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ORIENTAÇÃO JURICIDA N.º 01/2014 – CAU/RS
Esclarecer e estabelecer orientação conceitual para
controle dos limites do suprimento de fundos e das
despesas de pequeno vulto.
Considerando o que dispõe o Art. 1º, inciso II, da Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994;
Considerando as necessidades: dos Departamentos Administrativos e Financeiros; dos Departamentos de
Planejamento, Orçamento e Contabilidade; do Setor de Compras; da Comissão Permanente de Licitação; e dos
Pregoeiros e seus auxiliares; todos designados por portaria do Presidente do CAU/RS;
Considerando a necessidade de estabelecer parâmetros de orientativos aos responsáveis por Empenhamento,
Liquidação, Emissão da Ordem de Pagamento e Pagamento;
Considerando a necessidade de simplificação e racionalização das rotinas de controle para evitar a ocorrência
fracionamento de custos inerentes às despesas de pequeno vulto e ao suprimento de fundos; e
Considerando ser atribuição da Assessoria Jurídica: oferecer segurança jurídica, proteção legal e defender os
interesses do CAU/RS nos âmbitos judiciais ou extrajudiciais de qualquer natureza; orientar sistematicamente a
Instituição quanto a assuntos legais; atuar em ações propostas por ou em face da autarquia, através de análise de
conteúdos, avaliação de riscos e impacto das medidas a sugerir, no que se referem a negócios, operação, políticas de
atuação, demandas, comprometimentos, inversões e demais atividades a que se dedica o CAU/RS; analisar contratos;
A ASSESSORIA JURÍDICA DO CAU/RS, no uso de suas atribuições, dispõe:
I. INTRODUÇÃO.
I.1. Inicialmente, salienta-se que licitação é um procedimento administrativo,
constituído de atos vinculados, mediante os quais se visa assegurar que o poder público – no qual se incluem as
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autarquias – ao contratar obras, serviços e compras, obtenha a maior vantagem possível, para que o uso do dinheiro
público seja feito com parcimônia, em face do princípio da indisponibilidade do interesse público, e com o fim de
garantir que todos tenham iguais oportunidades de contratar com a Administração, em razão do princípio da
igualdade.
I.2. Há, contudo, situações que, apesar de gerarem vínculos entre a Administração e o
particular, independem, por razões lógicas, de licitação. São aquelas em que a disputa faz-se inconveniente,
desnecessária ou impossível. A Lei n.º 8.666/93 nos artigos 24 e 25 prevê as hipóteses de dispensa e inexigibilidade de
licitação. Ou seja, embora a regra para a Administração Pública, direta ou indireta, seja licitar, a Lei de Licitações – Lei
n.º 8.666/93, permite a dispensa ou a inexigibilidade do processo licitatório em casos determinados.
I.3. Através desta Orientação Jurídica, a Assessoria Jurídica do CAU/RS busca esclarecer
e estabelecer orientação conceitual para controle dos limites do adiantamento (suprimento de fundos) e das despesas
de pequeno vulto, em face da necessidade de haver um efetivo planejamento quanto à gestão pública dos recursos
diante das demandas surgidas.
I.4. Como em muitas ocasiões, todavia, não se pode imaginar a totalidade de
possibilidades dessas demandas, pode ocorrer eventualidades (excepcionalidades), as quais, em determinadas
circunstâncias, terão que ser atendidas, uma vez que o não atendimento dessas poderia acarretar prejuízos ou
consequências desastrosas à Administração.
I.5. Diante de uma eventualidade, em que exista a necessidade de atendimento de
maneira rápida e de não aguardar o processo normal (procedimento licitatório), o Gestor poderia se valer do
procedimento denominado concessão de suprimento de fundos, que é exceção quanto à não-realização de
procedimento licitatório e que possui a finalidade de atender as despesas que não possam aguardar o procedimento
ordinário.
II. DO SUPRIMENTO DE FUNDOS.
II.1. O que diferencia a execução da despesa por suprimento de fundos das demais
formas de execução de despesa é o emprenho feito em nome do servidor, o adiantamento da quantia a ele e a
inexistência de obrigatoriedade de licitação. Porém, a realização dessas despesas deve observar os mesmos princípios
que regem a Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, bem como o
princípio da isonomia e da aquisição mais vantajosa para a Administração.
II.2. Em determinadas situações, a legislação permite à Administração Pública a
utilização de sistemática especial para realizar gastos que, pela natureza ou urgência, não possam aguardar o
processamento normal de despesa pública. Trata-se do regime de adiantamento ou suprimento de fundos, que
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consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria, para o fim de realizar
despesas que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação. Assim sendo, segue entendimento do
Tribunal de Contas da União1:
“Somente conceda suprimentos de fundos em situações excepcionais que inviabilizem a observância do processo
normal de aplicação, em atenção ao art. 2º da Lei nº 8.666/1993, ao art. 68 da Lei nº 4.320/1964 e ao art. 45 do
Decreto nº 93.872/1986.
Observe a oportunidade adequada de aplicação de suprimento de fundos, abstendo-se de aprovar prestação de
contas de despesas anteriores à data de entrega do numerário ou posteriores ao prazo de aplicação definido na
nota de empenho, em cumprimento ao art. 48 da Lei nº 4.320/1964.
Abstenha-se de conceder suprimento de fundos para pagamentos de despesas não condizentes com as
competências do Conselho, definidas no art. 27 da Lei nº 5.194/1996.
Oriente os servidores, no caso de realização de despesa por meio de suprimento de fundos, a realizar pesquisa
de preço com no mínimo três cotações, de modo a aferir a adequação do preço cobrado aos de mercado, em
observância ao princípio da economicidade” (Acórdão 78/2010 Plenário).
“Adote medidas para controlar o montante dos gastos executados com suprimentos de fundos, de forma a
evitar a ocorrência de fracionamento de despesas, em atenção ao disposto no art. 24, inciso II, da Lei nº
8.666/1993.
Oriente seus servidores no sentido de que a concessão de suprimento de fundos passe a ocorrer somente a
critério do ordenador de despesas e sob sua inteira responsabilidade, vedada a concessão a não servidores do
Órgão, em face do disposto no art. 68 da Lei nº 4.320/1964” (Acórdão 2846/2008 Plenário).
“Observe os limites e hipóteses para concessão de suprimento de fundos, abstendo-se de efetuar, sob regime
de adiantamento, gastos que poderiam subordinar-se ao trâmite normal da despesa” (Acórdão 816/2006
Plenário).
“Detalhe, nos processos de suprimento de fundos, as despesas e sua necessidade, não se limitando a acrescentar
a nota fiscal ao processo, e componha os processos com demonstrativos mensais, cópia das faturas do cartão
corporativo e cópia da nota de empenho” (Acórdão 3754/2009 Primeira Câmara).
“Evite a disponibilização de recursos de suprimento de fundo para pessoas não pertencentes ao quadro funcional,
por infringir o art. 45 do Decreto 93.872/1986.
Realize regular procedimento licitatório para as despesas passíveis de planejamento, vez que o suprimento de
fundos se aplica apenas às despesas realizadas em caráter excepcional” (Acórdão 4404/2009 Segunda Câmara).
“Evite sucessivas contratações de serviço e aquisições de material de pequeno valor, igual natureza,
semelhança ou afinidade, realizadas com suprimento de fundos, quando deveriam ser submetidas ao
procedimento normal de processamento de despesas” (Acórdão 2220/2006 Segunda Câmara).
1 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Licitações e contratos: orientações e jurisprudência do TCU/Tribunal de Contas da União. – 4. ed. rev., atual. e ampl. – Brasília: TCU, Secretaria-Geral da Presidência: Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2010. Paginas 641/642.
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“Efetue o regime de suprimento de fundos somente para despesa que, pela sua excepcionalidade, não possa
subordinar-se ao processo normal de aplicação, sendo ela despesa eventual, em caráter sigiloso, ou de
pequeno vulto” (Acórdão 97/2010 Segunda Câmara).
II.3. Conforme estabelece o Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1986, Capítulo III,
Seção V, o suprimento de fundos (adiantamento) é um instrumento de exceção que, a critério do ordenador de
despesas e sob sua inteira responsabilidade, poderá ser concedido a servidor, sempre precedido de empenho na
dotação própria às despesas a realizar, e que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.
“Art. 45. Excepcionalmente, a critério do ordenador de despesa e sob sua inteira responsabilidade, poderá ser
concedido suprimento de fundos a servidor, sempre precedido do empenho na dotação própria às despesas a
realizar, e que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação, nos seguintes casos (Lei nº 4.320/64,
art. 68 e Decreto-lei nº 200/67, § 3º do art. 74):
I - para atender despesas eventuais, inclusive em viagens e com serviços especiais, que exijam pronto pagamento;
(Redação dada pelo Decreto nº 6.370, de 2008)
Il - quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se classificar em regulamento; e
III - para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapassar
limite estabelecido em Portaria do Ministro da Fazenda.
§ 1º O suprimento de fundos será contabilizado e incluído nas contas do ordenador como despesa realizada; as
restituições, por falta de aplicação, parcial ou total, ou aplicação indevida, constituirão anulação de despesa,
ou receita orçamentária, se recolhidas após o encerramento do exercício.
§ 2º O servidor que receber suprimento de fundos, na forma deste artigo, é obrigado a prestar contas de sua
aplicação, procedendo-se, automaticamente, à tomada de contas se não o fizer no prazo assinalado pelo
ordenador da despesa, sem prejuízo das providências administrativas para a apuração das responsabilidades e
imposição, das penalidades cabíveis (Decreto-lei nº 200/67, parágrafo único do art. 81 e § 3º do art. 80).
§ 3º Não se concederá suprimento de fundos:
a) a responsável por dois suprimentos;
b) a servidor que tenha a seu cargo e guarda ou a utilização do material a adquirir, salvo quando não houver na
repartição outro servidor;
c) a responsável por suprimento de fundos que, esgotado o prazo, não tenha prestado contas de sua aplicação; e
d) a servidor declarado em alcance.
§ 4º Os valores limites para concessão de suprimento de fundos, bem como o limite máximo para despesas de
pequeno vulto de que trata este artigo, serão fixados em portaria do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído
pelo Decreto nº 1.672, de 1995)
§ 5º As despesas com suprimento de fundos serão efetivadas por meio do Cartão de Pagamento do Governo
Federal - CPGF. (Incluído pelo Decreto nº 6.370, de 2008)
§ 6º É vedada a utilização do CPGF na modalidade de saque, exceto no tocante às despesas: (Incluído pelo
Decreto nº 6.370, de 2008)
I - de que trata o art. 47; e (Incluído pelo Decreto nº 6.370, de 2008)
II - decorrentes de situações específicas do órgão ou entidade, nos termos do autorizado em portaria pelo
Ministro de Estado competente e nunca superior a trinta por cento do total da despesa anual do órgão ou
entidade efetuada com suprimento de fundos. (Incluído pelo Decreto nº 6.370, de 2008)
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III - decorrentes de situações específicas da Agência Reguladora, nos termos do autorizado em portaria pelo seu
dirigente máximo e nunca superior a trinta por cento do total da despesa anual da Agência efetuada com
suprimento de fundos. (Incluído pelo Decreto nº 6.901, de 2009)
Art. 45-A. É vedada a abertura de conta bancária destinada à movimentação de suprimentos de fundos. (Incluído
pelo Decreto nº 6.370, de 2008)
Art. 46. Cabe aos detentores de suprimentos de fundos fornecer indicação precisa dos saldos em seu poder em 31
de dezembro, para efeito de contabilização e reinscrição da respectiva responsabilidade pela sua aplicação em
data posterior, observados os prazos assinalados pelo ordenador da despesa (Decreto-lei nº 200/67, art. 83).
Parágrafo único. A importância aplicada até 31 de dezembro será comprovada até 15 de janeiro seguinte.
Art. 47. A concessão e aplicação de suprimento de fundos, ou adiantamentos, para atender a peculiaridades dos
órgãos essenciais da Presidência da República, da Vice-Presidência da República, do Ministério da Fazenda, do
Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Departamento de Polícia Federal
do Ministério da Justiça, do Ministério das Relações Exteriores, bem assim de militares e de inteligência,
obedecerão ao Regime Especial de Execução estabelecido em instruções aprovadas pelos respectivos Ministros de
Estado, vedada a delegação de competência. (Redação dada pelo Decreto nº 7.372, de 2010)
Parágrafo único. A concessão e aplicação de suprimento de fundos de que trata o caput restringe-se: (Redação
dada pelo Decreto nº 7.372, de 2010)
I - com relação ao Ministério da Saúde: a atender às especificidades decorrentes da assistência à saúde indígena;
(Incluído pelo Decreto nº 7.372, de 2010)
II - com relação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: a atender às especificidades dos adidos
agrícolas em missões diplomáticas no exterior; e (Incluído pelo Decreto nº 7.372, de 2010)
III - com relação ao Ministério das Relações Exteriores: a atender às especificidades das repartições do Ministério
das Relações Exteriores no exterior. (Incluído pelo Decreto nº 7.372, de 2010)”
II.4. Adentramos, então, no suprimento de fundos como adiantamento, para o
atendimento de despesas de pequeno vulto, uma vez que este tipo é o mais utilizado, o qual, além de sua disposição
nos artigos 45 a 47 do Decreto nº 93.872/86, expostos acima, está pautado na legislação exibida a seguir.
II.5. Artigos 68 e 69, da Lei nº 4.320/64:
“Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em lei e consiste
na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria para o fim de realizar
despesas, que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.
Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem a responsável por dois adiantamento.”
II.6. Art. 74, § 3º, do Decreto-Lei nº 200/67:
“Art. 74. Na realização da receita e da despesa pública será utilizada a via bancária , de acordo com as normas
estabelecidas em regulamento.
(...)
§ 3º Em casos excepcionais, quando houver despesa não atendível pela via bancária, as autoridades
ordenadoras poderão autorizar suprimentos de fundos, de preferência a agentes afiançados, fazendo-se os
lançamentos contábeis necessários e fixando-se prazo para comprovação dos gastos.”
5
II.7. Portaria nº 95, de 19 de abril de 2002, do Ministério da Fazenda:
“O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, INTERINO, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto no
inciso III do art. 45 do Decreto no 93.872, de 23 de dezembro de 1986, resolve:
Art. 1º A concessão de Suprimento de Fundos, que somente ocorrerá para realização de despesas de caráter
excepcional, conforme disciplinado pelos arts. 45 e 47 do Decreto no 93.872/86, fica limitada a:
I - 5% (cinco por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "I" do art. 23, da Lei no 8.666/93, para
execução de obras e serviços de engenharia;
II - 5% (cinco por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "II" do art. 23, da Lei acima citada, para
outros serviços e compras em geral.
§ 1º Quando a movimentação do suprimento de fundos for realizada por meio do Cartão de Crédito
Corporativo do Governo Federal, os percentuais estabelecidos nos incisos I e II deste artigo ficam alterados
para 10% (dez por cento).
§ 2º O ato legal de concessão de suprimento de fundos deverá indicar o uso da sistemática de pagamento,
quando este for movimentado por meio do Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal.
§ 3º Excepcionalmente, a critério da autoridade de nível ministerial, desde que caracterizada a necessidade em
despacho fundamentado, poderão ser concedidos suprimentos de fundos em valores superiores aos fixados neste
artigo.
Art. 2º Fica estabelecido o percentual de 0,25% do valor constante na alínea "a" do inciso II do art. 23 da Lei no
8.666/93 como limite máximo de despesa de pequeno vulto, no caso de compras e outros serviços, e de 0,25%
do valor constante na alínea "a" do inciso I do art. 23 da Lei supra mencionada, no caso de execução de obras e
serviços de engenharia.
§ 1º Os percentuais estabelecidos no caput deste artigo ficam alterados para 1% (um por cento), quando
utilizada a sistemática de pagamento por meio do Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal.
§2º Os limites a que se referem este artigo são o de cada despesa, vedado o fracionamento de despesa ou do
documento comprobatório, para adequação a esse valor.
Art. 3º Os valores referidos nesta Portaria serão atualizados na forma do parágrafo único do art. 120 da Lei no
8.666/93, desprezadas as frações.
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogada a de n.º 492, de 31 de agosto de 1993.”
II.8. Decreto nº 5.355, de 25 de janeiro de 2005:
“Art. 1º A utilização do Cartão de Pagamento do Governo Federal - CPGF, pelos órgãos e entidades da
administração pública federal integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social, para pagamento das
despesas realizadas com compra de material e prestação de serviços, nos estritos termos da legislação vigente,
fica regulada por este Decreto. (Redação dada pelo Decreto nº 6.370, de 2008)
Parágrafo único. O CPGF é instrumento de pagamento, emitido em nome da unidade gestora e operacionalizado
por instituição financeira autorizada, utilizado exclusivamente pelo portador nele identificado, nos casos
indicados em ato próprio da autoridade competente, respeitados os limites deste Decreto. (Redação dada pelo
Decreto nº 6.370, de 2008)
Art. 2º Sem prejuízo dos demais instrumentos de pagamento previstos na legislação, a utilização do CPGF para
pagamento de despesas poderá ocorrer na aquisição de materiais e contratação de serviços enquadrados
como suprimento de fundos, observadas as disposições contidas nos arts. 45, 46 e 47 do Decreto no 93.872, de
23 de dezembro de 1986, e regulamentação complementar. (Redação dada pelo Decreto nº 6.370, de 2008)
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Parágrafo único. Ato conjunto dos Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Fazenda
poderá autorizar a utilização do CPGF, como forma de pagamento de outras despesas. (Redação dada pelo
Decreto nº 6.370, de 2008)
Art. 3º Além de outras responsabilidades estabelecidas na legislação e na regulamentação específica, para os
efeitos da utilização do CPGF, ao ordenador de despesa caberá:
I - definir o limite de utilização e o valor para cada portador de cartão;
II - alterar o limite de utilização e de valor; e
III - expedir a ordem para disponibilização dos limites, eletronicamente, junto ao estabelecimento bancário.
Parágrafo único. O portador do CPGF é responsável pela sua guarda e uso.
Art. 4º É vedada a aceitação de qualquer acréscimo no valor da despesa decorrente da utilização do CPGF.
Art. 5º Não será admitida a cobrança de taxas de adesão, de manutenção, de anuidades ou de quaisquer outras
despesas decorrentes da obtenção ou do uso do CPGF.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às taxas de utilização do CPGF no exterior e aos encargos por
atraso de pagamento.
Art. 6º (Revogado pelo Decreto nº 6.370, de 2008)
Art. 7º O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão poderá expedir normas complementares para
cumprimento do disposto neste Decreto.
Art. 8º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 9º Revogam-se os Decretos nos 3.892, de 20 de agosto de 2001, e 4.002, de 7 de novembro de 2001.”
II.9. Portaria n.º 41, de 04 de março de 2005, do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão:
“Estabelece normas complementares para utilização do Cartão de Pagamento do Governo Federal - CPGF, pelos
órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.
O MINISTRO DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, Interino, no uso das suas atribuições,
considerando o disposto no art. 7º do Decreto nº 5.355, de 25 de janeiro de 2005, e visando a redução de custos
operacionais, resolve:
Art. 1º Estabelecer normas complementares para pagamento das despesas realizadas com compra de material,
prestação de serviços e diária de viagem a servidor, por intermédio do Cartão de Pagamento do Governo Federal
- CPGF, no âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.
Art. 2º Para os efeitos desta Portaria são adotadas as seguintes definições:
I - CARTÃO DE PAGAMENTO DO GOVERNO FEDERAL -CPGF: Instrumento de pagamento, emitido em nome da
Unidade Gestora, com características de cartão corporativo, operacionalizado por instituição financeira
autorizada, utilizado exclusivamente pelo Portador nele identificado, nos casos indicados em ato próprio da
autoridade competente;
II - CONTRATANTE: A União, por intermédio do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
III - CONTRATADO: Instituição financeira autorizada, signatária do Contrato Administrativo com a União, para
emissão do CPGF;
IV - TITULAR: Unidade Gestora que aderir ao contrato único firmado pela União e o Contratado, para utilização
do CPGF;
V - PORTADOR: Servidor autorizado a portar o CPGF emitido em nome da respectiva Unidade Gestora;
VI - AFILIADO: Estabelecimento comercial integrante da rede a que estiver associado o Contratado, onde podem
ser efetivadas transações com o CPGF;
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VII - TRANSAÇÃO: Operação efetuada pelo Portador junto ao Afiliado ou Contratado, mediante utilização do
CPGF;
VIII - LIMITE DE UTILIZAÇÃO: Valor máximo estabelecido pelo Ordenador de Despesa da Unidade Gestora junto ao
Contratado para utilização do CPGF;
IX - DEMONSTRATIVO MENSAL: Documento emitido pelo Contratado contendo a relação das transações
efetuadas pelos Portadores da respectiva Unidade Gestora, lançadas na fatura do mês, para efeito de
conferência e atestação; e
X - CONTA MENSAL: Documento emitido pelo Contratado contendo os valores devidos pela Unidade Gestora,
para efeito de pagamento e contabilização.
Art. 3º As Unidades Gestoras dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e
fundacional poderão aderir ao contrato firmado entre a União e o Contratado paralização do CPGF.
§ 1º A adesão será formalizada pela Unidade Gestora, mediante preenchimento da Proposta de Adesão,
conforme modelo disponível nas agências do Contratado.
§ 2º O Ordenador de Despesa é a autoridade competente para assinar, em nome da Unidade Gestora, a Proposta
de Adesão e para indicar outros Portadores do CPGF da respectiva Unidade.
§ 3º A adesão deverá ser precedida de abertura de processo administrativo específico, no âmbito da Unidade
Gestora, do qual constará cópia do contrato firmado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão com
o Contratado.
§ 4º O Ordenador de Despesa assume inteira responsabilidade pelo cumprimento das regras contratuais e demais
instruções relativas ao uso do CPGF, emitido com a titularidade da respectiva Unidade Gestora e identificação do
Portador, e pelo pagamento das despesas decorrentes.
§ 5º Não será admitido pagamento de taxas de adesão e manutenção, anuidades e quaisquer outras despesas
decorrentes da obtenção e/ou do uso do CPGF.
§ 6º Não se aplica o disposto no § 5º quando se tratar de taxas de utilização no exterior e de encargos por atraso
no pagamento.
Art. 4º A utilização do CPGF poderá ocorrer nos casos de:
I - aquisição de materiais e contratação de serviços de pronto pagamento e de entrega imediata enquadrados
como suprimento de fundos, observadas as disposições contidas nos arts. 45, 46 e 47 do Decreto nº 93.872, de
23 de dezembro de 1986, e regulamentação complementar;
II - pagamento às empresas prestadoras de serviço de cotação de preços, reservas e emissão de bilhetes de
passagens, desde que previamente contratadas; e
III - pagamento de diária de viagem a servidor, destinada às despesas extraordinárias com pousada, alimentação
e locomoção urbana, conforme os valores estabelecidos em legislação específica, bem como do adicional para
cobrir as despesas de deslocamento até o local de embarque e do desembarque ao local de trabalho ou de
hospedagem e vice-versa.
§ 1º O pagamento das despesas previstas neste artigo, exceto a referida no inciso II, poderá ser realizado
mediante saque.
§ 2º O saque para o pagamento das despesas enquadradas como suprimento de fundos deverá ser justificado
pelo suprido, que indicará os motivos da não-utilização da rede afiliada do CPGF.
Art. 5º Nenhum saque ou transação com o CPGF poderá ser efetivado sem que haja saldo suficiente para o
atendimento da despesa especificada na respectiva Nota de Empenho emitida pela Unidade Gestora.
Parágrafo único. O limite de saque total da Unidade Gestora não poderá ser maior do que o limite de saque
autorizado à Conta Única do Tesouro Nacional em vinculação de pagamento específica definida pelo Órgão
Central do Sistema de Administração Financeira.
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Art. 6º Observado o disposto no art. 5º, o Ordenador de Despesa definirá, para fins de registro junto ao
Contratado, o limite de utilização total da Unidade Gestora, bem como o limite de utilização a ser concedido a
cada um dos Portadores do CPGF por ele autorizado, e a natureza dos gastos permitidos.
§ 1º O somatório dos limites de utilização estabelecidos para os Portadores do CPGF não poderá ultrapassar o
limite de utilização total da respectiva Unidade Gestora, de acordo com a vinculação de pagamento específica
definida pelo Órgão Central do Sistema de Administração Financeira.
§ 2º O Ordenador de Despesa deverá comunicar ao Contratado a alteração dos limites de utilização estabelecidos
para a Unidade Gestora e para os respectivos Portadores do CPGF.
§ 3º O Ordenador de Despesa é responsável pela autorização de uso, definição e controle de limites do CPGF, sem
prejuízo da responsabilidade pela comunicação de roubo, furto ou extravio de cartão que esteja em sua posse.
Art. 7º O pagamento aos Afiliados deverá ser efetivado na data da compra, exigindo-se assinatura no respectivo
comprovante de venda, emitido em duas vias pelo valor final da operação, ou mediante impostação de senha do
Portador ou de assinatura eletrônica, conforme o caso.
§ 1º O pagamento deve ser realizado pelo valor da nota fiscal, observadas as disposições contidas nos arts. 45, 46
e 47 do Decreto nº 93.872, de 1986, e legislação complementar.
§ 2º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo, no caso de pagamento de diárias a servidor.
§ 3º É vedada a aceitação de qualquer acréscimo de valor em função do pagamento por meio do CPGF.
Art. 8º O Contratado disponibilizará, em quaisquer de suas agências, até o dia 23 de cada mês ou dia útil
imediatamente subsequente, os demonstrativos e respectivas contas mensais, para acesso do Ordenador de
Despesa ou pessoa por ele designada.
§ 1º Em caso de divergência entre os dados constantes da conta mensal e os comprovantes de venda, a Unidade
Gestora deverá notificar o Contratado para prestar os esclarecimentos ou realizar os acertos cabíveis.
§ 2º O Contratado registrará, no ato da notificação, as ocorrências que não puderem ser esclarecidas naquele
momento e informará o número do registro que deverá ser citado e anexado ao processo de pagamento.
§ 3º Os valores contestados e não esclarecidos pelo Contratado serão glosados na fatura correspondente, pelo
Ordenador de Despesa, sem prejuízo do cumprimento do prazo estabelecido para pagamento da fatura.
Art. 9º O pagamento da fatura deverá ocorrer até o dia 28 de cada mês, desde que cumprido, pelo Contratado, o
prazo estabelecido no caput do art. 8º.
Parágrafo único. Na hipótese de descumprimento do prazo o pagamento ocorrerá em até cinco dias úteis
contados da disponibilização dos documentos referidos no caput do art. 8º desta Portaria.
Art. 10. O Portador identificado no CPGF responderá pela sua guarda e uso e pela prestação de contas.
§ 1º Nos casos de roubo, furto, perda ou extravio de cartões, caberá ao Portador comunicar o ocorrido ao
Contratado e ao Ordenador de Despesa.
§ 2º No ato da comunicação de roubo, furto, perda ou extravio do CPGF o Contratado deverá fornecer
confirmação e identificação do pedido de bloqueio do cartão.
Art. 11. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão disponibilizará o contrato firmado com instituição
financeira autorizada, com cláusula de adesão para as Unidades Gestoras dos órgãos e entidades da
Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.
§ 1º O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão disponibilizará, no Portal de Compras do Governo
Federal - Comprasnet, sítio www.comprasnet.gov.br, os termos do contrato para subsidiar decisão e instrução
dos processos de adesão.
§ 2º As demais entidades integrantes do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social, não incluídas no art. 1º,
poderão adotar o CPGF como forma de pagamento, respeitado o disposto nesta Portaria.
Art. 12. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
9
Art. 13. Ficam revogados os dispositivos da Portaria MP nº 265, de 16 de novembro de 2001, publicada no DOU
de 19 de novembro de 2001, nas partes pertinentes à matéria regulada por esta Portaria.”
II.10. Ou seja, a concessão de suprimento de fundos, prioritariamente, deverá ocorrer
por meio do Cartão de Pagamento do Governo Federal – CPGF, utilizando as contas de suprimento de fundos somente
em caráter excepcional, onde comprovadamente não seja possível utilizar o cartão.
II.11. Percebe-se, então que o suprimento de fundos, poderá ser concedido nos
seguintes casos:
I. Para atender despesas eventuais, inclusive em viagens e com serviços especiais,
que exijam pronto pagamento;
II. Quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se classificar em
regulamento; e
III. Para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujos valores,
em cada caso, não ultrapassar os limites estabelecidos em Portaria do Ministério da
Fazenda.
II.12. Os limites acima referidos estão vinculados à legislação que rege as licitações no
âmbito do serviço público, e referem-se, quanto à concessão:
I. 5% (cinco por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "I" do art. 23, da
Lei no 8.666/93, para execução de obras e serviços de engenharia;
II. 5% (cinco por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "II" do art. 23, da
Lei nº 8.666/93, para outros serviços e compras em geral;
III. 0,25% do valor constante na alínea "a" do inciso II do art. 23 da Lei no 8.666/93
como limite máximo de despesa de pequeno vulto, no caso de compras e outros
serviços, e de 0,25% do valor constante na alínea "a" do inciso I do art. 23 da Lei
mencionada, no caso de execução de obras e serviços de engenharia, sendo que os
limites a que se refere este item são os de cada despesa, vedado o fracionamento
de despesa ou do documento comprobatório, para adequação a esse valor.
II.13. Quando utilizado mediante CPGF, os limites passam para:
I. 10% (dez por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "I" do art. 23, da
Lei no 8.666/93, para execução de obras e serviços de engenharia;
II. 10% (dez por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "II" do art. 23, da
Lei nº 8.666/93, para outros serviços e compras em geral;
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III. 1% (um por cento) do valor constante na alínea "a" do inciso II do art. 23 da Lei no
8.666/93 como limite máximo de despesa de pequeno vulto, no caso de compras e
outros serviços, e de 1% (um por cento) do valor constante na alínea "a" do inciso I
do art. 23 da Lei mencionada, no caso de execução de obras e serviços de
engenharia, sendo que os limites a que se refere este item são os de cada despesa,
vedado o fracionamento de despesa ou do documento comprobatório, para
adequação a esse valor.
II.14. O limite máximo para realização de cada objeto de despesa (classificação
econômica da despesa) de pequeno vulto deve considerar o somatório das NOTAS
FISCAIS/FATURAS/RECIBOS/CUPONS FISCAIS em cada suprimento de fundos. Em casos excepcionais, a critério do
ordenador de despesa, mediante justificativa plausível e tempestiva apresentada pelo suprido, observados critérios de
razoabilidade, impessoalidade, moralidade e demais princípios administrativos aplicáveis, pode haver execução além
desses limites estabelecidos.
II.15. Ademais, a concessão de suprimento de fundos, apesar de seu caráter de
excepcionalidade, deve observar os três estágios da despesa: empenho, liquidação e pagamento. Assim, como dito, o
suprimento de fundos não é regra, mas sim exceção, devendo o Administrador, quando do seu uso, ater-se ao
seguinte:
I. Na aquisição de material de consumo:
a) Inexistência temporária ou eventual no almoxarifado, devidamente
justificada;
b) Inexistência de fornecedor contratado/registrado;
c) Se não se trata de aquisições de um mesmo objeto, passíveis de
planejamento, e que, ao longo do exercício, possam vir a ser caracterizados
como fracionamento de despesa e, consequentemente, como fuga ao
processo licitatório; e
d) Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às atividades da unidade e,
como é óbvio, se servem ao interesse público.
II. Na contratação de serviços:
a) Inexistência de cobertura contratual;
b) Se não se trata de contratações de um mesmo objeto, passíveis de
planejamento, e que, ao longo do exercício, possam vir a ser caracterizados
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como fracionamento de despesa e, consequentemente, como fuga ao
processo licitatório; e
c) Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às atividades da unidade e,
como é óbvio, se servem ao interesse público.
II.16. Diante disso, verifica-se que ficou estabelecido que as despesas com suprimento de
fundos somente podem ser realizadas nas seguintes condições: atender a despesas de pequeno vulto, assim
entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapasse o limite estabelecido na Portaria MF nº 95/2002; atender
a despesas eventuais, inclusive em viagens e com serviços especiais, que exijam pronto pagamento; ou quando a
despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme classificar em regulamento próprio do Conselho.
III. DAS DESPESAS DE PEQUENO VULTO.
III.1. Faz-se importante, neste momento, conceituar o termo “despesas de pequeno
vulto” (quando realizadas sem o Cartão de Pagamento do Governo Federal), que são aquelas cuja soma seja igual ou
inferior a 5% (cinco por cento) dos limites estabelecidos nas alíneas "a", dos incisos “I” e “II” do art. 23, da Lei nº
8.666/93, ou seja, aquelas de até R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais), quanto às obras e serviços de engenharia,
e de até R$ 4.000,00 (quatro mil reais), quanto às compras e outros serviços.
III.2. Resumindo, no que tange a compras em geral e outros serviços, o limite
estabelecido para despesas de pequeno vulto é de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), sendo que para cada despesa
deverá ser observado o limite máximo de R$ 200,00 (duzentos reais), vedando-se o fracionamento da despesa, bem
como o do documento comprobatório para adequação ao referido limite.
III.3. Note-se, ainda, que o limite de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) para despesas de
pequeno vulto relacionadas a "outros serviços e compras em geral" está previsto no parágrafo único do art. 60, da Lei
nº 8.666/93, in verbis:
“Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo
cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre
imóveis, que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no processo
que lhe deu origem.
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras
de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite
estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento.”
III.4. Em face disso, resta claro que o Legislador: estabeleceu que o Gestor Público
somente poderá se utilizar dessa exceção, naqueles casos em que as despesas de pequeno vulto e de pronto
pagamento não possam se subordinar ao processo normal para aquisição, visto que a regra é licitar; e estipulou valor
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limite para se utilizar destes procedimentos que visam "fugir" do preceito legal, com a finalidade de não dar margem a
manobras gerenciais que objetivem o não atendimento às regras legais.
III.5. O suprimento de fundos, portanto, é um dos meios pelo qual a Administração pode
efetuar a contratação eventual de serviços e compras em geral com entrega imediata e pronto pagamento, sendo
necessário, contudo, que essa excepcionalidade não se transforme em regra.
III.6. Note-se que é preciso prestar atenção ao fato de que a própria lei exclui do
suprimento de despesas aqueles custos que se subordinam ao processo normal de aplicação. Desta forma, a aquisição
de material e equipamento, a realização de obras entre outros, não devem ser pagas por meio de adiantamento, a
não ser quando se caracteriza a excepcionalidade.
III.7. Ressalta-se, ainda, que o fracionamento das despesas para enquadrá-las no
conceito de pequeno vulto é proibido, visto que a lógica imposta pela legislação é a de que é mais econômico para a
administração pública não inserir as despesas de pequeno vulto no processo normal de execução, ainda que tal
inserção, do ponto de vista operacional, fosse possível. Significa, portanto, que para despesas cujo montante seja
superior ao limite estabelecido pela Portaria nº 95, de 19 de abril de 2002, do Ministério da Fazenda, para as despesas
de pequeno vulto, é obrigatório, do ponto de vista da economicidade, inseri-las no processo normal de aplicação.
III.8. Assim sendo, conforme vedação expressa pela referida Portaria, não é permitido
fracionar a despesa ou o documento que dá suporte à despesa, com o objetivo de enquadrar, no conceito de despesa
de pequeno vulto, aquelas despesas cujos valores sejam superiores ao definido pela própria Portaria.
IV. DO FRACIONAMENTO, DO PARCELAMENTO E DO PLANEJAMENTO.
IV.1. Fracionamento, à luz da Lei de Licitações, é proibido pelo art. 23, § 5º, da Lei nº
8.666/93. Caracteriza-se quando se divide a despesa para utilizar modalidade de licitação inferior à recomendada pela
legislação para o total da despesa ou para efetuar contratação direta. Para que se possa verificar a realidade dos
custos e, consequentemente, definir a modalidade licitatória adequada, é imprescindível que exista um planejamento
para compra de objetos de natureza idêntica. Isso se justifica em razão de que, no caso de fracionamento de compras,
para que seja determinada a modalidade correta, deve-se considerar o somatório de todas as parcelas do objeto
previstas para o exercício.
IV.2. Nesse sentido Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que:
“Com a preocupação de evitar fraude na escolha da modalidade de procedimento, o § 5º do artigo 23,
alterado pela Lei n.º 8.883/94, proíbe a utilização de convite ou tomada de preços, conforme o caso, para
parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras ou serviços da mesma natureza e no mesmo local
que possam ser realizados conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o
caso de tomada de preços ou concorrência, respectivamente, exceto para as parcelas de natureza específica que
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possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou
serviço.
Esse parágrafo tem que ser combinado com o § 2º do mesmo dispositivo, que admite a execução
parcelada de obras, serviços e compras, mas cada etapa ou conjunto de etapas deverá ser realizada licitação
distinta, preservada a modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação.”
IV.3. Apenas a título de conhecimento, colaciona-se o disposto no art. 39, § único, da Lei
n.º 8.666/93, que traz esclarecimento sobre licitações simultâneas ou sucessivas:
“Art. 39. (...)
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e
com realização prevista para intervalos não superiores a trinta dias e licitações sucessivas aquelas em que,
também com objetos similares, o edital subsequente tenha uma data anterior a cento e vinte dias após o
término do contrato resultante da licitação antecedente.”
IV.4. Considera-se indício de fracionamento, a concentração excessiva de detalhamento
de despesa em determinado subitem, bem como a concessão de suprimento de fundos simultaneamente. No que
tange a esta matéria, colaciona-se o que foi estabelecido pelo Tribunal de Contas da União 2:
“Em resumo, se a Administração optar por realizar várias licitações ao longo do exercício financeiro, para
um mesmo objeto ou finalidade, deverá preservar sempre a modalidade de licitação pertinente ao todo que
deveria ser contratado. Vale dizer, ilustrativamente: se a Administração tem conhecimento de que, no exercício,
precisará substituir 1.000 cadeiras de um auditório, cujo preço total demandaria a realização de tomada de
preços, não é lícita a realização de vários convites para compra das cadeiras, fracionando a despesa total prevista
em várias despesas menores que conduzem à modalidade de licitação inferior à exigida pela lei”.
Pela legislação pertinente, não se considera fracionamento a contratação de parcelas de natureza
específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diferente daquela do executor
da obra ou serviço.
É comum o gestor público não saber, ao longo do exercício, quanto por exemplo vai ser gasto
efetivamente na contratação de bens, de execução de obras ou de prestação de serviços. Não tem o hábito de
planejar.
Não raras vezes, ocorre fracionamento da despesa pela ausência de planejamento da Administração.
O planejamento do exercício deve observar o princípio da anualidade do orçamento. Logo, não pode o agente
público justificar o fracionamento da despesa com várias aquisições ou contratações no mesmo exercício, sob
modalidade de licitação inferior àquela exigida para o total da despesa no ano, quando decorrente da falta de
planejamento.”
IV.5. Nesse sentido é firme e robusta a jurisprudência deste Tribunal:
“Planeje a atividade de compras, de modo a evitar o fracionamento na aquisição de produtos de igual
natureza e possibilitando a utilização da correta modalidade de licitação, nos termos do art. 15, § 7º, II, da Lei
nº 8.666/1993” (Acórdão 2575/2009 Plenário).
2 Idem. Página nº 104.
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“Planeje adequadamente as compras e a contratação de serviços durante o exercício financeiro, de forma a
evitar a prática de fracionamento de despesas” (Acórdão 324/2009 Plenário).
“Realize o planejamento prévio dos gastos anuais, de modo a evitar o fracionamento de despesas de mesma
natureza, observando que o valor limite para as modalidades licitatórias é cumulativo ao longo do exercício
financeiro, a fim de não extrapolar os limites estabelecidos nos artigos 23, § 2°, e 24, inciso II, da Lei nº
8.666/1993” (Acórdão 1084/2007 Plenário).
“Planeje adequadamente as compras e as contratações de serviços durante o exercício financeiro, de modo a
evitar a prática de fracionamento de despesa, observando os limites para aplicação das modalidades de
licitação previstos no art. 23 da Lei n. 8.666/1993” (Acórdão 589/2010 Primeira Câmara).
“Evite o fracionamento de despesa com a utilização de dispensa de licitação indevidamente fundamentada no
art. 24, inciso II, da Lei nº 8.666/1993, uma vez que o montante das despesas previstas e contínuas realizadas
no decorrer do exercício, a exemplo das aquisições de material de expediente, de consumo e de gêneros
alimentícios, extrapola o limite de dispensa de licitação” (Acórdão 2090/2006 Primeira Câmara).
“Realize planejamento de compras a fim de que possam ser feitas aquisições de produtos de mesma natureza
de uma só vez, pela modalidade de licitação compatível com a estimativa da totalidade do valor a ser
adquirido, abstendo - se de utilizar, nesses casos, o art. 24, inciso II, da Lei nº 8.666/1993 para justificar a
dispensa de licitação, por se caracterizar fracionamento de despesa” (Acórdão 367/2010 Segunda Câmara).
IV.6. Ressalta-se que ao administrador não é vedado adquirir determinados produtos
de forma parcelada. Essa fragmentação, todavia, nas compras relativas a objetos de natureza semelhante, deve ser
prevista no planejamento de despesas do exercício, de modo que cada compra não seja considerada isoladamente,
para que se evite: a fortuita responsabilização do agente por improbidade administrativa tanto por eventual lesão
causada ao erário, como pela violação dos princípios regentes da administração pública; e a hipotética caracterização
de fraude ao processo licitatório, pela contínua e reiterada dispensa de licitação em razão do pequeno valor,
ignorando o somatório das parcelas das demais compras dos produtos da mesma natureza, ou pelo uso impróprio de
determinada modalidade.
IV.7. Observa-se que a “licitação dividida em itens, além de ampliar a competição entre
os licitantes, mostra-se vantajosa para Administração, na medida em que possa ser realizado um único procedimento
com todos os itens”3. Neste sentido tem entendido o TCU:
“Divida, em todas as contratações de TI, inclusive nas contratações diretas, os serviços e produtos em tantos itens
quantos se comprovarem técnica e economicamente viáveis, com vistas a maior controle do órgão, melhor
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e ampliação da competitividade, sem perda da economia de
escala, conforme previsto nos §§ 1º e 2º do art. 23 da Lei nº 8.666/1993” (Acórdão 1330/2008 Plenário).
IV.8. Assim sendo, resta claro que o Administrador deve se ater ao planejamento
orçamentário do exercício financeiro e também ao que dispõe o parágrafo único do art. 39, da Lei nº 8.666/93, no que
3 Idem. Página nº 239.
15
tange a sucessividade ou simultaneidade das aquisições em que se utiliza o procedimento de dispensa de licitação em
função do valor e o suprimento de fundos, vinculado às despesas de pequeno vulto.
V. CONCLUSÃO.
V.1. O suprimento de fundos, vinculado às despesas de pequeno vulto, é modalidade de
dispêndio de recursos públicos utilizado em situações excepcionais, para os casos em que não seja viável percorrer as
etapas do processo normal de aplicação dos recursos públicos, sendo que estas situações, que não se enquadram no
processo normal de aplicação, merecem, da mesma forma, processo diferenciado de controle, acompanhamento e
avaliação.
V.2. É possível perceber que os gastos realizados mediante suprimento de fundos
atendem a uma infinidade de peculiaridades, que variam conforme aspectos sazonais e se apresentam através de
quantidade ainda maior de operações, realizadas pela Administração Publica, direta e indireta, em valores que, regra
geral, são de pequena monta.
V.3. Dadas as características do suprimento de fundos, apresentadas em toda esta
Orientação Jurídica, é possível afirmar que os gastos efetuados através desse procedimento devem ser rigorosamente
controlados, com o fim de assegurar que a administração pública tenha condições de gerir seus gastos de forma mais
inteligente, evitando o fracionamento da despesa.
V.4. Diante disso, como limite máximo de despesa de pequeno vulto, verifica-se que
ficou estabelecido para o suprimento de fundos, no que tange a compras em geral e outros serviços, o valor de:
I. R$ 4.000,00 (quatro mil reais), quando NÃO realizadas através do Cartão de
Pagamento do Governo Federal - CPGF, sendo que para cada despesa deverá ser
observado o planejamento orçamentário do exercício financeiro e o prazo da
simultaneidade e da sucessividade e o percentual de 0,25% do valor constante na
alínea "a" do inciso "II" do art.º 23, da Lei 8.666/93, ou seja, o limite de R$ 200,00
(duzentos reais), por despesa, sendo vedado o fracionamento da despesa e/ou do
documento comprobatório para adequar ao referido limite.
II. R$ 8.000,00 (oito mil reais), quando realizadas através do Cartão de Pagamento do
Governo Federal - CPGF, sendo que para cada despesa deverá ser observado o
planejamento orçamentário do exercício financeiro e o prazo da simultaneidade e
da sucessividade e o percentual de 1% (um por cento) do valor constante na alínea
"a" do inciso "II" do art.º 23, da Lei 8.666/93, ou seja, o limite de R$ 800,00
16
(oitocentos reais), por despesa, sendo vedado o fracionamento da despesa e/ou
do documento comprobatório para adequar ao referido limite.
Porto Alegre, 13 de agosto de 2014.
Flávio Salamoni Barros Silva
Analista de Nível Superior - Assessor Jurídico
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