Comportamento de risers em águas profundas

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    ANLISE GLOBAL DE RISER RGIDO VERTICAL TRACIONADO NO TOPO

    PARA GUAS ULTRA PROFUNDAS

    Vincius Ribeiro Machado da Silva

    Projeto de Graduao apresentado ao Curso de

    Engenharia Civil da Escola Politcnica,Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

    parte dos requisitos necessrios obteno do

    ttulo de Engenheiro.

    Orientadores: Gilberto Bruno Ellwanger e Maria

    Casco Ferreira de Almeida

    Rio de Janeiro

    Junho de 2011

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    Silva, Vincius Ribeiro Machado da

    Anlise Global de Riser Rgido Vertical

    Tracionado no Topo para guas Ultra Profundas /Vincius Ribeiro Machado da Silva. Rio de

    Janeiro: UFRJ/Escola Politcnica, 2011.

    X, 93 p.: Il.; 29,7 cm.

    Orientador: Gilberto Bruno Ellwanger e Maria

    Casco Ferreira de Almeida

    Projeto de Graduao UFRJ/ Escola

    Politcnica/ Curso de Engenharia Civil, 2011.

    Referncias Bibliogrficas: p. 84-871.RiserRgido. 2. TTR. 3.RiserEquivalente.

    I. Ellwanger, Gilberto Bruno, et al. II. Universidade

    Federal do Rio de Janeiro, Escola Politcnica, Curso

    de Engenharia Civil. III. Ttulo.

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    Aos meus pais

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo, primeiramente, a Deus, por me abenoar e proteger durante essa

    longa caminhada de estudos e dedicao.

    Aos meus pais Jane e Isaac, exemplos da minha vida, responsveis por tudo oque sou hoje, fontes de inspirao e motivao. Agradeo pelo amor incondicional e

    preocupao que sempre tiveram comigo. A concluso de mais esta etapa da minha vida

    no seria possvel sem a presena de vocs.

    A minha namorada Rafaela, por todo amor, dedicao, apoio, pacincia e

    compreenso em todos os momentos vividos durante esses anos de graduao.

    Ao professor Gilberto Bruno Ellwanger, responsvel pela minha grande

    motivao em desenvolver este trabalho. Agradeo pelos ensinamentos praticados,

    pacincia e orientao desde meu 5 perodo, tanto no curso de Engenharia Civil quanto

    no PRH-35/ANP.

    A professora Maria Casco Ferreira de Almeida, primeira professora da rea de

    estruturas na qual tive o prazer de conhecer. Grande incentivadora e maior responsvel

    pela realizao de meu intercmbio acadmico. Obrigado por seus ensinamentos e

    conselhos.

    Ao professor Slvio de Souza Lima pela ajuda concedida no final deste trabalho.

    Ao engenheiro da Technip Mrio Vignoles, pela pacincia, incentivo e grande

    ajuda prestada durante a realizao deste trabalho.

    A Technip por disponibilizar a utilizao do software para as anlises.

    A ANP (Agncia nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis) pelo

    apoio financeiro atravs do programa de recursos humanos PRH-35.

    Aos meus amigos e colegas de graduao, pelo apoio e ajuda.

    A todos os professores e pessoas que contriburam de alguma forma para a

    minha formao acadmica e pessoal.

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    Resumo do Projeto de Graduao apresentado Escola Politcnica/ UFRJ como parte

    dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Engenheiro Civil.

    ANLISE GLOBAL DERISERRGIDO VERTICAL TRACIONADO NO TOPOPARA GUAS ULTRA PROFUNDAS

    Vincius Ribeiro Machado da Silva

    Junho/2011

    Orientadores: Gilberto Bruno Ellwanger e Maria Casco Ferreira de Almeida

    Curso: Engenharia Civil

    Este trabalho apresenta o estudo do comportamento de um riser rgido vertical

    tracionado no topo (TTR) utilizado em uma plataforma do tipo TLP. Um programa

    computacional, baseado no mtodo dos elementos finitos, utilizado para realizar as

    anlises dinmicas no-lineares em que o problema est contido. Um riserequivalente

    proposto de modo a simplificar as anlises. O ps-processamento dos resultados verifica

    a possibilidade da utilizao do riserem guas ultra profundas sendo avaliado seu limite

    de tenso atravs da norma API RP 2RD. Em paralelo so feitos um estudo de

    estabilidade de resposta e um programa para se obter os modos e as freqncias naturais

    do riserem questo.

    Palavras-chave:RiserRgido, TTR,RiserEquivalente

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    Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

    the requirements for the degree of Engineer.

    GLOBAL ANALYSIS OF VERTICAL TOP TENSIONED RISER FOR ULTRADEEP WATERS

    Vincius Ribeiro Machado da Silva

    Junho/2011

    Advisors: Gilberto Bruno Ellwanger e Maria Casco Ferreira de Almeida

    Course: Civil Engineering

    This work presents the study of the behavior of a vertical top tensioned riser (TTR),

    used in a TLP platform type. A computational program, based on the finite element

    method, is used to perform non-linear dynamic analysis in which the problem is in. An

    equivalent riser is proposed to simplify the analysis. The post-processing of the results

    shows the possibility of its usage in ultra deep waters, being evaluated the stress limit

    through the API RP 2RD standard. In parallel, a study of response stability and a

    program to obtain the modes and the natural frequencies of the riser in question are

    made.

    Keywords: Rigid Riser, TTR, Equivalent Riser

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    ndice

    1. INTRODUO

    1.1 INTRODUO E MOTIVAO

    1.2 OBJETIVO PRINCIPAL

    2. DEFINIES BSICAS

    2.1 TIPOS DE UNIDADES OFFSHOREDE EXPLOTAO

    2.2 TIPOS DE COMPLETAO

    2.2.1 RVORE DE NATAL

    2.2.2 COMPLETAO SECA

    2.2.3 COMPLETAO MOLHADA

    2.3 SISTEMA DERISERS

    2.3.1 CLASSIFICAO DORISERQUANTO FUNCIONALIDADE

    2.3.2 CLASSIFICAO DORISERQUANTO ESTRUTURA

    2.3.2.1 RISERRGIDO

    2.3.2.2 RISERFLEXVEL

    2.4 CLASSIFICAO DORISERQUANTO CONFIGURAO

    2.4.1 RISEREM CATENRIA LIVRE

    2.4.2 RISERSTRACIONADOS NO TOPO (TOP-TENSION RISERS)

    2.4.3RISERS

    HBRIDOS

    3. REVISO DOS CONCEITOS DA TEMTICA DE ESTUDO

    3.1 COMPORTAMENTO DE UMA TLP

    3.2 TOP TENSIONED RISER(TTR)

    3.3 CARREGAMENTOS ATUANTES SOBRE UMRISERRGIDO VERTICAL

    3.3.1 CARGAS ESTTICAS

    3.3.2 CARGAS DINMICAS

    3.4 ANLISE GLOBAL

    3.4.1

    ANLISE ESTTICA

    3.4.2 ANLISE DINMICA

    4. APLICAO: TOP TENSIONED RISERDE PRODUO PARA GUAS ULTRAPROFUNDAS

    4.1 APRESENTAO DO PROBLEMA

    4.2 MODELAGEM DORISER

    4.2.1 PROPRIEDADES EQUIVALENTES

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    4.2.2 CARREGAMENTOS AMBIENTAIS E CARACTERSTICAS DO MODELODERISER

    4.3 ESTUDO DOS PARMETROS DE ANLISE

    4.3.1 FATOR DE TRAO

    4.3.2 OFFSETESTTICO

    4.3.3 CASOS DE ANLISE

    5. APRESENTAO DOS RESULTADOS

    5.1 ESTABILIDADE DA RESPOSTA

    5.2 ANLISE DE TENSES DOS CASOS DE ESTUDO

    5.3 ANLISE DAS FREQUNCIAS NATURAIS

    6. CONCLUSES E SUGESTES

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ANEXO A PLANILHA MATHCAD DE ANLISE DAS FREQUNCIAS E DOS MODOSDE VIBRAO DO TTR

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1 - Hutton(1) e Magnlia(19) (OFFSHORE MAGAZINE, 2010) Figura 2 - Exemplo de TLP com TTR e seu sistema de tracionamento do tipo Pull-Style

    Figura 3 Exemplo de Jaqueta

    Figura 4 Troll-A

    Figura 5 Exemplo de Torre Complacente

    Figura 6 - Plataforma auto-elevvel no litoral do Maranho (PETRO & QUMICA, 2011) Figura 7 Exemplo de Semi-submersveis: a) Sistema convencional de ancoragem b) SistemaTaut-Leg.

    Figura 8 Exemplo de FPSO

    Figura 9 a) TLP e b) Mini-TLP.

    Figura 10 - SPAR Perdido

    Figura 11 - MONO-BR (TPN, 2011) Figura 12 - FPSO-BR (TPN, 2011)

    Figura 13 rvore de natal seca Figura 14 rvore de natal molhada Figura 15 Seo transversal de umpipe-in-pipe (ALVES, 2009) Figura 16 Riserde aplicao dinmica (a); Riser de aplicao esttica:Rough bore(b) eSmooth bore(c)

    Figura 17 Exemplo de IPB (Integrated Production Bundle) (TECHNIP,2011) Figura 18 Riser em catenria livre (OFFSHORE MAGAZINE, 2010) Figura 19 Flutuador integrante (esq.) e no integrante (dir.)

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    Figura 20 Sistemas de riserde produo para guas profundas Top-Tension (OFFSHOREMAGAZINE, 2010) Figura 21 RiserTowerutilizado em um FPSO com Turret

    Figura 22 Bundle rgido do riser tower Figura 23 Canteiro de montagem do bundlergido do campo de Girassol Figura 24 Montagem do bundlergido do campo de Girassol

    Figura 25 Sistema de riserscom boio Figura 26 Outras configuraes de risers(OFFSHORE MAGAZINE, 2010) Figura 27 Passeio da TLP com seu respectivo set-down(PINHO, 2001) Figura 28 a) RAO referente ao movimento de SURGEpara head seas (CHEDZOY, 2003); b)Graus de liberdade de uma unidade flutuante (GUIGON, 2011) Figura 29 RAO referente ao movimento de PITCHpara head seas (CHEDZOY, 2003)

    Figura 30 RAO referente ao movimento deHEAVEpara head seas (CHEDZOY, 2003) Figura 31 Configurao do deckcom o sistema de tracionamento, juntas e ojumperflexvel(adaptado de DNV-OS-F101, 2001) Figura 32 - Configurao geral de um TTR de produo DNV-OS-F101 (2001)

    Figura 33 Exemplos de: a) riserde perfurao; b) riserde produo Figura 34 Casingsimples ou duplo Figura 35 Formao de VIV em elementos cilndricos

    Figura 36 Tracionador hidrulico

    Figura 37 Cargas ambientais atuantes sobre a TLP e seus respectivos risers (PINHO, 2001)

    Figura 38 Ilustrao dos parmetros para considerao das presses (SANTOS, 1998)

    Figura 39 Perfil de correntes marinhas (ALVES et al., 2010)

    Figura 40 Movimento bidimensional da onda linear (CHAKRABARTI, 2005)

    Figura 41 Frmulas para teoria de onda linear (CHAKRABARTI, 2005)

    Figura 42 Representao da Teoria de Onda de Stokes de Segunda Ordem Figura 43 Regies de aplicabilidade da funo Stream, Stokes 5 Ordem e teoria de onda

    linear (API RP2A, 2000) Figura 44 Fluxograma simplificado de anlise desacoplada de um riser Figura 45 Configurao do TTR de estudo Figura 46 Conveno de coordenadas do DEEPLINES para a unidade flutuante (GUIGON,2011)

    Figura 47 Equivalncia do riser

    Figura 48 Perfil de corrente centenria Figura 49 Modelo realizado no DEEPLINES

    Figura 50 Detalhe do tracionador modelado no DEEPLINES

    Figura 51 Resposta da curvatura para casos FT

    Figura 52 Resposta da curvatura para casos Off

    Figura 53 Erro da resposta da curvatura

    Figura 54 Evoluo das tenses de Von Mises no Casing,para os casos FT Figura 55 Evoluo das tenses de Von Mises no Tubing,para os casos FT

    Figura 56 Evoluo das tenses de Von Mises no Casing,para os casos Off

    Figura 57 Evoluo das tenses de Von Mises no Tubing,para os casos Off

    Figura 58 Ampliao das tenses de Von Mises no topo do Casing,para os casos Off

    Figura 59 Ampliao das tenses de Von Mises no fundo do Casing,para os casos Off

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    Figura 60 Ampliao das tenses de Von Mises no topo do Tubing,para os casos Off

    Figura 61 Ampliao das tenses de Von Mises no fundo do Tubing,para os casos Off Figura 62 Comparativo das mximas tenses de Von Mises no Casinge no Tubing, para oscasos FT e Offsegundo API RP 2 RD (1998) Figura 63 Critrio adotado conforme API RP 2 RD (1998) para a anlise de tenses Figura 64 Planilha Mathcad Perodos e freqncias naturais

    Figura 65 Planilha Mathcad Modos de vibrao Figura 66 Planilha Mathcad Verificao quanto ortogonalidade Matriz de massa Figura 67 Planilha Mathcad Verificao quanto ortogonalidade Matriz de rigidez

    Figura 68 Resultados DEEPLINES Perodos e frequncias naturais

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 1 - Dados da onda centenria

    Tabela 2 - Caractersticas geomtricas e do material

    Tabela 3 - Discretizao do modelo Tabela 4 - Fatores de Trao

    Tabela 5 - Offsets Selecionados

    Tabela 6 - Casos Off Tabela 7 - Casos FT

    NDICE DE ABREVIAES

    ANM rvore de Natal Molhada

    DICAS Sistema de Ancoragem Diferenciado (Differentiated Anchoring System)

    FPSO Unidade de Produo, Armazenamento e Transferncia (Floating ProductionStorage Offloading)

    FSO Unidade de Armazenamento e Transferncia (Floating Storage Offloading)

    MODU Unidade Mvel de Perfurao Offshore (Mobile Offshore Drilling Unit)

    RAO Operador de Amplitude de Resposta (Response Amplitude Operator)

    ROV Veculo Controlado Remotamente (Remote Operated Vehicle)

    SCR Riserde Ao em Catenria (Steel Catenary Riser)

    TLP Plataforma de Pernas Tracionadas (Tension Leg Platform)

    TTR RiserTracionado no Topo (Top Tension Riser)

    VIV Vibrao Induzida por Vrtice (Vortex Induced Vibration)

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    1. INTRODUO

    1.1INTRODUO E MOTIVAO

    A necessidade de explorao do petrleo em guas cada vez mais profundas leva ao

    desenvolvimento de novas tecnologias nas mais diversas reas do conhecimento

    humano. Entre as diversas reas da cincia, a simulao do comportamento global dos

    risers, tubos responsveis pela conduo de fluidos entre a plataforma e o leito marinho,

    em condies ambientais extremas ou operacionais, se destaca por apresentar grandes

    desafios computacionais e de modelagem. Qualquer falha no sistema de risers pode

    causar srios danos ao ambiente marinho e provocar a interrupo da produo de leo,

    incorrendo em altos custos tanto no reparo do sistema quanto na recuperao do meioambiente. Desta maneira, entende-se que o sistema de risers uma das partes mais

    crticas em um projeto de estruturas offshore.

    Na regio do pr-sal, no Brasil, regio na qual abriga os maiores desafios tecnolgicos

    na rea offshore, diversas alternativas de sistemas de explotao do petrleo esto sendo

    avaliadas para futura implantao. A explorao desta regio foi dividida em duas fases,

    Fase 0 e Fase 1 (A e B). A Fase 0, que comeou em 2008 e tem previso de trmino em

    2016, caracterizada pela aquisio de dados. Ela vai definir os limites das descobertas

    visando desenvolver a caracterizao da rea geolgica que consiste o pr-sal. A Fase 0,ento, ir alimentar a Fase 1 que dividida em duas etapas, A e B. Durante a Fase 1A

    sero utilizados conceitos de produo j dominados e adaptados para as condies do

    pr-sal. Esta fase funcionar como um laboratrio para o desenvolvimento de novas

    tecnologias. A Fase 1B visa completar o desenvolvimento do campo do pr-sal com o

    uso intensivo de novas tecnologias. esperada a utilizao de unidades de produo

    com equipamentos de perfurao dedicados e novas solues que garantam o

    escoamento do fluido, a injeo alternada de gua e gs e/ou CO2 para melhorar a

    recuperao de leo dos campos e o uso de sistemas de completao seca.No que se refere utilizao dos sistemas de completao seca pode-se destacar

    algumas de suas vantagens, que so bem conhecidas dentro da indstria do petrleo, por

    exemplo, por ter um conjunto de vlvulas mais simples que controlam a produo do

    poo, ter fcil manuteno e tambm fcil acesso, minimizando os custos associados.

    Como exemplo nesta reduo de custos temos a otimizao do tempo para realizar as

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    tarefas de perfurao, completao e interveno (workover), onde necessitam da

    plataforma de perfurao que tem uma taxa diria de aluguel bastante elevada. De forma

    a reduzir os custos dessas atividades em guas ultra profundas, aumenta-se o interesse

    em plataformas do tipo Spar-buoy e TLP, que tem como caracterstica baixos

    movimentos de heave (movimento vertical) que permitem a utilizao de rvores denatal secas, bem como o uso de risersrgidos verticais que realizam o escoamento do

    fluido do fundo do mar at a unidade flutuante.

    A TLP preenche o espao entre as plataformas fixas e os sistemas flutuantes de

    produo. Ela combina a reduo de custos iniciais associados com os sistemas

    flutuantes de produo e os benefcios operacionais atribudos s plataformas fixas. A

    primeira TLP do mundo foi construda em 1984 pela Conoco Oil Companye foi usada

    para desenvolver o campo de Hutton, no mar do Norte. Localizado em uma lmina

    dgua de 148 metros, o campo de Hutton poderia ser explorado facilmente usando umaplataforma fixa de ao, mas, para a empresa Conoco, as severas condies ambientais

    associadas ao Mar do Norte configuravam um timo cenrio para o teste inicial do

    projeto de TLPs. Muitos investimentos foram feitos em tecnologia at que pudesse ser

    viabilizada a instalao de uma TLP em uma lmina dgua de 1425 metros, em 2005,

    no campo de Magnlia, no Golfo do Mxico. Esta a maior profundidade de instalao

    alcanada por uma TLP at o momento.

    Figura 1 - Hutton(1) e Magnlia(19) (OFFSHORE MAGAZINE, 2010)

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    O emprego dos TTRs (Top Tensioned Risers), risers rgidos verticais que utilizam

    tracionadores no topo permite a utilizao de sistemas de completao seca. O

    tracionamento provido previne a compresso do riser e ainda limita a interferncia entre

    os risers. O estudo deste tipo de riser feito pela PETROBRS para viabilizar sua

    futura utilizao nos campos de explorao do pr-sal.

    Figura 2 - Exemplo de TLP com TTR e seu sistema de tracionamento do tipoPull-

    Style

    Este cenrio, com as novas descobertas do pr-sal trazendo consigo toda a sua

    complexidade e impasses tecnolgicos e de altos investimentos em tecnologia e

    desenvolvimento, aumenta, ainda mais, a necessidade de estudos sobre temas

    relacionados a essa rea, garantindo a confiabilidade necessria para a perfeita

    utilizao e funcionamento de seus sistemas estruturais.

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    1.2OBJETIVO PRINCIPAL

    Este trabalho tem como objetivo realizar a anlise global de um riserrgido vertical do

    tipo TTR (Top Tensioned Riser Riser Tracionado no Topo) de produo, utilizado em

    uma plataforma do tipo TLP (Tension Leg Platform Plataforma de Pernas

    Tracionadas). Um estudo de seu comportamento ser feito considerando a variao de

    alguns parmetros da anlise (fator de tracionamento e offsetesttico). A verificao das

    tenses e do colapso ser feita segundo critrios da norma API RP 2RD (1998). Um

    modelo ser realizado em um programa dedicado a esse tipo de anlise, DEEPLINES,

    que fundamentado na teoria dos elementos finitos realizando anlises dinmicas no-

    lineares, que permitir a extrao de esforos no riserpara sua verificao.

    O trabalho ainda apresenta a elaborao de uma planilha Mathcad onde possibilita a

    extrao das freqncias naturais e modos de vibrao do riser estudado, onde leva emconsiderao a no-linearidade do problema devido trao imposta no topo.

    2. DEFINIES BSICAS

    2.1 TIPOS DE UNIDADES OFFSHOREDE EXPLOTAO

    As unidades offshoreutilizadas na explotao e produo de petrleo e gs situam-se

    em diferentes regies do oceano, instaladas tanto em guas rasas quanto em guas ultra

    profundas e, ainda, enfrentando diferentes classes de agressividade ambiental.

    Dependendo desses condicionantes, o arranjo estrutural destas unidades deve ser

    avaliado e definido para cada regio. Baseado na geometria e no comportamento dessas

    unidades offshore, pode-se dividi-las nas seguintes categorias:

    Estruturas fixas

    a) Plataformas tipo jaquetas

    b) Plataforma de gravidade

    c) Torre Complacente

    d) Plataformas auto-elevveis

    Estruturas flutuantes

    e) Semi-submersvel

    f) FPSO

    g) TLP e mini-TLP

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    h) SPAR

    i) MONO BR

    j) FPSO BR

    a) Plataformas tipo jaquetas

    Comumente chamadas de jaquetas, esse tipo de plataforma constituiu o primeiro tipo de

    estrutura utilizado na explotao do petrleo. So estruturas treliadas em ao fixadas

    por estacas cravadas no solo marinho e instaladas em lminas dgua de at 500 m.

    Podem operar sozinhas (mandando leo diretamente para terra atravs de tubulao) ou

    com navio acoplado plataforma.

    Figura 3 Exemplo de Jaqueta

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    b) Plataforma de gravidade

    mais frequentemente usada onde a viabilidade de instalao de estacas remota. ,

    basicamente, estrutura construda em concreto (mais comum) e/ou ao na qual se

    apiam no fundo do mar por gravidade. O nome plataforma de gravidade vem da grande

    estabilidade horizontal que essa estrutura tem contra as foras ambientais que nela

    atuam, onde essa estabilidade se d pelo seu elevado peso. So instaladas em lminas

    dgua de at 400 m. Logo abaixo, como exemplo, tem-se a plataforma Troll-A, o mais

    alto e mais pesado objeto mvel j construdo pelo homem.

    Ela est localizada a 43 milhas (69,2 km) da Noruega, no conturbado mar do norte. Sua

    maior parte fica embaixo da gua, e foi construda para suportar as piores condies do

    ambiente marinho, podendo ser atingida por ondas de 100 ps (30,5 m) de altura.

    c) Torre Complacente

    O custo das jaquetas aumenta significativamente com a profundidade devido ao

    aumento do tamanho de sua base e do aumento necessrio de espessura dos

    componentes tubulares da estrutura para resistir presso externa. Consequentemente,

    as jaquetas so geralmente consideradas no econmicas para lminas dgua alm de

    460 metros. Ento, uma alternativa para esta configurao a plataforma do tipo torre

    complacente (Compliant Tower CT). Ela, conforme mostra a figura abaixo, consiste,

    Figura 4 Troll-A

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    essencialmente, de uma torre estreita e flexvel fixada a uma fundao com pilares

    capazes de suportar uma superestrutura convencional para operaes de perfurao e

    produo. Geralmente, so utilizadas em lminas dgua entre 300 e 600 metros e

    possuem capacidade de suportar grandes foras laterais.

    Figura 5 Exemplo de Torre Complacente

    d) Plataformas auto-elevveis

    So dotadas de balsas equipadas com trs (s vezes quatro) pernas, de seo transversal

    triangular (s vezes retangular), que acionadas mecnica ou hidraulicamente podem

    movimentar-se, permitindo uma maior flexibilidade com relao profundidade e

    posio de operao. So plataformas mveis, sendo transportadas por rebocadores ou

    com propulso prpria. Essas plataformas ainda continuam limitadas a pequenas

    profundidades para sua instalao.

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    Figura 6 - Plataforma auto-elevvel no litoral do Maranho (PETRO &

    QUMICA, 2011)

    e) Semi-submersvel

    parte integrante dos sistemas de explotao flutuante, a qual proporciona a

    possibilidade de explorao de poos de petrleo em guas profundas. Alavancou de

    forma significativa a indstria de explorao de petrleo, principalmente no Brasil.

    Consiste em dois flutuadores compartimentados em tanques com finalidades de

    oferecer lastro e flutuao plataforma. Estes flutuadores so denominados pontes,

    ou em ingls pontoons. Sobre estes flutuadores se apoiam as colunas, tambm

    chamadas de pernas, que sustentam os conveses. A plataforma mantida na locaoatravs de linhas de ancoragem que podem ser do tipo convencional, instaladas em

    catenria, ou do tipo Taut-Leg, na qual a linha de ancoragem fica esticada. Ela

    tambm pode manter a posio, atravs de propulsores controlados por um sistema

    de posicionamento dinmico por satlite, e normalmente usado durante a fase de

    perfurao ou completao (sonda de perfurao MODU Mobile Offshore Drilling

    Unit).

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    (a) (b)

    Figura 7 Exemplo de Semi-submersveis: a) Sistema convencional de ancoragem

    b) Sistema Taut-Leg.

    f) FPSO

    Os FPSOs (Floating, Production, Storage and Offloading) so navios com capacidade

    de processar e armazenar petrleo ou gs natural sendo o tipo de sistema de explotao

    flutuante mais completo atualmente. Tem as mesmas caractersticas de operao e

    projeto das semi-submersveis, mas com a vantagem do armazenamento do leo

    produzido. O posicionamento mais crtico, pois a rea atingida pelas ondas maior.

    Os navios so muitas vezes utilizados como suporte de outras unidades (plataformas)

    para armazenar o leo; neste caso adquire o nome de FSO (Floating Storage and

    Offloading).

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    Figura 8 Exemplo de FPSO

    g) TLP e mini-TLP

    A TLP , basicamente, uma unidade flutuante de produo ancorada no fundo do mar

    por cabos tracionados (pernas). Uma das pontas dessas pernas conectada um sistema

    de fundao com estacas no fundo do mar, enquanto a outra ponta conectada

    plataforma. A flutuao dessa plataforma maior que o peso, o que faz com que essas

    pernas estejam sempre tracionadas. O projeto de fundao da TLP pode parecer

    complicado quando comparado com os sistemas de ancoragem tradicional de navios

    adotados pelos sistemas flutuantes de produo, mas as vantagens so considerveis. A

    restrio do movimento de heave(vertical) permite plataforma utilizar um sistema de

    completao seca em conjunto com um sistema de risersrgidos verticais, utilizados porplataformas fixas. Assim, as operaes de perfurao e completao so semelhantes s

    das plataformas fixas. Existem tambm, derivadas das TLPs, as mini-TLPs, que como

    seu prprio nome insinua, so pequenas TLPs de custo relativamente baixo

    desenvolvidas para pequenos campos de produo de leo em guas profundas. Ela

    pode ser utilizada como uma plataforma satlite ou como uma plataforma de produo

    antecipada para maiores descobertas em guas ultra-profundas. A primeira mini-TLP foi

    instalada no Golfo do Mxico em 1998.

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    (a) (b)

    Figura 9 a) TLP e b) Mini-TLP.

    h) SPAR

    As plataformas SPAR so constitudas de um nico cilindro de grande dimetro que d

    suporte ao deck. Elas tm um topside (superfcie do deck onde se localizam

    equipamentos de perfurao e produo) tpico de uma plataforma fixa, trs tipos de

    risers(produo, perfurao e exportao), e um casco no qual ancorado superfcie

    do solo marinho utilizando um sistema de seis a vinte linhas de ancoragem. Devido

    sua forma possuem baixo movimento vertical (heave), possibilitando, assim, operaes

    que so restritivas no sentido vertical como a utilizao de risersrgidos e a utilizao

    de poo equipado por completao seca.

    A primeira SPAR, chamada Neptune, foi instalada em 1997 em uma profundidade de558 metros. O desenvolvimento tecnolgico foi to acelerado que em menos de quinze

    anos a SPAR Perdido bateu o recorde de profundidade de instalao em 2010, chegando

    aos seus 2383 metros de lmina dgua. A Figura 10 apresenta a foto da SPAR Perdido

    sendo rebocada para sua instalao no Golfo do Mxico, em guas ultra profundas.

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    Figura 10 - SPAR Perdido

    i) MONO-BR

    A plataforma mono-coluna adaptada s condies brasileiras, conhecida como Mono-

    BR, dever atender s especificaes de movimentos reduzidos em ondas, permitindo o

    uso de SCRs (Steel Catenary Risers).De fato, estes movimentos so inferiores aos de

    uma plataforma semi-submersvel, com capacidade de carga equivalente. Para alcanar

    este objetivo, utilizou-se uma saia externa, que aumenta a massa adicional e o

    amortecimento da unidade, alm de um tanque do tipo moon-pull, interno estrutura. O

    moon-pulltem a sua altura e abertura inferior projetadas com o objetivo de sintonizar o

    perodo natural do movimento vertical fora da faixa dos perodos mais crticos de onda,

    reduzindo o movimento vertical da unidade. Nesta concepo, os SCRs sero

    conectados unidade pela saia externa do casco. Outro aspecto importante a reduo

    do risco de alagamento progressivo da unidade em situao de avaria. Os elementos

    estruturais do casco desta unidade esto sendo projetados para serem construdos em

    pequenos mdulos, aproveitando sua forma axissimtrica.

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    Figura 11 - MONO-BR (TPN, 2011)

    j) FPSO-BR

    No projeto do FPSO-BR busca-se um casco otimizado para a reduo de seusmovimentos durante a operao e que permita a estocagem de leo em seus tanques

    internos para ser empregada em regies onde no existam oleodutos ou para locais em

    que interessante manter esta alternativa em razo de um possvel contingenciamento.

    Existem duas verses para este projeto, uma para a aplicao com um sistema de

    ancoragem DICAS (Differentiated Anchoring System), que permite mudanas restritas

    no aproamento da unidade, e outra com a utilizao do sistema Turret, em que a

    mudana do aproamento ilimitada, mas na qual os SCRs so conectados estrutura

    do Turret. Estas unidades so projetadas para se movimentarem menos que naviosconvencionais, principalmente com relao ao movimento de jogo (roll), com a

    utilizao de tanques laterais elevados. Os movimentos de heave e pitch podem ser

    reduzidos, utilizando o princpio dos tanques do tipo moon-pull para permitir a

    utilizao de SCRs. O projeto do FPSO-BR tambm apresenta como vantagem a

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    facilidade de construo, a adequao estrutural de arranjo com a planta a ser instalada e

    seu menor custo.

    Figura 12 - FPSO-BR (TPN, 2011)

    2.2TIPOS DE COMPLETAO

    Logo aps o trmino da perfurao de um poo, necessrio deix-lo em condies de

    operar, de forma segura, durante toda a sua vida de produo ou injeo. O termo

    completao refere-se ao conjunto de operaes destinadas a equipar o poo para

    produzir leo ou gs, ou ainda injetar fluidos nos reservatrios.

    A completao de um poo de petrleo permite que o reservatrio seja conectado de

    maneira segura e controlada plataforma de produo.

    2.2.1 RVORE DE NATAL

    A rvore de natal um equipamento constitudo por um conjunto de vlvulas, cuja

    principal funo permitir o controle do poo de produo ou injeo. Conforme o tipo

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    de completao usada, a rvore de natal pode ser do tipo molhada ou seca. A molhada

    instalada na cabea do poo no fundo do mar e a seca instalada no topo do riserna

    plataforma. Figuras ilustrativas destes dois tipos sero apresentadas nos tpicos

    subsequentes.

    2.2.2 COMPLETAO SECA

    Quando a rvore de natal fica instalada na plataforma de produo, ou seja, fora da

    gua, este sistema denominado de completao seca. O conjunto de vlvulas que

    controla a produo do poo simples e de fcil manuteno, bem como o acesso ao

    poo. Este tipo de completao limitado utilizao de plataformas fixas e s

    unidades flutuantes que tenham movimentos verticais extremamente reduzidos, assim,no comprometem a integridade dos risersrgidos que conectam a rvore de natal, na

    plataforma, cabea do poo, no fundo do mar.

    Figura 13 rvore de natal seca

    2.2.3 COMPLETAO MOLHADA

    Quando a rvore de natal fica instalada no fundo do mar (ANM rvore de Natal

    Molhada), este sistema denominado de completao molhada. O conjunto de vlvulas

    que controla a produo do poo bem mais sofisticado em relao ao de completao

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    seca, sendo a manuteno do equipamento e o acesso ao poo mais complicados. A

    ANM instalada com o auxlio de um ROV (Remote Operated Vehicle Veculo

    Operado Remotamente), uma vez que no vivel que mergulhadores ultrapassem a

    linha dos 300 metros de profundidade, onde graves problemas de sade poderiam ser

    desencadeados devidos presso. Este sistema de completao utilizado em conjuntotanto com risers rgidos (na forma de SCRs Steel Catenary Risers) ou com risers

    flexveis, havendo, ento, a possibilidade de utilizao de plataformas do tipo Semi-

    submersveis e FPSOs.

    Figura 14 rvore de natal molhada

    2.3SISTEMA DERISERS

    Chama-se de risero trecho suspenso do duto que conecta a unidade de explotao e

    produo a um equipamento no fundo do leito marinho. O riserdesempenha um papel

    fundamental dentro do sistema de explorao e produo de leo e gs, devendo-se

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    garantir sua integridade e confiabilidade em suas diferentes aplicaes. Como requisitos

    mnimos, o riserdeve ser estanque para o transporte de fluido, deve resistir a todos os

    carregamentos e combinaes dos mesmos, deve executar sua funo pelo tempo de

    servio e seu material deve ser compatvel com o fluido, o ambiente e com os requisitos

    de controle de corroso.

    2.3.1 CLASSIFICAO DORISERQUANTO FUNCIONALIDADE

    RISERDE PRODUO: utilizado para transferir os fluidos produzidos (leo e gs)

    da cabea do poo at a plataforma.

    RISER DE INJEO: pode injetar gua no reservatrio para ajudar a manter sua

    presso, ou pode injetar gs para aumentar o diferencial de presso entre a rvore de

    natal molhada e o topo do riser.

    RISERDE EXPORTAO: transfere fluido processado da plataforma at a terra ou

    outra unidade.

    RISERDE PERFURAO: tem como principal funo proteger a coluna da broca de

    perfurao do poo, bem como conduzir o influxo de fluidos indesejveis originados na

    perfurao para que sejam eliminados. Tambm conduz lama especial para estabilizar o

    poo perfurado e manter uma presso maior que a do reservatrio, evitando assim uma

    possvel elevao do leo durante a perfurao, ou, como mais conhecido, um blow

    out.

    2.3.2 CLASSIFICAO DORISERQUANTO ESTRUTURA

    2.3.2.1RISERRGIDO

    Os risers rgidos so tubos de ao formados por uma srie de juntas que podem ser

    soldadas ou mesmo rosqueadas. Pode estar envolvido por flutuadores para diminuir o

    seu peso, quando em lminas dgua profundas. Essas estruturas possuem usualmente

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    grande rigidez e resistncia a cargas axiais, radiais e de flexo. Podem ser dispostos

    verticalmente (Top Tensioned Riser - TTR) ou em catenria (Steel Catenary Riser -

    SCR).

    Os dutos do tipo TTR sero amplamente estudados, deixando sua apresentao para o

    item 4.2.

    Os dutos rgidos em catenria (SCR) podero ser do tipo pipe-in-pipe, que consistem

    basicamente de dois tubos de ao concntricos com um espaamento anular entre eles.

    Este anular contm algum material de propriedade isolante (exemplo: gs inerte,

    espuma polimrica, etc.) para impedir a perda de calor do fluido de produo para o

    meio externo. O duto de ao mais interno, ou inner pipe, tem como funo escoar a

    produo de leo ou gs. O duto mais externo, outer pipe, tem como funo proteger o

    anular e o inner pipedo meio externo. A parte que garante resistncia mecnica dopipe-in-pipe caracterizada pelos seus tubos interno e externo, uma vez que o material

    contido no anular no exerce nenhuma funo estrutural.

    Figura 15 Seo transversal de umpipe-in-pipe (ALVES, 2009)

    2.3.2.2RISERFLEXVEL

    Os risers flexveis so dutos especiais compostos por uma superposio de camadas

    plsticas, que fornecem estanqueidade interna e externa, e de camadas metlicas

    espiraladas, responsveis pela resistncia ao dos diversos carregamentos mecnicos

    aos quais as linhas flexveis esto submetidas ao longo da sua vida til. Sua principal

    caracterstica a baixa rigidez flexo.

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    O flexvel, dependendo de sua funo, poder ser do tipo:

    Rough bore (duto de parede rugosa): riser flexvel, com carcaa, destinado ao

    transporte de fluido contendo gs (utilizado na produo de leo e gs);

    Smooth bore(duto de parede lisa): riserflexvel, sem carcaa, destinado ao transporte

    de fluido sem gs (utilizado como linhas injetoras de gua).

    (a) (b) (c)

    Figura 16 Riserde aplicao dinmica (a); Riser de aplicao esttica:Roughbore(b) e Smooth bore(c)

    A seguir, so apresentadas as camadas que compem um riserflexvel, bem como suas

    respectivas funes, referentes Figura 16. Importante observar que nem todas as

    camadas apresentadas abaixo iro compor uma nica linha flexvel, tudo ir depender

    da funo prevista em projeto ao longo de sua vida til.

    Carcaa: resiste ao colapso hidrosttico e s compresses mecnicas radiais.

    Camada de presso: assegura a estanqueidade interna e transmite o esforo da presso

    interna.

    Tubo interno: tem a mesma funo da camada de presso.

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    Armadura de presso: tem a funo de resistir presso interna, s compresses

    mecnicas radiais e ao colapso hidrosttico (no caso de estrutura smooth bore). Como

    efeito secundrio proporciona o confinamento da carcaa para aumentar a resistncia ao

    colapso hidrosttico (no caso de estrutura rough bore).

    Espiral: auxilia a armadura de presso, sendo uma camada formada por fios de ao

    espiralados.

    Camada anti-colapso: transmite a presso externa para a armadura de presso.

    Armadura de trao: resiste aos esforos axiais.

    Capa externa: garante a estanqueidade, protegendo as camadas internas.

    Um novo conceito de riser flexvel, patenteado pela TECHNIP, fruto do

    desenvolvimento tecnolgico, pode ser visto com os IPBs (Integrated Production

    Bundle). Pode ser, por exemplo, um tubo flexvel com um sistema de aquecimento

    eltrico para aumentar a temperatura do fluido interno. Esta soluo ser utilizada no

    campo de Papa-Terra para aumentar a temperatura do fluido produzido aps longas

    paradas, a fim de reduzir a sua viscosidade, permitindo assim que a produo de leo

    seja reiniciada mais rapidamente (TECHNIP, 2011).

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    Figura 17 Exemplo de IPB (Integrated Production Bundle) (TECHNIP,2011)

    2.4CLASSIFICAO DORISERQUANTO CONFIGURAO

    Os risers podem estar dispostos em diferentes configuraes. A configurao a ser

    utilizada depende de alguns fatores como custo de manuteno, viabilidade de

    instalao e at mesmo atendimento aos critrios de projeto, no que diz respeito aos

    esforos solicitantes gerados. Algumas das principais configuraes encontradas na

    literatura sero apresentadas a seguir.

    2.4.1 RISEREM CATENRIA LIVRE

    A configurao mais comum encontrada no Brasil a catenria livre, conforme

    mostrado na Figura 18. Tanto o riserflexvel quanto o riserrgido podem ser utilizados

    neste tipo de configurao, tendo como diferena principal o ngulo de sada da

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    catenria, podendo variar de 5 a 7 graus para o flexvel e para o rgido ficando em torno

    de 20 graus.

    Figura 18 Riser em catenria livre (OFFSHORE MAGAZINE, 2010)

    2.4.2 RISERSTRACIONADOS NO TOPO (TOP-TENSION RISERS)

    Neste tipo de configurao geralmente so utilizados risersrgidos de ao tracionados

    no topo por flutuadores ou por tracionadores hidrulicos. A configurao que utiliza

    tracionadores hidrulicos ser abordada em detalhes no item 3.2.

    A utilizao de flutuadores no riser exerce a mesma funo dos tracionadores

    hidrulicos. Eles mantm uma trao constante no riser, de forma a evitar a flambagem

    e limitar sua movimentao. Este tipo de dispositivo flutuante bastante empregado em

    risers que sero utilizados em plataformas do tipo SPAR. O flutuador pode ser

    integrante ao no, conforme CHAKRABARTI (2005). O flutuador integrante fixado

    diretamente na junta de riser, enquanto que o no integrante consiste de um duto interno

    chamado de stem(haste) o qual fixa os flutuadores.

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    Figura 19 Flutuador integrante (esq.) e no integrante (dir.)

    O quadro da Figura 20 apresenta os principais tipos de TTR utilizados para guas ultra

    profundas (OFFSHORE MAGAZINE, 2010).

    Figura 20 Sistemas deriserde produo para guas profundas Top-Tension

    (OFFSHORE MAGAZINE, 2010)

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    2.4.3 RISERSHBRIDOS

    Os risers hbridos esto sendo bastante estudados para aplicaes atuais e futuras.

    Recebe esse nome de hbrido por misturar dois tipos de riserscom estruturas diferentes:

    os rgidos e os flexveis. Dentro desse conjunto destacam-se os seguintes tipos:

    a) RiserTower

    b) Risercom bia de sub-superfcie Boio

    a)RiserTower

    Este sistema formado por um riserrgido que se estende desde o fundo do mar at 100

    metros abaixo do nvel dgua, e que em seu topo ligado a um tanque flutuante que

    promove a auto-sustentao do riservertical. A ligao deste risercom a plataforma se

    d atravs de linhas flexveis.

    Figura 21 RiserTowerutilizado em um FPSO com Turret

    Os movimentos impostos pela plataforma no so transmitidos diretamente ao longo do

    duto flexvel para a extremidade do duto vertical. Desta forma, diz-se que as

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    extremidades do duto esto desacopladas. A resposta quase-esttica boa no que diz

    respeito fadiga e ainda h a possibilidade de instalao do sistema submarino e dos

    risersantes da chegada da plataforma. Os problemas atrelados a este sistema ficam por

    conta da instalao e interferncia entre as linhas e a dificuldade de acomodar futuros

    risers.

    O bundlergido permite a montagem dos dutos que compem determinada interligao

    submarina em um nico tubo condutor.

    Figura 22 Bundle rgido doriser tower

    Este tipo de torre tem sido desenvolvido e implantado, por exemplo, no campo Girassol

    (Angola). Material isolante na forma de blocos de espuma sinttica circunda o ncleo e

    separa os tubos e condutos de fluidos quentes e frios, protegendo-os quanto a trocas

    trmicas e funcionando tambm como um sistema de flutuao. A torre se liga a

    aparelhos flutuantes no seu topo promovendo o tracionamento da mesma. O

    tracionamento garante que a estrutura no sofra grandes excurses, com relao a sua

    posio vertical inicial, que ultrapassariam seus limites aceitveis. Deve sempre haver

    trao suficiente para assegurar a estabilidade, no importa o peso da estrutura e o peso

    dos dutos/riserspendurados na estrutura.

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    O riser towerrecebe baixos carregamentos advindos da embarcao flutuante, alm de

    prover alta proteo trmica e ser pouco sensvel fadiga. Por outro lado, seu projeto

    bastante complexo, e tambm deve ser avaliado se existem canteiros disponveis para a

    fabricao e montagem do bundle rgido e se h embarcaes capazes de operar este

    tipo de duto.

    Figura 23 Canteiro de montagem dobundlergido do campo de Girassol

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    Figura 24 Montagem dobundlergido do campo de Girassol

    c)Risercom bia de superfcie Boio

    Este sistema, segundo GRAVINA (2011), consiste de uma grande bia submersa,

    ancorada abaixo da superfcie dgua, suportando risersde ao em catenria (SCRs)

    entre o fundo do mar e a bia, e jumpers flexveis conectando os SCRs unidade

    flutuante. A bia deste sistema ancorada no fundo do mar por quatro tendes e estacas

    de fundao adequadas.

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    Figura 25 Sistema deriserscom boio

    Este sistema resolve os principais problemas encontrados na utilizao de um nico tipo

    de riserem guas profundas: a necessidade de maiores dimetros para linhas flexveis, o

    que inviabiliza o transporte e produo, e para os risersrgidos em catenria (SCR), a

    presena de esforos concentrados na regio de topo e em contato com o solo, com o

    desacoplamento dos movimentos do topo. Este sistema tambm permite a instalao dos

    risers antes da chegada da plataforma, possibilitando, assim, um ganho no prazo de

    interligao dos poos plataforma, e consequentemente, a antecipao da produo docampo.

    2.4.4 OUTRAS CONFIGURAES DERISERS

    Outras configuraes, no mencionadas acima, que fazem uso de bias, arcos e tendes,

    podem ser vistas no quadro da Figura 26 (OFFSHORE MAGAZINE, 2010).

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    Figura 26 Outras configuraes derisers(OFFSHORE MAGAZINE, 2010)

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    3. REVISO DOS CONCEITOS DA TEMTICA DE ESTUDO

    3.1COMPORTAMENTO DE UMA TLP

    Cada unidade de explotao tem seus prprios requisitos para o projeto do sistema de

    risers. Cada uma tem suas peculiaridades como seus movimentos caractersticos,

    maneiras de guiar e suportar os risers, bem como a aplicao do tracionamento

    necessrio.

    Os movimentos mais significativos para a TLP so surge e sway, e um fenmeno de

    assentamento que ocorre durante o passeio da plataforma, causado pelo movimento de

    pndulo invertido caracterstico da mesma, chamado de set-down.

    Figura 27 Passeio da TLP com seu respectivoset-down(PINHO, 2001)

    Uma unidade flutuante apresenta 6 graus de liberdade, caracterizados por 3 translaes

    (arremesso, desvio e afundamento ou em ingls, surge, sway e heave) e 3 rotaes

    (jogo, arfagem e guinada, ou em ingls, roll, pitch e yaw). O RAO (Response Amplitude

    Operator) representa a resposta da plataforma, nos seus 6 graus de liberdade, de acordo

    com a altura de onda e o ngulo de incidncia, para diferentes perodos de onda. As

    Figuras 28 a 30 ilustram RAOs para head seas (onda incidente com direo de proa

    para popa) de diferentes plataformas flutuantes: barcaa tipo navio (Barge type Vessel),

    SPAR e TLP. Pode-se observar que o movimento de heave da TLP, bem como seu

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    movimento de pitch, so praticamente zero, fator muito importante para viabilizar a

    utilizao de um sistema de completao seca.

    (a) (b)

    Figura 28 a) RAO referente ao movimento de SURGEparahead seas

    (CHEDZOY, 2003); b) Graus de liberdade de uma unidade flutuante (GUIGON,

    2011)

    Figura 29 RAO referente ao movimento dePITCHparahead seas (CHEDZOY,

    2003)

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    Figura 30 RAO referente ao movimento deHEAVEparahead seas (CHEDZOY,

    2003)

    A forma mais comum de casco para uma plataforma do tipo TLP consiste em quatro

    colunas verticais ligadas por pontes (pontoons) horizontais formando um quadrado no

    nvel da quilha. Tendes verticais fixados ao fundo e conectados a cada coluna fazem a

    ancoragem do casco no fundo do mar. Essas colunas e pontes circundam o local de

    acomodao dos TTRs, mas no oferecem qualquer proteo aos risers contra as

    condies ambientais naquele local.

    Um componente crtico de uma TLP seu sistema de tendes, o qual atua como um

    sistema de ancoragem vertical, sendo tracionado a todo o momento por uma parcela da

    fora de empuxo. A configurao do tendo sensvel profundidade e ao tamanho da

    plataforma. H pouco tempo atrs, as TLPs tinham uma limitao de lmina dgua de

    1500 metros devido ao desafio de prover uma rigidez axial de seus tendes adequada

    para atender aos critrios caractersticos de movimento da plataforma. No entanto,

    estudos e desenvolvimentos esto sendo realizados para encontrar solues para este

    problema. Hoje, j existe tecnologia para contornar este fato (Alves et al., 2010),

    permitindo o projeto de TLPs para lminas dgua ultra profundas.

    Para acomodar os movimentos relativos entre o risere a plataforma, jumpersflexveis

    so utilizados para conectar a rvore de natal e a cabea do tubo de produo no deck.

    Os risers so tracionados individualmente por tracionadores hidropneumticos

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    33

    posicionados no deck. As linhas de riser se movem livremente entre o ponto de

    tracionamento e a cabea do poo no fundo do mar, onde esto fixados. A interface

    entre risere plataforma pode variar bastante dependendo do tipo de unidade flutuante.

    Em uma plataforma SPAR, por exemplo, devido ao seu grande calado, o riserrequer

    uma junta de quilha (keel joint) para controlar as altas tenses nessa regio devido agrandes curvaturas, geradas por grandes offsetse movimentos dinmicos depitch. Essa

    keel jointno necessria na TLP, pois seu calado e suas excurses laterais (devido a

    seu sistema de ancoragem com tendes) so bem menores. A nica interface entre riser

    e a plataforma ocorre no tracionador que normalmente incorpora um centralizador, no

    qual atravs deste que os movimentos de surgee swayso transmitidos ao riser.

    Figura 31 Configurao dodeckcom o sistema de tracionamento, juntas e o

    jumperflexvel (adaptado de DNV-OS-F101, 2001)

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    34

    3.2TOP TENSIONED RISER(TTR)

    Top Tensioned Risers, ou em portugus risers tracionados no topo, so usados como

    dutos que conectam as plataformas de produo e os equipamentos utilizados no fundo

    do mar, permitindo a utilizao do sistema de produo com completao seca (rvore

    de natal seca), sendo utilizados tanto em SPARS como em TLPs.

    Figura 32 - Configurao geral de um TTR de produo DNV-OS-F101 (2001)

    Este tipo de riser utilizado como riser de perfurao e completao em MODUs

    (Mobile Offshore Drilling Unit) ou como risersde produo em SPARs e TLPs.

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    35

    (a) (b)

    Figura 33 Exemplos de: a)riserde perfurao; b)riserde produo

    A configurao TTR depende da funo do riser (perfurao, produo, etc.) e donmero de tubos selecionados (casingsimples ou duplo). No caso de casingsimples a

    seo do riser constituda por um tubo de produo chamado de tubinge protegido

    externamente por um tubo externo chamado de casing. O casing duplo formado

    quando a seo transversal apresenta dois casingsconcntricos. O grande problema em

    utilizar casings duplos no significativo aumento de peso do riser. Isso implica na

    limitao do sistema de tracionamento, pois, para lminas dgua ultra profundas o riser

    pode ficar to pesado que no seria possvel encontrar no mercado um tracionador que

    suportasse toda essa carga. Isso implicaria tambm no tamanho desses tracionadores,demandando uma maior rea para o posicionamento dos mesmos na plataforma, alm

    de aumentar os custos do riser (THOMAS et al.,2004).

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    Figura 34 Casingsimples ou duplo

    O corpo principal montado com segmentos rgidos conhecidos como juntas. Essas

    juntas podem ser de ao, titnio, alumnio ou materiais compsitos, embora o ao seja o

    mais usado. Sucessivas juntas so ligadas por conectores como: roscas, flanges,

    grampos e pinos.

    O passeio (offset) da plataforma induz tenses na base do risere no seu topo. medida

    que a profundidade aumenta, a influncia do movimento da embarcao nas sees do

    riser perto do fundo do mar ser menor. No entanto, sob certas condies locais, as

    correntes em guas profundas podem induzir significantes deflexes e tenses na parte

    do riserjunto ao fundo do mar.

    Ondas induzem danos por fadiga e interferncia de risers, e isso um dos parmetros

    que rege o dimensionamento no projeto de risersem guas ultra profundas. O fenmeno

    do desprendimento de vrtices resulta em uma fora oscilatria transversal ao fluxo,

    denominada de fora de sustentao aplicada sobre o riser, que oscila com uma

    determinada freqncia. Se uma das freqncias naturais do riser estiver perto da

    freqncia de desprendimento dos vrtices, ento esta fora far com que ele comece avibrar podendo entrar em ressonncia. Este fenmeno chamado de Vibrao Induzida

    por Vrtice (VIV), ou do ingls Vortex Induced Vibration. Este um fenmeno que

    deve ser tratado com muito cuidado, pois chave na determinao de danos causados

    por fadiga, e consequentemente, na determinao da vida til do riser. Este trabalho no

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    37

    entrar em detalhes com relao a este fenmeno, deixando para consulta os trabalhos

    referenciados em SANTOS (1998) e LIMA (2007).

    Figura 35 Formao de VIV em elementos cilndricos

    A trao requerida dos tracionadores aumenta medida que se caminha para guas mais

    profundas. Isso implica na necessidade de tracionadores que suportem o peso do riser,

    prevenindo a compresso no fundo e diminuindo a interferncia entre os risers. A

    necessidade de traes mais elevadas vai afetar o tamanho do sistema de tracionamento.

    O riser suportado por sistemas de tracionamento como: tracionadores hidrulicos,

    tracionadores RAM-style e contrapesos.

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    38

    Figura 36 Tracionador hidrulico

    A trao de topo no riserse torna significante para profundidades que ultrapassam os

    1500-2000m, onde sistemas de risers compsitos podem ter alguma vantagem se

    comparado aos risersmetlicos. Em certas profundidades a arquitetura do TTR deve ser

    otimizada para reduzir as tenses de topo, como por exemplo, usar riserscom casings

    simples ao invs de duplos.

    Outra caracterstica presente e limitante do projeto de risers em TLPs o stroke. O

    stroke o movimento do riser em relao plataforma podendo ser para cima (up-

    stroke) ou para baixo (down-stroke) em relao plataforma. O clculo do stroke

    mximo do riser relativo ao deck da plataforma importante para que se avalie a

    capacidade de strokedo tracionador.

    Para uma TLP, o up-stroke e o down-stroke so considerados baseando-se nas

    contribuies da expanso trmica, tolerncias de fabricao e instalao, posio

    inicial do casco da plataforma com relao ao poo e no passeio da plataforma.

    Para um projeto de TTR, podemos citar alguns de seus principais critrios de projeto,

    por exemplo:

    - Movimentos limites da unidade flutuante;

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    - Strokemximo e mnimo permitido do sistema de tracionamento;

    - Mxima tenso no topo do riser;

    - Tamanho do stress joint (enrijecedor);

    - Crescimento do comprimento das juntas dos risers;

    - Interface da corrente com o arranjo e a VIV.

    3.3CARREGAMENTOS ATUANTES SOBRE UMRISERRGIDO VERTICAL

    Um riser recebe diferentes tipos de carregamentos, diretos ou indiretos, devido ao

    ambiente marinho no qual ele est inserido, alm de cargas como seu peso prprio e

    empuxo. Ele deve resistir a estas solicitaes garantindo sua integridade estruturaldurante toda sua vida til. Logo abaixo pode ser vista uma ilustrao de alguns

    carregamentos atuantes no riser, que sero discutidos em maiores detalhes nos itens

    posteriores.

    Figura 37 Cargas ambientais atuantes sobre a TLP e seus respectivosrisers

    (PINHO, 2001)

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    40

    3.3.1 CARGAS ESTTICAS

    I) PESO PRPRIO, EMPUXO E PR-TRAO

    O peso prprio do riser dado por unidade de comprimento, levando em conta todos os

    tubos que compreendem sua seo transversal. de suma importncia que ele seja bem

    definido, pois pode impactar bastante nos resultados da esttica e ainda mais nos da

    dinmica, uma vez que nesta ltima realizada a montagem da matriz de massa que

    levada em conta na equao de equilbrio dinmica.

    O empuxo definido como uma fora, aplicada no centro de gravidade de um corpo,

    que se ope ao sentido do peso prprio, e igual ao volume de fluido deslocado pelo

    corpo vezes a densidade do fluido no qual est imerso.

    =

    A pr-trao, aplicada pelos tracionadores, tem bastante influncia no comportamento

    do TTR, tanto que um dos parmetros de estudo deste trabalho. Ela faz com que o

    risertrabalhe sempre tracionado, evitando sua flambagem.

    II) PRESSO NO TOPO E PRESSO EXTERNA

    No topo do riser(Figura 38) pode atuar uma presso esttica e independente do peso

    especfico do fluido interno, a qual somada presso interna.

    = + ( )

    onde:

    Pi- presso interna na cota z;

    Pt- presso no topo;

    fluido- peso especfico do fluido interno;

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    z - cota.

    Figura 38 Ilustrao dos parmetros para considerao das presses (SANTOS,

    1998)

    III) CORRENTE

    As correntes marinhas podem ser geradas por diversos fatores, tais como: mars, ventos,

    quedas de presso baromtrica e diferenas de densidade entre diferentes regies do

    mar. Na verdade, o que realmente interessa para o clculo de um riser o perfil de

    corrente no local de instalao. A velocidade da corrente e sua direo podem variar

    com a profundidade. Normalmente o maior valor de velocidade se d na superfcie. O

    perfil de corrente fornecido ao longo da profundidade formando uma poligonal, e

    aplicado estaticamente durante as anlises.

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    Figura 39 Perfil de correntes marinhas (ALVES et al., 2010)

    IV) INDUO DE ESFOROS PELO MOVIMENTO IMPOSTO

    CORRESPONDENTE AO OFFSETESTTICO DA PLATAFORMA

    Ainda na anlise esttica, considera-se que a plataforma tenha um deslocamento lateral

    devido ao de vento, onda e corrente, que pode ser chamado de passeio ou

    simplesmente de offset. Geralmente o passeio, seja ela em condies normais, extremas

    ou anormais (caso de amarra rompida) obtido como sendo uma porcentagem da

    lmina dgua em questo. Existem programas que realizam o clculo do offsetmximo

    de uma plataforma, o que no foi o caso deste trabalho. Foram considerados, ento,

    valores de offsetscomo porcentagens referentes lmina dgua em questo, conforme

    encontrado em TLP DESIGN (1992).

    Esse deslocamento lateral transmitido ao riserno ponto de conexo com a plataforma,

    induzindo esforos no mesmo. No caso da TLP, para cada deslocamento horizontal,

    haver um deslocamento vertical associado. A componente vertical do deslocamento

    no ir induzir esforos no TTR, uma vez que o mecanismo do sistema de

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    43

    tracionamento mantm constante a trao no riser, sendo, ento, importante na

    avaliao do strokemximo.

    3.3.2 CARGAS DINMICAS

    I) ONDA

    As ondas irregulares em alto mar geralmente so geradas pelos ventos, e podem, de uma

    forma aproximada, ser representadas por ondas regulares descritas por uma teoria

    determinstica. As elevaes da superfcie do mar so representadas geralmente por:

    Onda regular, determinstica ou monocromtica: tenta representar, de uma formaaproximada, a elevao da superfcie do mar caracterizada, geralmente, apenas por um

    nico harmnico, representado por uma altura e um perodo. Neste caso, a elevao do

    mar pode ser representada por um seno (teoria de Airy) ou por uma forma mais

    complexa (teoria no-linear);

    Onda Irregular ou Onda Aleatria: representada por um somatrio de ondas

    regulares lineares com diferentes amplitudes, frequncias e fases.

    Este trabalho est fundamentado na teoria de onda determinstica, deixando ao leitor aconsulta em CHAKRABARTI (2005) para a obteno de maiores informaes sobre a

    considerao da aleatoriedade da elevao da superfcie do mar.

    A onda regular no representa fielmente a realidade, uma vez que a superfcie do mar

    aleatria, porm toma um tempo muito menor nas anlises realizadas. O volume de

    anlises dinmicas para um projeto de risersgeralmente grande. Vrias condies de

    carregamento so consideradas para os casos de operao, instalao e fadiga. Valendo-

    se de onda regular, normalmente, utilizado um tempo de anlise igual a cinco vezes operodo da onda adotada; em contra partida, no caso de utilizar onda irregular, deve ser

    considerado um tempo maior de simulao, de tal forma a garantir que as diferentes

    ondas tenham sido geradas a partir de um espectro de mar (JONSWAP, OCHI-

    HUBBLE, etc. encontrados em CHAKRABARTI, 2005). Esta forma mais realista,

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    44

    porm, pode ser utilizada na validao dos resultados para o caso onde foram obtidos os

    maiores esforos solicitantes segundo a anlise baseada na teoria de onda regular.

    Conforme citado anteriormente, a onda determinstica pode ser linear ou no-linear. A

    teoria linear, mais conhecida como Teoria de Airy, representa a onda como uma

    senoide, e seu perfil de superfcie livre dado segundo a seguinte equao bi-

    dimensional, com propagao na direo x:

    = ( )

    onde a, e k so constantes e:

    a amplitude da onda

    freqncia de oscilao da onda

    k nmero da onda definido por 2/L

    L comprimento de onda

    As equaes para as propriedades de onda regular podem ser vistas na tabela

    apresentada na Figura 41, obtida em CHAKRABARTI (2005).

    Figura 40 Movimento bidimensional da onda linear (CHAKRABARTI, 2005)

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    Figura 41 Frmulas para teoria de onda linear (CHAKRABARTI, 2005)

    Uma teoria no-linear para uma onda monocromtica procura representar a superfcie

    do mar de uma forma mais realista onde a crista e o cavado tm diferentes amplitudes,

    ao contrrio da representao simplificada da teoria linear de Airy. Durante vrios anos

    surgiram vrias aproximaes: Stokes de 2 ordem, Stokes de 3 ordem, Stokes de 5

    ordem, Cnoidal, Solitria, Stream Function, etc. Por exemplo, o perfil da onda de

    segunda ordem dado ao longo de componentes individuais. Tem-se a primeira onda

    com certa freqncia e altura (primeira ordem). A segunda onda menor em magnitude

    e tem uma freqncia que a metade da especificada na primeira (segunda ordem).

    Estas ondas so ento combinadas, fazendo com que se tenha uma crista mais acentuada

    e um vale mais prolongado, conforme pode ser observado na Figura 42.

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    0 1 2 32

    1

    0

    1

    2

    3

    1 Ordem2 Ordem1 + 2 OrdemNvel mdio do mar

    Stokes Segunda Ordem

    Perodo (s)

    Ampli

    tude(m)

    Figura 42 Representao da Teoria de Onda de Stokes de Segunda Ordem

    O mesmo acontece para Stokes de Quinta Ordem. Esta teoria aplicada para grandes

    ondas em guas profundas. A onda formada pela soma de cinco ordens de onda que

    tem sempre uma magnitude menor e metade da freqncia da onda de ordem anterior.

    A onda no-linear de Stokes tem um efeito significante em estruturas que esto perto da

    superfcie. Para um ponto mais distante do nvel mdio dgua, as ondas tm um

    comportamento mais parecido com a onda linear, e por causa desse efeito que muitos

    componentes estruturais em guas profundas podem ser projetados considerando esse

    tipo de onda linear. No entanto, para a escolha do tipo de onda deve ser seguido o

    critrio indicado na Figura 43 e proposto em API RP2A (2000).

    importante salientar:

    1) Neste projeto final foi sempre adotada a teoria no-linear de Stokes de 5 ordem;

    2) As ondas do tipo no-linear no podem ser somadas para representar um mar

    irregular.

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    Figura 43 Regies de aplicabilidade da funo Stream, Stokes 5 Ordem e teoria

    de onda linear (API RP2A, 2000)

    A ao direta da onda sobre o riser considerada atravs do clculo das velocidades e

    aceleraes da partcula do fluido, e posterior determinao da carga aplicada no riser.

    Mas a principal contribuio da onda a sua ao sobre o casco, causando movimentos

    em diferentes faixas de freqncia, afetando diretamente o comportamento do riser.

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    A equao de Morison uma frmula emprica para a determinao das foras devidas

    a onda e corrente por unidade de comprimento em corpos esbeltos, que leva em

    considerao os efeitos viscosos. A fora calculada pela equao de Morison (1950) para um

    cilindro vertical, sem considerar as velocidades e aceleraes do mesmo, dada pela seguinte

    expresso:

    =

    4 +

    1

    2

    onde:

    f fora exercida pela onda

    densidade do fluido

    CM

    coeficiente de inrcia

    CD coeficiente de arrasto

    D dimetro da estrutura

    a acelerao da onda

    v velocidade da onda

    Se a estrutura se move, ela ir oscilar devido s cargas dinmicas do sistema. Uma

    forma modificada da equao de Morison escrita para descrever a fora por unidade

    de comprimento experimentada pela estrutura unicamente devido ao seu movimento:

    = +

    4 +

    1

    2

    onde:

    f fora gerada devido ao movimento

    densidade do fluido

    CA coeficiente de massa adicionada

    CD coeficiente de arrasto

    D dimetro da estrutura

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    acelerao da estrutura

    velocidade da estrutura

    m massa da estrutura por unidade de comprimento

    O primeiro termo na parte direita da equao representa a inrcia do cilindro, enquantoque os ltimos dois termos so a fora de inrcia hidrodinmica e a fora de arrasto

    devido ao movimento da estrutura.

    Os deslocamentos de uma estrutura submetida ao movimento oscilatrio do fluido

    devem ser incorporados ao clculo das cargas de onda. A equao de Morison original

    foi modificada de modo a levar em considerao as velocidades e as aceleraes

    relativas entre o fluido e a estrutura, resultando em:

    F = Fd+ Fi

    Nesta equao Fd a fora de arrasto obtida como

    =1

    2 ( )

    e Fi a fora de inrcia dada por

    =

    4 (

    )

    A parcela da fora

    C normalmente transferida para o lado esquerdo da

    equao sendo que o coeficiente

    C diretamente incorporado massa da

    estrutura sob a denominao de massa adicional (MA) resultando:

    Mtotal= M + MA

    Assim, a fora dinmica na estrutura se d da seguinte forma:

    =

    4 +

    1

    2 ( )

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    II) INDUO DE ESFOROS PELO MOVIMENTO IMPOSTO NO TOPO

    DEVIDO MOVIMENTAO DA PLATAFORMA

    Conforme a onda incide sobre a plataforma, esta ltima se movimenta, transferindoesses movimentos ao riser atravs do seu ponto de conexo com a plataforma. A

    resposta da plataforma quando uma onda incide sobre ela determinada pelo seu RAO

    (conforme j visto em tpicos anteriores) uma vez sendo feita uma anlise desacoplada,

    ou seja, as linhas de ancoragem no so modeladas, mas apenas o risere a plataforma.

    O ponto chave desta anlise encontrar alturas e perodos de onda que fornecero as

    respostas que induziro aos maiores esforos no riser.

    3.4ANLISE GLOBAL

    A anlise global simula o comportamento do riser representando todo o seu

    comprimento, desde a conexo na plataforma at a regio do solo marinho. Neste caso,

    usualmente, no so representados muitos detalhes, pois, se busca a resposta do riser

    como um todo. Na anlise global necessrio que sejam definidas as caractersticas

    geomtricas e fsicas do riser, bem como as caractersticas do ambiente em que est

    contido.

    A anlise das linhas, ento, pode ser feita de duas maneiras: anlise acoplada ou

    desacoplada.

    Na anlise acoplada o modelo completo. Todo o sistema modelado de uma vez,

    plataforma, riserse linhas de ancoragem, representando todas as interaes existentes

    entre as estruturas modeladas, no que implica em um custo computacional bem maior.

    A prtica comum no projeto de risers a realizao de uma anlise desacoplada,

    conforme adotada neste trabalho.

    A anlise desacoplada trata os movimentos do casco da plataforma separadamente do

    comportamento estrutural dinmico no-linear das linhas de ancoragem e risers. Os

    movimentos do casco podem, por exemplo, ser obtidos atravs de programas como

    DYNASIM ou WAMIT, referenciados em COELHO (2011) e WAMIT (2011)

    respectivamente, onde as linhas so representadas por um modelo simplificado

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    composto por coeficientes escalares de massa, rigidez, amortecimento e carregamento

    que so introduzidos na equao de movimento do flutuante. Como resultado obtm-se

    o RAO, que ser utilizado como dado de entrada em programas como ANFLEX,

    ORCAFLEX, FLEXCOM, ou no caso deste trabalho, DEEPLINES, referenciados

    respectivamente em ANFLEX (1996), ORCINA (2011), MCS (2011) e PRINCIPIA(2009). Assim, pode ser feita a modelagem do riserem elementos finitos, levando em

    conta todos os tipos de cargas estticas e dinmicas pertencentes anlise.

    Figura 44 Fluxograma simplificado de anlise desacoplada de umriser

    3.4.1 ANLISE ESTTICA

    Inicialmente, seja qual for o programa utilizado para anlise de riser, feita uma anlise

    no-linear quase-esttica para a determinao da configurao de equilbrio sob ao

    das parcelas estticas do carregamento, conforme j descritas (peso prprio e empuxo,

    corrente, pr-trao e offset esttico da plataforma). As fontes de no-linearidade em

    problemas de engenharia offshore se apresentam principalmente nos grandes

    deslocamentos das unidades flutuantes ancoradas. importante perceber que a anlise

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    52

    deve ser no-linear, descrevendo melhor o comportamento e os resultados quando

    comparado com o que acontece de fato na realidade. A anlise feita de forma

    incremental sendo obtido o equilbrio a cada passo de iterao, ou seja, sempre referente

    posio deformada da estrutura, muito diferente de uma anlise linear que leva em

    conta apenas a posio indeformada da estrutura.

    3.4.2 ANLISE DINMICA

    A partir da configurao esttica final, aps obter xito no equilbrio em todos os

    passos, feita uma anlise no-linear dinmica no domnio do tempo, que se inicia a

    partir dos resultados obtidos no ltimo passo da anlise esttica. Esta anlise inclui

    todas as parcelas estticas do carregamento e acrescenta a parcela dinmica devido

    ao das ondas.

    A equao diferencial que governa o movimento de um sistema com muitos graus de

    liberdade pode ser encontrada abaixo. A resposta dinmica da estrutura requer a

    integrao desse sistema de equaes.

    + + = ()

    onde:

    M a matriz de massa;

    K a matriz de rigidez onde esto includas a rigidez geomtrica e a rigidez

    elstica;

    C a matriz de amortecimento;

    F(t) o vetor de carga;

    , so os vetores de aceleraes, velocidades e deslocamentos.

    Os vetores so determinados para cada grau de liberdade dos ns da malha de elementos

    finitos empregada na discretizao espacial.

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    53

    Para determinar a soluo da equao dinmica, muitos mtodos de integrao numrica

    podem ser utilizados. Mtodos de integrao no tempo tm como caracterstica

    fundamental aproximar as derivadas que aparecem no sistema de equaes do

    movimento, e gerar uma soluo passo a passo com intervalo de tempo t. A soluo

    dos deslocamentos, no final de cada intervalo, fornece as condies para o comeo dointervalo seguinte. Um dos mtodos de integrao numrica comumente utilizado para

    determinar a resposta das estruturas o Mtodo de Newmark. Este mtodo o utilizado

    no programa DEEPLINES para resolver a equao diferencial de equilbrio dinmico,

    fornecendo aproximaes das aceleraes, velocidades e deslocamentos nos instantes

    seguintes, a partir das aproximaes obtidas nos instantes anteriores.

    Para garantir o equilbrio dinmico, ao fim de cada intervalo de tempo, utiliza-se uma

    formulao incremental-iterativa, o Mtodo de Newton-Raphson, que resolve o

    problema no-linear considerado. Este mtodo tambm utilizado na anlise esttica.

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    54

    4. APLICAO: TOP TENSIONED RISER DE PRODUO

    PARA GUAS ULTRA PROFUNDAS

    4.1 APRESENTAO DO PROBLEMA

    O estudo aqui apresentado trata do projeto de um riser utilizado em guas ultra

    profundas, aproveitando toda a ateno que est sendo dada regio do pr-sal e todo o

    desenvolvimento tecnolgico que est sendo mobilizado em torno da mesma.

    O problema apresenta a anlise do comportamento global de um riser tracionado no

    topo (TTR Top Tensioned Riser), aplicado em uma TLP utilizada para explotao de

    petrleo em guas ultra profundas, com 2200 metros de profundidade. A Figura 45

    apresenta um esquema do riserem questo.

    Figura 45 Configurao do TTR de estudo

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    55

    O riser constitudo por vrias juntas, que so unidas por flanges, formando uma

    grande coluna de produo, que trabalha sempre tracionada para evitar sua compresso.

    No topo h um tracionador, onde aplicada uma trao que permanece constante

    independente da movimentao do riser e do prprio movimento que imposto pela

    plataforma. Este tracionador se conecta a dois pontos: plataforma e ao riser. O nico

    ponto de conexo do risercom a plataforma no centralizador, onde os movimentos da

    unidade flutuante so transmitidos a ele. Deve-se perceber que o movimento vertical do

    riser liberado, ou seja, a possvel movimentao vertical sofrida pela plataforma, que

    neste caso ser praticamente nula por se tratar de uma TLP, no transmitida ao riser.

    No fundo tem-se um enrijecedor, que minimiza as curvaturas sofridas pela coluna. O

    acrscimo de espessura e de dimetro se d apenas no casing, permanecendo o tubing

    com suas dimenses originais.

    A seo transversal do riser composta de dois cilindros metlicos. O interno

    chamado de tubing, destinando-se produo de leo, e o mais externo chamado de

    casing, que protege o tubingdo contato direto com a gua do mar, suportando toda a

    presso externa exercida pela coluna dgua. Entre os cilindros existe um espao

    chamado de anular, que preenchido por um isolante trmico, que minimiza a perda de

    temperatura do leo quente que passa pelo tubing. Um gs, como o hidrognio, foi

    considerado neste trabalho para a realizao das anlises. A troca trmica entre o leo e

    o meio externo um problema que deve ser estudado com bastante cautela, para que se

    possa garantir o perfeito escoamento do leo impedindo a formao de parafina, e a

    consequente parada de produo deste riser. Este assunto no ser abordado neste

    trabalho, e ser assumido que a troca trmica atende aos critrios de projeto.

    4.2 MODELAGEM DORISER

    O programa utilizado neste trabalho foi o DEEPLINES. Ele um programa comercial

    desenvolvido pela PRINCIPIA e pelo IFP (Institut Franais du Ptrole Instituto

    Francs do Petrleo). um programa dedicado a realizar anlises de estruturas

    marinhas esbeltas, ou seja, estruturas em que uma de suas dimenses muito maior do

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    56

    que as outras (por exemplo: risers flexveis, risers rgidos, umbilicais, linhas de

    ancoragem, etc.).

    Deve-se tomar conhecimento de algumas convenes adotadas pelo programa para que

    a modelagem seja feita de maneira correta e coerente. No que se refere unidade

    flutuante, adota-se a conveno de coordenadas indicadas na Figura 46.

    Figura 46 Conveno de coordenadas do DEEPLINES para a unidade flutuante(GUIGON, 2011)

    Quando os dados de um RAO so recebidos, de extrema importncia verificar o

    comportamento da unidade flutuante frente a uma incidncia de onda advinda de

    diferentes direes. A no uniformidade de convenes entre os diferentes programas,

    bem como possveis erros na obteno do RAO, podem fazer com que a movimentao

    da embarcao no represente muito bem o que de fato acontece na realidade.

    Para a modelagem do riserfoi escolhido um elemento de barra, contendo seis graus de

    liberdade em cada n, onde se levam em conta as rigidezes axial, flexional e de toro

    da estrutura.

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    Um recurso bastante interessante e que foi muito til na modelagem e nas anlises foi o

    dispositivo de tracionamento do riser. Ele funciona aplicando certo valor de trao em

    um ponto definido no riser. Essa trao se mantm constante com a movimentao da

    embarcao, devido relaxao ou alongamento dos cabos que compe o sistema de

    tracionamento definido no programa. Esse dispositivo representa muito bem ocomportamento de um tracionador hidrulico utilizado em TTRs.

    4.2.1 PROPRIEDADES EQUIVALENTES

    As propriedades fsicas e mecnicas do riser foram inseridas no programa de forma

    equivalente. O DEEPLINES, bem como alguns outros programas com a mesma

    finalidade, ainda no tem um tipo de elemento que consiga levar em considerao as

    propriedades fsicas e mecnicas do tubing e do casing juntos. Frente a isso, essas

    propriedades so tratadas de forma equivalente no programa.

    Figura 47 Equivalncia doriser

    A equivalncia nada mais do que tratar um riserque contem vrias camadas de forma

    equivalente, assim como feito em anlises globais realizadas em risersflexveis. As

    propriedades equivalentes devem ser utilizadas de forma cautelosa, necessitando sempre

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    de verificao para avaliar se a equivalncia vlida ou no. Abaixo, mostrado como

    algumas propriedades foram tratadas de forma a obter a equivalncia desejada:

    Rigidez axial: = +

    Rigidez flexional: = +

    Rigidez torcional: = +

    Massa do riser: = +

    importante destacar que no riserequivalente no existir um dimetro externo e uma

    espessura que iro corresponder a todas as rijezas equivalentes calculadas; estas devem

    ser inseridas separadamente no programa. Deve-se tomar cuidado quanto insero dos

    dados do riserconsiderado, sabendo exatamente como o programa os utilizar, de formaa bem representar o caso estudado.

    4.2.2 CARREGAMENTOS AMBIENTAIS E CARACTERSTICAS DO

    MODELO DERISER

    A caracterizao do problema para um caso extremo, bem como parte dos dados, foi

    extrado de ALVES et al.(2010). O restante das informaes foi obtido dentro dos

    estudos realizados anteriormente. Os dados ambientais extremos podem ser vistos logo

    abaixo.

    Dados da onda centenria:

    () ()

    Tabela 1 - Dados da onda centenria

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    Dados da corrente centenria:

    0 0.5 1 1.5 2

    2.3 103

    1.725 103

    1.15 103

    575

    Corrente centenria

    Velocidade (m/s)

    Profundidade(m)

    Figura 48 Perfil de corrente centenria

    Deve-se observar que o carregamento de vento ser considerado dentro dos offsets

    aplicados plataforma.

    A seguir, so apresentadas as caractersticas geomtricas e do material do riser em

    questo, e tambm sua discretizao para a realizao do modelo.

    ()

    ()

    ()

    Tabela 2 - Caractersticas geomtricas e do material

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    ()

    ()

    ()

    Tabela 3 - Discretizao do modelo

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    Presso de projeto: 34 MPa

    Propriedades hidrodinmicas:

    Cd = 1,2 (coeficiente de arrasto)

    Cm = 2 (coeficiente de inrcia)

    Figura 49 Modelo realizado no DEEPLINES

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    62

    Figura 50 Detalhe do tracionador modelado no DEEPLINES

    Algumas hipteses foram adotadas para a realizao das anlises:

    - A movimentao do tubingem relao ao casing solidria.

    - A modelagem da cabea do poo no foi realizada, sendo o modelo truncado no

    enrijecedor (limite inferior do modelo).

    - O limite superior do modelo foi considerado o nico ponto de contato entre o risere a

    plataforma, o centralizador.

    4.3ESTUDO DOS PARMETROS DE ANLISE

    4.3.1 FATOR DE TRAO

    A trao no topo do riser uma componente chave das anlises para avaliar sua

    resposta global. A trao a ser aplicada sobre o riser obtida avaliando-se o peso total

    da coluna de riser situada abaixo do ponto de aplicao da trao, pelo sistema de

    tracionamento, e ento se aplica o chamado fator de trao (FT) sobre este peso, que

    agora corresponder ao valor de trao desejado. A coluna de riserque se situa acima

    do ponto de tracionamento no deve ser levada em conta no peso total onde ser

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    aplicado o FT. A equao que relaciona os pesos da coluna com o FT pode ser vista

    abaixo:

    Fator de trao: =

    onde:

    T - Trao

    W2 Peso da coluna de riseracima do sistema tracionamento (trecho comprimido)

    W1 Peso da coluna de riserabaixo do sistema de tracionamento (trecho totalmente

    tracionado)

    Valores tpicos de fator de trao ficam entre 1,2 e 1,6.

    Neste trabalho, ser avaliada a resposta do risercom relao aos seguintes fatores de

    trao previamente selecionados, baseado no que foi encontrado em livros, artigos e

    prticas de projeto:

    ()

    Tabela 4 - Fatores de Trao

    4.3.2 OFFSETESTTICO

    O offsetesttico, ou passeio, caracterizado pelo deslocamento sofrido por uma unidade

    flutuante, no qual depende das cargas ambientais atuantes na mesma, do sistema de

    ancoragem, da geometria do casco abaixo da linha dgua, e da parte do casco emersa e

    sujeita ao dos ventos.

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    Este trabalho abordar o estudo do comportamento do TTR para diferentes valores de

    offsets estticos aplicados TLP. Os valores selecionados foram baseados segundo

    bibliografia consultada como visto em TLP DESIGN (1992) e ALVES et al.(2010).

    (% )

    Tabela 5 - Offsets Selecionados

    *LDA = Lmina Dgua

    4.3.3 CASOS DE ANLISE

    Foram realizadas anlises quase-estticas e dinmicas no domnio do tempo,

    considerando os efeitos de no-linearidade contidos no problema. Em cada caso

    estudado foram utilizados a mesma onda e perfil de corrente centenrios, ambos

    apresentados no item 4.2.2. Foi considerado o carregamento colinear de corrente e onda.

    A direo e o sentido da onda considerada foi a que incide na plataforma pela proa

    (headseas), direo na qual esta plataforma tem suas maiores respostas (movimentao

    de surge). O mesmo foi feito com a corrente, e ainda, para ser mais conservador, todo o

    seu perfil, ao longo da profundidade, foi orientado na mesma direo e sentido da onda.

    Como j mencionado em itens anteriores, a teoria de onda adotada foi a teoria de Stokes

    5 ordem.

    Com o intuito de avaliar a sensibilidade do riser, os casos indicados nas Tabelas 6 e 7

    foram avaliados. Deve-se observar que o offset dado na mesma direo de incidncia

    da onda sobre a plataforma.

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    % ()

    %

    %

    %

    %

    %

    () ()

    Tabela 6 - Casos Off

    *LDA = Lmina Dgua

    () ()

    Tabela 7 - Casos FT

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    5. APRESENTAO DOS RESULTADOS

    5.1 ESTABILIDADE DA RESPOSTA

    Como hiptese de projeto, o tempo de simulao da anlise foi considerado como cincovezes o perodo de onda utilizado. No helpdo programa DEEPLINES, o mesmo valor

    do tempo de simulao recomendado nesta situao. Este valor de tempo garante que

    a resposta dinmica j tenha sado de sua fase transiente, no entanto, pode ainda no

    garantir sua total estabilizao.

    Para o conjunto de casos apresentados anteriormente, foi realizado um estudo para

    avaliar em que tempo a resposta do riser poderia ser considerada estvel, e assim

    validar ou no a hiptese de cinco vezes o perodo de onda. Os dados obtidos e

    apresentados nas Figuras 51 e 52 so referentes ao histrico da curvatura desenvolvida

    na base do enrijecedor.

    Figura 51 Resposta da curvatura para casos FT

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    Figura 52 Resposta da curvatura para casos Off

    A anlise foi levada at 240 segundos (praticamente 21 vezes o perodo de onda) para

    garantir a total estabilidade da resposta. Nas Figuras 51 e 52 a linha verde tracejadacorresponde ao valor de cinco vezes o perodo de onda utilizado (57,5 segundos) e a

    linha pontilhada azul, ao valor da curvatura considerada estvel. Nota-se que h uma

    diferena entre a resposta estvel e a resposta no tempo recomendado, para ambos os

    tipos de casos apresentados. Visualmente, esta diferena parece ser significativa, mas a

    escala do grfico que pode confundir a princpio. Para que se faa uma melhor

    avaliao destes resultados, os erros das respostas para os casos FT e Off so

    apresentados no grfico abaixo.

    Figura 53 Erro da resposta da curvatura

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    Para os casos FT a abscissa do grfico foi normalizada com relao ao fator de 1.4, e

    para os casos Offo mesmo foi feito, porm a normalizao agora feita com relao

    6%. Com a realizao desta no