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CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPTO. DE MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA Comportamento Populacional de Helmintos Gastrintestinais em Bovinos de corte na Região Norte do Estado do Paraná Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Ciência Animal da Universidade Estadual de Londrina para obtenção do Título de Mestre em Sanidade Animal Mestrando: Elcio Rossi Orientador: Prof. Dr. Milton H. Yamamura Londrina - Paraná 2005

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CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPTO. DE MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA

Comportamento Populacional de Helmintos Gastrintestinais em Bovinos de corte na

Região Norte do Estado do Paraná

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Ciência Animal da Universidade Estadual de Londrina para obtenção do Título de Mestre em Sanidade Animal

Mestrando: Elcio Rossi Orientador: Prof. Dr. Milton H. Yamamura

Londrina - Paraná 2005

Elcio Rossi

Comportamento Populacional de Helmintos Gastrintestinais em Bovinos de corte na

Região Norte do Estado do Paraná

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Ciência Animal da Universidade Estadual de Londrina para obtenção do Título de Mestre em Sanidade Animal

Orientador: Profº Dr. Milton H. Yamamura

Londrina - Paraná 2005

DEDICATÓRIA

Tudo foi feito por intermédio dEle(Jesus) e sem Ele nada do que existe se fez. João 1:3

Este trabalho é dedicado a Deus, autor da vida, por sua incrível provisão em todas as coisas e por manter controle sobre tudo, revelando, através da natureza e testemunhos pessoais que, a despeito de o Homem ter inventado a teoria da evolução como argumento para justificar o ateísmo, “... todas as

coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas”. Hb 4:13

AGRADECIMENTOS

Eis alguns agradecidos apertos em mãos bastante dignas:

- À minha querida esposa Ana Paula pelo apoio constante e por sempre estar ao meu lado.

Não faria nada sem ela.

- Aos meus pais Oscar e Romilda, responsáveis diretos pela minha formação e meus queridos

irmãos Lucas e Kátia. Valeu!!

- Professor Dr. Milton H. Yamamura, não só por ter sido orientador, mas por estar presente

desde o primeiro ano de graduação, assim como nas duas pós. Obrigado.

- Professor Dr. José Guimarães com quem sempre pude contar. Em todo o tempo, mais que

um professor. Obrigado por todos esses anos de trabalho.

- Professor Dr. Ademir B. L. Pereira, a transmissão de seus conhecimentos sempre foi muito

importante. Obrigado por tudo.

- Professor Dr. Odilon Vidotto, mesmo sempre cheio de responsabilidades, todas vez que

precisei, encontrei sua ajuda.

- Professor Dr. Wilmar S. Marçal, sua prestatividade em autorizar o uso do veículo para o

transporte dos animais foi fundamental. Acima de tudo, sou grato pela sua amizade e respeito.

- Dr. César Azevedo Lopes (Phibro), mesmo à distância, suas palavras de apoio e incentivo

sempre foram muito importantes. É alguém que aprendi a honrar, sem sombra de dúvidas.

- Aos acadêmicos de Medicina Veterinária, Alberto, Alexey, Braz, Cíntia, Eduardo, Mari,

Raquel e Thiago. Obrigado pela ajuda inicial, ela foi muito valiosa.

- Nelson da secretaria da pós, só tenho a agradecê-lo. É preciso muita paciência para nos

tolerar.

- Reinaldo, da secretaria do DMVP, obrigado por todo auxílio que me forneceu ao longo

desses dois anos.

- Dalva, do laboratório de parasito, obrigado pelos anos de coleguismo e pelas tão importantes

ajuda fornecidas.

- A todos os professores do curso de Medicina Veterinária.

- A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a execução desse trabalho.

Sumário Página

Revisão Geral.............................................................................................................. 01

Referências Bibliográficas.......................................................................................... 13

Objetivos..................................................................................................................... 16

Artigo Científico

Resumo....................................................................................................................... 17

Abstract....................................................................................................................... 18

Introdução................................................................................................................... 19

Material e Métodos..................................................................................................... 20

Resultados e Discussão............................................................................................... 23

Conclusão................................................................................................................... 30

Referências Bibliográficas.......................................................................................... 31

REVISÃO GERAL

A helmintose é um dos fatores que mais afetam a produtividade dos bovinos

em muitas regiões do mundo. Estima-se que, a cada ano, cerca de 10 milhões de bovinos e

búfalos morrem em conseqüência direta ou indireta da presença de helmintos nestes animais

(HERLICH, 1978).

Na Nova Zelândia (McMULLAN, 1967), por meio de 15 experimentos,

verificou um ganho de peso médio diário de 46% acima / a mais (0,115kg) em bezerros de

corte na fase de desmama, quando tratados com anti-helmíntico de amplo espectro em relação

ao grupo controle. Com relação ao grupo controle, esse aumento produziu um retorno de

200% sobre o capital investido.

Nas Filipinas, Aken et al., (2000), encontraram tanto em bovinos quanto em

bubalinos por meio de cultura de fezes, seis gêneros de nematódeos: Mecistocirrus,

Haemonchus, Trichostrongylus, Cooperia, Bunostomum e Oesophagostomum.

Na Argentina (FIEL et al., 1990) referem-se à ocorrência de uma perda

econômica em torno de U$ 22.000.000/ano causada pelas helmintoses gastrintestinais.

Uma análise do cálculo do benefício obtido com o controle das helmintose

realizada por Pinheiro (1983). Neste, estudo com um rebanho de 100 bezerros, o autor

utilizando a equação: Benefício = Ganhos adicionais (peso) + valor de redução na mortalidade

- custo de investimento, foram observados ganhos adicionais em peso vivo de 67 kg/animal,

que corresponde a 33 bezerros de 200 kg. Some-se ainda o índice de redução de mortes, que

neste estudo foi de 10 bezerros, e os custos individuais por animal controlado, que foi de

quatro quilos de peso vivo, o que corresponde a dois bezerros dosificandos de 200 kg. Assim

o benefício final estimado para o experimento, foi equivalente a mais 41 bezerros.

Bianchin & Melo, (1985), Bianchin et al., (1986) e Bianchin, (1986),

apresentaram diversas análises do custo/benefício do tratamento de helmintoses em condições

controladas, bem como as taxas de crescimento alcançadas. Os resultados variaram os

experimentos devido a muitos fatores que interferem neste tipo de trabalho, porém o peso

adicional ficou. Porém, a observação de que os animais tratados segundo esquemas

estratégicos perdem menos peso no período seco e ganham mais durante a fase de ganho

compensatório, quando comparados com animais não tratados ou tratados somente duas vezes

ao ano, parecem ser os resultados mais importantes destas avaliações entre 15 e 43 kg,

parecem ser os resultados, mais importantes destas avaliações.

No Mato Grosso do Sul, Melo (1977) verificou um ganho de 15 kg de peso

vivo por cabeça para animais tratados estrategicamente em quatro oportunidades nos primeiro

e segundo anos de vida do animal. Também no Rio Grande do Sul, Pinheiro, (1970, 1978,

1979, 1981 e 1983), tem conseguido, através de tratamentos estratégicos, ganhos de

peso/animal controlado de 30 kg a 70 kg em comparação com os não medicados.

Os sistemas cituas de criação de bovinos no Brasil tornaram-se bastante

especializados, procurando ser economicamente viáveis e competitivos com outras atividades.

Para atender tais objetivos, uma das medidas de manejo utilizada é a intensificação do uso das

pastagens, com aumento da relação unidade animal/área. No entanto, essa condição propicia

aos animais maior infecção parasitária, o que acarreta baixo índice de crescimento e aumento

da taxa de mortalidade, como já observado no sul do país, onde pode atingir 10%

(BIANCHIN, 1996).

Os estudos epidemiológicos das helmintoses em bovinos, implicam numa

análise do processo dinâmico das infecções pelo qual os parasitos entram em contato e se

mantêm nas populações dos seus hospedeiros. Este processo é dividido em duas fases

distintas: a de vida livre, que representa o momento de permanência na pastagem, e a fase

parasitária, que é caracterizada pela ação efetiva dos parasitos e pela reação do mesmo,

determinando uma lesão cuja magnitude varia de acordo com a quantidade e tipo de parasito

que penetrou no hospedeiro.

Este potencial de infecção depende das condições ecológicas serem favoráveis

ao desenvolvimento larval e permitir a sobrevivência do parasita até encontrar um novo

hospedeiro e infectá-lo.

De acordo com as observações de HONER & BIANCHIN, (1986), os melhores

índices para medir as taxas de translação são em primeiro lugar o número de helmintos

encontrados em animais traçadores. Em segundo, o número de larvas infectantes de helmintos

encontrados em amostragens do meio ambiente. Ainda de acordo com o mesmo autor, existe

uma preferência pela técnica do emprego de animais traçadores por esta ser mais fidedigna às

condições ecológicas e, portanto, mais fácil a sua interpretação, permitindo depois de alguns

anos, uma análise multivariada que indica o peso relativo dos componentes (temperatura,

umidade relativa do ar, evapotranspiração, tipo de pastagem, índice pluviométrico) no

processo de translação. Assim, há possibilidade de elaborar um modelo dinâmico da infecção

devido a um conjunto de parasitos nas condições locais definidos durante o período de

observação.

Reforçando esta idéia, BIANCHIN et al., (1986), observaram a limitação da

técnica de quantificação dos níveis de contaminação de pastagens por larvas infectantes (L3)

de nematóides gastrointestinais de bovinos nas condições de Mato Grosso do Sul, no período

chuvoso, farte quando e chuvas pesadas freqüentes que podem proporcionaram alagamento

das parcelas diminuindo o número de L3 recuperáveis, ao contrário do que pode ocorrer na

estação seca. Em conseqüência, ocorrem falsas contagens que não refletem a dinâmica

sasonal demonstrada com animais traçadores.

Se o processo de translação resulta na população de helmintos dentro do

hospedeiro, a redução desta taxa de translação obtida pela aplicação de anti-helmíntico que

removem os helmintos quando em maior incidência e para prevenir a infecção HONER &

BIANCHIN, (1986), ressaltaram que não é mais justificável o simples tratamento dos animais

quando convém ao produtor ou somente de animais doentes, onde a razão custo/benefício é

completamente desfavorável nestas circunstâncias.

Bianchin, (1986), observou a necessidade de se conhecer a epidemiologia dos

helmintos nas diferentes regiões ecológicas para chegar a um controle eficiente e econômico

e, que o estabelecimento de controle estratégico é preferencialmente preventivo e seus efeitos

são notados a médio e longo prazo.

Desta forma, no calendário sanitário de uma propriedade devem estar inclusas

aplicações de anti-helmínticos que, utilizados de maneira estratégica, garantam maior

produtividade e retorno econômico (FURLONG et al., 1993). Entretanto, esse aspecto deve

ser embasado no conhecimento das espécies de helmintos presentes nos bovinos da região,

assim como na sua epidemiologia.

Pinheiro (1983), enfatizou que o benefício obtido com a adoção de esquemas

estratégicos de controle é similar a uma curva em função da produção em que cada medicação

utilizada no momento indicado pela pesquisa, deve proporcionar um aumento de produção

muito superior ao gasto com o tratamento.

Nimer, (1977), caracterizou o sul do Brasil como uma região das mais

uniformes e de maior grau de unidade climática. Sua uniformidade é expressa pelo

predomínio de clima mesotérmico, superúmido, sem estação seca e sua unidade pelo ritmo

característico de região temperada. Apesar dos trabalhos quais serem realizados em outras

regiões do sul do Brasil, que não espelham uma realidade climatológica para norte do Paraná,

diferindo das características citadas por Nimer, (1977)

Furlong et al., (1985), relataram que na região de Zona da Mata de Minas

Gerais, a precipitação foi o indicador climático mais adequado à região para a previsão de

disponibilidade de larvas nas pastagens.

Em vaca leiteira observa-se aumento da produção de ovos de vermes

gastrointestinais no período pós-parto sendo responsável pela contaminação das pastagens por

larvas infectantes que são fontes de infecção para os animais jovens antes do desmame e

interferindo nos dados epidemiológicos.

Os ovos e principalmente as larvas de helmintos, têm a capacidade de

sobreviver por períodos muito extensos no pasto. O bolo fecal protege as larvas infectantes da

dissecação, fazendo com que algumas perdurem no pasto por vários meses, ou até mais de um

ano (ARMOUR, 1985). Mesmo em períodos de seca encontra-se boa quantidade de larvas,

principalmente de Cooperia spp. nas pastagens (MELO, 1977; BIANCHIN & GOMES, 1982

e BRAGA & HONER, 1982).

Dimander et al., (2003), observaram, na Suíça, que os gêneros mais prevalentes

foram: Ostertagia, Cooperia e Nematodirus.

A adoção do desmame precoce em gado de leite mestiço determina, antes de

dois meses de idade, infecções helmínticas gastrintestinais. Em exames de fezes objetivando a

contagem de O.P.G., foram observados ovos de Srongyloides nas fezes de bezerros já aos 15

dias de idade (LIMA et al., 1983). Igualmente, Costa et al., (1997) constataram que esta

parasitose era responsável pela incidência de diarréia em bezerros nas primeiras semanas de

vida, onde a principal via de transmissão foi a transmamária, com eliminação de larvas pelo

colostro no 2º dia e no leite até oito dias e com um período de pré-patência de nove dias.

Bianchin & Melo, (1985), analisaram o efeito do aumento da contagem de

O.P.G. pós-parto em 10 vacas de primeira cria, 12 de segunda cria e 12 de terceira cria e

obtiveram como resultado um aumento após primeira e segunda semana pós-parto, sendo que

os animais de primeira cria apresentaram maior valor na contagem de O.P.G., o qual foi

diminuindo gradativamente nos animais de segunda e terceira crias. As conseqüências

epidemiológicas advindas desta contaminação nas pastagens nesta época poderão ser

significativas para os bezerros.

Em trabalhos realizados por Bianchin et al., (1985) com bezerros desmamados

nas idades de 90, 150 e 210 dias, observou-se uma maior carga parasitária nos bezerros

desmamados com 150 dias, após a realização de necropsia aos 210 dias, sendo que o maior

número de formas imaturas foi encontrado nos bezerros desmamados com 90 dias.

Pinheiro, (1983), ressalta que no Rio Grande do Sul o controle adequado das

parasitoses clínicas e, principalmente sub-clínicas, tem conseguido, além da eliminação das

mortes por parasitismo, elevar a produtividade dos animais em cerca de 100% em comparação

com a média local.

O benefício decorrente da aplicação do esquema estratégico de controle é

semelhante a uma curva de função de produção, em que cada medicação no momento

indicada deve proporcionar um incremento de produção muito superior ao gasto com o

tratamento (PINHEIRO, 1983, p. 5).

Apesar da maioria dos criadores fazer o uso de anti-helmínticos para controle

da verminose, o fazer, em sua grande maioria, de maneira inadequada, utilizando um número

insuficiente ou excessivo de doses, e em épocas inapropriadas ou ainda utilizando princípios

ativos ineficientes no controle das helmintoses. Um número expressivo de produtores aplica o

anti-helmíntico apenas por ocasião do desmame, outros o fazem na entrada e saída das águas,

outros ainda só o usam esporadicamente, apenas nos animais "mais sentidos" ou seja, com

sintomas clínicos, (MELO, 1978).

Através de um esquema estratégico de controle é possível estabelecer o número

ideal de dosificações em uma determinada propriedade e ao mesmo tempo obter um controle

mais eficiente da verminose através da aplicação de anti-helmínticos em determinadas épocas

do ano, desfavoráveis aos estágios pré-infectantes dos nematódeos gastrintestinais nas

pastagens (MELO, 1983).

Em condições de campo, o bovino possui também a característica de um

expressivo crescimento depois da seca GP compensatório, o qual conseqüentemente pode

mascarar a perda real, devido aos helmintos. A situação é diferente nas regiões de translação

contínua e com animais taurinos, onde a alta taxa de infecção, as espécies de helmintos e a

reação do hospedeiro se somam e causam situações clínicas evidentes com perda de peso e

mortalidade (BIANCHIN, 1987).

Ainda Honer & Bianchin, (1987), fazem considerações sobre as dificuldades de

se mensurar no campo as perdas de produção devido à helmintoses em razão dos vários

fatores que podem interferir com as observações. Entretanto, são necessários resultados de

pesquisas para que o produtor adote a tecnologia, cujos benefícios serão evidenciados em

longo prazo.

Freqüentemente refere-se somente a ganho de peso adicional como resultante

da utilização de tratamentos com anti-helmínticos e as respectivas análises de custo x

benefício normalmente são baseadas neste perfil. Ressalta Bianchin, (1987), que o mesmo não

é o aspecto ímpar de importância. Há de se analisar o fator temo, o qual em muitas situações é

de relevante interesse. Principalmente quando com o ganho adicional de determinado peso o

animal poderá chegar mais cedo ao peso desejado para sua finalidade (abate ou reprodução).

Conseqüentemente o período de manutenção do animal será reduzido, e igualmente, menor

será o investimento.

Segundo estudos de Honer & Bianchin, (1987), este fator é mais relevante em

áreas de criação intensiva. O ganho de peso/tempo pode ser de grande importância nas

criações extensivas desde que a propriedade tenha um manejo controlado. Conforme estudos

realizados em Santa Catarina, onde foram registradas diferenças de até 19 meses para que os

animais atingissem o peso de abate em diferentes esquemas de tratamento utilizados.

(RAMOS & RAMOS, 1978 e SORRENSON et al., 1985). É interessante observar aqui que,

embora o produtor deva investir no insumo anti-helmíntico, o retorno não se refere somente o

ganho de peso direto, mas também na melhor utilização do animal e na diminuição do tempo

necessário para se manter o animal em uma categoria de menor benefício ao produtor.

O benefício neste caso é complexo: o peso ganho no animal mais o peso não

perdido durante as duas épocas analisadas.

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OBJETIVOS

Geral: conhecer o comportamento populacional de helmintos, principalmente nematóides,

causadores de gastrenterite de bovinos na região de Ângulo, norte do estado do Paraná.

Específicos: Conhecer o comportamento estacional da população de larvas presentes nas

pastagens;

Conhecer a epidemiologia dos helmintos na região;

Correlacionar a presença de helmintos com as diferentes estações do ano nessa

região.

COMPORTAMENTO POPULACONAL DE HELMINTOS GASTRINSTESTINAIS

EM BOVINOS DE CORTE NA REGIÃO NOTE DO ESTADO DO PARANÁ

RESUMO

Foi estudado o comportamento populacional de helmintos gastrintestinais em bovinos de corte

na região norte do Paraná durante o período de novembro/2004. Foram utilizados 24 bezerros,

mestiços, fêmeas com idade variando de 06 a 08 meses. Mensalmente dois animais traçados

foram sacrificados. O abomaso e os intestinos delgado e grosso foram examinados para

contagem de nematóides gastrintestinais. O número total de helmintos encontrados nos

animais foi de 37.207. A distribuição populacional se deu da seguinte forma: Cooperia spp:

20.397 (54,82%), Haemonchus spp: 9.674 (26,00%), Oesophagostomum sp: 3.177 (8,54%),

Trichostrongylus spp: 2.865 (7,70%), Trichuris sp: 509 (1,37%), Bunostomum spp: 273

(0,73%), Ostertagia spp: 193 (0,52%) e Nematodirus spp: 119 (0,32%). Os animais

apresentaram tendência de alojar maior população de helmintos nas estações de outono e

primavera.

PALAVRA-CHAVE:

Helmintos gastrintestinais, bovinos de corte, traçadores

THE POPULATION BEHAVIOR OF GASTROINTESTINAL HELMINTHES ON

BEEF CATTLE IN THE NORTH OF PARANÁ STATE

ABSTRACT

It was studied the population behavior of gastrointestinal helminthes in beef catlle in the north

of Paraná State in the period of November 2003 and November 2004. Twenty-four cross-bred

female heifers, aging form 06 to 08 months old, were used. Monthly, two tracers were

sacrificed and had their abomasums and their large and small intestines examined for

gastrointestinal nematode counting. The total number of helminthes found was of 37.207. The

distribution of the population was as follow: Cooperia spp: 20.397 (54,82%), Haemonchus

spp: 9.674 (26,00%), Oesophagostomum sp: 3.177 (8,54%), Trichostrongylus spp: 2.865

(7,70%), Trichuris sp: 509 (1,37%), Bunostomum spp: 273 (0,73%), Ostertagia spp: 193

(0,52%) e Nematodirus spp: 119 (0,32%). The animals showed the tendency of settling the

majority of the helminthes population in the seasons of autumn and spring.

KEY WORDS:

Gastrointestinal helminthes, beff cattle, tracers.

INTRODUÇÃO

Os nematódeos gastrinstetinais são os agentes etiológicos diretamente

relacionados com a diminuição da produtividade na pecuária bovina (REINECKE, 1989)

Estudos sobre ocorrência de helmintoses gastrintestinais em animais adultos

têm sido relatados mundialmente (AGNEESSENS et al., 2000).

No Brasil, bovinos criados em pastagens naturais, estão expostos à infecção

por larvas de nematódeos gastrintestinais e pulmonar, particularmente dos gêneros, Cooperia,

Hemonchus, Ostertagia, Strongyloides, Trichostrongylus, Oesophagostomum e Dictyocaulus.

A incidência e distribuição destes parasitos apresentam variações regionais e sazonais,

dependendo de vários fatores como regime pluvial, ecossistema, manejo, tipo e idade dos

animais.

Quando se estuda e se conhece o comportamento estacional de nematódeos

gastrintestinais em uma região, torna-se possível estabelecer medidas estratégicas de controle.

De acordo com Honer e Bianchin, 1986 a utilização de animais traçadores se

constitui no modelo mais fiel às condições reais, por refletir a dinâmica sazonal de uma

determinada região, diferentemente dos métodos de coproscopia e coprocultura que não

fornecem parâmetros seguramente confiáveis.

O objetivo do presente trabalho foi conhecer o comportamento estacional de

nematódeos gastrintestinais de bovinos de corte na região norte do estado do Paraná durante o

ano de 2004.

Material e Métodos

O experimento foi realizado durante o período de novembro de 2003 a

novembro de 2004 na fazenda Boa Esperança, no município de Ângulo, situado na região

norte do estado do Paraná, latitude (S) 23º32', longitude (W) 51º11', com altitude de 566

metros. O clima é subtropical segundo Koppen Csb, semi-úmido, mesotérmico, verão quente,

geadas menos freqüentes, com tendências de concentrar chuvas nos meses de verão,

precipitação anual de 1.600 mm. Verão - trimestre mais chuvoso (dezembro, janeiro e

fevereiro) com 550 mm e o inverno - trimestre menos chuvoso (junho, julho e agosto) com

250 mm. Temperatura média anual de 20ºC, sendo fevereiro o mês mais quente com 23ºC e

julho o mês mais frio com 16ºC. A umidade relativa do ar é de 75% e a evapotranspiração é

de 1.000mm. O solo com B latossólico não hidromórficos.

Animais traçadores

Foram utilizados 24 bezerras desmamados, da raça Nelore, fêmeas, com idade

variando entre seis a oito meses, criados em regime de estabulação completa e alimentados

com silagem de milho, alfafa, concentrado e sal mineral.

Mensalmente, dois animais traçadores foram estabulados por 14 dias no setor

de Isolamento do Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina, período no qual

foram vermifugados com Cloridrato de Levamisol na dose de 2 ml para cada 20 kg de peso

vivo e monitorados pela análise coproparasitológica quantitativa, segundo a técnica de

Gordon e whitlock (1939) para a certificação de estarem livres de nematóides

gastrintestionais. Após esse período, os animais foram transportados para a Fazenda Boa

Esperança no município de Ângulo – Pr e mantidos sob regime de pasto juntamente com os

animais contaminadores da propriedade pelo período de 28 dias, tempo após o qual foram

novamente conduzidos à Universidade Estadual de Londrina, mantidos estabulados por mais

14 dias e, então necropsiados.

A eutanásia foi realizada após jejum de 12 horas. Foram separados e abertos

para análise o abomaso e os intestinos delgado e grosso.

Do conteúdo e raspagem dos órgãos citados foi retirada uma alíquota de 10% e

fixados em solução de Formol a 5% (UENO e GUTIERRES, 1988)

A digestão ácida dos raspados de mucosa do abomaso, intestino delgado e

intestino grosso, foi feita com uma solução de ácido clorídrico a 10% em estufa a 40ºC por

um período de 4 horas (DORCHIES e LAHITTE, 1986)

Animais contaminadores

Os animais contaminadores eram bovinos desmamados com idade variável de

6 a 12 meses e mantidos nas condições de manejo adotado na propriedade. Desses animais

foram colhidas amostras fecais a cada 14 dias para realização dos exames coprológicos de

contagem de ovos nas fezes e cultivo de larvas infectantes.

Contagem de ovos de nematódeos gastrintestinais nas fezes

Para a avaliação do número de ovos nas fezes foi utilizada a técnica de Gordon

& Whitlck, (1934) modificada.

Coprocultura para obtenção de larvas infectantes de nematódeos gastrintestinais

A obtenção das larvas infectantes de deu através de seu cultivo, segundo a

técnica de Roberts & O'Sullivan, (1950).

Contagem de nematódeos gastrintestinais coletados em necropsia

Para contagem de nematóides gastrintestinais foi utilizada a técnica

preconizada por Ueno & Gutierres, (1988).

Os dados climáticos foram obtidos junto ao SIMEPAR-PR. As representações

dos gráficos bioclimáticos foram obtidas conforme os dados de precipitação mensal e com as

médias mensais das temperaturas médias (LEVINE, 1963).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número total de helmintos encontrados nos animais traçadores durante o

experimento foi de 37.207 distribuídos da seguinte forma: Cooperia spp: 20.397 (54,82%),

Haemonchus spp: 9.674 (26,00%), Oesophagostomum sp: 3.177 (8,54%), Trichostrongylus

spp: 2.865 (7,70%), Trichuris sp: 509 (1,37%), Bunostomum spp: 273 (0,73%), Ostertagia

spp: 193 (0,52%) e Nematodirus spp: 119 (0,32%).

Número de ovos por grama de fezes

Os resultados encontrados nos animais traçadores revelaram maior

concentração de ovos por grama de fezes nos meses compreendidos entre abril e junho e entre

setembro e novembro (tab1).

Out/03 Nov/03 Dez/03 Jan/04 Fev/04 Mar/04 Abr./04 Mãe/04 Jun./04 Jul./04 Ago04 Set/04 Out/04 Nov/04

750 450 300 350 350 300 450 650 500 400 350 400 350 450

Tabela 1. Média OPG entre o período de out/03 e nov/04 obtida de animais traçadores

Resultados semelhantes foram encontrados por Lima et al., (1990); Bianchin et

al., (1991); Bianchin, (1991) e Almeria e Uriarte, (1999).

As populações de Haemonchus spp, Cooperia spp, Oesophagostomum spp e

Trichostrongylus spp, tiveram as maiores freqüências durante as estações de outono e

primavera na região estudada. Conforme Fig. 1.

Fig. 1. Nematódeos gastrintestinais recuperadas à necropsia de animais

traçadores entre janeiro e dezembro/2004

Lima, (1998), em pesquisa em Minas Gerais, obteve resultados semelhantes.

Na ocasião, os gêneros mais prevalentes foram: Cooperia spp (74,4%), Haemonchus (19,2%)

e Oesophagostomum (4,5%), Trichostrongylus, Trichuris e Bunostomum totalizaram menos

de 1%.

Borges et al, (2001) observaram em Jaboticabal, SP, a presença de Cooperia

spp (77,91%) e Haemonchus spp (18,50%).

O gênero Trichostrongylus spp foi o mais prevalente no município de São

Francisco de Paula, RS, em trabalho realizado por Santos et al. (1994).

Esse fato ocorreu provavelmente porque São Francisco de Paula é uma região

fria e as temperaturas elevadas influenciam negativamente os estados pré infectantes desse

gênero, segundo Robert set al., (1952) e Lee et al., (1960)

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

J a n F e v M a r A b r M a i J u n J u l A g o S e t O u t N o v D e z

Ra

iz q

uad

rad

a d

e n

+1

H a e m o n c h u s

C o o p e r i a

O e s o p h a g o s t o m u m

T r i c h o s t r o n g y l u s

As formas adultas de Cooperia spp estavam presentes durante todas as estações

do ano, com aumento da freqüência no outono e primavera (Fig. 2)

Fig. 2 Número de Cooperia spp recuperadas à necropsia de animais

traçadores no período de janeiro a dezembro/2004

O fato do gênero Cooperia spp se mostrar em maior ocorrência o ano todo

sugere que os requerimentos de precipitação para larvas desse parasita são menores que

Haemonchus e Oesophagostomum. Esse fato foi observado por Reinecke (1960), na África do

Sul, quando constatou que as larvas de Cooperia spp eram mais adaptadas aos extremos de

temperatura e dessecação, com o que concorda também Melo (1977), ao afirmar que, mesmo

durante a estação seca, no Mato Grosso do Sul, um certo número de larvas desse gênero é

recuperado na pastagem, caso não ocorram condições muito adversas de temperatura. O

mesmo foi descrito por Furlong et al., (1985) e Bresciani et al., (2001)

A temperatura média das máximas e das mínimas observadas durante o

experimento, bem como as precipitações médias são mostradas na figura 3.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Núm

ero

de h

elm

into

s

Fig. 3. Temperatura média das máximas, média das mínimas e precipitação

mensal equivalente ao período de janeiro/04 a dezembro/04, para a região de Ângulo, norte

do Paraná.

Dados obtidos junto ao SIMEPAR-Pr

Foi constatada a presença de Haemonchus spp em todos os meses do ano,

porém sua maior ocorrência se deu nas estações de outono e primavera (Fig. 4)

0

500

1000

1500

2000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Núm

ero

de h

elm

into

s

Fig. 4. Número de Haemonchus spp recuperados à necropsia de animais

traçadores no período de janeiro a dezembro/2004

Pimentel Neto (1976), num estudo detalhado da ecologia de Haemonchus spp

na região da Barra Mansa, RJ, concluiu serem as estações de outono e inverno as que

apresentarem níveis mais elevados de infecção. O autor justifica seus resultados em função de

ocorrência de temperaturas mais amenas. Os resultados deste experimento diferem dos

encontrados pelo autor, porém conservam coerência com a justificativa fornecida pelo mesmo

e se assemelham aos encontrados por Guimarães (1977) e Leite et al. (1981) no estado de

Minas Gerais.

Segundo Reinecke (1970), chuvas bem distribuídas no outono em regiões com

ocorrência de verão chuvoso quando vem estímulo para desenvolvimento de larvas de

Haemonchus spp e Oesophagostomum sp.

O gênero Trichostrongylus spp foi recuperado em maior número nas estações

de inverno e primavera, pois com o aumento da temperatura, o tempo de sobrevivência

diminui para esse gênero, fato estudado por Andersen et al. (1966). Fig. 5

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Núm

ero

de

helm

into

s

Fig. 5. Número de Trichostrongylus spp recuperados à necropsia de animais

traçadores no período de janeiro a dezembro/2004

O gênero Oesophagostomum sp esteve presente o ano todo, porém em um

número reduzido.

Ao examinar a distribuição sazonal dos helmintos neste experimento, observa-

se que durante o verão o número de vermes foi reduzido em função da incidência direta da

radiação solar sobre as larvas nas pastagem. (Fig. 6)

Fig. 6. Número total de helmintos recuperados à necropsia de animais

traçadores no período de janeiro a dezembro/2004

0

1000

2000

3000

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mar

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abr-

04

mai

-04

jun-

04

jul-

04

ago-

04

set-

04

out-

04

nov-

04

dez-

04

Tot

al d

e he

lmin

tos

A época seca (abril a setembro) se constitui no período de maior contaminação

para os bovinos, em função da associação de dois fatores importantes: a maior quantidade de

helmintos disponíveis no final da época das águas e a queda de resistência dos animais pela

diminuição da disponibilidade de alimentos.

Formas teciduais de helmintos

Durante o experimento não foram recuperadas larvas teciduais de nematódeos.

Fatos semelhantes também foram observados no Mato Grosso do Sul, por

Melo, (1977); Melo e Gomes, (1977); Melo e Gomes, (1979); Bianchin et al. (1990);

Bianchin, (1991); em Minas Gerais por Furlong et al., (1985) e Lima et al., (1990).

Esses resultados diferem dos encontrados por Neto, (1976) e Bianchin (1978)

no estado do Rio de Janeiro, que verificaram um grande número de formas imaturas em

hipobiose de Haemonchus spp. A explicação parta essa divergência deve-se à metodologia

empregada pelos pesquisadores, que não estabularam os animais após a sua retirada da

pastagem e, portanto, muitas das formas imaturas encontradas no seu quarto estádio inicial

estariam em desenvolvimento normal e não na forma inibida.

CONCLUSÕES

A partir dos dados obtidos, pode-se concluir que:

Para a região norte do Paraná, as estações de outono e primavera são as que

revelaram maior freqüência populacional de nematódeos.

O gênero Cooperia spp foi o mais ocorrente, estando presente em todas as

épocas do ano, com aumento nas duas estações citadas;

A época seca é a mais crítica para os bovinos da região, em função da maior

carga parasitária adquirida nas estações chuvosas associada à queda da resistência dos

animais, provocada pela diminuição da quantidade de alimentos.

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