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Concurso Público de Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados Processo Legislativo (arts. 21 a 24, 44 a 75 e 84 da CF/88) IGEPP Prof. Leo van Holthe AULA 01 Pontos do edital enfrentados neste material : Arts. 21 a 24 e 84 da CF/88. 1. Sistema de distribuição de competências na CF/88 A repartição constitucional de competências é ponto nuclear da noção de Estado Federal, pois as autonomias conferidas a cada entidade são exatamente aquelas necessárias ao devido cumprimento dos poderes que lhes foram entregues. O princípio geral que norteia a distribuição de competências entre os entes federativos é o princípio da predominância do interesse, pelo qual: a) cabem à União as matérias de predominante interesse geral, nacional; b) aos estados-membros, as questões de predominante interesse regional; c) aos municípios concernem os assuntos de interesse local; e d) ao Distrito Federal cabem os interesses: regional e local. Como nem sempre é fácil identificar o que é de interesse geral, regional ou local, a CF/88, à semelhança do modelo alemão, adotou um sistema complexo de repartição de competências, combinando as seguintes técnicas: a) Enumeração expressa dos poderes da União (arts. 21 e 22). b) Previsão do poderremanescente, não enumerado, residualou reservado para os estados-membros (art. 25, § 1.º). c) Indicaçãodos poderes dos municípios, em torno do critério do interesse local (art. 30, I). d) Fixação de uma competência administrativa comum, cumulativa ou paralela para a União, os estados, o DF e os municípios (art. 23). e) Estabelecimento de uma competência legislativa concorrente entre a União, os estados-membros e o DF (art. 24). Caro aluno, para uma melhor compreensão do complexo sistema de repartição das competências federativas previsto na CF, esclarecemos que: a) Competênciaexclusiva é a atribuída a uma entidade federativa com exclusão das demais, sem possibilidade de delegação (indelegável). b) Competênciaprivativa é a atribuída a uma entidade com exclusão das demais, mas com possibilidade de delegação (delegável). c) Competênciaremanescente, reservada, não enumeradaouresidual é a conferida a um ente federativo como sobra, resíduo, após a enumeração expressa das competências das demais entidades (exs.:arts. 25, §1.º, 154, I, e 195, §4.º). d) Competência comum, cumulativa ouparalela é aquela atribuída a mais de um ente federativo, em que todos eles atuamempé de igualdade, solidária e simultaneamente, apenas com a observância do princípio da predominância do interesse (ex.: art. 23 da CF). e) Competênciaconcorrente é a atribuída a mais de uma entidade da Federação, as quais atuam emníveis distintos (ex.: art. 24 da CF, em que a União legisla sobre as normas gerais, enquanto os estados cuidam das questões específicas).

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Concurso Público de Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados

Processo Legislativo (arts. 21 a 24, 44 a 75 e 84 da CF/88)

IGEPP – Prof. Leo van Holthe

AULA 01

Pontos do edital enfrentados neste material: Arts. 21 a 24 e 84 da CF/88.

1. Sistema de distribuição de competências na CF/88

A repartição constitucional de competências é ponto nuclear da noção de Estado

Federal, pois as autonomias conferidas a cada entidade são exatamente aquelas necessárias ao

devido cumprimento dos poderes que lhes foram entregues.

O princípio geral que norteia a distribuição de competências entre os entes federativos é

o princípio da predominância do interesse, pelo qual:

a) cabem à União as matérias de predominante interesse geral, nacional;

b) aos estados-membros, as questões de predominante interesse regional;

c) aos municípios concernem os assuntos de interesse local; e

d) ao Distrito Federal cabem os interesses: regional e local.

Como nem sempre é fácil identificar o que é de interesse geral, regional ou local, a

CF/88, à semelhança do modelo alemão, adotou um sistema complexo de repartição de

competências, combinando as seguintes técnicas:

a) Enumeração expressa dos poderes da União (arts. 21 e 22).

b) Previsão do poderremanescente, não enumerado, residualou reservado para os

estados-membros (art. 25, § 1.º).

c) Indicaçãodos poderes dos municípios, em torno do critério do interesse local (art.

30, I).

d) Fixação de uma competência administrativa comum, cumulativa ou paralela

para a União, os estados, o DF e os municípios (art. 23).

e) Estabelecimento de uma competência legislativa concorrente entre a União, os

estados-membros e o DF (art. 24).

Caro aluno, para uma melhor compreensão do complexo sistema de repartição das

competências federativas previsto na CF, esclarecemos que:

a) Competênciaexclusiva é a atribuída a uma entidade federativa com exclusão das

demais, sem possibilidade de delegação (indelegável).

b) Competênciaprivativa é a atribuída a uma entidade com exclusão das demais, mas

com possibilidade de delegação (delegável).

c) Competênciaremanescente, reservada, não enumeradaouresidual é a conferida a

um ente federativo como sobra, resíduo, após a enumeração expressa das competências das

demais entidades (exs.:arts. 25, §1.º, 154, I, e 195, §4.º).

d) Competência comum, cumulativa ouparalela é aquela atribuída a mais de um ente

federativo, em que todos eles atuamempé de igualdade, solidária e simultaneamente, apenas

com a observância do princípio da predominância do interesse (ex.: art. 23 da CF).

e) Competênciaconcorrente é a atribuída a mais de uma entidade da Federação, as

quais atuam emníveis distintos (ex.: art. 24 da CF, em que a União legisla sobre as normas

gerais, enquanto os estados cuidam das questões específicas).

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f) Competênciasuplementar é a conferida a determinado ente para complementar as

normas gerais dispostas por outros (competência suplementar-complementar – exs.: CF, arts.

24, § 2.º, e 30, II) ou para suprir a ausência dessas normas gerais (competência suplementar-

supletiva – ex.: art. 24, § 3.º).

Nos seus arts. 21, 22, 25, § 1.º, e 30, a CF/88 adotou a repartição horizontal de

competências, típica dofederalismodualouclássico, em que há uma atuação separada e

independente entre as entidades federadas (por meio de competências exclusivas da União e dos

municípios e remanescentes dos estados).

Já nos seus arts. 23 e 24, a CF/88 contemplou a repartição vertical de competências,

típica dofederalismocooperativo, em que há uma atuação conjunta e coordenada entre os entes

federativos (em níveis distintos, como na competência concorrente do art. 24, ou em pé de

igualdade, como na competência comum do art. 23).

As competências podem ser divididas em dois grandes grupos: legislativas e

administrativas.

As competências administrativas (materiais, de execução ou não legislativas)

representam os assuntos sobre os quais as entidades federativas podem exercer a função

governamental, executar tarefas e tomar decisões político-administrativas.

São competências administrativas da União:

- Competência exclusiva do art. 21 da CF.

- Competência comum entre União, estados, DF e municípios (CF, art. 23).

- Outras competências previstas em diversos artigos da CF (arts. 49, 84, 71, 96, 98,

etc.).

As competências legislativas conferem às entidades da Federação o poder de elaborar

as próprias leis, por meio dos seus parlamentos.

São competências legislativas da União:

- Competência privativa prevista no art. 22 da CF.

- Competência concorrente com os estados e o DF (CF, art. 24), a qual não inclui os

municípios1.

- Outras competências previstas ao longo do texto constitucional (ex.: art. 48 da CF).

É possível que emenda constitucional (EC) altere o quadro de repartição de

competências federativas da CF/88, desde quea modificaçãonão tenda a abolira Federação

brasileira (CF, art. 60, § 4.º, I).

Exemplificando, EC que transfira a totalidade da arrecadação do IPTU dos municípios

para a União restringe indevidamente a autonomia municipal. Por outro lado, EC que retire da

União a competência para legislar sobre Direito Agrário não necessariamente viola o pacto

federativo brasileiro (já muito centralizado no poder federal). Nesse caso, a legislação agrária

passaria a ser da competência dos estados-membros, nos termos do art. 25, § 1.º, da CF.

2. Arts. 21 a 24 da CF/88

Amigo aluno, ao passar os olhos no art. 21 da Carta Federal, você logo perceberá

que é dificílimo memorizar as competências administrativas da União, a fim de

diferenciá-las das competências materiais das demais entidades da Federação.

1Não devemos confundir a competência administrativa comum entre União, estados, DF e municípios, prevista

no art. 23 da CF/88, com a competência legislativa concorrente entre União, estados e DF do art. 24 da CF!

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A nossa dica, nesse ponto, é inspirar-se no princípio da predominância do

interesse e perceber que os assuntos de predominante interesse nacional (exs.: a relação

com estados estrangeiros do inciso I, a defesa nacional do inciso III, a execução de

planos nacionais e regionais de ordenação do território do inciso IX, o sistema

nacionalde gerenciamento de recursos hídricos do inciso XIX, os princípios e diretrizes

do sistema nacional de viação do inciso XXI, além de serviços de repercussão geral

como a emissão de moeda, a energia elétrica e a energia nuclear) são da competência da

União.

Tente entender o porquê de cada inciso do art. 21 ter sido entregue ao ente

federativo central e deixe a memorização para aqueles casos menos evidentes, no intuito

de tornar a sua tarefa menos árdua!

Tais competências administrativas da União terão que ser diferenciadas das

competências administrativas comuns da União, dos estados, do DF e dos municípios,

previstas no art. 23 da CF, as quais, diferentemente do art. 21, interessam a todas as

entidades da Federação e possibilitam uma atuação cumulativa ou paralela do poder

público federal, estadual, distrital e municipal (exs.: proteção dos bens de valor

histórico, artístico e cultural, saúde e preservação do meio ambiente).

À semelhança do que ocorre com os arts. 21 e 23, você terá grande dificuldade em

diferenciar as matérias de competência legislativa privativa da União, contidas no art. 22 da CF,

dos assuntos que podem ser objeto de legislação concorrente da União, dos estados e do DF,

contemplados pelo art. 24 da CF.

A nossa dica, mais uma vez, é inspirar-se no princípio da predominância do interesse e

perceber que os assuntos inseridos no art. 22 são de predominante interesse nacional, o que

evidencia a necessidade de uma legislação federal uniforme, permitida a regulamentação

diferenciada no âmbito dos estados e do DF apenas na estreita via da delegação prevista no

parágrafo único do art. 22.

De fato, a CF/88, em regra, não admite que leis estaduais instituam crimes, disponham

sobre Direito Civil (contratos, direito de herança, direitos reais, direito de família, etc.), Direito

Eleitoral, do Trabalho, Processual, de Trânsito, entre outros, por entender que tais matérias

devem receber um regramento uniforme e centralizado da União, sob pena de se criar injustiças

e entraves para as relações sociais travadas ao longo do território nacional.

A competência do art. 22 da CF/88 é privativa exatamente porque admite a

delegação prevista no seu parágrafo único. Como exemplo dessa delegação, vide a Lei

Complementar Federal n.º 103/00.

Essa delegação obrigatoriamente deve ser feita atodos os estados e ao DF (não

podendo se destinar a apenas parte deles) e tem como objeto: questões específicas dos assuntos

elencados no art. 22. A título de exemplo, a União poderia delegar aos estados e ao DF a

regulamentação da idade mínima para habilitação de motorista de veículos automotores, mas

nunca poderia delegar todo o assunto trânsito.

Registre-se que a União pode retomar a sua competência e legislar sobre o assunto

delegado a qualquer momento, pois a delegação não significa abdicação.

Diferentemente do que ocorre na competência concorrente (CF, art. 24), aqui, a

ausência da lei federal não abre espaço para que estados e municípios legislem, a fim de suprir a

inércia legislativa federal.

Seguem dois quadros-resumos que devem ser estudados com afinco.

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Quadro-resumo em que se constata a semelhança entre as competências

legislativas e administrativas da União (CF, arts. 21 e 22)

Art. 21. Compete administrativamente à União: Art. 22. Compete privativamente à União

legislar sobre:

- manter relações com Estados estrangeiros e participar de

organizações internacionais;

- declarar a guerra, celebrar a paz e assegurar a defesa

nacional;

- decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a

intervenção federal;

- defesa territorial, defesa aeroespacial,

defesa marítima, defesa civil e mobilização

nacional;

- emigração e imigração, entrada,

extradição e expulsão de estrangeiros;

- nacionalidade, cidadania e naturalização;

- permitir, nos casos previstos em lei complementar, que

forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou

nele permaneçam temporariamente;

- autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material

bélico;

- normas gerais de organização, efetivos,

material bélico, garantias, convocação e

mobilização das polícias militares e corpos

de bombeiros militares;

- emitir moeda, administrar as reservas cambiais do País e

fiscalizar as operações de natureza financeira (crédito,

câmbio, capitalização, seguros e previdência privada);

- sistema monetário e de medidas, títulos e

garantias dos metais;

- política de crédito, câmbio, seguros e

transferência de valores;

- sistemas de poupança, captação e

garantia da poupança popular;

- sistemas de consórcios e sorteios;

- manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; - serviço postal;

- explorar, diretamente ou mediante autorização,

concessão ou permissão, os serviços de:

a) telecomunicações, radiodifusão sonora, e de sons e

imagens (rádio e TV) e energia elétrica;

b) transporte rodoviário interestadual e internacional de

passageiros, navegação aérea, aeroespacial e a infra-

estrutura aeroportuária, transporte ferroviário e aquaviário

entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que

transponham os limites estaduais;

- polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras, portos

marítimos, fluviais e lacustres; e aproveitamento

energético dos cursos de água, em articulação com os

estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

- telecomunicações e radiodifusão;

- energia e informática;

- diretrizes da política nacional de

transportes;

- trânsito e transporte;

- regime dos portos, navegação lacustre,

fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

- competência da polícia federal e das

polícias rodoviária e ferroviária federais;

- explorar os serviços e instalações nucleares e exercer

monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o

enriquecimento, a industrialização e o comércio de

minérios nucleares, atendidos os seguintes princípios e

condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente

será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do

Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a

comercialização e a utilização de radioisótopos para a

pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,

- atividades nucleares de qualquer

natureza;

- jazidas, minas, outros recursos minerais e

metalurgia;

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comercialização e utilização de radioisótopos de meia-

vida igual ou inferior a duas horas;

d) a responsabilidade civil por danos nucleares é objetiva

(i.e., independe da existência de culpa);

- organizar e manter o Judiciário e o MP do DF e dos

Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;

- organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o

corpo de bombeiros militar do DF, bem como prestar

assistência financeira ao DF para a execução de serviços

públicos, por meio de fundo próprio (é o chamado Fundo

Constitucional do DF);

- organização judiciária, do MP do DF e

dos Territórios e da Defensoria Pública dos

territórios, bem como organização

administrativa destes;

- instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos

hídricos;

- organizar e manter os serviços oficiais de estatística,

geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;

- organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

- instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano,

inclusive habitação, saneamento básico e transportes

urbanos;

- estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional

de viação;

- elaborar e executar planos nacionais e regionais de

ordenação do território e de desenvolvimento econômico e

social;

- planejar e promover a defesa permanente contra as

calamidades públicas, especialmente as secas e as

inundações; - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da

atividade de garimpagem, em forma associativa.

- exercer a classificação, para efeito indicativo, de

diversões públicas e de programas de rádio e TV;

- concederanistia.

- águas;

- sistema estatístico, sistema cartográfico e

de geologia nacionais;

- organização do sistema nacional de

emprego e condições para o exercício de

profissões;

- direito penal, processual, eleitoral,

agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e

do trabalho;

- direito civil, direito comercial,

propaganda comercial, desapropriação,

requisições civis e militares, em caso de

iminente perigo e em tempo de guerra;

- registros públicos, comércio exterior e

interestadual;

- diretrizes e bases da educação nacional;

- seguridade social;

- normas gerais de licitação e contratação;

- populaçõesindígenas;

– x – x – x –

Art. 22. Parágrafo único. Lei

complementar poderá autorizar os Estados

a legislar sobre questões específicas das

matérias relacionadas neste artigo.

Quadro-resumo em que se constata a semelhança entre as competências

legislativas concorrentes da União, dos estados e do DF e as competências

administrativas comuns da União, dos estados do DF e dos municípios (CF, arts. 23

e 24)

Art. 23. É competência administrativa comum da

União, dos estados, do DF e dos municípios:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao

Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

- zelar pela guarda da Constituição, das leis e das

instituições democráticas;

– x – x – x –

– x – x – x –

- direito tributário, financeiro, penitenciário,

econômico e urbanístico;

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- orçamento;

- proteger o meio ambiente, combater a poluição e

preservar as florestas, a fauna e a flora;

- registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões

de direitos de pesquisa e exploração de recursos

hídricos e minerais em seus territórios;

- florestas, caça, pesca, fauna, conservação da

natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,

proteção do meio ambiente e controle da poluição;

- promover programas de construção de moradias e

a melhoria das condições habitacionais e de

saneamento básico;

– x – x – x –

- estabelecer e implantar política de educação para

a segurança do trânsito.

– x – x – x –

- cuidar da saúde e assistência pública, inclusive da

proteção das pessoas com deficiência;

- combater as causas da pobreza e os fatores de

marginalização, promovendo a integração social

dos setores desfavorecidos;

- fomentar a produção agropecuária e organizar o

abastecimento alimentar;

- previdência social, proteção e defesa da saúde;

- proteção e integração social das pessoas com

deficiência;

- proteção à infância e à juventude;

- produção e consumo;

- conservar o patrimônio público, impedir a

destruição de obras de arte e proteger os

documentos e bens de valor histórico, artístico e

cultural, os monumentos, as paisagens naturais

notáveis e os sítios arqueológicos;

- proporcionar os meios de acesso à cultura, à

educação e à ciência

- responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao

consumidor, a bens e direitos de valor artístico,

estético, histórico, turístico e paisagístico;

- proteção ao patrimônio histórico, cultural,

artístico, turístico e paisagístico;

- educação, cultura, ensino e desporto;

– x – x – x –

- custas dos serviços forenses; criação,

funcionamento e processo do juizado de pequenas

causas; juntas comerciais;

- procedimentos em matéria processual;

- assistência jurídica e Defensoria pública;

organização, garantias, direitos e deveres das

polícias civis.

Art. 23, § único. Leis complementares fixarão

normas para a cooperação entre a União e os

estados, o DF e os municípios, tendo em vista o

equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em

âmbito nacional.

§ 1.º – No âmbito da legislação concorrente, a

competência da União limitar-se-á a estabelecer

normas gerais.

§ 2.º – A competência da União para legislar sobre

normas gerais não exclui a competência

suplementar dos Estados.

§ 3.º – Inexistindo lei federal sobre normas gerais,

os Estados exercerão a competência legislativa

plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4.º – A superveniência de lei federal sobre

normas gerais suspende a eficácia da lei estadual,

no que lhe for contrário.

Quanto às competências federativas da União, destacamos as seguintes pegadinhas para

concursos:

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1.ª) Compete privativamente à União legislar sobre direito processual (CF, art. 22, I),

enquanto o assunto procedimentos em matéria processual é da competência legislativa

concorrente da União, dos estados e do DF (CF, art. 24, XI).

2.ª) Compete privativamente à União legislar sobre seguridade social (CF, art. 22,

XXIII), enquanto compete concorrentemente à União, aos estados e ao DF legislar sobre

previdência social, saúde e assistência social (inclusive proteção social às pessoas com

deficiência, à infância e à juventude – CF, art. 24, XII, XIV e XV).

3.ª) Não devemos confundir a competência privativa da União para legislar sobre

diretrizes e bases da educação nacional (CF, art. 22, XXIV) com a competência

concorrentemente da União, dos estados e do DF para legislar sobre educação e ensino (CF, art.

24, IX).

4.ª) A CF/88 não entrega todo o assunto “licitação e contratação” para a competência

legislativa da União, mas apenas o estabelecimento de normas gerais (CF, art. 22, XXVII), o

que permite às demais entidades federativas dispor sobre questões específicas dessas matérias,

desde que respeitados os princípios contidos na legislação federal (v. Lei n.º 8.666/93).

5.ª) Compete administrativamente à União instituir diretrizes para o desenvolvimento

urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos (CF, art. 21, XX),

enquanto compete aos municípios promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,

mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (CF,

art. 30, VIII).

2.1. Jurisprudência dosarts. 21 e 22 da CF/88

1) Súmula n. 722 do STF: São da competência legislativa da União a definição dos crimes de

responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento.

2) Súmula Vinculante n. 2 do STF: É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou

distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

3) Viola a competência da União para legislar sobre direito do trabalho a lei estadual que:

a) veda qualquer ato discriminatório contra a mulher: no decorrer do processo admissional,

durante a jornada de trabalho ou no momento de sua demissão (STF, ADI 2.487/SC, v. Info 477);

b) decreta feriados civis, considerando que tal legislação possui consequências nas relações

empregatícias e salariais (ADI 3.069/DF);

c) trata de segurança e higiene do trabalho (política estadual de saúde do trabalhador e de meio

ambiente ocupacional) (ADI 1.893/RJ).

4) Invade a competência da União para legislar sobre direito civil, a lei estadual que:

a) dispõe sobre data de vencimento de mensalidades escolares, por tratar de direito contratual

(ADI 1.007/PE);

b) prevê a isenção de pagamento por serviço de estacionamento em estabelecimentos comerciais

(ADI 3.710/GO).

5) Ofende a competência da União para legislar sobre direito processual a lei estadual que:

a) exige depósito recursal prévio aos recursos do Juizado Especial Cível. Sendo esse um

requisito de admissibilidade recursal, a norma estadual não tratou de “procedimentos em matéria

processual” (CF, art. 24, XI), mas de direito processual (ADI 4.161/AL-MC);

b) dispõe sobre atos de Juiz (no caso: a sua aceitação da proposta de transação penal feita pelo

membro do Ministério Público) (ADI 2.257/SP);

c) disciplina matéria referente ao valor que deva ser dado a uma causa (ADIs 2.655/MT e

2.052/BA);

d) confere a delegado de polícia a prerrogativa de ajustar com o juiz a data, hora e local em que

será ouvido em processos e inquéritos. Ressaltou-se que, embora o inquérito policial seja uma fase

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preparatória, ele está diretamente ligado à instrução processual penal, possuindo natureza processual,

razão pela qual somente a União pode legislar sobre o inquérito policial (ADI 3.896/SE).

6) O STF entende que, se por um lado, compete privativamente à União legislar sobre direito

processual, por outro, está reconhecido na própria CF/88 que a competência do tribunal de justiça

estadual é definida na respectiva constituição do estado (CF, art. 125, § 1.º). Portanto, não viola a CF/88

norma de constituição estadual que concede foro privilegiado a vereadores (RE 464.935/RJ) ou a

procuradores do estado (ADI 541/PB).

7) “Natureza jurídica da reclamação não é a de um recurso, de uma ação e nem de um incidente

processual. Situa-se ela no âmbito do direito constitucional de petição previsto no artigo 5.º, inciso

XXXIV, da Constituição Federal. Em consequência, a sua adoção pelo Estado-Membro, pela via

legislativa local, não implica em invasão da competência privativa da União para legislar sobre Direito

Processual (art. 22, I da CF)” (STF, ADI 2.212/CE).

8) Norma de regimento interno de tribunal de justiça que determina que o julgamento penal de

autoridades com foro privilegiado seja realizado em sessão secreta invade a competência da União para

dispor, mediante lei federal, sobre direito processual (ADI 2.970/DF).

9) Apenas a anistia penal (perdão legal de crimes cometidos) é privativa da União (CF, art. 22,

I). Já a competência de anistiar administrativamente os servidores públicos, perdoando as suas infrações

disciplinares, pertence a União, estados, DF e municípios, uma vez que essa medida está compreendida

em suas autonomias administrativas (STF, ADI 104/RO).

10)Súmula 647 do STF: “Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos

membros das polícias civil e militar do Distrito Federal”.

11) A competência exclusiva da União para legislar sobre material bélico, complementada pela

competência administrativa para autorizar e fiscalizar a produção desse material, abrange a disciplina

sobre a destinação de armas apreendidas e em situação irregular. Inconstitucionalidade de lei estadual que

autorizava a utilização de armas de fogo apreendidas pelas polícias civil e militar (STF, ADI 3.258/RO).

12) Ofende o art. 21, VI, da CF a lei estadual que proíbe a comercialização de armas de fogo no

respectivo território (STF, ADI MC 2.035/RJ).

13) O STF declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que proibia o corte de energia elétrica

por falta de pagamento, sem prévia comunicação ao usuário, considerando a impossibilidade de

interferência do estado-membro nas relações jurídico-contratuais entre o poder concedente federal e as

empresas concessionárias, especificamente no que tange a alterações das condições estipuladas em

contrato de concessão de serviços públicos de energia elétrica, sob regime federal (ADI 3.729/SP).

14)“É inconstitucional, por invadir a competência legislativa da União e violar o princípio da

separação dos poderes, norma distrital que submeta as desapropriações, no âmbito do Distrito Federal,

àaprovação prévia da Câmara Legislativa do Distrito Federal” (STF, ADI 969).

15)Lei municipal que obriga as empregas de estacionamento a contratarem obrigatoriamente

seguro contra furtos e roubos de automóveis viola a competência legislativa da União para legislar sobre

seguros (RE 313.060/SP).

16) Lei estadual que regula obrigações relativas aos planos privados de saúde, no intuito de

universalizar a cobertura de doenças, invade a competência privativa da União para legislar sobre direito

civil, comercial e sobre política de seguros (ADI 1.646/PE).

17)Não usurpa a competência da União para legislar sobre direito comercial e comércio

interestadual a lei estadual que obriga a prestação de determinadas informações nos rótulos de

embalagens de café comercializados naquele estado. Entendeu-se que a norma apenas protege o

consumidor, nos limites do art. 24, V, da CF. Declarou-se a inconstitucionalidade apenas de artigo que

estendia os efeitos da referida lei a outras unidades da Federação (STF, ADI 2.832/PR).

18)O STF considerou que viola a competência privativa da União para legislar sobre direito

detrânsito a lei estadual que:

a) autoriza a criação de serviço de “inspeção técnica de veículos” para avaliação de condições de

segurança e controle de emissões de gases poluentes (ADI 3.049/AL).

b) fixa valor máximo (teto), isenta o pagamento ou institui parcelamento das multas de trânsito

(ADI 2.644/PR, ADI 2.814/SC e ADI 3.444/RS).

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19) Por outro lado, entende o STF que não viola a competência da União para legislar sobre

trânsito a lei estadual que:

a) condiciona a imposição de multa de trânsito à notificação via Correios, por não tratar de

trânsito, mas simplesmente regulamentar o processo administrativo fiscal dessa multa (ADI 2.374/ES).

b) autoriza o Poder Executivo a apreender e desemplacar veículos de transporte coletivo de

passageiros encontrados em situação irregular, considerando que a norma insere-se no poder de polícia do

estado (ADI 2.751/RJ).

20)O STF declarou a inconstitucionalidade de lei distrital que proibia a administração pública

local de celebrar contratos com pessoas jurídicas de direito privado que discriminassem, na contratação de

mão-de-obra, pessoas que estivessem com o nome incluído nos serviços de proteção ao crédito.

Entendeu-se que a lei impugnada violou a competência privativa da União para legislar sobre normas

gerais de licitação e contratação (ADI 3.670/DF, v. Info462 do STF).

21)O STF decidiu que as normas do art. 17, I, b e c, II, b, e § 1.º da Lei federal n.º 8.666/93

(regras para a alienação de bens públicos) incidem apenas no âmbito da União Federal, por não revelarem

normas gerais de licitação e contratação, mas normas específicas (ADI 927/RS-MC).

22)Não se compreende, no rol de competências comuns da União, dos estados, do DF e dos

municípios, a matéria concernente à disciplina de diversões e espetáculos públicos, que, a teor do art.

220, § 3.º, I, da CF, compete à lei federal regular, inclusive quanto à sua natureza, faixas etárias a que

não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada (RE 169.247/SP).

2.2. Jurisprudência dos arts. 23 e 24 da CF/88

1) O STF decidiu que viola o art. 23, III, da CF a lei estadual que imputa exclusivamente aos

municípios a proteção e a responsabilidade pelos sítios arqueológicos localizados em seus respectivos

territórios. Entendeu-se que a lei excluía a necessária competência comum de todos os entes da Federação

para a proteção desses bens (ADI 2.544/RS).

2) É constitucional lei estadual que obriga a identificação telefônica da empresa ou dos

proprietários nos veículos destinados ao transporte de carga e de passageiros, a ser disponibilizada na

parte traseira do veículo, por dizer respeito à segurança pública e à educação para o trânsito (STF, ADI

2.407/SC).

3) Por se enquadrar na competência concorrente dos estados-membros para legislar sobre direito

econômico, é constitucional lei estadual que assegura meia entrada aos estudantes (ADI 1.950/SP) e aos

doadores regulares de sangue (ADI 3.512/ES) em casas de diversão, esporte, cultura elazer.

4) Custas e emolumentos são espécies tributárias classificadas como taxas.É constitucional lei

estadual que isenta entidades beneficentes de assistência social do pagamento de custas e emolumentos

judiciais (STF, ADI 1.624/MG).

5) Por tratar de proteção do consumidor, o STF declarou a constitucionalidade de lei estadual

que lhe assegura o direito de:

a) obter informações sobre natureza, procedência equalidade dos produtos combustíveis

comercializados nos postos revendedores (ADI 1.980/PR, v. Info 542);

b) adquirir botijões de GLP (gás liquefeito de petróleo) e entregar à empresa revendedora o seu

antigo, independentemente da marca da distribuidora de gás estampada no botijão (ADI 2.359/ES).

6) Lei estadual que exige autorização prévia da assembléia legislativa para o licenciamento de

atividades ou obras potencialmente causadoras de degradação do meio ambiente afronta a competência da

União para legislar sobre normas gerais em matéria de licenciamento ambiental (ADI 3.252/RO-MC).

7) O STF declarou a inconstitucionalidade de norma de constituição estadual que,ao dispensar a

elaboração de estudo prévio de impacto ambiental no caso de áreas deflorestamento ou reflorestamento

para fins empresariais, criou exceção incompatívelcom o art. 225, § 1.º, IV, da CF, além de afrontar as

normas gerais federais sobre proteção ambiental (CF, art. 24, VI) (ADI 1.086/SC, v. Info 231 STF).

8) Por atuação dentro dos limites da competência concorrente para legislar sobre educação, o

STF entende que é constitucional lei estadual que:

a) estabelece a oferta de ensino de língua espanhola aos alunos da rede pública local (ADI

3.669/DF, v. Info 472 do STF);

b) obriga o ensino da matéria educação artística em toda a rede pública de ensino (ADI

1.399/SP, v. Info 338 do STF);

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c) dispõe sobre a adoção de material escolar e de livros didáticos pelosestabelecimentos

particulares de ensino, considerando que estes devem acatar tanto as normas gerais de educação nacional,

quanto as estaduais ou do DF, no exercício da competência suplementar (ADI 1.266/BA);

9) Por outro lado, o STF entende que afronta a competência da União para legislar sobre

diretrizes e bases da educação nacional a lei estadual que:

a) estabelece requisitos para criação, autorização de funcionamento, avaliação e reconhecimento

dos cursos de graduação na área da saúde (ADI 3.098/SP);

b) dispõe sobre a emissão de certificado de conclusão do curso e autoriza o fornecimento de

histórico escolar para alunos da terceira série do ensino médio que comprovarem aprovação em vestibular

para ingresso em curso de nível superior (ADI 2.667/DF-MC).

10)Por atuação dentro dos limites da competência concorrente para legislar sobre saúde (CF,

arts. 23, II, e 24, XII), o STF declarou a constitucionalidade de lei distrital que obriga os médicos da rede

pública e particular a mensalmentenotificarem a secretaria de saúde sobre os casos de câncer de pele

detectados. Declarou-se a inconstitucionalidade apenas de dispositivo da lei que imputava

responsabilidade civil ao médico por falta da referida notificação, por ofensa ao art. 22, I, da CF

(competência da União para legislar sobre direito civil) (ADI 2.875/DF).

11)O STF declarou a constitucionalidade de lei estadual que proibiu a comercialização de

produtos que contivessem amianto crisotila, considerando que, apesar de haver a Lei federal n.º 9.055/95

que permite tal comércio, a lei estadual harmoniza-se com a Convenção n.º 162 da OIT, a qual protege a

saúde do trabalhador exposto ao amianto. Entendeu-se que esta última norma é que seria geral, sendo a lei

federal uma lei específica destinada, talvez, a permitir o amianto no âmbito das relações federais (ADI

3.937/SP-QO-MC, v. Info 509).

2.3. Considerações finais acerca dos parágrafos do art. 24 da CF/88

Art. 24, § 1.º – No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-

se-á a estabelecernormas gerais.

Na competência legislativa concorrente, a União, os estados e o DF atuam em níveis

distintos. De fato, a União limita-se a dispor sobre normas gerais (i.e., sobre diretrizes e

princípios amplos por meio das chamadas leis-quadro) e não pode impor regras específicas aos

estados e ao DF, sob pena de inconstitucionalidade.

Art. 24, § 2.º – A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a

competênciasuplementar dos Estados.

Enquanto a União estabelece as normas gerais, os estados e o DF regulamentam as

questões específicas (prazos, procedimentos, etc.), sendo essa competência denominada de

suplementar complementar ou de concorrentenão cumulativa (STF, ADI 3.098/SP).

Jurisprudência

1) “A Constituição da República, nos casos de competência concorrente (...), estabeleceu

verdadeira situação de condomínio legislativo entre a União Federal, os Estados-membros e o Distrito

Federal (Raul Machado Horta, „Estudos de Direito Constitucional‟, p. 366, item n.º 2, 1995, Del Rey), daí

resultando clara repartição vertical de competências normativas entre essas pessoas estatais, cabendo, à

União, estabelecer normas gerais (...), e, aos Estados-membros e ao Distrito Federal, exercer competência

suplementar (...). Doutrina. Precedentes. Se é certo, de um lado, que, nas hipóteses referidas no art. 24 da

Constituição, a União Federal não dispõe de poderes ilimitados que lhe permitam transpor o âmbito das

normas gerais, para, assim, invadir, de modo inconstitucional, a esfera de competência normativa dos

Estados-membros, não é menos exato, de outro, que o Estado-membro, em existindo normas gerais

veiculadas em leis nacionais (como a Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública, consubstanciada na

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Lei Complementar n.º 80/94), não pode ultrapassar os limites da competência meramente suplementar,

pois, se tal ocorrer, o diploma legislativo estadual incidirá, diretamente, no vício da inconstitucionalidade.

A edição, por determinado Estado-membro, de lei que contrarie, frontalmente, critérios mínimos

legitimamente veiculados, em sede de normas gerais, pela União Federal ofende, de modo direto, o texto

da Carta Política. Precedentes” (grifo nosso) (ADI 2.903/PB).

2) O STF declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que extrapolou a sua competência

suplementar, por ter criado normas gerais conflitantes com aquelas já tratadas em legislação federal (ADI

3.035/PR, Info 333 do STF).

Art. 24, § 3.º – Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a

competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

Se a lei federal sobre normas gerais ainda não existe, os estados possuem a competência

legislativa plena para dispor sobre normas gerais e específicas (considerando que a inércia da

União não pode prejudicar as demais entidades federativas). Essa é a denominada competência

suplementar-supletiva ou concorrentecumulativa (STF, ADI 3.098/SP).

Jurisprudência

1) “O art. 24 da CF compreende competência estadual concorrentenão-cumulativa ou

suplementar (art.24, § 2.º) e competência estadual concorrentecumulativa (art. 24, § 3.º). Na primeira

hipótese, existente a lei federal de normas gerais (art. 24, § 1.º), poderão os Estados e o DF, no uso da

competência suplementar, preencher os vazios da lei federal de normas gerais, a fim de afeiçoá-la às

peculiaridades locais (art. 24, § 2.º); na segunda hipótese, poderão os Estados e o DF, inexistente a lei

federal de normas gerais, exercer a competência legislativa plena „para atender a suas peculiaridades‟ (art.

24, § 3.º). Sobrevindo a lei federal de normas gerais, suspende esta a eficácia da lei estadual, no que lhe

for contrário (art. 24, § 4.º). A Lei 10.860, de 31-8-2001, do Estado de São Paulo foi além da competência

estadual concorrente não-cumulativa e cumulativa, pelo que afrontou a Constituição Federal, art. 22,

XXIV, e art. 24, IX, § 2.º e § 3.º.” (grifo nosso) (STF, ADI 3.098/SP).

2) Na ausência de norma geral da União, podem os estados legislar plenamente sobre o IPVA

(Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), nos termos do art. 24, § 3.º, da CF (STF, AI

167.777/SP-AgR).

Art. 24, § 4.º – A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspendea

eficáciada lei estadual, no que lhe for contrário.

1. Observe que a superveniência de lei federalnão revoga a lei estadual naquilo que

lhe contraria, mas apenas suspende a sua eficácia.

2. Com isso, se a lei federal que suspendera a eficácia da lei estadual for revogada, esta

volta a produzir plenos efeitos, uma vez que ela não tinha sido retirada do ordenamento jurídico,

mas apenas estava com os seus efeitos suspensos.

Importante!

- No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a

estabelecernormas gerais. Se houver regras específicas nessas leis federais, elas somente

valem para a União.

- Enquanto a União estabelece as normas gerais, os estados e o DF regulamentam as

questões específicas (competência suplementar complementar ou concorrente não

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cumulativa).

- Se a lei federal sobre normas gerais ainda não existe, os estados possuem a

competência legislativa plena para dispor sobre normas gerais e específicas (competência

suplementar-supletiva ou concorrente cumulativa).

- A superveniência de lei federal não revoga a lei estadual naquilo que lhe contraria,

mas apenas suspende a sua eficácia.

Questões de concursos anteriores (arts. 21 a 24 da CF/88)

1. (CESPE 2011 AL/ES Procurador) No que diz respeito à repartição de competências entre os entes da

Federação, assinale a opção correta de acordo com a jurisprudência do STF.

A Lei estadual que estabeleça a participação obrigatória de empregados de empresas públicas, sociedades

de economia mista e fundações nos respectivos órgãos de gestão não invadirá competência privativa da

União para dispor sobre o tema.

B O DF não dispõe de competência para legislar sobre a criação da carreira de atividades penitenciárias,

pois tal competência é privativa da União.

C É constitucional lei de determinado estado da Federação que disponha sobre a meia-entrada para o

ingresso de estudantes em casas de diversão, esporte, cultura e lazer, por se tratar de matéria inerente a

direito econômico inserida no âmbito da competência legislativa concorrente entre a União, os estados-

membros e o DF.

D Lei estadual que estabeleça a oferta de ensino de língua estrangeira, além do inglês, aos alunos da rede

pública padecerá de vício de inconstitucionalidade formal, por invadir a competência privativa da União

para legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional.

E Será constitucional lei estadual que disponha sobre a reserva de espaço para motocicletas em vias

públicas de grande circulação, por se tratar de tema de interesse específico das unidades federadas.

2. (CESPE.Advogado.AGU.2012) Serão constitucionais leis estaduais que disponham sobre direito

tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico, matérias que se inserem no âmbito da

competência concorrente da União, dos estados e do DF.

3. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) O Distrito Federal (DF), tal como os demais

estados da Federação, organiza e mantém o seu próprio Poder Judiciário.

4. (CESPE.Contador.TCE.RO.2013) Compete privativamente à União legislar sobre processo do juizado

de pequenas causas.

5. (CESPE - 2008 - DPE-CE - Defensor Público) É constitucional lei estadual que proíba a

comercialização de produto alimentício no estado por considerá-lo nocivo à saúde.

6. (CESPE - 2007 - TCU - Analista de Controle Externo) Em matéria legislativa, a repartição de

competência chamada remanescente ou reservada dos estados corresponde àquela em que a competência

estadual é decorrente da delegação pela União, por meio de lei complementar.

7. (CESPE - 2008 - TJ-DF - Analista) São da competência legislativa da União a definição dos crimes de

responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento.

8. (CESPE - 2008 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Área Judiciária) O estado do Rio de

Janeiro pode editar lei que fixe a pena de multa para empregador que despedir imotivadamente

empregado.

9. (CESPE.Defensor.AC.2012) O estado federado tem competência para dispor sobre as condições do

exercício da profissão de motobói no âmbito do seu território.

10. (CESPE.Juiz.TRF5.2011) Caso se edite lei estadual proibindo as empresas de telecomunicações de

cobrarem taxas para a instalação de segundo ponto de acesso à Internet, tal lei deverá ser considerada

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inconstitucional, visto que invadirá a competência privativa da União para legislar sobre

telecomunicações.

11. (CESPE.Analista.MPU.2013) Caso a União edite lei que disponha sobre normas gerais concernentes a

procedimentos em matéria processual, estado da Federação poderá legislar sobre matérias específicas

concernentes a esse tema.

12. (CESPE.AGU.2012) Serão constitucionais leis estaduais que disponham sobre direito tributário,

financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico, matérias que se inserem no âmbito da competência

concorrente da União, dos estados e do DF.

13. (CESPE.Promotor.MPE/ES.2010) É da competência exclusiva da União promover programas de

construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico.

14. (CESPE.Promotor.MPE/ES.2010) Compete privativamente à União legislar sobre direito financeiro.

15. (CESPE.Juiz.TRF5.2011) Se for editada lei distrital de iniciativa parlamentar instituindo gratificação

específica para os policiais militares e o Corpo de Bombeiros Militar do DF, essa lei será constitucional,

porquanto a competência da União para organizar e manter a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros

Militar do DF não exclui a competência do ente distrital.

16. (CESPE.Promotor.MPE/ES.2010) Compete privativamente à União legislar a respeito da

responsabilidade por dano ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico

e paisagístico.

17. (CESPE.Procurador.AGU.2010) De acordo com entendimento do STF, é inconstitucional lei estadual

que disponha sobre aspectos relativos ao contrato de prestação de serviços escolares ou educacionais, por

se tratar de matéria inserida na esfera de competência privativa da União.

18. (CESPE.Analista.Judiciário.STJ.2012) A existência de lei municipal que legisle sobre trânsito e que

imponha sanção mais gravosa que a prevista no Código de Trânsito Brasileiro é incompatível com a

Constituição Federal de 1988 (CF).

19. (CESPE.Procurador.AGU.2010) Estado da Federação tem competência privativa e plena para dispor

sobre normas gerais de direito financeiro.

21. (CESPE.Analista.Adm.STJ.2012) O estado-membro que editar lei proibindo a cobrança de tarifa de

assinatura básica nos serviços de telefonia fixa e móvel agirá nos limites de sua competência, pois a CF

atribuiu à União e aos estados a competência para legislar concorrentemente sobre telecomunicações.E

22. (CESPE.Analista.Adm.STJ.2012) Lei estadual que reservar espaço para o tráfego de motocicletas em

vias públicas de grande circulação será constitucional, por tratar de tema inserido no âmbito da

competência legislativa dos estados-membros.

23. (CESPE.Juiz.TJCE.2011) A definição de condutas típicas configuradoras da prática de crime de

responsabilidade por parte de agentes estaduais e municipais está inserida no âmbito da competência

legislativa do estado-membro e do município, respectivamente.

24. (CESPE.Juiz.TJCE.2011) Considera-se inconstitucional lei estadual que fixe a obrigatoriedade da

oferta de ensino de língua espanhola nas escolas públicas, com base no exercício da competência

concorrente dos estados para legislar sobre educação.

25. (CESPE.Juiz.TRF5.2011) Lei estadual que institua a obrigatoriedade de instalação de cinto de

segurança em veículo de transporte coletivo será constitucional, visto que tratará de matéria constante do

rol das competências remanescentes dos estados.

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26. (CESPE.Procurador.TCEBA.2010) Na esfera da competência material comum, cabe à União, aos

estados, ao Distrito Federal e aos municípios elaborar e executar planos nacionais e regionais de

ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social.

27. (CESPE.Juiz.TRF5.2011) É inconstitucional lei estadual que fixe índices de correção monetária de

créditos fiscais, ainda que o fator de correção adotado seja igual ou inferior ao utilizado pela União, visto

que, em matéria financeira, não há competência legislativa concorrente entre o ente federal e o estadual.

28. (CESPE.Analista.MPU.2013) De acordo com o STF, é inconstitucional lei distrital que disponha

sobre bingos e loterias, por desrespeitar competência legislativa privativa da União.

29. (CESPE.Analista Judiciario.2013) Defere-se competência concorrente aos entes federativos para

explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços e instalações de

energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água.

30. (CESPE.Juiz.TJAC.2011) Compete à União, aos estados e ao DF legislar concorrentemente sobre

trânsito e transporte, estando na esfera de competência dos estados explorar, diretamente ou mediante

autorização, concessão ou permissão, os serviços de transporte rodoviário interestadual de passageiros.

31. (CESPE.Juiz.TJAC.2011) Lei complementar federal pode autorizar os estados e o DF a legislar sobre

as normas gerais que, no âmbito da competência legislativa concorrente, são de responsabilidade da

União.

32. (CESPE.Juiz.TJ.PB.2010) A União pode, mediante decreto presidencial, autorizar os estados, mas não

o DF e os municípios, a legislar sobre questões específicas das matérias que sejam de sua competência

privativa.

33. (CESPE.Promotor.MP.RN.2009) Cabe à União explorar diretamente, ou mediante concessão, os

serviços locais de gás canalizado, na forma da lei.

34. (CESPE.Promotor.MP.RN.2009) A competência da União para legislar a respeito de normas gerais

exclui a competência suplementar dos estados, podendo haver delegação de competência pela União.

35. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO – Juiz) São de competência da União as leis que disponham sobre

a organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da

administração do DF.

36. (CESPE.Promotor.MP.RN.2009) Compete à União legislar privativamente acerca dos direitos

tributário e financeiro.

37. (CESPE.Promotor.MP.RN.2009) É competência privativa da União cuidar da saúde e assistência

pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência.

38. (CESPE.Analista.Adm.MP.PI.2011) Lei estadual que disciplinar a prática de atividades nucleares

específicas no respectivo estado da Federação deverá ser considerada constitucional, desde que esse

estado tenha sido autorizado, por lei complementar da União, a legislar sobre a matéria.

39. (CESPE. Advogado.Correios.2011) Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar sobre

responsabilidade por dano ao meio ambiente e ao consumidor.

40. (CESPE. Advogado.Correios.2011) A CF atribuiu à União a competência privativa para legislar sobre

serviço postal, admitindo, contudo, que os estados legislem sobre questões específicas a respeito do tema,

desde que haja lei complementar autorizadora.

41. (CESPE.AnalistaJud.Área Adm.TJDFT.2008) Compete ao DF legislar sobre a cobrança de preço de

estacionamento de veículos em áreas pertencentes a instituições particulares de ensino fundamental,

médio e superior instaladas no DF.

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42. (CESPE.Analista Judiciario.2013) Compete privativamente à União legislar sobre transporte, energia,

propaganda comercial e registros públicos.

43. (CESPE.Analista.Adm.TJ.ES.2010) Não existindo uma lei federal, um estado-membro poderá legislar

sobre a proibição do comércio de cigarros em sua base territorial.

44. (CESPE.Analista.Adm.TJ.ES.2010) A iniciativa para apresentar projeto de lei referente aos reajustes

dos servidores militares do Distrito Federal (DF) é privativa do governador dessa unidade federada.

45. (CESPE.AnalistaJud.Área Adm.TJDFT.2008) A organização e a manutenção dos serviços locais de

segurança pública do DF (Polícia Militar, PC e Corpo de Bombeiros) são de competência privativa do

próprio DF.

46. (CESPE.Analista.ANAC.2012) Compete à União explorar, diretamente ou mediante autorização,

concessão ou permissão, a navegação aérea.

47. (FUJB.Promotor.MPE.RJ.2012) A alternativa que inclui em seu rol competência legislativa não

privativa da União é:

a) desapropriação; requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; águas,

energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

b) sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; política de crédito, câmbio, seguros e

transferência de valores; comércio exterior e interestadual;

c) sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; sistemas de consórcios e sorteios e

propaganda comercial;

d) águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

e) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, tributário, financeiro, agrário, marítimo,

aeronáutico, espacial e do trabalho.

48. (FCC.Juiz.TRT18.2012) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios:

a) organizar, manter e executar a inspeção do trabalho.

b) estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

c) explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os portos marítimos, fluviais e

lacustres.

d) exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e

televisão.

e) instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes

urbanos.

49. (FCC.Analista.TST.2012) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios:

a) definir critérios de outorga de direitos de uso de recursos hídricos.

b) exercer monopólio estatal sobre o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os

princípios e condições previstos na Constituição Federal.

c) executar os serviços de polícia marítima.

d) fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar.

e) explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os serviços de transporte

rodoviário interestadual e internacional de passageiros.

50. (UFT.Defensor.DPE.TO.2012) Compete privativamente à União legislar sobre:

a) Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial.

b) Juntas comerciais.

c) Educação, cultura, ensino e desporto.

d) Procedimentos em matéria processual.

51. (FAURGS.Analista.TJRS.2012) No que tange à organização da República Federativa do Brasil, a

União:

a) tem competência privativa para legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios.

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b) tem competência exclusiva para legislar sobre proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,

turístico e paisagístico.

c) poderá, mediante lei ordinária, autorizar os Municípios a legislar sobre assuntos de interesse local.

d) poderá, mediante lei complementar, autorizar os Estados a legislar sobre questões gerais das matérias

reputadas privativas e exclusivas.

e)elaborará, no âmbito da legislação concorrente, normas gerais e específicas, exercendo, na omissão dos

Estados, competência legislativa plena.

52. (FCC.Analista.TRT6.2012) Em relação às competências no âmbito da organização político-

administrativa do Estado Brasileiro, é correto asseverar que a União

a) possui competência legislativa privativa, a qual não pode ser delegada aos Estados, ao Distrito Federal

e nem aos Municípios.

b) é dotada de competência administrativa remanescente ou residual para suprir a inércia legislativa dos

Estados e Municípios.

c) pode avocar uma competência estadual ou municipal sempre que o interesse público exigir.

d) suplementa a atuação dos Estados e Municípios quando exerce a competência legislativa concorrente.

e) possui competência comum, juntamente com Estados, Distrito Federal e Municípios, para fomentar a

produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar.

53. (ESAF.Analista.MI.2012) Sobre a repartição de competências comuns e concorrentes entre os entes

da federação brasileira (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), é correto afirmar que

a) no âmbito das competências concorrentes, compete aos Municípios a fixação de normas gerais de

direito orçamentário.

b) é competência constitucional concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre

defesa civil e gerenciamento de riscos e desastres.

c) no âmbito das competências comuns, compete a todos os entes da federação brasileira legislar sobre

sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais.

d) é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio

ambiente, combatendo os desastres nacionais de qualquer natureza.

e) é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios preservar as

florestas, a fauna e a flora.

54. (FCC.Analista.MPE.PE.2012) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar

concorrentemente sobre

a) organização do sistema nacional de emprego.

b) proteção à infância e à juventude.

c) navegação lacustre.

d) navegação fluvial.

e) sistemas de sorteios.

55. (MPE.GO.2012) Compete privativamente à União legislar sobre direito civil, comercial, penal,

processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho, bem como sobre águas,

energia, informática, telecomunicações e radiodifusão.

56. (MPE.GO.2012) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre

direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico, bem como sobre educação, cultura,

ensino, desporto, previdência social, proteção e defesa da saúde.

Gabarito: 1-C, 2-C, 3-E, 4-E, 5-E, 6-E, 7-C, 8-E, 9-E, 10-C, 11-C, 12-C, 13-E, 14-E, 15-E, 16-E, 17-C,

18-C, 19-E, 20-E, 21-E, 22-E, 23-E, 24-E, 25-E, 26-E, 27-E, 28-C, 29-E, 30-E, 31-E, 32-E, 33-E, 34-E,

35-E, 36-E, 37-E, 38-C, 39-C, 40-C, 41-E, 42-C, 43-E, 44-E, 45-E, 46-C, 47-E, 48-B, 49-D, 50-A, 51-A,

52-E, 53-E, 54-B, 55-C, 56-C.

3. Poder Executivo (art. 84 da CF/88)

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O Brasil adota o presidencialismo como sistema de governo desde a primeira

Constituição da República, promulgada em 1891.

Apesar disso, o Brasil viveu dois momentos de parlamentarismo em sua história. O

primeiro ocorreu durante o Império, mais precisamente no Segundo Reinado, fruto do espírito

moderado de D. Pedro II e de costumes parlamentares inspirados no modelo inglês, a despeito

da ausência de previsão constitucional. O segundo momento aconteceu durante a vigência da

Constituição de 1946, por força da EC n.º 4/61, que implantou o sistema parlamentarista, e

durou até a EC n.º 6/63, a qual restabeleceu o presidencialismo.

Os sistemasde governo são técnicas que regem as relações entre os Poderes Executivo

e Legislativo no exercício das funções governamentais. Uma maior independência ou uma

maior colaboração entre os dois dá origem aos sistemas: presidencialista, parlamentarista e

convencional.

São características do sistema de governo presidencialista:

a) O presidente da República acumula as funções de chefe de Estado, chefe de

governo e chefe da administração (o Poder Executivo é, portanto, monocrático ou

unipessoal, concentrado na figura do presidente).

b) Os ministros de Estado são meros auxiliares do presidente, de livre nomeação e

exoneração.

c) O presidente é eleito para um mandato fixo e autônomo, não necessitando da

confiança do Legislativo para permanecer no poder.

d) O Legislativo não está sujeito à dissolução pelo Executivo, pois os seus membros são

eleitos para um mandato fixo e predeterminado.

e) A relação entre Executivo e Legislativo é mais rígida, vigorando o princípio da

separação dos poderes, independentes e harmônicos entre si.

f) O presidencialismo é típico das repúblicas.

São características do sistema de governo parlamentarista:

a) O Poder Executivo divide-se em duas figuras (o Executivo é, portanto, dual): o

primeiro-ministro (chefe de governo) e o monarca ou presidente da República (chefe de

Estado).

b) O Legislativo (chamado aqui de Parlamento) assume funções políticas e

governamentais, pois o gabinete de ministros (cujo chefe é o primeiro-ministro) é formado por

membros do Parlamento.

c) Há uma interdependência entre o Legislativo e o Executivo, gerando, não uma

independência, mas uma colaboração entre esses poderes. Isso é porque o governo pode ser

responsabilizado perante o Parlamento, por meio do voto ou da moção de desconfiança, que

resulta na destituição do gabinete e do primeiro-ministro (o qual, portanto, não possui mandato

fixo e pré-estabelecido). No sentido inverso, o Parlamento pode ser dissolvido pelo chefe de

Estado, o que resulta na convocação de novas eleições parlamentares.

d) O parlamentarismo é típico das monarquias, mas é adotado também pelas repúblicas

europeias. Exemplos: França, Alemanha, Portugal e Itália.

O sistema de governo convencional é caracterizado pelo predomínio político de uma

assembleia, não havendo Executivo separado. A figura do chefe de Estado, se existente, é

meramente decorativa. Nesse sistema, a atividade governamental é exercida por uma comissão

da citada assembleia. Exemplos: Suíça e Hungria.

Na clássica tripartição dos poderes, compete ao Executivo a prática de atos de chefia de

Estado, chefia de governo e chefia da administração.

Contudo, nesse sistema não há uma exclusividade absoluta no exercício das funções

constitucionais por parte de cada Poder, o qual, ao lado de desempenhar funções predominantes,

que o caracteriza (funções típicas), exerce também funções que seriam de outros Poderes

(funções atípicas).

São, portanto, funções típicas do Poder Executivo:

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a) a função de chefia de Estado, que abrange a representação do país nas suas relações

internacionais e o fato de o presidente da República corporificar a unidade interna do Estado

brasileiro (são as previstas no art. 84, incisos VII, VIII, XIV – 1.ª parte (em relação à nomeação

dos ministros do STF e dos Tribunais Superiores), XV, XVIII – 2.ª parte (convocar e presidir o

Conselho de Defesa Nacional), XIX, XX, XXI e XXII, da CF/88);

b) a função de chefia de governo, que envolve atribuições políticas, co-legislativas e

de decisão e que corresponde à representação e à gerência dos negócios internos de natureza

política, exercendo o presidente a liderança política nacional (são as previstas no art. 84, incisos

I, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII, XIV – 2.ª parte, XVII, XVIII – 1.ª parte, XXIII, XXIV e

XXVII);

c) a função de chefia da administração, que consiste na gerência dos negócios

internos de natureza eminentemente administrativa e abrangendo as atividades de intervenção,

fomento, polícia administrativa e serviços públicos (são as previstas no art. 84, II, VI,XVI – 2.ª

parte, XXIV – ao mesmo uma função de chefia de governo e de administração – e XXV).

Por outro lado, são funções atípicas do Poder Executivo:

a) a função legislativa, quando edita as medidas provisórias (art. 62 da CF/88) e as leis

delegadas (art. 68 da CF/88); e

b) a função de julgar, quando decide o contencioso administrativo.

9. Registramos que a função julgadora do Poder Executivo não revela o exercício de

atividade jurisdicional, a qual é exclusiva do Poder Judiciário, cujas decisões possuem um

caráter de neutralidade, imparcialidade, definitividade e imutabilidade. As decisões que o

Executivo profere em processos administrativos sempre podem ser submetidas ao Judiciário,

razão pela qual elas não são definitivas como as decisões judiciais.

Assim, enquanto as decisões administrativas produzem no máximo a chamada coisa

julgada formal (impedindo a sua rediscussão no âmbito do próprio processo), as decisões

judiciais podem produzir, além da primeira, a coisa julgada material, tornando a matéria

indiscutível no mesmo ou em qualquer outro processo, resolvendo a questão em caráter

definitivo.

Seção II - Das Atribuições do Presidente da República

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;

O rol de atribuições do presidente trazido pelo art. 84 não é exaustivo, mas sim,

meramente exemplificativo, como esclarece o próprio inciso XXVII.

Jurisprudência 1) É inconstitucional que secretário de estado tenha a posse condicionada à aprovação da

assembleia legislativa, assim como ministro de Estado à aprovação do Congresso Nacional. (STF, ADI

2.319 e 676). 2) Inconstitucionalidade de eleição para escolha de dirigentes de escolas públicas: “É

inconstitucional o dispositivo da Constituição de Santa Catarina que estabelece o sistema eletivo,

mediante voto direto e secreto, para escolha dos dirigentes dos estabelecimentos de ensino. É que os

cargos públicos ou são providos mediante concurso público, ou, tratando-se de cargo em comissão,

mediante livre nomeação e exoneração do Chefe do Poder Executivo, se os cargos estão na órbita deste

(C.F., art. 37, II, art. 84, XXV)” (ADI 123/SC).

3) Inconstitucionalidade na ampliação infraconstitucional de participação do Poder

Legislativo na escolha de servidores públicos do Executivo: “CONSTITUIÇÃO DO CEARÁ, art. 230,

§ 1º.NOMEAÇÃO DE MEMBROS PARA O CONSELHO DE EDUCAÇÃO. I. - As nomeações para os

cargos da Administração, ressalvadas as hipóteses inscritas na Constituição, são da competência do Chefe

do Poder Executivo (C.F., art. 84, XXV), facultadas as delegações indicadas no parág. único do mesmo

artigo 84, C.F. II. - Cautelar deferida para suspensão da eficácia, no § 1º do art. 230 da Constituição do

Ceará, que cuida da nomeação dos membros do Conselho de Educação, das expressões: "indicados na

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seguinte proporção: um terço pelo Secretário de Educação do Ceará e dois terços pelo Legislativo” (ADI

143 MC/CE).

4) O STF entendeu que a relativa autonomia das agências reguladoras em face do chefe do Poder

Executivo não afronta o art. 84, II, da CF, tendo em vista que essas autarquias em regime especial

(agências de regulação) não têm função política decisória ou planejadora sobre até onde ou a que

serviços estender a delegação do Estado, mas, apenas, o encargo de prevenir e arbitrar segundo a lei os

conflitos de interesses entre concessionários e usuários ou entre aqueles e o poder concedente (STF ADI

2.095-MC/RS).

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua

fiel execução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

VI - dispor, mediante decreto, sobre: (EC nº 32/01)

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa

nem criação ou extinção de órgãos públicos; (EC nº 32/01)

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (EC nº 32/01)

1. Os incisos IV e VI do art. 84 da CF trazem o poder regulamentar do presidente da

República, também chamado de poder regulamentar em sentido estrito, que é o poder de

expedir decretos e regulamentos (atos administrativos gerais e normativos expedidos pelo

chefe do poder executivo – federal, estadual ou municipal).

O poder regulamentar será exercido quando alguns aspectos da aplicabilidade da lei são

conferidos ao Poder Executivo, o qual deverá decidir a melhor forma de executá-la e,

eventualmente, suprir as lacunas legais de ordem prática ou técnica, a fim de reforçar a sua

execução e atingir melhor os objetivos visados pela lei (Alexandre de Moraes).

A diferença entre lei e regulamento, no Direito brasileiro, reside (Gilmar Mendes):

a) na origem (parlamentar ou executiva);

b) na supremacia da 1ª em relação à 2ª;

c) na possibilidade de a lei inovar originariamente o ordenamento jurídico, enquanto o

regulamento não o altera, mas apenas fixa as regras orgânicas ou processuais destinadas à fiel

execução a lei, bem como desenvolve/especifica as diretrizes, direitos e obrigações contidos na

legislação.

Na lição de José Afonso da Silva, lei e regulamento são, ambos, normas jurídicas gerais

e abstratas, obrigatórias e permanentes. A distinção fundamental reside no fato de a lei inovar o

ordenamento jurídico formal, enquanto o regulamento não contém, originalmente, novidade

modificativa do ordenamento jurídico, limitando-se a precisar, pormenorizar o conteúdo da lei,

em norma jurídica subordinada às leis que ele regulamenta.

Segundo Gilmar Mendes, não devemos confundir a discricionariedade administrativa

relativa ao poder regulamentar com as chamadas autorizações legislativas puras ou

incondicionadas, de nítido conteúdo renunciativo do poder parlamentar de deliberar

politicamente, em manifesta fraude ao princípio da reserva legal e à vedação à delegação de

poderes. No 1º caso, a lei estabelece previamente o direito ou dever, a obrigação ou a restrição,

fixando os requisitos de seu surgimento e os elementos de identificação dos destinatários. No 2º

caso, é o próprio regulamento que estabelece (indevidamente) o direito ou a obrigação.

Por outro lado, registre-se que o STF entende legítimas as autorizações fundadas na lei

formal, desde que esta contenha os standards e os direitos e obrigações que inovam o

ordenamento jurídico.

2. A doutrina classifica os regulamentos em três categorias, de acordo com

suafinalidade:

a) Decreto ou regulamento de execução (art. 84, IV, CF): ato secundário (o primário

é a lei) que dispõe sobre regras jurídicas gerais, abstratas e impessoais, editadas em função de

uma lei cuja aplicação demande atuação da administração pública, visando sua correta

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execução. É de competência privativa do presidente, não sendo passível de delegação e deve se

restringir aos limites e ao conteúdo da lei. Não é necessário estar expresso no corpo da lei.

b) Regulamento autorizado (ou delegado): ato regulamentar (secundário) do Poder

Executivo que complementa a lei com base em expressa determinação nela contida. É usado

quando a lei limita-se a traçar diretrizes gerais sobre um assunto, com parâmetros amplos,

devendo essa lacuna ser preenchida pelo regulamento (que criará regras), cuja edição é

autorizada pela própria lei. A doutrina tradicional não admite a constitucionalidade do

regulamento delegado ou autorizado, com fundamento no art. 25, ADCT da CF2. A

jurisprudência do STF também não admite o regulamento autorizado ou delegado, notadamente

quando ele revela uma delegação em branco - sem que a lei traga os parâmetros legais mínimos

e as diretrizes, a serem complementadas pelo regulamento (ADI 1.296/PE).

Registre-se, contudo, que a tendência atual na doutrina é a aceitação do

regulamento autorizado para a fixação de normas técnicas, desde que a lei que o autoriza

estabeleça as condições e os limites da atuação do poder executivo, com os limites precisos da

norma a ser elaborada, de forma que esta seja apenas uma complementação técnica necessária

das normas legais.

c) Decretos ou regulamentos autônomos (independentes, que criam direito novo): atos

primários, derivados diretamente da Constituição. A doutrina os divide em: externos – normas

dirigidas aos cidadãos de modo geral; e internos – dirigidos à administração pública (também

denominados de regulamento orgânico ou de administração). Neste último caso, tivemos as

inovações trazidas pela EC n.º 32/2001, nas duas hipóteses restritas do art. 84, VI, a e b

(organização e funcionamento da administração pública e a extinção de cargos vagos), as quais

são passíveis de delegação a outras autoridades administrativas (CF, art. 84, § único). A EC n.º

32/2001 também alterou os incisos X e XI do art. 48 da CF, retirando a competência do

Congresso Nacional para dispor sobre essas matérias.

3. Alexandre de Moraes defende que a aplicação dos decretos autônomos (CF, art. 84,

VI) aos estados e municípios é automática, independentemente de previsão expressa nas

constituições estaduais e leis orgânicas municipais, por se tratar de princípio federal extensível.

Jurisprudência 1) Conforme entendimento do STF, lei que imponha prazo para que o Poder Executivo

regulamente a execução de determinada matéria é inconstitucional, pois ofende o princípio da

interdependência e harmonia entre os poderes (STF ADI 3.394).

2) É inconstitucional lei que autorize o chefe do Poder Executivo a dispor, mediante decreto,

sobre criação de cargos públicos remunerados ou pagamento de servidores e reestruturação de órgãos da

Administração Pública, por ofensa ao princípio da reserva de lei (STF, ADI 3.232, ADI 3.983 e ADI

3.990, 577.025, ADI 2.564).

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

O PR é o principal ator político na condução das relações internacionais, mas não é o

único, pois há, nessa área, a colaboração e o controle do Legislativo (ex.: arts. 49, I, e 52, IV).

IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

X - decretar e executar a intervenção federal;

XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão

legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

2 Art. 25 do ADCT: Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição, sujeito este

prazo a prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Poder Executivo

competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional, especialmente no que tange a: I - ação normativa;

II - alocação ou transferência de recursos de qualquer espécie.

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Jurisprudência 1) Segundo o STF, a possibilidade de o PR conceder indulto não alcança os crimes objeto de

pedido extradicional, tendo em vista que a clemência soberana do Estado brasileiro limita-se aos crimes

sujeitos à competência jurisdicional do Brasil (RTJ 164/193).

2) O STF entende que a anistia, que depende de lei, é um ato político e vale apenas para crimes

políticos. Para os crimes comuns, de forma excepcional, há o indulto e a graça, institutos distintos da

anistia (STF ADI 1.231).

3) O PR pode impor requisitos ou condições, a exemplo da reparação material do dano, para a

concessão de indulto, pois esse ato se baseia no juízo de conveniência e oportunidade do PR (STF, RHC

71.400).

XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do

Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são

privativos; (Redação da EC nº 23/99)

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e

dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente

e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei;

XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;

XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;

XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;

XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou

referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,

decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;

XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;

XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;

XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo

território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes

orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da

sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;

1. A CF/88 não admite que o Brasil promova guerra de conquista, na medida em que

propõe que o Brasil responda a agressões armadas estrangeiras.

2. A Lei Complementar definirá os casos em que o PR poderá permitir, por autoridade

própria, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam

temporariamente (vide LC 90, de 1997). Nos demais casos, o CN precisa autorizar o PR a

permitir tais situações (CF, art. 49, II).

Jurisprudência Norma de constituição estadual que preveja a hipótese de prestação trimestral de contas pelo

chefe do Executivo à assembleia legislativa é inconstitucional, por violação do parâmetro federal de

prestação anula de contas (CF, art. 84, XXIV) (STF ADI 2.472-MC).

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;

XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,

XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao

Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

O disposto no parágrafo único do art. 84 da CF significa a possibilidade de delegação

das seguintes atribuições pelo PR aos ministros de Estado, ao PGR e ao AGU: expedição de

decretos autônomos; concessão de indulto e comutação de penas; e provimento dos cargos

públicos federais.

Jurisprudência

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O STF entendeu que a delegação da competência de provimento de cargos públicos para os

ministros de Estado abrange também a de desprovimento, ou seja, é válida portaria de ministro que

aplicou pena de demissão a servidor público federal (STF MS 25.518).

Questões de Poder Executivo (art. 84 da CF/88)

1. (CESPE.Delegado.PCPB.2009) Quando o presidente da República celebra um tratado internacional, o

faz como chefe de governo.

2.(CESPE.Delegado.PCPB.2009) Algumas competências privativas do presidente da República podem

ser delegadas aos ministros de estado. Entre elas está a de presidir o Conselho da República e o Conselho

de Defesa quando não estiver presente na sessão.

3. (CESPE Analista Jud Área Adm TRE MT 2010) De acordo com a CF, o presidente da República

poderá delegar a atribuição de conferir condecorações e distinções honoríficas.

4.(CESPE.Diplomata.IRB.2011-ADAPTADA) De acordo com a CF, incluem-se entre as competências

privativas do presidente da República as de manter relações com Estados estrangeiros, acreditar seus

representantes diplomáticos e celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do

Congresso Nacional.

5. (CESPE - 2008 – IRB – Diplomata) No caso de agressão estrangeira, é competência privativa do

presidente da República declarar guerra, autorizado pelo Congresso Nacional, ou referendado por ele caso

a agressão ocorra no intervalo das sessões legislativas, bem como celebrar a paz, autorizado ou

referendado pelo Congresso Nacional.

6. (CESPE.Analista Administrativo.ANATEL.2006) O poder regulamentar não se realiza exclusivamente

por meio de decreto do chefe do Poder Executivo.

7. (CESPE.Procurador.TCEBA.2010) O presidente da República pode dispor, mediante decreto, sobre a

organização da administração federal, quando a disposição não implicar aumento de despesa nem criação

ou extinção de órgãos públicos.

8. (CESPE.AGU.2012) Cabe ao presidente da República, na condição de comandante supremo das Forças

Armadas, nomear os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e ao ministro da Defesa

cabe, mediante lista de escolha apresentada pelos comandantes das três forças, promover seus oficiais-

generais e nomeá-los para os cargos que lhes sejam privativos.

9. (CESPE.Analista.Judiciário.TRE.BA.2010) É de competência exclusiva do presidente da República

resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou

compromissos ao patrimônio nacional.

10. (CESPE.TécJud.ÁreaAdm.TRT 9a Região.2007) O presidente da República tem competência para,

por meio de decreto, extinguir cargos públicos que eventualmente estejam sendo ocupados por servidores

não-estáveis.

11.(CESPE.AGU.2012) A CF autoriza que o presidente da República, no exercício de seu poder

regulamentar, edite, se houver lei federal que o autorize a fazê-lo, decreto que crie cargos públicos, com

as respectivas denominações, competências e remunerações.

12. (CESPE.TécJud.ÁreaAdm.TRT 5a Região.2008) O decreto presidencial é o instrumento adequado

para a criação de novos cargos públicos.

13.(CESPE.Diplomata.IRB.2012) Cabe exclusivamente ao presidente da República, na condição de chefe

de Estado, permitir, sem a necessidade de autorização do Congresso Nacional, que forças estrangeiras

transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente.

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14.(CESPE.AGU.2012) O AGU, utilizando-se do poder regulamentar previsto na CF, pode conceder

indulto e comutar penas, desde que por delegação expressa do presidente da República.

15. (CESPE.AnalistaJud.Controle Interno.TJDFT.2008) O presidente da República tem competência para

delegar, aos presidentes dos tribunais, a competência de prover e extinguir os cargos públicos federais no

âmbito da administração pública direta, o que abrange o Poder Judiciário.

16. (CESPE.Juiz.PA.2011) A CF autoriza o presidente da República a delegar o exercício de atribuições

que lhe sejam privativas somente ao advogado-geral da União e aos ocupantes de cargos cujos titulares

tenham status de ministro de Estado.

17. (CESPE.Auditor.TC.DF.2012) Em qualquer caso, a criação, a transformação e a extinção de cargos,

empregos e funções na administração pública federal dependem de autorização do Congresso Nacional,

mediante lei de iniciativa do presidente da República.

18. (CESPE.Juiz.TRF5.2011) O presidente da República detém competência privativa tanto para decretar

o estado de defesa e o estado de sítio quanto para suspender essas medidas.

19. (CESPE.Juiz.TJAC.2011) Compete ao presidente da República, na condição de chefe de Estado,

declarar guerra no caso de agressão estrangeira e celebrar a paz, mediante autorização ou referendo do

Congresso Nacional.

20. (CESPE.Auditor.TCU.2011) A competência do presidente da República para conceder indulto pode

ser delegada a alguns ministros de Estado.

21. (CESPE.Juiz.TJCE.2011) De acordo com o STF, é indelegável a competência do chefe do Poder

Executivo federal para aplicar pena de demissão a servidores públicos federais.

22. (CESPE.AnalistaJud.Área Adm.TST.2008) O presidente da República pode, por meio de decreto

presidencial, transferir para um órgão da Presidência determinada competência atribuída ao Ministério do

Trabalho.

23.(CESPE.Juiz.TJ.ES.2011) É atribuição privativa do presidente da República dispor, mediante decreto,

sobre sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas, resguardada a competência do Congresso

Nacional para aprovar a instituição e majoração de impostos, taxas e contribuições de melhoria.

24. (CESPE.Agente de Inteligência.Área Adm.ABIN.2008) A celebração dos tratados internacionais e a

incorporação deles à ordem jurídica interna decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de ato

subjetivamente complexo, resultante da conjugação de duas vontades homogêneas: a do Congresso

Nacional, que resolve, definitivamente, mediante decreto legislativo, questões sobre tratados, acordos ou

atos internacionais, e a do presidente da República, que, além de poder celebrar esses atos de direito

internacional, tem a competência para promulgá-los mediante decreto.

25. (CESPE.Agente de Inteligência.Área Adm.ABIN.2008) O presidente da República pode delegar aos

ministros de Estado, conforme determinação constitucional, a competência de prover cargos públicos, a

qual se estende também à possibilidade de desprovimento, ou seja, de demissão de servidores públicos.

26. (Cespe.Juiz.TJ.PB.2010) O decreto é o instrumento por meio do qual o presidente da República

exerce o poder regulamentar que a CF lhe confere, visando dar plena e fiel exequibilidade às leis que

necessitem de regulamentação.

27.(CESPE.Escrivão.Regional.04) O presidente da República possui competência privativa para celebrar

tratados e convenções e para acreditar representantes diplomáticos de Estados estrangeiros, podendo essa

última competência ser delegada ao ministro de Estado das Relações Exteriores.

28. (CESPE Agente de Polícia Federal 2004) É da competência exclusiva do presidente da República

comutar a pena cominada a um integrante de organização criminosa que sofresse condenação penal

transitada em julgado.

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29. (CESPE.Escrivão.Nacional.04) Nos termos da Constituição Federal, é da competência privativa do

presidente da República a extradição de brasileiros naturalizados.

30. (CESPE.Analista.TRT8.2013) Lei federal, além de instituir o valor do salário mínimo para o ano de

2012 e a política de sua valorização para o período de 2013 a 2017, prevendo os índices oficiais para sua

correção, atribuiu ao presidente da República a competência para aplicar, anualmente, esses índices para

reajuste e aumento e divulgar, mediante decreto, o novo valor do salário mínimo.

Com base nessa situação hipotética e na jurisprudência do STF, assinale a opção correta.

a) O decreto presidencial previsto na lei é meramente declaratório do valor do salário mínimo a ser

reajustado segundo os índices estabelecidos na norma, não tendo a capacidade de inovar a ordem jurídica.

b) A previsão de edição de decreto presidencial na referida lei é inconstitucional, pois afronta norma

constitucional que exige lei formal para a fixação do valor do salário mínimo.

c) O decreto presidencial previsto na lei poderia ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade, por

constituir decreto autônomo.

d) A lei é inconstitucional, já que a fixação do valor do salário mínimo compete privativamente ao

presidente da República.

e) O presidente da República poderia delegar a atribuição a ele fixada na lei ao ministro de Estado do

Trabalho e Emprego.

31. (CESPE.Analista.IBAMA.2013) O presidente da República poderá delegar ao vice-presidente a

atribuição de vetar projetos de lei.

Gabarito de Poder Executivo: 1-E, 2-E, 3-E, 4-C, 5-C, 6-C, 7-C, 8-E, 9-E, 10-E, 11-E, 12-E, 13-E, 14-

C, 15-E, 16-E, 17-E, 18-E, 19-C, 20-C, 21-E, 22-C, 23-E, 24-C, 25-C, 26-C, 27-E, 28-E, 29-E, 30-A, 31-

E.