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Rev. IG, São Paulo, 5(1/2):47-50, jan.ldez. 1984
CONSTRUÇÃO DE UMA CARTA PARA DETERMINAÇÃO
DE ORIENTAÇÃO DE VERTENTES
Manoel Carlos de OLIVEIRA'"
RESUMO
Este trabalho refere-se ao estudo de um método para construir uma carta de orientação de vertente, através de um gabarito circular.
ABSTRACT
This work deals about a method of carrying out a map of slope direction through acircular abacus.
I INTRODUÇÃO
Durante a realização do projeto deplano de manejo do Parque da Capital(Horto Florestal da cidade de São Paulo)surgiu a idéia de se organizar uma cartade orientação de vertentes. A propostaera de confeccionar uma carta que dessecondições para se correlacionar com osoutros fatores de ordem ambiental parasubsidiar a diagnose da área em estudo.
A construção dessa carta dependia dese procurar os. meios existentes e que facilitassem sua organização. Chegou até oAutor uma publicação do Instituto deGeografia, DE BIASI et alii (1977) quetratava da confecção e utilização de cartas de orientação de vertentes. Nessa publicação os Autores estudaram os váriosmétodos e chegaram a propor um, através da construção de um gabarito paradeterminar a orientação desejada. Apesar do método proposto por DE BIASIet alii (1977) ser bastante eficientepensou-se em criar um gabarito próprio,para o projeto do Horto Florestal. Essegabarito deveria ser adequado à carta topográfica que se tinha disponível, e assim foi construí do juntamente com acarta de orientação de vertentes.
2 A IMPORTÂNCIA DE UMACARTA DE ORIENTAÇÃO
DE VERTENTES
Antes de se discutir qual a importância de uma carta de orientação de vertentes faz-se necessário alguns comentáriossobre o significado de um plano de manejo de parques ou de áreas naturais.
O plano de manejo de parques deveser atingido através de uma diagnose espacial onde são expressas as aptidões deuso de determinada área. Essa diagnosedepende do ponto de interesse natural oucultural apresentado pela área em questão, ou através do tipo de análise que irádirecionar o plano de manejo. No casodo Horto Florestal os pontos de interessesão clima e vegetação. Nesse projeto eranecessário propor como meio de análisepara a diagnose, um modelo topográfico, realizado através de mapa e que pudesse ser correlacionado com clima e vegetação. Foi desenvolvido pelo Autorum modelo baseado no sistema de avaliação paramétrica de terreno possuindopor parâmetros: hipsometria, declividade e orientação de vertentes.
Para a correlação com o clima, aorientação de vertentes é um parâmetromuito importante. Ela irá determinar o
*Instituto Geológico - Caixa Postal R772 - 01000 - São Paulo, SP, Brasil.
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grau de insolação em decorrência da movimentação do sol durante o dia. Essacorrelação é necessária para possibilitara localização de diversos equipamentosde parques, em função da necessidade demaior ou menor grau insolação dessesequipamentos. Quanto à vegetação,sabe-se que determinados povoamentosvegetais estão muito sujeitos à direçãoclimática predominante que é determinada pela exposição topográfica.
3 MÉTODO DE CONSTRUÇÃO DOGABARITO E DA CARTA DE
EXPOSIÇÃO DE VERTENTES.
O mapa base do plano de manejo doHorto Florestal foi organizado atravésde uma folha topognífica na escalaI :2.000. Essa folha foi realizada atravésde aerolevantamento e restituição aerofotogramétrica, sendo portanto um mapa de alta precisão (INSTITUTO FLOREST AL s.d.). Nessa folha são utilizadas coordenadas métricas do sistemaUTM com eqüidistância de 200m e ascurvas de nível estão representadas a cada metro de desnível. Nesse caso a determinação de orientação de vertente teriaque ser de grande precisão não só em decorrência da carta, mas também do trabalho necessário para o plano de maneJO.
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DE RIASI et alii (1977) descrevem vários métodos para construir gabaritos ecartas de orientação de vertentes, algunsdesses métodos são bastante complexos.Discutem ainda que a precisão dessascartas depende do tipo do gabarito a serutilizado. O que foi proposto pelos auto~res, segundo demonstram, conduz a ummaior grau de detalhamento e precisão.
O gabarito que está sendo apresentadoneste trabalho (Fig. I) segue em grandeparte o princípio indicado por DE BIASIet alii (1977). Foi construí do em acetatotipo Kronaflex na forma de um círculo.Nele foram determinadas oito faces deexposição do quadrante. Nessas oito faces foram ainda traçados os eixos centrais que indicam a direção predominante. Outra característica apresentada poreste gabarito é quanto ao seu tamanhoque corresponde ao das coordenadasmétricas do mapa, o que contribui parafacilitar seu uso. Através dos eixos X e Yé possível correr o gabarito através dascoordenadas métricas e assim localizar avertente a ter sua orientarão determinada. É necessário antes des~e trabalhó traçar os eixos das vertentes que correspondem aos topos dos interflúvios. A partirde então é direcionado o gabarito, seutangenciamento na curva de nível irá indicar a direção da vertente em relação aoquadrante (Fig. 2).
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ÁBACO PARA DETERMINAÇÃO DE ORIENTAÇÃO DE VERTENTE
o 20 40 60 SOm
I ! : ! :
Fig.2
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4 CONSIDERAÇÃO SOBRE ACARTA REALIZADA
A Figura 3 apresenta apenas um trecho na carta de orientação de vertentesdo Horto Florestal. Foi escolhida por setratar de uma área bastante complexa eacidentada e que possui todas as direçõesde vertentes que decorrem justamentedessas feições topográficas. A carta baseinédita foi realizada em cores para facilitar sua análise. A convenção utilizada sebaseia na tonalidade das cores. As coresquentes representam as vertentes maisexposcas ao sol, assim o vermelho, considerado o tom mais quente corresponde àexposição Norte, enquanto azul, considerada a cor mais fria, corresponde à exposição Sul, que no hemisfério meridional é a de menor insolação.
O mapa de correlação topográfica,construido através do sistema de avaliação paramétrica de terrenos, requer o
ORIENTAÇÃO
uso do sistema alfa-númerico; assim, as'cores que determina, a exposição dasvertentes foram transformadas em número.
A seguir são apresentadas as direçõesde vertentes com as respectivas cores enúmeros.
N - vermelho - IWN-rosa-2W - bordô-3SW ~ roxo-4S - azul-escuro - 5SE - azul-clar.o - 6E - amarelo - 7NE - alaranjado - 8
Os terrenos onde a declividade é inferior a 5070 foram considerados na cartabase original como áreas planas. Ai a exposição de vertentes à insolação sendobastante ampla aparece como pertencente ao quadrante Norte.
7.405. 200m
N-lNW-2W-3SW- 4S-5SE-6E-7NE-8
7.405.000m
iFig.3
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DE BIASI, M. et alii 1977 Cartas de orientaçãode vertentes: confecção e utlização. São Paulo, Universidade, Instituto de Geografia.12p. (Cartografia, 4).
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SÃO PAULO. INSTITUTO FLORESTALs.d. Perímetro Hmto Florestal, São Paulo.São Paulo. Escala I :2.000 (Cópia fiel do mapaGEGRAN 1:10.000).