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UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física
CONHECIMENTO DECLARATIVO NO FUTSAL
Estudo comparativo de equipas profissionais e
amadoras, considerando os anos de prática, idade, estatuto posicional e sistema de jogo.
Rui Dinis Reis Vieira Pinto
Porto, Dezembro 2005
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UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física
CONHECIMENTO DECLARATIVO NO FUTSAL
Estudo comparativo de equipas profissionais e
amadoras, considerando os anos de prática, idade, estatuto posicional e sistema de jogo.
Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário,
do 5º ano do curso de Licenciatura em Desporto e Educação Física,
da Opção Complementar de Desporto de Rendimento – FUTEBOL
Orientador: Professor Doutor Júlio Garganta
Autor: Rui Dinis Reis Vieira Pinto
Porto, Dezembro 2005
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AGRADECIMENTOS
Para a consecução de um estudo desta natureza, contamos com o contributo
de algumas pessoas, que de um modo directo ou indirecto, de um modo mais
acentuado ou menos acentuado, são determinantes para a exequibilidade do
mesmo.
Assim, gostávamos de agradecer, em primeiro lugar, ao Professor Doutor Júlio
Garganta, orientador deste trabalho, pelo seu profissionalismo evidente e
constante disponibilidade e vontade em elucidar-nos em aspectos centrais.
Ao Professor Pablo Souza, pela cedência do Protocolo de Avaliação utilizado
neste estudo e pela disponibilidade demonstrada em ceder material teórico.
A todos os professores desta faculdade, pois sem eles não poderíamos chegar
a este patamar.
Aos responsáveis das equipas estudadas, pois cederam-nos tempo de treino
para a execução dos testes.
Aos jogadores intervenientes no estudo, pela paciência e colaboração.
Ao Ricardo pela ajuda preciosa na recta final do trabalho.
Aos meus pais e aos meus avós, por considerarem a minha formação como
uma prioridade de vida.
À Raquel, por todo o incentivo, apoio, encorajamento e amor.
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ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS I
ÍNDICE GERAL II
ÍNDICE DE FIGURAS IV
ÍNDICE DE QUADROS V
RESUMO VI
I INTRODUÇÃO 1
1.1. Pertinência e Âmbito do Estudo 2
II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 6
2.1. Aspectos Cognitivos inerentes aos Jogos Desportivos Colectivos 6
2.2. O Jogo de Futsal 7
2.3. Capacidades Técnicas no desenvolvimento do jogo de equipa 10
2.4. Capacidades Tácticas no desenvolvimento do jogo de equipa 10
2.5. Tomada de Decisão: um processo eminentemente estratégico 13
2.6. Atletas Profissionais versus Atletas Amadores 15
2.7. Conhecimento Declarativo 21
III MATERIAIS E MÉTODOS 26
3.1. Objectivos do estudo 26
3.2. Hipóteses 26
3.3. Variável Dependente 27
3.4 Variáveis Independentes 27
3.5. Especificação da Amostra 27
3.6. Protocolo de Avaliação 28
3.7 Apresentação e Recolha de dados 31
3.8. Procedimentos Estatísticos 31
IV APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 33
4.1. Caracterização Geral 33
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4.2. Em função da Especialização 35
4.3. Em função dos anos de prática 39
4.4. Em função da faixa etária 41
4.5. Em função do estatuto posicional 43
4.6. Em função das horas de prática 45
4.7. Em função do sistema de jogo 47
V CONCLUSÕES 49
VI RECOMENDAÇÕES 51
VII BIBLIOGRAFIA 52
VIII ANEXOS 60
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ÍNDICE de FIGURAS
Figura 1 Caracterização da totalidade da amostra em função da idade (percentagem) 28
Figura 2 Exemplo de cena do Protocolo de Avaliação desenvolvido por Souza, 2002 30
Figura 3 Análise comparativa das quatro equipas em função dos anos de prática (�)
34
Figura 4 Análise comparativa das quatro equipas em função do número de treinos e horas semanais 34
Figura 5 Análise comparativa das equipas em função das respostas erradas no Protocolo 35
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ÍNDICE de QUADROS
Quadro 1 Características do processamento de informação visual de atletas principiantes e experientes (Ripoll, 1987) 15
Quadro 2 Caracterização da totalidade da amostra em função da idade (n= 53) 27
Quadro 3
Análise Descritiva: média (�), desvio-padrão (dp) e amplitude de variância (V) dos resultados obtidos no Protocolo de Conhecimento Declarativo referente à totalidade da população que constituem a amostra (n=53)
33
Quadro 4 Caracterização geral da amostra, por equipa, de acordo com o Protocolo de Conhecimento Declarativo e questionário 33
Quadro 5 Análise Descritiva: média (�), desvio-padrão (dp) e valor de p dos resultados obtidos no Protocolo de Conhecimento Declarativo em função da especialização
35
Quadro 6 Relação entre o conhecimento declarativo e os anos de prática de Futsal 39
Quadro 7 Relação entre o conhecimento declarativo e a faixa etária dos jogadores 42
Quadro 8 Análise Descritiva: média (�), desvio-padrão (dp) e valor de p dos resultados obtidos no Protocolo de Conhecimento Declarativo em função do estatuto posicional
43
Quadro 9 Relação entre o conhecimento declarativo e as horas de treino semanais 46
Quadro 10 Análise Descritiva: média (�), desvio-padrão (dp) e valor de p dos resultados obtidos no Protocolo de Conhecimento Declarativo em função do sistema de jogo
48
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RESUMO
O presente estudo pretende comparar o nível do conhecimento declarativo de
jogadores de Futsal, em função do nível de especialização (profissionais e
amadores), anos de prática, horas de treino, faixa etária, estatuto posicional
(guarda-redes e jogador de campo) e sistema de jogo utilizado (3:1 e 4:0). Para
isso recorreu-se ao Protocolo de Avaliação de Conhecimento Declarativo,
desenvolvido por Souza em 2002.
Os resultados mostraram claramente que os atletas profissionais decidem
melhor do que os amadores (p=0,001), enquanto que os atletas com mais anos de
prática também tendem a decidir melhor do que os principiantes, pois apresentam
menos erros no Protocolo de Conhecimento Declarativo aplicado (p= -0,6). Ambos
os resultados revelaram diferenças estatisticamente significativas.
No que diz respeito à relação entre as horas de prática e o nível de
conhecimento declarativo, os resultados demonstram também que os atletas que
dedicam um maior número de horas ao treino têm um maior número de acertos,
sendo esta relação estatisticamente significativa (p= -0,4). Idêntica relação
significativa foi encontrada quando se comparou diferentes faixas etárias, ou seja,
os atletas situados numa faixa etária superior decidem melhor do que os atletas
mais novos (p= -0,5). As diferenças apresentadas nas relações entre variáveis
aproximam-se de -1 pois o coeficiente é feito entre a variável em questão (ex.
faixa etária) e o número de erros no Protocolo aplicado.
No que diz respeito ao estatuto posicional, os jogadores de campo, em relação
aos guarda-redes, conseguiram uma maior percentagem de acertos no Protocolo
de Conhecimento Declarativo, mas as diferenças mostraram-se não significativas,
do ponto de vista estatístico (p= 0,09). Por fim, quando se comparou os jogadores
em função do sistema de jogo utilizado (3:1 e 4:0), também não foram
encontradas diferenças significativas do ponto de vista estatístico ao nível do
conhecimento declarativo (p= 0,2).
Nos estudos realizados mais recentemente, o talento do jogador está
directamente ligado ao seu conhecimento declarativo (Fontinha, 2004).
Palavras-chave: JOGOS DESPORTIVOS COLECTIVOS, FUTSAL,
CONHECIMENTO DECLARATIVO, TOMADA DE DECISÃO.
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I. Introdução “ A obtenção de uma decisão sobre um problema pessoal típico, colocado em ambiente social,
que é complexo e cujo resultado final é incerto, requer tanto o amplo conhecimento de generalidades como estratégias de raciocínio que operem sobre esse conhecimento.”
DAMÁSIO (1994)
Na actualidade, os Jogos Desportivos Colectivos (JDC) ocupam um lugar de
destaque na cultura desportiva, sendo objecto de análise para estudiosos de todo
o mundo.
A especificidade e a identidade dos JDC destacam-se pela aleatoriedade,
imprevisibilidade e variabilidade de comportamentos e acções, com um constante
apelo à inteligência enquanto capacidade de adaptação a um contexto em
permanente mudança (Garganta, 1996). Com esta afirmação, podemos retirar a
justificação da crescente importância atribuída aos processos cognitivos, enquanto
indispensáveis componentes do rendimento desportivo, principalmente no que diz
respeito a capacidade de decisão do atleta.
O Futsal, sendo um JDC, é um campo privilegiado para o estudo relacionado
com a performance desportiva, pois relaciona-se com um contexto marcado pela
acção dinâmica e não-repetitiva, onde as habilidades perceptivas e cognitivas
assumem um destaque especial.
A forma de actuação de um jogador e a sua consequente tomada de decisão
estão fortemente condicionadas pelo modo como este percebe e compreende o
jogo, regulando a organização da percepção, a compreensão das informações e a
respectiva resposta motora (Souza, 2002). Compreender o jogo implica para o
atleta “saber o que fazer” em determinada situação, relacionando com
informações, conceitos e conhecimentos específicos já existentes, ou seja, possuir
um nível de Conhecimento Declarativo (CD) que lhe permita responder a
determinado lance de jogo da maneira mais eficaz.
Mas o nível de CD está relacionado com variáveis independentes, tais como
nível de especialização, anos de prática, faixa etária, estatuto posicional dentro de
campo (guarda-redes ou jogador de campo) e horas de prática destinadas à
modalidade. Assim, Williams e Davids (1995) findaram que os atletas profissionais
de alto nível evidenciaram uma expressiva quantidade de CD acerca de como e
quando executar determinadas acções. Quanto aos anos de experiência,
Rodrigues (1998) também mostra que existe uma relação entre esta variável e o
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nível de CD, enquanto que Brito e Maçãs (1998) atestaram que atletas de
escalões etários mais elevados possuem um conhecimento mais amplo da
modalidade. No que diz respeito ao estatuto posicional em campo (guarda-redes
ou jogador de campo), não existe um consenso na literatura existente (Mangas,
1999; Correia, 2000; Miragaia, 2001; Fontinha, 2004).
Todos os estudos acima aportados levam-nos a outras modalidades que não o
Futsal, facto que nos faz levantar algumas questões. Será que os jogadores
profissionais de Futsal, com maior tempo de prática por semana do que os
jogadores amadores, possuem maior CD da modalidade? Qual será o estatuto
posicional do jogador de Futsal (guarda-redes ou jogador de campo) que terá um
conhecimento especifico mais desenvolvido? E será que os jogadores de Futsal
mais experientes, com mais anos de prática, também demonstram um maior nível
de CD?
O presente estudo pretende, assim, investigar o nível de Conhecimento
Declarativo dos jogadores de Futsal, tendo como base quatro equipas (duas
amadoras e duas profissionais), considerando os anos de prática, idade, estatuto
posicional e sistema de jogo.
Ressalta daqui a importância da capacidade de decisão táctica e do CD da
modalidade, pois, e segundo Souza (2002), muitas vezes, grandes atletas não
conseguem verbalizar como realizaram uma espectacular jogada, não
conseguindo explicar uma combinação táctica com os colegas de equipa.
1.1. Pertinência e âmbito do estudo “O desenvolvimento das possibilidades de escolha do jogador, ou seja, da sua tomada de
decisão, dependem obviamente do conhecimento que este tem do jogo.” GARGANTA (1997)
Os Jogos Desportivos Colectivos (JDC) estão, na presente data, a ser alvo
de análises, observações e registos por parte daqueles que querem saber mais da
modalidade que lhes diz respeito, no sentido de aperfeiçoar o treino e atingir níveis
de performance mais elevados.
Os JDC caracterizam-se por uma grande imprevisibilidade de acções, sendo os
problemas que se colocam aos jogadores de natureza eminentemente táctica
(Garganta, 1997). Desta forma, o jogador deve decidir de uma forma imediata,
escolhendo o procedimento táctico mais adequado, pois as competências dos
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jogadores transcendem o domínio de um conjunto de habilidades técnicas (Costa,
2001), para se centrarem em grandes categorias de problemas relacionados com
os constrangimentos do envolvimento (Garganta, 1997).
Uma recente modalidade, integrada no grupo dos JDC, está a implantar-se
com força no mundo desportivo, nomeadamente nos pavilhões e nas escolas: o
Futsal. Se inicialmente esta modalidade funcionou como uma forma de recreação
e lazer, no presente atravessa uma fase clara de competição, que vai desde os
campeonatos escolares e nacionais, até aos mundiais, atraindo adeptos de todo o
mundo.
No Futsal, existem diversas estratégias e estruturas tácticas nas
movimentações defensivas e ofensivas, sendo que as variações no jogo são
constantes (Voser, 2001). No que respeita ao jogo de ataque, este consiste em
estabelecer critérios que possam criar movimentações, e, desta forma,
surpreender o adversário na tentativa de atingir o objectivo final: o golo
(Sampedro, 1997).
O estudo na área do Futsal poderá ser justificado pela inserção desta
modalidade no grupo dos JDC, pois este grupo caracteriza-se por acções de jogo
desenvolvidas num espaço comum com participação simultânea de atacantes e
defesas em relação à bola, por exigências de percepção em relação a objectos
móveis (adversários, colegas, árbitros e bola) e objectos imóveis (áreas, linhas e
balizas), sendo também a velocidade de ocorrência de acções e o nível de
intensidade de jogo características particulares (Souza, 2002).
O mesmo autor refere ainda que as exigências impostas pelas regras da
modalidade e a complexidade das acções fazem com que os jogadores de Futsal
tenham de adoptar uma permanente atitude táctica consciente, para superarem a
inesperada estrutura das situações de jogo, bem como para coordenar acções
entre atacantes e defensores em relação ao objectivo do jogo. A táctica apresenta-
se assim como uma forma de resolução de problemas que o jogador enfrenta em
situações de jogo (Souza, 2002).
Claro está que uma modalidade relativamente recente (em comparação com
outras) como é o Futsal, apresenta grandes lacunas a nível de conhecimento do
jogo e onde a sua parte científica é praticamente inexistente em Portugal, pelo que
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não podemos deixar de querer contribuir para que a qualidade de jogo e de treino
evolua, com a performance associada.
Garganta e Pinto (1989) referem que a análise das características particulares
do jogo, a verificação das suas tendências evolutivas e as repercussões destas na
orientação metodológica do processo de treino desportivo, constituem aspectos
determinantes para a elevação do nível de prática e para a consequente evolução
da modalidade.
Podemos ainda constatar que existe uma escassez de pesquisas no Futsal,
principalmente quando falamos de aspectos táctico-cognitivos, pois a
predominância é dada a estudos centrados em ângulos técnicos e físicos (Souza,
2002).
Importa também investigar sobre aspectos que determinam as performances
de excelência. O que um jogador necessita para se revelar como um “expert”?
Já todos sabemos que somente a grandeza técnica não faz jogadores de elite,
devendo estar associada uma orientação táctica bem estruturada. Alguns estudos
apontam para a importância do conhecimento específico da modalidade nas
elevadas performances. Mas será isso também transferível para o Futsal?
Analisando alguns estudos relativos à decisão estratégico-táctica, Costa (2001)
aponta que os praticantes de excelência se caracterizam por possuírem um
conhecimento declarativo e processual muito organizado, um processo de
captação de informação mais eficiente, um reconhecimento de padrões de jogo e
processos de decisão mais rápidos e precisos, um conhecimento táctico superior,
assim como uma maior capacidade de antecipação dos acontecimentos do jogo e
maior conhecimento das probabilidades situacionais.
Assim, se a eficácia das equipas depende sobretudo da sua organização,
materializada na capacidade para controlar o jogo através das variações de
corredor na circulação de bola, das alterações de ritmo e do tipo de passe, no
sentido de criar surpresa e romper o equilíbrio da equipa adversária (Garganta,
1997), não serão certamente os comportamentos repetitivos e previsíveis do
jogador, mas a inteligente alternância de soluções, que permitirão responder a
esta exigência do jogo moderno.
A necessidade que os jogadores têm de saber o que fazer, para depois
seleccionar como o fazer, utilizando a acção motora mais adequada ao problema
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(Garganta e Pinto, 1998), tem proporcionado um interesse considerável na
importância que o conhecimento específico da modalidade tem na performance
desportiva (Thomas e Thomas, 1994). Esta capacidade de saber o que fazer em
determinada situação de jogo está fortemente relacionada com o seu nível de
especialização (profissional ou amador), anos de prática, faixa etária e, de certa
forma, com o estatuto posicional do jogador. Todas estas variáveis vão influir
positiva ou negativamente no nível de CD apresentado pelo jogador, o que
inevitavelmente influencia a performance desportiva.
Definindo, o CD comporta o conhecimento que explica ou suporta teoricamente
a realização de uma acção. Os estudos efectuados têm relacionado positivamente
a qualidade do praticante com esta forma de conhecimento.
Segundo Mahlo (1980), a principal causa dos erros cometidos pelos jogadores
pouco experientes consiste no desconhecimento da solução mais adequada,
sendo os resultados dos estudos já realizados, reveladores de que as equipas
melhor classificadas obtêm melhores resultados nos testes de conhecimento
específico (Greco et al. 1998). Importa também auferir acerca do tempo da prática
dedicada à modalidade, pois segundo Oliveira (2004), a qualidade de um
desportista está dependente da quantidade de horas de exposição à prática da
respectiva modalidade, relacionada com a qualidade e concentração dessa
exposição.
Destacamos também como justificação a escolha desta modalidade, o elevado
interesse pessoal que nutrimos pelo Futsal, no passado como atleta e,
actualmente, também enquanto treinador. Estamos ainda a enriquecer a nossa
formação e agregar um conjunto de conhecimentos válidos para o futuro, bem
como a contribuir para a evolução de todos aqueles que se sintam motivados e
curiosos em relação à modalidade.
Finalizando, sendo o Futsal uma modalidade pouco desbravada na literatura, o
presente estudo pretende indagar o nível de Conhecimento Declarativo dos
jogadores de Futsal, relacionando esta variável dependente com o nível de
especialização dos atletas, a faixa etária, o número de anos de prática, o estatuto
posicional ocupado pelos jogadores (guarda-redes ou jogadores de campo) e o
sistema de jogo utilizado.
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II. Revisão Bibliográfica
2.1. Aspectos cognitivos inerentes aos Jogos Desportivos Colectivos “A capacidade cognitiva é um pré-requisito fundamental para o jogo, o que faz com que não
possamos esquecer fazer interagir as diferentes componentes de treino.” GARGANTA E PINTO (1995)
Os JDC distinguem-se das outras modalidades desportivas pelo confronto
existente entre duas equipas, com o objectivo de marcar / não sofrer golo
(Garganta, 1995), ou seja, procurar um espaço favorável para realizar uma acção
táctico-técnica que lhes permita atingir o objectivo.
Para Gréhaine e Guillon (1992), o problema central dos JDC pode ser
analisado sob o ponto de vista da oposição, pois os jogadores coordenam as suas
acções no sentido de recuperar, manter e progredir com a bola para atingir o
objectivo, o golo. Este ponto de vista vai de encontro à importância do
desenvolvimento da táctica, pois neste conjunto de Jogos, o principal problema
que se coloca é essencialmente táctico.
Na opinião de diversos autores, os JDC implicam uma solicitação importante
das capacidades cognitivas, sendo por isso importante centrar a formação no
desenvolvimento dos processos cognitivos, para que os atletas estejam prontos
para responder às solicitações do jogo (Schoch, 1987; Greco, 1998; Schubert,
1990; Konzag, 1992; Garganta e Pinto, 1995; Pinto, 1995; Tavares, 1995; Tavares
e Faria, 1996; Garganta, 1997; Pinto, 1998, Balasch, 1998; Brito e Maças, 1998;
Mangas, 1999). Assim, nos últimos anos verifica-se um crescendo de importância
atribuída a esta dimensão enquanto factor determinante do resultado desportivo
(Pinto, 1995; Garganta, 1997; Fontinha, 2004).
Segundo Mangas (1999), diversos autores questionaram a importância dos
aspectos cognitivos na performance dos atletas. Deste modo, o desportista ao
adquirir informações de forma consciente, pode orientar-se mais correctamente
durante o jogo e manifestar mais êxito nas acções tácticas (Tavares, 1995), pois é
capaz de adequar a solução ao contexto existente (Mangas, 1999). É, então,
necessário que o jogador analise o que é realmente importante, tendo para isso
que possuir um vasto conhecimento da modalidade que pratica (Mangas, 1999),
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embora Thomas (1994) considere que a existência isolada de CD não garanta a
qualidade de acção.
Se o conhecimento da modalidade praticada for vasto, o jogador sente uma
correcta percepção do que é realmente importante, o que vai espelhar-se na
correcta tomada de decisão e, consequente, qualidade de acção.
A qualidade da tomada de decisão é, na opinião de vários autores (Rippol,
1987; Tavares, 1993; Alves e Araújo, 1996; Mangas, 1999), uma das mais
importantes capacidades dos atletas, sendo também, em muitos casos, a
responsável pelas diferenças inter-individuais do rendimento.
Na mesma linha, Castelo (1998) afirma que os desportistas que apresentam
um elevado nível de desempenho no jogo realizam processos cognitivos
específicos de alto nível, possuem processos de recepção e elaboração de
informações mais rápidos e mais precisos, e revelam menos erros na tomada de
decisão.
O conhecimento e a compreensão do jogo ganham assim, uma importância
fundamental, pois permitem aos atletas tomar a decisão mais adequada em
função da situação que se lhes depara se considerarmos que a qualidade do jogo
reclama do sujeito comportamentos inteligentes (Garganta e Oliveira, 1996).
2.2. O jogo de Futsal “No Futsal, as acções desenvolvem-se num espaço comum, com participação simultânea de
atacantes e defensores em relação à bola, sem esperar a acção final do adversário, desde que se tem o controle ou não da bola, até alcançar os objectivos do jogo.”
SOUZA (2002)
Integrado no conjunto de modalidades que constituem os JDC, o Futsal tem
vindo a crescer rapidamente, aumentado tanto o número de praticantes, como o
número de adeptos, sendo uma modalidade de fácil acesso, pois proliferam o
número de pavilhões.
Sampedro (1993), considera que esta modalidade, incluída nos desportos de
equipa, pode ser definida como um jogo de actividade complexa e dinâmica,
devido à multiplicidade de factores que incidem directamente na acção sócio-
motriz e no desenrolar do próprio jogo. O apelo à cooperação entre os elementos
de uma equipa com o intuito de ultrapassar a oposição da equipa adversária e o
apelo à inteligência, enquanto capacidade de adaptação a um contexto em
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permanente mudança, constituem, segundo Garganta (1995), dois dos principais
traços desta família de desportos.
Num objectivo de síntese, efectuaremos uma abordagem das principais
características dos JDC, a fim de estabelecer semelhanças entre o Futsal e outras
modalidades. Além disso, a classificação do Futsal no contexto dos JDC permite
evidenciar as suas especificidades, que serão fundamentais para legitimar este
estudo. Assim, caracterizamos os JDC da seguinte forma (Souza, 2002):
I - Existe a noção de confronto, com momentos de oposição e de
colaboração;
II - Ocorrem acontecimentos imprevistos;
III - Existe um sistema de referência com vários componentes, no qual se
integram todos os jogadores e com o qual se confrontam constantemente;
IV - Apresentam uma série de parâmetros comuns a todas as modalidades;
V - Possuem uma estrutura formal;
VI - Ocorrem num contexto de elevada variabilidade, imprevisibilidade e
alietoriedade das acções, no qual as equipas se confrontam a lutar por
objectivos comuns;
VII - Existe uma dependência do parâmetro situacional: as acções dos
atletas mudam conforme a situação ambiental inter-relacionada com os
objectivos de jogo.
Com tudo isto, verificamos que um dos mais importantes objectivos que se
coloca aos JDC, especialmente no Futsal, é conseguir um elevado
desenvolvimento táctico nas acções de cooperação (passe, drible, remate,
movimentação) para atingir o objectivo (marcar / não sofrer golo), pois não é
aquele que possui capacidade física ou técnica superior que vence, mas sim
aquele que é capaz de perceber as variáveis, de as analisar correctamente e
depois encontrar e executar tecnicamente a melhor solução (Bedolla, 2003).
No que diz respeito ao sistema táctico utilizado, inicialmente, as dificuldades no
controlo da bola constituíam o principal entrave a um jogo com fundamento e
intencionado. Com o decorrer do tempo, e pela observação de outras
modalidades, as equipas foram-se organizando num estático "quadrado" (2:2),
muito recuado, procurando ganhar a posse da bola para sair no contra-ataque,
apurando ao máximo a finalização, para retroceder de novo à defesa e iniciar um
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novo ciclo, sendo os recursos tácticos ofensivos colectivos praticamente
inexistentes.
A evolução visou essencialmente o processo ofensivo, procurando diluir a
supremacia defensiva, surgindo naturalmente as primeiras rotações, com trocas
simples de posição entre atacantes e defesas. Inevitavelmente houve uma
adaptação dos processos defensivos, passando a defender-se em posições mais
avançadas, com vista à redução do espaço de ataque, o que tornou o jogo mais
dinâmico, com implicações óbvias na preparação física dos jogadores.
Surge então o sistema 3:1, inicialmente com um “pivô” muito adiantado, quase
estático e sem grandes preocupações defensivas, jogando frequentemente de
costas para a baliza adversária. Perante tal situação, o “fixo” viu-se na obrigação
de antecipar a acção do seu adversário, passando para tal a defender ao seu lado
e não atrás como fazia anteriormente, anulando-o por completo. Apercebendo-se
da maior ou menor qualidade do fixo, a equipa atacante passou a realizar várias
rotações com o intuito de o afastar do seu espaço de acção preferencial.
Para Sampedro (1997), o sistema 4:0 é o sistema mais moderno, e, no
momento, é aquele a que as equipas mais recorrem. Refere também que é usual
combiná-lo com o sistema 3:1.
Sem dúvida que, actualmente, as equipas mais representativas da modalidade,
nomeadamente em Portugal, apresentam já um elevado nível táctico-técnico, cujo
grau de complexidade encontra paralelo em modalidades muito evoluídas como o
Futebol, o Basquetebol ou o Andebol, sendo a estrutura mais utilizada a 4:0.
Desta forma, Voser (2001), ateste que o sistema 4:0 é um dos sistemas mais
utilizados em Espanha. Esta estrutura apresenta vantagens no facto de se dispor
de todo o espaço de ataque livre para jogar e conseguir superioridade, devido às
movimentações constantes. No entanto, este salienta que há a necessidade de
todos os jogadores serem exímios no contacto com a bola, independente do seu
estatuto posicional (incluindo o guarda-redes), que tenham boa técnica e, acima
de tudo, que saibam jogar em equipa.
Assim, qualquer que seja o sistema de jogo utilizado, todos os jogadores
devem perceber o jogo, para saber adoptar a atitude táctica ofensiva ou defensiva
(passe, movimentação, remate, drible) de acordo com a situação de jogo.
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2.3. Capacidades Técnicas no desenvolvimento do jogo de equipa “No Futsal, como uma modalidade desportiva, as técnicas individuais empregadas durante a
prática de jogo são fundamentalmente influenciadas pelos seguintes componentes: equilíbrio, ritmo, coordenação geral, espaço e tempo.”
ROMERO (2003)
As capacidades técnicas no Futsal podem ser definidas como os instrumentos
que os jogadores possuem para resolver os problemas/tarefas que lhes são
propostas durante o jogo. Estas devem ser utilizadas para alcançar um objectivo
previamente definido (Souza, 2002), devendo estar em sintonia com os colegas de
equipa para tentar romper a harmonia adversária. Neste sentido, podemos
considerar a técnica como a capacidade que garante a exequibilidade da acção
pretendida para operacionalizar a decisão tomada, decisão essa que vai depender
do nível de CD que o jogador possua da modalidade.
Diversos autores criticam algumas formas de abordagem dos JDC pelo facto
de nelas se empregar muito tempo no ensino da técnica, e pouco ou nenhum no
ensino do jogo propriamente dito (Santesmases, 1998). Outros consideram
necessário, para um correcto desenvolvimento, a existência de uma unidade entre
formação técnica e táctica, sendo importante que a primeira tenha em
consideração as exigências da segunda (Mahlo, 1980).
Segundo investigações de Mangas (1999), nos últimos anos vários
pesquisadores têm-se preocupado com o ensino do jogo de Futebol,
argumentando que este deve ser apoiado na sua compreensão, ao preconizar a
aquisição de conhecimentos tácticos desde a iniciação, de modo a promover a
aprendizagem e abordagem das técnicas condicionadas às situações que surgem
no jogo.
Além da técnica, nos JDC deveremos formar jogadores inteligentes, pois só
estes estão capacitados para tomar decisões correctas.
2.4. Capacidade Táctica no desenvolvimento do jogo de equipa
“No Futsal, toda a decisão que o atleta toma é uma decisão táctica e pressupõe uma atitude cognitiva do jogador, que lhe possibilita reconhecer, orientar-se a regular as suas acções motoras.”
SOUZA (2002)
Na actualidade, ao exigir-se dos jogadores e das equipas melhores níveis de
eficácia, aumentou-se a intensidade e ritmo de jogo, o que afectou
significativamente os aspectos técnicos e psicológicos, traduzidos pelo aumento
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da pressão sobre o raciocínio táctico dos jogadores. Este aumento do ritmo de
jogo, afecta radicalmente o modo como o jogador percepciona as situações à sua
volta, nas quais a instabilidade transitória do envolvimento imprime um novo
sentido à estrutura da situação, influenciando a continuidade e a descontinuidade
da expressão pessoal da maturidade e criatividade dos jogadores, das suas
capacidades de cooperação com os companheiros e das suas capacidades de
oposição com os adversários.
Muitos autores defendem, pois, que a técnica é o ponto importante para uma
performance máxima, enquanto que no lado oposto, surgem investigadores com a
opinião que a táctica é central, revelando-se determinante para bons resultados,
observando-se, por isso, que nestes últimos anos o centro das atenções se dirigiu
para as questões tácticas (Greco e Chagas, 1992).
Seguindo alguns autores (Frade, 1990; Garganta, 1995; Oliveira, 2001), a
dimensão táctica assume o centro da estrutura do rendimento dos JDC, pois
avoca-se como o elemento central nos jogos de oposição (Araújo, 1983; Konzag,
1985; Alves e Araújo, 1996; Moya, 1996; Mangas, 1999), sendo considerada por
Castelo (1994), como conteúdo principal para o ensino dos JDC. Daí, o jogador
em qualquer situação de jogo tem de saber o que fazer (decisão táctica), antes de
eleger o como fazer (decisão técnica), pois a decisão táctica corresponde ao modo
como a equipa procura transpor o adversário em busca do objectivo, através da
sua disposição no terreno.
Os conceitos de estratégia e táctica são conceitos que jogam com um papel
importante no domínio do desporto, embora o seu grau de importância varie em
função das actividades desportivas a que respeitam.
A estratégia é um processo que, partindo de um conjunto de dados, define os
cenários, as balizas, os meios, os métodos e institui regras de gestão e princípios
de acção (Garganta, 1996). Sobre a mesma temática, Gréhaigne (1992) refere
que a estratégia representa o que está previsto antecipadamente enquanto que a
táctica é a adaptação instantânea da estratégia às configurações do jogo e à
circulação de bola.
Segundo Garganta (1997), a táctica é o entendimento de oposição entre os
adversários e companheiros, que através de uma relação de oposição, torna
funcionais estratégias, às quais está implícito o conceito e o sentido da táctica.
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Com tudo isto, podemos argumentar que um atleta sem capacidades técnicas
favoráveis dificilmente triunfará, pois não consegue colocar em prática as opções
que lhe são colocadas, mas se for bem dirigido terá algumas hipóteses. Se a
táctica e o sistema táctico da equipa não é fundamental, porque é que são os
treinadores despedidos após maus resultados e não os jogadores?
O jogador deve, assim, saber o que fazer para depois seleccionar o
procedimento técnico mais adequado, pois as competências dos jogadores
ultrapassam largamente o domínio de um conjunto de habilidade técnicas
(Garganta, 1997). O jogador deve, ainda, ajustar-se e, principalmente, antecipar-
se às situações (Garganta e Pinto, 1995) para que o objectivo pretendido seja
alcançado, sendo necessário um conjunto de procedimentos específicos para a
organização interna do desenvolvimento de jogo, a fim de as acções individuais e
as relações recíprocas de comunicação – cooperação sejam coordenadas (Souza,
2002).
Greco (1995, citado por Souza, 2002) classifica a capacidade táctica,
relacionando dois aspectos fundamentais: a função do jogador e a característica
da acção. A função do jogador diz respeito às acções dos atletas, tanto em
situação de ataque como em defesa (posse ou não de bola). A característica da
acção diz respeito ao número de atletas envolvidos na acção, podendo ser
individual, de grupo e colectiva.
As decisões sobre “o que fazer”, “quando fazer”, “onde fazer”, “porque fazer” e
“como fazer”, apresentam-se como vectores indispensáveis para o entendimento
do jogo, possibilitando ao jogador actuar de uma maneira inteligente, e
consequentemente eficaz, durante o jogo de equipa.
Na mesma linha, Garganta (1995) defende que na construção de uma atitude
táctica, a selecção do número e qualidade das acções depende do conhecimento
que o jogador tem do jogo. Um jogador que evidencie um bom nível de
processamento de informação poderá elaborar com sucesso um esquema mental
de actuação motora.
Santesmases (1998) vem de encontro a esta afirmação, pois efectuou um
trabalho experimental com jovens basquetebolistas em fase de iniciação, para
uma dada situação de jogo, demonstrando que uma formação cognitiva prévia
influi positivamente no rendimento táctico dos jovens, ou seja, a Prática Deliberada
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defendida por Ericsson (1993) e o treino dirigido para um objectivo são factores
fundamentais para a performance desportiva.
Balasch (1998) acrescenta que a componente táctica é mais relevante que a
componente técnica, pois para além do 1x1, característica essencial dos jogos de
oposição, a actuação coordenada com os restantes companheiros / adversários,
traduzida na táctica colectiva, é fundamental para o êxito da acção que está
duplamente considerada no tempo e no espaço.
2.5. Tomada de Decisão: um processo eminentemente estratégico “A qualidade de decisão do atleta está ligada ao seu conhecimento declarativo e conhecimento
processual específicos, às suas capacidades cognitivas e à competência na sua utilização.” ALVES E ARAÚJO (1996)
No entendimento de vários autores (Rippol, 1987; Tavares, 1993; Alves e
Araújo, 1996; Araújo, 1997; Mangas, 1999), a tomada de decisão no desporto
adquire grande importância, sendo o seu conceito associado ao conceito de
estratégia e considerada uma acção eminentemente táctica (Oliveira, 1993). A
tomada de decisão é uma das mais importantes capacidades do atleta, sendo, em
muitos casos, responsável pelas diferenças inter-individuais de rendimento.
Thomas et al. (1988) consideram que as decisões que são tomadas no
desporto, estão dependentes dos conhecimentos relativos à prestação
competitiva, principalmente nas modalidades que dependam do processamento de
informação e na qualidade de decisão, como é o caso do Futsal.
Nos momentos fulcrais, quem toma as decisões correctas é o indivíduo mais
inteligente e com melhor conhecimento táctico. No Futsal, a tomada de decisão é
bastante complexa, pois existe um rol alargado de possíveis soluções para
resolver um único problema, com a agravante de a relação espaço/número de
jogadores minimizar o tempo possível de processamento de informação. Aqui o
pensamento deve ser mais rápido e a acção imediata.
Nos JDC, e no Futsal enquanto jogo desportivo colectivo, a dificuldade de
manter os níveis de performance evidenciados nos exercícios complexos
(exercitação dos elementos técnico-tácticos em situação controlada), nas
situações de aplicação (transferência para o jogo) e no próprio jogo, tem
preocupado tanto investigadores como especialistas do terreno (Mesquita, 1996).
Isto acontece, porque, perante os problemas reais que o jogo levanta, os
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praticantes têm de saber ler as situações, e tomar decisões em função do que
percepcionam, de acordo com as suas experiências pessoais na modalidade,
anos de prática e tipo de prática a que foi exposto.
Souza (2002) refere que a tomada de decisão de um atleta numa determinada
acção de jogo é uma eleição de uma probabilidade de acção ou de reacção numa
situação na qual se apresentam várias opções.
Tal como no presente estudo, a maioria dos trabalhos realizados nesta área
refere-se essencialmente ao possuidor da bola (French e Thomas, 1987;
McPherson e Thomas, 1989; Konzag, 1991; Tavares, 1993; William e Davids,
1995; Pinto, 1995; Brito e Maças, 1998; Rodrigues, 1998; Greco et al., 1998;
Mangas, 1999; Miragaia, 2001) e consiste na apresentação aos praticantes de
situações de jogo em vídeo ou filme, onde estes, após visionarem a situação,
devem decidir qual a decisão táctica mais correcta a tomar.
Na mesma linha, Helser e Pauwels (1987) realizaram um estudo utilizando um
simulador de movimentos tácticos. O estudo envolveu praticantes que jogavam
futebol de recreação e praticantes federados com 10 anos de prática em
competição. Os resultados mostraram claramente que os segundos podem tomar
decisões tácticas em maior quantidade e de forma mais rápida no momento mais
propício, em relação aos primeiros. Assim, os atletas com mais anos de
experiência estão em lugar privilegiado para conseguirem decidir melhor sobre o
que fazer numa situação que lhes é confrontada durante o jogo.
Num estudo de Brito e Maçãs (1998), em que foram comparados diferentes
escalões etários, os atletas dos escalões mais elevados, decidiam melhor do que
os seus colegas de escalões etários mais baixos. Argumentando, os atletas
situados numa faixa etária mais elevada, estão, igualmente mais cotados para
acertar com mais probabilidade quando é tempo de efectuar uma decisão táctico-
técnica.
Noutros estudos (French e Thomas, 1987; McPherson e Thomas, 1989;
Rodrigues, 1998) foi encontrada uma relação significativa entre o nível de CD
possuído pelos jogadores e a adequação da tomada de decisão.
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2.6. Atletas Profissionais vs Atletas Amadores
Os estudos comparativos entre profissionais e amadores, entre “expert e
novice” são normalmente apontados para as modalidades mais tradicionais como
o Basquetebol, Futebol, Ténis, Voleibol, sendo poucas as referências ao Futsal.
Assim, a bibliografia de abordagem comparativa entre "expert e novice" visa
determinar as diferenças existentes entre jogadores que se encontram nos
extremos do processo de aprendizagem táctico-técnica ou nos extremos dos
níveis de competição, com o intuito de identificar quais as habilidades necessárias
para que os amadores/iniciantes alcancem um nível de performance equivalente
ao apresentado por profissionais/experientes (Rezende e Valdés, 2003).
Mahlo (1980), a partir de estudos efectuados em Basquetebol, sustenta as
hipóteses de que os jogadores experientes, quando comparados com os menos
experientes, apresentam um sistema perceptivo mais aperfeiçoado para reproduzir
a organização do jogo e descodificam mais profundamente a informação.
Rippol (1987) confirma a validade desta afirmação, mostrando as diferenças
fundamentais no processamento de informação visual entre atletas principiantes e
experientes (cf. Quadro 1).
Quadro 1 – Características do processamento de informação visual de atletas principiantes e experientes (Ripoll, 1987).
ATLETAS PRINCIPIANTES ATLETAS EXPERIENTES �� A informação visual é pontual e
corresponde a um conjunto de acontecimentos;
� � A informação é tratada sobretudo em visão central;
� � A leitura dos diferentes acontecimentos é feita em ordem cronológica das suas aparições;
� � Um número importante de acontecimentos é analisado;
� � O tempo destinado a consultar cada um dos acontecimentos é curto. A informação é incompleta;
� � O tempo total de análise é elevado; � � Apresentam um longo período de tempo
entre a recepção de informação e o desencadeamento da resposta;
� As respostas motoras são muitas vezes inadequadas.
�� A informação visual é inter-relacional. Esta relaciona os diferentes acontecimentos;
� � A informação implica completamente a visão central e periférica;
� � A “leitura” é muitas vezes antecipada. O atleta coloca o seu olhar na direcção precisa onde vai aparecer o acontecimento;
� � Só os acontecimentos mais pertinentes são analisados. O seu número é restrito;
� � O tempo dedicado a consultar cada acontecimento é longo. A informação é completa;
� � O tempo total de análise é reduzido; � � A resposta é desencadeada durante a
análise da situação; � As respostas motoras são apropriadas.
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Através da interpretação do quadro 1, podemos depreender que os atletas
experientes possuem ao nível do processamento de informação visual,
capacidades que posteriormente se irão reflectir positivamente nos aspectos
relacionados com a qualidade e prontidão das decisões, conforme nos é dado a
observar nos pontos 7 e 8 do referido quadro.
Para Rezende e Valdés (2003), o jogador experiente demonstra algumas
características que o distinguem dos principiantes. Assim, evidenciamos algumas
conclusões do trabalho que se relaciona com o presente estudo. Os jogadores
mais experientes fazem uso eficiente das capacidades cognitivas, geralmente
como resultado da automatização das habilidades fundamentais, têm capacidade
de diferenciar as informações significativas das menos relevantes e não se
distraem com as últimas, conseguindo estabelecer relações entre o que está a
acontecer e as situações que poderão daí ocorrer, concebendo diferentes
alternativas, consoante a capacidade de antecipação das acções dos adversários,
de acordo com experiências anteriores.
Quanto ao nível de especialização do jogador, Gréhaigne (1992) indica que
quanto mais elevado é o seu nível, melhor definida está a imagem mental.
Na mesma linha, constatamos que, e segundo Rink et al. (1996), atletas de
elite caracterizam-se por possuírem um CD mais organizado e estruturado, um
processo decisional mais rápido e preciso, superior conhecimento táctico, maior
capacidade de antecipação dos eventos do jogo e das respostas do oponente e
superior conhecimento das probabilidades situacionais (evolução do jogo).
Williams et al. (1999) também distinguiram algumas diferenças fundamentais
ao nível da prática, onde os profissionais e experientes destacam-se por serem
mais rápidos e precisos a reconhecer padrões de jogo, serem eficazes a antecipar
as acções dos adversários, baseando-se em pistas visuais, revelarem
conhecimentos superiores em situações mais prováveis, adoptarem decisões
tácticas mais ajustadas à situação e terem um conhecimento mais estruturado e
aprofundado das matérias específicas. Aliado a tudo isto, os atletas profissionais
contam com um maior número de horas semanais de exposição à actividade.
Com as conclusões retiradas destes últimos dois estudos, podemos inferir que
o atleta profissional tem características próprias que lhe permitem observar e agir
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de um modo mais eficaz e correcto em relação ao atleta amador, o que os
distingue ao nível da prática.
Para melhor compreender a origem dos desempenhos de expertise, Ericsson
et al. (1993) conceberam a teoria da Prática Deliberada, rejeitando a perspectiva
de que as prestações de excelência estão dependentes do talento inato dos
jogadores. Os autores consideram que o alto nível de desempenho está
relacionado com a quantidade e qualidade do processo ao qual o jogador for
submetido, sendo que a quantidade se refere ao número de horas de prática
específica ao qual o jogador foi exposto, enquanto que a qualidade se relaciona
com a estrutura e a forma de operacionalização do processo, com a vontade que o
jogador tem em evoluir e com a concentração na execução das tarefas propostas.
Gardner (1995) desafia esta teoria pois afirma que os factores inatos não são
contemplados, e, segundo o mesmo autor, mostram-se como essenciais para que
os indivíduos possam aprender mais rapidamente determinadas habilidades.
Os estudos de Ericsson (2003) salientam que através da Prática Deliberada, o
atleta melhora a qualidade de prestação, provocando mudanças nos mecanismos
cognitivos e nas estruturas cerebrais, adaptando-se às novas exigências
provocadas pelo experienciar permanente.
Em comparação, French e Thomas (1987) efectuaram um estudo com atletas
de Basquetebol, avaliando a relação entre o conhecimento do jogo, o
desenvolvimento de habilidades específicas e o rendimento em jogo. Concluíram
que na generalidade, os jogadores mais experientes demonstraram maior
conhecimento da modalidade, aliado a um rendimento superior. Os resultados
indicaram também que o conhecimento de jogo estava relacionado directamente
com a capacidade de tomar decisões. Podemos ainda acrescentar que o
conhecimento de jogo é fundamental na performance dos jovens atletas, uma vez
que no final da época este factor foi o único que se revelou como preditor
significativo da capacidade de tomada de decisão.
Também McPherson e Thomas (1989), num trabalho semelhante, mas com
uma amostra constituída por jovens praticantes de Ténis, encontraram resultados
semelhantes aos do Basquetebol.
Da mesma forma, William e Davids (1995) efectuaram um estudo com
futebolistas experientes. O objectivo era saber até que ponto o CD de atletas de
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alto nível é resultado da experiência acumulada, ou característica intrínseca aos
melhores jogadores. Os resultados demonstraram um maior conhecimento
específico por parte dos jogadores de alto nível. Na opinião dos autores, o seu
elevado conhecimento de base, permitiu-lhes descodificar e processar a
informação de forma mais eficiente.
Também na mesma modalidade, Mangas (1999) conclui que a qualidade de
decisão está correlacionada com a experiência e anos de prática, situação
confirmada em trabalhos anteriores (Helsen e Pauwels, 1987; Tavares, 1993,
Tenenbaum et al. 1993; Mendes, 1999).
Um estudo de Williams et al. (1993) sustenta que os atletas mais experientes
possuem um conhecimento de base da modalidade mais amplo, permitindo-lhes
assim, identificar e valorizar determinadas situações e/ou soluções. A este
respeito, Williams e Davids (1995) crêem que o maior nível de CD possuído pelos
jogadores mais experientes, também se deve à prática desportiva contínua e não
apenas à instrução.
Outros trabalhos (French e Thomas, 1987; Williams et al. 1993; Thomas, 1994;
Pinto, 1995; Rodrigues, 1998) mostram-nos também a existência de um maior
conhecimento específico da modalidade por parte dos atletas mais experientes, o
que leva a que estes reconheçam mais facilmente os problemas e identifiquem
melhores soluções.
Dentro da mesma temática, Garganta (1997) conclui que jogadores com
prestações de excelência apresentam um maior conhecimento táctico, um
conhecimento declarativo e processual mais organizado e estruturado, processos
de reconhecimento de padrões de jogo mais eficazes e superior conhecimento das
probabilidades situacionais de jogo, em relação a atletas principiantes.
Também Greco et al. (1998) e Gréhaigne e Godbout (1995) afirmam que existe
uma relação positiva entre o CD e a qualidade do praticante. Pinto (1995) e
Williams e Reilly (2000) concordam com esta relação, pois afirmam que a análise
da situação e a capacidade de encontrar solução adequada para o problema está,
em parte, dependente dos conhecimentos tácticos.
Janelle e Hillman (2003) afirmam que os atletas mais experientes são
possuidores de um CD elevado, mais organizado e estruturado. Além disso, são
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capazes de reconhecer mais facilmente informações significativas, não se
distraindo com informações irrelevantes.
Para Oliveira (2001), os peritos cometem menos erros, demonstram uma
melhor qualidade nas decisões tomadas e evidenciam superior conhecimento
processual da tomada de decisão, em oposição aos iniciados.
No que diz respeito às decisões tácticas ofensivas dos futebolistas, Vieira
(2003) afirma que os de nível superior demonstram maior capacidade de decisão
táctica, apesar de as diferenças não serem estatisticamente significativas. Ainda
neste estudo, o mesmo autor concluiu, também sem diferenças estatisticamente
significativas, que os atacantes possuíam maior conhecimento do jogo, quer em
termos de qualidade de resposta, quer em termos de prontidão.
Em 1992, De Groot (citado por Oliveira, 2004) comparou ex-campeões de
xadrez com jogadores principiantes. Demonstrou que o que diferenciava os
experientes dos principiantes era a capacidade de escolher o melhor caminho
para a solução, sem considerar todos os outros caminhos possíveis.
Relativamente à quantidade de horas de prática específica, Oliveira (2004)
refere que a investigação actual aponta que o nível de expertise dos jogadores
tem elevada relação com a qualidade do processo. Esta qualidade tem também
inerente o conhecimento específico que o atleta possui do jogo. French e
McPherson (1999) acrescentaram que a performance dos expertos é o resultado
de um superior acumular de milhares de horas de prática em relação aos
praticantes de nível intermédio ou de recreação, durante 13 a 15 anos de prática.
Todos estes autores corroboram a afirmação de Rodrigues (2004) quando este
refere que a capacidade cognitiva (selecção da resposta e tomada de decisão) e a
capacidade para executar eficientemente as habilidades específicas são
consideradas imprescindíveis para se alcançar a optimização do rendimento em
varias modalidades desportivas.
Em relação ao estatuto posicional, Miragaia (2001) atestou no seu trabalho que
nos atletas de alto nível competitivo são os guarda-redes, defesas laterais, médios
ofensivos e pontas-de-lança aqueles que respondem mais acertadamente,
enquanto que nos de nível inferior são os médios defensivos e defesas centrais os
que apresentam melhores resultados. O mesmo autor refere que perante a
constante pressão temporal, os atletas com menor nível de prática de competição
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poderão não conseguir manter o compromisso e a exactidão de resposta da
aplicação do conhecimento.
No mesmo estudo, e considerando a globalidade da amostra, são os defesas
laterais que apresentam valores superiores de CD. Na mesma linha, Correia
(2000) conclui que são os médios ofensivos aqueles que apresentam mais
respostas correctas, enquanto que Mangas (1999) afirma que são os guarda-
redes e os defesas centrais. Fontinha (2004) apresenta os pontas-de-lança e os
defesas centrais como os melhores nos resultados globais do teste de CD. De
realçar que todos estes estudos não apresentam diferenças estatisticamente
significativas.
Quanto ao estatuto posicional que apresenta mais erros no teste de CD,
Mangas (1999), Correia (2000) e Miragaia (2001) apresentaram os pontas-de-
lança como o grupo com um maior número de respostas erradas.
Assim, podemos ainda afirmar que a evolução do jogo passa, sobretudo, pelo
desenvolvimento das capacidades e dos conhecimentos específicos dos
jogadores relativos ao entendimento do jogo nas diferentes escalas (individual,
grupal, intersectorial e colectiva) relacionando as dimensões cognitivas e tácticas.
Pela análise dos estudos anteriores, parece poder concluir-se que os atletas
experientes possuem um conhecimento mais elevado que os seus colegas
principiantes. Podemos ainda realçar que aqueles que estão expostos a um maior
número de horas de prática e aqueles que se situam numa faixa etária superior
são também privilegiados, pois apresentam um CD superior. Quanto às diferenças
entre estatutos posicionais em campo, os estudos não apontam para diferenças
significativas, não havendo também consenso quanto às pequenas disparidades.
Igualmente, parece importante distinguir as diferenças entre os atletas
amadores e os profissionais de Futsal, pois os estudos analisados não aportam
para a modalidade estudada no presente trabalho. De uma maneira geral,
pretendemos averiguar se no Futsal, tal como nas outras modalidades
referenciadas, os atletas profissionais e mais experientes são capazes de
apresentar um nível de CD mais elevado em relação aos amadores, pois o CD é
fundamental na performance desportiva de elite e na possibilidade de apresentar
desempenhos de melhor qualidade.
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Posto isto, será possível averiguar se, no Futsal, o CD está directamente
relacionado com o nível de mestria dos atletas.
2.7. Conhecimento Declarativo “ O conhecimento processual descreve a forma como as coisas trabalham sob diferentes tipos
de circunstâncias, descrita na forma de instruções passo a passo. Pode fornecer uma aplicação imediata para o conhecimento declarativo, que é uma representação descritiva do domínio. Declara
os factos do mundo, o que as coisas são e como se relacionam no mundo.” Abel (2002)
O ritmo e a variabilidade de jogo que é proposto a um jogador de Futsal
evidencia grande exigência em termos dos conhecimentos declarativos e
processuais, obrigando os jogadores a uma concentração constante no jogo para
realizar uma correcta leitura deste e decidir por uma resposta motora (acção
técnico-táctica) adequada.
Mas para situar a temática, importa definir conhecimento e conhecimento
declarativo. Eysenck e Keane (1994) atestam que o conhecimento pode ser
considerado como a informação que é representada mentalmente num formato
específico e estruturado ou organizado de determinada forma. Jensen (2002)
salienta que os níveis de conhecimento aumentam quando os ambientes de
aprendizagem são enriquecidos, com aprendizagens desafiantes, que levantam
sistematicamente novos problemas e diferentes formas de resolução.
Morin (1991) salienta que todo o conhecimento opera por selecção de dados
significativos e rejeição de dados não significativos, ou seja, separa o que não
importa e une o que é significativo, hierarquizando o principal do secundário. O
conhecimento é construído com o objectivo de ordenar a experiência, estando em
permanente crescendo e em constante reformulação. Não é estanque, pois
depende de experiências anteriores, de capacidades cognitivas, de sentimentos e
emoções associados a momentos passados (Damásio, 1994).
Quanto ao CD, os seus termos e conceitos são atribuídos a Cohen (1984).
Para este autor, o CD está relacionado com a aquisição de saberes que são
posteriormente requisitados à memória. Este conhecimento é acessível de forma
consciente (Cohen, 1984; Eysenck e Keane, 1994) e está relacionado com o que
fazer perante determinada situação (Oliveira, 2004).
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De uma forma geral podemos considerar que o CD em acções táctico-técnicas
ofensivas é importante para que se consigam melhores prestações desportivas
(Fontinha, 2004).
Chi e Grasser (1980) referem que o conhecimento declarativo e processual diz
respeito à reunião de um conjunto de processos cognitivos para executar uma
sequência de acções com esse conteúdo. Este tipo de conhecimento remete-nos
para questões que combinam as intenções com as questões técnicas, ou seja,
implica levar o atleta a adquirir um repertório táctico-técnico para a resolução dos
problemas em situação de treino e/ou de jogo.
No entendimento de Konzag (1985), muitas das acções erradas advêm de
carências ao nível da percepção e análise das situações, as quais se devem em
muitos casos, a um deficiente conhecimento do jogo.
Reportando-nos ao Futsal, as situações de jogo são caracterizadas pela
instabilidade do meio envolvente que se encontra em constante mutação e por
acções de antecipação, ou seja, acções que procuram prever antecipadamente o
desenvolvimento e o resultado dos acontecimentos de uma dada situação de jogo,
tornando assim, a sua capacidade de intervenção mais eficiente (Castelo, 1998).
Thomas (1994) considera que à medida que se desenvolve a actividade
desportiva, o conhecimento evolui mais rapidamente do que as habilidades.
Assim, no Futsal os atletas devem estar permanentemente em sintonia com o
meio envolvente, de modo a perceberem e analisarem os sinais relevantes, pois
as capacidades tácticas apresentam relação directa com os processos cognitivos.
Esta relação deve ser dependente dos objectivos a atingir e do plano de acção a
adquirir.
O CD apresenta-se como uma categoria do conhecimento e caracteriza-se por
ser uma representação descritiva do domínio, declarando os factos associados, o
que as coisas são e como estas se associam. Este conhecimento está relacionado
com “saber o que fazer” perante determinada situação e relaciona-se com
informações, factos, conceitos e conhecimentos específicos já existentes. Williams
et al. (1999) afirmam que o CD é considerado um pressuposto importante para os
atletas de elite, pois garante elevados níveis de mestria.
Portanto, o CD assume uma importância determinante para o jogador, tanto na
interpretação da situação para posterior escolha de decisão, como na
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interpretação do resultado da decisão. Quanto mais abrangente for o CD
especifico dos jogadores, maiores são as possibilidades de apresentarem
desempenhos de melhor qualidade (Oliveira, 2004).
Na mesma linha, Resende (2002) refere que é fundamental que os jogadores
reconheçam um sentido em cada comportamento, ou seja, deverão interpretar da
melhor forma esses comportamentos, levando a uma compreensão dos
significados das acções tácticas da sua equipa e da equipa adversária. Estas
exigências fazem com que o atleta possua mais do que uma simples percepção,
ou seja, fazem com que interprete o comportamento motor e que lhe atribua um
sentido, dependendo disso o nível de CD que possui.
Já Garganta e Oliveira (1996) adiantam que o comportamento inteligente do
praticante de um desporto colectivo depende da sua capacidade de elaborar e
seleccionar soluções pertinentes para atingir os objectivos (resolver problemas) e
de responder de um modo coerente e apropriado às questões, criando formas
significantes e compreensíveis. No Futsal, o nível de importância e o significado
das informações varia de acordo com o contexto, fazendo com que seja
necessária a selecção e a codificação destas em função das situações ambientais
especificas.
O significado e o nível de importância dos sinais que o atleta percebe,
dependem do nível de conhecimento que detém do jogo ou das situações em que
está inserido. Então, o conhecimento armazenado na memória serve como
referencial para análise e avaliação das informações, permitindo a sua selecção e
codificação.
Alguns estudos sugerem que a qualidade dos praticantes está relacionada com
o CD. French e Thomas (1987) apresentam-nos resultados que mostram uma
relação positiva e significativa entre o conhecimento específico e a componente de
decisão da performance.
Os atletas de alto nível evidenciam uma expressiva quantidade de
conhecimento declarativo e processual acerca de como e quando executar
determinadas acções, no contexto do seu desporto, ou da estrutura do jogo
(Starkes e Lindley, 1993; Williams e Davids, 1995)
Constata-se, assim, que os atletas de elite se caracterizam por possuírem, ao
nível cognitivo, um conhecimento declarativo e processual mais organizado e
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estruturado, um processo de captação de informação mais eficiente, um processo
decisional mais rápido e preciso, um reconhecimento dos padrões de jogo (sinais
pertinentes) mais eficaz, superior conhecimento táctico, maior capacidade de
antecipação dos eventos do jogo e das respostas do oponente e superior
conhecimento das probabilidades situacionais (evolução do jogo). Ao nível da
execução motora, ou seja, ao nível da prática, e ainda relativo aos atletas de elite,
é referido que estes revelam uma elevada taxa de sucesso na execução das
técnicas durante o jogo, maior consistência e adaptabilidade nos padrões de
movimento, movimentos automatizados executados com superior economia de
esforço e superior capacidade de detecção de erros e de correcção de execução.
Pinto (1995) efectuou um estudo para avaliar o CD em jogadores de
Basquetebol. As conclusões mostram que o grupo de nível mais elevado de
rendimento, apresentou melhores resultados ao nível do conhecimento do jogo,
não se diferenciando, no entanto, de forma estatisticamente significativa, dos
demais. Porém, quando se confrontaram os resultados dos atletas federados com
os do desporto escolar, esta diferença revelou-se significativa.
Também Rodrigues (1998) se centrou na mesma modalidade. Comparou
atletas juniores de Basquetebol federados e do desporto escolar, quer ao nível do
conhecimento do jogo, quer ao nível da tomada de decisão. Concluiu que os
jogadores federados possuíam um CD superior quando comparados com os do
desporto escolar, sendo as questões tácticas aquelas que mais os diferenciaram.
No protocolo referente à tomada de decisão, também os federados tomam
decisões tácticas mais adequadas do que os do desporto escolar.
Ainda no Basquetebol, Mendes (1999) efectuou um estudo com praticantes do
sexo masculino. Dividiu-os em dois grupos, em função dos anos de prática, tendo-
os comparado ao nível do deslizamento defensivo, do conhecimento teórico e da
adequação das acções defensivas às situações de jogo. O primeiro grupo (G1) era
formado por atletas com três ou menos anos de prática, e o segundo (G2), por
atletas com quatro, ou mais, anos de prática. Para o nosso estudo, salientámos
os resultados obtidos ao nível do teste de conhecimento de jogo. Assim, os atletas
do G2 apresentam um conhecimento superior aos atletas do G1, não se tendo
revelado no entanto, diferenças significativas do ponto de vista estatístico. Apenas
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ao nível do conhecimento das regras é que as diferenças encontradas são
estatisticamente significativas.
Souza (2002) dedicou-se ao Futsal, facto que revela o crescente interesse pela
nossa modalidade. Realizou um estudo tendo como objectivo validar testes que
possam avaliar fidedignamente o conhecimento táctico no Futsal (teste usado no
presente documento).
No que diz respeito ao estatuto posicional, Mangas (1999) aferiu que em
idades escolares, ainda não existem diferenças significativas ao nível do CD, ou
seja, parece não haver ainda nestas idades, especializações em postos
específicos que possam originar diferenças de conhecimento acentuadas no que
se refere à melhor forma de resolver situações táctico-técnicas ofensivas. Apesar
de não existirem diferenças estatisticamente significativas, o mesmo estudo
cotejou que são os guarda-redes e os defesas centrais que apresentam maior
valor de CD, estando os defesas laterais no lado oposto da tabela. Segundo o
mesmo autor, este facto pode ser explicado pelo maior tempo de observação que
os jogadores destas posições (guarda-redes e defesas centrais) têm durante os
jogos, e pelas soluções que eles necessitam de encontrar para obstar às
concretizações dos avançados contrários.
De todo este seu trabalho, Mangas (1999) conclui ainda que o CD em acções
táctico-técnicas ofensivas é fundamental para se conseguirem bons desempenhos
desportivos.
Da análise destes estudos, conclui-se que os atletas profissionais/experientes
possuem um conhecimento declarativo da modalidade mais elevado em
comparação com os seus colegas amadores/iniciados.
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III. Material e Métodos
3.1. Objectivos do estudo
1. Comparar o nível de conhecimento declarativo da modalidade Futsal entre
jogadores profissionais e jogadores amadores;
2. Averiguar se existem diferenças ao nível de conhecimento declarativo, no
que refere ao estatuto posicional (guarda-redes ou jogador de campo);
3. Apurar se os jogadores com um maior número de anos de prática
apresentam valores de conhecimento declarativo superiores;
4. Inquirir se existe relação entre a faixa etária do jogador e os valores de
conhecimento declarativo;
5. Averiguar a relação entre o número de horas de treino semanais e o
conhecimento declarativo dos atletas;
6. Atestar se existem diferenças entre os jogadores dos dois sistemas de
jogo utilizados quanto ao nível de conhecimento declarativo;
3.2. Hipóteses
H1 – Os jogadores profissionais apresentam um nível de
decisão/conhecimento declarativo superior, quando comparados com
os jogadores amadores.
H2 – Não existem diferenças significativas, quanto ao nível de
decisão/conhecimento declarativo, nos jogadores das diferentes
posições, quando se compara os guarda-redes com os jogadores de
campo.
H3 – Os jogadores com mais anos de prática, revelam mais acertos no
Protocolo de conhecimento declarativo
H4 – Os jogadores situados numa faixa etária superior têm um
conhecimento declarativo de Futsal superior relativamente aos
jogadores com menor número de anos de prática e idade.
H5 – Os jogadores expostos a um maior número de horas semanais de
treino da modalidade, apresentam maior número médio de acertos no
Protocolo de conhecimento declarativo.
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H6 – Em relação ao sistema de jogo utilizado (3:1 e 4:0), não se espera
diferenças estatisticamente significativas ao nível do conhecimento
declarativo entre os jogadores, quando se compara os que jogam em
3:1 com os que jogam em 4:0.
3.3. Variável Dependente
1. Conhecimento Declarativo de jogadores de Futsal em situações táctico-
técnicas ofensivas.
3.4. Variáveis Independentes
1. Nível de especialização;
2. Anos de prática;
3. Faixa etária;
4. Estatuto posicional;
5. Sistema de jogo.
3.5 Especificação da Amostra
Da amostra, constam 53 jogadores, 26 amadores e 27 profissionais. A
caracterização em função idade pode ser observada no quadro 2.
Quadro 2: Caracterização da totalidade da amostra em função da idade (n= 53).
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Como podemos ver na figura 1, as equipas amadoras apresentam poucos
jogadores jovens nos seus plantéis (cerca de 10%). Esta evidência deve-se ao
facto de as jovens promessas da modalidade virem dos escalões de formação de
clubes com ambições de conquista, enquanto que nos clubes amadores não
existem escalões de formação devidamente qualificados e preparados para o
treino de jovens. Pode constatar-se que os jovens com menos de 22 anos de
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idade que aparecem em clubes de divisões inferiores apresentam poucos anos de
experiência da modalidade, facto que vem corroborar a afirmação anterior. Figura 1: Caracterização da totalidade da amostra em função da idade (percentagem).
De salientar ainda que o plantel da equipa Profissionais 1 (P1) é constituído
por 50% de jogadores com mais de 27 anos e 35% de jogadores com menos de
22 anos, sobrando apenas 15 % para jogadores com idade intermédia (23-27
anos).
3.6 Protocolo de Avaliação
Para avaliar a capacidade de tomada de decisão e o conhecimento declarativo
em situações de ataque no Futsal recorreu-se ao protocolo desenvolvido por
Souza em 2002.
Este teste foi validado, após um levantamento teórico prévio sobre a
capacidade de tomada de decisão e o CD, servindo como referência para a
elaboração e construção dos itens. A adequação da representação dos
constructos em itens de teste foi confirmada através da análise teórica realizada
por peritos na área de estudo, que também analisaram o conteúdo do teste,
estabelecendo uma pontuação padronizada para o instrumento.
O teste é composto por 44 itens, cada um com 8 segundos de imagem, (cenas
de vídeo), onde os jogadores testados respondem à pergunta: “Qual a melhor
tomada de decisão nesta situação?”. De seguida, e após visionarem a situação,
devem marcar uma das seguintes opções, tendo como referência o
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Amador
es 1
Amador
es 2
Profiss
ionais
1
Profiss
ionais
2
Atle
tas + de 27 Anos
23-27 Anos
18-22 Anos
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posicionamento dos jogadores no início de cada cena conforme a figura exemplo
abaixo:
1. PASSAR para o jogador posicionado como PIVÔ no início da cena (PV);
2. PASSAR para o jogador posicionado como ALA DIREITO no início da
cena (AD);
3. PASSAR para o jogador posicionado como ALA ESQUERDO no início
da cena (AE);
4. DRIBLAR/CONDUZIR para a ESQUERDA, tendo como referência para
a lateralidade, o próprio fixo (atleta de vermelho) que toma a decisão
(DCE);
5. DRIBLAR/CONDUZIR para a DIREITA, tendo como referência para a
lateralidade, o próprio fixo (atleta de vermelho) que toma a decisão
(DCD);
Deve ser marcado com um X uma das opções: PV, AD, AE, DCE ou DCD.
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Figura 2: Exemplo de cena do Protocolo de Avaliação desenvolvido por Souza, 2002
LEGENDA:
O testado deve observar o decurso da cena, não tendo em consideração para
a sua resposta um possível início do movimento ou de decisão do “fixo” que toma
a decisão quando se dá a oclusão da imagem. Assim, ao final de cada cena
(item), ocorre a oclusão da imagem, por aproximadamente 8 segundos, a fim do
atleta registar qual a melhor opção.
O Protocolo foi desenhado para analisar as decisões do indivíduo sobre o que
deveria fazer se estivesse diante de determinada situação de jogo.
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As situações apresentadas são as mais próximas da acção do jogo, ou seja, da
perspectiva do atleta que fosse agir numa determinada situação de ataque,
considerando as distâncias e as posições dos jogadores. O teste é constituído por
25 cenas.
Como se pode constatar, as situações a serem analisadas inserem-se num
sistema táctico ofensivo na formação 3-1, frente a uma marcação individual a
meio-campo. Além disso, este sistema táctico possibilita a diferenciação clara
entre as diferentes posições dos jogadores em campo (ala-esquerdo, ala-direito,
pivô e fixo).
Em todas as situações, o atleta responsável pela decisão é o “fixo” da equipa
atacante (jogador de vermelho).
3.7. Apresentação e Recolha de Dados
Após contactos prévios com os responsáveis das equipas, os questionários
foram administrados e preenchidos numa sala durante o mês de Setembro e
Outubro de 2005, colectivamente e em silêncio, após todas as dúvidas terem sido
esclarecidas. Foi dada uma explicação acerca do intuito do questionário e dos
aspectos importantes do protocolo.
Para a recolha de dados foi pedida a colaboração dos treinadores e
responsáveis das equipas envolvidas no estudo. Foram fornecidas todas as
indicações necessárias ao preenchimento dos questionários, bem como a
indicação da finalidade do mesmo, salientando que era anónimo e confidencial.
3.8. Procedimentos Estatísticos
Para o tratamento dos dados foi utilizado o programa Microsoft Excel 2004 for
Windows e o programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 11.5 for
Windows.
Na análise dos dados, utilizou-se a estatística descritiva, calculando a média, o
desvio-padrão e a amplitude de variação. Usou-se também o Coeficiente de
Correlação de Pearson, para relacionar a variável dependente (conhecimento
declarativo) e variáveis independentes (faixa etária e número de anos de prática)
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O Teste t de Student para grupos independentes foi utilizado para comparar
variáveis estudadas (entre especialização de jogadores, entre sistemas de jogo
utilizados).
Recorreu-se ainda ao teste de Anova Unidimensional no estudo do nível de CD
em função do estatuto posicional.
O estudo de adesão à normalidade dos dados das variáveis observadas foi
feito através dos testes de Kolmogorov-Smirnov e Shaphiro-Wilk. De referir que o
Std. Error do teste de Skewness foi inferior a 1,96 para todas as variáveis, logo as
amostras são homogéneas, podendo assim usar os testes paramétricos.
O nível de significância mínimo para rejeição da hipótese nula em todos os
testes estatísticos foi fixado em 0,05.
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IV. Apresentação e Discussão dos Resultados
4.1. Caracterização Geral
No quadro 3 são apresentados os valores médios dos resultados obtidos no
Protocolo de Conhecimento Declarativo referentes à totalidade da população que
constitui o presente estudo amostra (n=53).
Quadro 3 – Analise Descritiva: média (�), desvio-padrão (dp) e amplitude de variância (V) dos resultados obtidos no Protocolo de Conhecimento Declarativo referente à totalidade da população que constituem a amostra (n=53).
CONHECIMENTO DECLARATIVO
� ± dp 6,4 ± 2,8 Respostas incorrectas V 11 – 1 Respostas incorrectas
Como podemos observar pelo quadro 3, os atletas estudados erraram em
média 6,4 perguntas em cada teste, isto com um desvio padrão de 2,8 respostas
erradas. A amplitude de respostas erradas foi de um máximo de 11 respostas num
único teste e de um mínimo de 1. O teste é constituído por 25 cenas, logo a
variância pode se situar entre as 0 e entre as 25 respostas correctas ou
incorrectas. De salientar que estes valores são referente à totalidade da
população, ou seja, estão incluídas as quatro equipas (amadoras e profissionais).
Quadro 4 – Caracterização geral da amostra, por equipa, de acordo com o Protocolo de Conhecimento Declarativo e questionário
CARACTERIZAÇÃO GERAL A1 A2 P1 P2
Número de Atletas 14 12 14 13 Média de Idades 26 ± 2,3 26,8 ± 3,8 26,6 ± 5,3 25,8 ± 4,5 Média de Anos de Prática 7 ± 3,7 5,9 ± 4,7 10,8 ± 3,8 11,5 ± 4 Número de Treinos Semanais 2 1 5 5 Número de Horas de Treino Semanais 3 2 10 10 Número de Respostas Erradas (total) 103 96 71 71 Sistema de Jogo Usado 4:0 4:0 4:0 3:1
Em análise ao quadro 4, podemos observar que a média de idades é
semelhante nas 4 equipas analisadas, situando-se nos 26-27 anos. Quanto aos
anos de prática de Futsal, os números são já bastante divergentes, pois nas duas
equipas amadoras a média rondam os 6-7 anos, enquanto que nas equipas
profissionais ronda os 11 anos de prática, ou seja, encontramos jogadores bem
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Amadores 1Amadores 2
Profissionais 1
Profissionais 2
0
2
4
6
8
10
12
14
Ano
s de
Prá
tica
Média
0
2
4
6
8
10
12
A1 A2 P1 P2
Treinos Semanais
Horas de Treino
mais experientes na modalidade em equipas de nível competitivo superior do que
em equipas amadoras, tal como era de esperar antes da aplicação do Protocolo
(cf. Figura 3).
Figura 3 – Análise comparativa das quatro equipas em função dos anos de prática (�)
O número de treinos semanais e o número de horas dedicadas a esses treinos,
são também muito desnivelados, sempre com vantagem para as equipas a
disputar o campeonato principal. Assim, as equipas amadoras contam com 2/3
horas semanais para 1/2 treinos, enquanto que os profissionais enfrentam por
semana 10 horas, correspondendo a 5 treinos.
Figura 4 – Análise comparativa das quatro equipas em função do número de treinos e horas de treino semanais
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Assim, os jogadores de nível superior são expostos a um número bastante
mais elevado do que os de nível inferior, no que diz respeito à quantidade de
horas dedicada à prática (cf. Figura 4).
De um modo bruto, podemos dizer que, no Protocolo de Conhecimento
Declarativo, as equipas amadoras erram mais, pois em números gerais A1 e A2
erraram à volta de 100 perguntas cada uma, enquanto que P1 e P2 falharam 71,
também cada uma, tal como podemos ver na figura 5.
Figura 5 – Análise comparativa das equipas em função das respostas erradas no Protocolo
Neste ponto, as diferenças entre as equipas amadoras relaciona-se com
número de jogadores, pois (cf. Quadro 4) A2 apresenta menos dois jogadores do
que A1. Nos profissionais, acontece a situação inversa. Existe uma igualdade em
termos de respostas erradas, mas P1 apresenta mais um atleta no seu plantel.
Apenas uma equipa (P2) utiliza habitualmente o sistema 3:1 como preferencial.
4.2. Em função da especialização
Quando analisamos os valores médios dos resultados obtidos em função da
especialização, verificamos que os profissionais erram substancialmente menos.
Estes dados têm ainda maior relevância se tivermos em linha de conta que as
diferenças encontradas são estatisticamente significativas (p �0,05) (cf. Quadro 5).
Quadro 5 – Análise Descritiva: média (�), desvio-padrão (dp) e valor de p dos resultados obtidos no Protocolo de Conhecimento Declarativo em função da especialização.
*Diferença estatisticamente significativa (p <0,05)
ESPECIALIZAÇÃO Profissionais Amadores p
Amostra (n) 27 26
� ± dp 5,3 ± 0,3 7,7 ± 0,5 0,001 *
10396
71 71
Amadores 1 Amadores 2 Prof issionais 1 Profissionais 2
Número de RespostasErradas (total)
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5,3
7,7
0
2
4
6
8
10
Profissionais Amadores
Média
�
Como podemos notar pela Figura 6, os profissionais revelam uma média de
erros por teste de 5,3 ± 0,3, enquanto que os amadores apresentam 7,7 ± 0,5
respostas erradas, sendo estas diferenças estatisticamente significativas (p =
0,001).
Figura 6 – Analise Comparativa das equipas em função da média das respostas erradas no Protocolo
Estes resultados vão de encontro ao estudo de Castelo (1998), pois este autor
revela que os desportistas que apresentam um elevado nível de desempenho de
jogo, realizam processos cognitivos específicos de alto nível e revelam menos
erros. Para Rezende e Valdés (2003) o jogador profissional evidencia algumas
características que os diferencia dos amadores, entre as quais, o facto de os
profissionais conseguirem estabelecer relações entre o que está a acontecer e as
situações que poderão daí ocorrer, antecipando as acções dos adversários.
Também Williams et al. (1999) revelam que os experts evidenciam conhecimentos
superiores em situações mais prováveis de acontecer e adoptam decisões tácticas
mais ajustadas à situação. Num estudo com basquetebolistas federados e de
desporto escolar, Pinto (1995) encontrou diferenças estatisticamente significativas.
No caso do presente estudo, a afirmação de Gréhaigne (1992) é apoiada,
pois, quanto ao nível de especialização, o autor indica que quanto mais elevado é
o seu nível, mais a sua imagem mental está bem definida.
Assim, os atletas de alto nível evidenciam uma expressiva quantidade de
conhecimento declarativo e processual acerca de como e quando executar
determinadas acções, no contexto do seu desporto, ou da estrutura do jogo, pois
encontram-se melhores resultados nos teste realizados a atletas profissionais.
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Estes evidenciam claramente um maior conhecimento específico da modalidade, o
que os leva a terem desempenhos mais elevados.
Sobre a mesma temática, Pinto (1995) e Rodrigues (1998) mostram-nos que
existe um maior conhecimento específico da modalidade por parte dos atletas
mais experientes, o que leva a que estes reconheçam mais facilmente os
problemas e identifiquem melhor as soluções.
Mais recentemente, estudos revelam que o talento do jogador está
directamente relacionado com o seu CD (Fontinha, 2004), evidenciando que os
atletas com maior nível de experiência e perícia são mais precisos na aplicação
desse conhecimento (Williams e Davids, 1995; Mangas, 1999; Correia, 2000;
Miragaia, 2001). Em comparação entre três níveis de especialização (I Liga, II Liga
e 2ª Divisão “B”), Miragaia (2001) encontrou mais acertos nas respostas dos
jogadores de nível superior (80) em comparação com os outros dois níveis (70 e
68 respostas correctas, respectivamente).
Segundo alguns pesquisadores, as habilidades que caracterizam um jogador
profissional e indicam que um atleta amador possui potencial para a
profissionalização são: a percepção de padrões complexos com rapidez e
eficiência (Tenenbaum et al., 1999; Williams, 2000), a capacidade de reconhecer
informações significativas mais facilmente (Tenenbaum et al., 1999), o
estabelecimento de relações de contingência entre as diversas situações de jogo
possíveis, conhecendo as alternativas prováveis de ocorrência (Williams, 2000) e
a utilização de estratégias visuais refinadas que ampliam a capacidade de
antecipação das acções dos oponentes (Williams, 2000).
No mesmo sentido, os atletas de alto nível mostram uma expressiva
quantidade de conhecimento declarativo e processual acerca de como e quando
executar determinadas acções, no contexto do seu desporto, ou da estrutura do
jogo (Starkes e Lindley, 1993; Williams e Davids, 1995) quando comparados com
colegas de nível inferior.
Assim, o desportista ao adquirir informações de forma consciente e bem
orientada, pode guiar-se mais correctamente durante o jogo e manifestar mais
êxito nas acções tácticas. É necessário que o jogador analise o que é realmente
importante, não se distraindo com o que é supérfluo, tendo para isso que possuir
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um vasto conhecimento da modalidade que pratica (Mangas, 1999). O
conhecimento e a compreensão de jogo são aspectos fundamentais para um
jogador, pois permitem uma tomada de decisão mais adequada em função da
situação que se lhes depara. O jogador decide sobre o que é pertinente, tendo em
conta o seu nível de experiência (Pinto, 2005).
O estudo de Rink et al. (1996) chegou também à conclusão de que os atletas
de elite se caracterizam por possuírem um CD mais organizado e estruturado.
Mangas (1999), em estudo de correlação entre a classificação final obtida pela
equipa e o nível de CD, verificou que os federados de alto nível, no que se refere
ao número médio de respostas correctas, obtiveram um resultado superior,
relativamente aos federados de baixo nível, sendo as diferenças estatisticamente
significativas.
No Futsal, Greco et al. (1998) realizaram um estudo tendo como objectivo
validar testes que possam avaliar fidedignamente o conhecimento táctico no futsal,
usando para o efeito uma amostra composta por jovens de 13 e 14 anos,
praticantes de futsal ao nível escolar e de clube. Os resultados deste estudo
mostram que os atletas do clube apresentam um nível de conhecimento táctico
superior aos de nível escolar, sendo as diferenças estatisticamente significativas.
Em comparação com o presente trabalho, podemos dizer que os atletas federados
correspondem aos jogadores profissionais, enquanto que os atletas de nível
escolar, com menos experiência em competições, correspondem aos atletas
amadores.
A justificação para estas performances poderá dever-se ao facto de os atletas
de nível competitivo superior estarem melhor preparados para reagir rapidamente,
antes da apresentação do estímulo, utilizando as informações disponíveis para
antecipar a resposta. Com isso, auferimos que quanto maior for o número de
vivências competitivas dos atletas, melhor será a qualidade e quantidade de
informação recebida, possibilitando uma melhor decisão relativamente a atletas de
níveis inferiores.
Assim, reconhecemos, com diferenças estatisticamente significativas, que no
Futsal, o jogador profissional é quem toma as decisões mais correctas, sendo
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mais inteligente e com melhor conhecimento táctico. A qualidade de resposta
melhora à medida que se avança para níveis de competição superior.
Quanto mais baixo for o nível de prática e experiência dos jogadores, mais as
capacidades de descodificação da informação ficam limitadas (Ripoll, 1987).
4.3. Em função dos anos de prática
No quadro 6 podemos observar a relação existente entre o Protocolo de
Conhecimento Declarativo e os anos de prática. Como podemos constatar, a
relação é negativa e significativa, com valores próximos de -1, ou seja, com um
nível elevado de correlação. Assim, quanto maior o número de anos de prática de
um atleta, menos serão os erros encontrados no teste de CD (maior o nível de
CD).
Quadro 6 – Relação entre o conhecimento declarativo e os anos de prática de Futsal.
* Diferença estatisticamente significativa (p < -0,05).�
CONHECIMENTO DECLARATIVO
Anos de Prática -0,6 *
Mais uma vez, estes resultados estão em sintonia com estudos analisados
durante a execução deste documento, pois vem corroborar outros autores (Helsen
e Pauwels, 1987; Rippol, 1987; Tavares, 1993; Tenenbaum et al. 1993; Mendes,
1999) que sugerem que a qualidade de decisão está correlacionada com a
experiência e anos de prática.
Numa perspectiva de anos de prática, Helser e Pauwels (1987), num estudo
com jovens praticantes de futebol, mostram claramente que os praticantes com
mais de 10 anos de experiência podem tomar decisões tácticas em maior
quantidade e de forma mais rápida e no momento mais propício, em comparação
com os praticantes com menos de 10 anos de experiência. Mangas (1999) conclui
também que a qualidade de acção está correlacionada com a experiência e anos
de prática. Em consonância, Mendes (1999), num estudo com basquetebolistas,
dividiu a amostra em 2 grupos em função dos anos de prática. O grupo de atletas
com 4 ou mais anos de prática apresentam um CD superior em relação aos
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colegas com menor número de anos de prática. Para Ericsson (2003), um
indivíduo para ser especialista dentro de um qualquer contexto (desportivo ou não)
tem que estar sujeito a pelo menos dez anos de prática intensiva para adquirir as
capacidade e a experiência necessárias.
Na mesma linha, Correia (2000) também encontra diferenças na variável anos
de prática, mas sem diferenças estatisticamente significativas. Já Fontinha (2004)
afirma que o CD correlaciona-se positivamente com o nível e o tempo de prática.
Remetendo-nos ao presente estudo, os atletas mais experientes são expostos
a um número significativamente superior de anos de prática em relação aos seus
colegas principiantes. Esta superior exposição leva a que os expertos tenham já
interiorizado os conceitos inerentes ao jogo de um modo mais aprofundado e
linear, reflectindo-se isso na superior qualidade de tomada de decisão. Estes
resultados estão em sintonia com os encontrados na variável anterior
(especialização), pois os atletas profissionais (com um maior nível de CD em
relação aos amadores) têm também um maior número de horas de prática
semanal, ambos com diferenças significativas sob o ponto de vista estatístico.
Williams e Hodges (2004) referem que os jogadores passam a maior parte do
seu tempo de prática com a intenção de melhorar as suas capacidades técnicas,
facto apontado como errado, pois muitas vezes a prática é dirigida de acordo com
a tradição e intuição que o treinador possui. Prática Deliberada e instrução bem
orientada são ingredientes da receita para o sucesso (Ericsson, 1993).
Uma consistente observação em jogadores de elite mostra que estes, com o
passar dos anos, acumulam cerca de 10 mil horas de prática antes de atingir
níveis internacionais (Williams e Hodges, 2004). Apesar disto, não basta apenas
acumular horas de prática. Temos de saber como dirigir o processo de treino para
os objectivos de jogo.
Sobre a mesma temática, Chi e Glasser (1992) referem que os especialistas
em determinada área acumulam ao longo dos anos conhecimentos específicos,
que são originados pela experiência e são transformados em padrões de
reconhecimento para as soluções serem mais eficazes. Para que a resolução de
problemas seja bem sucedida, é necessário que os conhecimentos estejam bem
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organizados e estruturados, pois só assim é que o atleta é capaz de responder ás
solicitações do jogo de um modo eficaz e correcto.
Mahlo (1980) estudou basquetebolistas e sustentou que os jogadores
experientes, quando comparados com colegas menos experientes, com menos
anos de prática, apresentam um sistema perceptivo mais aperfeiçoado para
reproduzir a organização de jogo e, ao mesmo tempo, descodificam mais
profundamente a informação que os rodeia.
Também French e Thomas (1987) efectuaram um estudo com atletas de
Basquetebol, avaliando a relação entre o CD e o rendimento em jogo. Concluíram
que na generalidade, os jogadores com mais anos de prática demonstraram maior
conhecimento da modalidade, aliado a um rendimento superior. Os resultados
indicaram também que o conhecimento de jogo estava relacionado directamente
com a capacidade de tomar decisões. McPherson e Thomas (1989), num trabalho
semelhante, mas com uma amostra constituída por jovens praticantes de Ténis,
encontraram resultados semelhantes aos do Basquetebol.
William e Davids (1995) efectuaram um estudo com futebolistas. O objectivo
era saber até que ponto o CD de atletas de alto nível é resultado da experiência
acumulada, ou característica intrínseca aos melhores jogadores. Os resultados
demonstraram um maior conhecimento específico por parte dos jogadores de alto
nível. Na opinião dos autores, o seu elevado conhecimento de base, permitiu-lhes
descodificar e processar a informação de forma mais eficiente.
Assim, se o conhecimento da modalidade praticada for vasto, com elevado
número de anos de prática, o jogador sente uma correcta percepção do que é
realmente importante, o que vai espelhar-se numa qualidade de tomada de
decisão. Os JDC implicam uma solicitação importante das capacidades cognitivas,
sendo por isso importante centrar a formação no desenvolvimento cognitivo, para
que os atletas estejam prontos para responder às situações de jogo.
4.4. Em função da faixa etária
No quadro 7 podemos observar a relação existente entre o Protocolo de
Conhecimento Declarativo e a faixa etária dos atletas.
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Podemos constatar que a relação é negativa e significativa, com valores
próximos de -1, ou seja, com nível elevado de correlação. Assim, quanto mais
elevada for a faixa etária do jogador, menos serão os erros encontrados no teste
de CD (maior o nível de CD).
Quadro 7 – Relação entre o conhecimento declarativo e a faixa etária dos jogadores
* Diferença estatisticamente significativa (p < -0,05).�
CONHECIMENTO DECLARATIVO
Idade -0,5 *
O estudo de Goode et al. (1998), por sua vez, centrado no processo de
aquisição de habilidades desportivas, binómio iniciantes/experientes, considera
que a transição do jogador iniciado na modalidade para o nível de habilidade
apresentado pelos experientes, ocorre, em grande parte, de acordo cm o nível de
CD, referente às informações visuais e dicas verbais dirigidas para responder à
questão sobre o que fazer em determinada situação.
Quanto à subcategoria faixa etária, Brito e Maçãs (1998), chegaram também à
mesma conclusão, ou seja, mostraram que os atletas de escalões mais velhos
decidiam melhor do que os colegas de escalões etários mais baixos. De referir
ainda que, os atletas situados numa faixa etária superior estão mais cotados para
acertar com mais probabilidade quando é tempo de efectuar uma decisão táctica
em situação de jogo. Sobre a mesma variável Santesmases (1998) efectuou um
estudo com basquetebolistas em fase de iniciação, Demonstrando que a formação
cognitiva influi positivamente no rendimento táctico dos jovens, pois uma prática
bem orientada é fundamental para a evolução da performance do atleta.
Um estudo de Williams et al. (1993) sustenta que os atletas mais experientes e
situados numa faixa etária superior, possuem um conhecimento de base da
modalidade que praticam mais amplo, o que lhes permite identificar e valorizar
determinadas situações e soluções.
Sobre esta variável, Correia (2000) encontrou diferenças estatisticamente
significativas. Num estudo com jovens futebolistas, o mesmo autor concluiu que o
valor médio de respostas correctas vai aumentando à medida se que avança nos
escalões de formação, com diferenças estatisticamente significativas entre o
escalão Escolas e Juvenis. O mesmo sucede quando falamos de respostas
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erradas, ou seja, à medida que avançamos no escalão etário, menos são os erros,
com diferenças estatisticamente significativas entre Escolas e todos os outros.
Já Mangas (1999) concluiu que apesar das diferenças existentes nos escalões
etários estudados, essas não foram estatisticamente significativas.
No levantamento das hipóteses do presente trabalho, já esperávamos
encontrar diferenças entre o escalão etário, pois os atletas situados numa faixa
etária superior têm já conhecimento da modalidade mais estruturado do que os
seus companheiros mais novos e, mesmo que tenham capacidades técnicas para
o fazer, sabem qual é a melhor solução para determinado problema que se lhes
depara. Conseguem também ajustar-se e antecipar-se às situações (Garganta e
Pinto, 1998) para que o objectivo pretendido seja alcançando.
A qualidade da decisão táctico-técnica tende a ser superior à medida que o
jogador evolui na sua idade, querendo isto significar que os indivíduos ao avançar
na sua faixa etária vão decidindo cada vez melhor.
�
4.5. Em função do estatuto posicional
No quadro 8 podemos observar os valores médios dos resultados obtidos em
função do estatuto posicional dos jogadores (guarda-redes ou jogador de campo).
Podemos divisar que os jogadores de campo apresentam resultados
sensivelmente mais positivos, em relação aos guarda-redes, sendo essas
diferenças estatisticamente não significativas.
Quadro 8 – Analise Descritiva: Média (�), Desvio-Padrão (dp) e Valor de p dos resultados obtidos no Protocolo de Conhecimento Declarativo em função do estatuto posicional.
*Diferença estatisticamente não significativa (p < 0,05)
POSIÇÃO EM CAMPO Guarda-Redes Jogadores de Campo p
Amostra (n) 9 45 � ± DP 7,8 ± 2,5 6,1 ± 2,8 0,09 *
�
As diferenças entre os guarda-redes e os jogadores de campo beneficiam os
jogadores de campo. Tal pode dever-se a dois motivos. O primeiro prende-se com
o facto de a amostra apresentar um número bem mais elevado de jogadores de
campo, o que leva a uma estabilização média dos resultados. Outra explicação
poderá ter a ver com a idade do atleta. As equipas estudadas apresentam um
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guarda-redes com idade mais alta, enquanto que o outro (ou os outros, no caso
das equipas profissionais) é de uma faixa etária baixa (19-24 anos). Então, como
já analisamos no quadro 6, os jogadores com faixa etária superior apresentam
menos erros no teste de CD.
Mas as diferenças não são estatisticamente significativas, o que nos leva a
concluir que todos os jogadores têm uma função muito importante na equipa no
desenrolar das acções de jogo, pois o número de jogadores, menor que no
futebol, e o espaço de jogo (reduzido), obriga a que todos estejam em alerta.
Todos os elementos intervêm na acção da equipa (quer seja ofensiva ou
defensiva), e devem perceber as opções mais correctas a desenvolver, de acordo
com o posicionamento adversário. Assim, parece não haver especialização no que
diz respeito aos dois estatutos posicionais analisados, que possam originar
diferenças de conhecimento acentuadas no que se refere à melhor forma de
resolver situações táctico-técnicas ofensivas.
Optamos por efectuar esta divisão de estatutos posicionais (guarda-redes e
jogador de campo), pois no Futsal os jogadores de campo adquirem diversas
posições à medida que o jogo desenrola. A nosso ver, não seria correcto distinguir
um “ala-esquerdo” de um “ala-direito”, ou um “fixo” de um “pivô”, pois qualquer um
deles passa grande tempo de jogo na posição que não a sua inicial. Esta atitude
deveu-se também ao facto de os jogadores sentirem grandes dificuldades em
responder à questão sobre qual a posição em campo que normalmente
ocupavam.
Sobre outros estudos onde era abordada esta variável, retiramos que existem
divergências em todos eles.
Vieira (2003), no que diz respeito às decisões tácticas ofensivas de
futebolistas, compara as diferentes posições em campo, em termos de
conhecimento de jogo. Sem diferenças estatisticamente significativas, o autor
conclui que os atacantes possuíam maior conhecimento de jogo, quer em termos
de qualidade de resposta, quer em termos de prontidão. Por sua vez, Mangas
(1999), indica que os guarda-redes e os defesas centrais são aqueles que
apresentam um maior valor de CD, com diferenças estatisticamente não
significativas.
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Já Fontinha (2004) estudou futebolistas deficientes intelectuais ligeiros, sendo
os pontas-de-lança a mostrarem um maior número de acertos, apesar das
diferenças não serem estatisticamente significativas.
No seu estudo, Miragaia (2001) afirma que independente da posição em que
actuam, os atletas de maior nível de prática identificam e isolam mais rapidamente
os índices prioritários, enquanto que os atletas com menor nível de prática
declaram uma maior confusão e conseguem ver demasiadas “coisas” durante a
exposição das imagens. O mesmo autor conclui que são os defesas-laterais que
obtiveram o maior número de respostas correctas (42 no total), seguindo-se os
médios defensivos (40) e os guarda-redes (38). Correia (2000) conclui que são os
médios ofensivos aqueles que apresentam mais respostas correctas, enquanto
que Mangas (1999) diz que são os guarda-redes e os defesas centrais. Fontinha
(2004) apresenta os pontas-de-lança e os defesas centrais como os melhores nos
resultados globais do teste de CD. Todos estes estudos não apresentam
diferenças estatisticamente significativas.
Quanto ao estatuto posicional que apresenta mais erros no teste de CD,
Mangas (1999), Correia (2000) e Miragaia (2001) apresentaram os pontas-de-
lança como o grupo com um maior número de respostas erradas.
Assim, analisando os resultados encontrados no presente estudo, podemos
dizer que estamos perante uma amostra com características semelhantes, quanto
à variável analisada, apesar de a qualidade da decisão táctico-ténica tender a ser
superior para os jogadores de campo.
4.6. Em função das horas de prática semanal
No quadro 9 podemos observar a relação existente entre o CD e as horas de
treino semanal dedicadas à prática de Futsal.
Os valores indicam que existe um nível de relação significativo e negativo, com
o valor a aproximar-se de -1. Isto leva-nos a reconhecer que quantas mais horas
os jogadores dedicam ao Futsal, menos erros apontamos no teste de CD.
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Quadro 9 – Relação entre o conhecimento declarativo e o número de horas de treino semanais.
* Diferença estatisticamente significativa (p < -0,05).
CONHECIMENTO DECLARATIVO
Horas de Treino (semana) - 0,4 *
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Os nossos resultados apontam para a existência de uma relação
estatisticamente significativa entre as duas variáveis (CD e horas de treino), sendo
que o CD é superior quando aumentamos as horas de treino dedicadas pelo
atleta. Oliveira (2004), relativamente à quantidade de horas de prática específica,
refere que a investigação actual refere que o nível de experiência dos jogadores
tem elevada relação com a qualidade do processo.
Williams et al. (2004) atestam que os jogadores profissionais (com contrato a
tempo inteiro) das academias das equipas da Premier League Inglesa, com média
de 16 anos de idade, apresentam já mais de 10 anos de actividade e dedicam
cerca de 15 horas por semana ao futebol, pois só assim poderão atingir níveis de
excelência que caracterizam os jogadores de elite.
Já French e McPherson (1999) revelam que a performance elevada é resultado
de um superior acumular de milhares de horas de prática. Na nossa opinião, o
elevado rendimento não está apenas relacionado com o acumular de horas de
práticas, mas também com a qualidade dessas “milhares” de horas acumuladas.
Na mesma linha, Ericsson (2003) afirma que para atingir a especialidade em
qualquer que seja o domínio (desporto, artes, ciência), o indivíduo tem de ocupar
um considerável conjunto de horas para tentar melhorar a sua performance e só
assim poderá tentar conseguir bons rendimentos, pois um significativo
investimento de tempo de prática é requerido para alcançar uma performance de
elite (Williams et al., 2004).
Em 1993, Ericsson demonstrou que a idade em que é iniciada a Prática
Deliberada é fundamental para determinar o nível de mestria que será alcançado,
isto é, o indivíduo que começa a Prática Deliberada aos 5 anos de idade e dedica
30 horas por semana a essa Prática, executará sempre a um nível mais elevado
do que o indivíduo que dedica a mesma quantidade de horas, mas começou
apenas com 10 anos de idade, pois se nessa prática o desportista adquirir a
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informação de forma consciente, pode orientar-se mais correctamente durante o
jogo e manifestar êxito nas acções táctico-técnicas.
Assim sendo, os pressupostos cognitivos ocupam um lugar de cada vez maior
destaque na estruturação da performance dos JDC. O nosso estudo aponta para a
importância da prática recorrente da modalidade para que o jogador atinja um
nível de excelência, a ponto de poder disputar o campeonato principal de um
modo competitivo. Estes resultados vêm de encontro às diferenças entre
jogadores profissionais e amadores, pois os jogadores profissionais, quando
comparados com jogadores amadores, apresentam um sistema perceptivo mais
aperfeiçoado para reproduzir a organização do jogo e descodificam mais
profundamente a informação (Mahlo, 1980), apresentando também um maior
número de horas de prática, estando em sintonia com a variável especialização
estudada no presente trabalho.
Goode et al. (1998) consideram os estudos comparativos entre jogadores
profissionais e amadores como auxiliares importantes para a compreensão de
como habilidades desportivas são adquiridas a partir de um treino sistemático, que
permita a prática intensiva dos fundamentos técnico-tácticos.
Tenenbaum (2003), em estudo relativo à tomada de decisão em atletas com
elevado nível de prestação, refere que os respectivos processos são eficazes
assim que as capacidades cognitivas sejam adquiridas através de experiências
contínuas de Prática Deliberada. Salienta que o conhecimento específico
acumulado, provocado pelas muitas horas de prática, é importante para a
utilização de estratégias de forma a antecipar os acontecimentos.
Um dos aspectos em que os jogadores confirmados apresentam claras
diferenças relativamente aos jogadores principiantes é na formação e no
reconhecimento de padrões de jogo (Chi e Grasser, 1992; Williams et al., 1993;
Rezende e Valdés, 2003).
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4.7. Em função do sistema de jogo
O quadro 10 representa as diferenças encontradas entre os dois sistemas de
jogo estudados, 3:1 e 4:0.
As diferenças encontradas não são estatisticamente significativas,
direccionando-se, porém, a vantagem para os jogadores do sistema 3:1, com uma
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média de repostas erradas inferior aos jogadores das equipas que usualmente
utilizam o sistema 4:0 (6,8 ± 2,7 respostas erradas para os jogadores que actuam
normalmente em 4:0 e 5,5 ± 2,8 respostas erradas para os jogadores que actuam
normalmente em 3:1)
Quadro 10 – Análise Descritiva: Média (�), Desvio-Padrão (dp) e Valor de p dos resultados obtidos no Protocolo de Conhecimento Declarativo em função do sistema de jogo
*Diferença estatisticamente não significativa (p < 0,05)
SISTEMA de JOGO 4:0 3:1 p
Amostra (n) 40 13 � ± DP 6,8 ± 2,7 5,5 ± 2,8 0,2 *
A diferença encontrada no nosso estudo, no que diz respeito ao sistema de
jogo utilizado, prende-se principalmente por uma razão. A única equipa que utiliza
o 3:1 é uma formação profissional, com jogadores com elevado CD da
modalidade, enquanto que no sistema 4:0 temos duas equipas amadoras e uma
profissional.
Apesar de tudo isso, as diferenças não são estatisticamente significativas, pois
tanto num sistema como no outro, os jogadores devem estar igualmente
conscientes do comportamento táctico que devem adoptar (passe, drible, remate,
movimentação) durante os processos ofensivos. O Futsal é um jogo onde os
jogadores estão em constante movimento, rodando por todos os espaços do
terreno de jogo (zona defensiva, zona média, zona atacante). Isto faz com que um
sistema 3:1 se possa transformar em 4:0, ou vice-versa.
Portanto, os sistemas tácticos utilizados pelos treinadores não são primordiais
para a procura de diferenças entre jogadores com valores de CD elevados, pois
estamos perante uma amostra com características semelhantes, quanto à variável
analisada.
No que diz respeito à literatura, não foi encontrado nenhum estudo
comparativo, que ateste as diferenças entre os atletas dos dois sistemas
normalmente utilizados pelas equipas de Futsal. Este facto vem de encontro às
dificuldades encontradas para descobrir estudos dirigidos ao Futsal. É ainda uma
modalidade pouco desbravada na literatura, facto que nos levou a recorreu
maioritariamente a outras modalidades.
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V. Conclusões
“Se olharmos a história, as equipas vencedoras são aquelas com cérebro e não com músculo.”
Queiroz (2002)
Com o epílogo do trabalho, chegamos às seguintes conclusões mais
importantes:
� Quanto ao nível de especialização:
Os jogadores profissionais revelam um nível de conhecimento declarativo mais
elevado do que os jogadores amadores, sendo que as diferenças encontradas são
estatisticamente significativas – A hipótese 1 foi confirmada. Assim, a qualidade da
decisão táctico-técnica tende a ser superior em jogadores de nível superior,
querendo isto significar que estes decidem melhor em comparação com os seus
colegas de nível inferior.
� Quanto ao estatuto posicional:
Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os estatutos
posicionais que caracterizam o jogador de Futsal (guarda-redes ou os jogadores
de campo), sendo que os jogadores de campo apresentam uma ligeira vantagem
nos resultados do Protocolo de Conhecimento Declarativo – A hipótese 2 foi
confirmada.
� Quanto aos anos de prática:
O nível de conhecimento declarativo e os anos de prática de Futsal parecem estar
directamente relacionados, revelando diferenças estatisticamente significativas – A
hipótese 3 foi confirmada. Ou seja, os jogadores com mais anos de prática tendem
a errar menos no teste de conhecimento declarativo.
� Quanto à faixa etária:
Existe uma diferença estatisticamente significativa entre o nível de conhecimento
declarativo e a faixa etária do jogador, ou seja, à medida que um individuo
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progride na sua faixa etária, melhores são os resultados no Protocolo de
Conhecimento Declarativo – A hipótese 4 foi confirmada.
� Quanto ao número de horas semanais de treino:
Um jogador exposto a um maior número de horas de treino apresenta mais
acertos no teste de conhecimento declarativo, sendo esta diferença
estatisticamente significativa – A hipótese 5 foi confirmada.
� Quanto ao sistema de jogo utilizado:
Entre os jogadores dos dois sistemas de jogo usualmente utilizados pelas equipas
(sistema 3:1 e 4:0), não existem diferenças significativas no Protocolo de
Conhecimento Declarativo – A hipótese 6 foi confirmada. Facilmente um sistema
transforma-se no outro e vice-versa, facto que obriga os jogadores a terem a
mesma percepção do desenrolar das acções dos colegas e dos adversários,
qualquer que seja o sistema utilizado pelo treinador.
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VI. Recomendações
Aqui pretendemos oferecer algumas sugestões para trabalhos futuros sobre
esta temática.
� Cumprir um estudo, idêntico ao aqui apresentado, mas com um maior
número de equipas envolvidas e consequentemente um maior número de
atletas estudados.
� Complementar o estudo do conhecimento declarativo no Futsal com o
tempo de decisão, no sentido de verificar se os jogadores que menos
tempo demoram a responder, continuam a ser aqueles que têm uma
maior taxa de acertos.
� Criar um protocolo que analise a tomada de decisão em acções
defensivas.
� Atestar as diferenças, no que diz respeito ao nível de conhecimento
declarativo, entre atletas que utilizem diferentes sistemas de jogo (3:1 ou
4:0), mas de níveis de especialização semelhantes (ou apenas
profissionais ou apenas amadores).
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VIII. Anexos