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Combustíveis
Combustíveis sólidos
(Livros “Combustão”, § 5“Fuels and Fuel Technology”)
(Livro “Combustão”, § 5.4)
Combustíveis líquidos
Combustíveis gasosos
(inclui alguns elementos de Mário Nina)
(Livro “Combustão”, § 5.3)
(Livro “Combustão”, § 5.2)
Diagrama de combustíveis
Combustíveis sólidos apresentam a menor relação hidrogénio / carbono e podem conter uma fração apreciável de oxigénio
Apesar da grande variedade de combustíveis sólidos, a composição situa-se em bandas típicas
O carvão representa as maiores reservas de combustíveis fósseis e encontram-se mais distribuídas que qualquer outras reservas
Divisão dos combustíveis sólidos
Os combustíveis podem ser classificados em combustíveis naturais e em combustíveis manufaturados (ou artificiais )
Combustíveis sólidos naturais
madeira
turfa
lenhitehulhas
(muitas vezes a turfa e a lenhite são considerados carvões vegetais, e as hulhas
Combustíveis sólidos manufaturados
carvãohulhas
antracite
carvão de madeira
carvão de turfa
coque de lenhite
briquettes de carvão
coque (de carvão)
baixa temperatura
média temperatura
alta temperatura
vegetais, e as hulhas e a antracite carvões minerais)
Análise de combustíveis sólidos
A composição é caraterizada por dois tipos de análiseAnálise Elementar
Análise Imediata
Análise Elementar - Frações mássicas dos elementos:
C, H, O, N, S e cinzas (atualmente inclui-se Cl, Ca, ... )
Análise Imediata - Frações mássicas de acordo com decomposição:
C, H, O, N, S e cinzas (atualmente inclui-se Cl, Ca, ... )
Azoto (NP1012), Enxofre (ASTM D3177)
Humidade (determinada a 110ºC)
Matéria volátil (gases libertados em aquecimento a 950ºC) - NP3423
Carbono fixo (obtido por diferença para os restantes valores)
Cinza (matéria restante após oxidação do resíduo carbonoso) - NP1019
Análise Imediata
Nesta análise carateriza-se a composição do combustível em:
Humidade
Voláteis
Carbono fixo
Cinzas
Base das análises
A composição dos combustíveis sólidos para ambas as análises pode ser expressa em três bases:
As received (Ar - incluindo humidade e cinzas)
Dry basis (Db - base seca, exclui a humidade)
Dry ash free (Daf - exclui humidade e cinzas)
A análise imediata é normalmente em Ar e a elementar em Daf
A conversão entre as bases é simples, e.g.
xCAr = xCDaf * (1 – xAshAr - xHumAr)
Dry ash free (Daf - exclui humidade e cinzas)
xVolDb = xVolAr/(1 - xHumAr)
(7.1)
(7.2)
Caraterísticas da madeira
A madeira é um combustível sólido com menos maturação e pode ser considerado renovável
A humidade nas árvores varia de 25 a 50%,e após secagem no ar de 10 a 15%
O conteúdo de cinza é baixo (0,5%)
A madeira é constituída por celulose (incluindo hemi-celulose) (51-60%), lenhina (44-32%), resinas (<2%), e água solúvel (3-6%), para além da humidade
O poder calorífico varia de 17 a 19 MJ/kgAr, sendo para celulose 16 MJ/kg e resinas 32,5 MJ/kg
A madeira pode ser queimada diretamente, ou convertida em gás ou em carvão de madeira
Combustão da madeiraA combustão da madeira inicia-se com o seu aquecimento, libertação de humidade, e pirólise, libertando matéria volátil
6 CO + 6 H2 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O
A combustão da madeira pode ocorrer (basicamente !) com chama ou na interface sólido-ar. Tal depende da temperatura a que ocorre a pirólise
Pirólise da celulose:
C6H12O6 → 6 CO + 6 H2
k1
6 C + 6 H2O + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2OC6H12O6 → 6 C + 6 H2Ok2
predomínio da combustão sem chama
predomínio da combustão com chama
k1
k2
k
T
Carbonização e gaseificaçãoda madeira
A combustão da madeira pode ser ineficiente e muita matéria volátil não ser queimada. Além disso a utilização de combustível gasoso é, geralmente, mais versátil
A madeira aquecida a baixa temperatura (< 350 ºC) com deficiência de oxigénio dá origem a cerca de 40% de carvão de madeira e 12 a 17% de oxigénio dá origem a cerca de 40% de carvão de madeira e 12 a 17% de matéria volátil (≈ 30 MJ⋅kg-1)O carvão de madeira (já com muito pouca matéria volátil) arde sem as perdas referidas. A ausência de chama pode também ser uma vantagem
A madeira aquecida a elevada temperatura (1000 a 1200 ºC) com deficiên-cia de oxigénio dá origem a cerca de 20% de carvão de madeira e elevada quantidade (≈ 2,75 m3⋅kg-1) de matéria volátil (monóxido de carbono, dióxido de carbono, azoto, hidrogénio e metano)
Formação de carvão
Tipo e composição de carvões
Tipo de carvão Carbono % massa
Hidrogénio % massa
Idade (anos*106)
Antracites 93 - 95 3.8 - 2.8 210 - 250
Carbonoso* 91 - 93 4.25 - 3.8 210 - 250
Bituminoso* 80 - 91 5.6 - 4.35 150 - 180
Sub-bitum.* 75 - 80 5.6 - 5.1 60 - 100
Lenhite 60 - 75 5.7 - 5.0 20 - 60
Turfa 50 - 60 6.1 - 5.8 1
Madeira** 46 - 51 6.2 - 5.9 0
* Hulhas
** Madeira é considerada renovável (não fóssil)
Composições típicas de combustíveis sólidos
Composições em % mássica (base seca sem cinzas) Combustível*
Carbono Hidrogénio Azoto Enxofre Oxigénio Matéria volátil
Cinzas
Cedro 49.0 6.4 ? ? 44.6 0.4 Pinheiro 52.6 6.1 ? ? 41.3 0.1
Pinho vermelho 53.6 5.9 0.1 ? 40.4 0.2 Bétula 49.9 6.5 ? ? 43.6 0.3
Carvalho 50.5 6.6 ? ? 42.9 0.2 Choupeiro 51.9 6.3 ? ? 41.8 0.7
Madeira (típica) 52.2 6.1 0.1 ? 41.6 79.3 1.5 Madeira (típica) 52.2 6.1 0.1 ? 41.6 79.3 1.5 Turfa 57.5 5.5 1.6 0.4 35.0 68.0 8.0 Lenhite 74.8 4.8 1.2 1.2 18.0 46.8 29.0 Carvão
Semi-betuminoso 72.5 4.8 1.5 4.0 17.2 47.5 17.5
Carvão betuminoso (teor de mat. volátil
elevado) 85.0 5.6 1.5 1.4 6.5 36.7 7.0
Carvão betuminoso (teor de mat. volátil
intermédio) 89.0 5.0 1.7 0.6 3.7 22.9 3.0
Carvão betuminoso (teor de mat. volátil
baixo) 89.8 5.0 1.6 0.8 2.8 16.8 5.2
Antracite A 89.8 4.0 0.9 2.6 2.7 8.7 19.5 Antracite B 93.0 3.7 1.3 0.7 1.3 7.5 8.0
Carvão vegetal 93.0 2.5 0.8 0.1 3.6 10.0 1.0 Coque 93.0 3.0 1.0 1.0 2.0 8.0 7.0
Balanço de massa
As equações de balanço de massa são normalmente efetuadas em base mássica
1kg Carvão + s kg Ar -> (1+s) kg Produtos
(xC C + xH H + xN N + xS S + xO O + xAsh Ash + xHum H2O) + λ xOstoic (O2 +
+ 3,31 N2 ) → xC CO2 + (xH + xHum) H2O + xS SO2 + (xN + 3,31 λ xOstoic) N2 + 2 → 2 2 2 stoic 2
+ xAsh Ash + (λ -1) xOstoic O2
Note-se que 3,31 = 1 – 0,232
0,232
A equação pode também ser escrita sem cinza (que é um produto sólido), e também pode ser escrita em base molar para o ar e os produtos gasosos.
onde xOstoic= xC + xH + xS - xO32
32
32
12
16
2
(7.3)
(7.4)
Poder calorífico
O poder calorífico pode ser expresso nas diferentes bases mássicas (Ar, Daf, Db), havendo a considerar o PCI e PCS a volume ou a pressão constante
A sua determinação segue a norma ASTM D2205
A entalpia de formação do carvão é próxima de zero e o poder calorífico pode ser calculado a partir da entalpia de formação dos produtos da pode ser calculado a partir da entalpia de formação dos produtos da combustão
Existem diversas expressões aproximadas
PCS ~ 33,8 xC + 144,3 (xH - xO/8) + 9,4 xS (Dulong)
PCS ~ 34,1 xC + 132,3 [xH - (xO + xN)/11] + 6,8 xS – 1,5 xAs(Mason and Gandhi, 1983)
(em MJ⋅kg-1 e base seca. A última inclui efeito da cinza xAsh)
(7.5)
(7.6)
Classificação de carvões
Com o objectivo de caracterizar os carvões e compatibilizar diferentes nomenclaturas existem diversas classificações
ASTM (USA)
NCB (UK)
EC para hulhas
Classificação de Seyler
Para além da antiguidade (rank) e composição as classificações incluem:
Índice de Swelling (expansão) (variação do diâmetro na pirólise)
Índice de aglomeração (também indica plasticidade)
Índice de Coking, Caking (comportamento do carvão quando sujeito aaquecimento lento e rápido)
Classificação ASTM
Classificação NCB
O National Coal Board usa códigos numéricos relacionados com teor de voláteis, poder calorífico e índice de Cokingíndice de Coking
Este conceito é estendido na classificação da Comunidade Económica Europeia
Classificação Europeia
Diagramas com análises
ImediataElementar
A – antracite, B – semi-antracite. Betuminosos (1% a 5% de humidade):
C – betuminosos aglutinados, D – betuminosos parcialmente
aglutinados, E – betuminosos não aglutinados,
F – semi-betuminosos (3% a 20% de humidade), G – lenhites (12% a
25% de humidade), H – turfa (20% a 35% de humidade).
Diagrama de Seyler (adaptado)
Classificação de SeylerC lasse
C arbo no (% )
H id ro génio (% )
M atéria vo lá til (% )
PCS (M J/kg )
Índ ice de expansão
Antracite > 93 .3 3 .0 -3 .8 5 -10 32 .9 1 C arbo no so s S em i-antracite 3 .8 -4 .4 10-14 37 .4 1 S em i-betum ino so
93 .3 -91 .2 4 .4 -5 .0 14-20 33 .7 3 .5
B etum ino so s M eta- 91 .2 -89 .0 4 .4 -5 .4 20-28 33 .5 9 O rto - 89 .0 -87 .0 4 .7 -5 .6 28-31 33 .1 9 P ara- 87 .0 -84 .0 4 .9 -5 .7 31-36 32 .0 6 Lenho so s Lenho so s M eta- 84 .0 -80 .0 5 .0 -5 .7 36-42 30 .5 2 O rto - 80 .0 -75 .0 5 .0 -5 .7 42-49 28 .4 1 Lenhite < 75 .0 5 .0 -5 .7 49-59 25 .0 1
As hulhas podem deformar-se durante a volatilização
O teor de voláteis pode ser dado por:
VM = 10,61 xH – 1,24 xC + 84,15
ln(VM) = 0,23364 xH – 0,02706 xC + 2,579
exceto para a antracite:
Outras propriedades importantes
Temperatura de fusão das cinzas
em diversos estágios: IDT, Hemi, Fluid
Índices de moagem Hardgrove (HGI) e abrasividade
Índices de formação de depósitosÍndices de formação de depósitos
‘Fouling’ e ‘Slagging’ com base nas cinzas
Densidade aparente (1,2 – 1,8 103 kg⋅m-3)
Porosidade (varia ao longo da combustão)
Área interna (~ 100 m2⋅g-1)
Outras propriedades
Combustível* PCS
(MJ/kg)
Humidade original
(% mássica)
Gama de temperaturas de fusão das cinzas (K)
Índice de expansão
Índice de Hardgrove
Massa volúmica aparente (kg/m3)
(A/F)esteq, massa #
Cedro 19.62 5.92
Pinheiro 20.72 20 6.37
Pinho vermelho 21.07 50 6.46
Bétula 20.18 6.10
Carvalho 20.53 8 6.23
Choupeiro 20.89 6.34
Madeira (típica) 20.88 48
1300-1600 não
aplicável
6.31
não aplicável
Madeira (típica) 20.88 48 6.31
Turfa 20.93 93 53-79 700-1100** 7.0
Lenhite 27.80 47 1310-1480 66-82 400 9.48
Carvão semi-betuminoso
28.97 26 100 640-800 9.25
Carvão betuminoso (mat. volátil elevada)
35.82 1.5 1830 + 3-7.5 57-62 11.42
Carvão betuminoso (mat. volátil média)
36.37 3.5 1610 + 8.5 44-54 11.80
Carvão betuminoso (mat. volátil baixa)
26.68 3.8 8.5-9 68 11.93
Antracite A 34.66 6.3 1520 25-35 11.59
Antracite B 36.28 1.0 11.91
Carvão vegetal 34.75 2.0 300-600 11.40
Coque 34.33 8.0 > 1600
não aplicável
370-510 11.64
Variação de propriedades
Densidade aparente Área interna específica
Preparação do carvão
separação na fase de corte
escolha por tamanhos
A preparação do carvão destina-se a obter um combustível com as características adequadas ao equipamento e aplicação em causa
escolha por tamanhos
escolha manual (D > 100 mm)
trituração dos blocos maiores(sem produção de finos)
limpeza (com base nalguma propriedades que distinga o carvão das impurezas)
secagem
mistura de diferente tipos
Armazenagem do carvão
Os carvões deterioram-se durante a armazenagem devido à oxidação a baixa temperatura
Factores que afectam a oxidação:
quantidade de matéria volátil ⇒ oxidação
relação superfície / volume ⇒ oxidação
ventilação da pilha de carvão ⇒ oxidaçãoventilação da pilha de carvão ⇒ oxidação
Se a temperatura não exceder 50 ºC para lenhite e 80 ºC para os betuminosos não ocorrerá ignição espontânea. No entanto, o carvão degrada-se:
– PC diminui
– C e H diminuem
– O aumenta
– dimensão dos partículas diminui
O período crítico para a ocorrência da ignição espontânea é de 4 a 5 semanas depois de extraído. Carvão armazenado há mais de 6 meses habitualmente não será sujeito a ignição espontânea
Resumo (Fuels and Fuel Technology - W Francis & M C Peters - 1980)
Divisão dos combustíveis líquidos
Os combustíveis podem ser classificados em combustíveis naturais e em combustíveis manufaturados (ou artificiais)
Os combustíveis naturais são, essencialmente, os derivados do petróleo (embora resultem de uma intervenção humana). Por vezes são classificados em leves (gasolinas, petróleos, gasóleos, ...) e pesados(fuel-óleos pesados e bunker). Os primeiros são principalmente usados em
Combustíveis líquidos manufaturados
álcoois
biocombustíveis
produtos de síntese de hidrocarbonetos
produtos de síntese de carvão
(fuel-óleos pesados e bunker). Os primeiros são principalmente usados em motores, e os segundos em caldeiras e em grandes (e lentos) motores
...
Hidrocarbonetos (e álcoois)A quase totalidade dos combustíveis líquidos são formados por hidrocarbonetos, ou por hidrocarbonetos oxigenados
Parafínicos (alcanos)
n-alcanocadeias ramificadas
Olefínicos (alcenos) - parafínicos com ligações duplasOlefínicos (alcenos) - parafínicos com ligações duplas
Acetilénicos (alcinos) - parafínicos com ligações triplas
Nafténicos (ciclo-parafínicos)
Aromáticosanel único
aneis múltiplos
Petróleo bruto e crudeO petróleo bruto resulta da decomposição de plantas (essencialmente marinhas – e também de animais) na quase ausência de oxigénio. Depois de extraído e já sem gases e sólidos, designa-se habitualmente por crude
Composição elementar típica
CarbonoHidrogénioAzoto
80 a 89 %12 a 14 %0,3 a 1 %Azoto
EnxofreOxigénio
0,3 a 1 %0,3 a 3 %2 a 3 %
Classificação do petróleo bruto
Parafínico
Nafténico
Asfáltico(aromático)
Destilação fracionadaO crude é destilado em torres de destilação. As frações mais pesadas são destiladas novamente a pressões sub-atmosféricas
Gasolina Etileno
GÁS
Óleo base mineral
(fonte: BP)
LÍQUIDO
Destilação fracionada à pressão atmosférica e a baixa pressão
Embora dependa muito do seu tipo (parafínico, nafténico, asfáltico), um crude médio poderá dar origem a
20 a 30 % de gasolina
30 a 45 % de intermédios
25 a 50 % de fuel óleo residual
A destilação no vácuo permite obter mais frações leves e intermédias
Operações de cracking permitem obter frações mais leves
cracking térmico – aquecimento (≈ 500 ºC e 25 bar) de óleos pesados acima da sua temperatura de decomposição. Obtém-se 50 a 70 % de gasolina de baixa qualidade
reforming térmico – semelhante ao anterior mas com aquecimento a temperaturas mais elevadas. Obtém-se 50 a 70 % de gasolina de melhor qualidade
cracking catalítico – aquecimento na presença de um catalisador de alumínio e sílica. Obtém-se gasolina de boa qualidade
hidrocracking – aquecimento na presença de catalisadores e de hidrogéneo. Obtém-se elevadaquantidade de querosene e combustível Diesel
Gasolina – mistura de hidrocarbonetos leves, principalmenteutilizada em motores de explosão. É aditivada para aadequar às aplicações requeridas
Tipos de combustível
Querosene – mistura de hidrocarbonetos menos leves do que os dagasolina. Utilizada em turbinas a gás, em ram-jets,e para aquecimento e iluminação
Gasóleo – mistura de hidrocarbonetos menos leves do que osda querosene. Utilizada em motores Diesel rápidosda querosene. Utilizada em motores Diesel rápidos
Comb. Diesel leve – mistura de hidrocarbonetos seguinte. Utilizado emmotores Diesel semi-rápidos
Comb. residual – resíduo da destilação. Muito viscosos (necessidadede pré-aquecimento). Têm elevada quantidade deenxofre, e alguns contêm compostos metálicos (quedão origem a reações indesejáveis). Utilizado emmotores Diesel muito grandes e lentos, e em caldeiras
Comb. Diesel pesado – mistura de hidrocarbonetos seguinte. Utilizado emmotores Diesel lentos
Alguns valores típicos dos hidrocarbonetos líquidos
CombustívelComposição
média (aprox.)
PCI
(MJ⋅kg-1)
Massa volúmica (kg ⋅m-3)
Tebulição (ºC)
(a 1,0 bar)
Viscosidade cinemática
(cSt @ 50ºC)
Gasolina C8H15 44,0 750 30 a 200 0,8 (@ 20ºC)
Querosene C10,5H20 44 800 150 a 300 -
Gasóleo C H 43,2 810 210 a 235 2,5 (@ 20ºC)
Propriedades
Gasóleo C11H19 43,2 810 210 a 235 2,5 (@ 20ºC)
Diesel leve C12,3H22 43,0 840 185 a 360 2,8
Diesel pesado C14,5H25 42,8 900 > 200 8
Residual (fuel-oil) > C14,5H25 40 950 - 180 a 380
Notas: – quase todos os valores apresentados apresentam variações apreciáveis. Estas apenas foram apresentados para a Tebulição
– as referências utilizadas são múltiplas e nem sempre muito coerentes entre si, o que é devido principalmente à grande variedade de misturas de hidrocarbonetos que estes combustíveis podem apresentar
Note-se que alguma propriedades variam muito pouco e outras variam muito
O Poder Calorífico varia muito pouco (43 a 44 MJ⋅kg-1, exceto para os combustíveis residuais), assim como a relação mássica ar / combustívelestequiométrica (tipicamente 14,4 a 14,6)
A massa volúmica também varia pouco, e só nos combustíveis residuais é um pouco mais elevada, aproximando-se da da água (o que levanta grandes problemas na separação da água do combustível !)
Diferenças importantes encontram-se na volatilidade (ilustrada na tabela pela temperatura de ebulição), e na viscosidade. Esta é muito importante na pela temperatura de ebulição), e na viscosidade. Esta é muito importante na formação de gotas e, consequentemente, nas caraterísticas dos sprays . Os combustíveis mais viscosos têm que ser pré-aquecidos, quer para a bombagem, quer para a injeção
Outra diferença importante é o teor de enxofre no combustível, aumentando substancialmente da gasolina (≈ 0,07 % em massa) até ao Diesel pesado (≈ 1,7 %). Os fuel-oils tem valores muito mais elevados (2,5 a 4 %)
Outra diferença importante nos motores é a facilidade (ou dificuldade) de auto-inflamação. Este comportamento é caraterizado pelo Número de Cetano e pelo Índice de Octano
Os álcoois são hidrocarbonetos oxigenados onde um átomo de hidrogénio foi substituído pelo radical OH
Álcoois
Existem inúmeros álcoois, mas os mais comuns são o metanol e o etanol
O metanol é obtido como um dos produtos da carbonização da madeira, ou através de um processo de síntese 2 H2 + CO → CH3OH
No processo obtém-se cerca de 75 % de metanol e 25 % de álcoois mais pesados, fazendo-se a separação por destilação fracionada.pesados, fazendo-se a separação por destilação fracionada.
O etanol é obtido da fermentação de açúcares, seguido de destilação fracionada
O metanol e o etanol são bons combustíveis para motores de explosão. Mas têm um elevado calor latente de vaporização, o que pode causar problemas de arranque a frio. São bons dissolventes, pelo que em misturas com gasolina proporcionam um funcionamento mais limpo do motor. No entanto, provocam alguns problemas de corrosão e atacam os elastómetros.
Outros biocombustíveis
A procura de combustíveis alternativos aos derivados do petróleo levou a um desenvolvimento de técnicas para produção de óleos vegetais especifica-mente para combustão (embora desde a mais remota antiguidade se utilizassem óleos vegetais e animais como combustíveis)
Os óleos obtidos não são compatíveis com motores de explosão, mas são-no (até certo ponto) com os motores Diesel . Para possibilitar uma adaptação recíproca, tem havido um grande esforço no desenvolvimento destes óleos e
Estes biocombustíveis (em particular o biodiesel) são obtidos a partir de óleos extraídos de plantas (girassol, palma, soja, colza, ...), recorrendo a um processo químico chamada transesterificação, no qual se faz reagir o óleo extraído com um álcool na presença de catalisadores
recíproca, tem havido um grande esforço no desenvolvimento destes óleos e dos motores Diesel, principalmente para misturas gasóleo-biodiesel
Classificação dos combustíveis gasosos
biogás
petróleo
carvão
gás da madeira (destilação ou carbonização)
gás da turfa (destilação ou carbonização)
gás do carvão (carbonização)gás do carvão (gaseificação em ar)
Gás natural
gás do carvão (gaseificação em ar)
gás do carvão (hidrogenização)gás de água (gaseificação em ar e vapor)gás de Lurgi (gaseificação em O2 e vapor)
gás de refinaria (cracking)oil gas (hidrogenização)oil gas (oxidação parcial)oil gas (reacção com gás de água)
acetileno (reacção de água e carbide)
hidrogénio (electrólise)
Gás manufaturado
do carvão
do petróleo
Composições típicas
CH4 75 a 95 %
Gás Naturaldo carvão
CH4
C2H6
CO2
93 a 99 %
até 3 %
até 4 %
N2 e inertes até 4 %
Biogás
CH4
CO2
PCS
≈ 75 %
≈ 25 %
29,6 MJ⋅m-3 (0ºC, 1 bar)
Gás Natural das mantas de petróleo
4
C2H6
C3H8
3 a 12 %
até 6 %
BiogásO biogás obtém-se da decomposição de matéria orgânica por acção bactereológica, em digestoresfechados, na ausência (ou quase) de oxigénio. Exige um elevado teor de humidade
A matéria orgânica (desde que A matéria orgânica (desde que possua elevado grau de humidade) pode ser de diversas origens, quer vegetal, quer animal, sendo muito habitual a utilização de dejetos orgânicos
Os digestores mantêm-se a temperaturas da ordem dos 30 a 40 ºC
Uma vez que o processo não é totalmente anaeróbico, o gás tem uma percentagem significativa de CO2, mas os resíduos sólidos são bons fertilizantes
Utilização do Gás NaturalO gás natural tem um poder calorífico elevado, é uniforme nas suas propriedades (consoante a sua origem), e não contém impurezas nocivas (ou contém-nas em muito baixo teor)
A sua velocidade de propagação de chama é relativamente baixa, necessitando queimadores especiais
A sua chama é pouco luminosa, dificultando a transmissão de calor por radiação
Tem um elevado índice de octano (resiste bem à auto-inflamação), pelo que é um bom combustível para motores de explosão (mas incompatível com os Diesel – excepto na versão Dual-Fuel). É também um bom combustível para turbinas a gás
. Isto é uma vantagem quando se pretende diminuir as perdas de calor, mas é um inconveniente se a transmissão de calor for um objectivo (por exemplo, em caldeiras), sendo então necessárias grandes superfícies de troca de calor por radiação
O gás natural forma misturas explosivas com ar (dentro dos Limites de Inflamabilidade). Dispositivos de segurança são necessários, nomeadamente para permitir o arranque e a paragem dos sistemas de queima
A sua massa volúmica é inferior à do ar, pelo que se dispersa facilmente na atmosfera, reduzindo o risco de formação de misturas explosivas na atmosfera
O poder calorífico por unidade de volume do gás natural é muito baixo. Assim, na sua armazenagem ou transporte utiliza-se o gás comprimido ou Assim, na sua armazenagem ou transporte utiliza-se o gás comprimido ou liquefeito. Nos grandes gasodutos é tipicamente comprimido a 60 a 70 bar (temperatura ambiente). As pressões de armazenagem são da ordem de 200 a 250 bar. A sua massa volúmica é muito maior quando liquefeito, pelo que o seu transporte e armazenagem na fase líquida é muita atractiva. No entanto a temperatura necessária é muito baixa (≈ -160 ºC). Os depósitos têm que ser criogénicos.. A temperatura é mantida deixando vaporizar algum líquido, o que se traduz numa perda de combustível, o qual deverá ser queimado
Gases do petróleo liquefeitos (GPL)Os gases do petróleo liquefeitos (LPG em inglês) são os hidrocarbonetos (ou misturas de hidrocarbonetos) que são gasosos à pressão e temperatura atmosféricas habituais, mas que podem ser armazenados na fase líquida à temperatura atmosférica a pressões relativamente baixas
Acabam por ter as vantagens habituais associadas aos gases e a elevada densidade energética por unidade de volume associada aos líquidos
Principais componentes do GPL
A principal origem do GPL é o gás natural, o petróleo bruto, os crackingtérmico e catalítico, e o reforming
Propano Propeno N-butano Iso-butano 1-buteno
=
Butano e propano comerciaisO butano comercial é constituído principalmente por hidrocarbonetos C4
saturados e não saturados, com menos de 20% de hidrocarbonetos C3, e menos de 2% de hidrocarbonetos C5
O propano comercial é constituído principalmente por hidrocarbonetos C3
saturados e não saturados, com menos de 5% de hidrocarbonetos C2, e menos de 10% de hidrocarbonetos C4
. Aditivos orgânicos de cheiro intenso (normalmente desagradável) são adicionados para
Contêm percentagens baixas (< 0,02%) de compostos de enxofre
facilitar a detecção de fugas
O propano é muitas vezes utilizado em queimadores pressurizados
Quando a taxa de evaporação é intensa pode ocorrer o congelamento nas válvulas de despressurização (L = 0,22 MJ⋅dm-3 à pressão atmosférica). Nesse caso é necessário aquecer as válvulas
O propano é um excelente combustível para motores de explosão (péssimo para Diesel) devido ao seu elevado índice de octano e à razão C/H baixa, dando origem a baixa formação de depósitos carbonosos
É usado em maçaricos oxi-propânicos. A temperatura de chama é menor do que a dos maçaricos oxi-acetilénicos, mas é suficiente para numerosas aplicações. A menor velocidade de propagação de chama mais baixa que nestes últimos diminui os problemas de retorno de chama, e os limites de inflamabilidade muito mais estreitos (2 a 10% em ar contra 2,5 a 80% para o acetileno) diminuem os riscos de explosão
Butano e propano podem ser adicionados a outros gases para aumentar o poder calorífico da mistura
acetileno) diminuem os riscos de explosão
O butano está mais vocacionado para aplicações domésticas. O propano é mais indicado para aplicações industriais devido à sua pressão de armazenagem mais elevada
Temperatura de vaporização (pressão atmosférica)
Densidade do líquido a 15 ºC
Densidade do gás (relativa ao ar)
PCS
Calor latente de evaporação (pressão atmosférica)
(ºC)
(MJ⋅kg-1)
- 42
0,51
1,5
50,0
0,43
- 6
0,59
2,0
49,3
0,45
Propano Butano
Calor latente de evaporação (pressão atmosférica)
Calor latente de evaporação (pressão atmosférica)
Limites de inflamabilidade (% de gás na mistura)
Ar estequiométrico
Temperatura de ignição
Temperatura adiabática de combustão
Pressão de armazenagem a 20 ºC
(MJ⋅kg )
(MJ⋅dm-3)
(m3ar / m3
gas)
(ºC)
(ºC)
(bar)
0,43
0,22
2,0 a 9,5
23
500
1950
8,6
0,45
0,22
2,0 a 8,5
30
480
1880
2,0
Índice de Wobbe
PC – poder calorífico
d
PCW =
d – densidade relativa ao ar (seção 1.4.11 da NP-927)
Os gases são agrupados em famílias de acordo com o índice de Wobbe de
acordo com caraterísticas de queima semelhantes
(7.7)
Esta classificação procura agrupar gases com características de queima semelhantes entre si. Estas características são de tal modo distintas, de família para família, que dois gases de famílias diferentes nunca são intermutáveis e a passagem de um para outro obriga a operações de conversão dos aparelhos
Fabricam-se, portanto, equipamentos, queimadores e aparelhos de queima especificamente para cada uma das famílias de gases indicadas
1ª Família (do gás de cidade) – Índice de Wobbe entre 21,5 e 28,7 MJ⋅m-3. Essencialmente os gases obtidos a partir da hulha e, mais modernamente, os gases de características análogas fabricados a partir de hidrocarbonetos líquidos ou gasosos. Têm como constituintes principais o hidrogénio, o metano, o monóxido de carbono e gases inertes C02 e N2.
2ª Família (do gás natural) – Índice de Wobbe entre 37,1 e 52,4 MJ⋅m-3.
3ª Família (dos gases do petróleo liquefeitos) – Índice de Wobbe entre 72,0 e
85,1 MJ⋅m-3. Compreende os hidrocarbonetos gasosos, geralmente fornecidos sob forma de líquido, em garrafas ou reservatórios, em que os constituintes principais são o butano e o propano
2ª Família (do gás natural) – Índice de Wobbe entre 37,1 e 52,4 MJ⋅m .
Compreende os diversos gases naturais em que o constituinte principal é o metano, e os gases manufacturados de substituição do gás natural
Comparação dos combustíveisFonte: Ferreira dos Santos (1986)
Sob o ponto de vista do consumidor a prontidão do fornecimento e a certeza do mesmo são fatores de grande importância. Assim, para se proceder a uma escolha de combustível, deve-se considerar o local de produção, seu transporte e modo de fornecimento, e pontos de consumo, para além da utilização propriamente dita
Combustíveis sólidosCombustíveis sólidos
Estes, nomeadamente o carvão e o coque, possuem as seguintes vantagens em relação a outras fontes energéticas:
a) os seus preços são inferiores;
b) podem ser armazenados em grandes quantidades, em superfícies planas e duras;
c) tendo um teor em hidrogénio baixo pode-se utilizar uma proporção maior do PCS;
d) o valor médio encontrado para o enxofre no carvão é inferior em menos de metade do teor médio encontrado para o fuel-óleo residual, dando origem a menos problemas de corrosão e poluição;
e) a cinza do carvão praticamente não possui vanádio, o qual existe no óleo;
f) pode ser utilizado na sua forma pulverizada cujas vantagens são semelhantes às consideradas para óleo;
g) possui maior diversificação de fornecedores.
No entanto, existem desvantagens ligadas ao seu manuseamento e sua No entanto, existem desvantagens ligadas ao seu manuseamento e sua utilização:
h) operação suja em termos de manuseamento dada a formação de poeiras.Sistemas de transporte são muitas vezes sujeitos a paragens;
i) sofrem deterioração durante a sua armazenagem com redução tamanho das partículas e do seu poder calorífico. Em casos extremos, combustão espontânea poderá ocorrer;
j) por vezes possuem proporções elevadas de matéria mineral, que presentes nas cinzas poderão causar sérios problemas;
k) a presença de enxofre leva a formação de óxidos de enxofre durante a combustão, responsável por problemas de corrosão e poluição;
l) o controle da combustão dos sólidos é mais difícil de efectuar do que os combustíveis líquidos e gasosos, com grande variedade de qualidade e tamanho.
Combustíveis líquidos
Em relação aos combustíveis sólidos, os combustíveis líquidos têm as seguintes vantagens:seguintes vantagens:
a) podem ser armazenados de forma mais compacta. Numa base de poder calorífico/massa, os óleos contem cerca de 50 % mais de energia do que o carvão. Numa base de área ocupada, o óleo armazenado é quase 5 vezes mais compacto;
b) a movimentação processa-se de forma mais simples do que nos sólidos. Assim, o equipamento de bombagem, transporte e controle torna-se mais barato;
c) o poder calorífico maior implica uma maior potência para uma mesma massa de combustível;
d) o controle e regulação de combustão processa-se mais facilmente;
e) os queimadores são mais facilmente adaptáveis a potências caloríficas diferentes;
f) o arranque é também mais simples do que numa instalação a carvão;
g) o excesso de ar mínimo é mais baixo, pelo que se obtêm temperaturas mais elevadas. Além disso, o uso de óleos aromáticos leva a chamas mais luminosas e portanto maior calor por radiação;mais luminosas e portanto maior calor por radiação;
h) o fornecimento de fuel é mais uniforme em composição do que o de carvão. Não há problemas de poeiras em cargas e descargas;
i) os óleos possuem teores muito reduzidos de cinza. Não há problemas com jorra (breu), nem há depósitos ("bird nesting") nas caldeiras;
j) o carvão tem problemas de combustão espontânea durante a armazenagem. O óleo não;
k) os destilados leves (gasóleos e querosenes) tem menos enxofre que o carvão. É apropriado para aquecimento central e aplicações domésticas.
Combustíveis gasosos
O uso e manuseamento de gases tem grandes vantagens em relação aos outros combustíveis sólidos e líquidos. Assim tem-se:
a) é limpo, e a sua combustão não produz cinzas, poeiras ou partículas que possam poluir a atmosfera;
b) qualquer composto de enxofre ou mesmo enxofre que exista no gás é facilmente removido antes de ser queimado, por processos simples e económicos;
c) podem ser queimados eficazmente com quantidades mínimas de excesso de ar (5 a 10 %) e não produzem fumos se houver um bom controle na combustão;
d) podem ser queimados uniformemente sem ser necessário qualquer processo especial de controle e manuseamento;
e) podem ser distribuídos facilmente a diversos locais por tubagem subterrânea, como era o caso do gás de cidade e é actualmente o caso do gás natural doméstico;
f) a sua pureza e poder calorífico são sempre bem definidos;
g) apenas nos GPL têm que ser tomados cuidados especiais de armazenamento em relação às condições climatéricas.