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22 GESTÃO Educacional ® agosto de 2011 PARA ASSINAR:  www.gestao educacional.com. br CAPA Márcio Seidenberg [email protected] M eia branca obrigatória. Expressamente proibi- do boné. Meninas não usam batom. Celular não! Advertência assinada pelos pais ou sala da diretoria. Isto é cer- to. Aquilo é errado. Pode, não pode. O ambiente escolar, cada vez mais delineado, cerceado e encadeado por normas em excesso, seria exemplo de regime social irrepreensível se ADMINISTRANDO CONFLITOS NA ESCOLA No enfrentamento de problemas, em vez de espaços para diálogo, predominam medidas punitivas; conheça iniciativas que estão mudando essa realidade, por meio de assembleias e debates coletivos os procedimentos internos fossem cumpridos. A real idade, no entanto, naturalmente se impõe, e eviden- cia: a transgressão às regras é que acaba prevalecendo. Reflexo disso é que os conflitos – desavenças inter- pessoais, indisciplina, agressões fí- sicas e verbais, furtos e outros des-  vi os de con dut a têm aument ado nas instituições de ensino públicas e privadas. De acordo com a pesquisa “Fenômeno bullying: como prevenir a  violência nas escolas e educar para a paz”, realizada em 2005 pela pedago- ga Cleonice Fante, 47% dos professo- res entrevistados dedicam entre 21% a 40% da jornada de trabalho com in- tervenções de indisciplina e conflitos – problemas também apontados por metade dos gestores consultados. De forma geral, os estudos confirmam que 22 GESTÃO Educacional ® agosto de 2011 PARA ASSINAR:  www.gestao educacional.com. br

Conflitos- Escola ÓTIMO

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    CAPAMrcio Seidenberg [email protected]

    M eia branca obrigatria. Expressamente proibi-do bon. Meninas no usam batom. Celular no! Advertncia assinada pelos pais ou sala da diretoria. Isto cer-to. Aquilo errado. Pode, no pode. O ambiente escolar, cada vez mais delineado, cerceado e encadeado por normas em excesso, seria exemplo de regime social irrepreensvel se

    ADMINISTRANDO CONFLITOS NA ESCOLA

    No enfrentamento de problemas, em vez de espaos para dilogo, predominam medidas punitivas; conhea iniciativas que esto mudando essa realidade, por meio

    de assembleias e debates coletivos

    os procedimentos internos fossem cumpridos. A realidade, no entanto, naturalmente se impe, e eviden-cia: a transgresso s regras que acaba prevalecendo. Reflexo disso que os conflitos desavenas inter-pessoais, indisciplina, agresses f-sicas e verbais, furtos e outros des-vios de conduta tm aumentado nas instituies de ensino pblicas e privadas.

    De acordo com a pesquisa Fenmeno bullying: como prevenir a violncia nas escolas e educar para a paz, realizada em 2005 pela pedago-ga Cleonice Fante, 47% dos professo-res entrevistados dedicam entre 21% a 40% da jornada de trabalho com in-tervenes de indisciplina e conflitos problemas tambm apontados por metade dos gestores consultados. De forma geral, os estudos confirmam que

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    os educadores se sentem intimidados e desanimados diante dessas situaes adversas. Uma consequncia desse descontentamento que o nmero de formandos nos cursos que preparam docentes para os primeiros anos da educao bsica como Pedagogia, por exemplo caiu pela metade em qua-tro anos, segundo o Censo do Ensino Superior, realizado anualmente pe-lo Ministrio da Educao (MEC). De 2005 a 2009, os alunos que concluram essas graduaes foram de 103 mil pa-ra 52 mil.

    Os dados do MEC confirmam o desinteresse dos jovens pela carreira, mas no iluminam outros aspectos ao quais o xodo de docentes est asso-ciado. Um deles a crise da instituio escolar. A escola tem dificulda-des para lidar com os conflitos, no apenas o professor. As regras internas s so compreendidas pela consequncia de no cum-pri-las, o que expe o des-preparo sobre como lidar com essa realidade, per-meada por divergncias, apon-ta Telma Vinha, pedagoga, douto-ra em Psicologia e professora do Departamento de Psicologia Educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para ela, o aprender a viver coletiva-mente ocorre na escola e as deman-das inerentes a esse percurso no de-vem incidir exclusivamente sobre os professores. O ambiente escolar , por excelncia, espao de conflitos, por is-so o aluno indisciplinado deve ser uma questo a ser enfrentada pelo estabele-cimento de ensino como um todo, do porteiro ao diretor, prope.

    MECANISMOS DE CONTENOGrande parte dos educadores, afirma Telma Vinha com base em seus estu-dos, compartilha uma viso comum so-bre os conflitos: so tidos como negati-vos e danosos ao bom andamento das relaes e despertam insegurana, an-gstia e irritao. Os esforos institu-cionais, portanto, tm caminhado ao encontro dessa perspectiva. A primeira orientao tentar evitar os embates.

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    Para isso, elaboram-se regras e mais regras, controla-se o comportamento por meio de filmadoras ou de vigilncia sistemtica dos alunos, destaca a pes-quisadora.

    O segundo dispositivo o de igno-rar divergncias. Quando o conflito ocorre entre o aluno e a equipe pedag-gica, a escola atribui maior gravidade; quando acontece entre pares, o inciden-te minimizado. Sem se dar conta das consequncias, transmite-se a mensa-

    gem de que o respeito e a justia devem ser dedicados s autoridades e no a qualquer ser humano, descreve Telma.

    A terceira medida adotada de con-teno, na qual os educadores tercei-rizam a interveno famlia ou a especialistas, ou ainda, do solues prontas, culpabilizam, punem, asso-ciam a obedincia regra ao temor da autoridade. So mecanismos de con-trole utilizados cotidianamente nas escolas, que funcionam temporaria-mente, mas, no raro, agravam os pro-blemas, observa.

    A pesquisa A Qualidade da Educao sob o Olhar dos Professores, realizada pela Organizao dos Estados

    Ibero-americanos em 2008, com 8,7 mil professores da educao bsica, ratifica os procedimentos adotados pela escola, e vai mais alm: 83% dos entrevistados defenderam sanes ainda mais rgidas em relao ao comportamento indisci-plinado dos alunos, ndice que chega a 94% se considerada apenas a rede p-blica. Outro dado que 67,4% disseram ser favorveis expulso de estudantes.

    O resultado visto por analistas co-mo um pedido de socorro dos docen-tes. Para Telma, denuncia tambm a deficincia na formao de professores. Despreparados para lidar com os con-flitos, os educadores consideram a ad-ministrao dessas situaes entre es-tudantes como algo desviante de suas atribuies. Por isso, propem interven-es externas, como a contratao de mais funcionrios, entre os quais ins-

    petores e psiclogos, e defendem o policiamento intensivo e per-manente, ressalta a peda-

    goga, com base em entrevistas realizadas e em pesquisas.

    CRISE GENERALIZADASob a perspectiva construtivis-

    ta, conflitos interpessoais so tidos como naturais e ne-

    cessrios ao desenvolvimento da criana e do jovem, alm de serem uma oportunidade para que valores e regras sejam discutidos. Os educadores que possuem esta concepo compreendem o fenmeno como parte integrante do cur-rculo, isto , como mais um contedo a ser trabalhado e no como um problema a ser resolvido, define Telma, acrescen-tando que, em contraponto a esta viso, est a relao autoritria que estabele-cida entre educandos e docentes. uma educao para a docilidade, para a obedi-ncia e de passividade, em que os profes-sores esperam obter uma disciplina tpi-ca de um comportamento estereotipado e uniforme, critica.

    Em conferncia no Geduc 2011 IX Congresso Brasileiro de Gesto Educacional, Rosrio Abreu, diretora de escola de ensino bsico em Lisboa, fun-dadora da Organizao Mundial da Educao Pr-escolar em Portugal (Omep) e especialista em gesto e mediao de

    47% DOS PROFESSORES

    ENTREVISTADOS DEDICAM ENTRE 21% A 40% DA

    JORNADA DE TRABALHO COM INTERVENES DE

    INDISCIPLINA E CONFLITOS Pesquisa Fenmeno bullying: como prevenir a violncia nas escolas e educar para a paz

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    A RODA NO EXISTE PARA RESOLVER CONFLITOS, MAS PARA PROMOVER REFLEXES

    Uma vez por semana, a Escola Lumiar coloca frente a fren-te alunos e funcionrios dian-te da problemtica real da convivncia no ambiente interno. No tem bronca, nem advertncia. A Roda no guer-ra; , sobretudo, uma necessidade. o espao e o momento de alinhar inte-resses e deliberar sobre a utilizao dos espaos e sobre os combinados para uma relao vivel e produtiva, ana-lisa Marina Nordi Castellani, diretora da unidade de So Paulo.

    Para os alunos, a Roda explicita o desafio do dilogo, da busca pelo res-peito e da tolerncia em meio s di-ferenas. Para a equipe pedaggica, fonte de possibilidades. sobre esse assunto que Marina reflete nesta en-trevista Gesto Educacional, ao descre-ver como, a partir de uma divergncia, surgiram propostas de trabalho coleti-vo. Converter conflitos em oportunida-des para crescer uma conquista desta Roda Viva.

    Gesto Educacional: De que forma a Roda a auxilia, como gestora, no gerenciamento dos conflitos?Marina Nordi Castellani: um instrumento indispensvel na reso-luo de problemas, porque traz a dimenso do grupo e do quanto ca-da um interfere na dinmica coleti-va. Desenvolve-se assim a conscin-cia de se estar inserido num contexto maior, mesmo que nossos interesses, muitas vezes, sejam individuais. A Roda formaliza decises que inter-ferem na rotina e conduta de todos e estas decises no so tomadas por alguns adultos, mas desvendadas e discutidas, s vezes, exaustivamen-te, por todos. H tambm o fato de a Roda ser um recurso para o desen-volvimento da linguagem e os estu-dantes, ao vivenciarem situaes em que no h um veredicto preestabele-cido, aprendem a nomear sentimen-tos e a identificar como estes foram despertados.

    Gesto Educacional: Diante de uma queixa trazida pela criana (agresso dentro da escola, por exemplo), os pais tendem a exi-gir da equipe pedaggica atitude imediata. Como lidar com essa ex-pectativa?Marina: necessrio esclarecer aos pais o que significa um projeto que d aos estudantes a possibilidade de suge-rir temas de estudo, projetos e pesqui-sas e que acredita que grupos multie-trios promovem experincias muito mais enriquecedoras do que grupos se-riados, mas que esta abertura tambm faz com que conflitos fiquem mais ex-postos e mais evidentes do que em si-tuaes em que o tempo cronometra-do e tudo fica para o horrio do recreio. Os conflitos, estando mais ilumina-dos, podem ser trabalhados. Nada me-lhor do que uma problemtica real pa-ra aprender a descobrir caminhos. Aos pais, explicamos o que necessitam en-tender para nos ajudar neste processo

    embates, afirma que o conflito interpessoal na rede de ensino uma realidade mun-dial. Ele traduz e revela uma crise no sis-tema e seria ilusrio crer que as causas se devem simplesmente a problemas de mau funcionamento de gesto ou devido ao ar-casmo dos programas de estudo ou dos mtodos pedaggicos. uma das facetas da crise generalizada de nossos sistemas de regulao social, adverte.

    Rosrio enfatiza, porm, que a es-trutura organizacional da escola poten-cializa a disseminao dos conflitos. O modelo administrativo em vez de par-ticipativo; a comunicao intermedia-da e no direta; o relacionamento pro-fissional competitivo e no cooperativo e o relacionamento pessoal no respeitoso seriam catalisadores de um ambiente es-colar irrigado por divergncias, no ape-nas entre professores e alunos.

    INFORMAO E BOAS PRTICASApesar de escassos, h grupos de discus-so na internet, literatura e cursos espe-cficos em relaes interpessoais volta-dos escola. Segundo Telma Vinha, que integra o Grupo de Estudo e Pesquisa em Educao Moral (Gepem) do qual par-ticipam especialistas da USP, Unifesp, Unicamp, Unesp e de universidades pri-vadas , a nfase neste tipo de disciplina recente, preenche uma lacuna na de-ficiente graduao de professores e de-corre, dentre outros motivos, do fracasso dos mtodos tradicionais de conteno disciplinar. Em nossa sociedade con-tempornea, os jovens e as crianas mu-daram, mas a instituio de ensino no. Ela opera da mesma forma h dcadas, constata.

    O Gepem (http://sites.google.com/si-te/grupogepem/) tem por objetivo fomen-

    tar a pesquisa e a aproximao com a realidade escolar e, atualmente, desen-volve duas frentes de investigao a primeira busca compreender conceitos chaves da temtica moral, como a coope-rao, a igualdade, a liberdade e as iden-tidades individual e social. A segunda linha se aprofunda nos problemas de vio-lncia, agressividade e bullying, e suas re-laes com os aspectos necessrios ao de-senvolvimento.

    J o site da Faculdade de Cincias e Tecnologia da Unesp de Presidente Prudente (SP) (http://www4.fct.unesp.br/projetos/educacaomoral/) rene cer-ca de 20 experincias bem-sucedidas de educao moral desenvolvidas em esco-las pblicas e privadas de todo o Brasil dentre elas o Conviver, adotado na Escola Estadual Walter Negrelli, de Osasco (SP), para, por meio do dilogo, analisar em

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    e no estabelecemos de antemo so-lues. O que no significa que a es-cola no atua no sentido de mostrar claramente os limites necessrios pa-ra que as crianas se desenvolvam. As agresses mexem com todos de ma-neira angustiante e no permitimos que qualquer aluno corra algum pe-rigo ou passe por momento de tenso muito forte sem que isto seja trabalha-do. A proximidade com as famlias necessria, mas, sem dvida, no so medidas como castigos, advertncias, suspenso e expulso que solucionam conflitos. Neste sentido, a fora coleti-va da Roda faz toda a diferena e traz s crianas a dimenso verdadeira do limite.

    Gesto Educacional: H uma situao de conflito vivenciada recentemente na Roda que teve soluo ou encami-nhamento?Marina: A situao mais interessante e recente no foi de um conflito, mas de discordncia. Alguns alunos suge-riram que a escola deveria lev-los a passeios pela cidade. Primeiramente, devolvemos a pergunta: seria esta uma funo da escola? Cada um deu

    uma resposta e, ao final, disseram que era por meio da escola que eles en-contravam esta possibilidade de sa-rem todos juntos. Da surgiu a ques-to: a escola pode promover passeios para quais lugares onde todos possam ir e com qual objetivo? Foi feita uma lista de possibilidades. Ento come-aram os desacordos: os adolescentes no queriam que os menores fossem. Novamente problematizamos, questio-nando qual seria o sentido de levarem esta questo Roda se o interesse no era coletivo. Em cerca de quatro encon-tros, esta pauta se manteve presente. Neste momento, concordamos em que um parque seria o lugar ideal e que o objetivo seria o entrosamento entre to-dos. A deciso por qual parque tam-bm gerou indisposies, discusses e at conflitos. Sugerimos que elencas-sem critrios para esta deciso, apon-tando as facilidades de cada local. O Parque do Ibirapuera ganhou por vota-o, mas no contentou a maioria dos adolescentes. Muitos esto tendo que lidar com contrariedades e expressa-ram insatisfao. A pauta ainda est em aberto porque ser necessrio pes-quisar custos, estipular data, escrever

    comunicado s famlias. Mas este di-lema tambm nos possibilitou elencar dois projetos: levantar e eventualmen-te explorar o que h de mais cultural e interessante na cidade e outro sobre as sadas da escola trabalhando com ro-tas e oramentos.

    Marina Nordi Castellani: Nada melhor do que uma problemtica real para aprender a descobrir caminhos

    Divulgao

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    conjunto com a equipe pedaggica con-flitos provenientes das diferenas so-ciais e culturais de seus alunos.

    Projeto semelhante de interao coletiva entre todos os integrantes a Roda, atividade semanal da Escola Lumiar, de So Paulo (SP), para alunos de 4 a 14 anos. A iniciativa um dos eixos principais da proposta do funda-dor da instituio, o engenheiro e em-presrio Ricardo Semler, que buscou aplicar ao universo escolar a experin-cia de gesto democrtica que implan-tou na indstria da qual executivo e scio majoritrio.

    DISCIPLINA PARA OS CONFLITOSAssembleias como a Roda, da Lumiar, e a Conviver, da escola Walter Negrelli, so recomendadas por utilizar procedimentos demo-

    crticos na construo das regras internas da escola. Para Telma, esses espaos nos quais os conflitos tm voz devem ser incentivados pelos ges-tores. O diretor no pode nem precisa ser o media-dor, nem um paredo dos problemas, mas o responsvel por criar uma cul-tura interna favor-vel existncia dos conflitos e por propiciar que a ges-to desses embates ocorra, pondera. J Rosrio elenca possibilidades de como atuar junto s crianas na condu-o dos conflitos atividade que pode ser feita pelos pr-prios alunos, por um mediador

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    Segundo Telma Vinha, o ambiente escolar , por ex-celncia, espao de conflitos, por isso o aluno in-disciplinado deve ser uma questo a ser enfrenta-da pelo estabelecimento de ensino como um todo

    Andreia N

    aomi

    Rosrio Abreu ressalta que, muitas vezes, a estrutu-ra organizacional da escola potencializa a dissemi-nao dos conflitos

    Divulgao

    26 GESTO Educacional agosto de 2011 PARA ASSINAR: www.gestaoeducacional.com.br

    ESTILO: DIREO quando se diz faa isso. Ordenar no uma aproximao ne-gociao. A autoridade do adulto decide o que preciso ser fei-to e d a orientao para que esses deveres sejam cumpridos. Importante reconhecer que ordenar no ser desagradvel ou au-toritrio; pode-se dizer de maneira afvel, porm firme.Prticas: Quando a segurana est em questo; quando as crian-as esto fora de controle e precisam de liderana para regressar ao estado de calma; quando no h tempo para discutir ou negociar.Limitaes: No se desenvolve nas crianas independncia para re-solverem seus problemas; pode causar ressentimentos; pode no dar resoluo ao problema.

    ESTILO: MEDIAO Feito por um mediador. Senta-se com as crianas e ajuda-as a estu-dar seus conflitos criando um entorno favorvel. Ajuda os oponen-tes a definir o problema e desenvolver solues.Prticas: Quando os prprios oponentes precisam resolver seus pro-blemas; quando h problemas persistentes, de raiz.Limitaes: Leva tempo. O conflito pode no merecer o tempo e es-foro dedicados.

    ESTILO: ARBITRAGEM Tambm envolve uma terceira parte que ouve os lados, explica aos oponentes como gerir seu conflito. Isto pode ser feito respeitando a opinio dos envolvidos ou pela imposio.Prticas: eficaz. D aos oponentes a oportunidade de expressar seu ponto de vista, e no consome muito tempo na resoluo do problema.Limitaes: Pode no chegar raiz do problema. Os envolvidos po-dem no adquirir aprendizado sobre a experincia.

    ESTILO: JULGAMENTO Por vezes tem de ser enfatizada no a soluo do problema, mas determinar quem tem ou no razo. As crianas dependem de um adulto para ouvir e sentenciar com justia.Prticas: Quando ambas as partes envolvidas querem justia. Quando h uma necessidade de reparao ou de determinar conse-quncias para os atos.Limitaes: No desenvolve habilidades para a resoluo de proble-mas; mantm as crianas dependentes dos adultos; , por natureza, uma soluo vencedor-perdedor.

    COMO GERIR CONFLITOS ENTRE CRIANAS

    e at pelo prprio gestor (veja o qua-dro ao lado).

    Alm da escola contribuir para um ambiente interno favorvel s discusses e ao debate, Telma reite-ra a importncia de preparar o corpo docente e a equipe pedaggica para este tipo de atividade. fundamen-tal propiciar formao ao professor sobre como os princpios da escola so teis para a compreenso e re-soluo dos conflitos. Portanto, ca-be ao gestor criar mecanismos me-nos violentos e condies para que as divergncias tenham destaque e no sejam s um apndice, comple-ta a pesquisadora. G

    Fonte: Rosrio Abreu, fundadora da Organizao Mundial da Educao Pr-escolar em Portugal (Omep) e especialista em gesto e mediao de embates.