Composição Química da Lenha

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Trabalho que fala sobre a composição química da lenha para o cálculo da relação ar e lenha para queima na caldeira.

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  • i

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR

    INSTITUTO DE TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA

    WILHELM ABUD KLEINLEIN

    CARACTERIZAO ENERGTICA DE BIOMASSAS

    AMAZNICAS

    BELM

    2010

  • ii

    WILHELM ABUD KLEINLEIN

    CARACTERIZAO ENERGTICA DE BIOMASSAS AMAZNICAS

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia Mecnica da

    Universidade Federal do Par para obteno do

    ttulo de Mestre em Engenharia Mecnica.

    Orientador: Prof. Manoel Fernandes Martins

    Nogueira, Ph.D.

    BELM

    2010

  • iii

    Dados Internacionais de catalogao na publicao (CIP), Biblioteca do Mestrado em Engenharia Mecnica/ UFPA, Belm, PA. K64c Kleinlein, Wilhelm Abud

    Caracterizao Energtica de Biomassas Amaznicas/ Wilhelm Abud Kleinlein; Orientador Manoel Fernandes Martins Nogueira. Belm, 2010.

    Dissertao (mestrado)-Universidade Federal do Par. Instituto de

    Tecnologia. Programa de Ps-Graduao Strictu Sensu em Engenharia Mecnica, 2010.

    1. Energia-Biomassa. 2. Caracterizao energetica de biomassas. 3.

    Anlise termgravimetrica. I. Nogueira, Manoel Fernandes Martins, orientador. II. Ttulo.

    CDD 19.ed. ed. 669.94

  • iv

    WILHELM ABUD KLEINLEIN

    CARACTERIZAO ENERGTICA DE BIOMASSAS AMAZNICAS

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia Mecnica da

    Universidade Federal do Par para obteno do

    ttulo de Mestre em Engenharia Mecnica.

    Orientador: Prof. Manoel Fernandes Martins

    Nogueira, Ph.D.

    Data de Aprovao

    Banca examinadora:

    _______________________________________________________- Orientador

    Prof. Manoel Fernandes Martins Nogueira Ph. D. (UFPA)

    _________________________________________________________

    Prof. Humberto Jorge Jos Dr. (UFSC)

    Membro Interno

    _________________________________________________________

    Profa. Daniele Regina da Silva Guerra Dr. (UFPA)

    Membro Externo

    __________________________________________________________

    Prof. Jess Luiz Padilha Msc. (UFPA) Convidado

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Deus pela sua presena constante na minha vida, sem que eu precise pedir, me dando

    foras e iluminando meu caminho, de modo que eu pudesse concluir mais uma etapa da

    minha vida.

    Aos meus pais, Frederico G. de Souza Kleinlein e Waldira Abud Kleinlein, pelos

    ensinamentos e valores repassados desde o inicio da minha vida, e que contribui at hoje para

    meu crescimento pessoal e profissional.

    Aos meus avs maternos Alfredo Nazir Abud e Esmeraldina Lamela Abud, e Paternos,

    Bruno de Souza Kleinlein in memoriam e Benedita de Souza Kleinlein pelo amor e

    compreenso a mim dedicados.

    minha noiva, Mrcia Cristina O. Tavares pelo seu amor e compreenso nos dias

    difceis, e sua motivao para o termino deste trabalho.

    Ao professor Manoel F. M. Nogueira, na sua orientao transmitiu seus ensinamentos, e

    pelo tempo disponvel e pacincia para eventuais dvidas encontradas com intuito de concluir

    este trabalho.

    Agradeo a toda equipe do EBMA da UFPa por seu empenho e contribuio a este

    trabalho, em especial aos amigos e colegas de trabalho Charles Denys da Luz Alves, Srgio

    Aruana Elarrat e Tiago da Silva Santos

    Ao Prof. Rmulo Simes Anglica, e a aluna de Mestrado Suzyanne Santos da

    Faculdade de Geocincias, pela ajuda nas analises das biomassas. E a todas as outras pessoas

    que contriburam direta ou indiretamente na elaborao deste trabalho.

    Agradeo tambm aos rgos financiadores, que possibilitaram a manuteno de bolsa:

    FINEP que atravs do edital 07/2005 com o projeto: Adaptao e eficientizao de

    gaseificadores de topo aberto operando na Amaznia. Ao CNPq que atravs do edital 33/2006

    possibilitou o projeto: Combustor Ciclnico com Parede de gua para Gerao de Vapor

    Aplicado para Gerao de Energia Eltrica. Pr-engenharia: Desenvolvimento cientfico e

    aprimoramento tecnolgico da converso de biomassa em combustveis de maior valor

    agregado. PE 109/2008.

    Wilhelm Abud Kleinlein

  • vi

    "Mestre no quem sempre ensina, mas quem de repente aprende."

    (Guimares Rosa)

    A coisa mais indispensvel a um homem reconhecer o uso que deve fazer do seu prprio

    conhecimento.

    (Plato)

    A mente que se abre a uma nova idia jamais volta ao seu tamanho original.

    (Albert Einstein)

  • vii

    RESUMO

    A biomassa obteve relevncia energtica como combustvel, uma vez que podem ser

    produzidas em larga escala e no balano global de carbono no contribui para o efeito estufa.

    A maior parte da Amaznia utiliza combustveis fsseis para a produo de eletricidade

    atravs de grupos geradores e termoeltricas. Na regio existe uma grande quantidade de

    resduos de biomassa proveniente de manejo florestal, industrial e de resduos agrcolas, como

    sementes de aa (Euterpe oleracea), casca da castanha-do-par (Bertholletia excelsa),

    angelim pedra (Hymenolobium modestum) e jatob (Hymenaea courbaril). A avaliao

    principal a ser considerada para uso do resduo de biomassa amaznica como combustvel a

    quantificao de suas propriedades. A caracterizao da biomassa energtica realizada

    atravs de uma srie de ensaios, entre eles, anlise imediata e elementar, quantificao do

    poder calorfico superior e anlise termogravimtrica. Todos os ensaios foram realizados de

    acordo com as normas ASTM para biomassas. Este trabalho apresenta a caracterizao de

    energtica de 20 espcies diferentes entre madeiras, cascas e semente e bambus. O poder

    calorfico superior (PCS) encontrado ficou entre 18,79 e 22,22 MJ/kg. A anlise imediata

    apresentou teores de umidade, volteis, carbono fixo e cinzas, entre 14,48 e 6,08%, 91,34 e

    50%, 49,65 e 8,44% e 19,77 e 0,14% respectivamente. O resultado da anlise elementar

    apresentou teor em carbono entre 52,23 e 44,95%, hidrognio 6,50 e 5,23%, nitrognio entre

    6,00 e 0,92%, enxofre entre 0,96 e 0,00%, a frao de oxignio foi obtida por diferena

    ficando entre 44,73 e 35,52%. Resultados da anlise termogravimtrica apresentaram o valor

    global da energia de ativao entre 110,12 e 267,11 kJ.mol-1

    e fator pr-exponencial entre

    7,39x105 e 66,44 S

    -1 para o processo de pirlise. Com os resultados obtidos pode-se

    determinar o valor de PCS com as seguintes equaes = 0,82 + 0,38 + 0,09 e

    = 3,07 32,80 120,92 + 6,45 .

    Palavra-chave:. Biomassa, Anlise Imediata, Anlise Elementar, Poder Calorfico Superior,

    TGA/DTG.

  • viii

    ABSTRACT

    Biomass has obtained relevance as energy fuel once it can be produced at large scale and also

    does not contribute for the greenhouse effect. Most of the Amazon Region uses fossil fuels to

    produce electricity through generators and thermo-electric plants. In the region there is a lot of

    waste biomass from forestry, industrial and agricultural waste, such as aa seed (Euterpe

    oleracea), castanha-do-par shell (Bertholletia excelsa), angelin pedra (Hymenolobium

    modestum) and jatob (Hymenaea courbaril). The main assessment to consider the use of

    biomass waste as fuel is the quantification of their energetic properties through an energetic

    characterization. The energy characterization of biomass is accomplished through a series of

    tests, among them, proximate and ultimate analysis, measurement of calorific value and

    thermal analysis performed in accordance with all ASTM standards for biomasses. This paper

    presents the energy characteristics of 20 different Amazonian species of wood, bark, seeds

    and bamboo. The Higher Heating Value (HHV) was found between 22.22 and 18.79 MJ/kg.

    The proximate analysis showed moisture, volatile, fixed carbon and ash, between 14.48 and

    6.08%, 91.34 and 50%, 49.65 and 19.77 and 8.44% and 0.14% respectively. The ultimate

    analysis result showed carbon content between 52.23 and 44.95%, 6.50 and 5.23% for

    hydrogen, nitrogen between 6.00 and 0.92% and sulfur 0.96 from 0.00%, the oxygen fraction

    being obtained by difference between 44.73 and 35.52%. Results of thermogravimetric

    analysis showed the total energy activation value between 110.12 and 267.11 kJ.mol-1, the

    pre-exponential factor (frequency factor) between 66.44 and 7.39 x105 S-1

    for the process

    pyrolysis. With these results we can determine the value of HHV The following equations

    = 0,82 + 0,38 + 0,09 e = 3,07 32,80 120,92 + 6,45 .

    Keywords: Biomass, Immediate Analysis, Elemental Analysis, High Heating Value,

    TGA/DTG.

  • ix

    SUMRIO

    CAPITULO 1: INTRODUO E OBJETIVO ............................................................................... 14

    1.1 Introduo:....................................................................................................................................................... 14

    1.2 Objetivo: .......................................................................................................................................................... 18

    CAPITULO 2: REVISO DA LITERATURA ............................................................................... 19

    CAPITULO 3: METODOLOGIA ..................................................................................................... 22

    3.1 Procedimento ................................................................................................................................................... 22

    3.1.1 Amostragem e preparao ............................................................................................................................ 22

    3.1.2 Anlise Imediata ........................................................................................................................................... 24

    3.1.2.1 Teor de umidade (%): ................................................................................................................................ 25

    3.1.2.2 Teor de Volteis %: ................................................................................................................................... 26

    3.1.2.3 Teor de cinzas %: ...................................................................................................................................... 27

    3.1.2.4 Teor de carbono fixo %: ............................................................................................................................ 27

    3.1.3 Anlise Elementar % mssica C, H, N, S e O ............................................................................................. 28

    3.1.4 Poder Calorfico Superior PCS (kJ/kg) ...................................................................................................... 29

    3.1.5 Poder Calorfico Inferior (PCI) ..................................................................................................................... 30

    3.1.6 Anlise Termogravimtrica Fator de Frequencia (s-1

    ) e Energia de ativao (kJ/mol). ................................ 31

    3.1.6.1 Formulao matemtica utilizada na anlise termogravimtrica. .............................................................. 33

    CAPITULO 4: RESULTADOS OBTIDOS ..................................................................................... 35

    4.1 Anlise Imediata: ............................................................................................................................................. 35

    4.2 Anlise elementar: ........................................................................................................................................... 38

    4.3 PCS: ................................................................................................................................................................. 41

    4.4 Anlise Termogravimtrica ............................................................................................................................. 43

  • x

    CAPITULO 5: CALCULO DO PCS EM FUNO DOS RESULTADOS ................................... 50

    5.1 Determinao do PCS utilizando dados da anlise elementar e o conceito de calor de reao. ...................... 50

    5.2 Determinao do PCS utilizando dados da anlise elementar por regresso. .................................................. 55

    CAPITULO 6: DISCUSSO DOS RESULTADOS. ....................................................................... 57

    CAPITULO 7: CONCLUSES ......................................................................................................... 59

    REFERNCIAS .................................................................................................................................. 60

  • xi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Variao da oferta de energia com o tempo (Ministrio das Minas e Energia,

    2007) ................................................................................................................................. 14

    Figura 1.2 - Acomodao de resduos na linha de produo fonte:

    ............. 15

    Figura 1.3 - Depsito de resduos de serraria. fonte:

    .............................................................................. 16

    Figura 1.4 Diagrama do processo de combusto de slidos. (Nogueira, 2008). ................... 17

    Figura 1.5 Fluxo de calor e reaes qumicas que ocorrem no processo de gasificao.,

    (Nogueira, 2008) ............................................................................................................... 17

    Figura 1.6 Perda de massa em % de 4 espcies de Bambu com o aumento da temperatura . 18

    Figura 2.1 Desenho esquemtico mostrando as diferentes escalas da estrutura hierrquica de

    uma arvore resinosas. Adaptado de Harrington (1996) e Rousset (2004). ...................... 19

    Figura 3.1 Moinho Triturador, marca Ika Werke, mod. A11-Basic ...................................... 23

    Figura 3.2 Conjunto de peneira e fundo, marca Fritsch. ....................................................... 23

    Figura 3.3 Balana analtica com quatro casas de preciso, marca OHAUS, mod. AS200. . 24

    Figura 3.4 Estufa do LaCBio Marca Odontobrs Mod. EL 1.4............................................. 25

    Figura 3.5 Dessecador do Laboratrio LACBio .................................................................... 25

    Figura 3.6 Mufla, marca Carbolite, mod. AAF 1100 ............................................................ 26

    Figura 3.7 Foto do Analisador Elementar marca Perkin Elmer mod. 2400 Serie II ............. 28

    Figura 3.8 Balana analtica mod.: AD-6, ambos da Perkin Elmer. ...................................... 28

    Figura 3.9 Esquema simplificado do funcionamento do analisador elementar 2400 da Perkin

    Elmer. ............................................................................................................................... 29

    Figura 3.10: Sistema da Bomba calorimtrica, marca Ika Werke, mod. C2000 control. ......... 30

    Figura 3.11 Balana SETSYS 12 da marca SETARAM localizada no LPF em Braslia-DF.

    .......................................................................................................................................... 31

    Figura 3.12 Balana da marca Thermal Science, mod. PL-STA localizada no Lab. De

    Anlises Trmicas da UFPA. ........................................................................................... 32

    Figura 3.13 Curva de TG e DTG do Acido Acetilsaliclico com aquecimento de 10C/min.

    Fonte (Ionashiro, 2005). ................................................................................................... 32

  • xii

    Figura 4.1 Grfico comparativo das mostras com o somatrio dos resultados de carbono

    fixo, volteis, cinzas e umidade. ....................................................................................... 36

    Figura 4.2 Anlise Imediata com destaque para cada tipo de amostra. ................................ 37

    Figura 4.3 Somatrio da anlise elementar entre todas as amostras. .................................... 39

    Figura 4.4 Comparativo da anlise elementar por espcie. ................................................... 40

    Figura 4.5 Grfico comparativo entre PCS e PCI das mostras . ............................................. 42

    Figura 4.6 Demonstrativo da perda de massa com o aumento da temperatura das biomassas

    analisadas no LPF-DF em ambiente inerte (nitrognio). .................................................. 44

    Figura 4.7 Primeira derivada da perda de massa com o aumento da temperatura das

    biomassas analisadas no LPF-DF apresentando os picos de converso. .......................... 44

    Figura 4.8 TGA e DTG do Dendrocalamus Giganteus 5, 10 e 40C\min. no Lab. de anlise

    trmica da Faculdade de Geocincias, em ambiente oxidativo. ....................................... 45

    Figura 4.9 TGA e DTG do Aa 5, 10 e 40C\min. no Lab. de anlise trmica da

    Faculdade de Geocincias, em ambiente oxidativo. ......................................................... 46

    Figura 4.10 TGA e DTG da espcie Muiracatiara 5, 10 e 40C\min. no Lab. de anlise

    trmica da Faculdade de Geocincias, em ambiente oxidativo. ....................................... 46

    Figura 4.11 Curva de perda de massa obtida na anlise termogravimtrica no Lab. de anlise

    trmica da Faculdade de Geocincias. .............................................................................. 47

    Figura 4.12 Primeira derivada da perda de massa com o aumento da temperatura das

    amostras de bambus analisados no Lab. de anlises trmicas da faculdade de geocincias.

    .......................................................................................................................................... 48

    Figura 4.13 Primeira derivada da perda de massa com o aumento da temperatura das

    amostras de madeiras analisados no Lab. de anlises trmicas da faculdade de

    geocincias........................................................................................................................ 49

    Figura 4.14 Primeira derivada da perda de massa com o aumento da temperatura das

    amostras de sementes analisados no Lab. de anlises trmicas da faculdade de

    geocincias........................................................................................................................ 49

    Figura 5.1 Disperso dos resultados da equaes 5.11.......................................................... 54

    Figura 5.2 Disperso dos resultados e regresso da equao5.12. ........................................ 56

  • xiii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 3.1 Relao de amostras analisadas. .......................................................................... 22

    Tabela 4.1 Resultados da Anlise Imediata das amostras analisadas. ................................... 35

    Tabela 4.2 Resultados da anlise elementar das amostras analisadas, com C, H, N, S e O*.

    .......................................................................................................................................... 39

    Tabela 4.3 Resultados de PCS (kJ/kg) e PCI (kJ/kg) das amostras analisadas, em base seca.

    .......................................................................................................................................... 42

    Tabela 4.4 Resultados da anlise termogravimtrica das amostras analisadas na UFPA e no

    LPF. .................................................................................................................................. 43

    Tabela 5.1 valores de entalpia de formao e massa molar dos elementos, 298K. ................ 52

    Tabela 5.2 Valores calculados para determinao de A da equao 5.11 e do PCS

    considerando os teores de C e H. ...................................................................................... 54

    Tabela 5.3 valores de PCS, C e H determinados no LacBio e os valores de PCS calculados

    atravs da regresso linear. ............................................................................................... 55

  • 14

    CAPITULO 1: INTRODUO E OBJETIVO

    1.1 Introduo:

    O consumo de energia global teve um incremento a partir do sculo XIX, devido

    rpida urbanizao, industrializao e revoluo tecnolgica ocorrida ao redor do mundo.

    de grande interesse mundial encontrar alternativas para substituir a atual matriz energtica

    baseada em extrao de combustveis fsseis. Segundo o Boletim do Balano Energtico

    Nacional (Ministrio das Minas e Energia, 2010), a produo de energia proveniente de lenha e

    carvo vegetal foi reduzida em detrimento da energia hidrulica e o petrleo e derivados no

    perodo de 1941 2007, Figura 1.1. Atualmente as biomassas representam cerca de 28% da

    energia consumida no Brasil (lenha, carvo veg. e produtos da cana), o que equivale a 66,72

    milhes de toneladas equivalentes de petrleo (TEP) por ano.

    Figura 1.1 Variao da oferta de energia com o tempo (Ministrio das Minas e Energia, 2007)

    Segundo Padilha, (2009) no Brasil, a biomassa pode ser considerada o primeiro

    combustvel renovvel usado em larga escala, principalmente por ser encontrado na natureza

    em abundncia.

  • 15

    O Brasil vem buscando novas alternativas para aumentar a diversidade de sua atual

    matriz energtica. Dentre as alternativas destacam-se a energia hidroeltrica, elica, solar, e a

    utilizao de biomassa (lenha e carvo). Na regio norte, devido s grandes distncias de

    algumas localidades torna-se muito onerosa a transmisso energtica, deve-se ento repensar

    o uso das termoeltricas ou grupos geradores alimentados por gaseificadores ou leos vegetais

    como alternativa.

    notvel o grande nmero de serrarias e sua importncia econmica dentre as

    atividades produtivas da Amaznia e em particular no Estado do Par. No ano de 2002 a

    indstria de desdobramento gerou R$ 5,4 bilhes e em 2004 foram exportados mais de um

    milho de toneladas de produto acabado segundo a AIMEX (Padilha, 2006). Juntamente com

    essa atividade vem um problema srio que a deposio dos resduos inerentes s suas

    respectivas cadeias produtivas. Esses rejeitos, em torno de 50% da massa de entrada do

    processo, quando no so queimados em fornalhas tradicionais, so queimados a cu aberto

    ou simplesmente amontoados, Figura 1.2 e Figura 1.3. Estas so alternativas pouco eficientes

    e ecologicamente imprprias, passveis de taxao pelos rgos ambientais. Deve-se, portanto

    promover um programa de aproveitamento destes resduos para fins energticos.

    Figura 1.2 - Acomodao de resduos na linha de produo fonte:

  • 16

    Figura 1.3 - Depsito de resduos de serraria. fonte:

    Entre as alternativas de fonte energtica encontra-se o aa. De acordo com o IBGE (2008)

    a produo nacional de frutos da palmeira aa totalizou 108.033 toneladas, em 2007. O

    principal produtor foi o Estado do Par, que em 2007 concentrou 86,8% da produo

    nacional. A polpa corresponde a 15% do peso total do fruto enquanto o caroo corresponde a

    85%, este pode ser utilizado na fabricao de mveis, placas acsticas, xaxim, compensados,

    indstria automobilstica, rao animal, alm de uso na gerao de vapor, carvo vegetal e

    adubo orgnico entre outros (HOMA, 2005).

    Outro tipo de biomassa de interesse energtico o bambu, que por ser uma gramnea, um

    vegetal que tem rpido crescimento e fcil multiplicao vegetativa (Varanda L. D, 2009).

    Algumas espcies de bambu tem taxas de crescimento muito altas, atingindo sua altura

    mxima em cerca de 30 dias para as espcies de pequeno porte, e no mximo 180 dias para as

    espcies gigantes, como o Dendrocalamus giganteus. Desta forma pode-se programar o

    sistema de colheitas peridicas e deste modo efetuar entre 2 e 12 cortes por ano.

    A utilizao de biomassa enquadra-se no contexto da reviso da matriz energtica com

    considervel importncia, pois so de fontes renovveis, sendo obtidas de atividades agrcolas

    e florestais. O aproveitamento energtico destes resduos pode ser feito convertendo os

    componentes da biomassa em gases combustveis, no processo de gaseificao, atravs da

    queima direta, na combusto, ou ainda na produo de combustveis lquidos.

    Na combusto e/ou gasificao, a biomassa slida convertida em gs ao final do

    processo. Estes processos possuem quatro etapas de converso. As etapas que compem a

  • 17

    combusto so apresentadas na Figura 1.4, j a seqncia de reaes possveis do processo de

    gaseificao so apresentados na Figura 1.5. Esses quatro processos de converso so melhor

    identificados em uma balana termogravimtrica. Esta balana mede a variao do peso da

    amostra de biomassa enquanto sua temperatura elevada gradativamente. A Figura 1.6

    apresentada na seqncia demonstra esta perda de massa em porcentagem.

    Figura 1.4 Diagrama do processo de combusto de slidos. (Nogueira, 2008).

    Figura 1.5 Fluxo de calor e reaes qumicas que ocorrem no processo de gasificao., (Nogueira, 2008)

    Secagem

    Biomassa mida

    Biomassa

    Pirlise

    Gs de pirlise carvo

    Combusto

    C+O2 CO24H+O2 2H2O

    CnHm+(n/2+m/4)O2 nCO2+ m/2H2O

    REDUO

    C+CO22COC+H2OCO+H2

    CnHm+nH2OnCO+(m/2+n)H2CnHm+nCO22nCO+m/2H2

    H2O

    Alcatro

    CH4

    G

    S P

    RO

    DU

    ZID

    OCO2H2O

    CO

    H2

    CALOR

    H2OBiomassa seca

  • 18

    Figura 1.6 Perda de massa em % de 4 espcies de Bambu com o aumento da temperatura

    1.2 Objetivo:

    O objetivo deste trabalho avaliar o potencial energtico de 20 diferentes espcies de

    biomassas da Amaznia por meio de sua caracterizao fisico-quimica.

    Determinar a anlise imediata das biomassas;

    Determinar a anlise elementar das biomassas;

    Determinar o poder calorfico superior das biomassas e correlacion-los com os

    parmetros da analise elementar;

    Determinar os parmetros cinticos da cintica de pirlise das amostras de biomassas

    por meio de termogravimetria

  • 19

    CAPITULO 2: REVISO DA LITERATURA

    A madeira como uma biomassa vegetal um composto orgnico natural principalmente

    constitudo de carbono, hidrognio e oxignio (C3,3-4,9H5,1-7,2O2,0-3,1), os quais combinados

    formam as cadeias moleculares que compem a biomassa: celulose, hemicelulose e lignina

    (Tillman, 1991). Por ser, a madeira, um compsito natural, as rvores diferem umas das outras

    na mesma espcie bem como na mesma regio onde est localizada, caracterizando assim um

    individuo, a Figura 2.1 apresenta os cortes de uma arvore.

    Figura 2.1 Desenho esquemtico mostrando as diferentes escalas da estrutura hierrquica de uma arvore

    resinosas. Adaptado de Harrington (1996) e Rousset (2004).

    Segundo Nogueira (2008), o ponto de partida para o dimensionamento de um sistema de

    potncia por combusto ou por gasificao a quantificao de quanta energia existe no

    combustvel. No caso de processos de combusto, deseja-se converter essa energia em calor,

    enquanto que no processo de gasificao deseja-se transferir a energia contida na biomassa

    para os gases produzidos que sero processados posteriormente.

  • 20

    As anlises fundamentais so o PCS e anlise imediata. Por este motivo todos os

    trabalhos realizados, referentes a caracterizao biomassas ou qualquer outro produto como

    insumo energtico, impreterivelmente devero conter estas anlises.

    Seye O. (2008) apresentou a qualidade energtica de 20 espcies de madeiras nativas do

    Estado do Amazonas. O poder calorfico superior foi determinado entre 16,60 e 22,80 MJ/kg,

    os resultados dos teores de carbono fixo (%), cinzas (%), umidade (%) e materiais volteis

    (%).

    Com a utilizao de um analisador elementar em complemento determinao de PCS

    e anlise imediata pode-se caracterizar quimicamente a amostra de biomassa. Seye O. et al

    (2000) utilizou a anlise imediata, anlise elementar e anlise termogravimtrica como forma

    de caracterizar capim elefante, resduo de madeira, bagao e palha de cana-de-acar

    realizando assim uma avaliao comparativa entre estas biomassas indicando quais podem

    servir como insumo na produo de carvo vegetal, e quais podem servir para produzir bio-

    leo. J Santos E. et al, (2007) realizou anlise de PCS, anlise elementar e massa especfica

    de 11 espcies amaznicas lenhosas, que foram pr-selecionadas a partir do banco de dados

    do Centro de Desenvolvimento Energtico Amaznico CDEAM. Os valores de poder

    calorfico que foram obtidos ficaram bem prximos entre si, variando numa faixa de 15,30

    MJ/kg a 18,75 MJ/kg.

    Com relao s termoanlises, Vrhegyi G., et al, (1997) que discutiu a decomposio

    trmica de materiais ligninocelulsico e os componentes principais de biomassa. Leiva, C.

    (2005), caracterizou o comportamento e diferentes leos combustveis atravs da

    termogravimtrica com diversas taxas de aquecimento variando de 2 C/min. at 80 C/min.,

    onde pode-se observar a influencia da temperatura na cintica de decomposio trmica das

    amostras, e com isso determinar da Energia de Ativao como funo do grau de converso

    () da biomassa de forma a usar este parmetro para apontar uma tendncia do

    comportamento e caracterizar diferentes amostras liquidas ou solidas. Riegel,I. et al, (2008),

    apresentou parmetros cinticos da decomposio da accia-negra em ensaios isotrmicos1

    realizados com temperaturas entre 250 e 750C por 2h, e em ensaios dinmicos2 variando da

    1 A amostra elevada a temperatura em que ser realizada a anlise e permanece nesta temperatura por um

    tempo determinado para que ocorra a sua converso. 2 A amostra aquecida progressivamente com taxa de aquecimento pr-determinada desde temp. ambiente at

    uma temp. final verificando assim sua converso.

  • 21

    temperatura ambiente at 900C com vrias taxas de aquecimento. Os resultados isotrmicos

    ficaram prximos dos resultados dos ensaios dinmicos.

    Quirino, W. F. (2000) realizou a degradao da madeira de htre (uma folhosa

    comercial europia) e de trs resduos de processos diversos, com o intuito de pesquisar as

    condies timas da degradao piroltica e quantificar as composies dos efluentes gasosos,

    do slido residual bem como certas caractersticas fsico-qumicas do mesmo. Resende,

    F.L.P., (2003), utilizou os dados experimentais obtidos de curvas de TGA de Bagao e palha

    de cana, Capim-elefante e Serragem para construo de um modelo matemtico que possa

    predizer o comportamento cintico destas biomassas quando degradadas em gaseificadores de

    Leito Fluidizado para uso do gs de sntese.

    Um pequeno nmero de correlaes entre o valor de PCS e anlises elementar e

    imediata para biomassas so encontrados na literatura. Estas anlises se concentraram em um

    nico tipo de combustvel ou depende do pas de origem. Demirbas A. (1997) caracterizou

    atravs da anlise elementar e imediata, 16 amostras de biomassas obtidas de diferentes fontes

    da Turquia para criar uma correlao que determine o valor de PCS. Do mesmo modo Parikh

    J. (2004) se valeu dos mesmos tipos de anlise para formatar uma equao que relacione

    carbono fixo, volteis e cinzas com o PCS medido, neste caso foram utilizadas 100 amostras

    diversas origens, entre carvo, madeiras e outros tipos de biomassas. Friedl A. et al. (2005),

    realizou analise imediata e PCS de 154 amostras de 11 espcies de biomassas e misturas

    diferentes, obtendo uma equao emprica.

    Este trabalho d inicio a uma linha de pesquisa que realizar a caracterizao completa

    das biomassas amaznicas que hoje tem uma cadeia produtiva. Com o objetivo de fornecer

    dados que contribuam para uma melhor escolha de acordo com a biomassa disponvel como

    combustvel. Ser tambm o primeiro trabalho da UFPA a propor um equacionamento para

    determinao de PCS com relao a analise elementar das biomassas amaznicas.

  • 22

    CAPITULO 3: METODOLOGIA

    3.1 Procedimento

    3.1.1 Amostragem e preparao

    Para otimizar os resultados das anlises realizadas as amostras foram divididas em trs

    tipos; madeiras, casca e caroos e bambus, que so apresentadas na Tabela 3.1. As amostras

    de madeiras utilizadas neste trabalho foram coletadas na forma de aparas em duas marcenarias

    da cidade de Belm Pa, estando acondicionada em prateleiras onde epois seriam usadas. O

    primeiro ponto de coleta fica localizado na Av. Fernando Guilhon, n 1.605 de propriedade do

    Sr. Guilherme. O segundo ponto de coleta est localizado na Av. Perimetral, SN, em frente ao

    4 porto da UFPA de propriedade do Sr. Ariel dos Santos. A amostra de casca de cco foi

    coletada na feira do conj. Presidente Mdici no bairro da Marambaia. A amostra de caroo de

    aa utilizada foi coletada na Av. Bernardo Sayo pelo mestrando Charles Denys. A amostra

    de casca de castanha do Par foi coletada na Benedito Mutran & Cia. Ltda localizada na Av.

    Bernado Sayo, n 4.800. As amostras de tucum, dend babau e caroo de inaj utilizadas

    so do banco de amostras do LacBio - laboratrio de caracterizao de biomassa localizado

    no laboratrio de Engenharia Mecnica da UFPA, estando armazenadas em caixas abaixo da

    bancada do laboratrio. As espcies de bambu foram enviadas por correio em sacos plsticos

    embalados vcuo pelo prof. Waldir Quirino do Laboratrio de Produtos Florestais do

    Servio Florestal Brasileiro em Braslia DF.

    Tabela 3.1 Relao de amostras analisadas.

    TIPO NOME COMUM NOME CIENTFICO FAMLIA

    Mad

    eira

    s

    IP Tabebuia serratifolia Bignoniaceae

    JATOB Hymenaea courbaril Caesalpiniaceae

    TATAJUBA Bagassa guianensis Moraceae

    ANGELIM VERMELHO Dinizia excelsa Mimosaceae

    ANGELIM PEDRA Hymenolobium modestum Fabaceae

    MARUP Simarouba amara Simaroubaceae

    (continua)

  • 23

    (continuao)

    TIPO NOME COMUM NOME CIENTFICO FAMLIA M

    ad

    eira

    s

    LOURO Ocotea sp. Lauraceae

    CEDRO Cedrela sp. Meliaceae

    MOGNO Swietenia macrophylla Meliaceae

    ANDIROBA Carapa guianensis Meliaceae

    TIMBORANA Piptadenia suaveolens Mimosaceae

    Ca

    sca

    s e

    Ca

    roo

    s

    CAROO DE AA Euterpe oleracea Arecaceae

    TUCUM Astrocaryum aculeatum Arecaceae

    DEND Elaeis guineensis Arecaceae

    CASCA DE COCO Cocos nucifera Arecaceae

    CAST. DO PAR Bertholletia excelsa Lecythidaceae

    Ba

    mb

    us BAMBU 1 Bambusa Vulgaris Vulgaris Poaceae

    BAMBU 2 Bambusa Vulgaris Vittata Poaceae

    BAMBU 3 Guadua Sacocarpa Poaceae

    BAMBU 4 Dendrocalamus Gigantus Poaceae

    Fonte: banco de dados de madeiras brasileiras

    A preparao da amostra foi feita de acordo com o mtodo A da norma ASTM E

    1757-01, para amostras com quantidades acima de 20g.

    Nesta fase, foram utilizados um moinho triturador da Ika Werke mod. A11-Basic

    (Figura 3.1), peneiras com abertura mesh 20, mesh 80 e fundo (Figura 3.2), placas de petri

    para armazenagem da amostra, e balana da marca OHAUS mod. AS200 com preciso de

    0,0004g, (Figura 3.3).

    Figura 3.1 Moinho Triturador, marca Ika

    Werke, mod. A11-Basic

    Figura 3.2 Conjunto de peneira e fundo, marca

    Fritsch.

  • 24

    Figura 3.3 Balana analtica com quatro casas de preciso, marca OHAUS, mod. AS200.

    As amostras foram espalhadas para secagem em temperatura ambiente, a uma altura de

    15cm durante pelo menos 24hs. Na seqncia o material foi colocado na estufa para

    determinao de umidade. Em seguida o material seco foi colocado no triturador e peneirado.

    As peneiras foram colocadas no agitador na seguinte ordem: tampa superior, mesh 20, mesh

    80 e fundo, sendo ento agitadas por 15 1 min.

    Ao fim do perodo a frao retina na peneira mesh 20 devera ser reprocessada, a frao

    retida na peneira mesh 80 foi retirada para ser usada na anlise imediata (volteis e carbono

    fixo) e os finos que ficaram no fundo da peneira foram separados para anlise de cinzas. A

    percentagem da frao de biomassa utilizada dada pela equao 3.1.

    2080

    % = 2080

    100% 2080

    + 80 (3.1)

    Onde:

    2080

    = o peso, em gramas, da massa retida na peneira mesh 80.

    80 = o peso, em gramas, da massa retida no fundo da peneira.

    3.1.2 Anlise Imediata

    A anlise imediata utilizada para mensurar a quantidade de umidade, volteis, carbono

    fixo e cinzas na amostra. Neste trabalho so utilizadas as normas ASTM E 871 82, E 872

    82 e E 1755 01 e todas as anlises so feitas em triplicata e o valor apresentado a mdia

    simples entre dos resultados encontrados.

  • 25

    3.1.2.1 Teor de umidade (%):

    Aps a preparao como especificado acima, a placa de petri foi colocada na estufa,

    marca: Odontobrs, Mod. EL 1.4 (Figura 3.4), por 30 min. com temperatura de 103 1 C,

    em seguida deixa-a resfriar no dessecador (Figura 3.5) para equilibrar com a temperatura da

    sala para depois ser pesada. Uma amostra de no mnimo 50g na placa de petri e pesa-se o

    conjunto. O conjunto ento colocado na estufa novamente a temperatura de 103 1C por

    16h, pesado e recolocado na estufa por mais 2h e pesado novamente. O processo repetido

    at que o peso final tenha variao menor que 0,2%. O clculo da porcentagem de umidade na

    amostra dada pela equao 3.2:

    = 100 (3.2)

    Onde:

    = massa inicial do conjunto, g, e = massa final do conjunto, g.

    = massa da placa de petri, g,

    Figura 3.4 Estufa do LaCBio Marca

    Odontobrs Mod. EL 1.4

    Figura 3.5 Dessecador do Laboratrio LACBio

  • 26

    3.1.2.2 Teor de Volteis %:

    Este procedimento usado para determinar a porcentagem de produtos volteis gasosos

    provenientes da pirlise da biomassa em ambiente controlado, com exceo da umidade.

    Primeiro pesa-se o cadinho com a tampa e o valor anotado. A balana ento zerada e

    coloca-se aproximadamente 1g da amostra seca no cadinho que em seguida tampado e

    pesado novamente. Este valor anotado tambm. O cadinho tampado com a amostra

    colocado dentro de uma mufla, marca Carbolite, mod. AAF 1100 (Figura 3.6) a uma

    temperatura de 950 20C por exatamente 7 min. Aps este tempo o cadinho retirado e

    colocado dentro do dessecador para resfriar. Quando sua temperatura est equilibrada com a

    do ambiente ele pesado novamente e o valor anotado. O clculo da porcentagem de perda

    de massa na amostra dada pela equao 3.3:

    = 100 (3.3)

    Onde:

    = massa inicial do conjunto, g, e = massa final do conjunto, g. = massa do cadinho com tampa, g,

    Figura 3.6 Mufla, marca Carbolite, mod. AAF 1100

  • 27

    3.1.2.3 Teor de cinzas %:

    O teor de cinzas a medida do contedo mineral e outras matrias inorgnicas contidas

    na biomassa. A amostra a ser analisada dever estar seca 105C e armazenadas em um

    dessecador at a sua utilizao de acordo com a norma E 1757. Este mtodo inclui a

    determinao das cinzas, expressa em percentagem da massa seca do resduo remanescente

    aps oxidao em 575 25C por 3 h.

    O cadinho colocado no forno mufla j apresentado acima na Figura 3.6 575 25C

    durante 3 h. Em seguida retirado e colocado no dessecador at estabilizar a temperatura e,

    em seguida, pesa-se o cadinho e a sua massa anotada. Pesa-se aproximadamente 0,5 a 1,0 g,

    de uma amostra no cadinho. Anota-se a massa (cadinho mais massa da amostra) como sendo a

    massa inicial. O recipiente com contedo deve ser colocado no forno mufla a 575 25C

    durante um mnimo de 3 horas, ou at que todo o carbono seja eliminado. Tomando cuidado

    para evitar perda de amostra, retira-se cadinho com o seu contedo para um dessecador at o

    equilbrio com a temperatura ambiente. A massa ento pesada e anotada. O aquecimento

    repetido por perodos de uma hora at que a massa aps o resfriamento seja constante. A

    massa final das cinzas anotada como sendo, o recipiente mais cinzas. O clculo da

    porcentagem de cinzas na amostra dada pela equao 3.4.

    = 100 (3.4)

    Onde:

    = porcentagem de cinzas, em relao massa uma amostra seca a 105C, = massa inicial do conjunto, g, e = massa final do conjunto, g. = massa do cadinho, g,

    3.1.2.4 Teor de carbono fixo %:

    O teor de carbono fixo obtido por diferena entre a totalidade (100%) e a porcentagem

    de volteis e cinzas, conforme a equao 3.5.

  • 28

    = 100 + (3.5)

    Onde:

    = porcentagem de carbono fixo na amostra, = porcentagem de volteis, = porcentagem de cinzas.

    3.1.3 Anlise Elementar % mssica C, H, N, S e O

    A anlise elementar foi realizada por um analisador elementar modelo 2400 Series II

    CHNS/O da Perkin Elmer conforme a Figura 3.7, localizado no Laboratrio de

    Caracterizao de Biomassa da Faculdade de Engenharia Mecnica em triplicata. A anlise

    feita com 1,5 3mg de a amostra pesada em uma balana analtica de 6 casas decimais, marca

    Perkin Elmer, mod. AD-6, de acordo com a Figura 3.8. Os resultados apresentados so a

    mdia simples. Todo o processo apresentado de forma simplificada na Figura 3.9. Neste

    trabalho alm do oxignio, foi utilizado hlio como gs de arraste

    Figura 3.7 Foto do Analisador Elementar

    marca Perkin Elmer mod. 2400 Serie II

    Figura 3.8 Balana analtica mod.: AD-6,

    ambos da Perkin Elmer.

  • 29

    A amostra oxidada a 975C em um tubo de quartzo na presena de oxignio um pouco

    acima da razo estequiomtrica. A oxidao completa otimizada por um catalisador que

    composto de xido de tungstnio e xido de zircnio (EA6000). O fluxo de gs que deixa a

    rea de combusto inclui o dixido de carbono, gua, xidos de nitrognio e um excesso de

    oxignio. A mistura de gases resultantes da combusto flui atravs de um tubo de quartzo

    onde esto embalados os grnulos de cobre que retm o excesso de oxignio. O xido de

    azoto (NO2) reduzido para nitrognio gasoso (N2) e os xidos de enxofre (SOx) so

    reduzidos para dixido de enxofre (SO2). A mistura de gases levada pelo hlio sob presso

    para um reator de mistura e na seqncia transferido para um sistema de cromatografia de fase

    gasosa. Os elementos N, C, H e S que esto no estado de gs, N2, CO2, H2O e SO2, so

    separados por uma coluna de GC empacotada associada a um detector de condutividade

    trmica. Oxignio da amostra medido separadamente trocando a coluna por outra com

    outras quantidades de reagentes ou poder ser obtida por diferena.

    Figura 3.9 Esquema simplificado do funcionamento do analisador elementar 2400 da Perkin Elmer.

    3.1.4 Poder Calorfico Superior PCS (kJ/kg)

    O PCS a quantidade total de energia disponvel em um combustvel, sonde a soma da

    energia libertada na forma de calor mais a energia gasta na vaporizao da gua que se forma

    na reao de oxidao. A determinao do PCS foi realizada em triplicata seguindo o que

    determina a norma E711-87 (Standard Test Method for Gross Calorific Value of Refuse-

  • 30

    Derived Fuel by the Bomb Calorimeter) da ASTM. Foi utilizada uma bomba calorimtrica

    Modelo C2000 Control, da empresa Ika Werke como apresentado na Figura 3.10. No manual do

    equipamento o erro mdio

  • 31

    3.1.6 Anlise Termogravimtrica Fator de Frequencia (s-1) e Energia de ativao (kJ/mol).

    Os experimentos termogravimtricos foram realizados em duas etapas a primeira no

    Laboratrio de Produtos Florestais do Servio Florestal Brasileiro em Braslia DF, com uma

    termobalana modelo SETSYS 12 da marca SETARAM (Figura 3.11), a segunda etapa foi

    realizada foi realizada no sub-laboratrio de anlises trmicas da Faculdade de Geocincias da

    UFPA em uma balana de marca Thermal Science mod. PL-STA (Figura 3.12).

    As termobalanas so instrumentos que permitem a pesagem contnua de uma amostra em

    funo da temperatura. Aps a pesagem inicial da amostra a ser analisada, a anlise

    termogravimtrica realizada colocando essa amostra dentro de um forno e definindo a taxa

    de aquecimento em K/min que deve ser aplicada. A medio realizada em uma atmosfera

    definida, sendo em condies inertes (Nitrognio, Hlio ou Argnio) ou em um ambiente

    oxidativo (ar ou oxignio) com vazes baixas para que no haja interferncia na leitura do

    equipamento (Ionashiro, 2005). Neste trabalho foi utilizado o nitrognio como gs de arraste

    tanto no laboratrio do Servio Florestal Brasileiro quanto no laboratrio da Faculdade de

    Geocincias da UFPA.

    Figura 3.11 Balana SETSYS 12 da marca SETARAM localizada no LPF em Braslia-DF.

  • 32

    Figura 3.12 Balana da marca Thermal Science, mod. PL-STA localizada no Lab. De Anlises Trmicas

    da UFPA.

    A balana termogravimtrica gera dois tipos de grfico que permite tirar concluses

    sobre a estabilidade trmica da amostra, sobre a composio e estabilidade dos compostos

    volteis (celulose, hemicelulose e lignuna), obtendo informaes sobre a temperatura de

    degradao e sobre a quantidade de produtos e\ou resduos (cinzas) ao fim da reao. O

    primeiro caracteriza a perda de massa em funo da temperatura (TG) mostrada no alto da

    Figura 3.13. O segundo a primeira derivada da curva de perda de massa tambm em funo

    da temperatura (DTG), apresentado na parte baixa da Figura 3.13, onde os picos de

    temperatura identificam cada etapa de reao com inicio, fim e o momento em que a

    velocidade mxima.

    Figura 3.13 Curva de TG e DTG do Acido Acetilsaliclico com aquecimento de 10C/min. Fonte

    (Ionashiro, 2005).

  • 33

    3.1.6.1 Formulao matemtica utilizada na anlise termogravimtrica.

    O procedimento matemtico utilizado para a anlise dos dados termogravimtricos que

    iro determinar os parmetros cinticos baseia-se inicialmente no mtodo integral utilizado

    por Seye O (2008) e j citado por vrios autores dentre eles Bilbao, R. (1987, I e II) e (1989). A

    velocidade de reao ou taxa de converso

    correspondente decomposio trmica do

    solido descrita como o produto entre duas funes uma dependente da temperatura, e,

    outra, dependente da converso, (Riegel, 2008), equao 3.7.

    = (3.7)

    Onde a frao pirolisada, em cada instante de tempo, para diferentes temperaturas e

    definida como:

    =

    (3.8)

    Onde:

    a massa inicial da amostra (mg); a massa da amostra num tempo t qualquer (mg); a massa final da amostra (mg).

    De acordo com a relao de Arrhenius, o termo dependente da temperatura, ,

    dado pela expresso 3.9.

    = (3.9)

    Onde:

    o fator de frequncia pr-exponencial; a energia de ativao e; a constante universal dos gases.

    Substituindo 3.9 em 3.7, temos:

    =

    (3.10)

    Rearranjando os termos, temos a equao da variao do grau de transformao de um

    slido em funo da temperatura.

  • 34

    =

    (3.11)

    Devido a complexidade da reao de pirlise, a funo ser assumida como uma

    reao que obedece uma cintica de 1 ordem para o tratamento dos dados isotrmicos,

    ficando a funo na forma abaixo:

    = 1 (3.12)

    Ficando ento a equao:

    1 =

    (3.13)

    Aplicando-se ento o logartmo neperiano nos dois lados da equao tem-se:

    1 =

    (3.14)

    Utilizando os valores experimentais de e d/dt, o grfico em funo de 1/T d uma

    reta cuja inclinao igual e o ponto onde a reta toca a ordenada igual ln(A).

  • 35

    CAPITULO 4: RESULTADOS OBTIDOS

    Neste capitulo, so apresentados os resultados da determinao da anlise imediata

    (umidade, volteis, carbono fixo e cinzas), anlise elementar (carbono, hidrognio, nitrognio,

    enxofre e oxignio), poder calorfico superior, poder calorfico inferior, e anlise

    termogravimtrica das biomassas escolhidas.

    4.1 Anlise Imediata:

    Com relao aos resultados obtidos com a anlise imediata, a umidade e as cinzas

    contribuem para a diminuio do valor do PCS enquanto os valores de volteis e carbono fixo

    contribuem para o aumento do PCS. Os resultados desta anlise imediata so apresentados

    abaixo na Tabela 4.1.

    Tabela 4.1 Resultados da Anlise Imediata das amostras analisadas.

    UMID. C. FIXO VOL CZ

    MA

    DE

    IRA

    S

    MOGNO 11,29 17,02 82,55 0,44

    ANDIROBA 9,11 15,92 83,42 0,66

    TIMBORANA 13,55 49,651 502 0,36

    IP 8,95 8,442 91,341 0,21

    JATOB 9,40 20,57 79,06 0,37

    TATAJUBA 7,88 18,83 80,65 0,52

    ANG. VERM 8,27 14,86 82,90 2,24

    ANG. PEDRA 10,01 16,53 82,94 0,53

    MARUP 9,41 12,38 87,42 0,20

    LOURO 9,23 19,69 79,81 0,50

    CEDRO 9,46 14,72 84,75 0,53

    CA

    SC

    AS

    E

    CA

    RO

    O

    S AAI 9,32 19,91 78,88 1,21

    CAST. DO PAR 14,481 13,55 66,68 19,771

    TUCUM 6,082 17,02 78,56 4,42

    DEND 10,99 19,55 77,92 2,53

    CASC DE COCO 10,53 20,41 79,45 0,142

    BA

    MB

    US

    BAMBUSA VULGARIS VULGARIS 11,91 18,47 80,13 1,39

    BAMUSA VULGARIS VITTATA 11,39 16,97 81,64 1,39

    GUADUA SACOCARPA 7,74 17,96 78,63 3,41

    DENDROCALAMUS GIGANTEUS 10,34 19,09 79,73 1,18

    1 valores mximos. 2 valores mnimos.

  • 36

    A Figura 4.1 abaixo, apresenta os resultados comparativos de todas as biomassas, dentre

    os valores que contribuem para o aumento do PCS o maior resultado de carbono fixo foi

    encontrado na espcie Timborana com 49,65% e o menor resultado foi na espcie Ip com

    8,44%, indicando que a Timborana poder ter melhor aproveitamento na produo de carvo

    vegetal. Com relao aos volteis, o Ip apresentou o melhor resultado com 91,34%, e o

    menor valor encontrado foi na espcie Timborana com 50,00%, indicando que o Ip ser

    melhor aproveitado na produo de energia na combusto.

    Com relao aos teores de umidade e cinzas, que influenciam na diminuio da energia

    disponvel da biomassa. A umidade por absorver calor que estaria disponvel e causando

    corroso nas tubulaes. As cinzas comprometem os equipamentos com incrustaes, tambm

    absorvem calor e facilitam a corroso proveniente da umidade.

    A biomassa que detm o maior teor de umidade a castanha-do-par com 14,48% (este

    valor deve-se provavelmente ao processamento de extrao da amndoa), e o menor teor foi

    encontrado no Tucum com 6,08%. Quanto ao teor de cinzas encontrado nas biomassas, a

    castanha do Par obteve o maior percentual com 19,77%, o que pode ser devido ao mtodo de

    coleta e transporte da castanha, o menor percentual de cinzas foi encontrado na casca de cco

    com 0,14%, este valor deve-se ao fato da casca dura analisada ficar protegida pela parte

    fibrosa.

    Figura 4.1 Grfico comparativo das mostras com o somatrio dos resultados de carbono fixo, volteis, cinzas e umidade.

  • 37

    Os resultados das amostras quando so analisados por tipo so apresentados abaixo na

    Figura 4.2, as espcies de madeiras Ip e Timborana so as que apresentam os maiores e

    menores teores de carbono fixo e volteis como informado no pargrafo acima. Com relao

    ao resultado de umidade o maior valor obtido foi na amostra de Timborana com 13,55% e o

    menor valor foi encontrado na amostra de Tatajuba com 7,88%, quanto aos resultados obtidos

    de cinzas o maior valor encontrado foi 2,24% na amostra de Angelim Vermelho e o menor

    valor foi 0,20% encontrado nas espcies Marup e Muiracatiara.

    Nas amostras dos tipos cascas e caroos o maior teor de carbono fixo foi de 20,41% e

    79,45% de volteis foram encontrados nas amostras de casca de cco, e os menores valores

    foram 13,55% e 66,68% de carbono fixo e volteis respectivamente encontrados na amostra

    de castanha-do-par. Com relao umidade o maior valor determinado foi 14,48% na

    amostra de castanha-do-par e o menor foi 6,08% na espcie Tucum.

    Com relao aos resultados das espcies de bambu o maior teor de carbono fixo

    19,09% foi encontrado na espcie Dendrocalamus Giganteus, e o menor foi 16,97%

    encontrado na espcie Vulgaris Vittata. Com relao ao teor de volteis o maior valor foi

    81,64% e o menor foi 78,63% nas especies Vulgaris Vulgaris e Guadua Sacocarpa

    respectivamente. Na determinao de umidade 11,91% na espcie Vulgaris Vulgaris e 7,74%

    na espcie Guadua Sacocarpa so o maior e menor valores encontrados respectivamente. Na

    determinao de cinzas, 3,41% na espcie Guadua Sacocarpa, e 1,18% na espcie

    Dendrocalamus Giganteus so o maior e o menor valores encontrados respectivamente.

    Figura 4.2 Anlise Imediata com destaque para cada tipo de amostra.

  • 38

    Os valores mdios de umidade, carbono fixo, volteis e cinzas so respectivamente:

    10,09%, 17,96%, 80,06% e 1,98%. Em relao aos valores mdios, a variao encontrada nos

    resultados de umidade foi de 43% para mais e 40% para menos, para o carbono fixo a

    variao foi de 176% para mais e 54% para menos. Em relao aos volteis 14% para mais e

    38% para menos. Com relao ao teor de cinzas a variao encontrada foi de 897% para mais

    e 97% para menos. Estes resultados tm uma variao muito alta devido aos valores que se

    desviam da media das amostras.

    4.2 Anlise elementar:

    Os resultados obtidos atravs do analisador elementar so utilizados para montar a

    frmula molecular, bem como calcular o PCI das amostras, os resultados encontrados so

    apresentados abaixo na Tabela 4.2. Dentre todas as biomassas o maior valor de carbono foi

    encontrado na espcie Ip com 52,23%, e o menor valor foi 44,95% no bambu Guadua

    Sacocarpa. Para o hidrognio o maior valor foi 6,50% no Tucum e o menor foi 5,23% na

    casca de castanha-do-par, em relao ao nitrognio, 6,00% foi o maior valor e 0,92% o

    menor valor, encontrados nas espcies Dend e bambu Vulgaris Vulgaris, respectivamente. O

    enxofre ficou no limite de deteco do aparelho com mximo encontrado de 0,96% no Dend

    e mnimo de 0,00% na Casca de Coco. Os valores de oxignio foram obtidos por diferena,

    ficando 44,73% para o bambu Vulgaris Vulgaris como maior valor e 35,52% no Ip como

    menor valor.

  • 39

    Tabela 4.2 Resultados da anlise elementar das amostras analisadas, com C, H, N, S e O*.

    % C % H % N % S % O*

    MA

    DE

    IRA

    S

    MOGNO 50,06 6,19 4,04 0,85 38,87

    ANDIROBA 48,93 6,11 5,03 0,52 39,41

    TIMBORANA 49,52 6,30 5,49 0,75 37,94

    IP 52,231 6,08 5,47 0,69 35,522

    JATOB 50,17 5,77 4,97 0,67 38,42

    TATAJUBA 49,50 6,06 3,34 0,79 40,31

    ANG. VERM 48,44 6,22 4,48 0,90 39,96

    ANG. PEDRA 49,15 6,26 3,88 0,86 39,85

    MARUP 48,53 6,28 4,13 0,73 40,33

    LOURO 48,43 6,13 4,24 0,79 40,42

    CEDRO 50,10 6,34 3,73 0,82 39,01

    CA

    SC

    AS

    E

    CA

    RO

    O

    S

    AAI 46,17 6,01 4,33 0,13 43,37

    CAST. DO PAR 49,93 5,232 4,98 0,78 39,08

    TUCUM 51,35 6,501 5,18 0,11 36,86

    DEND 49,56 5,96 6,001 0,961 37,53

    CASC DE COCO 51,22 5,71 5,05 0,002 38,17

    BA

    MB

    US

    BAMBUSA VULGARIS

    VULGARIS 47,61 5,97 0,922 0,77 44,731

    BAMUSA VULGARIS

    VITTATA 47,48 6,14 3,53 0,82 42,03

    GUADUA SACOCARPA 44,952 5,90 3,90 0,77 44,47

    DENDROCALAMUS

    GIGANTEUS 47,82 6,15 3,71 0,83 41,49

    1 valores mximos. 2 valores mnimos.

    A Figura 4.3, na seqncia, apresenta o somatrio comparativo entre todas as

    biomassas, e na seqncia deste captulo sero apresentados os resultados por tipo.

    Figura 4.3 Somatrio da anlise elementar entre todas as amostras.

  • 40

    Na Figura 4.4 abaixo, os resultados so apresentados com destaque para os tipos de

    amostras. Para as madeiras, o maior teor de carbono 52,23% e menor teor de oxignio

    35,52%, foram encontrados na espcie Ip. Ao contrrio, o menor teor de carbono 48,43% e

    maior teor de oxignio 40,42% foram encontrados na amostra de Louro. A espcie Cedro

    apresentou o maior teor de hidrognio, com 6,34% e o Jatob o menor com 5,77%. A amostra

    de Timborana apresentou o maior teor de nitrognio, 5,49%. A amostra de Tatajuba com

    3,34% foi o menor valor encontrado.

    Nas amostras do tipo cascas e caroos, a espcie Tucum apresentou os maiores teores

    de carbono e hidrognio e menor teor de oxignio com 51,35%, 6,50% e 36,86%

    respectivamente. Na espcie dend foi encontrado o maior teor de nitrognio 6,00%. No Aa

    foram encontrados os menores teores de carbono 46,17%, nitrognio 4,33% e o maior teor de

    oxignio 43,73%. A castanha-do-par apresentou o menor teor de hidrognio 5,23%.

    Com relao aos resultados das espcies de bambu o Dendrocalamus Giganteus

    apresentou os maiores teores de carbono 47,82% e hidrognio 6,15% bem como o menor teor

    de oxignio 41,49%. Na espcie Guadua Sacocarpa foram encontrados os menores teores de

    carbono 44,95% e hidrognio com 5,90% e o maior teor de nitrognio 3,90%. Na espcie

    Vulgaris Vulgaris foi encontrado o maior teor de oxignio com 44,73% e o menor valor de

    nitrognio 0,92%.

    Figura 4.4 Comparativo da anlise elementar por espcie.

    Os valores mdios de carbono, hidrognio, nitrognio e oxignio so respectivamente:

    49,25%, 6,12%, 4,37%, e 39,55%. Em relao aos valores mdios, a variao encontrada nos

  • 41

    resultados de carbono foi de 9,00% para mais ou para menos, para o hidrognio a variao foi

    de 15% para mais ou para menos, em relao ao nitrognio 37% para mais e 80% para menos;

    com relao ao teor de enxofre a variao encontrada foi de 41% para mais e 75% para

    menos, para o oxignio, a variao encontrada foi de 41% para mais e 99% para menos. Estes

    resultados tm uma variao muito alta devido aos valores que se desviam da media das

    amostras.

    4.3 PCS:

    O valor de PCS obtido atravs da bomba calorimtrica e o resultado do clculo do PCI

    atravs da equao 3.6 so apresentados abaixo na

    Tabela 4.3. Dentre todas as biomassas o maior valor de PCS encontrado foi no Tucum

    com 22,22 MJ/kg, bem como o maior valor de PCI com 20,72 MJ/kg; o menor valor de PCS

    encontrado foi do Bambu Vulgaris Vittata com 18,78 MJ/kg, quanto ao PCI o menor valor

    encontrado entre as amostras foi de 15,16 MJ/kg na amostra de Bambu Vulgaris Vulgaris.

    Esta diferena no valor entre o PCS e o PCI das espcies de bambu, deve-se ao fato delas

    terem diferentes teores de umidade, e hidrognio em suas composies.

    Separando os resultados das amostras por tipo, as madeiras das espcies Ip e Marup

    so as que apresentam o maior e menor valor de PCS com 20,64 MJ/kg e 19,68 MJ/kg

    respectivamente. Com relao aos valores de PCI, 17,36 MJ/kg foi encontrado na amostra de

    Ip e 15,72 MJ/kg na amostra de Timborana.

    Dentre as amostras dos tipos cascas e caroos, o maior valor de PCS foi encontrado no

    caroo de Tucum com 22,22 MJ/kg, sendo tambm no Tucum encontrado o maior valor de

    PCI com 20,72 MJ/kg, o caroo de Aa apresentou o menor valor de PCS com 19,26 MJ/kg,

    o menor valor de PCI foi encontrado nas cascas da castanha-do-par com 17,18 MJ/kg.

    Nas espcies de bambu os maiores valores de PCS e PCI encontrados foram 19,59

    MJ/kg e 16,10 MJ/kg respectivamente na espcie Dendrocalamus Giganteus, o menor valor

    de PCS foi determinado na espcie Vulgaris Vittata com 18,78 MJ/kg, o menor valor de PCI

    foi encontrado na espcie Vulgaris Vulgaris com 15,16 MJ/kg.

  • 42

    Tabela 4.3 Resultados de PCS (kJ/kg) e PCI (kJ/kg) das amostras analisadas, em base seca. Espcie PCS (MJ/kg) PCI (MJ/kg)

    MA

    DE

    IRA

    S

    MOGNO 20,29 16,51

    ANDIROBA 19,78 16,53

    TIMBORANA 19,96 15,72

    IP 20,64 17,35

    JATOB 20,35 17,05

    TATAJUBA 20,14 17,13

    ANGELIM VERMELHO 20,13 17,00

    ANGELIM PEDRA 20,04 16,55

    MARUP 19,68 16,35

    LOURO 20,12 16,81

    CEDRO 19,98 16,59

    CA

    SC

    AS

    E

    CA

    RO

    O

    S

    AAI 19,26 17,23

    CAST. DO PAR 20,51 17,18

    TUCUM 22,221 20,721

    DEND 21,25 18,65

    CASC DE COCO 20,86 18,40

    BA

    MB

    US

    BAMBUSA VULGARIS VULGARIS 18,85 15,162

    BAMBUSA VULGARIS VITTATA 18,782 15,17

    GUADUA SACOCARPA 18,83 15,99

    DENDROCALAMUS GIGANTEUS 19,59 16,10

    1 valores mximos. 2 valores mnimos.

    O valor mdio de PCS encontrado foi de 20,06 MJ/kg com a variao mxima de 11% e

    o PCI obteve media de 16,62 MJ/kg com variao mxima de 22%, na Figura 4.5 pode-se

    observar o comportamento entre os valores de PCS e PCI das amostras.

    Figura 4.5 Grfico comparativo entre PCS e PCI das mostras .

  • 43

    4.4 Anlise Termogravimtrica

    Este tipo de anlise ocorreu em dois tipos em atmosfera, inerte no Laboratrio de

    Produtos Florestais em Braslia e atmosfera oxidativa no Laboratrio de Geocincias da

    Universidade Federal do Par. Os resultados obtidos so apresentados na Tabela 4.4, e esto

    divididos de acordo com os laboratrios onde foram feitas as anlises e por etapa de

    converso para um melhor entendimento destes resultados.

    Tabela 4.4 Resultados da anlise termogravimtrica das amostras analisadas na UFPA e no LPF.

    GeoCiencias UFPA LPF - DF

    Ea (kJ/kmol) A (s-1) Ea (kJ/kmol) A (s-1) Ea (kJ/kmol) A (s-1)

    160-380C* 380-780C** 200-400C

    MA

    DE

    IRA

    S

    MOGNO 2,66E+04 81,72 - - 5,08E+04 86,29

    ANDIROBA 2,50E+05 86,58 3,42E+01 54,96 2,08E+03 71,02

    TIMBORANA 4,03E+03 66,73 3,76E+00 43,39 1,77E+05 90,21

    IP 6,32E+03 68,54 7,98E+00 47,87 1,48E+04 80,66

    JATOB 1,51E+05 81,70 1,13E+12 185,41 5,28E+02 64,67

    TATAJUBA 1,68E+04 72,93 2,16E+01 52,77 - -

    ANG. VERM 2,27E+05 87,00 4,69E+02 74,24 - -

    ANG. PEDRA 6,45E+03 68,02 6,75E+01 57,53 - -

    MARUP 2,23E+05 84,91 1,42E+02 62,18 - -

    LOURO 4,64E+04 77,37 3,46E+02 64,55 - -

    CEDRO 1,49E+05 83,72 2,78E+02 67,58 - -

    CA

    SC

    AS

    E C

    AR

    O

    OS

    AAI 9,11E+05 85,97 5,65E+00 39,96 7,39E+05 93,32

    CAST. DO PAR 2,82E+03 61,26 3,45E+01 7,34 6,64E+01 53,41

    TUCUM 1,54E+06 86,05 3,78E+00 37,92 - -

    DEND 2,24E+05 80,16 3,35E+01 9,07 - -

    CASC DE COCO 9,11E+05 85,97 7,99E+01 52,89 1,22E+03 68,79

    BA

    MB

    US

    BAMBUSA VULGARIS VULGARIS 1,11E+05 77,33 2,70E+04 84,18 - -

    BAMUSA VULGARIS VITTATA 2,69E+03 60,55 4,71E+04 88,10 - -

    GUADUA SACOCARPA 2,38E+03 58,57 9,13E+01 53,58

    DENDROCALAMUS GIGANTEUS 6,42E+03 64,04 8,65E+04 93,87

    * - Pirlise da biomassa; ** - Converso do carbono

    As anlises obtidas no Laboratrio de Produtos Florestais em Braslia-DF foram

    realizadas em atmosfera de nitrognio com taxas de aquecimento de 10C\min para todas as

    amostras. A converso de biomassa nestas condies ocorre em duas etapas, secagem e

    pirlise, como pode-se observar na Figura 4.6 abaixo.

  • 44

    A partir do inicio do experimento, h uma perda de massa entre 3% e 7% assim que a

    temperatura atinge 100C at 150C que a perda de gua intrnseca da biomassa. Ento a

    biomassa absorve calor at atingir a temperatura critica de pirlise, que para o aa inicia-se a

    partir de 200C e para o Tauari em torno de 250C. O processo de converso piroltica termina

    em torno de 400C e o que resta no cadinho so carvo e cinzas variando em massa entre 35%

    para a castanha-do-par e 22% para a Maaranduba.

    Figura 4.6 Demonstrativo da perda de massa com o aumento da temperatura das biomassas analisadas

    no LPF-DF em ambiente inerte (nitrognio).

    Na anlise da velocidade de converso das amostras analisadas, pode-se observar nas

    curvas obtidas em atmosfera de nitrognio, que o processo de volatilizao inicia-se em torno

    de 200C, e a mxima taxa de perda de massa ocorre na faixa de temperatura de 245 a 320C

    para o aa e entre 300 a 380C para o restante das amostras, conforme a Figura 4.7.

    Figura 4.7 Primeira derivada da perda de massa com o aumento da temperatura das biomassas

    analisadas no LPF-DF apresentando os picos de converso.

  • 45

    Em relao aos resultados obtidos no Laboratrio de Anlises Trmicas da Faculdade de

    Geocincias da UFPA em Belm-Pa, as anlises foram realizadas em atmosfera de oxignio.

    Foi escolhida uma amostra de cada espcie e realizada a anlise em trs taxas de aquecimento

    diferente, 5, 10 e 40C\min para a escolha daquela que apresente a melhor relao.

    A taxa de aquecimento escolhida para cada tipo de amostra foi, 5C\min para os bambus

    bem como para as cascas e sementes e 10C\min para as madeiras. Estas escolhas foram feitas

    com base nos resultados grficos que apresentaram melhores informaes de converso de

    uma amostra de cada tipo. Abaixo as Figura 4.8, Figura 4.9 e Figura 4.10 apresentam esta

    comparao.

    Figura 4.8 TGA e DTG do Dendrocalamus Giganteus 5, 10 e 40C\min. no Lab. de anlise trmica da

    Faculdade de Geocincias, em ambiente oxidativo.

  • 46

    Figura 4.9 TGA e DTG do Aa 5, 10 e 40C\min. no Lab. de anlise trmica da Faculdade de

    Geocincias, em ambiente oxidativo.

    Figura 4.10 TGA e DTG da espcie Muiracatiara 5, 10 e 40C\min. no Lab. de anlise trmica da

    Faculdade de Geocincias, em ambiente oxidativo.

    A perda de massa das amostras ocorreu em trs etapas, secagem, pirlise e converso do

    carvo, como se pode observar na Figura 4.11 abaixo. No inicio do experimento, h uma

    perda de massa de 3% e 5%, at o momento que a temperatura atinge 100C. Esta diferena

    d-se pela perda de gua intrnseca da biomassa. Ento a biomassa absorve calor at atingir a

    temperatura critica de pirlise a partir de 210C at 380C. Esta segunda etapa refere-se a

    converso dos volteis existentes na biomassa. A terceira etapa do processo de converso

  • 47

    refere-se a converso do carvo iniciando em 320C e terminando em 760C sendo consumida

    toda a amostra restando no cadinho apenas cinzas.

    Figura 4.11 Curva de perda de massa obtida na anlise termogravimtrica no Lab. de anlise trmica da

    Faculdade de Geocincias.

    Devido quantidade de amostras, os grficos que apresentam a relao da velocidade de

    converso com o incremento da temperatura foram divididos por espcie. Os resultados

    grficos foram obtidos atravs da primeira derivada da perda de massa das amostras

    analisadas. Pode-se observar que para todas as espcies, as curvas obtidas apresentam dois

    picos de maior intensidade, onde o primeiro pico representa o processo de volatilizao e o

    segundo pico representa a converso do carbono, restando cinzas ao final do processo.

    Para as espcies de bambu analisadas, o processo de volatilizao inicia-se em torno de

    200C, e a mxima taxa de perda de massa ocorre na faixa de temperatura de 290 a 310C. O

    processo de converso do carbono tem incio a partir de 370C e com mxima taxa de

    converso do carbono entre 440 e 470C, Figura 4.12.

  • 48

    Figura 4.12 Primeira derivada da perda de massa com o aumento da temperatura das amostras de

    bambus analisados no Lab. de anlises trmicas da faculdade de geocincias.

    Para as espcies de madeiras analisadas, a primeira etapa de volatilizao fica situada na

    faixa de temperatura entre 200 e 390C, a mxima taxa de perda de massa ocorre na faixa de

    temperatura de 300 a 350C. O processo de converso do carvo situa-se entre 400 e 700C

    com mxima taxa de converso do carbono entre 500 e 550C, Figura 4.13. O destaque entre

    as espcies de madeira o Jatob que apresenta um grande pico com mxima taxa de

    converso em torno de 460C.

    Para as espcies de cascas e sementes analisadas, o processo de volatilizao inicia-se

    em torno de 200C e termina entorno de 340C. A faixa de temperatura onde ocorre a mxima

    taxa de converso est situada entre 260 e 300C. O processo de converso do carbono tem

    inicio a partir de 380C com final em 600C, com mxima taxa de converso do carbono entre

    480 e 500C, Figura 4.14.

  • 49

    Figura 4.13 Primeira derivada da perda de massa com o aumento da temperatura das amostras de

    madeiras analisados no Lab. de anlises trmicas da faculdade de geocincias.

    Figura 4.14 Primeira derivada da perda de massa com o aumento da temperatura das amostras de

    sementes analisados no Lab. de anlises trmicas da faculdade de geocincias.

  • 50

    CAPITULO 5: CALCULO DO PCS EM FUNO DOS RESULTADOS

    Neste captulo ser apresentada uma metodologia para obteno do valor de PCS em

    funo dos resultados das anlises imediata e elementar.

    Aps a biomassa ser caracterizada em termos de composio molecular, o clculo para a

    determinao do PCS pode ser realizado de duas maneiras: a primeira atravs do balano

    energtico da reao de combusto e a segunda forma atravs da regresso linear dos dados.

    5.1 Determinao do PCS utilizando dados da anlise elementar e o conceito de calor de reao.

    Fazendo o balano de tomos de uma biomassa hipottica para a reao de combusto

    estequiomtrica.

    + 2 + 3,762 2 +

    220 + 3,76 2 +

    O calor de reao definido como a energia liberada numa reao de combusto

    quando reagentes e produtos esto na mesma temperatura. Quando a Primeira Lei da

    Termodinmica aplicada sob a forma de equao de fluxo constante de energia, o calor de

    reao igual a diferena entre as entalpias dos produtos e reagentes ,

    (MAHALLAWY, F. E.; HABIK, S. E.; 2002.), equao 5.1.

    (5.1)

    Onde a entalpia dos produtos, e a entalpia dos reagentes.

    Sendo:

    = , e

    = .

  • 51

    Onde so o nmero de mols dos produtos e dos reagentes respectivamente. Da

    mesma forma e so a entalpia especifica molar dos produtos e dos reagentes

    respectivamente. A entalpia especifica molar dada pela soma entre a entalpia de formao e

    a entalpia sensvel, onde:

    = , + ,, e

    = , + ,

    Sendo a temperatura dos produtos e dos reagentes iguais, a entalpia sensvel de ambos

    zero. Ento, substituindo os termos de entalpia acima citados na equao 5.1, obtm-se a

    equao 5.2 em base molar:

    = , ,

    (5.2)

    Explicitando a equao (5.2 em termos de suas fraes molares, obtm-se a equao

    5.3.

    = . ,2 +

    2 ,2

    + , 1. ,

    (5.3)

    A anlise elementar fornece os resultados em termos de percentagem de frao mssica.

    Ento possvel relacionar a quantidade de tomos dos produtos com o resultado da anlise

    elementar pelas seguintes correlaes:

    = (5.4)

    = (5.5)

    = (5.6)

    O PCS tambm pode ser calculado dividindo o calor de reao com valor negativo pela

    massa do combustvel, equao 5.7.

    = (5.7)

    Substituindo as equaes 5.3 e 5.6 na equao 5.7 e rearranjando, obtm-se:

    = ,

    ,2

    . +

    ,2

    2. +

    ,

    . .

    1

    (5.8)

  • 52

    Admitindo-se que a massa do combustvel 1kg e que os termos , ,

    , 2

    , ,2

    2 e

    ,

    so constantes e sero substitudos por A, B, C e D respectivamente, desta forma obtm-

    se a equao 5.9:

    = + + (5.9)

    Com o rearrananjo a equao 5.9 possvel que se obtenha o valor de A para cada

    espcie.

    = + + + (5.10)

    Os valores da entalpia de formao dos produtos so tabelados, bem como a massa

    molar dos elementos, Tabela 5.1. O termo para cada espcie constante e com valor

    conhecido.

    Tabela 5.1 valores de entalpia de formao e massa molar dos elementos, 298K.

    Termo Valor Unidade

    ,2 -393546

    kJ/kmol ,2 -241845

    , 90297

    12 kg/kmol 1

    14 Fonte: Turns (2000).

    Onde:

    = , 2

    = -32795,5 kJ/kg = -32,80 MJ/kg

    = ,2

    2 = -120923 kJ/kg = -120,92 MJ/kg

    = ,

    = 6449,8 kJ/kg = 6,45 MJ/kg

    Na equao 5.10, o PCS obtido da bomba calorimtrica, , e da anlise

    elementar. A constante A a entalpia de formao definida de cada combustvel, para ser

    utilizada no equacionamento, precisa ser definida um valor para todas as espcies. Isto feito

    calculando o valor mdio de A para as espcies estudadas.

    Substituindo o valor mdio de A e os valores de B, C e D determinados acima por serem

    constantes, na equao 5.9 obtm-se a equao 5.11 a seguir.

  • 53

    = 3,07 32,80 120,92 + 6,45 (5.11)

    Na seqncia, a Tabela 5.2 apresenta os dados que relacionam os valores de PCS

    medidos com os valores calculados para a equao 5.11. O erro mdio absoluto foi de 2,51%

    e o desvio padro de +/- 0,625 MJ/kg. A Figura 5.1, na seqncia, apresenta a disperso entre

    os valores de PCS medidos e calculados. A linha pontilhada representa o limite de +/- 5%.

  • 54

    Tabela 5.2 Valores calculados para determinao de A da equao 5.11 e do PCS considerando os teores de C e H.

    ESPCIES PCS

    (MJ/kg) C H N A (C, H, N)

    PCS

    CALCULADO1

    ERRO

    ABSOLUTO

    AAI 19,26 0,46 0,06 0,04 -2,85 19,05 1,10

    CAST. DO PAR 20,51 0,50 0,05 0,05 -1,86 19,30 5,89

    TUCUM 22,22 0,51 0,07 0,05 -2,14 21,29 4,17

    DEND 21,25 0,50 0,06 0,06 -1,81 20,00 5,88

    CASC DE COCO 20,86 0,51 0,06 0,05 -2,51 20,30 2,67

    MOGNO 20,29 0,50 0,06 0,04 -3,33 20,56 1,31

    ANDIROBA 19,78 0,49 0,06 0,05 -3,32 20,03 1,29

    TIMBORANA 19,96 0,50 0,06 0,05 -3,54 20,43 2,38

    IP 20,64 0,52 0,06 0,05 -3,48 21,05 1,99

    JATOB 20,35 0,50 0,06 0,05 -2,74 20,03 1,58

    TATAJUBA 20,14 0,50 0,06 0,03 -3,20 20,27 0,65

    ANG. VERM 20,13 0,48 0,06 0,04 -2,99 20,05 0,38

    ANG. PEDRA 20,04 0,49 0,06 0,04 -3,38 20,36 1,58

    MARUP 19,68 0,49 0,06 0,04 -3,55 20,17 2,47

    LOURO 20,12 0,48 0,06 0,04 -2,89 19,94 0,88

    CEDRO 19,98 0,50 0,06 0,04 -3,86 20,77 3,96

    B. VULGARIS VULGARIS 18,85 0,48 0,06 0,01 -3,92 19,71 4,54

    B. VULGARIS VITTATA 18,78 0,47 0,06 0,04 -3,97 19,69 4,82

    GUADUA SACOCARPA 18,83 0,45 0,06 0,04 -2,79 18,55 1,49

    DENDROCALAMUS

    GIGANTEUS 19,59 0,48 0,06 0,04 -3,28 19,81 1,12

    MDIAS 20,06 0,49 0,06 0,04 -3,07 20,07 2,51

    1 O valor de PCS foi calculado com o valor mdio de A. 2 Desvio Padro = +/- 0,625 MJ/kg

    Figura 5.1 Disperso dos resultados da equaes 5.11.

  • 55

    5.2 Determinao do PCS utilizando dados da anlise elementar por regresso.

    O valor de PCS pode ser calculado com base nos resultados da anlise elementar

    utilizando regresso linear. Neste trabalho foi aplicada a ferramenta de anlise de regresso

    linear do software MS-Excel 2007 que utiliza o mtodo dos mnimos quadrados para ajustar

    uma linha em um conjunto de observaes.

    Com base nos resultados apresentados na Tabela 4.2 foram retirados os dados que foram

    utilizados para o equacionamento atravs da regresso linear, estes dados so apresentados na

    Tabela 5.3 abaixo.

    Tabela 5.3 valores de PCS, C e H determinados no LacBio e os valores de PCS calculados atravs da regresso linear.

    PCS

    (MJ/kg) C H

    PCS

    (MJ/kg)1

    ERRO

    ABSOLUTO

    AAI 19,26 0,46 0,06 18,90 1,87

    CAST. DO PAR 20,51 0,50 0,05 20,26 1,20

    TUCUM 22,22 0,51 0,07 20,91 5,88

    DEND 21,25 0,50 0,06 20,18 5,03

    CASC DE COCO 20,86 0,51 0,06 20,79 0,31

    MOGNO 20,29 0,50 0,06 20,39 0,47

    ANDIROBA 19,78 0,49 0,06 19,96 0,93

    TIMBORANA 19,96 0,50 0,06 20,20 1,22

    IP 20,64 0,52 0,06 21,21 2,76

    JATOB 20,35 0,50 0,06 20,40 0,24

    TATAJUBA 20,14 0,50 0,06 20,17 0,14

    ANG. VERM 20,13 0,48 0,06 19,78 1,72

    ANG. PEDRA 20,04 0,49 0,06 20,05 0,03

    MARUP 19,68 0,49 0,06 19,82 0,69

    LOURO 20,12 0,48 0,06 19,77 1,72

    CEDRO 19,98 0,50 0,06 20,42 2,20

    B. VULGARIS VULGARIS 18,85 0,48 0,06 19,44 3,11

    B. VULGARIS VITTATA 18,78 0,47 0,06 19,41 3,33

    GUADUA SACOCARPA 18,83 0,45 0,06 18,43 2,12

    DENDROCALAMUS

    GIGANTEUS 19,59 0,48 0,06 19,54 0,26

    MDIAS 20,06 0,49 0,06 20,00 1,76

    1 O valor de PCS calculado atravs da regresso com os valores de C e H (eq. 5.12).

    2 Desvio Padro = +/- 0,64 MJ/kg

  • 56

    Com base nos resultados foi encontrada uma equao, onde o erro mdio absoluto foi de

    1,76% e o desvio padro de +/- 0,64 MJ/kg.

    = 0,82 + 0,38 + 0,09 (5.12)

    A Figura 5.2 abaixo, apresenta a disperso dos resultados comparativos entre os valores

    de PCS medidos versus PCS calculados apresentados com base na Tabela 5.3 juntamente com

    suas respectivas linhas de tendncias. A linha pontilhada representa o limite de +/- 5%.

    Figura 5.2 Disperso dos resultados e regresso da equao5.12.

  • 57

    CAPITULO 6: DISCUSSO DOS RESULTADOS.

    Com relao aos resultados apresentados no capitulo anterior, as seguintes observaes

    podem ser feitas:

    1. Os valores de PCS das amostras de resduo vegetal situaram-se na faixa de 18,78

    22,00 MJ/kg obtendo mdia de 20,06 MJ/kg. O valor mdio de PCS encontrado est acima do

    valor mximo encontrado na referencia para as espcies Dendrocalamus Giganteus e

    Softwood (AV.), que foram 19,27 MJ/kg e 20,00MJ/kg, respectivamente.

    2. Os valores de PCI das amostras situaram-se entre 14,80 16,74 MJ/kg obtendo mdia

    de 16,62 MJ/kg, apresentados anteriormente na

    3. Tabela 4.3. O valor mdio de PCI encontra-se prximo do valor Maximo encontrado, o

    que indica a viabilidade destas biomassas como alternativa energtica;

    4. Em relao ao teor de carbono fixo a espcies Timborana com 49,65%, obteve o maior

    resultado encontrado, acima da Softwood que apresentou 28,10%. Indicando que o resduo de

    Timborana poder ter melhor aproveitamento na produo de carvo vegetal.

    5. Quanto aos volteis o Ip com 91,34% apresentou o maior teor, acima da Hardwood

    com 72,30%. Indicando que o resduo de Ip poder ser melhor aproveitado na queima direta.

    6. Apesar dos teores elevados de umidade e cinzas apresentados na castanha-do-par com

    14,48% e 19,77% respectivamente esta biomassa apresenta um alto valor energtico em

    relao as outra apresentadas (PCS = 20,51MJ/kg). O resduo de madeira com 10,40% de

    umidade e 4,25% de cinzas est abaixo dos valores encontrados neste trabalho. Os resultados

    encontrados para a castanha do Par podem ser devido ao processo de obteno e transporte

    das castanhas at o processamento.

    7. Nas molculas de biomassa, o maior valor de carbono foi encontrado na espcie Ip

    com 52,23%, bem prximo do encontrado na Softwood 52,10%.

    8. Para o hidrognio o maior valor foi 6,50% no Tucum, muito semelhante Hardwood

    com 6,20%.

    9. Na espcie Dend foi encontrado o maior teor de nitrognio, 6,00%, bem acima da

    Hardwood com 0,40%.

  • 58

    10. O mximo teor de enxofre foi encontrado na espcie Dend, 0,96%, este valor encontra-

    se prximo do limite de deteco do aparelho. Nos trabalhos de referencia no foi

    determinado resultado de enxofre nas amostras.

    11. Com 44,73% o bambu Vulgaris Vulgaris obteve o maior valor de oxignio, na espcie

    Hardwood foi encontrado 41,10% de oxignio.

    12. As equaes empricas baseadas na primeira lei da termodinmica apresentaram

    resultados coerentes, com erro mdio absoluto foi de 2,51% e o desvio padro de +/- 0,625,

    para a equao que considera os teores de carbono, hidrognio e nitrognio.

    13. A equao que relaciona os resultados de PCS com os resultados de carbono e

    hidrognio da anlise elementar atravs da regresso linear apresenta uma correlao com

    fator de explicao de 63,63%.

    14. Os resultados obtidos por anlise termogravimtrica (TGA), tanto no Laboratrio de

    Produtos Florestais em Braslia, quanto no Laboratrio de Anlises Trmicas da Faculdade de

    Geocincias da UFPA, observou-se que o perfil de perda de massa do processo de pirlise das

    biomassas foi dividido em duas macro etapas. A primeira, comum aos resultados de ambos os

    laboratrios, est situada entre 200 e 370C e est associada decomposio da celulose e

    hemicelulose respectivamente, restando somente carvo. Na segunda macro etapa, situada

    entre 230 e 750C, pode-se observar nos resultados do Lab. da Faculdade de Geocincias da

    UFPA, que ocorreu o consumo total das amostras devo o equipamento estar programado para

    operar em atmosfera de oxignio;

    15. Os valores da energia de ativao obtidos pelos dois laboratrios ficaram prximos

    entre si, para a etapa de pirlise entre 53,40 e 93,42 kJ.mol-1

    . Estes valores aproximaram-se

    dos valores reportados na literatura sobre a pirlise de compostos celulsicos (150 - 200

    kJ.mol-1

    ).

  • 59

    CAPITULO 7: CONCLUSES

    O contedo energtico de biomassa similar para todas as espcies de plantas, situada

    no intervalo 19-22 MJ/kg (base seca), o que satisfatrio se comparado com espcies de

    madeira que j so usadas com fins energticos, como eucalipto e pinus. Os principais

    critrios para seleo das espcies de biomassas como fonte energtica so: taxa de

    crescimento, facilidade de gesto, colheita e das propriedades intrnsecas, como a umidade/

    cinza/ carbono fixo, pois estas propriedades influenciam nas caractersticas operacionais da

    planta de converso.

    Uma das propostas deste trabalho a utilizao das equaes que relacionam o valor de

    PCS com os teores de carbono, hidrognio e oxignio, por ambas possuir erro mdio absoluto

    abaixo de 2,51%.

    = 3,07 32,80 120,92 + 6,45

    = 0,82 + 0,38 + 0,09

    recomendado por este trabalho um estudo mais aprofundado para a confeco de

    briquetes das amostras de bambu e das espcies do tipo cascas e sementes para queima direta

    em caldeiras devido teor de carbono encontrado nas amostras. Em especial o caroo de aa e

    da casca da castanha-do-par, que so resduos com grande quantitativo gerado na regio

    metropolitana de Belm.

    Outra proposta e a compilao destes dados para alimentar um banco de dados que

    tenha alcance nacional. Este banco de dados poder ser utilizado por projetistas de

    equipamentos de converso trmica, de tal forma que estes profissionais possam dimensionar

    os equipamentos de acordo com as espcies agroindustriais apresentados neste trabalho.

    Como sugesto de trabalhos futuros, citamos a repetio das anlises feitas neste

    trabalho com um nmero maior de biomassas, buscando conhecer a relao entre as

    propriedades das mesmas com relao ao valor de PCS. Bem como outros mtodos para o

    equacionamento de TGA e PCS.

  • 60

    REFERNCIAS

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