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COMPREENDER OS CONFLITOS INTERNACIONAIS – Joseph Nye Jr. Cap 1 – Existe uma lógica duradoura de conflito na política mundial? Duas tradições teóricas – o realismo e o liberalismo Mesmo com o mundo encolhendo (no sentido de estarmos mais próximos com os adventos da comunicação) e da tecnologia nuclear dar uma nova dimensão a guerra, ainda tem elementos que continuam os mesmos na politica internacional Existe, por exemplo, a mesma lógica de alianças, de balança de poder e de dilema da segurança que na época de tucídides Devemos aprender as mudanças e as continuidades, aceitando teorias novas O numero de estados independentes ainda se multiplica, existem muitos conflitos étnicos, e uma autoridade central mundial não iria resolver essas questões culturais O mundo de estados independentes continuará por muito tempo O que é política internacional? Houve 3 formas básicas de política mundial: a)império mundial – um governo é dominantes sobre a maior parte do mundo (império romano) b)sistema feudal- as lealdades e obrigações políticas não são vinculadas ao território – idade média c) sistema anárquico de estados – estados coesos sem um poder superior acima deles – à partir de 1648

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COMPREENDER OS CONFLITOS INTERNACIONAIS – Joseph Nye Jr.

Cap 1 – Existe uma lógica duradoura de conflito na política mundial?

Duas tradições teóricas – o realismo e o liberalismo

• Mesmo com o mundo encolhendo (no sentido de estarmos mais próximos com os adventos da comunicação) e da tecnologia nuclear dar uma nova dimensão a guerra, ainda tem elementos que continuam os mesmos na politica internacional

• Existe, por exemplo, a mesma lógica de alianças, de balança de poder e de dilema da segurança que na época de tucídides

• Devemos aprender as mudanças e as continuidades, aceitando teorias novas

• O numero de estados independentes ainda se multiplica, existem muitos conflitos étnicos, e uma autoridade central mundial não iria resolver essas questões culturais

• O mundo de estados independentes continuará por muito tempo

O que é política internacional?

• Houve 3 formas básicas de política mundial:

a)império mundial – um governo é dominantes sobre a maior parte do mundo (império romano)

b)sistema feudal- as lealdades e obrigações políticas não são vinculadas ao território – idade média

c) sistema anárquico de estados – estados coesos sem um poder superior acima deles – à partir de 1648

• Atualmente, quando falamos em politica internacional nos referimos como a política em um sistema anárquico sem um soberano comum

• A política internacional é um sistema de auto ajuda

• A política internacional é anárquica no sentido em que não existe um governo mais elevado

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• Concepção realista é a dominante – política internacional em termos de uso da força e principal problemática a guerra

• Concepção liberal – sociedade global, estados em sociedade internacional

• Construtivismo – uma abordagem crítica e suplemento as teorias principais

• Os atores, os fins e os instrumentos são os três conceitos básicos para a teorização sobre política internacional

• Realismo – os únicos atores são os estados

• Tradicionalmente, o fim dos estados é a segurança militar

• A visão tradicional dos instrumentos da política (força militar) está mudando

• A força militar não está obsoleta como instrumentos, mas a alteração no seus curso e eficácia tornam a política internacional hoje mais complexa

• A visão clássica de Tucídides elucida que o que gera a guerra é o crescimento desproporcional de poder de uma potencia que gera insegurança para a outra

• O dilema da segurança é possível por conta da ausência de um poder mais elevado no sistema internacional (estrutura anárquica)

• Aplicação do dilema do prisioneiro nesse contexto: a falta de comunicação gera uma dificuldade em estabelecer confiança e credibilidade

• A concepção de que a guerra é inevitável é muito perigosa e tem sido flexibilizada no âmbito da política internacional

• Embora a concepção realista negue, a ética desempenha uma função importante nas relações internacionais,pois os argumento morais persuadem e constrangem as pessoas, sendo uma arma poderosa

• A ética, no entanto, desempenha um papel menor na política internacional do que na política interna, pois o consenso internacional de valores é débil e se exige do estado uma postura mais dura e radical se for pela proteção dos indivíduos, ao contrario dos indivíduos que não podem agir radicalmente no âmbito interno

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• A complexidade da casualidade determina que é muito difícil conhecer as consequências das ações nas relações entre estados

• Por conta das instituições na sociedade internacional serem fracas, é mais difícil estabelecer os limites éticos e delimitar a separação entre ordem e justiça

Três concepções sobre ética nas RI

• Cépticos – afirmam que as tendências morais não tem sentido nas relações internacionais porque não existem instituições fortes para estabelecer essa ordem

• Os moralistas do estado defendem que a sociedade de estados funciona sempre sobre a égide de determinadas regras, mesmo que estas por hora não sejam observadas

• Os cosmopolitas encaram a sociedade internacional como uma sociedade de indivíduos

CAPÍTULO 2- Origens dos grandes conflitos do Século XX

Sistemas Internacionais e níveis de causalidade

• Sistema: conjunto de unidades inter-relacionadas. Ele gera consequências, que podem ser bem diferentes das que eram as intenções dos atores no sistema.

* Sistema político internacional (SPI): padrão de relacionamento entre os Estados.

* A distribuição de poder entre os Estados num SPI ajuda-nos a fazer previsões acerca de determinados aspectos do comportamento destes.

• Localização e proximidade revelarão bastante acerca do comportamento dos Estados. “O inimigo do meu inimigo é meu amigo” – tendência do sistema anárquico.

Níveis de analise

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• Três níveis de analise: Individuo, Estado e Sistema Internacional.

• A natureza humana pode ajudar a compreender os conflitos, mas não é a única explicação para analisarmos completamente o surgimento de embates bélicos. A análise apenas a nível do indivíduo, apesar de importante, geralmente insuficiente.

• A natureza da sociedade (capitalista ou comunista) não é um fator extremamente relevante para compreensão da guerra, pois os embates ocorrem entre as nações indiferentemente de seu modo de produção (exemplos históricos).

• Uma analise em nível de sistema é de fora para dentro, e a nível de Estado é de dentro para fora.

* Regra da Parcimônia: explicar muito com muito pouco. Necessito mesmo saber o que aquela teoria vai apontar? A parcimônia da um ponto de partida.

Sistema: Estrutura e Processo

• Definições de estrutura e processo: Estrutura: Exemplo do Jogo de pôquer [Estrutura: distribuição do poder (quantas fichas cada um tem e quantas cartas altas serão distribuídas). Processo: Forma como o jogo é jogado. Jogador é um bom bluffer?]

• A Estrutura de um sistema reporta-se à sua distribuição hierárquica de poder, e os processos reportam-se aos padrões e tipos de interações entre as unidades.

• Conceitos de sistemas unipolar, multipolar e bipolar.

* Os analistas políticos analisam a estrutura do SI para preverem o comportamento dos Estados e sua propensão à guerra. (Aí ele faz aquela analise: hegemônico – menos propensão a guerra, multipolares – alianças, balança de poder, bipolar – mais rígido – maior propensão à guerra)

Fins e Instrumentos revolucionários e moderados

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• O sistema internacional é fundamento em regras ou práticas básicas, os Estados podem desafia-las e ou mantê-las.

• O processo de um sistema é afetado igualmente pela natureza dos instrumentos utilizados pelos Estados. Diferentes meios podem ter consequências estabilizadoras ou desestabilizadoras

• Os meios mudam, ou pela tecnologia, ou pela ordem social (meios em constante mudança).

A estrutura e o processo do sistema do século XIX

* Fala que a restauração da antiga ordem pelo Congresso de Viena (multipolar), evitou, ainda que temporariamente, a alteração da estrutura do sistema internacional.

* A explicação estrutural das alterações tem muito a oferecer, mas ela é limitada e determinista, é necessário ter consciência da cultura e das ideais (ideologia, processos políticos, etc...) para entender os fatores que realmente influenciam no processo.

Uma sequela atual

• Exemplifica com o fato da união das duas Alemanhas. vários pensamentos ao longo dos anos de quantos deveriam ser os Estados europeus de língua alemã.

* O autor releva fatos históricos passados para prever o futuro, entretanto faz com cautela e sempre questionando a relação passado - futuro.

Politica interna e politica externa

• Pode-se generalizar a partir da politica interna? Segundo duas analises (marxismo e liberalismo), os estados atuarão de forma semelhante se possuírem sociedades internas semelhantes.

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• Marxismo e liberalismo com visões antagônicas, o primeiro acredita que o capitalismo tende a gerar guerra, o segundo acredita que o capitalismo tende a gerar cooperação.

• Tanto a teoria liberal quanto a marxista perderam força na primeira guerra mundial

A recuperação do liberalismo

• Três correntes liberais: Econômica, politica e social.

• A econômica se baseia no comercio, países que se relacionam comercialmente tentem a não travarem guerras entre si.

• O liberalismo social foca na ideia que os contatos pessoa-a-pessoa, ao promoverem a cooperação mutua, reduzem os riscos de conflitos. (segundo o autor, ideia simplista, é apenas mais um fator levado em analiso ao debatermos as guerras).

• O liberalismo politico (neoliberalismo) baseia-se na ideia na importância das instituições internacionais, pois elas estabelecem um enquadramento no qual as expectativas são moldadas. Essas instituições promovem a paz de 4 maneiras: (1) Sentimento de continuidade (2) oportunidade de reciprocidade. (3) garantem um fluxo de informação, (4) formas de resolução de conflito.

Democracia liberal e guerra

• A questão de que democracia evita a guerra não é consensual entre teóricos.

• É necessário analisar com cautela a ideia de que democracias não entrem em guerra, embora várias correntes teóricas afirmem que países liberais tendem a não realizarem guerras entre si.

Definição dos interesses nacionais

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• É necessário conhecer o contexto para realizar analises a partir de diferentes teorias.

• Conflito entre idealistas e realistas, ambos estão certos, mas em contextos diferentes

• Os interesses nacionais influenciam a politica internacional, mas em certos casos a anarquia faz com que os estados fiquem sem opções de escolha para sua sobrevivência, assim atitudes são tomadas independentemente dos interesses nacionais, pois a sobrevivência se sobrepõe a outros interesses.

Variações nas politicas externas

• Mesmo estados em situações semelhantes definem por vezes os seus interesses e estratégias de formas diferentes.

• Aron (mutação das politicas e das burocracias).

Condicionais contrafactuais

• A politica internacional não é uma ciência de laboratório. Existem demasiadas variáveis na politica internacional, assim os acontecimentos têm causas múltiplas, e não devemos nos prender a um único fato ou a uma única variável.

• Quatro elementos de analise: Plausibilidade, proximidade no tempo, relação com a teoria e fatos.

- Plausibilidade: Condição contra os fatos inseridos, o velho e bom “se”. Entretanto, tais possibilidades devem estar inseridas dentro do tempo histórico e ser possível dentro daquela situação.

- Proximidade no tempo: A proximidade no tempo significa que a proximidade entre dois acontecimentos numa cadeia de casualidade, permite-nos controlar melhor outras causas e consequentemente obter uma avaliação mais correta dos fatores.

- Relação com a teoria: úteis e divertidas, as condições contrafactuais são úteis pois alicerçam um campo de conhecimento mais alargado.

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- Fatos: Um pensamento contrafactual é essencial para um pensamento claro acerca da casualidade, além de permitir uma alta ligação com a teoria.

Alguns historiadores vão contra essa ideia, pois somente o que aconteceu deve ser levado em conta.

CAPÍTULO 3 – Equilíbrio de Poder e Primeira Guerra Mundial

Equilíbrio de Poder

* A culpa da 1ªGM é frequentemente atribuída ao equilíbrio de poder. Esse equilíbrio de poder desagradava Woodrow Wilson, porque acreditava que ele provocava guerras. Os defensores da política do equilíbrio de poder argumentam que ele gera estabilidade. Mas paz e estabilidade não são a mesma coisa.

* Ao longo dos 5 séculos do sistema de Estados europeus aconteceram 119 guerras, sendo que 9 foram generalizadas. Isso mostra que o equilíbrio de poder não preservou a paz durante esse período.

* Os Estados equilibram o poder para preservarem sua independência. Apesar de o equilíbrio de poder ajudar a manter o sistema anárquico de Estados independentes, nem todos os Estados são preservados. Ou seja, não preservou a independência de cada um dos Estados, mas preservou o sistema anárquico de Estados.

* Poder é a capacidade de atingirmos nossos fins; a capacidade de levar os outros a fazer o que eles de outra forma não fariam. Como a capacidade de controlar outros está geralmente associada à posse de recursos (população, território, recursos naturais, dimensão econômica, forças militares e estabilidade política), os líderes políticos definem o poder dessa forma. O mérito dessa definição é o de fazer o poder mais concreto, mensurável e previsível.

* No entanto, a conversão do poder (capacidade de converter o poder potencial – recursos – em poder real – alteração do comportamento dos outros) é um problema básico, que surge quando o concebemos em termos de recursos.

* A mudança dos tempos e do contexto acarreta na mudança daqueles recursos considerados importantes. As fontes de poder nunca são estáticas e continuam a mudar no mundo de hoje. A ciência e tecnologia tem constituído recursos de poder decisivos desde 1945.

* Mesmo que o uso da força fosse banido, ela desempenharia um papel secundário: de força protetora, desencorajando ameaças e assegurando acesso a recursos.

* Existe uma forma suave de exercer o poder. Um país pode atingir seus objetivos na política mundial, porque outros países desejam iguala-los ou acordaram num sistema que produz tais

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efeitos. Esse aspecto do poder – levar os outros a desejar o mesmo que nós próprios – pode ser chamado de Soft Power. Este se baseia em recursos como a capacidade de atração das nossas ideias ou de determinar a agenda política de modo a moldar as preferências expressas por outros.

* No século XXI, a tendência é que seja dado maior papel ao poder informacional, recursos econômicos, coesão política e cultura popular universalista. A força militar continuará a ser importante.

* O termo equilíbrio de poder refere-se a três coisas diferentes: distribuição de poder; política; e sistemas multipolares.

* EQUILÍBRIO DE PODER COMO DISTRIBUIÇÃO DO PODER: por vezes, utiliza-se esse termo para se referir ao status quo da distribuição do poder. No entanto, alterações na distribuição do poder não necessariamente acarretam em alterações do equilíbrio de poder. Se um Estado pequeno mudar de lado, não ocorreria uma alteração muito profunda no equilíbrio de poder. A teoria da estabilidade hegemônica sustenta que o poder desigual gera a paz. Conclusão: alterações desiguais na distribuição do poder pode ser um fator, mas não é o único fator a explicar a guerra e a instabilidade.

* EQUILÍBRIO DE PODER COMO POLÍTICA: pressupõe que os Estados tentarão impedir qualquer outro Estado de desenvolver preponderância de poder. A previsão de comportamento se baseia em 2 fatos: 1) o sistema internacional é anárquico; 2) os Estados prezam sua independência acima de qualquer outra coisa. O equilíbrio de poder nesse sentido prevê que um Estado se associará a quem quer que pareça mais fraco (cujo poder ajude a contrabalancear os mais fortes), já que os Estados atuarão de forma a impedir que qualquer Estado desenvolva preponderância no poder. Alinhar-se com os mais fortes acarretaria o risco de perda de independência (o mais forte pode voltar-se contra nós). Às vezes os países se juntam aos mais ricos, ignorando os riscos quando não veem outra alternativa. Outro motivo pelo qual as previsões baseadas no equilíbrio de poder podem estar erradas está relacionado com a percepção de ameaça – muitas vezes influenciadas pela proximidade (fraco em escala global, mas ameaçador em uma zona ou região). O papel da interdependência econômica também é uma exceção às previsões do equilíbrio de poder – uma política que procurasse atrasar o crescimento econômico de outro país pode prejudicar a economia do meu país.

* EQUILÍBRIO DE PODER COMO SISTEMAS MULTIPOLARES: equilíbrio de poder como um conjunto de países, que cumprem um conjunto de regras conhecidas por todos. Gerou na Europa o maior intervalo sem guerras (1815 – 1914). A estrutura do equilíbrio de poder vai mudando com o tempo. Em termos de processo, o equilíbrio de poder europeu divide-se em 5 períodos – 1) Concerto da Europa (Estados tratavam juntos das disputas); 2) Concerto Flexível (crescimento do nacionalismo e de revoluções democráticas); 3) Unificação da Alemanha e Itália (uso do nacionalismo para atingir objetivos); 4) Concerto de Bismarck (Alemanha desempenhou um papel central); 5) Perda de Flexibilidade (Imperialismo alemão).

* O equilíbrio de poder como um sistema multipolar está ligado ao conceito de alianças – arranjos formais ou informais que Estados soberanos celebram uns com outros de modo a assegurar sua segurança mútua. Ideologias e interesses econômicos são razões para alianças.

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Os Estados vão encerrar a aliança quando esta for vista como uma ameaça à sua própria segurança (quando muda o regime, por exemplo). O arranjo de alianças de Bismarck era flexível e complexo, permitindo que ocorressem crises e conflitos ocasionais sem que desmoronasse o edifício inteiro. O que tinha sido um sistema de alianças fluido e multipolar transformou-se em dois blocos de alianças com consequências perigosas para a paz europeia.

As origens da 1ª GM

* Morte de 15 milhões de pessoas; guerra de trincheiras, arame farpado, metralhadoras e artilharia. Destruiu três impérios europeus: o alemão, o austro-húngaro e o russo. É impossível isolar uma causa, mas é possível dividir em três níveis de análise: sistema (estrutura e processo), societal interno e indivíduos.

* 1º Nível - sistêmico: a nível estrutural existem dois elementos fundamentais – o crescimento do poder alemão e a crescente rigidez do sistema de alianças). A Alemanha tinha o objetivo de construir a segunda maior marinha de guerra do mundo, elevando-se dessa forma a potência mundial – a Grã Bretanha começou a ficar receosa. A resposta britânica ao poder em ascensão da Alemanha contribuiu para a crescente rigidez no sistema de Alianças na Europa (GB e FR contra AL e AUS). À medida que essas alianças se tornaram rígidas em dois polos, perdeu-se a flexibilidade diplomática. A mudança estrutural para bipolaridade afetou o processo pelo qual o sistema de equilíbrio de poder do século XIX tinha funcionado.

* Três outras razões para perda no equilíbrio de poder no século XX: crescimento do nacionalismo, aumento da complacência sobre a paz e a diplomacia alemã. Os alemães tinham tantas ambições mundiais que foram capazes de ir para frente com elas de forma que hostilizou toda a gente ao mesmo tempo.

* 2º Nível – societal interno: duas causas internas que devem ser tomadas em conta – crises internas nos Impérios Austro-Hungaro e Otomano em declínio e a situação política interna na Alemanha. Grupos nacionalistas dos dois impérios desejavam libertar-se e isso levou a Áustria e entrar em guerra contra a Sérvia, porque queria enfraquece-la e impedi-la de se tornar um polo de atração para o nacionalismo. A desintegração de um império por causa do nacionalismo foi a causa mais profunda da guerra, o assassinato de Fernando foi só um pretexto. Com relação a política interna da Alemanha, os esforços alemães em direção à hegemonia mundial eram uma tentativa por parte das elites alemãs para distrair a atenção da fraca integração interna da sociedade alemã – políticas expansionistas substituindo reformas internas.

* 3º Nível – indivíduos: a personalidade teve importância. Havia algo em relação aos líderes, com o Kaiser em particular, que fazia deles importantes causas que contribuíam para as guerras.

* A Guerra teve causas múltiplas. Significa que era inevitável? Não. Devemos distinguir 3 tipos de causas em termos de sua proximidade temporal com o acontecimento estudado. As

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mais remotas são causas profundas, as causas intermediárias e, depois, as causas anteriores ao acontecimento, que são as causas precipitantes.

* As causas profundas foram as mudanças na estrutura do equilíbrio de poder e determinados aspectos dos sistemas políticos internos – o crescimento do poder alemão, o desenvolvimento de um sistema de alianças bipolar e a ascensão do nacionalismo.

* As causas intermediárias foram a diplomacia alemã, o crescimento da complacência em relação à paz e as idiossincrasias pessoais dos líderes.

* A causa precipitante foi o assassinato de Francisco Fernando em Sarajevo.

* Probabilidade elevada não é a mesma coisa que inevitabilidade.

* Plano Schlieffen: a Alemanha deveria em primeiro lugar lançar-se para o ocidente para eliminar os franceses. Após a vitória aí, a Alemanha poderia voltar-se para leste e derrotar os russos. O Estado-Maior alemão recomendava uma movimentação rápida através da Bélgica, violando a neutralidade belga. Alguns líderes alemães eram da opinião de que era preferível uma guerra em 1914 do que uma guerra mais tarde, por isso, pretendiam aproveitar a crise para travarem e vencerem uma batalha preventiva.

* Em resumo, em 2 anos, uma variedade de mudanças relacionadas com o poder russo poderia ter impedido a guerra.

* O principal questionamento é acerda do tipo de guerra que poderia ter acontecido e não se alguma guerra teria acontecido. Era mais provável acontecer uma guerra do que não acontecer. Mas que tipo de guerra? Contrafatualmente, eram possíveis quatro outras guerras.

* Uma era uma simples guerra localizada se os esforços do Kaiser tivessem dado certo. Teria sido uma pequena Guerra Áustria-Sérvia de agosto de 1914.

* Uma segunda possibilidade era a de uma guerra de uma única frente. Quando os russos mobilizaram as tropas, os alemães também mobilizaram as suas.

* Uma terceira possibilidade é imaginar a guerra de duas frentes sem a Grã Bretanha: Alemanha e Áustria contra França e Rússia. A Alemanha poderia ter vencido.

* Uma quarta possibilidade seria a guerra sem os EUA. As chances de os alemães terem ganhado.

* Essa analise contrafatual sugere que a guerra não precisaria ter assumido tamanhas proporções. A guerra era provável, mas não inevitável.

* Os acontecimentos aproximam-se ao longo do tempo, graus de liberdade são perdidos e probabilidade de guerra aumenta. Em junho de 1914, o sentimento de que as relações estavam a melhorar era suficientemente forte para que a Grã Bretanha enviasse 4 dos seus grandes navios de guerra para uma visita de Estado.

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* Podemos retirar algumas lições dessa história? Existiram erros de cálculo acerca da duração e da intensidade da guerra, mas isso não é a mesma coisa que uma guerra acidental. A opinião de que a guerra foi precipitada pela corrida ao armamento também é demasiado simplista.

* Uma lição é de prestar atenção ao processo de um sistema de equilíbrio de poder assim como para a sua estrutura ou distribuição de poder. A estabilidade não é assegurada unicamente pela distribuição do poder. Outra lição útil é ter cuidado com a complacência em relação à paz ou acreditar que a próxima crise se irá ajustar ao mesmo padrão da crise anterior.

* O mundo no século XXI é diferente do mundo de 1914 em dois aspectos: um é o de que as armas nucleares tornaram as guerras preventivas desastrosas e o outro é de que a ideologia da guerra, a aceitação da guerra, é muito fraca. Em 1914, os homens estavam desejosos por arriscar.

Cap. 4 – O fracasso da Segurança Coletiva e a Segunda Guerra Mundial – Maíra Rodrigues

Ascenção e queda da Segurança Coletiva

A 1ºGM foi uma carnificina e o equilíbrio de poder (EP) foi responsabilizado pelo seu início – mostrando a imoralidade do EP. Nye concorda com W. Wilson que disse que o equilíbrio de poder não dá lugar a democracia, nem a paz. Já que nele os estados atuam para impedir que qualquer estado se torne preponderante. Caso for a única forma de preservar esse sistema pode resultar na guerra ou em violações do princípio da autodeterminação. Contudo a 1ºGM fez muitos repensar o uso da força como mecanismo de preservar o EP. Mas, então, o que o substituiria? Wilson apresentava uma solução liberal: desenvolver instituições internacionais baseadas em um direito a nível internacional.

Em 1918 os EUA emitira uma declaração de 14 pontos, com seus motivos para entrarem na guerra - o último era o mais o mais relevante – apelava uma “associação geral das nações, a ser constituída através de convénios específicos, tendo e vista proporcionar garantias mútuas de independência política e integridade territorial tanto aos grandes como aos pequenos estados”.

Liga das Nações

Como apenas tratados não seriam suficientes, Wilson propôs uma organização para aplicar tais acordos – a Liga das Nações (LN). A força moral era importante para coagir os países, mas também era necessária força militar – por isso foi trazido o sistema de segurança coletiva (SC), em que os países não agressivos formariam uma coligação contra agressores. Esse novo sistema seria criado com três fundamentos: 1º a agressão era ilegal e a guerra ofensiva foi banida. 2º a agressão seria desencorajada pela coligação de estados não

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agressivos que estariam dispostos a auxiliar estados vítimas de agressões. 3º caso houvesse falho e a agressão acontecesse a coligação estaria disposta a punir o estado agressor.

A doutrina da SC se parecia com o EP no ponto em que estados se uniriam para evitar agressões e em caso de falha usariam a força. Contudo, essas políticas se diferem em 3 pontos: 1º a SC tem seu ponto central nas políticas agressivas de um Estados, ao contrário da EP que a ênfase é colocada no poder dos Estados, ou seja, as alianças se formam para impedir um estado que está se tornando mais poderoso. 2º na SC as alianças não são formadas antecipadamente, já que não se sabe qual estado está disposto a agredir, já no EP são formadas antecipadamente. 3º a SC foi projetada para ser universal, sem estados neutros ou com ação independente – todos contra o agressor, o EP é formado por pequenas ou grandes alianças.

A doutrina da SC foi incorporada no pacto da LN – que fazia parte dos tratados que pôs fim a guerra. Nye chama atenção para artigos como 10º sobre a proteção de membros contra agressão; 11º a guerra diz respeito a todos estados; 12º e 15º primeiro os conflitos devem se submeter a arbitragem, caso essa falhe em 3 meses poderão recorrer a guerra; 16º qualquer guerra que ia contra a LN, automaticamente seria uma guerra contra a todos os membros. A Liga não representava um fim do sistema anárquico, mas sim uma tentativa coletiva de disciplinar os membros desobedientes do sistema.

A SC envolve dois conceitos: soberania e direito internacional. Soberania: supremacia legal dentro de um determinado território. Na LN a soberania do estado é absoluta e inviolável – só pode ser violada com consentimento do estado. Ao assinarem o pacto da LN os estados cedem alguma soberania à comunidade internacional em troca das garantias da segurança coletiva e do direito internacional. Segundo a LN o direito internacional transcendia o direito nacional e consequentemente a soberania em situações especiais. A SC estava para o direito internacional como a polícia está para o direito nacional.

Estados Unidos e a Liga das Nações

A relutância dos estados em ceder certa soberania estava ligada ao fracasso do senado americano não aderir à sua criação- assim, a SC tinha que funcionar sem seu ator mais importante. O líder da oposição era o Senador Lodge que temia que o artigo 16º diluísse a soberania americana e diminuísse o poder do senado de declarar guerra, além disso, os EUA seria atraído para guerras distantes. Lodge apenas está ligado ao isolacionismo americano em relação ao EP europeu, que tem longa data, com o estopim de estar se afastando das barbaridades cometidas em relação a tal equilíbrio, o país podia desfrutar de um cainho livre por detrás da armada britânica, enquanto os europeus estavam muito longe para ameaça-los. De fato quando se tratava em interferir na América Central eles não eram nada isolacionistas. O que ocorreu depois, foi que os EUA derrubou o EP durante a primeira guerra mas recusou a responsabilidade pela ordem do pós guerra.

Os Primeiros Tempos da Liga

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Devido ao medo da Alemanha se reerguer a França procurou se aliar com a Grã-Bretanha, que recusou, pois alianças antecipadas eram contra a LN e achava também que tal país devia ser reintegrado, como a França foi depois de Napoleão. Logo a França se aliou com a Polônia e com a Pequena Entente (Iugoslávia, Checoslováquia e Roménia – esses estados sofriam com problemas étnicos e divisões internas). Essa aliança além de ir contra a LN não ajudava a França em termos de EP.

Além de a Alemanha perder muitos habitantes e território na 1ºGM, sofria com o Tratado de Versalhes que continha a cláusula da culpa da guerra, e pedia enormes indenizações. A França ocupou áreas industriais até o pagamento. A Itália mudou de lado no começo da guerra (foi para o lado vencedor- Aliados), e troca dessa atitude esperava parte da Iugoslávia, contudo os EUA se opôs a essa prática antiquada de separação de despojos de guerra. Mussolini assumiu com a ideia de refazer o Império Romano.

O período de 1924 a 1930 foi de relativo sucesso para LN – escalonamento da dívida Alemã; assinatura de um protocolo a favor da arbitragem; 1925 Tratado de Locarno – Alemanha entra na LN, com lugar permanente; fronteiras ao ocidente invioláveis e negociáveis através da arbitragem ao leste. Além desses acontecimentos a Liga teve outras ações importantes (final da p. 108). Apesar da crise de 29 e do ganho do partido socialista na Alemanha o otimismo da Liga permaneceu até 1930, quando a LN se mostrou ineficiente nos casos da Manchúria e Etiópia.

O FRACASSO DA MENCHÚRIA

O Japão havia mudado sua postura de vítima do imperialismo, meio do se. XIX, para imperialista no final do século – derrotou a Rússia, colonizou a Coréia e juntou-se aos Aliados na 1ºGM. Após a guerra procurou ser reconhecido como grande potência. Contudo, Europeus e Americanos se opuseram.

A Manchúria fazia parte da China (que havia se tornado república e 1911, a medida que o os Nacionalistas chineses ganhavam força, na década de 1920, mais essa criticava os tratados que humilhavam a China desde a guerra do ópio e mais o atrito com o Japão aumentava, até que essa declarou boicote ás mercadorias Japonesas. Em 1931 o Japão encenou um incidente na Via Férrea da Manchúria (local onde tinha direito de estacionar tropas) dando as tropas pretexto para ocupar toda região. Lá então montou o que o autor chama de um Estado fantoche, controlado por si, chamado Manchukuo. A China apelou a LN, mas o Japão impediu a aprovação de uma resolução.

Em 1932 um relatório apresentado em decorrência de uma investigação na região, por enviados da LN, considera a intervenção japonesa injustificada. O relatório indicava que os membros não deveriam reconhecer Manchukuo, mas não trazia as sanções previstas no artigo 16º contra o Japão (que uma violação dos princípios da LN seria uma guerra contra todos seus membros). Tal relatório foi aprovado, apenas com negação japonesa, que deixou a LN e protesto. Todavia, tal relatório reflete os procedimentos lentos, cautelosos e totalmente ineficazes da Liga.

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O DESASTRE ETÍOPE

A Itália desejava anexar a Etiópia desde a época imperialista no sec. XIX, contudo tal país conseguiu resistir. A não aceitação desse fracasso e o fato desse país se localizar próximos as colônias italianas, levaram a Itália a provocar um incidente na fronteira entre Etiópia e Eritreia. Em 1935 a Itália invadiu a Etiópia, um caso claro de agressão. A LN convocou uma conferencia para impor sanções à Itália, as sanções seriam: embargo a venda de quaisquer equipamentos militares; proibição de empréstimos; cessão de importações italianas; e recusa de venda de determinados bens. Mas faltavam três coisas, pois ainda era permitido à Itália comprar aço, carvão e petróleo; as relações diplomáticas não foram rompidas; e a Grã-Bretanha (GB) não fechou o canal de Suez, onde a Itália andava material para Eritreia.

Apesar de atingi-lo, as sanções não obrigaram Mussolini a mudar sua política. As preocupações da GB e a França em relação à Etiópia eram muito menores do que as em relação ao EP europeu. Essas potências queriam evitar alienar a Itália, pois temiam a reestruturação alemã e viam a Itália como um possível aliado contra a Alemanha. Logo começaram a ter duvidas acerca das sanções. Em dez de 1935 GB e França se encontraram e elaboraram um plano que dividia a Etiópia em duas, uma para Itália, outra para LN. Quando o plano foi divulgado pela imprensa os países foram acusados de vender a LN e a SC.

Contudo, o país africano logo foi esquecido, quando em 1936, Hitler ameaçou de invadir a Renânia GB, França e Itália se voltaram para esse conflito. O que mostra a falta de interesse em conflitos distantes e o prevalecimento do EP dobre a SC.

As origens da Segunda Guerra Mundial

A GUERRA DE HITLER?

Essa não apenas a guerra de Hitler. Segundo o autor foi o segundo ato que terminou com a hegemonia da Europa – a 1ºGM foi o primeiro e o entre guerras foi apenas um intervalo. Além disso, havia a guerra no Pacífico durante a 2ºGM, onde Japão tinha motivações diferentes de Hitler, eram interesses regionais japoneses. Houve dúvidas se Hitler realmente era a figura mais importante da época e se a guerra só surgiu em sua decorrência. Contudo, depois um memorando foi descoberto - nele continha os planos imperialista de Hitler até 1943 – mostra que ele “procurou a guerra”, ou seja, ele a desejava.

A ESTRATÉGIA DE HITLER

Ele tinha várias opções para quando assumiu, entre elas: limitar seus objetivos a revisão de Versalhes; se conformar com a posição fraca da Alemanha; ou crescer através da economia. Contudo escolheu “crescer para frente”, buscando o imperialismo. Para isso se livrou do enquadramento de Versalhes; saiu da LN – com a justificativa de que a França não estava reduzindo suas forças (como previsto na LN); assinou um tratado com a Polônia

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destruindo as tentativas da França em se aproximas dos países do Leste Europeu; anunciou seus planos de descumprir Versalhes e triplicar seu exército.

Ele leva suas tropas até a Renânia, e culpa a França por sua ação, além disso, da a entender que regressaria a LN novamente, se Versalhes fosse revisto – apenas estratégias. A Espanha durante a guerra civil interna se tornou um campo de treino para Alemanha – ex. Guernica. Invadiu a Áustria. E em seguida a Checoslováquia, com a desculpa da autodeterminação dos povos, já que havia alemãs do sudeste desse país – a GB dividiu a Checo, achando que tinha resolvido o empasse, contudo Hitler invadiu Praga logo depois. Logo, chegou a vez da Polônia, com a mesma desculpa da autodeterminação, já que a Polônia possuía um corredor até o mar que possuía alemães (esse corredor foi determinado por Versalhes). Dessa vez, França e GB agiram e manifestaram que defenderiam a Polônia. Hitler foi muito astuto e firmou tratado com Stalin, com cláusula secreta da divisão da Polônia e a invasão foi feita.

Travou guerras com França, Bélgica e GB e tornou-se senhor do continente a oeste da URSS. Contudo, ele não se contentou e em 1941 atacou a URSS – um erro. Outro erro foi declarar guerra ao EUA depois do ataque a Pearl Harbor – pois, queria que o Japão se mante-se na guerra. Ao fazê-lo desencadeio a guerra global, que terminou com seu Terceiro Reich.

O PAPEL DO INDIVÍDUO

A fase imperialista bem sucedida ocorreu graças a audácia e ideologia belicosa de Hitler. Entretanto, a decadência também é atribuída a sua responsabilidade, já que sua ambição crescia sem medir os riscos, ex. os dois erros citados acima. Outro erro foi o racismo de Hitler que descartou aliança com os eslavos, expulsou cientistas fundamentais porque eram judeus e subestimou os EUA, achando que sua população de negros e judeus era fraca.

CAUSAS INTERNAS E SISTEMICAS

O autor cita os abusos do Tratado de Versalhes, que propiciaram o nascimento de um regime nacionalista exacerbado. Além do crescimento do fascismo e comunismo que dividiam a Europa.

Três alterações de nível interno foram importantes para o surgimento da guerra. 1º As democracias do ocidente se encontravam dilaceradas por divisões de classes e disputas ideológicas. 2º O colapso econômico de 1930, que causou uma grande depressão sistêmica, impedindo os estados capitalistas de uma coordenação econômica internacional eficaz para resolver o desequilíbrio no comercio transnacional e nos fluxos financeiros. Essa dificuldade econômica contribuiu para tomada de poder nazista na Alemanha. 3º O isolacionismo americano até a ameaça alemã de dominar toda Europa e afetar o poder estadunidense. Então começou a agir através de pequenas ajuda a GB, mesmo assim a opinião pública americana refutava qualquer envolvimento no continente europeu. Os EUA só obteve apoio da população quando o Japão atacou Pearl Harbor e a declaração de guerra alemã aos EUA.

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“Pode-se afirmar que as causas profundas da 2ºGM foram sistêmicas – o negocio por saudar a 1ºGM. As causas intermediárias foram internas – as rupturas sociais e ideológicas que geraram Hitler e as fraquezas políticas e econômicas nas democracias. A causa precipitante foi a estratégia de dominação de Adolf Hitler”.

SCANER

A GUERRA INEVITÁVEL

Nye cita possibilidades diferentes para evitar a guerra. Uma das possibilidades seria se as democracias ocidentais tivessem apaziguado a Alemanha, ao invés de trata-la punitivamente. A 2º seria se os EUA não se isolasse e se mantivesse presente na Europa para preservar o EP. 3º Se a GB e a França agissem logo, se aliassem com a URSS, e combatessem a Alemanha. Outra seria se os EUA tivesse ratificado a LN. Essas possibilidades poderiam fazer com que Hitler “não tivesse alcançado tais sucessos dramáticos precoces e poderia ter sido derrubado pelos seus próprios generais, os quais varias vezes planejaram tal golpe”.

GUERRA DO PACÍFICO

Essa teve origens diferentes. Na década de 1930 o0s militares nacionalistas japoneses assumiram e a política expansionista se tornou popular. Então criaram a Grande Esfera de Co-Prosperidade da Ásia Oriental (eufemismo magnifico para conquista de seus vizinhos), pois tinham medo da GB e dos EUA que eram potencia marítimas no Pacífico. Também ocuparam Camboja e Vietnã . Mas primeiro o Japão expandiu as custas da China, o que gerou uma guerra diplomática com EUA, que apoiavam essa.

Por essa altura os expansionistas tinham 3 opções. Uma era expandir para o ocidente contra a URSS. Outra era investir ao sul contra as Índias Orientais Holandesas (Indonésia *_*). E a terceira opção era expandir a leste em direção aos EUA, com certeza a opção mais arriscada. Em 1941 os japoneses escolheram a segunda e terceira opções. Ao sul conquistaram Indonésia e Filipinas em busca de petróleo. E a leste em direção aos EUA, buscando surpreende-los com o ataque a Pearl Harbor. Apenas de arriscado (devido a disparidade de recursos) era a única chance segundo os japoneses, pois o EUA estava aplicando embargados ao seu petróleo ao sul e uma guerra era uma questão de tempo.

Outro fato que impulsionou o Japão a essa atitude em 1941 era a pressão estadunidense para retirada japonesa da China, o que não era uma opção para seus dirigentes expansionistas. O papel do indivíduo na Guerra do Pacífico – ao contrário de Hitler que tomou decisões praticamente sozinho, no Japão elas eram tomadas por uma elite militar, que possuía desejos imperialistas – claro que seu presidente Hideki Tojo foi muito importante nas decisões de procurar domínio regional.

Outra personalidade fundamental foi a de Roosevelt que rompeu com a política isolacionista defendida por muitos senadores e em vez de se abster aplicou um embargo

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econômico ao Japão por invadir o Sudeste Asiático. Uma das causas internas e sistêmicas foi a crise econômica de 1930 que, fez os EUA se isolar, o Japão se expandir, deixando a guerra mais provável e a China ficou repleta de caos interno o que propiciou a expansão japonesa. “Ao contrário da guerra na Europa, tanto as causas profundas como as intermediárias da guerra no Pacífico eram largamente internas”. As causas precipitantes foram a decisão de Roosevelt de implementar um embargo total em julho de 1941 e a resultante decisão dos militares japoneses de atacar os EUA.

APAZIGUAMENTO E DOIS TIPOS DE GUERRA

“É a opção política de permitir alterações no equilíbrio de poder que beneficiem um estado rival. E vez de tentar dissuadir ou conter a agressão de adversários, um estado pode decidir que é preferível conceder ganhos modestos aos seus adversários”. O apaziguamento foi bem utilizado em 1815, quando as potencias vitoriosas apaziguaram a derrotada mas ainda forte França. Uma das grandes ironias do entreguerras é a de que o Ocidente confrontou a Alemanha na década de 1920 quando deveria ter sido apaziguada e apaziguou a Alemanha na década de 1930 quando deveria ter sido confrontada.

A 1º e a 2º guerra são apresentadas como diferentes modelos de guerra – 1º uma guerra acidental, e a segunda como planejada. Pois, a primeira foi decorrência de um espiral de hostilidade indesejada. Já a segunda, foi a incapacidade de dissuadir a agressão planejada de Hitler. Nesse sentido, as politicas para impedir essas guerras eram praticamente opostas. A acomodação da Alemanha poderia ter ajudado a impedir a 1ºGM e a dissuasão da Alemanha poderia ter impedido a 2ºGM, mas as politicas oram trocadas. Ao tentarem evitar a repetição da 1ºGM, os líderes britânicos ajudaram a precipitar a 2º. Ao mesmo tempo, os esforços dos líderes americanos para dissuadir o Japão ajudaram a levar a guerra do Pacífico. A dissuasão falhou porque japoneses se sentiram encurralados numa situação onde a alternativa da paz se afigurava pior do que perder uma guerra.

Claro que esses dois modelos de guerra são simplistas. A 1º GM não foi puramente acidental, nem a 2º foi meramente ação planejada de Hitler.

CAPÍTULO 5: A GUERRA FRIA

A Guerra Fria durou quatro décadas, de 1947 a 1989. Ocorreram combates, mas não diretamente entre EUA e URSS. O auge foi de 1947 a 1963, quando poucas negociações sérias ocorreram entre os dois. A partir das décadas de 1970 e 1980, começaram a negociar regularmente tratados de controle de armamentos.

Durante a GF, duas opções de política externa foram postas em prática: a dissuasão e a contenção. Nenhuma delas é original da GF. Dissuadir é desencorajar através do medo. Durante a GF, com o surgimento dos armamentos nucleares, os países preferiam o

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desencorajamento pela ameaça do que se defender depois de um ataque ter ocorrido. A dissuasão geralmente agravava a tensão entre os dois e por isso era difícil demonstrar seu resultado. A contenção, durante a GF, referia-se a política dos EUA de conter o comunismo através da promoção de uma ordem mundial política e econômica liberal. A contenção pode ser ofensiva ou defensiva; militar (guerra ou alianças) ou econômica (bloqueios comerciais ou sanções).

Quem ou o que originou a GF? Três escolas de opinião:

Tradicionalistas (ortodoxos): Stalin e a URSS. No final da segunda Guerra Mundial, a diplomacia dos EUA era defensiva e a URSS era agressiva e expansionista. Os EUA defendiam a segurança coletiva através da ONU e a URSS queria dominar o leste europeu. Gradualmente, os EUA foram despertando para a ameaça do expansionismo soviético e iniciam a GF.

Revisionistas: GF originada pelo expansionismo americano e não soviético. URSS era muito mais fraca que os EUA, que tinham se fortalecido com a II GM e tinham armamentos nucleares, que os soviéticos não possuíam.

- moderados: importância dos indivíduos. Com a morte de Roosevelt, política americana mais dura a partir de Truman

- duros: problema não nos indivíduos, mas na natureza do capitalismo americano. Plano Marshall era uma forma de expandir a economia americana.

Pós-revisionistas: ninguém foi culpado. Ela era inevitável devido à estrutura bipolar do equilíbrio de poder do pós-guerra. (Necessidade de se expandir atribuída ao dilema de segurança).

Os soviéticos pretendiam possessões tangíveis, território. Os americanos, possessões intangíveis ou societais, estavam interessados no contexto geral da política mundial. Esses objetivos colidiram quando os EUA promoveram a ONU e os soviéticos se esforçaram para consolidar sua esfera de influência no leste europeu. Num mundo ideologicamente bipolar, um Estado utiliza suas forças militares para impor sociedades semelhantes à sua, como forma de assegurar a sua segurança.

Roosevelt queria evitar os erros da I GM então exigiu da Alemanha uma rendição incondicional. Queria um sistema comercial liberal para evitar o protecionismo que tinha destruído a economia mundial em 1930 e contribuído para o começo da guerra. É acusado de ingênuo por subestimar Stalin. Os equívocos de Roosevelt foram pensar que Stalin via o mundo da mesma maneira que ele, que ele compreendia a política interna dos EUA e que as políticas americanas de apelar à amizade resultariam com Stalin.

Stalin, por sua vez, queria apertar o controle interno. A invasão alemã enfraqueceu esse controle de Stalin, o qual teve que aumentar seus apelos ao nacionalismo russo durante a guerra, pois a ideologia comunista após a guerra estava enfraquecida e não era suficiente para motivar seu povo. A política isolacionista de Stálin no final da guerra tinha por objetivo cortar as influências externas da Europa e dos EUA, usando este último como um alvo inimigo, instando o povo soviético a retrair-se, fechar-se, mas isso não significa que desejasse a GF que

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acabou ocorrendo. Stalin preferia que houvesse alguma cooperação, que o levasse a receber assistência econômica dos EUA. Apesar de ver o mundo dentro do enquadramento do comunismo, usava muitas vezes táticas pragmáticas.

AS FASES DO CONFLITO

Três fases: O início gradual (1945 a 1947), a declaração da Guerra Fria (1947 a 1949) e o auge da Guerra Fria (1950 a 1962).

1ª fase: O Início gradual

Nem Stalin nem Truman desejavam uma guerra fria. No final da segunda guerra os líderes buscaram estabelecer algumas combinações.

Após a Conferencia de Potsdam, Truman continuou a considerar Stalin como moderado.

Em 1946, o embaixador americano na URSS, avisou o aos decisores americanos que “uma cortina de ferro estava a cair sobre a Europa”.

Enquanto o secretário americano buscava um tratato pós-guerra com os soviéticos, Truman preparava um relatório a fim de descobrir o que os soviéticos estavam a planejar. Conclusão que obteve: os soviéticos iriam expandir-se sempre que encontrassem oportunidades.

Contudo, Truman não queria que esta conclusão fosse divulgada, pois ainda não tinha desenvolvido uma nova estratégia.

Seis questões contribuíram para alterar a estratégia americana e para o início da GF:

1) Os americanos acreditavam que os soviéticos tinham quebrado o compromisso de realizar eleições livres na Polônia após a guerra. Os americanos sentiram-se enganados.

2) Os EUA suspenderam abruptamente o programa de ajuda lend-lease (ajuda econômica durante e/ou pós guerra) e a relação econômica entre os países ressentiu-se.

3) Alemanha deveria pagar 20 milhões de dólares em reparações, metade para a URSS e outra para EUA. Como a Alemanha fora dividida em duas, Stalin queria receber seus 10 milhões da parte ocidental (capitalista) da Alemanha. Os EUA afirmaram que só poderiam retirar esse dinheiro da sua parte oriental (comunista). Assim formou-se uma série de divergências entre eles.

4) Nessa altura, os soviéticos declararam guerra ao Japão e solicitaram uma zona de ocupação semelhante à zona de ocupação americana na Alemanha. Truman negou esta zona de ocupação aos soviéticos e consideraram como uma pressão soviética com vista à expansão.

5) Questão da bomba atômica. Roosevelt tinha decidido não partilhar o segredo. Mas ele esperava que a bomba tivesse algumas conseqüências políticas (quando foi lançada). Stalin

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havia ficado pouco impressionado quando Truman, em uma reunião, anunciou que tinha essa arma.

Em 1946 os EUA apresentaram o plano Baruch de controle de armas. A URSS rejeitou-o, pois pretendia construir sua própria bomba (que foi detonada em 1949).

6) Relacionada com os países do Mediterrâneo Oriental. Soviéticos se recusaram a tirar suas tropas do Irã. EUA apoiou o Irã num debate na ONU. Os soviéticos acabaram recuando, porem começaram a pressionar a Turquia; os comunistas gregos pareciam estar ganhando a guerra civil na Grécia. O Ocidente acreditava que os soviéticos estavam expandindo-se.

Em 1946, parte americana ficou de sobreaviso contra quaisquer concessões, já que a causa primordial da tensão era: devido às questões ideológicas, o conflito era inevitável.

2ª fase: a declaração da GF

Resultou dos problemas na Grécia e na Turquia. A Grã-bretanha pós-guerra não conseguiria continuar a garantir a segurança do Mediterrâneo oriental. Os EUA tinham que decidir se substituiriam o poder britânico fornecendo assistência à Grécia e Turquia.

Truman não estava certo se a opinião pública americana aceitaria essa nova medida. Também tinha receio de que o isolacionismo virasse a ser a linha da política externa americana.

Ao apresentar essa medida de assistência ao Mediterrâneo ao congresso, justificou a alteração na política externa (antes isolacionista) como uma necessidade de proteger os povos livres em toda a parte. Essa explicação moralista e ideológica para a assistência americana ficou conhecida como por doutrina Truman.

Esse “exagero” no sentimento de ameaça ajudou a alterar a natureza da GF.

Em 1947, foi anunciado um plano de ajuda econômica à Europa – Plano Marshall – o qual convidava a URSS e os Europeus do leste a se juntarem. Stalin recusou, pois considerava esse plano como uma jogada econômica americana para destruir a barreira de segurança soviética na Europa do Leste.

A partir daí a hostilidade começou a aumentar num padrão “olho-por-olho”.

3ª fase: O auge da GF

1949: ocorre o acirramento da disputa. URSS detona sua bomba atômica (EUA ficaram surpresos com a rapidez em que adquiriram essa capacidade). Partido comunista assume o poder na China. EUA desenvolve a bomba de hidrogênio.

O autor segue falando da guerra das Coréias (uma capitalista, outra comunista). A norte invade a do Sul. EUA intervém com tropas. A batalha permanece por três anos, até uma trégua ser assinada em 1953.

Os blocos da GF endureceram e a comunicação praticamente cessou.

Inevitabilidade?

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Nessa parte, o autor segue falando se a guerra era inevitável ou se tinha como evitá-la.

O autor acredita que os pós-revisionistas estão corretos, mas é contrário a idéia do determinismo econômico.

Stalin utilizou a ideologia devido aos problemas internos soviéticos após a guerra e Truman exagerou de forma a reunir apoio para alterar a política externa americana (doutrina Truman).

Níveis de Análise

EUA e URSS tornaram-se aliados no começo de 1940. A bipolaridade e o vazio de poder alteraram esse relacionamento. O fato do Japão e da Europa terem se aliado aos EUA foi de extrema importância.

As explicações sistemáticas previam o conflito, não suas proporções.

A nível social os dois países eram muito diferentes. Os construtivistas chama a atenção para o fato de a cultura russa acentuar o absolutismo em vez da democracia, desejo de líder forte, receio de invasão, vergonha a cerca do atraso tecnológico, geograficamente vulnerável...

A nível ideológico tinha uma política externa reservada e conduzida. Não tinham grandes preocupações com a opnião pública.

Em contraste, a cultura política americana enfatizava a democracia liberal, pluralismo. Tinham orgulho da sua tecnologia, estavam isolados entre dois oceanos, sua política externa era moralista, pública...

O autor enfatiza que não é surpreendente que duas sociedades tão diferentes se confundissem.

Objetivos americanos e soviéticos na GF

Soviéticos: acusados de serem um poder revolucionário em vez de um poder status quo e de serem expansionistas. Tendiam à objetivos de possessão, como territórios.

Os objetivos de Stalin eram imperialistas russos clássicos: pretendia manter os ganhos que tinha conseguido com o tratado com Hitler.

Americanos: formas de estabelecer o enquadramento geral da política internacional.

Havia quem declarava que a expansão russa era defensiva, outros afirmavam que era desejo de dominação mundial.

Diferenças do expansionismo soviético para o de Htiler: não era belicista, não queriam a guerra e eram cautelosos.

O comunismo adicionou um movimento ideológico, de libertação das classes trabalhadoras, que legitimava mais ainda a expansão.

Resumindo: a URSS foi expansionista durante a GF, mas cautelosa e oportunisticamente.

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Contenção

A política de contenção envolveu duas ambigüidades: conter a URSS ou o comunismo? e depender de recursos para conter qualquer expansão do poder soviético ou apenas em determinadas áreas?

Durante duas décadas os EUA tentaram conter o controle comunista no Vietnã.

O resto da guerra:

Em 1952, Dwight Eisenhower foi eleito presidente dos EUA com a promessa de terminar a guerra da Coreia e recuar o comunismo. Após 6 meses no poder, percebeu quão arriscado seria recuar o comunismo, uma vez que isso poderia gerar uma guerra nuclear. Porém, com a morte de Stalin, em 1953

Kruchtchev (líder soviético) decidiu que precisava expulsar os americanos de Berlim e chegar a um acordo definitivo sobre a 2GM, para, de fato, consolidar sua influencia e começar a aproveitar-se da descolonização a ocorrer no terceiro mundo. Entretanto, seus esforços de negociação falharam, levando à crise de Berlim 58-61 e à crise cubana dos mísseis.

A URSS e os EUA chegaram tão perto de um precipício nuclear durante a crise cubana dos mísseis, que o susto mútuo os conduziu a uma nova fase no seu relacionamento (1963-1978):

- houve um afrouxamento das tensões e abriu se as portas para negociações de controle de armamento, produzindo vários tratados, inclusive um de não proliferação.

- comércio entre ambos aumentou e o desanuviamento parecia estar a expandir-se.

Nixon assumiu o poder nesse período e tentou utilizar-se do desanuviamento para prosseguir com a contenção. Em contrapartida, a URSS continuava a investir nas suas defesas militares e em países recém-descolonizados, como Angola e Moçambique. Em 1979, acabou essa fase de ‘afrouxamento das tensões’ por causa da invasão soviética no Afeganistão.

As hostilidades regressaram. Existem três orientações que explicam o fim desse desanuviamento:

* o desenvolvimento da defesa soviética, aumentaram o seu orçamento de novas armas.

* A intervenção soviética na Angola e Afeganistão.

* Alteração na política interna americana.

Além desses 3 fatores, o autor ainda cita que esse desanivuamento foi sempre sobrevalorizado e que se esperava demais dela.

As superpotências estabeleceram certas regras de prudência: nenhuma guerra direta, nenhuma utilização de armas nucleares e conversações sobre armamentos e sobre o controle de armas nucleares.

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O fim da guerra fria

Seu fim pode ser fixado pelo fim da divisão na Europa pelos EUA e URSS em 1989, ou seja, quando a URSS não utilizou força para apoiar o governo comunista na Alemanha oriental resultando na queda do Muro de Berlim.

Argumentos para o fim da guerra:

a) contenção americana funcionou (para Nye, essa explicação é incompleta). Os EUA conseguiram impedir a URSS de se expandir, não existiram triunfos para alimentar a ideologia comunista, logo, esta se suavizaria gradativamente. Surgiram novas ideias e as pessoas acabariam percebendo que a história não estava do lado do comunismo.

b) Outra explicação é a de “sobreexpansão imperial”: os impérios se expandem excessivamente até essa expansão esgotar a força interna do império. Com mais de ¼ de sua economia destinada à defesa e aos assuntos externos, a URSS estava sobre-expandida. Os cuidados com a saúde deterioraram-se, a taxa de mortalidade aumentou, falência da economia...

c) Uma terceira explicação é a de que o desenvolvimento militar dos EUA na década de 1980 forçou os soviéticos a rendição.

Nye fica sempre perguntando por que a União Soviética caiu em 1989, e por que no ano de 1989!

Para ele, para compreender melhor o final da GF é preciso analisar 3 tipos de causas: a precipitante, intermédias e profundas:

A) Causa precipitante: a principal causa precipitante do fim da GF foi Gorbachev, pois ele queria reformar o comunismo. Quando chegou ao poder tentou disciplinar o povo soviético. Quando esta disciplina não foi suficiente, lançou a ideia de perestroika (reestruturação) e glasnost (discussão aberta).

Assim que a glasnost e a democratização permitiram que as pessoas expressassem o que pensavam e votassem sobre isso, elas disseram: QUEREMOS SAIR!

A política externa de Gorbachev contribuiu para o fim da guerra também. Pensava que o comunismo poderia ser reparado, mas, ao tentar repará-lo, abriu um rombo nele.

B) Causas intermediárias: ideias liberais, enfatizadas nas explicações construtivistas, e a sobreexpansão imperial (o investimento demasiado na defesa deixou defasado outros setores da sociedade, como já citado acima), enfatizada pelos realistas. Ideias de abertura e democratização, utilizadas por Gorbachev ajudou a disseminar ideias liberais.

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C) causas profundas: o declínio da ideologia comunista e a falência da economia soviética. A perda da legitimidade do comunismo ao longo do período do pós-guerra foi bastante dramática. O poder que a URSS detinha foi sendo progressivamente minado pela destalinização em 1956 e pelo crescimento das ideias liberais. Além disso, as medidas repressivas que foram impostas sobre o povo russo ocasionou na perda da confiança generalizada do sistema.

No final do século XX, a grande mudança tecnológica imposta pelo capitalismo, trouxe a crescente importância da informação, como recurso mais escasso em uma economia. O sistema soviético era particularmente inepto a lidar com a informação. Os bens e serviços não conseguiam manter-se a par com os padrões mundiais.

O final da GF foi equivalente ao da 2GM nos seus efeitos sobre a estrutura do SI, mas ocorreu sem guerras diretas.

Segundo Nye, após o colapso da URSS, a Rússia tem sofrido uma transformação significativa (principalmente depois de a Gabi ter passado por lá). O país embarcou em um processo de democratização e liberalização econômica. Porém, tais medidas tiveram alguns problemas na sua implantação e na medida em que a situação econômica se deteriorou, o nacionalismo rejuvenesceu. Nye termina essa parte deixando uma pergunta (ele sempre faz isso, cara chato): Por que a GF não se torno uma 3GM? (affe!).

O papel das armas nucleares

Pq a guerra fria não se tornou quente? Para a maioria dos analistas, a parte maior da resposta reside na natureza especial das armas nucleares e da dissuasão nuclear.

Física e Política

O autor aborda sobre a enorme capacidade de destruição das armas nucleares, bomba de hidrogênio...

As armas nucleares produziram alterações na natureza da guerra, mas não alteraram a forma básica como o mundo está organizado. O mundo anárquico de estados, sem autoridade superior, continuou a existir.

Existem razões tanto militares quanto políticas para que as armas nucleares não tenham tido um resultado mais dramático após 1945. Para Nye, diversos bombardeamentos mataram muito mais pessoas do que as bombas nucleares lançadas ao Japão (razão militar). Consequência política: desenvolvimento de um regime de prudência efetiva das superpotências. Apesar das divergências ideológicas, desenvolveram um interesse comum: evitar a guerra nuclear.

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Em seguida o autor passa a comentar sobre a bomba de hidrogênio e sua capacidade destrutiva. Vale ressaltar, que tal bomba foi testada pela primeira vez em 1952, dando inicio a segunda fase da revolução nuclear (a primeira foi com a bomba nuclear).

Ao longo da GF envolveram-se em guerras periféricas, mas não se enfrentaram cara a cara. Aderiram uma norma de não utilização de armas nucleares.

Equilíbrio de terror

As armas nucleares criaram uma forma peculiar de equilíbrio de poder, designada equilíbrio de terror. As demonstrações de forças eram mais psicológicas do que físicas. Na GF esse equilíbrio era organizado de forma clara em torno de dois estados, cada um com capacidade de destruir o outro num segundo. Sendo assim, Nye afirma que as superpotências agiram com prudência.

O equilíbrio de terror nuclear coincidiu com o período de bipolaridade. Os neo-realistas definem bipolaridade como situações em que dois grandes estados detêm praticamente todo o poder. Waltz afirma que a bipolaridade é um tipo de sistema particularmente estável porque simplifica a comunicação e os cálculos. Por outro lado, tais sitema bipolares carecem de flexibilidade e aumentam a importância de conflitos marginais, como a Guerra do Vietnã. O próprio terror às armas pode ter contribuído para criar a estabilidade. Resumindo: Watlz afirma que a bipolaridade gerou a estabilidade do sistema. Nye afirma que o medo e a prudência gerada pelas armas nucleares foram os motivos propulsores da estabilidade.

Problemas de dissuasão nuclear

A dissuasão nuclear é uma subdivisão da dissuasão geral, mas as características peculiares das armas alteram a forma como as superpotências abordam as relações internacionais durante a GF. A dissuasão nuclear encoraja o raciocínio (“se me atacares, posso não impedir o ataque, mas revidarei”).

Segundo alguns analistas, a causa da paz era o crescente reconhecimento do terror de uma guerra, pelo menos pelo mundo desenvolvido. A maioria dos analistas, no entanto, acreditam que as armas nucleares tiveram bastante haver com evitar a terceira guerra mundial, como por exemplo: o povo europeu estava tentando eliminar a guerra como um instrumento diplomático desde o fim da 1GM. Após a 2GM a repulsa aumentou drasticamente. Percebe-se então que a ética e a opinião pública também auxiliaram.

A crise cubana dos mísseis

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Na era nuclear, foi a ocasião mais próxima em que um conjunto de acontecimentos poderia ter conduzido a uma guerra nuclear. Kruchtchev manda uma carta para Kennedy (EUA): “tenha cuidado, porque ambos puxamos a ponta de uma corda, na qual temos atado o nó da guerra”.

Em seguida, Nye afirma que o resultado final não pode ser atribuído somente ao componente nuclear. O concenso geral é o de que os EUA venceram. Entretanto, há três explicações possíveis para essa vitória: a) os EUA tinham mais armas; b) acrescenta a importância das paradas relativas das duas superpotências na crise (Cuba estava na Costa americana, logo, poderia invadir a terra do Tio Sam, mas os EUA também poderiam invadir a ilha); c) além de ser considerada uma vitória norte-americana, também foi um compromisso: bombardearem os silos de mísseis, convencer os soviéticos a retirarem os mísseis e negociar oferecendo o que os soviéticos queriam muito: a retirada dos mísseis americanos na Turquia.

Questões morais

Após a crise cubana, houve um relativo alívio da tensão, como se os países tivessem deslizado à borda de um penhasco. Foi assinado uma linha permitindo comunicações diretas entre os países e um tratado de controle de armamentos limitando os testes nucleares atmosféricos. Entretanto, houve a invasão soviética no Afeganistão que estreito novamente a relação entre as superpotências. Durante a pequena guerra fria (1980-85), as conversações ficaram paralisadas e o diálogo tornou-se duro. Ainda nesse período, os orçamentos militares aumentaram.

O autor segue falando se a guerra nuclear pode ser considerada justa. Afirma que elas assumiram um papel fundamental em evitar que a guerra fria se tornasse quente [hahaha]. Apesar de elas terem gerado prudência, a complacência é um perigo.

O contrariedade moral contra o uso das armas nucleares é partilhado por todos os estados. A dimensão realista: armas de destruição maciça tem um grande risco de escalada e potencial de devastação, quando estão presentes, a dinâmica do conflito se altera.

Estados fracos com armas nucleares tem uma maior capacidade para ameaçarem estados poderosos, enquanto que os poderosos podem ameaçar e desencorajar adversários mais eficazmente.

Conclusão de Nye: a guerra fria pode ter terminado, mas a era das armas nucleares não (ah vá!).

Capítulo 6 – Intervenção, Instituições e conflitos regionais.

Soberania e intervenção

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- As possibilidades de grandes guerras diminuíram após o fim da GF, mas ainda há conflitos internos e regionais e pressões externas de intervenção ao conflito e de instituições internacionais.

- A não intervenção é uma regra básica do direito internacional, sendo este e a soberania os conceitos que estabelecem a ordem no SI anárquico.

Definindo intervenção

- Refere-se às ações externas que influenciam os assuntos internos de outro Estado soberano.

- Há uma escala de intervenção iniciando com uma fraca coerção até a forma com maior grau de coerção, sendo que quanto maior esse grau, menor será o grau de escolha que os habitantes locais possuem:

- Discursos destinados a influenciar a política interna num outro Estado;

- Radiodifusão;

- Ajuda econômica;

- Conselheiros militares;

- Apoio à oposição;

- Ação militar limitada;

- Invasão militar.

- As intervenções podem ser multilaterais, mas normalmente um Estado assume o comando.

Soberania

- Conceito vital no sistema Westfaliano e fortalecido pela Liga e ONU.

- Apesar de significar o controle absoluto de um território no sentido jurídico, o controle efetivo é muitas vezes uma questão de grau, é difícil ter um controle total.

- Uma das razões para que os governos nem sempre possa tem uma soberania 100% é a interpendência econômica. Ex.: França em 1981 queria adotar políticas econômicas unilaterais, mas foi obrigada a rever suas ações porque sua economia caiu muito devido às perdas de capital.

- Outras razões são os refugiados, o tráfico de drogas e de armas.

- Os Estados podem ser soberanos em sentido jurídico, mas atores externos influenciam os seus assuntos internos.

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Avaliando a intervenção

- Visões diferentes sobre a intervenção:

- Realistas: valores centrais da politica internacional são a ordem e a paz, sendo a instituição central o equilíbrio de poder. Para eles, a intervenção pode justificar-se quando é necessário manter o equilíbrio de poder ou a ordem. Ex.: GF.

- Cosmopolitas: o valor central é a justiça e a instituição internacional central é uma sociedade de indivíduos. A intervenção é justificada caso promova a justiça, ou seja, é lícito intervir do lado dos bons. O problema é como que se definem os bons (ex.: na GF, cosmopolitas liberais defendiam que era preciso combater os governos da extrema-direita, já os cosmopolitas conservadores achavam que deveriam ser combatidos os da extrema-esquerda – mas tinha em comum a ideia de intervir para buscar a justiça).

- Moralistas de Estado: valor central é a autonomia do Estado e do seu povo. A instituição central é uma sociedade de Estados com determinadas regras e o direito internacional. A regra mais importante é a de não intervenção, por isso, a intervenção é raramente justificada. Ela só pode ser justificada quando se busca defender a integridade territorial de um Estado ou para defender a soberania. Problema que aconteceu: 1967 – Israel ataca Egito porque queria se defender de um ataque iminente egípcio que já havia posto seus exércitos na fronteira. Quem foi o agressor?

Exceções à regra

- Just and Unjust Wars de Michael Walzer, coloca quatro situações que justificam moralmente a guerra ou a intervenção militar na ausência de agressão manifesta.

- Intervenção por antecipação, como no caso acima. A ameaça tem que ser iminente, tendo uma distinção entre ataque por antecipação e por prevenção. O primeiro se enquadra na ameaça iminente, já a segunda é quando se faz a guerra agora, porque é melhor que depois.

- Intervenção necessária para anular uma anterior. O princípio central é que os habitantes locais possam resolver os seus próprios problemas. Ex.: foi o argumento usado pelos EUA para sua intervenção no Vietnã.

- Intervenção quando pessoal correm risco de serem massacradas. Isso nem sempre acontece, vide Ruanda.

- Intervenção para auxiliar movimentos secessionistas: defende a autodeterminação dos povos.

Questão de autodeterminação

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- A autodeterminação é um princípio importante, mas permanece sempre a questão de saber quem decide quem deve autodeterminar.

- O voto nem sempre resolve os problemas de autodeterminação, pois há problemas em decidir qual vai ser o tamanho e local da região que votará e quando será a votação (ex.: Quênia queria esperar 40 anos para criar um sentimento nacional).

- Uma vez que menos de 10% dos estados do mundo são homogêneos, é óbvio que tratar a autodeterminação como um princípio moral primário e não secundário poderia ter consequências desastrosas em muitas partes do mundo.

Motivos, meios e consequências

- Existem três dimensões de avaliação relacionadas coma tradição da guerra justa: motivos, meios e consequências. Todas são importantes, pois julgar uma intervenção apenas por uma dimensão pode conduzir a resposta errada. Ex.: julgar só pelas consequências admite que a razão esteja ao lado da força.

- A exceções a não-intervenção devem ser julgadas caso a caso, através da analise dos motivos, meios e consequências.

Organização e direito internacionais

- A OI não é igual ao governo nacional e o DIP não é igual ao direito nacional.

- As OI não é um governo mundial, pois a soberania estatal encontra-se protegida por elas e são ainda muito débeis. Seu sistema judiciário pode ser rejeitado pelos Estados e suas decisões podem não ser aceitas. O sistema da Assembleia Geral da ONU de um Estado = um voto não reflete a realidade de tamanho dos países, nem de poder. O secretário geral é um fraco executivo, seu poder é comparável mais ao papa do que a de um presidente. As resoluções são apenas resoluções, não leis.

- O DIP, como o direito nacional consiste de tratados (legislaturas) e de costumes. Mas difere na execução, pois não há como obrigar um país a aceitar uma decisão do tribunal. Além disso, a queixa é feita pelos Estados e não por indivíduos. Apesar da criação do TPI, uma série de Estados importantes não assinou o tratado.

- Quando surgem questões de sobrevivência o direito é geralmente deixado de lado.

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Previsibilidade e legitimidade

- Interesses dos Estados no DIP:

- Previsibilidade: o direito permite aos governos evitarem o conflito a alto nível quando surge uma fricção entre os Estados. A gestão de questões pelo DIP e de princípios acordados, torna-as previsíveis. Essa previsibilidade é necessária para que as transações floresçam e para a gestão ordenada dos conflitos que as acompanham.

- Legitimidade: os Estados apelam à organização e ao DIP para legitimar suas próprias politicas ou para não legitimar as dos outros e isso molda muitas vezes as suas táticas e resultados.

A crise do canal de Suez

- Ele fala da crise no Suez, e de como foi utilizado do DIP e da ONU para solucionar o problema, mostrando que o direito também é parte da luta pelo poder.

Manutenção de paz na ONU e segurança coletiva

- Com o fim da Primeira GM, a violência começa a ser tratada com ilegal, já que havia sido criada a Liga das Nações para controlar o uso da força.

- O Conselho de Segurança pode ser encarado como um conceito de equilíbrio de poder do século XIX, integrado num contexto de segurança coletiva da ONU.

- Durante a GF o sistema de segurança coletiva ficou paralisado.

- Surge a diplomacia preventiva da ONU, a fim de reunir forças independentes e impedir a realização de um conflito.

- A segurança coletiva volta em 1990, no caso da invasão iraquiana no Kuwait.

- Apesar disso, esse sistema tem algumas falhas, como a dificuldade em aplicá-la a guerras civis, a falta de aplicabilidade no P5 e o fornecimento de recursos.

- É um erro ser demasiado cínico ou demasiado ingênuo acerca da organização e do DIP, pois os Estados não vivem apenas pela lei, mas não vivem completamente sem ela.

Conflitos no Oriente Médio

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- Ele fala da guerra Irã/Iraque, para saber mais leia as p 204 e 205.

As questões do nacionalismo

- O conceito de nação é problemático, pois é difícil definir. Entende-se que designa um grupo com características comuns, uma identidade comum, podendo existir diversas fontes para essa identidade.

- O nacionalismo tornou-se uma fonte crucial de legitimidade estadual no mundo moderno. Ex.: década de 70, Estados Árabes exerceram pressão para aprovar a resolução que classificava o Sionismo como uma forma de racismo.

Os conflitos israelo-árabes

- Esse conflito gerou seis guerras entre dois grupos de povos reivindicando diferentes identidades nacionais, mas reclamando a mesma ínfima porção de terra.

- Historinha.

- Durante o período bipolar, as guerras no Oriente Médio tenderam a serem curtas, em parte devido ao papel das superpotências ser tão predominante. Quando elas chegavam perto de um conflito nuclear, elas refreavam.

- Com o fim da GF, os Estados tem se voltado a ONU para propiciar essa rede de segurança, mas permanece incerto se a rede de segurança da ONU irá ser eficaz.

A guerra do golfo de 1991 e as suas consequências

- A crise do Golfo começou em 2 de agosto de 1990, quando Saddam Hussein invadiu o Kuwait, pois acreditavam que, como ele era um criação artificial dos colonizadores, não poderia ser um Estado independente.

- O Iraque reclamou que o Kuwait não cumpria com os acordos da OPEP.

- Hussein decide invadir o Kuwait, achando que as potencias nada fariam.

- Uma série de resoluções da ONU aplicou a doutrina da segurança coletiva compra o Iraque. Por quê? Alguns dizem que foi por causa do petróleo. Ou porque ainda havia preocupação com a efetividade da segurança coletiva. Ou por ser uma guerra preventiva, já que Hussein estava produzindo armamentos de destruição em massa.

- Essa guerra ressuscitou a segurança coletiva na ONU.

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- Os Estados da região atuam frequentemente de forma realista, buscando o poder em competição com os demais Estados. As OIs e o DIP tem ajudado a moldar as lutas politicas, assim como o tem feito atores individuais.

Capítulo 7 – Interdependência, globalização e a era da informação

Com o fim da Guerra Fria as questões econômicas se tornam mais evidentes e passam a ser tratadas com mais importância. A globalização (e igualmente a importância dos mercados) traz um novo nível de sensibilidade a acontecimentos em partes distantes geograficamente – na medida em que os custos de transporte e comunicação diminuem, há um aumento dessa sensibilidade, ou seja, diminuição dos efeitos da distância. Alguns teóricos acreditam que questões geoeconômicas substituam a geopolítica nas competições estatais, o que tornará sanções econômicas e embargos instrumentos fundamentais de política.

Os mercados operam dentro de um enquadramento político e dependem de uma estrutura internacional de poder. A segurança é vital para eles também e as sanções econômicas têm sido instrumentos que evitam o uso da forca para garantir a segurança, mas sua eficácia varia (nem sempre obtém os resultados esperados porque por si só não podem garantir a segurança da estrutura).

A interdependência econômica aumentou rapidamente após a Segunda Guerra Mundial, mas foi a crise do petróleo de 1973 que trouxe o conflito econômico para o centro do palco mundial. Para Morgenthau, este acontecimento foi sem precedentes na historia, pois pode separar o poder militar do poder econômico baseado em matérias-primas. O acontecimento coloca uma importante questão: por que os países mais fortes não entraram quebrando tudo no Oriente Médio? Por que permitiram a transferência de não sei quantos milhões de dólares para os estados mais fracos? RELACOES COMPLEXAS. Para compreender, tem que levar em conta a forma como a interdependência pode ser uma fonte de poder. (Nem tão realista, nem tão construtivista: a interdependência pode levar à cooperação, mas ainda há conflitos internacionais).

O Conceito de interdependência

Interdependência é um conceito vago e políticos e analistas entendem de forma diferente: políticos: procuram criar a conotação de um bem como – a gente depende um do outro, vamos cooperar e todos vao se amar - utilizam de forma ideológica; analistas: a interdependência refere-se

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a situações nas quais os atores ou acontecimentos em diferentes partes de um sistema se afetam mutuamente, ou seja, dependência mutua (não quer dizer que é bom ou ruim, mas pode ser mais ou menos dependente).

As origens da interdependência

A interdependência pode ter origem em fenômenos físicos (natureza) ou sociais (econômicos, políticos ou perceptivos). Geralmente ambos estão presentes. Explicando: Na GF havia a percepção da possibilidade de se utilizarem armas nucleares (interdependência militar) – os EUA tinham medo que a URSS usasse, mas não tinha a mesma percepção quanto às armas da Inglaterra ou da Franca, porque não percebia que elas pudessem ser lançadas contra os EUA.

A interdependência econômica envolve opções políticas em relação a valores e custos. Na década de 1970, o pão estava caro nos EUA porque a Índia e a URSS não tinham colhido muito bem. Os EUA não queriam que o preço aumentasse e decidiu parar de exportar (soja?) pro Japão pra ter mais oferta em casa. O Japão se aproximou do Brasil pra importar soja e o Brasil amou a ideia. Muitos anos se passaram e a oferta e a demanda voltaram ao normal e os EUA se ferraram porque os japa não queriam mais porque as antas do Brasil vendiam mais barato! Resumo: as escolhas sociais e a escassez física afetaram a interdependência econômica a longo prazo.

Os benefícios da interdependência

Economistas liberais: todos ganha. Veem a interdependência como um jogo de soma positiva. Não levam em consideração que os benefícios podem ser desproporcionais e não enxergam como os conflitos surgem a partir da má distribuição de ganhos relativos, ou seja, eles omitem os aspectos políticos da interdependência.

O problema é que a distribuição dos benefícios é sempre uma situação de soma zero: o que um ganha é a perda do outro. O resultado disso é que quase sempre existe um conflito político associado à interdependência econômica.

Para os libeirais, os ganhos conjuntos encorajam a cooperação. Beleza, verdade. Mas a interdependência pode ser utilizada como uma arma = sanções econômicas (já que eles dependem de mim e eu não curti o que eles fizeram vou aplicar uma sanção e eles vão ver o que é bom pra tosse. Lógico que como eu sou interdependente só vou aplicar a sanção até o ponto que não me prejudique por tabela). Além disso, pode-se utilizar

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interdependência para prejudicar o outro – as vezes os Estados estão menos preocupados em no seu ganho absoluto com a interdependência e mais preocupados com os ganhos relativos do outro Estado (ele está se fortalecendo e eu prefiro perder meus possíveis ganhos do que deixar ele ficar ainda mais forte).

Na política internacional tradicional era possível uma soma positiva dependendo das intenções dos atores (estabilidade com ganhos conjuntos). Mas se um dos lados buscasse o engrandecimento então a política se tornaria de soma zero. A nova política de interdependência econômica tem aspectos competitivos (soma zero) e cooperativos (soma positiva).

A interdependência mistura questões nacionais e estrangeiras, dando origem a coligações muito mais complexas, padrões de conflito mais intricados e uma forma diferente de distribuição dos ganhos que não se viam no passado. Exemplo da Franca e Alemanha: antigamente se a Alemanha ganhasse com algo a Franca quase tinha um ataque cardíaco, hoje é melhor economicamente para a Franca que a Alemanha esteja a crescer economicamente. A teoria clássica de equilíbrio de poder que um país atua unicamente pra não deixar o outro ganhar preponderância não se aplica aqui.

Os custos da interdependência

Os custos podem estar relacionados com a sensibilidade a curto prazo ou com a vulnerabilidade a longo prazo. Sensibilidade: importância e rapidez dos efeitos da dependência (quão rápido uma mudança aqui gera uma mudança lá). Vulnerabilidade: custos relativos de alterar a estrutura de um sistema de interdependência – exemplo: EUA dependiam 16% do petróleo importado em 1973 e eram sensíveis aos preços, enquanto o Japao era 95% dependente da energia importada sendo mais vulneráveis do que os EUA. A vulnerabilidade é um questão de grau, depende de medidas agrefadas e do fato de a sociedade ser capaz de responder rapidamente à mudança – quanto mais fontes alternativas ou substitutos houver, menor é a vulnerabilidade (voltando ao exemplo, os EUA tinham como economizar um pouquinho de energia do petróleo e também substituir um pouco por outras fontes de energia).

Alguns analistas entendem que as economias avançadas são baseadas na informação, no sentido que os computadores, comunicações e internet estão se tornando fatores dominantes no crescimento econômico e o valor da informação neles contidos é bem maior do que o valor das matérias primas envolvidas. Desse modo, as matérias-primas na economia mundial tem sofrido muito com essas alterações, perdendo seu valor econômico. O petróleo é a exceção dessa regra, porque ainda é

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fundamental para as economias avançadas (principalmente na área do transporte) o que contribui para a importância estratégica do Golfo Pérsico.

A simetria da interdependência

Se duas partes são interdependentes, mas uma delas é menos dependente do que a outra, essa detém uma fonte de poder enquanto ambas valorizarem essa interdependência. A manipulação das assimetrias da situação de interdependência pode constituir uma fonte de poder na politica internacional. Simetria perfeita e desequilíbrio total são bem raros.

Um Estado pode, ainda, ter vantagem em uma área interdependente e desvantagem em outra. Sendo assim, ele vai tentar ligar ou desligar questões. Muitos conflitos políticos em torno da interdependência envolvem a criação ou o impedimento da ligação porque os Estados desejam manipular a interdependência nas áreas em que são fortes e evitar serem manipulados onde são relativamente fracos (nem sempre o maior Estado vence nessa jogada).

A dissuasão através da manipulação da interdependência econômica se aproxima da dissuasão nuclear no sentido em que se baseia na capacidade de gerar prejuízo efetivo e intenções credíveis (credibilidade, o Estado pode vir a tomar tal decisão). Os pequenos Estados podem ultizar esse método para ultrapassarem sua vulnerabilidade na interdependência assimétrica.

Uma consequência natural da crescente interdependência é a proliferação de pactos comerciais. Exemplo: NAFTA – quando o peso mexicano (moeda) caiu em 1994, os EUA intervieram para segurar a moeda; quando rolou a crise financeira no sudeste da Ásia em 1997 os EUA se encontravam menos vulneráveis do que em relação ao México e responderam através de instituições multilaterais. Apesar disso, o receio de um efeito dominó na economia mundial significava que os EUA e os outros ricos não podiam mais assistir de longe os acontecimentos.

Liderança na economia mundial

De forma geral, manda quem pode, obedece quem tem juízo = as regras da economia internacional são estabelecidas pelos maiores Estados.

Os EUA tornaram-se a maior economia mundial mas ignoraram os assuntos internacionais na década de 1930 e cagaram tudo. Alguns

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economistas acreditam que a Grande Depressão da década de 1930 foi agravada por uma má política monetária e falta de liderança americana.

Depois da 2GM os EUA aprenderam a lição e resolveram criar instituições para mandar uma economia internacional aberta e evitar novos conflitos (FMI, GATT/OMC, BIRD, etc). Resultado: rápido desenvolvimento da interdependência econômica. Portanto, é cada vez mais irrealista analisar a politica mundial como se ela ocorresse unicamente entre um grupo de Estados como bolas de bilhar chocando uns contra os outros num equilíbrio de poder.

Realismo e interdependência complexa

Como seria a configuração do mundo se as três premissas básicas do realismo fossem invertidas? Interdependência complexa: 1) os Estados não são os únicos atores importantes; 2) a força não é o único instrumento significativo (tem a manipulação econômica e a utilização das instituições internacionais); 3) a segurança não é o fim dominante (é o bem-estar). A interdependência complexa é um tipo ideal, é uma experiência mental que nos permite imaginar um tipo diferente de política mundial (iupi, respire fundo para mergulhar nessa viagem!!).

O realismo e a interdep complexa são modelos simplificados e no mundo real, um pais se insere num espectro entre o realismo e a interdep complexa (dependendo do momento e com quem está lidando é mais puxado pra um lado ou pra outro – figura 7.2 pag 237 esclarece tudo).

Exemplo: a dimensão potencial do mercado chinês para os bens americanos e a procura interna nos EUA por produtos chineses significam que a capacidade do governo americano atuar contra a China é limitada por atores transnacionais – empresas multinacionais americanas pressionam os EUA para não concretizar sanções contra a China por praticas comerciais desonestas e violação dos DDHH. Ao mesmo tempo, o crescimento da China (também militar) tem efeito sobre as percepções do equilíbrio de poder na região, contribuindo para o reforço da aliança de defesa americano-niponica em 1996.

A política transnacional do petróleo

Essa questão envolve aspectos do realismo e da interdep complexa.

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A interdependência numa dada área ocorre dentro de um conjunto de regras, normas e instituições = regime. O regime internacional do petróleo modificou-se drasticamente ao longo dos últimos 50 anos.

1960 – era um oligopólio privado com laços estreitos com os governos dos maiores países consumidores. Eram as “sete irmãs”, sete empresas exploradoras e o preco era determinado pelas condições nos países ricos. as potencias mais fortes militarmente intervinham quando precisava para manter o sistema funcionando.

1973 – perdeu playboy. Os países produtores estabeleceram um ritmo de produção e os preços passariam a ser fixados pela oferta. Houve um enorme deslocamento (ficou todo mundo loco, mentira) de poder e de riqueza dos países ricos para os pobres.

As alterações no regime petrolífero internacional podem ser analisadas sob três perspectivas: equilíbrio de poder global, equilíbrio de poder no petróleo e instituições internacionais.

Realistas: consideram as alterações no equilíbrio de poder se baseiam fundamentalmente na forca militar. O avanço do nacionalismo e a descolonização nos países da OPEP tornam a intervenção mais cara. Quando a OPEP se formou (1960) a Gra-Bretanha era a polícia do Golfo Pérsico e praticamente todo mundo era colônia. Em 1971 ela está enfraquecida e os EUA ocupados com a surra que estavam levando do Vietnã não desempenharam grande papel no Golfo Pérsico. Os EUA preferiram uma estratégia de utilizar os poderes regionais e escolheram o Irã como instrumento, seria o hegemônico regional = mudança na estrutura de poder gerou a mudança no regime petrolífero.

Outra visão (forma modificada de realismo): a explicação nas alterações do regime do petróleo está na própria questão do petróleo e não na estrutura militar global. Houve mudanças na questão da estrutura do poder: os EUA eram o maior produtor mundial de petróleo, mas decaiu em 1971 e eles passaram a importar bastante, o que deixou os EUA sem qualquer petróleo excedente. Com isso, o poder de equilibrar o mercado petrolífero passou para países como a Arábia Saudita e o Irã. Ao longo da década de 1960 e inicio dos anos 70 as “sete irmãs” tranferiram inadvertidamente tecnologia e competências que desevolveram a capacidade dos países pobres para gerirem as operações petrolíferas – elas treinaram os habitantes locais. Os acordos que essas empresas tinham com os governos tornaram-se obsoletos e novas empresas transnacionais entraram em cena, possibilitando que quando o país produtor quisesse sair do controle das sete irmãs ele conseguia, porque chegava em acordos com as transnacionais independentes (que eram menores). Isso reduziu o poder negocial das grandes multinacionais.

Institucionalmente, houve um aumento na eficácia da atuação da OPEP como cartel (a OPEP existia desde a década de 1960, mas só na

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década de 1970 que conseguiu alterar o regime). Os cartéis já existiam a muito tempo nessa indústria, mas sempre ligados aos acordos privados entre as “sete irmãs”. Os cartéis funcionam melhor quando o petróleo está escasso, porque quando é excedente os produtores querem vender e tendem a baixar o preço. A OPEP representou uma tentativa de mudar de um cartel privado para um cartel governamental. Quando diminuíram a oferta de petróleo, a OPEP teve o papel de coordenação e o poder negocial dos produtores aumentou.

Com a guerra no Oriente Médio de 1973, os países árabes cortaram seu fornecimento de petróleo por motivos políticos, criando uma situação de possibilidade para mostrarem seu poder, a OPEP pode se tornar eficaz. A longo prazo, contudo, a OPEP não foi capaz de manter permanentemente elevados os preços do petróleo devido às forças de mercado, mas conseguiu um abrandamento na descida dos preços, consequência da coligação da OPEP.

Outro fator institucional (até mais importante) foi o papel das companhias petrolíferas em suavizar o sofrimento com a crise. Exemplo: os EUA perderam 25% do petróleo importado árabe, mas as companhias enviaram mais petróleo venezuelano e indonésio para suavizar o sofrimento com o embargo, de forma que todos os países ricos perdiam apenas de 7% a 9% do seu petróleo, bem abaixo do ponto de estrangulamento. Essas companhias ajudaram, dessa forma, a evitar que o conflito econômico se transformasse em conflito militar. Por que fizeram isso? Elas são maximizadoras do lucro a longo prazo e desejam a estabilidade e o acesso aos mercados.

O petróleo é uma questão que se encontra entre os dois tipos ideias: realismo e interdependência complexa. Alterações em três dimensões – equilíbrio de poder global, estrutura do poder e instituições – ajudam a explicar a mudança do regime petrolífero de 1960 para após 1973.

O petróleo como recurso de poder

O poder da arma petrolífera em 1973: ao cortarem a produção e colocarem um embargo às vendas aos países favoráveis a Israel, os países árabes foram capazes de levar seus problemas ao topo da agenda americana. Isso encorajou os EUA a desempenharem um papel mais conciliatório na resolução do conflito árabe-israelense. Mesmo assim, a arma petrolífera não alterou o fundamental da política americana para com o Oriente Médio: os americanos não mudaram de lado, continuaram apoiando Israel.

A arma não foi mais eficaz ainda porque a Arábia Saudita possuía grande investimentos nos EUA, desse modo, se prejudicasse demais os EUA

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economicamente iriam acabar perdendo por tabela. Além disso, a Arábia Saudita era dependente dos EUA na sua defesa porque eram os únicos capazes de manter o equilíbrio de poder na região do Golfo Pérsico.

Como nunca chegou a acontecer o estrangulamento, não houve nenhuma intervenção militar. A força desempenhou um papel secundário: havia uma ligação indireta entre a interdependência de segurança e a interdependência petrolífera (econômica).

Atores transnacionais

Tradicionalmente, a politica internacional era tratada em termos de Estados e a agenda era mais limitada, com questões de defesa militar dominando. Ao longo dos séculos, atores transnacionais têm um certo papel, mas só na segunda metade do século XX que a quantidade desses atores aumenta significativamente gerando uma mudança no sistema internacional. Com a interdependência global, a agenda da politica internacional é mais vasta. As interações através das fronteiras dos Estados, fora do controle central dos órgãos de política externa (relações transnacionais) incluem a migração, transferência de capital, tráfico ilegal de armas e drogas e terrorismo, dentre outras coisas.

A complexidade de interesses sempre existiu, mas é maior nos assuntos econômicos e sociais do que nos militares. A segurança, a sobrevivência de um povo é um bem coletivo, mas questões econômicas e sociais são menos coletivas (nem todos querem do mesmo jeito) e há mais divergências de interesses. Desse modo, a simplificação tradicional não descreve bem o processo politico atual.

No caso do petróleo em 1973, existiam enormes divergências de interesses mesmo dentro dos países consumidores em relação aos preços do petróleo. Exemplo: os produtores de petróleo do Texas estavam curtindo os preços altos dos árabes, os ecologistas também, e os da energia nuclear mais ainda, porque podiam expandir seu mercado como fonte alternativa, tudo dentro dos EUA. Existia uma coligação transnacional que não estava descontente com os preços altos do petróleo e isso foi uma das razões que levou os países a não aplicarem medidas mais extremas: havia a sensibilidade da interdependência – importantes atores políticos no interior dos países consumidores consideravam essa mudança benéfica.

O fato de haver divergências entre os interesses internamente não é novo, mas a expansão da participação na politica nacional alguns desses interesses internos desenvolvem a capacidade de comunicar e interagir com interesses em outros países, gerando um tipo diferente de politica mundial. Os atores individuais podem agir através das fronteiras nacionais e as relações extrapolam o modelo tradicional de Estado para Estado. Uma das

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características mais importantes da interdependência complexa é justamente a importância dos atores não estatais.

Poder e interdependência na era da informação

A revolução da informação resulta na virtual eliminação dos custos da distância (é mais barato se comunicar com o outro lado do mundo hoje), mas mesmo assim, a maioria da população mundial não participa disso, ou seja, a globalização está longe de ser universal. De qualquer modo, existe o ciberespaço e são necessárias regras para regerem esse sistema. Regras demandam uma autoridade. E quem é a autoridade?

A revolução da informação e o poder entre os Estados

A revolução da informação refere-se aos rápidos avanços tecnológicos que geram decréscimos no custo de processamento e transmissão de informação. A característica principal dessa revolução é a redução dos custos na comunicação. As consequências são significativas: as empresas podem realizar estratégias de produção para desenvolver atividades econômicas ao redor do mundo; os atores não-governamentais podem se organizar transnacionalmente com custos baixos e podem pressionar os governos com sucesso.

Com o desenvolvimento de organizações descentralizadas e comunidades virtuais há a extrapolação das fronteiras das jurisdições territoriais e a criação de um novo padrão de governo. Mesmo que o sistema westfaliano de estados soberanos seja o padrão dominante nas RRII, ja podemos ver um padrão de comunidades e governação transversais.

Com a globalização, o poder se difundiu dos governos para os mercados em funções como a manutenção do valor da moeda, a escolha do modelo econômico, os impostos, a construção de infraestruturas, a proteção contra o crime, e demais coisas. A um nível macro, a incapacidade da economia soviética de responder à revolução da informação levou ao colapso de seu poder; a um nível micro, a informação é essencial para a eficácia dos mercados e o crescimento e difusão de informação diminui os custos das transações, tornando todos os tipos de contratos mais fáceis.

Mesmo com tudo isso, a revolução da informação não transformou ainda a politica mundial em uma politica de completa interdependência complexa. Uma razão é que essa informação não flui no vácuo, mas num espaço politico que já está ocupado.

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Num primeiro momento, a revolução da informação tem papel descentralizador porque reduz os custos e possibilitaria uma redução do poder dos grandes em favor do poder dos pequenos. Mas isso não acontece porque: ainda existem barreiras ao acesso e a economias de escala em relação a informação; existem vantagens em ser o primeiro (os EUA têm vantagem na aplicação das tecnologiais, principalmente na área militar – sensores espaciais, computadores de alta velocidade, softwares complexos, etc). Contudo e concluindo, a difusão da tecnologia para grupos não-estatais, combinada com a vulnerabilidade das sociedades abertas modernas baseadas na informação, revela que os problemas de segurança futuros envolverão mais do que apenas uma competição entre Estados.

A revolução da informação e a interdependência complexa

A redução nos custos abriu caminho para organizações e indivíduos se infiltrarem através das fronteiras estatais e se tornarem eficazes em influenciar a agenda dos lideres políticos.

Um dos efeitos da informação a baixo custo é a abundancia de informação disponível, o que leva a uma escassez de atenção e poucos são capazes de distinguir os sinais importantes do barulho do fundo. Com isso, o poder da informação flui para aqueles que podem editar e validar com credibilidade a informação, escolhendo o que é importante (vira uma manipulação de quem pode).

Com os custos baixos, a capacidade de transmitir é menos importante como recurso de poder e a capacidade de filtrar as informações é mais importante. Ao centrarem-se em determinados conflitos, os emissores pressionam os políticos a responder aqueles conflitos em detrimento de outros (a mídia controla tudo meus amigos, e nós, reles mortais somos manipulados, temos que mudar isso! Avante pessoal! É nój.), por exemplo transmitir a copa e as olimpíadas e deixar o koni agir livremente na África. Os governos têm procurado influenciar, manipular ou controlar as estacões de difusão de informação (lembrem-se do Craig que deveria se focar mais nos reais interesses britânicos no Uzbequistão do que nos direitos humanos e casos de tortura por parte dos EUA para conseguir seus interesses, como a lista dos membros da Al Qaeda).

A revolução da informação e a democratização

(É tudo uma farsa.)

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Os países democráticos são, na maioria das vezes, os modeladores de informação porque a podem adquirir “livremente”. Governos autoritários podem controlar o acesso dos seus cidadãos às fontes de informação controlando os fornecedores de serviços e vigiando os poucos utilizadores. Contudo, esse ultimo sistema torna-se mais oneroso. Além de refrearem o desenvolvimento e a criatividade de seus trabalhadores, afastam de mesmo modo a possibilidade de investimento estrangeiro porque as principais decisões são tomadas de forma opaca (gente, me engana que eu gosto né, os EUA amam explorar os chineses, não vão parar de fazer isso pq a China não deixa usar o face, eles não precisam que os chineses sejam criativos, precisam de mao-de-obra quase escrava só pra executar as ideias americanas, minha opinião, voltemos ao livro). Os governos que não são transparentes não são credíveis, já que a informação que apresentam é encarada como tendenciosa e seletiva. Além disso, à medida que o desenvolvimento econômico avança e a classe media se desenvolve as medidas repressivas se tornam mais caras para o país internamente e externamente em termos de sua reputação internacional.

Uma consequência do aumento dos fluxos de informação é clara: os Estados perderam grande parte de seu controle de informações na própria sociedade.

Quatro pontos principais sobre a revolução da informação: 1) o erro de alguns liberais em afirmar um efeio nivelador das revoluções da informação e das comunicações sobre a distribuição do poder – as economias de escala e as barreiras ao acesso ainda persistem na informação estratégica e os maiores Estados ganham mais credibilidade por terem a informação livre. 2) o baixo custo possibilita atores não-governamentais se organizarem e propagar suas ideias, tornando os Estados mais facilmente penetrantes deixando de ser caixas negras. 3) as sociedades democráticas competem com mais eficácia do que Estados autoritários pelo recurso de poder da credibilidade. 4) o poder suave (meu deus) se torna mais importante e a credibilidade se torna um recurso crucial de poder para atores estatais ou não.

Resumo da ópera: os estados com base geográfica continuam a estruturar a politica na era da informação, mas os processos da política mundial no interior dessa estrutura estão sendo submetidos a uma mudança profunda (sim, ele acaba exatamente assim o capítulo.)

Cap. 8 – UMA NOVA ORDEM MUNDIAL?

Modelos alternativos para o futuro

A lógica do conflito internacional descrita por Tucídides ainda é aplicável a partes do mundo atual. Existem dispositivos mitigantes, tais

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como o equilíbrio de poder e as normas internacionais, o direito e a organização, mas que não evitaram todas as guerras.

Com o fim da Guerra Fria, discutiu-se muito em torno das perspectivas para uma nova ordem mundial. Havia uma nova ordem mundial, no sentido em que o sistema bipolar estabelecido após a Segunda Guerra tinha desmoronado, mas não era necessariamente uma ordem justa.

O autor fala sobre o estado territorial – que ele não existiu sempre no passado, e por isso não precisava necessariamente existir no futuro. Unidades fragmentadas e sistemas de Estados existiram desde os tempos de Tucídides, mas o vasto Estado territorial como base fundamental da política internacional desenvolveu-se apenas após a Renascença. A Guerra dos Trinta Anos foi a última das guerras do feudalismo e a primeira das guerras do Estado territorial. Vários futurologistas tem previsto o declínio do Estado territorial. Desde a 2ª GM houve cinco tentativas de desenvolvimento de alternativas que ultrapassam o estado-nação como modelo para a política mundial. São eles:

1. Federalismo Mundial: Uma solução para o problema da anarquia através de uma federação internacional – os Estados concordariam em abandonar seus armamentos nacionais e aceitariam um certo nível de autoridade central. Desde as 13 colônias americanas, séc. XVIII. O federalismo provou não ser um modelo bem sucedido, pois a paz não é a única coisa que as pessoas buscam, elas desejam também justiça, bem-estar e autonomia, e não confiam num governo mundial para as proteger. Então, livrar-se dos sistemas de Estados independentes não seria necessariamente o fim da guerra.

2. Funcionalismo: Popular em 1940, sugeria que a cooperação econômica e social poderia gerar comunidades que atravessassem fronteiras nacionais, eliminando a guerra. A soberania ia tornar-se menos relevante, e seu conteúdo hostil seria drenado. O funcionalismo existe atualmente, em certa medida, já que o mundo está repleto de interesses transnacionais, organizações não-governamentais, empresas multinacionais, etc. Mas não é um modelo suficiente de ordem mundial e a maioria dos Estados estão relutantes em se deixarem tornar tão interdependentes que se tornem muito vulneráveis perante outros.

3. Regionalismo: A integração regional tornou-se popular nas décadas de 50 e 60. Monnet acreditava que a abordagem funcional, se fosse aplicada a nível regional, evitaria o ressurgimento dos conflitos que tinham conduzido à 1ª e 2ª GM. Em 1950, a Europa iniciou o processo com o Plano Schumann (carvão e aço). O Tratado de Roma estabeleceu o Mercado Comum Europeu, que estabelecia uma redução gradual das barreiras alfandegárias e a harmonização de toda União Europeia em 92. E 80, Grã-Bretanha e França estabeleceram os limites da integração. A UE é um novo tipo de política internacional, mas só na Europa. (óooooh)

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4. Ecologismo: Década de 70, Richard Falk (wtf?) sustentou que duas coisas poderiam constituir a base de uma nova ordem mundial: a importância crescente de atores transnacionais e não-territoriais e a interdependência crescente em condições de escassez. Argumentou que se assistiria a uma evolução gradual de valores populistas de base, que transcenderiam o Estado-nação. Anticolonialismo, anti-racialismo, maior igualdade e equilíbrio ecológico conduziriam ao reforço da ONU e à criação de novos regimes para gerirem os recursos mundiais em diminuição – resultando em criação de normais internacionais de paz, justiça e equilíbrio ecológico e de um novo tipo de ordem mundial. Nye diz que Falk sobreavaliou quão escassos os recursos se tornariam e subestimou a forma como novas tecnologias podem compensar a escassez existente. Além disso, movimentos populistas de base não se prestam facilmente a cooperação internacional.

5. Ciber-Feudalismo: Teóricos da organização na era da informação, defendem que a revolução está a nivelar as hierarquias e as substituir por organizações de rede. Os governos irão descentralizar-se e uma maior número de funções governamentais irão ser geridas tanto por mercados privados como por organizações não lucrativas. À medida que organizações descentralizadas e comunidades virtuais forem se desenvolvendo na internet, irão atravessar jurisdições territoriais e criar seus próprios padrões de regulamentação. Os Estados-nação se tornarão menos importantes e centrais na vida das pessoas. (HAHA) Nye: isso deixa em aberto questões de como irão ser tratados os problemas da violência, e da segurança. As pessoas tem que viver em algum lugar, e se sentir seguras ondem vivem.

Contrariando as previsões dos cinco modelos, o estado-nação ainda não se tornou obsoleto. As pessoas esperam três coisas de suas instituições políticas: segurança física, bem-estar econômico e identidade comum. O Estado territorial e seus problemas ainda permanecem centrais na política mundial.

Nacionalismo e transnacionalismo

São as forças em combate no mundo pós-Guerra Fria. Alterações na tecnologia fizeram com que o mundo parecesse mais pequeno e interligado. Mas muitas pessoas estão reagindo à mudança rápida com respostas nacionais muito desagregadoras. A globalização pode gerar integração econômica e fragmentação política ao mesmo tempo. A diplomacia hoje é conduzida em tempo real. Na maior parte do mundo, o nacionalismo parece estar se intensificando, em vez da aldeia flobal, temos aldeias (sentimento comunitário) ao longo do globo que estão mais conscientes umas das outras.

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O fim da história?

Alguns analistas defende que foram as diferenças ideológicas profundas que deram origem aos conflitos internacionais, como fascismo e comunismo). O fim da GF sugeriu que o capitalismo liberal tinha triunfado. Não existe já um único rival do capitalismo liberal como ideologia dominante, como Fukuyama defendeu. (me lembra de Voigt, que me lembra do “tais bem Desirée? Melhorzinha?) Nye diz que em um outro sentido, em vez do “fim da história”, o mundo pós-Guerra Fria poderia ser descrito como o retorno da história.

Isso significa a existência de circunstâncias mais normais, em que uma única divisão ideológica não serve de pretexto para os grandes conflitos da política internacional. O fundamentalismo religioso desafua as normas e as práticas do capitalismo liberal.

Após a GF, a maior reação ao capitalismo liberal é o nacionalismo étnico. A ideia de pessoas com características étnicas semelhantes afirmarem a sua identidade comum é muito poderosa. Na Europa Ocidental, os países estão a ultrapassar as suas antigas animosidades e a unificar-se, enquanto alguns países da Europa de Leste estão a redescobrir as suas antigas animosidades. Isso devido ao papel do crescimento econômico, pois quando as pessoas estão bem, as animosidades tendem a ser menos tensas. Também se deve à democracia, pois quando é conferida às pessoas a oportunidade de discutirem os seus procedimentos abertamente, as paixões podem ser vencidas. Mesmo na Europa Ocidental o nacionalismo está longe de estar morto – xenofobia.

Transnacionalismo

Devido às comunicações transnacionais, há um conhecimento muito maior do que está acontecendo em outros locais do globo e os grupos conseguem organizar-se melhor a uma escala global.

A empresa multinacional, ao espalhar investimentos em volta do globo, obtém lucros em diferentes partes do mercado global – isso cria um tipo diferente de economia mundial. Os governos competem entre si para atrair investimentos internacionais.

A mudança tecnológica e o crescimento econômico acentuam os problemas ecológicos e colocam pressão sobre os recursos, que têm sido tratados como patrimônio comum.

Proliferação de armas de destruição maciça

Outro processo transnacional é a disseminação de tecnologia. As empresas fazem isso, e o comércio e o contrabando também o fazem. Com

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o tempo, a tecnologia espalha-se através das fronteiras. A consequência sobre a segurança é observado no caso das armas de destruição em massa. O problema da proliferação foi agravado quando o colapso da URSS a tornou menos capaz de controlar seus antigos Estados clientes e de controlar a fuga da tecnologia. Antes do colapso, havia mais de 30 países que poderiam ter produzido armas nucleares e não o fizeram devido às alianças – a superpotência fornecia garantias de segurança aos seus aliados. Outra razão foi a existência de tratados e instituições com o fim de controlar a proliferação, como o Tratado de Não-Proliferação.

Ameaças transnacionais e o conceito de segurança

No futuro, uma das maiores ameaças será a de terroristas transnacionais se apossarem de armas de destruição em massa. E grupos terroristas também poderiam espalhar o terror atacando os sistemas de informação importantes – hackers informáticos. A dissuasão não assegura grande proteção contra ameaças terroristas transnacionais porque raramente existe uma morada contra a qual retaliar. Em outros casos, grupos criminosos podem assumir o controle do governo de um Estado, mas comportarem-se de acordo com o DIP, reclamando direitos de proteção soberana contra a interferência em seus assuntos internos.

À medida que as ameaças transnacionais aumentam, os Estados irão não apenas começar a questionar as normas de Westfalia, que traçaram distinções claras entre o que é nacional e o que é internacional, mas também a alargar os seus conceitos de segurança e defesa. Muitas das novas ameaças não serão suscetíveis de solução por parte de exércitos disparando explosivos potentes.

Diferentes conceitos de ordem

Fim da GF – as pretensões de que a década de 90 era o desapontar de uma nova ordem mundial foram minadas pelas formas diferentes como as pessoas interpretam a ordem mundial. Para realistas, a ordem refere-se à estrutura ou distribuição do poder entre os Estados. Liberais e construtivistas defendem que instituições como a ONU podem ajudar a evitar o conflito e a estabelecer a ordem, estabilizando as expectativas e gerando um sentimento de continuidade e de que a cooperação atual será retribuída no futuro – a ordem está ligada a valores como democracia e os direitos humanos, assim como a instituições. Há outros grupos mais sinistros que definem ordem, como os nativistas, mas é irrelevante. Isso mostra que é difícil definir a ordem mundial. Nenhuma das escolas de pensamento é suficiente para a compreensão das causas do conflito no mundo atual.

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Futuras configurações do poder

As transições rápidas de poder são uma das causas principais do conflito entre potências. O período após a GF é um período de rápidas transições de poder, indicando imprevisibilidade, tornando essas transições numa fonte potencial de conflito. Uma alternativa é a multipolaridade. Mas algumas pessoas postulam que o mundo é agora ordenado por uma hegemonia unipolar. O poder militar é basicamente unipolar, uma vez que os EUA são o único país a deter tanto armas nucleares intercontinentais como extensas e modernas forças aéreas, navais e terrestres, com capacidade para se posicionarem em volta do globo. Mas o poder econômico é tripolar (EUA, Japão e Europa – China em crescimento).

Outros postulam que o mundo irá se organizar em torno de três blocos econômicos – Europa, Ásia e América do Norte. Porém as mudanças tecnológicas globais e o aumento de atores isolados e não-estaduais, tal como empresas multinacionais e grupos étnicos irão opor-se à capacidade destes três blocos em limitarem suas atividades.

Estas previsões assumem que o Estado continuará a ser o principal fator determinante das relações internacionais. Mas algumas pessoas acreditam que os contornos da política global serão cada vez mais definidos por vastas civilizações globais. Elas preveem um choque entre civilizações.

O poder está a tornar-se mais multidimensional, as estruturas mais complexas e os próprios Estados mais permeáveis. Isso implica que a ordem mundial deve se basear em algo mais do que apenas no tradicional equilíbrio do poder militar.

Nye fala um pouquinho sobre ONU e CS, direitos humanos, nada de mais.

Globalmente, houve uma revolução tecnológica no desenvolvimento do armamento nuclear, uma revolução da informação, que reduz o papel da geografia e do território, um enorme crescimento da interdependência econômica e uma emergente sociedade global, na qual existe uma crescente conscientização acerca de determinados valores e direitos humanos que atravessam as fronteiras nacionais.

Para compreendermos o mundo atual, temos de compreender tanto a concepção realista como a liberal da política mundial, e estar atentos às mudanças sociais e culturais salientadas pelos construtivistas. Temos de ser capazes de raciocinar acerca de diferentes tipos ideias ao mesmo tempo. Nem o realismo nem a interdependência complexa existem; ambos são ideais. Os três tipos de teorias são todos úteis e necessários para compreendermos a política internacional num mundo em mudança.

O mundo bipolar acabou, mas não irá ser substituído por um mundo unipolar de hegemonia americana. O mundo é economicamente multipolar e irá assistir-se a uma difusão do poder à medida que o nacionalismo

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aumentar, a interdependência crescer e os atores transnacionais ganharem importância. O novo mundo não será perfeito e teremos de o aceitar. (óooiin:))