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CONGRESSO NACIONAL
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Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios
Volume I - Pg. X
85
118
149
153
142
200
0
50
100
150
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03/00 a
03/01
03/01 a
03/02
03/02 a
03/03
03/03 a
09/03
09/03 a
09/04
09/04 a
09/05
Previso contratual para gastos com publicidades
MAIORES DEPOSITANTES NAS CONTAS DO GRUPO ECONMICO "MARCOS VALRIO"
34%
11%
7%
5%
3%
3%
3%
3%
3%
2%
26%
BANCO DO BRASIL S/A
TELEMIG CELULAR S/A
VISANET
SECRETARIA DE FAZENDA E PLANEJAMENTO DO DF
ELETRONORTE
MINISTRIO DO TRABALHO E EMPREGO - MTE
AMAZNIA CELULAR S/A
EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELGRAFOS
TELECOMUNICAES DE SO PAULO S.A. - TELESP
COORDENAO GERAL DE SERVIOS GERAIS/MTB
OUTROS
-
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
R$ EM MILHARES
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
VAZIO
PERODO
VOLUME DE ORIGEM DOS RECURSOS POR INVESTIGADO DO GRUPO ECONMICO MARCOS VALRIO
2S PARTICIPACOES
DNA PROPAGANDA
ESTRATGICA MARKETING PROMOO
FEELING PROPAGANDA
GRAFFITI PARTICIPAES
MULTI ACTION ENTRETENIMENTOS
SF ASSESSORIA E CONSULTORIA TECNICA
SMP&B COMUNICAO/SO PAULO
STAR ALLIANCE PARTICIPAES
TOLENTINO & MELO ASSESSORIA EMPRESARIAL
Relatrio Final
dos Trabalhos da
CPMI dos Correios XE "Banestado, Banco"
(Volume I) XE "Banestado, CPMI do"
No tenhais medo dos homens, pois nada h de encoberto que no venha a ser revelado, e nada h de escondido que no venha a ser conhecido.
Jesus Cristo, in Mateus, 10:26
Presidente: Senador DELCDIO AMARAL
Vice-Presidente: Deputado ASDRUBAL BENTES
Relator: Deputado OSMAR SERRAGLIO
Relator-Adjunto: Deputado EDUARDO PAES
Relator-Adjunto: Deputado MAURCIO RANDS
Sub-Relator do IRB: Deputado CARLOS WILLIAN
Sub-Relator de Contratos: Deputado JOS EDUARDO CARDOZO
Sub-Relator de Movimentao Financeira: Deputado GUSTAVO FRUET
Sub-Relator de Normas de Combate Corrupo: Deputado ONYX LORENZONI
Sub-Relator de Fundos de Penso: Deputado ANTNIO CARLOS MAGALHES NETO
Braslia, 2006
Sumrio
(Volume I)
111Introduo
111.1Apresentao
121.2Natureza e Objetivos de uma Comisso Parlamentar de Inqurito
131.3A CPMI dos Correios
172O papel do Congresso Nacional e de uma CPI
182.1O papel fiscalizador do Congresso
202.2O Inqurito Parlamentar
243Balano dos trabalhos da CPMI dos Correios
344Os Focos de Investigao
385A Espionagem nos Correios
385.1Introduo
405.2A Gravao
415.3O Mandante Direto da Gravao: O Sr. Arthur Wascheck.
485.4O fornecedor da maleta: o Sr. Jairo Martins de Souza
555.5Sobre a possvel participao da ABIN
615.6Concluso
636Correios
636.1Publicidade
636.1.1Breve Histrico
636.1.2Digresso a Respeito das Aes de Publicidade no Setor Pblico
726.1.3Contratos de publicidade
766.1.4O Processo licitatrio
766.1.4.1Preparao do Processo de Licitao
776.1.4.2Edital de Licitao
806.1.4.2.1Indicaes da ECT:
806.1.4.3O Processo Licitatrio
816.1.4.3.1Proposta Tcnica
826.1.4.3.2Aspectos Contbeis do Procedimento Licitatrio
846.1.4.3.3Ausncia de Audincia Pblica
856.1.4.3.4Elaborao Inadequada de Briefing
866.1.4.3.5Subjetividade no Julgamento da Proposta Tcnica
886.1.4.4A Contratao
906.1.5Execuo do Contrato
906.1.5.1Aspectos documentais
916.1.6Movimentao financeira
926.1.7Garantias Financeiras
936.1.8Aspectos fiscais
946.1.9Achados de auditoria TCU e CGU
946.1.9.1Contratos com Objetos Mltiplos
956.1.9.2Honorrios sem Prestao do Servio e Sobrepreo em aes de publicidade
976.1.9.3Planejamento e Execuo das Aes de Publicidade
986.1.9.4Conseqncias da Ausncia de Planejamento Adequado
986.1.9.5Veiculao de Anncios em Revista sem Justificativa Adequada
996.1.9.6Concesso Indevida de Patrocnio
1016.1.9.7Irregularidade na Situao Fiscal das Empresas Subcontratadas
1026.1.9.8Ausncia de Aferio de Resultados das Aes de Publicidade
1036.1.9.8.1Compra Antecipada de Mdia e Pagamentos
1066.1.9.9Resciso de Contrato da SMPB
1076.1.10Concluso
1136.2Rede Postal Noturna
1136.2.1Introduo
1166.2.1.1As Empresas Envolvidas
1166.2.1.2Skymaster Airlines Ltda
1206.2.2Relaes Entre Os Agentes Privados Envolvidos
1216.2.2.1Termo de compromisso de subcontratao firmado entre Skymaster e Beta
1256.2.2.2Formao de sociedade de fato entre a Skymaster e o Grupo Promodal
1276.2.2.3Ex-presidente da Beta defende interesses da Skymaster junto aos Correios
1286.2.3Anlise das Contrataes da Skymaster - Linhas A e C
1286.2.3.1Dispensa De Licitao n 002/2001
1376.2.3.1.1Termos Aditivos Ao Contrato n 10.721/2001
1376.2.3.2Prego n 045/2001 - Linhas A e C
1396.2.3.2.1Impugnaes Ao Edital
1426.2.3.2.2Termos Aditivos ao Contrato n( 11.008/2001
1436.2.3.3Prego n 106/2003 - Linhas A e C
1436.2.3.3.1Contratao do Brigadeiro Venncio Grossi
1446.2.3.3.2Renegociao dos Contratos
1476.2.3.3.3Processo Licitatrio
1526.2.3.3.4Termos Aditivos Ao Contrato 12.405/2003
1536.2.3.4Prego n 105/2004 - Linhas A e C
1556.2.3.5Fragilidade dos Preos de Referncia da ECT
1616.2.3.6Irregularidades e Atos Suspeitos
1626.2.3.7Clculo do Superfaturamento Linhas A e C
1786.2.3.7.1Elementos ratificadores da ocorrncia de Superfaturamento
1796.2.3.7.1.1Remunerao em Nvel Acima da Mdia de Mercado
1826.2.3.7.1.2Consumo de Combustvel das Aeronaves
1826.2.3.7.1.3Prejuzo Declarado No Se Comprovou em 2004
1846.2.3.7.2Valores de Arrendamento Superiores aos de Mercado
1856.2.3.7.3Posicionamento do DAC sobre os valores de arrendamento da Skymaster
1876.2.3.7.4Contabilizao fraudulenta dos pagamentos de arrendamento
1896.2.3.7.5Pagamentos de Arrendamento de Aeronave Sem Autorizao do DAC para Voar
1906.2.3.7.6Relao entre Skymaster e Arrendadores de Aeronaves
1916.2.3.7.7Simulao Quanto Propriedade das Aeronaves Arrendadas
1986.2.3.7.8Duplicidade de Contratos de Arrendamento da para a Mesma Aeronave
1986.2.3.7.9Operao de Aeronaves sem Autorizao do DAC
2006.2.3.7.10Baixo Nvel de Utilizao das Aeronaves Arrendadas
2016.2.3.7.11Indcio de Superfaturamento na Importao de Peas
2026.2.3.7.12Remessa de Divisas para o Exterior
2056.2.3.7.13Simulao de pagamento Skycargas
2076.2.3.7.14Grande Volume de Saques em Espcie
2096.2.3.7.15Prtica de emisso de cheques nominais prpria Skymaster a fim de serem endossados e sacados no caixa
2116.2.3.7.16Elevadas quantias em espcie em mos dos scios da Skymaster
2116.2.3.7.17Aquisio de bens pela prpria Skymaster destinados ao patrimnio dos seus scios
2126.2.3.7.18Fortes indcios de prtica de falsificao de documentos pela Skymaster
2146.2.4Anlise das contrataes da Beta
2156.2.4.1Dispensa de licitao n 001/2000
2186.2.4.2Dispensa de licitao n 003/2000
2206.2.4.2.1Indcios de montagem do processo de dispensa de licitao n 003/2000
2216.2.4.2.2Deciso dos Correios sobre consulta s licitantes anterior prpria consulta
2236.2.4.3Concorrncia 010/2000
2246.2.4.3.1Apresentao de Certido Falsa pela Beta
2266.2.4.3.2Aceitao pelos Correios de Certido Positiva da Beta
2276.2.4.4Superfaturamento dos Contratos da Beta Linha F
2316.2.4.5Os Preos de Referncia dos Correios
2356.2.4.6A Atuao do Sr. Pedro Vieira de Souza
2386.2.4.7A Questo do ICMS
2476.2.4.8Pagamento de Propina ao Diretor dos Correios
2506.2.4.9Presidente da Beta Presenteia Diretor dos Correios com Dois Aquecedores leo
2556.2.4.10Pagamentos realizados pela empresa BETA ao Sr. Joo Herrmann Neto
2576.2.4.11Planilha de acertos de pagamentos entre as empresas Beta e Skymaster
2756.2.5Concorrncia n 006/2004
2756.2.5.1Nova Malha da Rede Postal Noturna
2806.2.5.2Clusulas Editalcias Restritivas
2806.2.5.2.1Exigncia de regularidade fiscal e de sade financeira de empresa que no licitante
2836.2.5.2.2Exigncia de Certificado de Matrcula, de Certificado de Aeronavegabilidade e de Especificaes Operativas
2936.2.5.2.3Fixao da capacidade de carga dos trechos em valores superiores ao necessrio
2956.2.5.3Economicidade da Nova Malha da RPN
2996.2.5.4Comisso de licitao composta por membros da mesma cadeia hierrquica
3006.2.5.5Reajuste do preo do combustvel com base na variao de preos do produtor
3006.2.6Concluses da Controladoria-Geral da Unio
3016.2.6.1Ausncia de justificativas consistentes para adoo de critrios na determinao do valor de referncia dos servios nos processos de licitao.
3026.2.6.2Falta de divulgao dos valores de referncia nos processos de licitao
3026.2.6.3Inconsistncia no relatrio DEGEO002/2001 que subsidiou a fixao dos preos de referncia para a DL 002/01. Referncia no corpo do relatrio a fato ocorrido em data posterior a sua assinatura.
3036.2.6.4Ausncia de audincia pblica no incio do processo licitatrio.
3036.2.6.5Adoo de critrios distintos para casos semelhantes na desclassificao de empresas em certames licitatrios.
3036.2.6.6Irregularidades na formao das comisses de licitao
3046.2.6.7Contratao emergencial por dispensa de licitao sem respaldo legal.
3046.2.6.8Contrataes por dispensa de licitao sem publicao tempestiva.
3046.2.7Providncias e Encaminhamento
3106.2.8Concluso
3146.3Contratos de Informtica
3146.3.1Aquisio de sistema de gesto empresarial contrato n 10.353/00
3176.3.2Contrato GPGEM/ERP n 11.826/03
3206.3.3Contrato GPGEM/ERP n 13.180/04
3246.3.4Programa Banco Postal Contrato n 10.805/2001
3246.3.4.1Incluso de agncias terceirizadas na abrangncia do Contrato celebrado com o Bradesco, mediante o 1 Termo Aditivo, no obstante o disposto no art. 3, inciso I, da Portaria GM/MC n 588, de 04/10/2000
3276.3.4.2Possibilidade de incluso de novos servios, bem como de novas agncias ao objeto do contrato versus pagamento nico:
3296.3.4.3Substituio de 237 das 5.299 agncias inicialmente previstas, sem a celebrao de Termo Aditivo ao Contrato:
3306.3.4.4Ampliao do objeto em cerca de 50%, tendo, como contrapartida, pagamento correspondente a 31% do preo inicialmente pactuado
3326.3.4.5Prazo de vigncia do contrato
3356.3.4.6Apuraes da Controladoria Geral da Unio CGU a respeito da implantao do Programa Banco Postal
3386.3.5Aquisio e prestao de assistncia tcnica por 24 meses de diversos equipamentos utilizados na soluo de automao das agncias da ECT Contrato n 11.346/2002
3406.3.5.1Concesso Irregular de Reequilbrio Econmico-finaceiro
3456.3.5.2Tentativa de reviso indevida de valores previamente acordados
3486.3.5.3No-aplicao de multas propostas pelas Diretorias Regionais em funo de demora no atendimento de chamados durante a garantia
3516.3.6Aquisio de Soluo Integrada para Fornecimento de Endereo Eletrnico Permanente Contrato n 11.290/2002
3526.3.6.1Restrio ao Carter Competitivo no Edital
3546.3.6.2Superfaturamento do Subitem Manuteno de Aplicao
3556.3.6.3Mascaramento de Aumento de Custo no Termo Aditivo
3586.3.6.4Fuga Licitao no Termo Aditivo
3596.3.6.5Execuo de Servio sem a Cobertura Contratual
3626.3.6.6Cobrana Intempestiva e Reduo Indevida de Multa Contratual
3646.3.7Concorrncia n 004/2004 - soluo integrada de automao do Seguro Postal
3706.3.8Concorrncia n 07/2004 - Sistemas de automao do atendimento comercial
3736.3.9Contratao da prestao de servios de manuteno corretiva e preventiva em equipamentos da rede de atendimento Contratos n 13.477/05 e n 13.482/05
3756.4Franquias
3756.4.1Introduo
3766.4.2Assinatura de Contrato de Franquias sem Licitao
3776.4.3Sntese dos Depoimentos
3816.4.4Anlise dos Depoimentos
3836.4.5Migrao sem Limite
3846.4.6Omisso do Ministrio das Comunicaes
3856.4.7Migrao de grandes clientes para a rede franqueada
3866.4.8Depoimentos
3896.4.8.1Anlise dos Depoimentos
3966.4.9Anlise do Sigilo Bancrio e Fiscal da ACF Shopping Tambor
4046.4.10Concluso
4066.5Correio Hbrido Postal
4086.5.1Histrico
4096.5.2Conceito de Correio Hbrido Postal e Projeto da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos - ECT
4106.5.3Concorrncia Internacional n 12/2002 E Contrato 13.159/2004
4216.5.4Relatrio Controladoria-Geral Da Unio
4216.5.4.1Variao injustificada no valor contratado, em relao ao estimado
4226.5.4.2Inconsistncia entre os estudos de viabilidade econmico-financeira
4226.5.4.3Riscos de manipulao por terceiros de dados protegidos por sigilo
4236.5.4.4Estimativa inadequada de preo do Software GPDD
4236.5.4.5Levantamento insuficiente para definio do valor de referncia do projeto
4246.5.4.6Exigncia de atestado de capacidade tcnica restritiva competio
4246.5.4.7Exigncia de tecnologia de impresso restritiva competio
4256.5.4.8Alterao injustificada dos percentuais e das bases de clculo de multas da primeira para a ltima verso do Edital
4256.5.4.9Antecipao de pagamento contratada
4256.5.5Relatrio Tribunal de Contas da Unio
4266.5.5.1Restrio competio
4266.5.5.2Adoo de critrios inadequados de qualificao e pontuao tcnica
4276.5.5.3Ausncia de critrios objetivos para fixao de preos
4276.5.5.4Superfaturamento dos servios contratados
4276.5.5.5Proposta de Encaminhamento
4306.5.6Recomendaes
4336.6Outros Contratos dos Correios
4336.6.1Denncia Original
4406.6.1.1Irregularidades em Processos de Readmisso na ECT
4446.6.1.2Trfico de Influncia no Contrato ECT-AUTOTRAC
4466.6.1.3Recomendaes
4476.6.1.4Contratao da Empresa Autotrac
4586.6.1.5A Denncia do Sr. Edson Maurcio Brockveld
4606.6.1.6Comentrios
4636.6.1.7rea de Suprimento de Materiais
4636.6.1.7.1COMAM
4676.6.1.7.2Medicamentos
4686.6.1.7.3Caixetas Plsticas
4696.6.1.7.4Xerox
4716.6.1.7.5Espao Aberto
4746.6.1.8Denncia da Empresa Gadotti Martins
4817As Atividades de Marcos Valrio O Valerioduto
4817.1Introduo
4827.2Histrico
4997.3A Suposta Origem dos Recursos Os Emprstimos
4997.3.1Emprstimos como Fonte e Intermediao do Valerioduto
4997.3.1.1Introduo
5007.3.1.2As Caractersticas dos Emprstimos
5007.3.1.2.1Emprstimos Tomados pelo PT
5037.3.1.2.2Emprstimos Tomados pelas Empresas do Sr. Marcos Valrio
5227.3.2Repasses de Marcos Valrio para o Partido dos Trabalhadores
5227.3.2.1A Falsa Figura de Emprstimos ao PT
5237.3.2.2Repasses dos Recursos Criao da Figura Emprstimos
5287.3.3O Papel do Banco Central e os Emprstimos
5307.3.3.1Resultados da Fiscalizao do BACEN nos Bancos Rural e BMG
5307.3.3.1.1Banco BMG
5317.3.3.1.2Banco Rural
5317.3.4Pretenso de Marcos Valrio e dos Bancos Bmg e Rural que Justificariam suas Participaes no Valerioduto
5337.3.4.1Marcos Valrio Trfico de Influncia para Obteno dos Emprstimos
5337.3.4.1.1Depoimentos do Sr. Marcos Valrio Fernandes de Souza (Anexo 6.9 Emprstimos)
5407.3.4.2Benefcios dos Bancos BMG e Rural para a Concesso de Linhas de Crditos a Marcos Valrio e ao PT
5457.3.5Concluso
5467.3.6Benefcio do Banco BMG
5467.3.6.1Crditos Consignados
5477.3.6.2Relatrio de Auditoria do TCU
5517.3.6.3Depoimento do Presidente do BMG, Sr. Ricardo Annes Guimares
5537.3.6.4Parereces de Consultores do BMG para Avaliar a Transao com a CEF
5567.3.6.5Valora Participaes
5587.3.6.6Concluso BMG x CEF
5607.3.6.7Consideraes sobre a dvida do Partido dos Trabalhadores
5617.3.6.8Os Fatos
5617.3.6.8.1Dvida com Marcos Valrio
5617.3.6.8.2Coteminas
5627.3.6.8.3Publicitrio Duda Mendona
5637.3.6.8.4Emprstimos Contrados pelo PT nos Bancos BMG e Rural
5637.3.6.8.4.1Banco BMG
5637.3.6.8.4.2Banco Rural
5637.3.6.8.5Operaes de Leasing de Equipamentos de Informtica no Banco do Brasil
5647.3.6.8.6Informaes do Partido dos Trabalhadores
5657.4A Verdadeira Origem dos Recursos
5657.4.1.1Visanet
5687.4.1.2Aspectos importantes sobre o funcionamento do Fundo Visanet
5697.4.1.3Os Repasses Realizados Pela Visanet
5827.4.1.4A utilizao dos recursos adiantados pela Visanet DNA
5977.4.1.5As vantagens de Marcos Valrio
6107.4.1.6Auditoria Interna Realizada pelo Banco do Brasil na Operao Visanet
6167.4.2As Verdadeiras Origens Outras Fontes Privadas
6187.4.2.1Brasil Telecom
6257.4.2.2Grupo Usiminas e Cosipa
6357.4.2.3Concluso
6367.5Intermediao
6367.5.1Informaes sobre as Contas com Sigilos Afastados
6507.5.1.1Composio Resumida das Movimentaes Financeiras
6507.5.1.1.1Correo Manual da Base de Dados
6587.5.1.2Anlise Concentrao das Movimentaes Financeiras (Origens) por Banco Grupo Econmico Marcos Valrio
6617.5.1.3Anlise Concentrao das Movimentaes Financeiras por Titular de Conta Corrente das Pessoas que Compem o Grupo Econmico Marcos Valrio
6647.5.1.4Relao dos Maiores Depositantes das Origens dos Recursos nas Empresas do Grupo Econmico Marcos Valrio
6687.5.1.5Relao dos Maiores Beneficirios das Empresas do Grupo Marcos Valrio
6717.5.1.6Relao dos Saques nas Empresas do Grupo econmico Marcos Valrio
6777.5.1.7Concluso
6787.5.2Modus Operandi
6787.5.2.1Marcos Valrio como captador e operador do Valerioduto
6787.5.2.2Modelo Padro de Operao
6807.5.2.2.1O Modelo Padro do Valerioduto - Fase 1 (de Fevereiro a Maio de 2003) Fontes: Banco BMG e Banco Rural
6837.5.2.2.2Fase dois do Valerioduto (Junho a Agosto de 2003) Fontes: Banco Rural, Banco do Brasil e Brasil Telecom
6857.5.2.2.3Fase Trs do Valerioduto (Setembro a Dezembro de 2003) Fonte: Banco Rural
6867.5.2.2.4Fase Quatro do Valerioduto (Janeiro a Maro de 2004) Fonte: Visanet
6877.5.2.2.5Fase Cinco do Valerioduto (abril a julho de 2004) Fontes: Visanet/BMG
6887.5.2.2.6Fase Seis do Valerioduto (Julho de 2004 em diante) Fonte: Visanet / Usiminas / Cosipa / Brasil Telecom
6897.5.2.3Segundo Modelo Repasses a Partir de Intermedirios
6907.5.2.4Outras Operaes
6937.5.3Bnus Banval e Guaranhuns
6937.5.3.1Bnus Banval
6957.5.3.1.1As diferentes verses para a movimentao financeira ocorrida
7037.5.3.1.2Resumo dos Fatos na Movimentao Financeira da Bnus Banval
7037.5.3.2Guaranhuns
7077.5.4A Farsa Contbil
7097.5.4.1O Valerioduto por Marcos Valrio
7117.5.4.1.1A verso contbil de Marcos Valrio para a Relao de pessoas indicadas pelo PT
7167.5.4.1.2Distribuio de Lucros Graffiti
7177.5.4.1.3Conta caixa
7207.5.4.2Lanamentos Contbeis para Partidos Polticos
7267.5.4.3Concluso
7277.5.5A Fraude Fiscal
7277.5.5.1Informaes Analisadas
7287.5.5.2Aspectos Relevantes Identificados
7297.5.5.2.1Marcos Valrio e Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza (esposa)
7297.5.5.2.1.1Dividendos Recebidos
7307.5.5.2.1.2Evoluo Patrimonial
7307.5.5.2.1.3Movimentao financeira fiscal de Marcos Valrio
7317.5.5.2.1.4Movimentao financeira fiscal de Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza
7317.5.5.2.2Cristiano de Mello Paz
7317.5.5.2.2.1Dividendos recebidos
7327.5.5.2.2.2Evoluo Patrimonial
7327.5.5.2.2.3Movimentao Financeira Fiscal
7337.5.5.2.3Simone Reis Lobo de Vasconcelos
7337.5.5.2.3.1Dividendos
7337.5.5.2.3.2Evoluo patrimonial
7337.5.5.2.3.3Movimentao fiscal financeira
7347.5.5.2.4Outros Scios no Analisados
7357.5.5.2.5Evoluo das Receitas de Prestao de Servios
7367.5.5.2.6Movimentao Fiscal Financeira
7367.5.5.2.6.1DNA Propaganda Ltda.
7377.5.5.2.6.2SMP&B So Paulo Comunicao Ltda.
7387.5.5.2.6.3SMP&B Comunicaes Ltda.
7387.5.5.2.6.4Graffiti Participaes Ltda.
7397.5.5.2.7Relatrio do COAF
7397.5.5.2.7.1Ofcio Coaf n 1376/2005
7407.5.5.2.7.2Ofcio Coaf n 5201/2005
7407.5.5.2.8Relatrio Receita Federal
7417.5.5.2.8.1SMP&B Comunicao Ltda.
7417.5.5.2.8.2DNA Propaganda Ltda.
7437.5.5.2.8.3Graffiti Participaes Ltda.
7447.5.5.2.8.42S Participaes Ltda.
7447.5.5.3Concluso
7447.5.6Consideraes Finais sobre o Valerioduto
7477.6Destinatrios: O Mensalo
7477.6.1Consideraes Iniciais
7477.6.1.1O Mensalo: Uma Realidade
7497.6.1.2Mensalo no Caixa Dois
7527.6.1.3A CPMI da Compra de Votos
7547.6.2A Divulgao Pblica do Esquema
7557.6.2.1A Denncia de Roberto Jefferson
7587.6.2.2Os deputados Jos Mcio e Arnaldo Faria confirmam as afirmaes de Roberto Jefferson
7597.6.2.3O testemunho do Deputado Miro Teixeira
7607.6.2.4A denncia da Deputada Raquel Teixeira corrobora a afirmao de Roberto Jefferson
7617.6.3A Participao de Jos Dirceu
7677.6.4A Cincia do Presidente Lula
7697.6.5Padres do Mensalo
7717.6.6A Distribuio de Recursos aos Partidos, segundo Delbio Soares e Marcos Valrio
7737.6.7A Distribuio de Recursos ao Partido Liberal e a Suposta Destinao
7737.6.7.1Os Recursos Recebidos por Valdemar Costa Neto
7747.6.7.2As Explicaes de Valdemar Costa Neto sobre suas Despesas de Campanha
7837.6.8A Destinao de Recursos ao Partido Progressista
7837.6.8.1Os Recursos Sacados por Joo Cludio Genu
7867.6.8.2A Distribuio de Recursos ao Deputado Vado Gomes
7917.6.8.3As Explicaes do Deputado Pedro Correa
7947.6.9A distribuio de recursos ao Partido Trabalhista Brasileiro e a suposta destinao
7977.6.10A Destinao de Recursos para Pagamento de Despesas de Campanha de Partidos da Base Aliada
8007.6.11O que Levou ao Fim do Esquema de Cooptao de Apoio Poltico?
8017.6.12Anlises Complementares sobre a Existncia do Mensalo
8047.6.13A Identificao de Sacadores, Intermedirios e Beneficirios.
8057.6.13.1Os Procedimentos de Investigao
8077.6.14Metodologia de Trabalho
8117.6.14.1Resultados Alcanados
8167.6.15Padres do Mensalo
8177.6.15.1.1Metodologia Adotada
8197.6.15.1.2Diagrama 01 - Valerioduto
8207.6.15.1.3Diagrama 2 Fluxo de Recusos e Eventos Relacionados ao Partido Liberal (PL)
8227.6.15.1.4Diagrama 3 Fluxo de Recursos e Eventos Relacionados ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)
8237.6.15.1.5Diagrama 4 Fluxo de Recursos e Eventos Relacionados ao Partido Progressista (PP)
8267.6.15.1.6Diagrama 5 - Distribuio de recursos e votaes no Congresso Nacional
8277.6.15.1.7Diagrama 6 - Repasse de recursos a Duda Mendona
8287.6.15.1.8Diagrama 7 - Distribuio de recursos a eleies municipais
8297.6.16Anlises Complementares
8297.6.16.1A Anlise Procedida pelo Deputado Jlio Delgado no Processo de Cassao do Deputado Jos Dirceu
8317.6.16.2A Periodicidade e Regularidade na Distribuio de Recursos ao Partido Liberal
8397.6.16.3A Identificao dos Beneficirios das Transferncias Efetuadas Guaranhuns
8447.6.16.4A Relao da Guaranhuns com o Partido Liberal
8637.6.16.5Os contatos telefnicos entre Jacinto Lamas e pessoas vinculadas SMP&B Comunicao Ltda
8677.6.16.6A operao do mensalo por intermdio da Bnus Banval
8937.6.16.7Algumas anlises de fluxos de emprstimos e pagamentos informados por Marcos Valrio
9067.6.16.8Indcios de uma possvel relao entre recursos repassados por Marcos Valrio Bnus Banval e recursos trazidos do exterior por Carlos Quaglia
9117.6.16.9Sntese e Recomendaes
9147.7Outros Contratos Pblicos de Marcos Valrio
9147.7.1Banco do Brasil e coligadas
9147.7.1.1Banco do Brasil
9157.7.1.2Procedimentos Licitatrios
9177.7.1.3Quanto ao Contrato
9197.7.1.4Concorrncia 1.131/99 Contrato vigente entre maro/00 e setembro/03
9207.7.1.5Concorrncia 01/2003 Contrato no vigente a partir de setembro de 2003.
9227.7.1.6Subjetividade na Contratao das Agncias de publicidade
9257.7.1.7Bonificao de Volume
9277.7.1.8Banco Popular do Brasil
9287.7.1.8.1Apresentao
9287.7.1.8.2Contrato de Publicidade.
9287.7.1.8.3Definio das Agncias de Publicidade para Atender o Banco Popular
9307.7.1.8.4Gastos com Publicidade
9317.7.1.8.4.1.1Gastos com Publicidade e Promoo
9327.7.1.8.5Resultados Operacionais Banco Popular do Brasil
9337.7.1.8.6Execuo da Publicidade no Banco Popular
9367.7.1.8.7Concluso
9387.7.1.9Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana e Medicina do Trabalho Fundacentro Ministrio do Trabalho
9577.7.1.9.1Concluso
9587.7.1.10Ministrio Do Esporte
9607.7.1.11Centrais Eltricas do Norte do Brasil S/A Eletronorte
9617.7.1.11.1Recebimento de comisso pela Agncia sem a prestao de servio
9617.7.1.11.2Concesso de patrocnio sob a forma de veiculao
9647.7.1.11.3Produo de outdoors
9657.7.1.11.4Produo de busdoor
9657.7.1.11.5Confeco de camisetas
9667.7.1.11.6Pagamento por prestao de servios fora do objeto do contrato
9687.7.1.11.7Contratao de servios com intermediao desnecessria da Agncia de Publicidade
9737.7.1.11.8Pagamento indevido agncia, em funo de subcontratao de servio de criao.
9757.7.1.11.9Pagamento por servios no comprovados
9767.7.1.11.10Contratao de servios sem a apresentao de trs propostas
9767.7.1.11.11Possveis Propostas Fraudulentas para Respaldar a Subcontratao de Servios
9807.7.1.11.12Concesso de patrocnios que fogem ao objetivo institucional da Eletronorte
9817.7.1.11.13Fiscalizao do contrato deficiente
9827.7.1.11.14Contratao de pessoal para atividades prprias da Eletronorte
9827.7.1.11.15Atualizao de cadastro para envio da revista Corrente Contnua
9827.7.1.11.16Prestao de servio de assessoria de imprensa
9847.7.1.11.17Ausncia de avaliao dos resultados obtidos pelos patrocnios concedidos
9857.7.1.11.18Concesso de patrocnios sem aprovao da SECOM
9857.7.1.11.19Gastos com patrocnio superiores ao estabelecido no Plano Anual de Comunicao
9867.7.1.11.20Concluso
9867.7.1.12Cmara dos Deputados
9867.7.1.12.1Introduo
9887.7.1.12.2Irregularidades Encontradas
9887.7.1.12.2.1Contratao fora do objeto do contrato
9907.7.1.12.3Incluso de Perguntas de Interesse Poltico
9917.7.1.12.4Ausncia de Projeto Bsico
9927.7.1.12.5Prorrogao Irregular do Contrato
9937.7.1.12.6Inexecuo do Servio de Consultoria
9957.7.1.12.7Ausncia de Controle sobre a Veiculao
9957.7.1.12.8Subcontratao e Fuga ao Processo Licitatrio
9977.7.1.12.9Fiscalizao Deficiente do Contrato
9977.7.1.12.10Despesa em Valor Superior ao Orado
9987.7.1.12.11Concluso
10007.7.2Consideraes Finais sobre os outros Contratos Pblicos de Marcos Valrio
10017.8Casos Especficos
10017.8.1Emprstimos de 1998 Minas Gerais
10027.8.1.1A posio do Senador Eduardo Azeredo
10047.8.1.2Depoimento do Sr. Cludio Roberto Mouro da Silveira
10107.8.1.2.1Das garantias do emprstimo
10167.8.2Silvio Pereira/GDK: Caso Exemplar de Trfico de Influncia
10167.8.2.1Consideraes Preliminares
10287.8.2.2Contextualizao
10307.8.2.3Comentrios do TCU sobre o Setor de Oramentao da Engenharia da Petrobras
10317.8.2.3.1Algumas Irregularidades Observadas pela Equipe de Auditoria do Tribunal de Contas da Unio no Contrato n 899.2.001.04.4, para a Adaptao da Planta da FPSO P-34
10337.8.2.3.1.1Incluso Indevida do Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza (ISSQN), da Contribuio para os Programas de Integrao Social (PIS) E da Contribuio Para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)
10357.8.2.3.1.2Incluso Indevida do Imposto de Renda Sobre Pessoas Jurdicas (IRPJ) e da Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido (CSLL)
10377.8.2.3.1.3Incluso em Duplicidade de Valores para Administrao Central (Over Head), Riscos e Seguros, Lucro e Contingncias no Oramento da Petrobras
10387.8.2.3.1.4Incluso em Duplicidade de Valores Destinados Mo-de-obra Direta (Salrios + Encargos Sociais) para os Servios Adicionais
10397.8.2.3.1.5Incluso Indevida do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Importao (II) e Ausncia de Destaque do ICMS no Oramento e sua Reduo quando da Definio do Local da Obra e da Proposta do Licitante
10417.8.2.3.1.6Incluso Indevida da Contribuio Provisria sobre a Movimentao ou Transmisso de Valores e de Crditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF)
10427.8.2.3.1.7Oramento da Petrobras com a Excluso das Irregularidades Apontadas
10467.8.2.3.2Anlise Tcnica do TCU sobre a Gerncia e a Fiscalizao desse Contrato
10477.8.2.3.2.1Breves Comentrios da Equipe de Auditoria sobre o Sistema de Controle Interno no mbito da Petrobras
10477.8.2.4Concluso
10587.8.3Movimentao no Exterior (Duda Mendona)
10587.8.3.1Trechos de Depoimentos
10637.8.3.2Campanhas do Partido dos Trabalhadores
10677.8.3.3Primeira Contradio
10737.8.3.4Segunda Contradio
10797.8.3.5Movimentao Bancria da Conta Dusseldorf
10847.8.3.6Outras Divergncias Constatadas entre o Depoimento Prestado e os Documentos Bancrios Analisados
10857.8.3.7Outras Situaes a Serem Investigadas
10877.8.3.8Tipificao das Condutas
10887.8.4Furnas
10887.8.4.1Contrato de Aquisio de Servio de Digitalizao de Documentos
10907.8.4.1.1Metodologia de Medio Inadequada
10927.8.4.1.2Quantificao do dbito
10947.8.4.2Lista de Furnas
10987.8.4.2.1Laudo da Polcia Federal
11017.8.4.2.2Outras Percias
11027.8.4.2.3Consideraes Finais
1 Introduo
1.1 Apresentao
O Congresso Nacional, detentor do Poder Legislativo, tem a competncia precpua de legislar. Ao lado dessa, est outra que lhe inerente e essencial para constituir sua natureza de Poder autnomo: a fiscalizao dos atos do Poder Executivo e de entes pblicos ou privados que recebem recursos pblicos.
A competncia fiscalizadora do Congresso Nacional extensa, e essa extenso alcana todos os limites de sua competncia legislativa. Vale dizer: o Congresso Nacional tem poder de fiscalizar todos os assuntos e temas a respeito dos quais est capacitado, pela Constituio, para legislar.
As comisses parlamentares de inqurito (CPIs) constituem um dos mais importantes instrumentos de que o Congresso Nacional dispe para exercer sua competncia constitucional. No por acaso, perceptvel a qualquer observador atento que o funcionamento de uma CPI (ao lado do manejo do instituto da medida provisria e do controle de constitucionalidade das leis) traduz uma das pedras de toque do modelo brasileiro de repartio funcional dos Poderes, entre o Executivo, o Legislativo e o Judicirio.
Uma comisso de inqurito instituda no mbito do Congresso Nacional pode funcionar em uma s Casa: uma CPI do Senado Federal ou da Cmara dos Deputados. Sendo assim, formada nos termos do regimento interno de cada instituio legislativa. Certas matrias, entretanto, por sua importncia, amplitude, dimenso e complexidade, exigem a ateno de ambas as Casas do Congresso Nacional. Nesse caso, forma-se uma comisso parlamentar mista de inqurito, composta por Senadores e Deputados Federais.
A vida poltica brasileira tem demonstrado que, independentemente da vontade de quem ocupe os cargos de liderana no Poder Executivo, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, o funcionamento das comisses parlamentares de inqurito, a edio de medidas provisrias e a discusso sobre a constitucionalidade das leis esto, rotineiramente, entre os temas polticos que mais suscitam controvrsias, pelo grande relevo dos assuntos que manejam, o que tem provocado crescente interesse da sociedade.
Diante disso, vemos que a plena afirmao do Congresso Nacional como um rgo autnomo de poder somente ocorrer quando dispusermos, no Legislativo, de todos os meios, instrumentos e poderes necessrios para que uma comisso parlamentar de inqurito possa funcionar exitosamente, e oferecer sociedade os resultados que a sociedade espera.
A presente Comisso Parlamentar Mista de Inqurito dos Correios expresso de um movimento poltico srio e grave a irromper na histria recente do Brasil. Seu funcionamento resultado de um entendimento entre lideranas polticas responsveis e equilibradas que se tm articulado para, com o mximo de critrio e a possvel iseno, investigar fatos que, inequivocamente, desonraram e desonram a Administrao Pblica Brasileira.
1.2 Natureza e Objetivos de uma Comisso Parlamentar de Inqurito
Por uma questo tica essencial (como soem ser as questes ticas), queremos deixar claro, de incio, aquilo que a sociedade brasileira pode esperar de uma comisso parlamentar de inqurito. Pois, como ocorre com qualquer instituio do Estado, no regime democrtico, os poderes das CPIs esto sujeitos a limites.
Parcela da mdia, no raro, mede o xito de uma CPI pela quantidade de autoridades, agentes polticos e cidados que, em funo dela, venham a ser punidos. Ser esse o critrio adequado?
Os objetivos de uma CPI devem ser claramente definidos e proclamados, at para que no se estimulem iluses, e no se pretenda alcanar objetivos que no lhe dizem respeito.
Pode-se exigir de uma CPI:
1. que contribua para a transparncia da Administrao Pblica, medida que revela, para a cidadania, fatos e circunstncias que, de outra forma, no seriam do conhecimento pblico;
2. que, na qualidade de rgo do Poder Legislativo, possibilite o exame crtico da legislao aplicvel ao caso sob investigao;
3. que proponha Casa respectiva do Congresso Nacional, sempre que cabvel, a abertura de processo contra Senador da Repblica ou Deputado Federal, quando o nome do parlamentar estiver vinculado a fatos ou atos que possam implicar prejuzo imagem do Congresso Nacional, ou seja, sempre que ali se possa identificar possvel quebra do decoro parlamentar;
4. que interceda junto aos rgos responsveis da Administrao Pblica para sustar as irregularidades e/ou as prticas lesivas que suas investigaes identifiquem;
5. que aponte ao Ministrio Pblico os fatos que possam caracterizar delitos ou prejuzo Administrao Pblica, para que esse rgo estatal possa promover a responsabilidade civil e penal correspondente.
6. que proponha modificaes no arcabouo legal e institucional, de forma a contribuir para o aperfeioamento constante da democracia do Pas, evitando a reincidncia no fato examinado.
1.3 A CPMI dos Correios
O semanrio Veja, em sua edio n 1.905, de 18 de maio de 2005, publicou matria intitulada O homem chave do PTB, na qual so transcritos dilogos de que participava o Sr. Maurcio Marinho, ento diretor do Departamento de Contratao e Administrao de Material da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos (ECT). Esses dilogos indicaram a ocorrncia de atos de corrupo ativa e passiva no mbito daquela empresa estatal e sugeriram diversos outros equvocos administrativos. Revelaram, ademais, informaes a respeito de supostos procedimentos de troca de apoio poltico, no Congresso Nacional, por cargos e posies de mando em empresas estatais e diversos rgos pblicos da Administrao Direta e Indireta.
A partir dessa data, o ento Deputado Federal Roberto Jefferson, Presidente Nacional do Partido Trabalhista Brasileiro, que fazia parte da base de apoio e sustentao do Governo no Congresso Nacional, passou a apontar, em inmeras manifestaes na mdia nacional, a existncia de um complexo sistema de financiamento ilegal dessa base de apoio, seja em processos polticos ou eleitorais, seja fora deles. Cunhou-se, ento, o vocbulo mensalo para descrever esse esquema e apontar os que nele se envolveram, destacando a participao, sobretudo, de parlamentares de deputados federais.
Esta CPMI aprovou, conjuntamente com a CPMI da Compra de Votos, ainda no ano passado, um Relatrio Parcial especfico a esse respeito. Os fatos descritos no Relatrio motivaram a instalao, no Conselho de tica da Cmara dos Deputados, de diversos processos contra deputados federais. Em funo desses processos, alguns deputados federais j renunciaram aos seus mandatos, outros foram cassados e outros tm os seus processos em andamento. A responsabilidade poltica pela conduo de tais processos pertence, hoje, exclusivamente Cmara dos Deputados.
Os trabalhos desta CPMI, a vigilncia da mdia, a ateno da sociedade civil so, certamente, elementos ponderveis que contriburam para que o Parlamento brasileiro pudesse tomar algumas das duras e difceis medidas que vem tomando, no plano do decoro parlamentar e no mbito de seu prprio processo de funcionamento, voltadas ao aprimoramento do Poder Legislativo, assim como buscando sua aproximao com a sociedade brasileira.
Esses esforos desenvolvidos, e a realidade por eles exposta, contriburam, tambm, para que o Congresso Nacional decidisse promover mudanas na legislao eleitoral, voltadas reduo dos custos das campanhas e sua moralizao. So alteraes legislativas que, ainda quando limitadas, apontam no caminho do aperfeioamento institucional do Estado brasileiro.
Do mesmo modo, as investigaes desta CPMI, os citados procedimentos da Cmara dos Deputados e o prprio comportamento dos acusados contriburam para provar provas essas que sero reiteradas no presente Relatrio Final sem deixar margem a dvidas, que os ilcitos, amplamente conhecidos sob o epteto mensalo, de fato existiram, e que sua denncia, os processos instaurados que dela resultaram e, notadamente, a presente investigao constituem uma contribuio fundamental do Congresso Nacional ao fortalecimento do Estado de Direito Democrtico no Brasil.
A democracia poltica exige transparncia. No nos dado elidir a verdade sociedade brasileira. Quando tomamos conhecimento de fatos de interesse pblico, devemos transmitir essas informaes a toda a cidadania, no sendo admissvel que o agente poltico responsvel quem quer que seja finja desconhecer fatos cujo conhecimento inerente s atribuies e s responsabilidades do cargo que ocupa.
Recordo a severa advertncia do Texto Sagrado:
Se disseres 'eu no sabia', Aquele que sabe os coraes perceber, Aquele que atenta para as almas saber, e retornar a cada qual segundo os seus procedimentos.
(Provrbios, 24:12)
inaceitvel a atitude daqueles que, em flagrante desrespeito sociedade, lavam as mos diante dos absurdos dessa realidade brasileira: a improbidade administrativa, a malversao de recursos pblicos, os desvios, a concusso, a corrupo, enfim, as diferentes formas de ilcito contra a Administrao Pblica, contra a sociedade brasileira, contra a democracia poltica.
Esta Comisso Parlamentar Mista de Inqurito dos Correios toma o caminho oposto e decide no lavar as mos. Reconhecemos que no nos lcito silenciar diante de tantos delitos e tantas omisses delitivas. Quando sabemos, no nos dado o direito de dissimular o conhecimento dos fatos.
Ao desenvolver os trabalhos desta CPMI, tratamos de atividades ocorridas no interior do Estado brasileiro. Trata-se de um Estado Democrtico de Direito. Esse Estado sujeito a princpios e normas que lhe regem a organizao. Respeitar esses princpios e normas implica, necessariamente, fazer valer a moralidade, a publicidade, a legalidade e a transparncia, enfim, os princpios e os valores que a sociedade brasileira e a Constituio da Repblica nos impem respeitar.
Na Democracia, que aqui pretendemos prestigiar e fortalecer, ao cidado dado fazer tudo aquilo que a Lei no probe. Ao Estado, aos agentes pblicos todos sabemos, mas deveramos ter mais conscincia disso somente dado fazer aquilo que a Lei expressamente autoriza. Esse princpio geral do Direito Pblico deve ser ressaltado, no presente momento histrico, para que todos os brasileiros possamos crescer no aprendizado, cada vez mais necessrio, do que significa o regime democrtico.
Os agentes pblicos esto todos sujeitos a esses vetores que regem a Administrao Pblica. Entre eles, destacamos os princpios da legalidade e da moralidade a que se refere a Constituio do Brasil (art. 37, caput).
O princpio da legalidade basilar do regime democrtico. Sua natureza e significado foram destacados por muitos autores, que, no Brasil, prestaram contribuio inestimvel, sobretudo desde a vigncia da Carta Poltica de 1988, consolidao do Estado de Direito Democrtico. Queremos homenagear a todos esses brasileiros na pessoa do professor Celso Antnio Bandeira de Mello, que, em obra seminal a esse respeito, ensina:
Para avaliar corretamente o princpio da legalidade e captar-lhe o sentido profundo cumpre atentar para o fato de que ele traduo jurdica de um propsito poltico: o de submeter os exercentes do poder em concreto o administrativo a um quadro normativo que embargue favoritismos, perseguies ou desmandos. Pretende-se atravs da norma geral, abstrata e por isso mesmo impessoal, a lei, editada pois pelo Poder Legislativo que o colgio representativo de todas as tendncias (inclusive minoritrias) do corpo social garantir que a atuao do Executivo nada mais seja seno a concretizao desta vontade geral.
O princpio da legalidade contrape-se, portanto, e visceralmente, a quaisquer tendncias de exacerbao personalista dos governantes. Ope-se a todas as formas de poder autoritrio, desde o absolutista, contra o qual irrompeu, at as manifestaes caudilhescas ou messinicas tpicas dos pases subdesenvolvidos. O princpio da legalidade o antdoto natural do poder monocrtico ou oligrquico, pois tem como raiz a idia de soberania popular, de exaltao da cidadania. Nesta ltima se consagra a radical subverso do anterior esquema de poder assentado na relao soberano-sdito (submisso).
Instaura-se o princpio de que todo poder emana do povo, de tal sorte que os cidados que so proclamados como os detentores do poder. Os governantes nada mais so, pois, que representantes da sociedade. (...)
Assim, o princpio da legalidade o da completa submisso da Administrao s leis. Esta deve to-somente obedec-las, cumpri-las, p-las em prtica. Da que a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cspide, isto , o Presidente da Repblica, at o mais modesto dos servidores, s pode ser a de dceis, reverentes, obsequiosos cumpridores das disposies gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta a posio que lhes compete no Direito brasileiro.
(Curso de Direito Administrativo. So Paulo: Malheiros, 1996, 8 ed., p. 57.)
A defesa jurdico-poltica da moralidade administrativa tem merecido e certamente merecer, a cada dia um cuidado, um destaque e uma ateno maiores. No se trata apenas de exigir de cada agente pblico (servidor pblico ou agente poltico, expresses que atualizam as noes de funcionrio e autoridade) que se comporte com decoro, embora essa exigncia, em si, traduza um conceito de essencial relevo e dignidade poltica. Trata-se, tambm, de exigir dos administradores pblicos o respeito moralidade administrativa como condio essencial ao bom funcionamento do Estado.
Sem a moralidade administrativa, os recursos destinados educao so desviados, e seguiremos um Pas de iletrados; sem moralidade pblica, os recursos destinados sade so malversados, e seguiremos um Pas doente; sem moralidade nos Governos, os recursos destinados segurana pblica so corrodos pela corrupo, e seguiremos um Pas merc do crime.
Esses princpios constitucionais tm, evidentemente, expresso concreta no funcionamento do Congresso Nacional. Diz-se, na jurisprudncia de nossos tribunais, nomeadamente o Supremo Tribunal, que os parlamentares esto obrigados a respeitar, nos procedimentos legislativos, o que se denominou chamar devido processo legislativo.
Ora, tal como ocorre com o princpio geral que lhe informa o contedo, o devido processo legal, essencial a qualquer regime democrtico, o devido processo legislativo, ao lado de determinar o respeito a regras e procedimentos, deve alcanar, necessariamente, uma dimenso material, para contemplar a razoabilidade e a observncia do decoro parlamentar, ou seja, de um estatuto jurdico-poltico mnimo dos congressistas que consagre a preservao da dignidade poltica de um mandato ungido pela manifestao soberana da cidadania, mediante o voto.
Esta Comisso Parlamentar de Inqurito dos Correios toma a deciso poltica essencial de enfrentar, com firmeza, os problemas que encontramos no desenvolvimento de nossos trabalhos. Sem perseguies, sem desmandos, sem protecionismos nem favoritismos, a Comisso observa a Lei, e nela verifica seus deveres e obrigaes.
Esperamos que cada cidado deste Pas possa identificar e compreender a dimenso dos esforos que aqui desenvolvemos. Trabalhamos, com afinco, meses a fio, para que esta CPMI cumprisse com seus deveres e obrigaes perante o povo brasileiro.
2 O papel do Congresso Nacional e de uma CPI
2.1 O papel fiscalizador do Congresso
No momento em que toda a sociedade brasileira se volta para Braslia, para a leitura do presente documento, torna-se relevante, antes de passarmos anlise dos fatos investigados ao longo dos ltimos meses, deter-se sobre a natureza do instrumento utilizado para a realizao das investigaes e sua importncia.
O Congresso, como instituio, jamais pode se separar de sua vocao histrica: a de configurar uma espcie de caixa de ressonncia da sociedade na qual se insere. Os fundadores das formas modernas do estado, ao divisarem a separao de poderes, tiveram conscincia das caractersticas de cada um desses poderes. Notavelmente, ao Poder Legislativo, alm da capacidade de produo de leis, foi reconhecida sua importncia para a fiscalizao dos atos dos governantes, bem como para a preservao dos direitos das minorias.
Nas prprias origens do parlamento moderno, na Inglaterra dos sculos XVI e XVII, j se reconhecia a preocupao com o abuso do direito dos monarcas, de um lado, e, de outro, o risco apresentado pela tirania da maioria. Os excessos apresentados durante o perodo que antecedeu a revoluo gloriosa foram essenciais para a configurao do moderno sistema parlamentar.
Tambm, a radicalizao dos mpetos revolucionrios ocorridos na Frana nos anos que se seguiram a 1789, que culminaram na supresso fsica de toda uma gerao de homens pblicos e na ascenso de uma nova autocracia, serviu para iluminar s geraes futuras os perigos da excessiva valorizao do Executivo, em detrimento das minorias representadas no parlamento.
O imenso custo, em vidas humanas, recursos e energia que a histria da luta pela democracia vem apresentando no deve servir de argumento para aqueles que, em todos os momentos, buscam substituir a democracia por outro regime. Esses buscam destruir o regime democrtico, atacando suas instituies, atravs de argumentos que, sob a capa da moralidade mais extremada, no escondem a nostalgia do cesarismo, o desejo de substituir a vontade popular pela vontade de um indivduo ou grupo pequeno de indivduos.
Tal ttica no deixa de conhecer seu sucesso: para os despreparados ou ansiosos, a relativa lentido do processo democrtico pode ser facilmente confundida com vacilao, o entrechoque de opinies pode se assemelhar indeciso, o reconhecimento da existncia de nuances, com a fraqueza das convices.
Para a sociedade democrtica, a existncia e o fortalecimento das instituies depende, muitas vezes, do exerccio das possibilidades oferecidas pelos acontecimentos histricos, por mais negativos que possam parecer. Esse o trao principal e a principal qualidade da democracia, seu permanente aperfeioamento.
A atividade parlamentar caracterizada pela representatividade (em princpio, todos os extratos da sociedade se refletem no parlamento), pela colegialidade (existncia de um rgo coletivo que contm, em si, setores de situao e oposio) e pela continuidade (permanncia dos rgos legislativos ao longo do tempo). Tais caractersticas tornam o Congresso um organismo adequado para a operao de uma das mltiplas instncias de fiscalizao que, em uma democracia, ajudam a compor o sistema de freios e contrapesos destinado a evitar a tirania e o desvirtuamento das instituies.
Vale notar que, ao longo do sculo XX, a funo de controle por meio do Parlamento tem adquirido cada vez maior relevo, conquistando, pode-se mesmo dizer, em algumas circunstncias, uma certa primazia em relao produo de normas, atribuio primria do Poder Legislativo.
A demanda social por um ordenamento jurdico estvel, somada proliferao de fontes do direito decorrente da criao de novas instncias tcnicas dotadas de relativa capacidade de produzir normas, tais como, na presente conjuntura, os bancos centrais e as agncias reguladoras , produziram uma reduo relativa da capacidade legiferante dos Parlamentos em todo o mundo. Efetivamente, da totalidade das normas em vigncia nas sociedades modernas, existe uma significativa frao que no segue os trmites parlamentares tradicionais.
Se mantiveram o monoplio de produo de normas hierarquicamente superiores, os parlamentos de todo o mundo no so responsveis pela totalidade das normas que afetam a sociedade. Principalmente em matrias tidas como de natureza tcnica, parte significativa da produo normativa est concentrada em rgos do Executivo, sendo apenas indiretamente derivados dos atos parlamentares.
Em decorrncia, a fiscalizao dos atos administrativos assume uma importncia fundamental para a manuteno da regra da lei e das liberdades pblicas. Em um universo normativo em expanso constante, os atos do Executivo devem ser cuidadosamente analisados, sob pena de vermos abrir-se o espao para que floresam o abuso e o arbtrio.
A atividade de controle parlamentar no , certamente, uma novidade. O prprio Montesquieu admitia que, aos parlamentos, caberia fiscalizar o cumprimento das normas por eles criadas. A execuo oramentria sempre foi um tema cuja fiscalizao parlamentar era admitida.
Houve, no entanto, uma alterao substancial quanto natureza do poder de investigao dos parlamentos: a passagem de um poder implcito de investigao, baseado na capacidade do Legislativo de buscar a implementao dos atos dele oriundos, para uma faculdade, explicitamente reconhecida, de perquirio acerca de atos cuja competncia originria no seria, em princpio, do Congresso, tais como os atos de administrao, quer do Executivo, quer do Judicirio.
As alteraes no padro tradicional de diviso dos poderes, com maior ingerncia do Executivo, tornam imperativa, portanto, uma maior participao do Poder Legislativo no controle dos atos dos governantes e de seus rgos auxiliares. Representantes do conjunto da sociedade e guardies das aspiraes ltimas dos povos, os Parlamentos devem se adaptar a essa nova realidade e desenvolver mtodos para desempenhar essa funo.
2.2 O Inqurito Parlamentar
A utilizao de Comisses Parlamentares para a discusso de temas especficos , precisamente, um mecanismo de controle democrtico dos atos de governo e um instrumento de aperfeioamento das instituies.
A diviso dos trabalhos, pela qual um grupo de parlamentares recebe a incumbncia de escrutinar os temas pertinentes a uma dada rea da atividade, uma resposta lgica necessidade de maior celeridade na atuao parlamentar. Ao se admitir a diviso do corpo parlamentar em subgrupos regidos pelos mesmos princpios que regem a atividade parlamentar como um todo (representatividade, colegialidade, etc.), permite-se que o Congresso tenha uma atuao mais rpida no exame das questes que lhe so apresentadas, sem que haja perda da qualidade e do carter democrtico das decises.
Como tantas outras prticas polticas, o uso de comisses representativas tem sua origem no desenvolvimento das instituies polticas da Gr-Bretanha. As inmeras reviravoltas da histria da Inglaterra, os golpes e contragolpes aplicados na luta entre Monarcas e Pares do Reino foram produzindo um conjunto de instituies que, ao cabo, no apenas eliminaram a ameaa do absolutismo real, como levaram corroso do poder da nobreza e a ascenso poltica do povo.
Efetivamente, j durante o reinado de Eduardo III (1312-1377), podem ser colhidas notcias da formao de um corpo de parlamentares distinto da totalidade do Parlamento, destinado consecuo de uma atividade especfica. A partir do sculo XVII, a criao de comisses de investigao tornou-se uma prtica comum do Parlamento ingls, acentuada com a consolidao definitiva do poder parlamentar na Revoluo Gloriosa.
Tais instituies serviram de modelo s congneres de todo o mundo. A utilizao de comisses para a investigao de tpicos especficos, tal como a conduta inadequada de um governante, firmou-se como uma das principais formas de atuao dos congressos para o encaminhamento de um dado assunto. Na maioria dos pases, a criao de comisses provisrias de investigao antecede, mesmo, a instaurao de comisses permanentes de processamento legislativo. Este foi precisamente o caso dos Estados Unidos da Amrica, onde se observa a criao da primeira comisso da Cmara dos Representantes em 1792 e a primeira do Senado em 1818, ambas destinadas a investigar assuntos referentes questo indgena.
O exemplo da Frana revolucionria, por outro lado, mostra o perigo do abuso da utilizao do mecanismo das comisses. O aparelhamento do Comit de Salvao Pblica e o desmesurado crescimento de suas competncias levaram usurpao de poderes do Executivo e da prpria Assemblia Nacional, em um processo que culminou no Terror. Esse precedente retardou a criao de novas comisses na Frana ps-revolucionria, o que somente ocorreu em 1828.
A evoluo do instituto jurdico das comisses parlamentares de inqurito no Brasil ainda se encontra em andamento, ainda que o advento do regime constitucional de 1988 tenha constitudo um grande avano em relao aos perodos anteriores.
A Constituio de 1824 no previa expressamente a formao de Comisses de Inqurito, salvo quanto ao poder de investigao, pelo Congresso, no tocante aos abusos cometidos pela administrao anterior, quando da vacncia do trono. No obstante, o Congresso mantinha, implicitamente, um poder geral de investigao que permitia a realizao de diligncias concernentes ao cumprimento das leis. Esse entendimento permitiu, por exemplo, a instalao, em 1882, de uma Comisso destinada ao exame do comrcio, da indstria fabril e da alfndega do Imprio.
A proclamao da Repblica e a adoo da Carta de 1891 no trouxeram significativas alteraes matria. A Constituio seguiu omissa quanto realizao de inquritos parlamentares, como ocorria no Imprio, limitando-se a definir a competncia do Congresso para o exame das contas de cada exerccio. A hermenutica do texto constitucional, entretanto, desde cedo se inclinou pela admissibilidade da realizao de investigaes parlamentares de contedo mais amplo que a mera realizao do oramento.
A simples existncia da possibilidade de instaurao de comisses, entretanto, no significou, durante a vigncia da Constituio de 1891, uma garantia de eficcia das investigaes conduzidas. As bases oligrquicas da poltica da Repblica Velha obstaram a consecuo de resultados, mesmo das comisses que se logrou implantar.
A Constituio de 1934 foi a primeira a consagrar, em seu texto, o instituto da investigao parlamentar por meio de comisses. Ao faz-lo, o constituinte de 34 inaugurou duas caractersticas que, at hoje, balizam a prxis brasileira: a exigncia de que o pedido de instaurao de uma CPI conte com a participao de ao menos um tero dos membros de uma Casa e a necessidade de participao pluripartidria na composio de uma comisso.
O golpe do Estado Novo e a outorga da Constituio de 1937 estancaram a evoluo institucional do sistema de investigaes parlamentares pelos anos subseqentes. Reduzido a uma mera condio de ratificador dos atos do Executivo, amordaado, o Parlamento poucas chances tinha, se as tinha, do exerccio do poder fiscalizador. O Congresso Nacional, ademais, esteve fechado durante todo o Estado Novo.
O retorno democracia, consagrado na promulgao da Carta de 1946, reinstalou o Senado, e trouxe de volta, concomitantemente, as comisses parlamentares de inqurito, que se integraram, de forma plena, ao funcionamento das instituies polticas da poca: entre 1946 e 1967, a Cmara dos Deputados criou 240 comisses e o Senado, 13. Nenhuma comisso mista foi instalada. Data desse perodo, igualmente, a Lei n 1.579/52, que disciplina a matria e perdura at os dias de hoje. Tambm nesse perodo estabeleceu-se a praxe, hoje legalmente consagrada, de remessa do relatrio das comisses ao Procurador-Geral da Repblica.
A Constituio de 1967/1969, por seu turno, encerra outro movimento restritivo. Outra vez, aos governantes de ento, interessava calar o Legislativo e o Judicirio, de forma a garantir a prevalncia exclusiva do Executivo. Para a evoluo institucional posterior cabe destacar que, durante o regime de 1967, estabeleceram-se limites temporais de durao das Comisses de Inqurito e quanto ao nmero de comisses que poderiam operar em cada momento.
Muitas so as formas das restries que os regimes autoritrios impem aos instrumentos de exerccio democrtico dos poderes. Um curioso exemplo a determinao, no bojo da Constituio de 1969 (alnea f do pargrafo nico do art. 30), de que as CPIs deveriam funcionar exclusivamente na sede do Congresso Nacional, no sendo permitidas despesas com viagens de seus membros, ttica primria de que o regime autoritrio se valeu para, manipulando um critrio financista, restringir a capacidade de investigao do Congresso Nacional.
A Constituio de 1988 fixou, esperamos que de forma definitiva, as caractersticas que regem o funcionamento das comisses de inqurito. Alm dos elementos acima transcritos, afastou qualquer dvida ao conferir s comisses de inqurito o exerccio de poderes semelhantes aos das autoridades judiciais. Dessa forma, estabeleceu critrios suficientes para que as CPIs se tornassem um instrumento efetivamente valioso para o combate corrupo e para o aperfeioamento democrtico.
Em decorrncia, o Brasil posterior a 1988 vem assistindo atuao de diversas Comisses Parlamentares de Inqurito. Aos historiadores do futuro caber dizer quanto o Brasil de amanh ter sido influenciado por este trabalho de investigao parlamentar. Cabe dizer, no entanto, que, na busca da verdade, no podemos nos esquivar da preocupao com nosso Pas, seu presente e seu porvir, nem podemos nos afastar da luta aos males que motivaram a criao da presente Comisso Parlamentar.
Balano dos trabalhos da CPMI dos Correios
Desde a data de sua instaurao, em 9 de junho de 2005, a CPMI dos Correios se dedicou anlise de um vasto conjunto de dados, documentos, depoimentos e fatos relacionados a seu propsito. Para melhor organizao dos trabalhos e visando a mais ampla participao das diversas correntes polticas que compem a CPMI, este Relator concordou em compartilhar a orientao da investigao, dividindo-as em linhas que correspondem s cinco sub-relatorias e s relatorias-adjuntas:
1. Relatoria Adjunta, coordenao e sistematizao do trabalho (relatores adjuntos: Deputado Eduardo Paes e Deputado Mauricio Rands)
2. sub-relatoria de Movimentao Financeira (sub-relator: Deputado Gustavo Fruet)
3. sub-relatoria de Contratos (sub-relator: Deputado Jos Eduardo Cardozo)
4. sub-relatoria de Fundos de Penso (sub-relator: Deputado Antnio Carlos Magalhes Neto)
5. sub-relatoria de Normas de Combate Corrupo (sub-relator: Deputado Onyx Lorenzoni)
6. sub-relatoria do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) (sub-relator: Deputado Carlos Willian)
Os trabalhos contaram com a participao de servidores do Senado Federal, da Cmara dos Deputados, do Tribunal de Contas da Unio e rgos da Administrao Pblica Federal como o Banco Central e o Banco do Brasil. Posteriormente, houve o reforo de empresas de auditorias privadas contratadas pela Presidncia do Congresso Nacional. A equipe contou tambm com a colaborao da Polcia Federal, da Receita Federal e do Ministrio Pblico Federal.
Parte das investigaes foi realizada no e pelo Tribunal de Contas da Unio, em um ajuste estabelecido entre aquela Corte e esta CPMI. Ademais, as auditorias da Controladoria-Geral da Unio foram valiosas para a CPMI.
A CPMI dos Correios debruou-se sobre extensa base de dados, talvez a maior analisada em investigaes dessa natureza empreendidas pelo Congresso Nacional. Nesses nove meses, a base de dados dos sigilos bancrios foi carregada com mais de 20 milhes de registros bancrios e 33,8 milhes de registros telefnicos.
Os contratos dos Correios e do Banco do Brasil com empresas na rea de publicidade foram minuciosamente analisados. Mais de 68 mil contratos dessa modalidade foram integrados base. A sub-relatoria de Fundos de Penso teve disposio informaes sobre mais de 11,3 milhes de registros de operaes financeiras fornecidos pela Bovespa, 70 mil operaes de Swap na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF). No Valerioduto, a movimentao financeira compreendida entre janeiro de 1997 a agosto de 2005 totalizou cerca de R$ 2 bilhes.
O rastreamento de contas correntes e transferncias financeiras evidenciou ramificaes no exterior, como exemplifica a identificao da conta Dusseldorf, de propriedade do publicitrio Duda Mendona.
Vale destacar o trabalho de filtragem de informaes no-padronizadas e incongruentes, provenientes de diversas fontes, como os investigados, instituies financeiras e rgos pblicos. Registra-se que, no raro, dados, informaes e documentos solicitados chegaram de forma incompleta e insuficiente, o que dificultou sobremaneira a anlise, em especial os relativos s informaes bancrias dos envolvidos. Ressalta-se o labor desta CPMI em promover um cruzamento de informaes aparentemente dspares, mas que, em anlise detida, com a ajuda de modernas ferramentas de pesquisa, mostram evidente correlao, como a proximidade das datas de repasse de recursos a polticos e as datas de votaes importantes no Congresso Nacional.
A CPMI se empenhou em esclarecer as denncias e suspeitas de irregularidades que motivaram sua criao. Houve um esforo coordenado dos membros da comisso, revelado pelo total de 159 reunies realizadas, convocadas pelo Plenrio da Comisso e pelas cinco sub-relatorias, como apresentado no quadro:
REUNIES
Qde.
Plenrio
65
Sub-relatoria Contratos
39
Sub-relatoria de Movimentao Financeira
08
Sub-relatoria IRB
07
Sub-relatoria de Fundos de Penso
24
Sub-relatoria de Normas de combate corrupo
22
TOTAL
165
A participao dos parlamentares foi atuante, revelada pela apresentao de 1.602 requerimentos, dos quais 1.186 (74% do total) foram aprovados no Plenrio da Comisso. Apenas 5% dos requerimentos foram rejeitados ou considerados prejudicados, como possvel ver na tabela:
REQUERIMENTOS
Qtde.
Apreciados
1602
Aprovados
1203
Prejudicados
71
Retirados
335
Rejeitados
10
Pendentes
260
Vale destacar o perfil dos requerimentos analisados pela CPMI. A transparncia e os esclarecimentos dos fatos pautaram a atuao dos parlamentares: do total de 1.602 requerimentos apreciados, 931 deveram-se solicitao de transferncias de sigilo bancrio, telefnico e fiscal de pessoas e empresas investigadas e convocao dos depoentes. Muitos desses requerimentos foram transferidos para a CPMI da Compra de Votos. Dos 4.630 documentos analisados, cerca de 3.048 so de carter sigiloso, entre eles os dados bancrios, telefnicos e fiscais de 14 fundos de penso, 31 corretoras e milhares de pessoas fsicas e jurdicas. Os pedidos de informaes representaram 13% do total.
REQUERIMENTOS APROVADOS
Convocao
566
Sigilo
365
Informao
222
Preferncia
10
Administrativo
20
Diligncias
6
Busca e Apreenso
5
Acareao
1
Externa
8
Personagens importantes do episdio foram convocados a prestar esclarecimentos CPMI e opinio pblica, que, salvo raras oportunidades, pde acompanhar o andamento dos depoimentos. No total, 233 oitivas foram realizadas no Plenrio da comisso e nas sub-relatorias da CPMI, que trouxeram pistas importantes para as investigaes. Como exemplo, pode-se citar o depoimento do ex-Deputado Roberto Jefferson, que sustentou denncias de repasse ilegal de recursos a parlamentares e o primeiro depoimento do Sr. Jos Eduardo Mendona, conhecido como Duda Mendona, que admitiu ter prestado servios de publicidade sem o devido registro contbil e fiscal, alm de possuir conta no exterior.
Contudo, no entender desta CPMI, os depoimentos poderiam ser mais elucidativos, no fosse o subterfgio utilizado por diversos investigados, como o absoluto silncio do publicitrio Duda Mendona, em seu segundo depoimento CPMI, e o empresrio Marcos Valrio Fernandes de Souza, que solicitaram, s vsperas de suas oitivas, a concesso de habeas corpus preventivo junto ao Supremo Tribunal Federal. Esta CPMI no questiona o direito constitucional de qualquer cidado, investigado ou no, reclamar habeas corpus Justia, quando sentir que sua liberdade est em risco. No entanto, esse direto inalienvel no pode servir como expediente para evitar que a verdade prevalea nos depoimentos.
A prpria jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal slida no sentido de que a vedao auto-incriminao no faculta ao depoente calar a verdade quando ela no prejudique sua linha de defesa. No entanto, sob a mscara distorcida da proteo constitucional, os depoentes desobrigaram-se a relatar a realidade dos fatos e recusaram-se, sistematicamente, a responder a muitos questionamentos, alegando o direito a no se auto-incriminar.
Sobre esse aspecto, urge mudana e esclarecimento no entendimento jurdico da atuao da Comisso Parlamentar de Inqurito, na legislao e no procedimento da CPMI, que detalharemos no captulo 11 do presente Relatrio.
Cabe tecer comentrios, tambm, acerca do senso de oportunidade do Congresso Nacional em atuar diretamente na apurao das denncias que se apresentaram sociedade brasileira. A necessidade da criao desta CPMI, que chega s suas concluses finais neste relatrio, foi ponto fulcral neste debate. Ainda que sob o calor dos acontecimentos, que continuam a surpreender a todos, neste ponto da Histria possvel observar que as investigaes e a apurao das denncias eram urgentes e necessrias.
A CPMI dos Correios desencadeou um processo de depurao pblica que, inegavelmente, catalisou a ateno da sociedade brasileira e da opinio pblica, e deu passos fundamentais para a elucidao de crimes e irregularidades administrativas. As sindicncias, auditorias e procedimentos administrativos instaurados e levados adiante em diversos rgos da administrao pblica, em muitas oportunidades aps a data de instaurao da CPMI, atestam a importncia da atuao parlamentar neste episdio.
As conseqncias abrangeram no s os Correios, a pedra fundamental das investigaes, mas instituies como o Banco do Brasil, a Secretaria de Comunicao da Presidncia da Repblica, diretrios nacionais e estaduais partidrios e o prprio Congresso Nacional. importante ressaltar que as medidas tomadas por outras instituies, como os rgos envolvidos e outros encarregados de apurar os fatos ocorridos, notadamente o Tribunal de Contas da Unio, a Controladoria-Geral da Repblica, a Polcia Federal, a Receita Federal e o Ministrio Pblico Federal, convergem na direo das investigaes realizadas pela CPMI e vo ao encontro das concluses apontadas neste relatrio. difcil precisar a magnitude desse processo, que continuar permanentemente a produzir resultados, mesmo depois de findos os trabalhos da CPMI dos Correios.
Os reflexos na principal instituio investigada, os Correios, so modelares desse processo. O episdio envolvendo as denncias desencadeou 24 processos de sindicncia na estatal, dos quais 4 foram concludos com deciso administrativa. No dia 9 de junho de 2005, o Presidente dos Correios deixou a instituio, em companhia dos ento diretores do rgo. Trs funcionrios, entre eles Maurcio Marinho, foram demitidos por justa causa em setembro do ano passado. Outros 20 empregados ocupantes de funes de confiana foram afastados, preventivamente, para que as investigaes pudessem prosseguir com independncia.
No perodo de maio de 2005 para c, foram aplicadas multas no montante de R$ 31.439.286,10, muitas envolvendo empresas investigadas pela CPMI, como a Novadata, a Precision, a COMAM. O contrato com a agncia de publicidade SMP&B foi rescindido unilateralmente pelos Correios. Da mesma forma, a instituio cancelou o contrato com a empresa Precision, multada em R$ 849.769,45 por atraso na entrega de produtos, havendo sido a empresa ainda impedida de participar de licitaes pelo perodo de dois anos.
Ademais disso, diversas medidas administrativas nos Correios foram tomadas. Alm das providncias tradicionalmente cabveis, como o encaminhamento das denncias ao Ministrio Pblico Federal e a publicao de edital de licitao para contratao de novas agncias de publicidade, o manual de licitao da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos passou por ampla reviso, com melhores definies de responsabilidades para os gestores, entre outras medidas administrativas, como possvel ver no quadro abaixo.
Outros rgos da administrao pblica passaram por processo semelhante. O Presidente e os Diretores do IRB, por exemplo, tambm foram afastados em junho, aps a publicao das denncias. O Banco do Brasil concluiu auditoria, no final de 2005, que apontou vrias irregularidades no contrato firmado com a agncia de publicidade DNA. O Fundo Visanet foi extinto e o Banco do Brasil tomou outras providncias, como a reviso das regras do processo licitatrio. Da mesma forma, a Eletronorte, o Ministrio do Trabalho, dos Esportes e da Cmara dos Deputados tomaram providncias.
A Receita Federal instaurou 95 procedimentos. Outras instituies, como o Conselho de Administrao de Atividades Financeiras (Coaf), a Receita Federal e a Polcia Federal tambm produziram trabalhos consonantes com as investigaes da CPMI. Em documento oficial, o Departamento de Justia dos EUA admitiu a gravidade dos fatos descobertos pela CPMI e concordou em transferir as informaes sobre sigilos bancrios nos EUA de contas correntes relacionadas s investigaes. A viagem encetada a Nova Iorque e Washington por parlamentares da CPMI j produziu resultados e, ainda, descortinou, para o futuro, um amplo espectro de intercmbio de esforos, valorizando nosso Congresso Nacional.
Os quadros a seguir renem algumas das principais providncias tomadas por outras instituies relacionadas s investigaes da CPMI dos Correios, e informam as autoridades e funcionrios pblicos que foram afastados do cargo por conta das denncias:
PROVIDNCIAS TOMADAS POR OUTRAS INSTITUIES RELATIVAS S INVESTIGAES DA CPMI DOS CORREIOS
INSTITUIO
PRINCIPAIS MEDIDAS
Correios
a) abertura de 24 processos de sindicncias
b) Multas no valor de R$ 31.439 mil entre maio de 2005 e janeiro de 2006
c) Trs funcionrios demitidos por justa causa
d) reestruturao administrativa em vrias instncias
e) adoo de novos procedimentos na poltica de patrocnio
f) nova licitao para contratao de agncias de publicidade
g ) reformulao da RPN
Banco do Brasil
A) realizao de auditoria que apontou diversas irregularidades
B) extino do Fundo VISANET
C) suspenso do servio de publicidade
D) resciso de contrato com a DNA
E) reviso do processo licitatrio e nova licitao para contratao de agncias de publicidade
F) criao do ncleo de pagadoria
G) parametrizao de preos de aes culturais
H) reestruturao da Diretoria de Marketing
I) criao do ncleo de preos e fornecedores
J) institucionalizao do Plano Anual de Comunicao
a)
Receita Federal
Abertura de 40 procedimentos fiscais relativos a pessoas e empresas investigadas pela CPMI dos Correios
COAF
Relatrio que aponta movimentao suspeita em contas relacionadas ao Sr. Jos Eduardo Mendona no Exterior
AUTORIDADES AFASTADAS/PROCESSADAS EM DECORRNCIA DO EPISDIO
INSTITUIO
NOME
CARGO
DATA DO AFASTAMENTO
CORREIOS
Joo Henrique de Almeida Souza
Presidente dos Correios
09/0605
Robison Kouri Viana da Silva
Diretor de Recursos Humanos
09/06/2005
Ricardo Henrique Suer Caddah
Diretor Financeiro
09/05/2006
Carlos Eduardo Fioravante da Costa
Diretor Comercial
09/05/06
Maurcio Marinho
Chefe do Departamento de Contratao dos Correios
Afastado em14/05/05
Demisso por justa causa em 08/09/05
Fernando Leite de Godoy
Assessor da Diretoria de Administrao
Afastado em 16/05/05. Demitido por justa causa aps sindicncia interna
Eduardo Coutinho Lins
Assessor do Departamento de Compras e Suprimentos
Afastado em 16/05/05. Demitido por justa causa aps sindicncia interna.
BANCO DO BRASIL
Henrique Pizzolato
Diretor de Marketing
10/07/05
Antnio Batista Brito
Diretor de Marketing da Brasil Veculos
18/07/05
Josenilton Alves Rodrigues
Diretor do Ncleo do Centro Cultural BB do RJ
18/07/05
Luiz Eduardo Franco de Abreu
Vice-Presidente de Finanas
06/07/05
Edson Monteiro
Responsvel pela rea de Varejo e Distribuio
06/07/05
COBRA
Eduardo Armond
Diretoria de Negcios e Relaes com o Governo
10/06/05
MINISTRIO DA FAZENDA
Glnio Guedes
Procurador da Fazenda Nacional e Diretor do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro
06/07/05
Juscelino Antonio Dourado
Chefe-de-Gabinete do Ministrio da Fazenda
01/09/05
SECOM
Luiz Gushiken*
Secretrio de Comunicao
02/08/05
Marcus Vincius di Flora
Subsecretrio de Comunicao
02/08/05
IRB
Luiz Appolonio Neto
Presidente
09/06/2005
Manoel Morais de Arajo
Vice-Presidente
09/06/2005
Alberto de Almeida Pais
Diretor Financeiro
09/06/2005
Murilo Goulart Barbosa Lima
Diretorias de Riscos e Sinistros e de Riscos de Transportes
09/06/2005
Luiz Eduardo Pereira de Lucena
Diretor de Riscos de Propriedade
09/06/2005
ELETRONORTE
Roberto Garcia Salmeron
Presidente
Pediu demisso em 06/06/05
ABIN
Mauro Marcelo Lima e Silva
Diretor-Geral da Abin
13/07/05
CASA DA MOEDA
Manoel Severino
Presidente da Casa da Moeda do Brasil
03/08/06
PARLAMENTARES
Deputado Roberto Jefferson
Presidente do PTB
Cassado em 14/09/05
Deputado Jos Dirceu
Deputado do PT
Cassado em 30/11/05
Deputado Valdemar Costa Neto
Presidente do PL
Renunciou em 1/08/06
Deputado Bispo Rodrigues
Deputado do PL
Renunciou em 12/09/05
Deputado Paulo Rocha
Deputado do PT
Renunciou em 17/10/05
Deputado Jos Borba
Deputado do PMDB
Renunciou em 17/10/05
Deputado Pedro Corra
Deputado do PP
Cassado em 15/03/2006
Deputado Joo Magno
Deputado do PT
Absolvido pelo Plenrio da Cmara em 22/03/06
Deputado Wanderval Santos
Deputado do PL
Absolvido pelo Plenrio da Cmara em 22/03/06
Deputado Roberto Brant
Deputado do PFL
Absolvido pelo Plenrio da Cmara em 08/03/06
Deputado Professor Luizinho
Deputado do PT
Absolvido pelo Plenrio da Cmara em 08/03/06
Deputado Joo Paulo Cunha
Deputado do PT
Cassao aprovada no Conselho de tica em 14/03/06
Deputado Joo Herrmann Neto
Deputado do PDT
Suspenso pelo PDT em13/01/06
Deputado Carlos Rodrigues
Deputado do PL
Renunciou em 12/09/05
Deputado Vado Gomes
Deputado do PP
Processo aguarda julgamento no Conselho de tica
Deputado Romeu Queiroz
Deputado do PTB
Absolvido pelo Plenrio da Cmara em 14/12/2005
Deputado Pedro Henry
Deputado do PP
Absolvido pelo Plenrio da Cmara em 15/03/2006
Deputado Jos Janene
Deputado do PP
Processo aguarda julgamento no Conselho de tica
Deputado Jos Mentor
Deputado do PT
Processo aguarda julgamento no Conselho de tica
Deputado Jos Borba
Deputado do PMDB
Renunciou ao mandato em 17/09/2005
Deputado Josias Gomes
Deputado do PT
Processo aguarda julgamento no Conselho de tica
Senador Eduardo Azeredo
Presidente Nacional do PSDB
Afastado da Presidncia do PSDB em 25/10/05
ASSESSORES
Sandra Rodrigues Cabral
Assessora-chefe da Assessoria Especial da Casa Civil
18/07/2005
Marco Antonio da Silva
Assessor da Diretoria de Eventos da SECOM
19/07/2005
Rodrigo Barroso Fernandes
Presidente da Fundao Municipal de Agricultura de BH e ex-assessor do Prefeito Fernando Pimentel
05/08/2005
Marcio Lacerda
Secretrio-Executivo do Ministrio da Integrao Nacional
02/08/2005
Jos Adalberto Vieira da Silva
Assessor do Deputado Jos Nobre Guimares
08/07/2005
Raimundo Ferreira Silva Jnior
Assessor do deputado Paulo Delgado
No identificado
Anita Leocdia
Assessora do Deputado Paulo Rocha
No identificado
Jos Nilson dos Santos
Assessor do Deputado Professor Luizinho
No identificado
Jacinto Lamas
Tesoureiro do PL
fev/05
Jos Luiz Alves
Chefe de gabinete do ex-ministro dos Transportes de Lula, Anderson Adauto
No identificado
Joo Cludio Genu
Assessor do Deputado Jos Janene
No identificado
Nestor Francisco de Oliveira
Assessor do Deputado Roberto Brant
No identificado
FURNAS
Dimas Fabiano Toledo
Diretor de Engenharia
30/06/2005
Rodrigo Botelho Campos
Diretor de Gesto Corporativa
30/06/2005
Jos Roberto Cesaroni
Diretor Financeiro
30/06/2005
Marcos Antonio Carvalho Gomes
Presidente do Real Grandeza (Fundo de Penso)
22/08/2005
BANCO DO NORDESTE
Kennedy Moura
Assessor da Presidncia do Banco do Nordeste
11/07/2005
PT
Jos Genono
Presidente
Renunciou em 09/07/05
Silvio Pereira
Secretrio-Geral
4/07/05
Delbio Soares
Tesoureiro
Afastado em 05/07/05 Expulso em 23/10/05
Jos Nobre Guimares
Dirigente do Diretrio Estadual do PT-CE
09/07/2005
Marcelo Sereno
Secretrio de Comunicao
09/07/2005
Wilmar Lacerda
Presidente do PT-DF
20/07/2005
Danilo Camargo
Coordenador da Comisso de tica do PT
06/08/2006
MINISTROS
Jos Dirceu*
Ministro-Chefe da Casa Civil
14/06/2005
Luiz Gushiken*
Ministro da Comunicao e Gesto Estratgica
12/07/2005
* Aps perder o status de ministro, Luiz Gushiken virou Secretrio de Comunicao. Em seguida, em 21 de julho, tambm perdeu o cargo e se tornou assessor da Presidncia da Repblica.
Ao longo desses 9 meses, a CPMI dos Correios publicou trs relatrios parciais, que condensaram os trabalhos at ento realizados. O primeiro deles, apresentado em reunio conjunta com a CPMI da Compra de Votos, foi aprovado em 1o de setembro de 2005 por unanimidade nos plenrios de ambas Comisses. No dia 15 de setembro de 2005, a sub-relatoria da DNA, SMP&B e Fontes Financeiras apresentou um relatrio com o andamento parcial dos trabalhos realizados, seguida da sub-relatoria de Contratos, em 22 de novembro de 2005, com foco nas irregularidades apontadas na Rede Postal Noturna dos Correios. Ainda, em 6 de dezembro do mesmo ano, a sub-relatoria de Fundos de Penso tambm apresentou um relatrio parcial com as concluses a que havia at ento chegado. Agora, os trabalhos so concludos com o presente Relatrio, que rene todos os trabalhos at aqui conduzidos.
Os Focos de Investigao
Ao desenvolver os seus trabalhos, esta CPMI deparou-se com diversos ilcitos, alm daqueles que motivaram a sua criao. Essa circunstncia motivou a ampliao do mbito das matrias que foram investigadas pela Comisso. Uma comisso parlamentar de inqurito deve, primordialmente, voltar-se investigao de fato determinado. Entretanto, conhecida a legitimidade de a Comisso apurar, tambm, os fatos conexos quele que motivou o incio dos trabalhos.
Conforme decidiu o Supremo Tribunal Federal:
AUTONOMIA DA INVESTIGAO PARLAMENTAR. O inqurito parlamentar, realizado por qualquer CPI, qualifica-se como procedimento jurdico-constitucional revestido de autonomia e dotado de finalidade prpria, circunstncia esta que permite Comisso legislativa sempre respeitados os limites inerentes competncia material do Poder Legislativo e observados os fatos determinados que ditaram sua constituio, promover a pertinente investigao, ainda que os atos investigatrios possam incidir, eventualmente, sobre aspectos sujeitos a inquritos ou a processos judiciais que guardem conexo com o evento principal objeto da apurao congressual. Doutrina. (Unnime). Julgamento no Tribunal Pleno em 16/11/2000, publicao no Dirio de Justia de 16/02/2001.
Esta deciso veio a confirmar e consolidar a jurisprudncia da Suprema Corte a respeito desse tema essencial, de que exemplo notrio a deciso nos autos do Habeas Corpus n 71.039-RJ, em que atuou como relator o Ministro Paulo Brossard:
A Comisso Parlamentar de Inqurito encontra na jurisdio do Congresso Nacional os seus limites. Por uma necessidade funcional, a comisso parlamentar de inqurito no tem poderes universais, mas limitados a fatos determinados, o que no quer dizer que no possa haver tantas comisses quantas as necessrias para realizar as investigaes recomendveis, e que outros fatos, inicialmente imprevistos, no possam ser aditados aos objetivos da comisso de inqurito j em ao. O poder de investigar no um fim em si mesmo, mas um poder instrumental ancilar relacionado com as atribuies do Poder Legislativo. Quem quer o fim d os meios. (Unnime). Julgamento no Tribunal Pleno em 07/04/1994, publicao no Dirio de Justia de 06/12/1996.
A CPMI dos Correios, instalada a partir de um fato determinado ocorrido naquela empresa estatal, viu-se obrigada a ampliar o escopo de suas investigaes quando identificou diversas outras reas, no Estado brasileiro, com as quais se conectavam as irregularidades inicialmente apontadas.
Como o objeto de nossa anlise mostrou extensas ramificaes, por questo metodolgica este Relatrio Final respeita a diviso de forma anloga e consoante aos trabalhos realizados pelas cinco sub-relatorias: Contratos, Movimentaes Financeiras, IRB, Fundos de Penso e Proposies Legislativas.
Cabe ressalvar que a diviso dos temas no estanque, pois muitos aspectos analisados em determinado momento mostram relao com objetos posteriormente tratados. Para melhor compreenso de assuntos amplos e complexos, entretanto, esta demonstrou ser a melhor forma de relatar os trabalhos realizados.
Antes da apresentao do material produzido por cada sub-relatoria, o Captulo 5 refere-se ao objeto inicial da CPMI, o episdio de espionagem envolvendo a gravao de um ato claro de corrupo praticado pelo ento Chefe do Departamento de Contratao dos Correios, Maurcio Marinho, fato este que inaugurou esta Comisso Parlamentar Mista de Inqurito.
Em seguida, so apresentados os trabalhos produzidos pelas cinco sub-relatorias, que refletem os diferentes ncleos de investigao desta CPMI. O primeiro deles consiste em anlises sobre contratos pblicos firmados pela Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos (ECT), no qual material produzido em conjunto com o Tribunal de Contas da Unio serviu de alicerce. A partir das denncias de corrupo relativas a vrias diretorias dos Correios, esta CPMI se empenhou em esmiuar um amplo leque de irregularidades e ilicitudes que ocorreram na estatal.
As reas que mereceram objeto de anlise neste Captulo distribuem-se em quatro conjuntos de contratos firmados pelos Correios com o setor privado: a) servio da Rede Postal Noturna; b) a rede franqueada dos Correios; c) prestao de servios de informtica e outros; d) a prestao de servios de publicidade.
Este ltimo item, que se refere a um contrato firmado pelos Correios com a DNA Propaganda, o elo entre o primeiro ncleo de investigaes da CPMI, a cargo da sub-relatoria de Contratos, e o segundo ncleo aqui apresentado, sob responsabilidade da sub-relatoria de Movimentaes Financeiras, que trata de atividades do publicitrio Marcos Valrio Fernandes de Souza para alm do ramo de publicidade e, na realidade, tratam-se de um esquema de arrecadao de recursos ilcitos destinados a polticos e a partidos polticos.
O Captulo 7 trata do modus operandi de Marcos Valrio e descreve uma srie de operaes financeiras coordenadas pelo publicitrio, financiadas com dinheiro pblico e privado, para repasse a polticos e beneficirios indicados por partidos polticos. Essas operaes ficaram consagradas na opinio pblica como Valerioduto, e contaram com a anuncia e colaborao de bancos privados, corretoras e apresentaram ramificaes no exterior.
Neste Captulo h um tpico reservado anlise dos pagamentos aos beneficirios, no qual apresenta-se uma elevada correlao entre os repasses de recursos e a ocorrncia de eventos e fatos polticos relevantes no cenrio nacional. Aqui, comprova-se, inequivocamente, a existncia do Mensalo, expresso irradiada pelo ex-Deputado Roberto Jefferson e pela qual tais repasses foram batizados.
Este relatrio procura distinguir o que realmente se comprova como fonte do esquema operado pelo empresrio Marcos Valrio e o que configura-se como fundada suspeita. O primeiro grupo est explicitado no tpico 7.2, referente ao Valerioduto. O segundo, ser tratado no item Casos Especficos, que renem eventos no diretamente relacionados ao Valerioduto.
Os repasses feitos pelo empresrio Marcos Valrio a campanhas polticas durante as eleies 1998 sero relatados considerados neste tpico. Em seguida, sero apresentados outros contratos firmados pelas agncias do Sr. Marcos Valrio com a administrao pblica, como os servios de publicidade prestados Eletronorte, ao Ministrio dos Esportes e ao Ministrio do Trabalho, que apresentam irregularidades, mas no renem evidncias suficientes para integr-los ao Valerioduto.
Outro foco de investigao que, por sua natureza especial, merece tratamento parte, a atuao do publicitrio Jos Eduardo Mendona, conhecido como Duda Mendona. O publicitrio um dos recebedores de recursos do Valerioduto e mantm contas bancrias no exterior. H fortes indcios de que tenha operado nessas contas de forma semelhante s operaes efetuadas por Marcos Valrio. Essa movimentao de Duda tambm ser descrita nesse relatrio.
Tambm ser tratado como caso especfico o contrato firmado entre o banco BMG e a Caixa Econmica Federal. O BMG, sabidamente, teve papel vital no esquema financeiro arquitetado pelo Sr. Marcos Valrio Fernandes de Souza e fechou contrato de venda de sua carteira de crdito para a CEF de forma irregular.
Nos Captulos seguintes, sero apresentadas as concluses das apuraes no mbito do Instituto de Resseguros do Brasil e o exame das atividades dos Fundos de Penso, que merecem, justificadamente, comentrios em separado, fundamentados no material produzidos pelas sub-relatorias que examinaram esses temas.
No Captulo 10, da Tipificao das Condutas, h referncia a todos os ncleos de investigao desta CPMI com meno aos responsveis e s condutas ilcitas descritas ao longo do relatrio. Neste Captulo, esta CPMI dos Correios sugere s autoridades competentes, notadamente o Ministrio Pblico Federal, o indiciamento dos envolvidos.
Em seguida, o Captulo 11, denominado Proposies Legislativas, elaborado com base nos trabalhos da sub-relatoria de Normas de Combate Corrupo, trata do aperfeioamento legal, jurdico e institucional necessrio para escoimar ou, ao menos, dificultar a prtica de delitos e irregularidades descritas ao longo deste relatrio.
Por fim, o Captulo 12 traz as concluses e os ensinamentos que nos trouxe esse processo que cumpre um ciclo importante a partir da publicao deste Relatrio Final.
3 A Espionagem nos Correios
(...) o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.
(Eclesiastes 1:18)
3.1 Introduo
A gravao da fita de vdeo, em que o funcionrio dos Correios, Maurcio Marinho, flagrado recebendo R$ 3.000,00, foi resultado da chamada espionagem industrial ou