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UNIVERSIDADE POTIGUAR UNP PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO SÔNIA MARIA DE ARAÚJO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL À LUZ DO MODELO CONCEITUAL DAS TRÊS DIMENSÕES DE MEYER E ALLEN: UM ESTUDO DE CASO NO IFRN CAMPUS NATAL/CENTRAL NATAL 2010

Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

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Page 1: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

SÔNIA MARIA DE ARAÚJO

COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL À LUZ DO MODELO CONCEITUAL DAS TRÊS DIMENSÕES DE MEYER E ALLEN:

UM ESTUDO DE CASO NO IFRN – CAMPUS NATAL/CENTRAL

NATAL 2010

Page 2: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

SÔNIA MARIA DE ARAÚJO

COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL À LUZ DO MODELO CONCEITUAL DAS TRÊS DIMENSÕES DE MEYER E ALLEN:

UM ESTUDO DE CASO NO IFRN – CAMPUS NATAL/CENTRAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração. Área de Concentração: Gestão Estratégica de Pessoas. ORIENTADORA: Prof.ª Nilda Leone, Dr.ª

NATAL 2010

Page 3: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

A663c Araújo, Sônia Maria de. Comprometimento organizacional à luz do modelo

conceitual das três dimensões de Meyer e Allen: um estudo de caso no IFRN – Campus Natal/Central / Sônia Maria de Araújo. – Natal, 2010.

88f.

Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação.

Bibliografia: f. 79-87. 1. Administração – Dissertação. 2. Comprometimento

organizacional. 3. Gestão de pessoas. I. Título. RN/UnP/BSFP CDU: 658(043.3)

Page 4: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

SÔNIA MARIA DE ARAÚJO

COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL À LUZ DO MODELO CONCEITUAL

DAS TRÊS DIMENSÕES DE MEYER E ALLEN:

UM ESTUDO DE CASO NO IFRN – CAMPUS NATAL/CENTRAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovada em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Prof.ª Dr.ª Nilda Maria de C. G. Leone

Orientadora

____________________________________________

Profª Drª Patrícia Whebber Souza de Oliveira

Membro Interno

_____________________________________________

Prof. Dr. Carlos Alberto Freire Medeiros

Membro Externo - UFRN

Page 5: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

Dedico a Marcelo Cavalcante Dantas (In

Memoriam), que apesar da ausência física, continua

presente na nossa vida.

Page 6: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

AGRADECIMENTOS

Ao finalizar este trabalho, preciso mencionar o apoio que recebi nesse

período.

Inicialmente agradeço a Deus, o Grande Arquiteto do Universo, por ter me

permitido mais uma jornada entre tantas, neste orbe.

Aos meus pais, Gabriel (In Memoriam) e Maria José.

Ao meu querido filho, João Paulo, pela compreensão da minha ausência em

alguns momentos marcantes da sua vida.

Ao meu sogro, Gildo da Costa Dantas, por sua inestimável contribuição.

Aos meus colegas da turma do mestrado pela amizade e companheirismo,

em especial a Cida, Arthur, Valdelúcio e Juscelino pela colaboração que me deram

nos momentos mais difíceis.

Ao IFRN, órgão no qual sou servidora, pela oportunidade que me foi dada

para o meu aperfeiçoamento profissional.

Aos professores, Apresentação, Fernanda, Lídia, Patrícia, Rodrigo e Tereza,

por ter dividido comigo suas experiências e seus conhecimentos.

De forma especial a minha orientadora, Professora Nilda Leone, pela

paciência, atenção, amizade e sabedoria na condução desse processo, que foram

fundamentais para que eu pudesse vencer todas as etapas, das quais resultou essa

produção aliada ao meu crescimento profissional e pessoal.

Aos funcionários do PPGA, em especial a Nadja, pela sua atenção e amizade.

Aos técnico-administrativos do IFRN, por terem aderido de forma significativa

a este trabalho ao responderem o questionário para a coleta dos dados desta

pesquisa.

E a todos que tiveram comigo durante mais uma jornada de uma longa e

eterna caminhada e que não estão citados nominalmente.

Page 7: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

No universo não existem fantasias nem

milagres, mas tudo obedece a um processo

da Ciência Cósmica regido por leis

invariáveis, que regem o aperfeiçoamento

das coisas e dos seres.

Ramatís.

Page 8: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

RESUMO

O presente estudo tem como abordagem central o comprometimento organizacional. E tem por objetivo identificar em qual dimensão do modelo de conceitualização de Meyer e Allen (afetiva, instrumental e normativa) encontram-se os servidores técnico-administrativos do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) – Campus Natal/Central. Para tanto, realizou-se uma pesquisa quantitativa exploratória e descritiva, mediante um estudo de caso, coletando-se os dados através de dois questionários, sendo um sócio demográfico com cinco variáveis e o outro composto de 18 indicadores fechados, todos extraídos do modelo de Meyer, Allen e Smith. No Brasil, esse modelo obteve validação por Medeiros e Enders, (1997), Ricco (1998) e Bandeira et al (1999). Participaram da pesquisa 208 servidores técnico-administrativos de todos os setores e níveis hierárquicos. Como retorno, obteve-se 177 questionários, o que corresponde a 85% do total dos questionários entregues. Para analisar os dados, foi utilizada a estatística descritiva e a multivariada, que apontaram a existência do comprometimento organizacional entre os pesquisados nas três dimensões (afetiva, instrumental e normativa), evidenciando a predominância da dimensão afetiva, que reflete o envolvimento dos servidores baseado em vínculos emocionais e na identificação com os objetivos organizacionais. Palavras-chave: Comprometimento Organizacional. Modelo Conceitual das Três Dimensões. Gestão de Pessoas.

Page 9: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

ABSTRACT

The present study is to approach the central organizational commitment. And aimed to identify which size of model conceptualization of Meyer and Allen (affective, instrumentale and normative) are servers technical-administrative Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte (IFRN) – Campus Natal/Central. To this end, we carried out a quantitative exploratory and descriptive, using a case study, data was collected through two questionnaires, one of five socio-demographic variables and the other composed of 18 indicators closed, all drawn from the model of Meyer Allen and Smith. In Brazil, this model received validation by Medeiros and Enders (1997), Ricco (1998) and Bandeira et al (1999). Study participants technical-administrative 208 servers from all sectors and levels. In return we obtained 177 questionnaires, representing 85% of the total questionnaires distributed. To analyze the data we used descriptive statistics and multivariate, which indicated the existence of organizational commitment among those surveyed in three dimensions (affective, continuance and normative), indicating the predominance of the affective dimension, which reflects the involvement of servers based on emotional ties and identification with organizational goals. Keywords: Organizational Commitment. Conceptual Model of the Three Dimensions. People Management.

Page 10: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Estudos sobre comprometimento organizacional .............................. 28

Quadro 02: Definições de comprometimento organizacional com orientação

afetiva ................................................................................................ 29

Quadro 03: Definições de comprometimento organizacional instrumental........... 31

Quadro 04: Definições de comprometimento organizacional de obrigação ou

responsabilidade moral ..................................................................... 31

Quadro 05: Validação da escala de comprometimento organizacional no Brasil . 34

Quadro 06: Os três componentes mais comuns do comprometimento

organizacional ................................................................................... 36

Quadro 07: Seis hipotéticos tipos de laços psicológicos entre os indivíduos e

a organização – e algumas analogias ............................................... 40

Quadro 08: Técnicos Administrativos do IFRN Campus-Natal/Central 2010 ....... 54

Quadro 09: Indicadores do Instrumento de Meyer; Allen; Smith (1993) ............... 55

Quadro 10: Variáveis analíticas versus dimensões do comprometimento

organizacional ................................................................................... 56

Quadro 11: Planejamento do questionário em atendimento aos objetivos do estudo 58

Quadro 12: Níveis de concordância e grau de comprometimento organizacional 62

Quadro 13: Síntese das dimensões do comprometimento organizacional........... 69

Quadro 14: Frequências absolutas e relativas dos conglomerados ..................... 71

Quadro 15: Média e desvio para as dimensões do comprometimento ................ 72

Quadro 16: Grau de comprometimento organizacional dos grupos ..................... 73

Page 11: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Coeficiente de Alpha Cronbach ......................................................... 58

Tabela 02: Gênero do pesquisado ...................................................................... 59

Tabela 03: Estado civil do pesquisado ................................................................ 60

Tabela 04: Faixa etária do pesquisado ............................................................... 60

Tabela 05: Grau de escolaridade do pesquisado ................................................ 61

Tabela 06: Tempo de serviço do pesquisado no IFRN ....................................... 61

Tabela 07: Perfil demográfico do pesquisado ..................................................... 61

Tabela 08: Grau de concordância dos servidores técnico-administrativos

do Campus Natal/Central sobre os indicadores do

Comprometimento organizacional na Dimensão afetiva ................... 63

Tabela 09: Grau de concordância dos servidores técnico-administrativos do

Campus Natal/Central sobre os indicadores do comprometimento

organizacional na Dimensão instrumental ......................................... 64

Tabela 10: Grau de concordância dos servidores técnico-administrativos do

Campus Natal/Central sobre os indicadores do comprometimento

organizacional na Dimensão normativa ............................................ 66

Tabela 11: Estatística descritiva das dimensões do comprometimento

organizacional ................................................................................... 67

Tabela 12: Análise de Variância – ANOVA ......................................................... 68

Tabela13: Média e desvio padrão das três dimensões do comprometimento

organizacional dos grupos quanto ao perfil demográfico do

entrevistado ....................................................................................... 75

Page 12: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Demonstrativo do resultado da Análise de Variância – (ANOVA) ....... 68

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Dendograma – método Ward ............................................................ 71

Page 13: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................... 14

1.2 PROBLEMA ............................................................................................. 17

1.3 JUSTIFICATIVA....................................................................................... 18

1.4 OBJETIVOS ............................................................................................ 21

1.4.1 Geral ....................................................................................................... 21

1.4.2 Específicos ............................................................................................. 21

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................... 22

2.1 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL – HISTÓRICO E CONCEITOS 22

2.2 ENFOQUES TEÓRICOS DO COMPROMETIMENTO

ORGANIZACIONAL ................................................................................. 28

2.2.1 Enfoque afetivo ...................................................................................... 28

2.2.2 Enfoque instrumental ............................................................................ 30

2.2.3 Enfoque normativo ................................................................................ 31

2.2.4 Enfoque comportamental ..................................................................... 32

2.2.5 Enfoque sociológico ............................................................................. 32

2.2.6 Enfoque multidimensional .................................................................... 32

2.3 MODELO ADOTADO: O MODELO DAS TRÊS DIMENSÕES DE

MEYER E ALLEN .................................................................................... 34

2.4 ESTUDOS SOBRE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL

NO BRASIL E SEUS RESULTADOS ...................................................... 36

2.5 ESTUDOS SOBRE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL NA

GESTÃO PÚBLICA E SEUS RESULTADOS .......................................... 45

3 METODOLOGIA...................................................................................... 53

3.1 TIPO DE PESQUISA ............................................................................... 53

3.2 UNIVERSO/AMOSTRA ........................................................................... 54

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............................................ 54

3.4 VARIÁVEIS ANALÍTICAS ........................................................................ 55

3.5 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS ............................................... 56

4 ANÀLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ..... 59

4.1 ANÁLISE DOS DADOS A PARTIR DA ESTATÍSTICA DESCRITIVA ..... 59

Page 14: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

4.1.1 Perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos .............. 59

4.1.2 Identificação da existência de diferentes dimensões do

comprometimento organizacional e qual a dimensão predominante 62

4.1.2.1 Dimensão afetiva ..................................................................................... 63

4.1.2.2 Dimensão instrumental ............................................................................ 64

4.1.2.3 Dimensão normativa ................................................................................ 65

4.1.2.4 Síntese das dimensões do comprometimento organizacional ................. 69

4.2 ANÁLISE DOS DADOS A PARTIR DA ESTATÍSTICA MULTIVARIADA .. 70

4.2.1 Objetivo 4 – Identificar grupos de técnico-administrativos de

acordo com as dimensões do comprometimento organizacional

e suas características demográficas ................................................... 70

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .................................................... 78

REFERÊNCIAS ....................................................................................... 80

APÊNDICE .............................................................................................. 89

Page 15: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

14

1 INTRODUÇÃO

No atual cenário, o comprometimento organizacional é uma das temáticas

mais discutidas no meio acadêmico, destacando-se não somente nas pesquisas

científicas, como também na visão dos gestores de pessoas. Os estudos de Borges-

Andrade (1989), Brandão (1991), Bastos (1994). Gama (1993), Medeiros (2003),

Leite (2004), focalizam o comprometimento organizacional pela sua importância

como diferencial competitivo para todo e qualquer tipo de organização que necessita

adotar uma gestão estratégica de pessoas para conseguir sobreviver frente às

mudanças cada vez mais rápidas e instáveis.

A presente pesquisa tem como tema o comprometimento organizacional que

pretende estudar suas dimensões entre os servidores que ocupam o cargo de

técnico-administrativo de uma instituição pública, utilizando para isso um instrumento

de pesquisa de dois pesquisadores canadenses Meyer e Allen (1991). Com isso,

buscam-se identificar as três dimensões propostas pelo modelo: a afetiva, a

instrumental e a normativa. A pesquisa está estruturada em quatro partes. A primeira

aborda a introdução estando nela inserida a contextualização, o problema, a

justificativa além dos objetivos. A segunda parte traz o referencial teórico sobre o

tema a ser investigado. Na terceira encontra-se a metodologia utilizada para a

elaboração desta pesquisa, apresentado o instrumento utilizado na coleta dos dados

e na quarta parte estão as análises dos dados e a interpretação dos resultados. Por

fim, são apresentadas a conclusão e as recomendações finais.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Atualmente, diante das mudanças impostas ao mundo do trabalho, identificar

o comprometimento organizacional dos empregados tornou-se um dado de grande

relevância para o sistema de gestão estratégica de pessoas. Esse é um recurso

imprescindível para que as organizações possam responder às exigências de um

mercado cada dia mais competitivo.

Page 16: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

15

O estudo desse construto vem adquirindo crescente importância para a

sobrevivência e o crescimento das organizações. Brandão; Bastos (1993)

consideram o comprometimento organizacional como uma das características

individuais de impacto no desempenho do trabalho, que vem recebendo maior

atenção desde a década de 70 e que tem sido estudado mais intensamente como

preditor de absenteísmo e rotatividade e é visto como uma relação psicológica entre

pessoas e organização.

Nesta pesquisa, a organização escolhida para a realização deste estudo foi o

IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte),

Campus Natal/Central. Até há pouco tempo era denominado de CEFET-RN (Centro

Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte). Essa Instituição vem

prestando serviços à comunidade há mais de cem anos. Possui um quadro funcional

em constante crescimento, com servidores docentes e técnico-administrativos, além

de mão-de-obra terceirizada em serviços gerais.

Sua história começa no ano de 1909, com o início do ensino profissional no

Brasil, no âmbito federal, quando o então presidente da República, Nilo Peçanha,

assinou um decreto criando 19 Escolas de Aprendizes em todo o território nacional.

Nos anos 70, tornam-se Escolas Técnicas Federais, e depois Centros Federais de

Educação Tecnológica. A partir do ano de 2009, a Instituição deixa de ser Centro

Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte e passa a ser

denominada e transformada em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Rio Grande do Norte, em obediência á Lei 11.892 de 29/12/2008.

Com a transformação para Instituto, foi necessário adotar um novo modelo

gerencial baseado em uma abordagem sistêmica, para ter condição de dar apoio à

Reitoria, às Pró-Reitorias e às Diretorias das onze unidades de ensino, distribuídas

pelos diversos municípios do Estado do Rio Grande do Norte.

Assim sendo, foi criado o Projeto Político Pedagógico Institucional (PPI) que é

o documento que apresenta as diretrizes quanto à política de ensino, pesquisas e

extensão de acordo com a função social e a missão do Instituto.

Atualmente o Campus Natal/Central tem a seguinte estrutura administrativa:

Direção Geral; Coordenações de: (Avaliação e Controle Interno, Comunicação

Social, Eventos, Gestão de Pessoas e Museu de Minérios); Departamentos de:

(Gestão de Tecnologia da Informação, Apoio Acadêmico, Pesquisa e Inovação,

Extensão, Administração Orçamentos e Finanças) e das Diretorias de Educação e

Page 17: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

16

Tecnologia em (Construção Civil, Gestão e Tecnologia da Informação, Recursos

Naturais, Industrial e a de Educação e Cidadania).

Desde a promulgação da Constituição do Brasil em 1988, o concurso público

constitui a única forma de recrutamento e seleção, ficando a cargo do Governo

Federal a decisão de contratação. Da mesma forma ocorre a progressão na carreira.

As organizações públicas vêm apresentando um cenário de grandes

mudanças face às diretrizes do sistema capitalista em constantes transformações.

Dessa forma, trabalhadores e gestores são desafiados a atuar nesse processo.

De acordo com Motta (1997), nos dias atuais, o gerenciamento tanto de uma

empresa privada quanto de uma organização pública, é gerenciar a mudança,

enfrentando alterações rápidas e complexas.

No Brasil, a reforma está em vigor desde a década de 90. O Plano Diretor de

Reforma do Aparelho do Estado (1995) é na verdade um projeto que propõe

estratégias para transformar a cultura burocrática e patrimonialista das instituições

públicas brasileiras (Bresser Pereira, 1988).

Ferreira (1999) define cinco objetivos principais do plano de reforma:

Melhoria da qualidade dos servidores;

Flexibilização administrativa;

Valorização do servidor;

Aumento da participação da sociedade;

Modelo de gestão centrada no estabelecimento de metas e objetivos.

A administração pública gerencial inspira-se na administração de empresa, mas não pode ser confundida com esta última. Enquanto a administração de empresas está voltada para o lucro privado, para a maximização dos interesses dos acionistas esperando-se que, através do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a administração gerencial está explícita, diretamente voltada para o interesse público (PLANO DIRETOR DA REFORMA DO APARELHO DO ESTADO).

Nesse novo contexto, a gestão de recursos humanos assume um papel

preponderante, pois tem o desafio de trabalhar na ampliação da qualificação e

titulação dos servidores para atender às demandas decorrentes da nova

institucionalidade.

Diante dos desafios e das inúmeras transformações pelas quais o Instituto

vem passando, assumindo novas demandas, precisando se alinhar às exigências do

mercado em constante transformação faz-se necessário um estudo para verificar o

Page 18: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

17

comprometimento organizacional dos servidores técnico-administrativos do Campus

Natal/Central.

A função de técnico-administrativo é regida através do Art. 37 do Regime

Jurídico Único.

Art. 37. O corpo técnico-administrativo é constituído pelos servidores integrantes do quadro permanente de pessoal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, regidos pelo Regime Jurídico Único, que exerçam atividades técnicas, administrativas, educacionais, de pesquisa e de extensão, assim como operacionais e de apoio.

O tema é atual, uma vez que uma das grandes preocupações, nos meios

acadêmicos e empresariais, é a de conseguir selecionar e manter indivíduos

competentes, dedicados, engajados e envolvidos com os problemas da organização.

Isso significa que há hoje uma busca por pessoas que não trabalham só pelo salário

ou benefícios imediatos, mas pelo prazer e o significado do trabalho para elas

(MEDEIROS; ENDERS, 1988).

1.2 PROBLEMA

O estudo do comprometimento organizacional, conforme Muller et al (2005),

possui uma premissa presente em quase todas as pesquisas, a de que o

comprometimento sozinho não garante o sucesso da empresa, mas que um elevado

grau de comprometimento com a organização contribui para que as empresas

alcancem seus objetivos. Ainda afirma que o elevado nível de comprometimento

organizacional torna-se um facilitador para que a empresa possa atingir seus

objetivos organizacionais e consequentemente tornando-se mais competitiva.

As organizações públicas, apesar de serem administradas com algumas

especificidades, estão hoje adotando modelos de gestão da organização privada, e,

portanto, precisando de servidores mais comprometidos e alinhados com os novos

modelos de gestão.

Em se tratando de uma empresa pública, onde a estabilidade é um grande

atrativo, é perceptível a mudança do perfil dos novos servidores. Com a valorização

do capital humano, as pessoas que são as detentoras desse capital irão

Page 19: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

18

disponibilizá-lo a uma organização que possa atender suas expectativas.

O conceito de comprometimento organizacional adotado nesta pesquisa será

o desenvolvido por Meyer e Allen em 1991, que apresenta uma dimensão

tridimensional: afetiva, instrumental e normativa.

No comprometimento afetivo, o servidor permanece na organização porque

gosta e se identifica com ela; em se tratando de comprometimento instrumental, o

empregado permanece na organização porque necessita dela mesmo não tendo

identificação nenhuma com a mesma e no comprometimento normativo, o servidor

desenvolve apenas um sentimento de dever com a organização.

De todos os modelos de conceitualização de mais de um componente de

comprometimento, o modelo de maior aceitação entre os pesquisadores é o modelo

de três componentes do comprometimento estabelecidos por Meyer e Allen (esse

modelo de Meyer e Allen é internacionalmente aceito, tendo sido validado no Brasil

por Medeiros e Enders (1996), Ricco (1998) e Bandeira et al (1999).

O Comprometimento Organizacional corresponde ao vínculo ou estado

psicológico associado à relação indivíduo/organização que ao mesmo tempo em que

estimula o colaborador a desprender esforços à organização, reduz a probabilidade

desse a abandonar (CAMARGO; ALMEIDA, 2006).

O comportamento individual se modifica através do comprometimento

organizacional, elevando o nível de pontualidade e de assiduidade como também a

proatividade o que irá proporcionar uma melhoria no desempenho do indivíduo na

organização.

Neste modelo, o propósito deste estudo será identificar com qual dimensão do

modelo tridimensional do comprometimento organizacional proposto por Meyer e

Allen (1991) se identificam os servidores técnico-administrativos do IFRN Campus

Natal/Central, com a formulação da seguinte questão: Como são identificadas as

dimensões do comprometimento organizacional (afetiva, instrumental e normativa),

dos servidores técnico-administrativos do IFRN Campus Natal/Central?

1.3 JUSTIFICATIVA

A necessidade de se desenvolver pesquisa sobre o comprometimento do

Page 20: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

19

indivíduo em uma organização seja pública ou privada se deve ao fato dele ser peça

fundamental no desempenho organizacional. Esse interesse demonstrado pelos

pesquisadores explica-se pela necessidade das organizações em manter os

empregados envolvidos, pois estar comprometido pode ser caracterizado pela

expressão “vestir a camisa da organização” (BORGES-ANDRADE, 1999b).

Com a crescente expansão do termo comprometimento, dentro das

organizações e da visão de que ações que influenciam o comprometimento podem

ser utilizadas como mais uma estratégia para o sucesso das organizações, os

gestores de recursos humanos buscam práticas inovadoras para promover

eficazmente o comprometimento dos servidores com a organização.

Para Dressler (1996), o comprometimento organizacional é condição básica

para a sobrevivência das organizações em tempos de mudanças e grande

competitividade. Para ele, no cenário atual, as organizações procuram entender

como se desenvolve o comprometimento organizacional, mediante o contrato

psicológico, visando a uma vantagem competitiva importante para sua perpetuação.

Mudanças políticas, sociais e econômicas têm impactado sobre o ambiente de

trabalho e em particular nas relações entre os indivíduos e as organizações.

De acordo com o autor, os imperativos da qualidade e serviços que marcaram

os anos 80 e 90 fizeram com que as empresas seguissem um novo modelo

gerencial. Esse novo modelo demanda mais do que nunca empregados que sejam

comprometidos, que tenham identificação com os objetivos da organização e que

gerenciem a empresa como se fosse deles.

Na concepção de Bastos (1994), como as organizações não conseguem

existir sem as pessoas, essas últimas precisam permanecer satisfeitas em seu

ambiente de trabalho para que possam apresentar um desempenho satisfatório. O

comprometimento pode ser estimulado pelas organizações através de programas

que envolva aspectos de realização pessoal, oportunidade de crescimento,

recompensas financeiras e reconhecimento, dentre outros.

A satisfação está relacionada com a questão do desempenho e do nível de

comprometimento organizacional. As pessoas são, na verdade, a razão do fracasso

ou do sucesso das organizações. Portanto, conhecer o nível de comprometimento

dos seus funcionários é imprescindível para que seja possível elaborar uma gestão

estratégica de pessoas. Fanton (2002) coloca que a satisfação é um dos fatores

que elevou o volume das pesquisas sobre comprometimento organizacional, tanto

Page 21: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

20

por buscar os antecedentes que explicam distintos níveis de comprometimento,

como por utilizar as consequências desse comportamento para produzir aspectos do

desempenho do indivíduo no trabalho.

Senge (1998) afirma que a única maneira de desenvolver vantagem

competitiva é através da utilização da inteligência e comprometimento das pessoas.

Na mesma linha de pensamento, Dressler (1996 p. 8) afirma: “cada vez mais,

funcionários comprometidos são a chave para o diferencial competitivo da empresa”.

Conforme Drucker (1995), atualmente as relações entre as organizações

estão mudando com a mesma rapidez das relações entre as pessoas e as

organizações que com elas trabalham. Nesse sentido, é importante conhecer os

processos psicossociais e comportamentais que levam ao comprometimento

organizacional.

De acordo com Brandão (apud CORREIA; MORAES; MARQUES, 1998), o

servidor público é “estigmatizado como inoperante, ocioso e descomprometido”. Isso

reforça a importância de se conhecer o comprometimento dos indivíduos na gestão

pública para que sejam desenvolvidos programas e políticas de recursos humanos

que venham garantir uma melhor eficiência e produtividade.

Borges-Andrade, Afanasieff & Silva (1989) apontam que o estudo do

comprometimento em instituições públicas se revela importante, não apenas pelo

interesse teórico, mas, sobretudo, por razões práticas. “Essas instituições são

financiadas com recursos públicos e suas atividades visam benefícios para o bem

comum. Assim, é de interesse identificar quais são as condições que favorecem o

comprometimento dos empregados de tais instituições e programá-las para que os

investimentos feitos nessas instituições tenham retorno para a sociedade”.

Como a instituição pesquisada ainda não tinha nenhum estudo sobre o

construto, e, mediante a importância dessa temática, para o atual cenário de

mudança pelo qual a organização está passando, nada mais significativo investigar

sobre o comprometimento organizacional dos servidores técnico-administrativos.

Do ponto de vista prático, a presente pesquisa servirá de indicador para o

desenvolvimento de políticas estratégicas de recursos humanos visando à melhoria

do desempenho, das relações sociais e do reconhecimento enquanto profissional

que contribui de forma significativa para o crescimento da organização.

Page 22: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

21

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

Identificar o grau de comprometimento organizacional dos servidores técnico-

administrativos do IFRN Campus Natal/Central, utilizando o modelo de

conceitualização das três dimensões (afetiva, instrumental e normativa) proposto por

Meyer e Allen (1991).

1.4.2 Objetivos específicos

Identificar o perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos do

IFRN;

Identificar diferentes dimensões de comprometimento organizacional

(afetiva, instrumental e normativa) entre os servidores técnico-administrativos do

IFRN;

Verificar o comprometimento organizacional predominante no grupo de

técnico-administrativos, de acordo com o modelo de conceitualização dos três

componentes;

Identificar e caracterizar os grupos de técnico-administrativos de acordo as

dimensões do comprometimento organizacional e as suas características

demográficas.

Page 23: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

22

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para uma compreensão acerca do tema, o referencial teórico foi dividido em

seis seções com a seguinte distribuição: na seção 2.1, são apresentadas referências

sobre o histórico e conceitos; na seção 2.2, são tratados os enfoques teóricos; na

seção 2.3, faz-se referência ao modelo adotado: o modelo tridimensional do Meyer e

Allen; na seção 2.4, relatam-se estudos realizados no Brasil e na seção 2.5, relatam-

se alguns estudos realizados na gestão pública.

2.1 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL: HISTÓRICO E CONCEITOS

A palavra comprometer, derivada do latim compromittere, conforme Ferreira

(1986), possui vários significados na Língua Portuguesa: Obrigar por compromisso;

dar como garantia; empenhar; comprometer a palavra; expor a perigo; arriscar,

aventurar; tomar compromisso ou obrigar-se; assumir responsabilidade grave.

Já o significado da palavra comprometimento, denota a ideia de ações que dificultam

ou impedem a realização de um determinado objetivo, como também a noção de

agregar, envolver, forte adesão ou vínculo a alguma coisa ou ideia.

Sobre a etiologia da palavra comprometimento, Bastos (1994) explica, sobre o

sentido de ambiguidade desse termo, quando utilizado na linguagem do cotidiano,

em que o termo está associado a múltiplos significados. Na linguagem acadêmica, o

conceito está associado a um sentido positivo e se refere à noção de envolvimento,

engajamento, agrupamento, ajustamento. Por outro lado, o termo possui um

significado negativo quando se refere à ideia de ocorrência de ações que impedem

ou dificultam e impossibilitam a consecução de um determinado objetivo.

O conceito de comprometimento pode ser entendido quando:

Utilizamos comumente esta expressão para denotar um vínculo ou ligação forte entre duas pessoas. Dizemos que duas pessoas são comprometidas quando cremos que elas têm probabilidade de permanecerem juntas, vinculadas, associadas. Da mesma forma se dá com o comprometimento com o trabalho. Quando dizemos que um trabalhador é comprometido com sua carreira, queremos dizer que ele parece ter um vínculo muito forte com

Page 24: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

23

a profissão, e que esta é algo importante em sua vida. (...) Como é evidente, a relação de comprometimento incorpora elementos racionais, emocionais e comportamentais. Um instrumento por excelência para a investigação dos níveis de comprometimento é a pesquisa de atitudes (BASTOS, 1996, p.1).

Conforme assinala Bastos (1994), o termo “comprometimento” origina-se do

inglês commitment, constando de quatro eixos de significados: a noção de confiar, a

de encarregar, comissionar, designar, perpetrar ou desempenhar, e o significado de

envolver, juntar e engajar.

Quando adotado na linguagem acadêmica, o termo ignora o seu significado

negativo, mantendo o seu significado de adesão, de engajamento e de forte

envolvimento do individuo com a organização ou com o seu trabalho (BASTOS et

al.,1997).

Na literatura sobre o comprometimento organizacional existem no mínimo, três

conceitos mais frequentes para o termo comprometimento: o primeiro assume a

conotação de compromisso e envolvimento, assinalando a maneira ou a forma de como

os indivíduos se comportam em relação a algo; o segundo corresponde ao antônimo de

descomprometimento, alertando assim, para o grau de atenção e zelo que o individuo

deve dispor quando vai realizar alguma coisa; o terceiro expressa o sentido de lealdade

fazendo uma referência à questão de sentimentos e desejos (BASTOS, 1994).

Segundo Meyer; Allen (1997), o conceito de comprometimento organizacional

tem evoluído nas últimas quatro décadas e provocado muitas controvérsias a

respeito da natureza dos vínculos empregado-organização. Vários estudos têm

defendido a realização de investigação no que se refere às dimensões do

comprometimento organizacional (BASTOS, 1993; MEYER; ALLEN, 1997;

MOWDEY, 1998).

As pesquisas sobre o construto “comprometimento” começaram a mais de 30

anos, no cenário internacional, em diferentes áreas do conhecimento. As

elaborações sobre commitment passaram a ocorrer de forma estruturada a partir dos

anos sessenta. Por mais de trinta anos foram gerados diversos estudos, veiculados em

publicações das áreas de Psicologia, Psicologia Social, Sociologia e Administração de

Empresas. A ideia de commitment tem sido desenvolvida segundo perspectivas

divergentes, resultando em conceitos que focalizam os valores (protestant work ethic), a

carreira (career salience), o lugar relativo do trabalho em face de outras atividades

(central life interest) ou a organização (organizational commitment) (BIAZZI, 1996).

Page 25: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

24

Segundo Medeiros (1997), os estudos sobre o comprometimento

organizacional apresentam três correntes nas quais predominam o construto.

Respectivamente são: o enfoque afetivo calcado nos estudos de Porter et al (1982),

no qual fica evidenciado o envolvimento emocional do indivíduo com a organização,

refletindo o desejo de permanência por iniciativa própria. O enfoque instrumental que

é caracterizado pelo comprometimento do indivíduo com a organização, em

detrimento da necessidade de permanecer, teve predominância nos estudos

desenvolvidos por Becker (1960). E o comprometimento denominado de normativo o

qual teve apoio nos estudos desenvolvidos por Wiener (1982), vem mostrar a

obrigação que o indivíduo sente em permanecer na organização.

De acordo com Medeiros; Enders (1988), o comprometimento refere-se a uma

forte crença e aceitação dos valores e objetivos da organização, à disposição para

exercer um esforço considerável em beneficio dela e a um forte desejo de se manter

como membro da mesma.

Para Siqueira (2004), o Comprometimento Organizacional é entendido como

o contrato psicológico que é celebrado entre a organização e o empregado. Ele é

informal e implícito e ocorre, segundo a percepção do empregado, referindo-se aos

direitos e deveres de cada uma das partes.

Segundo Stecca (2001), o conceito de comprometimento, na linguagem

acadêmica, conserva o significado de engajamento, sem aspectos negativos, com o

sentido de forte envolvimento do indivíduo com seu ambiente de trabalho, expondo o

desejo de permanecer na organização e se empenhando em favorecer a mesma.

Os pesquisadores Bastos; Brandão; Pinho (1996) entende o

comprometimento, como o grau em que o indivíduo adota ou internaliza as

características ou perspectivas da organização. Podendo o comprometimento ser

gerado em três bases:

Complacência ou trocas: as atitudes e o comportamento ocorrem atreladas

as recompensas específicas;

Identificação ou afiliação: o indivíduo acata a influência para manter uma

relação satisfatória, pelo desejo de afiliação e sentimento de orgulho por pertencer,

respeitar valores;

Internalização: o envolvimento se apoia na identidade entre valores e

objetivos pessoais e organizacionais.

Page 26: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

25

Robbins (2005, p. 67-68), em seus estudos, vai afirmar que o

comprometimento é o grau em que o empregado se identifica com uma determinada

empresa e seus objetivos, desejando manter-se parte da organização. Assim sendo,

as normas parecem ser o meio racional no processo de identificação

indivíduo/organização, através dos objetivos individuais e organizacionais.

Para Davenport (2001, p.38-40), o comprometimento refere-se ao elo, entre a

pessoa e a organização, de base emocional ou intelectual, e é dividido por ele em

três categorias:

Atitudinal: pessoas que se identificam e se envolvem com a organização e

gostam de fazer parte dela. Comungam dos mesmos interesses da empresa, o que

os motiva é trabalhar por ela.

Programático: pessoas que fazem parte da empresa porque os custos de

deixá-la são muito altos. Mesmo insatisfeitas, preferem não se arriscar, continuam

na empresa, mas não investem efetivamente seu capital humano.

Baseada na lealdade: pessoas que se sentem amarradas à organização

por um senso de obrigação; esses trabalhadores desejam fazer aquilo que creem

ser o certo para a organização.

Segundo Medeiros; Albuquerque (2005), o conceito de Meyer; Allen (1991) é

o que melhor define comprometimento. Para esses pesquisadores, o

comprometimento é entendido como um construto formado pela dimensão afetiva,

onde há o estabelecimento de vínculo afetivo com a organização e demais

trabalhadores, permanecendo o trabalhador na instituição porque quer e não porque

é obrigado; dimensão normativa em que o trabalhador permanece na instituição

porque se sente obrigado e a dimensão instrumental do trabalhador permanece na

instituição devido à necessidade desse emprego e da remuneração.

De acordo com Bastos (1997), comprometer-se significa sentir-se vinculado a

algo e ter desejo de permanecer neste curso de ação. Já, Bandeira et al (2000), o

comprometimento pode ser definido como um forte vínculo do individuo com a

organização, que o estimula a fornecer algo de si – sua força e fidelidade. O

comprometimento, então, torna-se um elo que une a identidade da pessoa à da

empresa.

O ponto comum das definições de comprometimento organizacional baseia-se

em ser o mesmo estado psicológico, que caracteriza a relação do individuo com a

organização. E o que os diferencia é a natureza desse estado e as suas dimensões.

Page 27: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

26

Os estudos sobre comprometimento veem sofrendo alterações em razão do

entendimento de como o conceito são aceito pelos pesquisadores, além do

momento histórico, de acordo com as necessidades de mercado e pela própria

evolução das teorias administrativas. Dessa forma, de acordo com cada momento

histórico, novos conceitos e entendimento são somados aos estudos sobre

comprometimento organizacional.

Kelman (1958) estudou o comprometimento como um vínculo psicológico

entre o indivíduo e sua organização em três componentes: envolvimento

instrumental motivado por recompensas, identificação baseada num desejo de

afiliação e interiorização pela congruência entre os valores individuais e

organizacionais.

Na década de 60 surge o trabalho de Becker (1960), apontando que o

comprometimento instrumental vem introduzir a ideia de investimentos realizados

pelos indivíduos para ficar na organização em troca dos benefícios recebidos por ela.

Nos anos 80, Mowday; Porter; Steers (1982) definem o comprometimento

como uma forte relação entre o individuo e sua organização dentro de três

características principais: tendência em realizar esforços consideráveis pela

organização; forte crença e aceitação dos objetivos e valores da organização e um

desejo de se permanecer na empresa. Eles enumeram dez diferentes definições

oriundas de pesquisas sobre comprometimento organizacional, que são referência

nos trabalhos que envolvem o tema, constataram diferentes definições, com os

seguintes enfoques:

Os compromissos nascem quando uma pessoa, ao fazer uma escolha, liga

interesses a uma linha consistente de atividades.

A forma de relacionamento de um membro com o sistema como um todo.

Vontade que o individuo tem disponível ao desenvolver suas atividades e a

lealdade com o sistema social.

A maneira pela qual as metas da organização e as do indivíduo se tornam

crescentemente integradas ou harmônicas.

A contribuição natural para atingir os resultados organizacionais está

relacionada à ideia de pertencer a um grupo, isto é, o reflexo da participação do

individuo no grupo fornece predições relativas a certos aspectos para o

desenvolvimento do seu trabalho e motivação para o mesmo.

Page 28: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

27

A identidade da pessoa e da organização se liga através das atividades e

da orientação para o desempenho do seu trabalho.

Os valores e metas apresentados pela organização se unem por meio de

uma ligação partidária e efetiva.

A modificação estrutural que ocorre como resultado de transações

indivíduo-organização e mudanças em metas e valores de uma organização.

Os indivíduos apresentam comportamentos de compromissos que são

socialmente aceitos, superando expectativas formais e/ ou normativas.

Os indivíduos se vinculam à organização, por meio de ações estabelecidas

através de sua crença nas atividades realizadas, assim como o seu próprio

envolvimento com a organização (MOWDAY et al.,1982 apud MORAES; MARQUES,

1996).

A vertente de pesquisa do comprometimento organizacional defendida por Meyer

e Allen (1984), que traz uma distinção conceitual entre o comprometimento afetivo e o

instrumental, o primeiro significando um elo emocional, e o segundo aos custos

percebidos associados à saída do individuo da organização. Em 1990 esses autores

demonstraram em suas pesquisas que o comprometimento normativo seria um

sentimento de dever para com a organização, que se refletiria numa obrigação de

permanência na mesma. Em 1991, os mesmos autores fazem uma adequação para o

termo componentes do comprometimento do que como tipos de comprometimento.

Becker (1992) incorpora aos seus estudos sobre comprometimento o conceito

de focos e componentes na mesma análise, colaborando assim para o entendimento

do comprometimento como conceito multidimensional.

Para Thévenet (1992 apud SÁ; LEMOINE, 2000), o comprometimento existe

em duas dimensões: adesão e oportunidade. Adesão se relacionaria com a

orientação psicológica do comprometimento e a oportunidade com a capacidade da

organização em oferecer algo em troca pelo envolvimento do funcionário.

Meyer; Allen (1991) desenvolveu um modelo de aferição do

comprometimento, baseado nas dimensões afetiva, instrumental e normativa. Esse

modelo multidimensional tem sido utilizado pela maioria das pesquisas sobre

comprometimento organizacional.

Em sua pesquisa Soldi; Zanelli (2006) alegam que atualmente identificam-se

seis correntes de pesquisas sobre as bases do comprometimento, a saber: afetivo-

atitudinal, instrumental, normativo, sociológico, comportamental e afiliativo. Os

mesmo autores argumentam que a pesquisa de Bastos (1994) foi pioneira no Brasil

Page 29: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

28

na medida em que sistematizou padrões de comprometimento de trabalhadores de

diversas organizações em três focos: organização, carreira e sindicato.

A evolução dos estudos sobre o comprometimento organizacional e suas

mudanças, pode ser comprovada pelo Quadro 01.

ANO AUTORES IDEIA PRINCIPAL

1958 KELMAN O comprometimento é motivado por recompensas, ou seja, meramente instrumental.

1960 BECKER Comprometimento instrumental. Enfatiza os investimentos que os funcionários fazem para ficar na empresa.

1982 MOWDAY PORTER E STEERS

Comprometimento afetivo como forte relação entre o indivíduo e sua organização. Sob 3 características: tendência em realizar esforços, forte aceitação dos valores organizacionais, desejo de permanecer na empresa.

1992 BECKER Comprometimento visto como conceito multidimensional. Incorpora aos estudos o conceito de focos e componentes na mesma análise.

1992 THEVENET Comprometimento é visto sob duas dimensões: adesão e oportunidade.

1991,1997 MEYER E ALLEN

Estudam o comprometimento num modelo tridimensional. Analisam sob os enfoques: afetivo, instrumental e normativo.

1996 BASTOS O comprometimento é visto no foco com a organização em cinco grandes enfoques.

2006 SOLDI E ZANELLI

Na opinião destes autores, atualmente são seis as correntes de pesquisa sobre as bases do comprometimento: afetivoatitudinal, instrumental, normativo, sociológico, comportamental e afiliativa.

Quadro 01: Estudos sobre comprometimento organizacional. Fonte: Souza (2007, p. 30).

2.2 ENFOQUES TEÓRICOS DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL

A literatura que trata do tema comprometimento organizacional aponta

diversos enfoques dentre eles: Afetivo, Instrumental, Sociológico, Comportamental,

Normativo e os enfoques muldimensionais.

2.2.1 Enfoque afetivo

O enfoque afetivo é representado pelos trabalhos desenvolvidos por Mowday,

Porter e Steers (1979), tendo seu ápice com a validação do instrumento OCQ

(Organizational Commtment Questionnaire), que serve para medir o

Page 30: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

29

comprometimento organizacional afetivo. Os estudos do OCQ resultaram na

publicação, em 1982, de um livro sobre o construto. Segundo, esses autores, o

comprometimento vai muito além de uma postura de lealdade passiva para com a

organização, de um desejo de permanecer e se esforçar pela empresa.

Para os pesquisadores Mathieu; Zajac (1990) e Cohen (2007), o vínculo

afetivo é caracterizado como:

Forte crença e aceitação dos objetivos e valores da organização;

Tendência a manifestar um esforço considerável em favor da organização;

Manifestação de um forte desejo de permanecer como membro.

Meyer, Allen e Smith (1993) entendem o comprometimento afetivo como

sendo um envolvimento que para ocorrer é necessário que haja identificação com os

objetivos e os valores organizacionais. Representando algo além da simples

lealdade passiva, envolvendo uma relação ativa, na qual o individuo deseja dar algo

de si para contribuir com o bem estar da organização. Os estudos de Meyer; Allen

(1997) apresenta algumas definições de outros autores sobre o comprometimento

afetivo, como se pode observar no Quadro 02.

ANO AUTOR DEFINIÇÃO DE COMPROMETIMENTO

COM ORIENTAÇÃO AFETIVA

1968 KANTER A ligação de fundo emocional de afetividade e emoção com o grupo (p. 507).

1970 HALL, SCHNEIDER & NYGREN

O processo pelo qual as metas da organização e aqueles indivíduos tornam-se crescentemente, integrados ou congruentes (p. 176-177).

1971 SHELDOM Uma atitude ou uma orientação em direção à organização, a qual une ou liga a identidade da pessoa com a organização (p.143).

1974 BUCHANAN

Um indivíduo, com afetiva ligação com as metas e valores da organização, para o papel de alguém em relação às metas e valores, e para a organização para sua própria consideração, além do valor puramente instrumental (p. 533).

1982 MOWDAY, PORTER & STEERS

A relativa força de identificação individual com o envolvimento em uma organização, particular (p. 27).

Quadro 02: Definições de comprometimento organizacional com orientação afetiva. Fonte: Meyer; Allen (1997, p.12).

Para Siqueira; Gomide Junior (2004), o vínculo afetivo com a organização

tende a se tornar mais fortalecido à medida que os empregados percebem que a

empresa está comprometida com eles.

Segundo Medeiros (2003), o enfoque afetivo dominou a literatura do

comprometimento organizacional por maior tempo.

Page 31: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

30

2.2.2 Enfoque instrumental

Constitui o segundo maior enfoque, adotado em pesquisas sobre o tema, que

teve origem com os estudos de Becker (1960), em que ele aponta que o indivíduo

com este tipo de comprometimento, se engaja em linhas consistentes de atividade,

havendo uma ligação entre o individuo e a organização, quando esta responde de

forma satisfatória nos aspectos como salário, status e liberdade.

Segundo Moraes et al (1998), o enfoque instrumental reflete o grau em que o

indivíduo se sente prisioneiro pelos altos custos que terá, caso deixe a organização,

associados a abandono do trabalho, traduzindo em função de forte percepção,

quanto às recompensas. Pode ser decorrente do sentimento de que já investiu

demais e perderia muito se a abandonasse.

Para Siqueira; Gomide Junior (2004), este enfoque é reforçado pelos

privilégios ocupacionais, benefícios oferecidos aos empregados antigos, como o

plano de aposentadoria, consequente dos investimentos feitos pelos empregados, e

pela possibilidade de perder, caso se desligasse da organização.

Bastos; Brandão; Pinho (1997) afirma que o enfoque instrumental, indica um

apego psicológico em que o empregado se sente como um prisioneiro de um lugar

pelos altos custos associados à sua saída e ele se sente recompensado com o que

lhe é oferecido, e o seu desligamento implicaria em sacrifícios significativos de

ordem econômica, social e psicológica.

O comprometimento instrumental reflete o grau em que o individuo se sente

prisioneiro pelos custos associados ao abandono do trabalho e pelo que a

remuneração representa para o sustento de sua vida, como também pela baixa

expectativa de conseguir outro emprego ou trabalho (BANDEIRA, et al,1999).

Meyer; Allen (1991) aponta algumas definições sobre comprometimento

instrumental, conforme quadro a seguir:

Page 32: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

31

ANO AUTOR DEFINIÇÕES DE COMPROMETIMENTO

ORGANIZACIONAL BASEADO NOS CUSTOS

1968 KANTER Proveito associado com a participação e um “custo” associado com ir embora da organização (p. 504).

1960 BECKER Sendo o comprometimento uma herança, quando uma pessoa tem um interesse, une divergentes interesses com uma linha de atividade (p. 32).

1972 HREBINIAK & ALUTTO

Um fenômeno estrutural que ocorre como um resultado de indivíduo organizado, transações e alterações no lado das apostas ou investimentos extras (p. 556).

Quadro 03: Definições de comprometimento organizacional instrumental. Fonte: Meyer; Allen (1997, p.12).

2.2.3 Enfoque normativo

O enfoque normativo do comprometimento organizacional tem suas raízes na

interseção entre a teoria organizacional de Etzioni (1975) e a Psicologia Social. Este

é o ultimo enfoque unidimensional, que na visão de Bastos (1993) se trata como

sendo o conjunto de pressões normativas internalizadas pelo indivíduo para que se

comporte conceitualmente com os objetivos e interesses da organização. Wiener;

Vardi (1990) enfatizam que estas pressões internalizadas irão se manifestar em

padrões de comportamento que têm como características o sacrifício, a persistência

e a preocupação pessoal. O comportamento normativo é um comprometimento de

obrigação. É entendido também, como uma viga da motivação e ocorre uma

aproximação dos valores e metas organizacionais (ALLEN; MEYER, 1999). Meyer;

Allen (1997) citam algumas definições de outros autores sobre o comprometimento

normativo, de acordo com o demonstrativo do Quadro 04.

ANO AUTOR DEFINIÇÕES DE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL BASEADO

NA OBRIGAÇÃO OU RESPONSABILIDADE MORAL

1977 WIENER & GECHMAN

Condutas de comprometimento são socialmente aceitas, condutas/comportamentos que excederam formalidades e/ou expectativas normativas relevantes para o objeto do comprometimento (p. 48).

1982 WIENER A totalidade de pressões normativas internalizadas, para agir de uma maneira que encontra metas organizacionais e interesses (p. 421).

1977 MARSH & MANNARI

O empregado comprometido considera isto moralmente correto para permanecer na companhia, apesar de tudo de quanto é o aumento de “status” ou satisfação que a firma lhe dá por anos (p. 59).

Quadro 04: Definições de comprometimento organizacional de obrigação ou responsabilidade moral. Fonte: Meyer; Allen (1997, p.12).

Page 33: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

32

2.2.4 Enfoque comportamental

Esse comprometimento tem como determinante o sentimento de

autoresponsabilidade, o que leva o individuo a ter uma ligação de forma

comportamental com a organização. Bastos (1993) menciona que esse tipo de

comprometimento é estabelecido com um vínculo do indivíduo com atos ou

comportamentos, estabelecendo que as cognições relativas a tais atos se tornem

mais resistentes a mudanças que venham a acontecer.

2.2.5 Enfoque sociológico

O comprometimento organizacional, quando analisado por esta ótica, é tido

“como uma resultante das relações da autoridade, que são estabelecidas pelo

empregador com vistas a controlar e subordinar os trabalhadores no contexto do

trabalho” (PEREIRA; BRITO 1994 apud NEPOMUCENO, 2004, p. 23).

Neste enfoque “o apego do trabalhador não está na dependência do “amor”

nem do “dinheiro” e sim na percepção de legitimidade do regime de governo do

empregador. (HALABY, 1986, p.635).

Sendo assim, o empregado não está vinculado à organização pela afetividade

nem pelo dinheiro, mas pela consequência da relação entre autoridade e

subordinação.

2.2.6 Enfoque multidimensional

Os modelos multidimensionais do comprometimento organizacional

começaram a ser notados depois que alguns pesquisadores perceberam que os

enfoques unidimensionais, mais do que tipos de comprometimento eram

componentes presentes no elo psicológico entre o indivíduo e a organização.

Page 34: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

33

Alguns autores utilizam expressões distintas para descrever a presença de

mais um componente no comprometimento como: Mowday; Porter; Steers (1982)

denominam de tipologias do comprometimento. Becker (1992) chama as diversas

dimensões como bases do comprometimento. Já, para Meyer; Allen (1991), as

dimensões são componentes do comprometimento. Na verdade, todos eles estão se

referindo às dimensões como diferentes conceituações do constructo do

comprometimento organizacional.

No entendimento de Bastos (1994), os estudos sobre o comprometimento

analisam tanto o foco do comprometimento, que pode ser com a carreira, a

organização, com o próprio trabalho, com o sindicato e a natureza do vínculo com a

organização. As pesquisas com foco no comprometimento com a organização têm

usado o modelo clássico proposto por Meyer; Allen (1979) que apresenta as

dimensões afetiva, normativa e instrumental como componentes do

comprometimento organizacional. Em seus estudos posteriores Bastos (1997) afirma

que comprometer-se significa: sentir-se vinculado a algo e ter desejo e permanecer

neste curso de ação.

Segundo Medeiros (2003), o primeiro autor a estabelecer o comprometimento

com diferentes componentes foi Kelman, em 1958, quando ele distinguiu o vinculo

psicológico de um individuo com a organização em três bases independentes:

Compliance (submissão) ou envolvimento instrumental; Identication (identificação) ou

envolvimento baseado num desejo de afiliação e Internalization (internalização) ou

envolvimento causado pela divergência dos valores organizacionais com os pessoais.

Para Gouldner (1960), o comprometimento não era um constructo

unidimensional. Em suas conclusões, Gouldner (1960, p. 471-2) identifica duas

dimensões para o comprometimento: integração que é “o grau em que um indivíduo

é ativo e se sente parte, em vários níveis, de uma organização em particular”;

introjecção que é o “grau em que a própria imagem de um indivíduo inclui uma

variedade de características e valores organizacionais aprovados”.

Em 1961, Etzioni (apud MOWDAY, 1982) diz que o envolvimento do

empregado pode assumir três formas distintas: o envolvimento moral, firmado na

internalização dos objetivos, valores e normas da organização; envolvimento

calculativo o qual é firmado em relações de troca que é desenvolvida entre o

indivíduo e a organização e envolvimento alienativo o qual é firmado na repressão e

na coerção.

Page 35: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

34

Medeiros; Enders (1999) identificou uma estrutura com quatro fatores,

obtendo um quarto componente, o qual denominou de afiliativo. Essa nova

dimensão tem como característica a falta de vínculo do individuo com a organização,

ocasionada talvez pela falta de integração do indivíduo com o grupo em que trabalha

se comportando com o moral baixo por se sentir excluído da equipe.

2.3 MODELO ADOTADO: O MODELO DAS TRÊS DIMENSÕES DE MEYER E ALLEN

O presente estudo tomou como foco o comprometimento organizacional,

utilizando o modelo tridimensional elaborado e desenvolvido por Meyer; Allen (1984,

1988, 1990, 1991, 1997), em que são diferenciadas e analisadas as três bases do

comprometimento: afetiva, instrumental e normativa. Nesse modelo, essas diferentes

bases não podem ser confundidas com tipo de comprometimento. Elas são

dimensões de comprometimento que estão presentes em qualquer vínculo com

força diferenciada.

Dentre os modelos de mais de um componente do comprometimento

organizacional, o mais aceito entre os pesquisadores foi o modelo de

conceitualização dos três componentes do comprometimento, de Meyer; Allen

(1991). John Mathieu, considerado o autor principal da meta-análise de maior

reconhecimento sobre o tema, diz que os pesquisadores Meyer e Allen são as

maiores referencias da década de 90, na pesquisa do comprometimento

organizacional.

O modelo de conceitualização de três componentes do comprometimento

organizacional de Meyer; Allen (1991) foi validado no Brasil por Medeiros e Enders

(1997), seguido por Ricco (1998) e Bandeira, Marques e Veiga (1999). O Quadro 05

é um demonstrativo da validação do modelo adotado nessa pesquisa.

Meyer; Allen (1991) Medeiros; Enders (1997) Bandeira et al. (1999)

Afetivo α ═ 0,68 α ═ 0,68

Normativo α ═ 0,70 α ═ 0,73

Instrumental α ═ 0,61 α ═ 0,62

Quadro 05: Validação da escala de comprometimento organizacional no Brasil. Fonte: Adaptado de Rowe (2008).

Page 36: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

35

No modelo de Meyer; Allen (1991), as dimensões do comprometimento

organizacional apresentam-se em três formas:

A) Affective commitiment, ou comprometimento afetivo: reflete um apego, um

envolvimento, identificação com a organização. Segundo Allen; Meyer (1990, p. 3), a

dimensão afetiva exprime, “Empregados com um forte comprometimento afetivo

permanecem na organização porque eles querem (...)”;

B) Comprometimento visto como custos associados a deixar a organização que

os autores denominam de Continuance commitment, denominado de instrumental pela

literatura brasileira. Conforme Allen; Meyer (1990, p. 3), “Empregados com (...)

comprometimento instrumental permanecem porque eles precisam (...)”;

C) Comprometimento como uma obrigação em permanecer na organização,

os autores denominam de obrigation e posteriormente fizerem uma

reconceitualização de normativo (normative commitment). De acordo com Allen;

Meyer (1990, p. 3), “Empregado com (...) comprometimento normativo permanecem

porque eles sentem que são obrigados”

Meyer; Allen (1991) aponta que um empregado vivencia concomitantemente

comprometimento para com a organização baseado em vínculos emocionais

(comprometimento afetivo), em sentimento de obrigação para com a organização

(comprometimento normativo) e em percepção de que cada um dos custos de sua

saída da organização são demasiadamente alto (comprometimento instrumental).

Comprometimento afetivo é notado como um apego, como um tipo de

envolvimento, onde acontece identificação com a organização. De acordo com Meyer;

Allen (1997), os funcionários com um forte comprometimento afetivo permanecem na

organização porque eles querem e assim desejam. Este componente pode ser

relacionado com a identificação – o indivíduo aceita influência para estabelecer uma

relação satisfatória com o grupo ou a organização.

Comprometimento instrumental: é entendido como os custos associados ao

deixar a organização. Segundo Meyer; Allen (1997), funcionários comprometidos

instrumentalmente permanecem na organização por que precisam. Este

componente pode ser relacionado com a conformidade – as atitudes e

comportamentos são adotados com o objetivo de recebimento de recompensas.

Comprometimento normativo: é o que está relacionado a um nível alto de

comprometimento por parte do funcionário em relação à organização. Segundo

Page 37: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

36

Meyer; Allen (1997), os funcionários com comprometimento normativo permanecem

na organização porque eles se sentem obrigados.

A maioria das pesquisas concentra seus esforços nos enfoques afetivo,

instrumental e normativo. Elas partem de um ponto comum: da premissa de que o

vinculo do indivíduo com a organização existe e é inevitável, mas enfoques diferem

apenas na forma como o vinculo se desenvolve e se mantém no ambiente da

organização.

Para Meyer; Allen (1990), o cerne dessa questão é sintetizado na seguinte

afirmação: empregados com um forte comprometimento afetivo permanecem na

organização porque eles querem; aqueles com comprometimento instrumental

permanecem porque eles precisam e aqueles com comprometimento normativo

permanecem porque eles sentem que são obrigados. Os pesquisadores Rego e

Souto (2002) caracterizaram as três dimensões do comprometimento organizacional,

demonstradas no Quadro 06.

Categorias Caracterização A pessoa permanece

na organização Estado

Psicológico

Afetivo

Grau em que o colaborador se sente emocionalmente ligado, identificado como também envolvido com a organização.

... sente que quer permanecer

Desejo

Normativo

Grau em que o colaborador possui um sentido da obrigação (ou dever moral) de permanecer na organização.

... sente que deve permanecer

Obrigação

Instrumental

Grau em que o colaborador se mantém ligado à organização, devido ao reconhecimento dos custos, associados com a sua saída dela. Esse reconhecimento pode advir da ausência de alternativas de emprego ou do sentimento de que os sacrifícios pessoais gerados pela saída serão elevados

... sente que tem necessidade de permanecer

Necessidade

Quadro 06: Os três componentes mais comuns do comprometimento organizacional. Fonte: Rego; Souto (2002, p. 03).

2.4 ESTUDOS SOBRE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONA NO BRASIL E

SEUS RESULTADOS

No Brasil ainda não foi realizada nenhuma meta-análise, mas três importantes

agendas de pesquisa foram construídas: Bastos (1994) (1995) (2000) e Medeiros

Page 38: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

37

(2002). Medeiros sinaliza os principais avanços sobre as pesquisas nacionais, sobre

o construto, indicando os caminhos que a pesquisa deve percorrer no futuro.

Os estudos sobre comprometimento organizacional começaram a ser

desenvolvidos a partir dos anos 90. Bastos (1994) foi pioneiro dos estudos nesta

área. Sua pesquisa de doutorado, que deu início a diversas outras investigações,

sistematizou padrões de comprometimento de trabalhadores pertencentes a várias

organizações, identificou oito grupos de sujeitos com padrões distintos nas suas

atitudes em relação aos três focos ou alvos: a organização, a carreira e o sindicato.

Freitas (1999) afirma que, no Brasil, muitos pesquisadores têm se interessado

por essa temática, pela contribuição que ela pode oferecer para aumentar o vínculo

do empregado com a organização.

Bastos (2000), analisando novamente diferentes organizações, identifica

quatro padrões de comprometimento, tendo como foco a organização e a

carreira/profissão, que são: o duplo comprometimento (alta centralidade do trabalho

na vida, possibilitando o individuo usar suas qualificações e habilidades), duplo

descomprometimento (é encontrado de forma mais presente e com alta intensidade

o conflito capital e trabalho ocorrendo com mais frequência com os trabalhadores

que tiveram menos treinamento e promoções), unilateralidade com a organização (

são os que preferem trabalhar em equipe, com um elevado senso coletivo e a

escolha da profissão foi norteada por fatores externos) e unilateralidade com a

profissão (a escolha da profissão se deu por fatores internos tendo a percepção do

trabalho como sendo diversificado).

Sá (2000) desenvolveu um estudo de caso, investigando o comprometimento

organizacional e a qualidade de vida no trabalho, em um dos departamentos da

CEMIG. Neste trabalho, a autora utilizou os modelos de Hackman e Oldham (1975)

e o instrumento de Mowday et al (1982), modelo este adaptado por Moraes et al

(1995). Aplicou entrevistas e questionários, constatando que o comprometimento

comportamental com um maior nível de significância do que o comprometimento

afetivo. Quanto à análise que tinha como objetivo verificar se a qualidade de vida

interfere no comprometimento organizacional, verificou-se que nem todas as

variáveis são correlatas.

Bastos; Borges-Andrade (2002), em um estudo sobre comprometimento com

o trabalho: padrões em diferentes contextos organizacionais, tendo como amostra,

1.019 trabalhadores de vinte organizações brasileiras, identificaram oito padrões de

Page 39: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

38

comprometimento e analisaram a distribuição desses padrões quatro contextos

organizacionais, diferenciando quanto ao nível e ao tipo de inovação organizacional,

implementada como demanda dos processos de transformação econômica e

tecnológica. Os resultados apontaram padrões com baixo comprometimento

organizacional nas organizações burocráticas e um padrão mais alto de

comprometimento organizacional nas organizações inovadoras.

Em 2002, Fanton, em seu estudo sobre comprometimento organizacional e

qualidade de ensino, analisou a existência da congruência entre comprometimento

organizacional e a qualidade de ensino dos docentes da Faculdade de Ciências

Sociais Aplicadas de Cascavel/PR. O autor utilizou dois instrumentos de pesquisa

com a versão adaptada no Brasil do OCQ (organizational commitment Questionare)

como também a avaliação de desempenho institucional que foi aplicada aos

discentes desde 1999. Os resultados apontaram, que os docentes com mais de seis

anos de trabalho e com menos de dois anos são os mais comprometidos com a

organização, com maior comprometimento afetivo e com a carreira. Na avaliação

institucional todos os docentes apresentam uma avaliação média homogênea, esses

resultados permitiram o autor afirmar que existe congruência entre qualidade de

ensino e comprometimento organizacional.

Medeiros (2003), em sua tese de doutorado da Universidade de São Paulo,

denominada de Comprometimento organizacional e suas relações com

características organizacionais e desempenho nas empresas hoteleiras, procurou

identificar as relações entre características organizacionais, dimensões latentes do

comprometimento organizacional e o desempenho das organizações. Neste estudo,

o autor utilizou 60 indicadores do comprometimento organizacional, tirados dos

instrumentos do Meyer; Allen (1993) e o de O‟Reilly; Chatman (1986) como também

de outros indicadores construídos com a revisão teórica. Neste estudo ficou

demonstrado que determinadas características organizacionais influem de forma

positiva nas dimensões latentes do comprometimento afetivo.

Estudos realizados por Naves; Coleta (2003) através de uma pesquisa de

campo em empresas hoteleiras, precisamente, em um grupo de hotéis

convencionais da cidade de Uberlândia/MG, para analisar a relação dos tipos de

cultura organizacional com a natureza do vínculo estabelecido entre o indivíduo e a

organização. As variáveis independentes consistiam em pessoais, profissionais e os

tipos de cultura organizacional. A variável dependente foi representada pelas três

Page 40: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

39

dimensões do comprometimento organizacional. A pesquisa foi realizada com 223

de um universo de 251 funcionários, de quatro hotéis, sendo três hotéis

convencionais e um hotel residência. Para analisar o comprometimento

organizacional, foi utilizado o instrumento de Meyer, Allen e Smith (1993), com 18

indicadores. Os resultados apontaram que existe uma relação dos tipos de cultura

com os tipos de comprometimento organizacional. A cultura de função foi apontada

como o principal preditor do comprometimento normativo e instrumental, enquanto a

cultura de tarefa é o principal preditor do comprometimento afetivo. As mulheres são

mais comprometidas instrumentalmente do que os homens. O estudo verificou

também que os indivíduos casados apresentaram um maior grau na dimensão

afetiva do que os solteiros.

Silva (2003) estudou as práticas utilizadas pela área de Recursos Humanos

nas empresas para a obtenção do comprometimento por parte de seus funcionários.

A realização da pesquisa se deu em uma empresa de operação logística no estado

de Minas Gerais e usou o instrumento desenvolvido por Meyer e Allen (1991),

adaptado ao modelo elaborado e validado por Bandeira (1999). Na aplicação da

pesquisa foram distribuídos 88 questionários, ficando constatado que as práticas de

recursos humanos, que foram investigadas, influenciaram a dimensão afetiva e

normativa do comprometimento. Tendo o pesquisador observado que os índices

mais elevados estão nas práticas de gestão do conhecimento e remuneração.

Souza (2003) analisou os impactos das fusões e aquisições no

comprometimento organizacional dos empregados em trajetória de organização

bancária. Para esse estudo utilizou o modelo do Meyer; Allen (1991). Os resultados

apontaram níveis altos de comprometimento instrumental e afetivo e foi detectado o

comprometimento com a carreira.

Soldi (2003) desenvolveu, através de pesquisa, um estudo sobre o

comprometimento de trabalhadores terceirizados e efetivos no qual o objetivo era

avaliar e comparar o grau de comprometimento, adotando o questionário adaptado

do Meyer e Allen (1997), com perguntas fechadas para cada um dos tipos de

comprometimento (afetivo, instrumental e normativo). Participaram da pesquisa 123

efetivos e 166 terceirizados. Os resultados apontaram que os efetivos apresentam

graus mais elevados de comprometimento afetivo, enquanto que os terceirizados

apresentam graus mais elevados de comprometimento instrumental e normativo.

Page 41: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

40

Rego (2003) apresentou uma pesquisa em que as três dimensões – afetiva

normativa e contínua podem não caracterizar fielmente o comprometimento

estabelecido entre colaboradores e organização. Dentro da dimensão afetiva, o autor

acredita que duas outras categorias estejam encobertas: o comprometimento afetivo e o

futuro comum. O fato de um colaborador sentir uma ligação afetiva com a organização

não significa que ele deseje passar o resto de sua vida nesta organização.

Para exemplificar essa bipartição do comprometimento afetivo, Rego (2003)

faz uma analogia citando o caso dos jogadores de futebol profissional no Brasil.

Esses atletas nascem e crescem dentro de um determinado clube, dão o máximo de

si e têm „amor à camisa‟, o que não os impede de irem jogar em times estrangeiros,

que ofereçam aos atletas melhores salários e benefícios. Ou seja, apresentaram

extremo comprometimento afetivo para com o clube em que se desenvolveram, mas,

no entanto, não desejam permanecer por toda sua carreira no mesmo clube

(organização), pretendem buscar novas oportunidades de crescimento e melhores

salários. Sendo assim, para o autor, em um primeiro momento da carreira, o que

seria gerador de comprometimento é a identificação com o clube, o „amor à camisa‟,

porém em um segundo momento, esse fator já não é o bastante e o que viria a

promover o comprometimento no colaborador é o seu crescimento profissional e o

desenvolvimento de sua carreira, alcançando melhores salários e benefícios. Até

esta pesquisa, estudavam-se apenas os vínculos de Comprometimento, sem levar

em consideração essa dimensão, que se refere à ausência de Comprometimento.

No Quadro 07, o autor faz uma analogia de seis hipotéticos laços psicológicos.

DIMENSÕES O QUE PENSA UM

JUGADOR DE FUTEBOL

O QUE PENSA UM MEMBRO DO CASAL

O QUE PENSA UM MEMBRO DE UMA ORGANIZAÇÃO

Comprometimento afetivo

“gosto muito desse clube. Mas, se me surgir melhor oferta...”

“Viverei com ele (a) enquanto esse amor durar”.

“Esta organização tem um grande significado para mim”.

Futuro comum “ficaria feliz se pudesse jogar o resto da minha carreira neste clube”.

“Quero viver com ele (a) o resto da minha vida”

Ficaria “muito satisfeito se fizesse o resto de minha carreira nesta organização”.

Comprometimento normativo

“Tenho o dever de ser leal a meu clube”.

“Irei me manter com ele (a) porque tenho o dever de lealdade”.

Sinto que devo ser leal e permanecer nesta organização

Sacrifícios avultados

“Teria muitos custos /sacrifícios se fosse para outro clube”.

“Teria muitos custos se o (a) abandonasse”.

“Não abandono esta organização devido às perdas que me prejudicariam”.

Page 42: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

41

Escassez de alternativas

Não tenho grandes alternativas de colocação em outras equipes.

“Não tenho alternativas. E, pensando bem, nem estou tão mal”.

“Sinto que tenho poucas alternativas se deixar minha organização”.

Ausência psicológica

“Daria tudo para mudar de clube”.

“Daria tudo para poder abandoná-lo(a)”.

“Aceitaria qualquer emprego para deixar de trabalhar nesta organização”.

Quadro 07: Seis hipotéticos tipos de laços psicológicos entre os indivíduos e a organização – e algumas analogias. Fonte: Rego (2003, p. 29).

Abreu (2004) fez uma pesquisa sobre os graus de comprometimento dos

gerentes e especialistas que ocupam posições importantes em uma grande

siderúrgica brasileira. Nesse estudo o autor realizou uma análise com cinco

dimensões do comprometimento no trabalho, sendo duas focadas no

comprometimento organizacional e na carreira, e três nos componentes afetivo,

instrumental e normativo. Os resultados indicaram comprometimento com a

organização e com a carreira, isto é, um comprometimento duplo. Entretanto, ficou

revelado um alto grau no comprometimento com a carreira.

Genelhu (2004), em seu estudo sobre a retenção de talentos via

comprometimento para a dissertação de seu mestrado, realizou um estudo

quantitativo e qualitativo na unidade da PUC Minas. Para fins desse estudo, o

comprometimento organizacional, com base na distinção da natureza psicológica de

três vínculos: o desejo (afetivo), a necessidade (instrumental), a obrigação moral

(normativo), como também o comprometimento com a profissão ou a relação do

indivíduo com a sua vocação. Houve a aplicação de 88 questionários, com os

resultados apontando que o professor é mais comprometido com sua profissão.

Moraes (2005) em sua pesquisa, o comprometimento e a motivação são

compreendidos a partir das três dimensões do comprometimento: afetiva,

instrumental e normativa; e motivação intrínseca, internalizada e extrínseca. Trata-se

de um estudo de caso quali-quantitativo, contendo as seis dimensões descritas e de

uma entrevista focalizada com roteiro semiestruturado. Os resultados apontam que

ocorre articulação entre comprometimento organizacional e motivação, havendo

correlação entre a motivação extrínseca e o comprometimento instrumental e a

motivação intrínseca com o comprometimento afetivo.

Cavalcante (2005), em pesquisa, analisou a relação entre a percepção das

políticas de gestão de uma empresa varejista e os níveis e padrões de

Page 43: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

42

comprometimento de seus funcionários com o trabalho e com a organização nas

bases afetiva e instrumental. A pesquisa foi efetuada com 200 funcionários, sendo

os dados coletados via questionários. Confirmou-se que quanto mais próxima do

modelo community for a percepção das políticas de gestão, maior será o nível de

comprometimento com a organização na base afetiva. Não existiu correlação entre o

comprometimento instrumental e a percepção das políticas de gestão,

possivelmente pelo fato de este tipo de comprometimento está relacionado com o

mercado de trabalho, que é um fator externo.

Borges (2005), em sua pesquisa, verificou a relação entre as políticas de

recursos humanos e os construtos comprometimento organizacional e qualidade de

vida no trabalho em uma grande empresa mineradora. Os resultados apontam que

há relação entra as políticas que são desenvolvidas no RH e o comprometimento.

Dias (2005), examinou as relações existentes entre valores organizacionais,

modelos e práticas de gestão de pessoas e comprometimento organizacional. A

população pesquisada foi de 54 empresas de ferro-guisa do parque industrial de

Minas Gerais. Foi utilizado o método de pesquisa survey e questionários. O estudo

focalizou indicadores de valores organizacionais e questões de comprometimento

organizacional do modelo do Meyer e Allen (1997). Os resultados apontaram que

existe uma relação significativa, positiva e moderada entre os três construtos.

Moraes; Godói; Batista (2005) realizou um estudo que focalizava o estado da

arte do comprometimento organizacional no Brasil nos períodos de 1994 a 2003 e

identificaram um total de 46 pesquisas sobre a temática, observando um

crescimento significativo na publicação de artigos, destacando-se os anos de 1999,

2002 e 2003. Os autores acrescentam que a maior parte dos artigos publicados nos

anais no ENANPAD são estudos de casos descritivos, utilizando modelos

anteriormente validados.

Behr (2005), em sua pesquisa sobre as relações entre comprometimento e

subjetividade, o estudo buscou identificar similaridades e disparidades no

comprometimento de funcionários que desempenha atividades distintas dentro de

uma organização. O resultado da pesquisa apontou funcionários satisfeitos e

comprometidos afetivamente e que comportamentos e emoções são resultantes da

cultura e dos valores organizacionais.

Menezes (2006) desenvolveu e validou padronizou uma nova escala de

comprometimento organizacional a partir da perspectiva comportamental, a Escala

Page 44: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

43

de Intenções Comportamentais de Comprometimento Organizacional (EICCO). Para

a validação da escala foi realizado um corte transversal, envolvendo neste primeiro

momento do pré-teste 1.107 sujeitos, e na etapa correspondente a validação final da

escala, 302 sujeitos. A versão inicial da escala foi constituída de 17 itens, os quais

foram submetidos a trabalhadores de 7 empresas públicas e privadas do Estado da

Bahia. Já a versão final da escala foi aplicada em 10 empresas publicas e privadas,

também do Estado da Bahia e buscou validar 27 itens ligados a cinco fatores do

comprometimento com a organização. A versão final da Escala de Intenções

Comportamentais de Comprometimento Organizacional foi validada com 20 itens,

tendo duas bases investigativas: afetiva e instrumental.

Souza (2007) estudou os fatores de comprometimento e as relações sociais

exteriorizadas pelos funcionários de médio porte, utilizou na metodologia o

questionário validado por Meyer e Allen mais um teste de evocação de palavras, a

leitura da expressão indutora foi: “Se eu lhe digo a palavra “lealdade” quais as seis

primeiras palavras que lhe vem em mente”? Os resultados apresentados pelo teste

de evocação de palavras apresentam como categoria mais votada: respeito,

amizade e trabalho e a categoria com menos citação: natureza, e a categoria com

uma única citação: time de futebol. A dimensão normativa está presente em 90%

dos empregados da empresa pesquisada.

Batista (2007), em seu estudo sobre o comprometimento organizacional e o

profissional dos profissionais docentes de Instituição de Ensino Superior, os

resultados revelaram que as dimensões do comprometimento organizacional em

suas dimensões afetiva, instrumental e normativa estão correlacionadas com o

comprometimento profissional.

Barros (2007), o comprometimento organizacional em suas bases afetiva,

instrumental e normativa, bem como a intenção de permanência dos mesmos na

organização, correlacionando-os entre si e com as variáveis de caracterização

pessoal e funcional. Os resultados revelaram que existe uma relação significativa

entre os três construtos investigados. Foram encontradas evidências da importância

das práticas de gestão de pessoas e do comprometimento organizacional de base

normativa como preditores da intenção de permanência.

Moreira (2007), em seu estudo replicou uma nova medida, a Escala de

Intenções Comportamentais de Comprometimento Organizacional (EICCO), validada

por Menezes (2006) que avalia atitudes e comportamentos com base em intenções

Page 45: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

44

comportamentais. A pesquisa foi realizada em uma distribuidora de derivados de

petróleo, sendo aplicados 72 questionários em terminais da Petrobrás Distribuidora

localizados em distintos estados, que receberam a denominação de terminais X e

terminais Y. O estudo constatou que tanto no terminal X quanto no terminal Y existe

um alto nível de comprometimento. Sendo que os funcionários do terminal X

apresentaram um maior comprometimento nos fatores de desempenho e

produtividade e defesa da organização. Quanto ao terminal Y, houve a revelação de

um maior comprometimento nos fatores participação, empenho extra e permanência

e saída da organização. Nos dois terminais foi encontrado um maior

comprometimento afetivo do que instrumental.

Heizer (2007) desenvolveu uma pesquisa em uma organização do ramo de

informática situada em Belo Horizonte, utilizando uma nova medida de atitudes e

comportamentos, validada por Menezes (2006) e replicada por Moreira (2007), a

Escala de Intenções Comportamentais de Comprometimento Organizacional. O

universo dessa pesquisa foi de 124 pessoas, com dados coletados através de

questionários, sendo que 47 foram devolvidos. A pesquisa apontou tendência a

grande comprometimento organizacional, exceto em situações que afetam de forma

direta a questão financeira e interesse profissional. As dimensões nas quais os

funcionários apresentam maior comprometimento organizacional são em ordem de

importância: Participação, Defesa, Desempenho, Empenho e Permanência. O fator

“Defesa” tem maior peso no elemento afetivo, enquanto que os demais fatores têm

maior peso no elemento instrumental.

Silva (2008) desenvolveu um estudo que teve como o objetivo caracterizar o

comprometimento de estagiários com as organizações privadas por meio do Centro de

Integração Empresa-Escola de Santa Catarina. A amostra dessa pesquisa foi de 22

estagiários. Os resultados apontaram que os estagiários se comprometem de forma

instrumental e permanecem no local do estágio por serem remunerados e veem no

futuro a possibilidade de efetivação. A pesquisa também identificou que os estagiários

apresentam um comprometimento normativo, cumprindo as normas e regras de

pontualidade, assiduidade e realizam todas as tarefas que lhes são atribuídas, pelo

sentimento que estes possuem em permanecer na organização para retribuir o que a

organização fez ou faz por eles (estagiários).

Santos (2008), o estudo realizado em uma agência de fomentos de Minas Gerais

teve por objetivo conhecer as políticas de gestão de pessoas adotadas pela empresa e

Page 46: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

45

analisar como elas interferem no comprometimento dos seus funcionários. O modelo

adotado foi o de Meyer e Allen (1991). A amostra foi composta de cinco categorias

ocupacionais: gerentes, consultores internos, analistas, assistentes e auxiliares. Os

resultados apontaram que as políticas de gestão de pessoas estudadas influenciam o

comprometimento organizacional nas dimensões afetiva e normativa estabelecendo

fraca correlação na dimensão instrumental.

2.5 ESTUDOS SOBRE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL NA GESTÃO PÚBLICA

E SEUS RESULTADOS

O presente estudo tem como cenário uma organização pública federal. Para

tanto se faz necessário, além do entendimento do construto comprometimento

organizacional, cumpre abordar alguns estudos realizados no que concerne à

organização pública.

Borges-Andrade (1989) traduziu e adaptou a abordagem proposta por

Mowday et al (1982), o qual tem como enfoque a dimensão afetiva do trabalhador

com as metas organizacionais, para o contexto brasileiro especificamente para a

gestão pública, numa pesquisa pioneira realizada na EMBRAPA – Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária. O principal objetivo foi identificar entre as

variáveis: pessoais, grupais, de papel, organizacionais e ambiente externo, aquelas

que seriam preditoras do comprometimento organizacional. Para que fossem

evidenciadas as diferenças entre as unidades da empresa, o autor considerou como

perfis-meio as unidades da sede e como perfis-fim as unidades descentralizadas. Os

resultados apontaram que nas unidades organizacionais do perfil-meio os mais

velhos se mostraram mais comprometidos, o que indicou uma relação diretamente

proporcional entre idade e comprometimento. Foi apontado que a oportunidade de

crescimento na carreira, progressão funcional tiveram um peso considerável no

comprometimento de seus funcionários.

Nas unidades descentralizadas, ou seja, perfil-fim as variáveis que justificam

o comprometimento organizacional, segundo os respondentes são: justiça na

promoção, oportunidade de crescimento na carreira, percepção da importância da

Page 47: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

46

empresa no país, essas variáveis estão presente entre os servidores que dão

suporte à pesquisa. Estas variáveis também estão presentes no perfil-meio.

Borges-Andrade; Afanasieff e Silva (1989) assinalam que o estudo do

comprometimento em instituições públicas se revela importante, não apenas por

interesse teórico, mas, sobretudo por razões práticas. Para eles, as instituições são

financiadas com recursos públicos e suas atividades visam benefícios para o bem

comum. Assim, é de interesse identificar quais são as condições que favorecem o

comprometimento dos empregados de tais instituições e implementá-las para que os

investimentos feitos tenham retorno para a sociedade.

Brandão (1991) na Universidade Federal da Bahia (UFBA) desenvolveu uma

pesquisa com os servidores com o objetivo de compreender os fatores que poderiam

determinar o nível de comprometimento organizacional. Nesse estudo foi usado o

modelo proposto por Borges-Andrade et al (1989). As oportunidades de crescimento

na carreira e a imagem da organização foram as variáveis que apresentaram um

maior valor explicativo. Em relação inversa ficou a facilidade de ingresso. Neste

estudo houve a inclusão de outras variáveis como personalidade, pesquisando

valores e significados do trabalho, apresentando três variáveis: centralidade do

trabalho na vida, interesse despertado pelas tarefas e a supervisão. Os resultados

apontaram que o nível de comprometimento dos servidores revelou-se relativamente

elevado. Os servidores que entendem a instituição como importante e lhes permitem

condições apropriadas para o trabalho e para o seu crescimento profissional são os

mais comprometidos. Das variáveis pessoais, aqueles que possuem uma maior

escolaridade tendem a serem menos comprometidos.

Borges-Andrade (1993) estudando o comprometimento organizacional na

administração pública e em seus seguimentos meio e fim, com a finalidade de

verificar antecedentes para a identificação dos empregados com a organização

empregadora e a disposição dos mesmos em defendê-las e de nelas permanecer.

Com uma amostra composta de 748 funcionários de duas instituições federais,

sendo uma da administração direta e outra da administração indireta. Os resultados

apresentam duas variáveis relacionadas positivamente: oportunidade de

desenvolvimento ocupacional e status da organização. Na administração direta os

resultados dos seguimentos meio e fim apresentam maior diferença. Nas duas

administrações, nos seguimentos fim, o status da organização e a experiência

gerencial anterior são as variáveis mais similares.

Page 48: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

47

Essa pesquisa teve como base o modelo proposto por Borges-Andrade et al

(1989) e as variáveis que tiveram um maior valor explicativo foram a imagem da

organização e as oportunidades de crescimento na carreira. A variável com o menor

valor explicativo foi a facilidade de ingresso.

Gama, (1993) desenvolveu sua dissertação na Fundação João Pinheiro, uma

instituição pública do Governo do Estado de Minas Gerais. Nesse estudo ele

constatou que os servidores administrativos e os pesquisadores da Fundação

apresentaram um nível satisfatório de comprometimento considerando o ambiente

organizacional. A instituição buscava sair de uma crise, no momento em que a

pesquisa foi aplicada. O estudou demonstrou que o aumento do comprometimento

organizacional é diretamente proporcional ao aumento das oportunidades de

crescimento profissional, a segurança no emprego e a satisfação com a supervisão

recebida além de outros aspectos. Segundo o pesquisador, a atitude de

comprometimento constatada nesse período foi favorável, principalmente entre os

que se dispuseram a defendê-la. Ao concluir sua pesquisa, ele ressalta.

[...] ser comprometido não é ser submisso às normas, pois, mesmo quando compartilha missão, objetivos, valores e até quando critica a instituição, o indivíduo pode ser comprometido. Longe de ser algo imposto aos empregados, o comprometimento é uma necessidade natural e psicológica, de todas as pessoas (GAMA, 1993, p.190).

Bastos; Brandão (1993) relata em sua pesquisa desenvolvida junto com os

técnicos administrativos, os resultados apontaram níveis moderadamente elevados

de comprometimento, e os produtos das análises de regressão revelam que os

antecedentes mais significativos são as oportunidades de crescimento profissional, a

centralidade do trabalho na vida do servidor e a qualidade da supervisão recebida. A

pesquisa teve uma amostra de 313 servidores de distintos cargos e segmentos da

administração, a coleta dos dados foram obtidos através de entrevistas. A

mensuração do comprometimento organizacional foi feito mediante escala proposta

por Mowday; Porter; Steers (1982), com 15 itens e escores variando de 1 (baixo

comprometimento) a 7 pontos (alto comprometimento). O nível de comprometimento

apresentou-se relativamente alto. A pontuação variava de 1 a 7, pouco mais de 1/3

apresentou escores entre 5 e 6, e 30% do grupo se situaram em faixa mais elevada

tendo uma variação entre 6 e 7. Enquanto 40% dos pesquisados apresentaram

níveis medianos ou baixos de comprometimento.

Page 49: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

48

Bastos (1993) em seu estudo compara o comprometimento organizacional

entre os setores público e privado, revelando níveis mais baixos de

comprometimento na administração pública direta. A amostra dessa pesquisa foi de

1.017 trabalhadores de vinte organizações baianas. O principal instrumento utilizado

foi a versão reduzida da escala de Mowday; Porter; Steers (1982). A técnica

estatística utilizada foi a análise de Cluster que pode possibilitar a identificação e a

caracterização de sete grupos de tipos de comprometimento: o antissindicalista, o

sindicalista, o profissional, o descomprometido, o comprometido, o localista e o

descomprometido com a carreira. O melhor preditor apresentado foi a política de

promoção e treinamento dos valores como centralidade do trabalho na vida e da

política de remuneração.

Pereira (1993), na sua pesquisa sobre estudo do “organizational commitment”

na administração de recursos humanos de uma instituição pública universitária

federal brasileira, analisou a trajetória da administração pública baseada em estilos

de autoritarismo e clientelismo, repassando para o servidor a ineficácia da prestação

de serviço por ele prestado. Os resultados sugerem que os servidores participantes

da amostra expressam um alto interesse em dedicar esforços para com a

organização, ao nível de análise do enfoque atitudinal-afetivo, todavia existe a

necessidade de salientar suas apreciações em torno da qualidade da supervisão

recebida, da relevância do trabalho que executa e do nível de responsabilidade

recebida. As indicações dos resultados reproduzem o quadro de individualização do

servidor público e sua carência por melhor relacionamento social.

Dias (1993) pesquisou na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

de Minas Gerais – EMATER-MG, o comprometimento organizacional entre seus

servidores. Os resultados apontaram que os fatores extrínsecos foram os que mais

interferiram na predição do comprometimento. As variáveis como: crescimento na

carreira e a progressão profissional, possibilidade de crescimento e a oferta de

treinamento entre os pesquisados tiveram maior destaque como preditores do

comprometimento. Os níveis mais elevados da empresa apontaram os treinamentos

oferecidos, remuneração, e relacionamento com os grupos, como sendo as variáveis

mais significativas. Nos Escritórios Locais, a variável satisfação com a probabilidade

de crescimento e nos Escritórios Regionais a variável satisfação com compensação

são os maiores fatores para a explicação do comprometimento organizacional.

Page 50: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

49

Bastos (1994), em seu estudo sobre comprometimento com a organização, a

carreira e o sindicato é um dos primeiros pesquisadores que se envolveu com a

gestão pública. Nessa pesquisa, ele aponta um baixo comprometimento com a

organização e um grande número de “descompromissados” como também a

predominância de comprometidos com a carreira. Quanto ao sindicato, o mesmo

estudo aponta uma predominância de profissionais sindicalizados. Desenvolveu sua

pesquisa em vinte organizações do setor público e privado situados na Bahia,

utilizando-se tanto de questionários quanto de entrevista. Utilizou a análise de

Cluster, identificando sete grupos de tipos de comprometimento: o antissindicalista,

o sindicalista, o profissional, o profissional-sindicalista, o descomprometido, o

comprometido localista e o descomprometido com a carreira.

Oliveira; Paz (1996) verificou as relações possíveis entre percepção de justiça

salarial e comprometimento organizacional, 135 questionários foram aplicados,

tendo um retorno de 65%, em uma organização publica. Os dados depois de

analisados mostraram que o comprometimento afetivo e o calculativo têm sua

explicação em outras variáveis, como a imagem externa da organização e políticas

de recursos humanos. Eles comprovam que quanto menor o nível de escolaridade

maior o comprometimento calculativo e que o comprometimento afetivo ocorre mais

entre 26 e 45 anos.

Moraes; Marques (1996) realizaram um estudo de caso comparativo nas

Universidades Federais mineiras, com o objetivo de pesquisar os níveis e os

preditores do comprometimento afetivo e comportamental dos servidores

técnicoadministrativos de quatro universidades: Universidade Federal de Minas

Gerais – UFMG, Universidade Federal de Viçosa – UFV , Universidade Federal de

Juiz de Fora – UFJF, e Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Como também

identificar as variáveis preditoras dos modelos de comprometimento tanto afetivo

quanto comportamental. Os resultados apontaram que a UFV apresentou um escore

do comprometimento afetivo, com índices relativamente maiores que os das demais

universidades. A pesquisa revelou que a satisfação com o ambiente social e as

recompensas influencia de forma acentuada o comprometimento organizacional.

Bastos; Brandão; Pinho (1997) neste estudo, dando continuidade ao processo

de análise conceitual, insere-se na perspectiva de retomar o conceito de

comprometimento organizacional partilhado pelos trabalhadores. A investigação

voltou-se para explorar, em maior profundidade, o conceito de comprometimento com

a organização, em suas análises, feitas sobre o conceito expresso por servidores

Page 51: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

50

universitários no cotidiano do trabalho. A pesquisa foi feita em quatro universidades

federais (UnB, UFBa, UFMG, UFU) com aplicação de questionário aberto a 240

servidores, e no segundo momento entrevista com uma subamostra com 40

participantes. Os resultados obtidos no estudo, em vários sentidos, parecem contribuir

para fortalecer uma perspectiva multidimensional ao se estudar o comprometimento

organizacional. Duas outras conclusões são dadas como importantes. A primeira

refere-se à impossibilidade de se considerar comprometimento apenas como atitude.

Comportamentos e disposições atitudinais são partes integrantes e integradas do

conceito de comprometimento no cotidiano dos servidores estudados. A segunda

refere-se à possibilidade de múltiplos processos geradores de comprometimento.

Afirmam os autores que encontraram respaldo para dois grandes eixos na definição

do próprio conceito: normativo e afetivo.

Bandeira; Marques; Veiga ( 1999) na pesquisa feita na ECT/MG, Empresa de

Correios e Telégrafos, procuraram verificar até que ponto é possível conseguir

comprometimento organizacional no setor de serviços em uma empresa do setor

público. O modelo adotado para a pesquisa foi o das três dimensões de Meyer; Allen

(1984, 1991, 1997). A contribuição desse estudo foi a inserção do movimento das

pesquisas sobre o construto observando a nova tendência norte-americana de

pesquisar as múltiplas dimensões do comprometimento organizacional.

Pereira; Oliveira (2000) realizou um estudo empírico sobre comprometimento

organizacional na área de Administração Pública Municipal, utilizando a abordagem

afetiva proposta por Mowday at al. ( 1982). Foi identificado um bom nível de

comprometimento organizacional dos servidores lotados na Secretária da Fazenda da

Prefeitura Municipal de Viçosa-MG, aliado a importantes dados que fornecem à

instituição subsídios para os ajustes necessários em relação a sua política de

Administração de Recursos Humanos.

Rangel (2001) estudou o comportamento dos agentes públicos em cargos

comissionados da Prefeitura Municipal de Vitória, com a intenção de identificar o

grau e o tipo de comprometimento de cada funcionário. O estudo ainda identificou se

o vínculo empregatício exerce alguma influencia sobre o comprometimento

organizacional. A amostra da pesquisa foi de 237 comissionados e foi usado o

instrumento do Meyer e Allen (1991). Os resultados apontaram um maior grau de

comprometimento organizacional nas dimensões instrumental e normativa entre os

funcionários efetivos e um maior grau de comprometimento organizacional na

dimensão afetiva entre os funcionários não efetivos.

Page 52: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

51

Siqueira (2001) em seu estudo relatou as evidencias referente à validação de

três medidas brasileiras de comprometimento organizacional – (ECOA) afetivo,

(ECOC) calculativo, e (ECON) normativo. Demonstrou as relações das três medidas

com os critérios do comportamento organizacional: satisfação no trabalho,

comportamentos de cidadania organizacional e intenção de rotatividade.

Participaram dessa pesquisa 217 trabalhadores de empresas públicas e particulares

na grande São Paulo. Os resultados apontaram a capacidade das medidas de aferir

os três tipos de comprometimento.

Borges; Lima; Vilela; Guedes (2002) com um estudo intitulado: Os

Funcionários não estão Comprometidos? Com funcionários de uma biblioteca

publica, objetivando questionar que aspectos da estrutura da organização e do

comportamento organizacional podem estar afetando o comprometimento. A

pesquisa empírica demonstra: dificuldades motivacionais, insatisfação salarial,

cultura organizacional frágil, convivência de diversos vínculos empregatícios e

ausência de um plano de carreira atualizado, são os aspectos que não permitem que

atitudes comprometidas se concretizem no comprometimento organizacional dos

participantes da amostra do estudo.

Leite (2004), em sua pesquisa sobre o comprometimento organizacional na

gestão pública: Um estudo de caso em uma Universidade Estadual. Essa pesquisa

teve como público alvo os servidores técnico-administrativos e revela que o

comprometimento organizacional é alto entre eles, tanto do quadro permanente

quanto do temporário, com a predominância do componente afetivo. Para

mensuração do comprometimento organizacional, o autor utilizou duas escalas, a

OCQ – questionário de comprometimento organizacional de Mowday (1982) e a de

Bastos et al (2003) ainda na fase de validação. Para analisar as bases do

comprometimento foram utilizadas também duas escalas: a de Meyer, Allen e Smith

(1993) que considera as bases afetiva, instrumental e normativa, e a de Bastos et al

(2003) que considera apenas as bases afetiva e instrumental. Os resultados também

mostram que apesar de estatisticamente ter pouco significado, os servidores

temporários possuem um score de comprometimento maior que aqueles do quadro

permanente. O autor verifica também que alguns benefícios e vantagens oferecidas

pelo serviço público, como por exemplo, a estabilidade no emprego e no cargo pode

levar a um comportamento de acomodação e desinteresse. Já para os servidores

temporários, o quadro é de competitividade e expectativas futuras de permanecer na

Instituição, impulsionando-os a “mostrar serviço” a fim de se manterem no emprego.

Page 53: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

52

Rego; Souto (2004) em seu estudo demonstraram como as percepções de

justiça explicam o comprometimento organizacional nas dimensões afetiva,

instrumental e normativa. Esse estudo foi feito em duas etapas: a primeira etapa no

Brasil e a segunda em Portugal. Na primeira etapa, o cenário foi a cidade do Rio de

Janeiro onde a pesquisa foi realizada em quatro instituições públicas. O

comprometimento organizacional foi verificado mediante um questionário de 28

indicadores o qual fora usado por Rego (2003). Na segunda etapa, as pesquisas

foram realizadas em Portugal com empresas públicas e privadas. As razões pelas

quais os indivíduos se comprometem com suas organizações e a combinação de

dados de culturas diferentes foram mostrada nesse estudo.

Rowe; Bastos (2007) analisaram a natureza e a intensidade dos vínculos de

comprometimento do docente universitário com seu trabalho fazendo uma

comparação do cenário publico e privado. Participaram desse estudo 551 docentes

de 184 instituições. Foi utilizada a escala proposta por Medeiros (2003), com 28

itens e sete fatores para o estudo do comprometimento organizacional. Para o

estudo do comprometimento com a carreira foi utilizada a escala de sete itens

proposta e validada por Blau (1985). O resultado apontou diferenças significativas

entre os docentes de instituições de ensino públicas e privadas, quanto ao

comprometimento com o trabalho. Os docentes de IES públicas são mais

comprometidos com sua carreira, e os docentes de IES privadas apresentam um

maior nível de comprometimento instrumental.

Flauzino; Borges-Andrade (2008) em seu estudo publicado na RAP analisou o

comprometimento organizacional dos servidores públicos ligado à atividade-fim de

saúde, educação e segurança. Foi adotada a concepção do comprometimento

afetivo de Mowday; Porter; Steers (1979) e a escala reduzida proposta por Bastos

(1994). Os resultados indicaram que o instrumento modificado permite identificar o

comprometimento dos servidores e que este está vinculado à missão organizacional

percebida e não à missão real. A amostra foi de 902 respondentes: 371 pertenciam

a órgão militar, 266 à instituição educacional e 265 à instituição da saúde. Entre os

servidores pesquisados, encontraram altos níveis de comprometimento nos que

trabalham na área da segurança, quando comparados com as áreas de saúde e

educação. Segundo os autores, apesar de terem encontrando moderado

comprometimento afetivo dos servidores públicos, é necessária a ampliação da

quantidade e diversidade de organizações estudadas para haver a identificação de

um padrão nacional e não apenas restrito a uma unidade da federação.

Page 54: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

53

3 METODOLOGIA

A descrição metodológica presente neste trabalho está dividida em cinco

partes: tipo de pesquisa, universo e amostra, instrumento de coleta de dados,

variáveis analíticas e o tratamento dos dados.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Para a realização deste trabalho foi adotada a pesquisa classificada como

estudo de caso, com abordagem quantitativa, de caráter exploratório e descritivo.

Trata-se de um estudo de caso, pois retrata sobre a realidade específica de

uma determinada organização e é quantitativa porque apresenta uma análise dos

dados obtidos através da aplicação do questionário junto aos servidores técnico-

administrativos de uma determinada instituição de ensino. A pesquisa é de caráter

exploratório e descritivo. Exploratório porque busca identificar as relações, ainda

pouco conhecidas sobre o comprometimento organizacional no IFRN, fazendo uso

do modelo conceitual das três dimensões proposto por Meyer; Allen (1991) validado

no Brasil por Medeiros et al (1993) seguido por Ricco (1996) e Bandeira; Marques;

Veiga (1999), na tentativa de aprimorar os conhecimentos sobre o assunto. Esse

tipo de pesquisa, de acordo com Vergara (2000, p. 47) “é realizada em área na qual

há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de

sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou não ao

final da pesquisa”. O caráter descritivo busca relacionar variáveis do

comprometimento organizacional, descrevendo os resultados obtidos na pesquisa e

associando com os respondentes, no caso os servidores técnico-administrativos do

IFRN Campus Natal-Central. Essa tipologia, segundo Vergara (2000, p. 47), “expõe

características de determinada população ou de determinado fenômeno”.

O presente estudo tem como objetivo identificar as dimensões do

comprometimento organizacional dos servidores técnico-administrativos do IFRN

Campus Natal-Central, a partir do modelo conceitual de Meyer; Allen (1991),

utilizado como instrumento de pesquisa.

Page 55: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

54

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

Compõem o universo e amostra da pesquisa todos os servidores técnico-

administrativos lotados no IFRN Campus Natal/Central, caracterizando como um

estudo censitário. Segundo Sedi (1979, p. 37), em um estudo censitário, “são

colhidos dados de todas as unidades, o universo de pesquisa e os resultados são

válidos imediatamente para todo o universo”.

A aplicação dos questionários da presente pesquisa foi feita pela própria

pesquisadora, nos departamentos administrativos da Instituição, no período de

fevereiro a maio de 2010. Foram distribuídos 208 questionários e recolhidos 177,

perfazendo um percentual correspondente a 85%. 14% dos servidores encontravam-

se ausentes no momento da pesquisa, por motivos diversos tais como: afastamento

para qualificação, cooperação técnica, e licenças.

Universo da Pesquisa – Técnicos Administrativos Quantidade

Ativo Permanente 243

Licenciados, cedidos, afastamento para qualificação e outros 35

Total 208

Quadros 08: Técnicos Administrativos do IFRN Campus-Natal/Central 2010.

Fonte: Diretoria da Gestão de Pessoas do IFRN.

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

O instrumento de pesquisa utilizado para a coleta de dados foi um

questionário estruturado composto por duas partes. A primeira parte do instrumento

é composta por questões fechadas, nas quais foram coletados dados sobre algumas

características gerais e demográficas dos respondentes tais como: gênero, estado

civil, faixa etária, grau de escolaridade e tempo de serviço. A segunda parte do

questionário contempla as 18 questões fechadas sobre o construto com os

indicadores utilizados por Meyer; Allen; Smith (1993).

Os dados dessa pesquisa são denominados de primários, já que eles em sua

totalidade foram coletados pela pesquisadora. Todos os respondentes receberam

orientações sobre o preenchimento do questionário. Foram distribuídos 208

Page 56: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

55

questionários e recolhidos 177, perfazendo um percentual correspondente a 85%,

conforme dito anteriormente.

O Quadro 09 mostra os indicadores do comprometimento organizacional,

elencados da seguinte forma: os seis primeiros são indicadores do

comprometimento afetivo, os seis seguintes indicadores do comprometimento

instrumental e os seis últimos correspondem aos indicadores do comprometimento

normativo.

COMPROMETIMENTO AFETIVO 01. Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira nesta organização. 02. Eu realmente sinto os problemas da organização como se fossem meus. 03. Eu não sinto um forte sendo de integração com a minha organização (R)* 04. Eu não me sinto emocionalmente vinculado a esta organização (R)* 05. Eu não me sinto como uma pessoa de cada na minha organização (R)* 06. Esta organização tem um imenso significado para mim. COMPROMETIMENTO INSTRUMENTAL 01. Na situação atual ficar com a minha organização é na realidade uma necessidade quanto um

desejo. 02. Mesmo se eu quisesse seria muito difícil, para mim, deixar minha organização agora. 03. Se eu decidisse deixar minha organização agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. 04. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização. 05. Se eu já não tivesse dado tanto de mim nesta organização, eu poderia considerar trabalhar em

outro lugar. 06. Uma das poucas consequências negativas de deixar esta organização seria a escassez de

alternativas imediatas. COMPROMETIMENTO NORMATIVO 01. Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer na minha empresa (R)* 02. Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar minha organização

agora. 03. Eu me sentiria culpado se deixasse minha organização agora. 04. Esta organização merece a minha lealdade. 05. Eu não deixaria minha organização agora, porque eu tenho uma obrigação moral com as

pessoas daqui. 06. Eu devo muito a esta organização.

Quadro 09: Indicadores do Instrumento de Meyer; Allen; Smith (1993). Os indicadores (R)* possuem valor invertido no sentido da frase.

3.4 VARIÁVEIS ANALÍTICAS

Segundo Barros; Lehfeld (2007, p. 98), „variável é todo aquele elemento ou

característica que varia em determinado fenômeno'. Esse elemento pode ser

observado, registrado e mensurado. As variáveis são, portanto, aspectos

Page 57: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

56

observáveis de um fenômeno as quais podem apresentar variações, mudanças e

diferentes valores em relação a dado fenômeno e entre fenômenos.

As variáveis utilizadas neste estudo correspondem às variáveis demográficas

referentes à caracterização dos respondentes e às dimensões do comprometimento

organizacional, provenientes do modelo de conceitualização dos três componentes

(afetivo, instrumental e normativo) de Meyer e Allen e Smith (1993), conforme

demonstra o Quadro 10.

VARIÁVEIS ANÁLITICAS DIMENSÕES DO COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL

AFETIVA Afetivo: é percebido como um apego, como um envolvimento, onde ocorre identificação com a organização.

INSTRUMENTAL Instrumental: é percebido como os custos associados ao deixar a organização.

NORMATIVA Normativa: está relacionado a um alto nível de comprometimento por parte do funcionário em relação à organização.

VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS Gênero, estado civil, faixa etária, nível de escolaridade e tempo de serviço.

Quadro 10. Variáveis analíticas versus dimensões do comprometimento organizacional. Fonte: Elaborado por Araújo (2010).

3.5 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS

O tratamento dos dados para esta pesquisa foi desenvolvido em duas partes.

Na primeira parte do questionário foram trabalhados os dados correspondentes à

caracterização dos respondentes quanto às variáveis de (gênero, estado civil, faixa

etária, grau de escolaridade e tempo de serviço). Para tratar os dados das

características pessoais dos indivíduos, foi aplicada a estatística descritiva, através

de uma tabulação do cálculo de percentuais e frequência das respostas

apresentadas pelos servidores técnico-administrativos. Na sequência, foram

elaborados gráficos para demonstrar o perfil demográfico dos respondentes. A

estatística descritiva é constituída de um conjunto de técnicas que servem para

analisar, descrever e interpretar os dados numéricos de uma determinada população

ou de uma amostra. A análise descritiva foi desenvolvida a partir do processamento

dos dados pelo software STATISCA versão 7.0 e o EXCEL 2007.

Na segunda parte do questionário, utilizado com 18 questões do tipo Likert,

com indicadores numerados na escala de 1 a 5 (concordo totalmente, concordo,

Page 58: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

57

discordo e discordo totalmente). Os indicadores foram agrupados em sequência,

sendo que cada uma das dimensões do comprometimento organizacional, a afetiva,

instrumental e a normativa, cada uma ficou com seis itens conforme o instrumento

elaborado e proposto por Meyer; Allen; Smith (1993). Foi feita análise multivariada

com aplicação da técnica análise de conglomerados utilizando o software livre

estatístico R, versão 2.9.2.

A análise de conglomerados (cluster analysis) é uma técnica multivariada de

classificação, que tem como objetivo reduzir a dimensionalidade dos dados. Agrupa

um conjunto de dados em subconjuntos utilizando um critério fixado que pode variar

ligeiramente em virtude do método de agrupamento utilizado. Para comparar as

variáveis demográficas foi feita a Análise de Variância (ANOVA), um teste

paramétrico usado para verificar se existe uma diferença significativa entre as

médias e se os fatores estão influenciando na variável resposta.

Os dados foram tratados, sendo observados os resultados de cada variável,

analisadas individualmente, o que proporciona a possibilidade da realização de

comentários e correlações pertinentes, identificando as variáveis mais importantes

para o desenvolvimento e conclusão final do estudo.

Verificou-se o grau de confiabilidade dos 18 indicadores do comprometimento

organizacional os quais estão demonstrados no quadro 12, através do coeficiente

Alpha de Cronbach, que tenha variação de 0 a 1, sendo tidos como confiáveis os

dados que apresentam coeficiente seja igual ou superior a 0,7.

A Tabela 01 aponta o Alpha de Cronbach = 0,83262, indicando um

coeficiente de consistência entre os dados, afirmando que os mesmos são

confiáveis. Hair et al. (2005, p.111) afirma que “a segunda medida de confiabilidade,

mais comumente usada é a consistência interna, a qual avalia a consistência entre

as variáveis de uma escala múltipla” mais conhecida como Alpha de Cronbach. O

limite inferior comumente aceito para o Alpha de Cronbach é de 0,70, afirmam os

mesmos autores.

Page 59: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

58

Tabela 01: Coeficiente Alpha de Cronbach

RELIABILITY ANALYSIS – SCALE (ALPHA)

Mean

if Item

Deleted

Scale

Variance

if Item

Deleted

Scale

Item-

Total

Correlation

Corrected

Alpha

if Item

Deleted

VAR00001

VAR00002

VAR00003

VAR00004

VAR00005

VAR00006

VAR00007

VAR00008

VAR00009

VAR00010

VAR00011

VAR00012

VAR00013

VAR00014

VAR00015

VAR00016

VAR00017

VAR00018

57,0226

57,2938

57,0508

56,7175

56,6215

56,5254

56,9096

57,0452

57,0565

57,9209

58,0226

57,8362

57,2486

57,7119

58,0678

56,7119

57,8192

56,9831

92,8518

94,9132

96,5713

94,5107

95,4639

95,1826

95,0941

92,9979

94,1218

94,4596

98,8290

98,8764

95,5629

91,5358

92,8477

95,8540

93,1376

93,2895

,5166

,4232

,3174

,4760

,4344

,5296

,5041

,5056

,4159

,3970

,2561

,2419

,3478

,5491

,4882

,4219

,4670

,4686

,8236

,8284

,8341

,8259

,8279

,8244

,8251

,8241

,8289

,8300

,8363

,8372

,8327

,8216

,8249

,8285

,8261

,8260

Reliability Coefficients

N of Cases = 177,0 N of Items = 18

Alpha = 0,8362

Fonte: Pesquisa, 2010.

No Quadro 11 a seguir, pode-se observar o planejamento em relação às

diversas ferramentas estatísticas que serão utilizadas, para atender aos objetivos

previamente propostos neste estudo.

OBJETIVOS QUESTÕES NO INSTRUMENTO DE PESQUISA

FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS A SEREM

UTILIZADAS

Geral: Identificar o grau de comprometimento organizacional dos técnico-administrativos

1 a 18 da parte II do questionário

Estatística descritiva Análise de variância Análise de Cluster

Específico 1. Traçar o perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos.

1 a 5 da parte I do questionário

Estatística descritiva

Específico 2. Identificar diferentes dimensões de comprometimento organizacional (afetiva, instrumental e normativa) entre os servidores técnico-administrativos do IFRN;

1 a 18 da parte II do questionário

Estatística descritiva Análise de variância

(ANOVA)

Específico 3. Verificar o comprometimento organizacional predominante no grupo de técnico-administrativos, de acordo com o modelo de conceitualização dos três componentes;

1 a 18 da parte II do questionário

Estatística descritiva Analise de variância

(ANOVA)

Específico 4. Identificar e caracterizar os grupos de técnico-administrativos de acordo as dimensões do comprometimento organizacional e as suas características demográficas.

1 a 5 da parte 1 e 1 a 18 da parte II

do questionário

Análise multivariada Análise de Cluster

Quadro11: Planejamento do questionário em atendimento aos objetivos do estudo. Fonte: Elaborado por Araújo (2010).

Page 60: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

59

4 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Para cumprir de forma sistemática os objetivos desta pesquisa, a análise dos

dados foi dividida a partir da estatística descritiva e a multivariada.

4.1 ANÁLISE DOS DADOS A PARTIR DA ESTATÍSTICA DESCRITIVA

Para análise dos dados sobre as dimensões do comprometimento

organizacional dos servidores técnico-administrativos utilizou-se a estatística

descritiva, demonstrada através de tabelas e gráficos. Para verificar a existência de

diferenças significativas entre as três dimensões do comprometimento

organizacional foi realizada a Análise de Variância (ANOVA).

4.1.1 Perfil demográfico dos servidores técnico-administrativos

A seguir serão apresentados os resultados que permitem responder ao

primeiro objetivo específico que trata de identificar o perfil demográfico dos

servidores técnico-administrativos da instituição pesquisada. Inicialmente, procurou-

se identificar o gênero dos entrevistados, demonstrados na Tabela 02.

Tabela 02: Gênero do Pesquisado

Gênero Frequência absoluta %

Feminino 67 37,85

Masculino 110 62,15

Total 177 100

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Na Tabela 02, verifica-se a predominância do gênero masculino com um

percentual 62,15%, enquanto o gênero feminino apresenta o percentual de 37,85%.

Os dados demonstram que no cenário da instituição pesquisada ainda se mantém

um número significativo de homens.

Page 61: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

60

Tabela 03: Estado Civil do Pesquisado

Estado civil Frequência absoluta %

Casado 109 61,58

Solteiro 44 24,86

Divorciado 14 7,91

Desquitado 2 1,13

Viúvo 1 0,56

Outros 7 3,95

Total 177 100,00

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

A Tabela 03 correspondente ao estado civil. Os dados demonstram que mais

da metade dos respondentes se encontra na categoria dos casados com um

percentual de 61,58%. A segunda categoria foi a dos solteiros com 24,86%. As

outras categorias somaram 13,56%.

Tabela 04: Faixa Etária do Pesquisado

Faixa Etária Frequência absoluta %

Até 25 anos 4 2,26

Entre 26 e 35 anos 44 24,86

Entre 36 e 45 anos 39 22,03

Entre 46 e 55 anos 70 39,55

Acima de 55 anos 20 11,30

Total 177 100,00

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Na Tabela 04, quanto à faixa etária dos servidores técnico-administrativos

pesquisados, verificam-se diferenças quanto às faixas de idades. Predomina o

quantitativo de servidores com idade entre 46 e 55 anos com percentual de 39,55%.

A segunda faixa etária com o percentual de 24,86% corresponde aos que têm a

idade entre 26 a 35 anos. A terceira apresenta 22,03% correspondendo aos

servidores com idade entre 36 a 45 anos. A quarta faixa etária são os servidores que

estão acima dos 55 anos, o que corresponde a 11,30%. A quinta faixa está

representada por servidores com até 25 anos com um percentual pouco significante

o que corresponde a 2,26%.

A distribuição dos dados por grau de escolaridade dos técnico-administrativos

encontra-se na tabela 05.

Page 62: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

61

Tabela 05: Grau de escolaridade do pesquisado

Grau de estudo Frequência absoluta %

Ensino médio incompleto 5 2,82

Ensino médio completo 26 14,69

Ensino superior incompleto 38 21,47

Ensino superior completo 46 25,99

Pós graduação 62 35,03

Total 177 100,00

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

A Tabela 05 mostra o grau de escolaridade dos servidores técnico-

administrativos. Esses dados indicam que o maior percentual foi de pós-graduados

(especialização) com 35,03%, seguido dos graduados com o percentual de 25,99%

e somente 2,82% dos pesquisados possuem o ensino médio incompleto.

Tabela 06: Tempo de serviço no IFRN

Tempo Frequência absoluta %

Menos de 1 ano 8 4,52

Entre 1 e 5 anos 49 27,68

Acima de 5 anos 120 67,80

Total 177 100,00

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

A Tabela 06 refere-se ao tempo de serviço dos servidores técnico-

administrativos pesquisados. Nota-se uma predominância daqueles que estão na

Instituição há mais de 5 anos, totalizando 67,80%, enquanto que 27,68% estão entre

1 ano e 5 anos e 4,52% estão a menos de 1 ano. A seguir, síntese do perfil

demográfico.

Tabela 07: Perfil demográfico predominante do pesquisado

Perfil demográfico Predominante %

Gênero Masculino 62,15

Estado civil Casado 61,58

Faixa etária Entre 46 a 55 anos 39,55

Grau de escolaridade Pós-graduação 35,03

Tempo de serviço Acima de 5 anos 67,80

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Na Tabela 07, encontra-se a síntese do perfil demográfico dos servidores

técnico-administrativos. Verifica-se que, dentre o universo de 177 pesquisados, há

predominância do gênero masculino, com 62,15%. A maioria é casada, com

Page 63: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

62

percentual de 61,58% e estão na faixa etária entre 46 e 55 anos. O grau de

escolaridade com maior percentual de 35,03% está entre aqueles que possuem pós-

graduação. Quanto ao tempo de serviço com percentual de 67,80% encontram-se os

servidores que estão há mais de 5 anos na Instituição.

4.1.2 Identificação das diferentes dimensões do comprometimento

organizacional e qual a dimensão predominante

Para atender ao segundo e terceiro objetivos específicos, que buscam

identificar a existência como também a predominância de dimensões do

comprometimento organizacional entre os servidores técnico-administrativos do

IFRN, os dados foram processados através da estatística descritiva e da Análise de

Variância (ANOVA). Os dados foram organizados e demonstrados por tabelas para

cada uma das dimensões afetiva, instrumental e normativa. Cada tabela contém o

grau de concordância para cada um dos indicadores, das dimensões do

comprometimento organizacional. A tabela 08 com os indicadores da dimensão

afetiva, a tabela 09 com os indicadores da dimensão Instrumental e a tabela 10 com

os indicadores da dimensão normativa.

Para estabelecer uma melhor compreensão das Tabelas das dimensões

afetiva, instrumental e normativa foi elaborado um quadro fazendo referência aos

níveis de concordância do comprometimento organizacional, conforme o quadro 12,

que servirá de análise dos resultados.

Níveis de concordância Grau de comprometimento

1 a 2 respostas de concordância Baixo

3 a 4 respostas de concordância Moderado

5 a 6 respostas de concordância Elevado

Quadro 12. Níveis de concordância e grau de comprometimento. Fonte: Elaborada por Araújo (2010).

Page 64: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

63

4.1.2.1 Dimensão afetiva

É marcada por seis indicadores, conforme demonstrado na Tabela 08 que

indica o grau de concordância dos respondentes.

Tabela 08: Grau de Concordância dos Servidores Técnico-administrativos Campus

Natal/Central sobre os indicadores do Comprometimento Organizacional na dimensão Afetiva

Grau de Concordância

01 02 03 04 05 06

Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira no IFRN.

Eu realmente sinto os problemas do IFRN como se fossem meus.

Eu não sinto um forte senso de integração com o IFRN.

Eu não me sinto emocionalmente vinculado ao IFRN.

Eu não me sinto como uma pessoa de casa no IFRN.

O IFRN tem um imenso significado pessoal para mim.

Concordo totalmente

38 21.47 (%)

21 11.86 (%)

14 7.91(%)

7 3.95 (%)

6 3.39 (%)

62 35.03 (%)

Concordo 71 40.11 (%)

75 42.37 (%)

25 14.12 (%)

17 9.60 (%)

15 8.47 (%)

85 48.02 (%)

Não sei 37 20.90 (%)

30 16.95 (%)

16 9.04 (%)

12 6.78 (%)

12 6.78 (%)

18 10.17 (%)

Discordo 21 11.86 (%)

43 24.29 (%)

90 50.85 (%)

91 51.41 (%)

84 47.46 (%)

9 5.08 (%)

Discordo totalmente

10 5.65 (%)

8 4.52 (%)

32 18.08 (%)

50 28.25 (%)

60 33.90 (%)

3 1.69 (%)

Total 177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

A Tabela 08 refere-se à dimensão afetiva. Os dados referentes à afirmativa 1

“Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira no IFRN”, da

afirmativa 2 “Eu realmente sinto os problemas do IFRN como se fossem meus”

e da afirmativa 6 “O IFRN tem um imenso significado para mim”, com percentuais

de 40,11%, 42,37% e 48,02%, respectivamente, apresentam grau de concordância

para o comprometimento afetivo.

Enquanto a afirmativa 3 “Eu não sinto um forte senso de integração com o

IFRN”, a afirmativa 4 “Eu não me sinto emocionalmente vinculado ao IFRN” e a

afirmativa 5 “Eu não me sinto como uma pessoa de casa no IFRN” com

percentuais de 50,85%, 51,41% e 47,46%, respectivamente, embora apresentem

grau de discordância para o comprometimento afetivo, para efeito de análise, deve-

se observar que no instrumento de pesquisa, essas afirmativas 3, 4 e 5 possuem o

valor invertidos no sentido da frase, ou seja, quando se responde discordo, na

verdade está concordando com as afirmações.

Diante dos resultados apresentados, fica demonstrado no quadro 12 a

existência de um elevado grau da dimensão afetiva, por parte dos servidores da

Page 65: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

64

instituição pesquisada. De acordo com Meyer; Allen (1997), quando afirmam que o

comprometimento afetivo é um vínculo do empregado para com a organização, que

é caracterizado por um sentimento de pertencer, de sentir-se bem na organização,

de ver os problemas dela como se fossem seus, apresentando desta forma uma

forte ligação emocional.

Segundo Brandão; Bastos (1993), o comprometimento afetivo revela-se um

vínculo profundo entre os servidores públicos, no seu desejo de permanecer na

organização e de poder contribuir para que ela supere suas dificuldades e recupere

seu prestígio perante a sociedade.

Pereira (1993) em sua pesquisa, em uma universidade federal brasileira, com

os técnicos-administrativos, o resultado aponta que os servidores expressaram um

alto interesse em dedicar esforços para com a organização ao nível do enfoque

atitudinal-afetivo.

4.1.2.2 Dimensão instrumental

É marcada por seis indicadores, conforme demonstrado na Tabela 09 que

indica o grau de concordância dos respondentes.

Tabela 09: Grau de Concordância dos Servidores Técnico-administrativos do Campus

Natal/Central sobre os indicadores do Comprometimento organizacional na dimensão Instrumental

Grau de Concordância

01 02 03 04 05 06

Na situação atual ficar com o IFRN é na realidade uma necessidade quanto um desejo.

Mesmo se eu quisesse seria muito difícil, para mim, deixar o IFRN agora.

Se eu decidisse deixar o IFRN agora, minha vida ficaria bastante desestruturada.

Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse o IFRN.

Se eu já não tivesse dado tanto de mim ao IFRN, eu poderia considerar trabalhar em outro lugar.

Uma das poucas consequências negativas de deixar o IFRN seria a escassez de alternativas imediatas.

Concordo totalmente

24 13.56 (%)

36 20.34 (%)

45 25.42 (%)

19 10.73 (%)

6 3.39 (%)

45 25.42 (%)

Concordo 110 62.15 (%)

76 42.94 (%)

60 33.90 (%)

30 16.95 (%)

35 19.77 (%)

60 33.90 (%)

Não sei 15 8.47 (%)

27 15.25 (%)

32 18.08 (%)

30 16.95 (%)

40 22.60 (%)

32 18.08 (%)

Discordo 24 13.56 (%)

30 16.95 (%)

30 16.95 (%)

75 42.37 (%)

74 41.81 (%)

30 16.95 (%)

Discordo totalmente

4 2.26 (%)

8 4.52 (%)

10 5.65 (%)

23 12.99 (%)

22 12.43 (%)

10 5.65 (%)

Total 177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Page 66: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

65

Na Tabela 09, encontra-se referência ao comprometimento organizacional na

dimensão Instrumental, analisada, a partir dos resultados que foram obtidos. Verifica-

se que a maioria dos respondentes assinalou concordo nas afirmativas. A afirmativa

01 “Na situação atual ficar com o IFRN é na realidade uma necessidade quanto

um desejo recebeu o maior percentual representando 62,15%”. Bastos (1977) define

esta dimensão como forma de apego psicológico, que reflete o grau em que o

indivíduo se sente prisioneiro de um lugar pelos custos associados em abandoná-lo.

As afirmativas 3 e 6: “Se eu decidisse deixar o IFRN agora, minha vida ficaria

bastante desestruturada e “uma das poucas consequências negativas de deixar

o IFRN agora, seria a escassez de alternativa imediata”. Essas duas afirmativas

tiveram na sua soma 67.80% de concordância, demonstram a existência de um grau

moderado da dimensão instrumental entre os servidores técnico-administrativos da

instituição pesquisada.

A dimensão Instrumental entre os servidores técnico-administrativos, segundo o

modelo tridimensional do Meyer; Allen (1991), indica que o funcionário permanece na

organização porque precisa. Becker (1960), o indivíduo permanece na empresa devido

aos custos e benefícios associados à sua saída.

De acordo com Romzek (1990), o comprometimento instrumental tem menor

intensidade em servidores públicos, por não terem liberdade para estabelecer

benefícios e trocas que amplie seus vínculos com a organização, pois sua

remuneração é fixada por leis que regem as instituições públicas.

Para Siqueira; Gomide Júnior (2004), essa dimensão é a resultante dos

benefícios, planos de aposentadoria e outros privilégios decorrentes dos

investimentos do empregado, e pela possibilidade percebida de perder, ou de não

ter como repor as vantagens dos investimentos, caso venha a se desligar da

organização.

4.1.2.3 Dimensão normativa

É marcada por seis indicadores, conforme demonstrado na Tabela 10 que

indica o grau de concordância dos respondentes.

Page 67: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

66

Tabela 10: Grau de Concordância dos Servidores Técnico-administrativos do Campus

Natal/Central sobre os indicadores do Comprometimento Organizacional na dimensão Normativa

01 02 03 04 05 06

Grau de Concordância

Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer no IFRN.

Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar o IFRN agora.

Eu me sentiria culpado se deixasse o IFRN agora.

O IFRN merece a minha lealdade.

Eu não deixaria o FRN agora, porque eu tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui.

Eu devo muito ao IFRN.

Concordo totalmente

12 6.78 (%)

11 6.21 (%)

11 6.21 (%)

53 29.94 (%)

15 8.47 (%)

43 24.29 (%)

Concordo 42 23.73 (%)

61 34.46 (%)

33 18.64 (%)

79 44.63 (%)

43 24.29 (%)

72 40.68 (%)

Não sei 21 11.86 (%)

26 14.69 (%)

32 18.08 (%)

27 15.25 (%)

33 18.64 (%)

19 10.73 (%)

Discordo 72 40.68 (%)

59 33.33 (%)

68 38.42 (%)

12 6.78 (%)

64 36.16 (%)

36 20.34 (%)

Discordo totalmente

30 16.95 (%)

20 11.30 (%)

33 18.64 (%)

6 3.39 (%)

22 12.43 (%)

7 3.95 (%)

Total 177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

177 100.00 (%)

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Analisando a Tabela 10 sobre o enfoque normativo para Meyer; Allen (1997),

os funcionários com comprometimento normativo permanecem na organização

porque eles se sentem obrigados.

A afirmativa 1 “Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer no

IFRN”, com 40.86% dos respondentes que assinalaram discordo para a dimensão

normativa. No entanto, para efeito de análise deve-se observar que no instrumento

de pesquisa, essa afirmativa possui um sentido invertido na frase, ou seja, quando

se responde discordo, na verdade está concordando com as afirmações.

A afirmativa 2 “Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não

seria certo deixar o IFRN agora”, o índice de concordância foi de 34,46%.

A afirmativa 4 “O IFRN merece a minha lealdade” com 44,63%, demonstra

claramente o sentimento de fidelidade, obrigação moral e de dever e de culpa

perante a organização (BASTOS, 1994).

Já na afirmativa 6 “Eu devo muito ao IFRN”, com o percentual de 40,68%,

fica evidenciada a presença do comprometimento normativo, segundo o qual os

empregados internalizam o sentimento de dever moral em permanecer na

organização.

De acordo com as análises acima, há sinalização da existência de um grau

moderado da dimensão normativa entre os servidores técnico-administrativos da

instituição pesquisada.

Page 68: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

67

A existência da dimensão Normativa entre os servidores técnico-

administrativos, segundo o modelo tridimensional do Meyer; Allen (1991) indica a

obrigação que os trabalhadores sentem em permanecer na organização, porque

sentem que são obrigados. Para Bastos (1994), o comprometimento normativo

reflete certos comportamentos por parte dos trabalhadores, não porque querem ou

porque calculam que obterão benefícios, mas sim porque acreditam que é certo e

moral fazê-lo.

Para Bastos (1992, 1993, 1994), pressupõe que essa dimensão consiste em

um conjunto de pressões normativas que são internalizadas pelos empregados, no

sentido de orientar seu modo de se comportar e agir de forma congruente com os

interesses organizacionais.

A seguir a Tabela 11 descreve a comparação das médias correspondentes as

três dimensões do comprometimento organizacional.

Tabela 11: Estatística descritiva das dimensões do comprometimento organizacional com o desvio padrão

Tipo de comprometimento Estatística descritiva

Média Mínimo Máximo Desvio padrão

Afetivo 3.75 1.00 5.00 0.735

Instrumental 3.16 1.17 4.83 0.699

Normativo 3.20 1.5 5.00 0.751

Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

A Tabela 11, resultado da Análise de Variância (ANOVA) demonstra que a

dimensão afetiva apresentou média 3.75, posicionando-se como a mais alta se

comparada às demais dimensões que apresentaram médias muito próximas 3.20

(normativa) e 3.16 (instrumental). Portanto, pela Análise de Variância comprova-se a

existência das três dimensões: afetiva, instrumental e normativa, entre os servidores

técnico-administrativos do IFRN – Campus Natal/Central. Essa análise confirma o

resultado da estatística descritiva.

Page 69: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

68

Figura 01: Demonstrativo do resultado da Análise de Variância – (ANOVA)

Na Figura 01, considerando-se o resultado da Análise de Variância (ANOVA),

fica evidenciado que para um nível de significância de 5%, existe diferença

significativa entre os três tipos de comprometimentos estudados, além disso, pode-

se observar que essa diferença está ocorrendo entre o comprometimento afetivo

com instrumental e normativo, ou seja, a média do comprometimento afetivo é maior

que os outros dois tipos de comprometimentos. Além disso, podemos notar na figura

1 que o desvio padrão mostra na tabela acima, que a variabilidade entre os três

comprometimentos possui um comportamento semelhante.

Na Tabela 12, encontra-se o resultado da Análise de Variância, resultado do

comparativo das médias dos três tipos de comprometimento organizacional cuja

análise foi feita para verificar a existência de diferenças entre elas.

Tabela 12: Análise de Variância – ANOVA Resposta: Média dos comprometimentos

Tipo de Comprometimento Resíduos

GL 2 528

SQ 38.809 280.214

QM 19.405 0,531

Fo 36.564

Valor-p 1.343e-15

Page 70: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

69

Pelos dados apresentados na Tabela 12 da Análise de Variância, verificou-se

que para um nível de significância de 5%, usando a tabela de Análise de Variância,

dado que o Valor-p é muito baixo 1,343 e -15 tem-se a evidência de que existe

diferença significativa entre os três tipos de comprometimentos estudados.

O resultado das análises estatísticas demonstrou a existência das três

dimensões: afetiva, instrumental e normativa, confirmada pela Análise de Variância,

definiu-se a predominância da dimensão afetiva entre os técnico-administrativos do

IFRN – Campus Natal-/Central.

4.1.2.4 Síntese das dimensões do comprometimento organizacional

O Quadro 13 a seguir, apresenta a síntese dos indicadores correspondentes

às três dimensões do comprometimento organizacional com seus respectivos

percentuais e médias obtidas através da ANOVA.

Afirmação Predominante % Média da ANOVA

DIMENSÃO AFETIVA

01. Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira no IFRN Concordo 40,11

3,75

02. Eu realmente sinto os problemas do IFRN como se fossem meus Concordo 42,37

03. Eu não sinto um forte senso de integração com o IFRN (R) Discordo 50.85

04. Eu não me sinto emocionalmente vinculado com o IFRN (R) Discordo 51,41

05. Eu não me sinto como uma pessoa de casa no IFRN (R) Discordo 47,46

06. O IFRN tem um grande significado pessoal para mim. Concordo 48.02

DIMENSÃO INSTRUMENTAL

01. Na situação atual ficar no IFRN é na realidade uma necessidade quanto um desejo

Concordo 62,15

3,16

02. Mesmo se eu quisesse, seria muito difícil deixar o IFRN agora Concordo 42,94

03. Se eu deixasse o IFRN agora, minha vida ficaria muito desestruturada.

Concordo 33,90

04. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse o IFRN. Discordo 42,37

05. Se eu não tivesse dado tanto de mim ao IFRN, eu poderia considerar trabalhar em outro lugar.

Discordo 41,81

06. Uma das poucas consequências negativas de deixar o IFRN seria a escassez de alternativas imediatas.

Concordo 33.90

DIMENSÃO NORMATIVA

01. Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer no IFRN (R) Discordo 40,68

3,20

02. Mesmo que fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar o IFRN agora.

Concordo 34.46

03. Eu me sentiria culpado em deixar o IFRN agora Discordo 38.42

04. O IFRN merece a minha lealdade. Concordo 44,63

05. Eu não deixaria o IFRN agora, porque tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui.

Discordo 36,16

06. Eu devo muito ao IFRN. Concordo 40.68

Quadro 13: Síntese das dimensões do comprometimento organizacional. Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Page 71: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

70

O Quadro 13 refere-se à síntese da análise descritiva dos dados das três

dimensões do comprometimento organizacional (afetiva, instrumental e normativa)

dos servidores técnico-administrativos do IFRN. O resultado das análises apontou a

existência das três dimensões do comprometimento organizacional, destacando que

a dimensão afetiva é predominante entre esses servidores. A confirmação dos

resultados dessa análise foi feita através da Análise de Variância (ANOVA) que

demonstrou as médias de cada uma das dimensões. A afetiva apresentou média

3.75, seguida da normativa com 3.20 e por fim a instrumental com media 3.16.

4.2 ANÁLISE DOS DADOS A PARTIR DA ESTATÍSTICA MULTIVARIADA

Nesse estudo foi realizada a análise de agrupamento, com o objetivo de

dividir os 177 indivíduos pesquisados em grupos, de forma que, os indivíduos

pertencentes a um mesmo grupo, fossem similares entre si quanto às três

dimensões afetiva, instrumental e normativa do comprometimento organizacional. As

etapas desta metodologia visam transformar um conjunto heterogêneo de unidades,

em grupos que se caracterizam pela homogeneidade interna e pela heterogeneidade

externa (MINGOTI, 2005). Para definir o número final de grupos, foi utilizado o

Gráfico de Dendograma, método de Ward, que verifica se existem pontos de saltos

na Distância Euclidiana, ou seja, onde estiver ocorrendo um ponto de salto

relativamente grande em relação aos demais valores de distância, será a decisão

para o número final de grupos.

4.2.1 Identificar grupos de técnico-administrativos de acordo com as

dimensões do comprometimento organizacional e as suas

características demográficas

Respondendo ao quarto objetivo, foram organizados quatro grupos a partir

das médias percentuais dos respondentes, apresentadas no Quadro 12. Foram

definidos quatro grupos, de acordo com a homogeneidade e heterogeneidade dos

Page 72: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

71

indivíduos pertencentes ao mesmo grupo, no que diz respeito às dimensões afetiva,

instrumental e normativa do comprometimento organizacional.

Gráfico 01: Dendograma – Método Ward

Fonte: Pesquisa, 2010.

Através do Gráfico 01 definiu-se que o número final de grupos é de quatro, ou

seja, indivíduos pertencentes ao mesmo grupo são homogêneos e heterogêneos

entre os quatro grupos quanto às três variáveis do comprometimento organizacional,

estudadas na instituição pesquisada. Com isso, o número de indivíduos em cada

grupo ou conglomerados fiou composto da seguinte maneira.

Grupos Frequência absoluta %

1 37 20,90

2 68 38,42

3 44 24,86

4 28 15,82

Total 177 100,00

Quadro 14: Frequências absolutas e relativas dos grupos Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

No Quadro 14 encontra-se a frequência absoluta e relativa de cada grupo de

conglomerados. O grupo 1 formado por 37 indivíduos apresentando um percentual

de 20,90%. Seguido do grupo 2 com 68 indivíduos, obteve o percentual de 38,42%,

apresentando maior percentual entre todos os outros. Já, o grupo 3 formado por 44

indivíduos, tem percentuais de 24,86%. Enquanto o grupo 4 com 28 indivíduos, com

percentual de 15,82%, teve o menor percentual.

Page 73: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

72

A seguir será apresentado o Quadro 15 com o demonstrativo das médias e o

desvio padrão para as dimensões do comprometimento organizacional para cada

um dos grupos.

Média e desvio padrão para as dimensões do comprometimento organizacional

Grupos Dimensão

afetiva Dimensão

instrumental Dimensão normativo

1. Afetivo-Normativo 4,32 0,45

2,90 0,46

3,57 0,44

2. Afetivo-Instrumental 3,64 0,42

3,14 0,45

2,79 0,44

3. Comprometidos nas três dimensões 4,12 0,53

3,95 0,42

4,00 0,51

4. Descomprometidos nas três dimensões 2,67 0,68

2,28 0,45

2,44 0,51

Quadro 15: Média e desvio padrão para as dimensões do comprometimento organizacional Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Grupo 1, formado por 37 (trinta e sete) indivíduos, o que corresponde a

20,90%, apresentou as seguintes médias: afetiva = 4,32, instrumental = 2,90 e

normativa = 3,57.

Grupo 2 é o que se apresenta com maior frequência 68 (sessenta e oito)

indivíduos, o que corresponde a 38,42, apresentou as seguintes médias: afetiva =

3,64, instrumental = 3,14 e a normativa = 2,79.

Grupo 3 é formado por 44 (quarenta e quatro) indivíduos o que corresponde a

24,86%, apresentou as seguintes médias: afetiva = 4,12, instrumental = 3,95 e a

normativa com = 4,00.

Grupo 4 é o que se apresenta com a menor frequência relativa, sendo

formado por 28 (vinte e oito) indivíduos, o que corresponde a 15,86%, apresentou as

seguintes médias: afetiva 2,67, instrumental 2,28 e a normativa 2,44.

Através do desvio padrão, verifica-se que o grupo 1 tem maior variabilidade

na dimensão afetiva enquanto o grupo 3 apresentou maior variabilidade na

dimensão instrumental e normativa.

A seguir, no Quadro 16, a classificação dos graus de comprometimento

organizacional, seguida pelas análises dos respectivos grupos.

Page 74: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

73

3,5 a 5,0 Grau elevado

2,5 a 3,5 Grau moderado

1,0 a 2,5 Grau baixo

Quadro 16 – Grau de comprometimento organizacional dos grupos Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

Grupo 1: Afetivo/Normativo – este grupo apresentou um elevado grau de

comprometimento organizacional na dimensão Afetiva (4,32); e na dimensão

Normativa (3,57) e um grau moderado na dimensão Instrumental (2,90). Observa-se

que de acordo com o desvio padrão este grupo apresenta maior variabilidade na

dimensão afetiva. Neste grupo, há uma pequena predominância do gênero feminino

com 51,35%, em duas faixas etárias: de 46 e 55 anos (32.43%), de 26 a 35 anos

(27,03); o grau de escolaridade com especialização e o tempo de serviço é superior

a cinco anos. De acordo com as características apresentadas neste grupo, presume-

se que ele é formado por indivíduos que possuem valores centrados na família e no

trabalho pela predominância de casados, demonstrando uma forte relação de

afetividade com a organização, que valorizam o trabalho como parte integrante de

suas vidas, como também as centralizam na família.

De acordo com Borges-Andrade (1989), as variáveis que resultaram em um

maior valor explicativo (afetiva e normativa) referem-se à imagem da organização e

às oportunidades de crescimento na carreira. Conforme Medeiros (1997), este é o

grupo que tem, em sua formação, indivíduos que internalizam os valores e as

normas da organização, como também são centrados no trabalho.

Grupo 2: Afetivo/Instrumental – este grupo apresentou um elevado grau de

comprometimento organizacional na dimensão afetiva ( 3,64), um grau moderado

de comprometimento organizacional na dimensão instrumental (3,14) e na dimensão

normativa (2,79). Neste grupo observa-se a predominância do gênero masculino com

(64,71%), casados, com duas faixas etárias: de 26 e 35 anos com (32,35%) e de 46 a

55 anos com 30,88% , com pós graduação e com um tempo de serviço há mais de 5

anos na Instituição. Talvez este grupo seja o que possui mais características que se

aproximam dos conceitos originais de Porter; Smith (apud MOWDAY; STEERS;

PORTER, 1979) a cerca do que é ser comprometido.

Grupo 3: Comprometido nas três dimensões – apresentou grau elevado de

comprometimento organizacional na dimensão afetiva (4,12) instrumental (3,95) e

normativa (4,00). O grupo apresentou um desvio padrão com maior variabilidade nas

Page 75: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

74

dimensões afetiva e normativa. Esse grupo é formado predominantemente pelo

gênero masculino com 77,27%, casados, na faixa etária entre 46 e 55 anos, com a

escolaridade referente ao superior incompleto, e com um tempo de serviço superior

a 5 anos na Instituição . Segundo Medeiros (1997), os indivíduos que formaram esse

grupo são aqueles em que o trabalho tem um grande valor em suas vidas e,

portanto, estão mais centrados no trabalho do que na organização.

Grupo 4: Descomprometido nas três dimensões – esse grupo apresentou

um baixo grau de comprometimento nas três dimensões: a afetiva com (2,67),

seguida da Instrumental com (2.28) e por último a normativa com (2.44). Nesse

grupo, 50% dos indivíduos são do gênero masculino e 50% do gênero feminino,

casados e estão posicionados em duas faixas etárias: de 26 a 35 (35,71%) e de 46 a

55 anos (32,14%). O grau de escolaridade predominante foi para especialização

(46,43%). Nesse grupo a maioria dos servidores estão na Instituição a mais de 5

anos. Esse é o grupo com a menor frequência absoluta (28) cujos componentes são

classificados como descomprometidos nas três dimensões e são os que atribuem o

menor valor do trabalho em suas vidas.

Analisando-se o desvio padrão, observa-se que o grupo 4 teve maior

variabilidade na dimensão afetiva, enquanto o grupo 3, teve maior variabilidade nas

três dimensões do comprometimento organizacional.

Na tabela 13 a seguir, encontram-se distinguidas as médias e o desvio padrão

através do perfil demográfico apresentado pelos docentes, separados pelos grupos

em cada uma das três dimensões do comprometimento organizacional.

Page 76: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

75

Tabela 13: Média e desvio padrão das três dimensões do comprometimento organizacional nos grupos quanto ao perfil demográfico do entrevistado

Perfil demográfico

Dimensões do Comprometimento Organizacional

Afetivo Instrumental Normativo

Grupos Grupos Grupos

1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4

Gênero

Feminino 4,29 0,37

3,72 0,29

4,22 0,49

2,46 0,74

2,92 0,53

3,13 0,43

3,85 0,35

2,20 0,52

3,46 0,43

2,70 0,46

3,97 0,52

2,42 0,56

Masculino 4,36 0,53

3,59 0,47

4,09 0,54

2,88 0,55

2,87 0,39

3,15 0,46

3,98 0,43

2,36 0,36

3,68 0,43

2,84 0,43

4,01 0,51

2,46 0,47

Estado civil

Casado 4,17 0,38

3,67 0,427

4,09 0,53

2,68 0,66

2,95 0,44

3,12 0,41

3,98 0,42

2,22 0,47

3,70 0,45

2,93 0,38

4,00 0,55

2,43 0,49

Solteiro 4,50 0,65

3,64 0,34

4,28 0,42

2,65 0,73

2,78 0,43

3,08 0,40

4,06 0,49

2,38 0,40

3,30 0,35

2,65 0,49

3,72 0,31

2,47 0,57

Outros 4,57 0,35

3,49 0,59

4,12 0,65

--- ---

2,85 0,57

3,42 0,66

3,74 0,30

--- ---

3,41 0,34

2,50 0,41

4,21 0,40

--- ---

Faixa etária

Até 25 anos 4,67

--- 3,75 0,35

--- ---

3,00 ---

2,67 ---

2,83 0,23

--- ---

2,67 ---

2,83 ---

3,08 0,12

--- ---

2,17 ---

Entre 26 e 35 anos

4,23 0,48

3,76 0,28

4,17 0,00

2,95 0,47

2,85 0,45

3,12 0,44

4,00 0,24

2,23 0,45

3,62 0,31

2,74 0,43

3,50 0,24

2,23 0,42

Entre 36 e 45 anos

4,44 0,46

3,60 0,57

4,09 0,58

2,87 0,76

2,85 0,65

3,31 0,52

3,83 0,37

2,08 0,68

3,52 0,36

2,70 0,45

4,04 0,68

2,62 0,55

Entre 46 e 55 anos

4,21 0,48

3,56 0,38

4,18 0,53

2,20 0,70

2,80 0,39

3,08 0,40

3,95 0,42

2,33 0,32

3,73 0,52

2,89 0,47

3,99 0,46

2,52 0,62

Acima de 55 anos 4,49 0,31

3,60 0,53

3,77 0,53

2,75 0,74

3,25 0,27

3,03 0,38

4,20 0,50

2,37 0,56

3,33 0,42

2,80 0,50

4,13 0,50

2,67 0,47

Grau de escolaridade

Ensino Médio Incompleto

--- ---

3,67 ---

3,58 0,35

3,16 0,23

--- ---

3,00 ---

4,33 0,23

2,25 0,82

--- ---

2,83 ---

3,91 0,12

2,83 0,23

Ensino Médio Completo

4,25 0,49

3,36 0,54

4,05 0,44

1,92 0,35

3,19 0,31

3,19 0,51

4,04 0,37

2,41 0,59

3,54 0,29

2,97 0,48

3,85 0,61

2,41 0,83

Ensino Superior incompleto

4,08 0,12

3,60 0,43

4,02 0,54

2,00 ---

3,08 0,12

3,33 0,54

3,91 0,43

2,17 ---

3,67 0,00

2,61 0,38

4,09 0,51

3,17 ---

Ensino Superior Completo

4,41 0,46

3,72 0,31

4,15 0,61

2,61 0,67

2,72 0,50

3,03 0,33

3,99 0,43

2,50 0,31

3,48 0,43

2,94 0,28

4,08 0,55

2,47 0,45

Pós-Graduação 4,34 0,47

3,69 0,44

4,50 0,42

2,81 0,69

2,83 0,48

3,07 0,42

3,81 0,46

2,10 0,46

3,61 0,52

2,75 0,55

3,89 0,45

2,35 0,54

Tempo de serviço

Menos de 1 ano 4,50 0,71

3,87 0,14

--- ---

2,83 ---

3,08 0,12

3,00 0,51

--- ---

2,33 ---

3,50 0,24

2,77 0,59

--- ---

2,83 ---

Entre 1 e 5 anos 4,48 0,38

3,75 0,31

4,50 0,47

2,93 0,56

2,89 0,35

3,17 0,39

3,75 0,59

2,18 0,52

3,48 0,38

2,77 0,40

4,00 0,47

2,28 0,48

Acima de 5 anos 4,25 0,46

3,54 0,47

4,09 0,53

2,42 0,72

2,88 0,52

3,17 0,48

3,96 0,41

2,37 0,38

3,60 0,47

2,80 0,46

3,99 052

2,56 0,53

Grupo 1

Analisando este grupo observa-se que os servidores do gênero masculino

apresentaram maiores médias na dimensão afetiva e normativa. Enquanto o gênero

feminino se destacou com maior média na dimensão instrumental.

Page 77: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

76

Quanto ao estado civil, dos pesquisados nota-se que outros obteve maior

media na dimensão afetiva, casado obteve maior média na dimensão normativa e na

dimensão instrumental.

Na faixa etária, pode-se notar que a dimensão afetiva obteve a maior média,

com os servidores com até 25 anos, na dimensão instrumental a maior média ficou

com os que estão acima de 55 anos e na dimensão normativa a maior média foi

obtida pelos servidores que estão entre 46 e 55 anos.

Quanto ao grau de instrução a maior média na dimensão afetiva, foi obtida

pelos pesquisados que tem pós-graduação, os que têm ensino médio completo são

mais comprometidos na dimensão instrumental, enquanto os que têm ensino

superior incompleto, seguido dos que tem ensino superior completo são mais

comprometidos na dimensão normativa.

Em relação ao tempo de serviço, os pesquisados que tem menos de 1 ano,

seguido dos que tem entre 1 e 5 anos foram os que apresentaram maiores médias,

na dimensão afetiva, já na dimensão instrumental a maior média também ficou entre

os servidores com menos de 1 ano na instituição, enquanto na dimensão normativa

a maior média foi obtida pelos servidores com mais de 5 anos de serviço.

Grupo 2

No grupo 2 encontra-se os funcionários que tiveram maior média na dimensão

afetiva, do gênero feminino, casada, com idade entre 26 e 35 anos, seguida de até

25 anos, com ensino superior completo e com menos de 1 ano na Instituição.

Na dimensão instrumental, os funcionários com maior média são do gênero

masculino, seguido do gênero feminino, estado civil outros, na faixa etária entre 36 e

45 anos, com ensino superior incompleto e com tempo de serviço de 1 a 5 anos e a

mais de 5 anos na instituição.

Quanto a característica dos indivíduos com maior média na dimensão

normativa, foram os funcionários do gênero masculino, casado, com idade até 25

anos, com ensino médio completo, e o tempo de serviço corresponde a todas as

faixas, ou seja, servidores com menos de 1 ano e entre 1 e 5 anos, como também os

que se encontram a mais de 5 anos na Instituição.

Page 78: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

77

Grupo 3

O grupo 3 é formado por funcionários que tiveram maior média na dimensão

afetiva, são indivíduos do gênero feminino, solteiro, com idade entre 46 e 55 anos,

seguidos dos que tem entre 26 a 35 anos, com pós graduação e entre 1 e 5 anos se

serviço prestado na Instituição.

Na dimensão Instrumental, os funcionários com maior média são do gênero

masculino, estado civil solteiro, na faixa etária acima de 55 anos, com ensino médio

incompleto e a mais de 5 anos de tempo de serviço na instituição.

Quanto à característica dos indivíduos com maior média na dimensão

normativa, foram os funcionários do gênero masculino, estado civil outros, com

idade acima de 55 anos, ensino superior incompleto, seguido do ensino superior

completo e com tempo de serviço entre 1 e 5 anos seguido dos que estão a mais de

5 anos na Instituição.

Grupo 4

Por último o Grupo 4 no qual os funcionários que tiveram maior média na

dimensão afetiva são do gênero masculino, casado, na faixa etária de até 25 anos,

com ensino médio incompleto e tempo de serviço de 1 e 5 anos na Instituição.

Na dimensão instrumental, os funcionários com maior média são do gênero

masculino, solteiros, na faixa etária de até 25 anos, com ensino superior completo e

com tempo de serviço acima de 5 anos na Instituição.

Quanto à característica dos servidores com maior média na dimensão

normativa são do gênero masculino, solteiro, com idade acima de 55, ensino

superior incompleto e o tempo de serviço na instituição é menos de 1 ano seguido

dos que estão a mais de 5 anos.

Page 79: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

78

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Esta pesquisa teve como principal objetivo identificar as dimensões do

comprometimento organizacional (afetiva, instrumental e normativa) dos servidores

técnico-administrativos do IFRN Campus Natal/Central. Para atingir o objetivo geral,

foi necessário traçar o perfil demográfico dos técnico-administrativos; identificar a

existência de diferentes dimensões do comprometimento organizacional, como

também verificar qual a dimensão predominante entre eles, e finalmente, verificar os

grupos desses servidores de acordo com as dimensões do comprometimento

organizacional e às suas características demográficas.

O primeiro objetivo específico pretendeu identificar o perfil demográfico dos

servidores técnico-administrativos. Para atender a esse objetivo, foi utilizada a

estatística descritiva, apontado os seguintes resultados: predominância do gênero

masculino, estado civil casado, com pós-graduação, na faixa-etária de 46 a 55 anos

de idade e com mais de 5 anos na instituição.

O segundo e o terceiro objetivo específico tiveram como intenção identificar a

existência de diferentes dimensões do comprometimento organizacional e verificar

qual a dimensão predominante entre os servidores em estudo da Instituição

pesquisada.

Os resultados da pesquisa apontaram a existência das três dimensões do

comprometimento organizacional: afetiva, instrumental e normativa entre os

servidores técnico-administrativos do IFRN.

A pesquisa indicou grau elevado nas três dimensões do comprometimento

organizacional, entre os pesquisados, o que caracteriza forte identificação com os

objetivos e valores da Instituição. Demonstrando dessa forma à existência de um

vínculo emocional, que poderá ser justificado pela estabilidade do emprego, as

oportunidades que a Instituição oferece para elevação da escolaridade, a tradição e

o respeito que ela tem perante a comunidade. A dimensão afetiva é a predominante

entre os servidores pesquisados.

Quanto à dimensão normativa, os dados apontaram a sua existência entre os

pesquisados, o que poderá ser explicado pelo fato desses servidores apresentarem

uma forte ligação com a missão da Instituição, como também, para executarem suas

atividades, necessitam estarem atrelados às normas, regulamentos e às legislações

Page 80: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

79

pertinentes ao serviço público.

Em se tratando da dimensão instrumental, os dados apontaram também a sua

existência entre os pesquisados, que são aqueles que permanecem na Instituição

devido aos benefícios adquiridos, como também aos custos associados a sua saída,

mesmo tendo interiorizado a cultura e possuírem laços de afetividade com a Instituição.

O quarto objetivo específico retratou identificar e caracterizar grupos de

técnico-administrativos de acordo as dimensões do comprometimento organizacional

e as suas características demográficas foi feita análise multivariada a qual identificou

a existência de quatro grupos entre os servidores:

Grupo 1 – Afetivo/Normativo;

Grupo 2 – Afetivo/Instrumental;

Grupo 3 – Comprometido nas três dimensões;

Grupo 4 – Descomprometido nas três dimensões.

Conclui-se que os objetivos da pesquisa foram atingidos pelos resultados

obtidos.

Em se tratando de uma pesquisa exploratória, esse estudo traz várias

recomendações, entre as quais se destaca:

Um estudo comparativo do comprometimento organizacional dos servidores

técnico-administrativos, utilizando outras técnicas estatísticas, fazendo correlações

com fatores antecedentes, consequentes e correlatos;

A aplicação desse estudo nos novos Campi para poder se obter o desenho do

comprometimento organizacional do Instituto;

Novas pesquisas relacionando o comprometimento organizacional e o

desempenho dos servidores técnico-administrativos que possa complementar este

estudo;

Do ponto de vista prático, os resultados apontados neste estudo poderão

nortear políticas de gestão estratégica de pessoas, que venham ampliar o nível de

comprometimento organizacional entre os servidores técnico-administrativos da

Instituição pesquisada.

Page 81: Compromentimento Organizacional À Luz do Modelo Conceitual

80

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A P Ê N D I C E

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APÊNDICE A

INSTRUMENTO DE PESQUISA – QUESTIONÁRIO

O presente instrumento tem como objetivo identificar a dimensão do

comprometimento organizacional dos servidores técnico-administrativos do IFRN –

Campus Natal-Central.

O questionário é composto de duas partes:

Parte 1: com 5 questões

Parte 2: com 18 questões

Trata-se de um estudo com finalidade acadêmica para subsidiar a elaboração

da dissertação de mestrado do Programa de Pós Graduação em Administração da

UNP tendo como orientadora a Dra. Nilda Leone.

Como o tempo é escasso para todos nós, solicitamos a sua colaboração, pois

dela depende o êxito deste estudo.

Informamos também:

Não se identifique

Sigilo absoluto das respostas

As informações serão analisadas de forma agrupada.

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PARTE 1 – Geral (CARACTERIZAÇÃO)

1. SEXO

( ) MASCULINO ( ) FEMININO

2. ESTADO CIVIL ( ) SOLTEIRO (A) ( ) CASADO (A) ( ) DESQUITADO (A)/DIVORCIADO (A) ( ) VIÚVO (A) ( ) OUTROS

3. GRAU DE ESCOLARIDADE

( ) FUNDAMENTAL II ( ) FUNDAMENTAL II incompleto ( ) SUPERIOR INCOMPLETO ( ) SUPERIOR COMPLETO ( ) PÓS-GRADUAÇÃO No caso de ter concluído curso superior. Indicar a graduação ___________________________ Se for pós-graduado, indicar a área: ( ) Especialização _____________________________ ( ) Mestrado _____________________________ ( ) Doutorado _____________________________

4. FAIXA ETÁRIA ( ) ATÉ 25 ANOS ( ) DE 26 A 35 ANOS ( ) DE 36 A 45 ANOS ( ) DE 46 A 55 ANOS ( ) ACIMA DE 55 ANOS

5. TEMPO DE SERVIÇO

( ) MENOS DE 1 ANO ( ) DE 1 A 5 ANOS ( ) ACIMA DE 5 ANOS

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PARTE 2 – Específica Até que ponto você concorda ou discorda com as afirmações a seguir. (Escreva com o número desejado ao lado de cada proposição)

1 2 3 4 5 DISCORDO

TOTALMENTE DISCORDO NÃO SEI CONCORDO

CONCORDO TOTALMENTE

01. Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira no IFRN. 02. Eu realmente sinto os problemas do IFRN como se fossem meus. 03. Eu não sinto um forte sendo de integração com o IFRN. 04. Eu não me sinto emocionalmente vinculado ao IFRN. 05. Eu não me sinto como uma pessoa de casa no IFRN. 06. O IFRN tem um grande significado pessoal para mim. 07. Na situação atual ficar no IFRN é na realidade uma necessidade quanto um

desejo. 08. Mesmo se eu quisesse, seria muito difícil, deixar o IFRN agora. 09. Se eu decidisse deixar o IFRN agora, minha vida ficaria bastante

desestruturada.

10. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse o IFRN . 11. Se eu já não tivesse dado tanto de mim ao IFRN, eu poderia considerar

trabalhar em outro lugar. 12. Uma das poucas consequências negativas de deixar o IFRN seria a escassez

de alternativas imediatas. 13. Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer no IFRN. 14. Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar o

IFRN agora. 15. Eu me sentiria culpado se deixasse o IFRN agora. 16. O IFRN merece a minha lealdade. 17. Eu não deixaria o IFRN agora, porque tenho uma obrigação moral com as

pessoas daqui. 18. Eu devo muito ao IFRN.