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N º 5 3 : : D E Z E M B R O 2 0 12
Sérgio Moreira Dias, secretário municipal de Urbanismodo Rio de Janeiro
Como a REVITALIZAÇÃO do porto saiu do papel
O andamento das OBRAS do Parque Olímpico
Novas vias expressas VALORIZAM o subúrbio
Como a REVITALIZAÇÃO do porto saiu do papel
O andamento das OBRAS do Parque Olímpico
Novas vias expressas VALORIZAM o subúrbio
A Andrade Gutierrez está construindo o futuro É impossível separar os caminhos da Andrade Gutierrez
e do Rio de Janeiro. Afi nal, são mais de 30 anos de uma parceria que já rendeu rodovias, metrôs, ferrovias, túneis, refi narias, hidrelétricas e muito mais. Hoje, esta relação segue mais forte do que nunca, em projetos marcantes como o Corredor Transcarioca BRT, um complexo de 28 km que promete desafogar o trânsito da capital. Ou como a reforma do Maracanã, que vai preparar o estádio mais famoso do mundo para um momento importante do futebol mundial, e a Usina Nuclear de Angra III, com inovações tecnológicas aplaudidas e reverenciadas internacionalmente. A Andrade Gutierrez fortalece ainda mais a sua história com o Rio. E ajuda o Estado a fazer história.
Reforma do Complexo Maracanã
Projeto do Corredor Transcarioca BRT
Usina Nuclear de Angra III
Angu
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01 Construir | Dezembro 2012
editorial
Francis Bogossian,
presidente
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SÉRGIO DIAS COMANDA O URBANISMO DO RIOO Rio de Janeiro decadente está ficando para trás,
uma nova cidade se apresenta. Não é apenas a Zona
Sul, região turística e a mais visada, que está sendo
beneficiada. Estamos vendo uma transformação urba-
nística em todo o Rio.
Por trás dessas mudanças está o engenheiro Sérgio
Moreira Dias, secretário municipal de Urbanismo.
“Carioca da gema”, não é de hoje que Sérgio vem
mudando a cidade. Na década de 1990, seu projeto Rio
Orla transformou 33 quilômetros de praias, do Leme ao
Pontal, com a construção de quiosques, calçadas largas,
as primeiras ciclovias da cidade e uma nova iluminação.
O Rio Orla, premiado na Itália como o melhor projeto
de orla marítima, ampliou o conceito de lazer nas praias
da Zona Sul e da Barra da Tijuca, incorporando o banho
de mar noturno e o ciclismo na vida dos cariocas.
Em 2001, quando o prefeito Eduardo Paes era
secretário municipal de Meio Ambiente, contratou Sérgio
Dias para urbanizar a praia do Recreio. O projeto Eco-
Orla e o Pontal do Tim Maia recuperaram a região,
impedindo sua degradação.
Ao ser eleito prefeito em 2008, Paes não teve dúvida
sobre quem seria capaz de modernizar toda a cidade, não
apenas criando projetos, mas, principalmente, fazendo
com que se tornassem realidade: Sérgio Moreira Dias.
À frente da Secretaria Municipal de Urbanismo,
teve êxito em seu primeiro grande desafio: recuperar
a abandonada Zona Portuária. Em menos de um ano o
projeto Porto Maravilha se tornava realidade.
O passo seguinte foi a elaboração do Plano Diretor
da cidade, que estabelece as diretrizes para as ações
urbanísticas e de meio ambiente. Em 2011, depois de
mais de uma década de atraso, o Plano foi aprovado na
Câmara Municipal.
Em paralelo, a Secretaria Municipal de Urbanismo
está revisando os Projetos de Estruturação Urbana
(PEUs) de várias regiões, entre elas a Avenida Brasil e os
bairros de Madureira e da Penha, com o objetivo de atrair
novos investimentos para essas áreas.
Somam-se a isso também a construção dos novos
corredores de ônibus (BRTs) e do Parque de Madureira,
além da reurbanização nos entornos do Maracanã, do
Engenhão e do Sambódromo. Ao mesmo tempo, os prazos
para os processos de licenciamento foram encurtados,
contribuindo para a expansão da construção imobiliária.
Outra missão a que Sérgio está se dedicando é à
regularização do uso e da ocupação do solo nas Áreas
de Especial Interesse Social, atendendo ao programa
de governo do prefeito Eduardo Paes de acabar com o
crescimento desordenado das favelas.
Estamos, sem dúvida, vendo renascer a “Cidade
Maravilhosa”.
02 Construir | Dezembro 2012
índice
expediente
04 |06 |
10 |15 |20 |
22 |
24 |
25 |
26 |
28 |30 |31 |32 |
Palestras e eventos da AEERJ
Entrevista com o secretário Sérgio Dias
Um mar de oportunidades
O Parque Madureira é divino
Nova legislação aquece o setor hoteleiro
O coração esportivo de 2016
Por uma cidade mais verde
Caminhos para a transformação
O novo Plano Diretor do Rio
Mecanismos urbanos para aquecer o setor imobiliário
A história dos planos urbanos da cidade
Nota de falecimento
Crônica
Diretoria 2011-2014: Presidente Francis Bogossian (Geomecânica); Vice-Presidente Eduardo Backheuser (Carioca); Diretor Administrativo-Financeiro Carlos Alberto Brizzi Benevides (Dimensional); Diretoria Alberto Quintaes (Andrade Gutierrez); Antonio Machado Evangelho (Vile Romi); Gustavo Souza (Queiroz Galvão); Jefferson Paes de Figueiredo Filho (Darwin); José Ary Lacombe Moreira (FW); Moysés Spilberg (Spil); Reginaldo Assunção Silva (OAS); Ricardo Araujo Farah (Sanedraga) Conselho Fiscal Eduardo Impellizieri Versiani (Enimont); João de Deus Vaz da Silva Neto (Arkhe); Leandro Azevedo (Odebrecht); Luiz Carlos de Carvalho (Medeiros); Maciste Granha de Mello Filho (Macadame)AEERJ - Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro | Av. Rio Branco, 124 - 7º andar | Rio de Janeiro - RJCEP 20040-001 | Tel.: 55 21 3970.3339 Fax: 55 21 3970.3375 | [email protected] | www.aeerj.com.br
A Revista Construir é uma publicação da AEERJ – Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro, produzida pela Banjo Editora e Cria Caso Publicações Customizadas. Os artigos, fotografias e matérias assinadas são de responsabilidade dos respectivos autores e não refletem necessariamente a opinião da AEERJ.
Editora Antonia Leite Barbosa | Diretora de Criação Mariana Nahoum | Repórter Rafael Sento Sé | Copidesque Kathia FerreiraFotos AEERJ Isabel Acosta e Anna Fischer | Foto Capa Eliane Carvalho
04 Construir | Dezembro 2012
eventos aeerj
LANçAMENTO REVISTA Nº 52
O presidente do DER-RJ, Henrique Ribeiro, acompanhado dos diretores Carla Mechoullam, Aécio Castro
da Rocha e Carlos Alberto Sanches, comemorou com os associados da AEERJ o lançamento da revista
Construir dedicada ao seu trabalho à frente do órgão. Henrique agradeceu a homenagem dizendo: “Entendo
que qualquer negócio só é bom para os dois lados. Reconheço o trabalho das empresas e temos trabalhado
juntos com harmonia.”
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1- Brizzi, Francis e Eduardo atentos às palavras de Henrique Ribeiro. 2- Gabriel e Jorginho (Silo). 3- Divaldi (DAS) e Stélio (Premag). 4- Vinicius e Rodrigo (MJRE) e Vinicius (Dimensional). 5- Construir número 52. 6- Guilherme (Geomecânica), Rizzo (Queiroz Galvão) e João Américo.
PALESTRA TÉCNICAA Fábio Bruno promoveu, no dia 12 de setembro, no auditório da AEERJ, a palestra “Introdução à análise
avançada de edificações e pontes”, ministrada pelo dr. Ahmed Khalil, que utilizou o software Extreme Loading.
05 Construir | Dezembro 2012
eventos aeerj
INVESTE RIO
MEDALHA DO PACIFICADOR
ELEIÇÕES 2012
ENCONTRO GEOTÉCNICO DA PETROBRAS
Convidado pelo governador Sérgio Cabral para presidir e dinamizar a Investe Rio, Domingos Vargas, ex-superin-tendente da Caixa Econômica Federal, esteve na AEERJ no dia 5 de setembro para anunciar as vantagens das linhas de financiamento que a instituição oferece para as empresas fluminenses.
Presidente da AEERJ e do Clube de Engenharia, Francis Bogossian recebeu no dia 24 de agosto a Medalha do Pacificador, conferida pelo Comando Militar do Leste a civis e militares que prestaram importantes serviços ao Exército.
A AEERJ juntou-se ao Clube de Engenharia, Instituto Ethos, Atletas pela Cidadania e Rede Nossa São Paulo para receber os então candidatos à Prefeitura do Rio. O evento “Copa, Olimpíadas e eleições: qual o legado para sua cidade?” contou com a presença dos candidatos Aspásia Camargo (PV), Cyro Garcia (PSTU), Fernando Siqueira (PPL), Marcelo Freixo (PSOL), Otávio Leite (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM), que se comprometeram com as propostas de transparência, legado esportivo e sustentabilidade apresentadas pelos organizadores do evento.
A Petrobras utilizou em outubro o auditório da AEERJ para promover o seminário “Encontro geotécnico da Petrobras: práticas atuais, inovações e tendências”, organizado pelo diretor de Engenharia, Tecnologia e Materiais José Antônio de Figueiredo. Francis Bogossian abriu o evento com a palestra “Importância da engenharia geotécnica na indústria brasileira do petróleo”.
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1- Domingos Vargas (Investe Rio). 2- Plateia assiste à palestra.
LIVRO DE WAGNER VICTER
Wagner Victer, presiden-
te da Cedae, autografa o
livro “Cartas a um jovem
engenheiro” para Francis
Bogossian, na Livraria da
Travessa.
06 Construir | Dezembro 2012
Foto
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Sérgio Moreira Dias
“O PODER PÚBLICO PRECISA SER PARCEIRO DA INICIATIVA PRIVADA”
capa
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE URBANISMO DO RIO DE JANEIRO, SÉRGIO MOREIR A DIAS INAUGUROU UMA GESTÃO DE DIÁLOGO E TORNOU OS PROCEDIMENTOS BUROCR ÁTICOS MAIS EFICIENTES, ALGO FUNDAMENTAL PAR A O SUCESSO DA REVITALIZAÇÃO DA ZONA PORTUÁRIA E DA REALIZAÇÃO DA COPA DO MUNDO E
DAS OLIMPÍADAS NA CIDADE
07 Construir | Dezembro 2012
capa
De que forma as Olimpíadas e a Copa do Mundo impactam
o trabalho da Secretaria de Urbanismo?
No caso desses dois eventos, a Secretaria funciona muito
como apoio ao trabalho da Empresa Olímpica Municipal e às
ações da Prefeitura. Precisamos agilizar os licenciamentos
relacionados aos eventos e, para isso, criamos uma gerência
especializada. Todos os projetos e intervenções, públicos ou
privados, recebem um selo de prioridade e são analisados
por essa comissão especial, que coordena todos os órgãos
licenciadores ou analisadores do processo. Esse comitê
comandado pelo Urbanismo tem o prazo máximo de dez
dias para fazer as análises, o que dá uma agilidade muito
grande para a legalização e a regularização, e isso acabou
se tornando uma rotina dentro da Secretaria.
A experiência e a capacidade de realização do engenheiro civil Sérgio Moreira Dias, 65 anos, tanto na
iniciativa privada quanto na elaboração de projetos públicos, foram determinantes para que o prefeito
Eduardo Paes o escolhesse, em 2009, para comandar a Secretaria Municipal de Urbanismo do Rio de
Janeiro. Paes idealizava alguém que pudesse estreitar o diálogo com as empresas de engenharia e, dessa
forma, firmar parcerias capazes de fazer com que os projetos saíssem do papel com rapidez. Com medidas
simples, como a centralização dos órgãos de planejamento urbano, a elaboração de novos parâmetros de
construção tornou-se bem mais eficiente, o que é essencial em uma cidade que está passando por tantas
transformações em tão pouco tempo.
A sonhada revitalização da Zona Portuária, a criação do Parque Madureira e a aprovação do Plano Diretor
depois de 20 anos de espera são os maiores orgulhos da gestão de Sérgio Dias. Responsável pelo cumprimento
da legislação e pela elaboração de regras urbanísticas, a Secretaria tem um papel importantíssimo no sucesso
da realização da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016, na capital fluminense. Os técnicos
comandados por Sérgio Dias se ocupam não tanto da elaboração de projetos, mas do apoio à Empresa
Olímpica Municipal, cuja função é coordenar a execução de atividades e projetos municipais relacionados a
esses megaeventos esportivos. Com isso foi possível, por exemplo, dar início às obras que renovarão a Zona
Portuária e aumentar o número de hotéis licenciados para que o Rio pudesse se adequar à quantidade de
quartos exigida pelo Comitê Olímpico Internacional.
A Secretaria está promovendo uma revolução nos bairros que serão cortados pelas vias expressas
Transcarioca, Transolímpica, Transoeste e Transbrasil, como Penha, Madureira e Deodoro. Apesar de
apresentarem boa infraestrutura urbana, tais localidades permaneciam estagnadas devido a circunstâncias
diversas, mas, por conta da melhoria na mobilidade urbana, estão se valorizando. O papel da Secretaria de
Urbanismo, nesse caso, é estimular novas construções para revitalizar essas regiões.
Qual o papel da Secretaria na adequação da rede hoteleira
com vistas às Olimpíadas?
Somos responsáveis pelo comitê de acomodações, cujo,
objetivo é incentivar e acelerar o processo de construção
de novos hotéis. Com a criação do pacote olímpico, foram
desenvolvidos incentivos tanto para a construção de novos
hotéis quanto para a reforma e a ampliação da rede existente.
A concepção da lei e o acompanhamento desse trâmite até a
Câmara dos Vereadores foram feitos pela Secretaria.
A Secretaria vê com bons olhos as parcerias com a iniciativa
privada. Que benefícios elas trazem?
É uma orientação do prefeito ter um diálogo com as empresas
privadas, pois a cidade prospera com esses investimentos. O
08 Construir | Dezembro 2012
poder público precisa ser parceiro, entender as demandas,
otimizar os processos. Essa é uma das missões da
Secretaria: produzir diálogos e entendimentos, que trazem
resultados para a Prefeitura, o poder público e a cidade. Um
exemplo disso aconteceu no Sambódromo. O proprietário do
terreno, a Ambev, tinha um poder construtivo muito bom,
mas as regras urbanísticas para a região só permitiam uma
construção que ocupasse 100% do terreno e que tivesse, no
máximo, três andares, como se fosse um caixote. Foi esse bom
diálogo com a iniciativa privada que permitiu a adequação
ao projeto olímpico sem a necessidade de desapropriar um
centímetro quadrado sequer, com custo praticamente zero
para os cofres públicos. Qual foi a contrapartida oferecida
pela Ambev? Para fazer essa mudança, cobramos da
empresa a execução do projeto original do Sambódromo,
que se adequava às exigências do COI. O terreno foi cedido
para a Prefeitura e a construção da nova arquibancada foi
toda paga pela Ambev. Na sua construção, o projeto original
do Oscar Niemeyer não pôde ser executado porque a fábrica
da Brahma ainda estava ativa e não podia ser desapropriada.
Foi tudo desviado, ficando meio capenga. Com o projeto
olímpico, necessitava-se de uma capacidade maior e um
projeto simétrico para abrigar as provas de maratona e de
tiro com arco.
Que outras parcerias estão sendo firmadas para as
Olimpíadas?
É a primeira cidade sede que utiliza parcerias público-
privadas na construção do Parque Olímpico. Não tivemos de
desapropriar o terreno, já era nosso. Mas tivemos de fazer
uma proposta de modificação do projeto do Parque Olímpico
para que pudesse se tornar um legado mais interessante
para a cidade e, dessa forma, mais atrativo para a iniciativa
privada. O que fizemos foi concentrar num canto as
instalações definitivas e, no outro, as temporárias.
Depois de 20 anos, o novo Plano Diretor finalmente foi
aprovado. Qual o papel da Secretaria de Urbanismo nesse
processo?
A Secretaria foi responsável pela condução da aprovação e
negociação do Plano Diretor, que é constituinte da cidade. O
Plano estabelece todas as diretrizes, propostas e condições
do planejamento da cidade, no que diz respeito à questão
urbanística e à questão ambiental. Estava atrasado há dez
capa
anos por questões políticas e ideológicas. O prefeito prometeu
que aprovaria o Plano Diretor e a Secretaria entrou no papel
de construção do Plano com a Câmara de Vereadores.
Eram 1,3 mil emendas a serem analisadas. Com a Câmara,
a Secretaria compatibilizou as emendas. Chegou-se a um
consenso de que algumas não eram matérias e outras eram
repetitivas. Finalmente foi aprovado, representando uma
grande conquista para a cidade, pois traz instrumentos de
práticas modernas de planejamento urbano, como a outorga
onerosa, o IPTU progressivo, a possibilidade de transmissão
de potencial construtivo. Também abrange zoneamento
urbano, criando incentivos para algumas regiões e maior
controle para outras.
Na sua gestão, a quantidade de Projetos de Restruturação
Urbana (PEU) cresceu muito. Qual sua importância para a
cidade?
O Plano Diretor estabelece os Projetos de Estruturação
Urbana, que definem novas regras urbanísticas, tanto para
o tipo de uso – comercial, industrial ou residencial – quanto
para o tipo de construção. Os PEUs se aplicam a uma região
bem definida por características ambientais, urbanísticas,
sociais, paisagísticas e geográficas, e são importantes para
incentivar o seu desenvolvimento. Em apenas dois anos
elaboramos 22 PEUs. O primeiro que fizemos foi para a
região da Penha, que se valorizou muito depois das UPPs
e vai se tornar ainda mais valorizada com a Transolímpica.
Outros bairros terão a legislação revista?
Sim. Estamos elaborando novos PEUs para bairros que
seguem os projetos estruturantes de transportes. Vamos
O PLANO DIRETOR REPRESENTA UMA GRANDE CONQUISTA PARA A CIDADE, POIS TRAZ INSTRUMENTOS
DE PRÁTICAS MODERNAS DE PLANEJAMENTO URBANO
09 Construir | Dezembro 2012
capa
mexer nos bairros que ficam ao longo da Transcarioca, da
Transolímpica e da Transoeste. Tais intervenções geram
investimentos e mexem com a mobilidade e a acessibilidade.
Dessa forma, torna-se até interessante adensar um pouco
mais a região ao longo dessas vias, já que esses bairros têm
boa infraestrutra urbana, mas encontravam-se estagnados
há muito tempo. O PEU de Madureira já foi encaminhado à
Câmara de Vereadores, o de Deodoro está encaminhado e
também vamos olhar para o Grande Meier, Irajá e Ilha do
Governador. Todas as regiões no entorno das trans estão
sendo estudadas.
Por que demorou tanto para a revitalização do Porto sair
do papel?
Há 30 anos o Porto não tinha viabilidade porque não se
encontrava um projeto adequado nem um modelo de negócio.
Usamos apenas instrumentos que estão previstos por lei,
do estatuto da cidade de 1975 e do primeiro Plano Diretor,
e conseguimos tornar a revitalização viável. Através de
uma operação financeira, os empreendedores que querem
construir acima do potencial construtivo básico adquirem
esse direito através da compra de um título chamado Cepac
(Certificado de Potencial Adicional de Construção). Não
estou falando em mudança de gabarito. É um mecanismo da
legislação que permite o aumento do potencial construtivo
desde que se pague uma contrapartida. Quanto melhor as
obras no Porto caminham, melhor o rendimento do papel. É
uma operação belíssima, não é a primeira do Brasil (existem
outras duas em São Paulo), mas é a maior, e conseguimos
negociar os papéis de uma só vez. O Porto Maravilha é um
caso de sucesso, apenas por ele já valeu a pena ter passado
por aqui para deixar esse legado para a cidade.
Que outro projeto é motivo de orgulho em sua gestão?
O Parque Madureira. É um legado urbanístico que cria uma
área verde gigantesca, a terceira maior da cidade, atrás
apenas do Aterro do Flamengo e da Quinta da Boa Vista,
numa região que nunca contou com muitos investimentos
em lazer. Normalmente se faziam tais investimentos
na Zona Sul, para a elite. O subúrbio é carente de áreas
verdes. O local onde o parque foi construído pertencia à
Light, era por onde passavam as torres de transmissão. A
solução é genial porque a Light tinha um investimento a
ser feito em modernização, que geraria uma compactação
da rede de transmissão. Em vez de ocupar os 100 metros
de largura, o sistema passaria a ocupar 40 metros
apenas. E a companhia elétrica queria vender para a
Prefeitura essa área, que tem uma extensão gigantesca.
Em outras gestões, a intenção era repassar isso para a
iniciativa privada construir novos prédios, o que pioraria o
adensamento. O prefeito Eduardo Paes encomendou um
projeto e a Secretaria fez a proposta de criar essa área de
lazer, de excelente infraestrutura urbanística. Isso se torna
um exemplo de projeto público a ser implantado na cidade.
O prefeito já falou que pretende criar outros parques que
estão sendo analisados e estudados. O primeiro deles é a
ampliação do Parque Madureira, que já é considerado “a
praia do subúrbio carioca”.
O PORTO MARAVILHA É UM CASO DE SUCESSO,
APENAS POR ELE JÁ VALEU A PENA TER PASSADO POR
AQUI E DEIXADO ESSE LEGADO PARA A CIDADE.
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10 Construir | Dezembro 2012
Depois de quase 30 anos desde a primeira vez que
foi anunciada, a revitalização da Zona Portuária do Rio
de Janeiro deixou de ser um sonho. Impulsionado por
uma quantidade recorde de investimentos na cidade, o
projeto Porto Maravilha começou a se tornar realidade
com a reurbanização de um trecho das avenidas Barão de
Tefé e Venezuela. Mas muitas outras intervenções estão
previstas até a realização das Olimpíadas na cidade, em
agosto de 2016, data limite para a conclusão das obras.
A revolução na Zona Portuária finalmente pareceu
possível com a edição da Lei Complementar nº 101, de
2009, que modificou o Plano Diretor local e instituiu a
Operação Urbana Consorciada (OUC) da Região do Porto
do Rio de Janeiro. A OUC compreende um conjunto de
intervenções coordenadas pelo município e demais
entidades da administração pública municipal, com a
participação de proprietários, moradores, usuários e
investidores, tendo em vista transformações urbanísticas
estruturais e melhorias sociais no Porto, além da
valorização ambiental do entorno.
A lei aumentou o potencial construtivo nos quase 5
milhões de metros quadrados da região, autorizando
Foto
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Vista marinha do Museu do Amanhã
urbanismo
UM MAR DE OPORTUNIDADESMUDANÇAS NA LEGISL AÇÃO DA ZONA PORTUÁRIA VIABILIZAR AM O INÍCIO DA REVITALIZAÇÃO NA REGIÃO, QUE PODE GANHAR PRÉDIOS DE ATÉ 50 ANDARES
11 Construir | Dezembro 2012
Foto
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ão
Simulação ilustrativa do Porto Olímpico e seu entorno
ainda, entre outras providências, a construção de edifícios
além dos limites atuais – dependendo da área, eles
poderão ter até 50 andares. Já nas áreas de preservação
do patrimônio cultural e arquitetônico, as restrições para
a construção continuam rigorosas.
Para explorar esse novo potencial construtivo,
os interessados precisam adquirir um Certificado de
Potencial Adicional Construtivo (Cepac). A Prefeitura
emitiu quase 6,5 milhões de Cepacs no valor unitário
de R$ 545,00, todos comprados pela Caixa Econômica
Federal (CEF), que, dessa forma, estruturou o maior fundo
de investimento imobiliário do país. A venda viabilizou o
início das obras no Porto.
A verba obtida pelo município com a alienação de
Cepac deve ser utilizada obrigatoriamente na área. Dessa
forma, tem-se os recursos necessários para financiar
as intervenções sem aumentar o endividamento. Além
disso, oferece-se ao mercado imobiliário a oportunidade
de adquirir direitos urbanísticos adicionais para o
atendimento de suas demandas, antes das intervenções
ou durante sua execução, as quais, em tese, deverão
gerar uma valorização dos imóveis no local.
“A Operação Urbana, mecanismo inovador que está
sendo usado pela primeira vez no Estado do Rio de Janeiro,
foi o que permitiu que o Porto Maravilha saísse do papel”,
explica o secretário municipal de Urbanismo, Sérgio Dias.
Um dos objetivos da Operação é tornar a histórica Zona
Portuária carioca uma referência de planejamento urbano, a
exemplo de cidades como Buenos Aires (Argentina), Roterdã
(Países Baixos), Nova York e Baltimore (EUA).
Já estão prontas as obras da primeira fase, que
incluem a construção de novas redes de água, esgoto e
drenagem nas avenidas Barão de Tefé e Venezuela e a
urbanização do Morro da Conceição, além da restauração
do Jardim Suspenso do Valongo. O consórcio Saúde
Gamboa, formado pelas empresas Construtora OAS, EIT
- Empresa Industrial Técnica e Odebrecht Serviços de
Engenharia e Construção, venceu a licitação para tocar
essa parte da obra, entregue este ano.
Orçada em R$ 120 milhões, a intervenção renovou
o calçamento, a iluminação pública, a drenagem e a
arborização de alguns trechos das avenidas Barão de Tefé,
Venezuela e Rodrigues Alves e das ruas Camerino e Sacadura
Cabral. O Píer e a Praça Mauá foram reurbanizados e outras
seis vias foram beneficiadas. A parte mais vistosa dessa fase
são o Jardim Suspenso do Valongo, construído em 1906 pelo
prefeito Pereira Passos, e o Cais do Valongo, descoberto
durante o trabalho de arqueologia na Praça Jornal do
Comércio e hoje parcialmente à mostra para o público.
12 Construir | Dezembro 2012
urbanismoJá a segunda fase está a cargo do consórcio Porto
Novo S.A., integrado pelas construtoras OAS Construtora,
Norberto Odebrecht Brasil e Carioca Christiani-Nielsen
Engenharia, que firmaram uma parceria público-privada
para prestar os serviços públicos e executar as obras
estruturais e de urbanismo. A intervenção de maior impacto
prevista nessa fase é a demolição do Elevado da Perimetral,
que liga o Caju até a região da Praça XV, no Centro.
Para que a demolição se torne viável, serão
construídas novas vias, além de um túnel de quase dois
quilômetros entre a Praça Mauá e a Avenida Rodrigues
Alves. Um túnel já existente sob o Morro da Providência
será ampliado e duas rampas ligando o viaduto do
Gasômetro ao Santo Cristo serão erguidas. Outra grande
obra de responsabilidade do consórcio Porto Novo S.A. é o
Museu do Amanhã, ousado projeto do renomado arquiteto
espanhol Santiago Calatrava que ocupará o Píer Mauá.
As obras do projeto Porto Maravilha incluem a
reurbanização de aproximadamente 70 quilômetros de
vias (pavimentação, drenagem, sinalização, iluminação,
arborização de calçadas e canteiros) e a implantação de um
circuito cicloviário com pistas exclusivas e compartilhadas,
interligando a área ao bairro de São Cristóvão e à Zona Sul.
Incluem ainda a melhoria da qualidade das águas do Canal
do Mangue e a criação de novas redes de esgotamento
sanitário, de abastecimento de água, de energia elétrica,
de telefonia e de gás encanado. As ações foram projetadas
para garantir o atendimento às demandas do adensamento
populacional esperado na região.
A questão habitacional é uma preocupação do projeto,
que prevê o remanejamento gradual de moradores em áreas
de risco no Morro da Providência para novas residências,
localizadas no entorno. E para priorizar o transporte
coletivo, além das propostas viárias serão criadas calhas
ajardinadas destinadas a receber futuramente um circuito
de veículo leve sobre trilho (VLT), que terá dois trajetos
interligando o sistema a outros meios de transportes já
existentes. O VLT será objeto de licitação específica.
A região portuária, tal como a conhecemos hoje,
expandiu-se durante o governo do presidente Rodrigues
Alves (1902-1906), que nomeou Pereira Passos prefeito
do Rio. Na época, a linha da costa foi aterrada para
viabilizar a modernização do Porto. Porém, com a evolução
das técnicas das operações portuárias e, principalmente,
devido à necessidade de se ter um espaço cada vez maior
de armazenamento, os galpões entre a Praça Mauá e a
Avenida Francisco Bicalho foram se tornando obsoletos.
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Vista de como vai ficar a Av. Rodrigues Alves sem a Perimetral
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C O N S U L T O R E S P A R A O B R A S , B A R R A G E N S E P L A N E J A M E N T O , L T D A
FortalezaAv. Senador Virgílio Távora 1701, Sala 403Aldeota - Fortaleza CEP 60170 - 251Tel.: (55) 85 3244-3285, Fax: (55) 85 3244-3285E-mail: [email protected]
RIO DE JANEIRO ESCRITÓRIOSRua Buenos Aires 68, 25º, Centro.Rio de Janeiro, RJ-CEP 20070 - 022Tel.: (55) 21 3553 6739 Fax: (55) 21 2580-1026E-mail: [email protected]
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C O N S U L T O R E S D E E N G E N H A R I A E A M B I E N T E
RIO DE JANEIRO | SEDERua Bela 1128, São CristóvãoRio de Janeiro, RJ-CEP 20930-380Tel.: (55) 21 3515-0101 Fax: (55) 21 2580-1026E-mail: [email protected]
Cartografia e Cadastro Controle de Segurança e Reabilitação de Obras Gerenciamento e
Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais e Pluviais Agricultura e Desenvolvimento Rural
Planejamento de Recursos Hídricos Aproveitamentos Hidráulicos Produção e Transporte de Energia Elétrica
Infraestruturas Rodoviárias, Ferroviárias e Aeroportuárias Ambiente Edificações Estruturas Geotécnicas
Supervisão de Empreendimentos
14 Construir | Dezembro 2012
urbanismoFo
to d
e di
vulg
ação
O passeio público arborizado irá da Praça Mauá ao Armazém 6
A revitalização da Zona Portuária está apenas no começo. Até 2016, museus e prédios corporativos de alto
padrão vão transformar o perfil da região por completo. Todos os prédios serão interligados por uma nova
linha de bondes modernos, os chamados veículos leves sobre trilhos. As primeiras mudanças já podem ser
percebidas em alguns pontos.
NOVOS CARTÕES-POSTAIS NO PORTO
JARDIM SUSPENSO DO VALONGO: Construído em 1906,
na gestão do prefeito Pereira Passos, o jardim segue
o estilo romântico inglês. Foi a solução encontrada
para transpor um pedaço do Morro da Conceição na
ocasião do alargamento da ruela que deu origem à
Rua Camerino. Seu principal tesouro é o conjunto de
estátuas de mármore representando as quatro estações,
recolocadas no local após uma temporada no Palácio da
Cidade, em Botafogo.CAIS DO VALONGO E DA IMPERATRIZ: As obras de
reurbanização da Avenida Barão de Tefé revelaram um pedaço
importante da história do Rio: o Cais do Valongo, ponto de
desembarque de quase 1 milhão de escravos entre os séculos
XVIII e XIX. Em 1843, um novo atracadouro foi construído sobre
o cais dos escravos, para receber a imperatriz Teresa Cristina,
que chegava ao Brasil vindo de Nápoles, na Itália. Com as
obras de ampliação do antigo porto, no início do século XX, o
cais foi aterrado. Apenas agora, mais de cem anos depois, os
cariocas puderam conhecer os dois cais, cujas pedras estão à
mostra na Praça Jornal do Comércio.
TELEFÉRICO DA PROVIDÊNCIA: Previsto para começar a
funcionar em janeiro, o teleférico vai ligar a Central do
Brasil à Cidade do Samba, passando pelo alto do Morro
da Providência, a favela mais antiga da cidade. A distância
de quase 700 metros será percorrida em menos de cinco
minutos. O principal atrativo do passeio será a paisagem,
que exibe um ângulo pouco conhecido do Rio de Janeiro.
MUSEU DE ARTE DO RIO: Antes do arrojado Museu do
Amanhã, que está sendo construído no Píer Mauá, a cidade
ganhará um outro equipamento cultural importante. Trata-
se do Museu de Arte do Rio, que abrigará obras de estilos
variados e que teve a inauguração adiada para março. O
museu agrega duas construções de estilos arquitetônicos
diferentes: o palacete neoclássico D. João VI, de 1916, e um
prédio modernista, dos anos 1940. Uma estrutura em forma
de onda com 1,5 mil metros quadrados interligará os dois.
15 Construir | Dezembro 2012
O PARQUE MADUREIRA É DIVINOTERCEIR A M AIOR REGIÃO V ERDE DA CIDADE, A ÁRE A DE L AZER
FOI PROJETADA PEL A SECRETARIA DE URBANISMO EM TERRENO ANTES OCUPADO POR TORRES DA LIGHT
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Cinco jatos d’água e lagos que ocupam 1.600m² ajudam a reduzir a temperatura na região
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16 Construir | Dezembro 2012
lazerQuem visita Madureira, na Zona Norte do Rio, depois
da inauguração do Parque Madureira Rio+20, mal
acredita que havia uma área vazia tão grande no coração
do bairro. Com as novas tecnologias de transmissão
de energia, as torres de alta tensão da Light que
atravessam Madureira passaram a ocupar um espaço
80% menor, liberando o precioso e vasto terreno para a
construção do parque. Com 103 mil metros quadrados
(o equivalente a 12 campos de futebol), ele foi aberto à
população em junho de 2012, durante a Conferência da
ONU sobre Desenvolvimento Sustentável na cidade.
O projeto do parque, que existia há mais de dez
anos mas não havia saído do papel, foi desenvolvido
pela equipe de arquitetos e urbanistas da Secretaria
Municipal de Urbanismo (SMU), conta o secretário
Sérgio Dias. “O prefeito Eduardo Paes preferiu criar
uma área verde numa região que já era densamente
povoada a construir novas moradias, como se chegou a
cogitar em outras gestões”, elogia Dias. Segundo ele, a
decisão foi mais do que acertada – o efeito positivo que
o Parque Madureira trouxe para a vida dos moradores é
visível. Com palco para shows, pista de skate, quadras e
fontes para banho, o espaço lota nos fins de semana e,
por isso, é considerado “a praia do subúrbio”.
Apenas seis meses após a inauguração, já existe um
projeto de ampliação que pode transformar o Parque
Madureira na segunda maior área verde da cidade,
superando a Quinta da Boa Vista, em São Cristovão, e
ficando atrás apenas do Aterro do Flamengo. Se todo o
terreno que pertencia à Light for ocupado, a área pode
ficar mais do que quatro vezes maior: chegará a 450
mil metros quadrados, passando pelos bairros de Bento
Ribeiro, Oswaldo Cruz, Marechal Hermes, Deodoro e
Guadalupe. A ampliação custaria R$ 200 milhões, o
dobro do que custou a parte já pronta.
Projetado para ser um modelo de sustentabilidade,
o parque conta com sistema de irrigação para consumo
controlado de água, equipamentos com teto e paredes
verdes (controle térmico), controle de resíduos sólidos,
reuso de água, poços artesianos, pisos permeáveis,
iluminação de baixo consumo (LED) e tratamento de esgoto.
Por todos esses cuidados, a área de lazer foi a primeira
da cidade a receber a certificação de sustentabilidade
Aqua (Alta Qualidade Ambiental), da Fundação Vanzolini,
ligada à Universidade de São Paulo (USP). “O parque é
um exemplo para outros, e a Secretaria está trabalhando
nesse sentido”, afirma Sérgio Dias.
Pontuado por 800 árvores nativas, 450 palmeiras e
cinco lagos com fontes iluminadas, o projeto contou
com o plantio de 52 mil mudas e 31.500 metros
quadrados de grama. As árvores ainda estão pequenas
e pouco frondosas, mas, quando crescerem, trarão
uma diminuição de cinco graus na temperatura do
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Centro de educação ambiental
Pista de skate
PARQUE É COMPARADO À PRAIA E DEVE PASSAR POR
AMPLIAÇÃO
17 Construir | Dezembro 2012
entorno. Há ainda um pequeno jardim botânico com
espécies nativas e exóticas, feito especialmente para os
deficientes visuais, que podem tocar e identificar cada
planta pela textura e pelo cheiro das folhas.
O Parque Madureira terá um Centro de Educação
Ambiental com parede verde, teto solar e uma estação
meteorológica para o controle de irrigação local. A ideia
é que o parque seja um polo de educação ambiental,
incentivando o envolvimento da comunidade e a
participação de estudantes em sua preservação.
Entre os equipamentos culturais, estão a Praça do
Samba, próxima à quadra da Portela e com capacidade
para abrigar 360 pessoas sentadas ou 3 mil em pé,
e as recém-inauguradas Nave do Conhecimento e
Arena Carioca. Com 415 metros quadrados, a Nave do
Conhecimento tem biblioteca virtual e acesso à internet,
podendo ser usada para atividades interativas e
pequenos cursos. Já a Arena Carioca, espaço reservado
para apresentações culturais, terá 1.350 metros
quadrados e capacidade para 400 pessoas sentadas. O
palco será reversível para o lado de fora da estrutura,
onde há espaço para 1.500 pessoas em pé.
O parque tem quadras de vôlei, vôlei de areia e
basquete e campo de grama sintética para partidas
de futebol. Crianças, adultos e idosos ganharam
equipamentos especiais, como playgrounds, academia
ao ar livre e academia para a terceira idade, além de
uma ciclovia e uma área para a prática de bocha e tênis
de mesa. Tem ainda oito conjuntos de banheiros com
fraldários, oito quiosques comerciais, um de bicicletas
e um de esportes.
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ATERRO DO FLAMENGO
Tamanho: 1,2 milhão m2
Ano de inauguração: 1965.
Paisagista: Roberto Burle Marx.
Características: Uma ode ao
modernismo no desenho das
calçadas, no mobiliário urbano
e nas passarelas. Reúne 11.600
árvores de 190 espécies, nativas
e exóticas. Paixão de Burle Marx,
as palmeiras, de 50 espécies
diferentes, representam mais de um
terço do total de árvores do parque.
QUINTA DA BOA VISTA
Tamanho: 155 m2
Ano de inauguração: 1869.
Paisagista: Auguste Glaziou.
Características: Segue o estilo
romântico inglês, com mobiliário
decorativo imitando a natureza,
além de grutas e agrupamentos
rochosos artificiais. Exemplares da
flora e da fauna brasileiras estão
organizados de acordo com as
zonas climáticas a que pertencem.
Destaque para a Alameda das
Sapucaias, posicionada em frente
ao Palácio Imperial.
PARQUE MADUREIRA RIO+20
Tamanho: 103 mil m2
Ano de inauguração: 2012.
Paisagista: Fernando Chacel.
Características: Além de 800
árvores nativas e 450 palmeiras,
foram plantadas mais de 50 mil
mudas de árvores e colocados 31,5
mil metros quadrados de grama.
OS TRÊS MAIORES PARQUES DA CIDADE
20 Construir | Dezembro 2012
NOVA LEGISLAÇÃO AQUECE O SETOR HOTELEIROINCENTIVOS CRIADOS PELA SMU FIZERAM COM QUE A CIDADE ATINGISSE
A QUANTIDADE DE QUARTOS RECOMENDADA PARA AS OLIMPÍADAS
turismo
Uma das principais preocupações do Comitê Olímpico
Internacional (COI) quando o Rio de Janeiro foi eleito sede das
Olimpíadas de 2016 era com a rede hoteleira. Na ocasião, a
cidade tinha apenas 20 mil quartos disponíveis, metade do
que era exigido pelo comitê.
O problema foi contornado graças a um pacote de
incentivos apresentado pela Secretaria Municipal de
Urbanismo (SMU) no escopo da Lei Complementar
nº 108, de novembro de 2010, que, entre outras providências,
estabeleceu incentivos para a ampliação da capacidade de
hospedagem no Rio devido à realização na cidade da Copa
do Mundo, em 2014, e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos,
em 2016. Com os projetos em construção, em licenciamento
e análise, é possível chegar a 17,5 mil novas unidades até
2015. As 2,5 mil unidades que faltarão para fechar a conta
serão atingidas com a acomodação em albergues e navios.
“Essa questão da acomodação não é mais motivo para
dor de cabeça”, comemora o secretário de Urbanismo,
Sérgio Dias. E com razão. Após a aprovação da lei, a
construção de hotéis no município cresceu num ritmo
recorde. Até a abertura dos Jogos, 110 estabelecimentos
serão inaugurados. Para se ter uma ideia da magnitude
desse número, nos últimos 20 anos a média de licenças
emitidas pela SMU para hotelaria era de 1,8 por ano. Os
efeitos positivos do pacote olímpico já podem ser sentidos
em 2012, quando a cidade ganhou quase mil novos quartos
para hospedagem.
Assim, o Rio se tornou mais atraente ainda para as
grandes redes hoteleiras. A francesa Accor, por exemplo,
vai investir mais de R$ 400 milhões em sete unidades novas
na capital fluminense. Outro grupo que aposta pesado nos
encantos cariocas é o Windsor, que deve ampliar a oferta de
Windsor Atlântica dá nova cara ao antigo Le Méridien
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21 Construir | Dezembro 2012
Ibis Copacabana é o centésimo hotel da rede em operação na América Latina
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quartos em quase 50%. Grupos estrangeiros que ainda não
tinham fincado suas bandeiras por aqui – como Hyatt, Four
Seasons e Txai – devem chegar em breve.
Além de autorizar a construção de hotéis em novas áreas,
a Lei Complementar nº 108 oferece benefícios como isenção
de ITBI (Imposto sobre a Transferência de Bens Imóveis) na
aquisição do terreno, isenção de IPTU (Imposto Predial e
Territorial Urbano) durante a construção e redução da alíquota
de ISS (Imposto Sobre Serviços) para serviços voltados para
essas obras. Outro incentivo é a exclusão das áreas de serviço,
apoio, administração e circulação interna do cálculo da área
total edificada. “Num empreendimento hoteleiro, apenas as
áreas comuns costumam representar 30% do total. Com isso,
a construção de novas unidades se torna mais atraente”,
explica o secretário.
Em troca dos benefícios, os grupos hoteleiros precisam
cumprir uma lista de exigências no que diz respeito à
sustentabilidade e à acessibilidade. Deverão ter rampas
de acesso e instalações adequadas para receber pessoas
com necessidades especiais e observar alguns fatores,
como aproveitamento dos recursos naturais disponíveis
para ventilação e iluminação, aquecimento solar, gestão
e economia de água, uso racional dos materiais e uso de
tecnologias e produtos que não agridam o meio ambiente.
A maior parte dos novos investimentos se concentra na
Barra da Tijuca, região que, de acordo com a lei de 2010,
ganhou regras específicas. Foi autorizada a construção
de hotéis em áreas até então proibidas, como à beira das
avenidas das Américas, Ayrton Senna e Evandro Lins e
Silva (no lado par). O bairro e as adjacências abrigarão 38
novos estabelecimentos e duas expansões, que totalizarão
quase 4 mil apartamentos. De acordo com o relatório das
obras, cerca de 300 ficarão prontos este ano. Em 2013,
outros 729 devem entrar em operação, chegando a 2.901
em 2014. Outras 1.038 unidades ficarão para 2015.
A Prefeitura dividiu os hotéis em quatro regiões de
influência dos Jogos Olímpicos: Barra, Copacabana,
Maracanã e Deodoro. Depois da Barra, a região que mais
receberá investimentos é Copacabana (que abrange
toda a Zona Sul), com 33 novos hotéis e três expansões;
Maracanã (que compreende o Centro, a Zona Portuária
e Del Castilho), com 12 novos hotéis e duas ampliações;
e Deodoro, que inclui dois novos lançamentos na Ilha do
Governador. A previsão é que os hotéis do pacote olímpico
tenham sua licença emitida pela SMU até dezembro de
2013 e sejam inaugurados até dezembro de 2015.
22 Construir | Dezembro 2012
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Odebrecht e Andrade Gutierrez e a Carvalho Hosken, por
meio do consórcio Rio Mais. Serão investidos mais de R$ 1,35
bilhão para a construção dos equipamentos e a manutenção
do local pelo prazo de 15 anos.
Escolhido num concurso internacional que contou com
mais de 60 participantes de 18 países, o projeto do Parque
Olímpico é de autoria do escritório de arquitetura inglês
Aecom, o mesmo que fez o Parque Olímpico de Londres
As obras do Parque Olímpico, considerado o coração
esportivo dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de
2016, começaram em julho, com a desmontagem das
arquibancadas tubulares do antigo Autódromo Internacional
Nelson Piquet, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de
Janeiro, onde será construído. O parque, que terá o tamanho
do Leme e concentrará a disputa de 14 modalidades
olímpicas e nove paraolímpicas, será erguido às margens
da Lagoa de Jacarepaguá pelas empresas associadas
Simulação do Parque Olímpico nos Jogos Rio 2016
olimpíada
O CORAÇÃO ESPORTIVO DE 2016 JÁ ESTÁ BATENDO
COM PARTICIPAÇÃO DE ASSOCIADAS DA AEERJ, OBR AS NA REGIÃO QUE VAI ABRIGAR O PARQUE OLÍMPICO ESTÃO A PLENO VAPOR
23 Construir | Dezembro 2012
em 2012. O principal critério para a seleção da proposta
dizia respeito ao legado. Ou seja, os Jogos devem servir,
antes de tudo, à cidade. Por isso, o projeto vencedor foi o
que melhor aliou os requisitos para as Olimpíadas com o
estabelecimento dos princípios fundamentais do bairro que
surgirá ali depois do evento.
Segundo o secretário Sérgio Dias, a Secretaria Municipal
de Urbanismo teve uma atuação muito próxima da Empresa
Olímpica Municipal, cuja função é coordenar a execução
de atividades e projetos municipais relacionados aos
megaeventos esportivos que ocorrerão no Rio nos próximos
anos. “Sugerimos algumas mudanças no projeto que
constava do documento de candidatura com o objetivo de
concentrar as estruturas temporárias numa só área, para
futuramente evitar espaços vazios”, contou Dias. “Essa foi
uma das maiores críticas às Olimpíadas de 2012. Londres
ficou com alguns elefantes brancos”, justificou.
O consórcio Rio Mais realizará a infraestrutura do Parque
Olímpico e de duas outras instalações situadas na região: a
Vila dos Atletas, onde os esportistas ficarão hospedados, e o
Parque Carioca. Também será responsabilidade do consórcio
Rio Mais construir três pavilhões esportivos que, depois dos
Jogos, formarão um Centro Olímpico de Treinamento para
atletas de alto rendimento, equipamento inédito no Brasil e o
mais moderno da América Latina. Ainda serão construídos um
hotel com 400 quartos e o Centro Principal de Imprensa, que
abrigará posteriormente um empreendimento comercial. Tudo
isso será servido por duas linhas de BRT: o Transoeste, que liga
Barra e Santa Cruz, e o Transcarioca, ainda em construção, até
o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim.
Outra característica que chama a atenção é a forma
inovadora de financiamento da construção de um Parque
Olímpico, conjugando parcerias do município com o setor
privado, nessa primeira etapa; e com o governo federal, na
segunda, que terá início em meados de 2013. A Prefeitura
construirá o velódromo e três equipamentos temporários: a
arena de handebol, o centro de tênis e o parque aquático.
Sempre que possível, essas instalações serão projetadas
para serem transformadas em escolas ou bibliotecas
públicas, dentro do conceito de arquitetura nômade
inaugurado em Londres: aquela cujos equipamentos podem
ser desmontados, transformados e mudados de lugar.
O Parque Olímpico deve ficar pronto em meados de 2015.
O cronograma da obra segue o que foi determinado pelo
Comitê Olímpico Internacional e o que foi acordado com a
Confederação Brasileira de Automobilismo.
DOIS PROJETOS AINDA EM GESTAÇÃO
BAIRRO CARIOCA OLÍMPICO: A poucos quilômetros
do Parque Olímpico, no Anil, Zona Oeste, a cidade vai
ganhar outro empreendimento do projeto Bairro Carioca,
projeto habitacional da Prefeitura para a construção de
moradias populares. O novo conjunto de prédios com
cerca de 2 mil apartamentos, segundo estimativas, vai
servir para abrigar os profissionais da mídia durante as
Olimpíadas. Depois, será vendido, prioritariamente, para
servidores da Prefeitura. Como em todas as intervenções
urbanas previstas para os Jogos, estas também terão o
acompanhamento da Secretaria de Urbanismo.
IBC: A Secretaria de Urbanismo sugeriu a transferência
do Centro Internacional de Retransmissão (IBC, na sigla
em inglês), que reunirá 20 mil técnicos e profissionais
de TV de todo o mundo para a cobertura dos Jogos, do
Parque Olímpico para a Avenida Abelardo Bueno, na
Barra da Tijuca. Com a transferência, o imóvel, orçado em
R$ 400 milhões, ganha valor de mercado, pois tem grande
potencial para abrigar empreendimentos corporativos.
A intenção é não repetir o erro cometido pelo comitê
organizador dos Jogos em Londres, onde o equipamento
ficou sem utilidade depois de encerrada a competição.
SECRETARIA SUGERIU MUDANÇAS QUE
VIABILIZARAM O PROJETO
24 Construir | Dezembro 2012
POR UMA CIDADE MAIS VERDECRIADA PEL A SECRETARIA DE URBANISMO, CERTIFICAÇÃO
ESTIMUL A O SURGIMENTO DE EDIFÍCIOS SUSTENTÁV EIS
Meio Ambiente
Com a finalidade de incentivar ações de susten-
tabilidade, a Prefeitura do Rio elaborou um decreto criando
a certificação Qualiverde. Para obter essa certificação, o
empreendimento, comercial ou residencial, deve atender a
uma lista de requisitos, entre os quais o uso de teto verde,
de aquecimento solar na água e de iluminação artificial
e eficiente. Cada uma dessas ações tem uma pontuação
específica e o empreendimento pode receber dois tipos de
certificação: o Qualiverde, para os que atenderem a 70%
do total da pontuação, e o Qualiverde 100, caso todos os
requisitos sejam contemplados.
A iniciativa poderá ser aplicada aos empreendimentos
imobiliários que estão sendo licenciados na capital
fluminense. Com a certificação, as construções
sustentáveis podem obter descontos de até 50% ou mesmo
isenção do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e
do ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), além
da redução do ISS (Imposto Sobre Serviços).
Comparado com outras cidades, o número de
construções sustentáveis no Rio ainda é baixo. A
perspectiva, no entanto, é positiva. Antes mesmo da
aprovação do decreto, em junho, a expectativa era de
expansão dessa opção de construção. Um estudo realizado
pela consultoria imobiliária Cushman & Wakefield, em
2011, já apontava que 40% dos novos estabelecimentos
comerciais eram sustentáveis e que até 2013 haveria um
acréscimo de quase 380 mil metros quadrados verdes.
“Além de ser benéfica para a cidade”, explica Sérgio
Dias, secretário de Urbanismo, “a certificação cria um
estímulo vantajoso para o mercado imobiliário. Com os
descontos, as construções verdes passam a ter um custo
equivalente ao de uma construção tradicional.” E a ideia,
acrescenta Dias, é que essas ações de sustentabilidade
se estendam ao maior número possível de construções
novas, “beneficiando também edificações que sofram
grandes reformas ou algum retrofit”.
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25 Construir | Dezembro 2012
novos empreendimentosFo
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MECANISMOS URBANOS PARA AQUECER O MERCADO IMOBILIÁRIO
PROJETO DE ESTRUTUR AÇ ÃO URBA NA (PEU) E Á RE A DE ESPECI A L INTERESSE URBA NO ( A EIU) TR AZEM NOVAS REGR AS PA R A
REGIÕES QUE ESTÃO SE DESEN VOLV ENDO
As torres do Porto Atlântico Business Square
Com a realização das Olimpíadas e da Copa do
Mundo no Rio de Janeiro, áreas que se encontravam
estagnadas vêm se valorizando. É o caso da Zona
Portuária, de Madureira e da Penha, que estão passando
e continuarão a passar por mudanças profundas nos
próximos anos. Para que seja possível acompanhar tais
transformações, o Plano Diretor da cidade, cujo texto só
pode ser atualizado a cada dez anos, prevê mecanismos
que visam estimular novas construções e a diversificação
dos tipos de uso. Os principais mecanismos, que
funcionam como uma espécie de complemento ao Plano
Diretor, são o Projeto de Estruturação Urbana (PEU) e a
Área de Especial Interesse Urbanístico (AEIU). Por meio
deles é possível criar novas regras urbanísticas para
determinadas áreas da cidade.
Foram esses estímulos que ajudaram a tornar viáveis
projetos como o da revitalização do Porto, que ganhou
uma nova legislação com a criação da AEIU da região.
Assim, construções como a do edifício corporativo
Terra Brasilis, na Praça Mauá, já saíram do papel, e
outras, como a do Porto Atlântico Business Square, da
Odebrecht, no Santo Cristo, estão a caminho. O PEU de
São Cristóvão, elaborado pela Secretaria Municipal de
Urbanismo e transformado em lei pelo Projeto de Lei
nº 73, permitiu o ressurgimento de empreendimentos no
bairro, até então estritamente industrial.
Entre 1992 e 2008, foram aprovados apenas
três PEUs. Na gestão do secretário Sérgio Dias, a
elaboração de PEUs deu um salto. Agora são 22 novos
PEUs, mas nem todos já foram transformados em lei.
A centralização das Coordenadorias de Planejamento
e a contratação de geógrafos contribuíram para essa
verdadeira explosão de PEUs.
Entre as áreas que devem ser contempladas com novas
legislações urbanas estão Deodoro – que, ao lado da Barra,
da Zona Sul e do Centro, receberá provas olímpicas – e os
bairros ao longo da Avenida Brasil. Em Deodoro, a ideia é
que o PEU estimule a construção de residências na área
que será servida pelo corredor expresso da Tansolímpica.
Já na Avenida Brasil, a AEIU pretende estimular, além
de moradias, novos pontos comerciais, tendo em vista
o desenvolvimento de uma região em que a presença de
indústrias vem perdendo importância.
26 Construir | Dezembro 2012
legislação
O NOVO PLANO DIRETOR DO RIODOCUMENTO QUE NORTEI A O DESEN VOLV IMENTO URBA NO NA
CIDA DE TR AZ MODERNOS MEC A NISMOS DE PL A NEJA MENTO
Sancionada no ano passado, a Lei Complementar nº 111,
que promoveu a revisão do Plano Diretor da cidade do Rio
de Janeiro, representou o fim de uma espera de 20 anos.
Uma das leis mais importantes do município, por tratar
das regras de ocupação do solo e do ordenamento urbano,
o documento estabelece mudanças que dinamizarão o
processo de desenvolvimento. “Em quase três anos de
trabalho, a Secretaria analisou mais de mil emendas
encaminhadas pela Câmara de Vereadores, até chegar à
redação final da proposta”, conta Sérgio Dias, secretário de
Urbanismo. “Trata-se de uma antiga demanda do município
que foi atendida por conta da vontade política do prefeito e do
trabalho da Secretaria”, resume.
Além de apontar mecanismos modernos para pensar
o desenvolvimento, o novo Plano Diretor inova a legislação
urbana no Brasil, ao abordar a sustentabilidade de forma
eficiente e com privilégio da paisagem. “Esse aspecto
subjetivo torna-se uma diretriz objetiva e precisa ser levado
em conta em toda e qualquer decisão de planejamento, o
que, de certa forma, antecipou o tombamento do Rio como
Patrimônio Mundial da Humanidade, conforme determinação
da Unesco meses depois”, lembra Dias.
A meta do Plano Diretor é garantir o crescimento
sustentável da cidade através de políticas que articulem os
diferentes setores de atuação do poder público. Desse modo,
meio ambiente, saneamento ambiental, patrimônio cultural,
transporte e habitação apresentam propostas específicas
para suas respectivas áreas, porém, tomando por base a
linha mestra da política urbana desenhada no Plano Diretor.
Para pensar o ordenamento territorial, o documento
estabeleceu quatro macrozonas na cidade, divididas de
Macrozoneamento e áreas de planejamento
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acordo com a densidade demográfica de cada uma. A
Macrozona de Ocupação Controlada, que abrange a Zona Sul
e parte do Centro, restringe a ocupação nessas áreas, que
estão próximas da saturação. Já a Macrozona de Ocupação
Incentivada, na Zona Norte, no subúrbio e em parte do
Centro, prevê estímulo à ocupação, pois essas são áreas
já dotadas de infraestrutura mas que, nos últimos anos,
estavam estagnadas.
As outras duas macrozonas são a de Ocupação
Condicionada, correspondente à Baixada de Jacarepaguá,
aos bairros da Barra da Tijuca e ao Recreio dos Bandeirantes,
e a de Ocupação Assistida, para o restante da Zona Oeste.
Enquanto no primeiro caso a ocupação só pode se dar na
medida em que haja investimentos públicos ou privados em
infraestrutura, no segundo o poder público é o responsável
por incentivar sua ocupação e as atividades econômicas,
dotando o local de infraestrutura, serviços urbanos e
moradias, além de zelar pela proteção ambiental.
Em todas as macrozonas delimitam-se locais de
restrição à ocupação e de preservação de áreas frágeis,
como encostas de morro e regiões de baixada. Outras
restrições também podem ser estabelecidas em áreas que
podem vir a ser alvo de reestruturação, de grandes obras
viárias ou de instalação de equipamentos previstos para a
Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
Os principais mecanismos criados pela nova legislação
são o direito de preempção, que concede ao poder público
a preferência na aquisição de imóveis em determinadas
localidades, e a outorga onerosa do direito de construção e
de alteração de uso, que libera a altura da edificação acima
do permitido desde que seja pago um determinado valor ao
poder público.
Previstos no Plano Diretor anterior, alguns instrumentos
foram valorizados por constituírem mecanismos eficientes
para o desenvolvimento da cidade, estimulando o diálogo
entre o poder público e a iniciativa privada. São eles a
transferência do direito de construir, que possibilita a
ampliação do potencial construtivo em determinadas áreas,
e a operação urbana consorciada, que admite a concessão
de determinados serviços públicos à iniciativa em troca de
melhorias de infraestrutura urbana e da manutenção dessas
melhorias por um determinado período de tempo.
ESCRITÓRIORua México 111 sala 1503Centro – Rio de Janeiro (RJ)TELEFONE: (21) 3173- 2212
USINA DE ASFALTOAvenida do Contorno 3500Barreto – Niterói (RJ)TELEFONE: (21) 2717-1212
Hospital Anchieta Mais uma obra entregue ao Governo do Estado do Rio de Janeiro Fiscalização: EMOP
Usina de asfalto da EngebioProduz asfalto para pavimentação urbana e rodoviária no Estado do Rio de Janeiro
A Engebio contribui para o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro
28 Construir | Dezembro 2012
CAMINHOS PARA A TRANSFORMAÇÃOCORREDORES EXPRESSOS DE ÔNIBUS LEVA M A MUDA NÇ AS NA
LEGISL AÇ ÃO PA R A A RENOVAÇ ÃO DO SUBÚRBIO
Ainda que não participe diretamente da implantação
dos novos corredores expressos de transporte, a
Secretaria Municipal de Urbanismo procura se antecipar
às mudanças que as novas ligações trarão para a cidade.
A tendência é que os bairros localizados ao longo da
Transolímpica, Transcarioca, Transoeste e Transbrasil
se valorizem e voltem a ser lugares atrativos para novos
investimentos, tanto provenientes da iniciativa privada
quanto do poder público.
Enquanto a Transolímpica será uma via expressa para
todos os tipos de veículos, os outros três corredores são
destinados exclusivamente aos coletivos.
Dos quatro corredores, o único que já foi parcialmente
inaugurado foi o Transoeste, no trecho entre Santa Cruz
e Barra, em obra realizada pela Norberto Odebrecht
Brasil. A ligação até Campo Grande está a cargo da
Sanerio Construções.
Com 41 quilômetros de extensão, a Transcarioca,
que está sendo construída por consórcios que incluem
A implantação do sistema de BRT, uma mudança de paradigma na cidade
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transporte
29 Construir | Dezembro 2012
transporte
Bairro localizado ao longo da Transcarioca passará por grandes transformações
Andrade Gutierrez, Carioca, OAS e Contern, cruzará
bairros como Madureira, Vicente de Carvalho e Penha,
depois de cortar toda a região de Jacarepaguá. Apenas
nessas áreas já se computa uma valorização imobiliária
de mais de 20%.
Quando a via expressa estiver pronta, o trajeto entre
o bairro e o aeroporto, numa ponta, e a Barra, na outra,
será percorrido em menos de meia hora. Para estimular
o desenvolvimento da região com boa infraestrutura
urbana, a Secretaria desenvolveu os PEUs de Madureira
e da Penha, que renovarão tanto a parte do comércio
quanto de residências.
Outro bairro que a Secretaria analisa com atenção
é Deodoro, que será uma das pontas da Transolímpica.
Tradicional reduto de moradia de militares, o bairro deve
passar por uma revolução, com a ligação expressa entre
a região e a Barra. Diferentemente dos outros corredores,
este servirá de via expressa também para carros, sem
cruzamentos ou sinais.
A Secretaria está em fase de elaboração do PEU
de Deodoro para dinamizar sua renovação. O bairro,
além de receber o novo autódromo da cidade, abrigará
as competições olímpicas de tiro esportivo, hipismo,
pentatlo moderno, esgrima, hóquei sobre a grama, tiro
com arco e esportes radicais.
O terceiro corredor expresso que ainda está
para ser implantado é o Transbrasil, que trará
mudanças significativas para a Avenida Brasil e os
bairros cortados por ela. Com muitos terrenos e
galpões ociosos ao longo de suas margens, a via
tem grande potencial de transformação identificado
pela Coordenadoria de Planejamento da Secretaria
de Urbanismo. O antigo uso, predominantemente
industrial, deve aos poucos perder espaço para novas
habitações e empreendimentos comerciais.
CORREDORES EXPRESSOS VÃO VALORIZAR BAIRROS
DO SUBÚRBIO
30 Construir | Dezembro 2012
A HISTÓRIA DOS PLANOS URBANOS DA CIDADE
história
O primeiro plano urbanístico para a cidade do
Rio de Janeiro data de 1875. Criado 14 anos antes da
proclamação da República, visava remodelar, embelezar
e melhorar as condições de saneamento da então
capital do Império, incluindo a vacinação obrigatória da
população contra a febre amarela. Desde o fim do período
colonial, a intenção era ingressar na rota da economia
internacional, atraindo investimentos externos.
Dada a largada do processo de industrialização no
país a partir dos anos 1920, o Rio de Janeiro passou a
sofrer grandes transformações. A atividade industrial
concentrou-se nos centros urbanos, estimulando o
deslocamento massivo das populações rurais para a
cidade. É dessa década o segundo plano urbano do Rio, o
Plano Agache, que, além de buscar embelezar a cidade,
estabeleceu regras para as edificações e a ocupação
ordenada dos espaços, separando áreas para moradia,
comércio ou indústrias.
Datam dessa época os primeiros regulamentos para a
construção de prédios (os arranha-céus), erguidos agora
com uma tecnologia inovadora: o concreto armado. O
primeiro grande Código de Obras do Rio, que reunia
todas as regras para as construções e a ocupação da
cidade, foi editado a partir desse plano, em 1937, e, ainda
hoje, influencia a legislação urbanística.
Em 1960, o Rio de Janeiro perdeu o status de capital da
República, transferida para Brasília. Com isso, sua máquina
administrativa perdeu muitas de suas funções. Para que
a cidade pudesse se adaptar à nova condição e receber
mais recursos financeiros, foi transformada em Estado da
Guanabara. Nesse período, a indústria automobilística teve
vigoroso impulso e o carro passou a ser um bem acessível
a uma parte da classe média. O resultado é que, em pouco
tempo, suas vias ficaram saturadas.
A paisagem urbana também foi radicalmente
alterada, com a construção desenfreada de edifícios
residenciais e comerciais, concentrando a população
em áreas específicas. Para planejar o crescimento da
cidade dentro dessa nova realidade, foi criado o Plano
Doxiadis, que já não focava tanto o embelezamento, e
sim o funcionamento e as necessidades futuras.
Com a fusão administrativa dos estados da
Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975, a cidade foi
elevada à condição de capital do novo estado. Em 1977,
foi gestado então o Plano Urbanístico Básico (PUB-
Rio), que dividiu o território municipal em cinco Áreas
de Planejamento, instituiu os Projetos de Estruturação
Urbana (PEU) para o planejamento local, respeitando as
características de cada bairro, e criou políticas setoriais
para o desenvolvimento econômico e social.
Garantido pela Constituição Federal de 1988 e em
clima de abertura democrática e participação popular,
foi elaborado o Plano Diretor Decenal do Rio de Janeiro
– Lei Complementar nº 16/92, atualmente em vigor. Mais
do que diretrizes para o desenvolvimento da cidade,
o Plano estabeleceu instrumentos e regras para o
planejamento, visando distribuir com maior justiça os
recursos aplicados na cidade.
Em 1995, em complementação ao Plano Diretor, foi
realizado o Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro,
que visava consolidar o município como uma metrópole
empreendedora e competitiva, com capacidade para se
transformar em polo de negócios para o país e o exterior.
A EVOLUÇ ÃO DO DESEN VOLV IMENTO URBA NO NO RIO DE JA NEIRO
31 Construir | Dezembro 2012
nota de falecimento
JOÃO AMÉRICO
Empreiteiro. Era o que ele era e se orgulhava de
ser. Foi voto vencido quando a AEERJ decidiu alterar a
razão social substituindo a palavra “Empreiteiro” por
“Empresas de Engenharia”. Ele se orgulhava das obras
que administrou, principalmente as do Sambódromo.
Durante os seus mais de 40 anos de vida profissional,
trabalhou em apenas três grandes empreiteiras do
Rio (Cobe-Companhia Brasileira de Estruturas, Esusa
Engenharia e Construções e Carioca Engenharia) e uma
paulista (Passarelli). Extremamente fiel às empresas em
que trabalhava, era um empreiteiro nato, conhecia tudo
e todos. Sabia quem eram os sérios. Gostava de contar
histórias e o fazia muito bem. Mas, em primeiro lugar,
vinha a família. A Vera, as filhas e os netos eram o que
mais amava.
O bom humor era a sua marca registrada, mesmo nos
últimos anos, depois da descoberta da doença. Sempre
alegre e brincalhão e, ao mesmo tempo, sério e firme em
suas opiniões.
Conhecia a AEERJ desde a sua fundação, porém foi na
segunda gestão de Ivan da Costa Pinto, entre 1989 e 1992,
que teve uma atuação efetiva, como vice-presidente da
Associação. Seu envolvimento maior, no entanto, se deu
a partir de 1996, quando fui eleito presidente da AEERJ
e trouxe João Américo, de quem era amigo a vida toda,
para ser o diretor administrativo-financeiro.
Com ele na administração financeira da AEERJ, eu
sabia que não precisaria me preocupar e poderia ficar
livre para trabalhar, a fim de fortalecer a entidade e
torná-la mais respeitada frente ao poder público e às
outras entidades de classe do setor.
João Américo deixou-nos em um momento
excepcional para o Rio. Na posse da última diretoria, em
2011, já doente, festejava: “Nunca vivi momento similar.
O desenvolvimento do estado está sendo bom para as
empresas de maneira geral e isso se reflete no número
A revista Construir informa o falecimento do estimado colega e diretor executivo da AEERJ João Américo Gentille
de Carvalho Mello, no dia 12 de setembro último, no Rio de Janeiro. Manifestamos nossos pêsames e nossa
solidariedade aos familiares. Também gostaríamos de compartilhar com você, leitor, um trecho do texto lido por
Francis Bogossian na ocasião da missa de 30º dia, realizada no auditório da AEERJ em 11 de outubro.
de associados da AEERJ: perto de 200.” Quando ele
assumiu a diretoria executiva da AEERJ, em 2004, eram
90 empresas.
Mas mesmo com o caixa da AEERJ folgado, não abria
a guarda. Gastar dinheiro era inadmissível. Conseguir
que ele aprovasse alguma despesa era uma áfrica. Na
última entrevista que deu à revista Construir, deixou um
recado: “A prudência é uma importante característica
dos vencedores. Este é um dos segredos da Carioca
Engenharia, que foi uma grande escola para mim. É
preciso estar sempre atento para os custos das obras
(insumos e mão de obra). E, além disso, é necessário
se associar à AEERJ e manter atuante a entidade que
defende os interesses da categoria.”
Ele ficará sempre na memória de todos nós.
32 Construir | Dezembro 2012
fim
A inteligência internacional já reconhece o Brasil
no contexto das nações, depois de acertos importantes
nas políticas econômica e social. Mas o que realmente
consolidará o progresso e nos redimirá de atrasos seculares
são, sem dúvida, três chutes certeiros: redução do custo
Brasil, investimentos internacionais e uma educação pública
de qualidade.
No século passado, clichês como “país do futuro” e
“potência emergente”, cá entre nós, confortáveis, por não
incluírem metas e datas, foram gradativamente ficando
mais e mais cansativos e desgastados. Tornaram-se até
motivo de galhofa quando políticos ultrapassados ainda
insistiam nessas expressões. Nosso promissor futuro,
coitado, era sempre remoto e sem compromisso. Pobreza,
carências educacionais e desigualdade social cresciam a
olhos vistos. Emergência significava apenas um status de
não submergência, sem conotação de pressa, de correr
atrás. Vivíamos claudicantes, atrelados a sucessivos planos
capengas que fracassavam. E juntamente com a ordem,
velha companheira no lema, a bandeira do progresso
tremulava sem vigor diante dos desmesurados abusos de
poder típicos das ditaduras e das democracias movidas a
combustível pobreza. Nosso sacrificado povo, à exceção das
poucas glórias do futebol, se acomodava relaxadamente no
crônico complexo de vira-lata.
Os anos dourados de JK e, mais adiante, o extenso
período da ditadura militar propalaram milagres brasileiros
que não sobreviveram aos sérios danos provocados pelas
escaladas inflacionárias. Apenas na última década dos
anos 90, o Plano Real e uma política econômica salutar
corrigiram os rumos do país ao promoverem crescimento
com moeda estável. Altas doses de fermento no PIB
e projetos de redução da pobreza provaram que o tão
desacreditado emergir era finalmente viável. Os incrédulos
de plantão duvidaram, mas, finalmente, chegava a nossa
hora. Nos primeiros anos deste século, nos mantivemos
crescendo e fomos muito bem até 2008. Com o espocar das
crises internacionais, os BRICs passaram a ser vistos como
alavancadores econômicos do planeta, livres das velhas
imagens de excluídos e improdutivos crônicos. A China,
então, despontou de forma surpreendente até se tornar a
segunda maior economia do planeta.
O sucesso do Brasil, mesmo abalado pelos ventos do
hemisfério Norte, parece fidedigno e demonstra ainda ter
fôlego para resistir bravamente ao susto, mas até quando?
O momento agora é de evitar que uma política jurássica
de falso nacionalismo nos prejudique o crescimento e
macule as nossas soberanas diretrizes, barrando medidas
de incentivo a capitais estrangeiros. Precisamos que se
continue a investir no Brasil e torcer para que a educação seja
mesmo encarada como prioridade. E que nossas próprias
lideranças democráticas evitem o uso da verde e amarela
“lei de Gerson” em prol de benefícios partidários de poder,
contra o povo que os elegeu. De esperteza entendemos
a fundo e a pujante iniciativa privada tupiniquim sabe se
defender da ganância estrangeira. Adaptando Camões,
crescer é preciso, perpetuar-se não é preciso!
EDUCAÇÃO E PROGRESSO: VIGOR E CRESCIMENTO
paulo cesar corrêa lopes,
engenheiro