17
1 AULA 03 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. AULA 03 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA CONJUNTURA ECONÔMICA

Conjuntura Econômica - aula 03

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Conjuntura Econômica - aula 03

Citation preview

Page 1: Conjuntura Econômica - aula 03

1AULA 03 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

AULA 03INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

CONJUNTURAECONÔMICA

Page 2: Conjuntura Econômica - aula 03

2 CONJUNTURA ECONÔMICA

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

Diversos autores de diversas áreas vêm inserindo em suas publicações o tema “conhecimento”. Este tema tem se apresentado de forma tão importante e incisiva que tende a dar origem a uma nova forma de sociedade: a sociedade do conhecimento.

O conhecimento passou a ser a principal fonte para a mudança e tornou-se essencial para o poder econômico das nações.

O bem-estar da população, das empresas e das organizações depende cada vez mais da criação, difusão e aplicação do conhecimento desenvolvido em uma nação. Com isso, percebemos a importância da educação (fundamental, média e superior) para a criação e difusão do conhecimento.

Antes de tudo, precisamos conceituar “conhecimento”. Basicamente, o conhecimento é dividido em duas dimensões: tácito ou implícito e codificável ou explícito. Estes conceitos são de extrema importância para entendermos o processo de inovação tecnológica e as políticas do governo federal voltadas para a questão tecnológica.

O conhecimento tácito é de certa forma intangível, portanto não pode ser codificado, ou seja, é muito difícil ser reproduzido através da literatura. A difusão deste conhecimento é feita por meio da expressão oral ou por observação repetitiva e, ainda, pela aproximação.

Em síntese, o conhecimento tácito está armazenado no cérebro humano.

O conhecimento codificável pode ser transmitido a partir da literatura, logo pode ser armazenado fora do cérebro humano, como por exemplo, em livros, artigos, computadores etc.

Com isso, o conhecimento codificável pode ser acessado por todos, a qualquer hora e em qualquer lugar. Entretanto, ao conhecimento tácito só tem acesso quem o detém.

O conhecimento tácito, então, pode ser adquirido por meio de um processo individual, que envolve questões como a financeira e a temporal, para o desenvolvimento da aprendizagem, acumulação de experiências e, consequentemente, chegar ao conhecimento.

Isso quer dizer que tecnologia não é uma mercadoria que se compra, mas sim, um processo que deve ser desenvolvido.

Page 3: Conjuntura Econômica - aula 03

3AULA 03 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

Vamos pensar em conhecimento tácito a partir de exemplos do cotidiano: o talento de um músico, a técnica de um jogador de vôlei, a habilidade de um jogador de futebol etc.

Um dos grandes problemas que as empresas enfrentam é descobrir quem, dentro de uma empresa, possui conhecimento tácito, e como ele pode ser difundido. Isso porque criar conhecimento não é algo tão simples como investimentos em treinamento, copiar outros etc., mas, sim, algo que é construído a partir de si mesmo e da interação entre os indivíduos dessa empresa. Ou seja, o conhecimento não é algo adquirido fora da empresa, mas dentro dela mesma.

DIFUSÃO DO CONHECIMENTO

A criação e difusão do conhecimento poderão ocorrer a partir de uma interação entre o conhecimento tácito e o codificável, segundo processos apresentados por autores como Nonaka e Takeuchi: socialização, externalização, combinação e internalização.

1. Socialização: A socialização do conhecimento tácito, ou seja, o compartilhamento das experiências entre os agentes.

2. Externalização: A externalização, ou seja, a transformação do conhecimento tácito em conhecimento codificável, por meio da reflexão coletiva.

3. Combinação: A combinação do conhecimento codificável com outro conhecimento codificável, ou seja, o conhecimento é sistematizado e a partir desta sistematização surgem novos conhecimentos. Isso tende a ocorrer nas instituições de ensino.

4. Internalização: A internalização do conhecimento codificável, ou seja, a incorporação do conhecimento tácito em conhecimento codificável. Podemos dizer que é o “aprender fazendo”.

Fases da difusão e criação do conhecimento

Para os autores Nonaka e Takeuchi, existem cinco fases para o processo de criação e difusão do conhecimento:

Page 4: Conjuntura Econômica - aula 03

4 CONJUNTURA ECONÔMICA

1ª fase - Compartilhamento de conhecimento tácito: criação de um campo de interação entre os agentes de uma empresa;

2ª fase - Criação de conceitos: transformação do conhecimento tácito em conhecimento codificado, ou seja, a cristalização do modelo mental em pressupostos teóricos;

3ª fase - Justificação de conceitos: os novos conceitos precisam passar por um critério de validação pelos agentes desenvolvedores e pela empresa de forma geral;

4ª fase - Construção de um protótipo: depois de criado e justificado, o conceito deve se tornar um protótipo, ou seja, um “modelo”;

5ª fase - Difusão do conhecimento: nas empresas, os conceitos tendem a assumir a forma de um “modelo”, iniciando-se um novo ciclo de expansão do conhecimento.

Vamos procurar conceituar o processo de inovação tecnológica partindo dos conceitos de ciência e tecnologia.

Para a Unesco, a ciência é:

“O conjunto de conhecimentos organizados sobre os mecanismos de causalidade dos fatos observáveis, obtidos através do estudo objetivo dos fenômenos empíricos”, e a tecnologia é “o conjunto de conhecimentos científicos ou empíricos diretamente aplicáveis à produção ou melhoria de bens ou serviços” (REIS, 2004).

Normalmente, a ciência é compreendida como a publicação de artigos, teses, livros etc.

Neste contexto, o conhecimento de uma nação transita partindo da ciência, passando pela técnica e chegando à indústria e sociedade, conforme circuito a seguir.

A retroalimentação desse circuito tende a expandir a capacidade tecnológica da nação, que é a porta de acesso ao mercado internacional.

É necessário, neste contexto, desenvolver conhecimento. Ora, o conhecimento de uma nação é consequência dos investimentos que ela faz na educação de sua população.

Os principais indicadores de ciência e tecnologia, como veremos, estão diretamente ligados à questão da educação, como anos de estudo, número de doutores, produção científica etc.

Se uma nação não investe em educação, está fadada a não produzir conhecimento e, portanto, permanecer na periferia da competitividade empresarial contemporânea. As nações que investem no setor de educação já saíram na frente das demais, no que tange

Page 5: Conjuntura Econômica - aula 03

5AULA 03 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

à capacidade de inovar.

Esferas da Inovação Tecnológica

Com base nessa perspectiva, podemos distinguir três esferas da inovação tecnológica nas empresas:

1. Empresas que identificam, selecionam e adquirem tecnologia de outras empresas;

2. Empresas que possuem a capacidade de modificar e efetuar adaptações na tecnologia, utilizando o conhecimento tácito ou codificável;

3. Empresas que introduzem novos produtos, processos e serviços a partir de seu conhecimento tácito.

É importante destacar que a aquisição de tecnologias (por meio de licenças de patentes) é muito limitada se tomarmos por base a necessidade que as nações passaram a ter, nas últimas décadas, de construção de capacidades para criar inovação.

A discussão sobre ciência e tecnologia, no que diz respeito à inovação tecnológica, é muito extensa. O importante é compreender que estamos no caminho de uma nova sociedade, a sociedade do conhecimento, na qual a inovação tecnológica vem causando significativas alterações na educação e nos processos de produção, portanto, na conjuntura econômica.

Faça uma pesquisa sobre o quanto as maiores empresas brasileiras vêm investindo em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) nos últimos anos.

Page 6: Conjuntura Econômica - aula 03

6 CONJUNTURA ECONÔMICA

COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

Para entendermos melhor sobre competitividade, vamos analisar o modelo de competitividade elaborado por M. Porter , o modelo das cinco forças competitivas.

Este modelo está baseado em cinco forças que influenciam a atuação de uma indústria no conjunto de indústrias que formam um setor específico, como refrigerantes, cerveja, calçados, computadores etc.

As cinco forças que dirigem a concorrência na indústria são:

1. Ameaça de entrada;

2. Intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes;

3. Pressão dos produtos substitutos;

4. Poder de negociação dos compradores;

5. Poder de negociação dos fornecedores.

Vamos compreender um pouco sobre cada uma das cinco forças para percebermos a importância da inovação tecnológica, nas empresas, frente ao processo de globalização.

1. Ameaça de entrada:

Novas empresas possuem o desejo de ganhar parcela do mercado para si. O aumento na oferta ocasiona redução nos preços.

Criação de barreiras aos entrantes:

• Economias de escala: a empresa entrante deverá entrar em larga escala, arriscando-se a uma forte reação das empresas existentes. Se ingressar em pequena escala, estará sujeita a uma desvantagem de custos, o que a impede de praticar preços competitivos.

• Diferenciação do produto: a diferenciação do produto por ela mesma já é uma barreira, devido aos altos investimentos em publicidade.

• Necessidade de capital: altos investimentos para competir (como MKT, P&D) tornam-se uma barreira.

• Custos de mudanças: mudanças de fornecedor (mão-de-obra, novos equipamentos, novos projetos).

• Distribuição: a nova empresa defronta-se com canais de distribuição já estabelecidos pela indústria estabelecida. Quanto mais controlados forem os canais no atacado e varejo, mais difícil se torna entrar nesta indústria.

• Política governamental: política que regula determinadas atividades produtivas

Page 7: Conjuntura Econômica - aula 03

7AULA 03 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

(saúde, meio ambiente);

• Outras barreiras: tecnologia, acesso à fonte de matéria-prima, localização, subsídios, curva de conhecimento.

2. Intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes:

- Rivalidade: concorrência de preços, campanhas de publicidade, novos produtos, aumento nos serviços, garantias aos clientes etc.

- Efeito: pode ocorrer uma retaliação entre as empresas ou acordos para evitá-la.

• A concorrência de preços tende a reduzir a rentabilidade de todas as empresas. Por outro lado,

• as campanhas publicitárias podem ampliar a demanda, beneficiando todas as empresas (Equilíbrio de Nash ).

3. Pressão dos produtos substitutos:

Substitutos tendem a ser uma ameaça para uma indústria, determinando um preço limite.

4. Poder de negociação dos compradores:

Os compradores competem com uma indústria forçando os preços para baixo. Oligopsônios e Monopsônios , compradores que adquirem grande volume de uma empresa, compradores que têm como fornecedores uma concorrência perfeita, compradores que não precisam de produtos de alta qualidade.

5. Poder de negociação dos fornecedores:

Os fornecedores podem exercer poder sobre uma indústria, elevando os preços ou reduzindo a qualidade. Um grupo de fornecedores pode exercer poder quando é um oligopólio, não existem substitutos próximos, é produtor de um componente essencial para a indústria.

Page 8: Conjuntura Econômica - aula 03

8 CONJUNTURA ECONÔMICA

CONCORRÊNCIA NA INDÚSTRIA

Neste item estudamos o modelo das forças que interagem em uma indústria, o modelo das cinco forças competitivas de M. Porter. Uma vez analisadas as cinco forças competitivas, uma empresa está em condições de identificar seus pontos fracos e fortes em relação às demais empresas de uma indústria, e ainda de perceber as ameaças e as oportunidades.

O objetivo deste modelo é, em síntese, posicionar a empresa inovadora de forma competitiva no mercado.

Elabore um exemplo da concorrência entre as empresas de uma indústria a partir do modelo das cinco forças competitivas de M. Porter. Escolha uma atividade, como a produção de refrigerantes, por exemplo, e efetue uma análise desta atividade.

Page 9: Conjuntura Econômica - aula 03

9AULA 03 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

POLÍTICA INDUSTRIAL

Durante as décadas de 1940, 1950 e 1960, período denominado de “os anos dourados” do capitalismo, o mundo, sobretudo os Estados Unidos, experimentaram um crescimento econômico muito intenso. Sob a égide do paradigma fordista de produção em massa, o sistema capitalista parecia estar “dando conta” do que havia prometido dois séculos antes, quando as sociedades demandavam o “acesso” - sintetizando em uma palavra – à educação, saúde, habitação, política etc., enfim, o acesso à cidadania.

O desejo de transformar a população das sociedades em cidadãos que gozassem de bem-estar social, ou seja, alcançar o desenvolvimento econômico, só poderia ocorrer a partir de um sistema que permitisse o rápido crescimento econômico, gerando empregos para todos, portanto, o “acesso” à cidadania.

Entretanto, na década de 1970, observou-se uma queda nas taxas de produtividade e no esgotamento do sistema de produção em massa.

O paradigma fordista de produção entrou em crise ao final desta década, após o segundo choque do petróleo (1979) e uma expressiva alta nas taxas de juros internacionais (Prime Rate e Libor). No caso brasileiro, o sistema de retroalimentação do processo de crescimento da economia, o crescimento via endividamento externo, entrou em colapso.

O início da década de 1980 é marcado por um período de estagflação, ou seja, recessão na economia acompanhada de um processo inflacionário crônico, com vias de hiperinflação. A ruptura na acumulação de capital ocorre nos anos de 1970, com a exaustão do sistema de produção em massa e com o surgimento de um novo modelo de acumulação.

A década de 1970 marcou o início da transição da produção em massa - baseado no taylorismo - para a produção flexível, ou do fordismo ao pós-fordismo. O sistema de produção flexível, o pós-fordismo, emergiu como uma tentativa de solucionar a queda na produtividade e, consequentemente, na lucratividade das empresas, a partir de um novo modelo de acumulação baseado na flexibilização das relações de produção, contrapondo-se à rigidez estabelecida pelo fordismo.

O novo modelo de acumulação de capital, pós-fordista, passou a exigir das empresas um novo formato de organização produtiva, baseado na cooperação com (e entre) a mão-de-obra, como células autônomas de produção, e com as demais indústrias do setor, a partir da formação de redes entre produtores e fornecedores.

O novo modelo de empresa, pós-fordista, implicou em novos determinantes de localização industrial, envolvendo maior complexidade das variáveis na determinação da melhor localização. Entre essas variáveis, podemos citar o papel do Governo Federal, o poder local, mas, principalmente, a funcionalidade das cidades, no que diz respeito à sua urbanização e ao seu mercado de trabalho.

Page 10: Conjuntura Econômica - aula 03

10 CONJUNTURA ECONÔMICA

O surgimento de novos espaços industriais tem relação direta com este novo modelo de acumulação de capital pós-fordista, reestruturando o processo de aglomeração da atividade produtiva.

O ritmo e a sintonia da produção industrial passaram a ser controlados pela demanda.

No fordismo era a oferta - a produção industrial - quem determinava o volume da produção, gerando um volume exagerado de estoques que eram “empurrados” para a demanda. No pós-fordismo, a demanda “puxa” da indústria, da esteira de produção, a quantidade desejada e, como ocorre na indústria automobilística flexível, a demanda define o design - no que diz respeito aos acessórios -, dos veículos produzidos.

Esta transição de indústria mecanizada e produção e automação rígidas para a produção e automação flexíveis, dando origem a uma configuração industrial enxuta e competitiva, de ampla integração com seus fornecedores e inovadores processos de produção, como o just-in-time (estoque zero, ou mínimo), células de produção autônomas, kan-ban etc., flexibilizou, também, a mão-de-obra. Ou, pelo menos, é o que vem buscando, pois a flexibilização da mão-de-obra depende da qualidade do ensino, logo, da formação profissional da população economicamente ativa (PEA) de uma determinada região.

A passagem do regime de acumulação em massa, fordista/taylorista, para a acumulação flexível, obrigou as indústrias a efetuarem significativas alterações: por um lado, em seus arranjos produtivos e, por outro, no padrão de consumo. Esta mudança também vem influenciando os determinantes da localização industrial, com a criação de novos espaços industriais e de consumo, causando uma reestruturação do espaço.

Frente à crise do sistema de produção, a inserção de novas técnicas de produção flexível se apresentou como uma alternativa no ordenamento da produção global. A produção flexível, além de provocar profundas alterações nas funções de produção (microeconômicas), exigiu um novo fluxo espacial de circulação da economia, pelo aparecimento de tecnopolos (BENKO, 2002).

As principais características destes novos espaços industriais envolvem uma exigência, por parte do capital em relação à mão-de-obra, pela polivalência: a subcontratação, com trabalho em tempo parcial e melhor grau na formação; e quanto à produção, pela criação de novos materiais e da tecnologia da informação.

Com este modelo, a indústria de grande porte externaliza as barreiras existentes à flexibilização, como é o caso dos estoques, implantando o sistema de just-in-time. Com este sistema, os estoques passam a “orbitar” em uma rede de fornecedores de pequeno e médio porte, em relação à empresa “núcleo”, como é o caso do arranjo produtivo da indústria automobilística.

O desenvolvimento da indústria high tech (alta tecnologia) vem construindo uma complexa rede de alianças estratégicas entre as corporações, a partir de acordos e joint ventures, adensando as relações entre as grandes indústrias.

Para CASTELLS (1999), o processo de desverticalização da empresa atende a sete

Page 11: Conjuntura Econômica - aula 03

11AULA 03 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

princípios:

1. Organização em torno do processo e não da tarefa;

2. Hierarquia horizontal;

3. Gerenciamento em equipe;

4. Medida do desempenho pela satisfação do cliente;

5. Recompensa com base no desempenho da equipe;

6. Maximização dos contratos com fornecedores e clientes;

7. Informação, treinamento e retreinamento de funcionários em todas as classes.

Este modelo viabiliza a flexibilidade da produção e a velocidade da informação dentro da indústria, com base na formação de uma rede de empresas.

Em um cenário econômico de certa forma mutante, as informações referentes aos mercados locais se tornam essenciais para a atuação no momento certo, no espaço certo. O que surgiu nas últimas décadas não é, necessariamente, um novo e melhor modo de produção, mas, sim, a crise de um modelo virtuoso que, devido às suas formas rígidas de atuação, desencadeou um processo de revitalização dos sistemas de organização empresarial que ascendem, ou descendem, conforme a competitividade local.

Entretanto, são as redes de empresas que constituem os componentes fundamentais da organização.

CARACTERÍSTICAS FORDISMO/TAYLORISMO PÓS-FORDISMO

Mercado Estável Instável

Produto Padronizado Diferenciado

Forma organizacional Grandes empresas Pequenas empresas

Sistema de produção Rígido Flexível

Atendimento à demanda Produção em massa Produção em pequenas quantidades

Relações interindustriais Adversas Cooperação

Trabalho Repetitivo Polivalência

Organização do trabalho Vertical - hierarquizada Horizontal - baixo grau de hierarquização

Page 12: Conjuntura Econômica - aula 03

12 CONJUNTURA ECONÔMICA

Neste contexto, muito vem-se discutindo sobre a importância da política industrial, no âmbito nacional, focada na inovação tecnológica, bem como, no âmbito local, focada nas potencialidades regionais.

Se uma nação deseja traçar uma trajetória de desenvolvimento, necessitará de uma política industrial que aumente a eficiência produtiva, diminua a vulnerabilidade externa e estimule o investimento.

No intuito de dinamizar a estrutura produtiva de uma nação, a política industrial deve integrar a busca da eficiência econômica com a inovação tecnológica e a ampliação do comércio exterior. A inovação e diferenciação dos produtos são essenciais para a sustentabilidade do crescimento econômico.

Empresas que buscam a inovação tecnológica alcançam a diferenciação de seus produtos e serviços, com isso crescem mais, tendem a exportar mais, consequentemente irão pagar melhores salários e darão melhores condições de trabalho.

Para tanto, encontramos, basicamente, políticas industriais que buscam a eficiência produtiva de suas empresas em âmbito nacional, bem como políticas industriais focadas nas especificidades regionais. O desenvolvimento destas políticas tende a elevar o patamar de investimentos de uma nação, gerando mais empregos e elevando também o patamar da renda.

Vamos conhecer um pouco sobre duas políticas industriais que vêm sendo utilizadas por diversas nações, inclusive o Brasil. Particularmente, estas políticas são denominadas de Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) e os Arranjos Produtivos Locais (APLs).

POLÍTICA INDUSTRIAL, TECNOLÓGICA E DE COMÉRCIO EXTERIOR (PITCE)

Segundo o Ministério do Desenvolvimento (MDIC) , a PITCE tem por objetivo ampliar a eficiência e a competitividade da empresa nacional e inseri-la internacionalmente, criando empregos e elevando a renda.

No âmbito da Câmara de Política Econômica, foi elaborado um conjunto de medidas que visa o estímulo ao investimento produtivo, a formação de poupança de longo prazo, a superação de gargalos de infraestrutura, a modernização e capacitação do parque industrial e o estímulo à inovação de produto, processo e gestão. Foram criados, ainda, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.

Suas ações contemplam três ações:

1. Linhas de ação horizontais

• Inovação e desenvolvimento tecnológico;

• Inserção externa;

Page 13: Conjuntura Econômica - aula 03

13AULA 03 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

• Modernização industrial;

• Ambiente institucional / aumento da capacidade produtiva;

2. Opções estratégicas

• Semicondutores;

• Software;

• Bens de capital;

• Fármacos e medicamentos.

3. Atividades portadoras de futuro

• Biotecnologia;

• Nanotecnologia;

• Biomassa / energias renováveis.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento (MDIC), a PITCE é uma política contemporânea, voltada para o futuro. O desenvolvimento da competitividade da indústria brasileira passa pela inovação tecnológica; eis porque ela é ao mesmo tempo política industrial e tecnológica.

E, se o Brasil já teve políticas industriais voltadas fundamentalmente para substituição de importações, a PITCE persegue padrões de competitividade internacional não só para a exportação, mas também porque a disputa se dá hoje no próprio mercado interno.

Competitividade significa incentivar a indústria a inovar e diferenciar produtos para concorrer num patamar mais elevado, mais dinâmico, de maior renda e mais virtuoso socialmente. E isso significa que o negócio deve ser entendido como algo maior do que a produção física, incorporando pesquisa e desenvolvimento, concepção e projeto de produto, propriedade intelectual, certificação, distribuição e logística, marca, pós-venda e serviços diversos associados ao produto.

Nesse sentido, uma série de medidas foi implementada, conforme síntese a seguir, e outras medidas estão em andamento, pois a PITCE é um processo, não um pacote estático.

Em síntese, a PITCE baseia-se num conjunto articulado de medidas que buscam o aumento da eficiência e da competitividade das empresas.

Arranjos Produtivos Locais (APLs)

Podemos compreender os APLs como aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam (ou têm condições de apresentar) vínculos

Page 14: Conjuntura Econômica - aula 03

14 CONJUNTURA ECONÔMICA

expressivos de interação, cooperação e aprendizagem direcionada para o enraizamento (ou endogenização) da capacitação social e da capacitação inovativa, essencial para a competitividade empresarial. Podemos relaciona-los ao conceito de tecnopolos.

A importância dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) vem sendo destacada na literatura da economia regional como um vetor de desenvolvimento econômico para regiões que possuem alguma “forma” de potencialidade produtiva. Um APL pode ser definido como um aglomerado de agentes econômicos, políticos e sociais que operam em atividades correlatas, estão localizados em um mesmo território e apresentam vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem.

Além da caracterização de aglomerações industriais de relevância espacialmente concentradas (como APLs), a presença de instituições que se inter-relacionam direta ou indiretamente com os APLs é de fundamental importância para a competitividade entre eles, bem como para o desenvolvimento sustentado local.

O novo paradigma de produção, pós-fordista, é caracterizado por um movimento intenso de experimentações envolvendo empresas de grande, médio e, principalmente, pequeno porte, imprimindo novas formas de organização industrial, de relações de trabalho e de dinâmica espacial. Como resultado, observa-se um grande movimento de estratégias institucionais privadas e públicas na direção destas aglomerações, no intuito de promover ações de fortalecimento, sinergia, bem como de difusão da inovação.

Nos últimos anos, muito se avançou na discussão da importância dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) como indutores do desenvolvimento regional. Foram estabelecidos, neste processo, alguns benchmarks, como iniciativas da Terceira Itália, regiões dos Estados Unidos da América e alguns países europeus.

O conceito de APL baseia-se numa abordagem que relaciona fatores de competitividade com a localização da produção no espaço geográfico e os vínculos existentes entre as empresas, instituições de apoio e governo. Dessa forma, no APL são levadas em conta não apenas as empresas e suas variadas formas de representação e associação, mas também outras instituições públicas e privadas voltadas à formação e treinamento de recursos humanos, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção e financiamento.

Os APLs, conforme o setor de atividade econômica, podem ter variadas caracterizações e configurações conforme sua história, evolução, organização institucional, contexto sociais e culturais, estrutura produtiva, formas de inserção nos mercados, organização industrial, estruturas de governança, logística, associativismo, cooperação, formas de aprendizado e de disseminação do conhecimento especializado local.

Sendo assim, entre os APLs existem diferentes graus de desenvolvimento, de integração da cadeia produtiva, de articulação e interação entre os agentes e instituições locais, e de capacidades sistêmicas para a inovação.

A hipótese é que, mesmo em suas formas mais incompletas, os APLs possuem impactos significativos sobre o emprego e renda locais, mas é inquestionável que o

Page 15: Conjuntura Econômica - aula 03

15AULA 03 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

potencial econômico e social dos APLs é bastante diferenciado.

Pode-se dizer que, de maneira geral, aglomerações de empresas geograficamente concentradas e setorialmente especializadas tornaram-se objetos de políticas públicas, as quais em coordenação com ações de agentes privados, visam melhorar as condições locais para o crescimento das empresas, atração de investimentos, desenvolvimento tecnológico, aumento das exportações e, sobretudo, aumento do emprego e da renda local.

Nota-se cada vez mais o empenho dos governos, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como de entidades representativas e de apoio às empresas - em especial micro e pequenas, em apoiar as iniciativas e formatar políticas públicas para os APLs.

Neste item, estudamos brevemente as modificações técnicas que vêm ocorrendo no sistema produtivo mundial. Nos anos 70, 80 e 90 o mundo experimentou significativas mudanças no sistema produtivo, como a transição do fordismo para o pós-fordismo.

A Política Industrial brasileira também procura se adequar a estas novas formas de produção, por isso estudamos a PITCE e o fenômeno de aglomerações produtivas, os APLs.

Estas políticas podem determinar o ritmo e o modo de produção do país, refletindo na conjuntura econômica.

Efetue uma pesquisa sobre o impacto dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) na economia da sua região geográfica.

Page 16: Conjuntura Econômica - aula 03

16 CONJUNTURA ECONÔMICA

“Pesquisadores da Universidade de Michigan, Estados Unidos, criaram um novo processo de nanofabricação que utiliza nanorrobôs para fabricar sensores. Os novos sensores são tão pequenos quer permitem a construção de câmeras infravermelhas portáteis, sem o enorme aparato criogênico que essas câmeras têm atualmente.

O novo processo permite que um operador humano, utilizando um poderoso microscópio eletrônico e um controlador parecido com um joystick, possa manipular remotamente os elementos necessários para construir os pixels individuais que formam os sensores.

Cada pixel é construído com nanotubos de carbono, que possuem dimensões nanométricas. Devido à sua natureza unidimensional, os nanotubos de carbono têm um ruído termal muito inferior aos semicondutores tradicionais. Uma câmera que utilize esta tecnologia poderá ser leve e barata - cerca de um décimo do custo, do peso e do tamanho de uma câmera digital convencional.

Os criadores da nova técnica, os cientistas Harold Szu, James Buss e Xi Ning, afirmam que ela também poderá ser utilizada em aplicações médicas, como a detecção de câncer de mama.

A nova tecnologia poderá revolucionar a fabricação de sensores, câmeras e um sem-número de outros equipamentos médicos, que poderão vir a ser construídos por esses nanorobôs, diminutas “mãos robóticas” capazes de manipular moléculas em tempo real”.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/

É indiscutível a importância da construção do conhecimento para que uma nação tenha condições de dar sustentabilidade ao seu crescimento econômico por meio de processos inovadores.

A atual conjuntura econômica vem exigindo cada vez mais das empresas no que diz respeito à inovação tecnológica e, consequentemente, à competitividade empresarial.

Entretanto, além dos esforços das empresas na construção da sociedade do conhecimento, é fundamental a participação da sociedade e principalmente do Estado no que se refere à educação, como por exemplo, a produção científica acadêmica.

Também são essenciais políticas públicas que foquem a inovação tecnológica em âmbito nacional e que levem em consideração as potencialidades regionais, elevando, assim, a produtividade do país.

Page 17: Conjuntura Econômica - aula 03

17AULA 03 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.

BENKO, Georges. Economia, Espaço e Globalização na Aurora Século XXI. Ed. Hucitec, 2000.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Ed. Paz e Terra, 2001.

MANKIW, Gregory. Introdução à Economia. Ed. Thomson, 2005.

MENDES, Judas T. Economia: Fundamentos e Aplicações. Ed. Prentice Hall, 2004.

NOGAMI, Otto e PASSOS, Carlos. Princípios de Economia. Ed. Thomson, 2004.

PINDYCK, Robert e RUBINFELD, Daniel . Microeconomia. Ed. Prentice Hall, 2004.

ROSSETTI, Domingos P. Introdução à Economia. Ed. Atlas, 2005.

VASCONCELOS, Marco A. Manual de Economia dos Professores da USP. Ed. Saraiva, 2004.

VASCONCELOS, Marco A. Fundamentos de Economia. Ed. Campus, 2004.

REIS, D. R. dos. Gestão da inovação tecnológica. Barueri- SP: Manole, 2004.