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A INVOCAÇÃO DO INTERESSE PÚBLICO
COMO FATOR RELEVANTE PARA A ANÁLISE DO ANTIDUMPING
Regina Zélia Urias Pinto1
RESUMO
O presente trabalho procura demonstrar, no que tange à seara do Direito Internacional, mais especificamente, às relações internacionais de comércio, o instituto do “Interesse Público”, a sua invocação, definição e importância como justificativa para não aplicar ou suspender o antidumping.
Palavras-chave: Dumping; Comércio Desleal; Antidumping; Interesse Público; Direito Internacional.
1 INTRODUÇÃO
A partir da globalização, o comércio mundial entre os Estados viveu um
processo de liberalização. Nessa nova condição, havia países que agiam de forma
honesta, como também havia nações que tinham como característica a deslealdade.
Como exemplo de comércio desleal, tem-se a prática do dumping, que ocorre
quando um país oferece produtos a outro para serem vendidos no comércio
doméstico do importador, tendo como base um preço bem aquém do seu valor
normal. Porém, não se considera danoso todo dumping, mas apenas quando se
constatam o dano e a sua ligação com, por exemplo, o fechamento de uma
sociedade empresária nacional, isto é, o nexo de causalidade entre o encerramento
das atividades empresariais domésticas e o comércio praticado de forma desleal.
Como antídoto contra essa prática comercial danosa, em contrapartida,
tem-se o antidumping, proveniente de um acordo assinado em 1995, configurando-
se como uma medida de defesa comercial, exceção ao princípio do livre comércio. O
antidumping tem o condão de barrar importações a preço de dumping, contudo, há
momentos em que o antidumping se mostrará prejudicial a um país como um todo.
Embora seja uma medida de defesa, situações haverá em que essa medida, usada 1 [email protected]. Bacharelanda em Direito pela Faculdade Promove – BH/MG.
2
para defender o comércio de um Estado, poderá ser suspensa ou até mesmo não
aplicada, se restar provado o motivo de interesse público.
É proposta de membros da OMC – Organização Mundial do Comércio
que se considere o interesse público nas investigações do antidumping. Necessário
se faz, outrossim, definir, de forma clara e transparente, o que vem a ser “interesse
público”, pois há grande dificuldade na compreensão desse conceito. O presente
artigo ainda tem o escopo de apresentar os critérios usados no teste de análise do
interesse público, que são: o emprego, a concorrência e o desenvolvimento
tecnológico e industrial. A presença de tais critérios demonstrará, portanto, a
necessidade de se aplicar ou suspender uma medida antidumping, com vistas à
segurança jurídica do país.
2 CONTEXTO HISTÓRICO
Segundo Felipe Hees,2 para melhor entender o dumping, é necessário
fazer menção ao processo de transição do feudalismo para o capitalismo, marco da
vida econômica nos séculos XV e XVI. Houve um acúmulo de riquezas estatais, o
que levou ao Mercantilismo. Já nos séculos XVI e XVII, estrangeiros foram taxados
por vendas prejudiciais a Grã-Bretanha, e holandeses realizavam vendas com
redução excessiva de preços, com o intuito de acabar com a concorrência francesa.
Ainda no século XVIII, durante a Revolução Industrial, houve diversas queixas
quanto ao comércio desleal.
Consoante Leonor Cordovil,3 a história da legislação antidumping passa
pela Primeira e Segunda Guerras, quando países se empenhavam para negociar as
primeiras legislações internacionais, o que levou, em 1995, ao “Acordo contra o
dumping da OMC – Organização Mundial do Comércio”, sua assinatura, seguindo
até os dias de hoje.O pioneiro na adoção de uma legislação exclusiva de dumping,
2 HEES, Felipe. Dumping, subsídios e salvaguardas: revisitando aspectos técnicos dos instrumentos de defesa comercial. In: HEES, Felipe; CASTAÑON, Marília Penha Valle (Orgs.). O dumping ao longo da história e seus efeitos para o comércio. São Paulo: Singular, 2012. p.25-53. Felipe Hees é atual diretor do Departamento de Defesa Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Decom/MDIC). 3 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p.31.
3
de acordo com Hees,4 foi o Canadá, em 1904. Seu objetivo era proteger a indústria
siderúrgica doméstica da forma agressiva de concorrência da US Steel Corporation
(United States Steel Corporation).5
Pairava no ar, conforme Cordovil,6 uma carência de transparência e um
exagero no ato discricionário por parte das autoridades nacionais na aplicação do
antidumping. Necessário era conter a forma de interpretar de cada país, acerca das
determinações e condições que permitiriam o uso da medida, consenso era o que se
procurava. Surgiu a ideia da criação da OIC – Organização Internacional do
Comércio, posteriormente rejeitada, optando-se pela assinatura de um acordo que
recebeu o nome de GATT – Acordo Geral Sobre Tarifas e Comércio, de 1947, cujo
artigo VI preconizava que :
Art. VI. As partes contratantes reconhecem que o dumping, que permite a introdução de produtos de um país no mercado de outro país, a um preço inferior a seu valor normal, é condenável se causa ou ameaça causar dano importante a uma indústria estabelecida no território da parte contratante ou se materialmente retarda o estabelecimento da indústria doméstica.7
Ainda segundo Leonor Cordovil,8 não se proibia o dumping por si só, mas
sim o que causasse dano, pois havia países que defendiam o interesse de algumas
de suas indústrias, cuja sobrevivência dependia da importação de produtos a baixos
preços. Desse raciocínio, aparecem as primeiras análises que abrem discussão
sobre o tema do interesse público. A celebração desse acordo foi marcada por
muitas dificuldades, constantes negativas de comissões europeias e dos Estados
Unidos, pois eles entendiam que teriam menos benefícios, sendo mais
inconveniente para eles a assinatura do acordo.
4 HEES, Felipe. Dumping, subsídios e salvaguardas: revisitando aspectos técnicos dos instrumentos de defesa comercial. In: HEES, Felipe; CASTAÑON, Marília Penha Valle (Orgs.). O dumping ao longo da história e seus efeitos para o comércio. São Paulo: Singular, 2012. p.25-53. 5 “A United States Steel Corporation é uma produtora integrada de aço com operações nos EUA, Canadá e Europa Central [...]. A empresa produz diversos tipos de aço e produtos tubulares utilizados nas indústrias de automóvel, maquinaria industrial, construção, petrolífera e de aparelhos domésticos, entre outras. A US Steel emprega cerca de 24 mil trabalhadores [...]” (ALMAÇA, 2012). 6 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p.32. 7 GATT – Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio de 1947, art. VI. 8 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p.33-55.
4
3 PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM O DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Conforme Paulo Henrique Gonçalves Portela,9 os princípios gerais do
Direito Internacional Público caracterizam-se como regras cujo caráter se apresenta
de forma globalizada e intangível, fundamentando e dando nexo ao ordenamento
jurídico internacional e servindo como um norte, tanto para a feitura e imposição dos
preceitos internacionais, quanto para a ação de todos os sujeitos do Direito
Comunitário.
Há um rol de princípios gerais do Direito Internacional, dentre eles,
indicam-se: a soberania nacional; a não intervenção; a igualdade jurídica entre os
Estados; a autodeterminação dos povos; a cooperação internacional; a solução
pacífica das controvérsias internacionais; a proibição da ameaça ou do uso da força;
e o esgotamento dos recursos internos antes do recurso a tribunais internacionais.
Sem perder estes sua importância, outro princípio há, com maior relevância, que boa
parte da doutrina considera de maior destaque: trata-se do princípio da prevalência
dos direitos humanos nas relações internacionais.
4 CONCEITO DE DUMPING E MEDIDAS ANTIDUMPING
O conceito de dumping, conforme Roberto Caparroz,10 expressão assim
mesmo adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, por não haver tradução para
nenhum idioma do planeta, é preconizado pelo artigo 2.1 do Acordo sobre a
Implementação do Artigo VI do GATT, a saber:
Art. 2.1. Para as finalidades do presente Acordo, considera-se haver prática de dumping, isto é, oferta de um produto no comércio de outro país a preço inferior a seu valor normal,11 no caso de o preço
9 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado. Incluindo noções de direitos humanos e de direito comunitário. 5.ed. Bahia: JusPodivm, 2013. 10 CAPARROZ, Roberto. Comércio internacional esquematizado. Coord. Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012. 11 “Art. 8 - Considera-se ‘valor normal’ o preço do produto similar, em operações comerciais normais, destinado ao consumo no mercado interno do país exportador” (Decreto nº 8.058/13. Disponível em:
5
de exportação do produto ser inferior àquele praticado, no curso normal das atividades comerciais, para o mesmo produto quando destinado ao consumo no país exportador.12
Em conformidade com o artigo 7º, do Decreto nº 8.058/13, dumping é
uma prática pela qual se introduzem produtos no mercado doméstico, no caso, o do
Brasil. “Art. 7º. Para os efeitos deste Decreto, considera-se prática de dumping a
introdução de um produto no mercado doméstico brasileiro, [...] a um preço de
exportação inferior ao seu valor normal”.13
Nesse mesmo sentido, também o Professor Sebastião José Roque
lembra que, no código antidumping, a definição relativa ao dumping teve a seguinte
redação:
Um produto deve ser considerado como caracterizador de um dumping, isto é, como introduzido no mercado de um país importador a preço inferior ao seu valor normal, se o preço de exportação desse produto, quando exportado de um país para outro, é inferior ao preço comparável, praticado no curso de operações comerciais normais, por um produto similar destinado ao consumo do país exportador.14
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC
conceitua, exemplificando o que seja dumping:
Considera-se que há prática de dumping quando uma empresa exporta para o Brasil, por exemplo, um produto a preço (preço de exportação) inferior àquele que pratica para produto similar nas vendas para o seu mercado interno (valor normal). Dessa forma, a diferenciação de preços já é por si só considerada como prática desleal do comércio.15
Especificando ainda mais, de acordo com o MDIC:
[…] se a empresa A, localizada no país X, vende um produto neste país por US$ 100 e exporta-o para o Brasil, em condições comparáveis de comercialização (volume, estágio de
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8058.htm. Acesso em: 26 jul. 2013). 12 ACORDO sobre a Implementação do Artigo VI do GATT, art. 2.1. 13 Decreto nº 8.058/13, art. 7º. 14 ROQUE, Sebastião José. Direito internacional público. São Paulo: Ícone, 2010. (Col. Elementos de Direito). 15 MINISTÉRIO do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=229. Acesso em: 06 ago. 2013.
6
comercialização, prazo de pagamento), por US$ 80, considera-se que há prática de dumping de US$20.16
Para Caparroz,17 a partir da definição jurídica, acima citada, pode-se
inferir que a existência de dumping não é, em si mesma, condenável. Para que um
Estado possa aplicar medidas de defesa contra a utilização de dumping por
empresas estrangeiras, sua atuação deverá estar condicionada, ainda, à presença
de dano à indústria nacional ou, ao menos, à real ameaça a um setor de produção
do país, instalado ou com projeto de instalação.
Ademais, não basta a existência do comércio baseado na deslealdade e o
dano, necessário, outrossim, que haja uma relação de causalidade. O que se
pretende é que seja verificado até que ponto as importações objetos do dumping
responsabilizam-se pelo dano sofrido pela indústria interna.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior lembra
que: “[...] dano é entendido no sentido de dano material ou ameaça de dano material
à indústria doméstica já estabelecida, ou ainda retardamento na implantação de uma
indústria”.18
Ainda de acordo com o sítio do MDIC, entende-se como indústria
doméstica: “[...] a totalidade dos produtores nacionais de produto similar ao
importado, ou o conjunto de produtores, cuja produção do produto doméstico similar
constitua parcela significativa da produção nacional”.19
Para o MDIC, são considerados fatores relevantes, entre outros:
[...] o volume e preço de importação que não se vendam a preços de dumping, impacto do processo de liberalização das importações sobre os preços domésticos, contração na demanda ou mudanças nos padrões de consumo, práticas restritivas ao comércio pelos produtores domésticos e estrangeiros, e a concorrência entre eles, progresso tecnológico, desempenho exportador e produtividade da indústria doméstica.20
16 MINISTÉRIO do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=229. Acesso em: 06 ago. 2013. 17 CAPARROZ, Roberto. Comércio Internacional esquematizado. Coord. Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012. 18 MINISTÉRIO do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=229. Acesso em: 06 ago. 2013. 19 MINISTÉRIO do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=229. Acesso em: 06 ago. 2013. 20 MINISTÉRIO do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=229. Acesso em: 06 ago. 2013.
7
Larry John Rabb Carvalho21 lembra que, desse modo, conclui-se que o
dumping, quando preenchidos esses três requisitos, o próprio dumping, dano e
nexo, é um ilícito jurídico-econômico. Jurídico porque é um fato regulado por leis e
tratados que impõem sanções, claras e objetivas. Econômico, porque a medida
tomada contra essa prática visa à proteção do mercado interno.
Com o intuito de remediar as consequências de um dano sofrido pela
prática do comércio desleal, ainda que seja a ameaça de dano, as indústrias
domésticas de um país podem aplicar os chamados direitos antidumping. É um dos
tipos de medidas tomadas para a defesa comercial. São, segundo os autores
Fernando de Magalhães Furlan e Thomas Benes Felsberg,22 restrições de ordem
legal, definidas na OMC e usadas pelas autoridades nacionais contra importações
que, de alguma forma, estejam fora dos padrões adotados naquele organismo. Tais
direitos têm como objetivo evitar que os produtores nacionais sejam prejudicados
por importações realizadas a preços de dumping.
Conceituam-se direitos antidumping como sendo o direito que se aplica a
importações de determinado bem de uma parte específica, a fim de eliminar o
prejuízo causado pelo dumping à indústria doméstica da parte importadora. É
permitida, portanto, pelo artigo VI do GATT 1994,23 a imposição de direitos
antidumping a mercadorias objeto de dumping, se o dumping prejudicar produtores
de países concorrentes na parte importadora.24
5 FUNDAMENTOS A FAVOR E CONTRA A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS
ANTIDUMPING
21 CARVALHO, Larry John Rabb. Medidas antidumping e a segurança jurídica. 2010. Disponível em: http://www.promare.adv.br/2010/10/medidas-antidumping-e-seguranca.html. Acesso em: 08 ago. 2013. 22 FURLAN, Fernando de Magalhães; FELSBERG, Thomas Benes (Orgs.). Brasil – China: comércio, direito e economia. São Paulo: Lex Editora, 2011. 23 Acordo Antidumping – Acordo relativo à Implementação do Artigo VI do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, 1994, no Anexo 1 A do Acordo da OMC – acordo da OMC oriundo da Rodada Uruguai que implementa o Artigo VI do GATT 1994, que trata do tema sobre direitos antidumping (SICE. 2013. Disponível em: http://www.sice.oas.org/dictionary/GT_p.asp#GT. Acesso em: 09 ago. 2013). 24 SICE. 2013. Disponível em: http://www.sice.oas.org/dictionary/GT_p.asp#GT. Acesso em: 09 ago. 2013.
8
A base jurídica na qual se fundamenta a aplicação da medida
antidumping se encontra enquadrada no Acordo Relativo à Aplicação do Artigo VI do
Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegárias e Comércio de 1994, que foi incorporado
pelo Brasil por meio do Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994, e
regulamentado pelo Decreto nº 1.602, de 23 de agosto de 1995, revogado pelo
Decreto nº 8.058, de 26 de julho de 2013, que, hoje, regulamenta os procedimentos
administrativos relativos à investigação e à aplicação de medidas antidumping, além
de dar outras providências.25
São igualmente observáveis, juntamente com o Decreto nº 8.058/13, que
trata das medidas antidumping, a Resolução Camex nº 13, de 29/02/2012, que
institui o Grupo Técnico de Avaliação do Interesse Público – GTIP, a Resolução
Camex nº 38, de 11/06/2012, que altera a Resolução Camex nº 13/2012, acerca do
prazo de proposição de Regimento Interno; e, por último, a Resolução nº 50, de
05/07/2012, que adota roteiro para pedidos de suspensão ou alteração de medidas
antidumping definitivas ou a não aplicação das medidas provisórias.
Conforme Felipe Hees,26 adotam-se medidas antidumping com o escopo
de proteger a indústria doméstica da concorrência desleal estrangeira. Ele ressalta
as justificativas mais utilizadas para que se solicite a proteção através de adoção
daquelas medidas de defesa. Dentre elas, incluem-se as seguintes: o dumping
representa manifestação de preço predatório, ao conquistar o mercado nacional, os
preços dos produtos serão aumentados, pois os produtores estrangeiros objetivam a
recuperação do lucro; a discriminação entre os preços apresentados no mercado de
origem e no importador representa um fato econômico negativo; há um afastamento
de investimentos no mercado importador diante da prática de dumping; e, ainda, a
justiça social justifica a aplicação da medida antidumping, com o intuito de se
protegerem empresas nacionais e seus trabalhadores contra a concorrência
estrangeira.
Consoante Fabrizio Panzini e Lucas Spadano,27 embora se deva levar em
conta a importância das medidas para protegerem as indústrias nacionais, quando 25 LIMA, Mônica Elisa de. 2010. Disponível em: http://www.comexdata.com.br/principal.php?home=principal&frame=set&page=index.php?PID=1000000157. Acesso em: 09 ago. 2013. 26 HEES, Felipe. Dumping, subsídios e salvaguardas: revisitando aspectos técnicos dos instrumentos de defesa comercial. In: HEES, Felipe; CASTAÑON, Marília Penha Valle (Orgs.). O dumping ao longo da história e seus efeitos para o comércio. São Paulo: Singular, 2012. p.25-53. 27 PANZINI, Fabrizio; SPADANO, Lucas. Defesa comercial versus interesse público. 2012. Disponível em: http://www.ibrac.org.br/Noticias.aspx?id=2038. Acesso em: 10 ago.2013.
9
há importações a preço de dumping, ou, como já ressaltado, práticas do comércio
desleal, infringindo regras internacionais e prejudicando tais indústrias, de outra
banda, é imprescindível que se atente que há momentos em que infligir medidas de
defesa, como direitos antidumping, pode causar sérios e lesivos efeitos sobre os
parques industriais e sobre a economia do país, afetando o interesse público.
A atual redação do Acordo Antidumping, recorda Leonor Cordovil,28
dispõe que, após analisados todos os requisitos para a aplicação do antidumping
(sendo identificados o dumping, o dano e o nexo causal), a autoridade pode (e, não,
deve) aplicar a medida. Fica a critério do membro da OMC a aplicação da medida. O
motivo pelo qual os membros não aplicam as medidas de defesa reside em,
exatamente, ser contrária ao interesse público.
Conclui Cynthia Kramer29 que necessário se faz aplicar o antidumping,
mas que não seja prejudicial à economia brasileira. Tem interesse o Estado na
aplicação da medida de defesa, porém é preciso observar regras da OMC, sem
somente visar à arrecadação de recursos para simplesmente abastecer os cofres
públicos.
Em que pese alguns estudiosos serem a favor, mas com algumas
restrições, à medida de defesa comercial em comento, há também aqueles que
concluem que as medidas antidumping não são ideais para a defesa do mercado e
das indústrias nacionais, é exatamente o que frisam Roberto Di Sena Júnior e
Scheron Dal Pizzol,30 por acharem que o seu caráter é protecionista, dificultando o
comércio internacional. Por isso, os países apresentam, durante as negociações,
propostas que visam a restringir a utilização distorcida desse recurso de defesa. Os
termos descritos são vagos, e as normas e procedimentos, complexos, por isso, os
países que não dispõem de recursos técnicos e financeiros têm dificuldades na
aplicação.
28 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p.56. 29 Cynthia Kramer é advogada de LOB-SVMFA, especialista em comércio internacional. Entrevista por telefone e e-mail concedida à autora deste artigo. 30 SENA JÚNIOR, Roberto Di; PIZZOL, Scheron Dal. Dumping e comércio internacional: uma perspectiva em prol do multilateralismo. Org. Osvaldo Agripino de Castro Jr. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2005.
10
De acordo com Sena Jr. e Pizzol,31 ao utilizar as medidas antidumping
como forma de controlar a concorrência dos produtos estrangeiros, o Estado
beneficia determinadas indústrias ou setores ineficientes, e o custo dessa proteção
recai sobre a sociedade. Porém, se utilizadas de forma correta e somente quando
necessário pelas autoridades nacionais, defendem os autores, as medidas
antidumping irão apenas reequilibrar o mercado que sofreu influências enganosas
causadas por importações com dumping e seus danos (quando comprovados). Se
há intenção de criar regras para liberalizar o comércio, os países devem também
buscar aplicá-las de forma correta para que o benefício advindo do comércio
internacional seja percebido por todos.
6 NOVO ACORDO ANTIDUMPING E A CLÁUSULA DO INTERESSE PÚBLICO
Como já mencionado, o Decreto nº 1.602, de 23 de agosto de 1995, foi
revogado pelo Decreto nº 8.058, de 26 de julho de 2013, que foi publicado no dia 29
de julho deste ano, passando a valer, em 1º de outubro de 2013, as novas regras
para o processo de investigação antidumping. O novo decreto, de acordo com André
Diniz,32 incorpora mudanças importantes para enfrentar os desafios contemporâneos
do comércio exterior brasileiro. Antes, o prazo para investigações de existência de
dumping era de 15 meses, e, hoje, tais investigações são concentradas em 10
meses, dentre várias outras mudanças. Tais alterações têm como objetivo fazer com
que as investigações sejam mais céleres, transparentes e eficientes, motivo pelo
qual foi feita uma consulta pública.33
Além de pilares positivos que são destaques no novo acordo, como
celeridade das investigações, eficácia das medidas e a previsibilidade para o setor
privado, este, evidente na descrição detalhada dos procedimentos, diferencia o
decreto atual do anterior. Das várias modificações trazidas pelo novo decreto, a
31 SENA JÚNIOR, Roberto Di; PIZZOL, Scheron Dal. Dumping e comércio internacional: uma perspectiva em prol do multilateralismo. Org. Osvaldo Agripino de Castro Jr. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2005. 32 Compõe a Assessoria de Comunicação Social do MDIC. 33 FIESP/CIESP. Panorama Defesa Comercial. 2013. Disponível em: http://www.fiesp.com.br/wp-content/uploads/2013/08/Panorama-DC-%E2%80%93-Edi%C3%A7%C3%A3o-Especial-%E2%80%93-Agosto.2013.pdf. Acesso em: 08 out.2013.
11
cláusula de interesse público, a que se refere este trabalho, é uma das mais
importantes. Tal cláusula é prevista pela Resolução Camex nº 13/2012, instrumento
normativo que torna pública a aplicação da medida de defesa comercial, submetida
diretamente à aprovação da Câmara de Comércio Exterior – Camex, à qual compete
aplicar medidas de defesa comercial, sendo, portanto, as investigações iniciadas
pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior – Socex e conduzidas pelo Departamento de Comércio – Decom.
No acordo anterior, não havia delimitação no prazo para suspensão de
direitos antidumping; já pelo novo decreto, os ministros da Camex podem suspender
direitos antidumping definitivos por até um ano, com prorrogação desse prazo por
uma única vez, por igual período, além de tomar outras providências, em nível
excepcional, em razão de interesse público. Conforme o art.3º do Decreto nº
8.058/13:
Art. 3 Em circunstâncias excepcionais, o Conselho de Ministros poderá, em razão de interesse público: I - suspender, por até um ano, prorrogável uma única vez por igual período, a exigibilidade de direito antidumping definitivo, ou de compromisso de preços, em vigor; II - não aplicar direitos antidumping provisórios; [...].34
7 DISCUSSÕES SOBRE O INTERESSE PÚBLICO
Leonor Cordovil35 ressalta que, na Constituição da República Federativa
Brasileira, os primeiros valores a serem perseguidos pelo Estado encontram-se
descritos já no art. 3º, a seguir. Esses valores são desdobramentos do interesse
público no rol de objetivos fundamentais a serem perseguidos pelos poderes.
Também a representação popular e a separação dos poderes são a manifestação
da necessária intervenção popular na escolha do que será considerado interesse
público.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
34 DECRETO nº 8.058/13, art.3º. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8058.htm. Acesso em: 10 set. 2013. 35 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
12
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.36
Diz Celso Antonio Bandeira de Mello37 que o interesse público ou primário
é o pertinente à sociedade como um todo.
Segundo Leonor Cordovil,38 a expressão “interesse público” carrega,
entretanto, um peso muito grande, significa que a autoridade de defesa comercial
deverá desvendar o interesse nacional, um interesse de todas as pessoas, um
interesse maior e indiscutível que trará a resposta que o país busca em relação às
importações. Além disso, “interesse público” remete o negociador e a autoridade
nacional à esfera do bem comum, da discussão político-social, que ultrapassa as
fronteiras de uma simples discussão antidumping (de natureza econômica).
O interesse público pode ser definido, no âmbito da legislação de defesa
comercial, como uma análise do impacto da imposição de medidas para defesa do
comércio do país importador, tomando-se vários interesses em conjunto. Portanto, o
interesse público seria a soma de todos os interesses privados da economia.39
Para Leonor Cordovil,40 definir o interesse público no antidumping causa,
sem dúvida, um embaraço, e isso se deve à própria expressão. Nenhuma outra
poderia trazer mais apelo ao clamor de soberania dos países. Se os países tivessem
optado por negociar apenas aspectos econômicos relativos aos efeitos provocados
pelas medidas, por exemplo, seria mais fácil chegar a um acordo. Essa
indeterminação em se definir o interesse público traz dificuldades, outrossim, na sua
análise e em uma consequente possibilidade de invocá-lo com o escopo de
suspender ou não aplicar medidas de defesa.
36 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 18. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. (Coleção RT Códigos). 37 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008. 38 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. 39 SEAE. 2013. Disponível em: http://www.sice.oas.org/dictionary/GT_p.asp#GT. Acesso em: 12 out.2013. 40 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
13
Consoante Cynthia Kramer,41 interesse público deve ser interpretado
como interesse ‘macro’. Não se trata, por exemplo, de apenas oferecer mercadoria
por preço menor, é muito mais que isso. É lidar com assuntos como inflação, cesta
básica, enfim, cadeia produtiva afetada, levando em consideração a economia como
um todo.
Cordovil42 chama a atenção no sentido de ser fundamental que sejam
definidos parâmetros claros, que devem ser seguidos por todos os membros da
OMC, no caso de a definição do interesse público ser considerada obrigatória, no
campo das negociações do comércio internacional. De acordo com essa autora, o
interesse público serve de justificativa para a não aplicação das medidas de defesa
comercial quando se entender que os benefícios gerados, por essas medidas, à
indústria doméstica são menores que os prejuízos provocados aos agentes
diversamente afetados (consumidores, usuários industriais do produto,
importadores, sociedade em geral, etc.).
Em um trabalho de pesquisa desenvolvido pela Secretaria de
Acompanhamento Econômico - SEAE/Ministério da Fazenda acerca do assunto,
Andrea Macera43 explica o que é o interesse público e assevera que envolve duas
vertentes, ou seja, em primeiro lugar, questões políticas mais gerais, por exemplo,
preocupação com as relações comerciais, com o país exportador ou com políticas
setoriais específicas, e, em segundo lugar, estão questões de natureza econômica,
isto é, desabastecimento ou impacto sobre os custos da indústria intermediária,
também chamada de usuária. Macera44 ressalta que os poucos precedentes
envolvendo a aplicação dessa cláusula no Brasil não permitem uma definição clara
do que possa ser interesse nacional (ou interesse público). Na verdade, a vagueza
do termo e as dúvidas quanto aos critérios de uso estão presentes em praticamente
todos os países que a adotam em suas legislações.
Conquanto tal provisão já exista no arcabouço normativo de diversos
países, como os da União Europeia e Canadá, seu uso não é frequente. No âmbito
41 Cynthia Kramer. Entrevista por telefone e e-mail concedida à autora deste artigo. 42 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. 43 MACERA, Andrea. Interesse público e defesa comercial: considerações gerais. Revista Brasileira do Comércio Exterior, Rio de Janeiro, n.114, p.12-19, jan./mar. 2013. Disponível em: http://www.funcex.org.br/publicacoes/rbce/material/rbce/114_APM.pdf. Acesso em: 01 nov. 2013. 44 MACERA, Andrea. Interesse público e defesa comercial: considerações gerais. Revista Brasileira do Comércio Exterior, Rio de Janeiro, n.114, p.12-19, jan./mar. 2013. Disponível em: http://www.funcex.org.br/publicacoes/rbce/material/rbce/114_APM.pdf. Acesso em: 01 nov. 2013.
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da Organização Mundial de Comércio, continua Andrea,45 o Acordo Antidumping não
proíbe nem obriga a consideração do interesse público. Ainda assim, argumenta-se
que a cláusula do interesse nacional exerce importante papel para contrabalançar os
efeitos adversos das medidas antidumping. Para Felipe Hees,46 apesar da
relevância do assunto, é limitada a literatura nacional devotada à análise do
interesse público na aplicação de medidas antidumping. Hélène Ruiz Fabri47 ressalta
que a autora Leonor Cordovil48 conseguiu mostrar, em sua obra, que os membros da
OMC, notadamente, os países em desenvolvimento que fazem uso crescente do
antidumping, parecem ter percebido que devem desenvolver e utilizar, de uma forma
melhor, a ferramenta do interesse público.
8 A INSTITUIÇÃO DO GRUPO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO DE INTERESSE
PÚBLICO – GTIP
O GTIP – Grupo Técnico de Avaliação de Interesse Público foi instituído
com o objetivo de analisar a suspensão ou alteração de medidas antidumping e
compensatórias definitivas, bem como a não aplicação de medidas antidumping e
compensatórias provisórias, por razões de interesse público. Conforme o artigo 1º da
Resolução nº 13 da Camex:
Art. 1º Instituir o Grupo Técnico de Avaliação de Interesse Público – GTIP com o objetivo de analisar a suspensão ou alteração de medidas antidumping e compensatórias definitivas, bem como a não aplicação de medidas antidumping e compensatórias provisórias, por razões de interesse público.
45 MACERA, Andrea. Interesse público e defesa comercial: considerações gerais. Revista Brasileira do Comércio Exterior, Rio de Janeiro, n.114, p.12-19, jan./mar. 2013. Disponível em: http://www.funcex.org.br/publicacoes/rbce/material/rbce/114_APM.pdf. Acesso em: 01 nov. 2013. 46 HEES, Felipe. Interesse público e a aplicação de medidas antidumping no Brasil. Revista Brasileira do Comércio Exterior, Rio de Janeiro, n.114, p.6, jan./mar. 2013. 47 FABRI, Hélène Ruiz. Prefácio. In: CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p.15-16. 48 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
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De acordo com Fabrizio Panzini e Lucas Spadano,49 ao grupo
interministerial, secretariado pela Secretaria de Acompanhamento Econômico
(SEAE) do Ministério da Fazenda, compete analisar os casos em que seja prudente,
por razões de interesse público, recomendar à Camex a suspensão ou redução da
aplicação de medida antidumping. O GTIP é um órgão consultivo, não delibera, suas
conclusões são levadas ao Comitê Executivo de Gestão (Gecex) ou ao Conselho de
Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Não se pode utilizar o GTIP
como foro para que se realizem investigações de infrações à ordem econômica.50
Se, após as investigações, for possível suspender a exigibilidade de um direito
definitivo, com base na cláusula do interesse público, o prazo será de até um ano,
prorrogável uma única vez. Ao final desse período, o direito antidumping se
extinguirá, caso não haja reaplicação do direito, por decisão da Camex, ou caso não
esteja expressamente prevista sua retomada no ato da sua suspensão. Podem,
igualmente, não ser aplicados direitos provisórios ou direito definitivo.51
O GTIP tem como pontos positivos estar em consonância com propostas
de organismos internacionais e com a experiência internacional, representar um
avanço na institucionalização da cláusula do interesse público, separar as instâncias
técnica e política e lidar com mais transparência no processo decisório.52
Das mais atuais resoluções, uma delas se destaca: a Resolução Camex
nº 35/13 instituiu, por razões de interesse público, a suspensão da cobrança de
direitos antidumping definitivos e a não aplicação de direitos antidumping
provisórios, dentre outras medidas, nas importações destinadas aos eventos da
Copa das Confederações Fifa 2013 e Copa do Mundo Fifa 2014. A medida
relaciona-se à garantia concedida pelo Brasil à Fifa para a realização dos eventos
sob comento. Somente os importadores habilitados pela Receita Federal, nos
49 PANZINI, Fabrizio; SPADANO, Lucas. Defesa comercial versus interesse público. Disponível em: http://www.ibrac.org.br/Noticias.aspx?id=20382012. Acesso em: 14 out. 2013. 50 FIESP/2012. Grupo Técnico de Avaliação de Interesse Público. Coordenação Andrea Macera. Disponível em: http://www.fiesp.com.br/wp-content/uploads/2012/11/Andrea-Macera-COGCI-MF.pdf. Acesso em: 08 out. 2013. 51 FIESP. Guia Antidumping. 2013. Coord. Jacqueline Spolador Lopes. Disponível em: http://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/guia-antidumping/. Acesso em: 08 out. 2013. 52 SEAE. Interesse Público e Defesa Comercial. 2013. Coordenadoria-Geral SEAE/MF. Secretaria de Acompanhamento Econômico. Disponível em: http://www.ibrac.org.br/Uploads/Eventos/13SeminarioComercio/apresenta%C3%A7%C3%B5es/P4/ANDREA%20MACERA.pdf. Acesso em: 05 nov.2013.
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termos do Decreto nº 7.578/11, poderão usufruir da nova regra, que já está em vigor
e perdurará até julho de 2014.53
9 O TESTE DO INTERESSE PÚBLICO
Consoante Leonor Cordovil,54 as negociações sobre o teste do interesse
público no antidumping são antigas, para ela, não se trata de um tema novo.
Contudo, pouco se avançou no sentido de torná-lo obrigatório, ou, de alguma forma,
tentar harmonizar os entendimentos e a aplicação pelos membros. Há, para alguns
deles, a previsão da cláusula em seus ordenamentos, trazendo contribuições
relevantes às discussões nos grupos de negociação do GATT e OMC. Outros,
contudo, seguem afirmando que a imposição de uma cláusula que obrigue o
membro a observar o interesse público, definindo o que é esse interesse, seria uma
violação à soberania, já que a definição do que é interesse público cabe ao próprio
membro.
Vários membros da OMC aderiram e entraram nas negociações sobre o
teste do interesse público, houve, sobre o assunto, várias indagações, até se chegar
ao objetivo que, segundo Cordovil,55 deveria ser diminuir ou eliminar direitos
antidumping em razão de considerações de um interesse público mais amplo. Seria
necessário examinar, durante o curso das investigações, os outros interesses
(consumidores, importadores, etc.) também afetados se as medidas forem impostas
no todo ou em parte. Outros membros, como os Estados Unidos e Austrália, foram
contrários; o primeiro fez indagações sobre a liberdade do membro para determinar
os critérios para utilizar a invocação do interesse público; o segundo foi contrário por
entender que a consideração do interesse público depende da maneira como cada
membro se relaciona com sua própria lei, e enfatizou a necessidade de
previsibilidade, transparência e respeito ao devido processo.
53 FIESP/CIESP. Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior – Derex da Fiesp. Panorama Defesa Comercial, São Paulo, n.9, p.4-5, maio 2013. 54 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. 55 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
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Para Cordovil,56 havia uma preocupação dos membros com a aplicação
da cláusula, que girava em torno de o conceito de interesse público ser muito
subjetivo, objetivando fazer do teste apenas uma diretriz a ser seguida e não uma
obrigatoriedade.
Consoante Cordovil,57 a Comunidade Europeia é um dos poucos
membros que aplica o teste do interesse público, mesmo que se conclua que as
importações a preço de dumping estejam causando dano à indústria doméstica,
como dispõe o Regulamento Básico europeu: “[...] as medidas antidumping podem
não ser aplicadas se a autoridade concluir que não é do interesse comunitário
aplicá-las”. Tal teste é criticado pela insegurança e opacidade. A experiência
brasileira, nessa matéria, diz Cordovil,58 não permite alcançar conclusões acerca do
entendimento das autoridades brasileiras sobre o interesse público no antidumping.
Não houve, ainda, um posicionamento uniforme, a formação de um precedente
importante, nas decisões brasileiras, que indicasse a posição do país.
No que tange ao procedimento, enfatiza ela, de acordo com a legislação
brasileira, explica, em resumo, a Camex pode, diante de circunstâncias
excepcionais, decidir em favor do interesse nacional, deixando de aplicar medidas
antidumping mesmo quando demonstrado o dano, o dumping e o nexo causal. O
teste não é obrigatório e não é feito em todos os casos, ademais, a Camex não é a
autoridade que conduz a investigação (e sim o Decom), há, portanto, um
distanciamento substancial entre os responsáveis pela definição do interesse público
e aqueles que pesquisaram o mercado, investigaram os produtos e verificaram as
informações. Por não existirem critérios, há dificuldade em se analisar o interesse
público no caso concreto, havendo muita pressão de grupos interessados e poucas
condições para uma boa decisão pela câmara.
10 CRITÉRIOS ADOTADOS NA ANÁLISE DO INTERESSE PÚBLICO
56 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. 57 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. 58 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
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Três são os critérios, consoante Leonor Cordovil,59 que são objeto de
análise frequentemente pelas autoridades que aplicam o teste do interesse público e
exprimem o desejo de buscar a decisão mais adequada e que melhor espelhe o
interesse público nacional; são, a saber:
a) A concorrência, incluindo os interesses do consumidor por preços
baixos e opções de compra - uma boa análise concorrencial, preocupada com a
influência do comércio internacional sobre a concorrência, e vice-versa, já é o
primeiro passo para a realização do interesse público, entendido como a busca do
bem-estar para consumidores e concorrentes em esfera mundial. A imposição de
uma medida pode provocar restrição à concorrência.
b) O emprego e a redução dos salários - fator quase sempre considerado
pelos membros que já aplicam o teste do interesse público é a análise das
condições para se chegar à proteção de empregos de algumas das partes
prejudicadas por uma investigação antidumping. Salvar empregos da indústria
doméstica é preocupação de toda investigação antidumping. Entretanto, preservar
os empregos dos produtores domésticos pode significar a perda dos empregos de
importadores e usuários industriais do produto, sendo preciso balancear essas duas
prováveis perdas. Na maior parte das decisões analisadas, a opção é pela indústria
que mais empregava ou demandava trabalho.
c) O desenvolvimento tecnológico e industrial - são comuns os casos em
que a autoridade nacional decide iniciar uma investigação antidumping, ou aplicar
medidas definitivas, baseando-se no fato de que a indústria doméstica é estratégica
ao desenvolvimento industrial e tecnológico do país. Esse é um requisito essencial,
pois está economicamente ligado ao interesse público e ao desenvolvimento
econômico do setor que busca a proteção. Contudo, há que se fazê-lo com cuidado
para não se tomar uma decisão errada, pois, talvez, o setor protegido possa não ser
mais interessante à economia do país, ou pode ser um setor que não tende a se
desenvolver, pela própria natureza da atividade. Necessário se faz observar pontos
como a capacidade de desenvolvimento da indústria, a capacidade de investimento,
o interesse nacional pelo desenvolvimento da indústria.
59 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
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11 PARTES INTERESSADAS NA SUBMISSÃO DE CONSIDERAÇÕES DE
INTERESSE PÚBLICO
Segundo Leonor Cordovil,60 o acordo antidumping, na nova redação que
está sendo negociada pelos membros, deve prever quais são as partes interessadas
no teste do interesse público; grosso modo, são:
a) A indústria doméstica - O dumping produz consequências negativas
para o interesse dessas empresas, razão pela qual elas pedem ao governo do país
que abra investigações para analisar a existência de práticas desleais de comércio.
b) Os importadores - São raros os importadores que revendem apenas o
produto investigado. Usualmente, eles oferecem uma gama variada de produtos,
sendo possível desviar seus esforços, anteriormente despendidos com o produto
sob investigação, para outros produtos não investigados.
c) Usuários industriais - Economicamente, os usuários são a indústria
mais prejudicada pela aplicação de medidas antidumping. O usuário é o responsável
pela encomenda do produto ao importador ou ao exportador.
d) Consumidores e suas associações - Eles podem fornecer uma visão
realista da oferta, sob o ponto de vista da demanda. São capazes de relatar as
dificuldades encontradas no mercado do produto final, uma eventual existência de
práticas abusivas, infrações ao direito do consumidor, ou mesmo uma inaptidão da
indústria doméstica em fornecer o produto.
e) Os exportadores - Não se considera, geralmente, a sua manifestação
sobre interesse público. A justificativa é que essas empresas não estão localizadas
no território e não estão preocupadas com os desejos e necessidades locais. Esse
entendimento tende a mudar por causa da globalização.
12 JURISPRUDÊNCIAS RELACIONADAS AO INTERESSE PÚBLICO NO
ANTIDUMPING
60 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
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A seguir, apresentam-se exemplos de jurisprudências brasileiras
relacionadas ao interesse público no antidumping de acordo com estudos de Leonor
Cordovil:61
a) Processo MDIC/Secex 52100.085489/2002-27, Importação de pneus
novos para bicicletas, Res. Camex 37, de 11.12.2003, publ. DOU 19.12.2003.2.
b) Processo MDIC/Secex 52100-017966/2003-11, Importação de ferro
cromo, Res. Camex 31, de 05.10.2004, publ. DOU 11.10.2004.3.
c) Processo MDIC/Secex 52500.007154/2005-16, Importação de cimento
portland, Res. Camex 36, de 22.11.2006, publ. DOU 27.11.2006.
13 CONCLUSÃO
Verificou-se, pelos registros, no presente artigo, que o dumping que não
tem cunho de dano é permitido, visto que há sociedades empresárias que dele
necessitam, ou seja, é, para elas, essencial a aquisição de produtos a baixos
preços, e, se não causa prejuízos a indústrias nacionais, não há por que proibir a
prática do dumping. Lado outro, na existência de tal prática e trazendo consigo um
dano juntamente a um nexo de causalidade entre este ato danoso adicionado a
consequências graves e prejudiciais àquela sociedade empresária, será, pois,
atacado pela medida de defesa comercial antidumping, que tem o poder de
agasalhar a indústria doméstica contra deslealdades nas práticas comerciais,
garantindo uma concorrência com mais justiça no mundo do comércio internacional
entre produtores domésticos e estrangeiros.
Mas há uma delicada situação que é imprescindível que seja vista com
mais atenção pelas autoridades em comércio internacional, como já fora relatado no
presente trabalho e novamente mencionado no parágrafo acima, seria aceitável,
dentro de uma normalidade nas situações adequadas para tal, a aplicação do
antidumping, porém por causa do “Interesse Público”, isto é, um interesse “macro”,
semelhante medida deixa de ser imposta.
Os estudos realizados levam a concluir que é fundamental que haja a
invocação de tal interesse, pois não contempla somente o interesse de uma ou outra
61 CORDOVIL, Leonor. Antidumping: interesse público e protecionismo no comércio internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
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parte envolvida no processo das relações comerciais, mas um país como um todo.
Porém é mister reconhecer que há situações a serem melhoradas nessa
empreitada, uma delas é definir-se com precisão o que vem a ser “Interesse
Público”, há, entre os países-membros, muita insegurança com relação a isso.
Importante que estes se entendam no que tange a tal definição. Enfim, há
controvérsias sobre o entendimento, da cláusula do interesse público e de vários
pontos do Acordo Antidumping, que provocam divergência entre os países-membros
da Organização Mundial do Comércio. É essencial, para que haja menos
discricionariedade do país investigador e menos protecionismo às suas indústrias,
haver mais clareza e transparência, requisitos básicos para tal entendimento, e
ainda, maior consciência dos fatores que envolvem a medida de defesa comercial
aqui estudada.
Em suma, resta comprovada a importância do interesse público, assim
como também é preciso que possa ser garantida a todas as partes envolvidas em
relações internacionais comerciais a segurança jurídica, além do respeito ao
Princípio da Soberania. Infelizmente, nem todas as partes agem com honestidade
nessa seara. A globalização trouxe a liberalização comercial, muitos países
caminham ao encontro de soluções de controvérsias e análises em prol da utilização
consciente do interesse nacional nas várias situações com as quais se deparam,
nada obstante, há países que defendem seus lucros, desenfreadamente, em
detrimento do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, em detrimento de
negociações leais.
THE INVOCATION OF THE PUBLIC INTEREST AS A RELEVANT FACTOR FOR THE ANTI-DUMPING ANALYSIS
ABSTRACT
This present essay (thesis, dissertation) intends to show, into the framework of
International Civil Law, more specifically focusing foreign trade relations, the public
interest subject, its invocation, definition and importance as a justification in order not
to apply or lift antidumping.
22
Keywords: International Low; Dumping; Antidumping, Interest Public.
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