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Matéria: Redação Número do tópico: 12 Redação Modelo PUC Assunto: 1. Coesão e!"encial 1.1. Recorr#ncia 

Coesao Nova Versao

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aula de língua portuguesa

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Matria: Redao

Nmero do tpico: 12

Redao Modelo PUC

Assunto:

1. Coeso Seqencial

1.1. Recorrncia

Redao modelo PUC -Rio

Segundo Alfredo Bosi, O passado ajuda a compor as aparncias do presente, mas o presente que escolhe na arca as roupas velhas ou novas. Como ser o pas em que voc vai viver e trabalhar no futuro? De que modo o passado longnquo e recente ajuda as pessoas a construrem o futuro?

Os trechos abaixo selecionados tm por objetivo ajud-lo a fazer uma reflexo sobre a importncia da memria histrica passada e recente na construo do pas.

Voc est sendo convidado a produzir um artigo de opinio a ser publicado num jornal de circulao interna da universidade.

Seu artigo deve apresentar sua viso sobre o pas que temos e o que podemos vir a ter.

Desenvolva o tema proposto, de forma clara, coerente e com argumentao bem fundamentada. Seu texto deve ter cerca de 25 linhas. No se esquea de dar um ttulo adequado ao texto.

Recomenda-se que as idias expostas nos trechos escolhidos sirvam apenas de auxlio reflexo e no sejam copiadas.

Sero valorizadas, portanto, a pertinncia e a originalidade de seus argumentos.1. Coeso Seqencial

Parte 1

O texto uma estrutura cujas partes operam em interdependncia por fora dos variados mecanismos de seqenciao disponveis na lngua. A coeso seqencial ou seqenciao consiste em procedimentos lingsticos que estabelecem diferentes tipos de relaes semnticas ou pragmticas entre partes do texto, ao mesmo tempo que promove a progresso textual, garantindo assim a textualidade (qualidade para que algo seja um texto).

Esses mecanismos tm por funo assinalar determinadas relaes de sentido entre enunciados ou partes de enunciados, como adio, alternncia, contraste, conseqncia, causa, condio, entre outras.

A seqenciao pode ser de dois tipos: (1) recorrncia e (2) encadeamento.

1. RECORRNCIA

A retomada de dados textuais pode realizar-se pela reiterao de: Quadro 1

TIPOSEXEMPLOS

Item lexical-Vem, vem, vem, vem / Vem sentir o calor / Dos lbios meus / procura dos teus (Pixinguinha e Joo de Barro)

Estruturas sintticasNo, no chore mais / No, no chore mais / Oh! Oh! Gilberto Gil)

Contedo semntico melhor ser alegre que ser triste / Alegria a melhor coisa que existe (Vincius de Moraes e Baden-Powell)

Recursos fnicos ou prosdicosVozes veladas, veludosas vozes, / volpias dos viles, vozes veladas, (Cruz e Souza)

Tempo e aspecto verbalAgora eu era o heri / E o meu cavalo s falava ingls. (Chico Buarque)

Ilustrando:

Quadro 2

O Pardalzinho

(Manoel Bandeira)Retomada de item lxico

O pardalzinho nasceu(1) O pardalzinho

Livre. Quebraram-lhe a asa.(1) lhe

Sacha lhe deu uma casa,(1) lhe

gua, comida e carinhos.(2) gua, comida e carinhos

Foram cuidados em vo.(2) cuidados

A casa era uma priso.(3) casa (3) priso

O pardalzinho morreu.(1) O pardalzinho

O corpo, Sacha enterrou no jardim.(4) Sacha (4 Sacha)

A alma, essa voou para o cu dos passarinhos!(1) Corpo

(5) alma (5) essa

COMENTRIO: Observe-se que o tema pardalzinho reiterado no texto pelos procedimentos de recorrncia, seja nominal - pardalzinho, corpo - seja pronominal lhe. Pelo levantamento de ocorrncias de elementos que reiteram pardalzinho, fica comprovada a sua funo como tema. Por outro lado, pode-se deduzir que o autor foi habilidoso na manuteno/progresso do tema, pois, em nove versos, houve cinco retomadas para pardalzinho. Dessa forma, a identificao do tema imediata.

Ainda no plano da recorrncia, o emprego dos tempos e aspectos verbais merece ateno especial. As formas verbais indicam a atitude comunicativa, a perspectiva da abordagem e o relevo da informao.

As atitudes comunicativas so comentar e narrar. Durante um comentrio, o ouvinte se torna receptivo, fica tenso, atento; j no simples relato, o ouvinte se pe relaxado, no instado a engajar-se.

Em portugus, tem-se:

Quadro 3

Quanto atitude comunicativa

Tempos do mundo comentado [C]Presente do indicativo, pretrito perfeito (simples e composto) e futuro do presente.

Tempos do mundo narrado [N]Pretrito simples, pretrito imperfeito; pretrito mais-que-perfeito e futuro do pretrito do indicativo

Quadro 4

temporetrospectivo [r]zero []prospectivo [p]

comentrio [c]Pretrito perfeitopresenteFuturo do presente

narrao [n]Pretrito mais-que-perfeitoPretrito perfeito e o imperfeitoFuturo do pretrito

Quanto perspectiva, podem-se observar em cada mundo os tempos zero (sem perspectiva) e os tempos retrospectivos (passados) e os prospectivos (futuros).

Quanto ao relevo da informao, o texto se divide em primeiro plano (ou figura) e segundo plano (fundo ou cenrio). Ento o ouvinte orientado a respeito da informao considerada principal e da que secundria.

Portanto, a recorrncia de tempo verbal constitui uma funo coesiva. Esta indicial, pois leva o ouvinte a identificar seqncias de comentrio retrospectivo, prospectivo ou sem perspectiva, que o tempo zero, alm de apontar, no relato, o primeiro ou segundo plano.

Ilustrando:

A casa em que eu estava [N][] hospedado era a do escrivo Meneses, que fora [N][R] casado, em primeiras npcias, com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceio, e a me desta acolheram me [N][R] bem, quando vim [N][R] de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatrios. (Fragmento de Missa do Galo, Machado de Assis) [marcaram se os tempos verbais]

COMENTRIO: Observe-se que os tempos verbais assinalados so elementos garantidores da organizao lgica das aes presentes no fragmento em questo. Torna-se possvel concluir que no trecho predomina o relato em funo da reiterao de formas do pretrito associadas idia retrospectiva tambm do

Mecanismos coesivos, ento, so importantes ferramentas lingsticas capazes no s de garantir maior legibilidade ao texto, como tambm explicitar as relaes semnticas entre os elementos que o compem.

Alguns elementos coesivos fazem referncia a um componente do prprio universo textual; outros, no entanto, referen-se a algum elemento da prpria situao comunicativa, apontando para um referente fora do texto. Ao primeiro caso d-se o nome de referncia textual (endofrica) e, ao segundo, referncia situacional (ditica).Ilustrando:Se um narrador diz Ontem fez um ms que Ayrton Sena conquistou o seu primeiro prmio de Frmula Um, s se pode saber a que dia ele se refere quando diz ontem em confronto com o momento em que houve a declarao. Suponha que esta notcia tenha sido enunciada num jornal. Apenas pela data do jornal (momento da enunciao) tem-se conhecimento do dia a que o advrbio ontem se refere. Este, ento, um advrbio ditico. Observe, agora, que o pronome possessivo seu faz remisso a Ayrton Sena, ou seja, um elemento coesivo de referncia endofrica. 1.1 REFERNCIA TEXTUAL

A referncia, ou remisso, pode ser feita para trs ou para frente. Se feita para trs, tem-se a anfora; se, para frente, a catfora. Esse tipo de remisso realizada por meio de recursos gramaticais (pronomes, advrbios, numerais, artigos); de recursos de natureza lexicais (sinnimos, hipnimos, hipernimos, nomes genricos); ou de elipses. Ilustrando:Quadro 1

REFERENTEREMISSO ANAFRICARECURSO

Homem (1)() (8)seu (9)Elipse Pronome

Cachorro (2)Co (3)Este (4)

() (5)

() (6)

Raa (7)

Bicho (10)

Animal (12)SinnimoPronome

Elipse

Elipse

Nome genrico

Nome genrico

Nome genrico

Ivan (9)Ele (13)Pronome

Quadro 2

Comentrios

1- ELE remete ao elemento referente NOKIA 6255 e uma referncia endofrica. Como o referente vem depois do elemento coesivo, trata-se de uma catfora.

2- ISSO remete a toda a seqncia das funes avanadas do aparelho: Bluetooth, sincronizao com PC e cmera integrada com flash e uma referncia endofrica. Esses termos so, portanto, os referentes que se localizam antes do elemento coesivo. Trata-se de uma anfora.

3- SEUS remete aos dedos do interlocutor, ou seja, do leitor do texto que se encontra na situao comunicativa. Trata-se, portanto, de uma referncia a elemento externo, caracterizando a referncia ditica.FORMAS REMISSIVAS1. PRONOMES DEMONSTRATIVOSEx. Pedro ser promovido, mas ter de se aposentar logo a seguir. Foi o que me revelou um amigo do governador.

Lus(1) e Mrcio(2) trabalham no mesmo escritrio de advocacia. Este(2) dedica-se a causas criminais, aquele(1) a questes tributrias.

2. PRONOMES POSSESSIVOS

Ex. Esta a minha opinio sobre o assunto. E a sua, qual ?

3. PRONOMES INDEFINIDOS

Ex. Trouxeram-lhe doces, flores e presentes. Foi tudo em vo.

4. PRONOMES INTERROGATIVOS

Ex. Vamos conhecer melhor o continente em que vivemos. Quantos e quais so os pases da Amrica do Sul?

5. PRONOMES RELATIVOS

Ex. Cerca de mil pessoas compareceram homenagem, dentre as quais se destacavam polticos, artistas e esportistas clebres.

6. NUMERAIS

Ex. Antnio, Jos e Pedro estudam desde pequenos no Colgio de So Bento. Os trs pretendem formar-se em Medicina.

7. PRONOMES PESSOAIS

Ex. Pedro comprou uma camisa nova e usou-a na festa.

8. ADVRBIOS

Ex. Perto do parque h um pequeno restaurante. L se renem muitos jovens ao entardecer.1.2 REFERNCIA DITICA

No momento em que ocorre o acontecimento enunciativo, esto estabelecidas as diretrizes que situam a esfera referencial do texto em relao aos participantes (emissor e receptor) ao tempo e ao espao atuais. o momento da enunciao ou ponto-ditico.

Ilustrando:

Algumas palavras podem apontar para a situao comunicativa definida pelas coordenadas espao-temporais: o enunciador refere o seu enunciado ao momento da enunciao, aos participantes da comunicao e ao espao em que produzido. As referncias a essa situao formam a dixis e os signos lingsticos que designam os elementos da situao, mostrando-os em vez de conceitu-los, so diticos. As palavras diticas se assemelham ao gesto, por isso formam o campo mostrativo da linguagem. Elas do a noo de proximidade ou afastamento do enunciador em relao ao espao e ao tempo. Leia com ateno o exemplo.Estou escrevendo esta carta para felicit-los pelo casamento.

Comentrio

No h nenhuma referncia textual, nenhuma palavra que tenha sido retomada pelo pronome esta. Este pronome demonstra que a carta um objeto presente no ato da produo do texto. Est, portanto, no contexto situacional e prxima do enunciador. um pronome ditico.

O mesmo ocorre com os advrbios aqui e l. Observe este exemplo:

Mrio disse esposa:

-- Seu guarda-chuva est aqui, meu bem.

-- Achei que estivesse l na cozinha, Mrio.

Observe que Mrio e sua esposa so interlocutores alternados de um dilogo domstico. Os advrbios aqui e l indicam, respectivamente, o fato de Mrio estar falando do lugar onde se encontrava o guarda-chuva e sua esposa no estar na cozinha no momento da fala. Isso porque so demonstrativos de espao (diticos espaciais) proximidade ou afastamento em relao aos interlocutores (EU-TU).

OBSERVAO: As palavras mais explicitamente diticas numa lngua so os pronomes pessoais e possessivos de 1 e 2 pessoas. De fato, eu tem como referente aquele que fala o enunciador; tu e voc tm como referente aquele com quem o enunciador fala o receptor. Num dilogo, eu e tu se alternam, por isso no tm referente fixo no discurso.

***Uso dos demonstrativos:

O pronome ESTE alude s noes de tempo e espao no mbito do falante (uso ditico) ou do que este disse (uso anafrico) ou vai dizer (uso catafrico) no contexto; o pronome ESSE refere-se s noes de tempo e espao no mbito do ouvinte (uso ditico) ou tambm retoma um referente anterior do texto (uso anafrico); o pronome AQUELE corresponde, no mbito do assunto da enunciao, a objeto, pessoa, tempo ou lugar que se acha afastado do falante e sem nenhuma referncia ao ouvinte (uso ditico) ou ao que se disse no discurso (uso anafrico).

EXERCCIOS DE AULA

Texto para a questo 01

ApeloAmanh faz um ms que a Senhora est longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, no senti falta, bom chegar em casa tarde, esquecido na conversa da esquina. No foi ausncia por uma semana: o batom ainda no leno, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.

Com os dias, Senhora, o leite pela primeira vez coalhou. A notcia da sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no cho, ningum os guardou embaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, e at o canrio ficou mudo. Para no dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos.

Uma hora da noite eles se iam e eu ficava s, sem o perdo de sua presena a todas as aflies do dia, como a ltima luz na varanda.

E comecei a sentir falta das primeiras brigas por causa do tempero na salada o meu jeito de querer bem. Acaso saudade, Senhora? s suas violetas, na janela, no lhes poupei gua e elas murcham.

No tenho boto na camisa, calo a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de ns sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha pra casa, Senhora, por favor.

TREVISAN, Dalton.In: Bosi, A(org.). O conto brasileiro contemporneo. So Paulo: Cultrix, 1997

01) As expresses de valor temporal, que assinalam a ordenao, tm a funo de exprimir os fatos e a ordem em que so apresentados pelo enunciador e desenvolvidos os assuntos relacionados ao momento da enunciao, a partir do qual podemos calcular os dias em que sucederam os acontecimentos. Considerando o dia da partida da Senhora, assinale a opo que indica um comentrio que no encontra apoio no texto.

(A) O momento da enunciao ocorre no 29 dia.

(B) Do 1 ao 7 dia, o enunciador no deu pela ausncia da Senhora.

(C) A sensao da perda comea no 8 dia.

(D) H 30 dias ele est sem a esposa em casa.

A ilustrao abaixo ajudar a resolver a questo.

02) Analfabetos tomam nibus errado, pagam mais caro produtos cujo valor no sabem identificar, perdem-se em lugares que nunca visitaram, esquecem-se de nomes e nmeros que no podem anotar.; os pronomes relativos presentes nesse segmento do texto apresentam, respectivamente, como antecedentes:

(A) produtos / lugares / nomes e nmeros;

(B) lugares / nomes e nmeros;

(C) valor / lugares / nmeros;

(D) valor / lugares / nomes e nmeros;

(E) lugares / nmeros.

Texto para a questo 03

Posso tomar banho aps a refeio?

Tomar banho frio ou entrar numa piscina depois de ter comido no oferece riscos. O que no se deve fazer qualquer tipo de exerccio fsico intenso, como nadar ou surfar. Isso desvia o sangue do estmago para os msculos que esto trabalhando. Aps as refeies, boa parte do seu sangue vai para o estmago e o intestino a fim de realizar uma digesto adequada. Ao praticar esportes depois de comer, a pessoa fica com dificuldades na digesto e acaba passando mal (enjo, suor frio e tontura). Tomar banhos longos e quentes dilata os vasos sangneos da pele e tambm acaba desviando o sangue do estmago.

Marcelo Duarte O guia dos curiosos

03) Aps as refeies, boa parte do seu sangue...; o possessivo sublinhado tem como referente:

(A) o autor;

(B) o autor e o leitor;

(C) o leitor;

(D) qualquer pessoa;

(E) quem pratica esportes.

Texto para as questes 04, 05 e 06

A vida como ela ser

Daqui a mais ou menos 1 bilho de anos, a Terra no ser mais habitvel. No limite do seu material combustvel, o Sol estar se expandindo. A elevao da temperatura no terceiro planeta do sistema solar tornar invivel a sobrevivncia de qualquer criatura. Isso significa que a vida em nosso mundo j ultrapassou a meia-idade. Estamos ns, seres vivos, mais perto do fim que do comeo. No tempo que resta, que cara ter a vida sobre a Terra? Que espcies surgiro e quais estaro fadadas a desaparecer na trilha das mudanas evolucionrias? E por quanto tempo ainda viveremos ns, seres humanos, para presenciar essas mudanas?

Jernimo Teixeira

04) A alternativa em que o termo sublinhado tem seu valor dependente da situao geral de produo do texto :

(A) Daqui a mais ou menos 1 bilho de anos;

(B) A elevao da temperatura no terceiro planeta do sistema solar;

(C) Estamos ns, seres vivos...;

(D) E por quanto tempo ainda viveremos ns...;

(E) Isso significa que a vida em nosso mundo....

05) - A alternativa que mostra elementos que possuem o mesmo referente :

(A) Terra / sistema solar;

(B) nosso mundo / o terceiro planeta do sistema solar;

(C) seres vivos / espcies;

(D) Sol / terceiro planeta;

(E) vida / meia-idade.

06) Num texto h muitas palavras anafricas, ou seja, palavras cuja funo retomar algo que j foi expresso. A alternativa que mostra um termo sublinhado que NO anafrico :

(A) No limite do seu material combustvel, o Sol estar se expandindo;

(B) A elevao da temperatura no terceiro planeta do sistema solar;

(C) Isso significa que a vida em nosso mundo...;

(D) para presenciar essas mudanas?;

(E) Isso significa que a vida em nosso mundo.

Texto para as questes 07 e 08

Jovens endividados

A casa dos Vieira, no bairro paulistano Alto de Pinheiros, est sempre cheia. Aos 67 anos, o empresrio Jos Vieira ainda divide o sof da sala e a conta bancria com seus trs filhos homens, todos com mais de 25 anos.

[...]

Dos trs irmos, dois fazem parte de um grupo cada vez mais comum na famlia brasileira contempornea. So os jovens endividados. Alm de adiar a sada de casa, mesmo depois de terminar a faculdade e arrumar trabalho, esses moos e moas no conseguem ajudar nas despesas de casa, nem tampouco pagar as prprias contas. Pior: acumulam dvidas. Muitos esto simplesmente falidos e entram na lista negra das entidades de proteo ao crdito. A fatia dos jovens no universo dos inadimplentes cresce de forma assustadora: 10% deles tm at 20 anos e 39% tm idade entre 21 e 30 anos (sim, os balzaquianos tambm so considerados jovens nos dias de hoje). Juntos, os consumidores at 30 anos foram responsveis por 49% dos calotes dados em 2006 junto a bancos, administradoras de carto de crdito e financeiras. Em 2005 somaram 44%. Os dados foram divulgados pela Telecheque. "Os jovens tiveram acesso ao crdito fcil demais nos ltimos dois anos. Ficaram deslumbrados e perderam o controle", diz Antnio Praxedes, vice-presidente da Telecheque.

Camilo Vanuchi e Milton Gamez

07) "Muitos esto simplesmente falidos" . O indefinido empregado nesse trecho serve para retomar o termo:

(A) consumidores;

(B) balzaquianos;

(C) moos e moas;

(D) trs irmos;

(E) bancos e financeiras.

08) "Os jovens tiveram acesso ao crdito fcil demais nos ltimos dois anos" . Sobre o trecho transcrito, correto afirmar que o sintagma "fcil demais":

(A) se relaciona com o substantivo "crdito", mas gera ambigidade por tambm poder se relacionar com o substantivo "acesso";

(B) se relaciona com o substantivo "acesso", mas seu posicionamento gera ambigidade por tambm poder se relacionar com o substantivo "crdito";

(C) se relaciona com o substantivo "crdito", mas seu posicionamento gera polissemia por tambm poder se relacionar com o substantivo "acesso";

(D) se relaciona com o substantivo "acesso", mas seu posicionamento gera polissemia por tambm poder se relacionar com o substantivo "crdito";

(E) se relaciona igualmente com os substantivos "crdito" e "acesso", sem que seu posicionamento gere ambigidade ou polissemia.

Texto para a questo 09

De uma vida a outra

Segundo o Ministrio da Sade, em janeiro de 2003 havia 51.760 pessoas na lista de espera para transplante. Dado o tamanho do pas e, infelizmente, o grau de violncia seria de se esperar que o auxlio viesse rpido. De certa forma, a populao est mais sensibilizada para o problema. O nmero de doaes cresce desde 1997. De l at o ano passado, saltamos de 3.932 para 8.031 transplantes realizados. As estatsticas mostram que o Brasil o segundo do mundo em doaes em nmeros absolutos, perdendo dos Estados Unidos. Proporcionalmente ao tamanho da populao, fica em nono lugar. Ou seja, o brasileiro generoso, mas precisa fazer mais.

Isto , fevereiro de 2003

09) Entre as alternativas abaixo, aquela que apresenta um termo sublinhado de valor ditico:

(A) em janeiro de 2003;

(B) O nmero de doaes cresce desde 1997;

(C) De l at o ano passado...;

(D) De l at o ano passado;

(E) mas precisa fazer mais.

EXERCCIOS DE APROFUNDAMENTO

01) Em texto da Folha de So Paulo, um morador das margens de uma grande rodovia declarava o seguinte:

Hoje j passaram por aqui milhares de caminhes e automveis, mas eu e minha famlia j estamos habituados com isso; os garotos at brincam, jogando pedra nos pneus.

H, nesse texto, um conjunto de palavras cujo significado depende da enunciao, ou seja, da situao em que o texto foi produzido. Entre as alternativas abaixo, aquela que indica um termo que NO est nesse caso :

(A) hoje;

(B) aqui;

(C) eu;

(D) minha famlia;

(E) isso.

Texto para questo 02

Juventude e participao

Inicialmente, gostaria de destacar que toda avaliao feita a partir de uma comparao. Neste caso, essa comparao poderia ser feita em duas direes. Uma delas em relao a outras faixas etrias e a outra em relao juventude de pocas passadas. Em relao primeira dimenso, me parece que o comportamento poltico da juventude no seja diferente do de outras faixas etrias. Os que avaliam como baixa a participao poltica da juventude atual no podem afirmar que seja diferente da participao poltica das outras faixas. Existem parcelas da populao passivas (e entre elas h jovens e tambm adultos), assim como existem parcelas da populao com alta taxa de participao poltica, e entre elas podemos igualmente identificar jovens e adultos.

Logo, uma comparao entre faixas etrias no nos leva a concluir que seja baixa a participao poltica da juventude. Agora, em relao outra dimenso, a comparao entre juventudes de pocas diferentes, podemos constatar diferenas que aparentemente levem algumas pessoas a afirmaes do tipo a juventude atual no est com nada, antigamente os jovens tinham maior conscincia e atuao poltica. E aqui, novamente, devemos analisar a questo por partes. Jovens alienados e passivos sempre existiram ao lado de jovens conscientizados e ativos politicamente.

Deve-se reconhecer que a proporo entre essas duas categorias muda com o tempo, tem pocas em que a proporo de jovens ativos se amplia e em outras pocas diminui. Mas esse aumento ou diminuio uma expresso da sociedade como um todo e no de uma determinada faixa etria. Se numa poca a parcela de jovens cresce e se torna mais intensa, porque esse mesmo fenmeno se manifesta na sociedade como um todo. O comportamento juvenil expressa as tendncias gerais da sociedade como um todo.

A grande diferena est nos meios de que dispem os jovens para desenvolver sua conscincia crtica ou para manifestar sua postura poltica. A, sim, registramos mudanas radicais em relao a outras pocas.

Atualmente, os jovens tm acesso aos meios de comunicao que permitem ampliar a velocidade e a abrangncia da transmisso de idias, o que oferece facilidades nunca antes disponveis para a expresso poltica da juventude.

A minha resposta pode parecer otimista e tenho plena conscincia de que ela . Os jovens da atualidade no so diferentes dos jovens de outras pocas, aceitam ou rechaam valores, assumem ou no atitudes polticas com a mesma postura dos jovens do passado, a diferena no est no grau e sim na forma. No muda o caminho, muda a forma de caminhar.

LUS DE LA MORA Adaptado de www.cipo.org.br02)UERJ - 2009

Nos processos de coeso textual, h vocbulos que substituem palavras, expresses ou idias anteriormente expostas.

Um exemplo em que o vocbulo grifado retoma algo enunciado em pargrafo anterior :

(A) a proporo entre essas duas categorias

(B) porque esse mesmo fenmeno

(C) ou para manifestar sua postura poltica.

(D) e tenho plena conscincia de que ela . Texto para questo 03

Piaim1

A inteligncia do heri estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia l em baixo nas ruas, disparando entre as malocas temveis. E aquele diacho de sagi-au2 (...) no era sagim no, chamava elevador e era uma mquina. De-manhzinha ensinaram que todos aqueles piados berros cuquiadas sopros roncos esturros no eram nada disso no, eram mas clxons3 campainhas apitos buzinas e tudo era mquina. As onas pardas no eram onas pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrols dodges mrmons e eram mquinas. Os tamandus os boitats4 as inajs5 de curuats6 de fumo, em vez eram caminhes bondes autobondes anncios-luminosos relgios faris rdios motocicletas telefones gorjetas postes chamins... Eram mquinas e tudo na cidade era s mquina! O heri aprendendo calado. De vez em quando estremecia. Voltava a ficar imvel escutando assuntando maquinando numa cisma assombrada. Tomou-o um respeito cheio de inveja por essa deusa de deveras foruda, Tup7 famanado que os filhos da mandioca chamavam de Mquina, mais cantadeira que a Me-dgua8, em bulhas9 de sarapantar10.

Ento resolveu ir brincar com a Mquina pra ser tambm imperador dos filhos da mandioca. Mas as trs cunhs11 deram muitas risadas e falaram que isso de deuses era gorda mentira antiga, que no tinha deus no e que com a mquina ningum no brinca porque ela mata. A mquina no era deus no, nem possua os distintivos femininos de que o heri gostava tanto. Era feita pelos homens. Se mexia com eletricidade com fogo com gua com vento com fumo, os homens aproveitando as foras da natureza. Porm jacar acreditou? nem o heri!

(...)

Macunama passou ento uma semana sem comer nem brincar s maquinando nas brigas sem vitria dos filhos da mandioca com a Mquina. A Mquina era que matava os homens porm os homens que mandavam na Mquina... Constatou pasmo que os filhos da mandioca eram donos sem mistrio e sem fora da mquina sem mistrio sem querer sem fastio, incapaz de explicar as infelicidades por si. Estava nostlgico assim. At que uma noite, suspenso no terrao dum arranhacu com os manos, Macunama concluiu:

Os filhos da mandioca no ganham da mquina nem ela ganha deles nesta luta. H empate.

No concluiu mais nada porque inda no estava acostumado com discursos porm palpitava pra ele muito embrulhadamente muito! que a mquina devia de ser um deus de que os homens no eram verdadeiramente donos s porque no tinham feito dela uma Iara explicvel mas apenas uma realidade do mundo. De toda essa embrulhada o pensamento dele sacou bem clarinha uma luz: os homens que eram mquinas e as mquinas que eram homens. Macunama deu uma grande gargalhada. Percebeu que estava livre outra vez e teve uma satisfa me.

MRIO DE ANDRADE Macunama, o heri sem nenhum carter. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986.

Vocabulrio:

1 Piaim personagem do romance

2 sagi-au, sagim macacos pequenos

3 clxon buzina externa nos automveis antigos

4 boitat cobra-de-fogo, na mitologia tupi-guarani

5 inaj palmeira de tamanho mdio

6 curuat flor de palmeira

7 Tup entidade da mitologia tupi-guarani

8 Me-dgua espcie de sereia das guas amaznicas

9 bulha confuso de sons

10 sarapantar espantar

11 cunh mulher jovem, em tupi

03)UERJ - 2009

Alguns vocbulos possuem a propriedade de retomar integralmente uma idia j apresentada antes.

Essa propriedade observada no vocbulo grifado em:

(A) Acordou com os berros da bicharia l em baixo (B) Tomou-o um respeito cheio de inveja

(C) Ento resolveu ir brincar com a Mquina

(D) Estava nostlgico assim.GABARITOS

EXERCCIOS DE AULA

Questo 01 Resposta letra: D

Questo 02 Resposta letra: A

Questo 03 Resposta letra: C

Questo 04 Resposta letra: A

Questo 05 Resposta letra: B

Questo 06 Resposta letra: A

Questo 07 Resposta letra: C

Questo 08 Resposta letra: B

Questo 09 Resposta letra: D

EXERCCIOS DE APROFUNDAMENTO

Questo 01 Resposta letra: E

Questo 02 Resposta letra: A

Questo 03 Resposta letra: D

EXERCCIOS DE AULA

Texto para questo 01

Frum de discusso

MENSAGEM 1:

A cincia, para muitos, tem um lado maligno. Para alguns, estamos passando por uma nova Idade Mdia, onde a tcnica alienante faz as vezes da religio catlica. At agora, minha concluso pessimista: por mais que violentemos nosso pensamento, nossa razo ainda estar subordinada ao desejo. E assim, no h certo ou errado. A cincia nos d (ou melhor, vende) armas contra a natureza, que usamos contra ns mesmos, apenas isso. No existe nada mais irracional que o trabalho cientfico dos dias atuais.

MENSAGEM 2:

Caro M., o que voc entende exatamente por cincia? Um orculo todo-poderoso e prepotente que diz aos pobres e tolos homens o que est certo e o que errado? Como pode dizer que ela nos d armas contra a natureza? No me vem cabea neste momento caracterstica mais prpria da natureza humana do que o modo cientfico de pensar. Voc no consegue encontrar nada de cientfico no mtodo de caa de um aborgene australiano? Ou ento no modo de um crenacarore* do Amazonas tratar a terra para o cultivo? Voc est claramente confundindo aplicao da tecnologia com cincia. Muitos filsofos tm tido problemas para separar uma coisa da outra (e muitos cientistas tambm). Se voc acha que construir uma bomba atmica, por exemplo, um trabalho cientfico, est enganado. pura e simplesmente um trabalho tecnolgico. claro que ele depende do conhecimento cientfico, mas impossvel construir conhecimento cientfico visando sua aplicao imediata. Aqueles que, como voc, confundem Igreja Catlica da Idade Mdia com cincia, esquecem-se (ou no sabem) que esta ltima tem embutida em si um mecanismo de correo de erros, que o motor que a move. Nenhuma questo tratada pela cincia como fechada, nenhum conhecimento est imune de questionamento e dvida. Com certeza eu no concordo com muito do que a humanidade vem construindo atravs da aplicao do conhecimento cientfico; no entanto, a prpria cincia a arma mais poderosa que temos para enfrentar estas questes, e por isso critic-la um tiro pela culatra. Voc pode fazer como muitos histricos e criticar a cincia porque a Monsanto patenteou uma soja que tolera um nico pesticida, cinco vezes mais forte que os tradicionais, alm do fato de o pesticida ser da prpria Monsanto. Mas voc estar tambm sendo contra a salvao de milhares de vidas na frica, onde o nico modo de obter-se vacinas cultivando bananas transgnicas que contm antgenos. Para mim, isto que ser irracional.

Frum Ctico Brasileiro janeiro de 2002 http://www.nitnet.com.br

*indivduo pertencente tribo indgena de mesmo nome01)UERJ - 2003

O autor da segunda mensagem emprega elementos de coeso ou ligao entre frases ou idias para compor sua estratgia argumentativa: aceitar, em um primeiro momento, os argumentos do outro para, depois, combat-los.

O trecho que exemplifica o uso de elementos de coeso para construir esse tipo de estratgia :

(A) No me vem cabea neste momento caracterstica mais prpria da natureza humana do que o modo cientfico de pensar.

(B) Ou ento no modo de um crenacarore do Amazonas tratar a terra para o cultivo?

(C) Com certeza eu no concordo com muito do que a humanidade vem construindo... no entanto,

a prpria cincia a arma...para enfrentar estas questes,

(D) ...porque a Monsanto patenteou uma soja que tolera um nico pesticida,..., alm do fato de o pesticida ser da prpria Monsanto. Texto para questo 02

J se sentiu vtima de algum tipo de marginalizao e/ou discriminao dentro de sua universidade? Infelizmente, devo dizer que sim. No se trata de discriminao ou marginalizao pelo fato de ser brasileiro, porm. Trata-se de uma dificuldade (talvez natural) que tem um novo imigrante em penetrar na elite da sociedade local, que controla as posies de poder. Essa elite constituda por pessoas que estudaram juntas na escola, que fizeram o servio militar juntas, que pertencem ao mesmo partido poltico etc. e que se apiam mutuamente. Tive a oportunidade de sentir esse tipo de hostilidade quando fui eleito diretor da Faculdade de Cincias Humanas. Cheguei mesmo a ouvir expresses como a mfia latino-americana em nossa faculdade, quando somos nada mais que dois professores titulares de procedncia latino-americana. Mas, verdade seja dita, trata-se de uma hostilidade proveniente dos que estavam habituados ao poder e no se conformavam em perd-lo. A maioria no s me elegeu, mas tambm me apoiou e continua apoiando as reformas que institu em minha gesto.

(DASCAL, Marcelo. Entrevista publicada no caderno Mais / Folha de S. Paulo, 18/05/2003.)02)UERJ - 2004

Certos substantivos participam do processo de coeso textual quando recuperam alguma informao ou conceito j enunciado. O termo do texto que tem esta funo :

(A) sociedade

(B) oportunidade

(C) hostilidade

(D) gesto Texto para questo 03

Olhos de ressaca

Enfim, chegou a hora da encomendao e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam tambm, as mulheres todas. S Capitu, amparando a viva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arranc-la dali. A confuso era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadver to fixa, to apaixonadamente fixa, que no admira lhe saltassem algumas lgrimas poucas e caladas.

As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carcias para a amiga, e quis lev-la; mas o cadver parece que a retinha tambm. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar l fora, como se quisesse tragar tambm o nadador da manh.

(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Captulo 123. So Paulo: Martin Claret, 2004.)03)UERJ - 2005

(...) no admira lhe saltassem algumas lgrimas poucas e caladas. As minhas cessaram logo. Nessa passagem, encontra-se um recurso de coeso textual em que o termo sublinhado retomado por meio de elipse.

Esse mesmo recurso empregado em:

(A) quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos.

(B) Muitos homens choravam tambm, as mulheres todas.

(C) Redobrou de carcias para a amiga, e quis lev-la;

(D)quais os da viva, sem o pranto nem palavras desta,Texto para questo 04

Eros e Psique1

(...)

CONTA A LENDA que dormia

Uma Princesa encantada

A quem s despertaria

Um Infante, que viria

De alm do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,

Vencer o mal e o bem,

Antes que, j libertado,

Deixasse o caminho errado

Por o que Princesa vem.

A Princesa Adormecida,

Se espera, dormindo espera.

Sonha em morte a sua vida,

E orna-lhe a fronte esquecida,

Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforado,

Sem saber que intuito tem,

Rompe o caminho fadado.

Ele dela ignorado.

Ela para ele ningum.

Mas cada um cumpre o Destino

Ela dormindo encantada,

Ele buscando-a sem tino

Pelo processo divino

Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro

Tudo pela estrada fora,

E falso, ele vem seguro,

E, vencendo estrada e muro,

Chega onde em sono ela mora.

E, inda tonto do que houvera,

cabea, em maresia,

Ergue a mo, e encontra hera,

E v que ele mesmo era

A Princesa que dormia.

(PESSOA, Fernando. Obra potica. Rio de Janeiro:Nova Aguilar, 1983.)1Segundo o mito grego, Eros e Psique viviam apaixonados em um palcio encantado, mas, para que fossem felizes, Eros impunha a Psique uma nica condio: que ela nunca tentasse conhec-lo. Por isso, sempre se encontravam noite. Pensando ter casado com um monstro, enquanto Eros dormia, Psique acendeu uma lamparina com a inteno de ilumin-lo e encantou-se com a beleza sem par do companheiro. Ao se inclinar, contudo, deixou uma gota de leo quente da lamparina queimar o amado. Acordado pela dor, Eros percebeu-se trado e, com tristeza, despediu-se de Psique para no mais retornar.04)UERJ - 2007

Para estabelecer relaes de coeso, todo texto apresenta uma srie de mecanismos pelos quais se realiza a referncia a termos anteriormente citados.

O vocbulo que no se refere, no decorrer do poema, ao termo Infante :

(A) tentado (v. 6)

(B) esforado (v. 16)

(C) falso (v. 28)

(D) tonto (v. 31)

Texto para questo 05

Qualquer cano

Qualquer cano de amor

uma cano de amor

No faz brotar amor

E amantes

Porm, se essa cano

Nos toca o corao

O amor brota melhor

E antes

Qualquer cano de dor

No basta a um sofredor

Nem cerze um corao

Rasgado

Porm, inda melhor

Sofrer em d menor1

Do que voc sofrer

Calado

Qualquer cano de bem

Algum mistrio tem

o gro, o germe, o gen2

Da chama

E essa cano tambm

Corri como convm

O corao de quem

No ama

CHICO BUARQUE

In: CHEDIAK, Almir. Chico Buarque song book 3. Rio de Janeiro: Lumiar.

05)UERJ - 2008

A pluralidade de sentidos, caracterstica da linguagem potica, pode ser obtida por meio de vrios mecanismos, como, por exemplo, a elipse de termos.

Esse mecanismo est presente, de modo mais marcante, no seguinte verso:

(A) E amantes (v. 4)

(B) E antes (v. 8)

(C) Rasgado (v. 12)

(D) Calado (v. 16)Texto para questo 06

A arte da conversa

Estou hoje com bem pouca disposio para escrever.

Conversemos.

A conversa uma das coisas mais agradveis e mais teis que existe no mundo.

A princpio conversava-se para distrair e passar o tempo mas atualmente a conversa deixou de ser um simples devaneio do esprito.

Dizia Esopo que a palavra a melhor, e tambm a pior coisa que Deus deu ao homem.

Ora, para fazer valer este dom, preciso saber conversar, preciso estudar profundamente todos os recursos da palavra.

A conversa, portanto, pode ser uma arte, uma cincia, uma profisso mesmo.

H, porm, diversas maneiras de conversar. Conversa-se a dois, en tte--tte1; e palestra-se com muitas pessoas, en causerie2.

A causerie uma verdadeira arte como a pintura, como a msica, como a escultura. A palavra um instrumento, um cinzel, um craion3 que traa mil arabescos, que desenha baixos-relevos e tece mil harmonias de sons e de formas.

Na causerie o esprito uma borboleta de asas douradas que adeja sobre as idias e sobre os pensamentos, que suga-lhes o mel e o perfume, que esvoaa em ziguezague at que adormece na sua crislida.

A imaginao um prisma brilhante, que reflete todas as cores, que decompem os menores tomos de luz, que faz cintilar um raio do pensamento por cada uma de suas facetas difanas.

A conversa a dois, ao contrrio, fria e calculada como uma cincia: tem alguma coisa das matemticas, e muito da estratgica militar.

Por isso, quando ela no um clculo de lgebra ou a resoluo de um problema, torna-se ordinariamente um duelo e um combate.

Assim, quando virdes dois amigos, dois velhos camaradas, que conversam intimamente e a ss, ficai certo que esto calculando algebricamente o proveito que podem tirar um do outro, e resolvendo praticamente o grande problema da amizade clssica dos tempos antigos.

Se forem dois namorados en tte--tte, que estiverem a desfazer-se em ternuras e meiguices, requebrando os olhos e afinando o mais doce sorriso, podeis ter a certeza que ou zombam um do outro, ou buscam uma incgnita que no existe neste mundo a fidelidade.

Em outras ocasies, a conversa a dois torna-se, como dissemos, uma perfeita estratgica militar, um combate.

A palavra transforma-se ento numa espcie de zuavo4 pronto ao ataque. Os olhos so duas sentinelas, dois ajudantes-de-campo postos de observao nalguma eminncia prxima.

O olhar faz as vezes de espio que se quer introduzir na praa inimiga. A confidncia uma falsa sortida; o sorriso uma verdadeira cilada.

Isto sucede freqentemente em poltica e em diplomacia. (...)

(ALENCAR, Jos de. Correio Mercantil, 13/05/1855.)

1 Frente a frente.

2 Conversa, conversao, normalmente em grupo.

3 Lpis.

4 Soldado argelino, pertencente infantaria francesa, caracterizado por uniforme vistoso e colorido.

06)UERJ - 2003

Em vrios momentos o autor usa o verbo na 2 pessoa, como em podeis ter a certeza

Esse uso estabelece uma coeso interna com o ttulo e a temtica do texto, porque:

(A) sugere um debate polmico

(B) valoriza a opinio dos seus leitores

(C) simula uma conversa com um leitor

(D) dirige informaes a um dado pblicoTexto para questo 07

Cada lugarzinho tem

Um canto escondido.

Um ao meio-dia, um s trs da tarde.

Cada passarinho tem

Um canto exclusivo.

s vezes passa um carro, mas s s vezes.

E as ondas do mar no param de passar.

Quem tem medo de cobra

Pe sapato

Quem no tem, a me

Obriga a pr.

O mormao apazigua a cor.

s vezes chove,. Mas s s ve4zes.

Estende a esteira pra ver as estrelas.

Sobre a areia deita-se tambm.

Tudo cinema.

Ningum precisa de problema.

Arnaldo Antunes

07) UFF - 2006

Assinale a opo em que a palavra grifada do Texto retoma e resume idias anteriores expressas.

(A) Cada lugarzinho tem

(B) s vezes passa um carro, mas s s vezes

(C) Tudo cinema

(D) Sobre a areia deita-se tambm

(E) O mormao apazigua a corTexto para questo 08

O imprio das lentes

Nas cerimnias de casamento, as retinas das testemunhas foram substitudas pela camcorder1 do sujeito de terno gasto que grava o enlace andando de um lado para o outro (o distinto padre pode dar licena, por favor?). Cnscia de sua relevncia mstica, a madrinha chora no exato instante em que os refletores lhe incandescem a maquiagem. Nas festas de escolas primrias, os alunos aprenderam a se apresentar para filmadoras e no mais para pais e mes. Sob o foco automtico, a criana j no enxerga o sorriso de orgulho ou de apreenso na face do pai; v apenas a handycam2 que mascara o seu rosto. Se a televiso a arena da histria contempornea, as cmaras de vdeo domsticas se tornaram o olhar autorizado da intimidade familiar (e de outras intimidades nem to familiares assim).

Nas frias, o estranho fenmeno se generaliza, escancarando em pblico o vazio em que existimos. O viajante j no aquele que contempla o desconhecido, que se reserva a chance do inesperado, que vive, enfim. Protegido por sua mscara eletrnica, que o poupa de estar exposto ao destino, ele apenas grava imagens, e normalmente muito rpido, como quem ainda tem uma longa lista a cumprir. O turista um apressado. Depois, claro, jamais ter tempo de rever o que filmou. Continuar com pressa. De bom grado, ele substituiu a prpria memria pela fita magntica, mas esta tambm logo se perder numa estante empoeirada, guardando imagens sem nexo. So as imagens do espetculo que no foi vivido, pois quem poderia viv-lo se ocupou em grav-lo (ou em posar para a gravao). Ali jaz a vida que poderia ter sido. Ali jaz o desejo que no se satisfez, pois entre ele e o turista havia um muro transparente, um vidro, uma cmara, essa engenhoca que reina soberana no espao exguo que separa o homem de si mesmo.

(BUCCI, Eugnio. Veja, 03/12/1996.)Vocabulrio

1camcorder - filmadora

2handycam - filmadora de mo

08) UERJ - 2001

Nas frias, o estranho fenmeno se generaliza, Demonstre de que modo a expresso sublinhada funciona como um mecanismo de coeso, ou ligao, entre as partes do texto.Texto para questo 09

I love my husband*

Eu amo meu marido. De manh noite. Mal acordo, ofereo-lhe caf. Ele suspira exausto da noite sempre maldormida e comea a barbear-se. Bato-lhe porta trs vezes, antes que o caf esfrie. Ele grunhe com raiva e eu vocifero com aflio. No quero meu esforo confundido com um lquido frio que ele tragar como me traga duas vezes por semana, especialmente no sbado.

Depois, arrumo-lhe o n da gravata e ele protesta por consertar-lhe unicamente a parte menor de sua vida. Rio para que ele saia mais tranqilo, capaz de enfrentar a vida l fora e trazer de volta para a sala de visita um po sempre quentinho e farto.

Ele diz que sou exigente, fico em casa lavando a loua, fazendo compras, e por cima reclamo da vida. Enquanto ele constri o seu mundo com pequenos tijolos, e ainda que alguns destes muros venham ao cho, os amigos o cumprimentam pelo esforo de criar olarias de barro, todas slidas e visveis.

A mim tambm me sadam por alimentar um homem que sonha com casas-grandes, senzalas e mocambos, e assim faz o pas progredir. E por isto que sou a sombra do homem que todos dizem eu amar. Deixo que o sol entre pela casa, para dourar os objetos comprados com esforo comum. Embora ele no me cumprimente pelos objetos fluorescentes. Ao contrrio, atravs da certeza do meu amor, proclama que no fao outra coisa seno consumir o dinheiro que ele arrecada no vero. Eu peo ento que compreenda minha nostalgia por uma terra antigamente trabalhada pela mulher, ele franze o rosto como se eu lhe estivesse propondo uma teoria que envergonha a famlia e a escritura definitiva do nosso apartamento.

O que mais quer, mulher, no lhe basta termos casado em comunho de bens? E dizendo que eu era parte do seu futuro, que s ele porm tinha o direito de construir, percebi que a generosidade do homem habilitava-me a ser apenas dona de um passado com regras ditadas no convvio comum.

*Eu amo meu marido

(PION, Nlida. I love my husband. In: MORICONI, talo (sel.). Os cem melhores contos brasileiros do sculo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.)09) UERJ - 2002

(A) O fragmento do texto I compreendido entre as linhas 35 e 52 representa a mulher por meio de uma imagem que retomada no texto II. O lar feliz e I love my husband se diferenciam, porm, em um aspecto fundamental: a relao que cada enunciador tem com a imagem da mulher representada.

Explique essa diferena.

(B) Na construo de um texto empregam-se diferentes elos coesivos. Alm das conjunes e das formas pronominais, utilizam-se outros elementos para marcar a associao progressiva e coerente das idias que compem um texto.

Transcreva, do 4 pargrafo do texto, os dois primeiros exemplos desses outros elos coesivos.GABARITOS

Questo 01 Resposta letra: A

Questo 02 Resposta letra: C

Questo 03 Resposta letra: B

Questo 04 Resposta letra: C

Questo 05 Resposta letra: B

Questo 06 Resposta letra: C

Questo 07 Resposta letra: C

Questo 08 Resposta:

A ironia empregada para desmascarar atitudes e poses produzidas exclusivamente para as cmeras.

Questo 09 Resposta:

(A) Em O lar feliz, o enunciador constri uma imagem da mulher ideal segundo um cdigo de conduta.

Em I love my husband, a mesma imagem construda no contexto de uma experincia particular que revela seu fracasso.

(B) Tambm e assim.

(1)

Que falta nesta cidade?...Verdade.

Que mais por sua desonra?...Honra.

Falta mais que se lhe ponha?...Vergonha.

(...)

Quem a ps neste socrcio?...Negcio.

Quem causa tal perdio?...Ambio.

E no meio desta loucura?...Usura.

(...)

E que justia a resguarda?...Bastarda.

grtis distribuda?...Vendida.

Que tem, que a todos assusta?...Injusta.

(...)

A Cmara no acode?...No pode.

Pois no tem todo o poder?...No quer.

que o Governo a convence?...No vence.

Gregrio de Matos

(2)

Revista Veja, Ano 40, n.33, 22 ago. 2007, p.86.

(3)

Em entrevista Revista Veja, um dos lderes do Cansei, movimento criado a partir do acidente com o airbus da TAM, inicialmente para protestar contra o caos areo e a corrupo, afirma que o movimento tem cinco propostas: o combate corrupo com punio aos corruptos e corruptores, reforma tributria, prioridade educao, melhoria da eficincia da gesto pblica e da segurana pblica.

Revista Veja, Ano 40, n.34, 29 ago. 2007, p.11.

(4)

Jornal O Globo, 02 set. 2007.

(5)

Criar sempre criar um futuro, isso no implica que uma criao seja sem passado.

Ren Passeron

TEMPO

ONTEM

AMANH

Momento da enunciao

HOJE

Proximidade

AQUI

Afastamento

L

Ele (1) parece ter a mais alta tecnologia. E tem mesmo. O novo Nokia 6255 (1) vem com funes avanadas, como Bluetooth (2), para transmisso de dados sem fio, sincronizao com PC (2) e cmera integrada com flash(2). Para completar, um teclado iluminado coloca tudo isso (2) ao alcance dos seus(3) dedos.

Ele (1) parece ter a mais alta tecnologia. E tem mesmo. O novo Nokia 6255 (1) vem com funes avanadas, como Bluetooth (2), para transmisso de dados sem fio, sincronizao com PC (2) e cmera integrada com flash(2). Para completar, um teclado iluminado coloca tudo isso (2) ao alcance dos seus(3) dedos.

Ele (1) parece ter a mais alta tecnologia. E tem mesmo. O novo Nokia 6255 (1) vem com funes avanadas, como Bluetooth (2), para transmisso de dados sem fio, sincronizao com PC (2) e cmera integrada com flash(2). Para completar, um teclado iluminado coloca tudo isso (2) ao alcance dos seus(3) dedos.

Encontrei Ivan Lessa na fila de lotao do bairro e estvamos conversando quando Ivan se espantou e me disse: olhe que coisa esquisita. Olhei para trs e vi, da esquina para a gente, um homem (1) vindo com seu tranqilo cachorro (2) puxado pela correia. S que no era cachorro. A atitude era toda de cachorro, e a do homem era a de um homem com o seu co (3). Este (4) que no era. () (5) Tinha focinho acompridado de quem pode beber em copo fundo, rabo longo e duro - () (6) poderia, claro, ser apenas uma variao individual da raa (7). [...] No se tratava de um pitoresco: era por coragem que () (8) andava em pblico com o seu (9) bicho (10). Ivan (11) sugeriu a hiptese de um outro animal (12) de que na hora ele (13) no se lembrou o nome.

Fragmento de Um amor conquistado de Clarisse Lispector

Ele (1) parece ter a mais alta tecnologia. E tem mesmo. O novo Nokia 6255 (1) vem com funes avanadas, como Bluetooth (2), para transmisso de dados sem fio, sincronizao com PC (2) e cmera integrada com flash(2). Para completar, um teclado iluminado coloca tudo isso (2) ao alcance dos seus(3) dedos.

Esta a terminologia usada por todas as bancas e pode-se encontrar em Koch, Coeso Textual, livro referido nas bibliografias.

Esta nomenclatura est sendo usada em TODOS os concursos. Koch e Marcuschi.