33
1 COMANDO DA ACADEMIA E ENSINO BOMBEIRO MILITAR THOMPSOM THAUZER RODRIGUES DE ARAÚJO FERRAMENTAS DE CORTE ADICIONAIS NO MERGULHO BOMBEIRO MILITAR DO 1º BBM. GOIÂNIA 2018

COMANDO DA ACADEMIA E ENSINO BOMBEIRO MILITAR … · 3 thompsom thauzer rodrigues de araÚjo ferramentas de corte adicionais no mergulho bombeiro militar do 1 º bbm. goiânia, 09

Embed Size (px)

Citation preview

1

COMANDO DA ACADEMIA E ENSINO BOMBEIRO MILITAR

THOMPSOM THAUZER RODRIGUES DE ARAÚJO

FERRAMENTAS DE CORTE ADICIONAIS NO MERGULHO BOMBEIRO MILITAR DO 1º BBM.

GOIÂNIA 2018

2

THOMPSOM THAUZER RODRIGUES DE ARAÚJO

FERRAMENTAS DE CORTE ADICIONAIS NO MERGULHO BOMBEIRO MILITAR DO 1º BBM.

Artigo Científico, apresentado ao Comando da Academia e Ensino Bombeiro Militar - CAEBM, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Formação de Oficiais e obtenção do título de Aspirante a Oficial, sob a orientação do Sr. Capitão QOC Bruno Dias Prudente.

GOIÂNIA

2018

3

THOMPSOM THAUZER RODRIGUES DE ARAÚJO

FERRAMENTAS DE CORTE ADICIONAIS NO MERGULHO BOMBEIRO MILITAR DO 1 º BBM.

Goiânia, 09 de janeiro de 2018.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Roberto Machado Borges - TC QOC

Oficial Presidente

________________________________________ José Rodolfo Vicente Ribeiro - 1º Ten QOC

Oficial Membro

_______________________________________ Sancler Ramos – 1º Ten QOC

Oficial Membro

4

FERRAMENTAS DE CORTE ADICIONAIS NO MERGULHO BOMBEIRO MILITAR DO 1º BBM

Thompsom Thauzer Rodrigues de Araújo 1

RESUMO

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás – CBMGO, objetiva ser referência nacional pela excelência na prestação de serviços de bombeiros até o ano de 2022 e, é a padronização das atividades de busca e de recuperação subaquáticas um dos passos significantes para alcançar o resultado almejado, bem como, para o reconhecimento da melhoria do mergulho como fundamental para a evolução institucional. Esta atividade requer cuidados específicos, sobretudo nas situações de enrosco (entre elas, nas redes de pesca). Esta pesquisa visa demonstrar as ferramentas de corte adicionais no mergulho bombeiro militar do 1º Batalhão Bombeiro Militar – 1º BBM do CBMGO (locus) em situação de enredamento. Para tanto, foram aplicados questionários e uma atividade prática de mergulho em situação de enredamento, onde as facas de Lâmina Reta, de tipo “Z”, de tipo Trilobite e a Tesoura Corta Cabos, foram testadas. Concluiu-se que: apesar da equipe náutica do 1º BBM conhecer o conceito de redundância de segurança, não utiliza 2ª opção de ferramenta de corte; foram identificados casos de enrosco vivenciados pelos mergulhadores; e a faca Trilobite apresentou melhores resultados e relação custo-benefício (economia de ar respirável, eficiência e maneabilidade). Por fim, propõe-se a padronização da faca Trilobite no canto superior direito do colete equilibrador. Palavras chave: Mergulho. Redundância. Segurança. Enredamento.

ABSTRACT The Military Fire Department of the State of Goiás – CBMGO aims to be a national reference for excellence in the provision of fire services until the year 2022 and it is the standardization of underwater search and recovery activities one of the significant steps to achieve the desired result, as well as for the recognition of the improvement of diving as fundamental to institutional evolution. This activity requires specific care, especially in tangling situations (including fishing nets). This research aims to demonstrate the additional cutting tools in the military firefighter dive of the CBMGO's 1st Military Firefighter Battalion – 1º BBM (locus) in entanglement situation. Therefore, questionnaires and a practical dive activity in entanglement situation were applied, where the Straight Blade, the “Z” type, the Trilobite type knives and Cable Cut Scissors were tested. It was concluded that: although the nautical team of the 1st BBM knows the concept of safety redundancy, it does not use 2nd option of cutting tool; cases of tangling experienced by divers were identified; and the trilobite knife presented betters results and cost benefit (breathable air savings, efficiency and maneuverability). Finally, it is proposed to standardize the trilobite knife in the upper right corner of the buoyancy control device.

Keywords: Diving. Redundancy. Safety. Entanglement.

1 Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal do Piauí – UFPI e Bacharel em Direito pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI.

5

INTRODUÇÃO

Incumbe aos Corpos de Bombeiros Militares, a execução de atividades de defesa civil,

competindo aos respectivos governos estaduais o delineamento e a descrição das atividades a

serem desenvolvidas por estas instituições (BRASIL, 1988), sendo atribuições destes órgãos

da segurança pública as “ações de busca e salvamento de pessoas e bens”, entrando neste rol

as atividades subaquáticas (GOIÁS, 1989; 1991).

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO), objetiva ser referência

nacional pela excelência na prestação de serviços de bombeiros até o ano de 2022 (GOIÁS,

2012), e é a padronização das atividades de busca e de recuperação subaquáticas [através da

edição da Norma Operacional n. 02 – Das Atividades de Mergulho de Resgate (NO-02), e do

Manual Operacional de Bombeiro n. 01 – Mergulho Autônomo], um dos passos significantes

para o alcance do resultado almejado, e, também, para o reconhecimento da melhoria desta

prática profissional como fundamental para a evolução institucional (DINIZ JÚNIOR, 2016).

As atividades de mergulho envolvem alto risco e a aquisição de equipamentos

avançados é uma forma de diminuição dos perigos desta prática, visando maior segurança

para os mergulhadores e para os supervisores envolvidos nestas operações (SANTOS, 2014),

bem como, diminui o desgaste do bombeiro militar mergulhador (AQUINO, 2013 apud

MORAES, 2016), que trabalha em grau máximo de insalubridade, suportando pressões

maiores que a atmosférica e exigindo cuidados específicos (BRASIL, 1978).

Diante dos perigos existentes, a segurança é importante fator nas operações de

mergulho (bem como em qualquer outra atividade profissional), devendo ser, o controle geral

e o gerenciamento de todos os procedimentos em seus vários aspectos, abordados amplamente

(FREITAS, 2004 apud PRUDENTE, 2016), contemplando, para sua eficácia, o uso de

equipamentos com proteção a riscos (MONTEIRO, LIMA & SOUZA, 2005).

Os trabalhos submersos podem ser mais seguros quando houver por parte do

mergulhador “uma cultura fortalecida com conhecimento adequado e aplicação de

procedimentos seguros, visando o bom cumprimento das missões” (FREITAS, 2004 apud

PRUDENTE, 2016), não se restringindo apenas às operações cotidianas, aos cuidados com os

equipamentos, às técnicas que permitem o trabalho nos níveis aceitáveis e à revisão de plano

de ação responsável (PRUDENTE, 2016). Assim, um gerenciamento eficaz é fundamental

para a compreensão e o entendimento dos problemas apresentados (FREITAS, 2004).

O conhecimento evita complicações futuras e situações desagradáveis, assim, agir com

segurança é prevenir eventos adversos colocando em prática os conhecimentos adquiridos

6

(PEREGRINO, 2007 apud PRUDENTE, 2016). E mesmo com tantos cuidados, já foram

registradas várias mortes de bombeiros mergulhadores nos últimos anos, pois esta prática

profissional contém diversos aspectos invisíveis que lhes afetam quanto ao estresse, ao pânico

ou a acidentes, havendo a necessidade de agregação de itens de backup na configuração dos

equipamentos utilizados no mergulho de segurança pública (MAGRINI & TIBOLA, 2016).

É preciso avaliar e tratar com atenção e cuidado os perigos potenciais específicos do

local de mergulho, bem como, a facilidade de enrosco; a falta de visibilidade e correnteza; a

desorientação; os riscos de ferimentos em objetos contundentes, cortantes e perfurantes

provenientes da poluição; a possibilidade de contaminação; o esgotamento do suprimento de

gás e; o afogamento (ESPÍRITO SANTO, 2016).

A necessidade de se colocar em prática a redundância de segurança ao suporte de vida

dos mergulhadores de segurança pública surge, portanto, como premissa imperativa,

principalmente no tocante à ligação e apoio com a superfície, a comunicação, as ferramentas

de corte e o suprimento de gás, permitindo respostas viáveis e disponíveis a eventuais

imbróglios no sistema principal (MENDES, 2016 apud PRUDENTE, 2016).

Para que exista “melhor desempenho do profissional é de suma importância que a

Instituição busque que o militar possa desenvolver suas tarefas a partir das melhores

condições possíveis de trabalho” e “o emprego da redundância nos principais sistemas de

suporte de vida” dos mergulhadores de segurança pública “promove um significante e

contundente benefício no gerenciamento dos aspectos, cenários e riscos dos militares após

imersão em meio líquido” (PRUDENTE, 2016).

Prudente (2016) destacou que no âmbito do 5º Comando Regional Bombeiro Militar

(5º CRBM), quase 90% dos mergulhadores não utilizavam redundância às ferramentas de

corte, reforçando a necessidade de conhecimento maior sobre o assunto, bem como, sua

utilização. Dentre os pesquisados, “100% depararam com algum tipo de risco adicional

(estressor) durante os trabalhos submersos em mergulho de resgate”, enfrentando várias

adversidades quando em serviço, e estando, dentre os riscos citados, o enrosco (apresentado

por 82% dos questionados).

Enrosco é “a ação ou efeito de enroscar”; “qualquer coisa que se prende à linha ou ao

anzol”; é um “problema ou obstáculo a ser resolvido” (MICHAELIS, 2017). Já enredamento,

é o substantivo masculino de enredar, que significa prender-se na rede, enlear-se, envolver-se,

complicar-se, enrascar-se (LUFT, 2001). Adota-se, neste artigo, o termo enredamento, por

este direcionar ao tipo de enrosco por rede de pesca, de modo a especificar o objetivo para um

dos obstáculos encontrados nas atividades de mergulho de segurança pública (m.s.p.).

7

Assim, o presente trabalho objetiva demonstrar as ferramentas de corte adicionais no

mergulho bombeiro militar do 1º BBM do CBMGO em situação de enredamento. Para tanto,

se fez necessário: compreender a atividade de m.s.p. no CBMGO e no 1º BBM; em seguida

conhecer os recursos (humanos e materiais) de mergulho disponíveis; apreender o

conhecimento das equipes de m.s.p. sobre redundância de segurança; descrever a existência

de situações adversas nos m.s.p. da equipe náutica; para, por fim, analisar a utilização das

ferramentas de corte adicionais nos m.s.p. daquele batalhão em situação de enredamento.

2. MERGULHO DE SEGURANÇA PÚBLICA (M.S.P.) NO CBMGO

As diversas habilidades criadas, aprendidas e replicadas ao longo da existência do

Homem (MELLO, 2009), aliadas à sua capacidade de raciocínio diferencial, possibilitou o

desenvolvimento de diversas formas de correlação com a natureza, superando limites e dando

novas alternativas de ação e reação, sobretudo em atividades subaquáticas, e, especificamente,

no mergulho de resgate (COUSTEAU, 1979).

No campo da psiqué, o fascínio natural pelo elemento água, está intrinsecamente

ligado a características da existência humana na Terra (OLIVEIRA, 2007). Contudo, não

existe precisão sobre o momento exato em que o homem percebeu poder prender a respiração

e realizar mergulhos (MORAES, 2016). Vale dizer, que o histórico das atividades de

mergulho é abordado no Manual de Mergulho Autônomo do CBMGO (GOIÁS, 2007), mas,

cabe destacar alguns acontecimentos relevantes.

Estima-se que, como atividade profissional, o mergulho tenha iniciado há mais de

5.000 anos, instante em que o homem primitivo, “mergulhando em águas relativamente rasas

(menos de 30 metros) buscava coletar uma variedade de materiais de valor comercial como

alimento, pérolas, corais e esponjas” (CARLI, 2007, apud MORAES, 2016).

É no Renascimento, após longo período sem registros de atividades de mergulho, o

surgimento de “invenções como as de Leonardo da Vinci e Léon Batista Alberti”, que

possibilitaram a recuperação de embarcações naufragadas. Foi o “sino de mergulho” um dos

primeiros equipamentos para a exploração subaquática, tendo sua utilização relatada por

Aristóteles em meados do século 4 A.C., e sendo recriado, manuseado e modernizado por

Guglielmo de Lorena em 1535. E em 1837, a invenção por August Siebe do “escafandro

fechado” deu um novo “fôlego para a exploração subaquática” (MORAES, 2016).

É com o capitão Jacques Yves Cousteau (oficial da marinha francesa) e Emile Gagnan

(engenheiro mecânico canadense da companhia parisiense de gás – Air Liquide), o início do

8

mergulho de circuito aberto, apresentando o Aqualung (pulmão aquático), que utilizava

cilindros de ar comprimido, equipados com uma válvula reguladora de demanda, suprindo o

ar necessário ao mergulhador e permitindo liberdade sob as águas (MORAES, 2016).

Atualmente, os manuais internacionais (por exemplo: ERDI, 2012; IANTD, 2016) e

institucionais (por exemplo: CBMGO, 2007; CBMES, 2015), descrevem o equipamento de

mergulho como a mistura de equipamentos comerciais e de mergulho técnico (IANTD, 2016),

com uma grande variedade de itens, quais sejam: coletes equilibradores (CE), cilindros de ar,

nadadeiras, máscara, respirador (snorkel), roupa de exposição, sistema de reguladores de

pressão, cinto com lastro, faca, lanternas, cabos, apito e etc.

Levando em consideração a necessidade de treinamento com equipamentos

especializados, as restrições orçamentais, os fatores ambientais e outras variáveis (ERDI,

2012), as diferentes corporações e certificadoras padronizam a configuração do aparato de

mergulho (ERDI, 2012; IANTD, 2016).

Na NO-02 (GOIÁS, 2010), os equipamentos individuais de uso obrigatório dos

mergulhadores são: roupa apropriada para cada tipo de mergulho; máscara de mergulho e

nadadeira, apropriados para cada tipo de mergulho; relógio, quando em mergulho autônomo;

faca; lanterna, para mergulhos noturnos ou locais escuros; luvas de proteção, quando possível

a utilização; tabelas de descompressão impermeabilizadas; e colete inflável e equilibrador

para mergulho, console de mergulho com profundímetro e manômetro, tubo respirador,

máscara, nadadeiras e lastro adequado.

O Manual de Mergulho do CBMGO (GOIÁS, 2007), aborda todo o equipamento

autônomo: os circuitos (fechado, semifechado e aberto); o cilindro de ar comprimido; a

válvula reguladora (1º e 2º estágios); os medidores de informações; o colete equilibrador

(CE); o suporte anatômico; acessórios; a luva de mergulho; o capuz de neoprene; a bota/meia

de mergulho; a lanterna de mergulho; a sacola molhada ou de coleta; e a prancheta.

Lemos (2013) ressalta a importância de novas tecnologias no mergulho autônomo do

CBMGO, sugerindo uma “política voltada ao avanço tecnológico” desta atividade

desenvolvida pelos bombeiros militares.

2.1. M.S.P. ou Mergulho de Resgate

Os termos “mergulho de resgate” e “mergulho de segurança pública” são encontrados

nas diferentes normas operacionais, manuais e certificadoras de mergulho (ERDI, 2012;

IANTD, 2016; GOIÁS, 2007, 2010; e outras).

9

Para o Emergency Response Diving International – ERDI (2012) o termo “mergulho

de resposta de emergência”, tem “duas classificações distintas e separadas: mergulho de

resgate e mergulho de recuperação”. O primeiro, considerado isento de muitas normas

reconhecidas, está relacionado à “hora de ouro” (instante em que existe chance potencial de

um indivíduo ser revivido), perdurando até uma hora para a execução de ações necessárias

para preservação e proteção da vida. Após a esta hora, o mergulho passa a ser considerado “de

recuperação”, respondendo os mergulhadores a “exigentes padrões estabelecidos”.

Contudo, o ERDI (2012) apresenta também o termo “mergulho de segurança pública”

(m.s.p.), destacando a existência, nos Corpos de Bombeiros Militares do país, de vários

cursos, realizando um serviço regulamentado e padronizado com legislação própria e a

utilização de equipamentos específicos e atuais. Mas, “ainda existem CBM no Brasil que não

possuem seus cursos de mergulho”, mesmo ofertando este serviço, “realizando a prática de

forma precária e insalubre”, onde o mergulhador busca cadáveres e todos os serviços sem o

uso de uma roupa de neoprene ou equipamentos de proteção individual (EPI) com o ambiente

contaminado.

Para o ERDI (2012), uma equipe de m.s.p. provê mergulhadores de segurança para

eventos especiais; ajuda com a localização e recuperação de: vítimas de afogamento;

evidências de casos criminais e; veículos abandonados. E grande parte destas equipes realiza

uma variação de quatro funções básicas de trabalho: recuperações de restos humanos, de

veículos, de provas e de documentações.

Para a International Association of Nitrox and Technical Divers - IANTD (2016),

m.s.p. é “a utilização metodológica de padrões de busca, preservação de evidências e

procedimentos de recuperação”, usados para localizar objetos submersos (armas e drogas), ou

outros objetos que se cogita existir em uma determinada área (corpos, carro, barco ou avião).

Para a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático - SOBRASA (2016), m.s.p. é “o

mergulho em resposta a acidentes ou crimes, incluindo a busca e recuperação subaquática de

bens, evidências ou vítimas relativas a tais situações”, possibilitando, “mediante pagamento

de taxa, a busca e/ou retirada de objetos particulares submersos ou em locais de difícil

acesso”. Para ela, o mergulhador de segurança pública é o “militar qualificado e legalmente

habilitado em conformidade com esta norma para utilização de equipamentos de mergulho

autônomo no atendimento a ocorrências” de m.s.p.

Mendes (2016) considera m.s.p., a “busca e recuperação subaquática de evidências ou

vítimas” em resposta a acidentes ou crimes, sendo possível, “mediante pagamento de taxa, a

busca e/ou retirada de objetos particulares submersos ou em locais de difícil acesso”.

10

Neste sentido, adota-se, neste trabalho, o termo “mergulho de segurança pública”, por

considerá-lo mais objetivo às finalidades das atividades executadas pelos mergulhadores

bombeiro militar no país, e, em especial, no CBMGO, bem como, no tocante às questões

abordadas no presente estudo. Ressalta-se ainda, que o termo “mergulho bombeiro militar”

(SANTANA, 2015), adotado no título do presente estudo, refere-se à atividade realizada “com

a presença de condições perigosas e/ou especiais”, coadunando com o papel dos Corpos de

Bombeiros Militares e, também, com a função destes órgãos na segurança pública.

2.2. Atividade de Mergulho Bombeiro Militar no CBMGO

No âmbito do CBMGO, é com a edição da N0-02 (GOIÁS, 2010), e do Manual de

Mergulho Autônomo (GOIÁS, 2007), que se inicia de forma regulamentar as práticas e

procedimentos na instituição. Porém, é desconhecida a data exata do início das atividades de

busca e resgate subaquático nesta corporação militar, sendo estimada entre o final da década

de 60 e início da década de 70 (DINIZ JÚNIOR, 2016).

O Manual de Mergulho do CBMGO (GOIÁS, 2007), traz o histórico das atividades

subaquáticas no âmbito da corporação, demonstrando o avanço das práticas desde a utilização

do escafandro até o uso dos sistemas atuais, “atendendo às expectativas e necessidades do

povo goiano” (GOIÁS, 2007), capacitando seus bombeiros, buscando aplicar técnicas

atualizadas e também utilizar equipamentos modernos (GOIÁS, 2015).

Segundo a NO-02 (GOIÁS, 2010), a realização dos serviços náuticos é exclusiva do

CBMGO, onde também, se regulamenta e se padroniza a formação, a qualificação e os

procedimentos desta atividade que é feita por especialistas chamados de mergulhadores de

resgate (considerado sinônimo de m.s.p.). As guarnições de mergulho são de três tipos:

ampliada (“um comandante, dois mergulhadores auxiliares de superfície e uma dupla de

mergulhadores”); padrão (“um comandante, um mergulhador auxiliar de superfície e uma

dupla de mergulhadores”); e reduzida (“um comandante e uma dupla de mergulhadores”).

Atualmente, o CBMGO conta com 150 mergulhadores na ativa (GOIÁS, 2017),

servindo em Unidades Operacionais distribuídas estrategicamente em: Anápolis, Aruanã,

Caldas Novas, Catalão, Goiânia, Pirenópolis, Rio Verde, dentre outras (GOIÁS, 2015).

No ano de 2016 as equipes náuticas do CBMGO atenderam 229 ocorrências de busca

e salvamento de bens (95) e de corpos (93) e de resgate (41) em afogamentos. De janeiro a

outubro de 2017, o CBMGO atendeu 192 ocorrências de busca e salvamento de bens (59) e de

corpos (81) e de resgate (52) em afogamentos (GOIÁS, 2017).

11

O CBMGO, atualmente, dispõe de 5 Comandos Regionais, 16 Batalhões, 24

Companhias Independentes, 8 Pelotões e vários outros órgãos de gestão e comando (GOIÁS,

2016). O 1º BBM, situado na Região Central, contém, no momento, 20 bombeiros militares

mergulhadores (destes, 17 estão na ativa), sendo o batalhão com maior número destes

especialistas (GOIÁS, 2017). Os mergulhadores deste batalhão possuem equipamentos

modernos individuais de mergulho (GOIÁS, 2015).

Em 2016 o 1º BBM registrou 8 ocorrências voltadas para a equipe náutica. Já em

2017, o citado batalhão mais que quadriplicou o número de ocorrências do ano anterior,

totalizando até outubro deste ano 34 atendimentos náuticos, dentre estes, 18 de busca e

salvamento de corpos em meio líquido (GOIÁS, 2017).

2.3. Redundância de Segurança ao Suporte de Vida no Mergulho

É através da simplicidade e do minimalismo na utilização de equipamentos, que se

permite “um arranjo e disposição de fácil manutenção dos equipamentos e acessórios”,

garantindo “a redundância necessária na prevenção de possíveis falhas nos equipamentos e

suas operações” (GONÇALVES, 2015 apud MAGRINI & TIBOLA, 2016).

A IANTD (2016) traz o termo “redundância”, e, apesar de extremamente importante, o

tema da redundância de segurança ao suporte de vida dos mergulhadores de segurança pública

é novo, tendo seus primeiros estudos vinculados às instituições formadoras de mergulhadores.

No âmbito do CBMGO, o estudo de Prudente (2016) direciona o olhar aos níveis de

conhecimento dos mergulhadores acerca do assunto, principalmente no que tange aos quatro

sistemas de segurança no mergulho: a ligação e o apoio com a superfície; a comunicação; o

suprimento de gás; e as ferramentas de corte.

O sistema de segurança por meio das ferramentas de corte relaciona-se à utilização de

facas de mergulho e/ou corta cabos com várias finalidades, formando o sistema de acessórios

do mergulhador de segurança pública de uso obrigatório na sua configuração. Existem vários

modelos que almejam “auxiliar o mergulhador em trabalhos diversos e possíveis enroscos,

servindo para o corte de cabos, redes, etc.”. Possuem “empunhaduras emborrachadas ou

plásticas, acompanham bainha confeccionada em plástico resistente ou tecido do tipo cordura

para acondicionamento, além de tirantes de silicone ou passadores para fixação na perna ou

CE” e “seu uso está padronizado na quantidade de duas ferramentas de corte para cada

mergulhador” (ESPÍRITO SANTO, 2015, grifo nosso).

12

Mendes (2016) aponta que “para uma eventual retenção no fundo causada por cordas

ou cabos temos as ferramentas de corte adequadas”. De modo geral, elas são para cavar,

cortar, alavancar, bater, medir e etc. (GOIÁS, 2007) e o corte será feito no sentido de

afastamento do corpo (ESPÍRITO SANTO, 2015).

As facas de mergulho possuem aparência simples, mas não menos importantes, pois

em perigo de enrosco, por exemplo, podem facilmente livrar o mergulhador. Os fabricantes

investiram no desenvolvimento da qualidade e durabilidade visando sua utilização em

diversas circunstâncias. Elas devem ter formato e tamanho adequados à atividade a ser

realizada e possuem vários modelos de lâminas, diferenciando na espessura e no tipo de fio.

Algumas possuem dois formatos de fio na mesma lâmina – um para cortes mais finos e o

outro para corte de objetos de maior rigidez – (GOIÁS, 2007).

O ERDI (2012, grifo nosso) propõe “um mínimo de três ferramentas de mergulho ou

dispositivos de corte em todos os momentos de mergulho”, utilizando, por exemplo: “facas

tradicionais; cortadores de linha com aço inoxidável ou lâminas de cerâmica; ou tesouras”.

Esta quantidade surge da situação de enredamento, onde “um ou ambos os braços” do

mergulhador possam ser imobilizados, e o “posicionamento de um dispositivo de corte na

parte superior do corpo, da cintura e na perna ou na coxa interna” garantirá que ele possa

chegar a no mínimo “um desses três dispositivos, a fim de tentar se libertar” (ERDI, 2012).

Entretanto, a IANTD (2016) sugere evitar lugares como as pernas para fixação do dispositivo

de corte, devendo estar “em local acessível e não criar um risco de enrosco ou dificuldade de

acesso em situações de emergência”.

As facas de lâmina reta (Imagens 1 e 2), são as mais utilizadas, custam em média R$

150,00 (Cento e Cinquenta Reais), têm comprimento e largura variados, pesam em média 300

gramas e algumas apresentam lâminas diferentes nos lados (MERCADO LIVRE, 2017).

Imagens 1 e 2 – Facas de Lâmina Reta

Fonte: GOIÁS, 2007 As facas tipo “Z” (Imagem 3) custam aproximadamente de R$ 60,00 (Sessenta Reais),

medem 20cm e pesam aproximadamente 200 gramas (MERCADO LIVRE, 2017).

13

Imagem 3 – Faca Tipo “Z” – AC-75

Fonte: NARWHAL, 2017 Imagem 4 – Tesoura Corta Cabos FUN DIVE

Fonte: Do Autor

As Tesouras Corta Cabos (Imagem 4), utilizadas em mergulhos (IANTD, 2016), vêm

com ou sem ponta, possuem capa com velcro, custam em média R$ 70,00 (Setenta Reais) e

realizam o corte de linhas, cordas, redes e cabos de aço finos (MERCADO LIVRE, 2017).

A faca tipo “T” ou Trilobite (Imagem 5), de menor tamanho, corta cintos, fios e cabos

de até 13 milímetros, custa em média R$ 170,00 (Cento e Setenta Reais), permite a troca das

lâminas e pesa aproximadamente 47 gramas (MERCADO LIVRE, 2017).

Imagem 5 – Faca EEZYCUT Trilobite

Fonte: Do Autor

3. RISCOS e ADVERSIDADES NOS M.S.P.

O tempo, vital aos mergulhadores, é determinante na configuração dos equipamentos

de segurança e das equipes de atuação nos mergulhos, sendo necessário considerar sua

economia na agilidade das operações (IANTD, 2016). Com este enfoque, Mendes (2016),

destaca o treinamento como decisivo para a redução dos riscos e adversidades nos m.s.p.,

sobretudo em virtude do escasso tempo disponível nos vários níveis de dificuldade

encontrados, sendo o fator cronológico, um dos mais importantes recursos do m.s.p.

14

No CBMGO não há dados estatísticos quanto ao número de acidentes e perdas de

mergulhadores durante as operações de m.s.p. (GOIÁS, 2017). Todavia, a IANTD (2016)

aponta que “aproximadamente 3 a 4 mergulhadores de segurança pública são perdidos a cada

ano”, podendo esses números ser duplicados, caso se contabilizasse os afogamentos de

equipes de resgate de superfície.

3.1. Enrosco e Enredamento

Vários fatores são determinantes na crescente destes índices e dentre eles, está o

enrosco (ESPÍRITO SANTO, 2015; PRUDENTE, 2016; MENDES, 2016; ERDI, 2012; e

IANTD, 2016), onde se especificam as redes de pesca (ou enredamento).

Mendes (2016) destaca que uma das formas de minimizar os fatores de risco em

situação de enrosco é “sempre mergulhar com o mínimo de duas ferramentas de corte (uma

corta cabos e uma tradicional)”. Este mesmo autor aponta que até os cabos levados pelos

mergulhadores nas operações de m.s.p. podem emaranhar o mergulhador e seus

equipamentos, assim, recomenda que sejam utilizados “preferencialmente, cabos de 04 a

06mm de espessura”, em acondicionamentos e metragens específicas (MENDES, 2016).

A IANTD (2016) considera os enroscos, perigos potenciais para os m.s.p., inclusive

como fator ambiental na influência da psique do mergulhador, considerando “cabos da vida,

cordas, linhas de pesca abandonadas, redes, entulhos, cercas e outros objetos encontrados no

fundo” possíveis causadores de problemas de enrosco para o mergulhador. E recomenda que o

profissional “seja especialmente cuidadoso com linhas de pesca de monofilamento

transparente”, movendo-se “devagar e com cuidado sobre o fundo ou em torno de objetos que

se projetam para fora deste”. Aconselha sempre se “levar dois instrumentos de corte afiados,

sendo pelo menos um com uma borda serrilhada”.

Possibilidades de emaranhamento podem “variar de vegetação submersa a linha de

pesca e redes” (ERDI, 2012). A segurança local deve atentar para “os pontos de enroscos e

perigos subaquáticos”, dentre eles as redes e linhas de pesca (IANTD, 2016). O Manual de

Mergulho do CBMGO (GOIÁS, 2007), recomenda ao mergulhador a utilização de faca e luva

resistentes, pois “é muito comum ter que se apoiar em rochas e galhadas mantendo-se firme,

enquanto observa o ambiente ou se desprende de armadilhas, como exemplo, anzóis e redes”.

A Imagem 6 demonstra a situação de enredamento de mergulhadores em condição de

boa visibilidade.

15

Imagem 6 – Mergulhadores Enredados

Fonte: IANTD, 2016.

4. METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa: descritiva (quanto aos objetivos); quanti-qualitativa (quanto aos

procedimentos); que utiliza o método dedutivo, que segundo René Descartes, consiste em um

raciocínio que parte de uma premissa geral para o particular (GERHARDT & SILVEIRA,

2009); que utiliza a observação direta (LAKATOS & MARCONI, 1992) por relatório; e que

se expressa na forma de artigo científico. O objeto deste trabalho foi a equipe náutica ativa do

1º BBM, sendo este batalhão o locus da investigação.

A coleta de dados se desenvolveu em duas etapas. Na primeira, os membros do efetivo

náutico do 1º BBM responderam, de livre e de espontânea vontade, a um Questionário

Estruturado (Apêndice A) acerca da temática deste projeto, disponibilizado pelo entrevistador

pelo aplicativo “Whatsapp” em grupo de trabalho virtual da equipe náutica daquele batalhão.

Na segunda etapa, por questões de segurança, foi selecionado aleatoriamente 1 (um)

mergulhador do efetivo náutico do 1º BBM para a prática de desvencilhamento de

enredamento, onde, após assinar Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE

(Apêndice B), foi submetido, vendado (sem visibilidade) e sem o auxílio do “canga” (mas

conectado à superfície pela “linha da vida”), à situação de aprisionamento em rede de pesca

quando submerso a 3 (três) metros de profundidade, ocasião em que (com a posição dos

instrumentos padronizada – Apêndice D: Figura 3) pôde utilizar: em primeiro momento,

apenas a ferramenta de corte do próprio mergulhador para a soltura da rede (no caso, uma

Faca de Lâmina Reta); em segundo momento, a faca tipo “Z”; em terceiro momento, a tesoura

de corte; e, em quarto momento, a faca tipo trilobite. No intervalo das práticas foi dado

intervalo de 5 (cinco) minutos para a recuperação da frequência cardíaca normal. Esta etapa

foi acompanhada por equipe de segurança equipada, submersa (1 mergulhador de segurança),

16

na superfície (1 mergulhador auxiliar de superfície) e uma UR. Os acontecimentos foram

escritos em relatório de observação e em todos os mergulhos foram registradas: a frequência

cardíaca do mergulhador antes da descida e no instante do retorno à superfície; o tempo de

desvencilhamento; e o consumo de ar respirável. Em seguida, o mergulhador respondeu a um

Questionário Semi-Estruturado (Apêndice C) acerca da prática realizada.

Os materiais utilizados foram: 3 (três) conjuntos de mergulho completos (coletes

equilibradores, cilindros com 200 Bar, nadadeiras, máscara, roupa de neoprene, sistemas de

reguladores de pressão, cinto com lastro e faca individual); 1 (um) medidor de batimentos

cardíacos; 4 (quatro) redes de pesca; 1 (uma) faca tipo “Z”; 1 (uma) tesoura corta cabos; 1

(uma) faca tipo trilobite; fita isolante; prancheta; e 1 (um) cronômetro.

O Questionário Estruturado – Q.E. (Apêndice A), contendo 7 (sete) questões, visou

averiguar o conhecimento dos entrevistados acerca das principais regras de segurança

descritas nos manuais técnicos de operações de mergulho dos Corpos de Bombeiros Militares,

normas da Marinha Brasileira, escolas e operadoras de mergulho autônomo. Para tanto, este

questionário focou especificamente no conhecimento da equipe náutica do 1º BBM acerca: do

conceito de redundância de segurança; das ferramentas de corte; dos riscos adicionais ou

estressores enfrentados; das adversidades vividas nas situações de enrosco e enredamento; da

frequência de atendimentos com equipe inferior a 03 (três) especialistas; da confiabilidade dos

mesmos na atual configuração dos equipamentos de mergulho; e da necessidade de melhoria

da configuração quanto à utilização de 2º opção de ferramenta de corte.

O Questionário Semi-Estruturado – Q.S.E. (Apêndice C), contendo os registros dos

sinais vitais e 7 (sete) questões, visou: apresentar os dados do mergulhador (idade, sexo e ano

do CMAUT); registrar o tempo empregado na prática de desvencilhamento com e sem as

facas reservas e a tesoura de corte; a frequência cardíaca do mergulhador nos quatro testes

antes e depois da submersão; o consumo de ar respirável em cada teste; e a percepção do

mergulhador acerca da utilização dos quatro tipos de ferramentas de corte, como segunda

opção de segurança, quanto ao estresse, maneabilidade, eficácia e aplicabilidade, apontando

os pontos positivos e negativos de cada ferramenta.

Os resultados foram tabulados em planilha do programa Microsoft Office Excel 2007,

levantando os aspectos, cenários e riscos, com a aplicação do método semi-quantitativo da

“Matriz de Gestão de Riscos” adaptada às atividades de m.s.p., permitindo a elaboração do

diagnóstico das condições de segurança dos mergulhadores no âmbito do 1º BBM, e

observações para a melhoria da gestão de risco dos militares após a imersão em meio líquido.

17

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1. Questionário Estruturado – Q.E. (Apêndice A)

Durante o mês de novembro de 2017, foi aplicado o Q.E. para os mergulhadores do 1º

BBM que possuem Curso de Especialização em Mergulho Autônomo de Segurança Pública

(CMAUT), acerca da temática do presente estudo. A equipe náutica desse batalhão é

composta por 20 mergulhadores, e destes, 17 estão na ativa. Todos os 20 responderam ao

questionário, abrangendo 100% dos mergulhadores desta unidade militar.

Previamente, procurou-se conhecer o perfil etário, de gênero e de formação dos

mergulhadores do 1º BBM. Os resultados (gráficos 1 e 2), apontaram que os membros

daquela equipe são do sexo masculino, com idade entre 31 e 46 anos (média de 37 anos), com

anos de realização do CMAUT com registros entre 1996 a 2016 e maior quantidade nos

últimos 10 anos (2007 a 2016), o que demonstra uma guarnição com formação recente.

Gráficos 1 e 2 – Faixa Etária e Ano do CMAUT dos Mergulhadores do 1º BBM

Fonte: Do Autor

O gráfico 3 expressa que 60% afirmam conhecer o termo redundância de segurança (2ª

opção ou backup de segurança) nos m.s.p.

Gráfico 3 – Conhecimento do Termo Redundância de Segurança

Fonte: Do Autor

0%

10%

20%

30%

31 34 35 36 37 38 39 41 42 43 45 46

FAIXA ETÁRIA

0%5%

10%15%20%

ANO DO CMAUT

60%20%

20%

1. Você sabe o que significa redundância de segurança (2ª opção ou backup de segurança) nos mergulhos de segurança pública?

Sim

Não

Tenho alguma noção ou já ouvi falar

18

O gráfico 4 expõe que 40% dos mergulhadores não utilizam 2º opção de ferramenta de

corte e 40% utilizam uma segunda faca de lâmina reta, ou seja, um instrumento com mesmo

tipo de corte. Mostra também que, ainda que 60% dos mergulhadores conheçam a

redundância de segurança, apenas 30% utiliza 2ª opção com outro tipo de lâmina.

Gráfico 4 – Utilização de Ferramentas de Corte Redundantes

Fonte: Do Autor

Os dados no gráfico 5 exprimem a realidade da prática de mergulho bombeiro militar,

em que 90% dos profissionais já vivenciou alguma situação de enrosco, e destes, 70%

estiveram enredados. Números expressivos que alertam para a necessidade de ferramentas de

corte adequadas para o desvencilhamento dos mergulhadores.

Gráfico 5 – Riscos Adicionais ou Estressores nos M.S.P.

Fonte: Do Autor

No gráfico 6, o aumento do consumo de ar, aliado ao estresse e ao cansaço, se

destacam, visto que em situações de enrosco, o mergulhador fica exposto a perigos típicos do

mergulho bombeiro militar. Percebe-se, também, que o preparo dos militares do 1º BBM,

treinados pela instituição para lidar nas águas do Estado de Goiás, possibilitou poucos relatos

84

11

8

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Não usoOutros

Tesoura de corteCorta cabos

Segunda faca de lâmina reta

2. Qual redundância (2ª opção) utilizada quanto aos instrumentos de corte nos mergulhos de segurança pública?

1413

1814

18

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Outro tipo de enroscoCabos submersos

Espinhéis ou linhas de pescaRede de pesca ou tarrafa

Galhada ou vegetação subaquática

3. Já se deparou com algum(ns) destes riscos adicionais ou estressores durante trabalhos submersos em mergulho bombeiro militar?

19

de mal estar ou enjoo, de engolir água e de danificar o equipamento. Ainda assim, 30%

perderam a orientação e 20% se feriram durante o enrosco.

Gráfico 6 – Adversidades Encontradas

Fonte: Do Autor

O destaque (no gráfico 6), para a não utilização da ferramenta de corte por apenas

15% dos questionados, demonstra que os mergulhadores, nestes casos, utilizam os recursos

que possuem. Porém, 40% destacaram necessitar do “canga” para realizar o

desvencilhamento. Percebe-se, que 20% reconheceram a não eficácia de suas facas. Ressalta-

se que, a partir dos dados do gráfico 4, compreende-se as razões dos índices deste outro

gráfico 6, pois a utilização de ferramenta adequada facilitaria o desenrosco.

No gráfico 7, 75% reconhecem ser regular a prática da atividade de m.s.p. com equipe

composta por número de especialistas abaixo da configuração reduzida (que é de um

comandante e uma dupla de mergulhadores). Assim, os mergulhadores são expostos a riscos e

a estresse aumentado na ausência de suporte especializado à disposição na superfície.

4

3

6

3

1

2

4

15

9

13

8

4

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Outros

Não consegui utilizar a ferramenta de corte

Perdi a orientação

Danifiquei algum equipamento

Senti mal estar ou enjoo

Engoli água

Cortei-me, me feri ou me machuquei

Aumentei o consumo de ar

Senti cansaço

Senti estresse

Não consegui me desvencilhar sem auxílio do companheiro de mergulho (“canga”)

A faca utilizada não foi eficaz

4. Se já tiver se deparado com alguma situação de ENROSCO: quais as adversidades encontradas.

20

Gráfico 7 – Atendimentos por Equipe Inferior a 3 Especialistas

Fonte: Do Autor

No gráfico 8, 85% dos entrevistados reconheceram a necessidade de melhora na atual

configuração dos equipamentos, no tocante às circunstâncias de enredamento. Já no gráfico 9,

todos os questionados reconheceram ser necessária a 2º opção de ferramenta de corte.

Gráfico 8 – Segurança dos Equipamentos nas Situações de Enrosco

Fonte: Do Autor

Gráfico 9 – Melhora da Configuração de Equipamento de M.S.P.

Fonte: Do Autor

É preciso destacar que os resultados demonstrados nos gráficos 8 e 9 apontam um

viés: os manuais já preveem a utilização de 2ª opção de ferramenta de corte na configuração

dos equipamentos de mergulho bombeiro militar. Neste ínterim, caberia à Instituição fornecer

ou aos próprios mergulhadores adquirirem as ferramentas adequadas ou preferenciais.

5.2. Questionário Semi-Estruturado – Q.S.E. (Apêndice C)

Durante o mês de dezembro de 2017, foi realizada a atividade prática de

desvencilhamento de mergulhador bombeiro militar em situação de enredamento. Em

20% - 475% - 15

5% - 1

5. Qual a frequência de atendimentos em m.s.p. com equipe composta por menos de 03 (três) especialistas?

Nunca

Frequentemente

Sempre

15%85%

6. A atual configuração dos equipamentos confere a segurança

ideal às situações de enrosco em rede de pesca ou afins?

Sim

Não 100%

7. A atual configuração pode ser melhorada e oferecer maior segurança

às operações de m.s.p. através do uso da 2ª opção no sistema de ferramentas de

corte?

Sim

21

seguida, foi aplicado o Q.S.E. ao mergulhador, onde o mesmo expôs as percepções das

dificuldades e facilidades encontradas quando envolvido por rede de pesca.

Na ocasião, foram colhidos os dados etários, de gênero e de especialização do

mergulhador. Também foram colhidos os tempos de cada teste, os batimentos cardíacos antes

e depois de cada descida e o consumo de ar apresentado no manômetro. O mergulhador em

questão, do sexo masculino, tinha 37 anos de idade e concluiu o CMAUT em 2013.

TESTE 1 - Faca de Lâmina Reta TESTE 3 - Tesoura Corta Cabos Tempo 04min09seg Tempo 07min16seg BPM Antes 92 bpm BPM Antes 104 bpm BPM Depois 104 bpm BPM Depois 110 bpm Consumo de Ar 30 bar Consumo de Ar 17 bar TESTE 2 - Faca Tipo "Z" TESTE 4 - Faca Tipo Trilobite Tempo 1min31seg Tempo 03min BPM Antes 100 bpm BPM Antes 98 bpm BPM Depois 105 bpm BPM Depois 108 bpm Consumo de Ar 15 bar Consumo de Ar 8 bar

Tabela 1 – Testes de Desvencilhamento com Ferramenta de Corte Fonte: Do Autor

Os 4 testes de desvencilhamento de enredamento com ferramenta de corte

apresentados na tabela 1 foram observados, registrados e demonstram variáveis relevantes e

dissonantes a se analisar. Destaque-se que durante os 4 testes, o mergulhador, vendado,

iniciou a atividade em piscina de água transparente e a 3 metros de profundidade, executando

a varredura do tipo semicircular. Estava conectado à superfície por cabo guia fixado ao punho

por um nó de tipo Azelha e ancorado no CE por um mosquetão de segurança com destorcedor

de cabos. No instante em que se encostou à rede de pesca, foi iniciada a contagem do tempo.

Na execução do Teste 1 (Faca de Lâmina Reta), o mergulhador para se desvencilhar

da rede precisou se desequipar (retirou o CE e o cilindro). No Teste 3 (Tesoura Corta Cabos),

precisou soltar o nó tipo Azelha, ficando conectado à “linha da vida” apenas pelo mosquetão

de segurança, perdendo assim, por alguns instantes, a comunicação com a superfície. Em

seguida, necessitou retirar seu equipamento de mergulho autônomo para liberá-lo da rede,

situação que, em correnteza, levaria à perda do equipamento. Ao término, havia restos de rede

no cruzamento das lâminas da tesoura, o que possivelmente levaria ao travamento da mesma

durante a execução.

22

Quanto à análise dos dados demonstrados na Tabela 1, primeiramente, apesar da

Tesoura Corta Cabos ter gasto maior tempo de desvencilhamento, foi a Faca Tipo “Z” que,

proporcionalmente ao tempo, consumiu a maior quantidade de ar respirável, enquanto a Faca

Tipo Trilobite, possibilitou menor consumo.

Percebeu-se que a oscilação média de batimentos cardíacos do mergulhador em todas

as atividades foi de 8 batimentos cardíacos por minuto. Neste sentido, o tempo de prática de

m.s.p. do participante (4 anos) bem como o treinamento, certamente são alguns dos fatores

influenciadores neste controle de batimentos.

Após os 4 testes, o mergulhador respondeu ao Q.S.E., onde a 1ª pergunta foi: qual

situação de desvencilhamento realizado considerou mais fácil de executar? RESPONDEU:

com a faca tipo trilobite; e também apenas com a faca de lâmina reta. Nesta segunda

ferramenta de corte, justificou estar “habituado” a utilizá-la em situações semelhantes.

2ª pergunta do Q.S.E.: em qual situação de desvencilhamento se sentiu mais

estressado? RESPONDEU: Primeiro com a tesoura de corte, depois com a faca tipo “Z”.

3ª pergunta do Q.S.E.: recomendaria o uso da faca trilobite nas atividades de

mergulho? Quais os pontos positivos e negativos da mesma? RESPONDEU: sim. Os pontos

positivos estão: na facilidade de uso; na empunhadura; e no fato dela não oferecer riscos de

ferimentos nem pontas para se machucar. Os pontos negativos estão: no tamanho; na

necessidade de uma ponta arredondada para facilitar a entrada do corte; e na dúvida se a

mesma funcionaria em anzol com cabo de aço.

4ª pergunta do Q.S.E.: recomendaria apenas o uso da faca de lâmina reta nas

atividades de mergulho? Quais os pontos positivos e negativos da mesma? RESPONDEU:

não. Os pontos positivos estão: em estar habituado e na confiança no equipamento. Os pontos

negativos estão: no risco de se machucar com a ponta e, dependendo do local, pode

incomodar ou dificultar a saída da rede de pesca.

5ª pergunta do Q.S.E.: recomendaria o uso da tesoura de corte nas atividades de

mergulho? Quais os pontos positivos e negativos da mesma? RESPONDEU: não. Justificou

que se fosse um alicate de corte, sim, pois já utilizou anteriormente em operações e funcionou

melhor. Quanto ao ponto positivo da tesoura, considerou que nas condições de boa

visibilidade, ela será boa, contudo esta não é a realidade do Goiás. O ponto negativo

considerou estar na dificuldade de manusear (em ter que ficar abrindo e fechando a tesoura).

6ª pergunta do Q.S.E.: recomendaria o uso da faca tipo “Z” nas atividades de

mergulho? Quais os pontos positivos e negativos da mesma? RESPONDEU: não. Não

23

considerou pontos positivos. Os pontos negativos considerou estar: na ausência de lugar para

guardar; na possibilidade de cortar o cabo guia com ela; e no risco de se machucar.

7ª pergunta do Q.S.E.: após esta prática considera importante a redundância de

ferramenta de corte nas operações de segurança para o mergulho bombeiro militar?

RESPONDEU: sim.

Reitera-se que a atividade desenvolveu-se em ambiente sem correnteza e com

profundidade baixa (apenas 3 metros). Apesar de o mergulhador estar sem visibilidade, em

condições de profundidade que necessitasse de parada descompressiva ou mesmo respeitando

a regra dos 9 metros por segundo para emergir, o mesmo teria dificuldade de manter-se

calmo, necessitando de apneia considerável para chegar à superfície sem equipamento.

A utilização de ferramentas adequadas a este tipo de situação de enredamento

mostrou-se satisfatória para o mergulhador participante. Resulta-se daí a percepção de que,

neste quesito, a Faca Tipo trilobite mostrou-se a adequada para o escape de rede de pesca. Por

outro lado, a prática e a confiança no equipamento de uso pessoal (Faca de Lâmina Reta),

foram os diferenciais na execução do Teste 1.

Já a Faca Tipo “Z” e a Tesoura Corta Cabos, mostraram-se ineficazes para este tipo de

situação de enrosco. Ainda que ambas sejam projetadas para o corte de cabos, a ergonomia e a

adaptabilidade não agradaram nem satisfizeram seu principal usuário: o mergulhador.

Na relação custo-benefício, a Faca Tipo Trilobite apresentou-se vantajosa frente às

facilidades de manuseio, de destreza, de adaptabilidade, de eficácia, e do baixo consumo de ar

respirável em condição de enredamento, mesmo com preço maior que as outras. Eis, portanto,

uma alternativa às ferramentas de corte comumente utilizadas.

A tesoura e as facas utilizadas, representam 4 tipos de ferramentas de corte em um

vasto universo disponível no mercado com preços e formas variáveis. Também, é preciso

atentar para o método de utilização das mesmas (sem visibilidade e sem correnteza). Nas

práticas em águas goianas, a correnteza será, sem dúvida, um atrapalho à utilização das

ferramentas de corte, oferecendo risco de perda do material, caso não sejam padronizadas ao

conjunto de equipamentos e não se conheça bem a finalidade e manuseio de cada uma.

Sugere-se, portanto, a padronização da faca Trilobite no canto superior direito do

colete equilibrador com abertura para baixo, possibilitando, assim, seu saque rápido e seu

pronto emprego, visando economia de tempo e de ar respirável, por considerá-la mais eficaz.

Esta ferramenta, certamente aumentará a confiança dos mergulhadores na

configuração dos equipamentos e facilitará o desvencilhamento em situações de enrosco,

sobretudo quando em redes de pesca ou afins.

24

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás – CBMGO encontra-se em

constante evolução material e profissional e os investimentos recebidos propiciaram um

aumento significativo da presença dos bombeiros militares nas diversas cidades deste Estado,

favorecendo a estadia destes militares no âmago da população.

Esse perfil de crescimento e avanço requer um olhar apurado para a melhoria dos

equipamentos de segurança, o que representa necessidade urgente em qualquer atividade

profissional, sobretudo naquela que é a segunda atividade de maior risco: o mergulho.

A equipe náutica do 1º BBM, com 17 mergulhadores na ativa, tem atuado em mais de

40 ocorrências entre os anos 2016 e 2017, colocando esta atuação no topo das estatísticas

institucionais. Neste diapasão, estes profissionais são expostos a riscos estressores e

adversidades adicionais diferenciados das demais áreas de atuação de bombeiro militar o que

requer um quadro preventivo maior, assim como, um investimento em equipamentos

desenvolvidos para situações variáveis.

É impossível, ainda, se prever todos os prováveis perigos existentes nos mergulhos de

segurança pública, mas é possível reduzir as estatísticas desfavoráveis com o conhecimento e

a aquisição de novos equipamentos de mergulho.

Os resultados dos questionários e a prática do presente trabalho expuseram várias

questões que, certamente, não estão isoladas ao 1º BBM, justamente por pertencerem

intrinsecamente à realidade das atividades de mergulho em todo o mundo. Entretanto, em

nível de CBMGO e 1º BBM, ela expõe o lado do profissional que, diante das adversidades

supera os desafios encontrados, sendo resiliente.

A proposta deste trabalho é expressar a importância das ferramentas de corte nas

atividades de mergulho bombeiro militar, visualizando os diferentes tipos existentes no

mercado. Neste sentido, propõe-se a padronização da faca Trilobite como ferramenta de corte

adicional na configuração dos equipamentos de mergulho autônomo.

Por fim, o CBMGO visando a excelência nos serviços prestados, frequentemente revê

e atualiza suas normas e manuais. Não obstante, encontra-se em curso, a atualização da

Norma Operacional de Mergulho e do Manual de Mergulho de Segurança Pública. Espera-se

que, com estas atualizações, se expanda o foco para a segurança dos mergulhadores nas

diversas circunstâncias encontradas nas operações realizadas, sobretudo no tocante à

utilização de ferramentas de corte adicionais em situação de enredamento. Este é, portanto,

um mergulho que a corporação deve fazer rumo à alta qualidade almejada.

25

REFERÊNCIAS

AQUINO, A.L.J. Estudo Sobre a Importância da Utilização do Tratamento Hiperbárico

no Departamento de Saúde do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, Através

de Câmera Hiperbárica, Devido aos Riscos de Causa de Doença Descompressiva aos

Mergulhadores De Resgate. Pós-Graduação (Lato Sensu) em Gerenciamento de Segurança

Pública. UEG. Goiânia-GO, 2013.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,

DF: Senado Federal.

______. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora nº 15, de 08 de

junho de 1978. Atividades e Operações Insalubres. Anexo n. 6 – Trabalho sob Condições

Hiperbáricas. Disponível em:<http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR

15-ANEXO6.pdf>, acesso em 24 out. 2017.

CARLI, C.A. Sistema Engenharia: uma proposta para a atividade especial de mergulho.

Tese (Doutorado em Ciências Militares). Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

Rio de Janeiro, 2007.

COUSTEAU, J.Y. O Mundo dos Oceanos. Record. Rio de Janeiro: Copyright CO, 1979.

DINIZ JÚNIOR, W.A. Identificação de Unidades Operacionais com Viabilidade

Estatística para Implantação de Guarnições Regionalizadas de Mergulho no Âmbito do

Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. UEG. CBMGO. CEGESP. Goiânia-GO,

2016.

ERDI. Emergency Response Diver 1 Manual de Operações. Mergulhador ERDI I.

Introdução aos protocolos e requisitos necessários para o Mergulhador de Respostas a

Emergências na Função de Segurança Pública. 2012.

ESPÍRITO SANTO. Corpo de Bombeiros Militar. Norma de Mergulho nº 01. NORMERG.

Diretoria de Operações, 2015.

FREITAS, F.R.de. Segurança no Mergulho. Monografia apresentada à disciplina de MTP I

ao Curso de Pós-graduação em Gestão Contra Sinistro, da Universidade Estadual do Ceará,

2004.

26

GERHARDT, T.E.; SILVEIRA, D.T. Métodos de Pesquisa. 1ª edição. Graduação

Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural – UAB/UFRGS. Porto

Alegre, Editora UFRGS, 2009.

GOIÁS. Governo do Estado. Constituição do Estado de Goiás. 1989.

______. Lei n. 11.416 de 05 de fevereiro. Estatuto dos Bombeiros Militares do Estado.

D.O. de 13 fev. 1991.

______. Corpo de Bombeiros Militar. Manual Operacional de Bombeiro nº 01 – Mergulho

Autônomo. Goiânia-GO, 2007.

______. ______. Norma Operacional nº 02, de 30 de novembro de 2010. Das Atividades

de Mergulho de Resgate. 2010.

______. ______. Portaria nº 101, de 27 de setembro de 2012. Estabelece novos conceitos

de missão, visão e valores institucionais e implementa temas do Planejamento Estratégico do

Corpo de Bombeiros Militar. Goiânia-GO, 2012.

______. ______. Conheça Um Pouco Mais a Atividade dos Bombeiros Mergulhadores do

CBMGO. Disponível em: <http://www.bombeiros.go.gov.br/noticias/conheca-um-pouco-

mais-a-atividade-dos-bombeiros-mergulhadores-do-cbmgo.html>, acesso em 07 dez. 2017,

publicado em 23 jun. 2015.

______. ______. Quadro de Organização e Distribuição de Efetivo e Organogramas do

Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Disponível em:

<http://www.bombeiros.go.gov.br/wp-content/uploads/2017/08/QO-2016-completo-34-p%C3

%A1ginas-agosto-2017.pdf>, acesso em 07 dez. 2017. Agosto 2016.

______. ______. Seção de Estatística e Análise da Informação. BM1. 2017.

IANTD. International Association of Nitrox and Technical Divers. The TAO of Public

Safety Diving. 2016.

LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo:

Atlas, 1992.

LEMOS, E.J. A Importância de Novas Tecnologias no Mergulho Autônomo do Corpo de

Bombeiros Militar do Estado de Goiás. CSBM, Goiânia. 2013.

27

LUFT. Minidicionário Luft. São Paulo: Editora Ática. 2001.

MAGRINI, M. & TIBOLA, M. Utilização de Backup no Mergulho de Segurança Pública:

um sopro na vida dos mergulhadores. IN: Revista Técnico Científica do Corpo de Bombeiros

Militar de Santa Catarina. Ed. Especial XVI SENABOM, Florianópolis, 2016.

MELLO, S.A. A Construção da Natureza Humana na Educação de Jovens e Adultos. In:

GIROTTO, C.G.G.S.; MIGUEL, J.C. (Org.). Abordagens Pedagógicas do Ensino de

Linguagens em EJA. São Paulo: UNESP/ Cultura Acadêmica, 2009.

MENDES, C.A.de S. Manual da Rotina de Serviço, Procedimentos de Atuação,

Segurança, Comunicação e Execução de Padrões de Busca e Recuperação Subaquática

com a Utilização de Cabo Guia em Ocorrências de Mergulho de Segurança Pública no

CBMES. 2016.

MERCADO LIVRE. Mercado Livre Brasil. Disponível em: <https://www.mercadoli

vre.com.br/>, acesso em 10 dez. 2017.

MICHAELIS. Michaelis On-Line. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>, acesso em

06 dez. 2017.

MONTEIRO, L.F.; LIMA, H.L. & SOUZA, M.J.de. A Importância da Saúde e Segurança

no Trabalho nos Processos Logísticos. XII SIMPEP. Bauru-SP, 2005.

MORAES, J.B.F. As Atividades de Busca Subaquática no CBMGO e as Perspectivas

Oferecidas pelo Sonar de Varredura Lateral. UEG. CBMGO. CGESP. Goiânia-GO, 2016.

NARWHAL. Loja e Escola de Mergulho. Disponível em: <http://www.narwhal.com.br/>,

acesso em 10 dez. 2017.

OLIVEIRA, F.G. O Professor, a Criança e a Água: por caminhos dialógicos. UFJF. Juiz de

Fora, 2007. Disponível em:<https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/3459/1/flaviogarcia

deoliveira.pdf>, acesso em 24 out. 2017.

PEREGRINO, A. Tempo de Fundo Atividades Subaquáticas. TDF. Manual do Mergulho

Autônomo Desportivo, CBPDS/CMAS, Curso de Mergulho Uma Estrela (Básico), 2007.

PRUDENTE, B.D. O Mergulho de Resgate no 5º CRBM: gerenciamento das condições

de segurança após imersão em meio líquido. UEG. CBMGO. CEGESP. Goiânia-GO, 2016.

28

SANTANA, R.C.A. A Utilização de Câmara Hiperbárica Portátil nas Operações de

Mergulho de Resgate no CBMPB. UEG. CBMGO. CEGESP. Goiânia-GO, 2015.

SANTOS, P.P. A Importância da Educação Continuada nas Atividades de Mergulho no

Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas. Pós-Graduação (Lato Sensu) em

Gerenciamento de Segurança Pública. UEG. Goiânia-GO, 2014.

SOBRASA. Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático. Norma de Mergulho nº

1/NORMERG. Disponível em: <http://www.sobrasa.org/new_sobrasa/arquivos/Mergulhoma

isseguro/NORMERG%2001%20Revisao%20-%202016.pdf>, acesso em 04 dez. 2017.

29

APÊNDICE A Questionário Estruturado (Q.E.) Disponibilizado pelo Whatsapp

Idade: Sexo: Ano do CMAUT:

1. Você sabe o que significa redundância de segurança (2ª opção ou backup de

segurança) nos mergulhos de segurança pública? a. Sim b. Não

c. Tenho alguma noção ou já ouvi falar

2. Qual redundância (2ª opção) utilizada quanto aos instrumentos de corte nos mergulhos de segurança pública?

a. Segunda faca de lâmina reta b. Corta cabos c. Tesoura de corte

d. Outros e. Não uso

3. Já se deparou com algum(ns) destes riscos adicionais ou estressores durante trabalhos submersos em mergulho bombeiro militar?

a. Galhada ou vegetação subaquática

b. Rede de pesca ou tarrafa

c. Espinhéis ou linhas de pesca

d. Cabos submersos e. Outro tipo de enrosco

4. Se já tiver se deparado com alguma situação de ENROSCO: quais as adversidades encontradas?

a. A faca utilizada não foi eficaz

b. Não consegui me desvencilhar sem auxílio do companheiro de mergulho (“canga”)

c. Senti estresse d. Senti cansaço e. Aumentei o consumo de ar

f. Cortei-me, me feri ou me machuquei

g. Engoli água h. Senti mal estar ou enjoo i. Danifiquei algum

equipamento j. Perdi a orientação k. Não consegui utilizar a

ferramenta de corte l. Outros

5. Qual a frequência de atendimentos em m.s.p. com equipe composta por menos de 03 (três) especialistas?

a. Nunca b. Frequentemente

c. Sempre

6. A atual configuração dos equipamentos confere segurança ideal às situações de enrosco em rede de pesca ou afins?

a. Sim b. Não 7. A atual configuração pode ser melhorada e oferecer maior segurança às operações de

m.s.p. através do uso da 2ª opção no sistema de ferramentas de corte? a. Sim b. Não

30

APÊNDICE B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE

Prezado Senhor,

Esta pesquisa é sobre FERRAMENTAS DE CORTE ADICIONAIS NOS MERGULHOS DE SEGURANÇA PÚBLICA EM SITUAÇÃO DE ENREDAMENTO e está sendo desenvolvida pelo Cadete Thompsom THAUZER Rodrigues de Araújo, RG 90.184 CBMGO, CFO 3 – TURMA CERRADO, sob a orientação do Capitão Bruno Dias PRUDENTE, RG 02.295.

Os objetivos do estudo são demonstrar a utilização de ferramentas de corte adicionais nos mergulhos de segurança pública do 1º BBM do CBMGO em situação de enredamento. A finalidade deste trabalho é contribuir para segurança dos mergulhadores do CBMGO e melhoria dos equipamentos utilizados durante as operações de mergulho de segurança pública.

Solicitamos a sua colaboração para participar das atividades práticas de desvencilhamento de rede de pesca com a utilização de ferramentas de corte adicionais, atividade que terá duração total de 4 (quatro) horas, como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da área de segurança pública e publicar em revista científica nacional e/ou internacional. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em sigilo absoluto. Informamos que essa pesquisa poderá causar momentaneamente estresse e desconforto para o participante. Contudo, contamos com a presença de equipe de Unidade de Resgate e de Mergulho para eventuais transtornos. Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o senhor não é obrigado a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo Pesquisador. Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano. Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.

______________________________________ Assinatura do pesquisador responsável

Considerando, que fui informado dos objetivos e da relevância do estudo proposto, de

como será minha participação, dos procedimentos e riscos decorrentes deste estudo, declaro o meu consentimento em participar da pesquisa, como também concordo que os dados obtidos na investigação sejam utilizados para fins científicos (divulgação em eventos e publicações).

Estou ciente que receberei uma via desse documento.

Goiânia,____de_________de______

______________________________________ Assinatura do participante ou responsável legal

Contato com o Pesquisador Responsável: Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para o Cadete Thauzer. Telefone: 086-9-9930-2107. E-mail: [email protected].

31

APÊNDICE C Questionário Semi-Estruturado (Q.S.E.)

Idade: 37 Sexo: Masculino Ano do CMAUT: 2013

Teste 1 – Faca de Lâmina Reta Tempo: 04min09seg BPM Antes: 92 bpm BPM Depois: 104 bpm Consumo Ar: 30 bar

Teste 2 – Faca Tipo “Z” Tempo: 1min31seg BPM Antes: 100 bpm BPM Depois: 105 bpm Consumo Ar: 15 bar

Teste 3 – Tesoura Corta Cabos Tempo: 07min16seg BPM Antes: 104 bpm BPM Depois: 110 bpm Consumo Ar: 17 bar

Teste 4 – Faca Tipo Trilobite Tempo: 03min BPM Antes: 98 bpm BPM Depois: 108 bpm Consumo Ar: 8 bar

RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO:

Em todos os testes o mergulhador, vendado, iniciou a atividade em piscina de água

transparente, a 3 metros de profundidade, executando a varredura do tipo semicircular. Estava conectado à superfície por cabo guia fixado ao punho por um nó de tipo Azelha e ancorado no CE por um mosquetão de segurança com destorcedor de cabos. No instante em que se encostou à rede de pesca, foi iniciada a contagem do tempo. Na execução do Teste 1 (Faca de Lâmina Reta), o mergulhador para se desvencilhar da rede precisou se desequipar (retirou o CE e o cilindro).

Na execução do Teste 2 não foram observadas alterações. No execução do Teste 3 (Tesoura Corta Cabos), o mergulhador precisou soltar o nó

tipo Azelha, ficando conectado à “linha da vida” apenas pelo mosquetão de segurança, perdendo assim, por alguns instantes, a comunicação com a superfície. Em seguida, necessitou retirar seu equipamento de mergulho autônomo para liberá-lo da rede. Ao término, havia restos de rede no cruzamento das lâminas da tesoura.

1. Qual situação de desvencilhamento realizado considerou mais fácil de executar? RESPOSTA: com a faca tipo trilobite; e também apenas com equipamentos pessoais. Estava habituado a utilizá-la em situações semelhantes.

2. Em qual situação de desvencilhamento se sentiu mais estressado? RESPOSTA: Primeiro com a tesoura de corte, depois com a faca tipo “Z”.

3. Recomendaria o uso da faca trilobite nas atividades de mergulho? Quais os pontos positivos e negativos da mesma? RESPOSTA: Sim. Os pontos positivos são: a facilidade de uso; a empunhadura; e o fato dela não oferecer riscos de ferimentos nem pontas para se machucar. Os pontos negativos são: o tamanho; a necessidade de uma ponta arredondada para facilitar a entrada do corte; e a dúvida se a mesma funcionaria em anzol com cabo de aço.

32

4. Recomendaria apenas o uso da faca de lâmina reta nas atividades de mergulho? Quais os pontos positivos e negativos da mesma? RESPOSTA: Não. Os pontos positivos são: estar habituado e confiar no equipamento. Os pontos negativos são: risco de se machucar com a ponta e, dependendo do local, pode incomodar ou dificultar a saída da rede de pesca.

5. Recomendaria o uso da tesoura de corte nas atividades de mergulho? Quais os pontos positivos e negativos da mesma? RESPOSTA: Não. Se fosse um alicate de corte, sim, pois utilizei anteriormente em operações e funcionou melhor. O ponto positivo da tesoura é que nas condições de boa visibilidade, ela será boa, mas esta não é a realidade do Goiás. O ponto negativo é a dificuldade de manusear (em ter que ficar abrindo e fechando a tesoura).

6. Recomendaria o uso da faca tipo “Z” nas atividades de mergulho? Quais os pontos positivos e negativos da mesma? RESPOSTA: Não. Não tem pontos positivos. Os pontos negativos são: a ausência de lugar para guardar; a possibilidade de cortar o cabo guia com ela; e o risco de se machucar.

7. Após esta prática considera importante a redundância de ferramenta de corte nas operações de segurança para o mergulho bombeiro militar? RESPOSTA: Sim.

33

APÊNDICE D

IMAGEM 7: Padronização dos Equipamentos na Prática de Mergulho em Enredamento. Fonte: Do Autor

Faca Tilobite Tesoura Corta Cabos

Faca de Lâmina Reta

Faca Tipo “Z”