20
CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA [email protected]

CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA [email protected]

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

CONSTIPAÇÃO

DRA. ROMILDA CAIROGASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA

[email protected]

Page 2: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

DEFINIÇÃO

CONSTIPAÇÃO

Ocorrência de qualquer uma das seguintes manifestações, independentemente do intervalo entre as evacuações:

Eliminação de fezes duras, na forma de cíbalos, seixos ou cilíndricas com rachaduras, Dificuldade ou dor para evacuar,Eliminação esporádica de fezes muito calibrosas que entopem o vaso sanitárioFrequência de evacuações inferior a 3 por semana, exceto as crianças em aleitamento natural.

Page 3: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

DEFINIÇÃO

PSEUDOCONSTIPAÇÃO DO LACTENTE EM ALEITAMENTO NATURAL: OCORRÊNCIA DE EVACUAÇÃO DE FEZES MACIAS EM FREQÜÊNCIA MENOR QUE 3 POR SEMANA

ESCAPE FECAL (SOILING): PERDA INVOLUNTÁRIA DE PARCELA DO CONTEÚDO FECAL POR PORTADORES DE CONSTIPAÇÃO CRÔNICA, CONSEQÜENTE A FEZES IMPACTADAS NO RETO

ENCOPRESE: ATO COMPLETO DA DEFECAÇÃO, EM SUA PLENA SEQÜÊNCIA FISIOLÓGICA, PORÉM EM LOCAL E/OU MOMENTO INAPROPRIADO, EM GERAL, SECUNDÁRIA A DISTÚRBIOS PSICOLÓGICOS

INCONTINÊNCIA FECAL: FALTA DE CONTROLE DO ESFÍNCTER DECORRENTE DE CAUSAS ORGÂNICAS

Page 4: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

IMPORTÂNCIA

Mundial: 2 a 30%

Relação entre meninas e meninos até 4 anos é de 1:1 Com 5 anos ou mais a relação eleva-se a 3-4:1.

Consultas pediátricas: 3 a 5% Consultas Gastropediatras: 20 a 30%

Page 5: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

ETIOPATOGENIA

CAUSAS FUNCIONAIS:

SÃO AQUELAS EM QUE O FATOR ETIOLÓGICO É DESCONHECIDO. SEGUNDO DESCRIÇÕES DA LITERATURA, CORRESPONDEM A 95% DAS CONSTIPAÇÕES APRESENTADAS

PELAS CRIANÇAS.

FATORES HEREDITÁRIOS OU CONSTITUCIONAIS Elevada frequência de constipação entre familiares

HÁBITOS DE VIDA Desmame, Alergia ao leite de vaca Baixo consumo de fibras vegetais Sedentarismo Negligência do reflexo da evacuação Viagens e hospitalizações

EPISÓDIOS DE EVACUAÇÕES DOLOROSAS DETERMINANTES DE COMPORTAMENTO DE RETENÇÃO ALTERAÇÃO DA MOTILIDADE COLÔNICADISTÚRBIOS EMOCIONAIS

Page 6: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

ETIOPATOGENIA

CAUSAS ORGÂNICAS

CAUSAS NEUROGÊNICAS: DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG, PSEUDO-OBSTRUÇÃO INTESTINAL CRÔNICA, DESORDENS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) COMO: MENINGOMIELOCELE, TUMOR, PARALISIA CEREBRAL E HIPOTONIA.

CAUSAS ANAIS: FISSURAS, ÂNUS ANTERIORIZADO, ESTENOSE E ATRESIA ANAL.

CAUSAS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS: HIPOTIREOIDISMO, ACIDOSE RENAL, DIABETE INSÍPIDO E HIPERCALCEMIA.

USO DE DROGAS: METILFENIDATO, FENITOÍNA, IMIPRAMINA, FENOTIAZIDA, ANTIÁCIDOS E MEDICAMENTOS CONTENDO CODEÍNA.

Page 7: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO CLÍNICA:

Fezes ressecadas, desde cíbalos até muito volumosas com Intervalo variável

Lactentes: durante o desmame, eliminação de fezes secas, não muito volumosas e acompanhada de dor

Crianças menores: evacuações acompanhadas de desconforto, gritos e manobras para reter as fezes

Escape fecal Dor abdominal recorrente, vômitos, sangue nas fezes, infecções

urinárias de repetição, retenção urinária e enurese. Anorexia ou hiporexia Náuseas, cefaleia, flatulência e indisposição

Page 8: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

HISTÓRIA CLÍNICO E EXAME FÍSICO

ANAMNESE CUIDADOSA

Eliminação de mecônio – 24-48h Período do início da obstipação Associação com introdução de alimentos na dieta Patologias associadas Uso de medicamentos que causam obstipação

Anticonvulsivantes, Sais de ferro, Neurolépticos Dados sobre:

Frequência evacuatória, Consistência e formato das fezes Outras manifestações e complicações

Comportamento de retenção, dor abdominal Escape fecal, alterações urinárias

Page 9: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

HISTÓRIA CLÍNICO E EXAME FÍSICO

EXAME FÍSICO Avaliação antropométrica Região abdominal

Presença de distensão Massa fecal palpável

Inspeção anal Escape, fissuras, plicomas

Toque retal Tônus anal Presença ou não de fezes

endurecidas na ampola retal Estenose anal Fezes explosivas na retirada

do dedo após o toque retal

FEZES IMPACTADASFEZES IMPACTADAS MEGARETOMEGARETO ESCAPE FECALESCAPE FECAL

Page 10: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

PSEUDOCONSTIPAÇÃO Eliminação de fezes macias menos que 3 x na semana em lactentes em aleitamento exclusivo

DISQUESIA DO LACTENTE Caracteriza-se por esforço, gemido , choro e vermelhidão na face por 10 a 20 min antes da defecação de fezes amolecidas – menores de 6 m

CONSTIPAÇÃO SECUNDÁRIA À ALERGIA AO LEITE VACA Em geral menores de 3 anos com constipação refratária Início da obstipação coincide com introdução do leite de vaca Hiperemia perianal

Proctocolite alérgica Diagnóstico com melhora clínica após dieta de exclusão por 4 a 6 semanas Infiltrado de eosinófilos na mucosa retal

Summary of Updated Recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. JPGN, 2006: 43(3)405-407.

Page 11: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

DOENÇA CELÍACA Constipação crônica refratária e baixa estatura ou déficit de

crescimento com ou sem anemia ferropriva refratária a terapia com ferro oral

DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG Retardo da eliminação de mecônio Massa abdominal palpável Distensão abdominal, déficit crescimento Megacólon segmento curto ou ultracurto – apresentação

semelhante à constipação funcional

Page 12: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

FISIOLOGIA DA DEFECAÇÃO

Quando as fezes chegam ao reto, receptores sensíveis ao estiramento determinam o relaxamento do esfíncter interno do ânus, permitindo que o conteúdo retal, ao atingir a região anodérmica, seja percebido de modo discriminado para gases, líquido ou fezes pastosas. Neste momento, o indivíduo decide pela eliminação de flatos ou pela contração voluntária do esfíncter externo até chegar ao local apropriado para ultimar a defecação.

Reflexo inibitório retoanal = relaxamento do esfíncter interno do ânus, consequente à distensão retal.

Ele é transmitido pelo plexo mioentérico.

Reflexo ausente na doença de Hirschsprung.

Page 13: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

EXAMES SUBSIDIÁRIOS

RADIOGRAFIA SIMPLES DE ABDOME EM ORTOSTASE Verifica impactação oculta de fezes Confirma desimpactação após tratamento

MANOMETRIA ANORRETAL Pesquisa do reflexo inibitório anal

Presente na constipação funcional Ausente na Doença Hirschisprung

ENEMA OPACO – SEM PREPARO PRÉVIO Define presença de megarreto ou megacólon

OUTROS EXAMES T3, T4, TSH, IgA sérica, anti-endomísio e anti-transglutaminase,Cálcio sérico, Cloro no suor

Page 14: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

EXAMES SUBSIDIÁRIOS

BIÓPSIA RETAL Padrão ouro para Doença de Hirschsprung Hipoganglionose ou aganglionose com feixes nervosos

hipertrofiados

Page 15: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

TRATAMENTO

OBJETIVOS Diminuir a distensão do reto e do cólon,

recuperando a motilidade e a dinâmica das evacuações

Restaurar a confiança da criança nela mesma e melhorar sua auto-estima

Restituir a dinâmica familiar, comprometida na maioria dos casos

Evitar as recidivas

ORIENTAÇÃO GERAL Explicar mecanismo do comportamento de retenção

e escape fecal (Para não culpar a criança) Reduzir tensões familiares e sentimento de

insegurança

Page 16: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

TRATAMENTO

DESIMPACTAÇÃO DO FECALOMA

Enemas por 2 a 5 dias - 1 a 2 evacuações moles/dia Fosfatos (não devem ser usados para lactentes)

– 3 a 6ml/Kg – máx 135 ml– Não usar em obstrução intestinal e Ins Renal

Glicerina solução - 10ml/Kg Polietilenoglicol (PEG )

1 a 2g/Kg/dia (máx 100g /8 sachês/dia – 12 a 14 g/sachê) Hidrata conteúdo fecal por formar pontes de H com moléculas De H2O Não é invasiva e evita manipulações dolorosas

TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO (INICIAR APÓS ESVAZIAMENTO TOTAL DO COLÓN) Dieta rica em fibras Aumento do consumo de líquidos Uso de laxantes

RETAL

RETAL

O RAL

O RAL

Page 17: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

TRATAMENTO

ÓLEO MINERAL 1 a 4 ml/Kg/dia (ajustar de acordo com a resposta)

LEITE MAGNÉSIA 1 a 3 ml/Kg 2 vezes ao dia

LACTULOSE 1 a 3 ml/Kg 2 vezes ao dia (dose crescente – menor flatulência)

POLIETILENOGLICOL (PEG) 0,25 a 1g/Kg/dia

POLIETILENOGLICOL (PEG) - > 2 ANOS Macroglol (3350 KDa), com eletrólitos Manipulado: PEG (4000 KDa), sem eletrólitos

Sem sabor Dose individualizada

PEG: menores de 02 anos.Loening-Baucke V, Krishna R, Pashankar D. Polyethylene Glycol 3350 without electrolytes for the treatment of functional constipation in infants and toddlers. J

Pediatr Gastroenterol Nutr. 2004;39:536Michail S, Gendy E, Preud’Homme D, Mezoff A, Pashankar D, Loening-Baucke V, et al. Polyethylene Glycol for constipation in children younger than eighteen

months old. J Pediatr Gas- troenterol Nutr. 2004;39:197—9.

PEG: menores de 02 anos.Loening-Baucke V, Krishna R, Pashankar D. Polyethylene Glycol 3350 without electrolytes for the treatment of functional constipation in infants and toddlers. J

Pediatr Gastroenterol Nutr. 2004;39:536Michail S, Gendy E, Preud’Homme D, Mezoff A, Pashankar D, Loening-Baucke V, et al. Polyethylene Glycol for constipation in children younger than eighteen

months old. J Pediatr Gas- troenterol Nutr. 2004;39:197—9.

PEG: menores de 01 ano.National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE). Constipation in children and young people. Diagnosis and management of idiopathic childhood

constipation in primary and secondary care. Quick reference guide. Mayo 2010.

PEG: menores de 01 ano.National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE). Constipation in children and young people. Diagnosis and management of idiopathic childhood

constipation in primary and secondary care. Quick reference guide. Mayo 2010.

Page 18: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

TRATAMENTO

O DESMAME É UM PERÍODO EM QUE O LACTENTE PODE MUDAR O PADRÃO EVACUATÓRIO EM DIREÇÃO À CONSTIPAÇÃO.

O ALEITAMENTO ARTIFICIAL AUMENTA EM 4,5 VEZES O RISCO DE CONSTIPAÇÃO, EM RELAÇÃO AO ALEITAMENTO NATURAL PREDOMINANTE (EXCLUSIVO OU LEITE MATERNO, ÁGUA E CHÁ). AGUIRRE ET AL. 2002

DEVE-SE ENCORAJAR INGESTA DE LÍQUIDOS E DE CARBOIDRATOS ABSORVÍVEIS E NÃO ABSORVÍVEIS.

SORBITOL (SUCO DE MAÇÃ, PERA E AMEIXA) AUMENTA A FREQUÊNCIA E A QUANTIDADE DE ÁGUA NAS FEZES.

MANEJO NUTRICIONAL Ingestão de fibras alimentares - > 2 anos

Idade da criança (anos) + 5 a 10g , com máximo de 25 a 30 g/dia

Consumo hídrico – 1,5 a 2l/dia Aumentar o consumo:leguminosas (feijão, ervilha, lentilha e grão de bico), milho, pipoca, coco, verduras, frutas (com casca e bagaço) e farelo de trigo

American Health Foundation

Page 19: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

TRATAMENTO

DIETA: PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS

OUTRAS TERAPIAS

Biofeedback Para disfunção musculatura assoalho pélvico (anismo)

Novas drogas Bloqueadores dos receptores da setorotonina ou ativadores dos canais de

cloro Tegaserode, Lubiprostona, Almivopan e Prucalopride Estimulam a motilidade e a secreção intestinal: sem estudos

em crianças Psicoterapia Futuro: Botox

Page 20: CONSTIPAÇÃO DRA. ROMILDA CAIRO GASTROENTEROLOGISTA PEDIÁTRICA ROMILDACAIRO@TERRA.COM.BR

TRATAMENTO

Ter um tempo pra ir ao banheiro sem pressa após as refeições. Permanecer sentada no vaso com o apoio dos pés por pelo menos5 min. após as principais refeições

Aproveitar reflexo gastrocólico para desencadear evacuação Diário da frequência das evacuações. Sistema de recompensas (reforço positivo). Psicoterapia. Tratamento difícil, especialmente quando há soling, requerendo uma família participativa e

bem organizada, com paciência para encarar períodos de melhora e recaídas. O acompanhamento deve ser frequente.

Que alívio!Que alívio!