193
CAEPM – Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing Área de Conhecimento: Comunicação, Propaganda e Marketing NEsCAU - Núcleo de Estudos da Comunicação no Ambiente Urbano Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto Alegre Relatório de Pesquisa Versão 2.0 Porto Alegre Maio . 2009

Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

CAEPM – Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing

Área de Conhecimento: Comunicação, Propaganda e Marketing

NEsCAU - Núcleo de Estudos da Comunicação no Ambiente Urbano

Comunicação Visual Urbana

Avenida Bento Gonçalves – Porto Alegre

Relatório de Pesquisa

Versão 2.0

Porto Alegre Maio . 2009

Page 2: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Componentes do NEsCAU

Fase relatório final

Profa. Ágata Tinoco (ESPM São Paulo)

Profa. Carolina Bustos (ESPM Porto Alegre)

Prof. Eduardo Benzatti (ESPM São Paulo)

Prof. Fabiano Scherer (ESPM Porto Alegre)

Prof. Fernando Bakos (ESPM Porto Alegre)

Page 3: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Todo cidadão e cidadã tem direito a um entor-

no urbano presidido pela beleza.

(José Teixeira Coelho)

Page 4: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

SUMÁRIO

ATUALIZAR O SUMÁRIO APÓS TODAS AS INFORMAÇÕES SEREM INSERIDAS.

1. INTRODUÇÃO 6 2. OBJETIVOS JUSTIFICADORES DA PESQUISA 14 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15

3.1. PERCEPÇÃO VISUAL AMBIENTAL 15 3.1.1. PERCEPÇÃO AMBIENTAL URBANA 17 3.2. DESIGN UNIVERSAL 27 3.2.1. FONTES DE ESTÍMULOS E REFERÊNCIAS PERCEPTIVAS 30 3.2.2. CONCEITOS DE ROTAS E MARCOS (RUTES AND LANDMARKS) 31 3.3. UM OLHAR ANTROPOLÓGICO 36 3.3.1. PROBLEMATIZAÇÃO 36

4. MÉTODOS DE PESQUISA 38 4.1. MÉTODO DE LEVANTAMENTO VISUAL AMBIENTAL 38 OPERACIONALIDADE DO EXPERIMENTO NA AV. BENTO GONÇALVES 42 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 43 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS 49 4.2. MÉTODO DE ANÁLISE DA FORMA URBANA 50 APLICAÇÃO DO MÉTODO 55 4.3. MÉTODO PARA FORMULAÇÃO DE CENAS URBANAS 62 OPERACIONALIDADE DO EXPERIMENTO NA AV. BENTO GONÇALVES 66 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 69 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS 75 4.4. MÉTODO DESIGN UNIVERSAL 78 OPERACIONALIDADE DO EXPERIMENTO NA AV. BENTO GONÇALVES 80 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 81 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS 81 4.5. ANÁLISE DE DADOS ANTROPOLÓGICOS 82 ANÁLISE QUANTITATIVA DOS RESULTADOS 2008-2 83

5. PRODUTOS RESULTANTES DA PESQUISA 93 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 98 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 100

Page 5: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 5

8. ANEXOS 105 8.1. AGENTES / INTERLOCUTORES 105 8.2. LEI “CIDADE LIMPA” 107 8.3. ESTUDO DO IMPACTO DA LEI “CIDADE LIMPA” 125 8.4. 1º FÓRUM SOBRE COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE URBANO 129 8.5. ARTIGO NA MIDIA SOBRE O 1º FORUM 140 8.6. LEVANTAMENTO VISUAL – PROCEDIMENTO DOS PERCEPTORES NO LOCUS 141 8.7. DADOS UTILIZADOS PARA A ANÁLISE DA FORMA URBANA 145 8.8. QUESTIONÁRIO DESIGN UNIVERSAL 161 8.9. QUESTIONÁRIO CENAS URBANAS 164 8.10. TABULAÇÃO DOS DADOS DO MÉTODO CENAS URBANAS 169 8.11. ARTIGO APRESENTADO NO CONGRESSO P&D/2008 182 

Page 6: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 6

1. INTRODUÇÃO

Em 2006, dia 26 de setembro, uma lei que bane os outdoors e regulamenta os

letreiros nas fachadas das casas comerciais foi aprovada pela Câmara Municipal

de São Paulo. Apelidada de Lei Cidade Limpa seus objetivos pareciam bons

demais para virar realidade, no entanto, seus efeitos já se tornam visíveis.

Existe atualmente uma problemática perceptível na construção urbana: a comu-

nicação visual. Em grandes cidades, ela é potencializada por vários fatores, em

especial, a pulverização de áreas comerciais acompanhada da competição pela

atenção do olhar do passante. São Paulo é um exemplo de cidade construída a

partir de um modelo que extrapolou, em certo momento, qualquer planejamento

inicial – o próprio comércio, no início do século XX concentrado na região cen-

tral, misturou-se com zonas residenciais. O desdobramento dos interesses parti-

culares, sobrepondo-se aos coletivos, levou a uma situação paradoxal, ou seja,

a comunicação visual encobriu os elementos urbanísticos da paisagem, tornan-

do-se ela mesma a paisagem, e, no extremo, perdendo sua função original, que

seria de comunicar. De modo progressivo, imperceptivelmente, a cidade passou

a viver esta experiência de forma intensa, a tal ponto de confundir o conceito de

comunicação visual com o de poluição visual.1

No município de São Paulo, essa confusão motivou por parte do poder executivo

local uma decisão unilateral concretizada na “Lei Cidade Limpa”2. A polêmica

suscitada foi o mote de partida para a pesquisa aqui apresentada. É inegável

que, do ponto de vista do passante, após pouco mais de dois anos da sua efeti-

va aplicação, a lei gerou uma sensação positiva de ordem estética – conside-

rando o que é veiculado pelos meios de comunicação.

1 Certamente, para estruturar um pensamento mais elaborado sobre esse assunto, ao longo da pesquisa serão respondidas questões como: o que é considerado poluição visual? Em que área estamos lidando com esta palavra, e a partir de quais categorias? Existe uma definição específi-ca de poluição visual? (o relatório final irá conter um glossário em anexo). 2 Lei Municipal nº 14.223 de 2006 (em anexo).

Page 7: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 7

Nas palavras do arquiteto urbanista Sylvio Sawaya:

De repente, como num passe de mágica, a cidade volta a ter sua arquitetura. A

retirada dos grandes painéis de propaganda permitiu isso. Eram tão imensos

que a medida provocou um impacto no uso da cidade e uma certa desorienta-

ção. As referências de percurso mudaram. A medida não foi excessiva. Excessi-

va era a apropriação indevida do espaço público visual. A recomposição das fa-

chadas começou imediatamente, sobretudo com o colorido intenso que vem sur-

gindo. Velhas fachadas, muito trabalhadas, voltaram à luz; deterioradas, serão

restauradas e, lindas, darão testemunhos de épocas passadas encobertas.3

Mas a paisagem do ambiente urbano não é composta somente de edificações.

Silhuetas, áreas verdes, veículos e pessoas, sinalização e mobiliário, pisos e

visuais, luz e sombra igualmente se constituem em referências urbanas do coti-

diano de cada pessoa. Neste contexto, não se pode “culpar” somente a publici-

dade externa pelo caos visual, no entanto, em São Paulo ela se tornara um sina-

lizador de algo maior - a falta de um controle eficaz que fosse capaz de regula-

mentar os excessos. É interessante conhecer os bastidores de como a Lei Cida-

de Limpa pôde vir à luz através da narrativa de Leão Serva, assessor de im-

prensa da Prefeitura de São Paulo, em livro lançado em junho de 2008. Segun-

do o autor, apesar da “tolerância zero” com os elementos publicitários, ela não

foi autoritária e sim houve espaço para debate com os segmentos envolvidos –

entre a apresentação do projeto da lei à Câmara e sua efetiva aprovação passa-

ram-se três meses. O autor faz questão de frisar, em vários trechos, que a popu-

lação é muito receptiva à lei:

A idéia do combate à poluição visual, em São Paulo, pertence aos moradores da

cidade. É dessas idéias que germinam mas ficam latentes, cada um pensando

em seu canto, até que afloram em um momento propício, muitas vezes se tor-

nando uma tendência massiva. Vem do fato antigo de que incomoda os paulis-

tanos a triste fama de que nossa cidade sobressai entre as mais poluídas do

mundo … Mas não se conformam. Desejam acabar com isso, superar a sujeira.

3 http://www6.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/cultura/imprensa/0436 acesso em 14/07/2008.

Page 8: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 8

(2008: 16)

Serva ressalta que os meios de comunicação tiveram um papel fundamental ao

divulgar o projeto e comentá-lo favoravelmente.

Por nosso lado, como habitantes de São Paulo, notamos alguns reversos da

moeda ao nos depararmos, por exemplo, com dificuldades de localização de

estabelecimentos comerciais e de serviços durante o período no qual os letreiros

que os identificavam foram retirados4. A exposição do que estava escondido por

trás deles foi por algum tempo uma agressão visual e ela está rapidamente sen-

do atenuada por atitudes dos proprietários dos imóveis (há um incentivo fiscal

para aqueles que investirem na reconstituição da fachada na qual houve a ade-

quação à nova lei). Neste ponto, são reveladas novas questões que remetem à

poluição visual: a nova estética urbana que surge da multiplicação de cores, e-

lementos escultóricos, afrescos e diversificação dos materiais, novamente cada

um resolvendo o seu problema particular é menos caótica que aquela composta

por cenas publicitárias? Quem irá definir se a estética das novas intervenções na

paisagem urbana não é também caótica? É de competência da Comissão de

Proteção à Paisagem Urbana – CPPU a aprovação de cada reforma de fachada

no Município?

Independente do aparente sucesso da Lei Cidade Limpa acreditamos na possibi-

lidade de outros caminhos (como, por exemplo, o debate com a sociedade civil)

e, para tanto, inicialmente esta pesquisa deseja investigar se, em uma determi-nada paisagem urbana, há elementos visuais que podem ser reordenados visando o bem-estar estético da comunidade.

Para tanto se colocam primeiramente os seguintes problemas que norteiam a

pesquisa:

em que medida e quais elementos visuais da paisagem urbana contribu-

em, de modo significativo, para a construção da identidade (imagem) de

4 Fizemos uma pesquisa com comerciantes e/ou prestadores de serviços para sondar os efeitos

financeiros na adaptação à nova lei. Os resultados podem ser encontrados na página 125.

Page 9: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 9

um lugar?

qual a identidade (imagem) percebida por aqueles que se relacionam

com um determinado lugar?

é possível, a partir da participação da comunidade local e dos agentes

envolvidos, propor a reordenação dos elementos visuais com a finalida-

de de proporcionar um bem-estar estético? e

como os resultados da pesquisa poderão ser empregados em futuras

proposições?

Após considerar diversos lugares como locus do estudo, optou-se por uma área

urbana de Porto Alegre para observação de uma situação e proposição de dire-

trizes para eventual reordenação da comunicação visual na paisagem. Toma-se

o espaço da capital gaúcha como embrião/teste pelos seguintes motivos:

por se tratar de uma das cidades onde há unidade da ESPM com gradu-

ação em Design e Comunicação Social;

em Porto Alegre ficam evidentes as características de um planejamento

urbano;

trata-se de um espaço singular na medida em que a cidade ainda man-

tém, em parte, vestígios detectáveis do seu passado urbano e

em termos históricos, notadamente há participação ativa da população

civil nas decisões referentes à vida comunitária.

Isso posto, na ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing - um grupo

de pesquisadores reuniu-se no sentido de compor um núcleo de estudos multi-

disciplinar que vem trabalhando com profissionais de Porto Alegre e São Paulo

(com apoio do CAEPM - Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing)

buscando antes de uma solução, a estruturação de um método para analisar os

problemas. Para um possível diagnóstico da situação do locus é necessário veri-

ficar que métodos são apropriados para dimensionar os problemas. Esses mé-

Page 10: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 10

todos devem vir de uma confluência de áreas afins e pensamentos conectados,

como, por exemplo, design visual, arquitetura e urbanismo, publicidade, psicolo-

gia social e antropologia. Entendemos não ser possível pensar o mundo hoje

sem considerarmos o conceito de complexidade5 que propõe a conexão entre

diversos campos dos saberes. Daí encontrarmos no design o campo mais ade-

quado de pensamento, uma vez que ele reúne os conhecimentos das diversas

áreas do saber citadas.

Dentro do contexto local de Porto Alegre, buscou-se um espaço que apresen-

tasse aspectos da problemática relativa ao tema. Assim, dentre alternativas, es-

colheu-se a avenida Bento Gonçalves, bairro Partenon, importante via da cida-

de, tanto no que se refere a sua história, quanto a sua importância viária. Porto

Alegre tem como ponto concêntrico uma península onde se situa o centro histó-

rico e de onde partem avenidas que cruzam os bairros. A avenida Bento Gon-

çalves é uma das vias que liga o centro da cidade à área leste da cidade, ao

município de Viamão, na região metropolitana e, mais adiante, às praias da regi-

ão sul do litoral norte gaúcho. Caracteriza-se por possuir um heterogêneo con-

junto de estabelecimentos comerciais, diferentes perfis populacionais onde di-

versos fluxos e várias camadas históricas são perceptíveis - fatores que aumen-

tam a complexidade das relações da comunicação urbana dessa área.

Visando compreender o ambiente urbano sob a ótica da comunicação visual

formulamos algumas questões centrais que deverão ser respondidas pela pro-posta do NEsCAU. Os métodos de pesquisa se mostraram adequados para

prognóstico da situação? Há nesse trecho da avenida Bento Gonçalves aspec-

5 Edgar Morin defende que diante de uma realidade complexa devemos pensar também de for-ma complexa. Etimologicamente, é bom lembrar, a palavra “complexo” vem originariamente de complexus, algo como aquilo que é (ou está sendo) tecido junto. Não podemos analisar, dialogar e trabalhar com situações tão ricas e dinâmicas utilizando o paradigma simplificador que somen-te consegue ver o mundo, os seres e as coisas de forma fragmentada e estanque. Em resumo, para compreendermos, analisarmos e interferirmos numa realidade por natureza complexa, onde um aspecto que a modela está ligado direto ou indiretamente a outro, não podemos continuar utilizando formas de pensar simplificadas e simplificadoras. Para dar conta de um mundo hetero-gêneo, diversificado em seus múltiplos aspectos, devemos utilizar formas também complexas de mediação e apreensão dessa realidade. Analisar o mundo, o real, os outros que nos cercam e as nossas vidas de forma complexa é o que propõe o pensamento complexo, instrumento necessá-rio para um conhecimento também complexo.

Page 11: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 11

tos visuais significativos da identidade do local que se configuram como inade-

quados do ponto de vista comunicacional? Se há, quais os mecanismos (méto-

dos) que podem explicitá-los? Caso esses aspectos sejam diagnosticados como

sendo inadequados, quais possíveis mudanças podem ser propostas por parte

dos agentes envolvidos (sociedade civil e poder público) para a reordenação

visual da área? Como encaminhar as propostas, após debate com entidades

representativas da sociedade, aos órgãos competentes? É possível utilizar os

métodos de diagnóstico aplicados neste locus em outras situações, de modo a

oferecer elementos para desenvolver maneiras locais de tratar a questão?

Tratando de responder tais questões, traçamos os objetivos (geral e específicos)

que serão apresentados na página 14.

No item 3, Fundamentação teórica, apresentamos os temas e teorias que alicer-

çam este estudo. Segue, a partir da página 38, a descrição dos procedimentos

que foram utilizados para o levantamento da situação do ambiente estudado

com o título Métodos de pesquisa.

No item 5 apresentamos os possíveis produtos com os resultados (parcial e fi-

nal) da pesquisa. As Considerações finais e conclusões estão no item 6[ÁTin1]

O relatório completa-se com a apresentação, no item 7, das Referências biblio-

gráficas empregadas para a elaboração da pesquisa e sua análise.

Os anexos – em volume separado?? – estão organizados no item 8 e contêm,

além da lei “Cidade Limpa” em sua íntegra, a lista de possíveis interlocutores e

parceiros, os questionários e esquemas das pesquisas de campo. Incluímos

também uma pesquisa e respectiva análise dos resultados, que surgiu da ne-

cessidade de verificar o impacto financeiro da adequação do comércio às espe-

cificações da Lei. O artigo apresentado no Congresso de Pesquisa e Desenvol-

vimento em Design encerra o item anexos.

A proposta do Núcleo de Estudos em Comunicação no Ambiente Urbano é, en-

tão, a de buscar entre diversos métodos atuais de estudo e análise do design

Page 12: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 12

um conjunto que leve em consideração o maior número possível de fatores.

Dentre eles: a ocupação formal e informal do espaço, os marcos culturais e refe-

renciais, os meios de comunicação externos e a interação dos usuários com es-

tes elementos.

Após o levantamento inicial de dados o que pudemos estabelecer é o grau ex-

tremo de complexidade dos fatores envolvidos. Ao término da primeira etapa

vimos a necessidade de repetir os experimentos de levantamento perceptivo da

paisagem urbana, design universal, incluindo as questões de antropologia urba-

na e a sondagem sobre o impacto financeiro no comércio. Assim, no segundo

semestre de 2008, ao repetir a pesquisa de campo, os procedimentos foram me-

lhor estruturados e também corrigimos alguns desvios de interpretação. Foi or-

ganizado um fórum de debates sobre a Comunicação no Ambiente Urbano com

os diferentes públicos envolvidos cujo resumo pode ser encontrado no anexo na

página 129.

Os dados coletados permitem responder parcialmente as questões fundamen-

tais que foram retomadas na conclusão deste relatório.

Page 13: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto
Page 14: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 14

2. OBJETIVOS JUSTIFICADORES DA PESQUISA

Objetivo Geral

Estudar o espaço urbano para compreender o papel da comunicação visual no

processo de construção da imagem desse lugar e propor alternativas com a par-

ticipação dos agentes envolvidos.

Objetivos Específicos

Levantar a situação existente (envolvendo aspectos humanos e materi-

ais) através de um olhar multidisciplinar;

Verificar possibilidades de reforçar as imagens significativas do lugar em

estudo;

Verificar possibilidades de integração da comunicação visual ao lugar

em estudo;

Verificar possibilidades de potencialização da comunicação visual exis-

tente;

Verificar possibilidades de proposição de novos elementos da comuni-

cação visual;

Elaborar uma proposta de metodologia de diagnóstico;

Redigir uma Carta de Princípios com possível exemplificação virtual.

Page 15: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 15

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste item abordaremos os campos do conhecimento que alicerçam este estu-

do:

Percepção Visual Ambiental;

Design Universal;

Antropologia Urbana.

Após a descrição desses campos, no item 4 – Métodos de pesquisa – são apre-

sentados os respectivos procedimentos utilizados para o levantamento da situa-

ção do ambiente em estudo.

3.1. PERCEPÇÃO VISUAL AMBIENTAL

Sternberg (2000, p.110 apud Bustos, 2004) define a percepção como “um con-

junto de processos psicológicos pelos quais as pessoas reconhecem, organi-

zam, sintetizam e fornecem significação (no cérebro) às sensações recebidas

dos estímulos ambientais (nos órgãos dos sentidos)”. Dentre as várias teorias,

ele focaliza as duas que foram especialmente capazes de acumular suporte em-

pírico (Cutting; Kozlowski, 1977; Palmer, 1992): a percepção construtivista ou

inteligente, que trabalha com o conhecimento adquirido, associado com a infor-

mação processada dos receptores sensoriais; e a percepção direta ou ecológica,

que se baseia na completa informação dos sensores, com pouca necessidade

de um processamento complexo da informação, uma vez que apenas considera

o objeto-estímulo.

O autor complementa dizendo que existem ilusões perceptivas, ou seja, nem

Page 16: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 16

sempre o que se percebe com os órgãos sensoriais é o que se compreende em

nossas mentes. As percepções espaciais dos ambientes e suas propriedades

são formadas a partir das informações captadas pelos nossos sensores e mani-

puladas pela mente para criação de objetos: as imagens mentais. Também é

preciso considerar que as representações conscientes, que percebemos, geral-

mente são qualitativamente diferentes das representações não conscientes dos

estímulos sensoriais (Marcel, 1983 apud Sternberg, 2000).

Segundo Gibson (1966 apud Dischinger, 2000), existem duas formas de obter

informações: a passiva e a ativa. A forma passiva ocorre quando se utiliza o re-

ceptor sensorial e independe de atenção ou vontade, por exemplo, os ruídos que

ocorrem no meio circundante. Segundo Gibson, nossos sensores respondem

involuntariamente (quando têm a capacidade de responder) às variáveis do meio

ambiente, como as formas rígidas da terra, a gravidade, as radiações eletro-

magnéticas, a luz e o ar.

Conforme Fresteiro (2002 apud Bustos, 2004), as informações ambientais são

captadas pelos sistemas sensoriais de uma pessoa quando esta se movimenta

em um espaço. Presume-se que a movimentação desta pessoa no espaço este-

ja diretamente ligada à quantidade e à qualidade de informações perceptivas.

Fresteiro (2002 apud Bustos, 2004) enfatiza que 85% da informação que rece-

bemos do espaço é visual. A independência em relação à mobilidade e orienta-

ção no espaço por pessoas com deficiência visual está diretamente vinculada à

capacidade de perceber, interpretar e organizar as informações sensoriais corre-

tamente.

Tuan (1983 apud Ojeda, 1995) afirma que a cinestesia, a visão e o tato são os

sentidos responsáveis por proporcionar sentimentos intensos em relação ao es-

paço e suas qualidades. Movimentos ajudam na conscientização do espaço e na

sua experimentação, induzindo a pessoa a ter um sentido de direção. A movi-

mentação no espaço é armazenada pelo subconsciente e assimilada como uma

experiência adquirida.

Page 17: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 17

3.1.1. Percepção ambiental urbana

Diversos autores que estudam a percepção ambiental referenciam teoricamente6

a pesquisa proposta para a avenida Bento Gonçalves. Por ora nos contentare-

mos em entender a percepção como uma atividade mental, desencadeada por

sensações e motivações. Centrou-se na linha que analisa a percepção visual da

forma, sem desconsiderar outros valores do ambiente: …ver un objeto es siem-

pre hacer una abstracción, pues ver consiste en la captación de los rasgos es-

tructurales más que en el registro indiscriminado de los detalles. Que rasgos se

capten dependerá del observador, pero también de la situación estimulante total

(Arnheim: 65).

Os treze ensaios compilados por Vicente Del Rio e Lívia de Oliveira em Percep-

ção Ambiental – a experiência brasileira contribuíram, com seus métodos de

pesquisa7, e deram suporte ao procedimento sugerido para a realização do le-

vantamento perceptivo do entorno da avenida Bento Gonçalves por parte de pe-

destres.

Pode ser banal iniciar com a afirmação que os objetos estão onipresentes no

espaço. O sociólogo francês Michel Maffesoli em seu livro No fundo das aparên-

cias exalta o quanto uma análise do espaço visível contribui para formar imagem

de uma sociedade.

...o espaço que nos ocupa é um conjunto complexo constituído, ao mesmo tem-

po, pela materialidade das coisas (ruas, monumentos, tráfego) e pela imateriali-

dade das imagens de diversas ordens. É o que faz desse conjunto uma ordem

simbólica. … O espaço não é só uma grandeza geometricamente perceptível, é,

de uma maneira holista (simbólica), o conjunto dos elementos que fazem comu-

nicação (p. 264).

Neste sentido apontamos algumas conseqüências visíveis da “lei cidade limpa”.

6 Arnheim, Gibson, Linch, Tuan, Venturi. 7 Identificação de repertório de elementos, Exame de configurações urbanas, Leitura semiótica peirciana de imagens, Interpretação da realidade, Identificação de paisagens valorizadas, Mapas mentais, Mapa de desenhos de crianças executado coletivamente.

Page 18: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 18

Figura 1 e Figura 2: Cruzamento das ruas Tabapuã e Dr. Renato Paes de Barros (2003 e 2008 respectivamente)

Imagens acima e embaixo ilustram as fachadas de um estabelecimento comercial em São Paulo antes e depois (respectivamente) da adequação à Lei Cidade Limpa.

Page 19: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 19

Mesmo que as próximas imagens sejam temporais, (foram registradas recente-

mente, em julho de 2008) ilustram quatro situações características que ocorrem

na cidade.

Figura 3

Sobre fachadas visivelmente recém pintadas, faixas e ele-mentos provisórios substituem letreiros fixos

Figura 4

Letreiros com soluções eco-nômicas que atendem mini-mamente as especificações da lei. No entanto, não há vínculo estético com as ca-racterísticas arquitetônicas do imóvel onde o estabele-cimento comercial está insta-lado. Calçadas estreitas, abrigo de ponto de taxi, pos-tes e fiações contribuem para uma falta de harmonia visual.

Page 20: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 20

Segundo Eduardo Yázigi, em O mundo das calçadas, os espaços públicos das

megalópoles são resultado de visões fragmentadas de empresas responsáveis

pela infra-estrutura de serviços urbanos aliadas a uma descontinuidade nas su-

cessivas administrações públicas. Também é notória a influência que o setor

Figura 5 e Figura 6 Cores saturadas compostas de modo chamativo. Indepen-dentemente da questão de gosto, cabe questionar se tais soluções comprometem menos a paisagem do que os anti-gos letreiros.

Figura 7

Após a retirada de letreiros, fachadas com resquícios de informações antigas (situa-ção que se observa em muitos outros lugares após a aplicação da lei).

Page 21: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 21

privado (indústria automobilística, energia elétrica, construção civil, para citar

apenas alguns) exerce sobre a forma da cidade. Deste modo para uma paisa-

gem urbana esteticamente coerente é recomendável que mobiliário urbano, si-

nalização comercial ou indicativa de fluxo da frota automotiva, edificações, entre

outros elementos, sejam estudados em todo seu conjunto (daí a expressão pai-

sagem urbana), sem desvinculá-los dos marcos significativos.

As imagens acima foram registradas na avenida Santo Amaro, em São Paulo,

via de grande movimento de veículos e que consideramos, urbanisticamente,

semelhante ao espaço que temos em vista para a pesquisa.

A avenida Bento Gonçalves, em Porto Alegre, objeto de estudo deste projeto,

teve seu inicio na criação de um caminho - denominado Estrada do Mato Grosso

- que ligava a área central da cidade aos arrabaldes de então e à cidade de Vi-

amão, importante povoação da época.

Embora atualmente a avenida corte os bairros da Azenha, Santo Antonio, Agro-

nomia e Partenon, sua ocupação e urbanização estão relacionadas ao surgi-

mento deste último. Segundo o historiador Sérgio da Costa Franco, o nome faz

referência ao templo Partenon, localizado em Atenas, Grécia, que tinha por obje-

tivo homenagear a Deusa Minerva. Em Porto Alegre, o nome Partenon foi ado-

tado por um grupo de literatos, que criou a “Sociedade do Partenon Literário”,

fundada no ano de 1868. Seus associados sonhavam construir no atual bairro

uma réplica do Partenon Grego, fato não ocorrido. No local foi construída a Igre-

ja de Santo Antonio. Assim, após a metade do século XIX, implanta-se um pro-

cesso de loteamento que tem grande impulso com a implementação da linha de

bonde de tração animal que, apesar de levar mais de uma hora para completar o

trajeto do centro ao bairro, facilitou muito a vida dos novos moradores da região.

No final do século XIX, o bairro e a avenida tornaram-se cenário do primeiro

hospital psiquiátrico do estado: 41 alienados inauguraram os pavilhões do Hos-

pício São Pedro em 1884.

Em 1910, chega o bonde elétrico, e o crescimento é mais uma vez impulsionado.

Desenvolve-se o comércio, fundam-se escolas, melhora-se a infra-estrutura. As-

Page 22: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 22

sim, durante o século XX, às margens da avenida se desenvolveu uma ampla

rede comercial, que vai de pequenos estabelecimentos a hipermercados reco-

nhecidos nacionalmente. A mesma diversificação de oferta se dá também no

que se refere à educação – na avenida, encontramos desde escolas estaduais e

particulares, até a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, que

inaugurou seu campus em 1968, tendo um de seus acessos pela Bento Gonçal-

ves.

Atualmente a avenida é uma das principais vias da cidade e apresenta uma di-

versidade de usos – industrial, comercial e, principalmente, residencial, dos mais

diferentes períodos. Estas camadas de história e ocupação são perceptíveis em

uma rápida observação visual da área.

A falta de memória e identificação com um lugar é um pequeno arco do círculo

vicioso da territorialidade efêmera que pode transformar um grupo em uma soci-

edade civil sem qualquer forma de organização. É o que afirma Lucrécia

D’Alessio Ferrara após estudo em São Miguel Paulista (SP): A descaracteriza-

ção do ambiente público e o confinamento na habitação levam a um total esque-

cimento do ambiente e suas condições enquanto responsabilidade coletiva fa-

zendo parecer que os moradores estão ‘desenraizados’ (1993: 122). No levan-

tamento realizado por Kevin Linch em Los Angeles os habitantes dos locais de

rápidas modificações urbanísticas mostraram ter ressentimentos ou nostalgia

(1997: 50). Habitantes, certamente, têm relações bem diversas com o espaço

urbano do que passantes e criam referências espaciais de acordo com as ne-

cessidades específicas da situação “habitar”. Interessa a esta pesquisa o olhar

do passante, o olhar turista que extraia alguma característica ou identidade de

um determinado local.

Ser pedestre é uma condição humana. De alguma forma, por algum percurso

deslocamo-nos diariamente dependentes apenas dos nossos próprios meios

motores. Por uma simplificação de expressão, neste trabalho será considerado

pedestre todo aquele indivíduo que não se locomove motorizado por sua livre

vontade. Portanto, estão incluídos nesta categoria os portadores de alguma defi-

Page 23: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 23

ciência motora necessitados de auxilio para seu deslocamento. Assim a veloci-

dade do deslocamento é uma variante importante na percepção do espaço. A

outra é o motivo do deslocamento (ou não deslocamento). A freqüência, hábito,

cultura, idade, desembaraço físico e social, entre muitos outros fatores afetam

nossa percepção do espaço e os objetos que ele contém. No modo de ver de

James Hillman em Cidade & Alma as cidades são ruas, avenidas de troca e

comércio, o aglomerado físico de pessoas, uma multidão caminhando, nas cal-

çadas movidas por curiosidade, surpresa, pela possibilidade do encontro, a vida

humana não acima da confusão mas no meio dela. A vitalidade das cidades de-

pende do caminhar (p. 56). Para quem se desloca em algum veículo, a velocida-

de provoca um achatamento da paisagem como se fosse um filme, no qual não

temos nenhum papel, somos meros espectadores. É a proximidade com os de-

talhes que nos faz atores, cúmplices, parceiros do espetáculo que é a cidade.

Esta é a razão de entrevistarmos somente transeuntes pedestres. As percep-

ções de passantes a bordo de algum meio de transporte, modifica a relação de

espaço uma vez que a velocidade do movimento é inversamente proporcional ao

envolvimento com elementos da paisagem. Se originalmente a cidade e demo-

cracia estavam coligadas (a origem etimológica é comum com “cidadania”), atu-

almente quanto maiores as cidades forem menos democráticas elas são. Sou

de um mundo que constituo cita Maffesoli como sendo uma máxima tomista e

sustenta que a ética do homem contemporâneo se modela no espaço comparti-

lhado, na vivência coletiva no mundo dos objetos. … O objeto, em suas diversas

modulações, doméstica, pública, arquitetural, lazer, etc., torna-se o totem em

torno do qual se organiza a vida social (Maffesoli: 287). Ele chama o objeto de

emblema estético.

É a ética do binômio público/privado que nos instiga. Recolher uma flor de um

canteiro bem cuidado rente a um muro na calçada ou fazer o mesmo de uma

touceira que sugere ter nascido ao acaso no canteiro central de uma avenida

parecem dois atos bem diferentes. Como afirma Roberto da Matta em “A casa &

a rua” somos até mesmo capazes de depredar a coisa comum, utilizando aquele

célebre e não analisado argumento segundo o qual tudo que fica fora de nossa

Page 24: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 24

casa é um ‘problema do governo’! (1997: 20). Pagando os impostos considera-

mos quitadas todas as nossas obrigações, portanto nos isentamos de qualquer

responsabilidade com o espaço público.

Para uma participação cidadã, segundo Lucrécia D’Alessio Ferrara, se faz ne-

cessário o conhecimento da legislação urbanista que regula as competências

sobre os espaços públicos, seu uso e administração, mas só isso não basta. O

exercício da cidadania, para reverter a situação existente, supõe entre outras

coisas, a compreensão que a participação urbana está muito além de dispositi-

vos legais ou, até mesmo, de um simples programa político, mas é conseqüên-

cia de uma gestão pública sem rígidas hierarquias, a fim de permitir amplos ca-

nais de comunicação entre a população e seus dirigentes. A seguir acrescenta

ser importante preparar indivíduos capazes de uma percepção urbana que lhes

possibilite selecionar alternativas de ação, capacidade indispensável ao exercí-

cio da cidadania (in “Percepção ambiental”, 1996: 79). Para tanto é importante

compreender que os sistemas ecológicos urbanos não são regidos apenas pela

legislação/normas e o sonho de uma sociedade organizada, mas, principalmen-

te, até o momento, por interesses econômicos e políticos. Yázigi questiona o(s)

porquê(s) da descoordenação na exploração da coisa pública de maneira que

um resultado visível possa ser considerado minimamente satisfatório para o

usuário? (2000: 273). Não se pode esperar ação participativa de indivíduos que

não compreendam as causas que moldam o lugar. A percepção de elementos

sinalizadores da evolução cronológica até o momento tem um papel primordial

no processo de entendimento, ela contribui para uma concordância passiva da

sociedade, um “nada posso” contra este estado das coisas.

Uma ação participativa necessariamente envolve a sinalização muito clara das

competências de domínio e a abertura de caminhos de acesso às entidades

responsáveis, que funcionem. Uma mesa de negociações democrática pode ini-

bir excessos no uso do ambiente urbano a revelia dos “donos do pedaço”. No

caso em estudo, prevê-se a inclusão da população local na conversação com os

diferentes agentes envolvidos para a formulação de possíveis encaminhamentos

do processo de intervenção urbana.

Page 25: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 25

Uma vertente da pesquisa focará o ponto de vista do habitante local e sua von-

tade (ou a falta dele) de resolver o que acontece na frente de sua porta ou no

seu bairro. O resultado parece ser previsível e o caminho praticamente traçado

pelo exemplo do tradicional bairro paulistano Higienópolis onde a Associação de

Amigos do Bairro teve uma participação ativa na negociação da construção de

um Shopping Center, da manutenção da Praça Buenos Aires, da retirada de to-

tens publicitários entre outras ações menos divulgadas pelos meios de comuni-

cação. O reverso da medalha é que o excesso de comprometimento pessoal

com o lugar pode transformar a cidade em um punhado de territórios fracionados

e concorrentes uns dos outros de um modo pouco saudável. No entanto, uma

certa identidade das diferentes áreas de uma cidade é recomendável para evitar

uma paisagem urbana monótona.

Um lugar de uso cotidiano, um espaço criado para o exercício da cidadania é o

grande desafio dos estudiosos da percepção ambiental. Jane Jacobs em seu

livro Morte e vida de grandes cidades faz sugestões para o uso dos espaços

públicos sempre envolvendo a participação ativa da comunidade local, mas sub-

linha o questionamento do urbanista Reginald Isaacs sobre o conceito ‘bairro’

[z2]nas modernas metrópoles (2000: 127).

Ao analisar a Cidade como Meio Ambiente, Kevin Linch escreveu em 1965 que a

qualidade de vida, nas grandes metrópoles estadunidenses pode ser melhorada

tornando os lugares mais humanizados. Aponta quatro deficiências físicas que

fazem algumas partes das cidades serem lugares desagradáveis para se viver:

desconforto, falta de diversidade, ilegibilidade e rigidez.

Carga de tensão perceptiva imposta pela cidade (…) Muito freqüentemente, as

sensações que experimentamos vão além dos nossos limites de conforto e

mesmo de tolerância;

Falta de identidade sensível (…) um bom ambiente é bem diversificado: suas

partes têm um caráter distinto, identificável;

Ilegibilidade (…) Para que nos possamos sentir em casa e para que possamos

Page 26: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 26

funcionar facilmente, é preciso que sintamos o meio ambiente como um sistema

de sinais (…) nossas cidades apresentam muitas ambigüidades, confusões e

descontinuidades;

Rigidez (…) A atmosfera física deve ser acessível, estimulante e sensível. A a-

ção individual é um caminho pessoal de desenvolvimento; a ação cooperativa

leva à satisfação das relações interpessoais. (1972: 208)

Nas cidades contemporâneas existem múltiplos espaços onde o público se en-

contra. São locais repletos desses emblemas estéticos, extremamente significa-

tivos para as diversas tribos que os reconhecem. Mas não são estes locais, con-

cebidos para a exaltação do consumo de seus emblemas, que interessam à

pesquisa, pois são ilhas que percebemos têm dono, portanto, regras bastante

claras a serem observadas.

O projeto trata de sustentar que a subjetividade da percepção do ambiente mui-

tas vezes tem um caráter coletivo e pode ser tratado desse modo. Foram em-

pregados três métodos para registrar e analisar a paisagem urbana que se des-

cortina ao olhar do usuário pedestre:

Levantamento visual ambiental

Análise da forma urbana e

Formulação de cenas urbanas.

O primeiro tem o intuito de verificar se existem elementos visuais significativos

na paisagem da avenida Bento Gonçalves. (Os resultados podem ser encontra-

dos na página 42).

O segundo tem por finalidade revelar as características morfológicas do ambien-

te urbano em estudo. (Os resultados podem ser encontrados na página 50)

Quanto à formulação de cenas urbanas, o objetivo é … Bakos/Fabiano.

Page 27: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 27

3.2. DESIGN UNIVERSAL

O termo de Design Universal (Universal Design) primeiramente foi utilizado nos

Estados Unidos por Ron Mace em 1985, mas os conceitos foram também ex-

pressos em outros países. O Desenho Universal (Universal Design) e o Desenho

Inclusivo (Inclusive Design) são termos utilizados freqüentemente nos Estados

Unidos, de modo intercambiável; para designar uma concepção de desenho que

implica equidade e justiça social. Apesar de haver outros termos que são fre-

qüentemente usados; tais como Life span Design (que dura uma vida) e Trans-

generational Design (que passa de geração em geração), Mullick e Steinfeld

(1997 apud Preiser e Ostroff, 2001) explicam que o que separa o desenho uni-

versal destes termos é o foco do desenho universal na inclusão social. Isto está

relacionado ao precedente “separate is not equal” (da concepção de igualdade

de oportunidades) - (Preister e Ostroff, 2001: 15).

O arquiteto Edward Steinfeld (1994: 87) salienta que “o Desenho Universal a-

brange produtos e edifícios acessíveis e utilizáveis por todos, inclusive pelas

pessoas com deficiência”.

[…] o desenho universal tem como idéia principal evitar a necessidade de ambi-

entes e produtos especiais para pessoas com deficiência, no sentido de assegu-

rar que todos possam utilizar todos os componentes do ambiente e todos os

produtos. Existem quatro princípios básicos do desenho universal: o primeiro é

acomodar uma grande gama antropométrica; o segundo princípio é reduzir a

quantidade de energia necessária para utilizar os produtos e o meio ambiente; o

terceiro é tornar o ambiente e os produtos mais abrangentes e o quarto princípio

é a idéia do desenho de sistemas, no sentido de pensar em produtos e ambien-

tes como sistemas, que talvez tenham peças intercambiáveis ou a possibilidade

de acrescentar características para as pessoas que têm necessidades especiais

(idem).

Segundo Takahashi (2000 apud Preiser; Ostroff, 2001), o centro da cidade de

Saitama (Japão) foi modificado e adaptado conforme as regras básicas do de-

Page 28: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 28

sign universal – foram feitas modificações na estação de trem, permitindo mobi-

lidade para todos. Para as pessoas com deficiência visual, utilizou-se o sistema

de pavimento tátil interligando todos os outros prédios à estação de trem através

deste sistema, incluindo contrastes de cores e uma iluminação bastante focali-

zada para as pessoas com visão subnormal. Um sistema de sensor magnético,

que transmite e recebe comunicação, foi montado a partir de sistemas portáteis

de sinais de voz normal, podendo ser ativado em um raio de 20 metros, indican-

do a localização do indivíduo. Esse sistema fornece informações de emergência,

um mapa tridimensional e diretrizes em Braille para os usuários.

Miyake et al. (2001 apud Bustos, 2004) realizaram uma pesquisa na cidade de

Osaka (Japão) com 600 pessoas (deficientes e idosos) para estabelecer o que

realmente é necessário para suprir as necessidades de todas as pessoas em um

parque. A pesquisa permitiu detectar alguns pontos importantes que deveriam

ser considerados: a presença de áreas verdes, devido ao pouco espaço encon-

trado nas residências, existindo desta forma a necessidade de espaços que

permitam um contato com a natureza. A pavimentação com piso-guia e alerta

juntamente com áreas verdes foram essenciais no projeto, pois repercutem psí-

quica e fisicamente, especialmente para as pessoas com deficiência visual.

Outros pontos problemáticos que perturbam o livre acesso e mobilidade foram

levantados em parques como espaços demasiadamente amplos e sem sinaliza-

ção impedindo a pessoa com deficiência visual de orientar-se, caminhos com

superfícies desniveladas, árvores com galhos que invadem o caminho na altura

da face, flores com fragrâncias muito fortes, ruídos de cascata muito fortes, os

quais também perturbam essas pessoas.

Após ter efetuado vários estudos, o autor estabeleceu algumas diretrizes para

projetos com conceito de Design Universal:

Acesso principal: de preferência estar localizado próximo a estações de trens ou ônibus;

Acessos: não deve ser permitido o acesso de carros e motos juntamente com os pedestres;

Page 29: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 29

Caminhos e trajetos: as pessoas com deficiência visual preferem caminhos mais estreitos, com sinalizações táteis, como superfícies com diferentes materiais (piso guia) e as extremidades com uma borda de 10cm de altura, para limitar bem o caminho de outro espaço, auxiliando na orientação e mobilidade;

Materiais e Revestimentos: superfícies anti-reflexivas, não escorregadias, agradáveis ao toque em relação ao som emitido pelo contato da bengala, diferenciação do piso-guia em relação ao sentido do caminho (ida e volta). A utilização de muitos tipos de materiais pode causar excesso de informa-ção. É necessário o uso de cores contrastantes para os deficientes visuais de visão subnormal;

Corrimão: símbolos táteis ou sistema Braille no início e no final; quanto ao material, eles preferem madeira, pois se sentem mais confortáveis;

Escadas: sistema de piso alerta ou diferenciação de superfície antes do primeiro degrau e depois do último, com uma iluminação bastante eficiente, de preferência em cada degrau;

Banheiros: informações em Braille ou em símbolos táteis para todos os u-tensílios do banheiro;

Bancos: as áreas de descanso foram solicitadas a cada 100 metros e os bancos de preferência com algum anexo para segurar as bengalas;

Sinalização: mapas táteis, esculturas, painéis de informação táteis, de pre-ferência executados em um material cuja temperatura no verão não agrida; identificação das diferentes espécies de árvores, plantas, flores; sinalização sonora para facilitar na orientação; plantas com fragrâncias suaves na bor-da dos caminhos; pisos táteis, fontes de água;

Árvores, plantas, flores: para as pessoas com deficiência visual, é de ex-trema importância o contato com os diferentes tipos de tronco, folhas, ga-lhos, flores, frutas, sendo plantados levando em consideração a direção do vento e permitindo, dessa forma, que as fragrâncias se dissipem. Flores com cores laranja, branco e amarelo, para permitir que as pessoas com vi-são subnormal as percebam. Plantas que causem qualquer tipo de alergia não devem ser utilizadas.

A respeito desse projeto, Miyake et al (2001 apud Bustos, 2004) concluem enfa-

tizando que este jardim sensorial, espaço dentro do Parque dos Cegos em Osa-

ka, foi enriquecido na variedade de informações perceptivas, estimulando todos

os sentidos sensórios dos seus usuários e ressaltam que esse parque não só

trouxe a recreação para pessoas portadoras de alguma deficiência, mas também

a interação entre todos os usuários e o meio ambiente.

Page 30: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 30

Para o projeto de espaços públicos que contemplem a orientação e a mobilidade

de usuários portadores de algum tipo de deficiência, é importante considerar os

sete princípios básicos do Design Universal:

Uso eqüitativo: o produto pode ser utilizado por usuários com habili-dades diversas;

Flexibilidade de uso: acomoda uma ampla gama antropométrica e PPDs;

Simples e intuitivo, fácil de entender: independentemente da ex-periência do usuário;

Informação perceptível: informações necessárias para o uso efetivo;

Tolerância ao erro: minimizar os riscos e constrangimentos físicos, sensoriais;

Baixo esforço físico;

Tamanho e espaço para uso e finalidade: tamanho e espaço a-propriados para uma ampla gama antropométrica independente de limi-tações físicas, motoras, sensoriais, cognitivas.

Se faz necessário um estudo mais aprofundado sobre a percepção do espaço

por pessoas deficientes. Para os deficientes visuais, por exemplo, a percepção

sensorial de um espaço acontece pela busca de formas compensatórias, pois

não existe o contato total visual. A percepção na arquitetura é problemática de-

vido à necessidade da noção do espaço quanto a suas formas e dimensões e

das condições dadas pela cor e pela luz.

3.2.1. Fontes de Estímulos e Referências Perceptivas

Segundo Lynch (1980: 18), as imagens do meio devem ser analisadas por três

componentes - identidade, estrutura e o significado - que aparecem sempre jun-

tos. Primeiro temos a identidade quanto à individualidade ou particularidade, de-

pois temos a “imagem que abrange a relação estrutural ou espacial do objeto

com o observador e com os outros objetos” e por último temos o significado que

este objeto tem para o observador, seja ele prático ou emocional.

Page 31: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 31

Todas as categorias de objetos no meio ambiente co-existem e se relacionam,

há uma diferença entre elas quanto à relevância e confiabilidade no que tange à

orientação. A percepção individual, as habilidades, a carga cultural e a experiên-

cia espacial são decisivas para a percepção e o entendimento das organizações

espaciais e do seu significado. A realidade a ser percebida pelo indivíduo em um

espaço está vinculada à disposição e estrutura do local e às atividades humanas

que acontecem nele. Para o entendimento de alguns elementos espaciais e do

motivo pelo qual eles constituem referenciais espaciais para orientação e enten-

dimento do espaço, é preciso que se desenvolva uma série de conceitos inter-

relacionados (Dischinger, 2000 apud Bustos, 2004).

3.2.2. Conceitos de Rotas e Marcos (rutes and landmarks)

Existe uma divergência entre os psicólogos quanto à maneira como se adquire o

conhecimento espacial de novos ambientes. Alguns declaram que o conheci-

mento acontece por meio de estágios sucessivos de reconhecimento de marcos,

rotas e pequenos mapas mentais, desta forma evoluindo para um entendimento

do ambiente. Outros argumentam que não existem estágios fixos no processo

de conhecimento do espaço ambiental e este processo pode se basear na me-

mória de uma seqüência contínua de cenas ambientais. Spencer, Blades e Mor-

sely (1989) afirmam também que diferentes indivíduos poderão usar estratégias

diversas para selecionar informações apropriadas do ambiente, mas essas es-

tratégias têm que envolver necessariamente o reconhecimento de rotas e mar-

cos mesmo que não seja em uma ordem seqüencial.

Existe uma distinção entre rotas, caminhos e ruas. Uma rota tem um ponto de

partida e um destino final e se distingue dos outros conceitos pela intencionali-

dade de movimento no espaço. Ao longo da rota, as intenções individuais e dife-

rentes acontecimentos podem mudar a escolha inicial relacionada com a chega-

da ao destino, afetando a direção, a distância e a duração do movimento. A i-

dentificação das características físicas do espaço percorrido e das atividades

Page 32: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 32

humanas ao longo da rota dá ao indivíduo a capacidade de reconhecer a sua

identidade espacial (Dischinger, 2000 apud Bustos, 2004).

A autora também salienta que, para uma orientação satisfatória, não é suficiente

apenas saber uma rota. Existe a necessidade de relacionar esta rota com outras

e de localizar a sua posição relativa em um espaço maior. Os marcos (land-

marks) são essenciais para o reconhecimento das relações espaciais entre obje-

tos, rotas e lugares. A percepção dos marcos difere de pessoa para pessoa, de-

pendendo de fatores como idade, bagagem cultural, profissão, etc.

Segundo Long e Hill (2000 apud Bustos, 2004), entende-se por marco (land-

marks) uma característica perceptível do ambiente que permite ao indivíduo que

se desloca num determinado espaço saber a sua precisa localização em um

ambiente conhecido. Hill e Ponder (1976 apud Long; Hill, 2000) definem marcos

como qualquer objeto, som, odor, temperatura, textura ou informação visual fa-

miliar que sejam facilmente reconhecidas, sejam constantes e tenham uma loca-

lização permanente e discreta no ambiente conhecido do indivíduo.

Spencer, Blades e Morsley (1989, apud Dishingser, 2000) distinguem marcos

como referências permanentes ou dinâmicas – espaciais, dependendo da sua

constância no tempo e espaço; por exemplo, no verão, em algumas ruas, a pre-

sença de camelôs pode constituir um marco em uma determinada rua que a di-

fere das outras, mesmo que seja sazonal. Ônibus e trens locais também podem

ser considerados como marcos dinâmicos. Dischinger (2000) sugeriu, em sua

dissertação de mestrado, a diferenciação de marcos e marcos cíclicos (land-

marks and cyclical landmarks). Em países de clima temperado, as estações po-

dem afetar os atributos de elementos naturais e o local sofre mudanças radicais.

Para a avaliação do caráter dos marcos como permanentes, cíclicos ou dinâmi-

cos, a freqüência e a duração da experiência espacial do indivíduo no ambiente

têm um papel importante.

Marcos Permanentes (permanent landmarks) – São aqueles que permanecem no local por um período relativamente longo, sem mudanças significativas; por exemplo: montanhas, rochas, árvores, estrelas e cons-truções realizadas pelo homem como pontes, edifícios, portos, etc.

Page 33: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 33

Marcos Cíclicos (Cyclical Landmarks) – São aqueles que ou possuem uma localização periódica em um determinado espaço ou são permanen-tes no espaço, mas sofrem mudanças significativas recorrentes; por exem-plo, elementos naturais que são afetados pelas diferentes estações do ano ou pelos ciclos de dia e noite, como locais externos iluminados à noite ou outdoors.

Marcos Dinâmicos (Dinamic Landmarks) – Estes marcos têm como característica a presença em um local por período de tempo relativamente curto (periódico ou não), por exemplo, atividades humanas, sol e vento, trá-fego de veículos, sons, etc. Mesmo que estes marcos sejam menos confiá-veis do que os elementos permanentes e cíclicos, eles poderão ser cruciais na definição do caráter e identidade de um lugar e, portanto, devem ser considerados.

Noções de Distância e Direção – Spencer, Blades e Morsely (1989 apud Dischinger, 2000) salientam que a avaliação da distância é afetada por elementos como eventos interessantes presentes ou não na rota, o grau de dificuldade do movimento, o movimento de subida ou decida de uma ladeira. Estes podem afetar as sensações causadas por dimensões espaciais similares, por exemplo, uma rota pode parecer muito mais longa quando está repleta de itens interessantes para o observador, do que outra com a mesma distância, mas desinteressante.

A sensação de direção é ligada duplamente tanto à percepção das estruturas

corporais do indivíduo em relação ao ambiente, quanto à percepção visual de

objetos e lugares em relação a outros objetos e lugares. A orientação depende

principalmente da possibilidade de estabelecer relações entre rotas e marcos. O

conhecimento da posição relativa entre rotas depende muito da relação entre

suas intersecções (perpendicular, oblíqua, etc.). Na falta ou redução de informa-

ção visual, a sensação de direção dependerá principalmente das estruturas de

referências proprioceptivas do indivíduo (sentido de orientação e sentido hápti-

co) e das possibilidades de reconhecimento de marcos externos. Os sons po-

dem ser das mais importantes fontes de informação extereoceptivas seguidas do

olfato em um grau muito inferior.

Os dados da Tabela 1 :: Fontes de informações não visuais e potenciais significados - foram

extraídos do trabalho de Dischinger (2000) desenvolvido a partir da teoria de

Gibson, que descreve e classifica o sistema perceptual. O propósito é mostrar

alguns exemplos sobre a forte relação que existe entre as fontes dinâmicas e

permanentes do meio ambiente e seu real significado, podendo, assim, ajudar

em projetos de espaços que sejam adequados para as pessoas com deficiência

Page 34: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 34

visual (Dischinger, 2000 apud Bustos, 2004).

Fontes de Estímulos

Canais Per-ceptivos

Estímulos Obtidos Resultados e Informações

Potenciais Significados

Vento Sistema háp-tico e auditivo

Pressões diferentes e temperatura senti-da pela pele. Vibração do ar (sons)

Direções, intensi-dades e tempera-turas do vento. Sons do vento.

Paredes abertas, localização nas ruas e orientações geo-gráficas. Esquinas, conhecimento de espaços que ventam, cobrem ou alteram outra informação sonora.

Sol e sombra Sistema háp-tico

Diferentes tempera-turas sentidas pela pele, visão da luz (para pessoas que ainda podem distin-guir a luz).

Diferentes tempe-raturas, claras e escuras. Efeitos de reflexo.

Lados das ruas, presença de vegetação, edificações e ver-ticalidades, superfícies hori-zontais, orientação geográfi-ca, noção de tempo.

Movimento próprio

Sistema de orientação básica e sis-tema háptico Percepção do tempo

Força da gravidade e aceleração, de-formação de teci-dos, articulações; configuração Eventos seqüenciais e instanciais.

Equilíbrio do cor-po, direções e acelerações do movimento, posi-cionamento do corpo, duração e ritmo.

Posição relativa no espaço, velocidade, ritmo do movi-mento, direção e distância, noções de movimento e a-ções, noções de seqüência, ritmo, e duração dos movi-mentos e eventos.

Diferentes sons

Sistema audi-tivo

Vibração no ar Natureza e locali-zação de todos os tipos de eventos vibratórios.

Significado da comunicação humana, reconhecimento e localização de close e distân-cia de eventos e atividades, confirmação de posições rela-tivas no espaço, dimensões de espaços, localização de paredes verticais e aberturas.

Diferentes cheiros

Sistema olfa-tivo e gustati-vo

Substâncias quími-cas no ar.

Natureza e locali-zação de ativida-des e elementos espaciais que possuem cheiro.

Pode confirmar a localização de um espaço (cheiro de fu-maça marcando áreas indus-triais) ou identificando ativida-des (cheiro de padaria, far-mácia) e conseqüentemente confirmando a localização relativa no espaço.

Superfícies; dimensões, formas, ní-veis e textu-ras

Sistema de orientação básica e sis-tema háptico

Deformação dos tecidos, configura-ção das articula-ções, forças da gra-vidade

Contato com a terra, encontros mecânicos, formas de objetos, estado dos materiais, solidez ou viscosi-dade.

Hierarquia e função de cami-nhos, rotas, declividade, tex-tura, tipos de superfícies de materiais, formas e dimen-sões, distância e direções, localização no espaço.

Tabela 1 :: Fontes de informações não visuais e potenciais significados8

8 Dischinger, M. Designing For All Senses: Accessible spaces for visually impaired citizens, 2000: 218. Tradução de Carolina Bustos em dez. 2003.

Page 35: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 35

Conforme um estudo de Rapoport e Hawkes (1970), existem três níveis essen-

ciais de interação entre o homem e seu meio que são: o avaliativo e afetivo, o

mental cognitivo e o perceptivo-sensorial. Eles salientam que o espaço é expe-

rimentado como uma extensão tridimensional do mundo que nos circunda, exis-

tindo intervalos, relações e distâncias entre pessoas, entre pessoas e coisas, e

entre coisas. O espaço edificado é uma instituição de significados, tendo, como

conseqüência, a conversão de elementos importantes como, os materiais, as

formas e os detalhes.

As autoras salientam que é crítico isolar as variáveis percebidas pelo nosso sis-

tema sensorial, apesar de sermos ativos na nossa consciência para informações

visuais e sonoras, desta forma concluindo que "os nossos sentidos trabalham

como sistemas perceptivos integrados". Existe a necessidade de compreender,

antes de tudo, “quais os principais problemas na obtenção de informações em

relação à organização do espaço, eventos e qualidade de um lugar” (Dischinger;

Bins Ely, 1999: 4).

Os resultados da pesquisa de campo sobre as questões do Design Universal no

locus estudado podem ser encontrados na página … deste relatório.

Page 36: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 36

3.3. UM OLHAR ANTROPOLÓGICO

3.3.1. Problematização

Desvelar todos os fenômenos responsáveis pelo processo de constituição da

identidade9 de uma cidade é tarefa que requer um amplo conjunto de reflexões

que abranja diversas áreas dos saberes. Esta parte do nosso trabalho pretende,

com auxílio de um instrumental teórico construído pelas humanidades, em espe-

cial da antropologia, analisar um desses fenômenos e seus efeitos em uma área delimitada da cidade de Porto Alegre. A área já foi citada na justificativa do pro-

jeto (trecho da Avenida Bento Gonçalves, bairro Partenon), o fenômeno pode

assim ser descrito: a cidade, que é tecida por fluxos e contra-fluxos comunica-

cionais, comporta também o seu oposto: a cidade é constituída de fluxos comu-

nicacionais que não mais comunicam, são fluxos de códigos urbanos que deve-

riam emanar de suportes materiais, mas estão bloqueados, são significantes

sem significados, ou ainda, são significantes re-significados – mensagens que

adquiriram outros sentidos em relação àquele primordial.

Há todo um conjunto de nomes de logradouros, mas principalmente de estrutura

material: estátuas, monumentos, paisagens, anúncios e propagandas, vestígios

de edificações (e de comunicação visual), que resistiram ao não planejamento

do desenvolvimento metropolitano de uma cidade como Porto Alegre – e hoje

são exemplares de um passado mais ou menos longínquo – que não comunica

nada ao habitante da cidade do presente – significantes desconectados dos

seus significados. São ilhas de signos perdidas no território da urbs: pouco co-

municam do seu significado original, pouco podem dizer ao passante, ao mora-

dor e àquele que na área selecionada trabalha, pois, ou falta a esses um reper-

tório que possibilite ouvir, desbloquear uma comunicação bloqueada pelo tempo,

ou o isolamento e a descontextualização do suporte desses significantes impos-

9 Identidade aqui no sentido antropológico, ou seja, da identificação do sujeito com elementos fundantes da cultura na qual está inserido e da qual é elemento ativo: o sujeito faz (e está na) cultura e; a cultura faz (e está no) sujeito.

Page 37: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 37

sibilitam que sejam sequer percebidos, afinal adquiriram novos e inusitados sen-

tidos em outros contextos. Nessa mesma direção, podemos encontrar na cidade

entes urbanos que foram re-significados (ou recodificados) pelas percepções

daqueles que nela moram ou trabalham.

Assim, quais são esses significantes sem significados (ou resignificados / recodi-

ficados / reinterpretados) que povoam o lócus deste estudo? Porque esses flu-

xos comunicacionais estão bloqueados ou redirecionados? Quais são alguns

desses novos significados que esses entes urbanos incorporaram? Como hoje,

passantes, moradores e trabalhadores da região onde se encontram, os inter-

pretam, os escutam e se comunicam dialogicamente com eles? É possível – ou

necessário para sua preservação – desbloquear ou recuperar sua rede de signi-

ficados original que dava sentido a esses elementos ou elas estão completa-

mente dissolvidas? Eis algumas das muitas questões que nortearão essa parte

de nosso estudo.

Page 38: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 38

4. MÉTODOS DE PESQUISA

Neste capítulo apresenta-se um conjunto de Métodos de Pesquisa (levantamen-

to visual ambiental, formulação de cenas urbanas, adequação ao design univer-

sal, análise de dados da antropologia urbana e da forma urbana) relacionados

às diversas áreas do conhecimento envolvidas neste trabalho. A abordagem

multidisciplinar efetua-se na prática desses métodos, à medida que procuram

desvelar os vários aspectos significativos do locus. A idéia é capturar a comple-

xidade da comunicação visual na paisagem urbana através de diferentes pers-

pectivas que, analisadas em conjunto, possibilitem o entendimento do todo. Os

procedimentos convergem para prognosticar se há, no local de estudo, aspectos

visuais significativos da identidade local que se configuram inadequados do pon-

to de vista comunicacional.

4.1. MÉTODO DE LEVANTAMENTO VISUAL AMBIENTAL

Segundo Claire Selltiz, qualquer que seja o objetivo do estudo, o pesquisador

enfrenta quatro questões amplas: (1) O que deve ser observado? (2) Como re-

gistrar as observações? (3) Que processos devem ser usados para tentar garan-

tir a exatidão da observação? (4) Que relação deve existir entre o observador e

o observado, e como é possível estabelecer tal relação (1974: 230).

A seguir, apresenta-se o procedimento de pesquisa piloto que foi aplicado para

“sentir” as potencialidades do espaço urbano escolhido. O método foi anterior-

mente testado em São Paulo10 atendendo às questões supracitadas.

1. Intuindo uma capacidade de recortar características do entorno que se

ajustem às preferências pessoais ou entrem em conflito causando ima- 10 TINOCO, A., 2000 e 2001

Page 39: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 39

gens positivas ou negativas, as percepções ambientais foram registradas

por estudantes da ESPM permitindo quantificar os elementos isolados do

entorno através dos seus olhares (mesmo levando em consideração que

se trata de um grupo de indivíduos culturalmente homogêneos).

2. As observações foram registradas mediante desenhos rápidos, fotogra-

fias, e um comentário verbal.

3. O estudo do caso da avenida Bento Gonçalves deveria considerar re-

presentantes das diversas camadas sociais e culturais selecionados entre

a população residente e flutuante, assim como usuários habituais e espo-

rádicos e não apenas restringir-se à análise das percepções de um grupo

de indivíduos homogêneos. No entanto, devido à restrição da linguagem

gráfica, optou-se por diversificar os perceptores somente na pesquisa fo-

cada em “Método do Design Universal” (ver item 4.3.).

4. A estratégia desenvolvida para compreender a situação da avenida

Bento Gonçalves leva em conta os olhares de um grupo de pessoas que

não freqüentam esse “pedaço” porto-alegrense. Indivíduos residentes ha-

bituados com a paisagem e com os percursos possuem visões distintas

de visitantes daquele lugar. Ambos percebem a situação através de filtros

culturais, temporais, pessoais e lhes conferem atributos próprios mas, a

conduta em relação à situação percebida, é regida pelo grau de afetivida-

de com o local.

As perguntas que se quer responder, e que serão fundamentais para os objeti-

vos desta pesquisa, são:

Quais elementos da paisagem urbana são visualmente significativos para um pedestre?

A quantidade de tais elementos influencia na qualidade da paisagem?

Segundo Amos Rapoport, o ambiente urbano deve ajustar-se aos critérios de

Page 40: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 40

qualidade ambiental idealizados por seus possíveis usuários. Cada grupo tem

uma imagem particular do que é um entorno de qualidade e o afeto é um fator

determinante da conduta, a pesar das variáveis ou constantes culturais (1978:

63). Podemos considerar com cultura constante um grupo de pessoas que

compartilham um conjunto de valores, crenças e possuem regras e costumes

que não são conflitantes. Os estudiosos da percepção são uníssonos em afirmar

que a maioria das informações é recebida visualmente. Olhar não é apenas diri-

gir os olhos para perceber a realidade, é de certa forma ser um guardião daque-

le objeto na imagem que fizemos dele, e o que se quis ver buscando informa-

ções e significados. Uma das opções de pesquisa pode ser um cuidadoso levan-

tamento dos elementos implantadas nas ruas, avenidas, espaços públicos usa-

dos por pedestres, mas os resultados não evidenciariam o que é visualmente

significativo para eles.

O método de “Levantamento Visual Ambiental” foi aplicado pela primeira vez no

bairro paulistano Itaim Bibi por um seleto grupo que permitiu o emprego de uma

linguagem de expressão particular – o desenho. O desenho rapidamente traduz

o objeto percebido; é um recurso que facilita um recorte sintético daquilo que é

significativo. Segundo Lucrécia D’Alessio Ferrara, a representação não substitui

o objeto em todos os seus aspectos, mas é parcial na medida em que seleciona

ângulos ou faces do objeto que se quer representar (“Percepção ambiental”,

1996: 63).

Na evolução da linguagem, a representação gráfica precede a escrita e se confi-

gura instrumento técnico eficiente no registro da realidade observada. O dese-

nho pode ser executado rapidamente sem a censura de ser uma “boa” ou “má”

representação do que foi visto. Mapas, plantas, perspectivas permitem abstrair

objetos de seu entorno recriando as situações como elas foram percebidas no

local. Manfredo Massironi afirma que a eficácia do desenho linear pode dizer-

nos algo sobre os modos como percebemos e codificamos o próprio mundo

(1982: 34). A pesquisa realizada no Itaim Bibi11 tratou de conhecer a percepção

11 TINOCO, A., 2003

Page 41: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 41

do cidadão, não freqüentador do local, ao contemplar a situação do jeito que ela

se configura para o pedestre da cidade. Captar o olhar estrangeiro (daquele que

não pertence a aquele lugar) não de um pedestre qualquer, mas de um grupo

muito especial composto por jovens que, em potencial serão futuros modelado-

res do espaço urbano: os estudantes de Arquitetura e Urbanismo. No caso da

avenida Bento Gonçalves, os perceptores que irão registrar os elementos signifi-

cativos da paisagem são estudantes do 4º semestre do Curso de Design da

ESPM-PoA.

Kevin Linch recomenda como uma das técnicas de pesquisa da percepção am-

biental o desenho rápido de um mapa da área em questão mostrando suas ca-

racterísticas mais importantes e interessantes (1997: 178). No entanto, o dese-

nho como expressão da percepção visual procedimento implica em certa familia-

ridade com a linguagem do desenho, caso contrário o verbo ainda é um meio de

expressão mais eficiente.

O experimento do Itaim Bibi concluiu que para os “mapas mentais” serem repre-

sentações significativas de imagens mentais, os visitantes deviam ter realizado o

percurso espontaneamente, mais de uma vez e não se devia permitir que os

elementos notados fossem registrados. Quando houve consulta aos desenhos e

fotografias, os mapas resultantes foram bem mais esclarecedores. A experiência

do olhar e do caminhar somaram-se ao registro gráfico que já isolara o elemento

tornando-o visível. Com os desenhos e fotos a mão, os elementos percebidos

ajudaram a recordar sua localização, direções dos percursos, sons, odores e até

nome de logradouros. Apesar desta riqueza de percepções os mapas nada a-

crescentaram aos elementos já registrados com a técnica “Levantamento Visual

Ambiental”, portanto foram descartados como material de análise das referên-

cias visuais. Acreditamos que o procedimento do “mapa mental” utilizado por

Linch em suas pesquisas somente pode ser aplicado ao caso de POA se os

“perceptores” tiverem familiaridade com o espaço estudado. Tal familiaridade

será detectada nas questões formuladas pelo “Método Design Universal”.

Page 42: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 42

Operacionalidade do experimento na Av. Bento Gonçalves

Os perceptores de 2008/1 foram 10 alunos e 26 em 2008/2 – todos matriculados

na disciplina de Design de Sistemas Informacionais da ESPM-RS.

I - O exercício de percepção foi explicado em sala de aula (ver anexo – Levan-

tamento Perceptivo). Foi combinado que na aula seguinte o grupo se encontraria

e seguiria para a área em questão – a avenida Bento Gonçalves. A principio

houve bastante resistência dos alunos quanto ao local escolhido.

II - No dia combinado, 19/05, a turma de 10 alunos12 foi transportada de van da

sede da ESPM Porto Alegre para a avenida chegando lá as 08h00min. Os alu-

nos foram liberados para percorrer a área, fazendo no mínimo 10 registros atra-

vés de desenhos e fotografia. Foi estipulado que os mesmos teriam o trecho se-

lecionado para percorrer livremente e que poderiam adentrar por volta de 50 me-

tros nas ruas adjacentes. Foi estipulado também um tempo de 01h00minh (al-

guns alunos realizaram os registros em menos tempo).

III - Na aula seguinte, 20/05, em sala de aula, os alunos trabalharam sobre os

registros, desenhos e fotografias feitos. Sobre os registros fotográficos foram

colocados acetatos e nestes foram trabalhados os aspectos/estímulos visuais.

Após foram feitas cópias em preto dos acetatos e novamente foram trabalhados

os principais estímulos visuais através de reforço de linhas, texturas e/ou cores.

O trabalho não pode ser finalizado em aula, e ficou para ser acabado individual-

mente.

IV – No dia 26/05 os trabalhos foram apresentados e entregues. Foi feita uma

explanação sobre aspectos da percepção, tendo como exemplo os trabalhos dos

alunos, e uma avaliação dos resultados. Os alunos colocaram que acharam o

trabalho interessante e prazeroso de ser feito, porém alguns reiteraram a resis-

tência ao lugar.

Fabiano atualiza estes dados

12 Somente 9 alunos entregaram o trabalho completo no prazo estipulado.

Page 43: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 43

Análise dos dados coletados

Do ponto de vista quantitativo foram realizados, respectivamente, 91+262 dese-

nhos mediante os quais se registraram 198+446 elementos da paisagem do pe-

daço percorrido.

Quanto ao tipo de enquadramento ou olhar, 83.5% foram focos em detalhes,

9.8% frontal e somente 6.6% registraram uma perspectiva. Tais números nos

levam a ponderar qual seria o motivo dessa enorme quantidade de olhares para

perto em detrimento de conjuntos mais amplos e paisagens. Será uma peculiari-

dade desse específico grupo de perceptores a preocupação com detalhes? No

2º evento, confirmou-se a mesma incidência, portanto, trataremos de analisar o

motivo. Fabiano

Quanto à diversidade de elementos percebidos, em PoA encontramos 14 cate-

gorias diferentes13 (considerando aqueles que comparecem com freqüência su-

perior a 3) mas somente 7 deles alcançam índices acima de 5%.

Figura 8 :: Exemplo de regis-tro dos elementos (nº 337) que foram significativos para um dos perceptores. Primei-ro em desenho rápido e pos-teriormente em fotografia para auxiliar na interpreta-ção das linhas – aparente-mente “mal traçadas”. Neste caso, um detalhe ar-quitetônico insignificante na fotografia foi evidenciado e tornado visível no desenho rápido assim como a pers-pectiva que o traçado da avenida permite desfrutar.

13 Ver tabela completa no anexo.

Page 44: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 44

Tabela 2 - Quantificação dos elementos percebidos na paisagem da Av. Bento Gonçalves

No quadro a seguir, os dados relevantes são mostrados separados por evento.

2008/1 2008/2

Quant. de alunos 9 26

Quant. de desenhos 91 262

Quant. de elem. registrados 195 446

Publicidade 14,14 % 28,03 %

Elem. arquitetônicos 17,17 % 17,26 %

Árvore / vegetação / canteiro / jardineira 8,21 5,16

Coisas diversas que aparecem + de 4 vezes 17,17 % 7,40 %

Calçada / guia 10,77% 6,28%

Gradil / grade / cerca 8,08 % 5,61

Grafiti / pichação 6,60 3,14

Page 45: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 45

Pode-se constatar que a publicidade comparece com um índice relativamente

alto em relação aos demais elementos. Esse dado deve ser relativizado uma vez

que os estudantes/perceptores estavam realizando um trabalho para a disciplina

“Design de Sistemas Informacionais”. Por mais que o professor orientasse que

os olhares deveriam ser o mais universal possível, compreende-se o foco para

esses elementos da paisagem.

Figura 9 :: Painel publicitário – foi registrada a ilustração do empreendimento imobiliário. Detalhes arquitetônicos foram representados, no entanto não houve registro de

um todo ou de qualquer marco de grande porte da paisagem urbana. Os enqua-

dramentos são para baixo, na altura do olho ou, em poucos casos, até o outro

lado da rua. Somente uma paisagem ampla foi observada. Podemos atribuir à

técnica do desenho de 1 minuto o fato dos alunos não se aventurarem a repre-

sentar uma cena de maior complexidade ou, por outro lado, à falta de qualquer

marco de suficiente impacto visual que merecesse o esforço. Cabe ressaltar

que, mesmo após orientação especifica sobre a questão da importância do ân-

gulo visual, somente 6,50 desenhos representaram a visão em perspectiva;

61,45 foram posições frontais e - apesar de recomendações contrárias - 31,00%

continuou representando detalhes/frações de objetos.

Desprendem-se, numa análise inicial do conjunto de fotografias que fazem parte

do “Levantamento Ambiental Perceptivo” realizado em trechos da Av. Bento

Gonçalves, duas principais formas de olhar aquela paisagem.

Uma primeira parece deter-se nos detalhes que confirmam uma prévia idéia (ou

Page 46: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 46

sensação) da desarmonia urbana que o local transmite para aqueles que por lá

circulam. Trata-se de um conjunto de elementos (sujeira espalhada ao longo da

avenida, rachaduras nas calçadas e edificações, “gambiarras” na fiação elétrica

e na iluminação pública e particular, reformas e reparações “criativas” do enca-

namento de algumas residências, graffiti, sobreposição de textos e imagens nos

letreiros e anúncios, entre outros) fotografados em plano médio ou em foco fe-

chado. Esse primeiro grupo de elementos que “chamaram a atenção” dos alu-

nos, quando observados em conjunto, parece denunciar que a área em estudo

representa um claro exemplo de caos urbanístico: um lugar feio para estar e

passar - o que reforça a relutância dos estudantes quanto a escolha do local re-

gistrada pelo coordenador do trabalho.

Figuras 10 e 11

No segundo grupo encontramos a atenção focada para elementos (ainda em

detalhes) que poderiam representar uma tentativa de “estetizar a feiúra”, ou tal-

vez, na melhor das boas intenções, descobrir no meio do caos elementos “poéti-

cos” que amenizassem o feio: uma árvore filtrada por raios de sol, um graffiti

artístico, a singeleza de uma caixa de correspondências etc).

Page 47: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 47

Figura 14

Fica em evidência uma clara opção pelo

“de perto”, em detrimento do “de longe”,

de “imagens em planos abertos e pers-

pectivas” que talvez reforçassem ainda

mais aquele caos já mencionado, e ainda

devemos salientar a quantidade de fotografias (olhares) de anúncios publicitá-

rios, parte integrante da paisagem que muito nos interessa neste estudo. A repe-

tição do experimento piloto de 2008/1 realizado em 2008/2 após uma reflexão

por parte dos participantes e do coordenador do trabalho sobre as imagens cap-

tadas – mesmo após as devidas correções de rumo no experimento do segundo

semestre – não trouxe novas vertentes de análise. Seguem alguns elementos

registrados no segundo evento.

Figura 12 Figura 13

Page 48: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 48

Figura 15 :: Registro de detalhe arquitetônico.

Figura 16 :: Esta placa de sinali-zação vertical para pedestres foi registrada por diversos percep-tores.

Figura 17 :: Este registro evidencia a percepção do elemento arquitetônico “barra” e o número da casa com a mesma hierarquia que a pixação.

Page 49: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 49

Considerações sobre os resultados

Ao iniciar este Levantamento Visual Ambiental nos perguntávamos quais ele-

mentos da paisagem urbana são visualmente significativos para um pedestre e a

resposta – para este grupo de perceptores – pode ser lida na Tabela 2 - Quanti-

ficação dos elementos percebidos na paisagem da Av. Bento Gonçalves).

Quanto à outra dúvida inicial, aquela sobre se a quantidade de tais elementos

influencia na qualidade da paisagem, esperamos que o Método das Cenas Ur-

banas e o olhar antropológico a responda satisfatoriamente.

Retomando as questões centrais do projeto, o método de pesquisa “Levanta-

mento Visual Ambiental”:

. se mostrou adequado para prognóstico da situação por permitir visualizar

através dos registros dos perceptores o que há de mais evidente para um grupo

de passantes. Recomenda-se que o universo dos perceptores seja mais diversi-

ficado - talvez saindo do âmbito da disciplina Design de sistemas informacionais

os resultados sejam menos tendenciosos.

. a pergunta se há nesse trecho da avenida Bento Gonçalves aspectos visuais significativos da identidade do local que se configuram como inadequados

do ponto de vista comunicacional pode ser respondida analisando as categorias

representadas pelos perceptores que – em sua ampla maioria – são detalhes

“insignificantes” e muitos deles até negativos da paisagem urbana. O empreen-

dimento imobiliário ainda em construção, a despeito da sua magnitude, quase

não aparece nos registros ou, quando foi notado, foram somente os elementos

publicitários do empreendimento.

Quanto ao objetivo específico da pesquisa de verificar se este método pode contribuir para elaborar uma proposta de metodologia de diagnóstico, con-

sideramos o Levantamento Visual – mesmo com resultados tendenciosos – a-

propriado para quantificar os elementos significativos da paisagem percebidos.

Page 50: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 50

4.2. MÉTODO DE ANÁLISE DA FORMA URBANA

No inicio do séc. XX, a teoria atomista ou associacionista dizia que a percepção

é um processo de baixo para cima, pois é o resultado da adição de várias sen-

sações elementares.

Posteriormente a teoria gestaltista revela que a percepção é um processo de

cima para baixo, pois parte do todo para os detalhes e ainda, o todo não é igual

à soma de suas partes. A partir de experimentos, os gestaltistas precisaram cer-

tas constantes quanto à maneira como se ordenam ou se estruturam as formas

psicologicamente percebidas. São denominados padrões, fatores, princípios bá-

sicos ou leis de organização da forma perceptual. O princípio geral é o da preg-

nância da forma ou força estrutural que impele ao sentido da clareza, da unida-

de, do equilíbrio. As forças mais simples são as que regem a segregação e unifi-

cação. A primeira em função da desigualdade de estímulos, a segunda, em fun-

ção da igualdade de estímulo. Outras forças são: fechamento pois existe a ten-

dência de unir e estabelecer ligações; seqüência ou boa continuidade pois toda

unidade tende a se prolongar na mesma direção e com mesmo movimento; pro-

ximidade - elementos próximos tendem a constituir unidade; grupamento pois a

semelhança de elementos tende a constituir igualdade.

Nesse contexto, Maria Elaine Kohlsdorf (1996) no seu estudo da percepção do

espaço urbano e arquitetônico, propõe um método de análise da forma urbana.

O método utilizado compõe-se de uma série de técnicas, que se organizam em

dois conjuntos: um sistema analítico, que tem por finalidade revelar as caracte-

rísticas essenciais das morfologias publicitárias de exterior no seu contexto; e

um sistema avaliativo, aplicável às estruturas plásticas provenientes das análi-

ses que objetiva inferir seus desempenhos informativos.

No procedimento proposto a forma é definida como os limites exteriores da ma-

téria de que é construído um corpo. E confere os seguintes desempenhos morfo-

lógicos, dentre outros:

- Dimensão funcional;

- Dimensão expressiva;

Page 51: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 51

- Dimensão simbólica (inerente a qualquer processo de percepção, pois, mesmo

inconscientemente, o indivíduo estabelece associações entre as formas per-

cebidas e os significados a que essas lhe remetem);

- Dimensão bioclimática;

- Dimensão topoceptiva;

- Dimensão econômica;

Para este estudo da comunicação, mais precisamente da comunicação visual no

ambiente urbano, as dimensões funcional (por exemplo, configurações e rela-

ções dos espaços), expressiva (configuração e composição plástica) e topo-ceptiva (padrões espaciais e orientbilidade e identificabilidade) são as mais des-

tacadas, sendo a última a mais preponderante.

O termo topocepção refere-se à noção de lugar, mais precisamente, a localiza-

ção do corpo no espaço. É uma estrutura cognitiva básica construída permanen-

temente durante o ciclo vital dos indivíduos. Apóia-se na percepção, que decodi-

fica informações captadas pelo sistema sensorial remoto. Beneficia-se da me-

mória e das experiências progressas (imagem mental). Pode ter qualidade dis-

tinta em situações diferentes, pois depende do nível de informação visual ofere-

cido pela forma do espaço ao observador.

Na avaliação topoceptiva de um espaço urbano ainda deve-se levar em conside-

ração as características estruturais, ou seja, os efeitos semânticos, os fenôme-

nos de configuração e as leis de composição plástica. Os efeitos semânticos,

segundo Kohlsdorf (2000) se originam na abordagem da forma dos lugares co-

mo um sistema de signos, onde as diversas composições plásticas possíveis

constroem qualidades que representam a relação triádica da semiótica Peirciana

– entre o objeto (um determinado fenômeno, o espaço), seu signo (a partir de

seus sinais, o efeito de sua composição plástica) e o sujeito que o observa.

Neste contexto, a principal qualidade semântica, tratando-se das expectativas

sociais, é a legibilidade. Na legibilidade de um espaço urbano interferem a preg-

nância (que por sua vez, pode ser subdividida em outras qualidades semânticas

tais como a clareza, a dominância, a originalidade, a associatividade, a comple-

Page 52: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 52

xidade e a variabilidade), a individualidade e a continuidade. Ainda segundo Ko-

hlsdorf (2000) os fenômenos de configuração exploram a composição figurativa

como produto de tensões – unidade x diversidade, comum x especial, continui-

dade x mudança, etc. E, por sua vez, as leis de composição plástica são leis de

organização das formas que examinam a natureza e as relações entre seus

componentes, destacando suas estruturas através de eventos como a formação

de totalidades, segregação e unificação, proximidade, semelhança e continuida-

de de direção entre outras nas quais ainda interferem a tensão, o equilíbrio, o

movimento (o tempo e o ritmo), a luz e a cor.

Nesse contexto entram os conceitos de legibilidade e imageabilidade desenvol-

vidos por Lynch (1960) que, respectivamente, representam a facilidade com que

as partes podem ser reconhecidas e organizadas em um padrão coerente e a

qualidade de um objeto físico que lhe dá alta probabilidade de evocar uma forte

imagem em qualquer observador. Assim, no que diz respeito ao desempenho

informativo – a legibilidade e as capacidades de orientar, de identificar e de es-

tímulo do ambiente, encontramos que o trecho estudado da Avenida Bento Gon-

çalves apresenta uma legibilidade e uma imageabilidade fracas, resultante da

falta de pregnância, da falta de contraste (exceção feita as mídias e aos elemen-

tos de sinalização comerciais) além uma estrutura plástica pouco diversa, ape-

sar de apresentar pouca continuidade e semelhança.

Nesse contexto, percepção é a ação da inteligência sobre as sensações. Per-

cepção é ainda conhecimento, nos níveis cognitivos: percepção e imagem men-

tal, e representação geométrica secundária do espaço.

Neste sentido, podemos classificar as seguintes categorias morfológicas analíti-

cas, que podem trazer a tona diferentes aspectos da percepção visual do ambi-

ente: atributos morfológicos percebidos, atributos morfológicos imaginados e

atributos morfológicos para representação secundária.

Caracterizando-se a percepção como apreensão, em movimento, de predicados

topológicos e perspectivos dos lugares observados, desenvolveu-se a técnica da

análise seqüencial, que parte do registro de cenas contidas nos diversos cones

Page 53: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 53

visuais componentes do percurso do observador, e atinge a representação visu-

al da estrutura do espaço percebido (pautas de eventos seqüenciais). A análise

seqüencial realiza essa passagem através da descrição de eventos (estações,

intervalos métricos e temporais, campos visuais e efeitos visuais, subdivididos

em uma série de outros), que são processados, manualmente ou de forma in-

formatizada, para a obtenção das características estruturais de cada seqüência.

Estas têm papel fundamental no sistema de avaliação do comportamento infor-

mativo das morfologias arquitetônicas na percepção.

Dentro das técnicas analíticas relacionadas à percepção, os principais eventos

seqüenciais que aplicaremos podem ser sumariamente definidos como:

Estações: correspondem aos momentos em que o observador registra per-ceptualmente a forma do lugar por onde se desloca, significando que houve consciência dos estímulos sensoriais recebidos, e uma seleção de pontos de observação.

Intervalos: expressam as distâncias entre as estações, e o tempo gasto no percurso entre as mesmas, podendo ou não ser iguais e constantes.

Campos visuais: são, na verdade, cones, e ocupam a porção de espaço coberta pela vista do observador, em cada estação, apresentando-se em número e posição variados ao longo da seqüência, podendo ser classifica-dos em frontal, lateral (direita e esquerda) e frontal posterior.

Efeitos visuais: constituem o produto percepcionado dos sinais recebidos pelo observador, construindo, assim, a estrutura topológica e perspectiva dos campos visuais, mas também a caracterizando sob outros aspectos, como intensidade dos efeitos, predominância de efeitos visuais de campo amplo ou restrito, etc.

Dentro das técnicas analíticas relacionadas às informações secundárias, po-

dem-se definir as seguintes categorias morfológicas, no que se refere ao objeto

de estudo deste trabalho:

Sítio físico: examina como o contexto do ambiente urbano participa (ou au-senta-se) da configuração do entorno da mídia.

Planta baixa: analisa a configuração da implantação da mídia e das edifica-ções do entorno imediato, que significam suas projeções ortogonais no

Page 54: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 54

plano horizontal, através dos elementos: malha (composição das linhas dos eixos correspondentes aos espaços de circulação, como corredores, etc.) e parcelas (composição dos polígonos, correspondentes aos espaços adja-centes àqueles de circulação).

Conjunto de planos verticais: estuda a composição plástica das projeções ortogonais no plano vertical da mídia e de edificações do entorno imediato através de: linha de coroamento (delimitação das fachadas, cortes e perfis), sistema de pontuações (relações entre as maiores alturas da linha de coro-amento), linhas de força (expressão da lei do equilíbrio, em cada composi-ção no plano vertical).

Composição plástica: observa a forma das mídias e das edificações do en-torno imediato através de: relação da mídia com as edificações próximas e o espaço público (contigüidade X intersticialidade dos volumes, graus de transição público versus privado), volumetria (caracterização geométrica e plástica do volume edificado), fachadas (descrição geométrica e composi-ção plástica), cobertura (idem) e temas base X temas destaque (qualifica-ção da configuração do edifício, quanto àquela dos demais componentes de seu entorno imediato, definindo seu papel de elemento básico ou real-çado).

Elementos complementares: aborda os elementos que participam intima-mente da composição plástica da mídia e das edificações do entorno ime-diato sem, entretanto, a ela pertencerem — como, por exemplo, luminárias, placas e letreiros, sendo possível incluir-se o próprio mobiliário, se neces-sário, aos objetivos de análise.

A apresentação sucinta das categorias morfológicas estruturais mostra sua liga-

ção explícita e imediata com o nível da percepção do espaço. Exerce o papel de

revelar a estrutura de configuração objetiva dos lugares que foram perceptual-

mente registrados, e de lançar tais estruturas para serem testadas como infor-

mação sensível.

Na avaliação do desempenho informativo, ou seja, da forma enquanto respos-

ta às aspirações de legibilidade, orientabilidade, identificabilidade e capacidade

de estímulo é feita através do exame das características estruturais da composi-

ção plástica que podem ser derivados em três grupos:

Efeitos semânticos: representam a relação entre objeto, seu signo e o su-jeito que o obesrva; embora sempre articulados, referem-se ora a expecta-tivas sociais (como legibilidade e pregnância), ora a atributos físico-espaciais (como clareza e originalidade). Assim, por exemplo, a legibilidade forma-se pela pregnância, individualidade e continuidade; a pregnância, pe-

Page 55: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 55

lo contraste; a continuidade pela associatividade, etc.

Fenômenos de configuração: abordam as leis de composição configurativa como produtos da tensão entre dois pólos extremos de possibilidade de movimento nas organizações morfológicas — mínimo e máximo. Assim, a estrutura plástica é observada como resultante entre unidade e diversida-de, continuidade e mudança, etc.

Leis de composição plástica: examinam a natureza e as relações entre os integrantes das estruturas morfológicas, segundo leis como da semelhan-ça, do fechamento, da continuidade de movimento, da relação fundo versus figura etc.

Ressalta-se finalmente que se trata de um método de análise do espaço cons-

truído, com vistas à aplicação no estudo da comunicação visual no ambiente

urbano que é feito sobre levantamentos fotográficos e realizadas observações

de forma descritiva sistemática indireta, ou seja, através do uso de instrumentos

ou inferências para obter as informações pertinentes. Desta maneira, no caso da

avenida Bento Gonçalves, montou-se uma seqüência de estações para levantar

e analisar os diferentes estímulos visuais.

Aplicação do Método

Para a apreensão da Forma Urbana do trecho selecionado da avenida Bento

Gonçalves o método consistiu na análise seqüencial, que parte do registro de

cenas14 contidas nos diversos cones visuais componentes do percurso do ob-

servador, apontado de acordo com os estímulos visuais existentes, e atinge a

representação visual da estrutura do espaço percebido. A análise seqüencial

realiza essa passagem através da descrição de eventos (19 estações, sendo

algumas com mais de um cone visual; intervalos métricos, medidos em passos;

campos visuais, divididos em F - frontais, FL – frontais laterais, FP – frontais

posteriores, e estes ainda divididos em D - direita e E - esquerda; e efeitos visu-

14 O levantamento foi realizado pelo Núcleo de Fotografia da ESPM-PoA, coordenado pelo Prof. Manuel da Costa com colaboração de Renata Masseti e Tanise Cabral, e com instrumental uma câmera Nikon D70 com lentes – 50 mm (a perspectiva e o tamanho dos objetos fotografados por essa lente são muito mais próximos da visão humana, se comparado às demais lentes).

Page 56: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 56

ais, divididos em topológicos e perspectivos), que são processados, para a ob-

tenção das características estruturais de cada seqüência.

Os efeitos topológicos e perspectivos encontrados são:

Efeitos Topológicos: Estreitamento, Alargamento, Envolvimento, Enclausura-

mento, Amplidão e Estreitamento/Alargamento Parcial.

Efeitos Perspectivos: Direcionamento, Impedimento, Visual Fechada, Emoldu-

ramento, Realce, Conexão, Mirante e Efeito em Y.

Ainda podem-se classificar os efeitos segundo o grau de percepção. Assim:

FF – Fortíssimo F – Forte M – Médio P – Fraco PP – Fraquíssimo.

Para a percepção de tais efeitos, deve-se abstrair uma série de elementos mor-

fológicos que aparecem nos registros fotográficos, mas que não são relevantes,

em busca das superfícies estruturantes da cena contida no campo visual.

Agregou-se também a este percurso a questão temporal, já que o mesmo foi

realizado em dois momentos distintos buscando-se identificar alterações que por

ventura houvessem ocorrido. Esta necessidade surgiu da construção de um

grande empreendimento imobiliário, um conjunto de prédios habitacionais, du-

rante a pesquisa, o que despertou a curiosidade científica de saber como esta

construção modificaria a percepção visual do trecho analisado. Estes dois mo-

mentos, saídas a campo para registro, foram realizados em 23/06 e 23/12/2008.

Bom lugar para inserir o desenho das estações

Page 57: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 57

Na próxima página mostramos, a título de exemplo, o modo de organizar as in-

formações resultantes do levantamento. A imagem de cima é do primeiro mo-

mento e a de baixo é do levantamento posterior. O elenco das imagens comple-

tas pode ser encontrado a partir da página Erro! Indicador não definido. do

anexo.

Para classificar e caracterizar as imagens obtidas foram utilizados os sinais pro-

postos por KOHLSDORF em Apreensão da Forma da Cidade (vide tabela na

página 146 dos anexos).

Page 58: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 58

Estações Efeitos

Topológicos Efeitos Perspectivos

01 F Campo visual: Frontal

Intervalo: 10 passos 02 FLD Campo visual: Frontal / Lateral (direita)

Intervalo: 20 passos Figura 18 :: Exemplo de análise da Forma Urbana

Page 59: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 59

Quanto às informações secundárias – sitio físico, planta baixa, conjunto de

planos verticais, composição plástica e elementos complementares observa-se

que o tecido urbano (fig. xx) apresenta o trecho selecionado da avenida Bento

Gonçalves como uma estrutura de um grande corredor para o qual direcionam-

se ruas transversais apenas na sua direita (direção centro bairro). Assim, o sítio

físico e a planta baixa apresentam a percepção de um espaço quase sem inter-

rupções, sob a ótica morfológica, o que é reforçado posteriormente pela analise

topológica. Já no que diz respeito aos planos verticais, com exceção do conjunto

residencial em construção, não aparecem como elementos fortes e marcantes

do ambiente percebido, reforçando novamente a idéia de corredor. Nota-se des-

de edificações de um até seis pavimentos que, entretanto, não chegam a provo-

car fortes elementos, ou planos verticais que marquem percepção da paisagem,

devido em grande parte a largura e a extensão da via. No tocante a composição

plástica novamente não aparece nenhum elemento marcante, denotando uma

configuração plástica que, em alguns momentos, apresenta volumetrias, cober-

turas e fachadas diferenciadas (por exemplo, estação 03 LE), mas que não che-

gam a marcar, a referenciar o espaço. E, por fim, os elementos complementares

encontrados, vão desde os essenciais para o bom funcionamento de uma via de

tráfego intenso, como sinaleiras, postes, luminárias e placas até os letreiros.

Neste ultimo item encontra-se uma diversidade de elementos visuais que com-

petem pela atenção do passante / usuário do espaço e que muitas vezes não

conseguem cumprir sua função – informar, seja pelo excessivo número e pela

proximidade em que se encontram (estação 03 LE) seja pelo design pouco quali-

ficado de seus componentes – tipografia, cor, diagramação, etc. (estação 10

LE), seja ainda pela falta de manutenção dada a estes elementos (estação 02

FLD)

Na seqüência passamos aos efeitos topológicos, ou seja, a análise de desem-

penho de apreensão da forma dos espaços. Podemos encontrar segundo Ko-

hlsdorf (2000), dentre outras vertentes, as que tratam da forma por sua resposta

a expectativas estéticas dos grupos sociais e a forma como resposta a expecta-

tivas de informação. Para este estudo é importante a questão de como o espa-

Page 60: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 60

ço urbano responde as expectativas de informação ou como este espaço forne-

ce indicações que orientem as pessoas e que permitam que elas o identifiquem.

Assim, na análise do percurso e das estações nota-se que os efeitos topológicos

de alargamento, envolvimento e enclausuramento não são encontrados, pois o

espaço carece de elementos físicos marcantes que demonstrem uma modifica-

ção, para maior, da largura da avenida ou envolvam ou cerquem o observa-

dor/usuário. Os efeitos de amplidão, estreitamento e estreitamento parcial, são

mais freqüentes, sendo que os dois últimos destacam-se no número de ocorrên-

cias. A amplidão, experimentada em espaços onde os limites, físicos e do cam-

po visual, estão distantes ou são indefinidos e insignificantes, é encontrada

sempre que o campo visual posiciona-se frontalmente, demonstrando a relação

entre a largura da avenida e seu comprimento. Já o estreitamento ocorre onde

paredes de delimitação parecem se aproximar, normalmente quando edificações

de maior porte se sobressaem do tecido urbano como um todo, trazendo a per-

cepção de que o espaço diminui, notadamente nos campos visuais laterais. Des-

ta forma o espaço estudado, no que diz respeito aos efeitos topológicos, apre-

senta uma percepção de um espaço amplo, retilíneo, alongado e plano, onde

nenhuma forma em especial se destaca na configuração do tecido urbano.

Porém, se quisermos entender quais são as características percebidas em certo

lugar, temos de selecionar, além dos atributos topológicos, seus atributos de

estruturação perspectiva.

Assim, no que diz respeito aos efeitos perspectivos, não são encontrados os

efeitos de mirante e conexão, denotando que a avenida, neste trecho, não apre-

senta lugares de visualização privilegiada – mirantes, nem mostra descontinui-

dades que provoquem o surgimento de espaços que necessitem ser conecta-

dos, muito em virtude de não possuir vias que cruzem a avenida na sua totalida-

de. Os efeitos de impedimento, emolduramento, realce e efeito em Y são encon-

trados em pequeno número, demonstrando novamente que certa homogeneiza-

ção predomina no trecho estudado. O efeito de impedimento e o efeito em Y são

encontrados quando o campo visual é deslocado para a lateral, seja à direita ou

Page 61: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 61

à esquerda. O efeito de emolduramento, quando a cena é delimitada por um

plano mais próximo ao observador/usuário, é possível, ainda que com intensida-

de fraca, pela inserção de semáforos e postes de iluminação, elementos de mo-

biliário urbano que são bastantes presentes na área. O efeito de realce é alcan-

çado apenas na segunda observação, quando da construção dos prédios habi-

tacionais. Efeitos de direcionamento e visual fechada aparecem de uma maneira

bem mais destacada. O direcionamento configura-se quando se enfatiza a conti-

nuidade longitudinal do espaço pela estrutura alongada e bem definida dos pla-

nos laterais, que convergem para o ponto de fuga da perspectiva. Já a visual

fechada torna a perspectiva do campo visual pouco profunda, fechando-a. Desta

forma o espaço estudado, no que diz respeito aos efeitos perspectivos, reforça a

percepção de um espaço amplo, retilíneo, alongado e plano, onde nenhum efeito

perspectivo se destaca além do direcionamento e da visual fechada, inerentes

às características citadas do espaço.

Na questão da temporalidade – movimento e tempo – nota-se uma profunda

modificação com a construção dos prédios habitacionais, que transformam a

paisagem e a maneira com que ela é percebida - como demonstram as imagens

das estações 04 FLD, 05 F, 09 FPE e 10 FPE.

O uso do método de análise da forma urbana, nesse estudo, teve como objetivo

de entender o espaço urbano, sua configuração e seu desempenho, e a inser-

ção de mídias no mesmo. Tal método permite concluir que o espaço urbano do

trecho estudado da Avenida Bento Gonçalves não oferece alta legibilidade, não

apresenta assim a característica de possuir referenciais, carecendo de uma i-

dentidade suficientemente forte para aqueles que observam / percebem o lugar.

Nesse contexto, as mídias inseridas também não conseguem sobressair, não

conseguem se destacar e assumir o posto vago de referenciais do espaço por-

que do mesmo modo não apresentam boa legibilidade e pregnância. Os estímu-

los visuais do espaço e das mídias misturam-se sem se destacar.

Page 62: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 62

4.3. MÉTODO PARA FORMULAÇÃO DE CENAS URBANAS

Outro método que se vai lançar mão consiste na formulação de cenas urbanas,

realizadas através de levantamento fotográfico da realidade e / ou simulações,

baseadas em estudos da área do ambiente e comportamento (avaliação do am-

biente construído ou avaliação pós-ocupação), e analisadas, por exemplo, se-

gundo critérios preestabelecidos, por um público segmentado de técnicos e lei-

gos. Este método foi aplicado por Adriana Portella em sua dissertação de mes-

trado (2003) “A qualidade visual dos centros de comércio e a legibilidade dos

anúncios comerciais” e em sua tese de doutorado (2007) “Evaluating commercial

signs in historic streetscapes: the effects of the control of advertising and signage

on user’s sense of environmental quality”15, no qual traz à tona a questão da po-

luição visual na percepção do ambiente.

Assim, antes de explicar a respeito deste método é necessário colocar alguns

conceitos relativos às funções dos anúncios comerciais, sinalização comercial,

segundo Abraham Moles (1987) temos as seguintes condições:

Ambivalência – refere-se à composição ordenada que deve existir entre os anúncios e o ambiente construído, de modo a constituir um meio físico e, ao mesmo tempo, estético agradável às atividades do indivíduo.

Estética – a regra geral para comunicar é a de agradar ao indivíduo, o que significa, dentre outros fatores, ter o anúncio comercial um valor estético considerado positivo pela maioria dos observadores. Isso é resultante da relação entre os elementos constituintes dos anúncios (tais como cores, formas, palavras, imagens) e as construções. Entretanto verifica-se que, mesmo o individuo não considerando agradável a composição do anúncio e a relação desse com o ambiente construído, terá de reconhecer a sua função estética no ambiente: o anúncio comercial pode contribuir positiva ou negativamente à qualidade visual do espaço, sendo a relevância de seu papel indiscutível às avaliações estéticas do cenário urbano.

Artística – o anúncio constitui-se por um elemento ora supridor ora motiva-dor de desejos, sendo utilizado, muitas vezes com o intuito de renovar ou incentivar os mecanismos de consumo do indivíduo. Porém, cumpre consi-

15 Dissertação e Tese defendidas, respectivamente, junto Programa de Pós-graduação em Pla-nejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Propur/Ufrgs e junto ao programa Urban Design da Oxford Brookes University.

Page 63: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 63

derar também o campo artístico que esse envolve, pois apesar das exigên-cias comerciais, continua a ser um estimulador a novas criações. A função artística é um dos domínios ainda reservados a esse elemento, pois mes-mo que os anúncios se dissolvam na banalização de suas cópias, recusa-das ou negligenciadas pelos cidadãos, ainda lhe restará essa função. En-tretanto é relevante esclarecer que muitos anúncios não atendem esta fun-ção, revestindo-se de um caráter somente informativo.

Social – relaciona-se à criação artística absoluta dos anúncios, a qual os torna possíveis objetos em iconotecas, representativos do reflexo da cultu-ra de determinado período.

Autodidaxia da população – corresponde, por meio das mensagens vincu-ladas pelos anúncios comercias, ao autodidatismo da população em rela-ção a muitos aspectos da cultura, dos valores e dos costumes da socieda-de. Isso se torna possível, pois os anúncios permitem ao indivíduo a apre-ensão de certo número de informações que constituem elementos da vida de muitos países, ou seja, refletem o “inventário da civilização contemporâ-nea”.

Neste contexto, entra também a questão da legibilidade. Segundo Adriana Por-

tella (2003), interferem no grau de legibilidade:

O repertório de signos (tanto da mídia como do usuário): para que haja a comunicação é necessário pelo menos alguns pontos em comum entre os repertórios.

As características físicas da mídia: forma, altura, cor, volume, textura, ima-gens, tipos de letras, contrastes, etc., ou mais especificamente, formato, tamanho, cor, tipo de fixação (justaposto ou pintado nas edificações, etc.), a disposição (paralelo, perpendicular ou em ângulo em relação a via), a lo-calização (no corpo ou no coroamento das edificações, etc.), o número de imagens, a tipografia utilizada, o tamanho das letras em relação à área livre do fundo dos anúncios e o contraste cromático.

O ordenamento do ambiente onde a mídia está exposta: relações estabele-cidas por alguns princípios da Gestalt (complexidade e contraste, princi-palmente, e proximidade). Destacam-se aqui duas variáveis que na maioria das vezes promovem a desordem: a incompatibilidade formal entre a forma física da mídia e seu entorno imediato urbano e a sobrecarga visual.

Assim, a avaliação da qualidade visual do ambiente é influenciada basicamente

por duas variáveis:

. os aspectos formais, relacionados aos conceitos de ordem e .

. os aspectos simbólicos.

Page 64: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 64

Para identificação de quais ambientes são ordenados e quais não são, leva-se

em consideração as relações que se estabelecem entre os atributos formais do

espaço. Esses atributos centram-se nas características formais do ambiente, tais

como forma, altura, cor, volume, textura das construções e dos elementos midiá-

ticos. Os aspectos simbólicos referem-se aos significados conotativos que de-

terminadas características físicas do ambiente podem ter para o indivíduo, em

função de valores atribuídos por ele a essas.

Ambas as categorias são consideradas nos processos de análise já que a ima-

gem final que o indivíduo tem do ambiente caracteriza-se por ser uma resultante

da combinação dessas durante etapas perceptivas e cognitivas de apreensão da

forma.

Os métodos de coleta de dados a serem aplicados fazem parte dos utilizados na

área de pesquisa relativa ao Ambiente e Comportamento, os quais visam anali-

sar a aparência de ambientes urbanos frente à percepção e à avaliação do usu-

ário. Tanto os métodos quanto as técnicas adotadas abordam a realidade sobre

dois aspectos: de forma abstrata – considerando as imagens que estão armaze-

nadas na memória do indivíduo, e de forma concreta – através de representa-

ções de cenas urbanas.

De acordo com a metodologia aplicada por Portella (2003) dividem-se em duas

grandes etapas, o levantamento de arquivo e o levantamento de campo. Neste

estudo, para fins de simplificação da metodologia, já que parte da aplicada por

Portella (2003) correspondia a sua aplicabilidade e validade, só serão levadas

adiante algumas fases do levantamento de campo, que pode ainda ser divido

em:

- observação in loco das características físicas;

- levantamentos físicos (montagens fotográficas);

- representação do ambiente urbano (simulação);

- seleção de cenas (caracterização física das cenas delimitadas à análise);

- questionário;

- seleção de respondentes;

Page 65: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 65

- aplicação dos questionários para os respondentes selecionados.

A observação das características físicas será realizada in loco a fim de identificar

quais áreas mais se enquadram na análise. E, posteriormente, os levantamentos

físicos serão realizados através de montagens fotográficas. Stamps (2000) de-

fende que a fotografia, notadamente a colorida, produz resultados confiáveis ao

permitir que a definição dos limites do campo de visão do ambiente seja o mes-

mo para todos, tornando possível a comparação de resultados obtidos a partir

da observação do espaço real.

Na seqüência, monta-se a cenas e selecionam-se as mais adequadas a pesqui-

sa de acordo com os estímulos visuais, assim como se seleciona os responden-

tes aos questionários, neste caso separando os respondentes em dois grupos

técnicos (sendo a amostra de 20 respondentes, sendo 10 de cada sub-grupo:

arquitetos e urbanistas, e publicitários) e leigos (também 10 respondentes de

cada sub-grupo: comerciantes e consumidores).

No que se refere aos questionários (pág. 164 do anexo), estes foram montados

com as cenas realizadas com base nos levantamentos fotográficos feitos anteri-

ormente. O procedimento classifica-se como descritivo por inquirição através de

pesquisa estruturada, ou seja, busca metódica de informações e quantificação

dos resultados sempre que possível. O questionário, aberto ou fechado, neste

com uma escala de avaliação, será aplicado aos dois grupos, técnicos e leigos.

No questionário serão abordados temas referentes à aparência da cena (e aqui

coloca-se o termo aparência como o aspecto ou aquilo que se mostra superfici-

almente ou à primeira vista, embora filosoficamente possamos encontrar duas

visões sobre a relação entre realidade e aparência: a visão da aparência como

tudo a que temos acesso cognitivo direto, típica do idealismo, e a visão da apa-

rência como o aparecer da realidade, típica do realismo); sobre a ordem / desor-

dem (coloca-se o termo ordem quando se produz concordâncias e uniformida-

des entre as unidades e/ou objetos que compõe a cena ou ainda quando se tem

compatibilidade de linguagens formais e desordem como a ausência de relações

ordenadas); a legibilidade (coloca-se o termo legibilidade referente ao grau de

Page 66: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 66

nitidez que permite distinguir uma característica de outra, diferindo do conceito

de facilidade de leitura, que diz respeito a familiaridade em relação a esta carac-

terística) e as características físicas dos anúncios comerciais; a aparência dos

prédios; e a variação das características físicas dos anúncios comerciais.

Tendo em vista as variáveis consideradas nesta investigação, nos resultados

podem-se aferir as questões sobre a percepção dos espaços urbanos e suas

relações com os anúncios comerciais.

Operacionalidade do experimento na Av. Bento Gonçalves

Na operacionalização da aplicação do método foram registradas as cenas16 das

fachadas de ambos os lados da avenida no trecho estudado através de fotogra-

fias que foram agrupadas para montagem de uma panorâmica (Figuras 19 e 16).

Tais fotografias foram tiradas em sábados (menor movimento e conseqüente

interferência no registro) entre o final de 2008 e o inicio de 2009, na calçada o-

posta da fachada a ser registrada e configuram imagens únicas a partir da soma

de vários campos visuais, buscando-se gerar uma continuidade. Após, esse con-

junto de fotos é trabalhado em programas computacionais (Adobe Photoshop) a

fim de se atingir o resultado pretendido. Na simplificação do método aplicado por

Portella (2003) não foram feitos registros ou panorâmicas em perspectiva, pois

não havia elementos perpendiculares às fachadas de relevância para o estudo.

Novamente aqui se ressalta os estudos de Stamps (2000) em que foram avalia-

das as percepções de indivíduos sobre uma situação real e sobre sua simulação

fotográfica (panorâmica frontal), cujos resultados não apresentam diferenças,

mostrando que apesar de tratar-se de uma imagem difícil de ser percebida, em

função da limitada largura das ruas e dos campos visuais do olho humano, am-

16 O levantamento foi realizado pelo Núcleo de Fotografia da ESPM-PoA, coordenado pelo Prof. Manuel da Costa com colaboração de Renata Masseti, e Tanise Cabral, e com instrumental uma câmera Nikon D70 com lentes 50 mm (a perspectiva e o tamanho dos objetos fotografados por essa lente são muito mais próximos da visão humana, se comparado as demais lentes).

Page 67: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 67

bas são aplicáveis e produzem resultados confiáveis.

Figuras 19 e 20 :: Panorâmicas Gerais dos dois lados da Av. Bento Gonçalves no trecho selecionado para a pesquisa (Ver imagem ampliada no pág. XX do Anexo). Bakos ainda falta Nota-se nas montagens gerais que algumas características já podem ser perce-

bidas, tais como: diferenças de alturas das edificações (desde prédios térreos

até prédios de 20 andares – em construção), heterogeneidade de ocupação

(prédios comerciais e industriais – fato que pode ser observado pelas caracterís-

ticas físicas das edificações) e presença de vegetação (fato quase que ignorado

pelos registros feitos no Método do Levantamento Visual Ambiental).

Após a montagem das panorâmicas gerais, foram selecionados dois trechos que

apresentassem questões relevantes para o estudo sobre a aparência, as carac-

terísticas físicas, ordem/desordem e legibilidade da Avenida Bento Gonçalves. É

importante ressaltar que a busca das cenas foram por imagens que refletissem a

imagem da Avenida no trecho estudado e não por exemplos máximos de or-

dem/desordem e legibilidade. Assim, foram selecionadas cenas que apresentem

atividades comerciais e anúncios comerciais fixados sobre as fachadas, na fre-

qüência em que costumam aparecer na avenida, e que apresentem edificações

com características formais não homogêneas, típicas da região. Ao contrario de

Portella (2003), aqui não houve a preocupação de deixar de fora da amostra,

cenas que contivessem terrenos vazios ou delimitados apenas por muros, pré-

dios com mais de quatro pavimentos e prédios em construção, pois são caracte-

rísticas inerentes da avenida em estudo.

Posteriormente estas imagens de trechos foram novamente trabalhadas através

de programa computacional (Adobe Photoshop) para a formulação das duas

Page 68: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 68

cenas (figuras 19 e 20). Na segunda imagem foram excluídos diversos elemen-

tos urbanos – alguns postes, fiação e algumas placas de transito, para inferir

junto aos entrevistados a percepção a respeito de uma cena onde parte da polu-

ição visual foi retirada em comparação a uma cena típica da avenida (Figura 21).

Figura 21 :: Cena 1 (ver imagem ampliada na pág. XX do Anexo) Bakos ainda falta

Figura 22 :: Cena 2 (ver imagem ampliada na pág. XX do anexo) Bakos ainda falta Na aplicação dos questionários (ver questionário na pág. 164 do Anexo), reali-

zado entre março e abril de 2009, foram mostradas as duas cenas (impressa a

cores, na melhor resolução possível) e cada respondente preencheu de acordo

com algumas exigências (pertencer a um dos grupos pretendido, ser maior de

18 anos e conhecer o lugar em estudo). O entrevistador esteve presente durante

o preenchimento do questionário tanto no grupo dos técnicos – arquitetos e ur-

banistas e publicitários, quanto dos leigos – comerciantes e consumidores.

Page 69: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 69

Análise dos dados coletados

Foram gerados 80 questionários que deram margem aos seguintes resultados17:

Resultados a respeito da Cena 1

No que se refere à aparência (Tabela 4), pode-se identificar que 40% conside-

ram-na feia e 22,5% muito feia, perfazendo um total de mais da metade de ava-

liações negativas. Pode-se notar ainda que existe uma maior divergência entre

as percepções dos comerciantes e dos demais usuários. Os primeiros tendem a

associar a aparência dos prédios e dos anúncios à avaliação menos negativa da

cena.

Quando questionados sobre a principal razão da resposta anterior (Tabela 5),

42,5% dos entrevistados colocam a aparência dos prédios e dos anúncios co-

merciais como destaque, seguido com 32,5% pela aparência exclusiva dos pré-

dios. Em menor número, ambos com 12,5%, surgem os anúncios comerciais e

outras respostas. Segundo os entrevistados parece haver, de uma maneira ge-

ral, predominância das características dos prédios na percepção da cena.

Já quando questionados se as características físicas dos anúncios comerciais

(Tabela 6) influenciam sua resposta sobre a aparência da cena, 25% dos entre-

vistados colocam a questão do numero, do tamanho (42,5%) e da localização

(22,5%) de anúncios. Muitos entrevistados questionaram a pequena quantidade

de anúncios encontrada na cena, demonstrando, de certa maneira, estar habitu-

ado ao excesso de informação, ou, por tratar-se de uma pesquisa relacionada a

percepção, estarem esperando uma grande quantidade de informação (anún-

cios). Neste contexto, estas porcentagens mencionadas parecem estar ligadas a

percepção da baixa presença de anúncios, sem relacionar necessariamente

uma posição positiva ou negativa, destacando novamente a predominância das

17 As tabelas detalhadas podem ser consultadas na pág. 165 do Anexo

Page 70: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 70

características dos prédios na percepção da cena.

E sobre se as características físicas dos prédios (Tabela 7) influenciam a res-

posta sobre a aparência da cena, 75% dos entrevistados mencionam as cores e

72,5% os estilos (ou a falta de) dos prédios. O contorno superior de cada prédio

é mencionado por 37,5% dos entrevistados. Estas respostas estão ligadas a

percepção negativa da cena. Enquanto que o tamanho dos anúncios (25%) e a

localização dos anúncios (22,5%) estão relacionados a percepção positiva do

espaço (estabelecida através da avaliação da cena na pergunta 1).

Dentre outras respostas colocadas para esta pergunta, destaca-se a menção “ao

aspecto caótico de todos esses elementos misturados e sem nenhuma ordem

harmoniosa e lógica” e “a falta de unidade”, provocada pela “diversidade de re-

cuos, alturas e muitos elementos, como postes, pichação etc”.

Quando o questionamento refere-se à ordem e à desordem da cena (Tabela 8),

65 % dos entrevistados classificam-na como muito desordenada, 27,5% como

desordenada e somente 7,5% como nem ordenada, nem desordenada. Nenhum

entrevistado classificou a cena como ordenada e muito ordenada, demonstrando

assim a clara percepção de desarmonia, de incompatibilidade de linguagens

formais.

A respeito da legibilidade (Tabelas Tabela 9 e Tabela 10), mais especificamente

sobre a leitura das mensagens dos anúncios mostrados, 52,5% acharam que

nem é fácil, nem é difícil e 35% dos entrevistados que é difícil. E, salientando

mais uma vez, que alguns entrevistados colocam a questão de que visualizaram

poucos anúncios nesta cena, pode-se especular que apesar do pequeno núme-

ro, os anúncios encontrados não possuem boa legibilidade.

Já no que diz respeito às características físicas da cena (Tabela 10) que afetam

esta percepção, o número de anúncios comerciais (20%) e a variação entre as

características físicas dos prédios (45%) demonstram que o primeiro é visto co-

mo um fator positivo, ou seja, a pequena quantidade encontrada não … (faltou

completar a idéia); já o segundo como um fator negativo, pois a grande variação

Page 71: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 71

das edificações torna a leitura . Neste ponto os entrevistados colocam que ou-

tros fatores (30%) afetam a percepção das características físicas da cena, tais

como pichações e má conservação dos elementos urbanos, notadamente a pa-

rada de ônibus.

No que diz respeito ao número de anúncios comerciais (Tabela 11), como já

mencionado, grande parte dos entrevistados encontrou um numero muito pe-

queno (75%). Esta porcentagem encontra apoio nas respostas da tabela 02, on-

de os entrevistados colocam a questão de que os anúncios comerciais não são

os únicos responsáveis pela sua avaliação da cena.

Como o numero de anúncios é muito pequeno, a percepção da área dos prédios

coberta pelos mesmos também é muito pequena como demonstra a Tabela 12.

No que se refere à aparência de algum prédio ser prejudicada (Tabela 13), a

maioria dos entrevistados (85%) destaca os anúncios comerciais quase não in-

terferem na aparência dos prédios e quando isso acontece nesta cena, a quanti-

dade é muito pequena. Isto se deve, em grande parte, a percepção dos entrevis-

tados de que a cena possui poucos anúncios comerciais.

Concluindo a abordagem da percepção da cena 1, tem-se que locais com alta

variação das características físicas dos seus elementos são percebidos como

negativos. Ou seja, edificações e fachadas fragmentadas e com grande variação

de cor e linguagem formal dificultam a percepção de ordem. Embora a presença

de anúncios comerciais seja pequena, apenas características físicas dos pré-

dios, aliadas a falta de conservação do espaço público e da falta de planejamen-

to da colocação de elementos urbanos, servem para, neste caso, apresentar

uma percepção negativa do espaço.

Resultados a respeito da Cena 2

A aparência da cena (Tabela 14) aparece como mais positiva se comparada a

aparência da cena 1, pois apesar de ainda 45% classificam-na como feia a cate-

Page 72: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 72

gorização como muito feia é pequena (7,5%) e até surge a classificação como

muito bonita (5%). Esta questão, porém não muda o fato da percepção, no geral,

ser negativa.

Tem-se também que o grupo de arquitetos é o que avalia mais negativamente

tanto a cena 1 quanto a cena 2 e que o grupo de comerciantes é o que avalia

mais positivamente.

Fazendo referencia a resposta anterior, na Tabela 15 tem-se que a aparência da

cena é explicada pela aparência conjunta de prédios e anúncios comerciais

(67,5%). Da mesma forma como acontece na cena1, porém com destaque tam-

bém para a aparência de anúncios comerciais (10%), já que nesta cena eles

aparecem em maior número. Em outras repostas, são levantadas questões mais

técnicas como a falta de unidade morfológica entre as edificações presentes na

cena, ou seja, a ausência, na percepção, de uma ordem estrutural das formas.

No que se referem às características físicas dos anúncios comerciais (Tabela

16) e sua influencia na resposta sobe a aparência da cena, 57,5% dos entrevis-

tados declararam que a o tamanho e a cor dos anúncios, 55% a localização dos

anúncios nos prédios e 45% a área coberta pelos dos prédios pelos mesmos.

Fazendo um paralelo, salienta-se a importância da localização dos anúncios nos

prédios, ressaltadas nas duas cenas averiguadas. Nota-se ainda que enquanto

na cena 1 a pouca ocorrência de anúncios gerou uma grande quantidade de

respostas de que nenhuma das características dos anúncios interferia na apa-

rência da cena, deixando esta tarefa para as características formais do prédios,

na cena 2 os anúncios efetivamente participam do resultado final da percepção .

E sobre as características físicas dos prédios (Tabela 17), 80% dos entrevista-

dos referem-se às cores e 70% ao estilo dos prédios, além de 35% destacarem

os materiais de construção/acabamento dos prédios. Também são salientados

os itens o contorno superior de cada prédio (47,5%) e tamanho dos prédios

(27,5%), sinalizando a importância da forma dos prédios e seus acabamentos.

Coloca-se ainda que em outras respostas é salientada a presença da parada de

Page 73: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 73

ônibus, mais notadamente da sua presença visual, pela forma e pela cor, da sua

cobertura.

Quanto a cena ser ordenada e/ou desordenada (Tabela 18), 40% dos entrevis-

tados classificam-na como nem desordenada, nem ordenada e o restante divide-

se entre desordenada e muito desordenada (32,5 %) e ordenada e muito orde-

nada (17,5%). Esta ultimas repostas possivelmente estejam ligadas a compara-

ção com a cena 1, já que alguns entrevistados verbalizaram a questão “ah, está

é mais bonita do que a anterior”.

A respeito da legibilidade (Tabela 19), alguns entrevistados colocam que existem

anúncios bastante claros e outros bastante confusos, deixando a leitura no geral

difícil. Porém para a maioria, a leitura é fácil (27%) ou muito fácil (22,5%), dife-

rentemente do que foi percebido na cena.

Quando questionados sobre o porquê desta facilidade de leitura, ou seja, quais

características físicas dos anúncios comerciais (Tabela 20) explicam a resposta

na questão anterior, os entrevistados destacam que o contraste cromático

(60%), o tamanho (50%) e os tipos de letras (45%) como fatores importantes. A

quantidade (45%) e o tamanho dos anúncios (45%) também são citados como

relevantes. Pode-se perceber então que as características ligadas a legibilidade

dos anúncios, assim como suas características formais parecem interferir na

percepção aparência da cena de forma conjunta.

Já no que se refere as características físicas da cena (Tabela 21), pode-se ave-

riguar que diferentemente da cena 1, onde as características dos prédios eram

preponderantes, na cena 2 são as características dos anúncios que afetam a

leitura da cena, notadamente o número de anúncios (50%) e a área coberta pe-

los mesmos nos prédios (30%).

No que diz respeito ao numero de anúncios (Tabela 22), 60% acredita ser mode-

rado e 25% grande. Aqui nota-se uma grande diferença em relação a cena 1,

onde o numero era considerado muito pequeno pela maioria dos entrevistados.

Page 74: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 74

Analisando a área coberta dos prédios por anúncios comerciais (Tabela 23) po-

de-se perceber que 47,5% dos entrevistados acham-na moderada e 32,5%

grande, demonstrando que ela interfere significativamente na percepção da ce-

na.

Já no que diz respeito se a aparência de algum prédio é prejudicada pelos a-

núncios comerciais (Tabela 24), 75% declaram que sim, com destaque para a

unanimidade (100%) das respostas de arquitetos e urbanistas e publicitários.

Ressalta-se, porém que 25% dos entrevistados não acham que a aparência de

algum prédio é prejudicada. Pode-se observar, então, que a quantidade de pré-

dios cuja aparência é prejudicada pelos anúncios (Tabela 25) é moderada

(45%). Assim, apesar de grande o prejuízo causado nos prédios pelos anúncios

comerciais, não são todos os prédios que são afetados.

Uma vez que, na cena 2, encontramos um número significativo de anúncios co-

merciais, pode-se verificar a variação entre as características físicas destes a-

núncios (Tabela 26). Assim, 45% dos entrevistados percebem como moderada

esta variação enquanto 37,5% percebem-na como grande, demonstrando que

ela tende a ser significativa para a percepção da cena. Como as principais ca-

racterísticas físicas dos anúncios comerciais que influenciam as respostas da

questão anterior (tabela 24), encontram-se novamente a questão da cor (72,5%)

e do contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios (45%). Ainda

interfere o tamanho dos anúncios (55%), o número (37,5%), a proporção

(32,5%) e o formato (30%) além da área coberta dos prédios pelos anúncios

(35%), demonstrando que as características formais e quantitativas têm grande

importância na apreensão da cena.

Concluindo a abordagem da cena 2, em comparação a cena 1, tem-se que os

anúncios passam a ter uma importância maior na percepção dos dois espaços.

Ou seja, as características formais e de legibilidade dos anúncios participam efe-

tivamente da apreensão e do entendimento do espaço. Isto não quer dizer que o

espaço é visto de forma mais negativa do que a cena 1, pois apesar de conter

mais anúncios, a cena 2 é vista de maneira mais positiva (ainda que 52,5% con-

Page 75: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 75

siderem-na feia ou muito feia, contra 67,5% da cena 1).

Considerações sobre os resultados

No que diz respeito às conclusões gerais sobre as duas cenas, compreende-se

a importância dos aspectos formais e dos aspectos simbólicos para a percepção

de um espaço, traduzidos através da aparência e das características físicas da

cena, dos anúncios e dos prédios.

No que se refere a aparência das cenas, como salientado, observa-se que a ce-

na 1 tem uma aparência mais negativa do que a cena 2, embora as duas possu-

am avaliações negativas. Na cena 1, isto parece dever, mais do que a presença

de anúncios, as características formais dos prédios. Isto vem de encontro a

questão de que, normalmente, locais caracterizados como desordenados, ou

seja, com alta variação entre as características físicas dos seus elementos, são

tidos como negativos. Nota-se ainda que a presença de incompatibilidade formal

entre os prédios e os anúncios tende a tornar a aparência das cenas mais desa-

gradáveis.

Assim, no que diz respeito à aparência dos prédios e à influencia na aparência

da cena, percebe-se a importância da cor (75% na primeira cena e 80% na se-

gunda) e os estilos arquitetônicos dos prédios (72,5% na primeira e 70% na se-

gunda). Salienta-se que o contorno superior de cada prédio, que vem a formar a

silhueta (skyline) das edificações, também é significativo para a percepção nega-

tiva ou positiva da cena. Em relação a cor e aos estilos arquitetônicos, percebe-

se que uma situação muito comum na avenida Bento Gonçalves, e na ruas co-

merciais em geral, é a busca pelo destaque do prédio, ou parte dele, dos de-

mais, através de diferenças cromáticas e/ou físicas na construções. Isto gera

uma fragmentação que prejudica a percepção da cena.

Quanto à ordem e a desordem das cenas, 92,5% dos entrevistados classificam a

primeira cena e 32,5% a segunda como desordenada ou muito desordenada (na

Page 76: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 76

segunda cena 40% revelam-na como moderada). Isto parece revelar que, ape-

sar de conter um maior numero de anúncios, a cena 2 apresenta maior uniformi-

dade entre as unidades e maior compatibilidade de linguagens formais. Destaca-

se ainda que na cena 1 o número de anúncios é considerado muito pequeno e

na 2 é moderado. Nesta cena, a área coberta pelos anúncios comerciais é clas-

sificada como moderada ou grande (80%), e no que diz respeito a aparência de

algum prédio ser prejudicada pelos anúncios comerciais, 75% dos entrevistados

acham que sim.

Já no que diz respeito à legibilidade e as características físicas dos anúncios

comerciais, 87,5% e 47,5% dos entrevistados da primeira e da segunda cenas,

respectivamente, classificam-nas como de nem fácil, nem difícil ou de difícil leitu-

ra (na segunda cena, porém, predomina uma percepção mais positiva, de nem

fácil, nem difícil a muito fácil). Faz-se a ressalva de que este número elevado na

primeira cena deve-se em parte a pouca presença de anúncios comerciais. Isto

é corroborado pelo fato da maioria dos entrevistados colocarem a variação entre

as características físicas dos prédios (45%) quando solicitados a identificar as

principais características físicas das cenas em face da leitura dos anúncios co-

merciais. Destaca-se ainda que na cena 2, 82,5% dos entrevistados classificam

como moderada ou grande a variação entre as características físicas dos anún-

cios (dentre as principais características citadas estão a cor e o tamanho dos

anúncios).

Os dados apresentados sugerem que quanto maior a desordem do ambiente,

dado pelos prédios e/ou pelos anúncios comerciais, bem como a variação entre

suas características físicas, mais negativa será sua avaliação. Sugerem também

que a chamada poluição visual não é dada exclusivamente pelos anúncios, ain-

da que estes tenham grande importância na percepção do todo. Assim a sobre-

carga visual é causada pelo excesso de estímulos visuais gerados pela alta va-

riabilidade das características físicas tanto de prédios quanto de anúncios.

Os dados encontrados ainda demonstram que há divergências entre as percep-

ções dos grupos de usuários quanto à avaliação da qualidade visual das cenas,

Page 77: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 77

principalmente entre arquitetos e urbanistas, publicitários e consumidores em

relação a comerciantes. Estes últimos, por seu lado, têm interesse em destacar

o seu estabelecimento comercial dos demais do entorno, seja pelo anúncio co-

mercial seja pela cor ou estilo do seu prédio, tendendo a avaliar as cenas de

forma mais positiva que os demais. E, partindo do pressuposto que os anúncios

comerciais devem ser planejados de modo a transmitir mensagens para todos

os indivíduos (técnicos ou não), conclui-se que nas cenas investigadas esses

não estão sendo eficazes.

Tecer considerações levando em conta os objetivos traçados e questões cen-

trais

Page 78: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 78

4.4. MÉTODO DESIGN UNIVERSAL

Pesquisa qualitativa para o Design Universal

Parte deste material já chegou e está revisado no Material_Relat_Final\Metodo Design Universal - FINAL_Maio.doc

“Entrevista é um tipo de conversa dirigida com certos objetivos. Ela pode ser

informal, semi-estruturada ou estruturada. No caso informal, não há roteiro

previamente elaborado. Naquela estruturada, segue uma seqüência de pergun-

tas previamente elaboradas. Na semi-estruturada, existem também essas per-

guntas, mas elas podem ser alteradas durante a entrevista, de acordo com as

respostas obtidas. Com isso, o entrevistador pode direcionar a entrevista, focali-

zando-a naqueles aspectos em que o entrevistado pode dar maiores informa-

ções” (Iida, 2005, p. 54).

Neste trabalho, a aplicação dos procedimentos metodológicos tem como base

os princípios da pesquisa exploratória e da pesquisa qualitativa.

A pesquisa exploratória visa a descobrir um tema ou uma situação, para promo-

ver critérios e compreensão. Para esse tipo de pesquisa, a amostra é pequena e

não precisa ser representativa. A análise dos dados primários é qualitativa e as

constatações são experimentais (Malhotra, 2001).

Na abordagem qualitativa: “um único indivíduo de determinada população, pode

ser representativo de toda esta população” (Ribeiro, 1999).

Em relação ao número de pesquisas qualitativas que são necessárias, Gaskell &

Bauer (2002) afirmam que muitas entrevistas não melhoram necessariamente a

qualidade das informações ou levam a um maior detalhamento das mesmas.

Além disso, os autores apontam que esse tipo de pesquisa possui um tamanho

máximo para transcrição das entrevistas; se realizadas muitas entrevistas, maior

Page 79: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 79

será a transcrição final delas. Assim, os autores concluem que caberá ao pes-

quisador realizar as interpretações dos dados qualitativos obtidos, determinando

a quantidade ideal dos indivíduos para a sua pesquisa como também as caracte-

rísticas que os mesmos deverão possuir.

A pesquisa piloto foi elaborada da seguinte maneira:

Três grupos de alunos da disciplina de Comunicação Multisensorial no

primeiro semestre e seis grupos do segundo semestre de 2008.

Cada grupo da turma de 2008/1 entrevistou 10 pessoas e os grupos de

2008/2 o fizeram com 14 pessoas (sendo sete para um estabelecimento

e sete para o outro).

As perguntas (ver página 162 do anexo) foram baseadas nos Sete Prin-

cípios do Design Universal, a saber:

1. Uso eqüitativo; 2. Flexibilidade de uso; 3. Simples e intuitivo; 4. Informação perceptível; 5. Tolerância ao erro; 6. Baixo esforço físico; 7. Tamanho e espaço para uso e finalidade.

(ver maiores detalhes na página 30)

Os estabelecimentos abordados foram escolhidos pelos alunos conforme crité-

rios relacionados à percepção “negativa” que eles obtiveram dos locais observa-

dos e nas metas de usabilidade.

Horário: diurno (turno manhã, horário das 09h30min às 12h30min).

Local: na rua e estabelecimentos escolhidos pelos alunos. (Ver descrição na

página …)

Abordagem: se caracterizou de forma aleatória.

Trata-se de um levantamento qualitativo com entrevistas assistemáticas e estru-

Page 80: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 80

turadas aplicadas por um grupo de “alunos” (curso diurno). Aplicaram estes

“questionários qualitativos” (NR 17 e manual de aplicação) para usuários em 19

diferentes estabelecimentos, somando um total de 155 respondentes. (Ver rela-

ção dos estabelecimentos na página …)

As respostas foram tabuladas em forma qualitativa “verbalização”.

Operacionalidade do experimento na Av. Bento Gonçalves

Grupo de 8 alunos da disciplina de Comunicação Multisensorial 2008/1

I – O exercício foi explicado em sala de aula, foram formados três grupos de a-

lunos (sendo dois grupos compostos por 2 integrantes e outro de 3). A escolha

dos locais foi de forma aleatória, mas foi definido que o critério da escolha devia

ser pelo local de maior impacto negativo na área em estudo, conforme percep-

ção dos grupos.

II – No primeiro dia combinado o grupo de sete alunos foi levado de van da sede

da ESPM Porto alegre até o trecho em estudo da avenida Bento Gonçalves. Os

alunos dividiram-se nos grupos formados em aula. Fizeram suas escolhas e le-

vantamentos fotográficos para uma análise preliminar quanto aos fatores de “U-

sabilidade”.

III – Na aula seguinte apresentaram a justificativa dos espaços escolhidos e as

primeiras análises quanto às metas decorrentes dos usuários, (material encon-

tra-se no Blackboard).

IV – Conforme matéria fornecida em aula referente ao Design Universal e seus

sete princípios, foi elaborado o questionário (de ordem qualitativa) contemplando

os Sete Princípios do Design Universal complementado por três perguntas ela-

boradas pelo Prof. Eduardo Benzatti (ver anexo 8.6.).

V – No dia combinado (16 de maio de 2008), a turma de 7 alunos foi levada de

Page 81: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 81

van da sede da ESPM Porto Alegre para a avenida chegando lá as 9h40min. Os

alunos foram liberados para percorrer a área. Foram aplicados 10 questionários

por grupo, totalizando 30 entrevistas. Foi estipulado que os critérios referentes à

caracterização dos usuários deveriam contemplar pedestres, passantes e traba-

lhadores de ambos os sexos e idades variadas (ver depoimento dos alunos no

Blackboard).

VI – A pesquisa foi aplicada das 09h40min às 12h30min. Importante salientar

que os alunos tiveram dificuldade em abordar os passantes, pois muitas pesso-

as não queriam responder os questionários alegando “que estavam com pres-

sa”.

VII - Na aula seguinte, 23 de maio de 2008, em sala de aula, os alunos trabalha-

ram sobre os registros e começaram a tabulação dos dados e a transcrição das

respostas. O trabalho não pôde ser finalizado em aula, e foi concluído individu-

almente ou nas aulas consecutivas.

VIII – Foram apresentados os resultados dos trabalhos em aula abordando os

aspectos positivos e negativos (dificuldades que encontraram). Os alunos enfati-

zaram que gostaram muito do trabalho uma vez que puderam observar e con-

trapor as diferentes percepções dos usuários em relação às percepções iniciais,

aquelas que tiveram no primeiro trabalho referente às metas de usabilidade.

As respostas estão sendo tabuladas em forma qualitativa “verbalização”.

Espera material – quadros resumo dos dados

Análise dos dados coletados

Considerações sobre os resultados

Quanto aos objetivos específicos da pesquisa e Quanto às questões centrais

Page 82: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 82

4.5. ANÁLISE DE DADOS ANTROPOLÓGICOS

A cidade se embebe como uma esponja

dessa onda que reflui das recordações e se dila-ta. Uma descrição de Zaíra como é atualmente deveria conter todo o passado de Zaíra. Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mas-tros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras. (Í-talo Calvino, As cidades invisíveis)

Utilizaremos inicialmente a distinção proposta pelo antropólogo italiano Massimo

Canevacci em seu livro A cidade polifônica, ensaio sobre a antropologia da co-

municação urbana para diferenciar os conceitos de mapa de território. Segundo

o autor território é o espaço real de uma localidade que a cartografia procura

reproduzir, com a máxima precisão possível, nos mapas e guias oficiais de uma

região ou da cidade no seu todo. A idéia de mapa aparece em outro sentido: é a

configuração imaginária de um espaço mediada por nossas reminiscências,

memória biográfica, sentimentos e emoções vividas em cada fragmento das ci-

dades que conhecemos. Logo, território é a tentativa de reproduzir objetivamen-

te certa configuração urbana; mapa é o desenho imaginário e subjetivo construí-

do a partir da experiência particular do indivíduo numa cidade. É a reconstrução

subjetiva de uma objetividade.

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho parte dessa distinção. A

própria escolha de uma região da cidade – no caso, o bairro Partenon –, e, den-

tro dessa, de um pedaço que se considerou especial para o objetivo da pesquisa

– o trecho da Avenida Bento Gonçalves – demonstra a influência de um “olhar

seletivo”, logo aproximativo do olhar que desenha o nosso mapa da região. O

território desse trecho serve apenas como contexto, suporte do nosso mapa.

Nem todos os entes urbanos que constituem esse território da cidade são impor-

tantes para o estudo proposto, porém todos os entes urbanos que formam o

mapa (daqueles que lá moram, trabalham, ou simplesmente transitam) devem

constituir o objeto do trabalho: redução subjetiva do espaço/objeto pelo pesqui-

Page 83: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 83

sador a partir do olhar dos usuários do local.

Inicialmente procuramos detectar – através de entrevistas com passantes, pes-

soas que na região trabalham e moradores do local, ou seja, população fixa e

flutuante – fragmentos desse mapa (com as ruas, lugares, praças, paisagens,

panoramas, edificações, esculturas, outdoors, cartazes e outros elementos fon-

tes de comunicação urbana que sejam singulares). Dos elementos mais signifi-

cativos do passado e do presente fizemos breves comentários (sobre os motivos

particulares da sua seleção). É o que chamamos de Etnografia passional.

Esses fragmentos foram completados com registros fotográficos que em outras

reflexões dessa pesquisa. O objetivo central dessa análise antropológica será

saber dos moradores e passantes daquela via qual o significado daqueles signi-

ficantes (os entes urbanos) com que convivem diária ou esporadicamente (ele-

mentos constitutivos dos mapas de cada entrevistado). A análise demonstrou o

quanto os fluxos comunicacionais dos elementos apontados, ou do conjunto de-

les, estão bloqueados, ou direcionados para outros significados (re-significados).

Alguns motivos desses bloqueios também foram detectados através dessa pes-

quisa junto à população selecionada.

O conjunto de dados colhidos (os depoimentos e respostas da população em

foco) foi analisado à luz das idéias e conceitos de um dos principais autores que

pensam as conexões entre: cidade-comunicação-processo de modernização. No

caso, em especial, de Massimo Canevacci (e suas análises sobre as imagens,

os códigos e a comunicação urbana). Trata-se de um autor, cujas reflexões nos

permitem rejuntar os fragmentos colhidos (memória, observações, imagens, vo-

zes plurais) e construir novos significados.

Análise quantitativa dos resultados 2008-2

As questões referentes à Antropologia (verificá-las nos anexos o item 9.3. - Per-

guntas de Antropologia Urbana) foram inseridas nas 68 entrevistas realizadas

pelos estudantes do curso de Design (ESPM–POA) juntamente com outras per-

Page 84: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 84

guntas relativas ao Design Universal – os alunos se dividiram em 10 grupos e

cada grupo realizou de 6 a 7 entrevistas (somente os grupos 4 e 8 realizaram a

pesquisa com 6 usuários). Os objetivos dessas questões: 1 – verificar se dentro

da paisagem pela qual essas pessoas circulam há elementos significativos da

comunicação urbana (e o porquê dessa importância) para a percep-

ção/identificação do local; e 2 – ainda nessa linha: verificar também se havia

elementos significativos da comunicação urbana, mas que desapareceram do

(ou se transformaram no) local. Nessa fase da pesquisa, realizada em 3 de ou-

tubro de 2008, descartamos a primeira pergunta do questionário-teste (O que

você sabe sobre Bento Gonçalves?) pela qual pretendíamos verificar se esse

personagem da história do Rio Grande do Sul está ainda presente no imaginário

dos que passam ou freqüentam o local, porém, devido a um problema de inter-

pretação (praticamente nenhum dos entrevistados relacionou o local à persona-

gem, mas, por outro lado, quase todas as respostas se referiram ao logradouro

em estudo - a elaboração das respostas operou-se num plano, digamos, do

pensamento concreto: este espaço, e não do abstrato: aquela figura) optou-se

por retirar essa questão e focar a análise no aspecto da comunicação urbana do

lócus em estudo.

Como já registrado no Relatório da Pesquisa (versão 1.0 de julho de 2008), as

respostas serviriam para testar as hipóteses implícitas no capítulo 3 Fundamen-

tação Teórica (ver o item 3.3.: Um Olhar Antropológico), a saber: a) se há no

local elementos da comunicação visual que resistiram ao não planejamento da

cidade e que hoje não comunicam nada (ou pouco comunicam) do seu significa-

do original; b) se esses elementos comunicacionais nada ou pouco podem dizer

ao entrevistado, pois, ou lhe falta repertório que possibilite percebê-los ou o iso-

lamento e a descontextualização do suporte desses significantes impossibilitam

que sejam sequer notados, afinal adquiriram novos e inusitados sentidos em

outros contextos.

A formulação das perguntas aplicadas aos passantes, moradores (ou não) e fre-

qüentadores do local, por sua vez, traduzem um conjunto de questões, inicial-

mente levantadas no item 3.3.1.: Problematização, do capítulo 3 Fundamenta-

Page 85: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 85

ção Teórica, e que serve de orientação para o estudo da área, na perspectiva da

Antropologia. Essas questões teóricas são: 1 - Quais são esses significantes

sem significados (ou resignificados/recodificados/reinterpretados) que povoam o

lócus deste estudo? 2 - Porque esses fluxos comunicacionais estão bloqueados

ou redirecionados? 3 - Quais são alguns desses novos significados que esses

entes urbanos incorporaram? 4 - Como hoje, passantes, moradores e trabalha-

dores da região, os interpretam, os escutam e se comunicam dialogicamente

com eles? 5 - É possível – ou necessário para sua preservação – desbloquear

ou recuperar sua rede de significados original que dava sentido a esses elemen-

tos ou elas estão completamente dissolvidas? Eis as questões que nortearão

essa parte de nosso estudo.

Nessa fase da pesquisa, os alunos se dividiram em grupos que ocuparam tre-

chos da avenida.18 Como resultado temos respostas que sugerem claramente

um sentido mais amplo (referente à Avenida Bento Gonçalves em toda a sua

extensão) – essas mais relacionadas à primeira questão (Dentro da paisagem

do seu caminho diário o que é importante para você? Por quê?) e outras onde

fica explícito o foco naquele fragmento onde as entrevistas aconteceram (a fren-

te dos comércios e serviços selecionados pelos grupos) – essas, por sua vez,

mais relacionadas à segunda questão (Havia elementos significativos que já fo-

ram importantes para você, mas desapareceram? Porque eram importantes?).

As respostas mais freqüentes relacionadas ao primeiro bloco fazem referência,

no sentido negativo, à falta de segurança: “Não caminho porque aqui tem mui-

tos assaltos”; “Falta de segurança em todos os horários”; e “Não tem segurança,

saio pouco de casa à noite por isso”. Elas se concentram no trecho da avenida

onde o grupo 1 realizou o seu trabalho, diante do comércio Mac Lanches, (das 7

entrevistas, todos apontaram a falta de segurança), mas se distribuem por todo

o logradouro. 1. Os grupos de dividiram ocupando os seguintes trechos ou espaços diante de pontos comerciais da Ave-nida Bento Gonçalves: grupo 1: Mac Lanches; grupo 2: Sol & Mar reformas; grupo 3: Luizão Lanches; grupo 4: Serralheria e Vidraçaria; grupo 5: Casa Shop; grupo 6: R & P Imóveis; grupo 7: Loja Tecnifoto; grupo 8: Maraschin Cia das Bikes; grupo 9: Vidraçaria e Serralheria Dada Maravilha; grupo 10: Estética Hydraty Hair. Os grupos referentes aos comércios Restaurante Partenon Grill e Armazém dos Telefones não apre-sentaram no texto final referente aos “Resultados dos Métodos de Design Universal” as respostas individua-lizadas de cada usuário, por outro lado, apresentaram uma análise geral das respostas ressaltando seus aspectos mais significativos.

Page 86: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 86

Ainda há referências (no sentido negativo) a outros aspectos estruturais e vi-

suais da área total do logradouro: “O mais importante é arrumar as calçadas” e

“(...). Mas a Bento está em si um horror, é cinza e sem alegria. É residencial,

sem conforto”. Alguns entrevistados lembraram também a importância viária da

avenida. Aqui encontramos respostas de sentido neutro (há uma percepção do

local, mas não emitem opinião – não há adjetivos ou uma contextualização que

permita afirmar o sentido positivo ou negativo daquela resposta): “Movimento,

carros”; e também referências de sentido negativo relacionadas ao trânsito: “O

trânsito da Bento é caótico, (...)”. Outros destacam variados aspectos positivos

do todo: “Gosto de vim (sic) nas lojas para passear”; e “Gosto muito da sinaliza-

ção, da segurança e da comunicação com as pessoas”.

Encontramos entrevistados que responderam não perceberem nada (ou quase)

sobre o logradouro: “Ah, nem noto muito, venho pensando no trabalho né?”; e

“Não, não presto atenção”.

Porém devido à dificuldade de precisar cada uma das respostas como sendo

relacionada ao fragmento do logradouro ou a avenida em toda à sua extensão,

analisá-las-emos no seu conjunto, considerando-as como impressões subjetivas

do logradouro em toda a sua extensão – quando possível e necessário destaca-

remos o ponto de referência (comércio, serviço, bem público) onde a entrevista

foi realizada. Em relação à primeira questão (Dentro da paisagem do seu cami-

nho diário o que é importante para você? Por quê?), dos 68 entrevistados obte-

ve-se 17 (25% - atenção: porcentagens arredondadas para mais ou para menos)

repostas de sentido neutro (ou seja, sem opinião da importância de algum ele-

mento significativo para percepção/identificação do local): “Nada”; “Nada que

chame a atenção”; “Não, nada” (por exemplos); 23 (34%) respostas de sentido negativo, divididas nos seguintes aspectos: a) infra-estrutura: “O mais impor-

tante é arrumar as calçadas”; “(...). É um dia de chuva que os carros passam e

tu toma um banho”. b) transporte: “Ter mais transportes”. c) segurança: “O flu-

xo de trânsito e a falta de policiamento”; “Não caminho porque aqui tem muitos

assaltos”. d) paisagem: “A paisagem é feia, não tem nada importante”; “Muita

poluição visual (...)” (por exemplos). E 16 (23,5%) respostas indicam um sentido

Page 87: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 87

positivo, divididas nos seguintes aspectos: a) infra-estrutura/segurança: “Gos-

to muito da sinalização, da segurança (...)”. b) paisagem: “Sim, os jardins quan-

do tem, mas aqui é pouquíssimo”. c) negócios: “Comércio, porque tem tudo no

bairro”; “Restaurante Partenon-Grill, é muito bom” (por exemplos). Os negócios

são os mais lembrados quanto ao aspecto positivo do bairro – das 16 (23,5) res-

postas positivas, 8 (11,5%) estão relacionadas aos negócios; se incluirmos em

“negócios”, o empreendimento “Nature” (conjunto de prédios de apartamentos

que estão sendo construídos na avenida, temos mais 2 (3%) respostas que fa-

zem referências positivas a essa intervenção na paisagem local): “(...) o prédio

vai chamar a atenção, tá lindíssima” (por exemplo).

Destaca-se aqui um conjunto de percepções que identificam aspectos nega-tivos do logradouro superior àquele que identifica seus aspectos positivos.

Se somarmos esse conjunto de aspectos negativos àquele que identifica as-pectos neutros, temos uma significativa diferença entre a visão dos passantes

e moradores da avenida que a percebem com indiferença ou/e negativamente

(59%) contra aqueles que a percebem positivamente (23,5%).

Há ainda outro conjunto de respostas que não se encaixam em nenhum desses,

pois tais respostas foram captadas e registradas sem se considerar o porquê do

entrevistado estar citando esse ou aquele elemento da paisagem como - a seu

ver – o mais importante: “A construção”; “O colégio”; “Movimento, carros”; “As

placas de publicidade”. Nesse conjunto encontramos 11 (16%) respostas. E, por

fim, temos uma resposta que contém aspectos positivos e negativos: “Gosto

do movimento, não tem mais verde, muita poluição, cheio de concreto”.

Consta-se também que os elementos edificados da paisagem (ex. (s): uma igre-

ja, um colégio ou um comércio) são mais lembrados em relação ao mobiliário

urbano (ex. (s): um semáforo, uma placa de trânsito). Mas, a importância dos

serviços – que deveriam existir ou serem melhorados - no dia-a-dia dos entrevis-

tados que pela a avenida circulam (ex. (s): segurança, iluminação, limpeza, pai-

sagismo) supera àquela dos elementos arquitetônicos que compõem a paisa-

gem.

Page 88: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 88

A segunda questão (Havia elementos significativos que já foram importantes

para você, mas desapareceram? Porque eram importantes?) obteve 16 (23,5%)

respostas indicativa de sentido neutro: “Nada”; “Não que eu lembre”; “Sou mo-

radora nova” (por exemplos). Há 5 (7,5%) respostas que indicam mudanças para

um sentido negativo (embora a questão não seja avaliativa): “Só lembro que

antes era mais seguro”; “Era uma rua tranquila, e agora não é mais”; “Ih... Tudo

aqui era diferente, não tinham (sic) todos esses prédios, tinha o bonde passando

aqui na frente... íamos muito ao cinema. Era um bairro tranquilo” (por exemplos);

ou reforçam aspectos negativos (que indicam um não entendimento da questão):

“Meu carro que foi roubado” (por exemplo, novamente a questão da segurança).

Há 2 (3%) respostas de sentido positivo (embora a questão não seja avaliati-

va): “Sinalização continua a mesma. Acho que a obra aqui na frente vai melhorar

o visual da região”; “A construção porque passo a pé”. E 41 (60%) respostas

indicaram os elementos significativos do local que desapareceram, men-

cionando ou não algum juízo de valor: “Me lembro do Tumelero e de um prédio

residencial que não existe mais aqui onde é agora essa loja azul”; “Além da se-

gurança, uma passarela na Igreja”; “Tumelero, toda essa quadra aqui está sain-

do os prédios (sic). Eram importantes. Pela deteriorização da fachada, relógio

muito lindo, mas não funcionava”; “A passarela do samba onde conheci minha

mulher”; “A Tumelero, antes era uma característica. Agora o condomínio que

estão fazendo”; “Os bondes que eram transportes mais rápidos e baratos” (por

exemplos). Há ainda 4 (6%) que indicaram elementos significativos que não de-

sapareceram (sendo 3 referentes ao Hospital São Pedro, já lembrado na primei-

ra questão) : “Não. A única coisa importante é o São Pedro”: “São Pedro, pois é

antigo, acho uma coisa histórica”; “Partenon Tênis Clube (não saiu, fechou)”;

“São Pedro, pois é antigo, acho uma coisa histórica”.

Desprende-se desse conjunto de respostas uma percepção de elementos que desapareceram e representavam “marcos” para os entrevistados. Em es-

pecial a loja Tumelero que significava um ponto comercial de destaque, um mo-

tivo de maior circulação de pessoas (sensação de mais segurança) e, principal-

mente, um referencial concreto da avenida e do bairro: “Aí acho ruim quando

Page 89: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 89

uma loja some, pois era uma referência, tipo a Tumelero”; “A Tumelero identifi-

cava a Bento” (por exemplos). Em relação aos marcos que desapareceram ti-

vemos as seguintes respostas: Tumelero (indústria de fogões, já lembrada até

na primeira questão): 24 (35%) respostas; antigo cinema: 2 respostas; Clube

Passarela do Samba 3 respostas; Baile Las Vegas 2 respostas; prédio residen-

cial: 1 resposta; bonde 3 respostas; sinalização da EPTC; 3 respostas; loja de

1,99: 1 resposta; cerâmica 1 resposta; fábrica (antes da Tumelero): 2 respostas;

um casarão antigo (e casarões antigos): 2 respostas; painel da Antiga: 1 respos-

ta; loja de artigos femininos: 1 resposta; consultórios médicos: 1 resposta; o Ve-

lho Cardoso: 1 resposta (mais de um marco foi lembrado numa única resposta).

Analisando as respostas assim dispostas e retomando a distinção feita pelo an-

tropólogo Massimo Canevacci sobre os conceitos de mapa e de território pode-

mos afirmar que nos mapas (desenho imaginário e subjetivo) construídos por

quem passa ou mora na Av. Bento Gonçalves a fábrica de fogões Tumelero o-

cupou um espaço significativo como ponto de referência, tanto que para alguns

“identificava a Bento”. É interessante perceber que esse referencial estava liga-

do a uma concepção de tempo histórico fabril que veio ceder lugar para peque-

nos comércios e serviços o que renova a ocupação da avenida – que representa

no micro uma tendência observável na maior parte das capitais brasileiras: o

desaparecimento das indústrias e fábricas e o surgimento de outros setores da

economia, além da disponibilidade de novos terrenos para a construção de mo-

radias na (ou próximas da) região central.

Encontramos ainda nesse conjunto de respostas referencias a outros espaços –

ou elementos da paisagem – mais ligados às memórias autobiográficas que

constituem esses “mapas do passado”, essas reminiscências sentimentais re-

constroem uma avenida servida por bondes (“(...) que eram transportes mais

rápidos e baratos.”; “(...) tinha o bonde passando aqui na frente (...).”), o cinema

Miramar (“(...) Íamos muito no cinema. (...).”), os clubes (“A Passarela do Samba,

onde conheci minha mulher.”), o relógio – que embora não marcasse mais o

passar do tempo era bonito de se ver (“(...) Pela deteriorização da fachada, reló-

gio muito lindo, mas não funcionava.”), os casarões (“(...) Um casarão antigo da

Page 90: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 90

esquina, gosto de coisa antiga.”), lojas, o Baile Las Vegas, além da tranquilidade

que também se foi (“(...), tinha mais segurança, não havia o corredor de ônibus,

sentávamos numa cadeira na calçada.”; “Era uma rua tranquila, e agora não é

mais.”).

Sabemos que esses mapas subjetivos reconstroem simbolicamente um espaço

ou uma paisagem e que não há a pretensão de através deles retratar objetiva-

mente a Avenida Bento Gonçalves em seu passado. Nesse sentido, afirma Ca-

nevacci: Qualquer descrição do objeto é uma transfiguração simbó-

lica. O objeto não será nunca representável a partir dele próprio, mas sempre a partir de uma passagem de nível lógico, que é também uma passagem de nível comunicativo. É esta passa-gem, transformada em código, que se inscreve no mapa.

A interpretação não se adequa ao objeto: o invera*. O processo de “inveração” verifica-se quando a interpretação é vis-ta como aproximativamente justa pelo leitor através das formas comunicação, da seleção dos panoramas, dos estilos polifônicos adotados. Por isso a interpretação é uma transfiguração (...).

Isto quer dizer que não existe reconstrução da objetivi-dade sem subjetividade; e que esta subjetividade é também abs-tração, cujos níveis cognitivos são plasmados por razões e emo-ções, reflexões e expressões, cujo resultado final será a passa-gem para uma “outra” classe de conceitos. A transfiguração do objeto-território em mapa-subjetivo é o resultado de tais passa-gens. * “Invera”: a produce, esplicita la sua veritá immanente (produz a sua imanente verdade).19

Esses mapas do passado indicam a remoção de marcos que foram fundamen-

tais para o deslocamento de transeuntes ou para a vivência de moradores em

outros tempos (e indicam aqueles elementos significativos da comunicação ur-

bana que desapareceram do – ou se transformaram no – local). A Av. Bento

Gonçalves atual representa uma importante via de ligação para a cidade de Por-

to Alegre, porém as memórias daqueles que lá vivem há anos nos mostram o

desaparecimento de referencias que constituíam espaços de sociabilidade que,

por sua vez, permitiam uma outra relação entre essas pessoas e a própria ave-

nida. A destruição desses “pontos de apoio da memória” espelhou a destruição

de uma paisagem que convidava para um flanar que hoje tornou-se perigoso

(“Não caminho porque aqui tem muito assalto.”) ou um olhar mais demorado 19. Canevacci, “A cidade polifônica, ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana”, p. 139.

Page 91: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 91

(“(...)sentávamos numa cadeira na calçada.”) que parece não fazer mais sentido

(“A paisagem é feia, não tem nada importante.”; “(...). Mas a Bento tá em si um

horror, é cinza e sem alegria. (...).”). A degeneração de bairros cortados por a-

venidas ou vias de ligação entre uma região ou outra da cidade – ou mesmo a

destruição da paisagem local como consequência do aumento do fluxo viário em

determinados logradouros é um fato observável em várias cidades brasileiras,

casos semelhantes a Av. Bento Gonçalves proliferam com a falta de planeja-

mento urbano em nossas capitais. A reconstrução de parte da memória daquela

região através dos depoimentos e mapas dos entrevistados nos permitem en-

tender como nosso objeto tornou-se, aos olhos da maioria de quem por lá passa

ou mora, um local “perigoso”, “feio”, “poluído” (em todos os sentidos: atmosférica

e visualmente: “(...), muita poluição, cheio de concreto.”; “Muita poluição visual

(...).”), “sem importância”: “A paisagem é feia, não tem nada importante”.

Mas são nos mapas do presente que encontraremos as respostas para nossas

indagações. Esses mapas são constituídos hoje elementos significativos da co-

municação urbana para a percepção/identificação do local, dentre eles podemos

destacar: o colégio (citado somente uma vez), as placas de publicidade (citadas

uma única vez), o Hospital São Pedro (citado três vezes), a Igreja São Jorge

(essa citada duas vezes), o INSS (citado somente uma vez), a Casa Shop, o

Restaurante Partenon-Grill (citado somente uma vez), o monumento de Bento

Gonçalves (citado só uma vez), o Arquivo Histórico (“(...) que é meio estranho,

macabro.” - também só citado uma vez), e principalmente, o Condomínio Nature

(citado sete vezes) ainda em construção, mas que já representa um novo marco

para o local (“O Nature vai trazer beleza e movimento na rua. (...).”; “(...) Acho

que a obra aqui na frente vai melhorar o visual da região”.). Chama a atenção

que um conjunto de prédios irá (na percepção dos entrevistados) “embelezar o

bairro”, “dar vida a Bento” que é “cinza” e “feia”. Essa idéia ainda contribui para a

constituição do imaginário urbano20 da maior parte dos habitantes de bairros de-

20 O conceito de imaginário encontra-se presente no pensamento de vários autores: Karl Marx, Georg Lu-kács e Cornelius Castoriadis, para citar alguns. Em todos, porém, podemos encontrar pontos de intersec-ções que permitem a formulação de uma definição que contemple a essência desses pensamentos. O antropólogo François Laplantine define imaginário procurando condensar essas aproximações: "O imaginá-rio, portanto, de maneira geral, é a faculdade originária de pôr ou dar-se, sob a forma de apresentação de

Page 92: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 92

gradados.

Quando observamos o grande número de respostas de sentido neutro (ou seja,

sem opinião da importância de algum elemento significativo para percep-

ção/identificação do local) – ou quando verificamos que alguns elementos histó-

ricos do local são lembrados isoladamente - tendemos a afirmar que para razo-ável parte dos entrevistados há no local poucos elementos significativos da comunicação visual que resistiram e que ainda hoje comunicam algo do seu significado original; pois, ou esses elementos foram na sua maior parte

destruídos, ou falta aos entrevistados repertório que possibilite percebê-los, po-

rém não podemos afirmar (pelas respostas obtidas) que o isolamento e a des-

contextualização do suporte de alguns desses significantes impossibilitam que

sejam notados (fluxos comunicacionais bloqueados ou redirecionados) ou mes-

mo que adquiriram novos sentidos em outros contextos (um estudo mais apro-

fundado e direcionado a esse aspecto poderá ser feito no futuro).

Ainda assim entendemos que é necessária uma reordenação de elementos da

paisagem do local para a recuperação e preservação de elementos importantes

como referências para uma comunidade (igreja, colégio, monumento) e para a

resignificação desses (desbloquear ou recuperar sua rede de significados origi-

uma coisa, ou fazer aparecer uma imagem e uma relação que não são dadas diretamente na percepção." E conclui, contrapondo-se à Castoriadis: "Ao contrário de Castoriadis, que afirma ser o imaginário a capaci-dade de 'produzir' uma imagem que não é e nunca foi dada na percepção, consideramos que a imagem é formada a partir de um apoio real na percepção, mas que no imaginário o estímulo perceptual é transfigu-rado e deslocado, criando novas relações inexistentes no real." (LAPLANTINE; TRINDADE, 2004). O ima-ginário aparece então como uma tradução mental do real percebido ocupando um espaço do campo da representação, "à medida que ultrapassa um processo mental que vai além da representação intelectual ou cognitiva." (LAPLANTINE; TRINDADE, 2004).

O imaginário encontra-se filiado ao real, mas no seu processo constitutivo reconstrói e modifica a realidade - não no seu aspecto material, mas sim na sua representação, daí o sentido de tradução mental: "Em suma, o imaginário não é negação total do real, mas apóia-se no real para transfigurá-lo e deslocá-lo, criando novas relações no aparente real." (LAPLANTINE; TRINDADE, 2004).

O imaginário urbano é também assim criado: tradução mental de uma realidade concreta que é transfigurada por aqueles que a experimentam. As imagens primeiras dessa realidade são captadas pelos homens e subvertidas, fundidas ou recriadas em novas relações. Permite, então, uma percepção (transfigu-rada) imediata do real, mas também possibilita explorar possibilidades futuras desse a partir de um apoio no presente. O imaginário urbano é povoado de imagens do agora de uma cidade, mas também das ima-gens do seu futuro. Permite sonhar e antever as transformações que virão. Um imaginário citadino é aquele que constrói e reconstrói incessantemente a cidade que lhe fornece as referências concretas. Ver LA-PLANTINE, François; TRINDADE, Liana. O que é imaginário. São Paulo: Brasiliense, 2004. (Coleção Pri-meiros Passos, vol. 309).

Page 93: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 93

nal que lhes dava sentido e que hoje se encontra parcial ou completamente blo-

queadas). Essa recuperação e preservação são de fundamental importância pa-

ra (re)criar uma identidade local que torne a Av. Bento Gonçalves não somente

um local de passagem, mas também de convivência emoldurada por uma paisa-

gem mais harmônica e agradável aos seres humanos que por lá passam, mas

principalmente para os que lá vivem.

5. PRODUTOS RESULTANTES DA PESQUISA

Nesta etapa da pesquisa podemos contabilizar três frentes de resultados: publi-

cação de artigo em congresso científico (1), aplicações em disciplinas dos cur-

sos de Design da ESPM em São Paulo e Porto Alegre (2), (3) e (4), glossário

dos principais conceitos correlatos à pesquisa (5), além do fórum de debates

organizado em 19 de setembro de 2008 (6).

1) O artigo “Comunicação Visual Urbana - Um Estudo de Caso: Avenida

Bento Gonçalves" foi aceito para apresentação no P&D Design 2008.

(Ver anexo 8.10)

2) Artigo no jornal … data …ver na página 140 do anexo

3) Na disciplina “Design de Sistemas Informacionais” – 4º semestre, uni-

dade São Paulo – os estudantes desenvolvem projetos de sinalização

ambiental. Para trazer temas da atualidade, o caso da “Lei Cidade

Limpa” é apresentado para debate. A seguir, solicita-se aos estudan-

tes uma pesquisa de campo que tanto admite conclusões parciais in-

dividuais como a tabulação de todas as informações permite uma aná-

lise do conjunto. O objetivo desta incursão ao “mundo real” é provocar

o contato do estudante com o empresário e auxiliá-lo na argüição fora

do seu meio habitual.

Page 94: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 94

Pelas respostas obtidas, o retorno das informações coletadas por

meio dos estudantes foi de alto grau de interesse e o resultado permi-

tiu uma permuta de conhecimentos gratificante.

Em uma primeira aproximação (2008/1) foram consultados gerentes

ou funcionários responsáveis de 70 estabelecimentos comerciais ou

de serviços – deixamos a critério dos estudantes a escolha dos locais,

pois o que se queria verificar era a clareza das questões e se proce-

deria investir em uma investigação sistemática futura. No segundo

semestre de 2008 a pesquisa de campo foi repetida com outros 72 es-

tabelecimentos e concluímos que os novos dados foram muito seme-

lhantes aos anteriores – corroborando os resultados da pesquisa pilo-

to realizada no primeiro semestre.

No segundo evento foi solicitado aos estudantes que fizessem regis-

tros fotográficos dos locais para ilustrar as características do estabele-

cimento. A análise das fotografias que registram as modificações pós

imposição da “Lei Cidade Limpa” aponta para uma padronização – às

vezes monótona – da identificação visual dos estabelecimentos co-

merciais pesquisados. Destaca-se que quando a mudança concen-

trou-se somente nos letreiros, percebemos ora a (re)valorização arqui-

tetônica das fachadas, ora o seu estado real de deterioração (nesse

caso, muitas vezes ainda camuflado por uma “reforma” ou pintura de

qualidade duvidosa).

Em alguns casos, nos referimos àqueles em que comerciantes vizi-

nhos uniram-se para patrocinar a reforma de toda a fachada, o resul-

tado é mais harmonioso. Mas, talvez, o que mais as fotografias aca-

bam por explicitar é o fato das modificações nos letreiros dos comér-

cios apenas ressaltarem a feiúra da paisagem urbana de nossa cida-

de. Os fios de eletricidade e outros serviços, os postes e placas de si-

nalização, as pixações, as escolhas das cores utilizadas nas pinturas

dos imóveis e dos equipamentos urbanos, o ecletismo arquitetônico

Page 95: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 95

são elementos da paisagem que contribuem para tornar uma definição

de São Paulo singular: entre as dez cidades mais feias do mundo, São

Paulo é a mais bonita. Ainda que, agora para alguns, também mais

“limpa”.

(Ver na p.125 o anexo 8.3. – Estudo do impacto da Lei “Cidade Limpa”

– com a descrição do procedimento dos pesquisadores no locus).

4) Na mesma disciplina “Design de Sistemas Informacionais” em PoA,

também aproveitando o tema Sinalização Ambiental, os estudantes

realizaram um exercício de Levantamento Ambiental Perceptivo no

trecho relativo a este estudo – o exercício está detalhado no item 4.1.

seguido da análise dos dados coletados. (Ver na p.141 o anexo 8.6.

com a descrição do procedimento dos perceptores). Certamente, após

a experiência vivenciada, estes alunos do curso de Design olharão a

paisagem urbana como universos diferentes daqueles aos quais esta-

vam habituados. Espera-se que a tomada de consciência e o debate

dos resultados coletados tenham conseqüências positivas nas atitu-

des desse grupo de futuros designers perante a sua cidade.

5) Na disciplina “Comunicação Multisensorial” em POA, foi conduzido um

exercício aplicativo à matéria fornecida em aula referente ao Design

Universal e seus sete princípios. Um questionário (de ordem qualitati-

va) foi elaborado em conjunto com os estudantes. A seguir, em uma

rápida visita ao local, fizeram suas escolhas e levantamentos fotográ-

ficos para uma análise preliminar quanto aos fatores de “Usabilidade”.

O critério da escolha devia ser pelo local de maior impacto negativo na

área em estudo, conforme percepção dos grupos. Importante salientar

que os alunos tiveram dificuldade em abordar os passantes, pois mui-

tas pessoas não queriam responder os questionários alegando “que

estavam com pressa”.

Os resultados dos trabalhos foram apresentados em aula abordando

os aspectos positivos e negativos (dificuldades que encontraram). Os

Page 96: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 96

alunos enfatizaram que gostaram muito do trabalho uma vez que pu-

deram observar e contrapor as diferentes percepções dos usuários em

relação às percepções iniciais, aquelas que tiveram no primeiro traba-

lho referente às metas de usabilidade.

6) Dada a multiplicidade de agentes envolvidos no projeto do NESCAU,

notou-se que havia lacunas na interpretação de alguns termos utiliza-

dos. Para sanar dúvidas, foram conceituadas as expressões conside-

radas mais ambíguas. Pretende-se com isso sintonizar o repertório

verbal de todos os participantes. (assunto ainda em aberto)

7) O “1º Fórum sobre a Comunicação no Ambiente Urbano” ocorreu em

19 de setembro de 2008 nas dependências da ESPM-RS. O evento foi

aberto pelo prof. Sérgio Checchia, Diretor Geral da ESPM-RS e os

trabalhos conduzidos pela profª. Carolina Bustos, Diretora da Facul-

dade de Design da mesma Escola. O discurso de encerramento foi

proferido pela profª. Ana Lúcia Lupinacci, Diretora Nacional do Curso

de Design da ESPM.

Os debates foram organizados em duas mesas: Estética e Legislação.

A mesa sobre Estética foi convidada a tratar de aspectos formais que

a comunicação assume na ocupação do espaço da cidade; o quê ou

quem constrói o modelo atual? É possível e necessário um consenso

estético? Quais as perspectivas e idealizações cabíveis? Limites do

conceito de poluição e satisfação visual. A mesa contou com três de-

batedores: Dra. Regina Monteiro (diretora de projetos de Meio Ambi-

ente e Paisagem Urbana da Empresa Municipal de Urbanização –

EMURB e vice-presidente da Comissão Proteção da Paisagem Urba-

na CPPU ambos de São Paulo; o senhor Marcelo Pires da empresa

Competence e o senhor Roberto Bastos, bacharel em design industrial

e comunicação visual pela Universidade Federal de Santa Maria e a-

tua como consultor de marketing e design da GAD. Atuaram como

moderadores os profs. Eduardo Benzatti e Fernando Bakos, ambos do

Page 97: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 97

NEsCAU.

A mesa que deveria tratar de questões sobre Legislação foi composta

pelos debatedores: Sr. Beto Moesch, advogado e consultor em direito

e legislação ambiental, ex-Secretário Municipal do Meio Ambiente,

presidente da comissão de meio ambiente da OAB, membro da direto-

ria da AMA e membro da CONAMA, Conselho Nacional do Meio Am-

biente; Sr. Celso Chittolina, da Associação Riograndense de Propa-

ganda – ARP e Sr. Pedro Schaan, engenheiro pela UFRGS com MBA

em marketing na ESPM, gerente da equipe comercial da Huly Lumi-

nosos; Sr. Dannie Dubin diretor presidente da Ativa Mídia Exterior, di-

retor da Central de outdoors Rio Grande do Sul e diretor da AGEPA,

associação gaúcha de empresas de mídia exterior. Atuaram como

moderadores os profs. Ágata Tinoco e Fabiano Scherer do NEsCAU.

Tanto os debatedores quanto a platéia presente considerou os assun-

tos tratados de grande interesse e atualidade. Ficou claro que os as-

suntos debatidos na mesa da Legislação são estreitamente relaciona-

dos com os da mesa da Estética e não há como separar, em qualquer

Plano Diretor, as questões estéticas das questões de legislação.

O teor dos debates foi transcrito e inserido na p. 129 como anexo 8.4.

Page 98: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 98

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A primeira etapa de nosso estudo demonstra a sua importância para o estimulo

de métodos de pesquisas preocupados em decifrar a relação dos indivíduos com

o espaço urbano. Os métodos utilizados foram testados em diferentes trabalhos

realizados pelos alunos da ESPM-POA de disciplinas envolvidas com o projeto.

A despeito de algumas imprecisões detectadas na operacionalidade dos traba-

lhos de campo (que tratamos de corrigir na repetição dos experimentos no se-

gundo semestre de 2008), fica evidente uma apreensão do nosso objeto por di-

ferentes olhares, que somados e sistematizados possibilitam uma compreensão

maior da paisagem urbana – e de suas transformações – e do papel da comuni-

cação visual no processo de construção da imagem do lócus em estudo.

Além do artigo, resultante de nossas preocupações, que foi apresentado no 8º

Congresso Pesquisa e Desenvolvimento em Design (P&D Design – 2008) em

outubro passado na cidade de São Paulo, destaca-se a realização de um Fórum

– que ocorreu na capital gaúcha também no segundo semestre de 2008 – e que

reuniu diversos segmentos da sociedade civil e do poder público local preocupa-

dos com a questão urbana. A leitura da transcrição, dos assuntos debatidos

permite extrair subsídios para ampliar o debate sobre o planejamento urbano.

Em ambos os eventos públicos, tanto a temática quanto a abordagem foram

muito elogiados pela comunidade presente e a equipe recebeu, por parte de to-

dos os ouvintes, grande incitação para a continuidade dos trabalhos.

Especificamente no Fórum os presentes levaram para suas comunidades profis-

sionais, no mínimo, a certeza imperativa de que as tomadas de decisão em rela-

ção à paisagem urbana devem ser multifacetadas.

São iniciativas que estimulam a continuidade do estudo e vão ao encontro da

preocupação da ESPM, em especial do CAEPM, em estimular trabalhos que

tenham a comunicação como foco central e a pesquisa como alimentadora da

Page 99: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 99

relação ensino-aprendizagem.

para a conclusão, retomar os objetivos principal e específicos da

pág. 14 e responder a estas perguntas feitas na pág.10

Visando compreender o ambiente urbano sob a ótica da comunicação visual

formulamos algumas questões centrais que deverão ser respondidas pela pro-posta do NEsCAU. Os métodos de pesquisa se mostraram adequados para

prognóstico da situação? Há nesse trecho da avenida Bento Gonçalves aspec-

tos visuais significativos da identidade do local que se configuram como inade-

quados do ponto de vista comunicacional? Se há, quais os mecanismos (méto-

dos) que podem explicitá-los? Caso esses aspectos sejam diagnosticados como

sendo inadequados, quais possíveis mudanças podem ser propostas por parte

dos agentes envolvidos (sociedade civil e poder público) para a reordenação

visual da área? Como encaminhar as propostas, após debate com entidades

representativas da sociedade, aos órgãos competentes? É possível utilizar os

métodos de diagnóstico aplicados neste locus em outras situações, de modo a

oferecer elementos para desenvolver maneiras locais de tratar a questão?

Page 100: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 100

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARNHEIM, Rudolf. El pensamiento visual. Buenos Aires: Universitaria, 1971.

BOLLE, Willi. Fisiognomia da metrópole moderna: representação da história em

Walter Benjamin. 2a ed. São Paulo: EDUSP – Editora da Universidade de

São Paulo, 2000.

BUSTOS, Carolina. Condições de Percepção e Deslocamento dos Usuários com

Deficiência Visual – Um estudo de caso na APADEV – RS. Dissertação

de mestrado, da Escola de Engenharia de Produção da UFRGS, Porto

Alegre, 2004.

CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. Tradução: Diogo Mainardi. São Paulo:

Companhia das Letras, 2001. Título original: Le città invisibili.

______. Seis propostas para o próximo milênio. Tradução: Ivo Barroso. 3a ed.

São Paulo: Companhia das Letras, 2003. Título original: Lezioni america-

ne - Sei proposte per il prossimo millennio.

CANEVACCI, Massimo. A cidade polifônica: ensaio sobre a antropologia da co-

municação urbana. Tradução de Cecília Prada. 2a ed. São Paulo: Studio

Nobel, 2004. Título original: (sem indicação).

______. Antropologia da comunicação visual. Tradução de Alba Olmi. Rio de

Janeiro: DP&A, 2001. Título original: Antropologia della comunicazione vi-

suale.

CONSTANTINOU, Eliane. O desempenho publicitário dos espaços urbanos: o

caso de Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, Faculdade de Arquitetura,

1997. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, Faculdade de Arquitetura, Programa de Pós-Graduação em Planeja-

mento Urbano e Regional, Porto Alegre, RS, 1997.

CULLEN, Gordon. El paisaje urbano: tratado de estética urbanística. Barcelona:

Blume y Labor, 1974.

CUNHA, Maria Clementina Pereira (Org.). O direito à memória: patrimônio histó-

Page 101: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 101

rico e cidadania. São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo, SMC -

Secretaria Municipal de Cultura e DPH - Departamento do Patrimônio His-

tórico, 1992.

DISCHINGER, M. BINS, M.H.V. A Importância dos Processos Perspectivos na

Cognição de Espaços Urbanos para Portadores de Deficiência Visual. In:

Encontro África - Brasil de Ergonomia, 1.; Congresso Latino-Americano de

Ergonomia, 5.; Congresso Brasileiro de Ergonomia, 9.; Seminário de Er-

gonomia, 3., 1999, Salvador. Anais... São Paulo: ABERGO, 1999.

______. Designing For All Senses, Accessible Spaces For Vissualy Impaired

People, Department Of Space And Process, Chalmers University of

Technology, Göteborg, Sweden, 2000. Disponível em:

http://www.geocities.com/HotSprings/7861/mente/ mente163.html. Acesso

em: jul. 2003.

FERRARA, Lucrécia D. Olhar Periférico: informação, linguagem e percepção

ambiental. São Paulo: FAPESP - Edusp, 1993.

FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre Guia Histórico. 2° edição. Porto Alegre:

Editora da Universidade - UFRGS, 1992.

FRESTEIRO, H. R. La Iluminacíon de los Espacios como Parámetro de Accessi-

bilidad para Personas con Baja Visión. 2001. Tesis Doctoral. Universidad

Politecnica de Madrid. Madrid, 2002.

GASKELL & BAUER Carol tem que completar

GIBSON, J. The Senses Considered As Perceptual Systems. Boston: Houghtan

Mifflin Company, 1966.

GIBSON, James J. La percepción del mundo visual. Buenos Aires: Infinito, 1974.

HILL, E. W.; PONDER, P. Orientation and Mobility Techniques: A guide for the

practitioner. New York: American Foundation for the Blind, 1976.

HILLMAN, James. Cidade & Alma. Tradução de Gustavo Barcellos e Lúcia Ro-

senberg. São Paulo: Studio Nobel, 1993. (Coleção Cidade Aberta). Título

original: (sem indicação).

IIDA, Itiro et al. O Bom e o Bonito em Design. P & D, 7° Congresso de Pesquisa

& Desenvolvimento em Design, 2006, Paraná.

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes,

Page 102: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 102

2000.

JORDAN, Patrick W. Products as personalities. In Robertson, S. (ed.) Contem-

porary Ergonomics. London: Taylor & Francis, 1997.

KOHLSDORF, Maria Elaine. Apreensão da forma da cidade. Brasília: UNB,

1996.

______. Seminário: A percepção do ambiente construído. Porto Alegre: UFRGS,

Faculdade de Arquitetura, 2000. Anotações de aula.

LINCH, Kevin. A cidade como meio ambiente in Cidades: a Urbanização da Hu-

manidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

______. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1980 e 1997.

MALHOTRA Carol tem que completar

MAFFESOLI, Michel. No fundo das aparências. Petrópolis: Vozes,1996.

MARCEL, A. J. Conscious and Unconscious Perception: Experiments on Visual

Masking and Word Recognition. Cognitive Psychology, v. 15, 1983.

MASSIRONI, Manfred. Ver pelo desenho. São Paulo: Martins Fontes, 1982.

MATTA, Roberto da. A casa & a rua. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

MIYAKE, Y. J. C. E. A. Landscape Design. In: PREISER, F. E. W.; OSTROFF, E.

Universal Design Handbook. New York: McGraw-Hill, 2001. Cap. 48.

MOLES, Abraham. O Cartaz. São Paulo: Perspectiva,1987.

MORIN, Edgar. (com a colaboração de Irene Nahoum). Cultura de massas no

século XX: necrose. Tradução de Agenor Soares Santos. 3a ed. Rio de

Janeiro: Forense Universitária, 1999. (O Espírito do Tempo, nº 2). Título

original: L’ esprit du temps.

______. Cultura de massas no século XX: neurose. Tradução de Maura Ribeiro

Sardinha. 6a ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1984. (O Espírito

do Tempo, nº 1). Título original: L’ esprit du temps.

MULLICK, A., e STEINFELD, E. Universal Design: What It Is and What It Isn’t,

Innovation, the Quarterly Journal of the Industrial Designers Society of

America, 16:1, 1997. In: PREISER, F. E. W.; OSTROFF, E. Universal De-

sign Handbook. New York: McGraw-Hill, 2001. Cap. 1.

NOVAES, Adauto; et alii. O Olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

OJEDA, C. M. P. A Organização do Espaço como Uma Atividade Socialmente

Page 103: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 103

Compartilhada: o usuário como participante do processo relativo ao proje-

to de utilização do espaço. Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa

Catarina. Florianópolis, 1995. Disponível em:

htp://www.eps.ufsc.br/disserta/Pablo/index.htm. Acesso em março 2003.

OKAMOTO, Jun. Percepção Ambiental e Comportamento. São Paulo: Plêiade,

1996.

PALMER, S. Modern Theories of Gestalt perception. In G. W. Humphreys (Ed.),

Understanding vision: An interdisciplinary perspective – Readings in mind

and language. Oxford: England: Blackwell.

PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens urbanas. 2ª ed. São Paulo: SENAC – Ser-

viço Nacional do Comércio – SP/Marca D’Água, 1998.

PORTELLA, Adriana Araújo. A qualidade visual dos centros de comércio e a le-

gibilidade dos anúncios comerciais. Porto Alegre: UFRGS, Faculdade de

Arquitetura, 2003. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, Faculdade de Arquitetura, Programa de Pós-Graduação

em Planejamento Urbano e Regional, Porto Alegre, RS, 2003.

PORTELLA, Adriana Araújo. Evaluating commercial signs in historic streets-

capes: the effects of the control of advertising and signage on user’s

sense of environmental quality. Tese de Doutorado. Oxford Brookes Uni-

versity, Oxford, Inglaterra, 2007.

PREISER, F. E. W.; OSTROFF, E. Universal Design Handbook. New York:

McGraw-Hill, 2001.

RAPOPORT, A; HAWKES, R. The Perception of Urban Complexity. AIP Journal,

v. 6, n. 2, p. 106-111, Mar. 1970.

RAPOPORT, Amos. Aspectos humanos de la forma urbana. Barcelona: Gustavo

Gili, 1978.

RIBEIRO Carol tem que completar

RIO, Vicente del e OLIVEIRA, Livia de (Org.). Percepção ambiental: a experiên-

cia brasileira. São Paulo: Studio Nobel, 1996.

RYBCZYNSKI, Witold. Vida nas cidades: expectativas urbanas no novo mundo.

Tradução de Beatriz Horta. Rio de Janeiro: Record, 1996. Título original:

Page 104: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 104

City life: urban expectations in a new world.

SELLTIZ, Claire et alii. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo:

E.P.U. - USP, 1974.

SERVA, Leão. Cidade Limpa: o projeto que mudou a cara de São Paulo. São

Paulo: Clio, 2008.

SPENCER, C. P.; BLADES, M.; MORSLEY, K. The Child in the Physical Envi-

ronment: the development of special knowledge and cognition. New York:

John Wiley, 1989.

STANTON, William. Fundamentos de Marketing. São Paulo: Pioneira, 1980.

TAKAHASHI, G. Design Handbook For Accessibility and Usability for All. Tokyo:

Shokokusya, 2000.

TINOCO, Ágata. Um olhar pedestre sobre o mobiliário urbano paulistano – Itaim

Bibi, 1995-2001. São Paulo: tese de doutorado FAU/USP, 2003.

TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar. São Paulo: Difel, 1983.

VENTURI, Robert e outros.Aprendiendo de Las Vegas – El simbolismo olvidado

de la forma arquitectónica. Barcelona: Gustavo Gili, 2000.

YÁZIGI, Eduardo. O mundo das calçadas. São Paulo: Humanitas / FFLCH /

USP, Imprensa Oficial do Estado, 2000.

Page 105: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 105

8. ANEXOS

8.1. AGENTES / INTERLOCUTORES

Possíveis agentes / interlocutores envolvidos na pesquisa e no processo de tra-

balho e que representarão os diferentes segmentos nos fóruns de discussão:

1. Academia

1.1. ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing

Professores (envolvidos com a pesquisa)

Alunos (envolvidos com a pesquisa e com as disciplinas que poderão servir

de suporte para a aplicação de algumas das metodologias)

2. Mercado

2.1. Agências de publicidade e de design (com forte atuação no merca-

do de Porto Alegre)

Competence – João Satt Filho / Ângela Baldino

DCS – Antonio D’Alessandro

Escala – Alfredo Fedrizzi

Gad Design – Valpírio Monteiro

2.2. Empresas do ramo da comunicação visual urbana

Ativa – Régis Dubin

Huly Luminosos – Pedro Schaan

3. Sociedade

3.1. Governo municipal

Prefeitura Municipal de Porto Alegre

Secretaria de Comunicação da Prefeitura – Anilson Costa

Page 106: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 106

Secretaria de Planejamento Municipal – Clóvis Magalhães

Secretaria Municipal de Meio Ambiente – Beto Moesch

3.2. Entidades organizadas

ARP – Associação Rio-Grandense de Propaganda– Marcos Zani ABA - Associação Brasileira de Anunciantes – Rafael Sampaio ApDesign – Associação dos Profissionais em Design – Valpírio Monteiro

Page 107: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 107

8.2. LEI “CIDADE LIMPA”

LEI Nº 14.223, DE 26 DE SETEMBRO DE 2006 (Projeto de Lei nº 379/06, do Executivo, aprovado na forma de Substitutivo do Legislativo) Dispõe sobre a ordenação dos elementos que compõem a paisagem urbana do Município de São Paulo. GILBERTO KASSAB, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 26 de setembro de 2006, decretou e eu promulgo a seguinte lei: CAPÍTULO I DOS OBJETIVOS, DIRETRIZES, ESTRATÉGIAS E DEFINIÇÕES Art. 1º. Esta lei dispõe sobre a ordenação dos elementos que compõem a paisagem urbana, visíveis a partir de logradouro público no território do Município de São Paulo. Art. 2º. Para fins de aplicação desta lei, considera-se paisagem urbana o espaço aéreo e a su-perfície externa de qualquer elemento natural ou construído, tais como água, fauna, flora, cons-truções, edifícios, anteparos, superfícies aparentes de equipamentos de infra-estrutura, de segu-rança e de veículos automotores, anúncios de qualquer natureza, elementos de sinalização ur-bana, equipamentos de informação e comodidade pública e logradouros públicos, visíveis por qualquer observador situado em áreas de uso comum do povo. Art. 3º. Constituem objetivos da ordenação da paisagem do Município de São Paulo o atendi-mento ao interesse público em consonância com os direitos fundamentais da pessoa humana e as necessidades de conforto ambiental, com a melhoria da qualidade de vida urbana, assegu-rando, dentre outros, os seguintes: I - o bem-estar estético, cultural e ambiental da população; II - a segurança das edificações e da população; III - a valorização do ambiente natural e construído; IV - a segurança, a fluidez e o conforto nos deslocamentos de veículos e pedestres; V - a percepção e a compreensão dos elementos referenciais da paisagem; VI - a preservação da memória cultural; VII - a preservação e a visualização das características peculiares dos logradouros e das facha-das; VIII - a preservação e a visualização dos elementos naturais tomados em seu conjunto e em suas peculiaridades ambientais nativas; IX - o fácil acesso e utilização das funções e serviços de interesse coletivo nas vias e logradou-ros; X - o fácil e rápido acesso aos serviços de emergência, tais como bombeiros, ambulâncias e

Page 108: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 108

polícia; XI - o equilíbrio de interesses dos diversos agentes atuantes na cidade para a promoção da me-lhoria da paisagem do Município. Art. 4º. Constituem diretrizes a serem observadas na colocação dos elementos que compõem a paisagem urbana: I - o livre acesso de pessoas e bens à infra-estrutura urbana; II - a priorização da sinalização de interesse público com vistas a não confundir motoristas na condução de veículos e garantir a livre e segura locomoção de pedestres; III - o combate à poluição visual, bem como à degradação ambiental; IV - a proteção, preservação e recuperação do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagísti-co, de consagração popular, bem como do meio ambiente natural ou construído da cidade; V - a compatibilização das modalidades de anúncios com os locais onde possam ser veiculados, nos termos desta lei; VI - a implantação de sistema de fiscalização efetivo, ágil, moderno, planejado e permanente. Art. 5º. As estratégias para a implantação da política da paisagem urbana são as seguintes: I - a elaboração de normas e programas específicos para os distintos setores da Cidade, consi-derando a diversidade da paisagem nas várias regiões que a compõem; II - o disciplinamento dos elementos presentes nas áreas públicas, considerando as normas de ocupação das áreas privadas e a volumetria das edificações que, no conjunto, são formadoras da paisagem urbana; III - a criação de novos padrões, mais restritivos, de comunicação institucional, informativa ou indicativa; IV - a adoção de parâmetros de dimensões, posicionamento, quantidade e interferência mais adequados à sinalização de trânsito, aos elementos construídos e à vegetação, considerando a capacidade de suporte da região; V - o estabelecimento de normas e diretrizes para a implantação dos elementos componentes da paisagem urbana e a correspondente veiculação de publicidade; VI - a criação de mecanismos eficazes de fiscalização sobre as diversas intervenções na paisa-gem urbana. Art. 6º. Para os efeitos de aplicação desta lei, ficam estabelecidas as seguintes definições: I - anúncio: qualquer veículo de comunicação visual presente na paisagem visível do logradouro público, composto de área de exposição e estrutura, podendo ser: a) anúncio indicativo: aquele que visa apenas identificar, no próprio local da atividade, os estabe-lecimentos e/ou profissionais que dele fazem uso; b) anúncio publicitário: aquele destinado à veiculação de publicidade, instalado fora do local on-de se exerce a atividade; c) anúncio especial: aquele que possui características específicas, com finalidade cultural, eleito-

Page 109: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 109

ral, educativa ou imobiliária, nos termos do disposto no art. 19 desta lei; II - área de exposição do anúncio: a área que compõe cada face da mensagem do anúncio, de-vendo, caso haja dificuldade de determinação da superfície de exposição, ser considerada a área do menor quadrilátero regular que contenha o anúncio; III - área livre de imóvel edificado: a área descoberta existente entre a edificação e qualquer divi-sa do imóvel que a contém; IV - área total do anúncio: a soma das áreas de todas as superfícies de exposição do anúncio, expressa em metros quadrados; V - bem de uso comum: aquele destinado à utilização do povo, tais como as áreas verdes e insti-tucionais, as vias e logradouros públicos, e outros; VI - bem de valor cultural: aquele de interesse paisagístico, cultural, turístico, arquitetônico, am-biental ou de consagração popular, público ou privado, composto pelas áreas, edificações, mo-numentos, parques e bens tombados pela União, Estado e Município, e suas áreas envoltórias; VII - espaço de utilização pública: a parcela do espaço urbano passível de uso e fruição pela população; VIII - mobiliário urbano é o conjunto de elementos que podem ocupar o espaço público, implan-tados, direta ou indiretamente, pela Administração Municipal, com as seguintes funções urbanís-ticas: a) circulação e transportes; b) ornamentação da paisagem e ambientação urbana; c) descanso e lazer; d) serviços de utilidade pública; e) comunicação e publicidade; f) atividade comercial; g) acessórios à infra-estrutura; IX - fachada: qualquer das faces externas de uma edificação principal ou complementar, tais como torres, caixas d'água, chaminés ou similares; X - imóvel: o lote, público ou privado, edificado ou não, assim definido: a) imóvel edificado: aquele ocupado total ou parcialmente com edificação permanente; b) imóvel não-edificado: aquele não ocupado ou ocupado com edificação transitória, em que não se exerçam atividades nos termos da legislação de uso e ocupação do solo; XI - lote: a parcela de terreno resultante de loteamento, desmembramento ou desdobro, contida em uma quadra com, pelo menos, uma divisa lindeira a via de circulação oficial; XII - testada ou alinhamento: a linha divisória entre o imóvel de propriedade particular ou pública e o logradouro ou via pública. Art. 7º. Para os fins desta lei, não são considerados anúncios:

Page 110: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 110

I - os nomes, símbolos, entalhes, relevos ou logotipos, incorporados à fachada por meio de aber-turas ou gravados nas paredes, sem aplicação ou afixação, integrantes de projeto aprovado das edificações; II - os logotipos ou logomarcas de postos de abastecimento e serviços, quando veiculados nos equipamentos próprios do mobiliário obrigatório, como bombas, densímetros e similares; III - as denominações de prédios e condomínios; IV - os que contenham referências que indiquem lotação, capacidade e os que recomendem cautela ou indiquem perigo, desde que sem qualquer legenda, dístico ou desenho de valor publi-citário; V - os que contenham mensagens obrigatórias por legislação federal, estadual ou municipal; VI - os que contenham mensagens indicativas de cooperação com o Poder Público Municipal, Estadual ou Federal; VII - os que contenham mensagens indicativas de órgãos da Administração Direta; VIII - os que contenham indicação de monitoramento de empresas de segurança com área má-xima de 0,04m² (quatro decímetros quadrados); IX - aqueles instalados em áreas de proteção ambiental que contenham mensagens institucio-nais com patrocínio; X - os que contenham as bandeiras dos cartões de crédito aceitos nos estabelecimentos comer-ciais, desde que não ultrapassem a área total de 0,09m² (nove decímetros quadrados); XI - os "banners" ou pôsteres indicativos dos eventos culturais que serão exibidos na própria edificação, para museu ou teatro, desde que não ultrapassem 10% (dez por cento) da área total de todas as fachadas; XII - a denominação de hotéis ou a sua logomarca, quando inseridas ao longo da fachada das edificações onde é exercida a atividade, devendo o projeto ser aprovado pela Comissão de Pro-teção à Paisagem Urbana - CPPU; XIII - a identificação das empresas nos veículos automotores utilizados para a realização de seus serviços. CAPÍTULO II DAS NORMAS GERAIS Art. 8º. Todo anúncio deverá observar, dentre outras, as seguintes normas: I - oferecer condições de segurança ao público; II - ser mantido em bom estado de conservação, no que tange a estabilidade, resistência dos materiais e aspecto visual; III - receber tratamento final adequado em todas as suas superfícies, inclusive na sua estrutura; IV - atender as normas técnicas pertinentes à segurança e estabilidade de seus elementos; V - atender as normas técnicas emitidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT,

Page 111: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 111

pertinentes às distâncias das redes de distribuição de energia elétrica, ou a parecer técnico emi-tido pelo órgão público estadual ou empresa responsável pela distribuição de energia elétrica; VI - respeitar a vegetação arbórea significativa definida por normas específicas constantes do Plano Diretor Estratégico; VII - não prejudicar a visibilidade de sinalização de trânsito ou outro sinal de comunicação insti-tucional, destinado à orientação do público, bem como a numeração imobiliária e a denominação dos logradouros; VIII - não provocar reflexo, brilho ou intensidade de luz que possa ocasionar ofuscamento, preju-dicar a visão dos motoristas, interferir na operação ou sinalização de trânsito ou, ainda, causar insegurança ao trânsito de veículos e pedestres, quando com dispositivo elétrico ou com película de alta reflexividade; IX - não prejudicar a visualização de bens de valor cultural. Art. 9º. É proibida a instalação de anúncios em: I - leitos dos rios e cursos d'água, reservatórios, lagos e represas, conforme legislação específi-ca; II - vias, parques, praças e outros logradouros públicos, salvo os anúncios de cooperação entre o Poder Público e a iniciativa privada, a serem definidos por legislação específica, bem como as placas e unidades identificadoras definidas no § 6º do art. 22 desta lei; III - imóveis situados nas zonas de uso estritamente residenciais, salvo os anúncios indicativos nos imóveis regulares e que já possuíam a devida licença de funcionamento anteriormente à Lei nº 13.430, de 13 de setembro de 2002; IV - postes de iluminação pública ou de rede de telefonia, inclusive cabines e telefones públicos, conforme autorização específica, exceção feita ao mobiliário urbano nos pontos permitidos pela Prefeitura; V - torres ou postes de transmissão de energia elétrica; VI - nos dutos de gás e de abastecimento de água, hidrantes, torres d'água e outros similares; VII - faixas ou placas acopladas à sinalização de trânsito; VIII - obras públicas de arte, tais como pontes, passarelas, viadutos e túneis, ainda que de domí-nio estadual e federal; IX - bens de uso comum do povo a uma distância inferior a 30,00m (trinta metros) de obras pú-blicas de arte, tais como túneis, passarelas, pontes e viadutos, bem como de seus respectivos acessos; X - nos muros, paredes e empenas cegas de lotes públicos ou privados, edificados ou não; XI - nas árvores de qualquer porte; XII - nos veículos automotores, motocicletas, bicicletas e similares e nos "trailers" ou carretas engatados ou desengatados de veículos automotores, excetuados aqueles utilizados para trans-porte de carga. Art. 10. É proibido colocar anúncio na paisagem que:

Page 112: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 112

I - oblitere, mesmo que parcialmente, a visibilidade de bens tombados; II - prejudique a edificação em que estiver instalado ou as edificações vizinhas; III - prejudique, por qualquer forma, a insolação ou a aeração da edificação em que estiver insta-lado ou a dos imóveis vizinhos; IV - apresente conjunto de formas e cores que se confundam com as convencionadas interna-cionalmente para as diferentes categorias de sinalização de trânsito; V - apresente conjunto de formas e cores que se confundam com as consagradas pelas normas de segurança para a prevenção e o combate a incêndios. Art. 11. A aprovação do anúncio indicativo nas edificações e áreas enquadradas como Zonas de Preservação Cultural - ZEPEC e nos bens de valor cultural fica condicionada à prévia autoriza-ção da Secretaria Municipal de Planejamento - SEMPLA e da Secretaria Municipal de Cultura - SMC, nos termos do art. 125 da Lei nº 13.885, de 23 de agosto de 2004. CAPÍTULO III DA ORDENAÇÃO DA PAISAGEM URBANA Art. 12. Para os efeitos desta lei, considera-se, para a utilização da paisagem urbana, todos os anúncios, desde que visíveis do logradouro público em movimento ou não, instalados em: I - imóvel de propriedade particular, edificado ou não; II - imóvel de domínio público, edificado ou não; III - bens de uso comum do povo; IV - obras de construção civil em lotes públicos ou privados; V - faixas de domínio, pertencentes a redes de infra-estrutura, e faixas de servidão de redes de transporte, de redes de transmissão de energia elétrica, de oleodutos, gasodutos e similares; VI - veículos automotores e motocicletas; VII - bicicletas e similares; VIII - "trailers" ou carretas engatados ou desengatados de veículos automotores; IX - mobiliário urbano; X - aeronaves em geral e sistemas aéreos de qualquer tipo. § 1º. Para fins do disposto neste artigo, considera-se visível o anúncio instalado em espaço ex-terno ou interno da edificação e externo ou interno dos veículos automotores, excetuados aque-les utilizados para transporte de carga. § 2º. No caso de se encontrar afixado em espaço interno de qualquer edificação, o anúncio será considerado visível quando localizado até 1,00m (um metro) de qualquer abertura ou vedo trans-parente que se comunique diretamente com o exterior. Seção I Do Anúncio Indicativo em Imóvel Edificado, Público ou Privado

Page 113: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 113

Art. 13. Ressalvado o disposto no art. 16 desta lei, será permitido somente um único anúncio indicativo por imóvel público ou privado, que deverá conter todas as informações necessárias ao público. § 1º. Os anúncios indicativos deverão atender as seguintes condições: I - quando a testada do imóvel for inferior a 10,00m (dez metros) lineares, a área total do anúncio não deverá ultrapassar 1,50m² (um metro e cinqüenta decímetros quadrados); II - quando a testada do imóvel for igual ou superior a 10,00m (dez metros) lineares e inferior a 100,00m (cem metros lineares), a área total do anúncio não deverá ultrapassar 4,00m² (quatro metros quadrados); III - quando o anúncio indicativo for composto apenas de letras, logomarcas ou símbolos gram-peados ou pintados na parede, a área total do anúncio será aquela resultante do somatório dos polígonos formados pelas linhas imediatamente externas que contornam cada elemento inserido na fachada; IV - quando o anúncio indicativo estiver instalado em suportes em forma de totens ou estruturas tubulares, deverão eles estar contidos dentro do lote e não ultrapassar a altura máxima de 5,00m (cinco metros), incluídas a estrutura e a área total do anúncio. § 2º. Não serão permitidos anúncios que descaracterizem as fachadas dos imóveis com a colo-cação de painéis ou outro dispositivo. § 3º. Não serão permitidos anúncios instalados em marquises, saliências ou recobrimento de fachadas, mesmo que constantes de projeto de edificação aprovado ou regularizado. § 4º. O anúncio indicativo não poderá avançar sobre o passeio público ou calçada. § 5º. Nas edificações existentes no alinhamento, regulares e dotadas de licença de funcionamen-to, o anúncio indicativo poderá avançar até 0,15m (quinze centímetros) sobre o passeio. § 6º. Os anúncios deverão ter sua projeção ortogonal totalmente contida dentro dos limites ex-ternos da fachada onde se encontram e não prejudicar a área de exposição de outro anúncio. § 7º. Será admitido anúncio indicativo no frontão de toldo retrátil, desde que a altura das letras não ultrapasse 0,20m (vinte centímetros), atendido o disposto no "caput" deste artigo. § 8º. Não serão permitidas pinturas, apliques ou quaisquer outros elementos com fins promocio-nais ou publicitários, que sejam vistos dos logradouros públicos, além daqueles definidos nesta lei. § 9º. A altura máxima de qualquer parte do anúncio indicativo não deverá ultrapassar, em ne-nhuma hipótese, a altura máxima de 5,00m (cinco metros). § 10. Na hipótese do imóvel, público ou privado, abrigar mais de uma atividade, o anúncio referi-do no "caput" deste artigo poderá ser subdividido em outros, desde que sua área total não ultra-passe os limites estabelecidos no § 1º deste artigo. § 11. Quando o imóvel for de esquina ou tiver mais de uma frente para logradouro público oficial, será permitido um anúncio por testada, atendidas as exigências estabelecidas neste artigo. Art. 14. Ficam proibidos os anúncios indicativos nas empenas cegas e nas coberturas das edifi-cações.

Page 114: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 114

Art. 15. Nos imóveis edificados, públicos ou privados, somente serão permitidos anúncios indica-tivos das atividades neles exercidas e que estejam em conformidade com as disposições estabe-lecidas na lei de uso e ocupação do solo em vigor e possuam as devidas licenças de funciona-mento. Parágrafo único. Não serão permitidos, nos imóveis edificados, públicos ou privados, a coloca-ção de "banners", faixas ou qualquer outro elemento, dentro ou fora do lote, visando chamar a atenção da população para ofertas, produtos ou informações que não aquelas estabelecidas nesta lei. Do Anúncio Indicativo em Imóvel Público ou Privado Situado em Lotes com Testada Igual ou Superior a 100 Metros Lineares Art. 16. Nos imóveis públicos ou privados com testada igual ou maior que 100,00m (cem metros) lineares poderão ser instalados 2 (dois) anúncios com área total não superior a 10,00m² (dez metros quadrados) cada um. § 1º. As peças que contenham os anúncios definidos no "caput" deste artigo deverão ser implan-tadas de forma a garantir distância mínima de 40,00m (quarenta metros) entre elas. § 2º. A área total dos anúncios definidos no "caput" deste artigo não deverá, em nenhuma hipó-tese, ultrapassar 20,00m² (vinte metros quadrados). Do Anúncio Indicativo em Imóvel Não-Edificado, Público ou Privado Art. 17. Não será permitido qualquer tipo de anúncio em imóveis não-edificados, de propriedade pública ou privada, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo. Parágrafo único. Caso seja exercida atividade na área não-edificada, que possua a devida licen-ça de funcionamento, poderá ser instalado anúncio indicativo, observado o disposto no art. 13 desta lei. Do Anúncio Publicitário em Imóvel Público ou Privado Art. 18. Fica proibida, no âmbito do Município de São Paulo, a colocação de anúncio publicitário nos imóveis públicos e privados, edificados ou não. Dos Anúncios Especiais Art. 19. Para os efeitos desta lei, os anúncios especiais são classificados em: I - de finalidade cultural: quando for integrante de programa cultural, de plano de embelezamento da cidade ou alusivo a data de valor histórico, não podendo sua veiculação ser superior a 30 (trinta) dias, conforme decreto específico do Executivo, que definirá o projeto urbanístico próprio; II - de finalidade educativa, informativa ou de orientação social, religiosa, de programas políticos ou ideológicos, em caso de plebiscitos ou referendos populares; III - de finalidade eleitoral: quando destinado à propaganda de partidos políticos ou de seus can-didatos, na forma prevista na legislação federal eleitoral; IV - de finalidade imobiliária, quando for destinado à informação do público para aluguel ou ven-da de imóvel, não podendo sua área ultrapassar 1,00m² (um metro quadrado) e devendo estar contido dentro do lote. § 1º. Nos anúncios de finalidade cultural e educativa, o espaço reservado para o patrocinador será determinado pelos órgãos municipais competentes.

Page 115: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 115

§ 2º. Os anúncios referentes à propaganda eleitoral deverão ser retirados no prazo máximo de 15 (quinze) dias, a contar da data da realização das eleições ou plebiscitos. Art. 20. A veiculação de anúncios especiais relacionados a eventos culturais ou empreendimen-tos imobiliários sediados nos limites do Centro Histórico do Município de São Paulo dependerá de análise prévia e autorização dos órgãos competentes. Seção II Do Anúncio Publicitário no Mobiliário Urbano Art. 21. A veiculação de anúncios publicitários no mobiliário urbano será feita nos termos estabe-lecidos em lei específica, de iniciativa do Executivo. Art. 22. São considerados como mobiliário urbano de uso e utilidade pública os seguintes ele-mentos, dentre outros: I - abrigo de parada de transporte público de passageiro; II - totem indicativo de parada de ônibus; III - sanitário público "standard"; IV - sanitário público com acesso universal; V - sanitário público móvel (para feiras livres e eventos); VI - painel publicitário/informativo; VII - painel eletrônico para texto informativo; VIII - placas e unidades identificadoras de vias e logradouros públicos; IX - totem de identificação de espaços e edifícios públicos; X - cabine de segurança; XI - quiosque para informações culturais; XII - bancas de jornais e revistas; XIII - bicicletário; XIV - estrutura para disposição de sacos plásticos de lixo e destinada à reciclagem; XV - grade de proteção de terra ao pé de árvores; XVI - protetores de árvores; XVII - quiosque para venda de lanches e produtos em parques; XVIII - lixeiras; XIX - relógio (tempo, temperatura e poluição); XX - estrutura de suporte para terminal de Rede Pública de Informação e Comunicação;

Page 116: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 116

XXI - suportes para afixação gratuita de pôster para eventos culturais; XXII - painéis de mensagens variáveis para uso exclusivo de informações de trânsito; XXIII - colunas multiuso; XXIV - estações de transferência; XXV - abrigos para pontos de táxi. § 1º. Abrigos de parada de transporte público de passageiros são instalações de proteção contra as intempéries, destinados aos usuários do sistema de transporte público, instalados nos pontos da parada e terminais, devendo, em sua concepção, ter definidos os locais para veiculação de publicidade e os painéis informativos referentes ao sistema de transporte e sua integração com o metropolitano. § 2º. Totem indicativo de parada de ônibus é o elemento de comunicação visual destinado à identificação da parada de ônibus, quando houver impedimento para instalação de abrigos. § 3º. Sanitários "standard" e com acesso universal são instalações higiênicas destinadas ao uso comum, sendo implantados em praças e nos terminais de transporte de uso coletivo, e os cha-mados sanitários públicos móveis instalados em feiras livres e eventos. § 4º. Painel publicitário informativo é o painel luminoso para informação a transeuntes, consistin-do num sistema de sinalização global para a cidade, que identificará mapas de áreas, marcação dos pontos de interesse turístico, histórico e de mensagens de caráter educativo. § 5º. Painel eletrônico para texto informativo consiste em painéis luminosos ou totens orientado-res do público em geral, em relação aos imóveis, paisagens e bens de valor histórico, cultural, de memória popular, artístico, localizados no entorno e ainda com a mesma função relativamente a casas de espetáculos, teatros e auditórios. § 6º. Placas e unidades identificadoras de vias e logradouros públicos são aquelas que identifi-cam as vias e logradouros públicos, instaladas nas respectivas confluências. § 7º. Totens de identificação de espaços e edifícios públicos são elementos de comunicação visual destinados à identificação dos espaços e edifícios públicos. § 8º. Cabine de segurança é o equipamento destinado a abrigar policiais durante 24 horas por dia, com acesso externo tipo balcão para atendimento dos transeuntes, com capacidade para prestação de primeiros socorros, contendo pequeno sanitário, além de espaço para detenção provisória de, pelo menos, 1 (uma) pessoa. § 9º. Quiosques são equipamentos destinados à comercialização e prestação de serviços diver-sos, implantados em praças e logradouros públicos, em locais e quantidades a serem estipula-das pelo Poder Público Municipal, sem prejuízo do comércio local regularmente estabelecido e do trânsito de pedestres. § 10. As bancas para a comercialização de jornais e revistas, instaladas em espaços públicos, obedecerão a um cronograma de instalação, decorrente da aprovação do desenho do mobiliário em relação ao desenho urbano e da aprovação de sua instalação naquele espaço específico. § 11. Bicicletário é o equipamento destinado a abrigar bicicletas do público em geral, adaptável a estações de metrô, ônibus e trens, escolas e instituições. § 12. Grade de proteção de terra ao pé de árvores é aquela elaborada em forma de gradil, desti-

Page 117: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 117

nada à proteção das bases de árvores em calçadas, podendo servir de piso no mesmo nível do pavimento das referidas calçadas. § 13. Protetores de árvore são aqueles elaborados em forma de gradil protetor da muda ou ar-busto, instalados em vias, logradouros ou outros espaços públicos, tais como praças, jardins e parques, de acordo com projetos paisagísticos elaborados pelo Poder Público Municipal ou pelo concessionário, em material de qualidade não agressivo ao meio ambiente. § 14. As lixeiras, destinadas ao descarte de material inservível de pouco volume, serão instala-das nas calçadas, em pontos e intervalos estratégicos, sem prejuízo do tráfego de pedestres ou de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. § 15. Relógios/termômetros são equipamentos com iluminação interna, destinados à orientação do público em geral quanto ao horário, temperatura e poluição do local, podendo ser instalados nas vias públicas, nos canteiros centrais e nas ilhas de travessia de avenidas. § 16. Estrutura de suporte para terminal da Rede Pública de Informação e Comunicação são estruturas destinadas a conter equipamentos de informática, compondo terminais integrados ao "hardware" da Rede Pública Interativa de Informação e Comunicação, a serem instalados em locais públicos abrigados, de intenso trânsito de pedestres. § 17. Suportes para afixação gratuita de pôsteres são elementos estruturados para receber a aplicação de pequenos pôsteres do tipo "lambe-lambe", que promovem eventos culturais, sem espaço para publicidade. § 18. Painéis de mensagens variáveis para uso exclusivo de informações de trânsito são equi-pamentos eletrônicos destinados a veicular mensagens de caráter exclusivamente informativo e de utilidade no que se refere ao sistema viário e de trânsito da cidade. § 19. Colunas multiuso são aquelas destinadas à fixação de publicidade, cujo desenho deve ser compatível com o seu entorno, podendo abrigar funções para suporte de equipamentos de servi-ços, tais como quiosques de informação e venda de ingressos. § 20. Estações de transferência são locais protegidos para passageiros de ônibus em operações de transbordo. § 21. Abrigos para pontos de táxi são instalações de proteção contra as intempéries, destinadas à proteção dos usuários do sistema regular de táxis, devendo, em sua concepção, definir os locais para veiculação de publicidade e painéis informativos referentes ao sistema de transporte e sua integração com o metropolitano. Art. 23. Os elementos do mobiliário urbano não poderão: I - ocupar ou estar projetado sobre o leito carroçável das vias; II - obstruir a circulação de pedestres ou configurar perigo ou impedimento à locomoção de pes-soas com deficiência e mobilidade reduzida; III - obstruir o acesso a faixas de travessias de pedestres, escadas rolantes ou entradas e saídas de público, sobretudo as de emergência ou para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida; IV - estar localizado em ilhas de travessia, exceto pontos de ônibus e relógios/termômetros digi-tais; V - estar localizado em esquinas, viadutos, pontes e belvederes, salvo os equipamentos de in-formação básica ao pedestre ou de denominação de logradouro público.

Page 118: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 118

Parágrafo único. A instalação do mobiliário urbano nos passeios públicos deverá necessariamen-te observar uma faixa de circulação de, no mínimo, metade de sua largura, nunca inferior a 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros); nos calçadões, a faixa de circulação terá 4,50m (qua-tro metros e cinqüenta centímetros) de largura. CAPÍTULO IV DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Seção I Do Licenciamento e do Cadastro de Anúncios - CADAN Art. 24. Os anúncios indicativos somente poderão ser instalados após a devida emissão da li-cença que implicará seu registro imediato no Cadastro de Anúncios - CADAN. Art. 25. O licenciamento do anúncio indicativo será promovido por meio eletrônico, conforme regulamentação específica, não sendo necessária a sua renovação, desde que não haja altera-ção em suas características. Parágrafo único. Qualquer alteração na característica, dimensão ou estrutura de sustentação do anúncio implica a exigência de imediata solicitação de nova licença. Art. 26. A colocação de anúncio de finalidade cultural ficará sujeita à autorização da Secretaria Municipal de Cultura - SMC, dispensando-se seu licenciamento. Art. 27. Ficam dispensados de licenciamento os anúncios instalados em mobiliários e equipa-mentos urbanos, inclusive quanto ao seu cadastramento no órgão competente estabelecido no respectivo contrato. Art. 28. O despacho de indeferimento de pedido da licença de anúncio indicativo será devida-mente fundamentado. Parágrafo único. O indeferimento do pedido não dá ao requerente o direito à devolução de even-tuais taxas ou emolumentos pagos. Art. 29. O prazo para pedido de reconsideração de despacho ou de recurso é de 30 (trinta) dias corridos, contados a partir da data da publicação do despacho no Diário Oficial da Cidade. Parágrafo único. Os pedidos de reconsideração de despacho ou de recurso não terão efeito suspensivo. Seção II Do cancelamento da licença do anúncio Art. 30. A licença do anúncio será automaticamente extinta nos seguintes casos: I - por solicitação do interessado, mediante requerimento padronizado; II - se forem alteradas as características do anúncio; III - quando ocorrer mudança de local de instalação de anúncio; IV - se forem modificadas as características do imóvel; V - quando ocorrer alteração no Cadastro de Contribuintes Mobiliários - CCM;

Page 119: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 119

VI - por infringência a qualquer das disposições desta lei ou de seu decreto regulamentar, caso não sejam sanadas as irregularidades dentro dos prazos previstos; VII - pelo não-atendimento a eventuais exigências dos órgãos competentes; VIII - pela ocorrência da hipótese prevista no parágrafo único no art. 25 desta lei. Art. 31. Os responsáveis pelo anúncio, nos termos do art. 32 desta lei, deverão manter o número da licença de anúncio indicativo ou CADAN de forma visível e legível do logradouro público, sob pena de aplicação das sanções estabelecidas nos arts. 40 e seguintes. Parágrafo único. Os responsáveis pelo anúncio deverão manter, no imóvel onde está instalado, à disposição da fiscalização, toda a documentação comprobatória da regularidade junto ao Cadas-tro de Anúncio - CADAN, da inscrição no Cadastro de Contribuintes Mobiliários - CCM e dos pagamentos da Taxa de Fiscalização de Anúncio - T.F.A. Seção III Dos responsáveis pelo anúncio Art. 32. Para efeitos desta lei, são solidariamente responsáveis pelo anúncio o proprietário e o possuidor do imóvel onde o anúncio estiver instalado. § 1º. A empresa instaladora é também solidariamente responsável pelos aspectos técnicos e de segurança de instalação do anúncio, bem como de sua remoção. § 2º. Quanto à segurança e aos aspectos técnicos referentes à parte estrutural e elétrica, tam-bém são solidariamente responsáveis os respectivos profissionais. § 3º. Quanto à segurança e aos aspectos técnicos referentes à manutenção, também é solidari-amente responsável a empresa de manutenção. § 4º. Os responsáveis pelo anúncio responderão administrativa, civil e criminalmente pela vera-cidade das informações prestadas. Seção IV Das Instâncias Administrativas e Competências Art. 33. Para a apreciação e decisão da matéria tratada nesta lei, serão observadas as seguintes instâncias administrativas, no âmbito da competência das Subprefeituras: I - Supervisor de Uso e Ocupação do Solo; II - Chefe de Gabinete; III - Subprefeito; IV - Prefeito. Art. 34. Compete à Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras - SMSP: I - supervisionar e articular a atuação das Subprefeituras em matéria de paisagem urbana; II - expedir atos normativos e definir procedimentos administrativos para fiel execução desta lei e de seu regulamento;

Page 120: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 120

III - gerenciar o cadastro único dos anúncios da cidade - CADAN, bem como a veiculação eletrô-nica no "site" da Prefeitura para o conhecimento e acompanhamento de todos os cidadãos. Art. 35. Compete à Comissão de Proteção à Paisagem Urbana - CPPU: I - apreciar e emitir parecer sobre casos de aplicação da legislação de anúncios, mobiliário urba-no e inserção de elementos na paisagem urbana; II - dirimir dúvidas na interpretação de dispositivos desta lei ou em face de casos omissos; III - elaborar e apreciar projetos de normas modificativas ou inovadoras da legislação vigente, referentes a anúncios, mobiliário urbano e paisagem urbana, com as justificações necessárias visando sua constante atualização, diante de novas exigências técnicas e peculiares locais; IV - propor à Comissão Municipal de Política Urbana diretrizes relativas à política municipal de proteção e promoção da boa qualidade da paisagem urbana; V - propor e expedir atos normativos administrativos sobre a ordenação dos anúncios, paisagem e meio ambiente; VI - expedir atos normativos para fiel execução desta lei e de seu regulamento, apreciando e decidindo a matéria pertinente. Art. 36. Compete às Subprefeituras: I - licenciar e cadastrar os anúncios indicativos, inclusive os que já foram protocolados anterior-mente à data da publicação desta lei; II - fiscalizar o cumprimento desta lei e punir os infratores e responsáveis, aplicando as penalida-des cabíveis. Art. 37. Compete à Secretaria Municipal de Cultura - SMC: I - expedir atos normativos quanto à classificação dos anúncios de finalidade cultural e quanto às características e parâmetros para anúncios em bens de valor cultural, conforme definido no inci-so VI do art. 6° desta lei; II - emitir parecer, no âmbito de suas atribuições, quanto ao enquadramento das situações não previstas ou passíveis de dúvidas; III - autorizar e fixar condições para a instalação dos anúncios indicativos nos bens de valor cul-tural, conjuntamente com a Secretaria Municipal de Planejamento - SEMPLA, conforme o art. 125 da Lei nº 13.885, de 25 de agosto de 2004. Art. 38. Compete à Empresa Municipal de Urbanização - EMURB, quanto aos elementos da pai-sagem urbana: I - propor normas e programas específicos para os distintos setores da cidade; II - disciplinar os elementos presentes nas áreas públicas, considerando as normas de ocupação das áreas privadas e a volumetria das edificações; III - a criação de novos padrões, mais restritivos, de comunicação institucional, informativa ou indicativa; IV - elaborar parâmetros de dimensões, posicionamento, quantidade e interferência mais ade-

Page 121: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 121

quados à sinalização de trânsito, aos elementos construídos e à vegetação, considerando a ca-pacidade de suporte da região; V - propor normas e diretrizes para implantação dos elementos componentes da paisagem urba-na para a veiculação da publicidade; VI - propor mecanismos eficazes de fiscalização sobre as diversas intervenções na paisagem urbana. CAPÍTULO V DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES Art. 39. Para os fins desta lei, consideram-se infrações: I - exibir anúncio: a) sem a necessária licença de anúncio indicativo ou a autorização do anúncio especial, quando for o caso; b) com dimensões diferentes das aprovadas; c) fora do prazo constante da licença de anúncio indicativo ou da autorização do anúncio especi-al; d) sem constar de forma legível e visível do logradouro público, o número da licença de anúncio indicativo ou CADAN; II - manter o anúncio em mau estado de conservação; III - não atender a intimação do órgão competente para a regularização ou a remoção do anún-cio; IV - veicular qualquer tipo de anúncio em desacordo com o disposto nesta lei e nas demais leis municipais, estaduais e federais pertinentes; V - praticar qualquer outra violação às normas previstas nesta lei ou em seu decreto regulamen-tar. Parágrafo único. Para todos os efeitos desta lei, respondem solidariamente pela infração pratica-da os responsáveis pelo anúncio nos termos do art. 32. Art. 40. A inobservância das disposições desta lei sujeitará os infratores, nos termos de seu art. 32, às seguintes penalidades: I - multa; II - cancelamento imediato da licença do anúncio indicativo ou da autorização do anúncio espe-cial; III - remoção do anúncio. Art. 41. Na aplicação da primeira multa, sem prejuízo das demais penalidades cabíveis, os res-ponsáveis serão intimados a regularizar o anúncio ou a removê-lo, quando for o caso, observa-dos os seguintes prazos: I - 5 (cinco) dias, no caso de anúncio indicativo ou especial;

Page 122: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 122

II - 24 (vinte e quatro) horas, no caso de anúncio que apresente risco iminente. Art. 42. Na hipótese do infrator não proceder à regularização ou remoção do anúncio instalado irregularmente, a Municipalidade adotará as medidas para sua retirada, ainda que esteja instala-do em imóvel privado, cobrando os respectivos custos de seus responsáveis, independentemen-te da aplicação das multas e demais sanções cabíveis. Parágrafo único. O Poder Público Municipal poderá ainda interditar e providenciar a remoção imediata do anúncio, ainda que esteja instalado em imóvel privado, em caso de risco iminente de segurança ou da reincidência na prática de infração, cobrando os custos de seus responsáveis, não respondendo por quaisquer danos causados ao anúncio quando de sua remoção. Art. 43. As multas serão aplicadas da seguinte forma: I - primeira multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) por anúncio irregular; II - acréscimo de R$ 1.000,00 (mil reais) para cada metro quadrado que exceder os 4,00m² (qua-tro metros quadrados); III - persistindo a infração após a aplicação da primeira multa e a intimação referidas no art. 41 e nos incisos I e II deste artigo, sem que sejam respeitados os prazos ora estabelecidos, será apli-cada multa correspondente ao dobro da primeira, reaplicada a cada 15 (quinze) dias a partir da lavratura da anterior, até a efetiva regularização ou a remoção do anúncio, sem prejuízo do res-sarcimento, pelos responsáveis, dos custos relativos à retirada do anúncio irregular pela Prefeitu-ra. § 1º. No caso do anúncio apresentar risco iminente, a segunda multa, bem como as reaplicações subseqüentes, ocorrerão a cada 24 (vinte e quatro) horas a partir da lavratura da multa anterior até a efetiva remoção do anúncio. § 2º. Nos casos previstos nos arts. 9º e 10 desta lei, em que não é permitida a veiculação de anúncios publicitários por meio de "banners", "lambe-lambe", faixas, pinturas e outros elementos que promovam profissionais, serviços ou qualquer outra atividade nas vias e equipamentos pú-blicos, as sanções estipuladas neste artigo serão também aplicadas aos respectivos responsá-veis, que passarão a integrar cadastro municipal próprio, que será veiculado pela Internet no "site" da Prefeitura, na condição de "cidadão não responsável pela cidade". CAPÍTULO VI DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 44. Todos os anúncios publicitários, inclusive suas estruturas de sustentação, instalados, com ou sem licença expedida a qualquer tempo, dentro dos lotes urbanos de propriedade públi-ca ou privada, deverão ser retirados pelos seus responsáveis até 31 de dezembro de 2006. Parágrafo único. Em caso de descumprimento do disposto no "caput" deste artigo, serão impos-tas as penalidades previstas nos arts. 40 a 43 desta lei: I - à empresa registrada no Cadastro de Empresas de Publicidade Exterior - CADEPEX que te-nha requerido a licença do anúncio; II - ao proprietário ou possuidor do imóvel onde o anúncio estiver instalado; III - ao anunciante; IV - à empresa instaladora;

Page 123: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 123

V - aos profissionais responsáveis técnicos; VI - à empresa de manutenção. Art. 45. Todos os anúncios especiais autorizados e indicativos já licenciados deverão se adequar ao disposto nesta lei até 31 de dezembro de 2006. § 1º. O prazo previsto no "caput" deste artigo poderá ser prorrogado por mais 90 (noventa) dias, caso os responsáveis pelo anúncio justifiquem a impossibilidade de seu atendimento, mediante requerimento ao órgão competente do Executivo. § 2º. Em caso de não-atendimento aos prazos previstos neste artigo, serão impostas as penali-dades previstas nos arts. 40 a 43 desta lei. Art. 46. A critério do Executivo, o Cadastro de Empresas de Publicidade Exterior - CADEPEX poderá ser extinto. Art. 47. Novas tecnologias e meios de veiculação de anúncios, bem como projetos diferenciados não previstos nesta lei, serão enquadrados e terão seus parâmetros estabelecidos pela Comis-são de Proteção da Paisagem Urbana - CPPU. Art. 48. O Poder Executivo promoverá as medidas necessárias para viabilizar a aplicação das normas previstas nesta lei, em sistema computadorizado, estabelecendo, mediante portaria, a padronização de requerimentos e demais documentos necessários ao seu cumprimento. Art. 49. Os pedidos de licença de anúncios indicativos e de autorização de anúncios especiais pendentes de apreciação na data da entrada em vigor desta lei deverão adequar-se às exigên-cias e condições por ela instituídas. Art. 50. O Poder Executivo poderá celebrar termo de cooperação com a iniciativa privada visan-do à execução e manutenção de melhorias urbanas, ambientais e paisagísticas, bem como à conservação de áreas municipais, atendido o interesse público. § 1º. O Poder Executivo estabelecerá critérios para determinar a proporção entre o valor finan-ceiro dos serviços e obras contratadas e as dimensões da placa indicativa do termo de coopera-ção, bem como a forma de inserção dessas placas na paisagem. § 2º. Os termos de cooperação terão prazo de validade de, no máximo, 3 (três) anos e deverão ser publicados na íntegra no Diário Oficial da Cidade, no prazo máximo de 30 (trinta) dias conta-dos da data de sua assinatura, observadas as normas constantes desta lei e as disposições estabelecidas em decreto. Art. 51. A Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras e as Subprefeituras poderão celebrar contratos com empresas privadas, visando à prestação de serviços de apoio operacio-nal para a fiscalização, bem como de remoção de anúncios. Art. 52. A Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras publicará, no Diário Oficial da Cidade, no prazo de 30 (trinta) dias a partir da publicação desta lei, todas as licenças dos anún-cios indicativos, com a respectiva data de emissão, número do Cadastro de Anúncios - CADAN, nome da empresa responsável e data de validade de cada anúncio. Parágrafo único. Caberá à Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras a veicula-ção, pela Internet, das publicações relativas às licenças emitidas por cada Subprefeitura. Art. 53. A Secretaria Municipal de Habitação - SEHAB publicará, no Diário Oficial da Cidade, no prazo de 30 (trinta) dias a partir da publicação desta lei, todas as licenças dos anúncios publicitá-

Page 124: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 124

rios, com a respectiva data de emissão, número do Cadastro de Anúncios - CADAN, nome da empresa responsável e data de validade de cada anúncio. Art. 54. O Poder Executivo regulamentará a presente lei no prazo de 60 (sessenta) dias, conta-dos da data de sua publicação. Art. 55. As despesas com a execução desta lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. Art. 56. Ficam revogadas as Leis nº 10.571, de 8 de julho de 1988, nº 11.613, de 13 de julho de 1994, nº 12.849, de 20 de maio de 1999, nº 13.517, de 29 de janeiro de 2003, nº 13.525, de 28 de fevereiro de 2003, alterada pela Lei nº 13.687, de 19 de dezembro de 2003, e as Leis nº 14.017, de 28 de junho de 2005, e nº 14.066, de 17 de outubro de 2005. Art. 57. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, aplicando-se também a todos os pedidos de licenciamento de anúncios pendentes de apreciação. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 26 de setembro de 2006, 453º da fundação de São Paulo. GILBERTO KASSAB, PREFEITO Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 26 de setembro de 2006. ALOYSIO NUNES FERREIRA FILHO, Secretário do Governo Municipal

Page 125: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 125

8.3. ESTUDO DO IMPACTO DA LEI “CIDADE LIMPA”

Com o intuito de sondar se houve alguma alteração financeira ou de movimento

de clientela em decorrência da adaptação à lei 14.223 foi aplicado um questioná-

rio a comerciantes da cidade de São Paulo. A pesquisa foi realizada por estu-

dantes do curso de Design ESPM-SP como atividade acadêmica na disciplina

“Design de Sistemas Informacionais” que trata de sinalização ambiental.

Em uma primeira aproximação (2008/1) foram consultados gerentes ou funcio-

nários responsáveis de 70 estabelecimentos comerciais ou de serviços – deixa-

mos a critério dos estudantes a escolha dos locais, pois o que se queria verificar

era a clareza das questões e se procederia investir em uma investigação siste-

mática futura. No segundo semestre de 2008 a pesquisa de campo foi repetida

com outros 72 estabelecimentos e concluímos que os novos dados foram muito

semelhantes aos anteriores – corroborando os resultados da pesquisa piloto rea-

lizada no primeiro semestre. No segundo evento foi solicitado aos estudantes

que fizessem registros fotográficos dos locais para ilustrar as características do

estabelecimento.

Para uma avaliação inicial os estabelecimentos foram divididos em três grupos,

de acordo com o tempo de funcionamento no mesmo local – mais de 10 anos,

de 3 a 9 anos e até 2 anos. Os resultados prévios mostram que, mesmo das

empresas consideradas tradicionais, estabelecidas há mais de 10 anos no

mesmo endereço, 63% afirma ter havido prejuízo financeiro durante a adaptação

à lei. Índices muito próximos ocorrem com aqueles que estão instalados entre 3

e 9 anos (60% diz ter tido prejuízo). Neste déficit os respondentes incluem o in-

vestimento em novos letreiros e reforma de fachada. Como era de se esperar,

as mais recentes, que provavelmente já atendiam as especificações da lei em

suas fachadas quando iniciaram suas atividades, os índices se inverteram

(63.5% responde não ter sofrido prejuízo durante o período de implantação da

fiscalização tolerância zero).

Page 126: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 126

Também é relevante ressaltar que, do total de comerciantes entrevistados

18,06% teve alguma conversa com vizinhos e 81,94%, não conversou. Interes-

sante notar que os estabelecimentos que se enquadram no primeiro grupo tive-

ram um aumento de movimento significativo sobre os do segundo grupo.

Não conversou com vizinhos 33 56,90% não alterou movimento

9 15,52% aumentou movim.

14 24,14% diminuiu movim.

Conversou com vizinhos 5 38,46% não alterou movimento

5 38,46% aumentou movim.

3 23,08% diminuiu movim.

Quanto à questão sobre uma eventual mudança no faturamento ou freqüência

de clientes APÓS as adaptações à lei, os quadros e gráficos a seguir ilustram as

respostas.

mais de 10 anos 15 55,56% não

6 22,22% diminuiu

6 22,22% aumentou

de 3 a 9 anos

20 54,05% não

10 27,03% diminuiu

7 18,92% Aumentou

até 2 anos

3 60,00% não

1 20,00% diminuiu

1 20,00% aumentou

Tipos de reformas 19 26,76% só letreiro

31 43,66% estendeu à fachada

10 14,08% calçada

7 9,86% interior

16 22,54% outros

Page 127: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 127

53%

47%

Houve algum prejuízo sensível (financeiro ou clientela) DURANTE as adaptações à lei?

sim

não

55%25%

20%

Houve mudança sensível de movimento de clientes e/ou financeiro APÓS a(s) reforma(s)?

não

diminuiu

aumentou

Estes índices prévios estimulam uma aproximação mais acurada e sistêmica, no

entanto as informações foram consideradas periféricas ao escopo deste projeto.

Na próxima página anexamos o questionário aplicado aos comerciantes. A en-

trevista ocorreu com contato direto entre os estudantes e responsáveis pelo es-

tabelecimento no momento da entrevista. Não houve respostas relevantes às

questões abertas.

Page 128: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 128

Design de Sistemas Informacionais

Prof. Ágata Tinoco 2008/1 ESTUDO DE IMPACTO DA LEI “CIDADE LIMPA” EM ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS

1. Ramo de at ividade ………………………………………………………………………

2. Cargo do respondente ……………………………………………………………

3. Há quanto tempo a empresa está neste mesmo endereço? …………………

4. Houve algum prejuízo sensível (f inanceiro ou cl ientela) DURANTE as a-

daptações à lei “cidade l impa”? Sim ( ) Não ( )

5. Pode detalhar a resposta? . . . . . . . . . .…………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

6. A mudança f icou somente no letreiro ou se estendeu (fachada, interior,

calçada, outros)? ………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

7. Pode informar o montante do investimento para adequar a fachada do es-

tabelecimento à nova legislação? ……………………………………

8. Houve conversa com os vizinhos para decidirem as mudanças juntos?

Sim ( ) Não ( )

9. Houve mudança sensível de movimento de cl ientela e/ou f inanceiro APÓS

a(s) reforma(s)? Sim (+) ou (-) Não ( )

Bairro ……………………… Endereço ………………………………………………………………

Page 129: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 129

8.4. 1º FÓRUM SOBRE COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE URBANO

Com a realização do 1° Fórum sobre Comunicação no Ambiente Urbano no dia XX de XX de 2008, a ESPM estabeleceu uma relevante reunião de pontos de vista de várias áreas de conhecimento sobre as questões envolvidas no uso do espaço público pela comunicação. Pela primeira vez em Porto Alegre, um grupo de representantes de iniciativas públicas e privadas colocaram em pauta suas posições sobre as possíveis formas de organização dos interesses coletivos em relação à ocupação visual da cidade. Em especial, o Fórum propôs um foco diferenciado sobre a discussão ao buscar no Design um ponto em comum para tecer as conexões entre Agências de Co-municação e seus profissionais de criação, empresas de Mídia Externa, repre-sentantes de Órgãos relacionados ao Meio Ambiente e Urbanismo e o conheci-mento Acadêmico. Surge como resultado inicial de uma pesquisa desenvolvida por uma equipe multidisciplinar de professores da ESPM de Porto Alegre e São Paulo para o Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing - CAEPM da instituição. Com formações em Arquitetura, Sociologia, Propaganda, Arte e Design, o Nú-cleo de Estudo da Comunicação no Ambiente Urbano se estabeleceu como um pólo de questionamento dos efeitos e resultados da ocupação da cidade pela mídia pública, mas principalmente como espaço de busca de uma metodologia completa e diferenciada de análise a avaliação deste fenômeno. Considerando que o Design oferece todo o instrumental teórico, bastante amplo e eclético, necessário a abranger tantos elementos e pontos de vista, foram con-vidados representantes de algumas das empresas e entidades diretamente en-volvidas com o tema a expor suas experiência sob esta perspectiva. Em duas mesas, tratando de Estética e Legislação, participaram respectivamen-te: Dra. Regina Monteiro, arquiteta e urbanista que participou da elaboração do pro-jeto da lei 14.223 em SP (projeto “Cidade Limpa) e Diretora de projetos Meio Ambiente e Paisagem Urbana da Empresa Municipal de Urbanização Paulista; Marcelo Pires, publicitário de criação da Agência Competence; Roberto Bastos, Diretor de Contas do GAD Brand Design; com mediação dos Professores Me. Fernando Bakos, com formação em Comunicação e Poéticas Visuais, e Dr. E-duardo Benzatti, antropólogo; Celso Chitolina, da Associação Riograndense de Propaganda – ARP; Sr. Pedro Sham, da Huly Luminosos; Dannie Dubin, diretor presidente da Ativa Mídia Exte-rior e da Central de outdoors Rio Grande do Sul; com mediação dos Professores Me. Fabiano Scherer, arquiteto e designer, e Dr. Ágata Tinoco, designer. Mais aparentes, as questões estéticas são em grande parte a referencia princi-pal das discussões sobre a cidade ideal. O projeto de ordenação da ocupação visual dos espaços públicos parece ser a zona de confluência dos diversos pon-tos de vista. O que os difere, no entanto, é justamente a maneira de implantar suas estratégias e os sistemas de julgamento do que é aceitável ou não. Há uma idealização modernista no modo de ainda hoje se pensar a cidade. A pure-

Page 130: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 130

za e a “ingenuidade” prevalecem no desenho quase saudosista de uma memória nunca havida. Os grandes projetos de reurbanização constantemente passam pela desapropriação dos espaços privados em nome de um plano iluminista de eixos e grandes intervenções. Cidades sedes de Jogos Olímpicos demonstram muitas vezes a “sanitarização” forjada que se sucede quando há um grande pla-no de estruturação de zonas urbanas. AO mesmo tempo, pequenas interven-ções de arquitetura e mesmo de “arte de rua” e propaganda, demonstram ser extremamente eficientes para fixar uma identidade particular e um laço de cum-plicidade com a população. A primeira discussão pode partir do conceito adotado por cada área de conhe-cimento do que é poluição visual. Pode ser o excesso, o ostensivo, a saturação que geram desconforto. Mas este é um critério bastante individualizado e cultu-ralizado que não pode ser homogeneamente aplicado. Modernista justamente é a expectativa de haver um modelo correto, ou mais correto que outros, capaz de suprir universalmente as necessidades humanas. Em tempos de “globalização”, algo da discussão pós-moderna parece necessitar ser incluído. Seja a nomen-clatura que se propuser, há claramente nos campos da estética um plano dife-renciado de pensamento e ação que vai surgindo em confronto, contestação, superação ou exacerbação da proposta modernista dos artistas, arquitetos, de-signers e forjadores de imagens a partir do meio do século vinte. O caos, o aca-so, a confluência e convivência de opostos, a efemeridade, a demarcação de território, a expressão da individualidade, a adoção de ícones, o questionamento do belo, tudo isso monta o quebra-cabeças da cidade ocidental que permeia nosso imaginário. Assim, Regina Monteiro apresentou sua experiência em torno da polêmica inter-venção oficial na cidade de São Paulo ocorrida a partir de 2006, quando foram estabelecidas regras restritivas a tamanhos e formatos de uso do campo de vi-são público pelos estabelecimentos comerciais e meios de comunicação exter-nos. Destacou a necessidade de dar visibilidade aos antagonismos para que a discussão chegue a um lugar. O modelo adotado em São Paulo quis rever a i-dentidade da cidade, de como já havia uma séria de estruturas de convivência entre o as necessidades de circulação, projeto estilístico, sinalização e explora-ção da rua como mídia que chegaram a um momento à “desordem da paisa-gem”. Inserções de iniciativas autônomas, formatadas dentro e fora das diretri-zes oficiais de uso das fachadas, que foram provocadas pela necessidade de “falar mais alto” e ter mais visibilidade, acabaram entre si neutralizando-se em um caos de formas, tamanhos e estilos. Normatizada somente por decretos, a exploração do espaço público ganha em São Paulo uma lei para o setor em 1993, que segundo Regina, impunha uma série de regras, mas beneficiava uma parcela específica ao permitir exploração de trinta metros quadrados por propaganda nos prédios. Várias empresas do ramo surgiram com clientes interessados neste formato, encontrando terreno fértil nos proprietários de edificações em pontos estratégicos de visibilidade que passaram a perceber o valor comercial e receber bom lucro com a venda de par-te de suas áreas. Esta relação de competitividade propiciou a gradual tentativa de expansão dos territórios, burlando gradativamente mais e mais as regras ao perceber brechas legais e falta de fiscalização adequada. Campo fértil à corrup-

Page 131: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 131

ção e a geração do “mau profissional”. Somente em 2003 outra comissão encabeçada pelo Urbanista Jorge Wilheim voltou a fazer uma revisão da situação, chegando a uma proposta considerada pelos profissionais envolvidos como consistente e adequada. A iniciativa fracas-sou frente a aprovação de uma lei proposta por uma vereadora, aparentemente com interesses diretamente ligados a um determinado segmento do mercado, que ao ser votada teve 60 dos 90 artigos vetados na gestão da Prefeita Marta Suplicy, inviabilizando completamente a sua aplicação. Inúmeras lacunas foram largamente aproveitadas, como o recurso de instalação de equipamentos externos em prédios particulares de comércio via protocolo. Este deveria ser invalidado pela prefeitura em 90 dias ou prevalecia, assim “se estabeleceu uma trama enrascada, São Paulo já estava cheia de vícios”. Carac-terísticas específicas de cada cidade. Então para resolver os problemas se buscou uma fórmula que virou lei, a lei “ci-dade limpa” atualmente vigente. Segundo Regina, “nós dividimos em duas coi-sas, o espaço público e o privado, no espaço privado você não vai mais por mí-dia exterior, porque entendemos que, no tempo que aconteceu as duas coisas você tinha uma sobreposição de fatos e de idéias que não estava dando muito certo”. Um componente da lei é especialmente polêmico, pois não considera a propor-cionalidade, mas somente o tamanho total do espaço utilizado, numa forma radi-cal de simplificar as regras e não permitir abertura de espaço para questiona-mento e principalmente casos de corrupção da fiscalização que efetivamente eram um dos maiores problemas a serem enfrentados e corrigidos. Outro fator a ser considerado como exemplo, é a forma de retorno financeiro para a cidade em forma de impostos sobre a mídia exterior que inicialmente dei-xou de entrar nos cofres públicos na mesma medida que deixou de favorecer proprietários de lotes urbanos que tinham sua renda nos últimos anos vinda dire-tamente do aluguel de espaço a empresas de exploração de propaganda. Quan-to aos impostos, havia uma distorção também referente à fiscalização deficitária. Os valores arrecadados eram estabelecidos em cima de dados de faturamento das empresas, sem verificação documentada oficialmente, uma grave distorção. De forma semelhante, os elementos de parceria público-privada na sinalização da cidade, onde empresas exploravam espaços de placas de esquina, relógios e pontos de ônibus, não era corretamente avaliado, remontando a licitações feitas há mais de trinta anos. A proposta atual é se valer justamente do conhecimento de Design para construir uma padronização de reconhecimento de todos usuá-rios, sejam pedestres, motoristas, moradores ou viajantes, numa objetiva refe-rencia a elementos estudados em Design Universal e Emocional. Tornar claro, coerente, simples e favorável a sinalização de zonas, bairros, linhas de ônibus, ruas, praças e marcos referenciais. Retomar a arquitetura como referencial do cidadão e não somente os estabelecimentos comercias e anunciantes privilegia-dos com a compra de espaços para propaganda. Levando em consideração questões de referência étnica como no bairro da Liberdade em São Paulo e dando espaço a participação das manifestações populares de forma ordenada, como o uso de grafiti e uso criativo do espaço interno de vitrine das lojas, colo-cação de toldos e outros complementos arquitetônicos úteis e favoráveis à apro-

Page 132: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 132

ximação com o público. Marcelo Pires chamou atenção para que a arquitetura em si já trouxesse suas inserções e com a remoção das camadas de comunicação sobrepostas a ela, revela-se uma beleza e uma riqueza de elementos esquecidos que devem ser retomados inclusive pelos novos projetos de arquitetura. Não se trata somente de demonizar o mercado e dos interesses comerciais de anunciantes e empre-sas de mídia como se estivessem contra o consumidor, pelo contrário, o con-senso em torno da má utilização histórica nas últimas décadas destes meios em confronto com o interesse público revela a possibilidade e interesse efetivo de investimento dos recursos de forma que restabeleça a comunicação perdida en-tre as partes. O mesmo dinheiro que move em direção à saturação e poluição, em um momento de virada como o realizado em São Paulo, pode reverter o quadro com grandes vantagens a todos. Passa por esta revisão a preocupação com a sustentabilidade e novos fatores contemporâneos que interessam e afe-tam a coletividade. Não se trata da polarização entre partes, aparente com inte-resses contrários, onde as decisões públicas se transformam em proibições, censura ou restrições à comunicação, mas de um investimento conjunto em buscar outros formatos mais coerentes e consistentes com a realidade do século vinte e um. Um caminho indicado pelos exemplos de outros países, principalmente euro-peus, onde a consciência ecológica, de meio-ambiente e poluição já foram a mais tempo adotadas e discutidas, é confluência entre profissionais que interfe-rem nas cidades. Arquitetos, publicitários, designers, administradores e empre-sários usam em seu benefício as possíveis restrições, melhorando a qualidade de vida a partir do cuidado com a limpeza, economia e beleza de seus projetos. Da fábrica à programação visual, do sistema de iluminação à ponte, do viaduto aos postes de luz, o exercício de diálogo e convivência se torna criativo e vanta-joso para o cidadão. Não se trata de questões de gosto, mas de qualidade e consistência dos projetos. Como publicitário, Marcelo distingue peças premiadas em diversos países como exemplos de que quando se investe nesta variante criativa que interaja com o consumidor sem agredi-lo, o espaço público só tem a ganhar e assim todos envolvidos, inclusive alavancando lucro para anunciantes, agências e prefeituras. Mais uma vez os critérios particulares da prática de Design são necessários, incorporando elementos multimídia na comunicação urbana, seja com cheiros, sons, movimento, texturas e até mesmo gosto, se adequado à mensagem pre-tendida. Design Multisensorial aplicado ao espaço coletivo, de passagem. Des-neutralizando a paisagem e criando identidade no lugar. Laços “lúdicos, inteli-gentes e charmosos” com a população que repercutem inclusive em maior pre-servação, segurança e até atração turística. Em suas palavras “Quanto mais botarem isso na cidade, mais eu vou achar a cidade bonita.” Intervenções artísticas são especialmente coerentes com esta linha de pensa-mento, intervenções midiáticas, de luz e projeções em vídeo efêmeras que acon-tecem, criam o impacto necessário e não deixam rastros nem resíduos. Tecno-logias recentes que associam seus patrocinadores à vanguarda e à inovação aliadas que é basicamente o que a maioria dos anunciantes deseja. Na opinião de Roberto Bastos, lembrou que na Associação dos Profissionais de

Page 133: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 133

Design do Rio Grande do Sul, em várias ocasiões o tema da paisagem urbana veio à tona entre os profissionais da área e “é muito importante sem dúvida ne-nhuma, que se chegue a um termo de equilíbrio”, palavra chave citada constan-temente. Equilíbrio entre público e privado, entre feio e bonito, entre novo e ve-lho, entre utilidade e estética. O consenso talvez não seja totalmente possível, e a legislação provoca sempre alguma insatisfação, mas é necessário o diálogo. Entre arquitetura e comunicação, entre poder público e atividades privadas, en-tre teorias, entre experiências, entre as pessoas. Identificar diferenças depende também da manifestação dos afetados. Há diversas formas divertidas e ainda inovadoras de trabalhar os símbolos gráfi-cos de que a cidade se compõe e que nutrem a vivência cotidiana. Seja pelas intervenções de propaganda mais criativa ou mesmo pelas proposições que de-monstrem certa aposta na ousadia por parte dos administradores públicos. Em uma era digital de circulação de informações impermanentes, o apego aos obje-tos familiares, mesmo que somente visuais nos fornece uma confiança e uma resiliência à intempéries do caos urbano. Marcos referenciais sempre consisti-ram na intervenção do habitante na sua paisagem, igrejas, pontes, prédios pú-blicos se destacam ainda como determinantes da identidade de um lugar e uma coletividade. E também a peculiaridade individual constrói esta identidade, “o prédio então se diferenciava, e precisava então um sapateiro ter o seu sinal na porta, o ferreiro ter o seu sinal na porta, e assim então nasce a comunicação visual na cidade”. A arquitetura em si era comunicação, trazia suas inscrições, sei símbolos identi-ficáveis, facilitadores de reconhecimento e comunicação. O ambiente público é de cada um que o complementa, é de cada um e de todos e acontece recente-mente um fenômeno de alienação destes personagens. O coletivo se torna abs-tração e o “de todos” passa a ser de ninguém, ninguém estabelece vínculo por não considerar-se parte. Em suas palavras, a cidade “ao mesmo tempo é um local que se transforma, é um local que se desenvolve, é um local mutante, às vezes a gente não conhece a própria cidade, é também a materialização da cultura de uma sociedade, a nossa cidade, através da arquitetura, das artes, das esculturas, do grafiti, enfim, das manifestações, ela é a construção da cultura material da sociedade, preci-samos estar atento a isso”. “Mas os elementos do ambiente urbano são os edifí-cios, praças, parques, jardins, ruas, avenidas, viadutos, pontes, túneis, passare-las, calçadas. A arte está presente no ambiente urbano através dos monumen-tos, das esculturas, dos murais, dos grafitis, do mobiliário urbano, dos equipa-mentos que prestam serviços à população”. Hoje Porto Alegre não tem mais padrão de sinalização urbana, há uma carência muito grande de placas identificando ruas e lugares. Onde ainda há, não se-guem uma padronização, confundindo e complicando os usuários de todos os tipos. Levante-se a questão de que, por possuir muita vegetação, Porto Alegre obteve uma liberdade de usar azul em suas placas onde o verde provocaria con-fusão, o que agrava a situação de múltiplos códigos simultâneos vigentes. O mesmo se sucede na identificação dos elementos móveis, que não são do mobi-liário, como veículos de transporte público. Os ônibus deixaram de aplicar uma linguagem comum entre as linhas que já foi na cidade uma característica mar-

Page 134: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 134

cante e saudável. Com a privatização das linhas, cada empresa adotou uma simbologia de formas e cores específica que para uma pessoa não acostumada recorre em grave confusão no momento da necessidade de uso. A comunicação visual da cidade deve estar acima de tudo a serviço do cidadão. A paisagem é uma complexa e intrincada trama interdependente de fatores e agentes. Prédios e mobiliário planejados têm de conviver com veículos, pessoas e suas tradições em cores, vestimenta, condições econômicas e maneirismos. Carroças são uma característica da capital gaúcha que tendem a ser eliminadas por ações restritivas e conscientização efetivadas em ações oficiais graduais, mas ainda determinam fatos peculiares da cidade. A convivência com o muro junto à Avenida Mauá, no centro, isolando a percepção do Rio Guaíba é outro ponto sensível que perpassa por qualquer pensamento de evolução urbana da cidade no futuro. Talvez se esteja vivendo melhor a possibilidade da paisagem do rio, o que pode vir a ser uma característica marcante da definição de lugar, como é o Tâmisa em Londres ou o Sena em Paris. Negar esta vocação é como “limpar” Times Square em Nova York ou desligar os letreiros e mega telas de Tokio. “A arquitetura está cada vez mais pontual, quer dizer, é um prédio, (o arquiteto) faz um prédio e não se percebe o que tem em volta, o que tem no entorno. Paisagismo, design, desenho industrial, publicidade, programação visual, tecnologia, veículos de comunicação de massa, tudo isso faz parte da paisagem urbana que se transforma”. Há uma herança que não po-de ser negada e uma vocação a ser percebida para conduzir o pensamento so-bre cada cidade. Na Itália, onde o patrimônio urbano gera divisas, se discute tudo isso pelo me-nos desde 1957, incluindo a questão rural ao lado da urbana. No Brasil, a Políti-ca Nacional do meio-Ambiente data de 1981. Joaquim Redig diz que “o mundo humano se configura numa estrutura física, e essa estrutura num dado momento é desenhada, criada, projetada, formalizada por alguém, o designer trabalha, deve trabalhar, tem que trabalhar para que essa estrutura que é o resultado do desenho faça sentido para quem nela vive”. O sentido se dá entre a funcionali-dade e a beleza e a contribuição da comunicação é de propor diversidade, vari-edade, oportunidade às pessoas para elas mesmas darem seqüência ao pro-cesso delicado de preservação e renovação. “Quanto mais esteticamente agra-dável então o ambiente a nossa volta se torna, mais o feio se destaca, mais e mais as pessoas estão demandando um mundo livre de poluição visual”. “Uma cidade não é um ambiente de negócio, um simples mercado onde até a paisa-gem é objeto de interesses econômicos e lucrativos, mas é, sobretudo, um am-biente de vida humana no qual se projetam valores espirituais, experiências que revelam as gerações por vindouras, na sua memória”, cita a Convenção Euro-péia de Paisagem. Vê-se que as discussões estéticas passam quase sempre por um paralelo com o que é ou não possível e o que deve ou não ser institucionalizado. Para estabele-cer uma legislação equilibrada e consistente toda a experiência na área de pro-jeto de Design, seja de planejamento urbano, sinalização, mobiliário ou paisa-gismo deve ser obrigatoriamente considerado. Trata-se de um “know-how” único e específico que muitas vezes é esquecido ao se consultar sobre os destinos da cidade. Naturalmente se busca a avaliação de arquitetos, urbanistas, engenhei-

Page 135: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 135

ros, ambientalistas, representantes das comunidades, empresários e empreen-dedores locais, chegando a incluir especialistas em ergonomia e acessibilidade. Profissionais de criação em propaganda, comunicação e design geralmente tan-genciam o processo decisório, quando na verdade possuem instrumental extre-mamente especializado em questões que brotam nos espaços entre os campos de conhecimento mais tradicionais. A visão ambientalista é uma das gratas origens da recente preocupação com a organização do espaço em que vivemos. Se antes se tratava de meio-ambiente somente como a natureza em seu estado puro, o espaço de atuação humana hoje é cada vez mais na concentração urbana de um ambiente cultural, constru-ído e moldado a partir de interesses dos seus inúmeros habitantes. Por vezes o perfil de um grupo é definido por um interesse ou intenção específica, mas em uma sociedade de formato democrático, a consulta ampla e qualificada deve ser a regra básica para fundamentar decisões sobre o grupo. À beira de uma iminente alteração drástica do curso da exploração dos recursos naturais pelo ser humano, todas as nações percebem a necessidade de rever conceitos. Adaptar-se mais e forçar menos na imposição de uma vontade antro-pocêntrica é um reflexo da constatação da fragilidade das instituições estabele-cidas historicamente. O modelo tradicional de mercado capitalista não dá conta de responder indefinidamente à evolução e amplificação indefinida de necessi-dades humanas. Um novo mercado, que compatibiliza ecologia, humanismo, ciência e poesia parece redescobrir os preceitos essenciais do nascimento da civilização como conhecemos, na Grécia clássica, há alguns séculos sufocados pela evolução técnica e tecnológica que nos trouxe até o século vinte e um. Ex-secretário do meio ambiente, Beto Moesch afirma “Então as cidades têm que se basear em exemplos, em paradigmas, mas jamais copiar pura e simplesmen-te, porque daí nós vamos estar perdendo a nossa característica. E Porto Alegre é uma das cidades que mais, no mundo, mais tem uma característica própria por causa da sua sociedade. Porto Alegre tem a cara de Porto Alegre como raras metrópoles do mundo tem. Porto Alegre tem cara, Porto Alegre tem uma voca-ção paisagística que não os políticos, mas a sociedade muitas vezes não deixa que algumas coisas se transformem, o que eu acho que é muito bom”. “Eu acho isso muito bom porque a cidade é a gente que faz, não são os políticos que fa-zem a cidade, não são os prefeitos, é a própria sociedade”. “…quando os fatos se dão, como uma resposta, a sociedade ter a sensibilidade de dizer ´que bom, eu tinha uma idéia, mas essa idéia era minha, não reflete o interesse da socie-dade´. Isso é democracia, que nós estamos ainda aprendendo a conviver e a trabalhar com ela.” Considera que Porto Alegre é a primeira cidade que trabalhou a consciência so-bre Poluição Visual no país. A Secretaria de Meio Ambiente foi criada em 1976 já com esta “feição” e desde 1977 não é permitido que se use áreas para propa-ganda sem prévia avaliação e autorização do município, uma grande ousadia para a época. Na lei há regramentos específicos e trás diferenças de colocação de propagandas em bairros na cidade. Próxima parques é avaliada de uma ma-neira, em áreas de interesse cultural é avaliada de outra maneira, demonstrando já na origem certo planejamento de equilíbrio. O efeito desta cultura já estabele-cida ao longo das últimas décadas se reconhece ao sair do município e perceber

Page 136: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 136

a diferença entre a presença de comunicação exterior na capital e nas cidades da Grande Porto Alegre, ou mesmo em outras cidades turísticas do estado. E complementa “Porto Alegre tem histórico de planejamento reconhecido pelo mundo inteiro. Mas como o portoalegrense, ama a sua cidade mas nunca está satisfeito com ela, e isso é muito bom, às vezes nós não nos damos conta que tem muita coisa planejada e bem feita por aí.” Em dezembro de 2007 houve a última alteração na legislação da cidade, isen-tando de licença ambiental as placas que não atingem alguns limites em propor-ção à fachada. Antes a regra era que somente o limite de trinta metros quadra-dos por “loja”, sujeito a liberação. Ao mesmo tempo houve intensificação na fis-calização e conseqüente retirada de placas e outras mídias irregulares. Somente no ano de 2007 foram oitenta mil placas de propaganda retiradas na cidade, numa seqüência que vem desde o ano de 2005 com a sistemática remoção de outdoors, backlights, frontlights, faixas, banners e, principalmente, cavaletes de rua. O trabalho contou em paralelo com o diálogo e conscientização tanto das grandes empresas de mídia externa como dos comerciantes, casas de entrete-nimento e mesmo artistas que faziam proliferar em postes e calçadas suas pro-pagandas. Como reflexo trabalha-se com um termo de compromisso e ajusta-mento e não houve necessidade de nenhuma demanda judicial até agora. Como critério, foi estabelecido que poluição visual ocorre “quando há excesso de elementos de comunicação visual que descaracteriza o ambiente, dificultado ou impedindo sua compreensão”. Baseia-se então na verificação de um erro de comunicação de publicidade, onde não se reconhece mais na peça ou no con-junto delas o produto ou atividade. “Então todos perdem, o comunicador perde, a empresa perde e a cidade nem se fala, que é a confusão”. O trabalho começou com os grandes painéis para depois chegar nos letreiros de fachada e outras peças. Outro problema grave, específico de Porto Alegre, é a poda radical de árvores para dar visibilidade aos painéis outdoors, que é considerado crime pela Legislação Ambiental, cabendo ao responsável o ônus da prova contrária. Assim se percebe que a construção de uma lei vai efetivamente a pontos mais profun-dos, além da limpeza da cidade como estratégia visual, envolve conhecimento e envolvimento com outras áreas e órgãos públicos a fim se ser eficiente. Atualmente Porto Alegre tem vinte fiscais para atender as demandas e denún-cias de todos os tipos de poluição, não só visual. Mesmo assim, baseados na legislação atual que define regras bem estabelecidas, como distanciamento de oitenta metros entre um “frontlight” backlight” e outro, se consegue avaliar caso a caso as formas mais adequadas de contemplar as necessidades criativas das Agências de Comunicação com os interesses públicos e permanecer abertos a experiências inovadores. Multas podem ser trocadas por serviços de interesse público, com instalação de equipamentos de segurança e sinalização, efetivando uma melhoria direta no uso do espaço. Com isso e o trabalho de educação en-volvendo Clube dos Diretores Lojistas e Sindilojas, a partir de um manual distri-buído aos lojistas com as regras e formas de aplicação da comunicação em fa-chadas, no projeto Porto Visual Alegre, os casos de necessidade de intervenção legal são mínimos e se percebe a adesão do setor como um todo, independendo do tamanho do negócio. Celso Chitolina levantou como exemplo de sucesso uma experiência de parceria

Page 137: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 137

público-privada estabelecida entre a Associação Riograndense de Propaganda e a prefeitura de Porto Alegre na Semana da Comunicação promovida pela enti-dade. “Nós tínhamos uma intenção de trazer os clientes e de chegar no público alvo” …“A gente foi para a rua. Escolhemos o Parque Moinhos de Vento e a zo-na do Moinhos de Vento por ser uma zona bastante povoada por agências de propaganda”. No contato direto com o prefeito, houve imediato interesse e inte-gração com a Secretaria do Meio Ambiente, que juntos ajudaram a “desburocra-tizar” o processo e viabilizar a efetivação do projeto. Dentro do dialogo de ne-cessidades, interesses e restrições, chegou-se a um formato que contemplava satisfatoriamente a todos, usando temporariamente as vias públicas sem inter-romper a circulação e assim integrando, como planejado, o usuário do espaço como público do evento. Trata-se de usar o poder de comunicação das agências a favor do público, integrando-o como personagem ativo na construção do seu entorno. Feita consistentemente esta ligação, automaticamente há a adesão das partes que passam a colaborar, a incentivar e preservar as conquistas coletivas. Eventos temporários, intervenções efêmeras, ações dinâmicas valorizam o lu-gar, de novo, criam identidade. Esta nova postura criativa da comunicação parte dos novos profissionais e sua formação. O contato mais íntimo com as empresas e técnicas de produção de-senvolvem um pensamento instigado, que não se satisfaz com a reprodução sistemática dos recursos tradicionais e se sucesso. Uma vez tendo consciência não só o que deve ser dito, mas como pode ser dito, com que recursos, a sua criação tende a evitar fórmulas e truques conhecidos. Assim são capazes de constantemente renovar a linguagem e elaborar formas mais conscientes e efi-cientes de comunicação. Pedro Schan relatou sua satisfação com esta experi-ência em sua empresa, alunos interessados nos materiais e nas formas de pro-dução de mídia outdoor, interessados na real capacidade de aplicação das idéi-as. Ao mesmo tempo, identifica que a educação também deve ser trabalhada com o cliente contratante, posicionando a existência de uma legislação que prevê res-trições e que hoje já é possível apresentar na forma do Manual Porto Visual Ale-gre da Secretaria de Meio Ambiente. Este manual torna visível e palpável tanto para a agência como para seus clientes, que se deve seguir um projeto que en-volve tanto segurança na construção e montagem como respeito na escolha da localização e os efeitos que pode causar no seu entorno. Uma educação que passa inclusive pela consciência de que existem taxas a serem recolhidas aos órgãos públicos, avaliações e autorizações a serem obtidas antes da realização do projeto. Há também uma questão importante na legalização da inclusão de material de propaganda dentro do espaço de comunicação de uma empresa em sua facha-da. Isso vai contra uma série de exemplos de franquias que podem ser de pos-tos de gasolina a lojas de telefonia. A proporção correta é de setenta por cento do espaço ocupado pelo nome da empresa e somente trinta por cento com a marca do produto. Redes de lanchonetes entram neste exemplo, onde a marca é o principal elemento comunicado e muitas vezes o nome da empresa sediada naquele endereço, segundo o alvará da prefeitura, nem mesmo é mencionado. Outro caso a ser considerado é o uso de marquises em fachadas como recurso

Page 138: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 138

de comunicação, há esta possibilidade, mas necessita de um laudo de resistên-cia ao peso do letreiro a ser instalado. Para pequenos comerciantes, o custo torna-se tão elevado que preferem arcar com uma eventual multa a legalizar o processo. Isso reflete a situação precária da maioria, pequenas lojas e empresas na margem da informalidade, que muitas vezes não tem nem licença da Secre-taria de Indústria e Comércio ou liberação dos Bombeiros para funcionamento, mas necessitam e colocam suas propagandas no espaço público. Na perspectiva de um empresário que a mais de quarenta anos atua no setor de mídia externa, detalhes como a quase total inexistência de casos de contratação e seguros para painéis públicos instalados, demonstram que a comunicação no espaço urbano carece muito de uma estruturação definitiva sobre aspectos bási-cos. Há uma “confusão legal” de sobreposição e lacunas de poder que levam ou à inviabilidade deste tipo de mídia ou a tornarem-se cada vez mais distanciados da legislação. Vê-se mais exceções do que fidelidade às normas. Dannie Dubbin complementou a colocação com o exemplo da lei aplicada em São Paulo, em que um momento determinou-se uma regra definitiva onde a quase absoluta totalidade dos afetados estava fora das normas e tiveram que ser removidos. É racional, razoável e equilibrado este tipo de radicalização em nome do bem público? Não haveria uma forma alternativa de buscar na experi-ência vivida um formato que identificasse somente os excessos e mantivesse uma parcela significativa de casos? Ele diz: “O que aconteceu em São Paulo pode ter vários méritos, mas só não posso aceitar que seja uma coisa feita com equilíbrio.” Se a justificativa era o caos instalado, certamente haveria propostas de interferir nas causas do caos a não necessariamente desmanchar completa-mente toda a comunicação urbana de uma cidade. A cidade enfim reflete inconvenientemente seus habitantes. Não é uma nave que conduz passageiros, mas uma camada coletiva da pele, interface com o mundo formada de pequenas partículas vivas e em transformação. Tecido que respira e transpira, dobrando-se e criando marcas do tempo. A crise da cidade é o reconhecimento desta situação e o confronto com a possibilidade de transfor-mar, mudar o estabelecido. Seja em nome da utilidade, do conforto, da beleza, do prazer ou da simples fé na evolução. O caos é a permissividade e a falta de participação da população ao lado do poder público. Insatisfação que gera des-crédito e ruptura nas ligações afetivas da sensação de pertencer e habitar, a-brindo espaço para o uso indesejado do lugar de cada um. Territórios tomados por interesses externos que também não sabem mais como comunicar-se ade-quadamente e não se esforçam em conquistar a cumplicidade dos indivíduos. Texto de Encerramento proferido pela profa. Ana Lúcia Ribeiro Lupinacci Dire-tora nacional de graduação em Design | ESPM Como professores, pesquisadores e profissionais ligados ao mercado, percebe-mos a comunicação e o design também como educação para a cidadania. A comunicação é parte de um tempo, uma história, uma narrativa construída. Nossa experiência em São Paulo, com o CIDADE LIMPA, mostrou-nos que é possível mudar, mas nos fez pensar também que as mudanças podem ser regi-das de formas muito diversas. A aleatoriedade e o descaso com o espaço público levaram ao CIDADE LIMPA

Page 139: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 139

que teve, de acordo com Leão Serva: “a idéia do combate à poluição visual”; entendida como a vinda da extrapolação da comunicação e da propaganda, re-fletida na desinformação. Ocorre que, talvez paradoxalmente, também a comunicação foi fundamental pa-ra divulgar, difundir e comentar favoravelmente o projeto CIDADE LIMPA. Disto, retiro dois pontos que gostaria de registrar e que acredito que Porto Ale-gre possa ter outra forma de conduzir e este fórum o de colaborar. Ou seja, a comunicação em si não pode ser culpabilizada ou responsabilizada unilateralmente pela entropia visual urbana. Não basta retirar para resolver. O segundo ponto reside na compreensão coletiva sobre o que seja POLUIÇÃO VISUAL. Torna-se relevante questionar sistematicamente - o que é poluição visual? Ma-nistesta-se somente pela publicidade? Comunicação é antes e, primordialmente, informação e pode também participar na construção de significados de um locus. Kevin Lynch em “A imagem da Cidade” coloca a comunicação visual e suas ex-pressões, anúncios e outros, como marcos da cidade. Do mesmo modo em que a entropia da CV e da publicidade trazem-nos descon-forto que denota também um descaso com o espaço público, o descuido com pisos, edificações, vias de acesso, fiação elétrica reforçam o descaso e trazem-nos pensar se isto seria também uma forma de poluição visual. Para encerrar, cumprimentamos todos que se dispuseram a contribuir nestas complexas questões trazidas hoje e que exigem um enfrentamento multidirecio-nal. Certos de que este Fórum, sediado pela ESPM de Porto Alegre, uma cidade re-conhecida pela força da participação de seus cidadões, em nome do NÚCLEO DE ESTUDOS DA COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE URBANO DA ESPM, um sonho timidamente iniciado em São Paulo no ano de 2005 e que, hoje, três a-nos, após, coloca-nos neste patamar tão elaborado como o demonstrado nas considerações feitas aqui, hoje, neste encontro. Cumprimento-os, agradeço a todos e encerro oficialmente este fórum. Muito obrigada.

Page 140: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 140

8.5. ARTIGO NA MIDIA SOBRE O 1º FORUM

Page 141: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 141

8.6. LEVANTAMENTO VISUAL

PROCEDIMENTO DOS PERCEPTORES NO LOCUS

Os estudantes que visitaram o local de estudo em função de perceptores foram

instruídos previamente pelo professor para que o procedimento fosse o mais

semelhante possível ao experimento do Itaim Bibi. A seguir incluímos as etapas

do Levantamento Ambiental Perceptivo. Ele é composto de duas etapas: o regis-

tro no local e a posterior organização dos elementos registrados para tornar visí-

vel – sem deixar margem à dúvida – qual o foco do olhar.

Nas próximas páginas apresentamos o “briefing” acadêmico apresentado aos

alunos e, a seguir, com o intuito de ilustrar o modo como foram quantificação

dos elementos percebidos, a tabela com as categorias dos elementos percebi-

dos.

Page 142: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 142

Design de Sistemas Informacionais Prof. Fabiano de Vagas Scherer 2008/1 Percepção Visual Ambiental I. Levantamento Ambiental Perceptivo Conteúdo: Levantamento perceptivo de área pré-selecionada da Avenida Bento Gonçalves em Porto Alegre com vistas a identificar os principais elementos visuais do espaço urbano.

Divisão de áreas (limites): Avenida Bento Gonçalves entre as ruas Luis de Camões e Machado de Assis. Levantamento: O levantamento consiste de duas etapas: uma em campo e outra em sala de aula, que é a organização dos elementos percebidos utilizando diversas linguagens, gráficas e verbais. Os estudantes fizeram o registro das percepções individualmente. Levantamento em campo:

MATERIAL: prancheta, folhas A6 (¼ de um sulfite A4), três cores mais o preto, máquina fotográfica, área de percurso fornecida. TEMPO: uma hora se locomovendo a pé dentro dos limites fornecidos. PERCURSO: livre.

Page 143: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 143

PROCEDIMENTO NO LOCAL: no mínimo 10 desenhos de 1 minuto de qualquer coisa que chame a atenção (paisagem, pessoa, fachada ou detalhe de um edifí-cio, sujeira na calçada, grafite ou objeto qualquer). Assim que terminar o dese-nho fazer uma fotografia da “coisa” desenhada. No verso do desenho expressar verbalmente uma sensação ou sentimento que a situação percebida desenca-deou.

Trabalho em sala de aula: MATERIAL: os desenhos no A6, fotografias reveladas ou impressas em boa qualidade, acetato e caneta permanente ponta fina preta ou azul, mesmas cores do exercício em campo, papel sulfite comum, mapa fornecido pelo professor com o percurso. TEMPO: começo em aula e finalização em casa, se necessário. PROCEDIMENTO: tendo em mãos somente os desenhos, no sulfite fazer um mapa mental do percurso localizando os registros. Escolher 10 fotografias dos registros mais significativos e sobre o acetato desenhar todos os detalhes da imagem. Tirar uma cópia do acetato e sobre a cópia valorizar, com as mesmas cores, o que foi registrado no desenho in loco. Por último, marcar no mapa for-necido pelo professor o local do objeto registrado. Em caso de paisagem é inte-ressante que seja assinalado o ponto onde o estudante estava e a direção do olhar.

Produto: Trabalho individual a ser realizado nos dias e 19/05 (em campo) e 20/05 (em sala de aula) e entregue no dia 26/05 sob forma de painel (tamanho A4), com os elementos mencionados acima.

Page 144: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26 * 144

dese

nho

grup

o

tipo

de o

lhar

am

bula

nte

árv

ore/

arbo

rizaç

ão

ban

ca (j

orna

l, ou

tros)

caç

amba

cal

çada

def

ensa

s co

ntra

veí

c.

ele

m.a

rqui

tetô

nico

esc

ultu

ra

fiaç

ão a

érea

gol

a de

árv

ore

gra

de /

grad

il

gra

ffiti

/ pic

haçã

o

gui

a

ilum

. púb

lica

jard

inei

ra/fl

orei

ra/c

ante

iro

lixe

ira p

/ ped

estre

lixe

ira d

e pr

édio

lixo

out

-doo

r

pla

ca d

e ru

a

pon

to ô

nibu

s ou

abr

igo

pon

to ta

xi

pos

te

pos

te c

om p

ublic

idad

e

pub

licid

ade

relo

gio/

cont

r.qua

l.ar

sin

al lu

min

oso

sin

aliz

.(h /

v) p

/ ped

.

sin

aliz

.(h /

v) p

/veí

c.

tam

po e

quip

.sub

terr

âneo

s

tele

f. pú

blic

o

tote

m p

ublic

./lum

inos

o

veg

etaç

ão

diversos 0001 001 det x x x x 0002 001 det x guarda chuva 0003 001 det x cachorro bravo 0004 001 det cx. p/ cartas domic. 0005 001 det nº de casa 0006 001 det x x garrafas vazias 0007 001 fr x x carro 0008 001 det x 0009 001 det hidrante 0010 001 det medidor de luz

0 4 1 0 8 0 34 0 2 0 16 12 13 0 6 0 0 4 0 0 3 0 11 0 28 0 3 2 6 3 2 3 6 34

0,00

%

2,02

%

0,51

%

0,00

%

4,04

%

0,00

%

17,1

7%

0,00

%

1,01

%

0,00

%

8,08

%

6,06

%

6,57

%

0,00

%

3,03

%

0,00

%

0,00

%

2,02

%

0,00

%

0,00

%

1,52

%

0,00

%

5,56

%

0,00

%

14,1

4%

0,00

%

1,52

%

1,01

%

3,03

%

1,52

%

1,01

%

1,52

%

3,03

%

17,1

7%

Tabela 3 :: Exemplo de quantificação dos elementos registrados no Levantamento Visual Ambiental

Page 145: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

8.7. DADOS UTILIZADOS PARA A ANÁLISE DA FORMA URBANA

A técnica consiste na análise seqüencial, que parte do registro de cenas contidas

nos diversos cones visuais componentes do percurso do observador, e atinge a re-

presentação visual da estrutura do espaço percebido (pautas de eventos seqüenci-

ais). A análise seqüencial realiza essa passagem através da descrição de eventos

(estações, intervalos métricos e temporais, campos visuais e efeitos visuais, subdivi-

didos em uma série de outros), que serão processados, para a obtenção das carac-

terísticas estruturais de cada seqüência.

Dentro das técnicas analíticas de percepção, os principais eventos seqüenciais que

aplicaremos podem ser sumariamente definidos como:

estações: correspondem aos momentos em que o observador registra percep-

tualmente a forma do lugar por onde se desloca, significando que houve consciência

dos estímulos sensoriais recebidos, e uma seleção de pontos de observação.

intervalos: expressam as distâncias entre as estações, e o tempo gasto no

percurso entre as mesmas, podendo ou não serem iguais e constantes.

campos visuais: são, na verdade, cones, e ocupam a porção de espaço co-

berta pela vista do observador, em cada estação, apresentando-se em número e

posição variados ao longo da seqüência mas, geralmente, localizados sobre três

lados daquele (frontal, lateral direito e lateral esquerdo).

efeitos visuais: constituem o produto percepcionado dos sinais recebidos pelo

observador, construindo, assim, a estrutura topológica e perspectiva dos campos

visuais, mas também a caracterizando sob outros aspectos, como intensidade dos

efeitos, predominância de efeitos visuais de campo amplo ou restrito, etc.

Page 146: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Efeitos Topológicos que podem ser encontrados são:

Estreitamento

Alargamento

Envolvimento

Enclausuramento

Amplidão

Estreitamento/Alargamento Parcial

Além dos efeitos de preparação (P) para estreitamento, alargamento, envolvimento,

enclausuramento, amplidão e estreitamento/alargamento parcial.

Efeitos Perspectivos que podem ser encontrados são:

Direcionamento

Impedimento

Visual Fechada

Emolduramento

Realce

Conexão

Mirante

Efeito em Y

Page 147: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Ainda podem-se classificar os efeitos segundo o grau de percepção.

Assim: FF – Fortíssimo

F – Forte

M – Médio

P – Fraco

PP – Fraquíssimo

A seguir incluímos as imagens das 19 estações utilizadas para a análise da Forma Urbana.

Page 148: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos

Topológicos Efeitos Perspectivos

01 F Campo visual: Frontal

Intervalo: 10 passos 02 FLD Campo visual: Frontal / Lateral (direita)

Intervalo: 20 passos

Page 149: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

03 LD Campo visual: Lateral (direita)

Intervalo: - 03 LE Campo visual: Lateral (esquerda)

Intervalo: 30 passos

Page 150: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

04 FLD Campo visual: Frontal / Lateral (direita)

(na segunda imagem com a construção do prédio)

Intervalo: 20 passos 05 F Campo visual: Frontal

(na segunda imagem com a construção do prédio)

(na segunda imagem com a construção do prédio)

Intervalo: 20 passos

Page 151: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

06 FLD Campo visual: Frontal / Lateral (direita)

(na primeira imagem com o pavilhão demo-lido e na se-gunda imagem com a constru-ção do prédio)

(na segunda imagem com a construção do prédio)

Intervalo: 20 passos 07 F Campo visual: Frontal

(preparação para)

(parcial, do semáforo e do posteamento)

Intervalo: -

Page 152: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

07 LE Campo visual: Lateral (esquerda)

Intervalo: 100 passos 08 LE Campo visual: Lateral (esquerda)

Intervalo: -

Page 153: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

08 FP Campo visual: Frontal (posterior)

(preparação para - fraco)

Intervalo: 20 passos 09 LE Campo visual: Lateral (esquerda)

Intervalo: -

Page 154: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

09 FPE Campo visual: Frontal / Lateral (posterior / esquerda)

(na segunda imagem com a construção do prédio)

Intervalo: 20 passos 10 LE Campo visual: Lateral (esquerda)

Intervalo: -

Page 155: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

10 FPE Campo visual: Frontal / Lateral (posterior / esquerda)

(na segunda imagem com a colocação da grade)

(na segunda imagem com a colocação da grade)

(na segunda imagem com a construção do prédio)

Intervalo: 20 passos 11 F Campo visual: Frontal

Intervalo: 50 passos

Page 156: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

12 LD Campo visual: Lateral (direito)

(muito forte)

Intervalo: 10 passos 13 FLD Campo visual: Frontal / Lateral (direito)

Intervalo: 100 passos

Page 157: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

14 LE Campo visual: Lateral (esquerdo)

Intervalo: 40 passos 15 F Campo visual: Frontal

(preparação para)

Intervalo: -

Page 158: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

15 LE Campo visual: Lateral (esquerdo)

Intervalo: 60 passos 16 FLE Campo visual: Frontal / Lateral (esquerdo)

(fraco)

(parcial, do semáforo e do posteamento)

Intervalo: -

Page 159: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

16 FLD Campo visual: Frontal / Lateral (direito)

Intervalo: 20 passos 17 LE Campo visual: Lateral (esquerdo)

Intervalo: 5 passos

Page 160: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Estações Efeitos Topológicos

Efeitos Perspectivos

18 LE Campo visual: Lateral (esquerdo)

Intervalo: 10 passos 19 FPD Campo visual: Frontal / Lateral (posterior / direita)

Page 161: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

8.8. QUESTIONÁRIO DESIGN UNIVERSAL

Nas próximas páginas apresentamos o questionário com foco em Comunicação a-

plicado pelos estudantes do curso de Design matriculados na disciplina Comunica-

ção Multisensorial. Aproveitamos o momento desta aproximação com os usuários do

local para perguntar sobre três assuntos de interesse antropológico.

O material coletado pelos estudantes está compilado em um documento de aproxi-

madamente 100 páginas portanto não acho interessante inserir no anexo.

Page 162: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

Comunicação Multisensorial Prof. Carolina Bustos 2008/1 1) CARACTERIZAÇÃO do USUÁRIO: Idade Sexo

PPD’s? Mora no

bairro? Trabalha na bento?

Passante?

( ) até 30 ( ) F

Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( )

( ) 31 a 50 ( ) M Não ( ) Não ( ) Não ( )

Não ( )

( ) acima de 50

( ) M Não ( ) Não ( ) Não ( )

Não ( )

2) PERGUNTAS ANTROPOLOGIA URBANA

a) O que você sabe sobre Bento Gonçalves? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b) Dentro da paisagem do seu caminho diário o que é importante para você.? Por

quê? (pesquisador favor frisar que é em nosso trecho) ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) Havia elementos significativos (pesquisador favor frisar que é em nosso trecho)

que já foram importantes para você, mas desapareceram? Porque eram importan-tes?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) PERGUNTAS DESIGN UNIVERSAL - FOCO COMUNICAÇÃO a) Simples e intuitivo

Para você, qual é este estabelecimento? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 163: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

b) Uso Eqüitativo Você acha que este espaço pode ser utilizado por todos? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) Flexibilidade no uso

Você acha que este estabelecimento é identificável facilmente a qualquer momento? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

d) Informação Perceptível

Qual elemento chama mais a atenção? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Entende-se que isso é uma loja de calçados (ou outra)? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Com relação à cor utilizada, ela lembra o quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

e) Tolerância ao erro

Você já entrou em alguma loja ou estabelecimento equivocadamente, na Bento? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

f) Baixo esforço físico

Está difícil identificar qual é esta loja? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

g) Tamanho e espaço para uso e finalidade

Enxerga-se perfeitamente todas as informações quando caminhando na calçada? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 164: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

8.9. QUESTIONÁRIO CENAS URBANAS

Data Grupo Arquiteto Publicitários Nº Questionário

Comerciantes Consumidores

Considerando as figuras da Cena 1, por favor, responda as seguintes perguntas:

1. A aparência da cena é: ( ) muito bonita ( ) bonita ( ) nem bonita, nem feia ( ) feia ( ) muito feia

Marque a principal razão que explica a sua resposta anterior: ( ) a aparência dos prédios e dos anúncios comerciais

( ) a aparência exclusiva dos anúncios comerciais

( ) a aparência exclusiva dos prédios

( ) outro_____________________________________

Indique as características físicas dos anúncios comerciais que influenciam sua resposta sobre a aparên-cia da cena: ( ) o número de anúncios

( ) a proporção dos anúncios (horizontais e verti-cais)

( ) o formato dos anúncios

( ) a cor dos anúncios

( ) o tamanho dos anúncios

( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios

( ) o tipo de fixação (pendurado ou pintado no prédio) dos anúncios

( ) a disposição (paralelo ou perpendicular ao prédio) dos anúncios

( ) a localização dos anúncios nos prédios

( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos anúncios

( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo dos anúncios

( ) os tipos de letras dos anúncios

( ) as imagens dos anúncios

( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios

( ) nenhuma característica dos anúncios

( ) outra ______________________________________

Indique as características físicas dos prédios que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena: ( ) o contorno superior de cada prédio

( ) o tamanho dos prédios (pequenos, médio ou grandes)

( ) as saliências e as reentrâncias dos prédios

( ) os ornamentos decorativos dos prédios

( ) os materiais dos prédios (tijolo a vista, reboco pintado, etc.)

( ) a quantidade de portas e janelas

( ) o formato das portas e janelas

( ) a proporção das portas e janelas (horizontais e verticais)

( ) a altura dos prédios

( ) a largura dos prédios

( ) a proporção dos prédios (horizontais ou verti-cais)

( ) as cores dos prédios

( ) o estilo dos prédios

( ) nenhuma característica dos prédios

( ) outra _________________________________

Page 165: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

2. A aparência da cena é:

( ) muito ordenada ( ) ordenada ( ) nem ordenada, nem desordenada ( ) desordenada

( ) muito desordenada

3. Imagine que você está na rua em frente a esses anúncios comerciais e responda: a leitura das men-sagens desses anúncios é: ( ) muito fácil ( ) fácil ( ) nem fácil, nem difícil ( ) difícil ( ) muito difícil

3.1. Considerando as características físicas dos anúncios comerciais, marque os itens que explicam a sua resposta na questão 3: ( ) os tipos de letras

( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos anúncios

( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo dos anúncios

( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios

( ) a quantidade dos anúncios

( ) a proporção dos anúncios

( ) o tamanho dos anúncios

( ) outra__________________________________________

3.2. Identifique as principais características físicas da cena que explicam a sua resposta na questão 3:

( ) o número de anúncios comerciais

( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios comerciais

( ) a variação entre as características físicas dos anúncios comerciais

( ) a variação entre as características física dos prédios

( ) outra__________________________________________

4. O número de anúncios comerciais é: ( ) muito grande ( ) grande ( ) moderado ( ) pequeno ( ) muito pequeno

5. A área coberta dos prédios por anúncios comerciais é: ( ) muito grande ( ) grande ( ) moderado ( ) pequeno ( ) muito pequeno

6. A aparência de algum prédio é prejudicada pelos anúncios comerciais: ( ) sim ( ) não

6.1. Caso afirmativo, a quantidade de prédios, cuja aparência é prejudicada pelos anúncios comerciais é: ( ) muito grande ( ) grande ( ) moderada ( ) pequena ( ) muito pequena

7. A variação entre as características físicas dos anúncios comerciais é: ( ) muito grande ( ) grande ( ) moderada ( ) pequena ( ) muito pequena

Page 166: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

7.1. Indique as principais características físicas dos anúncios comerciais que explicam a sua resposta na questão 7: ( ) o número de anúncios

( ) a proporção dos anúncios (horizontais e verti-cais)

( ) o formato dos anúncios

( ) a cor dos anúncios

( ) o tamanho dos anúncios

( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios

( ) o tipo de fixação (pendurado ou pintado no prédio) dos anúncios

( ) a disposição (paralelo ou perpendicular ao prédio) dos anúncios

( ) a localização dos anúncios nos prédios

( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos anúncios

( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo dos anúncios

( ) os tipos de letras dos anúncios

( ) as imagens dos anúncios

( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios

( ) nenhuma característica dos anúncios

( ) outra _________________________________

Data Grupo Arquiteto Publicitários Nº Questionário

Comerciantes Consumidores

Considerando as figuras da Cena 2, por favor, responda as seguintes perguntas:

8. A aparência da cena é: ( ) muito bonita ( ) bonita ( ) nem bonita, nem feia ( ) feia ( ) muito feia

Marque a principal razão que explica a sua resposta anterior: ( ) a aparência dos prédios e dos anúncios comerciais

( ) a aparência exclusiva dos anúncios comerciais

( ) a aparência exclusiva dos prédios

( ) outro_____________________________________

Indique as características físicas dos anúncios comerciais que influenciam sua resposta sobre a aparên-cia da cena: ( ) o número de anúncios

( ) a proporção dos anúncios (horizontais e verti-cais)

( ) o formato dos anúncios

( ) a cor dos anúncios

( ) o tamanho dos anúncios

( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios

( ) o tipo de fixação (pendurado ou pintado no prédio) dos anúncios

( ) a disposição (paralelo ou perpendicular ao prédio) dos anúncios

( ) a localização dos anúncios nos prédios

( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos anúncios

( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo dos anúncios

( ) os tipos de letras dos anúncios

( ) as imagens dos anúncios

( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios

( ) nenhuma característica dos anúncios

( ) outra ______________________________________

Indique as características físicas dos prédios que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena: ( ) o contorno superior de cada prédio

( ) o tamanho dos prédios (pequenos, médio ou grandes)

( ) as saliências e as reentrâncias dos prédios

( ) os ornamentos decorativos dos prédios

( ) os materiais dos prédios (tijolo a vista, reboco pintado, etc.)

( ) a quantidade de portas e janelas

Page 167: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

( ) o formato das portas e janelas

( ) a proporção das portas e janelas (horizontais e verticais)

( ) a altura dos prédios

( ) a largura dos prédios

( ) a proporção dos prédios (horizontais ou verti-cais)

( ) as cores dos prédios

( ) o estilo dos prédios

( ) nenhuma característica dos prédios

( ) outra _________________________________

9. A aparência da cena é:

( ) muito ordenada ( ) ordenada ( ) nem ordenada, nem desordenada ( ) desordenada

( ) muito desordenada

10. Imagine que você está na rua em frente a esses anúncios comerciais e responda: a leitura das men-sagens desses anúncios é: ( ) muito fácil ( ) fácil ( ) nem fácil, nem difícil ( ) difícil ( ) muito difícil

10.1. Considerando as características físicas dos anúncios comerciais, marque os itens que explicam a sua resposta na questão 3: ( ) os tipos de letras

( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos anúncios

( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo dos anúncios

( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios

( ) a quantidade dos anúncios

( ) a proporção dos anúncios

( ) o tamanho dos anúncios

( ) outra__________________________________________

10.2. Identifique as principais características físicas da cena que explicam a sua resposta na questão 3:

( ) o número de anúncios comerciais

( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios comerciais

( ) a variação entre as características físicas dos anúncios comerciais

( ) a variação entre as características física dos prédios

( ) outra__________________________________________

11. O número de anúncios comerciais é: ( ) muito grande ( ) grande ( ) moderado ( ) pequeno ( ) muito pequeno

12. A área coberta dos prédios por anúncios comerciais é: ( ) muito grande ( ) grande ( ) moderado ( ) pequeno ( ) muito pequeno

13. A aparência de algum prédio é prejudicada pelos anúncios comerciais: ( ) sim ( ) não

13.1. Caso afirmativo, a quantidade de prédios, cuja aparência é prejudicada pelos anúncios comerciais é: ( ) muito grande ( ) grande ( ) moderada ( ) pequena ( ) muito pequena

14. A variação entre as características físicas dos anúncios comerciais é: ( ) muito grande ( ) grande ( ) moderada ( ) pequena ( ) muito pequena

Page 168: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

14.1. Indique as principais características físicas dos anúncios comerciais que explicam a sua resposta na questão 14: ( ) o número de anúncios

( ) a proporção dos anúncios (horizontais e verti-cais)

( ) o formato dos anúncios

( ) a cor dos anúncios

( ) o tamanho dos anúncios

( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios

( ) o tipo de fixação (pendurado ou pintado no prédio) dos anúncios

( ) a disposição (paralelo ou perpendicular ao prédio) dos anúncios

( ) a localização dos anúncios nos prédios

( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos anúncios

( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo dos anúncios

( ) os tipos de letras dos anúncios

( ) as imagens dos anúncios

( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios

( ) nenhuma característica dos anúncios

( ) outra _________________________________

Page 169: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

169

8.10. TABULAÇÃO DOS DADOS DO MÉTODO CENAS URBANAS

Resultados Cena 1

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito bonita 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Bonita 0 (0%) 0 (0%) 3 (30%) 0 (0%) 3 (7,5%)

Nem bonita, nem feia 0 (0%) 2 (20%) 5 (50%) 3 (30%) 10 (20%)

Feia 5 (50%) 5 (50%) 1 (10%) 5 (50%) 16 (40%)

Muito feia 5 (50%) 3 (30%) 1 (10%) 2 (20%) 11 (22,5%)

Tabela 4 - Respostas a pergunta: Considerando a Cena 1, a aparência da cena é?

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

A aparência dos prédios e dos anúncios comerciais 5 (50%) 4 (40%) 4 (40%) 4 (40%) 17 (42,5%)

A aparência exclusiva dos anúncios comerciais 0 (00%) 3 (30%) 1 (10%) 1 (10%) 5 (12,5%)

A aparência exclusiva dos prédios 3 (30%) 3 (30%) 4 (40%) 3 (30%) 13 (32,5%)

Outro 2 (20%) 0 (0%) 1 (10%) 2 (20%) 5 (12,5%)

Tabela 5 - Respostas a pergunta 1: Considerando a Cena 1, marque a principal razão que explica sua resposta anterior.

Page 170: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

170

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

O número de anúncios 5 (50%) 3 (30%) 0 (0%) 2 (20%) 10 (25%)

A proporção dos anúncios 1 (10%) 1 (10%) 0 (0%) 1 10(%) 3 (7,5%)

O formato dos anúncios 1 (10%) 1 (10%) 1 (10%) 0 (0%) 3 (7,5%)

A cor dos anúncios 3 (30%) 1 10(%) 1 (10%) 2 (20%) 7 (17,5%)

O tamanho dos anúncios 6 (60%) 5 (50%) 2 (20%) 4 (40%) 17 (42,5%)

A área coberta dos prédios pelos anúncios 1 (10%) 1 (10%) 1 10(%) 2 (20%) 5 (12,5%)

O tipo de fixação (pendura-do ou pintado no prédio) dos anúncios

1 (10%) 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (5%)

A disposição (paralelo ou perpendicular ao prédio) dos anúncios

1 (10%) 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (5%)

A localização dos anúncios nos prédios 2 (20%) 3 (30%) 2 (20%) 2(20%) 9 (22,5%)

O tamanho das letras em relação ao fundo dos anún-cios

1 (10%) 2 (20%) 0 (0%) 1 (10%) 4 (10%)

O tamanho das imagens em relação ao fundo dos anún-cios

0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Os tipos de letras dos anún-cios 0 (0%) 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (2,5%)

As imagens dos anúncios 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

O contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios

0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0(0%)

Nenhuma característica dos anúncios 5 (50%) 1 (10%) 5 (50%) 2 (20%) 13 (32,5%)

Outra 5 (50%) 2 (20%) 0 (0%) 1 (10%) 8 (%)

Tabela 6 - Respostas a pergunta 1: Considerando a Cena 1, indique as características físi-cas dos anúncios comerciais que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena. As porcentagens dos grupos de usuários referem-se a um total de 10 respondentes (100%).

Page 171: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

171

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

O contorno superior de cada prédio 3 (30%) 4 (40%) 4 (40%) 4 (40%) 15 (37,5%)

O tamanho dos prédios (pequenos, médios ou gran-des)

2 (20%) 1 (10%) 0 (0%) 2 (20%) 5 (20%)

As saliências e as reentrân-cias dos prédios 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 1 (2,5%)

Os ornamentos decorativos dos prédios 0 (0%) 2 (20%) 2 (20%) 3 (30%) 7 (17,5%)

Os materiais dos prédios (tijolo a vista, reboco pinta-do, etc.)

0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

A quantidade de portas e janelas 1 (10%) 2 (20%) 0 (0%) 0 (0%) 3 (7,5%)

O formato das portas e janelas 2 (20%) 2 (20%) 1 (10%) 2 (20%) 7 (17,5%)

A proporção das portas e janelas (horizontais e verti-cais)

2 (20%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (5%)

A altura dos prédios 2 (20%) 2 (20%) 0 (0%) 1 (10%) 5 (12,5%)

A largura dos prédios 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

A proporção dos prédios (horizontais ou verticais) 4 (40%) 3 (30%) 0 (0%) 1 (10%) 8 (20%)

As cores dos prédios 8 (80%) 8 (80%) 7 (70%) 7 (70%) 30 (75%)

O estilo dos prédios 6 (60%) 8 (80%) 7 (70%) 8 (80%) 29 (72,5%)

Nenhuma característica dos prédios 0 (0%) 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (2,5%)

Outra 3 (30%) 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 4 (10%)

Tabela 7 - Respostas a pergunta 1: Considerando a Cena 1, indique as características físi-cas dos prédios que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena. As porcenta-gens dos grupos de usuários referem-se a um total de 10 respondentes (100%).

Page 172: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

172

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito ordenada 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Ordenada 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Nem ordenada, nem desor-denada 0 (0%) 0 (0%) 2 (20%) 1 (10%) 3 (7,5%)

Desordenada 2 (20%) 3 (30%) 5 (50%) 1 (10%) 11 (27,5%)

Muito Desordenada 8 (80%) 7 (70%) 3 (30%) 8 (80%) 26 (65%)

Tabela 8 - Respostas a pergunta 2: Considerando a Cena 1, a aparência da cena é?

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito Fácil 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 0 (0%) 1 (2,5%)

Fácil 0 (0%) 0 (0%) 2 (20%) 1 (10%) 3 (7,5%)

Nem fácil, nem difícil 3 (30%) 5 (50%) 6 (60%) 7 (70%) 21 (52,5%)

Difícil 6 (60%) 5 (50%) 1 (10%) 2 (20%) 14 (35%)

Muito Difícil 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (2,5%)

Tabela 9 - Respostas a pergunta 3: Considerando a Cena 1, Imagine que você está na rua em frente a esses anúncios comerciais e responda: a leitura das mensagens desses a-núncios é?

Page 173: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

173

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

O número de anúncios 1 (10%) 2 (20%) 3 (30%) 2 (20%) 8 (20%)

A área coberta dos prédios pelos anúncios comerciais 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 1 (10%) 2 (5%)

A variação entre as caracte-rísticas físicas dos anúncios comerciais

0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

A variação entre as caracte-rísticas físicas dos prédios 4 (40%) 4 (40%) 5 (50%) 5 (50%) 18 (45%)

Outra 5 (50%) 4 (40%) 1 (10%) 2 (20%) 12 (30%)

Tabela 10 - Respostas a pergunta 3: Considerando a Cena 1, identifique as principais ca-racterísticas físicas da cena que explicam sua resposta na questão 3.

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito Grande 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Grande 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Moderado 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 1 (2,5%)

Pequeno 1 (10%) 1 (10%) 2 (20%) 4 (40%) 9 (22,5%)

Muito pequeno 9 (90%) 9 (90%) 8 (80%) 5 (50%) 30 (75%)

Tabela 11 - Respostas a pergunta 4: Considerando a Cena 1, O número de anúncios co-merciais é?

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito Grande 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Grande 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Moderado 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Pequeno 1 (10%) 2 (20%) 0 (0%) 5 (50%) 8 (20%)

Muito Pequeno 9 (90%) 8 (80%) 10 (100%) 5 (50%) 32 (80%)

Tabela 12 - Respostas a pergunta 5: Considerando a Cena 1, a área coberta dos prédios por anúncios comerciais é?

Page 174: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

174

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Sim 2 (20%) 1 (10%) 0 (%) 3 (30%) 6 (15%)

Não 8 (80%) 9 (90%) 10 (100%) 7 (70%) 34 (85%)

Tabela 13 - Respostas a pergunta 6: Considerando a Cena 1, a aparência de algum prédio é prejudicada pelos anúncios comerciais?

Resultados Cena 2

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito bonita 0 (0%) 0 (0%) 2 (20%) 0 (0%) 2 (5%)

Bonita 1 (10%) 1 (10%) 4 (40%) 1 (10%) 6 (15%)

Nem bonita, nem feia 2 (20%) 3 (30%) 4 (40%) 2 (20%) 12 (30%)

Feia 5 (50%) 6 (60%) 1 (10%) 6 (60%) 18 (45%)

Muito feia 2 (20%) 0 (0 %) 0 (0%) 1 (10%) 3 (7,5%)

Tabela 14 -Respostas a pergunta 8: Considerando a Cena 2, a aparência da cena é?

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

A aparência dos prédios e dos anúncios comerciais 7 (70%) 8 (80%) 6 (60%) 6 (60%) 27 (67,5%)

A aparência exclusiva dos anúncios comerciais 0 (00%) 1 (10%) 0 (0%) 3 (30%) 4 (10%)

A aparência exclusiva dos prédios 1 (10%) 0 (0%) 4 (40%) 1 (10%) 6 (15%)

Outro 2 (20%) 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 3 (7,5%)

Tabela 15 - Respostas a pergunta 8: Considerando a Cena 2, marque a principal razão que explica sua resposta anterior.

Page 175: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

175

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

O número de anúncios 6 (60%) 4 (40%) 2 (20%) 3 (30%) 15 (37,5%)

A proporção dos anúncios 1 (10%) 1 (10%) 1 (10%) 1 10(%) 4 (10%)

O formato dos anúncios 1 (10%) 2 (20%) 4 (10%) 1 (10%) 8 (20%)

A cor dos anúncios 8 (80%) 6 (60%) 4 (40%) 5 (50%) 23 (57,5%)

O tamanho dos anúncios 8 (80%) 5 (50%) 4 (40%) 6 (60%) 23 (57,5%)

A área coberta dos prédios pelos anúncios 8 (80%) 5 (50%) 1 10(%) 4 (40%) 18 (45%)

O tipo de fixação (pendura-do ou pintado no prédio) dos anúncios

2 (20%) 2 (20%) 2 (20%) 0 (0%) 6 (15%)

A disposição (paralelo ou perpendicular ao prédio) dos anúncios

1 (10%) 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (5%)

A localização dos anúncios nos prédios 6 (60%) 5 (50%) 4 (40%) 6 (60%) 22 (55%)

O tamanho das letras em relação ao fundo dos anún-cios

4 (40%) 2 (20%) 1 (10%) 1 (10%) 8 (20%)

O tamanho das imagens em relação ao fundo dos anún-cios

0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Os tipos de letras dos anún-cios 3 (3%) 4 (40%) 0 (0%) 1 (10%) 8 (20%)

As imagens dos anúncios 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

O contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios

6 (60%) 7 (70%) 0 (0%) 0 (0%) 13 (32,5%)

Nenhuma característica dos anúncios 0 (00%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Outra 2 (20%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 3 (7,5%)

Tabela 16 - Respostas a pergunta 8: Considerando a Cena 2, indique as características físicas dos anúncios comerciais que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena. As porcentagens dos grupos de usuários referem-se a um total de 10 respondentes (100%).

Page 176: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

176

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

O contorno superior de cada prédio 8 (80%) 6 (60%) 3 (30%) 2 (20%) 19 (47,5%)

O tamanho dos prédios (pequenos, médios ou gran-des)

5 (50%) 3 (30%) 1 (10%) 2 (20%) 11 (27,5%)

As saliências e as reentrân-cias dos prédios 2 (20%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 3 (7,5%)

Os ornamentos decorativos dos prédios 0 (0%) 1 (10%) 1 (10%) 1 (10%) 3 (7,5%)

Os materiais dos prédios (tijolo a vista, reboco pinta-do, etc.)

8 (80%) 3 (30%) 1 (10%) 2 (20%) 14 (35%)

A quantidade de portas e janelas 2 (20%) 2 (20%) 0 (0%) 2 (0%) 6 (15%)

O formato das portas e janelas 3 (30%) 3 (30%) 1 (10%) 3 (30%) 10 (25%)

A proporção das portas e janelas (horizontais e verti-cais)

2 (20%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (5%)

A altura dos prédios 0 (0%) 2 (20%) 0 (0%) 1 (10%) 3 (7,5%)

A largura dos prédios 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

A proporção dos prédios (horizontais ou verticais) 6 (60%) 3 (30%) 0 (0%) 1 (10%) 10 (25%)

As cores dos prédios 9 (90%) 8 (80%) 5 (50%) 8 (80%) 32 (80%)

O estilo dos prédios 8 (80%) 8 (80%) 5 (50%) 7 (70%) 28 (70%)

Nenhuma característica dos prédios 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Outra 2 (20%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (5%)

Tabela 17 - Respostas a pergunta 8: Considerando a Cena 2, indique as características físicas dos prédios que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena. As porcenta-gens dos grupos de usuários referem-se a um total de 10 respondentes (100%).

Page 177: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

177

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito ordenada 0 (0%) 0 (0%) 2 (20%) 0 (0%) 2 (5%)

Ordenada 0 (0%) 1 (10%) 5 (50%) 3 (30%) 9 (12,5%)

Nem ordenada, nem desor-denada 2 (20%) 6 (60%) 3 (30%) 5 (50%) 16 (40%)

Desordenada 5 (50%) 3 (30%) 0 (0%) 2 (20%) 10 (25%)

Muito Desordenada 3 (30%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 3 (7,5%)

Tabela 18 - Respostas a pergunta 9: Considerando a Cena 2, a aparência da cena é?

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito Fácil 0 (00%) 2 (20%) 4 (40%) 3 (30%) 9 (22,5%)

Fácil 1 (10%) 2 (20%) 5 (50%) 3 (30%) 11 (27,5%)

Nem fácil, nem difícil 4 (40%) 3 (30%) 1 (10%) 3 (30%) 11 (27,5%)

Difícil 4 (430%) 3 (20%) 0 (0%) 1 (10%) 8 (20%)

Muito Difícil 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (2,5%)

Tabela 19 - Respostas a pergunta 10: Considerando a Cena 2, Imagine que você está na rua em frente a esses anúncios comerciais e responda: a leitura das mensagens desses anúncios é?

Page 178: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

178

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Os tipos de letras 4 (40%) 6 (60%) 4 (40%) 5 (50%) 18 (45%)

O tamanho das letras em relação ao fundo dos anún-cios

6 (60%) 6 (60%) 3 (30%) 5 (50%) 20 (50%)

O tamanho das imagens em relação ao fundo dos anún-cios

0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 1 (2,5%)

O contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios

7 (70%) 8 (80%) 4 (40%) 5 (50%) 24 (60%)

A quantidade de anúncios 4 (40%) 6 (60%) 4 (40%) 4 (40%) 18 (45%)

A proporção dos anúncios 2 (20%) 1 (10%) 3 (30%) 2 (20%) 8 (20%)

O tamanho dos anúncios 4 (40%) 3 (30%) 5 (50%) 6 (60%) 18 (45%)

Outra 0 (0%) 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (2,5%)

Tabela 20 - Respostas a pergunta 10: Considerando a Cena 2, identifique as principais características físicas da cena que explicam sua resposta na questão 6.

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

O número de anúncios 5 (50%) 7 (70%) 3 (30%) 5 (50%) 20 (50%)

A área coberta dos prédios pelos anúncios comerciais 5 (50%) 3 (30%) 1 (10%) 3 (30%) 12 (30%)

A variação entre as caracte-rísticas físicas dos anúncios comerciais

2 (20%) 3 (30%) 1 (10%) 2 (20%) 8 (20%)

A variação entre as caracte-rísticas físicas dos prédios 2 (20%) 1 (10%) 0 (00%) 1 (10%) 4 (10%)

Outra 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Tabela 21 - Respostas a pergunta 10: Considerando a Cena 2, identifique as principais características físicas da cena que explicam sua resposta na questão 6.

Page 179: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

179

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito Grande 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 1 (2,5%)

Grande 3 (30%) 4 (40%) 0 (0%) 3 (30%) 10 (25%)

Moderado 7 (70%) 6 (60%) 6 (60%) 5 (50%) 24 (60%)

Pequeno 0 (0%) 0 (0%) 3 (30%) 1 (10%) 4 (10%)

Muito pequeno 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 0 (0%) 1 (10%)

Tabela 22 - Respostas a pergunta 11: Considerando a Cena 2, O número de anúncios co-merciais é?

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito Grande 0 (0%) 1 (10%) 0 (0%) 1 (10%) 2 (5%)

Grande 5 (50%) 5 (50%) 1 (10%) 2 (20%) 13 (32,5%)

Moderado 5 (50%) 4 (40%) 4 (40%) 6 (60%) 19 (47,5%)

Pequeno 0 (0%) 0 (0%) 4 (40%) 1 (10%) 5 (12,5%)

Muito Pequeno 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 0 (0%) 1 (2,5%)

Tabela 23 - Respostas a pergunta 12: Considerando a Cena 2, a área coberta dos prédios por anúncios comerciais é?

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Sim 10 (100%) 10 (100%) 2 (20%) 8 (80%) 30 (75%)

Não 0 (0%) 0 (0%) 8 (80%) 2 (20%) 10 (25%)

Tabela 24 - Respostas a pergunta 13: Considerando a Cena 2, a aparência de algum prédio é prejudicada pelos anúncios comerciais?

Page 180: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

180

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito Grande 0 (0%) 1 (10%) 0 (0%) 1 (10%) 2 (50%)

Grande 4 (40%) 4 (40%) 0 (0%) 2 (20%) 10 (25%)

Moderado 5 (50%) 4 (40%) 4 (40%) 5 (50%) 18 (45%)

Pequeno 1 (10%) 1 (10%) 4 (40%) 2 (20%) 8 (20%)

Muito Pequeno 0 (0%) 0 (0%) 2 (20%) 0 (0%) 2 (5%)

Tabela 25 - Respostas a pergunta 13: Considerando a Cena 2, a quantidade de prédios, cuja aparência é prejudicada pelos anúncios comerciais é?

Arquitetos e urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

Muito Grande 0 (0%) 1 (10%) 0 (0%) 1 (10%) 2 (5%)

Grande 7 (70%) 3 (30%) 2 (20%) 3 (30%) 15 (37,5%)

Moderado 1 (10%) 6 (60%) 8 (80%) 3 (30%) 18 (45%)

Pequeno 2 (20%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (20%) 4 (10%)

Muito Pequeno 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 1 (2,5%)

Tabela 26 - Respostas a pergunta 14: Considerando a Cena 2, a variação entre as caracte-rísticas físicas dos anúncios comerciais é?

Page 181: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

181

Arquitetos e

urbanistas Publicitários Comerciantes Consumidores Total

O número de anúncios 6 (60%) 3 (30%) 2 (20%) 4 (40%) 15 (37,5%)

A proporção dos anúncios 4 (40%) 3 (30%) 3 (30%) 3 (30%) 13 (32,5%)

O formato dos anúncios 4 (40%) 4 (40%) 2 (20%) 2 (20%) 12 (30%)

A cor dos anúncios 8 (80%) 8 (80%) 6 (60%) 7 (70%) 29 (72,5%)

O tamanho dos anúncios 6 (60%) 7 (70%) 4 (40%) 5 (50%) 22 (55%)

A área coberta dos prédios pelos anúncios 4 (40%) 5 (50%) 2 (20%) 3 (30%) 14 (35%)

O tipo de fixação (pendura-do ou pintado no prédio) dos anúncios

4 (40%) 4 (40%) 1 (10%) 1 (10%) 10 (25%)

A disposição (paralelo ou perpendicular ao prédio) dos anúncios

2 (20%) 3 (30%) 0 (0%) 0 (0%) 5 (12,5%)

A localização dos anúncios nos prédios 4 (40%) 4 (40%) 1 (10%) 2 (20%) 11 (27,5%)

O tamanho das letras em relação ao fundo dos anún-cios

0 (0%) 2 (20%) 1 (10%) 0 (0%) 3 (7,5%)

O tamanho das imagens em relação ao fundo dos anún-cios

0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Os tipos de letras dos anún-cios 2 (20%) 4 (40%) 1 (10%) 2 (20%) 9 (22,5%)

As imagens dos anúncios 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (10%) 1 (2,5%)

O contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios

5 (50%) 4 (40%) 4 (40%) 5 (50%) 18 (45%)

Nenhuma característica dos anúncios 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Outra 0 (0%) 1 (10%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (2,5%)

Tabela 24: Respostas a pergunta 14: Considerando a Cena 2, indique as principais carac-terísticas físicas dos anúncios comerciais que influenciam sua resposta na questão ante-rior.

Page 182: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

182

8.11. ARTIGO APRESENTADO NO CONGRESSO P&D/2008

Ágata: substituir pela versão oficial em PDF “Comunicação Visual Urbana Um Estudo de Caso – Avenida Bento Gonçalves” Urban Visual Comunication The Case Study – Bento Gonçalves Avenue Resumo Este trabalho trata do estudo da comunicação visual urbana, através do viés da polui-ção visual e de diferentes métodos de definição e registro da mesma. O conteúdo a-presentado é a parte inicial de uma pesquisa em andamento que investiga dentro de um campo multidisciplinar a relação entre o espaço urbano e a inserção de elementos de comunicação, através da análise da percepção visual ambiental, do design emocio-nal e do design universal. E que procura assim, dentro do campo do design, trazer à tona as relações entre espaço e comunicação. Palavras Chave: Comunicação Visual, Poluição Visual, Percepção Ambiental Abstract This paper is about the study of the urban visual communication, the visual pollu-tion and different definitions and registers of methods. The presented content is the initial part of a in progress research that it inside investigates of a field to mul-tidiscipline the relation between the urban space and the insertion of communica-tion elements, through the analysis of the ambient visual perception, of emotional and universal. It is treated thus, inside of the field of design, to bring the relations between space and communication. Keywords: visual communication, visual pollution, ambient visual perception.

Page 183: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

183

Comunicação Visual Urbana Introdução Existe atualmente uma problemática perceptível na construção visual urbana. Em grandes cidades, como, por exemplo, São Paulo, isto é potencializado pela concentração única de população. Ela é um exemplo de cidade construída a par-tir de um modelo que extrapolou, em um certo momento, qualquer planejamento inicial. Contrapondo com o exemplo de Porto Alegre, nota-se que não é possível criar uma leitura definitiva do que é poluição visual. São Paulo, vivendo esta ex-periência de forma intensa, tornou este termo corriqueiro, sem se dar conta de que nele reside a discussão: o que é poluição visual? Atendo-se aos conceitos, para começar a estruturar um pensamento mais elabo-rado, qual a definição específica de poluição visual? Em que área estamos li-dando com esta palavra, e a partir de quais categorias? Existe uma definição específica de poluição visual? Antes de pensar numa solução é necessário verificar que métodos serão aplica-dos para entender o problema (nesse e em outros contextos) e como os resulta-dos poderão ser empregados em futuras proposições. Esses métodos devem vir de uma confluência de áreas afins e pensamentos conectados, como, por e-xemplo, design visual, arquitetura e urbanismo, publicidade, psicologia social e antropologia. Considerando o contexto local de Porto Alegre, buscou-se um espaço que apre-sentasse aspectos da problemática relativa ao tema. Assim, dentre outras alter-nativas, escolheu-se a Avenida Bento Gonçalves, bairro Partenon, importante via da cidade, tanto no que se refere a sua história, quanto a sua importância viária, pois liga, desde sempre, o centro da cidade à toda sua área leste e ao município de Viamão. Possui um conjunto de estabelecimentos comerciais, dife-rentes perfis populacionais e seus fluxos e várias camadas históricas detectáveis - fatores que aumentam a complexidade das relações da comunicação urbana dessa área. Visando compreender o ambiente urbano sob a ótica da comunicação visual formulamos algumas questões que nortearão a pesquisa. Há nesse trecho da Avenida Bento Gonçalves aspectos que se configuram como poluição visual? Se há, quais os mecanismos (métodos) que podem explicitá-los? Caso esses as-pectos sejam diagnosticados, quais possíveis mudanças podem ser propostas por parte dos agentes envolvidos (sociedade civil e poder público)? Como en-caminhar as propostas, após debate com entidades representativas da socieda-de, aos órgãos competentes? É possível aplicar o experimento deste lócus em outras situações? Percepção Visual Ambiental Sternberg (2000, apud Bustos, 2004) define a percepção como “um conjunto de processos psicológicos pelos quais as pessoas reconhecem, organizam, sinteti-zam e fornecem significação (no cérebro) às sensações recebidas dos estímulos ambientais (nos órgãos dos sentidos)”.

Page 184: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

184

Conforme Fresteiro (2002), as informações ambientais são captadas pelos sis-temas sensoriais de uma pessoa quando esta se movimenta em um espaço. Presume-se que a movimentação desta pessoa no espaço esteja diretamente ligada à quantidade e à qualidade de informações perceptivas. Estas informa-ções possibilitam que a pessoa, ao usar o espaço, possa encontrar pontos refe-renciais ligados às suas experiências passadas. É através desta representação que se pode identificar o mesmo espaço ou outro parecido. Ainda Fresteiro (2002) enfatiza que 85% da informação que recebemos do es-paço é visual. A independência em relação à mobilidade e orientação no espaço por pessoas com deficiência visual está diretamente vinculada à capacidade de perceber, interpretar e organizar as informações sensoriais corretamente. As imagens dos espaços são geradas pelos sentidos, formando, assim, a cons-ciência do mundo. O sentido da visão é responsável pelo primeiro impacto cria-dor de significados do ambiente. A imagem produzida pelos sentidos é extre-mamente importante, pois o desenvolvimento dos aspectos estruturais da per-cepção do espaço está diretamente ligado ao sentido da visão (Lynch, 1980). Percepção Ambiental Urbana Diversos autores da corrente que estuda a percepção ambiental referenciam teoricamente a pesquisa proposta para a avenida Bento Gonçalves. Por ora nos contentaremos em entender a percepção como uma atividade mental, desenca-deada por sensações e motivações. Centrou-se na linha que analisa a percep-ção visual da forma, sem desconsiderar outros valores do ambiente; …ver un objeto es siempre hacer una abstracción, pues ver consiste en la captación de los rasgos estructurales más que en el registro indiscriminado de los detalles. Que rasgos se capten dependerá del observador, pero también de la situación estimulante total (Arnheim, 1971, p. 65). Os treze ensaios compilados por Vicente Del Rio e Lívia de Oliveira em Percep-ção Ambiental – a experiência brasileira, contribuíram com seus métodos de pesquisa, e deram suporte ao procedimento sugerido para a realização do le-vantamento perceptivo do entorno da avenida Bento Gonçalves por parte de pe-destres. Pode ser banal iniciar com a afirmação que os objetos estão onipresentes no espaço. O sociólogo francês Michel Maffesoli em seu livro No fundo das aparên-cias exalta o quanto uma análise do espaço visível contribui para formar imagem de uma sociedade. A Avenida Bento Gonçalves, em Porto Alegre, objeto de estudo deste projeto, teve seu inicio na criação de um caminho que ligava a área central da cidade aos arrabaldes de então e à cidade de Viamão, importante povoação da época. A evolução da avenida foi lenta e o bonde que a percorria era um importante meio de transporte que contribuiu para o desenvolvimento dos atuais bairros da Azenha, Partenon, Santo Antônio e Agronomia, entre outros que são cortados por ela. Atualmente a avenida apresenta uma diversidade de usos – industrial, comercial e, principalmente, residencial, dos mais diferentes períodos. Estas camadas de história e ocupação são perceptíveis em uma rápida observação visual da área.

Page 185: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

185

Ser pedestre é uma condição humana. De alguma forma, por algum percurso deslocamo-nos diariamente dependentes apenas dos nossos próprios meios motores. Por uma simplificação de expressão, neste trabalho será considerado pedestre todo aquele indivíduo que não se locomove motorizado por sua livre vontade. Portanto estão incluídos nesta categoria os portadores de alguma defi-ciência motora necessitados de auxilio para seu deslocamento. Assim a veloci-dade do deslocamento é uma variante importante na percepção do espaço. A outra é o motivo do deslocamento (ou não deslocamento). A freqüência, hábito, cultura, idade, desembaraço físico e social, entre muitos outros fatores afetam nossa percepção do espaço e os objetos que ele contém. No modo de ver de James Hillman em Cidade & Alma as cidades são ruas, avenidas de troca e co-mércio, o aglomerado físico de pessoas, uma multidão caminhando, nas calça-das movidas por curiosidade, surpresa, pela possibilidade do encontro, a vida humana não acima da confusão mas no meio dela. A vitalidade das cidades de-pende do caminhar. Para quem se desloca em algum veículo, a velocidade pro-voca um achatamento da paisagem como se fosse um filme, no qual não temos nenhum papel, somos meros espectadores. É a proximidade com os detalhes que nos faz atores, cúmplices, parceiros do espetáculo que é a cidade. Métodos de pesquisa a serem implementados no estudo de caso: I - Percepção Visual Ambiental

a) Analise da Forma Urbana

Através de uma metodologia especifica para analise do espaço urbano, desen-volvida por Maria Elaine Kohlsdorf (2000) no seu estudo da percepção do espa-ço urbano e arquitetônico, busca-se a apreensão dos elementos que conformam este espaço e as sensações provocadas por estes elementos, em termos visuais (efeitos semânticos, fenômenos de configuração e leis de composição plástica), de acordo com uma metodologia de análise da forma. Esta proposta estaria divi-dida em três partes:

Análise das mídias e do seu ambiente urbano imediato; Avaliação das mídias segundo sua legibilidade; Formulação de diretrizes técnicas para projetos de sinalização externa, a

partir das conclusões da fase anterior. O método utilizado compõe-se de uma série de técnicas, que se organizam em dois conjuntos: um sistema analítico, que tem por finalidade revelar as caracte-rísticas essenciais das morfologias publicitárias de exterior no seu contexto; e um sistema avaliativo, aplicável às estruturas plásticas provenientes das análi-ses que objetiva inferir seus desempenhos informativos. Na metodologia proposta a forma é definida como os limites exteriores da maté-ria de que é construído um corpo. E confere, dentre outros, os seguintes desem-penhos morfológicos:

Dimensão funcional; Quantidade de espaço disponível; Configuração dos espaços disponíveis;

Page 186: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

186

Relações locacionais entre unidades funcionais; Dimensão expressiva; Qualidades semânticas; Fenômenos de configuração; Leis de composição plástica; Dimensão simbólica (inerente a qualquer processo de percepção, pois,

mesmo inconscientemente, o indivíduo estabelece associações entre as formas percebidas e os significados a que essas lhe remetem);

Dimensão Topoceptiva; Orientabilidade; Identificabilidade; Dimensão copresencial; Padrões espaciais;

Para este estudo da comunicação, mais precisamente da comunicação visual no ambiente urbano, as dimensões funcional, expressiva e topoceptiva são as mais destacadas, sendo a última a mais preponderante. b) Formulação de Cenas Urbanas Outr0 método que se vai lançar mão consiste na formulação de cenas urbanas (realizadas em levantamento fotográfico da realidade e/ou simulações), basea-das em estudos da área do ambiente e comportamento (avaliação do ambiente construído ou avaliação pós-ocupação), e analisadas, por exemplo, segundo critérios preestabelecidos, por um público segmentado de arquitetos e urbanis-tas, publicitários (considerados técnicos), e comerciantes e consumidores (con-siderados leigos). Neste contexto entra também a questão da legibilidade. Segundo Adriana Portel-la (2003), interferem no grau de legibilidade:

O repertório de signos (tanto da mídia como do usuário): para que haja a comunicação é necessário pelo menos alguns pontos em comum entre os repertórios.

As características físicas da mídia: forma, altura, cor, volume, textura, i-magens, tipos de letras, contrastes, etc., ou mais especificamente, forma-to, tamanho, cor, tipo de fixação (justaposto ou pintado nas edificações, etc.), a disposição (paralelo, perpendicular ou em ângulo em relação a vi-a), a localização (no corpo ou no coroamento das edificações, etc.), o número de imagens, a tipografia utilizada, o tamanho das letras em rela-ção à área livre do fundo dos anúncios e o contraste cromático.

O ordenamento do ambiente onde a mídia está exposta: relações estabe-lecidas por alguns princípios da Gestalt (complexidade e contraste, princi-palmente, e proximidade). Destacam-se aqui duas variáveis que na maio-ria das vezes promovem a desordem: a incompatibilidade formal entre a forma física da mídia e seu entorno imediato urbano e a sobrecarga visu-al.

A avaliação da qualidade visual do ambiente é influenciada basicamente por du-as variáveis:

aspectos formais, relacionados aos conceitos de ordem;

Page 187: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

187

aspectos simbólicos. Para identificação de quais ambientes são ordenados e quais não são, leva-se em consideração as relações que se estabelecem entre os atributos formais do espaço. Esses atributos centram-se nas características formais do ambiente, tais como forma, altura, cor, volume, textura das construções assim como dos ele-mentos midiáticos. Os aspectos simbólicos referem-se aos significados conotati-vos que determinadas características físicas do ambiente podem ter para o indi-víduo, em função de valores atribuídos por ele a essas. Ambas as categorias são consideradas nos processos de análise já que a ima-gem final que o indivíduo tem do ambiente caracteriza-se por ser uma resultante da combinação dessas durante etapas perceptivas e cognitivas de apreensão da forma. Os métodos de coleta de dados a serem aplicados fazem parte dos utilizados na área de pesquisa relativa ao Ambiente e Comportamento, os quais visam anali-sar a aparência de ambientes urbanos frente à percepção e à avaliação do usu-ário. Tanto os métodos quanto as técnicas adotadas abordam a realidade sobre dois aspectos: de forma abstrata – considerando as imagens que estão armaze-nadas na memória do indivíduo, e de forma concreta – através de representa-ções de cenas urbanas. Divide-se em etapas;

levantamento de arquivo; levantamento de campo; observação das características físicas; levantamentos físicos; representação do ambiente urbano (simulação); questionário (estudo piloto para elaboração do questionário final).

Posteriormente parte-se para: seleção de cenas (caracterização física das cenas delimitadas à análise); seleção de respondentes (30 de cada grupo: arquitetos e urbanistas; pu-

blicitários (ambos considerados técnicos) e comerciantes e consumidores (considerados leigos)).

Tendo em vista as variáveis nominais e ordinais consideradas nesta investiga-ção, bem como a necessidade de verificar se há relações e/ou correlações signi-ficativas entre essas, são adotados testes não-paramétricos à análise dos da-dos. Nos resultados podem-se aferir as questões sobre a qualidade visual das cenas e da legibilidade dos anúncios comercias, no caso específico dessa pesquisa, o trecho referido como locus. c) Levantamento Visual Ambiental Os estudiosos da percepção são uníssonos em afirmar que a maioria das infor-mações é recebida visualmente. Olhar não é apenas dirigir os olhos para perce-ber a realidade, é de certa forma ser um guardião daquele objeto na imagem que fizemos dele, e o que se quis ver buscando informações e significados. Uma das opções de pesquisa pode ser um cuidadoso levantamento dos elementos visuais dos espaços públicos usados por pedestres, mas os resultados não evi-

Page 188: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

188

denciariam o que é visualmente significativo para eles. Um lugar de uso cotidiano, um espaço criado para o exercício da cidadania é o grande desafio dos estudiosos da percepção ambiental. Jane Jacobs (2000) em seu livro Morte e vida de grandes cidades faz sugestões para o uso dos espaços públicos sempre envolvendo a participação ativa da comunidade local, mas sub-linha o questionamento do urbanista Reginald Isaacs sobre o conceito ‘bairro’ nas modernas metrópoles. O que estudiosos de fenômenos urbanos estadunidenses escreveram sobre su-as cidades nas décadas de 1960 e 70 aplica-se com fidelidade à realidade urba-na brasileira contemporânea. Ao analisar a Cidade como Meio Ambiente, Kevin Linch escreveu em 1965 que a qualidade de vida, nas grandes metrópoles, pode ser melhorada tornando os lugares mais humanizados. Aponta quatro deficiên-cias físicas que fazem algumas partes das cidades serem lugares desagradáveis para se viver: desconforto, falta de diversidade, ilegibilidade e rigidez. Na evolução da linguagem, a representação gráfica precede a escrita e se confi-gura instrumento técnico eficiente no registro da realidade observada. O dese-nho pode ser executado rapidamente sem a censura de ser uma “boa” ou “má” representação do que foi visto. Mapas, plantas, perspectivas permitem abstrair objetos de seu entorno recriando as situações como elas foram percebidas no local. Manfredo Massironi (1982) afirma que a eficácia do desenho linear pode dizer-nos algo sobre os modos como percebemos e codificamos o próprio mun-do. Kevin Linch (1997) recomenda como uma das técnicas de pesquisa da percep-ção ambiental o desenho rápido de um mapa da área em questão mostrando suas características mais importantes e interessantes. No entanto, o desenho como expressão da percepção visual procedimento implica em certa familiarida-de com a linguagem do desenho, caso contrário o verbo ainda é um meio de expressão mais eficiente. Sobre o método de levantamento perceptivo dos elementos visualmente signifi-cativos no entorno do pedestre em um ambiente urbano as perguntas que se querem responder são:

quais elementos da paisagem urbana são visualmente significativos para um pedestre?

a quantidade de tais elementos influencia na qualidade da paisagem? Segundo Claire Selltiz (1974), qualquer que seja o objetivo do estudo, o pesqui-sador enfrenta quatro questões amplas: (1) O que deve ser observado? (2) Co-mo registrar as observações? (3) Que processos devem ser usados para tentar garantir a exatidão da observação? (4) Que relação deve existir entre o obser-vador e o observado, e como é possível estabelecer tal relação. 1. Intuindo uma capacidade de recortar características do entorno que se ajus-tem às preferências pessoais ou entrem em conflito causando imagens positivas ou negativas, podemos iniciar com as percepções ambientais de uma amostra-gem de indivíduos culturalmente homogêneos e quantificamos os elementos detectados do entorno. 2. Mediante fotografias, desenhos rápidos e um comentário verbal. 3. O estudo do caso da avenida Bento Gonçalves deve considerar representan-tes das diversas camadas sociais e culturais selecionados entre a população

Page 189: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

189

residente e flutuante, assim como usuários habituais e esporádicos e não ape-nas restringir-se à análise das percepções de um grupo de indivíduos homogê-neos. 4. A estratégia desenvolvida para compreender a situação da avenida Bento Gonçalves21 levará em conta os olhares de um grupo de pessoas que não fre-qüentam esse “pedaço” porto-alegrense. Indivíduos residentes habituados com a paisagem e com os percursos possuem visões distintas de visitantes daquele lugar. Ambos percebem a situação através de filtros culturais, temporais, pesso-ais e lhes conferem atributos próprios mas, a conduta em relação à situação percebida, é regida pelo grau de afetividade com o local. Segundo Amos Rapoport (1978), o ambiente urbano deve ajustar-se aos crité-rios de qualidade ambiental idealizados por seus possíveis usuários. Cada grupo tem uma imagem particular do que é um entorno de qualidade e o afeto é um fator determinante da conduta, a pesar das variáveis ou constantes culturais. Podemos considerar com cultura constante um grupo de pessoas que comparti-lham um conjunto de valores, crenças e possuem regras e costumes que não são conflitantes. Acreditamos que o procedimento do “mapa mental” utilizado por Linch em suas pesquisas somente pode ser aplicado ao caso de Porto Alegre se os “percepto-res” tiverem familiaridade com o espaço estudado. O emprego dos dois métodos pode vir a confirmar a relevância dos elementos visuais percebidos em um deles ou no outro. II – Design Universal O termo de Design Universal (Universal Design) é um termo que primeiramente foi utilizado nos Estados Unidos por Ron Mace em 1985, mas os conceitos fo-ram também expressos em outros países. O Desenho Universal (Universal De-sign) e o Desenho Inclusivo (Inclusive Design) são termos utilizados freqüente-mente nos Estados Unidos, de modo intercambiável; para designar uma con-cepção de desenho que implica equidade e justiça social. Apesar de haver ou-tros termos que são freqüentemente usados; tais como Life span Design (que dura uma vida) e Transgenerational Design (que passa de geração em geração), Mullick e Steinfeld (1997 apud Preiser e Ostroff, 2001) explicam que o que sepa-ra o desenho universal destes termos é o foco do desenho universal na inclusão social. Isto está relacionado ao precedente “separate is not equal” (da concep-ção de igualdade de oportunidades). Os quatro pilares básicos:

acomodar uma grande gama antropométrica; redução da quantidade de energia necessária para a utilização dos produ-

tos ou meio ambiente; tornar o ambiente e os produtos mais abrangentes;

Page 190: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

190

desenho de sistemas - pensar em produtos e ambientes como sistemas - peças intercambiáveis, características adicionais para as pessoas que te-nham necessidades especiais.

Os sete princípios: uso eqüitativo: o produto pode ser utilizado por usuários com habilidades

diversas; flexibilidade de uso: acomoda uma ampla gama antropométricas e PPDs; simples e intuitivo, fácil de entender: independentemente da experiência

do usuário; informação perceptível: informações necessárias para o uso efetivo; tolerância ao erro: minimizar os riscos e constrangimentos físicos, senso-

riais; baixo esforço físico; tamanho e espaço para uso e finalidade: tamanho e espaço apropriados

para uma ampla gama antropométrica independente de limitações físicas, motoras, sensoriais, cognitivas.

Nesta pesquisa serão analisados os sete princípios do Design Universal e suas aplicações com o objeto em estudo através de uma análise qualitativa, contem-plando as formas de comunicação e todas as características pertinentes a inter-face homem e o espaço urbano e a inserção de elementos de comunicação. III – Design Emocional Os aspectos emocionais estão vinculados às sensações provocadas pelos pro-dutos, como por exemplo, a excitação, alegria, interesse e resultam de caracte-rísticas como odor, beleza, maciez no contato físico (tato ativo ou passivo). As emoções despertam comportamentos e decisões, como por exemplo, um produto pode além de ser funcional e efetivo pode proporcionar prazer visual pelas suas formas e cores, tato agradável durante o manuseio. A primeira percepção que se tem de um produto são as características que des-pertam uma emoção, apenas com uma exploração visual, olfativa, háptica ou auditiva, durante trinta segundos. Jordan (1997) afirma a importância de um projeto com apelo emocional. “(...) se uma pessoa decidir que não gosta de um produto, em seu primeiro contato e-mocional, dificilmente essa opinião será modificada posteriormente, pelos bene-fícios funcionais.” Características que são importantes na análise:

Visibilidade (quanto mais visíveis forem as funções, mais os usuários sa-berão como proceder). Prestar atenção quando as funções estão fora do alcance;

Feedback está relacionado ao conceito de visibilidade; Restrições “determinação das formas de delimitar o tipo de interação que

pode ocorrer em um determinado momento”: Físicas - formas restringem o movimento das coisas;

Page 191: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

191

Lógicas - dependem do senso comum dos indivíduos a respeito das a-ções e suas conseqüências;

Culturais - devem ser aprendidas (o uso do vermelho para pare e amarelo alerta);

Affordance - atributo de um objeto que permite às pessoas saber como u-tilizá-lo.

Algumas características são importantes para análise:

Visceral Design aparência (bom ou ruim, seguro ou perigoso) manda a mensagem para os músculos e alerta o resto do cérebro;

Behavioral Design prazer e uso efetivo (não é consciente, ex. dirigir o car-ro);

Reflective Design - Imagem pessoal, satisfação pessoal, memórias (cons-ciente).

É importante salientar que estas características relativas ao Design Emocional serão analisadas pela técnica desenvolvida por Jordan (1997) chamada de Atri-buição de Personalidade ao Produto – APP. Será uma aplicação experimental, pois esta técnica não foi ainda aplicada em análises da comunicação do ambien-te urbano. Mas é pertinente o prosseguimento desta análise face a interface ho-mem-produto e as sensações decorrentes da interação em análise. Conclusões Tratando-se de uma pesquisa que está em andamento, afirma-se a importância de pensar quais métodos serão aplicados. Estes métodos devem vir de uma confluência de áreas afins e pensamentos conectados, como, por exemplo, ar-quitetura e urbanismo, publicidade, psicologia e antropologia, e devem ser cla-ros. Com isso em mente, a ESPM já possui um núcleo de estudos multidiscipli-nar que vem buscando antes de uma solução, a estruturação de uma metodolo-gia para analisar a situação. Encontramos no design o campo mais adequado de pensamento que agrega conhecimentos das disciplinas citadas. Não é possível pensar o mundo hoje sem o conceito de design como projeto, como construção mais do que resultado final. Partindo da decisão adotada em São Paulo como base para discussão, se trou-xe para o espaço da capital gaúcha, uma observação da situação e das diretri-zes locais para se propor caminhos possíveis. Não só para serem aplicados a-qui, mas como uma forma de construção de uma estratégia de investigação a ser aplicada em diversas situações. A proposta do Núcleo de Estudos da Comunicação no Ambiente Urbano é de buscar entre diversos métodos atuais de estudo e análise do design um conjunto que leve em consideração o maior número possível de fatores. Dentre eles: a ocupação formal e informal do espaço, os marcos culturais e referenciais, os meios de comunicação externos e interação dos usuários e seus pontos de vis-tas específicos com estes elementos. Neste momento, após o levantamento ini-cial de dados o que podemos estabelecer é grau extremo de complexidade dos fatos envolvidos, pois segundo FLUSSER (2007) “(...) a comunicação influencia

Page 192: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

192

nossa vida com mais intensidade do que tendemos habitualmente aceitar”. Referências ARNHEIM, Rudolf. El pensamiento visual. Buenos Aires: Universitaria, 1971. BUSTOS, Carolina. Condições de Percepção e Deslocamento dos Usuários com

Deficiência Visual – Um estudo de caso na APADEV – RS. Dissertação de mestrado, Da Escola de Engenharia de Produção da UFRGS, Porto Alegre, 2004.

CANEVACCI, Massimo. Antropologia da Comunicação Visual. São Paulo: Brasi-liense, 1990.

FERRARA, Lucrécia D. Olhar Periférico: informação, linguagem e percepção ambiental. São Paulo: FAPESP - Edusp, 1993.

FRESTEIRO, H. R. La Iluminacíon de los Espacios como Parámetro de Accessi-bilidad para Personas con Baja Visión. 2001. Tesis Doctoral. Universidad Politecnica de Madrid. Madrid, 2002.

GIBSON, J. The Senses Considered As Perceptual Systems. Boston: Houghtan Mifflin Company, 1966.

HILLMAN, James. Cidade & Alma. São Paulo: Nobel, 1993. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2ª edição revisada e ampliada. São

Paulo: Blücher, 2005. IIDA, Itiro et al. O Bom e o Bonito em Design. P & D, 7° Congresso de Pesquisa

& Desenvolvimento em Design, 2006, Paraná. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes,

2000. JORDAN, Patrick W. Products as personalities. In Robertson, S. (ed.) Contem-

porary Ergonomics. London: Taylor & Francis, 1997. KOHLSDORF, Maria Elaine. Apreensão da forma da cidade. Brasília: UNB,

1996. ____. Seminário: A percepção do ambiente construído. Porto Alegre: UFRGS,

Faculdade de Arquitetura, 2000. Anotações de aula. LINCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1980 e 1997. ______. A cidade como meio ambiente in Cidades: a Urbanização da Humani-

dade. Rio de Janeiro: Zahar, 1972. MAFFESOLI, Michel. No fundo das aparências. Petrópolis: Vozes,1996. MASSIRONI, Manfred. Ver pelo desenho. São Paulo: Martins Fontes, 1982. MATTA, Roberto da. A casa & a rua. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. MIYAKE, Y. J. C. E. A. Landscape Design. In: PREISER, F. E. W.; OSTROFF, E.

Universal Design Handbook. New York: McGraw-Hill, 2001. Cap. 48. MULLICK, A., e STEINFELD, E. Universal Design: What It Is and What It Isn’t,

Innovation, the Quarterly Journal of the Industrial Designers Society of America, 16:1, 1997. In: PREISER, F. E. W.; OSTROFF, E. Universal De-sign Handbook. New York: McGraw-Hill, 2001. Cap. 1.

NOVAES, Adauto; et alii. O Olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. OJEDA, C. M. P. A Organização do Espaço como Uma Atividade Socialmente

Compartilhada: o usuário como participante do processo relativo ao projeto de utilização do espaço. Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-

Page 193: Comunicação Visual Urbana Avenida Bento Gonçalves – Porto

193

Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1995. Disponível em: <htp://www.eps.ufsc.br/disserta/Pablo/index.htm>. Acesso em março 2003.

OKAMOTO, Jun. Percepção Ambiental e Comportamento. São Paulo: Plêiade, 1996.

PALMER, S. Modern Theories of Gestalt perception. In G. W. Humphreys (Ed.), Understanding vision: An interdisciplinary perspective – Readings in mind and language. Oxford, England: Blackwell.

PORTELLA, Adriana Araújo. A qualidade visual dos centros de comércio e a le-gibilidade dos anúncios comerciais. Porto Alegre: UFRGS, Faculdade de Arquitetura, 2003. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Arquitetura, Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, Porto Alegre, RS, 2003.

PREISER, F. E. W.; OSTROFF, E. Universal Design Handbook. New York: McGraw-Hill, 2001.

RIO, Vicente del e OLIVEIRA, Livia de, organizadores. São Paulo: Studio Nobel, 1996.

SELLTIZ, Claire et alii. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: E.P.U. - USP, 1974.

SPENCER, C. P.; BLADES, M.; MORSLEY, K. The Child in the Physical Envi-ronment: the development of special knowledge and cognition. New York: John Wiley, 1989.

TINOCO, Ágata. Um olhar pedestre sobre o Mobiliário Urbano paulistano – Itaim Bibi 1995-2001. São Paulo: FAU-USP, 2003, Tese de doutoramento.