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Tradicionalmente, o Direito é reproduzido por meio de “doutrinas”, que constituem o pensamento de pessoas reconhecidas pela comunidade jurídica em trabalhar, academicamente, determinados assuntos. Assim, o saber jurídico sempre foi concebido como algo dogmático. É possível, à luz da tradicional visão empregada, afirmar que o Direito é um campo no qual não se incluem somente as instituições legais, as ordens legais, as decisões legais; mas, ainda, são computados tudo aquilo que os especialistas em leis dizem acerca das mencionadas instituições, ordens e decisões, materializando, comumente, uma “meta direito”. No Direito, a construção do conhecimento advém da interpretação de leis e as pessoas autorizadas a interpretar as leis são os juristas, pesquisadores do Direito.Contudo, o alvorecer acadêmico que é presenciado pelos Operadores do Direito, que se debruçam no desenvolvimento de pesquisas, passa a conceber o conhecimento de maneira prática, utilizando as experiências empíricas e o contorno regional como elementos indissociáveis para a compreensão do Direito. Ultrapassa-se a tradicional visão do conhecimento jurídico como algo dogmático, buscando conferir molduras acadêmicas, por meio do emprego de métodos científicos. Neste aspecto, o presente configura uma compilação dos tratados internacionais sobre prevenção contra a discriminação e a proteção das minorias.
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1
COMPÊNDIO DE TRATADOS INTERNACIONAIS
SOBRE PREVENÇÃO CONTRA A DISCRIMINAÇÃO E
PROTEÇÃO DAS MINORIAIS
Tauã Lima Verdan Rangel (Org.)
2
COMPÊNDIO DE TRATADOS INTERNCIONAIS SOBRE
PREVENÇÃO CONTRA A DISCRIMINAÇÃO E
PROTEÇÃO DAS MINORIAIS
(V. 01, N. 01)
Capa: Diego Rivera, Girassóis (1921).
ISBN: 978-1518668890
Editoração, padronização e formatação de texto
Tauã Lima Verdan Rangel
Projeto Gráfico e capa
Tauã Lima Verdan Rangel
Conteúdo, citações e referências bibliográficas
O autor
É de inteira responsabilidade do autor os conceitos aqui
apresentados. Reprodução dos textos autorizada mediante
citação da fonte.
3
A P R E S E N T A Ç Ã O
Tradicionalmente, o Direito é reproduzido por meio
de “doutrinas”, que constituem o pensamento de pessoas
reconhecidas pela comunidade jurídica em trabalhar,
academicamente, determinados assuntos. Assim, o saber
jurídico sempre foi concebido como algo dogmático. É possível,
à luz da tradicional visão empregada, afirmar que o Direito é
um campo no qual não se incluem somente as instituições
legais, as ordens legais, as decisões legais; mas, ainda, são
computados tudo aquilo que os especialistas em leis dizem
acerca das mencionadas instituições, ordens e decisões,
materializando, comumente, uma “meta direito”. No Direito, a
construção do conhecimento advém da interpretação de leis e
as pessoas autorizadas a interpretar as leis são os juristas,
pesquisadores do Direito.
Contudo, o alvorecer acadêmico que é presenciado
pelos Operadores do Direito, que se debruçam no
desenvolvimento de pesquisas, passa a conceber o
conhecimento de maneira prática, utilizando as experiências
empíricas e o contorno regional como elementos indissociáveis
para a compreensão do Direito. Ultrapassa-se a tradicional
visão do conhecimento jurídico como algo dogmático, buscando
conferir molduras acadêmicas, por meio do emprego de
métodos científicos. Neste aspecto, o presente configura uma
4
compilação dos tratados internacionais sobre prevenção contra
a discriminação e a proteção das minorias.
Boa leitura!
Tauã Lima Verdan Rangel
5
S U M Á R I O
Convenção da OIT (nº 118) – sobre a igualdade de
tratamento dos nacionais e não-nacionais em matéria de
previdência social (1962) ......................................................... 06
Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as
formas de discriminação racial (1968) .................................... 22
Declaração sobre os princípios fundamentais relativos à
contribuição dos meios de comunicação de massa para o
fortalecimento da paz e da compreensão internacional para
a promoção dos direitos humanos e a luta contra o racismo,
o apartheid e o incitamento à guerra (1978) .......................... 52
Declaração sobre a raça e os preconceitos raciais (1978) ....... 66
Declaração sobre a eliminação de todas as formas de
intolerância e discriminação fundadas na religião ou nas
convicções (1981) ..................................................................... 83
Declaração sobre os direitos das pessoas pertencentes a
minorias nacionais ou étnicas, religiosas e linguísticas
(1992) ....................................................................................... 92
6
CONVENÇÃO DA OIT (Nº. 118) - SOBRE
IGUALDADE DE TRATAMENTO DOS NACIONAIS
E NÃO-NACIONAIS EM MATÉRIA DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL – 1962
Adotada na 46.º. Sessão da Conferência, em Genebra (1962), foi
aprovada pelo Decreto Legislativo n.º 31, de 20 de agosto de 1968 e
efetuado o registro da ratificação pelo B.I.T. em 24 de março de
1969. Entrou em vigor, para o Brasil, em 24 de março de 1970, e foi
promulgada pelo Decreto no. 66.467, de 27 de abril de 1970.
(Tradução oficial.)
Artigo 1o
Para os fins da presente Convenção:
§1. O termo "legislação" compreende as leis e
regulamentos, assim como as disposições estatuárias em
matéria de previdência social.
§2. O termo "prestações" visa quaisquer prestações,
pensões, rendas e inclusive quaisquer suplementos ou
majorações eventuais.
§3. O termo "prestações concedidas a título de regimens
transitóris" designam, quer as prestações concedidas às
pessoas que passaram uma certa idade na data da
entrada em vigor da legislação aplicável, quer as
7
prestações concedidas, a título transitório, em
consideração a acontecimentos ocorridos ou períodos
passados fora dos limites atuais de um membro.
§4. O termo "pensão por morte" significa qualquer soma
entregue de uma única vez em caso de morte.
§5. O termo "residência", designa a residência atual.
§6. O termo "prescrito" significa determinado por ou em
virtude da legislação nacional, no sentido do "§1 do
presente artigo".
§7. O termo "refugiado" tem o significado a ele atribuído
pelo "artigo 1o". Da Convenção de 28 de julho de 1951
relativa ao estatuto dos refugiados.
§8. O termo "apátrida" tem o significado a ele atribuído
pelo "artigo 1o". Da Convenção de 28 de setembro de
1954, relativa ao estatuto dos apátridas.
Artigo 2o
§1. Qualquer Membro poderá aceitar as obrigações da
presente Convenção no que diz respeito a um ou vários
dos seguintes ramos da previdência social para os quais
possui uma legislação efetivamente aplicada em seu
território a seus próprios nacionais:
a) Assistência médica.
8
b) Auxílio-doença.
c) Prestações de maternidade.
d) Aposentadoria por invalidez.
e) Aposentadoria por velhice.
f) Pensão por morte.
g) Prestações em caso de acidentes do trabalho e doenças
profissionais.
h) Seguro desemprego.
i) Salário-família.
§2. Qualquer Membro para o qual esta Convenção estiver
em vigor deverá aplicar as disposições da referida
Convenção no que concerne o ramo ou os ramos da
previdência social para os quais as obrigações da
Convenção.
§3. Qualquer Membro deverá especificar em sua
ratificação o ramo ou os ramos da previdência social para
os quais aceitou as obrigações da presente Convenção.
§4. Qualquer Membro que tenha ratificado a presente
Convenção poderá subsequentemente notificar o Diretor-
Geral da Repartição Internacional do Trabalho que
aceita as obrigações da Convenção no que concerne um
ou mais ramos da previdência social que não tenham sido
especificados com a ratificação.
9
§5. Os compromissos previstos no parágrafo precedente
serão considerados partes integrantes da ratificação e
produzirão efeitos idênticos desde a data de sua
notificação.
§6. Para os fins da aplicação da presente Convenção,
qualquer Membro que aceitar as obrigações dela
decorrentes e relativas a um ramo qualquer da
previdência social deverá comunicar , ocorrendo o caso,
ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do
Trabalho das prestações previstas por sua legislação que
ele considera como:
a. Prestações que não sejam aquelas cuja concessão
depender, quer de uma participação financeira direta das
pessoas protegidas ou de seu empregador, quer de uma
condição de estágio profissional.
b. Prestações concedidas a título de regimens transitóris.
§7. A comunicação prevista no parágrafo precedente
deverá ser efetuada no momento da ratificação ou da
notificação prevista no "§ 4. do presente artigo" e,
relativamente, a qualquer legislação adotada
posteriormente, num prazo de três meses, a partir da
adoção desta.
10
Artigo 3o
§1. Qualquer Membro, para o qual a presente Convenção
estiver em vigor, concederá, em seu território, aos
nacionais qualquer outro Membro para o qual a referida
Convenção estiver igualmente em vigor, o mesmo
tratamento que a seus próprios nacionais de
conformidade com sua legislação, tanto no atinente à
sujeição como ao direito às prestações, em qualquer ramo
da previdência social para o qual tenha aceitado as
obrigações da Convenção.
§2. No concernente às pensões por morte, esta igualdade
de tratamento deverá ademais, ser concedida aos
sobreviventes dos nacionais de um Membro para o qual a
presente Convenção estiver em vigor,
independentemente da nacionalidade desses
sobreviventes.
§3. Entretanto, no que concerne às prestações de um
ramo de previdência social determinado, um Membro
poderá derrogar as disposições dos parágrafos
precedentes do presente artigo, com respeito aos
nacionais de qualquer outro Membro que, embora possua
legislação relativa a este ramo, não concede, no referido
11
ramo, igualdade de tratamento aos nacionais do primeiro
Membro.
Artigo 4o
§1. No que concerne o benefício das prestações, a
igualdade de tratamento deverá ser assegurada sem
condição de residência. Entretanto, poderá ser
subordinada a uma condição de residência, no
concernente às prestações de um ramo de previdência
social determinado, com relação aos nacionais de
qualquer Membro cuja legislação subordina a concessão
das prestações do mesmo ramo a uma condição de
residência em seu território.
§2. Não obstante as disposições do parágrafo precedente,
o benefício das prestações mencionadas no "§ 6, do artigo
2o", com exclusão da assistência médica, do auxílio
doença, das prestações em caso de acidentes de trabalho
ou doenças profissionais e salário-família - poderá ficar
sujeito à condição de que o beneficiário haja residido no
território do Membro em virtude de cuja legislação a
prestação seja devida ou, se se tratar de pensão por
morte, que o falecido tenha aí residido durante um prazo
que um prazo que não exceda, conforme o caso:
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a) Seis meses, imediatamente antes do pedido de
prestação, no que concerne às prestações de maternidade
e seguro de desemprego;
b) Cinco anos consecutivos, imediatamente antes do
pedido de prestação no que concerne às aposentadorias
por invalidez, ou antes da morte , no que concerne às
pensões por morte;
c) Dez anos a idade de dezoito anos - dos quais cinco anos
consecutivos podem ser exigidos imediatamente antes do
pedido da prestação - no que concerne à aposentadoria
por velhice.
§1. Poderão ser prescritas disposições particulares no que
concerne às prestações concedidas a título de regimes
transitórios.
§2. As disposições pedidas para evitar a acumulação de
prestações reguladas, se necessário, por arranjos
especiais entre os membros interessados.
Artigo 5o
§1. Além das disposições do "artigo 4o", qualquer Membro
que tenha aceitado as obrigações da presente Convenção
para um ou vários dos ramos de previdência social de que
trata o presente parágrafo, deverá assegurar a seus
13
próprios nacionais de qualquer outro Membro que tiver
aceito as obrigações da referida Convenção para um
ramo correspondente em caso de residência no
estrangeiro, o serviço de aposentadoria por velhice, de
pensão por morte e de auxílios funerais, assim como o
serviço de rendas de acidentes de trabalho e de doenças
profissionais, sob reserva das medidas a serem tomadas
para esse fim, sempre que necessárias, de acordo com as
disposições do "artigo 8o".
§2. Entretanto, em caso de residência no estrangeiro, o
serviço de aposentadoria por invalidez, por velhice e de
pensão por morte do tipo mencionado no "§ 6o- 'a', do
artigo 2o" ,poderá ficar sujeito à participação dos
membros interessados no sistema de conservação dos
direitos previstos no "artigo 7o" .
§3. As disposições do presente artigo não se aplicarão às
prestações concedidas a título de regimes transitórios.
Artigo 6o
Além das disposições do artigo 4o., qualquer Membro que
houver aceito as disposições da presente Convenção no
que concerne ao salário-família, deverá garantir o
benefício do salário-família a seus próprios nacionais e
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aos nacionais de quaisquer membros que houverem
aceito as obrigações da referida Convenção para o mesmo
ramo, relativamente às crianças (filhos) que residirem no
território de um desses membros, nas condições e nos
limites a serem fixados de comum acordo entre os
membros interessados.
Artigo 7o
§1. Os membros para os quais a presente Convenção
estiver em vigor deverão, sob reserva das condições a
serem fixadas de comum acordo entre os membros
interessados de acordo com as disposições do artigo 8o. ,
esforçar-se-ão em participar a um sistema de aquisição,
reconhecidos de conformidade com sua legislação aos
nacionais dos membros para os quais a referida
Convenção estiver em vigor, em relação a todos os ramos
da previdência social para os quais os membros
interessados houverem aceito as obrigações da
Convenção.
§2. Este sistema deverá prever principalmente a
totalização dos períodos de seguro, de emprego ou de
residência e períodos assimilados para a aquisição, a
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manutenção ou recuperação de direitos assim como para
o cálculo das prestações.
§3. Os encargos das aposentadorias por invalidez, de
aposentadoria por velhice e de pensões por morte assim
liquidadas deverão, que ser repartidas entre os membros
interessados, quer ficar a cargo do membros no território
do qual os beneficiários residam de conformidade com as
modalidades a serem determinadas de comum acordo
entre os Estados interessados.
Artigo 8o
Os membros para os quais a presente Convenção tenha
entrado em vigor poderão satisfazer suas obrigações
provenientes das disposições dos "artigos 5 7", quer pela
ratificação da Convenção sobre a conservação dos direitos
a pensão dos migrantes, 1935, quer pela aplicação entre
si das disposições desta Convenção, em virtude de um
acordo mútuo, quer por meio de qualquer instrumento
multilateral ou bilateral que garanta a execução das
referidas obrigações.
16
Artigo 9o
Os Membros podem derrogar a presente Convenção por
meio de acordos particulares sem prejuízo dos direitos e
obrigações dos outros membros e sob reserva regular a
conservação dos direitos adquiridos e dos direitos em
curso de aquisição em condições que, em conjunto, sejam
ao menos tão favoráveis que aquelas previstas pela
referida legislação.
Artigo 10o
§1. As disposições da referida Convenção serão aplicadas
aos refugiados e aos apátridas sem condição de
reciprocidade.
§2. A presente Convenção não se aplica aos regimes
especiais dos funcionários nem aos regimens das vítimas
de guerra, nem à assistência pública.
§3. A presente Convenção não obriga nenhum Membro a
aplicar suas disposições às pessoas que, em virtude de
instrumentos internacionais, serão isentos da aplicação
das disposições de sua legislação nacional de previdência
social.
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Artigo 11
Os Membros para os quais a presente Convenção estiver
em vigor deverão prestar-se mutuamente, a título
gratuito, a assistência administrativa solicitada para
facilitar a aplicação da referida Convenção, assim como a
execução de suas legislações de previdência social
respectivas.
Artigo 12
§1. A presente Convenção não se aplica às prestações
devidas antes da entrada em vigor, para o Membro
interessado, das disposições da Convenção relativamente
ao ramo de previdência social a cujo título forem devidas
as referidas prestações.
§2. A medida que a Convenção se aplique às prestações
devidas após a entrada em vigor, para o Membro
interessado, das disposições relativas ao ramo da
previdência social a cujo título forem devidas prestações,
para acontecimentos ocorridos antes da referida entrada
em vigor, será determinada por meio de instrumentos
multilaterais ou bilaterais, em sua falta, pela legislação
do Membro interessado.
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Artigo 13
A presente Convenção não deve ser considerada como
revisora de qualquer das Convenções existentes.
Artigo 14
As ratificações formais da presente Convenção serão
comunicadas ao Diretor Geral da repartição
Internacional do Trabalho e por ele registradas.
Artigo 15
§1. A presente Convenção só obrigará os Membros da
Organização Internacional cuja ratificação tenha sido
registrada pelo Diretor Geral.
§2. Ela entrará em vigor doze meses após o registro das
ratificações de dois Membros pelo Diretor Geral.
§3. Posteriormente, esta Convenção entrará em vigor,
para cada Membro, doze meses após a data em que sua
ratificação for registrada.
Artigo 16
§1. Qualquer Membro que haja ratificado a presente
Convenção poderá denunciá-la após a expiração de um
período de dez anos desde a data da entrada em vigor
19
inicial da Convenção por ato comunicado ao Diretor Geral
da Repartição Internacional do Trabalho e por ele
registrado. A denúncia só produzirá seus efeitos após o
registro.
§2. Qualquer Membro que haja ratificado a presente
Convenção e que, dentro de um prazo de um ano após a
expiração do prazo de dez anos mencionado no parágrafo
precedente, não fizer uso da faculdade de denúncia
prevista pelo presente artigo, ficará obrigado a novo
período de dez anos e posteriormente poderá denunciar a
presente Convenção após a expiração de cada período de
dez anos nas condições previstas no presente artigo.
Artigo 17
§1. O Diretor Geral da Repartição Internacional do
Trabalho notificará a todos os Membros da Organização
Internacional do Trabalho o registro de todas as
ratificações e denúncias que lhe forem comunicadas pelos
Membros da Organização.
§2. Ao notificar aos Membros da Organização e registro
da segunda ratificação que lhe for endereçada. O Diretor
Geral chamará a atenção dos Membros da organização a
20
respeito da data na qual a presente convenção entrar em
vigor.
Artigo 18
O Diretor Geral da Repartição Internacional do Trabalho
comunicará ao Secretário Geral das Nações Unidas para
fins de registro de acordo com o "artigo 102'' da Carta
das Nações Unidas, informações completas sobre todas
as ratificações e de todos os atos de denúncia que houver
registrado de conformidade com os artigos precedentes.
Artigo 19
Cada vez que julgar necessário, o Conselho de
Administração da Repartição Internacional do
Trabalho apresentará à Conferência Geral um relatório
sobre a aplicação da presente Convenção e examinará a
necessidade de colocar na ordem do dia da Conferência a
questão de sua revisão total ou parcial.
Artigo 20
§1. No caso em que a Conferência adotar uma nova
Convenção que reveja total ou parcialmente a presente
21
Convenção e, a menos que a nova convenção disponha de
outra maneira:
a) A ratificação por um Membro da nova convenção
revisora, implicará de pleno direito, não obstante o artigo
16 acima referido, na denúncia imediata da presente
Convenção, desde que a nova convenção revisora houver
entrado em vigor;
b) A partir da entrada em vigor da nova convenção
revisora, a nova convenção deixará de estar aberta à
ratificação dos Membros.
§2. A presente Convenção continuará em todo caso em
vigor em sua forma e teor para os Membros que a
houverem ratificado e que não tenham ratificado a
convenção revisora.
Artigo 21
As versões francesa e inglesa do texto da presente
Convenção farão igualmente fé.
22
CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A
ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE
DISCRIMINAÇÃO RACIAL -1968
(Adotada pela Resolução n.º 2.106-A da Assembleia das Nações
Unidas, em 21 de dezembro de 1965. Aprovada pelo Decreto
Legislativo n.º 23, de 21.6.1967. Ratificada pelo Brasil em 27 de
março de 1968. Entrou em vigor no Brasil em 4.1.1969. Promulgada
pelo Decreto n.º 65.810, de 8.12.1969. Publicada no D.O. de
10.12.1969)
Os Estados Membros na presente Convenção,
Considerando que a Carta das Nações
Unidas baseia-se em princípios de dignidade e igualdade
inerentes a tos os serres humanos, e que todos os Estados
Membros comprometem-se a tomar medidas separadas e
conjuntas, em cooperação com a Organização, para a
consecução de um dos propósitos das Nações Unidas, que
é promover e encorajar o respeito universal e a
observância dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais para todos sem discriminação de raça,
sexo, idioma ou religião.
Considerando que a Declaração Universal dos
Direitos Humanos proclama que tos os seres humanos
nascem livres e iguais sem dignidade e direitos e que
toda pessoa pode invocar todos os direitos estabelecidos
23
nessa Declaração, sem distinção alguma, e
principalmente de raça, cor ou origem nacional.
Considerando que todas as pessoas são iguais
perante a lei e têm direito a igual proteção contra
qualquer discriminação e contra qualquer incitamento à
discriminação.
Considerando o suposto autor baseia-se em
princípios de dignidade e igualdade inerentes a todos os
seres humanos, e que todos os Estados Membros
comprometem-se a tomar medidas separadas e
conjuntas, em cooperação com a Organização, para a
consecução de um dos propósitos da Nações Unidas, que
é promover e encorajar o respeito universal e a
observância dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais para todos, sem discriminação de arca,
sexo, idioma ou religião.
Considerando que a Declaração Universal dos
Direitos Humanos proclama "que todos os seres humanos
nascem livres e iguais em dignidade e direitos e que toda
pessoa pode invocar todos os direitos estabelecidos nessa
Declaração, sem distinção alguma, e principalmente de
raça, cor ou origem nacional".
Considerando que todas as pessoas são iguais
perante a lei e têm direito a igual proteção contra
qualquer discriminação e contra qualquer incitamento à
discriminação.
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Considerando que as Nações Unidas têm
condenado o colonialismo e todas as práticas de
segregação e discriminação a ele associadas, em qualquer
forma e onde quer que existam, e que a Declaração sobre
a Outorga da Independência aos Países e Povos Coloniais
de 14 de dezembro de 1960 (Resolução n. 1514 (XV) da
Assembleia Geral) afirmou e proclamou solenemente a
necessidade de levá-las a um fim rápido e incondicional.
Considerando que a Declaração das Nações
Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial de 20 de dezembro de 1963
(Resolução n. 1.904 (XVIII) da Assembleia Geral) afirma
solenemente a necessidade de eliminar rapidamente a
discriminação racial no mundo, em toas as suas formas e
manifestações, e de assegurar a compreensão e o respeito
à dignidade da pessoa humana.
Convencidos de que a doutrina da superioridade
baseada em diferenças raciais é cientificamente falsa,
moralmente condenável, socialmente injusta e perigosa,
e que não existe justificação para a discriminação racial,
em teoria ou na prática, em lugar algum.
Reafirmando que a discriminação entre as pessoas
por motivo de raça, cor ou origem étnica é um obstáculo
às relações amistosas e pacíficas entre as nações e é
capaz de perturbar a paz e a segurança entre os povos e a
harmonia de pessoas vivendo lado a lado, até dentro de
um mesmo Estado.
25
Convencidos de que a existência de barreiras
raciais repugna os ideais de qualquer sociedade humana.
Alarmados por manifestações de discriminação
racial ainda em evidência em algumas áreas do mundo e
por políticas governamentais baseadas em superioridade
racial ou ódio, como as políticas de apartheid, segregação
ou separação.
Resolvidos a adotar todas as medidas necessárias
para eliminar rapidamente a discriminação racial em
todas as suas formas e manifestações, e a prevenir e
combater doutrinas e práticas racistas e construir uma
comunidade internacional livre de todas as formas de
segregação racial e discriminação racial.
Levando em conta a Convenção sobre a
Discriminação no Emprego e Ocupação, adotada pela
Organização Internacional do Trabalho de 1958, e
a Convenção contra a Discriminação no Ensino, adotada
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura, em 1960.
Desejosos de completar os princípios estabelecidos
na Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Racial e assegurar o
mais cedo possível a adoção de medidas práticas para
esse fim.
26
Acordam o seguinte:
PARTE I
Artigo1º
§1. Para fins da presente Convenção, a
expressão "discriminação racial" significará toda
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em
raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que
tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o
reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano
(em igualdade de condição) de direitos humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico,
social, cultural ou em qualquer outro campo da vida
pública.
§2. Esta Convenção não se aplicará às distinções,
exclusões, restrições e preferências feitas por um Estado
Membro entre cidadãos e não-cidadãos.
§3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como
afetando as disposições legais dos Estados Membros,
relativas à nacionalidade, cidadania e naturalização,
desde que tais disposições não discriminem contra
qualquer nacionalidade particular.
27
§4. Não serão consideradas discriminação racial as
medidas especiais tomadas com o único objetivo de
assegurar o progresso adequado de certos grupos raciais
ou étnicos ou de indivíduos que necessitem da proteção
que possa ser necessária para proporcionar a tais grupos
ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos
e liberdades fundamentais, contanto que tais medidas
não conduzam, em consequência, à manutenção de
direitos separados para diferentes grupos raciais e não
prossigam após terem sido alcançados os seus objetivos.
Artigo 2º
§1. Os Estados Membros condenam a discriminação
racial e comprometem-se a adotar, por todos os meios
apropriados e sem dilações, uma política destinada a
eliminar a discriminação racial em todas as suas formas
e a encorajar a promoção de entendimento entre todas as
raças, e para este fim:
a) Cada Estado Membro compromete-se a abster-se de
incorrer em todo ato ou prática de discriminação racial
contra pessoas, grupos de pessoas ou instituições e zelar
para que as autoridades públicas nacionais ou locais
atuem em conformidade com esta obrigação.
28
b) Cada Estado Membro compromete-se a não encorajar,
defender ou apoiar a discriminação racial praticada por
uma pessoa ou uma organização qualquer.
c) Cada Estado Membro deverá tomar as medidas
eficazes, a fim de rever as políticas governamentais
nacionais e locais e modificar, sub-rogar ou anular
qualquer disposição regulamentar que tenha como
objetivo criar a discriminação ou perpetuá-la onde já
existir.
d) Cada Estado Membro deverá tomar todas as medidas
apropriadas, inclusive, se as circunstâncias o exigirem,
medidas de natureza legislativa, para proibir e pôr fim à
discriminação racial praticada por quaisquer pessoas,
grupo ou organização.
e) Cada Estado Membro compromete-se a favorecer,
quando for o caso, as organizações e movimentos
multirraciais, bem como outros meios próprios para
eliminar as barreiras entre as raças e a desencorajar o
que tenda a fortalecer a divisão racial.
§2. Os Estados Membros tomarão, se as circunstâncias o
exigirem, nos campos social, econômico, cultural e outras,
medidas especiais e concretas para assegurar, como
convier, o desenvolvimento ou a proteção de certos
29
grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses
grupos, com o objetivo de garantir-lhes, em condições de
igualdade, o pleno exercício dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais. Essas medidas não deverão,
em caso algum, ter a finalidade de manter direitos
desiguais ou distintos para os diversos grupos raciais,
depois de alcançados os objetivos, em razão dos quais
foram tomadas.
Artigo 3º
Os Estados Membros condenam a segregação racial e o
apartheid e comprometem-se a proibir e a eliminar nos
territórios sob a sua jurisdição todas as práticas dessa
natureza.
Artigo 4º
Os Estados Membros condenam toda propaganda e todas
as organizações que se inspirem em idéias ou teorias
baseadas na superioridade de uma raça ou de um grupo
de pessoas de uma certa cor ou de uma certa origem
étnica ou que pretendam justificar ou encorajar qualquer
forma de ódio e de discriminação raciais, e
comprometem-se a adotar imediatamente medidas
30
positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a uma
tal discriminação, ou quaisquer atos de discriminação
com este objetivo, tendo em vista os princípios
formulados na Declaração Universal dos Direitos do
Homem e os direitos expressamente enunciados no artigo
V da presente Convenção, inter alia:
a) A declarar, como delitos puníveis por lei, qualquer
difusão de ideias baseadas na superioridade ou ódio
raciais, qualquer incitamento à discriminação racial,
assim como quaisquer atos de violência ou provocação a
tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer
grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem étnica,
como também qualquer assistência prestada a atividades
racistas, inclusive seu financiamento.
b) A declarar ilegais e a proibir as organizações, assim
como as atividades de propaganda organizada e qualquer
outro tipo de atividade de propaganda que incitarem à
discriminação racial e que a encorajarem e a declarar
delito punível por lei a participação nessas organizações
ou nessas atividades.
c) Direitos políticos, particularmente direitos de
participar nas eleições – de votar e ser votado – conforme
o sistema de sufrágio universal e igual, de tomar parte
31
no Governo, assim como na direção dos assuntos públicos
qualquer nível, e de aceso em igualdade de condições às
funções públicas.
d) Outros direitos civis, particularmente:
I) Direito de circular livremente e de escolher residência
dentro das fronteiras do Estado.
II) Direito de deixar qualquer país, inclusive o seu, e de
voltar ao seu país.
III) Direito a uma nacionalidade.
IV) Direito a casar-se e escolher o cônjuge.
V) Direito de qualquer pessoa, tanto individualmente
como em conjunto, à propriedade.
VI) Direito de herdar.
VII) Direito à liberdade de pensament0, de consciência e
de religião.
VIII) Direito à liberdade de opinião e de expressão.
IX) Direito à liberdade de reunião e de associação
pacíficas:
a) Direitos econômicos, sociais e culturais,
principalmente.
b) Direito ao trabalho, à livre escolha de trabalho, a
condições equitativas e satisfatórias de trabalho, à
proteção contra o desemprego, à um salário igual para
32
um trabalho igual, à uma remuneração equitativa e
satisfatória.
c) Direito de fundar sindicatos e a eles se afiliar.
d) Direito à habitação.
e) Direito à saúde pública, a tratamento médico, à
previdência social e aos serviços sociais.
f) Direito à educação e à formação profissional.
g) Direito à igual participação nas atividades culturais.
i) Direito de acesso a todos os lugares e serviços
destinados ao uso do público, tais como meios de
transporte, hotéis, restaurantes, cafés, espetáculos e
parques.
Artigo 6º
Os Estados Membros assegurarão, a qualquer pessoa a
que estiver sob sua jurisdição, proteção e recursos
eficazes perante os tribunais nacionais outros órgãos do
Estado, competentes, contra quaisquer tos de
discriminação racial e que, contrariamente à presente
Convenção, violarem seus diretos individuais e suas
liberdades fundamentais, assim como o direito de
expressar a sua tribunas uma satisfação ou reparação
33
justa e adequada por qualquer dano de expressar que foi
vítima, em decorrência tal discriminação.
Artigo 7º
Os Estados Membros comprometem-se a tomar as
medidas imediatas e eficazes , principalmente no campo
do ensino, educação, cultura, e informação, para lutar
contra preconceitos que levem à discriminação racial e
promover o entendimento, a tolerância e a amizade entre
nações e grupos raciais e étimos, sim como propagar os
propósitos e os princípios da Carta das Nações Unidas,
da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da
Declaração das Nações Unidas Sobre a Eliminação de
todas as Formas de Discriminação Racial e da presente
Convenção.
PARTE II
Artigo 8º
§1. Será estabelecido um Comitê sobre a Eliminação da
Discriminação Racial (doravante denominado "Comitê"),
composto de dezoito peritos de grande prestígio mora e
reconhecida imparcialidade, que serão eleitos pelos
Estados Membros dentre os seus nacionais e que
34
exercerão suas funções a título pessoal, levando-se em
conta uma distribuição geográfica equitativa e a
representação das formas diversas de civilização, assim
como dos principais sistemas jurídicos.
§2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação
secreta dentre uma lista de pessoas indicadas pelos
Estados Membros. Cada Estado Membro pode indicar
uma pessoa dentre os seus nacionais.
§3. A primeira eleição se realizará seis meses após a data
da entrada em vigor da presente Convenção. Ao menos
três meses antes da data de cada eleição, o Secretário
Geral da Organização das Nações Unidas enviará uma
carta aos Estados Membros para convidá-los a
apresentar suas candidaturas no prazo de dois meses.
O Secretário Geral da Organização das Nações
Unidas organizará uma lista, por ordem alfabética, de
todos os candidatos assim designados, com indicações dos
Estados Membros que os tiverem designado, e a
comunicará aos Estados Membros.
§4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma
reunião dos Estados Membros convocada pelo Secretário
Geral das Nações Unidas. Nesta reunião, na qual o
quorum será estabelecido por dois terços dos Estados
35
Membros, serão eleitos membros do Comitê os candidatos
que obtiverem o maior número de votos e a maioria
absoluta dos votos dos representantes dos Estados
Membros presentes e votantes.
§5 Os membros do Comitê serão eleitos para um
mandato de quatro anos. Entretanto, o mandato de nove
dos membros eleitos na primeira eleição expirará ao final
de dois anos; imediatamente após a primeira eleição, os
nomes desses nove membros serão escolhidos, por
sorteio, pelo Presidente do Comitê. Para preencher as
vagas fortuitas, o Estado Membro cujo perito tenha
deixado de exercer suas funções de membro do Comitê
nomeará outro perito entre seus nacionais, sob reserva
da aprovação do Comitê.
§6. Os Estados Membros serão responsáveis pelas
despesas dos membros do Comitê para o período em que
estes desempenharem funções no Comitê.
Artigo 9º
§1. Os Estados Membros comprometem-se a submeter
ao Secretário Geral das Nações Unidas, para exame do
Comitê, um relatório sobre as medidas legislativas,
36
judiciárias, administrativas ou outras que adotarem para
tornarem efetivas as disposições desta Convenção:
a) No prazo de um ano, a partir da entrada em vigor da
Convenção, para o Estado interessado.
b) Posteriormente, pelo menos a cada quatro anos e toda
vez que o Comitê vier a solicitar.
c) O Comitê poderá solicitar informações
complementares aos Estados Membros.
§2. O Comitê submeterá anualmente à Assembleia
Geral um relatório sobre suas atividades e poderá fazer
sugestões e recomendações de ordem geral baseadas no
exame dos relatórios e das informações recebidas dos
Estados Membros. Levará estas sugestões e
recomendações de ordem geral ao conhecimento
da Assembleia Geral e, se as houver, juntamente com as
observações dos Estados Membros.
Artigo 10º
§1. O Comitê adotará seu próprio regulamento interno.
§2. O Comitê elegerá sua Mesa para um período de dois
anos.
§3. O Secretário Geral das Nações Unidas fornecerá os
serviços de Secretaria ao Comitê.
37
§4. O Comitê reunir-se-á normalmente na sede
das Nações Unidas.
Artigo 11
§1. Se um Estado Membro considerar que outro Estado
Membro não vem cumprindo as disposições da presente
Convenção poderá chamar a atenção do Comitê sobre a
questão. O Comitê transmitirá, então, a comunicação ao
Estado Membro interessado. Em um prazo de três meses,
o Estado destinatário submeterá ao Comitê as
explicações ou declarações por escrito, a fim de esclarecer
a questão e indicar as medidas corretivas que por acaso
tenham sido tomadas pelo referido Estado.
§2. Se, dentro do prazo de seis meses, a contar da data do
recebimento da comunicação original pelo Estado
destinatário, a questão não estiver dirimida
satisfatoriamente para ambos os Estados Membros
interessados, por meio de negociações bilaterais ou por
qualquer outro processo que estiver a sua disposição,
tanto um como o outro terão o direito de submetê-la ao
Comitê, mediante notificação endereçada ao Comitê ou
ao outro Estado interessado.
38
§3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma
questão, de acordo com o "§2 do presente artigo", após ter
assegurado que todos os recursos internos disponíveis
tenham sido utilizados e esgotados, em conformidade
com os princípios do Direito Internacional geralmente
reconhecidos. Não se aplicará essa regra quando a
aplicação dos mencionados recursos exceder prazos
razoáveis.
§4. Em qualquer questão que lhe for submetida, o Comitê
poderá solicitar aos Estados Membros presentes que lhe
forneçam quaisquer informações complementares
pertinentes.
§5. Quando o Comitê examinar uma questão conforme o
presente artigo, os Estados Membros interessados terão o
direito de nomear um representante que participará, sem
direito de voto, dos trabalhos no Comitê durante todos os
debates.
Artigo 12
§1. Depois que o Comitê obtiver e consultar as
informações que julgar necessárias, o Presidente
nomeará uma Comissão de Conciliação ad hoc (doravante
denominada "Comissão"), composta de 5 pessoas que
39
poderão ou não ser membros do Comitê. Os membros
serão nomeados com o consentimento pleno e unânime
das partes na controvérsia e a Comissão porá seus bons
ofícios à disposição dos Estados presentes, com o objetivo
de chegar a uma solução amigável da questão, baseada
no respeito à presente Convenção.
Se os Estados Membros na controvérsia não chegarem a
um entendimento em relação a toda ou parte da
composição da Comissão, em um prazo de três meses, os
membros da Comissão que não tiverem o assentimento
dos Estados Membros na controvérsia serão eleitos por
escrutínio secreto, dentre os próprios membros do
Comitê, por maioria de dois terços.
§2. Os membros da Comissão atuarão a título individual.
Não deverão ser nacionais de um dos Estados Membros
na controvérsia nem de um Estado que não seja parte na
presente Convenção.
§3. A Comissão elegerá seu Presidente e adotará seu
regulamento interno.
§4. A Comissão reunir-se-á na Sede das Nações
Unidas ou em qualquer outro lugar apropriado que a
Comissão determinar.
40
§5. O secretariado, previsto no "§3 do artigo 10º",
prestará igualmente seus serviços à Comissão cada vez
que uma controvérsia entre os Estados Membros
provocar sua formação.
§6. Todas as despesas dos membros da Comissão serão
divididas igualmente entre os Estados Membros na
controvérsia, com base em um cálculo estimativo feito
pelo Secretário Geral.
§7. O Secretário Geral ficará autorizado a pagar, se for
necessário, as despesas dos membros da Comissão, antes
que o reembolso seja efetuado pelos Estados Membros na
controvérsia, de conformidade com o "§6 do presente
artigo".
§8. As informações obtidas e confrontadas pelo Comitê
serão postas à disposição da Comissão, que poderá
solicitar aos Estados interessados que lhe forneçam
qualquer informação complementar pertinente.
Artigo 13
§1. Após haver estudado a questão sob todos os seus
aspectos, a Comissão preparará e submeterá
41
ao Presidente do Comitê um relatório com as conclusões
sobre todas as questões de fato relativas à controvérsia
entre as partes e as recomendações que julgar oportunas,
a fim de chegar a uma solução amistosa da controvérsia.
§2. O Presidente do Comitê transmitirá o relatório da
Comissão a cada um dos Estados Membros na
controvérsia. Os referidos Estados comunicarão ao
Presidente do Comitê, em um prazo de três meses, se
aceitam ou não as recomendações contidas no relatório
da Comissão.
§3. Expirado o prazo previsto no "§2 do presente artigo", o
Presidente do Comitê apresentará o Relatório da
Comissão e as Declarações dos Estados Membros
interessados aos outros Estados Membros nesta
Convenção.
Artigo 14
§1. Todo Estado Membro na presente Convenção poderá
declarar, a qualquer momento, que reconhece a
competência do Comitê para receber e examinar as
comunicações enviadas por indivíduos ou grupos de
indivíduos sob sua jurisdição, que aleguem ser vítimas de
violação, por um Estado Membro, de qualquer um dos
42
direitos enunciados na presente Convenção. O Comitê
não receberá comunicação alguma relativa a um Estado
Membro que não houver feito declaração dessa natureza.
§2. Qualquer Estado Membro que fizer uma declaração
de conformidade com o "§1 do presente artigo", poderá
criar ou designar um órgão dentro de sua ordem jurídica
nacional, que terá a competência para receber e
examinar as petições de pessoas ou grupos de pessoas
sob sua jurisdição, que alegarem ser vítima de uma
violação de qualquer um dos direitos enunciados na
presente Convenção e que esgotaram os outros recursos
locais disponíveis.
§3. A declaração feita de conformidade com o "§1 do
presente artigo" e o nome de qualquer órgão criado ou
designado pelo Estado Membro interessado, consoante
o "§2 do presente artigo", serão depositados pelo Estado
Membro interessado junto ao Secretário Geral das
Nações Unidas, que remeterá cópias aos outros Estados
Membros. A declaração poderá ser retirada a qualquer
momento, mediante notificação ao Secretário Geral das
Nações Unidas, mas esta retirada não prejudicará as
comunicações que já estiverem sendo estudadas pelo
Comitê.
43
§4. O órgão criado ou designado de conformidade com
o "§2 do presente artigo", deverá manter um registro de
petições, e cópias autenticadas do registro serão
depositadas anualmente por canais apropriados junto
ao Secretário Geral das Nações Unidas, no entendimento
de que o conteúdo dessas cópias não será divulgado ao
público.
§5. Se não obtiver reparação satisfatória do órgão criado
ou designado de conformidade com o "§2 do presente
artigo", o peticionário terá o direito de levar a questão ao
Comitê, dentro de seis meses.
§6. O Comitê levará, a título confidencial, qualquer
comunicação que lhe tenha sido endereçada, ao
conhecimento do Estado Membro que supostamente
houver violado qualquer das disposições desta
Convenção, mas a identidade da pessoa ou dos grupos de
pessoas não poderá ser revelada sem o consentimento
expresso da referida pessoa ou grupos de pessoas. O
Comitê não receberá comunicações anônimas. Dentro dos
três meses seguintes, o Estado destinatário submeterá ao
Comitê as explicações ou declarações por escrito que
elucidem a questão e, se for o caso, indiquem o recurso
jurídico adotado pelo Estado em questão.
44
§7. O Comitê examinará as comunicações recebidas em
conformidade com o presente artigo à luz de todas as
informações a ele submetidas pelo Estado interessado e
pelo peticionário. O Comitê só examinará uma
comunicação de um peticionário após Ter-se assegurado
de que este esgotou todos os recursos internos
disponíveis. Entretanto, esta regra não se aplicará se os
processos de recursos excederem prazos razoáveis. O
Comitê comunicará suas sugestões e recomendações
eventuais ao Estado Membro e ao peticionário em
questão.
§8. O Comitê incluirá em seu relatório anual um resumo
destas comunicações e, se for necessário, um resumo das
explicações e declarações dos Estados Membros
interessados, assim como suas próprias sugestões e
recomendações.
§9. O Comitê somente terá competência para exercer as
funções previstas neste artigo se pelo menos dez Estados
Membros nesta Convenção estiverem obrigados, por
declarações feitas de conformidade com o "§1 deste
artigo".
45
Artigo 15
§1. Enquanto não forem atingidos os objetivos
da Resolução n. 1.514 (XV) da Assembleia Geral de 14 de
dezembro de 1960, relativa à Declaração sobre a Outorga
de Independência aos Países e Povos Coloniais, as
disposições da presente Convenção não restringirão de
maneira alguma o direito de petição concedido aos povos
por outros instrumentos internacionais ou
pela Organização das Nações Unidas e suas agências
especializadas.
§2. a) O Comitê, constituído de conformidade com o "§1
do artigo 8º" desta Convenção, receberá cópia das
petições provenientes dos órgãos das Nações Unidas que
se encarregarem de questões diretamente relacionadas
com os princípios e objetivos da presente Convenção e
expressará sua opinião e formulará recomendações sobre
essas petições, quando examinar as petições dos
habitantes dos territórios sob tutela ou sem governo
próprio ou de qualquer outro território a que se aplicar
a Resolução n. 1.514 (XV) da Assembleia
Geral, relacionadas a questões tratadas pela presente
Convenção e que forem submetidas a esses órgãos.
46
b) O Comitê receberá dos órgãos competentes
da Organização das Nações Unidas cópia dos relatórios
sobre medidas de ordem legislativa, judiciária,
administrativa ou outras diretamente relacionadas com
os princípios e objetivos da presente Convenção que as
Potências Administradoras tiverem aplicado nos
territórios mencionados na alínea "a" do presente
parágrafo e expressará sua opinião e fará recomendações
a esses órgãos.
§3. O Comitê incluirá em seu relatório à Assembléia
Geral um resumo das petições e relatórios que houver
recebido de órgãos das Nações Unidas e as opiniões e
recomendações que houver proferido sobre tais petições e
relatórios.
§4. O Comitê solicitará ao Secretário Geral das Nações
Unidas qualquer informação relacionada com os
objetivos da presente Convenção, de que este dispuser,
sobre os territórios mencionados no "§2, a, do presente
artigo".
Artigo 16
As disposições desta Convenção, relativas à solução das
controvérsias ou queixas, serão aplicadas sem prejuízo de
47
outros processos para a solução de controvérsias e
queixas no campo da discriminação, previstos nos
instrumentos constituídos das Nações Unidas e suas
agências especializadas, e não excluirão a possibilidade
dos Estados Membros recorrerem a outros procedimentos
para a solução de uma controvérsia, de conformidade
com os acordos internacionais ou especiais que os
ligarem.
PARTE III
Artigo 17
§1. A presente Convenção estará aberta à assinatura de
todos os Estados-membros da Organização das Nações
Unidas ou membros de qualquer uma de suas agências
especializadas, de qualquer Estado Membro no Estatuto
da Corte Internacional de Justiça, assim como de
qualquer outro Estado convidado pela Assembleia Geral
das Nações Unidas a tornar-se parte na presente
Convenção.
§2. Esta Convenção está sujeita à ratificação. Os
instrumentos de ratificação serão depositados junto
ao Secretário Geral da Organização das Nações Unidas.
48
Artigo 18
§1. Esta Convenção está aberta à adesão de todos os
Estados mencionados no "§1 do artigo17º" .
§2. Far-se-á a adesão mediante depósito do instrumento
de adesão junto ao Secretário Geral das Nações Unidas.
Artigo 19
§1. A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo
dia a contar da data em que o vigésimo sétimo
instrumento de ratificação ou adesão houver sido
depositado junto ao Secretário Geral das Nações Unidas.
§2. Para os Estados que vierem a ratificar a presente
Convenção ou a ela aderirem após o depósito do vigésimo
sétimo instrumento de ratificação ou adesão, a
Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a contar da
data em que o Estado em questão houver depositado seu
instrumento de ratificação ou adesão.
Artigo 20
§1. O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e
enviará a todos os Estados que forem ou vierem a tornar-
se partes nesta Convenção, as reservas feitas pelos
Estados no momento da ratificação ou adesão. Qualquer
49
Estado que objetar a essas reservas, deverá notificar
ao Secretário Geral, dentro de noventa dias da data da
referida comunicação que não as aceita.
§2. Não será permitida reserva incompatível com o objeto
e o propósito desta Convenção, nem reserva cujo efeito
seja o de impedir o funcionamento de qualquer dos
órgãos previstos nesta Convenção. Uma reserva será
considerada incompatível ou impeditiva se a ela
objetarem ao menos dois terços dos Estados Membros
nesta Convenção.
§3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer
momento por uma notificação endereçada com esse
objetivo ao Secretário Geral das Nações Unidas. A
notificação surtirá efeito na data de seu recebimento.
Artigo 21
Todo Estado Membro poderá denunciar a presente
Convenção mediante notificação por escrito endereçada
ao Secretário Geral das Nações Unidas. A denúncia
produzirá efeitos um ano depois da data do recebimento
da notificação pelo Secretário Geral.
50
Artigo 22
As controvérsias entre dois ou mais Estados Membros,
com relação à interpretação ou aplicação da presente
Convenção que não puderem ser dirimidas por meio de
negociação ou pelos processos previstos expressamente
nesta Convenção serão, a pedido de um deles,
submetidas à decisão da Corte Internacional de Justiça,
a não ser que os litigantes concordem com outro meio de
solução.
Artigo 23
§1. Qualquer Estado Membro poderá, em qualquer
momento, formular pedido de revisão desta Convenção,
mediante notificação escrita dirigida ao Secretário Geral
da Organização das Nações Unidas.
§2. A Assembleia Geral das Nações Unidas decidirá sobre
as medidas a serem tomadas, se for o caso, com respeito
a este pedido.
Artigo 24
O Secretário Geral da Organização das Nações
Unidas comunicará a todos os Estados mencionados
no "§1º do artigo17º" desta Convenção:
51
a) As assinaturas, ratificações e adesões recebidas em
conformidade com os "artigos 17 e 18".
b) A data da entrada em vigor da Convenção, nos termos
do "artigo 19".
c) As comunicações e declarações recebidas em
conformidade com os "artigos 19, 20, 23".
d) As denúncias recebidas em conformidade com o "artigo
21".
Artigo 25
§1. A presente Convenção, cujos textos em árabe, chinês,
espanhol, francês, inglês e russo são igualmente
autênticos, será depositada junto ao Secretário Geral das
Nações Unidas.
§2. O Secretário Geral da Organização das Nações
Unidas encaminhará cópias autenticadas da presente
Convenção a todos os Estados.
* Adotada pela Resolução n. 2.106-A 000 da Assembleia
Geral das Nações Unidas, em 21 de dezembro de 1965 e
ratificado pelo Brasil em 27 de março de 1968.
52
DECLARAÇÃO SOBRE OS PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS RELATIVOS À CONTRIBUIÇÃO
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA PARA
O FORTALECIMENTO DA PAZ E DA
COMPREENSÃO INTERNACIONAL PARA A
PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E A LUTA
CONTRA O RACISMO, O APARTHEID E O
INCITAMENTO À GUERRA - 1978
(Proclamada em 28 de novembro de 1978 na vigésima reunião da
Conferência Geral da organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e à Cultura, celebrada em Paris).
PREÂMBULO
A Conferência Geral,
Recordando que em virtude de sua Constituição,
a UNESCO se propõe a "contribuir para a paz e a
segurança estreitando, mediante a educação, a ciência e à
cultura, a colaboração entre as nações a fim de assegurar
o respeito universal à justiça, à lei, os direitos humanos e
as liberdades fundamentais" (art. I, §1), e que para
cumprir tal tarefa a Organização se preocupará com "
facilitar a livre circulação das ideias por meio da palavra
e da imagem". (art. I, §2).
53
Recordando também que, em virtude de sua
Constituição, os Estados Membros
da UNESCO, "persuadidos da necessidade de assegurar
a todos o pleno e igual acesso à educação, a possibilidade
de investigar livremente a verdade objetiva e a livre troca
de ideias e de conhecimentos, resolveram desenvolver e
intensificar as relações entre seus povos, a fim de que
estes se compreendam melhor entre si e adquiram um
conhecimento mais preciso e verdadeiro de suas
vidas" (Preâmbulo, parágrafo sexto).
Recordando os objetivos e os princípios das Nações
Unidas tal como são definidos em sua Carta.
Recordando a Declaração Universal de Direitos
Humanos aprovada pela assembleia Geral das Nações
Unidas em 1948 e em particular o "artigo 19" que
estipula que " todo indivíduo tem o direito à liberdade de
opinião e de expressão; este direito inclui o de não ser
incomodado por causa de suas opiniões, o de pesquisar e
receber informações e opiniões, e o de difundi-las, sem
limitação de fronteiras, por qualquer meio de expressão",
assim como o Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos, aprovado pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em 1966, que proclama os mesmos princípios em
seu artigo 19 e em seu artigo 20 condena a incitação à
guerra, a apologia ao ódio nacional, racial ou religioso,
assim como toda forma de discriminação, de hostilidade
ou de violência,
54
Recordando o "artigo 4" da Convenção
Internacional sobre a eliminação de todas as formas
de Discriminação Racial, aprovada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas em 1965, e à Convenção
Internacional Sobre a Repressão e o Castigo do Crime de
Apartheid, aprovada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em 1973, que estipulam que os estados que
tenham aderido a essas convenções se comprometem a
adotar imediatamente medidas positivas para eliminar
toda incitação a essa discriminação a todo ato de
discriminação e tenham decidido impedir que seja
estimulado de qualquer modo que seja o crime de
apartheid e outras políticas segregacionistas
semelhantes.
Recordando a Declaração sobre a promoção entre
a juventude dos ideais de paz, respeito mútuo e
compreensão entre os povos, aprovada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas em 1965.
Recordando as declarações e as resoluções
aprovadas pelos diversos organismos das Nações Unidas
relativas ao estabelecimento de uma nova ordem
econômica internacional, e o papel que a UNESCO é
convocada a desempenhar nesta esfera.
Recordando a Resolução 59 (1) da Assembleia
Geral das Nações Unidas, adotada em 1949, que declara:
"A liberdade de informação é um direito humano
55
fundamental e alicerce de todas as liberdades às quais
estão consagradas as Nações Unidas [...] A liberdade de
informação requer, como elemento indispensável, a
vontade e à capacidade de usar e de não abusar de seus
privilégios. Requer também, como disciplina básica, a
obrigação moral de pesquisar os fatos sem prejuízo e
difundir as informações sem intenção maliciosa [...]"
Recordando a Resolução 110 (II) aprovada em
1947 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que
condena toda propaganda destinada a provocar ou a
estimular ameaças contra a paz, a ruptura da paz ou
todo ato de agressão.
Recordando a Resolução 127 (II) da mesma
Assembleia Geral, que convida os estados Membros a
lutar dentro dos limites constitucionais contra a difusão
de notícias falsas ou deformadas que possam prejudicar
as boas relações entre os Estados, assim como as demais
resoluções da citada Assembleia relativas aos meios de
comunicação de massas e sua contribuição ao
desenvolvimento da confiança e das relações de amizade
entre os Estados, Recordando a Resolução 9.12 aprovada
pela Conferência Geral da UNESCO em 1968, que
reafirma o objetivo da Organização de contribuir para a
eliminação do colonialismo e do racismo, assim como
a Resolução 12.1 aprovada pela Conferência Geral em
1976, que declara que o colonialismo, o neocolonialismo e
o racismo em todas as suas formas e manifestações são
56
incompatíveis com os objetivos fundamentais da
UNESCO.
Recordando a Resolução 4.301, aprovada em 1970
pela Conferência Geral da UNESCO, relativa à
contribuição dos grandes meios de comunicação de
massas ao fortalecimento da compreensão e da
cooperação internacionais em interesse da paz e do bem
estar da humanidade, e à luta contra a propaganda em
favor da guerra, do racismo, do Apartheid e o ódio entre
os povos, e consciente do papel fundamental que os meios
de comunicação da massas podem desempenhar nessas
esferas.
Recordando a Declaração sobre a raça e os
preconceitos raciais aprovada pela Conferência Geral em
sua 20.ª reunião.
Consciente da complexidade dos problemas que
oferece à sociedade moderna a informação e da
diversidade de soluções que lhe há dado, e que
apresentou em um manifesto uma reflexão
especialmente conduzida pela UNESCO, e em particular
a legítima preocupação de uns e outros para que sejam
levadas em conta suas aspirações, suas opiniões e sua
personalidade cultural.
Consciente das aspirações dos países em
desenvolvimento no que diz respeito ao estabelecimento
57
de uma nova ordem mundial de informação e de
comunicação.
Proclama neste dia vinte e oito do mês de
novembro de 1978 a presente Declaração sobre os
princípios fundamentais relativos à contribuição dos
meios de comunicação de massas para o fortalecimento
da Paz e da cooperação internacional, para a promoção
dos Direitos Humanos contra o racismo, o apartheid e o
incitamento à guerra.
Artigo 1º
O fortalecimento da paz e da compreensão internacional,
a promoção dos direitos humanos, a luta contra o
racismo, o apartheid e a incitação à guerra exigem uma
circulação livre e uma difusão mais ampla e equilibrada
da informação. Para esse fim, os órgãos de informação
devem dar uma contribuição essencial, sendo que esta
será eficiente caso a informação reflita os diferentes
aspectos do assunto examinado.
Artigo 2º
§1. O exercício da liberdade de opinião, da liberdade de
expressão e da liberdade de informação, reconhecido
como parte integrante dos direitos humanos e das
58
liberdades fundamentais, constitui um fator essencial do
fortalecimento da paz e da compreensão internacional.
§2. O acesso ao público à informação deve ser garantido
mediante a diversidade das fontes e dos meios de
informação de que disponha, permitindo assim a cada
pessoa verificar a exatidão dos acontecimentos e elaborar
objetivamente sua opinião sobre os acontecimentos. Para
esse fim, os jornalistas devem corresponder às
expectativas dos povos e dos indivíduos, favorecendo
assim a participação do público na elaboração da
informação.
§3. Com o objetivo de fortalecer a paz e a compreensão
internacional, a promoção dos direitos humanos e da luta
contra o racismo, o apartheid e a incitação à guerra, os
órgãos de informação, em todo o mundo, dada a função
que lhes corresponde, contribuem para a promoção dos
direitos humanos, em particular ao fazer com a voz dos
povos oprimidos que lutam contra o colonialismo, o
neocolonialismo, a ocupação estrangeira e todas as
formas de discriminação racial e de opressão seja ouvida,
assim como dos povos que não podem se expressar em
seu próprio território.
59
§4. Para que os meios de comunicação possam promover
em suas atividades os princípios da presente Declaração,
é indispensável que os jornalistas e outros agentes dos
órgãos de comunicação, em seu próprio país ou no
estrangeiro, desfrutem do estatuto que lhes garanta as
melhores condições para exercer a sua profissão.
Artigo 3º
§1. Os meios de comunicação devem dar uma
contribuição importante ao fortalecimento da paz e da
compreensão internacional e na luta contra o racismo, o
apartheid e contra a propaganda bélica.
§2. Na luta contra a guerra da agressão, racismo e o
apartheid, assim como contra as violações dos direitos
humanos que , entre outras coisas são resultado dos
preconceitos e da ignorância, os meios de comunicação,
através da difusão da informação relativa aos ideais, às
aspirações, cultura e exigências dos povos, contribuem
para eliminar a ignorância e a incompreensão entre os
povos, a sensibilizar os cidadãos de um país às exigências
e às aspirações dos outro, a conseguir o respeito dos
direitos e da dignidade de todas as nações, de todos os
povos e de todos os indivíduos, sem distinção de raça, de
60
sexo, de língua, de religião ou de nacionalidade, e de
marcar com atenção os grandes males que afligem a
humanidade, tais como a miséria, a desnutrição e as
doenças. Ao assim realizar estas tarefas, favorecem a
elaboração por parte dos Estados de políticas mais
adequadas às tensões internacionais e para solucionar de
maneira pacífica e de igual maneira as diferenças
internacionais.
Artigo 4º
Os meios de comunicação de massas têm uma
participação essencial na educação dos jovens dentro do
espírito da paz, da justiça, da liberdade, do respeito
mútuo e da compreensão, a fim de promover os direitos
humanos, a igualdade de direitos entre todos os seres
humanos e as nações, e o progresso econômico e social.
Desempenham um papel de igual importância para o
conhecimento das opiniões e das aspirações da nova
geração
Artigo 5º
Para que a liberdade de opinião seja respeitada, assim
como a liberdade de expressão e de informação, e para
61
que esta última respeite todos os pontos de vista, é
importante que sejam publicados os pontos de vista
apresentados por aqueles que considerem que a
informação publicada ou difundida sobre eles tenha
prejudicado gravemente a ação que realizam com o
objetivo de fortalecer a paz e a compreensão
internacional, a promoção dos direitos humanos, ou lutar
contra o racismo, o apartheid e contra a incitação à
guerra.
Artigo 6º
A instauração de um novo equilíbrio e de uma melhor
reciprocidade na circulação da informação, condição
favorável para o sucesso de uma paz justa e durável e
para a independência econômica e política dos países em
desenvolvimento, exige que sejam corrigidas as
desigualdades na circulação da informação com destino
aos países em desenvolvimento, procedente deles, ou em
algum desses países. Para tal fim é essencial que os
meios de comunicação de massas desses países
disponham as condições e os meios necessários para
fortalecer-se, estendendo-se a cooperação entre si e com
62
os meios de comunicação de massa dos países
desenvolvidos.
Artigo 7º
Ao difundir mais amplamente toda a informação relativa
aos objetivos e aos princípios universalmente adotados,
que constituem a base das relações aprovadas pelos
diferentes órgãos das Nações Unidas, os meios de
comunicação de massa contribuem eficientemente no
reforço da paz e da compreensão internacional, na
promoção dos direitos humanos e no estabelecimento de
uma nova ordem econômica internacional mais justa e
igual.
Artigo 8º
As organizações profissionais, assim como as pessoas que
participam na formação profissional dos jornalistas e dos
demais profissionais dos grandes meios de comunicação
que os ajudem a desempenhar suas tarefas de maneira
responsável, devem concordar com a importância dos
princípios da presente Declaração e nos códigos que
estabeleçam.
63
Artigo 9º
No espírito da presente Declaração, é tarefa da
comunidade internacional contribuir no estabelecimento
de condições necessárias para uma circulação livre da
informação e para sua mais ampla e equilibrada difusão,
assim como as condições necessárias para a proteção, no
exercício de suas funções, dos jornalistas e dos demais
agentes dos meios de comunicação. A UNESCO está bem
qualificada para oferecer uma valiosa contribuição nessa
área.
Artigo 10º
§1. Com o devido respeito às disposições institucionais
que garantem a liberdade de informação e dos
instrumentos e acordos internacionais aplicáveis, é
indispensável criar e manter no mundo todo as condições
que permitam aos órgãos e às pessoas dedicados
profissionalmente na difusão da informação alcançar os
objetivos da presente Declaração.
§2. É importante que seja estimulada uma livre
circulação e uma ampla e equilibrada difusão da
informação.
64
§3. É necessário para tal fim, que os Estados facilitem a
obtenção para os meios de comunicação dos países em
desenvolvimento, as condições necessárias para que se
fortaleçam, e que ofereçam a cooperação entre eles e com
os meios de comunicação dos países desenvolvidos.
§4. Assim mesmo, baseando-se na igualdade de direitos,
na promoção mútua e no respeito à diversidade cultural,
elementos do patrimônio comum da humanidade, é
essencial que sejam alimentados e desenvolvidos os
intercâmbios de informação tanto bilaterais como
multilaterais entre todos os Estados, em particular entre
os que possuem sistemas econômicos e sociais diferentes.
Artigo 11
Para que a presente Declaração seja eficiente, é preciso
que, com o devido respeito das disposições legislativas e
administrativas e das demais obrigações dos estados
Membros, seja garantida a existência de condições
favoráveis para a ação dos meios de comunicação,
conforme as disposições da Declaração Universal de
Direitos Humanos e dos princípios correspondentes
enunciados no Pacto Internacional de direitos Civis e
66
DECLARAÇÃO SOBRE A RAÇA E OS
PRECONCEITOS RACIAIS – 1978
(Aprovada e proclamada pela Conferência Geral da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, reunida em
Paris em sua 20ª reunião, em 27 de novembro de 1978).
Preâmbulo
A Conferência Geral da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, reunida
em Paris, em sua 20.º reunião, de 24 de outubro a 28 de
novembro de 1978.
Recordando que o Preâmbulo da Constituição
da UNESCO, aprovada em 16 de novembro de 1945,
determina que "a grande e terrível guerra que acaba de
terminar não teria sido possível sem a negação dos
princípios democráticos, da igualdade, da dignidade e do
respeito mútuo entre os homens, e sem a vontade de
substituir tais princípios, explorando os preconceitos e a
ignorância, pelo dogma da desigualdade dos homens e
das raças", e que segundo o artigo I de tal Constituição, a
UNESCO "se propõe a contribuir para a paz e para a
segurança, estreitando mediante a educação e a cultura,
a colaboração entre as nações, a fim de assegurar o
respeito universal à justiça, à lei, e aos direitos humanos
e às liberdades fundamentais que sem distinção de raça,
67
sexo, idioma ou religião, a Carta das Nações Unidas
reconhece a todos os povos do mundo".
Reconhecendo que, mais de três décadas depois
da fundação da UNESCO, esses princípios continuam
sendo tão importantes como na época em que foram
inscritos em sua Constituição.
Consciente do processo de descolonização e de
outras mudanças históricas que conduziram a maior
parte dos povos anteriormente dominados a recuperar a
sua soberania, fazendo da comunidade internacional um
conjunto universal e diversificado e criando novas
possibilidades de eliminar a praga do racismo e pôr fim a
suas manifestações odiosas em todos os setores da vida
social e política no marco nacional e internacional.
Persuadida de que a unidade intrínseca da espécie
humana e, por conseguinte, a igualdade fundamental de
todos os seres humanos e todos os povos, reconhecidas
pelas mais elevadas manifestações da filosofia, da moral
e da religião, atualmente refletem um ideal para o qual a
ética e a ciência convergem.
Persuadida de que todos os povos e todos os grupos
humanos, seja qual seja sua composição e origem étnica,
contribuem com suas próprias características para o
progresso das civilizações e das culturas que, em sua
pluralidade e graças a sua interpretação, constituem o
patrimônio comum da humanidade.
68
Confirmando sua adesão aos princípios
proclamados na Carta das Nações Unidas e pela
Declaração Universal de Direitos Humanos, assim como
sua vontade de promover a aplicação destes Pactos
internacionais relativos aos Direitos Humanos e da
Declaração sobre o estabelecimento de uma nova ordem
econômica internacional.
Determinada a promover a aplicação
da Declaração e da Convenção Internacional das Nações
Unidas Sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial.
Anotando da Convenção Internacional para a
prevenção e a sanção do delito de genocídio, a Convenção
Internacional sobre a repressão e o castigo do crime de
apartheid e a convenção sobre a imprescritibilidade dos
crimes de guerra e dos crimes de lesa humanidade.
Recordando também os instrumentos
internacionais já aprovados pela UNESCO, e em
particular a Convenção e a Recomendação relativas à
luta contra as discriminações na esfera do ensino, a
Recomendação relativa à situação do pessoal docente, a
Declaração dos princípios de cooperação cultural
internacional, a Recomendação sobre a educação para a
compreensão, a cooperação e a paz internacionais e a
educação relativa aos direitos humanos e às liberdades
fundamentais, a Recomendação relativa à situação dos
pesquisadores científicos e a Recomendação relativa à
69
participação e a contribuição das massas populares na
vida cultural.
Tendo presente as quatro declarações sobre o
problema da raça aprovadas por especialistas reunidos
pela UNESCO.
Reafirmando seu desejo de participar de modo
enérgico e construtivo na aplicação do Programa da
Década para a Luta contra o Racismo a Discriminação
Racial, definido pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em seu vigésimo oitavo período de sessões.
Observando com a mais viva preocupação que o
racismo, a discriminação racial, o colonialismo e o
apartheid continuam causando estragos no mundo sob
formas sempre renovadas, tanto pela manutenção de
disposições legais, de práticas de governo, de
administração contrária aos princípios dos direitos
humanos como pela permanência de estruturas políticas
e sociais e de relações e atitudes caracterizadas pela
injustiça e o desprezo da pessoa humana e que
engendram a exclusão, a humilhação e a exploração, ou a
assimilação forçada dos membros de grupos
desfavorecidos.
Manifestando sua indignação frente a estes
atentados contra a dignidade do homem, deplorando os
obstáculos que opõem a compreensão mútua entre os
povos e alarmada com o perigo que possuem de perturbar
70
seriamente a paz e a segurança internacionais, Aprova e
proclama solenemente a presente Declaração sobre a
raça e os preconceitos raciais.
Artigo 1º
§1. Todos os seres humanos pertencem à mesma espécie
e têm a mesma origem. Nascem iguais em dignidade e
direitos e todos formam parte integrante da humanidade.
§2. Todos os indivíduos e os grupos têm o direito de
serem diferentes, a se considerar e serem considerados
como tais. Sem embargo, a diversidade das formas de
vida e o direito à diferença não podem em nenhum caso
servir de pretexto aos preconceitos raciais; não podem
legitimar nem um direito nem uma ação ou prática
discriminatória, ou ainda não podem fundar a política do
apartheid que constitui a mais extrema forma do
racismo.
§3. A identidade de origem não afeta de modo algum a
faculdade que possuem os seres humanos de viver em
diferentemente, nem as diferenças fundadas na
diversidade das culturas, do meio ambiente e da história,
nem o direito de conservar a identidade cultural.
§4. Todos os povos do mundo estão dotados das mesmas
faculdades que lhes permitem alcançar a plenitude do
71
desenvolvimento intelectual, técnico, social, econômico,
cultural e político.
§5. As diferenças entre as realizações dos diferentes
povos são explicadas totalmente pelos fatores
geográficos, históricos, políticos, econômicos, sociais e
culturais. Essas diferenças não podem em nenhum caso
servir de pretexto a qualquer classificação hierárquica
das nações e dos povos.
Artigo 2º
§1. Toda teoria que invoque uma superioridade ou uma
inferioridade intrínseca de grupos raciais ou étnicos que
dê a uns o direito de dominar ou de eliminar os demais,
presumidamente inferiores, ou que faça juízos de valor
baseados na diferença racial, carece de fundamento
científico e é contrária aos princípios morais étnicos da
humanidade.
§2. O racismo engloba as ideologias racistas, as atitudes
fundadas nos preconceitos raciais, os comportamentos
discriminatórios, as disposições estruturais e as práticas
institucionalizadas que provocam a desigualdade racial,
assim como a falsa ideia de que as relações
discriminatórias entre grupos são moral e
72
cientificamente justificáveis; manifesta-se por meio de
disposições legislativas ou regulamentárias e práticas
discriminatórias, assim como por meio de crenças e atos
antissociais; cria obstáculos ao desenvolvimento de suas
vítimas, perverte a quem o põe em prática, divide as
nações em seu próprio seio, constitui um obstáculo para a
cooperação internacional e cria tensões políticas entre os
povos; é contrário aos princípios fundamentais ao direito
internacional e, por conseguinte, perturba gravemente a
paz e a segurança internacionais.
§3. O preconceito racial historicamente vinculado às
desigualdades de poder, que tende a se fortalecer por
causa das diferenças econômicas e sociais entre os
indivíduos e os grupos humanos e a justificar, ainda hoje,
essas desigualdades, está solenemente desprovido de
fundamento.
Artigo 3º
É incompatível com as exigências de uma ordem
internacional justa e que garanta o respeito aos direitos
humanos toda distinção, exclusão, restrição ou
preferência baseada na raça, na cor, na origem étnica ou
nacional, ou na tolerância religiosa motivada por
73
considerações racistas, que destrói ou compromete a
igualdade soberana dos Estados e o direito dos povos à
livre determinação, ou que limita de um modo arbitrário
ou discriminatório o direito ao desenvolvimento integral
de todos os seres e grupos humanos; este direito implica
um acesso em plena igualdade dos meios de progresso e
de realização coletiva e individual em um clima de
respeito aos valores da civilização e das culturas
nacionais e universais.
Artigo 4º
§1. Todo entrave à livre realização dos seres humanos e à
livre comunicação entre eles, fundada em considerações
raciais ou étnicas, é contrária ao princípio de igualdade
em dignidade e direitos, e é inadmissível.
§2. O Apartheid é uma das violações mais graves desse
princípio e, como o genocídio, constitui um crime contra a
humanidade, que perturba gravemente a paz e a
segurança internacionais.
§3. Existem outras políticas e práticas de segregação e
discriminação raciais que constituem crimes contra a
consciência e contra a dignidade da humanidade e estas
podem criar tensões políticas e perturbar gravemente a
paz e a segurança internacionais.
74
Artigo 5º
§1. A cultura, obra de todos os seres humanos e
patrimônio comum da humanidade, e a educação no
sentido mais amplo da palavra, proporcionam aos
homens e às mulheres meios cada vez mais eficientes de
adaptação, que não somente lhes permitem afirmar que
nascem iguais em dignidade e direitos, como também
devem respeitar o direito de todos os grupos humanos à
identidade cultural e ao desenvolvimento de sua própria
vida cultural no marco nacional e internacional, na
inteligência que corresponde a cada grupo tomar a
decisão livre se seu desejo de manter e se for o caso,
adaptar ou enriquecer os valores considerados essenciais
para sua identidade.
§2. O Estado, conforme seus princípios e procedimentos
constitucionais, assim como todas as autoridades
competentes e todo o corpo docente, têm a
responsabilidade de fazer com que os recursos
educacionais de todos os países sejam utilizados para
combater o racismo, em particular fazendo com que os
programas e os livros incluam noções científicas e éticas
sobre a unidade e a diversidade humana e estejam
isentos de distinções odiosas sobre qualquer povo
75
assegurando, assim a formação pessoal docente afim;
colocando os recursos do sistema escolar à disposição de
todos os grupos de povos sem restrição ou discriminação
alguma de caráter racial e tomando as medidas
adequadas para remediar as restrições impostas a
determinados grupos raciais ou étnicos no que diz
respeito ao nível educacional e ao nível de vida, e com o
fim de evitar em particular que sejam transmitidas às
crianças.
§3. Convocam-se os grandes meios de comunicação e
aqueles que os controlam ou estejam a seu serviço, assim
como todo o grupo organizado no seio das comunidades
nacionais - tendo devidamente em conta os princípios
formulados na Declaração Universal de Direitos
Humanos, em especial o princípio da liberdade de
expressão - a que promovam a compreensão, a tolerância
e a amizade entre as pessoas e os grupos humanos, e que
devem também contribuir para erradicar o racismo, a
discriminação e os preconceitos raciais, evitando em
particular que sejam apresentados os diferentes grupos
humanos de maneira estereotipada, parcial, unilateral
ou capciosa. A comunicação entre os grupos raciais e
étnicos deverá ser um processo recíproco que lhes
76
permita manifestar-se e fazer compreender-se com toda a
liberdade. Como consequência, os grandes meios de
informação deverão estar abertos às ideias das pessoas e
dos grupos que possam facilitar essa comunicação.
Artigo 6º
§1. Os Estados assumem responsabilidades primordiais
na aplicação dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais por todos os indivíduos e por todos os
grupos humanos em condições de plena igualdade de
dignidade e direitos.
§2. Como marco de sua competência e de conformidade
com suas disposições constitucionais, o Estado deveria
tomar todas as medidas adequadas, inclusive por via
legislativa, especialmente nas esferas da educação, da
cultura e da informação, com o fim de prevenir, proibir e
eliminar o racismo, a propaganda racista, a segregação
racial e o apartheid, assim como de promover a difusão
de conhecimentos e de resultados de pesquisas
pertinentes aos temas naturais e sociais sobre as causas
e a prevenção dos preconceitos raciais e as atitudes
racistas, levando em conta os princípios formulados na
77
Declaração Universal de Direitos Humanos e o Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos.
§3. Dado que a legislação que prescreve o combate à
discriminação racial pode não ser suficiente por si só
para atingir tais fins, corresponderá também ao Estado
completá-la de acordo com um aparelho administrativo
encarregado de pesquisar sistematicamente os casos de
discriminação racial, mediante uma variada gama de
recursos jurídicos contra os atos de discriminação racial
por meio de programas de educação e de pesquisas de
grande alcance destinados a lutar contra os preconceitos
raciais e contra a discriminação racial, assim como de
acordo com programas de medidas positivas de ordem
política, social, educativa e cultural adequadas para
promover um verdadeiro respeito mútuo entre os grupos
humanos. Quando as circunstâncias os justifiquem,
deverão ser aplicados programas especiais para
promover a melhoria da situação dos grupos menos
favorecidos e, quando se trate de nacionais, promover
sua participação eficiente nos processos decisivos da
comunidade.
78
Artigo 7º
Junto com as medidas políticas, econômicas e sociais, o
direito constitui um dos principais meios de alcançar a
igualdade em dignidade, em direitos entre os indivíduos,
e de reprimir toda a propaganda, toda organização e toda
prática que sejam inspiradas em teorias baseadas na
pretensa superioridade dos grupos raciais ou étnicos ou
que pretendam justificar ou estimular qualquer forma de
ódio ou de discriminação raciais. Os Estados deverão
tomar medidas jurídicas próprias e velar para que todos
os seus serviços sejam cumpridos e aplicados, levando em
conta os princípios formulados na Declaração Universal
de Direitos Humanos. Essas medidas jurídicas devem
inserir-se em um marco político, econômico e social
adequado ao favorecimento de sua aplicação. Os
indivíduos e as demais entidades jurídicas, públicas ou
privadas, devem observar e contribuir de todas as formas
adequadas à sua compreensão e colocá-los em prática
para toda a população.
Artigo 8º
§1. Os indivíduos, levando em conta os direitos que
possuem a que impere nos planos nacional e
79
internacional uma ordem econômica, social, cultural e
jurídica que lhes permita exercer todas as suas
faculdades com plena igualdade de direitos e
oportunidades, possuem deveres correspondentes para
com seus semelhantes, para com a sociedade em que
vivem e para com a comunidade internacional. Possuem,
por conseguinte, o dever de promover a harmonia entre
os povos, de lutar contra o racismo e contra os
preconceitos raciais e de contribuir com todos os meios de
que disponha para a eliminação de todas as formas de
discriminação racial.
§2. No que diz respeito aos preconceitos, aos
comportamentos e às práticas racistas, os especialistas
das ciências naturais, das ciências sociais e dos estudos
culturais, assim como das organizações e associações
científicas, estão convocados a realizar pesquisas
objetivas sobre bases amplamente interdisciplinares;
todos os Estados devem juntar-se a elas.
§3. Incumbe, em particular, aos especialistas procurar
com todos os meios de que disponham que seus trabalhos
não sejam apresentados de uma maneira fraudulenta e
ajudar ao público a compreender seus resultados.
80
Artigo 9º
§1. O princípio da igualdade de direitos de todos os seres
humanos e de todos os povos, qualquer que seja a sua
raça, sua cor e sua origem, é um princípio geralmente
aceito e reconhecido pelo direito internacional. Em
consequência disso, toda forma de discriminação racial
praticada pelo Estado constitui uma violação do Direito
Internacional que engloba sua Responsabilidade
Internacional.
§2. Devem ser tomadas medidas especiais a fim de
garantir a igualdade em dignidade e direitos dos
indivíduos e dos grupos humanos, onde quer que sejam
necessários, evitando dar a essas medidas um caráter
que possa parecer discriminatório sob o ponto de vista
racial. A esse respeito, deverá ser dada uma atenção
particular aos grupos raciais ou étnicos social e
economicamente desfavorecidos, a fim de garantir-lhes
um plano de total igualdade sem discriminações ou
restrições, a proteção das leis e dos regulamentos, assim
como os benefícios das medidas sociais em vigor, em
particular no que diz respeito ao alojamento, ao emprego
e à saúde, de respeitar a autenticidade de sua cultura e
81
de seus valores, e de facilitar, especialmente através da
educação, sua promoção social e profissional.
§3. Os grupos de povos de origem estrangeira, em
particular, os trabalhadores migrantes e suas famílias
que contribuem ao desenvolvimento do país que os
acolhe, deverão beneficiar-se com medidas adequadas
destinadas a garantir-lhes a segurança e o respeito de
sua dignidade e de seus valores culturais, e a lhes
facilitar a adaptação ao meio ambiente que lhes acolha e
a promoção profissional, com o objetivo de sua
reintegração ulterior ao seu país de origem e a que
contribuam ao seu desenvolvimento; também deve ser
favorecida a possibilidade de que sua língua seja
ensinada aos seus filhos.
§4. Os desequilíbrios existentes nas relações econômicas
internacionais contribuem para exacerbar o racismo e os
preconceitos raciais; como consequência, todos os Estados
deveriam esforçar-se na contribuição da reestruturação
da economia internacional sobre a base de uma maior
igualdade.
82
Artigo 10º
Convidamos as organizações internacionais, universais e
regionais, governamentais e não governamentais, a
prestarem sua cooperação e ajuda dentro dos limites de
suas respectivas competências e meios, quanto à
aplicação plena e completa dos princípios enunciados na
presente declaração, contribuindo assim na luta legítima
de todos os seres humanos, nascidos iguais em dignidade
e em direitos, contra a tirania e a opressão do racismo,
da segregação racial, do apartheid e do genocídio, a fim
de que todos os povos do mundo se libertem para sempre
dessas amarras.
83
DECLARAÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE
TODAS AS FORMAS DE INTOLERÂNCIA E
DISCRIMINAÇÃO FUNDADAS NA RELIGIÃO OU
NAS CONVICÇÕES – 1981
(Proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a 25 de
novembro de 1981 - Resolução 36/55).
A Assembleia Geral,
Considerando que um dos princípios
fundamentais da Carta das Nações Unidas é o da
dignidade e o da igualdade própria a todos os seres
humanos, e que todos os Estados membros se
comprometeram em tomar todas as medidas conjuntas e
separadamente, em cooperação com a Organização das
Nações Unidas, para promover e estimular o respeito
universal e efetivo dos direitos humanos e as liberdades
fundamentais de todos, sem distinção de raça, sexo,
idioma ou religião.
Considerando que na Declaração Universal de
Direitos Humanos e nos Pactos Internacionais de Direitos
Humanos são proclamados os princípios de não
discriminação e de igualdade diante da lei e o direito à
liberdade de pensamento, de consciência, de religião ou
de convicções.
84
Considerando que o desprezo e a violação dos
direitos humanos e das liberdades fundamentais, em
particular o direito a liberdade de pensamento, de
consciência, de religião ou de qualquer convicção, causam
direta ou indiretamente guerras e grandes sofrimentos à
humanidade, especialmente nos casos em que sirvam de
meio de intromissão estrangeira nos assuntos internos de
outros Estados, e são o mesmo que instigar o ódio entre
os povos e as nações.
Considerando que a religião ou as convicções,
para quem as profere, constituem um dos elementos
fundamentais em sua concepção de vida e que, portanto,
a liberdade de religião ou de convicções deve ser
integralmente respeitada e garantida.
Considerando que é essencial promover a
compreensão, a tolerância e o respeito às questões
relacionadas com a liberdade de religião e de convicções e
assegurar que não seja aceito o uso da religião ou das
convicções com fins incompatíveis com os da Carta, com
outros instrumentos pertinentes das Nações Unidas e
com os propósitos e princípios da presente Declaração.
Convencida de que a liberdade de religião ou de
convicções deve contribuir também para a realização dos
objetivos da paz mundial, justiça social e amizade entre
os povos, e à eliminação das ideologias ou práticas do
colonialismo e da discriminação racial.
85
Tomando nota com satisfação de que, com os
auspícios das Nações Unidas e dos organismos
especializados, foram aprovadas várias convenções, e de
que algumas delas já entraram em vigor para a
eliminação de diversas formas de discriminação.
Preocupada com as manifestações de intolerância
e pela existência de discriminação nas esferas da religião
ou das convicções que ainda existem em alguns lugares
do mundo.
Decidida a adotar todas as medidas necessárias
para a rápida eliminação de tal intolerância em todas as
suas formas e manifestações e para prevenir e combater
a discriminação por motivos de religião ou de convicções.
Proclama a presente Declaração sobre a
eliminação de todas as formas de intolerância e
discriminação fundadas na religião ou nas convicções:
Artigo 1º
§1. Toda pessoa tem o direito de liberdade de
pensamento, de consciência e de religião. Este direito
inclui a liberdade de ter uma religião ou qualquer
convicção a sua escolha, assim como a liberdade de
manifestar sua religião ou suas convicções individuais ou
coletivamente, tanto em público como em privado,
mediante o culto, a observância, a prática e o ensino.
86
§2. Ninguém será objeto de coação capaz de limitar a sua
liberdade de ter uma religião ou convicções de sua
escolha.
§3. A liberdade de manifestar a própria religião ou as
próprias convicções estará sujeita unicamente às
limitações prescritas na lei e que sejam necessárias para
proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral
pública ou os direitos e liberdades fundamentais dos
demais.
Artigo 2º
§1. Ninguém será objeto de discriminação por motivos de
religião ou convicções por parte de nenhum Estado,
instituição, grupo de pessoas ou particulares.
§2. Aos efeitos da presente declaração, entende-se por "
intolerância e discriminação baseadas na religião ou nas
convicções" toda a distinção, exclusão, restrição ou
preferência fundada na religião ou nas convicções e cujo
fim ou efeito seja a abolição ou o fim do reconhecimento,
o gozo e o exercício em igualdade dos direitos humanos e
das liberdades fundamentais.
87
Artigo 3º
A discriminação entre os seres humanos por motivos de
religião ou de convicções constitui uma ofensa à
dignidade humana e uma negação dos princípios
da Carta das Nações Unidas, deve ser condenada como
uma violação dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais proclamados na Declaração Universal de
Direitos Humanos e enunciados detalhadamente nos
Pactos internacionais de direitos humanos, e como um
obstáculo para as relações amistosas e pacíficas entre as
nações.
Artigo 4º
§1. Todos os Estados adotarão medidas eficazes para
prevenir e eliminar toda discriminação por motivos de
religião ou convicções, no reconhecimento, do exercício e
do gozo dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais em todas as esferas da vida civil,
econômica, política, social e cultural.
§2. Todos os Estados farão todos os esforços necessários
para promulgar ou derrogar leis, segundo seja o caso, a
fim de proibir toda discriminação deste tipo e por tomar
88
as medidas adequadas para combater a intolerância por
motivos ou convicções na matéria.
Artigo 5º
§1. Os pais, ou no caso os tutores legais de uma criança
terão o direito de organizar sua vida familiar conforme
sua religião ou suas convicções e devem levar em conta a
educação moral em que acreditem e queiram educar suas
crianças.
§2. Toda criança gozará do direito de ter acesso à
educação em matéria de religião ou convicções conforme
seus desejos ou, no caso, seus tutores legais, e não lhes
será obrigado a instrução em uma religião ou convicções
contra o desejo de seus pais ou tutores legais, servindo de
princípio essencial o interesse superior da criança.
§3. A criança estará protegida de qualquer forma de
discriminação por motivos de religião ou convicções. Ela
será educada em um espírito de compreensão, tolerância,
amizade entre os povos, paz e fraternidade universal,
respeito à liberdade de religião ou de convicções dos
demais e em plena consciência de que sua energia e seus
talentos devem dedicar-se ao serviço da humanidade.
89
§4. Quando uma criança não esteja sob a tutela de seus
pais nem de seus tutores legais, serão levados em
consideração os desejos expressos por eles ou qualquer
outra prova que se tenha obtido de seus desejos em
matéria de religião ou de convicções, servindo de
princípio orientador o interesse superior da criança.
§5. A prática da religião ou convicções em que se educa
uma criança não deverá prejudicar sua saúde física ou
mental nem seu desenvolvimento integral, levando em
conta o "§3 do artigo 1º" da presente Declaração.
Artigo 6º
Conforme o "artigo 1º" da presente Declaração e sem
prejuízo do disposto no "§3 do artigo 1º", o direito à
liberdade de pensamento, de consciência, de religião ou
de convicções compreenderá especialmente as seguintes
liberdades:
a) A de praticar o culto e o de celebrar reuniões sobre a
religião ou as convicções, e de fundar e manter lugares
para esses fins.
b) A de fundar e manter instituições de beneficência ou
humanitárias adequadas.
90
c) A de confeccionar, adquirir e utilizar em quantidade
suficiente os artigos e materiais necessários para os ritos
e costumes de uma religião ou convicção.
d) A de escrever, publicar e difundir publicações
pertinentes a essas esferas.
e) A de ensinar a religião ou as convicções em lugares
aptos para esses fins.
f) A de solicitar e receber contribuições voluntárias
financeiras e de outro tipo de particulares e instituições;
g) A de capacitar, nomear, eleger e designar por sucessão
os dirigentes que correspondam segundo as necessidades
e normas de qualquer religião ou convicção.
h) A de observar dias de descanso e de comemorar
festividades e cerimônias de acordo com os preceitos de
uma religião ou convicção.
i) A de estabelecer e manter comunicações com
indivíduos e comunidades sobre questões de religião ou
convicções no âmbito nacional ou internacional.
Artigo 7º
Os direitos e liberdades enunciados na presente
Declaração serão concedidos na legislação nacional de
modo tal que todos possam desfrutar deles na prática.
91
Artigo 8º
Nada do que está disposto na presente declaração será
entendido de forma que restrinja ou derrogue algum dos
direitos definidos na Declaração Universal de Direitos
Humanos e nos Pactos Internacionais de Direitos
Humanos.
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DECLARAÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS
PESSOAS PERTENCENTES A MINORIAS
NACIONAIS OU ÉTNICAS, RELIGIOSAS E
LINGUÍSTICAS – 1992
(Aprovada pela resolução 47/135 da Assembleia Geral da ONU de 18
de dezembro de 1992)
A Assembleia Geral,
Reafirmando que um dos propósitos básicos das
Nações Unidas proclamados na Carta é o
desenvolvimento e o estímulo ao respeito dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais de todos, sem
discriminação alguma por motivos de raça, sem idioma
ou religião.
Reafirmando a fé nos direitos humanos
fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa
humana, na igualdade de direitos dos homens e das
mulheres e das nações grandes e pequenas.
Desejando promover a realização dos princípios
enunciados na Carta, na Declaração Universal dos
Direitos Humanos, na Convenção Para a Prevenção e
Punição do Crime de Genocídio, na Convenção
Internacional Sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial, na Pacto Internacional Sobre
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, na Declaração
Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Intolerância e
Discriminação Baseadas em Religião ou Crença e na
93
Convenção Sobre os Direitos da Criança, assim como em
outros instrumentos internacionais pertinentes
aprovados em nível mundial ou regional e os celebrados
entre diversos Estados-membros das Nações Unidas.
Inspirada nas disposições do Artigo 27 do Pacto
Internacional Sobre os Direitos Civis e Políticos relativas
aos direitos das pessoas pertencentes a minorias étnicas,
religiosas e linguísticas contribuem para a estabilidade
política e social dos Estados em que vivem.
Sublinhando que a promoção e a realização
constantes dos direitos das pessoas pertencentes a
minorias nacionais ou étnicas, religiosas ou linguísticas,
como parte integrante do desenvolvimento da sociedade
em seu conjunto e dentro de um marco democrático
baseado no estado de direito, contribuiriam para o
fortalecimento da amizade e da cooperação entre os povos
e os Estados.
Considerando que as Nações Unidas têm um
importante papel a desempenhar no que diz respeito a
proteção das minorias.
Tendo em conta que o trabalho realizado até esta
data dentro do sistema das Nações Unidas, em particular
pela Comissão dos Direitos Humanos e pela Subcomissão
Para Prevenção de Discriminações e Proteção das
Minorias, bem como pelos órgãos estabelecidos em
conformidade com os Pactos Internacionais de direitos
humanos relativos a promoção e proteção das pessoas
pertencentes a minorias nacionais ou étnicas, religiosas e
linguísticas.
94
Reconhecendo a necessidade de se aplicarem
ainda mais eficientemente os instrumentos
internacionais sobre os direitos humanos no que diz
respeito aos direitos das pessoas pertencentes a minorias
nacionais ou étnicas, religiosas e linguísticas.
Proclama a presente Declaração Sobre os Direitos
de Pessoas pertencentes a minorias nacionais ou étnicas,
religiosas e linguísticas.
Proclama a presente Declaração Sobre os Direitos
de Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais ou
Étnicas, Religiosas e Linguísticas.
Artigo 1
1. Os Estados protegerão a existência e a identidade
nacional ou étnica, cultural, religiosa e linguística das
minorias dentro de seus respectivos territórios e
fomentarão condições para a promoção de identidade.
2. Os Estados adotarão medidas apropriadas, legislativas
e de outros tipos, a fim de alcançar esses objetivos.
Artigo 2
1. As pessoas pertencentes a minorias nacionais ou
étnicas, religiosas e linguísticas (doravante denominadas
“pessoas pertencentes a minorias”) terão direito a
desfrutar de sua própria cultura, a professar e praticar
sua própria religião, e a utilizar seu próprio idioma, em
95
privado e em público, sem ingerência nem discriminação
alguma.
2. As pessoas pertencentes a minorias tem o direito de
participar efetivamente na vida cultural, religiosa, social,
econômica e pública.
3. As pessoas pertencentes a minorias terão o direito de
participar efetivamente nas decisões adotadas em nível
nacional e, quando cabível, em nível regional, no que diz
respeito às minorias a que pertençam ou as regiões em
que vivam, de qualquer maneira que não seja
incompatível com a legislação nacional.
4. As pessoas pertencentes a minorias terão o direito de
estabelecer e de manter as suas próprias associações.
5. As pessoas pertencentes a minorias terão o direito de
estabelecer e de manter, sem discriminação alguma,
contatos livres e pacíficos com os outros membros de seu
grupo e com pessoas pertencentes a outras minorias, bem
como contatos transfonteiriços com cidadãos de outros
Estados com os quais estejam relacionados por vínculos
nacionais ou étnicos, religiosos ou linguísticos.
96
Artigo 3
1. As pessoas pertencentes a minorias poderão exercer
seus direitos, inclusive os enunciados na presente
Declaração, individualmente bem como em conjunto com
os demais membros de seu grupo, sem discriminação
alguma.
2. As pessoas pertencentes a minorias não sofrerão
nenhuma desvantagem como resultado do exercício dos
direitos enunciados da presente Declaração.
Artigo 4
1. Os Estados adotarão as medidas necessárias a fim de
garantir que as pessoas pertencentes a minorias possam
exercer plena e eficazmente todos os seus direitos
humanos e liberdades fundamentais sem discriminação
alguma e em plena igualdade perante a Lei.
2. Os Estados adotarão medidas para criar condições
favoráveis a fim de que as pessoas pertencentes a
minorias possam expressar suas características e
desenvolver a sua cultura, idioma, religião, tradições e
costumes, salvo em casos em que determinadas práticas
violem a legislação nacional e sejam contrárias às
normas internacionais.
97
3. Os Estados deverão adotar as medidas apropriadas de
modo que, sempre que possível, as pessoas pertencentes
a minorias possam ter oportunidades adequadas para
aprender seu idioma materno ou para receber instruções
em seu idioma materno.
4. Os estados deverão adotar quando apropriado,
medidas na esfera da educação, a fim de promover o
conhecimento da história, das tradições, do idioma e da
cultura das minorias em seu território. As pessoas
pertencentes a minorias deverão ter oportunidades
adequadas de adquirir conhecimentos sobre a sociedade
em seu conjunto.
5. Os estados deverão examinar as medidas apropriadas
a fim de permitir que pessoas pertencentes a minorias
possam participar plenamente do progresso e do
desenvolvimento econômico de seu país
Artigo 5
1. As políticas e programas nacionais serão planejados e
executados levando devidamente em conta os interesses
legítimos das pessoas pertencentes a minorias.
2. Os programas de cooperação e assistência entre
Estados deverão ser planejados e executados levando
98
devidamente em conta interesses legítimos das pessoas
pertencentes a minorias.
Artigo 6
Os Estados deverão cooperar nas questões relativas a
pessoas pertencentes a minorias dentre outras coisas, no
intercâmbio de informações com o objetivo de promover a
compreensão e confiança mútuas.
Artigo 7
Os Estados deverão cooperar com o objetivo de promover
o respeito aos direitos enunciados na presente
Declaração.
Artigo 8
1. Nenhuma das disposições da presente Declaração
impedirá o cumprimento das obrigações internacionais
dos estados com relação às pessoas pertencentes a
minorias. Em particular, os Estados cumprirão de boa-fé
as obrigações e os compromissos contraídos em virtude
dos tratados e acordos internacionais que sejam partes.
2. O exercício dos direitos enunciados na presente
Declaração será efetuado sem prejuízo do gozo por todas
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as pessoas dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais reconhecidos universalmente.
3. As medidas adotadas pelos Estados a fim de garantir o
gozo dos direitos enunciados na presente Declaração não
deverão ser consideradas prima facie contrárias ao
princípio de igualdade contido na Declaração Universal
de Direitos Humanos.
4. Nenhuma disposição da presente Declaração poderá
ser interpretada no sentido de autorizar atividades
contrárias aos propósitos e princípios das Nações Unidas,
inclusive a igualdade soberana, a integridade territorial
e a independência política dos Estados.
Artigo 9
As agências especializadas e demais organizações dos
sistema das Nações Unidas contribuirão para a plena
realização dos direitos e princípios enunciados na
presente Declaração, em suas respectivas esferas de
competência.