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Coelho-Bravo Sistemática e distribuição geográfica Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Lagomorpha Família: Leporidae Género: Oryctolagus (Lilljeborg, 1873) Espécie: Oryctolagus cuniculus (Linnaeus, 1758) O coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) é um pequeno mamífero pertencente á ordem do Lagomorfos. A sua distribuição original é a Península Ibérica. No entanto, foi colonizando, de modo natural ou introduzido, o mundo inteiro. As condições ecológicas favoráveis e a ação antropogénica influenciaram a distribuição desta espécie por diferentes regiões geográficas. Estes fatores conduziram à origem de duas subespécies, Oryctolagus cuniculus algirus e Oryctolagus cuniculus cuniculus. A primeira ocupa o sudoeste da Península Ibérica, norte de África, ilhas mediterrâneas e arquipélago da Madeira e Açores. A subespécie O. c. cuniculus expandiu-se de forma natural pela Europa ocidental, Espanha e Sul de França e foi levada pelo homem para o resto do mundo. Estatuto de conservação O declínio do coelho-bravo tem aumentado nos últimos anos, sendo que originalmente a sua densidade populacional era cerca de 40 por hectare. A sua abundancia diminuiu significativamente desde a chegada novas ameaças em meados do séc. XX. Estima-se que atualmente exista apenas 5 a 10% da população que existia há 50 anos atrás. A perda de habitat é o principal fator de ameaça, que é destruído pelo pastorício excessivo, queima de terrenos e criação de

Coelho Bravo

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Coelho bravo

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Page 1: Coelho Bravo

Coelho-BravoSistemática e distribuição geográfica

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Lagomorpha

Família: Leporidae

Género: Oryctolagus (Lilljeborg, 1873)

Espécie: Oryctolagus cuniculus (Linnaeus, 1758)

O coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) é um pequeno mamífero pertencente

á ordem do Lagomorfos. A sua distribuição original é a Península Ibérica. No

entanto, foi colonizando, de modo natural ou introduzido, o mundo inteiro. As

condições ecológicas favoráveis e a ação antropogénica influenciaram a distribuição

desta espécie por diferentes regiões geográficas. Estes fatores conduziram à

origem de duas subespécies, Oryctolagus cuniculus algirus e Oryctolagus cuniculus

cuniculus.

A primeira ocupa o sudoeste da Península Ibérica, norte de África, ilhas

mediterrâneas e arquipélago da Madeira e Açores. A subespécie O. c. cuniculus

expandiu-se de forma natural pela Europa ocidental, Espanha e Sul de França e foi

levada pelo homem para o resto do mundo.

Estatuto de conservação

O declínio do coelho-bravo tem aumentado nos últimos anos, sendo que

originalmente a sua densidade populacional era cerca de 40 por hectare. A sua

abundancia diminuiu significativamente desde a chegada novas ameaças em

meados do séc. XX. Estima-se que atualmente exista apenas 5 a 10% da população

que existia há 50 anos atrás.

A perda de habitat é o principal fator de ameaça, que é destruído pelo

pastorício excessivo, queima de terrenos e criação de pastagens. No entanto, as

doenças e a mortalidade induzida pelo homem também são fatores importantes

para o declínio desta espécie.

De acordo com a Lista Vermelha da IUCN, esta espécie está classificada

como quase ameaçada (NT - Near Threatened). No entanto, estão a ser aplicadas

várias medidas para a sua recuperação.

Morfologia

Page 2: Coelho Bravo

É um pequeno herbívoro com

cerca de 40 cm de cumprimento e o seu

peso em adulto é cerca de 1 Kg a 1,2 Kg.

Trata-se de uma especie sem dimorfismo

sexual, pelo que se faz a distinção do

sexo através da observação dos órgãos

sexuais embora as fêmeas tendem a ser

mais cumpridas e pesadas que os

machos.

A cor da sua pelagem difere pelas

diferentes regiões do corpo, podendo ir

de cinzento acastanhado no dorso até branco no ventre. Possui uma pelagem densa

e lanosa.

As orelhas são relativamente curtas (medindo cerca de 7 cm), sendo

menores que o comprimento da cabeça e inclinadas para a frente.

A cauda é em forma de tufo e as unhas são grandes e afiadas permitindo a

escavação das tocas e ajudam nas fugas rápidas.

A sua dentição difere da dos roedores, o coelho possui dois incisivos no

maxilar superior e não apenas um sendo estes de crescimento continuo. A sua

dentição está adaptada de acordo com a sua alimentação herbívora.

As patas posteriores do coelho-bravo estão adaptadas para o salto, isto é,

são mais compridas e desenvolvidas que as anteriores e possuem uma densa

camada de pelo que o ajuda na aderência ao solo.

Alimentação

O coelho-bravo é herbívoro, sendo a sua alimentação dependente

dos recursos disponíveis, estado de desenvolvimento e valor nutricional

das plantas.

A sua dieta alimentar é maioritariamente composta por gramíneas

(cerca de 70%) e inclui também plantas herbáceas e lenhosas. A

diversidade de espécies consumidas é maior na primavera. Nas estações

frias, o coelho-bravo inclui na sua dieta alimentar raízes e caules ricos

em fibras celulósicas.

Reprodução

O coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) é uma espécie sinergética com

estrutura social bem definida, acontecendo interações agressivas durante a época

reprodutiva devido à defesa territorial e ao acesso às fêmeas, no caso dos machos,

e à competição pelos melhores locais de reprodução, no caso das fêmeas.

Coelho-bravo (Oryctolagos cuniculus)

Fonte: Pedro Pinto

Page 3: Coelho Bravo

As características reprodutivas são condicionadas pelas condições

climatéricas, isto é, temperatura, precipitação e qualidade do alimento disponível. A

reprodução inicia-se normalmente no final do Outono e estende-se até Junho.

É uma espécie poligâmica (um macho pode ter várias fêmeas). Também

delimita o território da colónia e é o responsável por expulsar os intrusos.

A fêmea, quando prenhe, escava uma toca especial chamada de luras, uma

galeria simples e profunda de 50cm a 1m, situada a uma certa distância da colónia,

sendo esta a toca de reprodução. Estas tocas são construídas dias antes dos

nascimentos, cuja preparação é da responsabilidade das fêmeas que cobrem o

fundo com folhas secas, pelos, que arrancam do seu próprio abdómen, e musgo,

deixando o solo donde o retira a descoberto e marcado pelas unhas. Depois do

nascimento das crias, a fêmea sempre que se ausenta da toca tapa a abertura com

terra para os machos não entrarem.

As crias permanecem na lura 19 a 21 dias. Findo este período, passam para

as tocas da colónia, ou seja, a toca de habitação.

O período de gestação é de apenas 28/33 dias, tendo cada fêmea 2 a 4

ninhadas por ano, produzindo em geral por ninhada 2 a 7 láparos, cegos, surdos e

sem pelos, pesando cerca de 45g. É uma espécie com uma esperança média de

vida de cerca de 10 anos.

Habitat e utilização de espaço

O coelho-bravo prefere habitats mistos, ou seja, locais diversos desde áreas

com cobertura de cerca de 40% para o abrigo de predadores e áreas abertas que

Láparo com poucas semanas de vida

Fonte: Diogo Pereira

Page 4: Coelho Bravo

apoiam a sua dieta alimentar, de gramíneas e cereais. Constrói tocas em solo macio

(tipo arenoso ou calcário).

Os coelhos são territoriais e tendem a viver em grupos de colonias de até 20

adultos e têm hábitos crepusculares (noturnos).

A área que um indivíduo ocupa durante as atividades normais do ciclo de

vida, é constituída por um território que abrange a toca principal e um conjunto de

pequenas tocas (satélites, assim chamadas por estarem associadas à toca

principal), ainda algum coberto de abrigo e refugio e uma ou mais zonas de

alimentação.

O território perto da toca principal é defendido pelo macho dominante (com

ajuda dos outros machos). O macho dominante marca o território através de

secreções glandulares.

Doenças

As doenças mais mortais que afetam o coelho-bravo são a mixomatose e a

doença hemorrágica viral, tendo estas um carácter cíclico (existem períodos críticos

ao longo do ano).

A mixomatose é uma doença contagiosa provocada por um vírus (da família

Poxviridae) originário do continente americano. Os vetores de transmissão são

pulgas e mosquitos. Quando infetados, o coelho-bravo e as raças domésticas que

dele derivam, desenvolvem uma doença quase sempre fatal num prazo de 6 a 15

dias.

A septicemia vírica, DHV (Doença Hemorrágica Viral) ou peste chinesa, foi

detetada pela primeira vez na China, espalhando-se rapidamente pela Europa. A

DHV é considerada a principal responsável pela elevada mortalidade do coelho

bravo na Península Ibérica, contribuindo para o desequilíbrio do ecossistema

mediterrâneo, nomeadamente sobre as espécies predadoras do coelho bravo (ex.

lince ibérico). É uma doença provocada por um vírus (do género Calicivirus), e tal

como a mixomatose, altamente contagiosa com taxas de mortalidade de 50 a 100

%.