extras, onera o contrato trabalhista, o que impossibilita, desta forma, a geração de novos postos de trabalho”, afirmou Oli-veira Santos.

O vice-presidente Adelmir Santana des-tacou a importância de trabalho junto ao Senado, na medida em que a PEC nº 231 está tendo boa repercussão na Câmara.

Em carta-ofício dirigida aos presiden-tes das Federações, Oliveira Santos esti-mulou a mobilização dos presidentes das federações junto às bases parlamentares regionais no sentido de rejeitar relatório favorável à aprovação, apresentado pelo Deputado Vicentinho (PT-SP) à Comissão Especial da Jornada Máxima de Trabalho

da Câmara dos Deputados. Para a CNC, a Proposta de Emenda à

Constituição (PEC) nº 231 segue na con-tramão do que foi tratado na 98ª Confe-rência da organização Internacional do Trabalho (OIT). Dois meses antes de seu início, a Conferência, realizada em ju-nho, na Suíça, teve de ser reorganizada, para que pudesse abordar a questão da

CNC em ação contra redução na jornada de trabalhoCNC estimula mobilização contra a redução para 40 horas e o aumento do valor pago por horas extras, alertando para o risco de desemprego. Proposta segue na contramão das reco-mendações da OIT em prol do Pacto Mundial pelo Emprego.

Airton Dias entrega a Antonio Oliveira Santos o relatório da participação da CNC na 98ª Conferência da OIT

43CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 43CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

REUNIÃO DE DIRETORIA

crise mundial de emprego. A informação, que consta do relatório da participação da CNC entregue pelo chefe da delegação, Antonio Airton Oliveira Dias, ao presiden-te Antonio Oliveira Santos, na reunião da Diretoria, mostra o quanto o tema preocu-pava (e ainda preocupa) a comunidade in-ternacional. “Foi firmado o Pacto Mundial para o Emprego, com o objetivo de orientar políticas públicas nacionais e internacio-nais destinadas a estimular a recuperação econômica, a gerar empregos, a proteger os trabalhadores e suas famílias nesse cenário de crise, que gera aumento do desempre-go, pobreza e, principalmente, provoca o colapso de numerosas empresas”, lembrou Flávio Sabbadini.

O Pacto Mundial para o Emprego, do qual o Brasil é signatário, visa estimular o nascimento e a manutenção da longevida-de das empresas e também a manutenção do emprego decente, destacou Sabbadini. Segundo ele, o ministro do Trabalho e Em-prego, Carlos Lupi, que vem divulgando a perda de empregos entre 2008 e 2009, “não pode endossar uma redução de 10% na carga de trabalho, fazendo com que efe-tivamente reduzam-se empregos, matem-se empresas e não o contrário, criem-se empregos com essa redução”.

O diretor Laercio José de Oliveira lem-brou que a questão do emprego resolve-se com investimentos nas empresas para que tenham condições de produzir e levar o Brasil para frente.

A Federação do Comércio de Bens e de

Serviços do Estado do Rio Grande do Sul participou, no dia 11 de agosto, em Brasí-lia de um jantar promovido pela Federa-ção das Indústrias (Fiergs) com a bancada federal gaúcha. Na ocasião, as federações patronais apresentaram argumentos técni-cos que mostram que a simples redução da jornada de trabalho não expande o número de empregos formais. Para as entidades, existem diversos reflexos negativos gera-dos pela PEC nº 231/1995

Para Flávio Sabbadini, a carga horária de 40 horas semanais é incompatível com a realidade de algumas atividades econô-micas, a exemplo dos setores hoteleiro, de turismo e prestadoras de serviços. “Ao aliar a majoração das horas extras com a redução da jornada, a proposição onera o contrato de trabalho, diminuindo os poten-ciais de empreendedorismo e empregabili-dade brasileiros. Se o objetivo do projeto é a criação de emprego, as medidas a serem pleiteadas não devem estar atreladas ao engessamento das relações trabalhistas”, defendeu Sabbadini em um ofício já en-caminhado aos deputados federais.

No entendimento dos empresários, a lei deve apenas fixar condições mínimas de trabalho, deixando o restante das dis-cussões trabalhistas para as negociações coletivas, definidas entre colaboradores e empregadores, sendo, assim, embasa-das pelo contexto econômico específico, levando em conta as diferenças de pro-dutividade e competitividade de cada segmento.

Na hora em que se reduz a jornada de trabalho, a competitividade do País em relação a outros países sofre uma redução acentuada, principalmente em atividades em que a quantidade produzida depende do número de horas trabalhadas

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11444 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11444

REUNIÃO DE DIRETORIA

mente fazem serviço de vigilância. “Isso acaba causando certa preocupação, pois temos de lutar para colocar essas pesso-as na legalidade, com carteira assinada, com responsabilidade, mas, a esse custo, inviabilizaria o desenvolvimento de um país que está tentando sair para um outro estágio”, explica.

Jerfferson finaliza defendendo a ideia de que a CNC, as federações, os sindicatos e os e m p r e s á r i o s , como um todo, devem fazer um trabalho muito forte de cons-cientização do parlamento e da sociedade, para que esse proble-ma seja evitado.

Legalidade x Redução da Jornada de Trabalho

Na reunião da Diretoria da CNC, o presidente da Fenavist, Jerfferson Simões, ressaltou a preocupação com a redução da jornada de trabalho no País. Ao refletir sobre as mudanças em pauta, ele refor-çou as palavras do presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, ao dizer que já existem trabalhadores que cumprem tur-nos, prestam serviços e fazem serviços terceirizados.

“Só para terem uma ideia, com as 40 horas semanais, a jornada de 12x36 (12 horas de trabalho por 36 de descanso) fica praticamente invalidada, no que tange ao tempo e em relação aos intervalos, pois se perde a condição de se fazer revezamento, já que torna-se impossível a compensação da hora”, explicou Jerfferson. Dessa for-ma, há grande preocupação com a área de segurança privada, que utiliza esse siste-ma e está trazendo para a legalidade cerca de um milhão de trabalhadores que atual-

Acima, Jerfferson Simões. Ao lado, Renato Rodrigues, Daniel Mansano e Dolimar Pimentel

ECOS DA DIRETORIA

45CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 45CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

REUNIÃO DE DIRETORIA

ECOS DA DIRETORIA

plo de um hotel que trabalha 24 horas por dia – talvez seja um dos poucos negócios, junto a hospitais, que não fechariam suas portas. “Teríamos de incluir um ou dois turnos a mais, o que, evidentemente, in-viabilizaria o nosso setor”. Segundo ele, a

área de restaurantes trabalha com uma lucratividade muito baixa e a grande maioria, que são pe-quenas e microempresas, sentiria de forma avassaladora. “Estamos juntos no trabalho de convenci-mento dos nossos deputados, mas acho importante que os conceitos emitidos na Organização Interna-cional do Trabalho sejam levados aos deputados também, mostran-do por que estaríamos na con-tramão da História ao seguir por este caminho”, declarou Norton.

Redução na carga de trabalho inviabilizaria setor de hotéis

A redução da jornada de trabalho no Brasil também foi destacada pelo diretor Norton Luiz Lenhart. “Caso aprovada a redução, o nosso setor seria abalado de forma superimportante, quase inviabili-zando nossas empresas”. Ele cita o exem-

Todos saem perdendo com a redução da jornada de trabalho

O vice-presidente da Fecomércio-SP, Marco Aurélio Sprovieri, também fez algu-mas observações sobre a redução da jornada de trabalho no país. “Nós temos que fazer ver que a redução, num primeiro momento, redunda num aumento de custo que irá reti-rar o poder de compra dos salários dos traba-lhadores e, num segundo momento, nós es-taremos diminuindo os salários daqueles que serão contratados no futuro”. Ou seja, isso só vem a prejudicar o trabalhador, o comércio e a economia do País. “Ninguém sai ganhando com uma medida desse tipo. É a tal medida perde-perde”, finalizou.

Norton Lenhart, entre Darci Piana e Josias Albuquerque: redução da jornada vai na contramão da História

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11446 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11446

REUNIÃO DE DIRETORIA

ECOS DA DIRETORIA

Mesa Brasil é parceiro da Conab pelo Projeto Rio Formoso

Na última reunião da Diretoria da CNC, o presidente da Fecomércio/TO, Hugo de Carvalho, apresentou aos di-retores a importância do apoio da CNC para a reativação do Projeto Rio Formo-so, através de uma parceria entre SESC e Conab - Unidade de Beneficiamento da Companhia Nacional de Abasteci-mento. O projeto consiste na manuten-ção das barragens, estradas e estações de bombeamento de água, a fim de au-mentar a irrigação das áreas de produ-ção de grãos de soja, milho e arroz.

SESC Tocantins e Conab, locali-zada em Formoso do Araguaia, a 343 quilômetros de Palmas, trabalham em parceria com o governo federal, com objetivo de atender às populações me-nos favorecidas através de doações, que serão feitas utilizando a estrutura

logística do Programa Mesa Brasil, de abrangência nacional, para a distribuição dos alimentos. Quando o projeto estiver totalmente revitalizado e com a produção total alcançando mais 300 mil toneladas ao ano, estará ocupando uma área irri-gada com mais de 55 mil hectares. “Isso aí vai beneficiar não só a nossa região, como todo o Brasil”, explicou Hugo. A usina, localizada na região Sudoeste do Estado, foi reativada em junho passado e já conta com grande volume de grãos estocados. Segundo o diretor, “é possível que a partir do mês de agosto, todos os Presidentes de todo o Brasil poderão en-trar em contato com a nossa Federação do Estado de Tocantins e com o Sesc, para que possamos já tentar fazer algu-ma distribuição, porque o produto já está sendo beneficiado”.

47CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 47CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

REUNIÃO DE DIRETORIA

Após a decisão de deixar o Con-selho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Code-

fat), anunciada em 28 de julho, a Confe-deração Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e as Confede-rações Nacionais da Indústria (CNI), do Sistema Financeiro (Consif) e da Agricul-tura e Pecuária do Brasil (CNA) protoco-laram na Presidência da República, no dia 3 de agosto, uma carta dirigida ao presi-dente Lula em que oficializam a saída do colegiado e expressam a insatisfação dos empresários com a interferência do mi-nistro Carlos Lupi (Trabalho e Emprego) no processo de sucessão à presidência do Codefat, composto por representantes dos empregadores, trabalhadores e Governo. “Não há como compactuar com a quebra do acordo que, há anos, vem tornando pos-sível o funcionamento paritário do Codefat, bem assim com a eleição de representante

de confederação sobre

cuja criação recaem fortes suspeitas de ile-galidade, encontrando-se, inclusive, sub judice”, afirmam no texto.

O anúncio da saída conjunta das quatro maiores confederações patronais do País do Codefat foi

feito no dia 28 de julho, após a reunião que escolheria o próximo presidente do Conse-lho. Historicamente, a presidência do Co-defat é escolhida com base em consenso e rodízio entre os membros, respeitando-se a autonomia de cada uma delas. Para os próximos dois anos, a presidência caberia ao segmento patronal, que decidiu pela es-colha do representante da CNA Fernando Antônio Rodrigues. No entanto, Lupi que-ria que a presidência do órgão ficasse com Luigi Nese, da Confederação Nacional de Serviços, uma entidade recém-criada que atualmente tem sua legitimidade contesta-da na Justiça.

“Desrespeitou-se o princípio ético da imparcialidade e da não interferência no rodízio entre as bancadas, que orientaram

o acordo existente entre os integrantes do Conselho, desde a sua criação, em 1990”, disseram as entidades, em nota coletiva, à época. Em relação à CNS, as quatro en-tidades afirmaram que era “inaceitável o Conselho ser dirigido por uma Confedera-ção criada este ano e cuja legitimidade está sendo questionada na justiça”.

Membro do Codefat desde 2001, o re-presentante da CNC Roberto Nogueira Ferreira também falou sobre a reunião que escolheria o novo presidente do Conselho. “A pergunta que se impõe nesse momento

Confederações patronais deixam o Codefat

Decisão conjunta foi tomada pela discordância em relação aos critérios de escolha do próximo presidente do Conselho

Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador

(cont. pág. 50)

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11448 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11448

INSTITUCIONAL

inaceitável ser dirigida por uma Confede-ração criada este ano e cuja legitimidade está sendo questionada na justiça.

A situação financeira do CODEFAT é temerosa. Apesar de ter um patrimônio de R$ 158 bilhões, está previsto um déficit de R$ 8 bilhões no orçamento estimado para 2010. Para 2009, projeta-se um défi-cit de R$ 3,5 bilhões. Sabemos que os re-flexos da crise financeira mundial no País são responsáveis pelo aumento nos gastos com seguro desemprego e abono salarial. Mas o risco existe e precisamos de gover-nança para enfrentá-lo com eficiência e profissionalismo.

Por todos esses motivos, as Confede-rações patronais abaixo assinadas deci-diram se retirar do Conselho, deixando a condição de membros do referido órgão.

Brasília, 28 de julho de 2009

Confederação Nacional da Indústria – CNI

Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – CNC

Confederação Nacional do Sistema Financeiro – CONSIF

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA

Confederações patronais deixam o CODEFATA bancada dos empregadores represen-

tada no Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT) manifesta total discordância em relação ao encaminhamento dado pelo Ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Carlos Lupi, ao processo eletivo para a sucessão na presidência do órgão. Desrespeitou-se o princípio ético da imparcialidade e da não interferência no rodízio entre as ban-cadas, que orientaram o acordo existente entre os integrantes do Conselho desde a sua criação, em 1990.

Não reconhecemos legitimidade na es-colha da Confederação Nacional de Ser-viços (CNS) por parte do Ministério do Trabalho e Emprego. Esta escolha cabe apenas aos integrantes da bancada dos empregadores, que indicou, por maioria absoluta, o representante da Confedera-ção da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senhor Fernando Antônio Rodri-gues, para presidir o CODEFAT na próxi-ma gestão. A decisão respeitou o acordo de alternância entre as Confederações, que sempre orientou a sucessão no co-mando do órgão.

A interferência nesse processo agride o princípio democrático que garantiu o equilíbrio e a harmonia na convivência entre as bancadas representadas no Con-selho. A bancada dos empregadores está coesa na defesa de sua autonomia na esco-lha de quem vai representá-la. Considera

49CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 49CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

INSTITUCIONAL

luto. Ações como a do ministro do Traba-lho nos dão a certeza que a democracia é um valor que nunca podemos considerar definitivamente adquirido.

A CNA não reconhece tributo em au-toridades que se consideram proprietá-rias do Estado. Coragem, frontalidade e respeito são qualidades que deveriam ser obrigatórias para agentes públicos.

Brasília, 28 de julho de 2009

Senadora Kátia Abreu Presidente da Confederação da Agri-

cultura e Pecuária do Brasil, CNA

O sindicalismo está de lutoMais que desrespeitosa e desleal, a

ação do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Luppi, no processo de escolha do presidente do CODEFAT foi um insulto

ao sindicalismo brasileiro. O ministro reencarnou o pe-

leguismo e sua forma de con-dução certamente encurtará a distância que separa o Fundo de Amparo ao Trabalhador do fracasso econômico.

A CNA está de luto. O sindi-

calismo brasi-leiro está de

em que a regra não escrita (que tem na palavra honrada um dos pilares) é atro-pelada pela ação do governo é: por que a decisão da bancada patronal, a quem cabe indicar o novo presidente do Codefat, de escolher o representante dos ruralistas foi desrespeitada, em ação nunca antes vista no Conselho?”, questiona Nogueira Fer-reira. Para ele, o governo deveria respeitar a maioria absoluta (quatro indicações) da bancada patronal, que escolheu e indicou o representante da CNA, “simplesmente porque internamente a vez é da CNA”.

No posicionamento da CNA, publicado no site da entidade, a sua presidente, se-nadora Kátia Abreu, classificou a ação do ministro Carlos Lupi como “desrespeitosa e desleal”. “Foi um insulto ao sindicalismo brasileiro”, afirmou.

As quatro entidades demostraram, ain-da, preocupação com a situação financei-ra do Codefat. Apesar do patrimônio de R$ 158 bilhões, está previsto um déficit de R$ 8 bilhões no orçamento para 2010. Para

este ano, o saldo negativo é de R$ 3,5 bilhões. “Sabemos que os reflexos da crise financeira mundial no País são responsá-veis pelo aumento nos gastos com seguro desemprego e abono salarial. Mas o risco existe e precisamos de governança para enfrentá-lo com eficiência e profissionalis-mo”, diz a nota das entidades.

A questão financeira também foi abor-dada por Roberto Nogueira: “no momento em que o FAT entra, pela primeira na his-tória, em déficit operacional, coincidindo com o ano eleitoral que se avizinha, é pre-ocupante o governo ter atropelado a regra não escrita e trocado o acordo tradicional e benfazejo pela indicação condiciona-da a votos obrigatórios dos membros das bancadas do governo e dos trabalhado-res – leia-se Centrais Sindicais”, afirmou. “Lamentável, mas não compreensível, é o comportamento do presidente da “enti-dade patronal” que se lançou candidato a pedido do governo. Ele adotou o mesmo procedimento físico das centrais, fazendo ainda renascer do limbo em que se encon-trava uma figura que me parecia morta, a do pelego patronal”, concluiu.

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11450 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11450

INSTITUCIONAL

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11450

51CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 51CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

INSTITUCIONAL

Desde que a atual Constituição Federal foi pro-mulgada, em 1988, a CNC ajuizou 75 Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) no Supremo Tribu-nal Federal (STF), em defesa dos interesses das en-tidades e empresas que representa, do comércio de bens, serviços e turismo.

O número faz parte de um estudo realizado por Cristinalice Oliveira e Ana Paula Tomazzetti Pinhei-ro, da Assessoria junto ao Poder Judiciário (APJ) da CNC. A pesquisa também aponta que foram ajui-zadas 62 ADIs pela Confederação Nacional da In-dústria (CNI), 29 ações pela Confederação Nacio-nal do Transporte (CNT), 23 pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), 13 ADIs pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif) e, finalmente, 11 ADIs pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviços (CNS).

O levantamento coloca a CNC como a entidade patronal que responde pelo maior número de ADIs no Supremo. Das 75 ações que a CNC ajuizou desde 1988, 46 estão em andamento e 45 aguardam julga-mento final (de mérito). Quanto à natureza das leis questionadas, 44 ADIs atacam leis estaduais e 31 discutem leis federais. “O estudo foi encaminhado às federações para divulgação no âmbito sindical e empresarial, dando ciência da atuação constante da Confederação perante o STF”, afir-ma Cristinalice.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade é um instrumento de controle jurisdicional da constitu-cionalidade de leis e de atos normativos, federais ou estaduais, cabendo o seu julgamento ao Supremo Tribunal Federal, como prevê a Constituição Fede-ral. Já a Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 1999, regulamenta seu procedimento.

A legitimidade para se ajuizar uma ADI é esta-belecida pelos incisos do artigo 103 da Constituição – são partes legítimas o presidente da República; o Procurador-Geral da República; os governadores dos Estados e o governador do Distrito Federal; as mesas (órgãos administrativos) da Câmara dos De-putados, do Senado Federal, da Câmara Legislativa do Distrito Federal; a Mesa de Assembleia Legisla-tiva; partidos políticos com representação no Con-gresso Nacional; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); bem como entidades de classe de âmbito nacional e confederações sindi-cais de grau maior. Um exemplo de ADI ajuizada pela CNC encontra-se na página 54.

Em 20 anos de Constituição, muitas ações em defesa do comércio

Estudo da Assessoria junto ao Poder Judiciário da CNC revela que a Confederação é a entidade sindical patronal que mais ajuíza

Ações Diretas de Inconstitucionalidade no STF desde 1988

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11452

INSTITUCIONAL

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11452

lento,na edição nº 2122, de 22 de julho. De acordo com a Veja, até 2007 o STF era um “desaguadouro desprovido de filtro”. Em 2008, informa, “o STF apreciou 130 mil ações [...], o dobro do que julgou a Supre-ma Corte da Argentina”. Gilmar Mendes, presidente do STF, estima que, “a partir de 2016, o tempo para um processo terminar em definitivo deve cair dos atuais 14 anos para quatro anos”.

Bernardo Cabral não só avaliou a len-tidão do STF, como deu uma bela aula a respeito do STF, órgão de cúpula do Poder Judiciário, a quem compete a guarda da Constituição Federal. Entre as principais atribuições, cabe ao Supremo Tribunal Fe-deral julgar Ações Diretas de inconstitu-cionalidade, Ato Normativos Federais ou estaduais, Ações Declaratória de Constitu-cionalidade, Arguições de Descumprimen-to de Preceitos Fundamentais e Extradições solicitadas por Estados estrangeiros.

Na palestra, fez um histórico do STF e traçou um comparativo entre as Cortes de França, Itália, Estados Unidos, Portu-gal, Inglaterra, Argentina e Brasil. A titulo de curiosidade, mostrou que, nos Estados Unidos, a partir de 1975, cinco presidentes nomearam um total de oito ministros para a Corte Suprema, enquanto, no Brasil, o presidente Lula, em menos de seis anos de mandato, já nomeou sete ministros e pode-rá ainda nomear mais dois até o fim de seu governo. No total, o STF tem 11 ministros.

A importância do STF para a democracia brasileiraCom diferença de duas semanas, o Su-

premo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte do Brasil e base da democracia bra-sileira, foi avaliado por Bernardo Cabral, consultor da Presidência da CNC e pela re-vista Veja, duas autoridades, cada uma em seu campo de atuação. Em foco, a singula-ridade do Judiciário brasileiro, particular-mente do STF, que já chegou a julgar 200 mil casos por ano contra 100 demandas da Suprema Corte dos Estados Unidos e 350 na Corte Constitucional francesa.

“Na França, nos Estados Unidos e em outros países, o governo não engarrafa o tráfego do Judiciário, no qual 80% das causas que tramitam, originam-se do po-der público”, destacou Bernardo Cabral na palestra A importância do Supremo Tri-bunal Federal como base da democracia brasileira: histórico, estudo comparativo e curiosidades, proferida na reunião do Con-selho Técnico da CNC, no dia 7 de julho.

Por sua vez, pouco menos de duas se-manas após a palestra de Bernardo Cabral, a Veja, revista semanal de maior circulação do País, publicou a reportagem Mais sele-tivo e mais eficiente. Mecanismo que filtra

a entrada de processos no STF torna o tribunal

mais ágil, ou me-lhor, menos

53CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

INSTITUCIONAL

53CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

U No dia 12 de agosto, uma audi-ência pública conjunta das Co-missões de Assuntos Econômicos

(CAE), de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) e de Assuntos Sociais (CAS) do Senado reuniu representantes do Sistema CNC-SESC-SENAC para discutir o Projeto de Lei nº 174/2009, que propõe a criação do Serviço Social do Turismo (Sestur) e do Serviço Nacional de Aprendi-zagem do Turismo (Senatur). Os represen-tantes do Sistema Comércio defenderam a permanência do turismo no Sistema CNC-SESC-SENAC e a preservação do trabalho realizado há mais de 60 anos pelo Serviço Social do Comércio (SESC) e pelo Servi-ço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) na área do turismo.

“Está em discussão um patrimônio da sociedade brasileira”, afirmou o vice-presi-dente Financeiro da CNC, Gil Siuffo, que abriu os debates. Segundo ele, a representa-ção do setor de Turismo sempre foi um pa-pel da CNC, que vem sendo desempenhado com bastante sucesso há mais de seis déca-das. “A fragmentação proposta pelo projeto, de retirar o turismo do Sistema Comércio, é prejudicial aos trabalhadores do comér-cio de bens e aos que atuam em turismo e na prestação de serviços, pois deixarão de ter acesso à infraestrutura hoje existente e aos serviços que são prestados pelo SESC e pelo Senac”, defendeu Gil Siuffo, que ressaltou ainda que, do ponto de vista re-gional, a proposta de criação do Sestur e do Senatur é “um fracasso”, porque atingiria diretamente os estados menos favorecidos, sobretudo os das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Gil Siuffo explicou que a arrecadação proveniente da atividade turís-

tica é baixa e que, para manter em funcio-namento a estrutura ligada a esta atividade, o Sistema CNC pratica o que chamou de “subsídio cruzado”, que é a aplicação de parte dos recursos dos segmentos de bens e de serviços nos projetos e ações do turismo. “Como ficarão os trabalhadores se o mon-tante investido atualmente nesta atividade for drasticamente reduzido?”, questionou.

O chefe da Divisão Econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, fez uma longa explanação sobre a baixa participa-ção do Turismo na arrecadação do Sistema Comércio e detalhou a divisão de recursos promovida pelo Sistema CNC para equili-brar os investimentos nas três áreas repre-sentadas pela Entidade. “Com a redistribui-ção de recursos, é possível fazer com que os estados menos favorecidos recebam mais, e fazer com que o setor de turismo consiga ser mantido mesmo com baixas arrecada-ções, já que um montante é realocado”, explica. Carlos Thadeu ressalta que, com a dissociação do turismo do Sistema Comér-cio, não seria possível construir uma estru-tural igual e que funcione tão bem, já que o setor se beneficia dos ganhos de escala do sistema. “Na atual conjuntura, com a capa-cidade ociosa da economia tão elevada, não há espaço para gastos ineficientes”.

O presidente da Federação Nacional de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares (FNHRBS), Norton Lenhart, que também participou da audiência pública, afirmou que a abertura de várias confederações que prestam o mesmo serviço não é interessan-te para os trabalhadores e muito menos para o setor. “Além de ser totalmente inviável economicamente, não podemos abrir mão desses serviços, descartar tudo que já existe

Sistema comércio e turismo: parceria de sucesso

Em audiência pública no Senado Federal no dia 12 de agosto, representantes defendem a permanência do

turismo no Sistema Comércio

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11454 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11454

INSTITUCIONAL

e começar do zero”. Segundo ele, o turismo está fortemente ligado ao Sistema Comér-cio. “Turismo é comércio, é a prestação de um serviço”, disse Lenhart.

A representante do Departamento Na-cional do Senac, Léa Viveiros de Castro, e o representante do Conselho Nacional de Educação, Francisco Cordão, também participaram da reunião e expuseram seus pontos a favor da permanência do turismo no Sistema Comércio. “Vejo a criação do Sestur e do Senatur como uma duplicação de estruturas administrativas para atender os mesmos fins – o que, evidentemente, terá maior custo para a sociedade”, ressal-tou Cordão. Já a representante do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial res-saltou que estão debatendo interromper as atividades da maior escola de Educação Profissional do País, que é o Senac. “Acre-ditamos que, hoje, a Educação Profissional é o maior fator de inserção do jovem no mercado de trabalho, e devemos lembrar que 80% dos cursos profissionalizantes oferecidos pelo Senac são para este públi-co, trabalhadores formados nas áreas de tu-rismo, bens e serviços”.

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) defendeu a permanência do turismo no Sistema CNC-SESC-SENAC. “É incons-titucional existir mais de uma entidade representando a mesma categoria, o povo brasileiro já conta com a estrutura física construída pelo sistema”. Segundo a se-nadora, a questão financeira é o que mais preocupa, já que tudo começará do zero se a proposta for aprovada. “Os trabalhadores

não podem perder esse patrimônio que eles mesmos ajudaram a construir. Este enfra-quecimento e essa divisão não são saudá-veis para o País”.

O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) e a senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) também apresentaram idéias contra a cria-ção do Sestur e Senatur. “Um dos pontos mais importantes aqui mencionados foi que, por não ter uma arrecadação suficien-te, grande parte dos recursos para o setor de turismo vêm do comércio - graças ao sistema de distribuição das arrecadações”, afirmou o senador Dornelles. Já a senado-ra Rosalba defendeu que “não tem porque mudar, se está dando certo”. A senadora, como representante potiguar na discussão, afirmou que o Estado do Rio Grande do Norte é um exemplo daqueles Estados que não conseguiriam manter-se na área de tu-rismo somente com recursos próprios.

Finalizando os debates da audiência pú-blica, o senador Adelmir Santana (DEM-DF) disse que o objetivo do encontro foi instruir os senadores para a votação da ma-téria na Comissão de Assuntos Econômi-cos do Senado Federal, que deve acon-tecer ainda em agosto. “Essa atuação do Sistema Comércio não vem de hoje, é um trabalho longo e árduo que vem sendo realizado bravamente há mais de 60 anos”. Ele citou o exemplo das inú-meras instalações do SESC espalhadas pelo Brasil, todas com nível de excelên-cia. Segundo Adelmir, muitas pessoas não conhecem o trabalho realizado pela CNC-SESC-SENAC.

Gil Siuffo e Carlos Thadeu: defesa da permanência do Turismo no Sistema Comércio

55CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 55CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

INSTITUCIONAL

A CNC ajuizou no Supremo Tribu-nal Federal (STF) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)

4268, para suspender a Lei nº 16.533/09, que proíbe a atuação de profissionais de optometria em estabelecimentos ópticos do Estado de Goiás. A optometria consis-te nos exames de refração e adaptação de lentes de contato.

A CNC sustenta que a lei é incons-titucional. “É de competência da União legislar sobre normais gerais de proteção à saúde e sobre restrições ao exercício de uma profissão”, afirma Cácito Esteves, da Divisão Jurídica da Confederação, autor da ADI. O argumento da ação tem base nos artigos 22 e 24 da Constituição Federal. “A optometria é uma atividade profissional própria, legalmente reco-nhecida, de vital importância para os es-tabelecimentos ópticos de todo o País e

que não pode ser vista como uma prática médica”, explica.

“Ao estabelecer restrições ao exercí-cio de uma profissão regular e legítima e que, por natureza, é exercida em esta-belecimentos de comércio de produtos ópticos, a lei não pode ser considerada constitucional”, defende a CNC. Além disso, atenta para a necessidade imediata de suspensão da lei, em razão dos inú-meros postos de trabalho ocupados por optometristas que serão extintos nos es-tabelecimentos de Goiás, caso a lei não seja considerada inconstitucional.

Cácito Esteves destaca também que a iniciativa surgiu no âmbito da Câma-ra Brasileira do Comércio de Produtos e Serviços Ópticos (CBÓptica), órgão consultivo da CNC criado para oferecer estudos e ações em defesa das catego-rias econômicas que representa.

STF avalia proibição de exames optométricos

no Conselho Nacional de Combate à Pira-taria do Ministério da Justiça, para debater o assunto e discutir eventuais estratégias de ação. Natan apresentou o Novo Plano Nacional de Combate à Pirataria, formu-lado pelo Conselho, e informou as ações que serão desenvolvidas até 2012 em par-ceria com estados, municípios e a iniciati-va privada. Uma das ações é o Comércio contra a Pirataria, que pretende mobilizar, em nível nacional, comerciantes para que apoiem o trabalho de conscientização do consumidor, incentivando a compra de produtos legais.

CBÓptica elabora relatório sobre piratariaA preocupação com o aumento do co-

mércio de produtos ópticos piratas, prin-cipalmente óculos de sol, armações e len-tes, que compromete o mercado formal e coloca em risco a saúde visual da po-pulação, motivou a Câmara Brasileira do Comércio de Produtos e Serviços Ópticos (CBÓptica) da CNC a elaborar relatório sobre pirataria para conhecimento dos di-retores da Confederação.

Desde o ano passado, o combate ao comércio ilegal é um dos projetos priori-tários da Câmara, que em julho convidou Natan Schiper, conselheiro titular da CNC

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11456 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11456

INSTITUCIONAL

A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados realizou

em 7 de julho audiência pública para tratar do Projeto de Lei nº 612/2007, do deputa-do Flávio Bezerra (PMDB-CE), que prevê a substituição, em estabelecimentos co-merciais, de sacolas plásticas comuns pe-las oxibiodegradáveis (OBPs). De acordo com o deputado, a sacola OBP se degrada naturalmente, pela oxidação gerada por luz e calor e pela ação de micro-organismos, e seus resíduos finais não são tóxicos.

O argumento não ganhou apoio das entidades convidadas a participar do de-bate. Representando a CNC, o assessor da Divisão Econômica da entidade Evandro Américo Costa informou que, segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), o Departamento de Economia e Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente sugeriu a criação de um grupo de trabalho na Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resí-duos, para provocar uma discussão funda-mentada em um dos fóruns mais participa-tivos da área ambiental.

O vice-presidente da Associação Bra-sileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan, que também participou da audiên-cia, esteve na CNC no início do ano para analisar o tema. “Alinharmos nossa posi-ção. O que buscamos é uma diretriz uni-ficada do governo, que venha depois de um debate mais embasado e das devidas pesquisas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, os estudos que existem sobre

OBP podem ser tendenciosos. Como não é uma tecnologia totalmente analisada, não é recomendável. A alternativa é promover campanhas junto aos consumidores para reduzir ou substituir o uso de sacolas”, disse. Ary Soares, da Divisão Jurídica da CNC, complementa: “O custo para a fabri-cação e aquisição das sacolas oxibiodegra-dáveis poderá elevar os preços nos estabe-lecimentos que forem, por lei, obrigados a utilizá-las, encarecendo para o consumidor final o custo dos produtos.”

O representante da Confederação Na-cional da Indústria (CNI), Marco Antonio Guarita, destacou que a entidade defen-de a rejeição do PL, por considerar que a tecnologia proposta pode causar danos ambientais. Já o presidente do Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plasti-vida), Francisco de Assis Esmeraldo, afirmou que não há qualquer estu-do comprovando ser o processo OBPS efetivamente biodegra-dável. Também participou da audiência Silvano Silvério da Costa, da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente.

Substituição de sacolas plásticas no comércioCNC participa de audiência na Câmara dos Deputados em que proposta foi considerada desnecessária pelas entidades convidadas a analisar o assunto

57CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 57CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

INSTITUCIONAL

Uma rede social com conteúdo de blog. Essa é a proposta do Twitter, a ferramenta que hoje é um fenômeno mundial. E agora o SEGS faz parte dessa rede, comentando o que está acontecendo nas federações e sindicatos que participam do projeto.

Seguindo o perfil do SEGS, é possível saber em primeira mão as novidades do SEGS e acompanhar as atividades dos as-sessores do Deplan (Departamento de Pla-nejamento da CNC) nas federações.

Para ficar por dentro das informações, siga o Twitter do SEGS.

O Twitter – O espaço é uma rede social e servidor para microblogging que permite aos usuários enviar e ler atualizações pes-soais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos como tweets), através da própria web ou por SMS. As atualizações são exibidas no perfil do usu-ário em tempo real e também enviadas a outros usuários que tenham assinado para recebê-las. O serviço é grátis na internet, mas usando SMS pode ocorrer cobrança da operadora telefônica.

SEGS no Twitter

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará apresentou a parceria CNC/Serasa a seus sindicatos filiados, no dia 30 de julho. O evento contou com a presença do presi-dente da Fecomércio-CE, Luiz Gastão Bittencourt da Silva, dos presidentes dos sindicatos, e do diretor de vendas regional da Serasa, George Antonio Pessoa Branco.

Na oportunidade, o assessor de projetos da CNC, Miguel Nicolet-ti, falou sobre as vantagens que a parceria oferece aos empresários e os ganhos financeiros que propor-

ciona para os sindicatos e a federação. O destaque do encontro foi a apresentação do case do Sindicato do Comércio de Peças e Serviços para Veículos do Estado do Ceará (Sincopece), que já é um distribuidor dos produtos Serasa e, com apenas 52 clientes, tem um ganho líquido superior a 4 mil re-ais por mês.

Parceria CNC/Serasa chega ao Ceará

Programa da CNC participa da rede de microblog

À direita, Luiz Gastão Bittencourt demonstrou aos sindicatos cearenses as vantagens da

parceria CNC/Serasa

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11458 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11458

INSTITUCIONAL

A Divisão Jurídica da CNC prepara uma Ação Direta de Inconstitu-cionalidade (ADI) para questionar

no Supremo Tribunal Federal norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que impede o comércio de deter-minados produtos – como baterias, pão e leite – em farmácias e drogarias de todo o território nacional. Este foi um dos princi-pais pontos debatidos na reunião da Câma-ra Brasileira de Produtos Farmacêuticos (CBFarma) da CNC, realizada em 23 de julho no prédio da Confederação, no Rio de Janeiro.

A Resolução nº 69/07 restringe a atu-ação dos comerciantes do segmento e compromete a rentabilidade dos negócios. “Como não é uma lei formal, vamos pre-parar bem nossa fundamentação. A Anvisa não tem competência para inovar na ordem jurídica”, explicou Cácito Esteves, advo-gado da Divisão Jurídica que assessora a CBFarma. Estados como Paraná, São Pau-lo e Amazonas, além do Distrito Federal, contam com leis estaduais que blindam os empresários de farmácias da atuação da Anvisa. Com a ADI, esse efeito passará a

ser nacional. A criação de grupos de trabalho regio-

nais da CBFarma também esteve na pauta. “As coordenações por região expandem nossas atividades”, disse José Raimun-do dos Santos, coordenador da Câmara. Paulo Sérgio Navarro de Souza, presiden-te do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de João Pessoa (Sindifarma), apresentou os resultados da reunião do Grupo Nordeste, realizada em 8 de julho, no Senac-PB, com representantes de Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco, entre outros.

A aproximação com o Congresso Na-cional – por meio de reuniões e visitas a líderes políticos que tenham ligação com o segmento – foi outro assunto debatido en-tre os membros da CBFarma, como mais uma medida para fortalecimento da defesa dos interesses do grupo.

Remédios para o setor farmacêutico

Ação para questionar Anvisa sobre venda de produ-tos em farmácias, atividades com grupos regionais de trabalho e aproximação com o Congresso são os próximos passos da CBFarma

59CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 59CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

INSTITUCIONAL

O consultor sindical da CNC, Rena-to Rodrigues, foi homenageado na tarde do dia 11 de agosto no

Tribunal Superior do Trabalho, em Bra-sília. Ele recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, no grau de Comendador. Segundo o presidente do TST, Milton de Moura França, que con-duziu a solenidade, os homenageados são “personalidades e instituições que se dis-tinguem no exercício de suas profissões e são exemplos para a coletividade”. A condecoração vem coroar uma carreira de sucesso, que começou em 1951, no Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários, passando pelo INSS e pelo Ministério do Trabalho, até chegar à CNC. De lá para cá, Rodrigues tornou-se

um especialista em Direito do Trabalho. Foi ele o responsável pela regulamenta-ção das profissões de jornalista, artista e técnico em espetáculos de diversão, jo-gador de futebol, arquivista e corretor de imóveis. Na CNC desde 1977, Rodrigues já foi assessor da Presidência, subchefe do Departamento Jurídico e chefe da Di-visão Sindical, além de representar a en-tidade em diversos órgãos nacionais e in-ternacionais, como o Fórum Nacional do Sistema S e a Organização Internacional do Trabalho. “É uma homenagem que co-move todos aqueles que a recebem, pois vem coroar um trabalho de muitos anos”, afirma Renato Rodrigues. Segundo ele, é a última medalha que faltava, dentro das atribuições dos locais onde já trabalhou.

Consultor sindical

da CNC é homenageado

Renato Rodrigues em dois momentos: acima,

com Patrícia Duque e, ao lado, com Roberto

Velloso e Gil Siuffo

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11460 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11460

INSTITUCIONAL

Cerca de 21 mil pessoas participa-ram, entre os dias 22 e 26 de julho, no Centro de Convenções Ulysses

Guimarães, em Brasília, da edição 2009 da Feira do Empreendedor, um evento re-alizado pelo Sebrae-DF em parceria com o Sistema Fecomércio-SESC-Senac/DF. Com o objetivo de apresentar boas opor-tunidades para quem é e para quem dese-ja ser empresário, a feira realizou cerca de 100 palestras, 54 oficinas e rodadas de negócios nacionais e internacionais. No destaque, informações sobre as vantagens de formalizar o Empreendedor Individual, sugestões para a expansão dos negócios de uma empresa e como deixar os produtos mais atraentes para o público. Quase 8 mil pessoas participaram de programas de ca-pacitação, cursos, palestras, oficinas e se-minários. Mais de 80 trabalhadores autô-nomos e informais tiveram a oportunidade de se tornar Empreendedores Individuais, formalizando suas atividades.

Um dos principais objetivos do even-to era apontar ao empreendedor o cami-nho que deve ser percorrido na abertura de uma empresa, mas o visitante também teve a oportunidade de conhecer 36 opor-tunidades de negócios identificadas em estudo de mercado realizado pelo Se-brae, nas áreas de indústria, agronegó-cios, comércio e serviços. Para ilustrar, 11 empresas-modelo estiveram em pleno funcionamento durante o evento.

Acessibilidade, responsabilidade so-cial, gestão ambiental e inclusão digital

foram os quatro pilares em que a feira foi estruturada. Para atender de forma satis-fatória as pessoas com deficiência, foram providenciadas rampas de acesso e cor-redores largos para cadeirantes e pessoas com restrição de mobilidade, intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e computadores com fone de ouvido para pessoas com deficiência visual. Além dis-so, o impacto causado ao meio ambien-te com a realização da feira também foi uma das preocupações. Em parceria com o Instituto de Permacultura, Organização, Ecovilas e Meio Ambiente (IPOEMA), a emissão de carbono proveniente do evento foi calculada todos os dias, com o objetivo de neutralizar as emissões com o plantio de árvores.

Além da Fecomércio-SEC-Senac/DF, a Feira do Empreendedor teve o apoio de entidades do setor produtivo local e patro-cinadores como o Banco do Brasil e a Em-presa de Correios e Telégrafos.

Sistema Comércio apoia Feira do Empreendedor

Acessibilidade, responsabilidade social, gestão am-biental e inclusão digital são os quatro pilares da Feira do Empreendedor.

61CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 61CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

SISTEMA COMÉRCIO

SESC inaugura unidade no interior do Acre

O SESC-AC inaugurou uma nova unidade no município de Brasileia, em 10 de ju-

lho, a primeira construída no interior do Acre, onde já funcionava, desde 2001, o SESC Ler. Agora o espaço conta com campos de futebol e de vôlei, piscinas, salas de aula, central de atendimento, playground, vestiário, palco de apresen-tações artísticas e lanchonete.

A cerimônia de inauguração foi con-duzida pelo presidente do Sistema Feco-mércio-SESC-Senac/AC, Leandro Do-mingos Teixeira Pinto, e contou com a

presença de diversas autoridades. Para a prefeita de Brasileia, Leila Galvão, a ini-ciativa é bem-vinda. “Não serão somente os comerciários que usufruirão desse es-paço, mas toda a comunidade”, disse.

Leandro Domingos destacou na ocasião que o Sistema Fecomércio-SESC-Senac/AC trabalha para de-senvolver a região e busca parcerias para atenuar os déficits sociais e educacionais presentes naqueles mu-nicípios situados na fronteira com a Bolívia. “Estamos apresentando ao Governo um projeto para isentar em 100% do ICMS as micro e pequenas empresas dentro dessa área de livre comércio”, anunciou.

SESC-RS abre inscrições para Concurso Minha História no

Comércio 2009O SESC-RS está com inscrições abertas para

o Prêmio Comerciário do Ano – Concurso Mi-nha História no Comércio 2009, para valorizar o trabalhador do comércio de bens, serviços e tu-rismo, além de incentivar a prática literária. As inscrições são gratuitas e podem ser efetuadas nas unidades operacionais do SESC no Estado e nos Balcões SESC-Senac em todo o Rio Grande do Sul, até 15 de setembro. Os inscritos devem con-tar uma história referente a seu trabalho em texto de 25 a 30 linhas, e o resultado sai em outubro, mês do comerciário. Os premiados que tiverem seus textos selecionados receberão um pacote tu-rístico, além de troféu, certificado de participação e 10 exemplares da publicação.

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11462 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11462

SISTEMA COMÉRCIO

Os rumos do sindicalismo

goianoA Federação do Comércio do Estado de

Goiás realizou, entre os dias 10 e 13 de ju-nho, na Estância Ecológica SESC Pantanal, no Mato Grosso, o 2º Encontro Regional de Sindicatos Patronais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás. O encontro reuniu todas as entidades filiadas à Fecomércio-GO no debate sobre os cami-nhos do sindicalismo patronal no Estado. O professor Gerardi Pereira proferiu palestra sobre o tema O processo da mudança e do planejamento em tempos de crise. Especia-lista em marketing, o professor, que também é ilusionista, realizou uma palestra lúdica, baseada em números de mágica, que atraiu a atenção dos participantes. Na mensagem,

Gerardi demonstrou que as organizações podem superar dificuldades, implementar mudanças e se diferenciar da concorrência por meio da sinergia entre colaboradores motivados e compromissados com os valo-res da empresa.

Sistema Fecomércio-SESC-Senac/PR divulga Relatório de Atividades

“O sistema Fecomércio-SESC-Senac do Paraná formou, só em 2008, mais de 6 mil profissionais auxiliares da saúde, com destaque para técnicos em Enferma-gem e Podologia. É um trabalho de ex-trema relevância para a sociedade, já que a organização dá oportunidade a pessoas que não teriam condições de cursar uma faculdade e que, com essas especializa-

ções, conseguem galgar posições supe-riores no setor profissional”. A afirmação é do deputado estadual Ney Leprevost (PSDB-PR), após conhecer o trabalho realizado pelas entidades do Sistema Comércio no estado do Paraná. As ações realizadas pelas três entidades ao longo de 2008 foram condensadas em um Re-latório de Atividades que foi entregue ao deputado, em seu gabinete.

Para Ney, a articulação entre a teoria e a prática oferecida pelo Sistema é o que faz com que os recém-formados nos cursos das instituições consigam uma entrada tão rápida no mercado de traba-lho: “O Sistema, presidido pelo empre-sário Darcy Piana, está sempre atento à demanda do mercado de trabalho, pos-sibilitando ao profissional capacitação e graduação em áreas que requerem co-nhecimentos específicos, o que facilita a sua entrada no mercado de trabalho”, afima Leprevost.

Leandro Fleury e José Evaristo

dos Santos: empresários

goianos reúnem-se no Sesc Pantanal

63CNC NotíciasAgosto 2009 n°114 63CNC NotíciasAgosto 2009 n°114

SISTEMA COMÉRCIO

AgradecimentosLevo nosso agradecimento à editoria da CNC Notícias pela matéria publicada no número 113 de julho

último, páginas 56 e 57. É importantíssimo divulgar o robusto trabalho desenvolvido pela CBCSI.Entretanto, gostaria de fazer uma correção no que diz respeito ao Portal Imobiliário do Secovi: ainda não há

definição de nomes, e ele também não foi organizado pelo Secovi-MG. O Primeira Vista, apontado, é apenas um dos portais (no caso, de Minas Gerais) que se integrará ao futuro portal nacional.

Pedro Wähmann, presidente do Secovi-Rio

Empresários são reconduzidos à coordenação das Câmaras de Comércio da CNC

O empresário Amílcar Feres de Carvalho Vianna foi reconduzido ao cargo de coordenador da Câmara Brasileira dos Corretores de Seguros (CBCS) da

Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para mandato até julho de 2010. A nome-ação foi feita no mês passado, pelo presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos.

Também em julho, o empresário Norton Luiz Lenhart, pre-sidente da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, foi reconduzido pelo presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, ao cargo de coordenador da Câmara Brasilei-ra de Turismo (CBTur) da entidade até julho de 2010.

Teleconferência debate novas diretrizes para a educação

Os debates para a revisão do Plano Nacional de Educação (PNE) terão início no próximo dia 3 de setembro, das 15h às 17h, com a realização da te-leconferência Qualidade na educação, pela Rede SESC-Senac. O evento será transmitido para todo o País por mais de 400 pontos receptores instalados nas unidades do SESC e do Senac. A abertura con-tará com a participação do ministro da Educação, Fernando Haddad, dos presidentes da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, Ma-ria do Rosário, da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, Flávio Arns, e do Sistema CNC-SESC-SENAC, Antonio Oliveira Santos. Mais in-formações no www.teleconf.senac.br.

AGENDA

Seminário debate educação superior e técnico-profissional

No próximo dia 24 de agosto, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, com a participação da Comissão de Educação e Cultura, ambas da Câmara dos Deputados, em parceria com o Sistema CNC-SESC-SENAC, promovem o Semi-nário Internacional Educação Superior e Técnico-Profissional na América Latina. O evento acontece no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Depu-tados, em Brasília, das 9h às 18h30. Mais informa-ções e a programação completa estão disponíveis no site www.educacaoseculoxxi.com.br ou podem ser adquiridas pelos telefones (61) 3329-9557 / 9549.

Amílcar Vianna e Norton Lenhart

CNC NotíciasAgosto 2009 n°11464 CNC NotíciasAgosto 2009 n°11464

ACONTECEU

E S PA Ç O D O L E I TO R

histÓria em imagem

A águia pousou!A chegada do homem à lua, fato que comple-

tou 40 anos no dia 20 de julho, permanece como uma das mais emblemáticas imagens da capa-cidade humana de superar desafios. “Creio que todos nós lembramos o momento em que a hu-manidade finalmente se libertou das amarras que a prendiam a este planeta”, disse Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, elogiando o he-roísmo dos astronautas Neil Armstrong, Micha-el Collins e Edwin E. Aldrin Jr., integrantes da missão Apollo 11. Um pequeno passo para o ho-mem, mas um enorme salto para a humanidade, como disse Armstrong ao descer do módulo lu-nar, em mais uma frase que ficou para a história.

AFP PHOTO / Neil A. Armstrong /NASA

AFP PHOTO / NASA