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CONEX ˜ AO DE FAZENDAS E ´ OLICAS AO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL POR LINHAS CA SEGMENTADAS Guilherme Cavalcante Rubio Projeto de Gradua¸ c˜ao apresentado ao Corpo Docente do Departamento de Engenharia El´ etrica da Escola Polit´ ecnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´ arios`aobten¸c˜ ao do t´ ıtulo de Engenheiro Eletricista. Orientador: Robson Francisco da Silva Dias Rio de Janeiro Mar¸co de 2015

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CONEXAO DE FAZENDAS EOLICAS AO SISTEMA INTERLIGADO

NACIONAL POR LINHAS CA SEGMENTADAS

Guilherme Cavalcante Rubio

Projeto de Graduacao apresentado ao Corpo

Docente do Departamento de Engenharia

Eletrica da Escola Politecnica da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessarios a obtencao do tıtulo de

Engenheiro Eletricista.

Orientador: Robson Francisco da Silva Dias

Rio de Janeiro

Marco de 2015

CONEXAO DE FAZENDAS EOLICAS AO SISTEMA INTERLIGADO

NACIONAL POR LINHAS CA SEGMENTADAS

Guilherme Cavalcante Rubio

PROJETO DE GRADUACAO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE

DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELETRICA DA ESCOLA

POLITECNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSARIOS PARA A OBTENCAO DO

GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.

Examinado por:

Prof. Robson Francisco da Silva Dias, D.Sc.

Prof. Maurıcio Aredes, Dr.Ing.

Eng. Bruno Wanderley Franca, M.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARCO DE 2015

Rubio, Guilherme Cavalcante

Conexao de fazendas eolicas ao Sistema Interligado

Nacional por linhas CA segmentadas / Guilherme

Cavalcante Rubio. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola

Politecnica, 2015.

XI, 53 p.: il.; 29, 7cm.

Orientador: Robson Francisco da Silva Dias

Projeto de Graduacao – UFRJ/Escola Politecnica/

Departamento de Engenharia Eletrica, 2015.

Referencias Bibliograficas: p. 42 – 43.

1. CA segmentada. 2. conversor back-to-back. 3.

energia eolica. 4. fontes renovaveis. I. Dias, Robson

Francisco da Silva. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politecnica, Departamento de Engenharia

Eletrica. III. Conexao de fazendas eolicas ao Sistema

Interligado Nacional por linhas CA segmentadas.

iii

Ao povo brasileiro. Que nunca

percamos a fe que nos motiva a

seguir sempre em frente.

iv

Agradecimentos

Agradeco ao orientador deste trabalho, Robson Dias, por sua paciencia e boa vontade

e por dividir comigo uma pequena parcela de sua experiencia de forma que este

trabalho fosse possıvel.

Agradeco ao professor Maurıcio Aredes e a todos os demais colegas do Labo-

ratorio de Eletronica de Potencia e Media Tensao por terem me acolhido no ambito

do laboratorio e me apresentado o mundo da Eletronica de Potencia.

Agradeco ao colega de laboratorio Bruno Franca pelas dicas valiosas para as

simulacoes em PSCAD.

Agradeco aos colegas de Furnas, Paulo Shor e Yuri Rosenblum, por disporem de

seu tempo e de seu conhecimento para me orientarem na representacao do Sistema

Interligado Nacional. Sem sua ajuda o modelo neste estudo nao teria ficado tao

detalhado.

Agradeco a todos os colegas e professores do curso de Engenharia Eletrica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro pelo apoio ao longo do curso.

Agradeco aos meus familiares por terem incentivado minhas iniciativas desde

jovem, por terem sido minha base ao longo de todos esses anos. Agradeco princi-

palmente a minha mae Loide pelo seu otimismo constante, pelo seu altruısmo e por

me transmitir valores que carregarei comigo aonde for.

v

Resumo do Projeto de Graduacao apresentado a Escola Politecnica/UFRJ como

parte dos requisitos necessarios para a obtencao do grau de Engenheiro Eletricista

CONEXAO DE FAZENDAS EOLICAS AO SISTEMA INTERLIGADO

NACIONAL POR LINHAS CA SEGMENTADAS

Guilherme Cavalcante Rubio

Marco/2015

Orientador: Robson Francisco da Silva Dias

Departamento: Engenharia Eletrica

Este trabalho apresenta os conversores de tensao Back-to-Back (B2B) utilizados

em linhas de transmissao CA segmentada como solucao para os problemas de va-

riacoes de tensao observados nas barras do sistema em que sao conectadas usinas

eolicas. Observam-se problemas relacionados a geracao eolica decorrentes sobre-

tudo da intermitencia da geracao. Sabendo que inumeros empreendimentos eolicos

no Nordeste, em especial no Rio Grande do Norte, tem sido incluıdos nos leiloes

de energia de reserva da Empresa de Pesquisa Energetica (EPE) nos ultimos anos,

realizou-se uma analise da conexao de usinas eolicas a serem construıdas a barra Acu

II no Rio Grande do Norte por meio do conversor Back-to-Back. Este estudo foi

desenvolvido por meio de uma simulacao em PSCAD/EMTDC. Modelaram-se um

trecho de interesse do SIN em torno da barra de Acu II, as usinas eolicas presentes

na regiao e o conversor Back-to-Back com seu sistema de controle e observaram-se

as dinamicas eletricas do sistema perante a variacao de injecao de potencia pelas

usinas.

O conversor Back-to-Back para linhas segmentadas tem a capacidade de con-

trolar fluxo de potencia e nıvel de tensao no lado CA. Valendo-se desta aplicacao,

pretende-se utiliza-lo como forma de mitigar os efeitos negativos da intermitencia

da geracao eolica sobre a tensao na barra. Os resultados observados em simulacao

foram coerentes com o que era esperado da dinamica do sistema. O conversor B2B se

mostrou uma forma viavel de conectar as usinas radialmente ao Sistema Interligado.

vi

Sumario

Lista de Figuras ix

Lista de Tabelas xi

1 Introducao 1

1.1 Motivacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Geracao Eolica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.2.1 Detalhamento do aerogerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.2.2 A energia eolica na matriz energetica brasileira . . . . . . . . . 4

1.2.3 Viabilidade da geracao eolica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.2.4 Conexao a rede eletrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

1.2.5 Impactos na rede eletrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

1.3 Estrutura do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2 Transmissao CA segmentada e o conversor fonte de tensao Back-

to-Back (B2B-VSC) 8

2.1 Fundamentos do sistema de controle do conversor B2B . . . . . . . . 9

2.1.1 Logica de disparo das chaves - PWM . . . . . . . . . . . . . . 10

2.1.2 Circuito de sincronismo de fase (PLL) . . . . . . . . . . . . . 11

2.1.3 Mudanca de coordenadas abc-dq0 . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.1.4 Transformada ABC - αβ0 e a teoria de potencias instantaneas 13

2.1.5 Formulacao do sistema de controle do conversor B2B . . . . . 13

2.2 Modelo de simulacao do sistema de controle do conversor B2B para

linha CA segmentada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3 Modelagem do sistema eletrico 22

3.1 Validacao do equivalente do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.2 Modelagem de linhas de transmissao . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.3 Modelagem de usinas eolicas simplificadas . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.3.1 Representacao por fonte de corrente controlada . . . . . . . . 27

3.3.2 Representacao das usinas ligadas a Acu II . . . . . . . . . . . 28

3.4 Conversor B2B-VSC em Acu II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

vii

4 Resultados e Discussoes 32

4.1 Simulacao sem o conversor de tensao Back-to-Back . . . . . . . . . . 33

4.2 Graficos do modelo de usina de Acu II sem conversor B2B . . . . . . 33

4.3 Simulacao com atuacao do conversor B2B-VSC . . . . . . . . . . . . 35

4.3.1 Graficos do modelo do conversor Back-to-Back . . . . . . . . . 35

4.3.2 Compensacao de afundamento de tensao por cargas conecta-

das a barra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

5 Conclusoes 39

Referencias Bibliograficas 42

A Parametros utilizados na modelagem do sistema eletrico de

potencia 44

A.1 Linhas em modelo pi concentrado para validacao do equivalente,

transformadores e impedancias de transferencia . . . . . . . . . . . . 45

A.2 Linhas de transmissao modeladas com parametros distribuıdos e de-

pendentes da frequencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

B Modelo de aerogeradores sıncronos de ımas permanentes (PMSG)

para simulacao de transitorios eletromecanicos 49

B.1 Modelo eletromecanico do aerogerador . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

B.2 Sistema de controle do conversor B2B de interface com a rede eletrica 51

viii

Lista de Figuras

1.1 Fotografia de um aerogerador de eixo horizontal . . . . . . . . . . . . 3

1.2 Ilustracao da conexao dos aerogeradores a rede eletrica . . . . . . . . 6

2.1 Conversor Back-to-Back para linhas CA segmentadas . . . . . . . . . 9

2.2 Conversor CC-CA componente do B2B-VSC . . . . . . . . . . . . . . 9

2.3 Diagrama completo do sistema de controle do conversor B2B . . . . . 10

2.4 Conversor de tensao B2B-VSC para linha CA segmentada . . . . . . 14

2.5 Diagrama de blocos referente a malha de controle de corrente . . . . . 16

2.6 Diagrama simplificdo referente a malha de controle de corrente . . . . 16

2.7 Diagrama de simulacao do conversor B2B-VSC . . . . . . . . . . . . . 18

2.8 Conversor CA-CC modelado em PSCAD . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.9 Bloco 1: Calculo de referencias para o VSC1 . . . . . . . . . . . . . . 19

2.10 Bloco 2: Malha de controle de corrente do VSC1 . . . . . . . . . . . . 19

2.11 Bloco 1: Calculo de referencias para o VSC2 . . . . . . . . . . . . . . 20

2.12 Bloco 2: Malha de controle de corrente do VSC2 . . . . . . . . . . . . 20

2.13 Modulo PWM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.1 Modelo do trecho de interesse do sistema eletrico . . . . . . . . . . . 23

3.2 Diagrama feito no SAPRE com as barras do trecho de interesse do

sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.3 Linha de transmissao do trecho de interesse do sistema para validacao

do equivalente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3.4 Transformador ligando duas barras proximas com nıveis de tensao

diferentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3.5 Representacao das fontes de tensao equivalentes . . . . . . . . . . . . 24

3.6 Representacao da impedancia de transferencia . . . . . . . . . . . . . 24

3.7 Representacao da impedancia de transferencia para bases diferentes

de tensao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.8 Modelo detalhado de linha de transmissao dependente da frequencia . 26

3.9 Modelo dependente da frequencia para linha de transmissao em 500kV 26

3.10 Modelo dependente da frequencia para linha de transmissao em 230kV 27

ix

3.11 Representacao simplificada de usina eolica conectada ao sistema eletrico 27

3.12 Modelo de usina eolica como fonte de corrente controlada por potencia 28

3.13 Modulo que contem o modelo de usina eolica ligada a Acu II . . . . . 29

3.14 Diagrama do modulo que representa a interface entre o gerador

sıncrono de polos permanentes e a rede eletrica . . . . . . . . . . . . 29

3.15 Modelo de usina eolica como fonte de corrente com conversor CC-CA 29

3.16 Malha de controle da tensao no elo CC . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.17 Sistema modificado de controle do VSC1 . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.18 Modulo representativo do conversor fonte de tensao Back to Back . . 31

4.1 Nıvel de tensao eficaz na barra de Acu 2 sem conversor B2B na linha 33

4.2 Tensao no elo CC no modelo de usina eolica de Acu II . . . . . . . . 34

4.3 Potencia medida na saıda do modelo de usina eolica . . . . . . . . . . 34

4.4 Tensao e corrente medidas na saıda da usina eolica . . . . . . . . . . 34

4.5 Detalhe da tensao e da corrente medidas na saıda da usina eolica . . 34

4.6 Indice de distorcao harmonica (THD) de tensao e de corrente na saıda

do conversor da usina eolica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

4.7 Nıvel de tensao eficaz na barra de Acu 2 com regulacao de tensao . . 35

4.8 Nıvel de tensao no elo CC do conversor B2B . . . . . . . . . . . . . . 36

4.9 Potencia medida na saıda do VSC2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.10 Tensao e corrente na saıda do VSC1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.11 Tensao e corrente na saıda do VSC2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.12 Indices de distorcao harmonica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.13 Afundamento de tensao causado pelo reator shunt . . . . . . . . . . . 37

4.14 Tensao no elo CC durante grande afundamento de tensao . . . . . . . 37

4.15 THD de tensao e de corrente durante afundamento de tensao . . . . . 38

B.1 Modelo de simulacao de um aerogerador sıncrono de ımas permanen-

tes conectado ao SIN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

B.2 Circuito de potencia de um aerogerador sıncrono de ıma permanente

(PMSG) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

B.3 Modelo eletromecanico do aerogerador sıncrono de ımas permanentes 50

B.4 Malha de controle de velocidade mecanica do aerogerador . . . . . . . 51

B.5 Malha de controle da tensao no elo CC . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

x

Lista de Tabelas

2.1 Ganhos dos controladores PI do conversor B2B . . . . . . . . . . . . 21

3.1 Valores de curtos-circuito simulados pelo SAPRE e pelo PSCAD . . . 25

3.2 Bases de potencia utilizadas para representacoes de usinas eolicas

simplificadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.3 Parametros de controladores PI utilizados nas representacoes simpli-

ficadas de usinas eolicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.1 Instantes de ligamento de cada parte do sistema . . . . . . . . . . . . 32

A.1 Equivalencia entre numeracao das barras atribuıda pelo ONS e os

nomes das barras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

A.2 Parametros utilizados na representacao de linhas de transmissao em

modelo pi e de transformadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

A.3 Elementos componentes do equivalente do sistema inseridos na si-

mulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

A.4 Cabos utilizados e comprimentos das linhas de transmissao . . . . . . 48

xi

Capıtulo 1

Introducao

1.1 Motivacao

A expansao constante do consumo de energia eletrica no Brasil implica a necessidade

do aumento da capacidade de geracao. A preocupacao da sociedade com o meio

ambiente e a busca pelo desenvolvimento sustentavel incentivam o desenvolvimento

de fontes alternativas de energia que causam um impacto ambiental reduzido. Dentre

as formas de geracao adotadas no Brasil, a eolica se destaca pela sua grande adesao.

O mercado eolico esta se ampliando significativamente e tem se mostrado cada vez

mais promissor. Diversos empreendimentos de usinas eolicas estao surgindo na regiao

Nordeste do Paıs. A grande concentracao dessa fonte intermitente incentiva a busca

por formas eficientes de integrar esta capacidade de geracao a rede eletrica.

A matriz energetica brasileira atualmente e composta predominantemente por

usinas hidreletricas e o Sistema Interligado Nacional (SIN). A insercao da geracao

eolica no sistema traz consigo novos desafios para o controle do SIN, devido a in-

termitencia da geracao eolica. Por consequencia, surge a necessidade de formas

diferentes de realizar o controle de fluxo de potencia e o controle de tensao. Algu-

mas das solucoes propostas indicam dispositivos FACTS (Flexible AC Transmission

Systems) para realizarem este controle, como e o caso do SVC (Static Var Compen-

sator) e o STATCOM (Static Synchronous Compensator) [1]. No entanto, por esses

dispositivos serem conectados em paralelo a barra de conexao, qualquer disturbio

proveniente da geracao eolica e propagado para o sistema.

Neste contexto, este trabalho propoe a conexao de parques eolicos a rede brasi-

leira por meio de linhas CA segmentadas, seccionadas por um conversor de tensao

Back-to-Back (B2B-VSC ) como forma de compensar principalmente os efeitos de

variacoes de tensao decorrentes da intermitencia do fluxo de potencia. A linha seg-

mentada por conversor Back-to-Back e uma estrutura que reune vantagens do sis-

tema de transmissao em corrente contınua, como a flexibilidade e o controle rapido

1

da potencia ativa, e vantagens do sistema de transmissao em corrente alternada,

como a simplicidade do sistema de protecao da linha. O conversor desacopla os dois

trechos da linha segmentada em relacao a frequencia e ao nıvel de tensao, impedindo

a propagacao de perturbacoes no sincronismo do sistema, preservando a estabilidade

do trecho sao. O B2B-VSC tambem e capaz de controlar o fluxo de potencia na linha

e oferecer suporte de reativo para controlar o nıvel de tensao, exercendo a mesma

funcao de um compensador estatico como um STATCOM ou SVC. Alem disso, o

conversor pode ser construıdo em modulos e caso seja necessario expandir a geracao

dos parques eolicos conectados, e possıvel adicionar outros modulos conversores.

A proposta apresentada e colocada a prova por meio de um estudo qualitativo

da conexao das usinas eolicas situadas a barra de Acu II no estado do Rio Grande

do Norte. Esta regiao do Sistema Interligado Nacional foi escolhida devido a grande

concentracao de usinas eolicas e pelo numero consideravel de empreendimentos em

geracao eolica inscritos nos ultimos leiloes da EPE para o estado.

1.2 Geracao Eolica

A geracao eolica e uma forma nao poluente de geracao de energia eletrica que utiliza a

energia do movimento das correntes de ar. O processo de conversao eletromecanica

de energia se da por meio dos aerogeradores, grandes estruturas dotadas de pas

que sao submetidas ao torque causado pelos ventos. Devido ao comportamento

dinamico dos ventos e a incapacidade de se criar um reservatorio eolico, a energia

gerada varia bastante ao longo do dia e possui uma confiabilidade muito menor que

as usinas hidreletricas com reservatorio e que as usinas termeletricas em geral. Essa

intermitencia da geracao energetica faz com que hoje ela se limite apenas a geracao

complementar e acarreta algumas complicacoes na interacao com o sistema eletrico.

Em relacao ao impacto ambiental causado pelas usinas eolicas, elas nao alteram

o relevo do terreno e o curso de rios como o fazem as usinas hidreletricas, nao emitem

poluentes como as usinas termeletricas movidas a combustıveis fosseis. Apesar de

possuir vantagens ambientais em relacao as outras formas de geracao, os aerogera-

dores podem causar a morte de aves e morcegos da regiao, devido a altura em que

ficam as pas, alem de produzirem intenso ruıdo sonoro. Assim como em qualquer

outra intervencao humana na paisagem natural, e importante que a construcao de

usinas eolicas seja precedida por um estudo de impactos ambientais.

1.2.1 Detalhamento do aerogerador

A figura 1.1 mostra um aerogerador de eixo horizontal de uma usina eolica.

O aerogerador e composto pelos elementos: torre, rotor, pas, nacele, caixa de

2

Figura 1.1: Fotografia de um aerogerador de eixo horizontal

transmissao, gerador, sistemas de controle, anemometro e sensor de direcao.

• Torre: E a estrutura que mantem o conjunto dos elementos na posicao ver-

tical adequada para a captacao dos ventos pelas pas. Podem ser trelicadas,

tubulares ou de concreto, estaiadas ou auto-portantes.

• Rotor: Peca em que sao fixadas as pas, transmite a energia mecanica ao eixo

do gerador, podendo passar por uma caixa de transmissao.

• Pas: Fazem a captacao da energia mecanica do vento e colocam o rotor em

movimento. Podem estar conectadas a um eixo horizontal ou a um eixo verti-

cal.

• Nacele: E o compartimento instalado na torre que abriga os elementos do

sistema de conversao eletromecanica de energia.

• Caixa de transmissao: Pode ser instalada entre o eixo do rotor e o gerador.

Possui um conjunto de engrenagens que transmite a energia transformando a

velocidade mecanica do eixo das pas para um nıvel de velocidade mecanica

adequado ao gerador.

• Gerador: E a parte que realiza a conversao eletromecanica de energia. Podem

ser maquinas de inducao ou maquinas sıncronas. Podem ser ligados direta-

3

mente a rede, forcando a operacao em velocidade constante, ou por meio de

um conversor eletronico.

• Sistemas de controle: Realiza o controle da velocidade, rastreamento do

ponto de operacao de maxima potencia, etc.

• Anemometro: Mede a velocidade dos ventos.

• Sensor de direcao: Detecta a direcao do vento. E importante conhecer a

direcao para alinhar o eixo perpendicularmente a incidencia do vento, maxi-

mizando a captacao de energia.

1.2.2 A energia eolica na matriz energetica brasileira

O Balanco Energetico Nacional [2] mais recente, realizado em 2014 para o ano base

de 2013, aponta que a porcentagem da energia gerada anual correspondente a fonte

eolica passou de 0,9% em 2012 para apenas 1,1% em 2013. Por outro lado, a geracao

hidraulica predominante no sistema passou de 76,9% em 2012 para 70,6% em 2013,

devido as condicoes hidraulicas desfavoraveis. A reducao de geracao hidraulica im-

plicou um aumento da participacao de combustıveis fosseis de 12,8% em 2012 para

18,3% em 2013. O uso elevado de combustıveis fosseis e a escassez de recursos

hıdricos que se estende ate o inıcio do ano de publicacao deste trabalho sao for-

tes motivadores da busca por fontes complementares de geracao. Dentre as fontes

complementares, a geracao eolica vem recebendo bastante atencao ultimamente.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energetica (EPE), no Leilao de Energia de Re-

serva (LER) em 2014 foram cadastrados 626 empreendimentos de usinas eolicas,

totalizando 15356MW de oferta de geracao, sendo 104 desses empreendimentos usi-

nas a serem construıdas no estado do Rio Grande do Norte. O leilao preve a entrega

de energia a partir de 2017.

O Brasil possui um potencial abundante de exploracao da energia eolica em sua

costa e em algumas regioes montanhosas. O Atlas do Potencial Eolico Brasileiro [3]

fornecido pelo CRESESB indica ainda que os estados do Rio Grande do Norte e da

Bahia sao dotados de grande fluxo de potencia eolico anual quando comparados aos

demais estados brasileiros.

1.2.3 Viabilidade da geracao eolica

O vento e a movimentacao do ar atmosferico e se forma principalmente devido

aos gradientes de pressao atmosferica resultantes do aquecimento diferencial da su-

perfıcie terrestre e das camadas de ar. A aceleracao sofrida por uma massa de ar

4

causada pelo gradiente de pressao e dada por:

−→Fp

m=−1

ρ∇p (1.1)

Onde p e a pressao em um determinado ponto da atmosfera, ρ e a massa especıfica

do ar neste local,−→Fp e a forca atuante sobre a massa de ar m.

A forca da gravidade e a forca de atrito viscoso tambem atuam sobre as massas

de ar e nao podem ser desprezadas. Elas nao colocam o ar em movimento, mas

alteram sua direcao e velocidade. A aceleracao resultante sobre uma massa de ar

corresponde a: −→Dv

Dt=−1

ρ∇p+−→g +

−→Fa (1.2)

Onde

−→Dv

Dte a derivada direcional da velocidade em relacao ao tempo, g e a

aceleracao da gravidade e−→Fa e a forca de atrito viscoso do ar por unidade de massa.

O vento que move os geradores eolicos ocorre proximo a superfıcie terrestre e

e influenciado pelo formato da superfıcie, relevo e por obstaculos como florestas

e construcoes. Define-se como rugosidade da superfıcie a propriedade fısica que

descreve a relacao entre a velocidade de escoamento do vento e a altitude em relacao

ao solo. Quanto mais obstaculos a passagem do vento houver no terreno, maior se

torna sua rugosidade. A regiao situada entre a superfıcie e o nıvel de altitude em

que a rugosidade deixa de influenciar o escoamento do ar e chamada de camada

limite.

Ha uma relacao que determina a velocidade dos ventos em funcao da altura dada

por:−→V =

−→V0

H

Hn0

(1.3)

Onde V e a velocidade do vento a uma altura H.−→V0 e uma velocidade conhecida

em uma altura de referencia H0 e n e o fator de rugosidade do terreno. Os aero-

geradores de eixo horizontal geralmente possuem torres que variam de 50m a 120m

de altura, para captar o vento com a menor influencia possıvel da rugosidade do

terreno.

Uma serie de estudos deve ser realizada para determinar se a instalacao de usinas

eolicas em uma regiao e viavel economicamente e para pesar o efeito dos impactos

ambientais. Primeiramente devem ser realizadas medicoes da velocidade do vento

e da densidade de energia no local em que serao instalados os aerogeradores. As

medicoes devem ser realizadas ao longo de um extenso perıodo de tempo pois as

condicoes do vento variam muito ao longo do ano.

A forma do terreno deve ser favoravel a passagem dos ventos. Nao podem haver

5

Figura 1.2: Ilustracao da conexao dos aerogeradores a rede eletrica

arvores proximas as fazendas de geracao eolica nem quaisquer outros obstaculos que

reduzam a velocidade do vento. A ausencia de obstaculos a passagem do vento torna

muito propıcia a geracao eolica offshore, ou seja, no mar e afastada da costa.

Realiza-se uma modelagem numerica computacional para facilitar a operacao das

fazendas de geracao de energia eolica alem de prever os perıodos de maiores ventos

ou em que possam haver ventos capazes de danificar os aerogeradores.

A produtividade das usinas eolicas esta ligada a densidade da energia dos ventos

na regiao. Para que a instalacao das turbinas eolicas seja vantajosa, a densidade de

potencia dos ventos a uma altura de 50m deve ser superior a 500W/m2 [4].

1.2.4 Conexao a rede eletrica

Os aerogeradores podem ser conectados a rede eletrica diretamente ou por meio de

um conversor bidirecional. A forma de conexao depende da maquina utilizada e da

estrategia de controle adotada. Neste trabalho considera-se um conversor Back-to-

Back (B2B) para realizar a conexao a rede conforme a figura 1.2. Ele e capaz de

controlar a injecao de reativos no ponto de conexao comum com a rede e de controlar

a velocidade de rotacao do rotor da maquina. A interface criada pelo conversor B2B

permite que o gerador trabalhe a uma frequencia eletrica diferente da frequencia

da rede. A topologia do conversor e sua estrategia de controle estao detalhadas no

Apendice B.

Os geradores mais utilizados para esta finalidade sao os geradores de inducao

6

trifasico gaiola de esquilo, os geradores de inducao com rotor bobinado, os geradores

de relutancia variavel e os geradores sıncronos. Os geradores escolhidos para este

trabalho sao os Geradores Sıncronos de Imas Permanentes (GSIP) de polos lisos.

O GSIP possui ımas permanentes no rotor ao inves de enrolamentos de campo,

nao havendo a necessidade de circuitos externos de excitacao do campo. O estator da

maquina e a parte que se liga a rede eletrica, eliminando a necessidade de escovas,

evitando centelhamento e aumentando a vida util da peca. Por nao possuir um

enrolamento de excitacao, uma subita desconexao com a rede nao induz sobretensoes

no rotor.

1.2.5 Impactos na rede eletrica

A insercao de usinas eolicas em grande quantidade a rede eletrica pode ocasionar

alguns problemas para o sistema devido a intermitencia da geracao. Dentre os

problemas mais comuns, destacam-se [5]:

• Variacoes de tensao, observando-se inclusive o efeito de cintilacao (flicker).

• Variacoes de fator de potencia.

• Flutuacoes de tensao, caracterizadas por variacoes aleatorias e rapidas do nıvel

de tensao CA, ocasionadas por turbulencias, sombreamento de aerogeradores e

erros relacionados ao passo das pas e a mudanca de direcao dos aerogeradores.

• Transitorios de tensao e corrente durante o acionamento e durante o desliga-

mento dos aerogeradores.

Todos os problemas destacados se relacionam com variacoes de tensao na barra

conectada a usina e sao mais preocupantes em redes fracas. O controle de tensao deve

ser realizado localmente em cada ponto do sistema que apresente uma fragilidade.

Neste contexto nao se pode utilizar um banco fixo de reativos para corrigir o fator

de potencia e as variacoes de tensao, devido a intermitencia da geracao. Para tal se

faz necessario um metodo automatizado de correcao, como o que e proposto neste

trabalho.

1.3 Estrutura do Trabalho

Este documento foi dividido em cinco capıtulos. Cada capıtulo aborda detalhada-

mente um componente do trabalho realizado de forma a simplificar o entendimento

do projeto.

7

Este capıtulo introdutorio apresenta aspectos da geracao eolica, como a im-

portancia dessa forma de geracao para a matriz energetica brasileira, o impacto am-

biental proveniente dela e os componentes dos aerogeradores. O capıtulo 2 detalha o

conversor Back-to-Back, e seu sistema de controle. O capıtulo 3 descreve a modela-

gem do trecho de interesse do Sistema Interligado Nacional utilizando o sotfware de

simulacao PSCAD/EMTDC do desenvolvedor Manitoba HVDC. O capıtulo 4 apre-

senta os resultados obtidos das simulacoes e testa a validade da solucao proposta. O

capıtulo 5 apresenta as conclusoes e os trabalhos futuros que surgirao deste estudo.

8

Capıtulo 2

Transmissao CA segmentada e o

conversor fonte de tensao

Back-to-Back (B2B-VSC)

A transmissao por meio de linhas CA segmentadas surgiu como uma alternativa

para os metodos convencionais de transmissao a longa distancia. Trata-se de um

esquema semelhante ao de corrente contınua em alta tensao (HVDC) que utiliza dois

conversores fonte de tensao (VSC). Em ambas as formas dois trechos CA sao unidos

por um segmento CC. Enquanto em HVDC esse segmento e composto por uma linha

bipolar que pode cobrir longas distancias, na transmissao segmentada esse trecho

e apenas um elo CC entre dois conversores de tensao CC-CA. O B2B-VSC pode

ser observado na figura 2.1. Assim como na transmissao em HVDC, os dois lados

CA da linha segmentada operam de modo assıncrono, funcionando como uma forma

de preservacao da estabilidade do sistema caso ocorra um desvio de frequencia em

algum dos terminais CA. Ambos permitem tambem o controle do fluxo de potencia

e do nıvel de tensao CA nas barras em que sao conectados. Uma grande vantagem

da linha de transmissao CA em realcao a linha CC esta na maior simplicidade do

sistema de protecao em CA. A transmissao e a protecao em CA sao tecnologias ja

ha muito dominadas e amplamente difundidas.

Os conversores de tensao utilizados no seccionamento da linha CA sao compostos

por dispositivos semicondutores dotados de capacidade de corte (IGBT ou IGCT)

associados em antiparalelo com diodos. A associacao dos IGBT com os diodos

permite a bidirecionalidade do fluxo de potencia no conversor. O conversor B2B

consiste em dois modulos CC-CA de dois nıveis como o da figura 2.2 ligados atraves

de seus terminais CC. Cada modulo e composto por tres ramos em meia-ponte. Cada

ramo possui dois IGBT cujos estados de conducao sao sempre complementares. O

controle do disparo das chaves e efetuado de forma que a tensao nos terminais CA dos

9

Sistema elétrico de potênciaBarra 2

Conversor CA-CCSistema elétrico de potênciaBarra 1

Conversor CC-CA

Figura 2.1: Conversor Back-to-Back para linhas CA segmentadas

ramos se alterne entre os nıveis +VCC/2 e −VCC/2, em relacao a um ponto medio

fictıcio de tensao entre os dois terminais CC. O termo VCC se refere ao nıvel de

tensao entre os dois terminais do elo CC. As comutacoes das chaves sao controladas

de forma que as tensoes CA sintetizadas nas meias-pontes estejam defasadas 120o

entre si.

Ao elo CC e conectado um capacitor de valor suficiente para manter a tensao

praticamente constante nos intervalos de tempo em que ocorre comutacao das chaves

semicondutoras. Para estimar um valor mınimo para o capacitor, utiliza-se a relacao

(2.1) que representa a constante de inercia do elo CC, uma medida extrapolada do

conceito mecanico da constante de inercia.

HCC =CV 2

CC

2Sbase(2.1)

Onde HCC representa o valor especificado para a inercia do elo CC e Sbase re-

presenta a base de potencia em que o conversor trabalha. O conversor utilizado na

transmissao por linha CA segmentada e o conversor utilizado na conexao dos aero-

geradores a rede funcionam de forma semelhante, porem com algumas diferencas na

estrategia de controle. O sistema de controle do conversor B2B para linhas segmen-

tadas e mostrado na secao 2.2, o sistema do conversor para usinas eolicas e mostrado

no Apendice B.

2.1 Fundamentos do sistema de controle do con-

versor B2B

A figura 2.3 mostra de forma objetiva como funciona o sistema de controle do con-

versor. Os valores instantaneos de tensao e corrente sao medidos nos pontos de

conexao comum com o sistema em ambos os lados e transformados para as coor-

denadas dq0. Os valores de referencia de corrente sao gerados pelo processamento

dos valores de potencia ativa e reativa de referencia no caso do VSC1 e pelo erro de

10

a

b

c

Vcc/2

Vcc/2

0

+

-

Figura 2.2: Conversor CC-CA componente do B2B-VSC

tensao CC e de tensao CA no caso do VSC2. As malhas de controle de potencia por

modo de corrente garantem o rastreamento da referencia de corrente.

2.1.1 Logica de disparo das chaves - PWM

Os comandos de disparo dos IGBT sao dados por uma logica de controle de mo-

dulacao por largura de pulso (PWM) senoidal. Essa tecnica amplamente utilizada

no controle de conversores CC-CA consiste na comparacao entre um sinal de re-

ferencia senoidal de mesma frequencia que a fundamental desejada para a senoide

sintetizada nos terminais CA e um sinal triangular de frequencia muitas vezes maior

que o sinal de referencia. Ao sinal triangular chama-se portadora. O sinal de disparo

se mantem em nıvel alto nos instantes da comparacao em que o valor da referencia

e superior ao valor da portadora. O nıvel alto do sinal aciona os IGBT de forma

que a tensao no respectivo terminal CA seja +VCC

2. Nos instantes complementares

o sinal se mantem em nıvel baixo e a tensao no terminal CA se torna −VCC

2.

O PWM trifasico empregado utiliza tres senoides de referencia defasadas 120o

entre si que sao comparadas com a mesma portadora. Isso resulta em tres trens

de pulsos simetricos defasados 120o no regime permanente. De forma a manter a

linearidade do sistema de controle, e importante que a frequencia da portadora seja

pelo menos dez vezes maior[1] que a frequencia da referencia e que a amplitude

do sinal de referencia se mantenham sempre menor que a amplitude da portadora.

Mantidas essas condicoes, e valida a relacao linear 2.3.

ma =vrvp

(2.2)

11

Figura 2.3: Diagrama completo do sistema de controle do conversor B2B

Van =VCC

2ma (2.3)

Onde vr, e amplitude da refencia, vp e a amplitude da portadora e ma e o ındice

de modulacao de amplitude. A equacao 2.3 estabelece uma relacao linear entre Van,

a amplitude da tensao de fase CA, e VCC

2, para todo ma ∈ [0, 1].

Define-se o ındice de modulacao de frequencia mf por 2.4:

mf =fpfr

(2.4)

Onde fr e a frequencia da referencia e fp e a frequencia da portadora. Quanto

maior for o valor de mf , mais afastadas as frequencias dos componentes harmonicos

da senoide sintetizada ficarao do valor da frequencia da fundamental. Isto torna mais

facil filtrar os componentes harmonicos da tensao de saıda, reduzindo a dimensao

dos componentes utilizados no filtro e barateando o custo do projeto. Obtem-se os

melhores resultados para valores de mf ımpares e multiplos de tres, uma vez que o

primeiro harmonico de amplitude significativa teoricamente possuira uma frequencia

mf vezes maior que a frequencia da fundamental.

2.1.2 Circuito de sincronismo de fase (PLL)

Para que cada lado CA do conversor sintetize uma tensao sincronizada com o trecho

da rede em que esta conectado, se faz necessaria alguma forma de deteccao de

frequencia e de fase do sistema. Para gerar o sinal que fornece a referencia de fase

12

para o sistema de controle, utiliza-se um PLL, Phase Locked Loop. O PLL utilizado

neste trabalho foi o modelo da biblioteca do PSCAD/EMTDC.

O bloco PLL da biblioteca recebe como entradas os sinais de tensao das tres

fases as quais se deseja sincronizar o sistema. A saıda do bloco e um sinal dente

de serra de amplitude 2π rad ou 360o que retorna ao zero nos momentos em que a

senoide da fase A passa pelo zero com derivada positiva. Este sinal referente a fase

garante que a referencia do PWM possua a fase adequada em relacao a rede. Caso

seja util para o controle, e possıvel tambem utilizar o valor da frequencia calculado

pelo bloco do PLL.

2.1.3 Mudanca de coordenadas abc-dq0

Para chegar ao sistema de controle do conversor B2B e necessario introduzir primeiro

a transformada de Park e a representacao de sinais periodicos em coordenadas DQ0.

A mudanca de coordenadas e uma ferramenta valiosa no desenvolvimento da es-

trategia de controle de sistemas eletricos trifasicos. Caso as correntes ou tensoes

das tres fases estejam equilibradas, e possıvel representa-las como valores constan-

tes projetados sobre os eixos d (direto) e q (em quadratura). O componente 0 da

representacao indica a presenca de desequilıbrio de sequencia 0 entre as fases e vale

zero para sistemas equilibrados. Isso permite a utilizacao de controladores de acao

integral e implica uma simplificacao consideravel do sistema de controle por traba-

lhar com duas variaveis ao inves de tres. E importante frisar que essa simplificacao

so vale para os casos em que o componente de sequencia 0 e nulo.

A representacao de grandezas nos eixos direto e em quadratura e baseada na ideia

da projecao dos valores das tres fases sobre dois eixos ortogonais e girantes. Sendo

um deles o eixo direto d e o outro o eixo em quadratura q atrasado 90o em relacao

a d. A equacao 2.5 representa a mudanca de coordenadas abc para coordenadas

dq0. Nela, um vetor contendo os valores instantaneos relativos as fases A, B e C e

multiplicado a esquerda pela matriz Pi, denominada transformada inversa de Park,

resultando em um vetor com os componentes D, Q e 0 .

fDQ0 = Pi fABC (2.5)

fd

fq

f0

= k

cos(θ) cos(θ − 2π3

) cos(θ − 2π3

)

−sen(θ) −sen(θ − 2π3

) −sen(θ − 2π3

)1√2

1√2

1√2

fa

fb

fc

O valor de k e uma constante que depende da relacao que se deseja manter entre

as grandezas em coordenadas abc e em coordenadas dq0. A transformada e realizada

13

na forma invariante na potencia, o que implica k =

√2

3.

A formulacao da potencia trifasica em coordenadas DQ0 para sistemas balance-

ados e dada por:

S3φ = 3VaIa∗ =3

2(Vd − jVq)(Id + jIq)

S3φ =3

2[(VdId + VqIq) + j(VqId − VdIq)]

Os valores de potencia ativa e reativa sao dados respectivamente pelas relacoes

2.6 e 2.7.

P =3

2(VdId + VqIq) (2.6)

Q =3

2(VqId − VdIq) (2.7)

A mudanca de coordenadas DQ0 para ABC e realizada pela transformada direta

de Park. Basta apenas inverter (2.5). Multiplicando pela esquerda o vetor de valores

em coordenadas DQ0 pela matriz Pd, resulta no vetor de valores em coordenadas

ABC.

fabc = Pdfdq0 (2.8)

fa

fb

fc

= k

cos(θ) −sen(θ) 1√

2

cos(θ − 2π3

) −sen(θ − 2π3

) 1√2

cos(θ + 2π3

) −sen(θ + 2π3

) 1√2

fd

fq

f0

O valor de k da transformada direta e o mesmo utilizado na transformada inversa.

2.1.4 Transformada ABC - αβ0 e a teoria de potencias ins-

tantaneas

A transformada de Clarke inversa realiza uma mudanca de coordenadas semelhante

a realizada pela transformada de Park inversa. Tres grandezas perıodicas trifasicas

equilibradas sao representadas por apenas dois componentes em eixos normais. A

transformada de Clarke inversa por sua vez utiliza eixos estacionarios para repre-

sentar as grandezas ao inves de eixos girantes como a de Park. Por consequencia os

valores dos componentes α e β sao senoides correspondentes as projecoes dos tres

fasores a, b e c em seus respectivos eixos. O componente 0 e utilizado para repre-

sentar desequilıbrio de sequencia 0. A transformada de Clarke inversa Ci e descrita

a seguir.

14

fαβ0(t) = Cifabc(t) (2.9)

fα(t)

fβ(t)

f0(t)

= k

1 −1

2−1

2

0

√3

2−√

3

21√2

1√2

1√2

fa(t)

fb(t)

fc(t)

A transformada abc-αβ0 nao e um mecanismo fundamental para entender o

sistema de controle como a transformada abc-dq0, portanto nao sera explicada em

detalhes. Ha uma transformada, cuja demonstracao e mostrada em [6], em que se

relacionam as tensoes e correntes em componentes α e β com a potencia instantanea

trifasica decomposta em duas parcelas, p ligada a potencia ativa e q ligada a potencia

reativa. Esta transformacao e utilizada para se chegar a referencia de corrente no

sistema de controle do VSC2. As transformacoes utilizadas para calcular as correntes

de referencia a partir das potencias instantaneas e as coordenadas αβ em dq sao

mostradas a seguir:[iα(t)

iβ(t)

]=

1

vα(t)2 + vβ(t)2

[vα(t) vβ(t)

vβ(t) vα(t)

] [pref (t)

qref (t)

][id(t)

iq(t)

]=

1

vα(t)2 + vβ(t)2

[cos(θ) sen(θ)

−sen(θ) cos(θ)

] [iα(t)

iβ(t)

]

2.1.5 Formulacao do sistema de controle do conversor B2B

O conversor Back to Back e composto por dois conversores CC-CA unidos por um

elo CC que operam independentemente. Um dos conversores e responsavel pela

regulacao da tensao no elo CC em um nıvel constante de referencia enquanto o

outro e responsavel pelo controle de potencia ativa e reativa. Ao conversor que faz

o controle de injecao de potencia a partir do despacho chamaremos conversor 1 ou

VSC1. Ao conversor que faz o controle da tensao no elo chamaremos conversor 2 ou

VSC2. Na figura 2.4 e ilustrado o circuito de potencia do conversor Back to Back.

Controle de corrente do conversor

Esta deducao do metodo de controle de corrente do conversor e uma adaptacao da

formulacao desenvolvida em [7], coerente com a orientacao do eixo em quadratura

da transformada abc para dq0 adotado neste trabalho.

Sejam os vetores Vt(t), Vr(t) e i(t), respectivamente o vetor de tensoes de fase

nos terminais CA do conversor, o vetor de tensoes de fase no ponto de conexao com

15

Figura 2.4: Conversor de tensao B2B-VSC para linha CA segmentada

a rede e o vetor de correntes de linha circulantes no sentido do conversor para a

rede.

Vt(t) =

vta(t)

vtb(t)

vtc(t)

Vr(t) =

vra(t)

vrb(t)

vrc(t)

i(t) =

ia(t)

ib(t)

ic(t)

Analisando um dos dois conversores da figura 2.4 observa-se que:

vt(t) = Rit(t) + Ld

dti(t) + vr(t)

Aplicando a transformada de Park inversa Pi(t), tem-se:

Pi(t)vt(t) = RPi(t)it(t) + Ld

dt(Pi(t)i(t)) + Pi(t)vr(t)

Pi(t)vt(t) = RPi(t)it(t) + L(d

dti(t)Pi(t) + i(t)

d

dtPi(t)) + Pi(t)vr(t)

Como a matriz Pi(t) e composta apenas por senos e cossenos, e possıvel escrever

sua derivada como:d

dtPi(t) = jPi(t)

dt

Sendo δ o angulo de fase do eixo d da transformada dq0.

Retomando o desenvolvimento da equacao, multiplicam-se os vetores em coor-

denadas ABC pela transformada inversa de Park Pi(t):

16

vtd − jvtq = R(id − jiq) + L(diddt− j diq

dt) + L(jid + iq)

dt+ vrd − jvrq

Separando as partes real e imaginaria da equacao chegamos as relacoes 2.10 e

2.11 nas quais se fundamenta o controle de potencia por modo de corrente.

vtd = Rid + Ldiddt

+ Liqdδ

dt+ vrd (2.10)

vtq = Riq + Ldiqdt− Lid

dt+ vrq (2.11)

Nota-se que as equacoes diferenciais 2.10 e 2.11 possuem as parcelas Liddδdt

e

Liqdδdt

que acoplam os valores de vtq em relacao a id e de vtd em relacao a iq. Apos a

sincronizacao do PLL com a tensao da rede, dδdt

= ω, portanto Ldδdt

e igual ao valor

da reatancia indutiva conectada a saıda CA do conversor. E possıvel dividir essas

equacoes em tres parcelas utilizando um controle por antecipacao (feedforward).

vtd = v′td + iqXL + vrd

vtq = v′tq − idXL + vrq

v′td = Rid + Ldiddt

(2.12)

v′tq = Riq + Ldiqdt

(2.13)

As equacoes diferenciais 2.12 e 2.13 representam dois sistemas lineares de pri-

meira ordem desacoplados e mostram que os valores de id e iq podem ser controlados

respectivamente por v′td e v′tq por meio de uma malha de controle realimentada. O

controle feedforward ainda serve para melhorar o desempenho dinamico do sistema

de controle. O diagrama de blocos da malha de controle de corrente e mostrado na

figura 2.5

A tensao instantanea vt(t) em coordenadas abc e normalizada pelo valor de

pico tem o mesmo valor em pu que o sinal de referencia senoidal do PWM caso a

portadora tenha amplitude unitaria. O filtro feedforward utilizado na realimentacao

da malha de controle e apenas um filtro passa-baixa com a funcao de reduzir o ruıdo

da medicao de vrd e vrq que poderia prejudicar o correto funcionamento do sistema.

A partir das equacoes 2.12 e 2.13 e possıvel obter uma malha de controle de corrente

equivalente a da figura 2.6.

17

Figura 2.5: Diagrama de blocos referente a malha de controle de corrente

18

Figura 2.6: Diagrama simplificdo referente a malha de controle de corrente

Sendo Kp(1 +1

s) a funcao de transferencia do controlador PI, o ganho em malha

aberta de 2.6 e dado por:

G(s) =KpTis+Kp

LTis2 +RTis=Kp

Ls

s+ 1/Tis+R/L

Uma boa forma de iniciar o ajuste dos parametros do PI seria escolhendo Ti =

L/R. Isso implica o cancelamento do polo −R/L com o zero do ganho em malha

aberta e a funcao de transferencia em malha fechada pode ser aproximada para:

IdIdref

=Kp/L

s+Kp/L

Onde τi = Kp/L e uma constante de tempo que pode ser definida como especi-

ficacao de projeto. O valor inicial de Kp pode entao ser definido de acordo com a

constante de tempo desejada. Segundo Iravani [7], essa constante de tempo usual-

mente e algo entre 0,5ms e 5ms. O valor de τi deve ser escolhido de tal forma que

seja o menor possıvel, mas suficiente grande para que 1/τi seja pelo menos dez vezes

menor que a frequencia de chaveamento em rad/s do PWM.

Controle de potencia ativa e reativa no VSC1

O controle de potencia ativa e reativa pode ser realizado utilizando a malha de

controle de corrente descrita na secao anterior. Basta calcular as referencias dos

19

componentes de corrente em eixo direto e em quadratura. E possıvel obter estes

valores a partir das equacoes de potencia 2.6 e 2.7 [7]. O PLL utilizado sincroniza

seu retorno ao zero com a passagem pelo zero da tensao da rede, tornando Vd = 0.

As equacoes de potencia podem entao ser simplificadas para:

P (t) =3

2Vq(t)Iq(t)

Q(t) =3

2Vq(t)Id(t)

As referencias de corrente para o VSC1 sao entao:

Idref =2

3

Q

Vq

Iqref =2

3

P

Vq

Controle de tensao no elo CC e de tensao CA no VSC2

O controle de tensao no elo CC esta relacionado diretamente ao transito de energia

entre cada parte do conversor B2B. Se ha fluxo de potencia no sentido da rede para

o capacitor, ele se carrega, elevando o nıvel de tensao no elo. Se nao houver um

equilıbrio no fluxo de potencia dos dois lados do conversor, o nıvel de tensao entre os

terminis de corrente contınua sofrera variacoes. Baseando-se nesse comportamento,

o VSC2 regula a tensao do elo CC alterando o fluxo de potencia. Caso a tensao esteja

abaixo do nıvel desejado, o erro de tensao contınua processado pelo controlador PI

deve gerar uma referencia negativa de potencia ativa, uma vez que o sentido positivo

de corrente adotado e na orientacao do conversor para a rede. Reciprocamente, um

erro negativo de tensao gera uma referencia positiva de potencia.

A estrategia de controle da tensao CA na barra se baseia em um princıpio se-

melhante ao da tensao no elo CC. A grande diferenca esta na variavel de controle

utilizada. Em sistemas de potencia o nıvel de tensao em uma barra esta intimamente

relacionado a potencia reativa no ponto em questao. De forma analoga ao controle

de tensao CC, calcula-se o erro da tensao eficaz CA em relacao a sua referencia.

Pela logica de controle utilizada neste trabalho, uma sobretensao causa um erro

negativo, que quando processado pelo controlador PI gera uma referencia negativa

de q, levando o sistema de controle de corrente a injetar uma corrente em atraso de

fase em relacao a tensao na convencao do VSC como gerador. Reciprocamente, um

afundamento de tensao gera uma referencia positiva de q, injetando uma corrente

em avanco de fase. O controle da tensao CA e uma questao delicada, uma vez que

o controle da tensao CC depende do nıvel CA nos terminais do VSC2 e o controle

da propria tensao CA depende do nıvel de tensao no elo. Deve-se utilizar entao um

20

ConversorCA-CC

a

b

c

p

Vcc +

Vcc -

Vcc

p1

Icc 500.0 [uF]

ConversorCA-CC

a

b

c

p

Vcc +

Vcc -

p2

BRK

VA

11

sis_1 VA

1 1

sis_2

Figura 2.7: Diagrama de simulacao do conversor B2B-VSC

capacitor no elo CC com uma constante de inercia razoavel. O valor da constante

de inercia adotada para o B2B-VSC foi 0,1s [6].

Seguindo o modelo apresentado em [1], os valores de P e Q de referencia sao

processados pelas equacoes da teoria de potencias instantaneas [6], fornecendo as

referencias de corrente em coordenadas αβ. Para aplicacao ao sistema de controle,

os componentes de corrente em αβ sao transformados para dq e utilizados como

referencia na malha de controle de corrente.

2.2 Modelo de simulacao do sistema de controle

do conversor B2B para linha CA segmentada

Para controlar a injecao de potencia na rede e a tensao CA no ponto de conexao

ao Sistema Interligado, deve-se utilizar um sistema de controle para o conversor de

tensao Back-to-Back que seja capaz de rastrear os valores de referencia de tensao

e o despacho de geracao definido para a linha. No caso da segmentacao de uma

linha generica que conecte duas barras do sistema, o despacho e determinado pelo

Operador Nacional do Sistema. Na situacao em que o conversor e aplicado neste

estudo a geracao depende do torque do vento e nao pode ser controlada devido a

intermitencia da fonte eolica.

O diagrama da simulacao do conversor e mostrado na figura 2.7.

Os nos eletricos sis 1 e sis 2 sao respectivamente os pontos de conexao ao sistema

eletrico de potencia 1 e ao sistema eletrico de potencia 2. O modulo conversor CA-

CC da esquerda sera denominado VSC1 e o modulo a direita sera denominado VSC2.

Os sinais p1 e p2 sao respectivamente os pulsos de disparo dos IGBT do VSC1 e

do VSC2. Estes pulsos de disparos sao definidos por meio do bloco do PWM. Os

valores instantaneos de tensao e corrente e o valor de potencia ativa normalizado

pela base 400MVA sao medidos em ambos os lados pelo bloco do multımetro do

PSCAD.

A figura mostra o interior do modulo do conversor CA-CC. Os terminais a, b e

c sao ligados ao lado CA, enquanto os terminais cc p e cc n sao ligados ao elo CC.

21

Figura 2.8: Conversor CA-CC modelado em PSCAD

Os sinais p1, p2, p3, p4, p5 e p6 sao os sinais de disparo interpolado determinados

pelo bloco PWM.

O modulo VSC1 opera de forma a controlar o fluxo de potencia e o fator de

potencia no ponto de conexao ao sistema. O modulo VSC2 controla a tensao no elo

CC por meio da injecao de potencia ativa e o nıvel de tensao CA por meio de injecao

de reativos no ponto de conexao. O sistema de controle da simulacao e descrito em

detalhes na secao 2.1. O diagrama de blocos do sistema de controle utilizado na

simulacao e bem extenso e foi dividido entre as figuras 2.9, 2.10, 2.11 e 2.12.

O bloco 1 de controle do VSC1 recebe as potencias ativa e reativa de referencia

Figura 2.9: Bloco 1: Calculo de referencias para o VSC1

22

Figura 2.10: Bloco 2: Malha de controle de corrente do VSC1

Figura 2.11: Bloco 1: Calculo de referencias para o VSC2

23

Figura 2.12: Bloco 2: Malha de controle de corrente do VSC2

e calcula os componentes em eixo direto e em quadratura para o bloco 2 do mesmo

conversor. O bloco 2 do VSC1 recebe os valores de tensao e de corrente medidos no

ponto de conexao comum com a rede. Ele garante o rastreamento da corrente de

referencia.

O bloco 2 de controle do VSC2 recebe os valores de tensao no elo CC e no ponto

de conexao comum do VSC2. Os erros dos sinais sao processados por controladores

PI e resultam nas referencias de potencia ativa e reativa que alimentam o bloco

da teoria de potencias instantaneas (teoria PQ). O bloco PQ calcula os respectivos

valores de componente de corrente em eixo direto e em quadratura que servem de

referencias para o bloco 2. O bloco 2 do VSC2 desempenha exatamente a mesma

funcao do bloco 2 do VSC1.

Foram testadas tres topologias diferentes de filtro passa-alta para a conexao CA

do conversor, porem devido ao tempo reduzido para entrega do projeto, nao foi

possıvel dimensionar um filtro adequado que filtrasse os harmonicos do VSC1 sem

comprometer muito a eficiencia do conversor.

A figura 2.13 mostra o conteudo do modulo PWM utilizado na simulacao. As

tensoes de referencia das fases a, b e c sao comparadas ao sinal da portadora trian-

gular cuja frequencia corresponde a f vezes mf, sendo f a frequencia das tensoes de

referencia e mf o ındice de modulacao de frequencia escolhido como especificacao de

projeto. O mf utilizado nas simulacoes foi 51.

24

Figura 2.13: Modulo PWM

Os ganhos dos controladores PI utilizados na malha de controle sao exibidos na

tabela 2.1.

VSC1 VSC2Entrada do controlador Kp τ i(s) Limites de saıda Kp τ i(s) Limites de saıda

Erro de tensao CC - - - 4 0.005 +-5Erro de tensao CA - - - 1 0.0012 +-5Erro de Corrente Id 0.2 0.008 +-2.5 0.2 0.008 +-2.5Erro de corrente Iq 0.2 0.008 +-2.5 0.2 0.008 +-2.5

Tabela 2.1: Ganhos dos controladores PI do conversor B2B

25

Capıtulo 3

Modelagem do sistema eletrico

Para inserir a linha CA segmentada em um contexto realista na simulacao, modelou-

se um trecho do Sistema Interligado Nacional contendo a barra de Acu II. Para que

se obtenham resultados de simulacoes proximos a realidade e necessario que o mo-

delo seja o mais detalhado possıvel. No caso de um sistema eletrico interligado

como o brasileiro, idealmente seriam modelados todos os elementos conhecidos co-

nectados a rede com comportamento estatico e dinamico fieis ao comportamento dos

elementos reais. Essa situacao ideal e impossıvel de atingir pois uma representacao

com esse nıvel de detalhes exigiria muito esforco computacional e muito tempo para

desenvolver. E possıvel realizar simulacoes com menos elementos e parametros que

apresentem resultados dentro de uma faixa toleravel de erros em relacao aos modelos

mais completos.

Em se tratando de simulacao de transitorios eletromagneticos e usual modelar

detalhadamente as barras do sistema eletrico vizinhas a barra em que se deseja ob-

servar o fenomeno e os elementos contidos na regiao delimitada por elas. Por barras

vizinhas entendem-se as barras situadas entre o ponto em que sera realizado o es-

tudo e as barras de fronteira da representacao. Segundo o procedimento de redes do

ONS - Diretrizes e criterios para estudos eletricos [8], entre as barras focalizadas no

estudo e as barras de fronteira deve haver pelo menos duas outras barras. Esse pro-

cedimento geralmente apresenta resultados bem proximos aos que seriam alcancados

com uma representacao mais ampla do sistema. Os demais elementos que se encon-

tram fora da regiao escolhida para modelagem sao substituıdos por equivalentes. O

modelo completo de simulacao do sistema eletrico e mostrado na figura 3.1.

O primeiro passo da modelagem do sistema foi a escolha do trecho de interesse.

Foram incluıdas a maioria das linhas que atendem ao criterio de duas barras de

distancia, desprezando-se apenas algumas linhas que conectam trechos de 138kV,

devido a complexidade que o sistema estava adquirindo. Os elementos escolhidos

para a representacao foram incluıdos em um caso no programa SAPRE do CEPEL,

modelados a partir do caso base do ONS para estudos eletromagneticos no horizonte

26

Figura 3.1: Modelo do trecho de interesse do sistema eletrico

27

de Dezembro de 2017. Este horizonte foi escolhido por conter as linhas previstas no

sistema para o perıodo escolhido para construcao das usinas.

Utilizando uma ferramenta do SAPRE, foi obtido um equivalente para o sistema

eletrico a partir do trecho representado no diagrama de barras. A todas as barras

do diagrama com geradores conectados o SAPRE atribuiu elementos equivalentes.

Estes elementos sao fontes de tensao ideais atras de impedancias serie e impedancias

de transferencia entre as barras representadas. O diagrama do SAPRE com a re-

presentacao do trecho de interesse e com a indicacao de geradores equivalentes nas

barras e mostrado na figura 3.2.

11

22

11

22

33

1

2

11

22

11

22

MOSSOROIV230

8828

MSD 230KV

8000

BNB 230KV

7940

MLG 230KV

7920

ICO 230

8040

RSD 230KV

7990

AÇUIII 230

8782

CGECARCARA2

7097

ARACATI2 230

8077

GALINHOS 230

8783

ACD 230

7520

PRS 230KV

7481

ALEGRIA 230

8083

CGD 04BP 230

7450

NTD 230KV

7530

AÇUIII 500

8720

QXA 500KV

7942

MILAGRES2500

8781

MLG 500KV

7921

L.NOVAII 230

8670

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

G

1

Figura 3.2: Diagrama feito no SAPRE com as barras do trecho de interesse dosistema

28

3.1 Validacao do equivalente do sistema

O SAPRE gera um relatorio em formato de texto com os parametros de todos os

elementos contidos no trecho de interesse, sejam eles existentes ou calculados para

o equivalente. Esse arquivo com extensao .ANA contem os valores de resistencias

e reatancias de sequencia positiva e zero de todas as impedancias de transferencia,

os valores de impedancias mutuas e de reatores de linha. A fim de testar a precisao

do modelo em PSCAD, o equivalente do sistema calculado pelo SAPRE foi inserido

na simulacao utilizando um metodo que se assemelhe a forma com que o SAPRE

representa os fenomenos eletricos. As linhas de transmissao do trecho de interesse do

sistema foram representadas por modelos pi com parametros concentrados. Os trans-

formadores de potencia foram representados pelo modelo de transformador trifasico

da biblioteca do PSCAD e suas resistencias foram desprezadas. As impedancias de

transferencia foram consideradas como modelos pi de linha de transmissao ligando

as barras em que foram calculados elementos equivalentes. Em cada uma dessas

barras tambem se conecta uma fonte ideal por tras de uma impedancia serie. As

impedancias de transferencia entre linhas com bases de tensao diferentes foram mo-

deladas como modelos pi de linhas em serie com transformadores ideais. A base de

potencia utilizada na normalizacao das impedancias do sistema foi 100MVA.

As figuras 3.3, 3.4, 3.5, 3.6, 3.7, mostram os elementos utilizados no PSCAD

para representar os dados do sistema do relatorio gerado pelo SAPRE.

Figura 3.3: Linha de transmissao do trecho de interesse do sistema para validacaodo equivalente

29

Figura 3.4: Transformador ligando duas barras proximas com nıveis de tensao dife-rentes

Figura 3.5: Representacao das fontes de tensao equivalentes

O equivalente gerado pelo SAPRE utiliza varios elementos com impedancias

elevadas em relacao ao restante dos elementos do sistema, que nao contribuem de

forma significativa para as correntes que circulam pelas linhas. Foram desprezados

entao reatores shunt e impedancias cuja sequencia positiva era maior que 50% da

base de impedancia. Os parametros dos elementos modelados encontram-se nas

tabelas do Apendice A.

Para testar se os parametros do sistema foram inseridos corretamente no PS-

CAD, aplicaram-se curtos as barras do sistema cujos valores de correntes de curto

trifasico e monofasico foram comparados aos calculados pelo SAPRE. Os resulta-

dos obtidos com as respectivas discrepancias percentuais sao mostrados na tabela

3.1. Consideraram-sem discrepancias adequadas aquelas abaixo de 5% em relacao a

referencia dada pelo SAPRE.

Constataram-se discrepancias de sequencia zero superiores a 5%. Neste estudo

30

Trecho de Interesse

do Sistema

quixada_500

milagres_500

milagres2_500

milagres_230

natal2_230

campinagrande2_230

russa2

mossoro2

banabuiuparaiso

acu3_230 acu3_500

Modelo Pi

Figura 3.6: Representacao da impedancia de transferencia

Modelo Pi #1 #2

Trecho de Interesse

do Sistema

quixada_500

milagres_500

milagres2_500

milagres_230

natal2_230

campinagrande2_230

russa2

mossoro2

banabuiuparaiso

acu3_230 acu3_500

Figura 3.7: Representacao da impedancia de transferencia para bases diferentes detensao

nao foram modelados em detalhes os elementos de sequencia zero do sistema e o

curto na barra de Acu II onde se conecta o conversor B2B permanceu abaixo de 5%.

Optou-se entao por tolerar essas discrepancias e considerar o modelo do sistema

equivalente aceitavel.

3.2 Modelagem de linhas de transmissao

O modelo pi com parametros concentrados de linhas de transmissao nao e adequado

para observacao de fenomenos transitorios eletromagneticos. Para avaliar o efeito

de tais fenomenos se faz necessaria a utilizacao de um modelo a parametros dis-

31

SAPRE PSCAD Diferenca(%)Barra Trifasico(kA) Monofasico(kA) Trifasico(kA) Monofasico(kA) Trifasico Monofasico

CGE CarcaraII

12.4 12.75 12.65 13 2.02% 1.96%

Paraıso 230 13.19 8.97 13.1 10.4 -0.68% 15.94%Acu II 230 22.04 18.19 21.76 18.8 -1.27% 3.35%

Natal II 230 12.61 13.87 12.26 12.47 -2.78% -10.09%Milagres 230 32.56 31.87 32.43 32.73 -0.40% 2.70%Milagres 500 21.18 19.76 21.03 19.55 -0.71% -1.06%Banabuiu 230 12.63 11.66 12.6 10.925 -0.24% -6.30%Quixada 500 10.3 7.76 10.2 7.4 -0.97% -4.64%Russas II 230 9 9.77 8.95 8.8 -0.56% -9.93%

Mossoro II 230 12.41 12.75 12.6 13 1.53% 1.96%Ico 230 5.36 5.48 5.35 4.4 -0.19% -19.71%

Aracati II 230 3.93 3.84 3.9 5.81 -0.76% 51.30%Alegria 230 3.77 3.62 3.95 5.89 4.77% 62.71%

Camp. GrandeII

24.99 25.51 25.07 25.15 0.32% -1.41%

L. Nova II 230 10.11 10.41 10.08 10.34 -0.30% -0.67%Acu III 500 13.42 10.23 13.3 10.32 -0.89% 0.88%Milagres II

50021.31 19.47 21 19 -1.45% -2.41%

Acu III 230 25.59 20.57 25.32 21.2 -1.06% 3.06%Galinhos 230 2.8 2.93 2.925 4.37 4.46% 49.15%

Mossoro IV 230 4.94 7.34 5 7.5 0.012146 0.02179837

Tabela 3.1: Valores de curtos-circuito simulados pelo SAPRE e pelo PSCAD

tribuıdos mais complexo que leve em consideracao o espectro harmonico das ondas

trafegantes na linha. A biblioteca da versao 4.5 do PSCAD oferece um modelo de

linha de transmissao bem detalhado e que atende as necessidades do estudo. O

modelo dependente da frequencia (fase) leva em consideracao a silhueta das torres

de transmissao utilizadas, o arranjo das linhas, o seu comprimento, a sua geometria,

o tipo de transposicao, a resistividade do solo e a flecha das linhas, oferecendo mais

de um modelo de representacao para alguns parametros.

Como nem todos os parametros podem ser obtidos para a simulacao do sis-

tema neste trabalho, as linhas de transmissao do trecho de interesse do sistema

foram modeladas a partir das caracterısticas de cabos de alumınio com alma de

aco (ACSR) obtidas do catalogo de fabricantes, das caracterısticas dos cabos para-

raio e das silhuetas de torres de transmissao tıpicas para os nıveis de tensao 230kV

e 500kV. Os comprimentos das linhas foram obtidos dos relatorios da ferramenta

SINDAT do ONS. Modificou-se a resistividade do solo para 1000Ωm e todos os

demais parametros do modelo foram mantidos nos valores padrao do PSCAD. A re-

presentacao de uma das linhas de 500kV e mostrada na figura 3.9 e uma das linhas

de 230kV e mostrada na figura 3.10. As alturas mostradas nas figuras exibem o

padrao utilizado para representacao da silhueta de todas as torres modeladas. Os

cabos utilizados, o comprimento e as flechas de cada linha se encontram na tabela

do Apendice A.

32

Figura 3.8: Modelo detalhado de linha de transmissao dependente da frequencia

3.3 Modelagem de usinas eolicas simplificadas

Inicialmente as fontes ideais de tensao utilizadas na validacao do equivalente do

sistema seriam substituıdas pelos modelos eletromecanicos de aerogeradores [9] que

sao descritos no Apendice B. Apesar de tornar a representacao do sistema mais

detalhada, este modelo foi retirado dos casos pois sua inclusao aumentou conside-

ravelmente o tempo de simulacao. Como o foco deste trabalho nao esta na modela-

gem do sistema em si, mas na aplicacao do conversor B2B para linhas segmentadas,

optou-se por trocar o modelo eletromecanico por representacoes simplificadas das

usinas eolicas.

3.3.1 Representacao por fonte de corrente controlada

As barras de Aracati II, CGE Carcara II, Mossoro IV, Galinhos e Alegria

conectaram-se fontes de corrente controladas pelo valor da injecao de potencia na

rede. O SAPRE representa as fontes equivalentes por fontes ideais conectadas ao

sistema por meio de uma impedancia serie de sequencia positiva e uma impedancia

serie de sequencia zero. Essa representacao foi substituıda pelas fontes de corrente

controlada em paralelo com as impedancias calculadas pelo SAPRE, conforme visto

na figura 3.11. As impedancias foram representadas por modelos pi de linhas de

transmissao. Foi colocado um pequeno resistor em serie com o modelo pi, pois o

PSCAD nao aceita que ele se conecte diretamente ao ponto de referencia.

33

Figura 3.9: Modelo dependente da frequencia para linha de transmissao em 500kV

34

Figura 3.10: Modelo dependente da frequencia para linha de transmissao em 230kV

35

Figura 3.11: Representacao simplificada de usina eolica conectada ao sistema eletrico

Utilizou-se uma malha com realimentacao do valor de potencia em pu e um

controlador PI. O diagrama de simulacao utilizado e mostrado na figura 3.12. O no

eletrico sis corresponde ao ponto de conexao ao sistema eletrico do modulo criado.

O sinal Pent e um parametro do modulo criado que representa a potencia de

entrada do sistema em pu desprezando-se perdas mecanicas e eletricas dos aero-

geradores. O sinal Ps representa a potencia em pu medida no ponto de conexao

ao sistema no no eletrico sis. O controle da corrente injetada na rede e realizado

somente pelo componente em quadratura, pois e a parcela relacionada diretamente

a potencia ativa. Nao se deseja realizar o controle de tensao CA e se optou por

manter o fator de potencia unitario, portanto o valor do componente em eixo direto

da corrente e mantido em zero. E importante destacar o sinal do somador utilizado

no calculo do erro de potencia ativa. O erro e calculado como a potencia eletrica

injetada menos a potencia de referencia Pent, pois a transformada ABC para DQ0

realizada resulta em valores negativos de Iq e Vq. Para que a injecao de potencia

mantenha o sentido positivo, Iq deve se manter negativo. A base de potencia uti-

lizada para normalizacao foi a potencia instalada de cada usina retirada do mapa

do ONS [10], exceto no caso da usina de Mossoro IV que consta num horizonte

posterior ao representado no mapa. Os parametros do controlador PI sao Kp = 0, 2,

τi = 0, 01s. Os valores utilizados como base para cada usina simplificada sao mos-

trados na tabela 3.2. O sinal hab mantem o sistema de controle em repouso ate que

o sistema eletrico ja tenha entrado em regime permanente.

36

Figura 3.12: Modelo de usina eolica como fonte de corrente controlada por potencia

Barra Sbase(MVA) Vbase(kV)Aracati II 140.7 230

CGE Carcara II 50.4 230Mossoro IV 85 230

Galinhos 187.04 230Alegria 80.7 230

Tabela 3.2: Bases de potencia utilizadas para representacoes de usinas eolicas sim-plificadas

3.3.2 Representacao das usinas ligadas a Acu II

Para representar as usinas eolicas conectadas a barra de Acu II foi utilizado um

modelo mais detalhado baseado no descrito no Apendice 2. Este modelo substitui

o eletromecanico de maquinas de ımas permanentes utilizado em [9] por uma fonte

de corrente contınua ligada a um conversor CC-CA por meio de um elo CC com um

capacitor. Essa forma de representacao introduz os efeitos da dinamica do controle

do conversor B2B ao desempenho do caso simulado. No modelo original utiliza-se

um conversor B2B que realiza a interface entre a maquina e a rede eletrica. Neste

simplificado utiliza-se apenas um conversor CC-CA simples que regula a tensao no

elo CC em um nıvel constante e igual a 1pu.

A figura 3.13 mostra o modulo criado para insercao da usina no sistema. A figura

3.14 mostra o interior do modulo. Ha um transformador delta-estrela entre o modelo

simplificado do aerogerador e o ponto de conexao a rede eletrica que eleva o nıvel de

tensao de 34,5kV para 230kV. A reatancia do transformador foi mantida no valor

37

Figura 3.13: Modulo que contem o modelo de usina eolica ligada a Acu II

Figura 3.14: Diagrama do modulo que representa a interface entre o gerador sıncronode polos permanentes e a rede eletrica

tıpico de 10%. Os parametros IdR REF e Vcc REF representam respectivamente

o componente direto de referencia de corrente e a tensao de referencia para o elo

CC, ambos em pu. O conversor CC-CA do modelo equivalente de usina em Acu II

nao realiza controle de tensao CA, apenas mantendo o fator de potencia unitario na

saıda do modelo. O valor de IdR REF e portanto mantido em zero. A impedancia

entre o modulo PSMG que contem o gerador sıncrono de ımas permanentes e o

transformador representa os cabos que conectam os aerogeradores ao transformador

de potencia na saıda da usina.

Inicialmente seria utilizado um filtro de segunda ordem amortecido semelhante

38

Figura 3.15: Modelo de usina eolica como fonte de corrente com conversor CC-CA

ao do conversor B2B, porem as perdas no resistor do filtro eram muito elevadas,

cerca de 20%. Optou-se entao por utilizar o filtro de terceira ordem amortecido

passa-alta, retirado de [11]

A figura 3.15 mostra o circuito eletrico de potencia que representa o aerogerador

sıncrono de ımas permanentes. Como a tensao no elo CC e mantida constante e

igual a 1pu, a potencia de entrada e igual ao valor da corrente injetada pela fonte

CC. O capacitor do elo CC foi calculado pela relacao 3.1 para um valor de HCC

maior que 3ms.

HCC =CV 2

CC

2Sbase(3.1)

O indutor entre o conversor e o ponto de conexao com o sistema foi ajustado

para um valor de reatancia 10%. As bases utilizadas de tensao CA, tensao CC e

potencia foram respectivamente 34,5kV, 60kV e 400MVA.

A figura 3.16 mostra a malha de controle da tensao no elo CC. O erro de tensao

passa por um controlador PI cuja saıda serve de referencia para o componentente

em quadratura da corrente. O erro do componente Q da corrente passa por um

controlador PI que fornece o sinal de referencia para o bloco do PWM. O PWM

determina os pulsos de disparo dos IGBT que compoem o conversor CC-CA.

Os parametros dos controladores PI utilizados nessa malha sao mostrados na

tabela 3.3.

Controlador Kp τ i LimitesId 0,6 0,01 +-5Iq 0,6 0,01 +-5

Vcc 5 0,01 +-2

Tabela 3.3: Parametros de controladores PI utilizados nas representacoes simplifi-cadas de usinas eolicas

39

Figura 3.16: Malha de controle da tensao no elo CC

3.4 Conversor B2B-VSC em Acu II

Inicialmente a ideia do trabalho era ligar o B2B-VSC entre a barra de Acu II e

as outras barras com geracao eolica. Devido ao tempo disponıvel reduzido para

o desenvolvimento do trabalho, o conversor foi conectado de forma radial com a

representacao das usinas eolicas em Acu II. A geracao eolica e nao despachavel,

nao permitindo portanto que o conversor B2B controle o fluxo de potencia no lado

do VSC1. O modelo desenvolvido no capıtulo 2 foi modificado para se inserir en-

tre a usina eolica e a barra de AcuII de forma radial. O sistema de controle do

VSC1 foi desligado e em seu lugar utiliza-se uma referencia senoidal trifasica para o

PWM totalmente independente da tensao no sistema eletrico de potencia. Essa mu-

danca e possıvel devido ao desacoplamento dos dois lados do conversor em relacao

a frequencia. A malha de controle do VSC2 e mantida da mesma forma que a apa-

resentada no capıtulo 2. O bloco de controle modificado do VSC1 e mostrado na

figura 3.17.

A figura 3.18 mostra o modulo que contem o diagrama de simulacao do conversor

B2B detalhado no capıtulo 2.

40

Figura 3.17: Sistema modificado de controle do VSC1

Figura 3.18: Modulo representativo do conversor fonte de tensao Back to Back

41

Capıtulo 4

Resultados e Discussoes

Este capıtulo apresenta e discute brevemente os resultados obtidos das simulacoes.

Foi simulado um estado do sistema eletrico em carregamento leve, pois geralmente

as maiores variacoes de tensao ocorrem nesta condicao de carga. Realizaram-se duas

simulacoes, uma com a presenca do conversor de tensao B2B e outra sem o conversor,

de forma a comparar o comportamento do sistema em ambas as situacoes. Foram

simulados nıveis diferentes de potencia de entrada para as usinas eolicas de Acu II

e para o restante do sistema, tomando a liberdade de fazer variacoes muito mais

rapidas do que as que realmente ocorrem com a dinamica dos ventos.

Os limites adotados para o ındice de distorcao harmonica (THD) avaliado na

barra de Acu II foram baseados nos valores recomendados pelo padrao IEEE-519 [12].

Consideram-se aceitaveis nıveis de distorcao harmonica inferiores a 5% para tensao e

para corrente. O procedimento de rede do ONS submodulo 25.6 [13] estabelece como

ındice de desempenho para flutuacoes de tensao um criterio baseado na percepcao

da cintilacao luminosa por meio de um flickermeter e no tempo de duracao das

cintilacoes. Foi arbitrado como especificacao de projeto para este trabalho um nıvel

aceitavel de flutuacoes de tensao de no maximo 1% de tensao eficaz em relacao a

referencia 1pu.

A tabela 4.1 mostra os tempos em que cada parte do sistema e ligada.

Instante de ligamentoUsinas eolicas simplificadas 0,06s

Controle de tensao no elo CC do B2B-VSC 0,2sPWM do VSC1 0,6s

Controle de tensao CA do VSC2 0,7sSistema de controle do conversor das usinas 1,0s

Aerogeradores de Acu II 1,2s

Tabela 4.1: Instantes de ligamento de cada parte do sistema

42

4.1 Simulacao sem o conversor de tensao Back-

to-Back

A figura 4.1 mostra o perfil de tensao eficaz medido na barra de Acu II para o caso

do sistema sem conversor B2B. Observa-se uma variacao de cerca de 3% no nıvel

de tensao da barra entre a situacao em que as usinas de Acu II estao desligadas e a

situacao em que elas fornecem 1pu de potencia.

Figura 4.1: Nıvel de tensao eficaz na barra de Acu 2 sem conversor B2B na linha

4.2 Graficos do modelo de usina de Acu II sem

conversor B2B

As figuras de 4.2 a 4.5 mostram a resposta do modelo de usinas conectadas a Acu

II a variacao de potencia injetada pelo vento.

43

Figura 4.2: Tensao no elo CC no modelo de usina eolica de Acu II

Figura 4.3: Potencia medida na saıda do modelo de usina eolica

A figura 4.2 mostra que a tensao do elo CC da usina se manteve regulada em

1pu. A resposta as variacoes de potencia foi consideravelmente rapida pois os aero-

geradores foram modelados como fontes de corrente controladas ideais.

Em 4.3 observa-se que a injecao de potencia ativa passou a rastrear a referencia

44

Figura 4.4: Tensao e corrente medidas na saıda da usina eolica

Figura 4.5: Detalhe da tensao e da corrente medidas na saıda da usina eolica

da potencia injetada pelos ventos a partir do instante 1,2s em que e ligada a fonte de

corrente controlada. A cada variacao de injecao de potencia no sistema,a potencia

reativa injetada pelo conversor CC-CA da usina eolica passou por um transitorio e

se estabilizou no nıvel zero, conforme o esperado.

Os graficos de 4.4 e 4.5 mostram que durante toda a simulacao os nıveis de tensao

e de corrente se mantiveram estaveis.

Observa-se em 4.6 que o ındice de distorcao harmonica em regime permanente

se mantem sempre abaixo de 2% tanto para tensao quanto para corrente e dentro

do limite especificado de 5%.

45

Figura 4.6: Indice de distorcao harmonica (THD) de tensao e de corrente na saıdado conversor da usina eolica

4.3 Simulacao com atuacao do conversor B2B-

VSC

A figura 4.7 mostra a atuacao do conversor de tensao B2B na regulacao da tensao

da barra. Observa-se que o conversor foi capaz de eliminar as variacoes de tensao

na barra de Acu II verificadas na figura 4.1. Verifica-se uma oscilacao de tensao

devido a falta de um filtro harmonico, porem a tensao CA se mantem dentro do

limite especificado de 1%.

4.3.1 Graficos do modelo do conversor Back-to-Back

As figuras de 4.8 a 4.12 mostram os perfis de tensao e corrente, potencia ativa e

reativa medidos nos terminais dos componentes VSC1 e VSC2 do conversor Back-

to-Back.

46

Figura 4.7: Nıvel de tensao eficaz na barra de Acu 2 com regulacao de tensao

47

Figura 4.8: Nıvel de tensao no elo CC do conversor B2B

Figura 4.9: Potencia medida na saıda do VSC2

A figura 4.7 mostra que o nıvel de tensao na barra de Acu II conectada aos

terminais CA do VSC2 se mantem regulada em 1pu. Durante os transitorios de

48

Figura 4.10: Tensao e corrente na saıda do VSC1

potencia ocorrem variacoes de tensao menores que 1% em relacao a referencia e

dentro da especificacao de projeto.

Observa-se em 4.8 que a tensao no elo CC do conversor tende a estabilidade no

valor de 1pu. O tempo de acomodacao da tensao e de aproximadamente 0,3s. Um

tempo bem inferior ao que levam os transitorios mecanicos do vento.

A figura 4.9 mostra a potencia ativa e a potencia reativa na saıda do VSC2. O

fluxo de potencia ativa varia de acordo com a injecao de potencia no elo CC. Ele se

acomoda sempre de forma a equilibrar o fluxo do VSC1 e do VSC2. Nota-se que ha

um nıvel bem significativo de perdas no filtro de harmonicos em torno de 30%. O

filtro deve ser reprojetado. O nıvel de Q2 se ajusta de forma a controlar a tensao

CA eficaz na barra de Acu II conectada ao VSC2.

As figuras 4.10 e 4.11 mostram que a tensao e a corrente nos terminais CA do

conversor B2B tendem sempre a estabilidade apos os transitorios decorrentes da

variacao do vento. Nota-se um conteudo harmonico marcante na figura 4.10 devido

ao ruıdo causado pelo chaveamento da fonte e pela ausencia de filtro de harmonicos.

A figura 4.12 mostra que apos os transitorios de tensao e corrente devidos a

49

Figura 4.11: Tensao e corrente na saıda do VSC2

Figura 4.12: Indices de distorcao harmonica

variacao do vento, os ındices de distorcao harmonica de tensao se mantem dentro

50

do limite especificado de 5% durante o regime permanente.

4.3.2 Compensacao de afundamento de tensao por cargas

conectadas a barra

De forma a testar o controle de tensao do VSC2 durante afundamentos maiores de

tensao, foi conectado um reator shunt com reatancia 0,168pu na base do conversor

ao ponto de conexao comum em Acu II aos 0,6s de simulacao. A potencia injetada

pelas usinas eolicas de Acu II foi mantida constante em 1pu a partir do instante

1,2s.

Figura 4.13: Afundamento de tensao causado pelo reator shunt

A figura 4.13 mostra que o VSC2 foi capaz de compensar o afundamento de 15%

causado pela carga conectada.

Observa-se na figura4.14 que a tensao do elo CC se estabiliza em 1pu apos os

transitorios eletricos.

A figura 4.15 mostra que os ındices de distorcao harmonica de corrente e de

tensao se mantem a abaixo de 1% em regime permanente, respeitando o limite da

especificacao de projeto de 5%.

51

Figura 4.14: Tensao no elo CC durante grande afundamento de tensao

Figura 4.15: THD de tensao e de corrente durante afundamento de tensao

52

Capıtulo 5

Conclusoes

O presente trabalho analisou os efeitos da insercao a rede dos aerogeradores que

serao conectados a Acu II por meio de um conversor B2B utilizado em linhas CA

segmentadas. Os resultados obtidos em simulacao sugerem que o conversor B2B

para linhas segmentadas e uma forma tecnicamente viavel de realizar a conexao dos

parques eolicos. Observou-se que sem a atuacao de um regulador de tensao para

a barra, ela varia cerca de 3% devido a intermitencia da geracao eolica. Com a

inclusao do conversor B2B o nıvel de tensao CA se manteve regulado e dentro do

intervalo de +-1% especificado para o projeto. Os ındices de distorcao harmonica

de corrente e de tensao se mantiveram dentro do limite de 5%.O conversor B2B

simulado poderia compensar variacoes ate maiores de tensao na barra, conforme

mostrado nos resultados.

Apesar de o conversor ter operado de forma a atender as especificacoes de pro-

jeto, e importante a inclusao de um filtro harmonico no ponto de conexao CA para

garantir que o controle dos conversores na saıda das usinas funcione de forma ade-

quada. Nesta simulacao foi utilizada uma representacao equivalente para todas as

usinas que serao inseridas naquele ponto e tudo funcionou de acordo com o espeado,

porem caso fossem representadas varias usinas conectadas ao mesmo ponto, aumen-

tariam as chances de ocorrerem falhas no controle. Ha a necessidade de se projetar o

filtro, porem um projeto de filtro para este nıvel de potencia nao e uma tarefa trivial,

uma vez que uma frequencia de chaveamento elevada para o PWM e impraticavel,

devido as perdas por chaveamento. Uma baixa frequencia de chaveamento aproxima

a frequencia dos harmonicos a frequencia da fundamental, tornando mais complexo

o projeto de um filtro que atenue os harmonicos sem afetar a fundamental.

A modelagem do Sistema Interligado Nacional foi uma parte importante e tra-

balhosa deste estudo. Infelizmente nao foi possıvel obter todas as caracterısticas

das torres de transmissao modeladas, foi necessario entao inserir caracterısticas de

cabos e de silhuetas de torres comuns nas linhas de tranmissao de 230kV e 500kV.

Apesar de ser uma aproximacao, este procedimento tem o respaldo das diretrizes de

53

estudos eletricos do ONS [8]. A modelagem do equivalente do sistema eletrico em

PSCAD se mostrou uma tarefa muito suscetıvel a erros humanos, devido a forma

com que sao inseridos os dados e serviu de inspiracao para trabalhos futuros.

Trabalhos Futuros

• A modelagem do equivalente do sistema em PSCAD a partir dos dados obtidos

do SAPRE ou do ANAFAS e um processo trabalhoso e sujeito a erros devido

a forma com que o relatorio do SAPRE/ANAFAS apresenta os dados para o

usuario e que os parametros da rede sao inseridos no PSCAD. Para facilitar o

trabalho da modelagem do sistema eletrico de potencia nos proximos trabalhos,

pretende-se fazer um algoritmo que receba o arquivo de texto .ANA e gere

um modelo de simulacao todo em linguagem de programacao que substitua o

equivalente modelado no PSCAD.

• As simulacoes em PSCAD podem levar muito tempo quando sao utilizados

modelos com muitos detalhes, chegando a durar muitas horas.Quando as si-

mulacoes contem conversores com controle PWM, a frequencia elevada de cha-

veamento impede que se utilize um passo maior de integracao. Rodando a

mesma simulacao em computadores com processadores com frequencias de

clock bem diferentes, observou-se uma performances bem semelhante do pro-

grama. Conclui-se entao que o PSCAD subutiliza os recursos de processamento

disponibilizados. Propoe-se uma busca por formas de agilizar as simulacooes,

inicialmente recorrendo ao recurso de thread computing, utilizando paralela-

mente nucleos de um mesmo processador ou ate outros computadores.

• Ha a necessidade de se projetar o filtro harmonico para os pontos de conexao

em CA.

• Dando continuidade ao estudo apresentado neste trabalho, serao adicionados

modelos mais complexos das maquinas eletricas conectadas a rede, de forma

que seja possıvel observar com mais clareza seu transitorio eletromecanico na

ocorrencia de faltas e se o conversor Back-to-Back sera capaz de mitigar os

efeitos de perda de estabilidade de tensao e de frequencia na rede eletrica, alem

de realizar a analise do comportamento do sistema na ocorrencia de faltas.

Para chegar a este ponto, tentaremos primeiro encontrar modos de agilizar as

simulacoes. Nestes estudos o conversor B2B sera inserido no contexto original

de linhas CA segmentadas, nao de forma radial com a usina eolica.

• Ha estudos relativamente recentes a respeito da aplicacao de inversores que

operem de forma semelhante a dos geradores sıncronos. Sao chamados static

54

synchronous generators. A ideia e que se utilizem estes conversores para fazer

a interface entre a rede eletrica e fontes intermitentes de energia como a so-

lar e a eolica. Sua forma de operacao permitiria aplicar as mesmas tecnicas e

ferramentas ja existentes para maquinas sıncronas. Ha a possibilidade de subs-

tituir os conversores B2B propostos neste trabalho por esta nova tecnologia

no futuro.

55

Referencias Bibliograficas

[1] WATANABE, E. H., PEDROSO, A. S., FERREIRA, A. C., et al. Alternativas

nao convencionais para transmissao de energia eletrica: meia onda+ e

transmissao CA Segmentada. 1 ed. Brasılia, Projeto Transmitir, 2013.

[2] EPE. Balanco Energetico Nacional - Ano base 2013. Relatorio tecnico, 2014.

[3] DO AMARANTE, O. A. C., BROWER, M., ZACK, J., et al. Atlas do Potencial

Eolico Brasileiro. 1 ed. Brasılia, CRESESB, 2001.

[4] DOS SANTOS, A. C., SILVA, B. B. S., FEDOZZI, L. M., et al. “Estudo com-

parativo entre o potencial eolico de Natal-RN e Uberlandia-MG”, Con-

ferencia de Estudos em Engenharia Eletrica, v. X, Setembro 2012.

[5] RAMPINELLI, G. A., DA ROSA JUNIOR, C. G. “Analise da Geracao Eolica

na Matriz Brasileira de Energia Eletrica”, Revista Ciencias Exatas e Na-

turais, v. 14, n. 2, pp. 273–302, Julho-Setembro 2012.

[6] AKAGI, H., WATANABE, E. H., AREDES, M. Instantaneous Power Theory

And Applications To Power Conditioning. 1 ed. Brasılia, Projeto Trans-

mitir, March 2007.

[7] WATANABE, E. H., PEDROSO, A. S., FERREIRA, A. C., et al. Alternativas

nao convencionais para transmissao de energia eletrica: meia onda+ e

transmissao CA Segmentada. 1 ed. Brasılia, Projeto Transmitir, 2013.

[8] ONS. “Diretrizes e criterios para estudos eletricos, submodulo 23.3, revisao 1.1”.

2010.

[9] VIANNA, M. A. P. Desenvolvimento e Comparacao de Modelos Digitais de

Aerogeradores Para Estudos de Transitorios Eletromagneticos. Projeto de

graduacao, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Rio

de Janeiro, Brasil, 2014.

[10] ONS. “Manual de Procedimentos da Operacao”. Dezembro 2014.

56

[11] DA SILVA DIAS, R. F. Derivacao ou injecao de energia em uma linha de

transmissao de pouco mais de meio comprimento de onda por dispositivos

de eletronica de potencia. Tese de D.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro,

RJ, Brasil, 2008.

[12] IEEE. “IEEE Recommended Practice and Requirements for Harmonic Control

in Electric Power Systems”. 2014.

[13] ONS. “Diretrizes e criterios para estudos eletricos, submodulo 25.6, revisao

1.1”. 2010.

57

Apendice A

Parametros utilizados na

modelagem do sistema eletrico de

potencia

A tabela A.1 mostra a equivalencia entre os nomes das barras e a numeracao

atribuıda a elas pelo ONS no caso base utilizado.

Numero Nome da barra Tensao(kV)

7097 CGECARCARAII 230

7481 PARAISO 230 2307520 ACU II 230 2307530 NATAL II 230KV 2307920 MILAGRES 230 2307921 MILAGRES 500 500

7940 BANABUIU 230 230

7942 QUIXADA 500 5007990 RUSSA II 230 230

8000 MOSSORO II 230 230

8040 ICO 230 2308077 ARACATI II 230 2308083 ALEGRIA 230 2308670 L.NOVA II 230 2308720 ACU III 500 5008781 MILAGRES II 500 5008782 ACU III 230 230

8783 GALINHOS 230 2308828 MOSSOROIV230 230

Tabela A.1: Equivalencia entre numeracao das barras atribuıda pelo ONS e os nomesdas barras

58

A.1 Linhas em modelo pi concentrado para va-

lidacao do equivalente, transformadores e im-

pedancias de transferencia

A tabela A.2 mostra os valores utilizados na modelagem dos transformadores e

das linhas de transmissao em modelo pi utilizados na validacao do equivalente em

PSCAD. A tabela A.3 mostra os valores de impedancias do equivalente do sistema

que nao foram desprezadas. As impedancias ligadas a uma barra 0 estao conectadas

a um gerador equivalente.

A.2 Linhas de transmissao modeladas com

parametros distribuıdos e dependentes da

frequencia

A tabela A.4 mostra os parametros utilizados na modelagem de linhas de transmissao

do sistema eletrico de potencia. As linhas de 230kV possuem flecha 0, pois a altura

dos cabos inserida na silhueta da torre no modelo do PSCAD corresponde ao valor

medio da catenaria descrita pelas linhas. Para as linhas de tranmissao em 230kV

foram utilizados os cabos para-raios 3/8 EHS e para as linhas de transmissao em

500kV foram utilizados os cabos 1/2 High Strength Steel. A resistividade do solo foi

alterada do valor padrao do PSCAD para 1000kΩ/m. As alturas das linhas foram

mostradas no capıtulo 3. Os demais parametros do modelo foram mantidos nos

valores padrao do PSCAD.

59

Linhase transformadores

Barra 1 Barra 2 R1(%) X1(%) R0(%) X0(%)8000 7097 0.0001 0.00018781 7921 0.001 0.021 0.0218 0.08948781 7921 0.002 0.022 0.0391 0.14358782 8720 1.11 1.117520 8782 0.247 1.265 1.1467 4.19647520 8782 0.247 1.265 1.1467 4.19647520 8782 0.247 1.265 1.1467 4.19648782 8720 1.33 1.118720 7942 0.164 2.639 2.097 9.1267921 7942 0.26 2.97 2.41 9.068720 8781 0.211 3.438 4.0103 14.27481 8670 0.495 3.512 4.99 19.068828 8000 0.537 3.725 3.4308 12.5597990 8077 0.694 5.274 5.79 17.7877940 7990 0.874 6.218 8.762 33.658782 8000 1.205 6.181 5.577 20.4768782 8000 1.205 6.181 5.577 20.4767481 8670 1.22 6.322 6.16 20.267920 8040 1.69 6.99 7.22 23.687990 8000 1.38 7.36 6.49 23.16

7940 7990 1.45 7.48 6.7006 24.7638782 8670 1.49 7.69 6.8838 25.4557520 8083 1.0296 7.8233 8.5938 26.3857940 8040 2.03 8.38 8.71 28.377481 7530 1.8 9.17 7.3 24.327481 7530 1.8 9.18 7.25 24.788783 8782 2.21 10.6 10.168 35.0947940 7990 2.01 10.77 6.85 35.667450 7481 2.16 11.06 10.37 357450 7481 2.16 11.06 10.4 34.927481 7520 2.43 12.53 12.04 39.427481 7520 2.44 12.61 8.96 30.487940 8000 3.21 16.54 11.49 56.657940 8000 3.21 16.54 11.49 56.65

Tabela A.2: Parametros utilizados na representacao de linhas de transmissao emmodelo pi e de transformadores

60

Impedancias do equivalenteBarra 1 Barra 2 R1(%) X1(%) R0(%) X0(%)0 7097 90.63 999999 999999

7920 7921 4.10E-05 0.37922 -0.0003 0.375288781 0 0.08321 1.041 0.67969 3.78017450 0 0.11423 1.6058 0.09086 1.05887942 0 0.14296 3.2651 0.80744 4.84347908 7921 3.00E-16 4.2459 999999 9999997921 7948 3.00E-16 4.2459 999999 9999997921 8345 3.00E-16 4.2459 999999 9999997920 0 0.70695 4.7041 0.25769 2.52917520 0 0.11311 5.1929 0.40396 3.91957530 0 0.29009 5.4271 0.2727 2.48078720 0 0.12284 5.4621 1.1607 6.43697921 0 0.27965 5.6826 0.01259 1.34787450 7530 0.86651 6.6793 36.931 75.4267450 8720 0.4678 6.9004 30.57 69.3317920 7940 1.9255 9.0487 13.891 68.0077940 0 1.7221 9.3214 -0.0948 5.02988670 0 0.03293 10.254 0.13743 2.9618000 0 0 12.5 0.01184 2.91077530 8720 1.1 12.488 160.71 260.287940 7942 2.9604 12.668 -1.125 71.458

8781 7921 1.2327 14.197 39.952 150.887450 8781 2.4182 15.876 426.93 1146.87990 0 0.6185 19.188 0.65438 6.448083 0 0 25.554 0 0.18077 0 2.4851 27.406 0 0.18783 0 0 37.53 0 0.18828 0 0 38.05 0 0.17450 7481 7.4211 41.253 -11.22 -43.257920 8781 14.686 53.796 211.56 164.127450 7920 3.05E+01 9.14E+01 1.34E+03 -3.50E+027450 7940 56.48 133.94 999999 9999997942 8781 2.71E+01 1.44E+02 6.50E+03 4.53E+037908 7920 9.00E-15 -151.8 999999 9999997920 7948 9.00E-15 -151.8 999999 999999

Tabela A.3: Elementos componentes do equivalente do sistema inseridos na si-mulacao

61

Linhasde transmissao a serem modeladas

Barra 1 Barra 2 Quantidade de linhas Tensao base (kV) Cabo FlechaComprimento da

linha(km)Acu II Alegria 1 230 2x636 0 88Acu II Acu III 3 230 2x636 0 13Acu II Paraıso 2 230 2x636 0 123Paraıso Natal II 2 230 2x636 0 97.05Paraıso Campina Grande II 2 230 2x636 0 117.65Paraıso L Nova II 2 230 2x636 0 65Acu III L Nova II 1 230 2x636 0 13Acu III Mossoro II 2 230 2x636 0 8Acu III Galinhos 1 230 2x636 0 120Acu III Quixada 1 500 4x954 18.45540474 250Acu III Milagres II 1 500 4x954 18.45540474 286Milagres Milagres II 1a 500 4x954 18.45540474 2Milagres Milagres II 1b 500 4x636 15.50277574 2Milagres Quixada 1 500 4x954 18.45540474 268.7

Mossoro II Mossoro IV 1 230 2x636 0 40Mossoro II CGE Carcara II 1 230 2x636 0 52.1Mossoro II Russas II 1 230 2x636 0 75.154Mossoro II Banabuiu 2 230 2x636 0 177.2Russas II Aracati II 1 230 2x636 0 65Russas II Banabuiu 3 230 2x636 0 110.4

Ico Banabuiu 1 230 2x636 0 124.8Ico Milagres 1 230 2x636 0 103.4

Tabela A.4: Cabos utilizados e comprimentos das linhas de transmissao

62

Apendice B

Modelo de aerogeradores

sıncronos de ımas permanentes

(PMSG) para simulacao de

transitorios eletromecanicos

O modelo de gerador eolico e baseado no que foi desenvolvido em [9]. O circuito de

potencia utilizado para representar a insercao de usinas eolicas no sistema e visto

na figura B.1.

O no eletrico con sis representa o ponto de ligacao com a representacao do Sis-

tema Interligado Nacional. Os parametros de entrada do modelo do aerogerador

serao explicados em detalhes nos proximos topicos. O modulo PMSG contem o

modelo eletromecanico do aerogerador, o conversor B2B que faz a interface com a

rede e seus respectivos sistemas de controle. Os sinais Pe PMSG e Pr PMSG sao

respectivamente os sinais de disparo dos conversores no lado da maquina e no lado

da rede. O circuito de potencia do modulo PMSG e mostrado na figura B.2.

B.1 Modelo eletromecanico do aerogerador

O fluxo de potencia dos aerogeradores e dependente da incidencia de vento sobre

as pas. O modelo utilizado trabalha a uma velocidade constante do rotor, fazendo

com que a potencia mecanica de entrada em regime permanente varie apenas com

o valor do torque do vento. A figura B.3 exibe o modelo eletromecanico utilizado e

a malha de realimentacao da velocidade mecanica.

O modelo de maquina utilizado e o de maquina de ımas permanentes (permanent

magnet machine) que se encontra na biblioteca do PSCAD na secao ”MACHINES”.

Nao foram alteradas as resistencias e reatancias da maquina, mantendo os valores

63

Figura B.1: Modelo de simulacao de um aerogerador sıncrono de ımas permanentesconectado ao SIN

Figura B.2: Circuito de potencia de um aerogerador sıncrono de ıma permanente(PMSG)

Figura B.3: Modelo eletromecanico do aerogerador sıncrono de ımas permanentes

64

padrao do modelo da biblioteca.

Este modelo de maquina do PSCAD trabalha apenas no modo de controle de

velocidade, para que o controle seja realizado pelo torque se faz necessaria uma

malha de realimentacao da velocidade mecanica. A velocidade mecanica e calculada

a partir da integracao do torque resultante sobre o rotor e do momento de inercia

J. O torque resultante Tr e dado por B.1.

Tr = Te − Tve − Tmec (B.1)

Onde Te e o torque eletrico calculado pelo modelo eletromecanico, Tve e o torque

resultante do atrito proporcional a velocidade e Tmec e o torque do vento sobre as

pas, que pode ser controlador por uma variavel de entrada do modulo PMSG. Para

que a maquina opere como um gerador, o torque Tmec deve possuir valores negativos.

E importante ressaltar que os valores do torque devem passar por filtros passa-baixa

pois oscilacoes acentuadas podem desestabilizar o sistema de controle. A variavel

Liga ctrl2 mantem desligada a acao integral da malha enquanto o sistema nao tiver

entrado em regime para que se evite o mau funcionamento do sistema de controle

durante o transitorio de partida.

B.2 Sistema de controle do conversor B2B de in-

terface com a rede eletrica

Para que os aerogeradores trabalhem a uma velocidade mecanica constante, se faz

necessario que o fluxo de potencia eletrica da maquina para a rede seja igual a

potencia mecanica fornecida pelo vento menos as perdas mecanicas e eletricas do

conjunto gerador. Para controlar este fluxo de potencia, utiliza-se um conversor

B2B que faz a interface entre os aerogeradores e a rede eletrica. Este conversor

possui uma topologia identica a do conversor utilizado no seccionamento da linha

CA, porem o seu sistema de controle e ligeiramente diferente.

O fluxo de potencia e regulado por uma malha de controle de corrente. O uso de

coordenadas dq0 permite a utilizacao de controladores de acao integral para rastrear

os sinais de referencia. O PLL utilizado na simulacao sincroniza a fase zero com a

passagem da tensao da fase A pelo valor zero. Isso implica que apos atingido o

sincronismo de fase, o componente D da tensao valera zero, permitindo simplificar

2.6 para P = 1.5Vq(t)Iq(t) e 2.7 para Q = 1.5Vq(t)Id(t). Essas relacoes simplificadas

evidenciam que para esta estrategia de controle, a potencia ativa depende apenas

do componente em quadratura da corrente e a potencia reativa depende apenas do

componente direto da corrente.

O controle do fluxo de potencia ativa realizado pelo conversor do lado da maquina

65

Figura B.4: Malha de controle de velocidade mecanica do aerogerador

garante que o gerador trabalhe a uma velocidade constante. A figura B.4 mostra a

malha de controle de velocidade no lado da maquina do conversor B2B.

A variavel Wmec representa a velocidade mecanica em pu do aerogerador. Este

valor e obtido da malha de realimentacao do modelo eletromecanico. O parametro

Wr OPT e o valor de referencia para a velocidade mecanica tambem em pu. Este

valor foi mantido em 0,7pu para todas simulacoes. O erro de velocidade passa por

um controlador PI cuja saıda fornece a referencia de corrente para o eixo Q. O erro

de corrente Q passa por um segundo controlador PI cuja saıda fornece o valor de

tensao de referencia no eixo Q. A corrente foi medida tendo como sentido positivo

a saıda do gerador e a entrada do conversor.

A variavel IdG REF e um parametro de entrada do modulo PMSG responsavel

pelo controle de potencia reativa ou nıvel de tensao CA. Nao e de nosso interesse

realizar este controle, portanto IdG REF e sempre mantido no valor zero. A variavel

Liga ctrl2 possui a mesma funcao que no modelo eletromecanico, manter o sistema

de controle em repouso no instante da partida do sistema.

O erro do componente de corrente no eixo direto passa por um controlador

PI, cuja saıda fornece o componente de tensao no eixo direto para a referencia do

PWM. O bloco da transformada direta de Park faz a mudanca de coordenadas DQ0

para ABC a partir do mesmo angulo utilizado como referencia para a transformada

inversa, condicionando os sinais de controle para a aplicacao no PWM.

O controle do fluxo de potencia ativa realizado pelo conversor do lado da rede

garante que a tensao sobre o capacitor do elo CC mantenha sempre o nıvel desejado

para que o conversor trabalhe de forma adequada e seja capaz de sintetizar os nıveis

de tensao CA necessarios. A figura B.5 mostra a malha de controle da tensao no elo

CC no lado da rede do conversor B2B.

Essa malha de controle funciona de forma semelhante a malha de controle de

velocidade. Ao inves de se realimentar o erro da velocidade, realimenta-se o erro

de tensao no elo CC. A variavel Vcc REF e um parametro de entrada do modulo

PMSG referente a referencia de tensao CC. Este valor e sempre mantido em 1pu. E

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Figura B.5: Malha de controle da tensao no elo CC

importante ressaltar que o sentido positivo de corrente nesta malha e para fora do

conversor. Entao para um erro positivo de tensao no elo CC, o controle aumenta o

fluxo de potencia no sentido do conversor para a rede, reduzindo a tensao no elo.

Para um erro negativo de tensao, o controle diminui o fluxo de potencia do conversor

para a rede elevando a tensao no elo.

O sinal do erro de tensao CC passa por um controlador PI, cuja saıda serve

de referencia para o componente de corrente no eixo Q. O erro do componente de

corrente do eixo em quadratura passa por um segundo controlador PI, cuja saıda

fornece o componente em eixo direto da referencia de tensao para o PWM.

De forma semelhante a malha de controle no lado da maquina, a variavel IdR -

REF referente ao controle de potencia reativa ou nıvel de tensao CA no lado da rede

e mantida sempre em zero. E possıvel realizar controle de tensao na barra CA por

meio do conversor B2B de interface com a rede, porem isto e desnecessario, uma vez

que o conversor da linha de transmissao ja se encarrega desta funcao. A variavel

Liga ctrl1 tambem serve para manter o sistema de controle em repouso durante a

partida, porem ela comuta do nıvel zero para o nıvel um antes da variavel Liga ctrl2.

Isso ocorre para que o sistema de controle de tensao no elo CC seja ativado antes do

sistema de controle de velocidade, estabilizando nıvel de tensao no elo previamente

em relacao a partida da maquina.

O erro do componente de corrente no eixo direto passa por um controlador PI,

cuja saıda fornece o componente de tensao no eixo direto para a referencia do PWM.

De forma semelhante a malha de controle no lado da maquina, os componentes D e

Q sao convertidos para as coordenadas ABC e utilizados como referencia no PWM

senoidal.

Os ganhos dos controladores PI foram retirados de [9].

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