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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
CONSTRUINDO APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
BÁRBARA SPETSERIS VIEIRA
ORIENTADORA:
PROFESSORA: SIMONE FERREIRA
RIO DE JANEIRO
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
CONSTRUINDO APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Trabalho monográfico apresentado A Universidade Cândido
Mendes, Instituto a Vez do Mestre como requisito final à
obtenção do grau de Pós Graduação “Lato Sensu” em
Psicopedagogia.
Por: Bárbara Spetseris Vieira
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família que me incentivou a concluir esse
curso, principalmente ao meu filho pelo apoio recebido. A
minha orientadora Simone Ferreira que forneceu orientações
seguras e aos meus amigos, por terem acompanhado essa
etapa tão importante na minha vida.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a todos os meus docentes e discentes
que despertaram o meu interesse de pesquisa ao longo desses
12 anos de profissão. Muito obrigada!
5
MENSAGEM
“Jamais pense em usar os jogos pedagógicos e as brincadeiras sem um
rigoroso e cuidadoso planejamento, e jamais avalie sua qualidade de professor
pela qualidade de jogos e brincadeiras que emprega e sim pela qualidade de
jogos e brincadeiras que se preocupou em pesquisar e selecionar”.
Mônica Oliveira da Silva Vicente Valentim
Psicóloga e Pedagoga
6
RESUMO
O tema deste estudo tem como foco o desenvolvimento das aptidões da
criança na Educação Infantil. Com o intuito de tornar mais fácil e compreensivo
o relacionamento entre criança, jogos e brincadeiras, mostra que através
destes, a criança estabelece vínculos sociais, faz descobertas sobre a sua
personalidade e aprende a viver socialmente.
A educação é imprescindível na vida de qualquer ser humano estando
presente desde os primeiros anos escolares, nos quais, formam-se esquemas
de raciocínios que contribuirão para traçar sua personalidade, além de formar
hábitos, atitudes e valores que valerão para as funções que assumirá na idade
adulta.
Destacando a complexidade do ser humano em todas as suas áreas:
física, mental, emocional e espiritual, é preciso que haja constantes mudanças
de mundo e da forma que nos refletimos nele, é necessário que haja uma
integração, pois, torna o aprendizado enriquecedor e valoriza ainda mais as
diferenças. Estabeler relações através do respeito pelo outro, aceitação e afeto,
de ouvir opiniões, de saber se expressar, resolver conflitos e trabalhar
coletivamente seguindo regras e instruções.
A escola, por intermédio do educador, deve ter em primeiro plano a
função lúdica, oportunizando a fundamentação do afeto, do diálogo, da
valorização, na participação das atividades, na reflexão crítica e na
transformação da realidade, valorizando as diferenças da criatividade e das
habilidades de cada indivíduo, enfocando sempre nas qualidades da criança
que são a curiosidade, espontaneidade e criatividade.
Por que não unir jogos e brincadeiras com músicas e sons? A união
destes elementos desenvolve a criatividade e a auto-expressão das crianças,
contribuindo para o desenvolvimento de vários aspectos da realidade humana
nos campos afetivo, cognitivo, lingüístico e psicomotor, além de serem grandes
estimuladores em se tratando trabalhar com múltiplas inteligências.
O educador que trabalha com esta fase deve estar sempre atento e
pronto para trabalhar e estimular o lúdico na escola. Privar as crianças ou
impedí-las de brincar, não são aspectos relevantes para a educação e
construção de seres completos. Jogos e brincadeiras são enriquecedores e
7
grandes edificadores no ato de educar e de formar a personalidade do
indivíduo.
É preciso que cada educador reflita a respeito do desenvolvimento afetivo
do educando, e dê a este oportunidade e um maior envolvimento das mais
variadas formas de expressão. Ao observar a criança o professor pode
perceber o momento em que esta se encontra, e a partir daí, incentivá-la e
desafiá-la a expressar-se e realizar descobertas.
O presente trabalho destaca a importância do lúdico, das brincadeiras e
dos jogos, para um suporte de aprendizagem que permite desenvolver as
aptidões físicas e mentais, onde a criança busca novas saídas para a solução
de problemas, como o desenvolvimento do raciocínio lógico, do aumento do
vocabulário e um melhor entrosamento com os colegas e professores,
percebendo que ajudar é tão importante quanto ser ajudado.
8
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento desta monografia, foi utilizada a pesquisa
bibliográfica, com a leitura de vários materiais, assim como livros,
documentários e relatos de profissionais da área. Utilizou-se também a prática
vivenciada durante vários anos, em sala de aula, como regente de turma em
contato direto com diferentes classes sociais.
Além das referências teóricas que irão embasar o estudo, os autores,
também serão utilizadas as experiências vivenciadas na pesquisa de campo,
que darão o conhecimento para desenvolvermos na prática o objetivo de
estudo sobre a construção da aprendizagem através do brincar e acreditando
que constitui de um tema de extrema relevância para a construção de uma
metodologia dinâmica e democrática.
Esses autores auxiliaram a refletir sobre a aprendizagem de forma mais
ampla, para traçar um quadro de referências das diferentes propostas, tendo
em vista a construção da aprendizagem através do brincar na Educação
Infantil.
9
S U M Á R I O
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
O BRINCAR NA HUMANIDADE COMO FERRAMENTA IDEAL NO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM.
CAPÍTULO 2
O PAPEL DO EDUCADOR COMO ESTIMULADOR DO BRINCAR E A
CONDUÇÃO DOS JOGOS PARA A ESTIMULAÇÃO DAS INTELIGÊNCIAS.
CAPÍTULO 3
PESQUISA DE CAMPO
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
ÍNDICE
10
INTRODUÇÃO
O homem só é completo quando brinca, e ao longo de todos estes anos de
estudo isto vem sendo comentado e a cada dia mais olhares e interessados
neste assunto dedicam-se e refletem sobre este tema tão relevante e de
tamanha importância na área educacional.
Através das brincadeiras e dos jogos o homem é capaz de abandonar o
mundo das necessidades e das técnicas, mundo este que muitas vezes o torna
prisioneiro e o limita e por um motivo ainda mais forte, o mesmo se dá com a
criança que pela proteção do adulto é afastada dos contatos brutais e das
coisas inumanas. Para a criança, quase toda atividade é um jogo, e é por meio
deste veículo que ela adivinha e antecipa as condutas superiores. Ela
considera o jogo como trabalho, dever, ideal da vida, é por intermédio do jogo
que ela pode agir.
Nesta fase da infância a criança brinca e imita, e seria impossível imaginar a
infância sem seus risos e brincadeiras. Estes jogos imaginários e também as
brincadeiras regradas são fonte de crescimento emocional e cognitivo para o
desenvolvimento da criança. Este período da vida do indivíduo é de grande
valia, pois é este aprendizado da infância que se reflete na fase adulta.
Estudar na infância somente o crescimento, o desenvolvimento natural dos
seres humanos sem considerar o brinquedo, seria negligenciar este elemento
de grande importância que é presença constante desta fase e desconsiderar a
sua contribuição indispensável pela qual a criança modela sua própria forma. O
jogo não faz a criança crescer apenas, ela torna a criança “grande”. É através
do jogo que ela desenvolve as possibilidades peculiares de sua estrutura,
concretiza suas potencialidades virtuais e ao assimilá-las, desenvolve-as
unindo-as em uma perfeita combinação que coordena seu ser e lhe vigora.
A infância tem por objetivo o treinamento pelo jogo, das funções tanto
psicológicas como psíquicas. O jogo é o centro da infância e estes não podem
ser analisados separadamente.
A brincadeira está para a criança assim como o trabalho está para o adulto.
O jogo permite a criança crescer com suas proezas lúdicas, já o homem adulto
11
procura provar a si mesmo, e aos outros, seu próprio valor obtido através de
um resultado real.
O jogo na vida da criança é um exercício, mas no espírito da criança que
brinca e joga é sem dúvida uma prova de sua personalidade e uma afirmação
de si. A criança que não quer brincar ou jogar é uma criança cuja
personalidade não se afirma, que se contenta em ser fraca e pequena, um ser
sem determinação para o futuro.
12
CAPÍTULO I
1.1-O Brincar na Humanidade
O homem sempre procurou uma maneira de se divertir e a essa diversão na
infância especialmente, demos o nome de brincadeira.
Desde a Idade Antiga a brincadeira já era vista como uma competição, no
qual os mais fortes e bem preparados chegavam ao final. Com o passar dos
séculos, ocorreu à popularização dos jogos educativos. Tempos mais tarde,
devido aos avanços da Psicologia e após um grande número de pesquisas no
campo da educação nas áreas sociais e humanas, ressaltou-se a importância
da brincadeira no desenvolvimento infantil.
De acordo com as pesquisas, considerou-se a cultura como traço
fundamental para a elaboração dos brinquedos e a função que estes
exerceriam na construção do psiquismo infantil.
Segundo Platão e Aristóteles (Século lV a.C) a brincadeira e os brinquedos já
eram motivo de preocupação.
Sob o ponto de vista de Platão, no decorrer das brincadeiras, a criança
aprendia a lidar com a opressão e violência, combatendo-as.
No que se referia Aristóteles, a criança já no início da infância, deveria fazer
uso de jogos “sérios”, pois estes serviriam de experiência para suas vidas.
Cabe considerar que já no século XVll, Rosseau (filósofo e pedagogo)
ressaltava que a infância não é uma pré-fase da vida adulta, ela é uma etapa
que deve ser considerada por suas peculiaridades e a importância destes
aspectos próprios desta fase devem ser respeitados.
Em síntese, com este “olhar” do filósofo e pedagogo, ocorreu a redescoberta
da infância e das particularidades infantis.
Ainda no século XVll segundo Áries (1981) é somente a partir deste período
onde houve descobertas consideráveis também em outros campos de estudo
que a família passou a reorganizar seu espaço e relacionamentos intra-
familiares que surgiu o moderno sentimento de infância.
13
Rosseau foi de grande importância para a valorização da infância, pois seu
enfoque era a proteção da criança propondo à utilização de brinquedos
direcionados as recreações que contribuíssem com a proposta educativa, daí
iniciaram-se à elaboração de métodos próprios para a Educação Infantil, no
qual o brinquedo passou a fazer parte dos currículos da pré-escola.
Sobre esse mesmo aspecto, outros estudiosos e educadores do século XVll
em diante passaram a direcionar seus interesses para crianças pequenas.
Os pedagogos Friedrech Froebel (1782-1852) e Maria Montessori (1870-
1952) realizaram pesquisas a respeito da criança preocupando-se com o
aspecto motivacional do ensino, pregando uma educação voltada para as
necessidades das crianças. Iniciaram então uma educação sensorial, a qual
inseria as crianças em um ambiente lúdico com materiais didáticos.
...foram os primeiros pedagogos da educação pré-escolar a
romper com a educação verbal e tradicionalista de sua época.
Propuseram uma educação sensorial, baseada na utilização de
jogos e materiais didáticos, que deveria traduzir por si a crença
em uma educação natural dos instintos infantis. (WAYSKOP
1999, p.21).
Froebel considerava que as crianças em idade pré-escolar, são como plantas
humanas, cujo cuidado e proteção eram imprescindíveis. Ele então funda os
que mais tarde seriam chamados de jardins de infância (kindergarden).
Isto dá a entender que os primeiros anos de vida da criança são muito
importantes. Froebel privilegia a atividade lúdica percebendo seu significado
para a atividade sensório-motor e dessa maneira acaba por inventar métodos
para desenvolver as habilidades. Ele acreditava que alegria do jogo levava a
criança a aceitar o trabalho de forma mais tranquila. A criatividade da criança
ao participar das atividades também demonstra um crescimento da
concentração.
Maria Montessori refere-se aos jogos dando destaque à sua eficácia no
processo ensino aprendizagem. Sua contribuição na criação de materiais
didáticos é de grande porte, é até hoje de sugestiva valia para educadores que
fazem uso destas orientações e recursos em seu dia a dia. Estes materiais
14
devem estar sempre ao alcance das crianças para que estas possam ter
liberdade de escolha manuseando, testando, experimentando, criando e
descobrindo soluções. Ao serem usados de forma coordenada e direcionados
dão ênfase ao emocional das crianças estimulando o desenvolvimento
cognitivo.
A criança que brinca adentra o mundo do trabalho, da cultura e
dos afetos pela via da representação e da experimentação.
(WAYSKOP 1995, p.56).
O brincar favorece à criança a possibilidade de construir uma identidade
autônoma, cooperativa e criativa.
No século XX, com o nascimento da Psicologia Infantil, surgem novas
concepções e pesquisas por parte dos pensadores Piaget, Vygotsky, Winnicott
que passam a discutir a importância do ato de brincar, ressaltando assim a
valorização do brinquedo e brincadeiras como fonte de conhecimento e de
desenvolvimento.
Piaget (1896/1980) enfoca que a adaptação do indivíduo ao meio é um
processo contínuo que tem início desde o nascimento, e é a partir da troca de
ações com um ambiente desafiador ao longo de sua caminhada que são
proporcionadas mudanças, construções de esquemas e conhecimentos.
Acreditando que jogos e brinquedos adquirem maior significado a partir da
manipulação e diversificação dos elementos que os integram, Piaget enfatiza
que a criança passa a reinventar e reconstruir e em consequência disto estes
jogos sofrem adaptações gradativas.
O jogo assume um significado funcional, no qual a realidade vivenciada pela
criança passa por uma transformação gradativa e esta está relacionada aos
hábitos motores e as necessidades do “eu” em virtude das exigências sociais.
Devido a este pensamento, Piaget dedicou-se ao estudo de jogos e classificou-
os de acordo com as etapas do desenvolvimento mental. A classificação foi
feita da seguinte forma:
-Jogos de exercícios (de 0 a 2 anos) – corresponde ao período sensório motor
que se caracteriza pela satisfação das necessidades básicas.
15
-Jogos simbólicos - (de 2 a 6/7 anos) - corresponde à fase do faz de conta,
da representação, do teatro, no qual uma coisa simboliza outra. Estes jogos
têm características que lhes são próprias, como a liberdade de regras,
desenvolvimento da imaginação e fantasia; ausência de objetivos e de uma
lógica da realidade e adaptação desta realidade aos seus desejos.
- Jogos de construção- (6 anos) – esses jogos são mediados entre o jogo e o
trabalho inteligente. Nesta fase a criança busca a imitação de modelos, mas,
preocupa-se com a reprodução de forma mais concreta.
- Jogos de regras- (a partir dos 7 anos) – Nesta fase ocorrem o abandono do
egocentrismo e a criança passa a estar em pleno desenvolvimento de suas
estruturas intelectuais, no qual o contato social passa a ser primordial e mais
interessante. A função desses jogos está na transmissão de convenções
sociais e valores morais inseridos na cultura.
Vale ressaltar que o jogo está muito ligado ao funcionamento da Inteligência
uma vez que a construção e o amadurecimento dependem de uma série de
assimilações e acomodações inerentes ao indivíduo no decorrer de sua vida.
Vygotsky (1896/1934) destaca que a fantasia infantil na brincadeira é
característica marcante e esta fantasia se mistura à realidade principalmente
no que se refere à reprodução do comportamento adulto, quanto mais rica for
esta vivência da criança maior será a manifestação destas experiências na
brincadeira. A este processo atribui-se o nome de zona de desenvolvimento
proximal.
Do ponto de vista de Vygotsky a criança pequena prioriza e necessita da
satisfação imediata de seus desejos. Quanto menos idade a criança tem,
menor é o espaço entre o desejo e sua satisfação. Devido a esta
impossibilidade e imediatismo da realização destes desejos é que os
brinquedos começam a ser inventados, e a criança envolve-se com o ilusório e
o imaginário, onde seus desejos podem ser realizados.
Na visão de Vygotsky o brinquedo possibilita à criança as estruturas
necessárias para as mudanças de acordo com as suas necessidades e com o
seu amadurecimento mental. O desenvolvimento da criança é determinado
16
pela ação na esfera imaginativa pela criação de intenções voluntárias pela
formação de planos da vida real e pelas motivações volitivas. Dentro de seus
estudos do ponto de vista psicológico pode-se observar que as crianças que
não tem a oportunidade de brincar não conseguem conquistar o domínio sobre
o mundo exterior.
Winnicott (1896/1971) enfatizava que a personalidade do indivíduo é
estimulada no brincar e é somente no brincar que a criança ou adulto fruem
sua liberdade de criação. Esta vivência lhe propicia a descoberta do “self”.
É importante pontuar que Winnicott destacava que para uma aproximação a
idéia do brincar, é imprescindível preocupar-se com o que caracteriza o brincar
de uma criança pequena. O conteúdo não é importante, mas sim o estado de
quase alheamento quando comparado à concentração das crianças mais
velhas e adultas.
A criança que brinca habita uma área que não pode ser facilmente
abandonada, nem tão pouco permite intromissões. A criança traz para essa
área da brincadeira elementos de origem externa usando-os a serviço de
vivências derivadas da realidade interna ou pessoal.
1.2-O Brincar como ferramenta ideal na aprendizagem
Desde a antiguidade, as atividades lúdicas têm o objetivo não só de entreter,
mas também de dar respostas às dúvidas para que possa haver uma interação
plena e divertida com os semelhantes.
O primeiro vínculo social que a criança estabelece é a família, somente
depois vai se expandindo a outras pessoas. O outro passa a fazer parte do seu
mundo.
A brincadeira proporciona mudanças referentes às necessidades da criança.
Mediante a interação da criança com o brinquedo pode-se questionar, gerar
desafios, construir relações com regras e limites.
Quando a criança começa sua socialização começa a dividir seus pertences
e atenção dada pelos adultos. A brincadeira facilita este processo e promove
17
este “partilhar” de modo que a criança vá aos poucos percebendo suas
limitações e assimile as regras de modo natural.
As atividades lúdicas são construtivas porque pressupõe uma ação do
indivíduo sobre a realidade. É uma ação carregada de simbolismo, que dá
sentido a própria ação, reforça a motivação e possibilita a criação de novas
ações. Estas ações coordenadas resultam na construção da inteligência.
As atividades lúdicas estão relacionadas às emoções que mobilizam o
indivíduo numa determinada direção com o objetivo de obter o prazer.
Ao abordar o aspecto afetivo da brincadeira, é notório que a criança é capaz
de expressar-se se familiarizando e aprendendo a lidar com estas emoções.
Toda vivência do mundo real que lhe afeta ou incomoda, de alguma maneira
será projetada na brincadeira.
Contrariamente ao prazer que a brincadeira pode proporcionar a criança,
outro tipo de emoção também é muito comum no ato de brincar, “a frustração”.
Através das brincadeiras direcionadas e jogos com regras, a criança
aprenderá a lidar com a perda e o ganho e perceberá que em determinados
momentos não é capaz de ter o domínio e o êxito sempre a seu favor.
“”...mais do que o jogo em si, o que vai promover uma boa
aprendizagem é o clima de discussão e troca, com o professor
permitindo tentativas e respostas divergentes ou alternativas,
tolerando os erros, promovendo a sua análise e não
simplesmente corrigindo-os ou avaliando o produto final. (Maria
Célia Rabelo Malta Campos retirado do site psicopedagogia
on-line educação e saúde-24/10/2009”).
Ganhar e perder deve fazer parte do contexto do brincar, pois é desta forma
que a criança desenvolve a flexibilidade em lidar com as diversas situações nas
quais ela aparecerá ao longo de sua vida.
18
Logo é importante ressaltar que o jogo deve ser utilizado de forma correta.
O mesmo só terá valor educativo se desenvolver algum objetivo e tiver
intencionalidade, caso contrário será apenas uma brincadeira.
Além de jogos com regras, jogos em equipe também são grandes aliados
para o exercício de colaboração, cooperação, divisão de tarefas e
aprendizagem coletiva.
De acordo com Wajskop, a brincadeira é uma atividade social. Depende de
regras de convivência e de regras imaginárias que são discutidas e negociadas
incessantemente pelas crianças que brincam. É uma atividade imaginativa e
interpretativa.
1.3- A maneira correta de adequar o brinquedo e o brincar
É fator primordial despertar o interesse da criança pelo brincar e pelo objeto
que está diretamente ligado a esta atividade lúdica que é o brinquedo.
O brinquedo deve ser prazeroso e de qualidade, caso contrário não estimula
ou desafia à capacidade de interação da criança e acaba sendo deixado de
lado.
Existem alguns fatores que devem ser considerados no momento da escolha
deste brinquedo como, por exemplo, sua versatilidade e composição. A
adequação destes fatores juntamente com a faixa-etária da criança tornará
este brinquedo interessante e fonte de inesgotáveis descobertas.
O brincar aliado ao brinquedo são ferramentas que estimulam a criatividade,
fortalecem os laços afetivos, e proporcionam a interação.
A brincadeira bem conduzida estimula a memória, exalta as
sensações emocionais, desenvolve a linguagem interior e, às
vezes a exterior, exercita níveis diferenciados de atenção e
explora com extrema criatividade diferentes estados de
motivação. (ANTUNES 2004, p.31)
19
CAPÍTULO II
2.1-O Papel do educador como estimulador do brincar
O educador tem um papel importante e decisivo no processo ensino-
aprendizagem e também no direcionamento das atividades a serem
desenvolvidas no contexto educativo.
Durante muito tempo confundiu-se “ensinar” com “transmitir” e,
nesse contexto, o aluno era um agente passivo da
aprendizagem e o professor um transmissor não
necessariamente presente nas necessidades do aluno.
(ANTUNES 1999, p.36).
O ato de educar está ligado não só aos limites e regras, mas também em
proporcionar um ambiente favorável à imaginação, construção e interação.
No aspecto imaginação e construção, o educador deve ficar atento às
diversas formas de manifestação destas experiências, pois cabe a este guiar e
ajudar os alunos a adquirirem habilidades que gerarão autonomia e
responsabilidade dentro de um trabalho, no qual possa ter o direito de escolha
das tarefas.
Vale ressaltar que o educador de qualidade, precisa ter ética, domínio dos
conteúdos, além da necessidade de estar se reciclando sempre.
Seu comprometimento com a aprendizagem exerce um fascínio sobre
aqueles que o cercam desafiando o pensamento e estimulando as construções
e soluções.
O objetivo do educador deve estar sempre claro uma vez que ao lançar uma
proposta, este possa perceber de forma precisa se seus objetivos foram
alcançados satisfatoriamente.
Ao direcionar seus objetivos, o educador tem uma grande variedade de
sentidos: recomendando ideias de cooperação e interdependência social, de
forma que os alunos possam crescer, estimulando o pensamento crítico e
propiciando o desenvolvimento de habilidades e conhecimento.
20
O educador tem como tarefa orientar, direcionar e descobrir as habilidades
e as dificuldades de cada criança, cabendo-lhe estimular no aluno, o que ele
tem de melhor: a sua vocação de aprender.
Por isso, é preciso compartilhar o que se aprende para, de fato, aprender o
que se ensina. Neste caminho de muitos problemas e de soluções nem sempre
fáceis, o melhor de tudo é saber que os educadores que procuram novas
alternativas para solucionar os problemas acreditam acima de tudo, na
capacidade da criança.
Seria essencial que o educador infantil tivesse ilimitado amor à sua profissão
e integral condição de transmiti-la através de seus atos, seus gestos e de suas
intervenções.
Que sejam desafiadores, inquietos, responsáveis e, sobretudo
estudiosos para que se mantenham sempre ao lado dos
avanços científicos da neurologia, pedagogia, psicologia e que
saibam transpor essas conquistas para sua ação junto às
crianças. (ANTUNES 2004, p.60/61)
2.2-A criança precisa descobrir o prazer de aprender e educadores
precisam descobrir o prazer de ensinar
- Quando nos deparamos com um ambiente escolar que envolva Educação
Infantil logo percebemos a presença de jogos, livros de história, materiais
concretos como sucatas, blocos, tinta, pincel e o cantinho do faz de conta.
Só de olharmos, já podemos imaginar tudo aquilo que será proposto,
pinturas, desenhos, dramatizações, manipulação de materiais, movimentos
amplos e troca de informações. Além destas experiências estimuladas pelo
ambiente também a troca de emoções, sentimentos, cooperação, colaboração
com o próximo é a integração perfeita entre os aspectos cognitivos,
psicomotores, afetivos e sociais.
Sejam nas atividades espontâneas ou dirigidas, nos jogos ou brincadeiras, o
aprendizado acontecerá de qualquer forma, as crianças são capazes de
aprender sobre o mundo que cerca e incorporam as competências necessárias
para seu desenvolvimento .
21
A prova mais clara disto é que na Ed. Infantil, embora ainda estigmatizada,
o professor é capaz de oportunizar situações.
2.3-Como são inseridos os jogos de acordo com os PCN”s
Com o objetivo de garantir a melhoria da qualidade de ensino e adequar o
cidadão à realidade e as demandas do mundo contemporâneo, os Parâmetros
Curriculares Nacionais simbolizam uma proposta de orientação as diversidades
educacionais existentes em diferentes áreas territoriais do país.
A principal proposta nos PCN”s reflete o construtivismo e reconhece este tipo
de comportamento por parte do aluno sendo a função do professor atuar neste
processo e a função da escola ser o espaço de formação em que esta
aprendizagem se processa, ambos tendo como único objetivo, a inserção do
aluno na sociedade que o cerca, e progressivamente um universo cultural mais
amplo.
É nesta amplitude que se encaixam os jogos, pois estes se prestam a
multiplicidade, e dessa forma, viabilizam a atuação do próprio aluno na tarefa
de construir significados sobre os conteúdos de sua aprendizagem e exploram
de forma significativa temas que estruturam a formação do aluno-cidadão.
Vale ressaltar que os jogos podem ser trabalhados tanto com disciplinas
curriculares quanto com os temas que fazem parte do currículo escolar tais
como: meio ambiente, ética, saúde, pluralidade cultural, orientação sexual e
trabalho e consumo.
O educador deve estar apto a criar e elaborar as atividades/jogos com o
intuito pedagógico.
22
2.4-Teoria das múltiplas inteligências na aplicação de jogos e
brincadeiras
O lúdico e a educação podem e devem ser uma parceria de sucesso, mas
para que isso ocorra, é necessário que haja uma compreensão do mecanismo
do conhecimento.
As múltiplas inteligências são de fundamental importância para que seja
aplicado o jogo certo à criança certa, e o brincar deve ter finalidade
pedagógica, não deve ser apenas um passatempo.
Esta teoria foi concebida por um psicólogo desenvolvimentista de tradição
piagetiana. Sua especialização era em neuropsicologia e então, seus estudos
começaram na direção da Inteligência humana.
Ao iniciar seus estudos, deu enfoque a dois pontos que considerava
importantes, o primeiro o da inteligência estável, “nenhum ser humano
estabiliza sua inteligência” e o outro de que “a inteligência pode ser testada”.
Sua pesquisa baseou-se em um campo diversificado cuja fonte de pesquisa
eram profissionais renomados em diferentes campos de atuação. Esta
pesquisa focava no percurso intelectual que este profissional percorreu para
chegar ao ponto de sucesso obtido em sua área.
A partir desta experiência, de sua concepção de inteligência, ele passou a
pesquisar o desenvolvimento infantil, observando crianças que se
desenvolviam normalmente de outras consideradas anormais, e outro grupo de
crianças tidas como problemáticas em determinadas áreas e que eram
prodigiosas em outras.
Em sua teoria, Gardner ainda afirma que o ensino destinado a aguçar um tipo
de inteligência repercute-nos outros tipos, expandindo-os. Continuam propondo
que a inteligência é um potencial biológico e psicológico, que se realiza mais ou
menos como consequência de experiências, fatores culturais e motivacionais
que afetam a pessoa.
Sua definição para inteligência está na capacidade de resolver problemas ou
criar produtos que sejam válidos, ou aceitos, em um ou mais ambientes
23
culturais. Gardner afirma que todos dispõem de pelo menos oito
inteligências, relativamente autônomas, que se desenvolvem e combinam entre
si, e com múltiplas possibilidades.
As inteligências mais estudadas até agora são: linguística; musical; lógica-
matemática; espacial; cinestésica; intrapessoal; interpessoal e naturista.
Devido a esta visão multifacetada da inteligência que os educadores
repensaram os paradigmas que nortearam a Educação deste século. Estes
educadores passaram a acreditar que a inteligência humana também não é
testável através de instrumentos baseados exclusivamente nos potenciais
verbais e matemáticos e que o potencial que o indivíduo tem em uma
determinada área, não pode ser considerado como padrão para todas as
áreas.
Com essa teoria, conclui-se que toda inteligência tem um sistema simbólico.
Por isso é importante que toda criança seja exposta a esses diversos sistemas
simbólicos.
Daí ressaltarmos a importância que o educador tem em observar a criança
totalmente tentando fazer com que suas habilidades sejam trabalhadas de
acordo com a área que esta criança está potencialmente mais desenvolvida e
apta a dar resultados mais valorosos e enriquecedores para seu
desenvolvimento cognitivo, emocional e social, tornando-a assim confiante e
pronta para novos desafios.
2.5- A condução dos jogos para a estimulação das inteligências
Conhecer jogos é importante, mas mobilizar um grupo de alunos para
executá-los, é extrair propósitos de uma sensibilização emocional.
O jogo não deve ser apenas fonte de diversão e desconcentração, mas deve
estimular emoções e sentimentos de maneira breve, e ainda estimular opiniões;
conceitos; críticas e pontos de vista.
Muito pode ser trabalhado a partir de jogos e brincadeiras.
Contar, ouvir histórias, dramatizar, jogar com regras, desenhar
entre outras atividades, constituem meios prazeroso da
24
aprendizagem. (Maria Célia Rabelo Malta Campos retirado
do site psicopedagogia online educação e saúde-24/10/2009).
Cabe ao educador o papel de conduzir os debates de maneira serena e
tranquila, também precisa ser um mediador firme, pronto para tirar a palavra,
com doçura, dos mais expansivos e para extrair depoimentos dos mais tímidos.
2.6-Sala de aula lugar de ser feliz
A sala de aula é o lugar onde tudo acontece ou pelo menos deve acontecer.
Froebel (1782/1852) ressaltava a pedagogia da ação, do jogo. Ele acreditava
que para um desenvolvimento pleno, a criança não deveria apenas observar ou
ficar no papel de ouvinte, mas deveria agir e produzir. A educação deve ser o
canal através do qual a criança possa se expandir, e como à ação é da
natureza infantil, não deveriam desconectá-la no momento em que a instrução
se destaca.
Os jogos e os brinquedos infantis são veículos de ligação da criança com o
mundo das relações sociais, criam senso de iniciativa e colaboração.
A criança não pode e não deve ser impedida de brincar, criar, ser natural em
suas brincadeiras, a ruptura deste encantamento faz com que o lúdico na
educação perca o sentido.
“Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é
triste ver meninos sem escola, mais triste ver meninos sem
escola mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas
sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do
homem”. Carlos Drummond de Andrade (Tânia Ramos Fortuna
retirado do site psicopedagogia online educação e saúde-
24/10/2009”).
É papel do educador vincular seus objetivos às atividades, jogos e
brincadeiras para que possam ter êxito em suas propostas.
Fazer uso de jogos como instrumento educacional e curricular é descobrir
uma importante fonte de aprendizagem e de desenvolvimento infantil.
25
2.7- A sala de aula é o espaço onde o educador pode desenvolver e
aprimorar a técnica do brincar
A criação de um “ambiente inteligente” é de suma importância, e é necessário
que os educadores tenham consciência e estejam com seus objetivos voltados
para isto.
Estes ambientes além de serem estimuladores, agradáveis como o próprio
nome diz inteligentes, devem também ser facilitadores para que o profissional
possa atuar plenamente e obter êxito na programação de seus objetivos.
O ambiente de uma sala de aula que é voltada para o desenvolvimento das
múltiplas inteligências, para o lúdico, é sem dúvida um local alegre e saudável.
Deve ser atrativo e adequado aos interesses de sua clientela e que permita a
interação e exposição de seus trabalhos e conquistas.
Levando em consideração que a sala de aula é um laboratório permanente, o
educador deve estar preocupado em desenvolver todas as possibilidades de
seus alunos e oportunizar situações onde seus alunos aproveitem e sintam
vontade de buscar.
Atualmente percebemos que em escolas de filosofia tradicional cujo
comportamento em sala de aula também preconiza tradição, as crianças
parecem ter perdido a alegria que existe nela fora da sala de aula. Gostam de
estar na escola devido ao contato social que é estabelecido com outras
crianças, mas não por estarem em sala de aula.
2.8- A preocupação com o ambiente físico
Quando temos um espaço planejado, organizado, podemos garantir que a
aprendizagem e desenvolvimento da criança sejam favorecidos.
Os aspectos físicos do ambiente são importantes e motivo de preocupação
por parte do educador. Eles não devem simplesmente fazer parte de cenário de
fundo, mas sim de um ambiente rico e estimulador.
Os ambientes que são focados para o público infantil e são de ordem
coletiva, devem promover identidade pessoal; desenvolvimento de
competência, oportunidade para movimentos corporais; estimulação dos
26
sentidos; sensação de segurança e confiança e oportunidade para o contato
social e privacidade.
A identidade pessoal pode ser estimulada a partir de atividades que permitam
às crianças deixarem suas marcas, estas marcas promovem ligação das
crianças com o lugar. Outra forma de deixar este ambiente aconchegante é
autorizar as crianças trazerem objetos pessoais, aproveitar e trabalhar alguns
conceitos, como: partilha e cooperação. Estes aspectos servem para ajudá-las
a desenvolver sua individualidade e consequentemente sua identidade.
O desenvolvimento de competência está ligado diretamente ao ambiente em
que a criança está contida.
Este ambiente deve ser planejado com o intuito de facilitar o educador e
satisfazer as necessidades infantis focando sempre seu desenvolvimento.
Um ambiente organizado de forma que a própria criança possa realizar
pequenas tarefas com independência e autonomia desperta o sentimento de
domínio e controle.
A clareza com que a criança interpreta o ambiente e suas regras dependem
da forma com que estas são colocadas. Outro fator relevante é a disposição e
arrumação de alguns objetos em sala de aula. O educador deve sempre estar
atento a estes fatos, pois a orientação espacial é de grande importância para o
desenvolvimento infantil.
Tendo um ambiente organizado e planejado de acordo com as necessidades
das crianças, oportuniza variação de movimentos.
A criança pode realizar movimentos aleatórios e coordenados, experimentar
seu corpo no espaço e conhecê-lo através de seu corpo.
Há diferentes formas de estimular o corpo em parceria com o ambiente, uma
delas é a estimulação dos sentidos. Esta estimulação pode ser feita em
espaços internos ou externos; cabe ao educador programar e planejar estas
atividades juntamente com os espaços que mais lhes favorecem.
27
O estímulo que a criança desperta a partir da exploração do ambiente é de
grande valia para que a criança sinta-se segura e num espaço que lhe
proporcione conforto.
Esta variação de ambientes dentro de um mesmo espaço oferecem
oportunidades para atividades individualizadas ou coletivas.
De acordo com o tamanho e o objetivo para o qual os ambientes foram
criados, as crianças podem se relacionar com grandes ou pequenos grupos.
A riqueza e as formas variadas de trabalho do educador, a qualidade do
ambiente de trabalho e a melhoria da qualidade do atendimento oferecido as
crianças favorecem para um desenvolvimento (físico, motor, cognitivo,
emocional e social) pleno.
28
CAPÍTULO lll
A idéia de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou
transformando o sentido do que se entende por material pedagógico e cada
estudante, independentemente de sua idade, passou a ser um desafio à
competência do professor. Seu interesse passou a ser a força que comanda o
processo de aprendizagem, suas experiências e descobertas, o motor de seu
progresso e o professor um gerador de situações estimuladoras e eficazes. É
nesse contexto que o jogo ganha um espaço como a ferramenta ideal de
aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno, que
como todo pequeno animal adora jogar e jogar sempre principalmente sozinho
e desenvolve níveis diferentes de sua experiência pessoal e social. O jogo
ajuda-o a construir suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua
personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a
condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.
Assim, o jogo somente tem validade se usado na hora certa e essa hora é
determinada pelo seu caráter desafiador, pelo interesse do aluno e pelo
objetivo proposto. Jamais deve ser introduzido antes que o aluno revele
maturidade para superar seu desafio e nunca quando o aluno revelar cansaço
pela atividade ou tédio por seus resultados.
3.1- Pesquisa de Campo
Modelo do Questionário aplicado:
O questionário a seguir faz parte de uma pesquisa de campo do curso de
Pós graduação em Psicopedagogia através de entrevistas e observações.
É de suma importância o ponto de vista do entrevistado pois, através das
respostas é possível o resumo da argumentação em que são relacionadas as
diversas idéias desenvolvidas ao longo do trabalho, em parte através de
comentários e, por outro lado as contribuições vividas pelo entrevistado e
autora.
29
Espera-se que este questionário seja um auxílio na leitura do trabalho a
ser realizado na Educação Infantil, valorizando o brincar, tornando prazeroso
assim, o processo ensino aprendizagem.
Perguntas
As perguntas foram retiradas da revista “Jogos e brincadeiras - atividades
escolares especial” - ano 1- número1- 2008 e feitas por Viviane Campos ao
educador, escritor e professor Gabriel Chalita.
1-Qual a importância do brincar na Educação Infantil? 2- Além de estimular a imaginação, ao brincar de faz de conta as crianças
podem exercer vários papéis. Essa é uma forma de explorarem e conhecerem
a realidade que as envolve de forma lúdica.
3- O brincar em grupo é importante para a criança conquistar suas primeiras
experiências, relacionar-se com o outro?
4-As brincadeiras ao ar livre vêm disputando espaço com as tecnologias? 5- Você costuma observar os seus alunos brincando? Faz algum tipo de anotação?
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Respostas da primeira entrevistada
Professora que leciona com faixa etária: 03 a 10 anos.
Tempo de formação: 21 anos.
Nível médio: Formação de Professores.
Nível superior: Pedagogia.
1 - A brincadeira tem um papel importantíssimo na Ed. infantil, pois ela viabiliza
a socialização, a troca de experiências e a descoberta de um novo mundo.
2- Através das brincadeiras de faz de conta as crianças não só exploram este
"mundo novo" ao qual elas são expostas, mas também externalizam suas
próprias experiências, o que é uma ferramenta muito importante para o
professor.
3- Com as brincadeiras em grupo a criança aprende a conviver em
"sociedade", a respeitar o outro com suas diferenças e a aos limites que essa
convivência lhe pede.
4- Na verdade, os pais com a ilusão de estar protegendo os seus filhos, os
sobrecarregam com tecnologias (computador, vídeo game, aparelhos de
música, celulares e etc.), mas criança é criança.
5- Observo sim. Anotações, apenas para os relatórios que são enviados para
os pais relacionados ao “desempenho” do aluno, mas não com a finalidade de
analise mais detalhada.
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Resposta do segundo entrevistado
Professor que leciona dando apoio para crianças de faixa etária de 4 a 14
anos.
Tempo de formação: 11 anos.
Nível médio: Formação de Professores.
Nível superior: Educação Física.
1- É através do brincar que o indivíduo amadurece emocionalmente,
cognitivamente e fisicamente. O brincar favorece a administração de situações
problemas, inesperadas e diversificadas.
2- Sim. É no brincar que fazemos o primeiro trabalho de autoconhecimento e
estabelecemos as primeiras relações sociais.
3- Certamente. Brincando a criança sinaliza o que lhe é agradável ou
desagradável. A partir dos primeiros dias de vida.
4- A disputa irá acontecer de acordo com a responsabilidade dos responsáveis
pela educação e formação da criança.
5- A melhor observação e anotação é entrar na brincadeira e fazer parte para
compreender como tudo acontece e porque acontece.
32
Resposta da terceira entrevistada
Professora que leciona com crianças de faixa etária de 2 anos.
Tempo de formação: 20 anos.
Nível médio: Formação de Professores (especialização Ensino Fundamental)
e Estudos adicionais (especialização em Educação Infantil).
Nível superior: Graduação incompleta em Educação Física.
1- O brincar propicia a criança um ajustamento cada vez maior das imagens a
realidade das coisas. Brincando a criança consegue transformar o que é real
naquilo que é desejado.
2- É comum, nas brincadeiras, a criança se transformar em um adulto no faz-
de-conta e imitar situações já vivenciadas. Em geral, as crianças brincando
começam a reproduzir comportamentos já vivenciados durante as brincadeiras.
3-O brincar em grupo permite que a criança reviva suas alegrias, seus conflitos
e seus medos, resolvendo-os a sua maneira e transformando a realidade
naquilo que ela quer. Com isso, internalizam regras de conduta, desenvolvendo
o sistema de valores que irá orientar seu comportamento, suas relações
emocionais e proporcionando contatos sociais.
4-Com certeza, as brincadeiras ao ar livre estão perdendo espaço para as
tecnologias, pois as crianças estão ficando mais ociosas e diante de um mundo
bem mais facilitado, ficam a frente de computadores e até mesmo de jogos
eletrônicos.
5-Sempre observo meus alunos, registrando tudo o que vejo, para que mais
tarde essas anotações possam servir de base para o meu relatório individual. E
nessas brincadeiras vejo o quanto às crianças reproduzem comportamentos
que elas mesmas adotam em relação a si ou em relação aos outros.
33
Resposta da quarta entrevistada
Professora que leciona com crianças de faixa etária de 3 anos.
Tempo de formação: 13 anos.
Nível médio: Formação de Professores
Nível superior: Graduação em Pedagogia
1-Através do brincar, a criança pode desenvolver sua coordenação motora,
suas habilidades visuais e auditivas, seu raciocínio criativo e inteligência.
2- Claro, pois brincando a criança começa a entender como as coisas
funcionam, o que pode e não pode ser feito, aprende que existem regras que
devem ser respeitadas e descobre que se perder um jogo, pode ganhar outro
amanhã.
3-Sim,pois através das brincadeiras nós podemos observar como ela
compreende,vê e constrói o mundo, como ela gostaria que ele fosse, o que a
preocupa e os problemas que a cercam.
4- Depende. Na maioria das famílias os pais atendem aos pedidos dos filhos,
presenteando-os com jogos de alta tecnologia, mas em pequenas famílias
ainda existe a oportunidade dos pais mostrarem um brinquedo ou brincadeira
de maneira mais prazerosa, como nos velhos tempos.
5- Com certeza. Faço anotações em um caderno de registro diário, apoio este
para o meu auxílio ao fazer os relatórios bimestrais dos alunos.
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Resposta da quinta entrevistada
Professora que lecionou durante 8 anos com crianças de faixa etária de 2
anos, mas no momento está desempregada.
Tempo de formação: 8 anos
Nível Médio: Formação de Professores
Nível Superior: Pedagogia ( em andamento )
1- O brincar na educação infantil é de fundamental importância. Acredito que
através da brincadeira a criança aprende mais rápido e com satisfação, além
de estimular a criatividade e o raciocínio lógico. Também podemos observar
atitudes e comportamentos espontâneos, desenvolvimento motor, relações em
grupo etc. O brincar na educação infantil é extremamente saudável, prazeroso
e excelente resultados costumam ser obtidos. Podemos passar conteúdos,
valores etc, tudo através da brincadeira.
2- Sem dúvida nenhuma! O faz de conta estimula muito a imaginação e com
certeza a ajudará mais tarde, durante toda a sua vida. As crianças exploram e
conhecem a realidade que as envolve e nós também conhecemos melhor
aquela criança, pois apesar de trabalharmos com um grupo o olhar deve ser
individualizado. Algumas vezes acho que devemos interferir na brincadeira de
faz de conta, mas no sentido de “trocar os papéis”, por exemplo, que a criança
com o perfil de líder mude de papel, para que desta maneira aprenda também
a receber e aceitar ordens e vice-versa. Por isso defendo a postura de que o
educador deve estar sempre observando, pois a todo o momento a criança
transmite “mensagens” e se não estivermos atentas passa despercebido.
3-O brincar em grupo é importantíssimo, através dessas atividades as crianças
aprendem regras, limites e até mesmo passam a conhecer melhor o amigo.
Oferecendo um trabalho em grupo em que cada criança tem uma
35
responsabilidade e no final dá tudo certo se cada uma fizer a sua parte,
podemos mostrar para a criança que trabalhar em grupo é fundamental, pois
nada que fazemos na vida conseguimos fazer sozinhos. Também acho
importante, pois através dessas atividades as crianças se sentem “satisfeitas”,
pois percebem que o trabalho “deu certo” porque todos cooperaram. Acho que
um desenvolvendo um bom trabalho com relação a isso na infância estará
oferecendo para essa criança oportunidade dela saber lidar futuramente em
grupos, com responsabilidades e principalmente respeitando o outro.
4- Sem dúvida nenhuma! A cada dia que passa a violência aumenta nas ruas
e as brincadeiras e passeios de “antigamente” vão sendo substituídos por
atividades em que a criança fique dentro de casa utilizando tecnologias e
aprendendo cada vez mais cedo a lidar com essas situações. Nas escolas isso
também pode ser visto quando sabemos de escolas que não fazem mais
passeios pedagógicos com medo da violência e preferem não expor a criança a
esses perigos. Observa-se também, infelizmente, que muitas escolas dão mais
valor às aulas com tecnologias do que às brincadeiras. Mas muitas vezes
sabemos que a cada dia que passa um maior número pais escolhem a escola
para seus filhos que oferecem mais tecnologias, não pensando em que tipo de
brincadeiras serão oferecidas. Não sou contra as tecnologias, porque a cada
dia que passa faz mais parte da vida das pessoas, só não concordo com o fato
de se dar maior importância para uma coisa do que para outra. Acredito que
tudo deve ser na medida certa, não esquecendo que a criança deve ser criança
e não antecipando momentos, como vem sendo praticado. É uma pena que
isso esteja acontecendo, mas a cada dia que passa tornam-se mais freqüente
esse olhar nas escolas, principalmente as particulares.
5-Sempre observo as crianças brincando, acho que é de fundamental
importância para o sucesso do trabalho com uma turma. Faço anotações com
relação a comportamento, desenvolvimento motor, desenvolvimento emocional,
raciocínio, criatividade, autonomia, entre muitos outros. Através das anotações
percebe-se como esta criança está evoluindo, é preciso fazer um trabalho com
observações constantes e contínuo. Particularmente não acredito que um
trabalho dê bons resultados se as crianças não forem observadas e que
registros não sejam feitos. Como saber ao certo se não acompanhar? Afinal, ao
36
contrário do que muitos pensam professor não é mágico, não adivinha e não
faz milagres. O professor responsável e comprometido com o que faz, observa
e registra para que possa tomar atitudes que auxiliem ao máximo o processo
de desenvolvimento dos alunos.
37
Resposta da sexta entrevistada
Professora que leciona há 14 anos, com faixa-etárias variadas entre
Educação Infantil e 1*ano do Ensino Fundamental.
Tempo de formação: 20 anos.
Nível médio: Formação de Professores.
Nível superior: Ainda não possui nível superior.
1- Através das brincadeiras podemos desenvolver vários aspectos, desde a
socialização entre as crianças até o aprendizado em forma lúdica.
2- Brincadeira de faz de conta as crianças conhecem a realidade e relatam
suas próprias experiências, pois permitem mostrar suas emoções e
desenvolverem sua imaginação.
3- Ao brincar em grupo as crianças aprendem socializar e respeitar os colegas
e compartilham suas emoções aprendendo a respeitar os seus próprios limites.
4- A sociedade impõe muito cedo aos avanços das tecnologias, com isso os
educadores esquecem-se de desenvolverem outras habilidades, como
coordenação motora, respeito com a natureza e sua liberdade no espaço.
5- Costumo fazer alguns registros, através das brincadeiras podemos observar
emoções e atitudes das crianças em seu grupo.
38
CONCLUSÃO
Este trabalho cita a importância do lúdico, das brincadeiras e dos jogos,
para o desenvolvimento das aptidões físicas e mentais da criança, que nesta
fase busca novas saídas para a solução de problemas, como o
desenvolvimento do raciocínio lógico, do aumento do vocabulário e um melhor
entrosamento com os colegas, percebendo que ajudar é tão importante quanto
ser ajudado.
É sabido que as brincadeiras de faz-de-conta admiram e envolvem as
crianças, e são estas brincadeiras, que lhes dão a oportunidade de manifestar
suas emoções, realizar simbolicamente desejos e superar conflitos afetivos;
sendo também capazes de manter o equilíbrio afetivo e cognitivo .
Conclui-se portanto que, tanto o jogo simbólico quanto o jogo do faz de
conta contribuem para que a criança entenda a realidade, ou seja, as normas e
os papéis sociais nos quais estão inseridas.
Considera-se ainda que devido aos limites impostos em seu dia-a-dia,
muitas vezes durante as brincadeiras de faz-de-conta é que as crianças têm a
oportunidade de ultrapassar estes limites e experimentar sentimentos que não
seriam possíveis de experimentar na vida real.
É possível então afirmar que brincadeira de criança é algo que merece o
devido respeito e relevância, uma vez que é neste período do desenvolvimento
escolar que a criança se utiliza das brincadeiras de forma enriquecedora, pois é
através destes jogos e das diferentes formas de brincar que a criança cria,
recria, descobre e organiza seus esquemas cognitivos amadurecendo-os
gradativamente, além da ampliação das habilidades de comunicação, que são
manifestadas de forma progressiva, destacando assim a autonomia e o
desenvolvimento da criança.
Observa-se tudo o que foi abordado ao longo deste trabalho, que através
do brincar a criança começa a perceber e entender seu cotidiano, é
experimentando destas brincadeiras que ela pode fazer a leitura do mundo a
sua volta integrando à sua brincadeira, as pessoas e as situações que fazem
parte do mundo. Daí, a importância de respeitarmos e encararmos com
seriedade este momento tão criativo e doce desta etapa de seu
39
desenvolvimento, lembrando que a criatividade requer liberdade, então vai
dar razão a este mundo de fantasias.
É importante ressaltar que o adulto não precisa ser um mero espectador
dessas brincadeiras, ele pode e deve mergulhar neste mundo mágico para
tentar compreender melhor que na brincadeira muitas vezes são revelados os
medos, angústias e as alegrias. E é também nesta brincadeira que a criança
começa a perceber as características dos objetos, como funcionam e os
acontecimentos a sua volta; e é com a participação do adulto, que se torna
possível a orientação para a criança poder formar; construir e dirigir seu
raciocínio para uma visão crítica da própria realidade.
Quanto à posição e atuação do professor de educação infantil, sugere-se que
procure compreender as etapas e as características desta faixa etária (criança
em idade pré-escolar) considerando, é claro, sua forma de brincar. Entendendo
que conhecendo esta etapa e suas particularidades, o professor será capaz de
respeitar a criança e entender as razões de suas brincadeiras, uma vez que a
criança representará em suas atividades lúdicas projeções de sua própria
realidade, de suas vivências.
Assim, o resultado desta pesquisa, obtém-se um resultado satisfatório,
demonstrando que a partir desta conclusão é possível propor novos caminhos
para se obter uma aprendizagem significativa e prazerosa.
40
BIBLIOGRAFIA
ABRAMOWICZ, A.: WAJSKOP, G. de. Creches: Atividades para crianças de
zero a seis anos. São Paulo: Editora Moderna,1995.108p. Inclui negócios.
ISBN 85-16-01387-1.
ANTUNES, C. de. Educação Infantil: Prioridade Imprescindível. Petrópolis:
Editora Vozes, 2004.
ANTUNES, C. de. Jogos para a estimulação das Múltiplas Inteligências.
Petrópolis: Editora Vozes, 2007.
ARIÉS, P. de. História Social da Criança e da Família. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Zahar. 1981.
BENJAMIN, W. de. Reflexões: A criança o brinquedo, a educação. São Paulo:
Summus,1984.
CHATEAU, J. O Jogo e a Criança. São Paulo: Editora Summus, 1987.
CUNHA, N.H.S. de. Brinquedo, desafio e descoberta. Rio de Janeiro: FAE,
1998.
CURTISS, S. de. A alegria do movimento na pré- escola. Porto Alegre: Artes
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CURY, A. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. 4ª ed., Rio de Janeiro:
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MARANHÃO, D. Ensinar Brincando: a aprendizagem pode ser uma grande
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RIZZO, G. Educação pré-escolar. Rio de Janeiro: Editora F Alves, 1986.
ROSSETTI, Maria Clotilde (org). Os fazeres na educação infantil. 7ª ed. São Paulo:
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Editora Cortez,1995.
WINNICOTT, D.W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Editora Imago,
1975.
41
Í N D I C E
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
1.1-O Brincar na Humanidade 12
1.2-O Brincar como ferramenta ideal na aprendizagem 16
1.3-A maneira correta de adequar o brinquedo e o brincar 18
CAPÍTULO II
2.1-O papel do educador como estimulador do brincar 19
2.2-A criança precisa descobrir o prazer de aprender e educadores precisam descobrir o prazer de ensinar 20
2.3-Como são inseridos os jogos de acordo com os PCN”S 21
2.4-Teoria das múltiplas inteligências na aplicação de jogos e brincadeiras inteligências 22
2.5-A condução dos jogos para a estimulação das inteligências 23
2.6-Sala de aula é lugar de ser feliz 24
2.7-A sala de aula é o espaço onde o educador pode desenvolver e aprimorar a técnica do brincar 25
2.8-A preocupação com o ambiente físico 25
CAPÍTULO III
3.1-Pesquisa de Campo 28
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 41