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Comentário ao Livro de Jó ( Capitulo 7) Posted: 06 Mar 2010 09:29 AM PST de Matthew Henry CAPITULO 7 (no final do comentário) Continua Jó expressando a amargura que sente pela sua aflição e justificando-se pelo desejo de morrer. I. Lamenta-se de novo, no seu interior e aos seus amigos, da sua aflição e da constante agitação em que se acha (vv. 1-6). II. Volta-se para Deus (vv. 7 e ss., até o final do cap.), 1. Para que ponha fim rapidamente à sua situação atual (vv.7-10). 2. Para que se dê conta da miserável condição em que se acha (vv. 11-16). 3. Para que cesse de disputar com ele, lhe perdoe os seus pecados e o alivie rapidamente da sua miséria (vv. 17-21). Versículos 1-6 Jó insiste aqui num tema que se repete uma vez ou outra : os dias do homem sobre a terra são poucos e maus (comp. Gn 47:9). I. A vida do homem é curta. «Não tomeis equivocadamente as minhas palavras – vem dizer Jó - quando expresso o meu desejo de morrer, como se pensasse que posso adiantar o tempo fixado por Deus; já sei que não é possível. O soldado tem que terminar a sua milícia, e o jornaleiro a sua jornada de trabalho». Certamente que o prazo não nos foi fixado para o fado fatídico, como pensavam os estóicos, nem pela fortuna cega, como matutavam os epicureus, mas sim pelo intuito sábio, santo e soberano de um Deus que é amor. Temo-nos de considerar neste mundo: 1. Como soldados, expostos às dificuldades e aos perigos no meio de muitos inimigos; estamos sob autoridade; e quando se acabar o tempo de nossa milicia, seremos licenciados e destroçados; outros virão à rendição (14:14). 2. Como jornaleiros, que têm que levar a cabo o labor do dia e prestar contas ao chegar a noite. II. Tinha muita razão - pensava ele - para desejar a morte, como o escravo e o jornaleiro (v.2) que estão cansados do trabalho e suspiram pelas sombras da noite,

Comentário ao Livro de Jó Capitulo 7

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Comentário ao Livro de Jó ( Capitulo 7)

Posted: 06 Mar 2010 09:29 AM PST

de Matthew Henry

CAPITULO 7 (no final do comentário)

Continua Jó expressando a amargura que sente pela sua aflição e justificando-se pelo desejo de morrer. 

I. Lamenta-se de novo, no seu interior e aos seus amigos, da sua aflição e da constante agitação em que se acha (vv. 1-6). 

II. Volta-se para Deus (vv. 7 e ss., até o final do cap.), 

1. Para que ponha fim rapidamente à sua situação atual (vv.7-10). 

2. Para que se dê conta da miserável condição em que se acha (vv. 11-16). 

3. Para que cesse de disputar com ele, lhe perdoe os seus pecados e o alivie rapidamente da sua miséria (vv. 17-21).

Versículos 1-6

Jó insiste aqui num tema que se repete uma vez ou outra : os dias do homem sobre a terra são poucos e maus (comp. Gn 47:9).

I. A vida do homem é curta. «Não tomeis equivocadamente as minhas palavras – vem dizer Jó - quando expresso o meu desejo de morrer, como se pensasse que posso adiantar o tempo fixado por Deus; já sei que não é possível. O soldado tem que terminar a sua milícia, e o jornaleiro a sua jornada de trabalho». Certamente que o prazo não nos foi fixado para o fado fatídico, como pensavam os estóicos, nem pela fortuna cega, como matutavam os epicureus, mas sim pelo intuito sábio, santo e soberano de um Deus que é amor. Temo-nos de considerar neste mundo: 1. Como soldados, expostos às dificuldades e aos perigos no meio de muitos inimigos; estamos sob autoridade; e quando se acabar o tempo de nossa milicia, seremos licenciados e destroçados; outros virão à rendição (14:14). 2. Como jornaleiros, que têm que levar a cabo o labor do dia e prestar contas ao chegar a noite.

II. Tinha muita razão - pensava ele - para desejar a morte, como o escravo e o jornaleiro (v.2) que estão cansados do trabalho e suspiram pelas sombras da noite, quando receberão o seu jornal e irão descansar. Mas ele tinha outras especiais razões para desejar que se aproximasse o final da sua jornada:

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1. Os seus dias eram inúteis e o tinham sido já por algum tempo: «meses de calamidade» (v. 3). Era uma carga para si mesmo e até para Deus (segundo o texto original, que os escribas alteraram por uma falsa reverência, do v. 20b). Tampouco podia fazer nenhum bem a outros. Quando não pudermos fazer o bem que queremos, seremos igualmente aceites por Deus, se sofrermos cristamente o mal que padecemos.

2. As suas noites eram especialmente dolorosas por estarem cheias de agitação e de pesadelos (vv. 3, 4). A noite alivia o trabalhador e, muitas vezes, o paciente. Mas o pobre Jó não podia conseguir este alívio. Isto o fazia temer a noite tanto como a deseja o escravo.

3. Todo o seu corpo parecia uma lástima (v. 5) e sua vida - assim lhe parecia a ele, ia rapidamente para seu final (v. 6). Pensou que não tinha nenhum motivo para esperar uma vida mais extensa, pois os seus dias passavam mais velozes que a lançadeira do tecelão, que vai rapidamente de um lado ao outro do tear, e ia-lhe a esperança de se ver recuperado na sua saúde e na sua fazenda.

Versículos 7-16

Jó roga aqui a Deus ou que o alivie ou que o mate. Apresenta-se ante Deus:

1. Como um moribundo (v. 7). Lembra-te que minha vida é um sopro. Encomenda-se, pois, à compaixão de Deus, por causa da extrema fragilidade da sua vida. Nem ele voltará a ver o bem (v. 7), nem os demais voltarão a vê-lo, e mesmo à vista de Deus desaparecerá (v. 8). A morte é algo que acontece uma só vez (Hb 9:27). Jó ilustra-o comparando-a com o desvanecer-se de uma nuvem (v. 9), que se desfaz no ar para não voltar a formar-se. Surgem outras nuvens, mas a mesma nuvem jamais volta para o seu lugar (vv. 9-10), nem o lugar volta jamais a vê-la. «portanto (V. 11), não refrearei a minha língua, etc.». Das anteriores premissas, podia esperar uma melhor conclusão. É preferível morrer orando e elogiando que morrer lamuriante e irado.

2. Como um desequilibrado, gravemente destemperado de corpo e alma (v. 12) Sou eu o mar ou um monstro marinho, para que me ponhas guarda? Irreverente modo de dirigir-se ao Criador! Parece-lhe que Deus o trata como a uma fera a quem é mister pôr limites para que não faça mal. Mas, não lhe julguemos apressadamente. O pobre Jó acha que a sua cama, em vez de o aliviar (v. 13), aterra-o com pesadelos. Estas se deviam, em parte, à alteração do seu ânimo, mas é provável que o próprio Satanás pusesse uma mão nelas, pois está acostumado a aterrorizar a quem deseja destruir. Jó atira a culpa a Deus (v. 14). devemos orar a Deus para que os nossos sonhos não perturbem o nosso espírito. Jó encontra nesses terrores um motivo mais para desejar ir ao sepulcro, onde toda a inquietação e todo o pesadelo desaparecem. Não há dúvida de que esta era a maior debilidade de Jó, porque mesmo que uma pessoa boa deseje partir deste mundo e prefira a estrangulação e a morte antes que o pecado, como é o caso dos mártires, se contentarão, todavia, vivendo por quanto tempo como a Deus agrade e não escolherão, sem mais, a morte com preferência à vida, posto que a vida é nossa oportunidade para glorificar a Deus e a preparação para o Céu.

Versículos 17.21

Jó discute agora com Deus:

I. Sobre o modo como trata aos homens (vv. 17-18): Que é o homem (hebr. enosh: o ser humano na sua debilidade)para que tanto dele te ocupes (lit. o engrandeças) e para que fixes nele a Tua atenção? Enganamo-nos quanto ao caráter de Deus e da Sua providência, se pensarmos que é um rebaixamento para Ele O ocupar-se da mais insignificante das Suas criaturas. Perguntas parecidas com a do Jó aqui, acham-se nos salmos (Sl 8:5; 144:3), mas com duas diferenças notáveis: 1. Os salmistas referem-se ao homem em geral, mas Jó aplica-o a si mesmo em particular, como vemos pelo contexto. 2. Mas, principalmente, os salmistas admiram-se, cheios

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de agradecimento, de que Deus engrandeça o homem enchendo-o de favores, enquanto que Jó se admira de que Deus lhe dê tanta importância a ele, não o deixando tranquilo, senão escrutinando com olhar inquisitivo tudo o que ele pensa, fala e faz.

II. Sobre o modo como trata a ele:

1. Tomando-o como alvo dos seus dardos (v. 20): «Por que fizeste de mim um alvo para ti?» Como dizendo: «O meu caso é extraordinário, pois a ninguém atacas como a mim. Esta perseguição é tão constante que parece que Deus não tem outra coisa que fazer: «Até converter-me em uma carga para ti».

2. Não lhe permitindo ocasião de repouso, nem sequer para «tragar a saliva» (v. 19. Comp. com 9:18, que é uma expressão equivalente). O olhar de Deus - segundo ele - persegue-o constantemente. Contudo, confessa-se pecador (v. 21) diante de Deus. Deus mesmo havia dito dele que era cabal e recto, temeroso de Deus e afastado do mal (1:8), mas ele diz: pequei (Todavia a construção da frase dá a entender que Jó fala em hipótese:

«Se é que pequei, que (mal) te faço a ti?» (lit.). Esta pergunta incongruente de Jó fazem-na ainda muitos incrédulos. Que mal faço a Deus com isso? Para a ela responder, basta olhar para o Calvário. O nosso pecado custou-Lhe muito caro a Deus! Nota do tradutor).

3. Negando-lhe o perdão, até no caso de que tenha pecado (v. 21):

E por que não perdoas a minha transgressão, e não tiras a minha iniquidade? Como dizendo:

«Até no caso de que hajas pecado (recorde-se a nota anterior), por que me guardas um rancor tão profundo, até o ponto de me negares o perdão, posto que continuas torturando-me, com o que amostras não me haver perdoado?». A pergunta-a é uma amarga queixa nos lábios de Jó, mas não o julguemos muito severamente. A queixa pode também entender-se (pelo menos, implicitamente) como uma oração, uma petição de perdão. A amargura só serve para tornar mais viva e urgente a sua oração. Quando a misericórdia de Deus perdoa as transgressões que temos cometido, a graça de Deus retira de nós a iniquidade reinante, até então, no nosso coração. E quando Deus retira a culpa do pecado, quebranta também o poder do pecado.

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Fonte: Comentario Exegético-devocional a toda la Biblia Libros Poéticos- Tomo II -© 1988 por CLIEhttp://www.adorador.com/

Tradução de Carlos António da RochaFONTE: No Caminho de Jesus

Jó 71 ¶ Porventura não tem o homem guerra sobre a terra? E não são os seus dias como os dias do jornaleiro?

2 Como o servo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga,

3 Assim me deram por herança meses de vaidade; e noites de trabalho me prepararam.

4 Deitando-me a dormir, então digo: Quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me revolver na cama até à alva.

5 A minha carne se tem vestido de vermes e de torrões de pó; a minha pele está gretada, e se fez abominável.

6 Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão, e acabam-se, sem esperança.

7 ¶ Lembra-te de que a minha vida é como o vento; os meus olhos não tornarão a ver o bem.

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8 Os olhos dos que agora me vêem não me verão mais; os teus olhos estarão sobre mim, porém não serei mais.

9 Assim como a nuvem se desfaz e passa, assim aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir.

10 Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá.

11 Por isso não reprimirei a minha boca; falarei na angústia do meu espírito; queixar-me-ei na amargura da minha alma.

12 Sou eu porventura o mar, ou a baleia, para que me ponhas uma guarda?

13 Dizendo eu: Consolar-me-á a minha cama; meu leito aliviará a minha ânsia;

14 Então me espantas com sonhos, e com visões me assombras;

15 Assim a minha alma escolheria antes a estrangulação; e antes a morte do que a vida.

16 A minha vida abomino, pois não viveria para sempre; retira-te de mim; pois vaidade são os meus dias.

17 ¶ Que é o homem, para que tanto o engrandeças, e ponhas nele o teu coração,

18 E cada manhã o visites, e cada momento o proves?

19 Até quando não apartarás de mim, nem me largarás, até que engula a minha saliva?

20 Se pequei, que te farei, ó Guarda dos homens? Por que fizeste de mim um alvo para ti, para que a mim mesmo me seja pesado?

21 E por que não perdoas a minha transgressão, e não tiras a minha iniqüidade? Porque agora me deitarei no pó, e de madrugada me buscarás, e não existirei mais