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ORIENTAÇÃO JURICIDA N.º 01/2014 – CAU/RS Esclarecer e estabelecer orientação conceitual para controle dos limites do suprimento de fundos e das despesas de pequeno vulto. Considerando o que dispõe o Art. 1º, inciso II, da Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994; Considerando as necessidades: dos Departamentos Administrativos e Financeiros; dos Departamentos de Planejamento, Orçamento e Contabilidade; do Setor de Compras; da Comissão Permanente de Licitação; e dos Pregoeiros e seus auxiliares; todos designados por portaria do Presidente do CAU/RS; Considerando a necessidade de estabelecer parâmetros de orientativos aos responsáveis por Empenhamento, Liquidação, Emissão da Ordem de Pagamento e Pagamento; Considerando a necessidade de simplificação e racionalização das rotinas de controle para evitar a ocorrência fracionamento de custos inerentes às despesas de pequeno vulto e ao suprimento de fundos; e Considerando ser atribuição da Assessoria Jurídica: oferecer segurança jurídica, proteção legal e defender os interesses do CAU/RS nos âmbitos judiciais ou extrajudiciais de qualquer natureza; orientar sistematicamente a Instituição quanto a assuntos legais; atuar em ações propostas por ou em face da autarquia, através de análise de conteúdos, avaliação de riscos e impacto das medidas a sugerir, no que se referem a negócios, operação, políticas de atuação, demandas, 1

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ORIENTAÇÃO JURICIDA N.º 01/2014 – CAU/RS

Esclarecer e estabelecer orientação conceitual para

controle dos limites do suprimento de fundos e das

despesas de pequeno vulto.

Considerando o que dispõe o Art. 1º, inciso II, da Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994;

Considerando as necessidades: dos Departamentos Administrativos e Financeiros; dos Departamentos de

Planejamento, Orçamento e Contabilidade; do Setor de Compras; da Comissão Permanente de Licitação; e dos

Pregoeiros e seus auxiliares; todos designados por portaria do Presidente do CAU/RS;

Considerando a necessidade de estabelecer parâmetros de orientativos aos responsáveis por Empenhamento,

Liquidação, Emissão da Ordem de Pagamento e Pagamento;

Considerando a necessidade de simplificação e racionalização das rotinas de controle para evitar a ocorrência

fracionamento de custos inerentes às despesas de pequeno vulto e ao suprimento de fundos; e

Considerando ser atribuição da Assessoria Jurídica: oferecer segurança jurídica, proteção legal e defender os

interesses do CAU/RS nos âmbitos judiciais ou extrajudiciais de qualquer natureza; orientar sistematicamente a

Instituição quanto a assuntos legais; atuar em ações propostas por ou em face da autarquia, através de análise de

conteúdos, avaliação de riscos e impacto das medidas a sugerir, no que se referem a negócios, operação, políticas de

atuação, demandas, comprometimentos, inversões e demais atividades a que se dedica o CAU/RS; analisar contratos;

A ASSESSORIA JURÍDICA DO CAU/RS, no uso de suas atribuições, dispõe:

I. INTRODUÇÃO.

I.1. Inicialmente, salienta-se que licitação é um procedimento administrativo,

constituído de atos vinculados, mediante os quais se visa assegurar que o poder público – no qual se incluem as

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autarquias – ao contratar obras, serviços e compras, obtenha a maior vantagem possível, para que o uso do dinheiro

público seja feito com parcimônia, em face do princípio da indisponibilidade do interesse público, e com o fim de

garantir que todos tenham iguais oportunidades de contratar com a Administração, em razão do princípio da

igualdade.

I.2. Há, contudo, situações que, apesar de gerarem vínculos entre a Administração e o

particular, independem, por razões lógicas, de licitação. São aquelas em que a disputa faz-se inconveniente,

desnecessária ou impossível. A Lei n.º 8.666/93 nos artigos 24 e 25 prevê as hipóteses de dispensa e inexigibilidade de

licitação. Ou seja, embora a regra para a Administração Pública, direta ou indireta, seja licitar, a Lei de Licitações – Lei

n.º 8.666/93, permite a dispensa ou a inexigibilidade do processo licitatório em casos determinados.

I.3. Através desta Orientação Jurídica, a Assessoria Jurídica do CAU/RS busca esclarecer

e estabelecer orientação conceitual para controle dos limites do adiantamento (suprimento de fundos) e das despesas

de pequeno vulto, em face da necessidade de haver um efetivo planejamento quanto à gestão pública dos recursos

diante das demandas surgidas.

I.4. Como em muitas ocasiões, todavia, não se pode imaginar a totalidade de

possibilidades dessas demandas, pode ocorrer eventualidades (excepcionalidades), as quais, em determinadas

circunstâncias, terão que ser atendidas, uma vez que o não atendimento dessas poderia acarretar prejuízos ou

consequências desastrosas à Administração.

I.5. Diante de uma eventualidade, em que exista a necessidade de atendimento de

maneira rápida e de não aguardar o processo normal (procedimento licitatório), o Gestor poderia se valer do

procedimento denominado concessão de suprimento de fundos, que é exceção quanto à não-realização de

procedimento licitatório e que possui a finalidade de atender as despesas que não possam aguardar o procedimento

ordinário.

II. DO SUPRIMENTO DE FUNDOS.

II.1. O que diferencia a execução da despesa por suprimento de fundos das demais

formas de execução de despesa é o emprenho feito em nome do servidor, o adiantamento da quantia a ele e a

inexistência de obrigatoriedade de licitação. Porém, a realização dessas despesas deve observar os mesmos princípios

que regem a Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, bem como o

princípio da isonomia e da aquisição mais vantajosa para a Administração.

II.2. Em determinadas situações, a legislação permite à Administração Pública a

utilização de sistemática especial para realizar gastos que, pela natureza ou urgência, não possam aguardar o

processamento normal de despesa pública. Trata-se do regime de adiantamento ou suprimento de fundos, que

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consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria, para o fim de realizar

despesas que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação. Assim sendo, segue entendimento do

Tribunal de Contas da União1:

“Somente conceda suprimentos de fundos em situações excepcionais que inviabilizem a observância do processo

normal de aplicação, em atenção ao art. 2º da Lei nº 8.666/1993, ao art. 68 da Lei nº 4.320/1964 e ao art. 45 do

Decreto nº 93.872/1986.

Observe a oportunidade adequada de aplicação de suprimento de fundos, abstendo-se de aprovar prestação de

contas de despesas anteriores à data de entrega do numerário ou posteriores ao prazo de aplicação definido na

nota de empenho, em cumprimento ao art. 48 da Lei nº 4.320/1964.

Abstenha-se de conceder suprimento de fundos para pagamentos de despesas não condizentes com as

competências do Conselho, definidas no art. 27 da Lei nº 5.194/1996.

Oriente os servidores, no caso de realização de despesa por meio de suprimento de fundos, a realizar pesquisa

de preço com no mínimo três cotações, de modo a aferir a adequação do preço cobrado aos de mercado, em

observância ao princípio da economicidade” (Acórdão 78/2010 Plenário).

“Adote medidas para controlar o montante dos gastos executados com suprimentos de fundos, de forma a

evitar a ocorrência de fracionamento de despesas, em atenção ao disposto no art. 24, inciso II, da Lei nº

8.666/1993.

Oriente seus servidores no sentido de que a concessão de suprimento de fundos passe a ocorrer somente a

critério do ordenador de despesas e sob sua inteira responsabilidade, vedada a concessão a não servidores do

Órgão, em face do disposto no art. 68 da Lei nº 4.320/1964” (Acórdão 2846/2008 Plenário).

“Observe os limites e hipóteses para concessão de suprimento de fundos, abstendo-se de efetuar, sob regime

de adiantamento, gastos que poderiam subordinar-se ao trâmite normal da despesa” (Acórdão 816/2006

Plenário).

“Detalhe, nos processos de suprimento de fundos, as despesas e sua necessidade, não se limitando a acrescentar

a nota fiscal ao processo, e componha os processos com demonstrativos mensais, cópia das faturas do cartão

corporativo e cópia da nota de empenho” (Acórdão 3754/2009 Primeira Câmara).

“Evite a disponibilização de recursos de suprimento de fundo para pessoas não pertencentes ao quadro funcional,

por infringir o art. 45 do Decreto 93.872/1986.

Realize regular procedimento licitatório para as despesas passíveis de planejamento, vez que o suprimento de

fundos se aplica apenas às despesas realizadas em caráter excepcional” (Acórdão 4404/2009 Segunda Câmara).

“Evite sucessivas contratações de serviço e aquisições de material de pequeno valor, igual natureza,

semelhança ou afinidade, realizadas com suprimento de fundos, quando deveriam ser submetidas ao

procedimento normal de processamento de despesas” (Acórdão 2220/2006 Segunda Câmara).

1 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Licitações e contratos: orientações e jurisprudência do TCU/Tribunal de Contas da União. – 4. ed. rev., atual. e ampl. – Brasília: TCU, Secretaria-Geral da Presidência: Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2010. Paginas 641/642.

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“Efetue o regime de suprimento de fundos somente para despesa que, pela sua excepcionalidade, não possa

subordinar-se ao processo normal de aplicação, sendo ela despesa eventual, em caráter sigiloso, ou de

pequeno vulto” (Acórdão 97/2010 Segunda Câmara).

II.3. Conforme estabelece o Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1986, Capítulo III,

Seção V, o suprimento de fundos (adiantamento) é um instrumento de exceção que, a critério do ordenador de

despesas e sob sua inteira responsabilidade, poderá ser concedido a servidor, sempre precedido de empenho na

dotação própria às despesas a realizar, e que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.

“Art. 45. Excepcionalmente, a critério do ordenador de despesa e sob sua inteira responsabilidade, poderá ser

concedido suprimento de fundos a servidor, sempre precedido do empenho na dotação própria às despesas a

realizar, e que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação, nos seguintes casos (Lei nº 4.320/64,

art. 68 e Decreto-lei nº 200/67, § 3º do art. 74):

I - para atender despesas eventuais, inclusive em viagens e com serviços especiais, que exijam pronto pagamento;

(Redação dada pelo Decreto nº 6.370, de 2008)

Il - quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se classificar em regulamento; e

III - para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapassar

limite estabelecido em Portaria do Ministro da Fazenda.

§ 1º O suprimento de fundos será contabilizado e incluído nas contas do ordenador como despesa realizada; as

restituições, por falta de aplicação, parcial ou total, ou aplicação indevida, constituirão anulação de despesa,

ou receita orçamentária, se recolhidas após o encerramento do exercício.

§ 2º O servidor que receber suprimento de fundos, na forma deste artigo, é obrigado a prestar contas de sua

aplicação, procedendo-se, automaticamente, à tomada de contas se não o fizer no prazo assinalado pelo

ordenador da despesa, sem prejuízo das providências administrativas para a apuração das responsabilidades e

imposição, das penalidades cabíveis (Decreto-lei nº 200/67, parágrafo único do art. 81 e § 3º do art. 80).

§ 3º Não se concederá suprimento de fundos:

a) a responsável por dois suprimentos;

b) a servidor que tenha a seu cargo e guarda ou a utilização do material a adquirir, salvo quando não houver na

repartição outro servidor;

c) a responsável por suprimento de fundos que, esgotado o prazo, não tenha prestado contas de sua aplicação; e

d) a servidor declarado em alcance.

§ 4º Os valores limites para concessão de suprimento de fundos, bem como o limite máximo para despesas de

pequeno vulto de que trata este artigo, serão fixados em portaria do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído

pelo Decreto nº 1.672, de 1995)

§ 5º As despesas com suprimento de fundos serão efetivadas por meio do Cartão de Pagamento do Governo

Federal - CPGF. (Incluído pelo Decreto nº 6.370, de 2008)

§ 6º É vedada a utilização do CPGF na modalidade de saque, exceto no tocante às despesas: (Incluído pelo

Decreto nº 6.370, de 2008)

I - de que trata o art. 47; e (Incluído pelo Decreto nº 6.370, de 2008)

II - decorrentes de situações específicas do órgão ou entidade, nos termos do autorizado em portaria pelo

Ministro de Estado competente e nunca superior a trinta por cento do total da despesa anual do órgão ou

entidade efetuada com suprimento de fundos. (Incluído pelo Decreto nº 6.370, de 2008)

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III - decorrentes de situações específicas da Agência Reguladora, nos termos do autorizado em portaria pelo seu

dirigente máximo e nunca superior a trinta por cento do total da despesa anual da Agência efetuada com

suprimento de fundos. (Incluído pelo Decreto nº 6.901, de 2009)

Art. 45-A. É vedada a abertura de conta bancária destinada à movimentação de suprimentos de fundos. (Incluído

pelo Decreto nº 6.370, de 2008)

Art. 46. Cabe aos detentores de suprimentos de fundos fornecer indicação precisa dos saldos em seu poder em 31

de dezembro, para efeito de contabilização e reinscrição da respectiva responsabilidade pela sua aplicação em

data posterior, observados os prazos assinalados pelo ordenador da despesa (Decreto-lei nº 200/67, art. 83).

Parágrafo único. A importância aplicada até 31 de dezembro será comprovada até 15 de janeiro seguinte.

Art. 47. A concessão e aplicação de suprimento de fundos, ou adiantamentos, para atender a peculiaridades dos

órgãos essenciais da Presidência da República, da Vice-Presidência da República, do Ministério da Fazenda, do

Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Departamento de Polícia Federal

do Ministério da Justiça, do Ministério das Relações Exteriores, bem assim de militares e de inteligência,

obedecerão ao Regime Especial de Execução estabelecido em instruções aprovadas pelos respectivos Ministros de

Estado, vedada a delegação de competência. (Redação dada pelo Decreto nº 7.372, de 2010)

Parágrafo único. A concessão e aplicação de suprimento de fundos de que trata o caput restringe-se: (Redação

dada pelo Decreto nº 7.372, de 2010)

I - com relação ao Ministério da Saúde: a atender às especificidades decorrentes da assistência à saúde indígena;

(Incluído pelo Decreto nº 7.372, de 2010)

II - com relação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: a atender às especificidades dos adidos

agrícolas em missões diplomáticas no exterior; e (Incluído pelo Decreto nº 7.372, de 2010)

III - com relação ao Ministério das Relações Exteriores: a atender às especificidades das repartições do Ministério

das Relações Exteriores no exterior. (Incluído pelo Decreto nº 7.372, de 2010)”

II.4. Adentramos, então, no suprimento de fundos como adiantamento, para o

atendimento de despesas de pequeno vulto, uma vez que este tipo é o mais utilizado, o qual, além de sua disposição

nos artigos 45 a 47 do Decreto nº 93.872/86, expostos acima, está pautado na legislação exibida a seguir.

II.5. Artigos 68 e 69, da Lei nº 4.320/64:

“Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em lei e consiste

na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria para o fim de realizar

despesas, que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.

Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem a responsável por dois adiantamento.”

II.6. Art. 74, § 3º, do Decreto-Lei nº 200/67:

“Art. 74. Na realização da receita e da despesa pública será utilizada a via bancária , de acordo com as normas

estabelecidas em regulamento.

(...)

§ 3º Em casos excepcionais, quando houver despesa não atendível pela via bancária, as autoridades

ordenadoras poderão autorizar suprimentos de fundos, de preferência a agentes afiançados, fazendo-se os

lançamentos contábeis necessários e fixando-se prazo para comprovação dos gastos.”

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II.7. Portaria nº 95, de 19 de abril de 2002, do Ministério da Fazenda:

“O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, INTERINO, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto no

inciso III do art. 45 do Decreto no 93.872, de 23 de dezembro de 1986, resolve:

Art. 1º A concessão de Suprimento de Fundos, que somente ocorrerá para realização de despesas de caráter

excepcional, conforme disciplinado pelos arts. 45 e 47 do Decreto no 93.872/86, fica limitada a:

I - 5% (cinco por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "I" do art. 23, da Lei no 8.666/93, para

execução de obras e serviços de engenharia;

II - 5% (cinco por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "II" do art. 23, da Lei acima citada, para

outros serviços e compras em geral.

§ 1º Quando a movimentação do suprimento de fundos for realizada por meio do Cartão de Crédito

Corporativo do Governo Federal, os percentuais estabelecidos nos incisos I e II deste artigo ficam alterados

para 10% (dez por cento).

§ 2º O ato legal de concessão de suprimento de fundos deverá indicar o uso da sistemática de pagamento,

quando este for movimentado por meio do Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal.

§ 3º Excepcionalmente, a critério da autoridade de nível ministerial, desde que caracterizada a necessidade em

despacho fundamentado, poderão ser concedidos suprimentos de fundos em valores superiores aos fixados neste

artigo.

Art. 2º Fica estabelecido o percentual de 0,25% do valor constante na alínea "a" do inciso II do art. 23 da Lei no

8.666/93 como limite máximo de despesa de pequeno vulto, no caso de compras e outros serviços, e de 0,25%

do valor constante na alínea "a" do inciso I do art. 23 da Lei supra mencionada, no caso de execução de obras e

serviços de engenharia.

§ 1º Os percentuais estabelecidos no caput deste artigo ficam alterados para 1% (um por cento), quando

utilizada a sistemática de pagamento por meio do Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal.

§2º Os limites a que se referem este artigo são o de cada despesa, vedado o fracionamento de despesa ou do

documento comprobatório, para adequação a esse valor.

Art. 3º Os valores referidos nesta Portaria serão atualizados na forma do parágrafo único do art. 120 da Lei no

8.666/93, desprezadas as frações.

Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogada a de n.º 492, de 31 de agosto de 1993.”

II.8. Decreto nº 5.355, de 25 de janeiro de 2005:

“Art. 1º A utilização do Cartão de Pagamento do Governo Federal - CPGF, pelos órgãos e entidades da

administração pública federal integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social, para pagamento das

despesas realizadas com compra de material e prestação de serviços, nos estritos termos da legislação vigente,

fica regulada por este Decreto. (Redação dada pelo Decreto nº 6.370, de 2008)

Parágrafo único. O CPGF é instrumento de pagamento, emitido em nome da unidade gestora e operacionalizado

por instituição financeira autorizada, utilizado exclusivamente pelo portador nele identificado, nos casos

indicados em ato próprio da autoridade competente, respeitados os limites deste Decreto. (Redação dada pelo

Decreto nº 6.370, de 2008)

Art. 2º Sem prejuízo dos demais instrumentos de pagamento previstos na legislação, a utilização do CPGF para

pagamento de despesas poderá ocorrer na aquisição de materiais e contratação de serviços enquadrados

como suprimento de fundos, observadas as disposições contidas nos arts. 45, 46 e 47 do Decreto no 93.872, de

23 de dezembro de 1986, e regulamentação complementar. (Redação dada pelo Decreto nº 6.370, de 2008)

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Parágrafo único. Ato conjunto dos Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Fazenda

poderá autorizar a utilização do CPGF, como forma de pagamento de outras despesas. (Redação dada pelo

Decreto nº 6.370, de 2008)

Art. 3º Além de outras responsabilidades estabelecidas na legislação e na regulamentação específica, para os

efeitos da utilização do CPGF, ao ordenador de despesa caberá:

I - definir o limite de utilização e o valor para cada portador de cartão;

II - alterar o limite de utilização e de valor; e

III - expedir a ordem para disponibilização dos limites, eletronicamente, junto ao estabelecimento bancário.

Parágrafo único. O portador do CPGF é responsável pela sua guarda e uso.

Art. 4º É vedada a aceitação de qualquer acréscimo no valor da despesa decorrente da utilização do CPGF.

Art. 5º Não será admitida a cobrança de taxas de adesão, de manutenção, de anuidades ou de quaisquer outras

despesas decorrentes da obtenção ou do uso do CPGF.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às taxas de utilização do CPGF no exterior e aos encargos por

atraso de pagamento.

Art. 6º (Revogado pelo Decreto nº 6.370, de 2008)

Art. 7º O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão poderá expedir normas complementares para

cumprimento do disposto neste Decreto.

Art. 8º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 9º Revogam-se os Decretos nos 3.892, de 20 de agosto de 2001, e 4.002, de 7 de novembro de 2001.”

II.9. Portaria n.º 41, de 04 de março de 2005, do Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão:

“Estabelece normas complementares para utilização do Cartão de Pagamento do Governo Federal - CPGF, pelos

órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.

O MINISTRO DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, Interino, no uso das suas atribuições,

considerando o disposto no art. 7º do Decreto nº 5.355, de 25 de janeiro de 2005, e visando a redução de custos

operacionais, resolve:

Art. 1º Estabelecer normas complementares para pagamento das despesas realizadas com compra de material,

prestação de serviços e diária de viagem a servidor, por intermédio do Cartão de Pagamento do Governo Federal

- CPGF, no âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.

Art. 2º Para os efeitos desta Portaria são adotadas as seguintes definições:

I - CARTÃO DE PAGAMENTO DO GOVERNO FEDERAL -CPGF: Instrumento de pagamento, emitido em nome da

Unidade Gestora, com características de cartão corporativo, operacionalizado por instituição financeira

autorizada, utilizado exclusivamente pelo Portador nele identificado, nos casos indicados em ato próprio da

autoridade competente;

II - CONTRATANTE: A União, por intermédio do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

III - CONTRATADO: Instituição financeira autorizada, signatária do Contrato Administrativo com a União, para

emissão do CPGF;

IV - TITULAR: Unidade Gestora que aderir ao contrato único firmado pela União e o Contratado, para utilização

do CPGF;

V - PORTADOR: Servidor autorizado a portar o CPGF emitido em nome da respectiva Unidade Gestora;

VI - AFILIADO: Estabelecimento comercial integrante da rede a que estiver associado o Contratado, onde podem

ser efetivadas transações com o CPGF;

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VII - TRANSAÇÃO: Operação efetuada pelo Portador junto ao Afiliado ou Contratado, mediante utilização do

CPGF;

VIII - LIMITE DE UTILIZAÇÃO: Valor máximo estabelecido pelo Ordenador de Despesa da Unidade Gestora junto ao

Contratado para utilização do CPGF;

IX - DEMONSTRATIVO MENSAL: Documento emitido pelo Contratado contendo a relação das transações

efetuadas pelos Portadores da respectiva Unidade Gestora, lançadas na fatura do mês, para efeito de

conferência e atestação; e

X - CONTA MENSAL: Documento emitido pelo Contratado contendo os valores devidos pela Unidade Gestora,

para efeito de pagamento e contabilização.

Art. 3º As Unidades Gestoras dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e

fundacional poderão aderir ao contrato firmado entre a União e o Contratado paralização do CPGF.

§ 1º A adesão será formalizada pela Unidade Gestora, mediante preenchimento da Proposta de Adesão,

conforme modelo disponível nas agências do Contratado.

§ 2º O Ordenador de Despesa é a autoridade competente para assinar, em nome da Unidade Gestora, a Proposta

de Adesão e para indicar outros Portadores do CPGF da respectiva Unidade.

§ 3º A adesão deverá ser precedida de abertura de processo administrativo específico, no âmbito da Unidade

Gestora, do qual constará cópia do contrato firmado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão com

o Contratado.

§ 4º O Ordenador de Despesa assume inteira responsabilidade pelo cumprimento das regras contratuais e demais

instruções relativas ao uso do CPGF, emitido com a titularidade da respectiva Unidade Gestora e identificação do

Portador, e pelo pagamento das despesas decorrentes.

§ 5º Não será admitido pagamento de taxas de adesão e manutenção, anuidades e quaisquer outras despesas

decorrentes da obtenção e/ou do uso do CPGF.

§ 6º Não se aplica o disposto no § 5º quando se tratar de taxas de utilização no exterior e de encargos por atraso

no pagamento.

Art. 4º A utilização do CPGF poderá ocorrer nos casos de:

I - aquisição de materiais e contratação de serviços de pronto pagamento e de entrega imediata enquadrados

como suprimento de fundos, observadas as disposições contidas nos arts. 45, 46 e 47 do Decreto nº 93.872, de

23 de dezembro de 1986, e regulamentação complementar;

II - pagamento às empresas prestadoras de serviço de cotação de preços, reservas e emissão de bilhetes de

passagens, desde que previamente contratadas; e

III - pagamento de diária de viagem a servidor, destinada às despesas extraordinárias com pousada, alimentação

e locomoção urbana, conforme os valores estabelecidos em legislação específica, bem como do adicional para

cobrir as despesas de deslocamento até o local de embarque e do desembarque ao local de trabalho ou de

hospedagem e vice-versa.

§ 1º O pagamento das despesas previstas neste artigo, exceto a referida no inciso II, poderá ser realizado

mediante saque.

§ 2º O saque para o pagamento das despesas enquadradas como suprimento de fundos deverá ser justificado

pelo suprido, que indicará os motivos da não-utilização da rede afiliada do CPGF.

Art. 5º Nenhum saque ou transação com o CPGF poderá ser efetivado sem que haja saldo suficiente para o

atendimento da despesa especificada na respectiva Nota de Empenho emitida pela Unidade Gestora.

Parágrafo único. O limite de saque total da Unidade Gestora não poderá ser maior do que o limite de saque

autorizado à Conta Única do Tesouro Nacional em vinculação de pagamento específica definida pelo Órgão

Central do Sistema de Administração Financeira.

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Art. 6º Observado o disposto no art. 5º, o Ordenador de Despesa definirá, para fins de registro junto ao

Contratado, o limite de utilização total da Unidade Gestora, bem como o limite de utilização a ser concedido a

cada um dos Portadores do CPGF por ele autorizado, e a natureza dos gastos permitidos.

§ 1º O somatório dos limites de utilização estabelecidos para os Portadores do CPGF não poderá ultrapassar o

limite de utilização total da respectiva Unidade Gestora, de acordo com a vinculação de pagamento específica

definida pelo Órgão Central do Sistema de Administração Financeira.

§ 2º O Ordenador de Despesa deverá comunicar ao Contratado a alteração dos limites de utilização estabelecidos

para a Unidade Gestora e para os respectivos Portadores do CPGF.

§ 3º O Ordenador de Despesa é responsável pela autorização de uso, definição e controle de limites do CPGF, sem

prejuízo da responsabilidade pela comunicação de roubo, furto ou extravio de cartão que esteja em sua posse.

Art. 7º O pagamento aos Afiliados deverá ser efetivado na data da compra, exigindo-se assinatura no respectivo

comprovante de venda, emitido em duas vias pelo valor final da operação, ou mediante impostação de senha do

Portador ou de assinatura eletrônica, conforme o caso.

§ 1º O pagamento deve ser realizado pelo valor da nota fiscal, observadas as disposições contidas nos arts. 45, 46

e 47 do Decreto nº 93.872, de 1986, e legislação complementar.

§ 2º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo, no caso de pagamento de diárias a servidor.

§ 3º É vedada a aceitação de qualquer acréscimo de valor em função do pagamento por meio do CPGF.

Art. 8º O Contratado disponibilizará, em quaisquer de suas agências, até o dia 23 de cada mês ou dia útil

imediatamente subsequente, os demonstrativos e respectivas contas mensais, para acesso do Ordenador de

Despesa ou pessoa por ele designada.

§ 1º Em caso de divergência entre os dados constantes da conta mensal e os comprovantes de venda, a Unidade

Gestora deverá notificar o Contratado para prestar os esclarecimentos ou realizar os acertos cabíveis.

§ 2º O Contratado registrará, no ato da notificação, as ocorrências que não puderem ser esclarecidas naquele

momento e informará o número do registro que deverá ser citado e anexado ao processo de pagamento.

§ 3º Os valores contestados e não esclarecidos pelo Contratado serão glosados na fatura correspondente, pelo

Ordenador de Despesa, sem prejuízo do cumprimento do prazo estabelecido para pagamento da fatura.

Art. 9º O pagamento da fatura deverá ocorrer até o dia 28 de cada mês, desde que cumprido, pelo Contratado, o

prazo estabelecido no caput do art. 8º.

Parágrafo único. Na hipótese de descumprimento do prazo o pagamento ocorrerá em até cinco dias úteis

contados da disponibilização dos documentos referidos no caput do art. 8º desta Portaria.

Art. 10. O Portador identificado no CPGF responderá pela sua guarda e uso e pela prestação de contas.

§ 1º Nos casos de roubo, furto, perda ou extravio de cartões, caberá ao Portador comunicar o ocorrido ao

Contratado e ao Ordenador de Despesa.

§ 2º No ato da comunicação de roubo, furto, perda ou extravio do CPGF o Contratado deverá fornecer

confirmação e identificação do pedido de bloqueio do cartão.

Art. 11. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão disponibilizará o contrato firmado com instituição

financeira autorizada, com cláusula de adesão para as Unidades Gestoras dos órgãos e entidades da

Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.

§ 1º O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão disponibilizará, no Portal de Compras do Governo

Federal - Comprasnet, sítio www.comprasnet.gov.br, os termos do contrato para subsidiar decisão e instrução

dos processos de adesão.

§ 2º As demais entidades integrantes do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social, não incluídas no art. 1º,

poderão adotar o CPGF como forma de pagamento, respeitado o disposto nesta Portaria.

Art. 12. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

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Art. 13. Ficam revogados os dispositivos da Portaria MP nº 265, de 16 de novembro de 2001, publicada no DOU

de 19 de novembro de 2001, nas partes pertinentes à matéria regulada por esta Portaria.”

II.10. Ou seja, a concessão de suprimento de fundos, prioritariamente, deverá ocorrer

por meio do Cartão de Pagamento do Governo Federal – CPGF, utilizando as contas de suprimento de fundos somente

em caráter excepcional, onde comprovadamente não seja possível utilizar o cartão.

II.11. Percebe-se, então que o suprimento de fundos, poderá ser concedido nos

seguintes casos:

I. Para atender despesas eventuais, inclusive em viagens e com serviços especiais,

que exijam pronto pagamento;

II. Quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se classificar em

regulamento; e

III. Para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujos valores,

em cada caso, não ultrapassar os limites estabelecidos em Portaria do Ministério da

Fazenda.

II.12. Os limites acima referidos estão vinculados à legislação que rege as licitações no

âmbito do serviço público, e referem-se, quanto à concessão:

I. 5% (cinco por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "I" do art. 23, da

Lei no 8.666/93, para execução de obras e serviços de engenharia;

II. 5% (cinco por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "II" do art. 23, da

Lei nº 8.666/93, para outros serviços e compras em geral;

III. 0,25% do valor constante na alínea "a" do inciso II do art. 23 da Lei no 8.666/93

como limite máximo de despesa de pequeno vulto, no caso de compras e outros

serviços, e de 0,25% do valor constante na alínea "a" do inciso I do art. 23 da Lei

mencionada, no caso de execução de obras e serviços de engenharia, sendo que os

limites a que se refere este item são os de cada despesa, vedado o fracionamento

de despesa ou do documento comprobatório, para adequação a esse valor.

II.13. Quando utilizado mediante CPGF, os limites passam para:

I. 10% (dez por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "I" do art. 23, da

Lei no 8.666/93, para execução de obras e serviços de engenharia;

II. 10% (dez por cento) do valor estabelecido na alínea "a" do inciso "II" do art. 23, da

Lei nº 8.666/93, para outros serviços e compras em geral;

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III. 1% (um por cento) do valor constante na alínea "a" do inciso II do art. 23 da Lei no

8.666/93 como limite máximo de despesa de pequeno vulto, no caso de compras e

outros serviços, e de 1% (um por cento) do valor constante na alínea "a" do inciso I

do art. 23 da Lei mencionada, no caso de execução de obras e serviços de

engenharia, sendo que os limites a que se refere este item são os de cada despesa,

vedado o fracionamento de despesa ou do documento comprobatório, para

adequação a esse valor.

II.14. O limite máximo para realização de cada objeto de despesa (classificação

econômica da despesa) de pequeno vulto deve considerar o somatório das NOTAS

FISCAIS/FATURAS/RECIBOS/CUPONS FISCAIS em cada suprimento de fundos. Em casos excepcionais, a critério do

ordenador de despesa, mediante justificativa plausível e tempestiva apresentada pelo suprido, observados critérios de

razoabilidade, impessoalidade, moralidade e demais princípios administrativos aplicáveis, pode haver execução além

desses limites estabelecidos.

II.15. Ademais, a concessão de suprimento de fundos, apesar de seu caráter de

excepcionalidade, deve observar os três estágios da despesa: empenho, liquidação e pagamento. Assim, como dito, o

suprimento de fundos não é regra, mas sim exceção, devendo o Administrador, quando do seu uso, ater-se ao

seguinte:

I. Na aquisição de material de consumo:

a) Inexistência temporária ou eventual no almoxarifado, devidamente

justificada;

b) Inexistência de fornecedor contratado/registrado;

c) Se não se trata de aquisições de um mesmo objeto, passíveis de

planejamento, e que, ao longo do exercício, possam vir a ser caracterizados

como fracionamento de despesa e, consequentemente, como fuga ao

processo licitatório; e

d) Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às atividades da unidade e,

como é óbvio, se servem ao interesse público.

II. Na contratação de serviços:

a) Inexistência de cobertura contratual;

b) Se não se trata de contratações de um mesmo objeto, passíveis de

planejamento, e que, ao longo do exercício, possam vir a ser caracterizados

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como fracionamento de despesa e, consequentemente, como fuga ao

processo licitatório; e

c) Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às atividades da unidade e,

como é óbvio, se servem ao interesse público.

II.16. Diante disso, verifica-se que ficou estabelecido que as despesas com suprimento de

fundos somente podem ser realizadas nas seguintes condições: atender a despesas de pequeno vulto, assim

entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapasse o limite estabelecido na Portaria MF nº 95/2002; atender

a despesas eventuais, inclusive em viagens e com serviços especiais, que exijam pronto pagamento; ou quando a

despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme classificar em regulamento próprio do Conselho.

III. DAS DESPESAS DE PEQUENO VULTO.

III.1. Faz-se importante, neste momento, conceituar o termo “despesas de pequeno

vulto” (quando realizadas sem o Cartão de Pagamento do Governo Federal), que são aquelas cuja soma seja igual ou

inferior a 5% (cinco por cento) dos limites estabelecidos nas alíneas "a", dos incisos “I” e “II” do art. 23, da Lei nº

8.666/93, ou seja, aquelas de até R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais), quanto às obras e serviços de engenharia,

e de até R$ 4.000,00 (quatro mil reais), quanto às compras e outros serviços.

III.2. Resumindo, no que tange a compras em geral e outros serviços, o limite

estabelecido para despesas de pequeno vulto é de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), sendo que para cada despesa

deverá ser observado o limite máximo de R$ 200,00 (duzentos reais), vedando-se o fracionamento da despesa, bem

como o do documento comprobatório para adequação ao referido limite.

III.3. Note-se, ainda, que o limite de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) para despesas de

pequeno vulto relacionadas a "outros serviços e compras em geral" está previsto no parágrafo único do art. 60, da Lei

nº 8.666/93, in verbis:

“Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo

cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre

imóveis, que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no processo

que lhe deu origem.

Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras

de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite

estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento.”

III.4. Em face disso, resta claro que o Legislador: estabeleceu que o Gestor Público

somente poderá se utilizar dessa exceção, naqueles casos em que as despesas de pequeno vulto e de pronto

pagamento não possam se subordinar ao processo normal para aquisição, visto que a regra é licitar; e estipulou valor

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limite para se utilizar destes procedimentos que visam "fugir" do preceito legal, com a finalidade de não dar margem a

manobras gerenciais que objetivem o não atendimento às regras legais.

III.5. O suprimento de fundos, portanto, é um dos meios pelo qual a Administração pode

efetuar a contratação eventual de serviços e compras em geral com entrega imediata e pronto pagamento, sendo

necessário, contudo, que essa excepcionalidade não se transforme em regra.

III.6. Note-se que é preciso prestar atenção ao fato de que a própria lei exclui do

suprimento de despesas aqueles custos que se subordinam ao processo normal de aplicação. Desta forma, a aquisição

de material e equipamento, a realização de obras entre outros, não devem ser pagas por meio de adiantamento, a

não ser quando se caracteriza a excepcionalidade.

III.7. Ressalta-se, ainda, que o fracionamento das despesas para enquadrá-las no

conceito de pequeno vulto é proibido, visto que a lógica imposta pela legislação é a de que é mais econômico para a

administração pública não inserir as despesas de pequeno vulto no processo normal de execução, ainda que tal

inserção, do ponto de vista operacional, fosse possível. Significa, portanto, que para despesas cujo montante seja

superior ao limite estabelecido pela Portaria nº 95, de 19 de abril de 2002, do Ministério da Fazenda, para as despesas

de pequeno vulto, é obrigatório, do ponto de vista da economicidade, inseri-las no processo normal de aplicação.

III.8. Assim sendo, conforme vedação expressa pela referida Portaria, não é permitido

fracionar a despesa ou o documento que dá suporte à despesa, com o objetivo de enquadrar, no conceito de despesa

de pequeno vulto, aquelas despesas cujos valores sejam superiores ao definido pela própria Portaria.

IV. DO FRACIONAMENTO, DO PARCELAMENTO E DO PLANEJAMENTO.

IV.1. Fracionamento, à luz da Lei de Licitações, é proibido pelo art. 23, § 5º, da Lei nº

8.666/93. Caracteriza-se quando se divide a despesa para utilizar modalidade de licitação inferior à recomendada pela

legislação para o total da despesa ou para efetuar contratação direta. Para que se possa verificar a realidade dos

custos e, consequentemente, definir a modalidade licitatória adequada, é imprescindível que exista um planejamento

para compra de objetos de natureza idêntica. Isso se justifica em razão de que, no caso de fracionamento de compras,

para que seja determinada a modalidade correta, deve-se considerar o somatório de todas as parcelas do objeto

previstas para o exercício.

IV.2. Nesse sentido Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que:

“Com a preocupação de evitar fraude na escolha da modalidade de procedimento, o § 5º do artigo 23,

alterado pela Lei n.º 8.883/94, proíbe a utilização de convite ou tomada de preços, conforme o caso, para

parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras ou serviços da mesma natureza e no mesmo local

que possam ser realizados conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o

caso de tomada de preços ou concorrência, respectivamente, exceto para as parcelas de natureza específica que

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possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou

serviço.

Esse parágrafo tem que ser combinado com o § 2º do mesmo dispositivo, que admite a execução

parcelada de obras, serviços e compras, mas cada etapa ou conjunto de etapas deverá ser realizada licitação

distinta, preservada a modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação.”

IV.3. Apenas a título de conhecimento, colaciona-se o disposto no art. 39, § único, da Lei

n.º 8.666/93, que traz esclarecimento sobre licitações simultâneas ou sucessivas:

“Art. 39. (...)

Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e

com realização prevista para intervalos não superiores a trinta dias e licitações sucessivas aquelas em que,

também com objetos similares, o edital subsequente tenha uma data anterior a cento e vinte dias após o

término do contrato resultante da licitação antecedente.”

IV.4. Considera-se indício de fracionamento, a concentração excessiva de detalhamento

de despesa em determinado subitem, bem como a concessão de suprimento de fundos simultaneamente. No que

tange a esta matéria, colaciona-se o que foi estabelecido pelo Tribunal de Contas da União 2:

“Em resumo, se a Administração optar por realizar várias licitações ao longo do exercício financeiro, para

um mesmo objeto ou finalidade, deverá preservar sempre a modalidade de licitação pertinente ao todo que

deveria ser contratado. Vale dizer, ilustrativamente: se a Administração tem conhecimento de que, no exercício,

precisará substituir 1.000 cadeiras de um auditório, cujo preço total demandaria a realização de tomada de

preços, não é lícita a realização de vários convites para compra das cadeiras, fracionando a despesa total prevista

em várias despesas menores que conduzem à modalidade de licitação inferior à exigida pela lei”.

Pela legislação pertinente, não se considera fracionamento a contratação de parcelas de natureza

específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diferente daquela do executor

da obra ou serviço.

É comum o gestor público não saber, ao longo do exercício, quanto por exemplo vai ser gasto

efetivamente na contratação de bens, de execução de obras ou de prestação de serviços. Não tem o hábito de

planejar.

Não raras vezes, ocorre fracionamento da despesa pela ausência de planejamento da Administração.

O planejamento do exercício deve observar o princípio da anualidade do orçamento. Logo, não pode o agente

público justificar o fracionamento da despesa com várias aquisições ou contratações no mesmo exercício, sob

modalidade de licitação inferior àquela exigida para o total da despesa no ano, quando decorrente da falta de

planejamento.”

IV.5. Nesse sentido é firme e robusta a jurisprudência deste Tribunal:

“Planeje a atividade de compras, de modo a evitar o fracionamento na aquisição de produtos de igual

natureza e possibilitando a utilização da correta modalidade de licitação, nos termos do art. 15, § 7º, II, da Lei

nº 8.666/1993” (Acórdão 2575/2009 Plenário).

2 Idem. Página nº 104.

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“Planeje adequadamente as compras e a contratação de serviços durante o exercício financeiro, de forma a

evitar a prática de fracionamento de despesas” (Acórdão 324/2009 Plenário).

“Realize o planejamento prévio dos gastos anuais, de modo a evitar o fracionamento de despesas de mesma

natureza, observando que o valor limite para as modalidades licitatórias é cumulativo ao longo do exercício

financeiro, a fim de não extrapolar os limites estabelecidos nos artigos 23, § 2°, e 24, inciso II, da Lei nº

8.666/1993” (Acórdão 1084/2007 Plenário).

“Planeje adequadamente as compras e as contratações de serviços durante o exercício financeiro, de modo a

evitar a prática de fracionamento de despesa, observando os limites para aplicação das modalidades de

licitação previstos no art. 23 da Lei n. 8.666/1993” (Acórdão 589/2010 Primeira Câmara).

“Evite o fracionamento de despesa com a utilização de dispensa de licitação indevidamente fundamentada no

art. 24, inciso II, da Lei nº 8.666/1993, uma vez que o montante das despesas previstas e contínuas realizadas

no decorrer do exercício, a exemplo das aquisições de material de expediente, de consumo e de gêneros

alimentícios, extrapola o limite de dispensa de licitação” (Acórdão 2090/2006 Primeira Câmara).

“Realize planejamento de compras a fim de que possam ser feitas aquisições de produtos de mesma natureza

de uma só vez, pela modalidade de licitação compatível com a estimativa da totalidade do valor a ser

adquirido, abstendo - se de utilizar, nesses casos, o art. 24, inciso II, da Lei nº 8.666/1993 para justificar a

dispensa de licitação, por se caracterizar fracionamento de despesa” (Acórdão 367/2010 Segunda Câmara).

IV.6. Ressalta-se que ao administrador não é vedado adquirir determinados produtos

de forma parcelada. Essa fragmentação, todavia, nas compras relativas a objetos de natureza semelhante, deve ser

prevista no planejamento de despesas do exercício, de modo que cada compra não seja considerada isoladamente,

para que se evite: a fortuita responsabilização do agente por improbidade administrativa tanto por eventual lesão

causada ao erário, como pela violação dos princípios regentes da administração pública; e a hipotética caracterização

de fraude ao processo licitatório, pela contínua e reiterada dispensa de licitação em razão do pequeno valor,

ignorando o somatório das parcelas das demais compras dos produtos da mesma natureza, ou pelo uso impróprio de

determinada modalidade.

IV.7. Observa-se que a “licitação dividida em itens, além de ampliar a competição entre

os licitantes, mostra-se vantajosa para Administração, na medida em que possa ser realizado um único procedimento

com todos os itens”3. Neste sentido tem entendido o TCU:

“Divida, em todas as contratações de TI, inclusive nas contratações diretas, os serviços e produtos em tantos itens

quantos se comprovarem técnica e economicamente viáveis, com vistas a maior controle do órgão, melhor

aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e ampliação da competitividade, sem perda da economia de

escala, conforme previsto nos §§ 1º e 2º do art. 23 da Lei nº 8.666/1993” (Acórdão 1330/2008 Plenário).

IV.8. Assim sendo, resta claro que o Administrador deve se ater ao planejamento

orçamentário do exercício financeiro e também ao que dispõe o parágrafo único do art. 39, da Lei nº 8.666/93, no que

3 Idem. Página nº 239.

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tange a sucessividade ou simultaneidade das aquisições em que se utiliza o procedimento de dispensa de licitação em

função do valor e o suprimento de fundos, vinculado às despesas de pequeno vulto.

V. CONCLUSÃO.

V.1. O suprimento de fundos, vinculado às despesas de pequeno vulto, é modalidade de

dispêndio de recursos públicos utilizado em situações excepcionais, para os casos em que não seja viável percorrer as

etapas do processo normal de aplicação dos recursos públicos, sendo que estas situações, que não se enquadram no

processo normal de aplicação, merecem, da mesma forma, processo diferenciado de controle, acompanhamento e

avaliação.

V.2. É possível perceber que os gastos realizados mediante suprimento de fundos

atendem a uma infinidade de peculiaridades, que variam conforme aspectos sazonais e se apresentam através de

quantidade ainda maior de operações, realizadas pela Administração Publica, direta e indireta, em valores que, regra

geral, são de pequena monta.

V.3. Dadas as características do suprimento de fundos, apresentadas em toda esta

Orientação Jurídica, é possível afirmar que os gastos efetuados através desse procedimento devem ser rigorosamente

controlados, com o fim de assegurar que a administração pública tenha condições de gerir seus gastos de forma mais

inteligente, evitando o fracionamento da despesa.

V.4. Diante disso, como limite máximo de despesa de pequeno vulto, verifica-se que

ficou estabelecido para o suprimento de fundos, no que tange a compras em geral e outros serviços, o valor de:

I. R$ 4.000,00 (quatro mil reais), quando NÃO realizadas através do Cartão de

Pagamento do Governo Federal - CPGF, sendo que para cada despesa deverá ser

observado o planejamento orçamentário do exercício financeiro e o prazo da

simultaneidade e da sucessividade e o percentual de 0,25% do valor constante na

alínea "a" do inciso "II" do art.º 23, da Lei 8.666/93, ou seja, o limite de R$ 200,00

(duzentos reais), por despesa, sendo vedado o fracionamento da despesa e/ou do

documento comprobatório para adequar ao referido limite.

II. R$ 8.000,00 (oito mil reais), quando realizadas através do Cartão de Pagamento do

Governo Federal - CPGF, sendo que para cada despesa deverá ser observado o

planejamento orçamentário do exercício financeiro e o prazo da simultaneidade e

da sucessividade e o percentual de 1% (um por cento) do valor constante na alínea

"a" do inciso "II" do art.º 23, da Lei 8.666/93, ou seja, o limite de R$ 800,00

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(oitocentos reais), por despesa, sendo vedado o fracionamento da despesa e/ou

do documento comprobatório para adequar ao referido limite.

Porto Alegre, 13 de agosto de 2014.

Flávio Salamoni Barros Silva

Analista de Nível Superior - Assessor Jurídico

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