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CURSO ONLINE DIREITO CONSTITUCIONAL A. ADMINISTRATIVO MPU PROFESSOR: VÍTOR CRUZ 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 1: Olá pessoal, tudo bem? Não tive a oportunidade anterior de me dirigir a vocês. Gostaria de dizer que é uma honra participar desse curso e ajudar na conquista da aprovação neste excelente concurso! Bom, para quem já me conhece de outros trabalhos (aulas presenciais, livros, fórum, blog, e-books...) é realmente um prazer imenso revê-los. Para quem ainda não me conhece, é também um grande prazer, e, assim, para que possamos nos conhecer melhor, eu farei uma breve apresentação da minha pessoa e da minha concepção de trabalho: Sou o Prof. Vítor Cruz, comumente conhecido como Vampiro (isso mesmo...). Atualmente leciono as disciplinas de Direito Constitucional (principalmente) e Direito Tributário para concursos. Tenho como meta sempre preparar meus alunos para conseguirem o maior rendimento possível na prova, sempre dentro do menor tempo. Para isso, tentarei ao máximo ensinar os atalhos, macetes, e dicas que aprendi em meus quase 5 anos como "concurseiro", e ainda, os que aprendi posteriormente nas salas de aula com meus alunos, aliás, percebo que o professor é o verdadeiro aluno. Sou ex-Oficial da Marinha do Brasil, graduado em ciências navais pela Escola Naval. Pós-graduado em Direito Constitucional. Autor do livro "Constituição Federal Anotada para Concursos". Coordenador e autor de diversos títulos da série "1001 questões comentadas". Como relato de concurseiro, digo que minha decisão de abandonar os estudos para concurso foi tomada como uma forma de aliviar as tensões, falta de tempo, em suma, todas as problemáticas que o estudo intenso para concurso gera. Eu sei que muitos de vocês, senão todos, passam por idêntica situação. Estão estressados, cansados, e ansiosos pela hora que poderão, enfim, retirar o peso das costas. Falta pouco gente, estou aqui para ajudá-los, vamos manter o pique, furar as filas, e cruzar a linha de chegada entre os primeiros. Estejam certos de que irei me esforçar para passar conhecimento, experiência e ajudar em tudo que estiver ao meu alcance. SOBRE O CURSO: Embora seja um curso de exercícios, meu objetivo aqui é fazer uma "caça ao 100%", por isso, também me preocupei com a base teórica, que eu sei que é o problema de muitos. Assim, vamos tratar diversos exercícios, mas também deixarei uma boa carga teórica para que vocês estudem e "preencham as lacunas" do estudo, ok?

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Aula 1:

Olá pessoal, tudo bem?

Não tive a oportunidade anterior de me dirigir a vocês. Gostaria de dizer que é uma honra participar desse curso e ajudar na conquista da aprovação neste excelente concurso!

Bom, para quem já me conhece de outros trabalhos (aulas presenciais, livros, fórum, blog, e-books...) é realmente um prazer imenso revê-los. Para quem ainda não me conhece, é também um grande prazer, e, assim, para que possamos nos conhecer melhor, eu farei uma breve apresentação da minha pessoa e da minha concepção de trabalho:

Sou o Prof. Vítor Cruz, comumente conhecido como Vampiro (isso mesmo...). Atualmente leciono as disciplinas de Direito Constitucional (principalmente) e Direito Tributário para concursos. Tenho como meta sempre preparar meus alunos para conseguirem o maior rendimento possível na prova, sempre dentro do menor tempo. Para isso, tentarei ao máximo ensinar os atalhos, macetes, e dicas que aprendi em meus quase 5 anos como "concurseiro", e ainda, os que aprendi posteriormente nas salas de aula com meus alunos, aliás, percebo que o professor é o verdadeiro aluno.

Sou ex-Oficial da Marinha do Brasil, graduado em ciências navais pela Escola Naval. Pós-graduado em Direito Constitucional. Autor do livro "Constituição Federal Anotada para Concursos". Coordenador e autor de diversos títulos da série "1001 questões comentadas".

Como relato de concurseiro, digo que minha decisão de abandonar os estudos para concurso foi tomada como uma forma de aliviar as tensões, falta de tempo, em suma, todas as problemáticas que o estudo intenso para concurso gera. Eu sei que muitos de vocês, senão todos, passam por idêntica situação. Estão estressados, cansados, e ansiosos pela hora que poderão, enfim, retirar o peso das costas.

Falta pouco gente, estou aqui para ajudá-los, vamos manter o pique, furar as filas, e cruzar a linha de chegada entre os primeiros.

Estejam certos de que irei me esforçar para passar conhecimento, experiência e ajudar em tudo que estiver ao meu alcance.

SOBRE O CURSO: Embora seja um curso de exercícios, meu objetivo aqui é fazer uma "caça ao 100%", por isso, também me preocupei com a base teórica, que eu sei que é o problema de muitos. Assim, vamos tratar diversos exercícios, mas também deixarei uma boa carga teórica para que vocês estudem e "preencham as lacunas" do estudo, ok?

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Desta forma, teremos aulas híbridas. Divididas da seguinte forma:

Nas aulas cujos temas sejam doutrinários: Classificação das Constituições, Controle de Constitucionalidade, Princípios Fundamentais e etc. colocarei teoria para que vocês possam ficar seguros e depois apresentarei questões com comentários breves à teoria vista, apenas para solidificar!

Nas aulas cujos temas sejam literais da Constituição ou no máximo uma jurisprudência "aqui outra ali": Direitos e Garantias individuais, Organização do Estado, Organização dos Poderes... O foco das aulas será treinamento quase que exclusivo mediante exercícios comentados.

Beleza?

Acho que esta vai ser a forma mais segura de garantirmos a sua nota 10! Quer dizer... nossa nota 10. Quando o aluno consegue esse feito, acho que o professor também se sente um pouco "realizado". Não é mesmo?

Vocês perceberão que muitas questões foram adaptadas do estilo "múltipla escolha" para o estilo C/E. Eu faço isso por 2 motivos:

1- Separar cada item em seu respectivo assunto, pois muitas vezes uma questão traz itens de diversos temas diferentes, e assim perderíamos objetividade.

2- Nas dezenas de cursos que ministrei aqui pelo ponto, percebi que quando eu trabalhava com questões inteiras o curso ficava extenso e "pobre" de conteúdo, pois para passar todo o conteúdo que eu quero utilizando questões inteiras, teria que fazer aulas com 150, 200 páginas... Utilizando este método, então, conseguirei tratar cerca de 50 a 150 questões por aula, e ainda dar pitacos teóricos, sem que percamos esse tempo precioso.

Assim, o que eu peço a vocês: CONFIEM EM MIM!!! Não se preocupem com número de questões ou forma abordada. Se preocupem a partir de agora com o que realmente importa: tentar absorver ao máximo o conteúdo e as dicas, pois este é o diferencial deste curso! ok?

VOU PRPARÁ-LOS PARA O 10 !!! Esse é meu objetivo.

Bom, chega de papo furado, e vamos ao que interessa!

Na aula de hoje iremos:

Constituição: Conceito e tipos; e também normas constitucionais - eficácia e aplicabilidade. Parece um assunto simples e curto, mas veremos que ele possui diversos desdobramentos passíveis de cobrança.

Simbora...

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Constituição: Conceito

Chama-se de constitucionalismo a evolução das relações entre governantes e governados que faz surgir a constituição, ainda que para alguns sem a forma característica de uma.

A doutrina não é pacífica ao afirmar nomenclaturas, fases e marcos do constitucionalismo. O fato é que o constitucionalismo ocorre de modos diferentes e em tempos diferentes nos vários países do mundo.

Veja que o tempo verbal indicado é "ocorre" e não "ocorreu". O constitucionalismo não foi um evento, ele é um evento. Tivemos uma evolução passada, temos uma no presente e teremos outra no futuro, pois a sociedade é dinâmica, os anseios se modificam e a forma e conceito da "constituição" deve acompanhar essas mudanças.

Para falar em constitucionalismo deve-se definir também o que seria uma constituição. A constituição possui após a Revolução Francesa o conceito de ser: o documento escrito que serve para organizar o Estado e limitar o poder dos governantes face ao povo. Porém, antes da Revolução Francesa, já havia constitucionalismo segundo alguns autores.

Desculpe-me "viajar" um pouco, mas é interessante o que diz o prof. André Ramos Tavares sobre o constitucionalismo: Numa primeira acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social com origens históricas bastante remotas que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se utilizado, numa terceira concepção possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas sociedades. Numa vertente mais restrita, o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado.

Baseado ainda nas definições do professor Tavares, teríamos, resumidamente diversos constitucionalismos, a saber:

• Constitucionalismo Antigo - Manifestado primeiramente na civilização hebraica (que era teocrática) onde o poder era limitado pela "Lei do Senhor" e posteriormente na civilização grega onde havia um inclusive uma escolha de cidadãos para os cargos públicos;

• Constitucionalismo da Idade Média - Marcado pela Magna Carta de 1215 onde o rei João "sem terra" teve de assinar uma carta de limitações de seu poder para que não fosse deposto pelos barões;

• Constitucionalismo Moderno - Marcado pela Revolução Francesa e pela Independência dos Estados Unidos, onde o povo realmente

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passava a legitimar a Constituição e exigir um rol de garantias perante o Estado.

Para a grande maioria da Doutrina, porém, a "constituição" só pode ser chamada efetivamente de "Constituição" no constitucionalismo moderno, ou seja, a partir da Revolução Francesa em 1789 que deu origem a Constituição de 1791 em tal país e da Constituição americana de 1787. Surge, então, o chamado conceito ocidental de Constituição ou conceito ideal. Neste conceito, elencamos as seguintes características:

• Forma escrita;

• Deve organizar o Estado politicamente e prever a separação de funções do Poder Político (tripartição dos Poderes).

• Deve garantir as liberdades individuais, limitando o poder do Estado;

• Deve prever a participação do povo nas decisões políticas.

Antes dessa "formalização" do conceito de constituição, diversos documentos e movimentos podem ser apontados como antecedentes deste constitucionalismo moderno. Assim, são geralmente apontados como precedentes históricos do constitucionalismo moderno (irei conceituar apenas para fins de esclarecimento e enraizamento da matéria, não se preocupem em decorar os conceitos, não cairá):

• Pensamento iluminista - Pregava o liberalismo político e econômico. Foi a base das revoluções do séc. XVIII e XIX.

• Teoria do Pacto Social de Rousseau - Segundo Rousseau, o Estado é um contrato social entre seus integrantes, logo o povo não pode estar submisso, sem participar nas decisões políticas.

• Pactos - Acordos entre o monarca e os barões (ou burgueses). Ex. Magna Carta de 1215, onde o rei só governaria se aceitasse as condições impostas pela nobreza (barões). Outro importante foi o Petition of Rights (1628) onde passou ser necessária o consentimento de todos para que se fossem cobradas dádivas ou benevolências. Importante também é citar o Bill of Rights de 1689 (declaração de direitos) feita pelo parlamento inglês e aceita por Guilherme de Orange, que reconheceu, na Inglaterra, diversos direitos e liberdades como a propriedade privada e as eleições livres para o parlamento.

• Forais - Permitiam o auto-governo dos burgos.

• Cartas de Franquia - Assegurava a liberdade às corporações e colocava limites ao poder dos senhores feudais para exigir tributos.

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• Contratos de colonização - Regras consensuais fixadas pelos novos colonos da América do Norte, para que pudessem regulamentar o Poder e se governarem.

Atualmente, fala-se muito do neoconstitucionalismo, ou constitucionalismo contemporâneo que é uma fase em que o Brasil começa a adentrar a partir da Constituição de 1988, principalmente, mas que já seria vivenciada por países da Europa Ocidental (como Alemanha e Espanha) desde os anos 50, 60, no pós 2ª Guerra Mundial.

O neoconstitucionalismo está marcado pela idéia de justiça social, equidade, e emprego de valores e princípios norteadores de moralidade, rompendo-se a idéia de positivismo ao extremo. Trata-se então de um "pós-positivismo". Para os defensores do neoconstitucionalismo o direito deve ter como foco a Constituição e esta, na verdade, seria um "bloco constitucional" onde os aspectos principiológicos e os valores se tornam tão importantes quanto as regras insculpidas no texto constitucional.

O neoconstitucionalismo não é apenas uma nova roupagem para algo antigo, mas sim um novo repensar do direito onde a Constituição deixa de ser uma "carta de intenções" e realmente se torna um "norma jurídica" devendo, assim, ser concretizada. Dessa forma, deixa-se de lado o foco nas leis, para se colocar o foco na Constituição. Busca-se concretizar o ordenamento jurídico de acordo com o pensamento do legislador constituinte. A Constituição, então, tem uma força normativa, impositiva sobre o ordenamento jurídico, e não pode, assim, ser ignorada pela sociedade.

Junto com o constitucionalismo temos a evolução do conceito de Estado. Com a Revolução Francesa e pela Independência dos Estados Unidos temos o início do Estado Liberal, já que se asseguraram as liberdades individuais, que vieram a ser chamadas de "direitos de primeira geração". Segundo os conceitos do liberalismo, o homem é naturalmente livre, então, buscou-se limitar o poder de atuação dos Estados para dotar de maior força a autonomia privada e deixar o Estado apenas como força de harmonização e consecução dos direitos.

Na Constituição mexicana de 1917 e na de Weimar (Alemanha) em 1919, que nascem logo após a 1ª Guerra Mundial, temos um estilo de Constituição que prega não mais os direitos individuais em sentido estrito, mas uma visão mais ampla, do indivíduo em sociedade. Não podemos associá-la, do ponto de vista histórico, ao conceito de “constituição liberal” expresso pela Revolução Francesa. Ela vai além do “Estado liberal”. A Constituição Mexicana de 1917 passa a trazer em seu texto mais do que simples liberdades (direitos de 1ª geração - liberdades individuais - direitos políticos e civis). Ela traz os direitos econômicos, culturais e sociais (direitos de segunda geração - relacionados à

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igualdade), surgindo então o conceito de “Estado Social”. Desta forma, possui como característica a mudança da concepçào de constituição sintética para uma constituição analítica, mais extensa, capaz de melhor conter os abusos da discricionariedade. Aumenta assim a intervenção do Estado na ordem econômica e social, dizendo-se que a democracia liberal-econômica passa a ser substituída pela democracia social. Esse estado social é superado com o fim da 2ª Guerra Mundial, temos então o surgimento do Estado Democrático marcado pelas iniciativas relacionadas à solidariedade e aos direitos coletivos.

Assim temos basicamente:

Fase Marco Mundial Marco no Brasil Características Estado Liberal Revolução

Francesa e Independência dos EUA

Incipiente na CF/1824 e fortalecido na CF/1891

Liberdade - Direitos de 1ª Geração - Direitos Civis e Políticos

Estado Social Pós 1ª Guerra Mundial - Constituição Mexicana (1917) e Weimar (1919).

CF/1934 Igualdade - Direitos de 2ª Geração - Direitos sociais, econômicos e culturais. Exigem uma ação positiva do Estado.

Estado Democrático

Pós 2ª Guerra Mundial.

CF/1988 Solidariedade (fraternidade) e Democracia - Direitos de 3ª Geração - Direito à democracia direta, direitos coletivos e difusos.

1. (FCC/Audtor – TCE-MG/2005) Do ponto de vista histórico, o denominado conceito de Constituição liberal foi expresso pela Carta Magna, de 1215. Comentários: Sobre a Carta Magna de 1215, vimos que foi uma das primeiras formas de limitação do poder Estatal na Inglaterra, daí ser um evento importante de um constitucionalismo incipiente na idade média. Porém

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não podemos dizer que ela seria uma Constituição liberal, pois ela não pregava um liberalismo Estatal face aos cidadãos, já que o poder do rei estava limitado principalmente face aos barões e não ao povo.

O conceito de Constituição Liberal (fase marcada pelo"Estado Liberal") iniciou-se com a Constituição Francesa e a Constituição Americana no final do séc. XVIII. Destaque para a declaração dos direitos do homem, em 1789, base da Revolução Francesa.

Gabarito: Errado.

2. (FCC/Audtor – TCE-MG/2005) O conceito de Constituição liberal foi expresso na Constituição mexicana revolucionária, de 1917 e na Constituição de Weimar em 1919. Comentários: Como vimos, a Constituição mexicana de 1917 e a de Weimar (Alemanha) em 1919 nascem logo após a 1ª Guerra Mundial, tratam-se de um estilo de Constituição que prega não mais os direitos individuais em sentido estrito, mas uma visão mais ampla, do indivíduo em sociedade. Não podemos associá-la, do ponto de vista histórico, ao conceito de “constituição liberal” expresso pela Revolução Francesa. Ela vai além do “Estado liberal”. A Constituição Mexicana de 1917 passa a trazer em seu texto mais do que simples liberdades (direitos de 1ª geração - liberdades individuais - direitos políticos e civis). Ela traz os direitos econômicos, culturais e sociais (direitos de segunda geração - relacionados à igualdade), surgindo então o conceito de “Estado Social”. Desta forma, possui como característica a mudança da concepçào de constituição sintética para uma constituição analítica, capaz de melhor conter os abusos da discricionariedade. Aumenta assim a intervenção do Estado na ordem econômica e social, dizendo-se que a democracia liberal-econômica passa a ser substituída pela democracia social. Gabarito: Errado.

3. (ESAF/AFRFB/2009) O conceito ideal de constituição, o qual surgiu no movimento constitucional do século XIX, considera como um de seus elementos materiais caracterizadores que a constituição não deve ser escrita.

Comentários: Após a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos, surge, então, a constituição moderna que se materializa no chamado conceito ocidental de Constituição ou conceito ideal. Neste conceito, elencamos as seguintes características:

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• Forma escrita;

• Deve organizar o Estado politicamente e prever a separação de funções do Poder Político (tripartição dos Poderes).

• Deve garantir as liberdades individuais, limitando o poder do Estado;

• Deve prever a participação do povo nas decisões políticas.

Desta forma, ela deve sim ser escrita.

Gabarito: Errado.

4. (CESPE/Advogado - Petrobrás/2007) O conceito de constituição moderna corresponde à idéia de uma ordenação sistemática e racional da comunidade política por meio de um documento escrito no qual se declaram as liberdades e os direitos e se fixam os limites do poder político. Esse conceito de constituição é também conhecido como conceito oriental de constituição.

Comentários: Acabamos de ver que, segundo a doutrina, o constitucionalismo moderno legitimou o aparecimento da chamada constituição moderna que é justamente definida como sendo a organização da comunidade política em um documento escrito no qual se asseguram as liberdades e os direitos e se fixam os limites do poder.

Porém, esse é o chamado conceito ocidental de constituição ou conceito ideal de constituição.

Gabarito: Errado.

5. (ESAF/ATA-MF/2009) A limitação do poder estatal foi um dos grandes desideratos do liberalismo, o qual exalta a garantia dos direitos do homem como razão de ser do Estado. Comentários: Vimos que o pensamento liberal remonta o fim do século XVIII, quando tivemos a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos. Segundo os conceitos do liberalismo, o homem é naturalmente livre, então, buscou-se limitar o poder de atuação dos Estados para dotar de maior força a autonomia privada e deixar o Estado apenas como força de harmonização e consecução dos direitos.

Gabarito: Correto.

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6. (ESAF/AFC-CGU/2004) A idéia de uma Constituição escrita, consagrada após o sucesso da Revolução Francesa, tem entre seus antecedentes históricos os pactos, os forais, as cartas de franquia e os contratos de colonização.

Comentários: As Constituições escritas só foram reconhecidas como “Constituições” a partir da Revolução Francesa em 1789 que deu origem a Constituição de 1791 em tal país e da Constituição americana de 1787. Antes disso, diversos documentos e movimentos podem ser apontados como "precursores" deste constitucionalismo moderno. Já falamos sobre eles na parte teórica.

Gabarito: Correto.

7. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) A origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica, especificamente ao povo hebreu, do qual partiram as primeiras manifestações desse movimento constitucional em busca de uma organização política fundada na limitação do poder absoluto.

Comentários: Este tema não é pacífico já que muitos doutrinadores advertem que não existe um constitucionalismo e sim vários constitucionalismos. A resposta escolhida pela banca, porém, foi a de aceitar a tese de que a antiga civilização hebraica já mostrava um constitucionalismo primitivo regulando as relações entre o povo. Era o chamado "constitucionalismo antigo" que existiu na civilização hebraica e, posteriormente, também pode ser verificado na civilização grega.

Gabarito: Correto.

8. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) O neoconstitucionalismo é caracterizado por um conjunto de transformações no Estado e no direito constitucional, entre as quais se destaca a prevalência do positivismo jurídico, com a clara separação entre direito e valores substantivos, como ética, moral e justiça.

Comentários: O neoconstitucionalismo, ou constitucionalismo contemporâneo, se constitui justamente em uma doutrina que tenta transcender ao positivismo, chega-se então ao conceito de pós-positivismo. Para os defensores do neoconstitucionalismo o direito deve ter como foco a Constituição e esta, na verdade, seria um "bloco constitucional" onde os aspectos principiológicos e os valores se tornam tão importantes quanto as regras insculpidas no texto constitucional. Desta forma, erra o

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enunciado ao mencionar as expressões "prevalência do positivismo" e "separação entre direito e valores substantivos".

Gabarito: Errado.

9. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) O neoconstitucionalismo caracteriza-se pela mudança de paradigma, de Estado Legislativo de Direito para Estado Constitucional de Direito, em que a Constituição passa a ocupar o centro de todo o sistema jurídico.

Comentários: O neoconstitucionalismo não é apenas uma nova roupagem para algo antigo, mas sim um novo repensar do direito onde a Constituição deixa de ser uma "carta de intenções" e realmente se torna um "norma jurídica" devendo, assim, ser concretizada. Dessa forma, deixa-se de lado o foco nas leis, para se colocar o foco na Constituição, buscando concretizar o ordenamento jurídico de acordo com o pensamento do legislador constituinte.

Gabarito: Correto.

10. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) A Constituição contém normas fundamentais da ordenação estatal que servem para regular os princípios básicos relativos ao território, à população, ao governo, à finalidade do Estado e suas relações recíprocas.

Comentários: Vimos que no conceito moderno de Constituição, para que uma constituição seja considerada como tal, ela deve prever obrigatoriamente: a forma de organização política do Estado (que são os princípios fundamentais) e a limitação do poder estatal face ao povo.

Gabarito: Correto.

Concepções (sentidos) das Constituições: Esse tema, continua dentro de "Constituição: Conceito". Como se trata de um assunto pouco arraigado na cabeça dos concurseiros, vou fazer o seguinte: vou expor a teoria sobre o tema seguido de questões diretas. Ok?

Vamos lá.

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Ao longo dos anos, muitos juristas, filósofos, entre outros, tentaram definir o que seria uma Constituição, e de que forma esta se relacionaria com a sociedade.

Assim, desenvolveram-se diversos sentidos, ou concepções, do que seria ou do que deveria ser uma Constituição. Basicamente temos 3 principais doutrinas:

• Sentido sociológico Ferdinand Lassale;

• Sentido político Carl Schimitt;

• Sentido Jurídico Hans Kelsen.

Sentido Sociológico: Lassale defendia em seu livro “O que é uma Constituição? (A essência da Constituição)” (1864) que na verdade, a constituição seria um “fato social”, seria um evento determinado pelas forças dominantes da sociedade.

Assim, de nada vale uma constituição escrita se as forças dominantes impedem a sua real aplicação. De nada vale uma norma, ainda que chamada de Constituição, que não tivesse qualquer poder, se tornando o que chamava de uma mera “folha de papel”.

Deste modo, defendia ele que o Estado possuía 2 constituições: A “folha de papel” e a “Constituição Real”, esta era a soma dos fatores reais de poder.

Assim, como a existência da Constituição independe de qualquer documento escrito, mas sim, decorre dos eventos determinantes da sociedade, Lassale dizia que todos os países possuem, possuíram sempre, em todos os momentos da sua história uma constituição real e efetiva.

Sentido Político: Carl Schimitt, em sua obra "O Conceito Político" (1932) era defensor da teoria “decisionista” dizia que a Constituição é fruto de uma “decisão política fundamental” que, grosso modo, significa a decisão base, concreta, que organiza o Estado. Assim, só é constitucional aquilo que organiza o Estado e limita o Poder, o resto são meras "leis constitucionais".

Assim, Schimitt pregava que a Constituição formal, escrita, não era o importante, pois, deve-se atentar ao conteúdo da norma e não à sua forma(conceito material de constituição).

Atualmente este conceito de Carl Schimitt não foi totalmente abandonado, embasando a divisão doutrinária entre normas

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“materialmente constitucionais” (Ou seja, que possuem conteúdo próprio a uma Constituição) das normas apenas “formalmente constitucionais” (Ou seja, que possuem forma de Constituição, porém possuem um conteúdo que não é o conteúdo fundamental que uma Constituição deveria prever).

Sentido Jurídico: Este é o conceito cujo maior defensor foi Hans Kelsen, um dos mais importantes juristas do constitucionalismo moderno e que foi uma grande Influência na Constituição da Áustria de 1920. Kelsen era defensor do positivismo (o que importa é a norma escrita). Segundo seus ensinamentos, a Constituição é "norma pura", "puro dever ser". Isso significa que a Constituição (norma jurídica) tem origem nela própria, ela é criada baseando-se no que "deve ser" e no mundo do "ser". Assim, o surgimento da Constituição não se apóia em qualquer pensamento filosófico, político ou sociológico. Tem-se um norma maior, uma norma pura, fundamental.

Kelsen era contemporâneo e grande rival de Schimitt. Para Hans Kelsen, o que importa para ser Constituição é ter a forma de uma Constituição (conceito formal de constituição). Um texto que se coloque acima das demais normas, que só possa modificar-se por um processo rígido, complexo, e que deverá ser observado por todas as demais dentro de um ordenamento jurídico.

O sentido jurídico proposto por Kelsen traz com ele 2 desdobramentos:

1. Sentido lógico-jurídico: É a Constituição hipotética que foi imaginada na hora de escrever seu texto.

2. Sentido jurídico-positivo: É a norma suprema em si, positiva, que efetivamente se formou e que servirá de base para as demais do ordenamento.

Assim, diz-se que a norma em sentido lógico-jurídico é o fundamento de validade que legitima a feitura da norma jurídico-positiva.

Outro defensor do sentido jurídico da Constituição foi o jurista alemão Konrad Hesse, discípulo de Kelsen. Hesse foi o conhecido pela obra " A Força Normativa da Constituição" (1959), onde resgatou o pensamento de Ferdinand Lassale, e o flexibilizou - disse que o pensamento de Lassale até fazia sentido, porém, havia pecado em ignorar a força que a Constituição possuía de modificar a sociedade. Desta forma, a norma constitucional e a sociedade seriam reciprocamente influenciadas.

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Demais juristas e observações:

J. J. Gomes Canotilho - Sentido dirigente da Constituição: Canotilho dizia que a Constituição deve ser um plano que irá direcionar a atuação do Estado, notadamente através das normas programáticas inseridas no seu texto. A CF/88 brasileira é exemplo de uma Constituição dirigentes, principalmente devido as diversas normas programáticas dos direitos sociais. Assim, a CF/88, além de limitar o poder do Estado, traz normas que direcionam a sua atividade.

Peter Häberle - A sociedade aberta dos interpretes da Constituição:Häberle dizia que as Constituições eram muito fechadas, pois eram interpretadas apenas pelos “intérpretes oficiais” – Os Juízes. Defendia, então, que todos os agentes que participam da realidade da Constituição deveriam participar também da interpretação constitucional.

Quadro Esquemático:

Autor Ferdinand Lassale Carl Schimitt Hans Kelsen Sentido ou concepção de Constituição

Sentido Sociológico

Dica: LaSSaLe - SocioLógico

Sentido político

Dica: SchimiTT - PolíTico

Sentido Jurídico

O que dizia: Obra: A Essência da Constituição - O que é uma Constituição? - 1864.

Constituição é um fato social.

Não adianta tentar colocar uma norma escrita, pois a constituição escrita = mera folha de papel a Constituição é formada pelas "Forças Dominantes

Obra: O conceito político - 1932

A constituição é uma decisão política fundamental - "decisionimo". Por decisão política fundamental entende-se a decisão base, concreta que organiza o Estado. Assim, só é constitucional aquilo que

Influência na Constituição da Áustria - 1920

Contemporâneo e grande rival de Schimitt - defendia o "positivismo". conceito formal de constituição - tudo que está na constituição é capaz de se impor sobre o resto do ordenamento jurídico.

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da Sociedade" = soma dos fatores reais de poder. Asism para Lassale tinhamos 2 constituições = a constituição real e a folha de papel.

organiza o Estado e limita o Poder, o resto são meras "leis constitucionais".

A constituição tem 2 sentidos:

Lógico-jurídico: norma hipotética(imaterial, pensada - como deveria ser) que serve base para o sentido Jurídico-Positivo: Constituição efetiva, escrita, capaz de se impor sobre o resto do ordenamento.

11. (ESAF/PGFN/2007) Carl Schmitt, principal protagonista da corrente doutrinária conhecida como decisionista, advertia que não há Estado sem Constituição, isso porque toda sociedade politicamente organizada contém uma estrutura mínima, por rudimentar que seja; por isso, o legado da Modernidade não é a Constituição real e efetiva, mas as Constituições escritas. Comentários: Realmente, Carl Schmitt era defensor da corrente decisionista, porém, a Constituição escrita não é importante para ele, pois, estava preocupado apenas com o conteúdo das normas - conceito material de constituição.

Gabarito: Errado.

12. (ESAF/PGFN/2007) Para Ferdinand Lassalle, a constituição é dimensionada como decisão global e fundamental proveniente da unidade política, a qual, por isso mesmo, pode constantemente interferir no texto formal, pelo que se torna inconcebível, nesta perspectiva materializante, a idéia de rigidez de todas as regras.

Comentários: Decisão fundamental é a corrente decisionista de Schimitt, não de Lassale. Lassale defendia a constituição como “FATO SOCIAL”, seria um evento determinado pelas forças dominantes da sociedade.

Gabarito: Errado.

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13. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho/2003) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial instaurador do processo de criação das normas positivas, seria a constituição em seu sentido lógico-jurídico.

Comentários: A norma em sentido lógico-jurídico é o fundamento de validade que legitima a feitura da norma jurídico-positiva.

Gabarito: Correto.

14. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho/2003) A concepção de constituição, defendida por Konrad Hesse, não tem pontos em comum com a concepção de constituição defendida por Ferdinand Lassale, uma vez que, para Konrad Hesse, os fatores históricos, políticos e sociais presentes na sociedade não concorrem para a força normativa da constituição.

Comentários: Konrad Hesse, na verdade, flexibilizava Lassale, não o negava. Gabarito: Errado.

15. (CESPE/Analista-STF/2008) Considere a seguinte definição, elaborada por Kelsen e reproduzida, com adaptações, de José Afonso da Silva ( Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Atlas, p. 41... ). A constituição é considerada norma pura. A palavra constituição tem dois sentidos: lógico-jurídico e jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva, que equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau. É correto afirmar que essa definição denota um conceito de constituição no seu sentido jurídico.

Comentários: Perfeito. Tudo o que vimos acima sobre o sentido jurídico defendido por Hans Kelsen.

Gabarito: Correto.

16. (FCC/Defensor Público-SP/2006) Todos os países possuem, possuíram sempre, em todos os momentos da sua história uma constituição real e efetiva. Esse era o pensamento de Carl Schmitt. Sentido político. Comentários:

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A doutrina que defendia isso era o sentido sociológico de Lassale, já que para ele, não importava qualquer documento escrito para que um país possuísse Constituição. A Constituição real e efetiva seria marcada pelo somatório dos fatores reais de poder, ou seja, as forças dominantes, as quais sempre existem e existiram em qualquer sociedade.

Gabarito: Errado.

17. (FCC/Defensor Público-SP/2006) Constituição significa, essencialmente, decisão política fundamental, ou seja, concreta decisão de conjunto sobre o modo e a forma de existência política. Esse era o pensamento de Ferdinand Lassale. Sentido político. Comentários: Essa é a concepção política de Schimitt não de Lassale, que era a sociológica.

Gabarito: Errado.

18. (FCC/Defensor Público-SP/2006) Constituição é a norma fundamental hipotética e lei nacional no seu mais alto grau na forma de documento solene e que somente pode ser alterada observando-se certas prescrições especiais. Esse era o pensamento de Jean Jacques Rousseau. Sentido lógico-jurídico. Comentários: Está correto dizer "sentido lógico-jurídico", mas quem disse isso foi Hans Kelsen. Rousseau era quem previa que o Estado derivaria de um "contrato social", nada tem haver com sentido jurídico de Constituição.

Gabarito: Errado.

19. (FCC/Defensor Público-SP/2006) A verdadeira Constituição de um país somente tem por base os fatores reais do poder que naquele país vigem e as constituições escritas não têm valor nem são duráveis a não ser que exprimam fielmente os fatores do poder que imperam na realidade. Esse era o pensamento de Ferdinand Lassale. Sentido sociológico. Comentários: É o que Lassale dizia. Se a Constituição não exprimisse o pensamento das forças dominantes, ela seria uma mera “Folha de Papel”.

Gabarito: Correto.

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20. (FCC/Defensor Público-SP/2006) Todas as constituições pretendem, implícita ou explicitamente, conformar globalmente o político. Há uma intenção atuante e conformadora do direito constitucional que vincula o legislador. Esse era o pensamento de Jorge Miranda. Sentido dirigente. Comentários: Jorge Miranda é um professor português cujas obras de direito constitucional são de grande relevância. Porém o sentido dirigente é defendido por Canotilho, segundo este autor a Constituição deve ser um plano que irá direcionar a atuação do Estado, notadamente através das normas programáticas inseridas no seu texto.

Gabarito: Errado.

Constituição: Tipos. Este tema se refere às "classsificações" que a doutrina costuma elencar.

Classificação das Constituições: A Constituição pode ser classificada de diversas maneiras. Essas classificações servem para que se possa analisar diversas características da Constituição, como sua estrutura, extensão, formação e até mesmo a forma como ela se relaciona com a realidade da sociedade.

Vamos então analisar cada quesito:

Quanto à origem: Significa a forma pela qual a constituição se originou. Quanto a origem, a Constituição pode ser:

Promulgada (popular, ou democrática) – É aquela legitimada pelo povo. É elaborada por uma assembléia constituinte formada por representates eleitos pelo voto popular. (ex. Brasil de 1891, 1934, 1946 e 1988)

Outorgada (imposta) - É aquela imposta unilateralmente pelos governantes sem manifestação popular. Muitos autores chamam de “Carta” e não de “Constituição”. (ex. Brasil de 1824, 1937, 1967 e a EC 1/69, que pode ser considerada como uma Constituição autônoma)

Cesarista - É uma carta outorgada, porém, é submetida a uma votação popular para que seja ratificada.

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Dica - No Brasil tivemos 8 Constituições - 4 promulgadas e 4 Outorgadas. Foram outorgadas as Constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969 (dica: A primeira é um número par, as demais são ímpares). Por outro lado, foram promulgadas as de 1891, 1934, 1946 e 1988 (dica: A primeira é um número ímpar, as demais são pares).

Quanto à forma: Escrita (ou instrumental) – É formalizada em um texto escrito. (ex. Brasil de 1988)

A forma escrita é uma das caracterísitcas do conceito ideal de Constituição do constitucionalismo moderno e, para o Prof. Canotilho, a constituição escrita tem função de racionalizar, estabilizar, dar segurança jurídica, além de ser instrumento de calculabilidade e publicidade.

Não-escrita – Também chamada de Constumeira (Consuetudinária), não se manifesta em estrutura solene. A matéria constitucional está assentada e reconhecida pela sociedade em seus usos, costumes e etc. (ex. Inglaterra)

Para Alexandre de Moraes, para ser escrita a constituição deve estar codificada em um texto único. Se a constituição for baseada em leis esparsas não pode ser considerada uma Constituição escrita.

Para o Prof. André Ramos Tavares, se a constituição estiver sistematizada em um documento único será chamada de codificada, já se estiver em textos esparsos, será chamada de legal. O Prof. Pinto Ferreira utiliza a mesma lógica de André Ramos Tavares, mas chama a primeira (texto único) de reduzida, enquanto a segunda denomina de variada.

É importante não confundir a nomenclatura "legal" da classificação do Prof. Tavares com outra proposta por Alexandre de Moraes. Para este autor, constituição legal seria aquela que tem o poder de se impor, tem força normativa tal qual as leis.

Assim, se utilizarmos o exemplo da CF/88, ela não seria legal, mas sim codificada sob a ótica do Prof. Tavares, porém, seria um constituição legal se analisada sob este aspecto proposto por Alexandre de Moraes.

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Quanto à extensão: Sintéticas – São concisas, ou seja, aquelas que restringem-se a tratar das matérias essenciais a uma Constituição - organização do Estado e direitos fundamentais. (Ex. EUA) Analíticas – São as extensas, prolixas, que tratam de várias matérias que não são as fundamentais. Elas são a tendência das Constituições atuais, já que se percebeu que o papel do Estado não pode se limitar a garantir as liberdades do povo, mas deve agir ativamente para assegurar os direitos. (Ex. Brasil 1988)

Quanto ao conteúdo: Material – Quando tomamos como constitucional apenas as normas essenciais a uma Constituição.

A Constituição brasileira de 1824 era material, pois possuia em seu art. 178 o seguinte texto: "É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos políticos e individuais dos cidadãos". Ou seja, ela limitou o que seria ou não Constitucional usando como critério o conteúdo, matéria tratada e não a forma.

Formal – independente do conteúdo, se está em um texto rígido supremo, será constitucional. (Ex. Brasil de 1988)

Quanto à elaboração: Dogmática – É aquela elaborada por um órgão Constituinte consolidando o pensamento que uma sociedade possui naquele determinado momento, por isso é necessariamente escrita, pois precisa esclarecer estas situações que ainda não estão “maduras”, solidificadas no pensamento da sociedade. Diz-se que a Constituição dogmática sistematiza as idéias da teoria política e do direito dominante. Histórica – Diferentemente da dogmática, a histórica não é elaborada em um momento específico, ela surge ao longo do tempo. Desta forma, ela não precisa ser escrita pois possui seus fundamentos já solidificados.

Quanto à alterabilidade: Rígida – Quando se sobrepõe a todas as demais normas. Assim, somente um processo legislativo especial e complexo poderá alterar seu texto. É o que ocorre na CF/1988, que prevê um processo muito mais rígido para se elaborar uma Emenda Constitucional do que para elaborar uma simples lei ordinária.

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Flexível – Quando está no mesmo patamar das demais lei, não necessitando nenhum processo especial para alterá-la.

Semi-rígidas ou semi-flexível- Possuem uma parte rígida e outra flexível. a Constituição Brasileira de 1824 era semi-rígida pois trazia em seu art. 178 que: "É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos políticos e individuais dos cidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas legislaturas ordinárias”.

Imutáveis – Não podem ser alteradas.

Super-rígidas – É como o Prof. Alexandre de Moraes classifica a CF/88. Isso ocorre pois na Constituição de 1988 temos as chamadas "cláusulas pétreas", normas que não podem ser abolidas por emendas constitucionais.

Quanto à finalidade: Garantia (ou negativa) – É aquela que se limita a trazer elementos limitativos do poder do Estado.

Dirigente – Possui normas programáticas traçando um plano para o governo.

Balanço - Utilizada para ser aplicada em um determinado estágio político de um país.

Quanto à relação com a realidade (classificação ontológica): Classificação desenvolvida por Karl Loewenstein. Classificam-se as Constituições de acordo com o modo que os agente políticos aplicam a norma.

Constituição normativa – É a Constituição que é efetivamente aplicada, normatiza o exercício do poder e obriga realmente a todos.

Constituição nominal, nominalista ou nominativa – É ignorada na prática.

Constituição semântica – É aquela que serve apenas para justificar a dominação daqueles que exercem o poder político. Ela sequer tenta regular o poder.

Essa classificação de Loewenstein possui nomenclatura semelhante a uma outra classificação trazida pelo Prof. Alexandre de Moraes. Segundo o Prof.:

Constituições nominalistas - Seriam aquelas que em seu texto já possuem direcionamentos para resolver os casos concretos. Basta uma

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aplicação pura e simples das normas através de uma interpretação gramatical-literal.

Constituições semânticas - Seriam aquelas constituições onde, para se resolverem os problemas concretos, precisaria de uma análise de seu conteúdo sociológico, ideológico e metodológico, o que propicia uma maior aplicabilidade "político-normativa-social" de seu texto.

Segundo a classificação de Loewenstein, o Brasil teria uma Constituição normativa. Segundo a classificação trazida pelo Prof. Alexandre de Moraes, ela seria nominalista.

Outras Classificações: O Professor Alexandre de Moraes, ainda traz a classificação das Constituições denominadas Pactuadas ou Dualistas que se referem a um compromisso firmado entre o rei e o Poder Legislativo, pelo qual se sujeita a monarquia ficaria sujeitada aos esquemas constitucionais. Assim a Constituição se sujeitaria a dois princípios: monárquico e democrático.

Classificação da Constituição Brasileira de 1988: Promulgada, escrita, analítica, rígida (ou super-rígida), formal, dogmática, dirigente, normativa (Loewenstein), nominalista (Alexandre de Moraes), codificada (André Ramos Tavares), reduzida (Pinto Ferreira), legal (Alexandre de Moraes).

Quadro-resumo sobre a classificação das Constituições:

Critério de classificação

Tipos Conceito No Brasil (CF/88)

Origem

Outorgada Imposta pelo governante.

CF/88 = Promulgada

No Brasil tivemos 8 Constituições - 4 promulgadas e 4 Outorgadas. Foram outorgadas as Constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969 (dica: A primeira é um número par, as demais

Promulgad a

Legitimada pelo povo através de uma Assembléia Constituinte.

Cesarista

Imposta pelo governante, mas posteriormente levada à aprovação popular (não deixa de ser

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outorgada). são ímpares). Por outro lado, foram promulgadas as de 1891, 1934, 1946 e 1988 (dica: A primeira é um número ímpar, as demais são pares).

Forma

Escrita Documento Escrito (se único = codificada/se vários = legal).

Escrita e Codificada.

Não-Escrita

Consuetudinária (costumeira). O que importa é o conteúdo e não como ele é tratado.

Extensão

Sintética

Dispõe apenas sobre matérias essenciais (organização do Estado e limitação do poder).

Analítica

Analítica

É extensa tratando de vários assuntos, ainda que não sejam essenciais.

Conteúdo

Formal

Independe do conteúdo tratado. Se estiver no corpo da Constituição será um assunto constitucional, já que o importante é tão somente a forma. Formal

Material

O importante é apenas o conteúdo. Não precisa estar formalizado em uma constituição para ser um assunto constitucional.

Elaboração Dogmática

Necessariamente escrita. Reflete a realidade presente na sociedade em um determinado momento.

Dogmática

Histórica Consolidada ao longo do tempo.

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Alterabilidad e ou estabilidade.

Flexível

Pode ser alterada por leis de status ordinário. Prescinde de procedimento especial para ser alterada.

Rígida (ou super-rígida já que possui cláusulas pétreas).

Em 1824 era semi-rígida.

Rígida

Somente pode ser alterada por um procedimento especial, mais dificultoso do que o de elaboração das leis ordinárias.

Semi-rígida ou semi-flexível

Possui uma parte rígida e outra flexível.

Imutável Não podem ser alteradas

Ontológica ou conexão com a realidade

Nominalist a É ignorada.

Normativa Normativa Efetivamente aplicada.

Semântica Criada apenas para justificar o poder de um governante.

Finalidade

Dirigente

Possui normas programáticas traçando um plano para o governo.

Dirigente Garantia

Constituição negativa, sintética. Não traça planos, apenas limita o poder e organiza o Estado.

Balanço

Utilizada para ser aplicada em um determinado estágio político de um país.

21. (CESPE/MMA/2009) Uma Constituição do tipo cesarista se caracteriza, quanto à origem, pela ausência da participação popular na sua formação.

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Comentários: A constituição cesarista é apontada com um "meio termo" entre as constituições outorgadas (impostas) e as promulgadas. Ela é caracterizada por ser uma constituição que é outorgada pelo governante, mas que, posteriormente, a submete ao crivo popular.

Gabarito: Errado.

22. (CESPE/MMA/2009) A CF vigente, quanto à sua alterabilidade, é do tipo semiflexível, dada a possibilidade de serem apresentadas emendas ao seu texto; contudo, com quorum diferenciado em relação à alteração das leis em geral. Comentários: Esse fato faz com que a CF seja uma constituição rígida. A constituição semiflexível é aquela que possui uma parte em que sequer precisa-se de um procedimento especial para ser alterada, bastam simples leis ordinárias.

Gabarito: Errado.

23. (CESPE/MMA/2009) A CF de 1988, quanto à origem, é promulgada, quanto à extensão, é analítica e quanto ao modo de elaboração, é dogmática. Comentários: Vimos que a constituição pode ser quanto a origem: promulgada ou outorgada, será outorgada quando for imposta, o que não é o nosso caso. A CF brasileira é promulgada. Quanto a extensão pode ser analítica ou sintética, esta é aquela que trata somente de assuntos essenciais a uma constituição, não é o nosso caso, temos uma constituição extensa, analítica, até mesmo prolixa.

Gabarito: Correto.

24. (CESPE/TCE-AC/2009) Segundo a classificação da doutrina, a CF é um exemplo de constituição rígida.

Comentários: É uma constituição que só pode ser modificada por um processo especial, mais dificultoso que o de elaboração de leis ordinárias, daí possuir a chamada "rigidez".

Gabarito: Correto.

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25. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) A Carta outorgada em 10 de novembro de 1937 é exemplo de texto constitucional colocado a serviço do detentor do poder,para seu uso pessoal. É a máscara do poder. É uma Constituição que perde normatividade, salvo nas passagens em que confere atribuições ao titular do poder. Numerosos preceitos da Carta de 1937 permaneceram no domínio do puro nominalismo, sem qualquer aplicação e efetividade no mundo das normas jurídicas - Raul Machado Horta. Direito constitucional. 2.a ed. Belo Horizonte: Del Rey, 1999, p. 54-5 (com adaptações). Considerando a classificação ontológica das constituições,a Constituição de 1937, conforme a descrição anterior pode ser classificada como constituição outorgada. Comentários: Vimos que Karl Loewenstein, desenvolveu o chamado conceito ontológico de constituição. Para ele, as Constituições se classificariam em: normativas, nominalistas ou semânticas. Desta forma, está Errada a questão, já que o conceito referido seria o de Constituição "semântica". Veja que ela era uma constituição outorgada, mas não se pediu na questão a classificação quanto à origem e sim a classificação ontológica.

Gabarito: Errado.

26. (CESPE/Procurador-BACEN/2009) De acordo com a doutrina, constituição semântica é aquela cuja interpretação depende do exame de seu conteúdo significativo, sob o ponto de vista sociológico, ideológico e metodológico, de forma a viabilizar maior aplicabilidade político-normativo-social de seu texto.

Comentários: A questão é maldosa já que o termo "constituição semântica" pode ser enxergado de dois diferentes prismas:

1º - Segundo a classificação ontológica de Karl Loewenstein, constituição semântica seria aquela que não se preocupa em limitar o poder dos governantes, pelo contrário, trata-se de uma verdadeira carta elaborada somente para legitimar os seus autoritarismos.

2º - O segundo enfoque, que foi o cobrado pela questão, seria colocar a constituição semântica como aquela cuja interpretação "depende da valoração de seu conteúdo significativo, sociológico, visando uma maior aplicabilidade político-normativa-social do seu texto". Tal modo, iria contrariamente ao conceito de constituição nominalista, esta, por sua vez seria a constituição que já traria normas para direcionar o aplicador ao se deparar com o caso concreto, assim, a bastaria a

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aplicação pura e simples das normas constitucionais, através de uma interpretação gramatical-literal para que o problema fosse resolvido.

Gabarito: Correto.

27. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) Quanto ao modo de elaboração, a constituição dogmática decorre do lento processo de absorção de ideias, da contínua síntese da história e das tradições de determinado povo.

Comentários: A constituição dogmática é marcada justamente por expor em um papel aquela idéia presente em um determinado momento da sociedade. Deve ser necessariamente escrita, pois, diferentemente das constituições histórica, seus dogmas ainda não estão solidamente arraigados na sociedade, pois não foram formados lentamente através de uma evolução histórica.

Gabarito: Errado.

28. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) Na acepção formal, terá natureza constitucional a norma que tenha sido introduzida na lei maior por meio de procedimento mais dificultoso do que o estabelecido para as normas infraconstitucionais, desde que seu conteúdo se refira a regras estruturais do Estado e seus fundamentos.

Comentários: Quando o enunciado fala a palavra "conteúdo" já está fora do conceito de constituição formal, pois nesta classificação é totalmente irrelevante a matéria tratada pela norma, importando tão somente a formalidade das normas.

Gabarito: Errado.

29. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) Considerando o conteúdo ideológico das constituições, a vigente Constituição brasileira é classificada como liberal ou negativa.

Comentários: Constituição negativa, ou liberal, ou ainda constituição garantia, é aquela que se limita tão somente a garantir as liberdades do povo face ao Estado. Trata-se das primeiras constituições formais do séc. XVIII. Com o passar dos anos, percebeu-se que não poderia a constituição se limitar a ser negativa, devendo então agir positivamente, para que o povo pudesse ter acesso a outros direitos, como os direitos sociais,

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econômicos, culturais e os direitos da coletividade. Desta forma, a Constituição atual é uma constituição dirigente.

Gabarito: Errado.

30. (CESPE/Juiz Federal Substituto – TRF 5ª/2009) Constituição rígida é aquela que não pode ser alterada.

Comentários: Esta seria uma constituição imutável. A constituição rígida pode ser alterada, só que de uma maneira mais complexa.

Gabarito: Errado.

31. (CESPE/PGE-AL/2008) "Art. 242 § 2.º – O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal". A normas contida no dispositivo transcrito pode ser caracterizada como materialmente constitucionais, porquanto traduz a forma como o direito social à educação será implementado no Brasil.

Comentários: Errado. Este é um exemplo clássico de norma meramente formal, sem nenhum conteúdo que seria indispensável a uma Constituição, já que nem é responsável por organizar o poder, nem limitar a atuação do Estado. É simplesmente um retrato da prolixidade da Constituição brasileira de 1988

Gabarito: Errado.

32. (CESPE/PGE-AL/2008) "Art. 242 § 2.º – O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal". O dispositivo constitucional em destaque demonstra que a CF pode ser classificada, quanto à extensão, como prolixa. Diante disso, é correto concluir que, no Brasil, há uma maior estabilidade do arcabouço constitucional que em países como os Estados Unidos da América.

Comentários: Realmente o dispositivo caracteriza a Constituição como prolixa, porém, neste tipo de Constituição ocorre uma menor estabilidade, já que a norma está constantemente sendo alterada. Em constituições sintéticas como a dos EUA, existem poucas coisas para se modificar, desta forma, ela consegue se manter inalterada por muito mais tempo.

Gabarito: Errado.

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33. (CESPE/Juiz Substituto – TJ-PI/2007) No âmbito brasileiro, a Constituição Imperial de 1824 pode ser classificada como flexível, com base no que prescrevia seu art. 178: "É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos políticos e individuais dos cidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas legislaturas ordinárias."

Comentários: Realmente a Constituição Brasileira de 1824 possuia em seu art. 178, o texto: "É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos políticos e individuais dos cidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas legislaturas ordinárias”. Porém este fato, faz com que a Constituição se torne “semi-rígida”, ou seja, possui uma parte flexível e outra parte rígida, e não como flexível.

Gabarito: Errado.

34. (FCC/Analista - TRE-MG/2005) Tendo em vista a classificação das constituições, pode-se dizer que a Constituição da República Federativa do Brasil vigente é considerada escrita e legal, assim como super-rígida, popular, histórica, sintética e semântica.

Comentários: O erro da questão é dizer que a Constituição vigente é histórica, sintética e semântica. Já que ela é dogmática, analítica e nominalista, respectivamente. Importante salientar que é uma peculiaridade da FCC considerar como correta a classificação da CF/88 como legal. A banca que se baseia na doutrina do autor Alexandre de Moraes. Para este autor, a CF seria legal, pois "vale como lei", diferentemente da doutrina de André Ramos Tavares, onde a Constituição legal seria aquela formada por textos esparsos (para Tavares, a CF/88 é codificada e não legal).

Outra peculiaridade é a adoção pela banca da classificação "nominalista". Esta classificação também é trazida pelo autor Alexandre de Moraes e difere daquela classificação ontológica de Karl Loewenstein. Na Classificação ontológica a CF/88 seria normativa e não nominalista, já que ela normatiza a sociedade e, ao menos, tenta não ser ignorada por ela. Na classificação de Alexandre de Moraes, ela seria nominalista pois já traz em seu texto regras para resolução de problemas concretos. Gabarito: Errado.

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35. (FCC/Analista-MPE-SE/2009) A Constituição brasileira de 1824 previa, em seus artigos 174 e 178: "Art. 174. Se passados quatro anos, depois de jurada a Constituição do Brasil, se conhecer, que algum dos seus artigos merece reforma, se fará a proposição por escrito, a qual deve ter origem na Câmara dos Deputados, e ser apoiada pela terça parte deles." "Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos Poderes Políticos e aos Direitos Políticos e individuais dos Cidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias." Depreende-se dos dispositivos acima transcritos que a Constituição brasileira do Império era do tipo semirrígida, quanto à alterabilidade de suas normas, diferentemente da Constituição vigente, que, sob esse aspecto, é rígida.

Comentários: Quando a CF de 1824 dispôs: "É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos Poderes Políticos e aos Direitos Políticos e individuais dos Cidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias". Ela estava dizendo que uma parte da constituição seria rígida (parte constitucional) e outra parte da constituição seria flexível (parte não-constitucional), e desta forma, formou-se a chamada constituição semi-rígida ou semiflexível. Atualmente, a CF/88 é do tipo rígida, já que todas as suas normas, para serem alteradas, precisam de um procedimento especial.

Gabarito: Correto.

36. (FCC/TCE-MG/2007) As constituições sintéticas se formam do produto sempre escrito e flexível, sistematizado por um órgão governamental, a partir de idéias da teoria política e do direito dominante.

Comentários: Não há qualquer correlação entre os termos. A Constituição sintética é aquela que trata apenas de assuntos estritamente relacionados com o conteúdo essencial a uma constituição. O texto refere-se ao que podemos classificar como uma Constituição dogmática.

Gabarito: Errado.

37. (FCC/TCE-MG/2007) As constituições dogmáticas são frutos da lenta e contínua síntese das tradições e usos de um determinado povo, podendo apresentar-se de forma escrita ou não-escrita. Comentários:

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Esse é o conceito de Constiuição histórica.

Gabarito: Errado.

38. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) São classificadas como dogmáticas, escritas e outorgadas as constituições que se originam de um órgão constituinte composto por representantes do povo eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer, das quais são exemplos as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. Comentários: Lembram da Dica do Vampiro ?

No Brasil tivemos 8 Constituições - 4 promulgadas e 4 Outorgadas. Foram outorgadas as Constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969 (dica: A primeira é um número par, as demais são ímpares). Por outro lado, foram promulgadas as de 1891, 1934, 1946 e 1988 (dica: A primeira é um número ímpar, as demais são pares).

Desta forma, basta gravar 2 constituições:

1824 - Constituição do Império - (império=outorga).

1891 - 1ª Constituição republicana - (república=promulgação)

Todas as impares que se seguem à do império são também outorgadas.

Todas as pares que se seguem à da república são também promulgadas

Assim, a resposta está incorreta, já que as Constituições do enunciado são promulgadas.

39. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição escrita, também denominada de constituição instrumental, aponta efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e publicidade.

Comentários: As constituições escritas podem realmente ser chamadas de instrumentais. E nas palavras do mestre Canotilho, apresentam efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e publicidade. Já que é o fato de estar escrita, facilita a sua permanência e a publicidade de seu conteúdo.

Gabarito: Correto.

40. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição sintética, que é constituição negativa, caracteriza-se por ser construtora apenas de liberdade-negativa ou liberdade-impedimento, oposta à autoridade.

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Comentários: A Constituição sintética se limita a organizar o poder e resguardar as liberdades. Daí ser uma constituição negativa, pois não age positivamente como instrumento direcionador do Estado.

Gabarito: Correto.

A ênfase maior do estudo, deve ser dada até este aqui. Porém, acho importante também que façamos alguns apontamentos sobre a estrutura da Constituição e normas constitucionais, pois o edital é muito genérico.

Estrutura e elementos da Constituição: A CF/88 possui 2 partes:

1- Parte Permanente: Formada pelo Preâmbulo + Parte Dogmática (250 artigos) dividida em 9 títulos:

Título I: Princípios Fundamentais

Título II: Dos Direitos e Garantias Fundamentais

Título III: Da Organização do Estado

Título IV: Da Organização dos Poderes

Título V: Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas

Título V: Da Tributação e do Orçamento

Título VII: Da Ordem Econômica e Financeira

Título VIII: Da Ordem Social

Título IX: Das Disposições Constitucionais Gerais;

2- Parte Transitória: ADCT (até a EC 64/10 possui 97 artigos)

A Constituição pode segundo José Affonso da Silva ser dividida em elementos. Baseado nas suas definições temos os seguintes elementos na Constituição:

1- Orgânicos: Normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Organizam a estruturação do Estado. Ex. Título III – Da Organização do Estado; Título IV – Da organização do poderes e do Sistema de Governo; Forças Armadas; Segurança pública; Tributação, Orçamento;

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2- Limitativos: Limitam a atuação do poder do Estado, como os direitos e gatantias fundamentais (exceto os direitos sociais = eles são sócio-ideológicos); 3- Sócio-ideológicos: Tratam do compromisso entre o Estado individualista, que protege a autonomia das vontades, com o Estado Social, onde as pessoas fazem parte de uma coletividade a ser respeitada como um todo. Ex. Direitos Sociais, Título VII – Da ordem econômica e financeira; Título VIII – Da Ordem Social;

4-De Estabilização Constitucional: São os elementos que tratam da solução de conflitos constitucionais, defesa do Estado, Constituição e instituições democrátitcas como o Controle de Constitucionalidade, os procedimentos de reforma, o estado de sítio, estado de defesa e a intervenção federal;

5- Formais de aplicabilidade: Regras de aplicação da Constituição, como o ADCT e normas como o art. 5º §1º - “As normas definidoras dos Direitos e Garantias Fundamentais têm aplicação imediata”.

41. (FCC/TCE-MG/2007) As normas constitucionais relativas aos direitos e garantias individuais, inseridas no título relativo aos direitos e garantias fundamentais, contêm elementos da Constituição ditos:

a) sócio-ideológicos, por revelar o compromisso da Constituição entre o Estado individualista e o Estado social.

b) orgânicos, por regularem a estrutura do Estado e do poder.

c) limitativos, por limitarem a atuação do Estado, dando ênfase à sua configuração como Estado de Direito.

d) de estabilização constitucional, na medida em que asseguram a defesa da Constituição e das instituições democráticas.

e) formais de aplicabilidade, diante da aplicação imediata das normas definidoras de direitos dessa espécie.

Comentários: Pela teoria que expusemos acima. Depreende-se claramente que a resposta correta a ser assinalada seria a letra C. Já os direitos e garantias fundamentais têm o objetivo justamente de limitar o poder do Estado face ao povo.

Gabarito: Letra C.

42. (CESPE/Polícia Civil–TO/2008) Os elementos orgânicos que compõem a Constituição dizem respeito às normas que regulam a estrutura do Estado e do poder, fixando o sistema de competência dos órgãos, instituições e autoridades públicas.

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Comentários: Perfeita definição.

Gabarito: Correto.

43. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) Segundo a doutrina, os elementos orgânicos da constituição são aqueles que limitam a ação dos poderes estatais, estabelecem as balizas do estado de direito e consubstanciam o rol dos direitos fundamentais. Comentários: Esses são os limitativos e não os orgânicos.

Gabarito: Errado.

44. (FGV/SEFAZ-RJ/2008.2) São elementos orgânicos da Constituição a estruturação do Estado e os direitos fundamentais. Comentários: Errado. estruturação do Estado é, mas dieitos. fundamentais são limitativos.

Gabarito: Errado.

45. (FGV/SEFAZ-RJ/2008.2) São elementos orgânicos da Constituição a divisão dos poderes e o sistema de governo. Comentários: Perfeito. Oganizam o Estado.

Gabarito: Correto.

46. (FGV/SEFAZ-RJ/2008.2) São elementos limitativos da Constituição a tributação, orçamento e direitos sociais. Comentários: Tributação é orgânico e direitos sociais são elementeos sócio-ideológicos.

Gabarito: Errado.

47. (FGV/SEFAZ-RJ/2008.2) São elementos formais de aplicabilidade da Constituição as forças armadas e a nacionalidade.

Comentários:

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Forças Armadas é orgânico e nacionalidade é sócio-ideológico.

Gabarito: Errado.

48. (FGV/SEFAZ-RJ/2008.2) São elementos limitativos da Constituição a segurança pública e a intervenção. Comentários: Segurança pública é orgânico e Intervenção é elemento de estabilização constitucional.

Gabarito: Errado.

Normas Constitucionais: Primeiramente, lembramos que pelo fato de o Brasil adotar a conceito de Constituição formal, todas as normas estão em um mesmo patamar jurídico, não havendo supremacia entre normas constitucionais, sejam elas da parte dogmática, ADCT, originárias ou derivadas.

Todas as normas constitucionais (exceto o preâmbulo, segundo a jurisprudência do STF) possuem eficácia jurídica, pois mesmo que não consigam alcançar seu destinatário, conseguem, ao menos, impor a sua observância às demais de hierarquia inferior, sendo capaz de as tornarem inconstitucionais caso a contrariem, dizendo-se assim que possuem caráter vinculante imediato.

Normas Materiais X Normas Formais: Materiais vem de matéria, conteúdo. Formais vem de forma, estrutura, roupagem.

Normas materiais são aquelas que tratam de assuntos, conteúdos, essenciais a uma Constituição moderna: organização do Estado e limitação dos seus poderes face ao povo (não é pacífico a exatidão do que é e o que não é materialmente constitucional).

Normas fomais são todas aquelas que foram alçadas a um status constitucional, independentemente do conteúdo tratado.

No Brasil, todas as normas da Constituição são formais, independente de seu conteúdo.

Importante é destacar que a classificação entre normas materialmente constitucionais e normas formalmente constitucionais não são excludentes. Assim, uma norma pode ser ao mesmo tempo materialmente e formalmente constitucional. Na Constituição Brasileira, por exemplo, é presente este fato. Assim temos:

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• Normas formalmente e materialmente constitucionais - São as normas da Constituição que, além de formais, tratam de assuntos essenciais a uma Constituição.

• Normas apenas formalmente constitucionais - São as normas da Constituição que não tratam de assuntos essenciais a uma Constituição, porém, não deixam de ser formais já que possuem a roupagem de Constituição, apenas não são materiais.

Eficácia e aplicabilidade das normas:

Doutrina clássica x Normas Programáticas: A doutrina clássica dividia as normas em auto-aplicáveis (auto-executáveis) e não auto-aplicáveis (não auto-executáveis), estas, diferentemente das primeiras exigiam a complementação do legislador para produzirem efeitos.

Essa classificação não é aceita no Brasil, pois o entendimento é que todas as normas são auto-aplicáveis.

Porém algumas bancas, notadamente a ESAF, costumam cobrar o conceito de auto-aplicáveis e não auto-aplicáveis em associação às normas programáticas. As normas programáticas são aquelas que definem planos de ação para o Estado, como combater a pobreza, a marginalização e os direitos sociais do art. 6º. As normas programáticas possuem o que se chama de eficácia diferida, ou seja, sua aplicação se dará ao longo do tempo, a medida em que forem sendo concretizadas. Assim, são normas "não auto-aplicáveis". Lembrando que, geralmente, as normas programáticas dependem muito mais do que uma simples regulamentação legislativa para serem concretizadas, elas dependem também de uma ação administrativa para tal.

Eficácia e aplicabilidade segundo a José Affonso da Silva: Essa é a doutrina majoritária, a mais cobrada em concursos. Divide em 3 tipos as normas:

Eficácia Plena – Não necessitam nenhuma ação do legislador para que possa alcançar o destinatário, por isso são de aplicação direta e imediata.

Ex.: Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. (art.5º, II)

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Eficácia Contida - É aquela norma que, embora não precise de qualquer regulamentação para ser alcançada por seus receptores, poderá ver o seu alcance limitado pela superveniência de uma lei infraconstitucional. Enquanto não editada essa lei, a norma permanece no mundo jurídico com sua eficácia de forma plena. Assim ela também possui sua aplicação imediata e direta, porém pode ser restringida pelo legislador infraconstitucional.

Ex.: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendida às qualificações profissionais que a lei estabelecer (CF, art. 5º, XIII. Ou seja, As pessoas podem exercer de forma plena qualquer trabalho, ofício ou profissão, salvo se vier uma norma estabelecendo certos requisitos para conter essa plena liberdade.

Observação: Em regra, as normas de eficácia contida são passíveis de restrição por leis infraconstitucionais, porém, também se manifestam como normas de eficácia contida as normas onde a própria constituição estabelece casos de relativização. Exemplo disto é o direito de reunião que pode ser restringido no caso de Estado de Sítio ou Defesa. Ou ainda, o direito de propriedade, que é relativizado pela norma da desapropriação e pela necessidade do cumprimento da função social.

A doutrina ainda considera que certos preceitos ético-jurídicos como a moral, os bons costumes e etc. também podem ser usados para conter as normas.

Eficácia Limitada - É a norma que, caso não haja regulamentação por meio de lei, não é capaz de gerar nenhum efeito concreto, assim dizemos que tem aplicação indireta ou mediata, pois há a necessidade da existência de uma lei para “mediar” a sua aplicação. Como vimos, é errado dizer que não possui força jurídica, pois manifesta a intenção dos legisladores e é capaz de tornar normas posteriores inconstitucionais. Assim, sua aplicação é mediata, mas sua eficácia jurídica (ou seja, seu caráter vinculante) é imediata. Ex.: O estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor (art. 5º, XXXII). Se a lei não estabelecesse o Código de Defesa do Consumidor, não se poderia aplicar essa norma por si só.

Observação: José Affonso da Silva divide as normas de eficácia limitada em dois grupos:

a) Normas de princípio programático - Que como vimos, são as que direcionam a atuação do Estado instituindo programas de governo.

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b) Normas de princípio institutivo - São as normas que trazem apenas um direcionamento geral, e ordenam o legislador a organizar ou instituir órgãos, instituições ou regulamentos, observando os direcionamentos trazidos.

Eficácia e aplicabilidade segundo a Maria Helena Diniz: A classificação das normas, segundo esta autora, muda pouco comparado a José Affonso da Silva. Maria Helena Diniz aborda mais um tipo em sua classificação, e segundo ela teriamos a seguinte classificação:

Eficácia absoluta ou supereficazes: seriam as clásulas pétras, ou seja, as normas que não podem ser abolidas por emendas constitucionais;

Eficácia plena = Eficácia plena de J.A. Silva

Eficácia relativa restringível = Eficácia contida de J.A. Silva

Eficácia relativa complementável = Eficácia limitada de J.A. Silva

Normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais: Art. 5º § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Isso não quer dizer que sejam todas de eficácia plena, como já foi cobrado em concurso. É apenas um apelo para que se busque efetivamente aplicá-las e assim não sejam frustrados os anseios da sociedade.

Lembramos ainda que tanto as plenas como também as contidas possuem aplicação imediata.

49. (FCC/Técnico- TRT 15ª/2009) Os chamados "remédios constitucionais" previstos no art. 5º, da C.F., constituem-se como normas de eficácia limitada, pois exigem normatividade processual que lhes desenvolva a aplicabilidade. Comentários: Em que pese doutrina em contrário, segundo a jurisprudência do STF, os remédios constitucionais possuem aplicabilidade imediata, podendo ser invocados independentemente de estarem regulamentados ou não por diploma infraconstitucional. Gabarito: Errado.

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50. (FCC/EPP-SP/2009) É correto afirmar, em face da Constituição brasileira de 1988, que nela existem algumas normas que são apenas formalmente constitucionais.

Comentários: Todas as normas da CF/88 são formalmente constitucionais. A doutrina, porém, divide estas normas em dois grupos:

• Normas formalmente e materialmente constitucionais - São as normas da Constituição que, além de formais, tratam de assuntos essenciais a uma Constituição.

• Normas apenas formalmente constitucionais - São as normas da Constituição que não tratam de assuntos essenciais a uma Constituição, porém, não deixam de ser formais, apenas não são materiais.

Gabarito: Correto.

51. (FCC/Técnico Superior - PGE-RJ/2009) A norma do artigo 218, caput, da Constituição, segundo a qual "o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas", deve ser classificada como de eficácia plena e aplicabilidade imediata. Comentários: É uma norma programática, de eficácia limitada.

Gabarito: Errado.

52. (FCC/Promotor-MPE-CE/2009) As normas constitucionais de aplicabilidade imediata e de eficácia contida são plenamente eficazes até a superveniência de lei regulamentar.

Comentários: Elas são aplicáveis de forma imediata, porém, diferentemente do que ocorre com as normas de eficácia plena, poderá uma norma infraconstitucional posterior restringir os seus efeitos, contendo o seu alcance.

Gabarito: Correto.

53. (CESPE/Advogado - IBRAM-DF/2009) O preâmbulo, por estar na parte introdutória do texto constitucional e, portanto, possuir relevância

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jurídica, pode ser paradigma comparativo para a declaração de inconstitucionalidade de determinada norma infraconstitucional.

Comentários: O STF já decidiu pela ausência de força jurídica do preâmbulo da Constituição. Assim, ele não pode ser usado para tornar normas infraconstitucionais inconstitucionais. Embora despido de força jurídica, o preâmbulo pode servir de base para fins de interpretação constitucional.

Gabarito: Errado.

54. (CESPE/TRE-MA/2009) O preceito constitucional que assegura a liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais estabelecidas em lei, constitui norma de eficácia limitada.

Comentários: Trata-se de norma de eficácia contida, já que tão logo a Constituição entrou em vigor já foi assegurada tal liberdade, podendo, no entanto, uma norma infraconstitucional superveniente, conter o alcance desta garantia.

Gabarito: Errado.

55. (CESPE/DPE-ES/2009) Normas constitucionais supereficazes ou com eficácia absoluta são aquelas que contêm todos os elementos imprescindíveis para a produção imediata dos efeitos previstos; elas não requerem normatização subconstitucional subsequente, embora sejam suscetíveis a emendas.

Comentários: Esta classificação é oriunda da prof. Maria Helena Diniz, que assim define as normas que estão gravadas como "cláusulas pétreas", não podendo assim serem abolidas por emendas constitucionais. A questão é doutrinária, porém, a jurisprudência admite emenda às cláusulas pétreas, desde que seja para fortalecê-las e não para aboli-las.

Gabarito: Errado.

56. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) As normas constitucionais que alteram a competência de tribunais possuem, de acordo com o entendimento do STF, eficácia imediata, devendo ser aplicado, de pronto, o dispositivo que promova a alteração. Comentários:

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É pacífico no STF o entendimento no sentido de que as normas constitucionais que alteram competência de Tribunais possuem eficácia imediata, devendo ser aplicado, de pronto, o dispositivo que promova esta alteração. Assim, quando a EC 45/04, por exemplo, retirou do STF a competência para conceder o exequatur às cartas rogatórias, e a transferiu ao STJ, este dispositivo deveria ser aplicado tão logo entrasse em vigor a referida emenda. Assumiria assim o STJ a competência para o feito, inclusive sobre aquelas que já estariam sendo julgadas no STF que ficariam prejudicadas por incompetência superveniente, se tornando insubsistentes os votos já proferidos.

Gabarito: Correto.

57. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) Consoante entendimento do STF, a norma constitucional segundo a qual não há prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel, não é de eficácia restringível. Comentários: Nas palavras do Supremo, "a norma que se extrai do inciso LXVII do artigo 5º da Constituição Federal é de eficácia restringível. Pelo que as duas exceções nela contidas podem ser aportadas por lei, quebrantando, assim, a força protetora da proibição, como regra geral, da prisão civil por dívida". Desta forma, temos a regra: Não cabe prisão civil por dívida. Essa proibição pode ser relativizada por lei: caso de inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel. Se a lei prever a prisão nestes casos, estará restringindo a proibição da norma.

Em Dezembro de 2009, o STF julgou que não ser cabível a prisão do depositário infiel, pois reconheceu o pacto de San Jose da Costa Rica (assinado pelo Brasil) com status supralegal, e neste pacto proibia-se a prisão por dívida. Desta forma, tornaram-se inaplicáveis as leis que permitiam a prisão do depositário infiel. Por terem se tornado inaplicáveis, elas não possuem mais força para conter a norma constitucional neste ponto.

Gabarito: Errado.

58. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) As normas constitucionais de eficácia limitada têm por fundamento o fato de que sua abrangência pode ser reduzida por norma infraconstitucional, restringindo sua eficácia e aplicabilidade. Comentários:

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Essa é a definição de eficácia contida. As normas de eficácia limitada sequer conseguem ser aplicáveis caso não exista lei para mediar os seus efeitos.

Gabarito: Errado.

59. (CESPE/TRT-17ª/2009) A disposição constitucional que prevê o direito dos empregados à participação nos lucros ou resultados da empresa constitui norma de eficácia limitada. Comentários: A Constituição assegura em seu art. 7º, XI, a participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. Se não tivermos uma lei disciplinando como serão estas participações, elas não poderão ser aplicáveis. Assim, está correto dizer que trata-se de norma de eficácia limitada.

Gabarito: Correto.

Utilize o texto abaixo para as próximas 3 questões: "A CF traz no seu artigo 5.º, entre outros, os seguintes incisos: XIII — é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; XXX — é garantido o direito de herança; LXXVI — são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito".

60. (CESPE/TJAA-STF/2008) A norma prevista no inciso XIII é de eficácia contida, pois o direito ao exercício de trabalho, ofício ou profissão é pleno até que a lei estabeleça restrições a tal direito.

Comentários: Perfeita definição do conceito. Enquanto não tivermos lei que faça a contenção da norma, é pleno o exercício das profissões.

Gabarito: Correto.

Gabarito: Errado.

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61. (CESPE/TJAA-STF/2008) O inciso XXX, que prevê o direito de herança, é uma norma de eficácia limitada.

Comentários: Trata-se de uma garantia constitucional inscrita como norma de eficácia plena, pois ainda que não tenha lei regulamentadora, é garantido que os descendentes recebam por herança aquilo que foi deixado pelos antecedentes.

Gabarito: Errado.

62. (CESPE/TJAA-STF/2008) O inciso LXXVI e suas alíneas configuram normas programáticas, pois dizem respeito a um programa de governo relativo à implementação da gratuidade de certidões necessárias ao exercício de cidadania. Comentários: As normas programáticas são aquelas que direcionam o Estado a agir em um determinado sentido, como buscar a dignidade da pessoa humana, garantir o direito à saúde e etc.

Gabarito: Errado.

63. (CESPE/Advogado-BRB/2010) No tocante à aplicabilidade, de acordo com a tradicional classificação das normas constitucionais, são de eficácia limitada aquelas em que o legislador constituinte regula suficientemente os interesses concernentes a determinada matéria, mas deixa margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos em que a lei estabelecer ou na forma dos conceitos gerais nela previstos.

Comentários: Essa é a definição de eficácia contida. As normas de eficácia limitada sequer conseguem ser aplicáveis caso não exista lei para mediar os seus efeitos. Já as contidas possuem aplicabilidade imediata, porém podem futuramente serem restringidas pelo legislador.

Gabarito: Errado.

Pessoal, essa aula foi leve. Só para esquentar os motores. Nas próximas pegaremos mais pesado! Ânimo pois a vitória está próxima. Qualquer dúvida me procure pelo Fórum.

Grande abraço a todos e bons estudos.

Vítor Cruz

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"Confia no Senhor as tuas obras, e os teus planos serão estabelecidos". Pv. 16:3

Lista das questões comentadas na aula:

1. (FCC/Audtor – TCE-MG/2005) Do ponto de vista histórico, o denominado conceito de Constituição liberal foi expresso pela Carta Magna, de 1215. 2. (FCC/Audtor – TCE-MG/2005) O conceito de Constituição liberal foi expresso na Constituição mexicana revolucionária, de 1917 e na Constituição de Weimar em 1919. 3. (ESAF/AFRFB/2009) O conceito ideal de constituição, o qual surgiu no movimento constitucional do século XIX, considera como um de seus elementos materiais caracterizadores que a constituição não deve ser escrita.

4. (CESPE/Advogado - Petrobrás/2007) O conceito de constituição moderna corresponde à idéia de uma ordenação sistemática e racional da comunidade política por meio de um documento escrito no qual se declaram as liberdades e os direitos e se fixam os limites do poder político. Esse conceito de constituição é também conhecido como conceito oriental de constituição.

5. (ESAF/ATA-MF/2009) A limitação do poder estatal foi um dos grandes desideratos do liberalismo, o qual exalta a garantia dos direitos do homem como razão de ser do Estado. 6. (ESAF/AFC-CGU/2004) A idéia de uma Constituição escrita, consagrada após o sucesso da Revolução Francesa, tem entre seus antecedentes históricos os pactos, os forais, as cartas de franquia e os contratos de colonização.

7. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) A origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica, especificamente ao povo hebreu, do qual partiram as primeiras manifestações desse movimento constitucional em busca de uma organização política fundada na limitação do poder absoluto.

8. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) O neoconstitucionalismo é caracterizado por um conjunto de transformações no Estado e no direito constitucional, entre as quais se destaca a prevalência do

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positivismo jurídico, com a clara separação entre direito e valores substantivos, como ética, moral e justiça.

9. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) O neoconstitucionalismo caracteriza-se pela mudança de paradigma, de Estado Legislativo de Direito para Estado Constitucional de Direito, em que a Constituição passa a ocupar o centro de todo o sistema jurídico.

10. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) A Constituição contém normas fundamentais da ordenação estatal que servem para regular os princípios básicos relativos ao território, à população, ao governo, à finalidade do Estado e suas relações recíprocas.

11. (ESAF/PGFN/2007) Carl Schmitt, principal protagonista da corrente doutrinária conhecida como decisionista, advertia que não há Estado sem Constituição, isso porque toda sociedade politicamente organizada contém uma estrutura mínima, por rudimentar que seja; por isso, o legado da Modernidade não é a Constituição real e efetiva, mas as Constituições escritas. 12. (ESAF/PGFN/2007) Para Ferdinand Lassalle, a constituição é dimensionada como decisão global e fundamental proveniente da unidade política, a qual, por isso mesmo, pode constantemente interferir no texto formal, pelo que se torna inconcebível, nesta perspectiva materializante, a idéia de rigidez de todas as regras.

13. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho/2003) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial instaurador do processo de criação das normas positivas, seria a constituição em seu sentido lógico-jurídico.

14. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho/2003) A concepção de constituição, defendida por Konrad Hesse, não tem pontos em comum com a concepção de constituição defendida por Ferdinand Lassale, uma vez que, para Konrad Hesse, os fatores históricos, políticos e sociais presentes na sociedade não concorrem para a força normativa da constituição.

15. (CESPE/Analista-STF/2008) Considere a seguinte definição, elaborada por Kelsen e reproduzida, com adaptações, de José Afonso da Silva ( Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Atlas, p. 41... ). A constituição é considerada norma pura. A palavra constituição tem dois sentidos: lógico-jurídico e jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva, que equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau. É correto afirmar que essa definição denota um conceito de constituição no seu sentido jurídico.

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16. (FCC/Defensor Público-SP/2006) Todos os países possuem, possuíram sempre, em todos os momentos da sua história uma constituição real e efetiva. Esse era o pensamento de Carl Schmitt. Sentido político. 17. (FCC/Defensor Público-SP/2006) Constituição significa, essencialmente, decisão política fundamental, ou seja, concreta decisão de conjunto sobre o modo e a forma de existência política. Esse era o pensamento de Ferdinand Lassale. Sentido político. 18. (FCC/Defensor Público-SP/2006) Constituição é a norma fundamental hipotética e lei nacional no seu mais alto grau na forma de documento solene e que somente pode ser alterada observando-se certas prescrições especiais. Esse era o pensamento de Jean Jacques Rousseau. Sentido lógico-jurídico. 19. (FCC/Defensor Público-SP/2006) A verdadeira Constituição de um país somente tem por base os fatores reais do poder que naquele país vigem e as constituições escritas não têm valor nem são duráveis a não ser que exprimam fielmente os fatores do poder que imperam na realidade. Esse era o pensamento de Ferdinand Lassale. Sentido sociológico. 20. (FCC/Defensor Público-SP/2006) Todas as constituições pretendem, implícita ou explicitamente, conformar globalmente o político. Há uma intenção atuante e conformadora do direito constitucional que vincula o legislador. Esse era o pensamento de Jorge Miranda. Sentido dirigente. 21. (CESPE/MMA/2009) Uma Constituição do tipo cesarista se caracteriza, quanto à origem, pela ausência da participação popular na sua formação. 22. (CESPE/MMA/2009) A CF vigente, quanto à sua alterabilidade, é do tipo semiflexível, dada a possibilidade de serem apresentadas emendas ao seu texto; contudo, com quorum diferenciado em relação à alteração das leis em geral. 23. (CESPE/MMA/2009) A CF de 1988, quanto à origem, é promulgada, quanto à extensão, é analítica e quanto ao modo de elaboração, é dogmática. 24. (CESPE/TCE-AC/2009) Segundo a classificação da doutrina, a CF é um exemplo de constituição rígida.

25. (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009) A Carta outorgada em 10 de novembro de 1937 é exemplo de texto constitucional colocado a serviço do detentor do poder,para seu uso pessoal. É a máscara do poder. É uma Constituição que perde normatividade, salvo nas passagens em que confere atribuições ao titular do poder. Numerosos preceitos da Carta de 1937 permaneceram no domínio do puro

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nominalismo, sem qualquer aplicação e efetividade no mundo das normas jurídicas - Raul Machado Horta. Direito constitucional. 2.a ed. Belo Horizonte: Del Rey, 1999, p. 54-5 (com adaptações). Considerando a classificação ontológica das constituições,a Constituição de 1937, conforme a descrição anterior pode ser classificada como constituição outorgada. 26. (CESPE/Procurador-BACEN/2009) De acordo com a doutrina, constituição semântica é aquela cuja interpretação depende do exame de seu conteúdo significativo, sob o ponto de vista sociológico, ideológico e metodológico, de forma a viabilizar maior aplicabilidade político-normativo-social de seu texto.

27. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) Quanto ao modo de elaboração, a constituição dogmática decorre do lento processo de absorção de ideias, da contínua síntese da história e das tradições de determinado povo.

28. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) Na acepção formal, terá natureza constitucional a norma que tenha sido introduzida na lei maior por meio de procedimento mais dificultoso do que o estabelecido para as normas infraconstitucionais, desde que seu conteúdo se refira a regras estruturais do Estado e seus fundamentos.

29. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) Considerando o conteúdo ideológico das constituições, a vigente Constituição brasileira é classificada como liberal ou negativa.

30. (CESPE/Juiz Federal Substituto – TRF 5ª/2009) Constituição rígida é aquela que não pode ser alterada.

31. (CESPE/PGE-AL/2008) "Art. 242 § 2.º – O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal". A normas contida no dispositivo transcrito pode ser caracterizada como materialmente constitucionais, porquanto traduz a forma como o direito social à educação será implementado no Brasil.

32. (CESPE/PGE-AL/2008) "Art. 242 § 2.º – O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal". O dispositivo constitucional em destaque demonstra que a CF pode ser classificada, quanto à extensão, como prolixa. Diante disso, é correto concluir que, no Brasil, há uma maior estabilidade do arcabouço constitucional que em países como os Estados Unidos da América.

33. (CESPE/Juiz Substituto – TJ-PI/2007) No âmbito brasileiro, a Constituição Imperial de 1824 pode ser classificada como flexível, com base no que prescrevia seu art. 178: "É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos políticos e individuais dos cidadãos. Tudo o que não é

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Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas legislaturas ordinárias."

34. (FCC/Analista - TRE-MG/2005) Tendo em vista a classificação das constituições, pode-se dizer que a Constituição da República Federativa do Brasil vigente é considerada escrita e legal, assim como super-rígida, popular, histórica, sintética e semântica.

35. (FCC/Analista-MPE-SE/2009) A Constituição brasileira de 1824 previa, em seus artigos 174 e 178: "Art. 174. Se passados quatro anos, depois de jurada a Constituição do Brasil, se conhecer, que algum dos seus artigos merece reforma, se fará a proposição por escrito, a qual deve ter origem na Câmara dos Deputados, e ser apoiada pela terça parte deles." "Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos Poderes Políticos e aos Direitos Políticos e individuais dos Cidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias." Depreende-se dos dispositivos acima transcritos que a Constituição brasileira do Império era do tipo semirrígida, quanto à alterabilidade de suas normas, diferentemente da Constituição vigente, que, sob esse aspecto, é rígida.

36. (FCC/TCE-MG/2007) As constituições sintéticas se formam do produto sempre escrito e flexível, sistematizado por um órgão governamental, a partir de idéias da teoria política e do direito dominante.

37. (FCC/TCE-MG/2007) As constituições dogmáticas são frutos da lenta e contínua síntese das tradições e usos de um determinado povo, podendo apresentar-se de forma escrita ou não-escrita.

38. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) São classificadas como dogmáticas, escritas e outorgadas as constituições que se originam de um órgão constituinte composto por representantes do povo eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer, das quais são exemplos as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. 39. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição escrita, também denominada de constituição instrumental, aponta efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e publicidade. 40. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição sintética, que é constituição negativa, caracteriza-se por ser construtora apenas de liberdade-negativa ou liberdade-impedimento, oposta à autoridade. 41. (FCC/TCE-MG/2007) As normas constitucionais relativas aos direitos e garantias individuais, inseridas no título relativo aos direitos e garantias fundamentais, contêm elementos da Constituição ditos:

a) sócio-ideológicos, por revelar o compromisso da Constituição entre o Estado individualista e o Estado social.

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b) orgânicos, por regularem a estrutura do Estado e do poder.

c) limitativos, por limitarem a atuação do Estado, dando ênfase à sua configuração como Estado de Direito.

d) de estabilização constitucional, na medida em que asseguram a defesa da Constituição e das instituições democráticas.

e) formais de aplicabilidade, diante da aplicação imediata das normas definidoras de direitos dessa espécie.

42. (CESPE/Polícia Civil–TO/2008) Os elementos orgânicos que compõem a Constituição dizem respeito às normas que regulam a estrutura do Estado e do poder, fixando o sistema de competência dos órgãos, instituições e autoridades públicas. 43. (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) Segundo a doutrina, os elementos orgânicos da constituição são aqueles que limitam a ação dos poderes estatais, estabelecem as balizas do estado de direito e consubstanciam o rol dos direitos fundamentais. 44. (FGV/SEFAZ-RJ/2008.2) São elementos orgânicos da Constituição a estruturação do Estado e os direitos fundamentais. 45. (FGV/SEFAZ-RJ/2008.2) São elementos orgânicos da Constituição a divisão dos poderes e o sistema de governo. 46. (FGV/SEFAZ-RJ/2008.2) São elementos limitativos da Constituição a tributação, orçamento e direitos sociais. 47. (FGV/SEFAZ-RJ/2008.2) São elementos formais de aplicabilidade da Constituição as forças armadas e a nacionalidade. 48. (FGV/SEFAZ-RJ/2008.2) São elementos limitativos da Constituição a segurança pública e a intervenção.

49. (FCC/Técnico- TRT 15ª/2009) Os chamados "remédios constitucionais" previstos no art. 5º, da C.F., constituem-se como normas de eficácia limitada, pois exigem normatividade processual que lhes desenvolva a aplicabilidade. 50. (FCC/EPP-SP/2009) É correto afirmar, em face da Constituição brasileira de 1988, que nela existem algumas normas que são apenas formalmente constitucionais.

51. (FCC/Técnico Superior - PGE-RJ/2009) A norma do artigo 218, caput, da Constituição, segundo a qual "o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas", deve ser classificada como de eficácia plena e aplicabilidade imediata. 52. (FCC/Promotor-MPE-CE/2009) As normas constitucionais de aplicabilidade imediata e de eficácia contida são plenamente eficazes até a superveniência de lei regulamentar.

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53. (CESPE/Advogado - IBRAM-DF/2009) O preâmbulo, por estar na parte introdutória do texto constitucional e, portanto, possuir relevância jurídica, pode ser paradigma comparativo para a declaração de inconstitucionalidade de determinada norma infraconstitucional. 54. (CESPE/TRE-MA/2009) O preceito constitucional que assegura a liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais estabelecidas em lei, constitui norma de eficácia limitada.

55. (CESPE/DPE-ES/2009) Normas constitucionais supereficazes ou com eficácia absoluta são aquelas que contêm todos os elementos imprescindíveis para a produção imediata dos efeitos previstos; elas não requerem normatização subconstitucional subsequente, embora sejam suscetíveis a emendas.

56. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) As normas constitucionais que alteram a competência de tribunais possuem, de acordo com o entendimento do STF, eficácia imediata, devendo ser aplicado, de pronto, o dispositivo que promova a alteração. 57. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) Consoante entendimento do STF, a norma constitucional segundo a qual não há prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel, não é de eficácia restringível. 58. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) As normas constitucionais de eficácia limitada têm por fundamento o fato de que sua abrangência pode ser reduzida por norma infraconstitucional, restringindo sua eficácia e aplicabilidade. 59. (CESPE/TRT-17ª/2009) A disposição constitucional que prevê o direito dos empregados à participação nos lucros ou resultados da empresa constitui norma de eficácia limitada. 60. (CESPE/TJAA-STF/2008) A norma prevista no inciso XIII é de eficácia contida, pois o direito ao exercício de trabalho, ofício ou profissão é pleno até que a lei estabeleça restrições a tal direito.

61. (CESPE/TJAA-STF/2008) O inciso XXX, que prevê o direito de herança, é uma norma de eficácia limitada.

62. (CESPE/TJAA-STF/2008) O inciso LXXVI e suas alíneas configuram normas programáticas, pois dizem respeito a um programa de governo relativo à implementação da gratuidade de certidões necessárias ao exercício de cidadania. 63. (CESPE/Advogado-BRB/2010) No tocante à aplicabilidade, de acordo com a tradicional classificação das normas constitucionais, são de eficácia limitada aquelas em que o legislador constituinte regula suficientemente os interesses concernentes a determinada matéria, mas

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deixa margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos em que a lei estabelecer ou na forma dos conceitos gerais nela previstos.

GABARITO:

1 Errado 21 Errado 41 C 61 Errado 2 Errado 22 Errado 42 Correto 62 Errado 3 Errado 23 Correto 43 Errado 63 Errado 4 Errado 24 Correto 44 Errado 5 Correto 25 Errado 45 Correto6 Correto 26 Correto 46 Errado 7 Correto 27 Errado 47 Errado 8 Errado 28 Errado 48 Errado 9 Correto 29 Errado 49 Errado

10 Correto 30 Errado 50 Correto11 Errado 31 Errado 51 Errado 12 Errado 32 Errado 52 Correto13 Correto 33 Errado 53 Errado 14 Errado 34 Errado 54 Errado 15 Correto 35 Correto 55 Errado 16 Errado 36 Errado 56 Correto17 Errado 37 Errado 57 Errado 18 Errado 38 Errado 58 Errado 19 Correto 39 Correto 59 Correto20 Errado 40 Correto 60 Errado