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Considerações finais Ana Cláudia L. da Silva Entende-se que o tratamento e a recuperação de um drogado é um processo complexo e que envolve vários aspectos de um individuo e que precisam ser tratados em conjunto, não se dispensa o uso da ciência, mas esta não é capaz de sozinha solucionar a questão, pois esta é mais voltada para o campo social em que o sujeito está inserido (a família, a comunidade) do que propriamente a dependência associada a doença, sendo que o principal alvo de estudos que se deve intensificar o olhar em busca de uma solução está na mudança de vida deste sujeito e na prevenção. Observa-se que o caminho mais positivo para o tratamento da dependência das drogas esta em se romper com todos os laços, costumes e relações sociais, e baseia-se principalmente na mudança de vida e hábitos, além de o sujeito acreditar e ter consciência que precisa mudar de vida, não é positivo para o processo tratar o usuário como um criminoso ou um doente, e sim, deve-se trata-lo como um sujeito de direitos capaz de se recuperar e que apenas necessita de uma oportunidade, embora se saiba que este é um caminho difícil, é possível sair deste mundo, mas o trabalho é árduo e complexo, por isso aposta-se no trabalho intersetorial que envolva vários campos profissionais articulados em busca de recuperar a auto-estima e autonomia deste cidadão para que este possa voltar a conviver em sociedade.

Considerações Finais Sobre o Crack

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O Crack não deve ser tratado como um assunto isolado, pois este esta inserido dentro de vários aspéctos que levam o individuo até este estágio, e este fenômeno deve ser tratado pelo Estado mais amplamente englobando todos os tipos de drogas as lícitas e as inlícitas.

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Page 1: Considerações Finais Sobre o Crack

Considerações finais

Ana Cláudia L. da Silva

Entende-se que o tratamento e a recuperação de um drogado é um processo complexo

e que envolve vários aspectos de um individuo e que precisam ser tratados em conjunto, não

se dispensa o uso da ciência, mas esta não é capaz de sozinha solucionar a questão, pois esta é

mais voltada para o campo social em que o sujeito está inserido (a família, a comunidade) do

que propriamente a dependência associada a doença, sendo que o principal alvo de estudos

que se deve intensificar o olhar em busca de uma solução está na mudança de vida deste

sujeito e na prevenção.

Observa-se que o caminho mais positivo para o tratamento da dependência das drogas

esta em se romper com todos os laços, costumes e relações sociais, e baseia-se principalmente

na mudança de vida e hábitos, além de o sujeito acreditar e ter consciência que precisa mudar

de vida, não é positivo para o processo tratar o usuário como um criminoso ou um doente, e

sim, deve-se trata-lo como um sujeito de direitos capaz de se recuperar e que apenas necessita

de uma oportunidade, embora se saiba que este é um caminho difícil, é possível sair deste

mundo, mas o trabalho é árduo e complexo, por isso aposta-se no trabalho intersetorial que

envolva vários campos profissionais articulados em busca de recuperar a auto-estima e

autonomia deste cidadão para que este possa voltar a conviver em sociedade.

O Estado vem tomando tímidas atitudes perante o grave problema das drogas que vem

se alastrando em nossa sociedade, este anda a passos lentos, na solução e na elaboração de

projetos, enquanto contraditoriamente a proliferação das drogas anda a passos largos em nossa

sociedade, sendo que, é necessário intensificar o olhar neste fenômeno e não continuar

negando a realidade ou tomando atitudes repressoras e punitivas, com hoje se vem adotando

como solução para se enfrentar o problema das drogas. Trata-se de uma epidemia de difícil

tratamento e de conseqüências extremamente danosas a sociedade, é preciso mais atenção por

parte dos profissionais, e do Estado, principalmente da medicina (pesquisas), direito (leis),

Serviço Social (garantir direitos), e da educação (prevenção) e muitos outros em articular os

estudos e pesquisas na busca de um tratamento efetivo que mude este quadro que se

apresenta.

Particularmente acredito no poder do conhecimento para transformação do ser

humano, através da auto-educação e da fé em Jesus. Pois para os pais e educadores é

imprescindível ter uma visão diferente sobre a questão para se compreender esta fase tão

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difícil e delicado dos filhos a que é adolescência . Esta não possui uma definição precisa, e,

além disso, a adolescência varia de cultura para cultura , sendo que o termo adolescência

refere-se aos desenvolvimentos psicológicos que estão relacionados aos processos do

crescimento físico, definidos pelo termo puberdade, segundo Freitas(2002), “o adolescente é

extremamente vulnerável aos apelos provenientes do mundo das drogas em virtude das

modificação pelas quais passa o seu mundo interno”, sendo que a família deve proporcionar a

autonomia para o jovem e favorecer seus papéis adultos (socialização/individualização) para

um desenvolvimento sadio com autonomia, independência e condições para tomar suas

próprias decisões. A flexibilidade é a chave do sucesso: não ser radical, autoritário,

renegociações de papéis. O pendor para a independência é natural, mas a perspectiva de uma

independência completa é assustadora. Ele precisa de limites dos pais e ele quer ter esses

limites par se sentir parte de um grupo, sentir-se amado e protegido “não devemos nos limitar

a dar educação as nossas crianças, devemos ensiná-los a ser pessoas.” (Hebert Spencer). É

preciso que os pais, outros familiares, professores e adultos, que convivem diariamente com o

adolescente, estejam atentos e dispostos a ajudá-lo a passar de forma construtiva por essa fase

do ciclo vital.

Em vista destes aspectos, acredita-se que a prevenção é o tratamento mais eficaz, para

se reverter este quadro das drogas em nossa sociedade, pois trabalhando-se a família (por ser

esta a 1° instituição que o sujeito irá se inserir socialmente), e a escola, com os professores ( a

2° instituição mais importante que influencia o individuo) trabalhando em prol de prevenir e

estar atento aos sinais de perigo de contato com as drogas. Mas para isso é preciso

investimento por parte do Estado em especialização técnica para estes professores e de um

atendimento social especializado dentro das escolas, com assistentes sociais, que iram

trabalhar em conjunto com os professores e pais, focando o resgate da família, a definição de

papeis dentro da família e sociedade, sendo que além deste investimento ser o mais barato é o

caminho mais racional para se enfrentar esta epidemia da droga que cada dia mais se

intensifica em nossa realidade. Portanto prevenir e apostar em projetos sociais, que tratem

estes dependentes e famílias vulneráveis como sujeitos de direitos na recuperação social e na

prevenção vêm se descortinando como o caminho de volta para muitos jovens presos a esta

vida.

Fontes: HEBERT, M. Convivendo com adolesentes. Rio De Janeiro, Bertrand Brasil .

FREITAS,L. Adolescência, família e Drogas- A função paterna e a questão de limites,

Rio de Janeiro, Mauad, 2002.