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CONSTITUIÇÕES DOS
RELIGIOSOS DA SAGRADA FACE
2
PREMISSAS HISTÓRICAS
A INSPIRADORA
“Como é atual o carisma da Bem-Aventurada Maria Pia Mastena que,
conquistada pelo Rosto de Cristo, assimilou os sentimentos de doce solicitude do Filho
de Deus pela humanidade desfigurada pelo pecado.” (Papa Bento XVI)
A Bem-Aventurada Maria Pia Mastena, filha de Giulio Mastena e Antonia
Casarotti, nasceu em Bovolone (Verona), Itália, aos 07 de dezembro de 1881. No
batismo, recebeu o nome de Teresa Maria. Seus pais eram não somente cristãos
praticantes, mas fervorosos pais que souberam constituir a família sobre os autênticos
valores da oração, do amor recíproco, da educação e da formação humana e religiosa.
Ainda pequena, já desejava receber Jesus no seu coração. Aos nove anos de
idade, fez sua primeira Eucaristia. Naquele dia, experimentou profundamente o amor de
Cristo por ela e consagrou a Ele, o Esposo das virgens, o seu coração, com o Voto de
Virgindade.
No próprio ambiente familiar, por meio dos seus pais, interiorizou o culto à
Sagrada Face e o amor à Eucaristia e alimentou esses valores no seio da paróquia, sob a
guia de zelosos sacerdotes. Com vinte anos de idade, Tereza Maria entrou na
Congregação das Irmãs da Misericórdia de Verona, onde logo se distinguiu por sua
piedade e profundo empenho ascético, tanto que, com 22 anos de idade, ainda noviça,
permitiram-lhe emitir o “voto de vítima”, no Sábado Santo de 11 de abril de 1903.
A caridade aprendida do pai, o espírito de oração da mãe e a formação recebida
na Congregação fizeram dela uma autêntica religiosa consagrada a Deus, com o olhar
sempre voltado ao rosto de amor de Jesus e o coração unido à Eucaristia, da qual,
cotidianamente, se alimentava e adorava-a continuamente dentro de si e aos pés do
sacrário, em longas horas de adoração, sobretudo noturnas. Servia aos irmãos mais
pobres e abandonados, pelos quais tinha uma grande predileção, consumindo a sua vida
em favor deles, em muitas atividades caritativas e de promoção humana, de maneira
particular durante a Segunda Guerra Mundial.
Desejava que fossem muitos os apóstolos a serviço das necessidades dos
excluídos e daqueles que tinham necessidades de evangelização. Por isso, tinha um
cuidado especial com a formação dos adolescentes e dos jovens e, com grande zelo,
fazia-lhes propostas vocacionais de seguimento a Jesus Cristo, e muitos respondiam à
sua proposta entrando em seminários e em congregações religiosas masculinas e
femininas.
Em 1927, após sua saída da Congregação das Irmãs da Misericórdia, guiada por
Dom Eugenio Beccegato, Bispo de Vittorio Veneto, fez uma breve e intensa experiência
contemplativa no Mosteiro Cisterciense, em San Giacomo de Veglia (Treviso), onde
pode amadurecer o projeto de uma nova fundação. Em 1936, entre incompreensões e
sofrimentos, com o consentimento do Bispo, funda, em San Fior (Treviso), a
Congregação das Religiosas da Sagrada Face, cujo carisma é “propagar, reparar e
restabelecer a Face de Jesus nos irmãos”.
A oração e a adoração diária da nossa Inspiradora e das suas religiosas, a assídua
contemplação do Rosto do Senhor, seja diante do sacrário, seja nos irmãos sofredores,
famintos e abandonados, a fé na providência, a confiança em Maria, fortaleceram as
primeiras irmãs e lhes conferiram a força e a capacidade de dar uma boa consistência
3
espiritual e material à Congregação, tanto que, no dia 10 de dezembro de 1947, a
Família Religiosa de Madre Maria Pia obteve a aprovação pontifícia.
No dia 28 de junho de 1951, em Roma, logo após a Hora Santa da quinta-feira,
acometida por um enfarte, Madre Mastena foi contemplar eternamente aquele Rosto que
procurou durante toda a vida e que tanto amou nos irmãos e adorou na Hóstia do
Sacrário.
Após a morte de Madre Maria Pia Mastena, espalhou-se ainda mais sua fama de
santidade. Em 1990, foi iniciado o seu processo de Canonização e Beatificação, junto ao
Tribunal da Diocese de Roma. Após mais de uma década de tramitação, inicialmente à
nível diocesano e, posteriormente, junto à Congregação para as Causas dos Santos, em
2004, o processo foi encerrado, com o parecer positivo do Santo Padre João Paulo II. A
este ponto, faltava somente a data da cerimônia de beatificação, que logo foi
confirmada.
A Beatificação aconteceu no dia 13 de novembro de 2005, no interior da
Basílica de São Pedro, em Roma, numa solene concelebração eucarística, presidida pelo
Cardeal José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Por
este ato, e por força de sua autoridade, o Papa Bento XVI concedeu que a nossa
Inspiradora, a Venerável Serva de Deus, Maria Pia Mastena, passasse a ser chamada
“Bem-Aventurada” e que se celebre a sua memória litúrgica em 27 de junho.
A ASSOCIAÇÃO
“... Logo colocaria-me à disposição dos jovens Religiosos da Sagrada Face e
movimentaria novamente todo o mundo e todo o Paraíso, como fiz para realizar a
modesta fundação das irmãs.” (Bem-Aventurada Maria Pia Mastena)
A Bem-Aventurada Maria Pia Mastena sempre ansiou ver um dia uma fundação
masculina dedicada à contemplação do Rosto de Cristo, por meio da ação reparadora da
imagem de Jesus nos irmãos desfigurados pelo pecado e pela opressão. Inúmeras foram
as causas que lhe impediram de levar adiante tal propósito. No entanto, este seu
pensamento nunca foi esquecido, mas antes, cuidadosamente preservado e cultivado por
suas filhas, as Religiosas da Sagrada Face.
Passados alguns anos de sua morte e, após a Congregação das Religiosas da
Sagrada Face, por ela fundada, ter alcançado as condições mínimas necessárias de
organização e sustentação, as religiosas sentiram que já era o momento de retomar o
pensamento da nossa Inspiradora, pois também muitos jovens pediam insistentemente
de serem agregados ou associados, de qualquer forma canônica, à Congregação, para a
vivência da vida consagrada, por meio da Profissão dos conselhos evangélicos e das
ordens sacras, segundo o carisma e a espiritualidade da Bem-Aventurada Maria Pia
Mastena.
Sob o impulso do Espírito Santo, atenta aos sinais dos tempos e apelos da Igreja,
e em cumprimento ao desejo da nossa Inspiradora, a então Superiora Geral das
Religiosas da Sagrada Face, Madre Tiziana Codello, em consenso com o seu Conselho,
resolveu dar início a uma pequena e discreta experiência formativa de acompanhamento
a um jovem do interior do Rio Grande do Norte, que há tempos fazia este apelo à
Congregação. No Ano Santo de 2000, este jovem veio morar em Fortaleza, bem
4
próximo à comunidade de formação feminina da Congregação, onde participou
intensamente de alguns momentos formativos e de espiritualidade, sob a orientação da
Irmã Annalisa Galli, então formadora das Religiosas Brasileiras da Congregação, tendo
em vista conhecer melhor o carisma e a própria vida religiosa, bem como a futura
fundação de uma congregação masculina.
Após esta experiência, em 11 de fevereiro de 2001, por ocasião da festa de
Nossa Senhora de Lourdes, foi finalmente aberta a casa de formação masculina, em
Fortaleza – CE, erigida canonicamente no dia 21 de fevereiro do mesmo ano, por
decreto do Senhor Arcebispo de Fortaleza, Dom José Antônio Aparecido Tosi Marques.
No primeiro grupo de aspirantes foram acolhidos, além do jovem com quem se iniciou a
experiência, mais dois candidatos que, contemporaneamente à formação humana, cristã
e religiosa, dadas em casa, iniciaram os estudos acadêmicos no Instituto Teológico-
Pastoral do Ceará – ITEP (atualmente Faculdade Católica de Fortaleza), em Fortaleza-
CE.
Com isso, tendo em vista a caminhada formativa já percorrida e objetivando o
devido reconhecimento da Igreja, a então Superiora Geral da Congregação das
Religiosas da Sagrada Face, em união com seu o Conselho, pediu ao Senhor Arcebispo
de Fortaleza, Ordinário local, de onde a comunidade formativa estava situada, a ereção
canônica de uma Associação Pública de Fieis, denominada, na época, “Irmãos da
Sagrada Face”, em conformidade com as determinações do Direito.
Tendo em vista, porém, a realidade da Arquidiocese, na época, em ter de
acompanhar muitas comunidades novas também desejosas de acolhimento, o Sr.
Arcebispo, em 31 de abril de 2009, numa audiência com a Superiora Geral Madre
Annalisa Galli, dois junioristas e dois postulantes, determinou a referida Associação à
uma outra Diocese, na qual fosse possível o encaminhamento do pedido de aprovação
da mesma.
Com isso, a nossa Associação foi acolhida na Diocese de Cajazeiras-PB,
primeira Diocese do Brasil na qual as Religiosas da Sagrada Face chegaram, pelo Sr.
Bispo Diocesano Dom José González Alonso bem como pelo seu Conselho Presbiteral e
Colégio de Consultores, por unanimidade. Naquela mesma data, em 25 de maio de
2010, o Sr. Bispo também acolheu o Reverendíssimo Padre Gervásio Fernandes de
Queiroga como responsável pela formação sacerdotal do grupo e mediador entre a
Diocese de Cajazeiras-PB e a Congregação das Religiosas da Sagrada Face, conforme
solicitação da Superiora Geral supracitada.
Assim, com o profundo desejo de aprovação-reconhecimento da Associação, em
13 de fevereiro de 2011, foi aberta a nova comunidade formativa, composta por um
juniorista e dois aspirantes, situada na Paróquia São José Operário, em Cajazeiras-PB.
Logo, a nova comunidade inseriu-se nas atividades da referida Paróquia e Diocese, em
conformidade às exigências feitas pelo Sr. Bispo.
Com um tempo de permanência na Diocese, na ocasião da Profissão Perpétua de
dois junioristas, em 06 de agosto de 2011, o Sr. Bispo aprovou “ad experimentum”, por
três anos, a Associação. E, em 25 de janeiro de 2014, os dois primeiros professos
perpétuos foram ordenados presbíteros e incardinados na mesma Diocese.
Após o período de aprovação “ad experimentum”, o Sr. Bispo Dom José
González Alonso, erigiu canonicamente como Associação Pública de Fieis “Religiosos
da Sagrada Face”; aprovou as nossas Constituições, por tempo indeterminado, até que
haja necessidade de revisão e atualização e declarou-a de personalidade jurídica para
todos os fins de direito , aos 06 de Agosto de 2015, em Cajazeiras-PB.
Esta Associação, aspirando ser uma Congregação religiosa e com vistas à sua
Aprovação Definitiva, vive e é estruturada segundo as normas dos Institutos Religiosos.
5
6
SIGLAS E ABREVIATURAS
SAGRADA ESCRITURA
Ap Apocalipse
At Atos dos Apóstolos
Cl Colossenses
1Cor 1 Coríntios
2Cor 2 Coríntios
Ef Efésios
Fl Filipenses
Gl Gálatas
Gn Gênesis
Jo Evangelho de João
Is Isaías
Lc Evangelho de Lucas
Mc Evangelho de Marcos
Mt Evangelho de Mateus
Rm Romanos
1Tm 1 Timóteo
MAGISTÉRIO DA IGREJA
AG C. VATICANO II, Decreto Ad Gentes
CCDDS Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos
CDC Código de Direito Canônico
CIC Catecismo da Igreja Católica
DF CIVC, Direttive sulla formazione negli Istituti Religiosi
DV C. VATICANO II, Constituição Dei Verbum
EE JOÃO PAULO II, Encíclica Ecclesia de Eucaristia
ET PAULO VI, Exortação Apostólica Evangelica Testificatio
LG C. VATICANO II, Constituição Lumen Gentium
MD JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Misericordia Dei
MF PAULO VI, Encíclica Mysterium Fidei
NMI JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Novo Millenio Ineunte
PC C. VATICANO II, Decreto Perfecta Caritatis
PCr CIVC, Instrução Partir de Cristo
PDV JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis
PH CIVC, Instrução Religiosos e Promoção Humana
PO C. VATICANO II, Decreto Presbyterorum Ordinis
RH JOÃO PAULO II, Encíclica Redemptor Hominis
RMi JOÃO PAULO II, Encíclica Redemptoris Missio
RVM JOÃO PAULO II, Encíclica Rosarium Virginis Mariae
SC C. VATICANO II, Constituição Sacrosanctum Concilium
VC JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Vita Consecrata
TEXTOS DA CONGREGAÇÃO DAS RELIGIOSAS DA SAGRADA FACE
C Constituições da Congregação das Religiosas da Sagrada Face
I C Inspiradora – Cartas
I E Inspiradora – Escritos
7
CAPÍTULO I
A IDENTIDADE DA ASSOCIAÇÃO PÚBLICA DE FIEIS
RELIGIOSOS DA SAGRADA FACE
1. Identidade, Carisma e Espírito da Associação
“Propagar, reparar, restabelecer a Face do doce Jesus nos irmãos com o exercício
iluminado da caridade cristã”. (I C)
Identidade
1. A nossa Associação quer ser uma Congregação religiosa masculina, tanto dos que
exercem o ministério ordenado na Igreja, como dos que, como irmãos entre irmãos,
vivendo a vida consagrada, evangelizam pelo testemunho, pela pregação e pelo serviço
da caridade. Ela foi suscitada pelo Espírito Santo, com a espiritualidade e carisma da
Bem-Aventurada Maria Pia Mastena, que sempre desejou fundá-la1, embora não o tenha
conseguido. Por isso, consideramo-la nossa Inspiradora e Mãe espiritual, pois a
Congregação das Religiosas da Sagrada Face, que ela iniciou e formou, é que nos fez
nascer e nos promove. Aspirando a ser uma Congregação religiosa e preparando-se para
ser erigida canonicamente como tal, a nossa Associação vive e é estruturada segundo as
normas dos institutos religiosos. Vivemos a consagração a Deus com a profissão dos
votos de castidade, pobreza e obediência, numa comunidade fraterna dedicada à oração
e ao apostolado, totalmente disponíveis à missão salvadora de Cristo Jesus, morto e
ressuscitado.
Carisma
2. “Propagar, reparar, restabelecer a Face do doce Jesus nos irmãos” é o carisma da
nossa Inspiradora. O Espírito revelou-lhe as infinitas riquezas do amor misericordioso
do Pai na Face desfigurada de Cristo, levando-a a tirar dela a força inspiradora da
Associação à qual nós nos sentimos chamados.
Espírito da Associação
3. O espírito da nossa Associação conforma-se com a mensagem bíblica segundo a qual
o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus2, de maneira que, destinado a ser
como Ele3, é chamado ao crescimento fecundo no amor e ao domínio ordenado sobre
toda a criação4. Embora alterado em seu aspecto e no seu comportamento pelo pecado, o
homem foi mantido por Deus nessa destinação5 realizada no Filho feito homem.
Tornar-se conforme à Imagem de Jesus
1 Cf. I C.
2 Cf. Gn 1, 26-27.
3 Cf. Gn 3, 5.
4 Cf Gn 1, 28.
5 Cf Gn 3, 15.
8
4. Jesus é a verdadeira Imagem do Deus invisível6, causa exemplar
7 e recapitulação de
todas as criaturas8 por meio do mistério da Cruz e da Ressurreição
9, e todos os homens
são chamados a ser conformes à sua imagem10
. Quem restabelece em nós a Imagem de
Deus, conforme as feições de Cristo, é o Espírito Santo11
, por meio da Igreja, que Ele
ama, guia e sustenta. É Ele o selo e o penhor, o distribuidor dos dons e dos carismas12
,
que tornam possível a assimilação a Cristo de todos e de cada um na Igreja.
Reparar
5. A experiência do amor na contemplação da Sagrada Face, faz perceber a urgência da
reparação expiatória. Esta, conforme o exemplo da nossa Inspiradora, torna-nos
solidários com Cristo, Sacerdote e Hóstia de oblação, em todas as expressões do nosso
viver, unindo-nos ao Mistério Pascal do Cristo Senhor.
Unidos à Paixão de Cristo
6. Para completar em nós aquilo que falta à Paixão de Cristo, pelo seu Corpo que é a
Igreja13
, vivemos a oferta de nós mesmos, na alegria e, carregando na nossa carne a
morte de Jesus, expiamos o nosso pecado e o pecado do mundo. Assim, nós nos
configuramos à Face gloriosa do Senhor e, como o discípulo amado e as piedosas
mulheres que estavam junto à Cruz14
, tornamo-nos também testemunhas privilegiadas
da sua Ressurreição.
Propagar
7. Somos chamados a difundir, com espírito de expiação pascal, o culto à Sagrada Face
da Paixão, compêndio do mistério de dor e de amor, de morte e de ressurreição do Servo
de Javé.15
Portanto, em cumprimento à missão da Igreja de refletir a luz de Cristo em
cada época da história, e, por conseguinte, fazer resplandecer o seu Rosto16
, fieis às
aspirações da nossa Inspiradora, procuramos fazer com que “cada uma de nossas casas
torne-se um Centro de Reparação17
”, no qual a Face de Cristo, iluminada pelo nosso
amor feito oferta, consiga manifestar-se aos irmãos.
Restabelecer
8. É assim que, atentos aos sinais dos tempos, colaboramos para a formação da nova
criatura na santidade e justiça, restabelecendo a Face de Deus no homem. Nessa
6 Cf. Cl 1, 25.
7 Cf. Jo 1, 3.
8 Cf. Ef 1, 6-12.
9 Cf. Fl 2, 5-11.
10 Cf. Rm 8, 29.
11 Cf. Rm 8, 14-17; cf. Ef 4, 11-16.
12 Cf. 1 Cor 12, 4-11; cf. Ef 4, 11-16.
13 Cf. Cl 1, 24.
14 Cf. Jo 19, 25.
15 Cf. PCr 26 e 27.
16 Cf. NMI 16.
17 I C.
9
perspectiva pastoral, atendemos em primeiro lugar aos pobres provados pela indigência,
marcados pela doença, ofendidos pelo pecado ou pela injustiça. Eles, aos quais o
“Homem das dores, que bem conhece o sofrer”18
, quer revelar a sua Face de glória, são
os destinatários preferidos de nossa ação apostólica. É a prioridade de uma ação
“missionária de redenção em lugares mais pobres e abandonados”19
que tornam atuais
as opções apostólicas da nossa Inspiradora.
Obras
9. Em particular, conforme o nosso carisma específico, dedicamo-nos:
a) à assistência de quem sofre;
b) à atividade pastoral;
c) ao apoio e formação das vocações;
d) à promoção integral da pessoa segundo a indicação do Evangelho com:
- a visita e assistência espiritual aos doentes e anciãos;
- a catequese e a formação e animação litúrgica nas paróquias;
- a atividade educacional e religiosa;
- a inserção e atividade evangelizadoras, entre os mais pobres, nas periferias
urbanas ou áreas rurais;
- à evangelização daqueles setores da população, social e culturalmente mais
discriminados, marginalizados e carentes;
- ao serviço de promoção humana e de evangelização “em todo canto da terra”20
.
Patrona da Associação
10. Em comunhão, na obra da salvação, com a Virgem Maria, conseguimos inspiração e
força para o compromisso de participação ativa no mistério pascal de Cristo, que
transforma a nossa vida em oblação total a Deus para o serviço aos irmãos. Seguindo o
espírito da nossa Inspiradora e, por força de seu próprio carisma, veneramos de maneira
especial a Virgem Maria, sob o título de sua Assunção. Ela é a Mãe, a Patrona, o
modelo, a guia da nossa Associação. Dela, “cuja face é a que mais se assemelha a de
Cristo”21
, imploramos o dom da contemplação no apostolado, o amor à Eucaristia, o
segredo de crescer na amizade com Deus em comunhão com o Espírito Santo, a alegria
do seu puríssimo amor, a unidade de vida que nos faz irradiar Cristo sobre os irmãos e
sabe suscitar neles a busca da Face do Senhor, particularmente nos menores do Reino,
que são revelação da presença de Jesus no mundo.
18
Is 53, 3. 19
C a. 2. 20
I C. 21
Dante, Paraíso XXXII, 85.
10
2. Articulação com a Congregação das Religiosas da Sagrada Face
Vínculo com a Congregação
11. Com a Congregação das Religiosas da Sagrada Face temos um indelével vínculo de
fraternidade e de unidade, nas origens, na espiritualidade e nos objetivos apostólicos.
Este vínculo de identificação espiritual, sintonia de objetivos e articulação com a
Congregação nada tiram à plena autonomia jurídica da Associação, mas fazem parte de
sua identidade institucional.
Espírito de unidade
12. Por esta articulação, nossa Associação sente-se unida a esta Congregação,
movimentos e grupos a ela pertencentes, pelos vínculos do amor fraterno, da identidade
de objetivos e de espiritualidade, dos laços históricos inquebrantáveis. Nossa
Associação quer manter com a Congregação uma estreita colaboração e intercâmbio, e
promover, no que puder, as obras, bem como as atividades comuns de sua família
espiritual.
11
CAPÍTULO II
A NOSSA VOCAÇÃO DE RELIGIOSOS DA SAGRADA FACE
1. Inseridos no Mistério Pascal de Cristo Casto, Pobre e Obediente
“Oferecer-se, imolar-se a Ele por meio dos santos Votos, tem em si, as pequenas
renúncias, as mortificações da santa pobreza... Tem em si, o perfume do lírio do seu
voto de castidade... Tem em si, o precioso louro da própria vontade, já imolada a Ele
com o voto de obediência... Felicidade da imolação completa ao divino Imolado do
Gólgota”. (I C)
Essência da consagração
13. Cristo Jesus ungido pelo Espírito Santo para evangelizar os pobres foi consagrado e
enviado para nos revelar o amor do Pai22
. Atraídos pela força do seu Espírito, por meio
de uma vocação gratuita pessoal, a Ele somos consagrados com a profissão pública dos
conselhos evangélicos, associando o sacrifício da nossa vida à sua obra salvadora23
para
uma missão reparadora no mundo. A consagração total a Cristo, a título novo, comporta
uma comunhão de vida com Ele manifestada na vida comunitária e numa doação sem
reservas24
para o testemunho e o anúncio do Reino25
.
Sinal na Igreja
14. A consagração religiosa, que expressa mais profundamente a batismal, põe-nos num
estado de total e íntima pertença a Deus, que nos consagra e nos insere como sinais
proféticos na vida e na missão da Igreja26
. Temos que vivê-la com autenticidade e
alegria para ser no mundo não só um apelo silencioso, mas eloquente, que estimule os
irmãos a cumprirem os deveres de sua vocação cristã, mas também sermos um
testemunho vivo e ininterrupto do primado do amor de Deus27
.
Profissão
15. Com a nossa profissão respondemos, na fé, ao convite do Senhor, consagrando-nos
totalmente a Ele para seguir mais de perto a Cristo, casto, pobre e obediente, para
participar do seu Mistério Pascal e difundir pelo mundo a luz da sua Sagrada Face28
.
Vínculo com a Igreja e com a Associação
22
Cf. Lc 4, 18-19; cf Jo 10, 36. 23
Cf. LG 44. 24
Cf. 1 Cor 7, 34. 25
Cf. PC 12. 26
Cf. LG 44. 27
Cf. ET 1. 28
Cf. PCr 1.
12
16. A consagração, na Associação, é realizada por Cristo, no Espírito Santo, mediante o
ministério da Igreja29
, que aceita os nossos votos e apresenta a Deus a nossa oblação,
associando-a ao sacrifício de Cristo. Assim, somos inseridos, de maneira especial, na
Igreja que nos liga à nossa Associação.
O hábito
17. Como sinal da consagração a Deus, expressão da sua identidade de membros da
Associação Pública de Fieis “Religiosos da Sagrada Face” e testemunho de pobreza
evangélica, os professos usem o hábito religioso, segundo as diretrizes da Associação.
Ele seja simples e modesto, pobre e digno, conforme às exigências da saúde, às
condições de tempo e lugar, às necessidades da pastoral30
, de modo que sua consagração
seja reconhecível31
. Os clérigos, além disso, observem as normas cabíveis das Igrejas
particulares em que atuarem32
.
Modelo de consagração
18. Na Virgem Santíssima que se ofereceu totalmente como serva do Senhor, para a
missão do seu Filho33
, encontramos o modelo de pessoas consagradas com título
especial a Deus e a certeza de conseguir, pela sua intercessão, a graça de reproduzir, em
nós, a Face de Jesus.
CASTIDADE
“Vivam de amor todo puro”. (I C)
No seguimento de Cristo Casto
19. A castidade abraçada pelo Reino dos céus é uma insigne dádiva de graça concedida
a alguns pelo Pai34
. Ela nos une à pessoa de Cristo e ao mistério da sua Igreja com amor
único e indiviso, transformando-nos e penetrando-nos35
, por meio de uma misteriosa
semelhança com Ele. Movidos pelo exemplo de Jesus e da Virgem, sua Mãe36
,
acolhemos o dom que nos foi dado e, confiantes em sua graça, consagramo-nos
totalmente ao Senhor37
.
29
Cf. CDC c. 654. 30
Cf. PC 17. 31
Cf. VC 25. 32
Cf. CDC c. 284. 33
Cf. LG 56. 34
Cf. LG 42. 35
Cf. ET 13. 36
Cf. ET 15. 37
Cf. LG 44.
13
Castidade consagrada
20. A castidade consagrada, vivida como sinal do nosso amor preferencial e exclusivo
pelo Senhor38
, faz com que atinjamos uma plena maturidade humana e cristã conforme a
nossa vocação. Este amor esponsal deve crescer até que Cristo ocupe todo o nosso ser e
a caridade alcance a sua plenitude. A união íntima com o Senhor conformará
progressivamente os nossos sentimentos aos Dele39
potenciando, assim, a nossa
capacidade de amor e doação.
Objeto do Voto
21. Movidos pelo Espírito Santo, consagramo-nos totalmente ao Senhor e à sua Igreja
pelo voto de castidade perfeita, assumida generosa e alegremente “por causa do Reino
dos Céus”40
, como resposta de amor à entrega que de si mesmo fez Jesus, por causa de
nós e de nossa salvação41
. Este voto consciente e livre comporta a renúncia ao
matrimônio, numa vida de perfeita continência sexual42
.
Fecundidade Apostólica
22. A oferta sem reservas a Cristo, liberta43
o nosso coração para o anúncio do Reino e é
fonte de especial fecundidade apostólica na Igreja e no mundo44
. Por isso, a exemplo da
nossa Inspiradora, estamos abertos para todas as pessoas, a fim de desvelar-lhes a Face
de Cristo, ajudando-as a reproduzi-la em si, perante o Pai.
Sinal na Igreja
23. A castidade, vivida por amor, permite irradiar a alegria de pertencer ao Senhor45
para sempre e de ser disponíveis para servi-lo a exemplo de Cristo. Deste modo,
seremos, para os nossos irmãos, sinal transparente do mistério, segundo o qual a Igreja
possui Cristo como único Esposo46
e seremos também testemunho da vida nova que se
manifestará plenamente na vida futura47
.
Caridade Fraterna
24. Ajudar-nos-á a viver, com alegria e perseverança, a castidade consagrada um
ambiente inundado pelo Espírito de Jesus, onde reina o amor fraterno48
capaz de
congregar em Cristo todos os irmãos chamados à nossa Família Religiosa.
38
Cf. ET 13. 39
Cf. Fl 2, 5. 40
Cf. Mt 19, 10-12. 41
Cf. LG 42 e 44. 42
Cf. CDC c. 599. 43
Cf. PC 12; cf. 1 Cor 7, 32-35. 44
Cf. LG 42; cf. ET 14. 45
Cf. ET 55. 46
Cf. PC 12 ; cf. Ef 5, 25; cf. ET 13. 47
Cf. LG 44. 48
Cf. PC 12.
14
Meios
25. Essa é uma graça que requer de nós uma atitude vigilante, humilde, confiando na
ajuda do Senhor, através da busca assídua da Face de Cristo49
. A oração, a intimidade
com Ele, a participação fiel à Eucaristia e ao sacramento da reconciliação, uma ascese
corajosa e um olhar filial à Virgem são o sustento da nossa fidelidade ao dom recebido.
POBREZA
“O pobre não tem exigências; não quer distinções; enfastia-se com o supérfluo; fica
satisfeito com tudo, agradece sempre... Gloriosamente pobres, pobres, pobres, não
exigindo nada, sacrificando tudo, tudo... Oh, que linda, que maravilhosa a santa
pobreza, tão amada por Jesus”. (I C)
No seguimento de Cristo Pobre
26. Deus nos chama a seguir mais de perto o Cristo que, rico tornou-se pobre por nós,
para nos enriquecer com a sua pobreza50
. Assim, participamos do Mistério Pascal do
Senhor Jesus, dando-lhe continuidade na Igreja e no mundo, para o bem dos irmãos.
Pobreza Evangélica
27. A pobreza evangélica, vivida segundo o exemplo de Cristo, que se tornou tão pobre
de maneira a não ter onde reclinar a cabeça51
, compreende uma atitude de liberdade
frente às preocupações e às coisas, e uma filial dependência de Deus como sinal de
plena confiança e abandono à sua providência. É o segredo de Maria, a pobre do
Senhor, refletindo-se em nós.
Objeto do Voto
28. Com o voto de pobreza, oferecemos a Deus o direito de dispor livremente e de usar
qualquer coisa material sem a permissão dos legítimos superiores. Embora conservando
a propriedade dos nossos bens e a capacidade de receber outros em linha patrimonial,
antes da primeira profissão, cedemos a administração dos mesmos e dispomos do uso e
usufruto deles conforme a norma do Direito comum.
Obrigamo-nos, consequentemente, a colocar na comunidade tudo aquilo que,
porventura, ganharmos como religiosos, ou como remuneração do nosso trabalho, ou o
que recebemos como seguros, aposentadorias, pensões e subsídios, bem como a
depender dos superiores em todas as nossas necessidades e no uso dos bens materiais.
Estilo de Vida
29. A nossa vida, tanto no âmbito pessoal como no comunitário, seja simples, sóbria,
frugal prestando atenção às condições ambientais dos irmãos entre os quais somos
enviados. Renunciamos com serenidade a tudo aquilo que não for de real necessidade
para a nossa vida e para a nossa atividade apostólica. Como autênticos pobres,
49
Cf. Gl 5, 24. 50
Cf. 2 Cor 8, 9b. 51
Cf. Mt 8, 20b.
15
sujeitamo-nos à lei comum do trabalho como meio de manutenção pessoal e do serviço
fraterno, manifestando os “valores evangélicos, que restituem ao trabalho sua dignidade
e atestam as verdadeiras finalidades dele”52
.
Amor aos pobres
30. Seguindo a Cristo, que manifestou sua preferência pelos mais necessitados, abrimo-
nos ao “grito dos pobres”53
,amando-os e compartilhando os nossos bens com aqueles
que vivem em qualquer situação de indigência. Solicita-nos o exemplo da nossa
Inspiradora, a qual, vendo neles a Face de Jesus, não se poupava, para dar-se aos irmãos
e reerguê-los da sua pobreza.
Partilhando os bens
31. Unidos num só coração e num só espírito, vivemos a pobreza evangélica como
expressão da nossa vida fraterna54
. Solidários com as necessidades da comunidade e de
cada irmão, compartilhamos os bens materiais e espirituais como numa verdadeira
família reunida no nome do Senhor, como também os compartilhamos com as outras
nossas comunidades e obras da Associação55
.
Sinal no mundo
32. A Associação oferece um testemunho coletivo de pobreza na simplicidade das casas
e evitando agir exclusivamente por interesse, ou acumulando bens56
não necessários à
finalidade do apostolado no espírito da Associação.
OBEDIÊNCIA
“Quem ama sabe sacrificar tudo, sofrer tudo e empreender obras extraordinárias por
amor a Deus: nada o desvia de cumprir aquilo que Deus quer dele.” (I E)
No seguimento de Cristo Obediente
33. Cristo realiza o mistério da salvação em absoluta obediência ao Pai, fazendo a
vontade Dele que o enviou57
. Para nós, dedicados na Igreja à busca da Face de Jesus, a
obediência é a manifestação vital da nossa vocação reparadora. Segundo o exemplo de
Cristo e em comunhão com Ele58
, que com a sua obediência restaurou a face do homem,
oferecemos livremente a Deus o sacrifício da nossa vontade59
comprometendo-nos a
aderir plenamente ao plano particular do Pai no serviço aos irmãos.
52
Cf. PC 13; cf. ET 20; PH 8b. 53
ET 18. 54
Cf. At 4, 32. 55
Cf. PC 13. 56
Cf. PC 13. 57
Cf. Jo 5, 30. 58
Cf. ET 23. 59
Cf. PC 14.
16
Objeto do Voto
34. Pelo voto de obediência, feito com fé, esperança e amor, no seguimento de Cristo
obediente até à morte60
, o religioso obriga-se à submissão da própria vontade às
legítimas autoridades da Associação, que fazem as vezes de Deus, quando ordenam,
segundo as Constituições.61
Espírito de obediência
35. Imitando a Cristo, cujo alimento era fazer a vontade do Pai62
, assumimos uma
atitude de docilidade ao Espírito na busca incessante do plano de salvação que se
manifesta através da Palavra de Deus, do Magistério da Igreja, das nossas Constituições,
das mediações humanas e dos sinais dos tempos. A obediência realizada à luz de um
particular desígnio sobre nós, ao invés de anular a dignidade da pessoa, deve ajudá-la a
alcançar o seu pleno e típico desenvolvimento levando à realização da verdadeira Face
de Jesus, obediente até à morte de cruz63
e, por isso, Salvador.
Obediência religiosa
36. Reunidos no Espírito do Senhor e animados pelo mesmo carisma, formamos uma
comunidade evangélica, na qual a obediência e a autoridade devem ser consideradas
como aspectos complementares da mesma participação na única oblação de Cristo64
. A
obediência torna-se, assim, submissão total à vontade do Pai65
e plena expansão em
Cristo da nossa liberdade66
.
A função da autoridade
37. As legítimas autoridades, dóceis à vontade de Deus, animam a vida evangélica dos
próprios irmãos, ajudando-os a exercer uma obediência espontânea, ativa, responsável,
tendo em vista a construção do Corpo de Cristo que é a Igreja. Exercem sua autoridade
no espírito de serviço, respeitando a dignidade dos irmãos, manifestando, desta maneira,
a caridade com que Deus os ama67
.
Busca da vontade de Deus
38. Na atenção às exigências do bem comum, procuram desenvolver e harmonizar as
qualidades e as iniciativas de todos. Promovem a busca da vontade de Deus no diálogo
aberto e sincero, no discernimento comunitário, num clima de fé, de amoroso
acolhimento, de mútua confiança, de respeitosa escuta, tomando, quando necessário, a
última decisão no espírito da caridade68
.
60
Cf. VC 21 e 22. 61
Cf. CDC c. 601. 62
Cf. Jo 4, 34. 63
Cf. Fl 2, 8. 64
Cf. ET 25. 65
Cf. PC 14. 66
Cf. RH 21. 67
Cf. PC 14. 68
Cf. PC 14.
17
Exemplos de obediência
39. A nossa obediência, em conformidade com o “Eis que venho” de Jesus e com o “Eis
a escrava” de Maria, é um holocausto de amor e de reparação, de maneira especial, na
hora da cruz, hora de participação mais intensa ao Mistério Pascal de Cristo Senhor.
2. Unidos na Comunidade: escondidos na Face do Cristo Senhor
A NOSSA ORAÇÃO
“Deixa-te conduzir... Deixa-te conduzir... No entanto prepara-te com a meditação, com
a oração, com a vida íntima de união...” (I E)
A oração como dom
40. A oração é um dom de Deus, encontro pessoal com Ele, que nos convida à busca de
sua Face e de sua intimidade. Olhamos a Jesus orante como mestre da nossa oração para
sermos, conforme o programa dos novos tempos, projetados pelo Pai, verdadeiros
adoradores em espírito e verdade69
. Alimentamos o espírito de oração e a mesma
oração70
, de maneira que molde e oriente toda a nossa existência disponível à
experiência do Deus vivente. Esta, doará a nossa vida a força profética anunciante da
presença de Cristo no meio dos homens, no dom do seu amor.
Contemplação da Face de Cristo
41. A contemplação da Face de Cristo reveladora do Pai71
, permeia toda atitude e
qualquer expressão do cristão orante, ajuda a reproduzir seus traços, a viver seus
sentimentos de maneira a tornarmo-nos sua Face viva no mundo72
. É ainda missão do
consagrado buscar contemplar o Rosto doloroso do Senhor também fora de si mesmo,
reconhecendo-o nos enfermos, encarcerados, pobres e pecadores, levando muitos
homens e mulheres a fazerem a experiência do abraço misericordioso de Deus Pai73
.
O consagrado e o sacerdote vivem sua espiritualidade entre os pólos da contemplação
pessoal e da celebração comunitária dos mistérios litúrgicos, um alimentando o outro74
.
Vida de oração
42. A nossa específica consagração orienta-nos essencialmente a receber o amor de
Deus e a corresponder com toda fidelidade, seguindo Cristo, “Testemunha fiel”75
, que
na aliança da Eucaristia, manifesta a sua misericórdia. Alimentamos este amor com uma
vida de oração e, dirigindo-nos ao Pai por meio do Espírito, dispomo-nos ao
conhecimento sempre mais profundo de Cristo. Conscientes de que a nossa ação
69
Cf. Jo 4, 23. 70
Cf. PC 6. 71
Cf. Cl 1. 15. 72
Cf. Ef 4, 23-24. 73
Cf. PCr 27 e 34. 74
Cf. SC 6. 75
Ap 1, 5.
18
apostólica alimenta-se com a oração e a contemplação, dedicamos a estes momentos a
prioridade, para nos sentirmos amados por Ele e para dizer a Deus nosso amor. Sendo
todo de Deus, o religioso e o sacerdote serão todo dos homens, trazendo no coração e
levando para a oração as necessidades, esperanças e desafios do mundo inteiro e da
santa Igreja76
.
A escuta da Palavra e o apostolado
43. Acolhendo o convite de Jesus a nos recolher com Ele na solidão, aguardamos, com
particular interesse, possivelmente pelo espaço de uma hora por dia, o encontro com
Deus na escuta e meditação de sua Palavra77
. A Sagrada Escritura é o texto privilegiado
que nos inicia à sublime ciência de Jesus Cristo78
, portanto ocupa lugar preeminente na
nossa vida. Ela revela ao homem o projeto de Deus para a salvação do mundo realizado
como evento de graça na sucessão dos acontecimentos. Alimentamo-nos todos os dias
com a Palavra de Deus, para descobrir a Face do Pai, tornando-nos operadores da
mesma Palavra. Guardamo-la no coração, a exemplo da Virgem Maria, confrontando-
nos com ela lealmente e tornando-a norma do nosso ser e agir. A fecundidade da nossa
ação eclesial surge do olhar contemplativo da Face de Cristo que percebemos presente
nos acontecimentos históricos e, mostrado nos nossos irmãos, particularmente nos
menores e mais humildes do Reino79
.
Leitura espiritual
44. Para crescer no conhecimento e no amor de Cristo, no aprofundamento e atualização
da nossa cultura religiosa, todos os dias, dedicamos o tempo determinado à leitura
espiritual, de preferência tirada da tradição teológico-ascética da Igreja e dos escritos da
nossa Inspiradora80
.
Espírito de penitência
45. O sentimento de reparação caracteriza a nossa vida de Religiosos da Sagrada Face.
A necessidade de tomar sempre mais consciência da dimensão pessoal e social do
pecado, exige empenho de conversão e ascese. Carregando todo dia a cruz, renunciamos
a nós mesmos e exercemos, evangelicamente a penitência para nos configurarmos a
Cristo. No espírito litúrgico da Quaresma, em comunhão com o Mistério Pascal que o
período prepara e vive, realizamos com amor e alegria os exercícios penitenciais de
costume da Associação, disponíveis às novas modificações comunitárias, conforme as
várias culturas e circunstâncias.
Retiros mensais e anual
46. Para favorecer um encontro mais íntimo e prolongado com o Senhor, útil para uma
profunda avaliação pessoal, dedicamos um dia ao retiro mensal e pelo menos cinco dias
aos exercícios espirituais a cada ano.
76
Cf. Jo 15, 4-10. 77
Cf. NMI, 39. 78
Cf. DV 25; cf. PC 6. 79
Cf. PCr 24. 80
Cf. PCr 23.
19
Silêncio
47. O silêncio é o real ato da escuta do Espírito, que fala através dos acontecimentos da
história, e é exigência de amor81
. O programa comunitário, consequentemente,
determina intervalos de silêncio que ajudam a conservar o recolhimento interior e
favorece a oração contemplativa, o estudo, o trabalho e também o repouso.
A NOSSA VIDA LITÚRGICA E SACRAMENTAL
“Recomendo as orações... do sinal da santa cruz até o último Amém, deve ser uma
harmonia celeste, bem meditada, bem compreendida, uma elevação a Deus docemente e
não áspera e apressadamente, não, pressa não... Saboreiem a oração e seja perfume e
não fumaça aos olhos de Deus. Regular-se bem e colocar em prática.” (I C)
Vida litúrgica
48. Conscientes de que a Sagrada Liturgia é a mais adequada expressão da Igreja,
comunidade orante, por meio da qual se dá a Deus o devido culto de adoração em união
com Cristo, seu Esposo, desejamos vivê-la com intensidade, testemunhando-a com a
nossa vida religiosa em ação de graças ao Pai que nos chamou a seguir Jesus como
nosso Mestre. Centro, fonte e cume da Liturgia, coração da vida eclesial, a Santíssima
Eucaristia é, para nós consagrados, particularmente os sacerdotes82
, manancial
transbordante de espiritualidade e foco irradiante de atividade apostólica83
.
Eucaristia
49. A Eucaristia, como sacramento do amor supremo de Jesus e sinal eficaz da
unidade84
, fomenta nossa caridade e união com Cristo, e nele, com o Pai e o Espírito
Santo, com os membros da nossa comunidade e os demais irmãos, expressas no serviço
aos outros, a exemplo de Cristo85
. Cada dia, possivelmente em comunidade,
participamos da Eucaristia, Sacrifício de Cristo e da Igreja, mesa do novo povo de Deus
pela nova e eterna aliança, selada pelo Espírito no Batismo e na nossa consagração
religiosa. Como sacerdotes, faremos da celebração diária da Santa Missa, o ato máximo
de nossa vida e atividade pastoral86
, em união com toda a Igreja87
. Inseridos no Mistério
da Morte e Ressurreição do Senhor, alimentamo-nos do único pão e bebemos do único
cálice, para tornarmo-nos o único Corpo do Senhor perenemente oferecido ao Pai.
Realizamos, assim, o desejo da nossa Inspiradora: “Temos que ser transformados pela
Eucaristia, tornando-nos com a mesma, vítimas oferecidas ao Pai sobre o altar da
Cruz”88
.
81
Cf. ET 46. 82
Cf. SC 7. 83
Cf. PCr 6. 84
Cf. 1Cor 10, 16-17. 85
Cf. VC 42. 86
Cf. CIC 1369 e 1370. 87
Cf. CDC c. 276 § 2. 88
I E.
20
Adoração Eucarística
50. Fieis ao espírito da nossa Inspiradora, que na Adoração Eucarística saciava o seu
ardor contemplativo-apostólico, vivemos com uma atitude de fé diante de Cristo, na
adoração, no louvor, no agradecimento, na súplica e na reparação. Nesse espírito, a
comunidade se reúne toda semana para fazer uma hora de adoração eucarística. Como a
nossa Inspiradora, nós buscamos, com uma amorosa disposição de fé e caridade, o
Rosto de Cristo no sinal sacramental. Também durante o dia, fazemos comunhão com
Jesus Eucarístico, com breves momentos de adoração.
Liturgia das Horas
51. Em comunhão com Cristo e com a Igreja e como prolongamento da Eucaristia,
todos celebramos, em comunidade, Laudes, Vésperas e Completas. Como diáconos ou
sacerdotes, cumpriremos com fé e alegria, o compromisso de louvar e orar ao Senhor,
em nome do povo de Deus, rezando o Ofício Divino de cada dia, conscientes não só da
hora que nos cabe, mas também da riqueza espiritual que recebemos da digna
celebração da Liturgia das Horas.89
Organizaremos, pois, o nosso horário cotidiano,
para que as atividades do ministério não impeçam o cumprimento dessa tarefa sagrada,
da qual deriva tanto bem, a eficácia dos labores apostólicos e a glorificação do Senhor90
.
Sacramento da Reconciliação
52. A Palavra do Senhor: “Convertei-vos e crede no Evangelho”91
, conserva-nos numa
constante atitude de conversão. Percebemos a necessidade de nos reconciliarmos
continuamente, por meio da Igreja, com o Pai e com os irmãos, para reintegrar a
comunhão no Espírito92
. O exame de consciência, incluído na celebração das
Completas, é um momento de oração e de confronto com a Palavra de Deus e prepara-
nos ao sacramento da reconciliação, do qual nos aproximamos com regularidade e
frequência requeridas pela Igreja93
.
Culto à Sagrada Face
53. A Sagrada Face é por nós cultuada, por uma graça especial94
, através da experiência
do silêncio e da oração95
, na intimidade com o mistério de Cristo, manifestado na hora
extrema – a hora da cruz96
. Unidos à Igreja, como na sexta-feira e no sábado santos, não
cessamos de contemplar esse rosto ensanguentado, no qual se esconde a vida de Deus e
se oferece a salvação do mundo. Mas, a contemplação do Rosto de Cristo não pode
deter-se na imagem do Crucificado. Ele é Ressuscitado!97
Desse modo, continuamente,
prestamos culto ao Rosto de Jesus: na adoração às Sagradas Espécies, que, sendo em si
“presença real de Cristo”98
, revelam igualmente o seu Rosto99
; na contemplação do
89
Cf. SC 83-85. 90
Cf. CDC c. 1175 91
Mc 1, 15. 92
Cf. MD 1. 93
Cf. MD 3. 94
Cf. NMI 20. 95
Cf. PCr 25. 96
Cf. NMI 25. 97
Cf. NMI 28; Lc 24, 6. 98
Cf. CDC c. 1088. 99
Cf. MF, 70; PCr 23 e 26; EE 55.
21
Rosto de Cristo, naquilo que se diz dele na Sagrada Escritura100
, obscuramente esboçado
no Antigo Testamento e revelado plenamente no Novo101
; e também por meio de uma
especial vivência litúrgica, de modo particular, a cada ano, por ocasião da festa da
Sagrada Face de Nosso Senhor Jesus Cristo, na última sexta-feira do mês de abril,
conforme calendário próprio da Congregação das Religiosas da Sagrada Face102
.
Culto à Maria Santíssima
54. Com a Igreja, amamos e veneramos Maria, “a Virgem orante”, que meditava e
guardava no coração as coisas de Deus103
e perseverava em oração. Aprendemos dela a
permanecermos fieis à nossa vocação de oração no serviço. Fieis à nossa tradição,
veneramos a Virgem sob o título de sua Assunção que a lembra como primeira, entre
todas as criaturas, a encontrar, em sua carne, a Face gloriosa de Jesus104
. Sob a proteção
de Maria, provamos a felicidade de poder contemplar eternamente a Face de Cristo.
Na festa da Assunção, comunitariamente, renovamos os nossos votos, confirmando na
fé, os empenhos da nossa consagração. Com a récita cotidiana do rosário mariano,
revivemos os mistérios da vida pascal de Cristo no gáudio, na luz, na dor e no amor,
participando da sua experiência de união ao Mistério da salvação.105
Santos Padroeiros
55. Na vida dos santos, Deus nos manifesta a sua presença e sua Face e, por meio deles,
fala e nos protege106
. Veneramos, de maneira especial, como padroeiros de nossa
Associação, São José, homem justo107
, que por sua incondicional obediência aos
desígnios divinos108
, ilumina com seu exemplo e sustenta com sua intercessão nossa
vivência espiritual cotidiana, e São Pedro, fiel apóstolo e pastor109
, de quem recebemos
a inspiração de sermos sempre solícitos e antecipados no reconhecimento do Senhor110
.
Nossa Inspiradora
56. Em 27 de junho, celebramos a festa litúrgica da Bem-Aventurada Maria Pia
Mastena, nossa Inspiradora, de quem recebemos toda a herança espiritual e carismática.
“Num mundo de pessoas distraídas em relação às coisas eternas, é atual, como nunca, o
exemplo esplendoroso da Bem-Aventurada Maria Pia, de cujo rosto transparecia, como
filigrana, o Rosto sorridente de Cristo. Toda a pessoa da Madre estava repleta da
presença de Cristo crucificado e ressuscitado, de maneira evidentemente
superabundante, a ponto de estimulá-la a servi-lo nos pobres de todos os gêneros e a
identificar-se na Eucaristia celebrada e adorada”111
. Por isso, buscamos sempre
100
Cf. PCr 24. 101
Cf. NMI 17-18. 102
Cf. CCDDS, Prot. N. 481/05/L. 103
Cf. Lc 2, 51. 104
Cf. RVM 10. 105
Cf. RVM 19 e 24. 106
Cf. LG 50. 107
Cf. Mt 1, 19. 108
Cf. Mt 1, 24. 109
Cf. Mt 16, 17-19. 110
Cf. Lc 24, 34. 111
CARDEAL MARTINS, José Saraiva. Homilia da Celebração de Beatificação de Madre Maria Pia
Mastena, na Basílica de São Pedro – Roma, em 13 de novembro de 2005.
22
transmitir, no tempo, a lembrança da sua vida, com fidelidade ao seu carisma, ao seu
espírito e ao seu exemplo. À sua intercessão, confiamos nossa vida, nossa Associação e
seu desenvolvimento.
Dom Eugenio Beccegato
57. Em 17 de novembro, recordamos o dies natalis de Dom Eugênio Beccegato, “o
homem da providência”112
que, com sua paternidade espiritual e solicitude pastoral,
tanto ajudou, encorajando e defendendo a nossa Inspiradora na obra de edificação desta
Família Religiosa, à qual estamos vinculados113
.
A NOSSA VIDA FRATERNA
“Ter tanta caridade e procurar ser de ajuda na comunidade onde a obediência nos
coloca... Que cada instante seja santificado, não percamos nenhum! Seja a suavíssima
caridade o centro fúlgido de todo movimento do coração e das ações. Não nos
esqueçamos nunca, nunca, nunca: sofrer, mas nunca fazer sofrer”. (I C)
O fundamento da comunidade
58. A nossa vida comunitária tem sua base no projeto particular de Deus que, desde a
eternidade, vê-nos unidos fraternalmente e, no tempo, chama-nos a vivê-lo em Cristo
Jesus, como única família, que, na Igreja, visa à plenitude da caridade com um único
carisma, uma única missão, uma única Constituição, vivendo escondidos na Face de
Cristo Senhor, com “um só coração e uma só alma”114
.
Amor fraterno e missão
59. Dispomo-nos, portanto, ao amor fraterno, com o mesmo coração de Cristo, que nos
reuniu em seu nome, e que o Espírito Santo enriqueceu com a efusão da caridade115
. Tal
amor nos une, vencendo os limites pessoais, as diferenças de caráter, de idade, de
encargos e de nacionalidade, dando credibilidade à nossa missão.
Unidade na caridade
60. É nosso ideal de vida realizar o anseio de Jesus de “que todos sejam uma só
coisa”116
. A união perfeita dos corações e dos espíritos117
favorece a fidelidade à nossa
consagração e é testemunho perante os irmãos do amor e da presença do Senhor entre
nós118
. Tudo isso é a realização da nossa missão na Igreja.
112
D’AMANDO, Filippo. Eugenio Beccegato – Vescovo di Vittorio Veneto, 1993, p. 52. 113
Cf. MARABELLO, Fernanda. Uma Apóstola da Sagrada Face, 1986, p. 78. 114
At 4, 32. 115
Cf. Rm 5, 5. 116
Jo 17, 21. 117
Cf. ET 41. 118
Cf. PC 15.
23
Vida comunitária
61. A nossa vida fraterna, conforme estas Constituições, desenvolve-se num estilo de
vida comunitária, que facilita a união entre nós e é estruturada para as exigências do
apostolado. Compartilhamos ativamente: oração, trabalho, encontros comunitários,
momentos de descanso e de lazer, buscando a unidade na pluralidade, no respeito a cada
pessoa, e orientando ao bem comum, os interesses particulares.
Projeto comunitário
62. Cada comunidade atende às exigências do nosso carisma e ao serviço apostólico
junto à Igreja local. Os membros da comunidade, guiados e estimulados pelo Moderador
local, traçam conjuntamente, um plano comunitário anual, no qual são determinados os
tempos para a oração e para a vida comunitária, o estilo de fraternidade, o plano
operativo apostólico, o uso prudente e responsável dos meios de comunicação social e
dos instrumentos de trabalho. Esse plano, aprovado pela autoridade suprema da
Associação, deve ser instrumento de formação, de crescimento comunitário e de
avaliação, e sujeito à atualização conforme o desdobrar dos tempos.
Encontros comunitários
63. A vida comunitária alimenta-se com a constante e fraternal comunicação.
Periodicamente, reunimo-nos, sob a orientação do moderador local ou de outro membro
da comunidade por ele indicado, para tratar assuntos relacionados à nossa vida
apostólica e espiritual. O diálogo fraterno anima os nossos encontros de família e torna-
se indispensável para a busca comum da vontade de Deus, por meio de informações e
troca de experiências pessoais. Torna-se eficaz quando é realizado num clima de
acolhida fraterna, escuta respeitosa mútua, liberdade recíproca, e quando emergem a
caridade e o perdão, fazendo com que, cada um sinta-se compreendido, amado e
ajudado.
Clausura e hospitalidade
64. Em todas as casas haja sempre locais reservados exclusivamente aos membros da
comunidade, para oferecer a necessária privacidade de que necessita qualquer família
religiosa.119
O espírito evangélico que caracteriza a nossa comunidade nos dispõe,
também, ao acolhimento dos irmãos e à hospitalidade onde e quando for possível.
Relações com a família
65. A escolha da vida religiosa não enfraquece o nosso amor para com os familiares,
antes, fortifica-o. Permanecendo fieis à separação pedida pelo convite de Cristo,
amamo-los como o Senhor mandou. O moderador local, portanto, em diálogo com os
membros da comunidade, conceda a cada um, as lícitas permissões para visitar a
família.
119
Cf. CDC c. 667 § 1.
24
3. Enviados aos irmãos para uma ação “Missionária de Redenção”
A NOSSA MISSÃO
“A imagem da Sagrada Face de Jesus deve ser levada ao mundo inteiro pela caridade e
dedicação dos irmãos a Ele consagrados.” (I C)
A Trindade, fonte da Missão Eclesial
66. A Igreja Peregrina é essencialmente missionária, porque tem sua origem da missão
do Filho e do Espírito Santo – enviados pelo Pai ao mundo, para realizarem seu plano
de amor – e porque foi enviada como sacramento universal de salvação, para
evangelizar todas as nações até o fim dos tempos120
. Temos, como razão de ser e
modelo da ação missionária, Jesus Cristo, ungido, consagrado e enviado para ser o
primeiro evangelizador121
. Nossa vocação específica é tornar presente no mundo o
Mistério Pascal de Cristo na sua Face. Por isso, nós queremos ser, entre os irmãos, o
reflexo desta Face que revela as riquezas do seu amor misericordioso122
.
Nossa inserção na Missão eclesial
67. Nossa consagração pelos conselhos evangélicos, aprofundando e alargando a
responsabilidade missionária derivante da condição cristã, é consagração para a missão,
porque gera uma especial união com Cristo Salvador e o torna presente no mundo pelo
nosso testemunho e ação123
. Em vista disso, comporemos harmoniosamente nossa vida
pessoal e comunitária com as exigências da consagração e atividade missionárias, de
modo que se favoreçam mutuamente124
. Nossos presbíteros encontram no sacramento
da ordem, novos apelos e estímulos para sua vocação missionária125
. Na verdade, pela
ordenação sacerdotal, tornam-se cooperadores da ordem dos bispos, a estes associados
na responsabilidade pela salvação do mundo, e consagrados para a missão universal126
.
Enviados aos povos
68. Em nossas ações apostólicas, nós nos guiaremos pelo carisma fundacional da
Associação, que dá sentido e finalidade a todas as atividades e nos abre um amplo
horizonte missionário de evangelização integral. Interpela-nos a multidão dos que
desconhecem a Cristo, luz dos povos, e jazem nas trevas da ignorância ou do erro e nas
sombras do pecado e da morte127
, bem como o número imenso dos oprimidos, cuja vida
é ameaçada e cuja cultura é destruída pelos falsos valores do mundo. Em seus rostos,
contemplamos a Face desfigurada de Jesus e, por isso, dedicamo-nos à missão de
anunciar-lhes o Evangelho, que os liberta do pecado e de suas consequências
desumanizantes128
, e à tarefa de lutar para que, em Cristo, tenham vida plena129
.
120
Cf. AG 1-2, 5-7. 121
Cf. RMi 65. 122
Cf. NMI 16. 123
Cf. LG 44. 124
Cf. CDC c. 719. 125
Cf. PO 10. 126
Cf. RMi 67. 127
Cf. Lc 1, 79. 128
Cf. Lc 4, 18-19.
25
Testemunho
69. Testemunhamos Jesus Salvador e seu amor salvífico, preparamos a evangelização
expressa e confirmamo-la por antecipação130
:
a) pelo testemunho de uma vida orante, esplendente de fé, esperança e operosa
caridade, na alegre e generosa fidelidade à própria consagração131
;
b) pela simplicidade e pobreza, no espírito das bem-aventuranças132
;
c) pelo amor respeitoso, gratuito, compartilhante, para com todos, particularmente os
pobres e excluídos133
;
d) pelo compromisso vital com a justiça e a paz, com os direitos da pessoa e a
libertação integral dos oprimidos134
.
Pessoal ou comunitário, tal testemunho muitas vezes silencioso, pode ser, em certas
situações, a única forma viável de evangelização135
.
Anúncio
70. O Reino que anunciamos não é uma mera doutrina ou uma ideologia, mas “uma
pessoa, que tem o Nome e a Face de Jesus de Nazaré, imagem do Deus invisível”.
Nosso Evangelho é o Senhor Jesus Cristo. Sua vida é nosso livro e conteúdo de nossa
pregação136
. Toda a nossa atividade missionária se orientará, portanto, para o anúncio
expresso da Boa Nova do Reino, que nos vem em Jesus Salvador, por quem o Pai nos
chama à libertação do pecado e de todo mal, bem como à comunhão com sua vida, no
Espírito Santo137
. Neste sentido, o trabalho pastoral dos nossos presbíteros deverá estar
animado integralmente pelo fervor missionário, buscando, pois, suscitar e alimentar em
todos o zelo pela evangelização dos povos138
.
Sempre apóstolos da Sagrada Face
71. Na plena eficiência das nossas forças, bem como na invalidez da doença ou da
velhice, somos apóstolos missionários e realizamos com igual eficácia o empenho
próprio da Associação em virtude da mesma vocação de glorificar, honrar e reparar a
Face adorável de Jesus.
129
Cf. Jo 10, 8-10. 130
Cf. At 1,8. 131
Cf. VC 76. 132
Cf. RMi 14. 133
Cf. RMi 15. 134
Cf. AG 12. 135
Cf. RMi 42-43. 136
Cf. At 2, 22-36; 4, 8-12. 137
Cf. RMi 13, 18 e 44. 138
Cf. AG 39.
26
CAPÍTULO III
A NOSSA FORMAÇÃO
1. Princípios Gerais
“A atualização dos Institutos religiosos depende em máxima parte da formação de seus
membros... A formação por meio da fusão harmônica dos vários elementos deve
realizar-se de modo a contribuir para a unidade de vida dos mesmos religiosos”. (PC,
18)
Autor e Guia da formação
72. A formação é obra do Pai, o formador por excelência, que nos torna conformes à
imagem do seu Filho, para continuarmos entre os homens a missão salvífica, e que age
nos corações por meio do seu Espírito, a quem devemos escutar e seguir docilmente.
Maria é modelo e guia nesta obediente cooperação com a ação formadora do Pai que,
pela comunicação do Espírito, fez nela maravilhas, transformando-a na digna Mãe do
Filho do Altíssimo e Redentor, cuja fisionomia, melhor que ninguém, ela possui e revela
ao mundo139
. Em nossa vida de Religiosos da Sagrada Face, a formação toma sua
característica própria na experiência contemplativo-apostólica que a Bem-Aventurada
Maria Pia deixou-nos como herança espiritual e que nós queremos conservar e
desenvolver em comunhão com o Corpo de Cristo, em perene crescimento conforme às
exigências dos tempos e lugares.
Finalidades essenciais
73. Fim supremo da formação na Associação é a transformação de cada um em Cristo
Jesus, casto, pobre, obediente, morto e ressuscitado, para a salvação do mundo. Meta da
caminhada formativa inicial é preparar-nos para a consagração total a Deus, no
seguimento de Cristo; finalidade da formação permanente é fazer que sejamos cada vez
mais alegremente fieis, respondendo sempre de novo à vocação recebida140
. Para os que
são chamados ao serviço sacerdotal na Associação, a formação visa também configurá-
los a Jesus, Bom Pastor e Sumo Sacerdote, Mediador entre Deus e a humanidade,
Cabeça do Corpo místico, Servidor do povo de Deus141
. Meta da formação é prepará-los
para as diversas etapas que os conduzem à ordenação, levá-los a uma amizade profunda
e transformadora com Jesus, fazendo com que assumam os sentimentos e atitudes do
coração sacerdotal de Cristo, ardente de caridade pastoral142
.
Características e etapas formativas
74. A formação deve ser unitária, progressiva e harmônica, abarcando todas as
dimensões da vida – física e intelectual, espiritual e apostólica – e todos os aspectos do
139
Cf. VC 28 e 112. 140
Cf. VC 65. 141
Cf. PDV 21-24. 142
Cf. PDV 45-46.
27
formando, enquanto pessoa humana, fiel cristão, consagrado, sacerdote, membro da
Associação143
. A formação para a vida religiosa desenvolve-se, através de etapas
sucessivas, crescentes e complementares: Aspirantado, Postulantado, Noviciado e
Juniorato, que se devem compor harmoniosamente com a formação sacerdotal, para os
candidatos ao ministério sagrado, e prolongam-se, no decorrer de toda a vida, com a
formação permanente, buscando crescente conformidade com Cristo, na Igreja144
. A
formação não será apenas teórica e nocional, mas também prática e experiencial, pois
ser discípulo de Jesus é, antes de tudo145
, ser fascinado por Ele, conviver com Ele, como
seu Amigo, seu Senhor e seu Tudo, e dedicar-se, por amor, a serviço do povo, que
Cristo amou e libertou com o seu Sangue146
.
Fontes e perspectivas
75. Fontes da formação serão:
a) a Palavra viva de Deus nas Escrituras e na Tradição;
b) o Magistério autêntico da Igreja;
c) a vida litúrgica e sacramental;
d) a doutrina espiritual dos grandes mestres, dos nossos padroeiros e particularmente da
Bem-Aventurada Maria Pia Mastena;
e) as Constituições da Associação;
f) o conjunto das vivências, história, tradições e atividades da nossa Associação.
Em todas as fases da formação incluam-se atividades apostólicas, a serem feitas sem
prejuízo dos estudos e dos outros aspectos da formação; elas serão programadas,
acompanhadas e avaliadas pelos encarregados da formação.
Plano de formação
76. A nossa formação religiosa realiza-se conforme o plano programático da
Associação, aprovado pelas legítimas autoridades. Este coloca ao centro e possui como
princípio unificador a Face de Cristo Senhor, contemplada, adorada, reparada por meio
de uma vida de fidelidade aos empenhos da nossa consagração e do nosso serviço na
Igreja. Para os candidatos ao ministério sacerdotal, haja um plano de formação próprio,
de acordo com as diretrizes fundamentais da Santa Sé e da Conferência Episcopal,
aprovado igualmente pelas legítimas autoridades da Associação, integrando a nossa
formação específica com a preparação adequada para a ordenação presbiteral.
Responsáveis pela formação
77. A formação abrange, além da pessoa interessada, a comunidade e os religiosos
encarregados desse serviço. A pessoa é a primeira responsável pela sua formação. Ela
cresce em Cristo e insere-se em seu Corpo e na Associação na medida de sua adesão ao
Espírito, por meio da disponibilidade exigida pelo compromisso evangélico do
seguimento. Para formadores escolher-se-ão os religiosos que sejam mais
capacitados147
:
a) pelo testemunho e coerência de vida consagrada;
143
Cf. VC 65 144
Cf. VC 69. 145
Cf. VC 18. 146
Cf. VC 24. 147
Cf. VC 66.
28
b) pela busca de Deus e o ardor missionário;
c) pela experiência e amor à Associação;
d) pela prática de, em equipe, refletir, conviver e trabalhar;
e) pela capacidade de escutar, dialogar, compreender e acolher;
f) pela segurança e firmeza em orientar, exigir, avaliar, decidir;
g) pela preparação específica e tempo suficiente, para se dedicar às suas funções.
Compete ao Moderador geral, com o seu Conselho a nomeação dos encarregados pela
formação, em qualquer etapa formativa148
.
Formadores
78. Os religiosos encarregados pela formação esforcem-se, com o testemunho de vida e
amor à Associação, por tornar conhecidos aos formandos o espírito, a vida, o carisma da
Associação e levá-los gradativamente a configurar-se a Cristo, casto, pobre, obediente,
vivendo o Mistério Pascal de morte e ressurreição sob o olhar de Jesus, cuja Face é
escola de oferta de si para a verdadeira alegria da vida.
Animação Vocacional
79. O amor e a dedicação da nossa Inspiradora souberam levar ao altar e à especial
consagração inúmeras vocações sacerdotais e religiosas. Fieis à sua entrega e aos seus
exemplos, comprometemo-nos com a pastoral vocacional e com os cuidados das
vocações que Deus nos doa, por meio da oração, pelo testemunho, e com uma ação
sábia e iluminada. Colaboramos também com as iniciativas promovidas com a mesma
finalidade pela Associação e pela Igreja149
.
2. Aceitação na Associação
Discernimento Vocacional
80. Para que o espírito da Associação conserve, no decorrer dos tempos, o vigor de suas
origens, adotamos no discernimento vocacional os mesmos critérios em uso na Igreja.
Orientando os jovens para a Associação, certificamo-nos se eles manifestam:
a) sincero desejo de consagrar-se a Deus;
b) a inspiração de compartilhar o nosso estilo próprio de vida;
c) equilíbrio psíquico;
d) desenvolvimento intelectual suficiente;
e) capacidade de amadurecimento humano e afetivo;
f) caráter firme e dócil, aberto e sociável, capaz de viver em comunidade, de colaborar
com os outros; de cultivar a paz e a união;
g) sã constituição para uma concreta dedicação ao trabalho e ao apostolado, conforme o
nosso carisma;
h) obediência aos superiores e aceitação das decisões comunitárias;
i) adaptabilidade à diversidade de ambientes e situações;
j) solidariedade com o povo, sensibilidade para com os mais pobres, sentido universal,
histórico e social;
k) amor a Cristo e à sua Igreja, vivência da fé, esforço por adquirir virtudes cristãs;
l) zelo missionário e alguma experiência apostólica.
Além destes critérios, exige-se que o candidato tenha idade entre 18 e 30 anos.
148
Cf. CDC c 651 § 1. 149
Cf. VC 64.
29
Seleção dos candidatos
81. As decisões, em matéria vocacional, sejam amadurecidas na oração e na
ponderação, tendo em vista unicamente a vontade do Senhor e seu plano de amor, o
bem da Igreja e da nossa Associação, a felicidade do candidato, sem se deixar levar
pelos afetos ou por considerações de prudência humana, que só causam maior prejuízo a
todos. Para a seleção e encaminhamento de candidatos às ordens sacras, siga-se em tudo
e fielmente o que determina a santa Igreja, em suas leis e diretrizes.
Admissão na Associação
82. A admissão é de competência do Moderador geral, que representa a autoridade
suprema na Associação, e deve ser precedida dos acertos e averiguações previstas pelo
Direito comum e particular para que seja válida e lícita a admissão do candidato.
Declaração do candidato
83. Logo que for admitido à Associação, o candidato fará uma declaração escrita
constatando que, em caso de desistência, não pode exigir nenhuma retribuição pelo
trabalho, de qualquer natureza, eventualmente realizado150
. A mesma declaração terá
que ser renovada antes da profissão religiosa.
3. Fases da Formação
ASPIRANTADO
“Vinde e vede! E eles foram e permaneceram com o Senhor.” (Jo 1, 39)
Natureza e fim
84. É um tempo de forte experiência de vida cristã, realizado numa comunidade, e tem a
finalidade de favorecer aos jovens aspirantes:
a) progredir no crescimento humano;
b) conhecer e aprofundar as verdades da fé e as exigências do Evangelho;
c) conhecer mais de perto o nosso estilo de vida;
d) fazer uma experiência inicial de grupo e comunitária;
e) fazer um discernimento vocacional mais consciente e livre.
Duração
85. O período do Aspirantado varia de um a dois anos, segundo as condições do lugar e
as exigências e ritmos de cada formando.
150
Cf. CDC c. 702.
30
Pedido e admissão ao Postulantado
86. O aspirante que deseja ser admitido ao Postulantado deve fazer um pedido, por
escrito, dirigido ao Moderador geral, manifestando, com clareza, o seu desejo de dar
continuidade ao processo formativo na Associação, expressando uma particular atração
pelo carisma e pela missão da Associação. Cabe ao Moderador geral, com o voto
consultivo do seu Conselho, admitir ou reenviar à família o aspirante candidato ao
Postulantado.
POSTULANTADO
“É necessário que os postulantes se preparem com muito recolhimento interior e
exterior, que reflitam no passo que pretendem dar”. (I C)
Fim e objetivos
87. O Postulantado é o período de preparação ao Noviciado. Tal período, permite ao
postulante aprofundar os valores de sua consagração batismal, conhecer e experimentar
as primeiras exigências do seguimento de Cristo e melhor discernir sua vocação.
Permite também à Associação averiguar as aptidões e a maturidade dos formandos,
colocando-os em contato com as atividades da Associação.
Ambiente formativo
88. Os postulantes vivem ordinariamente inseridos na comunidade, onde todos os
membros empenham-se em favorecer-lhes a formação, com a fidelidade às
Constituições, aceitação dos valores e limites de cada um e com a avaliação vocacional
dos mesmos.
Duração
89. O período do Postulantado é de, no mínimo, doze meses. Este tempo pode ser
prorrogado, por justa causa, por solicitação do postulante ou por entendimento do
formador, tendo em vista a caminhada do formando, desde que o período total não
supere dois anos151
.
Pedido e admissão ao Noviciado
90. Dois meses antes de terminar o Postulantado, o candidato faz o pedido de admissão
ao Noviciado, por escrito, ao Moderador geral, através do formador, o qual anexa ao
pedido o seu parecer e o parecer da comunidade.
Cabe ao Moderador geral, com o voto deliberativo de seu conselho, admitir ou re-
encaminhar o candidato de volta à sua família, por justa causa.
151
Cf. DF 43, VC 65d.
31
Início do Noviciado
91. O início do Noviciado, precedido por um retiro espiritual de pelo menos cinco dias,
começa com uma celebração da Palavra reservada à comunidade.
NOVICIADO
“Prestem amorosa atenção a tudo aquilo que é ensinado para encaminhar-vos à Vida
Religiosa, que é vida de santidade.” (I E)
Natureza e finalidade
92. Com o noviciado, inicia-se a vida religiosa na Associação. Este período tem a
finalidade de tornar conhecidas ao noviço as exigências essenciais da especial
consagração e de empenhá-lo, efetivamente, na vivência dos conselhos evangélicos,
conforme as características próprias da Associação.
Objetivos
93. No encontro com a Palavra de Deus e na docilidade ao Espírito, o noviço é ajudado
a penetrar sempre mais no Mistério de Cristo, revelado na sua Face de “Homem das
dores”152
e por Ele deixar-se atrair e moldar, principalmente na oração. Escondido na
Face do Senhor, aprende a conhecer e a viver a caridade, a humildade, a simplicidade e
o espírito pascal do sacrifício com alegria. Na vida comunitária, e por meio de
oportunas experiências de apostolado, o noviço se abre à comunhão com os irmãos e ao
sentido da missão apostólica que a Igreja, por meio da obediência, dar-lhe-á para
realizar.
Formação dos noviços
94. As bases fundamentais da formação dos noviços são: as Sagradas Escrituras, o
Magistério autêntico da Igreja, as Constituições, os escritos da nossa Inspiradora, a vida
litúrgica e sacramental e a espiritualidade específica da Associação.
Sede
95. O Noviciado deverá transcorrer numa casa regularmente determinada pelo
Moderador geral, com o voto deliberativo do seu Conselho. Ele poderá ser transferido
temporariamente, ou para sempre, para outro lugar, com o mesmo consentimento.
Duração e etapas
96. O tempo do Noviciado é de dois anos; o primeiro ano, sendo o canônico, deve
transcorrer inteiramente na casa determinada para esse fim e é dedicado exclusivamente
à formação espiritual e doutrinal dos noviços. No segundo ano, o noviço pode realizar
uma experiência formativa apostólico-comunitária, também fora da casa do Noviciado,
sempre sob a responsabilidade do mestre. Porém, os últimos dois meses, que precedem
à profissão, devem ser transcorridos na casa do noviciado. Em casos particulares, o
152
Is 53, 3.
32
Moderador geral, com o consentimento do seu Conselho, e de comum acordo com o
mestre, poderá antecipar para o primeiro ano o período apostólico-formativo, ficando
para o segundo o ano canônico.
Ausências durante o ano canônico
97. As ausências que ultrapassam os três meses consecutivos durante o ano canônico o
tornam sem efeito. E as que superam os quinze dias, serão supridas com o tempo
correspondente.
Admissão e validade da profissão
98. Para ser admitido à profissão religiosa, o noviço deve ter compreendido o valor do
empenho que a mesma acarreta; possuir a maturidade necessária para decidir livremente
em relação à sua consagração a Deus, no holocausto da própria vida entre os Religiosos
da Sagrada Face; deve ser admitido livremente pelo Moderador Geral com o
consentimento do seu Conselho, conforme a norma do Direito próprio, bem como a
profissão deve ser recebida pelo Moderador geral ou por meio de um seu Delegado.
Pedido de admissão à profissão
99. Dois meses antes do tempo determinado para o término do noviciado, o noviço
apresenta ao Moderador geral o pedido escrito para ser admitido à profissão. Este, com
o seu Conselho, baseando-se nos relatórios encaminhados pelo mestre, avalia
atentamente a vocação e o comportamento do noviço.
Admissão, prorrogação e retorno à família
100. Cabe ao Moderador geral, com o voto deliberativo de seu Conselho, admitir o
candidato à profissão ou reencaminhá-lo à sua família, caso não tenha sido considerado
apto para a vida na Associação. Em caso de dúvida, o Moderador geral, com o
consentimento do Conselho, pode prolongar o tempo do noviciado, porém não por mais
de seis meses. Este tempo também poderá ser prorrogado por solicitação do próprio
noviço, feita mediante pedido escrito, em consenso com o formador, ao Moderador
geral, a quem compete a decisão, com o voto do seu Conselho.
Retiro espiritual
101. Antes da profissão, o noviço fará, por seis dias completos, um retiro espiritual para
que melhor vivencie o ato de sua entrega total a Deus, como o Absoluto e único Senhor
de sua vida.
PROFISSÃO RELIGIOSA
“Preparem-se para a profissão com muito recolhimento e que permaneçam fortemente
unidos ao doce Jesus; invoquem a Santíssima Virgem e o seu Anjo da Guarda. Pensem
sempre no passo que estão para dar, a fim que seja dado com a firme convicção de que
devem se tornar verdadeiras vítimas e mártires do Amor, para o Amor, com o Amor!
Devem viver imolados...” (I C)
33
A Profissão
102. A profissão religiosa é a resposta, livre, responsável e generosa ao “siga-me” de
Jesus. O noviço torna-se totalmente consagrado, a título novo, por meio do ministério da
Igreja, para a glória de Deus e o serviço dos irmãos, conforme as Constituições da nossa
Associação.
Fórmula e aceitação
103. A profissão religiosa, inserida na Liturgia Eucarística, é feita nas mãos do
Moderador geral ou por um seu delegado, a quem compete, em nome da Igreja, aceitar a
profissão, feita conforme o ritual da nossa Associação, com a seguinte fórmula:
EM NOME DA SANTÍSSIMA TRINDADE, QUE ME CRIOU À SUA IMAGEM E SEMELHANÇA,
RESPONDENDO A UMA VOCAÇÃO ESPECÍFICA NA IGREJA, CONSAGRANDO-ME À SAGRADA
FACE DE JESUS, QUE QUERO BUSCAR E SERVIR NOS IRMÃOS E IRMÃS, ESPECIALMENTE NOS
MAIS POBRES E NECESSITADOS, DIANTE DA COMUNIDADE, EU, (dizer o nome completo),
EM TUAS MÃOS, (dizer o nome do Moderador geral ou do Delegado), FAÇO VOTO A DEUS,
POR UM ANO (OU PARA SEMPRE), DE CASTIDADE, POBREZA E OBEDIÊNCIA, SEGUNDO AS
CONSTITUIÇÕES DOS RELIGIOSOS DA SAGRADA FACE. CONFIO-ME À NOSSA SENHORA
ASSUNTA AO CÉU PARA QUE, FIEL AOS MEUS EMPENHOS, POSSA POR ELA UM DIA, SER
INTRODUZIDO À CONTEMPLAÇÃO DA FACE GLORIOSA DO MEU SENHOR. AMÉM.
Hábito religioso
104. No ato da profissão, o neo-professo recebe as insígnias complementares do hábito
religioso próprio da Associação: o escapulário como sinal de sua vocação para o
serviço; a cruz com a imagem da Sagrada Face de Jesus e as Constituições, símbolos de
sua consagração e pertença à Associação, respectivamente.
Renovação anual dos votos e duração da etapa
105. A profissão religiosa renova-se conforme a fórmula estabelecida “Ad annum”, por
um período de quatro anos. Depois deste período, o professo poderá emitir os votos
perpétuos. O período de renovação dos votos temporários poderá ser prolongado por até
sete anos, por solicitação do próprio professo, em consenso com o seu formador, e/ou
por decisão do Moderador geral, com o parecer do seu Conselho.
Pedido e admissão à renovação
106. Cada ano, antes do vencimento dos votos, o professo encaminha um pedido escrito
de admissão à renovação ao Moderador geral, a quem compete admitir, com o voto
consultivo do seu Conselho.
Renovação dos votos
107. A renovação dos votos deve realizar-se ao vencer do ano, sem interpor nenhum
intervalo. O Moderador geral pode permitir de antecipá-la, mas não além de um mês.
Tal renovação será precedida por um retiro espiritual de pelo menos três dias.
34
Separação da Associação após o vencimento dos votos
108. Ao vencer o tempo dos votos anuais o professo pode deixar livremente a
Associação153
. Igualmente o Moderador geral, com o voto consultivo do seu
Conselho154
, por justa causa, pode encaminhá-lo de volta à sua família.
Separação da Associação com os votos
109. Se um professo, por causas graves, decidir deixar a Associação antes do
vencimento dos votos, o Moderador geral, com o consentimento do seu Conselho, tem
poder de conceder o indulto relativo155
. Em tal circunstância, os votos cessam
imediatamente.
Separação por doença
110. Uma doença física ou psíquica, contraída mesmo depois da profissão temporária
que, a juízo dos peritos, tornar o religioso incapacitado de viver a vida da Associação,
constitui causa para não o admitir à renovação dos votos ou à profissão perpétua, a não
ser que a doença tenha sido contraída por negligência da Associação ou por trabalho
nela realizado156
, ou tratando-se de perda do uso da razão157
.
Direitos e deveres dos professos
111. Todos os professos têm os direitos e deveres inerentes à vida religiosa, em
conformidade com o Direito comum. Sem a licença do Moderador geral, o religioso não
pode aceitar encargos e ofícios externos à Associação, mesmo que sejam cargos ou
funções eclesiásticas158
. Os professos ordenados têm também os direitos e deveres que
a legislação eclesiástica estabelece159
.
JUNIORATO E PROFISSÃO PERPÉTUA
“Quem não dá totalmente o coração a Jesus, não Lhe dá nada, nenhuma parte, pois Ele
a recusa.” (I E)
Natureza e finalidade
112. O Juniorato é o período da formação que transcorre entre a primeira profissão e a
profissão perpétua, e pode durar de quatro a sete anos, conforme o artigo 106 das
Constituições da Associação. É destinado a integrar e interiorizar os valores essenciais
da vida religiosa, aprendidos durante o noviciado, a aperfeiçoar e amadurecer a
formação e o compromisso da consagração total, conforme o carisma e a missão dos
Religiosos da Sagrada Face.
153
Cf. CDC c. 688 § 1. 154
Cf. CDC c. 689 § 1. 155
Cf. CDC c. 688 § 2. 156
Cf. CDC c. 689 § 2. 157
Cf. CDC c. 689 § 3. 158
Cf. CDC c. 671. 159
Cf. CDC c. 277; 285-289.
35
Metas do Juniorato
113. O Juniorato tende a formar religiosos capazes de fazer refletir a Face de Deus no
contexto social em que vivem, tendo em conta as necessidades da Igreja, as condições
hodiernas, a fidelidade e carisma da Associação. Favorece, portanto, uma verdadeira
maturidade humana, espiritual, apostólica, intelectual, na unidade de vida, ajudando
cada um de nós, progressivamente, a realizar o dom de si, incluindo-se a obtenção de
títulos acadêmicos, se isto for oportuno, para o bem da Associação. Caso o juniorista
seja candidato ao ministério sacerdotal, obedeça fielmente às diretrizes para a formação
presbiteral, conforme a Igreja e a Associação exigirem160
.
Pedido e admissão à profissão Perpétua
114. Quatro meses antes do tempo previsto para a profissão perpétua, o juniorista que
deseja ser admitido encaminha pedido escrito ao Moderador geral, a quem compete
admitir, com o voto deliberativo do seu conselho. Ele, ao decidir, levará em conta
também, o parecer daqueles que acompanharam mais de perto o professo no período da
formação.
Testamento
115. Antes da profissão perpétua, o religioso redigirá livremente o testamento, válido
para os efeitos civis, dos bens presentes e dos que poderão chegar. Esse testamento não
poderá ser alterado sem licença do Moderador geral.
Preparação à Profissão Perpétua
116. Uma preparação espiritual mais intensiva, que pode ser definida como um segundo
noviciado, precederá nos últimos seis meses, à profissão perpétua. Depois de oito dias
de retiro espiritual, a profissão perpétua será emitida, durante celebração eucarística, nas
mãos do Moderador geral ou de um seu delegado.
Consagração definitiva
117. Com a profissão perpétua, o religioso é definitivamente consagrado a Deus, em
Cristo, pela Igreja, na nossa Associação. Tal profissão compromete-o a esconder-se para
sempre na Face de Deus, para uma transformação e assimilação a Cristo para a salvação
do mundo.
RUMO À PLENA CONFIGURAÇÃO A CRISTO
“Nós vivemos no céu e do céu, contanto que sejamos sempre fiéis ao nosso Divino
Mestre, sempre mais enamorados e gratos a Ele pelo seu divino chamado, sempre
unidos, imutáveis na nossa santa vocação, sempre felizmente ligados aos nossos três
santos votos...” (I C)
160
Cf. CDC c. 659 §§ 2-3.
36
Fidelidade, dinâmica pessoal
118. Para melhor conhecer, acolher e viver o amor de Deus e manifestar sua Face aos
irmãos e irmãs, com a nossa constante configuração a Cristo, todos e cada um, estamos
empenhados a realizar na plenitude a nossa identidade de Religiosos da Sagrada Face.
Essa é a tarefa da formação permanente que, animada pelo Moderador geral e pelos
Moderadores locais, é compromisso de cada religioso por toda a vida.
Fidelidade, dinâmica comunitária
119. A comunidade é lugar de constante conversão e purificação transfiguradora, da
qual parte e alimenta-se a nossa missão apostólica para com a sociedade em contínua
evolução. No seu compromisso cotidiano de oração, de acolhimento recíproco, de ajuda
mútua, de perdão dado e recebido, a comunidade conserva vivo o amor à vocação e à
observância regular. Favorece também um contínuo renovar-se da formação recebida
durante os anos da iniciação religiosa.
Formação permanente
120. A formação permanente é uma exigência intrínseca da consagração religiosa e do
ministério sacerdotal161
. Como processo vital, a formação acompanha toda a existência
do religioso e do sacerdote e adequa-se a cada etapa da sua vida, tendo em conta
também as mudanças e desafios da época, as necessidades da Igreja, da Associação e do
povo162
. Todos, portanto, procuraremos aperfeiçoar-nos, durante toda a vida163
, abertos
aos novos caminhos, pelos quais Deus nos queira conduzir, em fidelidade plena à nossa
consagração religiosa e à Ordem sacra que tivermos recebido.
4. Fidelidade e Perseverança
Fidelidade de Deus: motivo de nossa fidelidade
121. A profissão religiosa nos consagra, totalmente e para sempre, a Deus, estabelece-
nos numa aliança de amor com Cristo, cuja fidelidade nunca falha. Para corresponder a
este dom, cada um de nós se compromete a perseverar na oração e na vigilância. Toda
vez que um irmão encontra-se em dificuldade, intensifique o humilde recurso a Deus
que o chamou pelo nome e procure abrir-se, à confiança, com pessoas capazes de ajudá-
lo. A comunidade e, particularmente, o moderador local, com muito discernimento,
ajudem-no com bondade, compreensão e oração para aliviar a sua dificuldade.
Separação da Associação de professos de votos perpétuos
122. O professo de votos perpétuos, que não encontrar solução para as suas dificuldades
na vida religiosa, para ser dispensado dos empenhos assumidos, deve apresentar pedido
ao Moderador geral que, ouvido seu Conselho, o encaminhará ao bispo da diocese em
161
Cf. VC 69. 162
Cf. VC 70. 163
Cf. CDC c. 661.
37
que o religioso tem residência canônica. O indulto de secularização, que só pode ser
solicitado por causas gravíssimas, dissolve-lhe os votos e separa-o da Associação. Com
isso, de acordo com as suas condições, a Associação, considerando a equidade e
caridade evangélica, ajudará o membro que dela se separe a se inserir no seu novo
itinerário secular164
.
Ausência e separação dos membros da Associação
123. Em relação aos pedidos de: ausência da casa religiosa, passagem para um outro
Instituto, exclaustração, demissão de um religioso de votos temporários ou perpétuos,
declaração de separação da Associação, havendo razões graves que os justifiquem e,
enquanto a Associação não tiver sido erigida canonicamente como congregação
religiosa, sejam dirigidos, através do Moderador geral, ao bispo da Diocese em que o
religioso tem residência canônica. Como não há relação empregatícia entre a
Associação e um seu membro ou formando, de acordo com o direito civil e canônico,
aquele que sair da Associação não pode exigir nenhuma contribuição pelo trabalho
efetuado durante a sua permanência na mesma165
.
164
Cf. CDC c. 702 § 2. 165
Cf. CDC c. 702.
38
CAPÍTULO IV
O SERVIÇO DA AUTORIDADE NA NOSSA ASSOCIAÇÃO
1. Princípios Gerais
“Quem entre vós quiser ser o primeiro seja o servo de todos. O Filho do homem de fato
veio não para ser servido mas para servir e dar sua vida para a redenção de muitos”.
(Mc 10, 44-45)
Princípio
124. O Pai transmitiu sua autoridade ao Filho Jesus Cristo, o qual, por meio do Espírito,
a confere à Igreja, mistério de salvação para todos os homens. A Igreja, reconhecendo o
nosso carisma e aprovando as nossas Constituições, torna os moderadores de nossa
Associação, de alguma maneira, participantes da sua autoridade166
.
Missão da autoridade
125. A autoridade é um serviço evangélico à comunidade em continuidade ao serviço de
Cristo, que veio não para ser servido, mas para servir e dar sua vida por muitos167
. O
serviço da autoridade consiste em manter viva a finalidade e o espírito da Associação e,
portanto, é um incentivo ao crescimento na caridade e vínculo de união entre a
diversidade das pessoas, funções e deveres.
Autoridade na Igreja
126. Reconhecemos no vigário de Cristo, o Papa, o Pastor supremo de toda a Igreja168
.
Porém, enquanto não for de direito pontifício e diretamente sujeito à Santa Sé, nossa
Associação é de direito diocesano, sob o cuidado especial do Bispo da sede central169
, a
quem acolhemos como Pai e Pastor, na sinceridade e confiança, no respeito e
obediência, seja na visita canônica, para vigiar sobre a observância das normas e
diretrizes da Igreja em nossa vida religiosa, seja na visita pastoral às nossas obras e
atividades apostólicas170
.
Atribuições do Bispo da sede central
127. Compete ao Bispo da diocese, onde está a sede central da Associação, aprovar as
Constituições e confirmar as mudanças nelas, legitimamente introduzidas, salvo o que
for de competência da Santa Sé. Em casos particulares, o Bispo diocesano pode
conceder dispensa das normas das nossas Constituições171
. Compete a ele também tratar
166
Cf. MR 13. 167
Cf. Mc 10, 45. 168
Cf. MR 22. 169
Cf. CDC c. 594. 170
Cf. CDC c. 628 § 2. 171
Cf. CDC c. 595 § 2.
39
das questões mais importantes referentes a toda a Associação e que superem o poder da
autoridade interna desta, consultando, porém, os outros bispos das dioceses em que a
Associação tenha casa erigida canonicamente172
.
Autoridade na Associação
128. A Associação, união de pessoas constituídas em família religiosa, é dirigida,
ordinariamente, pelo Moderador geral, assistido pelo seu Conselho, ajudado por um
secretário e por um ecônomo geral; de modo extraordinário e colegial pelo Capítulo
geral legalmente reunido. À nível local, a autoridade é exercida por um Moderador que
é ajudado por um conselho.
2. Capítulo Geral
Natureza 129. O Capítulo é a expressão maior e colegial da comunhão, participação e solicitude
de todos os religiosos da Associação. Como autoridade suprema desta, às suas decisões
e normas estão submetidos todos na Associação, inclusive o Moderador geral e seu
Conselho173
. O Capítulo será composto de tal forma que, representando toda a
Associação, na variedade de seus membros, carismas, cargos, seja sinal e garantia de
unidade na caridade de Cristo174
.
Normas gerais 130. Só haverá Capítulo, com a estrutura e atribuições definidas nestas constituições,
quando a Associação tiver não menos de dez professos de votos perpétuos. Havendo
somente até vinte professos perpétuos, todos serão membros do Capítulo, não havendo
eleição de capitulares. São membros do Capítulo, com pleno direito de voz e voto:
a) como capitulares por ofício, os que estiverem exercendo a função de: Moderador
geral, Conselheiro geral, Ecônomo geral, Secretário geral;
b) como capitulares por eleição, outros dez religiosos de votos perpétuos, eleitos
legitimamente.
Competência
131. É competência do Capítulo:
a) assegurar a unidade da Associação e promover uma ativa comunhão fraterna entre
todos os seus membros;
b) proteger e promover o patrimônio espiritual da Associação: o carisma e os objetivos
da nossa Inspiradora, no que refere-se à natureza, fins, espírito e índole da Associação,
bem como suas sadias tradições e sua história;
c) incrementar a vitalidade espiritual e apostólica da Associação e sua permanente
renovação nas estruturas e membros, a fim de responder sempre adequadamente aos
desafios do Carisma;
d) avaliar a vida da Associação, à luz do Evangelho e do carisma, em confronto com a
realidade eclesial e social;
e) estabelecer diretrizes, metas e prioridades para a promoção vocacional, a vida, a
formação e atividades da Associação;
172
Cf. CDC c. 587 § 2. 173
Cf. CDC c. 631 §§ 1-2. 174
Cf. CDC c. 631 § 1.
40
f) elaborar ou modificar as constituições e demais normas e promulgá-los, mantendo a
fidelidade no essencial e buscando permanente atualização;
g) examinar e solucionar as questões mais importantes da Associação, referentes à vida,
formação, organização, governo, administração dos bens econômicos e atividades da
Associação;
h) eleger o Moderador geral e o Conselho geral175
.
3. Moderador Geral
Sinal de unidade e caridade
132. O Moderador geral, por sua função, é sinal e promotor da unidade na Associação e
o principal responsável pelo espírito e vitalidade da mesma. Ele que, ajudado pela graça
divina, fomentará, dinamizará e manterá a comunhão interna, com a Igreja e com o
Senhor.
Critérios de escolha
133. Para que um religioso seja eleito validamente Moderador geral requer-se que tenha
ao menos cinco anos completos de profissão perpétua na Associação176
. O candidato ao
serviço de Moderador geral:
a) seja religioso exemplar, humana e espiritualmente maduro;
b) seja aberto aos sinais dos tempos;
c) conheça e ame profundamente a Associação;
d) tenha liderança, organização, dinamismo e capacidade de governo;
e) tenha espírito de serviço e não de dominação;
f) seja capaz de dialogar e de promover a unidade.
Eleição do Moderador geral
134. Salvo exceção prevista nestas Constituições, o Moderador geral é eleito pelo
Capítulo ordinário, para um sexênio, e não pode ser reeleito para o sexênio seguinte. Às
sessões de eleição do Moderador geral preside o Bispo da diocese onde está a sede
central, pessoalmente ou por seu delegado, a ele competindo proclamar a eleição
legitimamente feita, aceitar postulações e resolver eventuais recursos contra a mesma177
.
Modalidade da eleição
135. A eleição será feita pelo Capítulo geral com a maioria qualificada, ou seja, dois
terços dos votos do número dos votantes. Se, na terceira votação, tal maioria não for
alcançada, na quarta e última votação tem voz passiva e não ativa os dois irmãos que,
na votação precedente conseguirem maior número de votos. Fica eleito o religioso que
obteve a maioria, ou, na igualdade de votos, considera-se eleito o que tem mais anos de
profissão, ou de idade, caso tenham emitido a profissão no mesmo dia.
175
Cf .CDC c. 631 § 1. 176
Cf. CDC c. 623. 177
Cf. CDC c. 180-183, 625 § 2.
41
Responsabilidades e atribuições
136. São atribuições do Moderador geral, inerentes à autoridade que lhe confere a Igreja
e as Constituições; além do que já se define em outros artigos destas Constituições,
compete ao Moderador geral:
a) com o consentimento do seu Conselho, nomear os religiosos para os ofícios e
serviços estáveis de nível geral e local, bem como demitir ou transferir para outro cargo
ou serviço, mesmo antes do tempo definido, sempre por causa proporcionada; na
medida do possível, consultar-se-á a comunidade interessada e dialogar-se-á com o
religioso em causa;
b) ouvido o Conselho geral, destinar os religiosos para as diversas fraternidades e
residências, ou transferi-los de uma para outra;
c) dispensar, por justa causa, em um caso concreto, de alguma norma disciplinar;
d) representar a Associação no foro eclesiástico ou civil e fora deles, podendo praticar
todos os atos necessários para o bem, incremento e defesa da Associação, segundo o
direito universal e próprio;
e) administrar os bens da Associação, com a colaboração do Ecônomo geral e do
Conselho geral;
f) autorizar ou praticar atos de administração extraordinária, com o consentimento do
seu Conselho e respeitadas as normas a respeito deles;
g) velar, para que todos os que tenham tarefas administrativas e patrimoniais cumpram
exatamente suas funções.
4. Conselho Geral
Natureza e competência
137. O Conselho geral é formado pelo Moderador geral, seu presidente, e quatro
Conselheiros, eleitos pelo Capítulo, conforme indicado nestas Constituições. Os
Conselheiros agem em comunhão com o Moderador geral e entre si, com lealdade,
prudência e responsabilidade, colaborando na realização das decisões tomadas, mesmo
quando divergentes da opinião que sustentavam. Individualmente, não deixarão de fazer
ao Moderador geral, com caridade, observações e sugestões, julgadas oportunas.
Responsabilidades e tarefas
138. Para bem cumprir sua missão, os Conselheiros gerais conhecerão profundamente a
Associação, com suas potencialidades e desafios, e cumprirão as tarefas que lhes são
confiadas, com o maior empenho e fidelidade, prudência e discrição, como o exigem a
justiça e a caridade. Assuntos que a boa fama das pessoas e da Associação exijam
fiquem sigilosos, eles não poderão revelar, mesmo após o término da função.
Reuniões do Conselho
139. Compete ao Moderador geral convocar e presidir o Conselho geral ordinariamente
a cada dois meses e, extraordinariamente, sempre que assuntos urgentes da competência
do mesmo o exigirem. Os Conselheiros têm direito de voz e voto, consultivo e
deliberativo, a se exercer com sabedoria espiritual, em comunhão e corresponsabilidade.
42
Eleição dos Conselheiros e tempo de mandato 140. Para o ofício de Conselheiro sejam escolhidos religiosos dignos e capazes, com ao
menos dois anos completos de profissão perpétua na Associação, virtudes religiosas e
qualidades humanas amadurecidas, preparo intelectual e experiência, a fim de serem os
colaboradores eficazes, corresponsáveis e principais do Moderador geral no governo de
toda a Associação, com a vasta competência que lhes atribui o direito universal e
próprio178
. O Capítulo elegerá, para um sexênio, cada Conselheiro, individualmente, um
depois do outro. A ordem de eleição marcará a ordem de precedência para eventuais
substituições.
Modalidade da eleição
141. Para a eleição dos Conselheiros é necessária a maioria absoluta dos eleitores. Se tal
maioria não for conseguida nas três primeiras votações, na quarta têm voz passiva
somente os dois candidatos que conseguiram o maior número de votos na terceira
votação. Eles se abstêm da votação. Considera-se eleito aquele religioso que conseguir a
maioria. Se na quarta votação houver igualdade de votos, considera-se eleito o que tem
mais tempo de profissão, ou de idade, se professaram os votos no mesmo dia. Se algum
dos eleitos não estiver presente ao Capítulo é convocado imediatamente, mas sem
interromper os trabalhos do mesmo.
Secretário geral
142. O Secretário geral é um professo de votos perpétuos, de comprovada diligência,
discrição e capacidade, nomeado pelo Moderador geral com seu Conselho, para um
triênio, podendo ser reconduzido ao cargo. Ao Moderador geral cabe o direito de
apresentação do candidato. O Secretário geral tem assento e voz nas reuniões do
Conselho geral, mas só tem voto se for Conselheiro.
Função do Secretário
143. O Secretário geral tem por incumbência, a serviço do Moderador geral e seu
Conselho:
a) preparar as reuniões do Conselho geral e redigir suas atas;
b) secretariar o Capítulo e responsabilizar-se por suas atas e documentos;
c) cuidar da correspondência oficial do governo geral da Associação, segundo as
indicações do Moderador geral ou dos Conselheiros;
d) encarregar-se do relacionamento epistolar entre o governo geral e as fraternidades,
instituições e membros da Associação;
e) responsabilizar-se pelos documentos e arquivo da Associação, mantendo-os seguros e
organizados.
No desempenho de suas funções, o Secretário geral está obrigado ao sigilo que o bem
comum e o da Associação, a boa fama das pessoas, a justiça e a caridade dele exigirem.
Ecônomo geral 144.O Ecônomo geral é um professo de votos perpétuos, com honestidade, diligência,
capacidade e experiência comprovadas para o ofício, nomeado pelo Moderador geral
com seu Conselho, para um triênio, podendo ser reconduzido ao cargo. Compete ao
Ecônomo geral, sob a autoridade do Moderador geral:
178
Cf. CDC c. 623.
43
a) administrar os bens da Associação como tal, seguindo fielmente as normas do direito
eclesiástico universal e próprio, do direito civil com as leis trabalhistas, as decisões do
Capítulo e as diretrizes do Moderador geral com seu Conselho;
b) supervisionar a administração dos bens das demais pessoas jurídicas e instituições da
Associação, entregues à responsabilidade imediata dos administradores e ecônomos
locais;
c) manter em dia os livros contábeis e conservar bem organizada a documentação;
d) prestar contas da situação econômica da Associação em cada reunião ordinária do
Conselho geral;
e) fazer o balancete anual e o orçamento do ano seguinte, para aprovação do Conselho
geral.
O Ecônomo geral, quando chamado a participar, tem assento e voz nas reuniões do
Conselho geral, quando se trate de questões de ordem financeira e administrativa.
5. Aquisição e Administração dos Bens
Aquisição de bens
145. A Associação e todas as suas casas canonicamente erigidas, como pessoas jurídicas
de direito público eclesiástico, têm, quanto aos bens temporais, capacidade jurídica de
adquirir, possuir, administrar, alienar179
, usar e usufruir deles, por todos os meios e
modos reconhecidos pelo direito, para atender aos próprios fins institucionais, de acordo
com o direito comum e próprio180
. Estes bens serão adquiridos através do trabalho
pastoral e empregatício de seus membros, bem como de benfeitores da Associação e de
outros meios legítimos e lícitos perante o direito181
.
Uso dos bens
146. Nossos bens temporais são destinados à vida, formação e atividades dos religiosos,
das fraternidades, do governo e das instituições da Associação; portanto, sejam tidos e
administrados como meios, não como fins, com desprendimento interior e tendo-se
sempre em vista a índole, carisma e objetivos da Associação182
. Como todos os bens
eclesiásticos, eles estão também a serviço dos pobres e da Igreja183
. Evite-se, pois,
qualquer preocupação excessiva e antievangélica com o presente e o futuro, que tente
justificar a tendência para a acumulação dos bens184
. A posse, uso e administração dos
bens deste mundo sejam testemunho evangélico de pobreza, sobriedade, organização e
serviço ao povo de Deus185
. Quanto à aquisição, posse, administração e uso dos bens
patrimoniais, na ausência de normas próprias da Associação, siga integralmente as do
direito universal, cuidando de garanti-los também quanto ao direito civil. Nas
fraternidades, haja distinção clara, também contábil, entre a administração dos bens
próprios da comunidade ou da Associação, e a administração dos bens pertencentes à
instituição ou obra, os quais, sem ser da Associação, são utilizados ou dirigidos pelos
nossos religiosos.
179
Cf. CDC c. 634 § 1 e 1255. 180
Cf. CDC c. 1257 § 1, 181 Cf. CDC c. 1259. 182
Cf. CDC c. 635 § 2. 183
Cf. CDC c.640 e 1254 § 2. 184
Cf. CDC c. 634 §. 185
Cf. VC 82; 2.
44
Princípios jurídicos
147. O Moderador geral é, para todos os efeitos, canônicos e civis, o responsável
primeiro pela administração dos bens temporais patrimoniais da Associação186
. Ele
cumpre ordinariamente sua função, através do Ecônomo geral, sob a orientação e
vigilância do Conselho geral, que exerce as funções de conselho econômico, segundo o
direito canônico187
.
Administração ordinária e extraordinária
148. O Moderador geral com seu Conselho estabeleçam para cada comunidade,
instituição ou obra da Associação, uma cota pecuniária periódica para a manutenção da
Associação: o governo e serviços gerais, as casas de formação, a ajuda a instituições e
obras que estejam em dificuldade, as despesas gerais da missão, o cuidado com os
religiosos doentes ou idosos e outras despesas, a cargo do governo geral. A cota, de
caráter permanente, seja proporcional à capacidade de cada comunidade, obra ou
instituição, sendo para isto revista e modificada periodicamente. Em caso de despesas
extraordinárias da Associação, podem o Moderador geral com seu Conselho estabelecer
uma colaboração financeira excepcional de todas as comunidades e entidades
subalternas ou pertencentes à Associação. Haja entre as comunidades, obras e
instituições da Associação a ajuda mútua e a partilha, com a concordância do
Moderador geral e, respeitadas as normas do direito e a destinação dos bens.
Relatório anual
149. Os ecônomos, em relatórios assinados também pelo superior ou responsável da
instituição, prestarão contas periódicas ao governo geral, segundo as orientações do
diretório. Por sua parte, anualmente, o Moderador geral, em relatório assinado
juntamente com o Ecônomo geral, prestará contas da administração patrimonial e
financeira da Associação ao Conselho geral, com visão sintética também da situação das
casas, obras e instituições. Ao final do sexênio, fará a prestação de contas de todo o
período, no Capítulo188
.
6. Comunidade local
Elementos constitutivos
150. A comunidade local, antes de constituir uma entidade jurídico-administrativa, é
uma realidade espiritual-apostólica. Como irmandade de pessoas unidas, em virtude da
profissão religiosa, dos vínculos espirituais, apostólicos e jurídicos, é expressão
concreta de comunhão e de unidade. Vivificada pela presença de Cristo, sob o olhar da
sua face, assegura a cada um o ambiente e os meios necessários para viver na sua
plenitude a própria vida religiosa, realizando a missão da Associação, por meio dos
múltiplos serviços religiosos.
186 Cf. CDC c. 1279 § 1. 187
Cf. CDC c. 118, 636 § 1 e 1280. 188
Cf. CDC c. 636 § 2.
45
Princípios jurídicos
151. Cada casa religiosa é erigida ou suprimida pelo Moderador geral, com o voto
deliberativo do seu Conselho. Para a ereção, é pedido o consentimento por escrito do
Bispo diocesano de acordo com a norma do Direito universal.
Comunidade e carisma
152. Ao instituir uma nova comunidade, o Moderador geral deve ter clareza de que haja
coincidência de sua finalidade com o Carisma da Associação, bem como sua
correspondência com as necessidades da Igreja local e da Associação. Além disso,
garanta-se que não faltem a assistência religiosa e os meios necessários para sobreviver
com o próprio trabalho e sustentar as várias atividades da obra.
Moderador local
153. Para cada comunidade, é preposto um moderador local. Consciente de que o
objetivo principal da sua missão é o serviço aos irmãos, como expressão da vontade de
Deus, empenha-se em viver e a manter na comunidade o espírito da Associação, que é
uma riqueza de fé, oração, sacrifício, caridade generosa e benigna. A sua nomeação é
válida por um triênio podendo ser reconfirmada para um segundo triênio.
Exemplo para os irmãos
154. Na escola de Jesus, que “humilhou-se a si mesmo tornando-se obediente até a
morte e morte de cruz”189
, o moderador local deve preceder aos irmãos na imediata e
sincera obediência ao Moderador geral, na observância atenta e fiel às Constituições, na
vida de oração, na mais jovial e pronta disponibilidade. Esforça-se também a ser o
vínculo de unidade entre a comunidade e os membros Conselho geral.
Missão e tarefa
155. Como Maria na comunidade apostólica, o moderador local deve proporcionar um
ambiente de fraternidade, promover uma conjunta responsabilidade para discernir,
comunitariamente, a vontade de Deus, obedecendo, ativa e responsavelmente, no
cumprimento das próprias obrigações, estimulando a fidelidade, tendo em vista a missão
da Associação para o advento do Reino.
Escuta e diálogo
156. O moderador local, na humilde escuta da Palavra de Deus e no diálogo, promove o
bom desenvolvimento dos membros da comunidade, através de conselhos oportunos,
por meio da correção fraterna e atitude de compreensão para com todos.
Atribuições
157. Compete ao moderador local:
a) fazer com que as Constituições sejam lidas e meditadas, comunitariamente, pelo
menos uma vez por ano;
b) comunicar aos irmãos as diretrizes do Moderador geral e cuidar para a atuação das
mesmas;
189
Fil 2, 8.
46
c) preocupar-se com a formação permanente e a informação dos membros;
d) convocar e presidir o encontro comunitário ou designar outro membro para tal
função;
e) estudar e preparar, junto com os irmãos, o plano comunitário anual e encaminhá-lo ao
Moderador geral;
f) prover, com solicitude, as necessidades e a saúde dos irmãos;
g) avaliar, com a comunidade, o andamento econômico da casa e informar os
acontecimentos relativos à Associação;
h) enviar, semestralmente, ao Moderador geral, o relatório administrativo-econômico da
comunidade;
i) enviar, no final do ano, um relatório sobre o procedimento da comunidade e de cada
religioso em particular.
47
CAPÍTULO V
AS NOSSAS CONSTITUIÇÕES
1. Fidelidade às Constituições
“Rezai e, sobretudo, confirmai bem o voto feito sobre o santo altar. Fizestes o
juramento, confirmai-o, dizendo que, a custa de morrer, não sereis nunca infieis”. (I C)
As Constituições
158. A norma suprema de nossa Associação é o seguimento de Jesus Cristo, tal como
nos é proposto no Evangelho e expresso nestas Constituições, aprovadas pela Igreja, que
devem ser recebidas e vividas em espírito de amor e obediência, como concretização do
Evangelho, expressão da vontade do Pai, definição autorizada do carisma institucional e
de nosso estilo de vida. Tendo como fontes as Sagradas Escrituras, o Magistério da
Igreja e os escritos da nossa Inspiradora, elas traçam o caminho da perfeição na caridade
e orientam nossa vida e atividades apostólicas. Nelas, encontramos os meios necessários
e adequados para sermos fieis à nossa consagração e ao nosso carisma de Religiosos da
Sagrada Face. A sua observância favorece o nosso crescimento na configuração com
Cristo, conforme os ensinamentos da nossa Inspiradora.
Observância e amor às Constituições
159. As Constituições, fielmente observadas, como exige o compromisso assumido na
profissão, garante conformidade ao ideal evangélico e coerência ao espírito da nossa
Associação. Devemos, pois, nos empenharmos em vivê-las com amor e, portanto, lê-las
e meditá-las frequentemente, tornando-as objeto de reflexão e de oração durante os
nossos encontros comunitários. O amor, pois, às Constituições leva-nos à libertação
interior, tornando-nos capazes de irmos além das letras para interiorizarmos e vivermos
o espírito.
Maria, modelo de fidelidade
160. Maria, a Virgem fiel, nos ajuda a crescer interiormente fortificados, a fim de que,
enraizados e fundamentados na caridade, conservemos imaculado e irrepreensível o
dom de Deus até à sua vinda, quando seremos admitidos a gozar a luz da sua Face190
.
2. Disposições fundamentais
Revisão das Constituições
161. As constituições sejam revistas periodicamente, com a devida aquiescência e
aprovação das modificações pelo Bispo da sede central da Associação, para se
adaptarem às condições de lugar e tempo, às exigências da vida consagrada, aos apelos
190
Cf. Ef 3, 14-21; 1Tm 6, 11-16.
48
de Deus através da Igreja e dos sinais dos tempos, ponderados com prudência, coragem
e sabedoria do Espírito Santo.
Essas revisões periódicas sejam feitas de acordo com os princípios, diretrizes e normas
da Igreja. Contudo, fiquem sempre salvos o carisma fundacional, a índole, o espírito e
os objetivos próprios da fundação, e a relação com a Congregação das Religiosas da
Sagrada Face, que constituem o essencial da identidade institucional da Associação.
Instituição das Constituições
162. Estas Constituições são instituídas quando promulgadas pelo Bispo diocesano de
onde foi erigida canonicamente a Associação, na data do decreto de aprovação.
49
ÍNDICE
PREMISSAS HISTÓRICAS .................................................................................. 02
A Inspiradora ......................................................................................................... 02
A Associação ......................................................................................................... 03
SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................................ 05
CAPÍTULO I
A IDENTIDADE DA ASSOCIAÇÃO
1. Identidade, Carisma e Espírito da Associação
Identidade .............................................................................................................. 06
Carisma .................................................................................................................. 06
Espírito da Associação ........................................................................................... 06
Tornar-se conforme à Imagem de Jesus ................................................................ 07
Reparar ................................................................................................................... 07
Unidos à Paixão de Cristo ...................................................................................... 07
Propagar .................................................................................................................. 07
Restabelecer ............................................................................................................ 08
Obras ....................................................................................................................... 08
Patrona da Associação ............................................................................................ 08
2. Articulação com a Congregação das Religiosas da Sagrada Face
Vínculo com a Congregação .................................................................................. 09
Espírito de unidade ................................................................................................ 09
CAPÍTULO II A NOSSA VOCAÇÃO DE RELIGIOSOS DA SAGRADA FACE
1. Inseridos no Mistério Pascal de Cristo Casto, Pobre e Obediente
Essência da consagração ......................................................................................... 10
Sinal na Igreja ......................................................................................................... 10
Profissão ................................................................................................................. 10
Vínculo com a Igreja e com a Associação .............................................................. 11
O hábito .................................................................................................................. 11
Modelo de consagração .......................................................................................... 11
CASTIDADE .............................................................................................................. 11
No seguimento de Cristo Casto .............................................................................. 11
Castidade consagrada ............................................................................................. 12
Objeto do Voto ....................................................................................................... 12
Fecundidade apostólica........................................................................................... 12
Sinal na Igreja ......................................................................................................... 12
Caridade fraterna .................................................................................................... 12
Meios ...................................................................................................................... 13
50
POBREZA ................................................................................................................. 13
No seguimento de Cristo Pobre .............................................................................. 13
Pobreza evangélica ................................................................................................. 13
Objeto do Voto ....................................................................................................... 13
Estilo de vida .......................................................................................................... 13
Amor aos pobres ..................................................................................................... 14
Partilhando os bens ................................................................................................. 14
Sinal no mundo ....................................................................................................... 14
OBEDIÊNCIA ............................................................................................................ 14
No seguimento de Cristo Obediente ....................................................................... 14
Objeto do Voto ....................................................................................................... 15
O espírito de obediência ......................................................................................... 15
Obediência religiosa ............................................................................................... 15
A função da autoridade ........................................................................................... 15
Busca da vontade de Deus ...................................................................................... 15
Exemplos de Obediência ........................................................................................ 16
2. Unidos na comunidade: escondidos na Face do Cristo Senhor
A NOSSA ORAÇÃO .................................................................................................... 16
A oração como dom ................................................................................................ 16
Contemplação da Face de Cristo ............................................................................ 16
Vida de oração ........................................................................................................ 16
A escuta da Palavra e o apostolado ........................................................................ 17
Leitura espiritual ..................................................................................................... 17
Espírito de penitência ............................................................................................. 17
Retiros mensais e anual .......................................................................................... 18
Silêncio ................................................................................................................... 18
A NOSSA VIDA LITÚRGICA E SACRAMENTAL ............................................................ 18
Vida litúrgica .......................................................................................................... 18
Eucaristia ................................................................................................................ 18
Adoração Eucarística .............................................................................................. 19
Liturgia das Horas .................................................................................................. 19
Sacramento da Reconciliação ................................................................................. 19
Culto à Sagrada Face .............................................................................................. 19
Culto à Maria Santíssima ........................................................................................ 20
Santos Padroeiros ................................................................................................... 20
Nossa Inspiradora ................................................................................................... 20
Dom Eugenio Beccegato ........................................................................................ 21
A NOSSA VIDA FRATERNA ........................................................................................ 21
O fundamento da comunidade ................................................................................ 21
Amor fraterno e missão .......................................................................................... 21
Unidade na caridade ............................................................................................... 21
Vida comunitária .................................................................................................... 22
Projeto comunitário ................................................................................................ 22
Encontros comunitários .......................................................................................... 22
Clausura e hospitalidade ......................................................................................... 22
51
Relações com a família ........................................................................................... 22
3. Enviados aos irmãos para uma ação “Missionária de Redenção”
A NOSSA MISSÃO ..................................................................................................... 23
A Trindade, fonte da Missão Eclesial ..................................................................... 23
Nossa inserção na Missão Eclesial ......................................................................... 23
Enviados aos povos ................................................................................................ 23
Testemunho ............................................................................................................ 24
Anúncio .................................................................................................................. 24
Sempre apóstolos da Sagrada Face ......................................................................... 24
CAPÍTULO III
A NOSSA FORMAÇÃO
1. Princípios Gerais
Autor e guia da formação ....................................................................................... 25
Finalidades essenciais ............................................................................................. 25
Características e etapas formativas ......................................................................... 25
Fontes e perspectivas .............................................................................................. 26
Plano de formação .................................................................................................. 26
Responsáveis pela formação ................................................................................... 26
Formadores ............................................................................................................. 27
Animação Vocacional............................................................................................. 27
2. Aceitação na Associação
Discernimento vocacional ...................................................................................... 27
Seleção dos candidatos ........................................................................................... 28
Admissão na Associação ........................................................................................ 28
Declaração do candidato ......................................................................................... 28
3. Fases da Formação ........................................................................................... 28
ASPIRANTADO ......................................................................................................... 28
Natureza e fim ........................................................................................................ 28
Duração ................................................................................................................... 29
Pedido de admissão ao Postulantado ...................................................................... 29
POSTULANTADO ...................................................................................................... 29
Fim e objetivos ....................................................................................................... 29
Ambiente formativo ................................................................................................ 29
Duração ................................................................................................................... 29
Pedido de admissão ao Noviciado .......................................................................... 29
Início do Noviciado ................................................................................................ 30
52
NOVICIADO .............................................................................................................. 30
Natureza e finalidade .............................................................................................. 30
Objetivos ................................................................................................................. 30
Formação dos noviços ............................................................................................ 30
Sede ........................................................................................................................ 30
Duração das etapas ................................................................................................. 30
Ausências durante o ano canônico.......................................................................... 31
Admissão e validade da profissão..........................................................................31
Pedido de admissão à profissão .............................................................................. 31
Admissão, prorrogação e retorno à família ............................................................ 31
Retiros espirituais ................................................................................................... 31
PROFISSÃO RELIGIOSA ............................................................................................. 32
A profissão .............................................................................................................. 32
Fórmula e aceitação ................................................................................................ 32
Hábito religioso ...................................................................................................... 32
Renovação anual dos votos e duração da etapa ...................................................... 32
Pedido e admissão à renovação .............................................................................. 32
Renovação dos votos .............................................................................................. 32
Separação da Associação após o vencimento dos votos......................................... 33
Separação da Associação com os votos .................................................................. 33
Separação por doença ............................................................................................. 33
Direitos e deveres dos professos ............................................................................. 33
JUNIORATO E PROFISSÃO PERPÉTUA ........................................................................ 34
Natureza e finalidade .............................................................................................. 34
Metas do Juniorato.................................................................................................. 34
Pedido e admissão à profissão perpétua ................................................................. 34
Testamento.............................................................................................................. 34
Preparação à profissão perpétua ............................................................................. 34
Consagração definitiva ........................................................................................... 35
NO RUMO DA PLENA CONFIGURAÇÃO A CRISTO ....................................................... 35
Fidelidade, dinâmica pessoal .................................................................................. 35
Fidelidade, dinâmica comunitária........................................................................... 35
Formação permanente............................................................................................. 35
4. Fidelidade e Perseverança
Fidelidade de Deus: motivo de nossa fidelidade .................................................... 36
Separação da Associação de professos de votos perpétuos .................................... 36
Ausência e separação dos membros da Associação ............................................... 36
CAPÍTULO IV
O SERVIÇO DA AUTORIDADE
1. Princípios Gerais
Princípio.................................................................................................................. 37
Missão da autoridade .............................................................................................. 37
53
Autoridade da Igreja ............................................................................................... 37
Atribuições do Bispo da sede central ..................................................................... 37
Autoridade na Associação ...................................................................................... 38
2. Capítulo Geral
Natureza...................................................................................................................38
Normas gerais..........................................................................................................38
Competência............................................................................................................38
3. Moderador Geral
Sinal de unidade e caridade.....................................................................................39
Critérios de escolha.................................................................................................39
Eleição do Moderador geral....................................................................................39
Modalidade da eleição............................................................................................39
Responsabilidade e atribuições...............................................................................40
4. Conselho Geral
Natureza e Competência..........................................................................................40
Responsabilidades e tarefas.....................................................................................40
Reunião do Conselho...............................................................................................40
Eleição dos Conselheiros e tempo de mandato........................................................41
Modalidade da eleição.............................................................................................41
Função do secretário................................................................................................41
Ecônomo geral.........................................................................................................42
5. Aquisição e administração dos Bens
Aquisição dos bens..................................................................................................42
Uso dos bens............................................................................................................42
Principios Jurídicos..................................................................................................43
Adminstração ordinária e extraordinária.................................................................43
Relatório anual.........................................................................................................43
6. Comunidade local
Elementos constitutivos. ........................................................................................ .43
Princípios jurídicos ................................................................................................. 44
Comunidade e carisma............................................................................................ 44
Moderador local ...................................................................................................... 44
Exemplo para os irmãos ......................................................................................... 44
Missão e tarefa ........................................................................................................ 44
Escuta e diálogo ...................................................................................................... 44
Atribuições.............................................................................................................. 45
54
CAPÍTULO V
AS NOSSAS CONSTITUIÇÕES
1. Fidelidade às Constituições
As Constituições .................................................................................................... 46
Observância e amor às Constituições ..................................................................... 46
Maria, modelo de fidelidade ................................................................................... 46
2. Disposições fundamentais
Revisão das Constituições ..................................................................................... 47
Instituição das Constituições ................................................................................. 47